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Carta Aos Hebreus

Este documento resume a Carta aos Hebreus da seguinte forma: 1) A carta afirma que Yeshua (Jesus) é superior aos anjos e o Sumo Sacerdote ideal referido nas Escrituras, tendo realizado o perfeito sacrifício pelo povo. 2) O autor exorta a comunidade hebraica a não negligenciar a salvação trazida por Yeshua, sob pena de maior juízo. 3) A intenção da carta é afirmar que Yeshua cumpriu o papel dos cordeiros e dos Sumos
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Carta Aos Hebreus

Este documento resume a Carta aos Hebreus da seguinte forma: 1) A carta afirma que Yeshua (Jesus) é superior aos anjos e o Sumo Sacerdote ideal referido nas Escrituras, tendo realizado o perfeito sacrifício pelo povo. 2) O autor exorta a comunidade hebraica a não negligenciar a salvação trazida por Yeshua, sob pena de maior juízo. 3) A intenção da carta é afirmar que Yeshua cumpriu o papel dos cordeiros e dos Sumos
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COMENTÁRIO BÍBLICO

 
Carta aos 
HEBREUS

‫עברים‬

Raimison Ramos Corrêa

BELÉM - MANAUS / 2020


Todos  os  textos  bíblicos  citados  são  da  versão  João  Ferreira  de  Almeida  Revista  e 
Atualizada, 2009. 

1
SUMÁRIO 
 
A. O AUTOR DA CARTA 4 

B. DESTINATÁRIOS 4 

C. INTENÇÃO DA CARTA 5 

1. YESHUA, SUPERIOR AOS MALAHIM (MENSAGEIROS) (Hb. 1) 6 

2. O CUIDADO PARA NÃO NEGLIGENCIAR OU NEGAR YESHUA (Hb. 2. 1-4) 6 

3. O SACRIFÍCIO DE YESHUA (Hb. 2. 5-18) 10 

4. NÃO ENDUREÇAIS O VOSSO CORAÇÃO (Hb. 3) 12 

5. A ENTRADA NO SHABAT (DESCANSO) DO ETERNO (Hb. 4) 13 

5.1 O Ensino De Yeshua É A Prática Da Torah 14 

6. YESHUA, O SUMO SACERDOTE (Hb. 5. 1-10) 17 

6.1 Sumo Sacerdote Segundo A Ordem De Malki-Tsedek (Hb. 5. 1-10) 21 

6.2 A Maturidade Dos Destinatários Da Carta (Hb. 5. 11-14) 23 

6.3 Uma Lição Para Mestres E Alunos 24 

7. INGRATIDÃO COM A MISERICÓRDIA DO ETERNO (Hb. 6. 4-8) 26 

7. 1 O Contraste Com Os Que Rejeitaram O Mashiach (Hb. 6. 9-12) 27 

7. 2 A Imutabilidade das Promessas Do Eterno (Hb. 6. 13-20) 28 

8. YESHUA E MALKI-TSEDEK (Hb. 7. 1-3) 29 

8.1 O Sacerdócio De Yeshua É Superior Ao Da Tribo De Levi (Hb. 7. 4-28) 30 

9. O MISHKAN TERRENO É “SOMBRA” DO CELESTIAL (Hb. 8. 1-5) 32 

9.1. Yeshua, Mediador Da Aliança Renovada (Hb. 8. 6-13) 33 

10. O PERFEITO E ÚNICO SACRIFÍCIO DO CORDEIRO YESHUA (Hb. 9; Hb. 10) 37

10. 1 A Arca da Aliança (Ex. 25. 1-9) 37

10. 2 Os Sacerdotes Levitas e o Sacerdote Judeu Yeshua 39

10. 3 A Condenação aos Negligentes em Yeshua, a Palavra do Eterno (Hb.


10. 26-31) 40

10. 4 O Apelo à Permanente Confiança na Promessa do Eterno (Hb. 10. 32-39)


42

2
11. A CONFIANÇA (FÉ) (Hb. 11. 1-3) 44

11. 1 Exemplos de Confiança (fé) no Eterno (Hb. 11) 46

12. A PERSEVERANÇA EXEMPLAR DE YESHUA (Hb. 12. 1-13) 47

12. 1 Instruções Sobre a Paz e a pureza (Hb. 12. 14-17) 49

12. 2 A Voz do Eterno no Sinai Que Ecoa Através de Yeshua (Hb. 12. 18-29) 50

13. INSTRUÇÕES À PRÁTICA DA TSEDAKÁ (Hb. 13. 1-6) 52

13. 1 Conselhos Para Seguir O Exemplo Dos Mestres (Hb. 13. 7-17) 55

13. 2 O Cuidado Com Doutrinas Estranhas (Hb. 13. 9) 56

13. 3 Os sacrifícios em Vaykra (Levítico) apontavam para Yeshua (Hb. 13.


10-12) 57

13. 4 A Cidade que Há de Vir (Hb. 13. 14) 57

14. CONSELHOS À OBEDIÊNCIA (Hb. 13. 17) 60

15. CONSELHOS FINAIS DA CARTA (Hb. 13. 18-25) 61

16. CONCLUSÃO 62

3
A. O AUTOR DA CARTA 

O  autor  não  se  identifica  na  carta,  porém  acredita-se  que  Shaul  (Saulo),  também  chamado 
Paulo  (At.  13.  9),  possa  ter  sido  o  autor,  pois  faz  citação  a  Timóteo  e  aos  da  Itália  (Hb.  13. 
23-24).  Entretanto,  apesar  desta  grande  possibilidade,  não  se  pode  afirmar  que  ele  seja  o 
autor. 

B. DESTINATÁRIOS 

O  autor  destina  sua  carta  a  uma  comunidade  hebraica  que  confiava  ser  ​Yeshua1  O 
Mashiach  (Ungido)​;  que,  pelo  conteúdo  e  contexto  da  carta  Sua  morte  e  ressurreição  já 
haviam ocorrido. 

1
​Yeshua  é  o  nome  original,  em  Hebraico,  que  sofreu várias transliterações para diversos idiomas até chegar 
na  língua  portuguesa,  onde ficou conhecido como ​Jesus​. Vale lembrar que na cultura hebraica ​os nomes são 
palavra  do  cotidiano,​   diferente  de  muitos  nomes  em  português  e  em  outras  línguas.  Mais  adiante  será 
abordado o significado do nome Yeshua. 

4
C. INTENÇÃO DA CARTA 

Na  carta  o  autor  tem  a  intenção  de  afirmar,  àquela  comunidade  hebraica,  que  Yeshua  é  o 
Cordeiro  e  o  Sumo  Sacerdote,  de  quem  faziam  referência  os  cordeiros  e  os  Sumo 
Sacerdotes  nos  tempos  do  ​Mishikam  (conhecido  como  Tabernáculo),  no  deserto.  E,  para 
isso,  apresenta  textos  da  ​Torah2​,  dos  ​Profetas  e  dos  ​Salmos​.  Portanto,  percebe-se que as 
pessoas  dessa  comunidade  hebraica  conheciam  os  textos  que  o  autor  se  referia; 
desmistificando  assim  que  elas  eram  desinformadas  quanto  às  instruções  do  Eterno  nos 
Escritos. 

Além disso, o autor faz algumas exortações à comunidade. 

   

2
​Torah  é  uma  palavra  hebraica  que  significa  ​“Instrução”  ou  ​“Ensino”​.  Porém,  traduzida  para  a  maioria  das 
Bíblias  em  português  como  ​“Lei”​.  Dependendo  do  contexto,  ​Torah  pode  tanto  se  referir  aos  ​Mandamentos 
do  Eterno  (Ex.  20)  quanto  aos cinco (5) primeiros Livros da Bíblia, também conhecidos como ​Pentateuco (em 
grego). 

5
1. YESHUA, SUPERIOR AOS MALAHIM (MENSAGEIROS) (Hb. 1) 

No  capítulo  1  Yeshua  é  apresentado  como  superior  aos  ​malachim3  (mensageiros), 


conhecidos na tradução para o português como ​anjos​. Em ​Hb. 1. 4​, diz 

“...tendo-se  tornado  tão  superior  aos  anjos  quanto 


herdou mais excelente nome do que eles.” 

Ao  dizer  que  Yeshua  herdou  mais  excelente  Nome,  o  autor  está  se  referindo  tanto  ao 
mérito  de  Yeshua  por  ocasião  da  obediência  a  Torah  (os  Mandamentos)  quanto  por  Seu 
sacrifício.  Feito  este  que  nenhum  dos  malachim  realizou,  e  por  isso,  ​o  Nome  de  Yeshua  é 
honrado  ou  ​condecorado  pelo  Eterno​;  tornando-se  superior  aos  malachim  e 
assentando-se à destra do Eterno (Hb. 1. 13).  

2. O CUIDADO PARA NÃO NEGLIGENCIAR OU NEGAR YESHUA (Hb. 2. 1-4) 

No  início  do  capítulo  2  o  autor  chama  novamente  a  atenção  dos  destinatários  para  que 
creiam  que  ​Yeshua  é  o  Mashiach  (Ungido)  escolhido  e  enviado  pelo  Eterno.  E,  para  isso, 
diz  que  se  as  palavras  de  juízo  anunciadas  pelos  ​malachim  (“anjos”)  se  cumpriram 
naqueles  que  receberam  o  justo  castigo  por  suas  transgressões  ou  desobediências4, 
quanto  maior  juízo  viria  sobre  eles  (o  autor  e  os  destinatários  da  carta)  caso 
negligenciassem  a  Palavra  anunciada  pelo  próprio  Eterno  a  respeito da vinda do Mashiach 
Yeshua.  Palavra  essa  que  foi  confirmada  pelos  que  a  ouviram  através  dos  ensinos  de 
Yeshua sobre a obediência a Torah, isto é, os Mandamentos (Is. 42.4). 
 
É  muito  importante  conhecer  o  nome  de  Yeshua  e  seu  significado,  para  compreender  o 
que o escritor está dizendo aos destinatários. Observe a tabela a seguir, 
 
 
 

3
Na língua hebraica ​Malachim significa ​mensageiro​, que dependendo do contexto pode ser um ​ser
celestial ou um ​ser humano​. Na maioria das traduções bíblicas, a fim diferenciar estes dois (2) tipos de
mensageiros, os seres celestiais são traduzidos como anjos (ou anjo) e os seres humanos como
mensageiros (ou mensageiro).
4
Como a palavra de juízo que veio sobre Sodoma e Gomorra, anunciada pelos malachim que se
apresentaram a Ló.

6
NOME ORIGINAL  TRANSLITERAÇÃO  SIGNIFICADO  FORMA 
(HEBRAICO)  CONHECIDA EM 
PORTUGUÊS 

Yeshua  Salvação do Eterno  Jesus 


‫יְשׁוּ ָע‬
 
Portanto, quando o autor da carta diz 
 
“...  como  escaparemos  nós,  se  negligenciarmos  tão 
​ alvação?​ ” (​ Hb. 2.3);​  
grande S
 
está  dizendo  que  ​negligenciar  a  Salvação  s​ ignifica  negar o
​ u rejeitar Yeshua, a Salvação 
do Eterno.​ Sobre isso, certa vez Yeshua disse 
 
​ ue  me  c​ onfessar 
“(v.32)  Portanto,  todo  aquele  q
diante  dos  homens,  também  eu  o  confessarei  diante 
de meu Pai, que está nos céus; 
​ ue me negar diante dos homens, 
(v.33)  mas,  aquele q
também  ou  o  negarei  diante  de  meu  Pai,  que  está 
nos céus.” ​(Mt. 10. 32-33) 
 
Neste  sentido,  confessar  Yeshua diante dos homens significa ​obedecer aos Mandamentos 
do  Eterno  da  forma  como  Yeshua  ensina​;  e,  negar  Yeshua  diante  dos  homens  é  ​não 
praticar os Mandamentos como Ele viveu e ensinou​. 
 
Foi  referente  a  esta  ​Salvação  ​que  vem  do  Eterno  que ​Shimon (Simeão) se referiu quando, 
Movido  pela  ​Ruach  HaKodesh5  (Mover  do  Santo),​   foi  ao  Templo  para  vê-la  na  pessoa  de 
Yeshua,  ainda  um  bebê,  conduzido  por  ​Yosef  (José)  e  ​Miriam  (Maria)  40  dias  após  Seu 
nascimento,  por  ocasião  da  purificação de Sua mãe, conforme a instrução da Torah (Lv. 12). 

5
​Ruach  HaKodesh  é  uma  expressão  hebraica  que  significa  ​Mover  Do  Santo,​   ou  seja,  ​o  Próprio  Eterno 
Movendo​,  ​Atuando​,  ​“Soprando”  situações  ou  acontecimentos  (Atos  2.  1-13).  Para  a  língua  portuguesa  foi 
traduzida como ​Espírito Santo​. 

7
O  texto  de  Lucas  diz  que  ​Shimon  tomou  ​Yeshua  nos  braços  e  pronunciou  uma  ​brachah 
(benção)​ ao Eterno, dizendo 
 
“(29)  Agora,  Senhor,  podes  despedir  em  paz  o  teu 
servo, segundo a Tua Palavra; 
(30) porque os meus olhos já viram a ​Tua Salvação​, 
(31) a qual preparaste diante de todos os povos: 
(32) luz para revelação aos gentios,​  e p
​ ara glória do 
Teu povo de Israel​” (​ Lc. 2. 29-32) 
 
Observe  abaixo,  na  linha  1  do  quadro,  as  quatro  letras  em  hebraico  do  nome  de  Yeshua 
​ a  linha  2,  pronunciada  por  ​Shimeon  ​quando 
dentro  da  expressão  ​“Tua  Salvação”,  n
recitava a ​brachah (benção)​ ao Eterno. 
 

  NOME EM  TRANSLITERAÇÃO  SIGNIFICADO 


HEBRAICO 

Yeshua  Salvação do Eterno 


 1 ‫יְשׁוּ ָע‬
Yeshuat’chá  Tua Salvação 
 2 ‫יְשׁוּ ָע ְתךׇ‬
 
 
Portanto,  ao  tomar  Yeshua  nos  braços,  ​Shimeon  se  alegrou  e  louvou  ao  Eterno  pela  ​Sua 
Salvação​.  ​Certamente,  ao  longo  de  toda  sua  vida,  ​Shimeon  guardava  no  coração  as 
Palavras de Promessa do Eterno registrada pelo Profeta ​Yeshayahu​ (Isaías)​, 
 
“Eu,  o  Senhor,  te  chamei  em  justiça,  tomar-te-ei  pela 
mão,  e  te  guardarei,  e  ​te  farei  mediador  da  aliança 
com o povo​ e ​luz para os gentios.”​ (​ Is. 42. 6) 
E, também 
 

8
“Sim,  diz  Ele:  Pouco  é  o  seres  meu  servo,  ​para 
restaurares  as  tribos  de  Jacó  (Israel)  e  tornares  a 
trazer  os  remanescentes  de  Israel;  também  te  dei 
como  l​ uz  para  os  gentios,​   para  seres  a
​   minha 
Salvação​ até a extremidade da terra” ​(Is. 49. 6) 
 
Também,  é  com  este  mesmo  sentido  que  ​Matityahu  (Mateus)  em  sua  carta  se  refere  a 
uma profecia em ​Yeshayahu (Isaías) 7. 14.​ Ao escrever, 
 
“Eis  que  a  virgem  conceberá  e  dará  à  luz  um  filho, e 
Ele será chamado pelo nome de ​Emanuel​”  
(Mt. 1. 23) 
 
está  dizendo  que  ​O  Eterno  estava  com  ou  ​a  favor  do  povo  de  Israel naquela geração em 
que  nasceu  Yeshua,  bem  como  de  toda  a  humanidade.  Pois,  o  nome  ​Imanuel  (​Emanuel) 
significa ​“Eterno conosco” ou “O Eterno está conosco”​. 
 

