Origem e Variações da Língua Portuguesa
Origem e Variações da Língua Portuguesa
ALEX GUIMARÃES
ALUNO(A):_____________________________________________ TURMA:____________________
I BIMESTRE
ASSUNTO 01: A ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
BIMESTRE I
ASSUNTO 02: LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
Linguagem, língua e fala são três conceitos indissociáveis no processo comunicativo, porém individualmente
diferenciáveis entre si.
Linguagem
Linguagem verbal:
gestos; imagens;
sinais; desenhos;
sons; expressões faciais;
cores; …
Língua
A língua é um conjunto de palavras organizadas por regras gramaticais específicas. É uma convenção que permite que
a mensagem transmitida seja sempre compreensível para os indivíduos, PORÉM DENTRO DE UM SISTEMA MAIS
ABRANGENTE. Assim, tem um caráter social e cultural, sendo usada por uma comunidade específica:
Nota: A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma língua com estrutura gramatical própria e não uma linguagem, sendo
reconhecida, também, como língua oficial de sinais do Brasil desde 2002.
Fala
A fala é a forma pessoal de expressão de cada indivíduo, que possui uma organização própria de pensamentos, ideias,
opiniões,… A fala segue as regras gramaticais da língua, mas deixa margem para a criatividade e diferenciação na comunicação
em função de quem fala.
É influenciada pelo contexto, vivências, personalidade e conhecimentos linguísticos do falante, apresentando diversos níveis,
desde o mais informal ou coloquial, até o mais formal ou culto.
ESCOLA:______________________________________________ PROF. ESP. ALEX GUIMARÃES
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BIMESTRE I
ASSUNTO 03: OS NÍVEIS DE LINGUAGEM
A fala e a escrita, em uma determinada situação de frequentes. A exemplo temos os vícios “Nóis vai”, “vamo ir”,
comunicação, apresentam os ditos “níveis de linguagem”. “pra mim comer”.
Esses dizem respeito à concordância em que o emissor e o
receptor estão para que possam ser compreendidos, e para Linguagem culta ou padrão
tanto, existem linguagens diferentes para ocasiões distintas.
A gramática normativa dita as regras de coerência, O total oposto da linguagem tratada anteriormente. A língua
entretanto, na fala e escrita, especialmente informal, padrão é aquela ensinada nas escolas, usada em livros
podemos usar elementos que não estão gramaticalmente didáticos e, muitas vezes, é a usada nos telejornais. É mais
corretos, mas que são de entendimento para o receptor. comum usar esse tipo de linguagem na escrita. Ela reflete
prestígio social e cultural, mas não é só isso que deve definir
Linguagem regional um indivíduo
Linguagem vulgar
São as variedades linguísticas que sofrem forte influência do espaço geográfico ocupado pelo falante. Em um país com
dimensões continentais como o Brasil, elas são extremamente ricas (tanto em número quanto em peculiaridades linguísticas).
Sotaque: fenômeno fonético (fonológico) em que pessoas de uma determinada região pronunciam certas palavras ou
fonemas de forma particular. São exemplos a forma como os goianos pronunciam o R ou os cariocas pronunciam o S.
Em Goiás, por exemplo, normalmente se diz “mandioca”; no Sul, “aipim”; no Nordeste, “macaxeira”.
São as variedades linguísticas que não dependem da região em que o falante vive, mas sim dos grupos sociais em que
ele se insere, ou seja, das pessoas com quem ele convive. São as variedades típicas de grandes centros urbanos, já que as
pessoas dividem-se em grupos em razão de interesses comuns, como profissão, classe social, nível de escolaridade, esporte,
tribos urbanas, idade, gênero, sexualidade, religião etc. Para gerarem sentimento de pertencimento e de identidade, os grupos
desenvolvem características próprias, que vão desde a vestimenta até a linguagem. Os surfistas, por exemplo, falam
diferentemente de skatistas; médicos comunicam-se diferentemente de advogados; crianças, adolescentes e adultos possuem
vocabulário bastante diferente entre si. Os grupos mais escolarizados tendem a ser mais formais, enquanto os grupos de menor
formação normalmente são mais informais, ou seja, há diferentes registros de linguagem.
