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Comunicação Emocional para Educadores

Este documento discute a importância da comunicação efetiva para a educação emocional positiva. Ele explica que a comunicação é fundamental para o desenvolvimento das crianças e adolescentes e que pode servir como um fator de proteção contra problemas futuros. Além disso, destaca aspectos-chave do processo de comunicação como escuta ativa, crenças e assertividade.

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Adriana Alves
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Comunicação Emocional para Educadores

Este documento discute a importância da comunicação efetiva para a educação emocional positiva. Ele explica que a comunicação é fundamental para o desenvolvimento das crianças e adolescentes e que pode servir como um fator de proteção contra problemas futuros. Além disso, destaca aspectos-chave do processo de comunicação como escuta ativa, crenças e assertividade.

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Educação

Emocional
Positiva
R696b Rodrigues, Miriam
Educação emocional positiva: saber lidar com as
emoções é uma importante lição / Miriam Rodrigues.
– ed. rev. amp. – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2015.
158p.

ISBN 978-85-64468-48-1

1. Psicologia positiva – Educação emocional – Crianças


– Adolescentes. I. Título.

CDU 159.922-053.2/.6

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023


5

Comunicação:
como utilizá-la para favorecer a
educação emocional positiva

O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.
(Aristóteles)

COMUNICAÇÃO

A comunicação está presente em todos os setores de nossa vida, e,


em casa ou na escola, não poderia ser diferente. Por isso, aprender a co-
municar-se efetivamente facilita nossos relacionamentos interpessoais.
A comunicação efetiva é clara, sem julgamentos e procura solu-
ções. Ela é fundamental para lidarmos com as crianças e os adolescentes,
pois é por meio do nosso discurso que eles vão criar seus moldes men-
tais, aquilo que eles pensam sobre si e sobre seus comportamentos.

Você já ouviu falar em fatores de proteção?

Trata-se de um conceito muito importante que devemos ter sem-


pre em mente. Fatores de proteção consistem em tudo aquilo que prote-
ge o indivíduo de problemas posteriores, incluindo, por exemplo, acom-
panhamento pré-natal, boa alimentação, exercícios físicos, estrutura fa-
miliar, grupos de pares saudáveis, comunidade, escola, etc.
104 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

A OMS destaca que muitos problemas verificados na adolescência


têm início na primeira década da vida. Esses problemas seriam conse-
quências de comportamentos de risco, como estreitamento da infância,
estresse e uso de álcool e drogas.
Nesse contexto, a escola e os pais são fatores de proteção ao oferecer e
ensinar: processos de tomada de decisão responsável; educação e oportuni-
dades; vivências emocionais positivas; desenvolvimento e apoio; relações de
confiança e carinho. Para isso, uma comunicação efetiva é fundamental.
Melhorar as competências dos adultos (pais e educadores) melho-
ra também o desempenho da criança; esse é um fator de proteção im-
portantíssimo, para cujo cultivo devemos somar esforços.
Quanto à boa comunicação, devemos pensar nela como uma forma
de conectividade com a criança. Essa conectividade também constitui um
importante fator de proteção; além disso, ela facilita a lida dos professores
com os alunos em sala de aula, como constato nos meus cursos, o que inter-
fere significativamente na saúde emocional dos professores, pois suas maio-
res queixas dizem respeito ao relacionamento com os alunos.
Ouço muito dos professores: “É a gente que segura o rojão”,
“Quando estoura a bomba, sobra pra gente”, “Nós é que estamos na li-
nha de frente”, “Temos que estar preparados para a guerra de todos os
dias”. O que mais me chama a atenção é que as metáforas são todas béli-
cas! É muita fonte de estresse.
Conheço uma metáfora muito interessante sobre esse assunto.
Veja o Quadro 5.1.

