TÉCNICA DIETÉTICA
CARNES
Vermelha (bovina, suína e ovina), de aves (frango, pato, peru, ganso, avestruz),
pescado (peixes, camarão, lagosta, ostras) e de caça (animais não domésticos);
Cortes dianteiros = proveniente de musculo rico em gordura e em proteína de tecido
conectivo = carnes mais rígidas e que requerem maior tempo de cocção;
Cortes traseiros = fornecem carnes macias, que precisa de pouco aquecimento;
As diferenças na composição e na estrutura muscular influenciam a textura do
alimento;
Unidade fundamental é a fibra muscular; o conjunto de fibras é o feixe muscular e o
conjunto de feixes é o músculo, ambos unidos por tecido conectivo;
Colágeno = glicoproteína que contém galactose e glicose; a glicina é o aminoácido mais
abundante;
Proteínas musculares:
Classificadas de acordo com sua solubilidade = sarcoplasmáticas, miofibrilares e
insolúveis;
Proteínas sarcoplasmáticas são solúveis em água e em soluções tampões; são as
enzimas que participam da glicólise e a mioglobina;
Adição de sal a carne = mudança na coloração; passa de vermelha para marrom,
porque a mioglobina é solúvel em soluções salinas concentradas;
Mioglobina = vermelho púrpura = grupo prostético + globulina;
Na presença de oxigênio, ocorre a substituição da água pelo oxigênio formando a
oximioglobina;
Oximioglobina = vermelho vivo = carne fresca;
Tanto a mioglobina quanto a oximioglobina podem sofrer oxidação e formar a
metamioglobina (coloração castanho clara);
Proteínas miofibrilares (actina e miosina) = solúveis em água e em soluções diluídas;
alta capacidade de retenção de água e emulsificação; formam o músculo estriado;
A perda da capacidade de reter água = menor rendimento de cortes; influencia nas
características sensoriais e comerciais = maciez e suculência;
Proteínas do tecido conectivo (colágeno e elastina) = mais insolúvel e menos digerível;
A concentração e o tipo de colágeno influenciam na dureza da carne e,
consequentemente, dos cortes;
Gelatina = desnaturação do colágeno pelo abrandamento das fibras;
Pescado: tecido muscular escuro ou vermelho (abaixo da pele e relacionado à
sustentação; maior quantidade de gordura, mioglobina e glicogênio) e tecido muscular
branco ou claro;
A composição do tecido muscular é relativamente constante em diferentes espécies e
sua variação dependente de fatores como idade, sexo e alimentação;
Composição da carne:
Aminoácidos não essenciais = ácido aspártico e glutâmico;
Aminoácidos essenciais = lisina e leucina;
Maior teor lipídico no adulto, no sexo feminino e em castrados; a alimentação influi
diretamente na concentração de gordura do animal;
Aves – gordura mais insaturada que a de suínos; Suínos – gordura mais insaturada que
a de bovinos e ovinos;
A carne não apresenta quantidade significativa de carboidratos;
Boa fonte de tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina e cobalamina, porém pobre em
vitaminas D, E e K;
Transformação de músculo em carne
Sangria: cessa o oxigênio e o aporte de energia aos músculos. A energia passa a ser
produzida por via anaeróbica e tem inicio a glicólise anaeróbia. Ocorre redução da
acidez com acumulo de ácido láctico. A mudança na acidez provoca a desnaturação das
proteínas;
Rigor mortis: inicio da rigidez muscular. Interação entre os filamentos de actina e
miosina; encurtamento do músculo e aumento na tensão. A carne torna-se rígida até
que as catepsinas comecem a ser liberadas e degradam a estrutura proteica.
