“TUDO QUE QUERO NA VIDA É JOGAR XADREZ”
FISCHER
PROGRAMAÇÃO DE
CONTEÚDO
01 A JORNADA DO MESTRE
08 ABERTURA
02 DE PEÃO À DAMA
10 TIPOS DE JOGADAS
03 COMO PRGREDIR
11 DICAS
04 A PRÁTICA
17 MIKHAIL TAL
06 A TEORIA
30 MEIO-JOGO
PROGRAMAÇÃO DE
CONTEÚDO
40 FINAL
79 TORNEIOS
50 83
PSICOLOGIA
ESTRATÉGIA
ENXADRISTICA
56 TÁTICA
87 PREPARAÇÃO FÍSICA
65 ANÁLISE
90 INFORMÁTICA
76 92
REPERTÓRIO DE
SOBRE O AUTOR
ABERTURAS
A Jornada do Mestre
O mestre nacional Gérson Peres Batista é formado em
pedagogia, pós-graduado em tecnologias e educação a
distância, além de técnico desportivo com habilitação em
xadrez (Cref 9681-P/MG). Está prestes a completar 16 mil
alunos atendidos em escolas, clubes e pela internet, tendo
já disputado mais de 800 torneios em sua carreira. É o
fundador do Clube de Xadrez Online, site com
aproximadamente 16 mil artigos publicados. É o
responsável pelo Canal CXOL no YouTube, que tem
mais de 900 vídeos no ar. É coautor dos livros "O Espírito
da Abertura" e "Os Mestres do Xadrez", tendo escrito ainda
os ebooks "Repertório de Aberturas", "Método dos 6
Pilares" e "Xadrez para Instrutor". É autor de mais de
300 videoaulas que compõem o catálogo da Loja do
CXOL. Desde 1989 vem jogando e ensinando xadrez.
De Peão à Dama
O presente trabalho atende uma demanda cada vez maior
no campo do xadrez de alto rendimento. O material
inserido nesta apostila vem de pesquisas realizadas em
livros de xadrez e de outras áreas do conhecimento
humano, consultas na internet e especialmente da
experiência do autor em quase 30 anos jogando e
ensinando xadrez.
Esperamos que o objetivo almejado com este ensaio seja
alcançado e desde já desejamos aos leitores muitas
vitórias no maravilhoso mundo das 64 casas do tabuleiro.
O Autor
Como Progredir
O célebre grande mestre, treinador e escritor
especializado Alexander Kotov (1913-1981)
sabiamente afirmou que: “para evoluirmos no
xadrez é necessário a determinação para o
estudo e a prática constante”...
Partindo dessa premissa, o que devemos então
fazer no que diz respeito às questões práticas e
teóricas do xadrez paragradualmente
melhorarmos nosso nível técnico?!
03
A Prática
Na questão da prática é relativamente fácil e
mais prazeroso.Podemos medir forças contra
outros adversários, seja em casa, na escola,
nos Clubes de Xadrez, na internet... ou mesmo
contra computadores, com forças as mais
variadas.
Entretanto, o local mais adequado é mesmo o
ambiente dos torneios, onde encontramos outras
variáveis que não só o conhecimento assimilado
nos livros e posto em prática de forma amistosa.
04
Há agora a pressão psicológica, temos de lidar
com ritmos de jogo diferentes de acordo com o
tipo de torneio (se relâmpago, rápido ou
pensado), entramos no campo da vontade de
vencer, da garra, do ego, enfim o adversário
está ali em nossa frente e precisa ser derrotado.
Ele nos olha, nos desafia, nos intimida...
Em suma: não há lugar mais propício que as
competições para exigir o máximo de nós, trazer
à tona todo nosso potencial. Bom, se na prática
já sabemos que o segredo é jogar
exaustivamente – especialmente torneios –, o
que fazer então com a teoria?!
É disso que vamos tratar de agora em diante,
amigo leitor.
05
A Teoria
No livro ‘K x K, a Perestroika no Tabuleiro,
publicado em 1991, seu autor, o MI Rubens
Filguth, informava que o ex-campeão mundial
Anatoly Karpov reunia em sua biblioteca pessoal
aproximadamente 8.000 títulos de livros de
xadrez. Em 2007, numa matéria sobre Karpov
que é o jogador que mais ganhou torneios – no
site da ChessBase (www.chessbase.com) havia
a informação de que o GM russo já detinha
cerca de 20.000 títulos de livros de xadrez.
06
No entanto, o site trazia a estimativa de que o
número de obras de xadrez existentes no mundo
é de aproximadamente 40.000 títulos!
Com tanta literatura disponível, teríamos que
viver várias vidas para ler tudo que se publicou
sobre nossa modalidade, pois as poucas
décadas que o ser humano passa por aqui
seriam insuficientes frente ao material a ser
estudado.
Assim, como assimilar de forma racional um
pouco de tudo o que há sobre xadrez?
Atingiremos esse objetivo dividindo em tópicos o
que há de mais importante a ser aprendido.
Chamaremos esses tópicos de “pilares”, em que
haverá seis frentes de estudo. São elas:
ABERTURA
MEIO-JOGO
FINAL
ESTRATÉGIA
TÁTICA
ANÁLISE
07
Esses seis elementos cobrem todos os ângulos
de estudo no tabuleiro. Quem souber os
fundamentos de cada pilar, saberá lidar com
qualquer posição que o adversário lhe impuser.
Abertura
Dizemos ‘abertura’ a primeira fase da partida,
onde vamos “acordar” nossas peças,
despertando-as para o jogo, uma vez que nas
casas onde se encontram estão inativas,
adormecidas.
08
A abertura compreende os 10, 12, às
vezes 15 primeiros lances.
Alguns fatores a serem levados em
consideração:
Centro: casas e4, d4, e5 e d5. São os
principais quadros do tabuleiro e nossas
peças devem ser movimentadas visando
ocupálos.
Desenvolvimento: é tirar a peça de sua
casa inicial e colocá-la no jogo, de
preferência atacando as casas centrais.
Espaço: é o território. Ter vantagem
espacial é ter liberdade para a
movimentação das peças.
Tempo: cada lance é uma oportunidade
de pôr uma peça para trabalhar. Uma
jogada é um tempo que dispomos. No
começo da partida as brancas dispõem
de um tempo a mais.
09
Fórmula do sucesso na abertura:
A = CD + ET
Tipos de Jogadas
Neutra, ataque, defesa, contra-ataque e erro.
Se observamos bem, há sempre uma correlação
nos tipos de jogadas. Por exemplo, se nosso
adversário faz uma jogada de ataque devemos
responder com uma jogada de defesa ou
contraataque; para um lance neutro, devemos
responder com outro neutro ou de ataque, e
assim por diante.
10
Dicas
A seguir, 15 dicas para ser jogar a abertura
adaptadas do livro ‘Xadrez Básico’, de Orfeu
D’Agostini, publicado em meados da década de
1950, e que se tornou um bestseller em língua
portuguesa
1. Inicie a partida com o peão na frente do rei
dois passos.
11
2. Sempre que possível desenvolva uma peça
que ameace alguma coisa.
3. Desenvolva os cavalos antes dos bispos,
especialmente o da ala do rei.
4. Escolha a melhor casa para sua peça e
ocupe-a com o menor número de lances.
5. Movimente um ou dois peões na abertura e
não mais.
6. Não movimente a dama precocemente.
7. Faça o roque o mais cedo possível, e dê
preferência ao roque na ala do rei (roque
pequeno).
8. Jogue para obter o controle das casas
centrais.
9. Esforce para manter ao menos um peão no
centro.
10. Não movimente a mesma peça duas vezes.
12
11. Evite colocar suas peças nos cantos do
tabuleiro.
12. Procure conquistar espaço para a livre
movimentação de suas peças, do contrário,
cairá em posições restringidas.
13. Tente trabalhar com suas peças em
harmonia (conjunto), uma colaborando com
outra.
14. Cuidado com os lances anódinos (aqueles
que não objetivam nada).
15. Não sacrifique material sem um motivo claro
e imediato.
Para sacrificarmos uma peão devemos ter pelo
menos uma das seguintes compensações:
Desenvolvimento;
Ataque
Impedir o roque adversário, temporária ou
definitivamente;
Desviar a atenção de uma peça inimiga, em
especial da dama.
