100% acharam este documento útil (1 voto)
123 visualizações60 páginas

Manual Estudo Movimento

Este documento fornece noções fundamentais sobre anatomia humana, incluindo a posição descritiva anatômica, planos descritivos, termos descritivos e níveis de organização biológica, com foco nas células eucarióticas e procarióticas. Também descreve as principais cavidades do corpo humano.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
100% acharam este documento útil (1 voto)
123 visualizações60 páginas

Manual Estudo Movimento

Este documento fornece noções fundamentais sobre anatomia humana, incluindo a posição descritiva anatômica, planos descritivos, termos descritivos e níveis de organização biológica, com foco nas células eucarióticas e procarióticas. Também descreve as principais cavidades do corpo humano.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 60

Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Ano Letivo Estudo do Movimento Curso Profissional de Técnico de Desporto


2020/2021 Módulo 1 Osteologia e Artrologia prof. Cláudia Matias

Guião do Módulo 1 - Osteologia e Artrologia


Documentos base
Correia, Pedro Pezarat (editor), 2012 - Estudo do Movimento . Faculdade de Motricidade Humana da
Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa.
Mescher, Anthony L., sem data - Junqueira’s Basic Histology: Text & Atlas, 12ed. McGraw Hill.

NOÇÕES FUNDAMENTAIS PARA O ESTUDO DA ANATOMIA


A Posição Descritiva Anatómica
No estudo da anatomia humana, para a descrição de estruturas corporais convencionou-se uma
posição de referência em relação à qual se assuma que a descrição é feita. Esta designa-se por Posição
Descritiva Anatómica e, nesta, o indivíduo encontra-se em pé, com os pés paralelos e orientados para
a frente, os membros superiores ao longo do tronco e as palmas das mãos viradas para a frente.

Posição descritiva anatómica ou Posição anatómica de Referência

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


1
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Planos descritivos e noções associadas
Em relação à posição descritiva anatómica, definem-se planos imaginários de orientação do corpo
humano no espaço que nos permitem identificar um conjunto de conceitos descritivos muito úteis no
estudo anatómico e morfológico, destacando-se os seguintes planos principais: sagital médio, frontal
médio e horizontal médio.

Plano sagital médio


O plano sagital médio é um plano vertical que passa pelo meio da coluna vertebral, dividindo
o corpo em duas metades: direita e esquerda. Define também posição medial ou lateral relativamente a
este plano; mediano: exatamente sobre o eixo sagital mediano.

Plano frontal médio ou coronal


O plano frontal médio ou coronal é também um plano vertical que divide o corpo nas partes
anterior (à frente) e posterior (atrás). No Homem e nos animais, relativamente ao tronco, também se
usam as designações ventral e dorsal.

Plano horizontal médio ou transversal


O plano horizontal médio é um plano paralelo ao solo que passa pela base do sacro, dividindo
o corpo numa porção superior e outra inferior. Nos animais, as designações superior e posterior
correspondem a anterior e posterior, respetivamente.

Para além dos termos atrás referidos – esquerda e direita, anterior e posterior, superior e inferior
- também se utilizam na descrição anatómica outros conceitos.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


2
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
MÃO

Região palmar (anterior) Região dorsal (posterior)


Região dorsal (superior) Região plantar (inferior)

Medial e lateral
Lateral - Mais afastado da linha sagital mediana. Medial - Mais próximo da linha sagital mediana.

Mediano - Estrutura situada exatamente sobre o eixo sagital mediano. O esófago é um órgão com
posição mediana, o estômago é medial.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


3
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Proximal e distal
Aplicam-se estes termos nos membros quanto à sua localização em relação ao tronco e noutras
partes do corpo relativamente a um ponto de referência. Proximal - próximo da raiz do membro; distal-
afastado da raiz do membro.
Cranial e caudal
Utilizado com referenciação no tronco. Cranial – próximo da cabeça; caudal – próximo do cóccix.
Interior ou exterior
- Localização profunda ou superficial. Superficial significa mais perto da superfície do corpo;
profundo significa mais afastado da superfície do corpo.

Cavidades do Corpo Humano

As cavidades do corpo são espaços que separam


e fornecem sustentação e proteção a um conjunto de órgãos. O corpo possui duas cavidades principais: a
dorsal (posterior) e a ventral (anterior). Cada cavidade é limitada por membranas e contem fluido em redor
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


4
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
dos órgãos que nele se encontram. Estas duas cavidades principais subdividem-se em: craniana, espinal,
torácica, abdominal e pélvica

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA


Nos seres pluricelulares, distinguem-se os seguintes níveis crescentes de organização:
Átomo – Molécula – Célula – Tecido – Órgão – Sistema - Organismo

O nível químico compreende os átomos e as moléculas. As moléculas organizam-se formando as


células. Conjunto de células semelhantes e especializadas numa determinada função, estando usualmente
associadas, formam tecidos. Um órgão resulta do agrupamento de vários tecidos, possui forma definida
está especializado no cumprimento de uma mais funções. O sistema é constituído por diversos órgãos
relacionados com a mesma função. O organismo corresponde ao indivíduo.

NOÇÃO DE CÉLULA
A invenção do microscópio óptico composto, atribuída a Jansen, em 1590, foi um passo muito
importante na consolidação da Biologia moderna, permitindo observar o mundo do muito pequeno, até
então invisível.
Em 1665, Robert Hooke, interessado em conhecer a estrutura da cortiça, obteve uma lâmina muito
fina deste material e observou-a através de um microscópio, por ele construído. Segundo Hooke, a cortiça
"era profunda e porosa, assemelhando-se a um favo de mel (...); esses poros, ou células, não eram muito
profundos e assemelhavam-se a pequenas caixas..." Na realidade, Hooke observou células

vegetais mortas e vazias, das quais restavam apenas as paredes celulares. No entanto, a designação
atribuído por Hooke de células, significando pequenas celas ou cavidades, permaneceu.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


5
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Desenho feito por Hooke de uma lâmina fina de cortiça e o seu microscópio, associado a uma fonte
de luz e um condensador para iluminar o objeto.

Estas observações abriram caminho a outros cientistas para o exame microscópico de todo o tipo
de material biológico. Como consequência deste facto, Schleiden e Schwann postularam a Teoria Celular,
que, atualmente, assenta nos seguintes pressupostos:
- A célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os os seres vivos;
(Os vírus constituem uma exceção pois não possuem estrutura celular, mas dependem das células
para a sua reprodução.)
- Todas as células provêm de células pré-existentes;
- A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento e de hereditariedade de todos os seres
vivos.
Em resumo, todos os seres vivos são compostos por células e a célula constitui a unidade básica
da vida.
Os organismos unicelulares são compostos por uma única célula, capaz de realizar todas as funções
vitais, enquanto que os organismos pluricelulares (também designados como multicelulares) são
constituídos por várias células, organizadas em tecidos diferenciados e especializados em diversas funções.

A invenção do microscópio eletrônico de transmissão, por Max Knoll (1897-1969) e Ernst Ruska
(1906-1988), no início da década de 30 do século XX, permitiu novos progressos no conhecimento da

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


6
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
célula, devido ao facto de possibilitar a obtenção de imagens muito mais ampliadas, e detalhes da
ultraestrutura celular (estrutura dos organitos celulares).

Tipos de células
As células podem ser do tipo procariótico (Bactérias) ou eucariótico (Protozoários e Algas, Fungos,
Animais e Plantas)
As células procarióticas
As células procarióticas são mais simples e geralmente de dimensões muito reduzidas
Os seres vivos constituídos por células procarióticas são unicelulares e a maioria são bactérias.
Estas possuem uma membrana celular e uma parede celular que delimitam a célula. Algumas bactérias
também possuem cápsula. No interior da célula existe o citoplasma, no qual se encontra uma região
(nucleoide) onde se concentra o material genético (ADN). As células procarióticas não têm núcleo
individualizado (delimitado por uma membrana) nem organitos membranares, mas possuem organitos não
membranares.

O ADN é a sigla de Ácido Desoxirribonucleico. Em Inglês, DNA, Deoxyrribonucleic acid. É a


molécula responsável pelo comando da célula e que contêm a informação genética que é transmitida de
célula mãe para célula-filha.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


7
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Células eucarióticas
As células eucarióticas em geral, são maiores e mais complexas do que as procarióticas, possuem
núcleo individualizado e no citoplasma encontram-se diferentes organitos celulares. uns não membranares
e outros envolvidos ou constituídos por membranas (organitos membranares).
Muitos organismos unicelulares e todos os pluricelulares são constituídos por este tipo de células. Dentre
as células eucarióticas distinguem-se as animais e vegetais.

