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Nova Ordem Mundial Pós-1945: Geopolítica e Economia

1) Surgiu uma nova ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial, caracterizada por um mundo bipolar centrado no antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética. 2) Os dois blocos antagonistas disputavam áreas de influência em focos de tensão como a Questão Alemã e a Guerra da Coreia. 3) Isto levou a uma escalada armamentista e uma corrida espacial entre as superpotências num clima de tensão e desconfiança conhecido como Guerra Fria.

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Nova Ordem Mundial Pós-1945: Geopolítica e Economia

1) Surgiu uma nova ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial, caracterizada por um mundo bipolar centrado no antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética. 2) Os dois blocos antagonistas disputavam áreas de influência em focos de tensão como a Questão Alemã e a Guerra da Coreia. 3) Isto levou a uma escalada armamentista e uma corrida espacial entre as superpotências num clima de tensão e desconfiança conhecido como Guerra Fria.

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EXAME

MÓDULO 8
RESUMOS 12º ANO HISTÓRIA

Uma nova ordem internacional:

Surgiu a emergência de uma nova ordem internacional, após o fim da Segunda


Guerra Mundial.

Alterações geopolíticas na Europa e no Mundo

– Ocupação da Alemanha e da Áustria pelas potências aliadas vencedoras da


Guerra;

– fim do isolacionismo soviético – a URSS afirma-se como grande potência


internacional;

– Expansão soviética na Europa de Leste – divisão da Europa por uma “cortina de


ferro”;

– Emergência de um mundo bipolar, centrado no antagonismo entre as duas


superpotências e seus aliados.

Papel das Nações Unidas como centro da política internacional

As Nações Unidas eram o centro da política e da cooperação mundiais, a


manutenção da paz era objetivo primordial da ONU. As cinco grandes potências com
assento no Conselho de Segurança tinham grande destaque nas decisões relativas à
segurança mundial.

Todavia foram necessárias várias atuações relativas aos conflitos pelo clima de
antagonismo entre os dois blocos político-militares. As ações de cooperação
económica e social entre os Estados-membros tinham um importante papel
juntamente com o apoio ao processo descolonizador.

1
A evolução económica e social das democracias ocidentais:

De 1945 até 1973 caracterizou-se as três décadas de intenso desenvolvimento


económico conhecidos como “Trinta Gloriosos”.

Influência da Social Democracia e da Democracia Cristã

As duas correntes políticas, que se tornaram preponderantes nos governos


europeus do pós- -guerra, tomaram medidas visando:

– a criação de condições de trabalho justas OU a proteção dos direitos dos


trabalhadores ;

– a justiça social OU a redistribuição da riqueza OU o reforço da proteção social –


Estado-Providência;

– a intervenção do Estado na economia OU a regulação da economia pelo Estado.

Crescimento económico dos “Trinta Gloriosos”

– ritmo de crescimento contínuo e intenso, entre 1947-1973, aproximadamente;

– alteração da estrutura da população ativa – diminuição do setor primário e


aumento do setor terciário decorrente da modernização agrícola e da expansão dos
serviços;

– maior qualificação da mão de obra (progressos do ensino) e aumento da


população ativa (maior participação da mulher no mercado de trabalho e crescimento
da população);

– aumento do número e dimensão das multinacionais – globalização económica; –


aceleração tecnológica, propiciadora de maior produtividade e novos produtos
industriais;

– preponderância do petróleo como recurso energético.

– sociedade de consumo OU abundância material decorrente do crescimento


económico dos “Trinta Gloriosos”;

– consumo excessivo de bens OU sociedade do desperdício;

– incremento do consumo através da publicidade e das vendas a crédito.

2
Da formação dos blocos à consolidação de um mundo bipolar:

Os EUA e a URSS passaram de aliados a rivais, formando cada um o seu bloco


com ideologias antagónicas: o ocidente capitalista e o leste socialista.

Focos de tensão entre os dois blocos

A questão alemã/Bloqueio de Berlim (1947-1949) foi um desentendimento na gestão


conjunta do território alemão, dando origem ao primeiro confronto entre os dois
blocos. Originou o Bloqueio soviético de todas as ligações terrestres entre as três zonas
da Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental, criando-se uma ponte aérea de
abastecimento entre as duas regiões, em 1948-1949.

