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Interpretacao em Exercicios - Todas Aulas PDF

O documento discute a importância crescente da conectividade na era digital. Em poucas frases, o texto explica que: (1) o termo "conectividade" estava em desuso nos dicionários até recentemente; (2) com a ascensão da informática e das mídias digitais, o termo ganhou proeminência para descrever a capacidade de estar conectado; (3) atualmente, ninguém admite viver sem estar conectado.

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Interpretacao em Exercicios - Todas Aulas PDF

O documento discute a importância crescente da conectividade na era digital. Em poucas frases, o texto explica que: (1) o termo "conectividade" estava em desuso nos dicionários até recentemente; (2) com a ascensão da informática e das mídias digitais, o termo ganhou proeminência para descrever a capacidade de estar conectado; (3) atualmente, ninguém admite viver sem estar conectado.

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Prof. José Maria C.

Torres
(TRE – SP 2012) Texto para as questões 01 a 03

A razão do mérito e a do voto

Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições


diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o
seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma
eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito
do profissional mais abalizado?

A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente
técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o
governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que
ninguém prosseguir no comando da nação.

Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num
concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe
sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos
marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha
da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em
conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que
pedem distintas formas de reconhecimento.
Continuação...

Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do


"assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto,
reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de
qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização,
lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma
tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo
voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos
deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar
nosso avião.

(Júlio Castanho de Almeida, inédito)


01) Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mérito e a razão do voto
devem ser consideradas, diante da tomada de uma decisão,

a) complementares, pois em separado nenhuma delas satisfaz o que exige uma situação
dada.
b) excludentes, já que numa votação não se leva em conta nenhuma questão de mérito.
c) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe que toda votação é ilegítima.
d) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam sejam as que decidam pelo
mérito.
e) independentes, visto que cada uma atende a necessidades de bem distintas
naturezas.
02)

Atente para as seguintes afirmações:

I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo, é rebatida pelo autor do


texto por ser falaciosa e escamotear os reais interesses de quem a formula.

II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à razão do mérito, a menos que
uma situação de real impasse imponha a resolução pelo voto.

III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao


termo "assembleísmo" expressa o ponto de vista dos que desconsideram a qualificação
técnica.

Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
03)

Considerando-se o contexto, são expressões bastante próximas quanto ao sentido:

a) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional.


b) especialidade técnica e vocação política.
c) classificação de profissionais e escolha da liderança.
d) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
e) transparência do método e desejo da maioria.
(TRE – SP 2012) Texto para as questões 04 a 05

Fatalismo

De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas


coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo
porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca
chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal,
apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal
merecem o castigo.

A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre


não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do
apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar
dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa
índole. Ou da índole da nossa elite.

É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa
subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e
morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim
mesmo.
Continuação...

O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada?
Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que
tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são,
finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos
formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais
desumana e que agora o aterroriza?

Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada
intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito
mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse
ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro.

(Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)


04) A relação insistentemente estabelecida entre o conceito de fatalismo e a
realidade do sistema penitenciário brasileiro está caracterizada de modo conciso
nesta frase:

a) A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social.


(linha 6)
b) (...) é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. (linha 5)
c) É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. (linha 9)
d) O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente
organizada? (linha 14)
e) É impossível a gente (...) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou
dentro dos presídios (...) (linhas 11 e 12).
05)

Afirmações como Pobre não deixará de ser pobre e ...eles são a classe animal sem
redenção possível (linhas 6 e 7) ilustram adequadamente

a) a convicção daqueles que não acreditam que nossas camadas populares


revelem alguma índole especial.
b) os valores viciosos de uma ideologia ultraconservadora, com a qual se identifica
a elite brasileira.
c) a certeza de que qualquer solução para os horrores do nosso sistema
penitenciário requererá vultosos investimentos.
d) o fato de que todas as rebeliões de presos, independentemente de suas causas,
repercutem do mesmo modo na sociedade.
e) a expectativa, considerada pela elite, de que só com altos custos se daria fim aos
horrores do nosso sistema penitenciário.
(TRE/SP - 2012) Texto para a questão 06

Como a Folha era o único veículo que mandava repórteres da sede em São Paulo para todos os
comícios e abria generosamente suas páginas para a cobertura da campanha das Diretas, passei a
fazer parte da trupe, dar palpites nos discursos, sugerir caminhos para as etapas seguintes. Viajava
com os três líderes da campanha em pequenos aviões fretados, e, em alguns lugares, dr. Ulysses −
era assim que se referiam a ele − fazia questão de anunciar minha presença no palanque. Eu sabia
que, em outras circunstâncias, essas coisas não pegariam bem para um repórter. Àquela altura, no
entanto, não me importava mais com o limite entre as funções do profissional de imprensa e as do
militante. Ficava até orgulhoso, para falar a verdade.

Cevado pelas negociações de bastidores no Parlamento, em que tudo devia estar acertado antes de a
reunião começar, o incansável Ulysses, que na Constituinte de 1987 passaria horas presidindo a
sessão sem levantar sequer para ir ao banheiro, transmudara-se num palanqueiro de primeira.
Impunha logo respeito, eu até diria que ele era reverenciado aonde quer que chegasse. A campanha
das Diretas não tinha dono, e por isso crescia a cada dia. Mas, embora ele não tivesse sido nomeado,
todos sabiam quem era o comandante.

Meu maior problema, além de arrumar um telefone para passar a matéria a tempo de ser publicada,
era o medo de avião. "Fica calmo, meu caro jornalista, avião comigo não cai", procurava me
tranquilizar dr. Ulysses, com seu jeito formal de falar até em momentos descontraídos. Muitos anos
depois, ele morreria num acidente de helicóptero, em Angra dos Reis, no Rio, e seu corpo
desapareceria no mar para sempre.

(Fragmento de Ricardo Kotscho. Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter. São Paulo, Cia. das
Letras, 2006, p.120)
06) A afirmação de que o dr. Ulysses transmudara-se num palanqueiro de
primeira (2o parágrafo) indica a sua transformação

a) do parlamentar sério e respeitado ao político populista, que procurava


manipular o público por meio de sua retórica.
b) de presidente da Constituinte de 1987 ao político designado para liderar o
movimento que ficou conhecido como Diretas Já!
c) do político que apoiava ações autoritárias ao líder de um movimento
amplamente aberto e democrático.
d) de um articulador que planejava cuidadosamente suas ações a alguém que
apenas se deixou levar pelos acontecimentos.
e) do negociador que se movimentava fora do alcance do público ao político que
passou a se dirigir diretamente ao povo.
(TRE – SP 2012) Texto para as questões 07 e 08

Você está conectado?

Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos


dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da
informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém
mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma
dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das
conexões.

No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio
às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de
ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que
mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor
desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com
o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente
posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se
cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na
janela do ônibus.
Continuação...

Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade


irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As
crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido
pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta
movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da
comunicação.

Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele
nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso
artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que
mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce
que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados
não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por
todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências
permanentes?