Veja a crônica abaixo de Luis Fernando Verissimo, do livro “As mentiras que os homens contam”, acerca do uso das variedades
profissionais:
O Jargão
Nenhuma figura é tão fascinante quanto o Falso Entendido. E se alguém quer mais detalhes sobre a sua insólita teoria
É o cara que não sabe nada de nada mas sabe o jargão. E ele vê a pergunta como manifestação de uma hostilidade
passa por autoridade no assunto. Um refinamento ainda bastante significativa a interpretações não ortodoxas, e
maior da espécie é o tipo que não sabe nem o jargão. Mas passa a interpretar os motivos de quem o questiona,
inventa. invocando a Igreja medieval, os grandes hereges da
história, e vocês sabiam que toda a Reforma se explica a
– Ó Matias, você entende de mercado de capitais… partir da prisão de ventre de Lutero?
– Nem tanto, nem tanto…
Mas o jargão é uma tentação. Eu, por exemplo, sou
(Uma das características do Falso Entendido é a falsa fascinado pela linguagem náutica, embora minha
modéstia.) experiência no mar se resuma a algumas passagens em
transatlânticos onde a única linguagem técnica que você
– Você, no momento, aconselharia que tipo de aplicação? precise saber é “Que horas servem o bufê?”. Nunca pisei
– Bom. Depende do yield pretendido, do throwback e do num veleiro e se pissasse seria para dar vexame na
ciclo refratário. Na faixa de papéis top market – ou o que primeira onda. Eu enjoo em escada rolante. Mas, na minha
nós chamamos de topi-maque -, o throwback racai sobre o imaginação, sou um marinheiro de todos os calados. Senhor
repasse e não sobre o release, entende? de ventos e de velas e, principalmente, dos especialíssimos
– Francamente, não. nomes de equipagem.
Aí o Falso Entendido sorri com tristeza e abre os braços Me imagino no leme do meu grande veleiro, dando ordens à
como quem diz “É difícil conversar com leigos…”. tripulação:
Uma variação do Falso Entendido é o sujeito que sempre
parece saber mais do que ele pode dizer. A conversa é – Recolher a traquineta!
sobre política, os boatos cruzam os ares, mas ele mantém – Largar a vela bimbão, não podemos perder esse Vizeu.
um discreto silêncio. Até que alguém pede a sua opinião e
ele pensa muito antes de se decidir a responder: O Vizeu é um vento que nasce na costa ocidental da África,
faz a volta nas Malvinas e nos ataca a boribordo, cheirando
– Há muito mais coisa por trás disso do que vocês a especiarias, carcaças de baleia e, estranhamente, a uma
pensam… professora que eu tive no primário.
E há o falso que interpreta. Para ele tudo o que acontece – Cruzar a spínola! Domar a espátula! Montar a sirigaita!
deve ser posto na perspectiva de vastas transformações Tudo a macambúzio e dois quartos de trela senão
históricas que só ele está sacando. afundamos, e o capitão é o primeiro a pular.
– Cortar o cabo de Eustáquio!
– O avanço do socialismo na Europa ocorre em proporções
diretas ao declínio no uso da gordura animal nos países do
Mercado Comum. Só não vê quem não quer.
São as variedades linguísticas comumente usadas no passado, mas que caíram em desuso. São percebidas por meio
dos arcaísmos – palavras ou expressões que caíram em desuso no decorrer do tempo. Essas variedades são normalmente
encontradas em textos literários, músicas ou documentos antigos.
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de
Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na
cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo
voltava aos penates. Não ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução
moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no
convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo
que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de
fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1983
O Preconceito Linguístico é aquele gerado pelas diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo idioma. De tal
maneira, está associado as diferenças regionais desde dialetos, regionalismo, gírias e sotaques, os quais são desenvolvidos ao
longo do tempo e que envolvem os aspectos históricos, sociais e culturais de determinado grupo. O preconceito linguístico é um
dos tipos de preconceito mais empregados na atualidade e pode ser um importante propulsor da exclusão social.
Não existe uma forma “certa” ou “errada” dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado pela ideia de que
existe uma única língua correta (baseada na gramática normativa), colabora com a prática da exclusão social. No entanto,
devemos lembrar que a língua é mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo com ações dos falantes. Além disso, as
regras da língua, determinada pela gramática normativa, não inclui expressões populares e variações linguísticas, por exemplo as
gírias, regionalismos, dialetos, dentre outros.
