RIOUX, J. P. A Revolução Industrial 1780-1880. Cap. VI
RIOUX, J. P. A Revolução Industrial 1780-1880. Cap. VI
1780- r880
CDD-338.09
-330.9033
-330.9034
3. Cf. Ph. Pinchemel, Structures Sociales et Depopulation Rurale 4. Cf. E. J. Hobsbawn, "Les Soulevements de la Campagne An-
dans les Campagnes Picardes de 18J6 a 1937, A. Colin, 1957. glaise, 1795-1850", in A.E.S.C., janeiro-fevereiro, 1968.
e seus industriais. Sem sucesso, nunca eles c~egaram a se unir
aos trabalhadores, e a agita~ao e reabsorvida apos 1897, quando
ocorrem as altas de pre~os. Mas estes exemplos sac reveladores:
das revoltas primitivas, freqiientes ainda nos paises nao indus- •
trializados, estes camponeses passam para uma lutamais
organizada, mais consciente dos la~os que un em 0 capitalismo
industrial e a agricultura em dificuldade 5. A implantac;ao das pro?u~oes e. a divisao do .tr~bal~o
industrial tornam indispenSaVelS 0 creSClmento e a e~peclal~a~ao
Como os openirios, estes rurais vencidos sac os rejeitados
dos servi~os. Sera necessario aprender a repartlr, ~pos ter
do crescimento. Mas sua luta coletiva nao toma jamais uma prod uzido: todo um setor, 0 "terciaric?" do.s ~conor~l1st.asdo
grande dimensao, pois a escapada individual e sempre possivel seculo XX da a armadura dos serVI~OSlildlspensavels ao
pelo exodo rural. A possante atra~ao da cidade desestimula a escoamento e a renova~ao dos produtos industriais. Seu
tomada de consciencia coletiva. 0 mundo rural fica \ entregue, crescimento e espetacular, no Ultimo ter~o do seculo XIX,
durante muito tempo ao jogo dos interesses e das lisonjas sobretudo para os comerciantes, os transportadores e os
eleitorais moralizantes. A revolu~ao agrfcolaJoi uma pre-condi- empregados. Na Fran~a, estes ultimos passam de 770.000 e~
~ao do arran co da revolu~ao industrial. Em algumas regioes 1876, para 1.800.000, em 1~11, e re~res~ntam a categona
pioneiras do infcio estendeu-se durante 0 seculo XIX aos socioprofissional em desenvolvlmento mals VIva. Setor do futu-
!imites do mercado nacional. 0 impulso urbano, a difusao dos ro, co.m um arranco brutal desde que a revolu~ao industrial se
objetos manufaturados, a organiza~ao das redes de circula~ao encontrou instalada definitivamente. Socialmente, seus membros
e de credito, tudo parte do capitalismo industrial e financeiro. se inserem nessas "camadas novas" da pequena e media bur-
Nao obstante as resistencias profundas e duniveis, malgrado os guesia. Alguns conseguem escapar e, ao pre~o de grande~ lutas,
isolamentos regionais que constituem de fato subdesenvolvimen- passar para 0 grau da alta burguesia administrativa ou cnadora.
to, os campos nao sac mais um meio de vida homogeneo. Para a maioria entretanto, 0 status de "quadros" ou
Atirados no mundo do capital e do trabalho, sofrem profundas "empregados" e d~finitivamente fixada na hierarquia, s?cial, sem
rriuta~oes que reafirmam as velhas oposi~oes de classe. Alguns grandes possibilidades de ascensao. Esta classe medIa de ~d-
aristocrat as ligados as finan~as, alguns grandes proprietarios, ministradores aproveita as migalhas da riqueza. 0 ren~elro
medios proprietarios rurais transform ados em empresarios, que modesto entra perfeitamente no seu quadro. Sem contato. dlreto
souberam se adaptar ao mercado e especializar seus produtos, com 0 trabalho produtivo, sem controle sobre os me~os da
todos estes agraristas triunfam. Os outros, os mais numerosos, produ~ao, ele cresce ao sabor das necessida?es do cresc!m~nto
sac encurralados na sua miseria ou sua mortifica~ao abafada, e da complexidade da vida das emp!esa~ pnvada~ ou pub~l~as.
empurrados para a cidade ou condenados ao exilio. Sel~ao Mas seu trabalho, assalariado ou nao, e dos malS necessanos.
individual pela posse dos capitais e a adpta~ao as leis do mer- Ele toma consciencia disso e desempenha, em 1900, um papel
cado, sem altera~oes na propriedade do solo, hierarquia regional muito importante na vida poHtica dos paises industriais.
que concentra as atividades rentaveis nas zonas onde os custos Os primeiros intermediarios indispens~veis sac os come!-
de produ~ao podem ser abaixados e os lucros refon;ados, ciantes 6. Durante a primeira metade do seculo, seu papel nao
reorganizac;ao da explora~ao do trabalho assalariado, elimina~ao evolui, pois 0 comercio itinerante dos ambulantes I:ermane~e.
dos fracos que nao podem ser proletarizados no local; este "Gente de Manchester" vende, ao sabor da sorte, tecldos, qUlil-
processo capitalista e implantado em todos os campos. dos quilharias, percorrendo as estradas do Reino Unido, "Escoces",
paises que sofreram uma revolu~ao industrial, com uma infini- vendedor de "cheviotte" *, multiplos vendedores dos campos
dade de resistencias e de nuan~as regionais.
6. Seguimos Cl. Fohlen, L'£re des Revolutions, t. III da L'His-
toire Generale du Travail, livre 3.
5. Para a Fran<;:a, d. Ph. Gratton, Les Luttes de Classes dans les
Campagnes, Ed. Anthropos, 1971. >l< Tecido feito com Hi de cordeiro. (N. do T.)
franceses. 0 aprovisionamento e feito, freqtientemente, no centro as relac;oes entre 0 produtor e os atacadistas triunfa. Estes ulti-
industrial, pois a venda, lenta mas quase segura, se dilui ao mos podem, alias, a sua vontade visitar os yarer stas atraves
sabor das viagens semanais que fazem. 0 grande ponto de de viajantes convertidos em empregados como os outros. 0
renova~ao de estoques e contudo a feira local. Algumas tem circuito se aper~eic;oa e a seu acerto nao pode ser contestado.
uma freguesia internacional, em Beaucaire, Leipzig; Nijni-Nov- Entre a mercadoria e seu consumidor um lucro suplementar e
gorod. Mas, a partir de 1820, na Gra-Bretanha este tipo de recebido. Se bem que 0 cliente nao esteja em relacao senao com
atividade periclita. 0 crescimento da produ((ao atraves da o comerciante varejista, este, tambem, e freqtientemente
revolu((ao industrial aHera todos os M.bitos comerciais. Os explorado pelas grandes lojas que ditam os pre90s. Em torno
mercados, como aqueles de sedas e de algodao em Rouen, onde aos artesaos tradicionais, como os padeiros, a90ugueiros, ou
sao negociadas a venda dos produtos das manufaturas vizinhas, relojoeiros, as lojas de retalhos eram pouco numerosas antes da
nao e mais suficiente: riscos de roubos, custos gran des de era industrial. Elas se multiplicam na cidade, agora, e logo no
manuten((ao. Para reduzir os custos, cria-se 0 habito de comprar campo fornecendo mercadorias as mais variadas e acabando
diretamente 0 produto na f5brica. Os dep6sitos locais sao'supri- com os ultimos vendedores ambulantes. No setor de vestimentas
midos e as encomendas passam a ser feitas por amostras. Bolsas e de estofados sua supremacia e quase absoluta ap6s 1860.