(Coriolano Vidal, inédito)


07) O paradoxo central de que trata o autor dessa crônica está no fato de que

a) o paradigma da conectividade fez o homem apagar sua maior conquista: uma


efetiva comunicação com seus semelhantes.
b) as múltiplas mídias contemporâneas exercem tamanha sedução sobre nós que
deixamos de ser o que sempre fomos: uns românticos.
c) nunca foi tão difícil ficarmos sós, mormente numa época como a nossa, em que
a solidão ganhou foros de alto prestígio.
d) as múltiplas formas de conectividade, que marcam nosso tempo, surgem como
um eficaz mascaramento da humana solidão.
e) as pessoas que se rendem a todos os mecanismos de conexão são as que
melhor compreendem as razões de suas carências.
08) Atente para as seguintes afirmações:

I. No primeiro parágrafo, sugere o autor que a velha palavra "conectividade" ganhou


novas conotações, em virtude da multiplicação das mídias e dos novos hábitos
sociais.

II. No segundo parágrafo, a experiência de uma viagem de ônibus é


nostalgicamente lembrada para se opor ao mundo das comunicações eletrônicas e
dos transportes mais rápidos.

III. No último parágrafo, o autor vê nas obsessivas conexões midiáticas e em seus


múltiplos suportes um indício de que estamos buscando suprimir nossas carências
mais profundas.

Em relação ao texto está correto SOMENTE o que se afirma em

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
(BACEN 2006) Texto para a questão 09

A marcha ainda é lenta, mas o caminho para a renda mista insinua-se promissor.
Analistas atestam o esforço dos investidores em ser menos acanhados e até sua
disposição incipiente para considerar alguns riscos em troca de embolsar ganhos mais
vultosos. O ambiente, por sua vez, tem se mostrado cada vez mais propício a uma
passagem gradual.

Com a expectativa no mercado de que a elevação da taxa Selic seja interrompida pelo
Banco Central e de que a reversão da trajetória ocorra este ano, a remuneração dos
fundos de renda fixa - que, historicamente, detêm a preferência nacional - tende a se
tornar menos atraente.

Ao mesmo tempo, especialistas sabem que a plena inclinação à renda variável continua
restrita, pois o poupador brasileiro é carente de atrevimento. Daí se presume que a
renda mista possa seguir na conquista de mais adesões.

(Adaptado de Estadão Investimentos, abril 2005, p. 42)


09) O texto, por sua linguagem, apresenta-se

a) taxativo, na indicação de determinado tipo de investimentos, bastante rentáveis.

b) cuidadoso, ao detectar tendências de investimentos no mercado, passíveis de


obtenção de bons lucros.

c) temeroso, no sentido de apontar os elevados riscos para alguns investidores em


determinado tipo de investimentos.

d) crítico, na avaliação do comportamento de investidores que resistem a


mudanças, necessárias no mercado.

e) atento às oscilações do mercado, alertando para as dificuldades pré-existentes


em investimentos de alto risco.
(BACEN 2006) Texto para a questão 10

Nem só de problemas vive o campo. O agronegócio brasileiro desenvolveu um grau


de diversificação que possibilita a coexistência de boas e más notícias. Enquanto
estrelas de primeira grandeza como a soja vergam sob uma conjuntura
desfavorável, produtos como o café e o açúcar atravessam um bom momento. No
caso da cana-de-açúcar, a fase é gloriosa. A diminuição de barreiras ao açúcar na
Europa e as cotações generosas empolgam os usineiros - e, apesar disso, eles se
dão ao luxo de aumentar a produção de álcool em detrimento do açúcar.

A razão é a alta do petróleo, que torna o álcool um combustível atraente. No Brasil,


mais da metade dos automóveis novos vendidos é bicombustível. No exterior, a
demanda é forte, mas não ainda plenamente atendida. Para fazer frente à procura,
a produção de cana é crescente e há meia centena de novas usinas projetadas ou
em construção. Planeja-se praticamente dobrar a produção de álcool até 2009.

(Exame, 23 de novembro de 2005, p. 42)


10) É correto afirmar que há uso de argumentação na frase:

a) ... que possibilita a coexistência de boas e más notícias.


b) ... produtos como o café e o açúcar atravessam um bom momento.
c) No caso da cana-de-açúcar, a fase é gloriosa.
d) No Brasil, mais da metade dos automóveis novos vendidos é
bicombustível.
e) Para fazer frente à procura, a produção de cana é crescente ...
(BACEN 2006) Texto para a questão 11

Não é sem motivos que o comércio decidiu alongar os prazos de pagamento


neste fim de ano para enfrentar a concorrência do comércio popular, que vende itens de
baixo valor. Em novembro, a taxa de crescimento das consultas para vendas à vista
superou a expansão do crediário, o que não ocorria desde abril.

No mês passado, o número de consultas para vendas quitadas com cheque à


vista e pré-datado cresceu 6,1% em relação ao mesmo período de 2004, segundo
pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Enquanto isso, o volume de
consultas para negócios a prazo aumentou em ritmo menor: 3,9% em novembro, na
comparação anual. Para o Presidente da ACSP, a mudança preocupa por indicar uma
receita menor para as lojas, já que as vendas financiadas geralmente são as de maior
valor. Na análise do Presidente, o forte movimento registrado nas ruas de comércio
popular com grande presença de itens importados reflete com clareza duas variáveis
que estão desajustadas na economia: o juro alto e o câmbio baixo.

(Adaptado de O Estado de S. Paulo, B4 Economia, 4 de dezembro de 2005)


11) A ideia principal do texto está expressa em:

a) O final de ano garante habitualmente maior volume de vendas, tanto à vista


quanto a prazo.
b) A oferta mais ampla de crediários busca concorrer com o comércio popular,
identificado com as vendas de menor valor.
c) Negócios realizados a prazo caracterizam as vendas específicas de final de ano.
d) Comerciantes dispensam consultas para a concessão de créditos, por serem
baixos os valores das compras.
e) Cai o volume de vendas, à vista ou a crédito, neste final de ano, em
comparação com o anterior.
(BACEN 2006) Texto para as questões 12 a 14

Acelerou-se, em outubro, o ritmo dos empréstimos, em especial os contratados


pelo setor privado, mas menos do que no mesmo período do ano passado. Entre
setembro e outubro de 2004, os saldos totais dos empréstimos com recursos livres
e direcionados, para financiar vendas de fim de ano, cresceram mais de R$ 12
bilhões. No mesmo período deste ano o valor foi de R$ 9 bilhões, o que é pouco
em face da sazonalidade, embora mais do que os R$ 6 bilhões do bimestre
anterior.

O crédito total atingiu 30% do Produto Interno Bruto (PIB), crescimento superior ao
de setembro e outubro do ano passado. Trata-se do percentual mais elevado do
período recente, mas inferior à média mundial.

Na nota sobre Política Monetária e Operações de Crédito, distribuída pelo BC, as


autoridades reconhecem que a expansão observada até agora na oferta de crédito
não é condizente com as necessidades do último trimestre do ano. É um fator a
mais a favor da conveniência de se acelerar a política de redução dos juros.

(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Economia B2, 27 de novembro de 2005)


12) Resume-se o sentido principal do texto da seguinte maneira:

a) Crédito contratado pelo setor privado.


b) Efeitos da atual política de redução de juros.
c) Expansão insatisfatória do crédito.
d) Recursos direcionados para crédito.
e) Crescimento sazonal do crédito.

13) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que se emite uma opinião na

a) constatação de que o crédito total atingiu 30% do Produto Interno Bruto.


b) defesa da conveniência de reduzir os juros cobrados dos tomadores.
c) informação sobre a disponibilidade de crédito para financiar vendas de final
de ano.
d) censura, ainda que sutil, ao fato de ter o setor privado sobrepujado o
público.
e) verificação de que a média mundial é superior ao percentual brasileiro.
14) Traduz-se corretamente o sentido do 1º parágrafo do texto em:

a) O valor de empréstimos entre setembro e outubro de 2005 supera o do bimestre


anterior, mas é menor em relação ao do mesmo período do ano passado.
b) Tomando-se como base de comparação o valor de empréstimos nos períodos
correspondentes em 2004 e 2005, há um pequeno aumento no momento atual.
c) Vendas de final de ano, caracterizadas por sazonalidade, estão sujeitas a
liberação de empréstimos que superam, neste ano, os valores referentes aos do
ano passado.
d) O setor privado tem garantido a liberação de recursos direcionados às vendas de
fim de ano, bem superiores aos valores disponíveis na mesma época, em 2004.
e) Empréstimos deste final de ano, referentes a setembro e outubro, parecem ainda
pouco expressivos, mantendo-se em queda constante desde o bimestre anterior.
(BACEN 2010) Texto para a questão 15

Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa atribulada e


iluminada vida moderna. (...) Companhias de turismo deveriam criar “excursões
noturnas”, em que grupos de pessoas são transportados até pontos estratégicos
para serem instruídos por um astrônomo sobre as maravilhas do céu noturno.
Seria o nascimento do “turismo astronômico”, que complementaria perfeitamente o
novo turismo ecológico. E por que não? Turismo astronômico ou não, talvez a
primeira impressão ao observarmos o céu noturno seja uma enorme sensação de
paz, de permanência, de profunda ausência de movimento, fora um eventual avião
ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se move!). Vemos incontáveis
estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às
atribulações humanas.
Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da visão de um
astrofísico moderno. As inocentes estrelas são verdadeiras fornalhas nucleares,
produzindo uma quantidade enorme de energia a cada segundo. A morte de uma
estrela modesta como o Sol, por exemplo, virá acompanhada de uma explosão que
chegará até a nossa vizinhança, transformando tudo o que encontrar pela frente em
poeira cósmica. (O leitor não precisa se preocupar muito. O Sol ainda produzirá
energia “docilmente” por mais uns 5 bilhões de anos.)

GLEISER, Marcelo. Retalhos cósmicos.


15) O autor considera a possibilidade de se olhar para o céu
noturno a partir de duas distintas perspectivas, que se evidenciam no
confronto das seguintes expressões:

(A) “...instruídos por um astrônomo...” / “...visão de um astrofísico...”


(B) “...maravilhas do céu noturno.” / “...sensação de paz,”
(C) “...ausência de movimento,” / “...fornalhas nucleares,”
(D) “...radiação eletromagnética,” / “...quantidade enorme de energia...”
(E) “...poeira cósmica.” / “...visão de um astrofísico...”
(BACEN - 2001) Leia o texto abaixo para responder à questão 16.

No Sistema de Pagamentos Brasileiro, a tecnologia se toma variável crítica e o


executivo de negócios e planejamento precisa encarar este risco sob a mesma ótica que
encara os riscos de crédito e mercado. Doravante um problema tecnológico pode interferir
diretamente na questão da liquidez da instituição, mesmo que por poucos momentos.
Trata-se de uma questão de continuidade de negócios.

As interrupções no processamento da informação, ou a degradação nos sistemas


de informação fazem parte da rotina nas estruturas de tecnologia de qualquer empresa,
seja ela financeira ou não. Esses são eventos programados que visam atender a
demandas ocasionais do negócio ou da tecnologia.
Continuação...

O que deve preocupar os executivos de uma instituição financeira são as


interrupções não-programadas. Problemas que afetam diretamente a infra-estrutura
tecnológica. São falhas de hardware e/ou sistema operacional, conflitos de aplicações;
sabotagem; desastres (incêndio, inundação etc); falha humana; corrupção de dados; vírus
etc. Estes acidentes causam maior impacto por serem de maior dificuldade de
identificação e recuperação. O seu custo é proporcional ao valor da informação afetada e
ao volume de negócios interrompidos pelo evento. Dependendo da situação, a
recuperação da estrutura operacional pode levar algumas horas e, no caso do SPB, afetar
não só a instituição como eventuais parceiros. É importante o planejamento e a
implementação de uma solução de continuidade de negócios.

Os riscos não são desprezíveis. Um estudo feito pela Universidade do Texas com
empresas que sofreram uma perda catastrófica de dados concluiu que 43% jamais
voltaram a operar, 51% faliram em dois anos e apenas 6% sobreviveram. Entre as
empresas vítimas do primeiro atentado a bomba no World Trade Center (New York), 50%
das que não possuíam um plano de contingência faliram em menos de 2 anos.

(Adaptado de BANCO HOJE, março de 2001, p. 63)


16) Em relação às ideias do texto, assinale a opção correta.

a) A tecnologia constitui um risco insignificante se comparado ao risco natural do


mercado e do crédito.
b) Nenhuma instituição pode apresentar interrupções no processamento da
informação, mesmo que programadas, pois significam perdas irrecuperáveis.
c) As interrupções não-programadas, que afetam a infraestrutura rotineira da
empresa, no Serviço de Pagamentos Brasileiro, restringem-se à própria empresa.
d) O custo decorrente de acidentes é calculado a partir do valor das informações
perdidas e do volume de negócios interrompidos pelo acontecimento.
e) No Serviço de Pagamentos Brasileiro, as perdas de informação ocorridas em uma
empresa circunscrevem-se a ela apenas, sem afetar outras empresas que com ela
tenham negócios.
Texto para as questões 17 a 18

Os habitantes das cidades não são necessariamente mais inteligentes que


outros seres humanos, mas a densidade da ocupação espacial resulta na concentração
de necessidades. Assim, nas cidades surgem problemas que em outras condições as
pessoas nunca tiveram oportunidade de resolver. Encarar tais problemas amplia a
inventividade humana a um nível sem precedentes. Isso, por sua vez, oferece uma
oportunidade tentadora para quem vive em lugares mais tranquilos, porém menos
promissores.

Ao migrarem para as cidades, as pessoas de fora geralmente trazem "novas


maneiras de ver as coisas e talvez de resolver antigos problemas". Coisas familiares aos
moradores antigos e já estabelecidos exigem explicação quando vistas pelos olhos de um
estranho. Os recém-chegados são inimigos da tranquilidade.
Continuação...

Essa talvez não seja uma situação agradável para os nativos da cidade, mas é
também sua grande vantagem. A cidade está em sua melhor forma quando seus recursos
são desafiados. Michael Storper, economista, geógrafo e projetista, atribui a vivacidade
intrínseca da densa vida urbana à incerteza que advém dos relacionamentos pouco
coordenados "entre as peças das organizações complexas, entre os indivíduos e entre
estes e as organizações".

Compartilhar o espaço com estranhos é uma condição da qual os habitantes


das cidades consideram difícil, talvez impossível, fugir. A presença ubíqua de estranhos é
fonte de ansiedade, assim como de uma agressividade que volta e meia pode emergir.
Faz-se necessário experimentar, tentar, testar e (espera-se) encontrar um modo de tornar
a coabitação palatável. Essa necessidade é "dada", não-negociável. Mas o modo como os
habitantes de cada cidade se conduzem para satisfazê-la é questão de escolha. E esta é
feita diariamente.

