Custos, O..
Custos, O..
Curso de Pós-Graduação
Gerenciamento da Construção Civil – OBRAS - III
CUSTOS, ORÇAMENTO E
CONTROLE DE OBRAS
CURRÍCULO RESUMIDO DO DOCENTE
Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Mestre em
Engenharia Civil (Área: Construção) pela mesma Instituição. Experiência profissional na
área de Engenharia Civil, com ênfase em Construção Civil, especialmente na área de
Orçamentos e Planejamento e Controle da Produção, tendo atuado principalmente nos
seguintes temas: planejamento e controle da produção e produção enxuta. Atualmente, atua
como Professor Assistente na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), lecionando as
disciplinas de Tecnologia da Construção Civil 02, Gerência e Empreendimentos e
Planejamento e Gestão da Produção na Construção Civil.
e-mail: [email protected]
EMENTA DA DISCIPLINA
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APRESENTAÇÃO/INTRODUÇÃO
Dependendo das fases de elaboração de um projeto, o orçamento pode ser uma estimativa
de custo, um orçamento preliminar ou um orçamento detalhado. Assim, para elaborar um
orçamento, é necessário desenvolver, além do cálculo dos custos, uma série de tarefas
sucessivas e ordenadas.
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CUSTOS E ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Elaborar um orçamento não é diferente. Cada pequeno item deve ter uma composição
planejada, que respeite a cultura da empresa construtora, seus procedimentos, capacidade
financeira e organizacional para tornar aquele orçamento exeqüível. O orçamento é uma
das primeiras informações que o empreendedor deseja conhecer ao estudar determinado
projeto. Seja um empreendimento com fins lucrativos ou não, a construção implica gastos
consideráveis e por isso mesmo devem ser determinados, já que, em função de seu valor, o
empreendimento será viável ou não.
Para elaborar um orçamento, é necessário desenvolver, além do cálculo dos custos, uma
série de tarefas sucessivas e ordenadas. Estas tarefas requerem uma abordagem
individualizada.
De modo análogo, para relacionar todos os itens e subitens dos serviços, é preciso conhecer
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a discriminação orçamentária a ser usada e ir comparando os serviços a executar com
aqueles já discriminados, a fim de se obter uma relação completa.
2. Orçamento da construção
Consiste na determinação do custo de uma obra antes de sua realização, elaborado com
base em documentos específicos, tais como projetos, memorial descritivo e encargos,
considerando-se todos os custos diretos e indiretos envolvidos, as condições contratuais e
demais fatores que possam influenciar no custo total.
Para montar um orçamento é necessário, entre outros aspectos, conhecer os coeficientes de
produtividade da mão-de-obra, consumo de materiais e consumo horário dos equipamentos
utilizados nos serviços.
Quanto mais especificado é um orçamento, mais útil ele se torna enquanto referência para a
execução, pois o engenheiro da obra passa a ter informações sobre a quantidade de cada
atividade que terá de implementar, facilitando, inclusive, o controle dos custos.
Desta forma, cria-se uma alternativa a fim de que o empresário não fique desprovido de
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informações importantes para o estudo de viabilidade econômica do empreendimento.
Executa-se, portanto, o que chamamos de orçamento por estimativas.
O orçamento por estimativas é um orçamento simplificado da obra. Ele tem como objetivo
obter o custo de construção da obra levando em conta apenas os dados técnicos que ela
possa dispor, assim como obter os resultados em tempo consideravelmente inferior ao que
seria obtido, caso fosse executado o orçamento detalhado. Mas leva o trabalho a uma
margem de incerteza que deve ser levada em conta no estudo de viabilidade do
empreendimento.
Várias são as alternativas viáveis de orçamento por estimativas para o cálculo do custo da
construção. Serão citadas duas formas possíveis de serem obtidos os custos da construção
por orçamentos. São elas:
1º) Área equivalente de construção: é a área estimada, correspondente a uma área real de
padrão diferente, que, ao Custo Unitário Básico determinado, tenha o mesmo valor
estimado em reais. É a somatória das áreas equivalentes de todos os pavimentos da
construção. A Norma Brasileira, NBR 12.721 (Avaliação de custos unitários e preparo de
orçamento de construção para incorporação de edifício em condomínio), antiga NB 140,
estabelece critérios para o cálculo de transformação de áreas reais de padrões diferentes em
áreas equivalentes correspondentes a um mesmo padrão.
2º) Custo unitário do metro quadrado de construção: é o custo unitário obtido de revistas
técnicas, sindicatos da construção e empresas de consultoria, que fornecem mensalmente o
custo por metro quadrado de área equivalente de construção para os diversos casos de
edificação, inclusive para os variados padrões de especificação. De acordo com o disposto
no item 4.2.3.4 da NBR 12.721, até o dia 5 de cada mês os Sindicatos Estaduais de
Construção Civil divulgam os valores dos Custos Unitários Básicos, correspondentes aos
diversos projetos-padrão.
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2.1.2.1 Projetos
O cálculo deste é obtido através da multiplicação da área real total da construção pelo custo
por metro quadrado dos projetos.
O cálculo estimado do custo deste item é obtido através da área total do terreno multiplicada
pelo custo unitário desta mesma área.
O valor estimado do custo de serviços gerais é obtido através do custo unitário mensal do
item pelo prazo total da obra.
Pode ser estimado com base numa estimativa em volume de escavação mecânica
multiplicada pelo preço unitário do metro cúbico de escavação.
2.1.2.5 Fundação
O custo estimado deste item é obtido através do custo unitário de concreto armado
multiplicado pelo volume estimado de concreto para fundação.
2.1.2.6 Estrutura
2.1.2.7 Instalações
O valor estimado deste item é obtido pela multiplicação do número de unidades existentes
em projeto pelo valor unitário de instalações (material e mão-de-obra) correspondente à
unidade. Caso haja elevadores, pode-se calcular o custo unitário da parada de elevador
multiplicado pelo número de paradas existentes.
2.1.2.8 Alvenaria
O valor estimativo de alvenaria pode ser feito através da multiplicação do custo unitário de
alvenaria pelo quantitativo estimado.
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2.1.2.9 Cobertura
O cálculo do custo da cobertura é feito através do custo unitário do serviço multiplicado pela
quantidade estimada.
2.1.2.10 Tratamentos
2.1.2.11 Esquadrias
O valor das esquadrias é obtido através das estimativas de quantidades multiplicadas por
seus respectivos custos unitários.
2.1.2.12 – Revestimentos
O cálculo deste item é feito através de estimativas de quantidades multiplicadas por seus
respectivos custos unitários. Outra alternativa é a de ser comparada a custos de outros
serviços, levando-se em conta a proporção de custos, como por exemplo, as esquadrias.
2.1.2.13 Pavimentação
2.1.2.15 Ferragens
2.1.2.16 Pintura
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2.1.2.17 Vidros
2.1.2.18 Aparelhos
O custo pode ser obtido pela multiplicação do custo de aparelhos por apartamento pelo
número de unidades do empreendimento.
2.1.2.19 Complementação
Em função do padrão da obra estima-se uma verba para as despesas com complementação
da obra.
2.1.2.20 Limpeza
O orçamento analítico deve ser apresentado numa planilha orçamentária, onde são
relacionados todos os serviços com as respectivas unidades de medida, extraídos dos
projetos executivos e demais especificações técnicas e classificados segundo critérios que
atendam às necessidades do construtor ou do contratante.
A planilha orçamentária pode ser classificada segundo a natureza dos grupos de serviços:
estrutura de concreto, alvenaria, serviços elétricos, etc.
Desta forma, para a determinação do custo da obra é necessário desenvolver uma série de
tarefas sucessivas e ordenadas, conforme seqüência.
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2.2.1 Interpretação do projeto
2.2.1.1 Projeto
a) projeto de arquitetura;
b) projeto de fundações;
c) projeto estrutural;
d) projeto de instalações elétricas, telefônicas, hidro-sanitárias;
e) projetos especiais;
f) detalhes;
g) especificações;
h) caderno de encargos;
i) memoriais descritivos, etc.
a) planta de situação;
b) planta de locação;
c) plantas baixas;
d) planta de cobertura;
e) cortes;
f) fachadas;
g) detalhes.
As pranchas que constituem este projeto contêm: tipo de fundação, locação dos seus
elementos, cotas de eixo a eixo, dimensões, cargas aplicadas, detalhes de execução, etc.
Quando a fundação é de concreto armado, temos ainda: detalhes de formas e armaduras,
tabelas com tipo de resumo da ferragem, tensão de ruptura do concreto (fck), etc. O
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orçamentista faz o cálculo dos quantitativos e pode ter, em caso de fundação de concreto,
com a tensão de ruptura, a indicação do traço de concreto para a composição do custo
unitário.
No item a):
O projeto estrutural de concreto armado é composto por dois grupos de desenhos: formas e
armaduras. Para o orçamentista interessa:
No item b):
No item c):
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2.2.1.2.5 Projeto de instalações telefônicas
Algumas observações:
1) mediante as características de cada edificação, qualquer uma delas pode e deve ser
completada, sempre que necessário;
2) a discriminação do Decreto 92.100 é a que normalmente se utiliza para obras de edifícios
públicos, podendo ser usada para edifícios de qualquer destinação;
3) a discriminação da NBR 12.721 da ABNT é dirigida mais especificamente para
orçamentos de edifícios construídos para incorporação em condomínio;
4) a discriminação do Decreto 52.147, apesar de ter sido revogada, ainda é usada, talvez
devido à sua simplicidade e utilização por longo tempo pelos orçamentistas.
As quantidades a serem levantadas referem-se aos serviços que serão executados. Para
levantá-las, é necessário seguir os projetos e as especificações, que vão indicar o quê e onde
usar. Então, é feito o levantamento das quantidades de serviços de aplicação de materiais,
utilizando as medidas e dimensões das plantas e desenhos. Nos levantamentos, usam-se
formulários e planilhas.
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2.2.4 Composição de Custo Unitário
Os preços dos materiais são coletados e fazem parte da composição de custos unitários.
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2.2.5.1 Taxas de Leis Sociais:
D. Taxas de reincidências
1) As taxas podem ser alteradas em função das mudanças nos recolhimentos da Previdência
Social.
2) A TCPO é um manual que compreende mais de 800 páginas com um total de mais de
3000 Tabelas, organizadas em 14 títulos principais – Etapas – com suas subdivisões
específicas. Esse manual tem orientado o mercado na composição dos custos dos serviços
construtivos, e tem sido consensualmente aceito como um referencial confiável.
Após o cálculo dos custos diretos (mão-de-obra, leis sociais, materiais e equipamentos),
através das composições de preços unitários, os custos indiretos são apurados.