de mercadorias, com mecanismos emprestados das recentes Na alimentac;ao, a concorrencia do mercado semanal ou bi-
Bolsas de valores, se desenvolvem; em Liverpool ou em Nova -semanal nas pequenas cidades e muito forte, com a venda
Orleans para 0 algodao, em Winnipeg e em Melbourne para 0 direta dos generos aos camponeses da vizinhanc;a. S6 0 mer-
trigo, em Londres e Hamburgo para 0 cafe, em Amsterda para .ceeiro, quando 0 consumo de cafe e ayucar aumenta, permanece
as "especiarias", em todas as grandes prac;as internacionais do verdadeiramente individualizado e indispensavel.
mercado de capitais para os produtos industriais. Estes grandes Este setor comercial em plena mutac;ao e sempre muito
mercados situados indeferentemente nos locais de produc;ao, de rentavel. A prova e 0 nascimento da grande loja, que copia a
consumo ou de credito, propiciam 0 transito mundial dos pro- eficacia da concentra((ao industrial, se submete aos imperativos
dutos, estabelecido segundo as indicac;oes dos corretores. 0 do rendimento e pass a, muitas vezes, para 0 controle dos gran-
escoamento da mercadoria e controlado pelo "comissario" ou des bancos. Agrupando os produtos em setores especializados,
"atacadistas" que revendeIp aos varejistas. Assim, do produtor lan((ando sucursais, aproveitando os descontos importantes nas
ao consumidor, urn circuito de distribuic;ao hierarquizada e compras dos atacadistas ou industriais, abaixando pre((o de
complexa, destinada a repartir corretamente 0 produto e criar varejo, inicia uma grande concorrencia ao comercio familiar ou
novos lucros, encarece 0 pre90 de venda e assegura uma dis- individual da loja, numa luta cujos os epis6dios foram descritos
tribui9ao da produ9ao em fun9ao dos imperativos internacionais por Zola no Au Bonheur des Dames. Mas 0 fenomeno perma-
do luero. Ap6s 1850, a revoluc;ao ferroviaria permite estender 0 nece ainda marginal por volta de 1880, nao atingindo senao
sistema a todo 0 mercado reduzindo os estoques iniciais e ace- algumas das grandes cidades da Gra-Bretanha e da Franc;a.
lerando 0 escoamento da prodw;:ao, 0 que rentabiliza 0 capital
investido e alivia as amortiza((oes do material. Por vezes, para Tomemos cuidado em nao aplicar ao seculo XIX as nossas
se dirigir diretamente a sua clientela, 0 industrial contrata via- dificuldades do seculo XX. A revolw;:ao comercial, ligada a
jantes e representantes comerciais. 0 cliente faz 0 pedido por revoluc;ao industrial, consiste sobretudo na criat;ao de urn cir-
amostra, 0 que diminui os riscos latentes da superprodu9ao. A cuito complexo entre 0 produto e seu comprador, na multiplica-
prcitica nasce na Inglat'erra desde 0 fim do seculo XVIII e se c;ao, principalmente, na cidade, de pontos M venda atraves de
umcomercio varejista muito pr6spero no seu conjunto. Mas
gen'eraliza antes de 1850. 0 caixeiro-viajante, voluvel, encarni- ap6s 1850 somente e que 0 capitalismo industrial pode-se
c;ado, saltando das diligencias, depois familiar dos trens, torn a- assentar amplamente no consumo do mercado interior. Ate 0
-se personagem importante da vida provinciana, imortalizado Ultimo revendedor, ate 0 ultimo cesto da limpadora, os mecanis-
pelo L' Illustre Guadissart de Balzac. Mas, ap6s 1850, a tent a- mos fundamentais do crescimento e do lucro podem ser aplica-
tiva fracassa. 0 representante que se contenta em harmonizar dos. Os empregos comerciais, os de vended ores varejistas como
.d serie de medicamentos se amplia.
dos empregados de lojas ou de grandes magazines estarao em reflexos melhor conduz~ 0, ~,. e 0 microscopio permitem im-
grande expansao. Assim na Fran~a, por volta de 1880, 0 Ao fim do s6c~1~, 0 la or~ on~ I fundada sobre os exames
comercio' de alimentos emprega mais de 500.000 pessoas, a plantar a medlcl~a. expenm~ a ;inci almente com Bayer e
venda de bebidas mais de 150.000 ... ; os numeros triplicapl cientHicos; ~ qUlmlca, a,le.ma'n~ustri~ de pr~dutos simples e
em 25 anos. No campo comercial, a re olu~ao industrial incon- Duisberg, cna uma f~:macla lcoberta em 1870. Para 0 resto,
testavelmente criou empregos novos. eficazes, como, ~ aspmn'd' des. les e provados, uma higiene
Aqueles que distribuem, se acrescem os que administram uma longa pratlCa, reme 109 slm~oen~a Na esfera medica, os
honesta e suficiente J?ara .':.urar a eram 'tambem, com metodos
ou que oferecern servi~os qualificados e que por sua cultura farmaceuticos e os c~rur~lOesprosp do artesanato e das ervas
universitaria adquiriram as habilidades necessarias. E assim aperfei<;oados; o~ pnmel~os tJ~.assa~ remedios quimicos, os se~
que as velhas profissoes liberais ou os empregos de funcionarios
para urn c~nh~~~m=~~~a~le~ l~~petaculares ope:a~oes gra<;as a
aumentam e se inserem mais ativamente na sociedade nova. gun dos po em , . 'ratica da assepsla. No campo
Nas profissoes judiciarias, por exemplo, os magistrados nao morfina, aos anes:es:c~s e .\ p condena a doen<;a e a morte
evolulram e permanecem urn pouco assustados pelas riovidades. medico, a revoluc;ao ~ l~st~a qU;as minas como os da fabrica,
Eles sac recrutados comumente entre a nobreza em decltnio precoce, tanto os tra a a ores Melhor equip ado 0 medico
que encontra at urn refugio honroso, mais raramente entre os permite espetaculares progres~os. respeitado sempr~ com bons
da grande burguesia, e algumas vezes na classe media. 0 futuro torna-se urn personagem ama ~ eter uma en~rme influencia na
pertence aos conselheiros juridicos das empresas industria is, conselhos e pod.e .:vent?bal~men ~ e freqiientemente 0 organiza-
habeis em explorar as complica~oes dos processos e sobretudo forma"ao da oplmao pu Ica. e , .
'3'. , • ., lmente na provmcla.