NOME EM  TRANSLITERAÇÃO  SIGNIFICADO 


HEBRAICO 

Imanuel  Eterno conosco 


‫ִע ָמּנוּ ֵאל‬
 
Sendo  assim,  ​Matityahu  (Mateus)  não  estava  se  referindo  a  profecia  de  ​Yeshayahu 
​ izendo  que  O  Eterno  havia  se  tornado  carne  ou  um  ser  humano,  na  pessoa  de 
(Isaías)  d
Yeshua;  mas,  que  ​a  Salvação  do  Eterno  (Yeshua)​,  a  ​Sua  providência,​  a ​Sua misericórdia 
estava  a  favor  deles  ou  ​com  eles​,  e  de  ​toda  a humanidade,​  sendo representada por Seu 
Servo ​Yeshua​. Portanto, quando ​Yeshua​ disse  
 
“​Eu e o Pai somos um”​ ​(João 10. 30) 
 

9
está  afirmando  que  ​Seus  ensinos  são  conforme  as  orientações  do  Eterno​,  ou  da  forma 
como  o  Eterno  quer  que  obedeçamos;  e,  não  que  Ele  (Yeshua)  é  o  próprio  Eterno,  pois  o 
Eterno é um (1), conforme ​Dt. 6. 4​. 
 
O  autor  da  carta  diz,  também,  que  o  próprio  Eterno  e  as  pessoas  daquela  geração  são 
testemunhas  de  que  verdadeiramente  Yeshua  é  o  Mashiach  (Ungido),  através  de  ​sinais​, 
prodígio​,  ​vários  milagres  e  pela  distribuição  da  ​Ruach  HaKodesh  (Mover  do  Santo)​, 
segundo a vontade do Eterno. 
 

3. O SACRIFÍCIO DE YESHUA (Hb. 2. 5-18) 

Na  ​Torah​,  especificamente  em  ​B’reshit  (Gênesis)​,  ao  ser  criado,  o  ser  humano  recebe 
autoridade  do  Criador  para  ter  ​domínio  sobre  todos  os  animais  e  a  terra.  Por  isso,  o 
salmista  diz  que  o  Eterno  ​coroou  o  homem  de ​honra e de ​glória (Sl. 8. 9), pois está ​acima 
dos  animais  e  de  toda  a  natureza,  porém  abaixo  do  Criador.  Neste  sentido,  o  Eterno 
colocou  sob  o  homem  a  responsabilidade  de  preservar a natureza que agora está em “seu 
domínio” (Gn. 1. 26-31). 
 
O  autor  da  carta,  partindo  deste  princípio, que dizer aos destinatários que Yeshua, homem, 
filho  de Yosef e Míriam (Mt. 1. 1-17; Lc. 3. 23-38), da tribo de Yehudah (judá), também herdou, 
como  homem,  o  domínio  sobre  toda  a  natureza.  Porém,  além  da  própria  Criação,  herdou 
coisas  superiores  a  estas.  Isto  é,  por  causa  da  obediência  plena  da  Torah  e  da  realização 
de  Seu  sacrifício,  tornou-se  ​Cordeiro  e  ​Sumo  Sacerdote,  ​apresentando-se,  após  ser 
ressuscitado,  não  no  ​Mishkan  (Tabernáculo)  terreno,  mas  no  Real  Mishkan  que  está  nos 
Céus,  diante  do  Eterno;  do  qual  o  Mishkan  terreno  era  uma  representação  do  que 
realmente  está  no  Céu;  sendo  portanto,  sombra  dele  e  de  todo  o seu significado. Por isso, 
Yeshua  se  tornou  superior  aos  Malachim  herdando  mais  excelente  Nome  do  que  eles,  e 
assentou-se a Destra do Eterno. 
Os  sacrifícios  que  ocorriam  no  Mishkan  apontavam  para  o  que  ainda  viria  em  relação  às 
gerações  antes  de  Yeshua;  mas,  já  havia  chegado  em  relação  à  geração dos destinatários 
da  carta.  Ou  seja,  o  Cordeiro  (Yeshua)  preparado  pelo  Eterno desde a fundação do mundo 
(Ap.  13.  8)  já  havia  sido  sacrificado,  e  o  autor  da  carta  estava notificando eles disso; motivo 

10
pelo  qual  já  não  fazia  mais  sentido  continuar  os  sacrifícios  no  Mishkan.  Por  isso,  já  não 
existe  o  Miskam;  que,  segundo  a  carta  de  Yochanan  (João),  em Revelação de Apocalipse, 
na  Nova  Yerushalaim  (Jerusalém),  que  descia  do  Céu,  não  havia  mais  o  ​Mishkan 
(Tabernáculo), pois ​O Próprio Eterno e o Cordeiro são o Mishkan​ (Ap. 21. 22). 

11
4. NÃO ENDUREÇAIS O VOSSO CORAÇÃO (Hb. 3) 

No  capítulo  3  Yeshua  é  apresentado  como  superior  a  ​Moshe  (Moisés)​.  Vale  lembrar  que 
Moshe  também  foi  um  mashiach  (ungido)  em  sua  época,  separado  pelo  Eterno  para 
desenvolver  uma missão em relação ao povo de Israel. Além de Moshe (Moisés), ​Yehoshua 
(Josué)  e  ​Shimshon  (Sansão)​,  por  exemplo,  também  foram  ungidos  ou  separados  pelo 
Eterno  para  missões  específicas.  Portanto,  cada  um  deles  tem  sua  importância  em  relação 
ao  povo  de  Israel;  porém,  o  escritor  da  carta quer mostrar que o trabalho desenvolvido por 
Moshe  é  a  base  do  plano  do  Eterno  para  conduzir  ao  Mashiach  Yeshua.  É  neste  sentido 
que o autor da carta afirma ser Yeshua superior a Moshe. 
 
Em  ​Hebreus  3.  7​,  o  escritor  cita  um  fato  ocorrido  com  o  povo  de  Israel  no  deserto, 
registrado na Torah ​(Nm. 14. 21-23)​, dizendo 
 
“(v.  7)  Assim,  pois,  como  diz  o  Espírito  Santo6:  Hoje, 
se ouvirdes a sua voz, 
(v.  8)  não  endureçais  o  vosso  coração  como  foi  na 
provocação  no  dia  da  tentação  no  deserto...” (​ Hb. 3. 
7-8). 
 
Portanto,  o  escritor  está  orientando os destinatários da carta a não endurecerem o coração 
à  Palavra  do  Eterno  referente  a  Yeshua;  assim como fizeram alguns da geração no deserto 
que,  mesmo  presenciando  a  glória e os prodígio realizados por Ele, no Egito, se rebelaram7 
às  Suas  Instruções.  Neste  sentido,  o  escritor  diz  que  esses  rebeldes  não  entraram  no 
descanso,  ou  seja,  na  terra  prometida,  porque  não  creram  na  Palavra  da  Promessa  do 
Eterno  (Hb.  3.  16-19).  Sendo  assim,  da  mesma  forma que os rebeldes não entraram na terra 
por  causa  da  incredulidade,  o  escritor  teme  que  seus  irmãos  também  não  entrem  no 
Mundo  Vindouro  (a  Eternidade)  por  causa  da  incredulidade  em  Yeshua  HaMashiach  (O 
Ungido), O Cordeiro e Sumo Sacerdote. 

6
​ raduzido para o português como Espírito
​Ruach HaKodesh (Mover do Santo, referindo-se ao Eterno). T
Santo.
7
Os rebeldes puseram o Eterno a prova 10 vezes, e desprezaram-No desobedecendo a Sua Voz (Lv. 14.
21-24).

12
5. A ENTRADA NO SHABAT (DESCANSO) DO ETERNO (Hb. 4) 

No  capítulo  4,  o  autor  da  carta  relaciona  o  “​não  endurecer  o  coração  à  Voz  do  Eterno, 
através  de  Yeshua​”  com  a  entrada  no  ​Shabat8  (descanso)  ​dEle​.  Isto  é,  o  escritor  traz  a 
tona  o  fato  ocorrido  no  deserto  onde  os  desobedientes  a  Voz  do  Eterno,  pelo  não 
cumprimento  aos  Mandamentos,  não  entraram  na  terra  prometida,  ou  seja,  no  descanso 
(Shabat)  de  suas  vidas  no  Egito  e  de  suas  caminhadas  no  deserto.  Portanto,  o  autor  quer 
mostrar  aos  destinatários  da  carta  que,  assim como a Palavra do Eterno (Os Mandamentos) 
ou  as  boas-novas  que  foi  anunciada  à  geração  do  deserto,  cujos  desobedientes  a  Ela não 
alcançaram  a  Terra  Prometida,  mas,  apenas  os  obedientes;  da  mesma  forma,  essa  mesma 
Palavra  (Os  Mandamentos)  ou  boas-novas  estava  sendo  anunciada  à  geração  destinatária 
da carta; e isto, através dos ensinos de Yeshua sobre a Torah. 
 
É justamente sobre este aspecto de Yeshua que ​Yochanan (João)​ se refere quando diz, 
 
“E  o  Verbo9  ​[os  Mandamentos]  se  fez carne [​ Yeshua] 
e  habitou  entre  nós,  cheio  de  graça  e  de  verdade,  e 
vimos a sua glória como do unigênito do Pai”  
(João. 1. 14).​  
 
Sendo  assim,  ​os  ensinos  de  Yeshua  são  o  Verbo,  a  Torah,  a  Palavra,  os  Mandamentos 
que saíram da boca do Eterno no Sinai​, e que na forma humana falou com o ser humano; a 
geração  de  Yeshua.  Portanto,  o  escritor  apela  aos  destinatários  para  que  ​confiem  ou  que 
tenham ​fé nas palavras de Yeshua, pois Seus ensinos são sobre a maneira correta de como 
se  deve  obedecer aos Mandamentos do Eterno; além de confiar (fé) que Ele é O Cordeiro e 
O  Sumo  Sacerdote.  Pois  assim,  entrarão  no  Shabat  (descanso)  do  Eterno,  isto  é,  ​a  Vida 
Eterna​. 

8
​Shabat é uma palavra hebraica que significa ​descanso​. Para a língua portuguesa foi traduzida como
Sábado.
9
O ​Verbo ou a ​Palavra (Êxodo 20. 1) de que Yochanan está referindo é justamente ​a Torah que saiu da
Boca do Eterno no Sinai​; portanto, os ​Mandamentos ​(Êxodo 20).

13
5.1 O Ensino De Yeshua É A Prática Da Torah 

Ora,  se  para  entrar  no  Shabat  (descanso)  do  Eterno  é  necessário  ​ouvir  e  ​obedecer  a  Sua 
Voz  (Palavra)​.  Faz  todo  sentido  o  escritor  orientar  os  destinatários  a  confiarem  (fé)  nos 
ensinos  de  Yeshua,  pois  os  ensinos  de  Yeshua  são  exatamente  a  Palavra  do  Eterno.  Por 
isso, Yeshua fala sobre Seus ensinos e a Torah, dizendo 
 
“(v.46)  Porque,  se,  de  fato,  crêsseis  em  Moisés  ​[na 
Torah],​   também  creríeis  em  mim,  porquanto  ele 
escreveu a meu respeito. 
(v.47)  Se,  porém,  não  credes  nos seus escritos, como 
crereis nas minhas palavras?”  
(João 5. 46-47). 
 
Também, faz menção a ​Torah​, os ​Salmos​ e os ​Profetas, 
 
“A  seguir,  Yeshua  lhes  disse:  São  estas  as  palavras 
que  eu  vos  falei,  estando  ainda convosco: importava 
se  cumprisse  tudo  o  que  de  mim  está  escrito  na  ​Lei 
de Moisés​ [​ Torah]​, nos ​Profetas​ e nos ​Salmos​”  
(Lc. 24. 44). 
 
Também, faz referência a Quem pertence o ensino que transmitia, 
 
“Respondeu-lhes  Jesus:  O  meu  ensino  não  é  meu,  e 
sim daquele que me enviou”  
(João. 7. 16). 
 
Ensinou  sobre  a  Vida  Eterna  aos  obedientes  às  suas  Palavras,  e  juízo  para  para  os 
desobedientes 
 
(v.47)  Se  alguém  ouvir  as  minhas  palavras  [​ Torah]  ​e 
não  as  guardar  [​ os  Mandamentos],​   eu  não  o  julgo; 
porque  eu  não  vim  para  julgar  o  mundo,  e  sim  para 
salvá-lo. 

14
(v.48)  Quem  me  rejeita  e  não  recebe  as  minhas 
palavras  tem  quem  o  julgue;  a  própria  palavra  que 
tenho proferido ​[Torah],​ essa o julgará no último dia. 
(v.49)  Porque  eu  não  tenho  falado  por  mim  mesmo, 
mas  o  Pai,  que  me  enviou  ​[O  Eterno]​,  esse  me  tem 
prescrito o que dizer e o que anunciar. 
​   Seu  Mandamento é a vida Eterna.​  
(v.50)  E  sei  que  o
As  coisas,  pois  que  eu  falo,  como  o  Pai  mo  tem  dito, 
assim falo.”  
(João. 12. 47-50) 
 
 
Também disse, 
 
“(v.57)  Assim  com  o  Pai,  que  vive,  me  enviou,  e 
igualmente  eu  vivo  pelo  Pai,  também  quem  de  mim 
se alimenta [​ a Torah]​ por mim viverá10. 
(v.58)  Este  é  ​o  pão  que  desceu  do  céu  [​ os 
Mandamentos],​   em  nada  semelhante  àquele  que  os 
vossos  pais  comeram  e,  contudo,  morreram;  quem 
comer este pão viverá eternamente”  
(João 6. 57-58) 

Sobre seus ensinos serem o verdadeiro alimento (Torah) para a alma, 


 
​ ão  da  vida;​   o 
“Declarou-lhes,  pois,  Jesus:  Eu  sou  o  p
que vem a mim jamais terá fome, e o que crê em mim 
jamais terá sede.”  
(João 6. 35) 
 
Yeshua  se  apresenta  como  o  “pão”  de  quem  as  pessoas  devem  se  “alimentar”  para 
alcançar  a  Vida  Eterna.  Isso  faz  todo  sentido,  pois  ​a  Torah  (Palavra)  do  Eterno  é  o 
verdadeiro  alimento  para  nossa  alma,  através  do  qual  temos  vida  eterna  (Lv.  18.  5)​. 
Assim,  podemos  compreender  porque  Yeshua  (a  Torah  viva)  se  apresentava  como  ​“o Pão 

10
Yeshua estava se referindo a Torah - ​Levítico 18. 5 “Portanto, os Meus estatutos e os Meus juízos
guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles”

15
vivo  que  desceu  do  Céu”​.  Ou  seja,  Ele  estava  se  referindo a Torah (os Mandamentos) que 
desceu  do  céu  e  foi  entregue  nas  mãos  de  ​Moshé  (Moisés)​, no monte Sinai, cujas Palavras 
foram  escritas  pelo  Dedo  do  Eterno  em  2  tábuas  de  pedra  ​(Ex.  31.18;  Ex.  32.  15-16;  Dt. 
9.10-11; Dt. 4. 12-13; Dt. 5.22).  
 
O  Eterno  se  refere  as  Tábuas  chamando-as  de  ​Tábuas  do  Testemunho  (Ex.  31.  18)  e  de 
“Minha  Aliança”  ​(Ex. 19. 5)​.  ​Testemunho porque, quando Falou no Sinai escreveu-as para 
servir  de  ​Testemunho  do  que  havia  dito,  e  para  que  ninguém  adulterasse  Suas  Palavras; 
lembrando  que  Ele  regularmente  utiliza  duas  (2)  testemunhas11.  E,  ​Aliança  porque,  quem 
realmente  está  aliançado  com  Ele  vive  estas  Palavras  com  amor.  Além  disso,  no  profeta 
Yirmeyahu  (Jeremias)  31.  31-33​,  o  Eterno  prometeu  escrever  estas  Palavras  ​na  mente  e 
no  coração;​   portanto,  não  mais  em  tábuas  de  pedras.  Neste  sentido,  nossa  vida 
testemunha  que  realmente  estamos  ​aliançados  com  O  Eterno  quando  praticamos  os 
Mandamentos  do  modo  como  Yeshua  ensinou,  evidenciando  que  estas  Palavras  (Torah) 
realmente  estão  escritas  em  ​nossa  mente e em ​nosso coração​. Era sobre isso que Yeshua 
estava se referindo quando disse 
 
“(v.20)  …  Não  vem  o  Reino  do  Eterno  com  visível 
aparência. 
(v.21)  Nem  dirão:  Ei-lo  aqui!  Ou:  Lá  está!  Porque  o 
Reino do Eterno está dentro de vós”  
(Lucas 17. 20. 21) 
 
Por isso, o escritor da carta diz 
 
“Esforcemo-nos,  pois,  por  entrar  naquele  descanso 
[Shabat],​   a  fim  de  que  ninguém  caia,  segundo  o 
mesmo exemplo de desobediência.”  
(Hb. 4.11).​  
 

11
​Duas testemunhas: 2 Tábuas de Pedra; céus e terra (Dt. 30. 19); as 2 testemunhas na carta de
Revelação de Apocalipse (Ap. 11. 1-14)

16
Ainda no capítulo 4 o escritor exalta a Palavra do Eterno, dizendo 
 
“Porque  a  palavra  do  Deus  é  Viva  e  Eficaz,  e  mais 
cortante  que  qualquer  espada  de  dois  gumes,  e 
penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas 
e  medulas,  e é apta para discernir os pensamentos e 
propósitos do coração”  
(Hb. 4. 12)​. 
 
