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História da Psicologia Social

O documento descreve a história da psicologia social, desde seus precursores no século XIX até sua consolidação como campo acadêmico no início do século XX. Aborda as contribuições de pensadores como Darwin, Wundt, Durkheim e outros, bem como o desenvolvimento da psicologia social nos Estados Unidos no século XX, com ênfase na psicologia experimental e na influência do behaviorismo e do gestaltismo.
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História da Psicologia Social

O documento descreve a história da psicologia social, desde seus precursores no século XIX até sua consolidação como campo acadêmico no início do século XX. Aborda as contribuições de pensadores como Darwin, Wundt, Durkheim e outros, bem como o desenvolvimento da psicologia social nos Estados Unidos no século XX, com ênfase na psicologia experimental e na influência do behaviorismo e do gestaltismo.
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Introdução

- Consolidada no início do século XX;

- A essência de seu objeto de estudo é o binômio indivíduo-sociedade;

- Duas modalidades: psicologia social psicológica (foco no indivíduo) e psicologia social


sociológica (foco na sociedade).

- Psicologia social psicológica: procura explicar os sentimentos, pensamentos e


comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de outras pessoas. Tende a
enfatizar os processos intraindividuais.

- Psicologia social sociológica: foca no estudo da experiência social que o indivíduo adquire
a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais com os quais convive. Tende a
enfatizar as coletividades sociais.

Os Precursores da Psicologia Social

- 1908: data de fundação; termo citado em duas obras diferentes;

- Séc. XIX: já haviam estudos sobre o indivíduo e a sociedade;

- Inglaterra: Darwin e Spencer;

- Alemanha: Wundt;

- França: Durkheim, Tarde e Le Bon.

Os Precursores da Psicologia Social na Inglaterra

- Darwin: o ser humano constitui-se como o produto final de um processo evolucionista que
envolve todos os organismos vivos, ou seja, um animal social que desenvolveu maior
capacidade de se adaptar física, social e mentalmente às mudanças sociais e ambientais.

- Spencer: um dos principais líderes do darwinismo social. Argumentava que as nações e os


grupos étnicos podiam ser classificados na escala evolucionista de acordo com o seu grau de
desenvolvimento, organização, poder e capacidade de adaptação. Os povos mais avançados e
civilizados em termos culturais eram hierarquicamente superiores aos povos mais atrasados no
que tange à escala evolucionista.

O Precursor da Psicologia Social na Alemanha

- Wundt: principal representando da psicologia dos povos, que tinha como foco o estudo dos
principais atributos em comum que definiam o caráter nacional ou o pensamento coletivo do
povo alemão (surgiu no momento da reunificação alemã).

- Psicologia experimental: deve ser uma ciência natural, se ocupando de processos


psicológicos básicos como sensação, imagem e sentimentos), utilizando a introspecção como
principal método.

- Psicologia dos povos: com o tempo sentiu a necessidade de estudar processos mais
complexos e a metodologia da psicologia experimental não era praticável a isso, então criou a
psicologia dos povos, dedicada aos estudos dos processos mentais superiores por meio do
método histórico-comparativo.
- Mente como fenômeno histórico: é produto da cultura e da linguagem de um
determinado povo, que não poderia ser explicado em termos individuais, mas sim em
termos coletivos. A psicologia deveria estudar as produções mentais coletivas
originadas das ações de conjuntos de indivíduos se quisesse chegar à mente humana.

- Psicologia social sociológica: teve forte influência, por conta do determinismo


sócio-histórico do indivíduo e o uso da metodologia não experimental.

- Dualismo mental: distinção entre fenômenos psíquicos mais externos, na periferia da mente,
e fenômenos mais profundos, que constituiriam a mente propriamente dita.

