Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Formação de palavras por derivação
Fátima Mussa
Vateva
708205717
Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa
Língua Portuguesa II
2º Ano, IIo Grupo, Turma: A
Nampula, Maio, 2021
Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distancia
Formação de palavras por derivação
Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa
Trabalho de carácter avaliativo apresentado na
cadeira de Língua portuguesa II, 2ᵒ Ano, IIo
grupo, Turma: A, orientado pelo:
Docente: Baptista Paulo
Nampula, Maio, 2021
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Categorias Indicadores Padrões Nota
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do Subtotal
máxima
tutor
Índice 0.5
Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura Discussão 0.5
organizacionais
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução
Descrição dos objectivos 1.0
Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
Articulação e domínio do
Conteúdo discurso académico
3.0
(expressão escrita cuidada,
Análise e coerência / coesão textual)
discussão Revisão bibliográfica
nacional e internacional 2.0
relevante na área de estudo
Exploração dos dados 2.5
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e tamanho
Aspectos
Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª
Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
Introdução...................................................................................................................................5
1. Formação de palavras por derivação...................................................................................6
1.1. Conceito de Derivação.................................................................................................6
1.2. Tipos de derivação.......................................................................................................6
1.2.1. Derivação prefixal.................................................................................................6
1.2.2. Derivação sufixal..................................................................................................8
1.2.3. Derivação parassintética.....................................................................................12
1.2.4. Derivação regressiva...........................................................................................13
1.2.5. Derivação imprópria...........................................................................................15
Conclusão..................................................................................................................................17
Referências Bibliográficas........................................................................................................18
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Introdução
Derivação é o fenómeno da Língua Portuguesa que explica um dos processos de formação das
palavras. Neste trabalho verificar-se-á que algumas palavras parecem ser formadas pela
junção ou subtração de outras, isso já dará uma boa ideia do que significa a derivação. Far-se-
á a explicação dos diferentes tipos possíveis desse conceito, complementado com exemplos.
Muitas palavras da Língua são criadas a partir de outras já existentes. Isso acontece porque a
língua é um processo que está em constante mutação, de maneira que, se olharmos para
a história das palavras, podemos encontrar sentidos até então perdidos. Esse é o significado de
derivação, o desenvolvimento das palavras por meio de processos que descreveremos no
trabalho.
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1. Formação de palavras por derivação
A formação de palavras é feita por dois processos principais: a derivação e a composição.
Contudo, existem também outros processos de formação de palavras que, embora com menor
regularidade e sistematicidade, contribuem para a formação de novas palavras, como a
abreviação, a reduplicação, o hibridismo, a combinação e a intensificação.
1.1. Conceito de Derivação
Na derivação, a formação de uma nova palavra ocorre a partir de uma única palavra simples
ou radical, ao qual se juntam afixos, formando uma nova palavra com significação própria.
1.2. Tipos de derivação
Existem cinco tipos de derivação: derivação prefixal, derivação sufixal, derivação
parassintética, derivação regressiva e derivação imprópria.
1.2.1. Derivação prefixal
Na derivação prefixal ocorre a junção de um prefixo a um radical ou palavra simples já
existente, que atua como palavra primitiva. O prefixo é colocado antes da palavra primitiva,
alterando o seu sentido e formando uma palavra derivada, com um significado próprio.