os advogados, tecnicos da palavra, onipresentes, assegurando dor da vida polltlca, prm~lpa . 1 ' a administra~ao. Por
encontros e influencias, povoam todos os partidos politicos e Outro servi~o tambem essen~la s e ue dobram entre 1840
todos os parlamentos europeus. Os mais influentes, especializa- toda a parte ela aumenta seus efe ~~ali~a ao na Fran~a, Gra-
dos nos processos comerciais, podem-se elevar pelo casamento, e 1880, com os progressos da ces da f;dera~ao nos Estados
as rela~oes ou a politica, ate a alta burguesia que os acolhe -Bretanha ou Alem~nh,a. e cO~b~ixadores conselheiros, ref.e-
voluntariamente. Menos barulhenta mas mais profunda e a Unidos. Altos funclOnanos, ~ departa~entos ministerials,
influencia dos membras das profissoes medicas. Num mundo rendarios, chefes de gran es "a adrinhamentos" discretos,
em que a saude torna-se urn tema de preocupa~oes individuais nome ados ~or ~o?-c~rso tOUrPao~os:ela familia e suas rela<;6es,
e a mortalidade cai, a pratica da medicina possui urn terreno as vezes mUlto v1Sl~e.men ed;gindu;tria quase sempre acionistas
de desenvolvimento particularmente favoravel. Seguramente, os ao mundo dos .negoclOs:. ados 'a alta burguesia que eles
trabalhadores e camponeses escaparao durante longo tempo ao de grandes socledades, sao mtegr, dos reaimes e das equipes
contrale medico periodico, nao obstante 0 devotamento indivi- servem sem ~esfalec~mento,I aJrave~ 0 cres~imento do pessoal
dual de medicos "sociais" que desempenham modestamente 0 governamentals. Mals reve a e~~r:s assistentes de ministerios,
seu papel na difusao do progresso, como 0 Benassis do Medecin subalterno, cobrado.r~s,. rece~.ciais juizes de paz, carteiros, fre-
de Campagne de Balzac. Mas no todo 0 rccurso ao homem de empregados de escntono, po I , 1 t' d- e seu gosto pela
. . d s pela sua en I ao
arte e menos raro que antes, mesmo se para ele a verdadeira qiientemente lfomza. 0 os administradores das firm as
clientela rentavel seja ainda a burguesia e as classes medias ur- papela~a? menos efl~a~es que ao nao e negligenciavel, entre-
banas. Perante as epidemias, como a colera que assola a Europa industnals ou comerClals. Sua. ac; _ em todos os aspectos da
de 1831 a 1848, ele permanece muito tempo desarmado e tanto. Sua persevera:wa, sua mser~~~elar uma nova sociedade,
entregue aos expedientes de higiene elementar e de homeopatia, vida cotidiana contnbuelD; para ~a hierarquia que e filha da
antes que 0 progresso da micrabiologia base ado nas descobertas a do controle, a da precisao e ,
de Pasteur the de uma gama eficaz de vacinas apos 1870. Mas revoluc;ao industrial.. .' difusao do saber. Os
nas tarefas cotidianas do "generalista" os progressos sac evi- Mas a grande .novld~de.~~~spl:~~a~~is da! em diante para
dentes; a auscu1ta~ao e mais segura apos Laennec, 0 estudo dos conhecimentos precisos sao I
dominar e fazer 0 progresso tecnico se mover entre os proces- semiburgueses; freqiientemente seguidores ~as ide~as humanita-
sos, postular urn .empreg<;>pU.blicb ou privado, ou simplesmente rias de esquerda, consolidam embora lllcons~lente~ente 0
conhecer 0 maneJo do dmhelro e dos objetos mecanicos. Para sistema que lhes oferece' ascensao social e consldera<;:ao. Para
conhe~er, ¥e.rir,.preve;:, isto e, para se adaptar ao mundo novo,. o ensino superior, as nuanvas san mais fortes. .~ a ~ran<;:a, em
o enslllC:>e llldlspensavel. Seu prestfgio eo grande neste mundo
torno das grandes escolas cientfficas como ? PO~lte~ll1Ca,~e~tral
da ;confJa~<;:ano progresso e na ciencia, sem que revele aos ou as Minas, que fornecessem os engenheHos 1ll.dlspe!1savels,a
malS humll~es a quem aprc:vei.ta afinal de contas este impulso pesquisa cientffica universitaria permanec~ confldenc.lal. e sem
dc:>s.conhe~lment?S ,e. da,s tecmcas. Em todos os paises indus- liame concreto com a industria: sinal eVldente de tlmldez do
trIalS 0 ensmo pnmano e posto em pratica ap6s 1850. Ele deve
capitalismo frances, mais especulativo q,u~ tecnico. ~os ,raIses
dar aos filhos do povo uma instru<;:aoCom base salida: escrita anglo-saxoes e germanicos, ao contrano, as umv~r~ldades
calculo ari~.etico simples, algumas "li<;:6es\das coisas", ensina~
utilizam urn ensino eficaz, em simbiose com ·os laboratonos das
mentos rehglOsos ou deistas e sentido das virtudes dvicas.
empresas qUImicas eletri~as. ou metalurgicas. Po:, vezes mesmo
Prow?mas ambiciosos que combinam ao mesmo tempo a moral o patronato cria suas propnas escolas de forma<;:ao. Sobretud.a
tr~dlclonal . da. ~~bmissao social a autoridade e aquele, mais em volta dos grandes "campus" americanos ou. das vel~a~ um-
latco, do ClC!1tlflclsmosumario e da fe no progresso. Qualquer
versidades alemaes uma serie de institutos tecmcos da a Indus-
que . tenh~ sldo 0 modelo, a~~lo-saxao, prussiano ou frances, tria os ouadros oualificados reclamados ja pelo impulso
os fms sao, ~s mes~~s: permltlr aos ~uturos cidadaos cumprir tecnol6gico. Uma rede mundial de publica<;:oes,.de col6quios
~eu.~ever CIVICO e mlhtar, pregar a reslgna<;:aoe ascensao social e de intercambios difunde os resultados da pesqmsa fundamen-
~ndlVld~al, dar a forma<;:ao mInima a mao-de-obra agrIcola ou tal. Os franceses nesse campo fazem boa figura, no fim do
mdustnal. Na Fran<;:a,com uma excelente forma<;:aode mestres seculo mas sem encontrar uma base muito segura para a
nas Escolas Normais, urn progresso claro no enraizamento da aplica~ao tecnica de suas descobertas. Contudo; na Russi~, na
instituiJao escolar apas a l~i Guizot de 1833, ate as de J. Ferry Alemanha, na Gra-Bretanha e nos Estados Umdos, pesqmsa e
entre 1881. e 1~86, permlte ultrapassar 0 estado primitivo e industria vivem numa simbiose frutffera.
ac~lerar, gra<;:asa escola e seus mestres, a adesao a Republica
Neste campo, tambem tomemos cuid~do ~om_os. an~croni~-
e as vezes mesmo ao socialismo, sem por outro lado revelar as
mos. 0 pesquisador, 0 t6cnico, 0 ~ngenhel~o san .tao llldlspensa-
en.gr~n~gens da economia capitalista.' Fato mais grave, 0 ensino
veis, como hoje, para 0 creSClmento llldustnal. Porque .as
p~lmano desemboca raramente numa forma<;:ao profissional inven<;:oessan talvez ainda bastante empiricas, basta uma ~hte
e~lcaz, salvo na Alemanha. A industria nao tern necessidade
restrita para dirigir suas aplica<;:oesconcretas. Somente o~ paIses
~lllda. ~e tecnicos medios ou superiores: a forma<;:aona bigorna
e suflclente. em desenvolvimento acelerado como os Estados Umdos, a
Alemanha ou 0 Japao adaptaram desde logo seu e~,sin? sup~riol
Em contrapartida, 0 ensino secundario e superior deve aos imperativos da produ<;:ao.Por toda a parte, allas, l~t? amda
formar os futuros quadros da administravao e da economia. nao e necessario. Sera preciso aguardar a era da elet~lcldade. e
Reservados para os burgueses, malgrado a intensifica<;:ao dos do motor a explosao, em 1910, para que esta necessldade seJa
bolsistas na Fran<;:a (dirigidos sistematicamente para a adminis- perfeitamente notada. Em 1880, urn pals industrializado como
tra<;:aoonde seu saber nao corre 0 risco de contrabalan<;:ar a in- a Belgica, utiliza, inclusive t,Ia indust~ia ,car?o~fe~a, apenas
368 engenheiros e subengenhelros. Sua mdustna textl1 que em-
fluencia das classes dominantes) eles diluem urn ensinamento prega 100.000 pessoas dispoe de apenas 137• Contudo, os
humanista e .cien!ffico com bas~ em metodos renovados e rigo-
paises industrializados dispoe?1 ?O poder de acelerar, confo~n:e
r.osos. 0 enSlllO e aos poucos dlstanciado das fontes populares:
o caso, a forma<;:aode seus tecmcos. Neste campo, seu d.ommlO
hceu frances e "public schools" britfmicos tern efetivos sobre as paises explorados torna-.se esmagador: ~a Afnca, na
espantosamente estaveis apas 1860 destinados a eternizar 0
America Latina e no Extremo-Onente. os engenhelros europeus
dominio l?c.al. Os professores, por ~ezes saldos do povo ou da
classe medIa, arrastam-se nos seus estatutos ambiguos de
ou americanos do norte constroem as pontes, as ferrovias os
portos para maior proveito das economias dominantes. Utili;ado
ou nao completamente 0 potencial cientifico e tecnico e um
aspecto essencial do dominio do capitalismo ocidental sobre.
o mundo.