13
Para o jogador que já fez um progresso
substancial em seu jogo, trazemos o método de
estudo aplicado no livro ‘O Espírito da
Abertura’, de Gérson Peres Batista e Joel Cintra
Borges, publicado em 2004 e que está em sua
2ª edição reimpressa (em 2016).
O interessado em assimilar uma abertura terá de
tomar ciência da caricatura da mesma,
entendendo os fundamentos dela, sua razão de
ser
Abertura só se aprende através de conceito,
temos de entender o sentido dos lances. O
processo “decoreba” não funciona e poderá
levar o enxadrista à estagnação.
Veremos um modelo de como se aprofundar
numa determinada abertura, tomando como
exemplo a Defesa Indo-Benoni, que se
convencionou chamar nos dias atuais de Benoni
Moderna.
14
Benoni Moderna
1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.d5 e6
4.Cc3 exd5 5.cxd5 d6
HISTÓRICO
Inicialmente chamada de Defesa Staunton,
passou a ser considerada posteriormente uma
das linhas do Gambito da Dama. Em meados do
século passado foi agregada à Defesa Índia do
Rei, porque as pretas começaram a desenvolver
o bispo por fianqueto, à semelhança das
defesas índias.
15
Convém esclarecer que a Benoni é um complexo
de linhas que tem origem nos lances 1.d4 c5. A
variante mais jogada, da qual trataremos no
presente capítulo, denominada primeiramente
IndoBenoni ou Semi-Benoni, em nossos dias
recebeu o nome de Benoni Moderna.
A palavra Ben-Oni é hebraica e significa “filho
do meu sofrimento”. Conta-se que, quando
deprimido, Aaran Reiganumem pegava o
tabuleiro de xadrez e punha-se a analisar
posições, em especial defesas contra gambitos.
Dessas análises surgiu um livro, publicado em
1825, considerado a base da Benoni Moderna. O
nome da defesa foi tirado do título dessa obra.
Alguns brasileiros que a utilizam: os MIs Carlos
Alejandro Martinez e Welling.
ESPECIALISTA: TAL
16
UM POUCO DE HISTÓRIA
1936 - 1992
MIKHAIL TAL
MIKHAIL NEKHEMIEVICH TAL
RIGA, 9 DE NOVEMBRO DE 1936 — MOSCOU, 28 DE JUNHO DE 1992
Mikhail Tal nasceu na cidade de Riga, capital da
Letônia, no ano de 1936, tendo falecido em
1992. Era de origem judaica, filho de um
médico, tendo sua família um elevado nível
cultural.
Desde muito pequeno demonstrou assombrosa
capacidade intelectual, com grande facilidade
para os cálculos e uma memória prodigiosa,
sendo capaz de gravar poemas e capítulos
inteiros de livros em pouquíssimo tempo.
Aprendeu o xadrez com sete anos de idade e
aos doze já era um forte jogador. Ao vinte e três
anos sagrou-se campeão mundial, na época o
mais jovem de todos os tempos, batendo –
contra todos os prognósticos – a Mikhail
Botvinnik, pelo dilatado escore de 6 a 2 e 13
empates. No ano seguinte, porém, no match-
revanche, Botvinnik recupera o título e Tal não
mais consegue reconquistá-lo.
De 1958 a 1982 participa de oito olimpíadas,
vencendo 63 partidas, empatando 35 e perdendo
apenas duas. Entre outros títulos, citaremos
“apenas” que foi campeão da URSS por seis
vezes e que jogou mais de 4.000 partidas em
torneios oficiais (uma das carreiras mais ativas
entre todos os grandes enxadristas).
19
Apesar do muito que conseguiu, suas atuações,
sem dúvida alguma, foram prejudicadas pela
saúde precária, já que sofria de problemas
renais.
Dono de um estilo extremamente agressivo e
criativo, chegando a ser até paradoxo – o
xadrez na concepção de Tal deixava de ser o
reino da lógica para ser o das exceções –
conquistou milhões de fãs com suas inesperadas
e brilhantes combinações, o que lhe legou o
cognome de “Mago de Riga”.
A Benoni sempre foi sua companheira.
Utilizando-a com sucesso, imprimiu seu estilo
agressivo em inúmeras linhas. Aos que
pretendem jogá-la, as partidas de Mikhail Tal
são fontes inesgotáveis de ideias e seu
conhecimento é obrigatório.
20
variantes da benoni moderna
APÓS 1.D4 CF6 2.C4 C5 3.D5 E6 4.CC3 EXD5 5.CXD5 D6, AS
BRANCASTÊM À DISPOSIÇÃO VÁRIAS CONTINUAÇÕES:
ORIGEM NOTAÇÃO
VARIANTE CLÁSSICA: 6.E4 G6 7.CF3 BG7 8.BE2 0-0 9.0-0
SISTEMA KARPOV: 6.E4 G6 7.CF3 BG7 8.H3 0-0 9.BD3
VARIANTE MIKENAS: 6.E4 G6 7.F4 BG7 8.E5
21
VARIANTE TAIMANOV: 6.E4 G6 7.F4 BG7 8.BB5+
VARIANTE PENROSE/TAL: 6.E4 G6 7.BD3 BG7 8.CGE2 0-0 9.0-0
VARIANTE DO FIANQUETO: 6.G3 OU 6.CF3 G6 7.G3
VARIANTE UHLMANN: 6.CF3 G6 7.BG5
VARIANTE NIMZOWITSCH: 6.CF3 G6 7.CD2
Daremos as ideias gerais para ambos os lados,
as quais constituirão uma base para o
conhecimento estratégico dessa defesa.
22
jogando
de brancas
ESTA É UMA DAS RARAS ABERTURAS EM QUE O BRANCO
TEM CHANCES DE ATUAR NOS TRÊS SETORES DO
TABULEIRO: ALA DA DAMA, CENTRO E ALA DO REI.
Na ala da dama deve estar sempre atento a um
possível avanço do adversário, com ...a6
seguido de ...b5, mobilizando sua maioria de
peões; portanto, é necessário vigiar
constantemente o quadro b5 para que não
ocorra esse tipo de contra-jogo.
Dessa forma, é praticamente obrigatório
executar o movimento a4, às vezes até a5,
paralisando completamente essa ala e
possibilitando ainda uma excursão do cavalo de
c3 a a4 e posteriormente b6, o que incomoda
sobremaneira o jogo negro.
No centro, aproveitando o fato de que o peão
pode ir facilmente a e4, organizar as peças para
uma ruptura com e5.
Finalmente, na ala do rei, através do avanço do
peão a f4 com o apoio de e4, começar o ataque
com f5 ou e5. Nesse último caso é comum até o
sacrifício do peão em e5, seguido de f5! (ou
mais raramente o inverso).
É muito frequente também a manobra do cavalo
de g1 – chamada “pirueta de Nimzowitsch” – que
salta para f3, passa por d2 e atinge a casa c4.
De lá, defende b2 e pressiona o principal ponto
fraco das pretas (o peão de d6), contando,
24
ainda, com o apoio do bispo, que pode ir a f4.
Em suma, o branco tem jogo livre e um grande
leque de opções, devendo, no entanto, jogar
com cautela, pois a posição das peças pretas é
dinâmica e fraquezas podem ser aproveitadas
prontamente.
25
jogando
de pretas
UM PRINCÍPIO FUNDAMENTAL NA BENONI É: ATRAVÉS
DOS FLANCOS, CERCAR O CENTRO INIMIGO E ORGANIZAR
UMA PRESSÃO SOBRE ELE.
Os pontos fortes das pretas são: a maioria de
peões na ala da dama, a coluna e semi-aberta
(pressionando sobretudo a casa e4, que em
geral fica fraca) e o forte bispo de g7 (muito
ativo ao longo da diagonal a1-h8).
A Benoni comumente leva a posições
restringidas, por isso o segundo jogador precisa
aproveitar toda e qualquer oportunidade para
abrir a posição.
Pelo fato de ter a maioria de peões na ala da
dama, o final lhe é francamente favorável,
motivo pelo qual as trocas de peças devem ser
buscadas. Isso ajuda também na liberação de
seu jogo.
A Benoni Moderna oferece boas possibilidades
de ataque na ala do rei (especialmente quando o
cavalo de f3 das brancas traslada para c4,
deixando seu rei com menos efetivos na
defesa), o que explica a grande paixão dos
jogadores táticos por ela.
