INTEFISA – Instituto de Filosofia e Teologia São Francisco e Santa Clara de Assis.
Introdução à Filosofia. Prof. Ir. Roberta Martins Arias, mps
MATEUS DONIZETI MOREIRA, MPS 1º Ano de Filosofia
Mococa-SP, 20 de novembro de 2020.
ESCOLAS: ESTÓICA, EPICURISTA E NEOPLATÔNICA
CONTEXTO HISTÓRICO:
Sabemos que o estoicismo, epicurismo e neoplatonismo procedem a época
Aristotélica. Após essa época, Atenas perde sua independência e sofre um domínio
macedônico, sendo uma época muito sangrenta.
Quando Atenas se torna independente dos macedônicos acaba caindo nas mãos dos
romanos. Com esse domínio existiu um fenômeno que não podemos deixar de citar, que é o
helenismo.
O helenismo é a universalização da língua e também da cultura grega. Atenas deixa
de ser o grande foco dos intelectuais e surge um espaço para culturas diferentes, tais como
Pérgamo, Antioquia, Alexandria e Egito.
O período helenístico se caracteriza na grande infinitude crítica e de inteligentes
reelaborações das ideias aristotélicas, da lírica e também da lógica. O período helenístico é
marcado pela ética. Houveram quatro grandes períodos de uma tentativa desta problemática,
são eles: estoicos, epicuristas, céticos e ecléticos.
ESCOLAS ESTOICAS
FUNDAÇÃO DOS ESTOICOS
O estoicismo foi fundado por Zenão de Cício que nasceu em 334 a.C e morre em 262
a.C. A sua filosofia se dá em Atenas, por volta de 20 anos após a morte de Aristóteles. Zenão
fora influenciado por um filósofo, Crates. Seu sucessor foi Cleanto. Sua escola, no início, era
conhecida como “stoá” ou “pórtico”, que é o nome do local onde seus alunos estudavam.
Zenão não era cidadão ateniense e, com isso, ele não podia comprar um terreno e usava um
“pórtico”, um tipo de fachada, um pequeno prédio aberto.
Com o surgimento do cristianismo os estoicos influenciaram muito os cristãos,
especialmente quando se diz em relação à irmandade e à virtude da apatia em que se encontra
a paz interior.
Estoicos é o atributo com que se designa o grupo de filósofos que se reuniu num dos
pórticos da Atenas. Em grego, pórtico é stoá, denominando-se Stoá Poikile (estoá
pecile), especificamente, o lugar de reunião dos discípulos de Zenão, de Citium
(JÚNIOR, 1989, p. 84).
FILOSOFIA ESTOICA
Para ele, a sua escola deveria ser dividida em três períodos:
1- Período Estoico Antigo (século III a.C.): Neste período os estoicos antigos sofrem
influência dos peripatéticos (alunos internos de Aristóteles).
2- Período da Média Estoa (século II e I a.C.): Neste período se origina uma nova
etapa do estoicismo, em que ocorre um sincretismo do universal em prol dos interesses
intelectuais.
3- Período Estoa Romana ou Nova Estoa: Também são conhecidos como estoicos
imperiais. Algo que marcou muito a época foi que neste período o neoplatonismo teve uma
influência do estoicismo novo.
No estoicismo a felicidade só se dá por meio da virtude; essa busca pela felicidade e
a verdade somente se dá por meio da ciência. A ciência para os estoicos é a sabedoria, em que
o máximo ou fim dessa virtude é chegar à própria sabedoria, e é somente através desse
exercício das virtudes que alcançarão a sabedoria.
Para eles existem três virtudes gerais. São elas: física, lógica e ética. Sendo assim, a
ética é a virtude mais elevada e é essencial a presença das duas outras virtudes.
Esse método era atrativo para o povo, pois viviam naquela época uma fase muito
sangrenta que Alexandre os proporcionou, ou seja, eles apenas queriam paz ao invés de
guerras.
EXPOENTES DO ESTOICISMO
1- PANÉCIO DE RODES:
Foi expoente do estoicismo, cuidava da ética do senso comum. Ele retoma algumas
ideias platônicas, antes de ser o chefe da escola estoica. O estoicismo vivia uma desordem em
suas regras; Carnéadas (203- 129) tomava como regra o “tudo ou nada”, algo que prejudicou
muito o grupo dos estoicos.