O BDI é uma taxa correspondente a despesas indiretas e lucro, para a execução de serviços,
incidentes sobre a soma dos custos de materiais, mão-de-obra, equipamentos, etc. Esta taxa
tanto pode ser inserida na composição dos custos unitários, como pode ser aplicada
diretamente ao final do orçamento, sobre o custo total, objetivando conseguir-se o preço de
execução de obra, por terceiros.
O preço de execução da obra é, pois, igual ao custo da obra mais a taxa de BDI. O BDI
inclui os seguintes componentes:
c) Riscos
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f) Despesas financeiras: com o não recebimento imediato dos gastos para construção, o
construtor precisa lançar mão de recursos próprios para continuar a obra, o que gera
despesas de investimento de capital, que precisa ser remunerado, inclusive com correção
monetária;
Administração da obra: desde que não tenha sido levada em conta no orçamento;
Despesas com instalação do canteiro: idem;
Depreciação dos equipamentos: desde que não tenha sido levada em conta no
orçamento ou nas composições de custos unitários.
1 – Despesas eventuais - 4%
2 – Quebra de materiais - 6%
3 – Riscos - 3%
4 – Administração central - variável
5 – Impostos (COFINS, ISS) – 7,60%/4,5%
6 – Despesas financeiras - variável
7 – Seguro - 1%
8 – Finsocial - 2%
9 – PIS - 0,65%
10 – Lucro - 10%
*11 – Administração da Obra - variável
*12 – Mobilização e desmobilização do canteiro - variável
*13 – Depreciação de equipamentos – variável
*Desde que não tenha sido levado em conta na planilha orçamentária ou na ficha de
composição de custos.
O custo total é a soma de todas as parcelas correspondentes aos valores dos subtotais e
subitens para cada serviço.
O custo total do orçamento é conseguido somando-se todos os totais dos itens. Quando
ainda não foi embutido o valor do BDI nos custos unitários, teremos com o total, o valor de
custo da edificação.
Um desses relatórios é a Curva ABC, que pode ser de insumos e de serviços. O nome Curva
vem do gráfico que pode ser traçado usando-se um plano cartesiano, onde são marcados os
insumos, em um eixo, e as suas respectivas porcentagens simples ou acumuladas, em outro.
O ABC corresponde ao sistema alfabético das iniciais dos insumos. Na prática, o relatório
curva ABC de insumos e de serviços contém o código, a descrição, a unidade, o preço
unitário, as quantidades, o valor total e as percentagens simples e acumuladas para cada
insumo. A análise baseada nas curvas ABC permite verificar de imediato os itens críticos do
orçamento: os insumos e os serviços que pesam mais.
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Livro: “ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL - CONSULTORIA, PROJETO E
EXECUÇÃO -METODOLOGIA DE CÁLCULO COMPOSIÇÃO DO BDI E
LEGISLAÇÃO”
Autor: Maçahico Tisaka
Editora PINI
Ano:2006
De acordo com os Artigos. 7º, 8º, 13º, 14º e 15º da Lei Federal nº 5.194/66, o
ORÇAMENTO ESTIMATIVO do órgão que acompanha o edital de licitação, previsto na
alínea II §2º do item XVII do Art. nº 40 da Lei nº 8.666/ 93 (Lei de Licitações), deverá ter a
sua autoria devidamente identificada no documento, com o nome completo do orçamentista,
profissão de engenheiro civil ou arquiteto e o número de Registro no CREA.
"Art. 8 - As atividades e atribuições enunciadas nas alíneas 'a', 'b', 'c', do artigo anterior são
da competência de pessoas físicas, para tanto legalmente habilitadas."
"Art. 12 - Na União, nos Estados e nos Municípios, nas entidades autárquicas, paraestatais e
de economia mista, os cargos e funções que exijam conhecimentos de Engenharia,
Arquitetura e de Agronomia, relacionados conforme o disposto na alínea "g" do Art. 27,
somente poderão ser exercidos por profissionais habilitados de acordo com esta Lei."
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A falta dessa identificação poderá ensejar um Auto de Infração contra a empresa ou órgão
licitante por parte da fiscalização do CREA ou até anulação da licitação por
descumprimento dos dispositivos legais.
"Art.15 - São nulos de pleno direito os contratos referentes a qualquer ramo da engenharia,
arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração de projeto, direção ou execução de
obras, quando firmados por entidade pública ou particular com pessoa física ou jurídica não
legalmente habilitada a praticar a atividade nos termos desta lei."
"Art. 3º - A falta de ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na alínea 'a'
do Art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais cominações legais."
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1.3 Observações Importantes:
O orçamento a ser elaborado deverá conter, de modo fiel e transparente, todos os serviços
e/ou materiais a serem aplicados na obra de acordo com o projeto básico e outros projetos
complementares referentes ao objeto da licitação.
Pela atual legislação contábil e trabalhista, os encargos como refeições, transporte, EPI,
incluindo uniformes, ferramentas manuais necessários para o exercício de sua atividade,
seguro de vida em grupo, diretamente relacionados com a mão-de-obra, devem ser
calculados e acrescidos às Leis Sociais como Encargos Complementares de Mão-de-Obra.
Ainda, lembrar que, pela atual legislação fiscal e contábil, todos os custos que compõem a
infra-estrutura da obra como a Instalação do Canteiro de Obra, custos da Administração
Local, Mobilização e Desmobilização, etc., devem compor os Custos Diretos, e não o BDI.
A composição do BDI, que é a outra parte importante do orçamento, deverá conter todos os
itens relativos aos Custos Indiretos da administração central, eventuais taxas de riscos do
empreendimento pela falta de uma definição clara do projeto, custos financeiros do capital
de giro, todos os tributos federais e municipais, custos de comercialização e a pretensão ou
previsão de lucro.
Custo Direto mais BDI. O Custo Direto é composto pela soma de todos os custos unitários
mais todos os custos diretamente relacionados com a produção. O Custo Unitário de cada
serviço é o resultado do produto Quantidade x Preço Unitário de cada um dos insumos, os
quais, multiplicados pelo BDI, viram Preço Unitário. O preço total é a soma de todos os
resultados parciais dos serviços envolvidos.
O pagamento é feito através da medição no campo dos quantitativos dos serviços realizados
a cada período.
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2.2. Modalidade B: empreitada global
Custo Direto Global mais BDI. Neste caso, as quantidades dos serviços são previamente
determinadas, arcando o construtor com os riscos de um eventual erro na quantificação de
cada serviço.
Trata-se de uma variante da Empreitada Global que pode ser chamada de "turn-key", em que
o construtor assume todas as despesas do início ao fim, até a entrega das chaves ou do
empreendimento, funcionando para início da operação.
Taxa de Administração sobre os custos gerais da obra. Neste caso, é cobrada uma taxa,
previamente estabelecida, a ser aplicada mensalmente sobre os gastos da obra. Existem
outras alternativas desta modalidade que incluem reembolsos de determinados gastos e
pagamentos fixos para determinados itens de custos.
Trata-se de um sistema misto, onde parte é paga por preços unitários e as demais por
administração ou pelo sistema de reembolso. Nesta modalidade pode-se estabelecer metas
de prazos e de gastos, com o estabelecimento de prêmios e multas pelos alcances das metas
e pelos atrasos.
Qualquer que seja o tipo de empreitada, de mão-de-obra, preços unitários, global ou integral,
o orçamento deve partir da discriminação minuciosa dos serviços a serem realizados,
levantamento dos quantitativos de cada um desses serviços, definição dos custos unitários
obtidos através da composição dos consumos dos insumos, mais os gastos com a infra-
estrutura necessária para a execução.
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3. Fundamentos técnicos do cálculo da remuneração
O objetivo deste Capítulo é proporcionar àqueles que lidam com orçamentos, propostas de
preços e julgamentos de licitações, públicas ou privadas, os principais fundamentos que
compõem o preço final de venda dos serviços de execução de obras de construção civil.
Para o cálculo do preço de venda é necessário inicialmente levantar todos os custos diretos
envolvidos numa construção civil e depois adicionar uma margem sobre ele de modo a
cobrir todos os gastos incidentes.
Não confundir BDI com LUCRO, como pode acontecer com pessoas não afeitas a essa
terminologia usada na construção civil. Para isso, é necessário entender como é feita a
composição dos preços para a venda de um serviço de execução na construção civil, onde
entram não somente os materiais a serem utilizados, como também a mão-de-obra
necessária para a execução e todas as demais despesas com a administração, fiscalização,
impostos, taxas, ferramentas e, evidentemente, o lucro esperado pelo prestador dos serviços.
A primeira parte a ser considerada são as DESPESAS ou CUSTOS DIRETOS (CD). São
todos os custos diretamente envolvidos na produção da obra, que são os insumos
constituídos por materiais, mão-de-obra e equipamentos auxiliares, mais toda a infra-
estrutura de apoio necessária para a sua execução no ambiente da obra.
Estes custos diretos são representados numa planilha de custos, em que fazem parte:
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Para o cálculo dos custos de mão-de-obra há que se acrescentar aos salários todos os
encargos sociais básicos, incidentes e reincidentes e complementares (alimentação,
transportes, EPI e ferramentas), que são encargos obrigatórios que incidem sobre os
trabalhadores e determinados pela legislação trabalhista específica.
A segunda parte é o que se costuma chamar de BDI - Benefício e Custos Indiretos, que é
composto dos seguintes elementos:
Entretanto, como BDI é expresso em percentual dos custos diretos, torna-se necessário
colocá-lo da seguinte maneira:
Sendo:
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a) Cálculo do Custo Direto
Despesas com material e mão-de-obra que serão incorporadas ao estado físico da obra.
Despesas da administração local, instalação do canteiro de obras e sua manutenção e sua
mobilização e desmobilização.
Despesas que, embora não incorporadas à obra, são necessárias para a sua execução, mais os
impostos, taxas e contribuições.
c) Cálculo do Benefício
Previsão de Benefício ou lucro esperado pelo construtor mais uma taxa de despesas
comerciais e reserva de contingência.
O Custo Direto de uma obra é a somatória de todos os custos dos materiais, equipamentos e
mão-de-obra aplicados diretamente em cada um dos serviços na produção de uma obra ou
edificação qualquer, incluindo-se todas as despesas de infra-estrutura necessárias para a
execução da obra.
3.1.3.3. Materiais
O custo dos materiais deve ser considerado "posto obra", isto é, com o frete incluído, se o
fornecedor não entregar na obra sob suas expensas, e levados em conta todos os impostos e
taxas que incidirem sobre o produto.
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3.1.3.4. Equipamentos
O custo horário do transporte e movimentação dos materiais e pessoas dentro da obra, tais
como elevadores, gruas, caminhões, escavadeiras, tratores, etc., podem ser de propriedade
do construtor ou alugados no mercado e geralmente incluem o custo horário dos operadores.
