Design de Produto
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NEAD
Núcleo de Educação a Distância
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DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e proissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando proissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
proissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e proissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
Olá, aluno(a)! Bem-vindo(a) ao mundo da moda. Este livro está dividido em cinco
unidades, cada qual com um conhecimento diferente e que juntas, ao inal, possi-
bilitarão a você desenvolver a capacidade de pesquisar e interpretar os direciona-
mentos de moda com o intuito de organizar, planejar e desenvolver uma coleção
de moda direcionada para um determinado público-alvo. A seguir, apresentamos
o que você estudará em cada unidade.
Na Unidade I, estaremos dentro do universo da pesquisa de moda, aprenderemos
a observar e organizar o que nos inspira e também como interpretar os diferentes
níveis de uma tendência e qual a sua função. Uma pesquisa de moda é o primeiro
passo para o desenvolvimento produtivo e criativo de uma coleção.
Na Unidade II, aprenderemos a planejar e estruturar uma coleção de moda. An-
tes de sair por aí desenhando sem alguma referência ou algum direcionamento,
é necessário estabelecer parâmetros para a coleção. Assim, deinir prazo, orça-
mento e etapas para o desenvolvimento competem à geração de um cronograma
de desenvolvimento de coleção, deinição das cores e matérias-primas que serão
utilizadas, quais as peças e qual o peril delas em relação ao público-alvo, criando,
assim, o mix de produtos.
Na Unidade III, abordaremos como direcionar o processo criativo de uma maneira
assertiva a partir da análise de venda de coleções anteriores, da estruturação das
etapas de desenvolvimento do projeto de produto adaptado ao produto de moda
e como esse processo pode colaborar, ainda, na criação de um portfólio de moda
para o estilista/designer de moda.
Na Unidade IV, faremos o acompanhamento de uma coleção por meio dos registros
necessários para que as peças sejam produzidas corretamente, saberemos o que
observar e analisar durante uma prova de roupas com a peça piloto e aprendere-
mos, também, alguns possíveis direcionamentos de mercado em que uma coleção
pode se enquadrar.
Por im, na Unidade V, veremos estratégias de aproveitamento de materiais e
coleções passadas, com foco na sustentabilidade e em propostas que estendam o
ciclo de vida do produto de moda.
Ótimos estudos!
INTRODUÇÃO
O
lá, seja bem-vindo(a), aluno(a). Nesta unidade, daremos iní-
cio às primeiras atividades que correspondem a observar,
compreender, selecionar e interpretar as informações sobre
moda, tendências, estilos e que, posteriormente, serão con-
densadas na coleção. Aprenderemos a realizar a pesquisa de moda de
forma correta, produtiva e coerente com o peril do público-alvo e do
segmento selecionado pela empresa, ou seja, peril de consumidores.
Conheceremos quais são as técnicas utilizadas pelos coolhunters,
proissionais especializados na observação e predição de tendências, para
auxiliar no processo do entendimento dos direcionamentos da moda. A
pesquisa de moda é o primeiro passo para o desenvolvimento de um pro-
duto ou coleção e, muitas vezes, é uma atividade contínua em uma em-
presa. Veremos também, qual o ponto de partida e a função das tendên-
cias de moda para o desenvolvimento de uma coleção e aprenderemos
como utilizar esses direcionamentos de maneira assertiva no desenvolvi-
mento da coleção.
Tão importante quanto realizar uma pesquisa de moda correta é
saber analisar, selecionar e iltrar as informações coletadas para então,
posteriormente, construir o conceito da coleção. Esse conceito, caro(a)
aluno(a), veremos, detalhadamente, como deve ser realizado por meio da
geração de painéis organizativos oriundos da pesquisa, bem como deve-
mos utilizar, extraindo informações do painel conceitual da coleção. Uma
pesquisa de moda muito bem delineada fornece todas as informações
necessárias para o desenvolvimento de uma coleção.
DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
Quanto mais variada for a fonte da pesquisa, de tendência artesanal, ou seja, de qual localidade é
maiores as possibilidades da geração de diferentes oriunda, se existe diiculdade de acesso, e também,
tipos de informações, sendo assim, o designer deve poderá fazer uma pesquisa regional, para veriicar se
identiicar quais são as modalidades que lhe interes- há algum processo artesanal especíico em sua região
sam, conforme o segmento, produto ou público em que possa ser valorizado e inserido em uma coleção.
que deseja atuar. O Quadro a seguir apresenta os tipos de pesqui-
Vamos imaginar que, pesquisando sobre ten- sas que podem ser realizadas e qual o seu objetivo,
dências, de repente, apareçam várias informações porém, não há uma obrigatoriedade de que todas as
e imagens sobre tendências que estão em voga com opções sejam utilizadas, pois um designer de moda
referências artesanais. Automaticamente, o designer sempre deve saber quais são os tipos de pesquisa que
deverá fazer uma busca mais profunda sobre o tipo deve desenvolver para o sucesso de sua coleção.
Quadro 1 - Tipos de Pesquisa e Seus Objetivos / Fonte: adaptado de Treptow (2003, p. 78).
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DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
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DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
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DESIGN DO PRODUTO
Para Liger (2012), existem três patamares da ten- A fad ou moda passageira, como o nome já indica,
dência. O primeiro deles se refere à observação de tem um tempo de duração muito curto, são voláteis
movimentos da sociedade em vários âmbitos, como e surgem de maneira espontânea, em geral estão
econômico, social, comportamento, e esses movi- ligadas diretamente às celebridades ou pessoas de
mentos são traduzidos em conceitos para que fabri- grande alcance midiático, e sua popularidade está
cantes de matéria-prima, aviamentos ou beneicia- ligada aos elementos que a tornam atraente ao pú-
mentos desenvolvam seus produtos. blico (RIEZU, 2009).
O segundo patamar considerado por Liger
(2012) sugere que a tendência é proposta pelos es-
REFLITA
tilistas e designers de grandes marcas que utilizam
as informações do primeiro patamar e desenvolvem
suas coleções propondo o estilo para a determinada Para compreender melhor as tendências e
estação. E, por último, fazem parte do terceiro pata- criar produtos de moda, é preciso ter uma
boa cultura geral. No entanto, não me reiro
mar os produtos que resultam das informações dos
somente ao conhecimento contemporâneo,
dois patamares anteriores e já foram conirmados reiro-me também a conhecer o passado.
por outras marcas e aceitos pelo público em geral.
(Ilce Liger)
Cada tipo de tendência tem duração diferente.
Podemos falar de tendências de moda, mas também
existem as macrotendências, as megatendências e o
fad. Uma tendência de moda é um direcionamento A moda e as tendências estão ligadas à sazonali-
que pode durar até cinco anos e indica a roupa que dade ou a algum aspecto temporal, portanto, po-
vestimos, os gadgets e as expressões de linguagem, demos dizer que acontecem em ciclos, desde sua
por exemplo, que utilizamos e que tendem a mudar ascensão até o seu declínio. Conforme o peril do
de estação para estação (SORGER, 2010). ciclo, ele pode sofrer variações de duração, ou seja,
As macrotendências e megatendências têm rela- alguns estilos duram mais tempo e outros popu-
ção com a observação de mudanças, além das roti- larizam e deixam de existir rapidamente. Também
neiras no nosso dia a dia, como mudanças sociais e nos orientamos quanto ao ciclo de vida do produto,
de comportamento, por exemplo. As macrotendên- que rege o caminho percorrido do lançamento ao
cias podem ser identiicadas nas mudanças políticas declínio, isto é, do início de um produto de moda
e nas novas tecnologias e têm duração de uma a duas no mercado até sua retirada, geralmente, em inal
décadas; já as megatendências costumam durar mais de coleções.
de duas décadas e podem ser identiicadas por meio A seguir, temos a Figura 1, que apresenta um
das mudanças na arquitetura e urbanização, por gráico do ciclo de vida do produto com processo
exemplo, assim como comportamentos e posiciona- de adoção pelos consumidores (percentuais de pos-
mentos ideológicos (LINDKVIST, 2010). síveis compradores em cada fase do ciclo de vida):
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DESIGN
Adotantes
Inovadores Imediatos Retardatários
2,5% 13,5% 16%
Maioria Maioria
Inicial Tardia
34% 34%
Figura 1 - Consumidores que compram produtos de moda / Fonte: Lima (2008, p. 91).
Este gráico traz a curva de adoção ou, ainda, Difusão observar as experiências de outros usuários para fa-
de Inovações, ou seja, o posicionamento dos consu- zer a aquisição do novo produto, com isso, consegue
midores perante o produto, mostrando percentuais ver as vantagens que o produto oferece antes da ade-
que identiicam suas respectivas compras, isto é, em são. Já a Maioria Tardia, caracterizada pelo mesmo
qual momento, quantos são, como consomem e são percentual de 34% da Maioria Inicial, tende a resistir
classiicados em: Inovadores, Adotantes Imediatos, mais às mudanças, pois não gosta de correr riscos
Maioria Inicial, Maioria Tardia e Retardatários. e costuma aderir a produtos mais tarde, quando já
Os Inovadores representam 2,5% e são sempre mais testados no mercado.
os primeiros a aderir a uma novidade, assumem ris- Os Retardatários são considerados o último seg-
cos e gostam de estar sempre na moda, são respon- mento a adotar uma inovação. São relutantes em
sáveis por difundir as inovações para maior parte da mudar, não possuem muito acesso aos canais de co-
população, como amigos e pessoas do seu convívio. municação utilizados pelo marketing. Sendo assim,
Os Adotantes Imediatos são 13,5% e têm como ca- sempre compram o produto no inal de sua vida, no
racterística o peril de serem líderes de opinião, já momento de declínio no ciclo de vida do produto
que compram o produto ainda em fase inicial. (LIMA, 2008). Já os produtos classiicados como de
A Maioria Inicial é representada por 34% dos Moda, Modismo ou Clássicos seguem outro ciclo,
consumidores, e esse peril tem como característica como pode ser visto a seguir:
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Pico Pico
De
clín
io Clássico são
cen
são
As
De
cen
clín
As
io
Modismo
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DESIGN DO PRODUTO
Como podemos observar nos exemplos citados, ao O mesmo pensamento deve ser adotado ao transpor
utilizar uma tendência de moda como tema da cole- características do tema à coleção. Por exemplo, uma
ção, é recomendável, se possível, que esta se conecte peça pode seguir os direcionamentos quanto à mo-
com as outras tendências. Por esta razão, é interes- delagem da tendência, mas ser confeccionada com
sante unir uma inspiração a uma tendência. Seguir um tecido estampado personalizado que tem rela-
somente uma tendência de moda que foi apresen- ção com o tema. Estes painéis devem ser desenvolvi-
tada em uma feira ou em um caderno de tendên- dos após deinição de inspiração e conceito e fazem
cias não necessariamente deine sua coleção como parte do processo criativo de uma coleção.
criativa, já que somente reproduz informações de Não existe uma forma especíica para que a co-
uso comum e acessíveis a todas as marcas. Associar nexão entre as tendências e o tema ocorra, sendo as-
elementos criativos da pesquisa pode proporcionar sim, muitos estilistas têm diiculdade em trabalhar
exclusividade e conceito a uma coleção. com as informações juntas. Porém a prática deve
Alguns estilistas, querendo diferenciar, ou dei- ser realizada e, mais importante ainda, é que o tema
xar a coleção exclusiva, utilizam como temática al- seja de uma área de interesse do criador. Isso por-
guma viagem que izeram, por exemplo, de férias ou que um tema de conhecimento do estilista pode ser
de uma pesquisa de moda. Sua vivência e suas re- aproveitado com melhor resultado, uma vez que há o
cordações pessoais, sensoriais e fotográicas servem conhecimento especíico sobre ele; assim, mais deta-
de material para o desenvolvimento de modelagens, lhes podem ser aproveitados para o desenvolvimento
cartela de cores, materiais e estampas. de peças, efeitos e estilos na coleção. Ao contrário, se
Hoje, a moda proporciona-nos uma série de di- um tema for desconhecido, e o designer/estilista não
recionamentos, e um estilista pode escolher um ou se aprofundar o suiciente em informações, pode ser
vários para usar em sua coleção. Portanto, a primeira que a coleção seja supericial em seu aproveitamento.
etapa é selecionar quais tendências farão parte e, na
sequência, devemos interpretar as tendências e divi-
REFLITA
dir as informações, primeiramente, em modelagens,
cores, materiais e efeitos. É uma análise estrutural da
tendência e permite visualizar objetivamente o que e A coleção de sucesso tem sempre algo novo
para propor, com linguagem coerente e uni-
como será inserido na coleção. dade de estilo, destinada a fazer tendência
Uma vez traduzidas as tendências, veriicamos desenvolvendo o tema com diversas soluções
qual a relação com o tema escolhido e como po- e todas são condutíveis em relação ao projeto
de base.
demos inserir, por exemplo, na cartela de cores, al-
guma tonalidade que remeta ao conceito ou a um (Anna Morixe)
26
considerações inais
C
aro(a) aluno(a), esta unidade mostrou conteúdos pertinentes às ativi-
dades que envolvem o observar, compreender, selecionar e interpretar
as informações sobre moda, tendências e estilos. Aprendemos que a
pesquisa de moda é uma fase importante do desenvolvimento de uma
coleção e, por todas as informações que se adquire nesta fase, esta se faz essencial
para o início da criação e deve ser considerada no início do planejamento de
coleção. Tivemos contato com o painel moodboard, como interpretar elementos
com movimento e transpor estes conceitos para os produtos.