De  fato,  se  os  Mandamentos  estão  escritos  pelo  Eterno  em  nossa  ​mente  e  em  nosso 
coração​,  o  texto  acima  se  cumpe  em  nossa  vida.  Ou  seja,  a  Torah  do  Eterno  alcança  o 
profundo  do  nosso  ser,  da  nossa  alma.  Por  isso,  o  escritor  diz  que  Ela   “...penetra  até  ao 
​ ensamentos 
ponto  de  dividir  alma  e  espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os p
(mente)​ e propósitos do c​ oração.​ ..”. 
 

6. YESHUA, O SUMO SACERDOTE (Hb. 5. 1-10) 

No  capítulo  5  o  escritor  enfatiza  que  Yeshua  é  o  Sumo  Sacerdote.  Para  isso,  diz  que  ​“o 
​ scolhido  pelo  Eterno,​   a  favor  dos  homens,  para  oferecer  tanto  dons 
Sumo  Sacerdote  é  e
como  sacrifícios  pelos  pecados,  e  é capaz de se condoer dos ignorantes e dos que erram, 
​   próprio  sacerdote  está  rodeado  de  fraqueza​.  E  que,  por  isso,  deve  oferecer 
pois  o
sacrifícios  pelos  pecados  t​ anto  do  povo  como  ​de  si  mesmo”​   (Hb.  5.  1-3).  Aqui,  o  escritor 
está  evidenciando  que  ​Yeshua  não  se  auto  ungiu  Sacerdote,  mas  foi  Ungido12  pelo 
próprio Eterno​; por isso, Yeshua é ​HaMashiach (O Ungido).​   
 
Alguém, talvez, poderia afirmar dizendo 
- Se  os  sacerdotes  ofereciam  sacrifícios  pelos  próprios  pecados,  antes  de  oferecer 
pelos  do  povo,  e  o  escritor  afirma  ser  Yeshua  o  Sumo  Sacerdote;  logo,  Yeshua 
pecou. 
 

12
A expressão​ Ungido​ vem da palavra hebraica ​Mashiach​. Por isso, Yeshua é chamado pelos creem Nele
de Yeshua HaMashiach (Yeshua O Ungido).

17
Yeshua,  sim,  apresentou  sacrifício  pelos  “seus”  pecados  ao  Eterno;  não  porque  ele 
houvesse  transgredido  os  Mandamentos,  mas  porque  ​sobre  Ele  estavam  os  nossos 
pecados, transgressões ou iniquidades;​ como disse o profeta ​Yeshayahu (Isaías) 
 
“(v.4)  Certamente,  ele  tomou  sobre  si  as  nossas 
enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós 
o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. 
(v.5)  Mas,  ele  foi  traspassado  pelas  nossas 
transgressões  e  moído  pelas  nossas  i​ niquidades​;  ​o 
castigo  que  nos  traz a paz estava sobre ele​, e pelas 
suas pisaduras fomos sarados. 
(v.6)  Todos  nós  andávamos  desgarrados  como 
ovelhas,  cada  um  se  desviava  pelo  seu  caminho, 
mas  ​o  Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós 
todos.​ ” ​(Is.53. 4-6).​  
E, também 
“...  O  meu  servo,  o  Justo,  com  o  seu  conhecimento, 
justificará  a  muitos,  ​porque  as  iniquidades  deles 
levará sobre si​.” (​ Is. 53. 11)​. 
 
É  importante  lembrar  que  na  Torah,  em  ​Vayikra  (Levítico),​   o  Eterno  ordenou  que  se 
impusesse  as  mãos  sobre  a  cabeça  do  animal,  antes  do  sacrifício,  para  que  fosse  aceito. 
Isto  ocorria  para  que  os  pecados  fossem  transferidos  para  aquele  animal  inocente,  sem 
culpa, a fim de que fossem apresentados diante do Eterno e consequentemente perdoados 
(ou  expiados).  Em seguida o Sumo Sacerdote conduzia o sangue do sacrifício ao interior do 
Tenda  da  congregação,  e  deveria  aspergi-lo  sete  (7)  vezes13  perante  o  Eterno,  diante  do 
Véu ​(Lv. 4. 15-16)​.  
 
Neste  sentido,  todo  o  processo  de  realização  dos  sacrifícios  tem  como  significado  o 
principal  sacrifício  que  viria;  o  Sacrifício  de  Yeshua.  Que,  em  relação  aos  destinatários  da 

13
Aspergir o sangue diante do Eterno sete (7) vezes pode significar que os pecados foram ​plenamente ou
completamente perdoados​.

18
carta,  já  havia  acontecido.  Por  isso,  o  escritor  ao  ter  esta  compreensão  instrui  estes 
hebreus a crerem que Yeshua é, ao mesmo tempo, ​O Cordeiro​ e ​O Sumo Sacerdote​. 
 
Portanto,  as  mesmas  características  dos  sacerdotes  se  apresentaram  em  Yeshua.  Ou  seja, 
assim  como  os  sacerdotes  eram  homens  rodeados  de  fraquezas,  Yeshua  também  era14; 
porém,  não  pecou  ou  não  desobedeceu  a  Torah,  como  havia  dito  o  Eterno  pelo  profeta 
Yeshayahu (Isaías) 
 
​   meu  servo​,  a  quem  sustenho;  o
“(1)  Eis  que  o ​   meu 
escolhido​,  em  quem  a
​   minha  alma  se  compraz;​   pus 
sobre  ele  o  meu  Espírito,  e  ele  promulgará  o  direito 
para os gentios. 
(2)  Não  clamará,  nem  gritará,  nem  fará  ouvir  a  sua 
voz na praça. 
​ ão esmagará a cana quebrada,​  ​nem apagará a 
(3)  N
torcida  que  fumega​;  em  verdade,  promulgará  o 
direito.”  
(Is. 42. 1-3).​  
 
Não  ​esmagar  a  cana  quebrada  significa  ​não  desobedecer  a  Torah  (os  Mandamentos),​  
ou  seja  não  pecar.  Pois,  ​pecado é a desobediência a Torah​, conforme escreveu ​Yochanan 
(João) 
 
“Todo  aquele  que  pratica  o  pecado  também 
​   pecado  é  a 
transgride  a  Lei  [Torah],  porque  o
transgressão da Lei [Torah].”​   
(1 João 3. 4).​  
 
  A  ​torcida  que  fumega  se  refere  ao  incenso  que  era  queimado  pelos  sacerdotes,  e  que 
representa as orações ao Eterno.  

14
Yeshua foi tentado pelo adversário, no deserto, para pecar ou desobedecer a Torah (Mt. 4. 1-11; Mc. 1.
12-13 e Lc. 4. 1-13), entretanto, venceu as tentações.

19
6.1 Sumo Sacerdote Segundo A Ordem De Malki-Tsedek (Hb. 5. 1-10) 

Ao  escrever  “segundo  a  ordem  de  ​Malki-Tsedek  ​(Melquisedeque)”,  o  escritor  quer 


evidenciar  que  assim  como  ​Malki-Tsedek  ​(Melquisedeque)  era  sacerdote,  mesmo  não 
sendo  da  linhagem  de  ​Aharon  ​(Arão)​,  e  consequentemente  não  pertencente  a  tribo  de 
Levi;  Yeshua  também  não  era  da  tribo  de  Levi  e  nem  da  linhagem  de  ​Aharon​.  Invés disso, 
Yeshua  pertencia  a  tribo  de  ​Yehudá  (Judá)  e  era  da  linhagem  de  David  (Davi)​.  Talvez, 
seria  esse  um  dos  motivos  porque  muitos  ainda  estavam  receosos  em  considerar  Yeshua 
como Sumo Sacerdote. Por isso, o escritor da carta faz referência ao ​Salmo 110. 4​,  
 
“O  Senhor  jurou  e  não  se  arrependerá:  Tu  és 
sacerdote  para  sempre,  segundo  a  ordem  de 
Melquisedeque”  
(Sl. 110. 4).​  
 
Dessa  forma,  está  evidenciando  aos  destinatários  da  carta  que,  sendo  Yeshua  da  tribo  de 
Yehudá, portando “filho de David”, este salmo se aplica a Ele. 
 
É  importante  saber  o  significado  dos  nomes  bíblicos  para  compreender  o  contexto  das 
narrativas.  Sendo  assim,  vejamos  qual  a  relação  de  significado  do  nome  de  ​Malki-Tsedek 
com ​Yeshua​. 
 

NOME ORIGINAL  TRANSLITERAÇÃO  SIGNIFICADO 


(HEBRAICO) 

Yeshua  Salvação do Eterno 


‫יְשׁוּ ָע‬
Malki -Tsedek  Meu Rei é Justo ou  
‫ַמ ְלכִּי־ ֶצ ֶדק‬ Meu Rei é Justiça 

 
 

20
Na  pessoa  de  Yeshua  se  faz  presente  todos  este  significados  nominais,  tanto  do  próprio 
Yeshua quanto de ​Malki-Tsedek.​  
 
Ele é a ​Salvação do Eterno 
 
“Ela  dará  à  luz  um  filho  e  lhe  porás  o  nome  de 
Yeshua,  porque  ele  s​ alvará  o seu povo dos pecados 
deles”  
(Mt. 1. 21)​. 
 
 
É ​Rei  
 
“(v.31)  Eis  que  conceberá  e  darás  à  luz  um  filho,  a 
quem chamarás pelo nome de Yeshua. 
(v.32)  Este  será  grande  e  será  chamado  Filho  do 
Altíssimo;  Deus,  O  Senhor,  lhe  dará  o  trono de David 
seu pai; 
​ le  Reinará  para  sempre  sobre  a  casa  de 
(v.33)  E
Jacó  (Israel)​,  e  o  seu  Reinado  não  terá  fim”  ​(Lc.  1. 
31-33).​  
 
É  ​Justo  e/ou  ​Justiça,​   tanto  no  sentido  de  ​obediência  a  Torah  (Mandamentos)  quanto  no 
sentido  de  ​retribuir  a  cada  um  segundo  as  sua  obras.​   A  vida  eterna  aos  obedientes  aos 
Mandamentos  ​(Mt.  19.  17)​,  e  a  condenação  aos  iníquos ou desobedientes a Torah ​(Ap. 22. 
12; Mt. 25. 31-46; Mt. 7. 21-27)​. 

21
6.2 A Maturidade Dos Destinatários Da Carta (Hb. 5. 11-14) 

O  escritor  lamenta  a  imaturidade  da  comunidade  em  relação  às  Escrituras.  Percebe-se  um 
descontentamento  por  haver  uma  desproporcionalidade  entre  o  tempo  de  instruções  da 
Torah  que  haviam  recebido  e  a  maturidade  que  apresentavam.  Por  exemplo,  sobre 
Malki-Tsedek  havia  assuntos  difíceis  de  explicar,  mas  que  se  a maturidade da comunidade 
estivesse  proporcional  ao  tempo  de  instrução  que  tiveram,  certamente  o  escritor  teria 
plena certeza de que todos entenderiam se escrevesse na carta. Por isso, ele escreve 
 
“(12)  …;  assim,  vos  tornastes  como  necessitados  de 
leite e não de alimento sólido. 
(13)  Ora,  todo  aquele  que  se  alimenta  de  leite  é 
inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 
(14)  Mas,  o  alimento  sólido  é  para  o  adulto,  para 
​ rática​,  têm  as  suas  faculdades 
aqueles  que,  pela  p
exercitadas  para  ​discernir  não  somente  o  bem,  mas 
também o mal.” (​ Hb. 5. 12-14)​  
 
Portanto, a ​maturidade do servo do Eterno está intimamente relacionada com a ​prática das 
Instruções  da  Sua  Palavra,  isto  é,  dos  Mandamentos​.  Pois,  só  assim  é  possível  ​discernir 
entre  o  bem  e  o  mal,  como  o  próprio  escritor  diz.  Por  isso,  trazendo  para  os  dias  atuais, 
pela ​falta de prática dos Mandamentos de forma correta​, conforme Yeshua ensina, muitos 
ainda  tropeçam  em  assuntos  básicos  das  Escrituras,  não  discernindo  entre  o  bem  e o mal; 
quando  na  verdade,  devido  ao  tempo  de  instrução que possuem, deveriam ser mestres ou 
instrutores.  Entretanto,  necessitam  de “leite”, e por isso, ainda estão incapazes de absorver 
os “nutrientes do alimento sólido”, a Torah.  
 

22
6.3 Uma Lição Para Mestres E Alunos 

Todo  mestre  deve  se  auto  analisar  se  sua  postura  está,  por  exemplo,  como  a  de  ​Ezra 
(Esdras) 
 
“Porque  Esdras  tinha  disposto  o  c​ oração  para 
buscar  a  Lei  (Torah)  do  Senhor​,  e  para  a  ​cumprir​, e 
para  ​ensinar  em  Israel  os  seus  estatutos  e  seus 
juízos.” 
(Esdras 7. 10).​  
 
Portanto,  o  primeiro  (1º)  passo  para  se  tornar  um  mestre  ou  instrutor  da  Palavra  do  Eterno, 
ou  seja  dos  Mandamentos,  é  ter  o  ​coração  disposto  a  buscar  a  Sua  Torah  com  ​amor  e 
humildade​.  Sobre  isso,  quando  perguntado  sobre  qual  o  ​grande  e  ​primeiro  Mandamento 
da  Torah​,  Yeshua  cita  a  própria  Torah  ​(Dt.  6.  5)  se  referindo  aos  cinco  (5)  primeiros 
mandamentos15 Escritos na primeira (1ª) Tábua, dizendo 
 
​ marás  o  Senhor,  teu  Deus, ​de todo o teu coração​, 
“A
de  ​toda  a  tua  alma  e  de  ​todo  o  teu  entendimento​.” 
(Mt. 22. 37)​. 
 
O  segundo  (2º)  passo  para  ser  um  mestre  aprovado  pelo  Eterno  é  a  ​prática  dos 
Mandamentos​,  após  serem  buscados  de  todo  coração.  Yeshua  ensinava  com  autoridade 
porque praticava o que ensinava, e exortava aos que ensinavam os Mandamentos de forma 
equivocada ​(Mt. 18. 6)​. Yochanan, em uma de suas cartas escreveu 
 
“(3) Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se 
guardarmos os Seus Mandamentos. 

15
Os cinco (5) primeiros Mandamentos são os que estão na primeira (1ª) Tábua, e se referem ao amor do
ser humano para com o Eterno. E, os outros cinco (5) estão na segunda (2ª) Tábua, que tratam do amor do
ser humano para como o próximo e, consequentemente com o próprio Eterno ​(I João 5. 2-3; João 4. 7-8;
Lv. 19. 18; João 3. 11)​.

23
(4)  Aquele  que  diz:  Eu  o  conheço  e  não  guarda  os 
Mandamentos  é  ​mentiroso,​   e  n
​ ele  não  está  a 
verdade​. 
(5)  Aquele,  entretanto,  que  guarda  a  Sua  palavra, 
nele,  verdadeiramente,  tem  sido  aperfeiçoado  o 
amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: 
(6)  aquele  que  diz  que  permanece  nele,  esse 
também deve andar como ele andou.” 
(I João 2. 3-6)​. 
 
Portanto,  andar  como  Yeshua  andou  significa  ​obedecer  aos  Mandamentos  como  ele 
obedeceu e ensinou. 
 