No português existem prefixos de origem grega e prefixos de origem latina. Diferentes
prefixos transmitem diferentes significados: negação, superioridade, inferioridade, repetição,
simultaneidade,…
Exemplos de palavras formadas por derivação prefixal
afiliar (a- + filiar);
anaeróbico (an- + aeróbico);
antemão (ante- + mão);
anti-inflamatório (anti- + inflamatório);
através (a- + través);
autoavaliação (auto- + avaliação);
bicarbonato (bi- + carbonato);
contracorrente (contra- + corrente);
coparticipação (co- + participação);
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descriminar (des- + criminar);
desculpar (des- + culpar);
desfavorável (des- + favorável);
imprescindível (im- + prescindível);
inadiável (in- + adiável);
interlocutor (inter- + locutor);
predominar (pre- + dominar);
reaver (re- + haver);
ressalvar (re- + salvar);
sobre-humano (sobre- + humano);
subgerente (sub- + gerente);
supracitado (supra- + citado);
…
1.2.1.1. Prefixos gregos e latinos
Prefixos latinos Prefixos gregos Expressam…
des- in- a- na- negação
contra- antí- oposição
ambi- anfí- duplicidade
ab- apó- afastamento
bi- bis- di- duplicidade
trans- diá- metá- através de, mudança
in- en- posição interior
intra- endo- posição interior
ex- ec- ex- posição exterior
super- supra- epí- hipér- posição superior
pre- ante- pro- anterioridade
bene- eu- bem ou excelência
semi- hemi- metade ou quase
sub- hipó- inferioridade
ad- pará- aproximação
circum- peri- à volta de
de- catá- movimento para baixo
cum- sin- companhia
1.2.1.2. Regras de hifenização na derivação prefixal
O atual acordo ortográfico define uma regra base para o uso do hífen na derivação prefixal.
Regra base da hifenização:
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A palavra é escrita com hífen nos casos em que o prefixo termina com a mesma letra que
começa a segunda palavra ou quando a segunda palavra começa com h.
Desta regra pode-se compreender que nos restantes casos o prefixo deverá ser escrito junto à
palavra primitiva, salientando a duplicação das consoantes s e r quando o prefixo termina em
vogal para a manutenção da pronúncia.
Com hífen:
micro-ondas;
anti-inflamatório;
contra-ataque;
anti-higiênico;
sobre-humano;
…
Sem hífen:
anticoncepcional;
contraproposta;
sobrenome;
antirrugas;
contrassenso;
…
1.2.2. Derivação sufixal
Na derivação sufixal ocorre a junção de um sufixo a um radical ou palavra simples já
existente, que atua como palavra primitiva. O sufixo é colocado depois da palavra primitiva,
alterando o seu sentido e formando uma palavra derivada, com um significado próprio.
No português existem, principalmente, sufixos que formam substantivos, sufixos que formam
adjetivos, sufixos que formam advérbios e sufixos que formam verbos. Existem também
sufixos que atribuem um grau aumentativo ou diminutivo às palavras.
Exemplos de palavras formadas por derivação sufixal
analisar (análise + -ar);
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assessoria (assessor + -ia);
bimestral (bimestre + -al);
catalisador (catalisar + -dor);
chatice (chato + -ice);
coceira (coçar + -eira);
criancice (criança + -ice);
empresário (empresa + -ário);
encefálico (encéfalo + -ico);
entrevistar (entrevista + -ar);
gentileza (gentil + -eza);
harmonioso (harmonia + -oso);
harmonizar (harmonia + -izar);
hilário (hilo + - ário);
lotação (lotar + -ção);
maçudo (maça + -udo);
simplesmente (simples + -mente);
surtir (surto + -ir);
suspensório (suspenso + -ório);
zoeira (zoar + -eira);
…
1.2.2.1. Sufixos nominais, verbais e adverbiais
Sufixos nominais dão origem a substantivos e adjetivos.
Sufixos verbais dão origem a verbos.
1.2.2.2. Sufixos adverbiais dão origem a advérbios.
Sufixos nominais Sufixos verbais Sufixos adverbiais
-dor -ear -mente
-ada -ecer
-eiro -izar
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-oso -ar
-ável
-al
-ão
-aço
-inho
…
Exemplos de substantivos formados por derivação sufixal:
gritaria;
aprendizagem;
investidor;
esquecimento;
incansável;
…
Exemplos de adjetivos formados por derivação sufixal:
vergonhoso;
narigudo;
incansável;
animado;
brilhante;
…
Exemplos de aumentativos formados por derivação sufixal:
garotão;
homenzarrão;
corpaço;
cabeçorra;
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mulherona;
…
Exemplos de diminutivos formados por derivação sufixal:
casinha;
animalzinho;
maleta;
namorico;
filhote;
…
Exemplos de verbos formados por derivação sufixal:
memorizar;
folhear;
caprichar;
tapar;
amolecer;
…
Exemplos de advérbios formados por derivação sufixal:
lentamente;
felizmente;
rapidamente;
docemente;
ferozmente;
…
1.2.3. Derivação parassintética
A derivação parassintética é um dos processos de formação de palavras existentes. Sendo
uma forma de derivação, ocorre a junção de afixos a uma palavra simples ou radical,
formando uma nova palavra com significação própria.
