Apostila Específica PEBII
Apostila Específica PEBII
SEME-ES
Professor de Educação Básica II - PEB II
ST032-N9
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OBRA
AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Políticas e Organização da Educação Básica; Legislação; Didática e Currículo - Profª Ana Maria B. Quiqueto
Tecnologias Educacionais - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Conhecimentos Específicos - Profª Ana Maria B. Quiqueto
Conhecimentos Específicos - Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Conhecimentos Específicos - Matemática - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Conhecimentos Específicos - Geografia - Profª Leticia Veloso
Conhecimentos Específicos - História - Profª Silvana Guimarães
Conhecimentos Específicos - Ciências - Profª Janaina Lopes de Olviera
PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho
DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela
CAPA
Joel Ferreira dos Santos
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de textos.................................................................................................................................................................................. 01
Ortografia............................................................................................................................................................................................................ 12
Vocabulário: sinônimos, antônimos, homônimos e parônimos. Denotação e conotação..................................................... 20
Classes de palavras.......................................................................................................................................................................................... 24
Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e vozes verbais................................................................................................ 24
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................... 63
Regência nominal e verbal............................................................................................................................................................................ 70
Estrutura do período simples e do período composto.......................................................................................................................... 76
Funções sintáticas............................................................................................................................................................................................. 76
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
RACIOCÍNIO LÓGICO
Noções de Cálculo Proposicional: proposições simples e compostas, tabelas verdade, conectivos, leis de negação,
implicação lógica, equivalência lógica, quantificadores................................................................................................................... 01
Argumentação Lógica; Sequências Lógicas e leis de formação (verbais, numéricas, geométricas)...................................... 27
Noções de probabilidades: (definições, propriedades, problemas).............................................................................................. 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e de Jovens e Adultos de Vitória: currículo como campo de
produção de conhecimentos; sujeitos da aprendizagem; aula como evento dialógico; direitos de aprendizagem,
metodologias e práticas avaliativas........................................................................................................................................................ 01
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de textos............................................................................................................................................................................................... 01
Ortografia......................................................................................................................................................................................................................... 12
Vocabulário: sinônimos, antônimos, homônimos e parônimos. Denotação e conotação............................................................... 20
Classes de palavras........................................................................................................................................................................................................ 24
Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e vozes verbais........................................................................................................ 24
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................................ 63
Regência nominal e verbal......................................................................................................................................................................................... 70
Estrutura do período simples e do período composto................................................................................................................................... 76
Funções sintáticas.......................................................................................................................................................................................................... 76
É sugerido pelo autor que...
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
O narrador afirma...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz Erros de interpretação
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi-
ficar e decodificar). - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto, acrescentando ideias que não estão no
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com pela imaginação.
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada insuficiente para o entendimento do tema desen-
de seu contexto original e analisada separadamente, po- volvido.
derá ter um significado diferente daquele inicial. - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- equivocadas e, consequentemente, errar a ques-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de tão.
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- deração é o que o autor diz e nada mais.
damentações), as argumentações (ou explicações), que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na Coesão e Coerência
prova.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
gumentação, de um processo, de uma época (nes- um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
quais definem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
- Comparar as relações de semelhança ou de diferen- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
ças entre as situações do texto. eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
uma realidade. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
vras. tecedente.
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Condições básicas para interpretar terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- cia, a saber:
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação te, mas depende das condições da frase.
e de síntese; capacidade de raciocínio. qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
Interpretar/Compreender cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
Interpretar significa: como (modo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. onde (lugar)
LÍNGUA PORTUGUESA
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Dicas para melhorar a interpretação de textos
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do EXERCÍCIOS COMENTADOS
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
formação você absorver com a leitura, mais chan- AOCP-2015)
ces terá de resolver as questões.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- O verão em que aprendi a boiar
pa a leitura. Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
- Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
forem necessárias. éramos
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
conclusão). IVAN MARTINS
- Volte ao texto quantas vezes precisar. Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
do autor. gosto especial.
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
compreensão. mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
cada questão. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
- Observe as relações interparágrafos. Um parágra- as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
fo geralmente mantém com outro uma relação de
insuspeitada.
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
que muito bem essas relações.
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
a ideia mais importante.
teiramente.
- Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora
coberta temporã.
da resposta – o que vale não somente para Inter- Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
pretação de Texto, mas para todas as demais ques- num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
tões! flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
- Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- segui boiar.
clusão. Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
- Olhe com especial atenção os pronomes relativos, anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
tem a outros vocábulos do texto. esqueceram de como tudo isso é bom.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
SITES ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- isso, curiosamente, não é fácil.
-provas> Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. bre a vida em geral.
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
html> ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
Também somos profundamente modificados por ele. A
cada momento da vida, quando achamos que tudo já
aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
LÍNGUA PORTUGUESA
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Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen- mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia menos medo = correta.
do outro e de si mesmo, no mundo. Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci- cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
sam ser aprendidas. = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- objetivo nos relacionamentos.
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada rosas = incorreta – ser mais emoção.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e não pensando em algo ruim.
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
ma relaxada e consciente um grande amor. 2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra- ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval.
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações Suas consequências sobre a economia das famílias e das
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela-
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. cionam-se em suas operações de compra, venda e troca
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô-
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar. mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se de consumo, corresponde à realização de ao menos uma
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos- operação de natureza monetária junto a um intermediá-
síveis. rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me- um depósito, paga um cheque, desconta um título ou
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida-
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com de do sistema que intermedeia as operações monetárias,
mais prazer, com mais intensidade e menos medo. portanto, é fundamental para a própria segurança e esta-
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se bilidade das relações entre os agentes econômicos.
pode tentar boiar. A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar- contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro
e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio,
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar credibilidade no sistema financeiro. A experiência brasileira
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- com o Plano Real é singular entre os países que adotaram
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos políticas de estabilização monetária, uma vez que a rever-
medo. são das taxas inflacionárias não resultou na fuga de capitais
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- líquidos do sistema financeiro para os ativos reais.
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam
LÍNGUA PORTUGUESA
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Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibili- dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
dade de se preverem as consequências de ambos os fe- der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
nômenos. 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
( ) CERTO ( ) ERRADO [...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que do-dinheiro/
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- Acessado em 20/03/2018
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse-
quências de ambos os fenômenos. De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com- rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco-
nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis. a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
b) proteger os bens dos clientes de bancos.
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
Lastro e o Sistema Bancário e) preservar as economias das pessoas.
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
dinheiro tomei. vidados = desde que não paguem a dívida
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
4
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
2018. neles empregados.
Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-
lidade, apresentam figuras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
seguinte informação: mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
metidos no Rio; cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- instituições bancárias.
-feita; Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com 1694/1984.
o interlocutor;
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char- Depreende-se do texto que duas características das
ge; moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre- de formas em sua superfície e a associação de seu valor
sença do Exército. monetário a atributos como beleza.
6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – a) Presa por mensagem racista na internet;
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
As primeiras moedas, peças representando valores, ge- d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar
eram transportadas para as peças por meio da panca-
5
Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra- Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor-
cista na internet = como a repressão política, familiar reto
ou de gênero Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- = incorreto
nero Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
nico = não consta na Manchete acima conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê- sos.
nero
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra- PE-2018)
balho
Texto CG1A1AAA
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos po-
Oportunismo à Direita e à Esquerda líticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, inde-
pendentemente de idade, sexo, estrato social, crença reli-
Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos giosa etc. é chamado à criação de um mundo pacificado,
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime Mas, o que significa “cultura da paz”?
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, e os adultos da compreensão de princípios como liber-
conforme estabelecido na legislação. dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
se beneficiar do barateamento do combustível. paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior.
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei- Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não em sentido negativo, quando se traduz em um estado de
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para não guerra, em ausência de conflito, em passividade e
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po- permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, con-
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
denada a um vazio, a uma não existência palpável, difícil
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção po-
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
sitiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
não violência para resolver conflitos, a prática do diálogo
Forças Armadas etc.
na relação entre pessoas, a postura democrática frente à
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação planejada
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
e o movimento constante da instalação de justiça.
do, do qual depende a sobrevivência física da população.
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
autoridades desenvolvam planos de contingência. samento e a ação das pessoas para que se promova a
O Globo, 31/05/2018. paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa de
ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser esque-
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- cida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e temos
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a ideo-
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados logia que o alimenta, precisa impregná-lo de palavras e
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- conceitos que anunciem os valores humanos que decan-
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” tam a paz, que lhe proclamam e promovem. A violência
é já é bastante denunciada, e quanto mais falamos dela,
mais lembramos de sua existência em nosso meio social.
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. É hora de começarmos a convocar a presença da paz em
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. nós, entre nós, entre nações, entre povos.
c) lastrear leis e regras na Constituição. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
LÍNGUA PORTUGUESA
d) punirem-se os responsáveis por excessos. tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
expressão do pensamento. = incorreto estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos parla-
incorreto mentos e centros de comunicação e associações.
6
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento susten-
tado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as instituições democráticas, promovendo a liberdade de expres-
são, preservando a diversidade cultural e o ambiente.
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento — direitos humanos — democracia” que podemos vislumbrar a
educação para a paz.
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. Educ.
(Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebidos
como
(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)
Considerando a relação entre a fala do personagem e a imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular a
onda é a necessidade de
7
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VUNESP-2015) Leia a tira.
(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de completo confi-
namento.
b) os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com a
aparência.
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro por eles
nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se encontram.
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma
situação de completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de
criminosos. = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com
a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro
por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o aumento no preço dos cosméticos não os afeta.
8
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
c) o risco de contatos perigosos;
d) o abandono dos estudos regulares;
e) a falta de contato entre membros da família.
14. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser- 16. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI-
ve a charge abaixo. NISTRATIVA – IBFC-2017)
Texto II
LÍNGUA PORTUGUESA
a) complementar.
9
b) semelhante. Linguagem Verbal e Não Verbal
c) conflitante.
d) antitética. O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
e) idealizada. expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
Resposta: Letra D. As imagens mostram um con- critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos
traste entre o desenvolvimento do computador e do comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino, Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra “an- a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
titética” significa “oposta, oposição”. utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
17. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando
ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017) se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver-
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea- ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na
lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem
Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara- não verbal!
mente vistas através da representação de uma família de A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
retirantes, Cândido Portinari mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários.
a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos Alguns exemplos:
personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica. Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
b) permite visualizar a degradação da figura humana e Placas de trânsito.
o retrato da figura da morte afugentada pelos perso- Imagem indicativa de “silêncio”.
nagens. Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados SITE
à desigualdade social. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons- cao/linguagem.htm>
truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
tos da realidade observável.
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática,
assim como a descrição dos personagens e do am- A todo o momento nos deparamos com vários textos,
biente, de forma sutil e dinâmica. sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
personagens. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co- em um texto escrito.
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela- É de fundamental importância sabermos classificar
cionados à desigualdade social. os textos com os quais travamos convivência no nosso
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe textuais e gêneros textuais.
aos fatos da realidade observável. Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
LÍNGUA PORTUGUESA
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi- fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
cos de uma família vítima da seca. opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre
alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
e Dissertação.
10
As tipologias textuais se caracterizam pelos editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação
aspectos de ordem linguística científica são comuns gêneros como verbete de dicionário
ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário,
Os tipos textuais designam uma sequência definida conferência.
pela natureza linguística de sua composição. São
observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
expositivo. São Paulo: Saraiva, 2010.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de Português – Literatura, Produção de Textos &
ação demarcados no tempo do universo narrado, Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
como também de advérbios, como é o caso de Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita SITE
conversa, resolveram... http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, textual.htm
descrevem características tanto físicas quanto
psicológicas acerca de um determinado indivíduo
ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os EXERCÍCIOS COMENTADOS
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
um assunto ou uma determinada situação que JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das 2015)
razões de ela acontecer, como em: O cadastramento
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, Ouro em Fios
não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
benefício. A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. O
uma modalidade na qual as ações são prescritas ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
de forma sequencial, utilizando-se de verbos Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
expressos no imperativo, infinitivo ou futuro do energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
presente: Misture todos os ingrediente e bata no - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
liquidificador até criar uma massa homogênea. iluminação natural.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
Demarcam-se pelo predomínio de operadores - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
argumentativos, revelados por uma carga biente.
ideológica constituída de argumentos e contra- - Utilize o computador no modo espera.
argumentos que justificam a posição assumida Fique ligado! Evite desperdícios.
acerca de um determinado assunto: A mulher do Energia elétrica.
mundo contemporâneo luta cada vez mais para A natureza cobra o preço do desperdício.
conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
significa que os gêneros estão em complementação,
não em disputa. Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
positiva e injuntiva.
GÊNEROS TEXTUAIS
( ) CERTO ( ) ERRADO
São os textos materializados que encontramos em
nosso cotidiano; tais textos apresentam características Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: apresenta tal característica.
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, Leia o texto a seguir e responda à questão..
blog, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA
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É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi- Regras ortográficas
da, utilizarem os elevadores para descerem.
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro- A) O fonema S
blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam
então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa- São escritas com S e não C/Ç
mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo • Palavras substantivadas derivadas de verbos com
o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
infelizmente já não me lembrava. - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de submergir - submersão / divertir - diversão / im-
maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
que se preza. - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en- sentir - sensível / consentir – consensual.
tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti-
jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com
São escritos com SS e não C e Ç
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
simples e correta de formular a proibição:
É proibido subir para depois descer. dos por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir
É proibido subir no elevador com intenção de descer. - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan- exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
do ele estiver subindo. - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. compromisso / submeter – submissão.
Mais simples ainda:
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo. • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente
nada: Se quiser descer, não suba. • No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Exemplos: ficasse, falasse.
Record,
1995, p. 137-140. (Com adaptações.) São escritos com C ou Ç e não S e SS
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – Juçara, caçula, cachaça, cacique.
2008) O gênero textual apresentado permite o emprego • Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
“Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um caniço, esperança, carapuça, dentuço.
tijolo de burrice”. • Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
( ) CERTO ( ) ERRADO
• Após ditongos: foice, coice, traição.
• Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
Resposta: Certo. O gênero é a crônica, conta fatos
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
do dia a dia de maneira descontraída, o que permite a
sorto – absorção.
utilização de uma linguagem mais próxima do leitor;
a informalidade.
B) O fonema z
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• Verbos derivados de nomes cujo radical termina • Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve-
– pesquisar. mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer
e -uir: trai, dói, possui, contribui.
São escritos com Z e não S
• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- Há palavras que mudam de sentido quando substituí-
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me-
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
origem não termine com s): final - finalizar / con- (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
creto – concretizar. anda a pé), pião (brinquedo).
• Consoante de ligação se o radical não terminar com Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
Exceção: lápis + inho – lapisinho. o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
C) O fonema j de referência até mesmo para a criação de dicionários,
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi-
São escritas com G e não J cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br.
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso. Informações importantes
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
gim. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
bege, foge. dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
Exceção: pajem. farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, Os símbolos das unidades de medida são escritos
litígio, relógio, refúgio. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
mugir. 20km, 120km/h.
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
surgir.
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- Na indicação de horas, minutos e segundos, não
minado com j: ágil, agente. deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
São escritas com J e não G nutos e trinta e quatro segundos).
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. O símbolo do real antecede o número sem espaço:
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
manjerona. ra vertical ($).
• Palavras terminadas com aje: ultraje.
D) O fonema ch Alguns Usos Ortográficos Especiais
São escritas com X e não CH POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
xucro. POR QUE (separado e sem acento)
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, la-
gartixa. É usado em:
• Depois de ditongo: frouxo, feixe. 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. gação) = Por que você não veio ontem?
Exceção: quando a palavra de origem não derive de 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
que faltara à aula ontem.
São escritas com CH e não X 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
LÍNGUA PORTUGUESA
13
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por Hífen
quê?
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) para ligar os elementos de palavras compostas (como
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
Usos: nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri- uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto compa-/nheiro).
final) = Compre agora, porque há poucas peças.
2. como conjunção subordinativa causal, substituível A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- Ortográfica:
que se antecipou. 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) que se unem para formam um novo significado:
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
Usos: -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
Geralmente é precedido por artigo = Não sei o zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
porquê da discussão. É uma pessoa cheia de por- abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
quês. 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
ONDE / AONDE ro, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
Onde = empregado com verbos que não expressam gumas exceções continuam por já estarem con-
a ideia de movimento = Onde você está? sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos queima-roupa, deus-dará.
que expressam movimento = Aonde você vai? 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
MAU / MAL combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um per- quando associados com outro termo que é
mau elemento. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
-racional, etc.
Mal = pode ser usado como 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
mal na prova? etc.
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal não abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
compensa. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa semi-hospitalar, super-homem.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform. mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
– São Paulo: Saraiva, 2010. to-observação, etc.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
LÍNGUA PORTUGUESA
SITE
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-
las/portugues/ortografia>
14
#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Ao separar palavras na translineação
(mudança de linha), caso a última palavra a 1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
ser escrita seja formada por hífen, repita-o Assinale a alternativa em que as palavras estão grafa-
na próxima linha. Exemplo: escreverei das corretamente.
anti-inflamatório e, ao final, coube apenas
“anti-”. Na próxima linha escreverei: a) Extrovertido – extroverção.
“-inflamatório” (hífen em ambas as linhas). b) Disponível – disponibilisar.
Devido à diagramação, pode ser que a c) Determinado – determinassão.
repetição do hífen na translineação não d) Existir – existência.
ocorra em meus conteúdos, mas saiba que e) Característica – caracterizasão.
a regra é esta!
Resposta: Letra D. Em “a”: Extrovertido / extroverção
= extroversão
B) Não se emprega o hífen: Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em Em “d”: Existir / existência = corretas
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre- I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está gra-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se fado de acordo com as exigências da norma-padrão
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu- da língua portuguesa em:
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe-
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” seus superiores.
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. b) O time não jogou mau no último campeonato, apesar
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando de enfrentar alguns problemas com jogadores des-
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, controlados.
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi- c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul-
ção, coexistir, etc. dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no- temas expostos.
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
paraquedista, etc. mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben- na véspera.
feito, benquerer, benquerido, etc. e) Os participantes compreendiam mau o que estava
sendo discutido, por isso não conseguiam formular
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- perguntas.
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina- Resposta: Letra A.
do, pressuposto, propor. Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio- (antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a
-humano, super-realista, alto-mar. frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, = Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente –
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, embora errada em termos de saúde! Então, a maneira
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, correta é “Cigarro faz mal à saúde”.
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. Vamos aos itens:
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam-
LÍNGUA PORTUGUESA
15
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – 5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográfi- INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
cas da língua portuguesa as palavras Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a
2.ª considerando o emprego do por que / porque.
a) admissão, paralisação, impasse (1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
b) bambusal, autorização, inspiração mulheres [...].”
c) consessão, extresse, enxaqueca (2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
d) banalisação, reexame, desenlace são mulheres.”
e) desorganisação, abstração, cassação ( ) Faltei _____________ você estava doente.
( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
Resposta: Letra A. Em “a”: admissão / paralisação / ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
impasse = corretas ( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / inspi- outro pensamento.
ração
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse / A sequência está correta em:
enxaqueca
Em “d”: banalisação = banalização / reexame / desen- a) 1, 1, 1, 2
lace b) 1, 2, 1, 2
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração c) 2, 1, 1, 2
/ cassação d) 2, 2, 2, 1
pre lutara pela subsistência = correta = correto, pois se invertermos haverá mudança de
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
enfrentou a pena última = correta roupa).
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
que”, já que se trata de uma pergunta indireta.
16
ACENTUAÇÃO B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:
Quanto à acentuação, observamos que algumas i, is: táxi – lápis – júri
palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
outra. Por isso, vamos às regras! fórceps
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Regras básicas ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
A acentuação tônica está relacionada à intensidade
com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se #FicaDica
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
com menos intensidade, são denominadas de átonas.
esta palavra apresenta as terminações das
De acordo com a tonicidade, as palavras são
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
classificadas como:
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
ficará mais fácil a memorização!
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
papel
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Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, #FicaDica
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
Os demais casos de acento diferencial não são mais verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- que não recebem mais acento como antes:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- CRER, DAR, LER e VER.
ticais são definidos pelo contexto.
Polícia para o trânsito para que se realize a operação Repare:
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con- O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
junção (com relação de finalidade). Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
garotos deem o recado!
#FicaDica Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Quando, na frase, der para substituir o Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
“por” por “colocar”, estaremos trabalhando à tarde!
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
mais casos, “por” é preposição: Faço isso
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
aqui?
Antes Depois
18
Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = pro- d) máquina; improcedência; probatório.
paroxítona / século = proparoxítona e) condenatório; funcionário; frágil.
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em Resposta: Letra C. Vamos a elas:
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a” Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo / / condenatório = paroxítona terminada em ditongo /
exercício = paroxítona terminada em ditongo / publi- crédito = proparoxítona.
cação = o til indica nasalização (som fechado) Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia = paro-
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / bancá- xítona terminada em ditongo / ilícita = proparoxítona.
rio = paroxítona terminada em ditongo / poética = Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em ditongo
proparoxítona / funcionário = paroxítona terminada em ditongo / im-
procedência = paroxítona terminada em ditongo
2. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência =
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O paroxítona terminada em ditongo / probatório = paro-
emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”, xítona terminada em ditongo
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em di-
regra de acentuação. tongo / funcionário = = paroxítona terminada em di-
tongo / Frágil = paroxítona terminada em “l”
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CES-
Resposta: Errado. O emprego do acento gráfico nas PE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria”
palavras “metálica”, “acúmulo” e “imóveis” justifica-se são acentuadas de acordo com a mesma regra de
com base na mesma regra de acentuação. acentuação gráfica.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
imóveis = paroxítona terminada em ditongo ( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Resposta: Errado. “Conteúdo” = regra do hiato / ca-
GRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada lúnia = paroxítona terminada em ditongo / injúria =
graficamente para estar correta quanto às normas em paroxítona terminada em ditongo.
vigor está destacada na seguinte frase:
6. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um per- as frases que seguem, a única correta é:
sonagem inesquecível.
b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho a) Ele se esqueceu de que?
da realidade. b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais -lo entre os presentes.
com temas políticos. c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críti-
d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele sua cas.
fala várias vezes. d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens funcionários.
fazendo pesquisa. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
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C) Homógrafas e homófonas simultaneamente
VOCABULÁRIO: SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS, (ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na
HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS. DENOTAÇÃO pronúncia:
E CONOTAÇÃO caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
e das suas mudanças de significação através do tempo rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
ou em determinada época. A maior importância está em recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para
ocorrer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (subs-
Sinônimos tantivo e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
comprimento (medida) e cumprimento (saudação), autuar
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - (violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar (trans-
abolir. pirar) e soar (emitir som), aprender (conhecer) e apreen-
Duas palavras são totalmente sinônimas quando der (assimilar; apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato (procu-
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas ração) e mandado (ordem), emergir (subir à superfície) e
imergir (mergulhar, afundar).
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas,
uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e
Hiperonímia e Hiponímia
esperar).
Observação:
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
A contribuição greco-latina é responsável pela
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
hiperônimo, mais abrangente.
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
transformação e metamorfose; oposição e antítese. O hiperônimo impõe as suas propriedades ao
hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência
Antônimos semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de
São palavras que se opõem através de seu significado: significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; Veículos é um hiperônimo de carros.
mal - bem. Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A
Observação: utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto,
A antonímia pode se originar de um prefixo de evita a repetição desnecessária de termos.
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e Parônimos: São palavras parecidas na escrita e
discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista na pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e
e anticomunista; simétrico e assimétrico. iminente, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar
e degredar, cético e séptico, prescrever e proscrever,
Homônimos e Parônimos descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber)
Homônimos = palavras que possuem a mesma gra- e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,
fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
Podem ser divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto,
corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa)
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
diferentes na pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
e denuncia (verbo); providência (subst.) e providencia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA
(verbo).
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
diferentes na escrita: – São Paulo: Saraiva, 2010.
acender (atear) e ascender (subir); concertar AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
(harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
(palácio) e passo (andar). Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
20
SITE Neste caso podem existir duas interpretações
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/ diferentes:
portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e- As pessoas têm alimentação equilibrada porque
paronimos> são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
equilibrada.
POLISSEMIA De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de importante saber qual o contexto em que a frase é
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, proferida.
mas que abarca um grande número de significados Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
dentro de seu próprio campo semântico. do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo comicidade. Repare na figura abaixo:
percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.
21
reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
significado que aparece nos dicionários, sendo o
significado mais literal da palavra. EXERCÍCIOS COMENTADOS
A denotação tem como finalidade informar o receptor
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um 1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017)
caráter prático. É utilizada em textos informativos, como
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de Texto CG1A1BBB
medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra
“pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição
um pedaço de madeira. Outros exemplos: da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana
O elefante é um mamífero. do povo, que o exerce por meio de representantes elei-
As estrelas deixam o céu mais bonito! tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes
B) Conotação emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos
interpretações, dependendo do contexto em que esteja agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer-
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em
significação mediante a circunstância em que a mesma nome do qual é pronunciada.
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), (com adaptações).
reprovação (tomei pau no concurso).
A conotação tem como finalidade provocar No texto CG1A1BBB, o vocábulo ‘emana’ foi empregado
sentimentos no receptor da mensagem, através da com o sentido de
expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura, a) trata.
mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras b) provém.
de música, em anúncios publicitários, entre outros. c) manifesta.
Exemplos: d) pertence.
Você é o meu sol! e) cabe.
Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra! Resposta: Letra B. Dentro do contexto: (...) afirma-se
que o poder dos juízes emana do povo e em seu nome
é exercido = “emana” tem o sentido de “provém”.
#FicaDica
2. (INSS - TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo Texto I
é utilizado com o sentido que consta no di-
cionário. Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor-
São Paulo: Saraiva, 2010. re.
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
SITE em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e- Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
denotacao/ de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
LÍNGUA PORTUGUESA
22
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de
desenhou o endereço na nota. aposentadoria particular, para complementar a pensão
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre
sua estante. os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse de metade do salário da ativa.
prazo. As vantagens da modernização do sistema todos os apo-
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três sentados britânicos percebem. Quem não tem onde mo-
semanas. rar ganha casa do governo. Quando as pernas fraquejam,
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. a condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
Rio de Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações) lugar. E, se já não der mais para sair de casa, um assisten-
te social entrega comida na porta.
A expressão “armar ali a minha tenda” foi Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>.
empregada no texto em sentido figurado. Acesso em 22 fev. 2003. (Com adaptações.)
23
Resposta: Certo. Texto: (...) Da parte de um juiz tão Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
competente em matérias literárias este ato é honroso freio (paixão desenfreada). Observe outros exemplos:
para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e fica-
de águia aquilino
mos certos de que ela fará a fortuna de qualquer tea-
tro. O termo “fortuna” pode ter o sentido de riqueza de aluno discente
material e, também, o de literária, ambos denotarão de anjo angelical
sucesso ao Sr. Oliveira.
de ano anual
6. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) de aranha aracnídeo
A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela de boi bovino
origem de uma série de mazelas, algumas das quais de cabelo capilar
proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do
de cabra caprino
trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde de campo campestre ou rural
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga de chuva pluvial
crianças e adolescentes a participarem do processo de
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem de criança pueril
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de de dedo digital
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil de estômago estomacal ou gástrico
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, de falcão falconídeo
ele continua sendo grave problema nos países mais
de farinha farináceo
pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com de fera ferino
adaptações). de ferro férreo
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida de fogo ígneo
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a de garganta gutural
“pobreza”.
de gelo glacial
( ) CERTO ( ) ERRADO de guerra bélico
de homem viril ou humano
Resposta: Errado. (...) É o caso do trabalho infantil.
A chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho de ilha insular
infantil”. de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
CLASSES DE PALAVRAS.
de lebre l eporino
VERBOS: CONJUGAÇÃO, EMPREGO DOS
TEMPOS, MODOS E VOZES VERBAIS de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
Classes de Palavras e Suas Flexões de mestre magistral
de ouro áureo
Adjetivo
de paixão passional
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- de pâncreas pancreático
rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
dando com este em gênero e número. de porco suíno ou porcino
As praias brasileiras estão poluídas. dos quadris ciático
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
de rio fluvial
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de sonho onírico
LÍNGUA PORTUGUESA
24
Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
25
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. A) Comparativo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
B) Uniformes – têm uma só forma tanto para o mas- atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
culino como para o feminino: homem feliz e mulher rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
feliz. de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
no feminino: conflito político-social e desavença po- No comparativo de igualdade, o segundo termo da
lítico-social. comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
ou quão.
Número dos Adjetivos Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade
Plural dos adjetivos simples
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In-
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo ferioridade
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
ruins, boa e boas. superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça eles: bom/melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- rior, grande/maior, baixo/inferior.
lavra que estiver qualificando um elemento for, original-
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Observe que:
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti- As formas menor e pior são comparativos de su-
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio- perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami- mau, respectivamente.
Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
sas cinza, ternos cinza.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compara-
Motos vinho (mas: motos verdes)
ções feitas entre duas qualidades de um mesmo ele-
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
mento, deve-se usar as formas analíticas mais bom,
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
mais mau,mais grande e mais pequeno. Por exemplo:
Pedro é maior do que Paulo – Comparação de dois
Adjetivo Composto
elementos.
Pedro é mais grande que pequeno – comparação de
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- duas qualidades de um mesmo elemento.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
nas o último elemento concorda com o substantivo a que ferioridade
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com-
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo B) Superlativo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” O superlativo expressa qualidades num grau muito
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso tivo e apresenta as seguintes modalidades:
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
composto inteiro ficará invariável. Veja: seres. Apresenta-se nas formas:
Camisas rosa-claro. Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Ternos rosa-claro. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Olhos verde-claros. Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Observação:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
benéfico – beneficentíssimo
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in-
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vesti- bom – boníssimo ou ótimo
dos cor-de-rosa. comum – comuníssimo
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
LÍNGUA PORTUGUESA
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B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade Flexão do Advérbio
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
seres. Essa relação pode ser: Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
todas. porém, admitem a variação em grau. Observe:
De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de A) Grau Comparativo
todas. Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio modo que o comparativo do adjetivo:
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
antepostos ao adjetivo. Renato fala tão alto quanto João.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob de inferioridade: menos + advérbio + que (do
duas formas: uma erudita – de origem latina – e outra que): Renato fala menos alto do que João.
popular – de origem vernácula. A forma erudita é cons- de superioridade:
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; fala mais alto do que João.
a popular é constituída do radical do adjetivo português A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. fala melhor que João.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- B) Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio – feíssimo, cheio O superlativo pode ser analítico ou sintético:
– cheíssimo. B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re-
nato fala muito alto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- de modo
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
– São Paulo: Saraiva, 2010. tíssimo.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Observação:
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. comuns na língua popular.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
SITE A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf32.php> Classificação dos Advérbios
Advérbio De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
bio pode ser de:
Compare estes exemplos: A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
O ônibus chegou. lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
O ônibus chegou ontem. perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e esquerda, ao lado, em volta.
do próprio advérbio. B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
(bem) sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constante-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- mente, entrementes, imediatamente, primeiramente,
jetivo (claros) provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à
noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- quando em quando, a qualquer momento, de tem-
centar ideia de: pos em tempos, em breve, hoje em dia.
Tempo: Ela chegou tarde. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Lugar: Ele mora aqui.
LÍNGUA PORTUGUESA
27
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, Advérbios Interrogativos
efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
bitavelmente. São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
Interrogação Direta Interrogação Indireta
quem sabe.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex- Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, Onde mora? Indaguei onde morava.
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Por que choras? Não sei por que choras.
extremamente, intensamente, grandemente, bem Aonde vai? Perguntei aonde ia.
(quando aplicado a propriedades graduáveis).
Donde vens? Pergunto donde vens.
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Quando voltas? Pergunto quando voltas.
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- Locução Adverbial
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
durante a adolescência. Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
aos meus amigos por comparecerem à festa. nariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
Saiba que: para dentro, por aqui, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos em geral, frente a frente, etc.
tarde possível. D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, hoje em dia, nunca mais, etc.
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente. A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
o adjetivo e outro advérbio:
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- De repente correram para a rua. (verbo)
cer como advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
bio: Cheguei primeiro.
#FicaDica
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
Como saber se a palavra bastante é advérbio
adverbial desempenham na oração a função de adjunto
(não varia, não se flexiona) ou pronome
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
bio. Exemplo:
estamos diante de um advérbio; se der para
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
substituir por “muitos” (ou muitas), é um
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pronome. Veja:
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
dade e de tempo, respectivamente.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA
28
SITE Há casos em que o artigo definido não pode ser
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- usado:
coes/morf/morf75.php>
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
Artigo conhecidas: O professor visitará Roma.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
-se como o termo variável que serve para individualizar sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê- bela Roma.
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações sairá agora?
“uma”[s] e “uns]). Exceção: O senhor vai à festa?
A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
res determinados, expressos de forma individual: O Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
muito. didato cuja nota foi a mais alta.
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
da! Umas candidatas foram aprovadas! CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
teúdo. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de – São Paulo: Saraiva, 2010.
Janeiro, Veneza, A Bahia...
SITE
Quando indicado no singular, o artigo definido pode Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. tica/artigo.htm>
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
ter é uns vinte anos. Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
O artigo também é usado para substantivar palavras no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- conjunção depende da existência do outro. Veja:
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
29
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse- As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
quentemente, orações coordenadas) coordenativa – tegrantes e adverbiais:
“mas”. Já em: Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero que eu seja aprovada no concurso! elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- que, se.
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta Quero que você volte. (Quero sua volta)
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
principal). Adverbiais – Indicam que a oração subordinada exer-
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
Conjunções Coordenativas com a circunstância que expressam, classificam-se em:
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
São aquelas que ligam orações de sentido completo ocorrência da oração principal. São elas: porque,
e independente ou termos da oração que têm a mesma que, como (= porque, no início da frase), pois que,
função gramatical. Subdividem-se em: visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando que, etc.
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não), não só... mas também, não só... como também,
bem como, não só... mas ainda. B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
A sua pesquisa é clara e objetiva. sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
Não só dança, mas também canta. impedir sua realização. São elas: embora, ainda
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
expressando ideia de contraste ou compensação.
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
no entanto, não obstante.
a hipótese ou a condição para ocorrência da prin-
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a
não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal- #FicaDica
vez... talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Você deve ter percebido que a conjunção
condicional “se” também é conjunção inte-
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração grante. A diferença é clara ao ler as orações
que expressa ideia de conclusão ou consequência. que são introduzidas por ela. Acima, ela nos
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por dá a ideia da condição para que recebamos
conseguinte, por isso, assim. um telefonema (se for preciso ajuda). Já na
Marta estava bem preparada para o teste, portanto oração: Não sei se farei o concurso.
não ficou nervosa. Não há ideia de condição alguma, há? Ou-
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. tra coisa: o verbo da oração principal (sei)
pede complemento (objeto direto, já que
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São a oração em destaque exerce a função de
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. objeto direto da oração principal, sendo
Não demore, que o filme já vai começar. classificada como oração subordinada subs-
Falei muito, pois não gosto do silêncio! tantiva objetiva direta.
Conjunções Subordinativas
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- prime a conformidade de um fato com outro. São
las dependente da outra. A oração dependente, intro- elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome soante, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha O passeio ocorreu como havíamos planejado.
começado quando ela chegou.
O baile já tinha começado: oração principal E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo- nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
ral) principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
ela chegou: oração subordinada que (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
30
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- Interjeição
pressa um fato relacionado proporcionalmente
à ocorrência do expresso na principal. São elas: Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
à medida que, à proporção que, ao passo que e ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
as combinações quanto mais... (mais), quanto me- guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
nos... (menos), etc. sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- decorrente de uma situação particular, um momento ou
casseiam. um contexto específico. Exemplos:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
Observação: ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
São incorretas as locuções proporcionais à medida Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
em que, na medida que e na medida em que. hum: expressão de um pensamento súbito = inter-
jeição
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na O significado das interjeições está vinculado à ma-
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- em que for utilizada. Exemplos:
sim que), etc. Psiu!
A briga começou assim que saímos da festa. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- mando! Ei, espere!”
pressa ideia de comparação com referência à ora-
ção principal. São elas: como, assim como, tal como, Psiu!
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
binado com menos ou mais), etc. cio!”
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na puxa: interjeição; tom da fala: decepção
oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
tanto, tamanho), etc. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
exame. gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
sante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
FIQUE ATENTO! nha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser clas- As interjeições podem ser formadas por:
sificadas de acordo com o sentido que apre- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
sentam no contexto (destaque da Zê!). palavras: Oba! Olá! Claro!
grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!
31
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ra Deus! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
J) Desculpa: Perdão! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! SITE
Puxa! Pô! Ora! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! coes/morf/morf89.php>
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Numeral
Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
Saiba que: minada sequência.
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
frem variação em gênero, número e grau como os no- Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata trata de numerais, mas sim de algarismos.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. palavras consideradas numerais porque denotam quan-
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
Locução Interjetiva década, dúzia, par, ambos(as), novena.
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma Classificação dos Numerais
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- século, par, dúzia, década, bimestre.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
final e penúltimo também indicam posição dos seres,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como inter- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Francamente! (Advérbios) quintos, etc.
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio!
Fique quieto! Flexão dos numerais
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
que! Quá-quá-quá!, etc. quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
LÍNGUA PORTUGUESA
32
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!
LÍNGUA PORTUGUESA
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
33
Quadro de alguns numerais
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. nino: A matéria que estudei é fácil!
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ar-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tigo; o segundo, preposição.
coes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
Preposição lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, por meio das preposições:
normalmente há uma subordinação do segundo termo
em relação ao primeiro. As preposições são muito im- Destino = Irei a Salvador.
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Modo = Saiu aos prantos.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Lugar = Sempre a seu lado.
para a compreensão do texto. Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
Tipos de Preposição Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Instrumento = Escreveu a lápis.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Posse = Vi as roupas da mamãe.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Autoria = livro de Machado de Assis
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Companhia = Estarei com ele amanhã.
com. Matéria = copo de cristal.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Meio = passeio de barco.
gramaticais que podem atuar como preposições, Origem = Nós somos do Nordeste.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Conteúdo = frascos de perfume.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
do, senão, visto. Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
lendo como uma preposição, sendo que a última Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, positiva por trás de.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cima de, por trás de. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + – São Paulo: Saraiva, 2010.
a = pela. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Essa concordância não é característica da preposição, literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com ou- SITE
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu-
Combinação: união da preposição “a” com o ar- gues/preposicao/>
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. Pronome
LÍNGUA PORTUGUESA
35
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- 1.ª pessoa do singular: eu
mos (homem e natureza). 2.ª pessoa do singular: tu
3.ª pessoa do singular: ele, ela
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do plural: nós
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do plural: vós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do plural: eles, elas
referência exata daquilo que está sendo colocado por
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- Esses pronomes não costumam ser usados como
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- complementos verbais na língua-padrão. Frases como
mais pronomes têm por função principal apontar para as “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
ma específica para cada pessoa do discurso. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
-me até aqui”.
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala] formas verbais marcam, através de suas desinências, as
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem boa viagem. (Nós)
se fala]
Pronome Oblíquo
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe- sentença, exerce a função de complemento verbal
rência através do pronome seja coerente em termos de (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
gênero e número (fenômeno da concordância) com o jeto indireto)
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
enunciado. Observação:
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
nossa escola neste ano. me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
cia adequada] marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
cia adequada]
variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
suem, podendo ser átonos ou tônicos.
cordância inadequada]
Pronome Oblíquo Átono
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
Pronomes Pessoais
nica fraca: Ele me deu um presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indican- Lista dos pronomes oblíquos átonos
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 1.ª pessoa do singular (eu): me
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 2.ª pessoa do singular (tu): te
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 1.ª pessoa do plural (nós): nos
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 2.ª pessoa do plural (vós): vos
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
Pronome Reto
LÍNGUA PORTUGUESA
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A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
peciais depois de certas terminações verbais: frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o de companhia: Ele carregava o documento consigo.
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
mesmo tempo que a terminação verbal é su- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
primida. Por exemplo: Ela veio até mim, mas nada falou.
fiz + o = fi-lo Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fazeis + o = fazei-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
dizer + a = dizê-la prova, até eu! (= inclusive eu)
2. Quando o verbo termina em som nasal, o As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
pronome assume as formas no, nos, na, nas. por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
Por exemplo: soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
viram + o: viram-no próprios, todos, ambos ou algum numeral.
repõe + os = repõe-nos Você terá de viajar com nós todos.
retém + a: retém-na Estávamos com vós outros quando chegaram as más
tem + as = tem-nas notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Pronome Oblíquo Tônico Pronome Reflexivo
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua- a ação expressa pelo verbo.
ção tônica forte. Lista dos pronomes reflexivos:
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
lherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Observe que as únicas formas próprias do pronome
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa Antônio conversou consigo mesmo.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
caso reto. 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
As preposições essenciais introduzem sempre prono- 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso com esta conquista.
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
forma: conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim. #FicaDica
Não vá sem mim.
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
Há construções em que a preposição, apesar de sur-
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma me arrumei e saí.
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- É pronome recíproco quando indica recipro-
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
-nos calados.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
pessoa. Alguns exemplos: ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi-
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques da inicialmente. Assim, por exemplo, se começa-
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli- usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
giosos em geral bo na terceira pessoa.
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
professores de curso superior, ministros de Estado e de teus cabelos. (errado)
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso). Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
dades ou
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- Pronomes Possessivos
nários de igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
de direito (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento (coisa possuída).
cerimonioso Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus singular)
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4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- Este e aquele são empregados quando se quer fazer
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
livros e anotações. termo referido em primeiro lugar e este para o referido
por último:
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras])
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- ou
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
para que não ocorra redundância: Coloque tudo Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
nos respectivos lugares. lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras])
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- invariáveis, observe:
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
A) Em relação ao espaço: o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses-
te.)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
quem se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso! tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
rém relativamente próximo à época em que se situa a eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
pessoa que fala: (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
à mencionada em primeiro lugar.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen-
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
remoto: irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Naquele tempo, os professores eram valorizados.
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
falará ou escreverá): deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer que estava vendo. (no = naquilo)
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa-
Pronomes Indefinidos
LÍNGUA PORTUGUESA
lará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
ortografia, concordância. São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende quantidade indeterminada.
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- -plantadas.
mos!
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Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes- Pronomes Relativos
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um São aqueles que representam nomes já mencionados
ser humano que seguramente existe, mas cuja identida- anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
de é desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se as orações subordinadas adjetivas.
em: O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o um grupo racial sobre outros.
lugar do ser ou da quantidade aproximada de se- (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, tros = oração subordinada adjetiva).
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda? O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
Quem avisa amigo é. tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um que.
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), nome demonstrativo o, a, os, as.
certa(s). Não sei o que você está querendo dizer.
Cada povo tem seus costumes. Às vezes, o antecedente do pronome relativo não
Certas pessoas exercem várias profissões. vem expresso.
Note que: Quem casa, quer casa.
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
nomes indefinidos adjetivos: Observe:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne- quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), quantas.
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Note que:
vários, várias.
O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
Menos palavras e mais ações.
go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Alguns se contentam pouco.
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
seu antecedente for um substantivo.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
riáveis e invariáveis. Observe:
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, a qual)
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quais)
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, as quais)
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
tas. O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
nada, algo, cada. te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
(que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
plural é feito em seu interior). preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in- neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) tia?).
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Trabalho todo dia. (= todos os dias) dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
za-se o qual / a qual)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
LÍNGUA PORTUGUESA
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.
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O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.
Pronomes Interrogativos
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
LÍNGUA PORTUGUESA
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de preposição.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, que existe, independentemente de outros seres.
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Observação:
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Os substantivos concretos designam seres do mundo
São Paulo: Saraiva, 2002. real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
SITE Brasília.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma.
coes/morf/morf42.php>
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres
Substantivo que dependem de outros para se manifestarem ou existi-
rem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes-
veis, as quais denominam todos os seres que existem, soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um
fenômenos, os substantivos também nomeiam: substantivo abstrato.
lugares: Alemanha, Portugal Os substantivos abstratos designam estados, quali-
sentimentos: amor, saudade dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
estados: alegria, tristeza ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
qualidades: honestidade, sinceridade (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
ações: corrida, pescaria (sentimento).
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como outra abelha, mais outra abelha.
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di- Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje- Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
adjuntos adverbiais – quando essas funções são desem- palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
penhadas por grupos de palavras. tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
de seres da mesma espécie (abelhas).
Classificação dos Substantivos O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
Substantivos Comuns e Próprios mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
res da mesma espécie.
Observe a definição:
Substantivo coletivo Conjunto de:
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, assembleia pessoas reunidas
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma alcateia lobos
cidade (em oposição aos bairros).
acervo livros
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas antologia trechos literários selecio-
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
LÍNGUA PORTUGUESA
nados
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- arquipélago ilhas
tivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de banda músicos
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, bando desordeiros ou malfeitores
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona. banca examinadores
batalhão soldados
42
cardume peixes Formação dos Substantivos
caravana viajantes peregrinos Substantivos Simples e Compostos
cacho frutas
Chuva – subst. Fem. 1 – água caindo em gotas sobre
cancioneiro canções, poesias líricas a terra.
colmeia abelhas O substantivo chuva é formado por um único ele-
concílio bispos mento ou radical. É um substantivo simples.
43
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes Substantivos que formam o feminino de maneira
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- anteriores: czar – czarina, réu - ré
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito – prefeita Formação do Feminino dos Substantivos Unifor-
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única mes
forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em: Epicenos:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
macho e o jacaré fêmea. Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes forma para indicar o masculino e o feminino.
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in- ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
divíduo. chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o palavras macho e fêmea.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e A cobra macho picou o marinheiro.
a artista. A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
44
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Plural dos Substantivos Simples
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
proclama, o pernoite, o púbis. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen – hifens (sem acento, no plural).
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Exceção: cânon – cânones.
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
em “ns”: homem – homens.
São geralmente masculinos os substantivos de ori- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz –
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o raízes.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- Atenção:
coma, o hematoma. O plural de caráter é caracteres.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Gênero dos Nomes de Cidades – Com raras exce- -se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal – quintais;
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro caracol – caracóis; hotel – hotéis. Exceções: mal e males,
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- cônsul e cônsules.
gre. / Uma Londres imensa e triste. Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil – canis.
Gênero e Significação 2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil – mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
Observação:
lino e outra no feminino. Observe:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
o baliza (soldado que à frente da tropa, indica os mo-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
vimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do duas maneiras:
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a acréscimo de “es”: ás – ases / retrós – retroses
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca- 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca- variáveis: o lápis – os lápis / o ônibus – os ônibus.
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
na administração da crisma e de outros sacramentos), a de três maneiras.
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- Observação:
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo- dois – e até três – plurais:
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos
o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), ancião – anciões/anciães/anciãos
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- charlatão – charlatões/charlatães
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a corrimão – corrimãos/corrimões
pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio guardião – guardiões/guardiães
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador), vilão – vilãos/vilões/vilães
a voga (moda).
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
Flexão de Número do Substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA
o látex – os látex.
45
comportam-se como os substantivos simples: aguar- Plural dos Diminutivos
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
malmequer/malmequeres. Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
O plural dos substantivos compostos cujos elementos nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de: animai(s) + zinhos = animaizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores botõe(s) + zinhos = botõezinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
feitos chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- farói(s) + zinhos = faroizinhos
mens
tren(s) + zinhos = trenzinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, flore(s) + zinhas = florezinhas
quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas mão(s) + zinhas = mãozinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e papéi(s) + zinhos = papeizinhos
alto-falantes
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
-recos funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
quando formados de: pai(s) + zinhos = paizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pé(s) + zinhos = pezinhos
-de-colônia e águas-de-colônia
pé(s) + zitos = pezitos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor
Plural dos Nomes Próprios Personativos
substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
ou o tipo do termo anterior: palavra-chave - pa-
sempre que a terminação preste-se à flexão.
lavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, ho-
Os Napoleões também são derrotados.
mem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
As Raquéis e Esteres.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
Plural dos Substantivos Estrangeiros
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
saca-rolhas
escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
Casos Especiais
shorts, os jazz.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
o louva-a-deus e os louva-a-deus acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
o bem-te-vi e os bem-te-vis pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.
o bem-me-quer e os bem-me-queres Observe o exemplo:
o joão-ninguém e os joões-ninguém. Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Plural das Palavras Substantivadas
Plural com Mudança de Timbre
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen- Certos substantivos formam o plural com mudança
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
Pese bem os prós e os contras. fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
LÍNGUA PORTUGUESA
46
forno fornos CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
fosso fossos – São Paulo: Saraiva, 2010.
imposto impostos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
olho olhos Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
osso (ô) ossos (ó) São Paulo: Saraiva, 2002.
ovo ovos
SITE
poço poços Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
porto portos coes/morf/morf12.php>
quena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha. dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
47
Classificação dos Verbos 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
Classificam-se em: Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
cal inalterado durante a conjugação e desinências 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói,
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em
Modo Indicativo: sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado
em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pes-
soal, ou seja, terá conjugação completa.
canto falo
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
cantas falas Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
canta falas Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
cantamos falamos 4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
cantais falais tempo: Já passa das seis.
cantam falam
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
#FicaDica
Chega de promessas.
Observe que, retirando os radicais, as desi-
nências modo-temporal e número-pessoal 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem re-
outro verbo e perceberá que se repetirá o ferência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo:
fato (desde que o verbo seja da primeira “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito
conjugação e regular!). Faça com o verbo como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.
“andar”, por exemplo. Substitua o radical
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
andar). Viu? Fácil! de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
fizesse.
plural. São unipessoais os verbos constar, convir, ser (=
preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de ani-
Observação:
mais (cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
bos pessoais na linguagem figurada:
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
Teu irmão amadureceu bastante.
permanece inalterado.
O que é que aquela garota está cacarejando?
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
Principais verbos unipessoais
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
caver, computar, reaver, abolir, falir.
Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, pare-
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
cer, ser (preciso, necessário):
normalmente, são usados na terceira pessoa do
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos
singular. Os principais verbos impessoais são:
bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)
zar-se ou fazer (em orações temporais).
LÍNGUA PORTUGUESA
48
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
LÍNGUA PORTUGUESA
49
Conjugação dos Verbos Auxiliares
Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret. mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. do Pretérito
sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
50
ESTAR - Modo Indicativo
Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret. mais-q-perf. Fut. do Pres. Fut. do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret. Mais-Q-Perf. Fut. do Pres. Fut. do Pretérito
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
LÍNGUA PORTUGUESA
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HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté. mais-q-perf. Fut. do Pres. Fut. do Pretérito
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA
Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
52
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem
Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
Infinitivo
Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo.
Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não apre-
senta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
53
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os
candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
54
Tabelas das Conjugações Verbais
Modo Indicativo
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
55
Futuro do Presente do Indicativo
Modo Subjuntivo
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
LÍNGUA PORTUGUESA
56
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>
Correlação Verbal
Damos o nome de correlação verbal à coerência que, em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articulação temporal entre os verbos, que eles se correspondam,
de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e modos verbais devem, portanto, combinar entre si.
Vejamos este exemplo:
No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvida,
incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir que
o período tenha lógica?
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Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias,
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quando esta se refere a fatos que não se realizaram e que,
provavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está correto, já que a ideia transmitida por dormisse é
exatamente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não temos certeza se ocorrerá.
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo exemplo, mas sem correlação verbal:
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a lição.
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal que
expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prováveis.
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais aprenderemos a lição, pois o ato de aprender está condicionado não
a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir.
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever.
presente do indicativo + pretérito perfeito composto do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever.
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfeito composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o dever.
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.
pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.
pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse
feito o dever, eu teria lido suas respostas.
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo: Quando você fizer o dever, dormirei.
futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido.
Vozes do Verbo
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.
LÍNGUA PORTUGUESA
#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
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Formação da Voz Passiva Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
A voz passiva pode ser formada por dois processos: ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo
analítico e sintético. tempo.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
maneira: nos.
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exem- Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
plo: los mestres.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
os alunos pintarão a escola) Eu o acompanharei.
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) Ele será acompanhado por mim.
Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as- EXERCÍCIOS COMENTADOS
sume o mesmo tempo e modo do verbo principal
da voz ativa. Observe a transformação da frase se- 1. (TRT-15.ª REGIÃO - CAMPINAS-SP – ANALISTA
guinte: JUDICIÁRIO – FCC – 2018) A pontuação e a correlação
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) entre tempos e modos verbais ocorrem de modo plena-
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) mente adequado na frase:
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - a) Sêneca numa de suas reflexões mais sábias acredita
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, que nossa natureza, dividida pode compensar essa di-
seguido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: visão, com o recurso da consciente alternância.
Abriram-se as inscrições para o concurso. b) Se a solidão não nos impulsionasse, para o reconhe-
Destruiu-se o velho prédio da escola. cimento de nós mesmos, não haverá qualquer vanta-
gem, em nos rendermos ocasionalmente a ela.
Observação: c) Acredita Sêneca que toda lição sabiamente apreendida
O agente não costuma vir expresso na voz passiva por um poderá servir-nos a todos, uma vez reconhe-
sintética. cidos como seres igualmente unos em nós mesmos.
d) Esse equilíbrio, suporia que aceitemos as tensões que
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva venham a polarizar nossa natureza dividida por exem-
plo, entre o estado de solidão e a vida comunicativa.
LÍNGUA PORTUGUESA
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar e) Caso a solidão venha a ocorrer, como um estigma de-
substancialmente o sentido da frase. finitivo, seria possível que se perca de vez a própria
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) necessidade de comunicação, que estaria na nossa
Sujeito da Ativa objeto Direto natureza.
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
(Voz Passiva)
Sujeito da Passiva Agente da Passiva
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Resposta: Letra C. Indicações entre parênteses: e) À medida que fôssemos observando o comportamen-
Em “a”, Sêneca ( , ) numa de suas reflexões mais sábias to do cachorro e do gato, seremos levados a concor-
( , ) acredita (acreditou) que nossa natureza, (X) dividi- dar com o que se asseguram nas palavras do ditado
da pode (poderia) compensar essa divisão, (X) com o chinês.
recurso da consciente alternância.
Em “b”, Se a solidão não nos impulsionasse, (X) para o Resposta: Letra A.
reconhecimento de nós mesmos, não haverá (haveria) Em “a”, Houvesse no gato e no cachorro outros atribu-
qualquer vantagem, (X) em nos rendermos ocasional- tos característicos desses animais, não seria aceitável a
mente a ela. analogia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros
Em “c”, Acredita Sêneca que toda lição sabiamente literários.
apreendida por um poderá servir-nos a todos, uma vez Em “b”, Caso não se compreenda (compreendam) bem
reconhecidos como seres igualmente unos em nós mes- as distinções entre prosa e poesia, não seria (será) fácil
mos. distinguir entre as alusões que o ditado chinês faz ao
Em “d”, Esse equilíbrio, (X) suporia (supõe) que aceite- comportamento do gato e do cachorro.
mos as tensões que venham a polarizar nossa nature- Em “c”, As atribuições em que se empenham (empe-
za dividida ( , ) por exemplo, entre o estado de solidão nha) o ditado chinês para distinguir entre cachorro e
e a vida comunicativa. gato dificilmente fossem (serão) compreensíveis sem
Em “e”, Caso a solidão venha a ocorrer, como um es- a consciência do que seja (sejam) as artes da poesia
tigma definitivo, seria (é) possível que se perca de vez e da prosa.
a própria necessidade de comunicação, que estaria Em “d”, Se o cachorro encarnasse alguns dos atributos
(está) na nossa natureza. da poesia e o gato alguns da prosa, o ditado chinês
poderá (poderia) ser contestado quanto às analogias
2. (SABESP-SP – AGENTE DE SANEAMENTO AM- que promovem (promove).
BIENTAL – FCC – 2018) Considere o emprego do vo- Em “e”, À medida que fôssemos (formos) observando
cábulo destacado no trecho: Reza a lenda que ele teria o comportamento do cachorro e do gato, seremos le-
jurado não voltar a viajar, a não ser em sua imaginação vados a concordar com o que se asseguram (assegura)
e fantasia. nas palavras do ditado chinês.
A forma destacada exprime ideia de
4. (DETRAN-MA – ASSISTENTE DE TRÂNSITO – FCC
a) desejo. – 2018) A flexão das formas verbais e a articulação entre
b) certeza. seus tempos e modos estão plenamente adequadas na
c) suposição. frase:
d) reprovação.
e) conselho. a) Quem caminhasse pelas grandes cidades virá a consta-
tar que elas contessem muitas surpresas.
Resposta: Letra C. Reza a lenda que ele teria jurado b) Numa época em que a velocidade se impuser de forma
não voltar a viajar, a não ser em sua imaginação e fan- ainda mais drástica, valerá a pena buscar alternativas.
tasia = não é somente o verbo destacado (que está no c) Se ninguém vir a buscar caminhos alternativos, nenhu-
futuro do pretérito) que nos dá a ideia de suposição; o ma possibilidade real de libertação seria explorada.
início do período também (Reza a lenda = segundo a d) Nosso estilo de vida levará-nos a impasses urbanos
lenda, ou seja, não se sabe ao certo). que dificilmente encontrariam alguma forma de solu-
ção.
3. (MINISTÉRIO PÚBLICO-PE – ANALISTA MINIS- e) A convicção do poeta acena para a criação nossa de
TERIAL – FCC – 2018) Há adequada correlação entre caminhos próprios, da qual advisse um novo prazer
os tempos verbais e pleno atendimento às normas de de viver.
concordância na frase:
Resposta: Letra B.
a) Houvesse no gato e no cachorro outros atributos ca- Em “a”, Quem caminhasse (caminhar) pelas grandes
racterísticos desses animais, não seria aceitável a ana- cidades virá a constatar que elas contessem (contêm)
logia que faz o ditado chinês entre eles e os gêneros muitas surpresas.
literários. Em “b”, Numa época em que a velocidade se impuser
b) Caso não se compreenda bem as distinções entre pro- de forma ainda mais drástica, valerá a pena buscar al-
sa e poesia, não seria fácil distinguir entre as alusões ternativas.
que o ditado chinês faz ao comportamento do gato e Em “c”, Se ninguém vir (vier) a buscar caminhos alter-
LÍNGUA PORTUGUESA
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5. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZO- Em “b”, o novo prêmio atenderia = futuro do pretérito
NAS – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSORIA – FCC do Indicativo
– 2018) Há correspondência entre tempos e modos en- Em “c”, ou o que o contraria = presente do Indicativo
tre as formas verbais empregadas em: Em “d”, o leitor elegerá = futuro do presente
Em “e”, ele contempla = presente do Indicativo
a) Caso estivesse vivo hoje, o filósofo Auguste Comte te-
ria a oportunidade de constatar o quanto suas suposi- 7. (TRT-15.ª REGIÃO - CAMPINAS-SP – ANALISTA
ções se distanciaram da experiência. JUDICIÁRIO – FCC – 2018) Tratando do estado de so-
b) Independentemente da época em que fossem expres- lidão ou da necessidade de convívio, Sêneca vê no estado
sas, as previsões sobre o futuro sempre dirão muito de solidão uma contrapartida da necessidade de convívio,
mais sobre o presente de quem se arriscar a fazê-las. assim como vê na necessidade de convívio uma abertura
c) Por mais precisos que nossos instrumentos de medi- para encontrar satisfação no estado de solidão.
ção de engarrafamentos venham a se tornar, é impro- Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substi-
vável que fôssemos capazes de fazer previsões a longo tuindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
prazo.
d) Quando a extensão do cosmo puder ser medida, ti- a) naquele − desta − nesta − naquele
véssemos chegado a um novo patamar da experiência b) nisso − daquilo − naquela − deste
humana, nunca vislumbrado por cientistas ou filóso- c) este − do outro − na primeira − no último
fos. d) nisto − disso − naquela − desse
e) O conhecimento humano possui limitações, mas é fun- e) na primeira − do segundo − numa – noutra
ção da ciência pôr essas limitações à prova, a fim de
que poderíamos avançar continuamente. Resposta: Letra A. Tratando do estado de solidão ou
da necessidade de convívio, Sêneca vê naquele (= o
Resposta: Letra A. Correções entre parênteses: termo mais distante) uma contrapartida desta (= ter-
Em “a”: Caso estivesse vivo hoje, o filósofo Auguste mo mais próximo), assim como vê nesta uma abertura
Comte teria a oportunidade de constatar o quanto para encontrar satisfação naquele.
suas suposições se distanciaram da experiência. = cor-
reta 8. (TRT-6.ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “b”: Independentemente da época em que fossem FCC – 2018) Está correto o uso do elemento sublinhado
(foram) expressas, as previsões sobre o futuro sempre na seguinte frase:
dirão (disseram) muito mais sobre o presente de quem
se arriscar (arriscou) a fazê-las. a) Nos diálogos forjados nas redes sociais, os usuários
Em “c”: Por mais precisos que nossos instrumentos de selecionam aqueles dos quais estão dispostos a inte-
medição de engarrafamentos venham a se tornar, é ragir.
improvável que fôssemos (sejamos) capazes de fazer b) A maioria das pessoas hoje acessa as redes sociais em
previsões a longo prazo. cuja influência revolucionou a forma de compartilhar
Em “d”: Quando a extensão do cosmo puder ser medi- notícias.
da, tivéssemos (teremos) chegado a um novo patamar c) Deve-se reagir com cautela à recepção de conteúdos
da experiência humana, nunca vislumbrado por cien- aos quais são disseminados nas mídias digitais.
tistas ou filósofos. d) As mídias sociais são acusadas de formar redutos no
Em “e”: O conhecimento humano possui limitações, qual o usuário consome um conteúdo que o agrade.
mas é função da ciência pôr essas limitações à prova, e) A esfera pública, na qual os mais engajados prevale-
a fim de que poderíamos (possamos) avançar conti- cem, parece tomada por uma intensa polarização.
nuamente.
Resposta: Letra E.
6. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SER- Em “a”, Nos diálogos forjados nas redes sociais, os
GIPE-SE – TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) usuários selecionam aqueles dos quais (com os quais)
uma tendência que já coroava as edições anteriores do estão dispostos a interagir.
prêmio Em “b”, A maioria das pessoas hoje acessa as redes
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que sociais em cuja (cuja) influência revolucionou a forma
se encontra acima está sublinhado em: de compartilhar notícias.
Em “c”, Deve-se reagir com cautela à recepção de con-
a) por meio do qual definia uma suposta obra de arte teúdos aos quais (que/os quais) são disseminados nas
b) o novo prêmio atenderia ao mercado mídias digitais.
c) ou o que o contraria Em “d”, As mídias sociais são acusadas de formar re-
LÍNGUA PORTUGUESA
d) o leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas dutos no qual (dos quais) o usuário consome um con-
e) ele contempla os títulos com mais chances teúdo que o agrade.
Em “e”, A esfera pública, na qual os mais engajados pre-
Resposta: Letra A. O verbo “coroava” está no pretéri- valecem, parece tomada por uma intensa polarização.
to imperfeito do Indicativo:
Em “a”, por meio do qual definia = pretérito imperfeito
do Indicativo
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9. (CÂMARA LEGISLATIVA-DF – TÉCNICO LEGISLA- parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
TIVO – FCC – 2018 – ADAPTADA) no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
− No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e plural.
acabou alcunhando-me Dom Casmurro A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
− Contei a anedota aos amigos da cidade Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
− Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do ram proposta.
teatro amanhã
Nos trechos transcritos, os termos destacados consti- Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
tuem, respectivamente, dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dalos destruiu / destruíram o monumento.
a) pronome, artigo e artigo.
b) artigo, artigo e pronome. Observação:
c) preposição, preposição e pronome. Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
d) artigo, preposição e artigo. unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
e) preposição, artigo e pronome. aos elementos que formam esse conjunto.
Observação:
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
1.1.1. Casos Particulares ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
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Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
ver no singular, o verbo ficará no singular. de acordo com o numeral.
Qual de nós é capaz? Deu uma hora no relógio da sala.
Algum de vós fez isso. Deram cinco horas no relógio da sala.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão Baterão doze horas daqui a pouco.
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
verbo deve concordar com o substantivo. Observação:
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
85% dos entrevistados não aprovam a administração torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
do prefeito. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
1% do eleitorado aceita a mudança. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% dos alunos faltaram à prova.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
Quando a expressão que indica porcentagem não sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
com o número. existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
25% querem a mudança. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
1% conhece o assunto. Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Se o número percentual estiver determinado por Chovia ontem à tarde.
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
-á com eles: 1.2. Sujeito Composto
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
bo, a concordância se faz no plural:
F) O pronome “que” não interfere na concordância; Pai e filho conversavam longamente.
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Sujeito
do singular.
Fui eu que paguei a conta. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fomos nós que pintamos o muro. Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Não serão eles quem será aprovado. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece
sumir a forma plural. sobre a terceira (eles). Veja:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
taram os poetas. Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram!
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum Segunda Pessoa do Plural (Vós)
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Observação:
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
Quando “um dos que” vem entremeada de subs- possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
tantivo, o verbo pode: (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
de “tomaríeis”.
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
que faça o mesmo). passa a existir uma nova possibilidade de concordância:
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei-
LÍNGUA PORTUGUESA
luídos (noção de que existem outros rios na mesma to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
condição). do sujeito mais próximo.
Faltaram coragem e competência.
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Faltou coragem e competência.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Compareceram todos os candidatos e o banca.
Vossa Excelência está cansado? Compareceu o banca e todos os candidatos.
Vossas Excelências renunciarão?
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D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- “O pai montou o brinquedo com o filho.”
dância é feita no plural. Observe: “O governador traçou os planos para o próximo semes-
Abraçaram-se vencedor e vencido. tre com o secretariado.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. “O professor questionou as regras com o aluno.”
Com as expressões “um ou outro” e “nem um Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
Um ou outro compareceu à festa. e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
Nem um nem outro saiu do colégio. terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural Confia-se em teses absurdas.
ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
Quando os núcleos do sujeito são unidos por bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi-
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re- retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com” caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
tem sentido muito próximo ao de “e”. Exemplos:
O pai com o filho montaram o brinquedo. Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
O governador com o secretariado traçaram os planos Aqui não se cometem equívocos
para o próximo semestre. Alugam-se casas.
O professor com o aluno questionaram as regras.
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Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra- tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
se construída for “compreensível”, estaremos concordará o verbo.
diante de uma partícula apassivadora; se não, o No meu setor, eu sou a única mulher.
“se” será índice de indeterminação. Veja: Aqui os adultos somos nós.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva: Observação:
Funcionários qualificados são precisados (ou Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des- sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
tacado é índice de indeterminação do sujeito. o pronome sujeito.
Agora: Eu não sou ela.
Vendem-se casas. Ela não é eu.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi- Quando o sujeito for uma expressão de sentido
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan- ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
ça? Agora é só memorizar!) A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Parecer”
O Verbo “Ser” O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o cias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
do sujeito. desenho.
A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
Quando o sujeito ou o predicativo for: tivo sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
SER concorda com a pessoa gramatical: aas crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos. FIQUE ATENTO!
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro CER fica no singular. Por exemplo: As pare-
no plural, o verbo SER concordará, preferencial- des parece que têm ouvidos. (Parece que as
mente, com o que estiver no plural: paredes têm ouvidos = oração subordinada
Os livros são minha paixão! substantiva subjetiva).
Minha paixão são os livros!
horas e distâncias, concordará com a expressão A concordância nominal se baseia na relação entre
numérica: nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
É uma hora. ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
São quatro horas. adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- normalmente, o substantivo funciona como núcleo de
metros. um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno-
minal.
datas, concordará com a palavra dia(s), que pode A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
estar expressa ou subentendida: seguintes regras gerais:
LÍNGUA PORTUGUESA
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Adjetivo anteposto aos substantivos: Observação:
O adjetivo concorda em gênero e número com o Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
substantivo mais próximo. nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. Eles só desejam ganhar presentes.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
#FicaDica
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
houver coerência com o segundo, função de
Adjetivo posposto aos substantivos: adjetivo, então varia:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina Ele está só descansando. (apenas descansan-
plural se houver substantivo feminino e masculi- do) - advérbio
no). Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. jetivo:
A indústria oferece localização e atendimento perfei- Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
tos. descansando)
A indústria oferece atendimento e localização perfei-
tos. G) Quando um único substantivo é modificado por
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
Observação: das as construções:
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, O substantivo permanece no singular e coloca-se
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado espanhola e a portuguesa.
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
do há substantivos de gêneros diferentes. antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- portuguesa.
jetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s). 1. Casos Particulares
O carro e o iate novo(s).
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: mitido
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- Estas expressões, formadas por um verbo mais um
vo não for acompanhado de nenhum modificador: adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
Água é bom para saúde. referem possuir sentido genérico (não vier prece-
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for dido de artigo).
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- É proibido entrada de crianças.
tivo: Esta água é boa para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os É preciso cidadania.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- Não é permitido saída pelas portas laterais.
trou-as muito felizes.
Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição o verbo como o adjetivo concordam com ele.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no É proibida a entrada de crianças.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis- Esta salada é ótima.
terioso. A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
função adjetiva e concorda normalmente com o
LÍNGUA PORTUGUESA
67
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Bastante - Caro - Barato - Longe
1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
Estas palavras são invariáveis quando funcionam CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe- empregada de acordo com a norma-padrão em:
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
tivos, ou numerais. a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. virtuais.
(pronome adjetivo) b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
As casas estão caras. (adjetivo) c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma par-
Achei barato este casaco. (advérbio) te do mundo, se substituíram totalmente as moedas
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) reais pelas virtuais.
d) De acordo com as regras do mercado financeiro,
Meio - Meia criou-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
anos.
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, e) O valor dos produtos comercializados seriam determi-
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida.
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva- Resposta; Letra C. Em “a”: Atualmente, comerciali-
riável: A candidata está meio nervosa. zam-se diferentes criptomoedas mas a bitcoin é a
mais conhecida de todas as moedas virtuais.
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acordo
#FicaDica com alguns analistas, podem tornar as bitcoins inviá-
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim veis.
saberei que se trata de um advérbio, não Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhu-
de adjetivo: “A candidata está um pouco ma parte do mundo, se substituíram totalmente as
nervosa”. moedas reais pelas virtuais. = correta
Em “d”: De acordo com as regras do mercado finan-
ceiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos
Alerta - Menos
últimos anos.
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
determinado por uma moeda virtual se a real fosse
sempre invariáveis.
abolida.
Os concurseiros estão sempre alerta.
Não queira menos matéria!
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra des-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- tacada atende às exigências da norma-padrão da língua
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São portuguesa em:
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercícios
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. são necessárias para uma vida longa e mais equili-
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- brada.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de
tratamento adequado da água são causadores de
SITE doenças.
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser
php reproduzidas nas redes sociais da forma como acon-
tece hoje.
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re-
gião Nordeste foram elogiados por suas proprieda-
LÍNGUA PORTUGUESA
des alimentares.
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci-
sam ser estimuladas para que se avance na cura de
algumas doenças.
68
rios) para uma vida longa e mais equilibrada. A afirmação correta sobre essas concordâncias é:
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e fal-
ta de tratamento adequado da água são causadores a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva-
(causadoras) de doenças. mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deve- b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
riam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais referirem-se a dois substantivos;
da forma como acontece hoje. c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re-
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos fere a ‘imprensa’;
da Região Nordeste foram elogiados por suas pro- d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta-
priedades alimentares = correta mente no plural por referir-se a ‘empresas’;
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
precisam ser estimuladas (estimulados) para que se no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
avance na cura de algumas doenças. Resposta; Letra D. 1. A democracia reclama um jorna-
lismo vigoroso e independente.
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- 2. A agenda pública é determinada pela imprensa tra-
GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi dicional.
realizada de acordo com as exigências da norma-padrão 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
da língua portuguesa em: teúdo independentes.
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, res-
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais pectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in-
violentas por parte dos usuários. dependente = apenas a “jornalismo”
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de- Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plu-
senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse ral por referirem-se a dois substantivos;
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde-
c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví- pendente = a um substantivo (jornalismo)
deos educacionais que permitam esclarecer os jovens Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’
sobre o vício da tecnologia. se refere a ‘imprensa’;
d) É preciso educar as novas gerações para que se redu- A agenda pública é determinada pela imprensa tra-
za os comportamentos compulsivos relacionados ao dicional = refere-se ao termo “agenda pública”
uso das novas tecnologias. Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
danos psicológicos e o consumismo exagerado causa- Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
dos pelo vício da tecnologia. teúdo independentes = correta
Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria
Resposta; Letra B. Em “a”: Com a corrida desenfreada estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conteú-
pelas versões mais atuais dos smartphones, eviden- do’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
ciou-se (evidenciaram-se) atitudes agressivas e violen-
tas por parte dos usuários. 5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marke-
ting, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que Texto I
a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de
sucesso = correta Na organização do poder político no Estado moderno,
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
escolas do país vídeos educacionais que permitam es-
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
relacionados ao uso das novas tecnologias.
quista da liberdade humana também reclama a distri-
Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou-
buição do poder em ramos diversos, com a disposição
-se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con-
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
sumismo exagerado causados pelo vício da tecnolo-
gia. para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO – só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
LÍNGUA PORTUGUESA
69
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for- = falsa (o período em análise não nos transmite tal in-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos formação, apenas afirma que usuários constantes têm
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu um risco 27% maior que os demais)
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
de origem baconiana, não abandonando o rigor das Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais de-
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, senvolverem depressão constante extrapola o índice
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da dos 27%.
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a = Falsa (“depressão constante” altera o sentido do pe-
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade ríodo)
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con-
cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
de abrangência dos poderes políticos”.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
( ) CERTO ( ) ERRADO que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
(regência nominal) e seus complementos.
Resposta; Certo. (...) Até Montesquieu, não eram iden-
tificadas com clareza as esferas de abrangência dos 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
poderes políticos = passando o período para a ordem
direta (sujeito + verbo), temos: Até Montesquieu, as es- A regência verbal estuda a relação que se estabele-
feras de abrangência dos poderes políticos não eram ce entre os verbos e os termos que os complementam
identificadas com clareza. (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda- regência, o que corresponde à diversidade de significa-
tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27% contexto em que forem empregados.
maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas. contentar.
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o agrado ou prazer”, satisfazer.
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
para fins de concordância. “agradar a alguém”.
( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
podem ficar deprimidos. O conhecimento do uso adequado das preposições
( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol- é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
verem depressão constante extrapola o índice dos 27%. verbal (e também nominal). As preposições são capazes
de modificar completamente o sentido daquilo que está
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de sendo dito.
cima para baixo, é: Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
a) V – V – V.
b) F – V – F. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
c) V – F – F. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
d) F – F – V.
e) F – F – F. A voluntária distribuía leite às crianças.
A voluntária distribuía leite com as crianças.
Resposta; Letra C. Esses alunos que são usuários cons- Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
tantes de redes sociais têm um risco 27% maior de de- como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob-
senvolver depressão jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer adverbial).
LÍNGUA PORTUGUESA
ajustes para fins de concordância. Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
Esse aluno que é usuário constante de redes sociais bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
tem um risco 27% maior de desenvolver depressão um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
= (verdadeira = haveria quatro alterações) rentes formas em frases distintas.
70
A) Verbos Intransitivos de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
Os verbos intransitivos não possuem complemento. terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos
É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re- são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti-
lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa- lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de
nhá-los. verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos
Chegar, Ir tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad- mes átonos lhe, lhes.
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
para indicar destino ou direção são: a, para. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Fui ao teatro. posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
Adjunto Adverbial de Lugar reitos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Comparecer Eles desobedeceram às leis do trânsito.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a. Responder - Tem complemento introduzido pela
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
último jogo. dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
B) Verbos Transitivos Diretos Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados Respondeu-lhe à altura.
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao Observação:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, mente.
objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, mentos introduzidos pela preposição “com”.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Antipatizo com aquela apresentadora.
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre- vernam para uma minoria privilegiada.
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
como o verbo amar: panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
Amo aquele rapaz. / Amo-o. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Amo aquela moça. / Amo-a. verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
Amam aquele rapaz. / Amam-no. sas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Observação: Objeto Indireto Objeto Direto
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Paguei o débito ao cobrador.
adnominais): Objeto Direto Objeto Indireto
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
LÍNGUA PORTUGUESA
71
Informar Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi-
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto cado
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
Informe os novos preços aos clientes. tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no- curso linguístico muito importante, pois além de permitir
vos preços) a correta interpretação de passagens escritas, oferece
Na utilização de pronomes como complementos, veja possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre
as construções: os principais, estão:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
ços. Agradar
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
sobre eles) nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
Observação: Aquele comerciante agrada os clientes.
A mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
Comparar introduzido pela preposição “a”.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite O cantor não agradou aos presentes.
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- O cantor não lhes agradou.
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
o) de uma criança. to: O cantor desagradou à plateia.
Pedir Aspirar
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
de pessoa. Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
Pedi-lhe favores. pirávamos a ele)
Objeto Indireto Objeto Direto Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
tantiva Objetiva Direta Aspiravam a ela)
Observação: Chamar
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
LÍNGUA PORTUGUESA
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve- licitar a atenção ou a presença de.
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
prefixo existente no próprio verbo (pre). má-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
dicativo preposicionado ou não.
72
A torcida chamou o jogador mercenário. Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
A torcida chamou ao jogador mercenário. sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
A torcida chamou o jogador de mercenário. zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. O avião procede de Maceió.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Procedeu-se aos exames.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. O delegado procederá ao inquérito.
Custar Querer
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- vontade de, cobiçar.
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
duzida de infinitivo. estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- O gerente não quis visar o cheque.
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
A Gramática Normativa condena as construções que No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
= Forma correta: Custou-me entender o problema.
tar público.
Implicar
Esquecer – Lembrar
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Lembrar algo – esquecer algo
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
implicavam um firme propósito.
nal)
B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação. No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o li-
Como transitivo direto e indireto, significa compro- vro.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
econômicas. e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti- tanto, transitivos indiretos:
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com Ele se esqueceu do caderno.
quem não trabalhasse arduamente. Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Namorar Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
anos. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Obedecer - Desobedecer alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Sempre transitivo indireto: gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
Todos obedeceram às regras. clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado
Ninguém desobedece às leis. de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias
vezes.
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
Proceder momentos é sujeito)
LÍNGUA PORTUGUESA
73
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel. Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua. Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
2 Regência Nominal
Descontente com Liberal com Suspeito de
É o nome da relação existente entre um nome (subs- Desejoso de Natural de Vazio de
tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por
esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma Advérbios
preposição. No estudo da regência nominal, é preciso le- Longe de Perto de
var em conta que vários nomes apresentam exatamente
o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer Observação:
o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir
o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Ver- o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
bo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem paralelamente a; relativa a; relativamente a.
complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Obediente a algo/ a alguém. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou Paulo: Saraiva, 2010.
seja, exercer a função de complemento nominal, ela será SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
completiva nominal (subordinada substantiva). Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Regência de Alguns Nomes Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
Substantivos
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.
Devoção a, php
Admiração a, por Medo a, de
para, com, por
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra
Dúvida acerca
Ojeriza a, por EXERCÍCIOS COMENTADOS
de, em, sobre
Proeminência 1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-
Bacharel em Horror a
sobre GRANRIO-2018)
Respeito a,
Impaciência O ano da esperança
Capacidade de, para com, para com,
com
por
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
Adjetivos do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de
Acessível a Diferente de Necessário a amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei-
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
consciência de que era uma doação. A situação foi pio-
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a rando. Os argumentos também. No início era para pagar
Agradável a Escasso de Parco em, de a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava
Essencial a,
Alheio a, de Passível de um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so-
para
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia.
Análogo a Fácil de Preferível a Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações,
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a remédios. A situação piorando, eu já estava encomen-
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico,
Apto a, para Favorável a Prestes a no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamente.
Ávido de Generoso com Propício a Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até que
Benéfico a Grato a, por Próximo a o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu não
ajudava mais.
LÍNGUA PORTUGUESA
74
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos sentirem recompensadas.
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça do que o seu orçamento permite em aparelhos que
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova elas não necessitam.
consciência para votar. Como? Num mundo em que as
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites Resposta; Letra E. Em “a”: Os consumidores, ao ad-
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram quirirem um produto que (= o qual) quase ninguém
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já possui, recém-lançado no mercado, passam a ter uma
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- sensação de superioridade.
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
internet. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
Duvidam. Acham que estou mentindo. qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
2017, p.97. Adaptado. cada vez mais.
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
está corretamente reescrito em: to mais do que o seu orçamento permite em aparelhos
de que (= das quais) elas não necessitam.
a) Podemos esperar para um futuro melhor
b) Podemos esperar com um futuro melhor 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
c) Podemos esperar um futuro melhor A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor e pela origem de uma série de mazelas, algumas das
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
Resposta; Letra C. Em “a”: Podemos esperar para um do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
futuro melhor = podemos esperar o quê? sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po- o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
demos esperar o quê? crianças e adolescentes a participarem do processo de
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me- e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
lhor = sentido de “porque” hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor = Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil
conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele
anteriormente) continua sendo grave problema nos países mais pobres.
A única frase correta – e coerente - é podemos esperar Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
um futuro melhor.
O emprego de preposição em “a participarem” é exigido
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- pela regência da forma verbal “obriga”.
GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
desses produtos”. A utilização da preposição destacada Resposta; Certo. (...) o capitalismo, em seu ambien-
a é obrigatória para atender às exigências da regência te mais selvagem, obriga crianças e adolescentes a
do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da participarem = quem obriga, obriga alguém (crianças
língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma e adolescentes – objeto direto) a algo (a participarem
preposição antecedendo o pronome que destacado em: – objeto indireto: com preposição – no caso, uma ora-
ção com a função de objeto indireto).
a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua-
LÍNGUA PORTUGUESA
75
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
para jantar. tado afetivo: Que dia abençoado!
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
armazenar livros e CDs. prova será amanhã.
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
foi o número de estantes. (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado.
Resposta; Letra C. Em “a”: Ao ver a quantidade ex- O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
cessiva de prateleiras, o amigo comentou de (X) que bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
= comentou que algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
seria sair para jantar = correta Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
que significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
se ateve = ao qual/ a que um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) de ligação):
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen- O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor- (predicado verbal)
rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se: A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
tido completo. O período pode ser simples ou composto.
c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
Período simples é aquele constituído por apenas
e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove.
Resposta; Letra A. Vamos por exclusão: “à elas” está
A existência é frágil.
errada, já que não temos acento indicativo de crase Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
antes de pronome pessoal; quando temos um verbo
no infinitivo, podemos usar a construção: verbo + pre- Período composto é aquele constituído por duas ou
posição + pronome pessoal. Por exemplo: Dar a eles mais orações:
(ao invés de “dar-lhes”). Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a A função do sujeito é basicamente desempenhada
partir de seu sentido global: por substantivos, o que a torna uma função substantiva
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
formula uma pergunta: Que dia é hoje? quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou pria) também podem exercer a função de sujeito.
faz um pedido: Dê-me uma luz! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
tantivo)
76
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
plo: substantivo) o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- te:
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Bateram à porta;
do sujeito. Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
nistro.
Um sujeito é determinado quando é facilmente Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- ou composto:
nado pode ser simples ou composto. Os meninos bateram à porta. (simples)
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
possível identificar claramente a que se refere a concor- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. ca dos verbos que não apresentam complemento
Estão gritando seu nome lá fora. direto:
Trabalha-se demais neste lugar. Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Trata-se de casos delicados.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Sempre se está sujeito a erros.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo,
sublinhei os núcleos dos sujeitos:
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Nós estudaremos juntos.
de indeterminação do sujeito.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move.
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
uma derivação imprópria, tranformando-o em substan-
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
tivo)
pais casos de orações sem sujeito com:
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
O sujeito composto é o sujeito determinado que os verbos que indicam fenômenos da natureza:
apresenta mais de um núcleo. Amanheceu.
Alimentos e roupas custam caro. Está trovejando.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
tempo em geral:
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Está tarde.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Já são dez horas.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Faz frio nesta época do ano.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Há muitos concursos com inscrições abertas.
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras. = (nós) Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
Falaste o recado à sala? = (tu) informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
pronomes não estejam explícitos. ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci- difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
to na desinência verbal “-mos” Chove muito nesta época do ano.
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- Houve problemas na reunião.
sinência verbal “-ais”
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Mas: cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós objeto direto.
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós As questões estavam fáceis!
LÍNGUA PORTUGUESA
77
Para o estudo do predicado, é necessário verificar No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado o complemento homens com o predicativo “inconstan-
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- tes”.
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da 1.2 Termos integrantes da oração
oração.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
de opinião. complemento nominal são chamados termos integrantes
Predicado da oração.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra Os complementos verbais integram o sentido dos
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
ligam direta ou indiretamente ao verbo. cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
A cidade está deserta. plementos diretamente, sem a presença de preposição,
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- ou indiretamente, por intermédio de preposição.
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o O objeto direto é o complemento que se liga direta-
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = mente ao verbo.
predicativo do sujeito). Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo: O objeto direto preposicionado ocorre principal-
Chove muito nesta época do ano. mente:
Estudei muito hoje!
Compraste a apostila? A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
muns referentes a pessoas:
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
processos. na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como nú- B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo cansar a Vossa Senhoria.
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
ligação). prejudica a crise)
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
do sujeito: Os dados parecem corretos. Gosto de música popular brasileira.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, Necessito de ajuda.
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele 1.2.1 Objeto Pleonástico
relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
um adjetivo ou substantivo. Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- ves Dias)
nificativo, indicando processos. É também sempre por
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com objeto pleonástico
LÍNGUA PORTUGUESA
78
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
Os termos acessórios recebem este nome por serem tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- tantivadas esse papel na linguagem.
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- João, venha comigo!
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da Traga-me doces, minha menina!
oração.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4 Períodos Compostos
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
O adjunto adnominal é o termo acessório que de- oração)
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- Estou comprando um protetor solar, depois irei à
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. orações)
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
numerais e os pronomes adjetivos. protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu ções).
amigo de infância.
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o entre as orações de um período composto: uma relação
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um de coordenação ou uma relação de subordinação.
verbo. Duas orações são coordenadas quando estão juntas
O poeta português deixou uma obra originalíssima. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta deixou-a. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
adjunto adnominal) Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
O poeta português deixou uma obra inacabada. (Período Composto)
O poeta deixou-a inacabada. Podemos dizer:
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 1. Estou comprando um protetor solar.
do objeto) 2. Irei à praia.
79
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia. A) Orações Subordinadas Substantivas
Comprei o protetor solar e fui à praia. A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: tegrante (que, se).
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, Não sei se sairemos hoje.
senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Temos medo de que não sejamos aprovados.
Li tudo, porém não entendi! Oração Subordinada Substantiva
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
quer...quer; seja...seja. onde, como).
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
suas principais conjunções são: logo, portanto, por Não sabemos quando ele virá.
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos- Oração Subordinada Substantiva
posto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei! 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Substantivas
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: Conforme a função que exerce no período, a oração
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa- subordinada substantiva pode ser:
ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
mingo. verbo da oração principal:
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
É fundamental que você compareça à reunião.
Quero que você seja aprovado! Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Oração principal oração subordinada tiva Subjetiva
80
Observação: 5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti- jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do verbo ser.
do singular. Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal: Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
Todos querem sua aprovação no concurso. era isso)
Objeto Direto Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos Predicativa
querem isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substanti- 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
va Objetiva Direta mo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- Aposto
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) Oração subordinada
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam substantiva apositiva reduzida de infinitivo
presentes.
Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do carro importado.
Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às B) Orações Subordinadas Adjetivas
vezes regidos de preposição), nas interrogações Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Ad-
Meu pai insiste em meu estudo.
nominal)
Objeto Indireto
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
insiste nisso) outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Oração Subordinada Substantiva papel:
Objetiva Indireta Esta foi uma redação que fez sucesso.
Observação: Oração Principal Oração Subordinada
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na Adjetiva
oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Subs- adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
tantiva Objetiva Indireta feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
4. Completiva Nominal = completa um nome que nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
pertence à oração principal e também vem marcada por o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
preposição. (no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
Sentimos orgulho de seu comportamento. ciona como sujeito).
Complemento Nominal
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.) FIQUE ATENTO!
Oração Subordinada Substantiva
Completiva Nominal Vale lembrar um recurso didático para reco-
nhecer o pronome relativo “que”: ele sem-
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações subordinadas substantivas objetivas in- pre pode ser substituído por: o qual - a qual
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que - os quais - as quais
orações subordinadas substantivas completivas nominais Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- o qual estuda.
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
segundo, um nome.
81
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas C) Orações Subordinadas Adverbiais
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
Quando são introduzidas por um pronome relativo e exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad- desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
gerúndio ou particípio). a introduz (assim como acontece com as coordenadas
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. sindéticas).
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- Oração Subordinada Adverbial
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito A oração em destaque agrega uma circunstância de
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad-
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces-
me relativo e seu verbo está no infinitivo. sórios que indicam uma circunstância referente, via de
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti- depende da exata compreensão da circunstância que ex-
vas prime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
Na relação que estabelecem com o termo que carac- minha vida.
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem minha vida.
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
-se subordinadas adjetivas explicativas. vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
Exemplo 1: indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que possível reduzi-la, obtendo-se:
passava naquele momento. Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva nha vida.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
No período acima, observe que a oração em desta- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- Observação:
le momento. A classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
Exemplo 2: tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
O homem, que se considera racional, muitas vezes oração.
age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa 2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
biais
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con- àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
ceito de “homem”. vo do que se declara na oração principal. Principal
conjunção subordinativa causal: porque. Outras
LÍNGUA PORTUGUESA
82
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- biais comparativas estabelecem uma comparação
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à pal. Principal conjunção subordinativa comparati-
qual ela se subordina. Repare: va: como.
1. Faltei à aula porque estava doente. Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. Você age como criança. (age como uma criança age)
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o • geralmente há omissão do verbo.
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de- seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
pois seus olhos ficaram vermelhos. para a execução do que se declara na oração prin-
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
cia, é efeito do que se declara na oração principal. como, consoante e segundo (todas com o mesmo
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, valor de conforme).
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas Fiz o bolo conforme ensina a receita.
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que direitos iguais.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
concretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
zida de Infinitivo) finais: que, porque (= para que) e a locução con-
juntiva para que.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
como necessário para a realização ou não de um
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
na oração principal.
principal. Principal locução conjuntiva subordinati-
va proporcional: à proporção que. Outras locuções
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan-
certamente o melhor time será campeão. to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto
Caso você saia, convide-me. menos...(menos).
À proporção que estudávamos mais questões acertá-
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo vamos.
da oração principal, isto é, admitem uma contradi- À medida que lia mais culto ficava.
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão
está diretamente ligada ao contraste, à quebra de I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expectativa. Principal conjunção subordinativa con- expresso na oração principal, podendo exprimir
cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção: noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. poral: quando. Outras conjunções subordinativas
Só irei se ele for. temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
A oração acima expressa uma condição: o fato de assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. depois que, sempre que, desde que, etc.
Compare agora com: Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Irei mesmo que ele não vá. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
LÍNGUA PORTUGUESA
83
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
sença do conectivo) sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
É preciso estudar = oração subordinada substantiva composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
subjetiva reduzida de infinitivo costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo
É preciso que se estude = oração subordinada subs- dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que
tantiva subjetiva fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi-
4. Orações Intercaladas te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra
mão certa profundidade de significado e certo acaba-
São orações independentes encaixadas na sequência mento de forma, que de repente podem fazer dela uma
do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar- inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra- Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São
vessões. Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta-
Nós – continuava o relator – já abordamos este as- ções).
sunto.
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa retos.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, ( ) CERTO ( ) ERRADO
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Resposta: Errado.
São Paulo: Saraiva, 2002. imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
SITE (transitivo direto e indireto)
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ pode servir de caminho = intransitivo
frase-periodo-e-oracao
EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
84
1. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos
HORA DE PRATICAR! desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar-
tilhados
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
ponder às questões de 1 a 7. ção à criatividade.
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos transferência de atividades para o lar.
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes teúdos.
e divisórias. d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele colegas e chefes.
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi- constante dos chefes.
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove 2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
chefe. nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
paço, com portas e tudo.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- para o chamado escritório aberto, como feito por Ch-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ris Nagele.
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
15% da produtividade, desenvolver problemas graves Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que equipes para escritórios abertos, também foi feito por
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
organização. d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir transferido por muitos executivos.
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- que já tinham sido feitos por outros executivos do se-
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é tor.
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em 3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
de Nagele e voltando aos espaços privados. – até então –, em destaque no início do segundo pará-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um grafo, expressa um limite, com referência
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo a) temporal ao momento em que se deu a transferência
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco da equipe de Nagele para o escritório aberto.
por até 20 minutos. b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a
Retemos mais informações quando nos sentamos em um equipe de Nagele antes da mudança para locais aber-
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e tos.
design de interiores. c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escritó-
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.folha. rio que adotou.
uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
LÍNGUA PORTUGUESA
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4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão DIO - VUNESP – 2017)
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
uma relação de sentido com o parágrafo anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar-
mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi-
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto,
empresas que adotaram o modelo de escritórios aber- como um exemplo de alívio, promessa de alegria em
tos. meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris-
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção te realismo: o problema de São Paulo é que você anda,
do modelo de escritórios abertos. anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros
base em resultados de pesquisas. perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati-
d) anterior, introduzindo informações que se contrapõem das e os Corcovados de concreto armado.
à visão positiva acerca dos escritórios abertos. O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
mato tradicional de escritório fechado. metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni-
das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li-
5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que patinadores, maracatus, big bands, corredores evangéli-
se identifica expressão do ponto de vista do próprio au- cos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
tor acerca do assunto de que trata. de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
artesanal.
a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo). dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
aberto... (4.º parágrafo). tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
c) Retemos mais informações quando nos sentamos em e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
um local fixo, afirma Sally Augustin... (último parágra- lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
fo). diferentes percursos.
d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério
ele queria que todos estivessem juntos... (2.º parágra- da Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas
fo). encostas do Sumaré, até que, na última terça, sem que-
e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia rer, descobri um insuspeito parque noturno com bastan-
em desuso... (7.º parágrafo). te gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de
atividades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
DIO - VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
conceito de escritório aberto caia em desuso... (7.º pará- em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
grafo) – a expressão em destaque tem o sentido de 13.04.2017. Adaptado)
86
9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e
DIO - VUNESP – 2015) aos protocolos sociais de relacionamento humano.
c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes,
Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insis- sem medo de ver atingida sua individualidade, no
te, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase contexto geral.
te mata de susto buzinando e te xingando porque você d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que
usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado a vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade
para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes so- como ato de rebeldia.
ciais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos, e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso
homofóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos. signifique seguir rituais de incivilidade e praticar a in-
Inclusive você. Afinal, você é obviamente um idiota gentil. tolerância.
Há teorias evolucionistas que defendem que as socieda-
des com maior número de pessoas altruístas sobrevive- 11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
ram por mais tempo por serem mais capazes de manter TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em
a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados relação à ortografia dos pares.
em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias
que proporcionam prazer e felicidade. a) Atenção – atenciozo.
Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas b) Aprender – aprendizajem.
para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a c) Simples – simplissidade.
aversão à gentileza à profunda necessidade de ser – ou d) Fúria – furiozo.
parecer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragili- e) Sensação – sensacional.
dades seriam uma vergonha social. Um empecilho à car-
reira, ao acúmulo de dinheiro. 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificável As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
diante da eterna ambivalência humana: queremos ser diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
bons, mas temos medo. Não dizer bom-dia significa que tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia
você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar da palavra sublinhada está igualmente correta.
os que não concordam com suas ideias é coisa de gente
forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, nin- b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
guém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
sua autonomia. Enfim, ser gentil está fora de moda. Estou e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, ima-
ginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas 13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil, I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade. vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível língua portuguesa é:
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015.
Adaptado) a) admissão, infração, renovação
b) diversão, excessão, sucessão
É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a gen- c) extenção, eleição, informação
tileza d) introdução, repreção, intenção
e) transmissão, conceção, omissão
a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância re-
conhecida socialmente. 14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser pratica- FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
da se não houver reciprocidade. econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as um só vocábulo, a forma adequada será
relações interpessoais.
d) restringe-se ao gênero masculino, pois este represen- a) sociais-econômicos.
ta os mais fortes. b) social-econômicos.
e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade c) sociais-econômico.
nos dias atuais. d) socioeconômicos.
e) socioseconômicos.
LÍNGUA PORTUGUESA
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b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais;
e) econômicas-social.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada com
essa prática _________ e, _________ não dizer, machista dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi na
rua. Mas, antes de prender os___________, tente encontrar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente entrar –
normalmente estão trancados –, e tente então não passar __________. Vamos copiar a Europa na proibição, mas também
na infraestrutura.
(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado)
18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar, por Chris
Browne, e assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, em conformidade com as regras
de ortografia.
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19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) ( ) “Não há prisão pior [...]”
( ) “O lugar de estudo era isso.”
( ) “E o olho sem se mexer [...]”
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan-
tou.”
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
(1) advérbio
(2) pronome
(3) conjunção
(4) substantivo
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25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014) 29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- MIM é:
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
um adjetivo. a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista;
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu-
a) ... um câncer de boca horroroso, ... lher;
b) Ele tem dezesseis anos... c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão;
c) Eu queria que ele morresse logo, ... d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso;
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra.
mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais. 30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O
26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- segmento em que a substituição do termo sublinhado
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é:
“que” em destaque funciona como pronome relativo.
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei-
a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente xou de ser-lhe;
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”. b) “podemos definir violência” / podemos defini-la;
b) “Ele diz que vota desde os 18...”. c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di-
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”. versos tipos de imposição” / denota-los;
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” /
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”. consideremos-lo;
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
votar”.
31. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de
11 a 26 – CESPE-2013)
27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte-
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
sequer percebem que determinadas lembranças foram
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé-
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
detalhamento das memórias reais.
como ocorre em: De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa
se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro re-
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos constrói o passado juntando os “tijolos” de dados, mas
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. somente o ato de acessar as lembranças já modifica e
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem distorce a realidade.
que índio não sabe nada. Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
c) O branco está preocupado que não chove mais em sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
alguns lugares. mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
trajetória. to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. neural para o processo de geração das falsas memórias,
haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com evidências de que, por mais real que aparente ser, um
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
está INCORRETA em: deiro. A memória humana não é como uma memória de
computador, não está certa o tempo todo.”
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
b) A ferida não se curava com os remédios. meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo en-
lha. trevistado afirmou que, dependendo de como se conduz
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun-
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) CERTO ( ) ERRADO
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32. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017) d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que
De acordo com os padrões da língua portuguesa, assina- eles sejam sempre trazidos junto ao corpo.
le a alternativa correta. e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar” nos.
se classifica como verbo transitivo direto, pois quem 35. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR-
ama, ama alguém. SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A fra-
b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desem- se – Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto.
penha função sintática de complemento nominal por – está corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à
complementar o sentido de adjetivos, advérbios ou pontuação e à colocação pronominal em:
substantivos abstratos, além de constituir emprego de a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada
ênclise. visse.
c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu can-
termo em destaque pode ser substituído por “Demo to.
lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o em- c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada
prego do pronome oblíquo como complemento do visse.
verbo. d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada ves-
d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”, se.
te.mos.um clássico emprego de mesóclise.
e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado 36. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017-
exemplifica o uso de próclise. ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho está
reescrito conforme a norma-padrão da língua portugue-
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU- sa, com a expressão destacada substituída pelo pronome
NESP-2014) correspondente.
34. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) 38. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
Assinale a alternativa correta quanto à colocação prono- GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
minal, de acordo com a norma-padrão da língua portu-
guesa. Texto 1 – Guerra civil
LÍNGUA PORTUGUESA
91
Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato. Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar- de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im- procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
plementação de programas estruturantes com o objetivo procurador da Fazenda (defensor do fisco).
de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Minis-
de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são me- tério Público no capítulo Das Funções Essenciais à Justiça.
didas essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir me- Define as funções institucionais, as garantias e as vedações
tas e alcançá-las, utilizando um bom método de traba- de seus membros. Isso deu evidência à instituição, tornan-
lho, deve ser parte de um programa bem articulado, que do-a uma espécie de ouvidoria da sociedade brasileira.
permita o acompanhamento das ações e que incentive o Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
União e das guardas municipais. No período “A sua história é marcada por processos que
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor restritiva.
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul
e do Sudeste”; 42. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de- GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL
corre de fato”; MÉDIO – CESPE-2013)
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte Uma legislação que tenha hoje 70 anos de vigência en-
das demais unidades da Federação”; trou em vigor muito antes do lançamento do primeiro
d) “...viaturas e novas tecnologias”; computador pessoal e do início da histórica revolução
e) “Definir metas e alcançá-las...”. imposta pela tecnologia digital. Isso não seria problema
se esse não fosse o caso da Consolidação das Leis do Tra-
39. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- balho (CLT), destinada a regular um dos universos mais
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as impactados por esta revolução, o das relações trabalhistas.
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica Instituída por Getúlio Vargas para outro Brasil — ainda
convenientemente substituída por uma oração em forma agrário, com indústria e serviços incipientes —, a CLT tem
desenvolvida na seguinte opção: sido defendida por sindicatos em nome da “preservação
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; dos direitos do trabalhador”.
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; Na vida real, longe das ideologias, a CLT, em função dos
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; custos que impõe ao empregador, é, na verdade, eficien-
d) que possamos decifrar as referências cristãs; te instrumento de precarização do próprio trabalhador.
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências O Globo, Editorial, 22/8/2013 (com adaptações).
cristãs.
A conjunção “se” tem valor condicional na oração em que
40. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI- está inserida.
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras ( ) CERTO ( ) ERRADO
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver”
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguinte 43. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDA-
alternativa: TEC-2018 - ADAPTADA) Observe a frase: “com o gover-
no criando leis e começando a punir quem agride o meio
a) para que sobrevivam. ambiente” e avalie as afirmações seguintes:
b) a fim de que sobrevivessem.
c) para sua sobrevida. I. O sujeito das formas verbais criando e começando é
d) no intuito de sobreviverem. o mesmo.
e) para sua sobrevivência. II. O sujeito de punir é inexistente.
III. O sujeito de agride é representado pelo pronome in-
41. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- definido, portanto, classifica-se como indeterminado.
LÍNGUA PORTUGUESA
92
44. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA deste são fabricados para serem consumidos no mo-
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE mento e desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010) A frase: divertido não é cultura.
“Começa vacinação contra gripe A.”, só não está correta- (Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetá-
mente analisada em: culo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook)
93
Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ili- os usuários compartilham informações com as quais
mitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. concordam: pois não verificam as fontes antes.
De fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de c) As informações enganosas são mais difundidas do que
promover a circulação de informações, a curto espaço de as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito
tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações por um instituto de pesquisa.
sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das infor- d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
mações através dos espaços virtuais, como blogs, web- uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
sites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados, quase impossível.
sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conheci- e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
mentos, promover discussões e, por vezes, influenciando entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
nas tomadas de decisões dos governantes e na prolife- cias sem fonte confiável.
ração de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos
acabam participando e exercendo a cidadania de forma 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
democrática no ciberespaço. [...] I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol retamente em:
do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo
padrão de democracia participativa fomentado pelas no- a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
vas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos am- cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
bientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, trangimentos às empresas.
são necessárias discussões aprofundadas sobre a com- b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
plexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade quem está conectado de quem não faz parte do mun-
para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimen- do digital.
to. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que
utilização das tecnologias de comunicação e informação confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças.
(novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
é de suma importância, pois possibilita a expansão da dados e checar se as informações refletem a realidade.
informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
do meio ambiente. tos de vista alternativos.
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: con-
tribuições para a proteção do meio ambiente no ciberes- 49. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
paço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
2013. Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/ de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051&re- portuguesa em:
vista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
Analise os trechos a seguir. a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
I. “[...] adequarem-se às necessidades e vontades huma- positivos móveis dos passageiros.
nas.” (1º§) b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
II. “Contudo, o homem não mediu as possíveis consequên- grande, porém não é capaz de absorver uma presença
cias [...]” (1º§) maior de produtos vindos do exterior.
III. “Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é c) Depois de chegarem às telas dos computadores e celula-
questionada, [...]” (2º§) res, as notícias estarão disponíveis em voos internacionais.
IV. “[...] por meio das novas mídias, as quais representam d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
novos meios de comunicação, [...]” (2º§) apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo com
que os juros cresçam pouco.
Os verbos que, no contexto, exigem o mesmo tipo de
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
complemento verbal, foram empregados em apenas
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
ver, se a importação vale a pena.
a) I e II.
b) I, III e IV.
50. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
c) II e IV.
d) II, III e IV. Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
LÍNGUA PORTUGUESA
94
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e 53. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados substituídas por travessão, EXCETO em:
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro-
nos Estados Unidos da América durante uma década in- priedade...
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. amigo, um homem...
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto já traz...
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para 54. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
imediatamente depois de “e”. MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
( ) CERTO ( ) ERRADO ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.
O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta
51. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU- sentido
NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta
quanto à pontuação. a) restritivo.
b) explicativo.
a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e c) conclusivo.
entendeu o pedido de minha mãe. d) comparativo.
b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi- e) alternativo.
nada, aos médicos nas faculdades.
c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en- 55. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
tre, parada cardíaca e morte.
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol-
-PE - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 -
ta, foi bastante contestado.
ADAPTADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca,
degolar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
os processos de reanimação.
neste trecho tem a função de:
a) Separar o aposto.
52. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
b) Delimitar o sujeito.
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a
frase inteiramente correta é: c) Delimitar uma nova oração.
d) Separar o vocativo.
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde e) Marcar uma pausa forte.
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas 56. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
escolhas produzidas pelo escritor. O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es-
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada
partem os humanistas uma vez que é nela, que se por processos que culminaram na sua formalização insti-
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas tucional e na ampliação de sua área de atuação.
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar, No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
as escolhas produzidas pelo escritor. lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es- ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
escolhas produzidas pelo escritor. procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde procurador da Fazenda (defensor do fisco).
partem os humanistas, uma vez que é nela que se A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Minis-
tério Público no capítulo Das Funções Essenciais à Justiça.
LÍNGUA PORTUGUESA
95
Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula 60. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
após “colonial” é utilizada para isolar aposto. TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
( ) CERTO ( ) ERRADO com acento gráfico é:
a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4 Coluna 1
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4 1. Monossílabo tônico terminado em -o, -e, -a, seguidos
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2 ou não de s.
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3 2. Proparoxítona.
3. Oxítona terminada em -o, -e, -a, -em, seguidos ou não
59. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – de s.
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo 4. Regra do hiato.
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
regras de acentuação todas as palavras em: Coluna 2
( ) Atrás.
a) andróide, odisseia, residência ( ) Último.
b) arguição, refém, mausoléu ( ) Irá.
LÍNGUA PORTUGUESA
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A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de 68. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
cima para baixo, é: CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
a)1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 2 – 2. aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
b) 3 – 1 – 2 – 3 – 4 – 3 – 2. escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 4 – 1. ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
d) 3 – 3 – 1 – 1 – 4 – 3 – 4.
e) 3 – 2 – 3 – 1 – 3 – 3 – 4. a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
64. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO DE “a” que acompanha os substantivos “relação” e “esco-
OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014-A- la”.
DAPTADA) No trecho: “material altamente inflamável e b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
tóxico”, as palavras destacadas recebem acento gráfico. nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
Também devem receber esse acento as palavras: vos “relação” e “escola”.
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
a) tórax e rúbrica. nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
b) revólver e púdico. vos “relação” e “escola”.
c) alí e cadáver. d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
d) cajú e cálice. supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
e) bíceps e fétido. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
65. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) A que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
sequência de vocábulos: “Islâmico, vitória, até, público”
pode ser empregada para demonstrar exemplos de três 69. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
regras de acentuação gráfica diferentes. Indique a seguir DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
o grupo de palavras que apresenta palavras cuja acen- tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
tuação tenha as mesmas justificativas das palavras do da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
grupo anteriormente apresentado (considere a mesma crase.
ordem da sequência apresentada). Assinale a alternativa em que o acento indicativo de crase
está corretamente empregado.
a) atípica, aparência, é, vítimas
b) típico, província, será, Nínive a) O memorando refere-se à documentos enviados na
c) famílias, público, diários, várias semana passada.
d) violência, próprios, já, violência b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
cia urgente.
66. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018-ADAP- c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
TADA) Duas palavras que obedecem à mesma regra de pessoas já desestimuladas.
acentuação gráfica são: d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
consta na lista.
a) indébita / também; e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
b) história / veículo; flexível e são responsáveis.
c) crônicas / atribuídos;
d) coíba / já; 70. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
e) calúnia / plágio. De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
67. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acen- devendo ocorrer o mesmo na frase:
tuadas segundo as regras de acentuação, respectivamen-
te, de intercâmbio e antropológico. a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
a) Distúrbio e acórdão. c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.
b) Máquina e jiló. d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com-
c) Alvará e Vândalo. panhia.
LÍNGUA PORTUGUESA
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71. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da respectivamente, com:
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
ser empregado na palavra destacada em: a) às … a
b) as … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- c) à … à
nada a programação que a empresa pretende desen- d) às … à
volver. e) à … a
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
clientes são importantes para garantir a saúde finan- 75. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
ceira das instituições. acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o acen-
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condições to indicativo de crase está corretamente empregado em:
mais favoráveis de empréstimo a quem está fora do
mercado formal de trabalho. a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi- com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
moeda virtual. rem a sua postura.
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei- c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
ro foram convidados a comparar as importações e as ções muito mais severas.
exportações em 2017. d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
dos demais motoristas e de pedestres.
72. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo nova lei para que ela possa funcionar.
de crase está de acordo com a norma-padrão em:
76. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
à esmo. mente, as lacunas do texto a seguir.
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
à prazo. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
danças na trama. uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
à emissora. daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
73. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
deve ser empregado na palavra destacada em: duas mil mulheres.
(https://oglobo.globo.com. Adaptado)
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam,
em geral, pequena variação de funções quando com- a) à … às … a
parados a versões anteriores. b) a … as … a
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa c) a … às … a
junto a crianças do ensino fundamental para ver como d) à … às … à
elas se comportam no ambiente virtual. e) a … as … à
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor-
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme 77. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
o depoimento de professores. – ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014-ADAPTADA)
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho- Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encon-
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os tra entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser
novos lançamentos. acrescentado em:
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
de crédito para não serem surpreendidas com valores a) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos...
muito altos. (dispor de todos)
LÍNGUA PORTUGUESA
98
78. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
retamente empregado em: zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- significativo de patrícios e algumas associações de por-
poles importante papel no desenvolvimento da eco- te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
da hierarquia urbana. de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
b) Conforme o grau de influência e importância interna- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três como a Casa de Portugal e um grande número de casas
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
gócios e a cultura. vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além preferida pelos mais abastados.
de um atendimento bastante diversificado, como jor- PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
nais, teatros, cinemas, entre outros. ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
dades globais como verdadeiros polos de influência de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
internacional, devido à presença de sedes de grandes O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
empresas transnacionais e importantes centros de tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
pesquisas. papel gramatical está repetido corretamente em:
79. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às da cidade.
exigências de concordância da norma-padrão da língua b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
portuguesa em: cariam ricos.
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- na cidade.
ses as notícias falsas. d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias empregos.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas. e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- tas de trabalho.
sultaram na criação de serviços especializados.
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias
reais porque vem acompanhados de títulos chamati-
vos.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.
Texto I
99
43 A
GABARITO 44 E
45 C
1 C 46 C
2 C 47 E
3 A 48 D
4 D 49 C
5 E 50 Certo
6 B 51 A
7 A 52 E
8 B 53 A
9 E 54 B
10 A 55 D
11 E 56 Errado
12 E 57 B
13 A 58 A
14 D 59 B
15 D 60 E
16 B 61 Certo
17 B 62 B
18 E 63 E
19 E 64 E
20 D 65 B
21 A 66 E
22 E 67 D
23 A 68 E
24 C 69 D
25 A 70 B
26 A 71 A
27 D 72 E
28 C 73 E
29 D 74 D
30 B 75 A
31 Errado 76 B
32 B 77 E
33 E 78 C
34 D 79 E
35 C 80 E
36 B
37 D
LÍNGUA PORTUGUESA
38 B
39 D
40 E
41 Certo
42 Certo
100
ÍNDICE
1
4. CONCEITO DE INFÂNCIA - A criança é inocente. A dramatização, pesquisa, solução de probleas,
criança está mais perto da verdadeira humanidade. discussões grupais, dinâmica grupais, trabalho
É preciso protegê-la, isolá-la, do contato com a prático. Muito som, luz, cor e movimento, supõe
sociedade adulta e não ter pressa de transformar a aprendizagem como processo intrínseco que
a criança em adulto. O importante não é preparar requer elaboração interna do aprendiz. Aprender
para a vida futura apenas, mas vivenciar intensa- a aprender é mais fundamental do que acumu-
mente a infância. lar grandes quantidades de conteúdos, permite
5. IDEAL DE HOMEM. É a pessoa livre, espontânea, de a variedade e manipulação efetiva de materiais
iniciativa, criativa, auto-determinada e responsável. didáticos pelos educandos. Ênfase no jogo, des-
Enfim, auto-realizada. contração, prazer. Enfatiza avaliação qualitativa,
6. A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO - A função da Educação a auto-avaliação, a discussão de critérios e ava-
é possibilitar condições para a atualização e uso liação com os educandos.
pleno das potencialidades pessoais em direção ao 13. RELAÇÃO EDUCACÃO-SOCIEDADE - A concepção
auto-conhecimento e auto-realização pessoal. A liberalista de Educação é coerente com o moderno
Educação não deve destruir o homem concreto, e capitalismo que propõe a livre iniciativa individual,
sim apoiar-se neste ser concreto. Não deve ir con- adaptação dos trabalhadores a situações mutáveis,
tra o homem para formar o homem. A Educação concepção de Educação é conivente com o siste-
deve realizar-se a partir da própria vida e expe- ma capitalista de sociedade porque:
riência do educando, apoiar-se nas necessidades
e interesses naturais, expectativas do educando, e 1.Contribui com a manutenção da estrutura de clas-
contribuir para seu desenvolvimento pessoal. Os ses sociais, quando realiza a elitização do saber, de
três princípios básicos da Educação liberalista: li- dois modos: a) organizando o ensino de modo a
berdade, subjetividade, atividade. desfavorecer o prosseguimento da escolarização
7. EDUCADOR - Deve abster-se de intervir no pro- dos mais pobres: o mundo da escola é o mundo
cesso do desenvolvimento do educando. Deve ser burguês no visual, na linguagem, nos meios,
elemento facilitador desse desenvolvimento. Essa nos fins. A escola vai selecionando os mais “capa-
concepção enfatiza as atividades do mestre: com- zes”. Os outros vão sutilmente se mantendo nas
preensão, empatia (perceber o ponto de refe- baixas camadas de escolaridade. A pirâmide esco-
rência interno do outro), carinho, atenção, acei- lar também contribui, portanto, com a reprodução
tação, permissividade, autenticidade, confiança contínua da pirâmide social.
no ser humano. b) 2. Inculca a concepção burguesa de mundo, de
8. DISCIPLINA - As regras disciplinares são discutidas modo predominante, divulgando sua ideologia
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
por todos os educandos e assumidas por eles com através do discurso explícito e implícito (na fala
liberdade e responsabilidade. Essas regras são o das autoridades, nos textos de leitura, nas atitu-
limite real para o clima de permissividade. O traba- des manifestas). Veicula conteúdos idealizadores
lho ativo e interessado substitui a disciplina rígida. da realidade, omitindo questionamentos críticos
9. RELACIONAMENTO INTER-PESSOAL - A relação desveladores do social real.
privilegiada é do grupo de educandos que coo- 3. Seu projeto de mudança social é reformista e
peram, decidem, se expressam. Enfatiza as re- acredita na mudança social sem conflito, não le-
lações inter-pessoais, busca dar espaço para as vando em consideração as contradições reais
emoções, sentimentos, afetos, fatos imprevistos geradas pelo poder burguês. Quando fala em
emergentes no aqui-agora do encontro grupal. mudança social, acredita que esta se processa das
Permite o pensamento divergente, a pluralida- partes para o todo: mudam as pessoas - as ins-
de de opções, respostas mais personalizadas. É tituições - a sociedade.
centrada no estudante.
10. ESCOLA - É um meio fechado, se possível espe- 14. CONTRADIÇÃO BÁSICA - da concepção libera-
cialmente distanciado da vida social para pro- lista de Educação: Ao contestar o autoritarismo, a
teger o educando. A escola torna-se uma mini- opressão e ressaltar a livre expressão e os direitos
-sociedade ideal onde o educando pode agir com do ser humano, a Educação Liberalista abre espaço
liberdade, espontaneidade, alegria. para que seja possível inclusive a ultrapassagem de
11. CONTEÚDO - As crianças podem ordenar o co- si própria em sua nova pedagogia que rejeita os
nhecimento conforme os seus interesses. Evita-se seus pressupostos ideológicos e construa outros
mostrar o mundo “mau”aos educandos. O mundo pressupostos com nova concepção de mundo, de
é apresentado de modo idealizado, bonito, “co- sociedade, de homem. O liberalismo pedagógico
lorido”. torna possível esta ultrapassagem, mas não a rea-
liza.
12. PROCEDIMENTO Pedagógico - Enfatiza a técnica
de descoberta, o método indutivo (do particu- Concepção Técnico-Burocrática Da Educação
lar ao geral). Defende técnicas globalizantes que
garantam o sentido, a compreensão, a inter-rela- 1. ORIGEM HISTORICA - Esta concepção é também
ção e sequenciação do conteúdo. Utiliza técnicas conhecida como concepção TECNICISTA. Penetrou
variadas: música, dança, expressão corporal, nos meios educacionais a partir dos meados do
2
séc. XX (1950) com o avanço dos modelos de or- 12. CONTRADIÇÃO BÁSICA. Há bases materiais, con-
ganização EMPRESARIAL. Representa a introdução cretas que sustentam a concepção tecnoburocráti-
do modelo capitalista empresarial na escola. ca de Educação. Mas a própria dominação gera o
2. CONCEPÇÃO DE HOMEM - É um ser condicionado seu contrário: a resistência, a luta. A proletarização
pelo meio físico-social. do professor tem sido a base material que tem le-
3. IDEAL DE HOMEM - É o homem produtivo e adap- vado a categoria dos docentes a sair de seus mo-
tado à sociedade. vimentos reivindicatórios corporativistas para unir
4. FUNÇÃO DA EDUCACÃO - É modeladora, modifica- suas forças à dos proletários. A luta do educador é
dora do comportamento humano previsto. Educa- mais ampla: do nível da luta interna na instituição
ção é adaptação do indivíduo à sociedade. escolar e junto à categoria profissional à luta social
5. ESCOLA - Deve ser uma comunidade harmoniosa. contra o sistema que tem gerado esta Educação.
Todo problema deve ser resolvido administrativa-
mente. O administrativo e o pedagógico são de- Concepção Dialética De Educação
partamentos separados.
6. EDUCADOR - É um especialista, já possui o saber. 1. CONCEITO DE DIALÉTICA. A dialética é uma Filo-
Quem possui saber são os cientistas, os especialis- sofia porque implica uma concepção do homem,
tas. Esses produzem a cultura. Esses é que deverão da sociedade e da relação homem-mundo. É
comandar os demais homens. Eles produziram a também um método de conhecimento. Na Gré-
teoria e é esta que vai dirigir a prática. Os espe- cia antiga a dialética signficava “arte do diálogo”.
cialistas é que devem planejar, decidir e levar os Desde suas origens mais antigas a dialética estava
demais a cumprirem as ordens, e executar o fazer relacionada com as discussões sobre a questão do
pedagógico. A equipe de comando técnico deve movimento, da transformação das coisas. A dialé-
fiscalizar o cumprimento das ordens. tica percebe o mundo como uma realidade em
7. RELAÇÃO INTER-PESSOAL - Valoriza a hierarquia, contínua transformação. Em tudo o que existe há
ordem, a impessoalidade, as normas fixas e pre- uma contradição interna. (Por exemplo, numa so-
cisas, o pensamento convergente, a uniformi- ciedade há forças conservadoras interessadas em
dade, a harmonia. manter o sistema social vigente, e há forças eman-
8. CONTEÚDO - Supervaloriza o conhecimento téc- cipadoras). Essas forças são inter-dependentes e
nico-profissional, enfatiza o saber pronto pro- estão em luta. Essa luta força o movimento, a
vindo das fontes culturais estrangeiros, super transformação de ambos os termos contrários
desenvolvidas. em um terceiro termo. No terceiro termo há su-
9. PROCEDIMENTO Pedagógico - Enfatiza a técnica, peração do estar-sendo anterior.
3
aos obstáculos, ela vai conquistando espaço. Ainda 3o. Voltar à prática para transformá-la : voltar à
não está estruturada, está se fazendo. A todo edu- prática com referenciais teóricos mais elaborados e
cador progresista-dialético uma tarefa se coloca: a agir de modo mais competente. A prática é o crité-
de contribuir com essa construção: sistematizar a rio de avaliação da teoria. Ao colocar em prática o
teoria e a prática dialética de educação. conhecimento mais elaborado surgem novas per-
3. CONCEITO DE HOMEM - O homem é sujeito, agen- guntas que requerem novo processo de teorização
te do processo histórico. “A História nos faz, refaz e abrindo-nos ao movimento espiralado da busca
é feito por nós continuamente”. (Paulo Freire). contínua do conhecimento.
4. IDEAL DE HOMEM. A educação dialética visa a 7. CONTEÚDO E PROCEDIMENTO Pedagógico : A
construção do homem histórico, compromissado educação dialética luta pela escola pública e gra-
com as tarefas do seu tempo: participar do projeto tuita. Uma escola de qualidade para o povo. Para
de construção de uma nova realidade social. Bus- assumir a hegemonia, a classe trabalhadora preci-
ca a realização plena de todos os homens e acre- sa munir-se de instrumentais: apropriação de co-
dita que isto não será possível dentro do modelo nhecimentos, métodos e técnicas, hoje restritos
capitalista de sociedade. Sendo assim, se coloca à classe dominante. Implica a apropriação crítica
numa perspectiva transformadora da realidade. e sistemática de teorias, tecnicas profissionais,
O homem dessa outra realidade não será mais o o ler, escrever e contar com eficiência e mais
homem unilateral, excluído dos bens sociais, ex- ainda, apropriar-se de métodos de aquisição,
plorado no trabalho, mas será um homem novo, produção e divulgação do conhecimento: pes-
o homem total”: “É o chegar histórico do homem quisar, discutir, debater com argumentações
a uma totalidade de capacidade, a uma totalida- precisas, utilizar os mais variados meios de ex-
de de possibilidade de consumo e gozo, podendo pressão, comunicação e arte. A Educação dialética
usufruir bens espirituais e materiais” (Moacir Ga- enfatiza técnicas que propriciem o fazer cole-
dotti). tivo, a capacidade de organização grupal, que
5. EDUCAÇÃO - Numa sociedade de classes, a educa- permitem a reflexão crítica, que permitem ao
ção tem uma função política de criar as condições educando posicionar-se como sujeito do conhe-
necessárias à hegemonia da classe trabalhadora. cimento. Busca partir da realidade dos educandos,
Hegemonia implica o direito de todos participa- suas condições de “partida”e interferir para supe-
rem efetivamente da condução da sociedade, po- rar esse momento inicial. Avalia continuamente a
der decidir sobre sua vida social; supõe direção prática global, não apenas os conteúdos memo-
cultural, política ideológica. As condições para rizados. O aluno é também sujeito da avaliação. A
hegemonia dos trabalhadores passam pela apro- avaliação serve para disgnosticar, evidenciar o que
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
4
a expressividade e espontaneidade. A disciplina - Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em
(regras de comportamento) é algo que se constrói projetos de conhecimento.
coletivamente. Valoriza a afetividade no encontro
inter-pessoal, sem a chantagem ou exploração do 2. Administrar a progressão das aprendizagens.
afetivo. Mas não basta amar, compreender e que- - Conceber e administrar situações-problema ajus-
rer bem o educando. O amor deve aliar-se à com- tadas ao nível e as possibilidades dos alunos: em
petência profissional, iluminada por um compro- torno da resolução de um obstáculo pela classe,
misso político claro. 1 propiciando reflexões, desafios, intelectuais, confli-
tos sociocognitivos;
- Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS. ensino: dominar a formação do ciclo de aprendi-
zagem, as fases do conhecimento e do desenvol-
vimento intelectual da criança e do adolescente,
TENDÊNCIAS além do sentimento de responsabilidade do pro-
fessor pleno conjunto da formação do ensino fun-
O ofício de professor deve consagrar temas como a damental;
prática educativa, a profissionalização docente, o traba- - Estabelecer laços com as teorias subjacentes às ati-
lho em equipe, projetos, autonomia e responsabilidades vidades de aprendizagens;
crescentes, pedagogias diferenciadas, e propostas con- - Observar e avaliar os alunos em situações de apren-
cretas. O autor toma como referencial de competência dizagens;
adotado em Genebra, 1996, para uma formação contí- - Fazer balanços periódicos de competências e tomar
nua. O professor deve dominar saberes a serem ensina- decisões de progressão;
dos, ser capaz de dar aulas, de administrar uma turma e - Rumar a ciclos de aprendizagem: interagir grupos
de avaliar. Ressalta a urgência de novas competências, de alunos e dispositivos de ensino-aprendizagem.
devido às transformações sociais existentes. As tecnolo-
gias mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de dife-
e mesmo o pensamento. A prática docência tem que re- renciação.
fletir sobre o mundo. Os professores são os intelectuais - Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma
e mediadores, intérpretes ativos da cultura, dos valores e turma, com o propósito de grupos de necessida-
do saber em transformação. Se não se perceberem como des, de projetos e não de homogeneidade;
depositários da tradição ou percursos do futuro, não - Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço
serão desempenhar esse papel por si mesmos. O currí- mais vasto, organizar para facilitar a cooperação e
5
- Enfrentar e analisar em conjunto situações comple- - Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de
xas, práticas e problemas profissionais. ensino ou do sistema educativo;
- Administrar crises ou conflitos interpessoais. - Acolher a formação dos colegas e participar dela.
6. Participar da administração da escola. Conclusão: Contribuir para o debate sobe a sua pro-
- Elaborar, negociar um projeto da instituição; fissionalização, com responsabilidade numa formação
- Administrar os recursos da escola; contínua.2
- Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus
parceiros (serviços para escolares, bairro, associa- Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicio-
ções de pais, professores de línguas e cultura de nantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes
origem); concepções de homem e de sociedade e, consequente-
- Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a mente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e
participação dos alunos. da aprendizagem, inter alia. Assim, justifica-se o presente
estudo, tendo em vista que o modo como os professores
7. Informar e envolver os pais. realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses
- Dirigir reuniões de informação e de debate; pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.
- Fazer entrevistas;
- Envolver os pais na construção dos saberes. O objetivo deste artigo é verificar os pressupostos de
aprendizagem empregados pelas diferentes tendências
8. Utilizar novas tecnologias. pedagógicas na prática escolar brasileira, numa tentativa
As novas tecnologias da informação e da comunica- de contribuir, teoricamente, para a formação continuada
ção transformam as maneiras de se comunicar, de traba- de professores.
lhar, de decidir e de pensar. O professor predica usar edi-
tores de textos, explorando didáticas e programas com Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicio-
objetivos educacionais.
nantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes
- Discutir a questão da informática na escola;
concepções de homem e de sociedade e, consequente-
- Utilizar editores de texto;
mente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e
- Explorar as potencialidades didáticas dos progra-
da aprendizagem, inter alia. Assim, justifica-se o presente
mas em relação aos objetivos do ensino;
estudo, tendo em vista que o modo como os professores
- Comunicar-se à distância por meio da telemática;
realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses
- Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.
pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Assim, quanto à oitava competência de Perrenoud,
que trabalho nessa pesquisa, a Informática na Educação, Tendências Pedagógicas Liberais
nos fez perceber que cada vez mais precisamos do com-
putador, porque estamos na era da informatização e por Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sus-
isso é primordial que nós profissionais da educação es- tenta a ideia de que a escola tem por função preparar
tejamos modernizados e acompanhando essa tendência, os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de
visto que assim como um simples pagamento no ban- acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o
co, utilizamos o computador, para estarmos atualizados indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigen-
necessitamos obter mais esta competência para se fazer tes na sociedade de classe, através do desenvolvimento
uma docência de qualidade. da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto
cultural, as diferenças entre as classes sociais não são
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da pro- consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a
fissão. ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta
- Prevenir a violência na escola e fora dela; a desigualdade de condições.
- Lutar contra os preconceitos e as discriminações se-
xuais, étnicas e sociais; Tendência Liberal Tradicional
- Participar da criação de regras de vida comum refe-
rente á disciplina na escola, às sanções e à aprecia- Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tra-
ção da conduta; dicional se caracteriza por acentuar o ensino humanístico,
- Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a co- de cultura geral. De acordo com essa escola tradicional,
municação em aula; o aluno é educado para atingir sua plena realização atra-
- Desenvolver o senso de responsabilidade, a solida- vés de seu próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de
riedade e o sentimento de justiça. classe social não são consideradas e toda a prática esco-
lar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno.
10. Administrar sua própria formação contínua. Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a ideia
- Saber explicitar as próprias práticas; de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos
- Estabelecer seu próprio balanço de competência e para o espírito da criança é acompanhada de outra: a de
seu programa pessoa de formação contínua; que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à
- Negociar um projeto de formação comum com os
2 Fonte: Perrenoud, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar.
colegas (equipe, escola, rede);
Porto Alegre: ARTMED, 2000. Reimpressão 2008
6
do adulto, sem levar em conta as características próprias Aprender é modificar suas próprias percepções. Ape-
de cada idade. A criança é vista, assim, como um adulto nas se aprende o que estiver significativamente relacio-
em miniatura, apenas menos desenvolvida. nado com essas percepções. A retenção se dá pela rele-
No ensino da língua portuguesa, parte-se da con- vância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a
cepção que considera a linguagem como expressão do avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto-a-
pensamento. Os seguidores dessa corrente linguística, valiação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo
em razão disso, preocupam-se com a organização lógica o professor apenas um facilitador. No ensino da língua,
do pensamento, o que presume a necessidade de regras tal como ocorreu com a corrente pragmatista, as ideias da
do bem falar e do bem escrever. Segundo essa concepção escola renovada não-diretiva, embora muito difundidas,
de linguagem, a Gramática Tradicional ou Normativa se encontraram, também, uma barreira na prática da ten-
constitui no núcleo dessa visão do ensino da língua, pois dência liberal tradicional.
vê nessa gramática uma perspectiva de normatização lin-
guística, tomando como modelo de norma culta as obras Tendência Liberal Tecnicista
dos nossos grandes escritores clássicos. Portanto, saber
gramática, teoria gramatical, é a garantia de se chegar ao A escola liberal tecnicista atua no aperfeiçoamento
domínio da língua oral ou escrita. da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulan-
Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o ensi- do-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto,
no da gramática pela gramática, com ênfase nos exercícios emprega a ciência da mudança de comportamento, ou
repetitivos e de recapitulação da matéria, exigindo uma seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse princi-
atitude receptiva e mecânica do aluno. Os conteúdos são pal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para
organizados pelo professor, numa sequência lógica, e a o mercado de trabalho, não se preocupando com as mu-
avaliação é realizada através de provas escritas e exercícios danças sociais.
de casa. Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada
na teoria de aprendizagem S-R, vê o aluno como depo-
Tendência Liberal Renovada Progressivista sitário passivo dos conhecimentos, que devem ser acu-
mulados na mente através de associações. Skinner foi o
Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a ten- expoente principal dessa corrente psicológica, também
dência liberal renovada (ou pragmatista) acentua o sen- conhecida como behaviorista. Segundo RICHTER (2000),
tido da cultura como desenvolvimento das aptidões in- a visão behaviorista acredita que adquirimos uma língua
dividuais. por meio de imitação e formação de hábitos, por isso a
A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno ênfase na repetição, nos drills, na instrução programada,
para assumir seu papel na sociedade, adaptando as ne- para que o aluno forme “hábitos” do uso correto da lin-
7
Tendência Progressista Libertadora suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por
meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para
As tendências progressistas libertadoras e libertárias uma participação organizada e ativa na democratização
têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o da sociedade.
antiautoritarismo. A escola libertadora, também conheci- Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o
da como a pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação princípio da aprendizagem significativa, partindo do que
à luta e organização de classe do oprimido. Segundo GA- o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se
DOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel infor- realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno
mativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão
insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e mais clara e unificadora.
junto deste, não se elabora uma nova teoria do conheci-
mento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/96
estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar
e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de outros. de n.º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vy-
Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de clas- gotsky e Wallon. Um dos pontos em comum entre esses
ses, o saber mais importante para o oprimido é a desco- psicólogos é o fato de serem interacionistas, porque con-
berta da sua situação de oprimido, a condição para se cebem o conhecimento como resultado da ação que se
libertar da exploração política e econômica, através da passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com Aranha
elaboração da consciência crítica passo a passo com sua (1998), o conhecimento não está, então, no sujeito, como
organização de classe. Por isso, a pedagogia libertadora queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os em-
ultrapassa os limites da pedagogia, situando-se também piristas, mas resulta da interação entre ambos.
no campo da economia, da política e das ciências sociais,
conforme Gadotti.
Como pressuposto de aprendizagem, a força moti- Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo
vadora deve decorrer da codificação de uma situação- essa perspectiva interacionista, a leitura como processo
-problema que será analisada criticamente, envolvendo o permite a possibilidade de negociação de sentidos em
exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por sala de aula. O processo de leitura, portanto, não é cen-
meio de representações da realidade concreta, a razão trado no texto, ascendente, bottom-up, como queriam
de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, aprender os empiristas, nem no receptor, descendente, top-down,
é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou
da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido seja, a partir de uma negociação de sentido entre enun-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. ciador e receptor. Assim, nessa abordagem interacionis-
Portanto o conhecimento que o educando transfere re- ta, o receptor é retirado da sua condição de mero objeto
presenta uma resposta à situação de opressão a que se do sentido do texto, de alguém que estava ali para deci-
chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. frá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente, no
No ensino da Leitura, Paulo Freire, numa entrevista, ensino da leitura.
sintetiza sua ideia de dialogismo: “Eu vou ao texto cari- As ideias desses psicólogos interacionistas vêm ao
nhosamente. De modo geral, simbolicamente, eu puxo encontro da concepção que considera a linguagem
uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar como forma de atuação sobre o homem e o mundo e
um diálogo comigo”. das modernas teorias sobre os estudos do texto, como
a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Semântica
Tendência Progressista Libertária Argumentativa e a Pragmática, entre outros.
De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Li-
A escola progressista libertária parte do pressuposto bâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais,
de que somente o vivido pelo educando é incorporado e ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se
utilizado em situações novas, por isso o saber sistemati- declararem neutras, nunca assumiram compromisso com
zado só terá relevância se for possível seu uso prático. A as transformações da sociedade, embora, na prática, pro-
ênfase na aprendizagem informal via grupo, e a negação curassem legitimar a ordem econômica e social do sis-
de toda forma de repressão, visam a favorecer o desen- tema capitalista. No ensino da língua, predominaram os
volvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, métodos de base ora empirista, ora inatista, com ensino
procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da da gramática tradicional, ou sob algumas as influências
negociação de sentidos na leitura. teóricas do estruturalismo e do gerativismo, a partir da
Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.
Tendência Progressista Crítico-Social Dos Conteú- Já as tendências pedagógicas progressistas, em opo-
dos sição às liberais, têm em comum a análise crítica do sis-
tema capitalista. De base empirista (Paulo Freire se pro-
Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico- clamava um deles) e marxista (com as ideias de Gramsci),
-social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e essas tendências, no ensino da língua, valorizam o texto
libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu con- produzido pelo aluno, a partir do seu conhecimento de
fronto com as realidades sociais. A atuação da escola mundo, assim como a possibilidade de negociação de
consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e sentido na leitura.
8
A partir da LDB 9.394/96, principalmente com as difu- aprender tem que estar significativamente ligado com
sões das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa pers- suas percepções, modificando-as.
Tecnicista – Skinner foi
pectiva sócio-histórica, essas teorias buscam uma aproxi- o expoente principal dessa corrente psicológica, também
mação com modernas correntes do ensino da língua que conhecida como behaviorista. Neste método de ensino o
consideram a linguagem como forma de atuação sobre o aluno é visto como depositário passivo dos conhecimen-
homem e o mundo, ou seja, como processo de interação tos, que devem ser acumulados na mente através de as-
verbal, que constitui a sua realidade fundamental. sociações. O professor é quem deposita os conhecimen-
tos, pois ele é visto como um especialista na aplicação
Tendências Pedagógicas Brasileiras de manuais; sendo sua prática extremamente controlada.
Articula-se diretamente com o sistema produtivo, com o
As tendências pedagógicas brasileiras foram muito objetivo de aperfeiçoar a ordem social vigente, que é o
influenciadas pelo momento cultural e político da socie- capitalismo, formando mão de obra especializada para o
dade, pois foram levadas à luz graças aos movimentos mercado de trabalho.
sociais e filosóficos. Essas formaram a prática pedagógica
do país. Tendências Progressistas - Partem de uma análise
Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) pro- crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente
põem a reflexão sobre as tendências pedagógicas. Mos- as finalidades sociopolíticas da educação e é uma ten-
trando que as principais tendências pedagógicas usadas dência que condiz com as ideias implantadas pelo capi-
na educação brasileira se dividem em duas grandes li- talismo. O desenvolvimento e popularização da análise
nhas de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências marxista da sociedade possibilitou o desenvolvimento da
Liberais e Tendências Progressistas. tendência progressista, que se ramifica em três correntes:
Os professores devem estudar e se apropriar dessas Libertadora – Também conhecida como a pedagogia
tendências, que servem de apoio para a sua prática peda- de Paulo Freire, essa tendência vincula a educação à luta
gógica. Não se deve usar uma delas de forma isolada em e organização de classe do oprimido. Onde, para esse, o
toda a sua docência. Mas, deve-se procurar analisar cada saber mais importante é a de que ele é oprimido, ou seja,
uma e ver a que melhor convém ao seu desempenho ter uma consciência da realidade em que vive. Além da
acadêmico, com maior eficiência e qualidade de atuação. busca pela transformação social, a condição de se libertar
De acordo com cada nova situação que surge, usa-se a através da elaboração da consciência crítica passo a pas-
tendência mais adequada. E observa-se que hoje, na prá- so com sua organização de classe. Centraliza-se na dis-
tica docente, há uma mistura dessas tendências. cussão de temas sociais e políticos; o professor coordena
Deste modo, seguem as explicações das caracterís- atividades e atua juntamente com os alunos.
ticas de cada uma dessas formas de ensino. Porém, ao Libertária – Procura a transformação da personali-
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não menos importantes, dedicaram grande parte de suas aceito como fatalidade, ele torna a escola um peso morto
vidas a estudos que pudessem contribuir para o avanço na história, que arrasta as pessoas e as impede de so-
da Educação, desenvolvendo teorias para nortear as prá- nhar, pensar e criar (Moacir Gadotti, em entrevista para a
ticas pedagógicas, objetivando melhorar a qualidade do revista Nova Escola, edição de novembro/2000).
ensino que é aplicado nas escolas. Essa é a função das Desse modo, creio que seja essencial que todos os
tendências pedagógicas no universo educacional. O que professores tenham um conhecimento mais aprofunda-
se pretende neste trabalho é justamente trazer à tona do das tendências pedagógicas, pois elas foram conce-
essa questão, erguendo a bandeira das tendências pe- bidas para nortear as práticas pedagógicas. O educador
dagógicas contemporâneas, buscando, assim, contribuir deve conhecê-las, principalmente as mais recentes, ainda
para uma melhor assimilação delas por parte de alguns que seja para negá-las, mas de forma crítica e consciente,
professores de escolas públicas. ou, quem sabe, para utilizar os pontos positivos observa-
dos em cada uma delas para construir uma base pedagó-
A relação entre as tendências pedagógicas e a prá- gica própria, mas com coerência e propriedade.
tica docente Afinal, como já defendia Snyders (1974), é possível
“pensar que se pode abrir um caminho a uma pedago-
As tendências pedagógicas são de extrema relevân- gia atual; que venha fazer a síntese do tradicional e do
cia para a Educação, principalmente as mais recentes, moderno: síntese e não confusão”. O importante é que
pois contribuem para a condução de um trabalho do- se busque tirar a venda dos olhos para enxergar, literal-
cente mais consciente, baseado nas demandas atuais da mente, o alunado e assim poder dar um sentido político
clientela em questão. O conhecimento dessas tendências e social ao trabalho que está sendo realizado, pois, como
e perspectivas de ensino por parte dos professores é afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da
fundamental para a realização de uma prática docente realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo
realmente significativa, que tenha algum sentido para o educando, e só tem sentido se resulta de uma aproxima-
aluno, pois tais tendências objetivam nortear o trabalho ção crítica dessa realidade, o que está em consonância
do educador, ajudando-o a responder a questões sobre com o que diz Saviani (1991): a Pedagogia Crítica implica
as quais deve se estruturar todo o processo de ensino, a clareza dos determinantes sociais da educação, a com-
tais como: o que ensinar? Para quem? Como? Para quê? preensão do grau em que as contradições da socieda-
Por quê? de marcam a educação e, consequentemente, como é
E para que a prática pedagógica em sala de aula al- preciso se posicionar diante dessas contradições e de-
cance seus objetivos, o professor deve ter as respostas senredar a educação das visões ambíguas para perceber
para essas questões, pois, como defende Luckesi (1994), claramente qual é a direção que cabe imprimir à questão
“a Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na educacional.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
escola sem que se tenha alguma clareza do seu significa- Para Luckesi (1994), a “Pedagogia se delineia a partir
do. Isso nada mais é do que buscar o sentido da prática de uma posição filosófica definida”. Em seu livro Filosofia
docente”. da Educação, o autor discorre sobre a relação existen-
Essas tendências pedagógicas, formuladas ao longo te entre a Pedagogia e a Filosofia e busca clarificar as
dos tempos por diversos teóricos que se debruçaram perspectivas das relações entre educação e sociedade.
sobre o tema, foram concebidas com base nas visões No seu trabalho, Luckesi apresenta três tendências fi-
desses pensadores em relação ao contexto histórico das losóficas responsáveis por interpretar a função da edu-
sociedades em que estavam inseridos, além de suas con- cação na sociedade: a Educação Redentora, a Educação
cepções de homem e de mundo, tendo como principal Reprodutora e a Educação Transformadora da socieda-
objetivo nortear o trabalho docente, modelando-o a de. A primeira é otimista, acredita que a educação pode
partir das necessidades de ensino observadas no âmbito exercer domínio sobre a sociedade (pedagogias liberais).
social em que viviam. A segunda é pessimista, percebe a educação como sen-
Sendo assim, o conhecimento dessas correntes pe- do apenas reprodutora de um modelo social vigente, en-
dagógicas por parte dos professores, principalmente as quanto a terceira tendência assume uma postura crítica
mais recentes, torna-se de extrema relevância, visto que com relação às duas anteriores, indo de encontro tanto
possibilitam ao educador um aprofundamento maior ao “otimismo ilusório” quanto ao “pessimismo imobiliza-
sobre os pressupostos e variáveis do processo de ensi- dor” (Pedagogias Progressivistas).
no-aprendizagem, abrindo-lhe um leque de possibilida- Em consonância com estas leituras filosóficas sobre
des de direcionamento do seu trabalho a partir de suas as relações entre educação e sociedade, Libâneo (1985),
convicções pessoais, profissionais, políticas e sociais, ao realizar uma abordagem das tendências pedagógicas,
contribuindo para a produção de uma prática docente organiza as diferentes pedagogias em dois grupos: Pe-
estruturada, significativa, esclarecedora e, principalmen- dagogia Liberal e Pedagogia Progressivista. A Pedagogia
te, interessante para os educandos. Liberal é apresentada nas formas Tradicional; Renovada
A escola precisa ser reencantada, precisa encontrar Progressivista; Renovada Não diretiva; e Tecnicista. A Pe-
motivos para que o aluno vá para os bancos escolares dagogia Progressivista é subdividida em Libertadora; Li-
com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, bertária; e Crítico-social dos Conteúdos.3
com gente animada, mas existe um mal-estar geral na
maioria delas. Não acredito que isso seja trágico. Essa
insatisfação deve ser aproveitada para dar um salto. Se
o mal-estar for trabalhado, ele permite avanços. Se for
3 Por Délcio Barros da Silva
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PENSADORES
Neste texto objetiva-se sistematizar as características do pensamento pedagógico de diferentes autores sobre a
contextualização dos ambientes educativos de onde emergem a compreensão de homem, mundo e sociedade; com-
preender o papel do professor, do aluno, da escola e dos elementos que compõem o ambiente escolar; estabelecer
relação entre as tendências pedagógicas e a prática docente que os professores adotam na sala de aula. Além disso,
busca-se verificar os pressupostos de aprendizagem empregados pelas diferentes tendências pedagógicas na prática
escolar brasileira, numa tentativa de contribuir, teoricamente, para a formação continuada de professores.
As tendências pedagógicas definem o papel do homem e da educação no mundo, na sociedade e na escola, o que
repercute na prática docente em sala de aula graças a elementos constitutivos que envolvem o ato de ensinar e de
aprender.
A seguir, serão apresentados, os pensamentos pedagógicos dos estudiosos Paulo Freire, José Carlos Libâneo, Fer-
nando Becker e Maria das Graças Nicoletti Mizukami.
A partir desse quadro-síntese constata-se que a Educação Bancária fundamenta-se numa prática narradora, sem
diálogo, para a transmissão e avaliação de conhecimento numa relação vertical – o saber é fornecido de cima para
baixo – e autoritária, pois manda aquele que sabe.
O método da concepção bancária é a opressão, o antidiálogo. Configura-se então a educação exercida como uma
prática da dominação, “em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos,
guardá-los e arquivá-los. Margem para serem colecionadores ou fichadores das coisas que arquivam”.
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Na educação problematizadora, o conhecimento tes na sociedade de classe, através do desenvolvimento
deve vir do contato do homem com o seu mundo, que é da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto
dinâmico, e não como um ato de doação. Supera-se, pois cultural, as diferenças entre as classes sociais não são
a relação vertical e se estabelece a relação dialógica, que consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a
supõe uma troca de conhecimento. ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta
Freire (1982) destaca que o “educador já não é o que a desigualdade de condições.
apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, As Tendências Pedagógicas Liberais tiveram seu início
em diálogo com o educando que, ao ser educado, tam- no século XIX, tendo recebido as influências do ideário
bém educa”. Para o autor a dialogicidade é a essência da da Revolução Francesa (1789), de “igualdade, liberdade,
Educação Libertadora. Além disso, outras características fraternidade”, que foi, também, determinante do libera-
são necessárias para que ela se concretize tais como: co- lismo no mundo ocidental e do sistema capitalista, onde
laboração, união, organização e síntese cultural. estabeleceu uma forma de organização social baseada
Ao desenvolver uma epistemologia do conhecimen- na propriedade privada dos meios de produção, o que
to, Freire parte de uma reflexão acerca de uma experiên- se denominou como sociedade de classes. Sua preocu-
cia concreta para desenvolver sua metodologia dialética: pação básica é o cultivo dos interesses individuais e não-
ação-reflexão- ação. Metodologia que parte da proble- -sociais. Para essa tendência educacional, o saber já pro-
matização da prática concreta, vai à teoria estudando-a duzido (conteúdos de ensino) é muito mais importante
e reelaborando-a criticamente e retorna à prática para que a experiência do sujeito e o processo pelo qual ele
transformá-la. Nesta concepção, o diálogo se apresenta aprende, mantendo o instrumento de poder entre domi-
como condição fundamental para sua concretização. nador e dominado.
Ele nos apresenta sua teoria metodológica a partir da Na Tendência Liberal Tradicional, é tarefa do educa-
sua prática refletida na alfabetização de jovens e adul- dor fazer com que o educando atinja a realização pes-
tos, iniciada na década de 1960. O trabalho, que foi de- soal através de seu próprio esforço. O cultivo do intelec-
nominado como “método Paulo Freire”, ou “método de to é descontextualizado da realidade social, com ênfase
conscientização” foi desenvolvido, a partir de uma leitu- para o estudo dos clássicos e das biografias dos grandes
ra de mundo, em cinco fases: levantamento do universo mestres. A transmissão é feita a partir dos conteúdos
vocabular, temas geradores e escolha de palavras gera- acumulados historicamente pelo homem, num proces-
doras, criação de situações existenciais típicas do grupo, so cumulativo, sem reconstrução ou questionamento. A
elaboração de fichas-roteiro e leitura de fichas com a aprendizagem se dá de forma receptiva, automática, sem
decomposição das famílias fonêmicas. Apesar do reco- que seja necessário acionar as habilidades mentais do
nhecimento da qualidade emancipatória do processo de educando além da memorização.
alfabetização divulgada e experienciada em vários países, Seu método enfatiza a transmissão de conteúdos e a
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Freire insistiu que as experiências não podem ser trans- assimilação passiva. É ainda intuitivo, baseado na estimu-
plantadas, mas reinventadas. Nesse sentido, o da rein- lação dos sentidos e na observação. Através da memo-
venção, é que acreditamos nas possibilidades didáticas rização, da repetição e da exposição verbal, o educador
das experiências com a pedagogia freireana. chega a um interrogatório (tipo socrático), estimulando o
Ele reforça a importância da participação democrática individualismo e a competição. Envolve cinco passos que,
e o exercício da autonomia para construção dos projetos segundo Friedrich Herbart, são os seguintes: preparação,
políticopedagógicos. Em oposição, condena os novos recordação, associação, generalização e aplicação.
pacotes pedagógicos impostos sem a participação da Libâneo (1994) afirma ainda que o ensino é centrado
comunidade escolar e incentiva a incorporação de múl- no professor que expõe e interpreta o conhecimento. Às
tiplos saberes necessários à prática de educação crítica. vezes, o conteúdo de ensino é apresentado com auxí-
Para isso, referencia o respeito aos saberes socialmen- lio de objetos, ilustrações ou exemplos, embora o meio
te construídos na prática comunitária e sugere que se principal seja a palavra, a exposição oral. Supõe-se que
discuta com os alunos a razão de ser de alguns desses ouvindo e fazendo exercícios repetitivos, os alunos “gra-
saberes em relação ao ensino dos conteúdos e às razões vam” o assunto para depois reproduzi-lo quando forem
políticas ideológicas. interrogados pelo professor ou através das provas. Para
isso, é importante que o aluno “preste atenção” para que
b) José Carlos Libâneo: Pedagogia Liberal e Peda- possa registrar mais facilmente, na memória, o que é
gogia Progressista transmitido.
Libâneo classifica as tendências pedagógicas, segun- Desse modo, o aluno é um recebedor do conteúdo,
do a posição que adotam em relação aos condicionantes cabendo-lhe a obrigação de memorizá-lo. Os objetivos
sociopolíticos da escola, em Pedagogia Liberal – subdi- das aulas, explícitos ou não no planejamento dos pro-
vidida em tradicional, renovada progressivista, renovada fessores, referem-se à formação de um aluno ideal, des-
não-diretiva e tecnicista – e Pedagogia Progressista – que vinculado da sua realidade concreta. O professor tende
se subdivide em libertadora, libertária e críticossocial dos a encaixar os alunos num modelo idealizado de homem
conteúdos. que nada tem a ver com a vida presente e futura.
Segundo LIBÂNEO (1994), a pedagogia liberal sus- O conteúdo a ser ensinado é tratado isoladamente,
tenta a ideia de que a escola tem por função preparar isto é, desvinculado dos interesses dos alunos e dos pro-
os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de blemas reais da sociedade e da vida. O método de ensino
acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o é dado pela lógica e sequência do assunto, modo pelo
indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigen- qual o professor se apoia para comunicar-se desconsi-
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derando o processo cognitivo desenvolvido pelos alunos mentais e 6 habilidades cognitivas necessárias à adapta-
para aprender. Todavia, alguns 5 métodos intuitivos fo- ção do homem ao meio social. O educando é, portanto,
ram incorporados ao ensino tradicional, baseando-se na o centro e sujeito do conhecimento.
apresentação de dados ligados à sensibilidade dos alu- Nessa perspectiva, Libâneo (1994) afirma que o aluno
nos de modo que eles pudessem observá-los e, a partir aprende melhor tudo o que faz por si próprio. Não se tra-
daí, formar imagens mentais. Muitos professores ainda ta apenas de aprender fazendo, no sentido de trabalho
acham que “partir do concreto” constitui-se na chave do manual, de ações de manipulação de objetos. Trata-se
ensino atualizado. Essa ideia, entretanto, já fazia parte da de colocar o aluno frente a situações que mobilizem suas
Pedagogia Tradicional porque o concreto (mostrar ob- habilidades intelectuais de criação, de expressão verbal,
jetos, ilustrações, gravuras, entre outros) serve apenas escrita, plástica, entre outras formas de exercício cogniti-
para que o aluno grave na mente o que é captado pelos vo. O centro da atividade escolar, portanto, não é o pro-
sentidos. O material concreto é mostrado, demonstrado, fessor nem a matéria, mas o aluno em seu caráter ativo e
manipulado, mas o aluno não lida mentalmente com ele, investigador. O professor incentiva, orienta, organiza as
não o repensa, não o reelabora com o seu próprio pensa- situações de aprendizagem, adequando-as às capacida-
mento. A aprendizagem é, portanto, receptiva, automáti- des de características individuais dos alunos.
ca, não mobilizando a atividade mental do aluno e o de- Assim, essa didática ativa valoriza métodos e técnicas
senvolvimento de suas capacidades intelectuais, embora como o trabalho em grupo, as atividades cooperativas,
tenham surgido nos últimos anos inúmeras propostas de o estudo individual, as pesquisas, os projetos, as expe-
renovação das abordagens do processo ensinoaprendi- rimentações, dentre outros, bem como os métodos de
zagem, como as sugestões presentes nos atuais Parâme- reflexão e método científico de descobrir conhecimen-
tros Curriculares Nacionais. tos. Tanto na organização das experiências de aprendiza-
A Pedagogia Renovada, por outro lado, retoma aspec- gem como na seleção de métodos, importa o processo
tos referentes às perspectivas progressivistas baseadas de aprendizagem e não diretamente o ensino. O melhor
em John Dewey, bem como a não-diretiva inspirada em método é aquele que atende às exigências psicológicas
Carl Rogers, a culturalista, a piagetiana, a montessoriana do aprender.
e outras. Todavia, o que caracteriza fortemente os conhe- Em síntese, a tendência dessa escola é deixar os co-
cimentos e a experiência da Didática brasileira vem, em nhecimentos sistematizados em segundo plano, valori-
sua maioria, do movimento da Escola Nova (entendida zando mais o processo de aprendizagem e os fatores que
como “direção da aprendizagem” e que considera o alu- possibilitam o desenvolvimento das capacidades e habi-
no como sujeito da aprendizagem). Nessa concepção pe- lidades intelectuais de quem aprende. Desse modo, os
dagógica, o professor deve deixar o aluno em condições adeptos dessa tendência didática acreditam que o pro-
mais adequadas possíveis para que possa partir das suas fessor não ensina, mas orienta o aluno durante o proces-
13
como função principal a produção de indivíduos compe- Nessa perspectiva, Libâneo (1994), designa à Pedago-
tentes, ou seja, a preparação da mão-de-obra especiali- gia Progressista três tendências:
zada para o mercado de trabalho a ser consolidado. Nes- A Pedagogia Progressista Libertadora que, partindo
te contexto, a pedagogia tecnicista termina contribuindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustenta os
ainda mais para o caos no campo educativo, gerando, fins sociopolíticos da educação. Teve seu início com Pau-
assim, a inviabilidade do trabalho pedagógico. lo Freire, nos anos 60, rebelando-se contra toda forma de
Seu método é o da transmissão e recepção de infor- autoritarismo e dominação, defendendo a conscientiza-
mações. Nele, o educando é submetido a um processo ção como processo a ser conquistado pelo homem, atra-
de controle do comportamento, a fim de que os objeti- vés da problematização de sua própria realidade. Sendo
vos operacionais previamente estabelecidos possam ser revolucionária, ela preconizava a transformação da so-
atingidos. Trata-se do “aprender fazendo”. ciedade e acreditava que a educação, por si só, não faria
Trata-se de uma tendência pedagógica que ganhou tal revolução, embora fosse uma ferramenta importante
certa autonomia quando se constituiu especificamen- e fundamental nesse processo.
te como tendência independente, inspirada na teoria A teoria educacional freireana é utópica, em seu sen-
behaviorista da aprendizagem. De acordo com Libâneo tido de vir-a-ser, de inédito viável, expressões usadas por
(1994), essa orientação acabou sendo imposta às escolas Freire, e esperançosa, porque deposita na transformação
pelos organismos oficiais ao longo de boa parte das dé- do homem a ideia de que mudar é possível e de que
cadas que constituíram o regime militar de governo, por não estamos necessariamente imobilizados por estarmos
ser compatível com a orientação econômica, política e submetidos a papéis pré-determinados em uma socie-
ideológica desse regime político, então vigente. dade de classes. Segundo ele, apesar de os seguidores
Atualmente, ainda percebemos a predominância des- dessa tendência não terem tido a preocupação com uma
sas características tecnicistas em alguns cursos de forma- proposta pedagógica explícita, havia uma didática implí-
ção de professores, principalmente das áreas de Ciências cita em seus “círculos de cultura”, sendo cerne da ativida-
e Matemática, com relação ao uso de manuais didáticos de pedagógica a discussão de temas sociais e políticos,
com essas características (tecnicistas), especificamente
que a nós parece ser claro o método dialógico, usado
instrumentais. Essa tendência didática tem como objeti-
para o despertar da consciência política.
vo a racionalização do ensino, o uso de meios e técnicas
A Pedagogia Progressista Libertária tem como ideia
mais eficazes, cujo sistema de instrução é composto de:
básica modificações institucionais, que, a partir dos níveis
- Especificação de objetivos instrucionais a serem
subalternos, vão “contaminando” todo o sistema, sem
operacionalizados;
modelos e recusando-se a considerar qualquer forma de
- Avaliação prévia dos alunos para estabelecer pré-re-
poder ou autoridade.
quisitos visando alcançar os objetivos;
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
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seu caráter tecnicista, instrumental, meramente prescri- c) Fernando Becker: Pedagogia Diretiva, Pedago-
tivo, até recusam admitir o papel dessa disciplina na for- gia Não-Diretiva e Pedagogia Relacional
mação dos professores. Fernando Becker (2001) desenvolveu a ideia de mo-
Há, nessa perspectiva pedagógica, uma didática im- delos pedagógicos e modelos epistemológicos para ex-
plícita na orientação das atividades escolares de modo plicar os pressupostos pelos quais cada professor atua.
que o professor se coloque diante de sua classe como um Apresenta, então, três modelos: Pedagogia Diretiva, Pe-
orientador da aprendizagem dos seus alunos. Entretanto, dagogia Não-Diretiva e Pedagogia Relacional.
essas atividades estão centradas na discussão de temas
sociais e políticos, ou seja, o foco do ensino é a realidade Pedagogia Diretiva
social, em que o professor e os alunos estão envolvidos.
Assim, eles analisam os problemas da realidade do con- Na Pedagogia Diretiva o professor acredita que o co-
texto socioeconômico e cultural da sua comunidade com nhecimento é transmitido para o aluno. Este por sua vez,
seus recursos e necessidades, visando ao desenvolvimen- não tem nenhum saber, não o tinha no nascimento e não
to de ações coletivas para a busca de descrição, análise e o tem a cada novo conteúdo. O professor, com essa prá-
soluções para os problemas extraídos da realidade. tica, fundamenta-se numa epistemologia pela qual o su-
As atividades escolares não se constituem meramen- jeito é o elemento conhecedor, totalmente determinado
te da exploração dos conteúdos de ensino, já sistemati- pelo mundo do objeto ou pelos meios físicos e sociais.
zados nos livros didáticos ou previstos pelos programas Essa epistemologia é representada da seguinte forma:
oficiais, mas sim em um processo de participação ativa S O
nas discussões e nas ações práticas sobre as questões da
realidade social de todos os envolvidos. Nesse processo, O professor representa esse mundo na sala de aula,
a discussão, os relatos da experiência vivida, a socializa- entendendo que somente ele, o professor, é o detentor
ção das informações, a pesquisa participante, o trabalho do saber e pode produzir algum conhecimento novo ao
de grupo, entre outros atos educativo-reflexivos, fazem aluno. Cabe ao aluno ouvir, prestar atenção, permanecer
emergir temas geradores que podem ser sistematizados quieto e em silêncio e repetir, quantas vezes forem ne-
de modo a consolidar o conhecimento pelo aluno, com cessárias, escrevendo, lendo, até aderir ao que o profes-
as orientações do professor. sor deu como conteúdo.
A tendência libertadora tem sido a perspectiva didá- Traduzindo o modelo epistemológico em modelo pe-
tica mais praticada com muito êxito em vários setores dagógico temos:
dos movimentos sociais, como sindicatos, associações de
bairro, comunidades religiosas, entre outros. Parte desse A P
êxito deve-se ao fato de tal tendência ser utilizada entre
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Pedagogia Relacional e as informações têm de ser adquiridos, os modelos imi-
tados. Seus elementos fundamentais são imagens estáti-
O professor admite que tudo que o aluno construiu cas que progressivamente serão “impressas” nos alunos,
até hoje em sua vida serve de patamar para construir cópias de modelos do exterior que serão gravadas nas
novos conhecimentos. Para esse professor, o aluno tem mentes individuais. Uma das decorrências do ensino tra-
uma história de conhecimento percorrida e é capaz de dicional, já que a aprendizagem consiste em aquisição
aprender sempre. A disciplina rígida e a postura autori- de informações e demonstrações transmitidas, é a que
tária do professor são superadas através da construção propicia a formação de reações estereotipadas, de au-
de uma disciplina intelectual e regras de convivência que tomatismos denominados hábitos, geralmente isolados
permitam criar um ambiente favorável à aprendizagem. uns dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às
O professor acredita que o aluno aprenderá novos situações idênticas em que foram adquiridos. O aluno
conhecimentos se ele agir e problematizar sua ação. Para que adquiriu o hábito ou que “aprendeu” apresenta, com
que isso aconteça, torna-se necessário que o aluno aja frequência, compreensão apenas parcial. Ignoram-se as
(assimilação) sobre o material que o professor traz para a diferenças individuais.
sala de aula e considera significativo para sua aprendiza- A relação professor-aluno é vertical, sendo que (o
gem que o aluno responda para si mesmo às perturbações professor) detém o poder decisório quanto a metodolo-
(acomodação) provocadas pela assimilação do material. gia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc.
16
cional seria a criação de condições nas quais os alunos víduo. A ação do indivíduo, pois, é centro do processo
pudessem tornar-se pessoas de iniciativas, de responsa- e o fator social ou educativo constitui uma condição de
bilidade, autodeterminação que soubessem aplicar-se a desenvolvimento.
aprendizagem no que lhe servirão de solução para seus
problemas servindo-se da própria existência. Nesse pro- Abordagem Sociocultural
cesso os motivos de aprender deverão ser do próprio
aluno. Autodescoberta e autodeterminação são caracte- Podemos situar Paulo Freire com sua obra, enfati-
rísticas desse processo. zando aspectos sócio-político-cultural, havendo uma
Cada professor desenvolverá seu próprio repertório grande preocupação com a cultura popular, sendo que
de uma forma única, decorrente da base percentual de tal preocupação vem desde a II Guerra Mundial com um
seu comportamento. O processo de ensino irá depender aumento crescente até nossos dias. Toda ação educativa,
do caráter individual do professor, como ele se relaciona para que seja válida, deve, necessariamente, ser precedi-
com o caráter pessoal do aluno. Assume a função de fa- da tanto de uma reflexão sobre o homem como de uma
cilitador da aprendizagem e nesse clima entrará em con- análise do meio de vida desse homem concreto, a quem
tato com problemas vitais que tenham repercussão na se quer ajudar para que se eduque.
existência do estudante. Logo, a escola deve ser um local onde seja possível o
Isso implica que o professor deva aceitar o aluno tal crescimento mútuo, do professor e dos alunos, no pro-
como é e compreender os sentimentos que ele possui. O cesso de conscientização o que indica uma escola dife-
aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes rente de que se tem atualmente, coma seus currículos
a aprendizagem que tem significado para eles. As quali- e prioridades. A situação de ensino-aprendizagem deve-
dades do professor podem ser sintetizadas em autenti- rá procurar a superação da relação opressor-oprimido.
cidade compreensão empática, aceitação e confiança no A estrutura de pensar do oprimido está condicionada
aluno. pela contradição vivida na situação concreta, existencial
Não se enfatiza técnica ou método para facilitar a em que o oprimido se forma. Nesta situação, a relação
aprendizagem. Cada educador eficiente deve elaborar a professor-aluno é horizontal, sendo que o professor se
sua forma de facilitar a aprendizagem no que se refere ao empenhará numa prática transformadora que procurará
que ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída a relação desmitificar e questionar, junto com o aluno.
pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento
das pessoas que possibilite liberdade para aprender. Referências
BECKER, Fernando. Educação e construção do conhe-
Abordagem Cognitivista cimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo:
A organização do conhecimento, processamento de
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d) Pedagogia Autoritária (tradicional, renovada progres- outros. Cabe ao professor buscar a melhor forma de
sista, renovada não diretiva e tecnicista) e Pedagogia controlar as condições ambientais que assegurem a
Capitalista (libertadora, libertária e críticosocial dos transmissão/recepção de informações. A relação pro-
conteúdos). fessor-aluno passa a ser estruturada e objetiva, caben-
do ao professor transmitir a matéria e ao aluno rece-
Resposta: Letra C. A pedagogia liberal acredita que ber, aprender e fixar.
a escola tem a função de preparar os indivíduos para
desempenhar papéis sociais, baseadas nas aptidões
individuais. Dessa forma, o indivíduo deve adaptar-se PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E A
aos valores e normas da sociedade de classe, desen- PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL.
volvendo sua cultura individual. Com isso as diferen-
ças entre as classes sociais não são consideradas, já
que, a escola não leva em consideração as desigualda- A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA COMO INS-
des sociais. Já as tendências pedagógicas progressis- TRUMENTO DE PLANEJAMENTO
tas analisam de forma critica as realidades sociais, cuja
educação possibilita a compreensão da realidade his- O processo de conhecimento na perspectiva His-
tórico-social, explicando o papel do sujeito como um tórico-crítica
ser que constrói sua realidade. Ela assume um caráter
pedagógico e político ao mesmo tempo. Segundo KASPCHAK e GASPARIN4, colocam que en-
tre os vários trabalhados desenvolvidos pelo homem in-
2. (SEDUC/RJ - PROFESSOR – MATEMÁTICA – CE- clui-se educação. Entende-se o trabalho enquanto prá-
PERJ/2017) Luckesi analisa diversas tendências pedagó- tica inerente ao ser humano, que, na verdade, o torna
gicas e as características da prática escolar a elas cor- humano, proporcionando a sua permanente transforma-
respondentes. Nesse contexto, considere as observações ção nas relações que estabelece socialmente. É por meio
abaixo, todas relativas a uma determinada tendência pe-
da ação, prática essencialmente humana, que ao ser
dagógica.
exercido sobre a materialidade conduz dialeticamente
- Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos
o processo de transformação. Nesse sentido, as práticas
“competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo
pedagógicas só podem ser compreendidas com base no
informações precisas, objetivas e rápidas.
desenvolvimento histórico da sociedade.
- Os conteúdos de ensino são as informações, princípios
científicos, etc, estabelecidos e ordenados por especialis-
tas numa sequência lógica e psicológica. #FicaDica
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
18
mente, cria o mundo. Dessa forma, o homem não nasce tizado, cuja pertença diz respeito à cultura letrada. Sen-
humano, sua natureza é produzida socialmente no pro- do assim, para além do ensino da leitura e da escrita, os
cesso de trabalho. conteúdos curriculares “nucleares” devem ser entendidos
e didaticamente abordados nas diversas dimensões do
No processo constitutivo da natureza humana é que conhecimento.
se insere o papel da educação. Situada na esfera do “tra- Se a educação não se reduz ao ensino, como destaca
balho não material”, em que o produto não se separa do Saviani, a escola é vista como um aspecto do fenômeno
ato de produção, a educação tem a função de propiciar educativo, em seu formato institucionalizado.
aos seres humanos o acesso aos elementos culturais ne- Entretanto, o papel que cabe à educação escolar
cessários à constituição de sua humanidade. A educação cumprir em nossa sociedade é bastante específico: socia-
é entendida como um fenômeno próprio dos seres hu- lizar o saber sistematizado. Nesse processo de formação
manos, já que “ela é, ao mesmo tempo, uma exigência do humana, a escola é responsável pela apropriação, pelo
e para o processo de trabalho, bem como é, ela própria, educando, do conhecimento sistematizado.
um processo de trabalho”. Considera-se, portanto, que:
[...] a natureza humana não é dada ao homem, mas por Elege-se, assim, a escola como o local onde se de-
ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Conse- senvolve esse processo educativo. Propor um processo
quentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, de formação pautado nos pressupostos teórico meto-
direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a dológicos da Pedagogia Histórico-Crítica, com base na
humanidade que é produzida histórica e coletivamente proposta de Saviani, visa superar a dicotômica relação
pelo conjunto dos homens. entre teoria-prática, propondo uma nova forma de orga-
Explicitada a concepção mais ampla de educação na nização do ensino, tendo como fundamento a didática
perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, o autor es- sugerida por Gasparin. É nesse sentido, que a pesquisa
clarece que a função social da escola pauta-se pelo prin- sobre a prática de Planejamento na perspectiva da didá-
cípio do trabalho educativo, cujo ato de educar consiste tica histórico-crítica, desenvolvida durante um processo
em produzir nos indivíduos a humanidade que é produ- concreto de formação, orientou-se pelos pressupostos
zida coletivamente ao longo da história, todavia, pressu- acima referidos.
põe que a educação não se restrinja ao espaço escolar, A Pedagogia Histórico-Crítica, formulada por Savia-
mas esteja presente nos diferentes espaços da socieda- ni, tem por princípio a valorização dos conhecimentos
de, manifestando-se de diferentes formas no decorrer da científico-culturais, pois estes são a base para a transfor-
vida de todos os indivíduos. mação da realidade. A apropriação dos conhecimentos
Considerando-se que todos os espaços educam, nos historicamente produzidos pela humanidade não ocorre
dias de hoje é praticamente inoportuno pensar uma de forma imediata, mas deriva do processo de mediação,
19
a formação docente-discente merece, sem, no entanto, Nesse sentido, do ponto de vista didático-pedagó-
desviar seu olhar das questões político-pedagógicas. Tra- gico, Gasparin, acrescenta que professor e alunos preci-
ta-se de compreender a realidade como processo histó- sam, portanto, descobrir para que servem os conteúdos
rico e social sem perder de vista a dimensão dos conhe- científico-culturais propostos pela escola. “O trabalho
cimentos historicamente produzidos pela humanidade de todo o processo ensino-aprendizagem apresenta-se
como possibilidade de intervenção na prática social. como um grande instrumento na transformação de um
O rigor epistemológico que a Pedagogia Histórico- aluno-cidadão em um cidadão mais autônomo”.
-Crítica atribui à perspectiva de formação docente-dis- A compreensão das ações objetivas dos processos
cente, mediante os processos de ensino e aprendizagem, educativos suscita o entendimento do contexto social no
confere a esta uma consistência metodológica segura qual a escola está inserida, bem como sua relação direta
para compreensão do movimento dialético nos procedi- com os ditames do sistema de produção capitalista, ten-
mentos didático-pedagógicos. A dialeticidade na prática do em vista a superação da sociedade vigente.
docente-discente dispensa a espontaneidade pedagógi-
ca e rejeita qualquer possibilidade formativa por meio A Prática docente-discente da proposta didática
desta, por entender que o saber cotidiano pode significar Histórico-Crítica
o ponto de partida no processo de formação, mas não o
ponto de chegada. As ideias que nos propusemos a apresentar são fruto
de uma prática de pesquisa e atuação conduzidas por
A prática pedagógica que se sustenta na perspecti-
momentos de formação docente-discente, não se consti-
va dialética, cuja intencionalidade dirigida se propõe a
tuindo, portanto, apenas como um estudo teórico sobre
identificar os procedimentos de ensino correspondentes
determinada prática pedagógica.