As revistas especializadas trazem o custo do aluguel horário dos mais diferentes
equipamentos.
3.1.3.5. Mão-de-obra
O custo deste item é representado pelo salário dos trabalhadores que manuseiam os
materiais, acrescidos dos encargos sociais e outras despesas que envolvem a participação
dos trabalhadores na obra.
Nos custos de mão-de-obra, além das Leis Sociais, devem também ser computados os
encargos referentes às despesas de alimentação, transporte, EPI - equipamento de proteção
individual e ferramentas de uso pessoal.
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3.2. Leis Sociais
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3.2.2 Taxa de encargos sociais que incidem sobre o salário dos mensalistas
Observações:
As taxas de Leis Sociais e Riscos do Trabalho para horistas estão consideradas e calculadas
de modo a exprimir as incidências e reincidências dos encargos sociais, e a percentagem
total é a adotada nas Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos (TCPO) da PINI,
ou seja, é a taxa que incide sobre as horas normais trabalhadas (de produção).
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3.3. Composição De Custos Unitários
Para o cálculo dos custos unitários é necessário que conheçamos a sua composição, isto é,
quanto de material vai ser utilizado, número de horas de pessoal qualificado e não-
qualificado e o número de horas de equipamento a ser utilizado, por unidade desses
serviços.
No mercado pode ser encontrada alguma literatura sobre o assunto, mas a mais conhecida é
a TCPO (Tabela de Composição de Preços da PINI), onde podem ser encontrados os
parâmetros de quantitativos e horas necessárias para as composições dos principais serviços
utilizados na construção civil e predial.
Código 04211.8.1 ALVENARIA de vedação com tijolo comum 5,7x9x 19 cm, juntas de 12
mm com argamassa mista de cimento e cal
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Conteúdo do serviço
Critério de medição
Pela área, vãos com área inferior ou igual a 2 m² devem ser considerados cheios. Vãos com
área superior a 2 m² descontar apenas o que exceder a essa área.
Para a obtenção dos custos unitários, multiplicam-se os parâmetros de consumo (ver TCPO)
pelos preços unitários dos materiais, preço horário dos equipamentos e pelos salários/hora
dos empregados envolvidos.
Observar que os salários de cada mão-de-obra especializada são antes multiplicados pela
taxa de Encargos Sociais anteriormente detalhada, conforme a seguinte fórmula:
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Sendo:
Portanto,
Em todo o período que antecede o início efetivo da obra e após o término do contrato
ocorrem despesas que não estão computadas nem nos custos unitários dos serviços e em
nenhum dos itens que compõem os Custos Diretos.
São elas:
a) Preços unitários
Cálculo dos preços unitários: em cada um dos serviços colocar os respectivos custos
unitários obtidos pela Composição dos Custos Unitários.
Cálculo dos custos de cada um dos serviços: com a multiplicação dos quantitativos pelos
custos unitários, obtém-se o custo de cada um dos serviços.
b) Administração local
c) Canteiro da obra
d) Mobilização e desmobilização
A soma dos custos unitários de cada item de serviços acrescidos dos custos da
Administração Local, Canteiro de Obras e Mobilização/Desmobilização representam os
custos diretos da obra.
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3.3.7. Exemplo de planilha de custos diretos (modelo)
São todas as despesas que não fazem parte dos insumos da obra e sua infra-estrutura no
local de execução, mas que são necessárias para a sua realização.
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Despesas Específicas (L1): são aquelas que oneram diretamente uma determinada
obra, mas que são exercidas principalmente fora do seu ambiente.
Rateio da Administração Central (L2): O rateio da Administração Central é um
percentual que se debita a determinada obra correspondente à soma de todos os
custos da estrutura central da empresa, proporcional ao tempo de execução e ao
montante do contrato.
As situações previsíveis podem ser: época das chuvas, evolução das taxas inflacionárias,
evolução dos juros do mercado, história de atrasos no pagamento por parte da contratante,
baixa produtividade de mão-de-obra em determinadas regiões, etc.
Podem ser consideradas para efeito de definição da taxa de risco as seguintes circunstâncias:
As despesas comerciais são aquelas que não se enquadram nem como despesas diretas nem
como indiretas, pois, a rigor, não são despesas administrativas.
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São despesas impossíveis de ser alocadas a uma ou outra obra específica, pois incluem
gastos com muitas tentativas frustradas de insucesso comercial ou em licitações públicas, e
poucas satisfatórias. São considerados como despesas comerciais os seguintes gastos:
Gasto que a empresa faz para promover seu nome no mercado ou diretamente junto
aos seus clientes preferenciais visando a determinadas obras.
Divulgação da empresa em anúncios de revistas técnicas, anúncios comemorativos,
folder de apresentação da empresa, brindes, etc.
Despesas para a compra de edital, preparação de proposta técnica, consultores
especiais, custo da documentação e da pasta técnica, seguro de participação em
licitações, ART e certidões do CREA, despesas cartoriais com certidões,
reconhecimento de firma e autenticações de documentos, cópias xerográficas e
fotográficas, viagens e estadia para visita à obra, etc.
Gastos com representação comercial, tais como despesas de viagem e hospedagem,
alimentação, comissão do representante, etc.
Promoção de eventos, brindes e presentes de Natal, contribuições beneficentes,
contribuições político-eleitorais, etc.
3.4.1.5. Benefício/Lucro
Em tese, toda atividade empresarial ou a sua prestação de serviços deve ser remunerada
financeiramente através do que se costuma chamar de lucro. Entretanto, há na nossa
legislação tributária, fiscal e contábil uma série de definições de lucro que dificulta o
entendimento e a questão de qual deles deve ser considerado. Temos pelo menos as
seguintes formas de lucro: Lucro Líquido, Bruto, Contábil, Real, Presumido, Arbitrado,
Antes do IR, etc.
A taxa adotada como Benefício deve ser entendida como uma provisão de onde será retirado
o lucro do construtor, após o desconto de todos os encargos decorrentes de inúmeras
incertezas que podem ocorrer durante as obras, difíceis de serem mensuradas no seu
conjunto. É diferente da taxa de risco de execução, do qual já falamos anteriormente.
De uma maneira geral, na construção civil, é costume adotar o Benefício em torno de 10%.
Um dos fatores que mais influenciam os custos indiretos da obra, e por conseqüência o BDI,
é o tempo de duração da obra. Como o BDI é calculado para um determinado prazo de obra,
se por alguma razão houver uma demora além desse prazo, a maioria dos custos,
principalmente de mão-de-obra, tendem a aumentar proporcionalmente a essa dilatação do
prazo.
O cálculo do BDI é muito simples para obras pequenas, mas à medida que vão se tornando
maiores e mais complexas, os itens a serem considerados também aumentam
consideravelmente.
O porte da empresa é também um fator que concorre para tornar maior ou menor o BDI.
Empresas de pequeno porte, em geral, têm uma estrutura administrativa pequena. Portanto,
o seu custo é também pequeno. Empresas de médio porte já têm uma estrutura
administrativa e organizacional maior, com setores independentes de custos, suprimentos,
compras, planejamento, etc. Por fim, empresas de grande porte, teoricamente, por terem
maior escala, tendem a ter uma distribuição de custos menor. Entretanto, seus custos
indiretos dependem da relação faturamento/número de obras.
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3.4.2.4. Localização e características especiais
Afetam o BDI:
Zona urbana de tráfego controlado (acesso e horário).
Local de alto índice pluviométrico.
Local inóspito ou sem acesso terrestre.
Grande distância dos centros de suprimento.
Falta de infra-estrutura, tais como energia, água, etc.
Além destes acima mencionados, o BDI pode ser alterado pelos seguintes fatores:
Problemas operacionais;
Situações conjunturais;
Nível de qualidade exigida;
Prazos e condições de pagamento;
Condições especiais do Edital de Licitação;
Tradição e confiabilidade da contratante.
Como todo e qualquer orçamento, embute-se certo grau de imprecisão em função dos preços
variáveis do mercado, dos erros de avaliação dos coeficientes utilizados na composição de
preços e de determinados critérios utilizados para se chegar aos custos diretos. Entretanto,
na média, os custos diretos de uma determinada obra, observadas as mesmas condições de
trabalho e de dificuldade, não podem ter grandes oscilações de valores entre uma empresa e
outra ou de um órgão e outro.
1º Passo
Ter em mãos o projeto básico ou projeto executivo com todos os projetos complementares
tais como instalações hidráulicas, elétricas, ar-condicionado, etc., e memoriais descritivos
das especificações.
2º Passo
35
3º Passo
Planilhar, itemizando cada serviço, criando colunas onde constem o item, a discriminação, a
quantidade, a unidade, o preço unitário, o preço do item e o subtotal.
4º Passo
5º Passo
Para o cálculo dos custos unitários é necessário partir da composição dos custos unitários,
isto é, para cada unidade de serviço é preciso saber quanto vai de materiais (consumo) e seus
respectivos preços de aquisição e a quantidade de horas de serviço de mão-de-obra,
especializada ou não, que devem ser multiplicados pelos respectivos salários acrescidos dos
encargos sociais e o tempo de utilização de equipamentos com o aluguel horário dos
mesmos.
Estes custos unitários e a soma de todos eles são, respectivamente, custos diretos unitários,
que fazem parte dos custos diretos.
6º Passo
Listar todos os materiais que constam da composição de custos unitários da TCPO e cotar
seus preços de mercado.
7º Passo
8º Passo
Definir a taxa de leis sociais, calculando os encargos complementares através das fórmulas
para alimentação, transporte, etc., e definir o custo horário de cada trabalhador.
36
9º Passo
10º Passo
Com esses dados, calcular os custos unitários dos serviços através da Utilização da
"Composição de Custos Unitários". Utilizar o TCPO da Editora PINI ou Equivalente.
11º Passo
Transportar para a planilha todos os custos unitários obtidos e obter o custo de cada serviço.
12º Passo
Calcular os custos da administração local. Lembrar que os seus custos são proporcionais ao
prazo estimado da obra e incluem os salários do pessoal, consumo de materiais de higiene e
administrativo, água, energia, telefone, etc.
13º Passo
PV = CD (1 + b)
Onde:
14º Passo
Para calcular o BDI é necessário ter em mãos uma série de informações que vão constar da
sua composição:
37
Custo direto da obra, obtido nos passos anteriores.
Local de execução da obra e a sua distância à sede da empresa.
Prazo de execução da obra.
Conhecimento sobre a infra-estrutura local de serviços (água, energia, linha
telefônica, transportes, recursos humanos, fornecedores de materiais e serviços, etc).
ISS da prefeitura local.
Salários dos funcionários da Administração Central.
