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Contestação de Ilegitimidade Passiva

A contestação afirma que: 1) A empresa ré não tem legitimidade passiva pois não é proprietária do veículo envolvido no acidente nem o motorista é seu empregado. 2) O veículo pertence ao outro réu e não há vínculo de emprego entre os réus. 3) Logo, a ação deve ser extinta sem julgamento do mérito contra a empresa ré por falta de legitimidade.

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Contestação de Ilegitimidade Passiva

A contestação afirma que: 1) A empresa ré não tem legitimidade passiva pois não é proprietária do veículo envolvido no acidente nem o motorista é seu empregado. 2) O veículo pertence ao outro réu e não há vínculo de emprego entre os réus. 3) Logo, a ação deve ser extinta sem julgamento do mérito contra a empresa ré por falta de legitimidade.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA

DE MURIAÉ/MG

Processo Nº. 0116218-96.2015.8.13.0439


Ação de Reparação de Danos pelo Rito Sumário

EMPRESA DE TRANSPORTES ATLAS LTDA., pessoa jurídica de


direito privado, estabelecida na Rua Soldado Hamilton Silva Costa, nº. 58, Parque Novo Mundo,
São Paulo -SP, inscrita no CNPJ/MF sob o nº. 60.664.828/0001-76, nos autos da Ação de
Reparação de Danos pelo Rito Sumário que lhe move ALEXANDRE LUIZ XAVIER e OUTROS já
qualificada nos autos, por seu advogado e bastante procurador “in fine” assinado, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO aos argumentos
trazidos pelos Requerentes na peça vestibular, pelas razões de fato e de direito abaixo expostas:

Prefacialmente, E. Julgador requer sejam o DR LANDULFO DE


OLIVEIRA FERREIRA JÚNIOR – OAB/MG 54.418, com endereço na Av. Álvares Cabral, 374,
14º andar, Lourdes, CEP 30170-000, Belo Horizonte, Minas Gerais, e a DRA LIGIA T. ROMÃO
DE CARVALHO – OAB/SP 215.351 com escritório na Alameda Santos, nº 1827, 18º andar, cj
182, Cerqueira Cesar, são Paulo – SP , CEP 01419-909 intimados de todos os atos e
providências ulteriores, a fim de evitar eventual vício.

DOS FATOS NARRADOS PELOS AUTORES

Segundo o relato dos Requerentes, no dia 21.02.2015, trafegava


com veículo de propriedade da Autora Thatiana, juntamente com sua filha a autora Rayza, que ao
se deslocar para a parte direita da via, chocou-se com o veículo desta Contestante.
Alega ainda que a culpa pelo acidente é exclusivamente dos réus,
requerendo a condenação dos mesmos por indenização por danos materiais no valor de R$
10.263,00 e danos morais no exorbitante valor de R$ 60.000,00.

Contudo, conforme restará abaixo demonstrado, razão não lhe


assiste, devendo esta pretensão ser declarada improcedente de plano.

DA PRELIMINAR DE CARÊNCIA DA AÇÃO - ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CO-RÉ EMPRESA


DE TRANSPORTES ATLAS LTDA

Os Requerentes esforçam-se para tentar imputar à Empresa-ré a


responsabilidade pelos fatos ocorridos no acidente de trânsito em tela.

Entretanto, bem como da análise dos documentos acostados aos


autos, percebe-se que o veículo que supostamente causou o acidente é de propriedade da
empresa Antonio Mauro Clemente, cujo o corréu é motorista.

Dessa forma, preliminarmente, a Requerida requer a extinção do


processo sem julgamento do mérito, à luz dos artigos 3º e 267, inciso VI, do Código de
Ritos, face a total ausência de legitimidade da contestante.

O veículo suposto causador do embate não é de propriedade desta


contestante, tampouco o seu proprietário e condutor seus prepostos, notadamente diante da
existência de relação contratual.

Vale ressaltar que, o veículo rebocador (cavalo mecânico) possui


placa HHI 7259, como se vê do boletim de ocorrência, o qual tracionava o baú e/ou semi-reboque
da contestante, que não possui movimento próprio, já que não é motorizado.

Portanto Excelência, resta clara a ilegitimidade passiva da


Contestante nos presentes autos, uma vez que o veículo supostamente causador do acidente
NÃO é de sua propriedade, tampouco o condutor é seu preposto.

Verifica-se de plano a ausência de relação de preposição entre a ora


Contestante, o proprietário do veículo e o condutor do caminhão, inaplicável, portanto, o disposto
pelo artigo 932, inciso III, do Código Civil.
A Contestante apenas e tão somente contratou os serviços do
proprietário do caminhão para o transporte de carga, conforme documentos anexos, sem qualquer
relação de preposição, inexistente assim subordinação laboral, motivo pelo qual é clara a
ilegitimidade passiva da ora Contestante.

Além disso, o autor erroneamente afirma que a Ré é proprietária do


veículo, cuja logomarca, como é de mediano conhecimento, não guarda a possibilidade de
legitimar a Contestante:

“Tribunal de Justiça de São Paulo

Ação de indenização - Acidente de veículo - Ação ajuizada em face da proprietária do


veículo causador do acidente e da empresa para a qual estava prestando serviços -
Inexistência de vínculo de preposição - Prestação autônoma de serviço - Ausência de
solidariedade entre as co-rés - Fato que não se altera pelo símbolo pintado na
carroceria do caminhão - Ilegitimidade passiva reconhecida - Extinção da ação
decretada com relação à apelante - Art. 267, VI do CPC - Inversão dos ônus da
sucumbência – Recurso provido.” (Ap. n. 992.08.006704-1)

*...................................................................*............................................................*

“Tribunal de Justiça de São Paulo

“Se entre os co-réus na demanda de reparação de danos causados em acidente de


veículo não há vínculo de preposição ou semelhante, mas contrato de prestação
autônoma de serviço, a legitimidade passiva toca apenas ao proprietário do veículo,
não à contratante, ausente solidariedade, pouco importando símbolo pintado na
carroceria, porque não se está diante de relação de consumo.