Conhecemos quais são as possíveis etapas a serem seguidas para realizar a
pesquisa de moda e como cada uma das modalidades pode oferecer diferentes
indicativos que serão úteis para a coleção, portanto, cabe ao designer identiicar
quais etapas da pesquisa de moda são prioritárias e secundárias para cada cole-
ção ou desenvolvimento de produtos de moda.
Aprendemos também sobre o especialista em predição de tendências, o coo-
lhunter, e como uma das técnicas utilizada por este proissional pode colaborar
com a agilidade da pesquisa de moda e conexão com o mercado. Conhecemos
as modalidades de tendências, a amplitude de interferência e a duração de cada
uma delas para então compreender que as tendências de moda também sofrem
alterações, e que é preciso organizar o processo da pesquisa de moda para acom-
panhar os direcionamentos que o mercado propõe tanto em estilo quanto em
comportamento.
Todo designer deve ter em mente que aprender a elaborar painéis de refe-
rência, fazendo o bom uso de imagens selecionadas com rigor, eleva considera-
velmente o nível de exclusividade de produtos de moda, visto que uma coleção
precisa de peças que caiam no agrado dos consumidores. Nesta unidade, tivemos,
ainda, a oportunidade de aprofundar nosso conhecimento acerca de informações
que se tornam relevantes no decorrer do processo criativo, ou seja, como já citado
anteriormente, na elaboração das referências que são oriundas da criatividade
existente em cada um. Vimos a relevância de imagens expressivas para extração
desses conceitos de inspiração, o que se desenvolve com base nestas expressões.
27
atividades de estudo
a. I - 3, II - 1, III - 4, IV - 2.
b. I - 2, II - 4, III - 1, IV - 3.
c. I - 4, II - 3, III - 1, IV - 2.
d. I - 1, II - 4, III - 2, IV - 3.
e. I - 3, II - 2, III - 1, IV - 4.
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atividades de estudo
31
atividades de estudo
32
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
nhas que uma marca ou empresa possui e coloca à Se a família de produtos é composta por todas
venda no mercado. Já as linhas de produtos são as as linhas de produtos que a empresa comercializa,
divisões dessa família, unindo produtos com grau o mix signiica o fracionamento dessas linhas, ou
de similaridade, de ainidade e também de preço. seja, a totalidade dos produtos oferecidos por uma
De forma genérica, as linhas de produtos também marca ou empresa, separados em tamanhos e cores.
podem ser chamadas de grupo de produtos porque Para que um mix de produtos seja completo, faz-se
compartilham características, canais, clientes ou uso necessária uma análise minuciosa em que se possa
comum, são destinadas a compor o mix de produtos perceber os produtos que apresentam características
de uma organização. em comum e dividi-los por modelos, cores, tama-
Para o segmento vestuário, temos as divisões de nhos e quantidades a serem produzidas. Um mix de
linhas de produtos que, basicamente, acontecem desta produtos organiza toda a coleção de uma marca e
maneira: Tops (partes de cima); Bottoms (partes de bai- deve ser elaborado a cada troca de coleção.
xo); Suits (ternos); Sets (conjuntos femininos); Dresses Podemos inferir que, na moda, qualidade e cria-
(vestidos); Coats (casacos); Overalls (macacões de cor- tividade na criação e desenvolvimento de um novo
po inteiro); Acessories (acessórios); Complements (Né- produto são muito importantes, considerando que esta
cessaires, bolsas, cintos, carteiras entre outros); Gits indústria possui algumas peculiaridades, e as etapas de
(perfumerys, linhas de personal care); Home (coorde- fabricação de uma peça do vestuário não se comunicam
nados ou separados, mas que se compõem). entre si, são fragmentadas, assim airma Rech (2001).
Quando deinimos as linhas de produtos que Entenderemos, então, este conceito de família de
farão parte da coleção, podemos avançar rumo ao produtos e linhas de produtos: a marca Coca-Cola
próximo passo, ou seja, a deinição do mix, que con- tem uma família muito grande de produtos, formada
siste em todas as mercadorias que as empresas ou por refrigerantes, chás, energéticos, sucos, água mine-
marcas comercializam. Planejar o mix de produtos ral etc. Dentro da família Coca-Cola, temos uma linha
signiica deinir os produtos que serão comerciali- de refrigerantes, em embalagens distintas, embalagens
zados pela empresa, conforme as necessidades e ex- de vidro, pet, lata etc. A Figura a seguir representa
pectativas do consumidor. Veremos o planejamento parte da linha de refrigerantes fracionada pelo mix, ou
do mix ainda nesta unidade. seja, refrigerantes de lata, com variedades de sabores.
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DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
margem de lucro que cada peça pode ter e qual será meio das tendências de moda, direcionará a espes-
o ponto de equilíbrio da empresa para determina- sura, a textura e o caimento dos tecidos, assim como
da coleção, ou seja, até que ponto a coleção vendida as cores em evidência. Cabe ao designer utilizar as
paga seu investimento e em que momento sequen- informações da pesquisa de moda e uni-las ao con-
cial representa lucro. Uma empresa vive de vendas, e ceito da coleção, para deinir, então, os materiais e
esta lucratividade é necessária para que o progresso cores que utilizará (SORGER; UDALE, 2009).
da coleção seja constante. As cores estão associadas à estação e também in-
Ao considerarmos a coleção, sabemos que ha- luenciam fortemente o aspecto emocional de uma
verá estilos de peças diferentes conforme segmen- coleção. Pode se tornar um elemento decisivo na
tação do mix de moda, item que estudaremos, de- venda, pois é o primeiro elemento que o consumi-
talhadamente, no próximo tópico. Portanto, cada dor presta atenção quando vai à busca de um pro-
estilo de peça deve ter seu custo calculado em rela- duto (FRINGS, 2012). Normalmente, os designers
ção à matéria-prima utilizada, ao beneiciamento e de moda utilizarão, além das cores apontadas pelas
aos aviamentos. previsões das tendências, suas próprias escolhas, que
O equilíbrio de uma coleção está em oferecer têm relação com o tema escolhido para a coleção.
uma margem de valores por grupos de peças, ou
seja, peças “básicas” são mais baratas que peças de SAIBA MAIS
uma linha festa, por exemplo. Esse equilíbrio permi-
te que um lojista, por exemplo, possa adquirir mais
A cor é dividida em três propriedades: matiz,
peças da coleção para sua loja, pois pode, dentro de tom e intensidade. Cada uma dessas proprie-
seu orçamento, escolher um pouco de cada estilo. dades da cor auxilia na composição da cartela
Portanto, é importante que o departamento de es- de cores de uma coleção, que pode ser estru-
turada somente de tonalidades da mesma
tilo e o departamento comercial realizem reunião cor, por exemplo. O matiz diz respeito à cor
para alinhamento do orçamento para cada coleção em si e permite que diferenciemos uma cor
no início das atividades, incluindo disponibilidade da outra, é o que se diz da cor “pura”. O tom
já se refere à variação da intensidade da luz
inanceira para aquisição de matéria-prima, deini- na cor, ou seja, se há mais branco, portanto,
ção dos prestadores de serviços para a coleção etc. a cor é mais clara, ou, se há mais preto, a
Uma vez estabelecido o orçamento disponível cor escurece. A intensidade está associada à
saturação de uma cor, ou seja, se a cor tem
para cada coleção, o designer passa a buscar, den- brilho ou palidez. As cores que chamamos
tre suas pesquisas e com representantes comerciais, na moda de “bebê” são cores pálidas, por
materiais e processos para desenvolver a coleção. A exemplo, e, portanto, têm baixa saturação.
Para saber mais sobre as propriedades das
seleção e estruturação das cartelas de cores e mate- cores e a relação quanto à sua classiicação,
riais têxteis para uma coleção é uma atividade mais consulte a obra Moda em 360: design, maté-
complexa do que escolher combinações. É necessá- ria-prima e produção para o mercado global,
da autora Ilce Liger (2012).
rio um conhecimento sobre materiais têxteis, suas
variedades e como podem ser aplicados aos modelos Fonte: as autoras.
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DESIGN DO PRODUTO
A cartela de cores de uma coleção deve conter todas volvimento de desenhos ou estampas exclusivas e per-
as cores que serão utilizadas, mesmo como variantes sonalizadas. Geralmente, este processo demanda um
e, ainda, contemplar o preto e o branco, normalmen- pouco mais de tempo, tem um custo um pouco mais
te, considerados como cores neutras. Uma coleção, elevado, porém garante exclusividade a uma coleção.
em média, é composta de 8 a 9 cores, podendo variar
esse número entre 6 e 12 cores (TREPTOW, 2003). REFLITA
Quanto mais cores uma coleção tiver, mais peças de
tecido destas tonalidades deverá adquirir a empresa, O conhecimento sobre as cores e seus efei-
portanto, encontrar o equilíbrio nas cores seleciona- tos é muito importante para as pessoas que
das para a coleção e o estoque da empresa é uma trabalham com moda. Principalmente para
proissionais como designers que criam es-
atividade que pode ser realizada em conjunto entre tampas, os art buyers e os personal stylists,
os departamentos pertinentes. por exemplo.
O designer tem a opção de selecionar as cores de (Ilce Liger)
fabricantes de tecidos que desenvolvem sua coleção
baseadas nas tendências, mas também pode optar pelo
desenvolvimento de uma cor especial, ou seja, uma to-
nalidade ou cor especíica que gostaria de ter na cole- A estruturação da cartela de cores segue alguns di-
ção por meio do tingimento de tecidos. Para que isso recionamentos para uma melhor visualização das
aconteça, a empresa deve adquirir um lote mínimo cores. Em uma reunião de aprovação da coleção ou
do tecido e da cor, o que chamamos de barcade tingi- como instrumento de venda de um representante
mento. Esse mesmo processo pode ser realizado com comercial, a cartela de cores precisa apresentar uma
fornecedores de estamparia também, ou seja, o desen- estética limpa e organizada. É aconselhável que as
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DESIGN
amostras de cor sejam todas da mesma matéria-pri- caso o designer esteja utilizando um tecido novo, ou
ma, que sejam ixadas em uma placa ou base de fun- ainda não tenha muita experiência, deve solicitar as
do branco para que não haja a interferência do fun- informações à produção.
do na cor da amostra e que elas sejam dispostas com, Selecionar quem serão os fornecedores também
pelo menos, um intervalo de 1 cm entre cada uma. é uma atribuição do setor estilo, é preciso planejar a
O tamanho da amostra não deve ser menor que 2x3 compra e a entrega do artigo dentro do prazo esta-
cm, e todas as cores devem estar especiicadas com belecido para a coleção, no cronograma que foi ge-
o nome da cor e o código do fornecedor ou código rado no início. Fornecedores são todas as empresas
Pantone® (TREPTOW, 2003). que nos oferecerem algum tipo de mercadoria ou
O raciocínio sobre a seleção e montagem da car- serviço. Uma empresa têxtil é considerada um forne-
tela de materiais que serão utilizados na coleção segue cedor, uma estamparia é considerada um fornecedor,
o mesmo da cartela de cores. Quanto maior a varie- e assim segue. Antes de realizar o pedido, o designer
dade, maior deverá ser a aquisição dos elementos por deve solicitar aos fornecedores de tecidos uma peque-
parte da empresa. O designer deve considerar, ao se- na amostra para a execução de peça piloto ou testes
lecionar os tecidos para a coleção, a adequação destes que deinam se o artigo está adequado ao esperado
à peça que pretende desenvolver, tanto em relação em termos de rendimento, maleabilidade, caimento,
ao custo, quanto em relação às propriedades dessa estilo.
matéria-prima, ou seja, se ela se adequa à proposta. Mais uma vez, o designer deve iltrar algumas
Vale acrescentar que a coleção é composta também informações e veriicar a coerência entre os tecidos
por aviamentos e outros itens que o designer julgue e as cores. Treptow (2003) indica a técnica do cru-
pertinente incluir na coleção. Todos estes outros itens zamento de informações em uma tabela onde um
podem ser acrescentados à cartela de materiais, ou lado corresponde às cores, e o outro, aos tecidos,
pode-se, também, executar cartela à parte, desde que assim, é possível veriicar quais cores existirão em
contenham relação com o que se está considerando determinados tecidos e se a seleção está adequada
em termos de cores, texturas e efeitos para a coleção. ao número de modelos e variantes que se pretende
Todo fornecedor de tecidos apresenta suas peças desenvolver.
com uma icha técnica de informações que serão ex- A seleção dos materiais utilizados pode ser di-
tremamente importantes para que o designer possa ferente, conforme cada criador. Liger (2012) explica
utilizar nas próximas coleções, mas, principalmente, que alguns designers optam por desenvolver suas
fazer o custo prévio da peça que será confeccionada peças a partir de uma determinada matéria-prima,
com determinado tecido e quais as propriedades e enquanto outros preferem desenvolver suas cria-
características deste. Caso seja necessário passar por ções no papel primeiro e buscar na sequência qual
algum tipo de beneiciamento, como estamparia, es- matéria-prima melhor se adapta à sua criação, res-
tas informações já estão prontas. peitando a compatibilidade com o estilo. Indepen-
O cálculo do custo da peça está relacionado à dentemente do raciocínio de cada designer, para seu
quantidade de tecido que será consumida para a sua desenvolvimento, a correta seleção da matéria-pri-
execução. No momento da execução da peça piloto, ma pode deinir se a peça terá sucesso.