Despesa mensal da Administração Central.
Média de faturamento da empresa ou do exercício fiscal.
Se a contabilidade da empresa é por Lucro Real ou Presumido.
Taxa de juros cobrados pelo seu banco comercial.
Média dos últimos índices mensais de inflação.
Taxas dos tributos federais.
Gastos da empresa na comercialização.
15º Passo
As taxas de custos indiretos são sempre função do Custo Direto da obra em análise,
antecipadamente levantado. Não é possível calcular essas taxas sem antes ter o valor do
Custo Direto já calculado.
16º Passo
A taxa se obtém dividindo-se esses custos pelo Custo Direto já calculado, pela fórmula
abaixo:
38
17 º Passo
Onde:
DMAC - Despesa Mensal da Administração Central.
FMO - Faturamento Mensal da Obra.
N - Prazo da Obra em meses.
FMAC - Faturamento Mensal da Administração Central.
CDTO - Custo Direto Total da Obra.
18º Passo
19º Passo
Sendo:
f = taxa de custo financeiro;
39
i = taxa de inflação média do mês ou a média da inflação mensal dos últimos meses. Não é
inflação futura;
j = juro mensal de financiamento do capital de giro cobrado pelas instituições financeiras;
n = número de dias decorridos.
20º Passo
21º Passo
Somar todas as despesas incorridas para esse objetivo durante o exercício fiscal e dividi-las
pelo faturamento no mesmo período.
22º Passo
23º Passo
24º Passo
Onde:
PV = Preço de Venda
BDI = Benefício e Despesas Indiretas
CD = Custo Direto
5. Legislação
1. Lei Federal nº 8.666/93. Lei de Licitações e Contratos. Atualizada pelas Leis nº 8883 e
9032. <http//www.receita.fazenda.gov.br>. Legislação
2. Lei Federal nº 5.194 de 24.12.66. Regula o exercício das profissões de Engenheiro,
Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências.
3. Lei Federal nº 9.430/96. Dispõe sobre legislação tributária federal, contribuições para a
Seguridade Social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências.
<http//www.receita.fazenda.gov.br>. Legislação
41
4. Decreto Federal nº 3.000/99, também chamado RIR. 99: Regulamenta a tributação,
fiscalização, arrecadação e administração do Imposto de Renda e proventos de qualquer
natureza. <http// www.receita.fazenda.gov.br>. Legislação.
42
Apostila: “ORÇAMENTO DE OBRAS”
Universidade do Sul de Santa Catarina
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Autores: Antonio Victorino Ávila; Liziane Ilha Librelotto; Oscar Ciro Lopes
Ano: 2003
1.1 Introdução
1.2 Orçamento
O orçamento pode ser observado sob duas óticas: como processo e como produto.
Além disto, um processo orçamentário possibilita efetuar as projeções futuras dos balancetes
mensais, permitindo elaborar o balanço projetado do exercício ou de exercícios futuros, o
que contribui para a empresa conhecer ou avaliar os lucros futuros. O estudo do orçamento
como processo foge ao escopo desta apostilha.
Como produto, o orçamento tem por objetivo definir o custo e, em decorrência, o preço de
algum produto da empresa, seja a construção de algum bem ou a realização de qualquer
serviço.
43
1.2.2 Tipos de Orçamento Produto
O orçamento pode ser elaborado visando definir o custo e, por extensão, o preço de bens e
serviços tais como:
Elaboração de Projetos;
Elaboração de Orçamentos, Cadernos de Encargos, Especificações;
Elaboração de Laudos Técnicos;
Serviços de fiscalização, auditoria ou assessoria técnica;
Orçamento de Serviços ou mão de obra;
Orçamento de construção ou empreitada;
Orçamento de canteiros de obras ou obras complementares;
Etc.
Nesta apostilha será estudada a elaboração de Orçamento Produto, dado ser este serviço
estreitamente vinculado, no ramo da construção civil, à atuação de engenheiros e arquitetos.
Definindo:
44
a) As avaliações constituem-se na valoração de empreendimentos através de
parâmetros genéricos;
b) As estimativas de custo determinam o valor das obras a partir de projetos
incompletos, cujas deficiências são supridas com a adoção de parâmetros
particulares;
c) O orçamento é a expressão quantitativa expressa em unidades físicas e valores
monetários, referidos a uma unidade de tempo, dos planos elaborados para o período
(ou períodos) subseqüente (s).
45
1.3 O Projeto
No projeto fica definido o que deverá ser construído, como ocorrerá a construção em termos
de tecnologia, dos materiais e dos equipamentos a serem empregados.
46
Visto como um processo, um projeto pode ser subdividido em três fases:
Concepção;
Consolidação;
Desenvolvimento (Projeto Oficial).
1.3.2.1 Conceituação
O projeto (plantas, cortes, fachada, etc.), em geral, descreve a forma do produto a ser
construído, porém não esclarece qual material vai ser empregado, a qualidade do
acabamento pretendido, a tecnologia a ser utilizada, o processo construtivo a ser observado,
etc.
Visando a qualidade e o resultado do produto final que atenda os anseios dos proprietários
surge, então, a necessidade de complementar o projeto com maior nível de detalhamento das
informações quanto a: especificações técnicas e qualidade dos insumos desejados
(fabricantes, dimensões, cores, modelos, etc.); métodos construtivos e normas técnicas a
serem observadas. Estes itens normalmente estão inclusos nos seguintes documentos:
Memorial Descritivo;
Especificações Técnicas;
Caderno de Encargos.
Custos da construção;
Métodos construtivos para a execução dos serviços;
Prazo técnico da obra;
Padrão de acabamento do empreendimento,
Qualidade na aquisição de materiais em obra, etc.
Envolvimento de fornecedores.
Condições para planejamento.
a) Especificações Técnicas
48
As especificações técnicas devem, ainda, registrar a correta indicação dos locais de
aplicação de cada um dos tipos de serviços e materiais, indicar as normas para verificação
específica de materiais, elementos, instalações, equipamentos. Enfim, deve-se evitar a
generalização para que o processo de orçamentação seja o mais próximo possível daquilo
que será efetivamente realizado.
A disponibilidade das especificações técnicas durante o processo de orçamentação contribui
para que não haja paralisação da obra por falta de definição de materiais ou equipamentos,
além de reduzir substancialmente a necessidade de improvisação.
b) O Memorial Descritivo
O Memorial Descritivo revela a relação dos materiais, insumos e equipamentos que irão
constituir cada parte da obra, devendo dele constar todos os detalhes que possam interessar à
gestão eficiente do empreendimento.
Muitas vezes, as especificações de acabamento são alteradas durante a obra, motivadas por
situações como falta de material no mercado, insumos não mais fabricados, alteração do
padrão de especificação, adequação a novas exigibilidades de mercado. Quanto mais
detalhado for o conjunto de especificações, mais detalhado e preciso será o resultado do
processo de orçamentação e o planejamento técnico.
c) O Caderno de Encargos
Existe um conjunto de normas, além dos parâmetros definidos pela empresa, que devem ser
respeitados e efetivamente seguidos na elaboração de projetos e que são fonte fundamental
de informação para documentar o Conjunto de Especificações. São as Normas e
Especificações Brasileiras, elaboradas sob os auspícios da Associação Brasileira de Normas
Técnicas.
No caso de ausência de Norma ou Especificação Brasileira, pode ser utilizada norma dos
Países fornecedores de equipamentos, principalmente as americanas, inglesas e alemãs.
2. Do Preço e do Lucro
No caso da construção civil e especialmente quanto às empresas que trabalham sob regime
de empreitada, de modo geral, pode-se afirmar que os preços dos bens e serviços praticados
se formam no seio de seu mercado, isto é, em regime de livre concorrência.
Tal situação propicia a formação de preços através do embate das forças de mercado, o que
leva a imposição da prática de determinado patamar de preço para o fornecimento de bens e
serviços. Desta forma, os agentes de mercado, contratantes, contratados e concorrentes,
pressionam para praticar um preço que lhes convém, provocando a ocorrência de um
equilíbrio que será sempre instável.
E esse fato se agrava em setores econômicos cuja exigência de capital de giro para as
operações é pequena, ou nos quais não existam tecnologias exclusivas de difícil ou custoso
domínio. Esta é, reconhecidamente, a situação da construção civil. Além disso, quando o
contratante é o governo, ele tende a definir os preços praticados, reduzindo a margem de
lucro dos contratados.
50
Historicamente, tanto no comércio como na indústria manufatureira, o paradigma adotado
para a formação do preço é função do somatório do custo incorrido e da margem de lucro
desejada, sendo nessa embutidos os custos e despesas indiretos de produção.
Quando o lucro, as despesas e os custos são englobados num único fator, ocorre o que se
denomina de mark-up (μ). Esse fator, aplicado sobre os custos diretos dos produtos, define
o preço desejado.
Preço = μ × CD
Neste novo paradigma, atingindo principalmente as empresas que atuam em regime de livre
concorrência, o preço vem se comportando como variável independente, sendo que o custo
continua estabelecido pelos fornecedores de insumos e a margem de lucro passou a se
comportar como variável dependente.
O modelo mostra que o Lucro a ser auferido passou a ser função do Preço praticado pelo
mercado e dos Custos incorridos. Esta última variável é passível de ser controlada pela
empresa.
O preço pode ser definido como a expressão monetária de uma obra ou serviço,
correspondendo ao valor cobrado do cliente. Já o custo representa o valor da soma dos
insumos (mão-de-obra, materiais e equipamentos, impostos administração, depreciação,
etc.) necessários à realização de dada obra ou serviço. Constitui-se, assim, no valor pago
pelos insumos.
b) Indiretos: custos indiretos são aqueles onde se faz necessário estabelecer algum fator de
rateio para a sua apropriação a algum serviço. Assim sendo, os custos indiretos podem ter
duas origens:
Via de regra, os preços e os custos na construção civil são orçados por serviço e
determinados segundo a produção, de acordo com as composições unitárias. Estas
composições têm como unidades: o metro, o m², o m³, homens-hora despendidos na
execução do serviço, hora de máquina, etc.
53
3.2. Composição de Preços
O preço na construção civil pode ser definido pelo modelo a seguir, em que: CD
corresponde aos custos incorridos, diretamente, na execução dos serviços e IBDI,
denominado de índice dos Benefícios e Despesas Indiretas, engloba os custos indiretos a
serem suportados por cada serviço.
Preço = CD × BDI
CD =Σ{MO+MT+EQ+ES}
Estes quantitativos são multiplicados por composições unitárias de insumos para a execução
destes serviços. A soma dos produtos dos quantitativos por suas composições unitárias
resulta no custo total do projeto.