Células da epiderme do bolbo de cebola

Células do epitélio lingual


c

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


8
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Célula eucariótica animal e Célula eucariótica vegetal


1. Núcleo - Contém o material genético (ADN) que coordena a atividade da célula.
2. Membrana celular (ou plasmática) – Separa a célula do meio externo e regula a passagem de
materiais.
3. Citoplasma - Espaço, limitado pela membrana celular que contém os organitos celulares.
4. Organitos celulares - Estruturas especializadas em diversas funções; podem ser membranares ou não
membranares.
5. Mitocôndrias - Organitos celulares membranares responsáveis pela produção de energia.
6. Parede celular - Estrutura rígida, exterior à membrana celular, que protege a célula vegetal e lhe dá
forma.
7. Cloroplastos - Organitos celulares membranares responsáveis pela fotossíntese.
8. Vacúolo de grandes dimensões – Organito celular membranar responsável pelo armazenamento de
água e sais minerais.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


9
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Célula eucariótica do tipo animal e seus constituintes


Fonte: adaptado de Wikipédia
1 – Nucléolo
2 - Núcleo
3 – Ribossomas
4 – Vesícula
5 - Retículo endoplasmático rugoso
6 - Complexo de Golgi
7 - Citoesqueleto
8 - Retículo endoplasmático liso
9 - Mitocôndrias
10 - Vacúolo
11 - Citoplasma
12 - Lisossoma
13 – Centrossoma (centríolos)
14 - Membrana plasmática

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


10
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Notas finais

Célula procariótica
- De pro (primitivo; quase; em vias de) + Karyon (núcleo).
Não possui núcleo nem organitos delimitados por membranas. Possui parede celular, mas não é
constituída por celulose. Possui organitos não membranares, como ribossomas ou flagelos.
Ex. Bactérias.

Célula eucariótica
- De eu (verdadeiro, perfeito) + Karyon (núcleo).
Possui núcleo delimitado por uma membrana dupla – o invólucro nuclear. Possui organitos não
membranares – os ribossomas.
Possui organitos membranares como mitocôndrias, retículo endoplasmático, complexo de Golgi,
etc.
Ex. Animais, Plantas, Fungos, Algas, Protozoários.
Na célula eucariótica distinguem-se 2 tipos fundamentais: a célula vegetal que constitui as plantas
e a célula animal. A célula vegetal diferencia-se da animal pelas seguintes características principais:
- A célula vegetal possui uma parede celular rígida cujo constituinte principal é celulose;
- A célula vegetal usualmente possui um vacúolo de grande tamanho que vai aumentando e
ocupando maior espaço dentro da célula, com o avanço da idade da célula;
- As células vegetais dos tecidos fotossintéticos possuem cloroplastos.

ADN: Ácido Desoxirribonucleico


- Os polímeros de ADN formam uma cadeia dupla enrolada em hélice.

Watson e Crick, em 1953, apresentando a estrutura da molécula de ADN

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


11
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
NOÇÃO DE TECIDO
Os organismos unicelulares como microalgas, protozoários ou bactérias são constituídos por uma
só célula. Os animais, como o Homem, são seres pluricelulares, apresentando especialização e
diferenciação celular, encontrando-se grupos de células semelhantes entre si. Estes grupos de células
denominam-se tecidos: conjunto de células, com características morfológicas e fisiológicas semelhantes.

Meio Interno
Todas as células necessitam de água para sobreviverem e de uma envolvência aquosa com sais
dissolvidos. Os seres unicelulares apesar de poderem resistir em ambientes secos, só se desenvolvem em
ambiente aquático ou pelo menos húmido, com o qual trocam gases, absorvem eletrólitos ou nutrientes
ou excretam substâncias residuais tóxicas. Os seres pluricelulares mais primitivos ou menos complexos
vivem em ambiente aquático, com o qual as células integradas em tecidos trocam substâncias diretamente.
É o caso de espongiários ou medusas que não possuem meio interno diferenciado do meio externo
ambiente.

Esponja Medusa (alforreca)

No caso de animais complexos, como o Homem, nos tecidos, além das células, distingue-se a
substância que as envolve, a matriz extracelular, bem como de líquido que cria um meio interno de suporte
da vida celular - a linfa intersticial (líquido intercelular).
A linfa é um fluido incolor formado por plasma e glóbulos brancos provenientes do sangue, que
atravessam os capilares sanguíneos. Este fluido pode circular nos espaços existentes entre as células
constituindo a linfa intersticial. Esta linfa intersticial é recolhida por vasos linfáticos, tornando-se linfa
circulante, sendo depois lançada em veias, misturando-se com o sangue. Há assim um fluxo contínuo e
unidirecional entre estes dois fluídos: sangue – linfa intersticial – linfa circulante – novamente sangue.
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


12
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Dada esta continuidade, linfa e sangue são considerados como o meio interno, embora em rigor,
apenas a linfa contacte diretamente com as células. O sangue, além do plasma e glóbulos brancos, possui
ainda dois tipos de células que apenas circulam dentro dos vasos sanguíneos: os glóbulos vermelhos e as
plaquetas. Os glóbulos vermelhos transportam O2 e em menor quantidade também CO2. As plaquetas têm
como função promoverem a coagulação, de modo a formar uma barreira que colmate uma ruptura de uma
vaso sanguíneo e estanque a hemorragia.
Destacam-se como funções fundamentais da linfa:
-transporte de substâncias incluídas no plasma, como água, produtos resultantes da digestão dos
lípidos e vitaminas lipossolúveis;
- defesa do organismo contra vírus, bactérias ou outros elementos estranhos, através dos glóbulos
brancos;
- remoção de água em excesso e de substâncias existentes entre as células, nomeadamente produtos
de excreção.

Circulação linfática e sanguínea


Nutrição e remoção de substâncias residuais dos tecidos e circulação de água
Em condições normais, ocorre a passagem de água através das paredes dos vasos sanguíneos
capilares para a matriz extracelular. Esta saída de água, bem como de substâncias dissolvidas, para os
tecidos circundantes ocorre principalmente na extremidade arterial de um capilar, porque a pressão
hidrostática é maior que a pressão osmótica coloidal.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


13
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Artéria-arteríolas-capilares- vénulas -veia


No entanto, a pressão hidrostática diminui ao longo da extensão do capilar em direção à sua
extremidade venosa, isto é na extremidade da capilar ligada a uma vénula.
Em contrapartida, a pressão osmótica do líquido ao longo do capilar vai aumentando porque
aumenta a concentração de proteína e das substâncias dissolvidas devido à saída de água do capilar.
Como resultado, a pressão osmótica torna-se maior que a pressão hidrostática na extremidade
venosa e a água volta para o capilar.
Em resumo, na metade arterial dos capilares, passa água destes para o tecido envolvente, na metade
venosa, a água passa dos tecidos para o capilar. Desta forma, os metabolitos circulam nos tecidos nutrindo
as suas células e os resíduos de metabolismo são também recolhidos.
Todavia, nem toda a água que deixa os capilares por pressão hidrostática é atraída de volta pela
pressão osmótica. A água que resta é que resta na substância fundamental é captada por vasos linfáticos,
que possuem estrutura em fundo de saco e encaminhada de novo para a circulação sanguínea. A linfa
intersticial ao entrar nos vasos linfáticos designa-se linfa circulante e posteriormente vai ser incorporada
no sangue. Existe assim um equilíbrio perfeito entre a água que entra na substância fundamental e a água
que dele sai, de tal modo que a quantidade de água livre é mínima no tecido. Por razões patológicas
diversas, por exemplo um traumatismo ou queimadura, o líquido intersticial aumenta significativamente
formando uma acumulação designada por edema.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


14
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Esquema do movimento da água entre o capilar sanguíneo, tecido envolvente e capilar linfático.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


15
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
TIPOS DE TECIDOS
No Homem, consideram-se quatro tipos de tecidos fundamentais, cada um com características
adaptadas para dar resposta a determinado tipo de funções:
(1) o tecido epitelial, que tem como função principal o revestimento de superfícies corporais,
exteriores ou interiores, mas que desempenha também funções de receção de estímulos sensoriais e de
secreção glandular;
(2) o tecido conjuntivo, que serve de suporte e ligação de estruturas;
(3) o tecido nervoso, responsável pelas funções de regulação e controlo;
(4) o tecido muscular, que responde a estímulos através da contração, ou seja, que tem capacidade
de desenvolver força.
Cumprindo funções distintas, estes diferentes tipos de tecido complementam-se na constituição
dos diferentes órgãos e agem em interligação permanente, em função de um objetivo comum: a
manutenção da vida do organismo num ambiente que exige permanente capacidade de adaptação.

TECIDO CONJUNTIVO
O tecido conjuntivo é o mais abundante do organismo e desempenha funções diversas, o que se
espelha nas muitas variedades deste tipo de tecido.
As suas funções básicas incluem:
- Fornecer suporte estrutural;
- Servir de meio para trocas;
- Ajudar na defesa e na proteção do corpo;
- Armazenar gordura.
Os ossos, as cartilagens e os ligamentos - que mantêm os ossos unidos -, assim como os tendões -
que prendem os músculos aos ossos, atuam como elementos de suporte do tronco, dos membros e do
indivíduo no seu todo. O tecido conjuntivo forma as cápsulas que envolvem órgãos. Dentro dos órgãos,
o estroma de tecido conjuntivo constitui o arcabouço estrutural.
O tecido conjuntivo também funciona como um meio para trocas de resíduos metabólicos,
nutrientes e oxigénio entre o sangue e muitas das células do corpo.
Os tecidos conjuntivos ajudam a proteger o corpo formando uma barreira física contra a invasão
e disseminação de microrganismos, situados sob a pele ou mucosas ou como membranas que envolvem
os diversos órgãos. As funções de defesa e proteção são desempenhadas, em particular,
(1) pelas células fagocitárias do corpo (onde se incluem alguns tipos de glóbulos brancos) as quais
englobam e destroem restos celulares, partículas estranhas e microrganismos;
(2) pelas células imunocompetentes do corpo (alguns tipos de glóbulos brancos), as quais
produzem anticorpos contra antigénios (substâncias estranhas geradoras de reação por parte do
organismo); e
(3) por certas células produtoras de substâncias químicas que auxiliam a controlar a inflamação.
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


16
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Células do tecido conjuntivo
Destacam-se as células do sangue e sua percursoras (células hematopoiéticas), células do tecido
ósseo e cartilagíneo, células de armazenamento de gordura e os fibroblastos, responsáveis por sintetizar
e manter os elementos que se encontram no meio extracelular.