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DESIGN
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DESIGN DO PRODUTO
VAN-
GUARDA A distribuição pode variar conforme o peril da
marca, bem como público que atende ao segmento
que atua. Tampouco é obrigatório que a marca divi-
da sua coleção em três categorias, ainda mais se não
atua com produtos que tenham forte apelo de moda
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DESIGN
ou sejam voltados para um nicho especíico, como o Para se desenvolver o mix de produtos de uma
segmento de uniformes. Porém estabelecer um mix coleção, é preciso analisar a coleção anterior corres-
de moda organiza as categorias de produto, selecio- pondente a mesma estação, isso quer dizer que nú-
nando-os por ainidade de estilo, mais elaborado ou meros de coleções são analisados “verão com verão”
menos elaborado, por exemplo. e “inverno com inverno”. O departamento comercial
emite o relatório de vendas, e esta análise deve con-
siderar os seguintes itens:
REFLITA
a. Peças mais vendidas (em média, consideram-
-se as 5 ou 10 peças mais vendidas, depen-
Confecções voltadas para o público jovem e dendo do tamanho da coleção).
ávido por novidades costumam aumentar a b. Se as peças mais vendidas estavam entre as de
quantidade de produtos vanguarda, enquanto
menor ou maior valor.
empresas que trabalham com consumidores
mais clássicos investem mais em produtos c. Quais peças de maior valor na coleção foram
básicos. as mais vendidas e qual a classiicação delas.
(Doris Treptow)
d. Quais as peças menos vendidas. Nesta fase,
vale uma conversa com os representantes
comerciais ou gerentes de lojas para tam-
bém receber informações daqueles que co-
mercializaram a coleção. Toda informação
MIX DE PRODUTOS é útil para a equipe de estilo, que iltrará e
avaliará as considerações que poderão ser
utilizadas na próxima coleção. A decisão de
O mix de produtos corresponde à variedade de pro-
aumentar ou diminuir o mix de produtos da
dutos que uma empresa disponibilizará por coleção. empresa é feita em conjunto com a direto-
Algumas empresas adotam diferentes mix de produ- ria, equipe de estilo e equipe de marketing,
tos para as estações de verão e de inverno, ou seja, considerando as condições inanceiras da
as estações que menos vendem, o mix de produtos é empresa.
menor, e, nas estações em que há maior volume de
vendas, o mix tende a oferecer mais peças. Organizar as informações de mix de produtos e
Planejar o mix de produtos signiica deinir os mix de moda é essencial para a empresa. Trabalhar
produtos que serão comercializados pela empresa, organizadamente, é essencial tanto para os prois-
conforme as necessidades e expectativas do consumi- sionais de estilo quanto de marketing, pois, assim,
dor. Isso signiica planejar o composto de produtos. é possível controlar os tipos de produto, seu peril
Podemos encontrar as deinições de mix de produtos ou suas características dentro do mix de moda dei-
como composto de produtos. Se o mix de produtos nido pela empresa. Não há uma regra especíica de
signiica totalidade, o planejamento da linha de pro- como ordenar essas informações, mas o mecanismo
dutos signiica fracionar, agrupar os produtos que mais utilizado é a estruturação de um quadro, como
apresentem características em comum e dividi-los por exempliicado a seguir, no qual os dados são con-
cores, tamanhos e quantidades a serem produzidas. frontados.
51
DESIGN DO PRODUTO
SAIBA MAIS
Como podemos ver no Quadro 1, a exempliicação
da distribuição de mix de moda e mix de produtos
para uma coleção de 30 peças, na primeira colu- O consumidor que entra em uma loja revela
na, do lado esquerdo, temos o mix de produtos, uma intenção de compra, mesmo que precise
conhecer melhor os produtos ou saber os
ou seja, as peças que a indústria irá produzir, nes- valores das peças. Uma compra pode ser des-
se exemplo, são somente partes de cima. Veja, ca- tinada quando o consumidor já tem deinido
ro(a) aluno(a), que todas as linhas da tabela indi- o seu interesse antes mesmo de entrar na loja
ou porque já conhece a marca e os produtos
cam qual será a quantidade de peças desenvolvidas ou por uma necessidade; ou a compra pode
para cada um dos tipos de produtos: serão ao todo ser ocasional em que a decisão da aquisição
8 camisas, por exemplo. é feita no interior da loja, uma vez que a ex-
posição ou conveniência do produto estimula
Já na primeira linha, temos o Mix de Moda da a compra que ainda não havia sido deinida.
coleção, Básico, Fashion e Vanguarda, e, na última Para as vendas ocasionais, a estruturação de
linha da tabela, temos a porcentagem que cada uma um bom mix de moda e de produtos gera
bons resultados.
dessas categorias precisa atender. Assim, das oito
Fonte: as autoras.
camisas que serão desenvolvidas na coleção, dois
modelos terão características Básicas, cinco serão
com apelo Fashion e uma terá uma coniguração
Vanguarda. O Quadro 1 é apenas o ponto inicial, podendo ser
Sucessivamente, os dados são colocados no remanejada, detalhada, para maior organização,
quadro e, ao inal, é possível ter uma visão parcial conforme sugestão a seguir, em que o mix é mais
detalhada dos modelos para a coleção e sua dis- completo, minuciosamente delineado e já articulado
tribuição para cada uma das categorias do mix de com as cores, grade de tamanhos e quantidade de
moda. Lembrando que cada peça deinida ainda peças a serem produzidas. Já o Quadro 2, apresenta
tem suas variantes de cor, estampa e talvez mais al- uma tabela de Mix de Produto um pouco mais deta-
gum detalhe. lhada, bastante utilizada em empresas de confecção.
52
DESIGN
53
considerações inais
C
aro(a) aluno(a), esta unidade apresentou ferramentas e processos que
são necessários para planejar, organizar e estruturar uma coleção de
produtos de moda. Entendemos a importância do planejamento e da
organização antecipada de uma coleção. Vimos como deinir o orça-
mento que a empresa possui para realizar as aquisições da nova estação e como
isso pode interferir no sucesso de uma coleção, visto que essa deinição é resul-
tante da interação de outros departamentos, como o comercial e o marketing e,
assim, conigurando-se a primeira etapa do planejamento de uma coleção.
Planejar é palavra de ordem. Após coletar, iltrar e interpretar as tendências
de moda, aprendemos a compor as cartelas de cores e de materiais de uma cole-
ção. Selecionar quais serão os fornecedores também é uma atribuição da equipe
de estilo, a qual necessita planejar a compra e a entrega do artigo dentro do prazo
estabelecido para a coleção, no cronograma de planejamento. Assim, antes de
realizar o pedido, o designer deve solicitar aos fornecedores de tecidos uma pe-
quena amostra para a execução de peça piloto ou testes que deinam se o artigo
está adequado ao esperado em termos de rendimento, maleabilidade e estilo.
Estudamos também as variadas formas de executar um mix de produtos,
amarrando a ideia do estilo com as classiicações do mix de moda. Um mix de
produto bem delineado auxilia a empresa a trabalhar organizadamente, otimi-
zando tempo, prazos e entregas, respeitando o ciclo de moda, ou seja, as datas de
lançamentos de coleção. Lembrando que esta etapa, planejar o mix de produtos,
ocorre antes dos desenhos. Portanto, nesta Unidade ll, tivemos muitos estudos,
aprendemos a planejar e estruturar uma coleção de produtos de moda.
Espero que a unidade tenha contribuído para seu crescimento. Nós nos vere-
mos na próxima. Até lá!
54
atividades de estudo
1. Sempre que uma marca decide colocar produtos no mercado, deve segmentar seu
público-alvo. Quanto mais informação da vida cotidiana consegue-se coletar, me-
lhores as chances de se desenvolver um produto que atenda às necessidades e aos
desejos deste público. Sobre o conceito de público-alvo visto neste estudo, é correto
airmar que:
a. São as pessoas a quem a empresa espera vender a coleção, não importando sua
faixa etária ou seu hábito de consumo.
b. São as pessoas que a empresa utiliza como padrão de medidas e comportamento
para utilizar como base no desenvolvimento de suas coleções.
c. A deinição de quem é o público-alvo pode variar de acordo com cada coleção que
a empresa desenvolve.
d. O público-alvo fornece somente as informações ligadas ao padrão de medidas e
biotipo que a marca pretende desenvolver em suas coleções.
e. As medidas utilizadas a partir do público-alvo variarão conforme a estação.
2. A cartela de cores deve conter todas as cores que serão utilizadas em uma coleção.
Portanto, o estilista deve estruturar a cartela de uma determinada maneira. Tendo
isso em vista, analise as airmativas, marcando V nas verdadeiras e F nas falsas:
I. ( ) Selecionar quais cores são destacadas nos informativos sobre tendências de
moda para determinada estação.
II. ( ) Selecionar quais cores têm relação com a temática da coleção, mesmo que não
sejam tendência de moda.
III. ( ) Acrescentar informações sobre o nome e código do fornecedor do tecido com
as cores escolhidas para consulta futura.
IV. ( ) Selecionar quais cores têm relação com a temática da coleção, mas apenas as
que sejam tendência de moda.
3. Podemos considerar um tema essencial para que uma coleção de produtos de moda
seja desenvolvida dentro da identidade deinida pela marca. Quanto mais rico for esse
elemento tema, mais elementos poderão ser coletados e repassados aos detalhes dos
produtos, ao conceito. Sobre o tema ou conceito de uma coleção, analise as airmati-
vas, marcando V nas verdadeiras e F nas falsas:
58
atividades de estudo
59
atividades de estudo
60
INTRODUÇÃO
O
lá, aluno(a), bem-vindo(a) aos estudos da nossa Unidade III.
Como vimos anteriormente, muitas informações provenientes
de outros departamentos colaboram com a estruturação e o
desenvolvimento de uma coleção de produtos de moda, sen-
do assim, obter informações sobre a aceitação e venda da coleção passada
contribui para uma próxima coleção assertiva. Essas informações podem
ser geradas por meio de relatórios provenientes de outros departamentos,
como o comercial, mas também podem ser oriundas de entrevistas com
consumidores ou mesmo com os próprios representantes da marca.
Criar o hábito de analisar coleções anteriores permite, entre outros
benefícios, acompanhar o desempenho de peças que são consideradas
essenciais para a marca, assim como a aceitação de tendências de moda
por parte do público-alvo da empresa. Outro aspecto importante quando
pensamos em coleção é que os produtos tenham coerência e sejam coor-
denáveis entre si, independentemente do tamanho e propósito da coleção.
Por im, também veremos como estruturar um portfólio eiciente para
uma apresentação de coleção, neste momento, a empresa tem a partici-
pação de vários departamentos. Todo esse material pertencente ao pla-
nejamento de uma coleção também poderá ser utilizado para gerar um
brieing para o departamento de marketing, este tipo de ação, geralmente,
é feito por uma agência contratada para deinir a comunicação de uma
coleção ou marca. Muito importante também é o entendimento acerca
da utilização de uma metodologia projetual para o desenvolvimento dos
produtos de vestuário. Nesta unidade, oportunizaremos uma explicação
aprofundada acerca destes métodos e planejamentos.
Aprenderemos a analisar coleções anteriores, a organizar a apresentação
de uma coleção e a desenvolver famílias de peças. Bons estudos!
DESIGN DO PRODUTO
Gerenciamento de Informações
de Coleções Prévias
Dentre todas as atividades que um designer deve pre- anterior, as peças mais vendidas e as menos vendidas
parar para iniciar o desenvolvimento de uma coleção, também, como forma de detectar possíveis falhas e,
interpretar e analisar os relatórios de vendas de cole- com isso, possibilidades de correções.
