RPPN Monte Alegre
ELABORAÇÃO
COORDENAÇÃO:
Ana Carolina Leite Cordeiro
Bióloga/UECE – CRBio nº. 46.633-5D
Ma. Gestão Ambiental de Recursos Hídricos
Samuel Victor da Silva Portela
Bióloga/UVA – CRBio nº. 59.014-5D
Ms. Desenvolvimento e Meio Ambiente
EQUIPE TÉCNICA:
Cristiano Alves da Silva – Geógrafo/UECE
Caracterização Abiótica e geoprocessamento.
Ileane Oliveira Barros – Bióloga/UFC
George Machado Tabatinga Filho – Biólogo/UFC
Caracterização Botânica.
Fábio de Paiva Nunes – Biólogo/UFC
João Marcelo Holderbaum – Biólogo/UFC
Caracterização da Avifauna, Mastofauna e Herpetofauna
Samuel Victor da Silva Portela – Biólogo/UVA:
Caracterização Socioeconômica das comunidades de entorno da RPPN.
Hangley da Silva Félix - Estudante de Geografia/UECE
Estagiário da Associação Asa Branca
RPPN Monte Alegre
APOIO
PARCERIA
Confederação Nacional de RPPN - CNRPPN
Associação Caatinga
RPPN Monte Alegre
AGRADECIMENTOS
Às inúmeras pessoas e instituições que há anos contribuem de forma significativa para
a conservação da natureza através do incentivo à criação e gestão de reservas
particulares.
Aos proprietários da RPPN Monte Alegre, Miguel Cunha Filho, Maria Adele Montenegro
Vieira da Cunha e Maria Ninita Barreto da Cunha, pela idealização, criação e gestão
desta Unidade de Conservação. À Lúcia Cunha pelo apoio logístico e pelas inúmeras
informações concedidas à equipe executora do projeto.
À Associação Caatinga pelas várias formas de contribuição técnico-institucionais, que
foram fundamentais para e execução deste projeto.
À Aliança da Caatinga, financiadora desse projeto, que contou ainda com o apoio da
MPX, empresa do grupo EBX.
E por fim, a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a elaboração desse
documento, seja no apoio logístico, nos levantamentos de campo (mateiros e caseiros)
ou na facilitação de informações de grande valor sociocultural.
RPPN Monte Alegre
APRESENTAÇÃO
Este documento é resultante do projeto “Elaboração do Plano de Manejo da
RPPN Monte Alegre” executado pela Associação dos Proprietários de RPPN do
Estado do Ceará – Asa Branca, apoiado financeiramente pela Aliança da Caatinga
através do Programa de Incentivo à Conservação em Terras Privadas da Caatinga,
que no seu 2º Edital elabora também Planos de Manejo para outras RPPNs localizadas
neste Bioma no Estado do Ceará.
A iniciativa dos proprietários de criar a RPPN Monte Alegre foi de garantir a
proteção legal e integral dos atributos naturais do Sitio Monte Alegre e Pitaguary, onde
63,9% da propriedade foi convertida em RPPN. A realização do Plano de Manejo (PM) é
um compromisso assumido pelo proprietário junto ao órgão ambiental federal (ICMBio) ao
ser criada a Reserva, e tem por objetivo orientar e acompanhar atividades que venham a
ser desenvolvidas na Unidade de Conservação. Hoje o ICMBio estabelece um prazo de 5
anos para que o PM seja elaborado. O Plano de Manejo contribuirá para a captação de
recursos e implementação das ações de gestão da reserva previstas neste documento,
contribuindo para a conservação da biodiversidade local com maior efetividade.
A possibilidade de buscar recursos e meios para implementar os objetivos
estabelecidos neste documento é de interesse dos proprietários gestores da RPPN, que
hoje é mantida exclusivamente através de recursos próprios. Portanto, uma das
expectativas do Plano de Manejo é consolidar um plano de sustentabilidade da Reserva,
envolvendo também a captação de recursos externos no sentido de viabilizar as ações
propostas.
Em definitivo, o Plano de Manejo da RPPN Monte Alegre deverá servir de
referência e estímulo para as outras RPPNs que já existem ou que estão em processo de
criação nesta área. A RPPN Monte Alegre fortalece a categoria das RPPNs no Estado do
Ceará e incentiva a criação de Políticas Públicas mais efetivas para a conservação no
Estado.
iv
RPPN Monte Alegre
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ADA: Ato Declaratório Ambiental
APP: Área de Preservação Permanente
CCIR: Certificado de Cadastro do Imóvel Rural
CREA: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CNRPPN: Confederação Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
CPF: Cadastro de Pessoa Física
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
FNMA: Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNBIO: Fundo Nacional do Meio Ambiente
FUNCEME: Fundação Cearense de Meteorologia
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IDACE: Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará
INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
ITR: Imposto Territorial Rural
IUCN: International Union for Conservation of Nature
MMA: Ministério do Meio Ambiente
ONG: Organização Não Governamental
PIB: Produto Interno Bruto
PNMA: Política Nacional do Meio Ambiente
PREVFOGO: Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
PSF: Programa de Saúde da Família
RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural
SESA: Secretaria Estadual de Saúde
SUDENE: Superintendência Para o Desenvolvimento do Nordeste
UC: Unidade de Conservação
UECE: Universidade Estadual do Ceará
UFC: Universidade Federal do Ceará
UVA: Universidade Estadual Vale do Acaraú
v
RPPN Monte Alegre
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Visão geral da Serra de Aratanha e da cidade de Pacatuba. (Fonte: Google
Earth)...............................................................................................................................18
FIGURA 2: Zona de convergência intertropical (ZCIT) mostrada através das imagens do
satélite METEOSAT-7. Fonte: (SILVA, 2006 apud CEARÁ FUNCEME, 2006) ................26
FIGURA 3: Aspecto geral da parcela 1 (coordenadas UTM 541574 9562906). .............47
FIGURA 4: Delimitação da parcela 1 (coordenadas UTM 541574 9562906). ..................47
FIGURA 5: Frutos e folhas da gameleira – Ficus guianensis. ..........................................48
FIGURA 6: Detalhe dos frutos da gameleira – Ficus guianesis. .......................................48
FIGURA 7: Caule da Gameleira – Ficus Guianensis. .......................................................48
FIGURA 8: Aspecto geral da parcela 2 (coordenadas UTM 541122 9562744. ................50
FIGURA 9: Grande quantidade de cipós presentes na parcela 2 (coordenadas UTM
541122 9562744).............................................................................................................50
FIGURA 10: Árvore caída na trilha em decorrência do incêndio. .....................................51
FIGURA 11: Catolé (Syagrus sp.) atingido pelo fogo. ......................................................51
FIGURA 12: Aspecto geral da parcela 3 onde se percebe grande inclinação (coordenadas
UTM 540719 9562517). ...................................................................................................53
FIGURA 13: Cipó-escada (Bauhinia radiata) presente na parcela 3 (coordenadas UTM
540719 9562517).............................................................................................................53
FIGURA 14: Aspecto geral da parcela 4 (coordenadas UTM 541140 9562012). .............55
FIGURA 15: Aspecto das copas das árvores na parcela 4 (coordenadas UTM 541140
9562012). ........................................................................................................................55
FIGURA 16: Serrapilheira e plântulas na parcela 4 (coordenadas UTM 541140/9562012).
........................................................................................................................................56
FIGURA 17: Flores e frutos de Orelha de burro – Rutaceae sp. 2 na parcela 4
(coordenadas UTM 541140 9562012). ............................................................................56
FIGURA 18: Fruto e folhas do Cocão (Esenbeckia grandiflora) na parcela 4
(coordenadas UTM 541140 9562012). ............................................................................57
FIGURA 19: Frutos do Amarelinho (Rutaceae sp. 1) na parcela 4 (coordenadas UTM
541140 9562012).............................................................................................................57
FIGURA 20: Aspecto geral da parcela 5 (coordenadas UTM 540507 95611591). ...........59
FIGURA 21: Serrapilheira e plântulas da parcela 5 (coordenadas UTM
540507/95611591). ..........................................................................................................59
FIGURA 22: Aspecto das copas e altura dos indivíduos na parcela 5 (coordenadas UTM
540507 95611591). ..........................................................................................................59
vi
RPPN Monte Alegre
FIGURA 23: Detalhe das epífitas na parcela 5 (coordenadas UTM 540507/95611591). ..59
FIGURA 24: Flor da Gustavia augusta – Lecythidaceae. .................................................60
FIGURA 25: Flores da Hippeastrum sp. Amarilidaceae. ..................................................60
FIGURA 26: Paracatota – Guerlinguetos alphonsei (Foto: Ciro Albano). .........................63
FIGURA 27: Quandú – Coendou prehensilis. ..................................................................63
FIGURA 28: Mambira – Tamandua tetradactyla. .............................................................64
FIGURA 29: Mambira – Tamandua tetradactyla. .............................................................64
FIGURA 30: Vira-folhas (Sclerurus scansor), espécie de alta sensitividade e ameaçada
de extinção. .....................................................................................................................69
FIGURA 31: Pintor-da-serra (Tangara cyanocephala), espécie traficada e ameaçada de
extinção. ..........................................................................................................................69
FIGURA 32: Chupa-dente (Conopophaga cearae), espécie de alta sensitividade e
ameaçada de extinção. ....................................................................................................70
FIGURA 33: Papacum (Forpus xanthopterygius), espécie comumente traficada. ............70
FIGURA 34: Leptodactylus cf vastus. ..............................................................................73
FIGURA 35: Proceratophrys cristiceps.............................................................................74
FIGURA 36: Leptodactylus mystaceus. ...........................................................................74
FIGURA 37: Rhinella jimi. ................................................................................................75
FIGURA 38: Iguana - Iguana iguana. ...............................................................................75
FIGURA 39: Caninana (Spilotes pullatus). Foto Carlos Ribeiro. .......................................76
FIGURA 40: Mabuya nigropunctata. ................................................................................76
FIGURA 41: Anolis fuscoauratus. ....................................................................................77
FIGURA 42: Parte baixa do Sitio Monte Alegre. Fonte: Google Earth. .............................91
FIGURA 43: Trilha de acesso à RPPN Monte Alegre. (Foto: Samuel Portela). ................92
FIGURA 44: Atrativos da propriedade Monte Alegre (riachos, trilhas e artesanato). (Foto:
Proprietários). ..................................................................................................................92
FIGURA 45: Plantações de banana ao longo das trilhas no interior da RPPN Monte
Alegre. (Foto: Samuel Portela). ........................................................................................94
FIGURA 46: Lixo no interior da RPPN (pneu, sacolas, latas e garrafas de plástico). (Foto:
Samuel Portela). ..............................................................................................................95
FIGURA 47: Vestígio de queimada no interior da RPPN Monte Alegre. (Foto: Samuel
Portela). ...........................................................................................................................95
FIGURA 48: Fezes de animais domésticos nas trilhas de acesso à RPPN Monte Alegre.
(Foto: Samuel Portela). ....................................................................................................96
FIGURA 49: Espécie invasora no interior da RPPN Monte Alegre (Cryptostegia
grandiflora). (Foto: Samuel Portela). ................................................................................96
vii
RPPN Monte Alegre
FIGURA 50: Acúmulo de lixo e lançamento de esgoto a céu aberto em comunidade
vizinha (bairro São José) à Propriedade Monte Alegre. (Foto: Samuel Portela). ..............97
FIGURA 51: Localização da RPPN Monte Alegre no Mapeamento do projeto “Avaliação e
Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Bioma Caatinga – PROBIO”
(2006). .............................................................................................................................99
FIGURA 52: Algumas estradas e trilhas que cortam a propriedade. (Foto: Samuel
Portela). .........................................................................................................................102
FIGURA 53: Cipó de leite (Cryptostegia grandiflora) (coordenadas UTM
541122/9562744)...........................................................................................................105
FIGURA 54: Ciúme (Calotropis procera) (coordenadas UTM 541122/9562744). ...........105
FIGURA 55: Pedra do letreiro – ponto mais alto da RPPN Monte Alegre.......................106
FIGURA 56: Vista da pedra do letreiro. ..........................................................................106
FIGURA 57: Flor da herbácea Cunhã – Centrosema sp. ...............................................106
FIGURA 58: Flor da herbácea Beijo, utilizada por seu potencial ornamental. ................106
FIGURA 59: Flor do Pacotê - Cochlospermum vitifolium – espécie comum na caatinga.
......................................................................................................................................107
FIGURA 60: Bromélias epífitas, comuns em áreas úmidas como florestas - próximas ao
ponto de coordenadas UTM 0541455 9562253. ............................................................107
viii
RPPN Monte Alegre
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Ficha resumo da RPPN Monte Alegre. ..........................................................23
TABELA 2: Lista de espécies vegetais da RPPN Monte Alegre, Pacatuba, Ceará. .........41
TABELA 3: Georreferencimento e diversidade de espécies nas cinco parcelas de 10x10m
na RPPN Monte Alegre, Pacatuba/CE. ............................................................................45
TABELA 4: Dados fitossociológicos preliminares levantados na RPPN Monte Alegre. ....45
TABELA 5: Lista da Mastofauna da RPPN Monte Alegre. ...............................................64
TABELA 6: Espécies de aves da RPPN Monte Alegre.....................................................71
TABELA 7: Listagem dos anfíbios registrados na RPPN Monte Alegre em maio de 2011.
........................................................................................................................................77
TABELA 8: Listagem dos répteis registrados na RPPN Monte Alegre em maio de 2011. 78
TABELA 9: População Residente – 1991/2000/2010. ......................................................80
TABELA 10: Domicílios Particulares Permanentes por Situação e Média de Moradores –
2010. ...............................................................................................................................80
TABELA 11: Índices de Desenvolvimento. .......................................................................81
TABELA 12: População Extremamente pobre: (com rendimento domiciliar per capita
mensal de até R$ 70,00) – 2010. .....................................................................................82
TABELA 13: Número de Empregos Formais – 2010. .......................................................82
TABELA 14: Produto Interno Bruto – 2008. .....................................................................83
TABELA 15: Renda Domiciliar per capita (salário mínimo R$ 510,00) – 2010. ................84
TABELA 16: Profissionais de Saúde, Ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) – 2010.
........................................................................................................................................86
TABELA 17: Taxa de Analfabetismo Funcional para Pessoas com 15 anos ou mais –
2000/2010........................................................................................................................86
TABELA 18: Domicílios Particulares Permanentes Segundo as Formas de Abastecimento
de Água – 2000/2010.......................................................................................................89
TABELA 19: Domicílios Particulares Permanentes Segundo os Tipos de Esgotamento
Sanitário - 2000/2010.......................................................................................................89
TABELA 20: Domicílios Particulares Permanentes Segundo Energia Elétrica e Lixo
Coletado - 2000/2010. .....................................................................................................90
ix
RPPN Monte Alegre
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 : Mapa de Localização e Acesso 14
MAPA 2: Mapa mostrando a região de clima tropical quente úmido onde está localizada a
Serra da Aratanha 28
MAPA 3: Litológica da região onde está localizada a RPPN Monte Alegre 30
MAPA 4: Domínio geomorfológico do Sítio Monte Alegre e Pitaguary, em Pacatuba/CE 33
MAPA 5: Tipo de solo do Sítio Monte Alegre e Pitaguary (RPPN Monte Alegre) 35
MAPA 6: Hidrografia da área onde está localizada a RPPN Monte Alegre 38
MAPA 7: Zoneamento da RPPN Monte Alegre 113
x
RPPN Monte Alegre
SUMÁRIO
PARTE A
INFORMAÇÕES GERAIS ___________________________________________________ 13
A1) ACESSO ________________________________________________________________ 14
A2) Histórico de Criação e Aspectos Legais da RPPN ________________________________ 17
A3) Ficha-resumo da RPPN ____________________________________________________ 23
PARTE B
DIAGNÓSTICO___________________________________________________________ 24
B1) Caracterização dos fatores abióticos _________________________________________ 25
B1.1. Contexto Regional ______________________________________________________________ 25
B1.2) Clima ________________________________________________________________________ 25
B1.3) Geologia ______________________________________________________________________ 29
B1.4) Geomorfologia _________________________________________________________________ 31
B1.5) Solos _________________________________________________________________________ 34
B1.6) Hidrografia ____________________________________________________________________ 36
B1.7) Vegetação ____________________________________________________________________ 39
B1.7.1) Flora e fotofisionomias ______________________________________________________ 40
B1.7.2) Levantamento fitossociológico ________________________________________________ 44
B1.8) Fauna ________________________________________________________________________ 61
B1.8.1) Mastofauna _______________________________________________________________ 61
B1.8.2) Avifauna __________________________________________________________________ 65
B1.8.3) Herpetofauna ______________________________________________________________ 73
B2) Caracterização da Área do Entorno __________________________________________ 79
B2.1. Caracterização do município de Pacatuba ___________________________________________ 79
B2.1.1 Histórico municipal __________________________________________________________ 79
B2.1.2. Dados populacionais ________________________________________________________ 79
B2.1.3. Índices de desenvolvimento __________________________________________________ 81
B2.1.4. Economia _________________________________________________________________ 82
B2.1.5. Turismo ___________________________________________________________________ 84
B2.1.6. Cultura ___________________________________________________________________ 85
B2.1.7. Saúde ____________________________________________________________________ 85
B2.1.8. Educação _________________________________________________________________ 86
B2.1.9. Infraestrutura ______________________________________________________________ 89
B2.2. Caracterização da Propriedade ____________________________________________________ 90
B2.2.1. Pressões __________________________________________________________________ 93
B3). Caracterização da RPPN ___________________________________________________ 98
B3.1. Visitação _____________________________________________________________________ 100
B3.2. Pesquisa e Monitoramento ______________________________________________________ 100
B3.3. Ocorrência de Fogo ____________________________________________________________ 100
B3.4. Atividades Desenvolvidas na RPPN ________________________________________________ 101
B3.5. Sistema de Gestão _____________________________________________________________ 101
B3.6. Pessoal ______________________________________________________________________ 101
B3.7. Infraestrutura_________________________________________________________________ 102
B3.8. Equipamentos e Serviços________________________________________________________ 103
B3.9. Recursos Financeiros ___________________________________________________________ 103
B3.10. Formas de Cooperação ________________________________________________________ 103
B4) Possibilidades de Conectividade ___________________________________________ 104
B5) Declaração de Significância________________________________________________ 105
RPPN Monte Alegre
PARTE C
PLANEJAMENTO ________________________________________________________ 108
C1) Objetivos específicos de manejo ___________________________________________ 109
C2) Zoneamento ___________________________________________________________ 109
C2.1 Zona Silvestre _________________________________________________________________ 110
C2.2 Zona de Proteção ______________________________________________________________ 110
C2.3 Zona de Visitação ______________________________________________________________ 111
C2.4 Zona de Transição ______________________________________________________________ 111
C3) Programas de Manejo ____________________________________________________ 114
C3.1 Programa de Administração ______________________________________________________ 115
C3.1.1. Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos _________________________________ 118
C3.2 Programa de Proteção e Fiscalização _______________________________________________ 121
C3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento ___________________________________________ 123
C3.4 Programa de Visitação __________________________________________________________ 124
C3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica __________________________________________ 127
C3.6 Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência _______________________ 129
PARTE D
INFORMAÇÕES FINAIS ___________________________________________________ 131
D1) Referências Bibliográficas _________________________________________________ 132
RPPN Monte Alegre
PARTE A
INFORMAÇÕES GERAIS
A1) ACESSO
A3) FICHA RESUMO DA RPPN
A2) HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN
RPPN Monte Alegre
A – INFORMAÇÕES GERAIS
A1) ACESSO
De acordo com o limite municipal do IBGE (2005), a RPPN Monte Alegre está
localizada entre os municípios de Pacatuba e Maracanaú, Estado do Ceará, que
pertencem a Região Metropolitana de Fortaleza, distante 13 km da capital, entre as
latitudes 03°56’44,55”S e 03°58’43,88”S e longitudes 38°36’35,8”O e 38°38’43,83”O
(Datum SAD69).
Cartograma de localização
14
RPPN Monte Alegre
Localizada na porção sudoeste do Município de Pacatuba e extremo sul de Maracanaú, o
acesso a RPPN Monte Alegre, partindo de Fortaleza no quilômetro 01 da Rodovia
Estadual CE-060, é realizado seguindo esta Rodovia por 16.3km até o entroncamento
com uma estrada vicinal, Travessa Etelvira Vieira Cunha, nas proximidades da localidade
de Monguba, seguindo por 400m até o Sítio Casa da Torre parte da propriedade de
acesso à RPPN Monte Alegre, conforme Mapa de Localização e Acesso (Mapa 1).