27
TORNEIO MEMORIAL NELSON PAGNANELLI
UBERABA/MG, 11 DE MARÇO DE 2007
PARTIDA ILUSTRATIVA
4ª RODADA - DEFESA BENONI MODERNA
BRANCAS: GÉRSON PERES BATISTA (2207)
PRETAS: MI CARLOS ALEJANDRO MARTINEZ (2424)
1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.d5 e6 4.Cc3 exd5 5.cxd5 d6
6.e4 g6 7.f4 Bg7 8.Bb5+ Cfd7 9.a4 0-0 10.Cf3
Cf6 11.0-0 Bg4 12.h3 Bxf3 13.Dxf3 a6 14.Bd3
Cbd7 15.Rh1 Tc8 16.e5 dxe5 17.f5 e4 18.Bxe4
Cxe4 19.Cxe4 Ce5 20.Dd1 c4 21.Bg5 f6 22.fxg6
hxg6 23.Bh4 Db6 24.d6 f5 25.Dd5+ Rh8 26.Cg5
Tc5 27.De6 Tc6 28.Tad1 Dxb2 29.Bg3 Bf6
30.Bxe5 Dxe5 31.Cf7+ Txf7 32.Dxf7 Tc8 33.d7
Tg8 34.Tfe1 Db2 35.Te8 e as pretas abandonam
(1-0)
LIVROS E SOFTWERES
O Espírito da Abertura – Gérson Batista e
Joel Borges; Enciclopédia (volumes A, B, C,
D e E); Informadores (volumes 1 ao 133);
Banco de dados (Megadatabase 2017 –
reunindo cerca de 7 milhões de partidas);
Chessimo;
Chess Tutor;
Modern Chess Openings Set – I ao VII (da
Convekta).
29
MEIO-JOGO
PASSADA A FASE DE LIBERAR AS PEÇAS, ENTRAMOS NO JOGO MÉDIO
OU MEIO-JOGO.
É nesta fase que mais aparece o estilo do
jogador, sua personalidade, sua maneira de
entender o xadrez.
Existem fatores que podem nos guiar, nos
orientar no meio-jogo. A isso vamos chamar de
temas, e é através deles que montamos o plano
de ação. Basta que analisemos detidamente a
posição para conseguirmos identificá-los.
30
Convém lembrar que algumas aberturas levam a
posições típicas de meio-jogo, repetindo a
estrutura de peões e posicionamento de peças.
Tente observar que tipo de posições suas
aberturas o tem levado, assim poderá se
aprofundar diretamente nos temas mais comuns,
ganhando tempo de estudo e conseguindo assim
resultados práticos mais rapidamente.
TEMAS
Julgar uma posição corretamente e reconhecer
suas peculiaridades é um pré-requisito
essencial.
Devemos, portanto, indagar quais os fatores que
determinam o caráter de uma posição, e qual o
plano a ser conduzido.
A questão é ampla e carece de muito estudo. No
entanto, colocaremos alguns temas a serem
pesados durante o meio-jogo:
- Maioria de peões numa das alas;
- Peão central isolado (é comum ser o peão de “d”);
- Par de bispos x bispo e cavalo ou dois cavalos;
- Bispo x cavalo;
- Bispo bom x bispo mau;
- Duas torres x dama;
31
- Centralização da dama;
- Troca das damas;
- Rei ativo no meio-jogo;
- Sacrifício posicional de qualidade;
- Casas críticas;
- Casas conjugadas;
- Tipos de centro: fixo, fechado, aberto e indefinido.
Aprofundamento de um tema: casas
conjugadas
Casas conjugadas são aquelas por onde o cavalo
pode caminhar. Tanto atacante quanto atacado
devem sempre ficar atentos a esses saltos, pois eles
podem decidir partidas;
A rede mais típica de casas fracas é: d4-f5-d6 ou h6
e f7. Outra rede, muito freqüente, surge das
aberturas do peão da dama: f3-g5-e6 ou f7. Elas são
quase (podemos afirmar) a base medular da
estratégia agressiva do cavalo;
O lado que perceber casas fracas na estrutura do
adversário, deve "adivinhar" quais casas o cavalo
pode alcançar, e planejar iniciativas para tirar
proveito de tal situação;
O lado que observar a possibilidade do
aproveitamento de suas casas fracas pelo
adversário, deve se prevenir e pensar numa maneira
de se defender de possíveis investidas, pois só a
prevenção consegue algum resultado. Após o ataque
através dos saltos do cavalo, não há defesa
satisfatória.
32
JOGO EXEMPLO
JOSÉ RAUL CAPABLANCA X MARC FONAROFF
CASAS CONJUGADAS
CAPABLANCA: EX-CAMPEÃO MUNDIAL
DISPUTADO EM NOVA IORQUE, DATADO DE 18/6/1918.
1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 Cf6 4.0-0
d6 5.d4 Bd7 6.Cc3 Be7 7.Te1
exd4 8.Cxd4 Cxd4 9.Dxd4 Bxb5
10.Cxb5 0-0 11.Dc3
Aqui começa o plano de Capablanca em relação
às casas conjugadas. Pelo fato de haver
desaparecido o bispo da dama negro, as casas
brancas são débeis e isto faz com que o grande
mestre cubano enxergue as casas relacionadas
entre si estrategicamente: d4-f5 e daí para d6-
g7-h6 (com “conexão” para para f7).
34
11...c6 12.Cd4 Cd7 13.Cf5 Bf6
14.Dg3 Ce5 15.Bf4 Dc7 16.Tad1
Tad8
Nesse momento, a posição é essa: Capablanca,
que sabe dosrecursos que surgem do domínio
das casas conjugadas, arremata a partida de
forma espetacular.
35
17.Txd6 Txd6 18.Bxe5 Td1 19.Txd1
Bxe5
Agora o complemento do uso da teoria das
casas conjugadas, iniciada ainda na jogada 11.
36
20.Ch6+ Rh8 21.Dxe5 Dxe5
22.Cxf7+
E as pretas abandonaram.
37
PARTIDA EXEMPLO: BISPO BOM X BISPO MAU
FINAL MINEIRO ABSOLUTO 2007 (3ª RODADA)
PARTIDA ILUSTRATIVA
1.d4 c5 2.d5 e5 3.c4 d6 4.Cc3 Be7 5.e4 Bg5
6.Cf3 Bxc1 7.Txc1 Ce7 8.h3 0–0 9.Bd3 Cg6
10.Ce2 Da5+ 11.Cc3 Cd7 12.0–0 Cf6 13.a3 Ch5
14.Ce2 Chf4 15.Cxf4 Cxf4 16.Rh2 Dd8 17.Cg1 f5
18.exf5 Cxd3 19.Dxd3 Bxf5 20.Db3 Dg5 21.Tc3
Tf7 22.Tg3 Dd2 23.Cf3 Df4 24.Rg1 h6 25.Ch2
Taf8 26.Cg4 h5 27.Ce3 Be4 28.Dd1 Dh6 29.Dd2
h4 30.Tg4 Bf5 31.De2 Bxg4 32.Cxg4 Dg5 33.f3
e4 34.Ch2 De5 35.fxe4 Dd4+ 36.Rh1 Txf1+
37.Cxf1 Df2 38.Dxf2 Txf2 39.Ce3 g6 40.Cg4
Txb2 41.e5 dxe5 42.d6 Td2 43.d7 Rg7 44.Cxe5
Rf6 0-1
Livros e softwares
Tratado General de Ajedrez (volume III) –
Roberto Grau;
Meu Sistema – Aaron Nimzovitsch;
Lições Sobre Meio-jogo – Valtercides Freitas;
Chessimo;
Chess Tutor;
Encyclopedia of Middlegame – I a V (da
Convekta).
39
FINAL
É A FASE FINAL DA PARTIDA ONDE VAMOS FAZER VALER A
SUPERIORIDADE MATERIAL CONQUISTADA, ASSEGURAR UM EMPATE,
OU AINDA LUTAR PARA SALVAR UMA POSIÇÃO COMPROMETIDA
O final é a parte mais difícil do xadrez, pois
exige muita precisão e amplo conhecimento
teórico. Temos que captar realmente o conceito
da posição, já que a situação que se
apresentará no jogo não será a mesma estudada
no livro.
40
É o campo onde se trabalha o lado mais
“matemático” (um final de cinco peças, por
exemplo, as análises já estão esgotadas). Se se
deixa passar um lance de ganho, dificilmente ele
aparecerá novamente, como aconteceria numa
abertura. As oportunidades são quase que
únicas e aparecem com uma roupagem bem
mais sutil que nas outras fases do jogo.