Quadro 5.1 História do cofre, da marreta e da chave


Era uma vez um cofre muito grande, feito com inúmeras camadas de aço. Era praticamente
impossível abri-lo. Certo dia, a marreta quis desafiá-lo e disse que conseguiria abri-lo com
facilidade, uma vez que ela também era feita de aço e conseguiria ser tão forte como o
cofre.
Assim, começou a pancadaria.
A marreta dava marretadas fortes e estrondosas no cofre.
O cofre dava imensas gargalhadas e mais se garantia no poder de ninguém conseguir
acessá-lo.
A marreta continuava.
continua
Educação Emocional Posi!va 105

Quadro 5.1 Continuação


O cofre continuava rindo.
Até que chegou a chave, bem pequena, e disse que conseguiria abrir o cofre.
A marreta a ridicularizou e acreditou que, em toda a sua insignificância, a chave jamais
conseguiria abrir o cofre.
Foi então que a chave subiu até o cofre e o abriu com imensa facilidade.
A chave disse: “Eu consegui abri-lo porque conheço o segredo de seu coração”.

Vamos aprender a ser chaves?

Aspectos do processo de comunicação

O processo de comunicação é aprendido e, assim, passível de ser


modificado. Vamos pensar nos alunos, no pessoal da escola, nos pais dos
alunos, em nossos amigos e familiares; sem perceber, essas pessoas são as
que influenciam nossas vidas.
Posso garantir, a partir da minha experiência de consultório, que
muitos dos problemas psicossomáticos e fontes de estresse são conse-qu-
ência da inabilidade de comunicar-se assertivamente. Nesse sentido, o
treinamento da assertividade (isto é, a capacidade de defender os pró-
prios direitos sem desrespeitar os direitos dos outros) mostra-se uma fer-
ramenta eficaz contra a depressão, a raiva, o ressentimento, a ansiedade e
a violência nas relações interpessoais.
Se aprendermos juntos a comunicar-nos, passaremos isso adiante e
propagaremos o novo comportamento de comunicar-se efetivamente,
contribuindo para a construção do bem-estar e diminuindo significativa-
mente os colapsos passivos, as explosões de raiva e as vinganças sigilosas.
A seguir, detalharei aspectos importantes que, de forma positiva
ou negativa, influenciam o processo de comunicação.

Escuta ativa
Ouvir é mais importante do que falar, em especial diante de questões
difíceis. A escuta diminui as defesas das pessoas, favorecendo a obtenção de
mais informações e, assim, a avaliação da situação com mais precisão.
106 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

Para praticar a escuta ativa, siga os seguintes passos:


1. Prepare-se para ouvir: esteja disposto internamente a ouvir.
2. Ouça e esclareça: pergunte ao interlocutor se o que você enten-
deu é o que ele realmente quis dizer.
3. Reconheça: o que você puder reconhecer como verdadeiro, re-
conheça.
4. Esteja presente no presente: esteja ali, de corpo e alma, não fique
com a cabeça em outro lugar; caso isso ocorra, você correrá o risco
de perder partes importantes e, assim, a comunicação será falha.

Crenças
O que as crenças fazem?
Controlam nossas vidas. Elas são nosso filtro para percebermos a
realidade. As crenças geram uma predisposição perceptual que nos faz
ver e ouvir o que vem de fora por meio de uma interpretação particular.
Elas são nossas vozes internas, nossas autodeclarações, nossas autoexpli-
cações, os diálogos internos que temos diante das situações.
A percepção de cada indivíduo é baseada em suas crenças, daí a
complexidade das relações interpessoais. Em um processo comunicativo,
há o encontro de, no mínimo, duas crenças pessoais (a sua e a do outro).
Por isso, a importância da boa comunicação.
Como estamos lidando com crianças, é importante que as auxilie-
mos diariamente, dentro do ambiente escolar, a criar crenças mais ade-
quadas por meio da comunicação.
Os passos importantes para evitar que as crenças prejudiquem o
processo comunicativo são:
1. Reconhecer os pensamentos, as ideias e os sentimentos do outro.
2. Repetir o que a pessoa disse em palavras diferentes, para ter cer-
teza do que a pessoa quis dizer; isso pode ser feito por meio de
perguntas.
3. Emitir um parecer – se o outro desejar, utilizando a palavra “su-
gestão” – ou uma outra perspectiva, por exemplo.
Educação Emocional Posi!va 107

Modos de percepção
Existem algumas formas de percepção do mundo externo. As mais
comuns são: visual, auditiva, sinestésica e inespecífica. Veja quais são as
palavras mais utilizadas em cada modo de percepção:
• Visual: “vejo”, “está claro”, “nebuloso”, “bonito”, “feio”, “visual-
mente”, etc.
• Auditiva: “ouço”, “soa bem”, “soa mal”, “são como música”, “ruí-
dos”, etc.
• Sinestésica: “é de arrepiar”, “fiquei gelada”, “sinto um gosto
ruim”, “cheira mal”, etc.
• Inespecífica: “observo”, “percebo”, “atento”, etc.