MAPA 1: Mapa de localização e acesso.
15
RPPN Monte Alegre
16
RPPN Monte Alegre
A2) Histórico de Criação e Aspectos Legais da RPPN
A RPPN Monte Alegre está inserida nos limites da Área de Proteção
Ambiental - APA Estadual da Serra da Aratanha, abrangendo parte dos municípios de
Pacatuba e Maracanaú. Encontra-se a aproximadamente 30 km de Fortaleza – CE na
Latitude: 3 95´S & Longitude: 38 54´W O acesso ao município é feito seguindo pela
CE-060.
De acordo com informações fornecidas pelos proprietários da fazenda os
sítios transformados em Reserva de Particular do Patrimônio Natural RPPN – Monte
Alegre em 2001, pela Portaria do IBAMA nº 151 e Ministério do Meio Ambiente,
tiveram sua origem em terras compradas por Gonçalo Batista Vieira – o Barão de
Aquiraz, tetravô dos atuais proprietários, nos anos de 1856 e 1857. Essas terras
pertenciam a Neutral Nauntrom de Alencar Araripe e outros conforme registro na folha
10 do livro da Receita da Alfândega da cidade de Fortaleza e, desde então, pertencem
à família. Gonçalo Batista construiu aí sua residência de verão, local que conhecemos
como a “Casa do Barão” e da qual restam hoje as fundações do sobrado e algumas
paredes da casa como: cozinha, parte da senzala e do antigo tanque de capacitação
da água. Estas ruínas permanecem no local como interesse histórico para visitação e,
talvez uma restauração futura.
Por sua localização em terras elevadas (o ponto mais alto está a 750m do
nível do mar) a área apresenta clima mais ameno com temperaturas mais baixas e
umidade favorecida pela presença de várias pequenas nascentes. Assim, alguns
cultivos importantes à economia da época foram aí implantados como café e frutas
diversas (laranja, tangerina, banana, limão, jaca, etc.) que contribuíam para abastecer
os núcleos urbanos como Fortaleza e outros.
17
RPPN Monte Alegre
FIGURA 1: Visão geral da Serra de Aratanha e da cidade de Pacatuba. (Fonte: Google
Earth)
A construção da estrada de ferro, em 1875, ligando Baturité a Fortaleza
veio contribuir para a expansão desses cultivos no conjunto de serras que compõem o
Maciço de Baturité. É interessante salientar que os cultivos, a exceção da banana, não
requeriam desmatamentos, então as frutíferas se misturavam a vegetação
contribuindo para que hoje grande parte da área seja coberta por vegetação natural
com a presença de espécies raras endêmicas. A cultura da banana diminuiu sua
importância à medida que esse cultivo se desenvolvia em áreas planas favorecida por
tecnologia de irrigação. Na propriedade essas áreas foram deixadas em processo de
recuperação natural e já se misturam à beleza da paisagem.
Do ponto de vista da descrição da paisagem, têm-se testemunho desde
meados do Século XIX quando a região foi visitada pelo famoso naturalista Luiz
Agassiz, em 1865/66 na busca por antigas geleiras. “O caminho da montanha é
selvagem e pitoresco, ladeado de imensos blocos, ensombrado de árvores e cheio dos
sons argentinos das pequenas cascatas que saltam de pedra em pedra. Neste clima,
uma estrada assim interrompida por uma série de rochedos é particularmente bela
devido ao vigor luxuriante da vegetação. Plantas trepadeiras curiosíssimas, arbustos,
até mesmo árvores crescem por todos os pontos em que podem encontrar terras
suficientes para fincar suas raízes e, alguns desses rochedos isolados, são
verdadeiros oásis de vegetação (...) entre as plantas nativas, as mais interessantes
são o jenipapo (jenipa brasiliensis), imbaúba (secrópia), a carnaúba (coperinicia
cerifera), o catolé (attalea humilis) e pau d’arco (tecoma speciosa)”. (Agassiz, L. e
18
RPPN Monte Alegre
Agassiz, E.: Viagem ao Brasil-Cia. Editora Nacional, São Paulo. 1938, 544p.). Essa
descrição refere-se ao trecho de Monguba e Pacatuba (parte da Serra de Aratanha). A
situação de preservação da mata reflete-se numa fauna rica em aves, anfíbios e
répteis que têm sido estudados por biólogos da Universidade Federal do Ceará.
Algumas espécies vegetais têm seus princípios ativos estudados por professores e
pesquisadores das Universidades Federais do Ceará, Alagoas e Brasília.
Como interesse arqueológico, existe, além das ruínas da “Casa do Barão”
– primeiro proprietário, a chamada Pedra do Letreiro que contém inscrições rupestres,
o secular caminho de tropas de mulas que subiam e transportavam as frutas e
pequenos trechos de dutos de água que abastecia a primeira residência construída ao
pé da Serra.
O motivo da decisão da família em criar uma RPPN nessa área foi
essencialmente o interesse pela continuidade da preservação de uma mata de grande
diversidade de espécies, que favorece as nascentes de riachos no topo da serra,
abriga fauna inclusive com espécies ameaçadas de extinção e que, no futuro, com a
proximidade das cidades e áreas industriais, venha a ser um “pulmão urbano”, ou seja,
uma grande área verde dentro da metrópole de Fortaleza. Todavia, por ser uma área
de difícil fiscalização por sua extensão e relevo aliado à pressão do crescimento da
população no entorno, a RPPN vem sofrendo ameaças e destruição do seu
patrimônio.
Há alguns anos, após a criação da RPPN Monte Alegre em 2001, a
propriedade vem sendo alvo de ações judiciais que visam torná-la um território
indígena. Em dezembro de 2006 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria de
Nº 2.366 (Anexo 01), fundamentada em atividade administrativa da Fundação
Nacional do Índio – FUNAI, que declarou como de posse permanente do grupo
indígena Pitaguary, os imóveis denominados Sítio Monte Alegre e Pitaguary, o que
abrange cerca de 90% da área da RPPN Monte Alegre.
Por uma série de erros na comunicação entre a FUNAI e os proprietários
da terra, estes vieram a tomar conhecimento da gravidade do problema quando em
2007, foi iniciada a demarcação sem a intimação dos proprietários para ciência de
decisão da FUNAI. Então, baseado nas irregularidades do andamento desse
processo, os proprietários entraram com a Ação Cautelar Inominada com pedido de
Liminar e também com Ação Declaratória de Nulidade da Portaria Ministerial em maio
do mesmo ano.
19
RPPN Monte Alegre
Em 2010, face à decisão judicial que considerou a Ação Cautelar
improcedente, os proprietários entraram na Justiça Federal com um Recurso de
Apelação e em 2011 foi dada entrada no Supremo Tribunal de Justiça - STJ um
Mandato de Segurança Preventivo, garantindo a posse da terra aos legítimos
proprietários, mas que até o presente momento ainda não houve resposta do STJ. O
Mapa 03 apresenta a delimitação das terras consideradas pela FUNAI como terras
indígenas da tribo Pitaguary.
Cartograma de delimitação das terras consideradas pela FUNAI como terras indígenas
da tribo Pitaguary.
20
RPPN Monte Alegre
21
RPPN Monte Alegre
Esse momento da realização do Plano de Manejo é uma oportunidade
para reflexão e definição de atividades e/ou propostas que estimulem a presença de
pessoas mais comprometidas com a preservação do bem social e que possam
desfrutar da Reserva sem destruí-la. Hoje algumas visitas têm sido feitas por grupos
de jovens estudantes, escoteiros ou de igrejas, outros grupos praticam escaladas nas
pedras e também pequenos grupos que realizam caminhadas de apreciação da
paisagem. Face a todo potencial que a área permite, atividade comprometidas com a
preservação podem ser ampliadas.
A família tem consciência de que é necessário um trabalho de fiscalização
na Reserva, educação ambiental nas áreas vizinhas, programas de atividades ou de
apresentação da RPPN nas escolas do município, em universidades e até em
academias de preparação física, organização de trilhas temáticas e, quem sabe, até a
construção de uma pequena pousada na entrada da Reserva que dê apoio aos
visitantes. É importante pensar que o PM é um instrumento que pode gerar recursos
financeiros com o objetivo de gerenciamento e auto sustentabilidade da RPPN Monte
Alegre.
22
RPPN Monte Alegre
A3) Ficha-resumo da RPPN
TABELA 1: Ficha resumo da RPPN Monte Alegre.
FICHA-RESUMO DA RPPN MONTE ALEGRE
Nome da RPPN Nome do Imóvel
RPPN Monte Alegre Sitio Monte Alegre e Pitaguary
Nome dos Proprietários e representantes
Miguel Cunha Filho
Maria Adele Montenegro Vieira da Cunha
Maria Ninita Barreto da Cunha
Endereço da RPPN Endereço para correspondência
Rodovia CE 060 Km 17, Sítio Casa da Rodovia CE 060 Km 17, Sítio Casa da Torre,
Torre, Monguba – Pacatuba - CE. Monguba – Pacatuba - CE.
CEP: 61.800-000 CEP: 61.800-000
Telefone e email para contato Município e Estado abrangido
(85) 3345.1630 e (85) 9992.5328 / Pacatuba, Ceará
[email protected]Área da propriedade Área da RPPN
411,68 ha 263,17 ha
Coordenadas Sede UTM (SAD 69 – Data e número do ato legal de criação
24S) Portaria 151 – DOU 205 – 25/10/2001
9563120N/542964E pg.121/122.
Marcos e referências importantes Distância do centro urbano mais próximo
nos limites confrontantes Sede municipal a 3Km
RPPN Chanceller Edson Queiroz a
5km da propriedade
Meio principal de chegada à RPPN Bioma
Automóvel Caatinga/Mata Atlântica
Atividades ocorrentes
Foram realizadas pesquisas para o plano de manejo (fauna, flora, meio físico e
socioeconômico). Ocorrem atividades de proteção e Visitação.
23
RPPN Monte Alegre
PARTE B
DIAGNÓSTICO
B1) CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS
B2) CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO
B3) CARACTERIZAÇÃO DA RPPN
B4) POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
B5) DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
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RPPN Monte Alegre
B - DIAGNÓSTICO
B1) Caracterização dos fatores abióticos
B1.1. Contexto Regional
Conforme definido por Veiga (1999), a geodiversidade expressa as
particularidades do meio físico, compreendendo as rochas, o relevo, o clima, os solos
e as águas, subterrâneas e superficiais. Tais atributos resultam da atuação cumulativa
de processos geológicos múltiplos e, por sua vez, condicionam a paisagem e
propiciam a diversidade biológica e cultural nela desenvolvidas, em permanente
interação ao longo da evolução do planeta.
O conhecimento da geodiversidade é essencial à abordagem criteriosa de
qualquer região. Por preceder a biodiversidade, ajuda a entender a dinâmica ambiental
vigente. Além disso, o subsolo pode conter recursos minerais, hídricos e energéticos,
cujo aproveitamento precisa ser devidamente equacionado, para não comprometer a
própria biodiversidade e a qualidade de vida dos seus habitantes.
B1.2) Clima
Localizada no maciço residual denominado Serra da Aratanha, entre os
municípios de Pacatuba e Maracanaú, a RPPN Monte Alegre está inserida em uma
região de exceção no contexto do Estado do Ceará, tendo em vista tratar-se de um
enclave florestal submetido aos processos engendrados por topoclimas úmidos,
inserido no domínio morfoclimático semiárido das caatingas.
Tal condição de excepcionalidade é explicada pela ação do relevo como
barreira natural frente aos deslocamentos dos ventos úmidos oriundos do litoral, que
ao encontrarem o anteparo do maciço se elevam, ocasionando o seu resfriamento e
25
RPPN Monte Alegre
consequentemente a precipitação abundante na região barlavento do maciço, onde
está localizada a RPPN Monte Alegre, exercendo também influência direta na
temperatura local que varia em torno de 26°C.
Nesta região o período chuvoso se concentra entre os meses de janeiro e
maio, sendo o mês de abril o de maior incidência de chuvas. Essa intensificação das
chuvas neste período é causada pela influência da ZCIT – Zona de Convergência
Intertropical. De acordo com Ceará (1992) apud Nimer (1977), no setor setentrional da
região Nordeste, a marcha estacional das chuvas, que representa o principal
componente do quadro climático da região, é regido pelo comportamento da ZCIT,
onde durante o período correspondente ao verão-outono o sistema de correntes
perturbadas de oeste, com pancadas de chuvas ocasionais, asseguram, quase
exclusivamente, as máximas pluviais (FIGURA 2). Já no inverno-primavera, com o
aquecimento deste sistema, essa região fica sob o domínio dos ventos anticiclonais de
NE e de alta subtropical do Atlântico Sul, ocorrendo então o período de estiagem. Vale
salientar que o período de estiagem é atenuado na região serrana pelo orvalho e
nevoeiro comuns nesta região, possibilitando uma conservação da umidade do solo e
diminuindo assim os efeitos da evapotranspiração tão evidente nas áreas sertanejas.
FIGURA 2: Zona de convergência intertropical (ZCIT) mostrada através das imagens
do satélite METEOSAT-7. Fonte: (SILVA, 2006 apud CEARÁ FUNCEME, 2006)
26
RPPN Monte Alegre
Neste contexto, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos - FUNCEME, a Serra da Aratanha está inserida em uma região de
clima Tropical Quente Úmido. (MAPA 2).
MAPA 2: Mapa mostrando a região de clima tropical quente úmido onde está
localizada a Serra da Aratanha. Fonte: FUNCEME.
27
RPPN Monte Alegre
B1.3) Geologia
A RPPN Monte Alegre está localizada na porção norte da Serra da
Aratanha que, segundo Souza (2000), corresponde a um relevo elevado próximo ao
litoral denominado Maciço pré-litorâneo, constituído de rochas do embasamento
cristalino, com primazia, por litológicas metamórficas.
Neste contexto, segundo o Atlas Geológico do Estado do Ceará (BRASIL.
CPRM/CEARÁ, 2003), a litológica da região onde está localizada a RPPN
Monte Alegre está inserida no Complexo Ceará, Unidade Canindé, composta
por paragnaisses associados a jazimentos estratóides e diqueformes de
granitóides neoproterozóicos, cinzentos e rosados, gnaissificados ou não e, em
parte, facoidais. (MAPA 3)
MAPA 3:Litológica da região onde está localizada a RPPN Monte Alegre: Complexo
Ceará, Unidade Canindé.
29
RPPN Elias Andrade
30
RPPN Monte Alegre
B1.4) Geomorfologia
O Maciço Residual da Serra da Aratanha, onde está localizada a RPPN
Monte Alegre, é classificado de acordo com o Zoneamento da APA da Serra da Baturité,
disponível em Ceará (1992) apud Souza (1988) como uma subunidade denominada
planalto residual, correspondente à área serrana, pertencente ao Domínio dos Escudos e
Maciços Antigos compostos por litotipos do embasamento cristalino datados do pré-
cambriano.
A Serra da Aratanha possui direção predominante NE-SW, sendo sua
altimetria elevada em comparação com as áreas periféricas, atingindo 750m de altitude,
devido ao fato de suas rochas terem se comportado de forma mais resistentes às ações
intempéricas em comparação com as litológicas das áreas circunvizinhas. No tocante a
RPPN Monte Alegre a altitude varia entre 100 e 750 metros.
Elevação da área de localização da RPPN Monte Alegre.
31
RPPN Monte Alegre
No tocante a RPPN Monte Alegre podemos observar que a mesma se
encontra em uma lombada localizada na vertente nordeste da Serra da Aratanha,
totalmente inserida no domínio geomorfológico dos maciços residuais. (MAPA 4).
MAPA 4: Domínio geomorfológico do Sítio Monte Alegre, em Pacatuba/CE.
32
RPPN Monte Alegre
33
RPPN Monte Alegre
B1.5) Solos
De acordo com Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará (1988), na área
onde está localizada a RPPN Monte Alegre prevalece o solo Podzólico Vermelho-
Amarelo Eutrófico (PE92), sendo este uma associação de podizólico vermelho-
amarelo Tb textura média/média cascalhenta típica de floresta subcaducifólia; mais
podizólico vermelho-amarelo Tb textura média argilosa com cascalho típico de floresta
subperenefólia; e solos litólicos de textura média fase pedregosa e rochosa floresta
subperenifólia com substrato gnaisse e granito, todos Eutróficos a moderado e relevo
forte ondulado e montanhoso.
Tais solos são considerados de fertilidade de média a alta, entretanto o
uso agrícola é limitado pela acentuada declividade, que expõe o solo à erosão e limita
o uso de maquinário agrícola, bem como devido à falta de água nos longos períodos
de estiagem.
São moderadamente ou bem drenados, excetuando-se os solos rasos ou
com plinthite, que apresentam drenagem moderada/imperfeita. São moderadamente
ácidos a ácidos, raramente neutros, ou mesmo alcalinos, como nota-se em alguns
perfis de solos rasos.
O material originário é constituído, predominantemente, de saprolito de
gnaisses e migmatitos do Pré-Cambriano Indiviso, de granitos e anortositos
(Plutônicas Ácidas) e de micaxistos do Pré-Cambriano (A), entre outras rochas menos
frequentes.
De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, EMBRAPA
(2006), este solos pertencem à ordem dos luvissolos, subordem crômico. Estes solos
distribuem-se por boa parte do território brasileiro, com maior expressividade em
regiões como o semiárido nordestino (MAPA 5).
MAPA 5: Tipo de solo do Sitio Monte Alegre (RPPN Monte Alegre).
34
RPPN Monte Alegre
35
RPPN Monte Alegre
B1.6) Hidrografia
A Serra da Aratanha, onde está localizada a RPPN Monte Alegre, devido
aos seus elevados índices pluviométricos, ocasionado principalmente pela ação do
relevo como barreira natural frente aos deslocamentos dos ventos úmidos oriundos do
litoral, tem a importante função de contribuir com o suprimento hídrico da Bacia
Hidrográfica Metropolitana.
As características da hidrografia desta região são determinadas pela ação
conjugada de fatores climáticos, geológicos, geomorfológicos e pelas condições de
cobertura vegetal e de uso do solo.
A drenagem na Serra da Aratanha também sofre influência da geologia
local e das formações superficiais, principalmente devido às características de
impermeabilidade das rochas cristalinas, que provoca um maior adensamento dos
cursos d’água que tendem a uma elevada ramificação, favorecendo o escoamento
superficial, ficando as águas subterrâneas restritas à ocorrência de áreas diaclasadas
ou fraturadas, sendo característica deste terreno uma densa rede de fraturas.
No tocante a influência da geomorfologia na hidrografia, o relevo influencia
de forma direta através dos perfis longitudinais e transversais dos rios. Os gradientes
que direcionam as ações de escoamento determinam à velocidade do fluxo hídrico ou
a retenção da água bem como condições de transporte ou de sedimentação nos
setores deprimidos.
As condições de cobertura vegetal e de uso do solo são fatores
preponderantes no tocante a hidrografia, visto que os mesmos são determinantes
quanto à proteção da superfície frente os elevados índices pluviométricos da região,
atenuando os efeitos das precipitações.
Quanto maior a densidade da vegetação menor os efeitos do escoamento
superficial através das vertentes íngremes, uma vez que a vegetação diminui o
impacto da chuva com o solo, fazendo com que apenas parte da água atinja os fundos
de vale e talvegues. Já nas áreas que não dispõem de cobertura vegetal, ou com
baixa densidade, o escoamento superficial é intensificado provocando movimentos de
massa, formando voçorocas e ravinas.
36
RPPN Monte Alegre
Neste contexto, localizada no extremo norte da Serra da Aratanha, a
RPPN Monte Alegre está localizada na Bacia Hidrográfica Metropolitana na sub-bacia
do Cocó, sendo sua drenagem voltada tanto para a vertente ocidental quanto oriental
(SRH, 2003).
No alto da Reserva, a 650m de altitude, está localizado um pequeno açude
denominado Boaçú, na nascente do Riacho Alegrete que drena a RPPN Monte Alegre
em direção a vertente ocidental da Serra da Aratanha até o Riacho Lameiro que a
jusante deságua no Rio Cocó.
O restante da drenagem superficial da Reserva segue para a vertente
oriental até o Rio Cocó a montante do Açude Gavião, um dos reservatórios de
abastecimento de água da capital Fortaleza. (MAPA 6).
MAPA 6: Sitio Monte Alegre e Pitaguary: mapa apresentando o limite das sub-bacias
da região onde está localizada a RPPN Monte Alegre.