Fase pré-rigor: diminuição da retenção de moléculas de agua no musculo;
Após o rigor-mortis a capacidade de retenção de água aumenta devido a reorganização
da estrutura das miofibrilas, sem alteração do ph;
A carne ideal para congelar é aquela que permanece de 24 a 48h no refrigerador antes
de ir pro freezer, pois, caso contrario o musculo estará em rigor mortis e apresentará
baixa retenção de água;
Maturação: ocorre durante o armazenamento em temperatura de refrigeração e
promove redução na rigidez cadavérica após 3 ou 4 dias;
Carnes maturadas: amaciamento progressivo da carne durante longos períodos de
armazenamento em refrigeração. Tem como finalidade tornar a carne macia e
melhorar outros atributos sensoriais;
A carne embalada a vácuo é mais escura em virtude da ausência de oxigênio na
embalagem, que impede a ação da oximioglobina;
Encurtamento pelo frio (rigor de descongelamento): ocorre no descongelamento de
carnes congeladas em estado de pré rigor mortis; provoca rigidez muscular e baixa
capacidade de retenção de água;
A desnaturação propicia a rápida oxidação da oximioglobina, vermelho brilhante, em
metamioglobina, vermelho pardo;
Conservação das carnes
A refrigeração permite conservar o valor nutricional dos alimentos sem causar grandes
alterações;
Resfriar a carcaça logo após abate -1°C a 2°C até atingir 4°C internamente (18 – 24h);
A refrigeração rápida conserva o tecido muscular porque retarda o desenvolvimento
de microrganismos e diminuem as reações químicas e enzimáticas, porém pode causar
o encurtamento das fibras musculares.
Acondicionamento: refrigeração escalonada que previne o enrijecimento da carne.
Utiliza-se temperatura de 0°C até que a superfície da carcaça chegue a 10°C; depois se
eleva a temperatura para 10 a 15°C permitindo estabelecer o rigor mortis e, por final,
resfria entre 0 e 4°C.
A vida útil da carne refrigerada na presença de oxigênio pode ser de 1 a 2 semanas;
O congelamento (-18°C) conserva a qualidade da carne por longos períodos porque
reduz a atividade microbiana e as alterações bioquímicas;
Congelamento lento: forma-se cristais de gelo que provoca rupturas nas células e
diminuição na capacidade de retenção;
Congelamento rápido: grande número de pequenos cristais de gelo, bem distribuídos.
O tamanho dos cristais não causam rupturas nas células e favorece a reabsorção da
agua pelas proteínas.
O congelamento rápido provoca a palidez nos tecidos, o que não é desejável para
carnes vermelhas, mas sim para as aves.
A porcentagem lipídica da carne limita seu tempo de armazenamento;
O descongelamento das carnes deve ser lento, em temperaturas de refrigeração entre
0 e 5°C, porque promove a reabsorção da agua pelas proteínas musculares e menor
perda por exsudação;
OVOS
O ovo é o óvulo fecundado ou não;
É composto por protoplasma, vesículas germinativas e envoltórios;
É composto por água, proteína, lipídio, sais e carboidrato;
A casca é porosa, constituída por carbonato de cálcio e fibras proteicas. Por ser
porosa permite a circulação do ar e as fibras dificultam a entrada de microrganismos;
Os ovos não devem ser lavados antes do armazenamento;
- Clara:
A clara também chamada de albúmen é uma solução aquosa de proteínas. A coloração
amarelada ou esverdeada pode indicar maiores quantidade de vitamina B 2;
Proteínas da clara:
Ovotransferrina: une-se ao ferro; coagula em temperatura abaixo de 60º.
Ovoalbumina: constituída por lisina e triptofano; estável a ação do calor.
Ovomucóide: termorresistente; inibe a atividade de enzimas proteolíticas.
Ovomucina: responsável pela estabilidade da espuma; resistente ao calor.
Propriedade da clara:
Formação de espuma: quando se inicia o batimento, ocorre formação de bolhas
cercadas por albumina desnaturada que vai reduzir de tamanho à medida que se
continua o batimento. Com a redução do tamanho das bolhas, ocorre o aumento do
número de bolhas, e também o aumento do volume devido a maior incorporação de
ar. A estrutura da espuma proteica será caracterizada pelo aprisionamento de água e
ar na espuma!
Formação da espuma = diretamente relacionada a capacidade de distensão da clara
e retenção de ar; devido as proteínas globulina e lisozima;
A estabilidade da espuma é devido a proteína ovomucina;
Sal = aumenta a esponjação e diminui a estabilidade; requer maior tempo de
batimento.