É incrível como podemos observar essas formas de percepção nas


crianças. Quando vou contar algo para minha filha de 4 anos, se ela não
entende muito bem, ela mexe as mãozinhas como se estivesse apagando
e diz assim: “Apaga, apaga, apaga e começa de novo, mamãe”.

Assertividade
Como já mencionado, assertividade é uma maneira de posicionar-se
de modo que você respeite seus direitos sem desrespeitar os direitos do outro.
Para esclarecer, pensemos no seguinte exemplo: você vai ao cinema
assistir a um filme por cuja estreia esperou ansiosamente. O cinema está
lotado. Você está assistindo ao filme e, de repente, uma pessoa sentada
atrás de você começa a bater na sua cadeira com os pés. Diante dessa si-
tuação, há quatro tipos de comportamento possíveis:
• Passivo: você assiste ao filme, extremamente incomodado, mas
não diz nada, afinal, não quer causar escândalo. Sai do cinema
irritado com o rapaz do cinema e também consigo mesmo, por
não ter sido capaz de falar nada. Começa a sentir dores de cabe-
ça, dores de estômago e, mesmo depois de uma semana, conti-
nua a sentir-se mal ao lembrar-se da experiência do cinema.
• Agressivo: você se vira para o rapaz que está batendo em sua ca-
deira já levantando a voz, xingando-o e esbravejando. Nesse mo-
108 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

mento, as outras pessoas do cinema começam a queixar-se de


seu comportamento, afinal, você está atrapalhando o filme. Mes-
mo você estando certo, perde sua razão e é convidado a retirar-se
da sala de cinema.
• Passivo-agressivo: você fica incomodado com a situação, mas
não fala nada. Ao fim do filme, quando a pessoa está passando
por você, você coloca o pé para ela tropeçar. Internamente, você
sente que deu a ela uma lição, aquilo que ela merecia.
• Assertivo: você se dirige à pessoa e diz: “Não sei se você perce-
beu, mas, quando você bate o pé, balança minha cadeira. Por fa-
vor, gostaria de pedir que você parasse de bater o pé na minha
cadeira”. (Perceba que você não pede para ela parar de bater o
pé, e sim de bater na sua cadeira.) Caso a pessoa insista, você diz
que chamará a segurança, afinal, assim como ela, você também
pagou pelas entradas.

Evitando a manipulação
Um passo importante no treinamento da assertividade é aprender
a evitar a manipulação. Muitas pessoas tentam bloquear sua comunica-
ção assertiva. No Quadro 5.2, descrevo algumas técnicas.

Quadro 5.2 Técnicas para evitar a manipulação


Técnica Descrição Exemplos
Disco quebrado Escolha uma frase simples, clara e • “Sim, entendo, mas...”
concisa para repetir como se fos- • “Mesmo assim...”
se um disco quebrado. Escuta o • “Dentro da minha perspectiva...”
ponto de vista do outro, porém,
calmamente, repita sua frase.
Mudança do Relate o que está percebendo no • “Você percebeu o que está acon-
conteúdo para o momento, descrevendo o que está tecendo agora? Estamos desviando
processo acontecendo com o processo de do nosso assunto.”
comunicação. • “Quando você levanta a voz, perde-
mos o nosso foco.”
• “Começamos a falar de questões
passadas e estamos nos desviando...”
continua
Educação Emocional Posi!va 109