às expectativas de aprendizagem, indica que, no percur- Buscou-se assumir uma prática de pesquisa e ação
so metodológico, as ações docente-discentes apoiam-se fundamentadas nos pressupostos teórico-metodológi-
nos estudos da teoria históricocultural, os quais reforçam cos da Pedagogia Histórico-Crítica, procurando apontar
o esclarecimento de certos aspectos históricos, culturais as contribuições do método dialético na elaboração e
e psicológicos em relação aos sujeitos do processo de execução do projeto de ação docente-discente.
ensino e aprendizagem e de suas relações histórico-so- Este trabalho foi levado a efeito por um grupo de alu-
ciais com a apropriação dos conhecimentos científico- nos e professores do curso de Formação de Docentes
-culturais. de uma determinada Instituição pública. A verificação
O propósito de expressar na prática a dialética do en- das fases do processo didático, proposto por Gasparin,
sino e da aprendizagem pelo processo didático proposto Prática Social Inicial, Problematização, Instrumentaliza-
pela Pedagogia Histórico-Crítica, tendo em vista a espe- ção, Catarse e Prática Social Final, permitiu-nos conferir a
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cificidade da escola e sua importância para o desenvol- relação prática-teoria-prática estabelecida no âmbito da
vimento cultural, bem como o aporte teórico da teoria prática social durante o processo de formação docente-
Histórico-Cultural, particularmente às ideias de Vigotski, -discente.
indicou-nos caminhos possíveis para a compreensão das
relações de aprendizagem, necessários à organização do A prática de Planejamento mediante as fases do
ensino nos encaminhamentos para a prática docente- processo didático
-discente.
Apoiados nos pressupostos categoriais de análise e Ainda que brevemente, trazemos a descrição das fa-
interpretação da realidade, difundidos pelo método ma- ses do processo didático da Pedagogia Histórico-Crítica
terialista histórico-dialético que fundamenta teórica e durante um curso de formação desenvolvido pela pes-
metodologicamente a Pedagogia Histórico-Crítica, a to- quisadora juntamente para um grupo formado por seis
mada de consciência para organização e transformação professores, que, na ocasião da pesquisa, lecionavam as
social implica na formação humana pela apropriação dos disciplinas de Metodologias de Ensino para uma turma
de alunos do quinto período do curso de formação de
conteúdos científico-culturais.
docentes.
Os conteúdos científico-culturais, na acepção de Sa-
O primeiro momento da pesquisa empírica, durante o
viani, são denominados de conteúdos “clássicos”, enten-
curso de formação consistiu na primeira fase do processo
didos como saberes sistematizados, elementos culturais didático proposto por Gasparin. Para o autor, a Prática
que precisam ser assimilados pelos alunos no decorrer Social como ponto de partida da prática educativa ma-
do processo educativo. Trata-se dos conhecimentos his- nifesta-se na vivência, no envolvimento e na mobilização
toricamente produzidos pela humanidade, no sentido de dos educandos para a aprendizagem, por meio do ma-
distinguir os conteúdos essenciais daqueles secundários, peamento do seu conhecimento e dos seus interesses
conforme a função social que a escola se propõe a cum- acerca dos conteúdos a serem abordados. Desse modo,
prir. procurou-se dar voz aos professores, envolvendo-os
A educação, segundo Saviani, tem por objeto a iden- ativamente no processo de formação, tendo vista que
tificação dos elementos culturais a serem assimilados pe- pudessem apropriar-se dos conhecimentos pertinentes
los indivíduos, necessários à formação humana. A função aos pressupostos teórico-metodológicos da Pedagogia
social da escola, defendida nessa perspectiva, afirma que Histórico-Crítica.
a educação escolar deverá possibilitar a “Identificação Tomamos como ponto de partida a vivência dos pro-
das formas mais desenvolvidas em que se expressa o sa- fessores sujeitos da pesquisa. A entrevista utilizada como
ber objetivo produzido historicamente [...]”. instrumento de coleta de dados para essa prática teve
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como objetivo fornecer as informações para o levan- Ao abordarmos a prática do planejamento, ainda na
tamento das temáticas a serem trabalhadas durante o ainda na fase da demonstração de vivência, foi possível
processo de formação proposto pela pesquisadora. Para constatar a visão caótica dos professores sobre o conteú-
tanto, foi necessário investigar o nível de compreensão do em questão. Descreveram a prática de planejamento
teórica dos docentes sobre a Pedagogia Histórico-Crítica. a partir das experiências de anos anteriores. No âmbito
Com o objetivo de proporcionar aos professores um da compreensão difusa dos professores, a função social
contato primeiro com a teoria em questão, estabelece- dos conteúdos está atrelada aos saberes práticos e às
mos com o grupo um cronograma de estudos, a fim de suas vivências da prática docente.
anunciarmos a organização dos conteúdos que seriam Nessa fase inicial do processo didático, com intuito
abordados no decorrer dos encontros. Ao anunciarmos de averiguarmos o entendimento dos professores a res-
nossos objetivos e a proposta de ações, passamos a dia- peito do conteúdo proposto, tomamos o cuidado de não
logar com o grupo sobre o conteúdo a ser trabalhado, interferirmos nas respostas dos mesmos. Gasparin argu-
no intuito de verificar o domínio que já possuíam sobre menta que a interferência do professor nas respostas dos
o assunto e como o utilizavam em sua prática social. En- alunos durante a fase da manifestação da vivência pode
tendemos como prática social, nesse sentido, as práticas inibi-los e assim dificultar as intervenções do professor
pedagógicas dos professores. O grupo de professores na fase da problematização e instrumentalização. É a
explicitou suas experiências da prática social; mostraram partir dessa fase que tomamos conhecimento do ponto
seus conhecimentos prévios, destacando a forma como de partida das nossas ações.
encaminhavam o trabalho didático-pedagógico para a As questões problematizadas no âmbito da prática
organização dos conteúdos. social trataram de identificar as compreensões do grupo
Ao elaborarmos o projeto de trabalho na perspectiva de professores sobre o tema proposto. Saviani esclarece
da didática Histórico-Crítica, elegemos como unidade do que o objetivo da problematização consiste em detec-
conteúdo o “Plano de aula”. A vivência deste elemento tar quais questões precisam ser resolvidas no âmbito da
escolar teve como título: Plano de trabalho docente. Para prática social, para, posteriormente, direcionar os conhe-
abordar esse conteúdo, tivemos como objetivo instru- cimentos necessários a serem dominados. Gasparin es-
mentalizar os professores para que compreendessem a clarece que a problematização consiste numa das etapas
importância da elaboração do plano de trabalho docen- fundamentais do processo de formação docente-discen-
te na organização do ensino para o processo formativo, te por ser um elemento-chave entre a teoria e a práti-
por entendermos que o planejamento de ensino consis- ca. Nesse movimento dialético do fazer cotidiano e da
te num instrumento de caráter político e pedagógico, o cultura elaborada, inicia-se o trabalho com o conteúdo
qual permite a dimensão transformadora do conteúdo sistematizado. É nessa etapa que a prática social é ques-
em práticas docentes para o processo de ensino e apren- tionada, analisada e interrogada.
21
tenção dispor aos professores o conteúdo sistematizado A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL DE VYGOT-
de modo que pudessem se apropriar do conhecimento SKY
social e historicamente produzido. Para essa etapa do
processo didático propusemos ao grupo estudar os fun- Conceitos importantes para a compreensão da
damentos teórico-metodológicos da Pedagogia Históri- teoria de Vygotsky
co-Crítica.
Amparado na teoria histórico-cultural, Gasparin argu- Para a compreensão da teoria proposta por Vygotsky
menta que a atuação docente, quando concorre para a é de fundamental importância a compreensão de con-
formação dos conceitos científicos, altera consideravel- ceitos-chaves que a fundamentam, sendo assim a seguir
mente o nível de desenvolvimento atual do aluno, ele- está uma breve definição desses conceitos de forma a
vando-o para um nível mais aprofundado de compreen- possibilitar uma compreensão mais ampla da proposta
são da prática social. Esse processo percorre o caminho desse autor.
“do empírico ao concreto pela mediação da análise” a
qual permite “analisar, comparar, criticar, levantar hipó- Origens do pensamento e da língua e o significa-
teses, julgar, classificar, deduzir, explicar, conceituar, etc.” do das palavras e a formação de conceitos de acordo
É nesse sentido que o conteúdo escolar pode produzir com Vygotsky
uma nova posição mental no aluno, indicando alternati-
vas apropriadas para intervir na prática social. Assim como no reino animal, para o ser humano
A instrumentalização tem a função de intervir no nível pensamento e linguagem têm origens diferentes. Inicial-
de desenvolvimento imediato, tendo em vista a altera- mente o pensamento não é verbal e a linguagem não é
ção do nível de desenvolvimento atual. Gasparin expli- intelectual.
cita que no método dialético do processo de ensino e
aprendizagem, a vivência representa o nível de desen-
volvimento atual, a problematização, a instrumentaliza- #FicaDica
ção e a catarse referem-se ao nível de desenvolvimento
imediato e a prática social final representa um novo nível Convém ressaltar porém que o desenvol-
de desenvolvimento atual. vimento da linguagem e do pensamento
se cruzam, assim com cerca dos dois anos
No processo de formação, considerou-se como mo- de idade as curvas de desenvolvimento do
mentos catárticos o resultado do trabalho desenvolvido pensamento e da linguagem, até então se-
pelos professores. O nível de desenvolvimento imediato paradas, encontram-se para, a partir daí, dar
representou a produção teórica e prática dos professo- início a uma nova forma de comportamen-
res. Para Wachowicz, a Catarse representa o ponto mais to. É a partir deste ponto que o pensamen-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
importante do processo de ensino, por expressar “a ver- to começa a se tornar verbal e a linguagem
dadeira apropriação do saber por parte dos alunos”. Sem racional. Inicialmente a criança aparenta usar
essa etapa não se completa o processo dialético, pois de linguagem apenas para interação superficial
acordo com a autora, “[...] sem a expressão elaborada da em seu convívio, mas, a partir de certo pon-
nova forma não há aprendizagem e consequentemente to, esta linguagem penetra no subconsciente
não há ensino”. para se constituir na estrutura do pensamen-
No processo de formação proposto aos professores, a to da criança. Sendo assim se torna possível
nova vivência do conteúdo confirmou que estes se apro- à criança utilizar a linguagem de forma racio-
priaram do conteúdo, compreenderam os fundamentos nal, atribuindo-lhe significados.
teórico-metodológicos da Pedagogia Histórico-Crítica
e, em consequência, aprenderam a organizar suas aulas
pelo processo dialético sugerido na didática dessa pe- A partir do momento que a criança descobre que
dagogia e, portanto, supõe-se que poderão aplicar seus tudo tem um nome, cada novo objeto que surge repre-
conhecimentos em suas práticas docente-discentes. senta um problema que a criança resolve atribuindo-lhe
Nesse sentido, é relevante considerar a prática de pla- um nome. Quando lhe falta a palavra para nomear este
nejamento docente-discente como uma nova forma de novo objeto, a criança recorre ao adulto. Esses signifi-
compreender a realidade. Os professores se revelaram cados básicos de palavras assim adquiridos funcionarão
predispostos a praticar os novos conceitos aprendidos. como embriões para a formação de novos e mais com-
Desse modo, a apropriação dos conteúdos pressupõe plexos conceitos.
uma nova forma de pensar e intervir na realidade con-
creta. Pensamento, linguagem e desenvolvimento inte-
No retorno à Prática Social como ponto de chega- lectual
da do processo educativo, podemos considerar tanto a
produção dos projetos de trabalho docente-discente na De acordo com Vygotsky, todas as atividades cogni-
perspectiva da didática Histórico-Crítica, como a pró- tivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com sua
pria aplicação dos projetos junto aos alunos do curso história social e acabam se constituindo no produto do
de formação de docentes. Todos os projetos de trabalho desenvolvimento histórico-social de sua comunidade
docente-discente, elaborados pelos professores, foram (Luria). Portanto, as habilidades cognitivas e as formas
aplicados na turma do 5º período do curso de formação de estruturar o pensamento do indivíduo não são de-
de docentes. terminadas por fatores congênitos. São, isto sim, resul-
22
tado das atividades praticadas de acordo com os hábi- O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CUL-
tos sociais da cultura em que o indivíduo se desenvolve. TURAL DE VYGOTSKY
Consequentemente, a história da sociedade na qual a
criança se desenvolve e a história pessoal desta crian- De acordo com publicação realizada sobre a coorde-
ça são fatores cruciais que vão determinar sua forma de nação de Jane Motta nem a psicologia objetiva, represen-
pensar. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a tada pelo Behaviorismo de Skinner, com suas tentativas
linguagem tem papel crucial na determinação de como a de reduzir a atividade consciente a esquemas simplistas
criança vai aprender a pensar, uma vez que formas avan- baseados nos reflexos; nem a psicologia subjetiva, que
çadas de pensamento são transmitidas à criança através estuda as funções humanas complexas de modo pura-
de palavras (Murray Thomas). mente descritivo e fenomenológico, como a Gestalt de
Para Vygotsky, um claro entendimento das relações Koffka; nem a Psicologia Construtivista de Piaget, enten-
entre pensamento e língua é necessário para que se en- dendo o ser humano como abstrato e construindo-se a
tenda o processo de desenvolvimento intelectual. Lin- partir da maturação, representam um modelo satisfató-
guagem não é apenas uma expressão do conhecimento rio da psicologia humana (Vygotsky).
adquirido pela criança. Existe uma inter-relação funda- A redução de eventos psicológicos complexos a me-
mental entre pensamento e linguagem, um proporcio- canismos elementares estudados em laboratório através
nando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem de técnicas experimentais exatas, bem como o estudo
um papel essencial na formação do pensamento e do dos fenômenos psicológicos, baseado na premissa de
caráter do indivíduo. que a explicação é impossível, conduziram a um impas-
se na psicologia, pois não podemos encarar as ciências
Zona de desenvolvimento próximo (ou proximal) humanas como as naturais. O entendimento de que o
desenvolvimento humano independe da aprendizagem
Um dos princípios básicos da teoria de Vygotsky é o desconsidera as determinações históricas, não se consti-
conceito de “zona de desenvolvimento próximo”. Zona tuindo, ainda, a compreensão da totalidade do ser huma-
de desenvolvimento próximo representa a diferença en- no (Vygotsky). A crítica também se estende à psicologia
tre a capacidade da criança de resolver problemas por construtivista de Piaget que, embora considere a inte-
si própria e a capacidade de resolvê-los com ajuda de ração entre o biológico e o social, prioriza a maturação,
alguém. Em outras palavras, teríamos uma “zona de de- entendendo que a aprendizagem deve aguardar pelo
senvolvimento autossuficiente” que abrange todas as desenvolvimento real, compreendendo o sujeito como
funções e atividades que a criança consegue desempe- abstrato e universal, inserido em uma sociedade estrutu-
nhar por seus próprios meios, sem ajuda externa. Zona rada harmonicamente. A abordagem concreta e multidi-
de desenvolvimento próximo, por sua vez, abrange todas mensional de Vygotsky e Wallon se diferencia das demais
23
De acordo com Luria a teoria vygotskyana é instru- existia na sua mente antes que ele começasse a construir.
mental, histórica e cultural. É instrumental, por se referir O arquiteto não só modifica as formas naturais, dentro
à natureza mediada das funções psicológicas superiores. das limitações impostas por essa mesma natureza, mas
Diferentemente dos animais, que mantém relação direta também realiza um propósito próprio, que define os
com a natureza, o processo de hominização surge com o meios e o caráter da atividade à qual ele deve subordinar
trabalho, que inaugura a mediação com o uso de signos à sua vontade (Marx in Luria).
e instrumentos, permitindo a modificação do psiquismo É a subjetividade humana que faz a diferença entre
humano e da realidade externa, respectivamente. Em um o ser humano e o animal, caracterizada pela consciência
movimento dialético, os seres humanos criam novos ce- e identidade, pelos sentimentos e emoções, engendrada
nários, que determinam novos atores, novos papéis. a partir da aquisição da linguagem, que amplia os
Enquanto o uso dos instrumentos possibilita a trans- determinantes do seu comportamento para além da
formação da realidade, que passa a exigir um novo tipo experiência individual e do componente biológico,
de interação, é a utilização dos signos, especialmente a permitindo a apropriação ativa do conhecimento
linguagem, que organiza e desenvolve as funções tipi- acumulado pela humanidade. (Luria e Lane & Codo).
camente humanas, as chamadas funções superiores da É no espaço escolar que a criança deve se
consciência. apropriar ativamente dos conhecimentos acumulados
É a plasticidade do cérebro humano que permite e sistematizados historicamente pela humanidade,
que tal transformação ocorra, sendo fundamental a formulando conceitos científicos, assim, a escola tem um
interação social, pois as funções, que são sociais em um papel insubstituível nessa apropriação, pois, enquanto
primeiro momento, devem ser exercidas na relação para agência formadora da maioria da população, deve ter
serem apropriadas pelo ser humano, tornando-se assim intencionalidade e compromisso explícito de tornar
individuais. acessível a todos os alunos o conhecimento. A escola
É histórica e cultural por propor a compreensão do reflete a vontade política e econômica da sociedade
ser humano inserido em uma cultura determinada, com onde está inserida, sendo que, historicamente, não
suas ferramentas, inventadas e aperfeiçoadas no curso tem cumprido seu papel de sistematizar e transmitir o
da história social da humanidade, com as contradições conhecimento para a classe trabalhadora.
impostas pela dialética. A teoria de Vygotsky entende a relação entre o de-
De acordo com Luria a psicologia histórico-cultural é senvolvimento humano e a aprendizagem diferentemen-
uma ciência que desenvolve-se em estreita ligação com te das outras concepções, para ela, o desenvolvimento e
outras ciências e que tem como objeto de estudo a ati- a aprendizagem estão relacionados desde o nascimento
vidade do homem no plano psicológico e se propõe à da criança, considerando que o desenvolvimento não é
tarefa de estabelecer as leis básicas da atividade psicoló- um processo previsível, universal ou linear, ao contrário,
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
gica, estudar as vias de sua evolução, descobrir os meca- ele é construído no contexto, na interação com a apren-
nismos que lhe servem de base e descrever as mudanças dizagem de modo que é a aprendizagem que promove
que ocorrem nessa atividade nos estados patológicos. A o desenvolvimento atuando sobre a zona de desenvol-
psicologia deve analisar como o ser humano, ao longo vimento proximal, ou seja, transformando o desenvolvi-
da evolução filo e ontogenética (na evolução enquanto mento potencial em desenvolvimento real, ou seja, ao fa-
espécie e enquanto ser humano) interpreta e representa zer com que determinada função aconteça na interação,
a realidade. A interpretação e a representação da reali- estamos possibilitando que ela seja apropriada e se torne
dade são realizadas pelo cérebro humano, deste modo o uma função individual. Para Zanella, ao proporcionar que
cérebro é considerado a base material que o ser humano a criança, com ajuda de um adulto ou de outra crian-
traz consigo ao nascer e que está em desenvolvimento ça mais experiente, realize uma determinada atividade,
ao longo da história da espécie e durante toda a vida do estamos antecipando o seu desenvolvimento através de
ser humano, sendo entendido como um sistema aberto e mediação.
de grande plasticidade. A sala de aula é composta por alunos em diferentes
Para Oliveira, o ser humano é estudado na sua uni- níveis de desenvolvimento, tanto real quanto potencial,
dade e na sua totalidade, é considerado como um ser devendo, em situações de interações significativas, pos-
multideterminado, ou seja, integra, numa mesma pers- sibilitar que cada um seja agente de aprendizagem do
pectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto outro. Se, em um momento, o aluno aprende, em ou-
ser biológico e ser social, enquanto membro da espécie tro, ele ensina, pois o desenvolvimento não é linear; é
humana e participante de um processo histórico. dinâmico e sofre modificações qualitativas, para isso o
O ser humano deve ser compreendido na sua dimen- professor é o principal mediador, devendo estar atento,
são onto e filogenética, com constituição biológica es- de modo a que todos se apropriem do conhecimento e,
pecífica, que é ressignificada por suas relações sociais, consequentemente, alcancem as funções superiores da
construídas pelo trabalho e pelo uso dos instrumentos. consciência, pois é a aprendizagem que vai determinar o
A aranha realiza operações que lembram as de um desenvolvimento. O papel do professor mediador é, no
tecelão, e as caixas que as abelhas constroem no céu po- ambiente escolar, o de atuar na zona de desenvolvimen-
dem tornar sem graça o trabalho de muitos arquitetos. to proximal dos alunos com o objetivo de desenvolver as
Mas mesmo o pior arquiteto se diferencia da abelha mais funções psicológicas superiores, esta atuação se concre-
hábil desde o princípio, em que, antes de construir com tiza através de intervenções intencionais que explicitarão
suas tábuas uma caixa, ele já a construiu na sua mente. os sistemas conceituais e permitirão aos alunos a aquisi-
No final do processo de trabalho ele obtém algo que já ção de conhecimentos sistematizados (Fontana).
24
A linguagem constitui o principal mediador da apren- importância da inclusão de fato, onde as crianças com
dizagem e do desenvolvimento, é através dela que o ser alguma deficiência interajam com crianças que estejam
humano se constrói enquanto ser sócio histórico, modi- com desenvolvimento além, realizando a troca de sabe-
ficando os seus processos psíquicos. A linguagem per- res e experiências, onde ambos passam a aprender junto.
mite a evocação de objetos ausentes, análise, abstração Vygotsky defende a educação inclusiva e acessibilida-
e generalização de características de objetos, eventos e de para todos. Devido ao processo criativo que envolve o
situações, e possibilita o intercâmbio social entre os seres domínio da natureza, o emprego de ferramentas e instru-
humanos. mentos, o homem pode ter uma ação indireta, planejada
Pensamento e linguagem são uma unidade que, na tendo ou não deficiência, assim, pessoas com deficiên-
sua forma mais simples, é representada pelo significado cia auditiva, visuais, e outras podem ter um alto nível de
da palavra, assim, o significado de cada palavra é uma desenvolvimento, a escola deve permitir que dominem
generalização ou um conceito. E, como as generalizações depois superem seus saberes do cotidiano. As crianças
e os conceitos são inegavelmente atos de pensamento, cegas podem alcançar o mesmo desenvolvimento de
podemos considerar o significado como um fenômeno uma criança normal, só que de modo diferente, por outra
do pensamento. (Oliveira). É a qualidade das interações via, é muito importante para o pedagogo conhecer essa
culturais disponíveis no meio que irá determinar a forma peculiaridade, é a lei da compensação, não é o limite bio-
de pensar ao longo do desenvolvimento do ser humano. lógico que determina o não desenvolvimento do surdo,
A linguagem, a palavra e o significado não são únicos, cego, mas sim a sociedade que vem criando estes limites
nem universais, sendo o produto das interações sociais para que os deficientes não se desenvolvam totalmente.
em cada momento histórico. A segunda refere-se à origem cultural das funções
Da mesma forma que a linguagem, a atividade hu- psíquicas que se originam nas relações do indivíduo e
mana se desenvolve nas relações sociais. Os estudos da seu contexto social e cultural, isso mostra que a cultu-
atividade humana desenvolvidos por Leontiev são des- ra é parte constitutiva da natureza humana, pois o de-
dobramentos dos postulados básicos de Vygotsky. As senvolvimento mental humano não é passivo, nem tão
pouco independente do desenvolvimento histórico e
atividades humanas são consideradas, por Leontiev,
das formas sociais da vida. O desenvolvimento mental
como formas de relação do homem com o mundo, dirigi-
da criança é um processo continuo de aquisições, de-
das por motivos, por fins a serem alcançados. A ideia de
senvolvimento intelectual e linguístico relacionado à fala
atividade envolve a noção de que o homem orienta-se
interior e pensamento e impondo estruturas superiores,
por objetivos, agindo de forma intencional, por meio de
ao saber de novos conceitos evita-se que a criança tenha
ações planejadas (Oliveira).
que reestruturar todos os conceitos que já possui. Vy-
Fichtner afirma que a sociedade produz e constrói
gotsky tinha como objetivo constatar como as funções
as atividades como uma forma complexa da relação ho- psicológicas, tais como memória, a atenção, a percepção
25
O desenvolvimento e a aprendizagem des utilizadas, em geral, na Educação Infantil fase que as
crianças aprendem a falar (após os três anos de idade),
Vygotsky dá um lugar de destaque para as relações de e são capazes de envolver-se numa situação imaginária.
desenvolvimento e aprendizagem dentro de suas obras. Através do imaginário a criança estabelece regras do co-
Para ele a criança inicia seu aprendizado muito antes de tidiano real.
chegar à escola, mas o aprendizado escolar vai introduzir Mesmo havendo uma significativa distância entre
elementos novos no seu desenvolvimento. A aprendiza- o comportamento na vida real e o comportamento no
gem é um processo contínuo e a educação é caracteriza- brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabele-
da por saltos qualitativos de um nível de aprendizagem a cimento de regras a serem seguidas criam uma zona de
outro, daí a importância das relações sociais, desse modo desenvolvimento proximal, na medida em que impulsio-
dois tipos de desenvolvimento foram identificados: o de- nam conceitos e processos em desenvolvimento (Rego).
senvolvimento real que se refere àquelas conquistas que
já são consolidadas na criança, aquelas capacidades ou Vygotsky e a educação
funções que realiza sozinha sem auxílio de outro indi-
víduo, habitualmente costuma-se avaliar a criança so- A escola se torna importante a partir do momento
mente neste nível, ou seja, somente o que ela já é capaz que dentro dela o ensino é sistematizado sendo ativida-
de realizar e o desenvolvimento potencial que se refere des diferenciadas das extraescolares e lá a criança apren-
àquilo que a criança pode realizar com auxílio de outro de a ler, escrever, obtém domínio de cálculos, entre ou-
indivíduo. tras, assim expande seus conhecimentos. Também não é
Neste caso as experiências são muito importantes, pelo simples fato da criança frequentar a escola que ela
pois ele aprende através do diálogo, colaboração, imita- estará aprendendo, isso dependerá de todo o contexto
ção... A distância entre os dois níveis de desenvolvimen- seja questão política, econômica ou métodos de ensino.
tos chamamos de zona de desenvolvimento potencial Conforme foi visto até aqui, aulas onde o aluno fica ou-
ou proximal, o período que a criança fica utilizando um vindo e memorizando conteúdos não basta para se dizer
‘apoio’ até que seja capaz de realizar determinada ativi- que o aprendizado ocorreu de fato, o aprendizado exige
dade sozinha. Por isso Vygotsky afirma que “aquilo que muito mais. O trabalho pedagógico deve estar associado
é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de à capacidade de avanços no desenvolvimento da crian-
desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma ça, valorizando o desenvolvimento potencial e a zona de
criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de desenvolvimento proximal. A escola deve estar atenta ao
fazer sozinha amanhã”. O conceito de zona de desenvol- aluno, valorizar seus conhecimentos prévios, trabalhar a
vimento proximal é muito importante para pesquisar o partir deles, estimular as potencialidades dando a possi-
desenvolvimento e o plano educacional infantil, porque bilidade de este aluno superar suas capacidades e ir além
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este permite avaliar o desenvolvimento individual. Aqui ao seu desenvolvimento e aprendizado. Para que o pro-
é possível elaborar estratégias pedagógicas para que a fessor possa fazer um bom trabalho ele precisa conhecer
criança possa evoluir no aprendizado uma vez que esta é seu aluno, suas descobertas, hipóteses, crenças, opiniões
a zona cooperativa do conhecimento, assim, o mediador desenvolvendo diálogo criando situações onde o aluno
ajuda a criança a concretizar o desenvolvimento que está possa expor aquilo que sabe. Assim os registros, as ob-
próximo, ou seja, ajuda a transformar o desenvolvimento servações são fundamentais tanto para o planejamento e
potencial em desenvolvimento real. objetivos quanto para a avaliação.
O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-
-relacionados desde o momento do nascimento, o meio Fonte
físico ou social influenciam no aprendizado das crianças COELHO, L.; PISONI, S. Disponível em http://facos.
de modo que chegam as escolas com uma série de co- edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vy-
nhecimentos adquiridos, na escola a criança desenvolve- gotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf
rá outro tipo de conhecimento.
Assim se divide o conhecimento em dois grupos: A Função Psicológica da Brincadeira Segundo a
aqueles adquiridos da experiência pessoal, concreta e Perspectiva Histórico-Cultural
cotidiana em que são chamados de ‘conceitos cotidianos
ou espontâneos’ em que são caracterizados por obser- Dois aspectos podem ser destacados dentre as consi-
vações, manipulações e vivências diretas da criança já derações que a teoria histórico-cultural faz sobre a brin-
os ‘conceitos científicos’ adquiridos em sala de aula se cadeira: a origem e a função desse tipo de atividade para
relacionam àqueles não diretamente acessíveis à obser- o desenvolvimento. Posto isso, faz-se necessário frisar a
vação ou ação imediata da criança. A escola tem papel gênese da brincadeira no comportamento infantil.
fundamental na formação dos conceitos científicos, pro- Vygotsky é claro ao afirmar que a brincadeira atende
porcionando à criança um conhecimento sistemático de a determinadas necessidades da criança, mostra-se re-
algo que não está associado a sua vivência direta princi- levante, portanto, compreender os impulsos e motivos
palmente na fase de amadurecimento. por ela satisfeitos. Observa-se que, na esfera afetiva, a
O brinquedo é um mundo imaginário onde a criança criança pequena (até 3 anos) é incapaz de suportar a in-
pode realizar seus desejos, o ato de brincar é uma im- satisfação de seus desejos, nesse sentido, ela reage com
portante fonte de promoção de desenvolvimento, sendo choro, esperneio ou tem essas vontades extintas pela in-
muito valorizado na zona proximal, neste caso em espe- tervenção do adulto, que a consola ou distrai. Na criança
cial as brincadeiras de ‘faz de conta’. Sendo estas ativida- maior, pré-escolar (acima de 3 e até 6 ou 7 anos) colo-
26
ca-se a possibilidade de adiamento da satisfação de uma dena-lhe essa ação, por exemplo, dizendo-lhe: “Dê a ela”.
necessidade, mas a extinção do desejo torna-se inviável. Mas, durante a brincadeira de “irmãs”, cada uma delas, o
A brincadeira, nessa faixa etária, surge da convivência tempo todo, ininterruptamente, demonstra a sua relação
dessas duas situações, há, por exemplo, a vontade de de irmã; o fato de as duas terem iniciado a brincadeira
dirigir um carro e a impossibilidade efetiva de realizá-la. de irmãs propicia-lhes a oportunidade de admitirem as
Dessa maneira, a brincadeira surge “como uma reali- regras de comportamento. (Eu tenho de ser irmã da ou-
zação imaginária e ilusória de desejos irrealizáveis” (Vy- tra irmã, no decorrer de toda a situação da brincadeira).
gotsky). Todavia, a resposta aos afetos relacionados a es- As ações da brincadeira que combinam com a situação
ses desejos não está vinculada a situação concreta, mas são somente aquelas que combinam com as regras. (Vy-
ao sentido global dado ao fenômeno. gotsky).
Outro fato relevante é o desconhecimento da criança Por outro lado, numa brincadeira com regras explíci-
sobre os motivos que a levam a promover tal atividade, tas, há sempre uma situação imaginária, pois determina-
não tendo ciência do que está realizando. Em outros ter- das ações reais são inviabilizadas nessas condições. No
mos, à criança não se coloca a possibilidade de explicar jogo de xadrez, não há um impedimento objetivo para
os porquês de sua atividade, de maneira que essa ca- que o peão se desloque para os lados, entretanto a regra
racterística distingue a brincadeira de outras formas de cria uma imposição que o faz se mover somente para
atividade, como o trabalho. frente. Surge, assim, uma situação imaginária.
Leontiev (1944/1988) apresenta raciocínio semelhan- Em “La imaginacion y el arte en la infância”, Vygot-
te ao de Vygotsky quando afirma que há uma discrepân- sky (2006) também destaca a importância da imaginação
cia entre a quantidade de objetos aos quais a criança tem para os jogos infantis e aponta que, apesar de as brinca-
acesso na idade pré-escolar e as possibilidades de utili- deiras das crianças serem construídas a partir da repro-
zá-los. A criança não quer fazer uso somente daqueles dução de atividades dos adultos, há nelas uma originali-
itens diretamente acessíveis a ela, mas de todos os obje- dade surgida da capacidade de combinar os elementos
tos que compõe o universo adulto que a circundam, ape- dessas atividades de formas variadas. Na adolescência,
sar de ainda não ter desenvolvido as capacidades neces- a imaginação se diferencia e surge como uma legatária
sárias para tanto. Tal aspecto é relevante, pois, segundo dos jogos infantis. “Ao invés de jogar, [o adolescente]
o pensamento leontieviano, a consciência que se produz fantasia, constrói castelos no ar (...) sonha acordado” (Vy-
do mundo no período em questão se dá por meio de gotsky).
ações. Vygotsky (2006) mostra que a imaginação está vincu-
A solução para essa discrepância estaria na brincadei- lada a um impulso criador humano. A atividade criadora
ra, atividade que encerra sua finalidade em si mesma, ou seria definida como “toda realização humana criadora de
seja, no engajamento do brincante no processo, e não algo novo” (p.7). Além do impulso criador, o ser humano
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(...) Por mais individual que pareça, toda criação sempre entanto, para deslocar esse significado, a criança ainda
contém em si um coeficiente social. Neste sentido, não depende de um objeto (pivô) que mantenha alguma re-
existem inventos individuais no sentido estrito da pala- lação de semelhança com o objeto real, não sendo capaz
vra, em todos eles há sempre alguma colaboração anô- de realizá-lo de forma unicamente simbólica. Nas pala-
nima (Vygotsky). vras do autor:
No momento crítico, quando o cabo de vassoura
Leontiev (1944/1988) também traz considerações re- transforma-se em cavalo para a criança, ou seja, quando
levantes para discutir o papel da imaginação na brinca- o objeto - cabo de vassoura - transforma-se no pivô para
deira. O autor, analisando o uso de uma vara para simular separar o significado ‘cavalo’ do cavalo real, essa fração
a montaria a cavalo, esclarece que toda ação está rela- (...) inverte-se e o dominante passa a ser o momento se-
cionada a um motivo, tem um objetivo consciente e uma mântico: sentido/objeto (Vygotsky).
operação correspondente. De forma análoga à separação entre objetos e signi-
O motivo da ação na brincadeira, conforme explicita- ficados, a partir da brincadeira, a criança também ganha
do acima, não está em sua finalidade produtiva, ou seja, possibilidade de realizar a separação entre ação e signi-
em que se obtenha um resultante concreto, mas na parti- ficados. A criança não consegue compreender completa-
cipação no processo como tal. O objetivo, por outro lado, mente o significado de sua ação, de modo que a última
está vinculado à ação real de se montar num cavalo. Para predomina sobre o primeiro. A brincadeira constituiria,
ilustrar essa tese, é trazido o exemplo da brincadeira de do mesmo modo, um pivô que permitiria subordinar as
vacinação contra a varíola. ações aos significados, mas ainda limitado pelos aspec-
As crianças representavam a seguinte sequência uti- tos estruturais colocados pela ação, ou seja, a criança não
lizando os objetos que dispunham: passar a álcool no é capaz de usar um movimento que não seja condizente
braço, produzir um arranhão e aplicar a vacina. O pes- com o que seria a execução real da ação cujo significa-
quisador oferece a possibilidade de se usar álcool real, do está sendo deslocado. Se, por um lado, a separação
mas a condiciona a uma quebra na ordem do processo. entre objetos e significados possibilita o avanço do pen-
Primeiro deveriam vacinar e depois passar o álcool. Rapi- samento abstrato, Vygotsky afirma que, ao operar com o
damente, o uso do álcool de verdade, não obstante mais significado das ações, a criança desenvolve a capacidade
atrativo, é rejeitado. Vê-se, por conseguinte, que a ação de regular o próprio comportamento.
e seu objetivo não são fantásticos ou arbitrários, porém Em síntese, portanto, três aspectos caracterizam o
retirados da vida real. brinquedo: estar intrinsecamente relacionado à imagi-
As operações correspondem aos meios pelas quais nação; as regras nas quais ele está baseado, sejam elas
a ação é realizada, sendo determinadas pelas condições tácitas ou explicitas; e as possibilidades de abstração e de
reais e não só pelos objetivos. Dessa maneira, as ope- controle consciente do comportamento que ele permite.
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IV. A especificidade dos estudos pedagógicos diz res- Resposta; Letra C. O ensino é uma tarefa real, con-
peito à identificação dos elementos naturais e culturais creta, que expressa o compromisso social e político
necessários à constituição da humanidade em cada ser do professor, pois o domínio das habilidades de ler e
humano e à descoberta das formas adequadas para se escrever, dos conhecimentos científicos da História, da
atingir esse objetivo. Geografia, da Matemática e das Ciências, é requisito
V. A ação escolar é viabilizada pelo currículo num movi- para a participação dos alunos na vida profissional, na
mento dialético: é a passagem da cultural popular à cul- vida política e sindical, e para enfrentar situações, pro-
tura erudita. blemas e desafios da vida prática. Um ensino de baixa
qualidade empurra as crianças, cada vez mais, para a
Estão corretas: marginalização social.
Há, pois, um trabalho pedagógico-didático a se efeti-
a) Somente I, II, IV e V. var dentro da escola que se expressa no planejamento
b) Somente I, II e IV. do ensino, na formulação dos objetivos, na seleção
c) Somente III e IV. dos conteúdos, no aprimoramento de métodos de
d) Somente II, IV e V. ensino, na organização escolar, na avaliação. Ligar a
e) I, II, III, IV e V. escolarização às lutas pela democratização da socie-
dade implica, pois, que a escola cumpra a tarefa que
Resposta; Letra A. De acordo com Saviani, currículo lhe é própria: prover o ensino. Democratização do en-
são as atividades nucleares desenvolvidas na escola, sino significa, basicamente, possibilitar aos alunos o
ou seja, o que de mais importante ela tem a fazer. So- melhor domínio possível das matérias, dos métodos
breleva aqui a questão do conteúdo escolar que na de estudo, e, através disso, o desenvolvimento de suas
opinião do autor é o saber sistematizado. capacidades e habilidades intelectuais, com especial
As relações de poder que permeiam todo o relaciona- destaque à aprendizagem da leitura e da escrita. A
mento social também se fazem presentes na organiza- participação efetiva do povo nas lutas sociais e nas
ção curricular. Desvendar esse emaranhado complexo instâncias de decisão econômica e política requer que
e visualizar com maior clareza aquilo que é necessário se agregue nelas um número cada vez maior de pes-
para uma sociedade mais justa é um desafio para os
soas e isto depende do grau de difusão do conheci-
educadores.
mento.
O trabalho pedagógico na escola requer a sua ade-
2. Para a didática, os professores de ensino e de apren-
quação às condições sociais de origem, às caracterís-
dizagem representam o seu foco, seu objeto de estudo
ticas individuais e socioculturais e ao nível de rendi-
no âmbito das práticas escolares, momento em que o
mento escolar dos alunos.
professor a sua práxis, utilizando-se de todo o seu co-
Resposta; Letra C. A didática é a parte da pedago- Resposta; Certo. Demerval Saviani, através de suas
gia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino, obras e seu trabalho, procurou esclarecer, no campo
destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria da teoria educacional, as relações entre e educação e a
pedagógica. política, além do alcance da atuação política na prática
educacional e qual seria a especificidade da educação.
3. O trabalho pedagógico resulta: Segundo o autor, se a existência humana não é garan-
tida pela natureza, não é uma dádiva natural, mas tem
a) Da relação entre os professores. de ser produzida pelos próprios homens, sendo, pois
b) Exclusivamente do planejamento feito ao início de um produto do trabalho, isso significa que o homem
cada ano letivo. não nasce homem. Ele forma-se homem. Ele nasce sa-
c) Da interação do professor com seus alunos, em sala de bendo produzir-se como homem. Ele necessita apren-
aula convencional e outros espaços. der a ser homem, precisa aprender a produzir sua pró-
d) Exclusivamente da interação do professor com a ges- pria existência.
tão da escola, por meio do planejamento e das reuni-
ões pedagógicas.
e) Exclusivamente da interação do professor com o seu
conteúdo programático e possibilidades metodológi-
cas para desenvolvê-lo.
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5. Para Demerval Saviani a concepção de educação críti- estamos possibilitando que ela seja apropriada e se
co-reprodutivista é “a tendência que, a partir das análises torne uma função individual, ou seja, é na interação da
dos determinantes sociais da educação, considera que a criança com o meio que a cerca que ela se desenvolve
função primordial da educação é dupla”. Assinale a al- e aprende.
ternativa que apresenta a dupla função da educação no
âmbito das teorias crítico-reprodutivistas:
TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO
a) A difusão de conteúdos vivos e atualizados e a ênfase INFANTIL.
à transmissão de conhecimentos.
b) A reprodução das relações sociais de produção e in-
culcação da ideologia dominante. 1. Como se dá a construção do conhecimento?
c) Afirmar o caráter científico do método tradicional e
elevar as condições sociais de existência dos alunos. FIQUE ATENTO!
d) Reproduzir os conteúdos clássicos, desenvolvidos pela
Apesar de Piaget e Vygotsky partilharem
humanidade, e promover transformações sociais, pela
algumas crenças – por exemplo, que o de-
elevação da capacidade de ver o mundo.
senvolvimento é um processo dialético e
que as crianças são cognitivamente ativas no
Resposta; Letra B. Segundo Demerval Saviani, acerca
processo de imitar modelos em seu mundo
da diferenciação entre as escolas críticas das escolas
social (Tudge e Winterhoff, 1993) – eles di-
não críticas, diz que a marginalidade é vista como um
vergem na ênfase sobre outros aspectos. Eu
problema social e a educação, estaria, por esta razão,
gostaria de apontar e analisar três desses as-
capacitada a intervir eficazmente na sociedade, trans-
pectos divergentes e mostrar como eles fun-
formando-a, tornando-a melhor, corrigindo as injusti-
damentam minha proposta:
ças; em suma, promovendo a equalização social. Estas
• desenvolvimento versus aprendizagem •
teorias consideram, pois, apenas a ação da educação
interação social versus interação com os ob-
sobre a sociedade.
jetos
• interação horizontal versus interação ver-
6. (Prefeitura de Tibagi/PR- Professor- UNIUV/2017)
tical.
Considerando o pensamento de Vygotsky a respeito do
desenvolvimento infantil, é correto afirmar que:
No primeiro aspecto, temos, por um lado, a con-
a) É a interação da criança com o meio em que vive que vicção de Piaget de que o desenvolvimento precede a
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determina o seu desenvolvimento, sua aquisição de aprendizagem e, por outro, a afirmação de Vygotsky de
conhecimentos. que a aprendizagem pode (e deve) anteceder o desen-
b) Existem estágios de aprendizagem, relacionados com volvimento. Um primeiro exame dos estudos Vygotskia-
a idade do indivíduo. Segundo ele, os estágios são se- nos nos mostra que os problemas relacionados com o
quenciais, e não ocorrem em ordem diferente da esta- processo ensino-aprendizagem não podem ser resolvi-
belecida por ele em seus estudos. dos sem uma análise da relação aprendizagem-desen-
c) O desenvolvimento do indivíduo é resultado de um volvimento (Rogoff e Wertsch, 1984). Vygotsky (1988)
processo sócio histórico, no qual a linguagem não diz que, da mesma forma que algumas aprendizagens
possui papel relevante. podem contribuir para a transformação ou organização
d) O teórico enfatiza a aprendizagem por descoberta, de outras áreas de pensamento, podem, também, tanto
defendendo a ideia de que os professores devem pro- seguir o processo de maturação como precedê-lo e mes-
por situações-problema que estimulem seus alunos a mo acelerar seu progresso. Essa idéia revolucionou a no-
descobrir, por si mesmos, a estrutura do conteúdo da ção de que os processos de aprendizagem são limitados
disciplina. pelo desenvolvimento biológico que, por sua vez, depen-
e) A forma como as pessoas interagem não influencia a de do processo maturacional individual e não pode ser
construção de seus conhecimentos. acelerado. Mais ainda, considera que o desenvolvimento
biológico, pode ser decisivamente influenciado pelo am-
Resposta; Letra A.A teoria de Vygotsky entende a re- biente, no caso, a escola e o ensino.
lação entre o desenvolvimento humano e a aprendiza- A convicção de Piaget de que as crianças são como
gem diferentemente das outras concepções, para ela, cientistas, trabalhando nos materiais de seu mundo fí-
o desenvolvimento e a aprendizagem estão relacio- sico e lógico-matemático para dar sentido à realidade,
nados desde o nascimento da criança, considerando de forma alguma nega sua preocupação com o papel
que o desenvolvimento não é um processo previsível, exercido pelo meio social. Existe aqui, em minha opinião,
universal ou linear, ao contrário, ele é construído no apenas uma questão de ênfase. Enquanto Piaget enfatiza
contexto, na interação com a aprendizagem de modo a interação com os objetos, Vygotsky enfatiza a interação
que é a aprendizagem que promove o desenvolvi- social.
mento atuando sobre a zona de desenvolvimento A idade mental da criança é tradicionalmente definida
proximal, ou seja, transformando o desenvolvimento pelas tarefas que elas são capazes de desempenhar de
potencial em desenvolvimento real, ou seja, ao fazer forma independente. Vygotsky chama essa capacidade
com que determinada função aconteça na interação, de zona de desenvolvimento real. Estendendo esse con-
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ceito Vygotsky afirma que, mesmo que as crianças não nos conduzir ao fortalecimento de uma teoria pela incor-
possam ainda desempenhar tais tarefas sozinhas algu- poração de insights de uma outra o que pode algumas
mas dessas podem ser realizadas com a ajuda de outras vezes ser considerado problemático. (Hatano, 1993: 163-
pessoas. Isso identifica sua zona de desenvolvimento po- 164).
tencial. Finalmente, ele sugere que entre a zona de de- Esse problema pode, no entanto, ser contornado,
senvolvimento real (funções dominadas ou amadureci- se aqueles insights forem harmoniosamente integrados
das) e a zona de desenvolvimento potencial (funções em dentro da teoria Vygotskiana.
processo de maturação) existe uma outra que ele chama Em seguida, eu gostaria de ir mais além, incluir a pe-
de zona de desenvolvimento proximal. Desenvolvendo dagogia crítica de Paulo Freire nesta discussão e mos-
sua teoria, Vygotsky demonstra a efetividade da intera- trar suas características complementares aos enfoques
ção social no desenvolvimento de altas funções mentais Piagetiano e Vygotskiano na formulação de um ensino
tais como: memória voluntária, atenção seletiva e pen- crítico-construtivista.
samento lógico. Sugere, também, que a escola atue na A compreensão do papel da educação no desenvol-
estimulação da zona de desenvolvimento proximal, pon- vimento dos seres humanos, partilhada por Vygotsky e
do em movimento processos de desenvolvimento inter- Freire, é baseada na preocupação de ambos com o de-
no que seriam desencadeados pela interação da criança senvolvimento integral das pessoas, na filosofia marxista,
com outras pessoas de seu meio. Uma vez internalizados, no enfoque construtivista, na importância do contexto
esses atos se incorporariam ao processo de desenvolvi- social e na firme crença na natureza dos seres humanos.
mento da criança.
Tudge (1990: 157) – um forte Vygotskiano escreve:
Seguindo essa linha de raciocínio, o aspecto mais A colaboração com outras pessoas seja um adulto ou
relevante da aprendizagem escolar parece ser o fato de um colega mais adiantado, dentro da zona de desenvol-
criar zonas de desenvolvimento proximal. vimento proximal, conduz ao desenvolvimento dentro de
Inagaki e Hatano (1983) sugerem um modelo que parâmetros culturalmente apropriados. Esta concepção
tenta sintetizar as contribuições de Vygotsky e Piaget, não é teleológica no sentido de algum ponto final univer-
analisando o papel das interações sociais entre os alunos sal de desenvolvimento, mas pode ser, em um sentido mais
(interações horizontais) no processo de aprendizagem. relativo, que o mundo social preexistente, internalizado no
Eles consideram que a integração do conhecimento é adulto ou no colega mais adiantado, é o objetivo para o
mais forte quando as crianças são instigadas a defen- qual o desenvolvimento conduz.
der seu ponto de vista. Isto acontece mais naturalmente A citação acima mostra como eu vejo a convergência
quando elas tentam convencer seus colegas. Elas tam- das ideias de Freire e Vygotsky acerca de direção. Ambos
bém tendem a ser mais críticas quando discutindo com rejeitam a idéia de não diretividade no ensino. Para eles,
31
avaliar a utilidade dessas ideias em comparação com as Considerando que a responsabilidade final pela pró-
teorias apresentadas pelo professor. De fato, desenvolver pria aprendizagem pertence a cada aluno, a tarefa do
o respeito pelos outros e a capacidade de dialogar é um professor é encorajá-los a verbalizarem suas ideias, aju-
dos aspectos fundamentais do pensamento Freireano dá-los a tornarem-se conscientes de seu próprio proces-
(Taylor, 1993). Assim, é importante para as crianças dis- so de aprendizagem e a relacionarem suas experiências
cutir ideias em todas as lições. Pensar sobre as próprias prévias às situações sob estudo. Uma construção crítica
ideias ajuda os alunos a se tornarem conscientes de suas do conhecimento está intimamente associada com ques-
concepções alternativas (Driver et al., 1994) ou ideias in- tionamentos: seja para entender o pensamento do aluno,
formais (Black e Lucas, 1993). seja para promover uma aprendizagem conceitual.
Nesse enfoque, os professores deveriam também es-
timular os alunos a refletirem sobre suas próprias ideias – 3. Diferenças entre o ensino tradicional e o ensino
encorajando-os a compararem-nas com o conhecimento construtivista
cientificamente aceito – e procurarem estabelecer um
elo entre esses dois conhecimentos. Essa comparação é Algumas virtudes, de grande importância para os
importante por propiciar um conflito cognitivo e, assim, educadores, estão presentes numa prática de ensino
ajudar os alunos a reestruturarem suas ideias o que pode tradicional. Entretanto, existem outros aspectos a serem
representar um salto qualitativo na sua compreensão. considerados num enfoque construtivista de ensino. Um
Essa comparação também pode ajudar o aluno a desen- deles é a ênfase atribuída aos conhecimentos prévios
volver sua capacidade de análise. Em outras palavras, es- dos alunos na busca de entender seus significados e dar-
pera-se que o novo conhecimento não seja aprendido -lhes voz. Por conhecimentos prévios eu não me refiro
mecanicamente, mas ativamente construído pelo aluno, ao conhecimento aprendido em lições anteriores, mas
que deve assumir-se como o sujeito do ato de aprender. às ideias espontâneas trazidas pelos alunos que são fru-
Eu gostaria também de sugerir que o professor provo- tos de suas vivências e que, muitas vezes, diferem dos
casse nos seus alunos o desenvolvimento de uma atitude conceitos científicos. Essas ideias deveriam ser utilizadas
crítica que transcendesse os muros da escola e refletisse como um ponto de partida para a construção de um
na sua atuação na sociedade. novo conhecimento na sala de aula. Naturalmente, to-
dos nós trazemos uma bagagem de experiências vividas
Estar consciente dos conceitos prévios dos alunos – e ninguém pode ser considerado um recipiente vazio.
que estejam em desacordo com o conhecimento cientí- Por esse motivo, os professores deveriam estar atentos
fico – capacita os professores a planejar estratégias para aos conhecimentos prévios dos alunos, visando a ajudá-
reconstruí-los, utilizando contraexemplos ou situações- -los a tornar claras para eles próprios (e também para
-problema, para confrontá-los. Esse confronto pode cau- o professor) as crenças que trazem e a forma como in-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
sar uma ruptura no conhecimento dos alunos, provocan- terpretam o mundo. Seria também útil se os professores
do desequilíbrios (ou conflitos cognitivos) que podem se dispusessem a aprender com as questões colocadas
impulsioná-los para a frente na tentativa de recuperar o pelos alunos. Isso não significa que professor e aluno te-
equilíbrio. Entretanto, existe também a possibilidade de nham o mesmo conhecimento científico, mas os profes-
que o processo de identificação das concepções espon- sores deveriam ser capazes de aprender com os alunos
tâneas possa, ao invés de removê-las, funcionar como como eles podem aprender melhor. Essa atitude deman-
um reforço. Solomon (1993) apresenta um exemplo da humildade. Como é possível aprender com os alunos
que ilustra como o conhecimento socialmente construí- se estou convencido de que sei o que é melhor para eles?
do pode também contribuir, embora temporariamente, Os alunos têm muito a nos ensinar se apenas pararmos
para reforçar tais conceitos espontâneos uma vez que para ouvi-los. E, quanto mais distante, cultural ou afeti-
as crianças tendem a buscar o consenso e podem facil- vamente, o professor estiver do seu aluno, mais provável
mente tender para a opinião da maioria. Nesses casos, a é que ele formule as perguntas erradas (Paley, 1979: XIV).
orientação do professor é crucial. Seria bem melhor se a vaidade permitisse aos professo-
Em resumo, para tornar a aprendizagem mais efeti- res fazer perguntas aos alunos e se procurassem enten-
va, os professores deveriam planejar suas lições levando der que, por estarmos aprendendo o tempo todo com os
em consideração tanto a forma como os alunos apren- outros e com a vida, somos, todos, eternos aprendizes.
dem como os conceitos prévios que trazem. Os estudos Eu estou consciente de que isso não é fácil. É também
de Piaget são de fundamental importância ao apontar importante que os professores não confundam cons-
as diferenças entre o raciocínio da criança, em seus vá- trutivismo com falta de disciplina e de direção. O papel
rios estágios, e o raciocínio de um adulto que atingiu do professor é, de fato, ajudar os alunos a perceber as
o nível das operações formais. Muitos professores, não incongruências e vazios no seu entendimento. Para fa-
compreendendo esses diferentes níveis de desenvolvi- zer isso, os professores têm que respeitar os alunos e tal
mento mental, podem empregar estratégias de ensino respeito tem que ser mútuo. No entanto, respeito não
totalmente inadequadas que, ao invés de facilitar a pro- é alguma coisa imposta de cima para baixo. Preferivel-
gressão para um nível mais elevado de conhecimento, mente, deveria ser alguma coisa construída e oferecida
leve o aluno a superpor o conceito espontâneo com o ao professor, pelos alunos, que o consideram merecedor
cientificamente aceito, apenas para atender às exigências dessa consideração. Assim, o papel de um ensino crítico
formais dos testes escolares. Na vida diária, no entanto, construtivista deveria considerar que:
a criança continuará a utilizar os conceitos espontâneos • o conhecimento prévio do aluno é importante e al-
por melhor traduzirem sua visão de mundo. tamente relevante para o processo de ensino;
32
• o papel do professor é ajudar o aluno a construir o de todos lutar para atingir esses objetivos. Assim, uma
seu próprio conhecimento; construção crítica do conhecimento implica um compro-
• as estratégias de ensino devem ser planejadas para misso com o pensamento independente e o bem-estar
ajudar o aluno a adotar novas ideias ou integrá-las comum. Tais compromissos devem estar coerentemen-
com seus conceitos prévios; te presentes na conduta do professor para apoiar sua
• qualquer trabalho prático é planejado para ajudar a análise do contexto da sala de aula e sua capacidade de
construção do conhecimento através da experiên- tomar decisões coerentes. Como Freire (1977) diz, nós
cia do mundo real e da interação social capacitan- deveríamos não importar ideias, mas recriá-las. Dessa
do a ação; forma, um ensino construtivista crítico não poderia ser
• o trabalho prático envolve a construção de elos com entendido como receitas prontas a serem seguidas, mas
os conceitos prévios num processo de geração, como sugestões a serem examinadas pelos professores.
checagem e restruturação de ideias; Tal criticismo é crucial em todos os níveis de educação
• a aprendizagem envolve não só a aquisição e exten- e deve estar presente, particularmente, durante progra-
são de novos conceitos, mas também sua reorga- mas de formação de professores devido ao seu efeito
nização e análise crítica; multiplicador. Um exemplo de sua utilidade é evitar os
• a responsabilidade final com a aprendizagem é dos “especialismos estreitos” frequentemente observados
próprios alunos. entre experts, que, ao se aprofundarem num determina-
do aspecto, perdem a visão do todo e, muitas vezes, não
Outra importante característica que eu sugiro para percebem as implicações éticas de suas decisões.
um ensino construtivista é a empatia. Por empatia eu me Em resumo, num ensino para uma construção crítica
refiro à capacidade de ser sensível às necessidades dos do conhecimento, devem estar presentes atitudes como:
alunos ou, em outras palavras, ser disponível. É também a • estar consciente do que está acontecendo ao redor
capacidade de escutar e entender as mensagens dos alu- (comunidade, sociedade, mundo) e revelar como
nos. Para fazer isso o professor deve aprender a ler entre a dominação e a opressão são produzidas dentro
as linhas e decodificar mensagens que não são percebi- da escola;
das sequer pelos próprios alunos. Isso equivale a tentar • estimular o pensamento crítico dos alunos;
devolver aos alunos, de forma estruturada, as informa-
• introduzir o diálogo crítico entre os participantes;
ções que vêm deles de forma desestruturada. Frequen-
• buscar respostas para os problemas colocados;
temente, uma resposta deixa de ser dada não porque os
• colocar novas questões para serem respondidas,
alunos não sabem a resposta, mas porque eles não en-
melhorando assim a prática;
tenderam nem mesmo a pergunta. Em tais casos, o pro-
• tornar a aprendizagem significante, crítica, emanci-
fessor deve ser suficientemente sensível para perceber
33
• nunca depreciar a informação trazida pelos alunos; que desenvolvam no aluno sua criatividade, análise críti-
• contextualizar o ensino apresentando problemas ca, atitudes e valores orientados para a cidadania, aten-
relacionados a aspectos-chave da experiência dos tas às dimensões éticas e humanísticas e que supere o
alunos, de forma que esses possam reconhecer conteudismo do ensino reduzido à condição de meros
seus próprios pensamento e linguagem no estudo; instrumentos de transmissão de conhecimento e infor-
• mostrar que o ato de conhecer exige um sujeito mações. Então, faz-se necessário repensar os objetivos
ativo que questiona e transforma e que aprender da educação de modo a permitir que o aluno compreen-
“é recriar os caminhos com que nos enxergamos a da o mundo, que dele se aproprie e que o possa trans-
nós próprios, nossa educação e nossa sociedade” formar. Sugere Castilho (2001) que o método de ensino é
(McLaren e Leonard 1993: 26); a variável que mais pesa nos resultados do desempenho
• encorajar os alunos a colocar problemas e questões; do aluno. Almeida (1999) argumenta que a forma de con-
• apresentar o assunto não como “exposições teóricas ceber a educação envolvendo o aluno, promovendo sua
ou como fatos a serem memorizados, mas como autonomia e garantindo uma aprendizagem significativa
problemas colocados dentro da experiência e lin- deveria ser por meio do desenvolvimento de projetos. À
guagem dos alunos para serem trabalhados por medida que suas competências são desenvolvidas, suas
eles” (McLaren e Leonard, 1993:31); possibilidades de inclusão na sociedade da informação
• conduzir a classe dentro de um processo democráti- são ampliadas.
co de aprendizagem e de criticidade. “Os professo-
res devem afirmar-se sem, por outro lado, desafir- A Pedagogia de projetos
mar os alunos” (Freire e Faundez, 1989:34).
Na visão de Perrenoud (1999) a escola deveria estar
Essas atitudes não implicam passividade por parte do se contagiando com a noção de competência utilizada
professor. Eles têm o dever de mostrar as contradições, no mundo do trabalho e das empresas. É pensamento
os vazios e inconsistências no pensamento dos alunos comum, entre os autores pesquisados, que para isso
e desafiá-los a superá-los. Para realizar essa tarefa os ocorrer é necessária a superação da visão fragmentada
professores devem ser, antes de tudo, competentes no do conhecimento fornecida pela escola através das dis-
conteúdo que têm a responsabilidade de ensinar. Ensi- ciplinas. Fazenda (2001) enfatiza que a escola, na medi-
nar, nessa abordagem, significa planejar todo o proces- da que organiza os currículos em disciplinas tradicionais,
so para facilitar a compreensão do novo conteúdo pelos fornece ao aluno apenas um acúmulo de informações
alunos. Como comentado anteriormente (Watts, Jófili e que de pouco ou nada valerão na sua vida profissional,
Bezerra, 1997), a dificuldade para a maioria dos profes- principalmente por que o ritmo das mudanças tecnológi-
sores é que é deles a responsabilidade de fazer cumprir cas não tem contrapartida com a velocidade que a escola
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
34
Perrenoud (2003) define a Pedagogia de Projeto como: Ao estudá-los, as crianças e os jovens realizam conta-
- Uma empreitada coletiva gerada pelo grupo-classe, na to com o conhecimento não como algo pronto e acaba-
qual o professor coordena, mas não decide tudo; Uma do, mas como algo controverso. Um dos aspectos mais
orientação para uma produção concreta (textos, jornais, importantes, no trabalho como Projetos, é que ele per-
espetáculos, exposições, maquetes, experiências científi- mite que o aluno desenvolva uma atitude ativa e refle-
cas, festas, passeios, eventos esportivos, concurso, etc.); xiva diante de suas aprendizagens e do conhecimento,
Um conjunto de tarefas nas quais todos os alunos pos- na medida em que percebe o sentido e o significado do
sam participar e tenham uma função ativa, a qual pode- conhecimento para a sua vida, para a sua compreensão
rá variar em função de seus recursos e interesses; Um do mundo.
aprendizado de saberes e conhecimentos no âmbito da
gestão de projetos (decidir, planejar, coordenar, etc.); Um Pedagogia de projetos: método ou postura peda-
aprendizado identificável e que conste do programa de gógica?
uma ou mais disciplinas; Uma atividade emblemática e
regular, colocada a serviço do programa. Não podemos entender a prática por projetos como
No entanto, o processo de implantação dessa prática uma atividade meramente funcional, regular, metódica.
em estabelecimentos que há muito tempo se limita ao A Pedagogia de Projetos não é um método, pois a
ensino tradicional não é uma tarefa fácil. Para sua utiliza- ideia de método é de trabalhar com objetivos e conteú-
ção, a Pedagogia do Projeto exige o desenvolvimento de dos pré-fixados, pré-determinados, apresentando uma
competências do professor e que ele deseje as mudan- sequência regular, prevista e segura, refere-se à aplica-
ças, mas isto não basta. De acordo com Piconez (1998) ção de fórmulas ou de uma série de regras.
de nada adiantam modificações no planejamento do Trabalhar por meio de Projetos é exatamente o opos-
professor se a escola não possuir um projeto políticope- to, pois nele, o ensino-aprendizagem se realiza mediante
dagógico que esboce o cidadão que se pretende ajudar um percurso que nunca é fixo, ordenado. O ato de proje-
constituir pela educação escolar. tar requer abertura para o desconhecido, para o não-de-
Contudo, com este trabalho procurou-se esclarecer terminado e flexibilidade para reformular as metas e os
a prática do projeto e sua contribuição para a constru- percursos à medida que as ações projetadas evidenciam
ção da aprendizagem significativa, alertando para alguns novos problemas e dúvidas.
princípios que não devem ser esquecidos como: a au- Fernando Hernández (1998) vem discutindo o tema e
tonomia do aluno, a avaliação constante e o necessário define os projetos de trabalho não como uma metodolo-
treinamento do professor. gia, mas como uma concepção de ensino, uma maneira
Entretanto, destacou-se que o professor não está diferente de suscitar a compreensão dos alunos sobre os
preparado e está pouco à vontade com os jovens e as conhecimentos que circulam fora da escola e de ajudá-
35
Possibilita que os alunos, ao decidirem, opinarem, de- Então, tanto no Construtivismo como na Pedagogia
baterem, construam sua autonomia e seu compromisso de Projetos, o educando é o próprio agente de seu de-
com o social, formando-se como sujeitos culturais e ci- senvolvimento, o conhecimento é assimilado de maneira
dadãos. própria, mas sempre com o auxílio da mediação do edu-
Será necessário oportunizar situações em que os alu- cador. Aprender deixa de ser um simples ato de memo-
nos participem cada vez mais intensamente na resolução rização e ensinar não significa mais repassar conteúdos
das atividades e no processo de elaboração pessoal, em prontos. O aluno deixa de ser um sujeito passivo, sempre
vez de se limitar a copiar e reproduzir automaticamente à mercê das ordens do professor, lidando com um con-
as instruções ou explicações dos professores. Por isso, teúdo completamente alienado de sua realidade e em
hoje o aluno é convidado a buscar, descobrir, construir, situações artificiais de ensino-aprendizagem. Aprender
criticar, comparar, dialogar, analisar, vivenciar o próprio passa então a ser um processo global e complexo, onde
processo de construção do conhecimento. (ZABALLA, conhecer e intervir na realidade não se dissocia. O aluno
1998) é visto como sujeito ativo que usa sua experiência e co-
O fato de a pedagogia de projetos não ser um método nhecimento para resolver problemas.
para ser aplicado no contexto da escola dá ao professor
uma liberdade de ação que habitualmente não acontece Aprende-se participando, vivenciando sentimentos,
no seu cotidiano escolar. O compromisso educacional do tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo proce-
professor é justamente saber O QUÊ, COMO, QUANDO e dimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se
POR QUE desenvolver determinadas ações pedagógicas. não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas
E para isto é fundamental conhecer o processo de apren- experiências proporcionadas, pelos problemas criados,
dizagem do aluno e ter clareza da sua intencionalidade pela ação desencadeada.
pedagógica. Suas concepções e conhecimentos prévios são levan-
Mais do que uma técnica atraente para transmissão tados e analisados para que o educador possa problema-
dos conteúdos, como muitos pensam, a proposta da tizá-los e oferecer-lhes desafios que os façam avançar,
Pedagogia de Projetos é promover uma mudança na atingindo o processo de equilibração/desequilibração
que é a base do Construtivismo e ao mesmo tempo da
maneira de pensar e repensar a escola e o currículo na
Pedagogia de Projetos.
prática pedagógica. Com a reinterpretação atual da me-
Então podemos dizer que a aprendizagem é o resul-
todologia, esse movimento tem fornecido subsídios para
tado do esforço de atribuir e encontrar significados para
uma pedagogia dinâmica, centrada na criatividade e na
o mundo, o que implica a construção e revisão de hipó-
atividade discentes, numa perspectiva de construção do
teses sobre o objeto do conhecimento, ela é resultado
conhecimento pelos alunos, mais do que na transmissão
da atividade do sujeito, e o meio social tem fundamental
dos conhecimentos pelo professor.
importância para que ela ocorra, pois necessitamos de
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
36
a) problematização: é o início do projeto. Nessa Se os projetos de trabalho possibilitam um repensar
etapa, os alunos irão expressar suas ideias e co- do significado de aprender e ensinar e do papel dos con-
nhecimentos sobre o problema em questão. Essa teúdos curriculares, isto repercute também no sentido
expressão pode emergir espontaneamente, pelo que se dá à avaliação e nos instrumentos usados para
interesse despertado por um acontecimento sig- acompanhar o processo de formação ocorrido durante
nificativo dentro ou fora da escola ou mesmo pela todo o percurso.
estimulação do professor. É fundamental detectar Tradicionalmente, a avaliação do processo ensino-
o que os alunos já sabem o que querem saber e -aprendizagem tem sido feita no sentido de medir a
como poderão saber. Cabe ao educador incentivar quantidade de conhecimentos aprendidos pelos edu-
a manifestação dos alunos e saber interpretá-las candos. A avaliação na Pedagogia de Projetos é global,
para perceber em que ponto estão, para aprender ou seja, considera o educando e sua aprendizagem de
suas concepções, seus valores, contradições, hi- forma integral, concilia o resultado da verificação do
póteses de interpretação e explicação de fatos da processo com a verificação do desempenho. Esse tipo
realidade. de avaliação considera, portanto, não só aspectos con-
b) desenvolvimento: é o momento em que se criam ceituais: de assimilação dos conteúdos utilizados para a
as estratégias para buscar respostas às questões e problematização do tema, mas também aspectos atitudi-
hipóteses levantadas na problematização. Os alu- nais: comportamento, atitudes, capacidade de trabalhar
nos e o professor definem juntos essas estratégias. em grupo, espírito de liderança, iniciativa; atributos que
Para isso, é preciso que criem propostas de traba- se referem ao modo de interação com os demais.
lho que exijam a saída do espaço escolar, a orga- Essa metodologia de avaliação potencializa as dife-
nização em pequenos ou grandes grupos para as renças, dá lugar a diversidade de opiniões, de singula-
pesquisas, a socialização do conhecimento através ridade de cada sujeito, faz da heterogeneidade um ele-
de trocas de informações, vivências, debates, leitu- mento significativo para o processo de ampliação dos
ras, sessões de vídeos, entrevistas, visitas a espaços conhecimentos.
ora da escola e convites a especialistas no tema A diferença nos ajuda a compreender que somos su-
em questão. Os alunos devem ser colocados em situ- jeitos com particularidades, com experiências próprias,
ações que os levem a contrapor pontos de vista, a de-
constituídas nos processos coletivos de que participamos
frontação com conflitos, inquietações que as levarão
dentro e fora da escola; posta em diálogo, enriquece a
ao desequilíbrio de suas hipóteses iniciais, problema-
ação pedagógica.
tizando, refletindo e reelaborando explicações.
Assim, a avaliação não trabalha a partir de uma res-
c) aplicação: estimular a circulação das ideias e a atu-
posta esperada, mas indaga as muitas respostas encon-
ação no ambiente da escola ou da comunidade li-
tradas com o sentido de ampliação permanente dos
gada à escola dá ao educando a oportunidade de
37
tempo em que possibilita a introdução de mudanças du-
rante o desenvolvimento do programa de ensino. Além TECNOLOGIAS DIGITAIS INTEGRADAS AO
disso, permite aos professores aproximar-se do trabalho CURRÍCULO. CURRÍCULO EM MOVIMENTO
dos alunos não de uma maneira pontual e isolada, como (MEC).
acontece com as provas e exames, mas sim, no contexto
do ensino e como uma atividade complexa baseada em
elementos e momentos da aprendizagem que se encon- 1. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO
tram relacionados. Por sua vez, a realização do portfólio
permite ao alunado sentir a aprendizagem institucional #FicaDica
como algo próprio, pois cada um decide que trabalhos
e momentos são representativos de sua trajetória, es- Currículo está centralmente envolvido na-
tabelece relações entre esses exemplos, numa tentativa quilo que somos, naquilo que nos tornamos
de dotar de coerência as atividades de ensino, com as e naquilo que nos tornaremos. O currículo
finalidades de aprendizagem que cada um e o grupo se produz, o currículo nos produz. (SILVA, 2003)
tenham proposto.
É interessante destacar que a criação do portfólio, por
si só, não garante um processo de avaliação significativo.
É preciso que se discutam seus usos e funções. Desde o início do atual milênio, algumas reformas
curriculares têm sido feitas na rede pública de ensino do
Referência: Distrito Federal (2000, 2002, 2008, 2010) com variações
Texto disponível em: conceituais, de conteúdos, procedimentos e tempos e
PERRENOUD, Philippe. Pedagogia diferenciada: das espaços pedagógicos. Essa construção foi considerada
intenções à ação. Porto Alegre: ArtMed, 2000. na reformulação que culminou neste Currículo que ora
ZABALA, Antoni. A Prática educativa: como ensinar. apresentamos. Cabe salientar que esta sistematização
Porto Alegre: ArtMed, 1998. não ignora, negligencia ou desqualifica a trajetória de
Almeida, M. E. B. de. Projeto: uma nova cultura de outras iniciativas que construíram e constroem nossa
aprendizagem. PUC/SP, jul.1999.2f.(apostila mimeo). história curricular no DF.
Antunes, C. Um método para o ensino fundamental: o Este Currículo evidencia uma saudável e natural
projeto. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 44p. Castilho, S. As “atualização históricocultural” do currículo, própria dos
competências essenciais. Jornal Público, Lisboa, p.3, 20 que educam e dos que são educados, educando-se mu-
out. 2001. tuamente, especialmente para que se alinhe com as Di-
Fazenda, I. C. A. (Coord.) Práticas interdisciplinares na retrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e com
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
escola. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2001. 147 p. Hernandez, as demais Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam
F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de etapas e modalidades desse nível de ensino.
trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998, Assim, traz a público o movimento de uma rede que,
150 p. Nogueira, N. R. Pedagogia dos Projetos: uma ao receber um Currículo de caráter experimental em de-
jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das zembro de 2010, estava ciente de que este seria objeto de
múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2001. 220 p. estudo, avaliação e mudança. Novas propostas e visões
Perrenoud, P. Construir as competências desde a es- sobre o cotidiano da Educação Básica convidam-nos a
cola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 90p. rever o trabalho junto às crianças, jovens, adultos, pro-
________ Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. fissionais da educação e comunidade escolar em geral.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 183 p. _________ A Para que o Currículo da Educação Básica seja de fato
pedagogia do projeto a serviço do desenvolvimento de um “documento de identidade” (SILVA, 2003) que oriente
competências. In: 3º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE as escolas públicas do Distrito Federal, a Secretaria de
EDUCAÇÃO. São Paulo: 2003. 40 p. Estado de Educação iniciou, em 2011, um movimento
Piconez, S.C.B. A pedagogia de projeto como alterna- coletivo que envolveu professores(as), estudantes, coor-
tiva para o ensino-aprendizagem na educação de jovens denadores(as) pedagógicos, gestores dos níveis local,
e adultos. Cadernos Pedagógicos-Reflexões. São Paulo: intermediário e central para discutir o Currículo, apresen-
USP/FE/NEA, n.16, 1998, 12 p. tado no ano de 2010, de caráter experimental, e propôs
uma nova estruturação teórica e metodológica desse
Fonte importante instrumento entendido como campo políti-
JÓFOLI, Zélia. A construção do conhecimento: papel co-pedagógico construído nas relações entre os sujeitos,
do educador, do educando e da sociedade. In: Educação: conhecimentos e realidades. Nesse processo dinâmico
Teorias e Práticas, ano 2, nº 2, Recife: Universidade Cató- e dialético, novos saberes e experiências são considera-
lica de Pernambuco, p. 191 – 208 dos na relação com os conhecimentos produzidos pelas
ciências, sendo educandos e educadores protagonistas
na elaboração, desenvolvimento e avaliação dos proces-
sos de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar na educação
básica, tendo o Currículo como referência.
Em relação às ações coletivas da rede pública para
avaliação e reformulação do currículo, apresentamos a
dinâmica empreendida:
38
• A discussão teve início no primeiro semestre de O processo de elaboração coletiva da proposta curri-
2011 com a avaliação diagnóstica da versão expe- cular, vivenciado nos últimos anos, explicita o projeto po-
rimental do Currículo entregue no ano de 2010. Os lítico-pedagógico da escola que almejamos para o Distri-
espaços de coordenação pedagógica coletiva das to Federal. Numa visão dinâmica, admitindo o Currículo
escolas foram planejados para estudos e avaliação como um instrumento que se realiza em diferentes âmbi-
com a identificação de potencialidades, fragilida- tos de decisões e realizações, ganha vida no processo de
des e sugestões para melhoria do Documento. implantação e se materializa no processo de concepção,
• Em 2011, a realização de plenárias sobre Currículo, desenvolvimento e expressão de práticas pedagógicas e
as discussões dos Grupos de Trabalho do Currícu- em sua avaliação, cujo valor para os(as) estudantes de-
lo, as sugestões e os estudos feitos pela parceria pende dos processos de transformação por eles viven-
entre as Coordenações Regionais de Ensino (CRE) ciados (SACRISTÁN, 2000).
e as instituições educacionais, tendo como base os A expectativa é de que os espaços democráticos de
documentos norteadores do debate advindos da formação e participação da escola favoreçam a imple-
Subsecretaria de Educação Básica (SUBEB). Cada mentação deste Currículo, a tomada de decisões coleti-
plenária regional reuniu profissionais de educação vas em seu interior e decisões individuais, em situações
de duas Regionais de Ensino. Nas plenárias, profis- específicas, como as vivenciadas pelos(as) professo-
sionais da educação foram ouvidos a respeito de res(as) e estudantes em sala de aula. Que favoreçam a
suas representações acerca de currículo e sua arti- reflexão em torno das questões: Para que ensinar? O
culação ou não com as concepções historicamente que ensinar? Como ensinar? O que e como avaliar?
constituídas no espaço escolar, e sobre como essas Ao discutir concepções, prioridades, ações, metodo-
concepções implicam opções didáticas, metodoló- logia e formas de operacionalização do fazer escolar, em
gicas e avaliativas praticadas nas salas de aula e na consonância com os princípios do projeto educacional
escola. do sistema público de ensino do DF e das políticas públi-
• Em 2012, a continuidade das discussões com os cas nacionais, cada unidade escolar elaborará suas pro-
Grupos de Trabalho e a elaboração de uma minuta, postas curriculares, transcendendo a mera definição de
organizada por cadernos, denominada Currículo datas comemorativas, o “currículo turístico” que se orga-
em Movimento, submetida às escolas para valida- niza em eventos e festividades, como dia das mães, dos
ção no ano letivo de 2013. Os grupos de trabalho pais, do índio, da páscoa, do folclore, entre outros.
tiveram o importante papel de analisar e sistemati- A expectativa é que haja uma confluência de práticas
zar as contribuições dos profissionais da educação e agentes, criando em torno de si “campos de ação diver-
feitas em plenárias regionais e materializadas no sos”, abrindo a possibilidade para que múltiplos sujeitos,
documento disponibilizado na Rede, no início do instâncias e contextos se manifestem e contribuam para
39
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO CURRICULO Na perspectiva da Teoria Crítica, são considerados na
organização curricular conceitos, como: ideologia, repro-
2.1 Teoria crítica e pós-crítica dução cultural e social, poder, classe social, capitalismo,
relações sociais de produção, conscientização, emanci-
Historicamente, o conceito de currículo expressa pação e libertação, currículo oculto, resistência. A inten-
ideias como conjunto de disciplinas/matérias, relação de ção é de que o Currículo se converta em possibilidade de
atividades a serem desenvolvidas pela escola, resultados emancipação pelo conhecimento, seja ideologicamente
pretendidos de aprendizagem, relação de conteúdos cla- situado e considere as relações de poder existentes nos
ramente delimitados e separados entre si, com períodos múltiplos espaços sociais e educacionais, especialmente
de tempo rigidamente fixados e conteúdos selecionados nos espaços em que há interesses de classes.
para satisfazer alguns critérios avaliativos. Nessas repre- A discussão coletiva em torno do Currículo mostrou
sentações, os programas escolares e o trabalho escolar que este é realmente um campo de disputa, de relações
como um todo são tratados sem amplitude, desprovidos de poder, de tensões e conflitos, de defesa de interes-
de significados e as questões relacionadas à função social ses diversos, às vezes antagônicos, descartando qualquer
da escola são deixadas em plano secundário, transfor- pretensão desta Secretaria em apresentar um currículo
mando o currículo num objeto que esgota em si mesmo, ideal, enquadrado perfeitamente numa única teoria e
como algo dado e não como um processo de construção implementado rigorosamente numa perspectiva cientí-
social no qual se possa intervir. fico-racional.
O resgate desses conceitos se justifica pelo esforço Ao mesmo tempo, consideramos a necessidade pe-
da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal dagógica e política de definir referenciais curriculares
(SEEDF) em conceber e implementar o currículo signa- comuns, diretrizes gerais para a Rede, tendo em vista
tário da concepção de educação integral e de criar por que “[...] a não definição de pontos de chegada contribui
meio da educação condições para que as crianças, jovens para a manutenção de diferentes patamares de realiza-
e adultos se humanizem, apropriando-se da cultura, pro- ção, e, portanto, manutenção das desigualdades” (SA-
duto do desenvolvimento histórico humano. Esta Secre- VIANI, 2008). No entanto, nessa definição não podemos
taria propõe o currículo como um instrumento aberto em desconsiderar que o currículo na ação diz respeito não
que os conhecimentos dialogam entre si, estimulando a somente “[...] a saberes e competências, mas também a
pesquisa, a inovação e a utilização de recursos e práticas representações, valores, papéis, costumes, práticas com-
pedagógicas mais criativas, flexíveis e humanizadas. partilhadas, relações de poder, modos de participação e
A elaboração deste Currículo envolveu escolhas diver- gestão etc.” (idem, 2008) e que a realidade de cada gru-
sas, sendo a opção teórica fundante para a identificação po, de cada escola seja tomada como ponto de partida
do projeto de educação que se propõe, do cidadão que para o desenvolvimento deste Currículo.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
se pretende formar, da sociedade que se almeja construir. Assim como no espaço concreto da sala de aula e
Por que optar por teorias de currículo? Porque definem a da escola, no currículo formal os elementos da cultura
intencionalidade política e formativa, expressam concep- global da sociedade são conciliáveis, favorecendo uma
ções pedagógicas, assumem uma proposta de interven- aproximação entre o conhecimento universal e o conhe-
ção refletida e fundamentada, orientada para a organiza- cimento local em torno de temas, questões, problemas
ção das práticas da e na escola. que podem ser trabalhados como projetos pedagógicos
Ao considerar a relevância da opção teórica, a SEEDF por grupos ou por toda a escola, inseridos nos projetos
elaborou seu Currículo a partir de alguns pressupostos político-pedagógicos, construídos coletivamente.
da Teoria Crítica ao questionar o que pode parecer na- Nessa perspectiva, os conhecimentos se complemen-
tural na sociedade, como: desigualdades sociais, hege- tam e são significados numa relação dialética que os
monia do conhecimento científico em relação a outras amplia no diálogo entre diferentes saberes. A efetivação
formas de conhecimento, neutralidade do currículo e dos dessa aproximação de conhecimentos se dará nas esco-
conhecimentos, busca de uma racionalidade emancipa- las, nas discussões coletivas da proposta curricular de
tória para fugir da racionalidade instrumental, procura cada instituição, tomando como referência este Currículo
de um compromisso ético que liga valores universais a de Educação Integral.
processos de transformação social (PUCCI, 1995; SILVA,
2003). 2.2 Concepção de Educação Integral: ampliação de
Para promover as conexões entre currículo e multi- tempos, espaços e oportunidades
culturalismo, sem desconsiderar as relações de poder
que estão na base da produção das diferenças, alguns Em 1957, Anísio Teixeira, então diretor do INEP, con-
pressupostos da Teoria Pós-Crítica também fundamen- cebeu o Plano Educacional de Brasília. Tratava-se de um
tam este Documento. Ao abrir espaço não apenas para plano ousado e inovador que traria da Bahia a experiên-
ensinar a tolerância e o respeito, mas, sobretudo, para cia de escola-parque, do Centro Educacional Carneiro
provocar análises “[...] dos processos pelos quais as dife- Ribeiro. Não somente: reformaria os currículos vigentes,
renças são produzidas através de relações de assimetria e excluindo temas inadequados e introduzindo ferramen-
desigualdade” (SILVA, 2003, p. 89), questionando perma- tas de ensino mais modernas, como a televisão, o rádio
nentemente essas diferenças, são propostos como eixos e o cinema. O programa educacional compreenderia
transversais: educação para a diversidade, educação para verdadeiros centros para o ensino elementar, com-
a cidadania, educação para a sustentabilidade e educa- posto pelos jardins de infância, escolas classe e esco-
ção para e em direitos humanos. las-parque, além de centros para o ensino secundário,
40
composto pela Escola Secundária Compreensiva e pelo nistrar, de autoavaliar, de ajudar a formar seus próprios
Parque de Educação Média. Após a conclusão do ensino docentes, de avaliar projetos e de abordar a importância
secundário, o aluno estaria preparado para ingressar na da formação ao longo de toda a vida (ALARCÃO, 2001).
Universidade de Brasília. Essa multiplicidade de funções, algumas questionáveis e
Os principais objetivos que nortearam o pensamen- questionadas, incorpora à escola responsabilidades que
to de Anísio Teixeira para a educação de Brasília foram: não eram vistas como tipicamente escolares, mas que, se
a) fazer escolas nas proximidades das áreas residenciais, não estiverem garantidas, podem inviabilizar o trabalho
para que as crianças não precisassem andar muito para pedagógico (BRASIL, 2009).
alcançá-las e para que os pais não ficassem preocupa- Longe de uma visão de escola como instituição total
dos com o trânsito de veículos (pois não teria tráfego ou panaceia para todos os males, é nesse contexto edu-
de veículos entre o caminho da residência e da escola), cacional que a Educação Integral também deve ser pen-
obedecendo a uma distribuição equitativa e equidistan- sada, pois não pretende substituir o papel e a responsa-
bilidade da família ou do Estado ou ainda de sequestrar
te; b) promover a convivência das mais variadas classes
o educando da própria vida, mas que vem responder às
sociais numa mesma escola, seja o filho de um ministro
demandas sociais de seu tempo. A SEEDF propõe um
ou de um operário que trabalhava na construção de uma
novo paradigma para a Educação Integral que com-
superquadra, tendo como objetivo a formação de cida- preenda a ampliação de tempos, espaços e oportunida-
dãos preparados para um mundo sem diferenças sociais; des educacionais.
c) oferecer escolas para todas as crianças e adolescentes; • Tempos - criança precisa gostar da escola, querer
d) introduzir a educação integral, com vistas à formação estar na escola. A escola precisa ser convidativa.
completa da criança e do adolescente; e) promover a so- Tirar a criança da rua pode ser consequência desse
ciabilidade de jovens da mesma idade, porém provindos fato, mas não um objetivo em si, que poderia re-
de diferentes classes sociais, por meio da junção num dundar numa visão de enclausuramento. “A escola
Centro de todos os cursos de grau médio, com atividades não pode ser vista como um depósito de crianças
na biblioteca, na piscina, nas quadras de esporte, grê- para ocupar tempo ocioso ou para passar o tem-
mios, refeitório (KUBISTSCHEK, 2000, p.141). po. Existe uma intencionalidade educativa” (MAU-
Ao delinear uma proposta de educação moderna, RÍCIO, 2009).
Anísio Teixeira rompeu diversas barreiras e, apesar de
A concepção de educação integral assumida neste
inúmeras críticas muitas vezes infundadas, pensou numa
Currículo pressupõe que todas as atividades são enten-
educação integral, onde as crianças e adolescentes pu- didas como educativas e curriculares. Diferentes ativida-
dessem ter ambientes que propiciassem a interação des – esportivas e de lazer, culturais, artísticas, de educo-
entre sociedade e escola. Não somente isto: os alunos municação, de educação ambiental, de inclusão digital,
teriam as ferramentas necessárias e também oportunida- entre outras – não são consideradas extracurriculares ou
41
considera a existência de uma complexa rede de titui como parte atuante da escola, com voz e participa-
atores, ambientes, situações e aprendizagens que ção na construção coletiva do projeto político-pedagó-
não podem ser reduzidas a mera escolarização, gico, surge o sentido de pertencimento, isto é, a escola
pois correspondem às diversas possibilidades, re- passa a pertencer à comunidade que, por sua vez, passa
quisições sociais e expressões culturais presentes a zelar com mais cuidado por seu patrimônio; a escola
no cotidiano da vida. começa a sentir-se pertencente àquela comunidade e,
então, começa a criar, planejar e respirar os projetos de
Ao entender que a educação extrapola os muros da interesse de sua gente, de sua realidade.
sala de aula, sendo realizada na vida vivida, em diversos • Oportunidades - a opção pela educação integral
momentos e múltiplos lugares, é necessária a ressignifi- emerge da própria responsabilidade dos siste-
cação do próprio ambiente escolar: a escola deixa de ser mas de ensino. preconizada no artigo 22 da LDB
o único espaço educativo para se tornar uma articulado- 9.394/96: “A Educação Básica tem por finalidade
ra e organizadora de muitas outras oportunidades edu- desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
cacionais no território da comunidade. Segundo Torres comum indispensável para o exercício da cidada-
(2005), em uma comunidade de aprendizagem todos os nia e fornece-lhe meios para progredir no trabalho
espaços são educadores - museus, igrejas, monumentos, e em estudos posteriores”.
ruas e praças, lojas e diferentes locações, cabendo à es-
cola articular projetos comuns para utilizá-los, conside- Quando se fala da importância da educação para o
rando espaços, tempos, sujeitos e objetos do conheci- exercício da cidadania, não se trata apenas de garantir
mento. Desse modo, na Educação Integral é necessária a o ingresso na escola, mas de buscar a aprendizagem e
emergência de outra referência de escola, isto é, de uma o sucesso escolar de cada criança, adolescente e jovem
ambiência escolar voltada para os saberes comunitários nesse espaço formal de ensino. O Artigo 206 da Consti-
e para uma escuta sensível da complexidade existente tuição Federal (1988) preconiza “[...] a igualdade de con-
entre o que ocorre dentro e fora dos muros escolares. dições para o acesso e a permanência na escola”. Assim
Como observa Gadotti (1995), a escola é o lócus cen- sendo, o direito à educação de qualidade se constitui
tral da educação. Por isso, deve tornar-se o polo irradia- como requisito fundamental para a vivência dos direitos
dor da cultura, não apenas para reproduzi-la ou executar humanos e sociais.
planos elaborados fora dela, mas para construí-la, seja a
cultura geral, seja a popular. Uma verdadeira escola cida-
dã preocupada com a mudança do contexto social por #FicaDica
meio de maior diálogo com a comunidade. A escola não
pode ser mais um espaço fechado. Embora a educação Integral surja como
O papel da escola não deve limitar-se apenas à região uma alternativa de prevenção ao desampa-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
intramuros, onde a prática pedagógica se estabelece. A ro das ruas, além da expectativa de cuidado
escola é, sobretudo, um ambiente que recebe diferentes e proteção dos filhos, há nas famílias o de-
sujeitos, com origens diversificadas, histórias, crenças e sejo de que o tempo maior de estudo seja
opiniões distintas, que trazem para dentro do ambiente uma abertura às oportunidades de apren-
escolar discursos que colaboram para sua efetivação e dizagem, negadas para grande parte da
transformação. Essa construção de identidades e de sig- população infanto-juvenil em situação de
nificados, por sua vez, é diretamente influenciada pela pobreza ou de risco pessoal e social (GUA-
reestruturação do espaço escolar rumo à aproximação RÁ, 2006).
com a comunidade.
A escola abre um diálogo profundo com sua comu- Diante desse desafio, não se pode deixar de men-
nidade, dando novos significados ao conhecimento, que cionar que a Educação Integral vai ao encontro de uma
passa a ficar cada vez mais intimamente ligado à vida das sociedade democrática de direitos, constituindo-se, por-
pessoas e aos territórios. E quando o território é explo- tanto, como uma política pública de inclusão social e de
rado e experimentado pedagogicamente pelas pessoas, vivência da cidadania. A Educação Integral faz parte de
passa a ser ressignificado pelos novos usos e interpre- um conjunto articulado de ações por parte do Estado
tações. Humaniza-se e acolhe com mais qualidade seus que preconiza a importância do desenvolvimento huma-
habitantes, que passam a reconhecer-se como fazendo no em todas suas dimensões, além da necessidade de
parte daquele lugar, consolidando-se cada vez mais o se garantir direitos e oportunidades fundamentais para a
pertencimento. população infanto-juvenil.
O projeto político-pedagógico numa perspectiva de Para darmos conta do desafio de concretizar a Edu-
Educação Integral não pode ser elaborado para a comu- cação Integral alicerçada sobre a ampliação de três eixos
nidade, mas pode e deve ser pensado com a comuni-
estruturantes: tempo, espaço e oportunidade, é necessá-
dade. A primeira perspectiva compreende a comunidade
ria a união de esforços, experiências e saberes, ou seja,
como incapaz de projetar para si mesma uma escola de
é vital a constituição de uma comunidade de aprendi-
qualidade; a segunda possibilidade percebe a comuni-
zagem formada por diversos atores sociais. São eles: di-
dade como participante ativa da construção do processo
retores(as), professores(as), coordenadores(as) pedagó-
educacional.
gicos(as), estudantes, pais, agentes comunitários, enfim,
Nesse contexto, a escola pode e deve lançar mão do
todos juntos para a promoção de uma educação de qua-
que ela tem de perspectiva contemporânea: um lugar de
pertencimento. Quando a comunidade também se cons- lidade.
42
A Educação Integral depende, sobretudo, de relações tários como sendo do mundo e da vida. Assim, o
que visam à integração, seja de conteúdos, seja de pro- projeto pedagógico implica pensar na escola como
jetos, seja de intenções. Para ela, num mundo cada vez um polo de indução de intensas trocas culturais e
mais complexo, a gestão das necessidades humanas e de afirmação de identidades sociais dos diferentes
sociais exige a contribuição de múltiplos atores e sujeitos grupos presentes, com abertura para receber e in-
sociais, de uma nova cultura de articulação e abertura de corporar saberes próprios da comunidade, resga-
projetos individuais e coletivos para a composição com tando tradições e culturas populares.
outros conhecimentos, programas e saberes (GUARÁ, • Territorialidade: significa romper com os muros es-
2006). colares, entendendo a cidade como um rico labo-
ratório de aprendizagem. Afinal, a educação não se
2.2.1 Princípios da Educação Integral restringe ao ambiente escolar e pode ser realizada
em espaços da comunidade como igrejas, salões
Os princípios da Educação Integral nas escolas públi- de festa, centros e quadras comunitárias, estabele-
cas do Distrito Federal a serem observados pelas esco- cimentos comerciais, associações, posto de saúde,
las no planejamento, na organização e na execução das clubes, entre outros, envolvendo múltiplos lugares
ações de Educação Integral são: e atores. A educação se estrutura no trabalho em
• Integralidade: a educação integral é um espaço rede, na gestão participativa e na corresponsabili-
privilegiado para se repensar o papel da educa- zação pelo processo educativo.
ção no contexto contemporâneo, pois envolve o Torna-se necessário enfrentar o desafio primordial
grande desafio de discutir o conceito de integra- de mapear os potenciais educativos do território
lidade. É importante dizer que não se deve redu- em que a escola se encontra, planejando trilhas de
zir a educação integral a um simples aumento da aprendizagem e buscando uma estreita parceria
carga horária do aluno na escola. Integralidade local com a comunidade, sociedade civil organiza-
deve ser entendida a partir da formação integral da e poder local, com vistas à criação de projetos
de crianças, adolescentes e jovens, buscando dar socioculturais significativos e ao melhor aproveita-
a devida atenção para todas as dimensões huma- mento das possibilidades educativas.
nas, com equilíbrio entre os aspectos cognitivos, • Trabalho em Rede: todos devem trabalhar em con-
afetivos, psicomotores e sociais. Esse processo for- junto, trocando experiências e informações, com o
mativo deve considerar que a aprendizagem se dá objetivo de criar oportunidades de aprendizagem
ao longo da vida (crianças, adolescentes, jovens para todas as crianças, adolescentes e jovens. O
e adultos aprendem o tempo todo), por meio de estudante não é só do professor ou da escola, mas
práticas educativas associadas a diversas áreas do da rede, existindo uma corresponsabilidade pela
43
-Cultural, opção teórico-metodológica que se assenta em inúmeros fatores, sendo a realidade socioeconômica da
população do Distrito Federal um deles. Isso porque o Currículo escolar não pode desconsiderar o contexto social,
econômico e cultural dos estudantes. A democratização do acesso à escola para as classes populares requer que esta
seja reinventada, tendo suas concepções e práticas refletidas e revisadas com vistas ao atendimento às necessidades
formativas dos estudantes, grupo cada vez mais heterogêneo que adentra a escola pública do DF.
Os dados do quadro acima ratificam a necessidade de políticas intersetoriais democráticas que garantam aos mora-
dores dessas regiões o atendimento a seus direitos, sendo o direito à educação pública de qualidade o principal deles.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Para se garantir direitos educacionais, é necessário reconhecer as desigualdades relacionadas ao sistema público de en-
sino. A partir daí, priorizar a construção de um projeto educacional que contribua para a democratização dos saberes,
garantindo a todos o direito à aprendizagem e à formação cidadã. A perspectiva é de retomada vigorosa da luta contra
“[...] a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares. [...] garantir aos trabalhadores
um ensino da melhor qualidade possível nas condições históricas atuais [...]” (SAVIANI, 2008, p. 25-26).
Com esse intuito, este Currículo de Educação Básica se fundamenta nos referenciais da Pedagogia Histórico-Crítica e
da Psicologia Histórico-cultural, por apresentarem elementos objetivos e coerentes na compreensão da realidade social
e educacional, buscando não somente explicações para as contradições sociais, mas, sobretudo, para superá-las, iden-
tificando as causas do fracasso escolar e garantindo a aprendizagem para todos. Nessa perspectiva, é necessário que a
escola estabeleça fundamentos, objetivos, metas, ações que orientem seu trabalho pedagógico, considerando a plura-
lidade e diversidade social e cultural em nível global e local. A busca é pela igualdade entre as pessoas, “[...] igualdade
em termos reais e não apenas formais, [...], articulando-se com as forças emergentes da sociedade, em instrumento a
serviço da instauração de uma sociedade igualitária” (SAVIANI, 2008, p. 52).
A Pedagogia Histórico-Crítica esclarece sobre a importância dos sujeitos na construção da história. Sujeitos que
são formados nas relações sociais e na interação com a natureza para a produção e reprodução de sua vida e de sua
realidade, estabelecendo relações entre os seres humanos e a natureza. Consequentemente, “[...] o trabalho educativo é
o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e co-
letivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2003, p. 07), exigindo que seja uma prática intencional e planejada.
Essa compreensão de desenvolvimento humano situa a escola num contexto marcado por contradições e conflitos
entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais de produção. Essa natureza contraditória da escola
quanto a sua função de instruir e orientar moralmente a classe trabalhadora pode indicar a superação dessas contra-
dições, à medida que a escola assume sua tarefa de garantir a aprendizagem dos conhecimentos historicamente cons-
tituídos pela humanidade, em situações favoráveis à aquisição desses conteúdos, articuladas ao mundo do trabalho,
provendo, assim, condições objetivas de emancipação humana.
Na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, o estudo dos conteúdos curriculares tomará a prática social dos es-
tudantes como elemento para a problematização diária na escola e sala de aula e se sustentará na mediação necessária
entre os sujeitos, por meio da linguagem que revela os signos e sentidos culturais.
44
A Prática social é compreendida como o conjunto de saberes, experiências e percepções construídas pelo estudante
em sua trajetória pessoal e acadêmica e que é transposto para o estudo dos conhecimentos científicos. Considerar a
prática social como ponto de partida para a construção do conhecimento significa trabalhar os conhecimentos acadê-
micos a partir da articulação dialética de saberes do senso comum, escolares, culturais, científicos, assumindo a igual-
dade entre todos eles. O trabalho pedagógico assim concebido compreende que a transformação da prática social se
inicia a partir do reconhecimento dos educandos no processo educativo. A mediação entre a escola e seus diversos
sujeitos fortalece o sentido da aprendizagem construída e sustentada na participação e na colaboração dos atores.
É função primeira da escola garantir a aprendizagem de todos os estudantes, por meio do desenvolvimento de
processos educativos de qualidade. Para isso, o reconhecimento da prática social e da diversidade do estudante da
rede pública do ensino do Distrito Federal são condições fundamentais. É importante reconhecer que todos os agentes
envolvidos com a escola participam e formam-se no cotidiano da escola. Nesse sentido, a Psicologia Histórico-Cultural
destaca o desenvolvimento do psiquismo e das capacidades humanas relacionadas ao processo de aprendizagem,
compreendendo a educação como fenômeno de experiências significativas, organizadas didaticamente pela escola.
A aprendizagem não ocorre solitariamente, mas na relação com o outro, favorecendo a crianças, jovens e adultos a
interação e a resolução de problemas, questões e situações na “zona mais próxima do nível de seu desenvolvimento”.
A possibilidade de o estudante aprender em colaboração pode contribuir para seu êxito, coincidindo com sua “zona
de desenvolvimento imediato” (VIGOSTSKY, 2001, p. 329). Assim, aprendizagem deixa de ser vista como uma atividade
isolada e inata, passando a ser compreendida como processo de interações de estudantes com o mundo, com seus
pares, com objetos, com a linguagem e com os professores num ambiente favorável à humanização.
O desenvolvimento dos estudantes é favorecido quando vivenciam situações que os colocam como protagonistas
do processo ensino e aprendizagem, tendo o professor como mediador do conhecimento historicamente acumulado,
por meio de ações intencionais didaticamente organizadas para a formação de um sujeito histórico e social.
Assim, o objeto da educação trata de dois aspectos essenciais, articulados e concomitantes: a) Identificar os ele-
mentos culturais produzidos pela humanidade que contribuam para a humanização dos indivíduos, distinguindo entre
o “essencial e o acidental, o principal e o secundário, o fundamental e o acessório” (SAVIANI, 2003, p. 13); b) organizar
e refletir sobre as formas mais adequadas para atingir essa humanização, estabelecendo valores, lógicas e prioridades
para esses conteúdos.
A aprendizagem, sob a ótica da Psicologia Histórico-Cultural, só se torna viável quando o projeto político-pedagó-
gico que contempla a organização escolar considera as práticas e interesses sociais da comunidade. A identificação da
prática social, como vivência do conteúdo pelo educando, é o ponto de partida do processo de ensino-aprendizagem
e influi na definição de todo o percurso metodológico a ser construído pelos professores. A partir dessa identificação,
A diferença entre o estágio inicial (prática social) e o estágio final (prática social final) não revela o engessamen-
to do saber, apenas aponta avanços e a ideia de processo. Sendo assim, o que hoje considerarmos “finalizado”, será
amanhã início de um novo processo de aprendizagem. Isso porque professor e aluno “[...] modificaram-se intelectual e
qualitativamente em relação a suas concepções sobre o conteúdo que reconstruíram, passando de um estágio menor
de compreensão científica a uma fase de maior clareza e compreensão dessa mesma concepção dentro da totalidade”
(GASPARIN, 2012, p. 140). Professor e estudantes passam, então, a ter novos posicionamentos em relação à prática
social do conteúdo que foi adquirido, mesmo que a compreensão do conteúdo ainda não se tenha concretizado como
prática, porque esta requer aplicação em situações reais (Idem).
45
Nessa perspectiva, a prática pedagógica com signifi- que Educação tem a ver com questões mais amplas e
cado social deve ser desenvolvida para além da dimen- que a escola é o lugar de encontros de pessoas, origens,
são técnica, permeada por conhecimentos, mas também crenças, valores diferentes que geram conflitos e oportu-
por relações interpessoais e vivências de cunho afetivo, nidades de criação de identidades. Por serem questões
valorativo e ético. As experiências e as aprendizagens contemporâneas, fundamentais para a consolidação da
vinculadas ao campo das emoções e da afetividade su- democracia, do Estado de Direito e da preservação do
peram dualismos e crescem em meio às contradições. ambiente em que as pessoas vivem; essas temáticas tra-
Assim, a organização do trabalho pedagógico da sala de tam de processos que estão sendo intensamente viven-
aula e da escola como um todo deve possibilitar o uso da ciados pela sociedade brasileira de modo geral e pela
razão e emoção, do pensamento e sentimento para tor- sociedade do DF de modo específico, assim como pelas
nar positivas e significativas as experiências pedagógicas. comunidades, pelas famílias, pelos(as) estudantes e edu-
O delineamento dos processos intencionais de comu- cadores(as) em seu cotidiano.
nicação e produção dos conhecimentos é acrescido da
compreensão das diversas relações que se estabelecem
com e na escola, não se excluindo nenhum daqueles que #FicaDica
interagem dentro ou com essa instituição: pais, mães, Este Currículo contempla as narrativas his-
profissionais da educação, estudantes e membros da co- toricamente negligenciadas, ao eleger como
munidade escolar como um todo. eixos transversais: Educação para a Diversi-
A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Fe- dade, Cidadania e Educação em e para os
deral (SEEDF) reconhece que a educação é determina- Direitos Humanos, Educação para a Susten-
da pela sociedade, mas essa determinação é relativa; a tabilidade.
educação pode interferir na mesma, contribuindo para
sua transformação. Sendo assim, a concretização deste
Currículo, como elemento estruturante das relações so- Os eixos transversais favorecem uma organização
ciais que ocorrem na escola, se dará articulada ao proje- curricular mais integrada, focando temas ou conteúdos
to político-pedagógico de cada escola, instrumento que atuais e relevantes socialmente e que, em regra geral, são
define caminhos na busca pela qualidade social da edu- deixados à margem do processo educacional (SANTOMÉ,
cação pública do DF. Qualidade referenciada nos sujeitos 1998). A expectativa é de que a transversalidade desses
sociais que “[...] concebe a escola como centro privilegia- temas torne o Currículo mais reflexivo e menos norma-
do de apropriação do patrimônio cultural historicamente tivo e prescritivo, ao mesmo tempo em que indica que a
acumulado pela humanidade, espaço de irradiação e de responsabilidade pelo estudo e discussão dos eixos não
difusão de cultura” (ARAÚJO, 2012, p. 233). Nessa pers- é restrita a grupos ou professores individualmente, mas
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
pectiva, o Currículo é compreendido como “[...] constru- ao coletivo de profissionais que atuam na escola.
Os eixos transversais possibilitam o acesso do(a) es-
ção, [...] campo de embates e de disputas por modos de
tudante aos diferentes referenciais de leitura do mundo,
vida, tipo de homem e de sociedade que se deseja cons-
com vivências diversificadas e a construção/reconstrução
truir” (idem). E a escola espaço de produção de culturas
de saberes específicos de cada ciclo/etapa/ modalidade
e não de reprodução de informações, teorias, regras ou
da educação básica. Os conteúdos passam a ser organi-
competências alinhadas à lógica mercadológica.
zados em torno de uma determinada ideia ou eixo que
Historicamente, a escola pública não incorporou de
indicam referenciais para o trabalho pedagógico a ser
forma efetiva as demandas das classes populares, mes-
desenvolvido por professores(as) e estudantes, de forma
mo com a democratização do acesso da maioria da po- interdisciplinar, integrada e contextualizada.
pulação ao ensino fundamental. O indicador dessa in- O currículo é o conjunto de todas as ações desenvol-
completude da escola se revela por meio da não garantia vidas na e pela escola ou por meio dela e que formam
das aprendizagens para todos de maneira igualitária. A o indivíduo, organizam seus conhecimentos, suas apren-
SEEDF assume seu papel político-pedagógico como todo dizagens e interferem na constituição do seu ser como
ato educacional em si o revela, apresentando este Currí- pessoa. É tudo o que se faz na escola, não apenas o que
culo com uma concepção de educação como direito e aprende, mas a forma como aprende, como é avaliado,
não como privilégio, articulando as dimensões humanas como é tratado. Assim, todos os temas tradicionalmen-
com as práticas curriculares em direção a uma escola te escolares e os temas da vida atual são importantes e
republicana, justa, democrática e fraterna. Para isso, pri- compõem o currículo escolar, sem hierarquia entre eles.
vilegia eixos que não devem ser trabalhados de forma Os temas assumidos neste Currículo como eixos inte-
fragmentada e descontextualizada, mas transversal, arti- ragem entre si e demandam a criação de estratégias pe-
culando conhecimentos de diferentes áreas. dagógicas para abordá-las da maneira mais integradora
possível, mais imbricada, capaz de fazer com que os(as)
2.4 Eixos Transversais estudantes percebam as múltiplas relações que todos os
fenômenos acomodam e exercem entre si.
Historicamente, a escola tem excluído dos currículos
narrativas das crianças, dos negros, das mulheres, dos ín- 2.4.1 Educação para a Diversidade
dios, dos quilombolas, dos campesinos, entre outras, re-
forçando a hegemonia de determinados conhecimentos Historicamente, desde que o Brasil foi achado por
sobre outros construídos pelos sujeitos sociais em dife- Portugal, em 1.500, sua constituição deu-se sob as bases
rentes espaços de trabalho e vida. A SEEDF compreende do colonialismo, do patriarcado e do escravismo, sendo
46
visto por seus colonizadores como uma terra exótica, As lutas pelos direitos sociais forjadas no Brasil não se
tropical, habitada inicialmente por índios nativos e mais deram de forma isolada do restante do mundo. Declara-
tarde por negros trazidos do Continente Africano. Pos- ções, tratados e acordos internacionais, dos quais nosso
teriormente, passou a ser um consulado, formado por país é signatário, tornaram-se consensuais globalmente,
povos “sublusitanos, mestiçados de sangues afros (sic) com vistas a promover os direitos dos cidadãos e cidadãs,
e índios” (RIBEIRO, 1995, p. 447), que se encontravam respeitando suas singularidades. Entre estes, inclui-se os
como proletários marginalizados e comandados pelos que versam sobre o combate às desigualdades, desde
portugueses. os mais gerais, como a Declaração Universal dos Direitos
As aspirações desses povos não eram consideradas, Humanos (1948); até os mais específicos, como: a Con-
visto que o importante era garantir o enriquecimento da venção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos
parcela que os explorava. Existia um crescente estímulo à Civis da Mulher (1948); a Convenção sobre os Direitos
captura de mais índios e à importação de negros africa- Políticos da Mulher (1953); a Convenção Internacional
nos, promovendo o aumento da força de trabalho e cada sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-
vez mais lucro à metrópole. Não houve uma preocupa- ção Racial (1965); a Convenção Relativa à Luta contra a
ção em se construir um conceito de povo, uma identida- Discriminação no Ensino (1967); a Convenção nº169 da
de nacional e tampouco de garantir aos trabalhadores Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre Po-
acesso a direitos, mesmo os mais elementares, como ali- vos Indígenas e Tribais – 27/06/1989; a Declaração dos
mentação e moradia. Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais,
A escravidão no Brasil estendeu-se por quase quatro- Étnicas Religiosas e Linguísticas (1992); e a Declaração e
centos anos. O Estado foi reestruturando-se a partir de Plano de Ação de Durban (2001).
conceitos republicanos excludentes, que se distanciaram Esses tratados, mesmo com ênfase nas questões de gê-
da realidade pluricultural do país e, assim, sua identidade nero, dos povos indígenas e étnico-raciais, influenciam dire-
nacional tornou-se frágil. O discurso da democracia racial tamente na escolarização e em seus vieses, pois temos visto
passou a fazer parte da cultura brasileira e a sociedade que as pessoas que se encontram fora da escola ou nela per-
o incorporou no senso comum, sendo um dos respon- manecem como “excluídos do interior” (BOURDIEU, 2003)
sáveis pelo não reconhecimento da essencialidade dos fazem parte desses grupos de excluídos. Vale lembrar que os
valores negros, mestiços e indígenas. Esse percurso cau- acordos citados advêm das lutas sociais e foram em alguma
sou encontros, desencontros, conflitos, violências e sua medida, responsáveis pela revisão da legislação brasileira, in-
manifestação material foi legitimada por leituras políticas corporando na agenda política os princípios da diversidade.
europeias. Os marcos legais que incluem as demandas da diver-
Nesse sentido, desde a colonização, o direito e o po- sidade na educação vão desde a Constituição Federal,
der foram pautados em uma legalidade racista e discri- em seus artigos 5º, I; 210; 206, I, § 1°; 242; 215 e 216,
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• Diversidade: o que é e de onde vem?
#FicaDica
A diversidade pode ser entendida como a percepção
evidente da variedade humana, social, física e ambien- A SEEDF reestrutura seu Currículo de Educa-
tal presente na sociedade. Assim, apresenta-se como ção Básica partindo da definição de diversi-
um conjunto multifacetado e complexo de significações. dade, com base na natureza das diferenças
Stuart Hall (2003) a define, no campo da cultura, como de gênero, de intelectualidade, de raça/etnia,
sendo uma oposição aos pressupostos homogêneos de orientação sexual, de pertencimento, de
construídos pelo Estado moderno, liberal e ocidental, personalidade, de cultura, de patrimônio, de
que se pautou, sobretudo, nos modelos universais, indi- classe social, diferenças motoras, sensoriais,
viduais e seculares. enfim, a diversidade vista como possibilidade
Etimologicamente, o termo diversidade significa dife- de adaptar-se e de sobreviver como espécie
rença, dessemelhança, heterogeneidade, desigualdade. na sociedade.
A diversidade está relacionada, a um só tempo, à dife-
rença de padrões, saberes e culturas hierarquizadas e à
desigualdade econômica. Esse atributo nos leva a alguns Existe, então, a compreensão de que fenômenos so-
grupos excluídos que, historicamente, têm vivenciado a ciais, tais como: discriminação, racismo, sexismo, homo-
desigualdade em virtude de suas diferenças dos padrões fobia, transfobia, lesbofobia, valorização dos patrimônios
preestabelecidos: mulheres, pessoas com deficiências, material e imaterial e depreciação de pessoas que vivem
negros, povos indígenas, população LGBT, quilombolas, no campo acarretam a exclusão de parcelas da popula-
pessoas do campo e pobres, entre outros. ção dos bancos escolares e geram uma massa populacio-
Para Yannoulas, o conceito de diversidade também nal sem acesso aos direitos básicos.
é muito vinculado aos organismos internacionais e re- Para tratar das questões étnico-raciais na escola há
fere-se em um primeiro momento a múltiplos aspec- que se observar o Estatuto dos Povos Indígenas, em seu
tos, entre eles os econômicos e culturais do desen- artigo 180, inciso VI, que apresenta como princípio da
volvimento, visando ao resgate dos direitos humanos, educação escolar indígena “a garantia aos indígenas de
à defesa do pluralismo, à promoção de igualdade de acesso a todas as formas de conhecimento, de modo a
oportunidades, ao empoderamento das denominadas assegurar-lhes a defesa de seus interesses e a participa-
minorias, à preservação do meio ambiente e do patri- ção na vida nacional em igualdade de condições, como
mônio cultural (2007, p. 159). Dentro dessa perspectiva, povos etnicamente diferentes”. Assim, a política pública
o processo histórico das políticas de desenvolvimento educacional indígena não se restringe ao reconhecimen-
social e econômico do país constituiu disparidades ina- to das diferenças, mas à garantia da valorização de sua
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
48
A questão de gênero a ser trabalhada em sala de aula conjunta. Nesse sentido, ao se sobreporem as diferentes
deve começar pelo entendimento de como esse conceito desigualdades, acabam por serem reforçadas, formando
ganhou contornos políticos. O conceito de gênero surgiu um universo de subcidadãos e subcidadãs.
entre as estudiosas feministas para se contrapor à ideia
da essência, recusando qualquer explicação pautada no • Educação do Campo no DF: modalidade de edu-
determinismo biológico que pudesse explicitar compor- cação básica em construção
tamento de homens e mulheres, empreendendo, dessa
forma, uma visão naturalista, universal e imutável do O conceito de Educação do Campo surge do proces-
comportamento. Tal determinismo serviu para justificar so de luta pela terra empreendida pelos movimentos so-
as desigualdades entre homens e mulheres, a partir de ciais do campo, no âmbito da luta por Reforma Agrária,
suas diferenças físicas. O sexo é atribuído ao biológico, como denúncia e como mobilização organizada contra a
enquanto o gênero é uma construção social e histórica. situação atual do meio rural: situação de miséria crescen-
A noção de gênero aponta para a dimensão das relações te, de exclusão/expulsão das pessoas do campo; situa-
sociais do feminino e do masculino (LOURO, 1997 e BRA- ção de desigualdades econômicas, sociais, que também
GA, 2007). são desigualdades educacionais, escolares. Seus sujeitos
Assim, se as relações entre homens e mulheres são um principais são as famílias e as comunidades de campo-
fenômeno de ordem cultural, podem ser transformadas, neses, pequenos agricultores, os sem-terra, atingidos por
sendo fundamental o papel da educação nesse sentido. barragens, ribeirinhos, quilombolas, pescadores e muitos
Por meio da educação, podem ser construídos valores, educadores(as) e estudantes das escolas públicas e co-
compreensões e regras de comportamento em relação munitárias do campo, articulados em torno de movimen-
ao conceito de gênero e do que venha a ser mulher ou tos sociais e sindicais, de universidades e de organizações
homem em uma sociedade, de forma a desconstruir as não governamentais. Todos(as) buscando alternativas
hierarquias historicamente constituídas. O conceito de para superar essa situação que desumaniza os povos do
gênero também permite pensar nas diferenças sem trans- campo, mas também degrada a humanidade como um
formá-las em desigualdades, sem que estas sejam ponto todo.
de partida para as discriminações e violências. O termo “Educação do Campo”, conceito forjado em
A escola apresenta-se como um espaço propício para 1998 na “Conferência Nacional Por Uma Educação do
tratar dessas questões, não como verdades absolutas, Campo” – CNEC, traz importantes significados, con-
mas que possibilitem aos estudantes “[...] compreende- trapondo-se ao termo Escola Rural. Em primeiro lugar,
rem as implicações éticas e políticas de diferentes po- estamos tratando de um novo espaço de vida, que não
sições sobre o tema e construírem sua própria opinião pode resumir-se na dicotomia urbano/rural. O campo é
nesse debate. [...] A ideia de que educação não é doutri- compreendido como “um lugar de vida, cultura, produ-
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preendido para muito além de um espaço de produção • Pressupostos Teóricos da Educação do Campo
agrícola. O campo é território de produção de vida, de É a materialidade de origem da Educação do Campo
produção de novas relações sociais, de novas relações que define seus objetivos, suas matrizes e as categorias
entre as pessoas e a natureza, de novas relações entre o teóricas que indicam seu percurso. A Especificidade da
rural e o urbano. Educação do Campo é, portanto, o campo, seus sujeitos
A Educação do Campo ajuda a produzir um novo e seus processos formadores.
olhar para o campo. E faz isso em sintonia com uma nova Segundo Barbosa (2012), a Educação do Campo afir-
dinâmica social de valorização desse território e de busca ma uma determinada concepção de educação, não se
de alternativas para melhorar a situação de quem vive e limitando à discussão pedagógica de uma escola para o
trabalha nele. Uma dinâmica que vem sendo construída campo, nem de aspectos didático-metodológicos. Refe-
por sujeitos que já não aceitam mais que o campo seja re-se ao traçado de um novo desenho para as escolas do
lugar de atraso e de discriminação, mas lutam para fazer campo, que tenha as matrizes formadoras dos sujeitos
dele uma possibilidade de vida e de trabalho para muitas como espinha dorsal, que esteja adequado às necessi-
pessoas, assim como a cidade também deve sê-lo, nem dades da vida no campo e que, fundamentalmente, seja
melhor nem pior, apenas diferente, uma escolha. formulado por sujeitos do campo, tendo o campo como
Em quinze anos de luta, a mobilização dos movimen- referência e como matriz.
tos sociais em torno da Educação do Campo gerou im- A Educação do Campo demarca uma concepção de
portantes conquistas, entre elas a aprovação das Diretri- educação em uma perspectiva libertadora e emancipa-
zes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do tória que pensa a natureza da educação vinculada ao
Campo (Resolução nº 1, de 3 de abril de 2002, e Parecer destino do trabalho: educar os sujeitos para um trabalho
nº 36/2001, do Conselho Nacional de Educação). Outros não alienado, para a intenção em circunstâncias objetivas
marcos legais conquistados na luta da Educação do Cam- que produzem o humano. Se a educação tem seu papel
po: Portaria nº 86, de 1º de fevereiro de 2013, que institui na construção de outro mundo possível, deve assumir a
o Programa Nacional de Educação do Campo - PRONA- função de libertar das formas de opressão (FREIRE, 2000).
CAMPO e define suas diretrizes gerais; Resolução nº 4, de Para Mészáros, a educação libertadora teria como função
13 de julho de 2010, que estabelece as Diretrizes Curri- transformar o trabalhador em um agente político que
culares Nacionais Gerais para a Educação Básica, definin- pensa, age e que usa a palavra como arma para transfor-
do a Educação do Campo como modalidade de ensino; mar o mundo (BARBOSA, 2012).
Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010, que dispõe São categorias teóricas centrais para a Educação do
sobre a Política de Educação do Campo e o Programa Campo as ideias de hegemonia e contra-hegemonia for-
Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA; muladas por Gramsci (2002), uma vez que essa educação
e Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008, que estabelece se afirma como ação contra-hegemônica à dominação
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
diretrizes complementares, normas e princípios para o capitalista, assumindo o objetivo de contribuir com o
desenvolvimento de políticas públicas de atendimento à acúmulo de forças e com a construção de uma nova cul-
educação básica do campo. tura para a disputa da hegemonia pela classe trabalha-
Ao Distrito Federal cabe elaborar sua Política Pública dora do campo.
em consonância com os marcos legais, considerando a Partindo dessa compreensão, a Educação do Campo
constituição histórica da relação entre urbano e rural no tem como objetivo construir a possibilidade de uma edu-
Brasil, e especificidades do território desta unidade da cação para além do capital, como formulado por Mészá-
Federação. ros (2005). Da crítica à escola elitista, branca, de classe,
O território rural do DF tem cerca de 250.000ha; 46% parte para a construção de uma escola dos trabalha-
dos estabelecimentos rurais são de agricultores familia- dores e, portanto, pública, orientada pelas experiências
res que produzem mais de 800.000 toneladas de alimen- empreendidas pelos sujeitos trabalhadores do campo
tos por ano, apesar de ocuparem apenas 4% das terras. que oferecem à teoria pedagógica, como afirma Arroyo
Espaço rural marcado por contradições dadas pela pre- (2003), novos rumos para a organização do trabalho pe-
sença de seus atores: ruralistas, latifundiários, produtores dagógico.
familiares, camponeses com ou sem terra. Na atualidade, vivemos na SEEDF um processo de
Para garantir o direto à educação de crianças, jovens gestão democrática que tem entre seus princípios garan-
e adultos do campo, a rede pública de ensino conta com tir a participação da comunidade na implementação de
75 escolas, sendo apenas sete de Ensino Médio e so- decisões pedagógicas e democratizar as relações peda-
mente uma oferecendo Ensino Médio Noturno. A Edu- gógicas.
cação de Jovens e Adultos ainda é pouco abrangente, Contudo, para alcançar esse objetivo na escola do
com oferta em seis escolas do DF. Estes são os dados Campo, é preciso alterar a organização do trabalho peda-
que mais merecem destaque, pois esse público - jovens gógico, rompendo com os mecanismos de subordinação
e adultos - é o menos assistido pela política pública edu- da escola tradicional e instaurando processos pedagó-
cacional do campo no DF, atualmente. gicos participativos, tornando possível que a escola seja
A elaboração e implantação da Política Pública de capaz de trabalhar, viver, construir e lutar coletivamente,
Educação do Campo no DF vêm preencher uma lacuna, para que as crianças, jovens e adultos possam organizar
existente há anos, nas escolas rurais do Distrito Federal, suas vidas e a vida coletiva. Assim, a escola estará cons-
oferecendo uma proposta pedagógica específica para truindo cidadania, direitos e protagonismo, o que se faz
essa modalidade da Educação Básica. nas relações cotidianas e não pelo verbalismo. Tais pro-
cessos pedagógicos participativos permitirão aos estu-
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dantes que participem da gestão da sala, da escola e da
sociedade, vivenciando desde o interior da escola formas FIQUE ATENTO!
democráticas de trabalho que marcarão profundamente
sua formação. Uma das experiências que tem orientado
As Diretrizes Operacionais da Educação do Campo a Educação do Campo em alguns Estados
definem, no art. 11, que “os mecanismos de gestão de- é aquela realizada por Pistrak e atualizada
mocrática [...] contribuirão diretamente: por Freitas que apresenta a proposta dos
I - para a consolidação da autonomia das escolas e o “Complexos de Estudos” como estratégia
fortalecimento dos conselhos que propugnam por para superar a fragmentação das discipli-
um projeto de desenvolvimento que torne possível nas, articulando-as para explicar a realida-
à população do campo viver com dignidade; de e transformá-la por meio do trabalho. O
II - para a abordagem solidária e coletiva dos pro- Complexo de Estudo, construção teórica da
blemas do campo, estimulando a autogestão no didática socialista, é um espaço onde se pra-
processo de elaboração, desenvolvimento e ava- tica a tão desejada articulação entre a teoria
liação das propostas pedagógicas das instituições e a prática, pela via do trabalho socialmente
de ensino.” útil. Não é, portanto, método, mas procedi-
mento orientador para a ação do coletivo
A escola e a sala de aula são uma construção histó- da escola, tomando o trabalho socialmente
rica, cujas funções foram pautadas na ideia do acúmulo útil como elo, como conexão entre teoria
de riqueza de uma classe por meio de outra. Para tan- e prática dada pela materialidade da vida.
to, a escola pública do DF atua para que a função social Desta forma, a interdisciplinaridade é garan-
da escola seja a construção de outra sociedade, quando tida pela materialidade da prática em suas
instaura procedimentos para que a legislação seja cum- múltiplas conexões e não via teoria, como
prida. Segundo as mesmas Diretrizes, em seu Parágrafo exercício abstrato.
Único, a identidade da escola do campo “é definida pela
sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, Se falarmos de uma escola ligada à vida, há que se
ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos notar que a vida do campo se difere da vida da cida-
estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na de e que os sujeitos do campo têm matrizes formativas
rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade”, próprias. Trabalho, terra, cultura, história, vivências de
sem deixar de fora os movimentos sociais e a defesa de opressão, conhecimento popular, organização coletiva e
projetos vinculados às soluções exigidas, com vistas à luta social são matrizes dos sujeitos do campo (CALDART,
garantia da qualidade social da vida coletiva no país. 2004; BARBOSA, 2012).
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suas experiências e leituras de mundo têm vez (ARROYO, Esses dias perseguiam os gays e também não fiz nada
2011). São, portanto, territórios em disputa. Alguns cole- porque nem eu nem os meus entes amados são gays.
tivos sociais, étnicos, de gênero, das periferias, do campo Depois os vi condenando os pobres, os miseráveis, os
foram segregados e sua história cultural e intelectual, de- que se deixaram arrastar pelo crime, os fracos e vulnerá-
cretada inexistente. A estes, “[...] não apenas foi negado e veis e mais uma vez não fiz nada, pois não me identifico
dificultado seu acesso ao conhecimento produzido, mas com nenhum deles.
foram despojados de seus conhecimentos, culturas, mo- Hoje estão me perseguindo e já não posso fazer nada,
dos de pensar o mundo e a história”, ou seja, suas formas pois estou sozinho!
de pensar o mundo não foram consideradas, tampou- (Texto construído com base em poesia de Bertold Brecht
co incorporadas “[...] no dito conhecimento socialmente e semelhante poesia de Martin Niemöller).
produzido e acumulado que as diretrizes curriculares le- Cidadania e direitos humanos são termos utilizados
gitimam como núcleo comum” (Idem, p. 14). algumas vezes para expressar uma mesma realidade, po-
Neste Currículo, assumimos a tarefa de colocar em lítica ou ação. Aqui tomamos a diferenciação feita por
diálogo sujeitos até então mantidos na invisibilidade pelo Benevides (s/d), pois partimos dos mesmos pressupostos
paradigma dominante, compreendendo que o currículo que a autora utiliza para construir as diferenças e proxi-
é a mediação desse diálogo, que sua lógica estruturante, midades dessas categorias.
conteúdos e métodos devem ser tomados como meios, A cidadania é uma ideia fundamentada em uma ordem
isto é, mediadores da relação pessoal e social entre edu- jurídicopolítica, ou seja, o cidadão é membro de um deter-
candos, educadores e comunidade. (BARBOSA, 2012). minado Estado e seus direitos ficam vinculados a decisões
políticas. Por isso, os direitos de cidadania são variáveis em
• Educação do Campo na prática função de diferentes países e culturas e determinados por
diversos momentos históricos. No entanto, jamais podem
Para a Educação do Campo, este Currículo propõe estar dissociados dos direitos humanos em sociedades
que as escolas considerem o seguinte caminho: democráticas.
1. Realizar um conjunto de inventários sobre a reali-
A universalidade é uma característica fundamental
dade atual, com o objetivo de identificar as fontes
dos direitos humanos, pois o que é um direito humano
educativas do meio. Como a vida não é a mesma
aqui o será também em outro país. São ainda naturais,
em todo lugar, os inventários precisam ser elabo-
em função de não existirem por criação de uma lei para
rados por cada escola, convertendo-a, assim, “em
serem exigidos, reconhecidos, protegidos ou promovi-
uma pequena instituição que pesquisa e produz
dos.
conhecimento de caráter etnográfico sobre seu
Apesar de serem considerados universais e naturais,
entorno, sua realidade atual, apropriando-se, por-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
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a relação entre as pessoas e o Estado. Essa dimensão his- e de emancipação. O primeiro momento da cidadania
tórica tem suas origens na Revolução Francesa (SINGER, corresponde ao liberalismo e enfatizou os direitos cívi-
2005). cos e políticos, tendo a prevalência do mercado sobre
No livro organizado por Pinsky (2005) sobre a história o Estado. Já o segundo momento foi caracterizado pelo
da cidadania, foi construída uma tese sobre os diferentes capitalismo organizado e ressaltou os direitos sociais por
momentos ou marcas da cidadania e três revoluções fun- meio de um sentimento de pertença igualitária, geran-
damentais para a abordagem feita nesse estudo: a Revo- do o modelo do Estado-providência. Houve um embate
lução Inglesa de 1640, a Revolução Americana de 1776 entre mercado e Estado, o que gerou uma priorização
e a própria Revolução Francesa de 1789 (SINGER, 2005). da regulação sobre a emancipação. O autor propõe uma
A Revolução Inglesa trouxe como contribuição para nova concepção de cidadania que tenha como alicerce
a construção dos direitos de cidadania a tradição liberal a emancipação e se contraponha a solidariedade social
que representou um grande avanço na conquista dos di- baseada na prestação abstrata de serviços burocráticos
reitos civis até então desconsiderados pelos Estados em e trabalhe com a solidariedade concreta que contemple
suas organizações jurídicas e políticas. Essa tradição res- a autonomia e o autogoverno, a descentralização, a de-
saltava as liberdades individuais e especialmente a possi- mocracia participativa e o cooperativismo entre outros
bilidade de um cidadão ser proprietário, o que gerou um movimentos próprios de outra organização política e so-
modelo de cidadania excludente, pois criou dois grupos cial do Estado.
de cidadãos: os que tinham posses e os despossuídos de A organização política e social baseada na cidadania
bens ou propriedades, de acordo com Mondaini (2005). é um avanço importante para a inclusão de minorias nas
A Revolução Americana de 1776 apresenta outra di- políticas sociais, porém não é suficiente para garantir
mensão da cidadania intimamente ligada à liberdade, po- uma convivência entre grupos considerados maiorias e
rém busca um equilíbrio entre o individualismo e a vida minorias, sendo necessária a introdução de outro nível
em sociedade. A Declaração de Independência (1776) foi de direitos, ou seja, os direitos humanos, de acordo com
um instrumento importante para a consolidação de uma a perspectiva apresentada anteriormente, que estabelece
cidadania de base nacionalista e que propôs a obtenção a diferença entre cidadania e direitos humanos.
de uma igualdade política para um determinado grupo. Nessa perspectiva e considerando os contextos so-
A ideia do dever nacional criava a mentalidade de ciais ainda demasiadamente violadores de direitos, a
que era responsabilidade de todos espalhar pelo mundo educação em e para os Direitos Humanos vem colocan-
aquilo que era considerado por um povo ou nação o mo- do-se como importante resposta às lacunas deixadas
delo de sociedade, ou seja, a criação de mecanismos de pela fragilização de antigas e importantes propostas po-
defesa do indivíduo perante o Estado e ainda de outros líticas emancipadoras (SANTOS, 2001).
indivíduos, gerando assim uma imposição de uma nação É iminente o risco de apreensões simplistas e rasas
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A Escola, em seu privilegiado espaço de promoção do desenvolvimento social e emocional de quem se envol-
Estado Democrático de Direito, não pode exercer uma ve no processo de ensino-aprendizagem. Reitera que
prática negativa em relação ao que defende e, assim, co- a educação deve observar metodologias e dispositivos
locar em xeque seu papel transformador da realidade, que possibilitem uma ação pedagógica progressista e
pois conforme vem sendo amplamente discutido em inú- emancipadora, voltada para o respeito e valorização da
meras convenções nacionais e internacionais, a educação diversidade, para os conceitos de sustentabilidade e de
é um direito fundamental que contribui para a conquista formação da cidadania ativa.
de todos os demais direitos humanos. Daí a importância A cidadania ativa pode ser entendida como o exer-
de termos a Educação em e para os Direitos Humanos cício que possibilita a prática sistemática dos direitos
como eixo transversal do Currículo da Educação Básica conquistados, bem como a ampliação de novos direitos,
da rede pública do DF. devendo contribuir para a defesa da garantia do direito
à educação básica pública, gratuita e laica para todas as
• Educação em e para os Direitos Humanos: con- pessoas, inclusive para os que a ela não tiveram acesso
cepção e marcos legais na idade e condições próprias. É ampla a discussão nos
dias atuais sobre o “direito à aprendizagem”, como um
A relevância dessa discussão é também defendida dos maiores desafios da Escola.
pelo Ministério da Educação que, por meio da Resolução Essas reflexões foram retomadas e reforçadas nas
01/2012, em consonância às Diretrizes Nacionais de Edu- Diretrizes Nacionais de Educação em Direitos Humanos,
cação em Direitos Humanos do Conselho Nacional de Resolução 08/2012, segundo as quais o escopo principal
Educação (CNE – Parecer 08/2012) deliberou a educação da Educação em Direitos Humanos é a formação ética,
em direitos humanos como um dos eixos fundamentais crítica e política.
do direito à educação e sua inserção no currículo da Edu- Por formação ética compreende-se a promoção de
cação Básica. atitudes orientadas por valores humanizadores, como
Nessas Diretrizes, os direitos humanos são tidos dignidade da pessoa, liberdade, igualdade, justiça e paz,
reciprocidade entre povos e culturas, servindo de parâ-
como o resultado da luta pelo reconhecimento, reali-
metro para a reflexão dos modos de ser e agir individual,
zação e universalização da dignidade humana. Dentro
coletivo e institucional.
dessa concepção, a educação escolar ocupa lugar privi-
A construção de uma atitude crítica diz respeito ao
legiado por constituir-se uma das mediações fundamen-
exercício de juízos reflexivos sobre as relações entre con-
tais, tanto para o acesso ao legado dos direitos humanos,
textos sociais, culturais, econômicos e políticos, promo-
quanto para a transformação social, em particular na so-
vendo práticas institucionais coerentes com os Direitos
ciedade brasileira, marcada por profundas contradições
Humanos.
que, historicamente, ameaçam e violam os direitos civis, A formação política deve estar pautada numa pers-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
políticos, sociais, econômicos, culturais, ambientais, fun- pectiva emancipatória e transformadora dos sujeitos,
damentais, básicos, individuais, coletivos ou difusos. esforçando-se por promover o empoderamento de
Na mesma perspectiva, o Plano Nacional de Educação grupos e indivíduos, situados à margem de processos
em Direitos Humanos (BRASIL, 2007) define a educação decisórios e de construção de direitos, favorecendo sua
em direitos humanos como um processo sistemático e organização e participação. Esses aspectos tornam-se
multidimensional que orienta a formação do sujeito de possíveis por meio do diálogo e de aproximações entre
direitos, articulando as seguintes dimensões: diferentes sujeitos biopsicossociais, históricos e cultu-
a) Apreensão de conhecimentos historicamente cons- rais, bem como destes em suas relações com o Estado.
truídos sobre direitos humanos e sua relação com
os contextos internacional, nacional e local. • Direitos Humanos na prática escolar
b) Afirmação de valores, atitudes e práticas sociais
que expressem a cultura dos direitos humanos em A massificação/democratização do acesso à escolari-
todos os espaços da sociedade. zação trouxe de uma forma mais veemente às discussões
c) Formação de uma consciência cidadã capaz de se nos ambientes educacionais a questão da diversidade
fazer presente em níveis cognitivo, social, cultural de grupos e sujeitos historicamente excluídos do direito
e político. à educação e, de um modo geral, dos demais direitos,
d) Desenvolvimento de processos metodológicos o que torna urgente a adoção de novas formas de or-
participativos e de construção coletiva, utilizando ganização educacional, diversificadas metodologias de
linguagens e materiais didáticos contextualizados. ensino-aprendizagem e de atuação institucional, buscan-
e) Fortalecimento de práticas individuais e sociais que do superar o paradigma homogeneizante que se coloca
gerem ações e instrumentos em favor da promo- como limitador do direito à aprendizagem.
ção, proteção e defesa dos direitos humanos, bem Almeja-se que as pessoas e ou grupo social que co-
como reparação das violações. mungam do espaço escolar se reconheçam como sujei-
tos de direitos, capazes de exercê-los e promovê-los ao
Sugere-se o estudo cauteloso e pormenorizado des- mesmo tempo em que respeitem os direitos do outro.
sas dimensões, de forma a contemplá-las em toda a or- Busca-se, portanto, desenvolver a sensibilidade ética nas
ganização do trabalho pedagógico. relações interpessoais e com todas as formas de vida.
Nessa mesma linha, no campo da Educação Básica, Nesse horizonte, a finalidade da Educação em e para os
o Plano orienta que a Educação em Direitos Humanos Direitos Humanos é a formação na e pela vida e convi-
vá além de uma aprendizagem cognitiva, incluindo o vência.
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Dada a relevância já anunciada dessas questões, tidores de uma participação ativa, autorizadora e eman-
compreende-se a necessidade dessa temática como cipatória dos sujeitos educativos. A democratização deve
eixo também do projeto políticopedagógico das escolas, manifestar-se em todas as relações que se estabelecem
haja vista que este orienta o planejamento, o desenvol- no cotidiano escolar.
vimento e a atuação no exercício cotidiano dos direitos
humanos no ambiente escolar – espaço de vida e de or- • Linhas de atuação da Educação em Direitos huma-
ganização social, política, econômica e cultural, que deve nos
adequar-se às necessidades e características de seus su-
jeitos, assim como ao contexto nos quais são efetivados. Para efeito didático, dentro do trabalho que hoje nor-
Esse assinalamento se faz necessário porque o projeto teia a Secretaria de Estado de Educação do DF, é possível
político-pedagógico não se dissocia do Currículo, dada a pensar a Educação em e para os Direitos Humanos fun-
transversalidade do conjunto de ações nas quais o currí- damentada em quatro grandes linhas que se relacionam
culo se materializa. entre si:
Trata-se, portanto, de uma proposta que articula a) Educação para a Promoção, Defesa, Garantia e
dialeticamente igualdade e diferença, pois hoje não po- Resgate de Direitos Fundamentais. Apesar da De-
demos mais pensar na afirmação de direitos humanos claração Universal dos Direitos Humanos ter sido
a partir de uma concepção de igualdade que não incor- elaborada em 1948, foi somente após a segunda
pore o tema do reconhecimento das diferenças, o que metade do século XX que os movimentos sociais
supõe lutar contra todas as formas de preconceito e dis- passaram a dar visibilidade à necessidade de reco-
criminação. Ou, na popular frase de Santos (1999, p. 44): nhecimento de toda pessoa humana como sujeito
“temos o direito de ser iguais sempre que a diferença nos social. Assim, a Educação para a Promoção, Defe-
inferioriza; temos o direito de ser diferentes sempre que sa, Garantia e Resgate de Direitos Fundamentais
a igualdade nos descaracteriza”. busca sensibilizar e mobilizar toda a comunidade
escolar para a importância da efetivação dos di-
• Direitos humanos, escola e desafios reitos humanos fundamentais, respaldados pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
Além dos grupos historicamente excluídos que já mi- e pela Constituição Federal (1988), entre outros
litam na defesa dos direitos humanos, como é o caso de marcos legais. Incorre-se, portanto, que a escola
negros, mulheres, população LGBT (Lésbicas, Gays, Bisse- não é somente um espaço de afirmação dos di-
xuais, Travestis e Transexuais), pessoas com deficiência, reitos humanos, mas também de enfrentamento
entre outros, há ainda aqueles cuja discriminação é tão às violações de direitos que acarretam violências
grande que mal conseguem ser ouvidos pelo restante da físicas e simbólicas contra crianças, adolescentes e
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qualidade de vida; alimentação saudável; econo- ligiosos e culturais dos grupos hegemônicos eram con-
mia solidária; agroecologia; ativismo social; cida- siderados hereges e poderiam, sob o pretexto de serem
dania planetária; ética global; valorização da diver- animais selvagens, ser dominados, escravizados e exter-
sidade, entre outros. minados.
d) Formação Humana Integral. Em resposta ao para- Os comandantes dos grupos religiosos, das nações
digma simplificador (MORIN, 1996), compreende- e os detentores do conhecimento das técnicas eram
-se a indissociabilidade entre a Educação em Direi- também considerados prepostos dos desígnios divinos
tos Humanos e a concepção de Educação Integral, e possuíam poderes determinantes sobre a liberdade, a
objetivando compreendermos como a que se pre- vida e as relações comerciais. O ser humano ocidental
dispõe a ampliar horizontes da formação humana passou a considerar os elementos naturais distanciados
para além da apreensão cognitiva da memoriza- das relações com o divino e, consequentemente, a de-
ção / (re) produção de conhecimentos científicos monização do selvagem era uma atitude comum.
acumulados pela humanidade, algo que extrapola As indústrias surgiram no fim do século XVIII e início
a ampliação de tempos e espaços no ambiente es- do século XIX, época da primeira Revolução Industrial,
colar. Não é possível uma educação que se pre- causando o aumento da demanda por recursos da natu-
disponha a ser integral, sem que se considerem as reza e a intensificação do uso da mão de obra dos grupos
bandeiras que os movimentos sociais vêm fazendo humanos dominados (POCHMANN, 2001). A máquina a
dos Direitos Humanos. vapor e as ferrovias precisavam ser abastecidas com mui-
ta lenha e matéria-prima. Com isso, o resultado foi o uso
Essas quatro linhas de atuação devem contar não desmedido dos elementos naturais na Europa, América
somente com uma formação teórica, mas também com do Norte e Ásia, recursos tidos como infinitos.
práticas pedagógicas que contribuam para novas formas Para a sociedade, o capital passou a ser qualificado
de relações sociais. Por isso, a formação para os direitos como princípio de felicidade, em detrimento de popu-
humanos deve perpassar as seguintes etapas: lações que se aglomeravam entre os altos índices de
desemprego e pobreza. As cidades começaram a inchar
1) Sensibilização sobre a importância da promoção, e a população planetária cresceu como nunca; as áreas
defesa e garantia dos direitos humanos. agricultáveis foram expandidas e as florestas europeias,
2) Percepção dos problemas sociais, comunitários e norte-americanas e asiáticas foram dizimadas.
familiares que ferem nossos direitos humanos. Grupos sociais não privilegiados, o proletariado, por
3) Reflexão crítica acerca desses problemas na ten- exemplo, tornaram-se descontentes com sua situação
tativa de compreender por que eles existem e socioeconômica e surgiram as revoluções. A Revolução
como solucioná-los. Francesa foi um marco importante para as novas relações
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
4) Ação por meio do estímulo à participação, inclusive humanas e para os direitos sociais, elencando igualdade,
das crianças e adolescentes. liberdade e fraternidade como princípios. Nessa época
surgiu o movimento naturalista e o ser humano retomou
Muitas são as ações já realizadas na área de Cidadania a sacralização dos elementos naturais. A natureza selva-
e da Educação em Direitos Humanos na rede pública de gem passou a ser vista como encantadora e digna de
ensino do DF. O desafio é fortalecer e potencializar essas contemplação, surgindo os primeiros parques ambien-
iniciativas, de modo que não continuem como atividades tais preservacionistas, como o Parque Nacional de Yello-
isoladas, realizadas no âmbito de algumas escolas ou por wstone, nos Estados Unidos.
alguns poucos profissionais da educação, mas um movi- No século XX, houve o fim da escravidão, a globali-
mento conjunto, que envolva toda a comunidade escolar zação intensificada, o desenvolvimento tecnológico ex-
na construção de uma cultura baseada no respeito à dig- pandiu a produção agrícola e iniciou-se o pensamento
nidade do ser humano. ambientalista. “Esse momento histórico influenciou as re-
lações humanas e o uso dos recursos naturais” (TORRES,
Educação para a Sustentabilidade 2011, p. 110). Os governos começaram a instituir nos
marcos legais os princípios da liberdade, no capitalismo,
A história humana é marcada pela relação entre os e da igualdade, no socialismo.
seres humanos e o meio ambiente, como o domínio do No entanto, o advento da I e II Guerras Mundiais de-
fogo e o desenvolvimento da agricultura. Desde o prin- monstrou a fragilidade das relações entre os seres huma-
cípio, vários elementos da natureza não dominados pela nos, fato que fez surgir a Organização das Nações Unidas
espécie humana tinham efeitos ameaçadores, tais como - ONU e a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”,
chuva, seca, sol, ventos, rios, entre outros. Os grupos hu- em 1945 e 1948 respectivamente, com o objetivo de bus-
manos atribuíam esses fenômenos naturais à ação dos car novos modelos de mediação de conflitos e de respei-
deuses, e para agradar e acalmá-los ofereciam rituais e to à vida humana.
oferendas. Naquele momento, é perceptível a reverência Na década de 1960, as questões ambientais passaram
humana às forças naturais incontroláveis, bem como a a ser melhor percebidas pela humanidade, momento em
sacralização destes elementos. que foi lançado o importante livro: “Primavera Silencio-
Com a invenção da propriedade privada, o planeta sa”, de Rachel Carson, em 1962, e realizada a Conferência
passou a ser desbravado e grupos foram escravizados. da Biosfera em Paris, em 1968 (DUARTE; WEHRMANN,
Mais tarde, com o advento do modo de produção pri- 2002, p. 11-12).
mitivo, aqueles que não aderiam a comportamentos re-
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A partir de então, correntes científicas começaram a poderiam facilitar e criar uma alternativa para o modelo
entender o planeta de forma sistêmica. Ou seja, o méto- de sociedade atual, fundado na superprodução e no su-
do reducionista e mecanicista da Ciência começou a ser perconsumo. Com isto, passa-se a buscar um novo mo-
questionado e em seu lugar, alguns autores, como Capra, delo de humanidade, que “através do reencantamento
propuseram que estudos sobre o funcionamento dos or- das práticas sociais locais/globais e imediatas/diferidas
ganismos fossem realizados a partir de uma concepção plausivelmente possam conduzir do colonialismo à soli-
sistêmica, onde o mundo passasse a ser visto “em termos dariedade” (SANTOS, 2002, p.116).
de relações e de integração” (1986, p.259-260). O Estado tem um papel fundamental para que a
Com isto, na década de 1980 surgiu um novo con- globalização se torne mais simétrica e justa. Entre ou-
ceito, o de Desenvolvimento Sustentável. Esse conceito tras coisas, o poder público tem a função de harmoni-
assumiu grandes proporções após a publicação do livro zar metas sociais, ambientais e econômicas, “buscando
“Nosso Futuro Comum”. A bibliografia, também conhe- um equilíbrio entre diferentes sustentabilidades (social,
cida como relatório Brundtland, foi publicada em 1987, a cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica e
partir do trabalho realizado pela Comissão Mundial so- política) [...]” (SACHS, 2004, p.11).
bre Meio Ambiente e Desenvolvimento, órgão vinculado Assim, as dimensões social, cultural, ecológica, am-
à ONU. biental, territorial, econômica, política e espiritual devem
O conceito de desenvolvimento sustentável conduz ser observadas em todo momento do processo educati-
ao raciocínio de um desenvolvimento que una a socie- vo. A SEEDF compreende que a junção dessas dimensões
dade, o meio ambiente e a economia de forma equili- encaminha para uma cultura da sustentabilidade e para
brada. Como explica Sachs: “devemos nos esforçar por a criação de um novo modelo de sociedade global, da
desenhar uma estratégia de desenvolvimento que seja cidadania planetária.
ambientalmente sustentável, economicamente sustenta- A cidadania planetária é um conceito que nos reme-
da e socialmente includente [...]” (2004, p.118). te a uma responsabilidade que ultrapassa as fronteiras
Diante desse novo modelo de desenvolvimento estabelecidas pela Geografia, assim como os efeitos am-
exposto pelo relatório Brundtland e com o lançamen- bientais percebidos a partir do acidente de Chernobil /
to do primeiro Relatório do Desenvolvimento Humano Ucrânia, implica uma ética global (GADOTTI, 2008, p.
em 1990, houve a ruptura com o pensamento de que o 32). O entendimento de que as ações locais podem ge-
crescimento econômico poderia sanar todos os proble- rar efeitos globais, assim como os riscos são globais e as
mas do mundo moderno. Até então, havia uma noção de soluções estão nas atitudes individuais / locais, unificam
desenvolvimento como sendo a mesma de crescimento a percepção integradora e ecossistêmica entre os seres
econômico (VEIGA, 2006). humanos e destes com todas as outras formas de vida e
A ruptura desse paradigma, fez com que muitos auto- seus habitats.
57
hoje e nas próximas gerações. O eixo perpassa o enten- Na busca pela superação da organização do currículo
dimento crítico, individual e coletivo de viver em rede e coleção, o desafio desta Secretaria de Educação é siste-
de pensar, refletir e agir acerca da produção e consu- matizar e implementar uma proposta de Currículo inte-
mo consciente, qualidade de vida, alimentação saudável, grado em que os conteúdos mantêm uma relação aberta
economia solidaria, agroecologia, ativismo social, cida- entre si, podendo haver diferentes graus de integração
dania planetária, ética global, valorização da diversidade, (BERNSTEIN, 1977). Esses conteúdos podem ser desen-
entre outros. volvidos a partir de ideias ou temas selecionados pelas
Para tal, o percurso pedagógico previsto no projeto escolas e em permanente mudança em torno dos eixos
político-pedagógico da escola precisa buscar o enfoque transversais: Cidadania e Educação em e para os Direitos
holístico, sistêmico, democrático e participativo, diante de Humanos, Educação para a Diversidade, Educação para a
um entendimento do ser humano em sua integralidade e Sustentabilidade; além dos eixos integradores indicados
complexidade, bem como as concepções didáticas do pro- pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para cada etapa/
cesso de ensino e aprendizagem devem buscar a interdis- modalidade/ciclo.
ciplinaridade, em caráter processual, cíclico e contínuo. Uma proposta curricular integrada não se encerra
A formação da Comissão de Meio Ambiente e Quali- em si mesma; justifica-se à medida que atende os pro-
dade de Vida na Escola – Com-vida e a criação da Agen- pósitos educacionais em uma sociedade democrática,
da 21 Escolar são importantes instrumentos que devem buscando contribuir na formação de crianças, jovens e
ser utilizados na implementação do eixo Educação para adultos responsáveis, autônomos, solidários e partici-
a Sustentabilidade. Assim como a Declaração Universal pativos. Para Santomé (1998), as propostas curriculares
dos Direitos Humanos, a Carta da Terra e o Tratado de integradas devem favorecer a descoberta de condicio-
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e nantes sociais, culturais, econômicos e políticos dos co-
Responsabilidade Global são acordos complementares nhecimentos existentes na sociedade, possíveis a partir
e, consequentemente, tornam-se referenciais teóricos da da conversão das salas de aula em espaços de constru-
Educação para a Sustentabilidade, proposta no Currículo. ção e aperfeiçoamento de conteúdos culturais, habilida-
Por fim, é necessário que os valores individuais e cole- des, procedimentos e valores, num processo de reflexão.
tivos sejam baseados em princípios definidos na Política Os educadores que concebem o currículo nessa perspec-
Nacional de Educação Ambiental, Lei 9.795/1999, e reafir- tiva o fazem com base em objetivos educacionais que
mados pelas Diretrizes Nacionais de Educação Ambiental, se pautam na busca da integração das diferentes áreas
Resolução CNE/CP nº 2, de 15/06/2012. Todas as áreas do conhecimento e experiências, com vistas à compreen-
do conhecimento das etapas e modalidades do processo são crítica e reflexiva da realidade. O autor ressalta ainda
de escolarização, bem como suas atividades pedagógi- que essa integração não deve acontecer focando apenas
cas devem permear, de forma articulada e transversal, a os conteúdos culturais, “[...] mas também o domínio dos
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Educação para a Sustentabilidade. Assim, caminharemos processos necessários para conseguir alcançar conheci-
juntos para uma mudança de postura e prática rumo à mentos concretos e, ao mesmo tempo, a compreensão
sustentabilidade da estadia humana no planeta Terra. de como se elabora, produz e transforma o conhecimen-
to, bem como as dimensões éticas inerentes a essa tare-
3. CURRÍCULO INTEGRADO fa” (idem, p.27).
O currículo integrado pode ser visto como um ins-
O Currículo de Educação Básica da SEDF propõe a su- trumento de superação das relações de poder autoritá-
peração de uma organização de conteúdos prescritiva, rias e do controle social e escolar, contribuindo para a
linear e hierarquizada denominada por Bernstein (1977) emancipação dos estudantes através do conhecimento,
de currículo coleção, que tem como características: assegurando a eles, também, o exercício do poder que,
na perspectiva apontada por Foucault, “[...] é uma prática
social e, como tal, constituída historicamente” (2000, p.
#FicaDica
10). Para isso, o espaço escolar deve organizar-se em tor-
a) a fragmentação e descontextualização dos no de relações sociais e pedagógicas menos hierarqui-
conteúdos culturais e das atividades didáti- zadas, mais dialogadas e cooperativas, “a aula, espaço-
co-pedagógicas e acadêmicas realizadas na -tempo privilegiado de formação humana e profissional,
escola pelos estudantes e professores; requer certo rigor no sentido de construir possibilidades
b) os livros didáticos como definidores do de aproximação crítica do objeto do conhecimento com
que o professor deve priorizar em sala de liberdade, autonomia, criatividade e reflexão” (SILVA,
aula; 2011, p. 212).
c) as disciplinas escolares trabalhadas de for- Para a efetivação deste Currículo na perspectiva da in-
ma isolada, impedindo os vínculos necessá- tegração, alguns princípios são nucleares: unicidade teóri-
rios com a realidade; ca-prática, interdisciplinaridade, contextualização, flexibi-
d) a postura passiva dos estudantes diante lização.
de práticas transmissivas e reprodutivas de
informações; 3.1 Princípios epistemológicos
e) o processo do trabalho pedagógico des-
considerado, priorizando-se os resultados Toda proposta curricular é situada social, histórica e
através de exames externos indicadores do culturalmente; é a expressão do lugar de onde se fala
padrão de qualidade. e dos princípios que a orientam. Falar desses princípios
58
epistemológicos do Currículo de Educação Básica da realidade e atuar crítica e conscientemente, com vistas
SEDF nos remete ao que compreendemos como princí- à apropriação/ produção de conhecimentos que funda-
pios. Princípios são ideais, aquilo que procuramos atingir mentam e operacionalizam o currículo, possibilitando
e expressam o que consideramos fundamental: conhe- encontrar respostas coletivas para problemas existentes
cimentos, crenças, valores, atitudes, relações, interações. no contexto social.
Dentro da perspectiva de Currículo Integrado, os prin-
cípios orientadores são: teoria e prática, interdisciplina- • Princípio da interdisciplinaridade e da contex-
ridade, contextualização, flexibilização. Esses princípios tualização
são centrais nos enfoques teóricos e práticas pedagógi-
cas no tratamento de conteúdos curriculares, em articu- A interdisciplinaridade e a contextualização são nu-
lação a múltiplos saberes que circulam no espaço social cleares para a efetivação de um currículo integrado. A
e escolar. interdisciplinaridade favorece a abordagem de um mes-
mo tema em diferentes disciplinas/componentes curri-
• Princípio da unicidade entre teoria e prática culares e, a partir da compreensão das partes que ligam
as diferentes áreas do conhecimento/componentes cur-
Na prática pedagógica criadora, crítica, reflexiva, teo- riculares, ultrapassa a fragmentação do conhecimento e
ria e prática juntas ganham novos significados. Ao reco- do pensamento. A contextualização dá sentido social e
nhecer a unidade indissociável entre teoria e prática, é político a conceitos próprios dos conhecimentos e pro-
importante, também, considerar que, quando são trata- cedimentos didáticopedagógicos, propiciando relação
das isoladamente, assumem caráter absoluto, tratando- entre dimensões do processo didático (ensinar, apren-
-se na verdade de uma fragilidade no seio de uma uni- der, pesquisar e avaliar).
dade indissociável. Vázquez (1977) afirma que, ao falar O professor que integra e contextualiza os conheci-
de unidade entre teoria e prática, é preciso considerar a mentos de forma contínua e sistemática contribui para
autonomia e a dependência de uma em relação à outra; o desenvolvimento de habilidades, atitudes, conceitos,
entretanto, essa posição da prática em relação à teoria ações importantes para o estudante em contato real com
não dissolve a teoria na prática nem a prática na teoria, os espaços sociais, profissionais e acadêmicos em que irá
tendo em vista que a teoria, com sua autonomia relativa intervir. A organização do processo de ensino-aprendiza-
é indispensável à constituição da práxis e assume como gem em uma situação próxima daquela na qual o conhe-
instrumento teórico uma função prática, pois “é a sua cimento será utilizado, facilita a compreensão e favorece
capacidade de modelar idealmente um processo futuro as aprendizagens dos estudantes.
que lhe permite ser um instrumento – às vezes decisivo – Destacamos que a determinação de uma temática,
na práxis produtiva ou social” (idem, p. 215). interdisciplinar ou integradora, deverá ser resultante de
59
Para garantir que a interdisciplinaridade se efetive em cimentos prévios dos estudantes, o professor torna pos-
sala de aula, necessário se faz que os professores dialo- sível a construção de novos saberes, ressignificando os
guem, rompendo com a solidão profissional característi- saberes científicos e os do senso comum. Nessa visão, os
ca das relações sociais e profissionais na modernidade. conhecimentos do senso comum são transformados com
Nas escolas públicas do DF, o diálogo necessário para base na ciência, com vistas a “[...] um senso comum escla-
que assumamos concepções e práticas interdisciplinares recido e uma ciência prudente [...], uma configuração do
tem local para acontecer: as coordenações pedagógicas, saber” (SANTOS, 1989, p. 41), que conduz à emancipação
espaços-tempos privilegiados de formação continuada, e à criatividade individual e social.
planejamento, discussão do currículo e organização do Ao promover a articulação entre os conhecimentos
trabalho pedagógico que contemplem a interdisciplina- científicos e os saberes dos estudantes, o professor con-
ridade como princípio. tribui para que partam de uma visão sincrética, caótica e
A seguir, um processo elaborado por Santomé pouco elaborada do conhecimento, reelaborando-a numa
(1998), que costuma estar presente em qualquer in- síntese qualitativamente superior (SAVIANI, 2008). Nessa
tervenção interdisciplinar: perspectiva, abrimos espaço para experiências, saberes,
a. Definição de um problema, tópico, questão. práticas dos sujeitos comuns que protagonizam e compar-
b. Determinação dos conhecimentos necessários, in- tilham com professores saberes e experiências construídas
clusive as áreas/disciplinas a serem consideradas. em espaços sociais diversos.
c. Desenvolvimento de um marco integrador e ques-
tões a serem pesquisadas. AVALIAÇÃO PARA AS APRENDIZAGENS: CONCEPÇÃO
d. Especificação de estudos ou pesquisas concretas FORMATIVA
que devem ser desenvolvidos.
e. Articulação de todos os conhecimentos existentes
e busca de novas informações para complementar. #FicaDica
f. Resolução de conflitos entre as diferentes áreas/dis-
ciplinas implicadas no processo, procurando traba- A avaliação é uma categoria do trabalho pe-
lhar em equipe. dagógico complexa, necessária e diz respei-
g. Construção de vínculos comunicacionais por meio to a questões tênues como o exercício do
de estratégias integradoras, como: encontros, gru- poder e a adoção de práticas que podem ser
pos de discussão, intercâmbios, etc. inclusivas ou de exclusão.
h. Discussão sobre as contribuições, identificando sua
relevância para o estudo.
i. Integração dos dados e informações obtidos indi-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
vidualmente para imprimir coerência e relevância. A Secretaria de Estado da Educação do Distrito Fede-
j. Ratificação ou não da solução ou resposta oferecida ral (SEEDF) compreende que a função formativa da ava-
ao problema levantado inicialmente. liação é a mais adequada ao projeto de educação públi-
k. Decisão sobre os caminhos a serem tomados na ca democrática e emancipatória. Compreende também
realização das atividades pedagógicas e sobre o que a função diagnóstica compõe a avaliação formativa,
trabalho em grupo. devendo ser comum aos demais níveis da avaliação. A
função formativa, independentemente do instrumento
• Princípio da Flexibilização ou procedimento utilizado, é realizada com a intenção
de incluir e manter todos aprendendo (HADJI, 2001). Esta
Em relação à seleção e organização dos conteúdos, função deve perpassar os níveis: da aprendizagem, insti-
este Currículo define uma base comum, mas garante cer- tucional (autoavaliação da escola) e de redes ou de larga
ta flexibilidade para que as escolas, considerando seus escala. Sua finalidade maior reside em auxiliar, ao invés
projetos político-pedagógicos e as especificidades locais de punir, expor ou humilhar os estudantes por meio da
e regionais, enriqueçam o trabalho com outros conheci- avaliação.
mentos igualmente relevantes para a formação intelec- A SEEDF adota o termo Avaliação para as aprendiza-
tual dos estudantes. gens (VILLAS BOAS, 2012) porque nos situa no campo da
A flexibilidade curricular dá abertura para a atualiza- educação com a intenção de avaliar para garantir algo e
ção e a diversificação de formas de produção dos conhe- não apenas para coletar dados sem comprometimento
cimentos e para o desenvolvimento da autonomia inte- com o processo. A avaliação da aprendizagem se susten-
lectual dos estudantes, para atender as novas demandas ta no paradigma positivista e, portanto, distancia-se do
de uma sociedade em mudança que requer a formação avaliado, buscando certa “neutralidade”. Enquanto isso,
de cidadãos críticos e criativos. Amplia, portanto, a pos- a Avaliação para as aprendizagens se compromete com
sibilidade de reduzir a rigidez curricular ao favorecer o o processo e não somente com o produto da avaliação.
diálogo entre os diferentes conhecimentos, de forma Embora os documentos oficiais da SEEDF e escolas ex-
aberta, flexível e coletiva, numa tentativa de romper as plicitem, do ponto de vista conceitual, a avaliação forma-
amarras impostas pela organização das grades curricula- tiva, ainda é comum o uso da função somativa, centraliza-
res repletas de pré-requisitos. da no produto, presente especialmente nos anos finais do
A flexibilidade do currículo é viabilizada pelas práti- ensino fundamental e no ensino médio. Geralmente neste
cas pedagógicas dos professores, articuladas ao projeto caso o rito e a práxis docente convergem para avaliar a
político-pedagógico da escola. Ao considerar os conhe- aprendizagem e não para a aprendizagem. A intenção
60
desta Secretaria é a de possibilitar, por meio de formação os quais o desenvolvimento de projetos interventivos,
continuada dos profissionais da educação, a modificação autoavaliação, feedback ou retorno, avaliação por pares
dessa ótica e dessas práticas. ou colegas, etc.
Geralmente, a concepção de avaliação baseada no É essencial que do planejamento e desenvolvimen-
modelo classificatório da aprendizagem do aluno gera to das práticas avaliativas participem a equipe gestora e
competição e estimula o individualismo na escola, pro- de apoio (SEAA, SOE, Sala de Recursos), coordenadores
duzindo entendimentos da educação como mérito, res- pedagógicos, professores, estudantes numa relação dia-
trita ao privilégio de poucos e inviabilizando a democra- lógica e recíproca.
tização do saber. Villas Boas (2012) adverte sobre o mito O Conselho de Classe, uma das mais relevantes ins-
de que o medo da reprovação é o que leva o aprendiz tâncias avaliativas da escola. Acontece ao final de cada
a estudar, quando na verdade os obriga a adentrar o bimestre, período ou quando a escola julgar necessário,
jogo avaliativo para alcançar notas ou pontos que nem com o objetivo de analisar de forma ética aspectos ati-
sempre desvelam aprendizagens. Um processo educa- nentes à aprendizagem dos estudantes: necessidades
cional que busca contribuir para a formação de sujeitos individuais, intervenções realizadas, avanços alcançados
autônomos não pode ser conduzido dessa forma, sob no processo ensino-aprendizagem, além de estratégias
pena de produzir um ensino voltado à preparação ex- pedagógicas adotadas, entre elas, projetos interventivos
clusiva para a realização de provas e exames. O mito da e reagrupamentos. Os registros do Conselho de Classe,
reprovação como garantia de melhor desempenho dos relatando progressos evidenciados e ações pedagógi-
estudantes é ainda reforçado pela tendência em acredi- cas necessárias para a continuidade das aprendizagens
tar que a não reprovação dispensa avaliações e camufla do estudante, devem ser detalhados e disponibilizados
a baixa qualidade do ensino. dentro da escola, especialmente de um ano para outro
Contrária a esses pressupostos, a progressão con- quando os docentes retomam o trabalho e precisam co-
tinuada das aprendizagens dos estudantes demanda nhecer os estudantes que agora estão, mais diretamente,
acompanhamento sistemático de seu desempenho por sob seus cuidados.
meio de avaliação realizada permanentemente. É esse Para acompanhar o processo de desenvolvimento
processo avaliativo formativo que viabiliza e conduz pro- dos estudantes, algumas práticas podem ser realizadas a
fessores e equipe pedagógica da escola a repensarem o partir do planejamento individual e ou coletivo dos pro-
trabalho desenvolvido, buscando caminhos que possibi- fessores:
litem sua melhoria em atendimento às necessidades de a. Análises reflexivas sobre evidências de aprendiza-
aprendizagem evidenciadas pelos estudantes. gens a partir de questionamentos como: o estu-
A progressão continuada consiste na construção de dante apresentou avanços, interesses, desenvolvi-
um processo educativo ininterrupto, capaz de incluir e mento nas diferentes áreas de conhecimento? As
61
tros no Diário de Classe e em outros instrumentos, Nesse cenário de mudanças, a educação como ele-
como por exemplo, o portfólio construído com mento de transformação social tem sido constantemen-
essa finalidade. Essa prática possibilita aos profes- te reorientada pelas correlações entre as capacidades
sores que lidam com um mesmo estudante ou gru- exigidas para o exercício da cidadania e para o trabalho
pos de estudantes, conhecê-los melhor para defi- produtivo, sendo esta, em primeira instância, a influência
nir estratégias conjuntas; sugerir novas atividades para as reformas educacionais oficiais que encaminham
e ou tarefas interdisciplinares. A observação como definições de política de educação no país e no mundo.
procedimento avaliativo permite localizar cada es- Como desdobramentos desse processo, a exclusão
tudante ou grupo de estudantes em seu momento proveniente da sociedade de consumo, a globalização
e trajetos percorridos, alterando o enfoque avalia- da pobreza, alienação do pensamento burguês, explo-
tivo e as “práticas de recuperação”, além das ativi- ração da força de trabalho, do indivíduo, dos recursos
dades desenvolvidas no Projeto Interventivo, Parte naturais, entre outros aspectos, são reproduzidas em cur-
Diversificada e Reagrupamentos. rículos escolares que se pautam no modelo fracionário e
conteudista, reflexo do pensamento da classe dominante
Para isso, a Secretaria de Estado da Educação do Dis- (SILVA; MALZOLINI, 2010).
trito Federal (SEEDF) apresenta as Diretrizes de Avaliação A educação escolar parece estar em descompasso em
Educacional (2014) que articulam os três níveis de avalia- relação à evolução tecnológica e social emergida de suas
ção educacional: avaliação em larga escala ou em redes próprias reflexões e ações, mantendo-se a reboque do
de ensino, realizada pelo Estado; avaliação institucional modelo de produção anterior do sistema capitalista, o
da escola, desenvolvida por ela mesma; e avaliação da taylorismo / fordismo. A educação está em descompas-
aprendizagem em sala de aula, sob a responsabilidade so em relação ao novo paradigma tecnológico, mas as
do professor. A perspectiva é de que esses três níveis in- exigências do novo paradigma produtivo colocam em
terajam entre si e possam contribuir efetivamente para a pauta, mais uma vez, a exemplo do padrão anterior, o
melhoria da qualidade da educação pública no DF. protagonismo da educação na formação da classe tra-
Além das Diretrizes, a SEEDF desenvolve sistema de balhadora para esse novo modelo de produção. Dife-
avaliação de rede. Os testes e demais instrumentos que rentemente do segundo grande ciclo de transformações
consubstanciado no modelo taylorista / fordista, a pro-
integrarão esse sistema próprio da SEEDF serão realiza-
dução flexível, relacionada ao paradigma atual, permite
dos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVA, por
a redução do tempo de produção e pode possibilitar a
meio de softwares que auxiliam na montagem de cur-
diversificação do produto.
sos e instrumentos de avaliação acessíveis pela Internet.
Nesse contexto, surge novamente o discurso de que
Distinta dos demais métodos e sistemas, esta tecnologia
a educação é um requisito essencial para conquistar uma
prevê a testagem em todas as áreas curriculares e não
vaga no mercado de trabalho ou manter-se empregado:
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
62
A organização escolar, caracterizada pela fragmenta- definir a função social da escola e de cada profissional
ção dos conteúdos e pela rigidez curricular, tem servido da educação. É desvelar as relações de poder que estão
de sustentáculo à reprodução das desigualdades sociais ocorrendo na escola e para além dela. Isso exige, entre
e dos conhecimentos e valores hegemônicos, contri- outros aspectos, a compreensão e o questionamento de
buindo para ajustar os sistemas educacionais à lógica do concepções que suportam a organização dos espaços
mercado e não da formação humana integral para a vida. tempos escolares; a explicitação de interesses que de-
Nesse modelo, os profissionais da educação são vistos finem as políticas educacionais; a compreensão do que
como peças importantes de uma engrenagem reproduto- seja método e as intenções que o sustentam (ANTONIO;
ra ao desempenharem a função de meros executores de GEHRKE e SAPELLI, 2008).
programas e projetos. O conhecimento é tratado como O currículo não é um instrumento neutro. Há nele,
mercadoria, o estudante como cliente e a escola como intrinsecamente, uma intencionalidade, ações pensadas
balcão de negócios, tudo isso voltado ao desenvolvimen- por agentes políticos e por ações pedagógicas e curricu-
to do “capital humano”. lares, com interesses próprios e que vão possibilitar sua
A ruptura com esse modelo desumanizador é, pois, materialização. Como não há currículo desvinculado dos
o grande desafio dos sistemas escolares do século XXI, conteúdos que o constituem, os conhecimentos teóricos
sendo o currículo escolar o instrumento que pode sina- historicamente produzidos pela humanidade e validados
lizar a mudança com essa forma tradicional de tratar do cientificamente precisam estar contemplados de forma
conhecimento. a favorecer a intervenção da comunidade escolar sobre
Nesse sentido, é preciso compreender que os conhe- sua própria realidade, na perspectiva da transformação e
cimentos escolares não se traduzem exclusivamente no do controle social.
conhecimento científico, mas também sofrem influências Nesse sentido, para além da explicitação de sua orien-
dos saberes populares, da experiência social, da cultura, tação epistemológica, o currículo da escola atual precisa
do lúdico, do saber pensar que constituem o conjunto considerar, entre outras questões, a mutabilidade do co-
de conhecimentos e que, no currículo tradicional, sofrem nhecimento, a historicidade da realidade, do momento
processos de descontextualização, recontextualização, histórico-social em que vivemos, os resultados que o co-
subordinação, transformação, avaliações e efeitos de re- nhecimento já alcançou em uma determinada área e a
lações de poder. perspectiva de projeto de sociedade que se tenha e que
A escola deixa de ser apenas lugar de aquisição de se queira ter (NASCIMENTO; PANOSSIAN, 2011).
habilidades, competências e conhecimentos para o exer- Compreendido como um instrumento histórico, po-
cício do trabalho, e torna-se espaço privilegiado de pro- lítico, pedagógico e cultural, o currículo não é, pois, um
dução de cultura, de valorização de saberes, práticas e elemento estático. Constituído por práticas sociais deter-
conteúdos que desenvolvam a consciência de classe. minadas pelo momento histórico e social, carrega, como
63
Assim, este Currículo de Educação Básica da Rede 2. (SEE-DF – Professor de Educação Básica – Superior
Pública de Ensino do Distrito Federal prevê que todos: – CESPE/2017) As pedagogias contra-hegemônicas cul-
governo federal, governo local, escolas, professores, ser- tivavam ideias homogêneas de fundamentação marxista
vidores, pais, estudantes, sociedade civil sejam agentes .
ativos do currículo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Este é um Currículo em Movimento que possui uma
acepção mais ampla da gestão democrática, com base no Resposta: Errado. Não se cultivam ideias homogêne-
regime de participação social efetiva e no controle social. as, mas tem fundamentação marxista
E por estar em movimento permanente de discussão, im-
plantação e avaliação é um convite a todos os envolvidos 3. (SEE-DF – Professor de Educação Básica – Superior
em sua implementação para discutir a função social da – CESPE/2017) Na relação professor/aluno, é frequente
escola, tentando romper com a concepção conservadora se confundir autoridade com autoritarismo, uma vez que
de ciência, currículo, conhecimento, questionando prá- tanto este quanto aquela são consequência natural do
ticas pedagógicas conservadoras, compreendendo que processo de acúmulo de conhecimento técnico pelo pro-
a educação é construção coletiva, portanto, direito ina- fessor e da preocupação deste com a evolução do aluno
lienável de todos e que cada geração impulsiona suas na construção do conhecimento.
mudanças, seus novos movimentos.