Os Precursores da Psicologia Social na França

- Emile Durkheim: um dos fundadores da sociologia e criador do conceito de representações


coletivas, que influenciou bastante a psicologia social da Europa. Essas representações
(mitos, religiões etc.) constituem-se em um fenômeno a nível de sociedade e distinto das
representações individuais, que estão no nível do indivíduo. Os sentimentos privados só se
tornam sociais quando extrapolam os indivíduos e associam-se, formando uma associação que
se perpetua no tempo, transformando-se na representação de toda uma sociedade.

- Gabriel Tarde: a vida social tem como mecanismo básico a imitação. As iniciativas
individuais constituem-se em uma invenção, enquanto as uniformidades da vida social
associam-se à imitação, que consiste, portanto, em uma socialização da inovação individual.
As pessoas de status inferior costumam imitar as de status superior, que o processo de
imitação começa lentamente e com o tempo se acelera e que a cultura nacional é imitada antes
da estrangeira.

- Gustav Le Bon: autor da psicologia das multidões, afirmando que as massas se


constituem em seres psíquicos de características diferentes dos indivíduos que as compõem.
Nesse sentido, quando eles se juntam às massas, perdem suas características superiores e
sua autonomia, passando a ser regidos por uma alma coletiva, com características
independentes das de seus membros, além de mais primitivas e inconscientes. Ao se encontrar
em uma multidão, o indivíduo sufoca sua personalidade consciente e passa a ser dominado
pela mente coletiva da multidão, que é capaz de levar seus membros a apresentar
comportamentos unânimes, emocionais e desprovidos de racionalidade.

- Psicologia social e psicopatologias: estabeleceu esse vínculo ao focar na


irracionalidade das multidões.

A Fundação da Psicologia Social

- Fundação: em 1908, com o lançamento de Uma introdução à psicologia social, de William


McDougall, e Psicologia social: uma resenha e um livro texto, de Edward Ross.

- Edward Ross: sociólogo norte-americano, influenciado por Le Bon. Caracterizou a


psicologia social como o estudo das uniformidades de pensamentos, crenças e ações
decorrentes da interação entre os seres humanos. Os fenômenos subjacentes a essa
uniformização são a imitação, a sugestão e o contágio, o que explicaria a rápida uniformidade
verificada entre as emoções e as crenças das multidões.

- McDougall: psicólogo britânico influenciado por Darwin e Spencer. Sua obra gira em torno
do instinto, ressaltando a importância de certas características inatas e instintivas para a vida
social. Seus estudos são os precursores das teorias motivacionais, que se tornarão objetos de
estudo da psicologia socal.
- Dicotomia: aqui já se instaurava a dicotomia entre a psicologia social psicológica (McDougall)
e a sociológica (Ross).

O Desenvolvimento da Psicologia Social Psicológica nos Estados Unidos

- Psicologia social experimental e focada no indivíduo: no início do século XX ocorre a


ascensão do behaviorismo, onde uma psicologia verdadeiramente científica deveria estudar
apenas o comportamento humano observável, sem considerar construtos mentais não
observáveis, como a mente, a cognição e os sentimentos. A psicologia social abandona as
explicações do comportamento social em termos de instintos, bem como o uso da
introspecção.

- Floyd Allport: um dos mais famosos psicólogos sociais behavioristas da época. Acredita não
ser possível a existência de uma mente comum a várias pessoas, de modo similar ao que
ocorre com um indivíduo particular. Ele acredita que a psicologia social faz parte da psicologia
do indivíduo e não da sociologia e, como tal, deve ocupar-se do estudo das influências do
comportamento no indivíduo em outras pessoas e das reações a tais influências.

- Facilitação social: fez muitos estudos na área, mostrando que os grupos nos quais
as pessoas estavam juntas, mas trabalhando individualmente, em tarefas mentais ou
perceptuais, apresentavam melhor desempenho do que pessoas que estavam
sozinhas realizando o mesmo tipo de tarefa.

A Segunda Guerra Mundial

- Imigração: com a guerra, muitos psicólogos socias foram convocados para ajudar na solução
dos problemas sociais oriundos desse conflito, além disso, muitos psicólogos europeus
imigraram aos EUA e trouxeram o gestaltismo, que substituirá o behaviorismo até então
dominante.

