Informativo Agroservice
Wagner de Paula Gusmão dos Anjos
Coordenador Agroservice KWS Sementes
Pulgão na cultura do milho
Rhopalosiphum maidis (Fitch 1856)
O panorama climático decorrente nas regiões de cultivo do milho Os adultos de (Rhopalosiphum maidis), apresentam as formas
safrinha com altas temperaturas, clima seco e baixa pluviosidade, propicia aladas e ápteras.
o desenvolvimento e a dispersão do pulgão do milho (Rhopalosiphum
maidis). As condições ambientais favorecem a concentração de aminoáci- FORMAS ALADAS: São diminutas (<1,5 mm), apresentam cabeça, tórax,
dos e açúcares na seiva da planta, potencializando a alta incidência da pernas e antenas escuras, abdômen verde claro e possuem dois pares de
população do inseto, podendo acarretar perdas significativas em todas as asas diáfanas, sendo as anteriores bem maiores que as posteriores; as
regiões produtoras. asas são mantidas verticalmente sobre o corpo, quando em repouso.
(Figura 2).
Os pulgões, também conhecidos por afídeos, fazem parte da
superfamília Aphidoidea. Nesta superfamília, a família Aphididae é a mais FORMAS ÁPTERAS: Medem, aproximadamente, 1,5 mm a 2,0 mm , tem
comum, com aproximadamente 4.000 espécies, distribuídas no mundo coloração verde azulada e apresenta cabeça, pernas e antenas escuras.
inteiro. A ampla distribuição geográfica desse grupo de insetos reflete a Ambas as formas possuem corpo piriforme (Figura 3).
sua habilidade de sobreviver em condições climáticas adversas, sendo
encontrado nas regiões tropicais e subtropicais e em algumas regiões
Foto: Universo Aninal blogspot, 2020
temperadas. O milho é o principal hospedeiro do pulgão (Rhopalosiphum
maidis), entretanto, essa espécie é polífaga e pode se alimentar de
Foto: Wikipedia.org, 2020
espécies como: aveia (Avena sativa L.), centeio (Secale cereale L.), cevada
(Hordeum vulgare L.), trigo (Triticum aestivum), sorgo (Shorgum spp) e cana
de açúcar (Saccharum spp), além de muitas outras gramíneas, incluindo
mais de 30 gêneros (SILVA et al.,1968 ).
Figura 2: Forma Alado. Figura 3: Forma Áptero.
Em regiões tropicais e subtropicais essa espécie se reproduz
exclusivamente por partenogênese telítoca. Fêmeas ápteras e aladas, sem Esse afídeo constitui aparelho bucal do tipo sugador labial
a presença de machos, dão origem somente a fêmeas. Elas são vivíparas, tris-segmentado e as antenas são filiformes. Na parte posterior do
ou seja, as ninfas eclodem ainda no interior do corpo materno e posterior- abdômen há duas estruturas tubuliformes escuras e lateralmente dispos-
mente são depositadas sobre a folha do hospedeiro. Nas regiões tempera- tas, denominadas sifúnculos, e uma terceira estrutura central chamada
das, por sua vez, no término do outono e no início do inverno, as fêmeas codilha ou cauda (Figura 4) (OLIVEIRA; FRIZZAS, 2017).
não mais se multiplicam por partenogênese. Nestas condições, ocorre a
reprodução bissexuada, o que dá origem a machos e fêmeas ovíparas
(Figura 1) (BLACKMAN; EASTOP,2007).
Foto: Paulo Roberto V.S.Pereira
Foto: Adaptado de Ilharfo,1992
Figura 4: Rhopalosiphum maidis: A) fêmea áptera adulta em
vista dorsal; B) antena e divisões; C) porção final do abdômen
Figura 1: Ciclo de vida completo (holocíclico: ciclo completo com geração sexuada e composto por sifúnculos e cauda (codilha).
gerações assexuadas) e incompleto (anolocíclico) - (Adaptado de ILHARCO, 1992).