DICAS
1. Peões dobrados (quebrados), isolados
(ilhados), bloqueados são fracos. Evite-os.
2. Os peões passados devem avançar o mais
rapidamente possível.
3. O jogador que tiver um peão a mais, deverá
trocar peças, mas não peões.
4. Ao passo que, quem tiver um peão de menos,
deverá trocar peões e não peças.
5. Aquele que adquirir uma vantagem, não
deverá abandonar todos os peões de uma ala.
41
6. Com um peão a mais, a partida
provavelmente terminará em empate, uma vez
que haja peões somente numa das alas do
tabuleiro, além, naturalmente, de outras peças
no jogo - sejam elas menores (cavalo ou bispo)
ou maiores (torre ou dama).
7. Os finais mais fáceis de ganho são os finais
puros de peões.
8. E os mais fáceis de empate são aqueles com
bispos de cores diferentes.
9. O rei é uma peça forte. É importante usá-la.
10. Não coloque peões nas casas da cor de seu
bispo.
11. Os bispos são melhores que os cavalos em
todas as situações, exceto nas posições
bloqueadas.
12. Dois bispos contra bispo e cavalo (ou dois
cavalos) constituem vantagem apreciável.
13. Peões passados devem ser bloqueados pelo
rei.
14. Uma torre na sétima horizontal é
compensação suficiente por um peão a menos.
42
15. As torres devem situar-se detrás dos peões
passados.
No quarto volume de seu fantástico ‘Tratado
General de Ajedrez’, que trata da estratégia
superior, o mestre argentino Roberto Grau
afirma que os finais de partida mais comuns são
disparados os de torres e peões.
A razão é clara, já que as torres são as últimas
peças a entrarem em jogo e por isso demoram
mais a se expor. Por conseguinte, as
possibilidades de troca em relação às demais
peças são relativamente menores. Já os peões,
como existem muitos no tabuleiro, ainda que
façamos algumas trocas (sobretudo com os
peões centrais, que são os que vão mais cedo à
luta) ainda sobram alguns sobre o tabuleiro.
Sabemos pela literatura enxadrística que ao
redor de 40% das partidas chegam a um final,
quem dominar os finais de torres e peões (já
dito, como sendo o mais freqüente) levará muita
vantagem em relação aos seus concorrentes.
A torre possui muitos recursos, tanto no ataque
quanto na defesa, e por isso é o final mais
complexo que temos no xadrez. Muitos
jogadores que já chegaram à maestria
43
não dominam bem esse tipo de final, tamanha a
variedade de posições possíveis.
Para a assimilação de tanta informação,
devemos buscar as posições típicas, as que
mais se repetem na prática. Dessa forma, um
estudo preliminar do final de torres e peões
passa forçosamente pela compreensão de três
posições básicas:
Posição de Philidor
O mestre francês François-André Danican
Philidor (1726-1795) apresentou no ano de 1777
um estudo que está vigente até os dias de hoje.
Trata-se da conhecida “Posição de Philidor”, um
plano defensivo simples para o lado que luta
pelo empate no final de torre e peão x torre.
44
As pretas devem situar seu rei na coluna de
promoção do peão. Já a torre manter-se-á sua
posição nesta fileira até que o peão atinja a
sexta fileira. Só então irá para a primeira fileira
aplicar os xeques de longa distância pelas
colunas.
1.e5 Ta6 2.Tb7 Tc6 3.e6 Tc1! 4.Rf6 Tf1+
e as brancas não podem fugir dos xeques sem
abandonar a proteção do peão. A partida então
terminará empatada.
Ponte de Lucena
O jogador e escritor espanhol que viveu entre os
séculos XV e XVI, Luis Ramirez Lucena, deixou
seu legado na posição do diagrama e similares,
onde o jogador com vantagem conseguirá
vencer graças à instrutiva “Ponte de Lucena”.
45
1.Tc2+ Rb7 2.Tc4 (o lance-chave para se fazer
a “ponte”) Tf2 3.Rd7 Td2+ 4.Re6 Te2+ 5.Rf6
Tf2+ 6.Re5 Te2+ 7.Te4 e eis a vitória das
brancas.
Manobra de Cheron
Um outro tema interessante nos finais de torre e
peão x torre é quando o rei está “cortado” pela
torre adversária, não sendo possível ele se
aproximar do peão para ajudar na defesa.
O método é o da interposição, apresentado pelo
analista e compositor francês André Cheron
(1895-1980), em 1926.
1.Rb5 Td8 (aí está a manobra salvadora) 2.Tc4
Tb8+ 3.Ra4 Rd7 4.a6 Tc8 5.Tb4 Th8 6.Ra5 Rc7
7.a7 Th5+ 8.Ra4 Th8 9.Ra5 Th5+ e o jogo
termina em empate.
46
O leitor atento pôde observar que a questão é
estudar as situações peculiares. Naturalmente,
não só nesses finais de torres e peões como
também nos demais, sempre procurando
assimilar a manobra-chave que deu o ganho ou
proporcionou o empate. A ideia certamente se
repetirá em outros finais, onde a adequaremos
em função da posição das peças.
Deve-se estudar particularmente os finais de
peões. Em boa parte dos finais de torres e
peões, peças menores e peões, e peças maiores
e peões, pode-se passar a um final puro de
peões mediante as trocas que ocorrem
constantemente. Conhecendo os fundamentos
dos finais de peões saberemos se a troca é
vantajosa ou não.
Não devemos nos esquecer também de estudar
oposição, lei do quadrado, triangulação, casas
conjugadas etc. Tudo o que há de básico nos
finais, o estudante que pretende evoluir não
pode
ignorar.
47
CAMPEONATO MINEIRO ABSOLUTO 2007
4ª RODADA DA FINAL
PARTIDA ILUSTRATIVA
As brancas acabaram de fazer 22.Df4, ao que as
pretas responderam 22...Dxf4+?, trocando as
damas e caindo num final difícil para o segundo
jogador (cavalo x bispo mau), com mais um
complicador: a posição está fechada e o cavalo
leva vantagem...
A partida seguiu: 23.gxf4 Rf7 24.a5 Rg6 25.Rf2
Rf5 26.Rg3 Rg6 27.Ce3 Rh5 28.Cd1 Rg6 29.Cc3
Rf7 30.Ca4 Re7 31.Cb6 Rd8 32.Rg4 Be8 33.f5
Bf7 34.e3 h6 35.Rf4 Rc7 36.Ca4 Rd7 37.Rg4
Rc7 38.Cc3 Rd7 39.Ce2 Re7 40.Cf4 Bg8 41.Ch5
exf5+ 42.Rxf5 Be6+ 43.Rg6!! (fino sacrifício de
peça para entrar num final tecnicamente ganho)
Bf7+ 44.Rxg7 Bxh5 45.Rxh6 Be8 46.h4 Rf7
47.h5 Bd7 48.Rg5 Rg7 49.h6+ Rh7 50.Rf6 Rxh6
51.Re7 Bh3 52.Rd6 Rg5 53.Rc7 Rh4 54.Rxb7
Rg3 55.Rxa6 Rf3 56.Rb6 Rxe3 57.a6 Rxd4 58.a7
e3 59.a8D e2 60.Da1+ Re3 61.Dc3+ Re4 62.De1
Re3 63.Dc3+ Re4 64.Dd2 Rf3 65.Rxc6 1-0
Livros e softwares recomendados
Xadrez Básico (capítulo II) – Orfeu D’Agostini;
Complete Endgame Course – Jeremy Silman;
Técnica de Finais em Xadrez – Max Euwe;
El Final – Miguel Czerniak;
Chessimo;
Chess Tutor;
Total Chess Ending (da Convekta).
49
ESTRATÉGIA
A ESTRATÉGIA É O PLANO, A RAZÃO DE SER DAS JOGADAS. O PLANO
NO XADREZ – ASSIM COMO NA VIDA – É TÃO IMPORTANTE QUE ALGUNS
TEÓRICOS AFIRMAM QUE É MELHOR CONDUZIR UM PLANO ERRADO
QUE JOGAR SEM PLANO ALGUM!
Curiosamente dizem que a estratégia é
sabermos o que fazer quando não há o que
fazer. Isso se deve ao fato de que ela é
abstrata, ou seja, uma casa forte a ser ocupada,
um peão isolado a ser atacado, uma peça
contrária mal colocada a ser explorada etc.