O  terceiro  (3º)  passo  é  o  ensino  da  Torah.  Mas,  para  se  tornar  um  mestre  aprovado  pelo 
Eterno  temos  que  passar  pelos  dois  primeiros  passos  (aprender  e  praticar),  para  então 
ensinar.  Caso  contrário,  como  poderemos  ensinar  aquilo  que  não  buscamos  e  não 
praticamos? 
 
Neste  sentido,  todo  aluno  ou  discípulo  de  Yeshua  deve  ​buscar  ou  ​aprender  sobre  os 
mandamentos  e  ​praticá-los​,  pois  é  assim  que  nos  relacionamos  com  o Eterno. Além disso, 
chegará  o  tempo  em  que  precisaremos  instruir  nossos  filhos  ​(Dt.  6.  6-9)  e  os  que  estão 
iniciando no caminho do Reino do Eterno. 

24
7. INGRATIDÃO COM A MISERICÓRDIA DO ETERNO (Hb. 6. 4-8) 

No  capítulo  6,  a  partir  do  versículo  4,  o  autor  se  refere  às  pessoas  da  comunidade  que, 
conforme  o  capítulo  anterior,  apesar  do  tempo  de  instrução  que  tinham,  além  dos  que 
ainda  estavam  “engatinhando”  na  Torah,  havia  aqueles  que  também  ​foram  iluminados​, 
provaram  o  dom  celestial​,  ​se  tornaram  participantes  da  Ruach  HaKodesh  (Espírito 
Santo)​,  e  ​provaram  a  Boa  Palavra  de  Deus  e  ​os  poderes  do  mundo  vindouro​,  e  caíram; 
isto  é,  negaram  através  de  suas  atitudes  as  instruções  de  Yeshua.  Segundo  o  autor  da 
carta  é  impossível  renová-los  ao  arrependimento.  Segundo  ele  mesmo,  estas  pessoas 
estão  sacrificando  para  si  mesmos  a  Yeshua,  ou  seja,  estão  expondo-o  à  ignomínia 
(vergonha pública ou opróbrio). 
 
No Versículo 7 o escritor explica esta situação, dizendo 
 
“(7)  Porque  a  terra  que  absorve  a  chuva  que 
​ roduz erva útil para 
frequentemente cai sobre ela e p
aqueles  por  quem  é  também  cultivada  recebe 
bênção da parte de Deus; 
(8) mas, ​se produz espinhos e ​abrolhos,​  é rejeitada e 
perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.” 
(Hb. 6. 7-8).​  
 
Neste  sentido,  o  autor  da  carta  está  dizendo  que  estas  pessoas  que  receberam  de  bom 
grado  a  Misericórdia  do  Eterno,  isto  é,  a  Salvação  dEle  (Yeshua) e toda as bênçãos citadas 
nos  versículos  4  e  5;  más  que,  a  partir  de  certo  momento,  passaram  a  produzir  frutos 
(práticas) que não condizem com a Torah que haviam recebido de seus atuais mestres, cujo 
ensino  veio  de  Yeshua  sobre  a  maneira  correta  de  obedecer  aos  Mandamentos;  é 
impossível  reconduzi-los  ao  arrependimento.  Não  que  o  Eterno  não  esteja  disposto  a 
perdoá-los,  mas,  ao  que  parece,  tais  pessoas  haviam  decidido  voltar  a  “seguir  a Torah” da 
forma  como  haviam  aprendido  com  seus  antigos  mestres,  e  não  mais  da  forma  Plena  que 
Yeshua  havia  ensinado.  Este  é  um  exemplo  de  negação  a  Yeshua;  por  isso,  o  autor  apela 
para que creiam que Yeshua é o Mashiach, Cordeiro e Sumo Sacerdote. 

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7. 1 O Contraste Com Os Que Rejeitaram O Mashiach Yeshua (Hb. 6. 9-12) 

Ao  contrário  dos  que  rejeitaram  o  Mashiach  Yeshua,  haviam  pessoas  da  comunidade  que 
confiavam  nEle  e  que  auxiliavam  no  trabalho  que  era  desenvolvido.  Por  isso,  o  autor 
menciona  o  amor  que  evidenciavam  para  com  o  Nome  do  Eterno,  pois  serviram  e 
continuavam  servindo aos santos; isto é, às pessoas que trabalhavam em favor do Reino do 
Eterno.  
 
“Porque  Deus  não  é  injusto  para  ficar  esquecido  do 
​ o  amor  que  evidenciastes  para 
vosso  trabalho  e  d
com  o  Seu  Nome,  pois  servistes  e  ainda  servis  aos 
santos”​  
(Hb. 6. 10)​. 
 
Esta  é  uma  grande  lição  sobre  uma  das  maneiras  de  amar  e  honrar  o  Nome  do  Eterno. 
Portanto,  a  prática  da  Torah  estava  intimamente  relacionada,  também,  em  auxiliar  as 
pessoas  que  trabalhavam  em  favor  daquela  comunidade  hebraica.  Neste  sentido,  se  por 
um  lado  houveram  pessoas  que  desonraram  o  Nome  do  Eterno  ao  negar  os  ensinos  de 
Yeshua,  por  outro  haviam  aqueles  que  O  honravam  não  apenas  de  palavra, mas com suas 
práticas ou ações. 
 
O  autor  ainda  recomenda  que  permaneçam  confiando  no  Eterno,  bem  como  em  Suas 
promessas, e que não se tornassem indolentes (insensíveis ou negligentes). 
 

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7. 2 A Imutabilidade das Promessas Do Eterno (Hb. 6. 13-20) 

Ao  recomendar  que  permanecessem  confiando  nas  promessa  do  Eterno,  o  autor  faz 
referência  a  forma  como  Ele  fez  promessas  a  Avraham  (Abraão).  O  autor  diz  que  quando 
alguém  faz  um  juramento  a  uma  outra  pessoa,  jura  por  algo  que  lhe  é  superior,  servindo 
assim  de  garantia  que  cumprirá  com  sua  palavra.  Porém,  quando  o  Eterno  jurou  ou 
prometeu  a  ​Avraham  (Abraão)  que  o  abençoaria  e  o  multiplicaria,  não  tendo  alguém 
superior  a  Si,  jurou  por  Si  mesmo (Hb. 6. 13-15); ou seja, o Eterno colocou sua Palavra como 
garantia de que cumpriria com o que havia prometido a Avraham ​(Abraão).​  
 
Ora,  o  Eterno  não  necessitaria  fazer  juramento  a  Avraham  para  que  confiasse  em  Suas 
promessas,  mas, agiu dessa forma por causa da ​imutabilidade do Seu propósito (Hb. 6. 17); 
por isso, o autor escreveu 
 
​ ostrar  mais 
“(17)  Por  isso,  Deus,  quando  quis  m
firmemente  aos  herdeiros  da  promessa  a 
imutabilidade  do  seu  propósito​,  se  interpôs  com 
juramento, 
​ ediante  duas  coisas  imutáveis,​   nas 
(18)  para  que,  m
quais  ​é  impossível  que  Deus  minta​,  forte  alento 
tenhamos  nós  que  já  corremos  para  o  refúgio,  a  fim 
de lançar mão da esperança proposta” 
(Hb. 6. 17-18).​  
 
Ao  dizer  “​duas  coisas  imutáveis​,  nas  quais  é  impossível  que  Deus  minta”,​   o  autor está se 
referindo  a  ​Palavra (Torah) e as ​Promessas do Eterno. Portanto, a Torah dá testemunho de 
que  Avraham  tinha  consciência  disso  e  vivia  com  a  plena  certeza  que  o  Eterno  cumpriria 
com  Suas  Promessas;  pois,  durante  suas peregrinações não encontramos dúvidas em suas 
palavras  e  nem  em  sua  forma  de  agir,  pois confiou plenamente na Palavra da Promessa do 
Eterno. Por isso, é considerado o pai da fé, pois confiou no Eterno. 
 

27
Neste  sentido,  ao  dar  como  referência  a  forma  como  Avraham  confiou  nas  promessas  do 
Eterno,  o  autor  da carta encoraja os destinatários a confiarem da mesma forma que Yeshua 
é o Mashiach, prometido pelo Eterno na ​Torah​, nos ​salmos​ e nos ​Profetas​. 

8. YESHUA E MALKI-TSEDEK (Hb. 7. 1-3) 

Mais  uma  vez,  agora  no  início  do  capítulo  7,  o  autor  compara  Yeshua  com  Malki-Tsedek. 
Porém,  vale  lembrar  que  a  sequência  do  que  está  escrito  no  final  capítulo  6  tem  sua 
continuação no capítulo 7. Portanto, quando o autor diz 
 
“(1)  ​Porque  este  Melquisedeque,​   rei  de  Salém, 
sacerdote  do  Deus  Altíssimo,  que  saiu  ao  encontro 
de  Abraão,  quando  voltava  da  matança  dos reis, e o 
abençoou, 
(2)  para  o  qual  também  Abraão  separou  o  dízimo de 
tudo  (primeiramente  se  interpreta  rei  de  justiça, 
depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz;  
(3)  sem  pai,  sem  mãe,  sem  genealogia; que não teve 
princípio  de  dias,  nem  fim  de  existência,  entretanto, 
feito  semelhante  ao  filho  de  Deus),  permanece 
sacerdote perpetuamente” 
(Hb. 7. 1-3).​  
 
Está  se  referindo  a  Yeshua,  e  não  necessariamente  a  Malki-Tsedek.  Pois,  no  final  do 
versículo  3  do  texto  acima  o  autor  diz  que  ​este  “Malki-Tzedek”  (Yeshua)  ​permanece 
sacerdote  perpetuamente​.  Pois,  se  crermos  que  o  texto  se  refere  literalmente  a 
Malki-Tzedek,  teremos  que  considerar  que,  além  de  Yeshua,  Malki-Tzedek  também  está  a 
Destra  do  Eterno;  Palavra  essa  que  foi  dada  apenas  à  Yeshua,  como  o  próprio  autor 
escreveu citando o Salmo 110. 1, dizendo 
 

28
“Ora,  a  qual  dos  anjos  jamais  disse:  ​Assenta-te  à 
minha  direita​,  até que eu ponha os teus inimigos por 
estrado dos teus pés” (​ Hb. 1. 13).​  
 
Também,  o  autor  não  está  supondo  que  Yeshua  é  o  Malki-Tzedek  que  se  apresenta  a 
Avraham  ​(Abraão)  em ​B’reshit (Gênesis) 14. 18-24​. Mas, que, assim como Malki-Tzedek era 
sacerdote  do  Deus  Altíssimo​,  mesmo  ​não  pertencendo  a  descendência  de  Aharon 
(Arão),​   e  ​nem  da  tribo  de  Levi,​   sendo  este  o  sentido  do  texto  quando  diz  que  ele  “​não 
tinha  pai”​,  “​nem  mãe”​,  portanto  “​sem  genealogia  sacerdotal”,  isto  é,  pela  tribo  de  Levi; 
da  mesma  forma,  Yeshua possuía estas mesmas características. Afinal, Yeshua pertenencia 
a  tribo  de  Yehudá  (Judá)16,  assim  como  seus  pais.  Por  isso,  semelhantemente  a 
Malki-Tsedek  e  com  o  mesmo  sentido,  o  escritor  quer  evidenciar  que Yeshua é ​Sacerdote 
do Deus Altíssimo,​ mesmo​ “​não tendo pai”,​ “​mãe”​ e “​nem​ ​genealogia”.​  
 

8.1 O Sacerdócio De Yeshua É Superior Ao Da Tribo De Levi (Hb. 7. 4-28) 

Afim  de  evidenciar  que  o  sacerdócio de Yeshua é superior ao da tribo de Levi, inicialmente 


se  refere  a  Malki-Tzedek  dizendo  o  quão  grande  era  seu  sacerdócio;  pois,  o  próprio 
Avraham  ​(Abraão),​   de  quem  procede  a  tribo  de  Levi  e  as  demais  tribos,  pagou  o  dízimo  a 
ele,  mesmo  não  procedendo  a  genealogia  de  ​Malki-Tzedek  das  tribos  de  Israel,  pois 
nenhuma  delas  ainda  existia  quando  ​Avraham  ​(Abraão)  pagou  o  dízimo.  Neste  sentido,  o 
escritor  diz  que  o  próprio  Levi  (neto  de  ​Avraham​)  que  nem  havia  nascido,  na  pessoa  de 
Avraham​ ​(Abraão),​ também “pagou” o dízimo a ​Malki-Tzedek​ ​(Hb. 7. 9)​. 
 
Em  seguida,  o  autor  se  refere  ao  período  do  sacerdócio  levítico,  bem  como  Malki-Tzedek, 
dizendo 
 
​ qui  são  homens  mortais  os  que  recebem 
“Aliás,  a
dízimos,  porém  ​ali,​   aquele  de  quem  se  testifica  que 
vive” (​ Hb. 7. 8).​  
 

16
Genealogia de Yeshua: Mt. 1. 1-17; Lc. 3. 23-38. 

29
É  importante  estar  atento  neste  texto  quando  o  autor  diz ​“aqui” e ​“ali”, para compreender 
sobre  a  quem  está  se  referindo.  Neste  sentido,  ​“aqui”  se  refere  a  ​tribo  de  Levi  e 
Malki-Tzedek,​   e  ​“ali”  se  refere  a  ​Yeshua​.  Pois,  os  sacerdotes  da  tribo  de  Levi  e  o  próprio 
Malki-Tzedek  morreram;  porém,  o  Sacerdote  do  Altíssimo Yeshua permanece vivo a destra 
do  Eterno,  e  se  apresenta no real ​Mishkan (Tabernáculo) diante do Criador, não apenas em 
favor das tribos de Israel, mas por toda a humanidade (I João 2. 1-2). 
 
O  autor  vai  além  e  questiona  dizendo  que,  se  o  sacerdócio  levítico  é  a  perfeição  ou  a 
plenitude  do  Eterno,  que  necessidade  haveria  de  outro  sacerdote  (Yeshua)  segundo  a 
ordem de Malki-Tzedek, e que não fosse da linhagem de Aharon (Arão)? 
 
Sobre este ​outro Sacerdote (Yeshua)​, o autor diz 
 
“(13)  Porque  aquele  de  quem  são  ditas  estas  coisas 
pertence  a  outra  tribo,  da  qual  ninguém  prestou 
serviço no altar; 
(14)  pois  é  evidente  que  nosso  Senhor  procedeu  de 
Judá,  tribo  à  qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.” 
(Hb. 7. 13-14)​. 
 
Portanto,  percebe-se  na  carta  que  o  autor  procura de várias formas evidenciar que Yeshua 
é O Sumo Sacerdote, escolhido pelo Eterno. 
 
O  autor  também  destaca  que,  pelo  fato  de  serem  impedidos  pela  morte  de  continuarem o 
sacerdócio,  muitos  homens  foram  constituídos  sacerdotes  ao  longo  da  história  da  tribo  de 
Levi.  Fato  esse  que  não  ocorre  com  Yeshua,  Sacerdote  do  Deus  Altíssimo,  pois  seu 
sacerdócio  é  único  e  para  sempre ​(Hb. 7. 24).​  Por isso, o autor mais uma vez faz referência 
ao ​Salmo 110. 4​, c​ onforme​ H
​ ebreus 7. 21,​ em relação a Yeshua, dizendo 
 
  ​“O  Senhor  jurou  e  não  se  arrependerá:  Tu  és 
sacerdote  ​para  sempre,​   segundo  a  ordem  de 
Melquisedeque.” ​(Sl. 110. 4)​. 

30
Portanto,  pelo  fato  de  ter  se  tornado  Sumo  Sacerdote  ​para  sempre​,  sendo  e  oferecendo 
sacrifício  perfeito  ​uma  única  vez​,  Yeshua  pode  interceder  por  todos  que  por  Ele  se 
chegam ao Eterno. 
 

9. O MISHKAN TERRENO É “SOMBRA” DO CELESTIAL (Hb. 8. 1-5) 

No início do capítulo 8 o autor escreve 


 
  ​“Ora,  o  essencial  das  coisas  que  temos  dito  é  que 
possuímos  tal  Sumo  Sacerdote,  que  se  assentou  a 
destra do trono da Majestade nos Céus.” (​ Hb. 8. 1)​. 
 
