EXAME
MÓDULO 8
RESUMOS 12º ANO HISTÓRIA
Uma nova ordem internacional:
Surgiu a emergência de uma nova ordem internacional, após o fim da Segunda
Guerra Mundial.
Alterações geopolíticas na Europa e no Mundo
– Ocupação da Alemanha e da Áustria pelas potências aliadas vencedoras da
Guerra;
– fim do isolacionismo soviético – a URSS afirma-se como grande potência
internacional;
– Expansão soviética na Europa de Leste – divisão da Europa por uma “cortina de
ferro”;
– Emergência de um mundo bipolar, centrado no antagonismo entre as duas
superpotências e seus aliados.
Papel das Nações Unidas como centro da política internacional
As Nações Unidas eram o centro da política e da cooperação mundiais, a
manutenção da paz era objetivo primordial da ONU. As cinco grandes potências com
assento no Conselho de Segurança tinham grande destaque nas decisões relativas à
segurança mundial.
Todavia foram necessárias várias atuações relativas aos conflitos pelo clima de
antagonismo entre os dois blocos político-militares. As ações de cooperação
económica e social entre os Estados-membros tinham um importante papel
juntamente com o apoio ao processo descolonizador.
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A evolução económica e social das democracias ocidentais:
De 1945 até 1973 caracterizou-se as três décadas de intenso desenvolvimento
económico conhecidos como “Trinta Gloriosos”.
Influência da Social Democracia e da Democracia Cristã
As duas correntes políticas, que se tornaram preponderantes nos governos
europeus do pós- -guerra, tomaram medidas visando:
– a criação de condições de trabalho justas OU a proteção dos direitos dos
trabalhadores ;
– a justiça social OU a redistribuição da riqueza OU o reforço da proteção social –
Estado-Providência;
– a intervenção do Estado na economia OU a regulação da economia pelo Estado.
Crescimento económico dos “Trinta Gloriosos”
– ritmo de crescimento contínuo e intenso, entre 1947-1973, aproximadamente;
– alteração da estrutura da população ativa – diminuição do setor primário e
aumento do setor terciário decorrente da modernização agrícola e da expansão dos
serviços;
– maior qualificação da mão de obra (progressos do ensino) e aumento da
população ativa (maior participação da mulher no mercado de trabalho e crescimento
da população);
– aumento do número e dimensão das multinacionais – globalização económica; –
aceleração tecnológica, propiciadora de maior produtividade e novos produtos
industriais;
– preponderância do petróleo como recurso energético.
– sociedade de consumo OU abundância material decorrente do crescimento
económico dos “Trinta Gloriosos”;
– consumo excessivo de bens OU sociedade do desperdício;
– incremento do consumo através da publicidade e das vendas a crédito.
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Da formação dos blocos à consolidação de um mundo bipolar:
Os EUA e a URSS passaram de aliados a rivais, formando cada um o seu bloco
com ideologias antagónicas: o ocidente capitalista e o leste socialista.
Focos de tensão entre os dois blocos
A questão alemã/Bloqueio de Berlim (1947-1949) foi um desentendimento na gestão
conjunta do território alemão, dando origem ao primeiro confronto entre os dois
blocos. Originou o Bloqueio soviético de todas as ligações terrestres entre as três zonas
da Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental, criando-se uma ponte aérea de
abastecimento entre as duas regiões, em 1948-1949.
Deu-se também a guerra da Coreia (1950-1953) – divisão da Coreia em dois estados,
após a 2ª Guerra Mundial: a norte, a República Popular da Coreia, comunista, sob
influência soviética; a sul, a República Democrática da Coreia, sob a égide dos EUA. A
invasão da Coreia do Sul pela Coreia do Norte, com vista à unificação do país sob a
bandeira comunista, desencadeia uma guerra violenta. O conflito resolve-se com a
reposição da anterior separação da Coreia em dois estados rivais: o norte comunista e
o sul capitalista.
Acrescentou-se a crise dos mísseis de Cuba (1962) – hostilizado pelos americanos, que
não aceitavam as reformas socializantes do novo chefe do governo cubano, Fidel
Castro aceitou o apoio da URSS e Cuba tornou-se no aliado soviético da América
Latina; em 1962, foram instalados na ilha mísseis russos capazes de atingir o território
norte-americano; a iminência de uma guerra nuclear levou a cedências de cada um
dos blocos, pelo que a URSS retirou os mísseis e os EUA comprometeram-se a não
derrubar o regime cubano.