As ideias de Canéadas foram publicados mais tarde por Cícero. Foi responsável por
desenvolver as ideias de seu pai fundador.
2- MARCO AURÉLIO:
Foi um grande imperador romano, que desde muito cedo já pegava em armas. Foi
com 11 anos de idade que teve seu primeiro contato com o estoicismo, principalmente no que
se refere a questões de morte. Sua filosofia é refletir sobre a fuga do tempo, precariedades da
vida e dificuldades de estar com os homens.
ESCOLA EPICURISTA
CONTEXTO HISTÓRICO:
Assim como o estoicismo, o epicurismo foi desenvolvido em Atenas, a cidade
exemplo em desenvolvimento humano e financeiro.
Seu pai fundador foi Epicuro de Samos, que nasceu em aproximadamente 341 e
morre em 260 a.C.
Epicuro nasce de uma família muito rica, possuidora de muitos bens. Ele cria sua
escola e a chama de “jardim”, fundada em 306.
Epicurista é a denominação empregada para designar o adepto ou seguidor das
doutrinas do filósofo Epicuro. Usam-se também as formas epicúrio, epicureu
(feminino epicuréia) (JÚNIOR,1989, p. 84)
FILOSOFIA EPICURISTA
As principais características desta escola são o sensível e o racional do sensível. Para
eles esse sensível é o conhecimento sensível. O fundamento de tudo é a razão, que é
precedente do sensível. Tudo que é sensitivo, dos sentidos, é verdadeiro; dizendo que o prazer
é o princípio do bem.
Essa escola teve uma grande influência na história, se perdurando por volta de 5
séculos, influenciando até mesmo alguns cristãos. Um dos “problemas” em que os cristãos
refutavam os epicuristas era a questão do “prazer” quando dizem que é o princípio do bem,
uma vez que para os epicuristas a busca do prazer é algo natural, desde que não perturbe
ninguém.
Um exemplo do Epicuro é quando ele afirma que o sol é do tamanho que vemos, pois
nós o vemos naquela pequena “bola de fogo”, nada além daquilo; assim também era sua ideia
em relação ao que era metafísico, que deveria ser do tamanho que apresentava ser.
Eles não se denominavam ateus, porém, no que se refere a um bem supremo, era
desprezado, pois pensar nisso tomaria muito de seu tempo, dizendo também que a religião era
uma “causa desnecessária de ansiedade” (STEAD, 1999, p. 48), uma vez que ele se importava
muito com a “paz interior”, que era atrativo para os cristãos daquela época.
Vale a pena ressaltar que para os epicuristas a teoria física era aceitável, dizendo que
o início do universo era uma grande quantidade de átomos que caíram livremente pelo espaço
e nesse “cair” eles se colidiram e criaram o mundo, e tudo foi ordenado. Os epicuristas
pensavam que era essencial perder o medo de morrer, alegando que enquanto estamos vivos
não sentimos a morte e, quando mortos, não sentimos nada.
EXPOENTES DO EPICURISMO
1- HÊRMARCOS DE MITILENE:
Nasceu em 325 e morreu em 250 a.C. Cuidou de Epicuro, ficando vários anos com o
mesmo, e escreveu que Epicuro ficou velho com ele na filosofia.
Sendo ele sucessor de Epicuro; alguns de seus trabalhos foram: Sobre Matemáticos,
Contra Platão e Contra Aristóteles.
2 - LUCRÉCIO:
Nasceu em 94 e morreu em 50 a.C, em Roma. Foi poeta e filósofo. Sofreu grande
influência das ideias de Epicuro, escrevendo um poema famoso que se chama “De Rerum
Natura”, Da Natureza das Coisas.
Com ele se comprovou que um filósofo pode ser um ótimo poeta, criando vários
conceitos tais como: “indestrutibilidade da matéria”.
ESCOLA NEOPLATÔNICA
CONTEXTO HISTÓRICO
O primeiro neoplatonista foi Amônio Sacas, porém não é muito conhecido, pois não
deixou nada escrito. Para ele paganismo e cristianismo não eram diferentes.