(Adaptado de Zygmunt Bauman. Amor Líquido. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar, 2004, pp. 127-130)
17) Os recém-chegados são inimigos da tranquilidade. (2o parágrafo)

Com a afirmação acima, o autor

a) indica que as migrações típicas do mundo globalizado trazem consequências


negativas para o modo de organização das cidades.
b) sugere que o impacto do aumento populacional crescente nos dias atuais é
perturbador para os moradores das cidades.
c) questiona os supostos benefícios que as pessoas de fora trariam ao se
estabelecer em novos centros urbanos.
d) critica o impulso de migrar para grandes centros urbanos, já saturados, por parte
das pessoas que moram em lugares calmos.
e) enaltece a inquietação gerada pelas pessoas que migram para as cidades e
questionam o modo de vida que nelas encontram.
18) Considere as afirmações abaixo.

I. No segmento o modo como os habitantes de cada cidade se conduzem para


satisfazê-la (último parágrafo), o termo grifado substitui a palavra escolha.

II. O sentido da expressão vivacidade intrínseca (3o parágrafo) é equivalente a


criatividade típica.

III. Na frase Faz-se necessário experimentar, tentar, testar e (espera-se)


encontrar... (último parágrafo), o segmento entre parênteses indica que há
expectativa e incerteza quanto à possibilidade de tornar a coabitação palatável.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.
b) II.
c) III.
d) I.
e) II e III.
(TRT – 1ª região - 2011) A questão 19 refere-se ao texto abaixo.

O Rio ganhou dois presentes da história

Há muito tempo o Rio de Janeiro não recebia notícias tão boas de seu passado. É provável
que uma equipe de arqueólogos do Museu Nacional tenha encontrado nas escavações da
zona portuária as lajes de pedra do cais do Valongo. Entre 1758 e 1851, por aquelas pedras
passaram pelo menos 600 mil escravos trazidos d'África. Metade deles tinham entre 10 e 19
anos.

Devolvido à superfície, o cais do Valongo trará ao século 21 o maior porto de chegada de


escravos do mundo. Se ele foi soterrado e esquecido, isso se deveu à astuta amnésia que
expulsa o negro da história do Brasil. A própria construção do cais teve o propósito de tirar do
coração da cidade o mercado de escravos.

A região da Gâmboa tornou-se um mercado de gente, mas as melhores descrições do que lá


acontecia saíram todas da pena de viajantes estrangeiros. Os negros ficavam expostos no
térreo de sobrados da rua do Valongo (atual Camerino). Em 1817, contaram-se 50 salas onde
ficavam 2.000 negros (peças, no idioma da época). Os milhares de africanos que morreram
por conta da viagem ou de padecimentos posteriores foram jogados numa área que se
denominou Cemitério dos Pretos Novos.
Continuação...

O segundo presente são os dois volumes de "Geografia Histórica do Rio de Janeiro − 1502-
1700", do professor Mauricio de Almeida Abreu. É uma daquelas obras que só aparecem de
20 em 20 anos. (O livro de Karasch, que está na mesma categoria, é de 1987.)

Ele leu tudo e, em diversos pontos controversos, desempatou controvérsias indo às fontes
primárias. Erudito, bem escrito, bem exposto, é um prazer para o leitor. Além disso, os dois
pesados volumes da obra estão criteriosamente ilustrados.

(Adaptado de Elio Gaspari, FSP, 09/03/2011, http://www1.folha.


uol.com.br/fsp/poder/po0903201104.htm)
19) Ao referir-se à astuta amnésia que expulsa o negro da história do Brasil (2o
parágrafo), o autor

a) lamenta a falta de memória dos próprios negros em relação ao papel


fundamental que os escravos desempenharam na história do Brasil.
b) alude à retirada dos escravos através do cais do Valongo, que foram então
enviados do Brasil para diversos lugares no mundo todo.
c) demonstra empatia para com os historiadores que, diante do horror da
escravidão, optaram pelo apagamento de tudo o que é relacionado à história do
negro no Brasil.
d) constata que, em nossa historiografia, o ponto de vista dos descendentes dos
escravocratas tem prevalecido sobre o daqueles que têm origem negra.
e) critica o deliberado esquecimento, por parte da historiografia brasileira, de tudo
o que se vincula à presença do negro em nosso passado.
(TRT – 1ª região - 2011) A questão 20 refere-se ao texto abaixo.

A liberdade enriquece

A liberdade surge no oceano da economia, de onde se espraia para todos os lugares.


Isso é o que imaginava Ludwig von Mises, o arquiteto mais destacado da escola
austríaca de economistas neoclássicos. Ele estava errado: a liberdade nasceu no
continente da política, mais propriamente como liberdade de expressão − o direito de
imprimir sem licença. O parto deu-se pelas mãos do poeta e polemista John Milton, em
1644, no epicentro da Guerra Civil Inglesa entre o Parlamento e a Monarquia. Naquele
ano, Milton publicou a Aeropagitica, fonte do mais clássico dos argumentos racionais
contra a censura: os seres humanos são dotados de razão e, portanto, da capacidade
de distinguir as boas ideias das más.

Ludwig von Mises não errou em tudo; acertou no principal. Liberdade não é um artigo
de luxo, um bem etéreo, desconectado da economia. A Grã-Bretanha acabou seguindo
o caminho preconizado por Milton e se converteu na maior potência do mundo. Os
Estados Unidos, com sua Primeira Emenda à Constituição − que proíbe a edição de leis
que limitem a liberdade de religião, a liberdade de expressão e de imprensa ou o direito
de reunião pacífica −, assumiram o primeiro posto no século XX. Liberdade funciona,
pois a criatividade é filha da crítica.

(Trecho adaptado de Demétrio Magnoli. Veja, 22 de setembro de 2010, pp. 80-81)


20) Considerando-se o teor do texto, é correto afirmar:

a) Trata-se de um texto opinativo, em que o autor, apoiando-se em teorias e oferecendo


exemplos de sucesso, tece comentários a respeito da relação entre liberdade e
desenvolvimento econômico.
b) Há crítica em relação ao papel desempenhado na economia de alguns países por
proposições hipotéticas de poetas e economistas sob influência de escolas
estrangeiras.
c) No 2o parágrafo encontra-se defesa por inteiro da opinião do economista austríaco,
em flagrante contradição com a observação de que ele havia se enganado, como
consta do 1o parágrafo.
d) O título se volta para a comprovação da tese do poeta inglês de que o
desenvolvimento econômico de uma nação se associa inequivocamente à racionalidade
de seus cidadãos.
e) O autor se baseia em opiniões polêmicas de defensores da liberdade de expressão
para enaltecer a política colonialista de ingleses e de norte-americanos, entre os
séculos XVII e XX.
(TCU 2011) Texto para as questões 21 e 22

Para o filósofo Bentham, a felicidade era uma proposição matemática, e ele passou
anos realizando pequenos ajustes em seu "cálculo da felicidade", um termo
maravilhosamente atraente. Eu, por exemplo, nunca associei cálculo à felicidade. No
entanto, trata-se de matemática simples. Some os aspectos prazerosos de sua vida,
depois subtraia os desagradáveis. O resultado é a sua felicidade total. Os mesmos
cálculos, acreditava Bentham, podiam ser aplicados a uma nação inteira. Cada medida
tomada por um governo, cada lei aprovada, deveria ser vista sob o prisma da "maior
felicidade possível". Bentham ponderou que dar dez dólares a um homem pobre
contava mais do que dar dez dólares a um homem rico, já que o pobre tirava mais
prazer desse dinheiro.