Comercia,nt~s, advogados, medicos, administradores, pro-
fe~s?res. e tecmcos: estes personagens-chave asseguram a Com ela, chegamos ao termo de nossa busca: esta grande
ongmalIda~e. e 0 poder do novo setor terciario em expansao. burguesia bancaria e industrial cria e domina os meios de pro-
Mas sua atIvldade necessaria e util, que se expandira no seculo du~ao cada vez mais maci~os pela explora~ao do trabalho social.
XX, nao deve fazer. esquecer uma personagem tambem bast ante Ela provocou com habilidade a revolu~ao industrial e colhe as
reveladora, quase desaparecida em nossos dias: 0 investidor. sua's vantagens. Mas estamos ainda mal preparados para defini-
Ele testemunha 0 extraordinario poder de atra~ao e difusao do -la e analisar os mecanismos do seu dominio: os arquivos
capital, a s~a sol~dez. Para 368 engenheiros na Belgica, mais familiares e mais ainda os de sucessao sao pouco acessiveis, as
fortunas bem disseminadas, as liga~6es discretas e seguras. Ten-
de 50.000 mvestldores! E verdade que a renda imobiliaria
temos, entre tanto, destacar alguns dos seus tra~os essenciais.
seduz ainda. E a atra~ao do lucro seguro, da coloca~ao solida
da tranqiiil~da?e fa~iliar ~onstrufda com obstina~ao e argucia: Suas origens sac multiplas. Ela se renova por osmose cons-
tante com a media e a pequena burguesia e a aristocracia antiga.
Mas 0 capltahsmo fmancelro soube assegurar sua substitui~ao.
Ate 1848, A. Daumard mostrou com uma precisao remarcavel
Paternalmente aconselhado pelo notario da familia ou 0 agente
a extraordinaria mobilidade da burguesia parisiense, renovada
local do grande banco, ocupados em aliviar 0 aperto financeiro em todas as provincias francesas, rejuvenescida, cheia de apetites
e a soltar os cup6es de seus Wulos, sobressaltando-se a menor que estende seu dominio por toda a economia francesa. Nao
agita~ao so.ci~l, as meno~es greves dos doqueiros de Chang-Hai estabilizada, mas sempre em sentido ascendente: a queda e
ou as tropehas dos mu]iques, os investidores constituem um rara, e as agita~6es se prolongam as vezes 8. Contudo, malgrado
mundo fechado, restrito ate as ultimas sedes dos cant6es na esta flexibilidade constante que impede de se generalizar, nos
Fran~a ate as fazendas ricas, por vezes. Habilmente elogiados podemos seguir, em alguns exemplos, as origens mais correntes
pel?s conselhos de administra~ao onipotentes que gerem as dos gran des burgueses. Nos primeiros tempos da revolu~ao in-
socI~dades, eles investem nas empresas seguras, de capitais ga- dustrial, alguns individuos decididos, saidos dos meios rurais
rantIdos pelos ,gr.andes nomes das finan~as e da politica. A pobres ou do artesanato, podem-se arriscar aventurosamente e
~enda. ou emprestlmos. do Esta~o,. as obriga~6es ferroviarias, os veneer. Assim, na Russia, alguns agricultores livres, servos,
lllvestlmento~Aest.ran~elro.s rentavelS sao os preferidos, po is al- comerciantes modestos lan~am-se a fabrica~ao textil na regiao
gumas expenencIas lllfehzes de especula~6es e de falencias os de Ivanovo, em 1830, formando uma burguesia industrial bas-
tornaram prudentes. Por vezes, um patrimonio imobiliario tante original 9. Na Gra-Bretanha, a biografia de Richard
urbano completa sua fortuna. Eles sao ja 170.000 na Gra- Arkwright e edificante: nascido em 1732, de uma familia pobre,
-Bre~anha por volta de 1860, recrutados sobretudo entre as aprendiz de barbeiro, nada 0 predispunha ao mundo industrial.
soltelronas e as viuvas. Na Fran~a, em 1890, eles ultrapassam Vende cabeleiras, percorre os campos da regiao de Bolton.
500.000. Esta pequena burguesia parcimoniosa confiante na Depois, pressentindo possiveis ganhos, com muita vivacidade e
estabilidade mon~taria, vivendo sem pego do trabalho alheio, e alguma indelicadeza (ele teria "emprestado" a ideia da sua
a testen:mnha mms segura do triunfo do capitalismo. Sem ser maquina de urn teceHio), constroi sumariamente, com 0 dote da
verdadelramente os detentores e os donos do capital vivem com
ostenta~ao. A revolu~ao industrial lhes abriu esse mundo. Ele 8. A. Daumard, La Burgeoisie parisienne de 1815 QJ 1848.
venceu em desvia-los, em parte, das velhas nostalgias de aplica- 9. R. Portal, "Aux Origines d'une Bourgeoisie Industrielle en
~6es imobiliarias. Russie", R. H. M. C., janeiro-mar<;:o, 1961.
sua. mulher,. e~ 1768, sua primeira maquina, empresta os pri- continuando suas pesqllisas e aplicando-as imediatamente nas
menos capitals, cresce em Cromford, em 1771. Em 1779, suas fabricas, ele equip a a Alemanha, uma parte da Russia, da
emprega trezentos trabalhadores em suas water-frame. Meio- America do Sul e rivaliza vitoriosamente com os ingleses. Das
-~nge~hejro, meio-comerciante, Arkwright e 0 capitalista linhas eletricas a empresa passa a produc;;ao de dinamos, de
plOnelro, que a atrac;;ao do dinheiro transform a em indllstrial1Q. ascensores, trens, ac;;oseletricos, fornos a gasogenio. 0 imperio
Os exernplos individuais poderiam ser -multiplicados: os "self Siemens, apoiado na tecnica familiar, estende-se ao mundo in-
made men" americanos os elevarao ao nivel de legenda. Menos teiro. 0 mesmo ocarre na quimica: urn jovem sabio Justus
espantosa e a ascensao dos artesaos qualificados. Como a fami- Liebig faz fortuna na industria de conservas e torna-se barao
lia Krupp, cuja saga faz sonhar as gera90es de escolares do do Imperio.