37
RPPN Monte Alegre
38
RPPN Monte Alegre
B1.7) Vegetação
Para levantamento da flora foi realizada uma viagem de campo nos dias 8 e 9
de outubro de 2011. Durante a estadia na Reserva foram realizadas trilhas, sem
sistematização prévia, abrangendo o máximo possível da RPPN, acompanhadas por um
mateiro, o Sr. Luiz Lopes, que informou os nomes populares das espécies observadas.
Sempre que possível, as plantas foram fotografadas e tiveram ramos reprodutivos
coletados (inflorescências, flores e/ou frutos). As amostras foram posteriormente
prensadas para montagem de exsicatas com o objetivo de obter-se material de
comparação para facilitar a identificação das espécies. Os principais materiais utilizados
foram: GPS, máquina fotográfica, tesoura de poda, podão, fita métrica, prensa para
material botânico, sacos plásticos, cordões para delimitação das parcelas, cadernos de
campo para registro das informações e vara de medição para obter a altura das árvores.
A amostragem fitossociológica e de fisionomias da vegetação foi realizada no
mesmo período do levantamento florístico. Houve uma pré-seleção das áreas de sorteio
das parcelas, através de imagens de satélite, de modo que houvesse uma
representatividade da vegetação da RPPN, evitando, dessa maneira, que fossem
inclusas áreas de corpos hídricos ou rochosas. Posteriormente, foram sorteadas
aleatoriamente, montadas, com o auxílio de barbante, e analisadas parcelas de 10 x 10
metros, na área da RPPN, dentro das quais foram registrados valores de diâmetro e
altura de todas as árvores e arbustos que se adequassem ao critério de inclusão.
Nesse estudo foram incluídos indivíduos com perímetro maior que 9
centímetros e altura maior que 1 metro. A medida do perímetro foi realizada na altura do
solo e altura do peito. Uma vez que trata-se de uma vegetação mais fechada com plantas
de maior porte, a medida de altura do peito seria mais adequada, entretanto para manter
um mesmo parâmetro que possibilite a comparação entre áreas com vegetações
diferentes o perímetro na altura do solo também foi mensurado.Todas as parcelas foram
georreferenciadas para posterior zoneamento. O perímetro de cada indivíduo foi medido
com o auxílio de uma fita métrica e a altura estimada por comparação com uma vara de
alumínio composta por peças, de tamanhos conhecidos, que se encaixam permitindo a
regulação da altura e a comparação com esta característica das árvores. Cada ramo ao
nível do solo é considerado um indivíduo, entretanto, no presente levantamento quando
observada uma rebrota partindo de um mesmo indivíduo, mas que ao nível do solo já
apresentava ramificação impedindo, desta maneira, a medição foram somados os
39
RPPN Monte Alegre
perímetros dos ramos e considerado apenas um indivíduo. Tal procedimento é comum
em levantamentos fitossociológicos e busca reduzir os erros de contabilizar um mesmo
indivíduo duas vezes ou indivíduos diferentes da mesma espécie como um só (Moro,
Martins, 2011).
Entre os parâmetros analisados a partir dos dados fitossociológicos obtidos
temos: número de indivíduos amostrados, densidades absoluta e relativa, frequências
absoluta e relativa, dominâncias (área basal) absoluta e relativa. Esses valores auxiliaram
na aquisição de informações tais como predominância de indivíduos, espécies mais
comuns e estrutura sucessional da comunidade. Os parâmetros foram calculados
utilizando-se o microsoft excel.
Para construção da lista de espécies invasoras foram consultados, entre
outros, a base de dados presente no site do Instituto Hórus (www.institutohorus.com.br) e
o checklist de plantas da caatinga. Para verificar a presença de espécies ameaçadas de
extinção foi consultada a “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de
Extinção”, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, disponível no site do Ministério do
Meio Ambiente (www.mma.gov.br), foram descritas as principais fitofisionomias presentes
na RPPN e feitas sugestões para o plano de manejo.
B1.7.1) Flora e fotofisionomias
Como consta na TABELA 2, no total foram observadas 120 espécies durante
as trilhas feitas na área da RPPN Monte Alegre, das quais 30 constam como
indeterminadas, 17 foram determinadas até família e 28 até gênero. A considerável
quantidade de espécies indeterminadas relaciona-se ao fato destas não terem floração
sincronizada, de forma que variam de acordo com as espécies e o período do ano, e
encontrar indivíduos apenas com material vegetativo dificulta, quando não impossibilita, o
processo de identificação.
Houve predomínio de arbóreas compostas por 73 espécies, seguidas pelas
herbáceas, trepadeiras e arbustivas com 23, 10 e 9 espécies, respectivamente. A boa
representatividade das herbáceas possivelmente decorre do fato da Reserva encontrar-
se em uma transição entre caatinga e mata de altitude, sendo, portanto, mais úmida, o
que favorece o desenvolvimento dessas plantas.
40
RPPN Monte Alegre
Dentre as 22 famílias encontradas na RPPN, a melhor representada foi
Fabacea com 18 espécies. A segunda família foi Bigoniaceae com 4, seguida por
Apocynaceae, Bromeliaceae, Euphorbiaceae e Heliconiaceae cada uma com 3 espécies.
O elevado número de famílias é um indicativo da grande diversidade observada na área,
apesar da predominância das fabáceas. Várias famílias encontradas, entre elas:
Amarillidaceae, Araceae, Arecaceae, Clusiaceae, Costacea, Erythroxylaceae,
Heliconiaceae, Lecythidaceae, Myrtaceae, Orchidaceae, Plumbaginaceae, Rutaceae,
Sapotaceae, Thymelaeaceae e Zingiberaceae são incomuns em áreas de caatinga, sua
ocorrência é mais frequente em regiões mais úmidas, como nos maciços residuais.
Em levantamento florístico realizado na serra de Baturité tais famílias foram
citadas como ocorrentes em florestas ombrófila montana e/ou submontana (mata úmida
serrana), estacional semidecidual montana (mata subúmida) e estacional montana e/ou
submontana (mata seca) (Araújo et al. 2007). Esses dados nos permitem classificar a
vegetação encontrada como um gradiente indo de uma vegetação mais seca (na base da
serra) a uma mais úmida (no topo) o que equivaleria a variação entre floresta estacional
decidual submontana a floresta estacional semidecidual montana.
TABELA 2: Lista de espécies vegetais da RPPN Monte Alegre, Pacatuba, Ceará.
NOME
ESPÉCIE FAMÍLIA HÁBITO
POPULAR
Melosa-
Poikilacanthus harleyi Wassh. Acanthaceae Herbácea
bilobada
Melosa-roxa Ruellia paniculata L. Acanthaceae Herbácea
Lírio Hippeastrum sp. Amarillidaceae Herbácea
Cajazeira Thyrsodium schomburgkianum Benth. Anacardiaceae Arbórea
Ata-braba Annonaceae sp. 1 Annonaceae Arbórea
Cipó-de-leite Cryptostegia grandiflora R. Br Apocynaceae Trepadeira
Pitiá Aspidosperma sp. Apocynaceae Arbórea
Culhão de
Apocynaceae sp. 1 Apocynaceae Trepadeira
bode
Imbé Philodendron sp. Araceae Herbácea
Babaçu Orbignya phalerata Mart. Arecaceae Arbórea
Catolé Syagrus sp. Arecaceae Arbórea
Caroba Bignoniaceae sp. 1 Bignoniaceae Arbórea
Pau-d'arco
Tabebuia sp. Bignoniaceae Arbórea
amarelo
Pau-d'arco Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.)
Bignoniaceae Arbórea
roxo Standl.
Peroba Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith Bignoniaceae Arbórea
Pacotê Cochlospermum vitifolium (Willd.) Bixaceae Arbórea
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RPPN Monte Alegre
Spreng.
Pau-branco Cordia oncocalyx Allemão Boraginaceae Arbórea
Bromélia Bromelia sp. 1 Bromeliaceae Herbácea
Croatá Bromelia sp. 2 Bromeliaceae Suculenta
Barba de velhoTillandsia sp. Bromeliaceae Herbácea
Almescla Protium sp. Burseraceae Arbórea
Mandacaru Cereus jamacaru DC. Cactaceae Suculenta
Crista de galoCentropogom sp. Campanulaceae Herbácea
Oiticica Licania rigida Benth. Chrysobalanaceae Arbórea
Garcinia gardneriana (Planch. & Triana)
Bacupari Clusiaceae Arbórea
Zappi
Mangue-brabo Clusia sp. Clusiaceae Arbórea
Cipaúba Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler Combretaceae Arbórea
Mameluco Terminalia mameluco Pickel Combretaceae Arbórea
Banana-de-
Costus spiralis (Jacq.) Roscoe Costacea Herbácea
macaco
Café-brabo Erythroxylum sp. Erythroxylaceae Arbustiva
Maniçoba Manihot glagiovii Mull. Arg. Euphorbiaceae Arbórea
Velame-
Croton sp. 1 Euphorbiaceae Arbustiva
branco
Velame-preto Croton sp. 2 Euphorbiaceae Arbustiva
Bálsamo Myroxylon peruiferum L. Fabaceae Arbórea
Canafístula Senna sp. Fabaceae Arbórea
Centrosema sagittatum (Humb. & Bonpl.
Centrosema Fabaceae Trepadeira
ex Willd.) Brandegee
Cipó-escada Bauhinia radiata Vell. Fabaceae Trepadeira
Coração-de-
Caelsapinia pluviosa DC. Fabaceae Arbórea
nego
Cunhã Centrosema sp. 1 Fabaceae Herbácea
Cunhã-
Centrosema sp. 2 Fabaceae Trepadeira
diferente
Ingá Inga sp. 1 Fabaceae Arbórea
Ingá-de-porco Inga sp. 2 Fabaceae Arbórea
Ingaí Inga sp. 3 Fabaceae Arbórea
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.)
Jucá Fabaceae Arbórea
L.P.Queiroz
Jurema Fabaceae sp. 1 Fabaceae Arbórea
Jurema-branca Fabaceae sp. 2 Fabaceae Arbórea
Lava-prato Senna sp. Fabaceae Arbustiva
Luetzelburgia auriculata (Allemão)
Pau-mocó Fabaceae Arbórea
Ducke
Tiririca Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Fabaceae Herbácea
Camunzé Albizia polycephala (Benth.) Killip Fabaceae Arbórea
Pau-dóleo Copaifera sp. Fabaceae Arbórea
Heliconia Heliconia sp. 1 Heliconiaceae Herbácea
Heliconia Heliconia sp. 2 Heliconiaceae Herbácea
Pacavira Heliconia psittacorum L. f. Heliconiaceae Herbácea
Tabaca-de- Gustavia augusta L. Lecythidaceae Arbórea
42
RPPN Monte Alegre
guariba
Carrapicho de
Triumfetta semitriloba Jacq. Malvaceae Arbustiva
cavalo
Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil.,
Embiratanha Malvaceae Arbórea
Juss. & Cambess.) A. Robyns
Munguba Pachira aquatica Aubl. Malvaceae Arbórea
Mutamba Guazuma ulmifolia Lam. Malvaceae Arbórea
Cedro Cedrela odorata L. Melliaceae Arbórea
Gameleira Ficus guianensis Desv. ex Ham. Moraceae Arbórea
Guabiraba Myrtaceae sp. 1 Myrtaceae Arbórea
Jambo Myrtaceae sp. 2 Myrtaceae Arbórea
Goiabinha Myrtacae sp. 3 Myrtaceae Arbórea
Guapira graciliflora (Mart. ex J.A.
João-mole Nyctaginaceae Arbórea
Schmidt) Lundell
Orquídea-
Orchidaceae sp. 1 Orchidaceae Herbácea
amarela
Orquídea-
Orchidaceae sp. 2 Orchidaceae Herbácea
grande
Loco Plumbago scandens L. Plumbaginaceae Herbácea
Bambu Poaceae sp. 1 Poaceae Herbácea
Taquari Poaceae sp. 2 Poaceae Herbácea
Pajeú Triplaris gardneriana Wedd. Polygonaceae Arbórea
Cajueiro-brabo Roupala sp. Proteaceae Arbórea
Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart. Rhamnaceae Arbórea
Quina-quina Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum Rubiacea Arbórea
Amarelinho Rutaceae sp. 1 Rutaceae Arbórea
Cocão Esenbeckia grandiflora Mart. Rutaceae Arbórea
Limãozinho Zanthoxylum sp. Rutaceae Arbórea
Orelha-de-
Rutaceae sp. 2 Rutaceae Arbustiva
burro
Engasga-vaca Pouteria sp. Sapotaceae Arbórea
Maçaranduba Manilkara rufula (Miq.) H.J. Lam Sapotaceae Arbórea
Paraíba Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae Arbórea
Canapum Physalis sp. Solanaceae Herbácea
Jurubeba Solanum paniculatum L. Solanaceae Arbustiva
Embira-branca Daphnopsis sp. Thymelaeaceae Arbórea
Tipha Tipha sp. Tiphaceae Herbácea
Gargaiúba Cecropia sp. Urticaceae Arbórea
Torém Cecropia polystachya Trécul Urticaceae Arbórea
Cissus Cissus gongylodes (Baker) Burch Vitaceae Trepadeira
Uva-braba Vitaceae sp. 1 Vitaceae Trepadeira
Colônia Renealmia alpinia (Rottb.) Maas Zingiberaceae Herbácea
Angélica Indeterminada sp. 1 Indeterminada Arbórea
Azedinho Indeterminada sp. 2 Indeterminada Herbácea
Burdão-de-
Indeterminada sp. 3 Indeterminada Arbórea
velho
Buriti-brabo Indeterminada sp. 4 Indeterminada Arbórea
43
RPPN Monte Alegre
Carrapatinha Indeterminada sp. 5 Indeterminada Arbórea
Casca-grossa Indeterminada sp. 6 Indeterminada Arbórea
Cipó-calango Indeterminada sp. 7 Indeterminada Trepadeira
Cipó-caninana Indeterminada sp. 8 Indeterminada Trepadeira
Condurú Indeterminada sp. 9 Indeterminada Arbórea
Coquinho-
Indeterminada sp. 10 Indeterminada Arbustiva
espinhento
Corama braba Indeterminada sp. 11 Indeterminada Herbácea
Corama
Indeterminada sp. 12 Indeterminada Herbácea
branca
Desconhecida Indeterminada sp. 13 Indeterminada Arbórea
Desconhecida
Indeterminada sp. 14 Indeterminada Arbórea
folha dura
Embira-preta Indeterminada sp. 15 Indeterminada Arbórea
Goiaba braba Indeterminada sp. 16 Indeterminada Arbórea
Inharé Indeterminada sp. 17 Indeterminada Arbórea
Japecanga Indeterminada sp. 18 Indeterminada Herbácea
Jericó Indeterminada sp. 19 Indeterminada Trepadeira
Loro-pinho Indeterminada sp. 20 Indeterminada Arbórea
Miúm Indeterminada sp. 21 Indeterminada Arbórea
Morcegueira Indeterminada sp. 22 Indeterminada Arbórea
Orelha-de-
Indeterminada sp. 23 Indeterminada Herbácea
onça
Pau-alho Indeterminada sp. 24 Indeterminada Arbórea
Pau-marfim Indeterminada sp. 25 Indeterminada Arbórea
Sabacuím Indeterminada sp. 26 Indeterminada Arbórea
Sonda-luz Indeterminada sp. 27 Indeterminada Arbórea
Tamarina-
Indeterminada sp. 28 Indeterminada Arbustiva
braba
Tatajuba Indeterminada sp. 29 Indeterminada Arbórea
Tinteiro-preto Indeterminada sp. 30 Indeterminada Arbórea
B1.7.2) Levantamento fitossociológico
A localização das cinco parcelas onde foram coletados os dados fitossociológicos
encontra-se na TABELA 3. De acordo com os dados fitossociológicos, descritos na tabela
3, em relação ao número de indivíduos houve predominância do Loro-pinho
(indeterminada sp. 20) com 7,55%, seguido por Sonda-luz e Tatajuba (indeterminada sp.
27 e indeterminada sp. 29) com 6,92% cada, Sabacuím (indeterminada sp. 26) com
6,29% e Pau-mocó (Luetzelburgia auriculata) com 5,66% do total de 155 indivíduos
medidos. Pau-mocó (L. auriculata) e João-mole (Guapira graciliflora) foram as espécies
mais frequentes sendo encontradas em quatro das cinco parcelas. Quanto aos valores de
44
RPPN Monte Alegre
área basal, a espécie que mais contribuiu foi o Pau d’árco roxo (Tabebuia impetiginosa)
com 12,02%, seguido pelo João-mole (G. graciliflora) com 10,71%, Gameleira (Ficus
guianensis) com 10,07%, Embiratanha (Pseudobombax marginatum) com 8,61% e
Sonda-luz (indeterminada sp. 27) com 6,35% da área basal total. Quando divida a área
basal pelo número de indivíduos temos, em sequência, Pau d’árco roxo (T. impetiginosa),
Embiratanha (P. marginatum), Gameleira (F. guianensis), Mangue-brabo (Clusia sp.) e
Gargaiúba (Cecropia sp.). A partir desses dados é possível afirmar que as espécies de
maior porte na área são as últimas citadas. Considerando o crescimento lento do Pau
d’árco roxo, por exemplo, podemos usar esses valores como indicativos de conservação
na RPPN.
Entretanto, foram observadas algumas árvores com rebrotas e árvores mortas
pelo incêndio ocorrido na Reserva. Além disso, o fluxo nas trilhas de moradores das
áreas próximas a pressão de caça e extração de lenha. Acrescentando-se a isso foi
possível notar que muitas frutíferas foram plantadas na área da RPPN, tais como pés de
tangerina, laranja e banana, havendo uma significativa alteração da vegetação nas
proximidades de áreas onde anteriormente existiam casas e que hoje ajudam também na
alimentação dos animais.
TABELA 3: Georreferencimento e diversidade de espécies nas cinco parcelas de 10x10m
na RPPN Monte Alegre, Pacatuba/CE.
Parcela Coordenadas (UTM) Número de espécies Número de indivíduos
1 541574 9562906 12 31
2 541122 9562744 12 20
3 540719 9562517 15 40
4 541140 9562012 20 51
5 540507 9561159 16 33
TABELA 4: Dados fitossociológicos preliminares levantados na RPPN Monte Alegre.
* N = abundância absoluta de indivíduos; N % = Abundância relativa; Fr = frequência de ocorrência das
espécies nas parcelas de 100m² (%) variando de 20 quando ocorrentes em apenas uma parcela a 100
quando observas em todas as parcelas; AB = área basal em cm²; AB % = porcentagem de área basal.
