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Adultério

O documento discute o significado e história do adultério. Historicamente, era considerado um grave crime contra os deveres conjugais e punido severamente em muitas sociedades. Atualmente, a maioria dos países ocidentais não considera mais crime, embora ainda possa levar ao divórcio. Algumas leis religiosas como a bíblica condenavam fortemente a prática.

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Adultério

O documento discute o significado e história do adultério. Historicamente, era considerado um grave crime contra os deveres conjugais e punido severamente em muitas sociedades. Atualmente, a maioria dos países ocidentais não considera mais crime, embora ainda possa levar ao divórcio. Algumas leis religiosas como a bíblica condenavam fortemente a prática.

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Adultério 

é uma palavra que derivou da expressão em Latim adulterium1 2 que designava a


prática da infidelidade conjugal e com o tempo se estendeu ao sentido de fraudar ou falsificar
adjeta ao verbo "adulterar". 3

História

O adultério, como "ato de se relacionar com terceiro na constância do casamento", é


considerado uma grave violação dos deveres conjugais por quase todas as civilizações de
quase toda a história, sendo que algumas sociedades puniam gravemente o cônjuge adúltero
e/ou a pessoa com quem praticava o ato, sendo ambos passíveis de morte.

Historicamente a prática de adultério era criminalmente mais grave quando praticado pela
mulher em relação ao homem. Hoje em dia, embora tal discriminação não exista nas leis dos
países ocidentais, ou tenha perdido sua eficácia sociológica, na prática do dia a dia a conduta
continua a ser vista de forma diferenciada, dependendo do gênero de quem realiza o
adultério.

Direito[editar | editar código-fonte]

Direito Romano[editar | editar código-fonte]

No direito Romano pré-cesariano, como na Lei das Doze Tábuas, havia punição pecuniária para
os crimes considerados menos graves, como o adultério, então considerado simultaneamente
como crime contra a autoridade do pater-familias ou pai de família e como crime contra os
bons costumes, relativamente ao qual a Lex Julia de adulteriisestabeleceu um prazo de
prescrição de cinco anos, os quais se contavam a partir da data da sua comissão, mesmo que a
mulher já tivesse morrido, por forma a poder condenar o «cúmplice» (como se pode ver do
Digesto, 48.5.12.4 —«adulterii reuni infra quinque annos continuos a die criminis admissi
defuncta quoque muliere postulari posse palam est» — «pode-se postular, isto é, denunciar à
autoridade, contra o réu de adultério, pelo prazo de cinco anos contínuos contados da data da
comissão do crime, mesmo que a mulher já tenha falecido»).

No entanto, e no que concerne ao crime de adultério, há que ter em atenção que o pai da
mulher podia matar esta e o seu cúmplice, se ela estivesse sob a sua potestas, mas que só o
podia fazer na sua própria casa, ainda que a filha aí não residisse, ou na casa do genro. O
marido também podia matar o cúmplice do adultério na sua casa e não na do sogro e, se o não
quisesse ou não pudesse fazer, poderia retê-lo na casa por não mais de vinte horas seguidas,
com a finalidade de conseguir fazer comprovar o crime, e, segundo alguns autores, para evitar
que fosse feita justiça pelas próprias mãos do ofendido. E em relação à acusação criminal do
sogro, é preciso notar que o marido preferia ao sogro, mas qualquer deles só tinha um prazo
de 60 dias para o fazer, e, caso nenhum deles o fizesse, poderia ainda um parente dos
ofendidos, deduzir a acusação pelo prazo de quatro meses.4

O crime de adultério passou posteriormente a ser punido com a pena de morte pela legislação
do imperador Constantino I.
Idade Média[editar | editar código-fonte]

No direito medieval, os praxistas formularam gradação segundo a gravidade como as


figuras nudus cum nuda im oedem lectum (nu com nua na cama) como modalidade mais grave
e o solus cum sola im solitudine (ele só com ela) como modalidade menos grave.

D. Dinis, num instrumento de «avença» (acordo, convénio ou concordata) com o Clero, dado
em Coimbra e datado de 5 de Junho de 1308, e em resposta a queixas dos bispos e clérigos
relativas à entrada dos seus homens nas igrejas e outros lugares sagrados para se apoderarem
de malfeitores, veio determinar na alínea j) que A Santa Igreja não vale (...) aos que matam
outro a torto e os adulteros e os que forçam as virgens e os que hão-de dar conto aos
imperadores e aos reis dos seus tributos e do seus direitos

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Em Portugal até 31 de Dezembro de 1982 — esteve em vigor uma norma, proveniente do


direito muito antigo, segundo a qual o cônjuge que encontrasse o outro a praticar adultério e
não estivesse impedido de o acusar, por, eventualmente, ter contribuído voluntariamente para
a ato ou o ter incitado a tal, e nesse ato matasse este ou o adúltero, ou ambos, ou lhes
infligisse ofensas corporais graves, se encontrava sujeito apenas a uma pena de desterro por
seis meses, e que o mesmo regime se aplicava aos pais de filhas menores enquanto estas se
encontrassem sob o seu pátrio poder, como se encontrava consignado na última versão do
artigo 372.º do Código Penal de 1886, sendo certo que, até alguns anos antes, tal poder de
matar era apenas concedido ao marido e aos pais, em idênticas circunstâncias.