Re~ch. No seculo .XVI, 0 ancestral Arndt e ja ferreiro; em 1816,
apos urn longo hlato, Friedrich produz seu primeiro a90, baio- Mas as ascensoes individuais ou familiares nao devem
netas e ferramentas, mas morre precocemente em 1826 .sem deixar ilusoes. Nao. somente elas postulam a eliminac;;ao dos
ter ,Podido apreender os segredos dos mestres de forjas ingleses. rivais mais pr6ximos, mas tambem sac excepcionais. 0 meio
o J.o~e!UAlfred .Krupp com audacia inicia 0 neg6cio familiar: mais seguro para se alc;;arao nivel da grande burguesia capitalis-
de miClO,5 fundidores e 2 forjadores. Dez anos mais tarde, 50 ta da industria e a posse inicial de urn capital confortavel.
tr~~alhadores .. ~le viaja muito, se instrui, pressente bons ne- Grandes negociantes, armadores, banqueiros tornam-se mais
goclOS. Em dlflculdades, em 1848; ja em 1850, esta em boas facilmente industriais, por pouco que eles tenham de audacia
condi90es pelo fornecimento de material ferroviario: a fabrica- e 0 senso de utiliza<;ao da competencia dos seus subordinados.
9ao das. bandas das rod~s de locomotivas e de vagoes permite- Na Gra-Bretanha inumeros comerciantes coordenam 0 trabalho
-lhe aphcar-se ao fornecJmento de armas, canhoes e fuzis, que de artesaos interioranos antes de montar, por sua propria conta,
conqUlsta uma c1ientela internacional. Com seus 6.000 fabricas a vapor. Assim, John Marshall, comerciante em Leeds,
trabalhadores, a firma tera dai para frente uma grande carreira. torna-se em 1815 0 maior produtor de tecidos de linho do Reino
Mas, numa atmosfera .de meti.cl;llosidade maniaca imposta por Unido. Urn pouco mais tarde, na Franc;:a, os Pereire constituem
Alfred Krupp, urn regIme pohClal nos ateliers onde os traba- urn born exemplo desses financistas-promotores. Dois jovens
~~adores pode!? ler a, homilia patronal afixada em toda a parte: israelitas de origem portuguesa, Emile e Isaac Pereire chegam
o b,em da ~Sl~ 'sera 0 bem d,e todos. Nestas condi90es, traba- a Paris em 1822, economizam, entusiasmam-se com 0 "saint-
Iha~ e u.ma benc;;ao. Trabalhar e uma prece" 11. Com urn registro -simonisme", publicam artigos. A partir de 1835, eles estao em
malS dlscreto, Jean-Fran90is Cail, filho de urn carreteiro de todos os negocios novos e particularmente nas ferrovias. Antes
Deux-Sevres, caldeireiro, funda uma empresa em Chaillot em do Segundo Imperio, sonham com urn banco moderno. Sob
1836" apos. ter terminado ~ua viagem pela Fran<;a. Em 1860, Napoleao III, seus negocios se estendem aos transportes urbanos
podera fabncar 80 locomotlvas por ano. Mas 0 artesao venceu e maritimos, ao gas, a produ9ao de material ferroviario; suas
em toda a parte no setor textil e na metalurgia. N as indus trias ambic;:oes concentram-se ao nivel da Europa, Russia e Espa-
novas, coino a eletricidade e a quimica, os tocnicos estao melhor nha. Mas, em 1867, a falencia do Credit Mobilier os elimina
prepara?os para ~un.dar_emp.resas rentaveis e se juntar a alta das gran des empresas. Eles representam esta febre de industria-
burguesla. Dos dOlSIrmaos SIemens, de uma famQia camponesa lizac;:aoacelerada que impulsion a os capitalistas franceses do Se-
de. Hanover, som.ente. Ernest emerge entao: integrado volun- gundo Imperio. Tambem poderosos sac os Rothschild, se bem
tan~mente na. a~t1lhana recebe uma boa formac;;ao tecnica em que a industria nascente os desconcerta urn pouco. Seu ances-
Berhm, ~specIa1Jza-se na galvanoplastia e estuda os isolantes tral, Amschel-Meyer e "judeu de Corte" e banqueiro. do
para as Imhas eletricas. Com a ajuda financeira dos seus irmaos landgrave de Hesse no fim do seculo XVIII. Com seus fllhos
funda em 1847 uma fabrica de aparelhos telegraficos. Sempr~ estabelecidos em Londres, Paris, Viena, Frankfurt e Napoles,
torna-se banqueiro da coliga9ao contra Napoleao. A segunda
10. Cf. P. Mantoux, op. cit., pp. 220 e 55. gera9ao estende a empresa de banco familiar, pela circulac;:aode
11. Cf. W. Manchester, Les Armes des Krupp, R. Laffont, 1970. fundos e de tltulos, suas especulac;;oes, suas subscricoes de em-
prestimos dos Estados. Em 1825, em Paris James de Rothschild aos mestres de forja e aoscomerciantes empresarios, 0 cuidado
possu.i 3_7milh6es, e?quanto 0 capital do Banco da Franc;a e de de demonstrar a rentabilidade da economia manufatureira. Mas
60 mllhoes. Banquelros da Santa-Alianc;a, arbitros da vida mUll- quando, sob 0 Segundo Imperioparticularmente, as possibili~a-
d;'l~a, potencias determinantes da vida politica, personagens lite- des de lucros sem riscos se rev-elam, entao os Mallet, os Hottm-
ran as (como na Maison Nueingen de Balzac), representam 0 ti- • aer os Moreau os Delessert se atiram com apetite na brac;agem
p.o,acabado d~ Po-ltoBanco especializado em transac;6es comer- do; neg6cios, c~m uma pi'edilec;ao para as sociedades industriais
ClalSe 0 emprestlmo aos governos. A industrializac;ao os assusta pr6speras. Solidamente entrincheirados nas compras de terra, no
urn l?ouco. Em L~:mdres, Salomao prefere as especulac;6es no comercio internacional, no financiamento do Estado, 0 grande
~xtenor, na Austna, em Trieste, os investimentos na industria capital bancario nao correu os riscos iniciais. Mas, por seu po-
lllgiesa. James, na Franc;a, constr6i urn imperio ferroviario na der, ele retomi:l em suas maos urn movimento que ele nao
rede, do Norte a partir de 1845, quase contra a vontade im- lanc;ou e lhe deu este caracteristico febril, desordenado e brutal
pulslOnado pelas iniciativas dos Pereire e de Talabot. 'Mas no periodo de expansao da revoluc;ao industrial.
atraves da ferrovia, a integrac;ao se acelera no Norte sob ~ Esta grande burguesia se instala e domina. Contudo, sera
Segundo Imperio: construc;6es mecanicas da socie'dade dos
necessario poder analisar conc~etamente s·eu. P?~er, ~m seus
Batignolles, canais, minas de carvao belgas, siderurgica franco-
poderes na nova sociedade. Infehzmente, sua histona fOJ ape~as
-b~lga. ~ l~ta d,os P~re~;e 0 ~ortifica na sua prudencia. 0 capi- iniciada. Contudo,algumas balizas pod em ser colo,cadas, partm-
tahsmo samt-slmomen mUlto "democrMico", muito apoiado do do exemplo frances, hoje melhor conhecido do que outros.
na mas~a dos pequenos dep6sitos, repugna-o. Lentamente Seouimos a apIicac;ao da lei dos "tres poderes" formulada por
RothschIld passa aos 'neg6cios industriais com participac;ao Je~n Lhomme num livro pioneiro e da qual e necessario aphcar
segura. Em 1872, a fundac;ao por Alphonse de Rothschild de os prindpios noestudo de outras burguesias nadonais 13.