Portanto, para realização do orçamento atuam três variáveis: o quantitativo dos serviços, a
composição unitária e o preço dos insumos. E, uma variável fiscal: os encargos sociais.
Os custos unitários, então, são determinados com relação às unidades de serviço tais como:
m², m³, hectare, pontos elétricos, horas de mão de obra ou equipamentos, entre outras.
Definindo “ρ” como a produtividade da mão de obra e “p” o custo a ser pago pela mão de
obra, o custo horário da mão de obra é dado por:
CU(MO) = ρ × pu
O Custo Total da mão de obra, por sua vez, é função do custo unitário calculado e da
quantidade de serviço a realizar.
Então, sendo “S” a quantidade de serviço a ser realizado e CT (MO) o Custo Total da mão
de obra conexa a um dado profissional ou serviço, tem-se:
CT (MO) = CU (MO) × S
55
3.3.1.2. Produtividade da mão-de-obra
A produtividade, por sua vez, equivale à razão entre a quantidade de serviço a ser realizado
e o número de horas necessário para realizá-lo.
3.3.1.3. Exemplo
Considerando-se que são instrumentos de pequeno valor e, via de regra, não sujeitas ao
processo de depreciação, recomenda-se que sejam consideradas como custo indireto de obra
e, conseqüentemente, apropriadas no BDI.
Como exemplo desses tipos de equipamentos há os tornos, frezas e máquinas de solda topo.
A experiência tem mostrado que os procedimentos quando a alocação dos custos de
operação, manutenção e depreciação seguidos neste caso são, basicamente, de dois tipos:
CU (EQ) = π × pu
Depreciação;
Juros sobre capital investido;
57
Seguros;
Reparos e manutenção;
Reposição de peças rodantes;
Manutenção de pneus;
Custos de operação: combustível, lubrificante e graxa;
Mão de obra de operação.
3.3.2.3.1. Exemplo
58
3.3.3. Materiais
3.4. Procedimentos
4. A Discriminação Orçamentária
Neste sentido, é importante dispor de um plano que discrimine e procure organizar as várias
fases de execução da obra. Tal plano pode ser denominado de Discriminação Orçamentária
ou Plano de Contas de Construção.
Esse plano relaciona a seqüência dos diferentes serviços que entram na composição de um
orçamento e possíveis de ocorrer na construção de uma obra. O seu objetivo é sistematizar o
rol dos serviços a serem considerados durante a execução de orçamentos, de modo a não se
omitir qualquer dos serviços necessários ao processo de construção como, também, aqueles
necessários ao pleno funcionamento e utilização posterior da obra.
60
Como cada obra é um empreendimento singular, apresentando características particulares, o
plano de contas deve ser modelado e atender as especificidades de cada caso, ou seja, deve
ser adaptado a cada empreendimento, a cada empresa, e ser adequado às suas necessidades e
às diversas formas de trabalho.
Para fins de organização do plano de contas adota-se, de uma maneira geral, que cada obra
ou serviço receba um código de identificação. Além disto, para cada um dos itens que
compõem o serviço, deverá ser atribuído um sub-código de identificação.
Para a preparação do orçamento recomenda-se que a obra seja subdividida nas diversas
etapas construtivas que, como a própria denominação sugere, são as fases ou grupos de
serviços que evidenciam os componentes mais importantes da obra.
Com uma divisão adequada dos serviços, torna-se fácil orçar e administrar uma obra. Tal
procedimento também se constitui num poderoso auxiliar na administração dos trabalhos, no
controle das quantidades dos insumos efetivamente empregados permitindo, inclusive, ser
empregado como meio de análise e redução de custos.
61
Avaliações de custos unitários e preparo de orçamentos de construção para incorporação de
edifício em condomínio.
c) A do Decreto 52.147, de 1963: apesar de ter sido revogada, ainda é usada, dada à sua
simplicidade;
a) Serviços preliminares: neste item devem ser incluídas todas as despesas com locação,
fechamento e regularização do terreno, instalação de barracão, tapumes, demolição, locação
da obra, etc.
b) Terraplenagem: sob este título devem ser considerados de escavação, cortes, aterros,
retirada de terra, compactação de solo, etc.
62
i) Esquadrias: todas as esquadrias metálicas e/ou de madeira como janelas, portas, portões,
produtos de serralharia, etc. se incluem neste item.
j) Vidros e pintura: aqui se agrupam a colocação de qualquer tipo de vidro, boxes de vidro
para banheiro, todos os serviços de preparo e pintura de superfícies, etc.
l) Instalações especiais: neste item se situam os diversos serviços, que por as suas
particularidades, não se enquadram em nenhuma das etapas anteriormente descritas, como
por exemplo, instalações de alarme, elevadores, antenas, etc.
As etapas apresentadas ou sugeridas seguem a ordem de execução de uma obra. Como já foi
dito, a partir dessas etapas, o passo seguinte é a identificação dos serviços, ou seja, a
decomposição de cada etapa nos diversos serviços que a compõem.
4.3.1. Procedimentos
Para a determinação prévia do custo de uma obra devemos partir dos seguintes dados:
63
Outro ponto importante na elaboração de um orçamento é quanto à cotação de materiais.
Apesar de tão importante quanto o levantamento das quantidades de insumos, ela é menos
técnica e, desta maneira, passível de falhas. Os preços podem ser mal escolhidos, levando ao
estabelecimento de valores que não condigam com a realidade ou propiciem uma falta de
competitividade.
4.4.1. Critérios
Cabe ressaltar, entretanto, que um orçamento feito usando este tipo de informação será um
orçamento simplificado, tendo como objetivo principal o estudo de viabilidade.
64
Estimativa De Consumo De Componentes De Concreto
Armado Em Estruturas
5. Do Orçamento
66
Recomenda-se evidenciar o valor do BDI nos orçamentos. Isto porque, havendo quebra de
contrato por parte do cliente, os valores de BDI e do preço dos serviços já prestados podem
ser cobrados segundo especificado no Código Civil.
O orçamento sintético (ou resumido) mostra apenas o preço dos serviços e o preço total.
Também pode incluir uma coluna demonstrando os percentuais dos serviços e uma linha
mostrando o BDI, antes de apresentar o preço total ou final.
67
A sua utilização depende da destinação do orçamento. Em se tratando de licitações,
normalmente se apresenta o orçamento detalhado. Somente quando não há exigência deste é
que se utiliza o orçamento sintético.
Geralmente é utilizado nas firmas construtoras para efetuar propostas orçamentárias rápidas
ou expeditas que não exigem análises de composições de custo nem de quantidades exatas
das quantidades de serviços. É usado, principalmente, quando o interesse maior é conhecer o
custo total em vez dos custos unitários discriminados.
68
CONTROLE DE OBRAS
1. Definição
Planejamento pode ser definido como “um futuro desejado e os meios eficazes para
alcançá-lo”. Ou seja, trata de documentar o que foi decidido para todo o empreendimento,
de modo a permitir a tomada de decisão apropriada para cada situação. É uma
representação devido à capacidade limitada da memória humana e da incerteza
envolvida nos processos. Além disso, as incertezas envolvidas na construção de um
empreendimento são muitas e devem ser evitadas ou contornadas para evitar interrupções
constantes na sua construção. É sabido que alterações ou interrupções levam ao aumento
de prazo e ao acréscimo de custo.
2. Dimensões
As dimensões do planejamento são:
a) Horizontal
A figura 01 apresenta as várias etapas do planejamento horizontal. Compreende as
etapas de preparação do processo de planejamento (I), coleta de informações (II),
preparação de planos (III), difusão da informação (IV), avaliação do processo de
planejamento (V) e ação (VI). As etapas (I) e (V) ocorrem somente quando do
lançamento de novos empreendimentos.
69
O planejamento deve ser elaborado por profissional que acompanhe a execução do
edifício. Suas funções são: estar de acordo com os planos formais; se retroalimentar com
as informações de canteiro e integrar os diferentes níveis de decisão do planejamento.
Onde:
70
(III) Preparação de planos: é a etapa que recebe maior atenção. Alguns profissionais
utilizam nesta fase a técnica PERT/CPM, mas estes representam apenas 9% do total.
Pode-se utilizar a técnica de linha de balanço. A técnica deve ser hierarquizada para a
disponibilização e alocação de recursos no canteiro.
No tático os planos são mais detalhados, usados para realização de estudos de viabilidade e
instrumento de contratação. No operacional, a gerência operacional da obra usa os planos
do nível tático como referência para suas decisões no curto prazo.
b) Vertical
Os níveis são:
Planejamento de médio prazo: vincula as metas do plano mestre com o curto prazo. É
um planejamento móvel (lookahead planning), sendo essencial para a melhoria do plano
de curto prazo, para a redução de custos e durações. Ele considera: análise de fluxo,
especificação de métodos construtivos, identificação de recursos necessários à execução,
quantificação de recursos disponíveis em canteiro e restrições relacionadas ao
desenvolvimento dos trabalhos. Possibilita que trabalhos interdependentes sejam
agrupados e ajusta os recursos disponíveis do fluxo do trabalho.
Atividades S T Q Q S S T Q Q S S T Q Q S S T Q Q S Necessidades
Equipe:
Serviço 1
Serviço 2
Serviço 3
Figura 02: Planejamento e programação, extraído de Bernardes (2001)
Tarefas S T Q Q S S OK Problemas
Colocação das fôrmas do 4º pavimento 6 6 6 6 X OK!
Desformar o 2º pavimento 4 4 4 X OK!
Alvenaria área 1 do 1º pavimento 3 3 3 Faltou material
Figura 03: Lista de tarefas semanais (Bernardes, 2001).
3. Programação de recursos
Após o planejamento das atividades é feita a programação de recursos, que segue a divisão
dos níveis de planejamento, com relação ao horizonte de tempo, assim:
73
ponderar a tomada de decisão. Na prática, ocorre o contrário: curto espaço de tempo,
considerações breves, variadas e fragmentadas. Por isto, recomenda-se que o gerente de
canteiro conte com a ajuda de um especialista, chamado de planejador.
5. Pré-planejamento
Ele é baseado em observação de situações passadas para que não se cometa os mesmos
erros. Essas informações resultam em documentar o dia a dia do canteiro de obras, como
se fosse um diário de obras, para que a idéia seja difundida para outros gerentes. Ele
envolve: descrição da tarefa, plano de trabalho, inspeções, testes, controle de qualidade e
instruções para a próxima tarefa (pré-requisito).
6. Programação de obra
No planejamento estratégico: com a definição do que fazer (que processo usar) baseado
nos critérios competitivos (custo, prazo, flexibilidade, velocidade, inovação) e as metas da
empresa.
D=QxP
Onde:
D: duração.
Q: quantidade de serviço a ser executado na atividade.