ções anteriores pode ser uma tarefa muito importante Chataignier (1996) comenta sobre a opinião da
e de grande utilidade. Para Liger (2012), a concepção designer carioca de moda Marília Valls em relação à
de uma coleção é resultado da estruturação de um inspiração de uma coleção e airma que a estratégia
projeto que se baseia em um estudo que foi realizado positiva para quem quer fazer uma coleção é sempre
anteriormente, assim, obter informações prévias so- ter uma boa ideia. Esta ideia deve ser baseada no co-
bre mercado e público-alvo auxilia no projeto de uma tidiano, na rua, nas coisas que acontecem, porque,
nova coleção. Porém outras informações podem fa- geralmente, estas situações colocam-nos em estado
zer parte deste levantamento, como analisar a coleção de criatividade.
68
DESIGN
Devemos considerar outro item muito importan- petir, sobre venda, estilo, matéria-prima, custo de
te em relação a uma coleção. Quando formos com- produção ou qualquer outro dado que possa interes-
parar resultados de coleções, sempre devemos nos sar para compor a próxima coleção. Normalmente, a
ater para que a interpretação de dados seja da mesma matéria-prima de uma coleção de verão é diferente da
estação. Ou seja, inverno x inverno e verão x verão. utilizada para desenvolver uma coleção de inverno,
Isso porque, ao analisar coleções passadas, estamos principalmente em texturas e valores, portanto, não
buscando informações correlatas, que possam se re- podemos comparar itens disformes.
AVALIAÇÃO
DE COLEÇÕES
Quando ocorre na mesma estação, funciona para
O mix de moda ainda
permanecerá o mesmo
orientar a equipe de estilo quanto aos seguintes itens:
Observação
Esses itens oferecem uma série de informações importantes, pois são baseados em números de venda, o que signiica
a aceitação do produto e, por consequência, da coleção. Mas que tipo de informação está por trás de cada item?
Vamos desmembrar cada um deles.
69
DESIGN DO PRODUTO
REFLITA
Por meio da análise e interpretação da rela-
ção de peças produzidas e peças vendidas de
três estilos de vestidos diferentes do Quadro É importante para merchandisers e designers entende-
1, podemos criar um gráico. O exemplo da rem como os custos com tecidos e produção afetam os
preços. Por exemplo, custos mais altos de tecido devem
Figura 1 demonstra que o vestido longo sem
ser equilibrados com uma construção mais simples.
manga foi o item que mais vendeu, enquanto
(Gini Stephens Frings)
a venda do vestido curto de manga curta não
teve tanto êxito.
70
DESIGN
Outras informações que podem ser fornecidas a par- ção, as incertezas podem acontecer, porém, acre-
tir da análise de uma coleção anterior, diz respeito à ditar que o caminho que está sendo percorrido é o
matéria-prima utilizada. Como sabemos, toda cole- melhor é a primeira forma construção de um bom
ção é uma aposta e as equipes de estilo, marketing planejamento para a coleção.
e comercial trabalham para minimizar riscos, po- Treptow (2003) conirma que os registros de
rém, algumas situações imprevisíveis podem ocor- vendas, por exemplo, são documentos úteis para ve-
rer, principalmente se são externas à empresa e ao riicar, dentre os produtos oferecidos em determina-
mercado, como mudanças climáticas, por exemplo. da coleção, quais foram bem vendidos e quais não.
Isso pode acarretar sobra de tecidos e aviamentos no Esses relatórios também se tornam importantes para
estoque da empresa e que, a partir de uma análise, um novo designer na empresa familiarizar-se com o
pode-se veriicar a possibilidade de reutilizar esse peril de produto e com o mercado que essa marca
material na próxima coleção. atua por meio do estudo dos relatórios, mesmo não
Analisar coleções anteriores faz parte do plane- sendo uma única e absoluta fonte de informação.
jamento, é pensar estrategicamente no desenvolvi-
mento de produtos, inserindo informações do mer-
SAIBA MAIS
cado e do consumidor que já foram registradas por
meio de relatórios de venda ou documentos de saldo
de estoque. As informações existem, basta utilizá-las Atualmente, o desenvolvimento do produto
a favor da empresa e do desenvolvimento. Sendo as- de moda em grande parte das empresas bra-
sileiras é concretizado por meio de coleções
sim, o autor Baxter (1998, p. 10) airma: pequenas (quantidade), concisas e bem dei-
nidas quanto ao conceito/estilo (qualidade),
Algum grau de incerteza pode persistir, mesmo principalmente por causa da velocidade das
quando o novo produto foi fabricado e estiver informações sobre moda a que os consumi-
estocado, pronto para distribuição. Mas mini- dores têm acesso. Os modelos destas mini-
coleções vão sendo substituídos à medida
mizar o risco e a incerteza é a essência da ativi-
que surgem novas inluências do “mundo da
dade de desenvolvimento de produto.
moda” no “mundo dos clientes inais”.
Com base nesta airmação do autor citado, podemos Fonte: Rech (2001).
71
DESIGN DO PRODUTO
Planejamento de
Coleção de Moda
VAMOS DEFINIR UM
CONCEITO PARA “COLEÇÃO”?
Conforme Frings (2012), as coleções de moda são pensado de maneira uniforme em relação ao tema
formadas por grupos de roupas. O conceito de co- ou conceito a que se propõe a coleção, mas também
leção é diferente de concepção do produto e pode com características próprias e propondo variedades.
ser entendido como o conjunto das características Estas variedades podem ser deinidas pela determi-
próprias encontradas no produto. Uma coleção é nação de famílias que correspondem a grupos de pe-
criada a partir da pesquisa de moda e de mercado e ças com concepções complementares e coordenáveis
o estilo de cada peça, dentro dessa coleção, deve ser que têm um determinado direcionamento, poden-
72
DESIGN
SAIBA MAIS
do ser baseado em um tecido, cor e estilo particular
(FRINGS, 2012).
Podemos pensar nessa “família” como “familia- O consumidor inal assumiu uma espécie de
ridade”, ou seja, agregar produtos que apresentam vingança sobre o tempo de inlação. Ele se
comporta como se não precisasse consumir e
características similares para que possam formar só o faz se ocorrer qualidade de produto e ser-
um visual harmônico aos olhos do consumidor. É viço, ou seja, se ocorrer sedução. Sendo assim,
como se entrássemos em uma loja e, logo ao pri- é recomendável olhar minuciosamente para
o mercado com os “olhos” do consumidor.
meiro olhar, algo nos prendesse pela harmonia pro-
Fonte: D’aguano (2000).
porcionada, ou seja, ao desenvolver uma família de
peças, deve-se possibilitar a combinação entre elas
de maneira aleatória, assim, uma mesma blusa pode
ser utilizada com um short, uma saia ou uma calça O equilíbrio entre as famílias é essencial para o su-
da mesma família, sem comprometer esteticamente cesso da coordenação das peças. Selecionar um ou
a composição. dois itens para serem trabalhados ao longo das pe-
Em média, uma coleção pode apresentar entre ças pertencentes a mesma família permite que sejam
seis e oito famílias, mas é especiicamente determi- coordenáveis sem exagero. Essa coordenação pode
nado pela estratégia da empresa para a comerciali- ocorrer por meio de uma estampa ou recortes que
zação destes itens. podem ser coordenáveis entre as outras peças da co-
Frings (2012) apresenta exemplos de como a es- leção, como podemos ver na Figura 2:
trutura de famílias pode ser construída para cada seg-
mento. O Quadro 2 a seguir, apresenta tais indicações:
Família Descrição
73
DESIGN DO PRODUTO
Ainda analisando a Figura 2, podemos veriicar que Na Figura 3, veriicamos como as texturas criam
as mesmas cores aparecem em três criações diferen- as conexões das peças. Veja como os efeitos de “nós”,
tes e em locais diferentes também. Mesmo assim, criados pelo designer, repetem-se em estruturas di-
percebemos a conexão e a unidade de estilo entre ferentes e materiais diferentes, porém ainda passan-
as peças, podendo realizar o exercício de coordenar do a ideia de unidade.
de maneiras diferentes os looks propostos e, ainda Isto pode-se veriicar em relação às linhas e às for-
assim, eles combinariam. mas das Figuras 2 e 3. Na Figura 2, a linha é geométri-
Outros elementos que um designer pode utilizar ca e vertical e guia as criações de peças lineares e com
para coordenar suas criações ao estruturar uma fa- pouco volume, dando destaque à estampa. Na Figura
mília em uma coleção são: tecidos, linhas e formas. 3, é possível perceber que uma forma orgânica e volu-
Assim, a seleção de um tecido não necessariamen- mosa domina as criações representadas por meio de
te precisa ser somente em relação à sua cor ou es- efeitos de nós, amarrações e volumes desestruturados.
tampa, mas também em relação à sua textura. Peças Para um bom resultado do conjunto de peças,
com um tecido texturizado permitem construções as opções selecionadas pelo designer devem se rela-
diferenciadas. “Os próprios tecidos muitas vezes cionar bem entre si, transmitindo a sensação de har-
propõem caminhos criativos para o design de uma monia, equilíbrio e coordenação, como mencionado
roupa” (FRINGS, 2012, p. 221). anteriormente.
74
DESIGN
REFLITA
Esses materiais passam a fazer parte do portfólio da
coleção, que pode ser utilizado em uma reunião de
A constante busca por renovação na moda é apresentação de coleção para outros departamentos
impulsionada não apenas por uma exigência
na empresa, em uma reunião de brieing com uma
comercial e pelo prazer do consumidor pela
“novidade”, mas também por uma fascinação agência de marketing ou em uma sessão de prova de
com a imagem e a narrativa. roupas. Qualquer atividade que demande visualmen-
(R. Turner Wilcox). te a apresentação da coleção pode utilizar o portfólio.
A estrutura utilizada para formatar o portfólio
da coleção costuma ser um caderno em formato de
Vamos conhecer um portfólio de coleção. Podemos book, como vemos na Figura 4, ou, no caso de uma
entender que ele é uma estrutura que compila os ma- reunião, em apresentação de slides, se for possível
teriais, as pesquisas e os desenhos gerados pelo esti- a projeção das imagens ou slides. Já os desenhos
lista para uma coleção. Todo objeto ou informação propostos para a coleção devem ser apresentados
que foi selecionado para fazer parte da coleção acaba na icha de estilo ou em seus croquis originais para
sendo armazenado dentro de um caderno ou bloco melhor visualização dos participantes, porém, ainda
de notas que será utilizado posteriormente como é possível projetar alguns desenhos para ilustrar a
referência para o desenvolvimento de uma coleção. apresentação.
75
DESIGN DO PRODUTO
76
DESIGN
77
DESIGN DO PRODUTO
Metodologia Projetual
Adaptada ao Produto de Moda
proissional com estes caracteres tem grande
Você já ouviu falar em metodologia projetual, certo? chance de competir no mercado e o possibilita
Pode parecer estranho pensarmos em roupas e metodo- desenvolver produtos melhores e diversiicados
logia ao mesmo tempo, mas a verdade é que, para todo (MORAES, 1996, p. 121).
projeto, existe um método capaz de auxiliar as tomadas
de decisões e ainda organizar todo o luxo produtivo. Diante das premissas do autor apresentadas, pode-
mos inferir que a criatividade sozinha não consegue
Um bom designer [e um bom designer de moda] levar um proissional a desenvolver e produzir pro-
deve possuir qualidades como criatividade e
dutos, e se faz necessária uma metodologia que possa
intuição, além de conhecimentos tecnológico
e cultural aliado a uma metodologia eicaz de alicerçar todas as ideias. Temos que considerar um fa-
trabalho, “e, ainda, um grande percentual de tor determinante para a proissionalização do desig-
ética, humildade e de espírito corporativo”. O ner que trabalha com desenvolvimento de coleções.