Os cristais do sal competem por sítios de ligação entre as moléculas de proteínas,
dificultando a ligação proteína-proteína necessária para a formação da espuma;
Açúcar = aumenta a estabilidade, aumenta o tempo de batimento e diminui a
esponjação; espuma menos dura e mais elástica;
Em relação a estabilidade, as moléculas do açúcar interferem na ligação das proteínas
com a água. As moléculas do açúcar se ligam a água, presente nas bolhas, tornando o
liquido viscoso e dando estabilidade;
Gordura = impede a formação de espuma;
O óleo reduz a disponibilidade de proteínas da clara necessárias para revestir as
bolhas de ar. Assim se obtém pouca ou nenhuma espuma;
- Gema:
É composta por gordura, proteína e água;
A sua coloração advém da presença de carotenoides;
Proteínas da gema:
Lecitina: agente emulsificante; pertence ao grupo dos fosfolipídios e é um componente
importante das membranas celulares;
Classificação dos ovos:
Ovo fresco: não foi conservado por nenhum processo; se colocado a temperatura
inferior a 8°C já não é mais fresco; sua temperatura de fresco é de 8 a 15°C;
Ovo frigorificado: ovo com casca conservado a frio industrial;
Conserva de ovos: ovo sem casca ou de partes congeladas, salgadas;
Ovo integral: ovo sem casa e que conserva as quantidades de clara e gema;
Mistura de ovos: mistura da clara e gema, sem necessariamente ser nas mesmas
quantidades;
Ovo pasteurizado: submetido ao calor com o fim de destruir os microrganismos
patogênicos sem alteração sensível da constituição física;
Coagulação da clara = 57°C, e a partir de 70° se solidifica;
Gema = espessa-se a 65°C e deixa de ser fluida a partir de 70°C;
Armazenamento:
Ovo envelhecido: redução do peso, pela perda de moléculas de agua; a câmara de ar
aumenta e a clara se torna mais liquefeita;
Alterações: aumento da câmara de ar, redução do volume do ovo, pH ácido para o
alcalino;
Em temperatura de refrigeração (0 – 4°C) os ovos valem por até 10 meses;
No congelamento, utilizar claras e gemas separadas ou o ovo inteiro batido; para
congelar gemas deve romper sua membrana, acrescentar sal ou açúcar para evitar a
agregação de proteínas;
Pasteurização: 58°C por 2 min ou 64,4°C por 30s; diminui a estabilidade da clara
podendo até ocorrer escurecimento não enzimático, na gema não causa alterações;
Uso culinário:
Em confeitaria, os ovos são utilizados para evitar a cristalização do açúcar;
A gema e a clara quando submetidas ao calor tem o poder de formação de gel por
desnaturação de suas proteínas;
Os ovos cozidos são preparados por sua cocção com casca em água fervente; o tempo
vai depender da altitude.. em baixas altitudes, a temperatura de ebulição é inferior a
100°C e o tempo é maior;
O anel verde se forma depois de resfriar lentamente o ovo; decorre da interação do
Fe, presenta na gema, e do enxofre, presente na clara. Para evitar deve-se resfriar o
ovo imediatamente em água fria;
O ovo poché é colocado em água quente com temperatura abaixo da fervura; a
adição de sal ou algum ácido orgânico acelera a coagulação das proteínas, favorece a
aglutinação da clara e confere um aspecto mais uniforme e compacto ao produto;
No ovo mexido recomenda-se temperatura branda para que a preparação seja macia
e cremosa; temperaturas elevadas faz com que a coagulação das proteínas seja rápida,
não permitindo uma textura uniforme.