P: produtividade da mão-de-obra que a executa.
A duração das atividades também pode ser feita por estimativas feitas por profissionais
experimentados que se baseiam na prática de obras semelhantes. Porém, cada projeto
apresenta características particulares, em ambiente próprio e sujeito a fatores externos
variados.
O tempo total estimado para a duração do projeto pode ser representado na forma de um
cronograma. No planejamento e no controle de projetos utiliza-se o cronograma em rede e
o cronograma em barras.
75
1.1. Cronograma em redes
São chamados de redes de planejamento. Tiveram origem na busca de uma solução para
transitar em uma rede viária interligando quatro pontes em uma cidade norte americana,
em 1936.
As redes podem ser representadas com as atividades em setas e com as atividades em nós.
No primeiro caso, as atividades são representadas por uma seta, para cuja definição, em
um sistema cartesiano de duas dimensões, são necessárias cinco variáveis: duas para a
extremidade de início da seta, duas para a extremidade de fim e uma para caracterizar o
sentido. No segundo tipo, a atividade é representada por um nó, para cuja definição são
suficientes apenas duas variáveis.
T= (a + 4 m + b)/6
O desvio padrão é σ = (b – a)/6 e a variância é σ2. Por causa desse tratamento estatístico, a
técnica PERT é chamada de probabilística.
A técnica CPM (Método do Caminho Crítico) foi desenvolvida também em 1957, por uma
empresa de produtos químicos (Dupont) que ao expandir seu parque fabril resolveu
planejar suas obras por meio da técnica de redes, considerando para as atividades durações
obtidas em projetos muito semelhantes, executados por ela anteriormente. Assim, para
uma dada atividade, a empresa possuía em seus arquivos o prazo e as condições em que foi
executada, possibilitando a elaboração da rede com uma única determinação de prazo para
cada atividade. Por causa disto, o CPM é chamado de determinístico.
76
em cima da seta a designação da atividade e embaixo a sua duração (figura 04).
(PDI) (PDT)
[UDI] [UDT]
Onde:
Duas ou mais atividades podem ser sucessivas ou paralelas, podendo ter as mesmas datas
(eventos) de início ou de fim, ou ainda de início e fim. Neste caso, pode ter uma atividade
fantasma, representada pela seta tracejada (figura 05).
77
Figura 05: Representação de uma atividade paralela no PERT/CPM (Limmer, 1997).
Há ainda a atividade de espera, que consome tempo e nenhum recurso. A cura do concreto
é um exemplo.
1.1.2 Redes de atividades em nós: esta técnica é conhecida como rede de precedência e
foi desenvolvida pelo francês Roy. Os tempos de duração das atividades podem ser
determinados pelo PERT ou pelo CPM. As atividades são ilustradas em retângulos,
conforme figura 06.
Neste caso, não existem atividades fantasmas, pois as atividades paralelas são interligadas
de maneira clara. As atividades se ligam por meio de setas de forma distinta (figura 07).
Essas ligações podem ser afetadas por uma defasagem (d) positiva, negativa ou nula.
Figura 07: Ligação entre as atividades em uma rede de nós (Limmer, 1997).
78
1.1.2 Elaboração de redes de planejamento
Os passos são: listar todas as atividades do projeto; estabelecer a ordem de execução das
atividades, ou seja, a lógica da rede; determinar a duração de cada atividade; determinar os
eventos inicial e final da rede; determinar as atividades que podem ser executadas em
paralelo e calcular as datas dos elementos inicial e final de cada atividade.
Para traçar a rede de precedência é necessário calcular as folgas livre (FL) e total (FT).
Onde:
FT = (UDT – PDI) – duração ou FT = TD - D
FL – (UDT – UDI) - duração
TD = UDT – PDI
D: duração da atividade
PDI: primeira data de início
PDT: primeira data de término
UDT: última data de término
UDI: última data de início
TD: tempo disponível
FL: folga livre
FT: folga total
Exemplo 1:
(13) (22)
G
3 5
4
[17] [25]
13 17 22 25
4 FT
4 FL
TD
79
O caminho crítico é a seqüência de atividades críticas compreendidas entre o início e o fim da
rede. É caracterizado por eventos de folga nula. Essas atividades apresentam as menores FT e
FL. Em uma atividade crítica seus eventos inicial e final apresentam as menores folgas entre
as demais folgas de uma rede.
O cronograma de barras, criado por Gantt, é uma forma de representar as atividades com
suas precedências e distribuídas em um intervalo de tempo. A figura 08 apresenta um
exemplo
No MSProject é esse cronograma que aparece na tela. O PERT/CPM é a forma como este
programa organiza a precedência entre as atividades, conforme exemplo apresentado na
figura 09.
80
Figura 09: Exemplo da tela do MSProject com o cronograma de barras (Gehbauer, 2002).
1.3 Método da Linha de Balanço (ou Tempo-Caminho): usado para atividades repetitivas.
Maiores descrições no item IV. Um esboço da linha de balanço é apresentado na figura 10.
Unidade de
repetição
Serviço
81
Para elaborar as redes de planejamento, segundo qualquer uma das formas apresentadas,
são necessários os seguintes passos: listar todas as atividades do projeto; estabelecer a
ordem, ou seja, as precedências; determinar a duração; determinar a equipe, considerando a
produtividade; determinar as atividades que podem ser usadas em paralelo; e calcular as
datas dos elementos inicial e final de cada atividade.
Uma vez determinada a duração total do projeto através de suas atividades, é preciso
verificar se todos os recursos considerados na estimativa do tempo e necessários à
execução de cada atividade estarão disponíveis nas quantidades previstas.
Os recursos têm que estar distribuídos de maneira racional. Toda atividade consome
recursos de mão-de-obra, de materiais e de equipamentos em maior ou menor quantidade.
A alocação de recursos serve para saber em que quantidade e quando um determinado tipo
de insumo será necessário durante uma obra.
Pode-se manter a duração do projeto e nivelar o recurso com a utilização das folgas das
atividades não críticas, que consomem o recurso considerado e disponível nas quantidades
necessárias. Ou ainda, disponibilizar uma quantidade de recursos inferior ao consumo
previsto e mesmo com a utilização das folgas das atividades não-críticas, o limite
estabelecido é ultrapassado. Neste caso, aumenta-se a duração total do projeto.
Sua distribuição no tempo pode ser observada na figura 11. No exemplo, ela representa a
distribuição da mão-de-obra durante o período total do empreendimento. A distribuição
trapezoidal é a mais recomendada, mas é a beta a que ocorre comumente em obra. Nela se
observa o crescimento dos recursos nas fases iniciais (fundações, início das estruturas), sua
estabilização (obra bruta) e seu decréscimo (fim da obra fina).
Esta curva pode ser traçada para qualquer tipo de recurso utilizado em canteiro (materiais,
82
mão-de-obra e equipamentos).
3. Histogramas e Curva S
A curva beta de distribuição contínua, mostrada na figura 11, também pode ser
representada sob a forma de valores discretizados por intervalo de duração da atividade, ou
seja, sob a forma de histogramas.
Cada barra no gráfico Gantt, figura 08, recebe a quantidade de recursos consumido em
cada período e sua duração. Ao final somam-se os recursos por período.
(a)
84
(b)
4. Cronogramas
Pode ser apresentado como rede (gráficos PERT/CPM ou Roy) ou como gráfico de barras
(gráfico de Gantt), sendo estes mais usados para mostrar partes detalhadas que aqueles.
Para elaborar este tipo de cronograma precisa-se de: levantamento de tipos e quantidades
de serviços para cada atividade; elaboração de quadro de cálculo de efetivo de mão-de-
obra e disposição de um cronograma de execução de projeto detalhado, apresentado na
forma de gráfico de barras, mostrando os prazos de execução das atividades e respectivos
serviços.
Exemplo 2
85
simples e o acumulado. Considere todos os operários juntos.
Obs.: 44h semanais - 8,8h/dia - 22 dias x 8,8 = 194 h, considerando apenas os dias úteis em
um mês.
Para a elaboração desses cronogramas (figura 15), os passos a serem seguidos são:
relacionar todas as atividades dessa fase de projeto; relacionar todos os tipos de materiais e
respectivas quantidades por atividade; distribuir a quantidade de cada tipo linearmente,
trapezoidalmente ou percentualmente segundo uma distribuição do tipo beta semelhante ao
cronograma da mão-de-obra; analisar se há necessidade de nivelamento dos consumos
previstos e montar o cronograma, indicando por período de consumo ou pela data de
entrega dos lotes, a quantidade de material necessária.
86
4.3 Cronograma de equipamentos de construção
Item Equipamento/Período 1 2 3 4 5
1 Equipamento Tipo 1
2 Equipamento Tipo 2
3 Equipamento Tipo 3
4 Equipamento Tipo 4
5 Equipamento Tipo 5
Figura 16: Cronograma de equipamentos (Limmer, 1997).
5. Programação
Os cronogramas elaborados devem ter seus períodos em dias convertidos para as datas do
calendário gregoriano, indicando as datas de inicio e de fim, mais cedo ou mais tarde, de
cada atividade e no conjunto de atividades as datas de início e de fim do projeto. Assim,
eles vão constituir as programações, apresentadas na forma de gráfico de Gantt,
considerando os dias não trabalháveis, como fins de semana e feriados.
87
III. Dimensionamento da mão-de-obra
1. Produtividade
2. Formação de equipes
2.1 Mistas ou complexas: é um grupo composto por diversos profissionais que realizam
vários tipos de atividade.
O grupo é responsável por realizar uma etapa de produção. Pode ser formado, por exemplo,
88
por pedreiros (oficial de concreto), carpinteiro, montador de fôrmas, armador e servente. A
combinação e o tamanho da equipe deve ser compatível com o projeto em questão. Uma
equipe mista pode ser formada por até 20 operários, dirigidos por um supervisor e 1 ou 2
contramestres.
Como o trabalho é dividido em grupos que realizam continuamente a mesma tarefa, pode
haver aumento de produtividade. Normalmente são pequenas, com 4 ou 8 trabalhadores,
com utilização reduzida de serventes.
É dirigida por um contramestre que na maioria dos casos realiza o serviço junto com a
equipe. A coordenação e atuação deste tipo de equipe é de competência direta do gerente
de obra. O efeito aprendizado neste tipo de equipe é o resultado da repetição das tarefas e
leva ao aumento da produtividade.
A desvantagem do uso desse tipo de equipe está no planejamento prévio, porque exige uma
coordenação e um planejamento das atividades mais detalhado, exigindo mais tempo.
Alterações no decorrer dos trabalhos de execução podem levar ao não aproveitamento total
da capacidade disponível ou deixar que a equipe especializada fique sobrecarregada.