Fibroblastos, produtores de fibras de colagénio e substância fundamental


Os fibroblastos possuem um núcleo grande em forma de fuso.
Apesar dos tipos de tecido conjuntivo apresentarem diferenças na constituição, que estão de
acordo com as funções específicas que preenchem, essa constituição obedece a um modelo de organização
geral que é comum. No tecido conjuntivo, a matriz extracelular é constituída por fibras e substância
fundamental. Assim, podemos caracterizar genericamente o tecido conjuntivo como sendo constituído
por células e fibras unidas por uma substância fundamental.
As fibras do tecido conjuntivo são constituídas por proteínas que polimerizam em estruturas
alongadas. Distinguem-se três tipos de fibras no tecido conjuntivo: de colagénio, reticulares e elásticas. As
fibras de colagénio e reticulares são formadas pela proteína colagénio e as fibras elásticas são compostas
principalmente pela proteína elastina. Estas fibras distribuem-se de forma desigual pelos diferentes tipos
de tecido conjuntivo e a fibra predominante é usualmente a responsável por conferir propriedades
específicas ao tecido.

O colagénio
O colagénio é assim chamado porque quando é fervido em água durante muito tempo forma
gelatina que tem textura e semelhanças com uma cola. Na verdade o colagénio é um nome coletivo duma
família de proteínas que inclui diversas variedades de colagénios. Durante o processo de evolução de
organismos multicelulares, esta família de proteínas estruturais foi selecionada de modo a cumprir os
requisitos funcionais do organismo animal conferindo diferentes graus de rigidez, elasticidade e resistência.
Distinguem-se mais de 20 tipos de colagénio constituindo, no seu conjunto, a proteína mais abundante no

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


17
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
corpo humano.
As fibras de colagénio são as fibras mais abundantes, distinguindo-se pela elevada resistência ao
alongamento. Encontram-se, por isso, em estruturas que, pelas funções que desempenham, têm que
possuir grande resistência à tração.

Fibrilas de colagénio em corte longitudinal e transversal vistas ao microscópio eletrónico de


transmissão.
As fibras reticulares, muito pequenas e delicadas, organizam-se em redes e têm menor resistência
à tração do que as fibras de colagénio.

Fibras reticulares do tecido adrenal (glândula suprarrenal) que formam suporte para células
secretoras
As fibras elásticas são mais finas do que as de colagénio e caracterizam-se pela capacidade de
sofrer alongamento substancial e regressar ao seu comprimento inicial depois de cessarem as forças que
produziram o alongamento.
São responsáveis pela elasticidade do tecido, por exemplo, nos pulmões e parede dos vasos
sanguíneos, ou prendendo a pele aos músculos subjacentes.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


18
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

As subunidades de elastina estão ligadas entre si, formando uma rede que expande e contrai

A substância fundamental é uma substância amorfa e incolor que preenche os espaços


localizados entre as células e as fibras. A sua composição e consistência dependem do tipo de tecido
conjuntivo, variando entre a grande dureza que se encontra no osso e a consistência gelatinosa da parte
central dos discos intervertebrais.

É a combinação dos três diferentes tipos de componentes, células, fibras e substância fundamental
que origina a existência de variedades de tecido conjuntivo com propriedades distintas que preenchem
funções particulares. Vejamos, em seguida, as características genéricas dos principais tipos de tecido
conjuntivo.

Tecido conjuntivo propriamente dito


Nesta variedade de tecido existe um equilíbrio na proporção dos três tipos de componentes
(células, fibras e substância fundamental), sendo possível distinguir entre tecido conjuntivo laxo e tecido
conjuntivo denso.
O tecido conjuntivo laxo é frágil, flexível e pouco resistente ao alongamento. É usado para
ocupar espaços e ligar outros tecidos, nomeadamente, o tecido epitelial. Forma camada em torno de vasos
sanguíneos e linfáticos, na pele, nas mucosas - membranas que revestem cavidades do organismo. Possui
fibras de colagénio e elásticas e em menor quantidade, fibras reticulares.
O tecido conjuntivo denso é muito rico em fibras de colagénio, sendo por isso também
designado por tecido fibroso. Distinguem-se duas variedades conforme a disposição espacial das fibras de
colagénio.
No tecido conjuntivo denso modelado, as fibras de colagénio formam feixes que se dispõem
paralelamente uns aos outros, orientando-se de forma a resistir a forças de tração aplicadas numa
determinada direção. É o tipo de tecido que constitui estruturas que suportam grandes tensões de
alongamento, como os tendões e ligamentos.
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


19
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Tecido conjuntivo denso modelado de um tendão

No tecido conjuntivo denso não modelado, as fibras de colagénio não estão orientadas numa
direção específica, encontrando-se organizadas nas três direções do espaço. Não têm, assim, uma
resistência com uma direção determinada, mas apresentam uma boa capacidade para resistir a trações
produzidas em qualquer direção. Encontra-se esta variedade de tecido conjuntivo, por exemplo, na pele.

Tecido conjuntivo laxo (L) e tecido conjuntivo denso não modelado (D) sob tecido epitelial
estratificado. Mucosa do esófago.
Tecido cartilagíneo
Este tipo de tecido é composto por uma substância fundamental abundante onde estão
mergulhadas células (condroblastos e condrócitos) e fibras dos diferentes tipos que, consoante a sua
riqueza, permitem distinguir três variedades de tecido cartilagíneo: cartilagem hialina, cartilagem elástica e
cartilagem fibrosa. No tecido cartilagíneo estão ausentes os vasos sanguíneos e os nervos.
A cartilagem hialina tem uma cor azulada e é muito rica em fibras de colagénio. Esta está presente
no nariz, na laringe, na traqueia e nos brônquios, nas cartilagens costais, nos ossos em crescimento,
encontrando-se também a revestir as superfícies ósseas que estabelecem articulações móveis.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


20
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Cartilagem hialina (não articular)


Fibroblastos, condroblastos e condrócitos

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


21
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Cartilagem numa articulação

A cartilagem elástica apresenta fibras de colagénio e grande quantidade de fibras elásticas.


Encontra-se na orelha, na trompa de Eustáquio e na epiglote, importante cartilagem da laringe.
A cartilagem fibrosa, ou fibrocartilagem, tem também grande número de fibras de colagénio e
pode ser encontrada nos meniscos, nos discos intervertebrais e na sínfise púbica.

No tecido cartilagíneo estão ausentes os vasos sanguíneos. As células da cartilagem são nutridas a
partir de vasos sanguíneos existentes numa bainha de tecido conjuntivo que faz a ligação entre a cartilagem
e o tecido que a suporta. Nas articulações, não existe pericôndrio, o oxigénio e os nutrientes difundem
para a cartilagem pelo líquido sinovial.
Tecido adiposo
É composto essencialmente por células adiposas (adipócitos) que atuam como reserva energética.
Essas células possuem um vacúolo central e podem mudar de tamanho de acordo com o metabolismo do
organismo.
As células adiposas podem encontrar-se isoladas ou em pequenos grupos no tecido conjuntivo
comum, porém a maior parte concentra-se no tecido adiposo espalhado pelo corpo. O tecido adiposo é
bem irrigado por vasos sanguíneos. O tecido adiposo representa 15 a 20% do peso corporal de um homem
de peso normal e numa mulher de peso normal, 20 a 25% do seu peso.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


22
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

A- tecido adiposo em volta de um vaso sanguíneo (V) e músculo estriado (S)

A- tecido adiposo
Como os mamíferos consomem energia de modo contínuo, mas alimentam-se com intermitência
é necessário um reservatório de energia, representado pelo tecido adiposo. Outros órgãos, particularmente
o fígado e músculos armazenam energia sob a forma de glicogénio. Contudo, o glicogénio disponível é
limitado e fornece relativamente menos energia que gorduras. Os hidratos de carbono, tal como os
prótidos fornecem aproximadamente 4 kcal/g, enquanto os triglicerídeos (gordura comum) produzem
cerca de 9 kcal/g.
Além da função de reserva energética, o tecido adiposo sob a pele modela a superfície corporal,
sendo em parte responsável pelo contorno do corpo. Forma almofadas amortecedoras de choques,
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


23
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
particularmente nas solas dos pés e palmas das mãos. Contribui para o isolamento térmico, pois as gorduras
são más condutoras de calor. Preenche espaços e a auxilia a manter órgãos nas posições normais. Os rins,
por exemplo, podem sofrer deslocamentos nas pessoas magras e nas que diminuem de peso rapidamente,
pela falta de gordura perirrenal.