- Gestaltismo: as propriedades perceptivas de um objeto formavam uma Gestalt, isto é, um


todo que apresentava características distintas da soma das partes que o constituem.

- Principais nomes: Muzar Sheriff, Kurt Lewin, Fritz Heider e Solomon Asch.

- Sheriff: estudou as condições e os fatores que levam à formação e à permanência das


normas sociais. Observou que a pessoa, ao tomar conhecimento dos julgamentos feitos pelos
demais (norma social), antes ou depois do próprio julgamento, tendia a convergir para a norma
do grupo e a desconsiderar a própria norma.

- Lewin: estudou experimentalmente, em grupos reais, a influência dos estilos de liderança


no comportamento do grupo. Os resultados levaram-no a concluir que o papel do líder era
central para o funcionamento do grupo, já que diferentes estilos de liderança provocavam
níveis distintos de produtividade e agressão. Também criou a teoria do campo, no qual o
grupo era visto como um campo de forças que tinha primazia sobre suas partes, isto é, seus
membros.

- Influência: seus experimentos trouxeram a realidade social para dentro do laboratório


e converteram-se em um modelo paradigmático de pesquisas sobre processos e
estruturas grupais que eram ao mesmo tempo empíricas e teóricas.

- Heider: estabelece os fundamentos da teoria da atribuição, ao defender a ideia de que, em


suas relações interpessoais, o indivíduo percebe o outro e suas ações como um todo
organizado e, por essa razão, tende a procurar as causas do comportamento no outro, como
forma de tornar o mundo social mais organizado, estável e previsível. Para tanto, utiliza-se de
fatores pessoais, internos (capacidade, esforço etc.) ou de fatores impessoais, externos (sorte,
situação etc.). Também constrói os pilares das teorias da consistência cognitiva ao propor o
princípio de equilíbrio cognitivo, onde as pessoas tendem a manter sentimentos e cognições
coerentes sobre um mesmo objeto ou pessoa, de modo a obter uma situação de equilíbrio.
Quando esse equilíbrio se desfaz, elas vivenciam uma situação de tensão e procuram
restabelecê-lo mediante a mudança de alguns elementos da situação.

- Asch: procurou aplicar os princípios gestaltistas na psicologia social. Segundo ele, ao


formamos uma impressão sobre uma pessoa, construímos um todo organizado sobre ela, uma
impressão que difere do somatório de todas as suas características pessoais.

O Período Pós-Guerra

- Contexto: foi um período de intenção produção científica para a psicologia social, que
buscava colaborar no gerenciamento dos complexos problemas humanos do período.

- Theodor Adorno: com o intuito de melhor compreender as razões que levaram as pessoas
aparentemente normais e civilizadas a cometer horrores contra outros seres humanos durante
a guerra, dedica-se ao estudo dos tipos de personalidade. Com outros membros de sua equipe
publica a obra A Personalidade Autoritária, na qual defende a tese de que o preconceito
contra as minorias sociais em geral está associado a um tipo de personalidade autoritária,
caracterizado por traços de rigidez de opiniões, adesão a valores convencionais e intolerância.

- Pesquisa sobre atitudes: se concentraram na investigação experimental da mudança de


atitudes. Teve papel central na psicologia social da década de 60, mas entrou em declínio com
a ascensão do cognitivismo na década de 70.

- Carl Hovland: iniciou esses estudos na guerra, com a intenção de verificar os efeitos dos
filmes bélicos e de programas de treinamento do exército norte-americano sobre as atitudes
dos soldados. Posteriormente, ele e colaboradores desenvolveram um extenso programa de
pesquisa e extensão sobre comunicação e persuasão, com o intuito de elucidar as influências
das características do comunicador, da mensagem e da audiência na mudança de atitudes.