...................................................................................................................................
Há prova de que pertence ao co-réu, não à co-ré e agravante, o veiculo envolvido no
acidente causador dos danos cujo reparo a autora pleiteia. 0 coréu admite o fato às
expressas.

Assim, não se estabelece entre os réus vínculo de preposição ou semelhante, a refletir


na ausência de solidariedade no alegado ilícito culposo. Nada se altera com o símbolo
da co-ré pintado na carroceria do caminhão (fls. 39/40), porque não se está diante de
relação de consumo.”

Aliás, referido contrato de transporte rodoviário de bens, foi


celebrado de acordo com a Lei nº 11.442/2007 que vigora desde 05.01.2007, e dispõe sobre a
sobre o transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante remuneração, e cujo
inciso II artigo 2º define a atividade da pessoa jurídica transportadora, além do artigo 4º, verbis:

“Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas - TRC realizado em
vias públicas, no território nacional, por conta de terceiros e mediante remuneração,
os mecanismos de sua operação e a responsabilidade do transportador.

Art. 2o A atividade econômica de que trata o art. 1o desta Lei é de natureza comercial,
exercida por pessoa física ou jurídica em regime de livre concorrência, e depende de
prévia inscrição do interessado em sua exploração no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTR-C da Agência Nacional de
Transportes Terrestres - ANTT, nas seguintes categorias:

I - Transportador Autônomo de Cargas - TAC, pessoa física que tenha no transporte


rodoviário de cargas a sua atividade profissional;

II - Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC, pessoa jurídica constituída


por qualquer forma prevista em lei que tenha no transporte rodoviário de cargas a sua
atividade principal.”

No mesmo sentido, é mister trazer à colação o disposto nos artigos


4º e 5º da Lei nº 11.442/07:

Art. 4º  O contrato a ser celebrado entre a ETC e o TAC ou entre o dono ou
embarcador da carga e o TAC definirá a forma de prestação de serviço desse último,
como agregado ou independente.

§ 1º  Denomina-se TAC - agregado aquele que coloca veículo de sua propriedade ou
de sua posse, a ser dirigido por ele próprio ou por preposto seu, a serviço do
contratante, com exclusividade, mediante remuneração certa.

§ 2º  Denomina-se TAC - independente aquele que presta os serviços de transporte


de carga de que trata esta Lei em caráter eventual e sem exclusividade, mediante
frete ajustado a cada viagem.

Art. 5º  As relações decorrentes do contrato de transporte de cargas de que trata o art.
4º desta Lei são sempre de natureza comercial, não ensejando, em nenhuma
hipótese, a caracterização de vínculo de emprego.
Parágrafo único.  Compete à Justiça Comum o julgamento de ações oriundas dos
contratos de transporte de cargas.
As normas especiais alhures, bem define a situação jurídica existente
a época entre a Contestante, o proprietário do veículo e o preposto deste último (condutor do
caminhão), relação esta que não se confunde em hipótese alguma com relação laboral e
subordinação.

Inobstante as inúmeras decisões contemporâneas adiante


apresentadas que guardam idêntica moldura fática, mas o Superior Tribunal de Justiça há muitos
anos já sedimentou que “... A relação de preposição existe apenas entre o motorista do veículo e
seu proprietário, esse sim responsável solidariamente pelos danos causados ao segurado da
recorrida.”, verbis:

“Superior Tribunal de Justiça

EMENTA: Responsabilidade civil. Acidente, envolvendo “cavalo mecânico” e carreta.


Não responde o proprietário dessa pelos danos causados a terceiros, visto que
inexiste vínculo de preposição entre ele e o motorista ou entre ele e dono do
caminhão, não se aplicando o inciso III do artigo 1521 do Código Civil.

Como regra geral, a responsabilidade limita-se à pessoa, cuja conduta revelou-se


danosa a terceiro. Excepcionalmente, todavia, admite-se que a responsabilidade
ultrapasse o autor material do ato, para atingir outro indiretamente envolvido. Para que
isso ocorra é necessário que exista um vínculo jurídico entre eles, impondo à pessoa,
estranha ao fato, dever de guarda, vigilância ou custódia. Essas exceções estão
previstas no artigo 1521 do Código de Processo Civil.

O inciso III trata da preposição, caracterizada pela existência de uma relação de


subordinação hierárquica, ou seja, o preposto age no interesse e sob a autoridade,
ordens e instruções do proponente, a quem cabe a fiscalização e vigilância da
atividade àquele confiada. No presente caso, celebrou a recorrente com o proprietário
do caminhão, Reginaldo Gobbi, contrato de transporte, no qual não se evidencia
qualquer vínculo de subordinação. Há uma prestação de serviço. A relação de
preposição existe apenas entre o motorista do veículo e seu proprietário, esse sim
responsável solidariamente pelos danos causados ao segurado da recorrida. A ré só
teria responsabilidade se demonstrada a sua culpa na ocorrência do sinistro. Conheço
do recurso pela violação da lei, uma vez que a divergência não se encontra
configurada, pois não indicada a fonte ou repositório autorizado ou oficial, nem se
trouxe cópia de seu inteiro teor, e dou-lhe provimento para restabelecer a sentença de
primeiro grau.” (Terceira Turma Recurso Especial nº 205.860-SP. Relator Ministro
Eduardo Ribeiro)
Recentíssima decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo com idêntica situação fática socorre a Contestante:

“Tribunal de Justiça de São Paulo

Ementa: Responsabilidade Civil - Acidente de Trânsito com vítimas fatais - Acidente


causado por transportadora subcontratada para transporte de mercadorias.