Deu-se também a guerra da Coreia (1950-1953) – divisão da Coreia em dois estados,


após a 2ª Guerra Mundial: a norte, a República Popular da Coreia, comunista, sob
influência soviética; a sul, a República Democrática da Coreia, sob a égide dos EUA. A
invasão da Coreia do Sul pela Coreia do Norte, com vista à unificação do país sob a
bandeira comunista, desencadeia uma guerra violenta. O conflito resolve-se com a
reposição da anterior separação da Coreia em dois estados rivais: o norte comunista e
o sul capitalista.

Acrescentou-se a crise dos mísseis de Cuba (1962) – hostilizado pelos americanos, que
não aceitavam as reformas socializantes do novo chefe do governo cubano, Fidel
Castro aceitou o apoio da URSS e Cuba tornou-se no aliado soviético da América
Latina; em 1962, foram instalados na ilha mísseis russos capazes de atingir o território
norte-americano; a iminência de uma guerra nuclear levou a cedências de cada um
dos blocos, pelo que a URSS retirou os mísseis e os EUA comprometeram-se a não
derrubar o regime cubano.

E, por fim, a corrida ao armamento OU “equilíbrio instável do terror” – embora as


duas grandes potências evitem o choque direto, proliferam as armas convencionais e
nucleares, tentando cada bloco, pelo poder de destruição criado, dissuadir o seu
opositor de qualquer ataque .

3
NOTAS: Emergência e consolidação de uma nova ordem política
internacional (1945-1955):

Fatores de agravamento progressivo das relações EUA-URSS

→ Hegemonia soviética, de 1946 e 1948, sobre todos os países europeus


libertados do nazismo pelo Exército Vermelho OU progressiva sovietização dos
países da Europa de Leste ocupados pelo Exército Vermelho, no segundo pós-
guerra OU formação das democracias populares do leste da Europa, com a
subida ao poder dos partidos comunistas apoiados pela URSS, no segundo pós-
guerra;

→ Isolamento da Europa de Leste, sob influência soviética, do mundo ocidental


estabelecimento da “cortina de ferro”;

→ Questão alemã/Bloqueio de Berlim (junho de 1948 a maio de 1949):


desentendimento na gestão conjunta do território alemão, dando origem ao
primeiro confronto entre os dois blocos;

→ Bloqueio soviético de todas as ligações terrestres entre as três zonas da


Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental; estabelecimento, pelos Estados
Unidos, de uma ponte aérea de abastecimento entre as duas regiões;

→ Criação da República Federal Alemã (RFA), constituída pelos territórios


alemães sob administração das potências ocidentais, em violação dos acordos
estabelecidos nas conferências de paz;

→ Resposta da URSS, com a criação da República Democrática Alemã (RDA);

→ Apoio da URSS aos movimentos comunistas dos países asiáticos,


nomeadamente na China, na Coreia e na Indochina;

→ Guerra da Coreia (1950-1953)─ a invasão da Coreia do Sul (sob a hegemonia


soviética) pela Coreia do Norte (sob a influência norte-americana), com vista à
unificação do país sob a bandeira comunista, desencadeia uma guerra violenta.
O conflito resolve-se com a reposição da anterior separação da Coreia em dois
estados rivais: o norte comunista e o sul capitalista.

4
Emergência de um mundo bipolar

 oposição frontal ao sistema comunista e defesa do modelo liberal e


capitalista, pelos dos EUA e pelos seus aliados. Obrigação, assumida pelos
Estados Unidos, de conter o avanço do comunismo – Doutrina Truman;

 defesa da superioridade do regime comunista face ao capitalismo e assunção


da liderança soviética no combate ao capitalismo – Doutrina Djanov;

 criação de alianças económicas, políticas e militares entre os EUA e outros


países capitalistas, com objetivos de defesa e de contenção da ideologia
comunista com destaque para o Plano Marshall e para a OTAN;

 ampliação de zonas de influência da URSS, em resposta às alianças dos EUA.


Criação de alianças com objetivos de defesa, de entreajuda económica, de
difusão da ideologia comunista e de combate ao sistema capitalista tais como:
COMINFORM, COMECON, Plano Molotov, Pacto de Varsóvia.