Tecido ósseo
O tecido ósseo está envolvido em várias funções, designadamente:
- produção de movimento;
- suporte de tecidos moles;
- proteção de órgãos;
- armazenamento de sais minerais;
- formação de células sanguíneas.
O tecido ósseo é composto por células separadas por substância intercelular, a matriz, que é
constituída por uma parte mineral muito rica em cálcio e fósforo, principalmente responsável pela
resistência do tecido ósseo à compressão, e por fibras de colagénio que conferem ao osso a resistência à
tração.
A parte orgânica é designada por osseína e parte mineral corresponde à estrutura do mineral
hidroxiapatite, que é um fosfato de cálcio.
A parte mineral fornece rigidez ao osso, mas sem a componente orgânica, o osso seria frágil e
quebraria facilmente. A parte orgânica dá elasticidade e flexibilidade, mas sem a parte mineral, o osso seria
mole e sem firmeza.

Composição do tecido ósseo


- células
- matriz,
- parte mineral essencialmente de cálcio e fósforo - hidroxiapatite
- fibras de colagénio e glicoproteínas (a osseína)
As células do tecido ósseo são de três tipos: os osteoblastos, os osteoclastos e os osteócitos.
Os osteoblastos são as células responsáveis pela síntese da componente orgânica da matriz –
colagénio e glicoproteínas, chamada osseína, após alguns dias de atividade, transformam-se em osteócitos.
Os osteócitos são as células ósseas definitivas resultantes do aprisionamento progressivo dos
osteoblastos na matriz óssea. Mercê da secreção de substância componente da matriz e sua mineralização,
os osteócitos acabam por ficar no interior de espaços – as lacunas, comunicando entre si por
prolongamentos citoplasmáticos que atravessam canalículos no seio matriz óssea.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


24
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Osteócito com prolongamentos citoplasmáticos através de canalículos da matriz óssea.

Os osteoclastos são as células ósseas responsáveis pela destruição da matriz óssea através da
libertação de enzimas, permitindo posterior renovação do tecido.
Em função do equilíbrio entre a atividade produtora de osteoblastos e a ação destruidora dos
osteoclastos, o tecido ósseo está permanentemente sujeito a um processo de remodelação que lhe permite
manter grande dureza e resistência, quer à compressão, quer à tração.

Estrutura microscópica do osso


O osso maduro possui uma estrutura microscópia constituída por unidades que se repetem – o
Ósteon ou Sistema de Havers. Estas unidades de estrutura do osso, visíveis no osso compacto, são
formadas por lamelas ósseas dispostas concentricamente em torno de um canal – o canal de Havers e que
contém vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo. Transversalmente a estes canais centrais, existem
canais secundários designados canais de Volkmann com a mesma função de nutrir, mineralizar e enervar
o osso.

Tecido ósseo com lacunas e canalículos. Tecido ósseo compacto.


Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


25
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Os canalículos constituem canais de comunicação entre lacunas que desembocam num canal
central – o canal de Havers, através das quais difundem os nutrientes provenientes dos vasos sanguíneos,
passando de célula para célula.

Fonte: wikipedia.org

Fonte: Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=378948

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


26
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Osso compacto ou esponjoso


Observando a olho nu a superfície de um osso serrado, distinguem-se duas variedades de tecido
ósseo que se podem encontrar em locais diferentes do mesmo osso: o osso compacto, de aspeto denso, e
o osso esponjoso, menos denso e com muitas cavidades. Esta classificação é macroscópica e não
histológica, pois o tecido compacto e os tabiques que separam as cavidades do esponjoso têm a mesma
estrutura tecidual básica.

Tecido ósseo compacto e esponjoso


Os ossos
Os ossos que constituem o esqueleto humano apresentam formas que estão de acordo com a sua
localização no corpo e com as funções que desempenham. Assim, são classificados, com base na sua
forma, em três tipos: ossos longos, chatos e curtos. Desta classificação podemos inferir não apenas o tipo
morfológico do osso, mas também as suas características funcionais genéricas.
Nos ossos longos, o comprimento é a dimensão predominante, sendo que constituem a maioria
dos ossos dos membros. Encontram-se nos membros. São ossos longos os ossos do braço (úmero),
antebraço (rádio e cúbito), metacarpo (metacárpicos) e dedos da mão (falanges) no membro superior, e os
ossos da coxa (fémur), perna (tíbia e perónio), metatarso (metatársicos) e dedos do pé (falanges) no
membro inferior.
Estes ossos têm uma grande importância na produção de movimentos corporais, visto
funcionarem como alavancas que participam em movimentos de grande amplitude. Os grupos musculares
com ação mais importante nos membros inserem-se em ossos longos e é aí que atuam para deslocar o
respetivo segmento corporal.

Osso longo: fémur


Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


27
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Os ossos chatos caracterizam-se por apresentar uma espessura muito reduzida em comparação
com as outras duas dimensões, o comprimento e a largura.
São ossos chatos os ossos da caixa craniana, que protegem o encéfalo, os ossos da face, que
formam as diferentes cavidades aí existentes (cavidade orbitária, boca, fossas nasais), e ossos que revestem
a caixa torácica (costelas, esterno, omoplata) que aloja órgãos como o coração e os pulmões. Os ossos
chatos são constituídos, no interior, por osso esponjoso, revestido por duas camadas de tecido ósseo
compacto.
A sua principal função consiste no revestimento de cavidades e proteção mecânica dos órgãos aí
localizados.

Osso chato: Esterno


Nos ossos curtos, nenhuma das três dimensões difere das outras, apresentando uma forma
aproximadamente cúbica. Incluem-se neste tipo as vértebras, os ossos do carpo e os do tarso. Nestes
ossos, predomina o tecido ósseo esponjoso, que é coberto à superfície por uma camada muito fina de osso
compacto.

Osso curto: vértebra.


Constituição e estrutura dos ossos longos
Os ossos longos apresentam uma parte média (diáfise) e duas extremidades (epífises).
A diáfise é cilíndrica, e é constituída por osso compacto que rodeia o canal medular (ou cavidade
medular) que, no adulto, contém a medula amarela, constituída por tecido adiposo.
As epífises são compostas por osso esponjoso coberto à superfície por uma fina camada de osso
compacto.
A zona de ligação entre a diáfise e a epífise (metáfise) é a área onde se verifica o crescimento do
osso em comprimento até chegar à fase adulta.
O tecido esponjoso das epífises possui os espaços preenchidos por medula óssea vermelha.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


28
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Estrutura do osso longo


Medula vermelha e medula amarela
A medula óssea (nome comum: tutano) é o tecido conjuntivo encontrado no canal medular dos
ossos longos e nas cavidades dos ossos esponjosos.
Distingue-se a medula óssea vermelha e a amarela. A medula óssea vermelha, é um tecido
hematopoiético (gerador de células sanguíneas) e deve a sua cor à presença de numerosos eritrócitos
(glóbulos vermelhos) em diversos estágios de maturação; a medula amarela é rica em células adiposas e
não produz células sanguíneas.
Na criança recém-nascida toda a medula óssea é vermelha e ativa na produção de células do sangue.
Com o avançar da idade, a maior parte da medula óssea dá lugar à variedade amarela, sendo que no adulto
existe apenas nalguns ossos chatos (esterno, costelas e crânio) e ossos curtos (vértebras) e no adulto jovem
nas epífises proximais do fémur e do úmero.
Sob certas condições, como após hemorragia severa ou hipóxia, a medula amarela pode reverter
para medula vermelha.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


29
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Corte transversal de osso longo. Fonte: Wikipedia


Superfície externa do osso, medula vermelha e medula amarela

Crescimentos dos ossos


No esqueleto do embrião, os moldes dos futuros ossos têm já uma forma mais ou menos definida
mas são constituídos por tecido conjuntivo fibroso, no caso dos ossos chatos, ou por cartilagem hialina,
como acontece nos ossos longos e nos ossos curtos. O processo de ossificação (transformação em tecido
ósseo) começa por volta das seis semanas de vida do embrião.
Nos ossos longos, o primeiro local de ossificação situa-se sensivelmente a meio da diáfise e
designa-se por Ponto de Ossificação Primário.
Mais tarde, outros dois pontos começam a ossificar, um em cada uma das epífises - Pontos de
Ossificação Secundários.
Em consequência do desenvolvimento do processo de ossificação nestes três pontos, a cartilagem
restante localiza-se nas zonas de união da diáfise com cada uma das epífises, ou seja, na metáfise,
designando-se por cartilagem de conjugação.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


30
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Uma das duas metáfises irá ossificar primeiro; a outra metáfise é identificada como metáfise fértil
e assegura a continuação do crescimento do osso em comprimento até a sua cartilagem de conjugação se
transformar em tecido ósseo.

Cartilagem de conjugação da tibia


Cartilagem de conjugação do perónio

Ossos – periósteo e endósteo


A superfície externa do osso não coberta por cartilagem
articular é envolvida por periósteo.
O periósteo é constituído por membrana conjuntiva densa
irregular e unido à base óssea. O periósteo contém fibras nervosas,
vasos linfáticos e sanguíneos responsáveis pelo suprimento ósseo.
A superfície interna do osso é recoberta pelo endósteo que é
uma membrana conjuntiva.
O endósteo envolve a cavidade medular dos ossos longos e as
trabéculas dos ossos esponjosos
A formação de tecido ósseo ocorre por dois processos, um
passa pela existência prévia de tecido cartilagíneo hialino e outro ocorre a formação direta de tecido ósseo.
Ossificação endocondral
-Existe uma base cartilagínea que vai dando ligar a tecido ósseo.
- Responsável pela formação de ossos curtos e longos.
Ossificação intramembranosa
- Formação de ossos chatos e também crescimento de ossos curtos e crescimento em espessura de
ossos longos.
- Entre membranas conjuntivas vai-se formando o tecido ósseo.
- Não há passagem pelo estádio de cartilagem hialina.
Nos ossos longos, o crescimento em comprimento é do tipo endocondral e processa-se através de
cartilagens de conjugação. O crescimento em espessura é do tipo intramembranoso e faz-se a partir do
periósteo.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


31
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
A cavidade medular aumenta de diâmetro devido à reabsorção do tecido ósseo circundante. A
remoção e aposição de tecido ósseo são processos fisiológicos contínuos, o que condiciona uma espessura
constante do osso compacto, mas com aumento do diâmetro do osso.

tecido ósseo compacto


medula

Crescimento longitudinal e em espessura do osso longo.