urn. vasto cons6rcio de banqueiros comerciais,' 0 Banque de
A burguesia da erripresa capitalista combina. t;~s poderes
P~~lS et de~ Pays-Bas corea a evoluc;ao: seu velho banco fa-
que se estendem ese reforc;am mutuamente. De 1lliCIOela ~o-
mIlIar se atlra aos frutiferos lucros dos investimentos industriais
mina 0 poder economico possuindo ou controlando os mews
~ lucro e 0 princ!pal. A. racion~l~dade da industrializac;ao, se~ modernos de produc;ao, Depois, a concentra<;ao das empres~s
lllteresse pelo conJu~to da coletlVIdade nacional, jamais trans- e dos capitais reforc;a sua autoridade. Esta grande burguesia
parece.
deixa para a maioria dos investidores ou pequenos porta dores
Estes exemplos mostram a variedade de possibilidades de uma parte dDS lucros. Que eles patinh.em nas suas colocac;6es
ascensao a. alta burgue~ia. Mas algumas familias privilegiadas de "pai de famHia" urn golpe de conflanc;a cega na rend a do
desde a ongem ou partIcularmente favorecidas se desenvolvem Estado, no emprestimo estrangeiro ou nas casas s6Iid~s. -,~lguns
plenamente., Po-mobilida:Ie social parece mais reservada a pe- maisaudazes chegama fazer fortuna como 0 propnetano do
quena e medIa burgue~la. em plena efervescencia. Desde que "Herault" que em 5 anos triplica seu capital - desde que se
~norm,es massas .de capItals estao em jogo, desde que 0 Banco interesse pela colocac;ao industrial entre 1875 e 188014• Os
mtervem, os frelos sac mais eficazes. Por volta de 1840, en- grandes burgueses dirigemos neg6cios rentaveise recebem ~
quanta A. Daumard descreve a vivacidade' e a eficacia da riiaioriados hicros. Por sua "carteira" deentao, ciumentamente
burguesia parisiense, A. J. Tudesq sublinha a estabilidade das vigiada 'e transinitida, porem aumentada, aos filhos. Coma
estr~tu~as soc!ais d~s ad~inistradores do Banco de Franc;a: seu condicao de 'e'scolher bemseus investimentos: em 1'880, 0 'setbr
capItalIsmo fmancerro, hgado ainda as rendas imobiliarias e textil'rende 15% pot ana mais ou menDs, mas 'a met~lur~i~ ~a-
a?s privil~gios ~o ,financiamento do Estado, observa com reti- cilmente rende 35 % ea quimica mais ainda. 0 capItal 1lliClal
cenClas ~ mdustna1J~ac;ao 12: A renda passa a frente da economia. pode nos "piores casos dobrar em 5 ou 6 anos,em pleno periodo
Eles deIxam aos hvres atlradores saidos da media burguesia, de estabilidade mCinetaria. Os principais acionistas recebem os
12. A. J, Tudesq, "La Banque de France au Milieu du XIX' Sie.
de", in R.B., outubro-dezembro, 1961. 13. La Grande Bourgeoisie au Pouvoir (1830-1880).
f4, 'P. :Sorlin, -op.cit., ,p. 145.
dividendos normais de suas a~oes aos quais se acrescem confor- tual da substitui~ao. Na Fran~a 0 fenomeno e menos evi?e!1te
taveis partes de fundador: no Comptoir de I'Industrie Liniere, mas tambem e importante. Os Direitos do Homem e.o COdlgO
por exemplo, os quatra gerentes fundadores se reservaram 40% Civil permitiram as "dinastias burguesas" tratar de, 19ual para
dos lucros. A diferen~a e enorme entre 0 pequeno burgues lojista igual a aristocracia tradicion~l, que se submete apos 1830, se
ou investidor com 10.000 francos de rendas l\,nuais e a grande retira para suas terras ou acelta assentar nos Conselho~ de. ~d-
acionista da metalurgia com 100.000 francos. Adolphe Thiers, ministra~ao, onde a particula e uma imagem de marca h~onJelra.
grande acionista das "Minas d'Anzin" recebe 20.000 francos A monarquia de julho inaugura 0 rei~o. dos b~nquelros: os
por mes em 1870 e pode dobrar esta renda em outros investi- Laffitte, os Pereire, os Rothschild partlclpam dlretame!1t~ da
mentos. Das participa~oes da carteira inicial, a grande burgues dire~ao do pais com uma ostenta~ao evidente, que os soclahstas
estende sua atividade para outros investimentos bancarios ou sublinham e que Stendhal descreve tao pertinentemente no seu
industriais. o capital cresce por si mesmo, ao pre~o de algumas Lucien Leuwen. A parabola de Saint-Simon se cumpre.
contribui~oes periodicas ou de algumas especula~oesde Bolsa· Quando em 1848, 0 sufragio universal e a insurrei~ao de junho
bem meditadas. told am 0 horizonte, a grande burguesia inaugura urn jogo. de
Este poder economico se amplia naturalmente para 0 clientelas de aIianc;as de subven~6es discretas que a un em a
dominio politicO', com infinitas nuan~as. Nos paises chegados todas as' forc;as poHti~as novas. 0 bonapartismo "social" das
tardiamente a revolu~ao industrial, a grande burguesia deve "ideias napoleonicas" compoe-se com as classes medias e 0
durante muito tempo compor com as aristocracias e as massas grande capital, num grande entusiasmo "saint-.simonien". q~e
camponesas que representam, a persistencia do sistema pre- satisfaz os interesses dos Morny como dos Perelre. Se ele nao
-industrial no conjunto da economia. Na Alemanha, na Halia, assegura mais a paz interior, e exterior, a gran~e burguesia
na Russia e no Japao constitui Urn bloco heterogeneo freqiienta- pode-se abrandar ou condena-Io. Pe:-ante 0 pengo, com 0
do pelos agricultores e os representantes da industria que desastre militar de 1870 e 0 temor SOCIalda Comuna, ela com-
asseguia 0 poder, mas on de avoca~ao hegemonica do grande poe-se com os camponeses e os notaveis runiis que se encarregam
capital nao foi imediatamente reconhecida. Em 1880, estes blocos de liquidar a paz e a insurrei~ao. Depois, deixando os velhos
se moldam lentamente. Mas suas falhas sac ainda muito eviden- notaveis se enviscar na sua inincontravel Restaura~ao mo-
tes. Com a era imperialista do inicio do seculo XX, elas poderao narquica, ela aceita de born grade a Republica parlamentar
se ampliar. 0 capitalismo sofre nesses paises uma instabilidade conservadora e oportunista, a que divide menos os franceses e
poHtica grave: apos 1918, eles serao vftimas da revolu~ao ou o capital mantido por urn punhado deles. Ap6s 1830, suas
do fascismo testemunhando assim que eram os nos fracos da grandes famHias, os Say, os Gerrr~ain, o~ Meline, .?~Motte, os
cadeia capitalista. 0 contrale do poder poHtico e essencial para Schneider, os Solages, os de Broghe eloglam 0 PalacIO Bourbon
esta gtande burguesia, sob pena de crises sociais imprevisiveis. e consolidam suas clientelas, arvorando urn orleanismo ondulan-
No seculo XIX ela somente chegara totalmente aos pafses te que modela uma direita francesa de born tom. Sfmbolo do
industrializados que optaram pela democracia parlamentar ou
sistema, Adolphe Thiers, esse "parvenu" ambicioso logo aceito
presidencial, a Gra-Bretanha, a Fran~a e os Estados Unidos. A
democracia individual e representativa tern a vantagem de no serralho, ministra da monarquia de julho, republicano do
seduzir as massas populares que poderao atraves dela fazer Imperio, massacrador de cOhlunistas, patriarca-fundador da
chegar certas reivindica~oes, como 0 direito a instruc;ao ou uma Republica de gente honesta, flexivel, ativo e inteligente agente
legislac;ao do trabalho, se adaptando sem custo a ideologia do poHtico da grande burguesia.