E, por fim, a corrida ao armamento OU “equilíbrio instável do terror” – embora as
duas grandes potências evitem o choque direto, proliferam as armas convencionais e
nucleares, tentando cada bloco, pelo poder de destruição criado, dissuadir o seu
opositor de qualquer ataque .
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NOTAS: Emergência e consolidação de uma nova ordem política
internacional (1945-1955):
Fatores de agravamento progressivo das relações EUA-URSS
→ Hegemonia soviética, de 1946 e 1948, sobre todos os países europeus
libertados do nazismo pelo Exército Vermelho OU progressiva sovietização dos
países da Europa de Leste ocupados pelo Exército Vermelho, no segundo pós-
guerra OU formação das democracias populares do leste da Europa, com a
subida ao poder dos partidos comunistas apoiados pela URSS, no segundo pós-
guerra;
→ Isolamento da Europa de Leste, sob influência soviética, do mundo ocidental
estabelecimento da “cortina de ferro”;
→ Questão alemã/Bloqueio de Berlim (junho de 1948 a maio de 1949):
desentendimento na gestão conjunta do território alemão, dando origem ao
primeiro confronto entre os dois blocos;
→ Bloqueio soviético de todas as ligações terrestres entre as três zonas da
Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental; estabelecimento, pelos Estados
Unidos, de uma ponte aérea de abastecimento entre as duas regiões;
→ Criação da República Federal Alemã (RFA), constituída pelos territórios
alemães sob administração das potências ocidentais, em violação dos acordos
estabelecidos nas conferências de paz;
→ Resposta da URSS, com a criação da República Democrática Alemã (RDA);
→ Apoio da URSS aos movimentos comunistas dos países asiáticos,
nomeadamente na China, na Coreia e na Indochina;
→ Guerra da Coreia (1950-1953)─ a invasão da Coreia do Sul (sob a hegemonia
soviética) pela Coreia do Norte (sob a influência norte-americana), com vista à
unificação do país sob a bandeira comunista, desencadeia uma guerra violenta.
O conflito resolve-se com a reposição da anterior separação da Coreia em dois
estados rivais: o norte comunista e o sul capitalista.
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Emergência de um mundo bipolar
oposição frontal ao sistema comunista e defesa do modelo liberal e
capitalista, pelos dos EUA e pelos seus aliados. Obrigação, assumida pelos
Estados Unidos, de conter o avanço do comunismo – Doutrina Truman;
defesa da superioridade do regime comunista face ao capitalismo e assunção
da liderança soviética no combate ao capitalismo – Doutrina Djanov;
criação de alianças económicas, políticas e militares entre os EUA e outros
países capitalistas, com objetivos de defesa e de contenção da ideologia
comunista com destaque para o Plano Marshall e para a OTAN;
ampliação de zonas de influência da URSS, em resposta às alianças dos EUA.
Criação de alianças com objetivos de defesa, de entreajuda económica, de
difusão da ideologia comunista e de combate ao sistema capitalista tais como:
COMINFORM, COMECON, Plano Molotov, Pacto de Varsóvia.
Linhas definidoras da política internacional
bipolarismo OU constituição de dois blocos ideologicamente antagónicos, que
disputam entre si áreas de influencia a nível mundial (Doc. 4);
clima de hostilidade, tensão e desconfiança - clima de Guerra Fria (Docs. 3 e 4);
corrida ao armamento OU escalada armamentista OU “equilíbrio instável pelo
terror”- embora as duas grandes potências evitem o choque direto, proliferam
as armas convencionais e nucleares, tentando cada bloco, pelo poder de
destruição criado, dissuadir o seu opositor de qualquer ataque;
corrida espacial OU política de conquista do espaço, em que os dois blocos
rivais medem esforços, procuram superar-se e estimular o orgulho nacional;
política de alinhamento (Doc. 4) OU adesão a um dos blocos político-militares
constituídos: ou o bloco capitalista, liderado pelos EUA, ou o bloco comunista,
liderado pela URSS, destacando-se a supremacia do bloco norte-americano,
pelo qual alinharam mais de metade dos países do mundo.