O suspiro é obtido pelo cozimento de claras batidas em neves misturadas com açúcar
e outros ingredientes; a temperatura do forno deve ser baixa e a porta deve
permanecer ligeiramente aberta;
LEITE
O leite é definido como o produto originado a partir da secreção das glândulas
mamárias das fêmeas dos mamíferos;
O leite é constituído de diversos constituintes sólidos em água; os principais são
lipídios, carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas;
Os termos sólidos totais (ST) ou extrato seco total (EST) englobam todos os
componentes do leite exceto a água;
Variação da composição do leite = depende de fatores genéticos, espécie, raça e
individualidade, fatores fisiológicos como gestação, fase e numero de lactações e idade
do animal, fatores ambientais como manejo e alimentação, clima e sistema de
ordenha;
Ph do leite = 6,5 – 6,7; < 6,5 = presença de microrganismos e colostro, > 6,7 =
infecções na mama do animal;
Proteínas:
Proteínas do leite = caseínas; estas podem se separar pela ação de ácidos e enzimas;
As caseínas constituem a maior fração proteica, são hidrofóbicas e resistentes ao
calor; se o pH diminui, sua estabilidade também diminui;
Quando reduz o pH a caseína se torna insolúvel, ao chegar no ponto isoelétrico, ela
perde sua estabilidade e precipita formando uma massa coagulada de proteína. Essa
coagulação é um processo desejável na fabricação de queijos, iogurtes e outros;
Proteínas do soro = lactoalbumina e lactoglobulina;
As proteínas do soro são globulares, hidrofóbicas e se tornam insolúveis quando
desnaturadas;
Lipídios:
O lipídio presente no leite está na forma de glóbulos de gordura;
Os ácidos saturados constituem 70% do conteúdo total de ácidos graxos (mirístico,
palmítico, esteárico e o monoinsaturado oleico);
A fração lipídica do leite bovino = triacilgliceróis, lipídios totais, fosfolipídios e
esteróis livres;
Carboidratos:
A lactose (glicose + galactose) é o carboidrato predominante no leite; a β-lactose é a
forma mais solúvel;
O cristal da α-lactose é responsável pela sensação de arenosidade nos produtos
lácteos gelados; influencia na desestabilização e precipitação da caseína;
A β-lactose apresenta efeito estabilizador sobre a caseína;
O ácido láctico é responsável pela diminuição do pH e pela coagulação da caseína;
Outros componentes:
O leite contem algumas enzimas; fosfatase e peroxidase são utilizadas para avaliar a
eficiência da pasteurização;
A catalase atua sobre o peroxido de hidrogênio formando agua e oxigênio; indicador
de sanidade; o leite de úberes doentes tem alto teor de catalase;
A lipase hidrolisa a gordura em glicerol e ácidos graxos livres; quando o leite se
estraga, a lipase produz ácidos livres no leite e em produtos lácteos = rancificação;
O leite é fonte de vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis;
O sabor do leite está relacionado à concentração de acido cítrico presente na forma
de citrato;
Sabor amargo = bactérias proteolíticas;
Sabor ácido = bactérias produtoras de ácido;
Sabor salgado = leite de animais em final de lactação ou portadores de mastite;
Tipos de leite:
Tipo A: controle total; produto pasteurizado no local da ordenha logo após o termino
da ordenha; armazenado e transportado a temperatura de 4 graus; distribuído para
consumo em até 12hrs após ordenha; ordenha mecânica;
Tipo B: pasteurização no local ou em usinas de beneficiamento; em usinas, o produto
é recebido em até 9hrs com temperatura <10 graus e pasteurizado dentro de 2hrs
após recepção; distribuição para consumo em ate 24hrs após pasteurização; ordenha
mecânica ou manual;
Tipo C: pasteurizado em usina; leite não refrigerado; recepção em até 12hrs;
pasteurizado dentre as 5hrs e distribuído ate 24hrs após a chegada na usina;
Vida útil = 3 a 6 dias se refrigerado; meses = esterilizados e desidratados;
Leite integral: lipídios entre 4 – 6%
Leite semidesnatado: lipídios entre 1,5 – 2,5%
Leite desnatado: lipídios entre 0 – 0,5%
Tratamentos térmicos:
Objetivo = destruição de microrganismos patogênicos não esporulados e a redução
da microbiota presente;
A pasteurização tem a finalidade de inativar enzimas e destruir células vegetativas de
microrganismos patogênicos; utiliza temperatura abaixo de 100 graus;
Pasteurização lenta a baixa temperatura: 62-65 graus/ 30 min;
Pasteurização rápida a altas temperaturas: 72 graus/ 30 a 40 segundos;
A esterilização tem a finalidade de destruir os microrganismos termorresistentes,
esporulados ou não; utiliza-se elevadas temperaturas ocasionando a incapacidade de
reprodução desses microrganismos;
Esterilização convencional: 115 – 120 graus/15 a 20 min;
Esterilização UHT: 140 graus/2 a 4 segundos; provoca alterações no teor vitamínico
com perda de vitaminas e causa alterações nas características sensoriais do leite;
Fervura = objetiva aumentar a vida útil do leite; elimina quase a totalidade dos
microrganismos presentes;