De maneira elucidativa, no primeiro capítulo do livro, “ A mitologia do preconceito linguístico” um linguista muito conhecido
no país analisa oito mitos muito pertinentes sobre o preconceito linguístico, a saber:
Mito n° 1 “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente ”: o autor aborda sobre a unidade
linguística e as variações que existem dentro do território brasileiro.
Mito n° 2 “Brasileiro não sabe português” / “Só em Portugal se fala bem português ”: apresenta as diferenças entre o
português falado no Brasil e em Portugal, este último considerado superior e mais “correto”.
Mito n° 3 “Português é muito difícil”: baseado em argumentos sobre a gramática normativa da língua portuguesa
ensinada em Portugal, e suas diferenças entre falar e escrever dos brasileiros.
Mito n° 4 “As pessoas sem instrução falam tudo errado”: preconceito gerado por pessoas que têm um baixo nível de
escolaridade. Bagno defende essas variantes da língua e analisa o preconceito linguístico e social gerado pela diferença
da língua falada e da norma padrão.
Mito n° 5 “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”: mito criado em torna desse estado, o qual é
considerado por muitos o português mais correto, melhor e mais bonito, posto que está intimamente relacionado com o
português de Portugal e o uso do pronome "tu" com a conjugação correta do verbo: tu vais, tu queres, etc.
Mito n° 6 “O certo é falar assim porque se escreve assim”: aqui o autor apresenta diferenças entre as diversas variantes
no Brasil e a utilização da linguagem formal (culta) e informal (coloquial)
Mito n° 7 “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”: aborda sobre o fenômeno da variação linguística e a
subordinação da língua a norma culta. Para ele, a gramática normativa passou a ser um instrumento de poder e de
controle.
Mito n° 8 “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social ”: decorrente das desigualdades sociais e das
diferenças das variações em determinadas classes sociais. Assim, as variedades linguísticas que não são padrão da
língua são consideradas inferiores.
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BIMESTRE I
Emissor: chamado também de locutor ou falante, o emissor é aquele que emite a mensagem para um ou mais
receptores, por exemplo, uma pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa, dentre outros.
Receptor: denominado de interlocutor ou ouvinte, o receptor é quem recebe a mensagem emitida pelo emissor.
Canal de Comunicação: corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal,
livro, revista, televisão, telefone, dentre outros.
Contexto: também chamado de referente, trata-se da situação comunicativa em que estão inseridos o emissor
e receptor.
Ruído na Comunicação: ele ocorre quando a mensagem não é decodificada de forma correta pelo interlocutor,
por exemplo, o código utilizado pelo locutor, desconhecido pelo interlocutor; barulho do local; voz baixa;
dentre outros.
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BIMESTRE I
Roman Jakobson , linguista russo, foi um dos grandes teóricos que apresentaram ao mundo estudos referentes às
funções da linguagem na comunicação. Contudo, independentemente dos resultados das pesquisas acadêmicas, podemos dizer
que perceber os atos comunicativos e o uso da linguagem não depende de nos apropriarmos de teorias ou axiomas, basta que
olhemos ao nosso redor.
A função referencial ou denotativa é a função da informação. Presente em textos como artigos científicos, textos
didáticos, folhetos, manuais e textos enciclopédicos, enfatiza o referente, ou seja, o assunto ou contexto em que aquele
determinado texto está inserido. Em sua estrutura, predominam o discurso na ordem direta e o foco na terceira pessoa com a
utilização da objetividade.
Um gênero textual bastante representativo dessa função é a notícia, cuja intenção é a de informar os leitores sobre fatos
relevantes e recentes, e que, na maioria das vezes, constrói-se desprovida de opiniões ou sequências linguísticas que pretendam
levar ao convencimento. Se quiser saber mais sobre esse tema, acesse: Função referencial ou denotativa.
Exemplo
Quando começou a ser transmitida pelo projeto YouTube Originals, que buscava há alguns anos realizar suas próprias séries
para competir com outros serviços de streaming, Cobra Kai chegou de maneira tímida, mal sabendo se haveria uma renovação
para a segunda temporada. No entanto, se engana quem acha que os criadores Josh Heald e Jon Hurwitz não planejaram muito
mais do que isso. A 4ª temporada do seriado ainda não possuem nenhuma previsão de estreia, mas talvez seja lançada no
começo de 2022. Enquanto isso, as três temporadas de Cobra Kai estão disponíveis na Netflix com presenças ainda de William
Zabka e Courtney Henggeler!