Portanto,  está  afirmando  que  ​o  essencial  ou  ​o  ponto  principal  do  que está transmitindo na 
carta  é  que  Yeshua  é  O  Sumo  Sacerdote.  E  não  somente  isso,  ele  afirma  que  Yeshua  “​se 
assentou  à  destra  do  trono  da  Majestade”.​   Isto  não  significa  que  Yeshua está literalmente 
à  Destra  ou  do  “lado  direito”  do  Eterno  e  sentado  em  uma  trono  físico,  como  se  o  Eterno 
fosse  um  ser  humano.  Pois,  se  pensarmos  assim  estaremos afirmando que o Eterno possui 
literalmente  um  lado  direito  e  consequentemente  um  lado  esquerdo,  limitando-o  a  forma 
humana.  
 
Neste  sentido, dizer que Yeshua está assentado à direita da Majestade significa que por ter 
sido  honrado  pelo  Eterno  tornou-se  Sumo  Sacerdote  para  sempre ​(Sl 110.4) e superior aos 
malachim  (anjos);  também,  foi  investido  de  ​poder  e  ​autoridade,  da  parte  do  Eterno,  tanto 
para  ​oficiar  no  verdadeiro  ​Mishkan  que  o  próprio  Eterno  “ergueu”  (Hb.  8.  2),  quanto  para 
entregar  o galardão a cada um segundo suas obras (Ap. 22. 12); e, exercer ​juízo​, no devido 
tempo,  sobre  os  iníquos;  isto  é,  sobre  os  transgressores  da  Torah (dos Mandamentos) ​(Mt. 
13. 36-43; Mt. 13. 47-50; Mt. 7. 15-27; Mt. 13. 24.-30; Mt. 3. 11. 12; Mt. 25. 31-46)​. 
 
O  autor  também  diz  que  o ​Mishkan (Tabernáculo), que o Eterno ordenou Mosheh erguer, é 
sombra  das  coisas  celestes.  Ora,  pela  sombra  de  uma  pessoa,  por  exemplo,  não  há como 
saber  sua  cor,  preferências,  a  forma  bem  definida  de  sua  face,  pois  uma  sombra  revela 
poucos  detalhes.  Da  mesma  forma  o  ​Mishkan  (Tabernáculo)  terreno  não  traz  todos 

31
detalhes  do verdadeiro ​Mishkan (Tabernáculo) que está no Céu​. Ora, se o Mishkan terreno, 
sombra  do  celestial,  possui  muitos  significados  em  relação  a  todos  os  serviços  e  seus 
utensílios,  quanto  mais  o  ​Mishkan  (Tabernáculo)  celestial  erguido  pelo  próprio  ​Eterno  (Hb. 
8. 2), onde Yeshua é o Sumo Sacerdote. 
 
Portanto,  o  ​Mishkan  (Tabernáculo)  físico  apontava  para  o  verdadeiro  ​Mishkan  celestial, 
bem  como  para  o  Real  Cordeiro  e  Sumo  Sacerdote  que  viria.  Assim  sendo,  ​durante  a 
leitura  dos  textos  que  envolvem  os  serviços  sacerdotais  na  Torah,  bem  como  todo  o 
processo  de  sacrifícios  e  ofertas,  devem  ser  lidos  em  conexão  com  Yeshua; pois assim, 
será possível compreender muitos detalhes em relação ao Seu ministério e sacrifício.​  
 

9.1. Yeshua, Mediador Da Aliança Renovada (Hb. 8. 6-13) 

A  partir  do  versículo  6,  do  capítulo  8,  o  autor  apresenta  Yeshua  como  o  mediador  da  ​B’rit 
Hadashah  (Aliança  Renovada  ou  Nova  Aliança)​,  a  partir  de  Seu  sacrifício,  baseada  em 
superiores promessas.  
 
Ao  celebrar  ​Pessach  (Páscoa)  com  seus  discípulos  Yeshua  toma  um  ​pão​,  e  após  fazer  a 
brachá  (bênção),​   partiu-o  e  deu  aos  discípulos  dizendo  ser  o  ​“Seu  corpo”​.  Em  seguida, 
pegou  um  cálice  com  ​vinho  e,  após  a  ​brachá  (bênção)  entrego-o  aos  discípulos  dizendo 
ser  o  ​“Seu  sangue”​,  o  sangue  da  ​Nova  Aliança.​   Obviamente,  Yeshua  com  estes 
elementos  fez  uma  parábola  para  que  entendessem  que  se  tratava  do  ​Seu  sacrifício​,  cuja 
hora,  se  aproximava,  e  da  ​Aliança  ou  ​Renovação  de  Aliança  da  qual  seria  ​Mediador​. 
Portanto,  o  ​pão  e  o  ​vinho  representaram  duplo  significado,  o ​Sacrifício e a ​Renovação da 
Aliança​. 
 
Na Torah está registrado a ​Aliança do Eterno,​  
 
“(6)  Moisés  tomou  metade  do  ​sangue  e  o  pôs  em 
bacias; e a outra metade aspergiu sobre o altar. 

32
​ ivro da Aliança e o leu ao povo: e eles 
(7) E tomou o L
disseram:  Tudo  que  falou  o  Senhor  faremos  e 
obedeceremos. 
(8)  Então, tomou Moisés aquele s​ angue,​  e o aspergiu 
sobre  o  povo,  e  disse:  Eis  aqui  o  ​sangue  da  Aliança 
que  o  Senhor fez convosco a respeito de todas estas 
palavras” (​ Ex. 24. 6-8).​  
 
Assim  sendo,  perceba  que  na  Aliança  com  o  Eterno  dois  (2)  elementos  estão  presentes,  o 
(1)  ​Livro  da  Aliança  que  é  a  Torah  e  o  (2)  ​sangue  de  um  ​sacrifício​.  Semelhantemente 
Yeshua,  naquela  celebração  de  Pessach,  apresentou  o  ​Pão  e  o  ​Vinho  em sua parábola. O 
Pão  representa,  além  de  seu  corpo,  como  ele  mesmo  diz,  as  ​10  Palavras  que  saíram  da 
Boca  do  Eterno no Sina​i​; isto é, o Pão Vivo que desceu do Céu (A Torah) (Ex. 20) que é o 
verdadeiro  alimento  para  nossa  alma.  O  ​Vinho  representa,  além  do  seu  sangue,  ​Sua Vida 
que seria entregue pela nossa, pois ​no sangue está a vida​ ​(Lv. 17. 11)​. 
 
Portanto,  na  ​Aliança  com  o  Eterno  é  necessário  a  ​Sua  ​Palavra,  i​ sto  é,  a  ​obediência  a 
​   Sangue  (vida)  através  de  um  ​sacrifício  .  Neste  sentido,  ​só 
Torah  (Os  Mandamentos),  e
está aliançado como o Eterno  
 
(1) aquele  que  ​obedece  aos  Mandamentos  da  forma  como  O  Cordeiro  Yeshua 
ensinou​; 
​ ida  foi  poupada  e  redimida  pela  v​ ida  do  Verdadeiro 
(2) e,  reconhece  que  sua  v
Cordeiro​ que se entregou em nosso lugar em um sacrifício;  
 
Porém,  se  as  atitudes  de  uma  pessoa,  cuja  vida  não  testemunha  estes  dois  elementos  em 
sua  forma  de  viver,  conclui-se  que  não  está  Aliançada  com  o  Eterno,  e  nem  crer  que 
Yeshua é seu Mediador. 
 
Neste  sentido,  A  Nova  Aliança  ou  Renovação  da  Aliança,  através  de  Yeshua,  não  anula  a 
Obediência  aos  Mandamentos  Do  Eterno,  pois  é  justamente  a  Obediência  aos 

33
Mandamentos,  da  forma  que  Yeshua  ensina, que evidencia que estamos Aliançados com o 
Eterno. Certa vez, o próprio Yeshua disse, 
 
  ​“Não  penseis  que  vim  revogar  a  Lei  ou  os  Profetas; 
não vim para revogar, vim para cumprir” (​ Mt. 5. 17).​  
 
Yeshua  veio  para  cumprir  a  Torah,  isto  é,  para  obedecê-la, e desta forma cumprir tudo que 
estava  escrito  na  Torah  e  nos  Profetas  a  Seu  respeito.  Ora,  se  alguém  afirma  que  Yeshua 
desobedeceu  aos  Mandamentos,  logo  está  dizendo  que  ele  pecou,  pois  pecado  é  a 
desobediência  aos  Mandamentos  ​(I  João  3.4).​  Mas, se Ele pecou, então Seu sacrifício teria 
sido  em  vão,  pois  o  cordeiro  na  Torah  só  era  apto  para  o  sacrifício  se  estivesse  ​sem 
defeito,​   significando  que  o  Real  Cordeiro  que  viria  (Yeshua),  se  apresentaria  ​sem  pecado 
ou sem mancha​ em Seu sacrifício.  
 
Entretanto,  ao  contrário  disso,  Yeshua  além  de  obedecer  a  Torah  nos  ensinou  a  forma 
correta  de  viver  aos  Mandamentos.  Por  isso,  quando  Ele  dizia  que  é  o  ​Pão  Vivo  que 
desceu  do  Céu  ​(João  6.  47-58),​   não  estava  se  referindo  literalmente  a  sua  carne  ou  seu 
corpo,  mas  aos  ​Seus  ensinos  sobre como obedecer aos Mandamentos ​que desceram do 
Céu,  pela  boca  do  Eterno  e  foram  entregues  nas mãos de Moshe (Moisés) (Dt. 5. 22-24; 
Ex. 20. 1-17)​. 
 
Muitas  pessoas  que participaram da caminhada de Israel, no deserto, não sobreviveram até 
chegar  a  Terra  Prometida.  Isso  ocorreu  porque  muitos  desobedeceram aos Mandamentos, 
“quebrando”  Sua  Aliança.  Porém,  O  Eterno,  pela  Sua  misericórdia,  disse  pelo  Profeta 
Yirmeyahu (Jeremias) 
 
“(31)  Eis  aí  vêm  dias,  diz  o  Senhor,  em  que  firmarei 
Nova  Aliança  como  a  cassa  de  Israel  e  com  a  casa 
de Judá. 
(32)  Não  conforme  a  aliança  que  fiz  com  seus  pais, 
no  dia  em  que  os  tomei  pela  mão,  para  os  tirar  da 
terra  do  Egito;  porquanto  eles  anularam  a  minha 

34
aliança,  não  obstante  eu  os  haver  desposado,  diz  o 
Senhor. 
(33)  Porque  esta  é  a  aliança que firmarei com a casa 
de  Israel,  depois  daqueles  dias,  diz  o  SENHOR:  ​Na 
mente,  lhes  imprimirei  as  minhas  Leis​,  também  n
​ o 
coração  lhas  inscreverei;​   eu serei o seu Deus, e eles 
serão o meu povo.” ​(Jr. 31. 31-33) 
 
Isto  é,  O  Eterno  não  mais  escreveria  Sua  Torah  (Os  Mandamentos)  em  duas  pedras,  mas 
em  outros  dois  elementos;  ​na  ​mente  e  no  coração  de  todo  aquele  que  aceitar  viver 
aliançado  com  Ele,  através  do  Mediador  Yeshua.  Sendo  assim,  espera-se  que o ​coração e 
a  ​mente  ​de  uma  pessoa,  ou  seja,  os  ​desejos  e  ​a  forma  de  pensar  sejam  conforme  os 
Mandamentos  do  Eterno,  pois  dessa  forma  estará  produzindo o ​Fruto do Mover do Eterno 
(Gl. 5. 22-23)​ em sua vida. 
 

35
10. O PERFEITO E ÚNICO SACRIFÍCIO DO CORDEIRO YESHUA (Hb. 9; Hb. 10) 

No  capítulo  9  o  autor  da  carta  relaciona  a  periodicidade  da  realização  dos  sacrifícios 
levíticos  e  o  único  sacrifício  de  Yeshua;  o  Verdadeiro  Cordeiro.  É  importante  destacar  que 
tanto  o  período  de  sacrifícios  levíticos  quanto  o  sacrifício  de  Yeshua tiveram, cada um, sua 
importância  no  plano  do  Eterno.  Também,  vale  destacar  que  alguns  dos  principais 
utensílios  do  ​Mishkan  (Tabernáculo)  ​possuem  grandes  significados  como,  por  exemplo,  a 
Arca  da Aliança.​  Talvez o autor da carta preferiu não comentar detalhes (Hb. 9. 5) pelo fato 
de que ficaria muito extensa. 

10. 1 A Arca da Aliança (Ex. 25. 1-9) 

Quando  o  Eterno  ordenou  a Moshé que fosse construída a Arca da Aliança, o primeiro item 


que Ele ordenou colocar em seu interior foram as ​Tábuas da Aliança,​  também chamada de 
Tábuas  do  Testemunho  ou  ​Testemunho  (Ex.  25.  16)​.  Depois  o  Eterno  ordenou  que  se 
colocasse  também  uma  porção  do  ​Maná​,  com o qual alimentou Israel no deserto, e depois 
a ​vara de Aharon (Arão)​.  
 
Apesar  da  Arca  de  madeira  ser  recoberta  de  ouro,  o  principal  elemento  não  é  ela,  mas  o 
que  o  Eterno  ordenou  que  se  colocasse  em  seu  interior,  isto  é,  as  ​duas  Tábuas  da 
Aliança,  ​ou  Tábuas  do  Testemunho.​   Por  isso,  a  Arca  é  chamada  de  ​Arca  da  Aliança  ​ou 
Arca  do  Testemunho​,  pois  guarda  dentro  de  si  as  ​Palavras  que  ​Testemunham  a ​Aliança 
entre  o  Eterno  e  Israel.  Neste  sentido,  uma  das  lições  que  aprendemos  com  a 
representatividade  deste  item  do  Mishkan é que cada um de nós somos como a Arca; pois, 
assim  como  ela  era  de  material  orgânico,  nós  também  somos,  e  se  guardarmos  dentro  de 
nós  as  duas  Tábuas  da  Aliança, isto é, os Mandamentos do Eterno, seremos “revestidos de 
ouro” ou revestidos pelo Mover do Eterno. Vejamos, a seguir, o quadro comparativo entre a 
Arca da Aliança​ e o ​ser humano
​ . 
 
 
 
 
 

36
 

  NA ARCA DA ALIANÇA  NO SER HUMANO 

MATERIAL  Orgânico (Ex. 25. 10)  Orgânico 

REVESTIMENTO  Ouro  O Mover do Eterno 

FUNÇÃO  Guardar em seu interior as  Guardar em seu coração as 


Tábuas da Aliança (Os  Palavras da Aliança (Os 
Mandamentos)  Mandamentos) 

MEMORIAL  No Propiciatório, que está  O Mover do Eterno nos lembra 


sobre Arca, os dois  de sempre olharmos e 
Querubins estão olhando  praticarmos os Mandamentos 
para a direção do interior da  que estão Escritos e guardados 
Arca, onde estão as Tábuas.  em nosso coração. 
(Ex. 25. 20) 
 
Portanto,  a  partir  do  quadro  comparativo  acima,  entendemos  que  ​o  ​Mover  do  Eterno 
(Espírito  Santo)  em nossa vida está diretamente relacionado à prática dos Mandamentos 
Escritos e guardados em nosso coração​, como disse o salmista 
 
“(10) De todo coração te busquei; não me deixes fugir 
aos Teus Mandamentos. 
(11)  Guardo  no  coração  as  Tuas  Palavras,  para  não 
pecar contra Ti” (​ Sl. 119. 10-11) 

37
10. 2 Os Sacerdotes Levitas e o Sacerdote Judeu Yeshua 

Após  escrever  sobre  os  itens  do  Mishkan,  o  autor  da  carta  faz  referência  ao  serviço  dos 
sacerdotes levitas, dizendo 
 
“(6)  Ora,  depois  de  tudo  isso  assim  preparado, 
continuamente  entram  no  primeiro  tabernáculo  os 
sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; 
​  sumo sacerdote,​  e
(7)  mas,  no  segundo,  o ​ le sozinho​, 
uma  vez  por  ano​,  n
​ ão  sem  sangue​,  que oferece por 
si e pelos pecados de ignorância do povo, 
(8) querendo com isto dar a entender o Espírito Santo 
que  ainda  o  caminho  do  Santo  Lugar  não  se 
manifestou,  enquanto  o  primeiro  Tabernáculo 
continua erguido.” (​ Hb. 9. 6-8) 
 
Neste  trecho  da  carta  percebemos  que  o  autor  destaca  que  o  Sumo  Sacerdote,  ​sozinho,​  
uma  vez  ao  ano  e  ​não  sem  sangue,  isto  é,  com  sangue​,  apresenta-se  ao Eterno em favor 
do  povo.  E,  assim,  é  evidente  a  comparação  que  ele  faz  a  Yeshua,  com  a  diferença  que 
Yeshua  entrou  no  ​Santo  dos  Santos  e  se  apresentou  uma  ​única  vez  diante  do  Eterno, 
sendo  ele  mesmo  o ​Cordeiro e O ​Sumo Sacerdote para sempre, obtendo eterna redenção 
(Hb. 9. 12)​.  
 
