AO JÚIZO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE CANOAS /RS
PROCESSO Nº 0000666-80.2020.5.04.0103
FALCATRUA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA, já
qualificada nos autos da reclamatória trabalhista em epígrafe, que
tramita nesta 3ª Vara do Trabalho, vem, através de seus
advogados que subscrevem, com a devida vênia, à presença de
Vossa Excelência, arguir
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Em face de TIBÚRCIO PEDERNEIRAS, também já devidamente
qualificado, a fim de que seja apreciada a presente peça
processual, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
O Exceto, Tibúrcio Pederneiras, foi contratado na data de 10/10/2014,
para exercer a função de auxiliar de carga e descarga, na cidade de Porto
Alegre/RS, onde a Excipiente possui sua sede. Deslocava-se na região
metropolitana, acompanhando o motorista para realizar entregas, mas sua
função principal era exercida na sede da empresa, onde fazia o serviço de
carga e descarga.
Portanto, suas tarefes, e seu ponto de controle sempre foram
executadas na comarca de Canoas/RS, percebendo o salário de R$2.500,00,
conforme documentos em anexo. No referido local, laborou até 20/12/2020,
onde foi demitido por justa causa após realizar ato de assédio sexual contra
sua colega de trabalho.
Conforme a redação do art. 651, caput da CLT, é claro ao mencionar: “A
competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela
localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.”
Nessa senda, ainda vale destacar o ensinamento de Valentin Carrion,
em seus “Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho”, xxª edição, pag.
Xx, quando comenta o referido art. 651 da CLT.
"A competência em razão do local no processo trabalhista se rege,
como regra genérica, pelo lugar da prestação de serviço. Na hipótese
de ter havido vários locais de trabalho, a competência será do último.
Na hipótese de trabalho simultâneo em diversas comarcas, todas elas
são competentes (ressalvada a previsão do viajante); o mesmo se um
só local pertence a diversos municípios (propriedade rural, por
exemplo). Transferido o empregado, a competência será do último
lugar de trabalho, salvo se a transferência era provisória ou não chegou
a consumar-se pela recusa do empregado ou aquela é inquinada de
ilegal na própria ação."
Cabe ainda ressaltar que o art. 650 da CLT demarca a jurisdição de
cada Vara do trabalho ao território da comarca em que tem sede, e o art. 651
do mesmo diploma legal, acima mencionado, limita sua competência à
localidade onde o empregado, reclamante presta serviços ao empregado ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. A Excipiente possui
sede onde o Exceto prestou serviços, e é de sabido e notório conhecimento
que possui Vara da Justiça do Trabalho.
Portanto, essa Comarca da Justiça do Trabalho não é competente para
apreciar e julgar a referida reclamatória, devendo a mesma ser encaminhada
ao Juízo competente, nos termos do art. 795 consolidado, pena de nulidade
dos atos decisórios provocados por essa jurisdição.
Assim, REQUER a Excipiente, que V. Exa. abra vista ao Exceto para
contestar, querendo, no prazo legal, suspendendo-se o feito como manda o art.
800 da CLT.
Requer a admissão e produção de todos os meios de prova em direito
admitidas, tais como: documentos, testemunhas, perícias bem como o
depoimento pessoal do Exceto.
Por fim, requer a total procedência da presente Exceção, determinando-
se a remessa dos autos à Comarca de Canoas/RS.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Canoas, 29 de Dezembro e 2020.
Bianca Fabiane Paiva Alves – OAB/RS