O jogador deve ter uma boa base teórica para
saber escolher o plano ideal em cada posição...
50
Um fator permanente é o da qualidade e posição
dos peões, pois estes não podem, em contraste
com as peças, serem transferidos de uma ala do
tabuleiro para outra; posições de peões, como
regra, alteram-se gradativamente, enquanto que
as peças podem na maioria dos casos, mudar de
colocação sem dificuldade.
Como consequência, temos a aparente
contradição de que os peões, a despeito de seu
valor relativamente pequeno, são os que
determinam, em grande proporção, o caráter de
uma dada posição.
Outros fatores permanentes são a superioridade
material, e em muitos casos, a posição dos reis.
Em palestra realizada em São Sebastião do
Paraíso/MG em 2007 pelo tricampeão brasileiro
Darcy Lima, o grande mestre foi categórico em
afirmar que os jogadores fortes têm uma lista de
elementos, com se fizessem um check-list da
posição. Esta avaliação dos elementos é que
determina o plano a seguir.
Há vários modelos de listas disponíveis. Autores
como Grau, Pachman, Seirawan e tantos outros
já trataram do assunto. Entretanto, ninguém foi
tão longe quanto o GM Alexander Kotov em sua
obra ‘Juegue Como um Gran Maestro’,
51
oportunidade em que fez uma relação dos
elementos estratégicos contendo 17 itens, sendo
12 constantes e 5 temporários.
Análise da posição sobre o ponto
de vista estratégico
Vantagens constantes
1. Posição dos reis;
2. Superioridade material;
3. Presença de um peão passado;
4. Peões fracos;
5. Casas fracas;
6. Debilidade periférica;
7. Blocos de peões;
8. Centro de peões sólido;
9. Vantagem do par de bispos;
10. Posse de uma coluna aberta;
11. Domínio de uma diagonal aberta;
12. Domínio de uma horizontal.
Vantagens temporárias
1. Posição desacertada de uma peça;
2. Falta de harmonia na distribuição das peças;
3. Superioridade no desenvolvimento das forças;
4. Pressão no centro exercida por peças;
5. Superioridade espacial.
42
Posição de Estudo
Botvinnik x Flohr – Moscou, 1936
1.Cb1 Df8 2.Ca3 Bd8 3.Cc4 Bc7 4.Cd6 Tb8
5.Tb1 Dd8 6.b4 axb4 7.Txb4 Bxd6 8.exd6 Da5
9.Tdb3 Te8 10.De2 Da8 11.Te3 Rf7 12.Dc4 b5
13.Dc2 Txd6 14.cxd6 c5+ 15.Rh3 cxb4 16.Dc7+
Rg8 17.d7 Tf8 18.Dd6 h6 19.Dxe6+ Rh7 20.De8
b3 21.Dxa8 Txa8 22.axb5 Td8 23.Txb3 Txd7
24.b6 e as pretas abandonam.
53
Peões como arma estratégica
Gérson Peres Batista (2238) – MF Jorge Molina
(2195) [B12] Brasília/DF - 2ª rodada, 2001
1.e4 c6 2.d4 d5 3.e5 c5 4.f4 cxd4 5.Cd2 Cc6
6.Cb3 Db6 7.a4 a5 8.Bb5 Bd7 9.Cf3 e6 10.Cfxd4
Dd8 11.Be3 Ch6 12.0–0 Cxd4 13.Bxd4 Cf5 14.g4
Cxd4 15.Dxd4 Bxb5 16.axb5 b6 17.f5 Be7
18.Rh1 Tc8 19.fxe6 fxe6 20.Dd3 Bc5 21.Cxc5
Txc5 22.b4 axb4 23.g5 Tc3 24.Dd4 Tf8 25.Dxb4
Tc5 26.g6 hxg6 27.Dg4 Rd7 28.Dxg6 De7
29.Ta7+ Tc7 30.Tfa1 Tfc8 31.Dg1 Tb8 32.c4 g5
33.cxd5 exd5 34.Dg4+ Rd8 35.Txc7 Rxc7 36.e6
Rb7 37.Da4 Rc8 38.Tc1+ Rd8 39.Dc2 Dg7
40.Dc6 Db7 41.Dd6+ 1-0
54
Livros e softwares recomendados
Xadrez Vitorioso: Estratégias – Yasser
Seirawan;
Estratégia Moderna no Xadrez – Ludek
Pachman;
Estratégia – Darcy Lima e Júlio Lapertosa;
Tratado General de Ajedrez (Volume IV) –
Roberto Grau;
Xadrez Básico (Temas posicionais de meio-jogo
e final) – Orfeu
D’Agostini;
Juegue Como Un Gran Maestro – Alexander
Kotov;
How to Reassess your Chess – Jeremy Silman;
Chessimo;
Chess Tutor;
Chess Strategy 3.0 (da Convekta).
55
TÁTICA
A TÁTICA É A CONDUÇÃO DO PLANO. FILOSOFICAMENTE É O QUE
FAZER QUANDO SE HÁ O QUE FAZER!
Um bom jogador deve ter aguçada sua visão
tática. Esta pode serdesenvolvida com
diagramas de mate em 1, 2, 3 lances ou mais;
lance do mestre; problemas (solucionismo);
estudo de partidas conduzidas por jogadores
reconhecidamente táticos com Alekhine, Tal,
Kasparov, Shirov...
56
O bom tático está atento a uma cravada, um
duplo, peça sobrecarregada, enfim, fatores que
o ajudarão a conduzir seu plano, fazer uma
manobra inesperada.
Em suma, a tática é concreta e podemos “vê-la”
sobre o tabuleiro!
Também aqui se deve ter uma lista de
elementos, só que desta feita de cunho tático.
Tomaremos por base o livro “Fundamentos de
Tática”, do MI Alexandru Sorin Segal, publicado
em 1982. Há outros excelentes livros abordando
o assunto, entretanto, o do excampeão
brasileiro Alexandru Segal possui didática
acessível, de fácil “degustação”. Cada capítulo
da obra trabalha um tema distinto.
Lista de elementos táticos
1. Cravada e descravada de peças;
2. Peças sobrecarregadas;
3. Interferências de linhas;
4. Ataque duplo e xeque-descoberto;
5. Abertura de linhas;
6. Fraqueza da última fileira;
7. Zugzwang;
8. Bloqueio ou liberação de uma casa;
9. Eliminação ou expulsão de peças adversárias;
10. Bloqueio e captura de peças;
57
Se as peças estão em contato, em choque, uma
com as outras, a lista de elementos estratégicos
não terá efeito, pois a qualquer momento o
adversário pode fazer uma combinação
fulminante.
Teremos que descobrir o tema tático que está
por trás das partidas “tempestades” (agudas),
deixando os elementos estratégicos para as
partidas “calmarias”, que é cercada de lentas
manobras.
Tema: abertura de linhas para atacar o
rei
Gérson Peres Batista – MF Roberto Molina:
Caro-Kann [B11]
Campeonato Mineiro Absoluto 2004 (6ª rodada)
Varginha – 28/3/2004
[Comentários do Profº Julio Lapertosa]
1.e4 c6 2.Cf3 d5 3.Cc3
Entrando na Variante dos Dois Cavalos.
3...Bg4 4.h3 Bxf3
Também é possível 4...Bh5.
58
5.Dxf3 e6 6.d4 Cf6
A seqüência 6...dxe4 7.Cxe4 Cd7 8.Bd3 Cgf6
seria outra opção teórica.
7.Bg5
A linha mais jogada é 7.Bd3 dxe4 8.Cxe4 Cxe4
9.Dxe4 Cd7 10.c3
Cf6 11.De2 Bd6 12.0–0 Bc7 13.Te1 0–0 Short,N-
Karpov,A/Monte Carlo 1993, com jogo
equilibrado.
7...Be7
Ou então 7...dxe4.
8.Bxf6 Bxf6 9.0–0–0 a6
Os lances 9...Cd7 10.g4 Bh4 11.De3 Da5 12.Rb1
foram jogados em
Spassov,L-Minev,N/Varna 1971.
10.Rb1 Da5 11.g4 Cd7 12.h4 Tf8
Roberto Molina escolhe uma defesa passiva,
mas segura. O movimento 12...Td8 seria
jogável.
13.g5 Be7 14.Bd3 g6?!