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Na derivação parassintética ocorre a junção simultânea de um prefixo e de um sufixo a um
adjetivo ou substantivo para a formação de um verbo.
Exemplos de palavras formadas por parassíntese
abençoar (a- + bênção + -ar);
ajoelhar (a- + joelho + -ar);
amaldiçoar (a- + maldição + -ar);
amanhecer (a- + manhã + -ecer);
amotinar (a- + motim + -ar);
anoitecer (a- + noite + -ecer);
apodrecer (a- + podre + -ecer);
desgelar (des- + gelo + -ar);
emagrecer (em- + magro + -ecer);
empobrecer (em- + pobre + -ecer);
endurecer (en- + duro + -ecer);
enfraquecer (en- + fraco + -ecer);
engaiolar (en- + gaiola + -ar);
engavetar (en- + gaveta + -ar);
engordar (en- + gordo + -ar);
enlouquecer (en- + louco + -ecer);
enraivecer (en- + raiva + -ecer);
enrijecer (en- + rijo + -ecer);
entardecer (en- + tarde + -ecer);
entediar (en- + tédio + -ar);
entristecer (en- + triste + -ecer);
envelhecer (en - + velho + -ecer);
envergonhar (en- + vergonha + -ar);
envernizar (en- + verniz + -izar);
esbugalhar (es- + bugalho - -ar);
espairecer (es- + pairar + -ecer);
esquentar (es- + quente + -ar);
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...
É essencial entender que na derivação parassintética a junção do prefixo e do sufixo ocorre
sempre ao mesmo tempo, sendo inseparável, ou seja, caso se retire o prefixo ou o sufixo, não
fica formada nenhuma palavra reconhecida na língua portuguesa.
Empobrecer (em- + pobre + -ecer)
Sem o prefixo: *pobrecer
Sem o sufixo: *empobre
Amanhecer (a- + manhã + -ecer)
Sem o prefixo: *manhecer
Sem o sufixo: *amanhã
1.2.4. Derivação regressiva
A derivação regressiva é um dos processos de formação de palavras existentes.
Contrariamente às outras formas de derivação, que ocorrem por acréscimo, sendo a palavra
derivada uma ampliação da palavra primitiva, na derivação regressiva, ocorre a redução da
palavra primitiva para a formação da palavra derivada.
A forma mais habitual de derivação regressiva é a formação de substantivos a partir de
verbos, pela supressão do -r final dos verbos. Esses substantivos são chamados de
substantivos deverbais.
Exemplos de substantivos formados por derivação regressiva
abalo (do verbo abalar);
agito (do verbo agitar);
ajuda (do verbo ajudar);
alcance (do verbo alcançar);
amasso (do verbo amassar);
amostra (do verbo amostrar);
amparo (do verbo amparar);
ataque (do verbo atacar);
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atraso (do verbo atrasar);
caça (do verbo caçar);
castigo (do verbo castigar);
choro (do verbo chorar);
combate (do verbo combater);
compra (do verbo comprar);
consumo (do verbo consumir);
corte (do verbo cortar);
debate (do verbo debater);
denúncia (do verbo denunciar);
dispensa (do verbo dispensar);
embarque (do verbo embarcar);
erro (do verbo errar);
mergulho (do verbo mergulhar);
pesca (do verbo pescar);
recuo (do verbo recuar);
remoinho (do verbo remoinhar);
renuncia (do verbo renunciar);
saque (do verbo sacar);
sobra (do verbo sobrar);
sustento (do verbo sustentar);
toque (do verbo tocar);
trabalho (do verbo trabalhar);
venda (do verbo vender).
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Embora essa seja a forma maioritária de derivação regressiva, também é possível a formação
de substantivos a partir de outros substantivos:
boteco (de botequim);
comuna (de comunista);
mengo (de flamengo);
portuga (de português);
Identificação de um substantivo deverbal
Substantivo que denota ação = palavra derivada
Grito é o substantivo derivado do verbo primitivo gritar.