No Movimento do Currículo há muitos processos ( ) CERTO ( ) ERRADO
que vão além do sistema social e buscam ver na edu-
cação não só um aparelho ideológico de Estado, mas a Resposta: Errado. No autoritarismo não há preocu-
possibilidade de transformação, de construção de uma pação com a construção do conhecimento.
identidade, de convivência com a diversidade: diferentes
formas de ação curricular, diferentes movimentos educa-
tivos, diferentes jeitos e sujeitos de agir e pensar. OS TEMAS DA DIVERSIDADE E AS
O Movimento deste Currículo é político, pedagógico, MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
flexível, transformador, crítico, reflexivo, diverso, liberta-
dor de correntes, sejam ideológicas, científicas, filosófi-
cas... O movimento é vida, é verdade prenhe de realida- OS TEMAS DA DIVERSIDADE E AS MODALIDA-
de, é senso comum e ciência, é relação teoria e prática, é DES DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
elemento de poder. Poder como possibilidade de consti-
tuição da práxis transformadora da realidade social. DIVERSIDADE E CURRÍCULO
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
#FicaDica #FicaDica
É no Movimento que se constrói uma edu- No texto “Diversidade e Currículo”, de Nil-
cação que vai além do capital, uma educa- ma Lino Gomes, procurou-se discutir alguns
ção com o Estado e além dele, ou seja, uma questionamentos que estão colocados,
educação pública em que consigamos en- hoje, pelos educadores e educadoras nas
xergar e vislumbrar a participação conjunta escolas e nos encontros da categoria do-
do Estado e da Sociedade Civil. cente: que indagações a diversidade traz
para o currículo? Como a questão da di-
versidade tem sido pensada nos diferentes
espaços sociais, principalmente nos movi-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mentos sociais?
64
Como ler e trabalhar os textos? só passaram a ser percebidos dessa forma, porque nós,
seres humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura,
Na especificidade de cada coletivo, escola e sistema, assim os nomeamos e identificamos. Mapear o trato que
esses eixos poderão ser desdobrados, alguns serão mais já é dado à diversidade pode ser um ponto de partida
enfatizados. Outras indagações poderão ser acrescen- para novos equacionamentos da relação entre diversida-
tadas. Esse poderá ser um exercício dos coletivos. No de e currículo. A primeira constatação talvez seja que, de
conjunto de textos, prevalece um trato dialogal, aberto, fato, não é tarefa fácil para nós, educadores e educado-
buscando incentivar esse exercício de cultivar sensibili- ras, trabalharmos pedagogicamente com a diversidade.
dades teóricas e pedagógicas para identificar e ouvir as Mas não será essa afirmativa uma contradição? Como a
indagações que vêm das teorias e práticas e para apon- educação escolar pode se manter distante da diversidade
tar reorientações. Cada texto pode ser lido e trabalhado sendo que a mesma se faz presente no cotidiano escolar
separadamente e sem uma ordem sequenciada. Cada por meio da presença de professores/as e alunos/as dos
eixo tem seus significados. Entretanto, será fácil perce- mais diferentes pertencimentos étnico-raciais, idades e
ber que as indagações dos diversos textos se reforçam culturas? Esse desafio é enfrentado por todos nós que
e se ampliam. Na leitura do conjunto, será fácil perceber atuamos no campo da educação, sobretudo, o escolar.
que há indagações que são constantes, que fazem par- Ele atravessa todos os níveis de ensino desde a educação
te da dinâmica de nosso tempo. Um exercício coletivo básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino
poderá ser perceber essas indagações mais constantes e médio) até a educação superior incluindo a EJA, a Edu-
instigantes, ver como se articulam e se reforçam entre si. cação Profissional e a Educação Especial. Portanto, as re-
Perceber essas articulações será importante para tratar o flexões aqui realizadas aplicam-se aos profissionais que
currículo e as práticas educativas das escolas como um atuam em todos esses campos, os quais realizam práticas
todo e como propostas coesas de formação dos educan- curriculares variadas. Para avançarmos nessas questões,
dos e dos educadores. Captar o que há de mais articula- uma outra tarefa faz-se necessária: é preciso ter clare-
do no conjunto de indagações auxiliará a superar estilos za sobre a concepção de educação que nos orienta. Há
recortados e fragmentados de propostas curriculares, de uma relação estreita entre o olhar e o trato pedagógico
abordagens do conhecimento e dos processos de ensi- da diversidade e a concepção de educação que informa
no-aprendizagem. as práticas educativas. A educação de uma maneira ge-
ral é um processo constituinte da experiência humana,
Diversidade e currículo por isso se faz presente em toda e qualquer sociedade. A
escolarização, em específico, é um dos recortes do pro-
Que indagações o trato pedagógico da diversidade cesso educativo mais amplo. Durante toda a nossa vida
traz para o currículo? Como a questão da diversidade realizamos aprendizagens de naturezas mais diferentes.
65
uma relação estreita entre o olhar e o trato pedagógico - diversidade cultural e currículo;
da diversidade e a concepção de educação que informa - a luta política pelo direito à diversidade;
as práticas educativas. - diversidade e conhecimento;
Por isso, a presença da diversidade no acontecer - diversidade e ética;
humano nem sempre garante um trato positivo dessa - diversidade e organização dos tempos e espaços
diversidade. Os diferentes contextos históricos, sociais escolares.
e culturais, permeados por relações de poder e domi-
nação, são acompanhados de uma maneira tensa e, por Algumas considerações sobre a diversidade bioló-
vezes, ambígua de lidar com o diverso. Nessa tensão, a gica ou biodiversidade
diversidade pode ser tratada de maneira desigual e natu-
ralizada. Estamos diante de uma terceira tarefa. A relação A diversidade pode ser entendida em uma perspec-
existente entre educação e diversidade coloca-nos dian- tiva biológica e cultural. Portanto, o homem e a mulher
te do seguinte desafio: o que entendemos por diversi- participam desse processo enquanto espécie e sujeito
dade? Que diversidade pretendemos esteja contemplada sociocultural. Do ponto de vista biológico, a variedade de
no currículo das escolas e nas políticas de currículo? Para seres vivos e ambientes em conjunto é chamada de di-
responder a essas questões, fazem-se necessários alguns versidade biológica ou biodiversidade. Nessa concepção,
esclarecimentos e posicionamentos sobre o que en- entende-se que a natureza é formada por vários tipos de
tendemos por diversidade e currículo. Seria muito mais ambientes e cada um deles é ocupado por uma infinida-
simples dizer que o substantivo diversidade significa va- de de seres vivos diferentes que se adaptam ao mesmo.
riedade, diferença e multiplicidade. Mas essas três quali- Mesmo os animais e plantas pertencentes à mesma es-
dades não se constroem no vazio e nem se limitam a ser pécie apresentam diferenças entre si. Os seres humanos,
nomes abstratos. Elas se constroem no contexto social e, enquanto seres vivos, apresentam diversidade biológi-
sendo assim, a diversidade pode ser entendida como um ca, ou seja, mostram diferenças entre si. No entanto, ao
fenômeno que atravessa o tempo e o espaço e se torna longo do processo histórico e cultural e no contexto das
uma questão cada vez mais séria quanto mais complexas relações de poder estabelecidas entre os diferentes gru-
vão se tornando as sociedades. A diversidade faz parte pos humanos, algumas dessas variabilidades do gênero
do acontecer humano. De acordo com Elvira de Souza humano receberam leituras estereotipadas e preconcei-
Lima (2006, p.17), a diversidade é norma da espécie hu- tuosas, passaram a ser exploradas e tratadas de forma
mana: seres humanos são diversos em suas experiências desigual e discriminatória. Por isso, ao refletirmos sobre a
culturais, são únicos em suas personalidades e são tam- presença dos seres humanos no contexto da diversidade
bém diversos em suas formas de perceber o mundo. Se- biológica, devemos entender dois aspectos importantes:
res humanos apresentam, ainda, diversidade biológica. a) o ser humano enquanto parte da diversidade biológica
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Algumas dessas diversidades provocam impedimentos não pode ser entendido fora do contexto da diversidade
de natureza distinta no processo de desenvolvimento cultural; b) toda a discussão a que hoje assistimos sobre a
das pessoas (as comumente chamadas de “portadoras de preservação, conservação e uso sustentável da biodiver-
necessidades especiais”). Como toda forma de diversida- sidade não diz respeito somente ao uso que o homem faz
de é hoje recebida na escola, há a demanda óbvia, por do ambiente externo, mas, sobretudo, da relação deste
um currículo que atenda a essa universalidade. como um dos componentes dessa diversidade. Ou seja,
As discussões acima realizadas poderão ajudar a os problemas ambientais não são considerados graves
aprofundar as reflexões sobre a diversidade no coletivo porque afetam o planeta, entendido como algo externo,
de educadores, nos projetos pedagógicos e nas diferen- ... Os problemas ambientais não são considerados graves
tes Secretarias de Educação. Afinal, a relação entre cur- porque afetam o planeta, entendido como algo externo,
rículo e diversidade é muito mais complexa. O discurso, mas porque afetam a todos nós e colocam em risco a
a compreensão e o trato pedagógico da diversidade vão vida da espécie humana e a das demais espécies.
muito além da visão romântica do elogio à diferença ou Nos últimos anos, esses grupos vêm se organizando
da visão negativa que advoga que ao falarmos sobre a cada vez mais e passam a exigir das escolas e dos órgãos
diversidade corremos o risco de discriminar os ditos dife- responsáveis pelas elas o direito ao reconhecimento dos
rentes. Que concepções de diversidade permeiam as nos- seus saberes e sua incorporação aos currículos. Além dis-
sas práticas, os nossos currículos, a nossa relação com os so, passam a reivindicar dos governos o reconhecimento
alunos e suas famílias e as nossas relações profissionais? e posse das suas terras, assim como a redistribuição e a
Como enxergamos a diversidade enquanto cidadãos e ocupação responsável de terras improdutivas.3 A falta de
cidadãs nas nossas práticas cotidianas? Essas indagações controle e de conhecimento dos fatores de degradação
poderão orientar os nossos encontros pedagógicos, os ambiental, dos desequilíbrios ecológicos de qualquer
processos de formação em serviço desde a educação in- parte do sistema, da expansão das monoculturas, a não
fantil até o ensino médio e EJA. Elas já acompanham há efetivação de uma justa reforma agrária, entre outros
muito o campo da educação especial, porém, necessitam fatores, têm colaborado para a vulnerabilidade desses e
ser ampliadas e aprofundadas para compreendermos outros grupos. Tal situação afeta toda a espécie huma-
outras diferenças presentes na escola. É nessa perspec- na da qual fazemos parte. Coloca em risco a capacidade
tiva que privilegiaremos, neste texto, alguns aspectos de sustentabilidade proporcionada pela biodiversidade.
acerca da diversidade a fim de dar mais elementos às Dessa forma, os problemas ambientais, políticos, cultu-
nossas indagações sobre o currículo. São eles: rais e sociais estão intimamente embricados. De acordo
- diversidade biológica e currículo; com Shiva (2003), citado por Silvério (2006), o desenvolvi-
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mento só pode ser um desenvolvimento ecológico e so- Não podemos esquecer que essa sociedade é construí-
cialmente sustentável, orientado pela busca de políticas da em contextos históricos, socioeconômicos e políticos
e estratégias de desenvolvimento alternativo, para rom- tensos, marcados por processos de colonização e domi-
per com o bioimperialismo o qual impõe monoculturas. nação. Estamos, portanto, no terreno das desigualdades,
O desenvolvimento ecológico e socialmente sustentável das identidades e das diferenças. Trabalhar com a diver-
tem como orientação a construção da biodemocracia sidade na escola não é um apelo romântico do final do
com quem respeita/cultiva a biodiversidade. A discussão século XX e início do século XXI. Na realidade, a cobrança
acima suscita algumas reflexões: que indagações o deba- hoje feita em relação à forma como a escola lida com a
te sobre a diversidade biológica traz para os currículos? diversidade no seu cotidiano, no seu currículo, nas suas
A nossa abordagem em sala de aula e os nossos projetos práticas faz parte de uma história mais ampla. Tem a ver
pedagógicos sobre educação ambiental têm explorado a com as estratégias por meio das quais os grupos huma-
complexidade e os conflitos trazidos pela forma como a nos considerados diferentes passaram cada vez mais a
sociedade atual se relaciona com a diversidade biológi- destacar politicamente as suas singularidades, cobrando
ca? Como incorporar a discussão sobre a biodiversidade que as mesmas sejam tratadas de forma justa e igualitá-
nas propostas curriculares das escolas e das redes de en- ria, desmistificando a ideia de inferioridade que paira so-
sino? Um primeiro passo poderia ser a reflexão sobre a bre algumas dessas diferenças socialmente construídas
nossa postura diante desse debate enquanto educadores e exigindo que o elogio à diversidade seja mais do que
e educadoras e partícipes dessa mesma biodiversidade. um discurso sobre a variedade do gênero humano. Ora,
se a diversidade faz parte do acontecer humano, então a
A diversidade cultural: algumas reflexões escola, sobretudo a pública, é a instituição social na qual
as diferentes presenças se encontram. Então, como essa
O ser humano se constitui por meio de um processo instituição poderá omitir o debate sobre a diversidade? E
complexo: somos ao mesmo tempo semelhantes (en- como os currículos poderiam deixar de discuti-la? Mas o
quanto gênero humano) e muito diferentes (enquanto que entendemos por currículo? Segundo Antonio Flávio
forma de realização do humano ao longo da história e B. Moreira e Vera Maria Candau (2006, p.86) existem vá-
da cultura). Podemos dizer que o que nos torna mais se- rias concepções de currículo, as quais refletem variados
melhantes enquanto gênero humano é o fato de todos posicionamentos, compromissos e pontos de vista teóri-
apresentarmos diferenças: de gênero, raça/etnia, idades, cos. As discussões sobre currículo incorporam, com maior
culturas, experiências, entre outros. E mais: somos de- ou menor ênfase, debates sobre os conhecimentos esco-
safiados pela própria experiência humana a aprender a lares, os procedimentos pedagógicos, as relações sociais,
conviver com as diferenças. O nosso grande desafio está os valores e as identidades dos nossos alunos e alunas.
em desenvolver uma postura ética de não hierarquizar as Os autores se apoiam em Silva (1999), ao afirmarem que,
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corporificar narrativas particulares sobre o indivíduo e a fomos educados a ver e distinguir como diferença é, na
sociedade, participa As discussões sobre currículo incor- realidade, uma invenção humana que, ao longo do pro-
poram, com maior ou menor ênfase, debates sobre os cesso cultural e histórico, foi tomando forma e materiali-
conhecimentos escolares, os procedimentos pedagógi- dade. No processo histórico, sobretudo nos contextos de
cos, as relações sociais, os valores e as identidades dos colonização e dominação, os grupos humanos não pas-
nossos alunos e alunas. saram a hostilizar e dominar outros grupos simplesmen-
A produção do conhecimento, assim como sua se- te pelo fato de serem diferentes. Como nos diz Carlos
leção e legitimação, está transpassada pela diversidade. Rodrigues Brandão (1986, p.08) “por diversas vezes, os
Não se trata apenas de incluir a diversidade como um grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo
tema nos currículos. As reflexões do autor nos sugerem inimigo”. Por isso, a inserção da diversidade nos currícu-
que é preciso ter consciência, enquanto docentes, das los implica compreender as causas políticas, econômicas
marcas da diversidade presentes nas diferentes áreas do e sociais de fenômenos como etnocentrismo, racismo,
conhecimento e no currículo como um todo: ver a di- sexismo, homofobia e xenofobia. Falar sobre diversida-
versidade nos processos de produção e de seleção do de e diferença implica posicionar-se contra processos de
conhecimento escolar. O autor ainda adverte que as nar- colonização e dominação.
rativas contidas no currículo trazem embutidas noções É perceber como, nesses contextos, algumas
sobre quais grupos sociais podem representar a si e aos diferenças foram naturalizadas e inferiorizadas sendo,
outros e quais grupos sociais podem apenas ser repre- portanto, tratadas de forma desigual e discriminatória.
sentados ou até mesmo serem totalmente excluídos de É entender o impacto subjetivo destes processos na vida
qualquer representação. Elas, além disso, representam dos sujeitos sociais e no cotidiano da escola. É incorporar
os diferentes grupos sociais de forma diferente: enquan- no currículo, nos livros didáticos, no plano de aula, nos
to as formas de vida e a cultura de alguns grupos são projetos pedagógicos das escolas os saberes produzidos
valorizadas e instituídas como cânone, as de outros são pelas diversas áreas e ciências articulados com os saberes
desvalorizadas e proscritas. Assim, as narrativas do cur- produzidos pelos movimentos sociais e pela comunidade.
rículo contam histórias que fixam noções particulares de Há diversos conhecimentos produzidos pela humanidade
gênero, raça, classe – noções que acabam também nos que ainda estão ausentes nos currículos e na formação
fixando em posições muito particulares ao longo desses dos professores, como, por exemplo, o conhecimento
eixos (de autoridade). produzido pela comunidade negra ao longo da luta pela
A perspectiva de currículo acima citada poderá nos superação do racismo, o conhecimento produzido pelas
ajudar a questionar a noção hegemônica de conheci- mulheres no processo de luta pela igualdade de gênero,
mento que impera na escola, levando-nos a refletir sobre o conhecimento produzido pela juventude na vivência da
a tensa e complexa relação entre esta noção e os outros sua condição juvenil, entre outros. É urgente incorporar
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
saberes que fazem parte do processo cultural e histórico esses conhecimentos que versam sobre a produção
no qual estamos imersos. Podemos indagar que histórias histórica das diferenças e das desigualdades para superar
as narrativas do currículo têm contado sobre as relações tratos escolares românticos sobre a diversidade. Para
raciais, os movimentos do campo, o movimento indíge- tal, todos nós precisaremos passar por um processo de
na, o movimento das pessoas com deficiência, a luta dos reeducação do olhar. O reconhecimento e a realização
povos da floresta, as trajetórias dos jovens da periferia, dessa mudança do olhar sobre o Falar sobre diversidade
as vivências da infância (principalmente a popular) e a e diferença implica posicionar-se contra processos de
luta das mulheres? São narrativas que fixam os sujeitos colonização e dominação.
e os movimentos sociais em noções estereotipadas ou De acordo com Miguel Arroyo (2006) os educandos
realizam uma interpretação emancipatória dessas lutas nunca foram esquecidos nas propostas curriculares; a
e grupos sociais? Que grupos sociais têm o poder de se questão é com que tipo de olhar eles foram e são vistos.
representar e quais podem apenas ser representados nos Podemos ir além: com que olhar foram e são vistos os
currículos? Que grupos sociais e étnico/raciais têm sido educandos nas suas diversas identidades e diferenças?
historicamente representados de forma estereotipada e Será que ainda continuamos discursando sobre a diver-
distorcida? Diante das respostas a essas perguntas, só sidade, mas agindo, planejando, organizando o currículo
nos resta agir, sair do imobilismo e da inércia e cum- como se os alunos fossem um bloco homogêneo e um
prir a nossa função pedagógica diante da diversidade: corpo abstrato? Como se convivêssemos com um pro-
construir práticas pedagógicas que realmente expressem tótipo único de aluno? Como se a função da escola, do
a riqueza das identidades e da diversidade cultural pre- trabalho docente fosse conformar todos a esse protóti-
sente na escola e na sociedade. Dessa forma poderemos po único? Os educandos são os sujeitos centrais da ação
avançar na superação de concepções românticas sobre a educativa. E foram eles, articulados ou não em movimen-
diversidade cultural presentes nas várias práticas peda- tos sociais, que trouxeram a luta pelo direito à diversida-
gógicas e currículos. de como uma indagação ao campo do currículo. Esse é
um movimento que vai além do pedagógico.
A luta política pelo direito à diversidade Estamos, portanto, em um campo político. Cabe des-
tacar, aqui, o papel dos movimentos sociais e culturais
Como já foi dito, nem sempre a diversidade entendi- nas demandas em prol do respeito à diversidade no cur-
da como a construção histórica, social e cultural das dife- rículo. Tais movimentos indagam a sociedade como um
renças implica em um trato igualitário e democrático em todo e, enquanto sujeitos políticos, colocam em xeque
relação àqueles considerados diferentes. Muito do que a escola uniformizadora que tanto imperou em nosso
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sistema de ensino. Questionam os currículos, imprimem políticas curriculares? A resposta a essas questões
mudanças nos projetos pedagógicos, interferem na po- poderá nos ajudar a compreender o lugar ocupado
lítica educacional e na elaboração de leis educacionais pela diversidade cultural na educação escolar. Há uma
e diretrizes curriculares. De acordo com Valter Roberto nova sensibilidade nas escolas públicas, sobretudo, para
Silvério (2006, p.09), a entrada em cena, na segunda me- a diversidade e suas múltiplas dimensões na vida dos
tade do século XX, de movimentos sociais denominados sujeitos. Sensibilidade que vem se traduzindo em ações
identitários, provocou transformações significativas na pedagógicas de transformação do sistema educacional em
forma como a política pública educacional era concebida um sistema inclusivo, democrático e aberto à diversidade.
durante a primeira metade daquele século. Para este au-
tor, a demanda por reconhecimento é aquela a partir da Que indagações a diversidade traz aos currículos?
qual vários movimentos sociais que têm por fundamento
uma identidade cultural (negros, indígenas, homosse- E nas escolas, nos currículos e políticas educacionais,
xuais, entre outros) passam a reivindicar reconhecimento, como a diversidade se faz presente? Será que os mo-
quer seja pela ausência deste ou por um reconhecimento vimentos sociais conseguem indagar e incorporar mais
considerado inadequado de sua diferença. Os educandos a diversidade do que a própria escola e a política edu-
são os sujeitos centrais da ação educativa. E foram eles, cacional? Um bom exercício para perceber o caráter in-
articulados ou não em movimentos sociais, que trouxe- dagador da diversidade nos currículos seria analisar as
ram a luta pelo direito à diversidade como uma indaga- propostas e documentos oficiais com os quais lidamos
ção ao campo do currículo. cotidianamente. Certamente, iremos notar que a ques-
Ainda segundo Silvério (2006), um dos aprendizados tão da diversidade aparece, porém, não como um dos
trazidos pelo debate sobre o lugar da diversidade e da eixos centrais da orientação curricular, mas, sim, como
diferença cultural no Brasil contemporâneo é que a so- um tema. E mais: muitas vezes, a diversidade aparece so-
ciedade brasileira passa por um processo de (re)confi- mente como um tema que transversaliza o currículo en-
guração do pacto social a partir da insurgência de ato- tendida como pluralidade cultural. A diversidade é vista e
res sociais até então pouco visíveis na cena pública. Esse reduzida sob a ótica da cultura. É certo que a antropolo-
contexto coloca um conjunto de problemas e desafios gia, hoje, não trabalha mais com a ideia da existência de
à sociedade como um todo. No que diz respeito à edu- uma só cultura. As culturas são diversas e variadas.
cação, ou mais precisamente, à política educacional, um A escola e seu currículo não demonstram dificulda-
dos aspectos significativos desse novo cenário é a per- de de assumir que temos múltiplas culturas. Essa situa-
cepção de que a escola é um espaço de sociabilidade para ção possibilita o reconhecimento da cultura docente, do
onde convergem diferentes experiências socioculturais, as aluno e da comunidade, a presença da cultura escolar,
quais refletem diversas e divergentes formas de inserção mas não questiona o lugar que a diversidade de culturas
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Podemos dizer que houve avanço em relação à sen- nossos sentidos, da nossa visão de mundo, quanto mais
sibilidade para com a diversidade incorporada – mesmo o aprendizado do imperativo ético que esse processo
que de forma tímida – na Lei. Os movimentos sociais, a nos traz. Conviver com a diferença (e com os diferentes)
reflexão das ciências sociais, as políticas educacionais, os é construir relações que se pautem no respeito, na igual-
projetos das escolas expressam esse avanço com contor- dade social, na igualdade de oportunidades e no exercí-
nos e nuances diferentes. Esse movimento de mudança cio de uma prática e postura democráticas.
sugere a necessidade de aprofundar mais sobre a diver-
sidade nos currículos. Reconhecer não apenas a diver- Alguns aspectos específicos do currículo indaga-
sidade no seu aspecto regional e local, mas, sim, a sua dos pela diversidade.
presença enquanto construção histórica, cultural e social
que marca a trajetória humana. Rever o nosso paradigma Diversidade e conhecimento – A antropóloga Paula
curricular. Ainda estamos presos à divisão núcleo comum Meneses (2005), ao analisar o caso da universidade em
e parte diversificada presente na lei 5692/71. O peso da Moçambique e a produção de saberes realizada pelos
rigidez dessa lei marcou profundamente a organização e países que se encontram fora do eixo do Ocidente, traz
a estrutura das escolas. É dela que herdamos, sobretudo, algumas reflexões que podem nos ajudar a indagar a re-
a forma fragmentada de como o conhecimento escolar lação entre conhecimento e diversidade no Brasil. Essa
e o currículo ainda são tratados e a persistente associa- autora discute que o saber científico se impôs como
ção entre educação escolar e preparo para o mercado de forma dominante de conhecimento sobre os outros co-
trabalho. nhecimentos produzidos pelas diferentes sociedades e
Segundo Arroyo (2006), a visão reducionista dessa lei povos africanos. Nesse sentido, a discussão sobre a rela-
marcou as décadas de 1970 e 1980 como uma forma he- ção ou distinção entre conhecimento e saber - e que tem
gemônica de pensar e organizar o currículo e as escolas servido aos interesses dos grupos sócio raciais hegemô-
e ainda se faz presente e persistente na visão que muitas nicos - é colocada pela autora no contexto de um debate
escolas têm do seu papel social e na visão que docentes epistemológico e político. Nesse mesmo debate, pode-
e administradores têm de sua função profissional. Nes- mos localizar a dicotomia construída nos currículos entre
sa perspectiva curricular, a diversidade está presente na o saber considerado como “comum a todos” e o saber
entendido como “diverso”. Guardadas as devidas espe-
parte diversificada, a qual os educadores sabem que, hie-
cificidades históricas, sociais, culturais e geográficas que
rarquicamente, por mais que possamos negar, ocupa um
dizem respeito à realidade africana abordada pela autora
lugar menor do que o núcleo comum. E é neste último
acima citada, podemos notar uma situação semelhante
que encontramos os ditos conhecimentos historicamen-
quando refletimos sobre o lugar ocupado pelos saberes
te acumulados recontextualizados como conhecimento
construídos pelos movimentos sociais e pelos setores
escolar. Nessa concepção, as características regionais e
populares na escola brasileira. Não podemos afirmar que
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
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conhecimentos são aprendidos e apreendidos. Isso nos e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjetiva
impele, enquanto educadores a “(...) refletir sobre nos- e social a ética não é alheia ou indiferente às condições
sas ações cotidianas na escola, nossas práticas em sala históricas e políticas, econômicas e culturais da ação mo-
de aula, sobre a linguagem que utilizamos, sobre aquilo ral.
que prejulgamos ou outras situações do cotidiano”. A di- O reconhecimento do aluno e do professor como su-
versidade coloca em xeque os processos tradicionais de jeitos de direitos é também compreendê-los como sujei-
avaliação escolar. Nessa perspectiva, os movimentos so- tos éticos.
ciais conquanto sujeitos políticos podem ser vistos como Marilena Chauí (1998) ainda esclarece que embora
produtores de saber. Este nem sempre tem sido consi- toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade
derado enquanto tal pelo próprio campo educacional. O que a institui (universal porque os seus valores são obri-
não reconhecimento dos saberes e das práticas sociais gatórios para todos os seus membros), ela está em rela-
no currículo tem resultado no desperdício da experiência ção com o tempo e a história. Por isso se transforma para
social dos(as) educandos(as), dos(as) educadores(as) e da responder a exigências novas da sociedade e da cultura,
comunidade nas propostas educacionais (Santos, 2006). pois somos seres históricos e culturais e nossa ação se
... Certos saberes que não encontram um lugar definido desenrola no tempo. Um bom caminho para repensar as
nos currículos oficiais podem ser compreendidos como propostas curriculares para infância, adolescência, juven-
uma ausência ativa e, muitas vezes, intencionalmente tude e vida adulta poderá ser uma orientação que tenha
produzida. como foco os sujeitos da educação. A grande questão
A consideração destes e de outros saberes trará no- é: como o conhecimento escolar poderá contribuir para
vos elementos não só para as análises dos movimentos o pleno desenvolvimento humano dos sujeitos? Não se
sociais e seus processos de produção do conhecimento trata de negar a importância do conhecimento escolar,
como também para a discussão sobre a reorientação cur- mas de abolir o equívoco histórico da escola e da educa-
ricular. A luta travada em torno da educação do campo, ção de ter como foco prioritariamente os “conteúdos” e
indígena, do negro, das comunidades remanescentes de não os sujeitos do processo educativo. Discutir a diversi-
quilombos, das pessoas com deficiência tem desenca- dade no campo da ética significa rever posturas, valores,
deado mudanças na legislação e na política educacio- representações e preconceitos que permeiam a relação
nal, revisão de propostas curriculares e dos processos estabelecida com os alunos, a comunidade e demais
de formação de professores. Também tem indagado a profissionais da escola. Segundo Amauri Carlos Ferreira
relação entre conhecimento escolar e o conhecimento (2006), a ética é referência para que a escolha do sujeito
produzido pelos movimentos sociais. Ainda inspirados seja aceita como um princípio geral que respeite e prote-
em Boaventura de Sousa Santos (2006), podemos dizer ja o ser humano no mundo. Nesse sentido, o ethos, como
que a relação entre currículo e conhecimento nos convi- costume, articula-se às escolhas que o sujeito faz ao lon-
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A construção do olhar sobre as pessoas com defi- É preciso também compreender os dilemas e
ciências ultrapassa as características biológicas. Não será conflitos entre as perspectivas clínicas e pedagógicas
suficiente incluir as crianças com deficiência na escola re- que acompanham a história da Educação Especial. E
gular comum se também não realizarmos um processo mais: compreender as discussões e práticas em torno
de reeducação do olhar e das práticas a fim de superar dessa diferença como mais um desafio na garantia do
os estereótipos que pairam sobre esses sujeitos, suas direito à educação e conhecer as várias experiências
histórias, suas potencialidades e vivências. A construção educacionais inclusivas que vêm sendo realizadas em
histórica e cultural da deficiência (ou necessidade espe- diferentes estados e municípios. Estas experiências
cial, como ainda nomeiam alguns fóruns), enquanto uma têm revelado a eficiência e os benefícios da educação
diferença que se faz presente nos mais diversos grupos inclusiva não só para os alunos com deficiência, mas para
humanos, é permeada de diversas leituras e interpreta- a escola com um todo. A educação dos negros é um outro
ções. Muitas delas estão alicerçadas em preconceitos e campo político e pedagógico que nos ajuda a avançar na
discriminações denunciados historicamente por aque- relação entre ética e diversidade e traz mais indagações
les(as) que atuam no campo da Educação Especial e pelos ao currículo. Como a escola lida com a cultura negra e
movimentos sociais que lutam pela garantia dos direitos com as demandas do Movimento Negro? Garantir uma
desses sujeitos. Como todo processo de luta pelo direito educação de qualidade para todos significa, também,
à diferença, esse também é tenso, marcado por limites e a nossa inserção na luta anti-racista? Colocamos a
avanços. É nesse campo complexo que se encontram as discussão sobre a questão racial no currículo no campo
propostas de educação inclusiva. Na última década hou- da ética ou a entendemos como uma reivindicação dos
ve vários avanços nas políticas de inclusão. Propostas de ditos “diferentes” que só deverá ser feita pelas escolas
educação inclusiva acontecem nas redes de educação e nas quais o público atendido é de maioria negra? Afinal,
nas escolas. São políticas e propostas orientadas por con- alunos brancos e índios precisam saber mais sobre a cul-
cepções mais democráticas de educação. O debate tor- tura negra, o racismo, a desigualdade racial? De forma
na-se necessário não apenas no âmbito das propostas, semelhante podemos indagar: e os alunos brancos, ne-
mas também no âmbito das concepções de diferença, de gros e quilombolas precisam saber mais sobre os povos
deficiência e de inclusão. A inclusão de toda diversidade indígenas? Como faremos para articular todas essas di-
e, especificamente, das pessoas com deficiência indaga mensões? Precisaremos de um currículo específico que
a escola, os currículos, a sua organização, os rituais de atenda a cada diferença? Ou essas discussões podem e
enturmação, os processos de avaliação e todo o proces- devem ser incluídas no currículo de uma maneira geral?
so ensino- aprendizagem. Indaga, sobretudo, a cultura Caminhando na mesma perspectiva de Boaventura
escolar não imune à construção histórica, cultural e social Sousa Santos (2006), podemos dizer que a resposta a
da diversidade e das diferenças. As práticas significati- essas questões passa por uma ruptura política e episte-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
vas de educação inclusiva se propõem a desconstruir o mológica. Do ponto de vista político, estamos desafiados
imaginário negativo sobre as diferenças, construído no a reinventar novas práticas pedagógicas e curriculares e
contexto das desigualdades sociais, das práticas discri- abrir um novo horizonte de possibilidades cartografado
minatórias e da lenta implementação da igualdade de por alternativas radicais às que deixaram de o ser. E epis-
oportunidades em nossa sociedade. Os teóricos que in- temológico na medida em que realizarmos uma crítica à
vestigam a inclusão de crianças com deficiência na escola racionalidade ocidental, entendida como uma forma de
regular comum possuem opiniões diversas sobre o tema pensar que se tornou totalizante e hegemônica, e propu-
e o indagam Propostas de educação inclusiva acontecem sermos novos rumos para sua superação a fim de alcan-
nas redes de educação e nas escolas. São políticas e pro- çarmos uma transformação social. Isso nos leva a indagar
postas orientadas por concepções mais democráticas de em que medida os currículos escolares expressam uma
educação. visão restrita de conhecimento, ignorando e até mesmo
Carlos Skliar (2004) questiona: a escola regular tende desprezando outros conhecimentos, valores, interpre-
a produzir mecanismos educativos dentro de um mar- tações da realidade, de mundo, de sociedade e de ser
co de diversidade cultural? Ao refletir sobre a estrutura humano acumulados pelos coletivos diversos. Entenden-
rígida que ainda impera nas escolas, a sua organização do que a questão racial permeia toda a história social,
temporal, sobre o fenômeno da repetência, a exclusão cultural e política brasileira e que afeta a todos nós, in-
sistemática, a discriminação com relação às variações dependentemente do nosso pertencimento étnico-racial,
linguísticas, raciais, étnicas etc, o autor conclui que esse o movimento negro brasileiro tem feito reivindicações e
processo ainda não se concretizou. Podemos dizer que construído práticas pedagógicas alternativas, a fim de in-
ele ainda está em construção, com maior ou menor am- troduzir essa discussão nos currículos. Ricas experiências
plitude, dependendo do contexto político-pedagógico, têm sido desenvolvidas em vários estados e municípios,
do alcance das políticas e práticas de educação inclusiva, com apoio ou não das universidades e secretarias esta-
da forma como as diferenças são vistas no interior das duais e municipais.
escolas e da organização escolar. Nesse sentido, o de- No entanto, no início do terceiro milênio, o movimen-
bate sobre a inclusão de crianças com deficiência revela to negro passou a adotar uma postura mais propositi-
que não basta apenas a inclusão física dessas crianças na va, realizando intervenções sistemáticas no interior do
escola. Há também a necessidade de uma mudança de Estado. Dessas novas iniciativas, alguns avanços foram
lógica, da postura pedagógica, da organização da escola conseguidos. Um deles é a criação da Secretaria Especial
(seus tempos e espaços) e do currículo escolar para que de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
a educação inclusiva cumpra o seu objetivo educativo. Esta secretaria, de abrangência nacional, é responsável
72
por várias ações voltadas para a igualdade racial em jovens e adultos trabalhadores da EJA etc? Os currículos
conjunto com outros ministérios, secretarias estaduais e incorporam uma organização espacial e temporal do co-
municipais, universidades, movimentos sociais e ONG’s. nhecimento e dos processos de ensino- aprendizagem.
Além da SEPPIR, foi constituída no interior da Secreta- A rigidez e a naturalização da organização dos tempos
ria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversida- e espaços escolares entram em conflito com a diversi-
de (SECAD), a Coordenadoria de Diversidade e Inclusão dade de vivências dos tempos e espaços dos alunos e
Educacional que tem realizado publicações, conferências das alunas. Segundo Arroyo (2004a), a escola é também
e produção de material didático voltado para a temática. uma organização temporal. Por isso, o currículo pode ser
Nessa nova forma de intervenção do Movimento Negro visto como um ordenamento temporal do conhecimento
e de intelectuais comprometidos com a luta antirracista, e dos processos de ensinar e aprender. A organização
as escolas de educação básica estão desafiadas a imple- escolar é ainda bastante rígida, segmentada e a rigidez
mentar a lei de nº 10.639/03. Esta lei torna obrigatória e a naturalização da organização dos tempos e espaços
a inclusão do ensino da História da África e da Cultura escolares entram em conflito com a diversidade de vi-
Afro-Brasileira nos currículos dos estabelecimentos de vências dos tempos e espaços dos alunos e das alunas.
ensino públicos e particulares da educação básica. Trata- Como equacionar essas tensões? Que tipo de orga-
-se de uma alteração da lei nº 9394/96, Lei de Diretrizes nização escolar e que ordenamento temporal dos cur-
e Bases da Educação Nacional, na qual foram incluídos rículos e dos processos de ensinar-aprender serão os
mais três artigos, os quais versam sobre essa obrigatorie- mais adequados para garantir a permanência e o direito
dade. Ela também acrescenta que o dia 20 de novembro à educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos
(considerado dia da morte de Zumbi) deverá ser incluído submetidos a tempos da vida tão precários? Serão os(as)
no calendário escolar como dia nacional da consciência educandos(as) que terão que se adequar aos tempos rí-
negra, tal como já é comemorado pelo movimento negro gidos da escola ou estes terão que ser repensados em
e por alguns setores da sociedade. função das diversas vivências e controle dos tempos
A partir desta lei, o Conselho Nacional de Educação dos(as) educandos(as)? Propostas de escolas e de redes
aprovou a resolução 01 de 17 de março de 2004, que de ensino vêm tentando minorar essas tensões tomando
institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- como critério o respeito à diversidade de vivências do
ção das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de His- tempo dos(as) alunos(as) e da comunidade. Nesse ponto
tória e Cultura Afro-Brasileira. Nesse sentido, as escolas tão nuclear, a diversidade indaga os currículos e as esco-
da educação básica poderão se orientar a partir de um las: repensar seu ordenamento temporal como exigência
documento que discute detalhadamente o teor da lei, da garantia do direito de todos(as) à educação.
apresentando sugestões de trabalho e de práticas peda- As pesquisas educacionais mostram que a rigidez des-
gógicas. Os Movimentos do Campo também têm conse- se ordenamento é uma das causas do abandono escolar
73
transmissão, avaliação, reprovação, repetência. Enten- construir uma nova forma de organização dos tempos
der a lógica institucionalizada do tempo escolar que se teremos que superar a ideia de um tempo linear, orga-
impõe sobre os/as alunos/as e professores(as) é funda- nizado em etapas em ascensão, calcado na ideia de um
mental para compreender muitos problemas crônicos da percurso único para todos e da produtividade. É preciso
educação escolar. É ainda este autor que nos diz que a pensar o tempo como processo, como construção histó-
compreensão das nuances e dos dilemas da construção rica e cultural.
do tempo da escola poderá nos ajudar a corrigir os pro- A articulação entre currículo, tempos e espaços es-
blemas de evasão, reprovação e repetência que atingem, colares pressupõe uma nova estrutura de escola que se
sobretudo, os setores populares e os exclui da instituição articula em torno de uma concepção mais ampla de edu-
escolar. Assim como o tempo, o espaço da escola tam- cação, entendida como pleno desenvolvimento dos(as)
bém não é neutro e precisa passar por um processo de educandos (as). Só assim os(as) alunos(as) serão realmen-
desnaturalização. O espaço escolar exprime uma deter- te considerados como o eixo da ação pedagógica e da
minada concepção e interpretação de sujeito social. Po- realização de toda e qualquer proposta de currículo. Des-
demos dizer que a escola enquanto instituição social se sa forma, os conteúdos escolares, a distribuição dos tem-
realiza, ao mesmo tempo, como um espaço físico espe- pos e espaços estarão interligados a um objetivo central:
cífico e também sociocultural. No que concerne ao espa- a formação e vivência sociocultural próprias das diferen-
ço físico da escola, é importante refletir que ele exprime tes temporalidades da vida – infância, pré- adolescência,
uma determinada concepção e interpretação de sujeito adolescência, juventude e vida adulta. Em consequência,
social. Como será a organização dos nossos espaços es- o tempo escolar poderá ser organizado de maneiras di-
colares? Será que o espaço da escola é pensado e ressig- versas, como, por exemplo, em fluxos mais flexíveis, mais
nificado no sentido de garantir o desenvolvimento de um longos e mais atentos às múltiplas dimensões da for-
senso de liberdade, de criatividade e de experimentação? mação dos sujeitos. Além disso, os critérios do que seja
Será que a forma como organizamos o espaço possibilita precedente, do que seja reprovável/aprovável, fracasso/
ao aluno e à aluna interagir com o ambiente, arranjar sua sucesso serão redefinidos a fim de garantir aos alunos
e às alunas o direito a uma educação que respeite a di-
sala de aula, alterá-la esteticamente, movimentar-se com
versidade cultural e os sujeitos nas suas temporalidades
tranquilidade e autonomia? Ou o espaço entra como
humanas. Nesse processo, os instrumentos tradicionais
um elemento de condicionamento e redução cultural de
da avaliação escolar e a própria concepção de avaliação
nossas crianças, adolescentes e jovens?
que ainda imperam na escola também serão indagados.
Enquanto espaço sociocultural, a escola participa dos
A avaliação poderá ser realizada de forma mais coletiva
processos de socialização e possibilita a construção de
e com o objetivo de acompanhamento do processo de
redes de sociabilidade a partir da inter-relação entre as
construção do conhecimento dos(as) aluno(as) nas suas
experiências escolares e aquelas que construímos em ou- múltiplas dimensões humanas e não como instrumento
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
tros espaços sociais, tais como a vida familiar, o trabalho, punitivo ou como forma de “medir o desempenho esco-
os movimentos sociais e organizações da sociedade civil lar”. A avaliação poderá ser realizada de forma mais cole-
e as manifestações culturais. Pensar o espaço da escola tiva e com o objetivo de acompanhamento do processo
é considerar que o mesmo será ocupado, apropriado e de construção do conhecimento dos(as) aluno(as) nas
alterado por sujeitos sociais concretos: crianças, adoles- suas múltiplas dimensões humanas e não como instru-
centes, jovens e adultos. Esses mesmos sujeitos, no de- mento punitivo ou como forma de “medir o desempenho
correr das suas temporalidades humanas, interagem com escolar”.
o espaço e com o tempo de forma diferenciada. Será que Finalizando, é importante considerar que o questio-
essa tem sido uma preocupação da educação escolar? namento às lógicas e práticas cristalizadas e endureci-
Será que ao pensarmos a gestão da escola consideramos das de organização dos tempos/ espaços escolares faz
a organização dos espaços escolares como uma questão parte das lutas e conquistas da categoria docente que,
relevante? Será que exploramos o conteúdo histórico e historicamente, vem apontando para a necessidade de
político imerso na arquitetura escolar? O espaço esco- uma redefinição e organização da escola a qual inclui,
lar exprime uma determinada concepção e interpretação também, a denúncia aos tempos mal remunerados, auto-
de sujeito social. Podemos dizer que a escola enquanto ritários, extenuantes e alienantes. Portanto, no tempo da
instituição social se realiza, ao mesmo tempo, como um escola estão em jogo direitos dos profissionais da educa-
espaço físico específico e também sociocultural. ção, dos pais, mães e dos alunos e alunas. O movimento
Compreender a percepção e utilização do espaço pe- dos(as) trabalhadores(as) da educação e os movimentos
las crianças, adolescentes, jovens e adultos é um desafio sociais vêm lutando por maior controle e alargamento do
para os(as) educadores(as) e uma questão a ser pensada tempo de escola, assim como os(as) jovens e adultos(as)
quando reivindicamos uma escola democrática e um cur- trabalhadores(as) lutam por adequar o tempo rígido do
rículo que contemple a diversidade. A construção de uma trabalho a um tempo mais flexível de educação. Parafra-
escola democrática implica em repensar as estruturas e seando Boaventura de Sousa Santos, ao discutir a relação
o funcionamento dos sistemas de ensino como um todo, entre diversidade e organização dos tempos e espaços
como, por exemplo, reorganizar o coletivo dos(as) pro- escolares, podemos dizer que estamos diante de ques-
fessores(as), criar tempos mais democráticos de forma- tões fortes que indagam o currículo das nossas escolas
ção docente e dos alunos, alterar a lógica e a utilização e por isso exigem respostas igualmente fortes e ágeis.
do espaço escolar e garantir uma justa remuneração aos Conclui-se, que a diversidade é muito mais do que o
educadores e educadoras. Ao discutirmos sobre o espa- conjunto das diferenças. Ao entrarmos nesse campo, es-
ço, fatalmente, o tempo escolar será questionado. Para tamos lidando com a construção histórica, social e cultu-
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ral das diferenças a qual está ligada às relações de poder, tos que permeiam o tema. Por isso, aqui e ali será neces-
aos processos de colonização e dominação. Portanto, ao sário recorrermos a eles, com o intuito de esclarecer essa
falarmos sobre a diversidade (biológica e cultural) não questão de tão grande importância para a sua formação.
podemos desconsiderar a construção das identidades, o Legislação é o conjunto de leis que regula certa maté-
contexto das desigualdades e das lutas sociais. A diver- ria. Assim, legislação educacional é o conjunto de diplo-
sidade indaga o currículo, a escola, as suas lógicas, a sua mas legais que tratam da Educação.
organização espacial e temporal. No entanto, é impor- De modo geral, a disciplina Estrutura e Funcionamen-
tante destacar que as indagações aqui apresentadas e to da Educação Básica, ora em desenvolvimento, visa
discutidas não são produtos de uma discussão interna propiciar as condições para que você compreenda esse
à escola. São frutos da inter-relação entre escola, socie- sistema, reconheça-o como um elemento de reflexão so-
dade e cultura e, mais precisamente, da relação entre bre a realidade educacional brasileira e se sinta estimula-
escola e movimentos sociais. Assumir a diversidade é do a acompanhar as medidas que alteram o sistema, pois
posicionar-se contra as diversas formas de dominação, isso altera o pano de fundo do seu futuro profissional.
exclusão e discriminação. É entender a educação como Aqui, você tomará conhecimento da evolução histó-
um direito social e o respeito à diversidade no interior de rica da educação brasileira, aprenderá a conceituar pala-
um campo político. Muito trabalho temos pela frente! No vras-chave para a sua formação, como “sistema” e “siste-
entanto, várias iniciativas significativas vêm sendo reali- ma escolar”, conhecerá alguns dos motivos que levaram
zadas. Algumas delas são frutos de práticas educativas à atual estrutura administrativa e didática do sistema,
transgressoras realizadas pelos docentes em movimento, entre outros aspectos relevantes.
pelos profissionais de várias Secretarias Estaduais e Mu-
nicipais de educação e por gestores(as) das escolas que Legislação – Noções Básicas
entendem que o direito à educação será realmente pleno
à medida em que também seja assegurado aos sujeitos Legislação é a “parte da ciência do Direito que se ocu-
que participam desse processo o direito à diferença. pa especialmente do estudo dos atos legislativos”. É tam-
bém “o conjunto das leis que regulam particularmente
Referência: certa matéria”. Legislação educacional pode ser definida,
Indagações sobre currículo: diversidade e currículo / portanto, como o conjunto de diplomas legais e docu-
[Nilma Lino Gomes]; organização do documento Jeane- mentos correlatos que regulam a educação.
te Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Legislar é atribuição do Poder Público, principalmente
Nascimento. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria do Poder Legislativo. Num regime democrático, inclusive,
de Educação Básica, 2007. é indelegável a outro poder.
Legislação é o conjunto de leis que regula certa ma-
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- Promulgação – trata-se da autenticação da regula- de fatores como classe socioeconômica, sexo, etnia, local
ridade da lei e a ordem para a sua execução. É um de residência etc. Tais fatores estão diretamente ligados,
ato do poder executivo, pelo qual a lei adquire for- inclusive, ao tipo de rede escolar a ser frequentado, seja
ça obrigatória. pública ou particular.
- Publicação - divulgação da lei em Diário Oficial para Pode-se afirmar que, a partir de um certo momento
que se torne conhecida por todos. da história (o advento da república), o discurso político
- Veto - prerrogativa do chefe do Poder Executivo, ou que insistia sobre a função homogeneizadora e iguali-
seja, sua manifestação contrária à conversão do tária da escola, que fabrica cidadãos iguais, foi-se esva-
projeto de lei em lei. Pode ser em parte ou na sua ziando progressivamente de sua substância. Passamos
totalidade. O veto provoca um novo exame da lei a vivenciar uma heterogeneidade provocada pela atual
no legislativo, onde pode ser rejeitado por voto da fragmentação da estrutura do sistema escolar brasileiro
maioria dos legisladores. em várias redes, reproduzindo e acentuando as desigual-
dades sociais e comprometendo o desenvolvimento eco-
Evidentemente esse é um processo demorado, afinal, nômico e social do país.
quanto mais importante for o assunto, a tendência é de Como cada rede se dirige a consumidores diferentes,
que mais acalorados sejam os debates políticos sobre a a estrutura do sistema deixa de ser de livre mercado con-
lei, pois, nesse processo, agentes sociais de interesses di- correncial e passa a acentuar, cada vez mais, disparida-
ferentes discutem um assunto de interesse comum até des sociais que se refletem em estatísticas educacionais
chegarem a um texto final. muito diferenciadas.
A atual estrutura da educação básica é o reflexo de
Classificação e hierarquia das leis um histórico de acontecimentos cujas raízes remontam
ao descobrimento do país. Por isso, na sequência, serão
- Classificação apontados os principais fatos históricos do processo que
Quanto à classificação, há uma relação direta entre geraram a atual estrutura:
os diferentes níveis de poder, que podem ser assim sin-
A partir do Descobrimento e até a Independência,
tetizados:
o Brasil foi uma colônia de Portugal. Desse modo, não
- Leis federais – as mais importantes.
dispunha de uma constituição própria. Nesse período,
- Leis estaduais – podem complementar as federais,
dentre os principais fatos relacionados à educação que
sem contrariá-las.
ocorreram, destacam-se:
- Leis municipais – podem complementar as estadu-
1549 – chegada dos jesuítas ao Brasil – período mar-
ais, sem contrariá-las.
cado pela educação para a catequese e a instrução dos
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
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1854 – Reforma Couto Ferraz - estruturou a instrução 1937 – segunda Constituição outorgada por Vargas
primária elementar gratuita, garantida na Constituição, – apesar de restringir liberdades individuais, dedicou al-
em dois níveis; guns dispositivos à educação, dentre os quais se desta-
1878 – Reforma Leôncio de Carvalho - consagrou o cam: a substituição do conceito de educação como “di-
regime de exames parcelados no ensino médio. Em 1889 reito de todos” pelo de educação como “dever e direito
foi proclamada a república. A partir de então, gradativa- natural dos pais”, atribuindo à família a responsabilidade
mente a educação passou a crescer em importância no primeira pela educação integral da prole e, ao Estado,
cenário político e social do país. A seguir, são apresen- o dever de colaborar com a execução desta responsa-
tados os principais fatos ocorridos entre esse momento bilidade, suprindo as deficiências e lacunas da educação
histórico e a promulgação da atual Constituição da Repú- particular; dedicou atenção à infância e à juventude, ao
blica Federativa do Brasil, em 1988: dispor sobre a garantia da assistência física, moral e inte-
1889 – Proclamação da República – o advento do lectual, a ser-lhes prestada pelos responsáveis e, na falta
novo regime, num primeiro momento, não trouxe signi- destes, pelo Estado; a garantia de educação de crianças
ficativas alterações para a instrução pública. e adolescentes carentes em estabelecimentos federais,
1891 – promulgação da primeira Constituição da Re- estaduais e municipais; a destinação do ensino público
pública Brasileira - a nova Constituição pouco modificou pré-vocacional e profissional aos menos favorecidos e
a partilha de atribuições entre o governo central e os go- o ensino particular acadêmico às classes privilegiadas; a
vernos locais. Mesmo assim, concedeu competência ao obrigatoriedade da educação física, do ensino cívico e
Congresso Nacional para legislar sobre o ensino superior dos trabalhos manuais em todas as escolas primárias e
e estabeleceu ensino leigo, a ser ministrado nos estabe- médias, como requisito para a sua autorização e reco-
lecimentos públicos; nhecimento; estabelecimento de gratuidade e obrigato-
1924 – criação da Associação Brasileira de Educação riedade do ensino primário; instituição, para os mais ri-
– ABE – essa agremiação passou a reunir elementos de cos, de uma contribuição “módica e mensal” para o caixa
todo o país na discussão de uma política nacional de escolar; estabelecimento da laicidade do ensino ministra-
do nas escolas primárias e médias. Esta Constituição omi-
educação;
tiu-se, no entanto, quanto à aplicação de recursos públi-
1930 – fim da chamada “República Velha”: Getúlio
cos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino;
Vargas no poder – Getúlio pôs fim ao sistema oligárquico
1942 – Reforma Gustavo Capanema – por meio dela,
e esvaziou o regionalismo, além de redefinir o papel do
surgiram o “ginásio” e o “colégio”. Dentro do colégio, hou-
Estado a partir de uma ação mais intervencionista em to-
ve uma subdivisão em dois cursos: o clássico e o científico.
dos os setores da vida nacional, sobretudo na educação;
1946 – promulgação da Constituição Pós “Ditadura
1931 – criação do Ministério da Educação e Saúde Pú-
Vargas” - em 1945, após a queda da Ditadura Vargas,
blica e do Conselho Nacional de Educação. Ainda nesse
77
1964 – implantação da Ditadura Militar – a partir dela, Primeira LDB – Lei Federal nº 4.024, de 20 de de-
passou a ocorrer uma progressiva centralização política zembro de 1961
e administrativa, na contramarcha do processo de des-
centralização estabelecido pela LDB. Criou-se o Ministé- Esta primeira LDB foi considerada uma lei completa,
rio do Planejamento, que passou a liderar o processo de pois estabelecia diretrizes e bases para toda a educação
planejamento da educação; nacional, ou seja, para todos os níveis de ensino, desde
1967 – promulgação da Constituição – com a mudan- a pré-escola até o ensino superior. Foi apresentada ao
ça imposta pelo regime militar, esperavam-se grandes Congresso Nacional em 1948 e somente aprovada 13
mudanças na Constituição, mas foram mantidos os prin- anos depois, após várias discussões entre os setores in-
cipais dispositivos sobre a educação consagrados pela teressados da sociedade.
Constituição de 1946, com exceção feita ao dispositivo Seus títulos tratavam de questões educacionais am-
que trata da aplicação de recursos públicos no ensino. plas, como:
Merecem destaque: a ampliação das possibilidades da - os fins da educação;
iniciativa privada, em relação ao desenvolvimento do en- - o direito à educação;
sino, garantindo amparo técnico e financeiro do poder - a liberdade do ensino;
público, inclusive através de bolsas de estudos; o esta- - os deveres do Estado para com a educação;
belecimento da faixa etária de obrigatoriedade escolar
primária, entre os sete e os quatorze anos; Estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino:
1968 – Promulgação da Lei nº 5.540, que organizou e - Cursos
normatizou o ensino superior; - Primário – obrigatório e gratuito nas escolas públi-
1969 – promulgação da Emenda Constitucional nº cas, com duração de quatro anos.
1 – esse diploma legal não trouxe, no que se refere à - Ginásio – não obrigatório e gratuito nas escolas pú-
educação, grandes novidades. Os principais destaques blicas, com duração de quatro anos. Em razão do
são os seguintes: acréscimo da expressão “é dever do número insuficiente de vagas, havia a necessidade
Estado” ao dispositivo que trata do “direito de todos à de realização de “exames de admissão”.
educação”, o que passou a garantir este direito; a extin- - Colegial – Subdividido em “clássico” e “científico”,
ção da liberdade de cátedra, restringindo a liberdade de não era obrigatório, mas era gratuito nas escolas
comunicação de conhecimentos; a omissão sobre a apli- públicas, com duração de três anos.
cação de recursos tributários ao ensino; a instituição do - Superior – não obrigatório e gratuito nas escolas
salário-educação; públicas.
1971 – promulgação da Segunda LDB brasileira (Lei
nº 5692) – no cerne da ditadura militar, essa lei apresen- Segunda LDB – Lei Federal nº 5.692, de 11 de
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
78
- mínimo de dias letivos e carga horária anual dos O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio”
cursos; tramitou no Congresso Nacional e recebeu 1.263 emen-
- normas para o financiamento desses níveis de en- das até sua primeira votação na Comissão de Educação
sino; do Congresso, cujo relator era o então Deputado Federal
- normas para a formação de docentes. Jorge Hage, em junho de 1990.
O projeto de lei continuou a ser discutido durante
Essa lei estabeleceu a seguinte estrutura para o en- todo o governo Collor / Itamar, agora com novo con-
sino: gresso que havia sido reformulado em 1.990. Nesse pe-
- Ensino de 1º Grau – obrigatório e gratuito nas esco- ríodo, o Senador Darcy Ribeiro colocou em discussão o
las públicas, com duração de oito anos; seu primeiro projeto sobre o assunto em maio de 1.992,
- Ensino de 2º Grau – não obrigatório, mas gratuito o qual foi aprovado na Câmara dos Deputados em maio
nas escolas públicas, com duração de 3 a 4 anos e de 1.993, tendo como relatora da Comissão a Deputada
obrigatoriamente profissionalizante; Federal Ângela Amin. No senado, foi alvo de um Parecer
do Senador Cid Saboia em novembro de 1.994, poster-
A obrigatoriedade da profissionalização do Ensino de gando sua aprovação.
2º Grau foi abolida em 1982, já que fora um completo No Governo F.H.C., em fevereiro de 1.996, o projeto
fracasso, devido à falta de condições e de recursos ne- de lei do Senador Darcy Ribeiro foi aprovado no Senado,
cessários, por parte da maioria das escolas. tendo ele mesmo como relator, e na Câmara dos Depu-
Essa lei, conhecida como “colcha de retalhos”, esteve tados em dezembro de 1.996, tendo como relator o De-
em vigor até 1.996, quando foi aprovada uma nova LDB, putado Federal Jorge Hage. O projeto recebeu a sanção
em vigor até os dias de hoje. presidencial sem vetos e foi publicado no Diário Oficial
da União em 20 de dezembro de 1.996, passando a vigo-
Terceira LDB – Lei Federal nº 9.394 de 20 de de- rar na forma de lei.
zembro de 1.996
Títulos
Trata-se da lei atualmente vigente, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional e norteia a estru- Na sequência serão abordados os principais aspectos
tura e o funcionamento da educação no país em todos os de cada título, no que concerne à sua formação e atua-
níveis, da Educação Infantil ao Ensino Superior. ção profissional. Ressalta-se que é do seu maior interesse
De modo geral, a estrutura do ensino apresenta a se- a leitura atenta do conteúdo completo da lei, de modo
guinte configuração: a propiciar a reflexão adequada. Aqui, serão apenas cita-
- Educação Básica, compreendendo: dos os principais aspectos e, eventualmente, alguns de-
- Educação Infantil – gratuita na escola pública, não
79
Título II VI- A gratuidade do ensino público em estabelecimen-
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional tos oficiais, expressa a preocupação social da univer-
salização da oferta de oportunidades educacionais,
Define os seguintes princípios: apesar da limitação da capacidade de atendimento
- igualdade de condições para acesso e permanência das escolas públicas, devido à escassez dos recursos
na escola; orçamentários destinados à educação.
- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar VII- A valorização dos profissionais da educação se
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; faz urgente na atualidade brasileira. Não se pode ter
- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; qualidade de ensino sem se dispor de professores qua-
- respeito à liberdade e apreço à tolerância; lificados. A qualificação docente diz respeito tanto à
- coexistência de instituições públicas e privadas de sua maior titulação, quanto à sua melhor remunera-
ensino; ção.
- gratuidade do ensino público em estabelecimentos VIII- A gestão democrática visa à participação da co-
oficiais; munidade escolar – professores, funcionários, alunos,
- valorização do profissional da educação escolar; pais ou membros da comunidade - no governo da es-
- gestão democrática do ensino público; cola. Só se aplica obrigatoriamente às escolas públi-
- garantia de padrão de qualidade; cas, por definição constitucional (artigo 206, inciso VI
- valorização da experiência extraescolar; da Constituição Federal).
- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as IX- A garantia do padrão de qualidade do ensino su-
práticas sociais. põe a formulação desse padrão pelos sistemas de en-
sino. O padrão de qualidade deve conquistar patama-
E as seguintes finalidades: res cada vez mais altos de qualificação pelas escolas.
- pleno desenvolvimento do educando; • preparação X- A valorização da experiência extraescolar, não ape-
para o exercício da cidadania; nas para permitir matrícula inicial dos alunos em sé-
- qualificação para o trabalho. ries mais avançadas do processo de escolaridade, ou
para eliminar matérias equivalentes do currículo, ou
O artigo 2º caracteriza a educação como dever da fa- ainda para a certificação de equivalência com séries e
mília e do Estado. Na verdade, mais que dever, ela é uma cursos, sobretudo no campo das habilitações profissio-
função da família e do Estado, que dela não se podem nais, é um princípio flexibilizador da ação educativa.
alienar. Esse artigo trata de três assuntos ao mesmo tem- XI- Já comentado no artigo 1º § 2º da mesma Lei.
po (dever de educar, princípios inspiradores da educação
e fins da educação). Título III
O artigo 3º arrola os princípios que devem presidir a Do Direito à Educação e do Dever de Educar
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
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assume o ônus de manter gratuitamente as escolas de - prestar assistência técnica e financeira aos Estados,
ensino fundamental de qualidade desejável, de modo a Distrito Federal e Municípios para o desenvolvi-
assegurar matrícula a todas as crianças em idade escolar, mento de seus sistemas de ensino e o atendimento
e àquelas que não puderam estudar na idade própria. prioritário à escolaridade obrigatória;
Para que melhor se cumpra este dever, estados e municí- - estabelecer competências e diretrizes curriculares
pios, com a assistência da União, deverão recensear pe- para assegurar a formação básica comum;
riodicamente a população em idade escolar, bem como - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
jovens e adultos que não estudaram na idade própria, avaliar, respectivamente, os cursos das instituições
fazer-lhes a chamada pública por ocasião da matrícula de Educação Superior e os estabelecimentos do
e atuar junto a pais e responsáveis para que os encami- seu sistema de ensino.
nhem à escola.
O Ensino Médio, que sucede ao Fundamental, ainda - Estados
apresenta insuficiência de oferta de vagas nas escolas - Sistema estadual, que compreende:
públicas. A lei fala em progressiva extensão da obrigato- - escolas estaduais;
riedade desse ensino, tendo em vista que os países mais - escolas municipais de Educação Superior;
avançados mantêm escolaridade obrigatória de mais de - escolas particulares de Ensino Fundamental e mé-
doze anos. Como toda obrigatoriedade passa a implicar dio;
gratuidade, há que se estendê-la progressivamente e - órgãos estaduais de educação.
sem prejuízo de que o ensino fundamental venha a ser - Incumbências:
plenamente satisfeito em sua demanda. - assegurar o Ensino Fundamental e oferecer com
O atendimento especializado aos educandos com ne- prioridade o ensino médio;
cessidades especiais se fará não só gratuitamente, como - assegurar a formação dos profissionais da educa-
também na escola comum. Somente nos casos extremos ção;
é que se justificaria a oferta de vagas em escolas espe- - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
ciais. O texto legal privilegia o atendimento em classes avaliar os cursos das instituições de Educação Su-
comuns de alunos e não trata de casos clínicos. perior e os estabelecimentos do seu sistema de
As creches e pré-escolas mantidas pelo Poder Públi- ensino;
co atenderão crianças de zero a cinco anos de idade, de
modo inteiramente gratuito, embora não se trate de ní- - Municípios
vel obrigatório. - Sistema municipal, que compreende:
O ensino noturno deverá ser ofertado pelo Poder Pú- - escolas municipais de Educação Básica; — escolas
blico, e sua estrutura e funcionamento devem sempre le- particulares de Educação Infantil; — órgãos muni-
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De acordo com suas peculiaridades, os sistemas de - Ensino Médio – como etapa final da educação bá-
ensino definirão as normas da gestão democrática do sica, com duração mínima de 3 anos. Apresenta as
ensino público, conforme os princípios de participação: seguintes finalidades:
- dos profissionais da educação na elaboração do - consolidação e aprofundamento dos conhecimen-
projeto pedagógico da escola; tos adquiridos;
- das comunidades (escolar e local) em conselhos es- - preparação básica para o trabalho e para a cidada-
colares ou equivalentes. nia, para continuar aprendendo;
- aprimoramento do educando como pessoa humana,
Título V incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e En- autonomia intelectual e do pensamento crítico;
sino - compreensão dos fundamentos científico-tecno-
lógicos dos processos produtivos, relacionando a
A educação escolar se divide em: teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
- Educação Superior: Envolvem cursos sequenciais
por campo do saber, de graduação, extensão e O currículo do Ensino Médio observará as seguintes
pós-graduação. diretrizes:
- Educação Básica, subdividida em: - destacará a educação tecnológica básica, a compre-
- Educação Infantil – como primeira etapa da Edu- ensão do significado da ciência, das letras e das
cação Básica, tem como finalidade o desenvolvi- artes; o processo histórico de transformação da
mento integral da criança até seis anos de idade, sociedade e da cultura; a língua portuguesa como
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e instrumento de comunicação, acesso ao conheci-
social, complementando a ação da família e da co- mento e exercício da cidadania;
munidade. Será oferecida em: - adotará metodologias de ensino e de avaliação que
- pré-escola para crianças de 4 a 5 anos. Nessa etapa estimulem a iniciativa dos estudantes;
não há obrigatoriedade de cumprir a carga horá- - incluirá uma língua estrangeira moderna, como dis-
ria mínima anual de 800 horas distribuídas nos 200 ciplina obrigatória, escolhida pela comunidade es-
dias letivos, como não há também avaliação com colar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro
objetivo de promoção. A avaliação na educação das disponibilidades da instituição;
infantil destina-se ao acompanhamento e registro - incluirá a filosofia e a sociologia como disciplinas
do desenvolvimento da criança. obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
- Ensino Fundamental: Como segunda etapa da edu- Ao término do Ensino Médio, o aluno deve de-
cação básica, com duração de 9 anos, obrigatório e monstrar: - domínio dos princípios científicos e
gratuito na escola pública iniciando-se aos 6 anos tecnológicos que presidem a produção moderna;
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
de idade, tem como objetivo a formação básica do - conhecimento das formas contemporâneas de
cidadão, mediante: linguagem;
- o desenvolvimento da capacidade de aprender, pelo - domínio dos conhecimentos de filosofia e sociolo-
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; gia, necessários ao exercício da cidadania.
- a compreensão do ambiente natural e social, do sis-
tema político, da tecnologia, das artes e dos valo- Deve também prestar o Exame Nacional do Ensino
res em que se fundamenta a sociedade; Médio – ENEM e participar de processos seletivos para
- o desenvolvimento da capacidade de aprendiza- evoluir ao Ensino Superior.
gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos O nível médio de ensino comporta diferentes concep-
e habilidades e a formação de atitudes e valores; ções: uma concepção propedêutica destina-se a preparar
- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços os alunos para o prosseguimento dos estudos no curso
de solidariedade humana e de tolerância recíproca superior; para a concepção técnica, no entanto, esse nível
em que se assenta a vida social. de ensino prepara a mão de obra; na compreensão hu-
manística e cidadã, o Ensino Médio é entendido no sen-
O Ensino Fundamental é ministrado em língua por- tido mais amplo, que não se esgota nem na dimensão da
tuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utili- universidade, nem na do trabalho, mas compreende as
zação de suas línguas maternas e processos próprios de duas – que constroem e reconstroem pela ação humana,
aprendizagem. pela produção cultural do homem cidadão – de forma
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrada e dinâmica.
integrante da formação básica do cidadão e constitui Essa concepção está expressa em alguns documentos
disciplina dos horários normais das escolas públicas de oficiais sobre as competências e habilidades específicas
Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversida- esperadas do aluno deste nível de ensino. De acordo
de cultural religiosa. Cabe aos sistemas de ensino definir com as Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas pela
os conteúdos do ensino religioso, ouvida a entidade civil, Resolução nº 3, de 26 de junho de 1998, a base nacional
constituída pelas diferentes denominações religiosas. comum dos currículos do Ensino Médio será organizada
A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá em áreas de conhecimento, a saber:
pelo menos 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, a) linguagens, códigos e suas tecnologias;
sendo progressivamente ampliado o período de perma- b) ciências da natureza, matemática e suas tecnolo-
nência na escola para o tempo integral, a critério dos sis- gias;
temas de ensino. c) ciências humanas e suas tecnologias.
82
Os princípios pedagógicos que estruturam os currícu- - Técnico – visa à habilitação profissional. É estudado
los do Ensino Médio são: identidade, diversidade, auto- em módulos, é regido por diretrizes curriculares
nomia, interdisciplinaridade e contextualização. nacionais, sendo que 70% das disciplinas com-
Identidade: supõe o reconhecimento das escolas que põem um currículo básico e 30% das disciplinas
oferecem esse nível de ensino, como instituições de en- são escolhidas pela escola. Ao final, o aluno recebe
sino de adolescentes, jovens e adultos, respeitadas suas um “diploma técnico”.
condições e necessidades de espaço e tempo de apren- - Tecnológico – áreas especializadas voltadas a alunos
dizagem. formados em Ensino Médio ou Técnico. Ao final, o
Diversidade e autonomia: referem-se à diversificação aluno recebe um “diploma de tecnólogo”.
de programas e tipos de estudos disponíveis, estimulan-
do alternativas, de acordo com as características do alu- Ressalta-se que a Educação Básica envolve, também,
nado e das demandas do meio social. a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial.
Interdisciplinaridade: relaciona-se ao princípio de que A Educação de Jovens e Adultos é destinada para
todo conhecimento mantém diálogo permanente com educar aqueles que não tiveram, na idade própria, aces-
outros conhecimentos. so ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e
Contextualização: significa que a cultura escolar deve Médio. Preferencialmente deverá articular-se com a Edu-
permitir a aplicação do conhecimento às situações da cação Profissional.
vida cotidiana dos alunos, de forma que relacione teoria Haverá exames para a conclusão do Ensino Funda-
e prática, vida de trabalho e exercício da cidadania. mental e Médio, exigindo, no mínimo, 15 e 18 anos res-
A LDB estabelece que o Ensino Médio poderá prepa- pectivamente. Também os conhecimentos e habilidades
rar o aluno para o exercício de profissões técnicas, desde adquiridos por meios informais poderão ser aferidos e
que atendida a sua formação geral. Essa preparação para reconhecidos, mediante exames.
o trabalho e a habilitação profissional poderá ser desen- A Educação Especial é a modalidade de educação
volvida nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ou em cooperação com instituições especializadas em ensino, para alunos portadores de necessidades espe-
educação profissional. Essa educação profissional técnica ciais, com início na faixa etária de zero a seis anos. Quan-
será desenvolvida ou articulada com o Ensino Médio ou do não for possível a integração dos alunos nas classes
subsequente a ele, em cursos específicos, observados os comuns de ensino regular, o atendimento educacional
objetivos e definições contidas nas diretrizes curriculares será feito em classes, escolas ou serviços especializados.
nacionais, as normas complementares dos respectivos Quando necessário, haverá serviços de apoio especiali-
sistemas de ensino e as exigências de cada instituição zado, na escola regular, para atender às peculiaridades
de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. Os dessa clientela.
83
Deve-se organizar em séries anuais ou semestrais, - planejamento;
ciclos, grupos por idade ou competência, conforme in- - inspeção;
teresse do processo de aprendizagem. A escola poderá - supervisão;
reclassificar os alunos, inclusive quando tratar de trans- - orientação.
ferência, tendo como base as normas curriculares gerais.
O calendário escolar deve ser adequado às peculiari- A formação de docentes para atuar na Educação Bá-
dades locais, inclusive climáticas e econômicas, da região sica será feita em nível superior, em curso de licenciatura,
onde a escola se insere, a critério do respectivo sistema de graduação plena, em universidades e institutos supe-
de ensino. riores de educação, admitida, como formação mínima
Nos níveis Fundamental e Médio, a carga mínima para exercício do magistério na Educação Infantil e nas
anual será de oitocentas horas, distribuídas por um míni- quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a ofere-
mo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluin- cida na modalidade Normal. (Decreto nº 3276/99-regu-
do-se o tempo reservado aos exames finais. lamentação).
O currículo deve ser composto por uma base nacional A formação de profissionais de educação para admi-
comum, mais uma parte diversificada, de acordo com as nistração, planejamento, inspeção, supervisão e orien-
características regionais e locais da sociedade, da cultura, tação educacional para a Educação Básica será feita em
da economia e da clientela. Obrigatoriamente os currí- cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
culos devem abranger o estudo de: língua portuguesa, -graduação, a critério da instituição de ensino.
matemática, conhecimento do mundo físico e natural, A formação docente, exceto para a Educação Supe-
conhecimento da realidade social e política, arte, edu- rior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas
cação física (facultativa nos cursos noturnos) e língua es- horas.
trangeira moderna. A preparação para o exercício do magistério superior
O ensino da arte constituirá componente curricular será feita em nível de pós-graduação, prioritariamente
obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de em programas de mestrado e doutorado.
forma a promover o desenvolvimento cultural dos alu- Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos
nos. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não profissionais da educação, assegurando-lhes:
exclusivo do ensino da arte. - ingresso exclusivamente por concurso público de
A educação física, integrada à proposta pedagógica provas e títulos;
da escola, é componente curricular obrigatório da Edu- - aperfeiçoamento profissional continuado;
cação Básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: que - piso salarial profissional;
cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis ho- - progressão funcional baseada na titulação ou habi-
ras; maior de trinta anos; que estiver prestando serviço litação, e na avaliação do desempenho;
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
84
Título VIII saiam livremente, já não seria um sistema, por não con-
Das Disposições Gerais seguir manter um mínimo de organização, sendo assim,
o sistema aberto sempre dispõe de um subsistema de
Assuntos de âmbito geral são tratados nesse título. fronteira, que lhe permite selecionar os inputs e outputs.
Dentre eles, destacam-se: (RODRIGUES, 2008)
- Estabelecimento de programas intensivos de ensino Em geral, o sistema está contido dentro de um siste-
e pesquisa para oferta de educação escolar bilín- ma mais amplo, que pode ser chamado de seu “super-
gue e intercultural aos povos indígenas. sistema”. Por outro lado, ele é constituído de partes que
- Incentivo ao desenvolvimento e a veiculação de pro- também são sistemas de menor magnitude e podem ser
gramas de ensino à distância em todos os níveis e chamados de subsistemas.
modalidades de ensino, e de educação continuada. A estrutura sistêmica exige, para seu bom funciona-
- Permissão de organização de cursos ou instituições mento, um conjunto de regras orientadoras, normatiza-
de ensino experimentais. doras da vida em sociedade. Isso significa dizer que a
- Aproveitamento dos discentes da educação supe- base de sustentação do supersistema ou macrossistema
rior em tarefas de ensino e pesquisa pelas respec- vem traduzida na Constituição Federal. Nessa mesma li-
tivas instituições, exercendo funções de monitoria, nha de compreensão focamos a educação em sua com-
de acordo com o seu rendimento e seu plano de posição formal (escola), e apresentamos como base de
estudos. sustentação normativa a LDBEN.
Aqui são tratadas as disposições provisórias, ou seja, Sistema educacional: é o mais amplo de todos os sis-
por tempo definido. É instituída a “década da educação” temas, pois abrange processos de ensinar e de aprender
entre dezembro de 1.996 e dezembro de 2.006. Nesse que tem raiz na família, na escola, nos partidos políticos,
período, por exemplo, as instituições escolares devem na mídia, nas relações interpessoais, nas associações em
aproveitar o período de transição estabelecido para ade- geral. O sistema educacional, portanto, vincula-se à edu-
quarem-se às novas regras estabelecidas na Lei 9394/96. cação formal, informal e não formal.
O sistema educacional formal é aquele construído
O Sistema Escolar Brasileiro dentro da instituição socialmente reconhecida como
escola. O processo ensino-aprendizagem traduzido por
A estrutura e o funcionamento da educação no Brasil este sistema é obrigatoriamente sistematizado, ou seja,
85
Sistema escolar: diz respeito a uma rede de escolas e - Estrutura propriamente dita – constituída por uma
sua estrutura de sustentação. rede de unidades escolares em seus vários níveis
O sistema escolar brasileiro é um sistema aberto, pois e modalidades, que se dedica à atividade fim do
se insere num supersistema mais amplo (a sociedade) e sistema. Possui uma estrutura didática com duas
possui subsistemas de fronteira que selecionam os ele- dimensões:
mentos que entram e saem do sistema. Como exemplo, - vertical – diferentes níveis de ensino (Educação Bá-
podem ser citados os vestibulares e os exames finais, no sica e Ensino Superior);
caso do Ensino Superior. - horizontal – diferentes modalidades de ensino (Edu-
A sociedade insere no sistema escolar alguns elemen- cação de Jovens e adultos, Educação Profissional,
tos, dentre os quais se destacam: Educação Especial, Educação à Distância, etc.).
- objetivos – expressam os anseios e as tradições da - Estrutura de sustentação – refere-se à estrutura ad-
sociedade; ministrativa e normativa que sustenta o sistema e
- conteúdo cultural – extraído da história e do desen- compreende:
volvimento tecnológico social, gera os currículos e - elementos não materiais – normas, diplomas legais,
programas; metodologia de ensino, currículos programas, etc.;
- recursos humanos – devem atender às exigências - entidades mantenedoras – Poder Público, entidades
do subsistema de fronteira “seleção de pessoal”; particulares, autarquias;
- recursos financeiros – enormes orçamentos públicos - administração – Ministério da Educação, Conselho
e particulares, que tendem a crescer cada vez mais; Nacional de Educação, conselhos estaduais e mu-
- alunos – há uma pressão constante, exercida pela nicipais de educação, secretarias de educação etc.
população, para novas oportunidades educacio-
nais, o que gera o gigantismo do sistema; Essa estrutura representada pela esfera administrativa
do ensino e pela esfera normativa tem vinculação com as
No sistema, esses elementos são trabalhados durante diferentes estruturas de poder, ou seja: Poder Federal, Es-
anos e saem preparados para cumprir seu novo papel tadual e Municipal. Na esfera federal temos o Ministério
social. Assim, após esse período, o sistema escolar de- da Educação (MEC), como órgão máximo da administra-
volve à sociedade elementos que propiciam entre outras ção do ensino brasileiro, cabendo-lhe formular e avaliar
coisas: a política nacional e zelar pela qualidade do ensino. Esse
- melhoria do nível cultural da população – os alunos, órgão se comunica diretamente com o Conselho Nacio-
quando saem do sistema, assumem novos valores, nal de Educação (CNE), o qual possui atribuições norma-
novas aspirações e interesses; tivas, deliberativas e de assessoramento ao MEC.
- aperfeiçoamento individual – se, do ponto de vista No nível estadual, no polo administrativo, temos a
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
coletivo, a sociedade vai se aprimorando, o mesmo Secretaria Estadual de Educação (SEE), a qual possui, no
ocorre do ponto de vista individual, com a reinser- estado, competência no que se refere à administração,
ção na sociedade de pessoas com uma visão mais coordenação e supervisão das políticas educacionais na
ampla do mundo e de tudo o que a cerca; sua esfera. No polo normativo estadual temos o Conse-
- formação de recursos humanos – qualificação para lho Estadual de Educação (CEE), órgão consultivo, deli-
o mercado de trabalho, que gera crescimento eco- berativo e fiscalizador do sistema estadual de educação.
nômico; No nível municipal, temos a Secretaria Municipal de
- resultados de pesquisas – no Brasil, a maioria das Educação (SME), como órgão executivo da administração
pesquisas é realizada dentro de universidades, ou do ensino. Como órgão normativo municipal temos o
seja, dentro do sistema escolar, e seus resultados Conselho Municipal de Educação (CME), com competên-
são devolvidos à sociedade. cia para orientar normativamente toda a rede municipal
de ensino.
Outro aspecto relevante é a discussão sobre a termi- Vários fatores contribuem para que esse conjunto de
nologia correta a se adotar. elementos seja reconhecido como um sistema: ele pre-
“Sistema de ensino” é o termo que possui mais adep- valece sobre todo o território nacional, está a serviço da
tos no Brasil, além de ser a expressão consagrada na LDB, cultura e da sociedade brasileira, baseado numa mesma
porém, para que correspondesse à realidade, teria que língua, segue uma legislação comum, apresenta uma ar-
abranger, além das escolas, professores particulares, ca- ticulação entre os níveis e modalidades de ensino etc. No
tequistas, entre outros. O termo “sistema educacional”, entanto, algumas dificuldades ainda debilitam a noção,
por sua vez, é amplo demais, chegando a confundir-se pois ela necessariamente deveria incorporar a noção de
com a própria sociedade. Assim, parece-nos mais cor- ordem.
reto utilizar o termo “sistema escolar”, pois reflete mais Ainda há um longo caminho a ser percorrido para se
a realidade do que ele representa, ou seja, uma rede de atingir uma condição ideal de funcionamento do siste-
escolas e a sua estrutura de sustentação. ma. Isto requereria, por exemplo:
- quantidade suficiente de recursos financeiros;
Estrutura do sistema escolar brasileiro - pessoal devidamente qualificado e em número ade-
quado;
De modo geral, a estrutura do sistema escolar brasi- - atendimento de 100% da clientela, sem falta nem
leiro apresenta: sobra;
- atualização constante de currículos e programas;
86
- pessoal docente com qualificação adequada às atri-
buições; DOCUMENTOS MUNICIPAIS DE POLÍTICA:
- bons índices de desempenho dos estudantes; EDUCAÇÃO ESPECIAL, ED. INTEGRAL E
- ausência de evasão e de repetência; PROTAGONISMO ESTUDANTIL.
- formação de profissionais em número adequado às
necessidades sociais;
- capacitação suficiente para cada indivíduo expres- POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
sar-se por escrito e oralmente com fluência e ele-
gância; 1.APRESENTAÇÃO
- orientação individual para o exercício de uma vida
plena com o emprego dos próprios recursos.
#FicaDica
Ainda estamos muito longe desse patamar, em de-
corrência de erros acumulados no passado, falta de visão Este documento apresenta a Política de Edu-
adequada e de planejamento. O desafio é grande e o cação Especial numa Perspectiva Inclusiva
país conta com todos na preparação de uma sociedade na Rede de Ensino de Vitória, Espírito Santo.
melhor, com base numa educação forte. Este é o estímu- Adota, como princípios, o reconhecimento
lo que você deve ter, ao ingressar na carreira docente. da diferença como característica inerente
ao ser humano e o desejo de constituição
Referência: de uma sociedade democrática comprome-
SILVA, W. S. da. Estrutura e Funcionamento da Edu- tida com a afirmação dos direitos sociais.
cação Básica.
*Texto adaptado de SILVA, W. S. da.
A Política tem como objetivo orientar o processo de
inclusão escolar de estudantes com deficiências, trans-
tornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habili-
EXERCÍCIO COMENTADO dades/superdotação
(AH/SD), nas ações cotidianas planejadas e desenvol-
1.. (INSS - Analista – Pedagogia - FUNRIO – 2017) Se- vidas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI)
gundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF).
9.394 de 1996, em seu artigo 4º, inciso I, a educação bá- A Secretaria de Educação assume o processo de inclu-
sica, obrigatória e gratuita, compreende as faixas etárias são como um movimento político e ético que perpassa
87
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- Nesse sentido, reconhecemos a Educação Especial
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada in- como modalidade de ensino que não substitui a esco-
clusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não larização da criança/estudantes que se efetiva na escola,
tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela mas dá suporte ao processo de inclusão nas ações plane-
Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda jadas e desenvolvidas pelas professoras.
Constitucional nº 59, de 2019). Entende-se por educação especial, para os efeitos
III - atendimento educacional especializado aos porta- desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
dores de deficiência, preferencialmente na rede regu- preferencialmente na rede regular de ensino, para edu-
lar de ensino [...]; candos com deficiência, transtornos globais do desen-
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é volvimento e altas habilidades ou superdotação (Reda-
direito público subjetivo. ção dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório,
pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
responsabilidade da autoridade competente [...]. pecializado, na escola regular, para atender às pecu-
Reportamo-nos ainda, ao Estatuto da Criança e do liaridades da clientela de educação especial.
Adolescente (Lei nº 8.069/90), que dispõe sobre a pro- § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
teção integral à criança e ao adolescente, e à Lei de escolas ou serviços, especializados, sempre que, em
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, função das condições específicas dos estudantes, não
segundo a qual, o direito de aprender se inicia na es- for possível a sua integração nas classes comuns de
cola, precisamente, na sala de aula regular, cabendo ensino regular.
às professoras garantir acesso ao currículo comum às § 3º A oferta de educação especial, dever constitucio-
crianças/estudantes, contando com as devidas ade- nal do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis
quações e usos de metodologias de ensino diferencia- anos, durante a educação infantil (BRASIL, 1996, art.
das. 58).
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos Assim, a Política Nacional de Educação Especial em
com deficiências, transtornos globais do desenvolvi- uma Perspectiva Inclusiva (BRASIL, 2008) define o aten-
mento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dimento educacional especializado como um conjunto
dada pelo Lei nº 12.796, de 2013): de ações direcionadas a complementar ou suplementar a
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e formação da criança/estudante por meio da disponibili-
organização específicos, para atender às suas neces- zação de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias
sidades; que eliminem as barreiras para sua plena participação na
II - terminalidade específica para aqueles que não sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do O atendimento educacional especializado identifica,
ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibi-
e aceleração para concluir em menor tempo o progra- lidade que eliminem as barreiras para a plena participa-
ma escolar para os superdotados; ção dos estudantes, considerando as suas necessidades
III - professoras com especialização adequada em ní- específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento
vel médio ou superior, para atendimento especializa- educacional especializado diferenciam-se daquelas rea-
do, bem como professoras do ensino regular capaci- lizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas
tados para a integração desses educandos nas classes à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou
comuns; suplementa a formação dos estudantes com vistas à au-
IV - educação especial para o trabalho, visando a tonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL,
sua efetiva integração na vida em sociedade, inclu- 2008, p. 16).
sive condições adequadas para os que não revelarem A Resolução nº 4/2009, que institui as diretrizes ope-
capacidade de inserção no trabalho competitivo, me- racionais para a oferta do atendimento educacional es-
diante articulação com os órgãos oficiais afins, bem pecializado na Educação Básica, prescreve que:
como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomo- O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recur-
tora; sos multifuncionais da própria escola ou em outra esco-
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas la de ensino regular, no turno inverso da escolarização,
sociais suplementares disponíveis para o respectivo ní- não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser
vel do ensino regular (BRASIL, 1996, art. 59). realizado, também, em centro de Atendimento Educa-
Parágrafo único. O poder público adotará, como alter- cional Especializado da rede pública ou de instituições
nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lu-
educandos com deficiência, transtornos globais do de- crativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação na órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos
própria rede pública regular de ensino, independente- Municípios (BRASIL, 2009, art. 5º).
mente do apoio às instituições previstas neste artigo. Esta Política Municipal também é norteada pelos se-
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). (Brasil, guintes documentos: a Política Nacional de Educação
1996, art.60). Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRA-
SIL, 2008), que visa à constituição de políticas públicas
promotoras de uma educação de qualidade para todos
88
os estudantes; as Diretrizes Nacionais para a Educação posteriormente denominada Coordenação de Formação
Especial na Educação Básica (Resolução nº 02/01), que e Acompanhamento à Educação Especial (CFAEE). Atual-
versam sobre a organização do sistema de ensino para mente Coordenação de Educação Especial (CEE).
atendimento ao estudante que apresenta necessidades Em 1991, foi realizado concurso público para a con-
educacionais especiais, e sobre a formação da professo- tratação de profissionais das áreas da Psicologia, Fo-
ra; as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Edu- noaudiologia, Serviço Social e Fisioterapia que, junto às
cacional Especializado na Educação Básica (Resolução nº professoras de Educação Física e aos pedagogos, cons-
04/09) e o Decreto nº 7.611/2011, que dispõe sobre a tituíram uma equipe multiprofissional responsável por
Educação Especial e o Atendimento Educacional Especia- realizar avaliações diagnósticas das crianças/estudantes,
lizado. seguidas de orientações necessárias em cada área de
Fundamenta-se também na Lei nº 7.853/89, que versa formação, envolvendo pais, comunidade e profissionais.
sobre a acessibilidade nos espaços sociais, bem como em Essa equipe também tinha a tarefa de avaliar, em con-
documentos internacionais, como a Declaração Mundial junto com as demais equipes pedagógicas da Secretaria
de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Sala- de Educação, as ações interdisciplinares para o processo
manca (1994); na Lei nº 10.098/00, que estabelece nor- de escolarização das crianças/estudantes nas unidades
mas gerais e critérios básicos para a promoção da aces- de ensino.
sibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com Ainda na década de 90, foram implantadas sete uni-
mobilidade reduzida. dades polo (EMEFs Alberto de Almeida, Padre Anchieta,
E, ainda, na Lei nº 10.436/02, que dispõe sobre a Lín- Izaura Marques da Silva, Juscelino K. de Oliveira, Maria
gua Brasileira de Sinais; no decreto nº 5626/05, que regu- José Costa Moraes, Eliane Rodrigues dos Santos e Álvaro
lamenta a anteriormente citada; nos decretos nº 186/08 de Castro Mattos) nas regiões administrativas do muni-
e nº 6.949/09, instituídos a partir da Convenção da ONU cípio. Essas escolas passaram por adaptações físicas para
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências (2007); garantir acesso e mobilidade, receberam materiais peda-
na Lei nº 12.764/12, que institui a Política Nacional de gógicos e passaram a oferecer serviços especializados na
Proteção dos Direitos da pessoa com Transtorno do Es- sala de recursos às crianças/estudantes com deficiência
pectro Autista; na lei nº 4.747/98, que institui o Sistema Intelectual, surdez ou deficiência visual, esses últimos em
Municipal de Ensino do sistema de itinerância. Não havia, nesse período, políticas
Município de Vitória; nas resoluções nº 06/99 e nº para garantir o atendimento aos estudantes com altas
07/08 que, respectivamente, regulamentam a Educação habilidades/superdotação. Essas ações marcaram o início
Infantil e o Ensino Fundamental; na resolução nº 01/11 do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na rede
do Conselho Municipal de Educação de Vitória (COMEV), de Vitória.
89
te, as professoras especializadas foram localizadas em Intérprete, em caráter de itinerância, nos centros; fortale-
todas as escolas, com carga horária dividida em duas cimento da assessoria na Educação de Jovens e Adultos;
unidades de ensino, para colaborarem com as docentes ampliação das ações formativas e realização do Seminá-
do núcleo comum no turno de matrícula dos estudantes rio Municipal de Educação Especial Práticas Pedagógicas
e oferecerem o Atendimento Educacional Especializado. na Perspectiva Inclusiva da Rede Municipal de Ensino de
A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, Vitória , no ano de 2014.
2008) consolida esse atendimento já realizado como
apoio pedagógico, a ser desenvolvido em articulação 3. OBJETIVOS
com a professora regente em sala de aula regular e no
contraturno. O objetivo desta Política é reafirmar o direito de aces-
so ao conhecimento para o público atendido pela moda-
No ano de 2008, a Secretaria Municipal de Educação lidade Educação Especial na Educação Infantil, no Ensino
de Vitória deu início à implantação do projeto “Educa- Fundamental e na modalidade EJA. Para tanto, apresenta
ção Bilíngue: ressignificando o processo socioeducacio- como ações:
nal dos estudantes com surdez, no Sistema Municipal de a) subsidiar as ações planejadas e desenvolvidas no
Ensino de Vitória, por meio de ensino, uso e difusão da cotidiano das unidades de ensino para a inclusão
Libras”, em sete unidades de ensino fundamental: Alber- das crianças/estudantes com deficiências, trans-
to de Almeida, São Vicente de Paulo, Aristóbulo Barbosa tornos globais do desenvolvimento e altas habi-
Leão, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Izaura Marques da lidades/superdotação, bem como implementar as
Silva, Maria José Costa Moraes e Adevalni Sysesmundo Salas de Recursos Multifuncionais para a oferta do
Ferreira de Azevedo, e dois Centros de Educação Infantil: Atendimento Educacional Especializado;
Jacyntha Ferreira de Souza Simões e Dr. Denizart Santos. b) promover a formação continuada de profissionais
Essas unidades passaram a ser referência para matrícula para o aprofundamento teórico-prático da Educa-
de estudantes surdos, visando atender aos pressupos- ção Inclusiva e da modalidade Educação Especial;
tos inclusivos e às necessidades educacionais específi- c) fomentar ações inclusivas articuladas com outras
cas desse público, que até o ano anterior encontrava-se secretarias, visando ao atendimento desse público;
matriculado nas diversas escolas da rede. Essa medida d) assegurar ações da Educação Especial em con-
possibilitou a interação entre os pares linguísticos e com sonância com a política curricular do município e
profissionais surdos, e contemplou as regiões adminis- conforme previsto no Projeto Político Pedagógico
trativas do município. Também viabilizou a reestrutura- da unidade de ensino, de forma que o atendimen-
ção pedagógica e dos espaços/tempos escolares. to educacional especializado esteja disponível em
Uma importante medida administrativa promovida todos os espaços-tempos da escola, tanto no tur-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
pela Secretaria de Educação de Vitória, nesse período, foi no de matrícula quanto no contraturno;
a criação de três novas funções: Tradutor e Intérprete de e) garantir acessibilidade tecnológica, arquitetônica,
Libras - Língua Portuguesa Libras, Professora ou Instrutor de mobílias e equipamentos, de comunicação e in-
de Libras (surdo) e Professora para o ensino da Língua formação necessárias à participação dos estudan-
Portuguesa (Professora Bilíngue). tes em igualdade de direitos e oportunidades de
No ano de 2010, outras ações foram firmadas, entre acesso ao conhecimento;
elas, a participação no Fórum Metropolitano de Educa- f) buscar interlocuções com as várias esferas de go-
ção Especial, as intervenções de acessibilidade nos Cen- verno para a implementação de políticas públicas
tros de Ciência, Educação e Cultura, além da formação de condizentes com as necessidades das crianças/
professoras em cursos de especialização lato sensu em estudantes com deficiências, transtornos globais
Atendimento Educacional Especializado. do desenvolvimento e altas habilidades/superdo-
As experiências acumuladas no transcorrer de todos tação;
esses períodos impulsionaram a constituição de outras g) implementar diretrizes operacionais para altas ha-
ações, iniciadas em 2013, que visavam ao fortalecimento bilidades/superdotação;
do direito à educação para os estudantes contemplados h) assegurar o ensino e a difusão da Língua Brasileira
pelas políticas de Educação Especial, tais como a discus- de Sinais, do sistema de escrita Braille, dos códigos
são e a implantação das Diretrizes Operacionais para Al- específicos de comunicação, da sinalização e de
tas Habilidades/Superdotação; a criação de seis salas de outras tecnologias assistivas.
recursos para atendimento a essa população de estudan-
tes; assessoria do Ministério da Educação para redimen- 4. PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NUMA
sionamento das ações da Educação Especial; constituição PERSPECTIVA INCLUSIVA
de um grupo de trabalho para elaboração do Documen-
to da Política Municipal de Educação Especial; elabora- A inclusão social, entendida como parte de amplos
ção do Plano de Trabalho Pedagógico a ser aplicado nas movimentos históricos, tem como princípio a garantia
escolas a partir da realidade de cada criança/estudante dos direitos sociais. Sob esse entendimento, as políticas
atendido; implantação da Sessão Planetário Acessível públicas inclusivas preveem acesso à escola, condições
para Deficientes Visuais e Aquário e Cozinha tátil na Es- de permanência, atitude comprometida com a educação
cola de História e Biologia; Oficina de Robótica Educa- na diferença e processo de ensino aprendizagem como
cional para surdos, ouvintes e com deficiências múltiplas direito social.
em Projeto de Iniciação Científica; garantia de Tradutor/
90
A educação inclusiva, assim, sustenta-se pela con- I - deficiência persistente e clinicamente significati-
cepção de que toda criança/estudante é capaz de se va da comunicação e da interação social, manifesta-
apropriar dos conhecimentos historicamente acumula- da por deficiência marcada de comunicação verbal e
dos, devendo ser contempladas suas possibilidades de não verbal usada para interação social; ausência de
aprendizagem, potencialidades e aptidões. reciprocidade social; falência em desenvolver e manter
A criança/estudante com deficiências, transtornos relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
globais do desenvolvimento e altas habilidades/super- II - padrões restritivos e repetitivos de comportamen-
dotação, nesse contexto, não se resume a sua limitação tos, interesses e atividades, manifestados por compor-
ou a uma determinada habilidade ou talento. É um su- tamentos motores ou verbais estereotipados ou por
jeito histórico-cultural, complexo, indivisível, capaz de comportamentos sensoriais incomuns; excessiva ade-
compreender o que se passa ao seu redor, necessitando, rência a rotinas e padrões de comportamentos rituali-
como qualquer outro, das mediações pertinentes para zados; interesses restritos e fixos.
organizar sua aprendizagem; e o conhecimento, por sua
vez, é assumido como histórico, prático e social. A pessoa com transtorno do espectro autista é con-
Portanto, é necessário rever atitudes, conceitos e práti- siderada pessoa com deficiência para todos os efeitos
cas pedagógicas e assim produzir alternativas educacionais legais.
que reconheçam as necessidades comuns e específicas das Secretaria de Educação desenvolve um conjunto de
crianças/estudantes, afirmando que a flexibilização do cur- ações da Política Educacional visando à:
rículo não se configura empobrecimento, mas estratégia - ação articulada da professora especializada com as
pedagógica para tornar o conhecimento acessível. professoras do ensino regular, no turno em que a
À equipe pedagógica da escola, portanto, cabe articular criança/estudante está matriculada/o, para poten-
ações e estratégias metodológicas, gerenciar recursos cializar o processo de inclusão;
e materiais específicos para assegurar a acessibilidade - oferta do Atendimento Educacional Especializado
ao currículo escolar, bem como avaliar o processo de como complementação ou suplementação curri-
aprendizagem das crianças/estudantes e buscar novas cular, preferencialmente na escola de matrícula da
possibilidades de intervenções. À Secretaria de Educação criança/estudante ou em uma unidade de ensino
cabe prestar assessoria técnica e pedagógica às unidades que disponha de sala de recurso multifuncional e
de ensino e promover formações aos profissionais seja próxima à residência;
envolvidos nos processos de ensino aprendizagem. - atuação de professoras de Libras, professoras bi-
língues, tradutores e intérpretes de Libras-Língua
5. OS SUJEITOS ATENDIDOS PELA EDUCAÇÃO ES-
Portuguesa-Libras;
PECIAL
- localização de professoras com formação na área
91
As ações intersetoriais e/ou interinstitucionais ocor- a) contemplar, no Projeto Político Pedagógico, no Re-
rerão entre: gimento Escolar, no Plano de Ação e nos demais
a) o Ministério da Educação: para implementar pro- documentos das unidades de ensino, as propostas
gramas de apoio à escolarização das crianças/es- voltadas para a Educação
tudantes e investir na formação continuada dos Especial;
profissionais da Educação; b) promover espaços de planejamento e de formação
b) as Secretarias Municipais de Educação, Saúde, As- para que os profissionais das unidades de ensino
sistência Social e Transporte: para garantir o aten- aprofundem seus saberes-fazeres sobre o proces-
dimento educacional especializado, as ações de so de escolarização dos sujeitos da Educação Espe-
cunho clínico e terapêutico, a mobilidade urbana e cial;
o serviço social; c) ofertar o Atendimento Educacional Especializado
c) a Secretaria Municipal de Cultura e de Esportes: por meio de ações de colaboração entre os pro-
para ampliar a participação das crianças/estudan- fissionais, no turno regular, bem como no contra-
tes em outros espaços sociais além da escola, ga- turno de matrícula como ação complementar e/
rantindo acessibilidade arquitetônica, visual, atitu- ou suplementar ao currículo escolar, inclusive nas
dinal, comunicacional, instrumental, metodológica escolas de Tempo Integral. Na modalidade EJA,
e tecnológica; esse atendimento poderá ser ofertado por meio
d) a Secretaria Municipal de Transportes: para prover de ações de colaboração entre os profissionais, no
a mobilidade de pessoas com deficiência severa de turno regular, no contraturno ou no próprio turno,
locomoção por meio do transporte adaptado; nos horários definidos para a realização das Ativi-
e) a constituição da rede de colaboração entre os dades Curriculares Complementares (ACC);
gestores públicos: para envolver os profissionais d) socializar com a comunidade escolar as experiên-
das Unidades de Ensino, da Secretaria de Educa- cias e práticas pedagógicas realizadas;
ção, da Unidade Básica de Saúde, do Centro de e) sistematizar o Plano de Trabalho Pedagógico das
Atendimento Psicossocial (CAPS), do Conselho crianças/estudantes com pedagogos e professo-
Tutelar, do Ministério Público, do Centro de Refe- ras;
rência de Assistência Social (CRAS), do Centro de f) viabilizar o acesso das crianças/estudantes às ativi-
Referência Especial de Assistência Social (CREAS), dades coletivas e interativas;
entre outros, a fim de subsidiar o processo de in- g) buscar suporte em planejamentos participativos,
clusão escolar das crianças/estudantes da Educa- considerando as Diretrizes Curriculares da Educa-
ção Especial; ção Infantil e do Ensino Fundamental e a Resolução
f) convênios e parcerias: para assegurar às crianças/ da Educação de Jovens e Adultos, bem como os
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
estudantes a prestação de serviços para desenvol- princípios de trabalho dos programas e projetos
vimento de atividades pedagógicas, culturais, es- municipais.
portivas, clínicas, entre outras;
g) o Conselho Municipal de Educação de Vitória (CO- 7.1 PLANO DE TRABALHO
MEV), outros Conselhos e instituições sociais: com
as funções consultiva, propositiva, mobilizadora, O Plano de Trabalho Pedagógico é um instrumen-
deliberativa, normativa, de acompanhamento, de to que organiza e sistematiza a prática pedagógica nas
controle social e fiscalizadora, para confirmar que unidades de ensino (CMEI e EMEF), com as crianças/es-
políticas e normatizações sejam constituídas em tudantes da modalidade no turno e no contraturno. O
consonância com os movimentos produzidos em documento é individual e articula as ações dos turnos,
âmbito nacional e local a partir dos pressupostos devendo ser construído e avaliado por todos os envol-
da inclusão escolar; vidos no processo ensino aprendizagem, incluindo-se as
h) seminários de famílias: para envolver as famílias respectivas famílias e outros atores das políticas interse-
em espaços de reflexão sobre as políticas públicas toriais.
educacionais inclusivas; É por meio dele que se apresenta a organização
i) instituições privadas, não governamentais, com o curricular, os programas e projetos desenvolvidos na
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e com a escola, considerando a descrição dos objetivos, da
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) carga horária, das atividades, dos materiais didáticos/
pedagógicos, entre outros integrantes da proposta
7. AÇÕES ORGANIZATIVAS DA EDUCAÇÃO ESPE- curricular da escola para a formação das crianças/
CIAL estudantes.
Visa explicitar, ainda, o processo de avaliação do en-
Considerando que o processo de inclusão escolar se sino e da aprendizagem na escola, esclarecendo a des-
efetiva no cotidiano da escola, faz-se necessário ampliar crição da concepção, dos instrumentos e do registro dos
as reflexões sobre a proposta da educação inclusiva, a processos avaliativos do desenvolvimento das crianças/
fim de instigar os profissionais das escolas a desenvol- estudantes nas atividades educacionais e das metodolo-
verem práticas pedagógicas e educativas que favoreçam gias de acompanhamento do processo de escolarização
todas as crianças/estudantes, com adoção das seguintes do público da modalidade. Também, neste instrumen-
ações: to, é descrita como se realiza a organização da prática
pedagógica do contraturno na Sala de Recursos Multi-
92
funcionais com atividades e recursos pedagógicos e de - participar da elaboração do Plano de Ação Anual da
acessibilidade, prestados de forma complementar/suple- unidade de ensino, destacando as ações da Edu-
mentar à formação das crianças/estudantes público da cação Especial e os recursos que serão necessários
Educação Especial, matriculados no Ensino Regular. no transcorrer de todo o ano letivo;
O Plano de Trabalho do Atendimento Educacional Es- - envolver-se nas ações da unidade de ensino dire-
pecializado deve identificar as habilidades e necessida- cionadas à execução de programas federais como
des educacionais específicas da criança/estudante; o pla- o das Salas de Recursos Multifuncionais e Escola
nejamento das atividades a serem realizadas; a avaliação Acessível, entre outros;
do desenvolvimento e acompanhamentos; organização - contribuir com a gestão da escola na busca de en-
deste atendimento, se individual ou em pequenos gru- caminhamentos específicos, como a alimentação
pos, a periodicidade, a carga horária e outras informa- diferenciada para as crianças/estudantes que dela
ções pertinentes. necessitam, junto ao setor de nutrição da Secreta-
ria de Educação;
8. ATRIBUIÇÕES E LOCALIZAÇÃO DAS PROFESSO- - estimular o desenvolvimento das competências
RAS ESPECIALIZADAS cognitivas da criança/estudante com vistas ao pro-
cesso de alfabetização, propiciando, de forma arti-
A Política Nacional de Educação Especial na Perspec- culada com os profissionais da Unidade de Ensino,
tiva da Educação Inclusiva compreende que para atuar situações favoráveis à interação com seus pares e à
na educação especial, o professor deve ter como base constituição de um saber compartilhado;
da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos - e transpô-los para diferentes contextos;
gerais para o exercício da docência e conhecimentos es- - orientar, quanto à aplicação de recursos de tecnolo-
pecíficos da área. Essa formação possibilita a sua atuação gia assistiva, os estagiários e demais profissionais
no atendimento educacional especializado, aprofunda o envolvidos no processo de ensino aprendizagem,
caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas em colaboração com a equipe pedagógica.
comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos - articular, com a equipe pedagógica da escola, to-
centros de atendimento educacional especializado, nos das as ações que envolvam o processo de inclu-
núcleos de acessibilidade das instituições de educação são da criança/estudante atendida pela Educação
superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domi- Especial, como o diagnóstico inicial, o Plano de
ciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação Trabalho Pedagógico, a adaptação de materiais, o
especial (MEC/SEESP, 2007). contato com as famílias/responsáveis, entre outras.
Vale ressaltar que essa formação é potencializada - atender as crianças/estudantes na sala de recursos
nas relações dialógicas entre professoras e crianças/es- multifuncionais, de forma complementar ou suple-
93
Destaca-se, ainda, que o Plano de Trabalho Pedagó- poral, a organização espacial, o controle psicomo-
gico e os relatórios produzidos ao longo do ano letivo tor, as atividades da vida diária no contexto escolar
deverão ser anexados à ficha de matrícula da criança/ e o uso dos sentidos remanescentes;
estudante para respaldar as ações desenvolvidas, bem - ensinar procedimentos de Orientação e Mobilida-
como para acessibilizar as informações aos familiares/ de no ambiente escolar (subida e descida de es-
responsáveis e aos profissionais da escola. Esses docu- cadas, estratégias de autoproteção, transferência
mentos deverão, também, acompanhar a documentação de lados, passagem estreita, familiarização de am-
da criança/estudante em caso de transferência e constar bientes, técnicas de guia-vidente, uso da bengala
no Sistema de Gestão Escolar (SGE). e outras);
- empregar, no cotidiano escolar, técnicas de áudio-
8.1 ATRIBUIÇÕES DAS ÁREAS ESPECÍFICAS -descrição nos espaços por onde circula a crian-
ça/estudante com deficiência visual, garantindo o
São atribuições específicas dos profissionais da Edu- acesso às informações visuais importantes, com
cação Especial: descrição de ambientes, pessoas, cenas e imagens
veiculadas nos diversos suportes;
8.1.1 Áreas: deficiência intelectual, deficiência
múltipla e transtorno global do desenvolvimento 8.1.3 Área: surdocegueira
- contribuir para a garantia de acesso ao currículo es- - contribuir para a garantia de acesso ao currículo es-
colar; colar;
- constituir estratégias voltadas para atividades cog- - planejar e organizar adequadamente a sala de aula
nitivas, por meio de imitação, concentração, in- e demais espaços onde sejam desenvolvidas as ati-
tuição, abstração, atenção voluntária, uso de ma- vidades curriculares, a fim de favorecer a interação
teriais concretos, jogo simbólico, comunicação da criança/estudante com pessoas e objetos;
alternativa e aumentativa, memória e projeção das - antecipar eventos por pistas ambientais ou objetos
relações entre as práticas vivenciadas e o mundo representativos;
da representação e da dimensão subjetiva do co- - mediar o contato da criança/estudante com o meio,
nhecimento; sempre que necessário, com códigos comunicati-
- mediar, com a criança/estudante, a apropriação de vos e Libras Tátil;
conceitos e o desenvolvimento de habilidades so- - promover atividades que desenvolvam autonomia e
bre o funcionamento corporal, a organização es- independência;
pacial, o controle psicomotor, as atividades da vida - favorecer o desenvolvimento do esquema corporal,
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
94
- planejar metodologias de ensino aprendizagem da - realizar a interpretação das duas línguas (Libras-
Língua Portuguesa como segunda língua, em par- -Língua Portuguesa-Libras) de maneira simultânea
ceria com a professora da sala de aula regular e e consecutiva;
com o pedagogo, na Educação Infantil, no Ensi- - viabilizar o acesso aos conhecimentos e conteúdos
no Fundamental e na EJA, tendo em vista a Libras curriculares em todas as atividades didático-peda-
como língua de instrução; gógicas como mediador da comunicação e facilita-
- garantir, em articulação com os demais profissionais dor da aprendizagem;
da unidade de ensino, o envolvimento das crian- - Intermediar a comunicação entre usuários e não
ças/estudantes no currículo escolar, nas práticas usuários da Libras na comunidade escolar;
pedagógicas e na avaliação da aprendizagem, ex- - possibilitar aos surdos a acessibilidade aos serviços
plorando diferenciados recursos e metodologias de secretaria, fotocopiadora, informática, bibliote-
de ensino; ca, ao Atendimento Educacional Especializado e a
- solicitar, confeccionar e disponibilizar recursos didá- eventos formativos, como seminários, palestras,
ticos que favoreçam o processo de escolarização fóruns, debates e reuniões em variados espaços-
das crianças/estudantes, bem como orientar quan- -tempos de caráter educacional dentro e fora da
to à utilização dos mesmos; instituição;
- mediar a comunicação entre surdos e ouvintes, - observar preceitos éticos no desempenho das fun-
quando necessário; ções, entendendo que não poderá interferir na re-
- atuar em parceria com professoras de outras áreas lação entre a pessoa surda e a outra parte, a menos
da Educação Especial para atendimento de crian- que seja solicitado.
ças/estudantes surdos com outras especificidades;
- oferecer o Atendimento Educacional Especializado 8.1.5 Área: Altas habilidades/ superdotação
(AEE) em articulação com a professora de Libras,
em caráter complementar ou suplementar ao tur- - contribuir para a garantia de acesso ao currículo es-
no regular. colar;
- contribuir para a garantia de acesso ao currículo es- - empreender a avaliação de identificação dos estu-
colar; dantes encaminhados pelas escolas para o Aten-
- ministrar aulas de Libras como primeira língua no dimento Educacional Especializado em altas ha-
Atendimento Educacional Especializado na Educa- bilidades/superdotação, por meio de relatório
ção Infantil, no Ensino Fundamental e na EJA para descritivo, observando se demonstram “[...] po-
as crianças/estudantes surdos; tencial elevado em qualquer uma das seguintes
- ministrar aulas de Libras como segunda língua na áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadê-
95
Especializado, utilizando metodologias pedagógi- No contraturno, será ofertado o Atendimento Edu-
cas de enriquecimento curricular para atender às cacional Especializado com caráter complementar e/ou
necessidades educacionais identificadas. suplementar, que envolve a sistematização do Plano de
- efetivar o atendimento, primeiramente, na sala de Trabalho Pedagógico, a avaliação pedagógica das crian-
aula regular, garantindo a ressignificação do cur- ças/estudantes, a realização de atividades que contem-
rículo escolar, das práticas pedagógicas, da utili- plem as necessidades para acesso ao currículo, o registro
zação de recursos e metodologias de ensino di- das ações pedagógicas, entre outras.
ferenciadas, além da elaboração de projetos para
potencializar a aprendizagem das áreas de interes- 10. QUANTO À TERMINALIDADE
se dos estudantes.
- registrar as atividades e encaminhar o estudante, Conforme estabelecido no art. 30, inciso II, da Lei nº
quando necessário, para projetos das secretarias 4747/98, que institui o Sistema Municipal de Ensino de
municipais ou promovidos por convênios e par- Vitória, nos dispositivos legais da Resolução nº 02, do
cerias firmadas entre a Secretaria de Educação e CNE/CEB/2001 (Conselho Nacional de Educação/Câmara
instituições públicas ou privadas. de Educação Básica), que institui as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica e no que
Quando o estudante for indicado para as AH/SD, o dispõe a LDB nº 9394/96, no Inciso II art. 59, a escola
atendimento no contraturno será oferecido, com caráter poderá adotar procedimentos de avaliação pedagógica,
suplementar ao processo de escolarização, em salas de certificação e encaminhamento para alternativas educa-
recursos multifuncionais, instaladas em unidades de en- cionais para estudantes cujas necessidades educacionais
sino referência, localizadas nas regiões administrativas. especiais estejam associadas à grave deficiência mental
O acompanhamento dos encaminhamentos e das inter- ou múltipla, quando os respectivos estudantes não al-
venções feitas nesses atendimentos é de responsabilidade cançarem os resultados de escolarização previstos no
da Coordenação de Educação Especial, que realiza encon- Inciso I, art. 32, da LDB 9394/96: “[...] o desenvolvimento
da capacidade de aprender, tendo como meios básicos
tros com os profissionais para ajustar as ações necessárias.
o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”, in-
cluído no Plano de Trabalho Pedagógico do estudante.
8.2 LOCALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS ESPECIA-
Esse Plano de Trabalho é composto por: identificação
LIZADOS
do estudante, registro do processo de ensino aprendiza-
gem trimestral, Atendimento Educacional Especializado
Os profissionais atuantes nas áreas das deficiências
no contraturno, relatório descritivo do desenvolvimento
(Intelectual e Visual) e transtornos globais do desenvol-
nesse atendimento e observações dos profissionais en-
vimento devem ser localizados conforme quantitativo e volvidos no conselho de classe. No documento, devem
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
especificidades das crianças/estudantes matriculados em ser apontadas outras alternativas socioeducacionais para
cada um dos turnos de funcionamento da escola. Os da o estudante, fornecendo-lhe terminalidade específica,
área da surdez - professora bilíngue e professora de Li- bem como seu encaminhamento para cursos de Educa-
bras, tradutor e intérprete – devem atuar nas escolas re- ção de Jovens e Adultos, de Educação Profissional, entre
ferência para matrícula de crianças/estudantes surdos. Os outras possibilidades para afirmar o exercício de sua ci-
de altas habilidades/superdotação, em escolas referência dadania. Cabe à SEME/CEE orientar quanto ao modelo de
instaladas nas regiões administrativas do município. A car- Plano de Trabalho Pedagógico, em uma ação conjunta da
ga horária será ajustada conforme a necessidade local. equipe técnico-pedagógica da SEME.
À professora cabe registrar na pauta do Sistema de
9. CURRÍCULO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Gestão Escolar (SGE): “Estudante avaliado considerando-se
adequações curriculares, a partir do prescrito nos artigos
É direito das crianças/estudantes o acesso ao currículo 26, 27 e 32 da LDBEN – 9394/96”. Cabe, ainda, considerar
comum, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que o estudante com grave deficiência mental ou
Nacional nº 9.394/96, sendo que no Projeto Político múltipla poderá obter notas superiores à mínima exigida,
Pedagógico e no Plano de Ação da Unidade de Ensino observando-se suas competências e habilidades em uma
devem ser contempladas as ações e organizações que avaliação global, descrita no Plano de Trabalho Pedagógico,
subsidiem e garantam o acesso ao currículo, conforme com prevalência dos aspectos qualitativos quanto ao seu
documentos curriculares e normativos municipais da desenvolvimento. Por conseguinte, o Histórico Escolar
Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Cabe às deverá ser emitido pela secretaria, acompanhado do Plano
professoras do núcleo comum garantir a participação das de Trabalho Pedagógico do Estudante.
crianças/estudantes nas atividades desenvolvidas com o Cabe, ainda, à equipe pedagógica da escola, contatar a
coletivo da turma, junto com as professoras da Educação família do estudante para dar ciência do Plano de Trabalho
Especial, por meio de estratégias metodológicas, com registros das deliberações do Conselho de Classe.
atividades e propostas de avaliação que possibilitem a
igualdade de oportunidades de aprendizagem. 11. SERVIÇO DE APOIO À CRIANÇA/AO ESTU-
As práticas pedagógicas devem considerar os dife- DANTE
rentes percursos, tempos e ritmos de aprendizagem e
contar com metodologias específicas, a partir dos objeti- Como suporte à escolarização das crianças/estudan-
vos estabelecidos. Todos os registros das ações pedagó- tes atendidos pela modalidade Educação Especial, a es-
gicas servirão de base para o Conselho de Classe. cola deverá contar com profissionais de apoio, como as
96
Auxiliares de Serviços Operacionais (ASO), as Assistentes esforço de atualização e reestruturação das condições
de Educação Infantil (AEI) e outros que se fizerem neces- atuais das Unidades de Ensino, da formação dos profis-
sários. sionais da Educação e da implementação de políticas pú-
Nos Centros Municipais de Educação Infantil e nas blicas educacionais.
Escolas Municipais de Ensino Fundamental, devem atuar A garantia de uma educação de qualidade para todos
profissionais que auxiliem na alimentação, locomoção e depende, entre outros fatores, de atitudes de aceitação
higienização das crianças/estudantes que não possuam e de valorização das diferenças, o que se efetiva pelo
autonomia devido às especificidades e condições de fomento dos valores culturais que fortalecem as identi-
funcionalidade. Nesse caso, a demanda deverá ser co- dades individual e coletiva, bem como pelo respeito às
municada à Secretaria de Educação para que seja avalia- diferentes formas de aprendizagem e de construção do
da a necessidade de encaminhar o apoio para auxiliar a conhecimento.
criança/estudante em todas as atividades de vida diárias, Nesse sentido, para a efetivação da inclusão esco-
viabilizando, assim, a efetiva participação deles em todas lar, várias mudanças vêm sendo produzidas no contexto
as atividades escolares. educacional brasileiro e isso faz desta Política Municipal
de Educação Especial um documento aberto e flexível a
12. FORMAÇÃO essas possíveis transformações. Um documento que tem
como escopo subsidiar as ações das Unidades de Ensino
A formação basilar da professora atuante na Educa-
para garantir a inclusão das crianças/estudantes com de-
ção Especial compreende graduação em Pedagogia ou
ficiências, transtorno global do desenvolvimento e altas
Licenciatura Plena acrescido de curso específico nas di-
habilidades/superdotação.
ferentes áreas das deficiências, transtornos globais do
Portanto, a efetivação desta Política encontra-se atre-
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, con-
lada às ações dos profissionais da Educação que, cotidia-
forme legislação vigente.
namente, lutam pela garantia de educação de qualidade
Além disso, a SEME/CEE oferece formação continuada
sistemática a esses profissionais ao longo do ano letivo, para todos as crianças/estudantes, por entendê-la como
organizada a partir da necessidade de professoras e pe- uma ação intrínseca e interligada ao desenvolvimento
dagogos, com a finalidade de subsidiar as ações pedagó- humano e social.
gicas do turno e do contraturno.
Todavia, é elementar considerar que a atuação dos Fonte
profissionais deve partir, substancialmente, da relação Disponível em:
dialógica com as crianças/estudantes no cotidiano. É http://www.ibade.org.br/Cms_Data/Contents/Siste-
nesse contexto que emergem as singularidades e os in- maConcursoIBADE/Media/PMVEDUC2019/edital/Pol-ti-
dicativos de quais são as necessidades, potencialidades e cas-Educa-o-Especial.pdf
97
Durante o processo de elaboração, foram realizados Em 2005, foi potencializado o atendimento em tempo
encontros formativos com as equipes de Educação In- integral com caráter educacional na Educação Infantil, a
tegral, seminário de escuta com representantes dos es- partir da interface das Secretarias Municipais de Educa-
tudantes, pais, professoras, equipe gestora da escola e ção (SEME), Saúde (SEMUS) e Assistência Social (SEMAS)
técnicos da SEME, além de disponibilizado o texto na por meio do Programa Municipal Educação em Tempo
plataforma VixEduca para que todos os profissionais da Integral, que atendia as crianças de seis meses a seis anos
educação, das Unidades de Ensino, pudessem ter acesso nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI). Em
e contribuíssem com sugestões. 2007, quase todas as unidades já ofertavam vagas em
Essa trajetória possibilitou ao Município reconhecer, tempo integral para crianças de zero a três anos. Ainda
cada vez mais, possibilidades e desafios importantes a neste mesmo ano, visando à ampliação do atendimen-
serem superados na implementação de uma Política de to para as crianças de quatro a seis anos, foram criados
Educação Integral, tais como: a necessidade de diretrizes 07 Núcleos Brincarte em diversas regiões de Vitória por
para a efetivação da Educação Integral e a articulação de meio de convênios com Organizações Não Governamen-
um currículo capaz de superar a dicotomia entre turno e tais (ONGs).
contraturno, fazendo com que as atividades diversifica- No início, todos os Núcleos Brincarte eram espaços
das da Educação Integral impactem sobre a melhoria do conveniados com ONGs e foram constituídos para fun-
processo de ensino aprendizagem dos estudantes, bem cionarem até que todos os CMEI pudessem contemplar o
como sobre sua emancipação humana e social. atendimento em tempo integral às crianças de 4 a 6 anos
Dessa maneira, o presente texto, retrata o desejo co- dentro das próprias unidades.
letivo de que a Educação Integral se torne Política Pública Em 2009, a partir de avaliações do Programa, realiza-
no município de Vitória com vistas à gradativa ampliação das pela Secretaria de Educação e demais Secretarias en-
da jornada escolar como direito de todos os estudantes. volvidas, iniciou-se uma reorganização de alguns Centros
Para melhor visualização, organizamos o presente docu- de Educação Infantil para que estes, progressivamente,
mento em seis capítulos. A partir da apresentação, regis- absorvessem a oferta da educação em tempo integral
tramos, no item 2, a trajetória da Educação Integral no para grupos de crianças dentro da própria Unidade de
município de Vitória, demonstrando que, desde a década Ensino e não mais nos Núcleos Brincarte. Com o objetivo
de 80, vêm sendo desenvolvidas políticas de ampliação de concretizar a política pública, desde 2011, a adminis-
da jornada escolar. No item 3, identificamos as legisla- tração direta do município tem assumido, gradativamen-
ções nacionais e municipais que fundamentam a Edu- te, o atendimento. Portanto, foram encerrados alguns
cação Integral. No item 4, trazemos as fundamentações convênios, permanecendo apenas um Núcleo Brincarte
conceituais da Política Municipal de Educação. No item 5, conveniado e dois sob a administração direta desta mu-
elaboramos as dimensões curriculares, de avaliação, de nicipalidade.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
formação e gestão que embasam a Política de Educação A partir de 2015, foram ofertadas matrículas em tem-
Integral. Por fim, no item 6, registramos as diferentes for- po integral para algumas turmas em Centros Municipais
mas de organização e efetivação da Educação Integral no de Educação Infantil: CMEI Carlos Alberto Martinelli de
município de Vitória. Souza, CMEI Dom João Batista da Motta e Albuquerque,
CMEI Robson José Nassur Peixoto e CMEI Silvanete da
2 – TRAJETÓRIAS NA REDE Silva Rosa Rocha (2015); o CMEI Álvaro Fernandes Lima e
o CMEI Lídia Rocha Feitosa (2017); o CMEI Doutor Tomaz
2.1 – EDUCAÇÃO INFANTIL Tommasi e o CMEI Maria Goretti Coutinho Cosme estão
previstos para 2019, o que caracteriza essas Unidades de
O atendimento em tempo integral das crianças de Ensino como em “transição” para a implantação do CMEI
zero a cinco anos no Município de Vitória teve início a em Tempo Integral (CMEITI)
partir das Creches-Casulo, na década de 1980, em cará- No ano de 2017, foi inaugurado o primeiro CMEI
ter eminentemente assistencialista e compensatório. As totalmente em tempo integral, o CMEI Aécio Bispo dos
atividades desenvolvidas tinham como objetivo garantir Santos, na região do Jaburu, com 6 turmas de 0 a 5 anos
a segurança, a higienização, o entretenimento e os cui- de idade. A partir de 2019, dos 50 Centros Municipais de
dados com a saúde das crianças, sem maior ênfase aos Educação Infantil, 43 realizarão Educação Integral, sendo
aspectos pedagógicos. Não havia políticas públicas de distribuídos da seguinte forma: 34 CMEI na Educação In-
educação para a infância e esse atendimento era oferta- tegral em Jornada Ampliada, 01 CMEI em tempo integral
do pela Secretaria de Saúde. No ano de 1983, as então e 8 CMEI em transição para o tempo integral.
21 Creches-Casulo passaram a fazer parte da Secretaria
Municipal de Educação, vinculadas ao Departamento de 2.2 - ENSINO FUNDAMENTAL
Pré-Escola, composto por uma equipe pedagógica e ou-
tra administrativa. Mesmo não havendo uma política de No Ensino Fundamental, o Programa Municipal Edu-
atendimento em tempo integral, essa oferta não foi en- cação em Tempo Integral iniciou em 2007 com um tra-
cerrada definitivamente, cabendo aos pais optarem pela balho integrado que envolveu as Secretarias Municipais
jornada parcial ou integral. No ano de 1995, o atendi- de Educação (SEME), Saúde (SEMUS), Assistência Social
mento passou a ser, prioritariamente, em jornada parcial, (SEMAS), Cidadania e Direitos Humanos (SEMCID), de Es-
a fim de atender à crescente demanda por vagas para as porte (SEMESP), de Cultura (SEMC), de Meio Ambiente
crianças na faixa etária da Educação Infantil. (SEMMAM), de Transporte (SETRAN), de Segurança Urba-
na (SEMSU) e Companhia de Desenvolvimento de Vitória
98
(CDV) para a execução de ações articuladas em 5 escolas Pedagogia da Presença e os Quatro Pilares da Educação
e, no ano seguinte, as ações foram expandidas para 35 para o Século XXI. Num processo de consolidação dessa
escolas do Ensino Fundamental. O Programa visava à ar- política, as experiências construídas pelas primeiras três
ticulação da escola com os demais equipamentos públi- EMEF TI subsidiarão as perspectivas de estender grada-
cos a fim de potencializar os processos de aprendizagem tivamente esta proposta para outras Unidades de Ensino
nos diferentes espaços da cidade. da Rede Municipal.
Em 2008, o município aderiu ao Programa Federal A partir de 2018, das 53 escolas de Ensino Fundamen-
Mais Educação (PME), contribuindo para que as escolas, tal do município, 46 desenvolvem atividades de Educa-
de acordo com o projeto educativo em curso, iniciassem ção Integral, sendo distribuídas da seguinte forma: 43
e/ou fortalecessem as ações desenvolvidas pelo Progra- escolas com Educação Integral em Jornada Ampliada e
ma Municipal por meio da escolha de atividades relacio- 03 Escolas Municipais de Ensino Fundamental em Tempo
nadas aos macrocampos propostos pelo PME. Integral.
Para orientar o atendimento da Educação Integral na Há, ainda, a oferta de Ações Intersetoriais que são
Educação Infantil e no Ensino Fundamental, foi elaborado desenvolvidas pelas secretarias de Esporte, Assistência
o Documento Orientador do Programa de Educação em Social e Cultura, para crianças e adolescentes de 06 a 17
Tempo Integral (2009/2010) referenciado em três pilares: anos. Essas atividades ficam disponíveis na plataforma
1) a perspectiva da cidade como espaço de aprendiza- http://vixcursos.vitoria.es.gov.br/, onde os munícipes po-
gem, 2) a importância das políticas públicas articuladas dem efetuar a inscrição para as diversas atividades ofer-
entre as secretarias do município e 3) o desenvolvimento tadas.
de atividades que contribuam para a formação integral
por meio das diversas e múltiplas linguagens: escrita, 3 – DIMENSÃO LEGAL
matemática, oral, plástica, corporal, musical e dos diver-
sos conhecimentos das ciências da natureza, humanas e As principais leis que regem a educação nacional
sociais. consideram a política de Educação Integral a partir de
Em 2013, foi criado o programa estruturante Educa- diferentes enfoques, sendo possível identificar pelo me-
ção Ampliada, composto por onze projetos, sendo cinco nos dois aspectos que a legislação procurou garantir: a
coordenados pela SEME: Ampliação do Atendimento em
ampliação do tempo de atendimento e a definição de
Tempo Integral, Escolas em Tempo Integral, Escola Aber-
aspectos pedagógicos concernentes à Educação Integral.
ta de Vitória, Educação Infantil: ciência, cultura e arte (Pé
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205,
na Cidade) e Linguagens Integradas. Os demais, coorde-
acena para o que compreendemos por Educação Inte-
nados por secretarias parceiras: Práticas de Cultura e Arte
gral ao estabelecer a educação como direito de todos e
(SEMC); Escolinhas de Esportes (SEMESP); Educação Am-
99
Na mesma direção, as Diretrizes Curriculares Nacio- 021, que normatiza medidas a serem adotadas por CMEI
nais para o Ensino Fundamental (2010), recomendam, na e EMEF da Rede Municipal de Ensino de Vitória/ES, em
organização da matriz curricular, a ampliação da jornada atividades realizadas pela educação em tempo integral,
escolar para além das 800 horas obrigatórias e que a com- fora do espaço escolar.
posição da jornada escolar seja programada, articulada e Importante ressaltar, ainda no âmbito municipal,
integrada pela base nacional comum enriquecida e com- a Lei n° 8.759/2014, que instituiu as escolas de Ensino
plementada pela parte diversificada. Em conformidade, Fundamental em Tempo integral no Município de Vitó-
o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, ria. Sua implementação, regulamentada pelo Decreto nº
na Diretriz VII, estabelece a ampliação das possibilidades 16.230/2015, ocorre de forma gradativa, a partir do ano
de permanência do educando sob responsabilidade da de 2015. Nessas escolas, a jornada escolar é de, no mí-
escola para além da jornada regular. nimo, sete horas letivas diárias, com todos os estudantes
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa- participando de um currículo que integre a base comum
ção Infantil (2009), além de considerarem a jornada de com a parte diversificada, a partir de um trabalho multi-
no mínimo quatro horas ao atendimento parcial e igual disciplinar. Ficou garantida, aos profissionais da carreira
ou superior a sete horas para jornada em tempo inte- do magistério do município de Vitória que atuarem nes-
gral, definem o currículo como o conjunto de práticas sas Unidades, a jornada de 44 horas semanais de traba-
que buscam articular as experiências e os saberes das lho.
crianças com os conhecimentos que fazem parte do pa- Em 2016, foi criado o Decreto Municipal Nº 16.637
trimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecno- que instituiu o Programa Educação Ampliada na modali-
lógico, de modo a promover o desenvolvimento integral dade “Educação Integral em Jornada Ampliada” na Rede
de crianças de zero a cinco anos de idade. Municipal de Ensino de Vitória e revogou o Decreto Mu-
Outra legislação que merece destaque é o Estatuto nicipal 15.071/2011. A partir de então, a SEME publica
da Criança e do Adolescente (ECRIAD, 1990), que contri- anualmente uma portaria que estabelece critérios para
buiu significativamente ao estabelecer que as crianças e o acesso de crianças e adolescentes ao atendimento em
os adolescentes são sujeitos de direitos e que a eles de- Educação Integral em Jornada Ampliada na Rede Munici-
vem ser garantidos, entre outros, o direito à proteção e pal de Ensino de Vitória.
ao desenvolvimento integral, ações estas que dependem
da convergência de políticas e programas intersetoriais. 4 – DIMENSÃO CONCEITUAL
Na mesma direção, o Plano Nacional de Educação
(PNE lei Nº 13.005/2014), a exemplo da Constituição Fe- 4.1 – PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL
deral (CF/1988) e da LDB (1996), contempla a educação
como possibilidade de formação integral dos sujeitos e A gestão pública do município de Vitória prima pelos
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
estabelece, por meio da meta seis, a oferta de “[…] edu- princípios e valores de transparência, democracia, ética,
cação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta responsabilidade social, honestidade, criatividade/inova-
por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo ção e inclusão. Princípios esses, necessários para a efe-
menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos alunos da edu- tivação de políticas públicas que visem à emancipação
cação básica”. dos sujeitos e à garantia de seus direitos, bem como à
Por sua vez, o Programa Mais Educação, instituído contribuição para um mundo justo e digno para se viver.
pela portaria normativa interministerial n° 17/2007, re- Compreende-se que a formação humana deve ser al-
presentou um marco importante para induzir a amplia- çada acima da competência técnica. Educadores e estu-
ção da jornada escolar e a organização curricular na pers- dantes devem ser protagonistas na política educacional e
pectiva da Educação Integral. Em seu artigo 6º, orienta a comunidade escolar e local devem se articular por meio
que a ampliação do tempo escolar seja direcionada à for- do diálogo em uma gestão compartilhada, fortalecendo
mação integral do indivíduo, considerando a ampliação a relação escola, família e comunidade, vinculadas às po-
do tempo e do espaço educativo nas escolas, pautada líticas sociais integradas e ações intersetoriais que visem
pela noção de formação integral e emancipadora do in- à inclusão de todos.
divíduo. Nesse sentido, a organização da política educacional
No âmbito municipal, o Plano Municipal de Educação deve garantir a identidade do Sistema, sem perder as es-
(2015), em consonância com o Plano Nacional de Edu- pecificidades. As práticas pedagógicas devem partir de
cação, estabelece em sua meta 6: “Oferecer e assegurar reflexões, debates e pesquisas que incluam observação
a educação em tempo integral garantindo-a de forma e análise em nome de um saber significativo. Reconhe-
qualitativa em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) cemos também a valorização da diversidade e o respeito
das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, às diferenças como elementos que contribuem para a
25% (vinte e cinco por cento) dos estudantes da educa- formação humana e para a educação inclusiva. A escola
ção básica” (p.11). deve ser o local de ampliação do universo de experiên-
Em 2011, foi criado o Decreto Municipal 15.071, que cias e conhecimentos e deve produzir oportunidades de
estabeleceu critérios para matrícula e permanência de es- aprendizagens significativas capazes de proporcionar
tudantes no Programa de Educação em Tempo Integral. aos estudantes a sua emancipação enquanto sujeitos ati-
Mesmo entre muitas discussões e estudos, esse decreto vos dentro da sociedade. O conceito de Educação Inte-
reafirma a prioridade no atendimento às crianças que se gral assume, dentro desse panorama, importante papel,
encontram em situação de vulnerabilidade social. Neste uma vez que propicia repensar as práticas pedagógicas e
mesmo ano, também foi instituída a Portaria Municipal o papel da escola tendo em vista sua situação histórica.
100
4.2 – CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL: do espaço escolar como espaço de vida, como espaço no
TEMPO, ESPAÇO E APRENDIZAGENS qual cada estudante possa ampliar os conhecimentos e
atuação na comunidade, compreendendo-se e incorpo-
O conceito de Educação Integral remete à concep- rando-se a ela. Dessa maneira, o projeto educativo recria
ção de integralidade do ser humano, considerando suas seu sentido na relação com a comunidade local e com
múltiplas dimensões. Dessa forma, uma educação inter- outros interlocutores, outros espaços, outras políticas e
dimensional contribui para o desenvolvimento da au- equipamentos públicos.
tonomia, do protagonismo e da cidadania, bem como Desenvolver a Educação Integral na escola também
proporciona experiências cotidianas ao exercício da pressupõe estar em consonância com a Política de Edu-
democracia. Dessa forma, as atividades oportunizadas cação Especial por meio da articulação entre a equipe da
na Educação Integral devem considerar, conforme os Educação Especial e a equipe de Educação Integral, para
documentos que nos servem de referência, dimensões o planejamento de ações que serão registradas no Plano
humanas aqui sintetizadas como: física/corporal, afetiva/ de Trabalho específico para cada estudante da modalida-
emocional, cognitiva, social/ ambiental/cultural e ética/ de, considerando os Artigos 58 e 59 da Lei de Diretrizes e
estética. Bases da Educação Nacional que imprime a necessidade
A Educação Integral, oferecida em tempo integral, de:
nesse sentido, possibilita a ampliação das aprendizagens
por meio: de novas experiências curriculares; da integra- §1º. [...] serviços de apoio especializado, na escola re-
ção entre os conhecimentos historicamente construídos gular, para atender às da clientela de educação es-
e os diferentes saberes locais; da promoção de uma edu- pecial. Inciso V: acesso igualitário aos benefícios dos
cação que contribua para a formação de uma sociedade programas sociais suplementares disponíveis para o
com sujeitos conscientes, autônomos, solidários, coope- respectivo nível do ensino regular (Artigo 59).
rativos que cumpram com seus deveres e lutem pelos Somente uma escola que consiga olhar para si mes-
seus direitos. Dessa forma, procura romper com o indivi- ma, refletir sua situação a partir da articulação e da inte-
dualismo competitivo e a visão fragmentada de mundo gração entre os vários sujeitos que a compõem e desses
centrada exclusivamente na ciência e na técnica, buscan- com a comunidade e a cidade, ao elaborar o seu Projeto
do, assim, favorecer um processo de desenvolvimento Político Pedagógico (PPP), será capaz de dar o ponto de
que contemple o ser humano em sua integralidade. Nes- partida para superar esses desafios e consolidar seu pa-
se sentido, a Educação Integral em tempo integral não se pel na garantia dos direitos às aprendizagens de todos
limita à ampliação do tempo, mas busca reorganizar os os estudantes. Nesse sentido, é de fundamental impor-
tempos, espaços e conhecimentos a partir das necessida- tância a organicidade e a articulação dos trabalhos em
des das crianças, adolescentes e jovens, potencializando torno de um PPP contextualizado, coerente e construído
101
tidianas que vivencia. De acordo com a DCNEI (BRASIL, professora assumir a atitude de pesquisadora da própria
2009, p. 1), a criança “[…] constrói sua identidade pessoal prática, numa atividade crítica e reflexiva, comprometen-
e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, ob- do-se com o processo formativo dos estudantes e com a
serva, experimenta, narra, questiona e cria sentidos sobre ressignificação do contexto escolar.
a natureza e a sociedade produzindo cultura”.
Essa perspectiva implica garantir à criança o direito 5 – DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO INTEGRAL
de ampliar suas experiências nos diferentes tempos e
espaços da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 5.1 – DIMENSÃO CURRICULAR
considerando a indissociabilidade do cuidar e educar na
ação cotidiana dos profissionais e das famílias. Em concordância com a Lei 9394/96, artigo 9°, inciso
Em relação à adolescência e à juventude, compreen- IV, que aponta como incumbência da União em regime
demos que são períodos do desenvolvimento humano de colaboração com os Estados e Municípios, a elabo-
que, como os demais, constituem-se historicamente, ração das Diretrizes Curriculares que nortearão os cur-
sendo, portanto, “[…] uma construção social com reper- rículos, a Secretaria Municipal de Educação de Vitória,
cussões na subjetividade e no desenvolvimento do ho- por meio da Subsecretaria Pedagógica, elaborou, em
mem moderno e não como um período natural do de- conjunto com os profissionais do Sistema de Ensino de
senvolvimento. É um momento significado, interpretado Vitória, as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil
e construído pelos homens” (BOCK, 2007, p.68). e para o Ensino Fundamental/EJA (2016). Nesse contexto,
Dessa forma, não é possível falar em “adolescência” partindo do pressuposto de que currículo é movimento
ou em “juventude”, mas em “adolescências” e em “juven- e uma construção histórico-cultural, foi constituído um
tudes”, pois os termos adquirem variados sentidos ao Grupo Referência, composto por profissionais da educa-
longo do tempo e em diferentes contextos. Para Bock ção que em diálogo com os pares, em atenção à cultura
(2007), para além de buscar compreender o que os ter- local, às experiências e aos conhecimentos que devem
mos significam, devemos compreender como estes pe- ser oferecidos aos estudantes, ao longo de seu processo
ríodos do desenvolvimento se constituem, uma vez que de escolarização, estiveram à frente do processo de siste-
“[…] só é possível compreender qualquer fato a partir da matização das Diretrizes Curriculares, visando “[...] orien-
sua inserção na totalidade, na qual este fato foi produzi- tar as escolas do município na organização, no desenvol-
do, totalidade essa que o constitui e lhe dá sentido. Res- vimento, na construção e na avaliação de suas propostas
ponder o que é a adolescência implica em buscar com- pedagógicas” (DCEF, PMV, 2016, p. 16).
preender sua gênese histórica e seu desenvolvimento” As Diretrizes Curriculares expressam os princípios teó-
(BOCK, 2007, p. 68). rico-metodológicos que imprimem coerência às ações
Nesse sentido, compreendemos que é a partir das educativas desenvolvidas nas Unidades de Ensino, sem,
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
representações que cada sociedade constrói a respeito contudo, perder de vista as especificidades do ensinar e
da adolescência e da juventude que se definem as res- do aprender em cada etapa e modalidade da Educação
ponsabilidades e os direitos que devem ser atribuídos às Básica, a fim de possibilitar unidade ao currículo prati-
pessoas nessas faixas etárias e o modo como tais direitos cado, subsidiando e potencializando a aprendizagem,
devem ser garantidos. constituindo-se, desse modo, uma importante referência
e instrumento de diálogo na elaboração da Política de
4.5 – CONCEPÇÃO DE EDUCADORES Educação Integral deste município.
Nessa perspectiva, ao discorrer sobre a dimensão cur-
Para educar a partir da integralidade, o educador não ricular desta Política, consideramos importante resgatar a
pode ser visto apenas como transmissor do conhecimen- concepção que reflete a luta constante pela democrati-
to científico, mas como aquele responsável por promo- zação da educação, por uma escola pública de qualidade
ver ambientes enriquecedores e por mediar os processos que viabilize o acesso a todos os recursos culturais, às
de aprendizagens na apropriação de conhecimentos dos mais diversificadas metodologias dos processos de en-
sujeitos. Pensando numa Educação Integral, acreditamos sino aprendizagem e, também, à utilização das novas
que toda a comunidade escolar deve ter o compromisso tecnologias. Faz-se necessário ainda, ampliar as reflexões
com a educação dos estudantes, que numa escola to- sobre os princípios da educação inclusiva, a fim de ins-
dos possuem papel educador. No entanto, afirmamos a tigar os profissionais das escolas a desenvolverem ações
importância da função do professor nos processos edu- educativas que favoreçam todos os estudantes, indepen-
cativos, garantindo os aspectos legais no que tange aos dentemente de suas especificidades, por meio do acesso
direitos de aprendizagem. Destacamos a importância da às atividades coletivas e interativas.
articulação entre escola, família e comunidade na pro- Uma Educação Integral que tem por objetivo promo-
dução do Projeto Político Pedagógico, que precisa ser ver a qualidade da educação de crianças, adolescentes
construído coletivamente pelos sujeitos que aprendem e jovens, tem na ampliação da jornada escolar uma es-
e ensinam. tratégia fundamental. Ampliar o tempo de permanência
Para Paulo Freire (2005), o educador necessita ter a na escola equivale a criar condições de tempo e de es-
capacidade de reflexão que impulsiona a transformar a paço para materializar o conceito de formação integral.
realidade e a ser “seres da práxis.” A práxis, para Frei- Essa ampliação possibilita a efetivação de novas atitudes,
re, significa teoria e prática caminhando juntas quando tanto no que se refere à cognição quanto à convivência
o sujeito age e reflete e ao refletir age de forma cons- social, assim como o acesso ao conhecimento construído
ciente. Destacamos, dessa maneira, a importância de a historicamente, potencializando as aprendizagens.
102
Sendo assim, faz-se necessária uma mudança na pedagógico que considere a convivência entre estudan-
abordagem pedagógica, enriquecendo a dimensão cur- tes com diferentes idades e vivências, projetos de vida
ricular ao ampliar as possibilidades de conhecimento, e interesses, tem sido um dos desafios, na medida em
tendo como elemento favorável a ampliação do tempo. que precisam assegurar, conforme resoluções CNE/CEB
Nesse contexto, é importante optar por ações e inter- 05/2009 e 07/2010:
venções pedagógicas diferenciadas, alinhadas ao pro- • O estabelecimento das relações interdisciplinares
tagonismo dos estudantes, seus contextos de vida, suas entre as áreas de conhecimento;
culturas e seus interesses, a partir da utilização de dife- • A utilização das tecnologias da informação e da co-
rentes espaços e tempos de aprendizagens. Eles devem municação no processo de ensino aprendizagens;
trazer sentido ao trabalho dos educadores e de outros • A constituição de ações didático-pedagógicas e f e -
sujeitos do processo educativo, propiciando o reconheci- tivadas por meio de práticas contextualizadas;
mento do estudante como sujeito ativo nesse processo e • O planejamento e o desenvolvimento de ações pe-
da família como parceira e corresponsável pelo processo dagógicas que explorem o território onde a escola
educacional. está localizada, bem como os demais espaços da
Em diálogo com as Diretrizes Curriculares do Ensino cidade;
Fundamental/EJA (2016), as premissas defendidas na Po- • A promoção do conhecimento por meio da amplia-
lítica de Educação Integral reafirmam uma concepção de ção de experiências sensoriais, expressivas, cor-
currículo como um campo de produção de conhecimen- porais que possibilitem movimentação ampla, ex-
to interligado às vivências e experiências que o estudante pressão da individualidade e respeito pelos ritmos
traz a partir de sua história, seus contextos e do que é e desejos das crianças, adolescentes e jovens;
produzido em suas relações com a escola e com os dife- • O favorecimento da imersão das crianças, adoles-
rentes espaços e tempos. centes e jovens nas diferentes linguagens e o pro-
Nessa perspectiva, é enfatizada nas Diretrizes Cur- gressivo domínio de vários gêneros e formas de
riculares do Ensino Fundamental/EJA (2016) a ideia de expressão: gestual, verbal, escrita, plástica, dramá-
currículo como apropriação do conhecimento sistemati- tica e musical;
zado, conforme sugere a pedagogia histórico-cultural, ao • A vivência ética e estética com outras crianças, ado-
enfocar que as experiências escolares com o currículo se lescentes e jovens, que alarguem seus padrões de
desdobram em torno do conhecimento, permeado pelas referência e de identidades no diálogo e reconhe-
relações sociais, articulando vivências e saberes dos es- cimento das diferenças;
tudantes com os conhecimentos historicamente acumu- • O incentivo à curiosidade, a exploração, o encan-
lados, contribuindo assim, para a constituição das suas tamento, o questionamento, a indagação e o co-
identidades. nhecimento das crianças, adolescentes e jovens
103
tando um currículo integrado que deve estar distribuído que, nessa perspectiva, configura-se como instrumento
entre tempos e espaços diferenciados, de modo que se- qualificador do processo educativo, em especial, quan-
jam consideradas a formação e a vivência sociocultural do associada aos programas destinados à ampliação dos
próprias da infância. Em consequência, as propostas pe- espaços e tempos de aprendizagens. Conforme a reso-
dagógicas, com suas rotinas, poderão ser organizadas de lução do Conselho Municipal de Educação de Vitória nº
maneiras diversas, em atenção a uma Educação Integral 07/2008 em seu artigo 35, a avaliação amplia as oportu-
em tempo integral. nidades de:
Para representar uma possibilidade de organização a) identificar o progresso do estudante e suas dificul-
das propostas pedagógicas pensadas para a Educação dades;
Integral do município, tomamos como referência a ideia b) orientar a professora e o estudante quanto às inter-
da Mandala, tal como expressa pelo Centro de Referên- venções necessárias para superar as dificuldades;
cias em Educação Integral. De acordo com este centro, a c) subsidiar a professora quanto ao planejamento e
mandala é uma representação simbólica que visa apre- replanejamento das estratégias de ensino;
sentar uma proposta pedagógica de articulação, integra- d) fundamentar as decisões do Conselho de Classe;
ção e interação de saberes escolares, buscando a efeti- e) subsidiar o planejamento e a organização da Uni-
vação da Educação Integral. A partir dessa abordagem, dade de Ensino para garantir as aprendizagens
cada um dos anéis da mandala representa um aspecto a significativas e o desenvolvimento dos estudantes
ser considerado nos processos de ensino aprendizagem dentro de suas potencialidades;
dos estudantes, sejam crianças, adolescentes ou adultos, f) subsidiar o planejamento do Sistema de Ensino e
que deve ser fomentado com múltiplas possibilidades sua organização face às políticas públicas que vi-
de diálogo, trocas e mediações visando a formação do sem a inclusão dos estudantes, propiciando suas
estudante na sua multidimensionalidade. Utilizada em condições de desenvolvimento.
encontros formativos com os diferentes sujeitos envol-
vidos no atendimento da Educação Integral no interior Assim sendo, a Política de Educação Integral reconhe-
ce que os princípios e orientações legais subjacentes à
das Unidades de Ensino da Educação Infantil e do Ensino
concepção de avaliação como prática formativa, inclusiva
Fundamental, a mandala é um instrumento e ferramenta
e democrática se alinham ao conceito de Educação Inte-
de auxílio e orientação à construção de estratégias pe-
gral, potencializando o desenvolvimento de experiências
dagógicas.
curriculares que impactam positivamente na melhoria
Tendo como ponto de partida o olhar sobre a cen-
das aprendizagens de todos os estudantes e, de modo
tralidade do sujeito em todas as suas dimensões – física,
especial, no desenvolvimento da formação em valores,
cognitiva, afetiva, ética e estética, social, ambiental e cul-
da autonomia e do protagonismo.
tural, a partir desse centro, a mandala possibilita que os A avaliação formativa, que se refere às práticas para
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
educadores lancem mão de diferentes conexões entre os promover as aprendizagens de todos os estudantes, per-
vários anéis para planejar oportunidades educativas di- mite guiar e otimizar aprendizagens em andamento, no
ferenciadas e diversificadas, favorecendo a ampliação do processo. Por se constituir uma avaliação tão integrada
repertório de atividades e o protagonismo do estudante. aos processos de aprendizagens, que deles não se sepa-
Essa perspectiva, por meio da mandala, convida a escola ra, ela comporá a prática avaliativa na Educação Integral.
a assumir a disposição para o diálogo e para a constru- Faz-se necessário, então, conceber a avaliação das
ção e materialização de projetos pedagógicos que con- aprendizagens como parte integrante e indissociável de
templem princípios e ações compartilhadas, avançando todos os momentos de ensino aprendizagens. Assim, a
na direção da escuta mútua e das trocas capazes de construção de instrumentos e procedimentos avaliativos
construir saberes pertinentes e contextualizados. que contemplem todas essas dimensões de forma qua-
litativa, promovendo processos reflexivos que envolvam
5.2 – AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS todos os sujeitos é uma prática que permite:
• ampliar o leque de informações sobre o processo
Ao refletirmos sobre a avaliação das aprendizagens, pedagógico, permitindo à escola e às professoras
na perspectiva de uma Educação Integral, percebemos (re)definirem suas práticas em função das mudan-
que é necessário não apenas repensar as concepções e ças necessárias ao projeto educativo;
princípios avaliativos, mas principalmente, pensar a pró- • redirecionar estratégias e procedimentos para aten-
pria escola, suas finalidades e sua função social. der necessidades específicas dos estudantes em
De acordo com a legislação educacional, a avaliação suas múltiplas dimensões, considerando seus di-
da aprendizagem deve ser processual, qualitativa, media- ferentes contextos e percursos de aprendizagem;
dora, cotidiana e inclusiva, constituindo-se como parte • acompanhar o aprendizado contínuo dos estudan-
integrante do processo de ensinar e de aprender. A ava- tes, destacando as dificuldades em determinada
liação pode possibilitar o conhecimento da real situação área de conhecimento ou componente curricular
de aprendizagem dos estudantes nos aspectos cogniti- e direcionando as professoras na busca de abor-
vos, sociais, afetivos e culturais no sentido de subsidiar o dagens que contemplem procedimentos didáticos
planejamento das práticas pedagógicas. adequados para as áreas do conhecimento;
Esses aspectos, colocados na Lei 9394/96 e nas Reso- • verificar o que o estudante aprendeu, se os obje-
luções do Conselho Nacional de Educação n° 04/2010 em tivos propostos foram alcançados e se as ações
seu artigo 47 e nº 07/2010 em seu artigo 32, reafirmam pedagógicas foram conduzidas de forma eficaz e
a função diagnóstica e o sentido formativo da avaliação satisfatória;
104
• assegurar que os estudantes aprendam conheci- Esses questionamentos, antes mesmo de qualquer
mentos de relevância sociocultural que garantam proposição, remetem-nos ao conceito de Educação Inte-
o seu desenvolvimento pessoal e preparo para a gral a partir do qual devemos nos orientar, que é aquele
vida cidadã; que considera o sujeito em sua condição multidimen-
• contribuir para o desenvolvimento da autonomia sional. Isso significa dizer que, para além da dimensão
dos estudantes, para que sejam capazes de identi- cognitiva, os sujeitos devem ser compreendidos como
ficar suas necessidades e potencialidades. sujeitos corpóreos, com afetos e que estão inseridos num
contexto de relações.
Portanto, essas finalidades reafirmam, também, a fun- A partir dos questionamentos apresentados, defen-
ção diagnóstica da avaliação: quando os objetivos não demos uma proposta formativa para Educação Integral
forem atingidos, são retomados e elaboram-se novas es- que considere as experiências de ensino aprendizagens
tratégias para que a apropriação e a produção do conhe- vividas pelos profissionais e estudantes em diferentes es-
cimento se concretizem. paços e tempos formativos, as dimensões que compõem
O caráter formativo, diagnóstico e inclusivo da avalia- os sujeitos, a perspectiva da ação-reflexão-ação como
ção compara o estudante com ele mesmo, ao considerar possibilidade de transformação da prática educativa e
seu processo, por isto encoraja-o ao alcance dos obje- fortaleça a interlocução e o diálogo com os diferentes
tivos e ao pleno desenvolvimento de suas capacidades. sujeitos.
Bons procedimentos e práticas que promovam a ava- A proposta de Formação Continuada deve contem-
liação das aprendizagens, na perspectiva da avaliação plar reflexões que abranjam três eixos primordiais:
diagnóstica e formativa, podem ser registros reflexivos a) a formação humana, que conduz à consciência e à
dos estudantes e das professoras; avaliação por pares, responsabilidade da função de um educador com-
com roteiro e critérios claros; autoavaliação, com roteiro prometido com o respeito, com a amorosidade,
simples que auxiliem na construção da autonomia dos com a solidariedade e com as aprendizagens dos
sujeitos; seminários e trabalhos em grupo, cujos critérios estudantes;
sejam negociados por todos; atividades orais e escritas b) as questões sociopolíticas que envolvem a resis-
com questões que permitam o levantamento de hipóte- tência/enfrentamento às diversas formas de opres-
ses, análises, sínteses e justificativas. são, o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos
As dimensões diagnóstica, formativa e inclusiva da e protagonismo infanto- juvenil e adulto, o conhe-
avaliação evidenciam, desse modo, a necessidade de cimento e a transformação de sua realidade e;
perceber as crianças, adolescentes, jovens e adultos que c) as práticas pedagógicas e seu relacionamento com
frequentam a escola como sujeitos de direito, como seres a dimensão curricular e os espaços e tempos desti-
sociais e políticos que possuem a capacidade de pensar nados à formação. Essa proposta necessita ser es-
105
Uma proposta de formação sob essa perspectiva, humanas para possibilitar a autonomia de forma a garan-
tanto no âmbito da escola quanto nos demais espaços e tir o pluralismo de ideias e de concepções nos processos
tempos formativos, fala de participação, de diálogo e de educativos.
autonomia de todos os educadores envolvidos e com-
prometidos com a emancipação dos sujeitos, por meio 6 – ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NO
de práticas educativas problematizadoras e transforma- MUNICÍPIO DE VITÓRIA
doras.
A constituição de escolas de tempo integral como
5.4 – GESTÃO DEMOCRÁTICA efetivação do direito de todas as crianças, adolescentes
e jovens a uma Educação Integral é um desafio a ser su-
Ancorados no reconhecimento do sujeito em sua perado a longo prazo, devido à insuficiência de estrutura
multidimensionalidade, a Educação Integral se aproxima física para atender a toda a demanda de matrícula de
do conceito de democracia, quando se compromete com crianças e de adolescentes em tempo integral. Ampliar
o diálogo, a escuta e a alteridade, respeitando as diferen- a jornada escolar pressupõe a ampliação de oportuni-
tes formas de expressão, a diversidade cultural e religio- dades das aprendizagens significativas e emancipadoras
sa, a singularidade do outro, estimulando a liberdade, a como direito de todos os estudantes. Segundo Cavaliere
iniciativa e o compromisso, com vistas a potencializar a (2007),
cidadania, o protagonismo e a autonomia como princí- Os resultados positivos das pesquisas que relacionam
pios. tempo e desempenho escolar e a percepção de que a
escola pode ser uma instituição mais eficiente, em sua
Na Rede Municipal de Ensino de Vitória, esses prin- função socializadora, encorajam e dão suporte às políti-
cípios fundamentam a concepção de Gestão Demo- cas de ampliação do tempo. [...] A ampliação do tempo
crática que se caracteriza pela participação efetiva dos de escola somente se justifica na perspectiva de propiciar
envolvidos no processo educativo. Nessa perspectiva, mudanças no caráter da experiência escolar, ou melhor,
objetiva-se o desenvolvimento do trabalho coletivo, o na perspectiva de aprofundar e dar maior consequência
planejamento participativo e dialógico, a transparência a determinados traços da vida escolar. (p.1021)
das ações, o exercício democrático e o favorecimento das [...] É a construção de uma proposta pedagógica para
relações interpessoais. escolas de tempo integral que repense as funções da ins-
Visando à implementação do princípio da gestão de- tituição escolar na sociedade brasileira, que a fortaleça
mocrática, a Prefeitura Municipal de Vitória, por meio da através de melhores equipamentos, do enriquecimento
Lei nº 6.794 de 2006, dispõe sobre a organização dos de suas atividades e das condições adequadas de estudo
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Conselhos de Escola. A sua composição faz-se por re- e trabalho para alunos e professores, o que poderá trazer
presentação dos segmentos de estudantes, servidores, algo de novo e que represente crescimento na qualidade
professoras, diretora, pais de estudantes e comunidade do trabalho educativo (p.1032).
local, que são eleitos de forma democrática por voto di- Visando ao atendimento à meta do Plano Municipal
reto a cada triênio. Sendo assim, a participação ocorre de Educação para a Educação Integral e considerando os
de modo direto por meio da fala e do voto da represen- desafios a serem superados como estratégias para efeti-
tação dos diferentes segmentos do Conselho de Escola. var a Política de Educação Integral, a Rede Municipal de
A garantia do funcionamento do Conselho de Escola se Ensino de Vitória organizou a oferta em três formatos:
dá quando todos os membros têm direito de exercer seu Educação Integral em Jornada Ampliada, Unidade de En-
protagonismo e participação nas decisões da escola. sino em Tempo Integral e Ações Intersetoriais, conforme
[...] tendo em conta que a participação democrática detalhado nos tópicos seguintes.
não se dá espontaneamente, sendo antes um processo
histórico em construção coletiva, coloca-se a necessida- 6.1– EDUCAÇÃO INTEGRAL EM JORNADA AM-
de de se preverem mecanismos institucionais que não PLIADA
apenas viabilizem, mas também incentivem práticas par-
ticipativas dentro da escola pública (PARO, p.46, 2002). 6.1.1 – Crianças em tempo integral na Educação
Neste sentido, é fundamental garantir, no processo Infantil
de democratização, a representação de estudantes no
Conselho de Escola e no Conselho de Classe. Para tan- O atendimento às crianças em tempo integral na Edu-
to, faz-se necessária a utilização de diferentes estratégias cação Infantil tem como objetivo qualificar os processos
com vistas a garantir a participação das crianças e ado- de aprendizagem por meio da ampliação das experiên-
lescentes nesses espaços de diálogo e decisões políticas cias nos espaços e tempos da Unidade de Ensino e de-
e pedagógicas. No Ensino Fundamental, as formas de mais espaços da cidade, a fim de atender às necessida-
organização estudantil consolidam-se em: grêmios es- des educacionais das crianças.
tudantis, conselho de líderes e atuação na Rádio Escola. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Na Educação Infantil, outros espaços e tempos devem Infantil, instituídas pela Resolução CNE/SEB 05/2009 reú-
ser assegurados, como: fóruns, assembleias, rodas de ne princípios, fundamentos e procedimentos para orien-
conversas, desenhos, entre outros. Nessa direção, é fun- tar as políticas públicas na área e a elaboração, planeja-
damental a compreensão de gestão escolar democrática mento, execução e avaliação de propostas pedagógicas
como aquela capaz de mobilizar as múltiplas dimensões e curriculares. Essa normatização concebe a ação peda-
106
gógica como um todo, não havendo desvinculação entre 6.1.2 - Estudantes em Tempo Integral no Ensino
as propostas pensadas para a jornada em tempo parcial Fundamental
e a jornada em tempo integral.
No documento está previsto que o atendimento se Com o objetivo de garantir o gradativo atendimento
dará em tempo contínuo, sem que haja fragmentação em tempo integral para grupos de estudantes das es-
entre turnos. A qualificação desse atendimento requer a colas municipais de Ensino Fundamental por um tempo
participação articulada, reflexiva, criativa e comprometi- mínimo de 7h diárias com atividades de enriquecimento
da entre os profissionais da educação com a comunidade curricular relacionadas e articuladas com o Projeto Políti-
local e o território e pressupõe a integralidade das ações co Pedagógico e com o Plano de Ação da escola, foram
pedagógicas na perspectiva do cuidar e educar, por meio estruturados, para a organização do trabalho pedagógi-
das interações e brincadeiras, articulando o trabalho com co, os seguintes eixos temáticos:
as diferentes linguagens nos diversos espaços e tempos • Estudo Orientado - Ampliação das oportunidades
da educação. de aprendizagens curriculares nas diversas áreas do co-
Considerando a ampliação da jornada das crianças, as nhecimento, por meio de atividades que envolvam a
experimentações curriculares estão sendo constituídas a promoção da autonomia para o compromisso, o gosto
partir da compreensão de que os diferentes espaços e pelos estudos e pela pesquisa; e o desenvolvimento do
tempos do CMEI devem ser potencializados na apren- raciocínio lógico e das experiências de leitura e produção
dizagem das diferentes linguagens, entendendo que as textual.
crianças e professoras são enunciadoras das possibili- • Corpo e Movimento - Ampliação das oportunidades
dades de elaboração das práticas pedagógicas em arti- de aprendizagens curriculares por meio de ativida-
culação com os diferentes profissionais da Unidade de des que envolvam a cultura corporal do movimen-
Ensino. to, com jogos e práticas corporais que estimulem a
Sendo assim, democraticamente, as crianças se apro- criatividade, a ludicidade e articulem conhecimen-
priam dos espaços e tempos da Unidade de Ensino, vi- tos de diferentes componentes curriculares.
venciando diferentes movimentos investigativos nos “ce- • Linguagem Artístico-cultural - Ampliação das opor-
nários” produzidos nas práticas pedagógicas com elas. tunidades de aprendizagens curriculares, por meio
Dessa forma, corredores, pátios, refeitórios, salas, entre de atividades que envolvam as linguagens musical,
outros ambientes da Unidade, constituem espaços de cênica, plástica e corporal que estimulem a cria-
produção de conhecimento, assim como outros espaços tividade e articulem conhecimentos de diferentes
e tempos no entorno do CMEI e na cidade. componentes curriculares.
Em determinadas regiões onde os espaços físicos das • Comunicação e Inclusão Digital - Ampliação das
Unidades de Ensino ainda não atendem ao número de oportunidades de aprendizagens curriculares por
107
tar fundamentado na Dimensão Curricular prevista neste integrada, de modo que sejam consideradas a formação
documento e precisa estar articulado com o PPP, com o e a vivência sociocultural próprias da infância. Em conse-
Plano de Ação e com o Projeto Institucional da Unidade quência, as propostas pedagógicas poderão ser organi-
de Ensino. zadas de maneiras diversas, em atenção à multiplicidade
O Plano de Trabalho será elaborado coletivamente e de dimensões dos sujeitos: crianças e educadores em
deverá conter os seguintes elementos: observância aos princípios atestados pela DCNEI e BNCC
• identificação da Unidade de Ensino; (BRASIL, 2009, 2017):
• dados quantitativos e qualitativos com diagnóstico • Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da soli-
dos estudantes da Educação Integral; dariedade e do respeito ao bem comum, ao meio
• objetivos e justificativa da ação educativa; ambiente e às diferentes culturas, identidades e
• metodologia; singularidades.
• avaliação; • Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da
criticidade e do respeito à ordem democrática.
A organização dos tempos espaços de desenvolvi- • Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludi-
mento das atividades previstas nesse Plano, bem como cidade e da liberdade de expressão nas diferentes
o acompanhamento da frequência dos estudantes serão manifestações artísticas e culturais.
registrados no Sistema de Gestão Escolar. As atividades Além de serem observados os princípios citados nos
acontecerão no interior da escola, em espaços públicos referidos documentos, destacamos outros, nos
do entorno escolar e da cidade, bem como em polos de quais as propostas pedagógicas devem estar fun-
atendimento pertencentes às secretarias parceiras. Para damentadas, quais sejam:
isso, a Unidade de Ensino contará com recursos munici- • Integralidade – articulação das linguagens, dos co-
pais e federais para os serviços de transporte, alimenta- nhecimentos e dos sujeitos, o que legitima uma
ção, aquisição de materiais pedagógicos, contratação de prática coletiva para a efetivação do currículo in-
integradores sociais, disponibilização de professoras do tegrado.
quadro do magistério e assistentes de Educação Infantil, • Educação interdimensional – supera o domínio da
da Rede Municipal de Ensino para desenvolver as ativi- racionalidade e indica a necessidade de conjuga-
dades educativas. ção e conexão das diversas dimensões do sujeito.
• Territorialidade - novas e diversificadas oportuni-
6.2– UNIDADES DE ENSINO EM TEMPO INTEGRAL
dades de aprendizagens das crianças na ocupação
e exploração dos espaços dentro e fora do CMEI.
6.2.1 – Centro de Educação Infantil em Tempo In-
• Protagonismo – promoção de espaços e tempos de
tegral
atuação das crianças numa relação dinâmica de
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
108
• Considera a formação humana em suas dimensões: - Oito aulas diárias de cinquenta minutos cada, or-
cognitiva, afetivo-relacional, sociocultural, cor- ganizadas preferencialmente de forma geminada;
poral, produtiva e ética, tendo como princípios o - Intervalo de uma hora e vinte minutos para almoço
desenvolvimento da autonomia e o protagonis- e descanso;
mo dos estudantes. Uma vez realizada em tempo - Dois intervalos de 20 (vinte) minutos cada para re-
ampliado, qualifica as aprendizagens asseguradas creio e lanche, totalizando nove horas diárias.
pelos componentes curriculares da Base Nacional
Comum e pela Parte Diversificada, organizados, de 6.3 – AÇÕES INTERSETORIAIS
forma integrada, rompendo com a divisão de tur-
no e contraturno. Outra possibilidade de ampliação da jornada esco-
• Além da Base Nacional Comum, a Parte Diversifi- lar é a disponibilização de espaços tempos com a oferta
cada contempla Disciplinas Eletivas, Orientação de de atividades culturais, artísticas, esportivas, recreativas
Estudos, Educação Científica e Tecnológica, Pro- e de convivência a serem desenvolvidas no contraturno
tagonismo Infantojuvenil e Projeto de Vida, em escolar pelas Secretarias Municipais de Assistência So-
observância às diretrizes e parâmetros nacionais e cial, de Cultura e de Esporte para crianças, adolescentes
locais para a educação pública. e jovens, na faixa etária de 04 a 17 anos, prioritariamen-
• As Disciplinas Eletivas deverão ser definidas pela te, para estudantes da Rede Municipal de Ensino. Além
escola, a partir de proposta de professoras e estu- dessas ações serem disponibilizadas pelas secretarias a
dantes, como forma de enriquecimento e amplia- todos os munícipes, há a garantia de que as Unidades de
ção de conhecimentos das áreas da Base Nacio- Ensino deste município tenham vagas reservadas para os
nal Comum, considerando a interdisciplinaridade estudantes da Educação Integral.
como eixo metodológico. Para acessar essas atividades, os responsáveis preci-
• A Orientação de Estudos visa proporcionar o de- sam fazer a inscrição de seus filhos nos Cajuns (Projeto
senvolvimento de estratégias para organização das Caminhando Juntos) ou portal eletrônico da educação
atividades de rotina dos estudantes, objetivando ampliada, disponível em www.vixcursos.vitoria.es.gov.br,
o autodidatismo, a autonomia, a capacidade de bem como têm a responsabilidade de viabilizar condi-
auto-organização e de responsabilidade pessoal e ções para a frequência nas atividades escolhidas. No caso
social. específico das vagas disponibilizadas para as Unidades
• A Educação Científica e Tecnológica, prevista na de Ensino, as inscrições deverão ser realizadas pela equi-
proposta curricular, deverá proporcionar a aproxi- pe da Educação Integral da Unidade na Coordenação de
mação dos estudantes, de forma crítica e reflexiva, Educação Integral - SEME/CEI.
com os conhecimentos que envolvam as relações Estas ações têm como objetivo ampliar as vivências
109
Apresentar a POLÍTICA MUNICIPAL DE PROTAGO- Que este documento inspire ações para o fortaleci-
NISMO ESTUDANTIL no contexto educacional da Rede mento da democracia na escola e na sociedade. Crianças
Municipal de Ensino de Vitória é ao mesmo tempo uma e adolescentes, sujeitos de direitos, protagonistas, parti-
honra e uma alegria. cipando ativamente na escola, na família e na comunida-
Para que um país consiga realizar o potencial que de, são a condição fundamental para o desenvolvimento
cada cidadão carrega em si, é preciso que todos possam sustentável de uma sociedade que quer ser mais justa e
se expressar, opinar, participar e decidir. solidária.
O exercício pleno da cidadania implica o reconheci-
mento de que crianças e adolescentes, para serem cida- 2. INTRODUÇÃO
dãs, devem ter assegurados: o direito de ter direitos; o
direito de conhecer seus próprios direitos; o direito de O papel social da educação é um tema que, histo-
usufruir livremente dos seus direitos e o direito de cons- ricamente, tem se revelado fundamental no debate
truir, a cada dia, novos direitos. educacional, tanto no cenário nacional como na Rede
No contexto escolar a ideia de participação é decisiva Municipal de Ensino de Vitória que, atualmente, vem re-
pois todo processo de aprendizagem passa pelo desejo tomando essa discussão nos movimentos de atualização
do sujeito, pelo querer aprender. Por isso a adesão ao e implementação dos documentos curriculares. Entre as
processo educativo vai depender de quanto os sujeitos questões apontadas, cabe destacar a necessidade de res-
se sintam envolvidos, comprometidos e interessados. significarmos os sentidos da escola, possibilitando que:
Sem participação a presença dos/as estudantes na escola [...] essa instituição se constitua como lugar de en-
pode se reduzir ao cumprimento da formalidade imposta contro, interação, socialização, partilha e construção do
de “ir à escola” sem necessariamente pertencer a escola conhecimento, pois é isso que potencializa o desenvol-
e se sentir participante dos processos de construção do vimento humano e é a escola um espaço de humaniza-
conhecimento que nela se desenvolvem. Processos par- ção, um espaço onde as crianças, adolescentes, jovens,
ticipativos aumentam a autoestima dos sujeitos, estimu- adultos e idosos podem consolidar sua natureza social,
lam a criatividade e são mecanismos importantes para afetiva, histórica e cultural. Desse modo, quando falamos
reduzir vulnerabilidades. da escola, é de nossa própria história que falamos, uma
A opção da Rede Municipal de Ensino de Vitória de vez que também nos constituímos nesse lugar, seja como
introduzir o conceito de protagonismo de crianças e profissionais da educação, seja como estudantes (Vitória,
adolescentes no contexto da participação é muito impor- 2016, p. 30).
tante para diferenciar os espaços e as responsabilidades. Reafirmando a importância dessas reflexões, a Se-
Quando se fala em protagonismo de crianças e ado- cretaria Municipal de Educação de Vitória, por meio da
lescentes a ênfase está em garantir espaços para tomar Subsecretaria de Gestão Educacional e da Gerência de
as decisões que lhes cabem para seu próprio desenvolvi-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
110
3. PROTAGONISMO NO CONTEXTO EDUCACIO- mamos a criança como produtora, sujeito de direitos que
NAL: CONCEITOS E PRESSUPOSTOS pertence à sociedade, que reflete, exprime e imagina de
outro modo. Compreendendo que a criança tenha capa-
A partir da expressão que deriva do grego prota- cidade de se manifestar diante das contradições sociais,
gonistes, onde “protos” significa principal ou primeiro produzindo outras formas de significação, interrogamos
e “agonistes” significa lutador ou competidor, o termo os processos educativos:
protagonismo foi muito utilizado nas artes cênicas, como - Consideramos as narrativas e os saberes das crian-
no teatro, cinema e novela, referindo-se ao personagem ças nos processos históricos de constituição do
principal da encenação. currículo e da escola?