Prestação autônoma de serviço sem vínculo ou direção da contratante - Preposição


inexistente - Ausência de responsabilidade solidária – Agravo retido provido, prejudicado o
exame da apelação. (...)

Conforme documentalmente demonstrado, o acidente foi causado por transportadora


subcontratada para transporte de mercadorias sem vínculo ou direção da contratante. Trata-
se, assim, de prestação autônoma de serviços que não induz solidariedade, não sendo a
empresa contratada preposta da apelante. O fato de ser proprietária ou responsável pela
carga transportada não autoriza reconhecimento de solidariedade. Em hipótese semelhante
já decidiu esta C. Câmara (...) (Apel.nº: 992.06.029167-1. Relator Eduardo Sá Pinto
Sandeville. Julgamento 23.11.2010).

Tal entendimento também se encontra no precedente do Agravo de


Instrumento nº 1.097.380-0/2, do qual foi relator o Des. Felipe Ferreira do E. Tribunal de Justiça
de São Paulo:

“Ementa: Agravo de instrumento. Acidente de veículo. Indenização. Em se tratando de


trabalhador autônomo, não há que se falar em responsabilidade da empresa
transportadora proprietário do baú. Decisão reformada. Recurso provido.

Recente decisão acolhe o pleito da contestante, como se vê da r.


decisão proferida nos autos do Agravo de Instrumento nº 1000961-0/0, do qual foi Relator o E.
Desembargador Vianna Cotrim da 26ª Câmara de Direito Privado do E. Tribunal de Justiça de São
Paulo, vejamos:
“EMENTA: Agravo de instrumento. Reparação de danos por acidente de veículo. Pólo
passivo. Exclusão da co-ré, pessoa jurídica, que não é preponente nem empregadora
do outro co-réu, condutor do caminhão. Agravo provido.

Inaplicável à espécie, em relação à agravante, consoante imputado na inicial, a regra


do inciso III do art. 932 do Código Civil, posto que inexistente entre a agravante e o
condutor do veículo relação empregatícia ou mesmo de preposição, de sorte que não
pode a agravante responder solidariamente por eventuais danos causados pelo
condutor do caminhão de transporte.” (Agravo nº 1000961-0/0)

Muito recentemente o atual Tribunal de Justiça de São Paulo


enfrentou a questão idêntica a vertente, e nos autos do Agravo de Instrumento nº 902040-0/5, do
qual foi Relator o Des. Andreatta Rizzo, verbis:

“Ementa: Acidente de veículo. Ação de indenização. Proprietário da carreta (baú)


acoplada ao caminhão excluído da lide. Motorista mantido. Inaplicabilidade do art.
932, III do CC. Inexistência de relação de emprego. Condutor autônomo. Decisão
confirmada. Recurso desprovido.
(...) Ao revés do que aduziram os agravantes, não se pode concluir pela condição de
empregado do motorista, razão pela qual o artigo 932, inciso III, do Código Civil, não
comporta aplicação. (...) Por outro lado, como bem salientou a agravada, em sua
contraminuta, o baú de sua propriedade é mero apêndice do caminhão, ou seja, não
poderia causar o acidente por si só”

Outros precedentes que guardam idêntica moldura fática, proferido


pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, julgamento ocorrido em 18/04/2011 enfrentou questão
idêntica a vertente, verbis:

“Tribunal de Justiça de Minas Gerais


Ementa: Responsabilidade civil. Direito processual civil. Acidente de trânsito.
Atropelamento. Semi-reboque. Carreta. Ausência de responsabilidade do proprietário.
Ilegitimidade Passiva. (....)
Consoante entendimento do STJ, 'a responsabilidade por danos causados a terceiros
é exclusiva do proprietário e condutor do 'cavalo-mecânico' que traciona 'semi-
reboque', porquanto este último não possui autonomia, salvo quando identificado
defeito nele a influenciar o conjunto, situação não verificada nos autos' (RSTJ
218/389).
Acolho a preliminar de Ilegitimidade passiva do proprietário da Carreta semi-reboque.
Preliminar de Ilegitimidade passiva acolhida. (Proc. 1.0027.07.121621-5/002(1) 10ª
Câmara Cível)
Inobstante a recente decisão alhures, mas o tem,a vertente já foi
enfrentada inúmeras oportunidades pelo E. Tribunal de Justiça de Minas Gerais, vejamos:

“Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Ementa: Apelação cível. Ação de indenização. Acidente de trânsito. Abalroamento.


Tomadora de serviço, dona da carreta. Responsabilidade solidária. Inexistência.
Ilegitimidade passiva. Declaração de ofício. Pressuposto processual.

Possibilidade. As questões de ordem pública referentes às condições da ação e aos


pressupostos processuais, tal como a ilegitimidade passiva, podem ser conhecidas de
ofício e não transitam em julgado.

A proprietária da carreta acoplada ao cavalo mecânico envolvidos, ambos, na colisão


com outro veículo, não tem solidária responsabilidade pelo ocorrido quando
comprovada ausência de subordinação entre ela, tomadora do serviço, e o contratado,
restando demonstrada a culpa deste último.

Assim, ausente tal responsabilidade solidária, é a tomadora de serviço parte passiva


ilegítima na ação que visa ressarcimentos pelos danos causados em razão de
acidente de trânsito, mormente por não ter tido ela qualquer participação no sinistro.
(in Proc. 1.0035.00.000267-1/001(1). Relator Desembargador Luciano Pinto

*..................................................................*.....................................................*

“Tribunal de Justiça de Minas Gerais

“Ementa: Responsabilidade civil. Acidente de trânsito abalroamento causado por


veículo de carga. Indenização Responsabilidade única do proprietário do cavalo
mecânico. Ilegitimidade passiva do proprietário da carreta-reboque. Sentença
reformada.