Diferentemente da função referencial ou denotativa, que preza pela objetividade, a principal particularidade da função emotiva ou
expressiva é o caráter subjetivo, ou seja, a linguagem cumprindo a função de emitir opiniões, emoções, desejos, sentimentos,
expressões individuais.
Estruturada com sequências na primeira pessoa do discurso, tem como representantes os artigos de opinião, diários, cartas
pessoais e poemas líricos, por exemplo. Assim, o ponto de vista de quem fala/escreve é essencial no trabalho com a linguagem.
Se quiser saber mais sobre esse tema, acesse: Função emotiva ou expressiva.
Exemplos
E com amor não se paga Eu te amo porque eu te amo Por mais que o matem (e matam)
É tão deprimente assistir ao noticiário e acompanhar casos tão tristes diariamente. Nem sei o que dizer…
Acerca do confronto entre as equipes de futebol nesta quarta-feira, vi agora mesmo na TV, que a Polícia Militar informou
que o número de vítimas em estado grave já são 12!!!! Pela manhã, ouvi dizer que eram 10… E tem mais: 3 desses
feridos são mulheres - possivelmente mães.
Uma das principais características da função emotiva é a subjetividade. Vejamos como ficariam as frases acima num discurso
objetivo, que utilize a função referencial:
De acordo com os dados facultados pela Polícia Militar, sobe para 12 o número de vítimas em estado grave após o
confronto entre as equipes de futebol nesta quarta-feira, entre as quais 3 mulheres.
→ Função poética
Embora tenha como nome função poética, essa função da linguagem não é exclusiva dos poemas. Quando a intenção discursiva
é a de construir uma mensagem que valoriza o tipo em sua elaboração, vemos a manifestação desse tipo de função.
Assim, a presença de figuras de linguagem, seja em textos poéticos, seja em textos em prosa, bem como diferentes escolhas
vocabulares, ou mesmo a própria estruturação textual em versos com a presença de rimas demonstram a intencionalidade do
trabalho com a mensagem.
Exemplos
Millôr Fernandes
Centrada no canal ou veículo de comunicação, a função fática ou de contato é aquela em que a intencionalidade está
na manutenção do ato comunicativo, ou seja, quando o emissor (locutor) busca estratégias para manter a interação com o
receptor (interlocutor).
Quem nunca entrou em um elevador e “jogou conversa fora” sobre como está o clima? Mesmo nos mais despretensiosos
momentos de fala, as funções da linguagem estão presentes. Ao desejar “Bom dia!”, ou mesmo quando o professor, em sala de
aula, pergunta “Entendeu?”, percebemos o desejo de que a comunicação siga seu curso. Do “alô” ao “tchau”, do “bom dia” a “boa
noite”, vemos que o ser humano é realmente o ser que fala e que nossos laços sociais fortalecem-se diante da necessidade de
nos comunicarmos.
Exemplo
Comunicação
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, "Tem mais de uma peça? Já vem montado?"
saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando "É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."
numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? "Francamente..."
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?" "Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim,
"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..." uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique,
"Pois não?" encaixa."
"Um... como é mesmo o nome?" "Ah, tem clique. É elétrico."
"Sim?" "Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."
"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me "Já sei!"
escapou por completo. É uma coisa simples, "Ótimo!"
conhecidíssima." "O senhor quer uma antena externa de televisão."
"Sim senhor." "Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."
"O senhor vai dar risada quando souber." "Tentemos por outro lado. Para o que serve?"
"Sim senhor." "Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda
"Olha, é pontuda, certo?" que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a
"O quê, cavalheiro?" ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa."
[...] "Certo. Esses instrumentos que o senhor procura funciona
"Chame o gerente." mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança
"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que e..."
chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é "Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"
feito do quê?" "Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa
"É de, sei lá. De metal." enorme, cavalheiro!"
"Muito bem. De metal. Ela se move?" "É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é
"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mesmo o nome?"
mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta,
assim."
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.
A função conativa ou apelativa é aquela em que a ênfase está no emissor (interlocutor). Com a intencionalidade de persuadir,
convencer, vemos, estruturalmente, a presença de verbos no modo imperativo, os quais têm intenção de indicar a forma como o
outro deve agir.
Podemos verificar a ocorrência desse tipo de função em textos de caráter publicitário, discursos políticos e religiosos, e também
em cartas argumentativas. Assim, quando o emissor (locutor) tenta influenciar o receptor (interlocutor), certamente estamos diante
da função conativa ou apelativa.