N
Nome popular Espécie Família N Fr AB AB%
(%)
Ata-braba Annonaceae sp. 1 Annonaceae 2 1,26 40 1437 3,21
Catolé Syagrus sp. Arecaceae 8 5,03 40 2632 5,88
Pau-d'arco roxo Tabebuia impetiginosa Bignoniaceae 1 0,63 20 5377 12,02
Peroba Tabebuia roseoalba Bignoniaceae 2 1,26 20 1972 4,41
45
RPPN Monte Alegre
Pau-d'arco
Tabebuia sp. Bignoniaceae 2 1,26 40 1274 2,85
amarelo
Almescla Protium sp. Burseraceae 3 1,89 20 30 0,07
Mangue-brabo Clusia sp. Clusiaceae 1 0,63 20 1463 3,27
Cipaúba Thiloa glaucocarpa Combretaceae 6 3,77 20 244 0,55
Café-brabo Erythroxylum sp. Erythroxylaceae 2 1,26 20 327 0,73
Camunzé Albizia polycephala Fabaceae 6 3,77 20 1663 3,72
Pau-dóleo Copaifera sp. Fabaceae 1 0,63 20 147 0,33
Jurema Fabaceae sp. 1 Fabaceae 3 1,89 20 1287 2,88
Jurema-branca Fabaceae sp. 2 Fabaceae 1 0,63 20 749 1,67
Ingaí Inga sp. 3 Fabaceae 6 3,77 40 162 0,36
Jucá Libidibia ferrea Fabaceae 3 1,89 20 406 0,91
Pau-mocó Luetzelburgia auriculata Fabaceae 9 5,66 80 1543 3,45
Tabaca-de-
Gustavia augusta Lecythidaceae 5 3,14 40 64 0,14
guariba
Pseudobombax
Embiratanha Malvaceae 1 0,63 20 3852 8,61
marginatum
Gameleira Ficus guianensis Moraceae 2 1,26 40 4506 10,07
Goiabinha Myrtacae sp. 3 Myrtaceae 4 2,52 40 453 1,01
Guabiraba Myrtaceae sp. 1 Myrtaceae 2 1,26 40 220 0,49
João-mole Guapira graciliflora Nyctaginaceae 5 3,14 80 4791 10,71
Cajueiro-brabo Roupala sp. Proteaceae 3 1,89 20 141 0,32
Quina-quina Coutarea hexandra Rubiacea 2 1,26 20 165 0,37
Cocão Esenbeckia grandiflora Rutaceae 8 5,03 40 276 0,62
Maçaranduba Manilkara rufula Sapotaceae 6 3,77 60 375 0,84
Engasga-vaca Pouteria sp. Sapotaceae 2 1,26 20 32 0,07
Paraíba Simarouba amara Simaroubaceae 2 1,26 20 430 0,96
Gargaiúba Cecropia sp. Urticaceae 1 0,63 20 1450 3,24
Carrapatinha Indeterminada sp. 5 Indeterminada 3 1,89 40 32 0,07
Casca-grossa Indeterminada sp. 6 Indeterminada 1 0,63 20 39 0,09
Condurú Indeterminada sp. 9 Indeterminada 1 0,63 20 436 0,97
Desconhecida Indeterminada sp. 13 Indeterminada 4 2,52 20 374 0,84
Desconhecida
Indeterminada sp. 14 Indeterminada 2 1,26 20 36 0,08
folha dura
Goiaba braba Indeterminada sp. 16 Indeterminada 1 0,63 20 147 0,33
Inharé Indeterminada sp. 17 Indeterminada 2 1,26 20 253 0,57
Loro-pinho Indeterminada sp. 20 Indeterminada 12 7,55 60 1015 2,27
Miúm Indeterminada sp. 21 Indeterminada 1 0,63 20 224 0,50
Morcegueira Indeterminada sp. 22 Indeterminada 1 0,63 20 241 0,54
Pau-alho Indeterminada sp. 24 Indeterminada 1 0,63 20 296 0,66
Sabacuím Indeterminada sp. 26 Indeterminada 10 6,29 60 643 1,44
Sonda-luz Indeterminada sp. 27 Indeterminada 11 6,92 60 2840 6,35
Tatajuba Indeterminada sp. 29 Indeterminada 11 6,92 60 697 1,56
Total 155 44741
46
RPPN Monte Alegre
B1.7.2.1 Dados fitossociológicos da parcela 1
Nas FIGURAS 3 e 4 observamos o aspecto geral da parcela 1 e a delimitação
feita para o seu estudo fitossociológico. A área é aberta com muitas plântulas de
espécies arbóreas em recrutamento e poucas herbáceas. Foram observadas algumas
suculentas como o Croatá (Bromelia sp. 2) e o Mandacaru (Cereus jamacaru). Segundo
relatos do senhor Luiz Lopes, o local havia sido um roçado e nele encontramos um
pequeno curso de água.
FIGURA 3: Aspecto geral da parcela 1 FIGURA 4: Delimitação da parcela 1
(coordenadas UTM 541574 9562906). (coordenadas UTM 541574 9562906).
Ainda na parcela 1 foi observada uma Gameleira (Ficus guianenesis) figuras
5, 6 e 7, árvore que produz raízes aéreas e utiliza outra como suporte envolvendo-a com
estas raízes e impedindo o seu desenvolvimento, culminando com a morte da árvore
suporte depois de alguns anos.
47
RPPN Monte Alegre
FIGURA 5: Frutos e FIGURA 6: Detalhe dos FIGURA 7: Caule da
folhas da gameleira – frutos da gameleira – Gameleira – Ficus
Ficus guianensis. Ficus guianesis. Guianensis.
É importante que se entenda que a dinâmica da comunidade envolve diversos
aspectos das interações ecológicas entre os organismos e não reflete apenas as
perturbações ocorridas no meio como fica claro por esse exemplo. Buscamos encontrar
padrões pra explicar como a comunidade se organizou e tentar prever que mudanças
futuras poderão ocorrer, mas nossa observação é muito restrita a poucos processos e as
interações podem ser bem mais complexas do que aparentam ser. Daí a necessidade de
acompanhamento contínuo das modificações ocorridas na RPPN, de modo que as
informações possam se complementar e dar uma ideia melhor do funcionamento.
Os GRÁFICOS 1 e 2 resumem as estruturas vertical e horizontal da parcela 1.
Nesta parcela foram encontrados indivíduos de grande porte, como se percebe pela
distribuição das alturas, com predomínio daqueles com 8 metros ou mais, alguns deles
com mais de 12 metros. Com relação ao perímetro, houve uma concentração de
representantes entre as classes de 20-40 e 60-80 centímetros com nove indivíduos cada.
Poucos representantes tiveram seu perímetro maior que 100 e seis tiveram valores
menores que 20 centímetros.
A partir desses dados, podemos sugerir que nesta parcela havia um estágio
de regeneração com grande quantidade de membros arbóreos começando a ter porte
significativo, ou seja, tendo alturas maiores que 2 metros e mais de 20 centímetros de
perímetro, convivendo com outros de grande porte que contribuem com maior quantidade
de biomassa pra comunidade e que possivelmente produziram as sementes e propágulos
que originam as novas plântulas para a renovação da comunidade. É possível que esse
48
RPPN Monte Alegre
grande recrutamento de novos indivíduos tenha relação com uma recuperação da
vegetação após o uso da área apontado pelo mateiro, ou ainda que essa renovação faça
parte do ciclo natural de estruturação da comunidade vegetal.
GRÁFICO 1: Estrutura vertical da parcela 1.
GRÁFICO 2: Estrutura horizontal da parcela 1.
49
RPPN Monte Alegre
B1.7.2.2. Dados fitossociológicos da parcela 2
As FIGURAS 8 e 9 evidenciam o aspecto geral da parcela 2 e a grande
quantidade de cipós presentes na área. O local é muito inclinado, com grande quantidade
de serrapilheira, semiaberto, com poucas herbáceas e algumas plântulas de espécies
arbóreas. Nas árvores e plantas de menor porte havia grande quantidade de formigas,
chamadas pelo senhor Luiz, tracuá. Havia rebrota de algumas plantas em locais onde
passou o fogo.
Nas FIGURAS 10 e 11 temos exemplos das consequências dos incêndios. Na
primeira, uma árvore caída na trilha após ter sido atingida pelo fogo. Ao cair, uma árvore
de grande porte como essa, derruba várias outras menores, abrindo clareiras. Tal fato
poderia ser uma das explicações para a grande quantidade de cipós que comumente
precisam de condições de luz maiores para germinar. Na segunda, temos um Catolé
(Syagrus sp.) atingido pelo fogo, essa árvore de grande porte pode sobreviver ao
incêndio, mas comumente eram observadas rebrotas decorrentes da perda de grande
parte da biomassa de seus representantes. O fogo altera, e muito, a dinâmica da
vegetação sendo um dos principais riscos em áreas florestais.
FIGURA 8: Aspecto geral da parcela 2 FIGURA 9: Grande quantidade de cipós
(coordenadas UTM 541122 9562744. presentes na parcela 2 (coordenadas
UTM 541122 9562744).
50
RPPN Monte Alegre
FIGURA 10: Árvore caída na trilha em FIGURA 11: Catolé (Syagrus
decorrência do incêndio. sp.) atingido pelo fogo.
Os GRÁFICOS 3 e 4 são gráficos representativos da estrutura vertical e
horizontal observada na parcela 2. Observa-se que ocorre um predomínio de indivíduos
de grande porte com mais de 8 metros na parcela 2. Entretanto, com relação ao diâmetro
a distribuição tende mais para os valores pequenos ou medianos. Tal informação nos
permite inferir que as principais espécies encontradas investem mais em altura do que
em espessura durante o crescimento, isso é comum em áreas de vegetação mais
fechada onde ocorre competição pela luz e, portanto, necessidade de alcançar maiores
alturas para ter acesso à esta. Contraditoriamente a área observada era semiaberta com
bastante entrada de luz nos estratos. É provável, portanto, que houvesse uma condição
anterior de maior adensamento de indivíduos refletindo-se na competição e que o
incêndio tenha afetado algumas árvores aumentando posteriormente a entrada de luz.
51
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 3: Gráfico mostrando a estrutura vertical da parcela 2.
GRÁFICO 4: Gráficos mostrando a estrutura horizontal da parcela 2.
B1.7.2.3 Dados fitossociológicos da parcela 3
52
RPPN Monte Alegre
As FIGURAS 12 E 13 são fotos da parcela 3. Na FIGURA 12 observa-se a
grande inclinação da área e na FIGURA 13 o Cipó-escada (Bauhinia radiata), uma das
muitas espécies de trepadeiras encontradas na RPPN Monte Alegre. Pode-se observar
também que praticamente não existem herbáceas, embora sejam vistas várias plantas de
pequeno porte. Estas últimas são arbóreas em estágios iniciais de seu desenvolvimento.
A quase ausência de herbáceas relaciona-se com o fato da vegetação ser mais fechada,
reduzindo a entrada de luz e aumentando a competição entre as espécies. Fica evidente
na FIGURA 12 o papel fundamental das raízes na manutenção do solo, a grande
inclinação levaria à erosão durante as chuvas, no entanto, a grande quantidade de raízes
estabelece algo parecido com uma escadaria na qual a força do escoamento da água é
reduzida. Além disso, as raízes formam uma rede que funciona como uma verdadeira
“rede de contenção” do solo agregando e segurando as partículas. Percebe-se, dessa
maneira, a enorme importância da cobertura vegetal em regiões de grande declividade
como o que é observado na reserva.
Na parcela 3 a vegetação é fechada, com árvores altas e de grande diâmetro,
muitos cipós nas árvores, bromélias epífitas e poucas herbáceas e plântulas. Próximo a
essa área existe um riachinho que indica boas condições de disponibilidade de água.
FIGURA 12: Aspecto geral da parcela 3 FIGURA 13: Cipó-escada (Bauhinia
onde se percebe grande inclinação radiata) presente na parcela 3
(coordenadas UTM 540719 9562517). (coordenadas UTM 540719 9562517).
Os GRÁFICOS 5 e 6 trazem informações sobre a estrutura vertical e
horizontal das árvores encontradas na parcela 3. Houve uma concentração da altura dos
indivíduos entre quatro e seis metros. E uma quantidade representativa, cinco, na faixa
53
RPPN Monte Alegre
entre dois e quatro e cinco também acima de doze metros. Com relação ao perímetro
houve predomínio das menores que 20, seguidas pelas que ficaram entre 20 e 40, depois
entre 40 e 60. Apenas quatro indivíduos tiveram mais que 100 e um só entre 80 e 100
centímetros de perímetro. Esses dados sugerem que apesar de termos alguns indivíduos
de grande porte, a maioria encontra-se ainda em desenvolvimento.
GRÁFICO 5: mostrando a estrutura vertical da parcela 3.
GRÁFICO 6: mostrando a estrutura horizontal da parcela 3.
54
RPPN Monte Alegre
B1.7.2.4 Dados fitossociológicos da parcela 4
O aspecto geral da parcela 4 pode ser observado na FIGURA 14, havia
muitos indivíduos jovens de espécies arbóreas. Como se percebe na FIGURA 15, as
árvores eram altas com copas muito próximas, formando assim uma área fechada e
adensada. Não houve observação de herbáceas.
FIGURA 14: Aspecto geral da parcela 4 FIGURA 15: Aspecto das copas das
(coordenadas UTM 541140 9562012). árvores na parcela 4 (coordenadas UTM
541140 9562012).
Como se percebe na FIGURA 16 a serrapilheira cobria densamente o solo.
Essa deposição de matéria orgânica permite a ciclagem e disponibilização rápida de
nutrientes. Além disso, mantém a umidade e protege contra os impactos das chuvas
ajudando a evitar a erosão. A FIGURA 17 mostra flores e frutos da Orelha de burro
(Rutaceae sp. 2), que era uma espécie muito comum nesta parcela.
O fruto do Cocão (Esenbeckia grandiflora) pode ser visto na FIGURA 18, esta
espécie, muito comum na reserva, estava bem representada na parcela 4. De acordo
com informações do senhor Luiz, sua madeira é muito resistente, tendo diversos usos
pela população local. Essa informação nos coloca diante de pelo menos dois temas. O
primeiro referente à extração de madeira, que é uma das ameaças à conservação de
áreas preservadas. A madeira comumente é utilizada para lenha, construção de móveis e
outros utensílios e é retirada de maneira não planejada. Além disso, quando indivíduos de
55
RPPN Monte Alegre
grande porte são derrubados acabam matando outras árvores menores com a queda. A
segunda, refere-se à participação da população nativa na manutenção da reserva. Na
RPPN Monte Alegre as trilhas são utilizadas para o deslocamento da população local.
Existe, portanto, a necessidade de haver integração com ela. Projetos de educação
ambiental se fazem urgentes para tornar os nativos parceiros da reserva, para que eles
se sintam incluídos no processo e possam auxiliar na sua preservação. Além disso, o
conhecimento de tais populações a respeito das plantas locais e seus usos é
extremamente valioso. Algo que uma vez perdido dificilmente será resgatado e que faz
parte da própria história da relação entre o homem e o meio ambiente.
Na FIGURA 19 temos o fruto do Amarelinho (Rutaceae sp. 2), outra espécies
comumente encontrada na parcela 4.
FIGURA 16: Serrapilheira e plântulas na FIGURA 17: Flores e frutos de Orelha de
parcela 4 (coordenadas UTM burro – Rutaceae sp. 2 na parcela 4
541140/9562012). (coordenadas UTM 541140 9562012).
56
RPPN Monte Alegre
FIGURA 18: Fruto e folhas do Cocão FIGURA 19: Frutos do Amarelinho
(Esenbeckia grandiflora) na parcela 4 (Rutaceae sp. 1) na parcela 4
(coordenadas UTM 541140 9562012). (coordenadas UTM 541140 9562012).
Os GRÁFICOS 7 e 8 trazem informações obtidas a partir dos dados
fitossociológicos levantados na parcela 4. Houve predominância de indivíduos maiores
que 12 metros, onde foram incluídos 15 indivíduos. As classes de 2 a 4, 4 a 6 e 6 a 8
metros ficaram com treze, oito e novamente oito representantes, respectivamente. As
demais classes foram pouco representativas.
Dessa distribuição percebe-se que havia muitas árvores altas nesta parcela, e
que também existiam muitas novas árvores possivelmente se desenvolvendo a partir de
sementes das mais velhas, tendo assim uma renovação dos indivíduos. Com relação ao
perímetro, houve uma distribuição em ordem decrescente em relação ao aumento deste
parâmetro. Ou seja, a maior parte dos indivíduos apresentou pequenos valores de
perímetro, diminuindo gradativamente a quantidade, à medida que se aumentava a
classe de valores. Isto poderia ser justificado pelo fato de que devido ao adensamento
dos indivíduos existe muita competição por luz na área, as espécies aí encontradas então
investem mais em crescimento vertical.
GRÁFICO 7: mostrando a estrutura vertical da parcela 4.
57
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 8: mostrando a estrutura horizontal da parcela 4.
B1.7.2.5 Dados fitossociológicos da parcela 5
Nas FIGURAS 20 e 21 observa-se o aspecto geral da parcela 5. Na FIGURA
20 pode-se perceber que os indivíduos encontram-se próximos uns aos outros, o que
caracteriza a vegetação como mais fechada. A FIGURA 21 mostra o solo coberto por
serrapilheira, extremamente importante para a ciclagem de nutrientes e proteção do solo,
bem como diversas plantas em estágios iniciais de desenvolvimento.
Um indivíduo muito alto e o adensamento e sobreposição das copas das
árvores são vistos na FIGURA 22. Assim como o que foi anteriormente descrito para a
parcela 4, é possível que devido à competição por luz haja investimento maior em altura
do que em diâmetro entre as espécies vegetais. Isso acaba gerando estratos na
comunidade vegetal que vão desde árvores que apresentam as copas mais altas até as
pequenas plântulas que iniciam seu desenvolvimento próximo ao solo. Na FIGURA 23
ressalta-se a altura do indivíduo ao centro e a grande quantidade de epífitas presentes
em seu tronco. A parcela 5 foi perceptivelmente mais úmida e densa que as demais o
que parece favorecer um maior número de epífitas, tais características estão
relacionadas com a localização da parcela, localizada a 660m de altitude. Nas
proximidades da área delimitada também podiam ser observadas muitas samambaias e
sobre os troncos, diversas briófitas.
58
RPPN Monte Alegre
FIGURA 20: Aspecto geral da parcela 5 FIGURA 21: Serrapilheira e plântulas da
(coordenadas UTM 540507 95611591). parcela 5 (coordenadas UTM
540507/95611591).
FIGURA 22: Aspecto das copas FIGURA 23: Detalhe das epífitas
e altura dos indivíduos na na parcela 5 (coordenadas UTM
parcela 5 (coordenadas UTM 540507/95611591).
540507 95611591).
Na FIGURA 24 observa-se a flor da Tabaca-de-guariba (Gustavia augusta) da
família Lecythidaceae, esta família é mais frequente em áreas de florestas, em regiões
mais úmidas. A espécie foi encontrada na parcela 5 e em algumas regiões próximas às
59
RPPN Monte Alegre
trilhas. As flores de Hippeastrum sp., presentes na FIGURA 25, foram observadas
também perto de uma das trilhas. Estas flores destacam a beleza da área da reserva.
FIGURA 24: Flor da Gustavia augusta – FIGURA 25: Flores da Hippeastrum sp.
Lecythidaceae. Amarilidaceae.
Além da contribuição para a preservação da biodiversidade a RPPN Monte
Alegre também agrega grande beleza cênica. Esta característica é um indicativo de que o
uso da área para visitas deve ser explorado. As visitas programadas de grupos de
estudantes, populares e pesquisadores poderiam contribuir inclusive para auxiliar na
manutenção da área, uma vez que com as visitas a importância da Reserva para a
comunidade seria ressaltada.
A organização vertical dessa parcela, observada no GRÁFICO 9 demonstra
que há predomínio de espécies com alturas variando entre dois e seis metros. Entretanto,
indivíduos com mais de dez metros também apresentaram valores significativos na
comunidade. Na parcela 5 foram observados os indivíduos mais altos entre todas as
parcelas. Existem, portanto, indivíduos mais velhos, importantes como fonte de
sementes, produtores de material da serrapilheira, suporte para inúmeras epífitas entre
diversas funções, e outros mais jovens ou de menor porte que atuam na renovação da
comunidade. Com relação ao perímetro, observamos no GRÁFICO 10 uma grande
concentração de indivíduos com esse valor menor que vinte centímetros. Apenas quatro
dos 33 indivíduos mensurados apresentam perímetro maior que 100 centímetros. Isso
indica que há um investimento maior em altura do que em diâmetro nas espécies
observadas.
60
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 9: mostrando a estrutura vertical da parcela 5.
GRÁFICO 10: mostrando a estrutura horizontal da parcela 5.
B1.8) Fauna
B1.8.1) Mastofauna
61
RPPN Monte Alegre
No Brasil, a maioria dos mamíferos é de pequeno porte e dificilmente são
observadas, pois geralmente vivem camuflados entre a vegetação, iniciando suas
atividades no início da noite e se recolhendo ao amanhecer (Reis et al., 2006). A mata
atlântica possui 229 espécies de mamíferos (Fonseca et al. 1996) e a caatinga possui
143 espécies de mamíferos (Oliveira et al. 2003). Entretanto, esses valores podem ser
bem maiores segundo MMA, 2002, que relaciona para mata atlântica brasileira e a
caatinga 250 e 148 espécies de mamíferos, respectivamente (TABELA 5).
O Estado do Ceará possui atualmente 187.268,41 ha de remanescentes de
mata atlântica e ecossistemas associados, distribuídos nas formas de mata úmida,
cerradão, manguezal e restinga, sendo que a maior parte (65,75%) está na forma de
mata úmida. A Serra da Aratanha possui 2,27% desse total de remanescentes e tem sua
vegetação relativamente mais preservada, em virtude de que, em muitas áreas, o acesso
é mais restrito pela própria condição de declividade (Tabarelli, 2005).
O levantamento da mastofauna da RPPN Monte Alegre foi realizado nos dias
25 a 27 de maio de 2011, através de busca ativa e entrevista com moradores locais.
Foram registradas 21 espécies de mamíferos dentro da RPPN e no seu
entorno. Um dos registros mais interessantes é a presença do Paracatota (Guerlinguetos
alphonsei) um pequeno esquilo que no Ceará só ocorre nas Serras da Aratanha e
Maranguape (FIGURA 26).