individualismo, e a .ascensao social cara a burguesia. Nos Mas este grupo restrito, pouca renovado apos 185.0'
Estados Unidos, os grupos de pressoes industriais e bancarias consolida sua autoridade pelo exerdcio de urn po~er soczal
orientam a polftica e financiam 0 partido republicano no poder eficaz Nos nao 0 conhecemos senao por seus efmtos. Seus
depois da Guerra de Secessao. Os conservadores britanicos per- grupo~ de pressao intervem eficazmente. Ass!m, 0 ".Com~tedes
manecem muito atentos as exigencias da City, enquanto os Forges" formado em 1864 entre os grandes s.lderurgl~tas I:rtPul-
liberais tambem submissos ao capital propoem a solu~ao even- siona seu homem, Eugene Schneider, na cadelra presldenclal do
Corpo Legislativo, em 1870 e faz dar 0 exercito contra as
primeiras greves do Creusot. Atraves dos regimes politicos, uma
imprensa modern a de grande tiragem, bem feita, austera ou Conclusao
recreativa, e controlada pela grande burguesia. Ela retira assim •
a moldagem da opiniiio publica dos monarquistas ou dos
socialistas. Com uma gama variada, do Temps ou do Petit
Journal passando pelas folhas moderadas e outras radicais, ela
monopoliza a informal;ao atraves das grandes tiragens, em Paris,
como na provincia. Suas doal;oes, seus bailes de caridade, sua
rede mundana the assegura uma Igreja cat6lica com bispos
Como tirar alrumas conclus6es simples de urn fenomeno
d6ceis ou sensiveis as suas lisonjas. Suas. influencias, seus 01'- b •
ta~ complexo como a revolu~ao industrial? Este enorme creSCl-
~amentos de pesquisas tecnicas asseguram-Ihe urn meio de
mento das forl;as produtivas do trabalho humano afeta as
ensino devotado em que as humanidades grecolatinas na Escola
economias, as sociedades, as civiliza~6es. Mas com uma for<;a
de minas e nos conselhos de administra~ao, e a espirito de
fineza cobre as operal;oes de Boisa. Sua promo~ao mundana, sua e urn ritmo variaveis.
agital;ao exprime de modo ostensivo a superioridade que the e Tentemos contudo destacar algumas evidencias.
" ,
reconhecida pelo conjunto do corpo social, com 0 grande _ As economias pre-industriais foram atiradas ao mundo
reforl;o da Legiao de honra. do crescimento irreversivel, sob 0 ,efeito ,conjugado da pressao do
A grande burguesia de empresa triunfa com a revolul;ao mercado da iniciativa individual, da atra~ao do lucro e das
industrial. Ela sozinha faz frutificar 0 capital com rapidez, sabe novas te;nicas. Modela-se assim 0 mundo completo da produ<;ao
utilizar 0 genio humano e 0 trabalho. Suas virtu des s6lidas de capitalista, por transi~6es originais, do capitalismo comer.cial
previdencia . e de estabilidade sao oferecidas como exemplo a para 0 capitalismo industrial de empresa. as burgueses. ~lam
sociedade inteira. as banqueiros comerciais, os grandes indus- cerradamente esta delicada muta~ao, fazendo de toda a atlvldade
tria is, os gran des negociantes mostraram sua seguranl;a. Seu humana um valor de troca, construindo urn mundo liberal onde
poder multi forme se exerce dora em diante sobre todos os a explora<;ao direta do homem pelo h~mem substitui ~s velhos
grupos sociais, seu trabalho e sua mente. A solidariedade liames das sociedades antigas hlerarqmzadas pelo servll;0 pres-
internacional dos capitais amplia-se em dimens6es planetarias. tado. Com 0 tempo a contradi<;ao maior explode: uma minoria
a grande capital, conscientemente, pode tomar a si 0 encargo cujo dinheiro e 0 unico privil~gio detem os. meios ~od.ernos ~e
do progresso da humanidade. produl;ao, cuja colocal;ao efehva, sob 0 efelto das teclllcas, na~
e mais possivel senao por uma socializa<;ao acelerada do trabalho
produtivo.
, Cad a economia escolhe 0 caminho mais rentaveI. A revo-
lu<;ao industrial e a selel;ao do processo,:Ie c~esciII!e~~omelbor
adaptado ao mercado, a mao-de-obra, as dlSP01?-lbilldadesde
materia-prima e as tecnicas. Pragmatismo economlco constante,
no qual a moral se inspirara volun~a:i~m.ente. Porque a bu~ca
do lucro esta na base de todas as 111lclattvas.Estas economlas
em transil;ao na~ descobriram ainda as sutilezas da gestao pre-
visional e da compatibilidade matematica: contentam-se em
acumular lucros, ao sabol' das boas ocasi6es. Perigosa selel;ao
pelo lucro, que cria discrimina<;6es e' explora~~es nova.s entre
as economias dominantes e dominadas, as reglOes atratlVas ou
repuIsivas num mercado nacional, os compradores e vendedores definidos socialmente pOl' sua posi~ao no aparelho da produgao:
do trabalho.
passa-se de uma sociedade de ordens para uma socledade de
Estas desigualdades se ampliam, pois 0 crescimento e urn classes. 0 privilegio do dinheiro mantem-se: assim, em 1900
~mperativ? absoluto, para manter a taxa de lucro e responder como em 1850, 10% dos franceses, os garantidos, dividem
as necessldades do mercado de consumo que as revolugoes entre si mais de 40% da renda nacional. Por toda a parte 0
agricolas e demograficas fizeram ,crescer subitamente e tornaram mundo burgues triunfa, com ou sem aliados, qualquer que s~ja
exigente. Para eliminar tambem os acidentes ciclicos: as crises o regime politico que tenha acolhido a industrializa~ao. Contudo,
peri6dicas com suas Icatistrofes socia is devem ser reabsorvidas com uma clara preferencia para as instituigoes paJ:lamentares,
na vaga crescente da produgao. Ate que por volta de 1873-1880 num quadro monarquico ou republic.ano, que lhes deumm a:nplo
as primei~as economias industrializadas enfrentam sua primeir~ campo para utilizar em seu provelto as engrenagens politlcas
gra~de cnse geral de superprodugao. A revolugao industrial e e formar a opiniao publica.
ent~o !Darcada P?r ela. Outros problemas se impoem ao seu Perante ela aumenta a forga que recusa seu domfnio, este
capltahsmo no flIl~ .do secuIo. Ele deve ao mesmo tempo mundo fechado dos trabalhadores, rejeitados nas suas periferias
aumentar seu domllllO sobre 0 mundo e se inclinar para 0 urbanas, privados, durante longo tempo, do necessario, subme-
mercado de. consumo interno. Nesta tarefa ele revela surpreen- tidos a uma explora~ao sem cessar variada do seu trabalho-
dente capacldade de adapta!;ao e de inova9ao. Mas 0 liberalis- -mercadoria, desligados das tradi~oes religiosas, culturais e
mo, nesse meio tempo, tornou-se imperialismo. As necessidades espirituais da sociedade. Com os rejeitado.s do artesanato ~ da
de l~cro e ~e cr~scimento conduzem ao conflito militar, do jogo agricultura, eles constituem esta contra-socledade, 0 proletanado
da mternaclOnahzagao dos capitais e dos dominios coloniais moderno, que se atribui a missao de derrotar 0 velho mundo de
para 0 da corrida armamentista. explora9ao e de alienagao. .