No entanto, as narrativas históricas da década de - Será que oportunizamos às crianças o desenvolvi-
1960 expressam que “esse” protagonista ou ator prota- mento de suas competências como detentoras do
gônico parece não dar conta da representatividade so- poder de influenciar a vida coletiva?
cial e política, quando se refere a um indivíduo somente.
Considerando a diversidade dos sujeitos que compõem a Com base em Sarmento (2015, p.28), essa reflexão re-
sociedade, com seus distintos interesses e necessidades, mete ao conceito da autonomia como “[...] possibilidade
afirmamos o protagonismo como possibilidade concreta das crianças se sentirem em um contexto onde podem
do desenvolvimento do exercício da cidadania na coleti- influenciar os outros”.
vidade, ao mesmo tempo em que se volta ao sujeito, à Para o autor, autonomia está associada a outros dois
sua formação humana (SILVA, 2015). conceitos: participação e poder. Segundo ele, participa-
Além disso, há marcos legais, como a Constituição da ção é “[…] tomar parte ativa, no sentido de construir o
República Federativa do Brasil de 1988, que dispõe, no espaço coletivo, onde as crianças possam ter uma ação
art. 205, a Educação como “[…] direito de todos e de- influente” (SARMENTO, 2015, p. 28).
ver do Estado e da família, será promovida e incentivada Com relação ao poder, as crianças o exercem fora do
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno de- lugar do adulto, de modo que esse poder possa ser par-
senvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício tilhado, construindo uma vontade coletiva. Ainda segun-
da cidadania [...]”. do Sarmento (2015), a prática de oportunizar esse poder
Essa ideia passa pela compreensão de participação às crianças, deve ser orientada em função de um bem
como processo inerente às aprendizagens, constituindo comum “[…] para isso é indispensável a intervenção do
a escola como lugar de pertencimento e de participação adulto” (p.29).
social e política. Com base no sentido de “parte”, parti- Nessa esfera, corroboramos com Janer (2017, p. 33)
cipação considera interesses e necessidades individuais “[…] que temos disponíveis para as nossas ações e estu-
para contribuir e conquistar ações para o bem comum de dos, um conjunto de conceitos que a nosso ver se refe-
111
to, não é passiva, uma vez que os sujeitos se interinfluen- sentatividade em determinados grupos sociais. É essa a
ciam, produzindo formas de estar e de se relacionar no realidade dos nossos estudantes, sobretudo dos adoles-
mundo, buscando intervir em seu espaço físico e social. centes e jovens, na qual precisam se posicionar.
Nesse contexto: Considerando a cultura de participação como aquela
Assumir a ideia de que o estudante é sujeito histó- que estimula trocas de conhecimentos, respeito às opi-
rico e produtor de cultura significa assumir a relevância niões, proposição de ideias, atitudes de solidariedade,
de sua contribuição neste processo, e que o docente respeito às diferenças, convívio democrático e, partindo
não é o único detentor do conhecimento. Desta forma, do princípio que são conceitos que se fortalecem em
consideramos que a prática pedagógica se consolida a cada um a partir do momento em que temos discerni-
partir de uma relação de igualdade e ao mesmo tempo mento sobre o real contexto social, político, econômico
de respeito às diferenças que constituem estes sujeitos, e cultural que vivenciamos, temos a responsabilidade de
reconhecendo que o docente é o responsável por pro- investir no desenvolvimento de ações que estimulem a
porcionar as práticas de mediação necessárias à garantia vivência do protagonismo estudantil.
da aprendizagem (Vitória, 2016, p. 33). Falar de protagonismo implica também, além de ou-
Tomando as diferenças como princípio orientador tras reflexões, pensar que a participação dos estudantes
para promoção de práticas democráticas, nas Diretrizes não deve ser figurativa. As relações devem privilegiar
Curriculares do Ensino Fundamental (Vitória, 2016) des- a reflexão a respeito de problemas que emergem nos
taca-se a necessidade de reconhecermos as diferentes tempos atuais e sobre formas de atuação que possam
fases da vida dos estudantes, ressignificando as concep- contribuir positivamente em mudanças de situações que
ções que nos orientam e criando também novas bases afetem as crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos,
de compreensão sobre as infâncias, as adolescências, as assim como a educação e a sociedade, de forma geral.
juventudes e a adultez, uma vez que as formas como ve- Portanto, um processo no qual o estudante ultrapas-
mos os sujeitos nessas diferentes etapas de suas vidas se os interesses pessoais e busque pensar também nas
não podem estar desarticuladas do modo como agimos questões de interesse coletivo, de modo que [...] a partir
e interagimos com eles. das regras básicas do convívio democrático, o jovem vai
Compreendemos a importância do protagonismo atuar para em algum momento de seu futuro, posicio-
exercido nas infâncias, na perspectiva de valorização/po- nar-se politicamente de forma mais amadurecida e lúci-
tencialização/empoderamento das vozes e das experiên- da, com base não só em ideias, mas principalmente em
cias das crianças. Costa (2001) defende que essa ideia suas experiências (práticas e vivências) concretas em face
constitui a essência para a prática do protagonismo na da realidade (COSTA, 2001 P. 39)
escola, trazendo contribuições para pensarmos as rela- Debates sobre as temáticas relacionadas com os di-
reitos humanos, com a diversidade sociocultural, com a
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
112
direito de aprendizagem. O docente mediador é aquele tico e consciente de cada sujeito na construção de suas
que percebe e compreende os processos internos viven- identidades em consonância com o bem coletivo. O for-
ciados pelos estudantes e lhes possibilita meios para se talecimento do protagonismo reverbera na pertinência
apropriarem de novos aprendizados, que cria situações dos assuntos que afetam a vida de cada estudante, fa-
e problemas que os levem a superar estágios de desen- vorecendo que as instituições, as escolas e as políticas
volvimento e concepções acerca da realidade à sua volta, públicas incluam em suas demandas as questões que
bem como dos conceitos já construídos e a elaborar ou- afetam as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos
tros (Vitória, 2016, p. 34). e os idosos.
Com base no conjunto desses conceitos, apresenta-
O protagonismo, como princípio praticado no con- mos pressupostos para a prática do protagonismo:
texto educacional, apoia-se na qualidade das relações - Reconhecimento dos estudantes (criança, adoles-
estabelecidas entre estudantes, professoras e funcioná- cente, jovem, adulto e idoso) como autores dos
rios das instituições de ensino. Destacamos, nesse con- seus processos formativos, como sujeitos históri-
texto, a mediação da professora, no fortalecimento de cos, sociais, culturais, ativos, de direitos, produto-
espaços tempos que privilegiam um ambiente favorável res de conhecimento, críticos e autônomos;
à manifestação e expressão de ideias, opiniões, que por - Escuta cuidadosa na relação com o estudante, para
sua vez, devem ser priorizadas na construção das pro- considerar as suas manifestações como pistas para
postas de ação e projetos da Unidade de Ensino. a ressignificação da prática curricular e na tomada
Concordamos com Freire (1993) quando afirma que: de decisões;
É preciso que o(a) educador(a) saiba que seu “aqui” - Mediação pedagógica reflexiva, assumindo a dialo-
e o seu “agora” são quase sempre o “lá” do educando. gia como metodologia na criação e potencializa-
Mesmo que o sonho do(a) educador(a) seja não somente ção dos espaços tempos de protagonismo.
tornar o seu “aqui‐agora”, o seu saber, acessível ao edu- - Desenvolvimento do protagonismo para uma edu-
cando, mas ir mais além de seu “aqui‐agora” com ele ou cação cidadã e democrática, integrada aos pro-
compreender, feliz, que o educando ultrapasse o “aqui”, cessos de decisão da escola, para superação dos
para que este sonho se realize tem que partir do “aqui” desafios e resolução de problemas.
do estudante e não do seu. Isto significa, em última aná- - Envolvimento dos estudantes nas discussões e de-
lise, que não é possível ao educador(a) desconhecer, cisões da gestão participativa, democrática e com-
subestimar ou negar os “saberes de experiência feitos”, partilhada, concebendo a escola como espaço de
com que os educandos chegam à escola. (FREIRE, 1993, pertencimento, planejamento de ações e projetos
p. 39) escolares, bem como avaliação dos mesmos.
A efetivação, bem como o fortalecimento das ações
113
A participação propicia que os estudantes desenvol- marchas pela democratização, e um deles, Edson Luís,
vam o sentimento de pertencimento no espaço escolar, foi morto em uma das manifestações (CARVALHO, 2008,
a autonomia, a solidariedade, o trabalho em equipe e a p.161)
promoção da cultura de paz no ambiente escolar. Ainda nesse período, no congresso da UNE, em Ibiú-
na/SP, os estudantes reuniram-se para discutir alternati-
4. MARCO LEGAL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRI- vas à ditadura militar. Houve invasão da polícia, muitos
CA DA PARTICIPAÇÃO ESTUDANTIL NO BRASIL E NO estudantes foram presos, mortos ou desapareceram, evi-
MUNICÍPIO DE VITÓRIA/ES denciando a repressão e a restrição à liberdade de ex-
pressão que eram características desse período. Ocorreu
Os movimentos estudantis demonstraram grande também, no mês de junho, no Rio de Janeiro, a passeata
força em nosso país, por meio de ações históricas que dos Cem Mil, que reuniu artistas, estudantes, jornalistas
podem ser comprovadas em várias fontes: livros, sites, e a população em geral, em manifesto contra os abusos
documentários e relatos que remontam a sua história dos militares.
e importância no Brasil. A criação da Federação dos Es- Durante o governo do General Artur Costa e Silva, em
tudantes Brasileiros em 1901 marca importantemente a 13 de dezembro de 1968, foi assinado o Ato Institucional
história do Movimento Estudantil que teve grande cres- número 5 - AI 5, que restringiu ainda mais a liberdade
cimento nesse período: dos cidadãos, cassou a liberdade individual, acabou com
Já em 1910 é realizado o I Congresso Nacional dos a garantia de Habeas Corpus da população, deu início à
Estudantes, em São Paulo. O rápido aumento do número chamada linha dura do regime militar. Para o Movimento
de escolas, nas primeiras décadas do século, acompa- Estudantil, a consequência do AI 5 foi sua extinção legal,
nhou também a rápida organização coletiva dos jovens, levando-o para a clandestinidade. O regime ditatorial
que desde o início de sua atuação, estiveram envolvidos aplicou também um outro decreto suprimindo os direitos
com as principais questões do país (UNE, 2016). expressivos de professoras, estudantes e funcionários:
A União Nacional dos Estudantes - UNE é o órgão de Em fevereiro de 1969, foi promulgado o Decreto-Lei
representação estudantil de maior expressão em âmbito 477, decorrente do AI-5 nas suas Portarias 149-A e 3.524,
e aplicado aos professores, alunos e funcionários, proi-
nacional, representando todos os estudantes brasileiros.
bindo qualquer manifestação de caráter político ou de
O movimento estudantil secundarista de maior repre-
contestação no interior das instituições educativas. Foi
sentatividade no Brasil é constituído pela União Brasileira
nesse clima de controle, ameaça e insegurança individual
dos Estudantes Secundaristas - UBES. As Uniões Esta-
que se formaram profissionais de nível superior e dentre
duais Secundaristas, que desempenham o papel de re-
eles, os professores. (VEIGA, 2007, p. 121-122)
presentar os estudantes do Ensino Fundamental, Médio e
Com a revogação do AI-5, em 1978, vários setores
Técnico de cada estado e a UMES – União Municipal dos
da sociedade se organizaram para lutar pela democracia,
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Estudantes Secundaristas, desenvolvendo a mesma fun- por participar da vida política do país. Essa mobilização
ção das Uniões Estaduais em nível municipal, são formas popular, que marcou a década de 1980, foi caracteriza-
de organização da UBES. da por intensas lutas por direitos sociais, pelo exercício
Observa-se que, historicamente, o movimento estu- da cidadania e por democracia, alcançando seu auge em
dantil se manifestou contra a agressão à democracia e 1984, no Movimento pelas “Diretas Já”, que foi o movi-
contra forças antinacionais, desde 1961 e, nesse contex- mento da população, com participação dos estudantes
to, a UNE passou a ser alvo de atentados com a tomada e dos políticos progressistas, para a volta das eleições
de poder pelos militares: diretas para presidente no Brasil.
A primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar Naquele contexto, o Congresso Nacional foi a favor
o poder em 1964 e depor o presidente João Goulart foi das eleições indiretas e Tancredo Neves foi nomeado
metralhar, invadir e incendiar a sede da UNE, na Praia do presidente para o mandato seguinte, que seria a partir
Flamengo 132, na fatídica noite de 30 de março para 1º de 1985. Foi estipulado que as eleições de 1989 seriam
de Abril. Ficava clara a dimensão do incômodo que os diretas. Após 29 anos sem eleição direta, foi eleito presi-
militares e conservadores sentiam em relação à entida- dente de nosso país Fernando Collor de Melo. Segundo
de. A ditadura perseguiu, prendeu, torturou e executou Carvalho (2008), essa foi a maior mobilização popular
centenas de brasileiros, muitos deles estudantes (UNE, da história do país. Em 1992, a recessão da economia
2016). se tornou insustentável e foi instaurada uma Comissão
Ao final da década de 1960, estudantes e represen- Parlamentar de Inquérito (CPI). Aconteceram várias ma-
tantes de outros segmentos da sociedade participaram nifestações populares nas cidades brasileiras, com parti-
de protestos pela luta por mudanças no sistema de or- cipação de enorme número de estudantes secundaristas,
ganização estatal antidemocrática, pelo direito de serem universitários e de entidades representativas da socie-
ouvidos, pela liberdade de expressão, em suma, pela dade civil, entre elas, a UNE e a UBES. Esse movimento
democracia. Os estudos de Carvalho (2008), acerca do ficou conhecido como “caras pintadas” pelo fato de os
percurso para a construção da cidadania no Brasil, apre- estudantes pintarem o rosto com as cores da bandeira
sentam fatos que marcaram esse período. nacional em forma de protesto contra a falta de ética na
Nova retomada autoritária aconteceu em 1968. Neste política. Neste mesmo ano, o então presidente Fernando
ano, voltaram a mobilizar-se contra o governo alguns se- Collor sofreu impeachment.
tores da sociedade, sobretudo os operários e os estudan- Nesse contexto de avanços e retrocessos na luta pela
tes. Duas greves marcaram a retomada das manifesta- democracia, Aldo Arantes, deputado e ex-presidente
ções operárias. Os estudantes saíram às ruas em grandes da UNE, criou o projeto que deu origem à Lei Federal
114
7398/85, conhecida como Grêmio Livre, que deu apara- No âmbito nacional, outra legislação importante para
to legal ao grêmio estudantil e garantiu a organização os processos de protagonismo foi o lançamento do Pro-
autônoma dos estudantes do Ensino Fundamental e do grama Mais Educação, um dos componentes do Plano de
Ensino Médio. Ações Articuladas (PAR), regulamentado posteriormente
A Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 pre- pelo Decreto 7.083/10, em que municípios e estados com
vê, em seu artigo 203, “[…] a participação da população, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
por meio de suas organizações representativas, na for- abaixo de 2,9 recebiam transferências voluntárias e as-
mulação das políticas públicas e no controle das ações sistência técnica do MEC. Entre as atividades do referido
em todos os níveis”. programa estava a implantação de rádios escola, rela-
cionada com o macrocampo comunicação, denomina-
Assegura, portanto, o direito que a população tem, da “Uso de Mídias e Cultura Digital e Tecnológica”. Com
por meio da representatividade, de participar das ques- a política nacional de fortalecimento do protagonismo
tões relativas ao bem comum. estudantil, no município de Vitória, o Projeto Rádio Es-
A LDBEN, Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, cola foi concebido como modelo comunicacional hori-
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. zontal, democrático e participativo, na medida em que
No Art. 14, inciso II, cita o princípio da gestão democrá- seus agentes de transformação são sujeitos, ganhando
tica do ensino público na Educação Básica relativo à par- espaço no universo comunitário escolar e extraescolar.
ticipação das comunidades escolares e locais em conse- Fundamentada nos princípios da Educomunicação, a rá-
lhos escolares ou equivalentes. dio escola passa a ser uma ação desafiadora, uma vez
Especificamente, em relação ao grêmio e a sua ga- que é possível utilizá-la como instrumento de interação e
rantia aos/às estudantes do Ensino Fundamental, há a Lei emancipação dos sujeitos na escola. Para Soares (2011),
Federal Nº 7.398/1985 que dispõe sobre a organização [...]um paradigma orientador de práticas sócio-edu-
de entidades representativas dos estudantes, nos se- cativo-comunicacionais que têm como meta a criação e
guintes termos: fortalecimento de ecossistemas comunicativos abertos e
Art. 1º - Aos estudantes dos estabelecimentos de en-
democráticos nos espaços educativos, mediante a gestão
sino de 1º e 2º graus fica assegurada a organização
compartilhada e solidária dos recursos da comunicação,
de Estudantes como entidades autônomas representa-
suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento
tivas dos interesses dos estudantes secundaristas com
do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente
finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas
exercício prático do direito universal à expressão (p.37).
e sociais.
Respeitando o percurso histórico de conquista de
§ 2º - A organização, o funcionamento e as atividades
espaços de participação dos estudantes, enfatizamos o
dos Grêmios serão estabelecidos nos seus estatutos,
aprovados em Assembleia Geral do corpo discente de pensamento de Freire (1996, p.59) quando afirma que “O
115
Além dessa potente ferramenta para a escuta das de trabalho, na qual são revisitados e potencializados
narrativas, das enunciações que compõem o diálogo na os recursos, as estratégias de ensino, os espaços e seus
relação com a criança, outras metodologias devem ser usos, os tempos das aulas, dos projetos, das atividades
consideradas: curriculares diversificadas e as possíveis articulações
- Mini Fóruns; entre as áreas do conhecimento e seus componentes
- Assembleias; curriculares.
- Votações; Desse modo, estamos reafirmando que a mudança de
- Plenárias; postura na mediação pedagógica e as estratégias meto-
- Conferências, entre outras. dológicas que utilizamos nas interações com os estudan-
tes são aspectos imprescindíveis para concretizarmos o
A participação das crianças na gestão da Unidade de dialogismo e o protagonismo como princípios que orien-
Ensino deve ser fortalecida pela constituição de diferen- tam as nossas práticas, princípios a serem concebidos e
tes espaços tempos de interação, cabendo aos pais e/ vivenciados.
ou responsáveis representá-las no Conselho de Escola, A tradição monológica e os rituais predeterminados
identificando interesses, necessidades e contribuições de transmissão de conhecimentos, nos quais os estudan-
que estas possam trazer para o universo educativo. tes são vistos como sujeitos passivos, meros receptores
e reprodutores, é substituída pelo acontecimento, pela
5.2 NO ENSINO FUNDAMENTAL E EJA situação social concreta que envolve muitos interlocuto-
res e que pode se constituir como espaço privilegiado
5.2.1 A aula como evento dialógico de dialogismo (GERALDI, 2010). Nesse sentido, de acordo
com as Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de
Tomando como ponto de partida os princípios deli- Vitória (20116), podemos situar a aula como um espaço
neados no primeiro capítulo deste documento, que nos tempo que potencialmente leva ao exercício do protago-
possibilitam encontrar um conceito de protagonismo nismo, uma vez que,
afinado com o Referencial Curricular da Rede de Ensino
Na aula como acontecimento há uma inversão das re-
de Vitória, no qual a perspectiva histórico-crítica ganha
lações que são estabelecidas, pois o diálogo proporciona
destaque, buscaremos situar práticas e modos de viven-
a experiência da produção do conhecimento, que passa
ciar o protagonismo na escola, considerando as especifi-
a ser vivenciado pelos sujeitos que tencionam, questio-
cidades do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens
nam, produzem arguições em direção aos conhecimen-
e Adultos.
tos que são postos. Daí o conhecimento que está sendo
No capítulo das Diretrizes Curriculares do Ensino Fun-
trabalhado como herança cultural pode fornecer respos-
damental e da Educação de Jovens e Adultos de Vitória
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
116
de respostas para questões ainda não compreendidas e Pensando na ideia apresentada, é necessário criar ins-
que não serão facilmente respondidas sem o esforço de trumentos de participação junto com os jovens e adultos
todos os sujeitos à reflexão. que estão na modalidade de EJA, construindo junto com
Nesse aspecto, destacamos algumas possibilidades, toda a comunidade escolar, condições para efetiva par-
como a pesquisa, o ensino por investigação, a aula cam- ticipação.
po/estudo do meio, o trabalho com textos de diferen- E ainda, tecidas essas considerações, é necessário in-
tes gêneros e linguagens multimodais numa abordagem dagar quais outros espaços tempos e atividades podem
discursiva, a valorização dos territórios de vivência dos ser tomadas como referências no desenvolvimento de
estudantes, o recurso aos jogos, à arte, à literatura, às práticas pedagógicas que potencializam o protagonismo
tecnologias digitais numa abordagem ativa e instaura- na escola, considerando diferentes frentes de participa-
dora de novos olhares nos processos de produção de ção estudantil.
saberes, nos quais os estudantes possam compreender
“[...] que o conhecimento tem sentido, tem relação com 5.2.2 – Na Educação Integral com Jornada Ampliada
suas vidas, e pode contribuir com sua humanização, sua
emancipação, e possibilitar-lhe outros horizontes e pers- Ao proporcionar a ampliação das aprendizagens por
pectivas de vida (Vitória, 2016, p. 30). meio de experiências curriculares de integração das lin-
É nesse contexto que as práticas de protagonismo na guagens e dos conhecimentos, o atendimento que ofe-
Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem ser concebidas: rece a Educação Integral com Jornada Ampliada busca
intimamente relacionadas com os projetos de vida dos promover espaços que potencializam práticas de prota-
estudantes, com a perspectiva de crescimento pessoal gonismo na Educação Infantil e no Ensino Fundamental,
e profissional, além da potencialização do retorno do com vistas a contribuir para a formação de uma socie-
jovem ou adulto à conclusão do Ensino Fundamental. dade com sujeitos, crianças e adolescentes, conscientes,
O desenvolvimento de atividades que privilegiam solidários, cooperativos, cidadãos e autônomos.
maior envolvimento dos estudantes garante um movi- Nessa perspectiva, o atendimento que se configura
mento de participação, a cooperação, a experiência de no contraturno escolar efetiva as propostas pedagógicas
vida. Nessa perspectiva, destacamos as rodas de conver- em interface com o Plano de Ação, o Projeto Institucional
sa, seminários, noites das memórias – vozes da EJA que e o Projeto Político
contam histórias e saraus, criando condições propícias Pedagógico. No Ensino Fundamental, as práticas pe-
para a participação ativa na troca de experiências e diá- dagógicas na Educação Integral com Jornada Ampliada
logo. são permeadas pelos eixos temáticos:
Como afirma Freire (1980), “[...] é preciso que a educa- 1) corpo e movimento;
ção esteja – em seu conteúdo, em seus programas e em 2) Linguagem artístico cultural;
117
mais ampla do ser humano, que abrange o próprio de- colegas para representá-los, tendo o importante papel
senvolvimento do seu potencial. Para tanto, faz-se neces- de colaborar, de maneira corresponsável, na formação e
sária a criação de espaços intencionais e condições que no desenvolvimento dele próprio e dos demais colegas
possibilitem aos estudantes envolver-se em atividades por meio de vivências de liderança como protagonistas.
do cotidiano escolar, emitir sua opinião, fazer proposi- O processo de eleição dos líderes/representantes de
ções, estar à frente de projetos e ações educativas. Pro- turma é de responsabilidade da Escola. O diretor é o res-
tagonismo, além de princípio, também é tratado como ponsável por dar suporte na definição do representante/
metodologia que, na Escola, materializa-se por meio de líder de turma, apoiando e monitorando suas atividades.
um conjunto de práticas e vivências. A rotina escolar é organizada de modo a comportar
reuniões periódicas, organizadas da seguinte forma: 1ª
Vivências em Protagonismo nas EMEFTI etapa - representante/líder e diretor - devem acontecer,
preferencialmente, durante o almoço ou recreio e cons-
O Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de tar na agenda do gestor e dos líderes/representantes de
ação educativa, é a criação de espaços e condições ca- turma; 2ª etapa - representantes/líder com suas turmas
pazes de possibilitar aos jovens envolver-se em ativida- - deve acontecer na sala de aula em todas as turmas,
des direcionadas à solução de problemas reais, atuando simultaneamente, em 20 minutos da aula, sempre alter-
como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso (COS- nando os dias e as disciplinas; 3ª etapa – representantes/
TA, 2000, 32). líderes de turma reúnem-se entre si - deve acontecer,
O Protagonismo possibilita ao educando o exercício preferencialmente, no horário do almoço, com a obser-
de práticas e vivências de situações de aprendizagem vação indireta da diretora e deve constar na agenda dos
por meio das quais possa exercitar as condições essen- interessados. O gestor escolar deve garantir que o Con-
ciais para o seu desenvolvimento pessoal e social que selho de Representantes aconteça em todas as etapas,
tem sua base na própria construção da identidade e no semanalmente.
desenvolvimento da autoestima. Ao mesmo tempo, ao Os representantes/líderes têm como atividade: inte-
problematizar situações e decidir se envolver na busca grar a turma; sondar as dificuldades e buscar suas su-
perações; participar das reuniões solicitadas pela Ges-
de soluções, ele estará dando os primeiros passos rumo
tão e fazer o devido repasse das informações; orientar e
a extrapolar o que separa a vida privada da vida públi-
acompanhar o planejamento e a execução das diversas
ca. Assim, será capaz de estabelecer novos vínculos de
atividades da turma; facilitar o contato e a relação entre
compromisso com aquilo que transcende o seu próprio
estudantes, professoras e gestão; falar e responder em
universo e passa a constituir um nível mais alto e mais
nome da turma em toda e qualquer situação, buscando
profundo de ação, inaugurando um novo espaço de des-
sempre o bem-estar coletivo.
coberta e experimentação social, um apelo à consciência
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
118
O Clube funcionará durante uma hora/aula destinada pecíficas. As atividades desenvolvidas nesse atendimento
a práticas e vivências de Protagonismo, apoiado por seus diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula co-
padrinhos e madrinhas - educadores que estimulam e mum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse aten-
apoiam os estudantes. É importante destacar que o grau dimento complementa e/ou suplementa a formação dos
de interferência dos adultos nas ações do Clube depen- estudantes com vistas à autonomia e independência na
derá do nível de maturidade dos estudantes e do grau de escola e fora dela (BRASIL, 2008, p. 16).
complexidade que possa demandar. A Política de Educação Especial/Inclusiva estabelecida
nesta Rede consolida o atendimento com o apoio pe-
A Disciplina de Protagonismo dagógico, a ser desenvolvido em articulação com a pro-
fessora regente em sala de aula regular. Essa articulação
O “Protagonismo” consta da Parte Diversificada com os demais profissionais da Unidade de Ensino pressu-
do currículo das Escolas em Tempo Integral e deve es- põe o envolvimento dos estudantes no currículo escolar, nas
tar articulado e alinhado com o conceito e princípio de práticas pedagógicas e no processo de avaliação da apren-
Protagonismo. Nesta disciplina, o estudante é simulta- dizagem, explorando diferenciados recursos e metodologias
neamente sujeito e objeto das ações e das suas várias de ensino e valorizando o protagonismo do estudante.
aprendizagens. Está pautada na construção de valores Vale ressaltar que a participação dos estudantes, pú-
e no desenvolvimento da autonomia do estudante para blico da Educação Especial, deve ser assegurada em to-
que ele deixe de ser um receptor passivo para ser fonte
das as ações que constituam espaços tempos de prota-
autêntica de iniciativa, compromisso e liberdade.
gonismo estudantil.
Partindo da proposta das EMEFTI, na perspectiva de
Educação Integral, esse componente curricular é o alicer-
ce para o desenvolvimento integral dos estudantes. Essa 6. PROTAGONISMO COMO FORTALECIMENTO DA
disciplina é organizada nos Anos Iniciais e Finais, com o GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA, PARTICIPATIVA E
objetivo de formar o ser protagonista. COMPARTILHADA
Nos anos iniciais, trabalha-se com três eixos: com-
portamento pró-social (desenvolvimento de atitudes: al- Trataremos, neste capítulo, das diversas formas de
truísmo e cooperação), relações interpessoais (processo participação dos estudantes no contexto escolar, como
de autoconhecimento) e função executiva (capacidade contribuição para democratizar os processos de tomada
de tomar decisões) e uma aula para desenvolvimento de decisões das Unidades de Ensino. Refletindo acerca
dos Clubes de Protagonismo, que são organizados a par- da criação e consolidação desses espaços de participa-
tir dos interesses dos estudantes e têm como foco o de- ção no interior da escola, evidencia-se a necessidade de
senvolvimento da autonomia. Os padrinhos e madrinhas reafirmar as práticas democráticas e participativas, além
dos Clubes apoiam os estudantes nessa disciplina. do estreitamento das relações dos sujeitos envolvidos no
119
No município de Vitória, o fortalecimento das instân- 6.1 REPRESENTANTES DE TURMA
cias de participação estudantil vem sendo desenvolvido
ao longo do tempo e perpassa as diversas Administra- Sendo a participação um princípio democrático, de
ções, com o objetivo de garantir a gestão democrática acordo com Guerra (2002), ela não é um direito, mas um
de forma participativa e compartilhada, assegurando voz dever em que todos são protagonistas nas decisões, con-
e o voto aos estudantes na tomada de decisões e na pro- siderando a participação como processo educativo que
posição de efetivos avanços nas Políticas Públicas Educa- pressupõe a formação do aluno cidadão, comprometido
cionais de Estado. com as demandas e responsabilidades na vida escolar.
Desde o final dos anos de 1990, a Secretaria de Edu- O ato de participar conduz o indivíduo a desenvolver
cação vem implementando ações com a perspectiva de uma consciência de si mesmo, de seus direitos e de per-
com e não para, além de discutir e ouvir proposta para tencer a um grupo ou comunidade. A participação tem a
novas políticas públicas que considerassem o diálogo ver com a possibilidade de tomar decisões com liberdade
com estudantes nas tomadas de decisões. e não somente com o ato de contrair responsabilidades
A partir de 2011, iniciaram-se, também, processos econômicas ou de qualquer outro tipo. A dignidade e
formativos com os estudantes que participavam do pro- a autodeterminação são características da participação
jeto rádio escola via Programa Mais Educação ou em es- (MORFIN/CORONA, 2001, p.16).
colas que inseriram a rádio escola em seu projeto político Nesse sentido, o papel principal do representante de
pedagógico. turma é o de primar pelos interesses comuns da sala de
aula ou da escola, intermediando o processo de diálogo
No ano de 2013, considerando a perspectiva da par- entre a turma e o diretor e/ou a equipe gestora e demais
ticipação dos estudantes na gestão da escola pública, funcionários da escola.
foi constituída, na Secretaria de Educação, uma equipe A representação dos estudantes nas Unidades de
de apoio e fortalecimento à gestão escolar, denominada Ensino é estabelecida pela via do processo eleitoral dos
Conselho de Escola e Mobilização Estudantil, incorporan- representantes de turma. As eleições ocorrem anualmen-
do, nas assessorias e formações com os conselhos de es- te, em todas as turmas de 1º ao 9º ano do Ensino Fun-
cola, as diversas formas de participação estudantil. damental, entre os meses de fevereiro e março, sendo
eleito 01(um) representante titular e 01(um) suplente de
Em 2017, uma nova estrutura foi implementada com cada turma. A equipe pedagógica é responsável pela or-
a publicação do Decreto 17.015/2017, que regulamentou ganização da eleição direta.
o funcionamento das Unidades Administrativas da SEME. O representante de turma é o estudante responsável
Assim, foi organizada a Coordenação de Acompanha- por promover diálogos entre a turma, o diretor e a equi-
mento aos Conselhos de Escola e Colegiados Estudantis pe gestora, no sentido de reunir informações e suges-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
- COCES, tendo como atribuições, de acordo com o refe- tões, possibilitando a participação de todos e agindo de
rido Decreto, entre outras: acordo com o grupo que representa.
- organizar e acompanhar o processo de eleição de Ainda sobre a participação estudantil, Pedro e Pereira
Diretores, dos Conselhos de Escola e a constitui- (2010) defende que “O princípio social de participação
ção de Colegiados Estudantis, realizando ações de tem por base uma participação ativa e só é possível ser
fortalecimento; posto em prática quando a escola preconiza, incentiva
- planejar, organizar e executar processos formativos e fomenta uma participação efetiva por parte do aluno,
para Conselheiros de Escola e Estudantes dos Co- implicando a responsabilidade e o assumir de decisões
legiados Estudantis com parceiros internos e exter- (PEDRO E PEREIRA, 2010, p.751).
nos à Secretaria; Os estudantes interessados se candidatam e os de-
- planejar, organizar e realizar os eventos de posse mais colegas votam naquele que consideram ser o que
dos Gestores, Conselheiros de Escola, e diretorias melhor representa a turma, de acordo com a proposta de
dos Grêmios Estudantis; trabalho apresentada pelo estudante candidato.
A representação de turma é garantida anualmente,
As ações da COCES estão relacionadas com o acom- por meio de portaria de calendário escolar e está esta-
panhamento e incentivo à participação estudantil e visa belecida no Regimento Comum das Unidades de Ensino
promover diálogos, oficinas, momentos formativos, de Vitória.
orientações quanto à realização de assembleias estudan-
tis e eleições de representantes de turma, de modo a en- 6.1.2 O Conselho de Representantes de Turma –
volver as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos CRT
nas decisões da escola. Uma nova cultura de participação
que amplie o engajamento e a aprendizagem e contribua O Conselho de Representantes de Turma – CRT é um
para a construção de espaços democráticos no ambiente espaço de representação exclusiva dos estudantes, cons-
escolar. tituído somente pelos representantes de turmas eleitos,
Os espaços de participação estudantil, foco da COCES anualmente, pelos colegas de turma.
são: Assim, os estudantes que compõem o Conselho de
- Representação de Turma; Representantes de Turma ampliam possibilidades de
- Estudantes Conselheiros; atuação mediante diálogo, processo de escuta e reflexão
- Grêmio Estudantil; ● Rádio Escola. coletiva das demandas colhidas em cada turma. Juntos
com a direção e equipe gestora, diagnosticam os princi-
120
pais problemas elencados, elegem as prioridades, refle- A missão primordial do Conselho de Escola é garantir
tem como resolver as situações e, por fim, partem para a a participação efetiva de pais, estudantes a partir dos 10
tomada de decisões sobre aquelas ações que precisarão anos de idade, servidores, magistério e comunidade na
ser encaminhadas e sobe os parceiros necessários. gestão escolar, por meio da convivência com a pluralida-
Os encaminhamentos do CRT serão repassados para de de ideias, bem como o compartilhamento do poder
a turma pelos seus respectivos representantes. decisório, permitindo que todos esses atores sociais se
Algumas atribuições dos representantes de turma apropriem do processo democrático em toda a sua am-
são: plitude. Destacamos que na Educação Infantil são os pais
Estimular a integração e a solidariedade entre todos que representam os estudantes no Conselho de Escola.
os estudantes da turma; Saber ouvir os colegas em suas O Conselho de Escola tem natureza consultiva: con-
necessidades e sugestões; sultar, aconselhar e/ou dar parecer sobre um assunto;
- Dialogar com o diretor e com a equipe gestora so- deliberativa: tomada de decisão de acordo com a legis-
bre as demandas da turma; lação; fiscalizadora: acompanhar, fiscalizar e avaliar as
- Participar da elaboração e da revisão do regimento ações e a aplicação dos recursos financeiros; e mobili-
escolar da Unidade de Ensino e contribuir para seu zadora: articular as comunidades para ações efetivas nas
cumprimento no cotidiano; escolas.
- Participar dos encontros dos pré-conselhos e do Além das descritas acima, também são atribuições do
Conselho de Classe, conforme regimento da Uni- Conselho de Escola: planejar as ações político-pedagó-
dade de Ensino; gicas, administrativas, financeiras e apoiar a criação e o
- Participar das formações realizadas pela Secretaria fortalecimento dos colegiados estudantis.
de Educação; Os princípios que regem o Conselho de Escola são os
- Anotar todos os registros das reuniões e formações princípios da administração pública: legalidade, os atos
de que participar para repassar aos estudantes que devem estar em consonância com o prescrito na Legis-
representa; lação e nas Diretrizes emanadas pelo Poder Público; im-
- Informar à turma o que foi conversado nas reuniões,
pessoalidade, os atos devem atender aos interesses da
assim como nas formações, estimulando a partici-
comunidade; moralidade, as regras devem ser aplicadas
pação do grupo;
com base na ética pública visando sempre ao bem da
- Interagir com representantes de outras turmas e dos
coletividade; publicidade os atos devem ser divulgados o
outros turnos e com os estudantes representantes
mais amplamente possível; eficiência e eficácia, as ações
do conselho de escola;
devem garantir a qualidade do serviço público. A auto-
- Compor a comissão pró-grêmio e comissão eleito-
nomia dos Conselhos de Escola é exercida nos limites da
ral, quando for o caso;
121
os representantes de turma e realiza assembleias de es- Política: organizar palestras sobre temas diversos
tudantes para ouvir suas demandas, para que estas sejam como paz, solidariedade, drogas, saúde, meio ambiente
pontos de pauta nas reuniões do Conselho de Escola. e outros; discutir e avaliar os projetos da escola e garantir
Para além das ações realizadas nas Unidades de Ensi- que sejam respeitados os seus direitos.
no, os estudantes conselheiros participam de outros en- Comunicação: criação e manutenção da rádio escola,
contros formativos promovidos pelo órgão central. do jornal escolar, participar do conselho de classe, di-
vulgar suas atividades nos meios de comunicação local
6.3 GRÊMIO ESTUDANTIL: UM ESPAÇO DE PARTI- (GALINA E CARBELLO, 2008, p. 35)
CIPAÇÃO Assim, a representatividade dos estudantes no es-
paço escolar prima pela defesa dos direitos, interesses
O grêmio é uma organização que representa os inte- e cooperação para a melhoria da escola e da qualidade
resses dos estudantes na escola. Possibilita o debate, a do ensino.
criação e o fortalecimento de inúmeras possibilidades de Destaca-se que a relação entre direção e Grêmio Es-
ação tanto no próprio ambiente escolar como na comu- tudantil da escola é de parceria, pois “O Grêmio Estudan-
nidade local. É um importante espaço de aprendizagem, til não é instrumento de luta contra a direção da escola,
cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por mas uma organização onde se cultiva o interesse dos
uma educação de qualidade. estudantes, onde eles têm possibilidade de democrati-
É importante destacar a Lei Federal 7398/85, proposta zar decisões e formar o sentimento de responsabilidade.
por Aldo Arantes, conhecida como “Grêmio Livre”, que Eles aprendem a resolver seus problemas entre si” (VEI-
deu aparato legal ao Grêmio estudantil e garantiu GA, 2007, p. 123).
a organização autônoma dos estudantes do Ensino O Grêmio Estudantil se configura uma oportunidade
Fundamental e Médio. Segundo o texto da referida Lei, em para que os estudantes atuem, participem e tomem de-
seu Artigo 1º “ Aos estudantes dos Estabelecimentos de cisões em busca de seus interesses em comum. No Mu-
Ensino de 1º e 2º graus fica assegurada a organização de nicípio de Vitória, a Secretaria de Educação, por meio da
Estudantes como entidades autônomas representativas Subsecretaria de Gestão Educacional, disponibiliza orien-
dos interesses dos estudantes secundaristas com tações para implantação e organização dos Grêmios Es-
finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e tudantis por meio da participação direta de uma profes-
sociais” (BRASIL, 1985). sora referência e equipe pedagógica.
A referida Lei estabeleceu que a organização do Grê- O envolvimento e a participação dos estudantes têm,
mio seja norteada por um Estatuto, e que seu funcio- como princípios, o protagonismo estudantil, o compar-
namento e atividades estejam baseados nos princípios tilhamento de experiências, a troca de saberes e fazeres
democráticos herdados das lutas sociais da década que refletidos em espaço de discussão, a criação e tomada
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
122
VI – Realizar intercâmbio e colaboração de caráter - Quais são os seus anseios em relação à escola e à
cultural, educacional, cívico, desportivo e social com educação; o que esperam do Grêmio Estudantil e
entidades congêneres, podendo realizar parceria com como acham que o Grêmio Estudantil pode atuar e
a SEME, Conselho de Escola e outros; contribuir na escola?
VII – Cooperar na organização de eventos promovidos
pela Escola; A realização das demandas ocorre a partir do diálogo
VIII – Defender a democracia, a independência e o res- com seus pares, com o diretor, pedagogos, coordena-
peito às liberdades fundamentais do ser humano, sem dores, professoras, funcionários, comunidade e famílias.
distinção de raça, cor, sexo, nacionalidade, convicção Nesse aspecto, é necessário que seja realizado um exer-
política, orientação sexual ou religiosa e outros; cício no sentido do acolhimento ao diálogo, para que
IX – Lutar para que o ensino leve em consideração as possa ser aproveitado o potencial de participação dos
reais necessidades dos estudantes, com qualidade so- estudantes gremistas e suas propostas sejam conheci-
cial. das, discutidas e consideradas.
Segundo Luz (1998, p. 47):
As atribuições fundamentam as ações do Grêmio É na escola, e no Grêmio, que o jovem, em contato
Estudantil por meio do plano de trabalho e de outras com colegas e professores, desenvolve o senso crítico
atividades protagonizadas pelos estudantes. Para a im- e participativo; torna-se responsável por seu próprio
plementação do Grêmio Estudantil, os estudantes se or- aperfeiçoamento; socializa-se de maneira livre e
ganizam, participam e mobilizam seus pares nas diversas espontânea; identifica aspirações, anseios e desejos;
formas de atuação, sejam elas pela via do planejamento, compreende que só em conjunto e de maneira organizada
da elaboração e socialização das propostas, da confec- conseguirá atuar numa sociedade democrática (LUZ
ção de murais informativos, entre outros. apud GONZALEZ e MOURA, 2009, p. 376).
Todas essas ações coadunam com a organização da
escola, no sentido de envolver o Conselho de Represen- 6.4 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: RÁDIO ES-
tantes de Turma - CRT na constituição da comissão pró- COLA
-grêmio que será responsável por:
- Discussão e construção da proposta de estatuto; A rádio escola chegou às escolas do Município de Vi-
- Apresentação em assembleia geral dos estudantes tória por meio do Programa Mais Educação do Governo
para aprovação; Federal. Porém, o rádio foi utilizado como ferramenta
- Organização da comissão eleitoral. de ensino desde sua popularização, no ano de 1920. A
educação passou por transformações com a proposta
Caberá à comissão eleitoral a organização das inscri- do escolanovismo, tendo como lema “reformar a socie-
123
1937, o programa Hora do Brasil, hoje “A voz do Brasil”, Educação por meio do Programa Mais Educação, do MEC
que transmitia seus discursos, de segunda a sexta-feira, e tinha como proposta ser um programa de integração
em cadeia nacional, tornando-se o divulgador oficial das e socialização, destinado às escolas da rede pública, por
ações do governo. O educador Paulo Freire, nos anos 60, adesão.
também desenvolveu um projeto de alfabetização de De acordo com os indicadores da Secretaria Munici-
adultos denominado MEB: Movimento de Educação de pal de Educação de Vitória/Gerência de Gestão Escolar
Base, utilizando o rádio como principal ferramenta. – SEME/GGE (2017), as escolas recebiam, até o ano de
No Brasil, os serviços de radiodifusão, compreenden- 2015, kits de equipamento para rádio escola ou verba
do rádio e televisão, foram regulamentados pelo decreto específica para a compra e instalação dos equipamentos.
lei 52.795/1963. O decreto determinava que os serviços Assim, as escolas programavam ações de ensino
de radiodifusão teriam finalidade educativa e cultural, aprendizagem com o auxílio desta ferramenta. Com o
mesmo em seus aspectos informativo e recreativo. No fim do Programa Mais Educação no ano de 2015, a rádio
artigo 28 do mesmo decreto, estabeleceu-se que as escola, no município de Vitória, passou a funcionar por
emissoras deveriam reservar no mínimo cinco horas se- meio de adesão das escolas e com o apoio pedagógico
manais para a transmissão de programas educacionais e financeiro dos Conselhos de Escolas, compondo, assim,
(OLIVEIRA, 2009, p. 33) as ações de gestão compartilhada nos planos de ação
Torres (2009), historiciza que a partir de 1970, teve anuais das Unidades de Ensino.
início o processo de democratização do rádio com o A rádio escola é um programa que integra, socializa e
surgimento da ALER - Associação Latino-Americana de é destinado, especialmente, para escolas da rede pública.
Educação Radiofônica, “[...] com o papel de animadora O Projeto Rádio Escola é uma proposta de trabalho na
e aglutinadora das experiências de rádios comunitárias”. formação de estudantes a partir da utilização das Tecno-
Assim, todos tinham o direito de emitir opiniões, parti- logias da Informação e Comunicação (TICs).
cipar da construção das notícias, ser sujeito da comuni- O Projeto Rádio Escola se constitui numa proposta de
cação. educação para as mídias. A familiaridade com os equipa-
Oliveira (2009), contextualiza a década de 1980 com mentos próprios da comunicação radiofônica, associada
os movimentos populares, entendidos aqui como os mo- a exercícios de elaboração coletiva da programação a
vimentos da sociedade na luta pela democracia, moradia, ser veiculada, permitirá à comunidade escolar construir
escola, saúde e saneamento básico. O rádio se tornou, seu próprio discurso, transmitindo a todos o que pen-
nesse período, um meio de comunicação que contribuiu sa, deseja e necessita para melhoria das relações entre a
com as ações de comunicação popular e alternativa que comunidade escolar e seu em torno. Assim, o Projeto se
marcou os movimentos populares desta década. constitui numa prática viva da cidadania, que contribui,
Em 2000, o Ministério da Educação e Cultura – MEC certamente, para a construção de uma sociedade mais
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
lançou o projeto rádio escola como recurso para auxi- justa, formada por cidadãos capazes de decidir o próprio
liar na capacitação de alfabetizadores do Programa Al- destino (GONÇALVES e AZEVEDO, p. 03, 2004)
fabetização Solidária. A partir dessa experiência, houve Entendemos que a rádio na escola reforça um modelo
a implementação do Programa Mais Educação, lançado comunicacional horizontal, democrático e participativo,
em 2007, pelo MEC, que estabeleceu as bases para uma na medida em que seus agentes de transformação são
Política Pública de Educação Integral no âmbito do Ensi- sujeitos. E é na prática interativa e coparticipativa do diá-
no Fundamental e médio, apoiada, entre outras ações, no logo, que o rádio ocupa espaço no universo comunitário
funcionamento de rádios escolares. Foi instituído pelas escolar e extraescolar.
Portarias Normativas Interministeriais nº 17 e 19, de 24 Segundo informações do Departamento de Comuni-
de abril de 2007 e regulamentado pelo Decreto 7.083/10 cação e Artes da Universidade de São Paulo, o Prof. Dr.
e é um dos componentes do Plano de Ações Articuladas Ismar de Oliveira Soares, ressemantizou, em 1999, após
(PAR), elaborado por municípios e estados para o recebi- pesquisa realizada junto a uma amostragem latino-ame-
mento de transferências voluntárias e assistência técnica ricana, o neologismo Educomunicação para designar um
do Ministério da Educação (MEC). campo emergente de intervenção social na interface co-
O Programa teve início em 2008, em 54 municípios municação/educação e promoveu, entre 2001 e 2004, o
brasileiros, incluindo todas as capitais dos estados, cida- Projeto Educom.rádio, formação de 11 mil professores e
des de regiões metropolitanas com mais de 200 mil ha- alunos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, para
bitantes com escolas municipais ou estaduais com Índice o uso educomunicativo das linguagens midiáticas no es-
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) abaixo de paço escolar. A repercussão foi tamanha, que no ano de
2,9. O Programa tinha por objetivo fomentar a educação 2011, coordenou a implementação da Licenciatura em
integral por meio do apoio a atividades socioeducativas Educomunicação na Escola de Comunicações e Artes da
no contraturno escolar. USP. Atualmente, Soares exerce a função de Coordena-
Entre as atividades socioeducativas situadas no ma- dor Pedagógico do curso e é preside a ABPEducom - As-
crocampo da educação, estão as que se referem à Comu- sociação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais da
nicação, ao Uso de Mídias e Cultura Digital e Tecnológica. Educomunicação. Sobre o conceito de Educomunicação,
As atividades que podem ser desenvolvidas por este ma- Soares (2000) define que: “[...]a Educomunicação define-
crocampo são o jornal escolar, a fotografia, vídeos, his- -se como um conjunto das ações destinadas a: integrar
tória em quadrinhos, ambiente de redes sociais, robótica, às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas
tecnologias educacionais e rádio escolar. A implantação de comunicação; criar e fortalecer ecossistemas comuni-
do Projeto Rádio Escola faz parte das ações do Pacto pela cativos em espaços educativos” (SOARES, p.1, 2000)
124
Sobre a finalidade da educomunicação, Segawa (2009) - Gêneros publicitários (vinhetas, spot, jingles, back-
explica que: A inauguração desse campo da educomunica- ground (BG)).
ção fundamenta-se na ideia de que a área da educomuni-
cação tem condições de formular propostas e soluções para 2ª Oficina de Rádio Escola:
alguns problemas atuais da educação, apostando na ideia - Revisão dos gêneros publicitários e funções na rá-
de que a comunicação interpessoal e os modernos meios de dio;
comunicação podem ser usados como recursos inovadores e - Organização de um roteiro, utilizando um modelo
transformadores do ambiente escolar (SEGAWA, 2009, p.12) (explicação da parte técnica e locução);
Assim, a educomunicação, para atingir seu objetivo, - Formação de grupos para construírem um roteiro
possui princípios contidos nos ideais educomunicativos de programação de rádio escola, tendo como base
que norteiam essas práticas. Tais princípios foram elen- sua vivência na Escola e informações do contexto
cados por Silva (2015, p.45): escolar.
- Alteridade: consiste na busca do “olhar sobre o ou- - Criação de roteiro radiofônico com utilização de gê-
tro” isento de preconceitos ou prejulgamentos; neros radiofônicos e publicitários: vinhetas, spot,
- Conscientização social: como forma de construir uma jingles, background (BG);
leitura crítica do conteúdo transmitido pelos meios - Produção de roteiros/programas de rádio pelo gru-
de comunicação à sociedade, a fim de colaborar para po;
uma melhor formação ética do ser humano; - Simulação do programa de rádio com utilização de
- Integração social: conectar as minorias e grupos notebook, caixa de som e microfone (ainda fora do
marginalizados à sociedade, visando à diminuição espaço da rádio escola);
das desigualdades;
- Cidadania: define os deveres e direitos do indivíduo 3ª Oficina de Rádio Escola:
pós-moderno e sua construção moral; No local de funcionamento da rádio escola, a forma-
- Relações colaborativas entre sociedade e indivíduo: ção é feita grupo a grupo, com a apresentação de todo
envolve trocas e cooperação para formação de ci- equipamento disponibilizado.
dadãos críticos e participativos. - Orientação sobre locução, postura, distância do mi-
crofone, respiração e outros.
Com base nos princípios da educomunicação, o
- Simulação de um programa de rádio escola a partir
Projeto Rádio Escola nas escolas municipais de Ensino
do roteiro construído pelos estudantes.
Fundamental de Vitória potencializa o protagonismo es-
tudantil, numa expressão comunicativa e criativa, bem
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
como o trabalho colaborativo e o uso de recursos de
Tecnologia de Informação e de Comunicação – TICs, con-
125
OS QUATRO COMPONENTES DA
EXERCÍCIO COMENTADO COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA.
126
1- Observação: Observar sem julgar Maslow, o conceito que de que o homem é motivado
segundo suas necessidades. E essas necessidades mani-
Observar é olhar para a situação de uma forma neu- festam-se em diferentes graus, iniciando-se pelas fisioló-
tra, com atenção, interesse, sem fazer julgamentos, guar- gicas até chegar ao último grau que abrange a realização
dando sua opinião para si ou para expressá-la de modo pessoal, conquistando assim a autorrealização.
específico no momento e contexto apropriados. Primei- Associando a necessidade mencionada na CNV com
ramente, observamos e analisamos o que realmente po- o conceito abordado por Maslow do ser humano atingir
demos extrair de interessante e enriquecedor de deter- a autorrealização, se satisfeita as diversas necessidades,
minado contexto. surge a questão que quando o ser humano não tem suas
“A forma mais elevada da inteligência humana é a ca- necessidades atendidas, o seu comportamento é afetado
pacidade de observar sem julgar […] Quando julgamos de uma forma negativa, podendo surgir um conflito que
ou condenamos, não podemos ver com clareza, pois só pode escalonar e manifestar-se de maneira violenta.
olhamos nossas próprias projeções. Cada um de nós tem Concordamos que as necessidades humanas são co-
uma imagem do que pensamos ser ou deveríamos ser, e muns a qualquer ser humano. O que diferencia são as
essa imagem, esse retrato, nos impede inteiramente de formas que cada pessoa busca satisfazer suas necessida-
vermos a nós mesmos como realmente somos”. Filósofo des. Percebemos que para satisfazer as necessidades e
indiano Jiddu Krishnamurti alcançar a autorrealização estudada por Maslow é preci-
Observar sem julgar é uma técnica, um recurso para so nos responsabilizar pelas atitudes que tomamos para
resolver um conflito pacificamente, de modo que a rela- identificarmos os sentimentos que se esconde atrás de
ção seja transformada, refeita e não acabada. cada necessidade. Só assim vamos compreender os mo-
Cada pessoa possui o seu juízo de valor, acreditando tivos que nos fazem agir de determinada forma e que
no que considera ser melhor para a vida. Quando im- leva outros comportamentos serem alheios aos nossos.
pomos o nosso juízo de valor a outras pessoas estamos
exercendo um julgamento moralizador. Estes julgamen- 4- Pedido:
tos se manifestam quando não concordamos com os
comportamentos e atitudes alheias. Quando conseguimos expressar aquilo que observa-
mos, sentimos e necessitamos, fazemos então um pedi-
2- Sentimentos: Identificar sentimentos do de forma clara e objetiva com o desejo de satisfazer
nossas necessidades.
Não é tarefa fácil desenvolver um vocabulário de sen- É preciso pedir de forma genuína e demonstrando
timentos para nos expressar de forma clara e específica empatia, caso o pedido não consiga ser atendido. Isso faz
quanto às emoções sentidas em determinadas conver- com que o pedido não seja visto como uma exigência. Um
127
das as informações para não levar para o nosso pessoal Assim, conforme a escala do conflito vai aumentan-
e não influenciar o nosso emocional. Mesmo quando al- do, as causas originárias passam para segundo plano, no
guma história parece ser também a nossa história vivida momento que vão surgindo novas questões. Importante
em alguma fase das nossas vidas. compreender a escala dos conflitos para não intensificar
E assim tenho me questionado algumas vezes. Se as questões novas, perdendo o foco e deixando de lado
conseguir respirar e filtrar as informações nas diversas a questão original que estava discutindo.
situações conflituosas que aparecem no dia a dia, como Outro aspecto é não deixar com que a exteriorização
buscamos fazer quando estamos numa mesa de media- da raiva nas situações conflituosas impeça o reconheci-
ção, as nossas relações em geral seriam mais saudáveis mento dos verdadeiros sentimentos que estão fazendo
e com resultados mais positivos. Não falo isso pensan- essa raiva surgir. Quando sentimos raiva culpamos ou
do em não ter conflitos. Os conflitos são necessários e punimos a outra pessoa como as responsáveis pelo que
importantes para o crescimento de cada um. A questão estamos sentindo ou passando naquele momento. Po-
é sabermos como receber e solucionar cada conflito de rém nunca ficamos com raiva do que os outros dizem ou
uma maneira reflexiva e construtiva. fazem. Comportamentos alheios podem ser um estímulo
Vamos explodir sim e podemos desabafar um mun- para nossos sentimentos, mas não a causa. São nossas
do de palavras agressivas quando formos surpreendidos próprias necessidades que causam nossos sentimentos.
por situações em que não estávamos esperando, ou em E o sentimento aparece a partir da avaliação que eu faço
situações que fomos muito magoados. Do mesmo jei- do comportamento do outro.
to quando uma parte senta à mesa de mediação e joga Na CNV há essa separação: o comportamento de uma
aquele caminhão de “lixo” em cima da outra parte, às pessoa com a avaliação que faço desse comportamento.
vezes até para o mediador, ou talvez, nem fosse a inten- Segundo Rosemberg, 90% do nosso sofrimento acontece
ção direcionar para alguém, mas era a forma encontrada por causa de nossas interpretações.
de desabafo e libertação. E essa libertação vem na maio- Essa mudança na maneira de enxergar a situação quer
ria das vezes através de palavras, de palavras agressivas, dizer que o comportamento alheio não tem o poder de
sem filtro algum. Nesse momento, cabe ao mediador criar um sentimento dentro de mim. O sentimento apa-
deixar a parte descarregar suas emoções e entrar em rece a partir da avaliação que eu faço do comportamento
cena utilizando as ferramentas para fazer dessa situação do outro. Ficando claro que cada um é responsável pelos
uma mediação com resultados reflexivos e construtivos
seus sentimentos, e as ações dos outros são apenas estí-
para cada um presente na mesa.
mulo, mas nunca a causa dos nossos sentimentos.
Se não fizer uma pausa para respirar e refletir sobre
o que está por trás desse caminhão de lixo que foi joga-
Fonte
do, não se conseguirá enxergar novas possibilidades de
Disponível em:
composição, e toda essa informação que foi jogada por
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
http://www.institutodialogo.com.br/comunicacao-
uma parte será devolvida pela outra da mesma forma ou
-nao-violenta-e-os-4-passos-fundamentais/
com uma carga negativa mais intensa ainda.
“Não podemos resolver/transformar um conflito se
não o entendermos previamente” – John Paul Lederach.
E se não passarmos por essa fase de entendermos a si- EXERCÍCIO COMENTADO
tuação, o conflito aumentará em proporções enormes,
o que chamamos de espirais do conflito ou escalada do
conflito, segundo o professor Friedrich Glas. 1. (FGV/2018) A comunicação não violenta consiste em
Compartilhando o conceito de espiral, significa “uma habilidades de linguagem e de comunicação que promo-
curva plana que dá voltas em torno de um ponto e que, vem o respeito, a atenção e a empatia. A comunicação
em cada uma dessas voltas, se afasta cada vez mais desse não violenta compreende basicamente quatro compo-
ponto. A espiral, noutros termos, é a linha curva que se nentes que se iniciam com a observação do que afeta
cria num ponto e que se vai afastando progressivamente nosso bem-estar e, consecutivamente, a identificação de
do centro à medida que vai girando em volta do mes- como nos sentimos, o reconhecimento daquilo que gera
mo. As espirais tiveram importância no simbolismo de nossos sentimentos e, por fim, as ações concretas que
diversas culturas. O homem pré-histórico costumava de- pedimos para enriquecer nossa vida.
senhar espirais nas suas pinturas rupestres, o que leva a Esses componentes são, respectivamente,
crer que representava o ciclo do nascimento, da morte e
do renascimento. O sol também era representado como a) sentimento, necessidade, desejo e ação.
uma espiral (já que nasce todas as manhãs, morre ao en- b) observação, identificação, valores e ação.
tardecer e renasce no dia seguinte). Entende-se por espi- c) observação, diagnóstico, valores e pedido.
ral, por outro lado, a sucessão crescente ou indefinida de d) observação, sentimento, necessidade e pedido.
acontecimentos. Neste caso, a noção continua associada, e) sentimento, identificação, necessidade e julgamento.
de alguma forma, ao cíclico ou àquilo que parece não
ter fim.” Resposta: Letra D.
Conforme o modelo de espirais de conflito, há uma 1- Observação: Observar sem julgar: Observar é olhar
progressiva escalada resultante de um círculo vicioso de para a situação de uma forma neutra, com atenção,
ação e reação onde cada reação torna-se mais severa do interesse, sem fazer julgamentos, guardando sua opi-
que a ação que a precedeu e cria uma nova questão ou nião para si ou para expressá-la de modo específico
ponto de disputa. (Rubin e Kriesberg) no momento e contexto apropriados. Primeiramente,
128
observamos e analisamos o que realmente podemos Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin-
extrair de interessante e enriquecedor de determinado tes princípios:
contexto. I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
2- Sentimentos: Identificar sentimentos: É fundamen- cia na escola;
tal aprender a identificar nossos sentimentos para sa- II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
ber como lidar com eles. a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
3 – Necessidades: Reconhecer e assumir os sentimen- III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
tos: É saber reconhecer a necessidade que cada pessoa IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
tem e que está escondida atrás de cada sentimento, V - coexistência de instituições públicas e privadas de
de cada fala, de cada atitude tomada, para construir ensino;
uma comunicação mais equilibrada e empática. VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
4- Pedido: Quando conseguimos expressar aquilo que tos oficiais;
observamos, sentimos e necessitamos, fazemos então VII - valorização do profissional da educação escolar;
um pedido de forma clara e objetiva com o desejo de VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
satisfazer nossas necessidades. desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
LEGISLAÇÕES ATUAIS: LEI N.° 9394/96 as práticas sociais.
QUE FIXA AS DIRETRIZES E BASES DA XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
EDUCAÇÃO NACIONAL. XIII - garantia do direito à educação e à aprendiza-
gem ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632,
de 2018)
129
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de aula marcada para dia em que, segundo os preceitos
ensino fundamental mais próxima de sua residência a de sua religião, seja vedado o exercício de tais ativida-
toda criança a partir do dia em que completar 4 (qua- des, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e
tro) anos de idade. sem custos para o aluno, uma das seguintes presta-
Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, du- ções alternativas, nos termos do inciso VIII do caput
rante o período de internação, ao aluno da educação do art. 5º da Constituição Federal: (Incluído pela Lei
básica internado para tratamento de saúde em regime nº 13.796, de 2019) (Vigência)
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, con- I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser
forme dispuser o Poder Público em regulamento, na realizada em data alternativa, no turno de estudo do
esfera de sua competência federativa. (Incluído pela aluno ou em outro horário agendado com sua anuên-
Lei nº 13.716, de 2018). cia expressa; (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019)
Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direi- (Vigência)
to público subjetivo, podendo qualquer cidadão, gru- II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade
po de cidadãos, associação comunitária, organização de pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega de-
sindical, entidade de classe ou outra legalmente cons- finidos pela instituição de ensino. (Incluído pela Lei nº
tituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder 13.796, de 2019) (Vigência)
público para exigi-lo. § 1º A prestação alternativa deverá observar os parâ-
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência metros curriculares e o plano de aula do dia da au-
federativa, deverá: sência do aluno. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019)
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes (Vigência)
em idade escolar, bem como os jovens e adultos que § 2º O cumprimento das formas de prestação alter-
não concluíram a educação básica; nativa de que trata este artigo substituirá a obrigação
II - fazer-lhes a chamada pública; original para todos os efeitos, inclusive regularização
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequên- do registro de frequência. (Incluído pela Lei nº 13.796,
cia à escola.
de 2019) (Vigência)
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Pú-
§ 3º As instituições de ensino implementarão progres-
blico assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino
sivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando
e adaptações necessárias à adequação de seu funcio-
em seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
namento às medidas previstas neste artigo. (Incluído
conforme as prioridades constitucionais e legais.
pela Lei nº 13.796, de 2019) (Vigência)
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judi-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
130
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
Distrito Federal e os Municípios, competências e dire- competências referentes aos Estados e aos Municípios.
trizes para a educação infantil, o ensino fundamental Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integran-
básica comum; do-os às políticas e planos educacionais da União e
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o dos Estados;
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedi- II - exercer ação redistributiva em relação às suas es-
mentos para identificação, cadastramento e atendi- colas;
mento, na educação básica e na educação superior, de III - baixar normas complementares para o seu siste-
alunos com altas habilidades ou superdotação; (Incluí- ma de ensino;
do pela Lei nº 13.234, de 2015) IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabele-
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a cimentos do seu sistema de ensino;
educação; V - oferecer a educação infantil em creches e pré-es-
VI - assegurar processo nacional de avaliação do colas, e, com prioridade, o ensino fundamental, per-
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e mitida a atuação em outros níveis de ensino somente
superior, em colaboração com os sistemas de ensino, quando estiverem atendidas plenamente as neces-
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da sidades de sua área de competência e com recursos
qualidade do ensino; acima dos percentuais mínimos vinculados pela Cons-
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação tituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
e pós-graduação; ensino.
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
instituições de educação superior, com a cooperação municipal.
dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda,
nível de ensino; por se integrar ao sistema estadual de ensino ou com-
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e por com ele um sistema único de educação básica.
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
educação superior e os estabelecimentos do seu siste- normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão
ma de ensino. a incumbência de:
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
Nacional de Educação, com funções normativas e de II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais
supervisão e atividade permanente, criado por lei. e financeiros;
131
I - participar da elaboração da proposta pedagógica I - particulares em sentido estrito, assim entendidas
do estabelecimento de ensino; as que são instituídas e mantidas por uma ou mais
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; apresentem as características dos incisos abaixo;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituí-
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os das por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
alunos de menor rendimento; pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais,
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabeleci- sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade man-
dos, além de participar integralmente dos períodos tenedora representantes da comunidade;
dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desen- III - confessionais, assim entendidas as que são ins-
volvimento profissional; tituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou
VI - colaborar com as atividades de articulação da es- mais pessoas jurídicas que atendem a orientação con-
cola com as famílias e a comunidade. fessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da anterior;
gestão democrática do ensino público na educação IV - filantrópicas, na forma da lei.
básica, de acordo com as suas peculiaridades e con-
forme os seguintes princípios: TÍTULO V
I - participação dos profissionais da educação na ela- Dos Níveis e das Modalidades de Educação e En-
boração do projeto pedagógico da escola; sino
II - participação das comunidades escolar e local em CAPÍTULO I
conselhos escolares ou equivalentes. Da Composição dos Níveis Escolares
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unida-
des escolares públicas de educação básica que os in- Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
tegram progressivos graus de autonomia pedagógica I - educação básica, formada pela educação infantil,
e administrativa e de gestão financeira, observadas as ensino fundamental e ensino médio;
normas gerais de direito financeiro público. II - educação superior.
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:(Re-
gulamento) CAPÍTULO II
I - as instituições de ensino mantidas pela União; DA EDUCAÇÃO BÁSICA
II - as instituições de educação superior criadas e Seção I
mantidas pela iniciativa privada; Das Disposições Gerais
III - os órgãos federais de educação.
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Art. 22. A educação básica tem por finalidades desen-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
132
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de en-
a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: sino, à vista das condições disponíveis e das caracte-
a) por promoção, para alunos que cursaram, com rísticas regionais e locais, estabelecer parâmetro para
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria atendimento do disposto neste artigo.
escola;
b) por transferência, para candidatos procedentes de Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
outras escolas; fundamental e do ensino médio devem ter base nacio-
c) independentemente de escolarização anterior, me- nal comum, a ser complementada, em cada sistema
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma
desenvolvimento e experiência do candidato e permita parte diversificada, exigida pelas características regio-
sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme nais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
regulamentação do respectivo sistema de ensino; dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão 2013)
regular por série, o regimento escolar pode admitir
formas de progressão parcial, desde que preservada a § 1º Os currículos a que se refere o caput devem
sequência do currículo, observadas as normas do res- abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua por-
pectivo sistema de ensino; tuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com físico e natural e da realidade social e política, espe-
alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de cialmente do Brasil.
adiantamento na matéria, para o ensino de línguas § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expres-
estrangeiras, artes, ou outros componentes curricula- sões regionais, constituirá componente curricular obri-
res; gatório da educação básica. (Redação dada pela Lei nº
V - a verificação do rendimento escolar observará os 13.415, de 2017)
seguintes critérios: § 3º A educação física, integrada à proposta pedagó-
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho gica da escola, é componente curricular obrigatório da
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos educação básica, sendo sua prática facultativa ao alu-
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do no: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
período sobre os de eventuais provas finais; I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
com atraso escolar; II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- 10.793, de 1º.12.2003)
diante verificação do aprendizado; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou
133
§ 9º-A. A educação alimentar e nutricional será in- Seção II
cluída entre os temas transversais de que trata o Da Educação Infantil
caput. (Incluído pela Lei nº 13.666, de 2018)
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da edu-
de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Cur- cação básica, tem como finalidade o desenvolvimento
ricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus as-
de Educação e de homologação pelo Ministro de Esta- pectos físico, psicológico, intelectual e social, comple-
do da Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) mentando a ação da família e da comunidade. (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamen-
tal e de ensino médio, públicos e privados, torna-se Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasi- I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças
leira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de de até três anos de idade;
2008). II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cin-
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este ar- co) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796,
tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura de 2013)
que caracterizam a formação da população brasileira,
a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo Art. 31. A educação infantil será organizada de acor-
da história da África e dos africanos, a luta dos negros do com as seguintes regras comuns: (Redação dada
e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e in- pela Lei nº 12.796, de 2013)
dígena brasileira e o negro e o índio na formação da I - Avaliação mediante acompanhamento e registro
sociedade nacional, resgatando as suas contribuições do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
nas áreas social, econômica e política, pertinentes à promoção, mesmo para o acesso ao ensino funda-
história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, mental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
de 2008). II - Carga horária mínima anual de 800 (oitocentas)
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro- horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos)
-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão mi- dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº
nistrados no âmbito de todo o currículo escolar, em 12.796, de 2013)
especial nas áreas de educação artística e de litera- III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
tura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas
11.645, de 2008). para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796,
de 2013)
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica IV - Controle de frequência pela instituição de educa-
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: ção pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60%
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so- (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela
cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao Lei nº 12.796, de 2013)
bem comum e à ordem democrática; V - Expedição de documentação que permita atestar
II - consideração das condições de escolaridade dos os processos de desenvolvimento e aprendizagem da
alunos em cada estabelecimento; criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às Seção III
práticas desportivas não-formais. Do Ensino Fundamental
Art. 28. Na oferta de educação básica para a popula- Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
ção rural, os sistemas de ensino promoverão as adap- ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, ini-
tações necessárias à sua adequação às peculiaridades ciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo
da vida rural e de cada região, especialmente: a formação básica do cidadão, mediante: (Reda-
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas ção dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, ten-
rural; do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
II - organização escolar própria, incluindo adequação escrita e do cálculo;
do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às II - a compreensão do ambiente natural e social, do
condições climáticas; sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. em que se fundamenta a sociedade;
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, III - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
indígenas e quilombolas será precedido de manifes- gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
tação do órgão normativo do respectivo sistema de habilidades e a formação de atitudes e valores;
ensino, que considerará a justificativa apresentada IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
do impacto da ação e a manifestação da comunidade que se assenta a vida social.
escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014) § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o
ensino fundamental em ciclos.
134
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re- III - o aprimoramento do educando como pessoa hu-
gular por série podem adotar no ensino fundamental mana, incluindo a formação ética e o desenvolvimen-
o regime de progressão continuada, sem prejuízo da to da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
avaliação do processo de ensino-aprendizagem, ob- IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecno-
servadas as normas do respectivo sistema de ensino. lógicos dos processos produtivos, relacionando a teo-
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em ria com a prática, no ensino de cada disciplina.
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí-
genas a utilização de suas línguas maternas e proces- Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular de-
sos próprios de aprendizagem. finirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensi-
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o no médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional
ensino a distância utilizado como complementação da de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento:
aprendizagem ou em situações emergenciais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obri- I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
gatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das 13.415, de 2017)
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei
no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatu- nº 13.415, de 2017)
to da Criança e do Adolescente, observada a produção III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído
e distribuição de material didático adequado. pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluí- IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído
do como tema transversal nos currículos do ensino pela Lei nº 13.415, de 2017)
fundamental. § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino,
é parte integrante da formação básica do cidadão e deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum
constitui disciplina dos horários normais das escolas Curricular e ser articulada a partir do contexto histó-
públicas de ensino fundamental, assegurado o respei- rico, econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído
to à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas pela Lei nº 13.415, de 2017)
quaisquer formas de proselitismo. (Redação § 2o A Base Nacional Comum Curricular referente
dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997) ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os proce- práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.
dimentos para a definição dos conteúdos do ensino (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação § 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática
e admissão dos professores. (Incluído pela Lei nº será obrigatório nos três anos do ensino médio, asse-
135
atividades on-line, de tal forma que ao final do ensi- rá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo
no médio o educando demonstre: (Incluído pela Lei nº respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo
13.415, de 2017) de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da
que presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei data de oferta inicial da formação. (Incluído pela Lei
nº 13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin- § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que
guagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) se refere o inciso V do caput, realizada na própria ins-
tituição ou em parceria com outras instituições, deve-
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto rá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual
pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerá- de Educação, homologada pelo Secretário Estadual de
rios formativos, que deverão ser organizados por meio Educação e certificada pelos sistemas de ensino. (In-
da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
a relevância para o contexto local e a possibilidade § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
dos sistemas de ensino, a saber: (Redação dada pela validade nacional, que habilitará o concluinte do en-
Lei nº 13.415, de 2017) sino médio ao prosseguimento dos estudos em nível
I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela superior ou em outros cursos ou formações para os
Lei nº 13.415, de 2017) quais a conclusão do ensino médio seja etapa obriga-
II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada tória. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017) § 10. Além das formas de organização previstas no
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em mó-
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) dulos e adotar o sistema de créditos com terminali-
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dade específica. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. Para efeito de cumprimento das exigências
V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino
nº 13.415, de 2017) poderão reconhecer competências e firmar convênios
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e com instituições de educação a distância com notó-
das respectivas competências e habilidades será feita rio reconhecimento, mediante as seguintes formas de
de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema comprovação: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
de ensino. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415,
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de de 2017)
2017) II - experiência de trabalho supervisionado ou outra
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de experiência adquirida fora do ambiente escolar; (In-
2017) cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) III - atividades de educação técnica oferecidas em ou-
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com- tras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela
posto itinerário formativo integrado, que se traduz Lei nº 13.415, de 2017)
na composição de componentes curriculares da Base IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu-
Nacional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários pacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
formativos, considerando os incisos I a V do caput. V - estudos realizados em instituições de ensino na-
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) cionais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415,
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de 2017)
de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte VI - cursos realizados por meio de educação a distân-
do ensino médio cursar mais um itinerário formativo cia ou educação presencial mediada por tecnologias.
de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
2017) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces-
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- so de escolha das áreas de conhecimento ou de atua-
mação com ênfase técnica e profissional considerará: ção profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei
Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no
setor produtivo ou em ambientes de simulação, es- Seção IV-A
tabelecendo parcerias e fazendo uso, quando apli- Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
cável, de instrumentos estabelecidos pela legislação
sobre aprendizagem profissional; (Incluído pela Lei nº Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
13.415, de 2017) Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral
II - a possibilidade de concessão de certificados inter- do educando, poderá prepará-lo para o exercício de
mediários de qualificação para o trabalho, quando a profissões técnicas.
formação for estruturada e organizada em etapas com Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho
terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) e, facultativamente, a habilitação profissional pode-
§ 7º A oferta de formações experimentais relaciona- rão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos
das ao inciso V do caput, em áreas que não constem de ensino médio ou em cooperação com instituições
do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, depende- especializadas em educação profissional
136
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé- § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
dio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído e a permanência do trabalhador na escola, mediante
pela Lei nº 11.741, de 2008) ações integradas e complementares entre si.
I - articulada com o ensino médio; § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-
II - subsequente, em cursos destinados a quem já te- -se, preferencialmente, com a educação profissional,
nha concluído o ensino médio. na forma do regulamento.
Parágrafo único. A educação profissional técnica de
nível médio deverá observar: Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa-
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur- mes supletivos, que compreenderão a base nacional
riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Na- comum do currículo, habilitando ao prosseguimento
cional de Educação; de estudos em caráter regular.
II - as normas complementares dos respectivos siste- § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-
mas de ensino; -se-ão:
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para
termos de seu projeto pedagógico. os maiores de quinze anos;
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível II - no nível de conclusão do ensino médio, para os
médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. maiores de dezoito anos.
36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con- educandos por meios informais serão aferidos e reco-
cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado nhecidos mediante exames.
de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional
técnica de nível médio, na mesma instituição de en- CAPÍTULO III
sino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino Da Educação Profissional e Tecnológica
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrícu-
las distintas para cada curso, e podendo ocorrer: Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as cumprimento dos objetivos da educação nacional, in-
oportunidades educacionais disponíveis; tegra-se aos diferentes níveis e modalidades de edu-
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se cação e às dimensões do trabalho, da ciência e da
as oportunidades educacionais disponíveis;
tecnologia.
c) em instituições de ensino distintas, mediante con-
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica
vênios de intercomplementaridade, visando ao plane-
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, pos-
jamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico
137
CAPÍTULO IV divulgação da relação nominal dos classificados, a
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR respectiva ordem de classificação e o cronograma
das chamadas para matrícula, de acordo com os cri-
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: térios para preenchimento das vagas constantes do
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do edital, assegurado o direito do candidato, classificado
espírito científico e do pensamento reflexivo; ou não, a ter acesso a suas notas ou indicadores de
II - formar diplomados nas diferentes áreas de co- desempenho em provas, exames e demais atividades
nhecimento, aptos para a inserção em setores pro- da seleção e a sua posição na ordem de classificação
fissionais e para a participação no desenvolvimento de todos os candidatos. (Redação dada pela Lei nº
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 13.826, de 2019)
contínua; § 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação tituições públicas de ensino superior darão prioridade
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da de matrícula ao candidato que comprove ter renda fa-
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse miliar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor
modo, desenvolver o entendimento do homem e do renda familiar, quando mais de um candidato preen-
meio em que vive; cher o critério inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de
IV - promover a divulgação de conhecimentos cultu- 2015)
rais, científicos e técnicos que constituem patrimônio § 3º O processo seletivo referido no inciso II conside-
da humanidade e comunicar o saber através do en- rará as competências e as habilidades definidas na
sino, de publicações ou de outras formas de comuni- Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº
cação; 13.415, de 2017)
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
cultural e profissional e possibilitar a correspondente Art. 45. A educação superior será ministrada em insti-
concretização, integrando os conhecimentos que vão tuições de ensino superior, públicas ou privadas, com
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistema- variados graus de abrangência ou especialização.
tizadora do conhecimento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mun- Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
do presente, em particular os nacionais e regionais, bem como o credenciamento de instituições de educa-
prestar serviços especializados à comunidade e esta- ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados,
belecer com esta uma relação de reciprocidade; periodicamente, após processo regular de avaliação.
VII - promover a extensão, aberta à participação da (Regulamento)
população, visando à difusão das conquistas e benefí- § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
cios resultantes da criação cultural e da pesquisa cien- eventualmente identificadas pela avaliação a que se
tífica e tecnológica geradas na instituição. refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá re-
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimo- sultar, conforme o caso, em desativação de cursos e
ramento da educação básica, mediante a formação e habilitações, em intervenção na instituição, em sus-
a capacitação de profissionais, a realização de pesqui- pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou
sas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de em descredenciamento.
extensão que aproximem os dois níveis escolares. (In- § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
cluído pela Lei nº 13.174, de 2015) responsável por sua manutenção acompanhará o pro-
cesso de saneamento e fornecerá recursos adicionais,
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes se necessários, para a superação das deficiências.
cursos e programas: § 3º No caso de instituição privada, além das sanções
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferen- previstas no § 1º, o processo de reavaliação poderá
tes níveis de abrangência, abertos a candidatos que resultar também em redução de vagas autorizadas,
atendam aos requisitos estabelecidos pelas institui- suspensão temporária de novos ingressos e de oferta
ções de ensino, desde que tenham concluído o ensino de cursos. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de
médio ou equivalente; 2017)
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham § 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham procedimento específico e com a aquiescência da ins-
sido classificados em processo seletivo; tituição de ensino, com vistas a resguardar o interesse
III - de pós-graduação, compreendendo programas dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos
de mestrado e doutorado, cursos de especialização, § 1o e § 3º em outras medidas, desde que adequadas
aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos di- para a superação das deficiências e irregularidades
plomados em cursos de graduação e que atendam às constatadas. (Incluído pela Medida Provisória nº 785,
exigências das instituições de ensino; de 2017)
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam § 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Fe-
aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas insti- deral deverão adotar os critérios definidos pela União
tuições de ensino. para autorização de funcionamento de curso de gra-
§ 1º O resultado do processo seletivo referido no inci- duação em Medicina. (Incluído pela Lei nº 13.530, de
so II do caput deste artigo será tornado público pela 2017)
instituição de ensino superior, sendo obrigatórios a
138
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, abrangendo a qualificação profissional do docente e o
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos tempo de casa do docente, de forma total, contínua ou
dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
reservado aos exames finais, quando houver. § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita-
§ 1º As instituições informarão aos interessados, an- mento nos estudos, demonstrado por meio de provas
tes de cada período letivo, os programas dos cursos e outros instrumentos de avaliação específicos, apli-
e demais componentes curriculares, sua duração, re- cados por banca examinadora especial, poderão ter
quisitos, qualificação dos professores, recursos dispo- abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com
níveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as normas dos sistemas de ensino.
as respectivas condições, e a publicação deve ser feita, § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
sendo as 3 (três) primeiras formas concomitantemen- salvo nos programas de educação a distância.
te: (Redação dada pela lei nº 13.168, de 2015). § 4º As instituições de educação superior oferecerão,
I - em página específica na internet no sítio eletrônico no período noturno, cursos de graduação nos mesmos
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o padrões de qualidade mantidos no período diurno,
seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter públicas, garantida a necessária previsão orçamentá-
como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela ria.
lei nº 13.168, de 2015) Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhe-
b) a página principal da instituição de ensino supe- cidos, quando registrados, terão validade nacional
rior, bem como a página da oferta de seus cursos aos como prova da formação recebida por seu titular.
ingressantes sob a forma de vestibulares, processo se- § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
letivo e outras com a mesma finalidade, deve conter por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por
a ligação desta com a página específica prevista neste instituições não-universitárias serão registrados em
inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) universidades indicadas pelo Conselho Nacional de
c) caso a instituição de ensino superior não possua sí- Educação.
tio eletrônico, deve criar página específica para divul- § 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer-
gação das informações de que trata esta Lei; (Incluída sidades estrangeiras serão revalidados por universida-
pela lei nº 13.168, de 2015) des públicas que tenham curso do mesmo nível e área
d) a página específica deve conter a data completa de ou equivalente, respeitando-se os acordos internacio-
sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, nais de reciprocidade ou equiparação.
de 2015) § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe-
didos por universidades estrangeiras só poderão ser
139
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titula- Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
ção acadêmica de mestrado ou doutorado; gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial
III - um terço do corpo docente em regime de tempo para atender às peculiaridades de sua estrutura, or-
integral. ganização e financiamento pelo Poder Público, assim
Parágrafo único. É facultada a criação de universida- como dos seus planos de carreira e do regime jurídico
des especializadas por campo do saber. (Regulamento) do seu pessoal.
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegu- § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui-
radas às universidades, sem prejuízo de outras, as se- ções asseguradas pelo artigo anterior, as universida-
guintes atribuições: des públicas poderão:
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico
programas de educação superior previstos nesta Lei, e administrativo, assim como um plano de cargos e
obedecendo às normas gerais da União e, quando for salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os
o caso, do respectivo sistema de ensino; (Regulamen- recursos disponíveis;
to) II - elaborar o regulamento de seu pessoal em confor-
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, midade com as normas gerais concernentes;
observadas as diretrizes gerais pertinentes; III - aprovar e executar planos, programas e projetos
III - estabelecer planos, programas e projetos de pes- de investimentos referentes a obras, serviços e aqui-
quisa científica, produção artística e atividades de ex- sições em geral, de acordo com os recursos alocados
tensão; pelo respectivo Poder mantenedor;
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capaci- IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
dade institucional e as exigências do seu meio; V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos suas peculiaridades de organização e funcionamento;
em consonância com as normas gerais atinentes; VI - realizar operações de crédito ou de financiamen-
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; to, com aprovação do Poder competente, para aquisi-
VII - firmar contratos, acordos e convênios; ção de bens imóveis, instalações e equipamentos;
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
de investimentos referentes a obras, serviços e aqui- providências de ordem orçamentária, financeira e pa-
sições em geral, bem como administrar rendimentos trimonial necessárias ao seu bom desempenho.
conforme dispositivos institucionais; § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na for- ser estendidas a instituições que comprovem alta qua-
ma prevista no ato de constituição, nas leis e nos res- lificação para o ensino ou para a pesquisa, com base
pectivos estatutos; em avaliação realizada pelo Poder Público.
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em
cooperação financeira resultante de convênios com seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manu-
entidades públicas e privadas. tenção e desenvolvimento das instituições de educa-
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das ção superior por ela mantidas.
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino Art. 56. As instituições públicas de educação superior
e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários obedecerão ao princípio da gestão democrática, asse-
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, gurada a existência de órgãos colegiados deliberati-
de 2017) vos, de que participarão os segmentos da comunidade
I - criação, expansão, modificação e extinção de cur- institucional, local e regional.
sos; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocu-
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada parão setenta por cento dos assentos em cada órgão
pela Lei nº 13.490, de 2017) colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação elaboração e modificações estatutárias e regimentais,
dada pela Lei nº 13.490, de 2017) bem como da escolha de dirigentes.
IV - programação das pesquisas e das atividades de Art. 57. Nas instituições públicas de educação supe-
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) rior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito ho-
V - contratação e dispensa de professores; (Redação ras semanais de aulas. (Regulamento)
dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela CAPÍTULO V
Lei nº 13.490, de 2017) DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser diri-
gidas a setores ou projetos específicos, conforme acor- Art. 58. Entende-se por educação especial, para os
do entre doadores e universidades. (Incluído pela Lei efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
nº 13.490, de 2017) oferecida preferencialmente na rede regular de ensi-
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos no, para educandos com deficiência, transtornos glo-
das doações devem ser dirigidos ao caixa único da bais do desenvolvimento e altas habilidades ou super-
instituição, com destinação garantida às unidades a dotação.
serem beneficiadas. (Incluído pela Lei nº 13.490, de § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
2017) pecializado, na escola regular, para atender às pecu-
liaridades da clientela de educação especial.
140
§ 2º O atendimento educacional será feito em clas- TÍTULO VI
ses, escolas ou serviços especializados, sempre que, Dos Profissionais da Educação
em função das condições específicas dos alunos, não
for possível a sua integração nas classes comuns de Art. 61. Consideram-se profissionais da educação es-
ensino regular. colar básica os que, nela estando em efetivo exercício
§ 3º § 3º A oferta de educação especial, nos termos e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
do caput deste artigo, tem início na educação infantil I – professores habilitados em nível médio ou superior
e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III para a docência na educação infantil e nos ensinos
do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Re- fundamental e médio;
dação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) II – trabalhadores em educação portadores de diplo-
ma de pedagogia, com habilitação em administração,
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu- planejamento, supervisão, inspeção e orientação edu-
candos com deficiência, transtornos globais do desen- cacional, bem como com títulos de mestrado ou dou-
volvimento e altas habilidades ou superdotação: torado nas mesmas áreas;
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e III - trabalhadores em educação, portadores de diplo-
organização específicos, para atender às suas neces- ma de curso técnico ou superior em área pedagógica
sidades; ou afim;
II - terminalidade específica para aqueles que não IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteú-
ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, dos de áreas afins à sua formação ou experiência pro-
e aceleração para concluir em menor tempo o progra- fissional, atestados por titulação específica ou prática
ma escolar para os superdotados; de ensino em unidades educacionais da rede pública
III - professores com especialização adequada em ní- ou privada ou das corporações privadas em que te-
vel médio ou superior, para atendimento especializa- nham atuado, exclusivamente para atender ao inciso
do, bem como professores do ensino regular capaci- V do caput do art. 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de
tados para a integração desses educandos nas classes 2017)
comuns; V - profissionais graduados que tenham feito comple-
IV - educação especial para o trabalho, visando a mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conse-
sua efetiva integração na vida em sociedade, inclu- lho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415,
sive condições adequadas para os que não revelarem de 2017)
capacidade de inserção no trabalho competitivo, me- Parágrafo único. A formação dos profissionais da
diante articulação com os órgãos oficiais afins, bem educação, de modo a atender às especificidades do
141
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni- III - programas de educação continuada para os pro-
cípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e fissionais de educação dos diversos níveis.
permanência em cursos de formação de docentes em Art. 64. A formação de profissionais de educação para
nível superior para atuar na educação básica pública. administração, planejamento, inspeção, supervisão e
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- orientação educacional para a educação básica, será
nicípios incentivarão a formação de profissionais do feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
magistério para atuar na educação básica pública nível de pós-graduação, a critério da instituição de
mediante programa institucional de bolsa de inicia- ensino, garantida, nesta formação, a base comum na-
ção à docência a estudantes matriculados em cursos cional.
de licenciatura, de graduação plena, nas instituições Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
de educação superior. superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, tre-
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota zentas horas.
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes Art. 66. A preparação para o exercício do magistério
do ensino médio como pré-requisito para o ingresso superior far-se-á em nível de pós-graduação, priori-
em cursos de graduação para formação de docentes, tariamente em programas de mestrado e doutorado.
ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni-
§ 7o (Vetado). versidade com curso de doutorado em área afim, po-
§ 8o Os currículos dos cursos de formação de docentes derá suprir a exigência de título acadêmico.
terão por referência a Base Nacional Comum Curricu- Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza-
lar. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes,
13.415, de 2017) inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de car-
Art. 62. A- A formação dos profissionais a que se refe- reira do magistério público:
re o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de I - ingresso exclusivamente por concurso público de
conteúdo técnicopedagógico, em nível médio ou supe- provas e títulos;
rior, incluindo habilitações tecnológicas. II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada com licenciamento periódico remunerado para esse
para os profissionais a que se refere o caput, no local fim;
de trabalho ou em instituições de educação básica e III - piso salarial profissional;
superior, incluindo cursos de educação profissional,
IV - progressão funcional baseada na titulação ou ha-
cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos
bilitação, e na avaliação do desempenho;
e de pós-graduação.
V - período reservado a estudos, planejamento e ava-
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
liação, incluído na carga de trabalho;
de educação básica a cursos superiores de pedago-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
142
IV - receita de incentivos fiscais; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de esco-
V - outros recursos previstos em lei. las públicas e privadas;
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos VII - amortização e custeio de operações de crédito
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Mu- destinadas a atender ao disposto nos incisos deste
nicípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas artigo;
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita VIII - aquisição de material didático-escolar e manu-
resultante de impostos, compreendidas as transferên- tenção de programas de transporte escolar.
cias constitucionais, na manutenção e desenvolvimen- Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
to do ensino público. (Vide Medida Provisória nº 773, desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
de 2017) (Vigência encerrada). I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimora-
nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, mento de sua qualidade ou à sua expansão;
não será considerada, para efeito do cálculo previsto II - subvenção a instituições públicas ou privadas de
neste artigo, receita do governo que a transferir. caráter assistencial, desportivo ou cultural;
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de III - formação de quadros especiais para a adminis-
impostos mencionadas neste artigo as operações de tração pública, sejam militares ou civis, inclusive di-
crédito por antecipação de receita orçamentária de plomáticos;
impostos. IV - programas suplementares de alimentação, assis-
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes tência médico-odontológica, farmacêutica e psicológi-
aos mínimos estatuídos neste artigo, será conside- ca, e outras formas de assistência social;
rada a receita estimada na lei do orçamento anual, V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
abertura de créditos adicionais, com base no even- VI - pessoal docente e demais trabalhadores da edu-
tual excesso de arrecadação. cação, quando em desvio de função ou em atividade
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa pre- alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.
vistas e as efetivamente realizadas, que resultem no Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de-
não atendimento dos percentuais mínimos obrigató- senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas
rios, serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do nos balanços do Poder Público, assim como nos rela-
exercício financeiro. tórios a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do
Federal.
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita-
143
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e § 1º Os programas serão planejados com audiência
2º, a União poderá fazer a transferência direta de re- das comunidades indígenas.
cursos a cada estabelecimento de ensino, considerado § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluí-
o número de alunos que efetivamente frequentam a dos nos Planos Nacionais de Educação, terão os se-
escola. guintes objetivos:
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua ma-
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e terna de cada comunidade indígena;
dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de II - manter programas de formação de pessoal espe-
ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI cializado, destinado à educação escolar nas comuni-
do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número dades indígenas;
inferior à sua capacidade de atendimento. III - desenvolver currículos e programas específicos,
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no neles incluindo os conteúdos culturais corresponden-
artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumpri- tes às respectivas comunidades;
mento pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do IV - elaborar e publicar sistematicamente material di-
disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições dático específico e diferenciado.
legais. § 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às esco- de outras ações, o atendimento aos povos indígenas
las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comuni- efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas,
tárias, confessionais ou filantrópicas que: mediante a oferta de ensino e de assistência estudan-
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distri- til, assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvi-
buam resultados, dividendos, bonificações, participa- mento de programas especiais.
ções ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma for- Art. 79-A. (Vetado)
ma ou pretexto; Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
II - apliquem seus excedentes financeiros em educa- novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
ção; Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimen-
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra to e a veiculação de programas de ensino a distância,
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao em todos os níveis e modalidades de ensino, e de edu-
Poder Público, no caso de encerramento de suas ati- cação continuada. (Regulamento)
vidades; § 1º A educação a distância, organizada com abertura
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos re- e regime especiais, será oferecida por instituições es-
cebidos. pecificamente credenciadas pela União.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser § 2º A União regulamentará os requisitos para a rea-
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, lização de exames e registro de diploma relativos a
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
144
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o
própria poderá exigir a abertura de concurso públi- regime anterior e o que se institui nesta Lei serão re-
co de provas e títulos para cargo de docente de ins- solvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou, me-
tituição pública de ensino que estiver sendo ocupado diante delegação deste, pelos órgãos normativos dos
por professor não concursado, por mais de seis anos, sistemas de ensino, preservada a autonomia univer-
ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 sitária.
da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Constitucionais Transitórias. cação.
Art. 86. As instituições de educação superior constituí- Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024,
das como universidades integrar-se-ão, também, na de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novem-
sua condição de instituições de pesquisa, ao Sistema bro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24
Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos da le- de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de
gislação específica. 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
TÍTULO IX 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais
Das Disposições Transitórias leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer ou-
tras disposições em contrário.
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
um ano a partir da publicação desta Lei. Fonte
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publi- Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
cação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, constituicao/constituicao.htm
o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas
para os dez anos seguintes, em sintonia com a Decla-
ração Mundial sobre Educação para Todos.
§ 2º (Revogado)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, su-
pletivamente, a União, devem: 1. (Prefeitura de Itajaí/SC – Professor de Ens. Funda-
I - (Revogado) mental Geografia – IESES/2013) Leia as assertivas e as-
a) (Revogado) sinale a alternativa correspondente:
b) (Revogado)
c) (Revogado) I. O direito à educação e o dever do Estado com a edu-
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens cação escolar pública está efetivado em lei, por exemplo,
e adultos insuficientemente escolarizados; mediante a garantia de ensino fundamental obrigatório
III - realizar programas de capacitação para todos e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
145
2. (TJ/GO- Analista Judiciário- Pedagogia- FGV/2017)
A educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é ADOLESCENTE E ATUALIZAÇÕES.
dever da família e do Estado.
Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art.
4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013: Dispõe a lei sobre a proteção à criança e o adolescente,
provendo-se também outras providências, como direitos
a) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos e deveres. Importante salientar que há nesta lei a
quatorze anos de idade; previsão dos atos infracionais praticados por criança e
b) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios adolescente, bem como crimes em espécies praticados
e gratuitos; contra estes.
c) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e De acordo com a lei, considera-se criança a pessoa até
gratuitos; doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
d) educação básica obrigatória e gratuita a todos que de- entre doze e dezoito anos de idade. Excepcionalmente,
sejarem cursá-la; em casos previstos em lei, aplicar-se-á a lei para pessoas
e) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos de dezoito anos até vinte e um anos de idade.
dezessete anos de idade. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
Resposta: Letra E. Conforme o Art. 4º “O dever do da proteção integral de que trata o ECA, assegurando-se-
Estado com educação escolar pública será efetivado lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades
mediante a garantia de: e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade”. liberdade e de dignidade.
Importante ressaltar que é dever da família, da
3. (INSS- Analista Pedagogia- Superior - FUN- comunidade, da sociedade em geral e do poder público
RIO/2017) Segundo o artigo 24 da Lei de Diretrizes e assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
Bases da Educação Nacional 9394 de 1996, em seu inciso direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
VI, o controle de frequência dos alunos ficará a cargo da educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
a) secretaria de ensino municipal, conforme o disposto convivência familiar e comunitária.
no seu regimento, e exigida a frequência mínima de Explica-se que a garantia de prioridade compreende:
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
146
Não obstante aos direitos expostos acima, a criança
e o adolescente são providos de direitos à convivência LEI N.º 8.695 DE 29 DE JULHO DE 2014
familiar e comunitária, como meio de desenvolvimento QUE INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE
integral dos mesmo. O Direito à educação, cultura ao EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
esporte e ao lazer, em igual condições entre todos. O
Direito à profissionalização e à proteção no trabalho.
LEI N° 8.695, DE 29 DE JULHO DE 2014.
Prezado candidato, não deixe de conferir a lei
na íntegra no site oficial do Planalto. Acesse: http:// Institui a Política Municipal de Educação Ambiental e
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm o Sistema Municipal de Educação Ambiental e dá outras
providências.
#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O Prefeito Municipal de Vitória, Capital do
1. (FUNRIO/2016 - IF-PA - Assistente de Alunos) Estado do Espírito Santo, faço saber que a
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Câmara Municipal aprovou e eu sanciono,
8.069/90), é considerado criança na forma do Art. 113, inciso III, da Lei Orgâ-
nica do Município de Vitória, a seguinte Lei:
a) a pessoa até seis anos incompletos de idade.
b) a pessoa até oito anos incompletos de idade.
c) a pessoa até 12 anos incompletos de idade.
d) a pessoa até 18 anos incompletos de idade. CAPÍTULO I
e) a pessoa até 14 anos incompletos, desde que não te- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
nha cometido nenhum crime.
Art. 1° Ficam instituídos a Política Municipal de Edu-
Resposta: Letra C. O Estatuto da Criança e do Adoles- cação Ambiental - PME e o Sistema Municipal de Edu-
cente opta por categorizar separadamente estas duas cação Ambiental - SISMEA.
categorias de menores. Criança é aquele que tem até
12 anos de idade (na data de aniversário de 12 anos, Art. 2° Para fins de planejamento e coordenação da
passa a ser adolescente), adolescente é aquele que execução da PMEA, ficam criados o Órgão Gestor da
tem entre 12 e 18 anos (na data de aniversário de 18 Política Municipal de Educação Ambiental e a Comis-
147
Art. 5°. A Educação Ambiental é objeto constante de II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade,
atuação direta da prática pedagógica, das relações considerando a interdependência e integração entre
familiares, comunitárias e dos movimentos sociais na o meio natural, o social, o político, o econômico e o
formação da cidadania. cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo e diversidade de idéias e concepções
Art. 6°. A Educação Ambiental deve estimular a co- pedagógicas.
operação, a solidariedade, a igualdade, o respeito às IV - a vinculação entre ética, política, educação, traba-
diferenças e aos direitos humanos, valendo-se de es- lho e práticas socioambientais;
tratégias democráticas baseadas na equidade e justiça V - a garantia de continuidade, permanência e arti-
social. culação do processo educativo com indivíduos, grupos
sociais e instituições;
Art. 7° Como parte do processo educativo mais amplo, VI - a permanente avaliação crítica do processo edu-
todos têm direito à Educação Ambiental, incumbindo: cativo;
I - ao Poder Público, definir e implementar políticas VII - a abordagem articulada das questões ambientais
públicas que incorporem a dimensão ambiental, pro- locais, regionais, nacionais e globais;
movam a Educação Ambiental em todos os níveis de VIII - o reconhecimento, a valorização, o resgate e o
ensino formal e não formal e o engajamento da so- respeito à pluralidade e à diversidade étnico-racial, de
ciedade na conservação, recuperação e melhoria do gênero, sócio-histórica e cultural;
meio ambiente de forma a constitui-la como eixo de IX - a articulação com o princípio da gestão demo-
política pública estruturante no âmbito do Município crática do ensino público na educação básica e nas
de Vitória; modalidades de ensino praticadas.
II - às instituições de educação básica em todos os seus
níveis e modalidades de ensino, promover a Educação Art. 9° São objetivos fundamentais da Educação Am-
Ambiental de maneira integrada, processual e perma- biental:
nente a ser contemplada no Projeto Político Pedagó- I - o desenvolvimento de uma compreensão integra-
gico - PPP; da do meio ambiente, em suas múltiplas e complexas
III - ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Am- relações, envolvendo dimensões ecológicas, psicológi-
biente - CONDENA, propor e incentivar ações de Edu- cas, legais, políticas, sociais, históricas, culturais, eco-
cação Ambiental integradas aos programas de con- nômicas, científicas e éticas;
servação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - a garantia da democratização, da publicidade, da
IV - ao Conselho Municipal de Educação de Vitória - acessibilidade e da disseminação das informações so-
COMEV, propor políticas públicas e zelar pelo cumpri- cioambientais;
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
mento das diretrizes e bases da educação, fixadas pela III - o estimulo e o fortalecimento de uma consciência
legislação pertinente e nas disposições do Conselho crítica sobre a problemática socioambiental;
Nacional de Educação, em especial pela transversali- IV - o incentivo à participação individual e coletiva,
dade ambiental, nos termos das diretrizes curriculares permanente e responsável, na conservação e preser-
nacionais e legislações pertinentes à Educação Am- vação do ambiente, entendendo-se a defesa da quali-
biental; dade ambiental como um valor inseparável do exercí-
V - às entidades de classe e instituições públicas e pri- cio da cidadania;
vadas, promover programas educativos destinados à V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões
capacitação dos trabalhadores, visando melhorias da do Município, com vistas à construção de uma socie-
qualidade do ambiente de trabalho, bem como sobre dade ecologicamente prudente, economicamente vi-
os possíveis impactos do processo produtivo no meio ável, culturalmente diversa, politicamente atuante e
ambiente; socialmente justa;
VI - à sociedade, manter atenção permanente à for- VI - o fomento e o fortalecimento da integração com
mação de valores, atitudes e habilidades que propi- a ciência e a tecnologia na perspectiva da sustenta-
ciem a atuação individual e coletiva voltada à pre- bilidade;
venção, à identificação e à solução de problemas VII - o estimulo ao desenvolvimento de pesquisas e a
socioambientais. adoção de novas metodologias e tecnologias menos
Parágrafo único. Nas decisões referentes à Educação poluentes e impactantes em todos os processos, obras
Ambiental os Conselhos referidos nos incisos III e IV e empreendimentos e outras ações que possam causar
deverão atuar de forma articulada e integrada. degradação ou poluição ambiental, propondo inter-
venções, quando necessário;
CAPÍTULO II VIII - o fortalecimento da cidadania e a solidariedade,
DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA POLITICA MU- como fundamentos para a atual e as futuras gerações;
NICIPAL IX - o estimulo a criação das organizações sociais em
DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL redes, dos Centros de Educação Ambiental, dos cole-
tivos educadores com o fortalecimento dos já existen-
Art. 8° São princípios básicos da Educação Ambiental: tes, estimulando a comunicação e a colaboração entre
I - o enfoque humanista, sistêmico, democrático e par- estes.
ticipativo;
148
CAPÍTULO III CAPÍTULO IV
DAS COMPETÊNCIAS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIEN-
TAL
Art. 10 No implemento da Política Municipal de Edu- SEÇÃO 1
cação Ambiental compete: DISPOSIÇÕES GERAIS
I - ao Poder Público:
a) definir políticas públicas que incorporem a dimen- Art. 11 A Política Municipal de Educação Ambiental
são socioambiental; envolve em sua esfera de ação:
b) promover a Educação Ambiental em todos os níveis I - as Secretarias de Meio Ambiente e de Educação;
e modalidades de ensino; II - os Conselhos Municipais de Defesa do Meio Am-
c) estimular e potencializar ações da sociedade nos biente e de Educação;
processos de conservação, preservação, recuperação e III - as Instituições Educacionais Públicas e Privadas do
melhoria socioambiental; sistema de ensino;
II - aos Órgãos Municipais responsáveis pela gestão IV - os demais Órgãos Públicos da União, do Estado e
ambiental, promover programas de Educação Am- do Município;
biental integrados às ações de preservação, conserva- V - a Sociedade Civil Organizada, as Entidades de
ção, recuperação e sustentabilidade socioambiental; Classe e as Instituições Públicas e Privadas.
III - às Instituições de Ensino, inserir a Educação Am-
biental de forma transversal como estratégia de ação Art. 12 Compete ao Poder Executivo Municipal a ges-
na concepção, elaboração e implementação do PPP tão da Política Municipal de Educação Ambiental na
pela comunidade escolar, bem como contribuir para educação formal e não-formal, por meio:
a qualificação, a participação da comunidade local e I - do desenvolvimento de ações articuladas de Edu-
dos movimentos sociais, visando ao exercício da cida- cação Ambiental a partir dos Centros de Educação
dania; Ambiental, dos espaços formais e dos não-formais da
IV - às Instituições de Educação Superior públicas e cidade;
privadas e aos núcleos de ensino e pesquisa, estabele- II - da formação em Educação Ambiental;
cer os meios para disseminação do conhecimento e de III - do desenvolvimento de estudos, pesquisas e expe-
tecnologias produzidos na área de Educação Ambien- rimentações;
tal, visando à melhoria das condições do ambiente, da IV - da produção de material sócio educativo ambien-
saúde no trabalho e da qualidade de vida da popula- tal;
ção do Município, assim como o desenvolvimento de V - do acompanhamento e avaliação dos processos
programas especiais de formação adicional dos profis- educativos, oriundos da Política Municipal de Educa-
149
IV - a busca de alternativas curriculares e metodoló- II - a ampla participação das escolas, das universida-
gicas da formação na área ambiental; des e de organizações não-governamentais na formu-
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e re- lação e execução de programas e atividades vincula-
gionais, incluindo a produção de material educativo. das à Educação Ambiental;
Parágrafo único. 0 Sistema Municipal de Educação III - a participação de instituições públicas e privadas
Ambiental disporá de um banco de dados e imagens no desenvolvimento de programas de Educação Am-
para apoio às ações enumeradas neste artigo, a ser biental em parceria com as escolas, as universidades e
integrada ao Sistema Estadual de Educação Ambien- as organizações não-governamentais;
tal, ao Sistema Brasileiro de Informação sobre Edu- IV - o trabalho de sensibilização e intervenção junto a
cação Ambiental - SIBEA e aos demais sistemas de povos e comunidades tradicionais ligadas às Unidades
informação ambiental. de Conservação, bem como a todas as comunidades
do entorno.
Art. 15. A produção de material educativo deverá pri- V - a sustentabilidade dos planos, programas e proje-
vilegiar a divulgação das características ambientais, tos de Educação Ambiental, e deverão contemplar a
culturais, históricas e sociais do Município, como for- capacidade institucional e a perspectiva de continui-
ma de socialização dos conhecimentos regionais e dade dos planos, programas e projetos.
valorização da diversidade local.
CAPITULO V
Seção 2 DO SISTEMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIEN-
Da Educação Ambiental Formal TAL
Art. 16 Educação Ambiental no ensino formal é aquela Art. 21 O Sistema Municipal de Educação Ambiental -
desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições SISMEA, compreende:
de ensino públicas e privadas, englobando todos os I - Órgão Gestor da Política Municipal de Educação
níveis e modalidades de ensino. Ambiental;
II - Comissão Interinstitucional Municipal de Educação
Art. 17. O Poder Público desenvolverá a Educação Am- Ambiental - CIMEA;
biental como uma prática educativa integrada, conti- III - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
nua e permanente em todos os níveis e modalidades - COMDEMA;
de ensino formal. IV - Conselho Municipal de Educação de Vitória - CO-
§ 1º. A Educação Ambiental não deve ser implantada MEV.
como disciplina específica no currículo escolar, salvo
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
150
VI - participar do financiamento de programas, planos I - quanto à linguagem:
e projetos de Educação Ambiental, conforme previsão a) adequar-se ao público envolvido, propiciando a fá-
orçamentária própria, na forma definida pela regula- cil compreensão e o acesso à informação aos grupos
mentação desta Lei; social e ambientalmente vulneráveis;
VII - promover a gestão integrada e articulada da polí- b) promover o acesso à informação e ao conhecimento
tica municipal de Educação Ambiental, compartilhan- das questões ambientais e científicas de forma clara e
do com as demais secretarias, nas instâncias compe- transparente.
tentes, os projetos e ações de Educação Ambiental a II - quanto à abordagem:
serem executados em todas as esferas de governo; a) contextualizar as questões socioambientais em suas
VIII - criar um Sistema Municipal de Informação em dimensões histórica, econômica, cultural, política e
Educação Ambiental, integrado aos demais sistemas ecológica e nas diferentes escalas individual e coletiva;
de informação ambiental, contribuindo para a sua b) focalizar a questão socioambiental para além das
permanente atualização. ações de comando e controle, evitando perspectivas
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto nos inci- meramente utilitaristas ou comportamentais;
sos anteriores, toda e qualquer ação desenvolvida ou c) adotar princípios e valores para a construção de
apoiada pelo Poder Público Municipal no âmbito da sociedades sustentáveis em suas diversas dimensões
Política estabelecida por esta Lei deverá comportar social, ambiental, política, econômica, ética e cultural;
métodos de monitoramento, fiscalização e avaliação. d) valorizar a visão de mundo, os conhecimentos, a
cultura e as práticas de comunidades locais, de povos
Art. 24 Compete à CIMEA, assessorar o Órgão Gestor e comunidades tradicionais e originários;
na elaboração e avaliação do Programa Municipal de e) promover a educomunicação, propiciando a cons-
Educação Ambiental e na consolidação de políticas trução, a gestão e a difusão do conhecimento a partir
públicas voltadas à Educação Ambiental. das experiências da realidade socioambiental de cada
local. Entende-se por educomunicação a utilização de
práticas comunicativas comprometidas com a ética da
Art. 25. Os planos, programas e projetos de Educação
sustentabilidade na formação cidadã, visando a parti-
Ambiental formal e não formal, devem ser submeti-
cipação, articulação entre gerações, setores e saberes,
dos ao Órgão Gestor e aos Conselhos Municipais de
integração comunitária, reconhecimento de direitos
Educação e Meio Ambiente, observada a legislação
e democratização dos meios de comunicação com o
em vigor.
acesso de todos, indiscriminadamente;
f) destacar os impactos socioambientais causados pe-
Art. 26. As competências definidas neste capitulo não
las atividades antrópicas e adoção dos modelos de
excluem as competências previstas no artigo 10, bem responsabilidade compartilhada, as responsabilidades
151
Art. 30 Para efeitos desta Política, e sem prejuízo do Art. 35 O inciso VII do artigo 10 da Lei 4438, de 28 de
reconhecimento de novas metodologias e práticas, a maio de 1997, passa a vigorar com a seguinte reda-
Educação Ambiental deve ser fortalecedora dos pro- ção:
cessos participativos e parte integrante dos seguintes
processos de gestão ambiental: “Art. 10 .........................................................................................
I - recursos hídricos; ...........
II - biodiversidade; I - ...................................................................................................
III - zoneamento ecológico-econômico; ........
IV - licenciamento ambiental; VIII - promover a Educação Ambiental em articulação
V - saneamento ambiental; com a Secretaria de Educação e os respectivos Con-
VI -- patrimônio ambiental cultural; selhos Municipais de Educação e de Defesa do Meio
VII - controle da qualidade do ar; Ambiente.”(NR)
VIII - turismo sustentável;
IX - sustentabilidade local; Art. 36 As despesas com a execução desta Lei correrão
X - prevenção, adaptação e mitigação das mudanças por conta de dotações orçamentárias próprias, suple-
climáticas; mentadas se necessário.
XI - espaços territoriais especialmente protegidos;
XII - arborização urbana e áreas verdes; Art. 37 O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
XIII - outros, destinado á conservação, recuperação e prazo de 180 (cento oitenta) dias.
melhoria do meio ambiente.
Art. 38 Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Art. 31 As ações de Educação Ambiental previstas cação.
para a educação formal, implementadas em todos os
níveis e modalidades de ensino, serão executadas em Art. 39 Ficam revogadas as Leis n°s 4.216, de 07 de
observância ao disposto nas legislações educacional junho de 1995, e a 5.391, de 19 de setembro de 2001.
e ambiental, incluindo as deliberações dos Conselhos
Estaduais e Municipais de Educação e de Meio Am- Palácio Jerônimo Monteiro, em 29 de julho de 2014.
biente, e devem: LUCIANO SANTOS REZENDE
I - ser articuladas com as autoridades educacionais PREFEITURA MUNICIPAL
competentes, conforme a abrangência destas ações e
o público a ser envolvido; Fonte
II - respeitar o currículo, o projeto político-pedagógico Disponível em:
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
152
Resposta: Letra B. A alternativa B é a correta por-
que a metodologia mais indicada para um trabalho de DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
Educação Ambiental, como é o caso da construção de PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES
um projeto de preservação ambiental na escola, é o ÉTNICO-RACIAIS E PARA O ENSINO DE
diagnóstico socioambiental das condições locais. HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
A Educação Ambiental é uma pratica educativa relati- AFRICANA.
vamente nova, plural, e sofre influência de várias abor-
dagens teóricometodológicas – entre elas: a educação
ambiental crítica; a educação ambiental baseada na RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004.
metodologia de projetos; a educação ambiental frei-
reana (ecopedagogia); a educação ambiental baseada Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu-
nos estudos culturais; a educação ambiental biorre- cação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de His-
gional; a educação ambiental baseada em comunida- tória e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
des de práticas, entre outros. O Presidente do Conselho Nacional de Educação,
Contudo, mesmo dentro dessa pluralidade de con- tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da
cepções, há um consenso sobre a importância de a Lei nº 9.131, publicada em 25 de novembro de 1995, e
intervenção em educação ambiental partir de um com fundamentação no Parecer CNE/CP 3/2004, de 10
diagnóstico socioambiental das condições do local: a de março de 2004, homologado pelo Ministro da Edu-
escola, o bairro, a comunidade, o entorno social e as cação em 19 de maio de 2004, e que a este se integra,
condições da região. Por isso a alternativa B é a que
resolve:
mais se aproxima desta orientação indicando que o
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Cur-
projeto ambiental na escola deveria partir do “estudo
riculares Nacionais para a Educação das Relações
do contexto cultural, político e econômico da comuni-
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
dade escolar e do seu entorno”.
Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas
As alternativas C, D e E não são corretas porque:
Instituições de ensino, que atuam nos níveis e mo-
- a alternativa A se refere à ONG com a qual a escola
dalidades da Educação Brasileira e, em especial, por
estabelece parceria. Embora os princípios desta ONG
Instituições que desenvolvem programas de formação
sejam importantes para o trabalho, não é deles que
depende direta e exclusivamente a metodologia do inicial e continuada de professores.
projeto de educação ambiental da escola; § 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos
- a alternativa C traz uma concepção tecnicista ao afir- conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos
mar que o projeto de educação ambiental deveria se cursos que ministram, a Educação das Relações Étni-
153
igualdade de valorização das raízes africanas da na- Art. 6° Os órgãos colegiados dos estabelecimentos de
ção brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiá- ensino, em suas finalidades, responsabilidades e tare-
ticas. fas, incluirão o previsto o exame e encaminhamento
§ 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, de solução para situações de discriminação, buscan-
do Distrito Federal e dos Municípios desenvolver as do-se criar situações educativas para o reconhecimen-
Diretrizes Curriculares Nacionais instituídas por esta to, valorização e respeito da diversidade.
Resolução, dentro do regime de colaboração e da au- § Único: Os casos que caracterizem racismo serão
tonomia de entes federativos e seus respectivos siste- tratados como crimes imprescritíveis e inafiançáveis,
mas. conforme prevê o Art. 5º, XLII da Constituição Federal
de 1988.
Art. 3° A Educação das Relações Étnico-Raciais e o es-
tudo de História e Cultura AfroBrasileira, e História e Art. 7º Os sistemas de ensino orientarão e supervisio-
Cultura Africana será desenvolvida por meio de con- narão a elaboração e edição de livros e outros materiais
teúdos, competências, atitudes e valores, a serem esta- didáticos, em atendimento ao disposto no Parecer CNE/
belecidos pelas Instituições de ensino e seus professo- CP 003/2004.
res, com o apoio e supervisão dos sistemas de ensino, Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla di-
entidades mantenedoras e coordenações pedagógicas, vulgação do Parecer CNE/CP 003/2004 e dessa Reso-
atendidas as indicações, recomendações e diretrizes lução, em atividades periódicas, com a participação
explicitadas no Parecer CNE/CP 003/2004. das redes das escolas públicas e privadas, de expo-
§ 1° Os sistemas de ensino e as entidades mantenedo- sição, avaliação e divulgação dos êxitos e dificulda-
ras incentivarão e criarão condições materiais e finan- des do ensino e aprendizagens de História e Cultura
ceiras, assim como proverão as escolas, professores e Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações
alunos, de material bibliográfico e de outros materiais Étnico-Raciais.
didáticos necessários para a educação tratada no § 1° Os resultados obtidos com as atividades men-
“caput” deste artigo. cionadas no caput deste artigo serão comunicados
§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o de forma detalhada ao Ministério da Educação, à Se-
aprofundamento de estudos, para que os professores cretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial,
concebam e desenvolvam unidades de estudos, pro- ao Conselho Nacional de Educação e aos respectivos
jetos e programas, abrangendo os diferentes compo- Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para
nentes curriculares. que encaminhem providências, que forem requeridas.
§ 3° O ensino sistemático de História e Cultura Afro-
-Brasileira e Africana na Educação Básica, nos termos Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
da Lei 10639/2003, refere-se, em especial, aos compo- publicação, revogadas as disposições em contrário.
nentes curriculares de Educação Artística, Literatura e
História do Brasil. Roberto Cláudio Frota Bezerra
§ 4° Os sistemas de ensino incentivarão pesquisas so- Presidente do Conselho Nacional de Educação
bre processos educativos orientados por valores, visões
de mundo, conhecimentos afro-brasileiros, ao lado de
pesquisas de mesma natureza junto aos povos indíge-
nas, com o objetivo de ampliação e fortalecimento de
bases teóricas para a educação brasileira.
154
3. (IF-SP - Matemática - IF-SP - 2018) Um campus do
IFSP está discutindo no âmbito do NAPNE (Núcleo de
HORA DE PRATICAR! apoio às pessoas com necessidades educacionais espe-
cíficas), as políticas e ações de educação inclusiva. De
1. (IF-MT - Direito - IF-MT - 2018) Embasado na acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
Lei 9.394/1996 e nas alterações introduzidas pela Lei cional nº 9.394/1996 (LDB), artigo 4º, inciso III, é dever do
11.741/2008, julgue as sentenças a seguir e, então, assi- Estado garantir o atendimento educacional especializado
nale a alternativa correta: gratuito aos estudantes com deficiência, transtornos glo-
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdo-
I - A educação profissional e tecnológica, no cumprimen- tação. Este atendimento deve ocorrer:
to dos objetivos da educação nacional, integra-se apenas
aos cursos de nível superior e às dimensões do trabalho, a) obrigatoriamente na rede regular de ensino.
da ciência e da tecnologia. b) preferencialmente na rede regular de ensino.
II - Os cursos de educação profissional e tecnológica po- c) obrigatoriamente em classes, escolas ou serviços es-
derão ser organizados por eixos tecnológicos, possibili- pecializados.
tando a construção de diferentes itinerários formativos, d) preferencialmente em classes, escolas ou serviços es-
observadas as normas do respectivo sistema e nível de pecializados.
ensino.
III - Os cursos de educação profissional tecnológica de 4. (Prefeitura de Cerquilho - SP - Professor de Ensino
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que Fundamental I - MetroCapital Soluções - 2018) O ar-
concerne a objetivos, características e duração, de acor- tigo 13 da Lei n. 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da
do com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas Educação) trata das incumbências dos docentes. Assina-
pelo Ministério da Educação. le a alternativa que apresenta uma dessas incumbências
IV - A educação profissional será desenvolvida em articu- previstas no artigo citado:
lação com o ensino regular ou por diferentes estratégias
de educação continuada, em instituições especializadas a) elaborar e executar políticas e planos educacionais na-
ou no ambiente de trabalho. cionais; coletar e analisar informações sobre educação
V - As instituições de educação profissional e tecnológi- superior.
ca, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos es- b) zelar pela aprendizagem dos alunos; participar da ela-
peciais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula boração da proposta pedagógica do estabelecimento
à capacidade de aproveitamento e necessariamente ao de ensino.
nível de escolaridade. c) zelar pela tolerância religiosa e aprimorar ideias de in-
155
6. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de GABARITO
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope-
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais 1 C
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de
armazenamento de dados em nuvem. 2 A
3 B
( ) CERTO ( ) ERRADO 4 B
7. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acer- 5 A
ca de organização e gerenciamento de informações, ar- 6 Errado
quivos, pastas e programas, de segurança da informação
7 Certo
e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
subsequentes.1Um arquivo é organizado logicamente 8 Certo
em uma sequência de registros, que são mapeados em 9 Certo
blocos de discos. Embora esses blocos tenham um ta-
manho fixo determinado pelas propriedades físicas do 10 Errado
disco e pelo sistema operacional, o tamanho do registro
pode variar.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; LEGISLAÇÃO; DIDÁTICA E CURRÍCULO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
156
ÍNDICE
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
1
Arquivos – são registros digitais criados e salvos atra- Inicia um assistente para eliminar da área de trabalho
vés de programas aplicativos. Por exemplo, quando abri- ícones que não estão sendo utilizados.
mos a Microsoft Word, digitamos uma carta e a salvamos Para acessar o Windows Explorer, basta clicar no bo-
no computador, estamos criando um arquivo. tão Windows, Todos os Programas, Acessórios, Windows
Ícones – são imagens representativas associadas a Explorer, ou usar a tecla do Windows+E. O Windows Ex-
programas, arquivos, pastas ou atalhos. As duas figuras plorer é um ambiente do Windows onde podemos rea-
mostradas nos itens anteriores são ícones. O primeiro re- lizar o gerenciamento de arquivos e pastas. Nele, temos
presenta uma pasta e o segundo, um arquivo criado no duas divisões principais: o lado esquerdo, que exibe as
programa Excel. pastas e diretórios em esquema de hierarquia e o lado
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais direito que exibe o conteúdo das pastas e diretórios se-
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo. lecionados do lado esquerdo.
Clicando com o botão direito do mouse sobre um es- Quando clicamos, por exemplo, sobre uma pasta com
paço vazio da área de trabalho, temos as seguintes op- o botão direito do mouse, é exibido um menu suspenso
ções, de organização: com diversas opções de ações que podem ser realizadas.
Em ambos os lados (esquerdo e direito) esse procedi-
mento ocorre, mas do lado esquerdo, não é possível vi-
sualizar a opção “Criar atalho”, como é possível observar
nas figuras a seguir:
alinhamento dos ícones. mas a cópia ainda não estará em nenhum lugar visível do
-Mostrar ícones da área de trabalho: Oculta ou mostra sistema operacional.
os ícones colocados na área de trabalho, inclusive 3º) Clique com o botão direito do mouse no local
os ícones padrão, como Lixeira, Meu Computador onde deseja deixar a cópia e depois, com o esquerdo,
e Meus Documentos. clique em “colar”. Também podem ser usadas as teclas
-Bloquear itens da Web na área de trabalho: Bloquea CTRL + V, para efetivar o processo de colagem.
recursos da Internet ou baixados em temas da web Dessa forma, teremos o mesmo arquivo ou pasta em
e usados na área de trabalho. mais de um lugar no computador.
-Executar assistente para limpeza da área de trabalho:
2
-Recortar e Colar: Esse procedimento retira um arqui- lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
vo ou pasta de um determinado lugar e o coloca de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
em outro. É como se recortássemos uma figura de armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
uma revista e a colássemos em um caderno. O que t+Delete.
recortarmos ficará apenas em um lugar do com- No Linux a forma mais tradicional para se manipular
putador. arquivos é com o comando chmod que altera as permis-
Os passos necessários para recortar e colar, são: sões de arquivos ou diretórios. É um comando para ma-
1º) Selecione o item desejado; nipulação de arquivos e diretórios que muda as permis-
2º) Clique com o botão direito do mouse e depois sões para acesso àqueles, por exemplo, um diretório que
com o esquerdo em “recortar”. Se preferir, pode usar as poderia ser de escrita e leitura, pode passar a ser apenas
teclas de atalho CTRL+X. Esses passos criarão uma cópia leitura, impedindo que seu conteúdo seja alterado.
do arquivo ou pasta na memória RAM do computador,
mas a cópia ainda não estará em nenhum lugar visível do Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me-
sistema operacional. mórias, processadores (CPU) e disco de armazena-
3º) Clique com o botão direito do mouse no local mento HDs, CDs e DVDs)
onde deseja deixar a cópia e depois, com o esquerdo,
clique em “colar”. Também podem ser usadas as teclas Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação
CTRL + V, para efetivar o processo de colagem. de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de re-
set, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, saídas
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo de ventilação e painel traseiro com recortes para encaixe
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po- de placas como placa mãe, placa de som, vídeo, rede,
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e cada vez mais com saídas USBs e outras.
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma No fundo do gabinete existe uma placa de metal
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão possível verificar se será possível ou não fixar determi-
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura- nada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo, proporcionais aos furos encontrados na placa mãe para
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la, parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.
restaurar o que desejarmos.
#FicaDica
Placa-mãe, é a placa principal, formada por
um conjunto de circuitos integrados (“chip
set“) que reconhece e gerencia o funciona-
mento dos demais componentes do com-
putador.
3
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o Monitor de vídeo
bit pouco pode representar isoladamente; por essa ra- Normalmente um dispositivo que apresenta informa-
zão, as informações manipuladas por um computador ções na tela de LCD, como um televisor atual.
são codificadas em grupos ordena- dos de bits, de modo Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados
a terem um significado útil. de touchscreen), onde podemos escolher opções tocan-
O menor grupo ordenado de bits representando uma do em botões virtuais, apresentados na tela.
informação útil e inteligível para o ser humano é o byte
(leia-se “baite”). Impressora
Como os principais códigos de representação de Muito popular e conhecida por produzir informações
caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os impressas em papel.
conceitos de byte e caracter tornam-se semelhantes e as Atualmente existem equipamentos chamados im-
palavras, quase sinônimas. pressoras multifuncionais, que comportam impressora,
É costume, no mercado, construírem memórias cujo scanner e fotocopiadoras num só equipamento.
acesso, armazenamento e recuperação de informações Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá-
são efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios rios de computadores atualmente.
de computadores, menciona-se que ele possui “512 Ele não precisar recarregar energia para manter os
mega bytes de memória”; por exemplo, na realidade, em dados armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao
face desse costume, quase sempre o termo byte é omiti- contrário dos antigos disquetes. É utilizado através de
do por já subentender esse valor. uma porta USB (Universal Serial Bus).
Para entender melhor essas unidades de memórias, Cartões de memória, são baseados na tecnologia
veja a imagem abaixo: flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM
do computador, existe uma grande variedade de formato
desses cartões.
São muito utilizados principalmente em câmeras
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados
também em microcomputadores.
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sistema Básico
de Entrada e Saída, trata-se de um mecanismo responsá-
vel por algumas atividades consideradas corriqueiras em
um computador, mas que são de suma importância para
o correto funcionamento de uma máquina.
Figura 6: Unidade de medida de memórias
4
O processador do computador (ou CPU – Unidade Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
Central de Processamento) é uma das partes principais lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
do hardware do computador e é responsável pelos cál- podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na
culos, execução de tarefas e processamento de dados. placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
Contém um conjunto de restritos de células de me- na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
mória chamados registradores que podem ser lidos e dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
escritos muito mais rapidamente que em outros dispo- o resultado do processamento de vários outros dados.
sitivos de memória. Os registra- dores são unidades de Você já deve ter visto placas de vídeo com especi-
memória que representam o meio mais caro e rápido de ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o
armazenamento de dados. Por isso são usados em pe- número, maior será a quantidade de dados que passarão
quenas quantidades nos processadores. por segundo por essa placa, o que oferece imagens de
Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos vídeo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxi-
RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Com- ma da realidade. Além dessa velocidade, existem outros
plex Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]: itens importantes de serem observados em uma placa de
... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, vídeo: aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de
enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC per- cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão
mite que outras operações também façam referência à de encaixe na placa mãe que ela deverá usar (atualmente
memória. seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens
Possuem um clock interno de sincronização que defi- um a um:
ne a velo- cidade com que o processamento ocorre. Essa Placas de som são hardwares específicos para traba-
velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008): lhar e projetar a sons, seja em caixas de som, fones de
Em um computador, a velocidade do clock se refere ouvido ou microfone. Essas placas podem ser onboard,
ao número de pulsos por segundo gerados por um osci- ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou of-
lador (dispositivo eletrônico que gera sinais), que deter- fboard, conectadas em slots presentes na placa mãe. São
mina o tempo necessário para o processador executar dispositivos de entrada e saída de dados, pois tanto per-
uma instrução. Assim para avaliar a performance de um mitem a inclusão de dados (com a entrada da voz pelo
processador, medimos a quantidade de pulsos gerados microfone, por exemplo) como a saída de som (através
em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de das caixas de som, por exemplo).
medida de frequência, o Hertz. Placas de rede são hardwares específicos para inte-
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe.
#FicaDica
Alguns dados importantes a serem obser-
vados em uma placa de rede são: a arquite-
tura de rede que atende os tipos de cabos
de rede suportados e a taxa de transmissão.
Na placa mãe são conectados outros tipos de placas, Para entender o suficiente sobre periféricos para con-
com seus circuitos que recebem e transmite dados para curso público é importante entender que os periféricos
desempenhar tarefas como emissão de áudio, conexão à são os componentes (hardwares) que estão sempre liga-
Internet e a outros computadores e, como não poderia dos ao centro dos computadores.
faltar, possibilitar a saída de imagens no monitor. Os periféricos são classificados como:
Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard- Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a
ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner,
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador
não estão implementa- dos nesses chips, da própria mo- Biométrico, Touchpad e outros.
therboard. Geralmente esse fato implica na redução da Dispositivos de Saída: É responsável em receber a in-
velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada, formação do computador. Exemplos: Monitor, Impresso-
uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários. ras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros.
No entanto, quando se pretende ter maior potência Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em
de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de transmitir e receber informação ao computador. Exem-
imagens e uma rede mais veloz, a opção escolhida são as plos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, mo-
placas off board. Vamos conhecer mais sobre esse termo dem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dispositivo
e sobre as placas de vídeo, som e rede: de Som e outros.
5
3. (Banco do Brasil, 2013) Os diferentes tipos de me-
#FicaDica mórias encontrados nos computadores atuais apresen-
tam características diversas em relação a tecnologia, ve-
Periféricos sempre podem ser classificados locidade, capacidade e utilização.
em três tipos: entrada, saída e entrada e Uma característica válida é que
saída.
a) as memórias SSD são baseadas em discos magnéticos.
b) a memória de armazenamento terciário faz parte da
estrutura interna do microprocessador.
c) a memória ROM é usada como cache.
EXERCÍCIOS COMENTADOS d) a memória RAM é memória mais lenta que os discos
rígidos baseados na tecnologia SATA.
1. (Delegado de Polícia VUNESP 2014) Com a evolução e) a memória cache é mais rápida que as memórias não
da computação pessoal, foi necessário desenvolver uma voláteis.
interface de computador que possibilitasse a conexão de
periféricos sem a necessidade de desligar o computador. Resposta: Letra E. Alternativa “A” - As memórias SSD
Essa interface permite conectar diversos equipamentos não são baseadas em discos magnéticos, elas são me-
como: mouse, teclado, impressoras, câmeras digitais e mórias eletrônicas;
webcam com o computador. Alternativa “B” - As únicas memórias que fazem parte
da estrutura interna do microprocessador são as me-
Assinale a alternativa que contém o nome dessa inter- mórias cache;
face. Alternativa “C” - As memórias ROM são memórias so-
mente de leituras, e não tem relação alguma com a
a) HDLC. memória cache;
b) USB. Alternativa “D” - A memória RAM é bem mais rápida
c) ATX. que os discos rígidos baseados na tecnologia SATA;
d) IDE. Alternativa “E” - A memória cache é mais rápida que as
e) VGA. memórias não voláteis.
c) Biblioteca.
d) Barra de Arquivos. ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
e) Barra de Ferramentas. ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computa-
Resposta: Letra C. A “biblioteca” é uma das novidades dores espalhados pelo mundo que permite a comunica-
do Windows 7 em relação ao seu antecessor, o Win- ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam
dows XP, este novo recurso torna mais fácil localizar, pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá-
trabalhar e organizar arquivos espalhados na memória rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do-
do computador, e/ou pela rede. Uma biblioteca reúne cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar
suas coisas em um lugar, sem importar onde realmen- e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio
te elas estão armazenadas. de jogos, etc.
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Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- tão interconectadas por pares através de um roteamento
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, de dados;
o crescimento das redes de computadores também tem Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- hub ou switch;
ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo automação industrial e na década de 1980 pelas redes
destacados com mais exaltação, entre outros problemas. Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida- são entreligados formando um anel e os dados são pro-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações pagados de computador a computador até a máquina
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante de origem;
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
objetivos militares: interconectar os centros de comando meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
beamento é feito sequencialmente;
Alguns tipos de Redes de Computadores Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
Antigamente, os computadores eram conectados tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores, Cabos
foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi- Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, física utilizada para conectar computadores em rede, es-
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN, tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). Os mais utilizados são:
Veja alguns tipos de redes: Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth; lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis,
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
suporte não encontrado em computadores mais novos;
um prédio ou um campus de universidade;
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
eletromagnéticas.
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – #FicaDica
WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km; Após montar o cabeamento de rede é neces-
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re- sário realizar um teste através dos testadores
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta- de cabos, adquirido em lojas especializadas.
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem Apesar de testar o funcionamento, ele não
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet; detecta se existem ligações incorretas. É pre-
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area ciso que um técnico veja se os fios dos cabos
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos estão na posição certa.
eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para Sistema de Cabeamento Estruturado
grandes distâncias.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
7
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado CONCEITOS DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS À
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os INTERNET E INTRANET, BUSCA E PESQUISA NA
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um WEB, MECANISMOS DE BUSCA NA WEB.
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem O objetivo inicial da Internet era atender necessida-
inseridos em um rack. des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
pensada de forma a realizar a sua expansão. na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- tar os computadores de departamentos de pesquisas e
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
serem transmissores de informações para outros pontos, não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
eles também diminuem o desempenho da rede, poden- outros pontos estratégicos.
do haver colisões entre os dados à medida que são ane- O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
encontra-se dentro do hub. fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
máquina consegue enviar um determinado sinal até que poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre-
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti- ga da informação, é importante mencionar que a maior
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32 distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis.
a troca de informações de computadores de universi-
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
de relacionar diferentes arquiteturas.
nome passa a ser, INTERNET.
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,
A evolução não parava, além de atingir fronteiras
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
continentais, os computadores pessoais evoluíam em
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas
forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
portas de entrada e melhor performance, podendo ser net deixou de conectar apenas computadores de univer-
utilizado para redes maiores. sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil
e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co-
como um tipo de ponte na camada de rede do modelo merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter- de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de difusão nos tempos atuais.
diferentes fabricantes), identificando e determinando um Um marco que é importante frisar é o surgimento do
IP para cada computador que se conecta com a rede. WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá-
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da- fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta-
dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os josa, pois até então, só era possível a existência de textos.
roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami- Para garantir a comunicação entre o remetente e o
nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con- destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido
gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
caminhos mais rápidos e menos congestionados para o são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
tráfego. SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
Modem: Dispositivo responsável por transformar a Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
onda analógica que será transmitida por meio da linha de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível
telefônica, transformando-a em sinal digital original. tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes tendimento da informação trocada entre eles.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
de computadores, como por exemplo, envio de arquivos A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
ou e-mail. Os computadores que acessam determinado bendo informações, por isso o periférico que permite a
servidor são conhecidos como clientes. conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunica- MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
ção entre os computadores da rede. Cada arquitetura de dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
rede depende de um tipo de placa específica. As mais
utilizadas são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em 1. Protocolos Web
anel).
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
tros que são largamente usados na Internet:
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- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
trocar informações na Internet. Quando digitamos um nal utiliza um desses programas FTP ou similares
site, automaticamente é colocado à frente dele o http:// e executa a transferência dos arquivos criados, o
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br manuseio é semelhante à utilização de gerencia-
Onde: dores de arquivo, como o Windows Explorer, por
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- exemplo.
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter - POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
texto, som, imagem, filmes e links. Correios permite, como o seu nome o indica, recu-
- URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão perar o seu correio num servidor distante (o servi-
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, dor POP). É necessário para as pessoas não ligadas
é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de permanentemente à Internet, para poderem con-
acessar um determinado site. sultar os mails recebidos offline. Existem duas ver-
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: sões principais deste protocolo, o POP2 e o POP3,
aos quais são atribuídas respectivamente as portas
Faz a solicitação de um arquivo de 109 e 110, funcionando com o auxílio de coman-
http:// dos textuais radicalmente diferentes, na troca de
hiper mídia para a Internet.
e-mails ele é o protocolo de entrada.
Estipula que esse recurso está na - IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
rede mundial de computadores tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
www
(veremos mais sobre www em um ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários
próximo tópico). acessos simultâneos e várias caixas de correio,
É o endereço de domínio. Um além de poder criar mais critérios de triagem.
endereço de domínio representará - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na padrão para envio de e-mails através da Internet.
Internet. Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele
que verifica se o endereço de e-mail do destinatá-
Indica que o servidor onde esse site
rio está corretamente digitado, se é um endereço
está
.com existente, se a caixa de mensagens do destinatário
hospedado é de finalidades
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca
comerciais.
de e-mails ele é o protocolo de saída.
.br Indica queo servidor está no Brasil. - UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP).
Encontramos, ainda, variações na URL de um site, Permite que a aplicação escreva um datagrama en-
que demonstram a finalidade e organização que o criou, capsulado num pacote IP e transportado ao des-
como: tino. É muito comum lermos que se trata de um
.gov - Organização governamental protocolo não confiável, isso porque ele não é im-
.edu - Organização educacional plementado com regras que garantam tratamento
.org - Organização de erros ou entrega.
.ind - Organização Industrial
.net - Organização telecomunicações 2. Provedor
.mil - Organização militar
.pro - Organização de profissões O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
.eng – Organização de engenheiros oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
E também, do país de origem: sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
.it – Itália ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
.pt – Portugal mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
.ar – Argentina No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
.cl – Chile à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
.gr – Grécia computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
que se trata de um site hospedado em um servidor dos como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
Estados Unidos. no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme- uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
transmitidos através de uma conexão criptografa- como o backbone possui uma velocidade de transmis-
da e que se verifique a autenticidade do servidor e são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
do cliente através de certificados digitais. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferên- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
cia de arquivo, é o protocolo utilizado para poder que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
subir os arquivos para um servidor de internet, so e um endereço eletrônico na Internet.
9
3. Home Page zaram o acesso à informação através de redes de com-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
Pela definição técnica temos que uma Home Page é base de usuários, já familiarizados com conhecimentos
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com- básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
putadores rodando um Navegador (Browser), que per- nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
mite o acesso às informações em um ambiente gráfico custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
informações dentro das Home Pages. e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran-
#FicaDica do de tamanho a cada mês.
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
O endereço de Home Pages tem o seguinte to, que tem interessado um número cada vez maior de
formato: empresas, hospitais, faculdades e outras organizações
http://www.endereço.com/página.html interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
Por exemplo, a página principal do meu pro- net. Seu advento e disseminação promete operar uma
jeto de mestrado: revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
http://www.youtube.com/canaldoovidio to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
tadores, no final da década de 80.
Os plug-ins são programas que expandem a capaci- O termo “intranet” começou a ser usado em meados
dade do Browser em recursos específicos - permitindo, de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se
por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas logias projetadas para a comunicação por computador
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci- entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis-
dade impressionante. Maiores informações e endereços te em uma rede privativa de computadores que se baseia
sobre plug-ins são encontradas na página: nos padrões de comunicação de dados da Internet pú-
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/ blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas
Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/ HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
Indices/ muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo o custo de implantação relativamente baixo e a facilida-
temos uma relação de alguns deles: de de uso propiciada pelos programas de navegação na
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, Web, os browsers.
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). Objetivo de construir uma Intranet
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.). Organizações constroem uma intranet porque ela é
- Negócios e Utilitários. uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
- Apresentações. te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
INTRANET capital com conhecimentos das operações e produtos da
empresa.
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma Aplicações da Intranet
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que municações corporativas em uma intranet dá para sim-
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre- plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
sa. mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
informações particulares dentro da estrutura de comuni- Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
cações da empresa. exemplo:
O grande sucesso da Internet, é particularmente da - Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na tos, listas de preços, promoções, planejamento de
evolução da informática nos últimos anos. eventos;
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos des de membros das equipes, situações de proje-
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati- tos;
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- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- -palavra_chave
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
manuais de qualidade; Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
tilas, políticas da companhia, organograma, opor- por computação, provavelmente encontrarei na relação
tunidades de trabalho, programas de desenvolvi- dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
mento pessoal, benefícios. ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
Para acessar as informações disponíveis na Web cor- serão omitidos.
porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se +palavra_chave
resume quase somente em clicar nos links que remetem
às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in- Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro- ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com putação, terei como retorno uma gama mista de resul-
o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que
quantidade de informações nela armazenadas. ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma
busca do tipo computação + ciência SP.
A intranet é baseada em quatro conceitos:
“frase_chave”
- Conectividade - A base de conexão dos computa-
dores ligados por meio de uma rede, e que podem Retorna uma busca em que existam as ocorrências
transferir qualquer tipo de informação digital entre si; dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
dores e sistemas operacionais podem ser conecta- busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
dos de forma transparente; da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
- Navegação - É possível passar de um documento foi empregada.
a outro por meio de referências ou vínculos de
hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
documentos;
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
rer graças à execução de programas aplicativos,
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes-
tadores que acessam a rede (também chamados
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza se caso, como as duas palavras chaves são populares, os
a arquitetura da intranet: cliente-servidor). dois resultados são apresentados em posição de desta-
- A vantagem da intranet é que esses programas que.
são ativados através da WWW, permitindo grande
flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java, filetype:tipo
assumiram grande importância no desenvolvimen-
to de softwares aplicativos que obedeçam aos três Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
conceitos anteriores. extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
Mecanismos de Buscas chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos de
extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, DOC.
Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
exatamente o que você queria pode trazer algumas ho- palavra_chave_01 * palavra_chave_02
ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja em que os termos inicial e final aparecem, independente
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
acesso a resultados mais relevantes. cebook * msn e veja o resultado na prática.
Os mecanismos de buscas contam com operadores
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no Áudio e Vídeo
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis A popularização da banda larga e dos serviços de
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de- e-mail com grande capacidade de armazenamento está
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul- aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
tados podem ser mais especializados em relação ao que blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
você procura. tornar a experiência decepcionante.
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A maioria deles depende de um único programa para com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces- guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player operações como copiar e deletar imagens até o efeito
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple- oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des- um clique.
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação Além disso sempre é possível a visualização de ima-
é automática. gens pelo próprio gerenciador do Windows.
Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você Transferência de arquivos pela internet
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
tanto offline como por streaming (neste caso, o down- FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
Terra). ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
Atualmente, devido à evolução da internet com os arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
há uma grande demanda por programas para trabalhar de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra- sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
ou conversão de imagens. sempre transferida como uma informação textual, en-
Porém, muitos destes programas não são o que se quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri-
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário).
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
Caso o que você precise seja apenas um programa para
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é
visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples
capaz de se comunicar com outro computador na Rede
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar
que o esteja acessando através de um cliente FTP.
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas-
de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo).
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
mento especial para as suas mais variadas imagens. Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do
faz dele um aplicativo completo para visualização de fo- sistema. Isto é muito importante, porque garante um
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen- nível de segurança adequado, evitando que estranhos
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de tenham acesso a todas as informações da empresa.
imagem do computador. Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
As ferramentas de edição possuem os métodos mais o que acontece em geral é que a conexão é posicionada
avançados para automatizar o processo de correção de no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- indispensável que o usuário possua um username e uma
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen- criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con- ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
apenas as fotos que contém pessoas. Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Depois de tudo organizado em seu computador, você hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar- operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o Algumas dicas
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
poucos segundos. 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve número de conexões simultâneas para evitar uma
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade sível é a faixa de horário de acesso, que muitas
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vezes é considerada nobre em horário comercial, Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci-
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de- das, destacamos:
sativado. • Facebook: interação e expansão de contatos.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites • Youtube: partilha de vídeos.
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
sendo acessado. madas de voz.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui- • Instagram: partilha de fotos e vídeos.
vo verifique se você está usando o modo correto, • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e são conhecidas como “tweets”.
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar • Skype: telechamada.
perda de tempo. • LinkedIn: interação e expansão de contatos profis-
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi- sionais.
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir • Badoo: relacionamentos amorosos.
que um amigo seu consiga acessar o seu compu- • Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
• Messenger: envio de mensagens instantâneas.
tador como um servidor remoto de FTP, bastando
• Flickr: partilha de imagens.
que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
• Google+: partilha de conteúdos.
buído dinamicamente.
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter.
Grupos de Discussão e Redes Sociais
Vantagens e Desvantagens
São espaços de convivências virtuais em que grupos
de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en- Existem várias vantagens em fazer parte de redes
vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo, sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
entre outras ações. crescimento tão significativo ao longo dos anos.
As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo- Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi- soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni- As redes também facilitam a relação com quem está
dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
para que elas próprias criassem suas páginas na internet. trem fisicamente.
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
No mesmo ano, também surge uma plataforma que de pessoas ao mesmo tempo.
permite a interação com antigos colegas da escola, o Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
Classmates. um acontecimento, a preparação de uma manifestação
Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma ou a mobilização de um grupo para um protesto.
que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto- No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
grafias. des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- é a falta de privacidade.
deira rede social, o Friendster. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
social de caráter profissional do mundo. para algumas precauções.
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr. #FicaDica
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser: Por ser algo muito atual, tem caído muitas
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de questões de redes sociais nos concursos
amizade ou namoro). atualmente.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
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A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
possam ser enviados sem que outros usuários tenham
acesso.
Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
so para o envio dos dados é o seguinte:
• Os dados são criptografados e encapsulados.
• Algumas informações extras, como o número de
IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
dos que serão enviados para que o computador
receptor possa identificar quem mandou o pacote
de dados.
• O pacote contendo todos os dados é enviado atra-
vés do “túnel” criado até o computador de destino.
• A máquina receptora irá identificar o computador
remetente através das informações anexadas ao
pacote de dados.
• Os dados são recebidos e desencapsulados. Com base na figura acima, que ilustra as configurações
• Finalmente os dados são descriptografados e ar- da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
mazenados no computador de destino. 9, julgue os próximos itens.
( ) CERTO ( ) ERRADO
#FicaDica
Com o aumento do HomeOffice cada vez Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol)
mais cresce o uso de VPNs. é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que
permite ao seu computador trocar informações com
um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma
vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po-
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os
EXERCÍCIOS COMENTADOS códigos que resultam na página acessada pelo nave-
gador.
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou
impressora estiver compartilhada em uma intranet por outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar- nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
no navegador web a seguinte url: HTTP é insegura.
, em Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-
que deve estar acessível via rede e tocol Secure), que insere uma camada de proteção na
transmissão de dados entre seu computador e o ser-
deve ser do tipo PDF. vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
é criptografada, aumentando significativamente a se-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con-
( ) CERTO ( ) ERRADO versassem uma língua que só as duas entendessem,
dificultando a interceptação das informações.
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir- Para saber se está navegando em um site com crip-
ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
ser impressos, o que torna o item errado, o comando será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
para impressão não verifica o formato do arquivo, tão um símbolo de cadeado que denota segurança. Além
somente o local onde está o arquivo a ser impresso. disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
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( ) CERTO ( ) ERRADO
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Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro- 7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual, versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ são mostrados detalhes como a data da instalação e o
virtuais separados. Para que uma estação de usuário usuário que executou a operação.
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que ( ) CERTO ( ) ERRADO
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80. Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
sões do Firefox, contudo o histórico não contém o
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção usuário que executou a operação. Este recurso está
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
solicite autenticação em toda conexão de Internet que Atualizações – Histórico de atualizações.
for realizada.
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
( ) CERTO ( ) ERRADO Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica- portantes e recomendá-los aos seus amigos.
ção se o servidor assim estiver configurado, do con-
trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de- ( ) CERTO ( ) ERRADO
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser-
5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos
computacionais, permanentemente conectados à Inter- sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta
net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos.
Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter- Considere que um delegado de polícia federal, em uma ses-
net message access protocol), em detrimento do POP3 são de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela ilus-
(post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o trada acima, que mostra uma página web do sítio do DPF,
conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa- cujo endereço eletrônico está indicado no campo .
mente, fazer o download das mensagens para o compu- A partir dessas informações, julgue os itens de 09 a 12.
tador em uso.
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O conteúdo
( ) CERTO ( ) ERRADO da página acessada pelo delegado, por conter dados im-
portantes à ação do DPF, é constantemente atualizado por
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o seu webmaster. Após o acesso mencionado acima, o dele-
padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a gado desejou verificar se houve alteração desse conteúdo.
função de baixar as mensagens do servidor de e-mail Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá con-
para o computador que o programa foi configurado. dições de verificar se houve ou não a alteração mencionada,
Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men- independentemente da configuração do IE6, mas desde que
sagens são baixadas para o computador do usuário haja recursos técnicos e que o IE6 esteja em modo online.
só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor
as mensagens originais; quando o acesso é feito por ( ) CERTO ( ) ERRADO
outro computador essas mensagens que estão no ser-
vidor são baixadas para este outro computador, dei- Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma
xando sempre a original no servidor. nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut, tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi-
Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que bido sem alterações.
utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
mento de arquivos entre seus usuários 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
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Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer sequentemente um dos melhores navegadores existen-
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
e, em Configurações, mover o controle deslizante até muito fácil de utilizar.
em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
da, clicar em OK.
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acesso a suas informações. Representado pelo símbolo Um pouco de história
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo. A internet é uma rede de computadores que liga os
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a-
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro-
car informações sobre pesquisas e armamentos que não
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim,
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos
EUA.
#FicaDica Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
Glossário interessante que abordam internet xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
e correio eletrônico ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
mensagens indesejadas. cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
Browser: Programa utilizado para navegar milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
na Web, também chamado de navegador. etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
Exemplo: Mozilla Firefox. Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
Cliente de e-mail: Software destinado a projeto que pode ser considerado o princípio da World
gerenciar contas de correio eletrônico, Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
possibilitando a composição, envio, rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
recebimento, leitura e arquivamento como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
de mensagens. A seguir, uma lista de partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
gerenciadores de e-mail (em negrito os mais tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
conhecidos e utilizados atualmente): bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook do por muitos como o pai da internet.
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
(Linux) e Windows Mail. #FicaDica
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
próprio endereço, chamado URL, ele facilita
Outros pontos importantes de conceitos que podem
a navegação e possui características especí-
ser abordado no seu concurso são:
ficas como a falta de acentuação gráfica e
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
palavras maiúsculas. Uma url possui o http
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
(protocolo), www (World Wide Web), o nome
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
da empresa que representa o site, .com (ex:
como imagens, sons, filmes, entre outros.
se for um site governamental o final será
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
.gov) e a sigla do país de origem daquele site
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
(no Brasil é usado o BR).
de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder- Entenda como os diversos componentes são
bird, Microsoft Outlook Express etc. capazes de deixar o seu celular inteligente
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de Quem viveu o início da década de 90 deve se lembrar
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para de como eram os celulares naquela época. Com tela
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere de poucas cores e funções limitadas, os aparelhos aos
para o computador as mensagens armazenada sem sua poucos se tornaram cada vez mais presentes na vida
caixa postal no servidor. dos brasileiros, a ponto de hoje existir mais linhas de
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de celulares ativas do que habitantes no país.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- Para que isso fosse possível a tecnologia precisou
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um evoluir consideravelmente. Ainda assim, com tanto
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. celular inteligente no mercado, são poucas pessoas
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. que sabem exatamente quais componentes do
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori- smartphone são fundamentais para que o celular
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente inteligente seja exatamente do jeito que a gente conhece.
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga Nesse artigo, você vai conhecer um pouco mais sobre
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de alguns dos componentes que dão vida aos aparelhos
discussão. inteligentes.
17
Dessa forma, quanto mais memória RAM um celular
tiver, menores serão as chances de ele engasgar enquanto
um aplicativo estiver rodando. Atualmente, celulares com
menos de 1 GB de RAM são considerados quase que
obsoletos. Aparelhos que tenham entre 2 GB e 3 GB são
os ideais. Alguns modelos mais recentes chegam a ter 6
GB de RAM – é mais memória do que muito PC por aí.
- Memória RAM
Essa é outro dos componentes de smartphone que
merecem a sua atenção. A memória RAM funciona As baterias também são inteligentes, com duração dife-
como uma auxiliar no processamento das tarefas, sendo renciada dos celulares antigos.
responsável por ler e armazenar dados que não precisam
ser salvos, mas devem estar disponíveis durante a - Sistema operacional: a interface das peças de
execução de uma tarefa. Cada aplicativo em execução smartphone
consome um pouco dessa memória para que possa Não menos importante, para que o seu celular
executar as suas funcionalidades. inteligente seja de fato inteligente ele precisa contar com
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um sistema operacional que seja capaz de extrair o que PRINCIPAIS SISTEMAS OPERACIONAIS
há de melhor em componente. Assim, sistemas como - iOS – iPhones - Apple
Android, iOS ou Windows Phone ficam encarregados -Versão modificada do sistema operacional Mac OSX.
de otimizar as funções de forma que todas as peças de Seu foco é oferecer suporte para as tecnologias de
smartphone trabalhem em conjunto e em sintonia. reconhecimento de toques múltiplos de inclinação
Quando você clica sobre um ícone de câmera na e de multimídia, para reprodução de vídeos, ima-
tela do celular, é o sistema que se encarrega de enviar gens e músicas.
uma ordem ao processador para executar a tarefa. Esse - Dependência da loja oficial: você só pode baixar
processo conta com o suporte da memória RAM para aplicativos disponíveis na Apple Store. (liberação
armazenar os dados em tempo real enquanto a sua foto do aparelho para aplicativos não oficiais = perda
não é capturada. Depois que o processo é concluído, da garantia)
ela é salva na memória flash, para que fique disponível -Uso proprietário e exclusivo da Apple.
permanentemente por ali. -Linguagem de Programação utilizada: ObjectiveC,
A função dos sistemas operacionais é traduzir essas baseado em linguagem C.
tarefas em uma linguagem eficiente e visualmente
simples para o maior número de pessoas. Quanto Aplicativos para IOS:
mais os sistemas evoluem, mais fáceis eles ficam de - Office para iPad/iPhone;
serem utilizados e, consequentemente, menos energia - FireChat;
eles requerem para executar as mesmas tarefas. Essa - Organizze(gerenciamento financeiro);
é prova definitiva que não é apenas um item que faz a - Pocket(armazena conteúdo para leitura posterior);
diferença no final das contas, mas sim o conjunto e o - Fotor;
bom desempenho de todos eles. - Tynker(ensina crianças a programar); - Etc, etc, etc.
MOBILIDADE! Symbian
- Novas formas de trabalhar -Fruto da parceria entre Ericsson, Nokia, Motorola e
- Liberdade e mais possibilidades PSION
- Ambientes informais -Amplamente utilizado pela Nokia, que em 2010
- Economia de espaço anunciou a compra de todas as ações.
- Flexibilidade de horário DEFINIÇÕES: -Tem como objetivos primários manter a integridade
dos dados, evitar desperdício de tempo do usuário
Um dispositivo móvel, designado popularmente e trabalhar com recursos escassos.
em inglês por handheld é um computador de bolso - Em 15 de fevereiro de 2010 a versão Symbian ^3,
habitualmente equipado com um pequeno ecrã (output) totalmente open source, foi liberada.
e um teclado em miniatura (input). -Dezenas de versões do Symbian prejudicam a inte-
Em alguns aparelhos, o output e o input combinam- grações entre sistemas operacionais e aplicativos.
se num ecrã táctil (touchscreen). -Linguagem de Programação utilizada: Symbian C/
C++ - variação do padrão C++ feita para Symbiam.
DEFINIÇÕES: Aplicativos para Symbian
Os dispositivos móveis mais comuns são: - Advanced Device Locks Pro(bloqueador);
- Smarthphone; - Quickoffice;
- PDA(Personal digital assistant); - Shazam(descobre o nome da música);
- Celular; - JzipMan;
- Console portátil; - UC Player(roda diversos formatos de vídeos); -
- Aparelhos GPS ( Sistema de Posicionamento Global) Screensnap(print de tela); - Etc, etc, etc.
- Computadores móveis: Notebooks e Tablets.
Windows Phone
Possibilidades de utilização de Dispositivos - Foco mais corporativo – gerenciamento de e-mails,
Móveis: edição de arquivos, pacote completo de conexões.
- vendas realizadas por meio de mobile devices que - Acompanha todo o pacote de ferramentas do Mi-
permitem o acesso as informações em tempo real; crosoft Office.
- em empresas como bares, restaurantes, entre outros, -Acompanha Windows Media Player, Outlook e Inter-
esta tecnologia pode ser utilizada como forma de pedido, net Explorer.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
o cliente chega ao estabelecimento e utiliza o dispositivo - Não está vinculado a um único hardware, diversos
para efetuar o seu pedido, este imediatamente chega à fabricantes poderão licensiar seus aparelhos, des-
cozinha ou balcão onde é providenciado. de que atendam aos pré-requisitos de hardware.
-Proporciona uma boa integração entre os smartpho-
Vantagens: nes e os desktops. -Linguagem de Programação
- Acesso à rede e a e-mails; utilizada: C# e Visual Studio, a Linguagem de Inter-
- Acesso à nuvem; face é a XAML, baseada em XML.
- Aplicativos personalizados para empresas. Blackberry
-Sistema Operacional concebido pela empresa cana-
dense RIM – Research In Motion.
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- Utiliza um serviço próprio de e-mail – BBM(BlackBer- Um pouco mais sobre Android
ryMessenger).
-Sistema Proprietário. Open Handset Alliance
- Foco em Comunicação Empresarial, funções volta- A Open Handset Alliance(OHA) é um grupo formado
das a troca de mensagens de texto, navegação na por gigantes do mercado de telefonia de celulares
internet e troca de e-mails. liderados pelo Google, com o objetivo de definir uma
- Apenas programas certificados podem ser rodados. plataforma única e aberta para celulares, para a satisfação
- Funcionamento de vários recursos simultaneamente dos consumidores com o produto final. Outro objetivo
(multi-tasking). dessa aliança é criar uma plataforma moderna e flexível
-Linguagem de programação utilizada: Java para o desenvolvimento de aplicações corporativas.
Resultado:
Aplicativos para Blackberrys: Android!
- PhotoStudio; Android
- BlackBerryMessenger; -Sistema operacional baseado em Linux;
- Ram Optmizer; -Interface visual rica;
- Photo Camera 360 Effects; - Documents To Go; -GPS;
- Etc, etc, etc. -Diversas aplicações já instaladas;
-Ambiente de desenvolvimento inovador e flexível;
Android -Linguagem Java;
-Sistema operacional móvel desenvolvido pela Open -Integração entre aplicações.
Handset Alliance, liderada pelo Google. Baseado no
núcleo Linux, o sistema de código aberto está presente Android
em grande parte dos smartphones, como HTC, Samsung -Sistema operacional baseado em Linux;
e o próprio Google Nexus One. -Interface visual rica;
-GPS;
-Open Handset Alliance: um grupo de 84 empresas
-Diversas aplicações já instaladas;
de tecnologia e móveis que se uniram para acelerar a
-Ambiente de desenvolvimento inovador e flexível;
inovação em consumidores móveis e oferecer um mais
-Plataforma completamente livre e open-source;
barato e melhor experiência mais rica, móvel.
-Linguagem Java;
- Primeira plataforma móvel completa, aberta e livre.
-Integração entre aplicações.
- Atualmente é o Sistema Operacional para
- Dispositivos Móveis mais utilizado no mundo.
Estrutura do Projeto Android
-Linguagem de Programação utilizada: Java.
• SRC – onde ficam todas as Classes Java;
Plataformas e Ferramentas de Desenvolvimento • RES(resources) – onde ficam os recursos utilizados
-Para Windows Phone: na aplicação
• Visual Studio.Net. - drawable: onde se deve colocar as imagens. Contém
as pastas hdpi (High dpi), mdpi (Medium dpi), ldpi
-Para Symbian: (Low dpi) para diferentes resoluções
• Symbian Web Development Tools ( para Symbian - layout: onde ficam os arquivos XML da aplicação.
^3); - values: arquivos XML contendo valores, como ar-
• Active Perl; rays, cores, dimensões, strings, etc.
• SDK da Symbian; • Gen – Classes geradas automaticamente pelo proje-
• S60 Platform SDK for Symbian OS; to - Classe R: contém as contantes para os recursos
• Etc. do projeto. Não deve ser alterada manualmente.
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• Content provider – provedor de conteúdo. Exem- carregada pelo usuário através de uma loja on-line, tais
plos de provedor de conteúdo nativo: content:// como Google Play, App Store ou Windows Phone Store.
com.android.contacts/contacts content://media/ Uma parte das aplicações disponíveis são gratuitas, en-
internal/images/media quanto outras são pagas. Estas aplicações são pré-insta-
ladas ou vêm diretamente da fábrica, descarregadas pelos
Conceitos básicos clientes de várias plataformas de distribuição de softwa-
• Fragments – fragmento de tela. Muito útil em apli- re móvel ou aplicações da web entregues por HTTP que
cações para Tablets. Disponível a partir da versão usam processamento do lado do servidor ou do cliente
3.0 HoneyComb. (por exemplo, JavaScript) para fornecer uma experiência
• SQLite - é um banco de dados auto-contido, com- “aplicação” dentro de um navegador da Web.
pacto, com suporte nativo no Android e sem ne- O número de descarregamentos de aplicações mó-
cessidade de configuração ou instalação. Isto tor- veis está em forte crescimento. Esta tendência está asso-
na-o a escolha natural para um ambiente em que ciada com a venda de smartphones, que também houve
devemos prezar por desempenho, disponibilidade um grande crescimento de 74% num ano.[1][2]
de memória e praticidade de uso. Apps se encontram disponíveis em plataformas de
distribuição. Popularizaram-se em 2008 e são normal-
Métodos mente asseguradas pelo sistema operacional móvel. Al-
- OnCreate – chamado uma única vez.Cria uma view gumas aplicações são exclusivamente gratuitas ou têm
e chama o método setContetView(view) para exi- versões gratuitas, enquanto outras são comercializadas a
bi-la na tela. valores relativamente e de forma geral acessíveis. Quan-
- OnStart – é chamado quando a activity está fican- to à aplicação paga, geralmente uma percentagem de
do visível ao usuário e já tem uma view. Pode ser 20% a 30% é atribuída ao distribuidor e o restante para
chamado depois dos métodos onCreate() ou on- o criador da app[3].A mesma aplicação pode custar um
Restart(). valor diferente dependendo do dispositivo para o qual
- OnRestart – é chamado quando uma activity foi pa- é descarregada, isto é, a mesma aplicação pode ter um
rada temporariamente e está sendo iniciada outra custo diferente para iOS, para Android ou outro sistema
vez, chama o método onStart() de forma automá- operativo.
tica. Geralmente, são descarregadas (vulgo download) da
- OnResume – é chamado quando a activity está no plataforma para um dispositivo de destino, como um
topo da pilha, pronta para interagir com o usuário. iPhone, BlackBerry, smartphones com sistema operativo
É o estado da activity executando. É chamado sem- Android, Windows Phone, para tablets e computadores
pre depois do OnStart. portáteis (laptop computer) ou de secretária (desktop
computer).
Métodos A sigla “app” é uma abreviatura do termo “aplicação
- OnPause – é chamado para salvar o estado da apli- de software”. Foi em 2010 que se tornou tão popular
cação quando precisa ser temporariamente inter- que foi assinalada como “Palavra do Ano” pela American
rompida. Dialect Society [4] Em 2009, David Pogue[5] um escritor e
- OnStop – é chamado quando a activity está sen- colunista de artigos de tecnologia afirmou que os smart-
do encerrada, e não está mais visível ao usuário. phones mais recentes poderiam ser designados por «app
Pode ser reiniciada se necessário, através do mé- phones” para distingui-los dos menos sofisticados. Origi-
todo onRestart. Caso fique muito tempo parada e nalmente as Aplicações móveis foram criadas e classifi-
o sistema operacional precise limpar os recursos cadas como ferramentas de suporte à produtividade e à
para liberar memória, o método onDestroy pode recuperação de informação generalizada, incluindo cor-
ser automaticamente chamado. reio eletrônico, calendário, contatos, mercado de ações,
- OnDestroy – encerra a execução de uma activity. informações meteorológicas entre outras do gênero. No
Pode ser chamado automaticamente pelo sistema entanto, a crescente procura, a disponibilidade facilitada
operacional para liberar recursos ou pela aplica- e a evolução das apps, conduziu à rápida expansão para
ção, através do método finish(). outras categorias, como jogos, GPS, serviços de infor-
mação meteorológica, serviços de acompanhamento de
Fonte: pedidos vários, compra de bilhetes, confirmações de pre-
https://blog.bemmaisseguro.com/celular-inteligente/ senças, conexões nas redes sociais, aplicações nas mais
diversas áreas, como saúde, desporto, banca e negócios,
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https://pep.ifsp.edu.br/moodledata/filedir/fe/ce/
feceddf4abea09da1e16d813b2c0aa14e0025072 mercados de ações, etc., tudo isto para a generalidade
dos dispositivos móveis. A disseminação no número e
Aplicação Móvel variedade de aplicações serviu de fonte de estímulo à
investigação e consequente criação de inúmeras Apps
Aplicação móvel ou aplicativo móvel , conhecida para atender as necessidades mais diversas da maioria
normalmente por seu nome abreviado app, é um soft- dos utilitários.
ware desenvolvido para ser instalado em um dispositivo As apps tem o propósito de facilitar o dia-a-dia ao
eletrônico móvel, como um PDA, telefone celular, smar- seu utilizador, fornecendo-lhe as mais diversas funciona-
tphone ou um leitor de MP3. Esta aplicação pode ser lidades com infinitas possibilidades.
instalada no dispositivo, ou se o aparelho permitir des-
21
As apps podem ser utilizadas em qualquer dispositivo como, em 28 países da EU, mais de 529.000 de empregos
móvel podendo, ou não, ter a funcionalidade da geo-lo- criar-se-ão como resultado do aumento exponencial do
calização de forma a tornar a App mais relevante para mercado das apps.
ser utilizada no local e no momento em que é utilizada,
o exemplo dos mapas é o exemplo clássico, mas também Desenvolvimento
pode servir para obter vales de descontos de lojas nas
proximidades ou para sugerir pontos de interesse para O desenvolvimento de aplicações para dispositivos
o utilizador. móveis, envolve processos mais ou menos complicados,
Uma das áreas em que os apps têm um enorme po- a complexidade dos processos é reflexo da experiência
tencial é a saúde. Segundo a Siddiqui (2013),[6] os dispo- do criador e proporcional à estrutura e configurações
sitivos móveis podem ajudar na manutenção da saúde e do software a ser produzido, ao número de dispositivos
prevenção da doença. As Apps desenvolvidas para este distintos em que estas vão operar, às especificações do
efeito podem ter funcionalidades que ajudem melhorar hardware e às plataformas que as vão disponibilizar. As
a acessibilidade a tratamentos bem como a rapidez e a aplicações podem vir pré-instaladas com os dispositivos
exatidão dos exames de diagnóstico (Siddiqui,2013)[7]. As móveis, podem ser transferidas pelos utilitários ou seus
Apps podem ter funcionalidades que aproximam os pa- representantes, descarregando-as de plataformas de
cientes dos prestadores de cuidados ou podem ajudar distribuição de software, no caso de empresas e redes
em coisas tão simples como a adesão à terapêutica, fa- de comunicação ou ainda, transferindo-as diretamente
zendo com que o paciente não se esqueça da toma dos da Web para o dispositivo móvel. É preciso, igualmente,
medicamentos. submeter as atualizações e avaliar a necessidade de pos-
síveis modificações mais ou menos extremas dentro de
Dados estatísticos cada plataforma.
A Economia das apps encontra-se ainda numa fase
Descarregamentos de apps para dispositivos mó- púbere, contudo, de acordo com um relatório realizado
veis. De acordo com a Portio Research[8] (Março de 2013) em 2013 pela Vision mobile[13] , estimou-se que nos 28
estimou-se que, até finais de 2012, 1.2 mil milhões de países membros da UE, a economia das apps contribua
pessoas em todo o mundo estaria a usar aplicações para para 794 mil postos de trabalho indiretamente associa-
dispositivos móveis. Projeta-se que esta tendência cresça dos, 529 mil postos de trabalho diretamente associados,
a 29,8% por ano, atingindo as 4.4 mil milhões de utili- dos quais 60% são de criadores de aplicações móveis.
zadores até finais de 2017. Contudo grande parte deste Estimou-se igualmente que 22% da produção global
crescimento advém da Ásia, que até 2017 representaram de produtos e serviços relacionados com as aplicações
quase 50% dos usuários. O mercado das aplicações ain- móveis sejam provenientes da EU e que o retorno dessa
da têm muito para crescer, segundo a ITU (International economia exceda os 10 mil milhões por ano.