- Asch: dedicou-se a pesquisas sobre a influência social e conformidade, procurando avaliar


a influência da pressão do grupo sobre o julgamento dos indivíduos. Demonstrou que quando
uma pessoa tem certeza de que seu julgamento está correto, mas é confrontada com uma
maioria que fez um julgamento errado, ela tende a se conformar com essa maioria e mudar seu
julgamento, seja porque foi convencida ou pela necessidade de ser aceita no grupo.

- Experimentos de Milgram: Asch os inspirou e eles mostraram que o sujeito é capaz


de cometer atos violentos sobre a obediência à autoridade.

- Festinger: influenciado por Lewin, publicou uma das primeiras teorias formais em psicologia
social, a teoria da comparação social. Testou hipóteses sobre as pressões para a
uniformidade que ocorrem nos grupos. As pessoas, quando não tem um padrão objetivo de
comparação, sentem necessidade de se comparar com os demais membros de seu grupo e
confirmar que eles têm crenças e habilidades semelhantes às suas, o que as faz se sentirem
mais seguras. Quando surge um membro com opinião divergente, o grupo faz pressão para
que ele mude essa opinião e conforme-se às regras grupais e, caso isso não aconteça, rejeita-
o, levando esse membro a escolher outros grupos de comparação.

- Ascensão do cognitivismo: pesquisas sobre mudanças de atitude e processos grupais


perde força. As teorias da consistência dominaram a década de 60, sob influência do princípio
do equilíbrio cognitivo de Heider. Entre elas, merece destaque a teoria da dissonância cognitiva
de Festinger.

- Festinger: as pessoas tendem a buscar a harmonia ou a congruência entre suas crenças e


atitudes. Desse modo, quando são induzidas a emitir atitudes contrárias às suas crenças,
entram em dissonância cognitiva, o que lhes causa desconforto e as leva a mudar suas
crenças ou atitudes, de modo a alcançar novamente a congruência.

- Influência: principal responsável pelo desenvolvimento da psicologia social


psicológica nas décadas seguintes.

- Mudança de interesse no cognitivismo: diminuiu o interesse pelas teorias da dissonância e


do equilíbrio, com ela houve a ascensão sobre as teorias da atribuição, que marcaram as
décadas de 70 e 80.

- Teorias da atribuição: investiga o modo pelo qual as pessoas inferem causas sobre o próprio
comportamento e sobre o comportamento das outras pessoas, isto é, o que as leva a concluir
que o responsável pelo comportamento é o próprio indivíduo ou a situação.

- Consolidação do cognitivismo: desde os anos 80 é a perspectiva dominante na psicologia


social psicológica. Foca na compreensão da cognição social, isto é, do processamento da
informação social, baseado no pressuposto de que o comportamento social pode ser explicado
por meio dos processos cognitivos a ele subjacentes. Volta-se para a análise das estratégias
que as pessoas utilizam para formar impressões, crenças ou cognições sobre os estímulos
sociais que os rodeiam, e do modo pela qual tais categorias afetam seu comportamento.

A Crise da Psicologia Social

- Meta da psicologia social: a investigação das leis universais capazes de explicar o


comportamento social, a psicologia social psicológica estrutura-se progressivamente como uma
ciência natural e empírica, que desconsidera o papel que as estruturas sociais e os sistemas
culturais exercem sobre os indivíduos.

- Causa da crise: a excessiva individualização da psicologia social psicológica e o surgimento


dos movimentos sociais da década de 70.

- Características: o questionamento das bases conceituais e metodológicas da psicologia


social psicológica até então dominante, no que tange à sua validade, relevância e capacidade
de generalização.

- Principais críticas: voltadas a sua relevância social, ao fato de essa vertente usar uma
linguagem científica cada vez mais neutra e afastada dos problemas sociais reais e,
consequentemente, desenvolver modelos e teorias que não são capazes de contribuir para a
explicação da nova realidade social que surgia. Além disso, criticava-se a artificialidade dos
experimentos conduzidos em laboratório, a falta de compromisso ético de seus mentores e a
excessiva fragmentação dos modelos teóricos.