Exemplos
30º Anuário. São Paulo: Clube de criação de São Paulo, 2005. p. 97.
A função metalinguística é a função da explicação. Geralmente, ouvimos dizer que a função metalinguística é aquela em que o
código explica o próprio código, ou seja, a linguagem explica a própria linguagem, e então teríamos o dicionário como o principal
representante dessa função.
No entanto, podemos dizer que toda forma de explicação, com expressões como “ou seja”, “sendo assim”, “por exemplo”,
introduzem a manifestação dessa função da linguagem. Música que fala ou explica como se fazer música, poemas que tratam do
fazer poético, além de filmes que revelam como se fazer cinema marcam a metalinguagem.
Exemplos
Significado de Código
Substantivo masculino
Coleção de leis: Código Penal. Coleção de regras e preceitos. Sistema de símbolos que permite a representação de uma
informação: código Morse. Conjunto de regras que permite a transposição de sistemas de símbolos sem alterar o significado da
informação transmitida.
Linguística: Conjunto de todos os elementos linguísticos vigentes numa comunidade e postos à disposição dos indivíduos para
servir-lhes de meios de comunicação; língua.
(Fonte: Dicio.com)
ATIVIDADES
4)
Texto I
Um ato de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi o que aconteceu com a palavra sambódromo, criativamente
formada com a terminação -(o)dromo (=corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam
itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo,
camelódromo.
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto II apresente um julgamento de valor sobre a
formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete:
Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar
da gerente foi alterada de repente devido:
6. Língua e Linguagem:
Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir
efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na
seguinte passagem:
7.
Os amigos F.V.S., 17 anos, M.J.S., 18 anos, e J.S., 20 anos, moradores de Bom Jesus, cidade paraibana na divisa com o Ceará, trabalham o
dia inteiro nas roças de milho e feijão. “Não ganhamos salário, é ‘de meia’. Metade da produção fica para o dono da terra e metade para a
gente.” (Folha de São Paulo, 1° jun. 2002)
Os jovens conversam com o repórter sobre sua relação de trabalho. Utilizam a expressão “é de meia” e, logo em seguida,
explicam o que isso significa. Ao dar a explicação, eles:
8.
I. A língua falada é mais solta, livre, espontânea e emotiva, pois reflete contato humano direto.
II. A língua escrita é mais disciplinada, obedece às normas gramaticais impostas pelo padrão culto, dela resultando um texto mais
bem elaborado.
III. A linguagem culta, eleita pela comunidade como a de maior prestígio, reflete um índice de cultura a que todos pretendem
chegar.
IV. A linguagem popular é usada no cotidiano, não obedece rigidamente às normas gramaticais.
Aí, galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. – É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo – Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
‘estereotipação’? E, no entanto, por que não? – Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal,
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado
– Minha saudação aos aficionados do clube aos demais por razões, inclusive, genéticas?
esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. – Pode.
– Como é? – Uma saudação para a minha genitora.
– Aí, galera. – Como é?
– Quais são as instruções do técnico? – Alô, mamãe!
– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção – Estou vendo que você é um, um...
coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, – Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde
aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com
concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação – Estereoquê?
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão – Um chato?
inesperada do fluxo da ação. – Isso.
– Ahn?
(VERISSIMO, Luis Fernando. In: Correio Brasiliense, 12/maio/1998.)
8. O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua
oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto:
a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito.” (Um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai
passando.)
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” (Um jovem que fala para um amigo.)
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação.” (Alguém comenta em um reunião de trabalho.)
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de secretária executiva desta conceituada empresa.” (Alguém
que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.)
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca
comida nos lares brasileiros.” (Um professor universitário em um congresso internacional.)
9. Em todas as alternativas há marcas de oralidade, isto é, expressões típicas da linguagem falada, exceto:
A)Se você ficar olhando pra ela feito bobo, a manga cai em cima de sua cabeça.
B)“Peraí, mãe. Acho que tô a ponto de desmaiar.”
C)As variações da língua de ordem geográfica são chamadas de regionalismos.
D)“Dizque um chega, logo dão terra pra ele cultivar... É lavoura de café...”
E)“Engraçadinho de uma figa! Como você se chama?”