Para desenvolver aplicações para dispositivos moveis
Telecommunication Union)[9] em Fevereiro de 2013, exis-
é preciso dominar uma das linguagens de programação.
tiam 6.8 mil milhões de subscritores de dispositivos mó-
Atualmente, a linguagem Java é pioneira em aplicativos
veis, o que significa que 17% destes usam apps. Analistas
voltados para o sistema operacional Android. A lingua-
estimam que os downloads de apps em 2013 atinjam
gem Swift foi criada especialmente para desenvolver
entre 56 a 82 biliões. Em 2017, podem mesmo chegar
aplicativos para iOS, plataforma da Apple. Além de Java
aos 200 mil milhões de downloads. A ABI Research[10] ,
e Swift, é possivel desenvolver aplicações com Python, C,
em Março de 2013, previa que 56 mil milhões de apps
C#, etc.
seriam descarregadas para smartphones durante o mes-
mo ano. Distribuídas pelos sistemas operadores da se- Podemos definir 3 tipos de aplicativos, são eles:
guinte forma: 58% pela Google Android, 33% pela Apple Aplicativos nativos: As aplicações desenvolvidas ex-
iOS, 4% pela Microsoft Windows Phone e 3% pertencem clusivamente para uma plataforma específica, como o
à Blackberry. Estimou também que 14 mil milhões de iOS ou o Android, são chamadas de aplicativos nativos.
apps seriam instaladas em tablets, neste caso a distribui- Isto é, uma aplicação criada para a plataforma Android
ção pelos operadores de sistema seria: 75% apps de iOS, não funcionará no iOS. Aplicações para Android são
21% de Android, 2% de Windows. A Android inclui as programadas em Java, e aplicações para iOS, utiliza-se a
apps da Amazon Kindle Fire, que representariam 4% dos linguagem Objective-C ou Swift. Nos aplicativos nativos
downloads. é possivel utilizar os recursos existentes no smartphone,
A Portio Research[11] (Março de 2013), estima que
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
22
flix e Steam são exemplos de aplicativos híbridos. São de- A Windows Phone Store, inicialmente denominada
senvolvidos na linguagem HTML5, CSS e Javascript. por Windows Phone Marketplace, foi lançada a 7 de Ou-
tubro de 2010 pela Microsoft simultaneamente com a
Etapas Windows Phone 7. A Windows Phone Store, a 25 de Fe-
vereiro de 2012[17] , contava já com mais de 120 mil apli-
São inúmeras as etapas a considerar que devem an- cações. De acordo com a Windows Phone 7 Marketpla-
teceder a criação de uma app para dispositivos móveis, ce[18] , a 14 de Maio de 2014 existiam 205.372 aplicações.
deve ter-se em conta o propósito da app a desenvolver, A Windows Store foi introduzida pela Microsoft para
se vai servir como fonte de rendimento principal, para as plataformas Windows 8 e Windows RT. Possibilita a
que plataformas de distribuição as disponibilizar, em que transferência de diversos programas construídos para
tipo de dispositivos móveis vai ser possível opera-las, computadores de mesa (desktop) com compatibilidade
criar uma app gratuita ou paga ou as duas, como melhor certificada para o Windows 8, contudo é usado maiori-
rentabilizar uma app e qual o nível de risco associado. tariamente para distribuir aplicações para operarem em
tablets e outros dispositivos tácteis, mas ainda podem
Distribuição ser usados com teclados, rato (mouse), e em desktop e
em computadores portáteis (laptops).
A Amazon Appstore opera como um distribuidor Samsung Apps Store[19] a loja de aplicações para tele-
alternativo do sistema operativo Android. Começou a móveis e smartphones Samsung, foi fundada em Setem-
funcionar em Março de 2011 e já conta com mais de 1 bro de 2009. A partir de Outubro 2011 Samsung Apps
milhão de aplicações disponíveis. Para além disso, com- alcançava os 10 milhões de downloads. Atualmente, a
promete-se a lançar novas aplicações diariamente, está distribuidora está disponível em 125 países e oferece
agora classificada como a loja de aplicações móveis mais aplicações para Windows Mobile, Android e plataformas
fiável para a plataforma Android. Bada. Em Dezembro de 2013 a Samsung e a Fingerprint
A App Store loja de aplicações para a plataforma iOS, uniram-se na criação de aplicações para dispositivos
foi a primeira distribuidora, definiu o padrão para os ser- Samsung, exclusivamente para crianças.
viços vários de distribuição das aplicações e que ainda
hoje serve de modelo para as restantes distribuidoras. Motor de pesquisa para apps
Inaugurou a 10 de Julho de 2008, e em Janeiro de 2011, Auto- intitula-se o “Google” para aplicações móveis,
apresentou resultados surpreendentes, mais de 10 mil é tecnologia inovadora da Quixey[20] , permite, através de
milhões de downloads. Em 2012 durante a Worldwide- uma imensa base de dados, encontrar a App que melhor
de Developers Conference da Apple, o CEO, Tim Cook, preenche as necessidades o utilizador.
anunciou que a Appstore contava já com, 400 milhões
de contas, mais de 650 mil aplicações disponíveis para Monetização e tipos de Monetização
download, bem como 15 mil milhões de downloads de Monetização é como o seu aplicativo ganhará lucros,
Apps da App Store até essa data[14] . Contudo, se anali- ou seja, mesmo o aplicativo sendo gratuito é possível ge-
sarmos uma das perspectivas alternativas do mercado, rar lucro, os mais comuns, são: [21]
os resultados são objectivamente díspares, os valores Pagos
observados pelo serviço de monitorização da BBC[15] em Aplicativos pagos custam um valor nas lojas de apli-
Julho de 2013 de sugerem que mais de dois terços das cativos de seus dispositivos, desta forma uma parte do
aplicações na App Store são “zombies”, quase nunca ins- valor das vendas são repassados para os desenvolvedo-
talados pelos consumidores. res.
A BlackBerry World é uma loja de aplicações para
os dispositivos BlackBerry 10 e BlackBerry OS. Abriu em Pagos com compras
Abril de 2009 designava-se na altura por BlackBerry App Modelo parecido com o citado acima, porém existem
World, em Fevereiro de 2011 alegava-se como a loja com alguns conteúdos a serem desbloqueados através da
maior retorno financeiro por aplicação, bastante supe- compra dentro do aplicativo.
rior à AppStore, US $ 9.166.67 em comparação com US $
6.450.00 respectivamente e US $ 1.200 no mercado An- Gratuito, mas com anúncios
droid. Em Julho de 2011, os relatórios exibiam 3 milhões Esse é o modelo mais usado. Funciona da seguinte
de downloads por dia. Em Maio de 2013 a BlackBerry já maneira: o aplicativo é publicado na loja, a audiência
disponibilizava mais de 120.000 de Apps. O BlackBerry10 é atraída e um público base é formado. A partir daí os
também permite operar aplicações Android. desenvolvedores adicionam anúncios, sendo eles em ví-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
A Google Play (anteriormente conhecida por Android deos ou banners. Muitos jogos dão prêmios e vantagens
Market) é uma loja de software online internacional de- para você ao assistir ou clicar em anúncios.
senvolvida pela Google para dispositivosAndroid . Foi
inaugurada em Outubro de 2008. Em Julho de 2013 já Freemium
contava com mais de 1 milhão de aplicações disponíveis Parecido com o modelo acima, normalmente são
exclusivamente para Android, a estimativa apresentada apps gratuitos porém com vendas dentro do app. Ou
pela Google Play[16] rondava os 50 mil milhões de down- seja, dentro do aplicativo muitas vezes possui uma loja
loads. Como já foi referido, as apps Android podem ser onde você poderá comprar. Muitos jogam utilizam deste
operadas em dispositivos BlackBerry10. sistema vendendo ouro, diamantes etc. Um exemplo co-
nhecido é o jogo Clash Royale.
23
Gratuito, com assinatura
Neste modelo, o aplicativo é gratuito para baixar #FicaDica
porém é limitado, é necessária uma assinatura seja ela Um e-mail hoje é um dos principais meios de
mensal, semanal ou anual para que possa utilizar todos comunicação, por exemplo:
os recursos do aplicativo. Alguns para qualquer tipo de [email protected]
utilização é necessária uma assinatura, muito comum em Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba
aplicativos de jornais e revistas. quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com
é a tipagem.
Venda de serviços
Muitos dos aplicativos são gratuitos, entretanto, é
cobrado uma taxa em cima dos serviços oferecidos pelo Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô-
seu uso. Empresas mais conhecidas que usam desse nicas em um único computador, sem necessariamente
modelo são Uber, Ifood e 99taxis. estarmos conectados à Internet no momento da criação
ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor-
Modelos de compra dentro dos aplicativos reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
Os modelos de compras são: como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
Consumível - Precisará comprar os itens de interesse o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
sempre que precisar utilizá-los. Esse modelo é usado rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
para moedas de jogos, pontos de experiência e vida similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
extra. Caso remova e reinstale o aplicativo, ou até mesmo correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
instale em um outro dispositivo, talvez perca as compras bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
já feitas. Exemplo acontece com a App Store (Apple). Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
Não consumível - Na compra dos itens você poderá com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos
transferi-los para outros dispositivos associados, ou seja, de teclado para a realização de diversas funções dentro
caso perca a compra poderá fazer o download novamente do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote
alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta
de forma gratuita. Tais exemplos são as atualizações para
apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada
versão profissional, remoção de anúncios, dicas ilimitas e
mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso
até mesmo o desbloqueio completo.
em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
Assinaturas limitadas - Conteúdos que são usados
tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
por determinado período, de acordo com cada aplicativo.
principais na cabeça.
Poderá ser renovado ou não ao final da vigência.
Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
Assinaturas com renovação automática - Esse tipo
profissionais que compartilham uma mesma área é o
de serviço ou conteúdo são adquiridos por determinado compartilhamento de calendário entre membros de uma
tempo e renovado automaticamente ao seu término. mesma equipe.
Amostra de tal assinatura é a Netflix. Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
Fonte: http://www.walltechinformatica.com/mobile. concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
html mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Correios Eletrônicos O calendário é uma ferramenta bastante interessante
do Outlook que permite que o usuário organize de for-
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas: ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
os agentes de usuários e os agentes de transferência de compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo de forma a ter um maior controle das atividades que de-
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de vem ser realizadas durante o seu dia a dia.
transferência realizam um processo de envio dos agentes Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
usuários e servidores de e-mail. que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
Os agentes de transferência usam três protoco- parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP que pode ser uma ótima pedida para profissionais den-
é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os tro de uma mesma equipe, principalmente quando um
computadores. O POP é muito usado para verificar men- determinado membro entra de férias.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao Para conseguir utilizar essa função basta que você en-
servidor suas mensagens são levadas do servidor para o tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
discada. por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
no seu Outlook.
Já o IMAP também é um protocolo padrão que per- Nessa janela é que você vai poder escolher todas as
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele informações que vão ser compartilhadas com quem você
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per- deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen-
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem dário de forma simples e detalhada de fácil visualização
acessa o e-mail de vários locais diferentes. para quem você deseja enviar uma mensagem.
24
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra- Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é
balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró- equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
pria para deixar os comunicados enviados por e-mail A mensagem, após digitada, pode passar pelas for-
com uma aparência mais profissional. matações existentes na barra de formatação do Outlook:
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão (mesma criadora do Mozilla Firefox).
dentro de um concurso público. Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de não necessita de instalação no computador do usuário, já
seus estudos do conteúdo básico de informática para a que funciona como uma página de internet, bastando o
sua preparação para concurso. Ao contrário do que mui- usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
ta gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili-
uma assinatura é bastante simples, de forma que perder dade já que não necessita estar na máquina em que um
pontos por conta dessa questão em específico é perder cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão #FicaDica
de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde Segmentos do Outlook Express
você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio- Painel de Pastas: permite que o usuário salve
nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem seus e-mails em pastas específicas e dá a
maiores problemas. possibilidade de criar novas pastas;
No Outlook Express podemos preparar uma mensa- Painel das Mensagens: onde se concentra
gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura a lista de mensagens de determinada pasta
acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir: e quando se clica em um dos e-mails o
conteúdo é disponibilizado no painel de
conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde
irá aparecer o conteúdo das mensagens
enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram
as pessoas que foram cadastradas em sua
lista de endereço.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011)
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB
Figura 6: Tela de Envio de E-mail (WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es-
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de
#FicaDica qualquer outro computador no mundo, o usuário pode,
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais
ou o contato registrado no Outlook novas mensagens.
do destinatário da mensagem. Campo
obrigatório. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
ou o contato registrado no Outlook do Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o
destinatário que servirá para ter ciência servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com-
desse e-mail. putador cliente remoto).
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
25
a) SPAM. Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
b) Alta Prioridade. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
c) Baixa Prioridade. mo destinatário.
d) Assinatura Personalizada.
e) Arquivo Anexado. 4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem as seguintes características:
como sendo de alta prioridade quando se deseja que De: Pedro
as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten- Para: João; Marta
ção urgente. Se a mensagem é apenas um informativo Cc: Ricardo; Ana
ou se está enviando um e-mail sobre um tema que Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
prioridade. gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem Isso significa que João usou a opção:
um indicador específico na lista de mensagens ou nos
cabeçalhos. a) Responder.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori- b) Arquivar.
dade foi definida, pois o botão fica realçado. c) Marcar como não lida.
d) Responder a todos.
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário e) Marcar como lida
preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois, e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes- ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com “C” e “E” por não terem correspondência com a função
o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário, “Resposta”.
agora com o anexo. Assinale a alternativa correta. Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica- deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
mente apagada no computador do destinatário e se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
substituída pela segunda mensagem, uma vez que receberiam a mensagem.
ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme-
tente. 5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar-
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo-
segunda mensagem não foi transmitida, permanecen- gle, na ilustração apresentada a seguir.
do no computador do destinatário apenas a primeira
mensagem.
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente.
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al-
Resposta: Letra D. ternativa correta.
Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
enviadas são armazenadas de forma independente, a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras.
novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên- b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já como antônimo do que foi digitado.
enviadas. c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
26
o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”. Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta- aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale- como o One Drive.
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan- Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
der G. Bell. possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a lugar — é justamente por isso que o seu computador
imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
configuração padrão. A página exibida no navegador foi vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
completamente carregada. à internet.
#FicaDica
Basta pensar que, a partir de uma conexão
com a internet, você pode acessar um servidor
capaz de executar o aplicativo desejado, que
pode ser desde um processador de textos
até mesmo um jogo ou um pesado editor
de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada
informação, o seu computador precisa
apenas do monitor e dos periféricos para
que você interaja.
27
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser-
viços
• Jogos, entre outros EXERCÍCIO COMENTADO
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- 1. (Banco do Brasil, 2013) O Facebook é uma rede so-
das, destacamos: cial em que pessoas interagem postando conteúdo na
• Facebook: interação e expansão de contatos. forma de “status”, interagindo com o conteúdo postado
• Youtube: partilha de vídeos. por outras pessoas por meio de três ações.
• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha- Disponibilizadas por meio de links, logo após o conteúdo
madas de voz. original, essas três ações aparecem na seguinte ordem:
• Instagram: partilha de fotos vídeos.
• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais a) Cutucar, Curtir e Comentar.
são conhecidas como “tweets”. b) Curtir, Comentar e Repostar.
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados. c) Comentar, Compartilhar e Gostar.
• Skype: telechamada. d) Convidar, Curtir e Divulgar.
• LinkedIn: interação e expansão de contatos profis- e) Curtir, Comentar e Compartilhar.
sionais.
• Badoo: relacionamentos amorosos. Resposta: Letra E. Os “posts” feitos através da rede
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. social Facebook permitem se outros usuários curtam,
• Messenger: envio de mensagens instantâneas. comentem e compartilhem em seus “timelines”, não é
• Flickr: partilha de imagens. permitido, cutucar, repostar, gostar, convidar e divul-
• Google+: partilha de conteúdos. gar as postagens.
• Tumbrl: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter.
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS,
LINUX E LIBREOFFICE
Vantagens e Desvantagens
28
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais seu computador usando um disco de instalação do
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso Windows 7 ou um pen drive USB.
ajuda a reduzir o tempo despendi- do na permuta de - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
processos para dentro e para fora da memória, pelo ar- os termos de licença, clique em aceito os termos
mazenamento de um número maior desses processos na de licença e em avançar.
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o que em Personalizada.
desempenho geral do programa”. - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
Windows 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
em computador e clique em Propriedades. dows 7, inclusive a nomenclatura do computador
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. e a configuração de uma conta do usuário inicial.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, Conceitos de organização e de gerenciamento de in-
você precisará de um processador capaz de executar formações; arquivos, pastas e programas.
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan- Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória arquivos, ícones ou outras pastas.
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
64 bits pode processar grandes quantidades de memó- abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema vamos no computador, estamos criando um arquivo.
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários Ícones – são imagens representativas associadas a
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com programas, arquivos, pastas ou atalhos.
frequência”. Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
caso, é possível instalar: Criação de pastas (diretórios)
- Sobre o Windows XP;
- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista (Win
Vista), também 32 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
- Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 em um computador e formatar o HD durante
a instalação;
- Win 7 em um computador sem SO;
29
mitem ver os programas mais acessados, todos
os outros programas instalados e os recursos do
próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no com-
putador.
Figura 65: Criamos aqui uma pasta
chamada “Trabalho”. Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que re-
duz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máqui-
na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
Figura 66: Tela da pasta criada nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la usuário do mesmo computador.
e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.
Área de trabalho:
30
de ícones de programas antivírus que monitoram
constantemente o sistema para verificar se não há #FicaDica
invasões ou vírus tentando ser executados. Outra forma de restaurar é usar a opção
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o “Restaurar este item”, após selecionar o
relógio constantemente na sua tela, clicando duas objeto.
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco-
ne, acessamos as Propriedades de data e hora.
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho
muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
Figura 70: Propriedades de data e hora que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.
Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas
31
Painel de controle
32
Charms Bar
O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa
e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
papel de parede.
A tela pode ser customizada conforme a conveniência panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, computador.
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi-
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que Visualizar Imagens
um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique O sistema operacional agora faz com que cada vez
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar que você clica em uma figura, um programa específico
na Tela Inicial. abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
Program as Default.
33
Imagem e Senha Windows 10 Education
O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, as necessidades do meio educacional. Também tem seu
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo método de distribuição baseado através da versão aca-
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção dêmica de licenciamento de volume.
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você Windows 10 Mobile
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. sia como um sistema operacional único, os smartphones
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a com o Windows 10 possuem uma versão específica do
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você sistema operacional compatível com tais dispositivos.
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou-
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize Windows 10 Mobile Enterprise
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
repita os movimentos para acessar seu computador. porativo. Também estará disponível através do Licencia-
mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
Internet Explorer no Windows 8 Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- para o mercado corporativo.
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus. Windows 10 IoT Core
IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet
Windows 10 of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
soft indica como requisitos básicos dos computadores:
• Processador de 1 Ghz ou superior;
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits);
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
ou maior.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Figura 77: Tela do Windows 10
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver- 1. (Engenheiro Civil, VUNESP 2018) Na Área de Tra-
sões (com destaque para as duas primeiras): balho do MS-Windows 7, em sua configuração padrão,
o usuário pode desfazer o envio de um arquivo para a
Windows 10 Lixeira, que acaba de ser realizado, utilizando o atalho
É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a de teclado
maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3. a) Ctrl+V
b) Ctrl+C
Windows 10 Pro c) Ctrl+X
Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro- d) Ctrl+A
teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc- e) Ctrl+Z
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
34
2. (Técnico Judiciário, VUNESP 2017) Usando o Micro- Assinale a alternativa que contém o número correspon-
soft Windows 7, em sua configuração padrão, um usuário dente ao ícone de um atalho de uma pasta que não está
abriu o conteúdo de uma pasta no aplicativo Windows vazia.
Explorer no modo de exibição Detalhes. Essa pasta con-
tém muitos arquivos e nenhuma subpasta, e o usuário a) 1
deseja rapidamente localizar, no topo da lista de arqui- b) 2
vos, o arquivo modificado mais recentemente. Para isso, c) 3
basta ordenar a lista de arquivos, em ordem decrescente, d) 4
por e) 5
35
8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside- dows. Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez
re que um usuário de login joao_jose esteja usando o mais aderidos, os comandos do Linux ainda são ampla-
Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos mente empregados, sendo de suma importância o co-
de um computador com ambiente Windows 7. Considere nhecer e estudar.
ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é Outro termo muito usado quando tratamos do Linux
apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que
do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio- faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada
tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais de software mais próxima do hardware, considerado o
provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no núcleo do sistema. O Linux teve início com o desenvolvi-
diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di- mento de um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds,
retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos. em 1991, quando era apenas um estudante finlandês. Ao
Kernel, que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux.
( ) CERTO ( ) ERRADO Como o Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primá-
rios básicos e indispensáveis para o funcionamento da
Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\ máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos
Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas para atender inúmeras necessidades, como por exemplo
estarem em outro diretório, se forem feitas configu- um módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de
rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu- vídeo lançada no mercado ou até uma interface gráfica
ração em português o diretório dos documentos do como a que usamos no Windows.
usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu- Uma forma de atender a necessidade de comunica-
ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria ção entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema
“C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta. (SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de
O item considera o comportamento padrão do siste- espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece.
ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação
não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada
a este sistema software. A premissa de que a informa- direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve
ção fosse apresentada na barra de ferramentas não utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço
compromete o entendimento da questão.” do usuário/Kernel.
No Linux também existem diferentes run levels de
9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No operação. O run level de uma inicialização padrão é o de
ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar número 2.
arquivos de um diretório para um pen drive. Como o Linux também é conhecido por ser um sis-
tema operacional que ainda utiliza bastante comandos
( ) CERTO ( ) ERRADO digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que é
exatamente o programa que possibilita o usuário digitar
Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacio-
execução de vários comandos por meio de um con- nal e realize funções.
sole. O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command.
entre diretórios e arquivos para dispositivos. com, por meio do qual era possível realizar comandos
como o dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se Bash, que, para usuários comuns, aparece como símbolo
clicar a opção , será exibida uma janela por $, e para o root, aparece com o símbolo #.
meio da qual se pode verificar diversas propriedades do Há também os termos usuário e superusuário. En-
arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos. quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri- comandos simples, ao superusuário é possível configurar
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa- quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles po-
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens. dem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios.
Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do
( ) CERTO ( ) ERRADO sistema. O diretório padrão que possui os programas
usados pelo superusuário para o gerenciamento e a ma-
Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po- nutenção do sistema é o /sbin.
dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de /bin-Comandos utilizados durante o boot e por usuá-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
36
Comandos Básicos Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o dire-
tório chamado “myfolder”.
Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos
que podemos usar no Shell do Linux:
-addgroup - Adiciona grupos
-adduser - Adiciona usuários
-apropos - Faz pesquisa por palavra ou string
-cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
texto
-cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou re-
torna para home
cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exemplo:
cd /usr/bin/
-chfn - altera informação relativa a um utilizador
-chmod -Altera as permissões de arquivos ou diretó-
rios. É um comando para manipulação de arquivos e di- Figura 15: Prompt “ftp”
retórios que muda as permissões para acesso para cada
pessoa. Por exemplo, um diretório que poderia ser de -mount – Montar partições em algum lugar do sis-
escrita e leitura, pode passar a ser apenas leitura, impe- tema.
dindo que seu conteúdo seja alterado. -mtr - Mostra rota até determinado IP
-chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas -mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios
(dono) -nano – Editor de textos básico.
-clear – Limpa a tela do terminal -nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema opera-
-cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd) cional Linux, para o compartilhamento de recursos pela
ao fim do arquivo (txt)
rede
-cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente
-netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no sis-
-df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema
tema.
de arquivos
-nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais
-dig - Testa a configuração do servidor DNs
atrás de portas abertas.
-dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log)
-nslookup - Consultas a serviços DNs
-du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições
-ntsysv - Exibe e configura os processos de iniciali-
-du -msh - Mostra o tamanho do diretório em me-
gabytes zação
-env - Mostra variáveis do sistema -passwd - Modifica senha (password) de usuários
-exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root. -ps - Mostra os processos correntes
-/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de confi- -ps –aux - Mostra todos os processos correntes no
guração do sistema sistema
-/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de arqui- -ps -e – Lista os processos abertos no sistema.
vos para o diretório Home de novos usuários. -pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt pa-
-fdisk -l – Mostra a lista de partições. drão do Linux mostra apenas o último nome do caminho
-find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3 do diretório atual. Para mostrar o caminho completo do
-find – Busca arquivos no disco rígido. diretório atual digite o comando pwd. Linux@fedora11 –
-halt -p – Desligar o computador. é a versão do Linux que está sendo usada.
-head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo help pwd – é o comando que nos mostrará o con-
-history – Mostra o histórico de comandos dados no teúdo da ajuda sobre o pwd. A informação do help nos
terminal. mostra que pwd imprime o nome do diretório atual.
-ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as -reboot – Reiniciar o computador.
infor- mações relacionadas a cada uma delas -recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
-iptraf - Analisador de tráfego da rede com interface 15..utf8 file_to_change.txt
gráfica baseada em diálogos -rm - Remoção de arquivos (também remove diretó-
-kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais rios)
sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo. -rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
-kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx. -rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
-killall - Manda um sinal para todos os processos. -route - Mostra as informações referentes às rotas
-less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto -shutdown -r now – Reiniciar o computador
com controle -split - Divide um arquivo
-ls - Listar o conteúdo do diretório -smbpasswd - No sistema operacional Linux, na ver-
-ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório são samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua
-ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l) em senha criptografada smb que é armazenada no arquivo
ordem inversa (r) de data (t) smbpasswd (normalmente no diretório privado sob a
-man - Mostra informações sobre um comando hierarquia de diretórios do samba). Os usuários comuns
-mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado na só podem executar o comando, sem opções. Ele os levará
raiz do Linux para a criação de novos diretórios. para que sua senha velha smb seja digitada e, em segui-
37
da, pedir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir Distribuição Linux é um sistema operacional que utili-
que a senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha za o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem
será mostrada na tela enquanto está sendo digitada. várias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, De-
-su - Troca para o superusuário root (é exigida a se- bian, Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e des-
nha) vantagens. O que torna a escolha de uma distribuição
-su user - Troca para o usuário especificado em ‘user’ bem pessoal.
(é exigida a senha)
-tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem
-tail - O comando tail mostra as últimas linhas de um FIQUE ATENTO!
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas linhas. Distribuições são criadas, normalmente,
Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode ser acres- para atender razões específicas. Por exem-
centado de alguns parâmetros como o -n que mostra o plo, existem distribuições para rodar em
[numero] de linhas do final do arquivo; o – c [numero] servidores, redes - onde a segurança é prio-
que mostra o [numero] de bytes do final do arquivo e o – ridade - e, também, computadores pessoais.
f que exibe constantemente os dados do final do arquivo Assim, não é possível dizer qual é a melhor
à medida que são adicionados. distribuição, já que ela depende do objetivo
-tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que do seu computador
“ouve” os pacotes
-top – Exibe os processos do sistema e dados do pro-
cessador. Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamen-
-touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio; to de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux
também altera data e hora de modificação para agora
-traceroute - Define uma rota do host local até o des- Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
tino mostrando os roteadores intermediários gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no
-umount – Desmontar partições. Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a có-
-uname -a – Informações sobre o sistema operacional pia, recorte, colagem, movimentação e organização dos
-userdel - Remove usuários arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os dispo-
-vi - Editor de ficheiros de texto sitivos de armazenamento não são nomeados por letras.
-vim - Versão melhorada do editor supracitado Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
-which - Exibe qual arquivo binário está sendo cha- máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
mado pelo shell quando chamado via linha de comando um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
-who - Informa quem está logado no sistema um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.
38
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja, - arquivo de texto que armazena a lista de comandos a
copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, consideran- serem acionados no horário e data que foram determi-
do que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma: nados.
- Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado Administração de Usuários e Grupos no Linux
para a área de transferência, mas o original conti-
nuará no local. Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de
- Recortar: Clique com o botão direito do mouse so- ambos termos:
bre o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslo- - Superusuário: É o administrador do sistema. Ele tem
cado para a área de transferência, sendo removido acesso e permissão para executar todos os coman-
do seu local de origem. dos.
- Colar: Clique com o botão direito do mouse no local -Usuário Comum: Tem as permissões configuradas
desejado e depois em colar. O conteúdo da área pelo superusuário para o grupo em que se encon-
de transferência será colado. tra.
Outra alternativa é deixar a janela do local de origem Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino. grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos con-
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo ceder permissões aos grupos e colocar o usuário que
desejado e o transferir para o destino. queremos que tenha determinada permissão no grupo
correspondente.
Instalar, Remover e Atualizar Programas
Comandos Básicos para Grupos
Para instalar ou remover um programa, considerando
o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar - Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo
/Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives pela - Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplica- nome grupo nomeusuario
ções, Adicionar/Remover. - Definir senha para o usuário: sudo password no-
Na parte superior da janela encontramos uma linha meusuario
de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicati- - Remover usuário do sistema: sudo userdel nomeu-
vo que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos suario
a configuração de mostrar apenas os itens suportados
pelo Ubuntu. Permissões no Linux
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra-
mas, e quando uma categoria é selecionada, sua descri- Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem
ção é mostrada na parte inferior da janela. Alguns exem- acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros es-
plos de categorias podemos mencionar são: Acessórios, tão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As
Educacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre outros. permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões
do proprietário, permissões do grupo e permissões para
os outros usuários.
Manipulação de Hardware e Dispositivos
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos
comuns com o ‘-‘.
A manipulação de hardware e dispositivos é possí-
Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
vel ser realizada no menu Locais, Computador, através
ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões
o qual acessamos a lista de dispositivos em execução. A
do proprietário do grupo
maioria dos dispositivos de hardware instalados no Li-
r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence
nux Ubuntu são meramente instalados. Quando se trata
r- -Permissão para os outros usuários
de um pendrive, após sua conexão física, aparecerá uma
As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execu-
janela do gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo ção.
do dispositivo. É importante, porém, lembrar-se de des- - Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
montar corretamente os dispositivos de armazenamento veja, ou seja, leia o arquivo.
e outros antes de encerrar seu uso. No caso do pendrive, - Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode
é possível clicar com o botão direito do mouse sobre o
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
39
gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos c) vários arquivos de texto que totalizam 3704409292
compactados com gzip. bytes.
gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis. d) vários arquivos de imagem que totalizam 0,0038 TB.
gunzip[opções][arquivos]descompacta arquivos. zca- e) um arquivo de vídeo de 3290443 KB.
t[opções][arquivos]descompacta arquivos.
Resposta: Letra E. Ao converter 3,2GB em KB temos
Fique Atento! 3355443KB, logo é totalmente possível armazenar
Comandos básicos para backups uma arquivo de vídeo com 3290443 KB.
tar Agrupa vários arquivos em apenas um.
compress Faz a compressão de arquivos padrão do 2. (TRT-6ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
Unix. JUDICIÁRIA – FCC – 2018) Um Analista utiliza um com-
uncompress Descomprime arquivos compactados putador com o Windows 10 instalado, em português, e
pelo compress. trabalha frequentemente com diversas janelas de aplica-
zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo tivos abertas. Para alternar entre as janelas abertas e para
compress. fechar a janela ativa, ele utiliza, correta e respectivamen-
te, as combinações de teclas:
1. (TRT-14ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA ferramentas, diferente de antes que tínhamos uma barra
APOIO ESPECIALIZADO ESPECIALIDADE ESTATÍSTICA de ferramentas fixa. Devido ao costume das outras ver-
– FCC – 2018) No Explorador de Arquivos do Windows sões no início a versão 2007 foi muito criticada, outra
10, um profissional observou a existência de um pen dri- mudança significativa foi a mudança da extensão do ar-
ve conectado ao computador, onde, dos 64 GB de capa- quivo que passou de DOC para DOCX.
cidade total, há apenas 3,2 GB livres. Nessas condições,
será possível armazenar nesse pen drive
40
Guia Início do Microsoft Word 2007
Na guia início é onde se encontra a maioria das funções da antiga interface do Microsoft Word. Ou seja, aqui você pode mu-
dar a fonte, o tamanho dela, modificar o texto selecionado (com negrito, itálico, sublinhado, riscado, sobreposto etc.), deixar com
outra cor, criar tópicos, alterar o espaçamento, mudar o alinhamento e dar estilo. Tudo isso agora é dividido em grandes painéis.
Definitivamente, a versão do Microsoft Word 2007 trouxe muito mais organização e padrões em relação as ver-
sões anteriores. Todas as ficaram categorizadas e mais fáceis de encontrar, bastando se acostumar com a interface.
A melhor parte é que não fica tudo bagunçado, e que as ferramentas mudam conforme as escolhas das abas.
As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
41
4. Grupo edição
#FicaDica
Permite localizar palavras em um documento, subs-
As guias envolvem grupos e botões de co- tituir palavras localizadas por outras ou aplicar formata-
mando, e são organizadas por tarefa. Os ções e selecionar textos e objetos no documento.
Grupos dentro de cada guia quebram uma Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no
tarefa em subtarefas. Os Botões de coman- ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e
do em cada grupo possuem um comando clicar no botão Localizar Próxima.
ou exibem um menu de comandos. A cada clique será localizada a próxima palavra digi-
tada no texto. Temos também como realçar a palavra que
Existem guias que vão aparecer apenas quando um desejamos localizar para facilitar a visualizar da palavra
determinado objeto aparecer para ser formatado. No localizada.
exemplo da imagem, foi selecionada uma figura que Na janela também temos o botão “Mais”. Neste bo-
pode ser editada com as opções que estiverem nessa tão, temos, entre outras, as opções:
guia. - Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a pala-
vra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se
foi digitada em minúscula, será localizada apenas a
palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula,
será localizada apenas e palavra maiúscula.
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a pala-
vra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se
tentarmos localizar a palavra casa e no texto tiver
a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco
Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo será localizada, se essa opção não estiver marcada.
Marcando essa opção, apenas a palavra casa, com-
Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em al- pleta, será localizada.
guns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de - Usar caracteres curinga: com esta opção marcada,
diálogo do grupo, contendo mais opções de formatação. usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possí-
As réguas orientam na criação de tabulações e no vel usar o caractere curinga asterisco (*) para pro-
ajuste de parágrafos, por exemplo. curar uma sequência de caracteres (por exemplo,
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de “t*o” localiza “tristonho” e “término”).
deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações
esquerda, direita, centralizada, decimal e barra. Veja a lista de caracteres que são considerados curin-
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar ga, retirada do site do Microsoft Office:
o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pres-
sionar o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da Para localizar digite exemplo
primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta Qualquer caractere s?o localiza salvo e
?
selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a li- único sonho.
nha desejada, pressionar o botão esquerdo do mouse no Qualquer sequência t*o localiza
“Recuo à direita” e arrastá-lo na régua. *
de caracteres tristonho e término.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da es-
querda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na ré- <(org) localiza
gua, como explicado anteriormente, o “Recuo desloca- organizar e
O início de uma
do”. < organização,
palavra
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, mas não localiza
que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto desorganizado.
o restante do parágrafo selecionado. (do)> localiza medo
O final de uma
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, de- > e cedo, mas não
palavra
terminar onde o cursor do mouse vai parar quando pres- localiza domínio.
sionarmos a tecla Tab. Um dos caracteres v[ie]r localiza vir e
[]
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
especificados ver
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere Os intervalos devem
[-]
único neste intervalo estar em ordem
crescente.
Figura 9: Réguas
42
Qualquer caractere - Nenhuma: retira a borda;
único, exceto F[!a-m]rro localiza - Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa;
os caracteres no [!x-z] forro, mas não - Todas: aplica bordas externas e internas na tabela
intervalo entre localiza ferro. iguais, conforme a seleção que fizermos nos de-
colchetes mais campos de opção;
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções
Exatamente n da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da
ca{2}tinga localiza
ocorrências do tabela e as bordas internas permanecem iguais.
{n} caatinga, mas não
caractere ou - Estilo: permite escolher um estilo para as bordas
catinga.
expressão anterior da tabela, uma cor e uma largura.
Pelo menos n - Visualização: através desse recurso, podemos defi-
ocorrências do ca{1,}tinga localiza nir bordas diferentes para uma mesma tabela. Por
{n,} exemplo, podemos escolher um estilo e, em visua-
caractere ou catinga e caatinga.
expressão anterior lização, clicar na borda superior; escolher outro es-
tilo e clicar na borda inferior; e assim colocar em
De n a m ocorrências cada borda um tipo diferente de estilo, com cores
do 10{1,3} localiza 10, e espessuras diferentes, se assim desejarmos.
{n,m}
caractere ou 100 e 1000.
expressão anterior A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-
Uma ou mais cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di-
ocorrências do ca@tinga localiza ferença é que se trata de criar bordas na página de um
@
caractere ou catinga e caatinga. documento e não em uma tabela.
expressão anterior Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que
O grupo tabela é muito utilizado em editores de tex- envolve vários tipos de desenhos.
to, como por exemplo a definição de estilos da tabela. Alguns desses desenhos podem ser formatados
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per-
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura.
Podemos aplicar as formatações de bordas da página
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar-
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas
Figura 10: Estilos de Tabela em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo
bordas de página diferentes em um mesmo documento.
Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata-
ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes 5. Grupo Ilustrações:
e demais itens presentes na mesma. Além de escolher
um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do
sombreamento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda,
a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes
de uma tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda,
clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para
exibir a seguinte tela:
43
6. Grupo Links: 1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
pesquisas em materiais de referência como jornais,
Inserir hyperlink: cria um link para uma página da enciclopédias e serviços de tradução.
Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi- 2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre
cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse algumas palavras é possível realizar sua tradução
indicador pode se tornar um link dentro do próprio do- para outro idioma.
cumento. 3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar
Referência cruzada: referência tabelas. a correção de ortografia e gramática.
Grupo cabeçalho e rodapé: 4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os
Insere cabeçal caracteres, parágrafos e linhas de um documento.
hos, rodapés e números de páginas. 5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
rar a palavra selecionada por outra de significado
Grupo texto: igual ou semelhante.
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para
outro idioma.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica
e gramatical do documento. Assim que clicamos
na opção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela
será aberta:
44
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que
#FicaDica possa ser rejeitada ou aceita.
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave-
Por exemplo, a palavra informática. Se gação para aceitação ou rejeição.
clicarmos com o botão direito do mouse
sobre ela, um menu suspenso nos será Para imprimir nosso documento, basta clicar no bo-
mostrado, nos dando a opção de escolher tão do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Im-
a palavra informática. Clicando sobre ela, a primir”. Este procedimento nos dará as seguintes opções:
palavra do texto será substituída e o texto - Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso-
ficará correto. ra, o número de cópias e outras opções de confi-
guração antes de imprimir.
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente
8. Grupo comentário: para a impressora configurada como padrão e não
abre opções de configuração.
Novo comentário: adiciona um pequeno texto que - Visualização da Impressão – promove a exibição do
serve como comentário do texto selecionado, onde é documento na forma como ficará impresso, para
possível realizar exclusão e navegação entre os comen- que possamos realizar alterações, caso necessário.
tários.
9. Grupo controle:
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#FicaDica
Perguntas de intervalos de impressão são constantes em questões de concurso!
Word 2013
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.
46
Figura 19: Versões Office 365
O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.
O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Applications
(ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress utilizam o
mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer → .odt (Open
Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presentations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
Writer.
O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso
47
Figura 21: Atalhos Word x Writer
Excel 2007
Poder utilizar um formato XML padrão para o Office Excel 2007 foi uma das principais mudanças do Excel 2007, além
das mudanças visuais em relações as abas e os grupos de trabalho já citados na versão 2003 do Word
Esse novo formato é o novo formato de arquivo padrão do Office Excel 2007. O Office Excel 2007 usa as seguintes
extensões de nome de arquivo: *.xlsx, *.xlsm *.xlsb, *.xltx, *.xltm e *.xlam. A extensão de nome de arquivo padrão do
Office Excel 2007 é *.xlsx.
Essa alteração permite consideráveis melhoras em: interoperabilidade de dados, montagem de documentos, con-
sulta de documentos, acesso a dados em documentos, robustez, tamanho do arquivo, transparência e recursos de
segurança.
O Excel 2007 permite que os usuários abram pastas de trabalho criadas em versões anteriores do Excel e trabalhem
com elas. Para converter essas pastas de trabalho para o novo formato XML, basta clicar no Botão do Microsoft Offi-
ce e clique em Converter Você pode também converter a pasta de trabalho clicando no Botão do Microsoft Office e
em Salvar Como – Pasta de Trabalho do Excel. Observe que o recurso Converter remove a versão anterior do arquivo,
enquanto o recurso Salvar Como deixa a versão anterior do arquivo e cria um arquivo separado para a nova versão.
As melhoras de interface que podem ser destacadas são:
• Economia de tempo, selecionando células, tabelas, gráficos e tabelas dinâmicas em galerias de estilos predefi-
nidos.
• Visualização e alterações de formatação no documento antes de confirmar uma alteração ao usar as galerias de
formatação.
• Uso da formatação condicional para anotar visualmente os dados para fins analíticos e de apresentação.
• Alteração da aparência de tabelas e gráficos em toda a pasta de trabalho para coincidir com o esquema de estilo
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Em relação a usabilidade as fórmulas passaram a ser redimensionáveis, sendo possível escrever mais fórmulas com
mais níveis de aninhamento do que nas versões anteriores.
Passou a existir o preenchimento automático de fórmula, auxiliando muito com as sintaxes, as referências estrutu-
radas: além de referências de célula, como A1 e L1C1, o Office Excel 2007 fornece referências estruturadas que fazem
referência a intervalos nomeados e tabelas em uma fórmula.
48
Acesso fácil aos intervalos nomeados: usando o gerenciador de nomes do Office Excel 2007, podendo organizar,
atualizar e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central, as tabelas dinâmicas são muito mais fáceis de
usar do que nas versões anteriores.
Além do modo de exibição normal e do modo de visualização de quebra de página, o Office Excel 2007 oferece uma
exibição de layout de página para uma melhor experiência de impressão.
A classificação e a filtragem aprimoradas que permitem filtrar dados por cores ou datas, exibir mais de 1.000 itens
na lista suspensa Filtro Automático, selecionar vários itens a filtrar e filtrar dados em tabelas dinâmicas.
O Excel 2007 tem um tamanho maior que permite mais de 16.000 colunas e 1 milhão de linhas por planilha, o núme-
ro de referências de célula aumentou de 8.000 para o que a memória suportar, isso ocorre porque o gerenciamento de
memória foi aumentado de 1 GB de memória no Microsoft Excel 2003 para 2 GB no Excel 2007, permitindo cálculos em
planilhas grandes e com muitas fórmulas, oferecendo inclusive o suporte a vários processadores e chipsets multithread.
Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
49
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:
A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.
Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.
Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
50
Figura 30: Seleção de Coluna
51
Figura 31: Cabeçalho de linha
#FicaDica
Célula: As células, são as combinações entre
linha e colunas. Por exemplo, na coluna
A, linha 1, temos a célula A1. Na Caixa de
Nome, aparecerá a célula onde se encontra
o cursor. Figura 33: Menu Planilhas
Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das pla- -Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
nilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá -Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em
um menu pop up. todas as planilhas para que possam ser configura-
das e impressas juntamente.
52
Tendo dois valores em células diferentes, podemos
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos)
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a
seguir a fórmula = B2-B3.
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va- Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
lores, por isso não precisamos de uma função específica. ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
53
Inteiro: Com essa função podemos obter o valor in-
teiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2).
Lembramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo
com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.
Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja,
verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
Os valores do exemplo a cima serão, respectivamen- A sintaxe dessa função é a seguinte:
te: 1,5 e 1. =SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_fal-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
54
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ =SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10)
queremos colocar uma mensagem se o funcionário rece- MULHERES:
be um salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI-
ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00. NO, ENTÃO
Assim, temos a condição:
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN-
ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O TERVALO D3 ATÉ D10
RESULTADO NA CÉLULA E3 MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
onde devemos digitar a fórmula onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724 Intervalo para análise: C3:C10
Valor_se_verdadeiro: “Acima” Critério: “FEMININO”
Valor_se_falso: “Abaixo” Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos: Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”) =SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-
fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim: registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”) taxe desta função é a seguinte:
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) =CONT.SE(intervalo;“critérios”)
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”) = : significa a chamada para uma fórmula/função
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”) dos dados
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”) “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
“intervalo”
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma Usando a planilha acima como exemplo, queremos
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina- saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
seguinte: abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:
=Significa a chamada para uma fórmula/função
SomaSe: função SOMASE R$ 1.200,00 ou MAIS:
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
dos dados OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
liados a fim de chegar à condição verdadeira MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi-
cada a condição para soma dos valores Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar onde devemos digitar a fórmula
o resultado na célula D16. E também queremos somar Intervalo para análise: C3:C10
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- Critério: >=1200
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
condição: =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
MENOS DE R$ 1.200,00:
HOMENS: SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULI- NOR QUE 1200, ENTÃO
NO, ENTÃO CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN- MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
55
Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200
(igual a 1200) não entraria na contagem.
Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1) você irá classificar os dados dessa coluna, mas vai manter
os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus
dados ficarão alterados. Nas versões mais novas, ele fará
Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digi- a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma,
tado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, pode- fazer a classificação dos dados junto com a coluna de ori-
mos mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ gem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente
ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher a coluna selecionada.
as formatações.
56
Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas
FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfi-
da nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção co na página, clicando nas linhas e arrastando até o local
dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos fil- desejado.
trar e visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou
então somente os gastos com contas de consumo, por
exemplo. #FicaDica
Importante mencionar que o conceito do
Grupo ferramentas de dados:
Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou
- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célu-
seja, fazem parte do Office 365, que podem
la do Excel em colunas separadas.
ser comprados conforme figura 39.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma
planilha - Validação de dados: permite especificar
valores inválidos para uma planilha. Por exemplo,
podemos especificar que a planilha não aceitará LibreOffice Calc
receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOf-
um novo intervalo. fice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fór- Document Spreadsheet).
mula na planilha. O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que
se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é ini-
Gráficos: Outra forma interessante de analisar os ciada pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência
dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos de valores, referências a células, operadores e funções.
rapidamente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Opções, temos diversas opções de gráficos que podem
ser utilizados. Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-
-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6”
retornará a C3 e C4 (interseção entre os dois interva-
los). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco
(B2:C4 C3:C6).
Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao do-
cumento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
57
Formatar - contém comandos para formatar células selecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.
PowerPoint 2007
A versão 2007 passa a ter o formato PPTX, diferente das anteriores que eram PPT, essa nova versão lida muito me-
lhor com vídeos e imagens. Um documento em branco do PowerPoint 2003 (formato PPT) apenas com uma imagem
de 1 MB chega a ocupar 5 MB, já no formato PPTX, este mesmo arquivo ocupa cerca de 1,1 MB.
O PowerPoint 2007 trouxe uma importante opção que se encarrega de compactar imagens automaticamente a fim
de reduzir o tamanho total do documento. Para tal, abra a aba Formatar do programa e clique na opção Compactar Imagens.
Neste momento o usuário escolhe se deseja compactar uma única imagem da apresentação ou se pretende aplicar
o efeito a todas as figuras. Clique em Opções para acessar escolher o nível de qualidade e compactação das imagens
de seu arquivo, além disso foi possível começar a tratar imagens.
O PowerPoint 2007 passou a oferecer mais gráficos tridimensionais, permitindo apresentações com melhor visual,
diferentemente do seu antecessor 2003, PowerPoint 2007 utiliza o Microsoft Office Fluent interface de usuário (UI). Esta
UI categoriza grupos e guias relacionados, tornando mais fácil para os usuários a encontrar os comandos e recursos
do PowerPoint . Além disso, a Fluent UI inclui uma função de visualização ao vivo , para rever alterações de formatação
antes de finalizá-los , bem como galerias de efeitos pré- definidos, layouts , temas e “Estilos Rápidos”.
Os temas do PowerPoint 2007 possuem características de “Estilos Rápidos”, estilos esses que não existem no Power-
Point 2003, com o PowerPoint 2003, a formatação de um documento exige a escolha de estilo e opções de cores para
gráficos, textos, fundos e até mesmo tabelas.
A versão 2007 do PowerPoint 2007 possuem opções de compartilhamentos mais flexíveis do que as de seu anteces-
sor de 2003. Um exemplo claro disso é que na versão 2007 os usuários podem acessar o Microsoft Office SharePoint
Server 2007 para integrar as apresentações com o Outlook 2007, bem como o compartilhamento de apresentações
utilizando o que chamamos de “Bibliotecas de Slides”.
Em relação as tabelas e gráficos, ao contrário do PowerPoint 2003, a versão 2007 armazena as informações dos
gráficos no Excel 2007, ao invés de armazenar esses dados em folhas de dados do gráfico.
Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
58
Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.
Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.
Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.
Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
apresentação).
Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe
como começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa
iniciar a criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por
temas (é necessário estar conectado à internet).
59
Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas
Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, Classificação de Slides: Este modo permite ver seus
ou nova apresentação, vamos entender um pouco me- slides em miniatura, para auxiliar na organização e estru-
lhor como funciona uma apresentação. Escolha um mo- turação de sua apresentação. No modo de classificação
delo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apre- de slides, você pode reordenar slides, adicionar transi-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
60
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui
para adicionar um título’, e escreva o título de sua apre-
sentação. A apresentação que criaremos será sobre ‘Gru-
po Nova”.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi-
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da
empresa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado
ao tema da apresentação.
Formate o texto da forma como desejar, selecionando
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando so-
bre a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações.
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’.
Figura 60: Classificação de Slides Será criado um novo slide com layout diferente do an-
terior. Isso acontece porque o programa entende que o
Para alterar a sequência de exibição de slides, clique próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo,
no slide e arraste até a posição desejada. Você também e assim sucessivamente para a criação da sua apresen-
pode ocultar um slide dando um clique com o botão di- tação.
reito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.
Layouts de Conteúdo:
Alterando o Design: Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir
O design de um slide é a apresentação visual do mes- figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe
mo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. de mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
O PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para A utilização destes recursos é muito simples, bastan-
aplicar ao design de sua apresentação. do clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja
Para inserir um Tema de design pronto nos slides utilizar.
acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
lateral para visualizar todos os temas existentes. e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide sele- a utilização dos recursos de Conteúdo.
cionado. O tema será aplicado em todos os slides. Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, al- opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
terando cores e fontes, criando novos temas de cores. Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mos-
Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. trado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro
Passe o mouse sobre cada tema para visualizar o efeito do slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que
na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê se pode utilizar.
um clique com o mouse para aplicá-la à apresentação. As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
• Escolher Elemento Gráfico SmartArt
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, for- Animação dos Slides: A animação dos slides é um
mas e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para dos últimos passos da criação de uma apresentação.
acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos Essa é uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros
rapidamente a aparência dos objetos. recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável
exagerar na utilização dos mesmos, pois além de tornar
Layout de Texto: a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um estão assistindo, ao invés de dar foco ao conteúdo da
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo apresentação, passam a dar foco para as animações.
da palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítu-
lo pois trata-se do slide inicial.
61
Transições: A transição dos slides nada mais é que a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher entre
diversas transições prontas, através da faixa de opções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa apresentação
e clique nesta opção.
Escolha uma das transições prontas e veja o que acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas clicando
sobre elas e assistindo os efeitos que elas produzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependendo do intuito da
apresentação, o exagero pode tornar sua apresentação pouco profissional.
Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao Clicar
com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você também pode aplicar som durante a transição.
Animações: As animações podem ser definidas para cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apresen-
tação você pode optar em ir abrindo o texto conforme trabalha os assuntos.
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.
Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.
Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.
Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides,
Layout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
62
• Ferramentas - contém ferramentas como Orto- A segunda figura da questão apresenta uma configu-
grafia, Compactar apresentação e Player de mídia; ração diferente da primeira figura, no que diz respeito
• Apresentação de Slides - contém comandos para ao Recuo Especial da Primeira linha e o Recuo a es-
controlar a apresentação de slides e adicionar efei- querda.
tos em objetos e na transição de slides.
2. (Técnico Judiciário, VUNESP 2017) No Microsoft
Word 2010, em sua configuração padrão, um usuário
começou a desenhar uma tabela, conforme imagem a
EXERCÍCIOS COMENTADOS seguir.
a)
b)
c)
Assinale a alternativa que contém o nome das configura-
ções modificadas entre os dois momentos apresentados
nas figuras.
Resposta; Letra D
A imagem a seguir mostra os números 1, 2 e 3, eles
significam respectivamente: Recuo Especial de Primei- e)
ra Linha, Recuo à esquerda e Recuo deslocado:
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Resposta: Letra E.
A alternativa “A” estaria correta, mas está incorreta,
pois a divisão de células não divide o valor da célula.
A alternativa “B” está incorreta, pois dividiu a célula
em 3 colunas, e separou os dígitos do número incor-
retamente.
63
A alternativa “C” está incorreta, pois não há divisões
de células e o valor 100 foi retirado da primeira para a
segunda célula da primeira linha.
A alternativa “D” está incorreta, pois a foi mesclada as
duas primeiras células da segunda coluna da tabela.
A alternativa “E” está correta, pois apresenta o resulta-
do para “Dividir células”, marcando 1 linha e 2 colunas.
64
Obs.: Algumas páginas oficiais do MS Office foram tra-
duzidas “ao pé da letra” para o português, nestes casos
existem divergências nos nomes das funções, um dos
exemplos é pode ser visto em:: https://support.office.
com/pt-pt/article/contar-se-fun%C3%A7%C3%A3o-
-contar-se-e0de10c6-f885-4e71-abb4-1f464816df34,
onde pode-se perceber o nome “CONTAR.SE” porem
foi traduzido de “COUNT.IF”
a)=SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13;(DIAS(N11;N10)
*N13); N12)
b) = (N11-N10)*0,2/30
c) =SE((N10;N11)*N12>=N13;N13;(N10:N11)*N12)
d) =SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13;N13;(DIAS(N11;N10
)*N12))
e) = (N11;N10)*0,2
Resposta: Letra D.
Entendendo a fórmula:
A fórmula utiliza duas funções. São elas:
Assinale a alternativa que indica quantas colunas estão • SE: retorna um valor de acordo com o seu teste lógi-
com algum tipo de filtro aplicado. co. Sua sintaxe tem o seguinte formato:
• =SE( teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)
a) 3. • DIAS: retorna o número de dias entre duas datas. Sua
b) 2. sintaxe tem o seguinte formato:
c) 5. • =DIAS(data final; data inicial);
d) 1.
e) Nenhuma. Analisando a fórmula SE((DIAS(N11;N10)*N12)>=N13
;N13;(DIAS(N11;N10)*N12)) temos:
Resposta: Letra D. Na imagem demostrada pela
questão percebe-se que há apenas uma coluna onde
o filtro está aplicado. O ícone pode ser visto na
coluna Idade, este ícone aparece sempre que o filtro
está em uso, quando não está em uso com nas demais
colunas pode-se perceber o ícone
Descrevendo a fórmula: Se o número de dias entre a
7. (BANCO DO BRASIL, 2015) Um escriturário, na fun- data de pagamento e a data de vencimento for maior
ção eventual de caixa, ao examinar um boleto de paga- ou igual a 20 então o valor a ser exibido será 20 senão
mento em atraso, encontrou os seguintes dados: calcule o número de dias entre a data de pagamento e
a data de vencimento e multiplique por 0,2.
data de vencimento: 13/04/2015
data de pagamento: 28/07/2015 8. (Soldado PM de 2ª Classe, VUNESP 2017) No Mi-
taxa diária de juros por atraso (%): 0,2 crosoft PowerPoint 2010, em sua configuração padrão,
máximo de juros a acrescer (%): 20 um usuário criou uma apresentação com 20 slides, mas
deseja que o slide 5, sem ser excluído, não seja exibido na
Se o escriturário tivesse disponível uma planilha eletrô- apresentação de slides. Assinale a alternativa que indica
a ação correta a ser aplicada ao slide 5 para que ele não
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
65
Resposta: Letra B. Ocultar um slide no PowerPoint 11. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título,
é sempre uma boa ideia se caso for necessário fazer assunto, palavras-chave e comentários de um documen-
uma apresentação rápida, onde não quer mostrar um to são metadados típicos presentes em um documento
determinado slide, mas também não se quer apagá-lo, produzido por processadores de texto como o BrOffice e
deseja-se preservá-lo para um uso futuro em outra o Microsoft Office.
apresentação.
( ) CERTO ( ) ERRADO
9. (Agente Previdenciário, VUNESP 2017) No Power-
Point 2010, a partir da sua configuração padrão, do guia Resposta: Certo. Quando um determinado documento
“Apresentação de Slides” foram selecionados os seguin- de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo Mi-
tes ícones: crosoft Office ele fica armazenado em forma de arquivo
em uma memória especificada no momento da grava-
ção deste. Ao clicar como botão direito do mouse no
arquivo de texto armazenado e clicar em propriedades
é possível por meio da guia Detalhes perceber os meta-
dados “Título, assunto, palavras-chave e comentários”.
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri-
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa-
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens. SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: PROCEDIMEN-
TOS DE SEGURANÇA
( ) CERTO ( ) ERRADO
A Segurança da Informação refere-se às proteções
Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po- existentes em relação às informações de uma determi-
dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri- seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
butos. às pessoais.
66
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- Mecanismos de segurança
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex- O suporte para as orientações de segurança pode ser
posta ao público para consulta ou aquisição. encontrado em:
Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
#FicaDica ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
Antes de proteger, devemos saber: assegura a existência da informação) que a suporta.
- O que proteger; Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
- De quem proteger; limitam o acesso à informação, que está em ambien-
- Pontos frágeis; te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
- Normas a serem seguidas. modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele-
mento mal-intencionado.
Existem mecanismos de segurança que sustentam os
A Segurança da Informação se refere à proteção exis- controles lógicos:
tente sobre as informações de uma determinada empresa - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informações corporati- a modificação da informação de forma a torná-la
vas quanto aos pessoais. Entende-se por informação todo ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, algo-
conteúdo ou dado que tenha valor para alguma organiza- ritmos determinados e uma chave secreta para, a
ção ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito partir de um conjunto de dados não criptografa-
ou exibida ao público para consulta ou aquisição. dos, produzir uma sequência de dados criptografa-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não dos. A operação contrária é a decifração.
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há - Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho- grafados, agregados a um documento do qual são
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran- função, garantindo a integridade e autenticidade
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores do documento associado, mas não ao resguardo
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo das informações.
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas - Mecanismos de garantia da integridade da infor-
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir mação: Usando funções de “Hashing” ou de checa-
ou modificar tal informação. gem, é garantida a integridade através de compa-
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi- ração do resultado do teste local com o divulgado
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade pelo autor.
— representa as principais características que, atualmen- - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa- sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligen-
ção da segurança para um certo grupo de informações tes.
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do um documento.
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- - Integridade: Medida em que um serviço/informa-
vacidade é também uma grande preocupação. ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a
Portanto as características básicas, de acordo com os entrada por intrusos.
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
guintes: proposital de simular falhas de segurança de um
- Confidencialidade – especificidade que limita o sistema e obter informações sobre o invasor en-
acesso a informação somente às entidades autên- ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma
da informação. espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot
- Integridade – especificidade que assegura que a in- não oferece forma alguma de proteção.
formação manipulada mantenha todas as caracte- - Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan-
rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário tem um grau de segurança e usam alguns dos me-
da informação, incluindo controle de mudanças e canismos citados.
garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu-
tenção e destruição). Mecanismos de encriptação
- Disponibilidade – especificidade que assegura que
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
67
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o chegar a terceiros.
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de- Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
criptar e ler a mensagem com clareza. pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
Permitem a transformação reversível da informação pública para codificar e a chave privada para decodificar,
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta algoritmos utilizados, estão:
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, - RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algo-
produzir uma continuação de dados encriptados. A ope- ritmos de chave assimétrica mais usados, em que
ração inversa é a desencriptação. dois números primos (aqueles que só podem ser
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli-
privada. cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci-
A chave pública é usada para codificar as informa- so fazer fatoração, que significa descobrir os dois
ções, e a chave privada é usada para decodificar. primeiros números a partir do terceiro, sendo um
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para cálculo difícil. Assim, se números grandes forem
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não utilizados, será praticamente impossível descobrir
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o o código. A chave privada do RSA são os números
emissor e receptor original possui. que são multiplicados e a chave pública é o valor
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método que será obtido.
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes um problema matemático que o torna mais segu-
e tentativas de invasão. ro. É muito usado em assinaturas digitais.
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, NOÇÕES DE VÍRUS
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
criptografia. Firewall é uma solução de segurança fundamentada
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a de rede para determinar quais operações de transmissão
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas
ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
de combinações e decodificar a mensagem, que mes-
fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto,
firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a
sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
criptografia.
fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves
Para melhor compreensão, imagine um firewall como
simétricas e as chaves assimétricas
sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
ritmos que usam essa chave, estão: car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
de 56 bits, que corresponde à aproximadamente se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um devida autorização.
número extremamente elevado, em 1997, quebra- Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
ram esse algoritmo através do método de ‘tentati- ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
va e erro’, em um desafio na internet. porta para se instalar em um computador sem o usuário
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
1024 bits. Além disso, ele tem várias versões que tadores externos não autorizados, entre outros.
diferenciam uma das outras pelo tamanho das Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
chaves. de barreira que verifica quais dados podem passar ou
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
um dos melhores e mais populares algoritmos de cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
68
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con- Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
figurado para permitir automaticamente o tráfego de de- pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja belecer regras que impeçam o acesso de determinados
mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras, endereços externos, assim como que proíbam a comu-
como conexões a serviços de e-mail. nicação entre computadores internos e determinados
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um serviços remotos.
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí- Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli- xy para tarefas complementares: o equipamento pode
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
que está explicitamente bloqueado. teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor- seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
ço extraem procedimentos de autenticação de usuários, instante, por exemplo); determinados recursos podem
por exemplo. ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias entre outros.
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
pecíficas do que será protegido, características do siste- tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. zar determinados acessos.
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, exige que determinadas configurações sejam feitas nas
embora ofereça um nível de segurança significativo. ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
Para compreender, é importante saber que cada pa- vegador de internet) para que a comunicação aconteça
cote possui um cabeçalho com diversas informações a sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- O proxy transparente surge como uma alternativa
rewall então analisa estas informações de acordo com as para estes casos porque as máquinas que fazem parte
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
O firewall de aplicação, também conhecido como responder adequadamente, como se a comunicação, de
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma fato, fosse direta.
solução de segurança que atua como intermediário entre É válido ressaltar que o proxy transparente também
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
servidores potentes por precisarem lidar com um grande um malware enviando dados de uma máquina para a
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
interessantes de segurança porque não permitem a co- bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-
municação direta entre origem e destino. seguir se comunicar externamente, o malware teria que
A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei- ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar mente não acontece; no proxy transparente não há esta
diretamente com a internet, há um equipamento entre limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
entre o proxy e a internet. Observe: 1. Limitações dos firewalls
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
#FicaDica
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são
recursos de segurança bastante importantes,
mas não são perfeitos em todos os sentidos.
69
Seguem abaixo algumas dessas limitações: podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
mas comprometer o desempenho da rede (ou teragir com o mesmo.
mesmo de um computador). Esta situação pode Como novos vírus são criados de maneira quase
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
trutura capaz de superar o problema; grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
dicamente para não prejudicar o funcionamento necer em execução durante todo tempo que o sistema
de novos serviços; informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devi- ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
damente tratados por proxies já implementados; malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati- sites de entrada e saída visitados.
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede Um antivírus pode ser complementado por outros
interna; aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
atividade maliciosa que acontece por descuido do de vírus.
usuário - quando este acessa um site falso de um Então, antivírus são os programas criados para man-
banco ao clicar em um link de uma mensagem de ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
e-mail, por exemplo; maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- dados de seu computador.
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo; colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
acessar a internet em seu computador a partir de seu computador vulnerável aos ataques.
uma conexão 3G (justamente para burlar as res- E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
2. Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
gramas de software que são implementados sem o con- estragos muito grandes.
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
proprietário de um computador e que cumprem diver- no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
perda de dados, alteração de funcionamento, interrup- todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
ção do sistema e propagação para outros computadores. deles para proteger seu sistema operacional.
Os antivírus são aplicações de software projetadas A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
como medida de proteção e segurança para resguardar de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos antivírus mais conhecidos:
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
computadores. sui versão de teste.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
namento comum que com frequência compara o código e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de cionalidades).
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
determinar se trata de um elemento prejudicial para o ware.com.br - Possui versão de teste.
sistema. Também pode reconhecer um comportamento É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
70
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau serem necessariamente vírus, estes três nomes também
de propagação. representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
Figura 92: Principais antivírus do mercado atual propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
3. Tipos de Vírus so a determinados sites (como sites de software antivírus,
por exemplo).
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de ferramenta desenvolvida especialmente para combater
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
o executa, o programa atua de forma diferente do que no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
era esperado. nem anti-spywares conseguem “pegar”.
Ao contrário do que é erroneamente informado na Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
clusivamente, como definição para programas que cap- hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar considere a mensagem.
informações como passwords, logins e quaisquer dados,
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando 4. Política de segurança da Informação
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD Hoje as informações são bens ativos da empresa,
visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas imagine uma Universidade perdendo todos os dados
visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo
oferecidas. mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma
Worms (vermes) podem ser interpretados como um série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi- rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa-
pal diferença entre eles está na forma de propagação: ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais
os worms podem se propagar rapidamente para outros importantes de uma organização, contribuindo decisiva-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma mente para a uma maior ou menor competitividade, por
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma- isso é necessária a implementação de políticas de segu-
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o rança da informação que busquem reduzir as chances de
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz fraudes ou perda de informações.
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de A Política de Segurança da Informação é um docu-
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail mento que contém um conjunto de normas, métodos e
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio municados a todos os funcionários, bem como analisado
que permita a contaminação de computadores (normal- e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
mente milhares) em pouco tempo. do mudanças se fizerem necessárias.
71
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas HORA DE PRATICAR!
para a gestão de segurança da informação, na qual po-
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, 1. (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança ADMINISTRATIVO) Um computador é um equipamen-
da informação em uma organização. to capaz de processar com rapidez e segurança grande
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC quantidade de informações.
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados Assim, além dos componentes de hardware, os computado-
que representa um ponto de vista, um dado processado res necessitam de um conjunto de softwares denominado:
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor
antes de ser processado, a partir do seu processamento, a) arquivo de dados.
ele passa a ser considerado uma informação, que pode b) blocos de disco.
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci- c) navegador de internet.
mento produzido como resultado do processamento de d) processador de dados.
dados. e) Sistema operacional.
De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to- 2. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acer-
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen- ca de organização e gerenciamento de informações, ar-
to da interconectividade, a informação está agora expos- quivos, pastas e programas, de segurança da informação
ta a um crescente número e a uma grande variedade de e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
ameaças e vulnerabilidades. subsequentes. Um arquivo é organizado logicamente em
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix), uma sequência de registros, que são mapeados em blocos
“segurança da informação é a proteção da informação de de discos. Embora esses blocos tenham um tamanho fixo
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do determinado pelas propriedades físicas do disco e pelo
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- sistema operacional, o tamanho do registro pode variar.
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne-
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade, ( ) CERTO ( ) ERRADO
integridade e a disponibilidade, onde:
A confidencialidade é a garantia de que a informa- 3. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Li-
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação nux e Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- operacional Windows 8, há a possibilidade de integrar-se
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. à denominada nuvem de computadores que fazem parte
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis da Internet.
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física.
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha ( ) CERTO ( ) ERRADO
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban-
cária de uma pessoa. 4. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI-
A integridade é a garantia da exatidão e completeza CA) Alguns programas do computador de Ana estão
da informação e dos métodos de processamento (NBR muito lentos e ela receia que haja um problema com o
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada, hardware ou com a memória principal. Muitos de seus
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A programas falham subitamente e o carregamento de ar-
integridade é garantida quando se mantém a informação quivos grandes de imagens e vídeos está muito demo-
no seu formato original. rado. Além disso, aparece, com frequência, mensagens
A disponibilidade é a garantia de que os usuários indicando conflitos em drivers de dispositivos. Como ela
autorizados obtenham acesso à informação e aos ati- utiliza o Windows 7, resolveu executar algumas funções
vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/ de diagnóstico, que poderão auxiliar a detectar as causas
IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível para os problemas e sugerir as soluções adequadas.
para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope- Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
incidente de segurança da informação por quebra de
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
72
5. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXE- 10. (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
CUÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um es- - Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um
critório de advocacia e utiliza um computador com o desenvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade
Windows 7 Professional em português. Certo dia notou de backup em uma aplicação móvel para, de tempos em
que o computador em que trabalha parou de se comu- tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da
nicar com a internet e com outros computadores ligados API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
na rede local. Após consultar um técnico, por telefone,
foi informada que sua placa de rede poderia estar com a) BkpAgent;
problemas e foi orientada a checar o funcionamento do b) BkpHelper;
adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou no Painel de c) BackupManager;
Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no grupo d) BackupOutputData;
Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção: e) BackupDataStream.
a) Central de redes e compartilhamento. 11. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará
b) Verificar status do computador. - Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma de
c) Redes e conectividade. prevenir perda de informações. Qual é o Backup que só
d) Gerenciador de dispositivos. efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados
e) Exibir o status e as tarefas de rede. pelo usuário ou sistema?
Um computador à venda em um sítio de comércio ele- 14. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um
trônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa computador com o sistema operacional Windows insta-
configuração indica que: lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun-
tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail.
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz. Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB. de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB. re compactador. Só não poderá ser utilizado nessa tarefa
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 por- o software:
tas USB.
a) 7-Zip.
73
b) WinZip.
c) CuteFTP.
d) jZip.
e) WinRAR.
a) Ftp/ Ftp.
b) Pop3 / Correio Eletrônico.
c) Ping / Web.
d) navegador / Proxy.
e) Gif / de arquivos
16. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre Se-
gurança no Trabalho, Iracema comunicou aos funcionários presentes que disponibilizaria os slides referentes à palestra
na intranet da empresa para que todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer o upload do
arquivo de slides criado no Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do sistema dizendo que
o formato do arquivo era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato PDF e tentar realizar o pro-
cedimento novamente. Para realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema
a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a opção Todos os programas, selecionou a opção Microsoft Office
2010 e abriu o software Microsoft Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na guia Arquivo e na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e clicou no botão Converter.
b )abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Converter.
c) abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão direito
do mouse sobre o nome do arquivo e selecionou a opção Salvar como PDF.
d) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na opção Sal-
var Como. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Salvar.
e) baixou da internet um software especializado em fazer a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois verificou
que o PowerPoint 2010 não possui opção para fazer tal conversão.
17. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRADOR) Em um slide em branco de uma apresentação criada utili-
zando-se o Microsoft PowerPoint 2010 (em português), uma das maneiras de acessar alguns dos comandos mais im-
portantes é clicando-se com o botão direito do mouse sobre a área vazia do slide. Dentre as opções presentes nesse
menu, estão as que permitem
18. (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org Apresentação
(Impress), NÃO se trata de um espaço reservado que se possa configurar a partir da janela Elementos mestres:
a) Número da página.
b) Texto do título.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
c) Data/hora.
d) Rodapé.
e) Cabeçalho.
19. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ordenar,
por data, os registros inseridos na planilha, é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no menu Dados e, na
lista disponibilizada, clicar ordenar data.
( ) CERTO ( ) ERRADO
74
20. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se
o Microsoft Excel 2010 (em português).
A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve
ser digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é
a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).
21. (MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte
para escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha eletrô-
nica e assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuário
a inserção de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na
planilha. O Calc utiliza como padrão o formato:
a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.
22. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu trabalho o
editor de texto Microsoft Word 2010 (em português) para produzir os documentos da empresa. Certo dia Paulo digitou
um documento contendo 7 páginas de texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, 6 e 7. Para imprimir
apenas essas páginas, Paulo clicou no Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configurações, selecionou a op-
ção Imprimir Intervalo Personalizado. Em seguida, no campo Páginas, digitou
23. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamento
financeiro de uma grande empresa de vendas no varejo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768 clientes
inadimplentes uma carta com um texto padrão, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e a data em que
deveria comparecer à empresa para negociar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo de clientes, João pes-
quisou recursos no Microsoft Office 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas os dados dos clientes e
as datas em que deveriam comparecer à empresa e automatizar o processo de impressão, sem ter que mudar os dados
manualmente. Após imprimir todas as correspondências, João desejava ainda imprimir, também de forma automática,
um conjunto de etiquetas para colar nos envelopes em que as correspondências seriam colocadas. Os recursos do
Microsoft Office 2010 que permitem atender às necessidades de João são os recursos
75
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na 28. (TRT/MT - 2015 - CESPE - Analista Judiciário) Ser-
guia Correspondências do Microsoft Word 2010. viços de cloud storage (armazenagem na nuvem)
b) de automatização de impressão de correspondências
disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft Power- a) aumentam a capacidade de processamento de com-
Point 2010. putadores remotamente.
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondên- b) aumentam a capacidade de memória RAM de compu-
cias do Microsoft Word 2010. tadores remotamente.
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir c) suportam o aumento da capacidade de processamen-
do Microsoft Word 2010. to e armazenamento remotamente.
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia d) suportam o aumento da capacidade dos recursos da
Correspondências do Microsoft Excel 2010. rede de computadores localmente.
e) suportam cópia de segurança remota de arquivos.
24. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO
FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR 29. (Polícia Civil - 2017 – Escrivão de Polícia Civil) Com
Office, é possível modificar e criar estilos para utilização relação à computação nas nuvens (cloud computing),
no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para analise as afirmativas a seguir.
um determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é pos-
sível alterar um valor para I. Uma desvantagem é em relação ao custo.
II. Para sua utilização, é necessária uma conexão com a
a) recuo da primeira linha. Internet.
b) recuo antes do texto. III. A palavra nuvem se refere à Internet.
c) recuo antes do parágrafo. IV. Google, Amazon e Microsoft são exemplos de empre-
d) espaçamento acima do parágrafo. sas líderes nesse serviço.
e) espaçamento abaixo do parágrafo.
Estão corretas as afirmativas:
25. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema
operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado a) I. III e IV. apenas
a manipulação de arquivos é: b) I, II, III e IV.
c) I, II e III apenas.
a) kill d) II. III e IV. apenas
b) cat e) I. 11 e IV apenas.
c) rm
d) cp 30. (Petrobrás - 2018 - Cesgranrio - Analista de Sis-
e) ftp tema Júnior) A Virtual Private Network (VPN) permite o
estabelecimento de um enlace seguro do tipo host-to-
26. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI- -host, host-to-gateway ou gateway-to-gateway. Existe
CA) No console do sistema operacional Linux, alguns uma técnica que permite o encapsulamento de um pa-
comandos permitem executar operações com arquivos cote inteiro em outro pacote na VPN do tipo host-to-ga-
e diretórios do disco. teway, de forma segura, usando criptografia.
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um
diretório vazio são, respectivamente, Essa técnica é o(a)
27. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - 31. (CFM- 2018 - IADES - Analista de Tecnologia da
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema Informação) Em relação à Virtual Private Network (VPN),
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de assinale a alternativa correta.
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope-
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais a) O protocolo Encapsulating Security Payload (ESP), do
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de Protocolo de Segurança IP (IPSec), provê apenas a au-
armazenamento de dados em nuvem. tenticação aos usuários de uma conexão VPN.
b) Para se criar um túnel VPN, utiliza-se o Autentication
( ) CERTO ( ) ERRADO Header (AH), do IPSec, para gerenciamento de chaves.
c) Uma VPN pode ser constituída utilizando-se o ESP, do
IPSec, para prover a integridade e o sigilo dos dados.
d) Com o IPSec, pode-se estabelecer uma VPN; porém,
não é possível estabelecer sigilo entre os dois hosts.
76
e) Um túnel VPN constitui-se entre dois hosts utilizando e) Distingue-se de um vírus ou de um worm por não
o Autentication Header (AH), do IPSec, para encapsu- infectar outros arquivos, nem propagar cópias de si
lamento dos pacotes, garantindo o sigilo dos dados. mesmo automaticamente.
32. (MPE/PE 2012 - FCC - TÉCNICO MINISTERIAL - 35. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO
ADMINISTRATIVO) Existem vários tipos de vírus de – ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu-
computadores, dentre eles um dos mais comuns são ví- rança da informação — confidencialidade, integridade e
rus de macros, que: disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste-
mas computacionais.
a) são programas binários executáveis que são baixados
de sites infectados na Internet. ( ) CERTO ( ) ERRADO
b) podem infectar qualquer programa executável do
computador, permitindo que eles possam apagar ar- 36. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JU-
quivos e outras ações nocivas. RÍDICA) São ações para manter o computador protegi-
c) são programas interpretados embutidos em docu- do, EXCETO:
mentos do MS Office que podem infectar outros do-
cumentos, apagar arquivos e outras ações nocivas. a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
d) são propagados apenas pela Internet, normalmente passadas, como Windows 95 ou 98.
em sites com software pirata. b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
e) podem ser evitados pelo uso exclusivo de software le- do através desses spams.
gal, em um computador com acesso apenas a sites da c) Não utilizar firewall.
Internet com boa reputação. d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem-
pre utilizar um perfil mais restrito.
33. (SABESP 2012 - FCC - ANALISTA DE GESTÃO I - e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
SISTEMAS) Sobre vírus, considere: muitas vezes são vírus.
I. Para que um computador seja infectado por um vírus 37. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
é preciso que um programa previamente infectado seja TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi-
executado.
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado
II. Existem vírus que procuram permanecer ocultos, in-
digital revogado deve constar da lista de certificados re-
fectando arquivos do disco e executando uma série de
vogados, publicada na página de Internet da autoridade
atividades sem o conhecimento do usuário.
certificadora que o emitiu.
III. Um vírus propagado por e-mail (e-mail borne vírus)
sempre é capaz de se propagar automaticamente, sem a
( ) CERTO ( ) ERRADO
ação do usuário.
IV. Os vírus não embutem cópias de si mesmo em outros
programas ou arquivos e não necessitam serem explici- 38. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
tamente executados para se propagarem. ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação,
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim
Está correto o que se afirma em denominado em virtude de diversas analogias poderem
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos.
a) II, apenas.
b) I e II, apenas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas. 39. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO
e) I, II, III e IV. – ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu-
rança da informação — confidencialidade, integridade e
34. (MPE/PE 2012 - FCC - ANALISTA MINISTERIAL - disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste-
INFORMÁTICA) Sobre Cavalo de Tróia, é correto afirmar: mas computacionais.
ações realizadas como consequência da execução do RÍDICA) São ações para manter o computador protegi-
Cavalo de Tróia propriamente dito, daquelas relacio- do, EXCETO:
nadas ao comportamento de um vírus.
c) Não é necessário que o Cavalo de Tróia seja executado a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
para que ele se instale em um computador. Cavalos de passadas, como Windows 95 ou 98.
Tróia vem anexados a arquivos executáveis enviados b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
por e-mail. do através desses spams.
d) Não instala programas no computador, pois seu único c) Não utilizar firewall.
objetivo não é obter o controle sobre o computador, d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem-
mas sim replicar arquivos de propaganda por e-mail. pre utilizar um perfil mais restrito.
77
e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos 45. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA-
muitas vezes são vírus. LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com
relação a redes de computadores, julgue os próximos
41. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é ca-
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi- racterizada por abranger uma área geográfica, em teoria,
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que os da-
digital revogado deve constar da lista de certificados re- dos trafeguem com taxas acima de 100 Mbps.
vogados, publicada na página de Internet da autoridade
certificadora que o emitiu. ( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO 46. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC-
NICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Internet
42. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visitados nos
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, últimos dias e até semanas, exceto aqueles visitados em
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim modo de navegação privada. Para abrir a opção que per-
denominado em virtude de diversas analogias poderem mite ter acesso a essa lista, com o navegador aberto, cli-
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. ca-se na ferramenta cujo desenho é
78
43 C
GABARITO 44 D
45 Errado
46 C
01 E 47 Errado
02 Certo
03 Certo
04 A
05 D
06 C
07 B
08 E
09 A
10 C
11 A
12 C
13 B
14 C
15 B
16 D
17 E
18 B
19 Errado
20 D
21 B
22 A
23 A
24 C
25 A
26 C
27 Errado
28 E
29 D
30 C
31 C
32 C
33 B
34 E
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
35 Certo
36 C
37 Certo
38 Certo
39 Certo
40 C
41 Certo
42 Certo
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ANOTAÇÕES
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TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
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ÍNDICE
RACIOCÍNIO LÓGICO
Noções de Cálculo Proposicional: proposições simples e compostas, tabelas verdade, conectivos, leis de negação,
implicação lógica, equivalência lógica, quantificadores......................................................................................................................................... 01
Argumentação Lógica; Sequências Lógicas e leis de formação (verbais, numéricas, geométricas).................................................... 27
Noções de probabilidades: (definições, propriedades, problemas).................................................................................................................. 40
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma
proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou
NOÇÕES DE CÁLCULO PROPOSICIONAL: juízos que formamos a respeito das coisas.
PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS, Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
TABELAS VERDADE, CONECTIVOS, respondida: como realmente podemos identificar uma
LEIS DE NEGAÇÃO, IMPLICAÇÃO proposição? A única técnica direta que temos é verificar
LÓGICA, EQUIVALÊNCIA LÓGICA, se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a elas.
QUANTIFICADORES Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita muito
o trabalho de identificação de uma proposição e é fre-
quentemente cobrada em concursos públicos.
1
SO” ou “NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer As sentenças compostas dos exemplos acima não são
proposição lógica será verdadeira ou falsa, não ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas
existe uma terceira opção. por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
2) Principio da identidade: “Se uma proposição é alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi-
verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam- mo capítulo:
bém será verdadeiro”. T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro.
Esse principio coloca que se duas proposições que U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro.
apresentam a mesma informação mas são escritas
de maneiras distintas, devem possuir o mesmo va-
lor lógico. Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho
que João” e “João é 5 anos mais novo que Bruno”. FIQUE ATENTO!
As duas proposições dizem a mesma coisa mas de
maneira diferente. Portanto se uma delas é verda- As proposições compostas irão nortear
deira, a outra deve ser. seus estudos nos próximos capítulos, então
3) Princípio da não contradição: “Uma proposição atente-se a saber como dividir as proposi-
não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tem- ções compostas em duas ou mais proposi-
po” ções simples!
Esse axioma é importante, pois a partir do momen-
to em uma proposição recebe um valor lógico, ele
deve ser carregado em toda a análise para evitar CONECTIVOS LÓGICOS
contradições.
Como visto rapidamente no capítulo anterior, os co-
Tipos de proposições nectivos lógicos são estruturas usadas para formar pro-
posições compostas a partir da junção de proposições
Existem dois tipos de proposições: Simples e Com- simples. As proposições compostas são linhas de raciocí-
postas nio mais complexas e permitem se formular teses lógicas
As proposições simples são aquelas que não con- com vários níveis de pensamento. Observe o exemplo a
têm nenhuma outra proposição como parte de si mes- seguir:
ma. São, geralmente, designadas por letras minúsculas “Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gosta
do alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de de jogar futebol”
uma proposição que não se consegue dividi-la em partes Facilmente conseguimos separar essa sentença em
menores, de tal maneira que as partes divididas gerem duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de Otá-
novas proposições. vio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao invés de
Exemplos: tratarmos as duas proposições simples separadamente,
p – O rato comeu o queijo; ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é um dos
q – Astolfo é advogado; conectores lógicos que iremos estudar a seguir.
r – Hermenegildo gosta de pizza; Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a pro-
s – Raimunda adora samba. posição composta é inteiramente verdadeira ou inteira-
mente falsa, dependendo do valor lógico de cada propo-
Já as proposições compostas são formadas por uma sição simples, ou seja, cada proposição simples interfere
ou mais proposições que podem ser divididas, formando no valor a ser atribuído na proposição composta.
proposições simples. São, geralmente, designadas por As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos
letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos: lógicos, apresentando suas características principais e as
P – O rato é branco e comeu o queijo; combinações possíveis entre duas proposições simples.
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol;
A Negação – Conectivo “Não”
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva;
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho.
O primeiro conectivo a ser estudado é o mais sim-
ples de todos e remete a negação de uma proposição.
Veja que as proposições acima podem ser divididas
A importância deste conectivo se dá na ligação entre o
em duas partes. Observe:
valor lógico VERDADEIRO e o valor lógico FALSO pois a
negação de um valor lógico será exatamente o outro va-
lor lógico, ou seja:
i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação
será FALSA.
RACIOCÍNIO LÓGICO
2
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda- No caso da conjunção, o valor lógico da proposição
-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con- composta não se altera com a inversão das proposições
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar. simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po-
Observe o exemplo a seguir: dem ter alterações dependendo da ordem das proposi-
p : A secretária foi ao banco esta tarde. ções simples.
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí-
O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí- veis para uma proposição composta formada pelo co-
tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare- nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe-
mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê- las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização
-se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por
usando os dois símbolos possíveis: enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia-
~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. rização:
¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde. i) Uma proposição composta formada por uma con-
junção será VERDADEIRA se todas as proposições
Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam simples forem VERDADEIRAS.
negação. É Importante frisar que os símbolos de negação ii) Uma proposição composta formada por uma con-
não indicam a presença da palavra “não” na frase. Obser- junção será FALSA se uma ou mais proposições
ve este outro exemplo: simples forem FALSAS.
q : Bráulio não comprou detergente Recuperando o exemplo anterior:
Observe que a proposição q possui a palavra “não” e 𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir- tomou suco de maçã.
mativa:
~ q : Bráulio comprou detergente. Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q
¬ q : Bráulio comprou detergente. forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições
simples for (forem) falsa(s), R será FALSO.
FIQUE ATENTO!
No Raciocínio Lógico, pode-se existir a A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU”
“negação da negação” que chamaremos de
Dupla Negação e veremos isso mais adian- O conectivo “ou”, também conhecido como disjun-
te no capítulo 4. O que você precisa saber ção, segue a mesma linha de pensamento que o conec-
neste momento é que negando uma nega- tivo “e”, relacionando duas proposições simples, forman-
ção, voltaremos a uma frase afirmativa, ou do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo
na linguagem coloquial: “O não do não é da seção anterior:
o sim”. p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
A CONJUNÇÃO – Conectivo “e”
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
O próximo conectivo lógico certamente é um dos mar agora uma proposição composta usando o conecti-
mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um vo “ou”:
dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con- 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
junção e segue a mesma classificação da própria língua tomou suco de maçã.
portuguesa.
Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele
relacionar duas proposições simples, formando uma pro- aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe
posição composta. Vamos ao exemplo: que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então,
p : Carlos gosta de jogar badminton. muita atenção na hora de identificar um ou o outro.
q : Pablo tomou suco de maçã Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
maremos outra proposição composta:
Temos acima duas proposições simples e podemos 𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos-
formar uma proposição composta usando o conectivo ta de jogar badminton.
“e”:
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
tomou suco de maçã. No caso da disjunção, o valor lógico da proposição
composta também não se altera com a inversão das pro-
posições simples (igual a conjunção).
Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
RACIOCÍNIO LÓGICO
3
i) Uma proposição composta formada por uma dis- Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi-
junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi- vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições
ções forem VERDADEIRAS. simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é
ii) Uma proposição composta formada por uma dis- uma contradição e assim a proposição composta deve
junção será FALSA se todas as proposições simples ser FALSA. Usando o exemplo:
forem FALSAS. 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
tina
Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
ve uma certa “inversão” em relação as combinações das Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e
proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva- q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e
mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS.
que a proposição composta ser VERDADEIRA, no ope-
rador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar a A CONDICIONAL – Conectivo “SE...ENTÃO”
proposição composta VERDADEIRA.
No caso do valor lógico FALSO também há inversão, O conectivo “Se...então”, conhecido como condicional
onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é o
FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS. que normalmente gera mais dúvidas e o que contém as
famosas “pegadinhas” que confundem o candidato du-
Assim: rante a prova. A principal característica dele é que se você
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo inverter a ordem das proposições simples, o valor lógi-
tomou suco de maçã. co da proposição composta muda, o que não acontecia
na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o mesmo
Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas) exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4:
proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se p : Carlos gosta de jogar badminton.
p e q forem FALSOS. q : Pablo tomou suco de maçã
Temos acima duas proposições simples e vamos for-
A DISJUNÇÃO exclusiva – Conectivo “OU exclusivo” mar agora uma proposição composta usando o conecti-
vo “Se...então”:
O conectivo “ou” possui um caso particular que nor- 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
malmente é cobrado em concursos públicos de maior tão Pablo tomou suco de maçã.
complexidade, porém é importante que o leitor tenha
conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife- Observe que agora temos uma condição para que
rencial importante em concursos públicos de maior dis- Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer
puta. sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará
Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois sentido a conexão de duas proposições e até por isso
implica que as proposições simples são eliminatórias, ou nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais
seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será familiarizado com essa situação!
necessariamente FALSA. Veja o exemplo: O símbolo
𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que
p: Diego nasceu no Brasil a proposição da esquerda condiciona o acontecimento
q: Diego nasceu na Argentina da proposição da direita. As combinações possíveis para
esse conector são:
Temos duas proposições referentes a nacionalidade i) Uma proposição composta formada por uma condi-
de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em cional será VERDADEIRA se ambas as proposições
dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda
é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando do conector for FALSA.
montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão ii) Uma proposição composta formada por uma con-
e será feito da seguinte forma: dicional será FALSA se a proposição a esquerda
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen- (antecedente) do conector for VERDADEIRA e a
tina proposição a direita (consequente) do conector for
FALSA.
A leitura da proposição lógica acrescente mais um
“ou” no início e o restante é como se fosse um operador Observe agora que a posição da proposição em rela-
“ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de ção ao conector lógico importa no resultado da proposi-
inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar ção composta. Considerando os casos observados, certa-
exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi- mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação
vo” são: onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e
RACIOCÍNIO LÓGICO
i) Uma proposição composta formada por uma dis- isso implicar que a proposição composta seja verdadeira.
junção exclusiva será VERDADEIRA se apenas uma A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos
das proposições for VERDADEIRA. apenas ao caso da proposição da esquerda do conector
ii) Uma proposição composta formada por uma dis- em si e não em relação a sua negação, ou seja, quando
junção exclusiva será FALSA se todas as proposi- montamos𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao
ções simples forem FALSAS ou se as duas proposi- caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA-
ções forem VERDADEIRAS. DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
4
q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que p Exemplo:
não é VERDADEIRO. Assim, define-se
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre VER-
DADEIRO quando p for FALSO. Logo:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
tão Pablo tomou suco de maçã.
Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for
VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um
for VERDADEIRO e q FALSO. erro de pensamento referente aos casos possíveis da
condicional. Se você nega o antecedente (p) não é ga-
Pegadinhas da condicional rantia que o consequente (q) não irá ocorrer pois a partir
do momento que temos ~p, o valor lógico de q pode ser
Este tópico é uma análise complementar da condi- qualquer um e a condicional se manterá VERDADEIRA:
cional. Em concursos mais apurados, sobretudo de en-
sino superior, existem certas “pegadinhas” que testam a
atenção do candidato em relação ao seu conhecimen-
to. Existem quatro formas de raciocínio que envolvem a
condicional que merecem destaque.
i) Modus Ponens: Essa linha de raciocínio é o básico Exemplo:
da condicional onde considera a mesma VERDADEIRA e
no caso da ocorrência de p, podemos afirmar com cer-
teza que q ocorreu:
FIQUE ATENTO!
As pegadinhas da condicional nem sempre
Exemplo: são cobradas em concursos mas se você
observar os exercícios resolvidos deste ca-
pítulo, verá o quanto é importante este co-
nector lógico e o conhecimento de todos
os casos possíveis.
ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer
que é a pegadinha mais clássica da condicional pois in- 2.7 A BI-CONDICIONAL – Conectivo “SE E SOMENTE
duz a pessoa a considerar que se o consequente ocor- SE”
reu (q), pode-se afirmar que o antecedente (p) também
ocorreu: O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi
condicional elimina justamente o limitante da condicio-
Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem- nal de não ser possível inverter a ordem das proposições
bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA. sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago-
Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a
importa o valor lógico de q, a proposição com condicio- proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou
nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo:
que p também ocorreu: p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
5
ii) Uma proposição composta formada por uma bi p ~p
condicional será FALSA se uma proposição for
VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa. V F
F V
Assim:
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
somente se Pablo tomou suco de maçã. contém os valores possíveis para a proposição simples,
A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER- que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V)
DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO se p for
e o FALSO (F).
VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO.
Já a segunda coluna possui o operador lógico ne-
TABELAS VERDADE
gação. O operador foi aplicado em casa linha da tabela,
gerando o resultado correspondente. Ou seja, se a pro-
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito usa-
posição p é V, sua negação será F e vice-versa.
do para a organizar os valores lógicos de proposições
É importante frisar que as operações da tabela-ver-
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores ló-
dade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na primeira
gicos da estrutura composta, correspondentes a todas as
linha temos que a proposição p é V, esse valor perma-
possíveis atribuições de valores lógicos às proposições
simples. necerá assim até que todas as operações daquela linha
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias correspondente tenham terminado.
três informações iniciais: O número de proposições que
compõem a proposição composta, o número de linhas TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores ló-
gicos. Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
A primeira informação é puramente visual, basta olhar sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
a proposição composta e verificar quantas proposições Iniciando com uma estrutura de duas proposições sim-
simples a compõem, contando a quantidade de letras ples, vamos primeiramente explicar a organização destas
distintas que existem nela, vejam os exemplos: proposições.
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a Como já sabemos que são duas proposições simples,
proposição composta possui duas proposições; que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas pro- terá quatro linhas:
posições simples também, p e q. Não se deve considerar
a repetição das proposições que no caso de p e q, repe- p q
tiram duas vezes;
𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da propo-
sição r, temos três proposições simples distintas, p,q e r.
A segunda informação, que é o número de linhas da
tabela verdade, deriva do número de proposições sim-
ples que a estrutura composta possui. Usando essa conta
simples:
𝐿 = 2𝑛
FIQUE ATENTO!
Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n Observe que além das linhas correspon-
é o número de proposições simples que ela possui. Ou dentes da tabela-verdade, nós inserimos
seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na uma linha inicial indicando qual a proposi-
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas na ção que estamos atribuindo o valor lógico.
tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui 16 Isso é de suma importância para se domi-
linhas. Além disso, para o caso de uma proposição sim- nar esse conteúdo.
ples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos duas
linhas na tabela-verdade.
Esses valores são derivados da organização da tabela, Agora temos que combinar os dois valores lógicos
para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados. possíveis entre as proposições, formando as quatro li-
Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso nhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
será apresentado caso a caso nas seções seguintes. passos:
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor
TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES: NEGA- de V para a primeira metade das linhas e F para a
RACIOCÍNIO LÓGICO
6
p q p q
V V V V
V V F F
F F V
F F F
ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedi- Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
mento dentro de cada valor lógico atribuído para p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas duas
primeiras linhas de p, vamos colocar V na primeira
linha e F na segunda. Da mesma forma, vamos fa- p q
zer o mesmo procedimento para as duas linhas de V V V
p que contém F:
V F F
p q
F V F
V V
F F
V F
F V Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
F F
ser FALSA também:
Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi
organizada e agora podemos passar para as proposições p q
compostas. V V V
Tabela Verdade da Conjunção (“e”) V F F
F V F
Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o ope-
F F F
rador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores
lógicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser
iremos tratar, desta maneira: memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de ta-
belas maiores.
p q Tabela Verdade da Disjunção (“ou”)
V V
V F Passando agora para o próximo conectivo, que é a
disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição con-
F V trária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso de as
F F duas proposições simples serem FALSAS, caso contrário,
será sempre VERDADEIRO.
No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA Montando a tabela:
apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
p q
essa informação, vamos preencher a tabela:
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e q é V V
VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será VERDA- V F
DEIRA por definição:
F V
p q F F
V V V
V F A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao me-
RACIOCÍNIO LÓGICO
7
p q Montaremos a tabela usando sua lógica simples: Ele
será VERDADEIRO se as duas proposições simples tive-
V V V rem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
V F V diferentes:
F V V
p q
F F
V V V
Já a última linha, possui ambas proposições simples
V F F
com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser FAL-
SA também: F V F
F F V
p q
V V V Com essas informações memorizadas é possível mon-
tar QUALQUER tabela-verdade.
V F V
F V V 3.4.5 Montagem de tabelas usando mais de um ope-
F F F rador lógico
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser me- Obviamente que as seções acima introduziram as ta-
morizada. belas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na monta-
gem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar um
3.4.3 Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”) exemplo onde isso será aplicado. Considere a seguinte
proposição composta:
O próximo conector lógico é a condicional (“Se...en-
tão”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito (𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒
que os anteriores:
Observe que a proposição possui duas proposições
simples mas possui três operações lógicas. Para mon-
p q
tar a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer
V V combinações dos resultados fundamentais vistos ante-
V F riormente.
Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as
F V
colunas de p e q:
F F
p q
V V V
V V
V F F
V F
F V F
F V
F F F
F F
8
Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEI-
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma dis- RA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
junção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna da VERDADEIRA:
negação e depois faremos a disjunção:
p q ~p
p q ~p
V V V F V
V V V F
V F F F F
V F F F
F V F V V
F V F V
F F F V V
F F F V
V V V F V F F F V V
V F F F F
F V F V V
F F F V
9
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com p q r
a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que
gera um valor FALSO na bicondicional: V V
V V
p q ~p V F
V V V F V V V F
V F F F F V F
F V F V V F F
F F F V V F F
F
Pronto, esses são os resultados possíveis da proposi-
ção composta, variando os valores lógicos das proposi-
Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é
ções simples p e q que a compõem.
VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas
TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES
outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o blo-
co seguinte:
Vamos agora aumentar a complexidade do problema
inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de p q r
r. Pela relação de número de linhas da tabela, teremos V V
então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma: V V
V F
p q r
V F
F V
F V
F F
F F
10
p q r ~p p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓
V V V F
V V V F V V V
V V F F
V V F F F V V
V F V F
V F V F F V V
V F F F
V F F F F V V
F V V V
F V V V V V V
F V F V
F V F V F F F
F F V V
F F V V F F V
F F F V
F F F V F F F
Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no
primeiro parênteses para poder combinar com a negação Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da
de p. Montando a quinta coluna com , que é a combina- combinação entre a sexta e a sétima colunas:
ção entre a segunda e a terceira coluna, temos que:
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓
p q r ~p
~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓
𝒒∧𝒓
~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓
V V V F V
V V F F F V V V F V V V V
V F V F F V V F F F V V V
V F F F F V F V F F V V V
F V V V V V F F F F V V V
F V F V F F V V V V V V V
F F V V F F V F V F F F V
F F F V F F F V V F F V F
F F F V F F F V
Interessante observar que ficamos apenas com duas
linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é ne- O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da
nhum problema, pois quando se realiza operações lógi- proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
cas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se
50% FALSO. Combinando a quarta e quinta colunas, po- quais são os valores lógicos para que a proposição acima seja
demos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 : FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.
11
F V
F F
F F
F F
F F
p q r s
A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito V V V
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo. V V V
V V F
p q r s
V V F
V
V F V
V
V F V
V
V F F
V
V F F
V
F V V
V
F V V
V
F V F
V
F V F
F
F F V
F
F F V
F
F F F
F
F F F
F
F A quarta coluna basta intercalar V e F:
F
p q r s
F
V V V V
A segunda coluna subdivide a primeira novamente V V V F
em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando V V F V
os valores V e F:
V V F F
p q r s V F V V
V V V F V F
V V V F F V
V V V F F F
V V F V V V
V F F V V F
V F F V F V
RACIOCÍNIO LÓGICO
V F F V F F
V F F F V V
F V F F V F
F V F F F V
F V F F F F
12
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A TA- Contradição
BELA-VERDADE
A contradição é exatamente o contrário da tauto-
Após a montagem de qualquer proposição composta logia, onde todos os resultados lógicos da operação
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de da proposição composta devem ser FALSOS. Observe o
três maneiras: exemplo:
Tautologia Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..
Antes de montarmos a proposição composta, preci-
A tautologia ocorre quando todas as linhas da coluna saremos montar a negação de q, a bicondicional do pri-
correspondente a proposição composta seja VERDADEI- meiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:
RA. Ou seja, não importa os valores lógicos das proposi-
ções simples, a proposição composta terá sempre o valor p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).
lógico V. Observe o exemplo:
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 . V V F F V
São duas proposições simples, o que formará quatro
linhas na tabela: V F V V F
F V F V F
p q F F V F F
V V
Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
V F disjunção entre os dois parênteses:
F V
F F p q ~q 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
13
Além disso, são quatro diagramas possíveis para in-
terpretar essa proposição:
Algum A é B
14
RELAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Proposição Particular Negativa analisados. Observe esse exemplo extraído de uma ban-
ca que aborda muito o raciocínio lógico, a ESAF:
A proposição particular negativa é equivalente a ex- Se é verdade que “Alguns A são R” e que “Nenhum G
pressão “Algum A não é B”, ou seja, algum caso de todo é R”. então é necessariamente verdadeiro que:
o universo do conjunto A não pertence a B. a) Algum A não é G
b) Algum A é G
c) Nenhum A é G
15
d) Algum G é A
e) Nenhum G é A.
16
EQUIVALÊNCIA LÓGICA Usando frases nas proposições, essa propriedade nos
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que:
A equivalência lógica é a relação entre duas proposi- João é professor e João é professor = João é profes-
ções lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se sor
montar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos João é professor ou João é professor = João é pro-
valores lógicos será a mesma. fessor
O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
Comutação
gurança de se manipular expressões lógicas, buscando
a equivalência correta nas alternativas da questão. Na A propriedade comutativa da equivalência lógica é
maioria das vezes, os enunciados das questões de equi- análoga a propriedade de mesmo nome da matemática.
valência lógica, usando frases simples como: “A negação Ela descreve que podemos mudar a ordem das propo-
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente sições simples sem afetar o resultado final. Existem três
equivalente a ... é:”. casos:
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re-
conhecer na expressão original que tipo de equivalência 𝑝𝑝 ∧∧𝑝𝑞𝑞∧=
𝑞 𝑞=
= 𝑞 ∧∧𝑞𝑝𝑝∧ 𝑝
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções 𝑝𝑝 ∨∨𝑝𝑞𝑞∨=
𝑞𝑞=
= 𝑞 ∨∨𝑞𝑝𝑝∨ 𝑝
a seguir.
𝑝↔
𝑝𝑝 ↔
↔ 𝑞𝑞
𝑞𝑞 =
= =
𝑞↔𝑞↔
↔ 𝑝𝑝 𝑝
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS NOTÁVEIS
Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é
Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen-
possível inverter a ordem das proposições simples, man-
taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas: tendo o resultado final da proposição composta. Usando
novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
Dupla Negação Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei
5 km
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou andei 5 km
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores um suco se e somente se andei 5 km
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir:
~ ~𝑝 = 𝑝 FIQUE ATENTO!
O leitor mais atento percebeu uma poten-
Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados, cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
restando apenas a proposição simples. não vale para o operador “Se...então” que
é a condicional. Muita atenção quando for
Idempotência utilizar essa propriedade!
V V V
Distribuição
F F F
A propriedade distributiva também segue a analogia
Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjunção, da propriedade vista na matemática, sendo conhecida
quando ambas as proposições são VERDADEIRAS, o re- também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir
sultado é VERDADEIRO e quando ambas são FALSAS, o de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se a
resultado da proposição composta é FALSO. distribuição nos elementos internos, desta forma:
17
5.4.2 Negação da disjunção – Regra de De Morgan
𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∨𝑞𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝𝑞∧ 𝑞∨ (𝑝
∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
∧ 𝑟)
𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∧ (𝑝
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
∨ 𝑟) A negação da disjunção também é conhecida como
Regra de De Morgan:
p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞 p q 𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 ~q 𝒑 ∧∼ 𝒒
V V V F F F F V V V F F F
V F F V F V V V F F V V V
F V F V V F V F V V F F F
F F F V V V V F F V F V F
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o Comparando a quarta e sexta colunas, podemos ob-
mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a servar que todas as linhas possuem os mesmos valores
RACIOCÍNIO LÓGICO
18
5.4.4 Negação da Bicondicional
Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:
∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
Montando a tabela-verdade:
p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
∧∧∼
~𝑝) =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F
Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.
Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:
Implicação Material
A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞
Montando a tabela-verdade:
p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V
A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”
5.5.2 Transposição
A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições
RACIOCÍNIO LÓGICO
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝
Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:
19
p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V
Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”
FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!
Equivalência Material
A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:
Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:
p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:
𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒
Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:
p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒
V V V F F V F V
V F F F V F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO
F V F V F F F F
F F V V V F V V
Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.
20
LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO
FIQUE ATENTO!
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
uma técnica pode ser usada para sua reso-
lução. Esta apostila será uma referência para
A argumentação apresenta que o grupo denominado sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
“brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto siga resolver por outra técnica, é um ponto
“devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi- a mais no seu aprendizado.
leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”.
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu- Diagramas de Conjuntos (Euler)
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão,
ele será considerado um caso particular e terá o nome A análise de argumentos usando os diagramas de
de silogismo. conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei- forem montados com proposições categóricas (capítulo
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre- designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-
missas levam a esta conclusão. gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
A oposição disso é justamente uma ou mais premis- menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
sas falharem na conclusão, e isso tornará o argumento proposições que aprendemos no capítulo anterior.
inválido, pois não atende integralmente todas as premis- Este método prevê que desenharemos as premissas
RACIOCÍNIO LÓGICO
21
Exemplo: Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos
que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:
ou
do. Observem:
ou
22
não há nenhum conectivo lógico com ela ou se temos
uma das premissas com uma conjunção, pois assim con-
seguimos valorar logicamente as proposições simples
que a compõe.
Para avaliar a validade do argumento, basta adotar
que todas as premissas são verdadeiras e a partir da pro-
posição simples, verificar se a conclusão mantém-se ver-
dadeira.
Se o resultado da conclusão for verdadeiro, o argu-
mento é válido, caso contrário, se a conclusão for falsa
ou se você não conseguir definir seu valor lógico, ele será
ou inválido.
Vamos a um exemplo:
inválido.
tão Tito não é o corregedor.
Premissas verdadeiras
Com base nas definições apresentadas no texto acima,
A segunda estratégia já envolve premissas que não assinale a opção em que a proposição apresentada, junto
tenham as proposições categóricas. Ela é eficiente quan- com essas premissas, forma um argumento válido:
do ao menos uma das proposições é simples, ou seja,
23
a) Adriano não é o vice-presidente do tribunal de contas
b) Se César é o presidente do tribunal de contas, então Adriano não é o corregedor.
c) Se Tito é o corregedor, então Adriano é o vice-presidente do tribunal de contas.
d) Tito não é o corregedor
e) Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que César é
o presidente do tribunal de contas e Tito é um conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção e a primeira
proposição é falsa, já que César é o presidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe penas disciplinares na
forma da lei, o que é exatamente a alternativa E. Para completar, a terceira premissa fica indefinida sob o ponto de
vista lógico, uma vez que não temos informações suficientes para determinar se Adriano é ou não vice-presidente
do TCE, mas isto não afeta a escolha da alternativa correta.
Tabela verdade
O método de resolução do argumento por tabela verdade é utilizado quando não se consegue resolver pelos dois
métodos anteriores, ou seja, quando não temos proposições categóricas ou quando não temos premissas sob a forma
de proposições simples ou uma delas sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o método de pre-
missas verdadeiras é aplicável, a tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método mais genérico.
A resolução se baseia na construção da tabela verdade e temos que olhar as linhas correspondentes a todas as
premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um argumento
válido, caso contrário, ele será inválido.
FIQUE ATENTO!
Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:
p q r
V V V
V V F
V F V
RACIOCÍNIO LÓGICO
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
24
As próximas duas colunas serão correspondentes à primeira premissa:
p q r
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒
V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:
RACIOCÍNIO LÓGICO
25
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.
EXERCÍCIO COMENTADO
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de proposições a seguir constitui uma dedução correta:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Considerando as três primeiras linhas como premissas e a última como conclusão, chamaremos de
a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo a tabela-verdade com
a ordem estudada nesta apostila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas VERDADEIRAS simultaneamente
e nesta linha temos também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argumento é válido.
Conclusão Falsa
Para os casos onde temos um número de proposições simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés de se
aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se o valor ló-
gico FALSO na conclusão além de considerar as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos um argumento
inválido, caso contrário, ele será válido. Este método funciona bem quando a conclusão é uma condicional ou uma
conjunção, pois conseguiremos atribuir valores lógicos a todas as proposições simples que a compõe.
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Raciocínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber Campos,
um dos livros que usamos como referência para montar esta apostila:
Temos 4 proposições simples formando o argumento, o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos pelo
método de premissas verdadeiras, teríamos muitos casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. Para
RACIOCÍNIO LÓGICO
facilitar, vamos então adotar também a conclusão FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso, que é a
proposição da esquerda VERDADEIRA e da direita FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 . Para
essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭. Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado que
𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmente, como
𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas isso contradiz a primeira premissa que determinou que 𝑪 = 𝑽 .
26
Como houve falha em provar que a conclusão é FAL-
SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu- ARGUMENTAÇÃO LÓGICA; SEQUÊNCIAS
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO!
LÓGICAS E LEIS DE FORMAÇÃO (VERBAIS,
NUMÉRICAS, GEOMÉTRICAS)
EXERCÍCIO COMENTADO
ARGUMENTAÇÃO LÓGICA
4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011).
Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as
- Começo do mês é tempo de receber salário. bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ain-
- Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai. da continua sendo o elemento fundamental, pois a partir
- Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui- dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de
to rapidamente. contas, o que é um Argumento? Essa definição é impor-
- Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então tante para o seguimento do capítulo e será apresentada
a alegria dura pouco a seguir.
- As contas chegam. Um argumento é feito de uma composição de duas
ou mais proposições. Diferentemente de uma proposi-
Pressupondo que as premissas apresentadas acima se- ção composta, o argumento apresenta as proposições
jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais de maneira separada, classificando-as em dois tipos:
Premissas e Conclusão. As premissas são as bases e as
dos argumentos, julgue os itens subsequentes:
informações que irão nortear a Conclusão (que é única,
A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
apenas 1 proposição pode ser a conclusão). Assim, a es-
rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
trutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão.
a partir das premissas apresentadas acima.
Normalmente, os argumentos são apresentados na
forma vertical, separando as premissas e a conclusão por
( ) CERTO ( ) ERRADO
um traço, desta maneira:
A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura
pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
apresentadas acima.
( ) CERTO ( ) ERRADO
As três premissas informam que há uma caracterís-
tica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e
Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
você possuem olhos azuis. Dadas essas informações,
do mês é tempo de receber salário, q: As contas che-
concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou
gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver- seja, olho azul.
melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco, Como este argumento é mais genérico, vamos a um
vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan- mais direto que vocês irão lidar em seus concursos:
do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin-
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta A argumentação apresenta que o grupo denominado
premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz “brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto
justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando “devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi-
que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”.
VERDADEIRA ou um argumento válido. Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu-
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão,
ele será considerado um caso particular e terá o nome
de silogismo.
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei-
RACIOCÍNIO LÓGICO
27
Outro caso de argumentos que podem ser cobrados Exemplo:
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por
exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:
FIQUE ATENTO!
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
uma técnica pode ser usada para sua reso-
lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
siga resolver por outra técnica, é um ponto
a mais no seu aprendizado. Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto
mulheres também não possui intersecção com o conjun-
tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im-
Diagramas de Conjuntos (Euler) portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
são morenas mas isso não pode interferir na validade do
A análise de argumentos usando os diagramas de argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
forem montados com proposições categóricas (capítulo temos que ter a conclusão verdadeira.
5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-
designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al- do. Observem:
RACIOCÍNIO LÓGICO
28
Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos
que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:
EXERCÍCIO COMENTADO
PREMISSAS VERDADEIRAS
29
Vamos a um exemplo:
Esse argumento está montado apenas com os valores lógicos e temos uma proposição simples no terceiro argu-
mento. Assim, vamos adotar a estratégia de premissas verdadeiras, ou seja:
Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira, temos
que ter ~Q=V, ou seja Q=F.
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter que P
seja falso, ou seja, P=F .
Com os três valores lógicos, podemos avaliar a conclusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão verda-
deira e o argumento válido.
Se após essas associações tivéssemos encontrado ~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argumento
inválido.
EXERCÍCIO COMENTADO
2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que as seguintes proposições são premissas de um argumento:
Com base nas definições apresentadas no texto acima, assinale a opção em que a proposição apresentada, junto com
essas premissas, forma um argumento válido:
Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que César é
o presidente do tribunal de contas e Tito é um conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção e a primeira
proposição é falsa, já que César é o presidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe penas disciplinares na
forma da lei, o que é exatamente a alternativa E. Para completar, a terceira premissa fica indefinida sob o ponto de
vista lógico, uma vez que não temos informações suficientes para determinar se Adriano é ou não vice-presidente
do TCE, mas isto não afeta a escolha da alternativa correta.
TABELA VERDADE
RACIOCÍNIO LÓGICO
O método de resolução do argumento por tabela verdade é utilizado quando não se consegue resolver pelos dois
métodos anteriores, ou seja, quando não temos proposições categóricas ou quando não temos premissas sob a forma
de proposições simples ou uma delas sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o método de pre-
missas verdadeiras é aplicável, a tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método mais genérico.
A resolução se baseia na construção da tabela verdade e temos que olhar as linhas correspondentes a todas as
premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um argumento
válido, caso contrário, ele será inválido.
30
FIQUE ATENTO!
Lembre-se que a quantidade de linhas da tabela-verdade é calculada em função da quantidade de propo-
sições simples que formam as premissas. Quanto maior o problema, mais trabalhoso será a sua resolução!
Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
As próximas duas colunas serão correspondentes à primeira premissa:
p q r
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
As duas colunas seguintes são correspondentes à segunda premissa:
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒
V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V
31
Agora, as próximas três colunas se referem a conclusão:
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒
V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V
Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.
EXERCÍCIO COMENTADO
3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de proposições a seguir constitui uma dedução correta:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Considerando as três primeiras linhas como premissas e a última como conclusão, chamaremos de
RACIOCÍNIO LÓGICO
a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo a tabela-verdade com
a ordem estudada nesta apostila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas VERDADEIRAS simultaneamente
e nesta linha temos também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argumento é válido.
32
Conclusão Falsa A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
Para os casos onde temos um número de proposi- a partir das premissas apresentadas acima.
ções simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés
de se aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas ( ) CERTO ( ) ERRADO
será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se
o valor lógico FALSO na conclusão além de considerar A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura
as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
um argumento inválido, caso contrário, ele será válido. apresentadas acima.
Este método funciona bem quando a conclusão é uma
condicional ou uma conjunção, pois conseguiremos atri-
buir valores lógicos a todas as proposições simples que ( ) CERTO ( ) ERRADO
a compõe.
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Racio- Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
cínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber do mês é tempo de receber salário, q: As contas che-
Campos, um dos livros que usamos como referência para gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver-
montar esta apostila: melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco,
vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan-
do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin-
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
Temos 4 proposições simples formando o argumento, que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta
pelo método de premissas verdadeiras, teríamos muitos premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz
casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando
Para facilitar, vamos então adotar também a conclusão que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a
FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso, VERDADEIRA ou um argumento válido.
que é a proposição da esquerda VERDADEIRA e da direi-
ta FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 .
Para essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭. Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos
Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos
que 𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que estudantes, induzindo a organização do pensamento e
ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmen- das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação
te, como 𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas de regras matemáticas, construção de fórmulas e expres-
isso contradiz a primeira premissa que determinou que sões aritméticas e algébricas. É de extrema importância
𝑪=𝑽. que em matemática utilize-se atividades envolvendo ló-
Como houve falha em provar que a conclusão é FAL- gica, no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com
SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu- que se utilize do potencial na busca por soluções dos
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO! problemas matemáticos desenvolvidos e baseados nos
conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemá-
tica, como a probabilidade, os problemas de contagem,
EXERCÍCIO COMENTADO as progressões aritméticas e geométricas, as sequências
numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre
4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011). outros. Os fundamentos lógicos contribuem na resolução
ordenada de equações, na percepção do valor da razão
- Começo do mês é tempo de receber salário. de uma sequência, na elucidação de problemas aritmé-
- Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai. ticos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
- Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui- A utilização das atividades lógicas contribui na for-
to rapidamente. mação de indivíduos capazes de criar ferramentas e me-
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então canismos responsáveis pela obtenção de resultados em
a alegria dura pouco Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente
- As contas chegam. conectado à curiosidade, pesquisa, deduções, experi-
mentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional
Pressupondo que as premissas apresentadas acima se- e todas essas características estão ligadas ao desenvol-
jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais vimento lógico.
dos argumentos, julgue os itens subsequentes:
33
Raciocínio Lógico Dedutivo
A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio
lógico é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premis-
sa(s). A dedução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a
compreensão das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras,
símbolos ou números, a partir da observação dos termos dados.
Humor Lógico
Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em
questões sobre a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas
faces, montagem de figuras com subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de
figuras nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato em resolver problemas com base
em estímulos visuais.
Raciocínio Verbal
O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que consiste na associação de ideias de acordo com determina-
das regras. No caso do raciocínio verbal, trata-se da capacidade de raciocinar com conteúdos verbais, estabelecendo
entre eles princípios de classificação, ordenação, relação e significados. Ao contrário daquilo que se possa pensar, o
raciocínio verbal é uma capacidade intelectual que tende a ser pouco desenvolvida pela maioria das pessoas. No nível
escolar, por exemplo, disciplinas como as línguas centram-se em objetivos como a ortografia ou a gramática, mas não
estimulam/incentivam à aprendizagem dos métodos de expressão necessários para que os alunos possam fazer um
uso mais completo da linguagem.
Por outro lado, o auge dos computadores e das consolas de jogos de vídeo faz com que as crianças costumem jogar
de forma individual, isto é, sozinhas (ou com outras crianças que não se encontrem fisicamente com elas), pelo que não
é feito um uso intensivo da linguagem. Uma terceira causa que se pode aqui mencionar para explicar o fraco raciocínio
verbal é o fato de jantar em frente à televisão. Desta forma, perde-se o diálogo no seio da família e a arte de conversar.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as analo-
gias verbais, os exercícios para completar orações, a ordem de frases e os jogos onde se devem excluir certos conceitos
de um grupo. Outras propostas implicam que sigam/respeitem certas instruções, corrijam a palavra inadequada (o
intruso) de uma frase ou procurem/descubram antônimos e sinônimos de uma mesma palavra.
Lógica Sequencial
Lógica Sequencial
O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposi-
ções, para concluir através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas
RACIOCÍNIO LÓGICO
verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do método matemá-
tico, este considerado instrumento puramente teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos. Logo, resumi-
damente o raciocínio pode ser considerado também um dos integrantes dos mecanismos dos processos cognitivos
superiores da formação de conceitos e da solução de problemas, sendo parte do pensamento.
34
Sequências Lógicas ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
Sequência de Figuras
1 1 2 3 5 8 13
Números Primos: Naturais que possuem apenas dois Sequência de Fibonacci
divisores naturais.
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibo-
2 3 5 7 11 13 17 nacci, propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1,
2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes de formação simples: cada elemento, a partir do terceiro,
são naturais. é obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2
+ 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o século XIII,
1 4 9 16 25 36 49 muitos matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedica-
ram-se ao estudo da sequência que foi proposta, e foram
Sequência de Letras encontradas inúmeras aplicações para ela no desenvolvi-
mento de modelos explicativos de fenômenos naturais.
As sequências de letras podem estar associadas a Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
uma série de números ou não. Em geral, devemos escre- Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma
ver todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadra-
RACIOCÍNIO LÓGICO
com k, y e w) e circular as letras dadas para entender a dos de lado 1, podemos obter um retângulo de lados
lógica proposta. 2 e 1. Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado
de lado 2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adi-
ACFJOU cionarmos agora um quadrado de lado 3, obtemos um
retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os
Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses lados dos quadrados que adicionamos para determinar
números estão em progressão. os retângulos formam a sequência de Fibonacci.
35
Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor
lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
da fachada do Partenon.
As figuras a seguir possuem números que represen-
tam uma sequência lógica. Veja os exemplos:
Resolvendo a equação:
Logo:
36
Exemplo 3
EXERCÍCIOS COMENTADOS
(D) (E)
Resposta: “A”.
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e
A diferença entre os números vai aumentando 2 uni- 2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta
dades. e, além disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta,
24 – 22 = 2 dentro das opções dadas só pode ser a da opção (A).
28 – 24 = 4
34 – 28 = 6 02. Considere que a sequência de figuras foi construída
42 – 34 = 8 segundo um certo critério.
52 – 42 = 10
64 – 52 = 12
78 – 64 = 14
RACIOCÍNIO LÓGICO
37
Se tal critério for mantido, para obter as figuras subse- 04. Na sequência lógica de números representados nos
quentes, o total de pontos da figura de número 15 de- hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de
verá ser: um deles que pode ser:
(A) 69
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61
Resposta “D”.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado 02 pontos no
total. (A) 76
Na figura 2: 02 pontos de cada lado 04 pontos no (B) 10
total. (C) 20
Na figura 3: 03 pontos de cada lado 06 pontos no (D) 78
total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado 08 pontos no Resposta “D”
total. Nessa sequência lógica, observamos que a diferença:
Na figura n: n pontos de cada lado 2.n pontos no entre 24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6,
total. entre 42 e 34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é
12, portanto entre o próximo número e 64 é 14, dessa
Em particular: forma concluímos que o próximo número é 78, pois:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado 30 pontos no 76 – 64 = 14.
total.
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de sime- 05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de
tria, tem-se: fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo 04 pontos indicado abaixo:
no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo 06 pontos
no total.
.............
no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo 10 pontos Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?
no total.
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo 2.(n+1) (A) 20 palitos
pontos no total. (B) 25 palitos
(C) 28 palitos
Em particular: (D) 22 palitos
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo 32 pontos
no total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi Resposta “D”.
considerado, temos para total de pontos da figura 15: Observe a tabela:
Total de pontos = 30 + 32 + 1 = 63 pontos.
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000,
990, 970, 940, 900, 850, ... Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22
38
(A) (B)
(A) (B)
(C) (D)
(C) (D)
(E)
(E)
(A) 36ª figura 10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo
(B) 48ª figura número?
(C) 72ª figura (A) 4
(D) 80ª figura (B) 20
(E) 96ª figura (C) 31
(D) 21
Resposta “B”.
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para Resposta “C”.
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : Esta sequência é regida pela inicial de cada número.
3 . 16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos. Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número
Trinta e um, pois ele inicia com a letra “T”.
08. Analise a sequência a seguir:
RACIOCÍNIO LÓGICO
39
Depois, você veste a bermuda verde e varia as três
NOÇÕES DE PROBABILIDADES: camisetas:
(DEFINIÇÕES, PROPRIEDADES,
PROBLEMAS)
Análise Combinatória
40
PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO
5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras distintas -se o total de casos, sem restrições, depois quantifica a
ele pode fazer um pedido, pegando 1 salada, 1 carne, 1 quantidade de casos que não podem ser contabilizados
bebida e 2 sobremesas diferentes? ” e realiza-se a subtração. Veja como fica:
Resolução: Agora, a montagem do problema ganha
uma atenção especial pois não iremos retirar apenas 1
elemento do grupo sobremesa, e sim 2. Neste caso, a
montagem fica desta maneira:
41
Sem restrições, temos 18 possibilidades. Olhando as mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
cores dos papéis e dos textos, percebe-se que não se são normalmente feitas por último, procurando fazer o
pode escolher o papel preto com o texto preto e o papel maior número de simplificações possíveis. Observe este
vermelho e o texto vermelho, o que totaliza 2 restrições. exemplo:
Logo, o número de casos possíveis será o total subtraído
das restrições: 18-2=16. Calcule
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
=
7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
EXERCÍCIO COMENTADO muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro.
Pela definição de fatorial, temos o seguinte:
1. (UNESP-SP – VESTIBULAR – VUNESP, 2009). Uma 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
rede de supermercados fornece a seus clientes um car- 7!
=
7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
tão de crédito cuja identificação é formada por 3 letras
distintas (dentre 26), seguidas de 4 algarismos distintos. Observe que o denominador pode ser inteiramente
Uma determinada cidade receberá os cartões que têm L cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
como terceira letra, o último algarismo é zero e o penúl- é uma particularidade interessante e facilitará demais a
timo é 1. A quantidade total de cartões distintos ofere- simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
cidos por tal rede de supermercados para essa cidade é: to de 3 termos:
a) 33600 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
b) 37800 = = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1
c) 43200
d) 58500 Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato-
e) 67600
riais desde o começo!
Para casos onde temos mais de um fatorial no de-
Resposta: Letra A. Como são algarismos e letras dis-
nominador, a estratégia é mesma e a dica é simplificar o
tintas, temos que ter atenção na hora de avaliar quan-
fatorial do numerador com o maior fatorial que temos no
tas possibilidades terão em cada grupo. Na parte das,
denominador. Veja o exemplo:
como L já é a terceira, a primeira letra terá 25 possibili-
dades e a segunda 24. Nos algarismos, como temos 1
Calcule 8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
e 0 preenchendo as últimas casas, restam outras duas, 5! 3!
=
5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
que terão 8 e 7 possibilidades respectivamente. Assim:
Vamos abrir os fatoriais de 8 e 5:
𝑁 = 25𝑥24𝑥8𝑥7 = 33600
8! 8⋅7⋅6⋅ 5⋅4⋅3⋅2⋅1
=
5! 3! 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 ⋅ 3!
Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo 2. (ESFCEX – PROFESSOR – ESFCEX, 2006). Para 𝑛 ≥ 2, a
produto deste número e seus antecessores, até se chegar expressão 𝑛 − 2 !. 1 − 𝑛 vale:
1
e) 𝑛 − 2 !
Assim, basta ir multiplicando os números até se che-
gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
muito rápido, veja quanto é 10!: Resposta: Letra A. manipulando o parênteses, chega-
-se a 𝑛 , onde o “n” do denominador é cancelado
𝑛−1
10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800
usando n2. Resta, portanto 𝑛. 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 que rear-
Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar- ranjando fica 𝑛 ⋅ 𝑛 − 2 ! ⋅ 𝑛 − 1 = 𝑛 ⋅ 𝑛 − 1 ⋅ 𝑛 − 2 ! = 𝑛!
42
PERMUTAÇÃO Permutações com repetição de elementos
Permutação sem repetições de elementos A fórmula da permutação com repetição terá uma
complementação, para desconsiderar casos repetidos
As permutações são definidas como situações onde o que serão contados 2 ou mais vezes se utilizarmos a fór-
número de elementos é igual ao número de posições em mula sem repetição.
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde O exemplo mais comum destes casos é o que chama-
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es- letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira-
P as pessoas e C as cadeiras: mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra-
mas podemos formar com o nome BRUNO:
Montando a esquematização:
Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala-
basta eu calcular o fatorial de 5: vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas
P5 = 5! = 120 com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere-
mos 7 posições:
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei-
ras diferentes na fileira de cadeiras.
Observe que a fórmula geral da permutação é utiliza-
da quando não há repetição de elementos, mas e quan-
do temos elementos repetidos? A seção seguinte tratará
disso.
Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
palavra:
EXERCÍCIO COMENTADO
7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _” P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que 3! 3⋅2⋅1
são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas pos-
será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94. síveis.
Logo, ele será o 95° número Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:
43
Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
com repetição, faremos duas divisões:
n!
Pna,b =
a! b!
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo,
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um. A primeira vista, o leitor interpreta que este é um pro-
Como ambos repetem duas vezes: blema de permutação sem repetição, já que o número
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360 de elementos é igual ao número de posições e simples-
P62,2 = = = = = 180
2! 2! 2.1 .2.1 2.1 2 mente calcula o número de possibilidades utilizando a
fórmula P5=120.
Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas. Mas este resultado está INCORRETO. Vamos utilizar
Esse mesmo tipo de problema pode ser feito com nú- como exemplo a configuração mais simples, colocando
meros e segue o mesmo princípio. os elementos em ordem alfabética na direção horária:
EXERCÍCIO COMENTADO
a) 15
b) 30
c) 180
d) 360
e) 720
Resposta: Letra C. Trata-se de um problema de per- Agora, vamos colocar cada elemento na sua cadeira a
mutação com repetição, além de termos restrições em esquerda, desta maneira:
algumas posições. Como as letras C e T estão travadas
na primeira e última posições, sobram as 6 posições
entre as duas. Dessas 6 posições, temos que colocar
as letras O,N,J,U,N,O, onde temos a letra O repetindo
duas vezes e a letra N repetindo duas vezes também.
6!
Calculando a permutação: = 180 .
2! 2!
PERMUTAÇÃO CIRCULAR
44
Cada um destes casos está contabilizado dentre os
120 casos que calculou-se anteriormente. Mas agora
observe bem cada uma destas 5 configurações: O ele-
mento A tem sempre a sua esquerda o elemento B e a
sua direita o elemento E, não importa a configuração que
esteja. Da mesma forma podemos ver os mesmos pa-
drões para os elementos B,C,D e E, ou seja, em casos de
meras rotações nas posições, a disposição dos elementos
é a mesma, tornando-as disposições repetidas. Isso vale
para qualquer uma disposição destes 5 elementos, assim,
como temos 5 repetições, temos que dividir o valor total
de 120 por 5, chegando a resposta correta de 24 possi-
bilidades. Agora, se posicionarmos p elementos nas p posi-
Em outras palavras, na permutação circular, o número ções, sobrará n-p elementos para fora. Na combinação
de configurações distintas é dado por: simples, a disposição dos elementos não importa e por
isso as configurações repetidas devem ser descartadas.
PnC = n − 1 ! Lembrando o problema de permutação com repetição,
teremos portanto dois casos para descartar: Os n-p ele-
Onde “C” indica que a permutação é circular. mentos que não foram posicionados e os p elementos
que estão posicionados, assim:
𝒑,𝒏−𝒑 𝒏!
EXERCÍCIO COMENTADO 𝑷𝒏 = 𝑪𝒏,𝒑 =
𝒑! 𝒏 − 𝒑 !
Logo, a combinação simples nada mais é do que uma
4. (OBM – OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA – OBM, permutação com elementos repetidos. Para facilitar, bas-
2014). ta ter em mente que em casos onde o número de ele-
Um grupo de 6 crianças decide brincar de ciranda e para mentos é maior que o número de posições e a ordem da
isso elas devem das às mãos umas às outras e formar
disposição dos elementos não importa, o problema deve
uma roda. Dentre elas estão Aline, Bianca e Carla. De
quantas maneiras esta roda pode ser formada sabendo ser atacado como uma combinação.
que estas três são muito amigas e decidiram ficar sempre
juntas?
a) 6
EXERCÍCIO COMENTADO
b) 12
c) 18 5. (BANRISUL – ESCRITURÁRIO - FCC, 2019). Ana e Be-
d) 24 atriz são as únicas mulheres que fazem parte de um gru-
e) 36 po de 7 pessoas. O número de comissões de 3 pessoas
que poderão ser formadas com essas 7 pessoas, de ma-
Resposta: Letra E. Atenção a este problema pois ele neira que Ana e Beatriz não estejam juntas em qualquer
não envolve apenas permutação circular. Quando comissão formada, é igual a
se tem a restrição que as amigas devem ficar juntas,
podemos considera-la um grupo só, restando assim a) 20
4 elementos (outras 3 pessoas mais o grupo) para 4 b) 15
posições. Sendo uma permutação circular, calcula-se c) 30
P4C = 4 − 1 ! = 3! = 6 . Porém, o grupo das três amigas
d) 18
pode permutar internamente, já que a restrição diz
e) 25
apenas que elas devem estar juntas e não especifica
uma ordem. Assim, as 3 amigas permutam 3 posições
no grupo, chegando a 𝑃3 = 3! = 6 . Multiplicando os Resposta: Letra C. Problema envolvendo restrição
resultados pelo principio multiplicativo, chega-se a 36. onde a estratégia é a mesma, calculando o total de
possibilidades e subtraindo a quantidade de ca-
sos restritos. O total de comissões de 3 pessoas que
COMBINAÇÃO SIMPLES podem ser formadas a partir de um número de 7 é
7!
C7,3 = = 35 . Os casos que não podem são
A combinação simples, juntamente com o arranjo 3! 7 − 3 !
simples, se difere da permutação por serem casos onde as comissões formadas por Ana, Beatriz e mais uma
o número de elementos é maior que o número de posi- pessoa dentre as 5 possíveis, ou seja, 5 grupos. Logo:
RACIOCÍNIO LÓGICO
45
ARRANJO SIMPLES PROBABILIDADES
O arranjo simples segue a mesma linha de pensa- No estudo de probabilidades em todos os casos es-
mento que a combinação simples, onde a quantidade tudados serão considerados experimentos aleatórios, ou
de elementos a serem dispostos é maior que o número seja, experimentos no qual o resultado não seja conhe-
de posições possíveis. Entretanto, a diferença entre com- cido previamente. Diz-se que o resultado é imprevisível.
binação e arranjo se dá na questão da disposição dos Há alguns exemplos clássicos como o lançamento de um
elementos nas posições. Enquanto na combinação a or- dado (qualquer número pode ser o resultado), retirada
dem da disposição dos elementos não importa, para o da carta de um baralho completo, lançamento de uma
arranjo ela é considerada e isso muda completamente o moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
resultado. Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário
Partindo da mesma dedução que a combinação, em definir alguns conceitos fundamentais que serão utiliza-
um grupo de n elementos, vamos posicioná-lo em p po- dos em todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço
sições: amostral e evento.
Espaço amostral
deve ser par, então a posição das unidades só poderá Probabilidade de um Evento Qualquer
ser ocupada pelo número 2. Nas outras 4 posições,
temos 5 algarismos distintos para posicionar e a or- A probabilidade da ocorrência de um evento qual-
dem é relevante uma vez que trocando um algaris- quer representa a chance de ocorrência desse evento.
mo de posição, o número final é diferente. Assim: Seja um evento E, contido em um espaço amostral S. A
5! probabilidade de ocorrência de E é definida por:
𝐴5,4 = = 120.
5−4 !
46
No baralho há cartas com números e letras, sendo
𝑛 𝐸 elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamen-
𝑃 𝐸 =
𝑛 𝑆 te). Para cada naipe há três cartas que são letras
e como há quatro naipes no baralho, o total de
É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações cartas que são letras é igual a 4 � 3 = 12 . Assim,
simples. Considere o lançamento de um dado não vicia- n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a:
do. Calculam-se as seguintes probabilidades: 𝑛 𝐸 12 3
a) probabilidade do resultado do lançamento ser 𝑃 𝐸 = = =
igual a 5
𝑛 𝑆 52 13
b) probabilidade do resultado do lançamento ser um
número ímpar
PROBABILIDADE DE EVENTOS INDEPENDENTES
Solução:
Para ambos os casos, o espaço amostral é S={1, 2, 3, Eventos são independentes quando a ocorrência de
4, 5, 6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a), para um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem-
o evento (resultado do lançamento ser igual a 5) há so- plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecuti-
mente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1. As- vas, o resultado do primeiro lançamento não interfere em
sim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lança- nada o resultado do segundo lançamento. Assim, dois
mento ser igual a 5 é: lançamentos de um mesmo dado são eventos indepen-
dentes.
𝑛 𝐸 1 Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de
𝑃 𝐸 = = = 0,166 … = 16,67% eventos independentes e a regra para esse cálculo é co-
𝑛 𝑆 6
nhecida por “regra do produto”. Sejam dois eventos inde-
Já no item b), para o evento (resultado do lançamento pendentes A e B. A probabilidade da ocorrência de am-
bos é denotada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado por:
ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1, 3, 5}
e, n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resulta- 𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵
do do lançamento ser igual a 5 é:
𝑛 𝐸 3 FIQUE ATENTO!
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50%
𝑛 𝑆 6 Geralmente utiliza-se essa regra quando no
enunciado há o conectivo “e”, quando se
deseja calcular a probabilidade de que am-
bos os eventos ocorram.
FIQUE ATENTO!
A resposta de uma probabilidade pode ser
dada tanto na forma de uma fração ou de A seguir um exemplo.
uma porcentagem. Considere um dado não viciado. Qual a probabilidade
de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois nú-
meros sejam pares?
Veja um outro exemplo.
Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de Solução
cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara- O enunciado deseja calcular a probabilidade de que
lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin- o primeiro número seja par e o segundo, também (note
tes probabilidades: o destaque no conectivo “e”). Assim, são considerados os
a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6 dois eventos:
Solução: A: resultado do lançamento ser um número par
O espaço amostral corresponde a todas as cartas do B: resultado do lançamento ser um número par
baralho (não serão todas escritas aqui para não Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta
poluir o texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re-
cartas do baralho. Já o evento (carta ser igual ao gra do produto. Vale destacar que não necessariamente
número 6), pode ter quatro possibilidades pois em as probabilidades dos eventos independentes serão as
um baralho completo há 4 cartas de cada número mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão iguais.
ou letra, sendo uma de cada naipe,, n(E)=4. Logo, a Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
probabilidade pedida é igual a: amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5,
RACIOCÍNIO LÓGICO
47
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 =
1 1 1
� = = 0,25 = 25% PROBABILIDADE COM UNIÃO E INTERSECÇÃO
2 2 4 DE EVENTOS
reposição, após o sorteio do primeiro cartão vermelho Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho
restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de
6 5 30 1
igual a 𝑃 = � = = .
10 9 90 3
espadas (n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um
dos eventos será igual a:
𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 13 1
𝑃 𝐴 =𝑛 = 52 = 13 e 𝑃 𝐵 = = 52 = 4
𝑆 𝑛 𝑆
48
Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em co- Em uma equipe, todos são formados em administra-
mum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao ção, porém cada um tem uma especialização diferente.
mesmo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização
aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o terceiro em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2
termo da expressão para o cálculo da probabilidade com possuem ambas as especializações. Calcule a probabili-
união de eventos, não é nulo e deve ser calculado. Nesse dade de um membro da equipe que possui a especializa-
caso, como há somente um rei de espadas em 52 cartas, ção em finanças também possuir em marketing.
a probabilidade da ocorrência simultânea entre os even-
1 Solução:
tos A e B é igual a 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = . Assim, a probabilidade
52 É um problema de probabilidade condicional pois de-
de carta sorteada ser um rei ou uma carta de espadas é seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe
igual a: possuir a especialização em marketing sabendo que ele
possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta-
1 1 1 16 4
𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 +𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵 = + − = = -se o diagrama de Venn do problema:
13 4 52 52 13
EXERCÍCIO COMENTADO
é dado por:
queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores
𝑃 𝐴∩𝐵 existem aqueles que consomem os dois tipos de quei-
𝑃 𝐴⁄𝐵 =
𝑃 𝐵 jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos
um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador
que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que
Um problema que envolve o cálculo de uma proba-
ele também consuma queijo coalho é de
bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do
Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo:
49
a) 3/22
b) 3/13
c) 3/10 HORA DE PRATICAR!
d) 3/25
1. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro- PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba- RIA – FCC – 2015) Em um vagão de trem havia homens
bilidade de um morador consumir queijo de coalho e mulheres. Depois que 9 mulheres desceram do vagão,
sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O o número de homens ficou igual ao de mulheres. Em se-
diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é guida, 8 homens desceram do vagão e, com isso, o nú-
conhecida a quantidade de moradores que consome mero de mulheres ficou igual ao triplo do número de ho-
ambos os queijos): mens. Sendo assim, é correto afirmar que, inicialmente,
havia no vagão
a) 18 homens.
b) 18 mulheres.
c) 15 homens.
d) 21 mulheres.
e) 15 mulheres.
a) 6.
Assim, considerando os 650 moradores que conso- b) 4.
mem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150
c) 7.
também consomem queijo de coalho. A probabilidade
150 3 d) 5.
pedida é, então igual a: 𝑃 = 650 = 13. . e) 9.
a) 37.
b) 40.
c) 43.
d) 38.
e) 35.
RACIOCÍNIO LÓGICO
50
4. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAU- 9. (NOVA CONCURSOS – 2019) Qual a diferença pre-
LO-SP – Agente de Segurança Metroviária – FCC – vista entre as temperaturas no Piauí e no Rio Grande do
2015) Um número natural é tal que a soma entre a quar- Sul, num determinado dia, segundo as informações?
ta parte de seu triplo, a terça parte de seu dobro e sua Tempo no Brasil: Instável a ensolarado no Sul. Mínima
metade é também um número natural menor que 25 e
prevista -3º no Rio Grande do Sul. Máxima prevista 37°
maior que 21. Sendo assim, é correto afirmar que esse
número natural é no Piauí.
a) múltiplo de 5. a) 34
b) múltiplo de 6. b) 36
c) divisor de 22. c) 38
d) divisor de 8. d) 40
e) múltiplo de 48.
e) 42
5. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
2015) Josué queria multiplicar 72 por 34. Josué se enga- 10. (NOVA CONCURSOS – 2019 Qual é o produto de
nou e multiplicou 72 por 23. O resultado do cálculo que três números inteiros consecutivos em que o maior deles
ele fez é menor do que o resultado do cálculo que ele é –10?
queria fazer em um número de unidades igual a
a) 642. a) -1320
b) 792. b) -1440
c) 820. c) +1320
d) 566. d) +1440
e) 1656. e) nda
6. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
2015) O resultado da expressão numérica: 3 + 4 × 7 − 8 11. (NOVA CONCURSOS – 2019 Três números inteiros
× 3 é igual a são consecutivos e o menor deles é +99. Determine o
produto desses três números.
a) 9.
b) 123. a) 999.000
c) 7.
d) 60. b) 999.111
e) 23 c) 999.900
d) 999.999
e) 1.000.000
7. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC
– 2014) Em um voo com 117 viajantes, todos nascidos
12. (NOVA CONCURSOS – 2019) Adicionando –846 a
no Brasil, 35 viajantes eram homens nascidos em algum
estado da região sul do país e 38 viajantes eram mulheres um número inteiro e multiplicando a soma por –3, ob-
não nascidas em estados da região sul do Brasil. Sabe-se tém-se +324. Que número é esse?
ainda que o número de viajantes homens não nascidos
em estados da região sul do Brasil é o triplo do núme- a) 726
ro de viajantes mulheres nascidas em algum estado da b) 738
região sul do Brasil. Sendo assim, o número de viajan-
tes desse voo não nascidos em estados da região sul do c) 744
Brasil era de d) 752
e) 770
a) 73
b) 71 13. (NOVA CONCURSOS – 2019) Numa adição com
c) 68
duas parcelas, se somarmos 8 à primeira parcela, e sub-
d) 44.
e) 76 trairmos 5 da segunda parcela, o que ocorrerá com o to-
tal?
8. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC
– 2014) A sequência numérica 1, 7, 8, 3, 4, 1, 7, 8, 3, 4, a) -2
1, 7, 8, 3, 4, 1, ..., cujos dezesseis primeiros termos estão b) -1
explicitados, segue o mesmo padrão de formação infi-
nitamente. A soma dos primeiros 999 termos dessa se- c) +1
RACIOCÍNIO LÓGICO
quência é igual a d) +2
e) +3
a) 4596
b) 22954
c) 4995
d) 22996
e) 5746
51
14. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC 19. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC –
– 2015) No universo dos números inteiros positivos a di- 2015) Rafael quer criar uma senha de acesso para um ar-
visão de N por 7 resulta no quociente A e resto igual a 1. quivo de dados. Ele decidiu que a senha será um número
A divisão de A por 4 resulta no quociente B e resto igual de três algarismos, divisível por três, e com algarismo da
a 3. A divisão de B por 3 resulta em quociente C e resto centena igual a 5. Nessas condições, o total de senhas
igual a 0. Se N for um número entre os números 130 e diferentes que Rafael pode criar é igual a
200, a soma A + B + C será igual a
a) 33.
a) 23. b) 27.
b) 19. c) 34.
c) 35. d) 28.
e) 41.
d) 42.
e) 29.
20. (TRF - 4° REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC
– 2014) Um corredor possui cem armários vazios, fecha-
15.(NOVA CONCURSOS – 2019) A alternativa cujo va-
dos e numerados de 1 a 100. Passando por esse corredor,
lor não é divisor de 18.414 é:
Luiz abriu apenas as portas dos armários de numeração
a) 27
múltiplo de 2. Em seguida, Álvaro passou pelo corredor
b) 31
e fechou apenas as portas dos armários de numeração
c) 37
múltiplo de 3 que estavam abertos. Por fim, Lígia passou
d) 22 pelo corredor e colocou livros apenas nos armários aber-
tos e de numeração múltiplo de 5. Ao final das operações
16. (NOVA CONCURSOS – 2019) Verifique se os núme- realizadas por Luiz, Álvaro e Lígia, dos cem armários, per-
ros abaixo são divisíveis por 4. maneceram vazios
a) 23418
b) 65000 a) 93%
c) 38036 b) 96%
d) 24004 c) 95%
e) 58617 d) 4%
e) 6%
17.(NOVA CONCURSOS – 2019)
Critério de divisibilidade por 11 21. (NOVA CONCURSOS – 2019) A metade de 440 é
Esse critério é semelhante ao critério de divisibilidade por igual a:
9. Um número é divisível por 11 quando a soma alter-
nada dos seus algarismos é divisível por 11. Por soma a) 220
alternada queremos dizer que somamos e subtraímos al- b) 239
garismos alternadamente (539 ⇒5 - 3 + 9 = 11). c) 240
Disponível em:<http://educacao.globo.com> . Acesso d) 279
em: 07 maio 2014. e) 280
Se A e B são algarismos do sistema decimal de numera- 22. (NOVA CONCURSOS – 2019) O número
ção e o número 109AB é múltiplo de 11, então 102+101+100 é a representação de que número?
a) B = A a) 100
b) A+B=1 b) 101
c) B-A=1 c) 010
d) A-B=10 d) 111
e) A+B=-10 e) 110
18.(NOVA CONCURSOS – 2019)João, nascido entre 23. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – 2015 – FCC) Se
1980 e 1994, irá completar, em 2014, x anos de vida. Sa- mudarmos a posição dos parênteses da expressão (-1) 4
be-se que x é divisível pelo produto dos seus algarismos. .5 + 2.33 para −14 . (5 + 2) .33 o resultado irá
Em 2020, João completará a seguinte idade:
RACIOCÍNIO LÓGICO
52
24. (NOVA CONCURSOS – 2019) João trabalha 5 dias 28. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
e folga 1, enquanto Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METRO-
João e Maria folgam no mesmo dia, então quantos dias, VIÁRIA – FCC – 2015) O registro de segurança de um
no mínimo, passarão para que eles folguem no mesmo equipamento deve ser verificado manualmente a cada
dia novamente? 8 minutos e 40 segundos. Pedro é um funcionário que
assumiu às 15h 30min 00s a tarefa de fazer a verifica-
ção desse registro. Sabendo-se que a última vez que o
a) 8 registro foi verificado antes do turno de Pedro aconteceu
b) 10 às 15h 24min 56s, a primeira verificação que Pedro fará
c) 12 depois das 16h 00min 00s deverá acontecer às
d) 15
e) 24 a) 16h 07min 36s.
b) 16h 04min 16s.
25. (NOVA CONCURSOS – 2019) Para iniciar uma visita c) 16h 08min 16s.
monitorada a um museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos d) 16h 06min 36s.
do 9º ano de certa escola foram divididos em grupos, e) 16h 07min 56s.
todos com o mesmo número de alunos, sendo esse nú-
29. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
mero o maior possível, de modo que cada grupo tivesse PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
somente alunos de um único ano e que não restasse ne- RIA – FCC – 2015) Entre dois números racionais quais-
nhum aluno fora de um grupo. Nessas condições, é cor- quer e diferentes sempre é possível determinar um ter-
reto afirmar que o número total de grupos formados foi ceiro número racional, diferente dos outros dois, que seja
menor que o maior deles e maior que o menor deles. São
a) 8 dados dois números racionais diferentes: 29 e 31 . Um
b) 12 terceiro número racional, diferente desses dois,
6 8que se
b) 30 min
c) 1 hora 30. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO
PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁ-
d) 1,5 horas
RIA – FCC – 2015) Um trem viaja a uma velocidade mé-
e) 2 horas dia de 80 km/h, realizando sua viagem de ida em 2 horas
e 15 minutos. Para fazer a viagem de volta, esse mesmo
27. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC trem percorre um ramal que torna a viagem 1 mais dis-
– 2015) Uma empresa é composta por quatro setores tante do que a de ida. A velocidade média que3
o trem
distintos, que têm, respectivamente, 300, 180, 120 e 112 deve voltar para realizar sua viagem em 2 horas e 30 mi-
funcionários. Todos esses funcionários participarão de nutos é de
um treinamento e receberam as seguintes orientações
para a preparação: a) 118,5 km/h.
− Devem ser formados grupos com a mesma quantidade b) 124 km/h.
c) 85 km/h.
de funcionários em cada um.
d) 112,5 km/h.
− Cada grupo deve incluir apenas funcionários de um e) 96 km/h.
mesmo setor.
− Os grupos, respeitando as condições anteriores, devem 31. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC –
ser os maiores possíveis. 2015) Clarice foi ao mercado e comprou 3 kg de açúcar,
Desse modo, a quantidade total de grupos formados a R$ 4,50 o quilograma; 2,5 kg de café, a R$ 12,00 o qui-
para o treinamento será lograma e comprou também 0,250 kg de sal que estava
sendo vendido a R$ 2,40 o quilograma. O total gasto por
RACIOCÍNIO LÓGICO
53
32. (DPE-RR – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FCC – 2015) O prêmio, em dinheiro, de um concurso é sempre um
mesmo valor fixo e é dividido igualmente entre os ganhadores. Em uma ocasião foram 8 os ganhadores e cada um
deles recebeu R$ 600,00. Se forem 12 os ganhadores em uma outra ocasião, cada um deles receberá
a) R$ 400,00.
b) R$ 150,00.
c) R$ 350,00.
d) R$ 750,00.
e) R$ 900,00.
33. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – 2015 – FCC) João possui 3 de participação no capital de uma empresa, e sua
1 8
esposa Maria possui . Em determinado momento, Maria vendeu para sua irmã da sua participação no capital da
1
4 6
empresa e, em seguida, recebeu de João da participação dele no capital da empresa. Ao final dessas negociações, a
2
34. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC – 2015) Os números x, y, z, v e w são números inteiros posi-
tivos. Deles, sabe-se que:
− x é igual a 1/3 de y;
− y é igual a 2/3 de z;
− z é igual a 3/2 de v;
− v é igual a 1/2 de w.
Supondo ser o número w, um número maior do que 500 e menor do que 510, o valor da expressão y + v − z será igual a
a) 168.
b) 84.
c) 378.
d) 252.
e) 126.
35. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2015) O número racional F é menor que - e maior que
−1. O número racional G é menor que - e maior que o número racional F. Um par que cumpre as condições estabele-
cidas é
3 7
a) F= - e G = - .
2 8
7 3
b) F= - 8 e G = - 5 .
1 2
c) F= - e G = - .
4 3
11 3
d) F= - 15 e G = - 7 .
3 4
e) F= - 5 e G = - 5 .
36. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) O estacionamento de um hospital cobra o valor fixo de
R$ 5,00 por até duas horas de permanência do veículo, e 2 centavos por minuto que passar das duas primeiras horas
de permanência. Um veículo que permanece das 9h28 de um dia até as 15h08 do dia seguinte terá que pagar ao es-
tacionamento
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) R$ 39,20.
b) R$ 36,80.
c) R$ 41,80.
d) R$ 39,80.
e) R$ 38,20.
54
37. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) A companhia de abastecimento de água de certa região
divulga, em seu website, a seguinte tabela tarifária, vigente a partir de julho de 2015, na qual informa as tarifas mensais
relativas ao consumo de água e ao tratamento de esgoto. A cobrança é sempre feita com base no consumo mensal de
água e, se o imóvel for servido também por tratamento de esgoto, a companhia cobra por este último considerando
que a água consumida retorna na forma de esgoto.
Com o auxílio dessa tabela, considerando o consumo de água mensal e também a despesa relativa ao tratamento de
esgoto, é possível conferir o valor da conta de água. Considere, por exemplo, uma residência da Capital, que é servida
por água e esgoto e que, no mês de outubro de 2015, consumiu 24 m3 de água. Assim, o valor da conta de água dessa
residência, referente a esse mês, deve ser de
a) R$ 80,42.
b) R$ 94,66.
c) R$ 156,20.
d) R$ 175,08.
e) R$ 210,74.
38. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2014) Um frasco contendo 30 pastilhas idênticas “pesa” 54
gramas. O mesmo frasco contendo apenas 12 dessas pastilhas “pesa” 32,4 gramas. Nas condições dadas, a razão entre
o “peso” de uma pastilha e o do frasco vazio, nessa ordem, é igual a
a) 1/12
b) 1/15
c) 1/4
d) 3/16
e) 2/15
39. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2014) Da duração total de um julgamento, 3/7 do tempo foi
utilizado pelos advogados de defesa e acusação, 7/8 do tempo remanescente com os depoimentos de testemunhas.
O tempo do julgamento foi ocupado, apenas, pelos advogados de defesa e acusação, pelos depoimentos de testemu-
nhas, e pela fala do juiz, sendo que esta última foi de 7 minutos. De acordo com as informações fornecidas, a duração
total do julgamento foi de 1 hora e
a) 26 minutos
b) 02 minutos
c) 24 minutos
d) 38 minutos
e) 42 minutos
40. (TRT 11ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Em 2015 as vendas de uma empresa foram 60% su-
periores as de 2014. Em 2016 as vendas foram 40% inferiores as de 2015. A expectativa para 2017 é de que as vendas
sejam 10% inferiores as de 2014. Se for confirmada essa expectativa, de 2016 para 2017 as vendas da empresa vão.
a) diminuir em 6,25%
RACIOCÍNIO LÓGICO
b) aumentar em 4%
c) diminuir em 4%
d) diminuir em 4,75%
e) diminuir em 5,5%
55
41. (COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO-SP – AGENTE DE SEGURANÇA METROVIÁRIA –
FCC – 2015) Tenho 1 real e ganho 1 real, passo a ter 2 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em 100 %.
Agora tenho 2 reais e ganho 1 real, passo a ter 3 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em 50%.
Agora tenho 3 reais e ganho 1 real, passo a ter 4 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em X%.
Agora tenho 4 reais e ganho 1 real, passo a ter 5 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em Y%.
Agora tenho 5 reais e ganho 1 real, passo a ter 6 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em Z%.
Agora tenho 6 reais e ganho 1 real, passo a ter 7 reais e, com esse ganho, o meu dinheiro aumentou em W%.
a) 250.
b) 150.
c) 125.
d) 95.
e) 133,333...
42. (DPE-RR – ADMINISTRADOR – FCC – 2015) Analisando a carteira de vacinação de 112 crianças, um posto de
saúde verificou que 74 receberam a vacina A, 48 receberam a vacina B, e 25 não foram vacinadas. Do total das 112
crianças, receberam as duas vacinas (A e B) apenas
a) 32,75%.
b) 28,75%.
c) 31,25%.
d) 34,25%.
e) 29,75%.
43. (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC – 2015) O prêmio de um concurso é dividido igualmente
entre os ganhadores. Há duas semanas foram 40 os ganhadores, cabendo a cada um a quantia de R$ 1.250,00. No con-
curso seguinte, há uma semana, o prêmio total havia aumentado em 44%. No entanto, nesse concurso, a quantidade
de ganhadores aumentou em 60%. A diferença, em reais, entre o que um dos ganhadores do concurso que ocorreu há
duas semanas recebeu e o que recebeu um dos ganhadores do concurso seguinte é igual a
a) R$ 75,00.
b) R$ 100,00.
c) R$ 175,00.
d) R$ 150,00.
e) R$ 125,00.
44. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2015) O preço de venda de uma ação na bolsa de va-
lores é x. Esse preço cai y% em uma semana. Na semana seguinte o preço dessa mesma ação sobe 20% e atinge um
valor 2% a mais do que o preço x. Desse modo o valor de y é igual a
a) 18.
b) 0,5.
c) 15.
d) 8.
e) 11.
45. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Quando congelado, um certo líquido aumenta seu vo-
lume em 5%. Esse líquido será colocado em um recipiente de 840 mL que não sofre qualquer tipo de alteração na sua
capacidade quando congelado. A quantidade máxima de líquido, em mililitros, que poderá ser colocada no recipiente
para que, quando submetido ao congelamento, não haja transbordamento, é igual a
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) 818.
b) 798.
c) 820.
d) 800.
e) 758.
56
46. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2015) Os 1200 funcionários de uma empresa participaram de
uma pesquisa em que tinham que escolher apenas um dentre quatro possíveis benefícios dados pela empresa. Todos
os funcionários responderam corretamente à pesquisa, cujos resultados estão registrados no gráfico de setores abaixo.
Dos funcionários que participaram da pesquisa, escolheram plano de saúde como benefício.
a) 375.
b) 350.
c) 360.
d) 380.
e) 385.
47. (TRT 9ª REGIÃO – Técnico Judiciário – 2015 – FCC) Em 2014, foi realizada uma extensa pesquisa para avaliar o nível
de letramento científico dos brasileiros que tinham até o ensino superior completo. Foram entrevistadas pessoas de todas
as regiões do país e suas respostas foram padronizadas em quatro diferentes níveis de letramento, sendo o nível 4 o mais
alto. A tabela abaixo correlaciona os níveis de letramento científico e a escolaridade completa final do entrevistado:
A partir dos dados da tabela, é correto afirmar que, dentre os entrevistados que atingiram o nível 4 de letramento cien-
tífico, aqueles com ensino superior completo (ES completo) representam um percentual de aproximadamente
a) 20%.
b) 41%.
c) 35%.
d) 57%.
e) 81%.
48. (TRT 4ª REGIÃO – Técnico Judiciário – 2015 – FCC) Um equipamento tem depreciação de 10% a cada ano de
uso sobre seu valor no início de um novo ano de uso. Se, após 3 anos completos de uso, tinha o valor de R$ 36.450,00,
então, o seu valor quando novo, era, em R$, de
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) R$ 45.000,00
b) R$ 48.000,00
c) R$ 52.000,00
d) R$ 50.000,00
e) R$ 40.000,00
57
49. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA Sabe-se que Maria tem o dobro da idade de Lúcia que,
– 2015 – FCC) Uma empresa distribuirá um bônus de por sua vez, tem a metade da idade de Cláudia que, por
R$ 165.000,00 entre seus quatro melhores funcionários sua vez, recebeu R$ 12.000,00 da herança.
do setor de vendas. Essa distribuição será feita de forma Nas condições descritas, a pessoa que recebeu a menor
diretamente proporcional ao número de contratos de porcentagem da herança, e essa porcentagem recebida
venda finalizados por esses funcionários. O funcionário A por ela, são, respectivamente,
finalizou 3 contratos, o funcionário B finalizou 5 contra-
tos, o funcionário C finalizou 8 contratos e o funcionário a) Cláudia e 15%
D finalizou x contratos. O menor valor de x, inteiro, para b) Maria e 15%
que o funcionário D receba pelo menos R$ 50.000,00 é c) Lúcia e 20%
igual a d) Lúcia e 18%
e) Cláudia e 20%.
a) 8.
b) 5. 53. (NOVA CONCURSOS – 2019) Completamente
c) 9.
abertas, 2 torneiras enchem um tanque em 75 min. Em
d) 6.
quantos minutos 5 torneiras completamente abertas en-
e) 7.
cheriam esse mesmo tanque?
50. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA –
2015 – FCC) Hoje, a soma das idades de pai e filho é a) 15 min
igual a 36. A razão entre as idades de ambos, daqui a 7 b) 20 min
anos, será igual a 7 . Dessa maneira pode-se calcular que c) 30 min
a razão entre a idade
3
do filho há 3 anos e a idade do pai d 45 min
daqui a 7 anos é e) 60 min
1
a) 54. (NOVA CONCURSOS – 2019) Um trem percorre
3
certa distância em 6 h 30 min, à velocidade média de
3
b) 42 km/h. Que velocidade deverá ser desenvolvida para o
7 trem fazer o mesmo percurso em 5 h 15 min?
1
c) 4
a) 40 km
1 b) 45 km
d) c) 50 km
7
d) 52 km
3
e) e) 55 km
4
51. (TRT 9ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2015 55. (NOVA CONCURSOS – 2019) Ao participar de um
– FCC) Para proceder à fusão de suas empresas, os pro- treino de fórmula Indy, um competidor, imprimindo a
prietários A, B e C decidem que as partes de cada um, velocidade média de 180 km/h, faz o percurso em 20
na nova sociedade, devem ser proporcionais ao fatura- segundos. Se a sua velocidade fosse de 200 km/h, que
mentos de suas empresas no ano de 2014, que foram, tempo teria gasto no percurso?
respectivamente, de R$ 120.000,00; R$ 135.000,00 e R$
195.000,00. Então, se a empresa resultante da fusão lu-
a) 18 s
crar R$ 240.000,00 em 2016, a parte desse lucro devida
b) 20 s
ao sócio A foi de
c) 25 s
a) R$.110.000,00. d 30 s
b) R$ 72.000,00. e) 32 s
c) R$ 64.000,00.
d) R$ 60.000,00. 56. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com 3 pacotes de
e) R$ 80.000,00. pães de fôrma, Helena faz 63 sanduíches. Quantos pa-
cotes de pães de fôrma ela vai usar para fazer 105 san-
52. (TRT 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2015 duíches?
– FCC) Em um processo de partilha de herança monetá-
RACIOCÍNIO LÓGICO
58
57. (DPE-RR – Administrador – 2015 – FCC) Certa 62. (DPE-SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA –
quantidade de ração é suficiente para alimentar 15 ca- FCC – 2015) Para realizar a produção de 2000 unidades
chorros de um canil durante 8 dias. Considerando que de um produto, inicialmente a fábrica trabalhou com 18
o canil recebeu mais 5 cachorros, e que cada um consu- funcionários de mesma produtividade por 42 dias, o que
ma a mesma média diária de ração consumida pelos 15 foi suficiente para a produção de 600 unidades. Em se-
demais cachorros, então, o total de ração que havia no guida, a fábrica trabalhou com 12 funcionários, de mes-
canil seria suficiente para alimentar os 20 cachorros por, ma produtividade dos anteriores, por certo número de
no máximo, dias até produzir 400 unidades. Encerrada essa etapa, a
fábrica passou a trabalhar com 21 funcionários, de mes-
a) 4 dias e meio. ma produtividade dos anteriores, até finalizar totalmen-
b) 5 dias. te a tarefa. Conforme os dados, o número total de dias
c) 6 dias e meio. gastos para a produção das 2000 unidades do produto
d) 5 dias e meio. foi igual a
e) 6 dias.
a) 128.
58. (NOVA CONCURSOS – 2019) Uma empreiteira b) 126.
c) 144.
contratou 210 pessoas para pavimentar uma estrada de
d) 168.
300 km em 1 ano. Após 4 meses de serviço, apenas 75
e) 186.
km estavam pavimentados. Quantos empregados ainda
devem ser contratados para que a obra seja concluída no
63. (TRT 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2015
tempo previsto?
– FCC) Em um dia de trabalho, 35 funcionários de um es-
critório consomem 42 copos de café. Admitindo-se uma
a) 315
redução para a metade do consumo de café diário por
b) 2 2520 pessoa, em um dia de trabalho 210 funcionários consu-
c) 840 miriam um total de copos de café igual a
d) 105
e) 1 260 a) 145.
b) 350.
59. (NOVA CONCURSOS – 2019) Funcionando 6 dias, c) 252.
5 máquinas produziram 400 peças de uma mercadoria. d) 175.
Quantas peças dessa mesma mercadoria são produzi- e) 126.
das por 7 máquinas iguais às primeiras, se funcionarem
9 dias? 64. (AFC-STN – TODOS OS CARGOS - ESAF, 2009). En-
tre os membros de uma família existe o seguinte arranjo:
a) 300 peças Se Márcio vai ao shopping, Marta fica em casa. Se Marta
b) 840 dias fica em casa, Martinho vai ao shopping. Se Martinho vai
c) 520 peças ao shopping, Mario fica em casa. Dessa maneira, se Má-
d) 1080 peças rio foi ao shopping, pode-se afirmar que
e) 760 peças
60. (NOVA CONCURSOS – 2019) Um motociclista ro- a) Marta ficou em casa
dando 4 horas por dia, percorre em média 200 km em 2 b) Martinho foi ao shopping
dias. Em quantos dias esse motociclista vai percorrer 500 c) Márcio não foi ao shopping e Marta não ficou em casa
km, se rodar 5 horas por dia? d) Márcio e Martinho foram ao shopping
e) Márcio não foi ao shopping e Martinho foi ao shop-
a) 3 dias ping
b) 4 dias
c) 5 dias 65. (CAERN – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABA-
d) 6 dias LHO - IBADE, 2018).
e) 7 dias Neto gosta de samba, então Hermis gosta de forró. Mas
Neto gosta de samba se e somente se Lame gostar de
61. (NOVA CONCURSOS – 2019) Na alimentação de 02 funk. Lame não gosta de funk. Analisando as premissas,
bois, durante 08 dias, são consumidos 2420 kgs de ração. pode-se afirmar que:
Se mais 02 bois são comprados, quantos quilos de ração
serão necessários para alimentá-los durante 12 dias. a) Lame gosta de funk
RACIOCÍNIO LÓGICO
59
42 C
GABARITO 43 E
44 C
1 D 45 D
2 B 46 C
3 D 47 B
4 B 48 D
5 B 49 E
6 C 50 D
7 B 51 C
8 A 52 A
9 D 53 C
10 A 54 D
11 C 55 A
12 B 56 B
13 E 57 E
14 C 58 D
15 C 59 B
16 B 60 B
17 C 61 E
18 B 62 C
19 A 63 E
20 A 64 C
21 D 65 C
22 D
23 B
24 C
25 D
26 C
27 A
28 C
29 C
30 E
31 E
32 A
33 A
34 E
35 B
36 E
RACIOCÍNIO LÓGICO
37 D
38 B
39 D
40 A
41 D
60
ÍNDICE
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e de Jovens e Adultos de Vitória: currículo como campo de produção
de conhecimentos; sujeitos da aprendizagem; aula como evento dialógico; direitos de aprendizagem, metodologias e
práticas avaliativas............................................................................................................................................................................................................. 01
1
nhecimento escolar que propomos pode influir na sele- que estão na escola fazem do currículo oficial, prescrito?
ção e na organização das experiências de aprendizagem É necessário também explorar as experiências vivencia-
a serem vividas por estudantes e docentes” (CANDAU; das nos múltiplos contextos presentes dentro e fora da
MOREIRA, 2007, p. 23), ou seja, o conhecimento pode escola, num diálogo que potencialize as diferenças, os
ganhar o caráter de algo pronto e acabado – um produto diferentes saberes conforme foi afirmado no grupo de
transmitido pelo docente e assimilado pelos estudantes trabalho durante o Seminário. Essas considerações leva-
e reproduzido em uma avaliação escrita. Assim feito, per- ram à discussão da necessidade de também conceber o
de-se a dimensão da produção do conhecimento, com- currículo a partir do conceito de experiência. Segundo
prometendo a sua relação com a vida. É apenas mais um Larrosa (2002, p. 27)
conceito a ser decorado. A experiência é o que nos passa, o que nos acontece,
Logo, trabalhar o conhecimento de forma contex- o que nos toca [...] a possibilidade de que algo nos acon-
tualizada pode proporcionar a percepção da produção teça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um
do conhecimento como algo processual. Não é um pro- gesto que é quase impossível nos tempos que correm:
duto fixo, determinado, mas é uma obra, que está em requer parar para pensar, parar para olhar, parar para es-
constante transformação. Compreender o conhecimento cutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar
como produção humana e processual pode possibilitar
mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, de-
o reconhecimento e a abertura para os múltiplos e plu-
morar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender
rais saberes que são produzidos no cotidiano da escola,
o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo
na comunidade onde a escola está inserida, na relação
da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos
entre os sujeitos nestes espaços. Isto pode significar o
reconhecimento de saberes até então negligenciados e e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a
invisibilizados pela escola. lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro,
Esse é um dos aspectos do campo do currículo des- calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
tacado de forma clara no Documento de implementação De acordo com o autor, a experiência é diferente da
da Eja (DIEJA, PMV, 2007, p. 19-20) que aponta que na informação. Podemos afirmar que depois de uma via-
organização curricular gem, ou de uma palestra, ou de uma visita a um museu,
[...] os conteúdos não se dão a priori. Essa é uma cons- passamos a saber coisas que antes não sabíamos ou a ter
trução contínua, processual e coletiva que envolve todos informação sobre determinado assunto, mas nada nos
os educadores que participam do Projeto. A respeito tocou, nada nos atravessou, nada produziu em nós um
da organização curricular, considera-se que a EJA abre sentido diferenciado. Alguns concebem as informações
possibilidades de superação de modelos tradicionais, que passamos a ter como conhecimento, supondo que
disciplinares e rígidos. A desconstrução e construção de este “[...] se desse sob a forma de informação, e como se
modelos curriculares e metodológicos, observando as aprender não fosse outra coisa que não adquirir e pro-
necessidades de contextualização frente à realidade do cessar informação” (p. 22). Mas, segundo o autor, a in-
educando, promovem a ressignificação de seu cotidiano. formação é a anti-experiência. “É incapaz de experiência
Essa concepção permite a abordagem de conteúdos e aquele a quem nada lhe passa, a quem nada lhe aconte-
práticas inter e transdisciplinares, a utilização de meto- ce, a quem nada lhe sucede, a quem nada o toca, nada
dologias dinâmicas, promovendo a valorização dos sa- lhe chega, nada o afeta, a quem nada o ameaça, a quem
beres adquiridos em espaços de educação não-formal, nada ocorre” (p. 25).
além do respeito à diversidade. Podemos dizer, desse modo, que Larossa (2002) traz a
Essa reflexão nos remete ao que foi proposto pelos ideia de experiência como aquilo que por nós é apropria-
participantes do I Seminário e dos grupos dos Ciclos de do, incorporado, vivenciado. A experiência é o que pro-
Diálogos Curriculares que é a necessidade do diálogo duz sentido de mudança em nossas vidas. Um exemplo
com outras perspectivas teóricas contemporâneas do pode ser a professora que ensina aos estudantes o que é
campo do currículo. Nesse sentido, precisamos fazer um
evaporação e como se dá esse processo considerando o
esforço de construir uma abordagem que, aliada à pers-
ciclo da água na natureza, utilizando livro didático, figu-
pectiva histórico-cultural, considere o currículo também
ras e textos, ou reproduzindo no quadro o desenho mui-
como algo constituído a partir da complexidade das re-
to conhecido: o lago, o sol, as nuvens e, entre as figuras,
des constitutivas do cotidiano escolar, dos saberes faze-
res tecidos no chão da escola. setas indicando que a água do lago no estado líquido
A escola precisa ter como ponto de partida, para seu sofre aquecimento através do sol, evapora, entra no es-
tado gasoso, forma as nuvens, retoma o estado líquido
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
2
Por outro lado, se tivéssemos trabalhado o mesmo Na proposição do grupo que discutiu as concep-
conteúdo colocando um lenço molhado em um varal ções de currículo no I Seminário e nos Ciclos de Diá-
feito entre as janelas da sala, levando os estudantes a logos Curriculares, bem como nos outros momentos
observarem durante o período da aula, o que estava que esta questão foi discutida, observa-se também que
acontecendo e, se, além disto, tivéssemos ido à cozinha, além de trabalhar o conhecimento a partir do concei-
pedido que os estudantes colocassem a mão sobre a pa- to de experiência, há o desejo de que o conhecimento
nela em que o alimento do dia estava sendo preparado seja trabalhado numa perspectiva progressiva e lon-
no fogão, e observassem a própria mão com gotículas de gitudinal que permita pensar nos diferentes espaços e
água e, ao final das duas vivências discutíssemos o que tempos de aprendizagem, nos sujeitos, nos conteúdos,
aconteceu não estaríamos produzindo o conhecimento nas metodologias de ensino e avaliação, integrando as
de outra forma? Não estaríamos talvez fazendo com que etapas e modalidades do Ensino Fundamental. Nessa li-
os estudantes tivessem a experiência em relação ao con- nha de pensamento, o Documento Orientador do Ciclo
ceito de evaporação e ciclos da água na natureza? Não de Aprendizagem (DOCA, PMV, 2012, p 28) sintetiza de
estaríamos produzindo sentidos e significados em rela- forma clara a concepção de currículo que deve orientar o
ção a este conteúdo de Ciências? trabalho das escolas:
É o que Saviani (1991) chama de apropriação e Can-
dau e Moreira (2007) de contextualização ao invés de Currículo é como organizamos os diferentes tempos/
assimilação/reprodução. Trata-se de produzir na escola espaços de ensino aprendizagem; como ensinamos e so-
processos e práticas de mediação em que o estudante cializamos os diferentes conhecimentos acumulados ao
observe a relação do conteúdo estudado com fatos de longo da história do homem; como objetivamos a inter-
sua vida cotidiana, ou seja, que um determinado sujeito locução entre as diversas áreas do conhecimento, enfim,
chegou à formulação de um conceito a partir da obser- como concebemos a criança/infância no contexto das
vação de fatos reais. Conhecimento não é uma abstração, interações pedagógicas. O currículo é marcado por con-
mas como já foi afirmado, é uma produção humana. Co- textos culturais, sociais, históricos e políticos, sendo que
nhecimento é experiência. cada criança tem seu modo de aprender, que deve ser
De acordo com Larossa (2002), o saber de experiência respeitada pela escola. Nessa perspectiva, o currículo não
se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana.
se esgota num objeto estático: currículo é práxis, relação,
A experiência é uma espécie de mediação entre ambos. O
experiência, sistematização de conhecimentos, dentre
saber da experiência é o que se adquire no modo como
outros. Currículo é vida, é tudo o que se pensa sobre a
alguém vai respondendo ao que vai lhe acontecendo ao
escola e tudo que se concretiza em prática pedagógica.
longo da vida e no modo como vamos dando sentido ao
que nos acontece. No saber da experiência não se trata
E na proposta de implementação da Eja o currículo
da verdade do que são as coisas, mas do sentido que
esta passa a ter na minha existência. A experiência não é
o que acontece, mas o que nos acontece. Duas pessoas, Enquanto um processo de seleção e de produção de
ainda que enfrentem o mesmo acontecimento, não fa- saberes, de visões de mundo de habilidades, de valores,
zem a mesma experiência. de símbolos e significados, enfim, de culturas, deve con-
Vislumbramos, assim, a possibilidade da relação en- siderar: a) a perspectiva integrada ou de totalidade a fim
tre a pedagogia histórico-crítica, a psicologia histórico- de superar a segmentação e desarticulação dos conteú-
-cultural e as teorias s pós-críticas. Essa relação também dos; b) incorporação de saberes sociais e de fenômenos
pode ser observada tanto nas Diretrizes curriculares educativos extraescolares; ‘os conhecimentos e habilida-
(2004) quanto na Proposta de implementação da mo- des adquiridos pelo educando por meios informais serão
dalidade Eja (2007). Trata-se de buscar consolidar a sala aferidos e reconhecidos mediante exames’ (BRASIL, 1996,
de aula bem como outros espaços e tempos da escola, ART. 38, § 2º); c) a experiência do aluno na construção
ou mesmo da comunidade, como lugar de produção de do conhecimento; trabalhar os conteúdos estabelecendo
conhecimento. Desse modo, consideramos a importân- conexões com a realidade do educando, tornando-o mais
cia da escola como espaço de criação, pesquisa, inven- participativo; d) o resgate da formação, participação, au-
tividade, e, principalmente, lugar de inter-relação, onde tonomia, criatividade e práticas pedagógicas emergentes
estudantes e docentes mediatizados pela linguagem e dos docentes; e) a implicação subjetiva dos sujeitos da
pelas experiências de vida que trazem consigo, produ- aprendizagem; f) a interdisciplinaridade, a transdiscipli-
zam conhecimento, traduzindo-se numa perspectiva da naridade e a interculturalidade; g) a construção dinâmica
aula como evento dialógico, cujo aprofundamento é fei- e com participação (PIEJA, PMV, 2007, p. 20–21).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
to posteriormente.