78
DESIGN
79
DESIGN DO PRODUTO
Podemos inferir que esta primeira inspiração re- Na fase de veriicação, avalia-se a ideia, acontece o
presenta uma resposta à necessidade de solucionar momento de comprová-la, questionando se seria esta
um determinado problema. Quando pensamos em a ideia correta, pois a mente, às vezes, pode causar um
desenvolver um produto, nosso ponto de partida é devaneio. Podemos determinar três palavras que dei-
esta problemática, não no sentido “problema”, mas nem essa fase: eicácia, autenticidade e possibilidade.
como uma “solução” a se resolver. Para a fase de pre- Essa fase é o momento de fazer a ideia ser aplicada.
paração, Baxter (2009) descreve algumas ferramen- Vale ressaltar que, no processo criativo, os hemisférios
tas nas quais incluem todos os aspectos do Design, cerebrais são responsáveis pela criatividade. As fases
desde seu enquadramento funcional, estético e de de preparação e veriicação icam pela responsabilida-
produção industrial até seu consumo pelo usuário. de do hemisfério esquerdo, pois exigem um raciocínio
Baxter (2009, p. 58) airma que a fase de prepara- congruente. Mas o lado direito do cérebro também é
ção formula respostas a vários questionamentos, como: de suma importância, pois é o lado da percepção e in-
• Qual é exatamente o problema que você está tuição, revelando ideais criativas. Sendo assim, o cé-
querendo resolver e por que esse problema rebro é utilizado por completo no processo criativo.
existe? Voltando à metodologia projetual, podemos per-
• Ele é parte especíica de um problema maior ceber que os questionamentos são muitos quanto às
ou mais amplo e qual é a solução ideal para o
incertezas do projeto. Mesmo sabendo que o processo
problema?
criativo leva-nos a várias ideias que podem ser trans-
• O que caracteriza essa solução ideal?
formadas em possibilidades para a solução de um
• Quais são as restrições que diicultam o al-
problema, não podemos nos esquecer de que este pro-
cance dessa solução ideal?
cesso é parte integrante do Design do Produto e, para
Podemos entender a fase de incubação como a fase tal, necessita de uma metodologia. Mota e Sifuentes
em que nossa mente entra em acordo com as ideais, (2016) mencionam também a necessidade de se esta-
ou seja, a percepção das sensações que ali estão em belecer os parâmetros metodológicos em Design:
nosso pensamento, porém, já analisando como estas
[...] deve-se entender que o desenvolvimento
ideias ali presentes poderão ser úteis. Algumas pes-
do projeto de design envolve pesquisas rele-
soas consideradas líderes, geralmente, acabam ican- xivas de seus aspectos prático-conceituais para
do mais tempo nesta fase de incubação, analisando o se atingir um grau maior de criatividade, – por
quanto esta ideia será ideal ou não, o quanto acres- meio de experimentos, exercícios e na própria
observação da natureza e das funções do pro-
centará em seu grupo. Sendo assim, talvez exista um
duto. Incorporar um método em que haja sig-
momento maior de meditação nesta fase. niicado atribuído ao projeto, como também
A fase de iluminação compreende a chegada da deinir uma linha de raciocínio cientíico para a
ideia sublime, ela chega exatamente nesta fase do defesa de sua criação – signiica atrelar ao pro-
processo criativo, justamente por acontecer um des- jeto categorias de outras áreas no design: Ges-
talt, Behaviorismo, Ciência Cognitiva, Ergono-
canso do cérebro, que consegue observar melhor a mia, Ciência da Computação, Lógica, Filosoia,
possibilidade mais adequada. Neste momento então, Psicologia, Engenharia, Arquitetura (MOTA;
surge a solução criativa. SIFUENTES, 2016, p. 142).
80
DESIGN
Com base nas premissas dos autores apresentados, importância da criatividade e da utilização de meto-
podemos perceber a relevância da criatividade como dologias de design, sugere passos adaptados de uma
condutora de um método apropriado para o desen- metodologia projetual que podem ser utilizados
volvimento de produtos, assegurando uma enge- para o desenvolvimento de produtos de vestuário e
nharia tecnicamente perfeita e próxima das necessi- utiliza sempre como referência o design. Segue Qua-
dades dos consumidores. Pires (2008), entendendo a dro com as fases/passos e suas funções:
Análise da Coleção Anterior Novas direções para a futura coleção com base nas vendas
anteriores da mesma estação - verão x verão e inverno x inverno.
Modelagem Plana Deinição das bases, ideias concretas viabilizando a produção seriada.
ou Moulage
Veriicação dos modelos Deinição dos modelos que icarão na coleção e suas
adaptações ao mercado, preço, viabilidade comercial.
81
DESIGN DO PRODUTO
Correção dos Protótipos Refazer a peça com possíveis ajustes corrigidos, objetivando a perfeição.
e Repilotagem
Risco e Corte Encaixe das modelagens para ordem de corte das peças.
Orientação dos Setores Informar os setores sobre a coleção. Tema, novos materiais, novas
modelagens, conceito, estilo.
Vendas Alimentar a(s) loja(s) com o primeiro lote de peças, ou entregar mostruário
aos representantes, dependendo do tipo de venda deinido pela empresa.
Entrega de Peças para o Entrega do produto para o representante ou na loja física ou virtual,
Canal de Distribuição conforme deinido pela empresa.
Fica evidente ao proissional designer que a meto- zação de um passo a passo, como demonstrado no
dologia associada à criatividade pode gerar concei- Quadro, é a redução de possíveis desperdícios com
tos inovadores aos produtos, facilita sua engenharia, inúmeras fases de teste que costumam acompanhar
adaptando-o ao mercado da melhor forma e, ainda, os produtos de vestuário, quando não se utiliza um
reduz tempo. Uma característica positiva da utili- método eiciente para o desenvolvimento do produto.
82
considerações inais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao inal da Unidade III. Aprendemos com
ela que desenvolver o hábito de analisar coleções anteriores permite,
entre outros benefícios, acompanhar o desempenho das peças que são
consideradas essenciais para a marca ao longo de seu período de venda,
mas veriicar a aceitação das tendências de moda selecionadas para essa coleção
por parte do público consumidor da marca torna-se fundamental.
Mais uma vez percebemos como a interação do departamento de design com
outros departamentos é importante para a aquisição de informações que contri-
buirão para a coleção. Compreendemos a importância de pensarmos, durante
o desenvolvimento da coleção, que os produtos devem ser coerentes e coorde-
náveis entre si, e como a técnica de criação, por meio da geração de família de
peças, possibilita a utilização de estampas e cores entre peças distintas em estilo
ou forma. Como vimos nos exemplos apresentados na unidade, facilitam sua
exposição e coordenação de looks tanto para exposição na loja ou coordenação
de uma vitrine quanto aquisição do próprio consumidor. A criação de famílias de
peças permite que o designer tenha uma visão holística e mais precisa de como
determinados efeito e tecido e certa estampa estão sendo aproveitados e distribu-
ídos ao longo da coleção também.
Finalizando esta unidade, compreendemos como estruturar, de maneira ei-
ciente e prática, um portfólio para a apresentação de uma coleção. Esta estrutura-
ção organizada, visual e conceitualmente, da coleção possibilita o entendimento
claro e preciso de todos os participantes para que a análise correta da coleção
seja realizada. O portfólio de coleção poderá ser utilizado para gerar um brieing
ao departamento de marketing ou reunião com uma agência especializada para
a deinição da comunicação de uma coleção ou marca. Assim, nesta unidade,
aprendemos a analisar coleções anteriores, organizar a apresentação de uma cole-
ção e a desenvolver famílias de peças, bem como a utilização de um planejamento
e uma metodologia projetual para o desenvolvimento dos produtos.
83
atividades de estudo
86
atividades de estudo
5. Um estilista necessita desenvolver uma coleção com 100 peças. Seus diretores
solicitaram que considerassem a existência de famílias de peças nessa cole-
ção para melhor aproveitar os tecidos que já existem no estoque. Qual das
alternativas a seguir melhor representa a seleção de famílias que o estilista
desenvolverá?
a. Serão 8 famílias, em média, com 12 peças cada. Cada família terá uma estam-
pa diferente da outra, sem nenhuma conexão entre elas.
b. Serão 5 famílias, em média, com 20 peças cada. Somente 3 famílias terão co-
nexão por meio das estampas.
c. Serão 8 famílias, em média, com 12 peças cada. Somente 2 famílias não terão
conexão, as outras serão conectadas pela textura dos tecidos.
d. Serão 5 famílias, em média, com 20 peças cada. Todas as famílias serão conec-
tadas por meio do tema da coleção, que aparecerá em estampas ou texturas.
e. Serão 5 famílias, em média, com 20 peças cada. Cada família terá uma estam-
pa diferente da outra, sem nenhuma conexão entre elas.
87
referências
BAXTER, M. Projeto de produto. Guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: Ed-
gard Blücher, 1998.
CHATAIGNIER, G. Todos os Caminhos da Moda: Guia prático de Estilismo e Tecnologia. Rio de Janeiro:
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gabarito
1. D.
2. C.
3. B.
4. E.
5. D.
89
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à Unidade IV. Com es-
pecial atenção ao desenvolvimento e acompanhamento da
documentação técnica de uma coleção, iniciamos os conhe-
cimentos operacionais de registro dos produtos que serão de-
senvolvidos. A icha técnica de um produto é a identidade de uma peça,
um documento, e nela estão registradas todas as informações necessárias
para a produção de uma peça de roupa.
Caso um produto venha a ser produzido novamente, os itens necessá-
rios para sua produção, como matéria-prima, medidas e sequência opera-
cional devem estar claramente preenchidos na icha. Estas etapas decisórias
contemplam uma série de análises que devem ser estudadas pela equipe de
desenvolvimento, assim como a equipe comercial de uma empresa. Ve-
remos passo a passo como são realizadas. Ainda nesta unidade, veremos
como a inluência dos ciclos de moda pode interferir, estrategicamente, em
uma coleção e posicionar uma empresa em como ela associa seu planeja-
mento a ciclos curtos e longos tanto na criação como na produção, como
fast fashion, slow fashion e/ou cruise collection. Para cada ciclo de moda,
há uma estratégia de processos, principalmente de prazos para o desenvol-
vimento que devem ser considerados minuciosamente.
Além dos prazos de desenvolvimento, o designer ou equipe de estilo,
juntamente com a equipe de marketing, devem comunicar a coleção e
a mensagem de moda para o público-alvo da empresa de uma maneira
eiciente e clara, com estratégias já adotadas pela marca. Nesta unidade
então, aprenderemos a documentar tecnicamente um produto, utilizá-lo
em uma prova de roupa e deinir mercadologicamente a estratégia para
uma coleção de produtos de moda.
Desejamos bons estudos!
DESIGN DO PRODUTO
94
DESIGN
departamentos. A icha técnica do designer é a pri- de criação em que há o desenho da igura humana
meira documentação de uma peça. Nela será regis- em suas três posições base: frente, costas e lateral,
trado o desenho da peça, podendo ser de estilo (à com indicações de alturas de algumas peças para se
mão ou estilizado) ou já ser um desenho planiicado ter uma ideia de decotes, alças, cavas e outras possi-
ou desenho técnico com a especiicação do maior bilidades de aberturas que o estilista pense em de-
número de informações que auxiliem o modelista e senvolver, considerando a mostra ou não de uma
o pilotista a desenvolver a peça. lingerie, por exemplo, ou, até mesmo, para a criação
Na Figura 1, podemos ver um exemplo da icha de linha praia.
FICHA DE CRIAÇÃO
COLEÇÃO REF.
95
DESIGN DO PRODUTO
FICHA TÉCNICA
MATÉRIA-PRIMA PRINCIPAL
NOME/CÓDIGO COMPOSIÇÃO COR
3 GASTO FABRICANTE FORNECEDOR LARGURA/Nº PREÇO
NOME DA EMPRESA
MATÉRIA-PRIMA SECUNDÁRIA (FORRO, AVIAMENTOS...)
COLEÇÃO: NOME/CÓDIGO COMPOSIÇÃO COR GASTO FABRICANTE FORNECEDOR LARGURA/Nº PREÇO
MODELO:
ANO:
1
REF.: FRENTE: 14.0 DETALHE: 13.0
11.0
DESCRIÇÃO DA PEÇA:
2 8.0
4.0
7.5
40.5
9.5
25.0
8.5
12.5
5
14.0
8.0
58.0
4.5
50.0
11.0
5.0
31.5
10.5
1 4.0 COSTAS:
11
ETIQUETAS
4
.5
12.0
12.5 2.0
9.0
20.0
96.0
27.5
BENEFICIAMENTO
62.0
5 5.0
9.0 23.5 7.0
3.0
5.0
96
DESIGN
97
DESIGN DO PRODUTO
REFLITA
(Doris Treptow)
98
DESIGN
Prova de Roupa e
Aprovação de Coleção
Parte de qualquer processo de desenvolvimento de pela etapa que chamamos de prova de roupa.
produto está envolvida na fase de teste ou prova des- A prova de roupa é realizada com a chamada pe-
te produto. A prova é uma etapa importante, pois ça-piloto, ou seja, um protótipo produzido já com o
veriica alguns aspectos de processo, construção ou material e a modelagem proposta pelo estilista. Pode
seleção de matéria-prima, por exemplo, que são pos- ser realizada somente com a apresentação da peça em
síveis de serem veriicados somente com o desenho um manequim (menos usual), ou, como normalmen-
da peça. Na moda não é diferente, antes da coleção te acontece, com um modelo de prova (proissional
ser aprovada para ser produzida em grande escala contratado para fazer a prova de roupa e que tem as
ou mesmo somente produzir mostruários para a medidas padrão do público-alvo da empresa), neste
venda por meio de representantes, é preciso passar caso, mais utilizado em empresas de confecção.