Linhas definidoras da política internacional

 bipolarismo OU constituição de dois blocos ideologicamente antagónicos, que


disputam entre si áreas de influencia a nível mundial (Doc. 4);
 clima de hostilidade, tensão e desconfiança - clima de Guerra Fria (Docs. 3 e 4);
 corrida ao armamento OU escalada armamentista OU “equilíbrio instável pelo
terror”- embora as duas grandes potências evitem o choque direto, proliferam
as armas convencionais e nucleares, tentando cada bloco, pelo poder de
destruição criado, dissuadir o seu opositor de qualquer ataque;
 corrida espacial OU política de conquista do espaço, em que os dois blocos
rivais medem esforços, procuram superar-se e estimular o orgulho nacional;
 política de alinhamento (Doc. 4) OU adesão a um dos blocos político-militares
constituídos: ou o bloco capitalista, liderado pelos EUA, ou o bloco comunista,
liderado pela URSS, destacando-se a supremacia do bloco norte-americano,
pelo qual alinharam mais de metade dos países do mundo.

5
NOTAS GERAIS:
A Guerra Fria é descrita pelo clima de tensão e antagonismo entre os dois
blocos, ocidental e de leste.

Ideias e temores difundidos pelos dois blocos

– noção de superioridade dos blocos;

– Ameaça de um ataque nuclear;

– intensões expansionistas para o aumento das áreas de influência.

Clima de tensão militar

– escalada armamentista entre as duas superpotências, com relevância para o


armamento nuclear OU dissuasão de um possível ataque através do equilíbrio de
armamento, sobretudo do armamento nuclear – “equilíbrio do terror”;

– intensificação do desenvolvimento tecnológico, considerado decisivo para a


superiorização do equipamento militar.

Afirmação e dificuldades do Terceiro Mundo:

A formação de um Terceiro Mundo foi resultado da descolonização.

Segunda vaga descolonizadora

Atingiu sobretudo os países da África Subsariana e teve a sua fase mais intensa
na década de 60 do século XX. Resultou, em grande parte, das reivindicações dos
movimentos nacionalistas que se formaram nos países colonizados, assumiu a dupla
vertente de uma luta pela independência política e de uma luta contra a pobreza.

Foi apoiada por organizações internacionais, como a ONU (realce para a


Declaração 1514).

6
Neocolonialismo

Consistiu numa nova forma de dependência que afeta muitas das antigas
colónia. Atinge os países mais pobres, politicamente independentes mas sem recursos
para prescindir da ajuda, capitais e mercadorias dos países desenvolvidos e foi
potenciada pela degradação dos termos de troca dos países subdesenvolvidos, cujas
mercadorias perderam valor face aos produtos manufaturados que importam.

Concretiza-se pela permanência das grandes companhias das antigas


metrópoles no território, que continuam a explorar nos mesmos moldes dos tempos
coloniais (contratos privilegiados, aplicação dos lucros no estrangeiro).

Não Alinhamento

Encontra-se diretamente relacionado com a segunda vaga descolonizadora, já


que agrupa, sobretudo, países do Terceiro Mundo OU atraiu sobretudo países da Ásia,
África e América Latina, unidos por um passado colonial recente e/ou pelo
subdesenvolvimento – esboça-se na Conferência de Bandung (1955), tendo-se
afirmado claramente na Conferência de Belgrado, em 1961. Proclama a vontade dos
países aderentes de fazerem ouvir, com independência, a sua voz nos assuntos
políticos mundiais, numa clara contraposição ao bipolarismo mundial OU tornou-se o
símbolo da independência e liberdade dos países mais pobres face às grandes
potências.

Empenhou-se ativamente no processo descolonizador, ao qual conferiu


impulso e sofreu as pressões das superpotências, desejosas de captar as nações não
alinhadas para o seu bloco OU teve grande dificuldades em permanecer neutro face à
bipolarização mundial.

A questão colonial, nas décadas de 50 e 60:

A “mística do Império” foi uma das componentes fortes do regime salazarista,


até à Segunda Guerra Mundial.

Contexto internacional

A vaga descolonizadora pós-Segunda Guerra Mundial que, nos anos 60, conduz à
independência da maioria das nações africanas cujas Nações Unidas tiveram um papel

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relevante no apoio ao processo de autodeterminação dos povos colonizados com a
aprovação, em 1960, da Resolução 1514.

Portugal aderiu à ONU em 1955 com explícito comprometimento de respeitar o


estipulado na Carta e obedecer à organização.

As superpotências tinham interesse na questão colonial portuguesa, numa lógica


de Guerra Fria. O Governo português alterou, em 1951, o estatuto jurídico das
colónias, que passam a integrar o Estado Português como se de um só país se tratasse:
revoga-se o Ato Colonial e integram-se os territórios coloniais na Constituição, com a
designação de “províncias ultramarinas” enfatizando a singularidade da colonização
portuguesa e a unidade da nação, plurirracial e pluricontinental.