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NOTAS GERAIS:
A Guerra Fria é descrita pelo clima de tensão e antagonismo entre os dois
blocos, ocidental e de leste.
Ideias e temores difundidos pelos dois blocos
– noção de superioridade dos blocos;
– Ameaça de um ataque nuclear;
– intensões expansionistas para o aumento das áreas de influência.
Clima de tensão militar
– escalada armamentista entre as duas superpotências, com relevância para o
armamento nuclear OU dissuasão de um possível ataque através do equilíbrio de
armamento, sobretudo do armamento nuclear – “equilíbrio do terror”;
– intensificação do desenvolvimento tecnológico, considerado decisivo para a
superiorização do equipamento militar.
Afirmação e dificuldades do Terceiro Mundo:
A formação de um Terceiro Mundo foi resultado da descolonização.
Segunda vaga descolonizadora
Atingiu sobretudo os países da África Subsariana e teve a sua fase mais intensa
na década de 60 do século XX. Resultou, em grande parte, das reivindicações dos
movimentos nacionalistas que se formaram nos países colonizados, assumiu a dupla
vertente de uma luta pela independência política e de uma luta contra a pobreza.
Foi apoiada por organizações internacionais, como a ONU (realce para a
Declaração 1514).
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Neocolonialismo
Consistiu numa nova forma de dependência que afeta muitas das antigas
colónia. Atinge os países mais pobres, politicamente independentes mas sem recursos
para prescindir da ajuda, capitais e mercadorias dos países desenvolvidos e foi
potenciada pela degradação dos termos de troca dos países subdesenvolvidos, cujas
mercadorias perderam valor face aos produtos manufaturados que importam.
Concretiza-se pela permanência das grandes companhias das antigas
metrópoles no território, que continuam a explorar nos mesmos moldes dos tempos
coloniais (contratos privilegiados, aplicação dos lucros no estrangeiro).
Não Alinhamento
Encontra-se diretamente relacionado com a segunda vaga descolonizadora, já
que agrupa, sobretudo, países do Terceiro Mundo OU atraiu sobretudo países da Ásia,
África e América Latina, unidos por um passado colonial recente e/ou pelo
subdesenvolvimento – esboça-se na Conferência de Bandung (1955), tendo-se
afirmado claramente na Conferência de Belgrado, em 1961. Proclama a vontade dos
países aderentes de fazerem ouvir, com independência, a sua voz nos assuntos
políticos mundiais, numa clara contraposição ao bipolarismo mundial OU tornou-se o
símbolo da independência e liberdade dos países mais pobres face às grandes
potências.
Empenhou-se ativamente no processo descolonizador, ao qual conferiu
impulso e sofreu as pressões das superpotências, desejosas de captar as nações não
alinhadas para o seu bloco OU teve grande dificuldades em permanecer neutro face à
bipolarização mundial.
A questão colonial, nas décadas de 50 e 60:
A “mística do Império” foi uma das componentes fortes do regime salazarista,
até à Segunda Guerra Mundial.
Contexto internacional
A vaga descolonizadora pós-Segunda Guerra Mundial que, nos anos 60, conduz à
independência da maioria das nações africanas cujas Nações Unidas tiveram um papel
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relevante no apoio ao processo de autodeterminação dos povos colonizados com a
aprovação, em 1960, da Resolução 1514.
Portugal aderiu à ONU em 1955 com explícito comprometimento de respeitar o
estipulado na Carta e obedecer à organização.
As superpotências tinham interesse na questão colonial portuguesa, numa lógica
de Guerra Fria. O Governo português alterou, em 1951, o estatuto jurídico das
colónias, que passam a integrar o Estado Português como se de um só país se tratasse:
revoga-se o Ato Colonial e integram-se os territórios coloniais na Constituição, com a
designação de “províncias ultramarinas” enfatizando a singularidade da colonização
portuguesa e a unidade da nação, plurirracial e pluricontinental.
Ocorreram também, resposta de força aos primeiros sinais de violência
independentista (Angola, 1961). Dá-se em 1961 o início de uma guerra colonial em três
longínquas frentes de batalha: Angola, Guiné e Moçambique (terminou em 1974).
