Resenha: A produção do bio-óleo a partir de distintas matérias primas no
Brasil
Leonardo Soares da Silva
Curso de Biocombustíveis – 2º Ciclo
Produção Vegetal II
Março de 2019
Piracicaba
Artigo: Produção do bio-óleo a partir de distintas matérias-primas no Brasil.
Autores: Caroline T. Eckert, Elisandro P. Frigo, Angelo G Mari, Paulo J. Ferreira,
Anderson E. Grzesiuck, Kenia G. Santos, Leandro P. Albrecht, Alfredo J. P. Albrecht,
Vanessa A. Egewarth.
Periódico: Revista de Ciencia y Tecnología. Nº26, suplemento 1. p.32-39, 2016.
Disponível em: <http://www.scielo.org.ar/pdf/recyt/n26s1/n26s1a05.pdf>
A produção de bio-óleo (líquido pirolítico, bio-petróleo bruto) no Brasil tem
como técnica promissora o emprego da pirólise para conversão da biomassa
celulósica. De acordo com as características do produto empregado, obtém-se
diferentes produtos finais de acordo com os processos ao que se submete essa
matéria prima. O bio-óleo destaca-se em meio a esses estudos por conta do
aumento da preocupação com o desenvolvimento sustentável, tendo características
favoráveis a conservação do meio ambiente e permitindo a redução do uso de
combustíveis fósseis.
A pirólise define-se como o processamento da matéria-prima em altos níveis
de temperatura e pressão, na carência de hidrogênio para que ela se submeta a
sucessivos processos de craqueamento, decomposição, condensação e
polimerização. Como produtos finais, é possível obter produtos sólidos, cinzas e
vapores, que são rapidamente condensados. A seleção da técnica de pirólise
empregada é importantíssima de acordo com a matéria empregada, pois os
produtos da reação têm frações diferentes em cada processo. Na pirólise rápida,
obtêm-se uma grande fração de combustível líquido. Na pirólise lenta, realizada em
baixas temperaturas e um longo tempo de residência, a fração sólida (carbonização)
é maior. Na pirólise flash (altas temperaturas num baixo intervalo de tempo), obtém-
se grande parcela de bio-óleo e gás combustível.
Mesmo com todos os recursos adequados durante a realização da pirólise,
mesmo depois de se obter os produtos ainda é necessário realizar um
melhoramento do bio-óleo. As características a serem corrigidas derivam da escolha
da matéria-prima que geram um produto com alta quantidade de água, baixo poder
calorífico e alta concentração de compostos oxigenados. Essas características
físico-químicas desfavoráveis são corrigidas a partir de um processo de
hidrodesoxigenação (HDO) que consiste na inserção de hidrogênio a alta pressão,
fazendo assim que o oxigênio seja suprimido na forma de água. Além disso, são
realizados professos de polimerização, desidratação, craqueamento e aromatização,
para garantir uma maior homogeneidade da mistura. Na reforma do bio-óleo,
também é possível obter coprodutos químicos, como o hidrogênio e a parte
hidrofóbica das moléculas.
A matéria-prima empregada distribui-se largamente pelo país. A madeira
derivada das florestas plantadas é de fácil acesso, entretanto, nem sempre com as
características adequadas para a pirólise. Dentre os resíduos agrícolas, – que não
possuem alto poder calorífico, mas ofertam uma quantidade significativamente
grande – destacam-se a palhada de soja, milho e arroz, esta última sendo propícia
por não poder ser empregada na alimentação animal. Também é possível citar a
fibra de coco, palha de cana de açúcar, a serragem da madeira e farelo de sabugo
de milho, obtendo como benefício a economia do transporte dos produtos agrícolas
a partir da geração de combustível dos resíduos gerados. Também é possível
aplicar a pirólise em resíduos sólidos urbanos, entretanto esse processo pode liberar
compostos indesejáveis no ambiente. O estudo e aperfeiçoamento da técnica pode
reduzir muito o acúmulo desses resíduos nas grandes cidades.
Mesmo que o Brasil apresente as características imprescindíveis para a
produção de matéria-prima empregada nos biocombustíveis; agroindústria em
destaque, grandes dimensões de terras cultivadas e cultiváveis, localizadas nas
regiões tropicais e subtropicais – a implantação de usinas de pirólise e logística da
matéria-prima gera altos custos de envio da biomassa para a usina, gerando um
menor lucro líquido obtido com o combustível. Como a umidade influencia na
qualidade do biocombustível, é necessária também uma caracterização do
comportamento térmico das matérias-primas. As técnicas para melhoramento do
combustível também tem seu custo, tornando os investimentos, a primeira vista,
pouco atraentes.
Dessa forma, observa-se que a obtenção de combustível a partir da pirólise é
viável, diante da seleção das matéria-primas mais adequadas para sua produção.
Seu incentivo também tem potencial de promover uma redução significativa do uso
de combustíveis de origem fóssil, além de aproveitar muitos resíduos da
agroindústria. Encontra-se o equilíbrio entre custo e disponibilidade do produto a
partir da identificação de uma melhor localização para implantação de usinas de
pirólise.