Assim, de forma generalizada, podemos apontar que Tendo em vista dimensionar o currículo visando o
as teorias pós-críticas conceituam currículo como tudo atendimento às especificidades dos estudantes da Eja, o
que é produzido nas relações entre os sujeitos nas esco- Documento Orientador da Educação de Jovens e Adultos
las. E o currículo só tem significação quando tem sentido no município de Vitória (DOEJA, PMV, 2008, s/p) aponta
para o sujeito que o pratica, daí a relação entre conhe- que
cimento e vida. Silva (2001) nos afirma que, depois das
teorias críticas e pós-críticas, é impossível pensar o currí- A Educação de Jovens e Adultos, em sua dimensão
culo como algo estático, neutro, objetivo, a partir de con- de direito à formação continuada ao longo da vida e de
ceitos exclusivamente técnicos ou racionais, ou apenas concretização do direito à educação sem restrição etária,
como grade curricular ou listas de conteúdo. aponta para discussões curriculares que devem ser fun-
3
damentadas não somente pelas questões gerais que as O conceito de criança contido no documento nos faz
orientam, mas, sobretudo, nas especificidades que carac- pensar nos estudantes como sujeitos históricos, cultu-
terizam a formação da juventude e da adultez, e do papel rais, trazendo implicações diretas à prática pedagógica,
da escolarização nessa formação. É importante lembrar uma vez que essa concepção está interligada ao conceito
que o conteúdo ganha uma dimensão mais ampliada, ou de desenvolvimento psíquico, que por sua vez contém
seja, são considerados conteúdo das diversas disciplinas princípios que precisam ser considerados nesta prática,
(Português, Matemática, História...) articulados às dimen- que são: as atividades realizadas pelos estudantes, suas
sões (cultura, trabalho, gênero, etnia...). O currículo esco- relações com o entorno e a mediação do docente. Assim,
lar vai além dos programas de conteúdos e vem sendo as atividades que os estudantes realizam, as suas condi-
entendido como um conjunto de ações da escola, en- ções de vida e de educação e a ação do mediador são os
volvendo todos os seus segmentos, sob a coordenação elementos ativos e essenciais da sua formação psíquica
de sua equipe pedagógica, num processo constante de (SOUZA, 2007, p. 54). A experiência, o conhecimento, a
construção e reconstrução. cultura humana criada e acumulada ao longo da história
da sociedade são fatores de humanização.
Dessa forma, podemos observar que os diferentes
documentos produzidos no município, bem como a re- Apenas na relação social com parceiros mais expe-
flexão realizada pelos profissionais nos diferentes mo- rientes, as novas gerações internalizam e se apropriam
mentos de construção deste texto indicam a necessidade das funções psíquicas tipicamente humanas – da fala,
de conceber e praticar o currículo para além da ideia de do pensamento, do controle sobre a própria vontade,
uma listagem de conteúdo, mas como algo que seja ex- da imaginação, da função simbólica da consciência – e
periência do pelos estudantes e docentes nos diferentes formam e desenvolvem sua inteligência e sua personali-
momentos e espaços de relação na escola. dade. Esse processo – O denominado processo de huma-
nização – é, portanto, um processo de educação (LEON-
SUJEITOS DA APRENDIZAGEM, DESENVOLVIMEN- TIEV 1978, apud MELLO, 2007, p. 88). Isso quer dizer que
TO HUMANO E PRÁTICAS DE MEDIAÇÃO a constituição do ser humano não é algo dado, inato ou
imutável. Ele vai se constituindo como sujeito em con-
Os conceitos de infância e adolescência, juventude
tato com as pessoas, com a cultura, com a linguagem,
e adultez são fundamentais na produção escrita do do-
com o conhecimento, e, neste processo, transforma-se e
cumento das diretrizes curriculares, tendo em vista que
é transformado. É a escola o lugar privilegiado para estas
existe relação destes com os conceitos de desenvolvi-
trocas. Os estudantes vão se constituindo como huma-
mento humano e práticas de mediação na escola. No que
nos na relação que estabelecem com os outros, com o
tange a esse aspecto, observamos ainda a dicotomização
mundo, com os objetos que o circundam. Não é uma re-
do brincar e do aprender, da infância e da adolescên-
lação passiva, os sujeitos se interinfluenciam, produzem
cia. Nesse sentido, é necessário discutir as relações entre
formas de estar no mundo, de se relacionar com o mun-
Educação Infantil e Ensino Fundamental, entre anos ini-
ciais e anos finais, visando a organização da escola e dos do, ou seja, produzem cultura, modificam sua realidade,
ambientes de aprendizagem para a efetiva vivência da produzem formas de intervenção em seu espaço físico
infância e da adolescência. e social. A teoria histórico-cultural reforça essa ideia ao
As reflexões delineadas sobre esta temática coadu- enfatizar que:
nam com a ideia de sujeito presente no documento das
Diretrizes curriculares de 2004. Um sujeito que produz [...] o desenvolvimento da inteligência, da personali-
as suas condições de existência nas suas relações com dade, das emoções, da consciência e do relacionamento
os outros homens e mulheres e que, ao transformar a da criança com outras pessoas, ou, ainda, o desenvolvi-
natureza, se apropria dela, transformando-se também. mento de capacidades especificamente humanas, ocorre
Sabemos que o indivíduo intervém e recebe influências no processo da vida social da criança, por meio da ati-
de tudo que o circunda, mas nesse processo ele se auto- vidade infantil, tendo em vista as condições de vida em
constrói por meio de suas atividades sociais e culturais. situações de educação e comunicação. Em outras pala-
O sujeito é, a um só tempo, compreendido como um ser vras, o desenvolvimento cultural constitui-se na ativida-
biológico, cultural e social que participa de um processo de humana mediada pelas relações e pelas objetivações
histórico. humanas, social e historicamente produzidas (SOUZA,
A concepção de sujeito explicitada também prevale- 2007, p. 52).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4
Dessa forma, consideramos que a prática pedagógica A mediação é concebida como o conjunto de situa-
se consolida a partir de uma relação de igualdade e ao ções, possibilidades e recursos que são criados pelo do-
mesmo tempo de respeito às diferenças que constituem cente e disponibilizados aos estudantes como forma de
estes sujeitos, reconhecendo que o docente é o respon- garantia do direito de aprendizagem. O docente media-
sável por proporcionar as práticas de mediação neces- dor é aquele que percebe e compreende os processos
sárias à garantia da aprendizagem. Pensar o processo internos vivenciados pelos estudantes e lhes possibilita
de humanização como processo de educação vira pelo meios para se apropriarem de novos aprendizados, que
avesso a relação entre desenvolvimento e aprendizagem cria situações e problemas que os levem a superar está-
que aprendemos a pensar com as teorias naturalistas. gios de desenvolvimento e concepções acerca da reali-
Na perspectiva histórico-cultural, a aprendizagem deixa dade à sua volta, bem como dos conceitos já construí-
de ser produto do desenvolvimento e passa a ser motor dos e a elaborar outros. Essas práticas de mediação são
deste: a aprendizagem deflagra e conduz o desenvolvi- constituídas a partir da linguagem, que tem uma relação
mento. direta com o desenvolvimento dos estudantes. Lingua-
Nessa perspectiva, conhecer as condições adequa- gem é outro conceito fundante na perspectiva históri-
das para a aprendizagem é condição necessária – ainda co-cultural.
que não suficiente – para a organização intencional das A proposta de trabalho com alfabetização, contida no
condições materiais de vida e educação que permitam a Documento Orientador do Ciclo Inicial de Aprendizagem
apropriação das máximas qualidades humanas [...]. Isso (2012), é a tradução das concepções acerca do trabalho
envolve a formação dos professores e professoras [...] com a linguagem nesta perspectiva, ressaltando que a
como intelectuais capazes de, ao compreender o papel aprendizagem possibilita o desenvolvimento e, este por
essencial do processo educativo no processo de huma- sua vez possibilita a aprendizagem. Significa dizer que o
nização, buscam compreender o processo de aprendi- estudante se desenvolve aprendendo e aprende desen-
zagem para organizar vivências [na escola] que sejam volvendo-se. Defende ainda que pensamento e lingua-
intencionalmente provocadoras da aprendizagem e do gem não são processos dicotômicos, mas processos em
desenvolvimento das crianças [e adolescentes]: uma estreita articulação. Porém, esses processos não podem
educação e um ensino desenvolventes (DAVIDOV, 1988). ser entendidos como mera abstração, deslocados da rea-
Nessa perspectiva, é necessário perguntar como [os lidade, mas processos com significação social e portado-
estudantes] aprendem, como acontece o processo de res de sentidos. Assim, a alfabetização tem uma função
humanização, que papeis têm o adulto professor ou pro- social e cultural que não se reduz apenas à aquisição da
fessora e [os estudantes] no processo de conhecimento. leitura e da escrita, mas na possibilidade do estudante ter
Ganham nova dimensão os conceitos [...] infância, [ado- acesso às diferentes linguagens no sentido de ampliar o
lescência e adultez] e de escola (MELLO, 2007, p. 88-89). seu universo cultural, apropriando-se do sentido da lei-
Mello (1999, apud SOUZA, 2007, p. 71) nos mostra que tura e da escrita para sua vida, fazendo uso consciente
[...] essas proposições contribuem para (re)considerar- deste mecanismo de interlocução, ou seja, de interação
mos a relevância do papel do educador no processo edu-
com os outros através da linguagem.
cativo. Com base no Enfoque Histórico-Cultural, o edu-
O mesmo pode ser observado no tocante à defesa da
cador (professor, pai, mãe, dentre outros) é aquele capaz
necessidade do brincar, que é uma realidade cotidiana na
de criar motivos que revelem atividades com sentido à
vida das crianças e também dos adolescentes. É uma prá-
criança [e adolescente]. O educador, assim, é o mediador
tica sociocultural que possibilita a transposição de dados
na relação da criança com o mundo da cultura. É deten-
da realidade ao mundo da fantasia, dos símbolos, esta-
tor de conhecimentos específicos para reconhecer, den-
belecendo novas interações com os objetos, com as pes-
tro do processo a apropriação de conhecimentos pela
criança [e adolescente, adulto e idoso], a atividade que soas e com seu próprio corpo. O brincar expressa, por-
seja capaz de envolver o uso e o domínio de determi- tanto, um diálogo com o mundo, a forma como a criança
nado saber. Nessa direção, a intencionalidade educativa representa e recria a realidade à sua maneira a partir de
personifica-se na figura do educador. suas vivências e experiências. Borba (2007) discute que
O papel da educação escolar no desenvolvimento da Vygotsky (1987) é um dos defensores de que o brincar
criança e do adolescente é a socialização do saber siste- é um importante processo psicológico, uma atividade
matizado. Esse papel consiste na mediação entre a esfe- humana criadora, fonte de desenvolvimento e aprendi-
ra da vida cotidiana e as esferas não cotidianas, ou seja, zagem, no qual a “[...] fantasia e realidade interagem na
para os estudantes passarem do saber que já possuem produção de novas possibilidades de interpretação, de
adquiridos em diversos espaços e situações ─ denomina- expressão e de ação” (p. 37).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5
O jogo e a brincadeira potencializam a zona de de- nas como um passatempo inócuo das crianças. Todavia,
senvolvimento proximal, na medida em que, ao brincar, essa mudança só será possível quando o adulto reconhe-
“[...] a criança sempre se comporta além do comporta- cer as crianças e adolescentes como sujeitos brincantes e
mento habitual de sua idade, além de seu comportamen- se apropriar de suas culturas como forma de compreen-
to diário [...] é como se ela fosse maior do que é na reali- der melhor as diferentes vozes da infância e adolescência
dade” (VYGOTSKY, 1994, p. 117). Na brincadeira, a criança que atravessam o cotidiano da escola.
é instigada, provocada a enfrentar realidades e desafios, Diante do reconhecimento da criança e do adolescen-
a assumir personagens, a agir como se fosse verdadei- te como sujeitos de direitos, exige-se antes de tudo uma
ramente este personagem, ou então a resolver proble- (re)significação da concepção de infância e de adoles-
mas e situações. Ao brincar, a criança também expressa cência. Esse esforço de criar novas bases de compreen-
sentimentos, percepções, valores, concepções de mun- são sobre estes dois períodos não pode estar desatrela-
do, bem como os reelabora, recria e os transforma. Daí, do do modo como agimos e interagimos com as crianças
podermos afirmar que o brincar é um complexo processo e adolescentes no contexto da escola, ou seja, o trabalho
que envolve habilidades e conhecimentos. A brincadeira pedagógico deve fortalecer a experiência das crianças e
pode também aproximar a criança do adulto e vice-versa. adolescentes como sujeitos históricos e produtores de
Vygotsky (1991, p. 156) nos mostra que: [...] ainda que se cultura nos diferentes tempos e espaços da instituição.
possa comparar a relação brinquedo-desenvolvimento à A concepção do estudante como um sujeito histórico e
relação instrução desenvolvimento, o brinquedo propor- cultural torna-se ainda mais proeminente quando nos
ciona um campo muito mais amplo para as mudanças remetemos aos estudantes da Eja que, como uma moda-
quanto a necessidades e consciência. A ação na esfera lidade da educação básica, expressa um modus, ou seja,
imaginativa, numa situação imaginária, a criação de pro- uma forma específica e diferenciada, no que diz respeito
pósitos voluntários e a formação de planos de vida reais à condução da prática pedagógica, às relações docente e
e impulsos volitivos aparecem ao longo do brinquedo, discente, bem como à concepção de sujeito da aprendi-
fazendo do mesmo o ponto mais elevado do desenvolvi- zagem. Por quê? São estudantes que trazem uma longa
mento pré-escolar. trajetória, histórias e experiências de vida.
A criança avança essencialmente através da atividade No Documento de Implementação da Eja, encontra-
lúdica. Somente neste sentido pode-se considerar o brin- mos a definição dos sujeitos dessa modalidade a qual foi
quedo como uma atividade condutora que determina a citada por uma das escolas da rede Homens e mulheres,
evolução da criança. (VYGOTSKY, 1991, p. 156). Ao res- trabalhadores/as empregados/as e desempregados/as
saltar o valor do brincar é preciso ter claro que estamos ou em busca do primeiro emprego; filhos, pais e mães;
falando da brincadeira livre, espontânea, sem objetivos moradores urbanos de periferias, favelas e vilas.
e resultados pré-determinados. Não se trata de deixar São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas
a criança ou adolescente brincar de forma livre todo o esferas socioeconômicas e educacionais, que sofreram
tempo, mas de a escola possibilitar tempos e espaços privações em determinado momento de suas vidas no
para que vivenciem a brincadeira de forma livre. Existem que diz respeito ao acesso à cultura letrada e aos bens
formas lúdicas para trabalhar determinados conteúdos, culturais e sociais. Esta privação pode de certa forma
como jogos de memória, operações matemáticas, alfa- comprometer uma participação mais efetiva no mundo
beto móvel, dominó de letras, músicas e outros. Trata-se, do trabalho, da política e da cultura. Invariavelmente,
nesse caso, de recursos didáticos, é o uso da ludicidade migram das zonas rurais, vivem no mundo urbano, in-
na prática pedagógica. As atividades lúdicas se diferem dustrializado, burocratizado e escolarizado, e em geral,
da brincadeira espontânea e livre. trabalham em ocupações não qualificadas.
Existem inúmeras possibilidades de incorporar a lu- Trazem a marca da exclusão social, mas são sujeitos
dicidade na aprendizagem, mas para que uma atividade do tempo presente e do tempo futuro, formados pelas
seja lúdica é importante que permita a fruição, a decisão, memórias que os constituem enquanto seres temporais
a escolha, as descobertas, as perguntas, e as soluções por (DIEJA, PMV, 2007, p. 3–4). A educação tem, pois, para
parte das crianças e dos adolescentes, do contrário, será esses estudantes o sentido preponderante de resgatar
compreendida apenas como mais um exercício [...] se in- direitos não só no campo educacional, mas cultural, so-
corporarmos de forma mais efetiva a ludicidade nas nos- cial e também econômico, o que nos faz refletir sobre
sas práticas, estaremos potencializando as possibilidades a necessidade de um aprofundamento da questão da
de aprender e o investimento e o prazer das crianças e formação profissional na Eja, tendo em vista que esta é
dos adolescentes no processo de conhecer. E, com cer- uma dimensão fundamental para os estudantes que de-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
teza, descobriremos também novas formas de ensinar e vem ser considerados como Munícipes que demandam
de aprender com as crianças e os adolescentes! (BORBA, atendimento de escolarização nos turnos matutinos e
2007, p. 43). vespertino; são pessoas em situação de rua, catadoras
A implantação do Ensino Fundamental de nove anos de material reciclado, jovens de casas lares, casas de
impõe à escola que as questões relacionadas ao brincar acolhimento e casas de semiliberdade [...] pessoas com
passem a ser uma discussão imprescindível e que deverá deficiências, homossexuais, lésbicas, transexuais; sujeitos
ser feita por todos os profissionais que atuam nesta eta- marginalizados [...].
pa da educação básica, porque há que se superar a ideia São sujeitos de direitos, trabalhadores/as que parti-
de que na Educação Infantil é momento de brincadeira cipam, concretamente, da garantia da sobrevivência do
e no Ensino Fundamental de aprendizagem, como se o grupo familiar ao qual pertencem e que possuem res-
brincar fosse desprovido de seriedade e entendido ape- ponsabilidades sociais já determinadas, trazendo consi-
6
go especificidades sociais, culturais e etárias que os/as Essa metodologia e forma de relação entre o estu-
tornam diferentes do Ensino Fundamental regular (DIEJA, dante e o docente têm algumas consequências, como
PMV, 2007, p. 4). Nossa responsabilidade em relação aos por exemplo, na produção do conhecimento, que por
estudantes da Eja amplia-se, pois [...] são sujeitos, ain- sua vez, é dado como algo pronto, acabado, imutável,
da excluídos do sistema municipal de ensino. Em geral, algo que apenas é transmitido. E, principalmente, na for-
apresentam um tempo maior de escolaridade, com repe- ma de perceber o outro. De um lado temos o docen-
tências acumuladas e interrupções na vida escolar. Mui- te, como ser completo, definido, acabado, e de outro, o
tos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, estudante, ser amorfo, tábula rasa. Nas duas situações,
quando crianças, em função da entrada precoce no mer- ambos perdem a humanidade. Por quê? O que nos ca-
cado de trabalho, ou mesmo por falta de escolas (PMV/ racteriza como humanos é justamente a consciência da
SEME, 2007, p. 4). nossa incompletude, do inacabamento, o que nos faz ir
Outra questão fundamental, de ser aprofundada por ao encontro do outro, permitindo o diálogo. Isso é o que
ter uma relação direta com o currículo a ser praticado permite a interação, a busca, e um processo de aprendi-
pelas instituições e os sentidos da escola, é o processo zagem que é contínuo, que se estabelece sempre na rela-
de juvenilização que vem acontecendo na Eja. Aumenta ção com o outro. Nesse movimento, Eu tomo consciência
a cada dia o número de adolescentes que após uma tra- de mim e me torno eu mesmo unicamente me revelando
jetória de reprovações no Ensino Fundamental buscam para o outro, através do outro e com o auxílio do outro.
esta modalidade de forma voluntária ou são remaneja- Os atos mais importantes, que constituem a auto-
dos pela própria escola. Outro dado é fenômeno ocorri- consciência, são determinados pela relação com outra
do a partir dos anos de 1990, é a intensificação da busca consciência (com o tu) [...]. Não se trata do que ocorre
da Eja, pelos estudantes públicos da Educação Especial, o dentro, mas, na fronteira entre a minha consciência e a
que acaba por diversificar ainda mais o grupo de sujeitos consciência do outro, no limiar. Todo o interior não se
que frequentam a modalidade. Trata-se, pois, de efetivar basta a si mesmo, está voltado para fora, dialogado, cada
um direito que foi negado em um momento da vida des- vivência interior está na fronteira, encontra-se com outra,
ses sujeitos. e nesse encontro tenso está toda a sua essência. É o grau
Nesse sentido, Devemos estar atentos em nossa supremo da sociabilidade (BAKHTIN, 2003, p. 341).
práxis pedagógica para os seguintes apontamentos: os Como podemos observar, para Bakhtin, nós só toma-
estudantes da EJA não podem ser tratados como seres mos consciência de nós mesmos na relação com o outro
com menor capacidade de aprendizagem, pois eles, na [...] eu só posso imaginar-me, por inteiro, sob o olhar do
maioria das vezes, apenas não tiveram a oportunidade, outro; pelo princípio dialógico [...] a minha palavra está
o que significa o direito negado de permanecer na es- inexoravelmente contaminada pelo olhar de fora, do
cola quando crianças ou adolescentes por diversos mo- outro, que lhe dá sentido e acabamento [...] no univer-
tivos; as turmas de EJA não podem ser encaradas como so bakhtiniano nenhuma voz, jamais fala sozinha. E não
educação de “segunda linha” e menos importantes, de fala sozinha não porque estamos, vamos dizer, mecani-
menor qualidade. Todas/os as/os educandos da EJA, camente influenciados pelos outros – eles lá, nós aqui,
assim, como os demais, têm direito de prosseguir seus instâncias isoladas e isoláveis – mas porque a natureza da
estudos; as/os profissionais que atuam na EJA precisam linguagem é inelutavelmente dupla [...] (TEZZA, 2005, p.
identificar-se e comprometer-se com o trabalho, pois as/ 211, apud CAMPOS; SOUZA; STIEG, 2011, p. 41).
os educandas/os que frequentam as aulas de EJA buscam E quais as relações dessas questões com a aula? Caso
e merecem respeito. não tenhamos consciência das inter-relações necessárias
Reconhecendo, então, que nossos estudantes são su- entre estudante e docente como sujeitos que se com-
jeitos de direto, sujeitos históricos e sociais, produtores plementam e se interinfluenciam, corremos o risco de
de cultura; que a escola, entre outros, tem como senti- produzir um modelo de aula como um rito sem sentido e
do, a produção e a apropriação do conhecimento; que artificial. Momento em que não se produz encontros, não
a educação é um fenômeno que acontece em diferentes se permite interação, não se estabelece a interlocução,
espaços; que a professora é uma das principais mediado- que é a interação entre duas pessoas ou mais através da
ras do processo de formação, desenvolvimento e apren- palavra. A aula como evento dialógico supõe a intera-
dizagem dos estudantes, precisamos discutir sobre nossa ção verbal entre sujeitos, pressupondo o diálogo entre
compreensão de aula, que é o elemento fundante das as professoras e estudantes, na busca da produção do
relações entre professoras e estudantes. conhecimento.
Foi apontado pelos profissionais das escolas que de-
AULA COMO EVENTO DIALÓGICO vemos considerar que a aula é vida e, portanto, é um
espaço de tensões que são constituídas na relação entre
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nos diferentes momentos de elaboração deste do- ensino aprendizagem; é um discurso a ser produzido e
cumento foi pontuada a necessidade de superarmos a vivenciado a partir de uma abordagem que articula os
concepção de aula como um ritual em que a tradição conhecimentos das diversas áreas de conhecimento. É
cultural é transmitida por aquele que sabe (docente) a uma prática intencional que visa ao alcance dos objeti-
quem precisa aprender (estudantes), isto é, aula concebi- vos planejados; a aula como discurso, evento dialógico, é
da a partir de uma tradição monológica: o docente tem permeada pela linguagem, pois “[...] os humanos são se-
a autoridade em produzir o discurso, cabendo aos es- res de linguagem cuja natureza é expressa pela fala, pela
tudantes ouvir. Geraldi (2010, p. 81) aponta que, nesse palavra e essa por sua vez é social e não individual”. A
sentido, a aula é “[...] entendida como ritual e, por isso, linguagem é assim, “uma atividade social e se contrapõe
com gestos e fazeres predeterminados de transmissão à ideia de sistema, de estrutura ou de produto individual”
de conhecimentos”. (CAMPOS, SOUZA e STIEG, 2011, p. 39).
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Logo, a aula como um acontecimento pressupõe o quem é esse outro que frequenta a escola? Conhecemos
diálogo. Nesse sentido, toma-se por base a concepção seu nome, seu rosto, sua vida, sua história? potenciali-
de linguagem como interação verbal. Em Bakhtin, o diá- zamos suas experiências e seus saberes no processo de
logo é a unidade fundamental da língua, é a interação produção dos conhecimentos? Reafirmamos assim, que
de pelo menos dois enunciados, que são atos de fala. A a relação dialógica pressupõe o outro. Segundo Geraldi
alternância dos sujeitos do discurso é uma das caracte- (2005, p. 17), Nós nos fazemos o que somos nas relações
rísticas do diálogo, que supõe: enunciar/falar, ouvir, res- dialógicas que mantemos com a alteridade. Sem o outro,
ponder, discordar, concordar, reiterar, entre outros. No não há vozes. Sem o outro, não há ecos. O sujeito e o
diálogo, o homem participa inteiro e com toda a vida: outro. Relações dialógicas que não se dão no vazio: são
com os olhos, os lábios, as mãos, enfim todo o corpo e relações sócio históricas, sobrecarregadas das condições
todos os atos. de seu exercício, estando os interlocutores, condiciona-
O diálogo exige também uma escuta atenta. E o dialo- dos pelo caráter destes encontros, que não obstantes
gismo é o exercício do diálogo, é o princípio constitutivo suas determinações, são lugares e tempos de construção
da linguagem (BAKHTIN, 1992) e da condição do sentido de novas condições. Sujeição e criação concomitantes,
no discurso que não é individual tanto pelo fato de que por que a dialogia se dá sobre o estável e sobre o instável
se constrói entre pelo menos dois interlocutores, que por da relação com a alteridade. É por isso que somos, numa
sua vez são seres sociais que se constituem no diálogo. voz, muitas vozes.
O referido autor, ao longo de seu trabalho, desenvolve a Alteridade é o reconhecimento do outro como legi-
ideia de que o discurso não é uma enunciação monológi- timamente outro, diferente de mim. Alguém constituí-
ca - não é ato puramente individual. Bakhtin aponta que do com histórias, culturas, posicionamentos, princípios
as enunciações são tecidas em um contexto social ime- e valores. Esse reconhecimento do outro é o que nos
diato, ou seja, sempre serão determinadas pelas “con- move a ouvi-lo. Sem o reconhecimento do outro como
dições reais de enunciação em questão, isto é, antes de alguém diferente de mim, não há diálogo. A aula como
tudo pela situação social mais imediata” (BAKHTIN, 2004, evento dialógico pressupõe antes de qualquer coisa, o
p. 112, apud CAMPOS, SOUZA e STIEG, 2011, p. 39). reconhecimento do estudante como outro, como sujeito
Assim, a aula como evento, como acontecimento, interlocutivo - capaz de interação pela linguagem. Para
como situação social concreta que envolve muitos inter- Bakhtin (2003), a interação entre o falante (locutor) e o
locutores pode se constituir como o espaço privilegiado ouvinte (interlocutor), é constituída através dos signos
de dialogismo. Na aula como acontecimento há uma in- linguísticos. As palavras funcionam como um elo entre
versão das relações que são estabelecidas, pois o diálogo os sujeitos interlocutores e surgem carregadas de valores
proporciona a experiência da produção do conhecimen- constituídos social e culturalmente. Pensar na aula como
to, que passa a ser vivenciado pelos sujeitos que tencio- evento dialógico nos impõe o grande desafio de pensar
nam, questionam, produzem arguições em direção aos que o trabalho por meio da linguagem não é uma atri-
conhecimentos que são postos. Daí, o conhecimento que buição apenas da professora responsável por trabalhar
está sendo trabalhado como herança cultural pode for- o componente curricular Língua Portuguesa. O trabalho
necer respostas para os questionamentos que emergem com a linguagem, em uma dimensão discursiva, deve ser
da interação entre os sujeitos. Por isso, a relação entre compromisso de todos. A produção da linguagem, seja
conhecimento e vida – conhecimento como experiência na forma oral ou escrita, é uma atividade implícita em
- defendida anteriormente neste texto. todas as áreas de conhecimento, sendo materializada
O conhecimento apropriado em sala de aula ganha por meio do texto, que passa a ser visto como elemento
sentido e significado para o estudante e a aula se torna articulador. Segundo Brait (2016, p. 16, grifos da autora),
um evento dialógico, momento de interlocução, isto é, o texto é concebido “[...] como uma dimensão linguística
de interação entre sujeitos por meio da linguagem. Os atualizada por um sujeito coletivo ou individual, que se
profissionais ainda discutiram algumas questões sobre a caracteriza como enunciado concreto, situado, perten-
aula, como: o espaço da aula é só a sala de aula? Aula só cente a um contexto, a uma cultura, em diálogo com in-
acontece nesse espaço? Houve a defesa de que a aula terlocutores presentes, passados e futuros [...]”.
pode acontecer em diferentes espaços tempos. Vale lem- Assim, a aula como evento dialógico, pressupõe tam-
brar que não é o espaço que determina se a interlocu- bém uma concepção diferenciada de texto. Não se tra-
ção é dialógica, mas sim o fato de estudantes e docentes ta de escrever por escrever, de falar por falar, mas de
viverem o conhecimento a partir do conceito de expe- imprimir sentido e significação naquilo que se escreve.
riência. O estabelecimento da dialogia pressupõe a ne- Nesse contexto, é relevante trazermos o conceito de au-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cessidade de pensar as metodologias, recursos, espaços toria. Para Faraco (2005, p. 39) o autor é quem dá forma
e seus usos, bem como, revisitar os tempos das aulas e ao conteúdo. Logo, “[...] ele não apenas registra passi-
as possibilidades de articulação entre os componentes vamente os eventos da vida [...], mas, a partir de uma
curriculares. certa posição axiológica recorta-os e reorganiza-os es-
Reiteramos, assim, que aula dialogada é metodolo- teticamente”. O estudante, nessa concepção, passa a ser
gia, é a maneira que a professora conduz os trabalhos, concebido como sujeito autor de seus próprios textos,
buscando interação com os estudantes, enquanto a aula que fala a partir de sua posição no mundo e dos contex-
como dialogismo é um princípio a ser concebido e vi- tos de produção do enunciado. Aula, nessa perspectiva,
venciado. Aula como dialogismo nos impõe pensar que pressupõe o olhar cuidadoso com as particularidades
a prática pedagógica e o sentido da escola se concreti- dos sujeitos, suas subjetividades, suas vivências, histórias,
zam a partir do outro, sendo assim, cabe-nos perguntar: emoções. A esse respeito, profissionais de uma escola
8
apontam que a aula pode produzir no estudante atitudes No cenário municipal, a necessidade de ampliarmos
responsivas em relação ao que é vivenciado na sala de as possibilidades de efetivação dos direitos pode ser ob-
aula, pois passa a sentir-se como membro, como parte servada nos resultados de desempenho dos estudantes,
principal no processo de ensino aprendizagem, e não um uma vez que no ano de 2015 a taxa de reprovação no
mero coadjuvante. Ensino Fundamental foi de 10,6% e de distorção idade
Dentro dessa perspectiva, a sala de aula passa a ser série de 19,1%. De acordo com dados divulgados pelo
entendida como lugar de interação e de construção de Mec/Inep, na Prova Brasil de Língua Portuguesa (2015)
conhecimento. Portanto, não seria mais vista, apenas, a média do município foi de 210,0 para os anos iniciais
como o lugar onde os alunos se reúnem para receber e 249,9 para os anos finais. Em Matemática (2015), o re-
informações, mas onde as experiências, as vivências e sultado foi de 219,4 para anos iniciais e 254,7 anos finais.
os novos conhecimentos se confrontariam. Sobre isso, O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
Geraldi (1997, p.21) afirma: “[...] desloca-se a noção de observado em 2015, foi de 5,6 para os anos iniciais e 4,3
processo de ensino como transmissão, concebendo-se a para os anos finais, com metas projetadas para 5,5 e 4,7
sala de aula como lugar de interação verbal e por isso respectivamente.
mesmo de diálogo entre os sujeitos, [...]” (RODRIGUES,
2007, p. 9). Por outro lado, é inegável que avançamos em rela-
Ao encontro da aula como evento dialógico, desta- ção ao princípio constitucional que estabelece o acesso
camos, com Bakhtin, o caráter polifônico da linguagem, dos estudantes à escola, principalmente no Ensino Fun-
tendo em vista a necessidade de a aula apresentar-se damental. Outros avanços se traduzem no aumento do
como Algo que deveria ser socialmente desejável por número de escolas, na melhoria da infraestrutura das
todos nós, mostrando que todos nós deveríamos ser po- escolas, e em relação à qualificação dos profissionais da
lifônicos, e isto incluiria uma postura política de aceitar educação. Então, por que o princípio da permanência e
todas as vozes como vozes equivalentes e, consequen- da qualidade da educação não acompanhou o princípio
temente, “renunciar aos nossos hábitos monológicos”, do acesso? É com base nesses questionamentos e princi-
considerando que ‘à categoria de monológico estão as- palmente em relação ao grande número de crianças que
sociados os conceitos de monologismo, autoritarismo e não conseguem ler e escrever - mesmo frequentando
acabamento que “nega a existência da outra consciência o Ensino Fundamental – que o Ministério da Educação,
isônoma e responsiva, de outro eu (tu) isônomo’ (BA- através da Secretaria de Educação Básica e da Coordena-
KHTIN, 2003, p. 348). ção do Ensino Fundamental passou a usar o conceito de
Defender a aula como evento dialógico é também direito de aprendizagem e desenvolvimento, inicialmen-
reconhecer uma relação com a Teoria histórico-cultu- te nos documentos voltados à questão da alfabetização,
ral, porque a linguagem e a interação verbal aliadas ao como foi o caso do documento denominado de “Ele-
pensamento, à memória, percepção, imaginação, entre mentos conceituais e metodológicos para definição dos
outras funções psicológicas próprias aos humanos, são direitos de aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de
fundamentos dessa perspectiva. Todas essas funções são alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental”
desenvolvidas por meio da utilização de instrumentos (BRASIL, 2012).
adquiridos culturalmente e na inter-relação com outros Nesse documento, que foi submetido à consulta pú-
homens e com o mundo. blica, são propostos 30 direitos de aprendizagem, 20
eixos estruturantes e 256 objetivos de aprendizagem,
DIREITOS DE APRENDIZAGEM distribuídos entre as diferentes áreas do conhecimento.
Em 2014, foi lançado outro documento numa versão ain-
O que é? Por que assumir este conceito no docu- da preliminar intitulado “Por uma política curricular para
mento de diretrizes curriculares da rede municipal de a educação básica: contribuição ao debate da base na-
Vitória? cional comum a partir do direito à aprendizagem e ao
desenvolvimento” (PCEB, BRASIL, 2014). O documento
Observamos hoje um discurso quase generalizado faz uma reflexão a partir das diretrizes curriculares na-
na sociedade em geral, e, inclusive, entre os profissio- cionais para toda Educação Básica, no sentido de elencar
nais da educação que há uma crise institucionalizada na subsídios para a elaboração da base nacional comum do
escola. Os problemas são inúmeros e se manifestam de currículo. As proposições explicitadas nesses documen-
diferentes formas: violência, desinteresse dos estudan- tos dialogam com as “[...] demandas postas à educação
tes, fracasso escolar, indisciplina escolar, professoras pelos desafios da contemporaneidade, bem como pela
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
desencantadas com a profissão, dentre outros. Alguns diversidade de sujeitos que frequentam as etapas [e mo-
dados alarmantes são as taxas de distorção idade e sé- dalidades] da Educação Básica e pelo resgate da grande
rie, abandono e repetência, analfabetismo, bem como a dívida com uma boa parte da população que, ao longo
taxa de escolaridade dos brasileiros, o que significa que dos anos, não logrou exercer o direito à Educação Básica
muitos estudantes estão tendo acesso à educação, mas, de qualidade” (PCEB, BRASIL, 2014, p. 9).
não conseguem concluir sequer o Ensino Fundamental. Procuram, então, balizar a reflexão sobre a escola e
Dados apontados pelo sistema nacional de avaliação da a organização curricular a partir do conceito de direito
educação (Provinha Brasil, Prova Brasil, Enem) revelam de aprendizagem e desenvolvimento, evidenciando a ne-
que ainda é necessário avançar no sentido da efetivação cessidade de resgatar a função social da escola no que
da finalidade da escola, que é o sucesso dos estudantes. tange à garantia do acesso ao conhecimento por todos
os estudantes. Trata-se, pois, de um conceito que tem
9
implícito uma conotação política, filosófica e pedagógica, uma vez que o direito de aprendizagem se efetiva no cum-
primento da função social da escola como um lócus de produção do conhecimento, de aprendizagem, de formação
humana. Efetiva-se através do cumprimento de nossas funções como profissionais da educação, ou seja, por meio do
cuidado, do zelo pelo sucesso de todos os estudantes.
Direito de aprendizagem é, assim, a garantia de que todos os estudantes do Ensino Fundamental, da Eja, da Edu-
cação Especial, de todas as escolas, independentemente de sua localização se apropriem do conhecimento. Pensar em
direito de aprendizagem então supõe respondermos algumas perguntas: aprender o quê? Aprender para que? Apren-
der como? Aprender quando? Aprender em que condições? Responder a essas perguntas significa instituir ao processo
ensino aprendizagem, à prática pedagógica, ao trabalho docente a intencionalidade política que lhe é inerente.
Os direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento são tomados assim, [...] como balizadores das condições neces-
sárias para a produção de um currículo capaz de garantir que eles se realizem no cotidiano da escola e se traduzam em
um conjunto de possibilidades para o acesso, a permanência e a aprendizagem, conforme a artigo 206 da Constituição
Federal, concorrendo para evitar que, mais uma vez, os estudantes das classes sociais, historicamente excluídas, sejam
penalizados por não realizarem aquilo que deles se espera (PCEB, MEC, 2014, p. 9).
Nesse contexto, os direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento também se articulam “[...] aos percursos formati-
vos percorridos pelos estudantes ao longo da Educação Básica e são indissociáveis das condições em que este processo
ocorre, tais como a formação e o trabalho docente, infraestrutura escolar, sistema de gestão, estrutura, organização e
suporte didático-pedagógico e tecnológico” (PCEB, BRASIL, 2014, p. 9). Agora, não há como negar que a centralidade
do direito à aprendizagem está na proposta curricular, e a centralidade do currículo é o estudante. Esse é um aspecto
que temos discutido desde a primeira parte do nosso documento, pois compreendemos que a política curricular deve
estar orientada para a efetivação do direito de aprender e “[...] o currículo de cada escola deverá expressar a articulação
de todos os elementos que o constitui, de forma a garantir que os direitos expressos no conjunto dos instrumentos
legais e normativos possam traduzir-se em práticas educativas” (PCEB, BRASIL, 2014, p. 18), o que remete a alguns
conceitos já trabalhados, que enfatizam a ideia da experiência e da contextualização do conhecimento. Isso, porque,
O conhecimento, entendido como as compreensões produzidas pelo homem em diferentes contextos, espaços e
tempos, sobre si mesmo e sobre as suas relações com as ciências, as normas, os padrões e as regulações sociais, ga-
nham a possibilidade, quando elaborados na intencionalidade da educação escolar, de constituírem-se como saberes
a serem apropriados pelos estudantes. Tomados em sua processualidade e historicidade, os conhecimentos ganham
significação ao dialogar com os saberes já incorporados, sejam os das vivências cotidianas, sejam os das experiências
escolares anteriores, possibilitando a reorganização do pensamento (PCEB, BRASIL, 2014, p. 18).
Pensar uma educação a partir da perspectiva do direito de aprendizagem supõe também uma reflexão sobre os
sujeitos da Educação Básica. No Ensino Fundamental esses sujeitos são crianças, adolescentes, jovens e adultos que
iniciam ou dão continuidade a escolarização, de modo que são esses diferentes perfis que se constituem em referências
para a construção de propostas curriculares tendo por objetivo o alcance das finalidades da Educação Básica. Por isso,
é necessário que a escola, suas professoras e o currículo proposto considerem a realidade dos estudantes, acolhendo
as diferenças, articulando as necessidades de aprendizagem às especificidades dos sujeitos, com foco na apropriação
de conhecimentos que articulados a vivência dos estudantes são por eles ressignificados a partir das experiências cur-
riculares (PCEB, BRASIL, 2014).
O direito à aprendizagem e ao desenvolvimento implica, assim, na apropriação de atitudes e instrumentos para con-
tinuar aprendendo, quer pela compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, quer
pelo aprimoramento da condição humana, por meio da construção e formação de referências éticas, da sensibilidade
estética e do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral (BRASIL, 1996 e 2010, 2010 a).
Ao anunciarmos que o desenvolvimento curricular está articulado à ideia do direito, reconhecemos o papel relevan-
te da escola na formação dos estudantes, assumindo a responsabilidade que nos cabe na sistematização dos saberes,
valores e práticas, bem como na gestão e na avaliação dos processos de ensino aprendizagem. Dessa forma, podemos
perguntar: Como se efetiva direito de aprendizagem numa proposta curricular? Pelo exposto nos documentos, em
cada área há um grupo de conhecimentos, que são considerados direitos de aprendizagem, traduzidos em objetivos
de aprendizagem a serem alcançados por todos os estudantes
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O trabalho com objetivos de aprendizagem na rede de ensino de Vitória: uma experiência em movimento.
O reconhecimento da função pedagógica, política e social da escola, como vimos, ainda traz desafios para a edu-
cação pública. Nesse contexto, ao longo dos anos, algumas experiências curriculares vivenciadas na rede de ensino de
Vitória ganham destaque e sinalizam possibilidades de repensarmos as práticas pedagógicas, tendo em vista a efetiva-
ção aos direitos de aprendizagem. Uma delas é a definição de um currículo cujo trabalho é orientado na perspectiva dos
objetivos de aprendizagem, reafirmando a necessidade de uma mediação pedagógica intencional e sistemática, que
considere os conhecimentos historicamente relevantes em sua relação com os contextos e as experiências dos sujeitos,
como é realizado, por exemplo, pela Escola Experimental de Vitória da UFES, que organiza uma previsão dos objetivos
a serem trabalhados e apropriados pelos estudantes do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental.
Nessa escola, o desenvolvimento da proposta curricular com objetivos de aprendizagem teve início no ano de 1994,
sendo implementado plenamente em todas as séries no ano de 1998, conforme Projeto Político-Pedagógico (2014). A
Escola de Ensino Fundamental José Áureo Monjardim também vem realizando a previsão de objetivos de aprendizagem
para o trabalho em todos os anos do Ensino Fundamental desde o ano 2000, quando foi implementada a organização
por ciclos em toda a escola, como está descrito no Projeto Político Pedagógico dessa Unidade de Ensino (2010).
A visão longitudinal do currículo por meio do trabalho com objetivos de aprendizagem também inspirou a Escola de
Ensino Fundamental Edna de Mattos Siqueira Gaudio que adotou essa forma de conceber o desenvolvimento curricular
a partir do ano de 2015, quando a escola passou por grandes mudanças em sua forma de organização, instituindo os
ciclos de aprendizagem até o nono ano do Ensino Fundamental. Nessas escolas, a avaliação do processo de aprendi-
zagem de todos os estudantes está ancorada nos objetivos que foram estabelecidos para cada ano ou cada ciclo do
Ensino Fundamental, uma possibilidade de expressão do rendimento escolar prevista no artigo 36 da Resolução COMEV
07-2008. Outra experiência que também teve grande impacto na concepção e forma de organização do trabalho pe-
dagógico foi a vivenciada no processo de implementação do Ensino Fundamental de nove anos na rede de Ensino de
Vitória, a partir das Leis nº 10.172, 11.114 e 11.274, que resultou na institucionalização do Ciclo Inicial de Aprendizagem
do Ensino Fundamental (CIAEF) com as turmas de primeiro, segundo e terceiro anos se constituindo no primeiro ciclo
de aprendizagem do Ensino Fundamental em toda rede de ensino desde o ano de 2010, com amparo legal definido na
Resolução Comev nº 01/2014. Dentre os princípios da organização do ciclo inicial estão a garantia da aprendizagem
entendida como um processo contínuo, com objetivos a serem apropriados pelas crianças até o final do ciclo, o que
remete a avaliação contínua, diagnóstica e formativa (DOCIA, PMV, 2012).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, a organização da proposta curricular para o CIAEF teve por objetivo potencializar a socialização e a produção
de saberes considerando a temporalidade necessária para que a criança se aproprie dos conhecimentos num contexto
de conciliação das necessidades infantis às necessidades de aprendizagem (objetivos de aprendizagem previstos para
cada ano do CIAEF). Outra experiência que cabe destacar é a vivenciada na EMEF EJA Professor Admardo Serafim de
Oliveira que contempla em seu Projeto Político Pedagógico uma proposta de avaliação por objetivos em todos os
segmentos. Essa experiência que vem se desenvolvendo desde 2013, se amplia com a adesão de demais escolas que
apresentam interesse em implementar tal proposta.
Em virtude disso, foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de elaborar o instrumento de registro de avalia-
ção por objetivos que será implementado em 2017, a princípio, apenas com as turmas do primeiro segmento. O breve
histórico aqui apresentado revela, portanto, movimentos singulares tanto no que tange aos Projetos Pedagógicos das
Unidades de Ensino citadas como na experiência do CIAEF que serviram como referência e ponto de partida para o pro-
11
cesso de atualização das Diretrizes Curriculares do Ensino pectiva longitudinal e de progressão dos conhecimentos.
Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos, contri- Ressaltamos que, por meio dessa construção coletiva,
buindo na elaboração dos objetivos de aprendizagem. buscou-se dar uma unidade às propostas pedagógicas
No que tange, especificamente, aos objetivos de das escolas, que necessariamente se relacionam com os
aprendizagem para a Educação de Jovens e Adultos, foi contextos e com as experiências dos sujeitos praticantes
necessário, também, retomar os princípios formulados do currículo.
nos documentos municipais que subsidiam o trabalho
com a modalidade, tais como: a identidade e especifici- METODOLOGIAS E PRÁTICAS AVALIATIVAS
dades dos sujeitos da Eja; a ideia de currículo integrado
que abarca as visões de mundo, os valores e as expe- LINGUAGENS
riências dos sujeitos; a relação com o mundo da cultu-
ra e do trabalho; a interdisciplinaridade; o trabalho com Perspectivas teórico-metodológicas
unidades conceituais que assegurem a contextualização
do conhecimento; dentre outros. Em consonância com as Considerando os objetivos expostos, a organização do
ações curriculares gestadas no município, a elaboração trabalho pedagógico nessa área do conhecimento deve
dos objetivos de aprendizagem também é uma experiên- considerar [...] a mobilidade e a flexibilização dos tempos
cia que vem sendo vivenciada em âmbito nacional pelo e espaços escolares, a diversidade nos agrupamentos de
Documento Elementos Conceituais do Currículo (2012) e alunos, a diversas linguagens artísticas, a diversidade de
por meio das ações do Pacto Nacional pela Alfabetização materiais, os variados suportes literários, as atividades
na Idade Certa (2013), em que são elencadas ações que que mobilizem o raciocínio, as atitudes investigativas,
contribuam para a garantia dos direitos de aprendiza- a articulação entre a escola e a comunidade e o aces-
gem com foco na alfabetização. Recentemente, em 2015, so aos espaços de expressão cultural’ (BRASIL, 2010 a,
com a publicização da Base Nacional Curricular Comum p.15). Logo, os componentes curriculares que compõem
(BNCC, BRASIL, 2015) o processo de atualização das Di- a área de Linguagens trazem a potencialidade de uma
retrizes Curriculares do Município de Vitória foi corrobo- abordagem curricular que ultrapassa a especificidade de
rado com as concepções materializadas no documento cada componente e, dessa forma, a não fragmentação
nacional. do conhecimento. Tal potencialidade requer pensar as
A BNCC é uma exigência da Lei de Diretrizes e Ba- linguagens sob a ótica de sua complexidade, agregando
ses da Educação Nacional (LDB, BRASIL, 1996), das Dire- atitudes e valores que, apesar de constitutivos de cada
trizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica componente, extrapolam suas fronteiras e se imbricam
(DCNEB, BRASIL, 2009) e do Plano Nacional de Educação tendo em vista uma visão e abordagem a partir da inte-
(PNE, BRASIL, 2014) e tem papel orientativo para que os gração dos conhecimentos. Assim, podemos refletir que a
sistemas de ensino elaborem suas propostas curriculares integração dos componentes curriculares que compõem
tendo como fundamento o direito a aprendizagem e ao a área de Linguagens pode ser concebida tendo em vis-
desenvolvimento. A concepção de educação como direi- ta a possibilidade de entender as diferentes linguagens
to apresentada na BNCC tem relação com a intencionali- como patrimônio cultural da humanidade, uma vez que
dade do processo educacional. trazem em si mesmas e simultaneamente, um conjunto
Nessa direção, os objetivos de aprendizagem apre- de conhecimentos de campos diversos, mas que ao mes-
sentados nos diferentes componentes curriculares que mo tempo se entrelaçam. Assim, as abordagens metodo-
a integram materializam as intencionalidades educacio- lógicas nessa área devem promover: - a contextualização
nais. Dessa forma, a BNCC se destaca em relação aos do- dos conteúdos, assegurando que a aprendizagem seja
cumentos anteriores ao apresentar direitos e objetivos relevante e socialmente significativa; - o esforço de in-
de aprendizagem os quais as crianças, jovens, adolescen- tegração por parte das professoras de trabalhar juntas,
tes e adultos devem se apropriar no decorrer. de compartilhar com os colegas os acertos e indagações,
Considerando, então, o referencial teórico que sub- tendo em vista o compromisso com a aprendizagem dos
sidiou o processo de atualização destas diretrizes curri- estudantes; - a promoção de práticas interdisciplinares
culares, assim como, a produção curricular municipal e entre os componentes curriculares desta e de outras
nacional, buscou-se nos momentos de diálogos curri- áreas do conhecimento; - o cultivo do diálogo e de rela-
culares e nos grupos de trabalho com profissionais do ções em parceria com a comunidade escolar; - o desen-
grupo referência, elaborar uma proposta de objetivos de volvimento de metodologias e estratégias variadas que
aprendizagem para o desenvolvimento da ação pedagó- melhor respondam às diferenças de aprendizagem entre
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
gica do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental e os estudantes e as suas demandas pessoais, sociais, eco-
para o primeiro e segundo segmentos da Educação de nômicas e culturais, considerando as especificidades da
Jovens e Adultos. infância, da adolescência, dos jovens, adultos e idosos. -
Essa proposta foi materializada por meio de planilhas a “construção de ambiente escolar que favoreça a forma-
que contemplam os eixos de ensino com os respectivos ção sistemática da comunidade sobre a diversidade étni-
objetivos de aprendizagem a serem iniciados (I), apro- co-racial, a partir da própria comunidade, considerando
fundados (A) e consolidados (C) em cada componente a contribuição que esta pode dar ao currículo” (BRASIL/
curricular, conforme pode ser visto no capítulo 8 sobre a MEC, 2006, p. 65) e o tratamento da “questão racial como
Fundamentação teórico-metodológica das áreas de co- conteúdo inter e multidisciplinar durante todo o ano leti-
nhecimento, seus componentes curriculares e os objeti- vo, estabelecendo um diálogo permanente entre o tema
vos de aprendizagem, que são apresentados numa pers- étnico-racial e os demais conteúdos trabalhados na es-
12
cola” (BRASIL/MEC, 2006, p. 67); - o estímulo à criação de tivo com os estudantes que contribuem no dimensiona-
métodos didático-pedagógicos, utilizando-se de recur- mento do tempo, da divisão de tarefas, na organização
sos tecnológicos da informação e comunicação, a serem dos recursos e modos de apresentação dos resultados.
inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distân- A avaliação é contínua, processual, e visa o alcance dos
cia entre estudantes que aprendem a receber informação objetivos propostos.
com rapidez utilizando a linguagem digital e professo-
ras que dela ainda não se apropriaram (BRASIL, 2010 a, Sequências didáticas
art.13, § 3º, VII); - a utilização de recursos de tecnolo-
gia assistiva, especialmente, a Comunicação Alternativa Não demandam necessariamente um produto final
e Ampliada, como possibilidade de acesso ao currículo e requerem uma organização sistemática por parte das
escolar, para estudantes que apresentem comprometi- professoras, pois as sequências didáticas partem da ava-
mentos motores e de fala entre outras deficiências. Essas liação diagnóstica das aprendizagens dos estudantes
pontuações reafirmam a necessidade de metodologias e são organizadas de modo intencional, com vistas às
que assegurem a integração curricular e a contextualiza- aprendizagens ainda não consolidadas. O tempo de de-
senvolvimento de uma sequência didática é definido, de
ção dos saberes, através dos usos dos diferentes espaços
modo geral, pelas necessidades da temática, dos conhe-
tempos de aprendizagem, dos materiais didáticos e dos
cimentos em estudo e dos interesses da turma. A sequên-
recursos tecnológicos disponíveis, de modo a propiciar
cia didática pode ser articulada de modo interdisciplinar
o que defendemos na primeira parte desse documento, e abordar temáticas que transversalizam o currículo, sem
ou seja, um currículo a partir do conceito de experiência, perder de vista os saberes necessários ao processo de
que considere as singularidades e produza sentidos para ensino aprendizagem dos conteúdos previstos em cada
os estudantes, por meio da constituição de espaços co- componente ou área do conhecimento.
letivos de organização do trabalho pedagógico, o que
implica na mobilização dos interesses e necessidades das Atividades de sistematização
crianças, adolescentes, jovens e adultos. Nesse contexto,
algumas propostas de organização da ação pedagógica São atividades mais específicas, destinadas à sistema-
se revelam interessantes para o trabalho com as lingua- tização de conhecimentos que estão sendo trabalhados,
gens, uma vez que possibilitam, não apenas a integração às vezes, dentro de um projeto ou de uma sequência
entre os componentes da área de linguagens, como tam- didática mesmo. Por exemplo, se os estudantes estão
bém com as demais das áreas do conhecimento. Nery desenvolvendo um projeto de estudos sobre um deter-
(2007) sistematiza quatro modalidades organizativas do minado artista plástico e precisam consolidar conheci-
trabalho pedagógico que dialogam com as abordagens mentos sobre a mistura de cores, pode-se desenvolver
conceituais aqui defendidas e podem contribuir para a atividades de sistematização desse conteúdo de forma
ressignificação do planejamento do processo ensino simultânea ao projeto em estudo. Essas são algumas al-
aprendizagem como: atividades permanentes, sequên- ternativas metodológicas, dentre outras, como os proce-
cias didáticas, projetos de estudo e atividades de siste- dimentos de pesquisa e as aulas de campo, que podem
matização. contribuir para a constituição de processos pedagógicos
[...] que reverenciem o princípio da integração, reconhe-
Atividades permanentes cendo a importância de se conviver e aprender com as
diferenças, promovendo atividades em que as trocas
São as atividades que fazem parte do trabalho de for- sejam privilegiadas e estimuladas. Que reconheçam a
ma regular (diariamente, semanalmente ou quinzenal- interdependência entre corpo, emoção e cognição no
ato de aprender. Que privilegiem a ação em grupo, com
mente, por exemplo). Elas objetivam maior familiaridade
propostas de trabalho vivenciadas coletivamente (do-
com um assunto/tema, conhecimento procedimental ou
centes e discentes), levando em conta a singularidade
conceitual, de modo que os estudantes tenham oportu-
individual. Que rompam com a visão compartimentada
nidades de conhecer diferentes maneiras de ler, produzir dos conteúdos escolares (BRASIL, 2006, p. 67). Para que
textos orais, escritos e imagéticos, brincar, jogar, criar, essas ações sejam possíveis, é imprescindível a participa-
etc. São exemplos de atividades permanentes: notícias ção do pedagogo e do gestor, no sentido da garantia da
do dia, rodas de conversa, rodas de leitura, pesquisando articulação pedagógica entre os diferentes componentes
na internet, pesquisando no acervo da biblioteca, fazen- curriculares da área de linguagens, que somente poderá
do arte, cantando e encantando, jogos e brincadeiras, acontecer através do envolvimento tanto dos docentes
etc. desses componentes quanto dos docentes que atuam na
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
13
Dentro dessa visão, é desejável que “tanto professores O ambiente escolar deve ser propício para que o es-
como alunos estejam engajados e com vontade e desejo tudante e a professora se sintam motivados intrínseca
de ensinar e aprender” (SANTOS, 1997, p. 11), criando na e extrinsecamente. O estudante precisa ter ação ativa
sala de aula comunidades de aprendizagem, privilegian- em aula e querer ser responsável por seu processo de
do o espírito investigativo e a comunicação de ideias. aprendizagem; e a professora precisa ouvi-lo para com-
Essa visão se contrapõe principalmente a três tipos de preender a sua maneira de pensar ao resolver atividades
práticas no ensino de matemática: o ensino pautado na propostas para, a partir daí, mediar o processo de apren-
tríade exposição/exemplos/exercícios, que ainda está dizagem clareando ideias que estão confusas, a fim de
maciçamente presente em nossas salas de aula; a ideia que os conceitos possam ser corretamente construídos.
de linearidade que impede a percepção de campos de
conceitos; ensinar cálculos para depois explorá-los em A exploração dos diferentes pressupostos meto-
situações-problema, sem dar margem à investigação e dológicos
sem relacionar conteúdos a outras áreas do saber. Nesse
tipo de prática, a Matemática tende a ser vista como uma Faz-se necessário que o docente aja como mediador
disciplina em que a memorização de procedimentos é do processo de ensino aprendizagem, por meio das dife-
essencial, em detrimento da compreensão. É hora de nos rentes formas de linguagens e instrumentos. A conquista
perguntarmos por que o estudante passa a se sentir in- de uma matemática da vida e para a vida, relacionada
capaz de aprendê-la, na medida em que avança nos anos a situações do cotidiano em que o estudante a perce-
escolares? E quais seriam as alternativas metodológicas ba na sua função social, requer a utilização de diferentes
que apontaríamos para escapar dessa realidade? As in- pressupostos metodológicos. Estes são variados e abrem
terrogações acima pontuadas mostram a necessidade do possibilidades para as metodologias de ensino que favo-
enfrentamento de questões metodológicas que apon- recem conexões entre os campos conceituais da Mate-
tem potencialidades e fragilidades no ato de aprender mática e conexões com as outras áreas de conhecimento
e ensinar Matemática. Gómez Chacón (2003) afirma que e os temas da diversidade. Dentre eles:
as crenças e concepções sobre ela advêm da maneira de
como fomos apresentados à Matemática. Por ser uma - Resolução de situações-problema em seus diversos
ciência exata, ainda paira sobre a nossa crença que seu contextos;
ensino deve sempre trazer respostas únicas e rápidas e - Recurso à História da Matemática;
não se valoriza o processo de construção. É muito co- - Recurso às tecnologias da comunicação;
mum quando professoras e estudantes se deparam com - Recurso aos jogos e materiais manipulativos;
algoritmos diferentes, não o aceitarem como legítimos - Modelagem matemática;
porque creem que em Matemática é preciso privilegiar o - Etnomatemática.
domínio de processos rápidos. O ensino aprendizagem
que acreditamos e defendemos nesta diretriz requer mu- a) Resolução de situações-problema em seus di-
danças em três aspectos: versos contextos
forma de predisposição para ensinar e para aprender; e O ponto de partida da atividade matemática não é
extrínseca, que vem de fora para dentro, manifestada em a definição, mas o problema. No processo de ensino e
forma de elogios, prêmios, sucesso, e, principalmente, aprendizagem, conceitos, ideias e métodos matemáticos
apoio. “O professor precisa ter entusiasmo e prazer em devem ser abordados mediante a exploração de proble-
compartilhar o que sabe com o aluno. Em contrapartida, mas, ou seja, de situações em que os alunos precisem
o aluno precisa desejar aprender” (SANTOS, 1997, p. 11). desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las;
Sabemos que, no ambiente escolar, vários fatores fun- O problema certamente não é um exercício em que
cionam como entraves nesta proposição, mas é preciso o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula
ter consciência da importância que a motivação tem para ou um processo operatório. Só há problema se o aluno
que seja constantemente buscada e despertada por to- for levado a interpretar o enunciado da questão que lhe
dos os segmentos envolvidos. é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada;
14
Aproximações sucessivas ao conceito são construí- tória da Matemática pode ser um recurso para ir além de
das para resolver certo tipo de problema; num outro um item a mais a ser incorporado ao rol de conteúdos,
momento, o aluno utiliza o que aprendeu para resolver como por exemplo, a apresentação de fatos ou biogra-
outros, o que exige transferências, retificações, rupturas, fias de matemáticos famosos (HOFFMAN, 2012).
segundo um processo análogo ao que se pode observar
na história da Matemática; c) Tecnologias da comunicação
O aluno não constrói um conceito em resposta a um
problema, mas constrói um campo de conceitos que to- Os PCNs de Matemática atestam que:
mam sentido num campo de problemas. Um conceito As tecnologias, em suas diferentes formas e usos,
matemático se constrói articulado com outros conceitos, constituem um dos principais agentes de transformação
por meio de uma série de retificações e generalizações; da sociedade, pelas modificações que exercem no coti-
A resolução de problemas não é uma atividade diano das pessoas [...]. Estudiosos do tema mostram que
para ser desenvolvida em paralelo ou como aplicação a escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem
da aprendizagem, mas uma orientação para a apren- são capturados por uma informática cada vez mais avan-
dizagem, pois proporciona o contexto em que se pode çada. Nesse cenário, inserem-se mais um desafio para
apreender conceitos, procedimentos e atitudes matemá- a escola, ou seja, o de como incorporar ao seu traba-
ticas (BRASIL, 1998, p. 33). lho, tradicionalmente apoiado na oralidade e na escrita,
Sendo assim, destacamos a importância do docente novas formas de comunicar e conhecer. Por outro lado,
como mediador do processo de ensino aprendizagem, também é fato que as calculadoras, computadores e ou-
cabendo a ele despertar o estudante ao mundo de pos- tros elementos tecnológicos já são uma realidade para
sibilidades na resolução dos problemas. significativa parte da população (BRASIL, 1998, p. 46).
Apesar do grande uso no cotidiano das tecnologias
b) História da Matemática de informação, na escola ainda aproveitamos pouco o
laboratório de informática para aprendizagens matemá-
O recurso à História da Matemática pressupõe um tra- ticas. E quando utilizamos, o fazemos como se fosse ape-
balho interdisciplinar que não se limita ao conhecimento nas um “apêndice” do que efetivamente acontece na sala
de vultos e de personagens na área, mas ao conhecimen- de aula. Aliar a seu uso às práticas de sala de aula com
to de como historicamente esse conhecimento foi cons- mais planejamento e reflexão é um desafio aos educa-
truído. É possível trazer saberes de tempos e espaços que dores. Um jogo de adição, por exemplo, pode explorar
dialogarão com o fazer matemático do nosso dia a dia. vários conceitos do campo aditivo se não se limitar ape-
Podemos realizar diversos tipos de ações em sala de aula nas aos acertos e contagem de pontos. As estratégias
com o uso de história da matemática, tais como pesquisa dos estudantes podem ser analisadas e mediadas para a
bibliográfica, aplicação dos métodos estudados e utiliza- obtenção de raciocínios mais rápidos.
dos historicamente, apresentação de slide com os dados Cabe-nos pensar em como o computador e seus am-
selecionados nas pesquisas, entre outras. Além disso, re- bientes virtuais, a calculadora e até o celular podem se
visitando os PCNs, encontramos que transformar em aliados no ensino e aprendizagem, dado
Ao revelar a Matemática como uma criação humana, o seu caráter lógico-matemático, favorecendo o desen-
ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes volvimento cognitivo dos estudantes, principalmente, na
culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabe- medida em que permitem um trabalho que obedece a
lecer comparações entre os conceitos e processos ma- distintos ritmos de aprendizagem. O uso dessas ferra-
temáticos do passado e do presente, o professor tem a mentas podem tornar o estudante mais autônomo, fa-
possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais fa- zendo com que aprenda com seus próprios erros, pode
voráveis do aluno diante do conhecimento matemático. permitir a interação entre seus pares para que os conhe-
Além disso, conceitos abordados em conexão com sua cimentos de um e do outro se agreguem e os amplie na
história constituem-se veículos de informação cultural, medida em que reconstrói e internaliza conhecimentos,
sociológica e antropológica de grande valor formativo. A conforme afirma Bianchi (2003, p. 2):
História da Matemática é, nesse sentido, um instrumento O computador deve ser visto como um recurso di-
de resgate da própria identidade cultural (BRASIL, 1997, dático que traz uma gama enorme de possibilidades ao
p. 22). processo ensino-aprendizagem de Matemática. Não se
Ao fazer uso da História da Matemática, é possível deve perder de vista que seu caráter lógico-matemático
compreender melhor alguns “porquês”, criando cone- pode ser um bom aliado do desenvolvimento cognitivo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
xões entre conceitos matemáticos que passarão a fazer dos alunos, por permitir distintos ritmos de aprendiza-
mais sentido para o estudante. Além disso, oportuniza gem, por constituir-se fonte de conhecimento e apren-
a pesquisa, aguça a curiosidade que leva à investigação. dizagem, uma ferramenta para o desenvolvimento de
Os saberes matemáticos são somente aqueles veiculados habilidades, por possibilitar que os educandos possam
pelo saber hegemônico? Que tipos de conhecimentos aprender a partir de seus erros, junto com outras crian-
matemáticos são remanescentes de outros continentes ças, trocando e comparando.
como Ásia, África e América Pré-colombiana? Que sabe- O acesso a calculadoras e computadores – e outros
res matemáticos foram usurpados desses continentes e tipos de tecnologias – é algo comum e frequente na vida
vendidos ao mundo como se fossem eurocêntricos? A cotidiana da população, e nossos estudantes estão inse-
pesquisa histórica oportuniza a leitura, a escrita e as no- ridos nesse meio. Uma calculadora pode ser vista como
vas compreensões sobre o conteúdo desta área. A His- uma ferramenta tecnológica motivadora na realização de
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tarefas, assim como o celular e o computador que tam- Sendo assim, observamos que o jogo, como um re-
bém podem ser instrumentos poderosos que trazem vá- curso no processo educativo é de grande valia, quando
rias possibilidades ao processo de ensino-aprendizagem utilizado de forma correta, com objetivos preestabeleci-
da Matemática. dos e inseridos no planejamento da aula pelo docente
Logo, é preciso a mudança de postura dos educadores com expectativas e intencionalidade, configurando-se
resistentes a estas tecnologias, quebrar a barreira entre como um instrumento indispensável na construção de
elas e a sala de aula, tornando-as algo simples, no coti- saberes, podendo auxiliar tanto os docentes em práticas
diano na vida escolar do estudante, independentemente mais dinâmicas para suas aulas, quanto aos estudantes
de sua idade e série, respeitando suas especificidades e a que assim poderão atuar como sujeitos na construção
diversidade cultural presente em cada indivíduo. de seus conhecimentos, com mais autonomia de seus
saberes.
d) Jogos e materiais manipulativos
e) Modelagem matemática
O maior atrativo do jogo é o seu caráter lúdico, é a
sua não obrigatoriedade. Mas ainda é um desafio para o A modelagem matemática tem diversas concepções,
educador levar o jogo para a sala de aula sem deixar que que giram em torno de uma metodologia que propicie ao
se transforme em um pretexto para ensinar conteúdos estudante criar um modelo de abstração e generalização,
e, ao mesmo tempo, sem deixar que se transforme em com a finalidade de solucionar uma questão real de uma
uma atividade em que se utiliza o jogo pelo jogo. Pesqui- situação-problema. Para Burak (1992, p. 6), a Modelagem
sas apontam a sua importância no desenvolvimento da Matemática pode ser concebida como “um conjunto de
aprendizagem de conceitos, desde que se constitua em procedimentos cujo objetivo é construir um paralelo
uma prática articulada em sequências de atividades com para tentar explicar, matematicamente, os fenômenos
objetivos definidos (MUNIZ, 2010; BRASIL/PNAIC, 2014). presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a
Podem ser bem explorados, utilizando-se a tecnologia de fazer predições e tomar decisões”. Já Barbosa, Caldeira
informação ou elaborados a partir de material simples e Araújo (2007, p. 31) afirmam que a Modelagem Ma-
temática pode garantir “um ambiente de aprendizagem
em que se envolve o próprio estudante em sua constru-
no qual os estudantes são convidados a problematizar e
ção. São oportunidades de fazer conexões com as outras
investigar, por meio da Matemática, situações com refe-
áreas, favorecendo o raciocínio lógico matemático, a lei-
rência na realidade”.
tura, a escrita e outros, possibilitando, assim, o desenvol-
Assim, a modelagem matemática é a arte de expres-
vimento de várias habilidades. “No jogo, mediante a arti-
sar, por intermédio da linguagem matemática, situações-
culação entre o conhecido e o imaginado, desenvolve-se
-problema reais, proporcionando ao estudante situações,
o autoconhecimento — até onde se pode chegar — e o
nas aulas de matemática, em que pode ser criativo, insti-
conhecimento dos outros — o que se pode esperar e em
gado e motivado a solucionar problemas pelo desafio e
que circunstâncias” (BRASIL, 1997, p. 35). curiosidade da situação vivenciada. Além de ser uma ten-
Durante o jogo, os estudantes aprendem a se comu- dência que proporciona uma articulação entre os concei-
nicar, a argumentar defendendo estratégias, a lidar com tos matemáticos e a realidade, a modelagem matemática
ganhos e perdas, a respeitar regras e criar novas regras pode ser vista, também, como uma forma de valorização
ou modificá-las, tornando-se mais seguros e confiantes. do pensamento crítico e reflexivo do estudante. Almeida
Ao utilizarem convenções e regras que serão emprega- (2003, p. 2) diz que:
das no processo de ensino aprendizagem, adquirem uma Neste sentido podemos argumentar que o ensino da
forma de compreensão que favorece sua integração no matemática, numa perspectiva crítica, não está centra-
mundo social complexo e proporciona as primeiras apro- do em ensinar os alunos a desenvolver e criar modelos
ximações com futuras teorizações, independentemente matemáticos, mas além disso, é importante que o aluno
da idade que o estudante tenha. Jogar é uma atividade possa interpretar e agir em situações sociais estruturadas
inerente ao ser humano e essencial ao seu desenvolvi- ou influenciadas por estes modelos.
mento. D’Ambrósio (1986, p. 17), na mesma linha, argumenta
Atividades com jogos podem ser entendidas também que “através da modelagem matemática o aluno se torna
como atividades de resolução de problemas, na medi- mais consciente da utilidade da matemática para resolver
da em que o estudante utiliza e potencializa habilidades e analisar problemas do dia a dia”.
para traçar estratégias, buscar diferentes soluções, fazer O respeito à diversidade cultural e às interações so-
simulações, estruturar o pensamento, criar e decidir re-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
16
los matemáticos, não só com os recursos “formais” que cer, pois, se estudos indicam que existe um respeito ao
os conceitos matemáticos proporcionam, mas usando-os modo de fazer matemática do outro, precisamos tam-
na compreensão da dinâmica da realidade social, históri- bém saber ao certo como abordar isso em sala de aula.
ca e cultural da qual faz parte. Na sociedade em que vivemos, e com as problemá-
ticas enfrentadas em sala de aula, torna-se fundamental
f) Etnomatemática buscar propostas e metodologias curriculares que ve-
nham acompanhar os avanços tecnológicos, bem como
A palavra etnomatemática é: Etno (contextos cultu- reafirmar a escola como espaço de construção e desen-
rais, linguagens específicas, códigos de comportamento, volvimento de saberes e competências imprescindíveis
simbologias, práticas sociais e sensibilidades) Mátema para a constituição da cidadania. A busca e adoção de
(conhecimento, explicação e compreensão) techne ou novas metodologias, utilizando artefatos culturais e ativi-
Ticas (“arte” e “técnica”). Assim, etnomatemática é o es- dades práticas, permitem que a diversidade se manifeste
tudo de técnicas, modos, artes e estilos de explicação, na sala de aula, proporcionando a construção por parte
compreensão, aprendizagem, de acordo com a realidade do estudante, de um conhecimento mais significativo,
de diferentes sociedades e culturas; descrevendo práti- estabelecendo uma relação mais consistente e construti-
cas matemáticas de grupos culturais, a partir da análise va entre teoria e prática da matemática.
das relações entre conhecimento matemático e contex-
to cultural. É o processo de conhecer, explicar e enten- Concluindo, todas as práticas pedagógicas apresen-
der os diversos fazeres e saberes das pessoas em seus tadas direcionam para intervenções pedagógicas no en-
contextos socioculturais. É a Matemática desenvolvida sino de matemática no sentido de fazer que:
e praticada por povos e grupos culturais, sejam negros,
brancos, índios, trabalhadores, homens, mulheres, crian- - Os estudantes aprendam por experiência que a ma-
ças e outros, numa proposta política de inclusão social, temática faz sentido;
pautada na ética, que visa recuperar a dignidade cultural - Os estudantes acreditem que eles são capazes de
do ser humano, respeitando suas especificidades e as di- dar significado à matemática;
versidades culturais. - Os docentes deixem de ensinar simplesmente atra-
Logo, cabe à escola levá-la para a sala de aula e tra- vés de aulas expositivas e deixem os estudantes
balhar a matemática que os estudantes trazem, propor- atribuírem significados à Matemática que eles es-
cionando situações de aprendizagem mais significativas tão aprendendo.
e próximas dos educandos. D’Ambrósio (2005, p. 99), - Os estudantes entendam que a matemática também
como o precursor e idealizador mundial desta corrente é composta por abstrações, e, por isso tem aplica-
teórica, afirma que a etnomatemática ções no cotidiano. Que só tem significância pelo
Tem seu comportamento alimentado pela aquisição conhecimento cientifico produzido.
de conhecimento, de fazer(es) e de saber(es) que lhes
permitam sobreviver e transcender, através de maneiras, A modernização do ensino da Matemática terá de ser
de modos, de técnicas, de artes (techné ou ‘ticas’) de ex- feita não só quanto a programas, mas também quanto
plicar, de conhecer, de entender, de lidar com, de con- a métodos de ensino. De acordo com a Base Nacional
viver com (mátema) a realidade natural e sociocultural Comum Curricular (2016, p. 132):
(etno) na qual ele, homem, está inserido. O ensino de Matemática visa a uma compreensão
Sendo assim, a etnomatemática traz uma proposta abrangente do mundo e das práticas sociais, [...] que pre-
educacional de valorização da matemática vivenciada cisa ser sustentada pela capacidade de argumentação,
pelos diferentes povos, culturas e classes sociais, no meio segurança para lidar com problemas e desafios de ori-
em que estão inseridos, estimulando o desenvolvimento gens diversas. Por isso, é fundamental que o ensino seja
da criatividade, a partir das diferentes formas de relações contextualizado e interdisciplinar, mas que, ao mesmo
interculturais, sem inferiorizá-las; não apenas por curio- tempo, se persiga o desenvolvimento da capacidade de
sidade histórica, mas como reconhecimento legítimo de abstrair, de perceber o que pode ser generalizado para
saberes de povos que ao longo dos séculos, desenvolve outros contextos, de usar a imaginação.
sua própria matemática de acordo com suas necessida- Sendo assim, consideramos que algumas mudanças
des. Assim, faz-se necessárias ações pedagógicas que le- nesse sentido podem ser conquistadas com posturas re-
vem em conta o contexto sociocultural dos educandos, lativamente simples que tentaremos sugerir a seguir.
sua realidade social, necessidades e aspirações pessoais.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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busca a solução de problemas ou exercícios, dialogando As aulas de Matemática podem se tornar ambientes
com seus pares. Considerando que a formação do sujei- de crescimento em todas as áreas do saber, especial-
to se estabelece na mediação da sala de aula, é no am- mente, no que se refere à área de linguagens. Smole &
biente, por excelência, em que se devem criar condições Diniz (2001) dizem que a leitura é espaço comum entre
propícias para que o processo ensino e aprendizagem todas as disciplinas. E sabemos que o discurso geral nas
ocorra. É na discursividade que a matemática passa a fa- escolas é que o estudante não sabe matemática porque
zer sentido para o estudante, porque fará a conexão com não compreende o que lê.
as outras áreas do saber. Se não compreende, cabe-nos perguntar o que pode
Os conflitos cognitivos que surgem quando se opor- ser feito para avançar nesse processo.
tuniza a discussão em aulas de Matemática mediadas Nesse sentido, as autoras destacam que “torna-se im-
pela professora, podem levar o estudante à metacog- prescindível que todas as áreas do conhecimento tomem
nição, isto é, à capacidade de pensar sobre o próprio para si a tarefa de formar o leitor” (SMOLE & DINIZ, 2001,
pensamento. Desta forma se reestruturam conceitos em p. 70). Vencer esse desafio pode ser mais simples quan-
do se elege a metodologia de resolução de problemas
formação, evitando obstáculos cognitivos. Estes se cons-
como fio condutor do desenvolvimento de conceitos em
tituem em equívocos que podem travar aprendizagens
Matemática. Várias técnicas de leitura podem ajudar na
subsequentes e muitas vezes servir como desencadea-
compreensão do texto matemático, como a leitura silen-
dores de bloqueios e aversão pela disciplina (HOFFMAN,
ciosa dirigida, a leitura oral por um colega, a leitura oral
2012). coletiva, a leitura oral dirigida em que se selecionam as
Moreira (1999) enumera três tipos de signos: indi- informações relevantes, a leitura jogralizada ou dramati-
cadores, icônicos e simbólicos. Nesses signos, o mais zada e outras. Para isso, é essencial que se ofereça dife-
importante é a palavra sugerida por eles. A linguagem rentes textos com situações-problema: rotineiros e não
escrita, falada e matemática são sistemas de signos sim- rotineiros; textos simples, textos de média complexidade;
bólicos e o uso desse aparato é que vai possibilitar o de- e textos desafiadores; textos no formato do livro didáti-
senvolvimento do ser criança, jovem ou adulto. Quan- co; textos elaborados pelo próprio estudante, individual
to mais o indivíduo usar esses signos, mais aprimorará ou coletivamente. É essa variedade que vai transformar a
a sua capacidade psicológica. Essa teoria levada para a aula de Matemática em um ambiente alfabetizador por
aprendizagem matemática significa possibilitar a inte- excelência e vai permitir que o estudante compreenda
ração social, que conduz à construção de significados melhor qualquer texto matemático que lhe for ofereci-
socialmente compartilhados. Isso pressupõe deixar que do, sobretudo se lembrarmos de que qualquer texto, por
os estudantes expressem o que pensam, o que sabem mais simples que seja, permite a discursividade, gerando
e o que não sabem. É durante esses momentos que se novas situações, indo além da leitura sem significação.
negociam significados, possibilitando que os conceitos Logo, é fundamental que a professora não se torne a úni-
espontâneos dos estudantes se aproximem dos concei- ca leitora em aulas de Matemática.
tos científicos; pois o aprendiz traz suas ideias e certifica- As práticas de leitura precisam ser intensificadas e
-se das compreensões que construiu nos momentos de diversificadas nas aulas de Matemática, pois esta pos-
interlocução oral, validando-as ou refazendo-as; o que sui vocabulário e sistema simbólico que lhe é específico,
equivale a dizer que há um “intercâmbio de significados” sendo, portanto, imprescindível que esta professora tam-
nessa interação (MOREIRA, 1999, p. 111). bém tome para si a tarefa de formar o leitor.
Uma prática interdisciplinar permite que se elaborem
• Interdisciplinaridade sequências didáticas riquíssimas, tanto nos anos iniciais
como nos anos finais, rompendo com a fragmentação do
ensino, principalmente, no que se refere à Matemática
As atividades matemáticas no mundo atual requerem,
e Língua Materna. A elaboração de textos em aulas de
desde níveis básicos aos mais complexos, capacidades e
matemática deve ser um processo contínuo, pois ajuda
competências para problematizar e solucionar diversas
na aprendizagem matemática, ao mesmo tempo em que
situações-problema da vivência do indivíduo e da car-
favorece o desenvolvimento de várias habilidades. Como
reira profissional que se espera alcançar. Assim, torna-se exemplo, citamos a importância de levar o estudante a
imprescindível a articulação da Matemática com seus di- dar justificativas orais ou escritas para a forma como so-
versos eixos, nas práticas e necessidades sociais, assim lucionou um problema proposto. Além de ajudar o estu-
como nas outras áreas do saber científico ou tecnoló- dante a organizar seu pensamento, leva-o a desenvolver
gico, com o objetivo de favorecer a atribuição de sig-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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• Ouvir o estudante Matemática em fazer com que a sua aprendizagem se
torne acessível a todos dentro das diferentes formas de
É preciso que o docente construa um elo de liga- entendê-la e vivenciá-la no contexto sociocultural (HOF-
ção com o estudante para que a comunicação do saber FMAN, 2012). Assim sendo, a formação continuada preci-
aconteça e para que compreenda suas reais necessida- sa garantir espaços em que os docentes também possam
des (HOFFMAN, 2012). Quando o estudante percebe que rever a sua relação com a Matemática, bem como as suas
também a professora aprende com ele, se sentirá mais crenças e concepções sobre ela, seu ensino e sua apren-
seguro e confiante. dizagem.
Trabalhar em uma perspectiva em que se permita a Santos (1996, p. 120) afirma que “nós, educadores
escuta, privilegiando a construção de conceitos, pres- matemáticos, devemos investigar de maneira detalhada
supõe repensar os espaços e tempos de aprendizagem. as concepções, dificuldades e consciência metacognitiva
Para compreender o raciocínio do estudante, permitindo que os futuros professores e os professores em exercício
sua socialização e o confronto deste com o de outros possuem”.
colegas, faz-se necessário um processo dialógico com Essa investigação de que a autora acima fala, pode
tempo de aula de qualidade. ser possibilitada com a reflexão sobre a própria prática.
Uma das formas de valorizar e utilizar conhecimen- Como estou ensinando Matemática? Privilegio a com-
tos matemáticos trazidos pelo estudante é abrir espaços preensão e a construção ou espero que o estudante pen-
que lhe permitam expressar-se, ou seja, falar e ser ou- se com a minha lógica? Que tipo de visão sobre o ensino
vido. Cabe ao docente relacioná-los com os direitos de da Matemática estrutura a minha prática? O que é mate-
aprendizagem do currículo formal sem desqualificá-los, mática para mim? E sobretudo, a minha visão impede o
pois são diferentes saberes dentro de um mesmo espaço. estudante de gostar da disciplina?
A fruição dessas ideias deve ser incentivada sempre que Para desenvolver o gosto pela Matemática, uma das
possível, para, a partir daí, dialogar com o conhecimento estratégias pode ser oportunizar experiências que pos-
formal. sibilitem vivências e reflexões de situações de perdas e
ganhos, inclusive, revelando talentos ou altas habilida-
• Desenvolver o gosto pela Matemática des. O erro pode ser concebido como parte da aprendi-
zagem em situações saudáveis, em que as atividades são
selecionadas e mediadas de tal forma, que a repetição
A afetividade em relação à Matemática tem sido
deste erro não aconteça. A escola pode criar a Olimpíada
estudada, desde a década de 1980, e hoje, estudiosos
Interna, a Semana da Matemática, comemorar o Dia da
concordam que está fortemente ligada ao desempenho
Matemática, em que atividades diversificadas podem ser
dos estudantes (GOMEZ CHACÓN, 2003; ZANON, 2011).
desenvolvidas, inclusive com oficinas de jogos e curio-
Todo docente, com alguma experiência de sala de aula,
sidades. Outra estratégia pode ser, esporadicamente,
já presenciou situações em que estudantes dizem odiar
oferecer ao estudante oportunidades de vivência de
essa disciplina, enquanto outros dizem amá-la. O que
questões de lógica nos moldes da Olimpíada Brasileira
permeia esse comportamento, segundo pesquisadores,
da Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e mediar
são as experiências que o indivíduo possui com a disci- sua solução.
plina nos primeiros anos de escolaridade, ou até no am-
biente extraescolar. E pode ser determinante para uma • Incentivar e possibilitar a utilização de estraté-
atitude positiva ou negativa frente a essa disciplina. O gias próprias na resolução de situações problema
trabalho coerente com a visão dinâmica da Matemática
favorecerá que todos se sintam capazes de aprender. A A valorização das estratégias do estudante está dire-
utilização de atividades variadas – algumas simples, ou- tamente ligada ao item anterior, em que falávamos da
tras de média complexidade e outras mais desafiadoras ressignificação dos afetos na Matemática. É fundamental
– em trabalhos de grupos com mediação, fará com que que se permita ao estudante o uso da contagem de de-
todos os estudantes em diferentes níveis de aprendiza- dos, da representação pictórica e icônica na construção
gem sejam contemplados. do raciocínio. Mas é preciso ouvi-lo, ele é que vai expli-
car os esquemas em ação que utilizou. A mediação do
O ensino e aprendizagem da Matemática, inevitavel- docente nesse processo é fundamental para que não se
mente, acontecem de acordo com crenças e concepções criem obstáculos cognitivos, isto é, equívocos na cons-
dos docentes. A forma como esse ensino é concebido trução do conceito que podem travar aprendizagens
pela professora pode desencadear, no estudante, a cren-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
19
Matemática não é somente fazer cálculos algorítmi- Santos (1997) recomenda também o uso da escrita
cos, é preciso incentivar o uso de algoritmos alternativos como forma de avaliação em moldes diferentes do que
que privilegiam a representação pessoal, o uso de mapas tradicionalmente a escola faz. Uma dessas formas de es-
conceituais, o uso da reta numerada e o uso da escrita crita são os mapas conceituais. Utilizados com frequên-
para elucidar raciocínios. cia na sala de aula, acompanhados de textos explicati-
vos, ajudarão o planejamento da professora e mostrarão
Práticas avaliativas onde sua atuação deverá ser mais efetiva. Mapas concei-
tuais em matemática podem evidenciar problemas de es-
A avaliação é imprescindível no trabalho educativo, crita e de raciocínio matemático do estudante, facilitando
pois este exige tomada de decisões a todo momento intervenções do docente. Constituem-se em um recurso
em relação ao processo de ensino aprendizagem. Nesse de escrita e de representação pictórica que podem ser
processo é necessário que professora e estudante esta- utilizados com criatividade, também, de forma coletiva
beleçam relações de reciprocidade, pois o estudante é em sala de aula (HOFFMAN; SANTOS-WAGNER, 2011).
considerado um ser ativo na construção de seu conheci- Outros gêneros sugeridos são cartas a colegas que esti-
mento, e a professora uma mediadora nessa construção veram ausentes, explicando os conteúdos trabalhados ou
(PMV, 2004, p. 14). explicitando por que não os aprendeu; criação de escritas
As práticas avaliativas devem se constituir como livres; diários; diálogos; histórias em quadrinhos; músicas
um processo contínuo, qualitativo, e, que considere os em ritmos preferidos ou poesias envolvendo conceitos
percursos e estratégias dos estudantes, bem como seu aprendidos. Todos esses tipos de texto podem contribuir
desenvolvimento e os tempos de aprendizagem. Nesta para comunicar ao docente o que o estudante sabe e o
perspectiva, “a avaliação é vista como intrinsecamente que não sabe em Matemática. E ainda podem evidenciar
ligada às ações de ensino, servindo como ponto de parti- sentimentos em relação à disciplina, por serem escritas
da para o planejamento didático, rompendo com a con- mais expressivas, em que o estudante escreve livremente.
cepção excludente de avaliação para reprovação” (FARIA; Logo, o uso de práticas pedagógicas diversificadas se
CAVALCANTE, 2015, p. 31). A avaliação é parte inerente faz necessário, pois entendemos que a avaliação deve ser
ao processo em que nada é desconectado e onde todas vista como uma apreciação de todo processo de apren-
as ações desenvolvidas são vistas em relação aos outros dizagem do estudante e do seu desempenho, bem como
atores da comunidade escolar. Para isso, o docente po- do trabalho do docente. Além disso, deve obedecer ao
derá fazer uso de instrumentos diversos de registros ava- princípio da inclusão que está colocado como um desafio
liativos, sempre em caráter formativo e não classificató- às escolas, mas perfeitamente possível quando se avalia
rio. Não cabe a essa diretriz dizer qual instrumento deve o direito de aprendizagem do estudante, colocando-o
ser usado, porque entendemos que mais importante do em relação a todos os envolvidos.
que o instrumento é a interpretação do resultado. Além
disso, em uma prática pedagógica onde docente e estu- ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
dante estão em constante interação, a avaliação oportu-
niza novas aprendizagens e reflexões para ambos. Perspectivas teórico-metodológicas
A avaliação da aprendizagem em matemática pre-
cisa valorizar a criatividade, a intuição, os processos de O ensino de Ciências da Natureza, em sua fundamen-
raciocínio e de aquisição de conceitos, tanto quanto o tação, requer uma relação constante entre conhecimen-
formalismo e o produto final. Isso pressupõe uma prática to cientifico e conhecimento popular. A garantia de que
mais dinâmica, que requer um processo avaliativo mais essa relação se estabeleça perpassa pela necessidade da
abrangente que não se valha de apenas de (retirar este articulação entre cotidiano e ciência, visto que os com-
“de”) um único instrumento. ponentes que compõem as Ciências da Natureza estão
A avaliação que se pretende neste documento é intimamente relacionadas com a ciência experimental, ou
aquela que considera as provas escritas ou orais como seja, com a ideia da realização de experimentos. Morti-
mais uma oportunidade de aprendizagem de todos os mer (1998, p. 116) nos aponta que,
envolvidos no processo, e não como único instrumento [...] trazer a linguagem cotidiana para a sala de aula,
a ser utilizado. O erro deve ser considerado uma evidên- através da voz do aluno ou da aluna, não com o objetivo
cia do que o estudante ainda não sabe para que novas de destruí-la através da linguagem cientifica, mais “po-
práticas pedagógicas sejam estabelecidas. Se compreen- derosa”, mas para mostrar que essas duas formas de co-
dermos que o saber matemático é adquirido por meio do nhecer o mundo são contínuo em relação à apropriação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
processo de negociação de significados que ocorre nas do saber historicamente acumulado pelos estudantes,
interações sociais entre estudante/estudante e docente/ bem como, na formação da cidadania e consequente-
estudante, por que não pensar em formas de avaliar em mente na melhoria da qualidade de vida.
que o estudante se expresse de formas diferentes? Por Nesse sentido, o eixo Cidadania e Qualidade de Vida
que privilegiar provas escritas solitárias? Quem é que não a ser trabalhado na Educação de Jovens e Adultos focará
vivenciou o fato de pegar uma prova escrita e não re- os valores que se expressam na escola a partir da vivência
conhecer o estudante nela? O que pode causar o baixo diária, por meio de aspectos concretos, como: a quali-
desempenho de um estudante brilhante em sala de aula? dade da merenda escolar, a conservação das dependên-
Santos (1997) argumenta que nem sempre aquele estu- cias, as ações protagonizadas pelos estudantes, as aulas
dante que acerta, sabe o conteúdo, bem como aquele de campo, a utilização dos diversos espaços tempos da
que erra, o desconhece. escola, as relações entre profissionais e estudantes, entre
20
os próprios estudantes, ou seja, em todas as atividades [...] uma etapa posterior a um processo de problema-
que perpassam o Currículo. Podemos dizer também que, tização da realidade vivida pelos alunos e da elaboração
no coletivo do espaço escolar se produz qualidade de de modelos e teorizações apoiadas nos saberes científi-
vida que se traduz em saúde social para as comunidades. cos e tecnológicos. Por essa razão foi dito anteriormente
Desse modo, e ́ possível propiciar o desenvolvimento de que tais saberes devem ser considerados nas tomadas de
práticas solidárias e colaborativas que se estendam ao decisões e elaboração de hipóteses referentes aos pro-
âmbito familiar e aos ambientes públicos, para que tal blemas em estudo. Esses saberes são ferramentas impor-
responsabilidade se transforme em prática de cidadania, tantes para a análise e a crítica.
em prática de vida, em “ética universal do ser humano” Nos anos iniciais, por meio de diferentes atividades,
(FREIRE, 2002, p.7). os estudantes podem vir a conhecer fenômenos, proces-
Outra questão a se destacar é que a abordagem me- sos, explicações e conceitos, debater diversos problemas
todológica, de acordo como os princípios da CTSA, e estabelecer várias relações entre os temas estudados.
[...] implica uma nova ênfase curricular e se refere a Poderão também construir noções científicas de menor
uma outra formação, distinta da atual. Assim sendo, ha- complexidade e abrangência, ampliando suas primeiras
verá necessidade de uma reorientação tanto nos saberes explicações, conforme seu desenvolvimento permite.
a ensinar como nas estratégias metodológicas adotadas. Nos anos finais, os conceitos apresentados nesse pe-
Mas, ainda terá lugar uma concepção educacional que ríodo devem sem aprofundados, além do mais torna-se
apoiará tais escolhas e práticas. Nesse caso, o par me- relevante que novos conhecimentos sobre a ciência se-
todologia – conteúdo não poderá ser pensado separa- jam apresentados, de modo que os estudantes possam
damente, nem mesmo como uma relação subordinada, ampliar seu repertório cultural sobre temas desta área de
ou seja, escolhidos os conteúdos, o passo seguinte seria conhecimento.
As aulas de Ciências devem ser desenvolvidas da
escolher as metodologias (RICARDO, 2007, s/p).
mesma forma e com a mesma importância desde os pri-
Nesses termos, a intervenção no processo ensino
meiros anos do Ensino Fundamental, despertando os es-
aprendizagem deve ser problematizadora, visando a
tudantes para a prática de investigação. Para tanto deve-
busca de informações em fontes variadas e para a ela-
rá haver integração dos docentes PEBII e PEBIII, de modo
boração de projetos, além de discutir a importância da
a oportunizar a democratização científica (iniciação, ex-
sistematização (Brasil, 1997), consolidado através da
perimentação, vocabulário científico), bem como garantir
incentivação, observação, análise e pesquisa científica.
que a escola seja dotada de materiais para a iniciação
Caracterizando a professora como uma mediadora da
científica e dotada de infraestrutura e espaços tempos
aprendizagem, visando a construção dos conceitos por
para as realizações de experiências científicas (CHASSOT,
parte dos estudantes. 2010).
No ambiente escolar os estudantes desenvolvem Dentre as práticas metodológicas utilizadas no en-
uma série de elucidações acerca dos fenômenos naturais sino de Ciências podemos citar: seminários, palestras,
e dos produtos tecnológicos, podendo ter uma lógica de demonstrações e experimentações, levantamento de
raciocínio diferente da lógica das Ciências da Natureza, hipóteses e resolução de problemas, jogos de simula-
embora às vezes a ela se assemelhe. De alguma forma ções, fóruns e debates, projetos individuais e de grupo,
essas explicações aguçam e satisfazem as curiosidades redação e leitura de cartas, pesquisa de campo, ações
dos estudantes e fornecem respostas às suas indaga- comunitárias, a utilização de recursos audiovisuais e tec-
ções, tornando-se o ponto de partida para a construção nológicos, entre outras.
da compreensão dos fenômenos naturais. Para que eles/ Nesse contexto, poderão ser utilizados diversos es-
elas sintam necessidade de buscar informações e recons- paços como ambientes de investigação: sala de aula,
truí-los ou ampliá-los, é preciso que os conteúdos a se- sala-ambiente, laboratório de Ciências, laboratório de
rem trabalhados se apresentem como um problema a ser Informática, hortas, centros e museus de Ciências, Ob-
resolvido. servatório, Planetário, reservas ambientais, o próprio en-
Seguindo essa linha de pensamento, o docente atuan- torno escolar, parques e praças da cidade, etc. Entretan-
do como mediador poderá promover a desestabilização to, não podemos esquecer a importância de se conhecer
dos conhecimentos prévios, criando situações onde con- previamente as características dos espaços de ensino
flitos estabelecidos gerem aprendizagens significativas, para melhor aliar seus recursos aos conteúdos trabalha-
ou seja, coloca-se um problema para os estudantes, cuja dos em sala de aula, construindo significativamente uma
solução passa por coletar novas informações, analisar os educação científica.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
modelos construídos, atribuir diferentes sentidos e pro- Todavia, entendemos que para a implementação e
por soluções. Sem perder de vista que uma questão só fortalecimento dessas práticas pedagógicas é relevante a
é um problema quando os estudantes podem ganhar implementação de uma proposta de formação continua-
consciência de que seu modelo não é suficiente para ex- da para os integrantes da área de conhecimento, docen-
plicá-lo. A partir de então, podem elaborar um novo mo- tes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, do Primeiro
delo mediante investigações e confrontações de ideias Segmento da Eja e da
orientadas pela professora (Brasil, 1997). Educação Especial, bem como a e equipe gestora,
Ricardo (2007, s/p) aponta que feito este trabalho é como meio de proporcionar uma troca entre experiên-
importante ainda promover a contextualização, ou seja, cias já existentes e fomentar novas perspectivas pedagó-
trata-se de construir: gicas para a área.
21
Além disso, é interessante que a gestão escolar pos- […] informa ao professor o que foi aprendido pelo
sibilite momentos de planejamento com outras áreas do estudante; informa ao estudante quais são seus avan-
conhecimento (Ciências Humanas, Linguagens e Mate- ços, dificuldades e possibilidades; encaminha o professor
mática), além da Informática Educativa. Considerando para a reflexão sobre a eficácia de sua prática educativa
que os conhecimentos são construídos historicamen- e, esse modo, orienta o ajuste de sua intervenção peda-
te, como algo em movimento, o ensino de Ciências da gógica para que o estudante aprenda. Possibilita tam-
Natureza requer um planejamento que contemple a bém à equipe escolar definir prioridades em suas ações
articulação entre as diversas áreas de conhecimento, o educativas (BRASIL, 1998, p.30).
que oportunizará aos estudantes conhecimentos con- A avaliação diagnóstica é inerente a todos processos
textualizados e transdisciplinares que desencadearão um de aprendizagem, procurando identificar quais são os
processo de construção, desconstrução, reconstrução e desafios e dificuldades de aprendizagem e suas possí-
ressignificação de seus saberes. veis causas. Para Haydn (2002, p. 20) essa prática deve
Nessa abordagem, os temas de trabalho, a partir dos ser utilizada periodicamente, por que não é apenas no
eixos temáticos e das questões da diversidade, poderão início de cada período letivo que se realiza a avaliação
advir dos estudantes, que deverão dispor de espaço con- diagnóstica. No início de cada unidade de ensino, é reco-
siderável nas decisões, nos modos de investigação, nas mendável que o professor verifique quais as informações
atividades a serem desenvolvidas e formas de trabalho que seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilida-
com os conteúdos. Tornam-se assim corresponsáveis des apresentam para dominar o conteúdo. Isso facilita o
pelo planejamento e protagonistas no desenvolvimento desenvolvimento da unidade e ajuda a garantir a eficácia
do trabalho. do processo ensino-aprendizagem.
É necessário ainda, evidenciar o enfoque das relações Luckesi (2002), afirma que a avaliação diagnóstica
entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente em deve vir articulada a uma proposta pedagógica a cada
vários contextos culturais, que tem como fundamento novo conteúdo, necessitando haver variados instrumen-
a problematização das tensões que o desenvolvimento tos avaliativos para que seja um processo contínuo e di-
técnico científico, em âmbito local e mundial, tem pro- nâmico, que subsidiará o planejamento do docente e a
duzido e a reflexão sobre a importância da participação identificação do nível de aprendizagem dos estudantes.
O docente pode realizar a avaliação por meio de:
social nestas discussões. Nesse sentido, o trabalho re-
• observação sistemática do processo de aprendi-
quer estratégias pedagógicas investigativas em que os
zagem dos estudantes, utilizando alguns instrumentos,
estudantes sejam pesquisadores do meio em que vivem,
como registro em tabelas, listas de acompanhamento,
frente aos problemas socioambientais.
diário de classe e outros;
Em se tratando de abordagem metodológica, faz-se
• análise das produções dos estudantes - considerar a
necessário contemplar as questões pontuadas no início
variedade de suas produções, para que se possa ter um
deste texto sobre o que preceitua a Política Nacional de
quadro real das aprendizagens conquistadas;
Educação Ambiental (Lei nº 9795/1999), bem como, a Po-
• atividades específicas para a avaliação - garantir que
lítica Municipal de Educação sejam semelhantes às situações de aprendizagem comu-
Ambiental (Lei nº 8.695/2014), visto que, “a educa- mente estruturadas em sala de aula.
ção ambiental é um componente essencial e permanente A professora de Ciências sendo conhecedor das re-
da educação nacional devendo estar presente de forma lações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente,
articulada em todos os níveis e modalidades do proces- deverá trabalhar com observações, investigações, experi-
so educativo, em caráter formal e não formal” (Lei nº mentos, debatendo os fatos e as ideias e levando o estu-
9795/1999, art. 2º). Diante disso, discutir e refletir sobre a dante a organizar as informações por meio de desenhos,
Educação Ambiental requer práticas comprometidas com tabelas, esquemas e textos, e ainda propor e solucionar
a construção de espaços educacionais sustentáveis, fun- problemas.
damentados na interação humana, compreendendo os Nesta perspectiva, os recursos avaliativos vão além de
direitos humanos, a inclusão e acessibilidade, bem como, provas formais (escritas), a avaliação também pode ser
a ênfase às dimensões ambientais, sociais e culturais. feita através de atividades que permitem inferir aprendi-
zagem, como:
Práticas avaliativas - Confecção de diários de bordos;
- Produção de relatórios de observação de atividades
De acordo com as discussões ocorridas nos Ciclos de investigativas e de aulas de campo;
Diálogos Curriculares sobre as práticas avaliativas, a ava-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
22
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Para tanto, faz-se necessária a utilização de diferen-
tes linguagens (tecnológicas, cartográficas, artísticas,
Abordagens metodológicas audiovisuais, corporais, entre outras) que propiciem aos
estudantes possibilidades da leitura de mundo e conhe-
Segundo Cavalcanti (2002), a escola é o lugar onde cimento da realidade a partir de diversas formas de ob-
diferentes culturas, diferentes saberes cotidianos e cien- tenção de informações, conferindo-lhes autonomia ao
tíficos estão presentes. Essa diversidade, conforme tam- expressar os conhecimentos apreendidos, valorizando
bém exposto na caracterização da área, deve ser o ponto o espírito crítico e questionador em suas próprias pro-
de partida na configuração das metodologias de ensino duções, provendo nossos estudantes a possibilidade de
para a área das Humanas, sendo este um grande desafio se tornarem indagativos e especuladores, estimulando
representado pela escolha de procedimentos que con- a crença de que são capazes de pensar por si próprios,
siderem as inúmeras diferenças existentes nas salas de estabelecer novas comparações e alternativas diferentes
aula. daquelas dos docentes, enfim, protagonistas da constru-
Na busca de um ensinar-aprender bem sucedido há
ção, ressignificação e superação de seus saberes. Assim,
de considerar, portanto, diferentes fatores que interfe-
dentre as opções possíveis para a produção do conheci-
rem nesse processo, como, as experiências e as singula-
ridades dos estudantes, a organização dos tempos-espa- mento de forma significativa, pode-se pensar a pesquisa,
ços escolares e os materiais escolhidos para o ensinar e a aula de campo, os seminários temáticos, as experiências
aprender, entre outros, que se constituem referências na científicas como práticas pedagógicas. Por meio dessas
seleção e organização das metodologias de ensino e que atividades, proporciona-se aos estudantes uma autono-
devem ser discutidos e planejados coletivamente (KIMU- mia diante da produção do conhecimento, ao despertar
RA, 2011). o senso crítico e reflexivo sobre o espaço vivido.
Nessa direção, iniciaremos nossas reflexões no que Na teia de relações da escola, outro fator que interfe-
se refere aos pressupostos metodológicos da área das re na escolha e desenvolvimento de procedimentos me-
Ciências Humanas, enfatizando a necessidade do conhe- todológicos é a forma como se organizam os diferentes
cimento das experiências e trajetórias de vida de nos- tempos-espaços escolares. Como se organiza o tempo
sos estudantes. Quem são eles? Qual as relações que escolar na unidade de ensino? O tempo de escolarização,
estabelecem em seu espaço de vida, familiar, social, de ciclos, turnos, o número e o tempo das aulas interferem
estudo, de trabalho? Que conhecimentos têm sobre de- nos processos de ensinar/aprender e da avaliação? E os
terminados assuntos ou temáticas? Como saber mediar espaços da escola, estão sendo ocupados e potencializa-
a superação de seus conhecimentos com a construção dos no desenvolvimento do currículo? Tem-se discutido,
de novos conhecimentos se não os conhecemos? Nossos coletiva e colaborativamente, sobre as estratégias, me-
estudantes não chegam à escola como uma folha de ca-
todologias, recursos que possibilitem o pleno acesso de
derno em branco, não vão à escola como uma parte de si
todos os estudantes ao currículo? Propomos então, que
mesmos, e sim, como uma pessoa, um todo. De acordo
com a versão preliminar da Base Nacional Comum Curri- a participação efetiva dos profissionais na organização
cular (BRASIL, 2016), geral da escola seja uma das etapas dos seus procedi-
[...] é importante a valorização e a problematização mentos metodológicos na busca /de um ensinar-apren-
de vivências e experiências que os/as estudantes trazem der de qualidade nas escolas.
para a escola, por meio do lúdico, de trocas, da escuta Outro aspecto importante são as possibilidades ma-
e de falas sensíveis, nos diversos ambientes educativos teriais da escola bem como a participação na decisão e
(bibliotecas, pátio, praças, parques, museus, arquivos, escolha de obtenção desses materiais através, por exem-
dentre outros), privilegiando o trabalho de campo, entre- plo, da participação coletiva na elaboração do Projeto
vistas, observação; desenvolvendo análises e argumenta- Político Pedagógico e do Plano de Ação anual da mesma,
ções; potencializando descobertas; estimulando o pensa- como defesa de uma das condições da existência de ba-
mento criativo e crítico, a capacidade de fazer perguntas ses materiais para escolarização da população que não
e de avaliar respostas; e enfatizando a pesquisa como pode adquiri-los. Daí a importância do planejamento an-
procedimento próprio da área (BRASIL, 2016, p. 296). tecipado das atividades que os profissionais desenvolve-
Dentre as alternativas metodológicas citadas, desta- rão com os estudantes.
camos a importância da pesquisa em Ciências Humanas Entre os materiais escolhidos para o ensinar-aprender
que deve ser desenvolvida de forma progressiva com os (e por mais que pareça lugar-comum), um merece re-
estudantes do Ensino Fundamental, através dos procedi-
flexão cuidadosa: o livro didático. Sua importância é um
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
23
zes, os adota mecanicamente, sem nenhum tipo de inter- Práticas avaliativas
venção metodológica junto aos estudantes. Além disso,
sabemos que a definição do livro didático nas escolas, A concepção sobre avaliação da aprendizagem como
sua pertinência, está relacionada ao quanto fácil ou difícil uma prática processual, qualitativa, formativa, diagnós-
é o seu entendimento para os estudantes. tica, vem sendo defendida por diferentes autores, ten-
Sendo assim, é importante reforçarmos a importância do em vista a superação do caráter autoritário, seletivo
da seriedade no processo de escolha do livro didático: e punitivo que historicamente predominou nas práticas
estarmos atentos à pertinência dos conteúdos e ativida- avaliativas desenvolvidas nas escolas (ESTEBAN, 2002,
des propostas, especificidade da linguagem (à qualidade 2003, 2003a; LUCKESI, 2006; AFONSO, 2003; HOFFMAN,
das imagens e do texto), à veracidade das informações e 2003 e 2006).
à orientação teórica-metodológica do autor. O fato é que Nessa direção, a legislação atual traz questões fun-
quando os docentes utilizam o livro didático mecanica- damentais à prática avaliativa da escola, principalmente
mente, sem problematizar as questões de cunho político na área de Ciências Humanas, tendo em vista a natureza
que perpassam o currículo, qualquer material poderá ser dos componentes curriculares que a constituem que são
utilizado, mas não potencializará aprendizagens signifi- a História, a Geografia e o Ensino Religioso. Esses compo-
cativas. Acreditamos que seu uso deverá ser como um nentes visam promover a reflexão, o pensamento crítico,
material de apoio ao trabalho pedagógico e, somado a a emancipação dos estudantes através da compreensão
ele, devemos nos apropriar de diferentes mídias, gêneros dos tempos históricos e das formas de organização dos
textuais, tecnologias hoje existentes, construindo nossa espaços e das diferentes formas de expressão da religio-
autonomia metodológica. sidade. Como então considerar essas premissas, a não
Em suma, os pressupostos metodológicos da área ser através de uma prática processual, formativa e qua-
das Ciências Humanas devem proporcionar aos estudan- litativa?
tes a compreensão e o conhecimento da realidade em Estamos defendendo na primeira parte do documen-
que vivem, apontando para a formação de um sujeito to destas diretrizes curriculares que a participação dos
autônomo, devem priorizar a transversalidade e interdis- estudantes no desenvolvimento do processo ensino e
ciplinaridade como fundamento da prática pedagógica. aprendizagem é fundamental, que o estudante é tam-
Associando a compreensão do caráter dos componentes bém sujeito deste processo, e isto precisa estar relacio-
curriculares que constituem esta área como ciências de nado também à questão da avaliação e, segundo Esteban
“[...] análise e síntese da percepção de mundo”, a prática (2002, p. 126),
docente deverá levar em consideração [...] as interfaces O redimensionamento do conceito de avaliação es-
das categorias espaço/tempo, identidade/diversidade, colar, articulado pelo compromisso com a democratiza-
lugar/território, poder/saber, trabalho/ consumo, nature-
ção do ato pedagógico, tem como característica ser uma
za/sociedade, local/global, cultura/inclusão, entre outras
atividade mais participativa, desenvolvida através de um
para a formação do sujeito cidadão” (PMV/SEME, 2004,
processo contínuo. Deste ponto de vista, a teoria sobre
p. 149).
avaliação precisa assinalar, para a atividade docente, es-
As escolhas metodológicas dos profissionais da área
tratégias que possam ajudar alunos/as e professores/as a
das Ciências Humanas devem apontar para a possibili-
compreender e intervir no processo coletivo de constru-
dade de desenvolver o respeito e da convivência com
ção de conhecimentos.
as diferenças existentes, desconstruindo quaisquer tipos
de discriminação entre as pessoas, favorecendo o exer- Assim, uma questão que é fundamental à área de
cício do multiculturalismo e a inserção dos estudantes Ciências Humanas, é o saber que o estudante traz con-
com deficiência no meio escolar, bem como, possibilitar sigo originado de suas relações com o meio em que
o trabalho de construção de conceitos básicos sobre o vive, suas experiências, culturas. Esses saberes fazem de
meio ambiente, estimulando a compreensão da produ- cada estudante um ser único e singular e apontam que
ção social em consonância com a sustentabilidade do todos dominam uma forma de conhecimento. Estamos
planeta Terra. Sendo assim, tanto na escolha de temas/ também indicando a necessidade do reconhecimento e
conteúdos/conhecimentos e pressupostos metodológi- a coexistência das diferenças no contexto escolar, como
cos devemos ter sempre em vista a relação desses ele- algo primordial ao trabalho pedagógico. Daí pergunta-
mentos e os eixos integradores propostos para essa área mos: podemos continuar a praticar uma forma de avalia-
do conhecimento, a saber, Direitos Humanos, ção homogeneizante? A avaliação é para apontar os que
sabem e os que não sabem? Para Esteban (2002, p. 181),
Territorialidade(s), Trabalho e Tecnologia e Am- A avaliação classificatória, que pretende hierarquizar
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
24
cludentes; o saber recebe o sinal positivo e o não-saber Uma mudança qualitativa no processo de ensino/
o negativo. Ao processo de avaliação cabe distinguir os aprendizagem acontece quando conseguimos integrar
que sabem dos que não sabem. dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as
De uma forma geral e considerando as especificida- telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musi-
des e características dos componentes curriculares da cais, lúdicas e corporais. Passamos muito rapidamente do
área de Ciências Humanas defendemos a necessidade livro para a televisão e vídeo e destes para o computador
de uma avaliação processual e formativa, constituída de e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibili-
diferentes instrumentos, superando a ideia da avaliação dades de cada meio.
escrita como o único padrão. Por isso, reiteramos o que é Nesse contexto, ganham destaque as Tecnologias
apontado na Resolução 07/2010 que prescreve a utiliza- da Informação e da Comunicação (TIC) que permitem a
ção de vários instrumentos e procedimentos, tais como a existência e o funcionamento das mídias, com mudan-
observação, o registro descritivo e reflexivo, os trabalhos ças significativas nas formas de relações sociais e, con-
individuais e coletivos, os portfólios, exercícios, provas, sequentemente, no desenvolvimento humano. As mídias
questionários, pesquisas, trabalhos em grupo, seminários vêm sendo incorporadas no meio educacional através de
temáticos, relatos orais e escritos de trabalhos de campo,
programas de informática educativa que, como no caso
registro de observações feitas sobre diferentes temas,
da rede de ensino de Vitória, tiveram por objetivo aliar
conteúdos e experiências, dentre outros, tendo em conta
a tecnologia ao ensino a fim de qualificá-lo, sendo esta
a sua adequação à faixa etária e às características de de-
uma das possibilidades de articular os usos das tecnolo-
senvolvimento do estudante.
Nesse sentido, é necessário também que a avalia- gias aos processos pedagógicos desenvolvidos nas es-
ção se constitua como uma prática avaliativa não só da colas.
aprendizagem do estudante, mas também do trabalho Ao se constituir em uma das referências para o en-
desenvolvido pelo docente, possibilitando o replane- riquecimento curricular através dos usos dos diferentes
jamento das ações sempre que se fizer necessário em recursos tecnológicos, o trabalho desenvolvido pelas
termos de conteúdos desenvolvidos, das estratégias me- professoras de informática educativa deve potencializar,
todológicas utilizadas, dos próprios instrumentos de ava- portanto, o processo ensino aprendizagem, no sentido
liação utilizados, enfim, uma avaliação de todo o proces- de contribuir com a consolidação dos conhecimentos,
so de ensino e aprendizagem. Dessa forma, a avaliação uma vez que:
poderá se materializar como uma ferramenta a favor da [...] a melhor forma de ensinar é aquela que propi-
aprendizagem e sucesso escolar do estudante. cia aos alunos o desenvolvimento de competências para
lidar com as características da sociedade atual, que en-
TECNOLOGIAS DIGITAIS INTEGRADAS AO CURRÍ- fatiza a autonomia do aluno para a busca de novas com-
CULO preensões, por meio da produção de ideias e de ações
criativas e colaborativas (PRADO, 2005, p. 4).
Perspectivas teórico-metodológicas Assim, em meio às tecnologias disponíveis e presen-
tes na vida cotidiana de nossos estudantes, entendemos
Considerando as perspectivas educacionais apresen- que as tecnologias digitais configuram-se em ferramen-
tadas nestas Diretrizes Curriculares, reafirma-se a neces- tas pedagógicas que favorecem a articulação entre as
sidade da integração curricular através de metodologias áreas do conhecimento, potencializando a interdiscipli-
que potencializem as aprendizagens e o protagonismo naridade que é um processo metodológico que preconi-
dos estudantes, ampliando as possibilidades de produ- za a superação da fragmentação do conhecimento, por
ção de conhecimento, uma vez que, conforme pontuado meio da interligação dos conhecimentos em sua relação
na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2016), os com o contexto de vida dos sujeitos, com sua realidade,
usos das tecnologias de informação e comunicação favo-
com sua cultura, conforme explicitado nestas Diretrizes
recem posicionamentos críticos frente a questões gerais
Curriculares. Pensar no processo educativo em uma pers-
do ambiente natural e da vida social dos estudantes.
pectiva interdisciplinar é, desse modo, “[...] aprofundar a
A tecnologia é quase tão antiga quanto o surgimen-
compreensão da relação entre teoria e prática, contribuir
to da humanidade. No âmbito educacional, os usos das
tecnologias têm sido fundamentados por diferentes para uma formação mais crítica, criativa e responsável e
concepções com transformações ao longo dos tempos. colocar a escola e educadores diante de novos desafios
A expressão Tecnologia Educacional foi utilizada para tanto no plano ontológico quanto no plano epistemoló-
gico” (THIESEN, 2008, p. 51).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
25
las dialogadas, pesquisas orientadas, grupos de trabalho, […] para o desenvolvimento de uma atitude crítica em
softwares, mídias, atividades exploratórias, atividades de relação ao conteúdo e a multiplicidade de ofertas midiá-
sistematização e atividades de avaliação, sem perder de ticas e digitais, [preservando] seu compromisso de esti-
vista a articulação constante entre as estratégias de en- mular a reflexão e a análise aprofundada e, ao mesmo
sino. tempo, se [valendo] desses recursos como meios para
Dessa forma, no contexto dos usos das tecnologias promover a aprendizagem, a comunicação e o comparti-
digitais, o trabalho com projetos didáticos possibilita a lhamento de significados entre professores e estudantes
integração das diversas mídias e conteúdos curriculares, (BRASIL/MEC, 2016, p. 329).
oportunizando aos estudantes um leque de possibilida- Nesse sentido, considerando a multiplicidade de re-
des, em que eles aprendem cada vez mais com o proces- cursos midiáticos e reconhecendo sua importância no
so de produzir e de tirar suas dúvidas sobre temas de seu processo de ensino aprendizagem, cabe pontuar alguns
cotidiano. Segundo Almeida (1999, p. 22): aspectos acerca dos usos dos softwares educativos. Exis-
[…] o projeto evidencia-se uma atividade que rompe tem softwares tutoriais, de programação, de ferramenta,
com as barreiras disciplinares, torna permeável as suas simuladores, jogos e vários outros que podem ser utili-
fronteiras e caminha em direção a uma postura interdis- zados de modo a estimular os interesses dos estudantes
ciplinar para compreender e transformar a realidade em e o desenvolvimento de novas habilidades. Sobre a uti-
prol da melhoria da qualidade de vida pessoal, grupal e lização de softwares educativos, Mercado (2002, p. 134)
global. afirma que:
Ainda a esse respeito, Valente destaca que no desen- O software educativo é facilitador de uma aprendiza-
volvimento dos projetos podem ser articulados “[...] dife- gem com maior qualidade, permitindo um avanço peda-
rentes tipos de conhecimentos que estão imbricados e gógico da escola. Esses ambientes irão favorecer a comu-
representados em termos de três construções: procedi- nicação, a cooperação e colaboração entre professores e
mentos e estratégias de resolução de problemas, concei- alunos, tornando esta nova maneira mais estimulante e
tos disciplinares e estratégias e conceitos sobre apren- divertida.
der” (VALENTE, 1999, p. 4). A utilização dos softwares educativos tem possibili-
Nesse aspecto, cabe ressaltar as metodologias de en- tado reflexões e mudanças na prática docente, pois am-
sino que contribuem para o desenvolvimento dos con- pliam as possibilidades didáticas e contribuem para que
teúdos procedimentais relacionados ao campo da pes- os estudantes se apropriem dos conhecimentos, correla-
quisa, considerando, em especial, as potencialidades das cionando-os com os conteúdos trabalhados em sala de
mídias digitais câmeras digitais, filmadoras, rádio escola, aula.
aparelhos de DVD, calculadoras, projetor de slides, ce- Podemos concluir então que a utilização integrada
lulares, computadores e suas ferramentas são exemplos das mídias, tanto no laboratório de informática como nos
de recursos que podem ser utilizados com a finalidade demais espaços tempos de aprendizagem, potencializa
de ensinar aos estudantes a observar e registrar; selecio- os usos das TIC, favorecendo o enriquecimento curricu-
nar e buscar informações em fontes variadas; analisar e lar através de práticas pedagógicas conectadas com os
sistematizar dados e informações obtidas; socializar re- interesses e com as experiências dos estudantes, sendo
sultados de pesquisa. Os usos dos recursos tecnológicos de fundamental importância o planejamento sistemático
aliados à pesquisa se configuram, desse modo, como es-
e intencional para que sejam efetivamente oferecidas si-
tratégias fundamentais no processo de ensino aprendi-
tuações de ensino que assegurem os direitos de aprendi-
zagem e na formação dos estudantes, tendo em vista as
zagem a todos os estudantes.
possibilidades de interatividade que deslocam os sujeitos
do lugar de consumidores para produtores do conheci-
Fonte
mento, contribuindo para a democratização dos saberes.
Disponível em:
Essas considerações metodológicas reforçam a ne-
https://www.ibade.org.br/Cms_Data/Contents/Siste-
cessidade e a importância da mediação docente para
que sejam desenvolvidas situações de aprendizagem que maConcursoIBADE/Media/PMVEDUC2019/edital/DIRE-
assegurem o desenvolvimento e as aprendizagens dos TRIZES-CURRICULARES-DO-ENSINO-FUNDAMENTAL-
estudantes. Reflexões acerca dessa questão também fo- -Oficial-21-12-2018.pdf
ram produzidas no processo de atualização destas dire-
trizes, no sentido de reafirmar o docente mediador como
[…] aquele que percebe e compreende os processos
internos vivenciados pelos estudantes e lhes possibilita
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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§ 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendiza-
gem tem, como referência, o conjunto de conheci-
EXERCÍCIO COMENTADO mentos, habilidades, atitudes, valores e emoções que
os sujeitos do processo educativo projetam para si de
01. (IF-SP - Professor – Pedagogia - IF-SP/2015) Con- modo integrado e articulado com aqueles princípios
sidere as afirmativas a seguir. definidos para a Educação Básica, redimensionados
I - A avaliação da aprendizagem baseia-se na concepção para cada uma de suas etapas, bem assim no projeto
de educação que norteia a relação professor-estudante- político-pedagógico da escola.
-conhecimento- vida em movimento, devendo ser um § 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada me-
ato reflexo de reconstrução da prática pedagógica ava- diante acompanhamento e registro do desenvolvi-
liativa, premissa básica e fundamental para se questionar mento da criança, sem o objetivo de promoção, mes-
o educar, transformando a mudança em ato, acima de mo em se tratando de acesso ao Ensino Fundamental.
tudo, político. § 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino Funda-
II - A avaliação da aprendizagem baseia-se na concepção mental e no Ensino Médio, de caráter formativo pre-
de educação que norteia a reflexão do aluno sobre seus dominando sobre o quantitativo e classificatório, ado-
acertos, de fundamental importância para a formação do ta uma estratégia de progresso individual e contínuo
cidadão. que favorece o crescimento do educando, preservan-
III - A validade da avaliação, na sua função diagnóstica, do a qualidade necessária para a sua formação esco-
liga-se à aprendizagem, possibilitando o aprendiz a re- lar, sendo organizada de acordo com regras comuns a
criar, refazer o que aprendeu, criar, propor e, nesse con- essas duas etapas.
texto, aponta para uma avaliação global, que vai além do RESPOSTA: B
aspecto quantitativo, porque identifica o desenvolvimen-
to da autonomia do estudante, que é indissociavelmente
ético, social, intelectual.
IV - A avaliação da aprendizagem no Ensino Fundamen-
tal e no Ensino Médio, adota uma estratégia de progres-
so individual e contínuo que favorece o crescimento do
educando, preservando a qualidade necessária para a
sua formação escolar, sendo organizada de acordo com
regras comuns a essas duas etapas.
Considerando a definição de Avaliação da Aprendizagem
definida pela Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, que
define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
a) III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) IV, apenas.
e) I, II, III, IV.
01.
Seção I
Avaliação da aprendizagem
Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na
concepção de educação que norteia a relação pro-
fessor-estudante-conhecimento-vida em movimento,
devendo ser um ato reflexo de reconstrução da prática
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
27
Todas as variedades linguísticas são adequadas, des-
TEXTO: LEITURA E COMPREENSÃO. de que cumpram com eficiência o papel fundamental de
TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS. uma língua, o de permitir a interação verbal entre as pes-
TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO; soas, isto é, a comunicação.
LINGUAGENS DENOTATIVA E Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta
CONOTATIVA; TIPOLOGIA TEXTUAL ou norma padrão, tem maior prestígio social. É a varieda-
E GÊNEROS DE CIRCULAÇÃO SOCIAL. de linguística ensinada na escola, contida na maior parte
INTERTEXTUALIDADE E POLIFONIA; dos livros e revistas e também em textos científicos e di-
COESÃO E COERÊNCIA DO TEXTO dáticos, em alguns programas de televisão etc. As demais
variedades, como a regional, a gíria ou calão, o jargão
Prezado candidato, os tópicos já foram abordados em de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos
língua portuguesa geral. jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas), são
chamadas genericamente de dialeto popular ou lingua-
gem popular.
VARIABILIDADE LINGUÍSTICA
3. Propósito da língua
da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe ortografia simplificada, construções simples e usado en-
social. Essas diferenças no uso da língua constituem as tre membros de uma mesma família ou entre amigos.
variedades linguísticas. As variações de registro ocorrem de acordo com o
grau de formalismo existente na situação de comunica-
2. Variedades linguísticas ção; com o modo de expressão, isto é, se trata de um
registro formal ou escrito; com a sintonia entre interlo-
cutores, que envolve aspectos como graus de cortesia,
Variedades linguísticas são as variações que uma lín-
deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário es-
gua apresenta, de acordo com as condições sociais, cul-
pecífico de algum campo científico, por exemplo).
turais, regionais e históricas em que é utilizada.
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Atitudes não recomendadas - Entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não
a;
1. Expressões condenáveis - Implicar em – a regência é direta (sem em);
- Ir de encontro a – chocar-se com;
- A nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível; - Ir ao encontro de – concordar com;
- Face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em - Junto a – usar apenas quando equivale a adido ou
vista de, perante; similar;
- Onde (quando não exprime lugar). Opção: em que, - O (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substi-
na qual, nas quais, no qual, nos quais; tuir pronomes;
- (Medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a; - Se não, senão – quando se pode substituir por caso
- Sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vis- não, separado; quando não se pode, junto;
ta; - Todo mundo – todos;
- Sob um prisma. Opção: por (ou através de) um pris- - Todo o mundo – o mundo inteiro;
ma; - Não-pagamento = hífen somente quando o se-
- Como sendo. Opção: suprimir a expressão; gundo termo for substantivo;
- Em função de. Opção: em virtude de, por causa de, - Este e isto – referência próxima do falante (a lugar,
em consequência de, por, em razão de. a tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e
a que se está tratando);
2. Expressões não recomendadas - Esse e isso – referência longe do falante e perto do
ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo
- A partir de (a não ser com valor temporal). Opção: passado próximo do presente, ou distante ao já
com base em, tomando-se por base, valendo-se mencionado e a ênfase).
de;
- Através de (para exprimir “meio” ou instrumento). 4. Erros Comuns
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio
de, segundo; A seguir listamos mais de 100 erros comuns.
- Devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças
a, por causa de; 1) “Hoje ao receber alguns presentes no qual com-
- Dito. Opção: citado, mensionado pleto vinte anos tenho muitas novidades para con-
- Enquanto. Opção: ao passo que; tar”. Temos aí um exemplo de uso inadequado do
- Fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer pronome relativo. Ele provoca falta de coesão, pois
que, forçar, levar a. não consegue perceber a que antecedente ele se
- Inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). refere, portanto nada conecta e produz relação ab-
Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
surda.
- No sentido de, com vistas a. Opção: a fim de, para,
2) “Tenho uma prima que trabalha num circo como
com o fito (ou objetivo, ou intuito) de, com a fina-
lidade de, tendo em vista. mágica e uma das mágicas mais engraçadas era
- Pois (no início da oração). Opção: já que, porque, uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta
uma vez que, visto que. havia saído suco de lima”. Você percebe aí a inca-
- Principalmente. Opção: especialmente, mormente, pacidade do concursando ou vestibulando organi-
notadamente, sobretudo, em especial, em particu- zar sintaticamente o período. Selecionar as frases
lar. e organizar as ideias é necessário. Escrever com
- Sendo que. Opção: e. clareza é muito importante.
3) “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi,
3. Expressões que demandam atenção piloto de cart, moreno, 20 anos, com olhos cor
de mel”. “Tudo começou naquele baile de quin-
- A caso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se; ze anos”, “...é aos dezoito anos que se começa a
- Aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com procurar o caminho do amanhã e encontrar as
ser e estar, aceito; perspectivas que nos acompanham para sempre
- Acendido, aceso (formas similares) – idem; na estrada da vida”. Você pode ter conhecimento
- À custa de – e não às custas de; do vocabulário e das regras gramaticais e, assim,
- À medida que – à proporção que, ao mesmo tem-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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proposto no tema. Antes de começar o seu texto 17) “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado
leia atentamente todos os elementos que o exami- na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás;
nador apresentou para você utilizar. Esquematize 18) “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras
suas ideias, veja se não há falta de correspondência redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de liga-
entre o tema proposto e o texto criado. ção, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar
5) Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu grátis, viúva do falecido;
primo (...) mostrou que ele não era maligno”. Esta 19) “Venda à prazo”. Não existe crase antes de pala-
frase está ambígua, pois não se sabe se o pronome vra masculina, a menos que esteja subentendida
ele refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos
ambiguidade, você deve observar se a relação en- demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a
tre cada palavra do seu texto está correta. cavalo, a caráter;
6) “Ele me tratava como uma criança, mas eu era ape- 20) “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou
implícita a palavra razão, use por que separado:
nas uma criança”. O conectivo mas indica uma cir-
Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão)
cunstância de oposição, de ideia contrária a. Assim,
ele faltou. / Explique por que razão você se atra-
a relação adversativa introduzida pelo “mas” no
sou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou
fragmento acima produz uma ideia absurda.
porque o trânsito estava congestionado;
7) “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da 21) Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presen-
tempestade sempre vem a bonança. Após longo ciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão.
suplício, meu coração apaziguava as tormentas e Outros verbos com a: A medida não agradou (de-
a sensatez me mostrava que só estaríamos separa- sagradou) à população. / Eles obedeceram (de-
das carnalmente”. Não utilize provérbios ou ditos sobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de
populares. Eles empobrecem a redação, pois fazer diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. /
parecer que seu autor não tem criatividade ao lan- Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes;
çar mão de formas já gastas pelo uso frequente. 22) Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma
8) “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Es- coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue
crever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem
professor poderia propor outro tema”. Você não glória;
deve falar de sua redação dentro do próprio texto. 23) O resultado do jogo, não o abateu. Não se se-
9) “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensa- para com vírgula o sujeito do predicado. Assim:
mentos radicais. É recomendável não generalizar e O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O
evitar, assim, posições extremistas. prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o
10) “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer sinal entre o predicado e o complemento: O pre-
essas coisas. Olhe, acho que ele não vai concor- feito prometeu novas denúncias;
dar com a decisão que você tomou, quero dizer, 24) Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção.
os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a
sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pen- forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficien-
sar como vai fazer para, enfim, para ele entender te” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio”
a decisão”. Não se esqueça que o ato de escrever (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cin-
é diferente do ato de falar. O texto escrito deve se quenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “cal-
apresentar desprovido de marcas de oralidade. cáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvin-
11) “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se à bem do” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar”
e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal- (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (in-
vólucro);
-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
25) Quebrou “o”óculos. Concordância no plural: os
mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar;
óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus pa-
12) “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tem-
rabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias,
po, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois sécu- felizes núpcias;
los. / Fez 15 dias; 26) Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e
13) “Houveram” muitos acidentes. Haver, como exis- eles não podem ser objeto direto. Assim: Com-
tir, também é invariável: Houve muitos acidentes. prei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-
/ Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos -nos entrar, viu-a, mandou-me;
iguais; 27) Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
14) “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, a vocês e por isso não pode ser usado com objeto
restar e sobrar admitem normalmente o plural: direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o
Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / deixou. / Ela o ama;
Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. 28) “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o su-
/ Sobravam ideias; jeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É
15) Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode assim que se evitam acidentes. / Compram-se ter-
ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para renos. / Procuram-se empregados;
eu trazer; 29) “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição
16) Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se não varia nesses casos: Trata-se dos melhores pro-
mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti; fissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se
para todos. / Conta-se com os amigos;
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30) Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimen- 46) “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pro-
to exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai nome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique
amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo; você comigo. / Venha pra Caixa você também. /
31) Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto Chegue aqui;
no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implica- 47) A questão não tem nada “haver” com você. A
rá punição. / Promoção implica responsabilidade; questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada
32) Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com
pai. Use também em via de, e não “em vias de”: você;
Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de 48)- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e
conclusão; regular: A corrida custa 5 reais;
33) Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é 48) Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não
cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), ju- tomar por empréstimo: Vou pegar o livro empres-
niores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres; tado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu
34) O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é irmão. Repare nesta concordância: Pediu empres-
gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o tadas duas malas;
acento não existe e só indica a letra tônica). Da
49) Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acu-
mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibé- sar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de le-
ro, pólipo; viano;
35) A última “seção” de cinema. Seção significa di- 50) Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que
visão, repartição, e sessão equivale a tempo de faz a concordância no plural: Ele foi um dos que
uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi
Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, um). / Era um dos que sempre vibravam com a vi-
sessão de pancadas, sessão do Congresso; tória;
36) Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é 51) “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de in-
palavra masculina: um grama de ouro, vitamina dica arredondamento e não pode aparecer com
C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram;
agravante, a atenuante, a alface, a cal; 52) Ministro nega que “é” negligente. Negar que in-
37) “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de re- troduz subjuntivo, assim como embora e talvez:
pente e a partir de; Ministro nega que seja negligente. / O jogador
38) Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qual- negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o
quer”, que se emprega depois de negativas: Não convide para a festa. / Embora tente negar, vai dei-
viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum re- xar a empresa;
paro. / Nunca promoveu nenhuma confusão; 53) Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O
39) A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se certo: Tinha chegado atrasado;
inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã; 54) Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quan-
40) Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai do expresso por substantivo, não varia: Tons pastel,
o pronome: Soube que os homens se feriram. / A blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso
festa que se realizou. O mesmo ocorre com as ne- de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, cane-
gativas, as conjunções subordinativas e os advér- tas pretas, fitas amarelas;
bios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes 55) Queria namorar “com” o colega. O com não exis-
se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / te: Queria namorar o colega;
Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, 56) O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo
aqui se paga. / Depois o procuro; dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi con-
41) O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. tratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu
Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusí- muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto
vel) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ci- aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e
clo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho); não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresen-
42) Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sa- tada ao (e não “junto ao”) PROCON;
biam onde ele estava. Aonde se usa com verbos 57) As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo ter-
de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer mina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as
chegar. / Aonde vamos?; tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
43) “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda peravam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos,
com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obri- impõem-nos;
gado pela atenção. / Muito obrigados por tudo; 58) Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa prono-
44) O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como me átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois
vir. Assim: O governo interveio. Da mesma for- de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo
ma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam
Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos
reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfi- conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos
zera, entrevimos, condisser; nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Ten-
45) Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: do-me formado (e nunca tendo “formado-me”);
meio louca, meio esperta, meio amiga;
31
59) Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco 73) “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exi-
minutos. Há indica passado e equivale a faz, en- ge os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil
quanto a exprime distância ou tempo futuro (não apontar todas as contradições do texto;
pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas 74) Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse
horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minu- sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A de-
tos. / O atirador estava a (distância) pouco menos cisão favoreceu os jogadores;
de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de 75) Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto
dez dias; equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria)
60) Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à
o material de que alguma coisa é feita: Blusa de polícia;
seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua 76) Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode
de madeira; empregar o mesmo no lugar de pronome ou subs-
61) A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à
tantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcio-
luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também
é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos; nários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país
62) Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos
Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos mesmos”);
cinco na sala; 77) Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo
63) Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sen- no qual se está o objeto próximo: Esta noite, esta
tar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sen- semana (a semana em que se está), este dia, este
tou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à jornal (o jornal que estou lendo), este século (o sé-
máquina, ao computador; culo 20);
64) Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. 78) A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica
Embora popular, a locução não existe. Use porque: singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero
Ficou contente porque ninguém se feriu;
hora;
65) O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O
time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por 79) Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de in-
e perde por. Da mesma forma: empate por; dica substituição: Comeu frango em vez de peixe.
66) À medida “em” que a epidemia se espalhava... O Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés
certo é: À medida que a epidemia se espalhava. de entrar, saiu;
Existe ainda na medida em que (tendo em vista 80) Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir,
que): É preciso cumprir as leis, na medida em que previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier;
elas existem; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr),
67) Não queria que «receiassem» a sua companhia. impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dis-
O i não existe: Não queria que receassem a sua sermos (de dizer), predissermos;
companhia. Da mesma forma: passeemos, enfea- 81) Ele “intermedia” a negociação. Mediar e interme-
ram, ceaste, receeis (só existe i quando o acento
diar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou
cai no e que precede a terminação ear: receiem,
passeias, enfeiam); medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar
68) Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com também seguem essa norma: Remedeiam, que
acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocor- eles anseiem, incendeio;
re com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; 82) Ninguém se “adequa”. Não existem as formas
ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem; “adequa”, “adeque”, por exemplo, mas apenas
69) A moça estava ali «há» muito tempo. Haver con- aquelas em que o acento cai no a ou o: adequa-
corda com estava. Portanto: A moça estava ali ha- ram, adequou, adequasse;
via (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho 83) Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as
havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir pessoas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Ex-
havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando
plode, explodiram. Portanto, não escreva nem fale
o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito
“exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas
do indicativo.);
70) Não «se o» diz. É errado juntar o se com os prono- por rebente, por exemplo. Precaver-se também
mes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não
não se o diz (não se diz isso), vê-se-a; existem as formas “precavejo”, “precavês”, “preca-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
32
86) O homem “possue” muitos bens. O certo: O ho- que assistiu), a prova de que participou, o amigo a
mem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a que se referiu, são alguns exemplos;
terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar 99) É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a con-
é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue; tração da preposição com artigo ou pronome, nos
87) A tese “onde”. Onde só pode ser usado para lu- casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar.
gar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as / Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de
crianças brincam. Nos demais casos, use em que: esses fatos terem ocorrido;
A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em 100) Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo
que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista (pensou consigo mesmo) e não pode substituir
em que...; com você, com o senhor. Portanto: Vou com você,
88) Já «foi comunicado» da decisão. Uma decisão é vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor
comunicada, mas ninguém «é comunicado» de al- (e não “para si”);
guma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, 101) Já «é» 8 horas. Horas e as demais palavras que
avisado) da decisão. Outra forma errada: A dire- definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não
toria «comunicou» os empregados da decisão. «são») 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite;
Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão 102) A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sis-
aos empregados. / A decisão foi comunicada aos tema métrico decimal não têm plural nem ponto.
empregados; Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg;
89) “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa 103) “Dado” os índices das pesquisas... A concordân-
transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “in- cia é normal: Dados os índices das pesquisas... /
flingir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu; Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...;
90) A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de 104) Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que
pose). Quem pousa é ave, avião, viajante. Não con- significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan-
funda também iminente (prestes a acontecer) com te. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em
eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. /
tráfego (trânsito); Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o
91) Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma,
substantivo: Minha viagem. A forma verbal é via- alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás;
jem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite tam- 105) “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expres-
bém “comprimentar” alguém: de cumprimento sões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.
(saudação), só pode resultar cumprimentar. Com-
primento é extensão. Igualmente: Comprido (ex- VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
tenso) e cumprido (concretizado);
92) O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado A linguagem é a característica que nos difere dos de-
com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar
disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opi-
nos avisar; nião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano
93) Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Com- e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio
prou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e social. Dentre os fatores que a ela se relacionam desta-
branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, cam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: o ní-
desenho em cores; vel de formalidade e o de informalidade.
94) “Causou-me” estranheza as palavras. Use o cer- O padrão formal está diretamente ligado à lingua-
to: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de
pois é comum o erro de concordância quando o um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante
Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi ini- para a que a mesma pudesse exercer total soberania so-
ciado” esta noite as obras); bre as demais.
95) A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuida- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o
do: palavra próxima ao verbo não deve influir na estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge-
concordância. Por isso: A realidade das pessoas rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez
pode mudar. / A troca de agressões entre os fun- que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cionários foi punida (e não “foram punidas”); de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
96) O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o desta forma um estigma.
fato passou despercebido, não foi notado. Desa- Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
percebido significa desprevenido; gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as
97) “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja quais representam as variações de acordo com as con-
vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja dições sociais, culturais, regionais e históricas em que é
vista seus esforços. / Haja vista suas críticas; utilizada. Dentre elas destacam-se:
98) A moça «que ele gosta». Como se gosta de, o A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a
certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O di- língua apresenta, a mesma sofre transformações ao lon-
nheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não go do tempo. Um exemplo bastante representativo é a
33
questão da ortografia, se levarmos em consideração a é mais predominante essa função, como nos científicos,
palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências
“ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a comerciais.
qual se fundamenta pela supressão dos vocábulos. Ana- Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis-
lisemos, pois, o fragmento exposto: sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade
Antigamente é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men-
sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto,
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles
exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís-
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os ja- mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é
notas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do romântico.
balaio.”
Carlos Drummond de Andrade Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in-
fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio
Comparando-o à modernidade, percebemos um vo- de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou
cabulário antiquado. apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar
no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou
B) Variações regionais: São os chamados dialetos, 3.ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu
que são as marcas determinantes referentes a diferen- desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em
tes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca textos publicitários, em discursos políticos ou de auto-
que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais ridade.
como: macaxeira e aipim. Figurando também esta moda-
Função metalinguística: Essa função se refere à me-
lidade estão os sotaques, ligados às características orais
talinguagem, que é quando o emissor explica um códi-
da linguagem.
go usando o próprio código. Quando um poema fala da
própria ação de se fazer um poema, por exemplo:
C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente “Pegue um jornal
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e tam- Pegue a tesoura.
bém ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de-
Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar seja dar a seu poema.
caipira. Recorte o artigo.”
As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer- Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissio- próprio ato de fazer um poema.
nalismo, caracterizando um linguajar técnico. Represen-
tando a classe, podemos citar os médicos, advogados, Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer
profissionais da área de informática, dentre outros. uma relação com o emissor, um contato para verificar
Vejamos um poema sobre o assunto: se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a
conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo,
Vício na fala e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta-
mos utilizando este tipo de função; ou quando atende-
Para dizerem milho dizem mio mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
Para melhor dizem mió
Para pior pió Função poética: O objetivo do emissor é expressar
Para telha dizem teia seus sentimentos através de textos que podem ser enfa-
Para telhado dizem teiado tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade,
E vão fazendo telhados. do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com-
Oswald de Andrade binações dos signos linguísticos. É presente em textos
literários, publicitários e em letras de música.
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
SITE
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José
tica/variacoes-linguisticas.htm>
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
34
A) Barbarismo: todo desvio na grafia, na flexão ou E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me-
na pronúncia de uma palavra constitui um barba- diante palavras ou expressões diferentes provoca
rismo. Existem quatro tipos: uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá
A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra. em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair
Exemplos: compania (em vez de companhia), gor pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue,
(em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço); pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men-
A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de tal, e tantas outras.
uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex-
(em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero); pressões antigas que já caíram de uso: asinha em
A.3 Cacografia: é a má grafia ou má flexão de uma vez de depressa, antanho em vez de no passado.
palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões G) Neologismo: Emprego de palavras novas que,
(em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio); apesar de formadas de acordo com o sistema da
A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma:
leviana (por mala leve), peixe com espinho (por As mensagens telecomunicadas foram vistas por
peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa poucas pessoas.
quantia). H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter-
minações iguais ou semelhantes, provocando dis-
Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego sonância: A divulgação da promoção não causou
de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua comoção na população.
de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais,
provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou-
possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser
tra ganhará o concurso.
aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,
J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan-
garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat-
tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân-
-jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts.
cia: Sua saia sujou.
Tão usadas entre nós são algumas grafias estrangei-
ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas
as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou FONOLOGIA: FONEMA E LETRA;
expressões de outras línguas: SÍLABA, ENCONTROS VOCÁLICOS E
CONSONANTAIS, DÍGRAFOS
Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-
cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida.
A palavra fonologia é formada pelos elementos gre-
Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de fim de gos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimen-
semana. to”). Significa literalmente “estudo dos sons” ou “estudo
dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que
B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole- estuda os sons da língua quanto à sua função no sistema
cismo. Existem três tipos: de comunicação linguística, quanto à sua organização e
1. de concordância: houveram eleições (por houve classificação. Cuida, também, de aspectos relacionados à
eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che- divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da
forma correta de pronunciar certas palavras. Lembrando
gou);
que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar
2. de regência: assisti esse filme (por assisti a esse fil- estes sons no ato da fala. Particularidades na pronúncia
me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não de cada falante são estudadas pela Fonética.
lhe conheço (por não o conheço); Na língua falada, as palavras se constituem de fo-
3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei nemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas
um abraço), tenho queixado-me bastante (por te- por meio de símbolos gráficos, chamados de letras ou
nho me queixado bastante). grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento
C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significa-
de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó- do entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os
fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc. fonemas que marcam a distinção entre os pares de pa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
35
O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
a) o fonema /sê/: texto
b) o fonema /zê/: exibir
c) o fonema /che/: enxame
d) o grupo de sons /ks/: táxi
As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta.
Nestas palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;
dança: o “n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.
A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.
Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234
1.1 Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa
língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única
vogal.
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
/ã/: fã, canto, tampa
/ ẽ /: dente, tempero
/ ĩ/: lindo, mim
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum
Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.
Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.
1.2 Semivogais
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só
emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre
vogais e semivogais está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade,
história, série.
36
1.3 Consoantes 4. Dígrafos
Para a produção das consoantes, a corrente de ar ex- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
pirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas
cavidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam e quatro letras.
verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos Há, no entanto, fonemas que são representados, na
silábicos. Seu nome provém justamente desse fato, pois, escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e
em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. cinco letras.
Exemplos: /b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-
ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
2. Encontros Vocálicos Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
para representar um único fonema (di = dois + grafo =
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e letra). Em nossa língua, há um número razoável de dígra-
fos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importan-
tipos: consonantais e vocálicos.
te reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos
em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o
a) Dígrafos Consonantais
tritongo e o hiato.
37
Estes elementos formadores da palavra recebem o
#FicaDica nome de morfemas. Através da união das informações
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
Conseguimos ouvir o som da letra “u” tam- tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
bém, por isso não há dígrafo! Veja outros tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor-
exemplos: Água = /agua/ pronunciamos a nar claro”.
letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos,
em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em gui- Morfemas = são as menores unidades significativas
tarra = /gitara/ - não pronunciamos o “u”, que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “gu”
e “rr”). Portanto: 8 letras e 6 fonemas. 1. Classificação dos morfemas
38
D) Vogal temática 2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (de-
radical às desinências, é chamado de vogal temá- rivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá- A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os por acréscimo de prefixo.
In feliz / des leal
verbos como os nomes apresentam vogais temá-
Prefixo radical prefixo radical
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida
(da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação por acréscimo de sufixo.
= partir). Feliz mente / leal dade
Radical sufixo radical sufixo
D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
quando átonas finais, como em mesa, artista, per- C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés-
da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode- cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín-
ríamos pensar que essas terminações são desinên- tese formam-se principalmente verbos.
En trist ecer
cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
Prefixo radical sufixo
exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
vogais temáticas que se liga a desinência indica- En tard ecer
dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes prefixo radical sufixo
terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
qui, por exemplo) não apresentam vogal temática. Há dois casos em que a palavra derivada é formada
sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que regressiva e a derivação imprópria.
caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal 2.3. Derivação
temática é -a pertencem à primeira conjugação;
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
gunda conjugação e os que têm vogal temática -i na formação de substantivos derivados de verbos.
pertencem à terceira conjugação. janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
(substantivo) – deriva de pescar (verbo)
E) Interfixos • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- obtida pela mudança de categoria gramatical da
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes- palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por forma, mas somente na classe gramatical.
exemplo:
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por-
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
quê” deriva da conjunção porque)
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
2. Formação das Palavras
do verbo olhar).
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva-
das, palavras simples, palavras compostas.
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua por- #FicaDica
tuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
A derivação regressiva “mexe” na estrutura
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua por-
tuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, flori- da palavra, geralmente transforma verbos
cultura. em substantivos: caça = deriva de caçar, sa-
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra- que = deriva de sacar
dical: azeite, cavalo. A derivação imprópria não “mexe” com a
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais palavra, apenas faz com que ela pertença a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
39
2.4. Composição 2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais - IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de de:
composição: justaposição e aglutinação.
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que a) palavra composta
formam o composto são postos lado a lado, ou b) palavra primitiva
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda- c) palavra derivada
d) neologismo
-roupa, segunda-feira, girassol.
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
elementos que formam o composto aglutinam-se
de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o
e pelo menos um deles perde sua integridade so- prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é
nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano palavra derivada do processo de formação de palavras
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
acre). basta “derivada”!
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Abreviação – é a redução de palavras até o limite Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras, AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
SITE
Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im-
c) Eu queria que ele morresse logo, ...
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si- mílias.
glas impuras). e) E o inferno não atinge só os terminais.
ALFABETIZAÇÃO. APROPRIAÇÃO DA
LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NOS ANOS
EXERCÍCIOS COMENTADOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NUMA
PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL;
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- A RELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTOS
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- LINGUÍSTICOS E ALFABETIZAÇÃO
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo:
a) sufixação
b) prefixação O Processo de Alfabetização
c) parassíntese
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
40
era a evasão escolar, hoje são as imensas dificuldades de nossos alunos das séries iniciais. Sabe-se que eles ne-
de leitura e o baixo índice de competências nas séries cessitam de mediadores do conhecimento que venham
iniciais e até mesmo no ensino fundamental e médio. As contribuir para a prática de um ensino interativo, contex-
crianças necessitam do professor-alfabetizador experien- tualizado e muito bem planejado. Por isso, precisamos
te e competente, que venha contribuir para a prática de conhecer os métodos de alfabetização e suas respectivas
um ensino interativo, contextualizado e muito bem pla- características, comparar e avaliar o desempenho dos
nejado.’ alunos alfabetizados com métodos diferentes e analisar
a maneira que se processa a alfabetização no processo
Assim, de posse dos conhecimentos e conteúdos ne- ensino-aprendizagem.
cessários, ele incentiva a compreensão e produção de Para Emília Ferreiro, “os saberes que o aluno traz
novos conhecimentos, contribuindo na formação de se- para a escola e como eles devem ser trabalhados pelos
res humanos capazes de gerar a construção dos saberes,
a partir de suas reflexões e ações e da realidade que os professores, fazem parte da linguagem no processo de
cerca. Diante dos problemas que se enfrenta no processo alfabetização”. Diante disso, podemos observar que os
educacional, especialmente na alfabetização das séries processos de aquisição da leitura e da língua escrita no
iniciais, depara-se com a urgência de soluções que con- contexto escolar devem considerar o desenvolvimento
tribuam na construção do saber. Competir e estar aber- das crianças, pois este começa muito antes da escolari-
to a todas as possibilidades que fazem parte do apren- zação. É útil se perguntar através de que tipo de práticas
dizado para a vida é um direito de todos e dever dos a criança é introduzida na língua escrita, e como se apre-
educadores na escola e na sociedade, pois uma criança senta este objeto no contexto escolar. Há práticas que le-
aprende por meio das relações que estabelece com seu vam a criança à convicção de que o conhecimento é algo
ambiente. Assim acontece no processo de alfabetização que os outros possuem e que só se pode obter da boca
e aquisição de novos conhecimentos. É tarefa primordial
do professor como mediador do conhecimento refletir dos outros, sem nunca ser participante na construção do
sobre a metodologia ideal que leva as crianças a com- conhecimento.
preenderem o funcionamento da língua e saber utilizá-la Nos dias de hoje, em que a sociedade do mundo
cada vez melhor. inteiro está cada vez mais centrada na escrita, ser al-
Para quem pretende assumir os riscos dessa perma- fabetizado, isto é, saber ler e escrever tem se revelado
nente revisão sobre o processo de alfabetização, é funda- condição insuficiente para responder adequadamente
mental que não deixe de ser sensível, e também criativo e às demandas da sociedade contemporânea. É preciso ir
crítico, pois há muitos aspectos específicos a considerar e além da simples aquisição do código escrito e fazer uso
não se deve supor que todas as informações necessárias da leitura e da escrita no cotidiano apropriando-se da
à prática docente já estejam catalogadas e analisadas. É
função social dessas duas práticas.
essencial que se continue a pesquisar e experimentar no-
vos caminhos. O interesse despertado pelo tema da alfa- Enfim, é preciso letrar-se, isto é, buscar por meio de
betização vem produzindo um aumento significativo de pesquisas e cursos de formação, as ações pedagógicas
pesquisas, seminários, livros, artigos e teses. Isso mostra de reorganização do ensino e reformulação dos modos
que é preciso renunciar à ideia de que já sabemos tudo de ensinar e fazê-las acontecer na prática em sala de
e podemos fazer tudo, ou não sabemos nada e nada po- aula. Segundo a professora Magda Becker Soares, “letrar
demos fazer. De acordo com as valiosas experiências de é mais que alfabetizar”. Portanto, competir e estar aberto
educadores que fizeram diferença a todas as possibilidades que fazem parte do aprendiza-
Em nossa sociedade, entende-se que se faz neces- do para a vida são quesitos essenciais na formação esco-
sário aceitar a frustração e deve-se perder o medo do lar, pois uma criança aprende por meio das relações que
fracasso e do desconhecido. Conhecendo de perto os estabelece com seu ambiente.
métodos de alfabetização e suas respectivas característi- Assim acontece no processo de alfabetização e aqui-
cas, comparando e avaliando o desempenho dos alunos sição de novos conhecimentos. A cada momento, multi-
alfabetizados com métodos diferentes, e também ana- plicam-se as demandas por práticas de leitura e de es-
lisando a maneira que se processa a alfabetização nas crita, não só no papel, mas também através dos meios
séries iniciais, pode-se definir com mais clareza porque eletrônicos. Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de
acontece a defasagem na leitura, na escrita e na inter- ler um livro, uma revista ou um jornal e se sabe escrever
pretação textual que estão presentes em muitos alunos.
palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta,
ela é alfabetizada, mas não é letrada. Desde os tempos
Alfabetização em processo
do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o proble-
Muito se tem falado a respeito do fracasso da alfabe- ma que enfrentávamos em relação à cultura escrita era
tização em grande parte das nossas escolas. Verificando o analfabetismo. Esse problema foi relativamente supe-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o resultado das avaliações nacionais podemos compro- rado nas últimas décadas, ou seja, foi vencido de forma
var os sérios problemas de aprendizagem existentes em pelo menos razoável. É necessário, portanto, não desme-
grande parte das escolas de nosso país. Segundo alguns recer a importância de ensinar a ler e a escrever, reco-
pesquisadores, muitas publicações importantes sobre nhecendo que isso não basta. Mas isso não quer dizer
esse assunto não conseguiram uma entrada mais efe- que os dois processos, alfabetização e letramento sejam
tiva nas ações escolares, mas tiveram algumas de suas processos distintos; na verdade, não se distinguem, de-
versões tomadas como referências fundamentais na ve-se alfabetizar letrando. Alfabetização e letramento se
elaboração de programas nacionais e regionais, como somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente
o Programa Nacional do Livro Didático e os Parâmetros do letramento. Analisando as experiências de Eglê Pontes
Curriculares Nacionais. Necessitamos compreender o Franchi, professora e pesquisadora, autora recomenda-
que está acontecendo com o processo de alfabetização da pelo Professor Paulo Freire, conhecida por sua expe-
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riência com a alfabetização de crianças e também com Quando os alunos encontram palavras desconhe-
a formação de professores, compreendemos melhor o cidas, as soletram até decodificá-las. O Analítico
processo de alfabetizar. Como muitos educadores, ela parte de uma visão global para depois deter-se
verificou na prática, como age na sociedade a criança nos detalhes, e o Sintético começa a ensinar por
que é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já partes ou elementos das palavras, tais como letras,
conhece e como isso se reflete na vida familiar e social sons ou sílabas, para depois combiná-los em pala-
na qual ela convive. vras. A ênfase é a correspondência som-símbolo. A
Os alfabetizandos, enquanto operam sobre a desco- orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais
berta das letras, das sílabas e das palavras iniciais de seu enfatiza que é necessário se fazer um diagnóstico
vocabulário escrito, já dominam amplamente a lingua- prévio do aluno antes de optar por qualquer mé-
gem rica e variada de que se servem na conversação e no todo. Algumas crianças entram na primeira série
diálogo. Por isso, a alfabetização deve nascer com fortes sabendo ler. O professor lê textos em voz alta e é
acompanhado pela classe. Os alunos são estimu-
marcas da oralidade, ancorando-se na linguagem que as
lados a copiar textos com base em uma situação
crianças dominam. “Trata-se de considerar a prática oral
social pré-existente. A leitura em voz alta por parte
das crianças como o contexto em que as primeiras pala- dos estudantes é substituída por encenações de si-
vras e as primeiras frases escritas ganham naturalidade”. tuações que foram lidas ou desenhos que ilustram
os trechos lidos.
Métodos e técnicas de alfabetização
As crianças aprendem a escrever em letra de forma
Nas últimas décadas assistiu-se a um abandono na e a consciência fônica é uma consequência. Com base
discussão sobre a eficácia de processos e métodos de nas pesquisas e experiências de Emília Ferreiro, podemos
alfabetização, que passaram a ser identificados como discutir e analisar que a prática alfabetizadora tem se
propostas tradicionais, e passou-se a discutir e analisar centrado na polêmica sobre os métodos utilizados. Po-
uma abordagem construtivista de grande impacto con- rém, nenhuma dessas discussões levou em conta o co-
ceitual nessa área. Assim, valorizar o diagnóstico dos co- nhecimento que as crianças já apresentam antes mesmo
nhecimentos prévios dos alunos e a análise de seus erros do início da escolarização. Se aceitarmos que a criança
não é uma tábua rasa onde se inscrevem as letras e as
como indicadores construtivos do processo de aprendi-
palavras segundo determinado método; se aceitarmos
zagem, como também inserir a criança em práticas so- que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir
ciais que envolvem a escrita e a leitura, é a realização efe- da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende; se
tiva de práticas docentes que defendem uma educação aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada,
de qualidade e que preparam o ser humano para a vida. e portanto transformada, para ser operante, então deve-
Para Sanz “método é a palavra grega para perseguição e ríamos também aceitar que os métodos (como conse-
prosseguimento, com o sentido de esforço para alcançar quência de passos ordenados para chegar a um fim) não
um fim, investigação. O que nos permite compreendê-lo oferecem mais do que sugestões, incitações, quando não
como caminho para atingir um resultado”. Ele ainda diz práticas rituais ou conjunto de proibições.
que “o método, como estratégia, e a técnica, como tática, O método não pode criar conhecimento. Tendo em
formam um par nobre”. Desta forma, é essencial que se conta a complexidade da realidade brasileira, pode-se
conheça um pouco mais sobre os métodos utilizados pe- observar que já aconteceram muitas coisas para viabi-
los alfabetizadores, como também as pesquisas e expe- lizar melhorias em todos os setores do processo ensi-
riências de quem já têm uma larga trajetória nessa área, no-aprendizagem, principalmente nas escolas públicas,
a fim de analisar com cuidado o que se deve buscar para que necessitam de maior atenção na alfabetização das
alfabetizar nossas crianças. séries iniciais. Muitas mudanças em relação à escolari-
- O Método Fônico enfatiza as relações símbolo-som, zação vêm ocorrendo e mais crianças em idade escolar
sendo que na linha sintética o aluno conhece os estão nas salas de aula. Esse é o primeiro passo. Em se-
sons representados pelas letras e combina esses guida vem o desafio da qualidade da aprendizagem. As
sons para pronunciar palavras e, na linha analíti- mudanças têm se revelado muito lentas, pois convive-
ca o aluno antes aprende uma série de palavras e mos principalmente com sistemas educativos municipais
depois parte para a associação entre o som e as e estaduais que tornam ainda mais difícil a ocorrência
partes das palavras. de evoluções e transformações no processo educacional.
- O Método da Linguagem Total defende que os sis- Dentre as várias mudanças que ocorreram estão o in-
temas linguísticos estão interligados e que a rela- centivo à formação continuada dos profissionais da edu-
ção entre imagens e sons deve ser evitada. Neste, cação e a implantação do Ensino Fundamental de nove
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
são apresentados textos inteiros, porque acredita- anos. Este, aprovado em fevereiro de 2006, com base na
-se que se aprende lendo. O professor lê textos Lei 11.274/2006, que incentiva nove anos de escolarida-
para os alunos que o acompanham, assim se fami- de obrigatória, com a inclusão das crianças de seis anos.
liarizando com a linguagem escrita, para posterior- Ressalte-se que o ingresso da criança de seis anos no
mente aprender palavras, em seguida as sílabas e ensino fundamental não pode constituir uma medida
meramente administrativa.
depois as letras.
É preciso atenção ao processo de desenvolvimento e
- O Método Alfabético faz com que os alunos primei-
aprendizagem das crianças, o que implica conhecimento
ro identifiquem as letras pelos nomes, depois so-
e respeito às suas características etárias, sociais, psico-
letrem as sílabas e, em seguida, as palavras antes
lógicas e cognitivas. Não foi de um momento para ou-
de lerem sentenças curtas e, finalmente, histórias.
tro que essas transformações ocorreram, e nem foi pela
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vontade de um único legislador ou de um determinado que as crianças adentram na escola, levando consigo as
governo que as mudanças se processaram. Todo esse marcas de sua classe social, de sua origem e identidade
processo vem acontecendo com base em muita pesqui- cultural, constituída por conhecimentos, crenças e valo-
sa e dedicação de profissionais que convivem nessa so- res. Trazem, portanto, a variedade linguística do grupo
ciedade tão carente de educação. Tanto as crianças das social a que pertencem.
camadas favorecidas quanto as das camadas populares Nesse sentido, é importante lembrar que a popula-
convivem diariamente com práticas de leitura e escrita, ção brasileira fala de diferentes formas, em função dos
ou seja, vivem em ambientes de letramento. A diferença espaços geográficos que ocupa, da classe social, da ida-
é que as crianças das classes mais favorecidas têm um de e do gênero a que pertence. Analisadas do ponto de
convívio frequente e mais intenso com material escrito vista linguístico, todas essas variedades são legítimas e
e com práticas de leitura e de escrita. Diante dessa rea- corretas, já que não temos uma gramática normativa da
lidade é necessário propiciar igualmente, a todas elas, o linguagem oral como a que existe para a linguagem es-
acesso ao letramento num processo que prossiga por crita. A escola, incorporando esse comportamento pre-
toda a vida. A formação continuada do professor vai conceituoso da sociedade em geral, também rotula seus
muito além dos saberes teóricos em sala de aula. O co- alunos pelos modos diferentes de falar. (...) Em outras
nhecimento das questões históricas, sociais e culturais palavras, um se torna o aluno “certinho” porque é falan-
que envolvem a prática educacional, o desenvolvimento te do dialeto de prestígio, o outro é um aluno carente
dos alunos nos aspectos afetivo, cognitivo e social, bem (“burro”) porque é falante de um dialeto estigmatizado
como a reflexão crítica sobre o seu papel diante dos alu- pela sociedade.
nos e da sociedade, são elementos indispensáveis no Para que a escola possa efetivamente contribuir para
processo de alfabetização. a continuidade do processo de aprendizagem das crian-
ças e, ao mesmo tempo, considerar alguns paradigmas
A linguagem escrita no processo de alfabetização da educação brasileira, como a inclusão e o reconheci-
mento à diversidade, é necessário livrar-se de preconcei-
Por tudo o que foi analisado e refletido até aqui deve
tos relativos à fala das camadas populares e acolher as
ter ficado claro que o trabalho do professor-alfabeti-
crianças com toda a bagagem cultural que trazem para
zador no primeiro ano de escolaridade obrigatória não
a escola.
deve significar a antecipação da aprendizagem da leitura
e da escrita pelas crianças, e muito menos a aceleração
Linguagem oral e escrita
desse processo. Mesmo sabendo que elas estão cons-
truindo a linguagem da escrita.
A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos
Entre as suas múltiplas linguagens, essa não é a única
elementos importantes para as crianças ampliarem suas
maneira de a criança partilhar significados e se inserir na
possibilidades de inserção e de participação nas diversas
cultura e deve ser ensinada no contexto das demais lin-
práticas sociais.
guagens. Muito antes de serem capazes de ler, no senti-
O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos
do convencional do termo, as crianças tentam interpretar
básicos na educação infantil, dada sua importância para a
os diversos textos que encontram ao seu redor (livros,
formação do sujeito, para a interação com as outras pes-
embalagens comerciais, cartazes de rua), títulos (anún-
soas, na orientação das ações das crianças, na construção
cios de televisão, estórias em quadrinhos, etc.).
de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pen-
Letramento seria é o estado ou a condição de quem
samento.
não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva as práticas Aprender uma língua não é somente aprender as pa-
sociais que usam a escrita. Seria, portanto, o uso compe- lavras, mas também os seus significados culturais, e, com
tente da tecnologia da escrita nas situações de leitura e eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio socio-
produção de textos reais, com sentido e significado para cultural entendem, interpretam e representam a realidade.
quem lê e escreve. As crianças descobrem sobre a língua A educação infantil, ao promover experiências significa-
escrita antes de aprender a ler. Essa afirmativa se baseia tivas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho
em estudos nos quais estabelece comparação entre a com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos
aquisição da linguagem oral e da linguagem escrita. As- espaços de ampliação das capacidades de comunicação e
sim como as crianças adquirem a linguagem oral quando expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças.
envolvida sem contextos comunicativos em que essa lin- Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gra-
guagem é significativa para elas, da mesma forma o uso dativo das capacidades associadas às quatro competências
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
constante e significativo da linguagem escrita possibilita linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever.
e enriquece o seu processo de alfabetização.
Presença da linguagem oral e escrita na educação
A linguagem oral no processo de alfabetização infantil: ideias e práticas correntes
A linguagem oral que abrange a fala, a escuta e a A linguagem oral está presente no cotidiano e na prá-
compreensão acompanha todas as interações estabele- tica das instituições de educação infantil à medida que
cidas pelas crianças em suas práticas sociais. É assim que todos que dela participam: crianças e adultos, falam, se
meninos e meninas se apropriam da cultura escolar, des- comunicam entre si, expressando sentimentos e ideias.
de o ingresso na instituição. É também por meio da fala As diversas instituições concebem a linguagem e a ma-
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neira como as crianças aprendem de modos bastante às palavras. Outra face desse trabalho de segmentação
diferentes. Em algumas práticas se considera o aprendi- e sequenciação é a ideia de partir de um todo, de uma
zado da linguagem oral como um processo natural, que frase, por exemplo, decompô-la em partes até chegar às
ocorre em função da maturação biológica; prescinde-se sílabas. Acrescenta-se a essa concepção a crença de que
nesse caso de ações educativas planejadas com a inten- a escrita das letras pode estar associada, também, à vi-
ção de favorecer essa aprendizagem. vência corporal e motora que possibilita a interiorização
Em outras práticas, ao contrário, acredita-se que dos movimentos necessários para reproduzi-las.
a intervenção direta do adulto é necessária e determi- Nas atividades de ensino de letras, uma das sequên-
nante para a aprendizagem da criança. Desta concepção cias, por exemplo, pode ser: primeiro uma atividade com
resultam orientações para ensinar às crianças pequenas o corpo (andar sobre linhas, fazer o contorno das letras
listas de palavras, cuja aprendizagem se dá de forma na areia ou na lixa etc.), seguida de uma atividade oral de
cumulativa e cuja complexidade cresce gradativamente. identificação de letras, cópia e, posteriormente, a permis-
Acredita-se também que para haver boas condições para são para escrevê-la sem copiar. Essa concepção conside-
essa aprendizagem é necessário criar situações em que ra a aprendizagem da linguagem escrita, exclusivamen-
o silêncio e a homogeneidade imperem. Eliminam-se as te, como a aquisição de um sistema de codificação que
falas simultâneas, acompanhadas de farta movimentação transforma unidades sonoras em unidades gráficas. As
e de gestos, tão comuns ao jeito próprio das crianças se atividades são organizadas em sequências com o intuito
comunicarem. de facilitar essa aprendizagem às crianças, baseadas em
Nessa perspectiva a linguagem é considerada apenas definições do que é fácil ou difícil, do ponto de vista do
como um conjunto de palavras para nomeação de obje- professor.
tos, pessoas e ações. Pesquisas realizadas, nas últimas décadas, baseadas
Em muitas situações, também, o adulto costuma imi- na análise de produções das crianças e das práticas cor-
tar a maneira de falar das crianças, acreditando que as- rentes, têm apontado novas direções no que se refere
sim se estabelece uma maior aproximação com elas, uti- ao ensino e à aprendizagem da linguagem oral e escrita,
lizando o que se supõe seja a mesma “língua”, havendo considerando a perspectiva da criança que aprende. Ao
um uso excessivo de diminutivos e/ou uma tentativa de se considerar as crianças ativas na construção de conhe-
infantilizar o mundo real para as crianças. cimentos e não receptoras passivas de informações há
O trabalho com a linguagem oral, nas instituições de uma transformação substancial na forma de compreen-
educação infantil, tem se restringido a algumas ativida-
der como elas aprendem a falar, a ler e a escrever.
des, entre elas as rodas de conversa. Apesar de serem
A linguagem oral possibilita comunicar ideias, pen-
organizadas com a intenção de desenvolver a conversa,
samentos e intenções de diversas naturezas, influenciar
se caracterizam, em geral, por um monólogo com o pro-
o outro e estabelecer relações interpessoais. Seu apren-
fessor, no qual as crianças são chamadas a responder em
dizado acontece dentro de um contexto. As palavras só
coro a uma única pergunta dirigida a todos, ou cada um
têm sentido em enunciados e textos que significam e são
por sua vez, em uma ação totalmente centrada no adulto.
significados por situações. A linguagem não é apenas
Em relação ao aprendizado da linguagem escrita,
concepções semelhantes àquelas relativas ao trabalho vocabulário, lista de palavras ou sentenças. É por meio
com a linguagem oral vigoram na educação infantil. do diálogo que a comunicação acontece. São os sujeitos
A ideia de prontidão para a alfabetização está pre- em interações singulares que atribuem sentidos únicos
sente em várias práticas. Por um lado, há uma crença de às falas. A linguagem não é homogênea: há variedades
que o desenvolvimento de determinadas habilidades de falas, diferenças nos graus de formalidade e nas con-
motoras e intelectuais, necessárias para aprender a ler venções do que se pode e deve falar em determinadas
e escrever, é resultado da maturação biológica, havendo situações comunicativas. Quanto mais as crianças pu-
nesse caso pouca influência externa. Por meio de testes derem falar em situações diferentes, como contar o que
considera-se possível detectar o momento para ter iní- lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado,
cio a alfabetização. Por outro lado, há os que advogam a explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão
existência de pré-requisitos relativos à memória auditiva, desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira
ao ritmo, à discriminação visual etc., que devem ser de- significativa.
senvolvidos para possibilitar a aprendizagem da leitura e Pesquisas na área da linguagem tendem a reconhe-
da escrita pelas crianças. Assim, os exercícios mimeogra- cer que o processo de letramento está associado tanto
fados de coordenação perceptivo-motora, como passar à construção do discurso oral como do discurso escrito.
o lápis sobre linhas pontilhadas, ligar elementos gráficos Principalmente nos meios urbanos, a grande parte das
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(levar o passarinho ao ninho, fazer os pingos da chuva crianças, desde pequenas, está em contato com a lingua-
etc.), tornam-se atividades características das instituições gem escrita por meio de seus diferentes portadores de
de educação infantil. texto, como livros, jornais, embalagens, cartazes, placas
Em outra perspectiva, a aprendizagem da leitura e da de ônibus etc., iniciando-se no conhecimento desses ma-
escrita se inicia na educação infantil por meio de um tra- teriais gráficos antes mesmo de ingressarem na institui-
balho com base na cópia de vogais e consoantes, ensina- ção educativa, não esperando a permissão dos adultos
das uma de cada vez, tendo como objetivo que as crian- para começarem a pensar sobre a escrita e seus usos.