- Consequências: internacionalização da psicologia social, o desenvolvimento de uma


psicologia social europeia e latino-americana mais preocupadas com o contexto social.

O Desenvolvimento da Psicologia Social Sociológica nos Estados Unidos

- Com o crescente individualismo da psicologia social psicológica, surgiu a necessidade do


surgimento da psicologia social sociológica, cuja principal vertente é o interacionismo simbólico
e que tem, nas figuras de Charles Cooley e George Mead seus mais notáveis precursores.
Os Precursores da Psicologia Social Sociológica

- Charles Cooley: muito influenciado por Spencer, defendia uma concepção evolucionista,
onde o ambiente social influenciava na configuração da natureza humana.

- “eu refletido no espelho”: a formação da identidade é associada ao modo pelo qual


a pessoa imagina que aparece diante das outras pessoas, assim como ao modo pela
qual ela imagina que as outras pessoas reagem a ela e aos sentimentos daí
recorrentes.

- O desenvolvimento da identidade ocorre no contexto da interação com os outros e


por meio do uso da linguagem e da comunicação. Essas ideias influenciaram Mead.

- George Mead: a linguagem desempenha um papel fundamental, pois o ato comunicativo é a


unidade básica de análise da psicologia social. A linguagem é um fenômeno inerentemente
social e as atitudes e os gestos só adquirem significado por meio da interação simbólica. Nas
relações sociais que a comunicação e a expressão se tornam possíveis, bem como a
possibilidade de uma pessoa prever a reação do outro a seus atos, isto é, de assumir o papel
do outro.

- Jogos infantis: eles permitem que a criança assuma o papel dos outros (outro
significativo) ou dos membros da sociedade (eu generalizado). Isso gera
autoconsciência, formando sua identidade, que reflete a internalização das normas e
dos papéis presentes em sua comunidade.

- Processo de interação simbólica: o sujeito se estrutura por isso, que leva as


pessoas a tomarem consciência si próprias, mediante a perspectiva dos demais
membros de seu grupo social. A formação da identidade se situa no campo das
relações interpessoais, da organização social e da cultura ao postular que o sujeito se
apropria do conjunto de padrões comuns e diferentes a grupos socioculturais para
desenvolver seu próprio eu.

- Influência: deu origem a duas correntes teóricas da psicologia social sociológica, a


escola de Chicago (Herbert Blumer) e a escola de Iowa (Manford Kuhn).

A Escola de Chicago

- Herbert Blumer: muito inspirado em Mead, interpretou sua obra consolidando o


interacionismo simbólico, que se deriva da ênfase na compreensão do modo pelo qual as
pessoas interagem com as outras usando símbolos.

- Principais pressupostos: a pessoa interpreta o mundo para si própria, atribuindo-lhe


significado; o comportamento não é uma reação automática a um dado estímulo, mas
sim uma construção criativa derivada da interpretação da situação e das pessoas que
nela se encontram; a conduta humana é imprevisível porque os significados e as ações
dependem de cada situação, enquanto a interpretação das situações e a construção do
comportamento são processos que ocorrem durante a interação social.

- Metodologia de pesquisa: costuma se identificar com a pesquisa qualitativa, porque Blumer


era da opinião que o estudo do comportamento humano deveria ser conduzido por meio de
métodos próprios que, em vez de impor estruturas ao indivíduo, fossem capazes de captar as
realidades subjetivas construídas em cada situação. Entretanto, a escola primou pelo
ecletismo metodológico, tendo usado abordagens quantitativas e qualitativas na tentativa de
estudar cientificamente a realidade social.

A Escola de Iowa e a Psicologia Social Sociológica da Atualidade


- Manford Kuhn: se distancia um pouco de Mead, mas não tanto da escola de Chicago, pois
dá continuidade ao interacionismo simbólico e defendia os mesmos métodos de pesquisa das
ciências naturais, ou seja, a verificação empírica.