10. “É bom quando a gente volta da escola, não tem nada de bom passando na TV normal, aí a gente pega e liga a TV a cabo,
que tem sempre alguma coisa boa pra ver.” (Sérgio Cleto Jr.)
11. “A gíria desceu o morro e já ganhou rótulo de linguagem urbana. A gíria é hoje o segundo idioma do brasileiro. Todas as
classes sociais a utilizam.” (Karme Rodrigues)
A)Aladarque Cândido dos Santos, enfermeiro, apresentou-se como voluntário para a missão de paz. Não tinha nada a ver com o
pato e morreu em terra estrangeira envergando o uniforme brasileiro.
B)Uma vez um passageiro me viu na cabine, não se conteve e disse: “Como você se parece com a Carolina Ferraz!”
C)Chega de nhenhenhém e blablablá, vamos trabalhar.
D)Há muitos projetos econômicos visando às classes menos favorecidas, mas no final quem dança é o pobre.
E)Cara, se, tipo assim, seu filho escrever como fala, ele tá ferrado.
14. Assinale a única alternativa em que não ocorre o emprego de expressões coloquiais.
A)“Nós, enquanto isso, continuaríamos condenados a dar duro oito horas por dia...”
B)“...após seis meses, todo aposentado sobe pelas paredes e implora para voltar a trabalhar.”
C)“Os americanos, ano após ano, trabalham seis horas a mais em relação ao ano anterior.”
D)A gente achava tudo um horror.
E)Me informaram que o pessoal conseguiu se arranjar.
15.
Capitulação
Delivery
Até para telepizza
É um exagero.
Há quem negue?
Um povo com vergonha
Da própria língua.
Já está entregue.
Luís Fernando Veríssimo
a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdo do poema? Justifique sua resposta.
b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra “delivery” se aplicaria também à “telepizza”? Justifique sua resposta.
16.
Até quando?
VIII. Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
A música composta por Adoniran Barbosa e Alocin é um claro exemplo do emprego da norma popular, uma das
variedades linguísticas do português brasileiro. Sobre a norma popular ou coloquial, é correto afirmar, exceto:
a) Tipo de variação linguística encontrada entre os falantes com menor poder aquisitivo e com menor exposição ao
conhecimento escolar. Denota uma ineficiência linguística por parte do falante, configurando-se como um erro a ser evitado
na comunicação.
b) A norma popular é uma variação linguística muito utilizada em situações informais de comunicação. Nela observa-se a
presença de regionalismos, marcas de oralidade, gírias e jargões próprios de uma determinada comunidade linguística.
c) As normas padrão e popular são variações linguísticas importantes, cada uma cumpre um papel específico na comunicação
de acordo com o contexto. É preciso que o falante adeque-se de acordo com os níveis de formalidade exigidos no momento
da fala e da escrita.
d) Embora seja importante, a norma popular tem validade como forma de comunicação, devendo ser evitada em situações que
exijam maior formalidade linguística.
18. Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO contém (êm) traço(s) da função emotiva da
linguagem.
a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos frascos de remédio.
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e na situação
inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do
cinema, as placas do ponto de ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser desmontados e
montados, picadinhos (...)
I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo,
onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava, bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com
inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para que isso? Procurar
dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de
negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
Assinale a alternativa em que ambas as passagens demonstram o exercício de metalinguagem em São Bernardo:
20. (PUC/SP-2001)
A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é
necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar
conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria haver
para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença
da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já
elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar.
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era
preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto.
Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um
ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio
pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem
pensar em você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de
carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda,
puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para
engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja meta
é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.
21.
O canto do guerreiro
Aqui na floresta Quem há, como eu sou?
Dos ventos batida, Façanhas de bravos Quem vibra o tacape
Não geram escravos, Com mais valentia?
Que estimem a vida Quem golpes daria
Sem guerra e lidar. Fatais, como eu dou?
— Ouvi-me, Guerreiros, — Guerreiros, ouvi-me;
— Ouvi meu cantar. — Quem há, como eu sou?
Valente na guerra,
(Gonçalves Dias.)
Macunaíma (Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia
mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos,
tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia
nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
(Mário de Andrade.)
a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de
informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.
22.
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é
uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem
respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio,
entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a
emotiva ou expressiva, pois
Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda não tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda - prêmio
Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil. Na sala da Censura Federal o nosso poeta negociou a proibição. E a música
foi liberada quando ele acrescentou o “que você nem leu”, pois ficava parecendo que ninguém dava bola para o Neruda no Brasil.