Posicionalmente arriscado. Gérson avança na
ala do rei e normalmente é melhor evitar
debilidades na ala atacada. Mas Molina evita
59
que após e4-e5, seu peão de h7 fique caindo.
A sugestão é 14...Ba3!?, com jogo confuso. Por
exemplo: 15.Ce2 (do contrario 15...Db4) 5...Db6
16.b3 a5 e as negras conseguiriam forte contra-
jogo na ala da dama.
15.h5!?
O paraisense escolhe uma arriscada e violenta
linha, mostrando sua disposição em conquistar
seu quarto título mineiro.
15...Bxg5 16.hxg6 hxg6 17.exd5 cxd5 18.Dg4
Be7 19.Bxg6!
Não havia volta na linha escolhida pelas
brancas, outras alternativas deixariam as negras
com peão a mais.
19...Cf6!
Se 19...fxg6 20.Dxg6+ Rd8 21.Dxe6, as negras
teriam uma difícil posição, similar a que ocorreu
mais tarde na partida.
20.Dxe6 fxg6 21.Tde1 Dd8
A melhor defesa.
22.Cxd5!
Segundo sacrifício de peça!
60
que após e4-e5, seu peão de h7 fique caindo.
A sugestão é 14...Ba3!?, com jogo confuso. Por
exemplo: 15.Ce2 (do contrario 15...Db4) 5...Db6
16.b3 a5 e as negras conseguiriam forte contra-
jogo na ala da dama.
15.h5!?
O paraisense escolhe uma arriscada e violenta
linha, mostrando sua disposição em conquistar
seu quarto título mineiro.
15...Bxg5 16.hxg6 hxg6 17.exd5 cxd5 18.Dg4
Be7 19.Bxg6!
Não havia volta na linha escolhida pelas
brancas, outras alternativas deixariam as negras
com peão a mais.
19...Cf6!
Se 19...fxg6 20.Dxg6+ Rd8 21.Dxe6, as negras
teriam uma difícil posição, similar a que ocorreu
mais tarde na partida.
20.Dxe6 fxg6 21.Tde1 Dd8
A melhor defesa.
22.Cxd5!
Segundo sacrifício de peça!
61
22...Cxd5 23.Th7 Dd7
No caso de 23...Tc8 24.Dxg6+ Rd7 (24...Re8 25.
Dxg6+ Rd7 e há empate por repetição de
lances) 25.De6+ Rc7 26.c4.
24.Dxg6+ Rd8 25.c4
O jovem Molina defendeu com precisão até aqui
o violento ataque das brancas, porém agora a
troca de damas era o melhor caminho. O rei
negro no centro corre muito perigo com a dama
branca no tabuleiro.
25...Te8
Para 25...Df5+ 26.Dxf5 Txf5 27.cxd5 Bf8
28.Txb7 Txf2 - um final complexo com tendência
de empate, entretanto com melhores chances
práticas para as pretas, seria a linha lógica para
o segundo jogador - 29.Te4.
26.cxd5 Dxd5?
A defesa correta seria 26...Tc8 27.Db6+ Dc7
28.Dg6 Dd7 e as brancas teriam a opção de
repetir lances ou prosseguir esta aguda partida.
27.Db6+ Rd7 28.Df6!
Gérson acerta o golpe definitivo. Não pode
28.Te5 Dc6 29.Db4? Dh1+!
62
28...Dd6 29.Df5+ Rc7 30.Te6
O lance 30.Df7 ganha imediatamente.
30...Dd7 31.De5+ Rd8 32.d5 Da4 33.b3?!
Neste momento as negras dispunham de 1
minuto, e a fatura estava decidida, porém mais
preciso seria 33.a3.
33...Dg4?
Ofereceria chances de resistência 33...Db5
34.Td6+ Rc8 35.Txe7 Txe7 36.Dxe7 Df1+
37.Rb2 Dxf2+ 38.Rc3 com clara vantagem das
brancas.
34.Th1 Dg5? 35.Dxg5
E as pretas abandonam (1-0)
63
Livros e softwares recomendados
Fundamentos de Tática (seção “Bloco Teórico”)
– Alexandru Segal;
Xadrez Vitorioso: Táticas – Yasser Seirawan;
Tática Moderna no Xadrez (Volumes I e II) –
Ludek Pachman;
Combinações – Darcy Lima e Julio Lapertosa;
Tratado General de Ajedrez (Volume II) –
Roberto Grau;
Polgar System – Lazlo Polgar;
1001 Combinaciones de Mate – Fred Reinfeld;
1001 Combinaciones y Sacrificios Brillantes –
Fred Reinfeld;
Chessimo;
Chess Tutor;
CT-ART 6.0 (da Convekta).
64
ANÁLISE
Poucos jogadores que conheço sabem analisar
corretamente. Olhar uma dada posição e tirar
dali conclusões capazes de mostrar qual é o
caminho correto a seguir é uma tarefa que exige
uma boa “cultura enxadrística”.
A melhora na análise surge como consequência
natural do progresso nos cinco pilares que
precederam nosso estudo: abertura, meio-jogo,
final, estratégia e tática. Quanto mais subsídios
65
a pessoa tiver desses elementos, tanto mais
fácil será para ela lidar com a análise.
Para uma análise confiável deve-se dominar
sobretudo o cálculo, tido como o principal fator
de sucesso no xadrez.
Tomemos emprestada agora a árvore do cálculo
(conhecida ainda por “árvore da análise” ou
também por “árvore de Kotov”), de autoria do
treinador Alexander Kotov. Segundo ele, há três
tipos de cálculo: tronco, arbusto e ramagem.
Para cada um deles existe um processo
diferenciado de tratamento.
Tronco: cálculo com uma só variante.
66
Arbusto: cálculo de variantes que tem um ou
dois lances.
Ramagem: cálculo complexo, contendo
grande quantidade de variantes extensas.
67
Por que Kotov se interessou por esse assunto?
Apesar de ter um nível invejável de jogo,
percebeu que era falho em certo aspecto, pois
freqüentemente se via apurado no tempo.
Enfrentando o problema, chegou a conclusão
que muita gente estava à sua frente, no tocante
a previsão de jogadas. Inclusive, o próprio
Kotov diferenciou um grande mestre de um
jogador comum, como sendo a capacidade de
previsão de melhores jogadas que o primeiro
possui em relação ao segundo.
Numa entrevista do GM Giovanni Vescovi
publicada no Clube de Xadrez Online, ele foi
categórico em dizer também que, em sua
opinião, a diferença entre um jogador apenas
forte e outro muito forte, residia justamente na
capacidade de cálculo de cada um.
Mas, voltando ao Kotov, como ele diagnosticou
sua deficiência em conseguir "ver" os lances, e
como não existia na época literatura específica
relativa ao assunto, tentou desenvolver métodos
de treinamento dessa habilidade e concluiu um
excelente trabalho, a sua “árvore de variantes”.
Vamos ver a humildade de Kotov nos mostrando
uma partida que ele perdeu para Panov, e que
68
provocou a sua reação, no sentido de melhorar
seu próprio jogo. Assim se expressou Kotov:
"Nas minhas análises,
concluí que minha
principal deficiência
não
era o conhecimento
superficial das
aberturas ou a pobre
técnica do
final, senão minha
fraca compreensão do
meio-jogo”.
Alexander
Kotov
Meu pior defeito era a incapacidade de analisar
variantes.
Pensava demasiadamente em posições simples,
que me levavam a um apuro de tempo. Ademais,
cometia sérios erros quase sempre. Finalmente,
depois da partida sempre descobria que meu
oponente havia visto muito mais no tabuleiro
que eu. Estava claro para mim, que teria de
trabalhar muito duro para dominar a técnica das
análises.
69
Numa partida que jogou contra Panov, após:
1.d4 Cf6 2.Cf3 g6 3.c4 Bg7 4.Cc3 0–0 5.g3 d6
6.Bg2 Cc6 7.d5 Cb8 8.0–0 e5 9.e4 Cbd7 10.Dc2
a5 11.a3 Cc5 12.Be3 Cg4 13.Bxc5 dxc5 14.h3
Ch6 15.Tab1 Te8 16.Cd2 f5 17.b4 Bf8 18.Ca2
Cf7 19.Rh2 f4 20.Cb3 axb4 21.axb4 cxb4,
chegou-se à posição do diagrama abaixo.
70
28.Bg2 e4 29.Tbc1 Cxd1 30.Txd1 Dc3 31.De3
Bf5 32.Rg1 Dxe3
E as negras ganharam facilmente o final.