O fundador desta escola foi Plotino. Ele nasceu no Egito, em 205, e morreu em 270
d.C. Com o surgimento do Judaísmo e Cristianismo, Plotino tenta sintetizar suas ideias,
fazendo com que suas fossem ao mesmo tempo filosófica e religiosas, misturando as ideias
platônicas e também as religiões ocidentais.
FILOSOFIA NEOPLATÔNICA
Sua filosofia tinha como objetivo a relação entre humano e absoluto. Após a morte
de Plotino seus alunos juntaram suas obras e deram o nome de Enéadas.
Plotino fala que o absoluto não é de maneira alguma representativo, mas sim um ser
transcendente que chega a qualquer lugar sem um ponto de partida. Ele chama esse Absoluto
de “UNO”. Esse Uno não tem princípio, não se move e não está em repouso. Nada pode
atribuir-se a ele, pois está “unidíssimo consigo mesmo” (MONDIN, 1926, p. 128). Ele
também afirma que o pensar não pensa, mas sem o pensamento de si mesmo e dos outros, é
impossível que se fale do Uno por inteiro com apenas pouquíssimas coisas sabidas sobre ele.
Plotino explica que o Uno não se divide para criar nenhuma criatura, pois não tem
como tirar pedaços deste. O processo de criação é uma forma em que o Uno fica intacto,
conhecido como “Emanação”, que é a não subtração do Uno, ainda que tudo dele proceda.
Mesmo não querendo usar imagens demonstrativas acaba pecando ao tentar
comparar o Uno com os raios do sol, ou melhor, o processo de Emanação. A única situação
ou coisa que tem origem imediata no Uno é o “Nous”, ou a inteligência que dele provê a vida
e, desta vida, por conseguinte, a “Alma Universal” e a “Alma do Homem”.
A última Emanação que vem do Uno não é imediata, necessita do intermédio do
Nous, que é a matéria, fonte imperfeita, fonte de ignorância, do mal. Para Plotino o homem é
composto de alma e corpo. A alma é distinta do corpo, ela já existe antes do corpo ser. A alma
tem função de estabelecer uma ordem, reconduzir tudo ao Uno. Esse processo de retornar ao
Uno foi divido em três partes: Ascese, Contemplação e Êxtase.
1- Ascese ou Catarse: através do exercício das quatro virtudes cardeais (sabedoria,
coragem, moderação e justiça) a alma será libertada do corpo e também dos sentidos.
2- Contemplação: é o desenvolvimento do Uno sobre a filosofia.
3- Êxtase: é a união imediata entre a alma e o Uno. Nessa fase a alma supera
qualquer tipo de conhecimento filosófico. É um ato de alegria, é uma inflamação de amor,
tornando real o seu desejo de retornar.
EXPOENTES DO NEOPLATÔNISMO
1- PORFÍRIO
Nasceu em 232 e morreu em 303 d.C. Foi um importantíssimo discípulo e procedente
de Plotino, sendo responsável de juntar os livros de Plotino (Enéadas). Também escreveu um
livro sobre Lógica Aristotélica, Eisagogé (introdução).
2- PROCLO:
Nasceu em 410 e morre em 485 d.C. Teve uma grande importância na ampliação das
obras de Plotino em relação à Emanação. Sua obra principal é a Teologia Platônica e algumas
teses da Metafísica Aristotélica. Nessa tentativa de concluir os pensamentos desses filósofos
ocorre um certo avanço na assimilação do aristotelismo com o cristianismo, mostrando que a
filosofia Grega era compatível com a filosofia cristã.
Seu sistema para explicar a emanação era trinitária – ser, vida e pensamento, sendo o
ser o mais importante de todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia VI. 4. ed. Lisboa: Presença, 1969.
BACALHAU, Luzia Maude. Referências Bibliográficas: Aula expositiva de Filosofia
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BACALHAU, Luzia Maude. Referências Bibliográficas: Aula expositiva de Filosofia
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JÚNIOR, Cretella. Novíssima história da filosofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1989.
LAÊRCIO, Diôgenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. 2. ed. Brasília: Unb, 2008.
MONDIN, Battista. Curso de filosofia. São Paulo: Paulinas, 1926. Vol 1.
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www.infoescola.com/historia/periodo-helenistico/. Acesso em 16 set. 2020.
STEAD, Christopher. Antiguidade cristã. São Paulo: Paulus, 1999.