62
RPPN Monte Alegre
FIGURA 26: Paracatota – Guerlinguetos alphonsei (Foto: Ciro Albano).
Apenas o gato-do-mato Leopardus tigrinus é considerado ameaçado de extinção
(MMA, 2003). Entretanto, várias espécies sofrem algum tipo de ameaça, principalmente a
caça, por servirem como fonte de alimentação: Cassaco (Didelphis albiventris), Tatu
(Dasypus novemcinctus), Peba (Euphractus sexcinctus), Mambira (Tamandua
tetradactyla), Punaré (Thrichomys apereoides), Preá (Galea spixii), Mocó (Keredon
rupestris), Cutia (Dasyprocta prymnolopha), Paca (Cuniculus paca), Quandú (Coendou
prehensilis) e Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira).
As espécies supracitadas foram consideradas raras na região devido à caça e
a perda de habitat.
FIGURA 27: Quandú – Coendou prehensilis.
63
RPPN Monte Alegre
FIGURA 28: Mambira – Tamandua tetradactyla.
FIGURA 29: Mambira – Tamandua tetradactyla.
TABELA 5: Lista da Mastofauna da RPPN Monte Alegre.
Nome científico Nome popular
DIDELPHIDAE
Didelphis albiventris Cassaco
64
RPPN Monte Alegre
Gracilinanus agilis Catita
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus Tatu
Euphractus sexcinctus Peba
MYRMECOPHAGIDAE
Tamandua tetradactyla Mambira
CEBIDAE
Callithrix jacchus Soim
ECHIMYIDAE
Thrichomys apereoides Punaré
SCIURIDAE
Guerlinguetos alphonsei Paracatota
ERETHIZONTIDAE
Coendou prehensilis Quandú
CAVIDAE
Galea spixii Preá
Dasyprocta prymnolopha Cutia
Cuniculus paca Paca
Kerodon rupestris Mocó
PHYLLOSTOMIDAE
Desmodus rotundus Morcego-vampiro
FELIDAE
Leopardus tigrinus Gato-do-mato
Puma yagouaroundi Gato-mourisco
CANIDAE
Cerdocyon thous Raposa
MUSTELIDAE
Eira Barbara Papa-mel
Galictis cuja Furão
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus Guaxinim
CERVIDAE
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro
B1.8.2) Avifauna
A Mata Atlântica constitui o bioma mais degradado do Brasil, restando de sua
formação original apenas 5% no Brasil e 2% no Nordeste (Ranta et al., 1999). Parte da
floresta atlântica nordestina encontra-se sob a forma de Floresta estacional Semidecidual
Montana (Veloso et al. 1991), distribuída nos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e
Rio Grande do Norte sob a forma de brejos de altitude, constituindo-se em enclaves de
65
RPPN Monte Alegre
Floresta Atlântica inseridos na Caatinga. Os Brejos de altitude constituem importantes
locais de refúgio para diversas espécies de aves.
A serra da Aratanha é um brejo de altitude, sendo registradas 112 espécies
de aves (Albano & Girão, 2008). Possui uma avifauna com espécies associadas à mata
úmida e espécies típicas de caatinga. É considerada uma IBA (Important Bird Area) pela
BirdLife (Bencke et al, 2006).
As aves são fundamentais para o equilíbrio das relações entre plantas e
animais, pois diversas plantas têm sua dispersão de sementes dependentes das aves.
Além disso, várias famílias de aves possuem espécies polinizadoras, principalmente
Trochilidae e Thraupidae (Rocca, 2008). Grande parte das aves atua como controladora
de insetos, sendo diversas espécies insetívoras e outras que complementam sua dieta
com artrópodos.
Da mesma forma que algumas plantas dependem de aves para polinização e
dispersão de sementes, várias espécies de aves dependem de espécies vegetais epífitas
(principalmente Araceae, Bromeliaceae, Cactaceae) que oferecem diversos recursos
como flores, néctar, sementes, frutos, matérias e locais de nidificação, água para
consumo e limpeza corporal. Além disso, raízes e folhas de plantas epífitas constituem
micro-hábitats para presas de aves (Cestari, 2009). Aproximadamente um quinto das
famílias de aves possui representantes que utilizam recursos disponibilizados por plantas
epífitas, principalmente na Mata Atlântica. (Cestari, 2009).
O levantamento da ornitofauna da RPPN Monte Alegre foi realizado nos dias
25 a 27 de maio de 2011, através de busca ativa (visual e auditiva).
Durante os trabalhos foram registradas 60 espécies de aves de 34 famílias.
Não existem dados publicados para se obter um percentual comparativo com o
levantamento da RPPN, já que Albano & Girão, 2008, desconsideram as espécies que
não ocorrem acima dos 600 m de altitude. Entretanto, considerando que a Serra da
Aratanha é um subconjunto do Maciço de Baturité, e este possui 235 espécies
registradas (Girão et al. 2007), subtraindo 11 espécies que certamente não ocorrem na
Serra da Aratanha, pode-se considerar que as 224 espécies restantes representam sua
avifauna. Assim sendo, as 86 espécies registradas no levantamento representam
aproximadamente 27% da avifauna local.
Um dos registros mais importantes do levantamento é o do chupa-dente
Conopophaga cearae. Trata-se do primeiro registro da espécie na Serra da Aratanha. É
66
RPPN Monte Alegre
uma espécie ameaçada de extinção e no Ceará só era registrada na Serra de Baturité e
Itatira.
As famílias com maior número de espécies registradas foram Tyrannidae (6),
Thamnophilidae (5), Thraupidae (4). A análise dos grupos tróficos demonstrou a
predominância de espécies insetívoras (32), seguido das espécies frugívoras (9) e
onívoras (5). Por se tratar de mata úmida, o baixo número de espécies tipicamente
polinizadoras e dispersoras de sementes pode ser resultado de sub-amostragem
(GRÁFICO 11).
GRÁFICO 11: Grupos tróficos das aves da RPPN Monte Alegre.
Quanto ao uso do hábitat, as espécies de aves podem ser divididas em três
categorias: dependentes, espécies que só ocorrem em ambientes florestais;
semidependentes, espécies que ocorrem nos mosaicos formados pelo contato entre
florestas e formações vegetais abertas ou semiabertas; e independentes que são
espécies que ocorrem apenas em vegetações abertas.
Mais de 80% (49) espécies apresentaram alguma dependência de ambientes
florestais, sendo 18 dependentes e 31 semidependentes. As outras 11 espécies são
aves que preferem ambientes abertos ou se aproveitam de locais degradados.
(GRÁFICO 12).
67
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 12: Uso do habitat das espécies de aves da RPPN Monte Alegre.
GRÁFICO 13: Sensitividade das espécies de aves da RPPN Monte Alegre.
As aves são sensíveis (GRÁFICO 13) aos distúrbios causados por ações
antrópicas. Essa sensitividade pode ser dividida em alta, média e baixa. Apenas três
espécies apresentaram alta sensitividade, o jacu-verdadeiro (Penelope jacucaca), o vira-
folhas (Sclerurus scansor) (FIGURA 30) e o chupa-dente (Conopophaga cearae)
(FIGURA 32). Essas três espécies são as aves ameaçadas de extinção (MMA, 2003) que
foram registradas na área. Apenas vinte espécies registradas apresentam sensitividade
média, sendo a maioria (37) das espécies de baixa sensitividade aos distúrbios
68
RPPN Monte Alegre
antrópicos. Foram registradas apenas duas espécies que sofrem pressão de caça e
outras onze que são utilizadas no comércio ilegal de aves silvestres
FIGURA 30: Vira-folhas (Sclerurus scansor), espécie de alta sensitividade e ameaçada
de extinção.
FIGURA 31: Pintor-da-serra (Tangara cyanocephala), espécie traficada e ameaçada de
extinção.
69
RPPN Monte Alegre
FIGURA 32: Chupa-dente (Conopophaga cearae), espécie de alta sensitividade e
ameaçada de extinção.
FIGURA 33: Papacum (Forpus xanthopterygius), espécie comumente traficada.
70
RPPN Monte Alegre
TABELA 6: Espécies de aves da RPPN Monte Alegre.
*Grupo Trófico – Frugívoro (fru), Insetívoro (ins), Carnívoro (car), Granívoro (gra), Detritívoro (det), Onívoro
(oni) , Nectarívoro (nec); Uso do Habitat – Dependente (D), Semi-dependente (S), Independente(I);
Sensitividade – Alta(A), Média(M), Baixa(B); Ameaça – “C”=caça, “T”=tráfico; ; (*) registros obtidos através de
dados indiretos.
Família Espécie G. Uso Sensitivida Ameaç
trófico do de a
habitat
CRACIDAE Penelope jacucaca fru D A C
CATHARTIDAE Cathartes aura det I B
Coragyps atratus det I B
ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris car I B
Buteo nitidus car I M
FALCONIDAE Caracara plancus car I B
Herpetotheres car S B
cachinnans
JACANIDAE Jacana jacana ins I B
COLUMBIDAE Columbina squamatta gra I B
Leptotila verreauxi gra S B C
PSITTACIDAE Brotogeris chiriri fru S M T
CUCULIDAE Piaya cayana ins S B
Coccyzus euleri ins S M
Crotophaga major ins S M
STRIGIDAE Glaucidium brasilianum car S M
CAPRIMULGIDAE Hydropsalis albicollis ins S B
TROCHILIDAE Phaethornis ruber nec D M
Amazilia leucogaster nec D B
Amazilia fimbriata nec S B
TROGONIDAE Trogon curucui fru D M
GALBULIDAE Galbula ruficauda ins S B
BUCCONIDAE Nystalus maculatus ins S M
PICIDAE Picumnus limae ins D M
Veniliornis passerinus ins S B
THAMNOPHILIDA Formicivora grisea ins S B
E
Dysithamnus mentalis ins D M
Herpsilochmus ins D M
atricapillus
Thamnophilus ins D B
caerulescens
Taraba major ins S B
CONOPOPHAGID Conopophaga cearae ins D A
AE
SCLERURIDAE Sclerurus scansor ins D A
DENDROCOLAPTI Sitassomus griseicapillus ins D M
DAE
Dendroplex picus ins S B
FURNARIIDAE Cranioleuca semicinerea ins S M
TITYRIDAE Pachyramphus validus ins D M
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RPPN Monte Alegre
RYNCHOCYCLIDA Tolmomyias flaviventris ins D B
E
Todirostrum cinereum ins S B
TYRANNIDAE Zimerius gricilipes ins D M
Camptostoma obsoletum fru I B
Myiarchus ferox ins S B
Pitangus sulphuratus ins I B
Megarhynchus pitangua ins S B
Myiozetetes similis ins S B
VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis ins S B
Vireo olivaceus ins D B
CORVIDAE Cyanocorax cyanopogon oni S M T
TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus ins I B
POLIOPTILIDAE Polioptila plumbea ins S M
TURDIDAE Turdus leucomelas oni S B T
COEREBIDAE Coereba flaveola nec S B
THRAUPIDAE Tangara cyanocephala fru D M T
Tangara sayaca fru S B T
Tangara palmarum fru S B T
Dacnis cayana fru S B T
EMBERIZIDAE Volatinia jacarina gra I B T
Arremon taciturnus gra D M
PARULIDAE Basileuterus culicivorus ins D M
ICTERIDAE Icterus pyrrhopterus oni S B T
Icterus jamacaii oni S B T
FRINGILIDAE Euphonia chlorotica fru S B T
Um registro importante da RPPN é o do Udu-de-cabeça-azul (Momotus
momota), feito por Ciro Albano em julho e dezembro de 2006. Trata-se do primeiro
registro documentado da espécie no Ceará. Durante o levantamento da avifauna da
RPPN foi realizada uma busca direcionada a esta espécie, mas sem sucesso. Um
incêndio natural que ocorreu no local dos registros pode ter afastado o grupo para outro
ponto. Não se sabe a qual subespécie os indivíduos pertencem, se forem
M.m.marcgraviana, a mesma que ocorre no litoral paraibano, merecem atenção especial
por ser um táxon ameaçado de extinção.
72
RPPN Monte Alegre
B1.8.3) Herpetofauna
Favorecida pelas condições edafoclimáticas, cuja elevação acentuada, maior
umidade das correntes atmosféricas e especificidade do seu solo, conferem a região da
Aratanha a condição de brejo de altitude, com uma floresta úmida de exceção em relação
ao seu entorno. Segundo Barbosa et al. (2004), as matas serranas dos brejos de altitude
podem ser consideradas uma disjunção ecológica da Mata Atlântica, ilhadas pela
vegetação de Caatinga, o que torna esses remanescentes áreas de elevada
biodiversidade.
Apesar da carência de levantamentos herpetológicos na serra da Aratanha,
essa região é apontada como um importante hotspot para estudos de biogeografia e para
a conservação da natureza segundo o MMA (PROBIO, 2006), com possíveis ocorrências
de endemismos.
O levantamento da herpetofauna da RPPN Monte Alegre, realizado em maio
de 2011, através de busca ativa e entrevista com moradores locais apresentou um total
de 10 espécies de anfíbios distribuídas em cinco famílias e 23 espécies de répteis,
distribuídas em sete famílias de lagartos (12 spp.) e quatro de serpentes (12 spp.).
Abaixo, alguns registros fotográficos das espécies.
FIGURA 34: Leptodactylus cf vastus.
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RPPN Monte Alegre
FIGURA 35: Proceratophrys cristiceps.
FIGURA 36: Leptodactylus mystaceus.
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RPPN Monte Alegre
FIGURA 37: Rhinella jimi.
FIGURA 38: Iguana - Iguana iguana.
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RPPN Monte Alegre
FIGURA 39: Caninana (Spilotes pullatus). Foto Carlos Ribeiro.
FIGURA 40: Mabuya nigropunctata.
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RPPN Monte Alegre
FIGURA 41: Anolis fuscoauratus.
Apesar de nenhuma das espécies registradas na RPPN serem apontadas
como ameaçadas de extinção, a serra da Aratanha é considerada um ambiente de
exceção (apenas 2% do Ceará é coberto de floresta úmida) e altamente ameaçado. A
ocorrência de uma herpetofauna diferenciada em relação ao entorno, representando um
testemunho de uma cobertura vegetal pretérita e interconectado com outros biomas,
torna esse ambiente e sua fauna associada de extrema importância para a conservação.
TABELA 7: Listagem dos anfíbios registrados na RPPN Monte Alegre em maio de 2011.
Família Espécie Nome Popular
Ordem Anura
Bufonidae Rhinella jimi Cururu
Rhinella granulosa Cururuzinho
Cycloramphidae Proceratophrys cristiceps Sapo Boi
Leiuperidae Physalaemus albifrons Sapinho
Physalaemus cuvieri Sapinho
Leptodactylidae Leptodactylus_cf_vastus Caçote
Leptodactylus mystaceus Caçote
Leptodactylus troglodytes Caçote
Hylidae Hypsiboa raniceps Perereca
Scinax x-signata Rãzinha
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RPPN Monte Alegre
TABELA 8: Listagem dos répteis registrados na RPPN Monte Alegre em maio de 2011.
Família Espécie Nome Popular
SERPENTES
Boa constrictor Jibóia; Cobra de veado
Boidae Epicrates cenchria Salamanta
Leptodeira annulata Cobra Dormideira
Liophis dilepis Costelinha-de-vaca
Oxybelis aeneus Cobra cipó bicuda
Oxyrhopus trigeminus Falsa Coral
Philodryas nattereri Corre campo; Cobra de Tabuleiro
Philodryas olfersii Cobra Verde
Colubridae Spilotes pullatus Caninana
Elapidae Micrurus sp. Coral Verdadeira
Bothrops erythromelas Jararaca
Viperidae Crotalus durissus Cascavel
LAGARTOS
Iguanidae Iguana iguana Iguana
Briba brasiliana Briba
Gymnodactylus geckoides Briba
Gekkonidae Lygodactylus klugei Briba
Gymnophthalmidae Micrablepharus maximilliani Lagarto-do-rabo-azul
Scincidae mabuya nigropunctata Calango liso
Polychrotidae Anolis fuscoauratus Calanguinho
Ameiva ameiva Tijubina
Cnemidophorus ocellifer Lagartixa
Teiidae Tupinambis merianae Tejo
Tropidurus hispidus Calango
Tropiduridae Tropidurus semitaeniatus Calango Listrado
78
RPPN Monte Alegre
B2) Caracterização da Área do Entorno
B2.1. Caracterização do município de Pacatuba
B2.1.1 Histórico municipal
O município de Pacatuba tem sua origem histórica relacionada com a formação
de núcleos populacionais ao pé da Serra da Aratanha, por volta dos meados do século XVII,
mediante a concessão de sesmarias nas terras férteis de suas encostas. A existência em
abundância de um pequeno mamífero conhecido pelo nome de paca conferiu-lhe o nome
que, na língua tupi, significa: paca (animal) + tuba (lugar abundante), traduzindo-se, portanto
como "lugar de muita paca".
As terras férteis das encostas da Serra da Aratanha atraíram numerosos
moradores, possibilitando a formação do povoado que, posteriormente, transformou-se em
Distrito e Município cujo gentílico é pacatubano ou pacatubense, sendo este desmembrado
do seu Município de origem, Maranguape.
De acordo com o histórico da Formação Administrativa do local, o Distrito foi
criado com a denominação de Pacatuba, pelo ato provincial de 18-03-1842 e por lei
provincial nº 1305, de 05-1869 e elevado à categoria de vila com a denominação de
Pacatuba, pela lei provincial nº 1248, de 0810-1869, desmembrado de Maranguape.
E após uma série de adesões e desmembramentos de territórios vizinhos, em
divisão territorial datada de 01 de junho de 1995, o município é constituído de 4 distritos:
Pacatuba, Monguba, Pavuna, Senador Carlos Jereissati, assim permanecendo em divisão
territorial datada de 2005.
Fonte: IBGE
B2.1.2. Dados populacionais
O município de Pacatuba no ano de 1991 possuía uma população estimada de
60.148 habitantes, e sofreu uma redução para aproximadamente 51.696 de acordo com o
79
RPPN Monte Alegre
censo de 2000, como se pode observar na TABELA 09. Contudo se compararmos com o
censo de 2010 nota-se um aumento na população em aproximadamente 20.000 habitantes.
Em relação às zonas habitadas, pode-se observar que houve uma redução da população na
contagem da população do ano 2000, tanto na zona urbana, quanto na zona rural, e que a
zona urbana sempre apresentou uma população muito superior à zona rural do município.
TABELA 9: População Residente – 1991/2000/2010.
Em relação ao número de domicílios particulares pode-se observar que há uma
grande diferença entre a quantidade de domicílios urbanos (18.737) e rurais (2.556), mas
que reforçam os dados da tabela anterior que mostra uma maior concentração de habitantes
na zona urbana do município. (TABELA 10).
TABELA 10: Domicílios Particulares Permanentes por Situação e Média de Moradores –
2010.
Pacatuba é considerado um município de médio porte em função da sua
população de aproximadamente 72.299 habitantes (2010). O GRÁFICO 14 mostra evolução
da população do município de Pacatuba entre os anos de 1991 e 2007.
80
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 14: Evolução populacional do município de Pacatuba – 1991/2007. Fonte: IBGE
2012.
Neste gráfico pode-se observar um declínio na população de Pacatuba entre os
anos de 1991 e 1996, e a partir daí, mantendo um crescimento linear até o ano 2007.
B2.1.3. Índices de desenvolvimento
O município de Pacatuba apresenta uma ótima colocação no ranking do Índice
de Desenvolvimento Humano – IDH entre os municípios cearenses ocupando a 4ª
colocação, de acordo com os dados de 2000 do IPECE/PNUD (TABELA 11).
TABELA 11: Índices de Desenvolvimento.
81
RPPN Monte Alegre
A população considerada extremamente pobre do município de Pacatuba perfaz
apenas 8,05% da população, aproximadamente 5.817 pessoas (TABELA 12), sendo estes
residentes, em sua maioria na zona urbana do município.
TABELA 12: População Extremamente pobre: (com rendimento domiciliar per capita mensal
de até R$ 70,00) – 2010.
B2.1.4. Economia
Pacatuba não possui um centro comercial expressivo, sendo a maior fonte de
empregabilidade a indústria, com mais de 3.000 funcionários, seguidos pela Administração
Pública, como podemos observar na TABELA 13, a seguir.
TABELA 13: Número de Empregos Formais – 2010.