No Decreto-Lei n.º 262/75 de 27 de Maio promulgado em 15 de Maio de 1975 pelo Presidente


da República Portuguesa, Francisco da Costa Gomes, é referido:

O artigo 372.º do Código Penal, ao estabelecer a pena de desterro para fora da comarca por
seis meses ao homem casado que, achando sua mulher em adultério, a matar a ela ou ao
adúltero, ou a ambos, ou lhes fizer qualquer ofensa grave, à mulher casada que praticou os
mesmos fatos nas pessoas do marido e da concubina «teúda e manteúda pelo marido na casa
conjugal», e, bem assim, nas mesmas condições, aos pais a respeito de suas filhas menores de
21 anos e dos corruptores delas, por que abstrai inteiramente da verificação de emoção
violenta que aos agentes podem eventualmente produzir tais factos, confere um autêntico
«direito de matar».

Ao longo da história, o filho havido mediante adultério, tinha uma situação vexatória e certas
restrições de direitos, inclusive quanto ao recebimento da herança ou o uso do sobrenome
paterno. Entretanto, as legislações e sociedades modernas extirparam de vez tais
preconceitos.

Na atualidade[editar | editar código-fonte]

Nos tempos atuais, esta violação ainda é punível severamente, inclusive com pena de morte,
em algumas partes do mundo, geralmente nos países muçulmanos. Nos países doocidente, a
punição se dá muito mais brandamente embora ainda se constitua em causa eficiente para
o divórcio ou rescisão do casamento. Porém, os relacionamentos com terceiros,
eventualmente, são aceitos em algumas circunstâncias como o demonstram as práticas cada
vez mais assumidas publica e socialmente de swing e poliamor.

No Brasil, a prática do adultério já foi capitulada como crime no artigo 240 do Código Penal,


tendo sido revogado em 2005 pela Lei 11.106. Em Portugal o crime do adultério foi revogado
em 1973.

Em Portugal no atual Código Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 400/82, de 23 de Setembro


a palavra adultério não é mencionada numa única passagem.5 Já no atual Código Civil faz-se
apenas referência ao adultério aquando da existência de heranças e respetivos testamentos e
é referido no art.º 2196.º que é nula a disposição a favor da pessoa com quem o testador
casado cometeu adultério.

A maioria das legislações contém gradação da gravidade da prática do adultério, algumas


reservam penas mais severas quando, por exemplo, ele é praticado com parentes
docônjuge vitimado.

O adultério na Bíblia[editar | editar código-fonte]

Cristo e a adúltera, por Nicolas Poussin, Museu do Louvre, 1653.

No Antigo Testamento da Bíblia, a lei mosaica determinava a pena de apedrejamento de quem


fosse pego praticando o adultério, o que foi adotado pelos judeus, inclusive na época de Jesus
Cristo (ver Levítico 20:10). Entretanto, como a lei de Moisés admitia a poligamia masculina e o
divórcio (Deuteronômio 24:1), a configuração do delito era geralmente caracterizada quando
uma mulher casada mantinha relações com um outro homem que não fosse o seu marido.

Entretanto, com o passar do tempo, o judaísmo veio a proibir a prática da poligamia e o


cristianismo, desde os seus primórdios, não admitiu o divórcio e nem a infidelidade conjugal.

No Novo Testamento, ao discursar sobre o divórcio no sermão da montanha e numa outra


ocasião perante os líderes religiosos da época (ver Evangelho segundo Mateus 5:31-32;19:1-12
e Evangelho segundo Marcos 10:1-12), Jesus, buscando o fundamento contido no livro
de Gênesis, dá a entender que o divórcio não pode ser reconhecido pela religião porque o
homem não teria o poder de separar o que Deus uniu.

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração vou deixou ele (Moisés) escrito
esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso,
deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois numa só
carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o
separe o homem. (Mc 10:5-9)

Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de
prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também
comete adultério. (Mt 19:9)
Assim, Jesus explica a reprovação de se contrair novas núpcias enquanto o cônjuge divorciado
ainda estiver vivo, sendo que algumas interpretações admitiriam a possibilidade de uma
exceção nas hipóteses de haver adultério na constância do casamento.

Dentro de um outro contexto, os apóstolos também posicionaram-se contra o adultério.


Verifica-se no livro de Atos que o Concílio de Jerusalém recomendou que os gentiosnovos
convertidos ao cristianismo se abstivessem das relações sexuais ilícitas, sendo que
as epístolas de Paulo confirmam a proibição do adultério:

Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.
Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido
não deixe a mulher (...) A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido
vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no
Senhor. (I Coríntios  7:10-11; 7:39).

Embora Jesus tivesse dirigido sua pregação para os judeus, seus mandamentos vieram a ser
aplicados pelos apóstolos que se mostraram aversos tanto em relação à infidelidade no
casamento quanto aos matrimônios com impedimento.

Em outra ocasião, entretanto, quando alguns fariseus e escribas repletos de ódio e despeito


acusaram a mulher adúltera exigindo seu apedrejamento, o mesmo Jesus ergue-se e diz: “O
que está puro entre vós atire a primeira pedra” (Jo 8:7).

No catolicismo[editar | editar código-fonte]

O catolicismo adota uma posição ampla quanto ao pecado de adultério. A Igreja Católica não
reconhece o divórcio. Desta forma as pessoas que se casaram religiosamente e, entretanto,
começaram um novo relacionamento após divórcio civil, estão aos olhos da Igreja Católica em
permanente estado de adultério, mesmo após celebrarem novocasamento civil. 6

Adultério na arte[editar | editar código-fonte]

Vários artistas, poetas, compositores, escritores e cineastas dedicaram obras à questão moral


e filosófica do adultério. Mozart aborda claramente as questões da infidelidade amorosa na
sua ópera Così fan tutte, Assim fazem todas, já Almeida Garrett aborda latentemente a
questão do adultério em Frei Luís de Sousa.7 Mais recentemente o poeta luso João Pimentel
Ferreira abordou a questão do adultério em verso na obra "O Auto da Tentação".8 No filme
com Demi Moore, Adultério de 1995, é feita uma clara referência a este tema.

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