Em acidente de trânsito envolvendo cavalo mecânico e carreta a ele acoplada, de


propriedades diversas, não responde o proprietário da carreta por eventuais prejuízos
sofridos por terceiro, uma vez que, conforme vem reconhecendo a jurisprudência, a
carreta não é dotada de autopropulsão, sendo assim tracionada pelo cavalo mecânico,
daí por que deve o proprietário daquele responder pelos danos evidenciados em
decorrência de sua condução.” (Processo 1.0035.00.004955-7/001(1) . Relator
Desembargador Luciano Pinto. Julgamento 13.03.2008)
“Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Ementa: Indenização. Acidente de trânsito. Revelia. Presunção relativa. Boletim de


ocorrência. Presunção juris tantum. Ação ajuizada contra proprietária da carreta semi-
reboque. Ilegitimidade passiva ad causam reconhecida.

De acordo com o princípio do livre convencimento do juiz, a presunção de veracidade


dos fatos alegados pelo autor resultante da revelia do réu é relativa, podendo ceder a
outras circunstâncias demonstradas nos autos.

Em acidente de trânsito envolvendo cavalo mecânico e carreta semi-reboque a ele


acoplada, de propriedades distintas, o proprietário desta não tem legitimidade para
figurar no pólo passivo da relação processual, devendo a ação ser voltada contra o
proprietário do veículo automotor, isto porque o reboque não é dotado de força motriz
própria. (Processo 1.0024.07.563676-1/001(1). Julgamento 30.09.2008. Relator
Desembargador Tarcisio Martins Costa )

*..................................................................*.....................................................*

“Tribunal de Justiça de Minas Gerais


Ementa: Responsabilidade civil. Acidente de trânsito. Abalroamento causado por
veículo de carga. Indenização. Responsabilidade única do proprietário do cavalo
mecânico. Ilegitimidade passiva do proprietário da carreta-reboque. Sentença
reformada.
Em acidente de trânsito envolvendo cavalo mecânico e carreta a ele acoplada, de
propriedades diversas, não responde o proprietário da carreta por eventuais prejuízos
sofridos por terceiro, uma vez que, conforme vem reconhecendo a jurisprudência, a
carreta não é dotada de autopropulsão, sendo assim tracionada pelo cavalo mecânico,
daí por que deve o proprietário daquele responder pelos danos evidenciados em
decorrência de sua condução. (Processo 1.0024.04.439130-8/001(1) . Relator
Desembargador Antônio de Pádua. Julgamento 11.07.2006.
........................................................................................................................
Entendo que apenas o proprietário do "cavalo mecânico" detém legitimidade passiva
para figurar na presente ação, pois a carreta não é autopropulsora, vez que tracionada
pelo cavalo mecânico, sendo assim, ilógico o proprietário da carreta responder pela
indenização.
Conforme amplamente demonstrado nos autos, o apelante é proprietário somente da
carreta, não sendo proprietário do cavalo mecânico ao qual foi atrelada.
O proprietário do veículo responde pelos acidentes em que ele se envolver,
entendendo-se por "proprietário do veículo" o dono do cavalo mecânico, porquanto a
carreta depende do veículo de tração para movimentar-se, já que não possui força
motriz, e, mesmo o conjunto aparentando tratar-se de um só veículo perante o
prejudicado, na verdade são dois veículos distintos, tanto que são obrigatoriamente
emplacados no DETRAN separadamente, não coincidindo uma placa com a outra.
Nesse sentido, decidiu o ST J no Resp 205860, Relator Eduardo Ribeiro:
"Responsabilidade civil. Acidente, envolvendo "cavalo mecânico" e carreta.
Não responde o proprietário dessa pelos danos causados a terceiros, visto que
inexiste vínculo de preposição entre ele e o motorista ou entre ele e dono do
caminhão, não se aplicando o inciso 111 do artigo 1521 do Código Civil."(DJU
14.06.1999, pág. 189)” (in Processo 1.0024.04.439130-8/001(1). Relator
Desembargador Antônio de Pádua).

E ainda nesse sentido E. Julgador o E. Tribunal de Justiça do Rio


Grande do Sul, vejamos:

“Ementa: Acidente de trânsito. Responsabilidade civil. Ilegitimidade passiva da


empresa que é proprietária da carreta, porquanto somente é responsável o
proprietário do cavalo mecânico, que é quem dá velocidade e direção ao conjunto.
Culpa exclusiva do motorista do caminhão, que atropelou as vítimas sobre o
acostamento. Conclusão que se chega da análise da prova colhida nos autos. Apelo
da transportadora provido e recurso da sucessão desprovido. (Apelação Cível nº
70006091987, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 17/12/2003).

Também recente decisão proferida pelo C. Superior Tribunal de


Justiça, no julgamento de 04.03.2010, REsp 494372/MG, e voto condutor proferido pelo Ministro
Aldir Passarinho Junior, verbis:

“Ementa: Civil e processual. Acórdão estadual. Nulidade não configurada. Acidente.


Condução do conjunto por preposto da dona do "cavalo-mecânico". "Semi-reboque".
Responsabilidade do proprietário deste inexistente.

Não padece de nulidade o acórdão estadual que enfrenta suficientemente as questões


essenciais ao deslinde da controvérsia, apenas que trazendo entendimento contrário
aos interesses da parte irresignada.

A responsabilidade por danos causados a terceiros é exclusiva do proprietário e


condutor do "cavalo-mecânico" que traciona "semi-reboque", porquanto este último
não possui autonomia, salvo quando identificado defeito nele a influenciar o conjunto,
situação não verificada nos autos. Ação improcedente em relação à proprietária do
"semi-reboque".Recurso especial conhecido em parte e provido”
Ademais disso, devem ser mantidos íntegros os princípios da ampla
defesa e do contraditório como assegurados pelo artigo 5º inciso LV da Constituição Federal.