Quadro 5.2 Continuação


Técnica Descrição Exemplos
Acalmando Respire profundamente e ignore • “Só se pode pensar depois de se
a raiva ou o pouco caso da outra acalmar!”
pessoa. Adie a conversa para outro • “A raiva não é boa conselheira.”
momento. • “Vamos conversar quando estiver-
mos mais calmos.”
Adiamento Diante de questões desafiadoras, • “Preciso pensar melhor a respeito.”
assertivo adie a resposta caso você não es- • “Sinto-me mais confortável em dar
teja seguro sobre sua postura. uma resposta depois, após ter pensado
bastante.”
Acordo assertivo Reconheça, na fala do outro, aquilo • “Concordo que nesse caso não fiz
com o que você pode con cordar e um bom trabalho...”
inicie sua fala a partir disso. Em • “Obrigada por me dizer que não fui
seguida, faça sua colocação. clara em minhas ideias...”
Pergunta Faça perguntas diretas para des- • “O que realmente o incomodou? Foi
assertiva: foco cobrir o que realmente está in- o modo como falei?”
comodando a outra pessoa. • “O que o faz pensar que eu não me
importo com você?”
Fonte: Baseado em Davis, Eshelman e McKay (1996, p. 150).

Em quais situações devo utilizar as técnicas


para evitar a manipulação?

No Quadro 5.3, veremos qual(is) é(são) a(s) técnica(s) mais apro-


priada(s) para diferentes situações.

Quadro 5.3 Técnicas para evitar a manipulação em diversas situações


Situação Técnica(s) Exemplo(s) e formas de utilização
Indiferença • Mudança do conteúdo • “Quando você faz piada com o que digo,
para o processo perdemos o foco.”
• Disco quebrado • “Você pode prestar atenção ao que digo?”
Acusação • Disco quebrado • Mostre as evidências que provam que você
não estava errado.
Agressão • Acalmando • “É mais prudente que conversemos depois,
assim, não vamos nos ferir.”
“Porquês” • Mudança do conteúdo • “Quando você me pergunta demais os por-
para o processo quês, estamos desviando do nosso foco, as-
sim, não encontraremos a solução que nós
dois queremos encontrar.”
continua
110 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

Quadro 5.3 Continuação


Situação Técnica(s) Exemplo(s) e formas de utilização
Autopiedade • Acordo assertivo • Quando você quer entrar em algum assunto
e a pessoa começa se fazer de coitadinha e,
muitas vezes, se derrama em lágrimas,
concorde com o que você puder concordar e
mantenha-se no foco.
Respostas • Mudança do conteúdo • “Estou querendo conversar sobre tal assunto
evasivas para o processo e, quando lhe fiz as perguntas, você me
respondeu de um modo que não ficou claro
para mim. Percebe o que está acontecendo
agora? Eu lhe perguntei isso e você me
respondeu outra coisa. Podemos voltar a
falar sobre isso.”
Ameaças • Acalmando • Você deve utilizar as técnicas nesta ordem:
• Pergunta assertiva primeiramente, a “Acalmando”; depois, a
• Mudança do conteúdo “Pergunta assertiva”, para constatar se o
para o processo que você está entendendo é realmente uma
ameaça; em seguida, a “Mudança do con-
teúdo para o processo”.
Fonte: Baseado em Davis, Eshelman e McKay (1996, p. 150).

Estilos de comunicação
A pesquisa de Shelly Gable, da Universidade da Califórnia, indica
que o modo como se comemoram os bons eventos é mais preditivo de
relações fortes do que o modo como se discute com o parceiro. A manei-
ra como a pessoa responde quando alguém lhe conta algo de bom que
tenha acontecido influencia diretamente a construção ou a destruição de
seus relacionamentos em geral.
Existe a comunicação verbal, aquilo que é falado, e a não verbal,
aquilo que é demonstrado por posturas corporais. A partir desses dois ti-
pos de comunicação, podemos fazer algumas combinações, das quais de-
rivam quatro estilos de comunicação:
• Ativo e construtivo.
• Passivo e construtivo.
• Passivo e destrutivo.
• Ativo e destrutivo.
Educação Emocional Posi!va 111

Com o exemplo a seguir, ficará superclara a diferença entre os esti-


los, e eu gostaria que você refletisse sobre como reage quando seu filho
ou aluno lhe conta uma novidade boa.
Qual o seu estilo de comunicação?
Você está construindo ou destruindo?
A criança conta que ganhou R$ 50,00 na rifa da escola. Veja, no
Quadro 5.4, as possibilidades de comportamento verbal e não verbal
diante dessa situação.