- Principais pressupostos: o self e a sociedade dependiam da estrutura social. As


expectativas da sociedade a respeito do desempenho de determinados papéis
limitavam as interações sociais ao exercer a influência sobre as concepções que as
pessoas desenvolviam acerca de si próprias e dos outros, sobre as definições das
situações e sobre os significados que as pessoas construíam. Destaca, porém, o papel
ativo individuo nesse processo, na medida em que é ele quem escolhe os papeia a
desempenhar, podem também modificá-los.

O Desenvolvimento da Psicologia Social na Europa

- Comitê Transnacional: criado por psicólogos estadunidenses e europeus, com o intuito de


fomentar a produção científica da psicologia social no mundo todo, também teve um papel ativo
na consolidação da Associação Europeia de Psicologia Experimental.

- Temas de estudo: os mais frequentes são de relações intergrupais, a identidade social e a


influência social, que remetem a uma psicologia dos grupos. Tendo como principais
representantes Henri Tajfel e Serge Moscovici.

- Henri Tajfel: postula que o indivíduo é moldado pela sociedade e pela cultura. Desenvolveu a
teoria da identidade social, onde as relações intergrupais estão intimamente relacionadas a
processos de identificação grupal e de comparação social.

- Serge Moscovici: estudou a influência social. Introduz na área o conceito de influência das
minorias, com o intuito de averiguar a inovação e a mudança social introduzida por essas
minorias. Também estudou o campo das representações sociais, caracterizado como modos
da realidade compartilhados por diferentes grupos sociais, essa teoria foi umas das principais
tendências psicologia social europeia.

O Desenvolvimento da Psicologia Social na América Latina

- Comitê Transnacional: participou ativamente na implementação da psicologia social na


América Latina e contribuiu para fomentar a discussão sobre a necessidade de a psicologia
social estar mais diretamente vinculada aos problemas sociais na América Latina. Alguns de
seus membros fundam a Associação Latino Americana de Psicologia Social, que nos
próximos anos continuará o desenvolvimento da psicologia social no local, entretanto, devido a
dificuldades sociais e políticas da época, o Comitê é inviabilizado de agir na região.

- Ruptura: na América Latina começa um forte movimento questionando a psicologia social


psicológica norte-americana, marcada pelo experimentalismo e pelo individualismo, em prol de
uma psicologia social mais contextualizada, mais voltada para os problemas políticos e sociais
que a região vinha enfrentando. Estimulados pela desigualdade e ditaduras do continente,
propuseram essa ruptura com a psicologia social tradicional.

- Psicologia social crítica: expressão que abarca diferentes posturas teóricas, como, por
exemplo, o socioconstrucionismo, a análise do discurso e a psicologia marxista, entre outras.
Ela se caracteriza por romper com o modelo neopositivista de ciência e com seus postulados
sobre a necessidade de o conhecimento científico apoiar-se na verificação empírica de
relações causais entre fenômenos. Em contraponto a esse modelo, defende o caráter
relacional da linguagem e a importância das práticas discursivas para a compreensão da vida
social.

- Martin-Baró: autor representando desse modelo de psicologia social. Defendeu em suas


obras o desenvolvimento de uma psicologia social comprometida com a realidade social latino-
americana. A construção teórica em psicologia social deve emergir dos problemas e conflitos
vivenciados pelo povo latino-americano, de forma contextualizada com sua história.

- Institucionalização no Brasil: em 1962, com ordem do CFP de obrigatoriedade no currículo


mínimo dos cursos de psicologia.

- 70’s: participou ativamente da ruptura com a psicologia social tradicional norte-


americana, adotando a perspectiva da psicologia crítica.

- 80’s: fundação da Associação Brasileira de Psicologia Social, que tem o propósito de


redefinir o campo da psicologia social e contribuir para a construção de um referencial
teórico orientado pela concepção de que o ser humano se constitui em um produto
histórico-social, de que o indivíduo e sociedade implicam-se mutuamente.

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