Inexiste solidariedade entre os proprietários do veículo (trator ou


cavalo mecânico) e do reboque, porquanto no caso vertente restaram inatendidos os
pressupostos de admissibilidade previstos pelo artigo 265 do Código Civil.

Apenas complementando e visando comprovar as alegações acima,


frise-se que nos termos do contrato pactuado junto ao proprietário do caminhão, no caso de
eventual apuração de responsabilidade nos danos, deve este arcar com tais valores (doc. Anexo)

De todo o exposto, é de rigor o acolhimento da preliminar de


ilegitimidade passiva da ora Contestante, e a consequente extinção do feito em relação a mesma,
à luz dos artigos 3º e 267 inciso VI do Código de Ritos, e na Lei nº 11.442/2007, condenando o
Autor ao pagamento da verba honorária na base de 20% sobre o valor atribuído à causa e demais
consectários legais.

DO MÉRITO

De plano, mister se faz ressaltar que as alegações trazidas à baila


pelos Autores não guardam a menor verossimilhança com a realidade dos fatos. Ao contrário, os
argumentos sustentados pelos Autores deixam evidente o intuito de enriquecer-se indevidamente
às expensas da Contestante, devendo tal prática ser severamente coibida por este Juízo.

Em que pesem todas as razões trazidas pela exordial, em referência


ao “meritum causae”, melhor sorte não poderá ter o Requerente senão ver julgada
IMPROCEDENTE a presente ação, como adiante se verá, e em instrução processual demonstrar-
se-á, posto que ausentes os elementos essenciais da responsabilidade civil. Nesse sentido,
cumpre trazer à colação o disposto no art. 186, do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.”

Da leitura do sobredito dispositivo constata-se que são quatro os


elementos essenciais da responsabilidade civil: ação ou omissão, culpa ou dolo do agente,
relação de causalidade, e o dano acarretado à vítima.
De início, constata-se a inexistência de ação ou omissão que possa
vir a ser imputada à Contestante, senão vejamos. De acordo com o Código Civil, a
responsabilidade pode decorrer de ato próprio ou por atos praticados por terceiros, nos casos
expressamente previstos em lei.

No caso em comento, conclui-se, de modo inexorável, que a ora


peticionaria não responde pelos atos praticados pelo condutor do veículo que eventualmente deu
causa ao acidente, eis que os Autores não lograram êxito em comprovar que o acidente narrado
na exordial teria decorrido de dolo ou culpa por parte da Contestante ou de um preposto seu.

Com efeito, resta claramente afastado o primeiro elemento essencial


da responsabilidade civil, eis que não houve qualquer ação ou omissão censurável praticada pela
Contestante.

Outrossim, cumpre observar que ausente o segundo requisito


ensejador da responsabilidade civil, eis que a Contestante em momento algum agiu com dolo ou
qualquer espécie de culpa relacionada com o evento danoso narrado na preambular.

Ainda, insta salientar que não houve imprudência, muito menos


negligência por parte da contestante e/ou de seus prepostos.

Outro elemento essencial da responsabilidade civil é a relação de


causalidade, também denominada nexo causal.

O nexo causal pode ser definido como a relação de causa e efeito


entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. Diante da ausência de tal relação, não
existe a obrigação de indenizar.

Destarte, mesmo que os Autores comprovassem a ocorrência dos


danos, o que se admite apenas por hipótese, a causa do acidente não está relacionada com
qualquer comportamento que possa vir a ser imputado à Contestante.

Por fim, insta frisar que os Autores não lograram êxito sequer
em comprovar a ocorrência e a extensão dos danos dramaticamente elencados na
preambular. Assim, diante da inexistência da comprovação dos danos, surge um óbice
intransponível a pretensão de uma reparação, eis que a ação perde seu objeto.

Além de tal circunstância, a total ausência dos elementos essenciais


da responsabilidade civil, a pretensão dos Requerentes também não merece ser acolhida por
esse MM. Juízo, porquanto não vem fundamentada em provas que possam determinar a
procedência do pedido inaugural.
DA AUSÊNCIA DE CULPA DA REQUERIDA

Desde logo, E. Julgador, vale assinalar que a própria inicial não dá


conta da culpa da Demandada, consoante restará demonstrado e provado durante a instrução
processual.

Cabe salientar que, como pressuposto fundamental da


responsabilidade civil aquiliana, temos que a culpa pelo evento danoso tem que estar
robustamente demonstrada, não tendo qualquer valor a alegação unilateral dos Autores de que a
Contestante deve responder pelos danos ensejadores desta ação.

Dessa forma, a luz do disposto no artigo 333, Inciso I, do Código de


Processo Civil, temos, que deve o Autor provar cabalmente o fato constitutivo de seu direito, pois
de outra forma a IMPROCEDÊNCIA da presente ação é a única medida cabível para que a
Justiça seja equânime, senão vejamos:

“Artigo 333 - O ônus da prova incumbe:

I - Ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito.”

Aqui, Excelência, não se nega o dispositivo constante do artigo 186


do Código Civil, que é claro em estabelecer a obrigação do causador do dano em indenizar a
vítima, contudo, o que se ressalta é que o Requerente não pode receber qualquer indenização, a
que título for, sem provar, efetivamente, que a Contestante fora a responsável pelo prejuízo
causado, o que não se verifica nos autos.