Substantivo que denota objeto ou substância = palavra primitiva
Análise é o substantivo primitivo do verbo derivado analisar.
1.2.5. Derivação imprópria
A derivação imprópria é um processo de formação de palavras em que não há alteração da
palavra primitiva, que mantém a mesma forma, havendo apenas alteração da classe gramatical
a que a palavra pertence.
Assim, na derivação imprópria, verbos passam a ser substantivos, adjetivos passam a ser
substantivos, substantivos passam a ser adjetivos, advérbios passam a ser adjetivos, entre
outros.
Com a mudança da classe gramatical ocorre, consequentemente, mudança de significado.
Exemplos de derivação imprópria
Existem diversas possibilidades de mudança de classe gramatical. As mudanças principais
são:
Verbos que se convertem em substantivos
O saber não ocupa lugar.
Você já reparou no falar daquele senhor?
Meu vizinho tem um andar engraçado.
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Quando o meu olhar encontra o teu, fico com borboletas no estômago.
Venham todos! O jantar já está pronto!
Adjetivos que se convertem em substantivos
Os bons serão bem-vindos.
O nervosinho ali não se controla.
Os jovens andam perdidos.
Estou contemplando o azul do céu.
Adjetivos que se convertem em advérbios
Por que você grita alto?
A menina falou baixo, cheia de vergonha.
Fala sério!
Advérbios que se convertem em substantivos
Estou esperando o sim da direção.
A esse menino falta ouvir um não.
Substantivos que se convertem em adjetivos
Meu filho sempre foi um menino prodígio.
Esta cidade fantasma é assustadora!
Numerais que se convertem em adjetivos
Estou num estado de tolerância zero em relação a meus filhos.
Você é uma amiga dez!
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Conclusão
A derivação é o processo pelo qual se formam novas palavras por meio da junção de certos
elementos à palavra primitiva.
Como mencionamos antes no presente trabalho, a formação de palavras por derivação é um
dos meios mais produtivos dentro do nosso idioma e ele pode se dar de cinco (5) maneiras
diferentes: derivação prefixal, derivação sufixal, derivação parassintética, derivação
regressiva/deverbal e derivação imprópria.
Salientar que há dois (2) conceitos importantes que se devem conhecer para compreender esse
processo: o de radical e de afixos:
Radical: é a parte invariável da palavra e que nunca vai sofrer alterações. O radical de
“calmo”, por exemplo, é “calm”, essa parte nunca vai ser alterada.
Afixos: são elementos secundários, também conhecidos por morfemas, que se juntam
às palavras por meio do processo de derivação. Eles podem vir antes do radical e aí
são chamados de prefixos ou depois do radical e assim conhecidos como sufixos. O
morfema “mente” é um sufixo e quando o adicionamos à palavra primitiva “calmo”
obtemos: “fortemente”.
Para a formação de palavras derivadas é necessário que exista uma palavra primitiva. Elas
são, como o próprio nome sugere, derivadas de outras. A palavra “florido” é uma palavra que
deriva da palavra primitiva “flor”. Alguns outros exemplos de palavras primitivas são: casarão
(de casa), pedreira (de pedra), entre outras palavras.
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Referências Bibliográficas
Caetano, Maria do Céu (1995). Formação de Palavras em Português. Os sufixóides e a
vulgarização dos formantes eruditos. Actas do XI Encontro da Associação Portuguesa de
Linguística. Lisboa: APL/ Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pp. 517-528.
Caetano, Maria do Céu (2003). A Formação de Palavras em Gramáticas Históricas do
Português. Análise de algumas correlações sufixais. Dissertação de Doutoramento,
Universidade Nova de Lisboa.
Correia, Margarita & Lúcia San Payo de Lemos (2005). Inovação lexical em português.
Lisboa: Colibri.
https://www.normaculta.com.br/formacao-de-palavras/ Acesso no dia 29 de abril de 2021
Universidade Católica de Moçambique/IED. 2º Ano. Língua Portuguesa II. Módulo Único,
24 Unidades. 87-88pp.
19
Villalva, Alina (1994). Estruturas morfológicas. Unidades e hierarquias nas palavras do
português. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa (publicada em 2000, em
Lisboa, pela Fundação Calouste Gulbenkian / FCT).