Progressivo isolamento internacional
– pressão dos organismos internacionais, com destaque para a ONU e o Movimento
dos Não Alinhados (“afro-asiáticos”) para a descolonização dos territórios africanos;
– recusa do nosso Governo em acatar o estipulado na Carta das Nações Unidas sobre
os territórios não autónomos, sob a alegação de não se aplicarem a Portugal;
– recusa internacional em reconhecer, como válida, a argumentação portuguesa;
– hostilidade da administração americana, sobretudo na era Kennedy, à política
colonial portuguesa (Doc. 4): propostas americanas de contrapartidas a Portugal pela
perda dos territórios africanos e financiamento de movimentos de libertação.
Tensões políticas e opções económicas no período pré-constitucional
(abril de 1974 – julho de 1976):
Clima de agitação popular que se seguiu ao 25 de Abril e ao progressivo
amontoar de tensões políticas entre as forças partidárias.
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Principais forças políticas em confronto
– fação mais conservadora do MFA, encabeçada pelo general Spínola, presidente da
República até setembro de 1974- defendia a via democrática liberal e, de início, a
manutenção das colónias no quadro de uma federação;
– ala mais esquerdista e revolucionária do MFA que assumiu, decididamente, a
condução do país rumo ao socialismo; tem como figuras de proa Otelo Saraiva de
Carvalho e o primeiro-ministro Vasco Gonçalves entre outros;
– linha moderada dentro do MFA e do próprio Conselho da Revolução que, no “Verão
Quente” de 1975, se pronuncia abertamente pelo regresso aos propósitos iniciais da
Revolução de abril – Documento dos Nove;
– diferentes partidos políticos, sendo de realçar: o Partido Socialista e a sua oposição
frontal ao Partido Comunista; o Partido Comunista, que confronta tanto os partidos à
sua direita (PS, PSD), como os partidos de extrema-esquerda; as forças de centro-
direita, como o PPD (PSD) e o CDS.
Momentos de maior tensão política
– “O 28 de setembro” OU “manifestação da maioria silenciosa”: tentando conter o
impulso revolucionário das forças políticas de esquerda, o presidente general Spínola
apela a que a “maioria silenciosa” do país se manifeste. Convocada para o dia 28 de
setembro de 1974, esta manifestação de apoio a Spínola é vista como uma
contragolpe da reação e sabotada pelas forças de esquerda. Na sequência deste
episódio, Spínola demite-se da Presidência da República;
– o golpe militar de 11 de Março de 1975: numa derradeira tentativa de vencer a
fação esquerdista do MFA, no poder desde o 28 de Setembro, Spínola encabeça um
golpe militar que, mal orientado, falha rotundamente. Enquanto o general e os seus
apoiantes tomam o caminho do exílio, institucionaliza-se um Conselho da Revolução
que se tornará o principal órgão governativo e que assume a direção do Processo
Revolucionário em Curso (PREC);
– o chamado “Verão Quente” de 1975, em que o confronto entre as forças político-
partidárias atinge o pico, com grandes manifestações de rua, grandes comícios,
discurso inflamados, assaltos a sedes partidárias e outras instituições;
– o golpe militar de 25 de Novembro, levado a cabo pelos paraquedistas de Tancos, em
defesa da linha esquerdista do MFA. De contornos ainda pouco claros quanto aos
agentes envolvidos no seu planeamento e execução, colocou o país à beira de uma
guerra civil. Terminou com a neutralização das forças golpistas.
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Opções económicas
– destruição dos grandes grupos económicos considerados monopolistas;
– nacionalização dos setores-chave da economia nacional (banca, seguros, petrolíferas,
transportadoras…);
– ocupação dos latifúndios do Sul do país e início de uma reforma agrária conducente à
coletivização das terras;
– proteção dos trabalhadores e da população economicamente mais favorecida,
através da promulgação de novas leis laborais, como a que estabelece o salário
mínimo nacional e do reforço da proteção social.
RESUMINDO: Portugal- colonização à independência dos
territórios africanos:
– segunda vaga descolonizadora, nas décadas de 50 e 60, que afeta, sobretudo, os
países africanos;
– apoio das superpotências à descolonização e consequentes pressões sobre o
Governo português por parte dos seus aliados ocidentais;
– criação da ONU sob o signo da igualdade entre as nações e incorporação, no seu
texto fundador, do direito à autodeterminação de todos os povos do Mundo;
– aumento progressivo do peso do Terceiro Mundo nas Nações Unidas e aprovação de
documentos fundamentais, como a Resolução 1514;
– condenação persistente da política colonial portuguesa e progressivo isolamento
internacional do nosso país.