99
DESIGN DO PRODUTO
PROVA DE ROUPA
Durante a prova de
roupa, são verificados
os seguintes itens:
Custo
Adequação da
matéria-prima
Vestibilidade
Categorização
100
DESIGN
delo de prova, principalmente se a modelagem já foi Como em toda avaliação, é necessário ser crite-
veriicada anteriormente. É preciso somente analisar rioso e, se preciso for, excluir a peça da coleção, caso
algum detalhe ou situação da matéria-prima, um não tenha referências que a integrem ao restante
busto de modelagem ou manequim já são suicientes. das criações. Caso o mix de produtos apresentado
Ao falarmos de vestibilidade, referimo-nos ao na prova de roupa ou na reunião de aprovação sofra
processo da peça de roupa vestir de maneira corre- muitas alterações, cabe à equipe negociar o prazo
ta e confortável o modelo de prova. Nesta situação, para substituição dessas peças excluídas e veriicar
faz-se necessária a presença de um modelo de prova quais os direcionamentos que devem ser seguidos,
que simulará movimentos comuns de um consu- partindo dessas deinições.
midor, como sentar, levantar, erguer os braços, por A análise quanto ao custo da peça é feita para
exemplo, para veriicar como o produto interage conirmar se a peça está dentro de um valor acei-
com o usuário. tável para o comércio e pode ser competitiva, ou
Quando falamos em alfaiataria, estamos falando se todos os processos pelos quais passou acabaram
de uma técnica de modelagem utilizada para constru- por encarecer e deixaram a peça fora de um pa-
ção de peças, normalmente em tecido plano, que pre- drão aceitável. Muitas vezes, o designer seleciona
zam por uma elegância e uma forma de construção muitos processos para determinada peça, o que
muito precisa e impecável. Assim, as peças construí- eleva o custo, não permitindo que seja competitiva
das por meio de alfaiataria, não podem, por exemplo, em relação a outras marcas ou produtos da mes-
icar grudadas ao corpo de quem as veste, esta é uma ma coleção. É uma decisão estratégica do corpo de
análise que é realizada durante uma prova de roupa. proissionais pertencentes à prova de roupas auto-
Outro aspecto que a vestibilidade contempla é rizar determinados custos, ou não, para algumas
em relação às medidas de modelagem. Durante a peças da coleção. Muitas vezes, processos mais
prova de roupa, é possível veriicar se a peça se man- caros também valorizam as peças, mesmo sendo
tém dentro dos parâmetros estabelecidos pela em- a única alternativa para solucionar a criação, na
presa em relação à sua numeração, como P, M, G ou maioria das vezes.
38, 40, 42 etc. Após a prova de roupa, há uma reunião para
Sobre a categorização, é analisado se o produto avaliação e comparação dos produtos apresentados.
possui relação temática ou conceitual com o tema Conforme apresentam Queiroz e Basso (2016), caso
ou a tendência escolhidos para a coleção. Isso por- seja possível, são indicadas alterações para adequa-
que, muitas vezes, o processo criativo permite a ge- ção do produto à coleção ou a outra categoria, por
ração de muitas alternativas e a seleção de algumas exemplo. Toda a análise é realizada sempre conside-
matérias-primas, no início do processo criativo que, rando o tema e os direcionamentos de estilo escolhi-
posteriormente, ao se reinar a pesquisa e os temas dos para a coleção, o público-alvo da empresa, assim
selecionados, passam a ser abandonados, porém a como seu custo e sua viabilidade de produção, por-
peça piloto já foi realizada, ou, é preciso mesmo ve- tanto, participam dessa reunião, além da equipe de
riicar até que ponto condiz ou não com o restante estilo e modelagem, os representantes de marketing,
da coleção. comercial e produção.
101
DESIGN DO PRODUTO
102
DESIGN
Deinições Mercadológicas e
Comerciais de uma Coleção
Como já visto, devemos analisar e organizar infor- para as estações de alto verão e/ou pre-fall (pré-in-
mações para o desenvolvimento de uma coleção, e verno). Conforme Rech (2002, p. 4) acrescenta:
muitos destes dados podem, momentaneamente,
não ser utilizados, porém, nem por isso quer dizer [...] os produtos de Moda têm um ciclo de vida
que não sirvam, ou não possam ser utilizados poste- médio, possuindo uma curva de crescimento
gradual, permanecendo “aceita” ou “popula-
riormente em outra coleção. As marcas de moda têm
rizada” pelos consumidores durante determi-
por rotina desenvolver uma coleção a cada estação, nado período e descendo lentamente, nor-
seguindo, assim, um modelo de produto por sazona- malmente o espaço de tempo de uma estação
lidade, porém muitas marcas segmentam suas esta- climática.
ções em subcoleções ou em inserção de lançamentos
103
DESIGN DO PRODUTO
Em termos de modelo estratégico, essas inserções ou alguns modelos podem ser descartados para o pri-
novas coleções ofertam novos produtos aos consu- meiro lançamento, mas reutilizados posteriormente.
midores, possibilitando maior conexão com o públi- A extensão de uma coleção pode ser realizada,
co-alvo da marca e também acréscimo das vendas por exemplo, por meio da adição de peças à coleção
e, em termos de planejamento de coleção, signiica já existente ou a uma determinada categoria de pro-
repensar as informações de moda e conceituais da dutos, porém com novas estruturas, cores e estam-
coleção anterior, por meio de novos produtos. pas. Um mesmo conjunto pode aparecer no início
Assim, as marcas que optam por desenvolver ou- da coleção em cores neutras, como preto e bege e, na
tra coleção para subestações precisam iniciar todo o extensão de coleção, aparecer estampado, ou seja, o
processo que já aprendemos nas unidades anteriores produto, estruturalmente, não foi modiicado, pois
e considerar começar do zero o desenvolvimento. Já sua modelagem e matéria-prima são as mesmas,
as marcas que têm intenção de gerar uma extensão entretanto, visualmente, ganhou uma formatação
de coleção, costumam utilizar as mesmas informa- completamente diferente, permitindo que seu con-
ções e os dados que geraram previamente a outra sumidor possa adquirir esse novo conjunto por já
coleção tanto conceituais quanto estruturais para conhecer as características da peça em sua origem
desenvolver novos produtos. neutra. Essa é uma estratégia comum em empresas
Algumas etapas precisam ser realizadas para dar que trabalham com conjuntos e peças de alfaiataria.
início à extensão de coleção. É feita uma análise do mix Chamamos isso de extensão de linha, como já visto
de produtos desenvolvido para a coleção principal. A anteriormente.
possibilidade de consultar lojistas ou representantes de
venda quanto à aceitação dos produtos também é mui-
to importante. Este retorno sobre a aceitação do mer-
cado para alguns produtos é muito útil, ainal, desen-
volver uma coleção é sempre uma aposta, os processos
e as técnicas utilizadas auxiliam para que ela seja asser-
tiva, mas contamos com muitas variáveis externas para
que uma coleção seja completamente aceita. Assim, os
produtos de menor aceitação pelos consumidores po-
dem ser retirados ou substituídos por novas peças.
Podemos também reinterpretar os desenhos que
foram descartados na prova de roupa e reunião de
aprovação da coleção. Muitas vezes, essas criações
não são aceitas para a coleção principal por serem
similares a outras peças e podem acabar por concor-
rer entre si, não necessariamente porque a criação
não é interessante. Portanto, em um primeiro mo-
mento da prova de roupa ou aprovação da coleção,
104
DESIGN
Outra estratégia bastante utilizada é repensar ainda utilizam a mesma fonte de inspiração da co-
as ocasiões de uso para determinada temporada leção padrão para aquela temporada ou estação.
e focar o desenvolvimento das peças nessas situa- Para determinadas ocasiões da coleção, também é
ções, seguindo a mesma inspiração, mesma cartela possível realizar uma extensão de coleção, o que cha-
de cores e os mesmos materiais da coleção prin- mamos extensão de marca, inserindo produtos de ou-
cipal. Imaginemos a coleção de alto verão que é tras categorias, como acessórios, mas utilizando a mes-
planejada para vender durante o im do ano, no ma marca (TREPTOW, 2003). Assim, a coleção passa
Brasil. Se considerarmos que o público consumi- a oferecer calçados, bolsas, lenços, óculos ou até itens
dor viaja nesse período entre Natal e Ano Novo e de beleza, seguindo a mesma identidade da empresa,
tem por hábito participar de festas e reuniões, par- o mesmo estilo, mas ampliando seu mix de produtos.
te das novas criações podem contemplar ocasiões Clientes que admiram a marca, mas não têm
de uso festa (para Natal e Ano Novo) e ocasião de por hábito consumir as roupas, têm a oportunidade
uso férias (por exemplo, utilizando tecidos que não de adquirir outros produtos associados à marca e,
amassem e sejam facilmente coordenáveis). muitas vezes, com um custo mais acessível. Temos
como exemplos de extensões de marca perfumes e/
SAIBA MAIS ou acessórios. Isso é muito comum quando veriica-
mos as marcas consideradas de luxo. Há um grupo
Quando a empresa posicionada pela identi- de consumidores de vestuário dessas marcas mais
dade da marca decidir ampliar a linha de pro- restrito, e há outro peril de público que consome a
dutos, poderá fazê-lo por meio da extensão linha de cosméticos e perfumaria em maior propor-
de linha ou extensão de marca, mas seguindo
a mesma orientação de mercado, o mesmo ção e, em particular, muitas vezes, mais jovem. Tor-
estilo. Caso resolva investir em público-alvo na-se uma estratégia para que uma marca entre em
diferente ou com outra orientação de estilo, outra faixa etária de público-alvo e traga esse novo
deverá lançar novas marcas.
consumidor para a marca.
Fonte: Treptow (2003).
REFLITA
105
DESIGN DO PRODUTO
106
DESIGN DO PRODUTO
Assim, marcas que atuam com peril fast fashion se- um novo modelo de consumo. O slow fashion não
guem um modelo de ciclo curto para suas coleções, é uma vertente opositora ao fast fashion, mas sim,
pois têm grande variação de modelos que icam à outro modelo de produção e comercialização de
disposição dos consumidores por pouco tempo, po- produtos de moda que contempla outros peris de
rém, conforme Cietta (2010) argumenta, são cole- consumo e comportamento.
ções com baixa natureza autoral, uma vez que são Por não estarem diretamente ligadas às ten-
inspiradas nas coleções de marcas e estilistas reco- dências de moda, as coleções slow fashion utilizam
nhecidos como lançadores de tendência. Portanto, como processo criativo também atividades manuais
os principais consumidores de moda fast fashion, ou de vertente artesanal, por considerar importante
em primeiro lugar, são os considerados vítimas da a preservação de informações ou hábitos culturais,
moda, ou seja, seguidores de marcas e tendências assim, tendem a ter um ciclo de vida longo. Como
que estão em voga durante determinado momento e se tratam de peris de coleção, algumas marcas atu-
que mudam de estilo ou gosto conforme as tendên- am com ambos os estilos, ou seja, fast fashion e slow
cias vão sendo modiicadas. fashion. Marcas de peril fast fashion lançam cole-
Outro peril de consumidores é aquele que tem ções slow fashion com um direcionamento susten-
interesse por peças com uma carga de moda pró- tável na criação das peças, utilizando matéria-prima
xima ao visto nas passarelas internacionais, e bus- orgânica ou que passe por algum processo sustentá-
cam estas informações em produtos de baixo cus- vel de beneiciamento, por exemplo. Para atuar com
to. Em sua maioria, o público jovem é mais adepto ambos os peris de coleção, a empresa necessita ter
do estilo fast fashion de coleção. Já o peril do slow muito bem organizada a sua estrutura produtiva e
fashion atua com outra vertente de consumo, po- conhecer os tempos e prazos de seus produtos, como
dendo ser um público consumidor de época, mais também direcionar para o canal de venda correto.
experiente. A maioria destes compradores identii-
ca-se com os ideais propostos por esse modelo: ser
REFLITA
uma coleção preocupada com a sustentabilidade,
a redução, a reutilização e a origem dos materiais
utilizados e, consequentemente, de longo ciclo de O slow fashion objetiva a preservação dos
recursos naturais, que incentiva relexão e
duração. atitude que não tenha pressa, mas que, ao
As coleções, necessariamente, não seguem os mesmo tempo, seja produtiva e aliada com a
limites e prazos das estações, há maior preocupa- criatividade e qualidade dos produtos, em que
o consumo descontrolado não prevalece. [...]
ção com os processos que envolvem a criação das também é contra a padronização de estilos e
peças, muitas vezes manuais ou artesanais, porém faz com que o consumidor saiba de onde vêm
sua maior representatividade está na característica os produtos e os materiais usados.
de consumo deinida como “consumo consciente”, (Mariana Araújo, Ana Cristina Broega
presente já no segmento de alimentos, por exemplo, e Silvana Ribeiro).