O efeito aprendizado ocorre quando uma construção tem inúmeras repetições de uma
mesma etapa de produção e obtém-se um efeito de treinamento da mão-de-obra que leva a
89
um aumento da produtividade (figura 17). Este efeito é visível nos conjuntos habitacionais.
Isto acontece porque há um maior conhecimento pelo operário e pela gerência da tarefa a
executar, com estes envolvidos na busca de soluções, moldes, ferramentas, que visem
aperfeiçoar a produção. Ocorre normalmente em canteiros organizados, planejados e com
operários motivados. Só existe quando há continuidade na tarefa.
90
Produtividade
Tempo
Além das repetições, apresenta outros fatores influentes: grau de dificuldade do trabalho,
composição da equipe, duração do trabalho conjunto dos operários de uma equipe,
interrupção no processo de execução e nível da preparação das atividades.
Além do aumento da produtividade (cerca de 50%), ela causa redução do tempo gasto na
execução do serviço. Nas atividades mais complexas (produção de fôrmas) os valores dessa
redução são maiores.
O efeito continuidade citado leva a redução do número de visitas para a conclusão do serviço.
Isto se justifica porque em cada interrupção ocorre um desaprendizado, ou seja, um retorno a
um patamar de produtividade inferior. Assim, deve-se evitar interrupção de uma tarefa para
outra ou dentro da mesma. Existe ainda o efeito concentração. Neste, quanto maior for a
quantidade de serviço a ser executado menor será a produtividade.
MO = (P x Q) / D
Onde:
Quando se utiliza equipamento, a quantidade de mão-de-obra deve ser tal que o rendimento da
equipe não ultrapasse o rendimento do equipamento.
91
5 Características determinantes da mão-de-obra
6 Planejamento da mão-de-obra
É uma tarefa que exige muito conhecimento, pois está sujeita a limitações de recursos e de
espaço físico (no canteiro de obras), para a distribuição da mão-de-obra. Deve-se tentar
obter um aproveitamento contínuo da mão-de-obra. A quantidade de trabalho deve ser
pouco a pouco aumentada no início da obra e diminuída em sua fase final. A coordenação
da mão-de-obra deve ser negociada com o setor de administração do RH. Deve ser
considerado no cálculo: períodos de férias, fins de semana e feriados, más condições de
tempo, falta de operários por motivo de doenças, necessidade de deslocamentos de mão-de-
obra para outro canteiro, especialidades e prazos.
Depois de elaborar um quadro dos recursos necessários, deve-se definir juntamente com o
departamento de pessoal a quantidade de mão-de-obra que será empregada na obra. Torna-
se necessário a divisão em categorias (operários e pessoal da supervisão) ou profissionais
(operários profissionais, serventes, operadores de máquinas, almoxarife).
A representação desse planejamento pode ser na forma de histograma, que na maioria das
vezes é apresentado junto com o cronograma.
92
No departamento de pessoal da empresa deve-se ter um quadro geral para comparar e
coordenar todos os canteiros. A partir desta informação, faz-se o dimensionamento
definitivo da mão-de-obra, decidindo-se também sobre a necessidade de deslocamento de
operários para as atividades dos diversos canteiros e qual será este deslocamento.
No caso das obras complexas e/ou de grande porte, é necessário montar um organograma
(figura 18), para mostrar quem são os responsáveis pela execução e qual é o fluxo de
informação entre eles.
GERENTE DE OBRA
Assistente do
gerente
supervisor
Mestre-de-obra Mestre-de-obra
Contramestre
Contramestre Contramestre Operários especializados
Operários especializados Operários especializados Serventes
Serventes Serventes
93
7 Produtividade da mão-de-obra
Ele pode ser determinado através de: registros sistemáticos do uso dos insumos após a
execução da obra e pesquisas sobre o processo de construção com coleta de dados das
atividades. Como elas representam alto custo, recomenda-se que sejam feitas apenas para as
atividades de grande inferência no processo (ex: fôrmas). Ainda, podem ser realizadas
consultas com orçamentistas, planejadores e gerentes experientes; bem como uso de índices
tirados de literatura especializada (TCPO, Senai/PR, USP).
Além disso, para o cálculo de produtividade deve ser considerado o maior número de fatores
influentes do processo. Quanto mais dados tiverem sido considerados mais consistentes e
próximo da realidade vai estar o índice.
Onde: equipe corresponde ao número de operários na equipe. A unidade final pode ser
94
Hh/m2, Hh/m3, Hh/kg, Hh/m. Isto vai depender da superfície e do material a ser trabalhado.
Em termos clássicos, cada um deles representa 33% do tempo total. Para aumentarmos a
produtividade de nossa equipe de trabalho é necessário, porém, aumentar os tempos
produtivos e reduzir/minimizar os improdutivos.
1 Objetivo
2 Descrição
3 Níveis de planejamento
As condições de trabalho previstas para a execução da obra não podem ser completamente
avaliadas na fase inicial do planejamento, porque o grau de precisão dos dados aumenta com
o avanço do planejamento. Então, trabalha-se no planejamento de longo prazo.
Deve-se revisar os prazos determinados para obter uma curva de alocação de recursos tão
nivelada quanto possível.
3.2 Cronograma detalhado: ele contém os prazos de execução de cada etapa e nele são
considerados também todas as atividades e serviços, fixando-se prazos para elas. Ele serve
como orientação e previsão do tempo de construção necessário. Mas não foge dos marcos
determinados pelo cronograma geral. Através dele são planejados períodos de compensação
para o caso de extrapolação dos prazos e é realizado o gerenciamento de todas as atividades
da obra.
Para este deve ser feito o levantamento de todas as dimensões e quantidades relativas à
construção e seus respectivos índices de produtividade e desempenho. São listadas na mesma
seqüência em que são executadas as atividades correspondentes, para que possam ser
planejados os recursos disponíveis e calculados os tempos de execução.
3.3 Adaptação durante o período de execução: elas devem ser adaptadas ao cronograma
geral, que permanece em vigor, para que o tempo total de execução permaneça inalterado.
Muitas vezes, estas adaptações acontecem pela falta de estudos que registrem os processos de
construção.
Este tipo de técnica é adotado quando se trata de obras repetitivas. Antes da escolha, define-
se como estratégia à obra que será realizada. A decisão baseia-se em fatores: construtivos,
definição da unidade base, disponibilidade financeira, conveniência de financiamentos,
facilidade de venda, layout do canteiro e facilidade de aplicação do método.
Num edifício, a etapa de estrutura é determinante da estratégia de ataque, pois ela só pode ser
repetida quando seu ciclo estiver concluído.
Um cronograma pode ser apresentado como: lista de prazos, cronograma de barras ou gráfico
de Gantt, linha de balanço ou tempo-caminho e rede de precedências. A escolha ocorre de
acordo com o tipo, volume e complexidade da tarefa, além da quantidade de informações que
ele deve conter.
96
5.1 Lista de prazos: é a forma mais simples de cronograma e tem como resultado uma
lista de serviços com duração, data de início e de término de uma atividade. Não é possível
mostrar interdependência com outras atividades.
Sozinhos, não oferecem nenhuma informação sobre o avanço de uma atividade. Por isto,
normalmente é associado ao diagrama da rede de precedência. Isto é feito através de
softwares de gerenciamento de projetos como o PowerProject, MS-Project e Primavera. A
representação gráfica normalmente é feita no eixo do tempo, mostrado horizontalmente. Na
vertical, encontram-se as etapas da construção e suas atividades.
5.3 Linha de balanço: nas linhas de balanço estão representados em duas dimensões os
tempos de construção e o avanço dos trabalhos (de acordo com o tempo). É adequada para
construções de grandes volumes (ex.: túneis) ou edificações com serviços repetitivos.
Quantida
de de
produção
Avanço da produção
Tempo
Porém, elas não permitem uma visualização do processo geral, quando ocorrem cadeias
complexas de atividades, com velocidade de execução diferente.
97
5.4 Redes de precedência: trata-se das redes PERT/CPM desenvolvida pelos americanos e
que representam o caminho crítico das atividades críticas, sem folgas. No caso, este caminho
é quem determina o prazo de conclusão do projeto.
98
Padronização dos serviços -
discriminações técnicas e orçamentárias,
especializações e normas, memorial
descritivo
Linha de início
Quantidade
de produção Linha de fim (entrega)
Ritmo de progresso
Tempo (dia,
semana ou mês) (a)
Unidade de
repetição
Unidade
Tempo
Tempo
Ritmo constante e não balanceado Ritmo constante e balanceado (b)
Quantidade
de produção
Seqüência
Dt P Tempo
Tm Tb
Resursos
Tempo de preparação reduzido
Recurso máximo
desmobilização
mobilização
Tempo
Setup reduzido (c)
Figura 21: Linha de balanço
99
Na figura 21 (a), observa-se as linhas que delimitam o gráfico de linha de balanço. Os
retângulos são as unidades de repetição. A inclinação das linhas determina o ritmo de
progresso do trabalho. A parte (b) da ilustração, por sua vez, mostra que este ritmo pode ser
balanceado ou não. Isto é determinado pela continuidade ou não do trabalho.
Na técnica de linha de balanço as linhas representam os serviços: quanto mais inclinado for o
gráfico, mais rápido este será executado.
A parte (c) da ilustração mostra como se pode extrair um histograma do gráfico de linha de
balanço, com a representação das etapas de mobilização e desmobilização.
A figura 22 apresenta o paralelismo dos serviços e os intervalos de tempo que podem existir
entre um serviço e outro. Estes intervalos apresentam-se na forma de buffers e de lead time.
Estas palavras de origem inglesa representam espaço de tempo. No primeiro caso ocorre onde
não se executa nenhuma tarefa e tem a função de evitar sobreposições não planejadas
provocadas por atrasos em obra. No segundo caso, corresponde ao tempo designado para a
execução de determinada tarefa em determinado pavimento, para todos os pavimentos ou o
tempo total de trabalho do empreendimento.
100
Lead time da operação na
unidade de repetição
u
Paralelismo (fluxo paralelo)
u
Lead time = tempo de
atravessamento
t
Buffers (pulmão Tempo total
de tempo)
t Tempo de atravessamento
Dt da operação
(a) (b)
Figura 22: Paralelismo e espaços de tempo entre serviços.
A figura 23 trata de um relatório visual. Quando observamos uma programação pela técnica
da Linha de Balanço, é possível visualizar facilmente o serviço (ou seja, o que está sendo
feito), quem o está executando (qual a equipe de trabalho), onde (em que pavimento) e
quando (sua duração, início e término). A unidade de repetição pode ser o pavimento, o
apartamento, a casa, etc.
5o pav.
4o pav.
3o pav.
Onde? 2o
pavimento E1 Quem? Equipe 1
2o pav.