Ocorreram também, resposta de força aos primeiros sinais de violência


independentista (Angola, 1961). Dá-se em 1961 o início de uma guerra colonial em três
longínquas frentes de batalha: Angola, Guiné e Moçambique (terminou em 1974).

Progressivo isolamento internacional

– pressão dos organismos internacionais, com destaque para a ONU e o Movimento


dos Não Alinhados (“afro-asiáticos”) para a descolonização dos territórios africanos;

– recusa do nosso Governo em acatar o estipulado na Carta das Nações Unidas sobre
os territórios não autónomos, sob a alegação de não se aplicarem a Portugal;

– recusa internacional em reconhecer, como válida, a argumentação portuguesa;

– hostilidade da administração americana, sobretudo na era Kennedy, à política


colonial portuguesa (Doc. 4): propostas americanas de contrapartidas a Portugal pela
perda dos territórios africanos e financiamento de movimentos de libertação.

Tensões políticas e opções económicas no período pré-constitucional


(abril de 1974 – julho de 1976):

Clima de agitação popular que se seguiu ao 25 de Abril e ao progressivo


amontoar de tensões políticas entre as forças partidárias.

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Principais forças políticas em confronto

– fação mais conservadora do MFA, encabeçada pelo general Spínola, presidente da


República até setembro de 1974- defendia a via democrática liberal e, de início, a
manutenção das colónias no quadro de uma federação;

– ala mais esquerdista e revolucionária do MFA que assumiu, decididamente, a


condução do país rumo ao socialismo; tem como figuras de proa Otelo Saraiva de
Carvalho e o primeiro-ministro Vasco Gonçalves entre outros;

– linha moderada dentro do MFA e do próprio Conselho da Revolução que, no “Verão


Quente” de 1975, se pronuncia abertamente pelo regresso aos propósitos iniciais da
Revolução de abril – Documento dos Nove;

– diferentes partidos políticos, sendo de realçar: o Partido Socialista e a sua oposição


frontal ao Partido Comunista; o Partido Comunista, que confronta tanto os partidos à
sua direita (PS, PSD), como os partidos de extrema-esquerda; as forças de centro-
direita, como o PPD (PSD) e o CDS.

Momentos de maior tensão política

– “O 28 de setembro” OU “manifestação da maioria silenciosa”: tentando conter o


impulso revolucionário das forças políticas de esquerda, o presidente general Spínola
apela a que a “maioria silenciosa” do país se manifeste. Convocada para o dia 28 de
setembro de 1974, esta manifestação de apoio a Spínola é vista como uma
contragolpe da reação e sabotada pelas forças de esquerda. Na sequência deste
episódio, Spínola demite-se da Presidência da República;

– o golpe militar de 11 de Março de 1975: numa derradeira tentativa de vencer a


fação esquerdista do MFA, no poder desde o 28 de Setembro, Spínola encabeça um
golpe militar que, mal orientado, falha rotundamente. Enquanto o general e os seus
apoiantes tomam o caminho do exílio, institucionaliza-se um Conselho da Revolução
que se tornará o principal órgão governativo e que assume a direção do Processo
Revolucionário em Curso (PREC);

– o chamado “Verão Quente” de 1975, em que o confronto entre as forças político-


partidárias atinge o pico, com grandes manifestações de rua, grandes comícios,
discurso inflamados, assaltos a sedes partidárias e outras instituições;

– o golpe militar de 25 de Novembro, levado a cabo pelos paraquedistas de Tancos, em


defesa da linha esquerdista do MFA. De contornos ainda pouco claros quanto aos
agentes envolvidos no seu planeamento e execução, colocou o país à beira de uma
guerra civil. Terminou com a neutralização das forças golpistas.

9
Opções económicas

– destruição dos grandes grupos económicos considerados monopolistas;

– nacionalização dos setores-chave da economia nacional (banca, seguros, petrolíferas,


transportadoras…);

– ocupação dos latifúndios do Sul do país e início de uma reforma agrária conducente à
coletivização das terras;

– proteção dos trabalhadores e da população economicamente mais favorecida,


através da promulgação de novas leis laborais, como a que estabelece o salário
mínimo nacional e do reforço da proteção social.