108
DESIGN
O terceiro peril de coleção surgiu como uma es- As coleções fast fashion precisam comunicar a
tratégia de marcas que atuam no segmento de moda informação de moda, ou seja, a tradução das ten-
tradicional. A cruise collection ou resort collection dências em produtos, e pode se utilizar de uma
tem sua origem ligada à estação de inverno. Um equipe de visual merchandising para acompanhar e
determinado peril de consumidores, durante as fé- organizar, estrategicamente, a troca de produtos na
rias de inverno, no Hemisfério Norte (inal do ano), loja e nas vitrines.
costumava viajar para locais mais quentes, como os As coleções de slow fashion buscam comunicar
trópicos e locais do mediterrâneo, por consequência, a procedência de seus materiais ou os proissionais
quando iam comprar roupas para a viagem, encon- envolvidos no processo de construção da coleção,
travam somente coleções de inverno nas araras das como artesãos ou bordadeiras de uma determinada
lojas. Assim, identiicando esse grupo de consumido- região, por exemplo. Uma boa estratégia é a utiliza-
res, as marcas lançaram uma pequena coleção com ção de material gráico, como tags ixadas às peças
informações de verão, facilmente coordenável e ma- que contêm a história dela ou a utilização de códi-
téria-prima com características de não amassar, por gos que possam ser lidos por meio de um gadget e
exemplo, permitindo que facilmente possa ser colo- direcionados para um site ou página contendo essas
cada dentro de uma mala de viagem (SORDI, 2015). informações referentes à peça e à coleção.
Ainda sobre a cruise collection, podemos enten- As coleções cruise collection devem ser comu-
der que é uma coleção com forte viés comercial e nicadas por meio de campanhas intermediárias e
apelo mercadológico funcional, ou seja, pensada es- de fácil acesso aos consumidores, como mala direta
trategicamente para atender a uma demanda e não ou e-mail. Assim, o consumidor que já é cliente da
necessariamente transmitir informação de tendên- marca sabe em que momento a coleção estará dis-
cia de moda. Ela é inserida no mercado pouco após ponível nas lojas para aquisição. O mesmo vale para
o lançamento da coleção de inverno e tem ciclo de as marcas que atuam com e-commerce.
curta duração. Independentemente
Cada peril de coleção segue uma estratégia de do ciclo de
acordo com o público que pretende atingir e a ca- coleção em
pacidade de organização da indústria para atender que a mar-
aos prazos de produção e distribuição dos produtos. ca atua, é
Portanto, a comunicação dessas coleções precisa ser importante
bem direcionada, uma vez que algumas atuam com que elabore
ciclo curto de duração. sua estraté-
Apesar de as temporadas de verão e inverno ain- gia também
da serem consideradas extremamente importantes para comuni-
pelos designers na hora de conirmar sua visão es- car de forma
tética, muito do que os compradores efetivamente efetiva seus
arrematam vem das pré-coleções, justamente por se clientes.
tratar de itens mais usáveis (SORDI, 2015, p. 88).
109
considerações inais
P
rezado(a) aluno(a), chegamos ao im do estudo desta Unidade 4 em que
conhecemos como é realizado o desenvolvimento da documentação técni-
ca de uma coleção. Além de conhecermos como são realizados os registros
dos produtos que serão desenvolvidos dentro da empresa, vimos sobre a
importância de se utilizar uma icha técnica de um produto e também quais as infor-
mações necessárias que ela deve apresentar para a confecção de uma peça de roupa,
a im de contribuir para a comunicação dos setores envolvidos na produção, para
evitar erros e apontar as especiicidades da fabricação do produto.
Aliado a isso, conhecemos o passo a passo das etapas decisórias que contemplam
a produção de um produto de moda dentro da indústria, estas que fazem parte do
ciclo de vida de um produto, que, por sua vez, podem interferir em uma coleção
dentro de uma empresa. Buscamos entender como acontece o planejamento dos
ciclos de produção dentro a indústria e suas estratégias de processos, levando em
consideração a importância da organização e deinição dos prazos estipulados para
o desenvolvimento dos produtos.
Aprendemos, também, como são estruturadas as coleções fast fashion, slow
fashion ou cruise collection, quais as principais diferenças que elas apresentam em
termos de tempo de duração e características de criação e como elas podem ser uti-
lizadas como estratégias pelas marcas de moda para atingir públicos especíicos,
podendo, inclusive, coexistir em uma marca. Vimos também as conexões entre as
coleções e como isto colabora para uma boa gestão do produto de moda.
Nesta unidade, então, conhecemos a forma de documentação técnica de um pro-
duto, dentro da indústria, qual a importância de prová-lo e deinir suas estratégias
de mercado a im de lançar coleções de produtos de sucesso no mercado da moda.
110
atividades de estudo
114
atividades de estudo
115
referências
gabarito
1. A.
2. B.
3. D.
4. E.
5. B.
117
INTRODUÇÃO
Design Sustentável
Para iniciarmos nosso conceito sobre algo, temos O ritmo acelerado da cadeia do vestuário, sazonal, com
que entender de onde surgiu a palavra e qual a inali- constantes lançamentos de produtos e serviços, acarre-
dade de ter sido incorporada no cotidiano. O termo ta contribuição para as interferências ambientais ne-
Design Sustentável é também conhecido por Design gativas, decorrente da crescente adoção dos modelos
Ambiental e Design Ecológico e preza a consciên- de consumo de moda, estimulado pela obsolescência
cia em termos do que se deve fazer para usufruir estética programada e também a baixa qualidade dos
das condições ambientais e deixar este mesmo am- produtos – como no caso do sistema fast fashion, que,
biente em condições iguais ou melhores para que segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil
outras pessoas possam também utilizá-lo, pois esta (ABIT), se fôssemos pensar de maneira sensível, tería-
é a ilosoia de projetar bens físicos sob a ótica da mos que abandonar vários dos nossos hábitos diários,
sustentabilidade, prezando seus princípios sociais e pois, muitas vezes, não percebemos o quão estamos
ambientais. agredindo o ambiente, mesmo que inconscientemente.
122
DESIGN
Muitos impactos ambientais acontecem a todo desenvolvido com tais ibras. É neste sentido que
momento dentro de uma empresa de confecção e surge o Design Sustentável, com proposta de novos
são causados ao longo de todo o ciclo de produção cenários. Embora as pesquisas nesta área da susten-
e consumo da cadeia produtiva do vestuário, por- tabilidade sejam relativamente recentes, já mostram
que apenas damos continuidade aos impactos que o quão relevante é, para a moda, o posicionamen-
iniciam no princício da produção das peças de ves- to dos designers em favor da sustentabilidade. Mas
tuário. Se formos analisar a fase de produção, por somente algumas pessoas estão caminhando neste
exemplo, esses impactos acontecem com a emissão sentido, e isso não será suiciente.
de gases do efeito estufa, na própria geração de re- Os designers, mesmo sozinhos, têm um limita-
síduos sólidos que acontecem dentro das empresas, do poder para inluenciar a mudança no contexto de
devido às aparas de tecidos e sobra de cortes, bem toda a cadeia de produção de vestuário, mas, anali-
como o uso exorbitante de água, de produtos quími- sando por outro ângulo, possuem maior poder de
cos e também de energia. Importante entender que inluência sobre o comportamento do consumidor,
estamos falando de recursos não renováveis. Temos pois oferecem a possibilidade para os consumido-
também que prezar a terra, pois dela vem o cultivo res escolherem seus produtos de acordo com seus
dos recursos renováveis. Sendo assim, cabe, então, desejos, porém a adoção do consumo
um questionamento: como utilizar uma terra que consciente exige profunda modi-
sofreu contaminação? (SALCEDO, 2014). icação no estilo de vida
Na cadeira produtiva da moda, muito se ouve das pessoas.
falar em ibras sustentáveis, talvez seja a parcela sus-
tentável mais utilizada atualmente. Muitas empresas
têxteis já conseguem oferecer tecidos com menos
impactos ambientais tanto na produ-
ção quanto na extensão da vida
útil do produto que foi
123
DESIGN DO PRODUTO
Customização, Upcycling
e Downcycling
Pensando ainda neste mesmo consumidor de uma vimentos, uma vez que os jovens aceitam com mais
marca, é provável que este nicho enxergue que gerar facilidade novidades e estéticas que promovam dife-
interferências, ou utilizar técnicas de processos criati- renciação, talvez até sejam mais informados acerca da
vos diferentes nas coleções, pautadas na sustentabili- sustentabilidade, já que é um tema relativamente atual.
dade, é bem aceito e até gera valor ao produto, con- Sabe-se que existem três técnicas pautadas no
sequentemente, aguça a percepção do cliente. Como processo criativo que têm sido muito bem vistas por
vimos nas unidades anteriores, conhecer o público- consumidores tanto jovens como mais tradicionais,
-alvo e decidir o tempo de coleção de cada produto é cada um em seu segmento, mas com direcionamen-
importante. Podemos inferir que marcas com público tos de consumo voltados para o irreverente, ou, ain-
mais jovem tendem a arriscar mais em seus desenvol- da, com viés ambientalista.
124
DESIGN
A customização é uma dessas técnicas, que per- necessidade. Por exemplo, uma jaqueta que permite a
mite prolongar o tempo de vida de um produto por remoção de suas mangas por meio de zíperes na linha
meio da interferência de aplicação de aviamentos, da cava e se transforma em um colete com seu forro
como metais, pedrarias e tecidos ou pintura sobre a também adaptado para virar o lado direito da peça;
peça, assim como remodelar alguma parte da peça camisas que permitem que suas mangas sejam dobra-
por meio do uso de corte e costura (SCHULTE et das até determinada altura e presas por martingale,
al., 2014). mudando a estética da peça para um estilo safari, ou,
A customização, até então utilizada somente pelo até mesmo, calças que permitem suas barras serem
consumidor em sua casa com a intenção de modii- dobradas e adaptadas a vários comprimentos.
car a peça, passou a ser também utilizada pelas em- Já as técnicas de Upcycling e Downcicling estão
presas ao realizarem parcerias com artistas, outros se tornando mais conhecidas no mercado de moda.
designers ou personalidades em que é desenvolvida Upcycling é o nome que damos ao reinserirmos, du-
uma coleção exclusiva, com poucos itens, persona- rante o processo produtivo, os materiais cujo des-
lizada, ou seja, customizada por ele. Essas edições tino único é o lixo, na criação de novos produtos
especiais permitem que a marca acrescente algo di- (MANZINI; VEZZOLI, 2002). Assim, não deixa de
ferente a um produto já conhecido de seu consumi- ser um processo de customização, porém o produ-
dor e, ao mesmo tempo, comunique que sempre está to que seria descartado passa por um processo de
em busca de algo novo para oferecer. desconstrução e é utilizado em um produto novo. A
empresa gera um mecanismo de recolhimento dos
produtos para descarte, ou uma campanha por de-
terminado período, e faz o tratamento desses produ-
tos por meio da limpeza, higienização e posterior-
mente realiza a desconstrução e aproveitamento.
SAIBA MAIS
125
DESIGN DO PRODUTO
O objetivo principal do Upcycling é elevar o status próprio processo da reciclagem, como mesclas de co-
do produto ou da matéria-prima anterior a partir res e texturas. Também acaba se tornando um produ-
do desenvolvimento de um novo produto, como as to de valor diferenciado para consumidores adeptos
sacolas utilizadas para compras feitas de material de e seguidores de marcas que priorizam a sustentabi-
banner ou mesmo de lona de caminhão. lidade e o bem-estar. Por meio de uma diferenciação
O Downcycling é um processo que também reutiliza em suas estratégias de marketing, de divulgação e de
um material, porém o produto resultante é de menor programação visual das peças, com etiquetas indi-
valor, uma vez que a integridade do material pode ser cando ser um produto reciclado, por exemplo, tem
comprometida. Um exemplo claro desta técnica é a fácil aderência a esse público consumidor.
reciclagem de papel para desenvolvimento de outra
papelaria, como folhas e envelopes. O papel passa REFLITA
por um processo de desestruturação e é mesclado a
outros componentes para a formação do novo papel,
Mais preocupado com o “ser” do que com o “ter”,
porém, como mencionado anteriormente, há o com- o novo consumidor é mais responsável com
prometimento da matéria-prima inicial. relação ao meio ambiente e consigo mesmo. Ele
Não necessariamente isso deteriora o valor do se expressa não pela posse de bens, mas prin-
cipalmente pela riqueza de valores interiores.
produto. Papelaria feita em papel reciclado tende a
custar um pouco mais caro que uma papelaria sem o (Marcos Cobra).