As principais atividades econômicas (GRÁFICO 15) estão relacionadas à
indústria e à prestação de serviços, estando a agropecuária na 3ª colocação. Estas duas
82
RPPN Monte Alegre
primeiras atividades são responsáveis por mais de 98% do PIB municipal. A agricultura está
baseada no cultivo de algodão, banana, caju, cana-de-açúcar, mandioca e feijão e a
pecuária na criação de bovinos, suínos e avícolas.
GRÁFICO 15: PIB por setor do município de Pacatuba. Fonte: IBGE 2012.
Em relação à indústria, o município faz parte do Distrito Industrial de Fortaleza,
com 26 indústrias. A seguir, na TABELA 14 seguem os dados municipais em relação ao PIB
por setor do ano de 2008.
TABELA 14: Produto Interno Bruto – 2008.
83
RPPN Monte Alegre
Como se pode observar na TABELA 14 o setor da indústria é responsável por
quase 50% do PIB municipal, seguido pela prestação de serviços e agropecuária.
TABELA 15: Renda Domiciliar per capita (salário mínimo R$ 510,00) – 2010.
A TABELA 15 nos mostra que mais de 15.600 pessoas, de um total de 18.713,
possuem renda até um salário mínimo, o que representa mais de 80% da população
economicamente ativa.
B2.1.5. Turismo
As atividades turísticas do Município de Pacatuba estão voltadas principalmente para
o ecoturismo. Lá o turista pode contar com uma série de trilhas ecológicas, como por
exemplo, a trilha do Boaçu ou Trilha Serra da Aratanha, a trilha do Letreiro, e a trilha do
CETREPF onde o visitante se depara com várias piscinas de água natural, um presente aos
aventureiros após a longa caminhada. A Trilha Ecológica Serra da Aratanha, as trilhas da
RPPN Monte Alegre com mirantes e quedas d’água, entre outras.
O município ainda possui a Gruta do Pimpim, bem como as águas cristalinas da
Cachoeira Paraíso, a altivez do Pico do Letreiro e do Pico do Bicudo, e o Mirante, localizado
a 1.400 metros do início da trilha do Boaçu, ponto que oferece uma visão única da cidade. O
município dispõe também de esportes radicais como os voos livres, rapel e escalada, além
dos recursos hídricos e a flora pacatubana que apresenta uma rica biodiversidade.
84
RPPN Monte Alegre
B2.1.6. Cultura
O município de Pacatuba tem como principais eventos culturais:
O aniversário do Município;
O Recital de Natal;
O Fest Férias;
Pré-carnaval;
O Carnaval;
Pré-reveillon;
O Festival Saberes e Sabores; e
A Paixão de Cristo.
B2.1.7. Saúde
De acordo com os dados do IBGE 2010, o município de Pacatuba conta apenas
com 15 estabelecimentos de saúde, sendo todos municipais, situação bastante diferente se
comparada ao Estado do Ceará, como demonstrado no GRÁFICO 16.
GRÁFICO 16: Estabelecimentos de saúde do município de Pacatuba. Fonte: IBGE 2012.
85
RPPN Monte Alegre
O município conta ainda com 255 profissionais de saúde, sendo a maioria deles,
agentes comunitários de saúde e outros profissionais de nível médio, como consta na
TABELA 16, a seguir.
TABELA 16: Profissionais de Saúde, Ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) – 2010.
B2.1.8. Educação
O município de Pacatuba apresentava no ano 2000 aproximadamente 5.700
analfabetos, entre as pessoas com 15 anos de idade ou mais (total 32.883). Estes dados
nos mostram uma taxa de analfabetismo funcional de 17,48%. Já no ano de 2010, houve
uma redução desta taxa, reduzindo proporcionalmente o número de analfabetos no
município, como mostra a TABELA 17, a seguir.
TABELA 17: Taxa de Analfabetismo Funcional para Pessoas com 15 anos ou mais –
2000/2010.
86
RPPN Monte Alegre
De acordo com os dados do INEP 2009, o município de Pacatuba possuía 543
docentes, distribuídos entre a pré-escola, o ensino fundamental e o médio, sendo o ensino
fundamental o nível escolar com maior número de profissionais. O GRÁFICO 17 mostra a
quantidade de professores por série no município de Pacatuba.
GRÁFICO 17: Docentes por série no município de Pacatuba. Fonte: IBGE 2012.
Em relação ao número de escolas por série, o município possui (INEP 2009) 73
escolas, sendo 30 pré-escolas, 37 de ensino fundamental e 6 de ensino médio (GRÁFICO
18).
87
RPPN Monte Alegre
GRÁFICO 18: Número de escolas por série no município de Pacatuba. Fonte: IBGE 2012.
O município apresentou em relação ao número de matrículas (INEP 2009), um
total de 14.207 matrículas, sendo 1.662 na pré-escola, 9.858 no ensino fundamental e 2.687
no ensino médio (GRÁFICO 19).
GRÁFICO 19: Matrículas por série no município de Pacatuba. Fonte: IBGE 2012.
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RPPN Monte Alegre
Em relação ao ensino superior o município de Pacatuba não possui instituições
de ensino superior ou de ensino técnico.
B2.1.9. Infraestrutura
De acordo como os dados do IBGE (2010), o município de Pacatuba possui
aproximadamente 18.713 domicílios particulares com abastecimento de água, sendo a
maioria (17.884) ligada à rede geral de abastecimento, número que representa 95,57% dos
domicílios, como demonstrado na TABELA 18 a seguir.
TABELA 18: Domicílios Particulares Permanentes Segundo as Formas de Abastecimento de
Água – 2000/2010.
Dentre estes 18.713 domicílios, a maioria, aproximadamente 62% possuem
sistema de esgotamento direcionado à rede geral (TABELA 19), sendo que as residências
que possuem fossas sépticas, apenas 15,59% do total.
TABELA 19: Domicílios Particulares Permanentes Segundo os Tipos de Esgotamento
Sanitário - 2000/2010.
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RPPN Monte Alegre
Em relação ao fornecimento de energia elétrica e coleta de lixo, dos 18.713
domicílios, 99,17% possuem fornecimento de energia elétrica e 93,96% têm o lixo coletado
regularmente (TABELA 20).
TABELA 20: Domicílios Particulares Permanentes Segundo Energia Elétrica e Lixo Coletado
- 2000/2010.
B2.2. Caracterização da Propriedade
A propriedade Rural denominada Sítio Monte Alegre e Pitaguary onde está
inserida a RPPN Monte Alegre é formada por uma área plana ao pé da serra, onde estão
situados os Sítios Boqueirão, Talismã e Casa da Torre e, a área da Reserva ocupando parte
da vertente Leste da Serra de Aratanha, cortada pelo vale do riacho denominado Alegrete
(FIGURA 42).
90
RPPN Monte Alegre
FIGURA 42: Parte baixa do Sitio Monte Alegre. Fonte: Google Earth.
Na propriedade existem 11 casas construídas, sendo sete dos proprietários,
algumas residências e outras utilizadas para temporadas. As demais são ocupadas pelos
moradores que trabalham na propriedade. Estes moradores são responsáveis pela
manutenção das atividades realizadas na propriedade como, gerência da granja, trabalhos
domésticos, vigilância, coleta de frutas, manutenção das estradas, trilhas, cercas e outras
infraestruturas e são orientados pelos proprietários. Em média cada família de moradores
possui cinco pessoas.
No Sítio casa da Torre funciona uma granja que é fonte de renda da família.
Além da produção avícola, há também uma produção de frutas, as quais são cultivadas
rudimentarmente e intercaladas com a vegetação nativa ao longo dos sítios e nas partes
mais elevadas.
A propriedade é cortada por trilhas que dão acesso à área da RPPN e
propriedades vizinhas na região mais elevada da Serra da Aratanha. Durante a subida,
existem vários mirantes que possibilitam avistar a sede municipal de Pacatuba, o município
de Aquiraz e outras áreas da Região Metropolitana de Fortaleza. (FIGURA 43).
91
RPPN Monte Alegre
FIGURA 43: Trilha de acesso à RPPN Monte Alegre. (Foto: Samuel Portela).
A propriedade está sob os cuidados da mesma família a seis gerações. A
integridade florestal na reserva tem atraído pesquisadores botânicos, zoólogos e geólogos,
fomentando o desenvolvimento da ciência. A tradição da pesquisa nesta área se iniciou na
metade do Século XIX, com a passagem de cientistas renomados, como Louis Agassiz e
Freire Alemão.
Trabalhos comunitários também vêm sendo desenvolvidos junto à população do
entorno, sempre com enfoque ambiental. Durante um período funcionou uma escolinha de
reforço escolar para crianças, tem atividades de tapeçaria com o aproveitamento de restos
de malha de confecções, como da Marisol, cerâmica com decoração inspirada pelos
desenhos de folhas e flores da Reserva, e é promovida uma seleção do lixo doméstico para
reciclagem (FIGURA 44).
FIGURA 44: Atrativos da propriedade Monte Alegre (riachos, trilhas e artesanato). (Foto:
Proprietários).
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RPPN Monte Alegre
B2.2.1. Pressões
O uso insustentável dos recursos naturais numa visão geral tem levado a uma
rápida perda de espécies endêmicas, alteração de processos ecológicos chaves e a
formação de núcleos de desertificação de regiões, o que aumenta a necessidade de
estratégias de conservação nos domínios do bioma caatinga. Tanto a criação de novas UCs
como a efetivação da gestão e manejo das existentes, é fundamental para a conservação e
a ampliação do conhecimento acerca deste bioma.
Como citado anteriormente, o Sítio Monte Alegre e Pitaguary está localizado em
uma zona apontada como uma área importante para estudos científicos desse Bioma, haja
vista a sua variedade de fitofisionomias. Outro fator fundamental para proteção da RPPN
nesta propriedade se traduz no fortalecimento da conservação da APA da Serra da
Aratanha e a formação de corredores ecológicos com outra UCs da região, como é o caso
da RPPN Chanceler Edson Queiroz no município de Guaiúba, a 5 km de Pacatuba. Estes
corredores possibilitarão o fluxo gênico, além de ajudar na regeneração de outras áreas do
entorno.
Durante os levantamentos de campo foram observadas algumas práticas que
põem em risco a integridade da RPPN por estarem ameaçando a biodiversidade local. A
seguir seguem as imagens das pressões sofridas pela RPPN Monte Alegre e as respectivas
observações realizadas durante os levantamentos de campo na reserva.
O desmatamento de novas áreas para o uso agrícola e a retirada de madeira
para comercialização, juntamente com a caça de animais silvestres, ainda são consideradas
práticas comuns na região da Serra da Aratanha e localidades circunvizinhas. Estas
atividades são as principais causadoras de impactos na região, juntamente com o
crescimento desordenado do município. Estas pressões antrópicas, também muito comuns
para toda a Caatinga, vêm causando grandes prejuízos ao meio ambiente como a redução
da cobertura vegetal, erosão do solo e destruição de um ambiente natural propício para
sobrevivência das espécies (FIGURA 45).
93
RPPN Monte Alegre
FIGURA 45: Plantações de banana ao longo das trilhas no interior da RPPN Monte Alegre.
(Foto: Samuel Portela).
A FIGURA 45 mostra uma prática muito comum nas regiões serranas do estado,
onde as áreas mais úmidas são utilizadas para a produção de banana. Esta pratica contribui
sobremaneira para a perda de solo e a redução da vegetação nativa. Na RPPN Monte
Alegre esta atividade é feita em meio a mata, em pequenas áreas que estão sendo
gradativamente desativadas. Nos programas de manejo serão sugeridas ações voltadas
para a eliminação gradual desta atividade na área da RPPN considerando entretanto que as
frutas são fonte de alimentação da fauna.
Em algumas áreas no interior da RPPN foram avistados resíduos sólidos
deixados anteriormente por pessoas que transitam, muitas vezes sem autorização, no
espaço recoberto pela reserva (FIGURA 46). Este tipo de poluição além de comprometer a
qualidade dos recursos hídricos, afeta bastante a beleza cênica do local.
A FIGURA 47 mostra uma área que afetada por um incêndio na RPPN Monte
Alegre. Embora este tenha ocorrido naturalmente, é necessário que medidas preventivas
sejam tomadas para que a integridade da RPPN não seja comprometida. Estes incêndios
além de causar danos ao meio ambiente com a poluição do ar, alteração do microclima do
local e devastar a vegetação ainda põe em risco a área da RPPN e da propriedade como
um todo, devido à grande facilidade de expansão do fogo e a ausência de aceiros.
94
RPPN Monte Alegre
FIGURA 46: Lixo no interior da RPPN (pneu, sacolas, latas e garrafas de plástico). (Foto:
Samuel Portela).
FIGURA 47: Vestígio de queimada no interior da RPPN Monte Alegre. (Foto: Samuel
Portela).
95
RPPN Monte Alegre
FIGURA 48: Fezes de animais domésticos nas trilhas de acesso à RPPN Monte Alegre.
(Foto: Samuel Portela).
FIGURA 49: Espécie invasora no interior da RPPN Monte Alegre (Esquerda - D. Maculata)
(Direita - Cryptostegia grandiflora). (Foto: Samuel Portela).
96
RPPN Monte Alegre
O transporte das frutas coletadas no interior da propriedade é feito com o auxílio
de animais domésticos (cavalos ou mulas), assim como para a circulação de pessoas entre
propriedades vizinhas, sendo que esta última ocorre muitas vezes sem autorização ou
conhecimento dos proprietários.
A espécie invasora mostrada na FIGURA 49 é extremamente resistente surge
geralmente às margens dos rios e dominam a paisagem, recobrindo grandes áreas. Ela é
muito comum na região Nordeste e tem comprometido seriamente muitos carnaubais no
estado do Ceará. A erradicação desta espécie na área da propriedade será sugerida nos
programas de manejo da RPPN Monte Alegre.
FIGURA 50: Acúmulo de lixo e lançamento de esgoto a céu aberto em comunidade vizinha
(bairro São José) à Propriedade Monte Alegre. (Foto: Samuel Portela).
A ocupação desordenada no entorno da propriedade compromete a beleza
cênica do local, a saúde dos moradores, contribui para contaminação do solo e dos recursos
hídricos do município de Pacatuba. Medidas enérgicas devem ser tomadas pelos gestores
públicos para que danos deste tipo, causados ao meio ambiente, sejam reparados
possibilitando uma melhoria na qualidade de vida da população (FIGURA 50).
Por não ter área de amortecimento, o entorno da RPPN Monte Alegre é
protegido apenas pelo restante da propriedade não recoberta pela reserva, sendo
97
RPPN Monte Alegre
fundamental que a vizinhança (comunidades do entorno e confinantes) zele pela
conservação de suas propriedades e evitem práticas que possam comprometer a
integridade da RPPN Monte Alegre.
Por fim, durante os levantamentos de campo integrantes da equipe de
elaboração do Plano de Manejo se depararam com caçadores portando armas de fogo no
interior da propriedade, fato que comprova que na RPPN, ainda há caça e captura de
animais silvestres, prática que compromete a biodiversidade local. Muitas vezes estes
animais são capturados ou abatidos em áreas de refúgio, onde há uma vegetação
conservada, e fontes de alimentos para suprir a demanda dos animais que ali se abrigam
como é o caso da RPPN Monte Alegre. É fundamental que trabalhos sejam desenvolvidos
com as comunidades circunvizinhas no intuito de alertar para a existência de uma Unidade
de Conservação e que os órgãos ambientais intensifiquem a fiscalização na área.
B3). Caracterização da RPPN
A RPPN Monte Alegre foi criada pela Portaria 151 do IBAMA em 24 de outubro
de 2001. A reserva possui 263,17 hectares e encontra-se inserida em uma propriedade Síto
Monte Alegre e Pitaguary localizada na APA da Serra da Aratanha, sendo sua parte menor
situada no município de Maracanaú e a parte maior no município de Pacatuba.
A RPPN Monte Alegre apresenta boas condições de conservação, e propicia um
ambiente para refúgio de muitas espécies normalmente encontradas nos domínios do Bioma
Caatinga e pode ser considerada de relevante interesse sociocultural e ambiental por conta
das ações que serão desenvolvidas pelos seus proprietários e principalmente devido sua
localização, visto que a mesma está localizada em uma área classificada como de
prioridade extremamente alta, de acordo com o mapeamento do projeto “Avaliação e Ações
Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Bioma Caatinga – PROBIO1” (2006)
(FIGURA 51).
1
O Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO tem por
objetivo a identificação de ações prioritárias e disseminação de informações sobre diversidade biológica
brasileira.
98
RPPN Monte Alegre
FIGURA 51: Localização da RPPN Monte Alegre no Mapeamento do projeto “Avaliação e
Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Bioma Caatinga – PROBIO”
(2006).
Como pode ser observada na FIGURA 51, a localização da RPPN Monte Alegre
é estratégica do ponto de vista ambiental, pois além de estar localizada em uma área
classificada como de prioridade extremamente alta, fazer parte da APA da Serra da
Aratanha e encontrar-se distante 5 km de outra RPPN no município de Guaiuba,
denominada Chanceler Edson Queiroz, essa reserva se estende em direção a outras áreas
classificadas como de prioridade extremamente alta no Maciço de Baturité. Este Maciço tem
parte de sua área recoberta pela APA da Serra de Baturité e outras duas Unidades de
Conservação, a RPPN Serra da Pacavira e RPPN Sítio Palmeiras, favorecendo a conexão
entre essas regiões, servindo como corredor ecológico.
Desta forma, baseado na diversidade biológica levantada nesta propriedade,
observa-se que esse ambiente possui grande relevância para manutenção do ecossistema
local, bem como refúgio para as espécies ameaçadas, já que a RPPN Monte Alegre é
portadora de uma vegetação em ótimo estado de conservação, com espécies raras e de
grande porte.
99
RPPN Monte Alegre
B3.1. Visitação
Na RPPN Monte Alegre as visitações ocorrem esporadicamente e não há ainda
um sistema implantado de monitoramento e gestão das mesmas. As visitas ocorrem
mediante autorização prévia dos proprietários e têm, na maioria das vezes, objetivos
ecoturísticos, educacionais e científicos. A área da RPPN também é visitada por
pesquisadores de instituições de ensino e ONGs que buscam fazer levantamentos,
principalmente, de fauna e flora da região, haja vista que a RPPN Monte Alegre apresenta
um remanescente rico de biodiversidade.
B3.2. Pesquisa e Monitoramento
Como citado no item anterior, à área da RPPN Monte Alegre é um remanescente
rico de biodiversidade, sendo explorada cientificamente ao longo dos anos por
pesquisadores de instituições de ensino e ONGs que buscam fazer levantamentos,
principalmente, de fauna e flora da região e também, para a elaboração deste documento
que consiste no Plano de Manejo da RPPN Monte Alegre.
Ainda não existe uma rotina de monitoramento na reserva e, até o momento em
que estavam sendo feitos os estudos para a elaboração deste Plano de Manejo, o
monitoramento é realizado pelos proprietários, moradores e por órgãos ambientais federais
de forma esporádica.
B3.3. Ocorrência de Fogo
Durante os estudos para a elaboração deste documento, pôde-se constatar que
na RPPN Monte Alegre houve uma ocorrência recente de fogo, contudo este ocorreu
naturalmente a causou pequenos danos à reserva. Na propriedade não existe a agricultura
de sequeiro, muito comum em todo o estado do Ceará, onde é constante a prática das
queimadas para a limpeza das áreas de cultivo. Sendo assim na RPPN não há tanta
ameaça de fogo, mas devido à ausência de aceiros e a facilidade de propagação do fogo é
necessário que seja dada uma maior atenção a este tópico no capítulo de programas de
gestão da Reserva.
100
RPPN Monte Alegre
B3.4. Atividades Desenvolvidas na RPPN
Embora a RPPN Monte Alegre ainda não possua uma infraestrutura focada para
o recebimento de visitantes, atualmente foram constatadas atividades de visitação na RPPN
em direção a alguns dos pontos notáveis, com objetivos turísticos e de lazer, mas
principalmente por motivos de pesquisas científicas. De acordo com dados obtidos em
campo e com os moradores dos sítios, ainda existe alguma atividade de caça na RPPN,
porém esta foi reduzida consideravelmente após a criação da Reserva.
Foi constatado ainda, que ao longo das trilhas que cortam a RPPN Monte Alegre
e em alguns outros locais da propriedade, há o cultivo de banana. Esta atividade será alvo
de discussão para a elaboração dos programas de gestão da RPPN, onde será proposta a
extinção desta prática na área da Reserva.
B3.5. Sistema de Gestão
Os proprietários e os filhos são os responsáveis pela gestão da UC e as
atividades de manutenção são desenvolvidas pelos trabalhadores dos sítios que compõem a
propriedade e que residem no local. Estes moradores agem seguindo as orientações dos
proprietários. Pretende-se com este PM a gestão da área com planejamento mais
aprofundado e efetivo.