Quadro 5.4 Exemplos de comportamento verbal e não verbal dos quatro es-
tilos de comunicação
Estilo Comportamento verbal Comportamento não verbal
Ativo e construtivo “Nossa, que sorte! O que você Mantém contato visual, mostra
vai comprar com o dinheiro? É emoções.
maravilhoso ganhar rifa, né?”
Passivo e construtivo “Que bom!” Demonstra pouca ou nenhuma
expressão emocional.
Ativo e destrutivo “Aposto que vai gastar com Mostra emoções negativas.
bobeira!”
Passivo e destrutivo “Tenho muito trabalho agora.” Faz pouco contato visual, dá as
costas.

A comunicação mais destrutiva em qualquer relação, seja ela de


pai/filho, mãe/filho, professor/aluno ou marido/mulher, é a passiva e
destrutiva, pois desperta no outro o desamparo aprendido. Não há nada
pior do que se sentir invisível diante de pessoas de quem gostamos.
Quando isso é recorrente, o outro deixa de tentar se comunicar. Assim,
o abismo está instalado.
112 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

Atividades para treinar uma boa comunicação

Comunicação ativa e construtiva


Siga os seguintes passos:
1. Ao acordar pela manhã, durante dois minutos, imagine quem
serão as pessoas que você encontrará durante o dia e que coisas
elas poderão falar sobre si.
2. Ouça atentamente.
3. Planeje fazer pelo menos duas perguntas sobre o assunto que a
pessoa lhe contar (se não souber fazer as perguntas, peça os de-
talhes daquilo que ela lhe contou).
4. Ensaie mentalmente sua resposta ativa e construtiva (lembre-se
da postura, mantenha contato visual, demonstre as emoções
circunstanciais).
5. Coloque a resposta em prática.
6. Escreva:
– o acontecimento que o outro lhe contou;
– sua resposta (literal), incluindo comportamentos não verbais;
– a resposta do outro, incluindo os detalhes:

Para cultivar os relacionamentos com as pessoas que são impor-


tantes, pare o que estiver fazendo e mantenha a resposta ativa e constru-
tiva. Parece um ditado bobo, mas é a pura verdade: toda relação precisa
ser cuidada! São nesses pequenos detalhes que o cuidado se instala. Lem-
bre-se: ninguém tropeça em montanha!

Receita para uma comunicação eficaz


para resolução de conflito
A seguir, transcrevo uma tentativa de receita simples:
1. Iniciar pelo nome. Assim, você foca a atenção do outro, e não
há nada mais íntimo do que nosso próprio nome.
2. Pontuar um aspecto positivo da pessoa. Dessa forma, você
manda uma mensagem ao outro de que você não quer dis-
cutir, e sim resolver a situação.
Educação Emocional Posi!va 113

3. Especificar a mensagem. É preciso ter foco; descreva o aconte-


cimento, e não julgamentos pejorativos acerca da personalidade
do outro.
4. Iniciar sempre com “eu” e utilizar palavras do modo de per-
cepção da pessoa. Para isso, é importante identificar se ela é
visual, auditiva, sinestésica ou inespecífica.
5. Abrir para a negociação/um acordo viável. Pode ser dito:
“Como podemos resolver esta questão?” ou “Aceito uma parte
daquilo que você está me pedindo; em contrapartida, você
aceita uma parte do que estou lhe pedindo”.

Quadro 5.5 Relato de caso


Eu tive uma paciente que sofria muito com suas somatizações. Ela tinha medo de
seu marido e interpretava qualquer iniciativa de posicionamento de suas próprias
opiniões como uma atitude de enfrentamento em relação a ele. Isso lhe gerava medo
e ela desistia.
Certa vez, seu marido, muito raivoso, foi para cima de sua filha do meio e ameaçou
colocá-la em um colégio interno por não aguentá-la mais. Diante disso, o discurso de
minha paciente foi o seguinte (eu sei direitinho porque ela me mandou um e-mail
descrevendo tudo e me perguntando se estava sendo assertiva):
(Nome do marido), sei que você está preocupado com ela, como eu também estou.
Agora, acalme-se. Se você, que é o adulto e pai, está com esse comportamento
inadequado, gritando, ameaçando, por que esperar que uma adolescente tenha uma
atitude correta? Agora, que estamos todos mais calmos, pensaremos em como agir.