Política colonial portuguesa
– substituição da “mística do Império” pela “singularidade da colonização portuguesa”,
inspirado no luso-tropicalismo, do sociólogo brasileiro Gilberto Freire;
– revogação do Ato Colonial (1951) e integração das colónias na Constituição
Portuguesa com o estatuto de “províncias ultramarinas”; desenvolvimento da ideia de
um Portugal pluricontinental e plurirracial, em que os territórios ultramarinos eram
considerados “a continuação … da própria Pátria portuguesa”;
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– recusa persistente em descolonizar, apesar da forte pressão internacional, a pretexto
da unidade pátria entre a metrópole e o ultramar;
– abertura de três frentes de guerra (Angola, Guiné e Moçambique), entre 1961 e
1964;
– opção pela continuidade de uma política integracionista das colónias, em detrimento
da corrente que advogava a progressiva autonomia dos territórios ultramarinos.
Processo de descolonização
A descolonização era um dos objetivos do golpe militar de 25 de abril de 1974,
promoveu:
– o reconhecimento do direito dos territórios ultramarinos à autodeterminação
logo em julho de 1974;
– a forte pressão partidária e popular para o fim da Guerra Colonial;
– início das negociações com os movimentos de libertação de Angola, Guiné e
Moçambique e assinatura de acordos que, com exceção da Guiné, previam um período
de transição para transferência de poderes;
Portugal encontrava-se numa posição frágil para fazer respeitar os acordos e
para acautelar a situação dos residentes portugueses no Ultramar, dada a instabilidade
política interna e o desgaste provocado por uma situação de guerra prolongada.
Dificuldades do Estado Novo após a 2ª Guerra Mundial:
Após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial os regimes autoritários
inundaram-se num clima internacional desfavorável, e à promessa de eleições livres
por parte de Salazar.
Oposição ao regime
- criação do MUD, organização que congrega a oposição ao regime, com o fim de
disputar as prometidas “eleições livres”. A oposição democrática na altura dos atos
eleitorais tinha para a presidência da República os generais Norton de Matos (1949) e
Humberto Delgado (1958);
- Entusiasmo popular gerado pela candidatura de Humberto Delgado;
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- impacto da fraude eleitoral de 1958: descrédito interno do regime após as eleições e
da alteração do procedimento eleitoral para a presidência da República (de sufrágio
direto para um colégio eleitoral restrito);
- repressão da PIDE sobre os membros da oposição, chegando mesmo ao assassinato
político, como o do general Humberto Delgado;
- Exílio de opositores (caso de Mário Soares);
- ação desafiadora e clandestina no país do Partido Comunista Português.
Impacto da Guerra Colonial
- prolongamento de uma guerra colonial sem fim à vista, com um consumo extremo de
recursos e de homens;
- repetidas condenações na ONU por não cumprimento das disposições da Carta e da
Resolução 1514, entre outras;
- inquietação crescente das Forças Armadas e impacto do livro de Spínola “Portugal e o
Futuro” onde se reconhecia a inviabilidade de uma solução militar para o conflito
colonial.
Objetivos da Revolução de Abril
- liberalização partidária, abolição da censura e de outras limitações às “liberdades”
democráticas OU instituição de um regime democrático, pluripartidário;
desmantelamento das estruturas do Estado Novo (ANP, DGS, Mocidade Portuguesa,
Legião Portuguesa…);
- reconhecimento do direito à autodeterminação dos povos africanos sob
administração portuguesa;
- criação de condições de progresso económico e bem-estar social.
Linhas de evolução da economia portuguesa de 1945 a 1974:
A situação económica, no período de 1945 a 1974, ficou marcada pela
estagnação do mundo rural, por um surto industrial e pelo fomento económico das
colónias.