Depreende-se, portanto, Emérito Julgador, que os Autores, de posse


de uma documentação falha, tenta em sua peça inicial, distorcer os fatos que realmente se deram,
induzindo V.Exa. a vislumbrar prejuízos e culpa, onde estes não existem, como adiante se
demonstrará, ficando evidente também, ante a fragilidade probatória do pleito inicial, que deve a
demanda ser julgada totalmente improcedente.

Quanto ao tema alhures, os efeitos da ausência de provas, a


empresa-ré, ora Contestante, pede vênia para transcrever acórdão emanado pelo Egrégio 1º
Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, que tão bem discorre sobre o assunto, senão
vejamos :
"EMENTA - Responsabilidade Civil - Acidente de trânsito - Prova - Insuficiência -
Recursos Providos.

ACÓRDÃO

Acordam, em Quarta Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, por votação


unânime, dar provimento aos recursos.

Os apelantes tem razão.

As provas coligidas são frágeis e não demonstram quem foi o causador do acidente
que vitimou o autor.

Louve-se o esforço do Douto Prolator da sentença em escolher aquele que diz a


verdade, mas, para nós, a separação do "joio" e do "trigo" envereda-se pelo campo da
adivinhação, ao qual não nos atrevemos."
Presidiu o Julgamento, com voto, o Juiz CARLOS BITTAR e dele participou o Juiz
OCTAVIANO SANTOS LOBO.
São Paulo, 1º de Fevereiro de 1995.
TERSIO JOSÉ NEGRATO - RELATOR”

Dessa forma, ante a ineficácia dos documentos carreados pela


Demandante para servir de prova da responsabilidade da Contestante pelo acidente, deverão os
mesmos ser desconsiderados por Vossa Excelência, pelos motivos expostos alhures.

Emérito Julgador, a inexistência do elemento probante sufoca a


indenização pretendida em todos os seus termos e mais, é objeto de condenação da Autora ao
pagamento das custas e demais cominações legais.

Assim, ante o exposto, requer a Contestante seja julgada


improcedente a presente demanda, por absoluta falta de provas.

DOS DANOS MATERIAIS

Note-se que os Requerentes formulam pedidos sem anexar aos


autos os documentos necessários para a comprovação dos danos, bem como do valor que
pleiteia.

Com todo o respeito Vossa Excelência, chega a ser um absurdo a


alegação dos Autores em querer imputar responsabilidades por “supostos danos” sofridos à
Contestante.
Insta frisar que o evento narrado não decorreu de culpa ou dolo por
parte da Contestante, posto que o autor não demonstrou tal culpa e/ou dolo. Ademais, como
afirmado pelos autores, um veículo desconhecido efetuou uma ultrapassagem pela faixa esquerda
e o requerente ao desviar para o lado direito da via, teria colidido com o veículo que estava
estacionado.

Frise-se ainda que a autor, quer imputar à requerida gastos


decorrentes do danos causados em seu veículo, sendo que a colisão ocorreu devido a uma
manobra realizada pelo próprio autor. Não há como atribuir a responsabilidade do acidente à
requerida, ademais por óbvio que suas alegações tendenciarão em seu favor.

Outrossim, os danos sofridos pelo Autor, bem como todas as


despesas elencadas pela mesma nada tem a ver com a Contestante, posto que o requerente não
comprovou a culpa da Contestante, ao arrepio do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Traz aos autos valores de supostas despesas, sem ao menos juntar


um recibo de pagamento, juntando apenas um orçamento realizado junto a uma mecânica, sem
total cabimento e/ou nexo causal.

Insta frisar que o evento narrado não decorreu de culpa ou dolo por
parte da Contestante, posto que a mesma não deu causa ao evento, aliás sequer participou do
evento, e que o autor não demonstrou tal culpa e/ou dolo do correquerido.

Ademais, verifica-se que, as declarações prestadas no Boletim de


Ocorrência são unilaterais, assim, a requerida não tem conhecimento destes fatos, a versão do
autor mostra-se fantasiosa e cria um embate de modo que aos fatos que aconteceram, não
devendo ser imputada responsabilidade à requerida

Isso porque, a prova documental apresentada, traduz inicialmente


tão somente as declarações dos envolvidos no evento, sendo certo, que a jurisprudência tem
entendido que este não possui o condão de responsabilizar qualquer das partes envolvidas pelo
acidente, verbis:

“Acidente de trânsito, Boletim de Ocorrência preenchido por policiais


rodoviários, não revestido das condições de perícia técnica,; valor relativo
sopesado no conjunto das provas. Consignando tal documento
conclusões pessoais, sem arrimo em danos de certeza, não serve à
prova da culpa, sob pena de transformar-se o policial em juiz de fato. (...)
(Ac. 22116, de Caxias do Sul, 3ª Câm. do TARS, 1980, Rel. Celso Luiz
Franco Gaiger, JTARS, 35:418). (gn)
Não basta apenas narrar a ocorrência do evento e discorrer da
responsabilidade da Contestante para vê-la compelida a pagar eventual indenização, desprovida
da prova cabal dos danos alegados.

Constata-se assim que o direito do autor de provar supostos danos


materiais não foi realizado, já que devia trazer aos autos os recibos de pagamentos dos gastos
que alega ter suportado, não merecendo prosperar suas alegações baseadas apenas em um
orçamento realizado.

Destarte, resta evidente que a falta de provas sufoca a pretensão


indenizatória, sendo mister a rejeição dos pedidos formulados pelo Requerente.

Outra informação importante, ressalte-se que as fotos juntadas na


inicial, só corroboram e comprovam que a requerida não tem responsabilidade sobre referido
incidente, vez que não demonstra como se deu os fatos, apenas apresenta os veículos
envolvidos, sem podendo declinar culpa à Contestante.

Alega o Requerente que o veículo que supostamente teria sido


culpado pela ocorrência do acidente estaria estacionado em local proibido, ocorre que não há
comprovação nos autos de tal alegação, pois foram juntadas fotos de placas de sinalização de
proibido parar e estacionar, porém não demonstra que o veículo estava parado neste local.