Eric Weiner. Geografia da felicidade. Trad. Andréa Rocha. Rio de Janeiro: Agir, 2009.
p. 247-8 (com adaptações).
21) Com base no texto acima, julgue o item subsequente.

Infere-se do texto que, para Bentham, os pobres têm mais direito à felicidade,
devido à sua capacidade de tirar mais prazer de pequenas coisas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

22) Com base no texto acima, julgue o item subsequente.

O autor constrói seu texto de forma a se aproximar do leitor, o que explica, por
exemplo, o emprego da primeira pessoa do singular no segundo período e o do
imperativo no quarto.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(TCU 2011) Texto para as questões 23 e 24

A mais ínfima felicidade, quando está sempre presente e nos torna felizes, é
incomparavelmente superior à maior de todas, que só se produz de maneira episódica,
como uma espécie de capricho, como uma inspiração insensata, em meio a uma vida
que é dor, avidez e privação. Tanto na menor como na maior felicidade, porém, há
sempre algo que faz que a felicidade seja uma felicidade: a faculdade de esquecer, ou
melhor, em palavras mais eruditas, a faculdade de sentir as coisas, durante todo o
tempo que dura a felicidade, fora de qualquer perspectiva histórica. Aquele que não
sabe instalar-se no limiar do instante, esquecendo todo o passado, aquele que não
sabe, como uma deusa da vitória, colocar-se de pé uma vez sequer, sem medo e sem
vertigem, este não saberá jamais o que é a felicidade, e o que é ainda pior: ele jamais
estará em condições de tornar os outros felizes. É possível viver, e mesmo viver feliz,
quase sem lembrança, como o demonstra o animal; mas é absolutamente impossível
ser feliz sem esquecimento.

F. W. Nietzsche. II Consideração intempestiva sobre a utilidade e os


inconvenientes da história para a vida. In:Escritos sobre história. São Paulo:
Loyola, 2005. p. 72-3 (com adaptações).
23) Com base no texto acima, julgue o item que se segue.

No segundo período do texto, o trecho introduzido pelos dois pontos apresenta


uma explicação do que o autor entende por "maior felicidade".

( ) CERTO ( ) ERRADO

24) Com base no texto acima, julgue o item que se segue.

O autor estabelece em seu texto uma oposição entre história e felicidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(PF 2000) Texto para as questões 25 e 26

Estava no Brasil

A cooperação foi similar à da Operação Condor, só que estritamente dentro da lei e


a favor da democracia. No último fim de semana, a Polícia Federal deteve em Foz
do Iguaçu, no Paraná, o general paraguaio Lino Oviedo, havia meses foragido, e
cuja prisão preventiva com fins de extradição tinha sido pedida pelo Paraguai. No
apartamento no qual se escondia, foram encontrados um revólver calibre 38, dez
telefones celulares e uma peruca. Oviedo, que já comandou uma tentativa de golpe
em 1996, é acusado de tramar o assassinato do vice presidente de seu país, Luis
María Argaña, no ano passado. Preso, ele poderá ser extraditado para o Paraguai,
onde goza de grande simpatia popular e nenhuma do governo. Com sua fama de
golpista, Oviedo é o principal suspeito de ter planejado a última quartelada para
derrubar o governo do presidente Luis González Macchi, há um mês. É um abacaxi
para os paraguaios. Se livre e clandestino, é um incômodo para o governo; dentro
de uma prisão no Paraguai, Oviedo é um perigo ainda maior, pois estará mais
próximo e à vista de seus seguidores. O governo brasileiro não podia deixar de
prender o general paraguaio. Um dos compromissos dos países-membros do
MERCOSUL é a adesão ao regime democrático. Dar cobertura a golpistas, como
Oviedo, não é um alento à democracia. O destino do general no Brasil está nas
mãos do Supremo Tribunal Federal, responsável por julgar o pedido de extradição.

Veja, 21/6/2000 (com adaptações).


25) Com relação às ideias e às informações do texto, julgue o item abaixo.

Infere-se do texto que a Operação Condor foi ilegal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

26) Com relação às ideias e às informações do texto, julgue o item abaixo.

O governo paraguaio solicitou à Polícia Federal do Brasil a prisão do general Lino


Oviedo por não ter corporação suficientemente equipada para fazê-lo.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(PF - 2007) Texto para as questões 27 a 30

COMPRAR REVISTA

Parou, hesitante; em frente à banca de jornais. Examinou as capas das revistas, uma
por uma. Tirou do bolso o recorte, consultou-o. Não, não estava incluída na relação de
títulos, levantada por ordem alfabética. Mas quem sabe havia relação suplementar, feita
na véspera? Na dúvida, achou conveniente estudar a cara do jornaleiro. Era a mesma
de sempre. Mas a talvez ocultasse alguma coisa, sob a aparência habitual. O jornaleiro
olhou para ele, sem transmitir informação especial no olhar, além do reconhecimento do
freguês.

Peço? Perguntou a si mesmo. Ou é melhor sondar a barra?


− Como vão indo as coisas?
− Vão indo, meio paradas.
− Não tem vendido muita revista?
O jornaleiro fitou-o, sério:
− Nem todo o dia é dia de vender muita.
− Eu sei, mais tem revista e revista ?
− Lá isso é.
− A lista está completa ?
− Que lista?
− Das revistas proibidas.
Continuação...

− Ah, sim, o listão. O senhor queria que não estivesse completo?


− Eu? Perguntei, apenas. Gosto de saber das coisas com certeza. Às vezes a gente
pede uma revista que não tem mais, que não pode mais ter à venda, e...
− Por isso que perguntei. Não quero grilo, entende?
− Entendi.
− Nem para o senhor nem para mim, é lógico.
− Tá legal.
− Além do mais, gosto de cumprir a lei. O senhor também não gosta?
− Muito.
− Sou assim. Sempre gostei. Cumpro a lei, cumpro o decreto, cumpro o regulamento,
cumpro a portaria, cumpro tudo.
− Eu também, e daí?
− Daí, não estou vendo a revista que eu queria, e fico sem saber se posso querer, se a
lei me autoriza a querer minha revista.
− Bem, se não está no listão, eu tenho.
− E por que não expõe?
− Não posso expor tudo ao mesmo tempo. Tenho que mostrar as revistas esportivas, as
de palavras cruzadas, as de cozinha, os fascículos de bichos e viagens, as leis de
impacto... Como é que sobra lugar?
− Compreendo. Mas não achando a revista exposta, receei que ela não pudesse mais
circular.
Continuação...

− Por quê? Tem muita mulher nua, colorida, página dupla?


− Não.
− Marmanjo nu, como está na moda?
− Também não. De vez em quando publica umas fotos pequeninas, de cenas de filmes
ou peças de teatro, com barrigas e pernas de fora. Me interessa é as notícias, é como
vai o mundo, e o que se comenta sobre ele. Quero uma revista de atualidades.
− Por que não disse logo?
− Porque tem atualidade e atualidade, então não sei? Pode me vender o Time, ou
também ele já foi proibido? Veja bem, não desejo comprometê-lo. E muito menos a mim,
é evidente. Mas só quero o Time se o senhor garantir que posso levar ele para casa
sem infringir a lei.

Carlos Drummond de Andrade. De noticias & não noticias faz-se a crônica. Rio de
Janeiro, José Olympio. p. 158-50. 1975 (com adaptações)
27) Carlos Drummond de Andrade, notável escritor da Literatura Brasileira, dá ao
seu texto primoroso acabamento estilístico. Com base na estilística dos diálogos,
julgue o item a seguir.