ças relacionem sons e escritas por associação, repetição Elas começam a aprender a partir de informações pro-
e memorização de sílabas. A prática em geral realiza-se venientes de diversos tipos de intercâmbios sociais e a
de forma supostamente progressiva: primeiro as vogais, partir das próprias ações, por exemplo, quando presen-
depois as consoantes; em seguida as sílabas, até chegar ciam diferentes atos de leitura e escrita por parte de seus
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familiares, como ler jornais, fazer uma lista de compras, A criança e a linguagem
anotar um recado telefônico, seguir uma receita culinária,
buscar informações em um catálogo, escrever uma carta Desenvolvimento da linguagem oral
para um parente distante, ler um livro de histórias etc.
A partir desse intenso contato, as crianças começam Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que
a elaborar hipóteses sobre a escrita. Dependendo da im- lhes dão prazer e que revelam seu esforço para comu-
portância que tem a escrita no meio em que as crianças nicar-se com os outros. Os adultos ou crianças mais ve-
vivem e da frequência e qualidade das suas interações lhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido
com esse objeto de conhecimento, suas hipóteses a res- à comunicação dos bebês. A construção da linguagem
peito de como se escreve ou se lê podem evoluir mais oral implica, portanto, na verbalização e na negociação
lentamente ou mais rapidamente. Isso permite com- de sentidos estabelecidos entre pessoas que buscam co-
preender por que crianças que vêm de famílias nas quais municar-se. Ao falar com os bebês, os adultos, principal-
os atos de ler e escrever tem uma presença marcante mente, tendem a utilizar uma linguagem simples, breve e
apresentam mais desenvoltura para lidar com as ques- repetitiva, que facilita o desenvolvimento da linguagem
tões da linguagem escrita do que aquelas provenientes e da comunicação. Outras vezes, quando falam com os
de famílias em que essa prática não é intensa. Esse fato bebês ou perto deles, adultos e crianças os expõem à lin-
aponta para a importância do contato com a escrita nas guagem oral em toda sua complexidade, como quando,
instituições de educação infantil. por exemplo, na situação de troca de fraldas, o adulto
Para aprender a ler e a escrever, a criança preci- fala: “Você está molhado? Eu vou te limpar, trocar a fralda
sa construir um conhecimento de natureza conceitual: e você vai ficar sequinho e gostoso!”.
precisa compreender não só o que a escrita representa, Nesses processos, as crianças se apropriam, gradati-
mas também de que forma ela representa graficamente vamente, das características da linguagem oral, utilizan-
a linguagem. Isso significa que a alfabetização não é o do-as em suas vocalizações e tentativas de comunicação.
desenvolvimento de capacidades relacionadas à percep- As brincadeiras e interações que se estabelecem entre
ção, memorização e treino de um conjunto de habilida- os bebês e os adultos incorporam as vocalizações rítmi-
des sensório-motoras. É, antes, um processo no qual as cas, revelando o papel comunicativo, expressivo e social
crianças precisam resolver problemas de natureza lógica que a fala desempenha desde cedo. Um bebê de quatro
até chegarem a compreender de que forma a escrita al- meses que emite certa variedade de sons quando está
fabética em português representa a linguagem, e assim sozinho, por exemplo, poderá, repeti-los nas interações
poderem escrever e ler por si mesmas. com os adultos ou com outras crianças, como forma de
estabelecer uma comunicação.
Nessa perspectiva, a aprendizagem da linguagem es- Além da linguagem falada, a comunicação aconte-
crita é concebida como: ce por meio de gestos, de sinais e da linguagem cor-
poral, que dão significado e apoiam a linguagem oral
dos bebês. A criança aprende a verbalizar por meio da
apropriação da fala do outro. Esse processo refere-se à
repetição, pela criança, de fragmentos da fala do adulto
ou de outras crianças, utilizados para resolver problemas
em função de diferentes necessidades e contextos nos
quais se encontre. Por exemplo, um bebê de sete meses
pode engatinhar em direção a uma tomada e, ao che-
gar perto dela, ainda que demonstre vontade de tocá-la,
pode apontar para ela e menear a cabeça expressando
assim, à sua maneira, a fala do adulto. Progressivamente,
passa a incorporar a palavra “não” associada a essa ação,
que pode significar um conjunto de ideias como: não se
Quais são as implicações para a prática pedagógica e
pode mexer na tomada; mamãe ou a professora não me
quais as principais transformações provocadas por essa
deixam fazer isso; mexer aí é perigoso etc.
nova compreensão do processo de aprendizagem da Aprender a falar, portanto, não consiste apenas em
escrita pela criança? A constatação de que as crianças memorizar sons e palavras. A aprendizagem da fala pelas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
constroem conhecimentos sobre a escrita muito antes do crianças não se dá de forma desarticulada com a reflexão,
que se supunha e de que elaboram hipóteses originais o pensamento, a explicitação de seus atos, sentimentos,
na tentativa de compreendê-la amplia as possibilidades sensações e desejos.
de a instituição de educação infantil enriquecer e dar A partir de um ano de idade, aproximadamente, as
continuidade a esse processo. Essa concepção supera a crianças podem selecionar os sons que lhe são dirigidos,
ideia de que é necessário, em determinada idade, insti- tentam descobrir sobre os sentidos das enunciações e
tuir classes de alfabetização para ensinar a ler e escrever. procuram utilizá-los. Muitos dos fenômenos relaciona-
Aprender a ler e a escrever fazem parte de um longo pro- dos com o discurso e a fala, como os sons expressivos,
cesso ligado à participação em práticas sociais de leitura alterações de volume e ritmo, ou o funcionamento dia-
e escrita. lógico das conversas nas situações de comunicação, são
utilizados pelas crianças mesmo antes que saibam falar.
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Isso significa que muito antes de se expressarem pela lin- crianças nas conversas cotidianas, em situações de escu-
guagem oral as crianças podem se fazer compreender e ta e canto de músicas, em brincadeiras etc., como a parti-
compreender os outros, pois a competência linguística cipação em situações mais formais de uso da linguagem,
abrange tanto a capacidade das crianças para compreen- como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos.
derem a linguagem quanto sua capacidade para se faze-
rem entender. As crianças vão testando essa compreen-
são, modificando-a e estabelecendo novas associações
na busca de seu significado. Passam a fazer experiências
não só com os sons e as palavras, mas também com os
discursos referentes a diferentes situações comunicati-
vas. Por exemplo, nas brincadeiras de faz-de-conta de fa-
lar ao telefone tentam imitar as expressões e entonações
que elas escutam dos adultos. Podem, gradativamente,
separar e reunir, em suas brincadeiras, fragmentos es-
truturais das frases, apoiando-se em músicas, rimas, par-
lendas e jogos verbais existentes ou inventados. Brincam,
também, com os significados das palavras, inventando
nomes para si próprias ou para os outros, em situações
de faz-de-conta. Nos diálogos com adultos e com outras
crianças, nas situações cotidianas e no faz-de-conta, as
crianças imitam expressões que ouvem, experimentando
possibilidades de manutenção dos diálogos, negociando
sentidos para serem ouvidas, compreendidas e obterem
respostas.
A construção da linguagem oral não é linear e ocorre
em um processo de aproximações sucessivas com a fala
do outro, seja ela do pai, da mãe, do professor, dos ami- Desenvolvimento da linguagem escrita
gos ou aquelas ouvidas na televisão, no rádio etc.
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as Nas sociedades letradas, as crianças, desde os primei-
crianças vão tentando descobrir as regularidades que ros meses, estão em permanente contato com a lingua-
a constitui, usando todos os recursos de que dispõem: gem escrita. É por meio desse contato diversificado em
histórias que conhecem, vocabulário familiar etc. Assim, seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto
acabam criando formas verbais, expressões e palavras, funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interes-
na tentativa de apropriar-se das convenções da lingua- se e curiosidade por essa linguagem. Diante do ambiente
gem. É o caso, por exemplo, da criação de tempos ver- de letramento em que vivem, as crianças podem fazer, a
bais de uma menina de cinco anos que, escondida atrás partir de dois ou três anos de idade, uma série de pergun-
tas, como “O que está escrito aqui?”, ou “O que isto quer
da porta, diz à professora: “Adivinha se eu ‘tô’ sentada,
dizer?”, indicando sua reflexão sobre a função e o signifi-
agachada ou empezada?”, ou então no exemplo de uma
cado da escrita, ao perceberem que ela representa algo.
criança que, ao emitir determinados sons na brincadeira,
Sabe-se que para aprender a escrever a criança terá
é perguntada por outra: “Você está chorando?”, ao que a de lidar com dois processos de aprendizagem paralelos:
criança responde: “Não, estou graçando!”. o da natureza do sistema de escrita da língua – o que
As crianças têm ritmos próprios e a conquista de suas a escrita representa e como – e o das características da
capacidades linguísticas se dá em tempos diferenciados, linguagem que se usa para escrever. A aprendizagem da
sendo que a condição de falar com fluência, de produzir linguagem escrita está intrinsicamente associada ao con-
frases completas e inteiras provém da participação em tato com textos diversos, para que as crianças possam
atos de linguagem. construir sua capacidade de ler, e às práticas de escrita,
Quando a criança fala com mais precisão o que de- para que possam desenvolver a capacidade de escrever
seja, o que gosta e o que não gosta, o que quer e o que autonomamente.
não quer fazer e a fala passa a ocupar um lugar privi- A observação e a análise das produções escritas das
legiado como instrumento de comunicação, pode haver crianças revelam que elas tomam consciência, gradativa-
um predomínio desta sobre os outros recursos comuni- mente, das características formais dessa linguagem. Cons-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cativos. Além de produzirem construções mais comple- tata-se, que, desde muito pequenas, as crianças podem
xas, as crianças são mais capazes de explicitações verbais usar o lápis e o papel para imprimir marcas, imitando a
e de explicar-se pela fala. O desenvolvimento da fala e escrita dos mais velhos, assim como utilizam-se de livros,
da capacidade simbólica ampliam significativamente os revistas, jornais, gibis, rótulos etc. para “ler” o que está
recursos intelectuais, porém as falas infantis são, ainda, escrito. Não é raro observar-se crianças muito pequenas,
produto de uma perspectiva muito particular, de um que têm contato com material escrito, folhear um livro e
modo próprio de ver o mundo. emitir sons e fazer gestos como se estivessem lendo.
A ampliação de suas capacidades de comunicação As crianças elaboram uma série de ideias e hipóteses
oral ocorre gradativamente, por meio de um processo provisórias antes de compreender o sistema escrito em
de idas e vindas que envolvem tanto a participação das toda sua complexidade.
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Sabe-se, também, que as hipóteses elaboradas pelas Objetivos
crianças em seu processo de construção de conhecimen-
to não são idênticas em uma mesma faixa etária, porque Crianças de zero a três anos
dependem do grau de letramento de seu ambiente social,
ou seja, da importância que tem a escrita no meio em As instituições e profissionais de educação infantil
que vivem e das práticas sociais de leitura e escrita que deverão organizar sua prática de forma a promover as
podem presenciar e participar. seguintes capacidades nas crianças:
No processo de construção dessa aprendizagem as
crianças cometem “erros”. Os erros, nessa perspectiva,
não são vistos como faltas ou equívocos, eles são espe-
rados, pois se referem a um momento evolutivo no pro-
cesso de aprendizagem das crianças. Eles têm um impor-
tante papel no processo de ensino, porque informam o
adulto sobre o modo próprio de as crianças pensarem
naquele momento. E escrever, mesmo com esses “erros”,
permite às crianças avançarem, uma vez que só escreven-
do é possível enfrentar certas contradições. Por exemplo,
se algumas crianças pensam que não é possível escrever
com menos de três letras, e pensam, ao mesmo tempo, Crianças de quatro a seis anos
que para escrever “gato” é necessário duas letras, estabe-
lecendo uma equivalência com as duas sílabas da palavra Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa
gato, precisam resolver essa contradição criando uma for- etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e
ma de grafar que acomode a contradição enquanto ainda ampliados, promovendo-se, ainda, as seguintes capaci-
não é possível ultrapassá-la. dades nas crianças:
Desse modo, as crianças aprendem a produzir textos
antes mesmo de saber grafá-los de maneira convencio-
nal, como quando uma criança utiliza o professor como
escriba ditando-lhe sua história. A situação inversa tam-
bém é possível, quando as crianças aprendem a grafar
um texto sem tê-lo produzido, como quando escrevem
um texto ditado por outro ou um que sabem de cor. Isso
significa que, ainda que as crianças não possuam a habi-
lidade para escrever e ler de maneira autônoma, podem
fazer uso da ajuda de parceiros mais experientes — crian-
ças ou adultos — para aprenderem a ler e a escrever em
situações significativas.
Conteúdos
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solicita das crianças. Neste documento, os conteúdos O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o
são apresentados em um único bloco para as crianças professor faz uma seleção prévia da história que irá con-
de zero a três anos, considerando-se a especificidade da tar para as crianças, independentemente da idade delas,
faixa etária. Para as crianças de quatro a seis anos, os dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do tex-
conteúdos são apresentados em três blocos: “Falar e es- to, para a nitidez e beleza das ilustrações, ele permite às
cutar”, “Práticas de leitura” e “Práticas de escrita”. crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo
livro (ou revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância
Crianças de zero a três anos dos livros e demais portadores de textos é incorporada
pelas crianças, também, quando o professor organiza o
ambiente de tal forma que haja um local especial para
livros, gibis, revistas etc. que seja aconchegante e no
qual as crianças possam manipulá-los e “lê-los” seja em
momentos organizados ou espontaneamente. Deixar as
crianças levarem um livro para casa, para ser lido junto
com seus familiares, é um fato que deve ser considera-
do. As crianças, desde muito pequenas, podem construir
uma relação prazerosa com a leitura. Compartilhar essas
descobertas com seus familiares é um fator positivo nas
aprendizagens das crianças, dando um sentido mais am-
plo para a leitura.
Considerando-se que o contato com o maior número
possível de situações comunicativas e expressivas resul-
ta no desenvolvimento das capacidades linguísticas das
crianças, uma das tarefas da educação infantil é ampliar,
Orientações didáticas integrar e ser continente da fala das crianças em con-
textos comunicativos para que ela se torne competente
A aprendizagem da fala se dá de forma privilegiada como falante. Isso significa que o professor deve ampliar
por meio das interações que a criança estabelece desde as condições da criança de manter-se no próprio texto
falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixan-
que nasce. As diversas situações cotidianas nas quais os
do-se envolver por ela, ressignificando-a e resgatando-a
adultos falam com a criança ou perto dela configuram
sempre que necessário.
uma situação rica que permite à criança conhecer e apro-
Em uma roda de conversa, por exemplo, a professora
priar-se do universo discursivo e dos diversos contextos pediu que uma criança relatasse o motivo de suas faltas,
nos quais a linguagem oral é produzida. As conversas explicitada pelo seguinte diálogo:
com o bebê nos momentos de banho, de alimentação, Criança: Porque sim.
de troca de fraldas são exemplos dessas situações. Nes- Professor: Porque sim não é resposta. (Ri.)
ses momentos, o significado que o adulto atribui ao seu Criança: Eu “tava” doente.
esforço de comunicação fornece elementos para que ele Professor: Você faltou então porque estava doente? E
possa, aos poucos, perceber a função comunicativa da que doença você teve? Você sabe?
fala e desenvolver sua capacidade de falar. (Criança faz que não com a cabeça.)
É importante que o professor converse com bebês e Professor: Não? Você não consegue falar pra gente
crianças, ajudando-os a se expressarem, apresentando- como era sua doença?
-lhes diversas formas de comunicar o que desejam, sen- Criança: Deu umas... era vermelho... que coçava.
tem, necessitam etc. Nessas interações, é importante que Professor: Você teve catapora, que dá umas bolinhas
o adulto utilize a sua fala de forma clara, sem infantiliza- que se coçar viram feridas, né? Alguém já ouviu falar des-
ções e sem imitar o jeito de a criança falar. sa doença? Cabe ao professor, atento e interessado, au-
A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a xiliar na construção conjunta das falas das crianças para
fala de forma cada vez mais competente em diferentes torná-las mais completas e complexas. Ouvir atentamen-
contextos se dá na medida em que elas vivenciam ex- te o que a criança diz para ter certeza de que entendeu
periências diversificadas e ricas envolvendo os diversos o que ela falou, podendo checar com ela, por meio de
usos possíveis da linguagem oral. Portanto, eleger a lin- perguntas ou repetições, se entendeu mesmo o que ela
guagem oral como conteúdo exige o planejamento da quis dizer, ajudará a continuidade da conversa. Para as
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ação pedagógica de forma a criar situações de fala, escu- crianças muito pequenas uma palavra, como “água”,
ta e compreensão da linguagem. pode ser significada pelo adulto, dependendo da situa-
Além da conversa constante, o canto, a música e a es- ção, como: “Ah! Você quer água?”, ou “Você derrubou
cuta de histórias também propiciam o desenvolvimento água no chão”. Os professores podem funcionar como
apoio ao desenvolvimento verbal das crianças, sempre
da oralidade. A leitura pelo professor de textos escritos,
buscando trabalhar com a interlocução e a comunicação
em voz alta, em situações que permitem a atenção e a
efetiva entre os participantes da conversa.
escuta das crianças, seja na sala, no parque debaixo de
O professor tem, também, o importante papel de
uma árvore, antes de dormir, numa atividade específica “evocador” de lembranças. Objetos e figuras podem ser
para tal fim etc., fornece às crianças um repertório rico desencadeadores das lembranças das crianças e seu uso
em oralidade e em sua relação com a escrita. pode ajudar a enriquecer a narrativa delas.
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Crianças de quatro a seis anos cotidiano é revelador de que dialogam, perguntam e res-
pondem sobre assuntos relativos às atividades que estão
Falar e escutar desenvolvendo — um desenho, a leitura de um livro etc.
— ou apenas de que têm intenção de se comunicar.
Ao organizar situações de participação nas quais as
crianças possam buscar materiais, pedir informações ou
fazer solicitações a outros professores ou crianças, elabo-
rar avisos, pedidos ou recados a outras classes ou setores
da instituição etc., o professor possibilita às crianças o uso
contextualizado dos pedidos, perguntas, expressões de
cortesia e formas de iniciar conversação. Deve-se cuidar
que todos tenham oportunidades de participação.
É importante planejar situações de comunicação que
exijam diferentes graus de formalidade, como conversas,
exposições orais, entrevistas e não só a reprodução de
contextos comunicativos informais.
Uma das formas de ampliar o universo discursivo das
crianças é propiciar que conversem bastante, em situações
organizadas para tal fim, como na roda de conversa ou em
brincadeiras de faz-de-conta. Podem-se organizar rodas
de conversa nas quais alguns assuntos sejam discutidos
intencionalmente, como um projeto de construção de um
cenário para brincar, um passeio, a ilustração de um livro
etc. Pode-se, também, conversar sobre assuntos diversos,
como a discussão sobre um filme visto na TV, sobre a lei-
Orientações didáticas tura de um livro, um acontecimento recente com uma das
crianças etc.
O trabalho com a linguagem oral deve se orientar pe- A roda de conversa é o momento privilegiado de diá-
los seguintes pressupostos: logo e intercâmbio de ideias. Por meio desse exercício
cotidiano as crianças podem ampliar suas capacidades co-
municativas, como a fluência para falar, perguntar, expor
suas ideias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulá-
rio e aprender a valorizar o grupo como instância de troca
e aprendizagem. A participação na roda permite que as
crianças aprendam a olhar e a ouvir os amigos, trocan-
do experiências. Pode-se, na roda, contar fatos às crian-
ças, descrever ações e promover uma aproximação com
aspectos mais formais da linguagem por meio de situa-
ções como ler e contar histórias, cantar ou entoar canções,
declamar poesias, dizer parlendas, textos de brincadeiras
infantis etc.
A ampliação do universo discursivo das crianças tam-
bém se dá por meio do conhecimento da variedade de
textos e de manifestações culturais que expressam mo-
dos e formas próprias de ver o mundo, de viver e pensar.
Músicas, poemas, histórias, bem como diferentes situa-
O trabalho com as crianças exige do professor uma ções comunicativas, constituem-se num rico material para
escuta e atenção real às suas falas, aos seus movimentos, isso. Além de propiciar a ampliação do universo cultural, o
gestos e demais ações expressivas. A fala das crianças contato com a diversidade permite conhecer e aprender a
traduz seus modos próprios e particulares de pensar e respeitar o diferente.
não pode ser confundida com um falar aleatório. Ao con- Algumas crianças, porém, por diversas razões, não
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
trário, cabe ao professor ajudar as crianças a explicita- chegam a desenvolver habilidades comunicativas por
rem, para si e para os demais, as relações e associações meio da fala, como, por exemplo, crianças com deficiência
contidas em suas falas, valorizando a intenção comunica- auditiva, algumas portadoras de paralisia cerebral, autistas
tiva para dar continuidade aos diálogos. etc. Nesses casos, a inclusão das crianças nas atividades
A criação de um clima de confiança, respeito e afeto regulares favorece o desenvolvimento de várias capacida-
em que as crianças experimentam o prazer e a neces- des, como a sociabilidade, a comunicação, entre outras.
sidade de se comunicar apoiadas na parceria do adul- Convém salientar que existem certos procedimentos que
to, é fundamental. Nessa perspectiva, o professor deve favorecem a aquisição de sistemas alternativos de lingua-
permitir e compreender que o frequente burburinho que gem, como a que é feita por meio de sinais, por exemplo,
impera entre as crianças, mais do que sinal de confusão, mas que requerem um conhecimento especializado. Cabe
é sinal de que estão se comunicando. Esse burburinho ao professor da educação infantil uma ação no cotidiano
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visando a integrar todas as crianças no grupo. As crian-
ças com problemas auditivos criam recursos variados para
se fazerem entender. O professor deve também buscar
diferentes possibilidades para entender e falar com elas,
valorizando várias formas de expressão. Além da inclusão
em creches e pré-escolas regulares, as crianças portadoras
de necessidades especiais deverão ter paralelamente um
atendimento especializado. Orientações didáticas
A narrativa pode e deve ser a porta de entrada de toda
criança para os mundos criados pela literatura. A criança Práticas de leitura para as crianças têm um grande va-
aprende a narrar por meio de jogos de contar e de histó- lor em si mesmas, não sendo sempre necessárias atividades
rias. Como jogos de contar entendem-se as situações em subsequentes, como o desenho dos personagens, a respos-
parceria com o adulto, os jogos de perguntar e responder, ta de perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias
em que o adulto, inicialmente, assume a condução dos etc. Tais atividades só devem se realizar quando fizerem
relatos sobre acontecimentos, fatos e experiências da vida sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso con-
pessoal da criança. Estimulando as perguntas e respostas, trário, pode-se oferecer uma ideia distorcida do que é ler.
o professor propicia o estabelecimento da alternância dos A criança que ainda não sabe ler convencionalmente
sujeitos falantes, ajudando as crianças a detalharem suas pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor,
narrativas. As histórias, diferentemente dos relatos, são ainda que não possa decifrar todas e cada uma das pala-
textos previamente construídos, estão completos. As his- vras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura.
tórias estão associadas a convenções, como “Era uma vez”, É de grande importância o acesso, por meio da leitura
frase de abertura formal, “e foram felizes para sempre”, pelo professor, a diversos tipos de materiais escritos, uma
fecho formal. Distinguem-se dos relatos por se configura- vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas
rem como ficção e não como fato, como realidade; rela- culturais mediadas pela escrita.
cionam-se, portanto, com o construído e não com o real. Comunicar práticas de leitura permite colocar as crian-
Uma atividade bastante interessante para se fazer ças no papel de “leitoras”, que podem relacionar a lingua-
com as crianças é a elaboração de entrevistas. A entre- gem com os textos, os gêneros e os portadores sobre os
vista, além de possibilitar que se ressalte a transmissão quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas, cartas,
oral como uma fonte de informações, propicia às crianças jornais etc.
pensarem no assunto que desejam conhecer, nas pessoas As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de pa-
que podem ter as informações de que necessitam e nas lavras, memorizados e repetidos, possibilitam às crianças
perguntas que deverão fazer. Para tanto, deve-se partir atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos
dos conhecimentos prévios das crianças sobre entrevistas aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além
para preparar um roteiro de perguntas. É preciso, também, das questões culturais e afetivas envolvidas.
pensar sobre a melhor forma de registrar a fala dos entre- Quando o professor realiza com frequência leituras de
vistados. Pode-se incluir essa atividade em projetos que um mesmo gênero está propiciando às crianças oportu-
envolvam, por exemplo, o levantamento de informações nidades para que conheçam as características próprias de
junto aos pais sobre a história do nome de cada um, sobre cada gênero, isto é, identificar se o texto lido é, por exem-
as histórias da comunidade etc. plo, uma história, um anúncio etc.
Outra atividade a ser realizada refere-se às apresen- São inúmeras as estratégias das quais o professor pode
tações orais ao vivo, de textos memorizados, nas quais as lançar mão para enriquecer as atividades de leitura, como
crianças reproduzem os mais diferentes gêneros, como comentar previamente o assunto do qual trata o texto; fazer
histórias, poesias, parlendas etc., em situações que en- com que as crianças levantem hipóteses sobre o tema a par-
volvem público (seu grupo, outras crianças da instituição, tir do título; oferecer informações que situem a leitura; criar
os pais etc.), como sarau de poesias, recital de parlendas. um certo suspense, quando for o caso; lembrar de outros
Outra possibilidade é a preparação de fitas de áudio ou textos conhecidos a partir do texto lido; favorecer a conversa
vídeo para a gravação de poesias, músicas, histórias etc. entre as crianças para que possam compartilhar o efeito que
a leitura produziu, trocar opiniões e comentários etc.
Práticas de leitura O professor, além de ler para as crianças, pode organizar
as seguintes situações de leitura para que elas próprias leiam:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
50
que escuta muitas histórias pode construir um saber so-
bre a linguagem escrita. Sabe que na escrita as coisas
permanecem, que se pode voltar a elas e encontrá-las tal
qual estavam da primeira vez.
Muitas vezes a leitura do professor tem a participa-
ção das crianças, principalmente naqueles elementos da
história que se repetem (estribilhos, discursos diretos, al-
guns episódios etc.) e que por isso são facilmente memo-
rizados por elas, que aguardam com expectativa a hora
de adiantar-se à leitura do professor, dizendo determina-
das partes da história. Diferenciam também a leitura de
uma história do relato oral. No primeiro caso, a criança
espera que o leitor leia literalmente o que o texto diz.
Recontar histórias é outra atividade que pode ser de-
senvolvida pelas crianças. Elas podem contar histórias
conhecidas com a ajuda do professor, reconstruindo o
texto original à sua maneira. Para isso podem apoiar-se
nas ilustrações e na versão lida. Nessas condições, cabe
ao professor promover situações para que as crianças
Nesses casos, os textos mais adequados são as emba- compreendam as relações entre o que se fala, o texto
lagens comerciais, os folhetos de propaganda, as histó- escrito e a imagem. O professor lê a história, as crianças
rias em quadrinhos e demais portadores que possibilitam escutam, observam as gravuras e, frequentemente, depois
às crianças deduzir o sentido a partir do conteúdo, da de algumas leituras, já conseguem recontar a história, uti-
imagem ou foto, do conhecimento da marca ou do lo- lizando algumas expressões e palavras ouvidas na voz do
gotipo. professor. Nesse sentido, é importante ler as histórias tal
Os textos de histórias já conhecidos possibilitam ati- qual estão escritas, imprimindo ritmo à narrativa e dando
vidades de buscar “onde está escrito tal coisa”. As crian- à criança a ideia de que ler significa atribuir significado ao
ças, levando em conta algumas pistas contidas no texto texto e compreendê-lo.
escrito, podem localizar uma palavra ou um trecho que Para favorecer as práticas de leitura, algumas condi-
até o momento não sabem como se escreve convencio- ções são consideradas essenciais.
nalmente. Podem procurar no livro a fala de alguma per- São elas:
sonagem. Para isso, devem recordar a história para situar
o momento no qual a personagem fala e consultar o tex-
to, procurando indícios que permitam localizar a palavra
ou trecho procurado.
A leitura de histórias é um momento em que a criança
pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo
de valores, costumes e comportamentos de outras cul-
turas situadas em outros tempos e lugares que não o
seu. A partir daí ela pode estabelecer relações com a sua
forma de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual
pertence. As instituições de educação infantil podem res-
gatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em
casa e nos ambientes que frequentam, uma vez que essas
histórias se constituem em rica fonte de informação so-
bre as diversas formas culturais de lidar com as emoções
e com as questões éticas, contribuindo na construção da
subjetividade e da sensibilidade das crianças.
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informa-
ção cultural que alimenta a imaginação e desperta o pra-
zer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, Uma prática constante de leitura deve considerar a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir qualidade literária dos textos. A oferta de textos suposta-
histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se mente mais fáceis e curtos, para crianças pequenas, pode
em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável resultar em um empobrecimento de possibilidades de
e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa acesso à boa literatura.
das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilus- Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em
trações enquanto a história é lida. que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do
Quem convive com crianças sabe o quanto elas gos- significado do texto, apoiando-se em diferentes estraté-
tam de escutar a mesma história várias vezes, pelo prazer gias, como seu conhecimento sobre o assunto, sobre o
de reconhecê-la, de apreendê-la em seus detalhes, de autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o
cobrar a mesma sequência e de antecipar as emoções gênero em questão. O professor não precisa omitir, sim-
que teve da primeira vez. Isso evidencia que a criança plificar ou substituir por um sinônimo familiar as palavras
51
que considera difíceis, pois, se o fizer, correrá o risco de Ao participar em atividades conjuntas de escrita a
empobrecer o texto. A leitura de histórias é uma rica fonte criança aprende a:
de aprendizagem de novos vocabulários. Um bom texto
deve admitir várias interpretações, superando-se, assim, o
mito de que ler é somente extrair informação da escrita.
Práticas de escrita
Orientações didáticas
Na instituição de educação infantil, as crianças podem O professor pode chamar a atenção sobre a estrutura
aprender a escrever produzindo oralmente textos com do texto, negociar significados e propor a substituição do
uso excessivo de “e”, “aí”, “daí” por conectivos mais ade-
destino escrito. Nessas situações o professor é o escriba.
quados à linguagem escrita e de expressões que marcam
A criança também aprende a escrever, fazendo-o da for-
temporalidade, causalidade etc., como “de repente”, “um
ma como sabe, escrevendo de próprio punho. Em ambos
dia”, “muitos anos depois” etc. A reelaboração dos tex-
os casos, é necessário ter acesso à diversidade de textos
tos produzidos, realizada coletivamente com o apoio do
escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em
professor, faz com que a criança aprenda a conceber a
diferentes circunstâncias, considerando as condições nas
escrita como processo, começando a coordenar os papéis
quais é produzida: para que, para quem, onde e como.
de produtor e leitor a partir da intervenção do professor
ou da parceria com outra criança durante o processo de
produção.
As crianças e o professor podem tentar melhorar o
texto, acrescentando, retirando, deslocando ou transfor-
mando alguns trechos com o objetivo de torná-lo mais
legível para o leitor, mais claro ou agradável de ler.
No caso das crianças maiores, o ditado entre pares
favorece muito a aprendizagem, pois elas se ajudam
mutuamente. Quando uma criança dita e outra escreve,
aquela que dita atua como revisora para a que escreve,
O trabalho com produção de textos deve se constituir por meio de diversas ações, como ler o que já foi escrito
em uma prática continuada, na qual se reproduz contextos para não correr o risco de escrever duas vezes a mesma
cotidianos em que escrever tem sentido. Deve-se buscar a palavra, diferenciar o que “já está escrito” do que “ain-
maior similaridade possível com as práticas de uso social, da não está escrito” quando a outra se perde, observar a
como escrever para não esquecer alguma informação, es- conexão entre os enunciados, ajudar a pensar em quais
crever para enviar uma mensagem a um destinatário au- letras colocar e pesquisar, em caso de dúvida, buscando
sente, escrever para que a mensagem atinja um grande palavras ou parte de palavras conhecidas em outro con-
número de pessoas, escrever para identificar um objeto texto etc.
ou uma produção etc.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
52
pode estar afixada em lugar visível da sala. Os nomes po- produção de textos são muito mais interessantes, por-
dem estar escritos em letra maiúscula, tipo de imprensa tanto, quando se realizam num contexto de interação.
(conhecida também como letra de fôrma), pois, para a No processo de aprendizagem, o que num dado mo-
criança, inicialmente, é mais fácil imitar esse tipo de letra. mento uma criança consegue realizar apenas com ajuda,
Trata-se de uma letra mais simples do ponto de vista grá- posteriormente poderá ser feito com relativa autonomia.
fico que possibilita perceber cada caractere, não deixando A criação de um clima favorável para o trabalho
dúvidas sobre onde começa e onde termina cada letra. em grupo possibilita ricos intercâmbios comunicativos
As atividades de reescrita de textos diversos devem de enorme valor social e educativo. Para que a intera-
se constituir em situações favoráveis à apropriação das ção grupal cumpra seu papel, é preciso que as crian-
características da linguagem escrita, dos gêneros, con- ças aprendam a trabalhar juntas. Para que desenvolvam
venções e formas. Essas situações são planejadas com essa capacidade, é necessário um trabalho intencional e
o objetivo de eliminar algumas dificuldades inerentes à sistemático do professor para organizar as situações de
produção de textos, pois consistem em recriar algo a par- interação considerando a heterogeneidade dos conhe-
tir do que já existe. cimentos das crianças. Além disso, é importante que o
Essas situações são aquelas nas quais as crianças rees- professor escolha as crianças que possam se informar
crevem um texto que já está escrito por alguém e que não mutuamente, favoreça os intercâmbios, pontue as difi-
é reprodução literal, mas uma versão própria de um texto culdades de entendimento, ajude a percepção de deta-
já existente. lhes do texto etc. Deixando de ser o único informante, o
Podem reescrever textos já escritos e para tal precisam professor pode organizar grupos, ou duplas de crianças
retirar ou acrescentar elementos com relação ao texto ori- que possuam hipóteses diferentes (porém próximas) so-
ginal. Pode-se propor às crianças que reescrevam notícias bre a língua escrita, o que favorece intercâmbios mais
da atualidade que saíram no jornal que lhes interessou, fecundos. As crianças podem utilizar a lousa ou letras
ou uma lenda, uma história etc. móveis e, ao confrontar suas produções, podem compa-
Nas atividades de escrita, parte-se do pressuposto rar suas escritas, consultarem-se, corrigirem-se, socializa-
que as crianças se apropriam dos conteúdos, transfor- rem ideias e informações etc.
mando-os em conhecimento próprio em situações de Para favorecer as práticas de escrita, algumas condi-
uso, quando têm problemas a resolver e precisam colo- ções são consideradas essenciais. São elas:
car em jogo tudo o que sabem para fazer o melhor que
podem.
As crianças que não sabem escrever de forma con-
vencional, ao receberem um convite para fazê-lo, estão
diante de uma verdadeira situação-problema, na qual se
pode observar o desenvolvimento do seu processo de
aprendizagem. Tal prática deve favorecer a construção
de escritas de acordo com as ideias construídas pelas
crianças e promover a busca de informações específicas
de que necessitem, tanto nos textos disponíveis como
recorrendo a informantes (outras crianças e o professor).
O fato de as escritas não convencionais serem aceitas
não significa ausência de intervenção pedagógica. O
conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do
sistema de escrita precisa ser construído pelas crianças
com a ajuda do professor. Para que isso aconteça é pre- Orientações gerais para o professor
ciso que ele considere as ideias das crianças ao plane-
jar e orientar as atividades didáticas com o objetivo de Ambiente alfabetizador
desencadear e apoiar as suas ações, estabelecendo um
diálogo com elas e fazendo-as avançar nos seus conhe- Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando pro-
cimentos. As crianças podem saber de cor os textos que move um conjunto de situações de usos reais de leitura
serão escritos, como, por exemplo, uma parlenda, uma e escrita nas quais as crianças têm a oportunidade de
poesia ou uma letra de música. participar. Se os adultos com quem as crianças convivem
Nessas atividades, as crianças precisam pensar sobre utilizam a escrita no seu cotidiano e oferecem a elas a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
quantas e quais letras colocar para escrever o texto, usar oportunidade de presenciar e participar de diversos atos
o conhecimento disponível sobre o sistema de escrita, de leitura e de escrita, elas podem, desde cedo, pensar
buscar material escrito que possa ajudar a decidir como sobre a língua e seus usos, construindo ideias sobre
grafar etc. como se lê e como se escreve.
As crianças de um grupo encontram-se, em geral, Na instituição de educação infantil, são variadas as
em momentos diferentes no processo de construção situações de comunicação que necessitam da media-
da escrita. Essa diversidade pode resultar em ganhos ção pela escrita. Isso acontece, por exemplo, quando se
no desenvolvimento do trabalho. Daí a importância de recorre a uma instrução escrita de uma regra de jogo,
uma prática educativa que aceita e valoriza as diferenças quando se lê uma notícia de jornal de interesse das crian-
individuais e fomenta a troca de experiências e conhe- ças, quando se informa sobre o dia e o horário de uma
cimentos entre as crianças. As atividades de escrita e de festa em um convite de aniversário, quando se anota
53
uma idéia para não esquecê-la ou quando o professor
envia um bilhete para os pais e tem a preocupação de
lê-lo para as crianças, permitindo que elas se informem
sobre o seu conteúdo e intenção.
Todas as tarefas que tradicionalmente o professor rea-
lizava fora da sala e na ausência das crianças, como prepa-
rar convites para as reuniões de pais, escrever uma carta
para uma criança que está se ausentando, ler um bilhete
deixado pelo professor do outro período etc., podem ser
partilhadas com as crianças ou integrarem atividades de
exploração dos diversos usos da escrita e da leitura.
A participação ativa das crianças nesses eventos de
letramento configura um ambiente alfabetizador na
instituição. Isso é especialmente importante quando as
crianças provêm de comunidades pouco letradas, em
que têm pouca oportunidade de presenciar atos de lei-
tura e escrita junto com parceiros mais experientes. Nes-
se caso, o professor torna-se uma referência bastante
importante. Se a educação infantil trouxer os diversos
textos utilizados nas práticas sociais para dentro da ins-
tituição, estará ampliando o acesso ao mundo letrado,
cumprindo um papel importante na busca da igualdade
de oportunidades.
Algumas vezes, o termo “ambiente alfabetizador” tem
sido confundido com a imagem de uma sala com pare-
des cobertas de textos expostos e, às vezes, até com eti-
quetas nomeando móveis e objetos, como se esta fosse Alguns textos são adequados para o trabalho com a
uma forma eficiente de expor as crianças à escrita. É ne- linguagem escrita nessa faixa etária, como, por exemplo,
cessário considerar que expor as crianças às práticas de receitas culinárias; regras de jogos; textos impressos em
leitura e escrita está relacionada com a oferta de oportu- embalagens, rótulos, anúncios, slogans, cartazes, folhe-
nidades de participação em situações nas quais a escrita tos; cartas, bilhetes, postais, cartões (de aniversário, de
e a leitura se façam necessárias, isto é, nas quais tenham Natal etc.); convites; diários (pessoais, das crianças da sala
uma função real de expressão e comunicação. etc.); histórias em quadrinhos, textos de jornais, revistas e
A experiência com textos variados e de diferentes gê- suplementos infantis; parlendas, canções, poemas, qua-
neros é fundamental para a constituição do ambiente de drinhas, adivinhas e trava-línguas; contos (de fadas, de
letramento. A seleção do material escrito, portanto, deve assombração etc.); mitos, lendas, “causos” populares e
estar guiada pela necessidade de iniciar as crianças no fábulas; relatos históricos; textos de enciclopédia etc.
contato com os diversos textos e de facilitar a observa-
ção de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas Organização do tempo
diferentes funções e características sejam consideradas.
Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jor- Atividades permanentes
nais, revistas, textos publicitários etc. são os modelos que
se pode oferecer às crianças para que aprendam sobre a Contar histórias costuma ser uma prática diária nas
linguagem que se usa para escrever. instituições de educação infantil. Nesses momentos,
O professor, de acordo com seus projetos e objetivos, além de contar, é necessário ler as histórias e possibilitar
pode escolher com que gêneros vai trabalhar de forma seu reconto pelas crianças. É possível também a leitura
mais contínua e sistemática, para que as crianças os co- compartilhada de livros em capítulos, o que possibilita
nheçam bem. Por exemplo, conhecer o que é uma receita às crianças o acesso, pela leitura do professor, a textos
culinária, seu aspecto gráfico, formato em lista, combi- mais longos.
nação de palavras e números que indicam a quantidade Outra atividade permanente interessante é a roda de
dos ingredientes etc., assim como as características de leitores em que periodicamente as crianças tomam em-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
uma poesia, histórias em quadrinhos, notícias de jornal prestado um livro da instituição para ler em casa. No dia
etc. previamente combinado, as crianças podem relatar suas
impressões, comentar o que gostaram ou não, o que
pensaram, comparar com outros títulos do mesmo autor,
contar uma pequena parte da história para recomendar
o livro que a entusiasmou às outras crianças.
A leitura e a escrita também podem fazer parte das
atividades diversificadas, por meio de ambientes orga-
nizados para:
54
lhando. É aconselhável que sejam apresentados textos
impressos de diferentes autores. Se o texto for um cartaz,
devem-se apresentar às crianças alguns cartazes sobre
diversos assuntos, para que elas possam perceber como
são organizados, como o texto é escrito, como são as
imagens etc. Se for um jornal, é necessário que as crian-
ças possam identificar, entre outras coisas, as diversas se-
ções que o compõem, como se caracteriza uma manche-
te, uma propaganda, uma seção de classificados etc. Para
se montar uma história em quadrinhos, é necessário o
conhecimento de vários tipos de histórias em quadrinhos
para que as crianças conheçam melhor suas característi-
cas. Pode-se identificar os principais temas que envolvem
cada personagem, os recursos de imagens usadas etc.
Assim, se amplia o repertório em uso pelas crianças e
elas avançam no conhecimento desse tipo de texto. Ao
final, as crianças podem produzir as próprias histórias em
quadrinhos.
Os projetos que envolvem a escrita podem resultar
em diferentes produtos: uma coletânea de textos de um
mesmo gênero (poemas, contos de fadas, lendas etc.);
Projetos um livro sobre um tema pesquisado (a vida dos tubarões,
das formigas etc.); um cartaz sobre cuidados com a saúde
Os projetos permitem uma interseção entre conteú- ou com as plantas, para afixar no mural da instituição; um
dos de diferentes eixos de trabalho. Há projetos que vi- jornal; um livro das receitas aprendidas com os pais que
sam o trabalho específico com a linguagem, seja oral ou estiverem dispostos a ir preparar um prato junto com as
escrita, levando em conta as características e função pró- crianças; produção de cartas para correspondência com
prias do gênero. Nos projetos relacionados aos outros outras instituições etc.
eixos de trabalho, é comum que se faça uso do registro Pode-se planejar projetos específicos de leitura, arti-
escrito como recurso de documentação. Elaborar um li- culados ou não com a escrita: produzir uma fita cassete
vro de regras de jogos, um catálogo de coleções ou um de contos ou poesias recitadas por um grupo, para ouvir
fascículo informativo sobre a vida dos animais, por exem- em casa ou para enviar a uma turma de outra instituição;
plo, podem ser produtos finais de projetos. elaborar um álbum de figuras (de animais ou de plantas,
Da mesma forma, preparar uma entrevista ou uma de fotos, de ícones diversos, de logotipos da publicidade
comunicação oral, como um convite para que outro gru- ou marcas de produtos etc.) colecionadas pelas crianças;
po venha assistir a uma apresentação, são atividades que elaborar uma antologia de letras das músicas prediletas
podem integrar projetos de diversas áreas. Os projetos do grupo, para recordá-las e poder cantá-las; elaborar
de linguagem oral podem propor, por exemplo, a grava- uma coletânea de adivinhas para “pegar” os pais e ir-
ção em fita cassete de histórias contadas pelas famílias mãos etc.
para fazer uma coleção para a sala, ou de parlendas, ou,
ainda, de brincadeiras cantadas para o acervo de brinca- Sequência de atividades
deiras da instituição ou para outro lugar a ser definido
pelo professor e pelas crianças. A pesquisa e o reconto Nas atividades sequenciadas de leitura, pode-se ele-
de casos ou histórias da tradição oral envolvendo as fa- ger temporariamente, textos que propiciem conhecer
mílias e a comunidade, que contarão sobre as histórias a diversidade possível existente dentro de um mesmo
que povoam suas memórias, é outro projeto que oferece gênero, como por exemplo, ler o conjunto da obra de
ricas possibilidades de trabalho com a linguagem oral. um determinado autor ou ler diferentes contos sobre sa-
Pode-se também organizar saraus literários nos quais ci-pererê, dragões ou piratas, ou várias versões de uma
as crianças escolhem textos (histórias, poesias, parlen- mesma lenda etc.
das) para contar ou recitar no dia do encontro. Elaborar
um documentário em vídeo ou exposição oral sobre o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
55
Além disso, o gravador é também um excelente ins-
trumento para que o professor tenha documentado o
que aconteceu e possa a partir daí, refletir, avaliar e reo-
rientar sua prática.
O trabalho com a escrita pode ser enriquecido por
meio da utilização do computador. Ainda são poucas as
instituições infantis que utilizam computadores na sua
prática, mas esse recurso, quando possível, oferece opor-
tunidades para que as crianças tenham acesso ao manu-
seio da máquina, ao uso do teclado, a programas simples
de edição de texto, sempre com a ajuda do professor.
pelas crianças por meio de um rodízio de contadores. fessor, presenciar diversos atos de escrita realizados
Nessa situação, as crianças podem observar o tom e pelo professor, ter acesso a diversos materiais escritos,
o ritmo de suas falas, refletir sobre a melhor entonação a como livros, revistas, embalagens etc. Há um conjunto
ser dada em cada momento da história etc. de indícios que permitem observar se as oportunidades
Outra possibilidade interessante é utilizar a gravação oferecidas para as crianças dessa faixa etária têm sido
das rodas de conversa ou outras situações de interlocu- suficientes para que elas se familiarizem com as práticas
ção. Com isso, o professor pode promover novas ativi- culturais que envolvem a leitura e a escrita. Por exemplo,
dades para que as crianças reformulem suas perguntas, se a criança pede que o professor leia histórias, se pro-
justifiquem suas opiniões, expliquem a informação que cura livros e outros textos para ver, folhear e manusear,
possuem, explicitem desacordos. se brinca imitando práticas de leitura e escrita. O pro-
56
fessor pode também observar se a criança reconhece e
utiliza gestos, expressões fisionômicas e palavras para
comunicar-se e expressar-se; se construiu um repertó- EXERCÍCIOS COMENTADOS
rio de palavras, frases e expressões verbais para fazer
perguntas e pedidos; se é capaz de escutar histórias e 1. Quanto às propostas pedagógicas das escolas dian-
relatos com atenção e prazer etc. te da nova organização do ensino fundamental, a única,
A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que entre as enumeradas a seguir, que não pode ser conside-
tenham tido muitas oportunidades na instituição de rada benéfica é:
educação infantil de vivenciar experiências envolvendo
a linguagem oral e escrita, pode-se esperar que as crian- a) Torná-la mais lúdica.
ças participem de conversas, utilizando-se de diferentes b) Romper a articulação com o trabalho realizado na
recursos necessários ao diálogo; manuseiem materiais educação infantil.
escritos, interessando-se por ler e por ouvir a leitura c) Não reservar apenas o primeiro ano para a alfabeti-
de histórias e experimentem escrever nas situações nas zação.
quais isso se faça necessário, como, por exemplo, marcar d) Readequar espaços e mobiliário para o público que
seu nome nos desenhos. Para que elas possam vivenciar ingressa na escola.
essas experiências, é necessário oferecer oportunidades e) Propor ciclos ou outra forma de organização do tempo
para que façam perguntas; elaborem respostas; ouçam escolar.
as colocações das outras crianças; tenham acesso a di-
versos materiais escritos e possam manuseá-los, apre- RESPOSTA: Letra B. Dedicar o tempo necessário à
ciá-los e incluí-los nas suas brincadeiras; ouçam histórias alfabetização, propor ciclos ou outra forma de organi-
lidas e contadas pelo professor ou por outras crianças; zação do tempo escolar e readequar espaços e mobili-
possam brincar de escrever, tendo acesso aos materiais ários para o público que ingressa na escola estão entre
necessários a isso. as propostas amplamente discutidas para tornar mais
Em relação às práticas de oralidade pode-se obser- eficiente a educação fundamental dentro das perspec-
var também se as crianças ampliaram seu vocabulário, tivas atuais.
incorporando novas expressões e utilizando de expres-
sões de cortesia; se percebem quando o professor está
2. Sobre a pedagogia de Paulo Freire, grande educador
lendo ou falando e se reconhecem o tipo de linguagem
e pensador da educação brasileira, é incorreto afirmar:
escrita ou falada.
Em relação às práticas de leitura, é possível observar
se as crianças pedem que o professor leia; se procuram a) A educação bancária e conservadora deve ser substitu-
livros de histórias ou outros textos no acervo; se consi- ída por uma educação problematizadora;
deram as ilustrações ou outros indícios para antecipar b) O mais importante para o oprimido é a tomada de
o conteúdo dos textos; se realizam comentários sobre poder da classe opressora para se libertar da explo-
o que “leram” ou escutaram; se compartilham com os ração política e econômica, passando de explorado a
outros o efeito que a leitura produziu; se recomendam a explorador;
seus companheiros a leitura que as interessou. c) Os temas geradores na alfabetização devem partir de
Em relação às práticas de escrita e de produção de problemas reais e concretos dos alunos;
textos pode-se observar se as crianças se interessam por d) A pedagogia do oprimido tem por base o diálogo e a
escrever seu nome e o nome de outras pessoas; se re- conscientização de classe;
correm à escrita ou propõem que se recorra quando têm e) Na pedagogia da autonomia, ética, bom senso e ale-
de se dirigir a um destinatário ausente. gria são saberes necessários à prática educativa.
O professor deve colecionar produções das crianças,
como exemplos de suas escritas, desenhos com escrita, RESPOSTA: Letra B. Ao fazer-se opressora, a realida-
ensaios de letras, os comentários que fez e suas próprias de implica na existência dos que oprimem e dos que
anotações como observador da produção de cada uma. são oprimidos. Estes, a quem cabe realmente lugar
Com esse material, é possível fazer um acompanhamen- por sua libertação juntamente com os que com eles
to periódico da aprendizagem e formular indicadores em verdade se solidarizam, precisam ganhar a consci-
que permitam ter uma visão da evolução de cada crian- ência crítica da opressão, na práxis desta busca.
ça. Este é um dos problemas mais graves que se põem à
Mesmo sem a exigência de que as crianças estejam libertação. É que a realidade opressora, ao constituir-
alfabetizadas aos seis anos, todos os aspectos envolvi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
57
c) É importante as experiências com a leitura de histórias
para crianças de pré-escola para o posterior sucesso NÚMEROS NATURAIS E NÚMEROS
escolar das crianças com a leitura e a escrita. RACIONAIS. OPERAÇÕES COM NÚMEROS
d) Se considerarmos que o desenvolvimento da cons- NATURAIS E NÚMEROS RACIONAIS
ciência fonológica é um facilitador da evolução psi-
cogenética e da aprendizagem da leitura e da escrita
devemos transformar este tipo de reflexão num alvo Números Naturais e suas operações fundamentais
pedagógico durante o processo de alfabetização.
e) A proposta construtivista defende uma alfabetização 1. Definição de Números Naturais
contextualizada e significativa através da transposição
didática das práticas sociais da leitura e da escrita para Os números naturais como o próprio nome diz, são
os números que naturalmente aprendemos, quando es-
a sala de aula.
tamos iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida,
RESPOSTA: Letra B. A aprendizagem é um processo
não estamos preocupados com o sinal de um número,
contínuo de construção e superação. É fundamental
mas sim em encontrar um sistema de contagem para
ao educador conhecer a bagagem que cada sujeito
quantificarmos as coisas. Assim, os números naturais são
cognitivo construiu, para compreender suas estrutu- sempre positivos e começando por zero e acrescentando
ras mentais e seu modo de reflexão, tentando evoluir sempre uma unidade, obtemos os seguintes elementos:
de um quadro mais simples e menos consistente para
elaborações superiores. Esta construção de conheci- ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … .
mento implica numa inter-relação entre sujeitos, para
que, num espaço de confiança, juntos possam recriar Sabendo como se constrói os números naturais, pode-
o conhecimento. mos agora definir algumas relações importantes entre eles:
Cada aluno possui diferentes interações com o códi-
go escrito e, dependendo do seu uso social, a criança a) Todo número natural dado tem um sucessor (nú-
elabora hipóteses que juntamente com as experiên- mero que está imediatamente à frente do número
cias vividas, enriquecem e significam o processo. É por dado na seqüência numérica). Seja m um núme-
isso que se enfatiza a importância de que as crianças ro natural qualquer, temos que seu sucessor será
entrem em contato com o uso social da leitura e da sempre definido como m+1. Para ficar claro, se-
escrita, reconhecendo a função social da linguagem. guem alguns exemplos:
a) Trabalhar a alfabetização espontânea, totalmente liga- b) Se um número natural é sucessor de outro, então
da aos setores político e social. os dois números que estão imediatamente ao lado
b) Trabalhar a alfabetização, neutralizando a política e as do outro são considerados como consecutivos. Ve-
classes sociais. jam os exemplos:
c) Trabalhar a alfabetização, considerando a política com
Ex: 1 e 2 são números consecutivos.
coerência, vivenciando, na prática, o reconhecimento
Ex: 5 e 6 são números consecutivos.
óbvio, sabendo ouvir, falar e assumindo a ingenuidade
Ex: 50 e 51 são números consecutivos.
dos educandos para poder saber o que estão apren-
dendo. c) Vários números formam uma coleção de números
d) Trabalhar a alfabetização, assumindo a ingenuidade naturais consecutivos se o segundo for sucessor
dos educandos, partindo do ensino da realidade social do primeiro, o terceiro for sucessor do segundo, o
de seus alunos para, posteriormente, ensinar o desco- quarto for sucessor do terceiro e assim sucessiva-
nhecido. mente. Observe os exemplos a seguir:
rior leitura desta não possa prescindir da continuidade Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem d) Analogamente a definição de sucessor, podemos
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcan- definir o número que vem imediatamente antes
çada por sua leitura crítica implica a percepção das ao número analisado. Este número será definido
relações entre o texto e o contexto. como antecessor. Seja m um número natural qual-
quer, temos que seu antecessor será sempre de-
finido como m-1. Para ficar claro, seguem alguns
Prezado candidato, não deixe de conferir os exercícios exemplos:
em Língua Portuguesa geral.
58
Ex: O antecessor de 2 é 1.
Ex: O antecessor de 56 é 55. 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)
Ex: O antecessor de 10 é 9.
Agora que conhecemos os números naturais e temos d) Comutativa: No conjunto dos números naturais,
um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas
operações matemáticas que podemos fazer com eles. não altera a soma, ou seja, somando a primeira
Muito provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo
quatro operações fundamentais da matemática: Adição, resultado que se somando a segunda parcela com
Subtração, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos a primeira parcela. Sejam dois números naturais A
estudos com elas: e B, temos que:
Adição: A primeira operação fundamental da Aritmé-
tica tem por finalidade reunir em um só número, todas 𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
as unidades de dois ou mais números. Antes de surgir
os algarismos indo-arábicos, as adições podiam ser rea- Subtração: É a operação contrária da adição. Ao in-
lizadas por meio de tábuas de calcular, com o auxílio de vés de reunirmos as unidades de dois números naturais,
pedras ou por meio de ábacos. Esse método é o mais vamos retirar uma quantidade de um número. Voltando
simples para se aprender o conceito de adição, veja a novamente ao exemplo das pedras:
figura a seguir:
b) Associativa: A adição no conjunto dos números na- Como os números naturais são positivos, A-B não
turais é associativa, pois na adição de três ou mais é um número natural, portanto a subtração não é
parcelas de números naturais quaisquer é possível fechada.
associar as parcelas de quaisquer modos, ou seja,
com três números naturais, somando o primeiro b) Não Associativa: A subtração de números naturais
com o segundo e ao resultado obtido somarmos também não é associativa, uma vez que a ordem
um terceiro, obteremos um resultado que é igual à de resolução é importante, devemos sempre sub-
soma do primeiro com a soma do segundo e o ter- trair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o
ceiro. Apresentando isso sob a forma de números, resultado não será um número natural.
sejam A,B e C, três números naturais, temos que: c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a
59
propriedade irá funcionar se o zero for o termo a mento pelo segundo elemento teremos o mesmo
ser subtraído do número. Se a operação for inver- resultado que multiplicando o segundo elemento
sa, o elemento neutro não vale para os números pelo primeiro elemento. Sejam os números natu-
naturais: rais m e n, temos que:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a
subtração de números naturais não ser associativa. 𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚
Como a ordem de resolução importa, não pode-
mos trocar os números de posição e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se
depararem com expressões onde temos diferentes
Multiplicação: É a operação que tem por finalidade operações matemática, temos que observar a or-
adicionar o primeiro número denominado multiplicando dem de resolução das mesmas. Observe o exemplo
ou parcela, tantas vezes quantas são as unidades do se- a seguir:
gundo número denominadas multiplicador. Veja o exem-
plo: Ex: 2 + 4 𝑥 3
Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de Se resolvermos a soma primeiro e depois a multi-
5 semanas, quanto eu terei guardado? plicação, chegamos em 18.
Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a
Pensando primeiramente em soma, basta eu somar soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?
todas as economias semanais:
A multiplicação tem prioridade sobre a adição,
6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30 portanto deve ser resolvida primeiro e assim a res-
posta correta é 14.
Quando um mesmo número é somado por ele mes-
mo repetidas vezes, definimos essa operação como mul- FIQUE ATENTO!
tiplicação. O símbolo que indica a multiplicação é o “x” e
assim a operação fica da seguinte forma: Caso haja parênteses na soma, ela tem prio-
ridade sobre a multiplicação. Utilizando o
exemplo, temos que: .
6+6+6+6+6 6𝑥5
=
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠
= 30 (2 + 4)𝐱3 = 6 𝐱 3 = 18 Nesse caso, reali-
za-se a soma primeiro, pois ela está dentro
A multiplicação também possui propriedades, que
dos parênteses
são apresentadas a seguir:
a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjun- f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de re-
to dos números naturais, pois realizando o produ- solver o exemplo anterior quando se a soma está
to de dois ou mais números naturais, o resultado entre parênteses é com a propriedade distributiva.
será um número natural. Multiplicando um número natural pela soma de
dois números naturais, é o mesmo que multiplicar
b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adi-
três ou mais fatores de modos diferentes, pois se cionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
multiplicarmos o primeiro fator com o segundo e
depois multiplicarmos por um terceiro número na- 2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18
tural, teremos o mesmo resultado que multiplicar
o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois
Sejam os números naturais m,n e p, temos que: números do parênteses e o resultado foi o mesmo que
𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝) do item anterior.
multiplicação mas ele não será o zero, pois se não e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é
repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resulta- chamado de quociente. Nem sempre teremos a quanti-
do será 0. Assim, o elemento neutro da multiplica- dade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo,
ção será o número 1. Qualquer que seja o número podendo sobrar algum valor. A esse valor, iremos dar o
natural n, tem-se que: nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pe-
dras:
𝑛𝑥1=𝑛
60
Resposta: Letra D Dado o preço inicial de R$ 1700,00,
basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$
1700,00-500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resulta-
do em 12 prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$
100,00
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero }
Nessa divisão, cada amigo seguiu com suas duas pe- No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun-
dras, porém restaram duas que não puderam ser distri- tos:
∗
buídas, pois teríamos amigos com quantidades diferen- • 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
tes de pedras. Nesse caso, tivermos a divisão de 8 pedras • + = conjunto dos racionais não negativos;
𝑄
por 3 amigos, resultando em um quociente de 2 e um • 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos;
resto também 2. Assim, definimos que essa divisão não • 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
é exata. • 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
Devido a esse fato, a divisão de números naturais não
é fechada, uma vez que nem todas as divisões são exa- Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto
tas. Também não será associativa e nem comutativa, já que representa esse número ao ponto de abscissa zero.
que a ordem de resolução importa. As únicas proprieda- 3
3 3 3
des válidas na divisão são o elemento neutro (que segue Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
2 2
sendo 1, desde que ele seja o divisor) e a propriedade 3 3
distributiva. Módulo de+ é . Indica-se 3 = 3
2 2 2 2
3 3
Números Opostos: Dizemos que− 2 e 2 são núme-
FIQUE ATENTO!
ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é
A divisão tem a mesma ordem de priorida- o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao
de de resolução que a multiplicação, assim ponto zero da reta são iguais. 2 2
61
- Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c 1.4. Divisão de Números Racionais
- Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a A divisão de dois números racionais p e q é a própria
todo em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q operação de multiplicação do número p pelo inverso de
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em q, isto é: p ÷ q = p × q-1
Q, tal que q + (–q) = 0 De maneira prática costuma-se dizer que em uma di-
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
1.2. Subtração de Números Racionais multiplica-se pelo inverso da segunda:
a c a d a�d
A subtração de dois números racionais e é a própria ∶ = � =
b d b c b�c
operação de adição do número com o oposto de q, isto
é: p – q = p + (–q)
Observação: É possível encontrar divisão de frações
1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais a
c.
da seguinte forma: b . O procedimento de cálculo é o
Como todo número racional é uma fração ou pode mesmo.
d
ser escrito na forma de umaa fração, definimos o produto
de dois números racionais b e d , da mesma forma que o 1.5. Potenciação de Números Racionais
c
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por ro racional diferente de zero é igual a outra potência que
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 = q tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente
b
igual ao oposto do expoente anterior.
a
- Elemento inverso: Para todo q = b em Q, a di-
q−1 =
62
3
2 2 2 2 8
= . . =
3 3 3 3 27
- Toda potência com expoente par é um número po-
sitivo.
2
1 1 1 1
− = − .− =
5 5 5 25
- Produto de potências de mesma base. Para redu-
zir um produto de potências de mesma base a uma só
potência, conservamos a base e somamos os expoentes. FIQUE ATENTO!
2 3 2+3 5 Um número racional, quando elevado ao
2 2 2 2 2 2 2 2 2 quadrado, dá o número zero ou um número
. = . . . . = = racional positivo. Logo, os números racio-
5 5 5 55 5 5 5 5 nais negativos não têm raiz quadrada em Q.
- Quociente de potências de mesma base. Para redu-
zir um quociente de potências de mesma base a uma só O número −
100
não tem raiz quadrada em Q, pois
potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes. 910
tanto −
10 como + , quando elevados ao quadrado, dão
100 . 3 3
3 3 3 3 3
5 2 . . . . 5− 2 3 9
3 3 2 2 2 2 2 3 3 Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
: = = =
2 2 3 3 2 2 conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
. perfeito.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não
3
potência a uma potência de um só expoente, conserva- existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
mos a base e multiplicamos os expoentes. 3
2. Frações
63
2.2. Operações com Frações Deste modo, é importante lembrar que na adição e
na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
2.2.1. Adição e Subtração minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações
ao menor denominador comum, após o que procedemos
Frações com denominadores iguais: como no primeiro caso.
3 2 5
Observe que = =
8 8 8
64
2.4. Divisão 3.1. Operações com Números Decimais
Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu- 3.1.1. Adição e Subtração
merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Vamos calcular o valor da seguinte soma:
Exemplo
5,32 + 12,5 + 0, 034
2 é a fração inversa de 3
3 2
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
5 ou 5 é a fração inversa de 1
em frações decimais:
1 5
Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 - Igualamos o número de casas decimais, acrescen-
desse algo. 3 tando zeros.
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixan-
Portanto: : 3 = de 4
4 1 do vírgula embaixo de vírgula.
5 3 5 - Somamos ou subtraímos os números decimais
como se eles fossem números naturais.
Como
1 4 1
de 5= 3
4
� =
4
�
1
, resulta que - Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vír-
3 5 5 3
gula dos números dados.
4 4 3 4 1
:3 = : = �
5 5 1 5 3 Exemplo
3
Observando que as frações e são frações inver-
1 2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5
1 3
sas, podemos afirmar que:
Disposição prática:
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a pri- 2,3500
meira pelo inverso da segunda.
14,3000
4 4 3 4 1 4
Portanto :3 = ∶ = � = + 0,0075
5 5 1 5 3 15
5,0000
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4
do total de
chocolates contidos na caixa.
15 21,6575
4 8
Outro exemplo: : = . 2 =
41 5 5 3.1.2. Multiplicação
3 5 3 8 6
Observação:
Vamos calcular o valor do seguinte produto:
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão
2,58 � 3,4 .
3 1
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
: em frações decimais:
2 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
Portanto 100 10 1000
65
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48
#FicaDica
Disposição prática:
Na prática, a multiplicação de números
decimais é obtida de acordo com as
seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como
se eles fossem números naturais.
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim
- No resultado, colocamos tantas casas
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quocien-
decimais quantas forem as do primeiro fator
te é exato.
somadas às do segundo fator.
Ex: 9,775 ∶ 4,25
Exemplo:
Disposição prática:
Disposição prática:
652,2 1 casa decimal
p
#FicaDica Tomemos um número racional q tal que p não seja
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
Na prática, a divisão entre números deci-
efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
mais é obtida de acordo com as seguintes
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
regras:
- Igualamos o número de casas decimais do
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
dividendo e do divisor.
um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão
como se os números fossem naturais.
66
2 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
= 0,4 para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
5
alguns exemplos:
1
= 0,25
4 Ex:
35
= 8,75 Seja a dízima 0,333...
4 Façamos e multipliquemos ambos os membros por
153 10:
= 3,06
50 10x = 0,333
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se pe- Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
riodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas: da segunda:
1 3
= 0,333 … 10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
3 9
3
1 Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
= 0,04545 … 9
22
Ex:
167
= 2,53030 … Seja a dízima 5,1717...
66
Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .
348
3,48 =
100
5 1
0,005 = =
1000 200
67
1.2. Representação gráfica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das
páginas de um livro numa semana. Na segunda semana,
leu mais 2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta)
páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:
a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480
Resposta: Letra D.
Resposta: 8/15
O problema proposto consiste em calcular o valor de
2/3 de 4/5, que equivale a 8/15 do total das chaves.
68
- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula.
ponto em comum.
Um plano é um subconjunto do espaço R3 de tal Quando dois planos são concorrentes, dizemos que
modo que quaisquer dois pontos desse conjunto podem tais planos formam um diedro e o ângulo formado en-
ser ligados por um segmento de reta inteiramente con- tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para
tida no conjunto. obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma-
Um plano no espaço pode ser determinado por qual- do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos
quer uma das situações: concorrentes.
- Três pontos não colineares (não pertencentes à
mesma reta);
- Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
- Um ponto e um segmento de reta que não contem
o ponto;
- Duas retas paralelas que não se sobrepõe;
- Dois segmentos de reta paralelos que não se so-
brepõe; Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um
- Duas retas concorrentes; ângulo reto (90°).
- Dois segmentos de reta concorrentes.
Razão entre Segmentos de Reta
Duas retas (segmentos de reta) no espaço R3 podem
ser: paralelas, concorrentes ou reversas. Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem de uma reta que estão limitados por dois pontos que são
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa. por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início
e B o final do segmento.
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.
Segmentos Proporcionais
Uma reta é perpendicular a um plano no espaço R3, se
ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-
de reta contido no plano que tem P como uma de suas lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
extremidades é perpendicular à reta. números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
69
Diremos que quatro segmentos de reta, AB, BC, CD e DE
, nesta ordem, são proporcionais se: A B⁄B C = C D⁄D E .
Os segmentos AB e DE são os segmentos extremos e
os segmentos BC e CD e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
sentam as medidas dos segmentos:
m (AB) m (CD)
=
m (BC) m (DE)
Ângulos
Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-
termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
proporcionais. A figura abaixo representa uma situação - gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas não colineares.
por duas retas transversais.
Identificamos na sequência algumas proporções: Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do
que 90º.
A B⁄B C = DE⁄E F
B C⁄ A B = EF ⁄D E
A B⁄D E = B C⁄ E F
D E⁄ A B = E F ⁄B C
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ângulo Central
70
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do Ângulo Reto:
polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono. - É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.
Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per- Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-
tence à circunferência e os lados são tangentes à ela. mentares se a soma das suas medidas é 900.
Ângulo Raso:
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas. Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-
plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.
71
Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi-
ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°
72
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) 120°
b) 126°
c) 135°
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é d) 150°
igual ao ângulo 8
Resposta: Letra B. Considerando que cada hora equi-
Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam vale a um ângulo de 30° (360/12 = 30) e que a cada
uma mesma posição na reta transversal, um na região 15 min o ponteiro da hora percorre 7,5°. Assim, as 3h
interna e o outro na região externa. e 40 min indica um ângulo de aproximadamente 126°.
73
POLÍGONOS
Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono” advém
do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).
Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:
FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra
em duas regiões (a interior e a exterior), sem pontos comuns.
Elementos de um polígono
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
74
Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E
Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b� , c� , d
� , e� .
Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1
Um polígono é denominado simples se ele for descrito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide o
plano em uma região interna e externa), caso o contrário é denominado complexo.
Um polígono simples é denominado convexo se não tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo.
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os vértices
pertencerem a uma mesma circunferência.
Um polígono inscritível é denominado regular se todos os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes.
a) triângulo equilátero
b) quadrado
c) pentágono regular
d) hexágono regular
A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono de n lados (Si) é dada por:
75
Si = n − 2 � 180°
A soma das medidas dos ângulos externos de um po- EXERCÍCIOS COMENTADOS
lígono de n lados (Se) é igual a:
1. (PREF. DE POÁ-SP – ENGENHEIRO DE SEGURAN-
360° ÇA DE TRABALHO – VUNESP/2015) A figura ilustra
Se = um octógono regular de lado cm.
n
Polígonos regulares
76
Nessas condições, o ângulo θ mede: Paralelogramo
a) 108°.
b) 72°.
c) 54°.
d) 36°.
e) 18°.
Características:
Retângulo
A fórmula para calcular a soma dos ângulos internos
de um polígono é: S = (n – 2) · 180
S = (5 – 2) · 180
S = 3 · 180
S = 540
Dividindo a soma dos ângulos internos por 5, pois um
pentágono possui cinco ângulos internos, encontrare- Características:
mos 108° como medida de cada ângulo interno.
Observe na imagem anterior que a soma de três ângu- Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
los internos do pentágono com o ângulo θ tem como AB // DC e AD // BC
resultado 360°. Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
108 + 108 + 108 + θ = 360 Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos
324 + θ = 360 do retângulo medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
No retângulo, um par de lados paralelos
θ = 360 – 324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
77
Losango Trapézio
Características:
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão
Características: chamados de bases maior e menor:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja: AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
AB // DC e AD // BC A altura será definida como a distância entre as bases:
Possuem os quatro lados com medidas iguais: BG: altura = h
AB = DC = AD = BC
No losango, definem-se diagonais como a distância A área é calculada em função das bases e da altura:
entre vértices opostos, assim: Área =
B+b
�h
BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d 2
A área é Dcalculada
�d
a partir das diagonais e não dos O perímetro é calculado como a soma das medidas
lados: Área = 2 de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Circunferência e Círculo
Características:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC Já um círculo é definido como um conjunto de pontos
Possuem os quatro lados com medidas iguais: cuja distância de O é menor ou igual a R.
AB = DC = AD = BC
Diferentemente do losango, todos os ângulos do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
78
Características: Características:
A medida relevante da circunferência é o raio (R) que A Área do Setor Circular (para α em radianos):
é a distância de qualquer ponto da circunferência em re- R2
lação ao centro C. A= α − sen α
2
A área é calculada em função do raio: Área = πR2
O perímetro, também chamado de comprimento da 3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências
circunferência, é calculado em função do raio também:
Perímetro = 2πR Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja
distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se-
Setor Circular guintes posições relativas:
Um Setor Circular é uma região de um círculo com- Reta Tangente: Reta e circunferência possuem apenas
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam um ponto em comum (dOP = R)
no centro e vão até a circunferência.
#FicaDica
Em termos práticos, um setor circular é um
“pedaço” de um círculo.
Características:
O ângulo α é definido como ângulo central απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
360
αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2
Segmento Circular
79
TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS
EXERCÍCIOS COMENTADOS Definição
Resposta: Aplicando as relações geométricas referen- Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas
tes ao losango, tem-se: partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
caso Ê = Ô.
x = 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
y = 20
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30
BMC = 15 + 20 + 25 = 60
80
Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-
gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).
Ex: Considerando
o triângulo abai-
xo, podemos achar o
valor de x, escrevendo:
70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
Classificação dos triângulos quanto às medidas x = 180º − 70º − 60º = 50º
dos ângulos
81
Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma
dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b
Congruência de Triângulos
FIQUE ATENTO!
Dois triângulos são congruentes, se os seus
elementos correspondentes são ordenada-
mente congruentes, isto é, os três lados e
os três ângulos de cada triângulo têm res-
pectivamente as mesmas medidas. Deste
modo, para verificar se um triângulo é con-
gruente a outro, não é necessário saber a
medida de todos os seis elementos, basta Semelhança de Triângulos
conhecerem três elementos, entre os quais
esteja presente pelo menos um lado. Para Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma
facilitar o estudo, indicaremos os lados cor- forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
respondentes congruentes marcados com duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
82
Os três ângulos são respectivamente congruentes, isto é: A~R, B~S, C~T
Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem dois ângulos correspondentes congruentes, então os triângulos
são semelhantes.
Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos formados
por esses lados também são congruentes, então os triângulos são semelhantes.
Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
83
Teorema de Pitágoras
Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição
do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos os
triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos
da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2
Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
84
Teorema de Pitágoras no quadrado
3l2
h² =
4
l 3
h=
2
d= medida da diagonal
l= medida do lado
d=l 2
em uma praça e destinadas a atividades de recreação in-
fantil para faixas etárias distintas.
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero
Se a área de R eé R
54 ,m², então o perímetro
R1de
e R 2 , é, em
metros, igual a:
1 2
a) 54
b) 48
c) 36
d) 40
l= medida do lado e) 42
h= medida da altura
Resposta: Letra B. Esse problema se resolve tanto por
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci- semelhança de triângulos, quanto pela área de . Em
dem. Logo, H é ponto médio do lado BC. No triângulo re- ambos os casos, encontraremos x = 12 m. Após isso,
tângulo AHC, H � é ângulo reto. De acordo com o teorema pelo teorema de Pitágoras, achamos a hipotenusa do
de Pitágoras, podemos escrever: triângulo
R1 e R 2 , , que será 20 m. Assim, o perímetro será
12+16+20 = 48 m.
85
2. (PM SP 2014 – VUNESP). Duas estacas de madei- Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângulo,
ra, perpendiculares ao solo e de alturas diferentes, estão a soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo,
distantes uma da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas a respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que:
uma outra estaca de 1,7 m de comprimento, que ficará
apoiada nos pontos A e B, conforme mostra a figura. α + β + 90° = 180° → α + β = 90°
Com isso, podemos concluir:
FIQUE ATENTO!
Dizemos que todo triângulo retângulo tem
um ângulo interno reto e dois agudos, com-
plementares entre si.
86
cateto oposto ao ângulo
sen Ângulo =
hipotenusa
nas.
Observemos, nas figuras abaixo, que a diagonal de
um quadrado divide ângulos internos opostos, que são
retos, em duas partes de 45 + o+, e que o segmento cateto adjacente a 60°
l
1
que define a bissetriz (e altura) de um ângulo interno do cos 60° = =2=
hipotenusa l 2
triângulo equilátero permite-nos reconhecer, em qual-
quer das metades em que este é dividido, ângulos de l 3
cateto oposto a 60°
medidas 30o e 60o. tg 60° = = 2
= 3
cateto adjacente a 60° l
2
87
Observação Importante: Observe que os ângulos de
30° e 60° são complementares, e isso provoca a troca dos
valores de seno e cosseno. Já a tangente, temos exata-
mente o valor inverso.
sen 3 Além das razões com que trabalhamos até aqui, são
1 2
definidas a co-tangente, secante e co-secante de um ân-
2 2
2 gulo agudo de triângulo retângulo através de relações
entre seus lados, como definimos a seguir, com suas res-
cos 3 2 1 pectivas abreviações
2 2 2 cateto adjacente ao ângulo
cotg Ângulo =
tg cateto oposto ao ângulo
3 1 3 hipotenusa
3 2 sec Ângulo = cateto adjacente ao ângulo
hipotenusa
cossec Ângulo =
cateto oposto ao ângulo
3. O círculo trigonométrico
Definidas principais propriedades e o ângulos notá- Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados 3,
veis, podemos expandir essa análise para todos os ân- 4 e 5 unidades de comprimento que apresentamos ante-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5. Identidades Trigonométricas
88
É comum a necessidade de obtermos uma razão tri- sen x
gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão tg x =
cujo valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expres-
cos x
sões extensas envolvendo várias relações trigonométri-
cas para um mesmo ângulo. Nesses casos, as identidades Podemos observar, também, que a razão b , que re-
trigonométricas que iremos deduzir neste tópico são fer- presenta tg α , se invertida (passando a c ), vemc a consti-
ramentas de grande aplicabilidade. tuir cotg α . Em virtude disso, e aproveitando
b
a identidade
Identidade em uma ou mais variáveis é toda igualdade enunciada anteriormente, podemos dizer que, para todo
verdadeira para quaisquer valores a elas atribuídos, desde ângulo x de seno não-nulo:
que verifiquem as condições de existência de expressão.
1 cos x
Vamos iniciar então, mostrando um triângulo retân- cotg x = =
tg x sen x
gulo qualquer:
Tais inversões ocorrem também e se tratando das re-
lações seno, co-seno, secante e co-secante. Vejamos que:
b2 + c 2 = a2
Façamos agora outro desenvolvimento. Tomemos das a operações com ângulos. As fórmulas a seguir foram
um dos ângulos agudos do triângulo ABC, da figura. Por deduzidas para facilitar algumas operações matemáticas.
exemplo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos: Sejam α e β ângulos quaisquer. Temos que:
sen α b⁄a b
= = = tg α
cos α c⁄a c
De forma análoga, o leitor obterá o mesmo resultado
se tomar o ângulo β. Dizemos, portanto, que, para um
ângulo x, cujo cosseno não será nulo:
89
Seno da Soma: sen α + β = sen α � cos β + sen β � cos α a) 4,8
Seno da Diferença: sen α − β = sen α � cos β − sen β � cos α
b) 5,0
c) 5,5
Cosseno da Soma: cos α + β = cos α � cos β − sen α � sen β
d) 5,7
Cosseno da Diferença: cos α − β = cos α � cos β + sen α � sen β
e) 6,0
tg α+tg β
Tangente da Soma: tg α + β =
Resposta: Letra D. Usando o cosseno de 45°, chega-
1−tgα � tgβ
-se na resposta.
tg α−tg β
Tangente da Diferença: tg α − β = 1+tgα.tg β
a b c
= = = 2R
� sen B
sen A � sen C�
90
Lei dos Cossenos
A lei dos cossenos é considerada uma generalização do teorema de Pitágoras, onde para qualquer triângulo, consegui-
mos relacionar seus lados com a subtração de um termo que possui o ângulo oposto do lado de referência.
�
a2 = b2 + c 2 − 2 � b � c � cos A
2 2 2
b = a + c − 2 � a � c � cos B �
c = a + b − 2 � a � b � cos C�
2 2 2
FIQUE ATENTO!
Há três formas distintas de utilizar a Lei dos Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha cuidado ao expressar
os termos conhecidos e a incógnita em uma das três equações propostas. Note que o termo à esquerda
do sinal de igual é o lado oposto ao ângulo que deve aparecer na equação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. Calcule a medida de x:
Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que temos que aplicar ao ângulo oposto ao lado que iremos usar.
Assim, o lado de medida 100 possui o ângulo A
� como oposto, e ele mede 30°, dado as medidas dos outros ângulos,
assim:
x 100
=
sen 45° sen 30°
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
x 100
=
2/2 1/2
x = 100 2
91
2.Calcule a medida de x:
Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que ela se relaciona com a circunferência circunscrita ao triângulo:
x
= 2R
sen 60°
x
=2 3
3/2
x=3
GEOMETRIA ESPACIAL
1. Poliedros
Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando as
faces do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um poliedro
regular. Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:
Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo nú-
mero de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção do cubo).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É dada por:
V− A+F = 2
2. Prismas
Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos. Quanto
à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.
92
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
As faces laterais são retangulares.
Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).
Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada pela
soma das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:
Área total: AT = AL + 2 � AB
3. Cilindros
São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
93
Área lateral: AL = 2πRh 6. Esfera
A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distância
Área total: AT = AL + 2AB em relação a um centro é menor ou igual ao raio da es-
fera R. A esfera é popularmente conhecida como “bola”
Volume: V = AB � h pois seu formato é o mesmo de uma bola de futebol, por
exemplo.
4. Pirâmides
2
Área da Superfície Esférica: A = 4πR
4πR3
Sendo a área da base, determinada pelo polígono Volume: V =
3
que forma a base, a área lateral, determinada pela soma
das áreas dos triângulos laterais, temos que:
#FicaDica
Área total: AT = AL + AB Na área total dos prismas e cilindros, mul-
tiplicamos a área da base por 2 pois temos
AB � h duas bases formando o sólido. Já no caso das
Volume: V = pirâmides e dos cones isto não ocorre, pois
3
há apenas uma base em ambos.
5. Cones
Geratriz: g 2 = R2 + h2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
94
Resposta : Letra C. a) 2 cm
b) 2,5 cm
VA = 53 = 125 cm³ c) 4,25 cm
d) 5 cm
VB = 103 = 1000 cm³
V
Logo: C = VA + VB = 125 + 1000
2
VC Resposta: Letra D.
→ = 1125 → VC = 2250 cm³ Sendo a P.A. (V1 , V2 , V3, V4 , V5), (, o enunciado fornece:
2 Do termo geral da P.A., sabe-se que
2250 V5 = V1 + 5 − 1 � r = V1 + 4r
Portanto, VC = 18 � 10 � h = 2250 → h = = 12,5 cm
onde r é a razão da P.A.
180
95
Medindo com uma régua a distância entre 0 e 50 metros, por exemplo, significa que a medida dessa distância no
mapa equivale a 50 metros na realidade.
Numérica: a escala numérica é apresentada como uma relação e estabelece diretamente qual é a relação entre
distâncias no mapa e real, sem a necessidade de medições com régua como na escala gráfica. Um exemplo de escala
numérica: 1:50.000
Isso significa que 1 cm no mapa equivale a 50.000 cm na realidade.
Considerando o tamanho da representação de determinado mapa ou desenho, a escala pode ser classificada de
três formas:
Natural: a escala natural é aquela na qual o tamanho do desenho coincide com o tamanho do objeto real.
Reduzida: a escala reduzida é aquela na qual o desenho é menor do que a realidade. É a escala na qual a maioria
dos mapas é feita.
Ampliada: a escala ampliada é aquela na qual o desenho é maior do que a realidade. Figuras obtidas com auxílio
de microscópios, por exemplo, estão em escala ampliada.
Cálculo de Escala
A escala (E) pode ser expressa como:
𝑑
𝐸=
𝐷
onde d é a distância medida no desenho (mapa) e D é a distância real do objeto (local que o mapa representa).
Assim é possível calcular quaisquer distâncias medidas no desenho.
FIQUE ATENTO!
Não se esqueça de trabalhar sempre com as mesmas unidades de medida!
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Determine, em quilômetros, a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e Vitória, e de Belo Horizonte a Vitória.
Resposta: 385 km e 346,5 km. Começando pela distância entre Rio de Janeiro e Vitória.
Pela definição de escala:
96
𝑑 1 5
𝐸= → = → 𝐷 = 5 ∙ 7.700.000 = 38.500.00 𝑐𝑚
𝐷 7.700.000 𝐷
2. (NOVA CONCURSOS - 2018) Em uma cidade duas atrações turísticas distam 4 km. Sabe-se que no mapa dessa
cidade, esses pontos estão distantes 20 cm um do outro. Qual é a escala do mapa?
Resposta: 1:20000 Antes de utilizar a definição de escala é importante que ambas as distâncias estejam na mesma
medida. Assim, é necessário passar 4 km para cm: 4 km=400000 cm.
Pela definição de escala:
𝑑 20 1
𝐸= →𝐸= = → 𝐸 = 1: 20000
𝐷 400000 20000
3. (NOVA CONCURSOS - 2018) Qual será a distância entre dois pontos em um mapa sabendo que a escala do mapa
é de 1:200 000 e a distância real entre eles é de 8 km?
Resposta: 4 cm. Antes de utilizar a definição de escala é importante que ambas as distâncias estejam na mesma
medida. Assim, é necessário passar 8 km para cm: 8 km=800000 cm.
Pela definição de escala:
𝑑 1 𝑑 1 𝑑
𝐸= → = → = → 𝑑 = 4𝑐𝑚
𝐷 200000 800000 2 8
O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.
Medidas de Comprimento
A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou di-
vidir), utiliza-se a regra do 10 c , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:
97
Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.
2o passo: Conte a
quantidade de casas
que você anda de uma
unidade para a outra. De
metro para centímetro
foram 2 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1º passo: Inicia-se
da unidade que
você vai converter.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
98
Medidas de Área (Superfície)
As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10c , utiliza-
-se a regra de 102c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica
ou divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
2º passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso,
de km2 para m2, andou-
se 3 casas.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
99
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
c
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10 , utiliza-se
a regra de 103c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você andou.
Neste caso, de m3
para cm3, forma2 casas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
100
Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³
2o passo: Conte a
quantidade de ca-
sas que você an-
dou. Neste caso, de
m3 para dm3, an-
dou-se 1 casa.
Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).
Medidas de Massa
As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:
kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)
Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do 10c ,
multiplicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.
FIQUE ATENTO!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Medidas de Tempo
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s
101
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
multiplica-se por 60. do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 mos então por 10 duas vezes:
décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,348ml:10:100,00348dl
0,3h = 18min. Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
Para medir ângulos, também temos um sistema não 3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na as-
tronomia, na cartografia e na navegação são necessárias Resposta: 0, 00005 hm².
medidas inferiores a 1º. Temos, então: Para passarmos de decímetros quadrados para hectô-
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) metros quadrados, passaremos três níveis à esquerda.
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) Dividiremos então por 100 três vezes:
50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a es-
claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. querda.
Há uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².
os indicam são diferentes:
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante 4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. Resposta: 5,2 kg.
Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, deve-
mos dividir (porque na tabela grama está à direita de
#FicaDica quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passar-
mos de gramas para quilogramas saltamos três níveis
Por motivos óbvios, cálculos no sistema à esquerda.
hora – minuto – segundo são similares a Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
cálculos no sistema grau – minuto – segun- de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
do, embora esses sistemas correspondam a tograma para quilograma:
grandezas distintas. 5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a es-
querda.
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 5. Converta 2,5 metros em centímetros.
102
Atualmente, essas são as notas disponíveis 2. (PREF. NOVA CRUZ/RN - Auxiliar de Serviços Ge-
rais – Nível Fundamental - COMPERVE/UFRN/2018)
Ao comprar pão e leite em uma panificadora, uma garota
pagou a conta apenas com moedas. Ela tinha na bolsa
cinco moedas de R$ 0,10, seis moedas de R$ 0,25, três
moedas de R$ 0,50 e quatro moedas de R$ 1,00. Se a
compra custou ao todo R$ 6,75 e foi utilizado o menor
número possível de moedas, ela pagou a conta com:
a) 12 moedas.
b) 14 moedas.
c) 11 moedas.
d). 13 moedas.
Resposta: Letra A.
Moedas disponíveis 5⋅0,10=0,50
6⋅0,25=1,50
3⋅0,50=1,50
4⋅1=4,00
Ela pode usar 4 moedas de 1,00=4,00
Faltando 2,75
Usa as 3 de 0,50
2,75=1,50=1,25
E mais 5 de 0,25
4+3+5=12 moedas
a) 3ª empresa.
b) 1ª empresa.
c) 2ª empresa.
103
d) 4ª empresa. 7. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Administra-
e) 1ª ou 3ª empresa, já que o valor é o mesmo. tivo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Para execu-
tar um serviço foram comprados 200 pregos iguais por
Resposta: Letra C. 30 reais. Cada prego custou:
1ª Empresa: 17 x 3 + 2,5 x 5 = 63,5
2ª Empresa: 13 x 3 + 4,5 x 5 = 61,5
3° Empresa: 15 x 3 + 3,5 x 5 = 62,5 a) R$ 0,05.
4° Empresa: 14 x 3 + 4,7 x 5 = 65,5 b) R$ 0,10.
c) R$ 0,15.
5. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – Ceres – Nível Fun- d) R$ 1,18.
damental – MPE/2017) Um grupo de 50 pessoas fez e) R$ 1,50.
um orçamento inicial para organizar uma festa, que se-
ria dividido entre elas em cotas iguais. Verificou-se ao Resposta: Letra C.
final que, para arcar com todas as despesas, faltavam
R$ 510,00, e que 5 novas pessoas haviam ingressado no 30
grupo. No acerto foi decidido que a despesa total seria = 0,15
dividida em partes iguais pelas 55 pessoas. Quem não 200
havia ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma
das 50 pessoas do grupo inicial deveria contribuir com 8. (IBGE – Recenseador – Nível Fundamental -
mais R$ 7,00. De acordo com essas informações, qual foi FGV/2017) Cinco resmas de papel custaram R$90,00. Se
o valor da cota calculada no acerto final para cada uma o preço não mudar, dezoito resmas custarão:
das 55 pessoas?
a) R$308,00;
a) R$14,00. b) R$312,00;
b) R$17,00. c) R$316,00;
c) R$ 22,00. d). R$320,00;
d) R$ 32,00. e) R$324,00.
e) R$ 57,00.
Resposta: Letra E.
Resposta: Letra D. 90/5=18 cada
50⋅7=350 (as 50 tiveram que contribuir com mais 7 18⋅18=324
reais)
510-350=160 (falta) 9. (PREF. DE SANTO EXPEDITO/SP – Motorista – Nível
160/5=32(dividindo pelas pessoas que entraram) Fundamental – PRIME CONCURSOS/2017) Selma tem
um saldo em seu cartão de R$530,00, foi ao mercado e
6. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Administra- gastou R$415,60 em mercadorias, mais tarde retornou e
tivo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Guardei so- gastou mais R$115,89. Qual é o saldo atual do cartão de
mente moedas de R$ 1,00 e de R$ 0,50 num total de 80 Selma?
moedas que, juntas, somam R$ 50,00 e vou trocá-las no
supermercado. A quantidade de moedas de R$ 1,00 que a) R$ +1,49
guardei foi: b) R$ -1,49
c) R$ + 0,49
a) 60. d) R$ - 0,49
b) 50.
c) 40. Resposta: Letra B.
d) 20. Gastos:415,60+115,89= 531,49
e) 10. 531,49-530=1,49
Ela ficou com saldo negativo de 1,49
Resposta: Letra D.
Moedas de R$1,00:x
Moedas de R$0,50: y
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
𝑥 + 𝑦 = 80
�
𝑥 + 0,5𝑦 = 50
Subtraindo as equações:
0,5y=30
Y=60
X=80-60=20
104
10. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Pú- 11. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Públi-
blico – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) A co – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) Ob-
figura a seguir apresenta 14 notas de R$ 100,00 e 8 notas serve a figura, a seguir, que representa o extrato bancário
de R$ 50,00: de Antônio. Ele possui uma conta especial e seu limite de
crédito é de R$ 1 800,00.
Resposta: Letra C.
-1518,02+273=-1245,02
a) R$ 37,00.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) R$ 39,00.
c) R$ 40,50.
d) R$ 41,00.
e) R$ 43,50.
Resposta: Letra B.
Um inteiro+3 meias=1+1,5=2,5
Como pagou 65, vamos dividir pra ver quanto custa
cada.
65/2,5=26
26⋅1,5=39
105
13. (PREF. CONCHAS/SP – Auxiliar de Serviços Gerais – Nível Fundamental - METROCAPITAL/2018) Uma mãe de-
seja dividir R$ 5.000,00 entre seus dois filhos, de modo que o mais novo receba a metade do que recebe o mais velho,
e mais R$ 500,00. Quanto caberá a cada um dos filhos?
a) R$ 2.500,00 e R$ 2.500,00.
b) R$ 1.500,00 e R$ 3.500,00.
c) R$ 3.000,00 e R$ 2.000,00.
d) R$ 4.000,00 e R$ 1.000,00.
e) R$ 4.500,00 e R$ 500,00.
Resposta: Letra C.
5000-500=4500
Mais velho=4500/1,5=3000
Mais novo=3000/2=1500+500=2000
Estatística
Definições Básicas
Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar na tomada de decisões por meio da obtenção, análise, organi-
zação e interpretação de dados.
População: conjunto de entidades (pessoas, objetos, cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que apresen-
tem no mínimo uma característica em comum. Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços de um produto,
médicos de um hospital, estudantes que prestam determinado concurso, etc.
Amostra: É uma parte da população que será objeto do estudo. Como em muitos casos não é possível estudar a
população inteira, estuda-se uma amostra de tamanho significativo (há métodos para determinar isso) que retrate o
comportamento da população. Exemplo: pesquisa de intenção de votos de uma eleição. Algumas pessoas são entre-
vistadas e a pesquisa retrata a intenção de votos da população.
Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será chamado de e cada valor desse dado será chamado de . Essa variável
pode ser quantitativa (assume valores) ou qualitativa (assume características ou propriedades).
São medidas que auxiliam na análise e interpretação de dados para a tomada de decisões. As três medidas de ten-
dência central são:
Média aritmética simples:∑xi razão entre a soma de todos os valores de uma mostra e o número de elementos da
amostra. Expressa por x
� .=
Calculada por:
n
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com média aritmética simples, porém aqui cada variável tem um
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em caso de número para de elementos, a mediana é a média entre
os elementos intermediários
106
Solução
Média:
1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente:
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}
Como a amostra tem 14 valores (número par), os elementos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse exem-
3+4 7
plo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a média entre eles: = 2 = 3,5
2
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 1 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,10} calcule a média, a mediana e a moda.
Solução:
Média:
2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14
Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é igual
a 9.
Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso 3, a
segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira prova, 5 na
segunda e 6 na terceira.
Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.
∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12
Tabelas e Gráficos
Tabelas
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais diversos tipos de dados. O mais importante é saber interpretá-
-las e para isso é conveniente saber como uma tabela é estruturada. Toda tabela possui um título que indica sobre o
que se trata a tabela. Toda tabela é dividida em linhas e colunas onde, no começo de uma linha ou de uma coluna, está
indicado qual o tipo de dado que aquela linha/coluna exibe.
Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso
Direito 2500
Economia 1800
Enfermagem 800
Engenharia 3500
Letras 750
Medicina 1500
Psicologia 1000
TOTAL 15300
107
Nesse caso, as colunas são: curso e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da Universi-
dade com o respectivo número de alunos de cada curso.
Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da
Universidade com o respectivo número de alunos de cada curso separados por gênero.
#FicaDica
Acima foram exibidas duas tabelas como exemplos. Há uma infinidade de tabelas cada uma com sua par-
ticularidade o que torna impossível exibir todos os tipos de tabelas aqui. Porém em todas será necessário
identificar linhas, colunas e o que cada valor exibido representa.
Gráficos
Tipos de frequência
fi = 4
Relativa: Relaciona a quantidade de repetições com o total (expresso em porcentagem)
Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota possui freqüência relativa:
6
fr = ∙ 100 = 20%
30
108
Tipos de Gráficos
Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos
Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo
atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na hori- 2500
zontal são apresentados os grupos (dados qualitativos)
dos quais deseja-se apresentar dados enquanto na verti- 2000
Estudantes da Universidade ALFA Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas
700 relações entre grandezas em relação a um todo. Nesse
600
gráfico é possível visualizar a relação de proporcionalida-
de entre as grandezas. Recebe esse nome pois lembram
500
uma pizza pelo formato redondo com seus pedaços (fre-
400 quências relativas).
300
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de
200
América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania
Estudantes da Universidade ALFA
Ex: Foi feito um levantamento do idioma falado pelos
Oceania alunos de um curso da Universidade ALFA.
África
Frequências absolutas:
Ásia
Europa
América Central
América do Sul
América do Norte
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
109
Frequências relativas: 2. (UFC - 2016) A média aritmética das notas dos alunos
de uma turma formada por 25 meninas e 5 meninos é
igual a 7. Se a média aritmética das notas dos meninos
é igual a 6, a média aritmética das notas das meninas é
igual a:
a) 6,5
b) 7,2
c) 7,4
d) 7,8
e) 8,0
110
Funções e elementos dos mapas
LOCALIZAÇÃO ESPACIAL: PONTOS
CARDEAIS E COLATERAIS. MAPAS, Entre as principais funções dos mapas estão as de
ESCALAS, PLANTAS E CONVENÇÕES orientação e localização de pontos na superfície terres-
CARTOGRÁFICAS tre. Eles podem retratar a distribuição de fenômenos
geográficos diversos: áreas naturais, fluxos de mercado-
rias, crescimento da população, avanço do desmatamen-
to, entre outros.
A Rosa dos Ventos: pontos cardeais e pontos co-
É possível citar outras funções, tais como relacionar
laterais
fenômenos, conhecer limites entre países, auxiliar na
Elemento essencial para a geografia, a Rosa dos construção de obras públicas e na preservação ambien-
Ventos faz parte das navegações e tem sido útil na tal. Há também mapas ligados à representação do poder,
localização de territórios. Por meio desse desenho, é seja de países, seja de grupos econômicos.
possível observar as indicações dos pontos cardeais O importante é que, para cada tipo de evento, deve-
(Norte, Sul, Leste e Oeste). -se utilizar uma determinada forma de representação. De
acordo com suas características, os fenômenos podem
Além disso, também se observa os pontos colaterais ser anotados na forma de ponto, linha ou área. Assim, um
(Sudeste, Sudoeste, Nordeste e Noroeste). Se não fosse a mapa de rodovias é constituído basicamente de linhas
atuação das Rosas dos Ventos, não seria possível observar de diversas cores, que indicam o traçado e a condição
essas direções essenciais na localização dos espaços e de cada estrada, isto é, se ela é, por exemplo, asfaltada
pontos de deslocamentos em toda a Terra. ou de terra, ou se são rodovias principais ou estradas se-
cundárias.
Em alguns mapas, as cidades aparecem representa-
FIQUE ATENTO! das por pontos, indicando sua localização. Em outros ca-
no final do século 15, a rosa dos ventos já era sos, elas estão representadas por círculos de diferentes
usada nas navegações. tamanhos para indicar, entre outros fatores, quantidade
de população em cada área urbana. As cores ou hachu-
ras (traços verticais, horizontais ou diagonais) servem, em
A LINGUAGEM DOS MAPAS geral, para identificar áreas como a de um determinado
cultivo ou a vegetação de uma região. Portanto, para re-
A linguagem cartográfica moderna integra o campo presentar cada fenômeno, devem-se escolher símbolos
das linguagens visuais, ou seja, utiliza símbolos, sinais ou cores correspondentes.
gráficos e faz uso próprio das cores. Uma vez conhecidos
seus principais elementos (título, legenda e toponímia – Projeção cartográfica
nome do lugar), um mapa poderá ser lido e entendido por
qualquer pessoa, isto é, a linguagem cartográfica é universal. Os mapas são construídos segundo uma projeção
O mapa pode ser definido como uma representação cartográfica. Cada projeção busca resolver o problema
plana, simplificada e convencional da superfície terrestre, de representar a superfície curva da Terra no plano, uma
em sua totalidade ou em partes dela. Muitos mapas fo- vez que os mapas são feitos em folha de papel ou em
ram produzidos para atender a interesses, como os dos tela de computador.
Estados nacionais ou do poder econômico. Nenhuma projeção reproduz perfeitamente no plano
a superfície curva; sempre haverá alguma distorção na
Observe o mapa a seguir forma, nas distâncias ou nos tamanhos e nas proporções
das áreas representadas. Para representar o globo ter-
restre, foram desenvolvidas diversas projeções cartográ-
ficas.
Para fazer a transposição da superfície curva para a
plana (que é a do mapa), os cartógrafos desenvolveram
técnicas de projeção da esfera terrestre. Essas projeções
foram feitas sobre um cilindro, um cone ou diretamente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
no plano.
Deve-se observar que não existem projeções carto-
gráficas livres de deformações. Mercator foi um impor-
tante cartógrafo do século XVI. Ele nasceu no território
que hoje é a Bélgica e, em 1569, publicou um mapa-
-múndi em 18 folhas, que ficou conhecido como proje-
ção de Mercator.
Seu mapa-múndi, que é uma projeção cilíndrica,
popularizou-se, pois foi a primeira representação do
mundo feita depois que os europeus ampliaram seus
conhecimentos sobre os continentes africano, asiático e
111
americano. A projeção de Mercator apresenta distorções os meridianos, no sentido norte-sul. Esses cruzamen-
no tamanho das terras emersas, como no caso da Groen- tos auxiliam na orientação e permitem a localização de
lândia, que, apesar de ser menor que a América do Sul, qualquer ponto na superfície terrestre com precisão, por
aparece bem maior nessa projeção. meio das latitudes e das longitudes.
O município de São Paulo, por exemplo, localiza-se
nas coordenadas geográficas: 23o 32’51” S (lê-se latitude
sul) e 46o 38’10” O (lê-se longitude oeste).
#FicaDica
Paralelo
Círculo completo que cruza os meridianos
em ângulos retos. O círculo máximo é o da
Linha do Equador (0°) (veja mapa a seguir).
Latitude
Distância medida em graus da Linha do
Equador a um ponto qualquer para o norte
ou para o sul.
Longitude
Distância medida em graus do Meridiano de
Mercator sabia que haveria distorções desse tipo, Greenwich a um ponto qualquer para leste
pois ele considerou os meridianos como retas paralelas, ou para oeste.
e não como linhas curvas que se encontram nos polos.
Mas manteve ângulos e formas, mesmo quando as au-
mentava, criando um mapa adequado a navegações ma-
rítimas.
Os mapas podem ter projeções equivalentes (não al-
teram as áreas), conformes (não alteram formas e ângu-
los, como a de Mercator) ou equidistantes (representam
os comprimentos de modo uniforme).
Coordenadas geográficas
112
A escala geográfica, por sua vez, refere-se à abran-
gência espacial dos fenômenos em diferentes situações:
o deslocamento das pessoas de casa para o trabalho em
um município é um evento de escala geográfica local; já
os fluxos financeiros ou de bens realizados no mercado
mundial são situações que envolvem a escala geográfica
planetária ou global.
cartográfica é chamado de carta. Um exemplo são as rar elementos. Em mapas de divisão política, elas indicam
cartas topográficas do IBGE, que representam elementos o contorno e a área dos países, delimitando claramente
naturais, como rios e elevações do terreno (chamadas de seus territórios.
curvas de nível, indicam as variações de altitude), e ele- A cor pode ser usada ainda com base na variável va-
mentos humanos, como estradas, fazendas, cidade-sede
lor, que expressa a intensidade do fenômeno. Em mapas
de um município etc.
que contêm apenas tons da mesma cor (como os mapas
Vale lembrar também que escala cartográfica não é
de população que utilizam diferentes tons de verde), o
o mesmo que escala geográfica. Ambas estão presentes
nos estudos de Geografia. Como você viu, a escala car- tom mais escuro indica maior intensidade do fenômeno;
tográfica implica uma relação de proporção e medidas por oposição, o tom mais claro é usado em áreas em que
entre a realidade e a sua representação. o fenômeno é menos intenso.
113
Outra variável visual é o tamanho. Em um mesmo Assim, os mapas qualitativos destacam a existência, a
mapa, pode haver círculos ou retângulos de diferentes localização e a diversidade de fenômenos. Cores, símbo-
tamanhos que se referem ao mesmo fenômeno, tal como los e outros sinais são usados, nesses casos, para identi-
a quantidade de população urbana. Os círculos maiores ficar e diferenciar os elementos no mapa.
representam os núcleos mais populosos e os menores, os
menos populosos. Mapas quantitativos
A figura a seguir mostra algumas variáveis visuais. Toda vez que um mapa apresenta o mesmo símbolo
com tamanhos diferentes, é possível, de imediato, rela-
cionar isso à representação de diferentes quantidades.
Essa é a característica essencial dos mapas quantitativos.
Assim, há sempre um símbolo gráfico (círculo, quadrado
etc.) ou pictórico (desenhos ou ícones de armas nuclea-
res, exércitos, dinheiro, navios etc.) que, disposto em di-
ferentes tamanhos, indica quantidades diversas.
Os dados quantitativos também podem ser combina-
dos com outras formas de representação de fenômenos,
como será apresentado mais adiante. Existem outros
mapas quantitativos, como os de pontos de contagem.
Um exemplo é o dos mapas de densidade demográfica
(habitantes por km2 ). Neles, são assinaladas diferentes
quantidades de pontinhos em porções da superfície, in-
dicando áreas de grande concentração de pessoas (com
maior quantidade de pontos) ou aquelas de baixo po-
voamento (com menor quantidade de pontos).
Mapas ordenados
diagonais ou horizontais. É um recurso que usa as mes- pessoas, bens, serviços ou informações. Para represen-
mas cores para mostrar combinações do fenômeno – no tá-los, é comum o uso de setas de diferentes larguras,
caso, países com pelo menos duas línguas oficiais. da origem ao destino.
Há, ainda, os pequenos círculos, que assinalam paí- As larguras diferentes referem-se ao item quanti-
ses com uma ou mais línguas locais. Outros mapas qua- dade; portanto, nessas representações gráficas, combi-
litativos bem conhecidos são os de vegetação, relevo ou nam-se diversos dados quantitativos. Outros mapas di-
divisão política. Da mesma forma, mapas de recursos nâmicos ou de movimento mostram também a evolução
minerais, em que cada minério é representado por um temporal de um dado fenômeno, utilizando um jogo ou
símbolo gráfico. Uma consulta a atlas geográficos pode uma coleção de mapas da mesma superfície em períodos
ajudar a confirmar essas informações. distintos.
114
Temas comuns nesse tipo de mapa são os da evo- Mapa Político: esse tipo de representação tem como
lução do desmatamento, da urbanização ou dos níveis objetivo explicitar as divisões territoriais, ou seja, as fron-
de concentração demográfica. Nem sempre os mapas teiras entre continentes, países, estados e até municípios,
trazem todos os elementos estruturais. Dependendo do enfatizando que as mesmas são criações humanas. Nesse
que está representado, a ideia é que eles não fiquem car- tipo de mapa, é comum encontrarmos símbolos, como
regados com muitas informações, pois isso pode dificul- linha ( — ), para demonstrar fronteiras; e ponto ( • ), para
tar a análise. Assim, alguns mapas desta Unidade dispen- indicar cidades.
saram coordenadas geográficas ou nomes de lugares.
Anamorfoses
MAPAS TEMÁTICOS
115
Mapas Econômicos: representação cartográfica criada para informar as riquezas de um determinado lugar (conti-
nente, subcontinente, país, estado e município). Expressam onde estão localizadas as principais jazidas minerais, além
de informar sobre as produções agropecuárias, industriais e de serviços.
Mapa econômico que mostra a produção de algodão herbáceo em distintos pontos do Brasil.
Mapas Históricos: tipo de representação cartográfica que informa sobre aspectos que aconteceram no passado,
como, por exemplo, a floresta Amazônica em 1970, a expansão de um território sobre o outro em períodos de expan-
sionismo espacial, entre outros.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
REFERÊNCIA
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/mapas-tematicos.htm
116
que são influenciadas pela continentalidade. Assim, as
médias de pluviosidade variam entre 1.000 e 2.000 por
EXERCÍCIO COMENTADO ano e dependem da região em que se encontram. Em
virtude dessa variação de umidade, o clima tropical pode
ser dividido em: Clima tropical úmido ou litorâneo e Cli-
1.(PETROBRAS - GEOLÓGO - CESGRANRIO/2012) ma tropical continental ou clima tropical típico. As áreas
Dentre os paleoambientes abaixo relacionados, em qual mais elevadas do clima tropical apresentam temperatu-
deles está presente uma sucessão de arenitos e folhe- ras mais amenas em razão da variação de altitude, o que
lhos, estes contendo acritarcos (25%), quitinozoários configura o clima tropical de altitude.
(10%), esporos (20%) e detritos vegetais (45%)?
a) Deltaico marinho
b) Lacustre hipersalino
c) Lacustre redutor
d) Marinho profundo
e) Planície de inundação fluvial
2.000 milímetros por ano. a se delinear. As chuvas são bem distribuídas durante o
ano e apresentam maior ocorrência durante o verão.
Clima Tropical: Ocorre na maior parte das regiões lo- Mediterrâneo: Ocorre, principalmente, nas regiões
calizadas entre os trópicos de Capricórnio e de Câncer. próximas ao Mar Mediterrâneo. Apresenta duas estações
Apresenta elevadas temperaturas, com médias anuais bem definidas: verão (quente e seco) e inverno (chuvo-
em torno de 20ºC, e duas estações bem definidas: uma so e menos quente). As médias de temperatura asseme-
quente e úmida (verão) e outra mais fria e seca (inver- lham-se muito às do clima tropical, mas a quantidade de
no). A quantidade de umidade varia conforme a sua chuvas é ligeiramente menor no clima mediterrâneo.
localização. Regiões tropicais próximas ao litoral, que Frio (subpolar): Presente nas regiões temperadas
são influenciadas pela maritimidade, são mais úmidas mais próximas aos polos e apresenta duas estações bem
do que as regiões localizadas no interior do continente, definidas: Verão fresco, com temperaturas em torno de
117
10º C, e inverno bastante rigoroso, com temperaturas divide os dois hemisférios terrestres, e o trópico de Ca-
negativas. O índice pluviomético varia entre 100 e 1000 pricórnio, que sinaliza o limite meridional da declinação
milímetros, sendo comum a precipitação em forma de anual do Sol, atravessam as terras brasileiras, indicando
flocos de neve durante o inverno. que as marcas da tropicalidade devem aparecer aí com
Frio de Montanha: Ocorrem em regiões com gran- grande vigor.”
des cadeias de montanhas, como os Andes, Himalaia, A quantidade de luz solar (insolação) recebida pelas
as Montanhas Rochosas e os Alpes. Caracteriza-se pelas várias regiões do país durante o ano não é uniforme. Nas
baixas altitudes, com uma grande variação de tempera- regiões mais próximas do Equador, essa incidência de luz
tura conforme a altitude (quanto maior a altitude, menor solar é mais ou menos constante durante todo o ano, por
a temperatura), e a presença de neves eternas (que nun- isso há poucas diferenças na duração dos dias e noites
ca derretem). nas quatro estações do ano. Porém, à medida que nos
Polar ou Glacial: Ocorrem nas zonas polares ou em aproximamos das regiões subtropicais e temperadas, es-
latitudes muito elevadas, próximas aos polos norte e sul. sas diferenças vão ficando cada vez maiores: no inverno,
Apresenta temperaturas baixas durante o ano todo, com as noites são mais longas; no verão, os dias duram mais.
médias anuais próximas a -30º C, uma grande variação
Essa é uma das explicações para o fato do horário de
na duração do dia e da noite e baixa umidade, com um
verão, cuja aplicação tem pouco objetivo a economia de
índice pluviométrico de menos de 200 milímetros anuais.
energia elétrica no Brasil, não ser adotado na região Nor-
te e Nordeste, pois não teria resultados práticos.
118
Massa tropical atlântica (mTa) Massa tropical continental (mTc)
De ar quente e úmido, mTa origina-se no Atlântico Por ter origem na depressão do Chaco (Paraguai), isto
sul. Formadora dos ventos alísios de sudeste, atua na é, em uma zona de altas temperaturas e pouca umidade,
faixa litorânea brasileira, que se estende da região Sul à é uma massa de ar quente e seco. No Brasil, atua no sul
região Nordeste, e é praticamente constante no decorrer da região Centro-Oeste e no oeste das regiões Sul e Su-
do ano. Durante o inverno, a mTa encontra a única mas- deste, onde ocorrem longos períodos de tempo quente
sa de ar frio e úmido que atua no Brasil, a massa polar e seco. Também provoca um bloqueio atmosférico que
atlântica (mPa). Esse encontro provoca chuvas frontais no impede a chegada das massas de ar frio, quase sempre
litoral nordestino. Por isso é comum ouvirmos notícias nos meses de maio e junho, quando ocorrem dias com
sobre chuvas que castigam Maceió, Salvador e Recife no temperaturas mais altas, chamados de “veranico”.
mês de Julho, principalmente. No litoral das regiões Sul e
Sudeste, e o encontro da mTa com as áreas elevadas da As chuvas
serra do mar provoca as chuvas orográficas ou de mon-
tanha. Apesar do Brasil apresentar médias anuais pluviomé-
tricas em torno de 1.000 mm, as chuvas não se distri-
Massa polar atlântica (mPa) buem de modo uniforme por toda sua extensão. Algu-
mas áreas, como trechos da Amazônia, o litoral sul da
Bahia e o trecho paulista da Serra do Mar, recebem mais
Por se originar no oceano Atlântico, ao sul da Argen-
de 2.000 mm de chuvas por ano. Como exemplos pode-
tina, em zona de média latitude (de 30° a 60°), a mPa tem
mos citar, na Amazônia, a localidade de Belém (PA), com
ar frio e úmido. Atua principalmente no inverno, dividin-
2.204 mm anuais, e, em São Paulo, a área banhada pelo
do-se em três ramos separados pela orientação do rele- rio Itapanhaú, em Bertioga, com mais de 4.000 mm.
vo brasileiro. Os dois primeiros ramos refere-se ao corre- No extremo oposto está o Sertão do Nordeste, com
dor de planícies interiores brasileiras, que estão cercadas totais bem abaixo da média do país, como as localidades
por áreas de maiores altitudes, como os Andes (no oeste) de Cabaceiras (PB), com 331 mm anuais, e Areia Branca
e as serras brasileiras (no leste), permitindo o avanço da (RN), com 588 mm. O restante, ou seja, a maior parte do
mPa sobre essas áreas mais baixas do nosso relevo. O território brasileiro, está na faixa entre 1.000 e 2.000 mm
primeiro ramo sobe pelo vale do rio Paraná, atingindo de chuvas por ano. A porção situada abaixo do paralelo
a região Sul, e traz ventos frios, como o minuano e o de 20°LS, onde predomina o clima subtropical, tem como
pampeiro, causando a formação de granizo, geada e até característica a relativa uniformidade das chuvas ao lon-
neve nas serras catarinenses e gaúchas. O morro da Igre- go do ano. Temperaturas Em quase 95% de nosso ter-
ja (1828 m), localizado no município de Urubici, em Santa ritório, temos médias térmicas superiores a 18°C, como
Catarina, apresenta, as menores temperaturas brasileiras decorrência da tropicalidade.
por reunir os fatores altitude e latitude, e o elemento cli- Entretanto, o comportamento das temperaturas está
mático, no caso a massa polar atlântica. sujeito à influência de outros fatores além da latitude: a
A temperatura mais baixa registrada no Brasil até altitude, a continentalidade e as correntes marítimas.
2007 ocorreu em Urubici: -17,8°C. O segundo ramo, tam- Classificação climática brasileira
bém consequência das baixas altitudes da área central
do território brasileiro, permite o avanço dessa massa de Optamos pela classificação climática do cientista nor-
ar frio e úmido que chega a atingir a Amazônia ociden- te-americano Arthur Strähler, por estar baseada na circu-
tal e provoca queda brusca da temperatura, por alguns lação e na atuação das massas de ar que determinam os
dias, em Matogrosso, Rondônia e Acre. É o fenômeno da climas no Brasil. Considerando a dinâmica das massas de
“friagem”. O terceiro ramo refere-se ao avanço da massa ar que atuam no Brasil, encontramos os tipos de clima
polar atlântica pelo litoral brasileiro, do Sul ao Nordeste. descritos a seguir.
No Nordeste oriental (litoral), como já vimos, o encontro - clima equatorial úmido: Esse tipo de clima é deter-
minado pela massa equatorial continental (mEc), e sua
da mPa (de ar frio e úmido) com a mTa (de ar quente e
principal área de ocorrência é a Amazônia. Tem como
úmido) provoca as chuvas frontais durante o inverno.
características elevada taxa de umidade, em virtude da
presença dos rios e da vegetação na região, e altas tem-
Massa equatorial atlântica (mEa)
peraturas, por encontrar-se em baixa latitude. As chu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
119
mos anteriormente, nessa estação, no litoral nordestino, ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA
o encontro da mTa (de ar quente e úmido) com a mPa (de
ar frio e úmido), provoca chuvas frontais. Durante o verão A estrutura geológica de um local é um importante
tanto no Sudeste como no Nordeste, o encontro da mTa elemento de análise na Geografia, isso porque é sobre
com as mais elevadas, como o planalto da Borborema esta base que se estabelecem todas as atividades huma-
(no Nordeste) e as serras do Mar e da Mantiqueira (no nas. A estrutura geológica é um elemento que apresenta
Sudeste), provoca as chuvas orográficas. a história evolutiva do local em que ela se encontra, mos-
- clima tropical continental: É o clima mais represen- trando como se sucedeu a formação do terreno naquele
tativo do Brasil, por isso chamado de tropical típico. Sua ambiente.
precipitação varia entre 1.300 a 1.500 mm Abrange área
das regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste. O que é estrutura geológica?
Apresenta duas características marcantes:
Como estrutura geológica entende-se o conjunto de
A presença de duas estações bem definidas: rochas que compõem um determinado local. Estas ro-
- verão: estação chuvosa, provocada pela massa de ar chas foram constituídas historicamente a partir dos vários
equatorial continental (mEc) e pela massa tropical atlân- períodos pelos quais o planeta Terra passou. Não existe
tica (mTa); estrutura geológica apenas na Terra, sendo que os outros
- inverno: estação seca. Nessa época, a mEc se retrai, planetas rochosos também possuem essa configuração.
deixando espaço para a atuação de outras massas de Assim, para que fosse possível o conhecimento da
ar: a polar atlântica (mPa) e a tropical continental (mTc). estrutura geológica da Terra, surgiu uma ciência deno-
A mPa aproveita o corredor formado pelas terras mais minada de Geologia, a qual tem como função estudar a
baixas da região Centro-Oeste e atinge a porção sul da composição, a estrutura, a história evolutiva do planeta e
Amazônia, quando a temperatura pode chegar a 10°C perceber como o planeta era em seu passado geológico.
(fenômeno da friagem). As rochas que formam a estrutura geológica da Terra
estão dispostas em camadas, as quais variam em con-
formidade com os acontecimentos ao longo da evolu-
Amplitudes térmicas anuais elevadas devido à in-
ção terrestre. As camadas geológicas contam a história
fluência da continentalidade.
evolutiva da Terra, pois apresentam idades diferenciadas,
originando em diferentes processos geológicos.
- clima tropical semi-árido: Característica do Sertão
nordestino e do norte de Minas Gerais. As massas que
Tipos de estrutura geológica
atuam para a ocorrência desse tipo de clima são a tro-
pical atlântica (mTa) e a equatorial continental (mEc). Os três tipos de estruturas geológicas reconhecidos
Quando chega ao interior do Nordeste, a mTa já perdeu no planeta Terra são: escudos cristalinos, bacias sedimen-
a umidade, pois barreiras montanhosas impedem a pas- tares e dobramentos modernos. Estas estruturas foram
sagem das chuvas que caem no litoral. É o clima brasilei- criadas no decorrer das eras geológicas e seus períodos,
ro com menor índice pluviométrico anual. O que causa formando as bases sólidas nas quais se desenvolvem to-
o problema da estiagem é a má distribuição das chuvas, das as atividades humanas.
concentradas em alguns meses do ano. O índice de chu- Como é a estrutura geológica brasileira?
vas anuais chega, às vezes, a ser inferior a 500 mm. As
médias térmicas anuais e as temperaturas são elevadas. A formação da estrutura geológica do Brasil não está
- clima subtropical úmido: Representativo do Sul do desvinculada do contexto de formação geológica de todo
Brasil, é dominado pela massa tropical atlântica (mTa), planeta, afinal, foram sucessivas eras e seus períodos que
mas sofre grande influência da massa polar atlântica moldaram a base estrutural do planeta. No entanto, no
(mPa) no inverno. Apresenta o segundo maior índice plu- Brasil há uma particularidade em relação aos tipos de es-
viométrico anual (em torno de 2.500 mm), só perdendo truturas geológicas, pois dentre os tipos de estruturas, o
para o clima equatorial úmido. Tem as estações do ano Brasil não apresenta dobramentos modernos.
bem definidas e chuvas bem distribuídas durante o ano. Durante a formação da estrutura geológica do Brasil,
No inverno são constantes as ondas de frio, a formação não houve choque de placas tectônicas que pudessem
de geada e chuvas de granizo. Pode ocorrer neve nas originar a formação de dobramentos modernos, justa-
áreas de maior altitude, como na região de São Joaquim, mente porque o Brasil está sobre a placa tectônica Sul-a-
em Santa Catarina.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
120
O movimento de formação dos dobramentos modernos é o orogênico, e a partir dele ocorreram as formações das
grandes cadeias montanhosas presentes no mundo, como os Andes e o Himalaia. Assim, como o Brasil não sofreu com
este processo formativo, não existem montanhas no território brasileiro.
Muitas vezes as serras ou picos são considerados como montanhas, o que é um erro! Eles são formados a partir
de dobramentos antigos, já bastante desgastados. Os dobramentos modernos são o tipo de formação geológica mais
recente que existem na Terra, e ocorrem apenas em regiões com atividade vulcânica e sísmica. Portanto, o Brasil não é
abrangido por este tipo de estrutura geológica. Assim, no Brasil existem dois tipos de estruturas geológicas, que são os
escudos cristalinos e as bacias sedimentares.
Escudos cristalinos
Os escudos cristalinos estão presentes em cerca de 36% do território brasileiro, o que corresponde a praticamente
um terço do espaço físico total do Brasil. Os escudos cristalinos são também conhecidos como maciços antigos, e são
compostos basicamente por rochas cristalinas, podendo serem elas magmáticas, ou seja, quando há a solidificação do
magma, tanto no interior da Terra (intrusivas), quanto fora dela (extrusivas), ou ainda metamórficas, que são rochas que
tiveram sua estrutura modificada por conta de agentes como temperatura e pressão.
Esse tipo de formação geológica é muito antigo, tendo se constituído na Era Pré-Cambriana e na Paleozoica. No
caso brasileiro, os terrenos são caracterizados a partir de duas definições principais, segundo seu momento de forma-
ção: terrenos cristalinos do Arqueozoico, os quais correspondem a 32,1% dos terrenos totais contidos no Brasil, e aque-
les que se formaram no Proterozoico, que correspondem a apenas 3,9% do total das formações geológicas brasileiras.
Nestes últimos, formados no Proterozoico, é que se concentram as principais fontes de minerais do país, como
minério de ferro, manganês, bem como níquel, chumbo, prata, e até mesmo ouro e diamantes.
Os escudos cristalinos estão presentes no Brasil de três formas: o Escudo das Guianas, localizado na porção extre-
mo norte do Brasil; o Escudo do Brasil Central, localizado na região centro-norte brasileira e ainda o Escudo Atlântico,
localizado na região centro-leste brasileira. Alguns autores trabalham ainda com duas categorias de escudos cristalinos
no Brasil, considerando apenas o Escudo das Guianas e o Escudo Brasileiro, abrangendo as regiões central-norte e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
central-leste do território.
121
Bacias Sedimentares
O outro tipo de estrutura geológica existente no Brasil são as bacias sedimentares, as quais estão presentes em
cerca de dois terços do território brasileiro, correspondendo a 64% deste. Diferentemente dos terrenos cristalinos, os
terrenos sedimentares são originados em vários momentos da evolução do planeta Terra, ou seja, possuem variadas
idades geológicas, desde o Paleozoico até o Cenozoico.
Este tipo de terreno é rico em recursos minerais, como petróleo e carvão mineral. Apesar disso, o carvão mineral
brasileiro não é considerado como de boa qualidade, pois possui um baixo teor calorífero, em relação ao carvão en-
contrado em outras áreas do globo.
No Brasil, as áreas sedimentares podem ser divididas conforme seus períodos de formação, como as bacias sedi-
mentares formadas no paleozoico, presentes na região Sul do Brasil. Esta formação teve origem com o soterramento
de antigas florestas existentes, onde existem amplas reservas de carvão.
E ainda, as bacias sedimentares formadas no mesozoico, nas quais existem jazidas de petróleo, e que foram consti-
tuídas a partir de derrames vulcânicos que ocorreram naquele momento evolutivo. Esses derrames atingiram áreas com
mais de 500 mil quilômetros quadrados, originando as áreas basálticas existentes no Brasil.
O tempo geológico permite classificar as bacias sedimentares brasileiras em categorias, sendo as antigas aquelas
formadas no Paleozoico e Mesozoico, e as recentes aquelas formadas no Cenozoico e no Quaternário.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
São bacias sedimentares brasileiras: a Bacia Sedimentar da Amazônia, a Bacia Sedimentar Potiguar, a Bacia sedi-
mentar do Paraná, a Bacia Sedimentar do Espírito Santo, a Bacia Sedimentar de Campos e ainda a Bacia Sedimentar
de Santos, podendo essa nomenclatura alterar-se em conformidade com a abordagem do autor/pesquisador. Texto
adaptado de MENEZES. P. R.
Relevo
O relevo brasileiro é de formação antiga ou pré-cambriana, sendo erodido e, portanto, aplainado. Apresenta o pre-
domínio de planaltos, terrenos sedimentares e certas áreas com subsolo rico em recursos minerais. Um outro aspecto
importante consiste na ausência de vulcanismo ativo e fortes abalos sísmicos, fatos explicados pela distância em rela-
ção à divisa ou encontro das placas tectônicas, somado à idade antiga do território.
122
Clima As precipitações que ocorrem nessa região são exem-
plos de chuvas de convecção, resultantes do movimento
O país apresenta o predomínio de climas quentes ascendente do ar carregado de umidade; essas correntes
ou macrotérmicos, devido à sua localização no planeta, de ar ascendentes são conseqüências do encontro dos
apresentando uma grande porção de terras na Zona In- ventos alísios (convergência dos alísios).
tertropical e uma pequena porção na Zona Intertropical e A massa de ar Equatorial Continental (Ec) é responsá-
uma pequena porção na Zona Temperada do Sul. vel pela dinâmica do clima em quase toda a região. So-
É fundamental perceber que a diversidade climática mente na porção ocidental a frente fria (Polar Atlântica)
do País é positiva para a agropecuária e é explicada por atinge a Amazônia durante o inverno, ocasionando uma
vários fatores, destacando-se a latitude e a atuação das queda de temperatura denominando friagem.
massas de ar. A massa de ar Equatorial Atlântica (Ea) exerce alguma
influência somente em áreas litorâneas (AP e PA).
DOMÍNIO AMAZÔNICO
Hidrografia
Relevo
A hidrografia regional é riquíssima, representada
O Domínio Geoecológico Amazônico apresenta um quase que totalmente pela bacia amazônica.
relevo formado essencialmente por depressões , origi- O rio principal, Amazonas, é um enorme coletor das
nando os baixos planaltos e as planícies aluviais. Apenas chuvas abundantes na região (clima Equatorial); seus
nos extremos norte e sul desse domínio, é que ocorrem afluentes provêm tanto do hemisférico norte (margem
maiores altitudes, surgindo os planaltos das Guianas esquerda), como o Negro, Trombetas, Jari, Japurá, etc.,
ao norte e o Central (Brasileiro) ao sul. (Classificação de quanto do hemisfério sul (margem direita), como o Juruá,
Aroldo de Azevedo). Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, etc. Esse fato explica o
O planalto das Guianas, situado no extremo norte do duplo período de cheias anuais em seu médio curso.
Brasil, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Tra- O rio Amazonas (e alguns trechos de seus afluentes)
ta-se, portanto, de terrenos cristalinos do pré-cambriano, é altamente favorável à navegação. Por outro lado, o
altamente desgastado pela erosão, apresentando, como potencial hidráulico dessa bacia é atualmente conside-
conseqüência, modestas cotas altimétricas em sua maior rado o mais elevado do Brasil, localizado sobretudo nos
parte. Entretanto, nas fronteiras com as Guianas e a Ve- afluentes da margem direita que formam grande número
nezuela, existe uma região de serras, onde aparecem os de quedas e cachoeiras nas áreas de contatos entre o
pontos culminantes do relevo brasileiro: o pico da Nebli- planalto Brasileiro e as terras baixas amazônicas (Tocan-
na (serra do Imeri), o pico 31 de Março e o monte Rorai- tis, Tucuruí).
ma. Dentre as serras podemos citar: Parima, Pacaraima, Apresenta a maior variedade de peixes existentes em
Surucucu, Tapirapecó, Imeri, etc. todas as bacias hidrográficas do mundo. A pesca tem
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta um uma grande expressão na alimentação da população lo-
relevo caracterizado por terras baixas. As verdadeiras cal.
planícies (onde predomina a acumulação de sedimen- Além da grande quantidade de rios na região existem
tos) ocorrem somente ao longo de alguns trechos de rios os igarapés (córregos ou riachos); os furos (braços de
regionais; os baixos planaltos (ou platôs), também de água que ligam um rio a outro ou a um lago); os para-
origem sedimentar, mas em processo de erosão, apre- nás-mirins (braços de rios que contornam elevações for-
sentam a principal e mais abrangente forma de relevo mando ilhas fluviais) e lagos e várzea.
da Amazônia.
Solos
Clima
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta so-
A Amazônia apresenta o predomínio do clima Equa- los de baixa fertilidade. Apenas em algumas áreas restri-
torial. Trata-se de um clima quente e úmido. Região de tas, ocorrem solos de maior fertilidade natural, como os
baixa latitude, apresenta médias térmicas mensais eleva- solos de várzeas em alguns trechos dos rios regionais e
das que variam de 24 ºC e 27 ºC. a terras pretas, solo orgânico bastante fértil (pequenas
A amplitude térmica anual, isto é, as diferenças de manchas).
temperaturas entre as médias dos meses mais quentes e
mais frios, é bastante baixa (oscilações inferiores a 2 ºC); Vegetação
os índices pluviométricos são extremamente elevados,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de 1500 a 2500 mm ao ano, chegando a atingir 4.000 A floresta amazônica, principal elemento natural do
mm; o período de estiagens é bastante curto em algumas Domínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40%
áreas. A região é marcada por chuvas o ano todo. da área do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas,
Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo
Clima Equatorial cerca de 5 milhões de km².
A floresta Amazônica possui as seguintes caracterís-
Este pluviograma apresenta a região de Uaupés, no ticas:
Estado do Amazonas, com o tipo de clima predominante
na área. Observe que a linha de temperatura não cai a • Latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes;
menos de 24 ºC e que a pluviosidade é alta durante o • Heterogênea: apresenta grande variedade de espé-
ano todo, não se observando estação seca. cies vegetais, ou grande biodiversidade;
123
• Densa: bastante compacta ou intricada com plantas Relevo
muito próximas uma das outras;
• Perene: sempre verde, pois não perde as folhas no A principal unidade geomorfológica do Cerrado é o
outono-inverno como as florestas temperadas (ca- planalto Central, constituído por terrenos cristalinos, bas-
ducifólias); tante desgastados pelos processos erosivos, e por terre-
• Higrófila: com vegetais adaptados a um clima bas- nos sedimentares que formam as chapadas e os chapa-
tante úmido; dões.
• Outros nomes: Hiléia, denominação dada por Ale- Destacam-se nesse planalto as chapadas dos Parecis,
xandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alexan- dos Guimarães, das Mangabeiras e o Espigão Mestre, que
dre Rangel e Floresta Latifoliada Equatorial. divide das águas das bacias do São Francisco e Tocantins.
Apresenta aspectos diferenciados dependendo, prin- Na porção sul desse domínio (MS e GO) localiza-se
cipalmente da maior ou menor proximidade dos parte do planalto Meridional, com a presença de rochas
cursos fluviais. Pode ser dividida em três tipos bá- vulcânica (basalto) intercaladas por rochas sedimentares,
sicos ou florestais: formando as cuestas Maracaju, Caiapó, etc.
• Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo
dos rios nas planícies permanentemente inunda- Solos
das. São espécies do Igapó a vitória-régia, piaçava,
açaí, cururu, marajá, etc. No Domínio do Cerrado predominam os solos pobres
• Mata de várzea: localizada nas proximidades dos e bastante ácidos (pH abaixo de 6,5). São solos altamen-
rios, parte da floresta que sofre inundações peri- te lixiviados e laterizados, que para serem utilizados na
ódicas. Como principais espécies temos a serin- agricultura, necessitam de corretivos; utiliza-se normal-
gueira (Hevea brasiliensis), cacaueiro, sumaúma, mente o método da calagem, que é a adição de calcário
copaíba, etc. ao solo, visando à correção do pH.
• Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta da Ao sul desse domínio (planalto Meridional) aparecem
maior extensão localizada nas áreas mais elevadas significativas manchas de terra roxa, de grande fertilida-
(baixos planaltos), que nunca são atingidas pelas de natural (região de Dourados e Campo Grande).
enchentes. Além de apresentar a maior variedade
de espécies, possui as árvores de maior porte. São Hidrografia
espécies vegetais do Caaetê o angelim, caucho,
andiroba, castanheira, guaraná, mogno, pau-rosa, A densidade hidrográfica é baixa; as elevações do pla-
salsaparrilha, sorva, etc. nalto Central (chapadas) funcionam como divisores de
águas entre as bacias Amazônica (rios que correm para o
O DOMÍNIO DOS CERRADOS norte) e Platina (Paraná e Paraguai que correm para o sul)
e do São Francisco.
O Cerrado é um domínio geoecológico característi- São rios perenes com regime tropical, isto é, as cheias
co do Brasil Central, apresentando terrenos cristalinos ocorrem no verão e as vazantes no inverno.
(as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com
solos muito precários, ácidos, muito porosos, altamente Clima
lixiviados e laterizados.
A expansão contínua da agricultura e pecuária mo- O principal clima do Cerrado é tropical semi-úmido;
dernas exige o uso de corretivos com calagens e nutrien- apresenta estações do ano bem definidas, uma bastante
tes, que é a fertilização artificial do solo. A mecanização chuvosa (verão) e outra seca (inverno); as médias térmi-
intensiva tem aumentado a erosão e a compactação dos cas são elevadas, oscilando entre 20 ºC a 28 ºC e os índi-
solos. A região tem sido devastada nas últimas décadas ces pluviométricos variam em torno de 1.500 mm.
pela agricultura comercial policultora (destaque para a Verifica-se pelo climograma anterior a estação seca
soja). no meio do ano, destacando-se a queda de temperatura.
O Cerrado apresenta dos estratos: o arbóreo-arbus-
tivo e o herbáceo. As árvores de pequeno porte, com Vegetação
troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes pro-
fundas, denotam raquitismo, e o lençol freático profun- O Cerrado é a vegetação dominante; apresenta nor-
do. A produção da lenha e de carvão vegetal continua a malmente dois estratos: um arbóreo-arbustivo, com ár-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ocorrer, apesar das proibições e alertas, bem como da vores de pequeno porte (pau-santo, lixeira, pequi) e ou-
prática das queimadas. tro herbáceo, de gramíneas e vegetação rasteiras com
várias espécies de capim (barba-de-bode, flechinha, co-
Localização lonião, gordura, etc.).
Os arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos,
caule grosso, casca espessa e dura e raízes profundas. O
O Domínio Geoecológico do Cerrado ocupa quase
espaçamento entre arbusto e árvores é grande favore-
todo o Brasil Central, abrangendo não somente a maior
cendo a prática da pecuária extensiva.
parte da região Centro-Oeste, mas também trechos de
Ao longo dos rios, conseqüência da maior umidade
Minas Gerais, parte ocidental da Bahia e sul do Maranhão
do solo, surgem pequenas e alongas florestas, denomi-
/ Piauí.
nadas Matas Galeiras ou Ciliares. Essas formações vege-
124
tais são de grande importância para a ecologia local, pois baixos níveis salariais, analfabetismo, baixa produtivi-
evitam a erosão das margens impedindo o assoreamento dade nas atividades econômicas, etc.) explicam muito
dos rios; favorecem ainda a fauna e a vida do rio. melhor o subdesenvolvimento nordestino que as causas
Nos últimos anos, como conseqüências da expansão naturais.
da agricultura na região, as Matas Galerias e o Cerrado A seca é apenas mais agravante, que poderia ser solu-
sofrem intenso processo de destruição, afetando o meio cionada com o progresso socioeconômico regional.
ambiente regional.
Hidrografia
O DOMÍNIO DAS CAATINGAS
A mais importante bacia hidrográfica do Domínio da
Este domínio é marcado pelo clima tropical semi-ári- Caatinga é a do São Francisco. Apesar de percorrer áreas
do, vegetação de caatinga, relevo erodido, destacando- de clima semi-árido, é um rio perene embora na época
-se o maciço nordestino e a hidrografia intermitente. das secas possua um nível baixíssimo de águas. É nave-
A Zona da Mata ou litoral oriental é a sub-região mais gável em seu médio curso numa extensão de 1370 km,
industrializadas, mais populosa, destacando-se o solo de no trecho que vai de Juazeiro (BA) a Pirapora(MG). Atual-
massapé (calcário e gnaisse), com as tradicionais lavou- mente essa navegação é de pouca expressão na econo-
ras comerciais de cana e cacau. O agreste apresenta pe- mia regional, devido à concorrência das rodovias. Rio de
quena propriedades com policultura visando a abastecer planalto, apresenta, sobretudo em seu baixo curso, várias
o litoral. O sertão é marcado pela pecuária em grandes quedas, favorecendo a produção de energia elétrica (usi-
propriedades. Já o Meio-Norte, apresenta grandes pro- nas de Paulo Afonso, Sobradinho etc.).
priedades com extrativismo. A maior parte de seus afluentes são intermitentes ou
temporários, reflexo das condições locais.
Clima Além do São Francisco, existem vários outros que
drenam a Caatinga: os rios intermitentes da bacia do
O Domínio da Caatinga apresenta como característi- Nordeste como o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Ca-
ca mais marcante a presença do clima semi-árido. É um pibaribe, etc.
tipo de clima tropical, portanto, quente, mais próximo do Convém lembrar que o rio São Francisco possui três
apelidos importantes:
árido (seco); as médias de chuvas anuais são inferiores a
• Rio dos Currais: devido ao desenvolvimento da
1000 mm (Cabaceiras, PB – 278 mm, mais baixa do Brasil),
pecuária extensiva no sertão.
concentradas num curto período (três meses do ano) –
• Rio da Unidade Nacional: devido ao seu trecho
chuvas de outono-inverno. A longa estação seca é bas-
navegável ligando o Sudeste ao Nordeste, sendo as re-
tante quente, com estiagens acentuadas.
giões mais importantes na fase colonial.
Esse pluviograma da região Cabaceiras, Na Paraíba,
• Rio Nilo Brasileiro: devido à semelhança com o
é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão
rio africano, pois nasce numa área úmida (MG – serra da
nordestino. A região apresenta o menor índice pluviomé- Canastra) e atravessa uma área seca, sendo perene. Além
trico do Brasil, com 278 mm de chuvas. Observe o pre- de apresentar o sentido sul-norte e ser axorréico.
domínio do tempo seco e a temperatura elevada durante
o ano todo. Relevo
A baixa e irregular quantidade de chuvas dói Domí-
nio da Caatinga pode ser explica pela situação da região No domínio das Caatingas predominam depressões
em relação à circulação atmosférica (massa de ar), relevo, interplanálticas, exemplificadas pela Sertaneja e a do São
geologia, etc. Francisco.
Trata-se de uma área de encontro ou ponto final de A leste atinge o planalto de Borborema (PE) e a Cha-
quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea pada Diamantina (sul da Bahia). A oeste estende-se até
e Pa. Quando essas massas de ar atingem a região, já o Espigão Mestre e a Chapada das Mangabeiras. Nos
perdem grande parte de sua umidade. limites setentrionais desse domínio, localizam inúmeras
O Planalto de Borborema raramente ultrapassa 800 serras ou chapadas residuais, como Araripe, Grande, Ibia-
m de altitude, sendo descontínuo. Portanto, é incapaz de pada, Apodi, etc.
provocar a semi-aridez da área sertaneja. O interior do planalto Nordestino é uma área em pro-
A presença de rochas cristalinas (impermeáveis) e so- cesso de pediplanação, isto é, a importância das chuvas é
los rasos dificulta a formação do lençol freático em algu- pequena (clima semi-árido) nos processos erosivos, pre-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mas áreas, acentuando o problema da seca. dominando o intemperismo físico (variação de tempera-
Um dos mitos ou explicações falsas do subdesenvol- tura) e ação dos ventos (erosão eólica), que vão aplainan-
vimento nordestino é a afirmação de que as secas cons- do progressivamente o relevo (fragmentação de rochas
tituem a principal causa do atraso socioeconômico dessa e de blocos).
região, causando também migração para São Paulo e Rio É comum no quadro geomorfológico nordestino a
de Janeiro. presença de inselbergs, que são morros residuais, com-
Na realidade, a pobreza regional é muito mais bem posto normalmente por rochas cristalinas.
explicada pelas causas históricas e sociais. Os solos do Domínio da Caatinga são, geralmente,
As arcaicas estruturas socioeconômicas regionais (es- pouco profundas devido às escassas chuvas e ao predo-
truturas fundiária, predomínio da agricultura tradicional mínio do intemperismo físico. Apesar disso, apresentam
de exportação, governos controlados pelas elites locais, boa quantidade de minerais básicos, fator favorável à
125
prática da agricultura. A limitação da atividade agrícola é Entre as várias serras regionais como a do Mar, Man-
representada pelo regime incerto e irregular das chuvas, tiqueira, Espinhaço, Geral, Caparão (Pico da Bandeira = 2
problema que poderia ser solucionado com a prática de 890 m), etc.
técnicas adequadas de irrigação. A erosão, provocada pelo clima tropical úmido, asso-
ciada a um intemperismo químico significativo sobre os
A paisagem arbustiva típica do Sertão Nordestino, terrenos cristalinos (granito/gnaisse), é um dos fatores
que dá o nome a esse domínio geoecológico, é a Caatin- responsáveis pela conformação do relevo, com a presen-
ga (caa = mata; tinga = branco). Possui grande hetero- ça de morros com vertentes arredondadas (morros em
geneidade quanto ao seu aspecto e composição vegetal. Meia Laranja, Pães-de-Açúcar).
Em algumas áreas, forma-se uma mata rala ou aber- Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, localiza-se a
ta, com muitos arbustos e pequenas árvores, tais como
depressão do rio Paraíba do Sul (vale do Paraíba) forma-
juazeiro, a aroeira, baraúna, etc. Em outras áreas o solo
da a partir de uma fossa tectônica.
apresenta-se quase que descoberto, proliferando os ve-
getais xerófilos, como as cactáceas (mandacaru, facheiro,
xique-xique, coroa de frade, etc.) e as bromeliáceas (ma- Solos
cambira).
É uma vegetação caducifólia, isto é, na época das se- Na Zona da Mata Nordestina encontra-se um solo de
cas as plantas perdem suas folhas, evitando-se assim a grande fertilidade, denominando massapé; originou-se
evapotranspiração. da decomposição do granito, gnaisse e, ás vezes, do cal-
Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do cário.
sertão. São áreas de maior umidade, localizadas em en- No Sudeste, ocorre a presença de um solo argiloso,
costas das serras ou vales fluviais, isto é, regatos e ria- de razoável fertilidade, formado, principalmente, pela
chos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos d’água” decomposição do granito em climas úmidos, denomina-
(minas). do salmourão.
É o domínio geoecológico brasileiro mais sujeito aos
Projetos processos erosivos, conseqüência do relevo acidentado
e da ação de clima tropical úmido. O intemperismo quí-
A região Nordeste é marcada por projetos, destacan- mico atinge profundamente as rochas dessa área, for-
do os relacionados à irrigação. O mais famoso envolve mando solos profundos, intensamente trabalhados pela
as cidades vizinhas e separadas pelo rio São Francisco,
ação das chuvas e enxurradas. É comum a ocorrência de
Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O clima seco e a irrigação
deslizamentos, causados pela destruição da vegetação
controlada favorecem o controle de pragas, e o cultivo
de frutas para exportação marca a paisagem, com in- natural, práticas agrícolas inadequadas, etc.
fluência de capital estrangeiro.
Porém, existem projetos eleitoreiros, que não saem Hidrografia
do papel, como o da transposição das águas do São
Francisco: antiga ideia de construir um canal artificial, As terras altas do Sudeste dividem as águas de várias
envolvendo Cabrobó (PE) e Jati (CE), ligando os rios São bacias Paranaica (Grande Tietê, etc.), bacias Secundárias
Francisco ao Jaguaribe, com 115 km. Deste canal, nasce- do Leste (Paraíba do Sul, Doce) e Sul.
riam outros, levando águas para o Rio Grande do Norte, A maior parte dos rios são planálticos, encachoeira-
Paraíba e Pernambuco. Mas o projeto é polêmico, po- dos, com grande número de quedas ou saltos, corre-
dendo colocar em risco o rio São Francisco. deiras e com elevado poder de erosão. O potencial hi-
dráulico é também de vários rios de maior extensão que
O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS correm diretamente para o mar (bacias Secundárias ). A
serra do Mar representa uma linha de falhas que possi-
Localização bilita, também, a produção energética (exemplo: usinas
Henry Borden I e II que aproveitam as águas do sistema
Esse domínio geoecológico localiza-se na porção Tietê – Pinheiros- Billings).
oriental do País, desde o Nordeste até o Sul. Na região
Esses rios apresentam cheias de verão e vazante de
Sudeste, penetra para o interior, abrangendo o centro-
inverno (regime pluvial tropical).
-sul de Minas Gerais e São Paulo.
Clima
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Relevo
O aspecto característico do Domínio dos Mares de O Domínio dos Mares de Morros apresenta o predo-
Morros encontra-se no relevo e nos processos erosivos. mínio do clima tropical úmido. Na Zona da Mata Nordes-
O planalto Atlântico (Classificação Aroldo Azevedo) tina, as chuvas concentram-se no outono e inverno.
é a unidade do relevo que mais se destaca; apresenta Na região Sudeste, devido a maiores altitudes, o cli-
terrenos cristalinos antigos, datados do pré-cambriano, ma é o tropical de altitude, com médias térmicas anuais
correspondendo ao Escudo Atlântico. Nesse planalto es- entre 14 ºC e 22 ºC. As chuvas ocorrem no verão, que é
tão situadas as terras altas do Sudeste, constituindo um muito quente. No inverno, as médias térmicas são mais
conjunto de saliência ou elevações, abrangendo áreas baixas, por influência da altitude e da massa de ar Pa (Po-
que vão do Espírito Santo a Santa Catarina. lar Atlância).
126
No litoral, sobretudo no norte de São Paulo, a plu- Clima
viosidade é elevadíssima, conseqüência da presença da
serra do Mar, que barra a umidade vinda do Atlântico O domínio das araucárias apresenta como clima pre-
(chuvas orográficas ou de relevo). Em Itapanhaú, litoral dominante o subtropical. Ao contrário dos demais climas
de São Paulo, foi registrado o maior anual de chuvas brasileiros, pode ser classificado como mesotérmico, isto
(4.514 mm). é, temperaturas médias, não muito elevadas.
As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o ve-
Vegetação rão são provocadas pela massa deserta (Tropical Atlânti-
ca). No inverno, é freqüente a penetração da massa Polar
A principal paisagem vegetal desse domínio era, ori- Atlântica (Pa) ocasionando chuvas frontais, precipitações
ginalmente, representada pela mata Atlântica ou floresta causadas pelo encontro da massa de ar quente (Ta) com
a fria (Pa). Os índices pluviométricos são elevados, varian-
latifoliada tropical. Essa formação florestal ocupava as
do de 1.250 a 2.000 mm anuais.
terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande
Forte influência da massa de ar Polar Atlântica princi-
do Sul, cobrindo as escarpas voltadas para o mar e os palmente no outono e no inverno, quando é responsável
planaltos interiores do Sudeste. Apresentava, em muitos pela formação de geadas, quedas de neve em São Joa-
trechos, uma vegetação imponente, com árvores de 25 a quim (SC). Gramado (RS) e São José dos Ausentes (RS),
30 metros de altura, como perobas, pau-d’alho, figueiras, chuvas frontais e redução acentuada de temperatura.
cedros, jacarandá, jatobá, jequitibá, etc.
Com o processo de ocupação dessas terras brasilei- Vegetação
ras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início,
foi a extração do pau-brasil; posteriormente, a agricultu- O Domínio das Araucárias apresenta o predomínio da
ra da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do café (Sudeste). floresta aciculifoliada subtropical ou floresta das Araucá-
Atualmente, restam apenas alguns trechos esparsos rias. Originalmente, localizava-se das terras altas de São
em encostas montanhosas. Paulo até o Rio Grande do Sul, sendo o único exemplo
brasileiro de conífera. Também denominada mata dos Pi-
O DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS nhais, apresenta as seguintes características gerais:
127
• A bacia hidrográfica do Paraná possui o maior po- Solos
tencial hidrelétrico instalado no País.
• Hidrovia do Tietê-Paraná. Apresentam boa fertilidade natural.
• O rio Uruguai e rio Iguaçu apresentam um regime Formação de areais e campos de dunas no sudoeste
subtropical. do Rio Grande do Sul (Alegrete, Quarai, Cacequi).
A utilização do conceito de desertificação é consi-
O DOMÍNIO DAS PRADARIAS derado inadequado para a região, porque ela não apre-
senta um clima árido ou semi-árido, como também não
O Domínio das Pradarias, também, conhecido como existem evidências de que o processo estaria alterando
Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas áreas o clima regional, sendo assim o termo mais indicado, se-
(Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-se em gundo a pesquisadora Dirce Suertegaray, é arenização.
um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai O geógrafo José Bueno Conti utiliza o termo desertifi-
e Argentina pelo território brasileiro. cação ecológica, que corresponde ao processo interativo
O centro-sul do Rio Grande do Sul é marcado por bai- entre o homem (uso predatório dos recursos naturais por
xa densidade demográfica, clima subtropical e por uma meio da agricultura e da pecuária) e o meio ambiente
economia que apresenta cultivos mecanizados (soja) ou (clima úmido – arenito Botucatu).
grandes estâncias com pecuárias extensiva. O povoa-
mento é de origem ibérica. Hidrografia
128
Floresta Temperada Ambientes aquáticos
Localiza-se em determinadas regiões da Europa e O conceito de bioma foi desenvolvidos para ecossis-
América do Norte. temas terrestres.
Ocorre em ambiente de clima temperado e com as Os sistemas aquáticos foram classificados por suas
quatro estações bem definidas. características físicas, como a salinidade, o movimento
As plantas são chamadas de decíduas ou caducifólias, da água e a profundidade.
pois perdem as folhas ao fim do outono e readquirem Assim, pode-se estabelecer os principais tipos de am-
na primavera. Essa situação é uma adaptação ao inverno. bientes aquáticos em: rios, lagos, alagados, estuários e
Com a perda das folhas, as plantas reduzem sua ativi- oceanos.
dade metabólica. As plantas mais características são os
carvalhos e faias.
A fauna é composta por javalis, veados, raposas, es-
quilos, pássaros e insetos. BRASIL: POPULAÇÃO, URBANIZAÇÃO,
DIVISÕES DO ESPAÇO
Floresta Tropical
Deserto
da história da humanidade.
Os desertos ocorrem em ambientes de pouca umi- O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou
dade. imigrante. Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar
As maiores regiões desérticas do mundo situam-se de origem com destino a outro lugar. O imigrante é o
na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi). indivíduo que chega (entra) em um determinado lugar
A vegetação é composta por gramíneas e pequenos para nele viver.
arbustos. Nos desertos podemos encontrar animais roe- Os fluxos migratórios podem ser desencadeados por
dores, serpentes, lagartos e insetos. Os animais e plantas diversos fatores. Dentre os principais fatores que impul-
apresentam adaptações à falta de água. sionam as migrações podem ser citados os econômicos,
políticos e culturais.
129
No Brasil, o fator que exerce maior influência nos flu- AGRICULTURA FAMILIAR
xos migratórios é o de ordem econômica, pois o modelo
econômico vigente força indivíduos a se deslocarem de Nesse panorama, verifica-se a agricultura familiar,
um lugar para outro em busca de melhores condições de que implica no cultivo de produtos e atividades agrícolas
vida e à procura de trabalho para suprir suas necessida- exercidas pelos membros de um núcleo familiar. Essas
des básicas de sobrevivência. modalidades têm simbologia sustentável e representam
Uma modalidade de migração comum no Brasil, prin- parte da produção de alimentos no Brasil.
cipalmente, na década de 1950, é o êxodo rural, que con- Porém, ainda existe bastante concentração fundiá-
siste no deslocamento da população rural com destino ria, reduzindo as chances da agricultura familiar. Um dos
para as cidades. O êxodo rural ocorre, principalmente, grandes desafios, porém, é buscar políticas públicas mais
em razão do processo de industrialização no campo, eficazes para fomentar a atividade.
que proporciona a intensa mecanização das atividades
agrícolas, expulsando do campo os pequenos produto- Industrialização e urbanização
res. Além do poder de atração que as cidades industria-
lizadas proporcionam para a população rural, que migra A inserção da industrialização pesada no Brasil, a par-
para essas cidades em busca de trabalho. tir da década de 1940-50, fez parte de um processo que
Durante décadas, os principais fluxos migratórios no visava transformar a dinâmica e estrutura econômica do
território brasileiro se direcionavam para a Região Su- país, que até então era muito dependente da economia
deste, isso ocorria devido ao intenso processo de indus- cafeeira exportadora. O país conquistou novos patama-
trialização desenvolvido naquela Região. No entanto, as res de crescimento e desenvolvimento através da imple-
migrações para o Sudeste diminuíram e, atualmente, a mentação das políticas industriais, porém, as grandes
Região Centro-Oeste tem exercido grande atração para metrópoles, principais redutos dessa nova infraestrutura
os fluxos migratórios no Brasil, se tornando o principal produtiva, apesar de serem as principais concentradoras
destino. da riqueza da nação, passaram a abrigar uma população
ainda mais crescente, e esta em sua grande maioria não
URBANIZAÇÃO gozava dos benefícios da prosperidade, assim, as famílias
mais carentes passavam a residir nos lugares mais inade-
Um território industrializado é o combustível para quados e suburbanos da cidade.
configurar a urbanização, esses dois elementos, de fato, A indústria, que passou a ser a espinha vertebral da
dialogam entre si. No Brasil, as cidades mais industria- economia nacional brasileira a partir de 1940-50, diz
lizadas proveram parques industriais que alimentam a respeito ao processo de substituição de importações,
economia nacional, como São Paulo, Rio de Janeiro e e possibilitou uma maior produção nacional de manu-
Belo Horizonte.
faturados, evento que possibilitou o fortalecimento do
Fica estabelecida ainda uma sociedade de consumo
mercado interno, que antes era muito dependente das
de produtos industrializados. Porém com a globalização,
importações, mas a partir desse momento passou a se
novas tecnologias e melhoria nos sistemas de transpor-
complexificar e ganhar autonomia. Isso expandiu o con-
tes, cidades de todas as partes têm acesso aos produtos
sumo e acelerou o processo de urbanização, principal-
da indústria. E justamente nesses centros industriais que
mente, nas grandes metrópoles nacionais.
a população busca melhores condições de vida, o que
Porém o modelo dessa industrialização que veio a
fomenta os processos migratórios.
se desenvolver aqui, fomentou grande migração da po-
AGRICULTURA pulação para a zona urbana, o que intensificou o for-
talecimento do mercado interno nacional, liderado por
As produções agrícolas acompanham modernização empresas transnacionais a partir da década de 1950. A
e mecanização nas frentes de cultivo, com mudanças nas formação da estrutura capitalista fez do país um dos mais
configurações de trabalho. O agronegócio é hoje um industrializado entre os subdesenvolvidos, mas o modelo
mix de atividades agrárias, econômicas e de mercado. que foi se desenvolvendo foi responsável por criar uma
A agricultura é também responsável pela exportação de realidade distorcida e com poucos avanços na estrutura
commodities agrícolas como açúcar, soja e laranja, entre social da nação.
outros. O setor agrícola corresponde a cerca de 5% do A inserção capitalista no Brasil não levou em consi-
PIB nacional e representa bilhões em exportações. deração as particularidades deste país, uma vez que esta
propiciou um sistema onde a questão social foi sendo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Brasil tem bastante destaque no cenário agrícola, abandonada pelo Estado, assim, ao mesmo tempo em
sendo o maior produtor de açúcar do planeta. O produto que surgia uma estrutura moderna o país se aprofunda-
brasileiro segue para diversos mercados, desde Europa, va nos seus dilemas sociais, entre eles o da urbanização
Ásia, dentre outros. O café também tem grande desta- acelerada, que passava a ser realidade.
que, sendo maior produtor mundial, O produto é desti- Já no século XVIII, em plena ocorrência da primeira
nado ao mercado dos Estados Unidos, Japão e Europa. Revolução Industrial, Engels (1845) relatava que, as prin-
O setor agrícola ainda conta com modernização cipais cidades europeias, especificamente em Manches-
tecnológica. No caso, o setor produtivo de açúcar, por ter, começavam a se inflar de pessoas, devido ao elevado
exemplo, conta com mecanização de processos no culti- número de proletários que chegavam para se alocar na
vo e plantio de cana, além de laboratórios que atestam a produção manufatureira, e naquele contexto já se obser-
qualidade do produto. vavam alguns problemas quanto à capacidade de rece-
130
ber aquela grande população industrial na zona urbana, o que era demonstrado pelas péssimas condições estruturais
e sociais em que viviam os trabalhadores. E esse tipo de estrutura se desenvolveu em vários países em que a industria-
lização se manifestou, estendendo-se até o século XX, principalmente nos países subdesenvolvidos, entre os quais o
Brasil está situado.
A nação brasileira praticamente se urbanizou nos últimos cinquenta anos, isto é, transformou-se de um país rural
em urbano neste intermédio. Cresceu não só o número de habitantes das áreas urbanas, mas também o número e o
tamanho das cidades em todo o território nacional, surgindo as regiões metropolitanas e as aglomerações urbanas
como reflexo da concentração espacial das atividades geradoras de emprego e renda. A intensificação deste acúmulo
de pessoas nos conglomerados urbanos, fez com que nem todos tivessem as mesmas oportunidades de aumento
de renda, o que levou muitos moradores dessas grandes cidades a se alocarem em espaços de baixa ou nenhuma
qualidade estrutural, os quais apresentam grandes áreas de risco, e passaram a ser retratos da miséria, desigualdades,
desemprego lenta ascensão social e violência nas cidades.
O crescimento exacerbado da população com a falta de planejamento promove a segregação espacial e social nas
cidades, assim, bairros mais nobres e centrais contam com os serviços básicos de qualidade, como asfalto, saneamento,
transporte, além da melhor localização para acessar o trabalho; por outro lado existem aqueles que habitam a periferia
urbana, os quais sofrem para conseguir serviços de melhor qualidade, como escolas, médicos, emprego, lazer, conse-
quência da inexistência de políticas públicas favoráveis.
Assim, a próspera grande cidade, que se tornou palco de numerosas atividades industriais, convive com as conse-
quências da crise urbana, que é fomentada pela população que não tem acesso aos empregos necessários, e muito
menos aos bens e serviços essenciais, situação que não tem o devido respaldo do poder público para a alteração dessa
realidade.
DESIGUALDADES
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A urbanização na região Sul foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características econômicas de predo-
mínio da propriedade familiar e da policultura, pois um número reduzido de trabalhadores rurais acabava migrando
para as áreas urbanas.
A região Nordeste é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca urbanização está apoia-
da no fato de que dessa região partiram várias correntes migratórias para o restante do país e, além disso, o pequeno
desenvolvimento econômico das cidades nordestinas não era capaz de atrair a sua própria população rural.
Até a década de 60 a Região Norte era a segunda mais urbanizada do país, porém a concentração da economia do
país no Sudeste e o fluxo de migrantes dessa para outras regiões, fez com que o crescimento relativo da população
urbana regional diminuísse.
131
SER HUMANO: SER ÉTICO A paixão também pode ser vista como um estado
de passividade, de quanto o ser humano é capaz de ser
A ética, a virtude e os homens virtuosos afetado pelo sofrimento, pelo ciúme, pelo medo e por
outros tantos sentimentos. Nesse caminho, a dor, o ódio
A situação sobre a qual você ponderou na seção O e a vingança também são considerados paixões, pois de-
que você já sabe? é ilustrativa do campo ético, que bus- signam emoções que afetam intensamente o exercício
ca conhecer não somente o que é o bem, mas também da razão.
como alguém se torna bom do ponto de vista da socie- Explica-se, assim, por que a paixão é um importan-
dade em que vive. te elemento a ser levado em conta pelas investigações
O cenário analisado tem a intenção de mostrar que éticas e por que ela deve ser educada. Para Aristóteles,
o campo da ética é prático, ou seja, refere-se à alterna- sendo a ética uma teoria, uma reflexão sobre a prática,
tiva de decidir, o que quer dizer que as ações humanas ela deveria examinar e determinar o fim a ser buscado.
são possíveis, não necessárias. Para compreender ainda Esse exame responde à finalidade da ética.
melhor, pense no oposto: na natureza, as ações são exi- Para o filósofo, a felicidade seria o intuito da ação
gências universais e necessárias – por exemplo, o fogo, moral, o conteúdo do bem ético. Assim disse Aristóteles:
qualquer fogo (universal), sempre esquenta (necessário).
O filósofo grego Aristóteles, na obra intitulada Ética a Ni- Toda a perícia e todo o processo de investigação, do
cômaco, ao falar de coisas que são dadas por natureza, mesmo modo todo o procedimento prático e toda a de-
cita uma pedra que, por natureza, cai. cisão, parecem lançar-se para um certo bem. É por isso
Por mais que se tente adestrá-la, jogando-a para cima que tem sido dito acertadamente que o bem é aquilo por
diversas vezes, ela jamais “aprenderá” a subir e sempre que tudo anseia.
cairá, necessariamente. Conforme afirma a filósofa Ma- ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Antônio de
rilena Chaui, as ações humanas são sempre escolhas e Castro Caeiro. São Paulo: Atlas, 2009, p. 17.
nunca necessidades, porém suas consequências são va-
riáveis: podem tanto ser positivas quanto negativas, seja Para o filósofo grego, um bem seria valorizado pelo
para o indivíduo ou para as demais pessoas. quão autossuficiente ele é. Assim, a felicidade seria um
O dilema colocado pelo exemplo do taxista – que tem bem melhor do que a riqueza, a honra e a inteligência,
pois esses bens não têm valor por si mesmos, são bens
de decidir se devolve o dinheiro esquecido pelo passa-
que servem para que outros possam ser alcançados.
geiro ou não – expõe que o ser humano, além de ter
A felicidade, por sua vez, seria um bem em si mesmo,
vontade deliberativa, é um ser misto, dotado de vontade
um bem que diz respeito à excelência; a felicidade é a
racional e tendências irracionais.
excelência da vida realizada. Perceba que Aristóteles re-
Pode haver contradição entre o que a vontade quer e
fletiu acerca de alguns elementos – a vontade, o futuro,
o impulso incita; tome como exemplo a frase que você já
o desejo – que permanecem atuais para a vida ética, seja
deve ter dito ou ouvido: “Se eu tivesse pensado melhor,
individual ou coletivamente.
não teria agido por impulso”.
Seu objetivo era pensar como alguém pode se tornar
O dilema se torna ainda mais complexo porque, para virtuoso, sendo a virtude um hábito, uma disposição con-
Aristóteles, as tendências irracionais do homem não se- tínua para agir racionalmente:
riam involuntárias. Para o filósofo, a vontade humana ra-
cional seria capaz de contrariar a vontade irracional. Já Mais ainda: é a disposição para escolher a “justa me-
para Sócrates e Platão, seus predecessores, a contestação dida”, o “meio-termo” (mesóthes), pelo qual uma pessoa
violenta ocorreria porque o sujeito desconhece a virtude. dotada de sabedoria prática escolhe a média entre dois
As ações humanas referem-se a um futuro que tam- extremos (por excesso ou por carência).
bém é contingente, ou seja, um futuro incerto que nem ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Temas
sempre depende de escolhas para acontecer. As tendên- de Filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005, p. 227
cias irracionais voluntárias mencionadas são denomina-
das por paixão (páthos). Justa medida ou meio-termo (em grego, mesóthes)
Antes de se aprofundar nesse conceito, você será é o conceito que descreve a ação virtuosa dos homens,
convidado a explorar um pouco mais o que são as ten- aquela que se situa entre os extremos, também chama-
dências irracionais voluntárias. Quando alguém faz algo dos de vícios, tanto do excesso como da falta.
voluntariamente, o feito depende da vontade dessa pes- De acordo com esse conceito, o exagero, bem como
soa; não é uma ação realizada de maneira forçada. Fazer
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
132
[...] Aquele que foge a (e tem medo de) tudo e não impedida de ter acesso a determinado direito ou, então,
persevera em nada torna-se medroso, e o que, em geral, encontra dificuldades ou constrangimentos deliberados
não tem medo de nada precipita-se sempre em todas as ao usufruir dele, considera-se que ela foi discriminada,
direções. [...] Ou seja, a temperança e a coragem são des- por ter sido tratada de forma diferente do que acontece-
truídas pelo excesso e pelo defeito. Mas são conservadas ria com outra pessoa de outro grupo.
pelo meio entre esses dois extremos. No mercado de trabalho, sabe-se que os salários de
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Antônio de homens brancos são maiores que os de homens negros,
Castro Caeiro. São Paulo: Atlas, 2009, p. 43. e estes também recebem menos que mulheres brancas.
As mulheres negras são as que têm o menor contrache-
Assim, a virtude é regida pela busca contínua do que. Há diversos estudos que abordam o tema, no qual
equilíbrio, atentando para que as ações não se tornem operam ao menos dois preconceitos, o de gênero e o de
viciosas, nem pelo excesso, nem pela falta. cor.
PRECONCEITO
133
PROBLEMAS URBANOS
O rápido e desordenado processo de urbanização ocorrido no Brasil irá trazer uma série de consequências, e em
sua maior parte negativas. A falta de planejamento urbano e de uma política econômica menos concentradora irá con-
tribuir para a ocorrência dos seguintes problemas:
Favelização – Ocupações irregulares nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, serão fruto
do grande fluxo migratório em direção às áreas de maior oferta de emprego do país. A falta de uma política habitacio-
nal acabou contribuindo para o aumento acelerado das favelas no Brasil.
Violência Urbana – Mesmo com o crescimento industrial do país e com a grande oferta de emprego nas cidades do
sudeste, não havia oportunidades de emprego o bastante para o grande fluxo populacional que havia se deslocado em
um curto espaço de tempo. Por essa razão, o número de desempregados também era grande, o que passou a gerar um
aumento dos roubos, furtos, e demais tipos de violência relacionadas às áreas urbanas.
Poluição – O grande número de indústrias, automóveis e de habitantes vai impactar o aumento das emissões de
gases poluentes, assim como com a contaminação dos lençóis freáticos e rios dos principais centros urbanos.
Enchentes – A impermeabilização do solo pelo asfaltamento e edificações, associado ao desmatamento e ao lixo
industrial e residencial, fazem com que os problemas das enchentes seja algo comum nas grandes cidades brasileiras.
Em 2020, 90% da população brasileira estará vivendo nas cidades (a taxa de urbanização é hoje de 85%), assim
como seus vizinhos do Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai).
Embora seja a menos povoada em relação ao seu território, a região da América Latina e do Caribe é a mais urba-
nizada do mundo e quase 80% de suas populações vivem hoje nas cidades. Apesar desse panorama, após décadas de
êxodo rural, o estudo demonstra que a explosão urbana é coisa do passado e que desde 2000 o crescimento médio
anual da população na região tem sido inferior a 2%, crescimento considerado normal, segundo o relatório.
O estudo aponta ainda que a desaceleração populacional na região, iniciada há cerca de 20 anos, deve continuar e
que até 2030 o número de habitantes na maioria dos países latino-americanos e caribenhos crescerá menos de 1% ao
ano. A atual estabilidade demográfica é muito vantajosa para várias dessas nações, onde a população ativa supera em
muito a de crianças e velhos.
A situação privilegiada, porém, não durará mais que 30 anos e as nações devem aproveitá-la para se preparar para
um futuro sustentável, com boa estrutura para os idosos que serão maioria em algumas décadas. Para aproveitar esse
momento, o estudo sugere uma série de medidas e novo modelo de crescimento diferentes dos atuais, que impulsio-
nem a expansão das periferias, de rodovias, condomínios fechados e veículos individuais.
A proporção de pessoas vivendo em favelas diminuiu nas últimas duas décadas, mas o relatório mostra que cerca
de 111 milhões de pessoas ainda vivem nesses espaços, a maioria segregada socialmente e espacialmente, com pou-
cos locais de lazer, pouco transporte público, serviços básicos precários e poucos equipamentos sociais e estruturas
produtivas. Atualmente, 124 milhões de habitantes nas cidades vivem em situação de pobreza, uma em cada quatro
pessoas nas áreas urbanas.