RESUMINDO: Portugal- colonização à independência dos


territórios africanos:
– segunda vaga descolonizadora, nas décadas de 50 e 60, que afeta, sobretudo, os
países africanos;

– apoio das superpotências à descolonização e consequentes pressões sobre o


Governo português por parte dos seus aliados ocidentais;

– criação da ONU sob o signo da igualdade entre as nações e incorporação, no seu


texto fundador, do direito à autodeterminação de todos os povos do Mundo;

– aumento progressivo do peso do Terceiro Mundo nas Nações Unidas e aprovação de


documentos fundamentais, como a Resolução 1514;

– condenação persistente da política colonial portuguesa e progressivo isolamento


internacional do nosso país.

Política colonial portuguesa

– substituição da “mística do Império” pela “singularidade da colonização portuguesa”,


inspirado no luso-tropicalismo, do sociólogo brasileiro Gilberto Freire;

– revogação do Ato Colonial (1951) e integração das colónias na Constituição


Portuguesa com o estatuto de “províncias ultramarinas”; desenvolvimento da ideia de
um Portugal pluricontinental e plurirracial, em que os territórios ultramarinos eram
considerados “a continuação … da própria Pátria portuguesa”;

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– recusa persistente em descolonizar, apesar da forte pressão internacional, a pretexto
da unidade pátria entre a metrópole e o ultramar;

– abertura de três frentes de guerra (Angola, Guiné e Moçambique), entre 1961 e


1964;

– opção pela continuidade de uma política integracionista das colónias, em detrimento


da corrente que advogava a progressiva autonomia dos territórios ultramarinos.

Processo de descolonização

A descolonização era um dos objetivos do golpe militar de 25 de abril de 1974,


promoveu:

– o reconhecimento do direito dos territórios ultramarinos à autodeterminação


logo em julho de 1974;

– a forte pressão partidária e popular para o fim da Guerra Colonial;

– início das negociações com os movimentos de libertação de Angola, Guiné e


Moçambique e assinatura de acordos que, com exceção da Guiné, previam um período
de transição para transferência de poderes;

Portugal encontrava-se numa posição frágil para fazer respeitar os acordos e


para acautelar a situação dos residentes portugueses no Ultramar, dada a instabilidade
política interna e o desgaste provocado por uma situação de guerra prolongada.

Dificuldades do Estado Novo após a 2ª Guerra Mundial:

Após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial os regimes autoritários


inundaram-se num clima internacional desfavorável, e à promessa de eleições livres
por parte de Salazar.

Oposição ao regime

- criação do MUD, organização que congrega a oposição ao regime, com o fim de


disputar as prometidas “eleições livres”. A oposição democrática na altura dos atos
eleitorais tinha para a presidência da República os generais Norton de Matos (1949) e
Humberto Delgado (1958);

- Entusiasmo popular gerado pela candidatura de Humberto Delgado;

11
- impacto da fraude eleitoral de 1958: descrédito interno do regime após as eleições e
da alteração do procedimento eleitoral para a presidência da República (de sufrágio
direto para um colégio eleitoral restrito);

- repressão da PIDE sobre os membros da oposição, chegando mesmo ao assassinato


político, como o do general Humberto Delgado;

- Exílio de opositores (caso de Mário Soares);

- ação desafiadora e clandestina no país do Partido Comunista Português.

Impacto da Guerra Colonial

- prolongamento de uma guerra colonial sem fim à vista, com um consumo extremo de
recursos e de homens;

- repetidas condenações na ONU por não cumprimento das disposições da Carta e da


Resolução 1514, entre outras;

- inquietação crescente das Forças Armadas e impacto do livro de Spínola “Portugal e o


Futuro” onde se reconhecia a inviabilidade de uma solução militar para o conflito
colonial.

Objetivos da Revolução de Abril

- liberalização partidária, abolição da censura e de outras limitações às “liberdades”


democráticas OU instituição de um regime democrático, pluripartidário;
desmantelamento das estruturas do Estado Novo (ANP, DGS, Mocidade Portuguesa,
Legião Portuguesa…);

- reconhecimento do direito à autodeterminação dos povos africanos sob


administração portuguesa;

- criação de condições de progresso económico e bem-estar social.

Linhas de evolução da economia portuguesa de 1945 a 1974:

A situação económica, no período de 1945 a 1974, ficou marcada pela


estagnação do mundo rural, por um surto industrial e pelo fomento económico das
colónias.