Com a repetição dos termos "revista" e "atualidade", o autor atribui distinta carga
semântica às palavras: há revistas e atualidades de diferentes valorizações
sociopolíticas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

28) Sabendo que time é uma palavra inglesa que significa tempo e que Time é o
nome de uma revista de grande circulação internacional, percebe-se a utilização
da ironia, frente ao cerceamento da liberdade de imprensa, por parte do autor, ao
redigir: "Pode me vender o Time, ou também ele já foi proibido?".

( ) CERTO ( ) ERRADO
29)
− Compreendo. Mas não achando a revista exposta, receei que ela não pudesse
mais circular.
− Por quê? Tem muita mulher nua, colorida, página dupla?
− Não.
− Marmanjo nu, como está na moda?
A passagem situada nas linhas acima destacadas indicia a existência de uma outra
ordem de proibição, dessa feita de cunho moral, e não político.

( ) CERTO ( ) ERRADO

30)
− A lista está completa ?
− Que lista?
− Das revistas proibidas.
− Ah, sim, o listão. O senhor queria que não estivesse completo?
− Eu? Perguntei, apenas. Gosto de saber das coisas com certeza. Às vezes a
gente pede uma revista que não tem mais, que não pode mais ter à venda, e...

A passagem situada nas linhas acima destacadas sugere a existência de outras


listas além da lista com grande quantidade de títulos proibidos.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(PF - 1997) Texto para as questões 31 a 36

BRASILEIRO CEM MILHÕES

Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê n.º 100.000.000. e


não souberam informar-me:

- De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com esse
número.

É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem números ao nascer. Dão-
lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que acompanhará por toda a vida como
pesadelo, quando à numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável,
poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares
nascem João ou José, mas o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa
viva, muito mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda e nos mil outros fichários com
que é policiada a nossa existência.

Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma paz
de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois da meia-
noite. O dia 21 de agosto, marcado para o advento do brasileiro cem-milhões,
transcorria sem que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento.
Continuação...

Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000.º membro eufórico da geração


dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só por artifício de
média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto.

Não desejo o herói do monumento nem mártir anônimo. Prefiro vê-lo como um ser
capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade razoavelmente suportável, em
que a vida não seja obrigação estupida, sem pausa para fruir a graça das coisas
naturais e o que lhes acrescentou a imaginação humana.

Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas
semanas, como se ele fosse meu neto... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de
mim, isto ai era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só
mistério, que aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi
crescer a terra e lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que
dirigiam o processo lá se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nesta geração
um novo rosto de vida que se interroga. Há muita ingenuidade, também muita coragem,
e os problemas se multiplicam com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e
também mais pobres.

Meu querido e desconhecido irmão n.º 100.000.000, onde quer que estejas nascendo,
fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto
de consumo, e boa viagem pelo século XXI a dentro.

ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 6. ed. Rio de Janeiro:Record, 1993.
pág. 11-3
31) Comparando os textos, julgue o item abaixo.

Apesar da ausência de diálogo, todo o texto é uma grande conversa com o leitor,
e, ao final, com o brasileiro cem-milhões, que dá título à crônica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

32) Em “Seria vaidade irrisória proclamar-se ele o 100.000.000.º membro eufórico


da geração dos 100 milhões, e saber-se apenas mais um marginalizado, que só
por artifício de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto.”, o autor
traça uma previsão pessimista, de base econômica e social, para o esperado
brasileiro cem-milhões.

( ) CERTO ( ) ERRADO
33) Quando se refere ao fato de as crianças, ao nascerem, receberem um nome,
"às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como pesadelo", o
autor está carregando sua linguagem de traços exagerados, hiperbólicos.
.

( ) CERTO ( ) ERRADO

34) No terceiro parágrafo, ao afirmar que "milhares nascem João ou José" e que
se números fossem usados seria "mais fácil de cadastrar no Imposto de Renda", o
autor está se valendo da ironia como recurso estilístico.

( ) CERTO ( ) ERRADO
35) Com base nos recursos estilísticos utilizados no texto II, julgue o item a seguir.

Há uma situação antitética subjacente em "Não o desejo herói de monumento nem


mártir anônimo." .

( ) CERTO ( ) ERRADO

36) Em “Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se


multiplicam com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e também mais
pobres.”, aparece a caracterização da grande massa de brasileiros que vivem à
margem do poder: ingênuos, corajosos e paradoxais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(Polícia Civil/CE - 2012) Texto para as questões 37 a 40

Muitos acreditam que chegamos à velhice do Estado nacional. Desde 1945, dizem, sua
soberania foi ultrapassada pelas redes transnacionais de poder, especialmente as do
capitalismo global e da cultura pós-moderna. Alguns pós-modernistas levam mais
longe a argumentação, afirmando que isso põe em risco a certeza e a racionalidade da
civilização moderna, entre cujos esteios principais se insere a noção segura e
unidimensional de soberania política absoluta, inserida no conceito de Estado nacional.
No coração histórico da sociedade moderna, a Comunidade Europeia (CE)
supranacional parece dar especial crédito à tese de que a soberania político-nacional
vem fragmentando-se. Ali, tem-se às vezes anunciado a morte efetiva do Estado
nacional, embora, para essa visão, uma aposentadoria oportuna talvez fosse a
metáfora mais adequada. O cientista político Phillippe Schmitter argumentou que,
embora a situação europeia seja singular, seu progresso para além do Estado nacional
tem uma pertinência mais genérica, pois "o contexto contemporâneo favorece
sistematicamente a transformação dos Estados em confederatii,
condominii ou federatii, numa variedade de contextos".
Continuação...

É verdade que a CE vem desenvolvendo novas formas políticas, que trazem à


memória algumas formas mais antigas, como lembra o latim usado por Schmitter.
Estas nos obrigam a rever nossas ideias do que devem ser os Estados
contemporâneos e suas interrelações. De fato, nos últimos 25 anos, assistimos a
reversões neoliberais e transnacionais de alguns poderes de Estados nacionais. No
entanto, alguns de seus poderes continuam a crescer. Ao longo desse mesmo período
recente, os Estados regularam cada vez mais as esferas privadas íntimas do ciclo de
vida e da família. A regulamentação estatal das relações entre homens e mulheres, da
violência familiar, do cuidado com os filhos, do aborto e de hábitos pessoais que
costumavam ser considerados particulares, como o fumo, continua a crescer. A política
estatal de proteção ao consumidor e ao meio ambiente continua a proliferar. Tudo
indica que o enfraquecimento do Estado nacional da Europa Ocidental é ligeiro,
desigual e singular. Em partes do mundo menos desenvolvido, alguns aspirantes a
Estados nacionais também estão fraquejando, mas por razões diferentes,
essencialmente "pré-modernas". Na maior parte do mundo, os Estados nacionais
continuam a amadurecer ou, pelo menos, estão tentando fazê-lo. A Europa não é o
futuro do mundo. Os Estados do mundo são numerosos e continuam variados, tanto
em suas estruturas atuais quanto em suas trajetórias.

Michael Mann. Estados nacionais na Europa e noutros continentes: diversificar, desenvolver, não morrer. In:
Gopal Balakrishnan. Um mapa da questão nacional. Vera Ribeiro (Trad.). Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p.
311-4 (com adaptações).
37) Com relação às ideias do texto, julgue o item.