33.fxe3 Bh6 34.Te1 Te5 35.Bf1 c6 36.dxc6
bxc6 37.Bc4+ Rf8 38.Rf2 Bg4 39.Rg1 Re7
40.Rg2 Tf5 41.Be2 Bxe2 42.Txe2 Td5 43.Rf2
Td3 44.Ca5 Rd7 45.Cc4 Re6 46.g4 Rd5 47.Cb2
Ta3 48.Td2+ Rxc5 49.g5 Bg7 0-1
Depois da partida, analisamos todas as
variantes possíveis. Panov me disse que uma
vez feito 22...Cg5, pensava que as brancas não
teriam boa defesa. Se:
23.Tfe1 f3 24.Bf1 (se 24.h4 Cxe4 25.Txe4 fxg2
com terríveis ameaças de 26...Dxd5; 26...Dd7;
26...Bf5) Bxh3 25.Bxh3 Cxh3 26.Rxh3 Dg5
27.g4 Be7 28.Rg3 Df4+ 29.Rh3 Dh6+ 30.Rg3
Bh4+ 31.Rxf3 Tf8+ 32.Rg2 Txf2+ 33.Dxf2, com
as negras ganhando a dama.
Toda a manobra das negras – seu original plano
e o inesperado sacrifício – é atrativo. Estas
possibilidades, que estavam ocultas na posição,
continuavam sendo um mistério para mim. Eu
não havia examinado nenhuma das operações
táticas percebidas por Panov.
71
Eis o que escrevi sobre as más interpretações
que dei a esta partida:
Não fui capaz de encontrar uma só das
variantes e combinações. Nem sequer
suspeitava que havia uma combinação cercando
a jogada 24, e me vi surpreendido quando Panov
me mostrou. Por isso minha maneira de pensar
está baseada em planos e princípios gerais
completamente dissonantes com a posição.
Das 17 partidas do Campeonato de Moscou,
estive seriamente apurado no tempo em 12
delas. Em lugar de me preocupar por que o
fazia, jogava mal, passando a maioria do tempo
em considerações gerais e mesclando variantes.
Cheguei à conclusão de que em suas análises
muitos jogadores cometem várias faltas. Alguns
examinam profundamente umas poucas linhas,
outros analisam um grande número de variantes,
ainda que só existam possibilidades de duas ou
três jogadas. A solução correta é encontrar o
termo médio, especialmente quando se está
jogando contra um tempo limitado.
Também ficou claro para mim que a habilidade
de orientar-se no labirinto das possíveis
72
variantes não é só um dom natural, senão
também o resultado de sérios e prolongados
esforços, com muito treinamento".
Em entrevista dada ao Clube de Xadrez Online,
Luiz Roberto da Costa Jr, o teórico e analista
brasileiro mais famoso no exterior, deu as
seguintes sugestões para fazermos uma boa
análise:
1. Tenha espírito crítico, qualquer análise pode
ser refutada, mesmo uma feita por Kasparov;
2. Banco de partidas atualizado é fundamental
para consultas;
3. Analise a posição tanto de brancas como de
pretas com imparcialidade;
4. A sua própria avaliação é mais importante do
que a da ECO ou do Informador;
5. Qualquer avaliação de uma posição deve ser
comprovada no tabuleiro e com análises;
6. Finais com cinco peças já estão
matematicamente analisados, mesmo assim
tente entender as ideias estratégicas;
73
7. A avaliação de um software só é correta se o
fator correlação de material for o mais
importante;
8. Modificação na estrutura de peões,
possibilidade de troca de damas e a posição do
rei influenciam na avaliação e o software pode
estar errado;
9. Isole-se num ambiente reservado, determine
o que quer analisar (partida inteira ou posição
teórica), avalie a posição, escolha as jogadas
candidatas e estabeleça as variantes mais
relevantes;
10. O subconsciente continua funcionando,
revise a análise após alguns dias e depois a
publique se assim o desejar. Revise análises
antigas para ver sua evolução/progresso como
enxadrista.
74
Livros e softwares recomendados
Ajedrez de Torneo (Zurich 53) – David
Bronstein;
Piense Como Um Gran Maestro – Alexander
Kotov;
El Método en Ajedrez – Iossif Dorfman;
El Momento Crítico – Iossif Dorfman;
Analytical Manual – Mark Dvoretsky;
Maestria en la Técnica – Jacob Aagaard;
Calcule com Exito en Ajedrez – Valeri Beim;
Seção "Partidas Comentadas" (do Clube de
Xadrez Online);
Partidas próprias;
Chessimo;
Chess Tutor;
Total Chess Training (da Convekta).
75
REPERTÓRIO DE
ABERTURAS
O jogador deve montar seu repertório de acordo
com seu estilo de jogo. O que é bom para uma
pessoa pode não agradar a outra. Isso porque a
definição das aberturas é uma questão
individual e deve ser tratada como tal. O
importante é se sentir bem na posição.
Deve-se buscar seu próprio estilo – se tático ou
estratégico –, ou mesmo uma combinação dos
dois (estilo “universal”). Através da observação
76
de nossas partidas, se preferimos rocar rápido
ou já iniciar imediatamente ataques ao
adversário; se desenvolvemos determinadas
peças mais do que outras; tudo o que definir
alguma singularidade é um fator de observação
nesta fase de fecharmos o repertório. Mediante
a avaliação do estilo é que buscaremos formas
de atuar na 1ª fase do jogo.
Basicamente há três maneiras de formarmos
nosso repertório:
Por estrutura: usando posições semelhantes
com as peças brancas e pretas. Tem a
vantagem de ganhar tempo no domínio dessa
fase da partida, porém perde-se no quesito
criatividade e conhecimento de posições novas,
já que vamos trabalhar com posições quase
sempre iguais, exigindo menos de nós no campo
tático e estratégico.
77
Por variantes: esse é o repertório ideal, onde o
jogador terá uma variante para cada abertura e
defesa. Levará muito tempo para dominarmos a
primeira fase do jogo (às vezes até anos!), mas
sem dúvida estaremos caminhando na direção
certa para chegarmos um dia à maestria.
Por imitação: onde o jogador adota um
determinado mestre, “copiando” o repertório
dele de brancas e de pretas. Por exemplo: se
você gosta do jogo do GM Magnus Carlsen
(atual número 1 do mundo) basta estudar o
repertório dele com ambas as cores e montar
seu repertório da mesma forma.
78
TORNEIOS
O AMBIENTE DE TORNEIO É UMA OPORTUNIDADE ÍMPAR PARA
AVALIARMOS NOSSO COMPORTAMENTO.
As preparações devem ser realizadas ao fim de
cada treinamento, antes das competições. Nos
torneios, a preparação é conjuntural e
superficial. Longas análises para inteirarmos de
uma linha que um futuro rival joga, por exemplo.
O principal é nos sentirmos seguros daquilo que
vamos jogar.
Por isso é conveniente preparar um repertório
de variantes para cada torneio e de situações de
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jogo que possam variar até que o enxadrista
saiba o que deseja jogar, ou o que lhe convenha
segundo as posições.
Jogar para ganhar é sempre a meta de muitos
jovens, porém a experiência indica que os que
ganham torneios são aqueles que sabem
administrar e definir quando e contra quem
devem jogar pelo empate ou aguardar os erros
do adversário.
Uma derrota é algo especial, onde devemos
compreender que tudo é aprendizado. Parar, ver
onde erramos e correr atrás de uma vitória logo
em seguida. A inteligência emocional conta
muito nesse aspecto.
Busque no erro uma oportunidade de evolução,
analisando o que provocou a derrota. Analise
mais as partidas nas quais foi derrotado do que
as que ganhou.
Não se deve jogar partidas rápidas no decorrer
do torneio. Umas poucas partidas podem até ter
relação com seus futuros jogos e com a sua
preparação, mas em geral atrapalham todo o
planejamento.
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Mantenha-se concentrado, evite excessivas
distrações, nem tampouco se aborreça nas
horas em que espera o início de uma partida.
Faça o possível para não passar por situações
de conflito.
Os passeios noturnos não favorecem em geral a
concentração, tampouco as partidas de futebol.
Os jogos de salão são saudáveis, ver televisão
também. Os videogames provocam estados de
desacomodação intelectual, ainda que possam
ser considerados estimulantes.
A alimentação precisa ser leve e em quantidade
moderada.