O  autor  ainda  afirma  que  ​toda  a  representatividade  no  Mishkan  é  uma  parábola  para 
aquela  época  em  que  estava  escrevendo  aos  seus  destinatários  hebreus.​   Logicamente 
estava  se  referindo  ao  fato  de  que  tudo  o  que era desenvolvido no ​Mishkan (Tabernáculo) 
“apontava” para Sumo Sacerdote, judeu, Yeshua. 
 

38
10. 3 A Condenação aos Negligentes em Yeshua, a Palavra do Eterno (Hb. 10. 26-31) 

Após  se  referir  a  honra  que  Yeshua  alcançou  tornando-se  Sumo  Sacerdote,  em  ​Hebreus 
10. 19-23​, o autor da carta, a partir do versículo 26, diz 
 
“(26)  Porque,  se  vivermos  deliberadamente  em 
pecado​,  depois  de  termos  recebido  o  pleno 
conhecimento  da  verdade,  já  não  resta  sacrifícios 
pelos pecados; 
(27) pelo contrário, certa expectação horrível de ​juízo 
e  ​fogo  vingador  prestes  a  consumir  os  adversários” 
(Hb. 10. 26-27) 
 
Mais  uma  vez,  além  de  ​Hb.  6.  4-8​,  o  autor  faz  referência  às  consequências  ruins  aqueles 
que  negligenciam  os  ensinos  de  Yeshua  sobre  a  maneira  correta  de  obedecer  aos 
Mandamentos;  isto  é,  os  que  após  receberem  o  pleno  conhecimento  da  Verdade,  em 
Yeshua,  e  ainda  assim  insistem  viver  em  pecado.  O  autor  diz  que  para  pessoas  com  este 
tipo de comportamento existe a ​“expectativa horrível de juízo”​ e ​“fogo vingador”.​  
 
É  importante  observar  que  na  maioria  das  vezes  em  que  se  fala  em  ​“fogo”​,  na  Bíblia, 
trata-se  de ​juízo ​ou condenação​, podendo ser realizado diretamente pelo próprio Eterno, e 
também  através  de  Yeshua,  pela  autoridade  que  recebeu  do  Criador  para  condenar  Seus 
adversários  (Sl.  110.  1).  Vale  lembrar  que  ​o  julgamento  que  Yeshua  fará  é  exatamente  o 
julgamento da Palavra do Eterno;​ pois, quando Yochanan (João) escreveu 
 
“E o ​Verbo​ se fez carne e habitou entre nós...”  
(Jo. 1. 14) 
 
não  estava  afirmando  que  a  Palavra  (os  Mandamentos)  se  transformou  literalmente  em um 
ser  humano  (carne),  mas  que  nos  ensinos  de  Yeshua  (homem)  estava  a  Verdadeira  Torah 
ou  Instrução  do  Eterno,  isto  é,  a  forma  correta  de  obedecer  aos  Mandamentos.  Portanto, 
ouvir  os  ensinos  de  Yeshua  é  como  ouvir  o  “próprio  Eterno  Falando”;  sendo  este  o 

39
significado  que  Yochanan  queria  transmitir quando disse ​“E o Verbo se fez carne e habitou 
entre nós...” ​(Jo 1. 14).​  
 
Ora,  se  os  ensinos  de  Yeshua  são  exatamente  a  Torah  ou  a  Palavra  do  Eterno;  logo,  faz 
todo sentido quando Ele disse 
 
“(47)  Se  alguém  ouvir  as  minhas  palavras  e  não  as 
guardar,  eu  não  o  julgo;  porque  eu  não  vim  para 
julgar o mundo, e sim para salvá-lo. 
(48)  Quem  me  rejeita  e  não  recebe  as  minhas 
​   própria  palavra  que 
palavras  tem  quem  o  julgue;  a
tenho proferido, essa o julgará no último dia.​  
(49)  Porque  eu  não  tenho  falado  por  mim  mesmo, 
mas  o  Pai,  que  me  enviou,  esse  me  tem  prescrito  o 
que dizer e o que anunciar. 
(50)  ​E  sei  que  o  Seu  Mandamento  é  a  vida  eterna.​  
As  coisas,  pois,  que  eu  falo,  como  o Pai mo tem dito, 
assim falo.” ​(Jo. 12. 47-50) 
 
Isto  é,  Yeshua  está  dizendo  que  o  juízo  será  realizado  pela  ​Palavra  do  Eterno  (Torah)  que 
está  em  Seus  Ensinos.  Portanto,  sendo  a Palavra do Eterno Fiel naquilo que promete, tanto 
o  justo  receberá  a  recompensa  pela  justiça  que  praticou  por  causa  da  ​obediência  aos 
Mandamentos​,  quanto  a  condenação  receberá  aquele  que  procedeu  de  forma  iníqua  por 
viver  em  ​desobediência  aos  Mandamentos​.  Portanto,  a  palavra  ​fogo  não  se  trata 
literalmente  de fogo físico, mas do ​juízo, condenação ou ​punição pela Palavra do Eterno, a 
Torah. 
 
O autor, fazendo referência a Torah, também diz 
 
(30) Ora, nós conhecemos aquele que disse:  
A mim pertence a vingança; Eu retribuirei17. 

17
Dt. 32. 35 

40
E outra vez:  
O senhor julgará o Seu povo18. 
(31) Horrível coisa é cair nas mãos do Deus Vivo”  
(Hb. 10. 30-31) 
 

10. 4 O Apelo à Permanente Confiança na Promessa do Eterno (Hb. 10. 32-39) 

Após  adverti-los  a  não  negligenciarem  Yeshua,  o  autor  incentiva  seus  destinatários  a 


permanecerem  ​confiando  na  promessa  redentora  do  Eterno.  Este  é  o  sentido  do  que  o 
autor  referencia  a  Torah  dizendo  ​“O  senhor  julgará  o  Seu  povo”  ​(Hb.  10.  31)​.  Aqui,  a 
palavra  justiça  não  tem  o  sentido  de  ​condenação,​   mas  de  ​fazer  justiça  ao  Seu  povo  em 
relação a todos os sofrimentos que os justos padecem ao longo dos tempos. 
 
Neste  sentido,  ​confiar  nas  Palavras  do  Eterno  significa  ter  ​fé  em  Suas  Palavras.  Quanto  a 
isso,  o  escritor  diz,  também  citando  o  profeta  ​Habakuk  (Habacuque)  nos  versículos  37  e 
38 
 
(35)  Não  abandoneis,  portanto,  a  vossa  c​ onfiança​; 
ela tem grande galardão. 
(36)  Com  efeito,  tendes  necessidade  de 
perseverança,​   para  que  havendo  feito  a  vontade  de 
​ lcanceis a promessa​. 
Deus, a
(37)  Porque,  ainda  dentro  de  pouco  tempo, 
aquele que vem virá e não tardará; 
(38) t​ odavia, o meu justo viverá pela fé;​  
e: 
Se  retroceder,  nele  não  se  compraz  a  minha 
alma. 
(39)  Nós,  porém,  não  somos  dos  que  retrocedem 
para  a  perdição;  s​ omos,  entretanto,  da  fé​,  para  a 
conservação da alma.” (​ Hb. 10. 35-39) 

18
Dt. 32 36 

41
 
Ao  citar  o  profeta  ​Habakuk​,  quando  o  Eterno responde-o dizendo “o meu justo viverá pela 
fé”  (​ Hc.  2.  4)​,  está  dizendo  que  o  ​justo,​   isto  é,  ​aquele  que  vive  em  obediência  aos 
Mandamentos  do  Eterno  alcançará  a  promessa  de  Vida  Eterna  pela  ​confiança  (fé)  na 
Palavra  dEle  (Torah),  não  importando  quanto  tempo  esse  justo  tenha  que  esperar  para 
alcançá-la.  Pois,  ainda  que  morra  antes  de  receber  a  Promessa,  como  um  justo  que  confia 
(fé)  no  Eterno  até  o  último  suspiro,  certamente  será  ressuscitado  por  Ele  para  receber  a 
Promessa  da  Palavra  de  Vida  Eterna  ​(Dn.  12.  2-3).​   Esta  é  a  situação  dos  justos  que  já 
morreram  e  aguardam  a  ressurreição  no  Grande  Dia  do  Eterno.  É  sobre  esse  tipo  de 
pessoa que o autor da carta se refere do capítulo 11 em diante. 
 

42
11. A CONFIANÇA (FÉ) (Hb. 11. 1-3) 

Após  citar  o  profeta  ​Habakuk  encorajando  os  destinatários  a  confiarem  (fé)  na  Palavra  de 
Promessa  de  Vida  Eterna  do  Criador,  o  autor  da  carta  fala  de  confiança  (fé).  Isto  é,  ele 
explica o que é essa confiança (fé) dizendo, 
 
(1)  Ora,  a  fé  é  a  certeza  de  coisas  que se esperam, a 
convicção de fatos que se não veem. 
(2)  Pois,  pela  fé,  os  antigos  obtiveram  bom 
testemunho.” ​(Hb. 11. 1-2) 
 
Portanto,  o  autor  aplica  a  confiança  (fé)  no  Eterno  em  duas  perspectivas: futuro e passado. 
Neste  sentido,  ao  dizer  que  “...  ​a  fé  é  a  certeza  de  coisas  que  se  ​esperam.​ ..”  está  se 
referindo  à  Justiça  ​futura  do  Eterno  em  retribuir  a  cada  um  segundo  a  justiça  que 
praticaram.  Assim,  está  encorajando-os  a  permanecerem  confiando  na  Palavra  da 
Promessa.  E,  ao  dizer  que  a  fé  é  a  ​“convicção  de  ​fatos  que  se  não  veem”  está  se 
referindo  aos  ​fatos  que  já  ocorreram​,  sinalizando  assim  o  passado;  por  isso,  conclui 
falando sobre o bom testemunho que os antigos alcançaram. 
 
​  confiar tanto nos fatos 
Assim,  confiar  (fé)  na  Palavra  de Promessa do Eterno, no presente, é
que  narram  o  bom  testemunho  dos  antigos  quanto  na  esperança  do  cumprimento  do  que 
virá;  a  Vida  Eterna.  Daí  a  importância  que  se  deve  prestar  aos  fatos  narrados  na  Torah (ou 
Pentateuco)  sobre  o  bom  testemunho  dos  antigos,  pois  apresentam  grandes  lições  para  o 
tempo  presente  servindo  de  exemplo  para  permanecermos  confiando  (fé)  na  Palavra  de 
Promessa do Eterno. 
 
Após  falar  da  confiança  (fé),  no  tempo  passado,  em  relação  ao  testemunho  dos  antigos,  o 
autor prossegue rebuscando um passado maior ainda dizendo, 
 
 
 

43
“(3)  Pela  fé,  entendemos  que  foi  o  Universo  formado 
pela  Palavra  de  Deus,  de  maneira  que  o  visível  veio 
a existir das coisas que não aparecem” (​ Hb. 11. 3) 
 
Isto é, o autor quer demonstrar que somente pela confiança (fé) no Poder Criador do Eterno 
é  que  podemos  conceber  um  Universo  físico  ou  concreto  que  veio  a  existir  a  partir  de 
coisas  que  não  são  físicas ou concretas. Portanto, está afirmando que com o mesmo ​Poder 
que  a  Palavra do Eterno criou o Universo também há de realizar a promessa de Vida Eterna 
a  todo  o  justo  que  confia  Nela.  Ora,  se  a  Palavra  do  Eterno foi capaz de trazer a existência 
um  Mundo  físico a partir do não-físico, quanto mais a Vida Eterna para um corpo mortal. Por 
isso, haverá a necessidade de nosso corpo mortal ter que se revestir de imortalidade, como 
disse ​Shaul (Paulo)​ em sua carta aos ​Coríntios​ dizendo, 
 
“(53)  Porque  é  necessário  que  este  corpo corruptível 
se  revista  da  incorruptibilidade,  e  que o corpo mortal 
se revista da imortalidade.” (​ I Co. 15. 53) 
 
O  ​corpo  corruptível  se  refere  ao  ​corpo  mortal,​   e  o  ​corpo  incorruptível se refere ao ​corpo 
imortal​.  Portanto,  assim  como  foi  no  processo  de  toda  a  Criação  somente  a  Palavra  do 
Eterno  tem  o  poder  de  transformar  nosso  corpo  mortal  em  imortal  para  a  Vida  Eterna  no 
Mundo  Vindouro,  sendo  assim  merecedora  de  nossa  confiança.  Então,  se  nenhum  ser 
humano  estava  na  Criação  do Universo quando a Palavra do Eterno o Criou, e nem na Vida 
Eterna  para  descrever  exatamente  como  foi  preparada  por  Ela, como poderemos acreditar 
nestas  coisas  senão  pela  confiança  (fé)  na  Palavra  do  Eterno?  Este  é  o  apelo  do  autor  da 
carta no início do capítulo 11. 
 
 

44
11. 1 Exemplos de Confiança (fé) no Eterno (Hb. 11) 

A  partir  do  versículo  4,  do  capítulo  11,  o  autor  da  carta  faz  citações  de  várias  pessoas  que 
alcançaram  bom  testemunho  por  confiarem  no  Eterno.  Primeiramente  ​Abel​,  ​Enoque,​   N
​ oé,​  
Abraão​, S
​ ara.​ É Interessante notar que ao citar ​Avraham (Abraão)​, o autor diz 
 
“(13)  porque  aguardava  a  cidade  que  tem 
fundamentos,  da  qual  Deus  é  o  arquiteto  e 
edificador.” (​ Hb. 11. 13) 
 
Isto  é,  o  lugar  que  o  Eterno  havia  prometido  a ​Avraham não era apenas uma terra física na 
qual  peregrinou,  mas  a  Cidade  que  o  Próprio  Eterno  edificou,  a  ​Nova  Yerushalaim 
(Jerusalém)  que  a  ​Yochanan  (João)  foi  mostrada,  em  visão,  descendo  do  céu  (Ap.  21.  1-3; 
Ap. 21. 9-27).​  
 
Em seguida, no versículo 13, o autor diz 
 
“(13)  ​Todos  estes  morreram  na  fé​,  s​ em ter obtido as 
promessas;​   vendo-as,  porém,  de  longe,  e 
saudando-as,  e  confessando  que  eram  estrangeiros 
e peregrinos sobre a terra.” ​(Hb. 11. 13) 
 
Desta  forma,  ao  citar  estes  justos  que  já  morreram,  está  dizendo que eles não deixarão de 
receber  a  Promessa.  Isto  é,  nem  a  morte  impedirá  que  recebam  a  Promessa  feita  pelo 
Eterno.  O  autor  da  carta  continua  as  citações:  ​Isaque,​  Jacó, José, Moisés, Raabe, Gideão, 
Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os Profetas​. 
 
Após citá-los o autor diz 
 
 
 

45
“(39)  Ora,  todos  estes  que  obtiveram  bom 
testemunho  por  sua  fé  não  obtiveram,  contudo,  a 
concretização da promessa, 
(40)  por  haver  Deus  provido  coisa  superior  a  nosso 
respeito,  para  que  eles,  sem  nós,  não  fossem 
aperfeiçoados” ​(Hb. 11. 39-40) 
 

12. A PERSEVERANÇA EXEMPLAR DE YESHUA (Hb. 12. 1-13) 

No  início  do  capítulo  12  o  autor  da  carta  encoraja  os  destinatários  a  perseverarem  na  luta 
contra  o  pecado  que  os  rodeia  e  seduz.  Também,  diz  que  na  luta  contra  o  pecado  os 
destinatários  ​“não  haviam  resistido  até  ao  sangue”;​   isto  é,  até  a  morte.  Por  isso,  os 
incentiva  a  “olhar”  firmemente  para  Yeshua  ​(Hb.  12.  2),  pois  é  o  maior  exemplo  de 
perseverança  de  como  vencer  o  pecado  ​(Jo.  16.  33)​,  até  mesmo  diante  da  morte;  apesar 
da vergonha pública (ignomínia) que passou em seu martírio.  
 