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Temperatura, umidade do solo, espécie e idade da planta hospe- O Mosaico comum é uma das viroses mais devastadoras da
deira são variáveis que influenciam diretamente na taxa de desenvolvimen- cultura e suas perdas são cada vez mais significativas, ocorre em todas as
to, no tamanho da progênie e na longevidade dos adultos de pulgões. regiões onde se cultiva o milho (BELICUAS et al., 2009). Os sintomas
Trabalhos conduzidos no Brasil (SILVA , 2011) relatam que, em temperatu- aparecem no limbo foliar, manchas verde-claras configurando um aspecto
ras em torno de 24 e 25º C, seu ciclo biológico pode alcançar até 20 dias, de mosaico (Figura 8), normalmente as plantas doentes são baixas e
o período ninfal varia de 4 a 7 dias, apresentando 4 instar, os períodos possuem espigas e grãos pequenos (CASELA et aI., 2006). Na fase
reprodutivos de 15 a 23 dias, e as fêmeas chegam a gerar 2 a 4 ninfas/dia, reprodutiva pode acarretar morte de plantas, perfilhamento de espigas,
originando de 68 a 72 ninfas em seu ciclo biológico, dependendo da dispo- espigas atrofiadas e falhas de granação (Figuras 9). Variam em intensidade
nibilidade de água no solo (MAIA et al., 2006). conforme suscetibilidade ou tolerância do híbrido (GONÇALVES et
Pulgões vivem em colônias (Figura 5), principalmente nos pontos al.,2007).
de crescimento da planta como cartucho, pendão e gemas florais (Figura
6). Esses afídeos, ao se alimentarem, secretam uma substância açucarada
conhecida como “honeydew”, deixando as folhas meladas e pegajosas,
propiciando o desenvolvimento de fungos, principalmente do gênero
Capnodium. Esses fungos formam uma camada escura sobre as folhas
Foto: Jornal Gão em Grão Embrapa, 2013
chamada fumagina (Figura 7), podendo prejudicar a atividade fotossintéti-
ca da planta. No estádio de VT (emissão do pendão), o acúmulo de “honey-
dew” pode aglutinar os grãos de pólen impedindo de dispersar, assim
como a deposição dessa substância sobre os estigmas pode atrapalhar a
entrada dos grãos de pólen, causando falha na polinização e fecundação
das espigas (GRIGOLLI et al., 2013).
Figura 8: Mosaico comum no milho.
Foto: Wagner Gusmão
Fotos: Wagner Gusmão
Figura 5: Colônia de Pulgões (R. maidis).
Figura 9: Encurtamento entre nós, Multiespigamento, Falhas de granação.
O pulgão R.maidis e a cigarrinha D.maidis representam os princi-
pais grupos de insetos vetores de vírus em milho. Sendo o pulgão
transmissor do vírus do mosaico comum (Figura 10) e a cigarrinha do vírus
Foto: Boletim Epagri, 2016
do raiado fino (Figura 11).
Ambas viroses podem ser confundidas a campo devido a
semelhanças expressas na fase vegetativa e, consequentemente, os
danos na fase reprodutiva, por isso, demanda entendimento e monitora-
mento de campo para o diagnóstico e o tratamento assertivo.
Figura 6: Pontos de Infestação (R. maidis).
Foto: Wagner Gusmão
Foto: Wagner Gusmão
Foto: Wagner Gusmão
Figura 7: Fumagina. Figura 10: Vírus do mosaico comum. Figura 11: Vírus do raiado fino.
Pulgão: (Rhopalosiphum.maidis) Cigarrinha: (Dalbulus)
Os pulgões R. maidis são vetores de viroses, como o MOSAICO
COMUM do milho causado por uma estirpe do mosaico da cana-de-açú-
car (Sugarcane mosaic virus – SCMV) (CRUZ et al., 1983; CRUZ et al.,
1997; PEREIRA et al., 2005). Trata-se de uma virose causada por vírus do
grupo potyvirus que ocorre em muitas espécies vegetais da família
Poaceae.
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O monitoramento da população de pulgões em milho safrinha
deve ser iniciado 15 a 20 dias após a semeadura, percorrendo toda a fase
vegetativa até o início da fase reprodutiva (Figura12). Através da avaliação
detalhada no interior do cartucho, de forma aleatória, em 100 plantas para
cada 10 ha , subdivido em 5 pontos nas áreas com 20 plantas por ponto
(Figura13).
Foto: Emater DF, 2011
Figura 16: Tesourinha (Doru luteipes)
Fotos: Wagner Gusmão
Foto: Site Wikiwand.com/es, 2020
Figura 12: Estádios de infestação e monitoramento
Figura 17: Parasitado vespa (L. testaceipes)
Uma das medidas de controle recomendada é a aplicação aérea
de inseticida a partir dos estádios V4 a VT, quando 15 a 20% das plantas
amostradas acusarem a presença de população ativa de pulgões, acima
de 100 indivíduos por planta (AGROSERVICE KWS, 2020 ).