Verifica-se, desde o início do primeiro parágrafo, a estratégia retórica de defender


o argumento de que o Estado nacional está obsoleto, de modo que o argumento
contrário, exposto no segundo parágrafo, pareça mais consistente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

38) Com relação às ideias do texto, julgue o item.

Segundo o cientista político Phillipe Schmitter, a expansão geral dos Estados


nacionais no continente europeu deve-se a aspectos singulares das diversas
economias europeias.

( ) CERTO ( ) ERRADO
39)
No primeiro parágrafo, a ideia de "velhice do Estado nacional" é refutada pelas
expressões "morte efetiva" e "aposentadoria oportuna".

( ) CERTO ( ) ERRADO

40) Os substantivos "velhice" (linha 1) e "tese" (linha 8) estão empregados no texto


de forma indefinida e com sentido genérico.

( ) CERTO ( ) ERRADO
(SEAD/AP 2010 ) Texto para as questões 41 e 42

O jeitinho brasileiro e o homem cordial

O jeitinho caracteriza-se como ferramenta típica de indivíduos de pouca


influência social. Em nada se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não
há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si,
às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido
como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação
"apertada".

Sérgio Buarque de Holanda, em O Homem Cordial, fala sobre o brasileiro e uma


característica presente no seu modo de ser: a cordialidade. Porém, cordial, ao contrário
do que muitas pessoas pensam, vem da palavra latina cor, cordis, que significa coração.
Portanto, o homem cordial não é uma pessoa gentil, mas aquele que age movido pela
emoção no lugar da razão, não vê distinção entre o privado e o público, detesta
formalidades, põe de lado a ética e a civilidade.
Continuação...

Em termos antropológicos, o jeitinho pode ser atribuído a um suposto caráter


emocional do brasileiro, descrito como "o homem cordial" pelo antropólogo. No
livro Raízes do Brasil, esse autor afirma que o indivíduo brasileiro teria desenvolvido
uma histórica propensão à informalidade. Deve-se isso ao fato de as instituições
brasileiras terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo
entre governantes e governados, mas apenas a imposição de uma lei e de uma ordem
consideradas artificiais, quando não inconvenientes aos interesses das elites políticas e
econômicas de então. Daí a grande tendência fratricida observada na época do Brasil
Império, que é bem ilustrada pelos episódios conhecidos como Guerra dos Farrapos e
Confederação do Equador.

Na vida cotidiana, tornava-se comum ignorar as leis em favor das amizades.


Desmoralizadas, incapazes de se impor, as leis não tinham tanto valor quanto, por
exemplo, a palavra de um "bom" amigo. Além disso, o fato de afastar as leis e seus
castigos típicos era uma prova de boa-vontade e um gesto de confiança, o que
favorecia boas relações de comércio e tráfico de influência. De acordo com
testemunhos de comerciantes holandeses, era impossível fazer negócio com um
brasileiro antes de fazer amizade com ele. Um adágio da época dizia que "aos inimigos,
as leis; aos amigos, tudo". A informalidade era - e ainda é - uma forma de se preservar o
indivíduo.
Continuação...

Sérgio Buarque avisa, no entanto, que esta "cordialidade" não deve ser
entendida como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir;
no entanto, suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais.

(In: www.wikipedia.org - com adaptações.)


41) De acordo com o texto, é incorreto afirmar que:

a) o jeitinho brasileiro é um comportamento típico de indivíduos de pouca influência


social e avessos a formalidades.
b) a instituição do jeitinho tem origem, segundo os antropólogos, no comprovado caráter
emocional do brasileiro.
c) a imposição de leis e de ordens tidas como artificiais pode explicar a propensão do
brasileiro para driblar normas.
d) na sociedade colonial, era comum observar que o brasileiro tendia a valorizar a
amizade em detrimento da própria lei.
e) o indivíduo que utiliza a ferramenta do jeitinho age por emoção, ignorando os limites
entre as esferas pública e privada.
42)
Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir:

I. O segundo parágrafo introduz o tema, discorrendo sobre a origem etimológica


de jeitinho.

II. O quarto parágrafo apresenta um fato que busca explicar a disposição para a
informalidade nas relações comerciais.

III. O quinto parágrafo esclarece as diferenças entre as noções de cordialidade e


passividade, que não são sinônimas.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I está correta.


b) se somente a afirmativa II está correta.
c) se somente a afirmativa III está correta.
d) se somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) se todas as afirmativas estão corretas.
(TRF/1ª região - 2011) Texto para as questões 43 e 44

De dezembro de 1951 a abril de 1974, a aventura brasileira de Elizabeth Bishop


estendeu-se por 22 anos − alguns deles, os anos finais, vividos em Ouro Preto,
sobretudo após a morte de Lota de Macedo Soares, sua companheira, em 1967. A
cidade não tomou conhecimento da grande escritora americana, cujo centenário de
nascimento se comemorou dias atrás. Nós, os então jovens escritores de Minas,
também não. Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a
frustração retroativa de ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta
da grandeza de quem ali estava, na sua Casa Mariana − estupenda edificação por
ela batizada em homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra.
Consolam-me as histórias que saltam de seus livros e, em especial, da memória de
seus (e meus) amigos Linda e José Alberto Nemer, vinhetas que juntei na tentativa
de iluminar ainda mais a personagem retratada por Marta Goes na peça Um Porto
para Elizabeth. Algumas delas:
Continuação

* Ela adorava aquela casa, construída entre 1698, dois anos após a descoberta do
ouro na região, e 1711, quando Ouro Preto foi elevada à condição de vila.
Comprou-a em 1965 e não teve outra na vida, a não ser o apartamentinho de
Boston onde morreria em 1979. Tinha, dizia, "o telhado mais lindo da cidade", cuja
forma lhe sugeria "uma lagosta deitada de bruços". Bem cuidada, a casa, agora à
venda, pertence aos Nemer desde 1982.

* "Gosto de Ouro Preto", explicou Elizabeth ao poeta Robert Lowell, "porque tudo lá
foi feito ali mesmo, à mão, com pedra, ferro, cobre e madeira. Tiveram que inventar
muita coisa − e tudo está em perfeito estado há quase 300 anos".

(Humberto Werneck. "Um porto na Montanha". O Estado de S. Paulo.


Cidades/Metrópole. Domingo, 13 de fevereiro de 2011, C10)
43) É correto afirmar que interessa a Humberto Werneck

a) retratar a vivência de Elizabeth Bishop em Ouro Preto, durante os 22 anos em


que morou na cidade mineira.
b) enaltecer a obra da escritora Elizabeth Bishop, cujos poemas o entusiasmaram
desde quando era um jovem escritor.
c) mostrar que, embora tardiamente, privou da intimidade da poeta, tendo tido
acesso, inclusive, a cenas da vida privada de Elizabeth Bishop.
d) proporcionar, por meio de breves registros, ângulos de observação que possam
mais revelar sobre Elizabeth Bishop, além do que uma peça já expõe sobre a
poeta.
e) fazer um balanço da vida e obra da escritora Elizabeth Bishop, com base em
cenas que ele presenciou ou que lhe foram narradas por quem as vivenciou junto à
poeta.
44)
Hoje leitor apaixonado de tudo o que ela escreveu, carrego a frustração retroativa de
ter cruzado com Elizabeth em Ouro Preto sem me dar conta da grandeza de quem
ali estava, na sua Casa Mariana − estupenda edificação por ela batizada em
homenagem à poeta Marianne Moore, sua amiga e mestra.