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Situação do mundo rural

 produtividade agrícola portuguesa com índices inferiores aos da média


europeia, com um decréscimo muito acentuado nos anos 60;

 dimensão da propriedade agrícola com assimetrias Norte-Sul, predominando o


minifúndio a Norte e o latifúndio a Sul OU fraca mecanização agrícola no Norte
do país (região de minifúndio) e subaproveitamento dos latifúndios do Sul;

 exploração de cerca de 1/3 da área agrícola em regime de arrendamento


precário, o que constituia um entrave ao investimento;

 planos de fomento boicotados, nomeadamente o II Plano de Fomento (1959),


pelos latifundiários do Sul;

 preços agrícolas baixos, desincentivando o investimento e agravando as


dificuldades dos agricultores;

 êxodo rural e emigração que esvaziaram as aldeias do interior de mão de obra


agrícola OU transferência de mão de obra do setor primário para os setores
secundário e terciário.

Surto industrial

o manutenção da política de condicionamento industrial, desde 1945 até aos


anos 60;

o abrandamento da política de autarcia através da progressiva integração de


Portugal em estruturas internacionais de cooperação económica, como a OECE
(depois OCDE) - em virtude das ajudas recebidas do Plano Marshall - , a EFTA, o
BIRD, o FMI e o GATT OU aligeiramento da autarcia por pressões internas que
defendiam a integração do país “na teia de trocas mundial”;

o adoção de uma política de planificação económica com a criação de Planos de


Fomento, a partir de 1953 OU investimentos públicos em vários setores
industriais, com prioridade para a criação de infraestruturas (eletricidade,
transportes e comunicações) entre 1953-1958, alargando-se depois, entre
1959-1964, à indústria transformadora de base (siderurgia, refinação, etc.);

13
o subordinação do setor agrícola à política de fomento industrial;

o aparecimento de grandes concentrações industriais (setores químico e


metalúrgico) durante o consulado marcelista, em virtude do III Plano de
Fomento (1968-1973) orientado por princípios do liberalismo económico.

Fomento económico nas colónias

 maior abertura, nas décadas de 1950 e 60, aos investimentos públicos e


privados (nacionais e estrangeiros) nos espaços ultramarinos;

 inclusão dos territórios coloniais nos Planos de Fomento, desde 1953;

 desenvolvimento económico com incidência, numa primeira fase, na criação de


infraestruturas, no setor agrícola e no setor extrativo;

 fomento industrial, sobretudo em Angola e em Moçambique nos anos 50 e 60,


com a progressiva liberalização da iniciativa privada, a expansão do mercado
interno e o aumento dos investimentos nacionais e estrangeiros;
 criação do EEP (Espaço Económico Português), em 1961, um espaço económico
unificado OU derrube das barreiras alfandegárias entre Portugal e as suas
colónias.

Transformações socioculturais no mundo ocidental no terceiro quartel


do século XX:

A prosperidade económica vivida no mundo ocidental durante os “Trinta


Gloriosos” repercutiu-se em alterações na sociedade, nos comportamentos e na
cultura.

Alterações na sociedade

– Redução da população ativa ocupada na agricultura OU “morte do campesinato”;

– Estagnação da população ativa ocupada na indústria;

– Crescimento da população ativa ocupada nos serviços OU terciarização da sociedade;

– Crescimento da população urbana;

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– Crescimento do trabalho feminino em particular no sector terciário.

Impacto da TV e da música no quotidiano

– Expansão da TV como grande meio de comunicação após a Segunda Guerra


Mundial;

– A TV como meio de entretenimento, fonte de informação, estandardização de


comportamentos e meio de controlo da opinião pública pelos políticos;

– Popularidade de novos ritmos da música ligeira como o rock and roll, a partir dos
anos 50, relacionada com o crescente protagonismo social da juventude;

– Grandes nomes do rock and roll: Elvis Presley, os Beatles, os Rolling Stones;

Hegemonia dos hábitos socioculturais norte-americanos

– Superioridade económica e grande dinamismo tecnológico, artístico e cultural dos


EUA após a Segunda Guerra Mundial;

– fascínio pelos bens materiais americanos e sua disseminação, das comidas e bebidas
aos automóveis, eletrodomésticos, peças de vestuário;

– fascínio pelos programas televisivos americanos, pelo cinema americano OU culto


das estrelas de Hollywood, pelos ritmos musicais e cantores oriundos dos EUA;

– Papel do cinema e da TV na disseminação do american way of life.

FIM.

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