B3.6. Pessoal
Na RPPN Monte Alegre, ainda não possui uma equipe específica para os seus
trabalhos de fiscalização e gestão. Estas demandas serão discutidas no Capítulo destinado
aos programas. Até o momento estas atividades voltadas para a manutenção, fiscalização e
gestão da RPPN são realizadas de forma esporádica pelos proprietários e moradores dos
Sítios que compõem propriedade.
101
RPPN Monte Alegre
B3.7. Infraestrutura
Na propriedade, no entorno da RPPN, existem 11 casas construídas, sendo sete
destas ocupadas pelos proprietários e distribuídas entre os três sítios que a compõem. Em
relação aos proprietários, parte deles residem no local. As outras casas são ocupadas pelos
moradores e seus familiares que aí trabalham. Estas casas em sua maioria possuem fossas
sépticas, energia elétrica e utilizam como matriz energética para o preparo da alimentação o
gás butano.
Na propriedade também foi construída uma granja situada no Sítio Casa da
Torre. Além da produção avícola, há também uma produção de bananas e frutas diversas,
espalhadas em diversos pontos da propriedade, ao longo dos sítios e nas partes mais
elevadas, inclusive em alguns pontos da RPPN. Os bananais vêm sendo desativado para
que a vegetação natural volte a ocupar as áreas.
A propriedade é cortada por estradas que não são calçamentadas e ligam os
sítios e a granja. Também possui várias trilhas que dão acesso à área da RPPN e
propriedades vizinhas na região mais elevada da Serra da Aratanha. (FIGURA 52).
FIGURA 52: Algumas estradas e trilhas que cortam a propriedade. (Foto: Samuel Portela).
A propriedade não é totalmente cercada, fato comum nas regiões serranas o que
dificulta sobremaneira a gestão da RPPN e diminui a proteção da mesma contra a sua
102
RPPN Monte Alegre
utilização pelos animais domésticos e possibilita a entrada de pessoas não autorizadas no
seu interior.
A propriedade possui coleta e seleção de lixo para reciclagem, material este
recolhido por pessoas do entorno que trabalham com a sua reutilização.
B3.8. Equipamentos e Serviços
Até o momento a RPPN Monte Alegre não conta com equipamentos destinados
aos trabalhos na Reserva, contudo para as atividades de pesquisa científica, é
disponibilizada pelos proprietários, uma das casas do Sítio Casa da Torre para hospedar e
dar suporte aos pesquisadores. Também são disponibilizados alguns funcionários para
auxiliar a equipe nos trabalhos de campo e preparação da alimentação durante os períodos
em que estiver hospedada.
B3.9. Recursos Financeiros
Todos os esforços de apoio financeiro desta RPPN partem principalmente de
investimentos privados de seus proprietários e de editais de apoio à gestão de RPPNs
(Aliança da Caatinga).
B3.10. Formas de Cooperação
Para a realização das pesquisas e elaboração deste documento foi estabelecida
parceria com a Associação Asa Branca, Associação Caatinga e segundo Edital da Aliança
da Caatinga, patrocinado pela MPX.
103
RPPN Monte Alegre
B4) Possibilidades de Conectividade
A RPPN Monte Alegre localiza-se ao Norte da APA da Serra da Aratanha, em
terrenos de grande declividade, abriga várias nascentes de água, tem um açude perto do
seu topo e é cortada por um riacho. Mais ao Sul da APA, já no município de Guaiuba, existe
outra RPPN, a Chanceler Edson Queiroz.
A possibilidade de conexão entre essas áreas, seja pela formação de corredores
ecológicos, seja pela criação de novas reservas auxiliaria muitíssimo na conservação da
biodiversidade, aumentando o fluxo de organismos entre as diferentes zonas e fornecendo
mais locais de refúgio e territórios maiores para animais de grande porte.
O nível de conectividade da vegetação de uma determinada paisagem
condiciona, em grande medida, a conservação da biodiversidade desta (Carvalho, 2010).
Entretanto, a perda e a fragmentação de habitats são as principais causas da erosão de
biodiversidade no mundo e, nesse contexto, os corredores ecológicos têm se tornado
ferramentas populares no esforço de mitigar a fragmentação e conservar a biodiversidade
(Hess; Fischer, 2001).
As faixas de vegetação plantadas ao redor dos fragmentos poderiam em certos
casos, conforme planejamento prévio, ser estendidas na direção de outros núcleos de vida
silvestre, como por exemplo: fragmentos florestais remanescentes, matas ciliares ou áreas
de reserva permanente, com a finalidade de se estabelecer elos entre as diversas áreas
protegidas (Poggiani; Oliveira, 1998).
A manutenção da diversidade natural garante o funcionamento equilibrado do
ambiente e pode funcionar como defesa também contra espécies invasoras que comumente
aparecem em locais alterados. Algumas destas espécies invasoras foram observadas na
Reserva ou imediações, como Cipó de leite (Cryptostegia grandiflora), o Ciúme (Calotropis
procera) vistos nas FIGURAS 53 e 54, e espécies popularmente conhecidas como “comigo-
ninguém-pode” e a “viuvinha”. Isto deverá ser prioritário no PM, como formas de controle de
expansão e até erradicação total destas espécies. A conectividade entre as áreas e as
medidas mencionadas anteriormente poderiam auxiliar no processo de evitar que tais
espécies se alastrem causando prejuízos às nativas.
104
RPPN Monte Alegre
FIGURA 53: Cipó de leite (Cryptostegia FIGURA 54: Ciúme (Calotropis procera)
grandiflora) (coordenadas UTM (coordenadas UTM 541122/9562744).
541122/9562744).
B5) Declaração de Significância
A RPPN Monte Alegre possui grande beleza cênica, seu ponto mais alto, a pedra
do letreiro, situada a mais de 700 metros de altitude, permite a visibilidade de toda a região
ao redor como pode ser visto nas FIGURAS 55 e 56.
A área tem muito potencial para atrair visitantes e servir como um estímulo à
preservação ambiental. Visitações associadas a projetos de educação ambiental,
envolvendo principalmente escolas e habitantes da região poderiam trazer ainda mais
significado para a Reserva. Desta maneira, além de ser um local de refúgio para animais e
proteção para os vegetais, seria também um espaço para integrar o homem e o meio
ambiente.
É inegável também o potencial ornamental de muitas espécies encontradas na
Reserva tais como: Gustavia augusta (FIGURA 24), Hippeastrum sp. (FIGURA 25), Cunhã
(Centrosema sp.) (FIGURA 57), Beijo (FIGURA 58) e diversos tipos de pacaviras, orquídeas
e bromélias dentre muitos observados e que aumenta a beleza e a atratividade do local.
105
RPPN Monte Alegre
FIGURA 55: Pedra do letreiro – ponto mais FIGURA 56: Vista da pedra do letreiro.
alto da RPPN Monte Alegre.
FIGURA 57: Flor da herbácea Cunhã – FIGURA 58: Flor da herbácea Beijo,
Centrosema sp. utilizada por seu potencial ornamental.
Além de potencial ornamental, muitas espécies têm aplicações medicinais.
Algumas delas mencionadas pelo senhor Luiz, como conhecimentos passados através das
gerações. Conhecimentos estes, etnobotânicos, são estritamente ligados à preservação,
uma vez que dependem de plantas específicas só encontradas na região. Todas essas
informações, uma vez degradada a vegetação, seriam perdidas também, causando um
prejuízo irreparável.
A vegetação da Reserva também auxilia na proteção do solo. Na região as áreas
apresentam grandes declividades e são encontradas também áreas de topo, que são
vulneráveis à erosão pelas chuvas. As raízes formam uma verdadeira rede que prende e
agrega as partículas de solo, reduzindo a erosão e evitando enxurradas. Caso o solo
106
RPPN Monte Alegre
estivesse descoberto poderiam acontecer catástrofes com grandes deslizamentos de terra e
soterramento de áreas vizinhas.
Muitas espécies frutíferas fornecem alimento não só para as populações
humanas, como exemplo o Bacupari (Garcinia gardneriana), quanto para os animais como a
Morcegueira (Indetrminada sp. 22). Fornecendo recursos essenciais para a manutenção dos
processos ecológicos fundamentais do ambiente.
Além dos pontos citados, temos também como fator que evidencia importância
da Reserva, o fato dela ser refúgio e um provável resquício de Mata Atlântica em meio ao
semiárido. É um local, portanto, que apresenta uma gradação peculiar que vai desde
espécies típicas na caatinga como o Juazeiro (Ziziphus joazeiro) e o Pacotê
(Cochlospermum vitifolium) (FIGURA 59), nas regiões mais baixas, até outras mais comuns
em florestas, como a Mata Atlântica, tais como as bromeliáceas (FIGURA 60),
amarilidáceas, aráceas, entre outras.
Esse conjunto de fatores torna fundamental a preservação da Reserva e
estimula a implantação de novas reservas na área com intuito de proteger o equilíbrio e
garantir proteção à biodiversidade.
FIGURA 59: Flor do Pacotê - FIGURA 60: Bromélias epífitas, comuns
Cochlospermum vitifolium – espécie em áreas úmidas como florestas -
comum na caatinga. próximas ao ponto de coordenadas UTM
0541455 9562253.
107
RPPN Monte Alegre
PARTE C
PLANEJAMENTO
C1) Objetivos específicos de manejo
C2) Zoneamento
C2.1 Zona Silvestre
C2.2 Zona de Proteção
C2.3 Zona de Visitação
C2.4 Zona de Administração
C2.5 Zona de Transição
C2.6 Zona de Recuperação
C3) Programas de Manejo
C3.1 Programa de Administração
C3.1.1 Subprograma de Infraestrutura e equipamentos
C3.2 Programa de Proteção e Fiscalização
C3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento
C3.4 Programa de Visitação
C3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica
C3.6 Programa de Comunicação
B4) Projetos Específicos
B5) Cronograma de atividades e custos
108
RPPN Monte Alegre
C - PLANEJAMENTO
C1) Objetivos específicos de manejo
Os objetivos específicos da RPPN Monte Alegre são:
Proteger as paisagens naturais de notável beleza cênica;
Preservar as fitofisionomias existentes na área;
Proteger espécies da fauna, principalmente as espécies raras e/ou ameaçadas de
extinção;
Proporcionar a pesquisa científica;
Aumentar a área protegida do bioma Caatinga e Mata Atlântica;
Realizar visitas na área da RPPN.
C2) Zoneamento
O zoneamento é o ordenamento territorial da Unidade de Conservação e
estabelece usos diferenciados para cada área, de acordo com as características físicas,
geológicas e estruturais, bem como suas potencialidades e especificidades, como
atrativos culturais, belezas cênicas. Então, para o gestor, o principal objetivo do
zoneamento ambiental é servir como um guia da UC, ou seja, um instrumento que
permite integrar o uso limitado da RPPN com a conservação e manutenção da
integridade da Reserva em longo prazo.
Para o desenvolvimento do zoneamento da RPPN Monte Alegre foram
delimitadas áreas com finalidades específicas de uso e ocupação com o propósito de
aumentar o grau de proteção da UC, através da determinação de normas de uso nas
áreas internas e circunvizinhas. Então, seguem as categorias destacadas por Ferreira et
al. (2004) e apresentadas no Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo
para RPPNs.
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RPPN Monte Alegre
C2.1 Zona Silvestre
Área considerada de extrema importância. Apresenta poucos indícios de
alterações e possui alto grau de conservação, que se destina à preservação da
biodiversidade local, monitoramento e pesquisas científicas, além de servir como banco
natural de sementes para processos naturais de sucessão secundária na zona de
regeneração.
Não será permitido na Zona Silvestre:
Poluição sonora;
Presença de animais domésticos;
Presença de gado;
Visitas de pessoas não autorizadas;
Coleta de plantas, caça de animais silvestres ou extração de quaisquer outros
produtos naturais sem a devida autorização do órgão ambiental competente ou
do proprietário;
Soltura de animais e plantio de espécies exóticas;
Invasões ou instalação de assentamentos.
C2.2 Zona de Proteção
Áreas com poucas intervenções antrópicas, destinadas à pesquisa,
monitoramento da biodiversidade, proteção dos recursos naturais, bem como
contribuírem para dispersão das espécies em áreas que se encontram em estádio de
regeneração.
Não será permitido na Zona de Proteção:
Quaisquer atividades ou intervenções antrópicas que comprometam a
preservação ambiental, processos naturais e a evolução do ecossistema;
Visitação, com exceção de pesquisadores com permissão do gestor da unidade e
do órgão ambiental competente;
Coleta de plantas, caça de animais silvestres ou extração de produtos naturais
sem a devida autorização do órgão ambiental competente ou do proprietário;
110
RPPN Monte Alegre
Soltura de animais e plantio de espécies exóticas;
Invasões ou instalação de assentamentos.
Por esses motivos, tal área necessita de uma fiscalização intensa a fim de
coibir as pressões antrópicas.
C2.3 Zona de Visitação
Zona constituída de áreas naturais, permitindo alguma forma de alteração
humana. São destinadas à conservação e às atividades de visitação. Deve conter
potencialidades, atrativos e outros atributos que justifiquem a visitação. As atividades
abrangem educação ambiental, conscientização ambiental, turismo científico, ecoturismo,
recreação, interpretação, lazer e outros. Essa zona permite a instalação de infraestrutura,
equipamentos e facilidades, como centro de visitantes, trilhas, painéis, mirantes,
pousadas, torres, trilhas suspensas, lanchonete, alojamentos e hotel, para as quais se
devem buscar adotar alternativas e tecnologias de baixo impacto ambiental.
Não será permitido na Zona de Visitação:
Quaisquer atividades ou intervenções antrópicas que comprometam a
preservação ambiental, processos naturais e a evolução do ecossistema;
Coleta de plantas, caça de animais silvestres ou extração de produtos naturais
sem a devida autorização do órgão ambiental competente ou do proprietário;
Soltura de animais e plantio de espécies exóticas;
Invasões ou instalação de assentamentos.
C2.4 Zona de Transição
Consiste em uma faixa ao longo do perímetro da reserva. Representa a área
responsável por promover o amortecimento de intervenções antrópicas e contribuir com a
integridade da RPPN.
Não será permitido na Zona de Transição:
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RPPN Monte Alegre
Qualquer tipo de visitação sem o acompanhamento do gestor ou monitor da
RPPN;
Coleta de plantas, caça de animais silvestres ou extração de produtos naturais
sem a devida autorização dos órgãos ambientais competentes;
Pesquisas sem autorização do órgão ambiental competente e do proprietário;
Soltura de animais e plantio de espécies exóticas;
Invasões ou instalação de assentamentos;
Remoção da cobertura vegetal para plantio de culturas de subsistência.
MAPA 7: Zoneamento Ambiental da RPPN Monte Alegre.
112
RPPN Monte Alegre
113
RPPN Monte Alegre
C3) Programas de Manejo
Os Programas de Manejo geram diretrizes e agrupam atividades para uma
adequada gestão da RPPN. A estrutura do Plano de Manejo em programas permite que
as atividades sejam descritas em grupos temáticos, facilitando a gestão e o manejo da
RPPN.
Os programas descritos são os de Administração, Visitação, Proteção e
Fiscalização, Pesquisa e Monitoramento, Sustentabilidade Econômica,
Comunicação e Integração com a Área de Influência. Para um melhor detalhamento, o
Programa de Administração deverá apresentar o Subprograma de infraestrutura e
equipamentos.
Cada programa constará da seguinte estrutura:
Objetivos e Resultados Esperados: são as situações positivas e desejadas;
Atividades, Subatividades e Normas: são as ações a serem desenvolvidas e
acompanhadas de normas específicas;
Para a distinção das atividades e normas em cada programa e subprograma,
deve-se considerar a legenda de marcadores abaixo:
LEGENDA
N. Atividades
N.n. Subatividades
Normas
Normas Gerais da RPPN Monte Alegre
Os projetos específicos de pesquisa e monitoramento deverão ser elaborados e
desenvolvidos, preferencialmente, sob orientação de profissionais especializados;
São proibidas a caça e coleta de espécimes da fauna e da flora, ressalvadas aquelas
com finalidades científicas, desde que autorizadas pelos proprietários e,
obrigatoriamente, pelo ICMBio;
Caso o desenvolvimento de alguma atividade apresente indícios de danos à RPPN,
deverá ser suspensa para avaliação, bem como para elaboração e adesão de
procedimentos corretivos;
114
RPPN Monte Alegre
São proibidos o ingresso e a permanência na RPPN, de pessoas portando armas,
materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça ou quaisquer outras atividades
prejudiciais à fauna, flora ou recursos naturais;
É proibida a entrada de animais domésticos na RPPN.
Normas Gerais para a Propriedade
Sugere-se o controle ou a erradicação de animais domésticos (gatos e cachorros
predadores de animais nativos) na RPPN e em seu entorno imediato.
Sugere-se a implantação de um viveiro de quarentena para readaptação de animais
silvestres apreendidos para posterior soltura, sendo sua construção orientada pelo órgão
ambiental competente.
C3.1 Programa de Administração
OBJETIVO
O programa de administração tem como objetivo gerar diretrizes que
garantam o funcionamento da RPPN. Suas atividades e normas relacionam-se aos
procedimentos administrativos a serem adotados, organização, controle, manutenção da
área e, ainda, àquelas relacionadas à sua monitoria. Tendo em vista os principais
objetivos da RPPN Monte Alegre, a saber: visitação, pesquisa e monitoramento para a
conservação da biodiversidade; a sua gestão apropriada demandará, minimamente, um
funcionário (que pode ser o próprio proprietário) e um ponto de apoio específico, que
poderá ser na própria sede do Sitio Monte Alegre e Pitaguary. A gestão da RPPN estará
sob a responsabilidade desse funcionário, que deve atuar de acordo com o disposto
nesse plano de manejo.
As atividades a serem exercidas na RPPN englobam os recursos humanos,
capacitação dos gestores e funcionários, bem como o estabelecimento de atividades de
implantação, aquisição e manutenção de infraestrutura e equipamentos, em subprograma
específico.
O responsável pela RPPN deverá:
115
RPPN Monte Alegre
Pesquisa e Monitoramento:
- Agendar expedições de campo de pesquisas;
- Controlar o fluxo de pessoas no interior da RPPN;
- Desenvolver e manter sistema de armazenamento de informações, ou seja, o acervo da
RPPN, que será composto por:
Documentação relativa à UC, como portaria do IBAMA/ICMBio, ADA, CCIR, ITR,
eventuais laudos e pareceres técnicos, etc.;
Projetos e respectivas autorizações de pesquisas, relatórios, publicações
científicas, materiais audiovisuais, etc.;
Convênios, acordos de cooperação técnica, termos de parcerias e outros
instrumentos formais de cooperação técnica e científica;
Manter infraestrutura de apoio a pesquisas e monitoramento, como alojamento
para pesquisadores, trilhas, etc.
Visitação:
- Agendar as visitas;
- Estabelecer regras de visitação, tais como número de pessoas, horários de visitação,
etc.;
- Cadastrar os visitantes e armazenar as informações referentes às visitas.
Comunicação:
- Construir e manter uma boa relação com as comunidades locais e instituições de
pesquisa;
- Identificar especialista em comunicação e marketing, para criação da identidade visual e
folheto de divulgação da RPPN junto às instituições acadêmicas, as comunidades locais
e visitantes em geral.
116
RPPN Monte Alegre
RESULTADOS ESPERADOS
Pessoas que trabalham na RPPN capacitadas;
Rotinas de serviço estabelecidas;
Orçamentos anuais elaborados;
Sinalização implantada.
ATIVIDADES E NORMAS
1. Designar pessoa responsável pela gestão da RPPN
O gestor da Reserva deverá ser capacitado e munido de conhecimentos suficientes
sobre a área e os procedimentos legais de gestão.
2. Designar responsável (is) pela execução das atividades relacionadas à proteção,
fiscalização, visitação e manejo de recursos da RPPN
Este (s) responsável (is) deverá (ão) desempenhar as atividades listadas nos
respectivos Programas de Manejo, além de suprir de mão-de-obra todas as demandas
cotidianas da RPPN;
Em caso de contratações, estas deverão ser realizadas conforme a legislação
trabalhista.
3. Capacitar os funcionários que trabalham na RPPN no desenvolvimento das
atividades
Os funcionários deverão ser capacitados em temas relacionados à função de guarda-
parque e guia turístico;
Unir-se com os demais proprietários de RPPNs e chefes de UCs do município e
adjacências, visando a realização dos cursos de forma conjunta, constituindo uma boa
estratégia para a redução dos custos e para compartilhar experiências.