Tabela 1: Classificação nível de infestação por planta.
NOTA NÚMERO DE PULGÕES
Figura 13: Pontos amostragem de campo.
0 Sem pulgões
Durante o monitoramento, é importante observar a diversidade 1 de 1 a 100 pulgões por planta
de inimigos naturais presentes na área. Entre os inimigos naturais (parasi-
2 Mais de 100 pulgões por planta
toide) mais comuns que atacam o pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis)
podemos destacar: Vespinha Lysiphlebus testaceipes (Figura 14), Joaninha
A aplicação no estádio de pendoamento (VT) tem baixa eficácia
(Figura 15), Tesourinha (Figura 16) e Pulgão parasitado pela vespa (Figura
de controle com inseticidas pela dificuldade de atingir o alvo (pulgão),
17).
devido ao fato dele estar alojado dentro do cartucho e protegido pelas
folhas. Além disso, a eficácia de controle de infecção da virose não será
mais efetiva, pela transmissão ocorrer na fase vegetativa. Após a emissão
do pendão, o controle ocorre naturalmente, sendo altamente eficiente
devido à exposição do pulgão ao ambiente, ocorrendo desidratação e
maior ação dos inimigos naturais.
Foto: Site Nuetzlinge.de, 2020
A utilização de inseticidas é uma medida complementar no
manejo de pulgões, contribuindo para a redução dos danos, que podem
variar de 10 a 50%, dependendo da severidade da infestação. O tratamen-
to de sementes é fundamental para a proteção na fase inicial do estabele-
cimento da plântula. A aplicação foliar dependerá do monitoramento, a
Figura 14: Vespa (Lysiphlebus testaceipes) partir de V4-V5. No controle químico, devem ser utilizados produtos
registrados no MAPA (tabela 2). Inseticidas à base de neonicotinóides têm
apresentado ótimos resultados, desde que o período de carência entre as
aplicações seja respeitado.
Foto: Site Flores e Folhagens, 2020
Figura 15: Joaninha
(Coccinella septempunctata)
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Tabela 2: Relação de produtos para o controle de pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis), conforme registro no MAPA.
PRODUTO COMERCIAL INGREDIENTE ATIVO GRUPO QUÍMICO TITULAR DO REGISTRO FORMULAÇÃO FORMA APLICAÇÃO
Acetamiprid Nortox Acetamiprido Neonicotinóide Nortox S.A. SP Aérea
Acetamiprid Nortox 200 SP Acetamiprido Neonicotinóide Nortox S.A. SP Aérea
Battus Acetamiprido Neonicotinóide UPL SP Aérea
Bold Acetamiprido Neonicotinóide/Piretróide Iharabras EW Aérea
Carnadine Acetamiprido Neonicotinóide Nufarm SC Aérea
Comissário Bifentrina/Diafentiurom Neonicotinóide/Feniltiouréia Adama Brasil S.A. SC Aérea
Cropstar Imidacloprido/Tiodicarbe Neonicotinóide/Tiodicarbe Bayer S.A. SC Aérea
Gaucho FS Imidacloprido Neonicotinóide Bayer S.A. FS Trat. Sementes
Inside FS Clotianidina Neonicotinóide Sumitomo Chemical FS Trat. Sementes
Java 200 SP Acetamiprido Neonicotinóide Cropchem Ltda SP Aérea
Much 600 FS Imidacloprido Neonicotinóide Albaugh Agro FS - Trat. Sementes
Orthene 750 BR Acefato Organofosforado UPL SP Aérea
Picus Midacloprido Neonicotinóide FMC FS Trat. Sementes
Poncho Clotianidina Neonicotinóide Basf S.A. FS Trat. Sementes
Racio Acefato Organofosforado Ouro Fino Química S.A. SP Aérea
Rapel Acefato Organofosforado Sinon do Brasil SP Aérea
Siber Imidacloprido Neonicotinóide Bayer S.A. FS Trat. Sementes
Piretróide/Metilcarbamato
Talisman Bifentrina/Carbossulfano FMC EC Aérea
de benzofuranila
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Patos de Minas | MG
SAC (34) 3818.2009
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