Ainda, no sentido de demonstrar a ausência de culpa da


Contestante, com os documentos juntados nos autos restam comprovados que a culpa pela
acidente se deu exclusivamente por culpa do próprio autor, pois não manteve a atenção
necessária ao efetuar a manobra para se distanciar do veículo terceiro desconhecido.

Em suma, o Demandante limita-se a narrar fatos, desprovidos de


qualquer suporte probatório, em flagrante afronta ao disposto no art. 333, I, do Código de
Processo Civil, o que conduz, de modo cristalino, à total improcedência do pedido de recebimento
de indenização por danos materiais.

Ademais, a mera juntada de orçamento não corrobora o pagamento


dos danos supostamente sofridos pelo Autor em decorrência de acidente de trânsito ensejado por
ele mesmo.

A jurisprudência já se manifestou a respeito do tema, sendo


necessária a apresentação dos recibos de pagamentos, que devem acompanhar as notas fiscais,
senão vejamos:
“APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS. IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. Da preliminar. Rejeição. O
Juiz é o destinatário da prova e a ele incumbe decidir sobre a necessidade ou não de
sua produção. Assim sendo, convencendo-se o Magistrado da desnecessidade de
realização de prova oral, por se tratar de matéria eminentemente de direito, tem ele
livre arbítrio para indeferir a realização da prova que entende prescindível para a
formação do seu convencimento, conforme dispõe o artigo 130 do CPC. Do mérito.
Além da fundamentação expendida na sentença, no caso dos autos igualmente
descabe a indenização pelos alegados danos materiais sofridos, porquanto o autor
não logrou comprovar inequivocamente sua ocorrência. Em se tratando de danos
materiais, não há comprovação de documento, recibo ou comprovante de pagamento
indicando o desembolso de valores pelo autor, o que afasta o direito de eventual
ressarcimento. Sentença mantida. Preliminar rejeitada. APELO DESPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70034821629, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho, Julgado em 18/08/2010)” – grifo nosso

Ademais, a contestante nada teve a ver com o acidente não,


principalmente pela condição ilegítima no polo passivo da presente.

Em suma, o Demandante limita-se a narrar fatos, desprovidos de


qualquer suporte probatório, em flagrante afronta ao disposto no art. 333, I, do Código de
Processo Civil, o que conduz, de modo cristalino, à total improcedência do pedido de recebimento
de indenização por danos materiais.

DA PROVA PERICIAL

O Autor requereu prova pericial apresentando desde já os quesitos a


serem respondidos pelo Sr. Perito a ser nomeado no processo.

Entretanto ao analisar os quesitos, nota-se que o requernte tenta


esclarecer se o veículo que supostamente tenha causado o acidente narrado na nicial, estava
parado indevidamente em local proibido, conforme regulamentação de trânsito para o local dos
fatos, além de requrer que o perito se manifeste acerca do acidente.

Com isso tal prova pericial não pode ser considerada válida, uma vez
que a mesma se realizada no local dos fatos, não poderá comprovar o que ocorreu no dia do
suposto acidente, pois os sentidos das vias, bem como disposição das placas indicando os locais
de proibição de estacionamentos já podem ter sido alteradas, devido ao longo lapso temporal
decorrido da data dos fatos para os dias de hoje.
Resta claramente inviável tal produção de provas no local dos fatos
se não no dia do acontecimento do suposto acidente, tornando a prova pericial incapaz de atingir
seus objetivos.

Mesmo que a prova pericial seja realizada de forma indireta, com


base no boletim realizado pela autoridade policial, esta não teria a capacidade de tirar conclusões
acerca do acidente, pois trta-se de docuemento elaborado pelas partes que se envolveram no
suposto acidente, realizadas mediante narrativas unilaterias dos fatos, onde cada parte envolvida
narra os acontecimentos visando o melhor para si mesmo.

Diante do exposto o pedido de realização de perícia no local dos


fatos não deve prosperar, devendo ser indeferido desde já.

DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS

Sem embargo de todo o exposto anteriormente, a Contestante


impugna com veemência todos os pedidos indenizatórios, tendo em vista que não possui qualquer
responsabilidade pelos danos narrados na preâmbular, inexistindo qualquer dever de indenizar,
seja por danos materiais ou seja por danos morais.

Vale destacar que não pode prosperar o pedido de verba destinada


ao pagamento dos supostos danos morais, porquanto estes não foram provados, não bastando a
simples alegação de transtornos decorrentes do evento danoso.

Note-se que os Autores sequer demonstraram no que consistiria o


tão dramatizado dano moral, que deu causa a um ABSURDO pedido de indenização no montante
de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

Na verdade, após discorrer sobre a temática do dano moral no


ordenamento jurídico pátrio, o Autor, sem justificar a existência do dano moral no presente caso
em relação à contestante, pleiteia uma indenização vultuosa, em decorrência de tal dano,
demonstrando um tentativa de enriquecimento ilícito sem tamanho.

Da simples leitura da exordial, constata-se nitidamente que o único


objetivo dos Autores é o de locupletar-se às expensas da Contestante.

Portanto, constata-se que o requerimento dos Demandantes deve


ser afastado de plano, eis que patentemente inexistente o dano moral alegado.