Corte longitudinal da tíbia de um porco e esquema de corte transversal.

O fim do crescimento do esqueleto não corresponde à interrupção da atividade de produção de


tecido ósseo a partir das células ósseas, nem significa que os ossos tenham atingido uma forma definitiva.
O tecido ósseo está em constante renovação, o que se deve ao equilíbrio entre a atividade de síntese dos
osteoblastos e a ação destruidora dos osteoclastos. Dessa forma, produzem-se alterações na forma exterior,
mas também na arquitetura interna do osso, em função das exigências funcionais a que este é submetido.

Os osteoclastos atuam como verdadeiros demolidores de osso, enquanto os osteoblastos exercem


papel de construtores de mais osso. Nesse sentido, o processo de crescimento de um osso depende da
ação conjunta de reabsorção de osso pré-existente e da deposição de novo tecido ósseo. Considerando,

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


32
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
por exemplo, o aumento de diâmetro de um osso longo, é preciso efetuar a reabsorção de camada interna
da parede óssea, enquanto na parede externa deve ocorrer deposição de mais osso.
O crescimento ocorre até que se atinja determinada idade, a partir da qual a cartilagem de
crescimento também sofre ossificação e o crescimento do osso em comprimento cessa.
A capacidade de renovação manifesta-se na reparação (regeneração do tecido ósseo em resposta a
fratura) e na remodelação óssea (adaptação da massa e forma do osso às exigências mecânicas).
A remodelação do osso reflete a grande capacidade do tecido ósseo para se adaptar em resposta a
estímulos mecânicos como a tração produzida pelos músculos nos pontos ósseos onde se inserem ou a
pressão exercida pelo peso do corpo ou cargas externas.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


33
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
AS ARTICULAÇÕES
Artrologia: estudo das articulações:
Osteologia: estudo do esqueleto;
Miologia: estudo dos músculos.

Articulações
Definida de uma forma simples, a articulação é a união entre dois ou mais ossos. A estrutura de
uma articulação depende da sua funcionalidade, nomeadamente do grau de mobilidade que permite entre
os ossos envolvidos. Deste modo, podem distinguir-se no corpo três grandes tipos de articulação: imóveis,
semimóveis e móveis.

Tipos de articulações
Articulações imóveis
As articulações imóveis não permitem qualquer tipo de movimento. Constituem exemplos as
articulações do crânio e da face, com exceção da articulação que a mandíbula faz com o temporal.

Articulações semimóveis
Nas articulações semimóveis, o movimento e possível mas com amplitude muito reduzida. São
exemplos as articulações intersomáticas, estabelecidas entre as vértebras, e as articulações da bacia.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


34
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Articulações móveis
As articulações móveis permitem a realização de movimentos amplos e constituem a maioria das
articulações do corpo humano.

Constituição da articulação móvel


A funcionalidade de uma articulação está relacionada com a sua localização no corpo e com o
papel que aí desempenha e é condicionada pela forma e estrutura da articulação. Assim, as articulações do
tronco têm necessariamente características diferentes das articulações dos membros; as articulações do
membro inferior, sendo articulações de carga, beneficiam de mais estabilidade e de menor mobilidade do
que as dos membros superiores, e, dentro de cada membro, a localização mais proximal, ou mais perto da
extremidade, determina também diferenças na mobilidade específica da articulação.
Independentemente das diferenças que se podem encontrar entre as várias articulações móveis,
existe uma constituição tipo que caracteriza estas articulações: superfícies articulares, cartilagem articular,
cápsula, ligamentos, membrana sinovial, líquido sinovial e recetores articulares.
Além destes constituintes, algumas articulações em que o encaixe entre as superfícies articulares
não é perfeito apresentam constituintes de fibrocartilagem (como os meniscos) que compensam a
discordância.

Articulação móvel (Pezarat Correia, 2012)


Constituintes comuns às articulações móveis
- superfícies articulares;
- cartilagem articular,
- cápsula articular,
- ligamentos,
- membrana sinovial,
- líquido sinovial;

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


35
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
- recetores nervosos articulares

Superfícies articulares
As zonas de osso que estabelecem articulação com outros ossos apresentam uma textura muito
lisa e designam-se por superfícies articulares. Nos ossos longos, estas localizam-se nas epífises, dado que
esses ossos contactam com os outros pelas extremidades. Nos ossos chatos e curtos, a sua localização é
variável. A forma das superfícies articulares é o fator determinante do tipo de mobilidade da articulação.
Assim, encontramos superfícies articulares de formas muito diferentes, consoante o comportamento
mecânico que compete a articulação que constituem: planas, cilíndricas, esféricas, arredondadas, em forma
de roldana ou em forma de sela.

Cartilagem articular
As superfícies articulares das articulações móveis são forradas por cartilagem hialina, a cartilagem
articular, que e facilitadora do deslize entre as superfícies, dado ser muito lisa, e têm ótima capacidade para
amortecer forças de compressão, devido, principalmente, à abundância e organização das fibras de
colagénio. Uma das particularidades da cartilagem articular é a ausência de irrigação sanguínea e linfática.
Não podendo ser feita diretamente a partir do sangue, a nutrição da cartilagem depende do líquido sinovial.
O acesso do líquido sinovial ao interior da cartilagem é possível devido à permeabilidade desta, mas
depende das forças de compressão e descompressão a que a cartilagem é sujeita através do movimento
articular. Por essa razão, o movimento articular é um fator fundamental para a nutrição da cartilagem
articular.
Refira-se, ainda, que a cartilagem articular não é inervada, não possui recetores nervosos, logo, não
tem sensibilidade.
A espessura da cartilagem articular varia de acordo com as forças de pressão a que a articulação se
encontra sujeita, sendo, por exemplo, mais espessa nas articulações dos membros inferiores do que nos
membros superiores, e nos sujeitos treinados em relação aos sedentários.
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


36
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Cápsula articular e ligamentos


A manutenção da estabilidade de uma articulação sujeita a amplitudes consideráveis de movimento
e a impactos violentos, como acontece com as articulações móveis, exige um sistema de proteção que
mantenha as superfícies articulares dentro dos seus limites funcionais. Os constituintes articulares
envolvidos nessa proteção são os meios de união da articulação, i. e., a cápsula articular e os ligamentos.

Cápsula articular
A cápsula articular é uma estrutura de tecido conjuntivo denso não modelado que envolve
exteriormente a articulação, definindo no seu interior a cavidade articular. Dessa forma constitui, antes de
mais, uma barreira que separa os meios extra e intra-articular e que protege o interior da articulação de
agentes provenientes do exterior e de possíveis infeções.
Além dessa função, mantém a união das superfícies articulares, no que é reforçada pelos ligamentos
e músculos envolventes. A cápsula insere-se nos ossos que se articulam, normalmente no contorno das
superfícies articulares.

Ligamentos
Em determinadas zonas, a cápsula é reforçada por uma espécie de cordas de tecido conjuntivo
fibroso, os ligamentos. Estes são constituídos por tecido conjuntivo denso modelado, o que significa que
apresentam grande quantidade de fibras de colagénio orientadas numa direção. Essa direção depende do
sentido em que se exercem as forças de tração sobre o ligamento, conferindo-lhe, assim, grande capacidade
para resistir ao alongamento nessa direção. É desta forma que um determinado ligamento funciona como
travão a um movimento específico, impedindo movimentos indesejáveis ou amplitudes para além das que
a articulação está preparada para executar.

Membrana sinovial
A cápsula é forrada interiormente por uma membrana muito fina e delicada de tecido conjuntivo
laxo com rica vascularização - a membrana sinovial. A membrana sinovial reveste todo o interior da
articulação, exceto as superfícies articulares. A principal função desta membrana está relacionada com a
produção e reabsorção de líquido sinovial. A manutenção do equilíbrio entre a produção e a reabsorção
do líquido sinovial, para além de garantir a renovação desse líquido, nomeadamente dos seus constituintes
nutritivos, é uma forma de regular a quantidade de líquido dentro da cavidade articular. Esse equilíbrio é
alterado em caso de traumatismo articular, verificando-se, então, um aumento de produção de líquido com
consequente edema articular e redução de mobilidade, que pode ser entendida como uma forma de
preservar uma articulação que nesse momento não está preparada para as exigências normais.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


37
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Líquido sinovial
O líquido sinovial encontra-se no interior da cavidade articular e, com a sua consistência viscosa,
funciona como lubrificante, reduzindo ao mínimo a fricção entre as superfícies articulares. Por outro lado,
este líquido é a principal fonte de nutrição da cartilagem articular pois esta não é irrigada por vasos
sanguíneos.