126
DESIGN
Deinições Mercadológicas e
Comerciais de uma Coleção com
Conceito de Sustentabilidade
Existem vários pontos a se reletir quando falamos Esse tipo de consumo passou a ser um processo
em conceito de sustentabilidade em uma coleção de transformação em torno das pessoas, como se
de moda. Desenvolver conceitos e pensar em uma fosse uma nova cultura, um processo que orienta os
extensão de coleção corresponde, também, a como cidadãos sobre os processos produtivos aos quais
“conversar” com seus clientes e garantir que ele re- o produto passa até chegar em suas mãos. Mesmo
ceba a informação correta sobre a proposta ofereci- o produto tendo a inalidade de satisfazer às ne-
da pela marca. Sabemos que o consumidor percebe cessidades dos consumidores, já existe um olhar
quando a marca está cuidando do ambiente, exem- mais aprofundado sobre o consumo, exigindo que
plo disso é o tema atual “consumo sustentável”, que os produtos sejam produzidos sem gerar impactos
podemos considerar como o consumo responsável. negativos para o ambiente e para a sociedade. Esta
127
DESIGN DO PRODUTO
transformação a que estamos assistindo veio para Ainda existem outras estratégias em prol da sus-
estimular as pessoas, sem deixar o consciente de tentabilidade que podem ser utilizadas pelas marcas
lado, ou seja, o consumidor, por meio de suas es- de moda, e conhecemos como beneiciamentos. Po-
colhas, pode exigir que as empresas sejam cada vez demos entender que fazem parte dos beneiciamen-
mais responsáveis e comprometidas. tos os acabamentos, seja nos tecidos ou nas roupas,
Independentemente do porte da empresa, pe- como tingimentos, estamparias etc. A cada vez que
quena, média ou grande, é preciso buscar produzir se desenvolve um produto, deve-se pensar nele na
produtos ecologicamente corretos e benéicos ao totalidade, nos atributos, nos benefícios, nas agres-
meio ambiente e, principalmente, à sociedade. Uma sões. Só para se ter uma ideia, encontramos no pró-
das opções existentes e que hoje se encontra ao al- prio mundo natural uma grande variedade de tipos
cance de praticamente todas as empresas é a utili- de corantes, oriundos de folhas, frutos e materiais
zação de ibras têxteis sustentáveis, que estão entre vegetais, que podem ser utilizados para tingir as
as matérias-primas que menos agridem o meio am- mais variadas peças de roupas.
biente. Alguns dos corantes vêm de sementes, folhas,
Entre as inúmeras opções existentes, temos uma caules, como o açafrão, o urucum, a beterraba, o
ibra bastante conhecida, o algodão orgânico, culti- café, a casca de cebola, o colorau, a erva-doce, a
vado sem o uso de fertilizantes e pesticidas. Além erva-mate, o espinafre, a serragem, entre outros. É
do algodão orgânico, existem muitas outras ibras válido ressaltar que os corantes naturais colorem su-
que já estão sendo inseridas nas coleções de moda: o avemente uma peça de roupa, justamente por não
algodão colorido, as ibras de bambu, as ibras deri- haver pigmentos artiiciais responsáveis por ixar as
vadas de soja e de milho. São ibras cultivadas, colhi- cores intensamente nos tecidos.
das e beneiciadas com a menor agressão ambiental Outro fator bastante observado pelos consumi-
possível, contribuindo, assim, para o bem-estar das dores de marcas de moda é o investimento na qua-
pessoas e a preservação ambiental. lidade da mão-de-obra fabril. Ainda assistimos a
Uma alternativa bastante utilizada no desen- algumas empresas que vivem uma realidade muito
volvimento de produtos com viés na sustentabili- distante de ser sustentável, utilizam mão-de-obra
dade, segundo a autora Berlim (2012), é o PET, que escrava, contratam menores de idade, não oferecem
tem como nome cientíico Polietileno Teretalato. condições apropriadas para trabalho em suas pro-
Segundo a autora citada, o PET, por ter o atributo duções, com locais inapropriados, não legalizados.
na reciclabilidade e poder ser transformado em io Este tipo de empresa pode ser alvo de iscalização e
têxtil para a produção de roupas, acabou se trans- pode sofrer multas, e a lei é severa quanto a este tipo
formando em fonte de renda para inúmeras asso- de descumprimento, podendo chegar a infrações
ciações de coletores de lixo no Brasil, e este é um graves, como o fechamento da marca.
caráter social que faz da reciclagem do PET uma Sendo assim, para comunicar seu produto, as
das faces mais importantes do elo moda e susten- indústrias e marcas de moda desenvolvem suas es-
tabilidade. O maior uso de PET hoje está na fabri- tratégias de marketing, considerando que o consu-
cação de camisetas (BERLIM, 2012). midor inal deve conhecer a fundo suas coleções,
128
DESIGN
desde a escolha das matérias-primas e materiais até mas peças que podem ser enviadas aos edi-
a chegada do produto no ponto de venda. A coleção tores de moda de revistas para que possam
ser desejada pelo lojista é o ponto de partida do fa- utilizá-las em suas produções, ou presente-
ar alguma personalidade inluenciadora na
bricante. O lojista precisa ter vontade de comprar es-
moda, de certa forma, torna-se uma publici-
ses produtos e colocá-lo em suas lojas para vender, a dade indireta para a marca.
não ser, em raros casos, que a marca tenha somente c. Organização de desiles: este pode ser uma
loja própria e toda sua coleção seja distribuída para estratégia interessante para a empresa. O des-
seus pontos de venda. ile pode ser organizado para o público em
O setor de marketing da empresa trabalha junto geral, somente a jornalistas ou formadores de
com o designer para pensar, estrategicamente, como opinião, dentro de um evento ou em semana
de moda ou particular.
cada uma das coleções será lançada e divulgada no
d. Catálogo: o catálogo representa o principal
mercado. Assim, de acordo com Treptow (2003), al-
material de apoio para um representante co-
gumas ações podem ser consideradas: mercial ou vendedor de loja de atacado. Essa
a. Participação em feiras: existem feiras e even- peça dá suporte à venda, uma vez que tanto
tos de moda, como salões de negócios, que o vendedor de atacado quanto o representan-
reúnem várias marcas com o mostruário de te não são os consumidores do produto, e as
suas coleções para que compradores conhe- fotos do catálogo auxiliam o comprador a ter
çam seus produtos e realizem pedidos, ou uma noção da versatilidade das peças, uni-
recebam, posteriormente, um representante formidade de informação e conceito da co-
comercial em seus estabelecimentos. leção. Outros materiais podem ser utilizados
b. Release de imprensa: as marcas enviam aos para o mesmo objetivo, como lookbook (ma-
meios de comunicação um texto apresentan- terial também em formato de catálogo, mas
do sua coleção, muitas vezes, junto com algu- com as peças dispostas sem produção de fun-
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DESIGN DO PRODUTO
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DESIGN
131
considerações inais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao im do estudo desta última unidade e tam-
bém desta disciplina. Aqui, aprendemos sobre a importância de uma ex-
tensão de coleção, os processos e o mecanismo utilizados para estruturar e
decidir, estrategicamente, quais peças inserir e em que período modiicá-la,
quais estratégias utilizar para atrair consumidores que priorizam o novo bem e como
airmar a inluência da marca no mercado de moda.
Vimos que, para desenvolver uma extensão de coleção, é preciso gerar, por meio
das mesmas técnicas de desenvolvimento de produto vistas anteriormente, uma co-
nexão semântica e conceitual entre a coleção existente e a que virá. Isso resultará em
coerência entre as informações apresentadas e manutenção dos ideais de comunica-
ção estabelecidos previamente pelo departamento de marketing. Aprendemos sobre
sustentabilidade na moda e como se posiciona, hoje, o pensar ambiental. Sendo as-
sim, foi possível entender as três técnicas de processo criativo, ecologicamente corre-
tas, a customização, o Upcycling e o Downcycling, e como funcionam seus processos
em relação aos novos produtos.
E, inalmente, caro(a) aluno(a), estudamos as deinições mercadológicas e co-
merciais utilizadas para o desenvolvimento de uma extensão de coleção que, de uma
maneira assertiva, colaboram para que os produtos sejam direcionados para seu
real público consumidor, com utilização de ibras naturais e mais outras estratégias,
gerando retorno inanceiro e reconhecimento da marca por parte de seus clientes.
Outro item importante que trabalhamos nesta unidade foram os tipos de canais de
distribuição de um produto e como eles inluenciam o acesso do consumidor às co-
leções, comprovando, assim, por meio de outros exemplos, como as ações e departa-
mentos dentro de uma empresa estão interligados.
Nesta unidade, então, aprendemos a pensar estrategicamente nas peças que se-
rão criadas, quais técnicas criativas podemos utilizar nesse desenvolvimento para
direcionar assertivamente essa coleção para seu real mercado.
133
atividades de estudo
1. A extensão de coleção pode ser uma estraté- II. Customização e upcycling tem a mesma fun-
gia bastante assertiva para uma empresa de ção, remodelar uma peça antiga por meio da
moda, quando bem planejada, essas inserções interferência com aviamentos.
ou novas coleções ofertam novos produtos aos
III. Upcycling e downcycling são processos que uti-
consumidores possibilitando maior conexão
lizam produtos que possam ser desconstruí-
com o público-alvo da marca e também acrés-
dos por meio de remodelagem ou desestrutu-
cimo das vendas por meio de novos produtos.
ração de matéria-prima.
A respeito da deinição de extensão, analise as
IV. Downcycling faz referência à geração de um
airmativas:
“up grade” no produto já existente, e upcycling
I. Extensão de coleção é a coleção completa- à reutilização em outro produto mais simples,
mente diferente da anterior. Se a primeira co- embora ainda muito proveitoso para a coleção.
leção é de verão, a extensão é de inverno.
É correto o que se airma em:
II. Extensão de coleção é uma coleção que utili-
a. I, apenas.
za somente as peças rejeitadas na reunião de
aprovação da coleção anterior. b. II, apenas
III. Extensão de coleção utiliza os mesmos dire- c. III, apenas.
cionamentos conceituais utilizados na coleção
d. II e III, apenas.
anterior, além da cartela de cores.
e. I, II e III.
É correto o que se airma em:
3. Segundo Gomes (1992), uma coleção é um con-
a. I, apenas.
junto de peças de roupas e/ou acessórios que
b. II, apenas possuam alguma relação entre si, seja com o
c. III, apenas. estilo do consumidor e a imagem de determi-
nada marca.
d. II e III, apenas.
A respeito da “coleção cápsula”, analise as airma-
e. I, II e III. tivas a seguir:
2. O mundo da moda já tem familiaridade com o I. É uma pequena coleção lançada associada so-
conceito de reciclagem, no qual alguns mate- mente à coleção principal de uma marca.
riais não utilizados são coletados aim de pas-
II. É uma coleção feita somente com artistas e
sar por um novo processo de fabricação que
parcerias com outras marcas.
resultará em novos produtos. Apresentando
um viés mais sustentável de fabricação e co- III. Toda coleção cápsula deve ser lançada no inal
mercialização de produtos. da coleção principal de uma marca.
Tendo isso em vista, analise as airmativas a seguir: IV. Coleção cápsula é lançada durante a tempo-
rada de uma coleção, podendo ou não ser as-
I. Customização, upcycling e downcycling são téc-
sociada a ela.
nicas de diferenciação de produtos que utili-
zam somente matéria-prima reciclada. É correto o que se airma em
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atividades de estudo
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material complementar
Dois exemplos de como as marcas estão modiicando suas estruturas no processo criativo: um é sobre
como a marca H&M lançou uma linha com produtos reciclados de sua própria marca; o outro é de uma
marca brasileira que tem seus produtos criados a partir de outras peças. Disponíveis em: <http://www.in-
sectashoes.com/> e <http://www.stylourbano.com.br/nova-linha-denim-da-h-m-e-feita-de-roupas-recicladas-
-pela-propria-h-m/>.
Nos links a seguir, você poderá ver a coleção cápsula desenvolvida pela marca Proenza Schouler, que
também apresentou peças desenvolvidas pela marca J. Chermann para a C&A, disponíveis em: <http://chic.
uol.com.br/moda/noticia/ilipe-jardim-ilustra-serie-premium-de-sneakers-para-a-converse> e <http://vogue.
globo.com/moda/moda-news/noticia/2016/03/j-chermann-para-c-segunda-colecao-capsula-de-t-shirts.html>.
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referências
BERLIM, L. Moda e Sustentabilidade: uma relexão necessária. São Paulo: Estação das Letras, 2012.
COBRA, M. Marketing e moda. São Paulo: Marcos Cobra, 2008.
LOURENÇO, F.; SAM, J. O. Vitrina: veículo de comunicação e venda. São Paulo: Senac, 2011.
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: EDUSP, 2002.
RECH, S. R.; CECCATO, P. Marcas de Moda e Co-Branding. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA,
19., 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UDESC, 2009. v. 2. p. 1-6.
SALCEDO, H. Moda Ética para um Futuro Sustentável. São Paulo: G Gili., 2014.
SCHULTE, N. K.; LOPES, L. D.; DA ROSA, L.; PADILHA, M. M. Logística reversa, reutilização e trabalho
social na moda. ModaPalavra e-Periódico, v. 7, n. 13, p. 85-100, 2014.
SORGER, R.; UDALE, J. Fundamentos de design de moda. Porto Alegre: Bookman, 2009.
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. São Paulo: D. Treptow, 2003.
Referência on-line
1
Em: <http://laviaaranha.com/processos/>. Acesso em: 24 set. 2018.
gabarito
1. C.
2. D.
3. B.
4. E.
5. E.
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conclusão geral
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