Como eram burros os censores da ditadura militar! E coloca burro nisso!!! Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto
demais dela. Imagine a cena. No meio de uma separação, um dos cônjuges (me desculpe a palavra) me solta esta: me devolva o
Neruda que você nem leu! Pense nisso.
Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a escrever esta crônica, que não tem nada a ver com o Chico,
nem com o Neruda e, muito menos, com os militares. É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breve porque, se me
aceitarem - você e o diretor da revista -, eu volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma novela na Globo (o patrão vai
continuar o mesmo) e depois eu volto.
Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas por mês, fora a novela, o cara não consegue? O que é uma
crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda? Preguiçoso, no
mínimo.
Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntam o que é necessário para se tornar um escritor. E eu
sempre respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos, recebia na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal Última Hora. E lá
dentro eu lia (me invejem): Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues,
Stanislaw Ponte Preta, Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente: quando eu crescer, vou ser cronista.
Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir de volta o livro chileno, fico pensando em como eu me sentiria
se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iria dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com o leitor (desculpe,
minha amiga, não estou me colocando no mesmo nível deles, não!) E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas leitoras
de 30 e 40 anos (e para todas):
Escuchas otras voces en mi voz dolorida Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas
Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas, Voy haciendo de todas un collar infinito
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme, Para tus blancas manos, suaves como las uvas.
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia. Desculpe o mau jeito: tchau!
Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras
(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº - 324, 02 de agosto de 2004, p. 99)
I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?”.
a) Emotiva, poética e metalingüística, respectivamente. d) Apelativa, emotiva e metalingüística, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalingüística, respectivamente. e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.
c) Metalingüística, fática e apelativa, respectivamente.
24.
Observe, ao lado, esta gravura de Escher: Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos equivalentes
aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência,
a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de operações.
25.
26.
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística. d) emotiva.
b) fática. e) conativa.
c) referencial.
27.
A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:
b)
c)
d)
e)
27.
Disparidades raciais
Fator decisivo para a superação do sistema colonial, o fim do trabalho escravo foi seguido pela criação do mito da democracia
racial no Brasil. Nutriu-se, desde então, a falsa ideia de que haveria no país um convívio cordial entre as diversas etnias.
Aos poucos, porém, pôde-se ver que a coexistência pouco hostil entre brancos e negros, por exemplo, mascarava a manutenção
de uma descomunal desigualdade socioeconômica entre os dois grupos e não advinha de uma suposta divisão igualitária de
oportunidades.
O cruzamento de alguns dados do último censo do IBGE relativos ao Rio de Janeiro permite dimensionar algumas dessas
inequívocas diferenças. Em 91, o analfabetismo no Estado era 2,5 vezes maior entre negros do que entre brancos, e quase 60%
da população negra com mais de 10 anos não havia conseguido ultrapassar a 4ª. série do 1º. grau, contra 39% dos brancos. Os
números relativos ao ensino superior confirmam a cruel seletividade imposta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos
brancos haviam concluído o 3º. Grau, contra só 2,5% dos negros.
É inegável que a discrepância racial vem diminuindo ao longo do século: o analfabetismo no Rio de Janeiro era muito maior entre
negros com mais de 70 anos do que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda não se traduziu numa proporcional
equalização de oportunidades.
Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas do país e com acentuada tradição urbana, parece
inevitável extrapolar para outras regiões a inquietação resultante desses dados.
Considerando as funções que a linguagem pode desempenhar, reconhecemos que, no texto acima, predomina a função:
28.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado.
Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido;
ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de
palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar
nominalmente a própria existência.
(ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria língua, por isso a
utilização de vários sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao escritor ou ao leitor, por
isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego dos termos
“sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de dúvida “talvez”.
29. A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas
ecossistemas, que podem ser uma tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua
reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
30.
O vento varria as mulheres...
Canção do vento e da minha vida E a minha vida ficava
O vento varria as folhas, Cada vez mais cheia
O vento varria os frutos, De afetos e de mulheres.
O vento varria as flores... O vento varria os meses
E a minha vida ficava E varria os teus sorrisos...
Cada vez mais cheia O vento varria tudo!
De frutos, de flores, de folhas. E a minha vida ficava
[...] Cada vez mais cheia
De tudo.
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.