Procure fazer caminhadas antes das partidas.
Dicas de Luiz Roberto da Costa Jr para lidarmos
com as competições:
1. Conheça bem o regulamento do torneio e o
tempo de reflexão;
2. Guarde as planilhas e faça cópias em
arquivos de computador com backups;
3. Analise as próprias partidas com objetividade,
tanto na vitória como na derrota;
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4. Defina o repertório de aberturas e aprofunde-
o ao longo dos anos;
5. Estude abertura pelas ECOs e aprofunde com
livros específicos em aberturas que tenha
escolhido e complemente com busca em bases
de partidas;
6. Conhecer ideias estratégicas é mais
importante do que decorar variantes que quase
nunca são jogadas;
7. Estude finais de torres, pois metade dos
finais jogados ao vivo é desse tipo;
8. Conheça as ideias gerais de finais de peões,
de peças menores; de peças menores e torres;
de peças menores e damas;
9. Estude partidas do Informador e mantenha-se
atualizado, resolva os finais e combinações no
final de cada Informador, anote as análises e
compare com o que foi jogado e analisado;
10. Jogue sempre concentrado e tenha bom
preparo físico e mental.
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PSICOLOGIA
ENXADRÍSTICA
O xadrez tem sido motivo de intensos estudos
na área da psicologia. Questões como
concentração, reação diante da derrota ou
vitória, erros típicos de análise, precocidade,
inteligência artificial, dentre outros assuntos,
dão ensejo a um sem número de trabalhos no
sentido de entender a mente do enxadrista.
Emanuel Lasker, campeão mundial de 1894 a
1921, foi o maior nome no xadrez na arte de
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Recomendações de como nos comportar no
campo da psicologia enxadrística:
Mantenha uma atitude
sempre positiva. Uma
mente assim atrai boas
energias e é
fundamental para o
sucesso numa partida.
O enxadrista é antes de
tudo um lutador;
Lembre-se das belas
partidas que fez e dos
bons adversários que
derrotou. O desânimo
não combina com a
vitória;
No momento que o
adversário estiver
pensando, trabalhe os
fatores estratégicos,
fazendo uma análise
mais subjetiva, pois
ainda não sabemos qual
lance o adversário irá
realizar;
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Quando for nossa vez
de jogar é o momento
de fazermos as
considerações táticas,
dado que agora já
lidamos com uma
“posição real” e então
se faz necessário o
cálculo concreto.
Levantar diversas vezes
na partida nos tira a
concentração. Vá ao
banheiro antes de
começar o jogo e se
possível leve uma
garrafa d’água para não
precisar deixar a mesa
várias vezes.
Antes de a rodada
começar procure um
lugar isolado e
mentalize que irá fazer
uma excelente partida.
A ‘Lei da Atração’ hoje
é uma bandeira
largamente defendida.
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O hábito da meditação é
uma aliada do
enxadrista. Faz com
que nos conheçamos
melhor, deixando a
mente mais apta ao
raciocínio.
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PREPARAÇÃO
FÍSICA
* Prof. Evaldo Hollanda de Carvalho
Os benefícios dos exercícios físicos como
complemento nos estudos do xadrez são
discutidos e recomendados por especialistas.
A sua utilização está relacionada com
desempenho de alto nível. As qualidades físicas
mais utilizadas durante um jogo de xadrez (blitz,
rápido e pensado) são:
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- Cardiovascular;
- Neuromuscular;
- Alongamento e flexibilidade;
- Relaxamento.
O desempenho do atleta dependerá de um
programa que distribua preparação técnica e
tática, psicológica e física; respeitando
frequência, intensidade e duração de treino.
- Exercícios aeróbicos ou cardiovasculares:
Constituídos por caminhada, corrida, ciclismo,
natação, esportes coletivos (vôlei, futebol...),
artes marciais (karatê, judô...), recreação (para
crianças menores).
São ótimos para irrigar o sangue por todo o
corpo, aumentando a capacidade de oxigenação
cerebral, diminuindo a fadiga e o cansaço.
- Exercício neuromuscular:
São exemplos a musculação, ginástica
localizada e pilates. Fortalecem os músculos
favorecendo a imobilidade e concentração por
mais tempo.
- Alongamento e relaxamento:
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Incluem o próprio alongamento, yoga, tai chi
chuan e a meditação. Vão auxiliar desde a
postura e a ansiedade, antes e durante o jogo,
aumentando a concentração e o raciocínio. Em
casos de tensões utiliza-se até a acupuntura e
massoterapia.
O profissional deverá estar atento aos sinais de
stress, irritação ou queda de rendimento nas
competições, mudando seu planejamento físico
quando necessário.
* Sobre o autor: Evaldo Hollanda de Carvalho é
formado em educação física (CREF/MG 283), é
enxadrista integrante do ranking da FIDE e
mantém uma completa Academia de Ginástica
em Alfenas/MG.
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INFORMÁTICA
Poucas áreas do conhecimento humano
progrediram tanto com o auxílio da informática
quanto o xadrez.
Hoje já é possível enfrentar modernos e
praticamente imbatíveis softwares de xadrez no
computador pessoal; pesquisar milhões de
partidas em banco de dados; pode-se assistir
partidas ao vivo pela internet; enfrentar um
transformou num imprescindível aliado na
evolução do enxadrista.
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Assim, seguem abaixo algumas sugestões de
sites e programas:
Clube de Xadrez Online (www.cxol.com.br);
FIDE (www.fide.com);
CBX (www.cbx.org.br);
Internet Xadrez Clube (www.ixc.com.br);
Internet Chess Club (www.chessclub.com);
Chess (www.chess.com);
Chess24 (www.chess24.com)
ChessBase (www.chessbase.com)
TWIC (www.theweekinchess.com)
Lichess (www.lichess.org)
Chess Tempo (www.chesstempo.com)
Chess Games (www.chessgames.com)
Chessdom (www.chessdom.com)
ChessBomb (www.chessbomb.com/arena)
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PROF. GÉRSON PERES BATISTA
(JUNHO DE 2015)
sobre o autor
ARENA OLÍMPICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO/MG
Formação acadêmica – Pedagogia (Uniclar –
Batatais/SP)
Pós-graduação - Tecnologias e Educação a
Distância (Barão de Mauá – Ribeirão
Preto/SP)
Técnico desportivo com habilitação em xadrez
(CREF 9681-P/MG) – Escola Superior de
Educação Física (Muzambinho/MG)
Professor de xadrez há quase 30 anos
Instrutor Nacional da Confederação Brasileira
de Xadrez
Árbitro Nacional da Confederação Brasileira
de Xadrez
Mestre Nacional da Confederação Brasileira
de Xadrez
Fundador do site Clube de Xadrez Online
(www.cxol.com.br)
Co-autor do livro ‘O Espírito da Abertura’
Co-autor do livro ‘Os Mestres do Xadrez’
Revisor técnico do Guia Prático de Xadrez
Harry Potter – Warner Bros.
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Revisor técnico do Xadrez Marvel
Conselheiro da Confederação Brasileira de
Xadrez (2005-8)
Integrante da equipe mineira, tendo disputado
em 2012 o Aberto de Praga, na República
Tcheca
Participou em 2012 do Continental das
Américas, em Mar del Plata, na Argentina
Técnico do Brasil nos Jogos Sul-americanos
Escolares (Chile 2002)
Integrante do ranking internacional (FIDE)
desde 1996
Integrante do ranking nacional (CBX) desde
1994
Tetracampeão mineiro absoluto (1994, 1997,
1998 e 2004 - vice em 1993, 2000, 2001, 2011
e 2017)
Tetracampeão mineiro de jovens (1994, 1995,
1996 e 1997)
Campeão mineiro juvenil (1993)
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Finalista do Campeonato Brasileiro Absoluto
de 1998
Heptacampeão dos Jogos do Interior de Minas
– JIMI
Vice-campeão brasileiro amador 2016
(categoria sub2200)
Homenageado pela FIDE em 2001 pelo
trabalho com o xadrez escolar
Homenageado pelo Ministério do Esporte em
2007 pelo trabalho realizado com o xadrez
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Uma Realização
do Clube de
Xadrez Online
Conheca o MAESTRUS - Plataforma Completa para
Enxadristas de Alto Nível
Direitos autorais
Material de propriedade do Clube de Xadrez
Online (CXOL).
Proibida a reprodução total ou parcial sem
autorização da empresa.
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