O  autor,  também,  os  lembra  da  exortação  (correção) do Eterno ao citar ​Provérbios 3. 11-12​, 
dizendo  
 
“(5)  …  Filho  meu,  ​não  menosprezes  a  correção 
que  vem  do Senhor​, nem desmaies quando por 
Ele és reprovado; 
(6)  porque  ​O  Senhor  corrige  a  quem  ama  e 
açoita a todo filho a quem recebe.​  
(7)  ​É  para  disciplina  que  perseverais  (Deus vos trata 
como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 
(8)  Mas,  se  estais sem correção, de que todos se têm 
tornado  participantes,  logo,  sois  bastardos  e  não 
filhos” (​ Hb. 12. 5-6) 
 
Portanto,  todo  filho  do  Eterno  é  consciente  que  pode  ser  corrigido  por  Ele,  pois  sabe  que 
Ele,  como  um  bom  Pai,  corrige  Seus  filhos  porque  os  ama.  Porém,  aquele  que  não  aceita 

46
ser corrigido pelo Eterno automaticamente está se colocando na condição de bastardo, isto 
é  sem  Pai;  logo,  não  considera  o  Amor  do  Eterno  por  não  aceitar  Sua  correção.  Neste 
sentido,  o  autor  da  carta  está  dizendo  aos  destinatários  hebreus  que  ao  instruí-los  e 
corrigi-los  em  suas  cartas  o  amor  do  Eterno  é  evidenciado  para  com  eles.  Por  isso,  faz um 
paralelo  entre  um  pai  humano  e  o  Pai  Eterno,  pois  a  correção  conduz  ao  bem  estar  dos 
filhos. 
 
Alguém poderia perguntar: 
- Qual o objetivo do Eterno em nos corrigir? 
 
A resposta a essa pergunta está em ​Hb. 12. 10 
 
“Pois  eles  nos  corrigiam  por  pouco  tempo,  segundo 
melhor  lhes  parecia;  Deus,  porém,  nos  disciplina 
para  aproveitamento,  ​a  fim  de  sermos participantes 
de sua santidade”​ (​ Hb. 12. 10) 
 
Assim  sendo,  ​a  correção  por  parte  do  Eterno  tem  ​o  objetivo  guiar  Seus  filhos  para 
torná-los  participantes  ou  praticantes  de  Sua  Santidade​.  A  final,  esta  é  uma  das 
instruções  do  Eterno  àqueles  que  o  amam  e  servem,  pois  Ele  mesmo  diz  na  Torah,  em 
Vaykra (Levítico) 
 
“(1) Disse O SENHOR a Moisés:  
(2)  Fala  a  toda  a  congregação  dos  f​ ilhos  de  Israel  e 
dize-lhes:  ​Santo  sereis,  porque  Eu,  O  SENHOR 
vosso Deus, Sou Santo​.” (​ Lv. 19. 1-2) 
 
A  instrução  do  Eterno  sobre  com ser santo ou separado, está na sequência do texto acima, 
ou  seja,  ​Vaykra  (Levítico)  19  e  20  ​.  É  importante  que  leiamos  e  pratiquemos  estas 
instruções  do  Eterno  sobre  santidade  para  sermos  santos  como  Ele  instrui,  caso  contrário 
não  estaremos  buscando  viver  em  santidade,  isto  é,  afastados  do  pecado.  Vale  lembrar 

47
que  ser  santo  ou  separado,  não  é  viver separado da sociedade, mas da prática do pecado, 
conforme ​Vaykra (Levítico) 19 e 20.  
Além  disso,  a  instrução  do  Eterno  quanto  a  ​santidade  é  tanto  para  o  natural  de  Israel 
quanto  àqueles  que  consideram-se  enxertados  na  oliveira  (Israel)  através  de  Yeshua; 
conforme  o  contexto  da  carta  de  ​Sha'ul  (Saulo),​   também  chamado  ​Paulo  (At.  13.  9)​,  aos 
irmãos de Roma ​(Rm. 11. 11-24).​  
 
O autor da carta, também, diz  
 
“Toda disciplina, com efeito, no momento não parece 
ser  motivo  de  alegria,  mas  de  tristeza;  ao  depois, 
entretanto,  produz  fruto  pacífico  aos  que  tem  sido 
por ela exercitados, ​fruto de justiça”​ (​ Hb. 12. 11) 
 
Desse  modo,  a  pessoa  humilde e consciente de que a repreensão do Eterno é para o bem, 
sabe  também  que  a  tristeza  no  momento  da  exortação  futuramente  se  tornará  em  alegria; 
pois,  após  refletir  sobre  seus  erros  e  não  mais  cometê-los,  suas  atitudes  passarão  a 
produzir  ​fruto  de  justiça​;  isto  é,  passará  a  ​praticar  com  amor  as Instruções do Eterno (os 
Mandamentos)​.  O  ​“fruto  de  justiça”  é  produzido  quando  a  pessoa  passa  a  testemunhar 
dos  mandamentos  através  de  seu  comportamento ou atitudes; por isso, é visto pelo Eterno 
como um ​justo.​  
 

12. 1 Instruções Sobre a Paz e a pureza (Hb. 12. 14-17) 

O autor da carta também instrui seus destinatários dizendo  


 
“Segui  a  ​paz  com  todos e a s​ antificação,​  sem a qual 
ninguém verá o Senhor,” ​(Hb. 12. 14) 
 
Portanto,  é  fundamental  que  vivamos,  partindo  de  nós,  em  ​paz  uns  com  os  outros  e  a 
santificação  para  que possamos ver ou estar com o Eterno na eternidade. Assim, mais uma 
vez  a  santificação  é  citada  pelo  autor,  porém  relacionando-a  como  condição  para  a  vida 

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eterna.  Isso  faz  todo  sentido,  pois  no  Reino  do  Eterno  não  haverá  iniquidade  ou  pecado; 
isto  é,  na  eternidade  não  haverá  lugar  para  os  transgressores da Torah (os Mandamentos). 
Por isso, Yeshua disse 
 
“(21)  Nem  todo  o que me diz: Senhor, Senhor! entrará 
​ as aquele que faz a vontade de 
no  reino  dos céus, m
meu Pai​ , que está nos céus. 
(22)  Muitos  naquele  dia,  hão  de  dizer-me:  Senhor, 
Senhor!  Porventura,  não  temos  nós  profetizado  em 
teu  nome,  e  em  teu  nome  não  expelimos  demônios, 
e em teu nome não fizemos muitos milagres? 
(23)  Então,  lhes  direi  explicitamente:  nunca  vos 
conheci.  Apartai-vos  de  mim,  os  que  praticais  a 
iniquidade”​ ​(Mt. 7. 21-23) 
 
Neste  sentido,  ao  orientá-los  quanto  a  santificação  o  autor  está  afastando-os  de  práticas 
iníquas;  isto  é,  de  praticas  pecaminosas  que é a desobediência a Torah (os Mandamentos), 
a Palavra do Eterno.  
Ainda  sobre  a  ​paz​,  o autor recomenda que não haja nenhuma ​“raiz de amargura” para que 
não  contamine  as  pessoas  daquela  comunidade.  Também  instrui  para  que  não  haja 
nenhum  ​impuro  ou  ​profano  no  meio  deles,  assim  como  foi  Esav  (Esaú).  Vale  lembrar  que, 
ao dizer ​“impuro​ ou ​profano”​ o autor está se referindo a prática pecaminosa. 
 

12. 2 A Voz do Eterno no Sinai Que Ecoa Através de Yeshua (Hb. 12. 18-29) 

Mais  uma  vez,  com  a  intenção  de  encorajar  seus destinatários a confiarem nas palavras de 


Yeshua  sobre a obediência a Torah, o autor faz um paralelo entre a ​Voz do Eterno no Sinai 
(Ex. 20)​ e a ​“mesma Voz do Eterno” se repetindo nos ensinos de Yeshua.​   
 
Quando o autor diz, 
 

49
“(18)  Ora,  não  tendes  chegado  ao  ​fogo  palpável  e 
ardente​, e a e
​ scuridão​, e as ​trevas​, e a t​ empestade,​  
(19)  e  ao ​clangor de trombeta​, e ao ​som de palavras 
tais​,  que  quantos  o  ouviram  suplicaram  que  se  lhes 
não falasse mais, 
(20)  ​pois  já  não  suportavam  o  que  lhes  era 
ordenado:​  
Até  um  animal,  se  tocar  o  monte,  será 
apedrejado”  
(Hb. 12. 18-20) 
 
está  dizendo  aos  seus  destinatários  que  ​não  tenham  medo  ​de  ouvir  a  Voz  do  Eterno 
assim  como  a  geração  de  Israel,  no  deserto,  que  presenciou  aquele  ocorrido  único  na 
história  da  humanidade  quando  o  Eterno  Falou  no  Sinai;  pois,  a  mesma  Voz,  ou  seja,  a 
mesma  Torah,  ou  a  mesma  Instrução  que  saiu  da  Boca  do Eterno também saiu da boca de 
Yeshua  através  de  seus  ensinos.  Este  é  o  significado  do  que  o  autor escreveu no início da 
carta ao dizer, 
 
“(1)  Havendo  ​Deus,​   outrora,  f​ alado,​   muitas  vezes  e 
de muitas maneiras, aos pais pelo profetas, 
(2)  nestes  últimos  dias,  ​nos  falou  pelo  Filho  a  quem 
constituiu  herdeiro  de  todas  as  coisas,  pelo  qual 
também fez o universo”  
(Hb. 1. 1-2) 
 
Portanto,  o  autor  da  carta  está  encorajando  os  destinatários  a  ​confiarem  sem  medo  e 
ouvirem  com  amor  as  instruções  de  Yeshua,  que  estavam  sendo  ensinadas  por  seus 
discípulos na época em que a carta estava sendo escrita. 
 
Neste  sentido,  tanto  no  Sinai  quanto  nas  palavras  de  Yeshua  é  a  Voz do Eterno, ou seja, é 
a  Sua  Torah  (os  Mandamentos)  que  ​ecoa  sendo  anunciada  de  geração  em  geração, 
chegando até os nossos dias, e às gerações futuras. Por isso, o autor adverte 

50
 
​ ende  cuidado,  não  recuseis  ao  que  fala.​   Pois,  se 
“T
não  escaparam  aqueles  que  recusaram  ouvir  quem, 
divinamente,  os  advertia  sobre  a  terra,  muito  menos 
nós,  os  que  nos  desviamos  daquele  que  dos  céus 
nos adverte,”  
(Hb. 12. 25) 
 
Que  nossa  geração  tenha  a  humildade  de  ​ouvir  e  ​praticar  o  que  diz  a  Voz  do  Eterno  (os 
Mandamentos)  com  amor,  da  forma  como  Yeshua  viveu  e  ensinou  que  a  praticasse-mos; 
pois, Ele é o maior exemplo de obediência à Torah, a Voz do Eterno. 

13. INSTRUÇÕES À PRÁTICA DA TSEDAKÁ (Hb. 13. 1-6) 

No  início  do  capítulo  13  o  autor  incentiva  ao  amor  fraternal.  Por  isso,  orienta-os  a  não 
negligenciar  a  ​hospitalidade;​   a  lembrarem-se  dos  ​encarcerados,​   dos  que  ​sofrem  maus 
tratos,​   de  ​honrar  o  matrimônio​,  bem  como  ​o  leito  sem  mácula  e  a  ​viver sem avareza (sem 
apego às riquezas).​  
 
É  importante  lembrar  que  estas  recomendações  do  autor  da  carta  resumem-se  a  uma 
palavra hebraica chamada ​Tzedakah,​ que quer dizer ​justiça​.  
Observe a tabela abaixo. 
 

PALAVRA NO ORIGINAL  TRANSLITERAÇÃO  SIGNIFICADO 


(HEBRAICO) 

Tzedakah  Justiça 
‫ְצ ָד ָקה‬
Tzadik  Justo, reto 
‫ַצ ִדּיק‬
 
 

51
Portanto,  uma  pessoa  realmente  é  um  ​Tzadik  (justo,  reto)  quando  seu  modo  de  viver 
considera  a  prática  da  ​tzedakah  (justiça)  em  suas  ações,  cuja  algumas  das  características 
são  enumeradas  pelo  próprio  autor  da  carta  em  ​Hb.  13.  1-6,  que  citamos  no  início  deste 
tópico.  Neste  sentido,  a  prática  da  ​justiça  não  resume-se  apenas  a  distribuição  de  cestas 
básicas  de  alimentos,  apesar  de  ser  uma  das  formas  de  praticá-la;  mas  também,  por 
exemplo,  disponibilizar-se  em  dar  atenção  ao  desabafo  de  uma  pessoa  angustiada, 
consolar  alguém  que  perdeu  um  ente  querido,  ajudar  uma  pessoa  com  dificuldades 
motoras a atravessar uma rua ou avenida, prestar socorro, honrar pai e mãe, etc. 
 
Agora,  podemos  perceber  porque  nos  ensinos  de  Yeshua  temos  a  forma  correta  de 
obedecer  a  Palavra  do  Eterno.  Pois,  o  ensino  da  Torah  consiste  exatamente  na  ​prática  da 
Tzedakah  (justiça),​   que  é  o  amor  ao  próximo;  sendo  essa  a  essência  dos  ensinos  de 
Yeshua​. Por exemplo, na Torah, o Eterno diz 
 
“Não  te  vingarás,  nem  guardará  ira  contra  os  filhos 
​ marás  o  teu  próximo  como  a  tí 
do  teu  povo;  mas,  a
mesmo​.”  
(Lv. 19. 18) 
 
Yeshua  fez  referência  a  esta  Instrução  do  Eterno  ao  responder  a  pergunta  de  um  escriba 
(Mc.  12.  31)​.  Também,  se  observarmos  atentamente  um  de  Seus  ensinos, conhecido como 
Sermão  do  monte  ​(Mt.  5.  6.  7)​,  teremos  uma  compreensão  mais  ampla  em  diversas 
situações  do  que  é  a  prática  da  ​Tzedakah  (justiça)​.  Por  isso,  no  próprio  Sermão  do  monte 
Yeshua disse 
 
“Bem-aventurados  os  que  têm  ​fome  e  sede  de 
justiça​, porque serão fartos”  
(Mt. 5. 6) 
 
Isto  é,  ​“ter  fome  e  sede  de  justiça”  é  ter  vontade  ou  desejo  de  praticar  ​Tzedakah  (justiça) 
em  favor  do  próximo;  sendo  esta  a  recomendação  do  autor  da  carta  aos  hebreus  em  ​Hb. 
12.  1-6​,  pois Yeshua é seu Mestre. Ainda, segundo Yeshua, a pessoa que tem ​“fome e sede 

52
de  justiça”  será  ​farta​;  ou  seja,  ​O  Eterno  dará  condições  em  fartura  para  que  consiga 
realizar Tzedakah (justiça) em favor do próximo​. 
 
Shaul (Paulo) em sua carta aos romanos diz 
 
“(8)  A  ninguém  fiqueis devendo coisa alguma, exceto 
​ uem 
o  amor  com  que  ameis  uns  aos  outros;  pois  q
ama o próximo tem cumprido a Lei [Torah].​  
(9) Pois isto: 
Não  adulterarás,  não  matarás,  não  furtarás, 
não  cobiçarás,  e,  ​se  há  qualquer  outro 
mandamento,  tudo  nesta  palavra  se  resume: 
Amarás o teu próximo como a tí mesmo.​  
(10)  O  amor  não  pratica  o  mal  contra  o  próximo;  de 
​ cumprimento da Lei [Torah] é o amor​”  
sorte que o
(Rm. 13. 8-10) 
 
Sendo  assim,  ​a  prática  da  Torah  é  o  amor,​   segundo  ​Shaul  (Paulo)​.  Portanto,  ​o  amor  é  o 
elemento  principal  na  vida  de  um  Tzadik  (justo,  reto),  pois  seu  modo  de  viver,  suas 
práticas, sua forma de pensar e agir são baseadas naquilo que preenche seu coração; isto 
é,  a  Torah  (os  Mandamentos)  do Eterno, da forma plena ou completa como Yeshua, nosso 
Mestre,  ensinou  que  a  praticasse-mos.  Portanto,  viver a Torah é viver conforme o Amor do 
Eterno. 
 