Recetores nervosos articulares


Os recetores nervosos articulares localizam-se nos tecidos moles da articulação (cápsula,
ligamentos, membrana sinovial) e fornecem a todo o momento informação sobre dor, posição e aceleração
da articulação. Dessa forma, estes recetores estão naturalmente envolvidos nos processos de controlo do
movimento e na regulação da estabilidade e mobilidade articular por parte do sistema nervoso.

Meniscos
Os meniscos são estruturas de fibrocartilagem em forma de disco ou de meia-lua, que se encontram
nas articulações em que a curvatura das superfícies articulares não permite um encaixe perfeito. A
articulação onde os meniscos desempenham um papel mais importante e onde mais problemas levantam
no âmbito desportivo é a articulação femurotibial no joelho.

Músculos
A cápsula articular e os ligamentos constituem meios de união da articulação e são estruturas de
contenção passivas cuja ação estabilizadora é complementada pelos músculos envolventes. Os músculos,
apesar de não fazerem parte das estruturas articulares, são determinantes para a mobilidade e estabilidade
da articulação. Porque podem alterar, pela variação do seu nível de contração, o grau de estabilização que
impõem à articulação, os músculos constituem um sistema de contenção ativo da articulação.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


38
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Tipos de movimentos articulares
Para a descrição dos movimentos articulares, utilizam-se termos correspondentes a um sentido de
movimento e ao sentido reverso. Os movimentos de flexão/extensão, adução/abdução, rotação
interna/rotação externa e pronação/supinação são pares de movimentos executados na mesma direção
mas em sentidos opostos.
Esta descrição estende-se à ação dos principais grupos musculares, identificados como flexores ou
extensores, adutores ou abdutores, rotadores, supinadores ou pronadores, consoante os movimentos que
produzem.

Flexão e extensão
O movimento de flexão produz a aproximação dos dois
segmentos, tendendo a colocar a articulação numa forma semelhante à
posição fetal, enquanto o movimento de extensão consiste no
movimento inverso.

Adução e abdução
Os movimentos de adução são movimentos laterais que aproximam o segmento do plano médio
sagital, enquanto a abdução afasta o segmento desse plano.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


39
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Rotação interna e rotação externa
Nos movimentos de rotação, os segmentos rodam em torno do seu próprio eixo longitudinal,
podendo a rotação ser dirigida para o plano médio sagital (rotação interna) ou no sentido contrário (rotação
externa).

Pronação e supinação
No caso de segmentos em que os movimentos de rotação envolvem a rotação de um osso em
torno do outro, como acontece no antebraço, a rotação interna designa-se por pronação, enquanto a
rotação externa se designa por supinação.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


40
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR DO TRONCO E DA CABEÇA
Constituição geral da coluna vertebral
A coluna vertebral é composta por um conjunto de 24 peças ósseas independentes (vértebras) e
por dois ossos (sacro e cóccix) resultantes da fusão de várias vértebras.

A vértebra - constituição
Cada vértebra apresenta uma porção anterior mais volumosa, o corpo da vértebra e um conjunto
de apófises disposto em torno de um orifício, o buraco vertebral. Destas destaca-se, na parte posterior de
cada vértebra, a apófise espinhosa.

Os corpos das vértebras articulam-se entre si mas não diretamente, dado que entre cada par de
corpos de vértebras se encontra um disco intervertebral - existem em todos os segmentos móveis da
coluna, à exceção do segmento C1-C2.

O disco intervertebral
Podem distinguir-se no disco intervertebral duas porções principais: ao centro o núcleo pulposo,
de textura semilíquida e, a envolvê-lo, o anel fibroso de cartilagem fibrosa.
O núcleo pulposo funciona como uma almofada amortecedora entre os corpos vertebrais, o que

lhe permite distribuir de forma homogénea e em todas as direções as forças de compressão que atuam na

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


41
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
coluna. Desempenha, portanto, um papel determinante na transmissão e no amortecimento de forças
verticais ao longo da coluna.
O anel fibroso é constituído por lâminas de fibras de colagénio dispostas concentricamente em
torno do núcleo pulposo e apresenta grande resistência, fundamental para assegurar a manutenção do
núcleo pulposo dentro dos limites ideais de funcionamento.
Quando o disco intervertebral degenera e é deslocado da sua posição (hérnia de disco), há
possibilidade de compressão dos nervos espinais que passam através dos buracos de conjugação das
vértebras. Esta compressão pode diminuir a sensibilidade e motilidade da região corporal inervada pelos
nervos comprimidos. A solicitação a que a coluna é sujeita no âmbito desportivo acarreta frequentemente
o desgaste ou a deslocação dos discos intervertebrais.

Ligamentos
A estabilidade do conjunto formado pelos corpos das vértebras e discos intervertebrais é garantida
por dois ligamentos que descem verticalmente desde o occipital e primeiras vértebras cervicais até ao sacro,
passando um pela frente dos corpos das vértebras e outro por trás. Outros ligamentos mais pequenos
unem as vértebras duas a duas, concorrendo também para a estabilidade da coluna vertebral.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


42
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Funções da coluna vertebral


1. Constitui o eixo em torno do qual se organiza todo o esqueleto ósseo: suporta superiormente a
cabeça, sustenta o tórax onde se liga o membro superior e, nos seus níveis inferiores, faz parte da bacia
óssea, zona de charneira entre o tronco e o membro inferior.
2. Apresenta uma morfologia adequada à fixação de grande número de músculos que atuam a
diferentes níveis: na própria coluna, na cabeça, no tórax, na cintura escapular, no braço, na bacia e na coxa.
3. Tem uma mobilidade considerável, apresentando amplos movimentos em diversas direções:
flexão, extensão, flexão lateral e rotação. A amplitude de cada uma destas categorias de movimento varia
nas diferentes regiões da coluna.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


43
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
4. Permite a dissipação e transmissão de forças axiais que se desenvolvem em consequência da
posição bípede e se apresentam sob a forma de forças de compressão. Esta função de amortecimento é
desempenhada pelo disco intervertebral e pelas curvaturas existentes no plano sagital.
5. Assume um papel importante na proteção do andar inferior do Sistema Nervoso Central.
A união dos buracos vertebrais de todas as vértebras forma um canal - o canal vertebral - que
aloja a medula, que se encontra, assim, bem protegida. Ao longo de toda a coluna podem identificar-se
orifícios laterais que resultam da junção das vértebras duas a duas - os buracos de conjugação - e
correspondem à saída dos nervos da medula.

Regiões e curvaturas da coluna vertebral


De cima para baixo podem distinguir-se na coluna quatro regiões: cervical, dorsal, lombar e
sacrococcígea.
A adaptação à posição bípede e à locomoção determinaram o desenvolvimento de curvaturas na
coluna que lhe conferem uma maior capacidade de resposta aos requisitos fundamentais de mobilidade,
estabilidade e amortecimento. Distinguem-se na coluna curvaturas desenhadas em dois planos: cifoses e
lordoses no plano sagital e escolioses no plano frontal.

Cifoses
As cifoses são curvaturas de concavidade anterior e encontram-se nas regiões dorsal e
sacrococcígea, enquanto as lordoses são curvaturas de concavidade posterior e caracterizam as regiões
cervical e lombar. No feto, a coluna vertebral mostra na sua globalidade uma cifose, consequência natural
da posição fetal. Por isso se diz que as cifoses são curvaturas inatas.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


44
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Lordoses
Já as lordoses, curvaturas funcionais ou adquiridas, desenvolvem-se em consonância com
necessidades funcionais determinadas por saltos evolutivos.
A lordose cervical aparece primeiro, por altura do gatinhar, e está associada ao desenvolvimento
dos músculos da nuca em resposta à necessidade de manter a cabeça estabilizada em extensão.
Mais tarde surge a lordose lombar, que resulta da consolidação do conjunto bacia-coluna, associada
à manutenção do equilíbrio na posição bípede.
Estas curvaturas, cifoses e lordoses, podem sofrer alterações ao longo da vida, em consequência
dos hábitos motores do indivíduo.

Escolioses
Existem também curvaturas da coluna desenhadas no plano frontal - as escolioses.

A própria assimetria do organismo humano contém em si fatores que justificam a ocorrência de


uma pequena escoliose fisiológica em qualquer indivíduo: a localização do órgão mais pesado do corpo, o
fígado, do lado direito da cavidade abdominal, e do coração do lado esquerdo do tórax, com contrações
rítmicas que exercem força sistematicamente do mesmo lado da coluna.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


45
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
Para além destes pequenos desvios laterais presentes em qualquer indivíduo, escolioses mais
exageradas podem ser condicionadas pelos hábitos de vida e por influências de natureza diversa. No
âmbito desportivo, podem estar associadas à prática de desportos em que se verifica utilização preferencial
de um dos membros superiores, o que resulta num maior desenvolvimento da musculatura que
sistematicamente exerce uma força de tração superior desse lado da coluna. No âmbito laboral ou escolar,
as escolioses podem ser determinadas por posturas incorretas associadas com rotinas de trabalho que
ocupam muitas horas por dia.

As regiões da coluna vertebral


Na coluna vertebral distinguem-se 4 regiões: cervical, dorsal (ou torácica), lombar e sacrococcígea.