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Situação do mundo rural
produtividade agrícola portuguesa com índices inferiores aos da média
europeia, com um decréscimo muito acentuado nos anos 60;
dimensão da propriedade agrícola com assimetrias Norte-Sul, predominando o
minifúndio a Norte e o latifúndio a Sul OU fraca mecanização agrícola no Norte
do país (região de minifúndio) e subaproveitamento dos latifúndios do Sul;
exploração de cerca de 1/3 da área agrícola em regime de arrendamento
precário, o que constituia um entrave ao investimento;
planos de fomento boicotados, nomeadamente o II Plano de Fomento (1959),
pelos latifundiários do Sul;
preços agrícolas baixos, desincentivando o investimento e agravando as
dificuldades dos agricultores;
êxodo rural e emigração que esvaziaram as aldeias do interior de mão de obra
agrícola OU transferência de mão de obra do setor primário para os setores
secundário e terciário.
Surto industrial
o manutenção da política de condicionamento industrial, desde 1945 até aos
anos 60;
o abrandamento da política de autarcia através da progressiva integração de
Portugal em estruturas internacionais de cooperação económica, como a OECE
(depois OCDE) - em virtude das ajudas recebidas do Plano Marshall - , a EFTA, o
BIRD, o FMI e o GATT OU aligeiramento da autarcia por pressões internas que
defendiam a integração do país “na teia de trocas mundial”;
o adoção de uma política de planificação económica com a criação de Planos de
Fomento, a partir de 1953 OU investimentos públicos em vários setores
industriais, com prioridade para a criação de infraestruturas (eletricidade,
transportes e comunicações) entre 1953-1958, alargando-se depois, entre
1959-1964, à indústria transformadora de base (siderurgia, refinação, etc.);
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o subordinação do setor agrícola à política de fomento industrial;
o aparecimento de grandes concentrações industriais (setores químico e
metalúrgico) durante o consulado marcelista, em virtude do III Plano de
Fomento (1968-1973) orientado por princípios do liberalismo económico.
Fomento económico nas colónias
maior abertura, nas décadas de 1950 e 60, aos investimentos públicos e
privados (nacionais e estrangeiros) nos espaços ultramarinos;
inclusão dos territórios coloniais nos Planos de Fomento, desde 1953;
desenvolvimento económico com incidência, numa primeira fase, na criação de
infraestruturas, no setor agrícola e no setor extrativo;
fomento industrial, sobretudo em Angola e em Moçambique nos anos 50 e 60,
com a progressiva liberalização da iniciativa privada, a expansão do mercado
interno e o aumento dos investimentos nacionais e estrangeiros;
criação do EEP (Espaço Económico Português), em 1961, um espaço económico
unificado OU derrube das barreiras alfandegárias entre Portugal e as suas
colónias.
Transformações socioculturais no mundo ocidental no terceiro quartel
do século XX:
A prosperidade económica vivida no mundo ocidental durante os “Trinta
Gloriosos” repercutiu-se em alterações na sociedade, nos comportamentos e na
cultura.
Alterações na sociedade
– Redução da população ativa ocupada na agricultura OU “morte do campesinato”;
– Estagnação da população ativa ocupada na indústria;
– Crescimento da população ativa ocupada nos serviços OU terciarização da sociedade;
– Crescimento da população urbana;
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– Crescimento do trabalho feminino em particular no sector terciário.
Impacto da TV e da música no quotidiano
– Expansão da TV como grande meio de comunicação após a Segunda Guerra
Mundial;
– A TV como meio de entretenimento, fonte de informação, estandardização de
comportamentos e meio de controlo da opinião pública pelos políticos;
– Popularidade de novos ritmos da música ligeira como o rock and roll, a partir dos
anos 50, relacionada com o crescente protagonismo social da juventude;
– Grandes nomes do rock and roll: Elvis Presley, os Beatles, os Rolling Stones;
Hegemonia dos hábitos socioculturais norte-americanos
– Superioridade económica e grande dinamismo tecnológico, artístico e cultural dos
EUA após a Segunda Guerra Mundial;
– fascínio pelos bens materiais americanos e sua disseminação, das comidas e bebidas
aos automóveis, eletrodomésticos, peças de vestuário;
– fascínio pelos programas televisivos americanos, pelo cinema americano OU culto
das estrelas de Hollywood, pelos ritmos musicais e cantores oriundos dos EUA;
– Papel do cinema e da TV na disseminação do american way of life.
FIM.
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