Esta pesada hipoteca nao deve, contudo dissimular certos - Enfim a estas inova~oes economic as e sociais corres-
aspectos positivos da revolu9ao industrial. P~ofusao de desco- ponde uma civhizagao nova. 0 home~, ~mbufdo de seus di:ei~os
bertas tecnicas, melhor distribuigao dos produtos e dos lucros mais do que seus deveres, torna-se 0 umco ponto. de _referen~l~.
alteram a vida cotidiana. Os investidores e os "terciarios" Entao triunfa 0 individualismo burgues: as aspuagoes SOCIalS
surgem. Os empregos i.ndustriais se multiplicam. Num mundo nao podem ser senao a soma sempre constante das aspira:;oes
onde a .revolw;ao de~ografica teria de qualquer forma intervido, individuais. 0 indivfduo e livre: levado pOl' urn enSlllO que
o cres~lmento. novo e urn mal menor que evita as catastrofes pretende desenvolve-Io sem nenhuma discriinina~~o, social, po de
de estllo antIgo. Decuplicando as possibilidades do velho escolher a carreira em que seu talento se expandlra. J amalS as
domestic system e da agricultura rotineira, a revolw;ao industrial ideias recebidas descobrem nele urn produtor explorador ou urn
oferece, oportunamente, uma chance de sobrevivencia aos herdeiro da riqueza e da cultura .. As referencias burgu~s~s
recem-chegados.
devem-se adaptar a todos. A famfha, a poupa~ga, a aud~c!a
Sobrevivencia, sem mais nada. Ate 1850 0 mundo da calculada, a ambigab bem dosada, tornam-se vutudes· SOCIalS,
fabrica deixou uma impressao de horror justific~da. Somente a sem perigo para a ordem. estabelecida. As religioes for~adas,
lon~a .fase de crescimento ate 1873 permite saltar 0 garrote catolicismo ou protestantlsmo, referendam esta evolu9ao, se
e ehmmar lentamente os abusos mais gritantes, como trabalho interiorizam deixam de lado sua voca9ao essencial de agrupar
d~sumano das mulheres e das criangas, mas sem que a explora- as energias ~oletivas e individuais. A arte tambem transmite os
gao desaparecesse. Par outro lado, a extensao mundial do novas valores. Nas telas de Turner, as "steamers" atarracados
sistema permite discretas substituigoes: a "coolie" chines au 0 atiram para algum cemiterio maritima as veleiros do mundo
trabalha~or de Sao Petesburgo substituem a crian~a "mulhosien" antigo e obscurecem com suas volutas negras a. luz doura.da.
au londnna na carga de fazer frutificar a capital. A arte romantica do movimento e da cor poe abalXo a arqUlte-
- Um tipo de sociedade nova foi assim modelada tura classica.
h~era~quizada pela posse dos meios de produgao, isto e, pel~ Mas a· moral e a estetica podem testemunhar as
dmhelro ganho ou recebido por heranga. Os individuos sao contradigoes dos novas tempos. A revolt a individualista dos
romanticos trope<;a no problema social. 0 positivismo, reflexo
do dominio tt~cnico do mundo, nao atende tambem as aspirac;5es
dos homens. A moral utilitaria deriva para urn "bergsonnisme"* Referencias Crono16gicas
ondulante ou as tentac;5es anarquistas e espiritualistas do fim
do seculo, inclusive os mestres dacor, os impressionistas que
nao podem mais exprimir 0 individuo burgues e diluem seus
personagens nas mass as ou nas paisagens. A civilizac;ao urbana,
liberal e cientifica, nao convem mais as ultimas gerac;5es do
seculo.
Em 1880, nos paises pioneiros da revoluc;ao industrial, uma 1. 1770-1815
epoca se completa. A industria triunfa, mas as crises espreitam.
A brac;agem e aexplorac;ao dos homens geram a inquietude e a 770 _ The Deserted Village, de Goldsmith ..
luta social. Estetica e moral foram derrotadas. ~771 - Aplica<roes da water-frame de Arkwngft. de Coalbrookdale.
Inicios da constru<riioda ponte d~. erro
Estas contradic;5es contem uma lic;ao ate..hoje atual. Nunca 1773 - Monop6lios das Companhias europel3s .nas Indias.
a revoluc;ao industrial, que, na sua explorac;ao do trabalho, no 1774 _ Turgot, Liberte .du Commerce des Grams.
manejo do capital ou da vida da empresa, apresenta a mesma 1775 - Penuria em Pans. ., " a vapor em Wilkinson.
J Watt vende sua pnmelra maquma
face nos varios pontos do globo, se desenvolveu com base num a
177 6 _ Aboli<riio das. cor.po.ra<r~es na Fran<r .
modelo preestabelecido, mesmo ingles. A universalidade do Primeiro sindlcato mgles.
lucro nao absorveu as originalidades nacionais. 0 conceito de Primeiras estradas de ferro ..
modelo nao se aplica em economia: util ensinamento para nosso 1778 _ Caixa de descontos em Pans. .
Terceiro Mundo. ~:~~~~ad~~o~;6~~0 f~~~~~~~e~~.a~~~erciO internacional.
a.
Oltimo estratagema da Hist6ria ou contradic;ao indelevel 1779 _ Supressiio da servl'd-ao d 0 dominlo real da Fran<r
.
do capitalismo. Este mundo do individualismo militante e por- A mule-jenny de S. Crompton.
tanto aquele onde 0 jogo do trabalho e do capital torna os 1781 - Funda<riio dausin,a ~e ereusot. duplo efeito de 1. Watt.
1782 _ Atualiza<riio da maquma a vapo: com
hornens solidarios uns com os outros, do teceIao de Yorkshire Liberdade do trabalho na Austna.
ao campones indiano, do metalurgico parisiense ao "caboclo"**
1783 - Ascensoes de. M~ntgodlfi~:. ddlage" de ferro na lnglaterra.
brasileiro. "A grande industria", afirma Marx, "fundamenta a 1784 - Primeiras aphca<roes 0 pu· k
hist6ria mundial, tornando cad a nac;ao, cad a individuo depen- Funda<rao do Banco de No~a Yor .
dente, para satisfac;ao das suas necessidades, do mundo inteiro." 1785 _ Maquina de tecer de Cartwn%ht..
1786 _ Tratado de comercio franco-mgles.
Solidariedade na explorac;ao. Mas, para mudar a vida, alguns a
.
transformam ja em solidariedade de Iutas e de liberta<;oes.
. .
1787 - Crise .ge?~raliza'~~a~:a ~~an6~~te" nos Estados Unidos.
Conshtul<rao e b na Australia.
Os ingleses desem arcam
1788 - Funda<riio·do·Time~.
1789 - Revolu<riio naFran<;a.
"assignat"· como papel-moeda. I
1790 - O lnterdi<riio d~s coalizOes trabalhadoras na lng aterra.
1791 Lei "Le Cha.pelier".
- Metodo Leblanc para fabricar soda.
* 0 Autor refere-se ao sistema de Henri Bergson, fil6sofo fran- 1792 - Na Fran<ra, a R epu'bl' !ca e a guerra .
ces, nascido em Paris em 1859 e morto em 1941, baseado sobre a Levantes no -Lancashire.
intui<riio dos dados da consciencia destacados da ideia de espa<ro. Obras 1793.--'- Mhimos pre<ros na Fran<ra. - de Whitney. .
principais: Essai sur les Donnees lmmediates de la Conscience; Matiere Maquina de desfiar 0 ~l?o~ao edo Conservat6no Nacional
et Memoire. rEvolution Greatice. (N. do T.) 1894 - Cria<riio da Escola Po!Jtecnlca
de Artes e Oficios na Fran<r . a
""" A expressiio foi empregada pelo Autor no original. (N. do T.)