Região cervical
A funcionalidade da região superior da coluna está intimamente relacionada com a sustentação e
mobilidade da cabeça, no sentido de assegurar a horizontalidade da linha de visão e um campo visual
amplo A grande mobilidade da cabeça é conseguida à custa dos movimentos da região cervical, que são
particularmente amplos devido à morfologia das sete pequenas vértebras cervicais, e dos movimentos
permitidos pelas articulações entre a coluna e o crânio.
A ligação crânio-coluna é feita através da articulação entre a primeira vértebra cervical, o atlas, e o
osso da base do crânio, o occipital. Esta articulação permite flexão, extensão e flexão lateral, com destaque
para os dois primeiros movimentos. O facto de, no ser humano, os dois olhos estarem localizados no
mesmo plano é compensado pela rotação da cabeça, que se deve em particular à ligação entre as duas
primeiras vértebras da coluna, atlas e áxis. O atlas roda em torno de um eixo vertical fornecido pela apófise
odontoide do áxis. Em consequência, esse movimento de rotação é diretamente transmitido à cabeça, que
assenta no atlas através do occipital.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


46
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

atlas áxis

Região dorsal
A região dorsal está funcionalmente associada com a sustentação do tórax e com os movimentos
respiratórios. Apresenta doze vértebras que desenham, no seu conjunto, uma longa cifose que amplia a
caixa torácica e permite o aumento de amplitude dos movimentos respiratórios. A mobilidade desta região
da coluna é reduzida devido a dois tipos de fatores: a morfologia das vértebras dorsais e o facto de suportar
toda a grelha costal. A menor mobilidade desta região pressupõe uma maior estabilidade, fundamental para
a função de suporte da caixa torácica.

Região lombar
As cinco vértebras lombares podem ser identificadas pelas suas grandes dimensões e pelo
desenvolvimento das suas apófises. À medida que descemos na coluna, os corpos vertebrais vão-se
tornando progressivamente mais espessos, o que assume a sua expressão máxima na região lombar, devido
ao peso que suporta. Por outro lado, as suas apófises são bastante desenvolvidas, fornecendo pontos
sólidos de inserção aos poderosos músculos desta região.
A coluna lombar representa o local de charneira entre a região sacrococcígea e as regiões superiores
da coluna. Apresenta grande mobilidade, por ser aí que se originam os movimentos da totalidade da coluna.
Para essa mobilidade concorrem a morfologia das vértebras lombares e a grande espessura dos discos
intervertebrais.
A vasta mobilidade a que é sujeita e o suporte de todo o peso da parte superior do corpo são
fatores de risco suscetíveis de produzir um desgaste que frequentemente se reflete em lesões nos discos
intervertebrais desta região, com repercussões graves nos nervos que aí emergem da espinal medula, e que
inervam todo o membro inferior.

Região sacrococcígea
A região sacrococcígea contém duas peças ósseas que estão integradas na bacia: o sacro e o cóccix.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


47
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
O sacro é constituído por cinco vértebras soldadas entre si, apresentando a forma de uma pirâmide
triangular cuja base é superior e se articula com a quinta vértebra lombar. As faces laterais articulam-se
com os ossos coxais, constituindo as articulações sacroilíacas; a face anterior, muito lisa e côncava, forra
posteriormente a cavidade abdominopélvica, relacionando-se com os órgãos aí contidos; e a face posterior
é muito rugosa e fornece a aderência necessária à origem dos músculos posteriores da região lombar.
O cóccix, de tamanho bastante mais reduzido, resulta também da fusão de algumas vértebras,
tendo um significado funcional quase nulo no homem.

Tórax
O tórax constitui uma armação óssea que envolve a cavidade torácica, onde estão contidos órgãos
vitais como o coração e os pulmões. É composto posteriormente pela região dorsal da coluna, que se
articula com doze costelas de cada lado que, por sua vez, se ligam anteriormente ao esterno através de
estruturas de cartilagem hialina - as cartilagens costais. O envolvimento da cavidade torácica é, ainda,
completado pelos ossos da cintura escapular, a clavícula por cima e a omoplata (sinónimo: escápula) por
trás.

Costelas
As doze costelas articulam-se posteriormente com as doze vértebras torácicas. As sete primeiras
costelas articulam-se na frente com o esterno por meio de uma cartilagem, que lhes é própria (costelas
verdadeiras). Da oitava à décima costela unem-se através das suas cartilagens a uma cartilagem comum,
que se articula com o esterno (costelas falsas).As duas últimas costelas apresentam uma cartilagem muito
reduzida e não se ligam ao esterno, sendo designadas por costelas flutuantes.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


48
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Costelas. Fonte: Gray's Anatomy of the Human Body

Tórax
O espaço compreendido entre cada duas costelas - espaço intercostal - encontra-se preenchido
pelos músculos intercostais, que conferem ao conjunto de 24 costelas uma solidez acrescida e permitem
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


49
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
que o tórax funcione como um bloco nos movimentos respiratórios, nos movimentos do tronco, ou, ainda,
quando o tórax tem que fornecer pontos fixos aos músculos que aí têm origem e atuam noutros segmentos,
como a cabeça ou o membro superior.

Constituição geral do tórax: (1) esterno; (2) cartilagem costal; (3) 1ª costela; (4) 8ª costela; (5) 12ª
costela como exemplo de costela flutuante; (6) omoplata; (7) clavícula.

SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR DO MEMBRO SUPERIOR


O membro superior está dividido em quatro porções com funções distintas - cintura escapular,
braço, antebraço e mão - ligadas entre si por articulações móveis de características mecânicas diferentes.
Apesar das diferenças regionais, a totalidade do membro superior está subordinada a um objetivo comum:
a utilização da mão no sentido de a dirigir aos objetos do mundo envolvente e de sobre eles agir.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


50
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Membro superior e seus segmentos

Cintura escapular, complexo articular do ombro e braço


Os dois ossos que constituem a cintura escapular, a omoplata e a clavícula, estão envolvidos em
dois segmentos ósseos. Por um lado, ajudam a revestir a caixa torácica e, por outro, constituem a ligação
óssea entre o tórax e o membro superior, contribuindo de forma determinante para a grande mobilidade
deste segmento.
Omoplata
omoplata – vista anterior

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


51
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

omoplata- vista posterior

OMBRO
O ombro, parte do tórax referente à ligação ao braço, é formado por três articulações:
1 – Esternoclavicular
2 – Acromioclavicular
3 – Glenoumeral
Existe ainda a falsa articulação costo-escapular, entre as costelas e a escápula, muito importante na
biomecânica fisiológica do ombro.

A Falsa Articulação Omocostal (escapulotorácica)


A omoplata não estabelece contacto direto com a grelha costal. A união com as costelas resulta de
uma ligação feita através de dois músculos que se encontram aderentes, respetivamente, à face anterior da
omoplata e à face posterior da grelha costal.
Esta ligação, designada por Falsa Articulação Omocostal, permite que a omoplata se desloque em
todas as direções sobre a grelha costal, o que confere grande mobilidade à cintura escapular e ao membro
superior.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


52
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

C C

Cintura escapular: (A) articulação esternoclavicular; (B) articulação acromioclavicular; (C) articulação
glenoumeral. (1) omoplata; (2) clavícula; (3) cavidade glenoide da omoplata; (4) acrómio; (5) troquiter;
(6) cabeça do úmero; (7) espinha da omoplata.

Articulação esternoclavicular
A ausência de uma verdadeira articulação entre a omoplata e o tórax determina que o único
contacto ósseo entre o tronco e o membro superior aconteça na articulação esternoclavicular. Esta
articulação permite movimentos de pequena amplitude da extremidade interna da clavícula, que se
traduzem em movimentos de grande amplitude da extremidade externa: para cima, para baixo, para diante,
para trás e de circundação.
Articulação acromioclavicular
Articulação entre a clavícula e a omoplata.
Articulação escapuloumeral, ou glenoumeral
A articulação escapuloumeral, ou glenoumeral, entre a cabeça do úmero e a cavidade articular da
omoplata, é uma articulação entre superfícies de forma esférica, sendo a de maior mobilidade que
encontramos no corpo. Este fator está associado à necessidade de libertar o braço para a realização de
movimentos em todos os planos e, assim, ampliar o campo de intervenção da mão. Deste modo, na
articulação escapuloumeral o braço realiza movimentos de flexão/extensão, adução/abdução, adução
horizontal/abdução horizontal e rotação interna/rotação externa.
A grande mobilidade desta articulação e consequentemente do braço deve-se a:
- É articulação móvel entre superfícies de forma esférica, o tipo de articulação que mais graus de
liberdade permite, realizando movimentos em todos os planos.
- reduzida área de contacto entre as superfícies articulares: a cavidade articular da omoplata
apresenta uma superfície reduzida e pouco profunda em relação à cabeça do úmero, o que resulta numa
reduzida limitação da cabeça do úmero na cavidade articular.
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


53
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR DO MEMBRO INFERIOR
Este segmento está dividido em quatro porções com funções distintas – bacia ou cintura pélvica,
coxa, perna e pé - ligadas entre si por articulações móveis de características mecânicas diferentes. Apesar
das diferenças regionais, a totalidade do membro inferior está subordinada ao bipedismo e às funções de
amortecimento e impulsão presentes nas várias formas de locomoção humana.