Diante do diálogo, lembre-se sempre de:


• praticar a escuta ativa;
• ter uma postura ativa e construtiva (manter contato visual dire-
to; falar com clareza; manter um tom de voz adequado, sem le-
vantá-lo; não ficar choramingando; caso se deseje enfatizar algu-
ma coisa, não gritar, apenas utilizar gestos e expressões faciais);
• evitar a manipulação.
114 Comunicação: como u!lizá-la para favorecer a educação emocional posi!va

MENSAGENS PROFUNDAS

Diante de questões muito sérias, delicadas e difíceis, o melhor re-


curso é utilizar metáforas, anedotas, contos, mitos, fábulas. Essa é uma
maneira de estimularmos a comunicação com os dois hemisférios cere-
brais. Enquanto o hemisfério direito está montando as imagens da his-
tória contada, o hemisfério esquerdo está bem atento à mensagem da
história.
Sem contar que é uma forma respeitosa de trabalharmos assuntos
delicados com o outro.
Uma boa comunicação no presente, o futuro agradece!
Sumário

Introdução.................................................................................................................... 13

1 Educação emocional positiva: a importância de seu ensino


na atualidade........................................................................................................ 19
Alguns dados preocupantes .............................................................................. 19
O que é educação emocional positiva? ......................................................... 21

2 Neuroplasticidade: como ela beneficia o cérebro .................................. 25


A experiência modifica o cérebro ................................................................... 25
Funções executivas: brincar faz bem para a vida ...................................... 29

3 Esquemas mentais: conhecendo para prevenir ....................................... 33


Esquemas mentais ................................................................................................ 33
Crenças e distorções cognitivas ....................................................................... 41

4 Psicologia positiva: compreendendo o bem-estar ................................. 57


Psicologia positiva ............................................................................................... 57
Felicidade ................................................................................................................ 59
Controle da fisiologia das emoções................................................................ 61
Otimismo................................................................................................................. 65
Forças pessoais ...................................................................................................... 72
Desenvolvimento da forças pessoais na infância....................................... 79
Forças pessoais e felicidade .............................................................................. 80
Atividades para reconhecer e fortalecer as forças pessoais ................... 81
A prática do elogio .............................................................................................. 84
Atividades para estimular o elogio e a criação de emoções positivas .... 89
xii Sumário

O poder da gratidão e da compaixão ............................................................ 92


Atividades para estimular a gratidão e a compaixão ............................... 93
O poder do perdão ............................................................................................... 95
Positividade ............................................................................................................ 97
Resiliência ............................................................................................................... 100

5 Comunicação: como utilizá-la para favorecer


a educação emocional positiva...................................................................... 103
Comunicação ......................................................................................................... 103

6 Emoções: como promover seu reconhecimento


e sua expressão na educação emocional positiva .................................. 115
Educação emocional ........................................................................................... 115
Emoções básicas ................................................................................................... 118
Ensinando empatia .............................................................................................. 120
Ensinando autocontrole ..................................................................................... 122
Lidando com a raiva ............................................................................................ 128
Lidando com o medo........................................................................................... 130
Lidando com a tristeza ....................................................................................... 133

7 Arte-educação: como usar a arte na promoção


da educação emocional positiva ................................................................... 139
Arte-educação....................................................................................................... 139

Conclusão ..................................................................................................................... 147

Referências .................................................................................................................. 153

Os materiais disponíveis em
www.sinopsyseditora.com.br/empform
estão indicados nos rodapés.
Autora

Psicóloga pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista


em Psicologia Clínica e em Medicina Comportamental pela Universida-
de Federal de São Paulo. Possui experiência consistente em atendimento
clínico há mais de 13 anos. Afiliada à International Positive Psychology
Association (IPPA). Professora no Curso Aprendizagem Emocional do
Instituto Sedes Sapientae. Percorre diversas cidades do país ministrando
cursos de Educação Emocional Positiva e habilidades socioemocionais
para o bem-estar em escolas públicas e particulares.
Também é autora dos livros As descobertas de Vavá e Popó: contribui-
ções da psicologia positiva para crianças de 4 a 97 anos e Baralho das forças
pessoais: a psicologia positiva aplicada às crianças

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