Considerado o fragmento acima transcrito, entende-se corretamente que Humberto


Werneck

a) lastima não ter tido a oportunidade de encontrar-se numa rua de Ouro Preto com
a grande escritora Elizabeth Bishop.
b) se queixa de ter sido sempre imaturo, como leitor, para dar o devido valor à
produção poética de Elizabeth Bishop.
c) admite que, no momento de sua fala, reconhece o grande valor de Elizabeth, o
que o faz, então, considerar uma perda o fato de ter feito essa constatação tão
tarde.
d) faz confissão de culpa por falha do passado, quando ele e outros jovens de Ouro
Preto não deram apoio a Elizabeth, principalmente quando teve grande perda
afetiva.
e) confessa admiração entusiasmada pela grandeza atual de Elizabeth e, fazendo
uma retrospectiva, lastima que o talento da poeta tenha permanecido muito tempo
incubado.
(MPU - 2007) Texto para a questão 45

A propósito de uma aranha

Fiquei observando a aranha que construía sua teia, com os fios que saem dela
como um fruto que brota e se alonga de sua casca. A aranha quer viver, e trabalha
nessa armadilha caprichosa e artística que surpreenderá os insetos e os enredará
para morrer. Tua morte, minha vida- diz uma frase antiga, resumindo a lei primeira
da natureza. A frase pode soar amarga em nossos ouvidos delicados, enquanto
comemos nosso franguinho. Sua morte, vida nossa.

Os vegetarianos não fiquem aliviados, achando que, além de terem hábitos mais
saudáveis, não dependem da morte alheia para viver. É verdade que a alface, a
cenoura, a batata, o arroz, o espinafre, a banana, a laranja não costumam gritar
quando arrancados da terra, decepados do caule, cortados e processados na
cozinha. Mas por que não imaginar que estavam muito bem em suas raízes, e se
deleitavam com o calor do sol, com a água refrescante da chuva, com os sopros do
vento? Sua morte, vida nossa.
Continuação...

Mas voltemos à aranha. Ela não aprendeu arquitetura ou geometria, nada sabe
sobre paralelas e losangos; vive da ciência aplicada e laboriosa dos fios quase
invisíveis que não perdoam o incauto. Uma vez preso na teia, o inseto que há pouco
voava debate-se inutilmente, enquanto a aranha caminha com leveza em sua
direção, percorrendo resoluta o labirinto de malhas familiares. Se alguém salvar
esse inseto, num gesto de misericórdia, e se dispuser a salvar todos os outros que
caírem na armadilha, a aranha morrerá de fome. Em outras palavras: a boa alma
tomará partido entre duas mortes.

A cada pequena cena, a natureza nos fala de sua primeira lei: a lei da necessidade.
O engenho da aranha, a eficácia da teia, o vôo do inseto desprevenido compõem
uma trama de vida e morte, da qual igualmente participamos todos nós, os bichos
pensantes. Que necessidade tem alguém de ser cronista? - podem vocês me
perguntar. O que leva alguém a escrever sobre teias e aranhas? Minha resposta é
crua como a natureza: os cronistas também comem. E como não sabem fazer teias,
tecem palavras, e acabam atendendo a necessidade de quem gosta de ler. A
pequena aranha, com sua pequena teia, leva a gente a pensar na vida, no trabalho,
na morte. A natureza está a todo momento explicando suas verdades para nós. Se
eu soubesse a origem e o fim dessas verdades todas, acredite, leitor, esta crônica
teria um melhor arremate.

(Virgílio Covarim)
45) Atente para as seguintes afirmações:

I. A frase tua morte, minha vida sintetiza uma lei que se aplica sobretudo a
determinadas espécies do reino animal.

II. A lei da necessidade, tal como a enuncia o texto, expressa o nosso desejo de
sobrepujar a força dos instintos naturais.

III. A teia da aranha e o texto do cronista são tratados como trabalhos movidos pela
força de uma necessidade.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
(TRE/SP - 2012) Texto para as questões 46 a 49

Bom para o sorveteiro

Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia.


Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na
praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da
praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar.
Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em
necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos
foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela
sobrevivência. Um belo espetáculo.

À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos,


com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo
comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a
baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a
feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado
sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os
bifes.
Continuação...

Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda
retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as
toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião
ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua
entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.

Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num
momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De
qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi,
espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da
inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo
fala. Tudo é símbolo.

(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)


46) O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Saquarema, tal como se
observa na relação entre estas duas expressões:

a) drama da baleia encalhada (linha 2 e três dias se debatendo na areia (linha 3).
b) em quinze minutos estava toda retalhada (linha 14) e foram disputadas as toneladas
da vítima (linha 15).
c) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência (linhas 6 e 7 ) e levar pastéis e
empadinhas para vender com ágio (linhas 11 e 12).
d) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar (linhas 3 e 4 ) e lá se foi, espero
que salva, a baleia de Saquarema (linha 21).
e) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás (linha 19) e Logo uma estatal, ó
céus (linha 19).
47)
Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:

I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre outros termos de


aproximação, o encalhe dos gigantes.

II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada revelam que, acima das
diferentes providências, atinham-se todos a um mesmo propósito.

III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o autor aproveitou o episódio
da baleia encalhada para também figurar o encalhe de um país imobilizado pela alta
inflação.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) III, apenas.
48)
Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois fatores:

a) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira da Petrobrás.


b) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido objetivo comum.
c) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestígio dos valores ecológicos.
d) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciativas que couberam a uma
traineira.
e) o aproveitamento comercial da situação e a força descomunal empregada pela
jubarte.
49)
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a) em necrológio eufórico (1o parágrafo) = em façanha mortal.


b) Comum, vírgula (2o parágrafo) = Geral, mas nem tanto.
c) que se desse por perdida a batalha (2o parágrafo) = que se imaginasse o efeito de
uma derrota.
d) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3o parágrafo) = derrogou uma imunidade
para nós todos.
e) é preciso dar provas da eficácia (4o parágrafo) = convém explicitar os bons
propósitos.
(TRF/1ª região - 2011) Texto para a questão 50

Assim como os antigos moralistas escreviam máximas, deu-me vontade de


escrever o que se poderia chamar de mínimas, ou seja, alguma coisa que,
ajustada às limitações do meu engenho, traduzisse um tipo de experiência vivida,
que não chega a alcançar a sabedoria mas que, de qualquer modo, é resultado de
viver.

Andei reunindo pedacinhos de papel em que estas anotações vadias foram feitas e
ofereço-as ao leitor, sem que pretenda convencê-lo do que penso nem convidá-lo
a repensar suas ideias. São palavras que, de modo canhestro, aspiram a
enveredar pelo avesso das coisas, admitindo-se que elas tenham um avesso, nem
sempre perceptível mas às vezes curioso ou surpreendente.

C.D.A.
(Carlos Drummond de Andrade. O avesso das coisas [aforismos]. 5.ed. Rio de
Janeiro: Record, 2007, p. 3)
50)
...admitindo-se que elas tenham um avesso... (linhas 7 e 8)

Respeitando a situação em que foi empregada a frase acima, a ÚNICA


reformulação INCORRETA para o segmento destacado é:

a) no caso de se admitir que.


b) caso se admita que.
c) tomando-se como pressuposto que.
d) visto que é patente que.
e) aceitando como hipótese que.
FIM

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