4. Aderir a rotinas e escalas de serviço
Para a proteção e fiscalização deverão ser consideradas as demandas de serviço em
diferentes épocas sujeitas aos seguintes fatores: a) riscos de incêndios, b) períodos mais
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RPPN Monte Alegre
propícios para apanha de animais e caça, c) rondas e segurança intensificada, d)
acompanhamento de técnicos, pesquisadores no desenvolvimento de pesquisas, demais
visitantes, dentre outros;
Para o funcionamento do sistema de proteção, fiscalização e manejo de recursos,
deverão ser adquiridos equipamentos e materiais específicos para este fim. A relação de
equipamentos pode ser consultada no Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos.
5. Elaborar o orçamento prevendo todas as despesas para atender a estrutura e
demandas da RPPN.
O orçamento deverá ser elaborado anualmente.
C3.1.1. Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos
OBJETIVO
O Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos visa garantir a instalação
da infraestrutura, bem como a aquisição de equipamentos para o atendimento das
atividades previstas nos demais programas.
Normas gerais para implantação de infraestrutura
Deverão ser consideradas as APPs, respeitando os limites estabelecidos na legislação
ambiental vigente;
A infraestrutura deverá ser implantada mediante projeto específico;
Os projetos deverão prever todos os impactos possíveis, principalmente erosões e
contaminação das águas subterrâneas e superficiais;
As infraestruturas serão instaladas privilegiando o sombreamento natural, as curvas de
nível e, de preferência, utilizando materiais e a mão-de-obra local;
Todo o conjunto seguirá um padrão estético e harmônico com o ambiente circundante,
considerando as características histórico-culturais da região;
118
RPPN Monte Alegre
Deverá ser prevista a disposição adequada de resíduos de construção, tubulações e
outros resíduos;
Deverá ser promovida a manutenção regular de toda a infraestrutura e equipamentos.
Normas gerais para aquisição, utilização e manutenção de equipamentos e
materiais permanentes.
Os materiais de segurança e apoio ao combate a incêndios serão de boa qualidade e
armazenados em depósito específico;
Deverá ser organizado e mantido um inventário atualizado de todo o patrimônio, bem
como uma rotina de manutenção;
Todos os produtos que vierem acompanhados de manual deverão ter suas indicações
de uso praticadas obrigatoriamente pelos usuários, visando sua otimização e
durabilidade.
ATIVIDADES E NORMAS
1. Adequar a trilha para minimização dos impactos e contenção de erosões
Deverão ser melhorados os drenos já existentes, visando minimizar o escoamento
superficial da água nas épocas de chuva;
Em locais de descida sem afloramentos rochosos, deverão ser dispostas pedras
formando uma escadaria e saídas laterais para água, visando tanto a redução de
acidentes quanto a utilização de um caminho único;
Na trilha, onde o trecho possui raízes expostas, deverá ser construída uma passarela
gradeada de forma que o seu crescimento não seja prejudicado;
Nos casos de focos de erosão deverá haver um trabalho mais intenso, com o manejo
de troncos caídos e ações de redução da velocidade da água e carreamento do solo;
Realizar o plantio de mudas nativas nas encostas das trilhas, quando for o caso,
reduzindo processos erosivos.
2. Implantar a sinalização na área de acesso
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RPPN Monte Alegre
A sinalização deverá ser de dois tipos: indicativa e informativa. A indicativa deverá
orientar a população sobre a existência de uma Reserva no local. A informativa tem a
função de ilustrar (mapas e fotos) e informar/interpretar, por meio de painéis, por
exemplo, os dados da RPPN e da região, tais como dados da flora e fauna, bem como
histórico/culturais;
Para os dois casos, deverão ser priorizados materiais rústicos e harmônicos ao meio
ambiente.
3. Implantar marcos nos limites da RPPN com a área remanescente da propriedade
Todos os vértices mapeados no memorial descritivo da RPPN correspondentes aos
limites da Reserva com a área remanescente do Sitio Monte Alegre e Pitaguary devem
ser materializados por meio de marcos de concreto.
4. Adquirir equipamentos e materiais permanentes de apoio às atividades de
primeiros socorros, proteção e fiscalização, tais como:
a. Proteção e fiscalização: calças e jaquetas resistentes, camisas identificando as
pessoas da RPPN, botas, chapéus, luvas de couro, cantis, lanternas, canivetes, facões,
radio comunicadores e kit primeiros socorros.
b. Combate a incêndios florestais: equipamentos individuais (EPIs), abafadores,
enxadas, facões, bombas costais, dentre outros.
É obrigatória a adoção de uniformes e equipamentos de segurança específicos para
as atividades de proteção e fiscalização, garantindo o conforto e segurança dos
funcionários;
Para evitar acidentes é necessário o uso de botas de couro ou borracha e luvas de
couro, principalmente quando o funcionário estiver manuseando diretamente com
entulhos ou materiais estocados. Essas providências reduziriam sensivelmente a
quantidade de acidentes, principalmente com animais peçonhentos;
A validade dos medicamentos que compõem o kit de primeiros socorros deverá ser
constantemente verificada.
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RPPN Monte Alegre
C3.2 Programa de Proteção e Fiscalização
OBJETIVO
O Programa visa garantir a proteção dos ecossistemas e a manutenção da
biodiversidade.
RESULTADOS ESPERADOS
Rondas periódicas de fiscalização;
Sistema de Prevenção e combate a incêndios;
Placas informativas em pontos estratégicos da RPPN;
Abertura de trilhas rústicas para a fiscalização;
Programar ações de prevenção e controle de erosões em trilhas.
ATIVIDADES E NORMAS
1. Realizar rondas periódicas de fiscalização
Deverão ser realizadas rondas periódicas de combate à caça e à coleta ilegal de
plantas nas trilhas desativadas e limites da propriedade;
O (s) responsável (is) pela realização das rondas deverá (ão) ser capacitado (s) para o
desempenho das atividades.
2. Implantar o sistema de combate a incêndios
Firmar parceria com a brigada de incêndio que atende na região para combater
eventuais focos de incêndio, através do órgão ambiental competente;
Estabelecer contato com os proprietários vizinhos à RPPN, visando alertá-los do risco
do uso do fogo e do risco de incêndios na Reserva;
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RPPN Monte Alegre
Denunciar queimadas não autorizadas no entorno da reserva à SEMACE e ao Sistema
Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO/IBAMA);
O funcionário responsável pela RPPN deverá ser capacitado para atuar no combate a
eventuais focos de incêndio, com o apoio do PREVFOGO/IBAMA;
Deverão ser utilizados aceiros como medida de contenção.
3. Inserir placas informativas em pontos estratégicos da RPPN
Instalar placas de sinalização de advertência informando a existência no local de uma
Reserva;
Instalar placas no perímetro da Reserva próximo às comunidades do entorno
alertando para a não realização de práticas que possam colocar em risco a Reserva, tais
como queimar lixo, entrar sem autorização e controle de animais de criação.
4. Implementar ações de prevenção e controle de erosões em trilhas
Deverão ser identificados pontos estratégicos de intervenção, visando minimizar os
impactos;
Deverão ser adotadas ações de redução da velocidade de águas pluviais a fim de
diminuir sua capacidade de carrear o solo. O manejo de troncos e galhos caídos constitui
ótima barreira tanto para diminuir a velocidade da água, como para fechar atalhos e
caminhos paralelos;
O material orgânico do solo não deve ser retirado totalmente, pois forma camada
natural de proteção ao impacto mecânico da chuva, prevenindo erosões;
A drenagem da trilha deverá ser feita por meio de canais laterais, em sentido
perpendicular ou diagonal a trilha (tanto em nível, quanto subterrâneo);
Valas e barreiras oblíquas à superfície da trilha deverão ser adotadas facilitando o
escoamento e diminuindo a velocidade da água;
O espaço limite para fazer o desbaste da vegetação deverá ser o corredor da trilha
que inclui as áreas acima e nas laterais do caminho, sendo utilizada a roçagem, capina e
poda como as formas corriqueiras de manejo;
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RPPN Monte Alegre
Todas as trilhas deverão receber constante manutenção quanto às medidas de
contenção de erosões, invasão de plantas de rápido crescimento e presença de animais
que possam causar acidentes, como abelhas e vespas.
C3.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento
OBJETIVO
O Programa de Pesquisa e Monitoramento tem como meta proporcionar
subsídios mais detalhados para a proteção e o manejo ambiental. Está relacionado às
pesquisas científicas a serem complementadas, na definição de outros temas, auxiliando
as ações de monitoramento a serem desenvolvidos na RPPN, bem como outros estudos
que se fizerem necessários.
As pesquisas não devem ser limitadas à RPPN, tendo em vista que o seu
entorno possui ecossistemas relevantes e funciona também para amortecer possíveis
impactos. A propriedade será igualmente abordada nas atividades e normas que se
seguem, embora as maiores restrições e cuidados sejam indicados para a área da UC.
ATIVIDADES E NORMAS
Normas gerais para as atividades de Pesquisa e Monitoramento
A realização de pesquisa deverá ter autorização dos proprietários e do ICMBio,
conforme legislação vigente;
As coletas de material biológico deverão ser autorizadas pelo proprietário e pelo órgão
ambiental competente;
Os procedimentos deverão levar em conta o mínimo impacto ao ambiente e sua
dinâmica, respeitando sempre as restrições estabelecidas pelo zoneamento da RPPN;
As pesquisas deverão ser coordenadas por profissionais especializados nas
respectivas áreas de abordagem;
Todos os estudos serão precedidos de um projeto de pesquisa e de um termo de
compromisso, disciplinando a conduta, o uso das instalações e manuseio adequado dos
123
RPPN Monte Alegre
equipamentos da propriedade e firmando a obrigatoriedade de entrega dos resultados
finais;
Cópias de todas as pesquisas realizadas deverão ser arquivadas, incrementando o
acervo da RPPN, bem como cadastradas num banco de dados;
Os proprietários deverão fornecer aos pesquisadores dados de pesquisas já
disponíveis sobre a área, otimizando as oportunidades de aprofundamento das
informações geradas anteriormente.
1. Incentivar a realização de pesquisas científicas
A realização de pesquisas científicas por parte de instituições acadêmicas e
conservacionistas de interesse da RPPN deverá ser incentivada;
Deverão ser elaborados projetos de pesquisa visando estudo para controle e possível
erradicação de espécies vegetais invasoras no interior da RPPN;
Deverá ser controlada a soltura de animais no entorno da RPPN, tendo em vista a
grande concentração de aves de rapina oriundas de soltura sem estudo populacional da
espécie na região;
A elaboração de um Sistema de Informação Geográfica – SIG deverá ser formulado,
composto por todos os dados levantados durante os estudos para a elaboração do plano
de manejo, bem como informações geradas em pesquisas futuras.
C3.4 Programa de Visitação
OBJETIVO
O Programa de Visitação tem como meta estabelecer, orientar, direcionar e
ordenar as atividades de uso público na RPPN, em relação às atividades de educação
ambiental e lazer, enriquecendo as experiências de caráter ambiental, ecoturístico e
histórico/cultural dos visitantes.
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RPPN Monte Alegre
RESULTADOS ESPERADOS
Estruturas de apoio aos visitantes implantadas;
Alojamento e atrativos implantados;
Atividades de educação ambiental apoiadas;
Controle de visitação implantado;
Preços de ingressos definidos.
ATIVIDADES E NORMAS
Normas Gerais para as atividades de Visitação
A RPPN será aberta para visitação durante o dia, exceto em casos especiais, como a
prática de observação de fauna;
Para a realização de atividades diferenciadas, que necessitem de horários distintos de
visitação, o visitante deverá solicitar autorização prévia da administração;
Todos os visitantes deverão necessariamente ser cadastrados pela administração,
momento em que receberão instruções sobre os atrativos, custos e conduta;
Os visitantes deverão ser advertidos de que somente poderão desfrutar das áreas
destinadas ao uso público, evitando assim comprometer a integridade das áreas naturais
e sua própria segurança;
As trilhas deverão ser autoguiadas o que não impede a entrada de grupos organizados
com seu próprio guia ou o serviço de condução oferecido pela RPPN.
1. Programar o roteiro de visitação
Poderão ser instalados equipamentos de apoio, tais como bancos rústicos, passarelas
e pontes;
A Pedra do Letreiro poderá ter equipamentos de apoio: bancos e deck para melhorar o
conforto e segurança dos visitantes, contanto que sejam implantados em local e de forma
a não descaracterizar a área;
As trilhas deverão ser organizadas com sinalização e equipamentos de apoio,
implantando pontos de descanso.
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RPPN Monte Alegre
2. Implementar a sinalização na área de uso público e acessos
A sinalização deverá ser de dois tipos: indicativa e informativa. A indicativa deverá
direcionar o visitante, por meio de setas ou com o nome do atrativo. A informativa tem a
função de ilustrar (mapas e fotos) e informar/interpretar, por meio de painéis, por
exemplo, com dados da RPPN e região, sobre a flora e a fauna;
A sinalização deverá ser implantada conforme descrito no Subprograma de
Infraestrutura e Equipamentos do Programa de Administração.
3. Produzir material com informações do uso público
Deverão ser produzidos materiais impressos sobre os atrativos da RPPN, com
ilustrações e contatos, conforme descrito no Programa de Comunicação e Integração
com a Área de Influência.
4. Apoiar e estimular a visitação de grupos de interesses específicos, tais como
escoteiros, observadores de aves, etc.
Grupos específicos devem ser apoiados, pois têm organização própria e poderão
subsidiar novas atividades de visitação.
5. Organizar eventos em datas comemorativas
Sugere-se para estas ocasiões, a divulgação e celebração de datas especiais ligadas
ao meio ambiente e cultura, aproveitando as que já são comemoradas na região ou
sugerindo novas.
6. Capacitar o funcionário para trabalhar com uso público
A capacitação deverá privilegiar temas ambientais.
7. Implantar o controle de visitação
Ao entrar na propriedade o visitante deverá ser direcionado à administração para ser
informado sobre as opções, preços e conduta;
7.1 Definir o valor e a isenção da taxa de ingresso e dos serviços oferecidos
Dependendo do tipo de visitação, os preços poderão aderir a pacotes promocionais;
É importante que o visitante tome conhecimento que parte do recurso será destinada à
conservação da RPPN;
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RPPN Monte Alegre
Em eventos especiais (cursos, datas comemorativas) poderão ser feitos pacotes com
descontos ou ingresso único com direito a usufruir de todos os atrativos e serviços;
Entrada gratuita poderá ser oferecida aos alunos da rede de ensino público do
município sede e vizinhos.
8. Organizar e apoiar atividades de educação ambiental
A Educação Ambiental deverá estar presente em todas as atividades;
As estruturas podem ser aproveitadas para a realização de oficinas e dinâmicas de
sensibilização;
8.1. Apoiar visitas de escolas públicas municipais
Sugere-se que sejam realizadas visitações de professores e alunos das escolas da
região, com temas relacionados à grade curricular;
C3.5 Programa de Sustentabilidade Econômica
OBJETIVO
O Programa de Sustentabilidade Econômica tem como meta informar
possibilidades e fontes de captação de recursos para implementar a gestão da RPPN.
A RPPN Monte Alegre possui quatro possibilidades de receita, conforme os
itens abaixo.
- A primeira possibilidade de receita é a proveniente de fundos, financiamentos e
doações, tais como:
Fundo Nacional do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Criado pela Lei 7.797 de 10 de julho de 1989, o Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA) tem por missão contribuir, como agente financiador e por meio da
participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA). Desde sua criação o FNMA apóia projetos ambientais em todo o país.
127
RPPN Monte Alegre
Aliança da Caatinga (http://www.acaatinga.org.br/index.php/alianca/)
A Aliança da Caatinga desenvolve desde 2007 o Programa de Incentivo à
Conservação em Terras Privadas na Caatinga, que tem como estratégia três
componentes principais: (1) o apoio à criação e gestão (plano de manejo) de reservas
particulares e adequação ambiental de propriedades rurais; (2) fortalecimento da rede de
associações de proprietários de RPPN e (3) a identificação e implementação de políticas
e mecanismos que incentivem a criação e manutenção de reservas particulares.
Fundação O Boticário de Conservação da Natureza (www.fbpn.org.br)
O Programa de Incentivo à Conservação da Natureza tem por objetivo
financiar projetos que contribuam efetivamente para a conservação da natureza no Brasil,
através do apoio a ações de: manejo de unidades de conservação, conservação e
manejo de espécies ameaçadas, fiscalização e proteção ambiental, valorização e manejo
de áreas verdes urbanas, controle de espécies exóticas invasoras, restauração de
ecossistemas, desenvolvimento e implementação de políticas públicas e legislação
ambiental e pesquisa aplicada em ecologia e conservação da natureza.
Fundação SOS Mata Atlântica (www.sosma.org.br)
Comemorando em 2011 vinte e cinco anos de existência, esta fundação apoia
projetos voltados à conservação da biodiversidade em regiões que ainda apresentam
fragmentos de Mata Atlântica no Brasil, como é o caso do município de Pacatuba, local
onde está inserida a RPPN Monte Alegre.
ONGs Internacionais
The Nature Conservancy – TNC (www.tnc.org.br)
Conservation International – CI (www.conservation.org.br)
World Wildlife Fund – WWF (www.wwf.org.br)
- A segunda possibilidade de receita é a proveniente de isenção de taxas (Ex.: Imposto
Territorial Rural-ITR).
- A terceira possibilidade de receita é proveniente de cobrança de taxas de visitação.
- A quarta possibilidade de receita é proveniente de recursos dos proprietários.
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RPPN Monte Alegre
C3.6 Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência
OBJETIVO
O Programa de Comunicação e Integração com a Área de Influência visa abordar
as necessidades e formas de lidar com o público externo, institucional ou não, e
comunidade local. Inclui questões como a divulgação da interação da área com seu
ambiente de entorno direto e possíveis parceiros.
RESULTADOS ESPERADOS
Logomarca aplicada em materiais;
Materiais de apoio e divulgação elaborados e confeccionados;
Parcerias para o desenvolvimento de atividades da RPPN estabelecidas;
RPPN divulgada.
ATIVIDADES E NORMAS
1. Utilizar a logomarca da RPPN
A logomarca da RPPN deverá ser utilizada em todo material produzido, incluindo o
uniforme do funcionário, painéis, panfletos, placas de sinalização, etc.
2. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento das atividades da RPPN
Deverão ser estabelecidas parcerias com os vizinhos, RPPNs da região, ONGs,
instituições de pesquisa, Prefeituras Municipais, Instituições Governamentais
Ambientalistas, dentre outras, objetivando fortalecer a RPPN, além de obter apoio técnico
e troca de experiências, o que poderá reduzir custos.
3. Estabelecer parceria com os vizinhos da RPPN
Essa parceria deverá ser estabelecida através da gestão integrada da RPPN Monte
Alegre, visando à formação de brigadas de incêndios florestais, proteção de fauna e flora
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RPPN Monte Alegre
através de boa conduta e denúncias, adesão de melhores práticas ambientais, incentivo
ao reflorestamento com plantas nativas na RPPN e em entorno, entre outros.
4. Integrar a RPPN às Redes de Reservas Particulares
A RPPN Monte Alegre se manterá incorporada à Associação de Proprietários de
RPPNs do Estado do Ceará - Asa Branca – e à Confederação Nacional de RPPNs -
CNRPPN.
5. Estabelecer parcerias com a Prefeitura Municipal de Pacatuba e Prefeituras dos
municípios vizinhos
As Secretarias de Meio Ambiente poderão colaborar na realização de atividades de
sensibilização e conscientização quanto à questão ambiental;
O gestor da RPPN deverá se articular para participar de conselhos e outros grupos,
caso existam.
6. Estabelecer parceria com o ICMBio e SEMACE
O ICMBio e a SEMACE deverão ser informados sobre todas as ameaças à RPPN e
deverão ser solicitadas, sempre que necessárias, ações de fiscalização no seu entorno;
A RPPN poderá integrar-se aos programas de governo desenvolvidos na região.
7. Estabelecer parceria com instituições de pesquisa
Alunos de graduação e pós-graduação, bem como pesquisadores em geral, poderão
realizar suas pesquisas na RPPN. As universidades podem ser parceiras, colaborando
com informações científicas.
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RPPN Monte Alegre
PARTE D
INFORMAÇÕES FINAIS
D1) Referências Bibliográficas
131
RPPN Monte Alegre
D – INFORMAÇÕES FINAIS
D1) Referências Bibliográficas
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RPPN Monte Alegre
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