É  importante  estar  atento  ao  Ensino da Torah, pois a prática da ​Tzedakah (justiça) deve ser 
aplicada  tanto  em  favor  do  próximo  quanto  à si mesmo. Pois, o Eterno diz “... ​amarás o teu 
próximo  como  a  tí  mesmo​.”  ​(Lv.  19.  18).​   Portanto,  não  podemos  esquecer  de  fazer 
Tzedakah (justiça)​ à nós mesmos, como por exemplo: 
 
I.  Alimentação  apropriada  (Lv.  11.  1-47):  Na  Torah, o Eterno orienta sobre o que é, e o que 
não  é  alimento  para  o  ser  humano.  Sendo  esta  uma  das  formas  de  obedecer  ao 
mandamento  de  ​“...amar  a  si  mesmo”.​   Pois,  ao  obedecer  este  mandamento  estaremos 

53
cuidando  da  saúde  de  nosso  corpo;  uma  vez  que,  pelo  fato  de  certos  tipos  de  animais 
trazerem  em  seus  organismos  substância  danosas  à  nossa  saúde,  apesar  de  terem  um 
papel  importante  na  manutenção  da  natureza,  nem  todos  servem  como  alimento  para  o 
homem. 
 
II.  O  Shabat  (descanso)  (Ex.  20.  8-11)​:  Tanto  o  ​trabalho  semanal  quanto  o  ​Shabat 
(descanso)  são  mandamentos  do  Eterno,  e  é  preciso  vivê-los  cada  um  em  seu  momento. 
Ao  proporcionar  descanso,  no  dia  em  que  o  Eterno  escolheu,  ao  nosso  corpo,  a  nossa 
família  e  a  nossos  empregados,  além  de  ser  um  dia  de  lembrarmos  da  Sua  Criação, 
estamos  como  que  “repondo  as  energias”  devido  ao  desgaste  do  trabalho  semanal.  Vale 
lembrar  que  este  descanso  é  tanto  ​físico  quanto  ​mental​.  Talvez,  seja  a  falta  do  ​Shabat 
​ m  muitas  famílias  a  causa  de  tantos  lares  estarem  destruídos,  pois  se o ​stress 
(descanso)  e
do  trabalho  semanal  não  for  ​“aliviado  ou  descarregado”,​   certamente  influenciará 
negativamente no relacionamento familiar. 
 
Sendo  assim,  todo  ​Tzadik  (justo,  reto)  reconhece  que  o Eterno nos instrui a cuidar tanto do 
próximo  como  de  nós  mesmos,  e  assim  busca  viver  cotidianamente,  pois  “...  ​seu  prazer 
está na Torah (Instrução, Ensino) do Senhor, e Nela medita de dia e de noite” (Sl. 1. 2).​  
 

13. 1 Conselhos Para Seguir O Exemplo Dos Mestres (Hb. 13. 7-17) 

“Lembrai-vos  dos  vossos  guias,  os  quais  vos 


pregaram  a  Palavra  de  Deus;  e,  considerando 
atentamente  o  fim  da  sua  vida,  imitai  a  fé  que 
tiveram”  
(Hb. 13. 7) 
 
Quando  o  autor  da  carta  faz  recomendações  a  seus  destinatários  para  que  lembrem  de 
seus  guias  ou  mestres  que  lhes  ensinaram  a  ​Palavra  do  Eterno​,  é  de  suma  importancia 
que  o  leitor  da  Bíblia  dos  dias  atuais  entenda  que  o  autor  está  se  referindo  a  ​Torah19.  Em 

19
​Livros que compõe a Torah: ​Bereshit (Gênesis), ​Shemot (Êxodo), ​Vayikra (Levítico), ​Bamidbar
(Números) e ​D’varim (Deuteronômio). Todos os demais livros e cartas com suas respectivas mensagens
que compõem a Bíblia, como é conhecida em nossos dias, são baseados na Palavra do Eterno, a Torah.

54
seguida,  recomenda  que  considerem  o  fim  da  vida  (ou,  objetivo  de  vida)  de  seus  mestres, 
para então praticar a fé ou confiança que eles tiveram na Palavra do Eterno. 
 

13. 2 O Cuidado Com Doutrinas Estranhas (Hb. 13. 9) 

​ ão  vos  deixeis  envolver  por  doutrinas  várias  e 


“N
estranhas,​   porquanto  o  que  vale  é  estar  o  coração 
confirmado  c​ om  graça  e  n
​ ão  com  alimentos,​   pois 
nunca  tiveram  proveito  os  que  com  isto  se 
preocuparam.”  
(Hb. 13. 9) 
 
Na  leitura  deste  trecho  da  carta  pode  surgir  a  dúvida  se  o  autor  está  se  posicionando 
contra  a  alimentação  apropriada  recomendada  pelo  Eterno  em  ​Vaykra  (Levítico)  11.  Mas, 
antes  de  realizar  conclusões  precipitadas,  o  leitor  deve  fazer  a  seguinte  pergunta  para  si 
mesmo: 
 
- Como  pode  o  autor  desde  o  início  da  carta  incentivar  os  hebreus  a  confiarem  na 
Palavra  do  Eterno  (a  Torah),  e  no  final  fazer  recomendações  que  contrariam  a 
mesma Palavra que ele mesmo defende desde o início da carta? 
 
A  resposta  a  essa  pergunta  está  no  início  deste  mesmo  versículo  ao  se  referir  ao  cuidado 
com  ​doutrinas  estranhas.​   Portanto,  concluímos  que  naquela  época  havia  algum  tipo  de 
doutrina  alimentar  contrária  a  Palavra  do  Eterno  na  Torah,  em  ​Vaykra  (Levítico)  11,  e  que 
deveria  ser  evitada  pelos  destinatários  da  carta.  Por  conseguinte,  o  autor  não  está 
anulando  ou  rejeitando  a  Instrução  do  Eterno  quanto a alimentação apropriada para o bem 
estar  do  ser  humano,  mas  afastando-os  da  transgressão  da  Torah,  ou  seja  do  pecado  (I 

Portanto, se houverem dúvidas na compreensão de alguns pontos das cartas de ​Sha’ul (Paulo), por
exemplo, deve-se verificar qual texto da Torah ele está tomando por base em suas recomendações. Desta
forma, muitos erros de interpretação podem ser evitados na compreensão dos textos bíblicos. Este é um
dos objetivos do uso da concordância bíblica ou “referências cruzadas” em algumas bíblias. Por isso, é
importante o leitor saber utilizar esta grande ferramenta em suas leituras.

55
João  3.  4)  que  era  apresentado  através  de  uma  doutrina  que  ele  chama  de ​estranha​, pois 
certamente não era baseada na Torah, que é a Palavra do Eterno. 
 

13. 3 Os sacrifícios em ​Vaykra​ (Levítico) apontavam para Yeshua (Hb. 13. 10-12) 

“(10)  Possuímos  um  altar  do  qual  não  têm  direito  de 
comer os que ministram no Tabernáculo. 
(11)  Pois,  aqueles  animais  cujo  sangue  é  trazido  para 
dentro  do  Santo  dos  Santos,  pelo  sumo  sacerdote, 
como  oblação  pelo  pecado,  têm  o  corpo  queimado 
fora do acampamento. 
(12)  Por  isso,  foi  que  também  Jesus,  para  santificar  o 
povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.”  
(Hb. 13. 10-12) 
 
A  forma  como  o  Eterno  ordenou  que  se  fizessem  os  sacrifícios de animais por ocasião dos 
pecados  do  povo  apontavam  para  o  sacrifício  de  Yeshua.  Por  isso,  Ele  foi  morto  ​“fora  da 
porta”,  isto  é,  ​fora  da  cidade  de  Yerushalaim  (Jerusalém),  no  lugar  que  em  hebraico  se 
chama ​Gólgota​ ​(Jo. 19. 17)​; sendo depois disso ressuscitado pelo Eterno ​(Gl. 1. 1)​. 
 

13. 4 A Cidade que Há de Vir (Hb. 13. 14) 

“Na  verdade,  não  temos  aqui  cidade  permanente, 


mas buscamos a que há de vir”  
(Hb. 13. 14) 

A Cidade que há de vir está descrita na carta de ​Apocalipse​, 

​   nova  Jerusalém,​  
“(2)  Vi  também  a  Cidade  Santa,  a
​ escia  do  Céu,​   da  parte  de  Deus,  ataviada 
que  d
como noiva adornada para seu esposo. 

56
(3)  Então,  ouvi  grande  voz  vinda  do  trono,  dizendo: 
Eis  o  Tabernáculo  de  Deus  com  os  homens.  ​Deus 
habitará  com  eles​.  Eles  serão  povos  de  Deus,  e 
Deus mesmo estará com eles.” (​ Ap. 21. 2-3) 
 
Aqui,  o  autor  da  carta  aos  hebreus  está  se  referindo  ao  ​Reino  do  Eterno​,  chamado  em 
Apocalipse  de  ​Nova  Jerusalém,​   que será implantado na Terra. Este é o significado do que 
disse  a  voz  que  vinha  do  trono,  ​“...​Eis  o  Tabernáculo  de  Deus  com  os  homens.  Deus 
habitará  com  eles...​”  (Ap.  21.3)​.  É  importante  lembrar  que  o  cumprimento  desta  visão  se 
refere a uma promessa do Eterno na ​Torah,​   
 
“(11)  Porei  o  meu  Tabernáculo  no  meio  de  vós,  e  a 
minha alma não vos aborrecerá. 
(12)  Andarei  entre  vós  e  serei  o  vosso  Deus,  e  vós 
sereis o meu povo”  
(Lv. 26. 11-12) 
 
Esta mesma promessa está registrada no profeta ​Yechezkel (​ Ezequiel)​, 
 
“(24)  O  meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles 
terão  um  só  pastor,  andarão  nos  meus  juízos, 
guardarão os meus estatutos e os observarão. 
(25)  Habitarão  na  terra que dei a meu servo Jacó, na 
qual  vossos  pais  habitaram;  habitarão  nela,  eles  e 
seus  filhos  e  os  filhos  de  seus  filhos,  ​para  sempre​;  e 
Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. 
(26)  Farei  com  eles  aliança  de  paz;  ​será  aliança 
perpétua.​   Estabelecê-los-ei,  e  os  multiplicarei,  e 
porei o meu santuário no meio deles, para sempre​. 
(27)  O  meu  Tabernáculo  estará  com  eles;  Eu  serei  o 
seu Deus, e eles serão o meu povo. 

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(28)  As  nações  saberão  que  Eu  sou  o  Senhor  que 
santifico  a  Israel,  quando  o  meu  santuário  estiver 
para sempre no meio deles.”  
(Ez. 37. 24-28) 
 
 
 
Yoel​ (Joel)​, 
 
“(20)  Judá,  porém  será  habitada  para  sempre,  e 
Jerusalém, de geração em geração. 
(21)  Eu  expiarei  o  sangue  dos  que  não  foram 
expiados, porque o Senhor habitará em Sião”  
(Joel 3. 20-21) 
 
Zechariah​ (Zacarias)​, 
 
“Assim  diz  o  Senhor:  Voltarei  para  Sião  e  habitarei 
no  meio  de  Jerusalém;  Jerusalém  chamar-se-á  a 
cidade  fiel  ,e  o  monte  do  Senhor  dos  Exércitos, 
Monte santo”  
(Zc. 8. 3) 
e no ​Salmo 132 
 
“(13)  Pois  o  Senhor  escolheu  a  Sião,  preferiu-a  por 
sua morada: 
(14)  Este é para sempre o lugar do meu repouso; aqui 
habitarei, pois o preferi.”  
(Sl. 132. 13-14) 
 

58
14. CONSELHOS À OBEDIÊNCIA (Hb. 13. 17) 

“Obedecei  a  vossos  guias  e  sede  submissos  para 


com  eles;  ​pois  velam  por  vossa  alma,  como  quem 
deve  prestar  contas,​   para  que  façam  isso  com 
alegria  e  não  gemendo;  porque  isto  não  aproveita  a 
vós outros.”  
(Hb. 13. 17) 
 
Neste  trecho  da  carta  o  autor  aconselha  os  destinatários  a  cooperarem  com  seus  mestres 
obedecendo  a  Torah,  que  é  a  Palavra  do  Eterno,  conforme  lhes  tem  sido  ensinado.  Além 
disso,  destaca  que  seus  mestres  velam  ou  tem  zelo  por  cada  um  de seus alunos, sabendo 
que  um  dia  prestará  contas  ao  Eterno pelo que ​aprendeu, praticou e ​ensinou​; daí a grande 
responsabilidade  de  um  mestre  da  Torah.  Neste  sentido,  a  cooperação  dos  alunos  ou 
discípulos  em  seguir  as  instruções  que  lhes  é  ensinada  favorece  ao  trabalho  com  alegria 
por parte de seus mestres.  
 
O  autor  faz  esta  recomendação  com  propriedade,  pois  também  é  um  mestre,  um  ​rabi  ,e 
sabe  as  dificuldades  quando  os  alunos  não  obedecem  ao  ensino que recebem; é como se 
todo  esforço  não  estivesse  valendo  a  pena,  e  por  isso  o  faz  trabalhar  “gemendo”  ou 
angustiado, ainda mais por se tratar da Palavra do Eterno. 

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15. CONSELHOS FINAIS DA CARTA (Hb. 13. 18-25) 

O  autor  estava  convicto  de  que  todas  as  instruções  na  carta  estavam  baseadas  na  Torah, 
conforme  o  ensino  do  Eterno,  da  forma  como  Yeshua  ensinou  a  obedecê-los.  Por  isso 
escreveu, 
“Orai  por  nós,  pois  ​estamos  persuadidos  de  termos 
boa  consciência,​   desejando  em  todas  as  coisas 
viver condignamente.”  
(Hb. 13. 18) 
 
Ao  término  da  carta  o  autor  faz  referência  a  Timóteo  e  aos  da  Itália  (Hb.  13.  23-24), motivo 
pelo  qual  se  supõe  que  Sha’ul  (Saulo),  também  chamado  Paulo (At. 13. 9), teria sido o autor 
da carta. 
 

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16. CONCLUSÃO 

Ao  longo  do  conteúdo  da  carta,  e  fazendo  jus  ao  nome dela, percebe-se que tanto o autor 
quanto  os  destinatários  são  hebreus,  apesar  de  não  ser  destacado  de  quais  das  12  tribos 
de  Israel  os  destinatários  pertencem,  ou  se  são  uma  junção  de  várias  tribos.  Portanto,  o 
teor das instruções na carta baseiam-se na Torah; a Palavra do Eterno. 
 
Percebe-se  também  que  houve  a  necessidade  da  abordagem  de  vários  ensinamentos  da 
Torah,  e  a  consequente  citação  dos  Profetas  e  dos  Salmos,  pois  o  autor  buscou  também 
mostrar  a  harmonia  entre  este  Escritos.  Essa  é  uma  das  tantas  lições  que  aprendemos  na 
carta,  que  não  devemos  ler  e  entender  um  texto bíblico isoladamente dos demais, mas em 
conexão com todos os textos bíblicos; e, para isso, o hábito da leitura bíblica é essencial. 
 
Obviamente  o  leitor  não  é  obrigado  a  concordar  com  todos  os pontos deste comentário, e 
nem  estamos  reivindicando  a  única  forma  correta  de  entender  a  carta.  Porém,  é  com 
humildade que compartilho o que o Eterno nos tem dado a compreender nesta maravilhosa 
carta  que  traz  a  essência  da  Torah,  cujos  ensinos  são  uma  preciosidade  para  a  prática 
diária tanto dos destinatários dela quanto para a geração atual.  
 
“Que o Eterno te abençoe te guarde…”  
(Lv. 6. 24)  

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