1o pav.
Tempo
(semanas)
1 2 3 4 5 6
Quando? 2a semana
101
O ritmo de progresso é determinado pela equação:
R = Dt–Du
N-1
Onde:
R: ritmo de progresso.
Dt: duração total do serviço.
Du: duração unitária.
N: número de unidades.
O estoque de materiais também pode ser traçado na forma de um gráfico de linha de balanço,
conforme pode ser observado na figura 24.
u
Chegada de materi al u
tempo
tempo
Linha de balanço histograma
Em cada uma das linhas de balanço pode-se destacar a equipe de trabalho, como já
comentado na figura 23. Assim, a figura 25 apresenta exemplos de equipes, onde em um
mesmo serviço pode-se ter uma, duas, três ou até mais equipes de trabalho.
A figura 25 (a) mostra diversas equipes trabalhando no mesmo serviço, uma em cada unidade
de repetição. A figura 25 (b) por sua vez mostra uma equipe única, mudando de uma unidade
de repetição para outra. Neste caso, tem-se o ritmo de trabalho natural = 1/duração.
A ilustração (c) apresenta o trabalho sendo realizado por duas equipes e a (d) por três. Pode-
se verificar que existem formas diferentes de alocar as equipes, mas o importante é que cada
equipe só iniciará o serviço seguinte quando tiver concluído a unidade de produção anterior.
Na figura 26, observa-se a separação entre as linhas de balanço do pavimento e do térreo e/ou
subsolo. Isto é necessário, pois ocorrem em momentos e locais diferentes. O pavimento
refere-se a torre (plano vertical) e o térreo/subsolo as atividades desenvolvidas no plano
horizontal.
102
u casas
Equipe 3
Equipe 2
R Equipe 1
Du tempo
P (a) semanas (b)
casas casas
semanas semanas
1 2 3 4 5 6 7 (c) 1 2 3 4 5 6 7 (d)
Figura 25: Equipes de trabalho.
Pavimentos
Térreo e subsolo
tempo
103
7 Processo de cálculo
Isto pode causar paradas nas tarefas, utilização ineficiente das equipes e dos
equipamentos e aumento de custos. Como roteiro de cálculo podemos utilizar os passos
a seguir:
104
8 Principais problemas na aplicação
Cada um destes elementos é formado por uma seqüência de processos que são repetidos
ao longo da execução do projeto. Com estas pode-se fazer o planejamento da seqüência
das atividades e seu controle. Para garantir a repetitividade é necessário que estes
elementos tenham inicio e fim bem definidos e que não haja interrupção numa mesma
unidade de repetição.
No eixo do tempo (eixo x), fornece-se informações, duração, datas de início e fim de
cada pacote de trabalho, data de início e fim da seqüência do mesmo pacote de trabalho
através das repetições. A projeção das linhas no eixo do tempo forma um gráfico de
barras. Colocando-se as quantidades de mão-de-obra, pode-se elaborar abaixo da linha
de balanço um histograma com a disposição da mão-de-obra ao longo do tempo.
11 Considerações
106
Já o controle gerencial apóia-se em relatórios periódicos (semanal, ou mensal,
dependendo do empreendimento). Compara-se o previsto com o realizado para detectar
anomalias. Pode-se propor alternativas para corrigir os possíveis problemas.
Com relação aos dados de homem-hora além de 10%, estes permitem rever e analisar a
forma como a atividade foi conduzida para estabelecer o padrão a ser seguido no futuro.
Modificam-se, assim, os índices da composição de custo unitário correspondente à
atividade em questão.
2 Objetivo do controle
Deve-se, também, verificar a execução das tarefas para verificar sua adequação ao
plano. Isto torna o processo de controle dinâmico. Desta maneira, quanto mais
eficientes forem estas ações, menores serão os desvios, o tempo e as despesas para
correções.
3 Padrões de referência
É muito usada, mas não é indicada, pois se baseia em projetos passados, onde não se
tem registro das condições de execução.
Os passos são: definir o melhor método para a execução do projeto; definir padrões de
referência, como produtividades e rendimentos, treinar a mão-de-obra para a execução
do método estabelecido e controlar a execução, apurando e comparando os resultados
com os padrões estabelecidos.
O controle dos custos é feito em paralelo com a execução através dos subsistemas da
construção (infra-estrutura, supra-estrutura, alvenaria, etc.). Ele serve também para a
formação das composições.
O grau de análise da composição de custos deve ser: claro e sem erros; não interferir
diretamente no trabalho, ocasionando distúrbios na execução; com informes
atualizados, sem atrasos e sem quebra dos intervalos estabelecidos para o período.
O tipo específico da atividade, a empresa e seu porte, irão determinar sua organização
interna. Estes dois pontos são fundamentais para a elaboração da técnica de coleta dos
elementos para a formação das composições e cálculos de custos. O tipo de processo
construtivo adotado pela empresa também influencia nesta composição.
108
5 Que tipo de informação é controlada
O controle de projeto requer um sistema que seja adequado as suas peculiaridades. Este
deve: ser relacionado com as demais funções do projeto; ser econômico, para justificar
seu custo operacional; antecipar e permitir que a gerência seja informada em prazo
oportuno sobre desvios, de modo que ações corretivas possam ser iniciadas e ser
acessível para se ajustar rapidamente às mudanças do ambiente organizacional.
O controle deve ser feito por profissionais alocados no canteiro de obras, atuando
diretamente nas frentes de serviços. Ele recai sobre as atividades desenvolvidas em
obra, que podem ser de duas formas: qualitativas e quantitativas. As primeiras são
aquelas voltadas ao controle de qualidade da obra, como: verificações e liberações,
controle de lançamento de materiais, controle de instalações, controle de montagem,
ensaios e testes, entre outros. As segundas envolvem a verificação ou elaboração das
medições, exatidão de faturas, controle de quantitativos executados, etc.
Para determinar o que deve ser controlado pode-se utilizar o princípio de Pareto. A
classificação ABC é baseada neste princípio. Ela controla os estoques nos processos de
produção. A faixa A abrange cerca de 10% do total de todos os itens considerados e
corresponde a 70% do valor total; a B, cerca de 30% e corresponde a 25% do valor total
eaC
60% e corresponde a 5%.
Os itens devem ser ordenados por sua importância relativa, determinando-se o peso do
valor de cada um em relação ao valor do conjunto, calculando-se em seguida os valores
acumulados desses pesos. O número de ordem do item e o respectivo valor acumulado
definem um ponto e com uma série de pontos. A classificação ABC pode ser
representada de forma gráfica (figura 28).
109
Figura 28: Exemplo de classificação ABC (Limmer, 1997).
A classificação ABC define os itens que devem ser controlados e o grau desse controle
dentro de um mesmo projeto. Um exemplo é descrito em Limmer (1997) e apresentado
a seguir na figura 29.
Figura 29: Exemplo de traçado da curva ABC, para os itens classe C (Limmer,
1997).
110
Na execução de um projeto são feitos os seguintes controles: custos e prazo, qualidade e
produtividade. Verifica-se ainda falhas em materiais, ferramentas e equipamentos,
arranjo físico e mão-de-obra. Para operacionalizar os controles utilizam-se
cronogramas, orçamentos, fichas de execução das atividades, composições de custos
unitários ou de custo global segmentado por componentes desse custo e fichas de
produtividade.
As variáveis nos custos de um projeto podem mudar por causa de: precisão incompleta
de tipos de serviços; estimativa deficiente de quantitativos; índices de composição de
custos irreais; desperdício durante a execução; gerenciamento deficiente; nível
deficiente de informação. Ainda, devido a greves, flutuações na economia ou de origem
ecológica.
111
Com as composições de custos reais e com as correspondentes quantidades reais
apropriadas no período, calcula-se o custo real de todas as atividades executadas no
período, obtendo-se o custo realizado no período.
É feito por cronogramas, como o de barras. Neste controle as atividades são quebradas
em partes segundo os períodos de execução. É inserida a barra do planejado e embaixo
dela a do realizado. Pode-se colocar em cima da barra a percentagem da atividade que
deve ser executada para cada período. O mesmo pode ser feito com a curva S.
As falhas podem ser devidas a: falha administrativa que encarrega as pessoas sem
conhecimento suficientes de processo e de tecnologia; falha de comunicação entre
quem compra e quem requer o material; deficiente controle de estoques; falha no
cumprimento das entregas por parte dos fornecedores; variações bruscas de velocidade
de consumo; deficiente utilização no que diz respeito às técnicas de consumo; falhas
nos transportes; envelhecimento de materiais perecíveis ou armazenamento inadequado;
embalagem inadequada.
Existem ainda falhas no arranjo físico e no processo. No primeiro elas são devidas ao
tipo de arranjo que não permite transportes curtos, área de armazenamento muito
grande e/ou mal-localizada, provocando congestionamento; inexistência de
movimentação segura e confortável; despreocupação da unificação de carga integrada
com transporte e com a produção e movimentação improdutiva. Quanto às falhas no
processo elas são devidas ao processo inadequado ou ultrapassado, não alcance de todos
os resultados pretendidos e a produção de efeitos periféricos negativos.
O sistema deve ser escolhido de forma que seus benefícios sejam maiores do que seus
custos.
113
O software sistêmico é integrado, ou seja, trabalha simultaneamente com todas as
atividades de um empreendimento voltado para a construção civil, desde sua concepção
até a sua comercialização. Os itens controlados são: custos, tempo (prazo), quantidades
e produtividade.
Nestes programas o usuário entra com dados de datas de início e fim (que se baseia na
quantidade de dias de trabalho disponível), interdependência entre atividades de níveis
diferentes. Reconhece as atividades do caminho crítico. Após isto se faz alterações para
corrigir desvios no planejamento e conformar o prazo de exceção.
Deve-se observar fatores técnicos ou organizacionais. Estes exigem que sejam deixados
espaços de tempo entre certas atividades ou que estas sejam realizadas ao mesmo
tempo.
7 Considerações
Observa-se que mesmo com o avanço e a necessidade cada vez mais crescente do uso
de programas computacionais para planejar e controlar obras, apresenta-se a
necessidade do planejador para elaborar um planejamento prévio listando todas as
atividades do empreendimento e fazendo considerações particulares do projeto como
arranjo físico e organizacional da empresa.
É importante, destacar que um bom planejamento deve ser controlado eficazmente, com
a definição consistente do que vai ser controlado e, também, como e quem vai fazer o
controle. As informações serão úteis não só para o projeto atual, mas também para
projetos futuros.
Neste caso, faz-se necessário o registro das condições em que os dados foram
levantados e do canteiro. É preciso também ter um registro da produtividade da mão-
de-obra, de preferência com dados da própria empresa, e dos seus quantitativos.
114
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116