Membro inferior e seus segmentos

Cintura pélvica, articulação coxofemoral e coxa


A cintura pélvica humana é larga e de altura reduzida, encontrando-se adaptada à transmissão das
forças verticais que recebe da coluna e direciona para os membros inferiores. Simultaneamente, dá resposta
a outras funções como proteger e acomodar as vísceras abdominais e fornecer fixação a poderosos
músculos com ação no tronco e nos membros inferiores.
No seu conjunto, a cintura pélvica, pelve ou bacia, desenha um largo anel ósseo que delimita uma
ampla cavidade. Este anel é formado por três ossos principais: o revestimento posterior é feito pelo sacro
que, encravado entre os dois ossos ilíacos, constitui um elemento central nesta organização, ao estabelecer
a ligação entre a coluna lombar e os ossos ilíacos. Assim, recebe a pressão da coluna através da quinta
vértebra lombar e transmite-a de forma equilibrada para os dois ossos coxais. Estes, por sua vez,
transmitem essas forças em direção ao membro inferior pela articulação coxofemoral e dissipam parte
delas em direção ao osso ilíaco do lado oposto através da sínfise púbica. No prolongamento do sacro
encontra-se o cóccix, fazendo também parte da bacia.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


54
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Constituição geral da bacia: (A) articulação sacroilíaca; (B) sínfise púbica; (1) ílion; (2) ísquion; (3) púbis;
(4) buraco obturado; (5) cabeça do fémur; (6) superfície do sacro que articula com o corpo da quinta
vértebra lombar.

O ilíaco
O osso ilíaco (ou osso coxal ou do quadril) resulta da junção de três peças ósseas (ílion, ísquion e
púbis) que ossificam de forma independente e se unem em torno da cavidade articular para o fémur. Essas
3 peças ósseas juntam-se com a idade, mas no embrião são bem distinguíveis como ossos individualizados.
A porção superior, o ílion, constitui a porção mais volumosa e é local de fixação de numerosos
músculos. As duas porções inferiores apresentam dimensão bastante mais reduzida. O ísquion localiza-se
atrás, enquanto à frente encontramos o púbis.

Articulações da cintura pélvica


Sínfise púbica
Uma sínfise, ou articulação semimóvel, é um tipo de articulação em que a cartilagem fibrosa une
dois ossos e permite pouca movimentação. As superfícies adjacentes são unidas por cartilagem do tipo
fibrosa. Não contem cápsula sinovial.
Na sínfise púbica, o osso coxal, através do púbis, articula com a mesma porção do lado contrário,
formando uma articulação semimóvel.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


55
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
A folga da sínfise púbica normalmente é de 4-5 mm, mas durante a gravidez, por ação hormonal,
pode haver um aumento de pelo menos 2-3 mm, portanto, considera-se que uma largura total de até 9 mm
entre os dois ossos é normal para uma mulher grávida. No parto, ocorre ainda maior separação da sínfise
púbica. Nalgumas mulheres, essa separação pode tornar-se definitiva, constituindo uma diástase da sínfise
púbica.

Articulação sacroilíaca
As articulações que o sacro estabelece lateralmente com os ossos ilíacos - sacroilíacas - são também
articulações semimóveis. Ao ser constituída por articulações semimóveis, a deslocação possível entre os
ossos que formam a bacia é, assim, muito reduzida. Esta perda em mobilidade apresenta uma compensação
no ganho de estabilidade da bacia como um todo, permitindo-lhe funcionar como origem de poderosos
músculos que nela se fixam para atuar na coxa ou no tronco, e contribuir para uma postura bípede
confortável e que pode ser mantida durante longos períodos de tempo sem esforço.

Articulação coxofemoral
A anca é a região que vai da cintura até à articulação do membro inferior com o tronco que se
processa através da articulação coxofemoral (entre a bacia e o fémur).
Tal como a escapuloumeral, a articulação coxofemoral é uma articulação entre superfícies de forma
esférica. Não deixando, tal como a escapuloumeral, de efetuar movimentos em todas as direções-
flexão/extensão, adução/abdução e rotação (interna/ externa) - a amplitude dos movimentos da
coxofemoral é, no entanto, menor.
Todavia, os fatores que condicionam a mobilidade da coxofemoral contribuem para uma maior
estabilidade articular, o que está naturalmente relacionado com a adaptação da cintura pélvica ao
bipedismo. Para este ganho de estabilidade da coxofemoral em relação à escapuloumeral contribuem vários
fatores:
1. A reduzida mobilidade da bacia em comparação com a cintura escapular;
2. O tipo de encaixe entre as superfícies articulares, estando a cabeça do fémur mais contida no
interior da cavidade articular do osso coxal do que acontece com a cabeça do úmero, que tem uma área de
contacto muito mais reduzida com a cavidade articular da omoplata;
3. Existência na articulação coxofemoral de uma cápsula articular mais espessa reforçada por um
suporte de ligamentos mais resistentes;
4. Envolvimento da coxofemoral por uma musculatura mais poderosa.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


56
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
O fémur
O segmento do membro inferior coxa é formado por um
único osso, o mais longo e mais volumoso do corpo humano, o
fémur. O fêmur consiste da diáfise, da epífise proximal que se
prolonga, através de um pescoço (o colo), até uma cabeça esférica
- que o articula com o osso do quadril ou osso coxal - e da epífise
distal que se divide em dois côndilos, que se ligam à tíbia e à rótula.

Fémur

Complexo articular do joelho e perna


A perna possui dois ossos paralelos: a tíbia (sinónimo fíbula
- Português do Brasil), mais espessa, que se localiza do lado interno, e o perónio, osso bastante mais fino
e frágil, que se encontra do lado externo.

Articulações entre a tíbia e o perónio (tibioperoneais)


As duas articulações entre a tíbia e o perónio são
estabelecidas em superfícies de forma plana, permitindo apenas
pequenos movimentos de deslize entre os dois ossos, com um
funcionamento mecânico mais limitado do que no antebraço, em
que o rádio consegue rodar em torno do cúbito.

Articulações entre tíbia e perónio

Articulações do joelho
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


57
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
O complexo articular do joelho inclui duas articulações: uma entre o fémur e a tíbia- a articulação
femorotibial - e outra entre o fémur e a rótula - a femoropatelar.
A rótula (sinónimo: patela) é um pequeno osso situado anteriormente e acima das articulações
femorotibiais e está incluído no tendão terminal do músculo quadricípite da coxa.

Joelho e rótula
A articulação entre o fémur e a tíbia apresenta um papel fundamental na transmissão de forças
verticais entre o apoio proporcionado pelo membro inferior e o tronco, e vice-versa. Os dois côndilos do
fémur, de curvatura acentuada, assentam nas cavidades articulares da tíbia, que são quase planas.

Vista anterior Vista anterior com rótula afastada Vista posterior


Diferentes vistas do complexo articular do joelho e da articulação tibioperoneal superior
(B) fémur, (C) tíbia, (D) rótula, (E) perónio
(1) tróclea femoral (2) face posterior da rótula (3) côndilo femoral interno (4) côndilo femoral externo
(5) cavidade articular externa da tíbia (6) cavidade articular interna da tíbia (7) tuberosidade anterior
da tíbia.
Meniscos
Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


58
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo
A discordância entre os dois côndilos do fémur que são curvos e as cavidades articulares da tíbia,
que são quase planas é compensada pela existência, à periferia de cada uma das cavidades articulares, de
uma fibrocartilagem (menisco) que molda as cavidades à curvatura do respetivo côndilo femoral.

Meniscos do joelho.

As duas articulações do complexo articular do joelho são envolvidas por uma mesma cápsula
articular que delimita uma ampla cavidade articular. Dada a solicitação a que é sujeita na posição bípede e
nas diferentes formas de locomoção, a cápsula articular do joelho é reforçada por numerosos e complexos
ligamentos.
Anteriormente a cápsula é reforçada pelo tendão do músculo quadricípite (sinónimo quadríceps),
o tendão rotuliano que se estende entre a rótula e a tuberosidade anterior da tíbia, funcionando como
ligamento anterior da articulação do joelho.

Ligamentos do joelho
Existem diversos ligamentos no joelho. Destacam-se os ligamentos cruzados desempenham um
papel fundamental na manutenção da união entre os côndilos femorais e as cavidades articulares da tíbia.

Ligamentos cruzados do joelho

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


59
[email protected]
Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Articulação femurotibial
(1) menisco externo; (2) menisco interno; (3) ligamento cruzado anterior; (4) ligamento cruzado posterior.
Movimentos do joelho
O joelho está fundamentalmente preparado para realizar movimentos de flexão, normalmente
associados com ações de amortecimento, e de extensão, presentes em ações de impulsão. Na posição
bípede e nas importantes ações motoras do membro inferior, como a marcha, a corrida ou os saltos, a
intervenção do joelho faz-se no sentido de passar de uma posição de flexão para o máximo da extensão, e
vice-versa.
A extensão máxima na articulação femorotibial bloqueia o joelho e transforma-o numa unidade
rígida. Este bloqueio é conseguido pela tensão de todos os ligamentos do joelho, principalmente os
cruzados, e pela participação da rótula fixa à frente sob ação do quadricípite. Acessoriamente, encontramos
também movimentos de rotação da perna nas articulações femorotibiais, embora de amplitude bastante
mais reduzida, e apenas quando o joelho está posicionado em flexão. Estes movimentos de rotação são
limitados principalmente pelos ligamentos cruzados.

Rua O Primeiro de Janeiro • 4100-366 • PORTO • PORTUGAL

Telef.: +351 226069563 • Fax: +351 226008802 • E-mail:


60
[email protected]

Você também pode gostar