Nesses termos cumpre observar a bem lançada decisão proferida


pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo, na apelação nº. 104.803-4/8, 10ª Câmara de Direito
Privado, Relator Desembargador Souza José, senão vejamos:
“1) DANOS MORAIS. OFENSA À HONRA. AJUIZAMENTO DE QUEIXA-CRIME POR
PARTE DO OFENDIDO. CONCILIAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIA QUE PROJETA
EFEITOS PARA ESFERA CIVIL.
2) DANOS MORAIS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE SUA EFETIVA
OCORRÊNCIA, NÃO BASTANDO A DEMOSNTRAÇÃO DA AÇÃO OU OMISSÃO DO
AGENTE. AUSÊNCIA DE PROVA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
A lei não traz previsão de presunção de ocorrência do dano, em razão da só conduta
do agente.
Não se considera o dano como tendo se verificado automaticamente.
Há que restar cumpridamente demonstrado que em virtude da conduta daquele a
quem se imputa o comportamento indevido, a vitima tenha experimentado dor,
sofrimento, vergonha, humilhação, constrangimento, indignação, enfim, abalo
emocional que não um mero desconforto.
Não se nega que há danos morais que são presumidos.
Tal se dá, por exemplo, no caso em que uma mãe ou um pai perde um filho.
A dor em decorrência dessa morte é presumida, cabendo ao réu, por natural inversão
do ônus, eventualmente demonstrar a ocorrência de circunstancias aptas a apontar a
inexistência, a ausência, a supressão daquele sentimento.
Como regra geral, contudo, compete àquele que e diz ofendido demonstrar que a
ação ou omissão da outra parte repercutiu de tal sorte na esfera daquilo que se
convencionou denominar “patrimônio ideal”, a ponto de submetê-lo e marcá-lo com
sério sofrimento.
No caso dos autos, todavia, nenhuma prova nesse sentido foi produzida.
O autor limitou-se a afirmar que sofreu com a conduta do réu prejuízos morais que
atingiram sua imagem e sua idoneidade, sem que, todavia, tivesse produzido, como
era de indeclinável rigor, alguma prova que viesse demonstrar a efetiva ocorrência dos
alegados danos morais.
Assim, também por esse motivo não era de se dar guarida à pretensão inicial.”

A ausência da prova do dano moral comporta o inacolhimento da


verba correspondente, pelo que requer desde já a Contestante, como medida da mais salutar
Justiça.

Ad argumentandum, em respeito ao Princípio da Eventualidade,


mister destacar que a empreitada jurídica proposta pela Requerente não pode ser acolhida, nem
mesmo quanto ao pedido de verba destinada aos supostos danos morais, pelas razões acima
assinaladas.

Não basta apenas buscar a tutela jurisdicional desacompanhada do


pressuposto consagrado pelo artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Na remota hipótese de procedência desta demanda, o que se admite


apenas em respeito ao princípio da eventualidade, descabe o enriquecimento indevido dos
Autores e, porquanto a verba conseqüente deve corresponder, no máximo em dez salários
mínimos, de acordo com o Código Brasileiro de Telecomunicações, Lei nº 4.117 de 27/08/62, face
à inexistência de lei ordinária que regule e fundamente eventual arbitramento, consoante
assentado por nossos Tribunais, senão vejamos:

“Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo


Apelação Cível nº 481917 - Comarca de São Paulo - DJ 01/04/92 - 2ª. Câmara - JTA-
LEX 138/214 - Rel. Rodrigues de Carvalho - Decisão Unânime.
Responsabilidade civil - Acidente ferroviário Indenização - Dano moral - Valor a ser
alcançado valendo-se do critério estabelecido pela lei 4117/62 (Código Brasileiro de
Telecomunicações) - Fixação em 10 salários mínimos, pagos de uma só vez -
Recurso provido.”
*....................*......................*

“Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo


Apelação Cível nº 412831 - Comarca de Suzano - DJ 16/05/89 - 6ª Câmara - JTA
120/106 - MF 484/30 - Rel. Carlos Roberto Gonçalves. Decisão Unânime.
Responsabilidade civil - Acidente de trânsito Dano moral - Critério - Adoção do
estabelecido no Código Brasileiro de Telecomunicações - Lei 4117/62 e art. 50., pars.
V e X da CF - Indenização correspondente a vinte vezes o piso nacional de salários -
Recurso provido. No mesmo sentido (4a. ementa): AC 462.260-0 - Rel. Amauri Ielo -
4a. c - MF 1041/159 (scf); no mesmo sentido (5a. ementa): AC 462.260-0 - Rel.
Amauri Ielo. - 4a. c - MF 1041/159.”

Desta forma, requer seja rechaçado o pedido perseguido, devendo


no máximo ser arbitrado em 10 salários mínimos vigentes a época da sentença, na remota
hipótese de acolhimento desta demanda.

Por fim, sobreleva ressaltar que, no caso em tela, não há a conduta


gravosa da Contestante, tampouco o nexo de causalidade entre os supostos danos sofridos pelos
Autores e a conduta supostamente praticada pela Contestante.

DOS PEDIDOS

De inicio, a contestante requer ainda seja acolhida a preliminar de


ilegitimidade passiva com a conseqüente extinção do feito em relação à mesma, com fundamento
nos artigos 3º e 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, diante da flagrante impertinência na
aplicação dos artigos 265 e 932 inciso III, do Código Civil, condenando os Requerentes ao
pagamento da verba honorária na base de 20% sobre o valor atribuído à causa e demais
consectários legais.
Na remota hipótese da preliminar acima restar vencida, requer seja
julgada totalmente IMPROCEDENTE a presente demanda, condenando-se os autores ao
pagamento das custas e despesas processuais, dos honorários advocatícios em percentual a ser
oportunamente arbitrado e das demais cominações de estilo, tendo em vista a inexistência de
prova dos danos alegados na preambular.

Requer e protesta provar o todo alegado por todos os meios de prova


em direito admitidos, sem exceção de nenhuma, principalmente, juntada de novos documentos,
expedição de ofícios, oitiva de testemunhas, bem como depoimento pessoal do Requerente.

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, 21 de outubro de 2015.

ADV
OAB/MG

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