CRESCIMENTO
A população brasileira está irregularmente distribuída no território, isso fica evidente quando se compara algumas
regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo, apresenta uma densidade demográfica de 87 hab/km2, as regiões
Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88% da população, distribuída em 36% de todo o território, fato contrário à
densidade demográfica do Norte e Centro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab/km2 e 8,7 hab/km2, correspon-
dendo a 64% do território total.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
134
Os brasileiros atualmente exercem um grande fluxo avançou na investigação sobre o conjunto da cidade, so-
migratório, internacional e nacionalmente, nesse proces- bre a articulação de suas várias áreas funcionais, ou seja,
so é importante salientar a diferença entre emigração sobre a estrutura intraurbana regida pelo movimento
(saída voluntária do país de origem) e imigração (o ato das contradições da reprodução ampliada do capitalis-
de estabelecer-se em país estrangeiro). mo global. A renda diferencial no espaço urbano é, na
Acerca das migrações externas o significado está verdade, um diferencial de valor criado pelo poder do
no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver, monopólio; as glebas de terra urbana possuem preços
ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen- diferentes porque têm valores diferentes e não porque
volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo produzem rendas diferentes e esse diferencial se dá pelo
deslocamento populacional que se realiza dentro de um monopólio criado pela singularidade da localização.
mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No Dentro desse escopo de análise posto por geógrafos
Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu- e arquitetos, é primordial o entendimento da relação en-
nicípios que nasceram. tre: os transportes, as localizações, a valorização da terra
Os principais fluxos migratórios no Brasil estão volta- e a estrutura urbana. Em suma, cabe indagarmos as ne-
dos para os nordestinos que saem em direção ao Sudes- cessidades, as possibilidades e os limites da circulação
te e Centro-Oeste, isso muita vezes é provocado devido territorial ou da mobilidade social que sustentam tanto
às questões de seca, falta de emprego, baixo índice de o mercado regional, nacional e, quiçá, global (não ape-
industrialização em relação às outras regiões, dentre ou- nas nas grandes metrópoles contemporâneas), quanto a
tros fatores. vida do lugar. Nessa tendência, as singularidades locais
Outro fluxo bastante difundido é em relação aos mi- parecem ser os novos elementos de uma dinâmica que
grantes do Sul que saem em direção às regiões do Cen- forja o capital simbólico da distinção urbana (daí a proje-
tro-Oeste e Norte, esse processo deve-se aos agriculto- ção das cidades capitalistas pós-industriais e sua tercei-
res gaúchos que procuram novas áreas de cultivo com rização). Um bom exemplo do movimento das contradi-
preços mais baixos. ções na “produção” da renda de monopólio em nossas
cidades grandes e médias, sobretudo, é explicitado por
Geografia Urbana Maria Adélia Aparecida de Souza, em sua tese de livre-
-docência. Para a autora, a rápida instalação do processo
O estudo da estrutura intraurbana não será satisfa- de verticalização urbana relaciona-se fortemente com o
tório se não abarcar as localizações, os elementos da es- processo de periferização, caracterizado pela localização
trutura urbana, nem as correlações ou partes componen- dos pobres em áreas da cidade esquecidas pelos agentes
tes do todo das cidades, como aponta Flávio Villaça, em imobiliários. Assim, é um equívoco pensar os problemas
Espaço Intraurbano no Brasil. Nessa perspectiva, faz-se urbanos ou a lógica da renda da terra urbana sem pon-
premente a leitura dialética do ordenamento territorial derar as contradições da organização social, os símbolos
encarado como um processo o que conduz a uma abor- e os sentidos que projetam as cidades e redirecionam
dagem em termos de movimento das estruturas urbanas, as direções de seu crescimento. O preço da terra urbana
onde várias forças atuam com sentidos e intensidades advém de três elementos primordiais, imbricadamente:
diferentes. Iniciamos a discussão, então, afirmando que o seu preço de produção, seu preço de monopólio e seu
capital imobiliário é um falso capital, visto que o mesmo valor simbólico coletivo (também individual).
não se origina na atividade produtiva, mas na monopo- A principal renda existente no caso urbano é a renda
lização dos acessos, das mobilidades e das localizações de monopólio, que rebate no preço da terra e agrega
intraurbanas; o capital imobiliário é um “valor” que se os outros dois componentes. Essas questões prelimina-
valoriza pelo poder do monopólio reproduzido nas cida- res conduzem-nos ao pensamento sobre o planejamento
des. Esse enfoque é necessário em um momento em que de cidades e os instrumentos urbanísticos, bem como os
a realidade social (refletida na produção das cidades e diagnósticos possíveis no movimento contraditório da
nas relações do urbano e da urbanização) transforma-se produção do urbano e da revaloração simbólica e ima-
tenazmente, de maneira que importa partir de proble- ginária construída sobre as cidades com o apoio técnico-
mas estabelecidos, de amplas e integradoras propostas -científico e da informação. O presente ensaio introduz
requerentes de novas teorias, novos métodos e busca de uma discussão preliminar sobre utopias e possibilidades
novos elementos empíricos para a elucidação da Geo- do planejamento urbano; reconhece a importância de
grafia Urbana que se projeta. uma geografia aplicada ao planejamento para além da
Um dos grandes desafios posto a geógrafos, arquite- leitura das formas ou das funções urbanas, mas sobretu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tos, urbanistas e planejadores parece ser o de capturar as do, envolvida com a essência dos processos que ressig-
cidades enquanto totalidades urbanas inseridas na “tota- nificam as cidades em sua totalidade.
lidade-mundo”. As cidades são divididas em vários ele-
mentos, reproduzem-se estudos pontuais sobre temas O movimento das cidades – representações e diag-
particulares: densidade demográfica, áreas industriais, nósticos no planejamento urbano
áreas comerciais, preço da terra, setores do terciário
(avançado ou não), áreas de intervenção turística etc. A O processo especulativo decorre da extensão hori-
análise por meio de elementos estanques perfaz-se em zontal-vertical das cidades, com a implantação diferen-
uma frágil visão de totalidade ou de conjunto, o que a cial dos serviços coletivos que produzem a particularida-
torna insuficiente para auxiliar na estruturação de uma de das localizações. O capital monopolista urbano agrava
base teórica e prática sobre o espaço urbano. Pouco se a diferenciação e, consequentemente, faz emergir a cida-
135
de econômica em vias da privatização, em detrimento da • A crescer na direção dos terrenos de topografia
cidade social do coletivo. Logo, os produtos da escassez mais elevada ou de melhor índice de habitabilida-
se afirmam vigorosamente e, com isso, ampliam-se as de, longe de inundações e deslizamentos de terra.
diferenças entre setores urbanos diante de uma urbani- Caso dos bairros Bauxita, Vila N. Sra. de Lourdes
zação corporativa (gestada pelos interesses das grandes e Jardim Alvorada, em Ouro Preto, onde o preço
empresas, que se expandem e consomem os recursos da terra é dos mais elevados dessa cidade sete-
públicos depositados na infra-estrutura que as atendem). centista. Como falamos em tendência de ocupa-
As cidades crescem atendendo aos interesses das ção e não em regra, também identificamos bairros
grandes e médias empresas e corporações, os quais nobres em áreas de risco, devido à maratona por
abrangem desde subsídios fiscais a infraestrutura territo- condomínios, especialmente nas grandes cidades.
rial. É importante reconhecermos que, no movimento das A permissividade do Estado ratifica a ação, muitas
cidades, há uma íntima relação entre o seu crescimento
das vezes descompromissada, do mercado.
físico e as vias regionais de transporte vias de escoamen-
• A acompanhar o movimento de escritórios, ban-
to que entrelaçam o local-regional-nacional. Enquanto
as ferrovias provocam um crescimento descontínuo e cos, lojas, novos setores financeiros e comerciais,
fortemente nucleado (em que os núcleos de crescimen- tendência evidente em diferentes áreas de nossas
to são as estações), as rodovias promovem uma expan- metrópoles.
são descontínua, e menos nucleada do que as ferrovias, • Ao longo das principais e mais fluidas linhas de
como pode ser observado através das maiores rodovias transporte coletivo e individual.
estaduais e federais do Brasil e o espraiamento das ci- • A respeitar os promotores imobiliários, enquanto
dades ao longo desses eixos. Podemos concordar com agentes capazes de desviar a direção de cresci-
as afirmações e os indícios de que a estrutura espacial mento das áreas residenciais ou comerciais e do
das metrópoles brasileiras se configura mais enquanto terciário (o terciário avançado segue as tendên-
setores de círculos, ou seja, setores mesmo de interven- cias dos promotores imobiliários, dinâmica esta
ção do capital, do que segundo círculos concêntricos. As emergente em grandes cidades como São Paulo,
principais evidências deixam marca de que, nas metrópo- em que a Avenida Chucri Zaidan, na zona sul da
les brasileiras, os bairros residenciais de alta renda des- capital, poderá ser o maior polo de escritórios da
locam-se no sentido das principais vias e não em coroa cidade: os 872 mil m² existentes e em processo de
de círculos; a essência do sentido radial do crescimento renovação, até 2016, serão o dobro da oferta da
das cidades no Brasil ocorre pela necessidade de manter Avenida Paulista e 40% superiores à da Faria Lima).
o acesso ao centro ou às principais centralidade urbanas,
enquanto as cidades dos países desenvolvidos cresceram
Nessa tendência, o marcante traço da cidade capitalis-
respondendo à coroa de círculos concêntricos, justificá-
vel pelo menor desequilíbrio entre as classes sociais e seu ta pós-industrial permanece na segregação socioespacial
movimento sobre o território urbano. dos bairros residenciais das variadas classes ou grupos, o
A título de exemplificação, novos centros consolida- que faz por criar sítios sociais singulares e simbólicos, o
dos após a década de 1970 – de Belo Horizonte (Savassi), que já era presente, em outra dimensão, na cidade mo-
Salvador (arredores do Iguatemi), São Paulo (as avenidas derna industrial. Quer dizer que, para o planejamento ou
Faria Lima, Berrini, Chucri Zaidan e Paulista) e Recife (Boa diagnóstico de nossas cidades, devemos capturar a con-
Viagem), seguiram os bairros residenciais de alta renda. cretude da atratividade dos diferentes sítios urbanos que
A partir dos estudos consultados para este ensaio teóri- compõem uma mesma cidade, a posição das diferentes
co - Ermínia Maricato, Milton Santos e, especialmente, vias de circulação, a localização das indústrias, do comér-
Flávio Villaça -, fica claro que os bairros residenciais eli- cio e dos serviços, os traços da cultura urbana peculiar,
tizados ou os bairros em processo de valorização, nas em seus distintos sítios, e as novas políticas que redun-
grandes e médias cidades brasileiras, tendem: dam, ao mesmo tempo, no espraiamento das cidades e
na escolha dos setores de intervenção, o que leva à frag-
• A acompanhar as vias especiais de fluxos, os núcle- mentação do urbano e à diluição da urbanidade.
os existentes de edificação e os centros comerciais Essas são algumas das forças que imprimem movi-
e financeiros proeminentes. Isso pode ser con- mento na estrutura urbana e levam ao crescimento das
templado em eixos de São Paulo como a Avenida
cidades em sua totalidade orgânica e sistêmico-contradi-
Paulista, Avenida Faria Lima, Avenida Berrini, Rua
tória. Logo, como as cidades são produtos de um vira-se
Augusta, Marginal Pinheiros; de Brasília, como o
Plano Piloto (área central) e imediações das prin- universal, devemos ter cuidado com os “modelos” sim-
plificados de sua esquematização. Os modelos são es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
136
• Esfacelamento generalizado das funções urbanas, Uma Geografia Urbana Aplicada ou uma Geografia
disseminadas em zonas geograficamente diferen- Aplicada ao Planejamento (cuja metodologia analítica
tes e cada vez mais especializadas (zonas de es- virá sintetizada no tópico seguinte) não deve negligen-
critórios, zona industrial, zona de moradias, zona ciar que a especulação imobiliária ou a renda da terra ur-
terciária de financeiras etc.). Isso representa a bana derivam da relação do sítio social com o mercado e
consequência espacial do modelo modernista de ante a disputa pela localização nas cidades inclusive com
fragmentação funcional. Apesar do zoneamento e novos símbolos e signos criados. É uma dinâmica que
com o zoneamento, novas centralidades emergem inclui expectativas, onde a sociedade urbana transforma
como resistência ou busca de soluções à fragmen- seletivamente os lugares em nome das exigências fun-
tação que redunda no distanciamento das áre- cionais e do valor simbólico que os lugares incorporam.
as centrais urbanas. A separação crescente entre Em resumo, a oferta de loteamentos fechados, os condo-
as zonas de moradias de classes altas e baixas, o mínios horizontais e verticais, junto às novas centralida-
movimento das zonas industriais, comerciais e de des oriundas do movimento das cidades ou da expansão
serviços - que extrapola a delimitação política do urbana recente (áreas eleitas para novos investimentos
município, algumas das vezes - e os processos de acompanhados de intervenções setorizadas como re-
intervenções territoriais setorizados (renovação ur- novação, requalificação, revitalização e reabilitação ur-
bana) constituem as forças atuantes no presente banas) parecem confabular a tipologia mais recente da
sobre a estruturação do espaço urbano (sobretu- expansão das cidades em nome do monopólio criado
do, metropolitano) no Brasil. pela localização, pela irreplicabilidade dos lugares e pelo
capital simbólico forjado.
Os instrumentos de gestão urbana e o papel do Essa tipologia retrata a relação imbricada e cada vez
Estado – algumas anotações mais evidente dos valores de uso, de troca e simbólicos
que convergem no plano das cidades, de maneira que
Diante desse quadro contraditório da produção do devemos questionar o próprio valor de uso, sobretudo,
urbano, ocorreu, no final do século XX, a transferência do valor simbólico que se produz nas cidades Quais
das diretrizes federais para o desenvolvimento urbano são os símbolos criados? Por que são forjados? Como
(que envolvem questões de conflitos fundiários) para a se dá, nessa tendência, a relação comunidades-merca-
esfera dos municípios. Não é devido a ausência de leis ou do-Estado? A humanização da política, do planejamen-
planos (considerando-se a institucionalização dos Planos to, das técnicas e dos técnicos faz-se urgente (utopia?).
Diretores para municípios acima de 20.000 habitantes, Os instrumentos urbanísticos - planos diretores e leis de
no início do século XXI) que as áreas de risco geológico, ocupação e uso da terra devem efetivar a leitura das
de inundação ou escorregamentos são impropriamen- cidades enquanto totalidades urbanas inseridas na “to-
te ocupadas, mas sim pela ausência de alternativas da talidade-mundo”. Representações e diagnósticos devem
população de baixa renda. As áreas que não despertam interpretar a extensão da urbanização, os novos centros
o interesse do mercado imobiliário - vulneráveis à ocu- ou centralidades, as políticas públicas e a politização do
pação e/ou protegidas por legislação ambiental, restam território a partir das áreas segregadas e não das áreas
enquanto locais de morada dos pobres e formação de valorizadas.
favelas nas cidades brasileiras em suas distintas escalas,
contraditoriamente, em face da permissividade estra- Zonas Homogêneas e Zonas Híbridas na valoriza-
tégica do Estado. Vigora, em nossas cidades, o que já ção da terra urbana – limites, possibilidades e meto-
tratamos por “construção social do risco socioambiental dologia para uma representação cartográfica
e um necessário combate à naturalização dos eventos
trágicos”. Os bairros das cidades brasileiras (em suas diferentes
Na perspectiva de uma dialética espacial (presente escalas) tendem a apresentar uma homogeneidade so-
em Edward Soja, David Harvey, Milton Santos e que tra- cioespacial relativa. A partir da década de 1970 (com o
zemos para nossa tese doutoral), o próprio espaço atua advento da chamada urbanização a baixos salários), as-
como mecanismo para exclusão, onde a segregação é a sistimos a proliferação de favelas em áreas residuais, de-
manifestação da renda fundiária urbana, produtora de vido ao movimento rural-urbano (que hoje, quase meio
uma diferenciação do atributo de localização que, no li- século após o surto industrial brasileiro, evidencia-se no
mite, reproduz a possibilidade do monopólio. No amplo viés urbano-urbano com a nova perspectiva incorporada
contexto do movimento contraditório das cidades, os pelas cidades médias e a dinâmica que as mesmas impri-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
instrumentos de gestão transplantados de realidades ex- mem nos fluxos populacionais, dada a emigração-des-
ternas pouco aprofundam no entendimento da realida- concentração oriunda das metrópoles). Por assim dizer,
de das cidades brasileiras. Os instrumentos urbanísticos uma importante metodologia de leitura das cidades em
(planos diretores e leis de zoneamento) ignoram que, na sua totalidade encontra subsídio no planejamento urba-
cidade dos países periféricos ou mesmo em desenvolvi- no com enfoque na dinâmica de bairros ou no planeja-
mento, como é o caso do Brasil, o mercado residencial mento de bairros. Este é um relevante direcionamento
atende a uma porcentagem ínfima da população proble- a ser assumido pelo geógrafo de formação humanísti-
mas que se apresentaram com menos força às gover- ca, não se atendo à morfologia urbana; sua contribuição
nanças urbanas e até mesmo cientistas das prestigiadas pode ser significativa no pensamento e na prática urba-
cidades dos países do norte. nas.
137
O planejamento e, por assim dizer, os planos direto- Mais do que identificar áreas concêntricas de valori-
res e o zoneamento, devem primar pela construção de zação do território, o que se explicita em nossas cidades
indicadores complexos e sua representação em mapas - na busca dessas zonas são manchas de valorização da
sobre: índice de pobreza, índice de desenvolvimento, ín- terra urbana tributárias da precarização de outras áreas.
dice de exclusão social, distribuição de renda, vulnerabi- Difundem-se zonas homogêneas e zonas híbridas favo-
lidade social, serviços públicos, qualidade da água, qua- recedoras da fragmentação articulada do território ur-
lidade ambiental, conforto térmico e outros possíveis. O bano, e zonas homogêneas e zonas híbridas resultantes
indicador sintético dessa análise é a qualidade de vida da fragmentação articulada do território urbano. A nova
urbana a ser apreendida por meio de análises empíricas economia urbana atrai, aceleradamente, produtores ex-
participativas e interpretativas. ternos da lógica de ordenamento do território intraur-
Outra relevante técnica (e possibilidade) nos diag- bano, quer seja pelo poder do capital imobiliário, quer
nósticos urbanos (que não devem excluir a perspecti- seja pelos artifícios dos agentes econômicos da cultura,
va da visão dialética da realidade citadina) consiste no de maneira que as áreas mais valorizadas tendem para
sensoriamento remoto, que pode nortear, inicialmente, os setores de comércio, de lazer e de serviços, para as
a leitura das cidades ou a tomada de decisão dos plane- quais se dirigem, também, parte dos bairros de classe
jadores sobre: adensamento populacional, infraestrutura média e alta.
e riscos ambientais, estudo da expansão urbana, cresci- O que caracterizamos, genericamente, por zona ho-
mento da mancha urbana, cobertura florestal ou de her- mogênea favorecedora da fragmentação articulada do
báceas, atividades agrícolas, loteamentos recentes, áreas território urbano corresponde ao grau de homogeneida-
de intervenção urbana e outros possíveis. Nessa lógica, é de interna de certos bairros de uma cidade e ao caráter
comum a ideia de que os planos diretores devem prever “coerente” da hierarquia estabelecida em relação ao cen-
os eixos de expansão das cidades e, em função disso, tro ou setores valorizados ou seja, apresenta articulação
devem ser criadas propostas de intervenção democrática positiva e complementar às áreas centrais do tecido ur-
sobre a produção urbana. Porém, tais propostas ou lei- bano, no que diz respeito aos usos do território e à circu-
turas presentes nos planos diretores ou leis de ocupação lação. O agrupamento, o elevado índice de equipamen-
e uso da terra das cidades brasileiras nem sempre são tos, serviços e a maior presença de infraestrutura urbana,
viáveis, objetivas e convincentes. então, denunciam uma qualidade de vida superior a ou-
Nossas cidades são produtos e produtoras de zonas tras áreas da cidade. Pode ser observada a presença de
específicas de uma fragmentação articulada na totalida- outras centralidades nessa zona, que não negligenciam
de do território urbano, ou seja, refletem o movimento o centro, mas representam a sua extensão mais positiva
entre a hibridez e a homogeneidade socioespacial in- com a troca de produtos e serviços, propiciando a flui-
traurbana, caracterizado pelo poder de localização e de dez do território (comunicação, circulação, e localização).
acessibilidades que redundam no poder de monopólio
Essa zona que se aproxima de uma homogeneidade (re-
rentista. Ao sobrevoarmos uma cidade, analisarmos uma
lativa) tende a localizar o nó vital da rede de deslocamen-
imagem aérea de grande escala ou realizarmos um cam-
to e da produção urbana, da vida econômica e cultural de
po em cidades de topografia acidentada onde nos po-
uma cidade.
sicionemos em pontos mais elevados, quase sempre é
A paisagem urbana traduz as relações socioeconô-
possível identificarmos zonas diferenciadas de ocupação
micas de que uma cidade é palco e, em seu movimento,
que se correlacionam e se complementam. Grosso modo,
retrata as transformações que interferem nas diferen-
formam-se áreas com duas características paisagísticas:
uma zona homogênea na periferia e outra zona homo- tes localizações e nas distintas possibilidades de aces-
gênea e diferenciada nas áreas centrais ou pericentrais. sos que, no limite, dizem respeito à “aproximação” das
Esse golpe de olhar, no entanto, é incapaz de desvendar áreas centrais da mesma cidade. Um centro ou as áreas
o híbrido da forma-conteúdo dessas paisagens. centrais perfazem-se como territórios “chegáveis” e ver-
Há de se desvendar os interstícios do território aden- dadeiramente “alcançáveis” pelos agentes, atores ou su-
sado; o diagnóstico simultâneo à indicação cartográfica jeitos ligados, de alguma maneira, ao que tratamos por
relatada é uma metodologia possível para uma com- zona homogênea valorizada do território urbano. Na rea-
preensão mais detalhada do fenômeno urbano, através lidade, essa zona agrega uma paisagem urbana que, na
de cada bairro que forma a cidade. Só assim podemos perspectiva dos fluxos, guarda o funcionamento interno
ultrapassar a impressão de homogeneidade das zonas da economia urbana, tomada em sentido mais amplo,
urbanas (essa homogeneidade, reiteramos, é relativa do para além do uso residencial. Como destaca Milton San-
ponto de vista da localização do observador e da profun- tos, em Manual de Geografia Urbana, a circulação é tanto
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
didade da análise qualitativa). Se a segregação é um pro- um epifenômeno resultante da distribuição espacial das
cesso necessário à dominação política e socioeconômica atividades econômicas e do habitat das diferentes cate-
nas cidades, a valorização de determinadas áreas corres- gorias sociais como o motor da evolução urbana.
ponde à precarização de outras, produto do próprio jogo Se, por um lado, esboçam-se manchas que conso-
imobiliário. Quando os atributos de localização e acessi- lidam a zona homogênea favorecedora da fragmenta-
bilidades - junto à valorização simbólica tendenciosa e ção articulada do território urbano, dialeticamente, seu
classista imperam como quesitos de vanguarda do do- produto e produtora é uma também consolidada zona
mínio público-privado do urbano, o planejamento não se homogênea resultante da fragmentação articulada do
efetiva com as políticas sociais, tornando os discursos e território urbano. Essa última pode ser tratada, também,
até as práticas de democratização do urbano com efeito como zona precarizada do território urbano; esse terri-
de curta duração. tório, via de regra, comporta a população com menor
138
poder de mobilidade e circulação na cidade. Implanta-se • ZOHORE - Zona homogênea resultante da fragmen-
um paradoxo ao mensurarmos a relativa mobilidade da tação articulada do território urbano. Engloba as
população dessa zona precarizada, quando essas man- porções mais precarizadas do território urbano.
chas correspondem às áreas mais necessitadas material Fato que se deve à interferência recíproca das duas
e simbolicamente das áreas centrais, e mais: compreen- zonas favorecedoras da fragmentação do território
dem, normalmente, os bairros de maior densidade de- urbano (2 e 3).
mográfica; são zonas de habitação de médio para baixo • ZOHIFA - Zona híbrida favorecedora da fragmenta-
ou precário padrão construtivo; representam áreas com ção articulada do território urbano. Vai representar
baixa presença da municipalidade (infraestrutura urba- antigas áreas degradadas ou novos eixos de ex-
na); retratam territórios de uso predominantemente resi- pansão urbana em processo de valorização. Sofre
dencial com precário atendimento em comércio e servi- interferência e interfere, mutuamente, em todas as
ços; por vezes, localizam-se nas chamadas áreas de risco. zonas (1, 2 e 4).
Ou seja, a população dessa zona é, por um lado, a mais • ZOHIRE - Zona híbrida resultante da fragmentação
dependente das antigas e novas centralidades urbanas, articulada do território urbano. Áreas em franco
e, por outro lado, são as de menor poder de mobilida- processo de precarização, tanto pela influência da
de e de acessos urbanos (aos serviços, ao comércio, ao zona homogênea mais valorizada (jogo do merca-
lazer, à cultura, à saúde, à vida digna, etc). Ora, a ho- do imobiliário), quanto da zona híbrida em proces-
mogeneidade dessa zona resultante da valorização de so de valorização (4 e 5).
outras áreas se deve ao fato de que a morfologia das
cidades reflete a realidade econômica e social definida
historicamente por nossas elites. Essa zona traz a for-
mação periférica das cidades constituídas a duras penas
ao longo de nossa história de instalação, exploração e
complexização territorial, ocorrida de forma mais intensa
no período da chamada modernização conservadora ou
da industrialização a baixos salários. Acompanham esse
movimento contraditório de ordenamento do território
urbano identificável por meio de uma cartografia da to-
talidade urbana mais dois tipos de zonas que se perfa-
zem de maior hibridez: aquelas favorecedoras da frag-
mentação articulada do território por agregarem bairros
que sofrem incipiente processo de valorização, quer seja
pelo comércio de abastecimento implantado, quer seja
por se constituir como novo eixo de expansão urbana
para novas elites; e outras resultantes da fragmentação
articulada do território urbano, que concentram as áreas
mais precárias da cidade.
Nessas zonas híbridas (favorecedoras ou resultantes Apresentada essa metodologia de leitura do território
da fragmentação socioterritorial), as condições de vida, urbano, que corresponde a uma possibilidade de inter-
de infraestrutura e de moradia não são das melhores, pretação do palimpsesto que se constitui nossas cidades
mas encontram-se, normalmente, em processo de avan- terciárias, das indústrias de ponta e do monopólio (inclu-
ço; prevalece uma hibridez da forma-conteúdo que as sive cultural), é importante afirmar que a maior barreira
dão notoriedade. Os bairros apresentam-se híbridos por imposta a uma Geografia Urbana Aplicada é a limitação
agregarem famílias de baixas camadas sociais e, em uma do cientista ou do planejador que traz em sua formação
nova perspectiva de valorização incipiente da terra nes- uma visão geométrica do mundo, que negue a perspec-
sas áreas, receberem novos moradores da classe média tiva existencial e dos sentidos da vida nas cidades. Para
e baixa que chegam ou se movimentam na cidade. Para além de réguas e pranchetas, da outorga ou da leitura
resumir, o que estamos tratando é de um modelo para a particular de instrumentos urbanísticos, os profissionais
leitura do território urbano, o qual representa uma possi- geógrafo, planejador e arquiteto devem buscar a essên-
bilidade de captura e interpretação do território intra-ur- cia que rege a produção do urbano, da urbanidade, da
bano em movimento, ou seja, é um modelo não-estático cidade e da vida na totalidade urbana, ou seja, em cada
e que se adéqua ao próprio movimento da urbanização
um de seus bairros, em cada uma das zonas que formam
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
139
Regições e RIDEs Mas quais são as profissões desenvolvidas pelos bra-
sileiros e pelas brasileiras?
Região metropolitana é um grande centro popula- Analisando a matriz ocupacional de todos os traba-
cional, que consiste em uma (ou mais) grande cidade lhos desempenhados pelos brasileiros e brasileiras, entre
central (metrópole), e sua zona adjacente de influência. os anos 1998 e 2007, dois movimentos igualmente im-
Geralmente, regiões metropolitanas formam aglomera- portantes podem ser identificados². O primeiro diz res-
ções urbanas, ou uma região com duas ou mais áreas peito a um padrão de inserção profissional segundo o
urbanizadas intercaladas com áreas rurais. No Brasil, a sexo que tendeu a se repetir em 2002 e 2007, denotando
Constituição Federal de 1988 deixa a cargo dos estados a uma clara segmentação quanto às áreas de atuação pro-
instituição de regiões metropolitanas, que não possuem fissional de homens e de mulheres. Cerca de 1/3 destas,
personalidade jurídica própria, e têm como principal ob- por exemplo, desenvolviam profissões dos serviços, um
jetivo a viabilização de sistemas de gestão de funções pouco mais de 10% em atividades de vendas no comér-
públicas de interesse comum dos municípios abrangidos. cio, igual proporção em serviços administrativos. A pro-
Rides são as regiões metropolitanas que se situam porção de trabalhos femininos relativos à agropecuária,
em mais de uma unidade federativa, criadas por legisla- porém, decresceu no período, acompanhando a queda
ção federal específica. São três: Distrito Federal e Entorno da ocupação geral no setor: de 16,5% em 2002, para
(DF/GO/MG), Pólo Petrolina e Juazeiro (PE/BA) e Grande 13,8% em 2007. Quer dizer, os dados informam que para
Teresina (PI/MA). o grosso do contingente feminino, as chances de traba-
lhar são maiores em determinados setores econômicos
Mercado de trabalho – principalmente o setor de Prestação de Serviços – , e
em grupos de ocupações típicos desse setor, nos quais
No longo período de tempo compreendido entre sua presença já é tradicional, como professoras, pessoal
1970 e 2007, os padrões de localização dos trabalhado- de enfermagem, secretárias, recepcionistas. Represen-
tam, portanto, continuidades no padrão de ocupação
res e das trabalhadoras no mercado de trabalho apre-
das mulheres.
sentaram algumas alterações. No último ano da série, a
Os homens, por seu lado, têm maiores chances em
indústria – aqui incluídas a de transformação e de cons-
trabalhos de produção de bens e serviços industriais, de
trução civil -, e o agropecuário, seguidos do comércio,
reparação e manutenção ( cerca de 33%), em profissões
nessa ordem, concentraram a ocupação masculina.Em
da agropecuária ( pouco mais de 20% e também decres-
relação a 1970, registrou-se uma inversão, o agrope-
cente no período), de vendas ( 11%), em profissões téc-
cuário perdendo terreno em favor da indústria: 51% dos
nicas de nível médio ( próximo dos 7%).
ocupados trabalhavam no agropecuário e 20% na indús-
O segundo movimento é a ampliação do leque pro-
tria, em 1970, versus 21,5% e 27,2%, respectivamente,
fissional das mulheres nos últimos 40 anos, de forma
em 2007. No caso das trabalhadoras, os serviços – aqui inquestionável e contínua, que se deve, entre outras
inclusos alojamento e alimentação, educação, saúde e razões, ao aumento da sua escolaridade e à diversifica-
serviços pessoais, serviços domésticos e outros serviços ção das suas escolhas educacionais ( Veja série Mulheres
coletivos, sociais e pessoais¹- mantêm-se como áreas brasileiras, educação e trabalho). Os órgãos de imprensa
privilegiadas de inserção das mulheres no mercado de nos lembram desse movimento com freqüência, ao lo-
trabalho, mesmo que, no decorrer do longo período aqui calizarem algumas “pioneiras” , p.ex., pilota comercial,
considerado, venha se dando uma diminuição da ocupa- reitora de universidade, presidenta de banco ou de gran-
ção feminina, que, concomitantemente, se diversificou. de empresa, militar, deputada,senadora ou vereadora,
Assim, em 1970, 54,9% das ocupadas o eram nos serviços mas também mecânica de automóvel, atleta, tratorista,
e no setor social, em 1998, 47,5%, em 2002, 44,1% e, em condutora de ônibus ou caminhão etc. As informações
2007, 43,6%. trazem indícios que ratificam esse cenário. É crescente a
Ressalve-se que, a partir de 1992 o IBGE – Fundação participação feminina, particularmente nas profissões de
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ampliou o nível superior das ciências e das artes ( 7,9% em 1998,
conceito de trabalho adotado em seus levantamentos, 8,3% em 2002 e 9,5% em 2007) e, embora menos ex-
o que contribuiu para a maior visibilidade do trabalho pressiva, em cargos dirigentes como membros superio-
feminino. Além disso, a partir do Censo de 2000, com a res do poder público, gerentes e diretores de empresas
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas, ( de 3,5% em 1998 para 4,2% em 2007). Esses números
que adota novas desagregações dos setores e seções de adquirem maior poder explicativo quando comparados à
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
atividade , pôde-se esclarecer o peso de algumas ativida- ocupação masculina, estável em torno dos 4,5% a 5% nos
des na ocupação feminina e diferenciá-la, por compara- dois grupos de ocupação mencionados, durante todo o
ção, do padrão masculino. É assim que, por exemplo, na período analisado.
prestação de serviços, em 2007, 16,4% das ocupadas e Para observar mais de perto esses dois padrões de
cerca de 1% dos ocupados executavam serviços domés- gênero nas profissões, classificamos as famílias ocupa-
ticos. Ou ainda, 16,9% das mulheres estavam exercendo cionais (agregados de ocupações) em faixas de maior ou
atividades na área de educação, saúde e serviços sociais menor presença feminina, pelo montante de empregos
contra apenas 3,6% dos homens. E essas proporções são formais destinados às mulheres, em 2007 e , dentre cada
assemelhadas às de 2002. faixa selecionamos profissões femininas mais e menos
tradicionais.
140
Assim, entre as famílias ocupacionais em que mais de Já no século XX vieram os asiáticos japoneses e do
70% dos empregos são femininos, estão, p.ex., profissões Oriente Médio os sírio-libaneses, entre outros. E, no pe-
de diversos níveis de qualificação, em que a presença da ríodo do entre-guerras no século XX diversas pequenas
mulher já é tradicional, como as Fonoaudiólogas ( 96%), ondas de países da Europa e do Oriente Médio também
as Nutricionistas (94%), as Professoras de nível superior emigraram de seus países para o Brasil.
do ensino fundamental de 1ª a 4ª séries ( 82,5%), as Téc- A imigração é considerada o ato de entrar em um país
nicas em Biblioteconomia ( 77%), as Cozinheiras ( 72,5%), permanente ou temporariamente a fim de trabalhar, se
as Biólogas e afins ( 71%). estabelecer, e muitas vezes ir buscar melhores condições
Naquelas famílias em que, entre 50 e 69% dos em- de vida. Foi isso que os Europeus, Orientais e Asiáticos
pregos são femininos, encontramos profissões tradicio- vieram buscar. Já os africanos negros vieram forçados, na
nalmente femininas, p.ex., Técnicas em Administração ( condição de escravos.
55%), trabalhadoras da preparação da confecção de cal- A imigração influenciou cidades e inclusive modificou
çados ( 51%), ao lado de outras que vêm se feminizando as paisagens brasileiras, pois esses povos construíram ca-
celeremente, como Farmacêuticos ( 68%), Técnicos em sas e comércios com a arquitetura do seu país de origem.
Turismo ( 62%), Cirurgiões-Dentistas ( 59%). Finalmente, A tradição também se estabeleceu na cultura, culinária, e
na outra ponta, entre as famílias ocupacionais em que até mesmo na língua (preservada até hoje em algumas
menos de 30% dos empregos são femininos- podendo cidades).
ser consideradas redutos masculinos- podemos encon- A agricultura foi a base do trabalho de muitos imi-
trar:- a presença feminina mais disseminada, entre ou- grantes, com destaque para a plantação de vinícolas na
tros, junto aos Artistas de circo ( 29%), os Peritos crimi- região sul, por exemplo. Também há forte marca dos imi-
nais ( 27%), os Catadores de materiais recicláveis ( 22%), grantes na indústria metal-mecânica no Rio Grande do
os Engenheiros civis e afins ( 18%) e, – menos visível en- Sul e no Estado de Santa Catarina, e na indústria têxtil no
tre os trabalhadores de apoio à agricultura ( 13,5%), os Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
Técnicos em pecuária ( 11,5%), os Engenheiros mecânicos Agora vamos entender o que é a Migração e suas di-
( 6%), os Motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos ferenciações! Fique atento!
e rodoviários ( 1%). Migração interna ou inter-regional – É aquela onde
¹Até 1998, essas atividades encontravam-se agrega- pessoas migram dentro do próprio país, mudando de re-
das em “prestação de serviços’ e “social”. Com a adoção gião ou cidade. Ex: uma família que mora no estado da
da CNAE- Classificação Nacional de Atividades Econômi- Bahia e migra para o Rio Grande do Sul. Entre os grandes
cas, em 2000, o IBGE pôde desagregá-las nas categorias exemplos de migração interna no Brasil estão os êxodos
enunciadas. A comparação com anos anteriores ficou im- do Nordeste para o Sudeste, com os nordestinos fugindo
possibilitada em função das mudanças na agregação da da seca e de condições precárias de vida, e também a
categorias, reduzindo a presente série a 10 anos. O ano grande migração de nordestinos em direção à fronteira
de 1998 foi estimado a partir das proporções do Censo Oeste, para trabalhar na região Norte no chamado Ciclo
2000. da Borracha. Foram os ‘Seringueiros’.
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações – Na segunda metade do século XX o Brasil testemu-
Domiciliar ( CBO-domiciliar),utilizada pelo IBGE, desde nhou outro grande processo de migração interna com a
2000. Esta série histórica remonta a apenas 10 anos de- mudança de famílias de agricultores das regiões Oeste
vido à adoção dessa nova classificação de ocupações, o do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Paraná em
que descontinuou a possibilidade de comparação com direção ao Centro-Oeste e depois para o Norte do País,
anos anteriores. O ano de 1998 foi estimado a partir das para abrir novas frentes agrícolas.
proporções encontradas no Censo de 2000. Migrações Rural ou urbana- É caracterizada pela saí-
da de pessoas da área rural para a área urbana, devido
https://www12.senado.leg.br/cidadania/edicoes/350/ à mecanização da agricultura, pela busca por empregos
regiao-metropolitana-fica-em-um-so-estado-ride-e- nas indústrias, comércio e outros setores. O contrário
-mais-abrangente também acontece: da área urbana para a rural, porém é
http://www.institutoiab.org.br/lugar-das-mulheres- incomum.
-no-mercado-de-trabalho-setores-de-atividade-e-estru- Migração sazonal – Caracteriza-se pela mudança
tura-ocupacional/ temporária de pessoas em função do clima, das estações
do ano. As pessoas migram e depois voltam quando fin-
Migrações internacionais e migrações internas da a estação, conhecida também como transumância.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
141
A necessidade de união causada pela Globalização
MUNDO: DIVISÃO DO TRABALHO, fez com que vários países que visavam uma integração
GLOBALIZAÇÃO E QUESTÃO AMBIENTAL econômica se unissem formando os chamados blocos
econômicos (ALCA, NAFTA e Tigres Asiáticos, por exem-
plo), o interesse dessa união seria o aumento do enrique-
cimento geral.
Globalização: Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é
essencial o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que
O termo globalização surgiu após a Guerra Fria tor- ao longo dos anos se tornou a segunda língua de quase
nando-se o assunto do momento, aparecendo nos círcu- todos nós, é exigido em quase todos os campos de tra-
los intelectuais e nos meios de comunicação, tornando balho, desde os mais simples como um gerente de hotel
possível a união de países e povos, essa união nos dá a até o mais complexo, como um grande empresário que
impressão de que o planeta está ficando cada vez menor. fecha grandes acordos com multinacionais.
Um dos mais importantes fatores que contribui para a Para encarar todas estas mudanças, o cidadão precisa
união desses povos é, sem dúvida, a internet. É impossí- se manter atualizado e informado, pois estamos vivendo
vel falar de globalização sem falar da Internet, que a cada em um mundo em que a cada momento somos bombar-
minuto nos proporciona uma viagem pelo mundo sem deados de informações e descobertas novas em todos os
sair do lugar. Dentro da rede conhecemos novas culturas, setores, tanto na música, como na ciência, na medicina e
podemos fazer amizades com pessoas que moram horas na política.
de distância, trabalhamos e ainda podemos nos aperfei- Intimamente vinculada à questão da globalização
çoar cada vez mais nos assuntos ligados a nossa área de econômica é a mudança no papel do Estado. A globali-
interesse, através dela, milhões de negócios são fechados zação significa que as variáveis externas passaram a ter
por dia. influência acrescida nas agendas domésticas, reduzindo
A globalização não é uma realização do presente, vem o espaço disponível para as escolhas nacionais. Já men-
de longa data. Tudo começou há muito tempo quando cionei que os requisitos para a competitividade externa
povos primitivos passaram a explorar o ambiente em que levaram a uma maior homogeneidade nos aspectos ins-
viviam. No século XV os europeus viajavam pelos mares a titucionais e regulatórios dos Estados, que tais requisitos
fim de ligar Oriente e Ocidente; a Revolução Industrial foi deixaram menor margem de manobra para estratégias
outro fator que permitiu o avanço de países industrializa- nacionais altamente diferenciadas em relação, entre ou-
dos sobre o restante do mundo. tros, ao trabalho e à política macroeconômica. O equi-
No final dos anos 70, os economistas passaram a usar líbrio fiscal, por exemplo, tornou-se um novo dogma,
o termo “globalização” fora das discussões econômicas conforme bem ilustra o Tratado de Maastricht da União
facilitando as negociações entre os países. Nos anos Europeia, que fixa parâmetros dentro dos quais devem
situar-se os números do equilíbrio orçamentário de seus
80, começaram a ser difundidas novas tecnologias que
países-membros.
uniam os avanços da ciência com a produção, por exem-
Tanto a opinião pública internacional quanto o com-
plo: nas fábricas, robôs ligados aos computadores acele-
portamento dos mercados também passaram a desem-
ravam (e aceleram) a produção, ocasionando a redução
penhar um papel que antes não tinham na redefinição
da mão-de-obra necessária, outro exemplo são as redes
dos limites possíveis de ação para o Estado. A informação
de televisão que facilitam ainda mais a realização de ne-
movimenta-se livre e rapidamente. Se, por exemplo, cir-
gócios, com as suas transmissões em tempo real.
cula a notícia de que um determinado país está enfren-
A globalização envolve países ricos, pobres, peque-
tando dificuldades para controlar seu déficit orçamentá-
nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, rio ou estará proximamente elevando suas taxas de juros,
e por ser um fenômeno tão abrangente, ela exige no- os mercados financeiros intencionais tomam, com funda-
vos modos de pensar e enxergar a realidade. As coisas mento nestas notícias, decisões que poderão ter impacto
mudam muito rápido hoje em dia, o território mundial real no pais em questão.
ficou mais integrado, mais ligado. Por exemplo, na dé- Os países, seus líderes e as políticos por eles adota-
cada de 1950, uma viagem de avião cruzando o Oceano das estão sob vigilância próxima e constante da opinião
Atlântico durava 18 horas; hoje a mesma rota pode ser pública internacional. Qualquer medida julgada por estas
feita em menos de 5 horas. Em 1865, a notícia da morte entidades imateriais como passo em falso pode impor
de Abraham Lincoln levou 13 dias para chegar na Europa, penalidades. Ao contrário, decisões ou eventos interpre-
mas hoje, ficamos sabendo de tudo o que acontece no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
142
tomar possível As economias nacionais desenvolverem Globalização e a questão da inclusão e exclusão
e sustentarem condições estruturais de competitividade
em escala global. Gostaria agora de passar ao exame de outra con-
Isto não significa necessariamente um Estado menor, sequência da globalização: a questão da exclusão e in-
muito embora este também seja um efeito colateral de- clusão social. E minha primeira observação é a de que
sejável da mudança de ênfase, mas certamente pede um a globalização está dando origem a uma nova divisão
Estado que intervenha menos e melhor; um Estado que internacional.
seja capaz de mobilizar seus recursos escassos para atin- Os pontos cardeais já não explicam de forma satis-
gir prioridades selecionadas, um Estado que possa cana- fatória o mundo. As divisões Leste-Oeste e Norte-Sul
lizar seus investimentos para as áreas vitais na melhoria eram conceitos que minha geração empregou para lidar
da posição competitiva do pais, tais como infraestrutura respectivamente com a realidade política da Guerra Fria
e serviços públicos básicos, entre os quais melhor edu- e com o desafio econômico do subdesenvolvimento. A
cação e saúde; um Estado que esteja pronto a transferir situação internacional desta metade da década de 90 é
para mãos privadas empresas melhor administradas por muito mais complexa. O mundo pode ser dividido en-
elas; um Estado, finalmente, no qual os funcionários pú- tre as regiões ou países que participam do processo de
blicos estejam à altura das demandas da coletividade por globalização e usufruem seus frutos e aqueles que não
melhores serviços. participam. Os primeiros estão geralmente associados à
E tudo isso tem de ser feito num tempo em que os va- ideia de progresso, riqueza, melhores condições de vida;
lores democráticos e uma sociedade civil fortalecida tor- os demais, à exclusão, marginalização, miséria. É certo
nam ainda mais amplas as reivindicações de mudança. A que a globalização produziu uma janela de oportunida-
transformação do Estado tem também de ser conduzida des para que mais países pudessem ingressar nas prin-
num quadro econômico de disciplina fiscal e austeridade cipais correntes da economia mundial. Os Tigres Asiáti-
no gasto público, em que o Estado conta com menos cos e mesmo o Japão são exemplos significativos. Estes
recursos financeiros. Não se trata de tarefa simples. Re- países souberam aproveitar as oportunidades dadas pela
quer uma mudança substancial de atitude e determina- economia mundial através da adoção de um conjunto de
ção para combater interesses velados dentro do aparato políticas que incluem, entre outras, o desenvolvimento
estatal. Mas não há alternativa. No caso do Brasil, temos, de uma força de trabalho bem treinada e qualificada,
em suma, de reconstruir o Estado se quisermos ter qual- aumento substancial da taxa de poupança doméstica, e
quer possibilidade de êxito na transição do modelo au- implementação de modelos voltados para a exportação
tárquico do passado para outro em que nossa economia e baseados na intervenção estatal seletiva em alguns se-
se integre plenamente nos fluxos mundiais de comércio tores.
e investimento. Pode parecer paradoxal que esta remo- Para outros países em desenvolvimento mais com-
delação do Estado de nenhuma forma conflite com ideais plexos, entre os quais o Brasil e a Índia, a integração
tradicionais da esquerda (e orgulho-me de ser fundador na economia global está sendo feita à custa de maior
e membro do partido que representa a Social Democra- esforço de ajuste interno e numa época de competição
cia no Brasil). Pois é justamente isto o que ocorre. Ao internacional mais acirrada. Nossos avanços são conheci-
realocar seus recursos e suas prioridades para educação dos, e não tenho dúvidas de que nossos dois países estão
e saúde, num país com os grandes contrastes sociais do tendo êxito em gradualmente colher os frutos dos laços
Brasil, o novo Estado estará contribuindo para a realiza- econômicos mais profundos que estão estabelecendo
ção de algo em que ele falhou no passado: promover com o resto do mundo.
maior igualdade de oportunidades numa época em que O mesmo acredito será válido para as chamadas eco-
a qualificação e a educação constituem pré-requisito não nomias em transição dos antigos países comunistas, que,
apenas para a conquista de um posto de trabalho, mas não obstante, estão pagando um preço alto pelo ajuste
também para aumentar o grau de mobilidade social no aos princípios da economia de mercado impostos pela
país. realidade atual.
Hoje, mais do que nunca, metas caras à esquerda Para os países menores e mais atrasados, prevalece,
podem ser alcançadas junto com e em virtude de nos- porém, um grande ponto de interrogação. Serão eles ca-
sos esforços para aumentarmos as capacidades nacio- pazes de algum dia poder superar os desafios da globa-
nais com vistas à participação competitiva na economia lização? Estão seus povos condenados por uma lógica
mundial. Além disso, este Estado remodelado precisa ser perversa a viver na pobreza absoluta, a ver suas institui-
ainda mais forte no desempenho de suas tarefas sociais ções ruírem e a depender da ajuda externa num mundo
e melhor preparado para regulamentar as atividades re- menos predisposto a oferecê-la e mal preparado para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
centemente privatizadas. As dificuldades no processo de canalizá-la de modo eficiente? Reconheço que as dificul-
transição do papel do Estado são sentidas em toda parte dades a serem enfrentadas por esses países são enormes.
e não podem ser subestimadas. A reforma da Previdência No entanto, recuso-me a aceitar que seu destino esteja
Social na França e as difíceis negociações para a aprova- predeterminado ao fracasso, como se nada pudesse ser
ção do orçamento nos Estados Unidos são exemplos dos feito, como se a comunidade internacional pudesse con-
obstáculos a serem superados pelos Governos, basica- viver confortavelmente com a indiferença e a paralisia em
mente porque não há respostas imediatas e evidentes ao relação aos países mais pobres. A marginalização perver-
desafio da transição. Abandonar as práticas tradicionais te a boa consciência da humanidade. A marginalização,
do Estado do Bem-Estar não implica deixar de lado a ne- todavia, não está confinada unicamente aos países ainda
cessidade de melhores padrões de vida para os nossos não integrados na economia internacional. Ela também
povos. está crescendo-nos próprios países prósperos.
143
A globalização significa competição com base em DIT
maiores níveis de produtividade, ou seja, maior pro- Recebe o nome de Divisão internacional de Trabalho
dução por unidade de trabalho. O desemprego resulta (DIT), a prática de repartir as atividades e serviços en-
assim dos mesmos motivos que levam uma economia a tre os inúmeros países do mundo. Trata-se de uma divi-
ser competitiva. A situação é particularmente grave na são produtiva em âmbito internacional, onde os países
Europa. Os que são demitidos nos países ricos podem emergentes ou em desenvolvimento, exportadores de
recorrer a mecanismos de proteção social de diferentes matéria-prima, com mão-de-obra barata e de industria-
tipos; alguns poderão ser treinados para um trabalho lização quase sempre tardia, oferecem aos países indus-
substituto. Mas pouco poderá fazer-se para aliviar a frus- trializados, economicamente mais fortes, um leque de
tração dos jovens que querem ingressar no mercado de benefícios e incentivos para a instalação de indústrias,
trabalho e não conseguem. A falta de esperança, o con- tais como a isenção parcial ou total de impostos, mão-
sumo de drogas e álcool, o desmembramento da família -de-obra abundante, leis ambientais frágeis, entre outras
facilidades.
são alguns dos problemas trazidos pelo desemprego e
Um dos principais conceitos da DIT é que nenhum
pela consequente marginalização. Há um sentimento de
país consegue ser competitivo em todos os setores, e de
exclusão, de mal-estar em vastos segmentos das socie-
fato, acabam por se direcionar suas economias. No fun-
dades ricas integradas na economia global, alimentan-
do, o objetivo é o mesmo da divisão de tarefas numa fá-
do a violência e, em alguns casos, atitudes de xenofobia. brica, o de gerar um elevado grau de especialização para
Como lidar com a complexa questão do desemprego é que a produção seja mais eficiente, exatamente como
um desafio com o qual se defrontam praticamente todos Adam Smith em sua Riqueza das Nações já afirmava no
os países que participam da economia global. A resposta século XVIII.
a ele certamente não deve ser encontrada numa reação O processo de DIT se expandiu na mesma proporção
à globalização, seja mediante um fechamento da econo- do capitalismo no mundo moderno, expressando as di-
mia ao comércio com parceiros externos, o que apenas ferentes fases da evolução histórica do capitalismo, des-
agrava a marginalização de um país, seja mediante o es- de a ligação entre metrópoles e colônias, chegando às
tabelecimento de regras muito rígidas nas relações de relações em que países desenvolvidos se agregam aos
trabalho, passo que corre o risco de, em vez de estimular, subdesenvolvidos. A é geralmente dividida em três fases,
dificultar a criação de empregos. obedecendo à dinâmica econômica e política do período
Apesar de que dificilmente se poderia considerar a histórico em que elas existiram.
criação de empregos uma responsabilidade direta dos A primeira DIT corresponde ao final do século XV e
Governos, estes dispõem de uma ampla gama de pos- ao longo do século XVI, no qual o capitalismo estava em
sibilidades de ação para atacar o problema. A primeira e fase inicial, chamada de capitalismo comercial. Era carac-
talvez mais importante medida seja a promoção do cres- terizado pela produção manual a partir da extração de
cimento econômico sustentado, através da adoção de matérias-primas e acúmulo de minérios e metais precio-
políticas corretas. A segunda seria promover programas sos por parte das nações (metalismo).
dos órgãos oficiais e do setor privado que sejam destina- A segunda DIT ocorre no século XVI, mas principal-
dos ao retreinamento dos trabalhadores dispensados por mente a partir do século XVII, com a Primeira e a Segunda
setores nos quais já não conseguem encontrar um posto Revolução Industrial. As colônias e os países subdesen-
de trabalho. Um terceiro passo seria tornar mais flexível volvidos passaram a fornecer também produtos agríco-
o conjunto de regras relativas às relações de trabalho, de las, assim como vários tipos de minerais e especiarias.
modo a preservar o número de empregos. Esta flexibi- Finalmente, a terceira DIT ou “Nova DIT” surge no sé-
culo XX, com a revolução técnico-científica-informacional
lização deveria possibilitar, por exemplo, que empresas
e a consolidação do capitalismo financeiro, que permite a
e trabalhadores negociassem livremente um leque tão
expansão das grandes multinacionais pelo mundo. Nes-
vasto quanto possível de tópicos, tais como o número de
se período, os países subdesenvolvidos iniciam seus pro-
horas de trabalho e de dias de férias, a forma de paga-
cessos tardios de industrialização, entre eles o Brasil. Tal
mento das horas extras, etc. Deveria também resultar em acontecimento foi possível graças à abertura do mercado
menores custos para a contratação de trabalhadores. Por financeiro desses países e pela instalação de empresas
fim, há alguns instrumentos à disposição do Governo que multinacionais ou globais, oriundas, quase sempre, de
podem ser atrelados à expansão da oferta de empregos, países desenvolvidos.
tais como a concessão de créditos pelos bancos estatais Uma das críticas à DIT é que seu processo se dá de
e a inclusão de incentivos na legislação tributária. Em paí-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
144
ESPAÇO GEOGRÁFICO Nos itens a seguir, entenda algumas das categorias
O Espaço Geográfico é um importante conceito para centrais relacionadas à essa questão e conheça os prin-
a Geografia, haja vista que ele é o objeto principal de es- cipais problemas ambientais no Brasil e no mundo:
tudo dessa área do conhecimento. Sendo assim, enten-
der o espaço geográfico significa também compreender Problemas urbanos: lixo
o papel que essa ciência possui no sentido de investigar
a realidade tanto em seu aspecto social quanto em suas A maneira como a sociedade moderna consome os
premissas naturais, com ênfase nas relações entre socie- produtos industrializados implica uma crescente preocu-
dade e natureza. pação com o problema do lixo urbano.
Não há, no entanto, um consenso entre os geógrafos Realizar a gestão de resíduos sólidos é uma das ati-
sobre o que seria, exatamente, o espaço geográfico, haja vidades mais complexas dos governos dos municípios.
vista que muitos deles orientam-se a partir de diferen- Infelizmente, no Brasil, cerca de 50% deles ainda depo-
tes correntes de pensamento que apresentam diferentes sitam o lixo em vazadouros a céu aberto, segundo a
perspectivas. Por exemplo, para a corrente Nova Geogra- Pesquisa Nacional de Resíduos Sólidos, publicada pelo
fia, o espaço geográfico corresponde à organização da Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
sociedade e seus elementos sobre o meio.
Há autores, como Richard Hartshorne, que defendem Esse tipo deposição implica em riscos de contami-
que o espaço geográfico é apenas uma construção inte- nação para a natureza e a população ao redor, pois
lectual, não existindo de fato na sociedade. Seria, nesse gera chorume e emite gases, como o metano, que no
caso, uma concepção da forma como nós enxergamos a processo de decomposição, transforma-se em dióxido
realidade no sentido de apreender como acontece a es- de carbono (CO2), um dos principais compostos do Efei-
pacialização da sociedade e tudo o que por ela foi cons- to Estufa que causa uma série problemas ambientais
truído. no Brasil.
Já Milton Santos afirma que o espaço geográfico é Solucionar esse problema urbano envolve iniciativas
um conjunto de sistemas de objetos e ações, isto é, os do governo e também das várias camadas da sociedade.
itens e elementos artificiais e as ações humanas que ma- Destacam-se, como medidas de resolução: a criação de
nejam tais instrumentos no sentido de construir e trans- aterros sanitários adequados, a coleta seletiva, além da
formar o meio, seja ele natural ou social. mudança no modo de produção e consumo.
Para os geógrafos humanistas, porém, o conceito de
espaço geográfico estaria atrelado à questão subjetiva, Problemas urbanos: poluição
cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local Chegou a hora de conferir os principais problemas
de morada dos seres humanos e, mais do que isso, é o ambientais relacionados à poluição do meio ambiente
meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas nas zonas urbanas. Continue a leitura e entenda os deta-
cotidianamente, proporcionando novas leituras à medida lhes de cada ocorrência!
que a compreensão do mundo modifica-se.
Portanto, se consideramos apenas algumas das várias Poluição do ar
definições existentes, podemos perceber que o conceito
em questão possui várias visões conflitantes entre si. O
que, no entanto, pode ser estabelecido como consenso
é que o espaço geográfico representa a intervenção do
homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, depen-
dendo da abordagem, pode também ser um produtor)
das relações humanas e suas práticas sobre o substrato
natural.
Se ao longo de um rio, por exemplo, constrói-se uma
ponte, estamos provocando a alteração das paisagens lo-
cais, o que representa a expressão do espaço geográfico.
Se em uma cidade adotam-se medidas de revitalização
de áreas degradadas, temos aí a transformação do es-
paço. Portanto, tudo o que é construído pelo homem é,
notadamente, geográfico: hidrelétricas, cidades, campos
agrícolas, sistemas de irrigação, entre outros elementos,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
145
Durante a queima de combustíveis fósseis, como REFERÊNCIA:
hidrocarbonetos e carvão mineral, ocorre a liberação de DECICINO, Ronaldo. Divisão Internacional do Traba-
gases para a atmosfera, sendo este o principal motivo da lho: Os países e a economia mundial. Disponível em: <
sua contaminação. http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/divi-
Os combustíveis dessa natureza estão entre as prin- sao-internacional-do-trabalho-os-paises-e-a-economia-
cipais fontes de energia primária no mundo, movimen- -mundial.htm >. Acesso: 13/04/13
tando carros, motos, ônibus, caminhões, navios e aviões, https://brasilescola.uol.com.br/geografia/espaco-
e contribuem significativamente para o Efeito Estufa. -geografico.htm
Logo, é um assunto que merece muita atenção. Nas
últimas décadas, a poluição do ar vem aparecendo como
uma das principais questões ambientais das grandes ci- FONTES HISTÓRICAS E PERIODIZAÇÃO
dades entorno do aquecimento global.
Existem, no ambiente urbano, inúmeros estímulos ex- História é uma ciência humana que estuda o desen-
ternos que facilitam o desenvolvimento do estresse na volvimento do homem no tempo. A História analisa os
população. Nas regiões metropolitanas, são comuns os processos históricos, personagens e fatos para poder
ruídos produzidos por automóveis, fábricas, pessoas tra- compreender um determinado período histórico, cultura
balhando, etc. ou civilização.
É verdade que, a poluição sonora não se acumula no
espaço, como as outras situações poluentes, porém, ela Principais objetivos
Um dos principais objetivos da História é resgatar os
é responsável por causar sérios danos à saúde, pois a ex-
aspectos culturais de um determinado povo ou região
posição direta a barulhos intensos pode comprometer a
para o entendimento do processo de desenvolvimento.
audição e o bem-estar das pessoas. Entender o passado também é importante para a com-
preensão do presente.
Poluição visual
Fontes principais
O excesso de estímulos visuais na paisagem das O estudo da História foi dividido em dois períodos: a
grandes cidades é constituído, em grande parte, por pro- Pré-História (antes do surgimento da escrita) e a História
pagandas que oferecem produtos e serviços. Você nunca (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C).
reparou a disputa entre outdoors, faixas e placas nas ruas
da sua região? Para analisar a Pré-História, os historiadores e ar-
Essas comunicações, quando instaladas de maneira queólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas,
indevida, constituem vários problemas urbanos, dentre vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas
os quais podemos destacar: (arte rupestre, esculturas, adornos).
• a modificação do espaço público, a fim de veicular
Já o estudo da História conta com um conjunto maior
interesses particulares; de fontes para serem analisadas pelo historiador. Estas
• a deterioração da paisagem urbana e a degrada- podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais,
ção dos elementos naturais, como vegetação, rios registros orais, documentos, moedas, jornais, gravações,
e lagos; etc.
• o prejuízo na percepção do espaço, referente à re-
ferenciação espacial e localização, além do trânsito Ciências auxiliares da História
de pessoas nas cidades. A História conta com ciências que auxiliam seu es-
tudo. Entre estas ciências auxiliares, podemos citar:
Esgoto Antropologia (estuda o fator humano e suas relações),
Paleontologia(estudo dos fósseis), Heráldica (estudo de
O alto teor de matéria orgânica que os mananciais brasões e emblemas), Numismática (estudo das moedas
de água dos centros urbanos recebem, através do esgo- e medalhas), Psicologia (estudo do comportamento hu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
146
- Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C. até 476 e defender a terra, podendo também transferi-la a seu
(invasão do Império Romano). filho. Contudo, este sistema se mostra pouco eficiente.
- Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (con- O governo português passa a um processo mais centrali-
quista de Constantinopla pelos turcos otomanos). zador com a implantação de um governo-geral e institui,
- Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Fran- em 1581, Salvador como a primeira capital do Brasil.
cesa).
- Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje. Plantation
do. A opressão e genocídio de contingentes enormes de sucessão real. A relação entre Espanha e Holanda é mar-
indígenas caminhou no mesmo sentido do aumento de cada por muitos conflitos. Os holandeses, então, partem
interesse dos europeus sobre as riquezas daqui. para a produção de açúcar em suas colônias nas Antilhas,
A partir de 1530, começa-se a estabelecer uma nova ilhas na América Central. Com um conhecimento técni-
relação portuguesa com sua colônia americana. O co- co-produtivo mais avançado que o existente no Brasil e
mércio com o Oriente se dificulta, as tentativas de ocu- em uma região mais próxima à Europa, a produção açu-
pação territorial do Brasil por estrangeiros começam a careira holandesa dá um golpe na produção açucareira
aumentar, então Portugal vê-se obrigado a investir e pro- brasileira, que perde parte significativa de sua potência
teger melhor a região. A primeira medida neste sentido econômica . Mesmo após a emancipação portuguesa em
é a criação das capitanias hereditárias - enormes porções 1640, a situação não se reverteu. O fim do século XVII foi
de terra doadas a um donatário, que passaria a produzir decadente na colônia.
147
Ciclo do Ouro Ciente de que não conseguiria derrotá-los pelo mar, o
francês busca uma outra solução: a criação de um blo-
Em fins do século XVII, grupos de bandeirantes, ho- queio continental contra a Inglaterra, que impedia os
mens responsáveis por buscar novas riquezas no interior países sob domínio e influência francesa a comercializar
do Brasil, descobrem ouro na região do atual estado de com os ingleses.
Minas Gerais. A notícia rapidamente se espalha e durante Portugal tinha uma relação econômica de dependên-
todo o século XVIII, a colônia se modifica radicalmen- cia com os ingleses. Por isso, tinha uma política externa
te. De uma população estimada em 300 mil pessoas em dúbia - mantinha as relações comerciais com os ingle-
1700, chegou em 1800 a mais de 3 milhões. Milhares de ses, ao mesmo tempo em que não negava as investidas
pessoas migravam para o Brasil, sobretudo portugueses, francesas. Até que em fins de 1807, franceses se aliam a
em busca do ouro na região das Minas. Vilas e cidades se espanhóis e invadem Portugal. A Coroa portuguesa, com
formam, fomentando o comércio. A velha estrutura Ca- mais de 15 mil pessoas, entre nobres e funcionários, foge
sa-Grande e Senzala continua existindo, mas novas for- para o Brasil, sob proteção inglesa. No começo de 1808
mas ganham destaque. Não só de senhores e escravos chegam ao Brasil e se fixam na capital, Rio de Janeiro.
se constituia a sociedade - homens livres, em trabalhos A primeira medida de impacto tomada por D. João,
artesãos e de comércio, surgem. príncipe-regente português, é dar fim ao Pacto Colonial
O centro político-econômico do Brasil se desloca através do decreto de “abertura dos portos às nações
para a região centro-sul. Em 1763, substitui-se a capital amigas”. Na prática, tal medida beneficiava exclusiva-
da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Portugal mente aos ingleses, que passariam a comercializar seus
queria ficar mais próximo à fonte do ouro, porque queria produtos diretamente com o Brasil. Como garantia de
ganhar mais com as taxações. A todo ouro extraído da ampliar ainda mais seu predomínio econômico, Inglater-
terra, era devido ⅕ para os portugueses. Quem extraísse ra impõe à Portugal a assinatura de novos tratados que
1 kg de ouro, deveria deixar 200g com a administração garantiriam privilégios àquele país: produtos ingleses pa-
portuguesa. Havia muito contrabando e, a partir de 1770, gariam taxa de 15% de importação para ingressarem no
a produção de ouro começa a despencar. De tanto se Brasil, enquanto os produtos portugueses pagariam 16%
extrair, já quase não se achava ouro. Portugal aumenta o e os dos demais países, 24%.
controle e passa até mesmo a invadir as casas em bus- Alçada à posição de capital do império português, a
ca de ouro escondido. Os desmandos da metrópole não cidade do Rio de Janeiro passou por importantes trans-
passaram em branco. formações. Criou-se a Casa da Moeda e o Banco do Bra-
sil, o Jardim Botânico, escolas de medicina, Imprensa
Revoltas coloniais Real, Teatro Real. Em 1815, o Brasil deixa definitivamente
de ser colônia e é elevado à categoria de Reino Unido de
Durante o período colonial, aconteceram diversas re- Portugal e Algarves.
voltas. Elas podem ser classificadas em dois tipos: nativis- Também em 1815, Napoleão é finalmente derrotado.
tas, aquelas que buscavam lutar contra alguma medida Já não havia mais razões para a família real portuguesa se
específica da metrópole portuguesa; e as separatistas - manter no Brasil. Contudo, se mantém. Portugal começa
estas, mais do que lutar contra uma medida específica a viver uma agitação social, amparado nos ideais ilumi-
da metrópole, queriam a emancipação da colônia em nistas. Em 1820, irrompe a Revolução Liberal do Porto,
relação aos portugueses. Dentre as revoltas nativistas, que exige a volta imediata de D. João. Em 1821, receoso
podemos destacar a Revolta de Beckman, em 1684, em de ser destronado, Dom João retorna a Portugal e deixa
São Luís do Maranhão; a Guerra dos Mascates, em 1654, seu filho, Dom Pedro, como príncipe-regente do Brasil.
em Pernambuco; a Guerra dos Emboabas, em 1704, nas Os portugueses membros da Revolução ambicionavam
Minas Gerais; e a Revolta de Vila Rica, em 1720. Sobre que o Brasil voltasse a ser colônia, fato que não interes-
esta última: ela ocorreu justamente porque as autori- sava à elite agrária brasileira. Em 1822, após pressões e
dades locais se rebelaram contra as altas cargas de im- ameaças de ataque das tropas portuguesas, Dom Pedro
postos estabelecidos pela Coroa. Em relação às revoltas declara a independência do Brasil.
separatistas, podemos destacar a Inconfidência Mineira, O Brasil se torna independente após expulsar tropas
ocorrida em 1789; a Inconfidência Baiana, em 1798; e a portuguesas resistentes no território. A independência
Revolução Pernambucana, em 1817. Ambas desejavam a do Brasil vem pelas mãos de um português, amparado
emancipação colonial. na elite agrária nacional. A estrutura agrária exportado-
ra, assentada na mão de obra escrava se mantém. Assim
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
148
formar uma zona de influência na região. No ano seguin- prestígio e um de seus mais ferrenhos críticos, colocou
te foi a vez do reconhecimento português, após negocia- a própria elite agrária em estado de alerta. Passou-se a
ções desenvolvidas pela Inglaterra. A mesma Inglaterra correr a ideia de que D. Pedro era antibrasileiro e queria
emprestou 2 milhões de libras esterlinas ao Brasil para transformar novamente o Brasil em colônia. Em abril de
pagar o ressarcimento exigido por Portugal. Depois de 1831, D. Pedro abdica do trono em favor de seu filho,
Portugal reconhecer oficialmente o Brasil como uma na- então com cinco anos, embarca para Portugal e assume o
ção soberana, a Inglaterra também o fez, seguida de ou- trono português após enfrentar seu próprio irmão. Como
tros países europeus e americanos. o filho ainda não podia assumir por conta da lei da maio-
A Inglaterra manteve sua influência, inclusive man- ridade, institui-se o Período Regencial.
tendo a baixa taxa de importação de seus produtos. Além
disso, o Brasil se tornava cada vez mais dependente da Período Regencial
economia inglesa - sucessivos empréstimos eram feitos
para contrabalançar a balança comercial deficitária. A O Período Regencial (1831 - 1840) foi um período
função do Brasil no mercado internacional era de simples de enorme tensão social. Logo após a abdicação de D.
exportador de produtos primários. Pedro, a Assembleia Geral instituiu uma Regência Trina
Em 1823, formou-se uma Assembleia Constituinte Provisória para assumir as funções até então exercidas
para escrever a primeira constituição do Brasil. Ela foi pelo imperador. Ela durou apenas dois meses - de abril a
formada por 90 deputados, todos da aristocracia - eram junho de 1831. Logo após, deputados e senadores elege-
juristas, membros da Igreja e grandes proprietários de ram uma Regência Trina Permanente (1831 - 1835). Das
terra. Um dos primeiros projetos propostos colocava o principais medidas desta Regência, podemos destacar: 1)
Imperador sob controle do parlamento, à maneira ingle- a formação da Guarda Nacional, milícia, de caráter mu-
sa, e instituia o voto censitário - para poder votar ou ser nicipal, criada para combater os levantes populares. O
votado seria necessário um mínimo de renda, um míni- comando de cada Guarda ficava sob responsabilidade de
mo que excluía a maioria da população da vida política. um “coronel”, geralmente o grande fazendeiro local; 2)
Não aceitando a possibilidade de ver seu poder limitado aprovação do Código de Processo Criminal, responsável
pelo parlamento, D. Pedro, pelo uso da força, dissolve a pela autoridade policial e judiciária em alçada municipal,
Assembleia Constituinte. o que fortalecia a aristocracia fundiária. Essas medidas,
Junto a outros dez nomes de sua confiança, D. Pedro junto à aprovação do Ato Adicional de 1834, que de-
redige o texto da Constituição que seria promulgada em cretava, entre outras coisas, o fim do Poder Moderador,
1824. Nesta, divide o poder em quatro partes: o poder enquanto durasse a Regência, tinham caráter descentra-
executivo (Imperador e ministros de Estado - executores lizador.
das leis), o poder legislativo (Câmara dos Deputados e No período regencial, os indivíduos de posses di-
Senado - criadores das leis), o poder judiciário (juízes e vidiam-se em três grupos: a) o grupo restaurador, que
tribunais - fiscalizadores da lei e julgadores dos trans- defendia a volta de D. Pedro I ao Brasil e era composto,
gressores) e o poder moderador (poder que se situava majoritariamente por comerciantes portugueses, funcio-
acima de todos os outros e era de uso exclusivo do Impe- nários públicos de alto escalão e militares conservadores;
rador). Também implementou o voto censitário, instituiu b) o grupo liberal moderado, formado por membros da
a religião católica como oficial, porém subordinada ao aristocracia rural, que era contra a volta do ex-impera-
Estado e dividiu o país em províncias - cada província dor, mas desejava um governo centralizado, reivindica-
teria um presidente nomeado pelo Imperador. Na prá- va a unidade nacional e a ordem vigente - monarquia
tica, era uma constituição com elementos absolutistas e e escravidão; c) o grupo liberal exaltado, composto por
liberais. proprietários rurais, classe média urbana e exército, de-
A atitude autoritária do Imperador em dissolver a As- fendia a descentralização política e maior autonomia às
sembleia Constituinte e impor uma Constituição na qual províncias.
o poder se concentrava em suas mãos, revoltou parte da Durante a Regência Una do padre Diogo A. Feijó
população. No nordeste aconteceu a principal revolta. (1835 - 1837), o grupo moderado se dividiu em dois: o
Após nomear um presidente da província de Pernam- grupo dos progressistas, formado por elementos da clas-
buco a contragosto dos locais, organizou-se um movi- se média urbana e de proprietários rurais do Sudeste e
mento separatista que contou com o apoio também das do Sul, que daria origem ao Partido Liberal, favoráveis à
províncias do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. For- manutenção do projeto de descentralização; e o grupo
mou-se a Confederação do Equador, que carregava esse dos regressistas, composto pela elite agrária, comercian-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
nome pela posição geográfica das províncias próximas à tes e burocratas, que originaria o Partido Conservador,
linha do Equador. O movimento foi duramente reprimido eram defensores da centralização política. Partido Libe-
e derrotado. ral e Partido Conservador se tornaram as duas grandes
A situação econômica do país só piorava. Os crescen- forças políticas do período. Porém, cabe destacar, ne-
tes empréstimos e o consequente aumento da dívida, a nhum deles questionava a estrutura econômica brasileira
queda nas exportações nacionais, e o ingresso em duas - agrária e escravista.
guerras - a Cisplatina, movimento de emancipação uru-
guaia em relação ao Império brasileiro, e a de Sucessão
do trono português, aumentavam o descontentamen-
to entre os cidadãos. O caráter autoritário do Impera-
dor, inclusive assassinando Líbero Badaró, jornalista de
149
Em 1850, após anos de pressão inglesa, o Brasil institui a
FIQUE ATENTO! lei Eusébio de Queirós, sob pressão inglesa, interessada
As revoltas populares eram intensas no na ampliação de trabalhadores assalariados e, portanto,
novo país. Esta era a principal preocupação consumidores. Esta lei proibia o tráfico internacional de
das elites no período regencial. Se durante escravos, ou seja, os escravistas brasileiros já não podiam
o governo de D. Pedro as elites desejavam mais comprar sua principal mão de obra. Imigrantes eu-
maior descentralização para não deixar o ropeus começam a vir para o Brasil ora para substituir a
poder nas mãos da alta burocracia do Es- mão de obra escrava, ora para complementar a mão de
tado, formado à época sobretudo por por- obra que faltava nas plantações de café.
tugueses, agora, a centralização parecia o Vive-se um período de tranquilidade social, sem a
melhor caminho, pois um Estado forte e instabilidade que caracterizou o período regencial, no
uno teria maiores condições de conter as período de conciliação oligárquica (1850 - 1870). Porém,
revoltas. já no fim deste período, de 1864 a 1870, o Brasil se en-
volveu em uma guerra de grandes proporções. Brasil,
Quatro rebeliões merecem destaque: 1) a Cabanagem Argentina e Uruguai, apoiados pela Inglaterra, entraram
(1835 - 1840), no Pará, formada pela população ribeiri- em conflito com o Paraguai, que buscava ampliar seus
nha que habitava cabanas e vivia em condições miserá- territórios. Após destruir o Paraguai e sua população, os
veis; 2) a Sabinada (1837 - 1838), na Bahia, composta por três países saem vencedores da guerra. Porém, economi-
elementos da classe média urbana e setores populares; camente foi péssimo para o Brasil, pois precisou tomar
3) a Balaiada (1838 - 1841), no Maranhão, dirigida pela diversos empréstimos dos ingleses.
população pobre e escravizada; e 4) a Revolução Farrou- Ao mesmo tempo, surgia, liderado pelos modernos
pilha (1835 - 1845), no Rio Grande do Sul, liderada por fa- cafeicultores paulistas, distantes das oligarquias coloniais
zendeiros locais. Em comum, ocorreram longe do centro do açúcar, o Partido da República. Produtores de grande
político do país. As três primeiras concentravam motivos parte da riqueza nacional viam-se excluídos da participa-
mais desesperadores, como a miséria, enquanto a última ção política, burocrática e centralizada no Rio de Janeiro.
tinha um caráter mais à favor dos interesses da elite agrá- Aliaram-se a eles camadas importantes das classes mé-
ria, ainda que contasse com apoio popular. dias urbanas, cada vez mais dinâmicas, e também oficiais
Feijó, incapaz de controlar as revoltas e muito pres- do Exército - prestigiados e estruturados após a Guer-
sionado, renuncia ao cargo. Vem ao poder a Regência ra do Paraguai. A monarquia se sustentava pelo apoio
Una de Araújo Lima, conservador. Ele traz de volta ao das antigas oligarquias agrárias. O apoio destas àquela
poder central os órgãos da polícia e da justiça e reprime residia destacadamente na manutenção da escravidão.
brutalmente as revoltas. Milhares de mortes sustentam a Na década de 1880, o movimento abolicionista ganha
coesão nacional. Só no Pará, aproximadamente 20% da enorme destaque - a luta das populações escravizadas
população, cerca de 30 mil pessoas, foi morta. com fugas em massa, o apoio de setores progressistas
Em 1840, os liberais, desejosos de voltar ao poder, das classes médias, como os jornalistas, a pressão inter-
promovem uma campanha para que D. Pedro II, então nacional, todos esses fatores impeliram a monarquia a
com 14 anos, assuma o trono. A justificativa é de que ele decretar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Sem escra-
seria capaz de dar fim às revoltas regionais e sustentaria vidão, sem apoio da antiga elite agrária. No ano seguinte,
a unidade nacional. A campanha é vitoriosa e, em julho com apoio dos cafeicultores paulistas e também da an-
do mesmo ano, D. Pedro II é coroado Imperador. Este tiga elite agrária, coincidentemente recém republicana,
evento ficou conhecido como o Golpe da Maioridade. membros do exército dão um golpe de Estado, exilam
Dom Pedro II e instituem a República.
Segundo Reinado
O Estado Brasileiro: o Estado no Brasil resultou de uma
Politicamente, o Segundo Reinado pode ser dividido enorme operação de conquista e ocupação de parte do
em três períodos: 1) a consolidação oligárquica (1840 - Novo Mundo, empreendimento no qual se associaram a
1850); 2) a conciliação oligárquica (1850 - 1870); a crise Coroa portuguesa, através dos seus agentes, e a Igreja
(1870 - 1889). No primeiro período, o da consolidação Católica, representada primeiramente pelos jesuítas. Po-
oligárquica, Dom Pedro II formou ora ministérios liberais, lítica e ideologicamente foi uma aliança entre o Abso-
ora conservadores. Buscou continuamente acalmar a si- lutismo ibérico e a Contra-Reforma religiosa, preocupa-
tuação interna do país. Em 1847, institui o parlamentaris- da com a posse do território recém descoberto e com a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mo. Mas, ao contrário do modelo clássico, aqui o parla- conversão dos nativos ao cristianismo. Naturalmente que
mento era subordinado ao Executivo, processo que ficou transcorrido mais de 450 anos do lançamento dos seus
conhecido como parlamentarismo às avessas. fundamentos, o Estado brasileiro assumiu formas diver-
No século XIX, década por década, o Brasil começa a sas, sendo gradativamente nacionalizado e colocado a
elevar sua produção de café. Em princípio, as plantações serviço do desenvolvimento econômico e social. A trans-
se concentravam na Baixada Fluminense, estendendo-se formação seguinte será a do Estado Imperial brasileiro,
depois pelo Vale do Ribeira, região que liga o Rio de Ja- legalizada depois da proclamação da independência, em
neiro a São Paulo. A produção cresceu tanto que se tor- 1822, pela Constituição outorgada de 1824. D.Pedro I
nou o principal produto de exportação nacional, a frente dedica-se a obter a legitimidade, contestada por oficiais
do açúcar, do cacau, da borracha. Ao mesmo tempo, o lusitanos (general Madeira) e por líderes populares do
Brasil passava por mudanças em seu modelo produtivo. Nordeste (Frei Caneca). A Carta determinou, além dos
150
poderes tradicionais, executivo-legislativo-judiciário, a A Igreja Católica foi apontada como religião oficial
implantação de um poder moderador (que de fato tor- do Estado. Em contrapartida, as demais confissões reli-
nou-se uma sobreposição da autoridade do imperador). giosas poderiam ser praticadas em território nacional. Os
Os objetivos gerais do Estado Imperial, que se estendeu membros do clero católico estavam diretamente subor-
até 1889, podem ser determinados pela: a) consolidação dinados ao Estado, sendo esse incumbido de nomear os
da autoridade imperial sobre todo o território brasileiro; membros da Igreja e fornecer a devida remuneração aos
b) manutenção do regime escravista; c) preservação da integrantes dela.
paz interna e do reconhecimento internacional. Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a
Constituição da Mandioca (1824): figurando um criação de um Estado de natureza autoritária em meio
passo fundamental para a consolidação da independên- a instituições de aparência liberal. A contradição do pe-
cia nacional, a formulação de uma carta constituinte tor- ríodo acabou excluindo a grande maioria da população
nou-se uma das grandes questões do Primeiro Reinado. ao direito de participação política e, logo em seguida,
Mesmo antes de dar fim aos laços coloniais, Dom Pedro I motivando rebeliões de natureza separatista. Com isso,
já havia articulado, em 1822, a formação de uma Assem- a primeira constituição apoiou um governo centralizado
bleia Constituinte imbuída da missão de discutir as leis que, por vezes, ameaçou a unidade territorial e política
máximas da nação. Essa primeira assembleia convocou do Brasil.
oitenta deputados de catorze províncias. Uma das mais
delicadas questões que envolvia as leis elaboradas pela
Assembleia, fazia referência à definição dos poderes de
Dom Pedro I. Em pouco tempo, os constituintes forma- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ram dois grupos políticos visíveis: um liberal, defendendo
a limitação dos poderes imperiais e dando maior auto-
nomia às províncias; e um conservador que apoiava um 1. (IFSC - 2015 - adaptada) Em 1806, o Imperador fran-
regime político centralizado nas mãos de Dom Pedro. A cês Napoleão Bonaparte anunciou o Bloqueio Continen-
partir de então, a relação entre o rei e os constituintes tal à Inglaterra, estabelecendo que nenhum país europeu
não seria nada tranquila. poderia comercializar com os ingleses. O rei de Portugal,
O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a es- pressionado pela onda liberal da Revolução Francesa e
tabelecer limites ao poder de ação política do impera- apoiado pela Inglaterra, fugiu para a colônia portuguesa,
dor. No entanto, essa medida liberal, convivia com uma na América, para esperar a situação se normalizar.
orientação elitista que defendia a criação de um sistema Com relação à presença da Família Real portuguesa no
eleitoral fundado no voto censitário. Outro artigo desse Brasil é CORRETO afirmar que:
primeiro ensaio da Constituição estabelecia que os de-
putados não poderiam ser punidos pelo imperador. Me-
a) A Revolução Farroupilha, ocorrida no sul do Brasil, tinha
diante tantas restrições, Dom Pedro I resolveu dissolver a
como principal objetivo expulsar a Corte portuguesa e
primeira Assembleia Constituinte do Brasil.
proclamar a independência da colônia americana.
Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um
b) A presença da Corte portuguesa no Brasil, exercen-
Conselho de Estado composto por dez membros por-
do um governo absolutista e conservador, contribuiu
tugueses. Essa ação política sinalizava o predomínio da
para retardar a Independência do Brasil, pois as me-
orientação absolutista e a aproximação do nosso gover-
lhorias administrativas e econômicas deixaram a elite
nante junto os portugueses. Dessa maneira, no dia 25
liberal brasileira satisfeita.
de março de 1824, Dom Pedro I, sem consultar nenhum
outro poder, outorgou a primeira constituição brasileira. c) Chegando ao Brasil, D. João VI tratou logo de cumprir
Contraditoriamente, o texto constitucional abrigava ca- o prometido aos ingleses e decretou a abertura dos
racterísticas de orientação liberal e autoritária. O gover- portos, em 1808, para as nações amigas comercializa-
no foi dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e rem diretamente com a colônia.
Judiciário. Através do Poder Moderador, exclusivamente d) Em 1821, os franceses foram expulsos de Portugal e D.
exercido por Dom Pedro I, o rei poderia anular qualquer João VI foi chamado para assumir o trono português,
decisão tomada pelos outros poderes. As províncias não mas ele preferiu ficar no Brasil. Esse fato ficou conhe-
possuíam nenhum tipo de autonomia política, sendo cido como “Dia do Fico”.
o imperador responsável por nomear o presidente e o e) A chegada da Família Real no Brasil inverteu o Pacto
Conselho Geral de cada uma das províncias. Colonial. A partir de então, o Brasil se tornava a Metró-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
151
2. (Fuvest 2012) Os indígenas foram também utilizados 1ª República
em determinados momentos, e sobretudo na fase inicial
[da colonização do Brasil]; nem se podia colocar proble- Após derrubar a Monarquia, cabia aos dois principais
ma nenhum de maior ou melhor “aptidão” ao trabalho setores que impulsionaram a República, oligarcas do café
escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação paulista e exército, definir como se organizaria institu-
demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu cionalmente o novo período. No primeiro momento, re-
apresamento, transporte, etc. Mas na “preferência” pelo ceosos de sublevações que pusessem em jogo o novo
africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sis- regime, como a volta dos monarcas ao poder, os paulis-
tema mercantilista de colonização; esta se processa num tas acharam de bom tom que os militares assumissem a
sistema de relações tendentes a promover a acumulação transição em vistas da manutenção da ordem. De 1889 a
primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negrei- 1894 estabeleceu-se o que ficou conhecido como a Re-
ro, isto é, o abastecimento das colônias com escravos, pública da Espada.
abria um novo e importante setor do comércio colonial, O governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca
enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio foi estabelecido. Ele revogou a Constituição de 1824 - e suas
interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais resultan- instituições, promoveu a separação da Igreja com o Estado,
tes da preação dos aborígines mantinham-se na colônia, e convocou eleições para uma assembleia constituinte. A
com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”; a nova constituição brasileira foi promulgada em 1891, ins-
acumulação gerada no comércio de africanos, entretanto, pirada na constituição norte-americana. Dentre suas prin-
fluía para a metrópole; realizavam-na os mercadores me- cipais características, podemos citar: a) a transformação do
tropolitanos, engajados no abastecimento dessa “merca- país em uma República federativa com um governo central
doria”. Esse talvez seja o segredo da melhor “adaptação” e vinte estados (antigas províncias) - fato que fomentou a
do negro à lavoura ... escravista. Paradoxalmente, é a par- descentralização do poder; b) equilíbrio em três poderes -
tir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão executivo, legislativo e judiciário - nos âmbitos federal, esta-
africana colonial, e não o contrário. dual e municipal; c) voto universal masculino, não-secreto,
Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo proibido a analfabetos, padres e soldados. A maior parcela
Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p. 105. Adap- da sociedade estava excluída da política.
tado. A assembleia constituinte elegeu o novo presidente
- o próprio Deodoro da Fonseca, que governou apenas
Nesse trecho, o autor afirma que, na América portuguesa, um ano. A política econômica proposta em seu gover-
no provisório e continuada agora, aumentou de maneira
a) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção do exorbitante a inflação, prejudicando as exportações e,
que os de origem africana, e por isso a metrópole op- consequentemente, os cafeicultores. A oposição a seu
tou pelo uso dos primeiros, já que eram mais produti- governo estava escancarada. Para tentar debelar os opo-
vos e mais rentáveis. sicionistas, decretou estado de sítio, fechou o congresso
b) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho e prendeu opositores. A reação foi imediata: estados pe-
duro dos canaviais do que os indígenas, o que jus- garam em armas, a oposição dentro do próprio exército
tificava o empenho de comerciantes metropolitanos aumentou, e até mesmo a marinha posicionou seus na-
em gastar mais para a obtenção, na África, daqueles vios na Baía da Guanabara para atacar o governo. Não
trabalhadores. suportando a pressão, Deodoro renunciou. Quem assu-
c) o comércio negreiro só pôde prosperar porque alguns miu em seu lugar foi o vice-presidente Marechal Floriano
mercadores metropolitanos preocupavam-se com as Peixoto, eleito na chapa de oposição a Deodoro (presi-
condições de vida dos trabalhadores africanos, en- dente e vice-presidente eram votações separadas).
quanto que outros os consideravam uma “mercado- O governo de Floriano foi muito hábil no equilíbrio
ria”. de interesses - agradou setores do exército, os cafeicul-
d) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão de tores paulistas e mesmo setores populares. Apesar da
obra indígena contribuiu decisivamente para que, a tênue costura promovida pelo governo, a situação vol-
partir de certo momento, também escravos africanos tou a se conturbar. Disputas regionais no Rio Grande do
fossem empregados na lavoura, o que resultou em um Sul desembocaram em um conflito civil entre republica-
lucrativo comércio de pessoas. nos (apoiadores de Floriano) e federalistas (opositores).
e) o principal motivo da adoção da mão de obra de A marinha, sentindo-se desprestigiada e fomentada por
origem africana era o fato de que esta precisava ser setores monarquias, repetiu o que fez com Deodoro
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
transportada de outro continente, o que implicava a apontando seus canhões para a cidade. Floriano não se
abertura de um rentável comércio para a metrópole, abalou e enfrentou os revoltosos. A situação de guer-
que se articulava perfeitamente às estruturas do siste- ra civil perdurou por seis meses, de setembro de 1893 a
ma de colonização. março de 1894, até que as forças governistas debelaram
os revoltosos e normalizaram a situação.
Resposta: alternativa E. O fim da República da Espada se dá com a eleição do
O tráfico de escravos era a atividade mais lucrativa do civil paulista Prudente de Morais. O governo de Morais
período, portanto todas as medidas para que ele cres- (1894 - 1898) tinha como um de seus objetivos pacificar
cesse e se solidificasse foram realizadas. de vez a nação. Não foi o que aconteceu. Seu governo
ficou marcado pela guerra de Canudos (1896 - 1897). Ca-
nudos é uma região do sertão baiano. À época, os ser-
152
tanejos viviam na mais completa miséria, enquanto ao Coincidentemente, no período em que a ordem oli-
seu redor viviam enormes latifúndios improdutivos. Um gárquica se fixa, a economia cafeeira começa a entrar em
líder religioso de nome Antônio Conselheiro peregrina- crise. O preço do café cai no mercado internacional e im-
va pelo sertão e seu discurso conseguia atrair multidões. possibilita o pagamento da dívida externa, que só cresce.
Por onde passava, ele buscava ajudar em obras públicas, Uma das saídas buscadas para a crise foi o funding-loan,
reformando igrejas, construindo cemitérios. Seguidores acordo firmado entre o governo brasileiro e os bancos
começaram a acompanhá-lo. Fixaram-se em uma fazen- credores. Na prática, ele implicava um novo empréstimo,
da abandonada, a fazenda de Canudos, e ali ergueram agora só para pagar os juros e um corte profundo nos
a aldeia de Belo Monte - uma aldeia livre, que chegou gastos do governo com aumento dos impostos. De um
a contar com aproximadamente 30 mil moradores, que lado, a inflação foi controlada, a moeda valorizada e o
sobrevivia por meio de uma agricultura de subsistência. pagamento dos juros realizado de maneira sagrada. De
Alegando que o líder religioso era monarquista, o go- outro, o país entrou em recessão, o desemprego aumen-
verno mandou uma expedição do exército para acabar tou e a população, sobretudo a mais humilde, ficou ainda
mais desassistida.
com a aldeia. A primeira expedição de 100 homens foi
Uma outra política implementada para a salvação do
derrotada. A segunda com 500 teve o mesmo destino.
café foi tocada por governos estaduais. Os governos de
A terceira com 1300 homens, também. Canudos só foi Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro (os três princi-
derrotada, ou melhor, massacrada, quando o exército le- pais produtores de café) se reuniram e firmaram o Con-
vou 15000 homens, liderados pelo próprio ministro da vênio de Taubaté. Este garantia que os governos com-
Guerra. O exército, força que desejava voltar ao governo, prariam a um preço fixo toda a produção cafeeira, que
saiu desmoralizado da campanha. Com o fim do governo ficaria estocada. Quando o preço subisse no mercado
de Prudente de Morais, iniciava-se o período de apogeu internacional, o governo venderia. Quando não, manteria
da ordem oligárquica (1898 - 1914), definitivamente es- estocado ocasionando a falta do café internacionalmente
tabelecida. e provocando o aumento de seu preço. Na prática, esta
Dois foram os principais mecanismos políticos do política só salvou o lucro dos barões do café. Com a falta
poder oligárquico. O primeiro, a política do café-com- no mercado externo, outros países passaram a produzir
-leite. O título desta se deve à aliança costurada entre o café, e os governos precisaram realizar vultuosos em-
paulistas e mineiros pela hegemonia na presidência do préstimos, enquanto deliberadamente os oligarcas super
país. Os paulistas detinham o poder econômico derivado produziam, cientes de que não perderiam um centavo.
do café. Os mineiros, além de certo poder econômico, Este período de apogeu também ficou conhecido
eram responsáveis pelo maior colégio eleitoral do país, pelas revoltas - que não cessaram ao longo de toda a
ou seja, tinham grande poder político. 1ª República. As mais importantes foram 1) a Revolta da
Vacina, ocorrida em 1904, no Rio de Janeiro - revolta po-
O segundo mecanismo foi a política dos governado-
pular contra os desmandos e autoritarismo do governo;
res. Lembre-se que vivíamos uma república presidencia-
2) a Revolta da Chibata, em 1910, também no Rio de Ja-
lista e, nesta, o poder executivo precisa negociar com o neiro - marinheiros se levantaram contra as condições
legislativo. Somente com o apoio das bancadas paulistas desumanas a que eram submetidos no exercício de seus
e mineiras, governar se tornaria impraticável. É para con- ofícios; 3) a Revolta do Contestado, em 1914, na região
tornar este problema que Campos Sales (1898 - 1902) interiorana entre Santa Catarina e Paraná - semelhante
implementa a política dos governadores. Sua ideia era ao massacre acontecido em Canudos, o governo se ele-
simples: o presidente deixaria os estados à vontade, com vou contra a organização do povo em torno do líder José
a maior autonomia possível, desde que os governadores Maria.
destes estados elegessem bancadas favoráveis ao go- A 1ª República tem o seu declínio no período entre
verno federal. O projeto era interessante tanto para os 1914 a 1930. O controle do poder político significa con-
governadores, quanto para o presidente. Para que o go- trole dos investimentos - significa dinheiro. Oligarquias
vernador pudesse obter o êxito eleitoral, ele precisaria do secundárias nos estados e outras oligarquias que não as
apoio das lideranças locais de seu estado, as lideranças mineiras e paulistas se sentiam desprestigiadas no plano
dos municípios. Estas eram formadas pelos chamados federal. Essas oligarquias começavam a formar um grupo
coronéis, homens que detinham o poder econômico da de oligarquias dissidentes.
localidade. O processo se desenvolvia da seguinte ma- Outras mudanças também impactaram o tecido de
neira: o coronel valia-se da prática do clientelismo, ou controle oligárquico. O Brasil começava a se urbanizar e
industrializar. As cidades se tornaram importantes pon-
seja, trocava favores com a população local - isso era
tos no contexto político - ainda não tinham o peso da
possível pela completa ausência de serviços públicos. O
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
153
A década de 1920 bota à prova a estrutura da 1ª Re-
pública. A sucessão mineira-paulista no governo federal
começa a ser combatida pelas oligarquias dissidentes,
EXERCÍCIOS COMENTADOS
pelo tenentismo, pelas classes médias urbanas. Inclusi-
ve, com levantes internos - como a Revolta do Forte de 1. (Vunesp - PM, 2013) A partir de 1890, quando a ca-
poeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código
Copacabana em 1922, a Revolução Gaúcha de 1923, a
Penal, como atividade proibida (com pena que poderia
Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes por toda
levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão po-
a década pelo interior do Brasil. Durante quase todo o licial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os
governo de Artur Bernardes (1922 - 1926), o Brasil viveu capoeiristas eram considerados por muitos como “men-
sob estado de sítio. digos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras,
O próximo e último presidente da 1ª República foi como o samba e os candomblés, foram igualmente per-
Washington Luís (1926 - 1930). Seu governo foi mais seguidas. (Revista de História da Biblioteca Nacional, 21
conciliador que o anterior - finalizou o estado de sítio jul.08)
e desfez prisões políticas. Contudo, seu principal objeti- A criminalização descrita no trecho pode ser associada
vo era fortalecer a moeda nacional, a partir da formação
de um enorme depósito de ouro. A quebra da bolsa de a) à política de valorização da diversidade promovida
Nova York, em 1929, pôs fim a qualquer possibilidade de pela República, desde que não fossem práticas imo-
recuperação econômica. Com o preço do café empurra- rais.
do a um abismo, os cafeicultores, principais fiadores do b) à dificuldade das autoridades da época de combate-
presidente, buscaram seu auxílio para novamente seus rem a malandragem e a prostituição sem o apoio da
lucros serem salvos. Washington não aceitou. lei.
Em 1930, novas eleições aconteceram. O candidato c) à intenção da elite da República Velha de civilizar o
escolhido por Washington Luís foi o paulista Júlio Pres- país, reprimindo aspectos de uma cultura selvagem e
primitiva.
tes. Do outro lado, a crescente frente de oposição se
d) à iniciativa do poder público de proteger a população
formou em torno do gaúcho Getúlio Vargas, candida-
de práticas historicamente ligadas à vadiagem e à cri-
to a presidente, e João Pessoa como candidato a vice- minalidade.
-presidente, da Paraíba. Júlio Prestes, em novas eleições e) às marcas do racismo e da discriminação da cultura
marcadas pelas fraudes, ganhou o pleito. Dias antes da afro-brasileira, mesmo após a abolição da escravidão.
posse de Prestes, João Pessoa foi assassinado a tiros. A
agitação social se tornou insustentável. Oligarquias dissi- RESPOSTA: alternativa E. O período da 1ª República
dentes com apoio popular e aliadas ao exército depuse- se destaca como um período altamente autoritário e
ram Washington Luís e nomearam Getúlio Vargas como elitista.
o novo presidente do Brasil.
Era Vargas (1930 - 1945)
FIQUE ATENTO! O período identificado como Era Vargas se estende
O advento da 1ª República atualizou em novas do momento em que Getúlio Vargas toma posse em 3
linguagens as formas de subordinação e infe- de novembro de 1930, após a deposição de Washing-
riorização da massa trabalhadora de origem ton Luís, até o dia em que o próprio Getúlio é deposto
mestiça e escrava. Dentre suas armas ideoló- por uma junta militar em 29 de outubro de 1945. Divide-
gicas para moldar uma política de reconstru- -se o período em três partes: Governo Provisório (1930
ção nacional, podemos citar: a) reurbanização; - 1934), Governo Constitucional (1934 - 1937) e Estado
b) sanitarismo; c) federalismo político; d) imi- Novo (1937 - 1945).
gração de camponeses europeus. Sobretudo, Um dos primeiros atos do Governo Provisório de Var-
queria-se dar fim à continuada mobilização gas foi a suspensão da Constituição de 1891. Desta for-
social das massas urbanas, que se iniciou nos ma, Vargas acaba concentrando poderes discricionários.
anos 1880 com a campanha abolicionista. Em A suspensão interessava aos revolucionários de 1930,
1930, o regime centrado no autoritarismo e pois havia o receio de que, convocada novas eleições
marcado pelo domínio das oligarquias cafeei- aos moldes da primeira república, as oligarquias do café-
ras chegava ao fim. -com-leite assumissem novamente o comando do país.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
154
lizado em oposição à descentralização que foi marca da Para entendermos o significado de se aproximar dos
1ª República. Buscando centralizar ainda mais o poder, o fascistas ou dos comunistas, vamos fazer uma digressão.
governo provisório decretou a dissolução do Congres- Com o advento da ordem social capitalista, marcada so-
so Nacional e das Assembleias estaduais e municipais, e bretudo pela Revolução Industrial (em seus aspectos téc-
substituiu governadores estaduais eleitos por intervento- nicos e econômicos) e pela Revolução Francesa (em seu
res nomeados pelo próprio Presidente. aspecto político), três concepções sobre a nova socie-
Das medidas concretas, o governo provisório começou dade se estruturam no século XIX: o liberalismo, o con-
a organizar uma legislação trabalhista para ganhar apoio servadorismo e o comunismo. Os liberais vão elogiar a
das crescentes massas urbanas e iniciou um processo de nova sociedade - apontavam o rompimento das amarras
fomento estatal à indústria para substituir importações. do Antigo Regime e, a partir daí, os indivíduos poderão
Em relação ao café, principal mercadoria de exportação disputar as posições sociais através do próprio mérito, e
nacional, Vargas retirou o poder decisório de São Paulo ao não do sangue. Os conservadores rejeitavam a nova so-
criar o Conselho Nacional do Café, em 1931, e assim enfra- ciedade - para eles, era a época da desagregação social
quecer o Instituto do Café do Estado de São Paulo. Cabia, e rompimento com os costumes construídos há séculos;
a partir desse momento, ao governo federal elaborar as defendiam a volta à ordem anterior, queriam conservar
políticas em torno deste produto, que passava por grave as características do Antigo Regime. Os comunistas en-
crise após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em caravam a nova ordem de maneira contraditória: ao mes-
1929. O governo provisório não rompe com o modelo an- mo tempo em que era um avanço em relação à ordem
terior de subsídio e compra das sacas excedentes de café. anterior do Antigo Regime, a desigualdade econômica
Ao contrário, mantém a compra de parte da safra de café colocada pelo capitalismo era algo nunca visto na histó-
paulista, queima toneladas de café para evitar a queda ria e inaceitável. A polarização principal entre liberais e
nos preços internacionais e estabelece acordos de venda comunistas residia, e até hoje reside, na maneira como
com diversos países. Este foi um aceno para acalmar os encarar a propriedade privada. Para os liberais, o direito
cafeicultores paulistas. Aceno contraditório, pois ao mes- à propriedade privada é característica essencial da so-
mo tempo em que mantinha os lucros destes, retirava das ciedade - sendo mesmo sagrado. Para os socialistas, a
mãos dos mesmos o poder decisório sobre a política ca- propriedade privada deve ser abolida.
feeira e passa a fomentar outras atividades econômicas, No século XX, com o advento das eleições que en-
como a indústria já citada, mas também a produção de volviam contingentes enormes da população, surge na
açúcar, cacau, borracha e algodão. Europa, especificamente na Itália, o movimento fascista.
A agitação entre os paulistas em torno da convoca- Este negava tanto os liberais, quanto os comunistas. Ne-
ção da assembleia constituinte não diminuía. Em 1932, gavam os primeiros, pois creditavam a eles a defesa de
o governo provisório elaborou um novo Código Eleito- uma classe burguesa parasitária, que em nada conhecia
ral. Neste, houve a criação da Justiça Eleitoral, adoção a realidade dos trabalhadores. Negava os segundos, pois
do voto secreto e obrigatório para todos os maiores de carregavam um ideal de igualdade entre os seres huma-
21 anos e voto universal para homens, mulheres, alfa- nos que os fascistas discordavam. Os fascistas surgem
betizados e não-alfabetizados. Tal atitude não foi sufi- como um movimento de características de massas, mili-
ciente para acalmar os ânimos paulistas, também porque tarista, nacionalista e de viés antidemocrático.
Vargas nomeou um interventor militar e não-paulista no No Brasil, até mesmo embates físicos entre membros
estado, o que só agravou a situação. Em fins de 1932, da AIB e ANL estavam ocorrendo. Ambos desejavam
inicia-se uma guerra civil que durou apenas três meses conduzir as massas e tomar o poder. Em novembro de
- era o Movimento Constitucionalista de 1932. O levante 1935, os partidários da ANL, muitos deles jovens tenen-
foi derrotado pelas forças federais, contudo seu objetivo tes, junto ao Partido Comunista Brasileiro iniciaram um
político surtiu efeito: Vargas indicou um novo interventor levante para a deposição de Vargas e a tomada do poder
para o estado - paulista e civil, e convocou as eleições - a Revolta Comunista de 1935. Quartéis no Rio Grande
para a assembleia constituinte em 1933. do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro se sublevaram
No ano seguinte, a Assembleia Constituinte promul- junto a greves de trabalhadores. A força do movimen-
gou a Constituição de 1934, de características modernas to foi, contudo, bem abaixo da necessária aos objetivos
como o sufrágio universal, fortalecimento do Judiciário desejados. Rapidamente o governo federal derrotou os
com a independência da Corte Suprema, garantia de li- revoltosos e ganhou o argumento do “Perigo Comunista”
berdades básicas e direitos trabalhistas, como o salário para reforçar características autoritárias, sempre almeja-
mínimo, limite de 8 horas de trabalho diário, folgas se- das, como a censura e as prisões políticas. A AIB coopera-
manais, férias anuais remuneradas e proibição do traba- va com o governo Vargas neste sentido. Em setembro de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
lho de menores de 14 anos. Após a promulgação, Vargas 1937, o capitão Olympio Mourão Filho, membro da AIB,
foi reeleito presidente em eleição indireta realizada pela criou um documento chamado Plano Cohen. Sintetica-
própria Assembleia Constituinte. Iniciava-se o período mente, este documento dizia das intenções comunistas
do Governo Constitucional (1934 - 1937). de tomar o poder à força e assassinar diversos políticos.
O Governo Constitucional foi marcado pela instabi- Cohen é o fictício comunista que assina o documento.
lidade política e manutenção da política econômica do Logo, o governo, valendo-se de seu controle sobre os
governo provisório. Dois grupos antagônicos, além das meios de comunicação, divulgou amplamente os objeti-
forças políticas tradicionais, disputavam e polarizavam a vos do plano. No dia 2 de outubro de 1937, Vargas de-
sociedade - a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança creta estado de guerra devido à ameaça comunista e em
Nacional Libertadora (ANL). A primeira é ligada aos ideais 10 de novembro do mesmo ano, com o apoio do alto
fascistas, enquanto a segunda aos comunistas. escalão das Forças Armadas, instaura o Estado Novo.
155
A característica dúbia do varguismo também pode ser
FIQUE ATENTO! notada em relação à Segunda Guerra Mundial. A Cons-
O Estado Novo (1937 – 1945) foi o período tituição de 1937 é de inspiração fascista, assim como
ditatorial de Getúlio Vargas. Desde sua che- muitas das medidas de Vargas. Porém, até 1941, ele não
gada ao poder em 1930, desejava governar havia declarado apoio do Brasil nem ao Eixo, nem aos
com máximos poderes em uma estrutura polí- Aliados. Sua declaração só surgiu depois da entrada dos
tica nacional centralizada no governo federal. Estados Unidos na Guerra e à leitura política de que seria
Exemplo máximo da ideia de “um povo, uma muito difícil uma vitória do Eixo.
nação, um Estado” foi a cerimônia da queima Em 1945, com a Segunda Guerra quase decidida, o
das bandeiras estaduais em 27 de novembro Estado Novo já não conseguia mais manter sua elevada
de 1937 – agora, como em toda ditadura, as centralização e autoritarismo. Cedendo à pressão inter-
disposições só poderiam se voltar um único na, Vargas decreta o fim da censura à imprensa, a liber-
tipo de orgulho, de desejo – neste momento, tação de presos políticos, a volta dos partidos políticos
ao Brasil e a seu líder, Getúlio Vargas. e eleições em dezembro do mesmo ano. Quatro impor-
tantes partidos são criados: 1) a União Democrática Na-
cional (UDN), fortemente liberal; 2) o Partido Trabalhista
Como marca do novo período, construiu-se a Cons- Brasileiro (PTB), liderado por Vargas; 3) O Partido Social
tituição de 1937. Esta constituição ficou conhecida como Democrático (PSD), formado por tradicionais políticos
Constituição Polaca, pois inspirada na Constituição de 1935 brasileiros, desejosos de voltar ou se manter no poder,
da Polônia, de caráter antiliberal, próxima ao fascismo. Os no caso dos interventores; 4) o Partido Comunista Brasi-
partidos políticos estavam proibidos, o parlamento perdia leiro (PCB), com nome autoexplicativo.
sua função e o judiciário se torna um simples referendador PTB e PSD se unem em torno da candidatura do gene-
do executivo. Criou-se, em 1939, o Departamento de Im- ral Eurico Gaspar Dutra. A UDN lança o brigadeiro Eduar-
prensa e Propaganda (DIP). Sua função era criar e fomentar do Gomes e o PCB lança Yedo Fiúza. Contudo, setores
uma identidade nacional - a valorização do Brasil alegre e populares rejeitam as eleições e iniciam uma campanha
pela continuidade do governo Vargas. Este movimento
miscigenado, e reivindicar a figura de Getúlio Vargas como
ficou conhecido como “queremismo”, pois inscreviam
o grande líder da nação, o “pai dos pobres”. O DIP agia nas
nas paredes das cidades a palavra de ordem “queremos
cartilhas escolares, propagandas públicas em rádio e rua,
Vargas”. Receosos de alguma manobra varguista, a cúpu-
construção de datas comemorativas - todo lugar era lugar
la do exército dá um golpe de estado em 29 de outubro
para reivindicar a figura varguista.
de 1945 para garantir as eleições, que ocorrem em 2 de
Politicamente, o período se caracterizou pela perse-
dezembro do mesmo ano. Dutra, apoiado por Vargas, é
guição a opositores - com direito a prisões e torturas. Até
eleito presidente com 55% dos votos. Estava extinto o
mesmo a AIB foi proibida de atuar, o que revela o caráter Estado Novo.
do governo varguista - de posições e alianças sempre ao
sabor do jogo político. Em 1938, membros da AIB ligados
às Forças Armadas tentaram um golpe para retirar Vargas
do poder - no qual foram mal sucedidos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vargas equilibrou também outro grupo conflitante: o
dos operários e industriais. Ao mesmo tempo em que 1. (IFBC - PM-BA, 2017) Assinale a alternativa correta.
permitia àqueles a representação por meio de sindica- A História do Brasil mostra que a ascensão do Presidente
tos e interlocução com o governo, só era permitido um Getúlio Vargas ao poder rompeu com quatro décadas de
sindicato por categoria - e o sindicato só poderia atuar revezamento entre paulistas e mineiros na presidência,
depois de regulamentado pelo mesmo governo. Ou seja, conhecida como política do “café-com-leite”. Para im-
só existiam os sindicatos que seguissem as ordens gover- pedir que os paulistas continuassem como mandatários
namentais. Os industriais, por sua vez, viam seu capital do país foi criada a Aliança Libertadora que articulou um
crescer com o estímulo à indústria. golpe que impediu a candidatura de Júlio Prestes.
Vargas é considerado o grande mentor nacional do
populismo - política na qual o governante equilibra os a) Essa articulação política colocou Getúlio Vargas no po-
conflitos sociais, ora cedendo a um, ora a outro, sem der (1930 – 1945 – “Estado Novo”) e ficou conhecida
nunca alterar radicalmente a organização econômica. Se como Revolução de 1930.
os trabalhadores urbanos ganharam direitos, os indus- b) Essa articulação política colocou Getúlio Vargas no po-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
triais ganhavam mais dinheiro com o estímulo estatal. der (1934 – 1937 – “Governo Provisório“) e ficou co-
No campo econômico, Vargas inicia o projeto na- nhecida como Revolução de 1934.
cional desenvolvimentista - fomento à criação de uma c) Essa articulação política colocou Getúlio Vargas no
verdadeira indústria de base nacional. Ao mesmo tempo, poder (1929 – 1934 – “Governo Provisório“) ficando
em 1939, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial, o que conhecida como Revolução de 1929.
deixava mais fácil o caminho para essa política. Recursos d) Essa articulação política colocou Getúlio Vargas no
naturais, fontes de energia e riquezas foram nacionaliza- poder (1930 – 1934 – “Governo Constituinte“)e ficou
das. Criou-se a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), conhecida como Revolução de 1930.
a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacio- e) Essa articulação política colocou Getúlio Vargas no po-
nal de Motores (1942), a Companhia Hidrelétrica do São der (1930 – 1934 – “Governo Provisório“) e, historica-
Francisco (1945) - todas estatais. mente, é conhecida como Revolução de 1930.
156
RESPOSTA: ALTERNATIVA E. Esse movimento, co- a impedir que as reformas defendidas pelos setores da
nhecido como Revolução de 1930, impulsionou o pri- esquerda, por melhores condições de trabalho e melhor
meiro momento da Era Vargas – o governo provisório. distribuição da riqueza no País, fossem realizadas.
Logo após a promulgação do AI-2, as eleições indire-
2. (Vunesp - Concurso PM, 2010) 1) Leia as afirmações tas foram instituídas e passaram a ser realizadas por voto
sobre a Revolução de 1930 e a Era Vargas. nominal e com aprovação de maioria absoluta do Con-
I. A emergência da classe média, do tenentismo e do mo- gresso Nacional. A medida mais significativa representou
vimento operário contribuiu para a vitória da Revolução um golpe para a pluralidade partidária: a dissolução dos
de 1930. partidos políticos existentes no Brasil e a implantação do
II. Estados da Federação, insatisfeitos especialmente com bipartidarismo.
a hegemonia de São Paulo, associados a setores econô- Dois novos partidos políticos foram criados em 1965
micos, como charqueadores, produtores de açúcar, de ca- e extintos em 1979: a Aliança Renovadora Nacional (Are-
cau e segmentos industriais, contribuíram para derrubar o na), que passou a apoiar o governo, e o Movimento De-
Estado oligárquico. mocrático Brasileiro (MDB), que aos poucos se caracteri-
III. Em 1937, Vargas fechou o Congresso Nacional, ins- zaria como o partido de oposição.
talou o Estado Novo e passou a governar com poderes Com o AI-3, aprovado em 1966, a eleição dos gover-
ditatoriais. O governo passou a ser centralizado e o De- nadores e dos prefeitos de capitais passou a ser indireta,
partamento de Imprensa e Propaganda atuou na linha de por meio das Assembleias Legislativas de cada Estado.
frente da censura. Castello Branco convocou novamente o Congresso em
IV. Entre as realizações da Era Vargas pode-se destacar: a 1967, para aprovar uma nova Constituição que incorpo-
criação da Justiça do Trabalho, do salário-mínimo, da Con- rava toda a legislação dos atos aprovados antes dessa
solidação das Leis do Trabalho, além de obras na área de data. 13 de dezembro de 1968, promulgação do Ato Ins-
infraestrutura como a Companhia Siderúrgica Nacional. titucional no 5 (AI-5)
Em 1967, com a posse do marechal “linha-dura” Ar-
Estão corretas as afirmações thur da Costa e Silva, que sucedeu Castello Branco, houve
maior endurecimento do regime militar. Ao mesmo tem-
a) I, II, III e IV.
po, no ano seguinte, cresceram também as manifesta-
b) I, II e III, apenas.
ções que exigiam a abertura política.
c) I e IV, apenas.
Destacaram-se nesse período a Marcha dos Cem Mil,
d) II e IV, apenas.
que reuniu artistas, intelectuais, estudantes, jornalistas e
e) II e III, apenas.
trabalhadores, todos empunhando faixas contra a dita-
dura, além das duas grandes greves, em Contagem (MG)
RESPOSTA: alternativa A. Todas as afirmações estão
e Osasco (SP). Outro incidente foi a tentativa da reali-
corretas. Estes diversos elementos compõem a trajetó-
zação do Congresso da União Nacional dos Estudantes
ria da ascensão e estruturação da Era Vargas.
(UNE). A entidade estava na clandestinidade desde 1964
e, em outubro de 1968, resolveu reunir-se em Ibiúna (SP).
O Congresso, no entanto, foi cercado pelos milita-
A RUPTURA DO ESTADO DE DIREITO E A DERROTA res e centenas de estudantes foram presos, incluindo as
DA DEMOCRACIA NO BRASIL principais lideranças do movimento estudantil, com o
objetivo de desarticulá-lo. Em 13 de dezembro de 1968,
A primeira tarefa do alto escalão militar foi escolher o governo fechou o Congresso Nacional e outras casas
o presidente do País. O instrumento legal para isso foi o legislativas e promulgou o AI-5. Foram nomeados inter-
Ato Institucional no 1 (AI-1), que estabelecia eleições in- ventores – governadores e prefeitos – escolhidos direta-
diretas para o Executivo, atribuindo ao Congresso a fun- mente pelo governo militar.
ção de Colégio Eleitoral para escolher o novo presidente, O AI-5 suspendeu o habeas corpus – que é o direito
e previa a suspensão e a cassação de alguns mandatos de ir e vir sem ser preso –, decretou estado de sítio e
de políticos no âmbito federal, estadual e municipal, por instituiu a censura prévia a jornais e programas de rá-
até dez anos. dio e televisão. Nesse período, professores universitários
Os parlamentares que não tiveram os seus direitos e funcionários públicos foram demitidos e aposentados
suspensos ou cassados referendaram a escolha do nome compulsoriamente.
A partir da promulgação desse ato, um forte apare-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
157
A relação do governo com os trabalhadores Assim, favoreceu-se a entrada de multinacionais es-
tadunidenses, alemãs e japonesas. Até os setores consi-
Os órgãos repressores aumentaram a fiscalização derados estratégicos (indústrias de base e agronegócio)
sobre os sindicatos. Centenas deles foram fechados. No passaram a sofrer a influência e a ingerência de institui-
campo ou na cidade, a nova organização sindical, obe- ções estrangeiras. O governo do general Emílio Garras-
diente ao governo, tinha a função de evitar greves e des- tazu Médici, que substituiu Costa e Silva em 1969, foi
mobilizar qualquer auto-organização dos trabalhadores. responsável tanto pelo chamado “milagre econômico”
O governo fez importantes mudanças para favorecer como pela intensificação da tortura e do desaparecimen-
os interesses dos capitalistas, mas, ao mesmo tempo, to de opositores ao regime.
anunciava que as medidas buscavam ampliar os direitos O milagre econômico recebeu esse nome porque a
dos trabalhadores, como a criação do Fundo de Garantia economia cresceu muito entre 1969 e 1973. Foi também
do Tempo de Serviço (FGTS), em 1966 – que aumentou nesse período que o emprego foi favorecido com o in-
a responsabilidade dos empregadores no pagamento de vestimento em obras de infraestrutura, fundamentais
indenizações trabalhistas em relação às demissões sem para alavancar o crescimento industrial e do agronegó-
justa causa, porém, em contrapartida, eliminou a estabi- cio.
lidade no emprego, incentivando a rotatividade da mão O desenvolvimento de diversos setores da economia
de obra. brasileira, porém, não levaram a uma melhoria das con-
Até 1968, embora a vigilância e a repressão sobre os dições de vida dos trabalhadores. Além disso, o baixo
trabalhadores continuassem, principalmente dentro das crescimento do mercado interno, resultado de uma po-
fábricas, elas não impediram a realização de algumas lítica de desenvolvimento que concentrava a renda, pro-
greves, como as já citadas em Contagem e Osasco. Após porcionou, entre outras coisas, o aumento do preço dos
a promulgação do AI-5, a mobilização operária pratica- produtos e o arrocho salarial.
mente desapareceu. Coube ao governo seguinte, com o general Ernesto
A ditadura militar intensificou o tratamento policial Geisel na presidência, o papel de conter os efeitos da
que já era dado ao movimento operário e aos trabalha- crise internacional, que chegou ao Brasil em meados de
dores em geral. Investigações, prisões arbitrárias, tortura, 1974, causada por uma crise no preço do petróleo.
sequestros e assassinatos não foram raros, fossem contra Pressionado por setores do capital nacional, institui-
líderes ou contra o trabalhador comum. ções da sociedade civil e parte da classe média, Geisel
Os militares e a questão agrícola O regime militar tra- temia o agravamento da insatisfação dos trabalhadores,
tou de revogar uma das medidas mais polêmicas anun- em decorrência da crise econômica. Seu mandato foi
ciadas por Jango: a proposta de reforma agrária de terras marcado por uma abertura política, ainda que lenta, gra-
improdutivas. O Estatuto da Terra foi formulado no final dual e segura, conforme ele mesmo considerava. Entre-
de 1964 e afirmava que apenas os latifúndios comprova- tanto, pessoas ainda eram torturadas e mortas.
damente improdutivos poderiam ter suas terras redistri- Os avanços ficaram por conta da reorganização dos
buídas. movimentos sociais, que passaram a lutar pela libertação
Com isso, buscou-se frear a mobilização política da- e anistia de presos políticos e exilados. Houve movimen-
queles que defendiam a reforma agrária e todos os mo- tos de donas de casa contra a carestia, de mulheres que
vimentos de luta por terra e por melhores condições de se engajaram pela volta dos exilados, de religiosos, artis-
trabalho foram reprimidos com violência, por meio de tas de televisão e cantores ou simplesmente de pessoas
perseguição, tortura e morte de seus militantes. comuns que agora passavam a lutar por democracia.
Durante todo o período militar, houve incentivo e As mobilizações ressurgiram com mais força quando
financiamento de políticas de colonização agrária, com os sindicatos conseguiram se organizar novamente em
deslocamentos de famílias e até de populações para as 1978. A crise econômica, acirrada pela falência do mi-
chamadas fronteiras agrícolas. Nelas, visava-se a produ- lagre econômico, favoreceu a organização sindical. Os
ção baseada na grande propriedade de terra e voltada, efeitos da crise – a recessão, o aumento dos preços e o
sobretudo, ao mercado externo. Por isso, a concentração do desemprego – atingiram em cheio as famílias mais
fundiária se elevou significativamente no período. pobres, os operários e a classe média. Marcantes foram
Em diversas partes do Brasil, o agronegócio era favo- as greves operárias do ABC paulista, iniciadas em 1978 e
recido diretamente pelo governo, por meio de uma série lideradas pelo metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Um
de incentivos fiscais e de crédito facilitado. Vastos ter- dos capítulos mais importantes que marcaram o fim da
ritórios antes destinados à produção de alimentos para ditadura no Brasil foi a Lei da Anistia, aprovada pelo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o mercado interno foram ocupados por programas de Congresso e sancionada, em 1979, pelo general João
expansão agropecuária para exportação. Figueiredo, último presidente militar. Com ela, vários
presos e exilados políticos foram perdoados. A princi-
As contradições do regime: do milagre econômico pal característica da lei foi o seu caráter amplo, geral e
à abertura política irrestrito, ou seja, foram anistiados todos aqueles que
cometeram crimes políticos, incluindo os repressores e
Retomar o crescimento econômico fazia parte do pla- torturadores do regime, entre os anos de 1961 e 1979.
nejamento estratégico dos militares. A finalidade da nova Diretas Já!
política econômica era dar continuidade à integração ao Em 1983, o deputado Dante de Oliveira apresentou
capitalismo mundial. Para isso, era necessário atrair o ca- uma emenda constitucional, propondo a realização de
pital estrangeiro para o País. eleições diretas para presidente. Para pressionar a apro-
158
vação da emenda, o movimento das Diretas Já! mobi- decisão internacionais, como a Organização Mundial do
lizou diferentes setores da sociedade civil e conseguiu Comércio (OMC). Cada vez mais, vêm sendo definidos
reunir milhões de pessoas em todo o País. blocos econômicos regionais que estão se transforman-
Apesar de tudo, a emenda não conseguiu o número do em áreas de livre comércio, como a União Europeia,
de votos necessários no Congresso para ser aprovada. O o Mercosul e o Acordo de Livre Comércio da América do
presidente seguinte, Tancredo Neves, era civil, mas não Norte (Nafta, na abreviação em inglês), que reúne Cana-
foi eleito pelo voto popular. Tancredo morreu antes de dá, EUA e México.
tomar posse, e a presidência passou para o seu vice, José No Brasil, em 1985, com a eleição de Tancredo Neves,
Sarney. que morreu antes de assumir a presidência da república,
Acabava, assim, a ditadura militar no Brasil. inaugurou-se o período denominado Nova República. O
governo de José Sarney, do Partido do Movimento De-
mocrático Brasileiro (PMDB), reunia políticos que apoia-
ram o governo ditatorial.
Uma das tarefas colocadas ao Congresso Nacional
era a instalação de uma Assembleia Constituinte, forma-
da por deputados e senadores eleitos em 1986, que ela-
boraria a nova Constituição do País.
O grande desafio de Sarney era o controle da inflação,
que continuou crescendo ao longo de 1985, fechando o
ano em 235,1%. A situação insustentável fez o governo
lançar ainda em fevereiro desse ano o Plano Cruzado.
Foi criada uma nova moeda, o cruzado, que substi-
tuiria o cruzeiro. Além disso, foi estabelecido um conge-
lamento de preços, e os salários só seriam reajustados
cada vez que a inflação atingisse 20% (cf. BELLUZZO, Luiz
G.; ALMEIDA, Júlio G. de.
Depois da queda. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2002, p. 142). Inicialmente, a população aprovou a medi-
da, uma vez que se viu beneficiada pelo congelamento de
preços. Entretanto, muitos produtos começaram a sumir
das prateleiras, pois as empresas alegavam que teriam
A RETOMADA DA DEMOCRACIA NO BRASIL
prejuízo se os vendessem pelos preços estabelecidos.
Novos desafios econômicos e políticos Em fins de 1986, o governo federal lançou o Plano
Cruzado II, mas não teve sucesso em conter a inflação,
Com a queda da URSS e o fim da Guerra Fria, teve que chegou a 1.782,9% em 1989. Os preços sofriam rea-
início, na década de 1990, um grande avanço do que se justes praticamente diários, e o valor do dinheiro só po-
denominou de globalização, e que dura até hoje. Esse deria ser protegido por aqueles que realizavam aplica-
processo pode ser considerado parte do próprio desen- ções bancárias que ofereciam reajustes diários.
volvimento do capitalismo.
Ocorreu, assim, uma potencialização da capacidade
de produzir e distribuir produtos em uma escala mundial.
Portanto, carros de uma mesma montadora podem, por
exemplo, ser montados em diferentes países e vendidos
em várias partes do mundo.
Mais que isso, um mesmo veículo pode ser montado
com peças produzidas em diferentes partes do planeta.
Para o capitalista, a decisão de produzir e distribuir em
um lugar ou outro passou a se relacionar com possíveis
vantagens que ele pudesse obter em fazê-lo nesse ou
naquele país.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
159
A Constituição de 1988 foi fruto de uma série de Em 1992, houve uma segunda tentativa com o Plano
negociações e disputas políticas entre setores diversos Collor II, que também não foi bem-sucedido (cf. BELLU-
da sociedade, incluindo movimentos sociais e partidos ZZO, Luiz G.; ALMEIDA, Júlio G. de. Depois da queda. Rio
de diferentes tendências. Por isso, ela teve como base de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 142). Além da
princípios que contemplavam tanto a influência do pen- crise econômica, no início daquele mesmo ano de 1992
samento liberal como a dos movimentos trabalhistas e surgiram denúncias de irregularidades no governo.
social-democratas. O presidente foi acusado de ter enriquecido de ma-
Entre as várias conquistas sociais que a Constituição neira ilícita, por meio de contratações sem licitação pú-
previu estão: a manutenção dos direitos trabalhistas con- blica e do beneficiamento de aliados com empréstimos
tidos na CLT; a possibilidade de terras serem desapropria- do Banco do Brasil em condições não permitidas.
das para fins de reforma agrária, mediante o pagamento As denúncias levaram à instalação de uma Comissão
de indenização aos seus proprietários; e a perspectiva de Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional.
saúde e educação públicas que fossem universais e de Nesse contexto, com o apoio de parte da imprensa e das
qualidade. emissoras de TV, a União Nacional dos Estudantes (UNE)
Entre os direitos civis, foram retomadas as liberdades passou a estimular a saída de jovens às ruas para pro-
de expressão e manifestação de ideias. Entre os direitos testar contra a corrupção e defender o impeachment de
políticos, a liberdade de escolher seu representante por Collor, ou seja, a sua remoção do cargo de presidente.
meio do voto e de participar direta e indiretamente do Os jovens que saíram às ruas, com os rostos pintados,
governo. ficaram conhecidos como “caras-pintadas”. Ainda nesse
Eleições diretas e a construção da democracia Em ano, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) apresen-
1989, houve a primeira eleição presidencial direta desde tou o pedido de impeachment de Collor. O Congresso
1960. Concorreram 22 candidatos à presidência. A elei- acatou a abertura do processo em setembro de 1992 e,
ção precisou ir para o segundo turno, disputado pelos em outubro, Collor foi afastado do cargo e substituído
dois candidatos mais votados: Fernando Collor de Mello, pelo vice- -presidente, Itamar Franco. O então presidente
do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), e Luiz Inácio Itamar Franco indicou o líder do Partido da Social De-
Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). mocracia Brasileira (PSDB), Fernando Henrique Cardoso,
Collor recebeu apoio de banqueiros, dos meios de para o Ministério da Fazenda.
comunicação e de grandes empresários que temiam a O ministro ficaria encarregado de articular um plano
de estabilização econômica. A inflação era considerada
vitória de um candidato de esquerda, acusado por eles
um grande mal para o País, na medida em que corroía o
de aderir ao comunismo. Nas eleições do segundo turno,
poder de compra dos salários e dificultava o crescimento
Collor venceu a corrida presidencial com uma pequena
econômico. Em fevereiro de 1994, foi anunciado o Plano
vantagem em relação a Lula.
Real, que previa o corte de despesas públicas e a criação
O governo de Collor começou com uma nova estraté-
de outra moeda, o real. Em julho de 1994, o real passou
gia de combate à inflação, o Plano Collor, que pretendia
a circular. O novo plano econômico trouxe maior abertu-
também reduzir o déficit público. Várias empresas esta-
ra comercial para o exterior, ampliando o acesso a bens
tais foram extintas e subsídios estatais foram cortados. importados.
Para diminuir o número de funcionários que ficariam Além disso, conseguiu fazer com que os preços pa-
desempregados, o governo promoveu programas de in- rassem de crescer no mercado interno; consequente-
centivo de demissões voluntárias e realocação de pes- mente, houve um período de maior estabilidade econô-
soas para outras estatais. A moeda voltou a ser o cruzeiro mica. Para os trabalhadores, ainda que a estabilização
e foi definido um novo congelamento de preços. Seguin- representasse a possibilidade de recuperação do poder
do uma política neoliberal, optou-se por diminuir a par- de compra, uma vez que a inflação não desvalorizaria o
ticipação do Estado na economia e abrir o País para o valor dos salários recebidos, na prática, o grande aumen-
mercado exterior, reduzindo os impostos de importação. to das importações resultou em crescimento do desem-
Em linhas gerais, houve mais demissões, aumento do prego. Ocorreu também um grande arrocho salarial no
desemprego e terceirização da mão de obra. No con- setor público e privado, com correções salariais sendo
texto da globalização, colocava-se o Brasil no rumo da realizadas abaixo da inflação.
economia mundial, abrindo sua economia e favorecendo Nesse contexto de implementação do Plano Real, em
o ingresso de grandes empresas mundiais no mercado abril de 1994, Fernando Henrique Cardoso (FHC) deixou
brasileiro. o Ministério da Fazenda para lançar-se candidato à pre-
O risco iminente era de aumentar o sucateamento da sidência. O candidato da oposição era, outra vez, Luiz
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
indústria nacional e o desemprego, uma vez que a aber- Inácio Lula da Silva. O sucesso do Plano Real fez com que
tura permitiria a entrada de muitos produtos importados FHC fosse eleito no primeiro turno das eleições.
que competiriam com preços mais baixos em relação aos O primeiro governo de FHC (1995-1998) foi marca-
nacionais. Uma das medidas mais polêmicas do Plano do pela continuidade de reformas que visavam garantir
Collor foi o que ficou conhecido como confisco da pou- a estabilidade econômica no País. Seguindo o modelo
pança. econômico neoliberal, defendeu a privatização de muitas
Todos os saques foram limitados a um valor máximo empresas estatais e o fim do monopólio do petróleo e
e o restante seria bloqueado e devolvido depois de 18 das telecomunicações. Em 1997, foi aprovado no Con-
meses da oficialização do confisco, o que não aconteceu. gresso o fim do monopólio sobre o refino do petróleo
O Plano Collor não obteve sucesso. Ao final de 1990, a e, em 1998, várias empresas de telecomunicações foram
inflação alta persistiu, totalizando 1.476,6% no ano. privatizadas.
160
Ocorreram também privatizações de empresas fede- mílias brasileiras, aproximadamente (cf. ROCHA, Sônia. O
rais e estaduais do setor elétrico. Em geral, essas priva- programa Bolsa Família: evolução e efeitos sobre a po-
tizações tiveram impacto negativo sobre o emprego. Em breza.). O programa acabou injetando recursos signifi-
1998, após intensa negociação com o Congresso para cativos na economia de regiões muito pobres, fazendo
que fosse aprovada a emenda constitucional que per- surgir novas oportunidades para a abertura de pequenos
mitisse a sua reeleição, FHC disputou nova eleição com negócios e empregos. Em 2006, houve novas eleições
Lula. presidenciais, nas quais Geraldo Alckmin, do PSDB, colo-
O presidente venceu novamente, ainda que a oposi- cou-se como principal candidato da oposição.
ção criticasse o grande arrocho salarial ocorrido naqueles No entanto, no segundo turno da eleição, Lula, candi-
anos, o excesso de privatizações e o crescente endivida- dato à reeleição, teve uma ampla vantagem de votos em
mento do Estado. No segundo governo de FHC (1999- relação a Alckmin.
2002), a dívida pública acumulou grande crescimento e A vitória eleitoral de Lula se deveu, em parte, ao su-
aumentou a disparidade de renda entre os mais ricos e cesso de seus programas sociais, os quais teriam ajudado
os mais pobres no País. milhões de pessoas a deixar a extrema pobreza e ascen-
O desemprego atingiu níveis elevados e crescentes der socialmente. O segundo mandato de Lula foi de alta
nesse período. Esses resultados provocaram críticas con- popularidade, dentro e fora do País, e grande adesão ao
tra as políticas neoliberais de abertura para o mercado, Bolsa Família.
sobretudo por resultarem em redução de emprego e Ao longo dos dois governos presididos por Lula,
concentração de renda no Brasil e em muitos outros paí- ocorreu a ascensão da chamada classe C, ou seja, além
ses. Nas eleições presidenciais de 2002, novamente Luiz de um grande contingente de pessoas ter deixado a mi-
Inácio Lula da Silva foi candidato, e José Serra, do PSDB, séria, dezenas de milhões de brasileiros passaram a ter
foi o presidenciável apoiado pelo governo. importante participação no mercado de consumo, impul-
Nesse contexto, o Plano Real já não era um grande sionando a economia durante o período de manutenção
trunfo do governo para vencer as eleições, e o Partido da estabilidade econômica e controle da inflação.
dos Trabalhadores havia estabelecido um arco de alian- Nesses anos, entre 2002 e 2010, houve grande redu-
ças mais amplo para conseguir chegar pela primeira vez
ção do desemprego, que atingiu a menor taxa do perío-
ao poder.
do em 2010.
Nas eleições presidenciais de 2010, a ministra da Casa
Civil do governo Lula, Dilma Rousseff, foi escolhida como
candidata do PT à presidência. Mais uma vez, o candida-
to do PSDB, dessa vez José Serra, surgiu como principal
opositor, embora Marina Silva, candidata do Partido Ver-
de (PV), também tenha obtido uma votação expressiva.
No segundo turno, Dilma Rousseff foi vitoriosa. Em
sua campanha eleitoral, Dilma defendeu a continuidade
dos programas sociais do governo Lula e o investimento
no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lança-
do ainda no segundo governo Lula.
Esse programa tem como foco obras de infraestrutu-
ra, como estradas, energia elétrica e ferrovias, além de in-
vestimentos em moradias, com o programa Minha Casa,
Minha Vida.
161
de uma nova Constituição, defensora dos valores demo- Organização dos Poderes - define a organização e
cráticos. Anseio este que se tornou necessidade após o atribuições de cada poder (Poder Executivo, Poder Le-
fim da ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a gislativo e
partir de 1985. Poder Judiciário), bem como de seus agentes envol-
vidos. Também define os processos legislativos (inclusive
Ideologias Manifestas na CF/88 para emendar a Constituição).
Defesa do Estado e das Instituições - trata do Esta-
Independentemente das controvérsias de cunho po- do de Defesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e das
lítico, a Constituição Federal de 1988 assegurou diversas Polícias.
garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior Tributação e Orçamento - define limitações ao poder
efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a par- de tributar do Estado, organiza o sistema tributário e es-
ticipação do Poder Judiciário sempre que houver lesão miúça os tipos de tributos e a quem cabe cobrá-los. Trata
ou ameaça de lesão a direitos. ainda da repartição das receitas e de normas para a ela-
Para demonstrar a mudança que estava havendo no boração do orçamento público.
sistema governamental brasileiro, que saíra de um re- Ordem Econômica e Financeira - regula a atividade
gime autoritário recentemente, a Carta Magna de 1988 econômica e também eventuais intervenções do Estado
qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações na economia. Discorre ainda sobre as normas de política
armadas contra o estado democrático e a ordem consti- urbana, política agrícola e política fundiária.
tucional, criando assim dispositivos constitucionais para Ordem Social - trata da Seguridade Social (incluindo
bloquear golpes de quaisquer natureza. Previdência Social), Saúde, Assistência Social, Educação,
Com a nova constituição, o direito maior de um ci- Cultura, Desporto, Meios de Comunicação Social, Ciência
dadão que vive em uma democracia foi conquistado: foi e Tecnologia, Meio Ambiente, Família, além de dar aten-
determinada a eleição direta para os cargos de Presiden- ção especial aos seguintes segmentos: crianças, jovens,
te da República, Governador de Estado (e do Distrito Fe- idosos e populações indígenas.
deral), Prefeito, Disposições Gerais - artigos esparsos versando sobre
Deputado (Federal, Estadual e Distrital), Senador e temáticas variadas e que não foram inseridas em outros
Vereador. A nova Constituição também previu uma maior títulos em geral por tratarem de assuntos muito especí-
responsabilidade fiscal. Ela ainda ampliou os poderes do ficos.
Disposições Transitórias - faz a transição entre a
Congresso Nacional, tornando o Brasil um país mais de-
Constituição anterior e a nova. Também estão incluídos
mocrático.
dispositivos de duração determinada.
Pela primeira vez uma Constituição brasileira define a
Características
função social da propriedade privada urbana, prevendo
Rigidez - a Constituição exige um processo legislativo
a existência de instrumentos urbanísticos que, interferin-
mais elaborado, consensual e solene para a elaboração
do no direito de propriedade (que a partir de agora não
de emendas constitucionais de que o processo comum
mais seria considerado inviolável), teriam por objetivo
exigido para todas as demais espécies normativas.
romper com a lógica da especulação imobiliária. A de-
finição e regulamentação de tais instrumentos, porém, Pontos em Destaque e Emendas Constitucionais
deu-se apenas com a promulgação do Estatuto da Cida- O artigo 60 da constituição estabelece as regras que
de em 2001. regem o processo de criação e aprovação de emendas
Estrutura constitucionais. Uma emenda pode ser proposta pelo
A Constituição de 1988 está dividida em 10 títulos (o Congresso Federal (um terço da Câmara dos Deputados
preâmbulo não conta como título). As temáticas de cada ou do Senado Federal), pelo Presidente da República ou
título são: pela maioria das assembleias dos governos estaduais.
Preâmbulo - introduz o texto constitucional. De acor- Uma emenda é aprovada somente se uma maioria ab-
do com a doutrina majoritária, o preâmbulo não possui soluta (três quintos) da Câmara dos Deputados e Senado
força de Federal aprovarem a proposta.
lei.
Princípios Fundamentais - anuncia sob quais princí- As emendas constitucionais devem ser elaboradas
pios será dirigida a República Federativa do Brasil. respeitando certas limitações. Há limitações materiais
Direitos e Garantias Individuais - elenca uma série de (conhecidas como cláusulas pétreas, art. 60, §4º), limi-
direitos e garantias individuais, coletivos, sociais, de na-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
162
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Política Urbana e Transferências de Recursos
A emenda constitucional de revisão, conforme o art
3º da ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transi- Entre outros elementos inovadores, esta Constituição
tórias), além de possuir implicitamente as mesmas limi- destaca-se das demais na medida em que pela primei-
tações materiais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos ra vez estabelece um capítulo sobre política urbana, ex-
legitimados que o procedimento comum de emenda presso nos artigos 182 e 183. Até então, nenhuma outra
constitucional, também possuía limitação temporal - Constituição definia o município como ente federativo:
apenas uma revisão constitucional foi prevista, 5 anos a partir desta, o município passava efetivamente a cons-
após a promulgação, sendo realizada em 1993. No en- tituir uma das esferas de poder e a ela era dada uma
tanto, ao contrário das emendas comuns, ela tinha um autonomia e atribuições inéditas até então.
procedimento de deliberação parlamentar mais simples Com isso Constituição de 1988 favoreceu os Estados e
para reformar o texto constitucional pela maioria absolu- Municípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos,
ta dos parlamentares, em sessão unicameral e promulga- porém sem a correspondente transferência de encargos
ção dada pela Mesa do Congresso Nacional. A Constitui- e responsabilidades. O Governo Federal continuou com
ção brasileira já sofreu 62 reformas em seu texto original, os mesmos custos e com fonte de receita bastante dimi-
sendo 56 emendas constitucionais sendo a última feita nuídas. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto
no dia 20 de dezembro de 2007, e 6 emendas constitu- sobre produtos industrializados (IPI) - os principais da
cionais de revisão. A única revisão constitucional geral União - foi automaticamente distribuída aos Estados e
prevista pela Lei Fundamental brasileira aconteceu em 5 Municípios.
de Outubro de 1993. Além disso, cinco outros tributos foram transferidos
para a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de
Remédios Constitucionais Mercadorias e Serviços (ICMS). Ao mesmo tempo, os
constituintes ampliaram as funções do Governo Federal.
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves no
ações e garantias, os denominados “Remédios Constitu- campo fiscal, que têm repercutindo nos recursos para
cionais”. programas sociais ao induzir a União a buscar receitas
Por Remédios Constitucionais entende-se as garan- não partilháveis com os Estados e Municípios, contri-
tias constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para buindo para o agravamento da ineficiência e da iniqui-
tornar efetivo o exercício dos direitos constitucionais. lidade do sistema tributário e do predomínio de impos-
Os Remédios Constitucionais previstos no art. 5º da tos indiretos e contribuições. Consequentemente houve
CF/88 são: uma crescente carga sobre tributos tais como o imposto
sobre operações financeiras (IOF), contribuição de fim
- Habeas Data - sua finalidade é garantir ao particular social (FINSOCIAL), contribuição social sobre o lucro lí-
o acesso informações que dizem ao seu respeito quido (CSLL), entre outros.
constantes do registro de banco de dados de en-
tidades governamentais ou de caráter público ou
correção destes dados, quando o particular não
HISTÓRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
preferir fazer por processo sigiloso, administrativo
ou judicial (art. 5º, LXXII, da CF).
- Ação Popular - objetiva anular ato lesivo ao patri-
mônio público e punir seus responsáveis art. 5º, O Estado do Espírito Santo está localizado na região
LXXIII, da CF e Lei n.º 4.171/65). Sudeste do Brasil. A capital é Vitória e a sigla ES. Quem
- Habeas Corpus - instrumento tradicionalíssimo de nasce no Espírito Santo é chamado de capixaba.
garantia de direito, assegura a reparação ou pre- A população capixaba é de aproximadamente 3,5 mi-
venção do direito de ir e vir, constrangido por ile- lhões de habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
galidade ou por abuso de poder (art. 5º, LXVIII, da de Geografia e Estatística). O Espírito Santo tem 78 mu-
CF). nicípios que compartilham um território de 46.096.925
- Mandado de Segurança - usado de modo individual quilômetros quadrados.
(art. 5º, LXIX, da CF). Tem por fim proteger direito As cidades mais importantes são: a capital Vitória, Vila
líquido e certo, não amparado por habeas corpus Velha, Cariacica, Serra e Cachoeira do Itapemirim.
ou habeas data.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
163
Nesse período foram criados engenhos de açúcar que se diferencia de outro por seus acontecimentos e
possibilitaram a instalação dos primeiros povoados. A re- características marcantes. Mensurar esse tempo é utilizar
gião cresceu, mas a economia, baseada na agricultura e o tempo histórico.
comércio, enfraqueceu e a Coroa retomou a administra-
ção.
Foi em 1810, que o Espírito Santo adquiriu autono- FIQUE ATENTO!
mia. Em 1823, a região passou a atrair imigrantes ale- O Tempo Histórico É Bastante Usado Por His-
mães, suíços, açorianos e holandeses. toriadores Para Compreensão Da História.
Após o fim da escravidão, em 1888, imigrantes ita-
lianos também integraram as correntes migratórias que
tiveram o pico entre 1892 e 1896. Os italianos contribu- Construção dos conceitos de tempo.
íram para a retomada do crescimento das lavouras de
café. Em seus estudos Piaget trouxe importantes contribui-
O desempenho agrícola é que originou o nome capi- ções para o entendimento do processo de aquisição do
xaba, que na língua tupi significa terra boa para lavoura. tempo enquanto um conjunto de operações que permi-
tem coordenar os movimentos dotados de velocidade,
Economia tanto dos objetos externos quanto dos estados internos
aos sujeitos.
A economia do Espírito Santo é baseada, principal- Em seus trabalhos sobre a noção de tempo, Piaget
mente, na agricultura e indústria. Parte significativa do realizou estudos sobre a sucessão dos acontecimentos
rendimento também está na extração mineral das reser- percebidos e sobre a ideia de simultaneidade. O méto-
vas de petróleo, de gás natural e de calcário. do empregado nos dois estudos foi muito semelhante
Os produtos de maior destaque são o café, arroz, mi- e consistiu em dois carrinhos que se deslocavam de um
lho, feijão, abacaxi, cacau, mandioca e mamão. Na cria- ponto a outro no espaço. Os carrinhos podiam partir
ção de animais, destacam-se bois, suínos e aves. do mesmo ponto ou de pontos diferentes, ter a mes-
ma velocidade ou velocidades diferentes e ainda andar
Relevo durante o mesmo tempo, ou tempos diferentes. Piaget
perguntava às crianças: qual carrinho tinha andado mais
O território capixaba é dividido entre o litoral, planal- tempo, ou qual tinha maior velocidade, ou ainda qual ti-
to e a costa atlântica. Na região serrana está localizada a nha percorrido a maior distância. Ele descobriu que as
serra da Chibata e o Pico da Bandeira, com 2.890 metros crianças que se encontravam no período pré-operacio-
de altura. É o terceiro maior pico do País. nal não conseguiam coordenar as sucessões temporais
O clima do Espírito Santo é de influência tropical úmi- e espaciais e também não julgavam que os movimentos
do. A temperatura média anual é de 23º C. eram simultâneos. Em geral, confundiam os conceitos de
O rio mais importante é o Doce, cuja nascente está tempo, distância e velocidade, não distinguindo muito
em Minas Gerais e percorre 944 quilômetros ao longo bem um conceito do outro. Ao fazerem julgamentos so-
do Espírito Santo. Os demais rios que integram a bacia bre tempo, por exemplo, afirmavam que a duração era
sempre proporcional ao caminho percorrido.
capixaba são o São Mateus, Itaúna, Itapemirim, Jucu, Ita-
Dessa forma, concluiu que o conceito de tempo
bapoana e Mucurí.
somente é adquirido quando a criança já tem a noção
de velocidade sob uma forma operatória, isto é, como
REFERÊNCIA
uma relação entre o espaço percorrido e essa dimensão
https://www.todamateria.com.br/estado-do-espirito-
(tempo), comum às diferentes velocidades. Considerou
-santo/
ainda que os conceitos de tempo, distância e velocidade
são construtos, não estão presentes a priori na mente
da criança, mas requerem uma construção. Inicialmente
CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS DE TEMPO (estágio I), a criança pré-operacional julga somente le-
vando em consideração o ponto de parada. No estágio
II, a criança começa a considerar outros fatores, como o
ponto de partida. É o período em que inicia a descentra-
Basicamente, as diferenças entre tempo cronológico ção, mas ainda intuitivamente. Finalmente, no estágio III,
e tempo histórico estão na forma como o tempo é a criança obtém o pleno domínio desses conceitos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
entendido. Ambas as denominações são fundamentais Piaget trabalha com a hipótese da existência de um
para compreender a história e seus impactos no presente tempo operatório que pode ser quantitativo ou métrico e
e futuro da sociedade consiste em relações de sucessão e duração em que pre-
O tempo cronológico leva em questão as informações dominam as noções de duração e sucessão baseadas na
numéricas e datadas (dias, anos, meses ou séculos). percepção. Ele aponta conhecimentos que possibilitam
Ele apresenta os fatos de forma linear. Por exemplo, o a compreensão do educando na organização de proce-
Brasil foi descoberto quase 520 anos atrás. Essa é uma dimentos metodológicos para o trabalho com História
referência de tempo cronológico. nas séries iniciais onde a noção de tempo e espaço é
Enquanto isso, o tempo histórico se baseia nos construída, juntamente com a noção de espaço, uma vez
acontecimentos históricos, sem se prender às datas, que ambas noções são aspectos essenciais da lógica dos
especialmente. Um determinado período da história objetos e constituem um todo indissociável.
164
Segundo Piaget (1946) o tempo é a coordenação dos veis ao mesmo tempo: idade e ordem dos nascimentos,
movimentos: quer se trate dos deslocamentos físicos ou assim como, “não relaciona ideia de sucessão no tempo”,
movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos isto porque a ideia de tempo histórico é uma construção
internos que são as ações simplesmente esboçadas, an- causal e não meramente cronológica.
tecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo des- De acordo com Oliveira (2000), ao analisarmos as
fecho e objetivo final é também espacial e o espaço é um características de pensamento das crianças em relação
instantâneo tomado sobre o curso do tempo e o tempo é ao passado observamos que ela não interpreta a histó-
o espaço em movimento, os dois constituem o conjunto ria como uma série de acontecimentos sem nenhuma
das relações de implicação e ordem que caracterizam os ligação, procura estabelecer relações para que os acon-
objetos e os seus deslocamentos. tecimentos, fatos, sejam relacionados com um todo que
De acordo com Piaget, a compreensão da noção de ocorre simultaneamente e que há implicações em con-
tempo é essencial para a compreensão da História que junto.
supõe a noção de tempo, sob o duplo aspecto da avalia- O ensino de História tem mostrado uma exigência
ção da duração e da seriação dos acontecimentos (Dutra, cada vez maior neste sentido, pois as representações que
2003). os educandos fazem a respeito do mundo que a cerca,
Ao analisar a resposta das crianças, no que se refere à deve ser o ponto de partida para o trabalho, mas, para
noção de passado, afirma que mesmo frente a realidades isto é preciso ouvir as ideias dos educandos, não pre-
mais concretas ou mais conhecidas, o passado parece cisa concordar, a princípio apenas ouvir. Utilizando das
concebido em função do presente e não inverso, ou seja, palavras de Fermiano, alfabetizar o olhar a respeito das
as crianças veem o passado com os olhos do presente: imagens, as impressões, a oralidade, são novos pressu-
na verdade o passado é para a criança apenas um de- postos para o ensino de História que muito têm a ver
calque do presente, mas com uma espécie de aparência com a teoria piagetiana porque pressupõem a ação do
antiquada. indivíduo em interação com o meio como princípio da
Nesse sentido, o passado é um vasto reservatório em aprendizagem.
que se encontram reunidos todos os embriões das má-
REFERÊNCIA
quinas ou dos instrumentos contemporâneos. (Piaget,
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/arti-
apud Dutra, 2003). No que se referem à relatividade dos
gos/conteudo/piaget/24235
conhecimentos históricos as crianças vão deixando de
ter uma análise egocêntrica para desenvolver um pensa-
mento descentrado, admitindo a relatividade do conhe-
cimento histórico.
AR: IMPORTÂNCIA, COMPOSIÇÃO E
O estudo do conceito de tempo histórico, então, sig-
PROPRIEDADES. ÁGUA: IMPORTÂNCIA,
nifica um meio para atingir outros fins, uma vez que per-
mite a estruturação dos conteúdos de história, orientada
COMPOSIÇÃO, PROPRIEDADES, ESTADOS
por uma visão de totalidade. O processo de construção FÍSICOS E CICLO DA ÁGUA. SOLO:
do referido conceito contribui para a transformação do IMPORTÂNCIA, COMPOSIÇÃO E EROSÃO
sistema cognitivo, permitindo adquirir novos conheci-
mentos, organizar os dados de outra forma, transformar
inclusive os conhecimentos anteriores. Já sabe que os seres vivos de um mesmo grupo que
A estruturação dos conteúdos da história nas séries são capazes de se reproduzirem, produzindo descenden-
iniciais do ensino fundamental, segundo o conceito epis- tes férteis, pertencem a uma mesma espécie. Por exem-
têmico de tempo histórico, é fundamental para o pro- plo, temos espécies de cães, de gatos, de mangueiras, de
cesso de assimilação dos conhecimentos, possibilitando bois, etc.
definir estratégias de aprendizagem específicas para o Indivíduo ==> “unidade” na organização dos seres
desenvolvimento, em crianças, de uma orientação teórica vivos
na perspectiva da história. Temos quatro espécies diferentes: a do cão, a dos ga-
De acordo com Fermiano (2004), se utilizarmos a tos, a das borboletas e a do mamoeiro. Mas temos sete
teoria de Piaget para trabalharmos a construção dos indivíduos, ou sete organismos.
três níveis de tempo histórico: tempo de curta duração Você pode considerar o indivíduo como sendo uma
(acontecimento, fato histórico), tempo médio ou média “unidade” dentro de cada grupo de espécie. Sendo as-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
165
Se um gato é um indivíduo, muitos gatos são uma Nicho ecológico, modo de vida de uma espécie num
população de gatos. Então podemos dizer que popula- ecossistema
ção é o conjunto de indivíduos da mesma espécie que O conjunto de atividades ecológicas desempenhadas
vivem numa mesma região. por uma espécie no ecossistema recebe o nome de nicho
ecológico. Como se conhece o nicho ecológico de uma
Comunidade, conjunto de populações coexistindo espécie?
numa mesma região Para conhecer o nicho ecológico de determinada es-
Considere todas as populações que coexistem numa pécie, precisamos saber do que ela se alimenta, onde se
mesma região, como as populações de cabras, de rosei- abriga, como se reproduz, quais os seus inimigos natu-
ras, de coelhos e de formigas. Neste caso, temos uma rais, etc.
comunidade.
Numa comunidade, os seres vivos interagem, isto Vamos ver alguns exemplos: a cutia e a onça podem
é, estabelecem relações entre si. Diz-se que existe uma ser encontradas na mata Atlântica; possuem, então, o
interdependência entre os seres vivos. Se, por exemplo, mesmo hábitat. No entanto, os nichos ecológicos desses
os vegetais desaparecessem, toda a comunidade ficaria animais são diferentes.
ameaçada, pois os animais não encontrariam mais ali- A cutia é herbívora, alimentando-se de frutos, semen-
mentos e acabariam morrendo. tes e folhas; abriga-se em tocas ou em tocos de árvores e
Outro exemplo: O extermínio de cobras em uma de- serve de alimento para animais diversos, como a própria
terminada região pode favorecer um aumento excessivo onça. Já a onça é carnívora, alimenta-se de animais diver-
no número de ratos e outros roedores, que servem de sos, como cobras e macacos, e não vive em tocas.
alimento às cobras. O aumento exagerado das popula- Como se vê, cutias e onças têm modos de vida dife-
ções de ratos e outros roedores pode provocar na região rentes, isto é, desempenham diferentes atividades den-
uma grande redução na população de gramíneas e vege- tro de um mesmo ecossistema. Logo, o nicho ecológico
tais herbáceos, que servem de alimento a esses animais. da cutia é diferente do nicho ecológico da onça. Logo, o
Sem a cobertura vegetal, o solo fica exposto à erosão pe- nicho ecológico da cutia é diferente do nicho ecológico
las águas das chuvas e tende a ficar estéril, dificultando o da onça.
desenvolvimento de plantas nessa área.
Da mesma forma, se os microrganismos decomposi- A competição em um ecossistema
tores presentes no solo desaparecessem, não haveria a Num mesmo ecossistema, quando duas espécies de
decomposição dos cadáveres dos animais e dos restos seres vivos têm nichos ecológicos semelhantes, haverá
vegetais. Sendo assim, não haveria também a formação competição entre elas.
do humo que fertiliza o solo e fornece sais minerais aos A competição ocorre quando indivíduos de uma mes-
vegetais. ma espécie ou de espécies diferentes disputam alguma
coisa num mesmo ambiente, como alimentos.
Ecossistema = comunidade + meio ambiente Na natureza, quando a competição se torna muito
Você já tem três níveis de organização dos seres vi- grande entre seres de espécies diferentes, a espécie me-
vos: nos adaptada migra para outras regiões ou muda seus
Primeiro nível: os indivíduos; hábitos alimentares, podendo até ser extinta da região
Segundo nível: as populações; em que vivia.
Terceiro nível: as comunidades. Além do alimento, os seres vivos podem competir por
Os seres vivos de uma comunidade são os compo- outros fatores do ambiente, como um abrigo para morar,
nentes bióticos de um ecossistema; fatores físico-quími- água ou uma sombra para se protegerem do calor do sol.
cos do ambiente (luz, água, calor, gás oxigênio, etc.) são A competição é um tipo de relação ecológica. Ela
os componentes abióticos de um ecossistema. funciona como mecanismo de seleção natural, pois os
Assim, um lago, um rio, um campo ou uma floresta indivíduos que conseguem vencer a competição podem
são exemplos de ecossistemas. Neles, encontramos seres provocar o desaparecimento da outra espécie ou a sua
vivos diversos (componentes bióticos) que se relacionam mudança de hábitat. Se os nichos ecológicos de duas es-
entre si e com os vários fatores ambientais, como a luz, a pécies diferentes forem também diferentes, não haverá
água, etc. (componentes abióticos). competição entre elas.
Biosfera, o conjunto de todos os ecossistemas do pla-
Habitat, “endereço” de uma espécie num ecossistema neta
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na natureza, as espécies são encontradas em lugares O conjunto de todos os ecossistemas da Terra forma
determinados. É como se fosse um endereço. Por exem- a biosfera. A biosfera é a parte da Terra onde existe vida.
plo: a onça e o gambá vivem na floresta e não no deserto; É uma fina camada abaixo e acima do mar, onde os seres
o camelo e o rato-canguru vivem no deserto e não em vivos encontram condições favoráveis à sua sobrevivên-
uma floresta; o Curimatá vive no rio e não no mar; a sar- cia.
dinha vive no mar e não no rio.
Esses exemplos mostram que cada espécie está adap- Ar Atmosférico
tada para viver em um determinado ambiente: floresta,
deserto, água doce, água salgada, etc. Esse lugar, onde a O ar atmosférico que envolve a Terra é uma mistura
espécie vive, recebe o nome de habitat. de gases, vapor de água e partículas suspensas (poeira,
fuligem, produtos químicos, entre outros). Os elemen-
166
tos que compõem o ar são essencialmente o nitrogênio ECOLOGIA
(78%) e o oxigênio (21%) e em pequena quantidade ar-
gônio (0.94%), gás carbônico (0,03%), neônio (0,0015%), A ecologia abrange desde áreas como processos glo-
entre outros. bais, estudos de habitats marinhos e terrestres (Meio) a
interações interespecíficas como predação e polinização.
Propriedades Físicas do Ar A Ecologia é a ciência que estuda as interações entre os
O ar tem algumas características que nos ajuda a per- organismos e seu ambiente, ou seja, é o estudo científico
ceber sua existência, já que não o vemos ou sequer po- da distribuição e abundância dos seres vivos e das inte-
demos tocá-lo. São suas propriedades físicas: rações que determinam a sua distribuição. As interações
podem ser entre seres vivos e/ou com o meio ambien-
Matéria e Massa te. A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que
Como todas as coisas que conhecemos, o ar é com-
significa casa, e “logos”, estudo. Logo, por extensão seria
posto de matéria, afinal é formado por diversos gases,
o estudo da casa, ou, de forma mais genérica, do lugar
que por sua vez são formados por átomos. Então, o ar
tem massa e ocupa espaço. Exemplo: Ao soprarmos um onde se vive.
balão de aniversário ele fica cheio de ar e ocupa mais O cientista alemão Ernst Haeckel usou pela primeira
espaço. vez este termo em 1869 para designar o estudo das re-
lações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem.
Pressão A Ecologia pode ser dividida em Autoecologia, De-
O ar atmosférico exerce pressão sobre a superfície moecologia e Sinecologia. Entretanto, diversos ramos
terrestre, é a chamada pressão atmosférica. Quanto mais tem surgido utilizando diversas áreas do conhecimento:
próximo da superfície maior é a pressão (o ar tem mais Biologia da Conservação, Ecologia da Restauração, Eco-
massa e pesa mais) e à medida que aumenta a altitude logia Numérica, Ecologia Quantitativa, Ecologia Teórica,
diminui a pressão, pois tem menos ar acima e ele fica Macroecologia, Ecofisiologia, Agroecologia, Ecologia da
mais leve. Paisagem. Ainda pode-se dividir a Ecologia em Ecologia
Vegetal e Animal e ainda em Ecologia Terrestre e Aquá-
Densidade tica.
O ar tem peso graças à gravidade, a força que atrai O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo es-
todas as coisas para o centro da Terra, por isso a con- paço necessário à sua sobrevivência e reprodução, mas
centração dos gases é maior próximo ao nível do mar, também às suas funções vitais, incluindo o seu compor-
consequentemente mais denso. Então o ar que respira-
tamento, através do metabolismo. Por essa razão, o meio
mos é mais denso do que o ar das montanhas, porque
em altitudes maiores a densidade do ar diminui e ele se ambiente e a sua qualidade determinam o número de
torna rarefeito. indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo
habitat. Por outro lado, os seres vivos também alteram
Resistência permanentemente o meio ambiente em que vivem. O
O ar se contrapõe ao movimento porque ele tem re- exemplo mais dramático de alteração do meio ambiente
sistência. Quanto mais rápido for o deslocamento (maior por organismos é a construção dos recifes de coral por
a velocidade) maior será a resistência. Exemplo: quanto minúsculos invertebrados, os pólipos coralinos.
mais depressa andamos de bicicleta, maior será a resis- As relações entre os diversos seres vivos existentes
tência do ar. Por esse motivo que carros, aviões, barcos num ecossistema também influencia na distribuição e
e outros tipos de veículos são projetados para diminuir a abundância deles próprios. Como exemplo, incluem-se a
resistência do ar, pois dessa maneira ele gastará menos competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros
energia (combustível) e sofrerá menor desgaste. para a reprodução, a predação de organismos por ou-
tros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam
Compressibilidade, Expansibilidade e Elasticidade para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o pa-
rasitismo e outras.
O ar pode sofrer compressão ou expansão e depois A maior compreensão dos conceitos ecológicos e da
retornar ao estado em que estava.
verificação das alterações de vários ecossistemas pelo
homem levou ao conceito da Ecologia Humana que es-
• Quando é comprimido ele diminui o seu volume
(Compressibilidade). Exemplo: apertar o êmbolo tuda as relações entre o homem e a biosfera, principal-
da seringa até o fim, tapando o orifício. O ponto mente do ponto de vista da manutenção da sua saúde,
até onde vai o êmbolo mostra o quanto o ar foi não só física, mas também social. Com o passar do tem-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
167
A Ecologia tem uma complexa origem, em grande to em 425 ac.), que descreveu mutualismo no Rio Nilo,
parte devido a sua natureza multidisciplinar. Os antigos quando crocodilos abrem a boca permitindo escolopací-
filósofos da Grécia, incluindo Hipócrates e Aristóteles, deos remover sanguessugas.
foram os primeiros a registrar observações sobre his- Contribuições mais ampla para o desenvolvimento
tória natural. No entanto, os filósofos da Grécia Antiga histórico das ciências ecológicas, Aristóteles é conside-
consideravam a vida como um elemento estático, não rado um dos primeiros naturalistas que teve um papel
existindo a noção de adaptação. Tópicos mais familiares influente no desenvolvimento filosófico das ciências
do contexto moderno, incluindo cadeias alimentares, re- ecológicas. Um dos alunos de Aristóteles, Teofrasto, fez
gulação populacional e produtividade, não foram desen- observações ecológicas sobre plantas e postulava uma
volvidos antes de 1700. Os primeiros trabalhos foram do postura filosófica sobre as relações autônomas entre as
microscopista Antoni van Leeuwenhoek (1632–1723) e plantas e seu ambiente, que está mais na linha com o
do botânico Richard Bradley(1688-1732). O biogeógrafo pensamento ecológico moderno. Tanto Aristóteles e Teo-
Alexander von Humbolt (1769–1859) foi outro pioneiro frasto fizeram observações detalhadas sobre as migra-
do pensamento ecológico, um dos primeiros a reconhe- ções de plantas e animais, biogeografia, fisiologia e seus
cer gradientes ecológicos e fazer alusão às relações entre hábitos no que poderia ser considerado um análogo do
espécies e área. nicho ecológico moderno. Hipócrates, outro filósofo gre-
No início do século XX, a ecologia foi uma forma ana- go, também é creditado com referência a temas ecológi-
lítica de história natural. Seguindo a tradição de Aristó- cos em seus primeiros desenvolvimentos.
teles, a natureza descritiva da história natural examina a De Aristóteles a Darwin o mundo natural foi predomi-
interação dos organismos com o seu meio ambiente e nantemente considerado estático e sem mudanças desde
suas comunidades. Historiadores naturais, incluindo Ja- criação original. Antes do livro The Origin of Species teve
mes Hutton e Jean-Baptiste Lamarck, contribuíram com pouca valorização ou entendimento das dinâmicas rela-
obras significativas que lançaram as bases das modernas ções entre os organismos e suas adaptações e modifi-
ciências ecológicas. O termo “ecologia” é de origem mais cações relacionadas ao meio ambiente. Enquanto Char-
recente e foi escrito pelo biólogo alemão Ernst Haec- les Darwin é o mais conhecido por seus trabalhos em
kel no seu livro Generelle Morphologie der Organismen evolução, ele é também um dos fundadores de ecologia
(1866). Haeckel foi um zoólogo, artista, escritor e profes- de solo. Em The Origin of Species Darwin faz nota a o
sor de anatomia comparada. primeiro experimento ecológico publicado em 1816. Na
Por ecologia entendemos o corpo de conhecimen- ciência que antecederam a Darwin a noção de evolução
tos sobre a economia da natureza, da investigação das das espécies foi ganhando apoio popular. Este paradig-
relações totais dos animais com o ambiente inorgânico ma científico mudou a maneira que os pesquisadores se
e orgânico; incluindo, sobretudo, suas relações amigá- aproximaram das ciências ecológicas.
veis e hostis com aqueles animais e plantas com as quais
entram diretamente ou indiretamente em contato – em Após o século 20
uma palavra, ecologia é o estudo de todas as complexas Alguns sugerem que o primeiro texto ecológico
inter-relações referidas por Darwin como as condições (Natural History of Selborne) for publicado em 1789,
da luta pela existência. por Gilbert White (1720–1793). O primeiro livro ecoló-
As opiniões divergem sobre quem foi o fundador da gico da América foi publicado em 1905 por Frederic
teoria ecológica moderna. Alguns marcam a definição Clements. No livro, Clements passa a ideia que as co-
de Haeckel como o início, outros atribuem a Eugenius munidades de plantas são como superorganismos. Essa
Warming com a escrita de Oecology of Plants: An In- publicação lança o debate entre o holismo ecológico e
troduction to the Study of Plant Communities (1895). A individualismo que durou até a década de 1970. O con-
ecologia pode também ter começado com Carl Linnaeus, ceito de Clements para superorganismo propõem quem
principal pesquisador da economia da natureza no início os ecossistemas progridem por um regulado e determi-
do século XVIII. Ele fundou um ramo de estudo ecológico nado estágio de desenvolvimento, análogo ao estágios
que chamou de economia da natureza. Os trabalhos de de desenvolvimento de um organismo, cujas partes fun-
Linnaeus influenciaram Darwin no The Origin of Species ção para manter a integridade do todo. O paradigma de
onde adota a frase de Linnaues economia ou política da Clements foi desafiado por Henry Gleason. De acordo
natureza. Linnaeus foi o primeiro a enquadrar o equilí- com Gleason, comunidades ecológicas se desenvolvem
brio da natureza, como uma hipótese testável. Haeckel, a partir da associação única de organismos individuais.
que admirava o trabalho de Darwin, definiu ecologia Essa mudança de percepção colocado o foco para as his-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
com base na economia da natureza, o que levou alguns tórias de vida de organismos individuais e como isso se
a questionar se a ecologia é sinônimo dos conceitos de relaciona com o desenvolvimento de comunidades.
Linnaues para a economia da natureza. A teoria de superorganismo de Clements não foi
A síntese moderna da ecologia é uma ciência jovem, completamente rejeitada, mas alguns sugerem que ela
que substancial atenção formal no final do século 19 e foi uma aplicação além do limite do holismo. Holismo
tornando se ainda mais popular durante os movimento continua a ser uma parte crítica da fundamentação teó-
ambientais da década de 1960, embora muitas observa- rica contemporânea em estudos ecológicos. Holismo foi
ções, interpretações e descobertas relacionadas a ecolo- primeiro introduzido em 1926 por uma polarizada figura
gia estendem-se desde o inicio dos estudos da história histórica, um general da África do Sul chamado Jan Chris-
natural. Por exemplo, o conceito de balanço ou regulação tian Smuts. Smuts foi inspirado pela teoria de superorga-
o da natureza pode ser rastreado até Herodotos (mor- nismo de Clement’s e desenvolveu e publicou o conceito
168
de holismo, que contrasta com a visão politica do seu pai Para estruturar o estudo da ecologia em um quadro
sobre o Apartheid. Quase ao mesmo tempo, Charles El- de entendimento o mundo biológico é concetualmente
ton pioneiro no conceito de cadeiras alimentares no livro organizado em uma estrutura hierárquica, variando de
“Animal Ecology”. Elton definiu relações ecológicas usan- uma escala de genes, para células, tecidos, órgãos, or-
do conceitos de cadeiras alimentares, ciclos de alimentos, ganismos, espécies, até o nível de biosfera. Ecossistemas
o tamanho de alimentos, e descreveu as relações numéri- são primeiramente pesquisados em seus principais níveis
cas entre os diferentes grupos funcionais e suas relativas de organização, incluindo:
abundâncias. ‘ciclos alimentares’ foram substituídos por
‘teias tróficas `em posteriores textos ecológicos um texto (1) organismos,
posterior ecológica. (2) populações e
Ecologia desenvolveu-se em muitas nações, incluindo (3) comunidades.
na Rússia com Vladimir Vernadsky que fundou o con-
ceito de biosfera na década de 1920 ou Japão com Kinji Ecólogos estudam ecossistemas por amostragem de
Imanishi e seu conceito de harmonia na natureza e se- certo número de indivíduos que representam uma po-
gregação de habitat na década de 1950. O reconheci- pulação. Os ecossistemas consistem nas comunidades
mento científico ou a importância das contribuições para que entre elas e com o meio ambiente. E em ecologia,
a ecologia de outras culturas é dificultada por barreiras
comunidades são criadas por interação de populações
linguísticas e de tradução.
de diferentes espécies de uma área.
Níveis de organização, âmbito e escala da orga-
nização Biodiversidade
Regeneração do ecossistema depois de perturbação
como fogo, formando estrutura de mosaicos de diferen- Biodiversidade é um atributo de um local ou área
tes idades na paisagem. Na figura estão diferentes está- que consiste na variedade dentro e entre comunidades
gios de ecossistemas florestais, iniciando de colonização bióticas, influenciadas ou não por seres humanos, em
pioneira em um local perturbado e maturando nos está- qualquer escala espacial de microhabitats a manchas de
gios sucessionais levando para uma floresta madura. habitats, para toda a biosfera.
Como ecologia lida sempre com ecossistemas em Biodiversidade é simplesmente a forma resumida
mudança, por isso, tempo e espaço devem ser levados para a diversidade biológica. Biodiversidade descreve to-
em conta quando são descritos fenômenos ecológi- das as variantes da vida de genes a ecossistemas, e é uma
cos. No que diz respeito ao tempo, pode levar milha- área complexa que abrange todos os níveis biológicos de
res de anos para um processo ecológico amadurecer. O organização. Há muitas índices, maneiras para medir e
tempo de vida de uma arvore, por exemplo, pode passar representar a biodiversidade. Biodiversidade inclui diver-
através de diferentes estágios sucessionais até atingir a sidade de espécies, diversidade de ecossistemas, diversi-
maturidade de uma floresta. O processo ecológico ainda dade genética e os complexos processos que operam em
é estendido mais ao longo do tempo até a arvore cair e entre esses diversos níveis. Biodiversidade executa um
e decompor. Ecossistemas são também classificados em importante papel na saúde ecológica, quanto na saúde
diferentes escalas espaciais. A área de um ecossistema dos humanos. Prevenindo ou priorizando a extinção das
pode variar muito, de muito pequeno a muito vasto. Por espécies é uma maneira de preservar a biodiversidade,
exemplo, várias gerações de um pulgão e seus preda- nas populações, a diversidade genética entre elas e os
dores podem existir sobre uma única folha, e dentro de processos ecológicos, como migração, que estão sendo
cada um destes pulgões podem existir diversas comuni- ameaçados em escala global e desaparecendo rapida-
dades de bactérias. A escalada do estudo deve ser muito mente. Prioridades de conservação e técnicas de gestão
ampla para estudar árvores de uma floresta, onde vivem requerem diferentes abordagens e considerações para
pulgões e bactérias. Para entender o crescimento das
abordar toda gama ecológica da biodiversidade. Popu-
arvores, por exemplo, o tipo de solo, umidade, inclinação
lação e migração de espécies, por exemplo, são os mais
do terreno, abertura do dossel e outras variáveis locais
sensíveis indicadores de serviços ecológicos que susten-
devem ser examinadas. Para entender a ecologia de uma
floresta, complexos fatores locais, como clima também tam e contribuem para o capital natural e para o “bem
devem ser levados em conta. estar” do ecossistema. O entendimento da biodiversi-
dade tem uma aplicação pratica para o planejamento
Estudos ecológicos de longo prazo promovem impor- da conservação dos ecossistemas, para tomar decisões
tantes registros para entender melhor os ecossistemas no ecologicamente responsáveis nas gestão de empresas de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
169
pulação. O nicho ecológico é dividido em nicho funda- Ecologia de populações
mental e nicho efetivo. O nicho fundamental é o grupo
de condições ambientais sobre qual uma espécie é apta A população é a unidade de analise da ecologia de
a persistir. O nicho efetivo é o grupo de condições am- populações. Uma população consiste nos indivíduos de
bientais ótimas sobre a qual uma espécie é apta a per- uma espécies que vivem, interagem e migram através do
sistir. Organismos tem traços fundamentais que são ex- mesmo nicho e habitat . Uma primeira lei da ecologia
cepcionalmente adaptados ao nicho ecológico. Um traço de populações é a Teoria Populacional Malthusiana. Este
é uma propriedade mensurável do organismo que forte- modelo prevê que: “...uma população pode crescer (ou
mente influencia sua performance. Padrões biogeográfi- declinar) exponencialmente enquanto o ambiente ex-
cos e escalas de distribuição são explicados e previstos perimentado por todos os indivíduos da população se
através do conhecimento e compreensão das exigências mantém constante...”
do nicho da espécie. Por exemplo, a adaptação natural Esta premissa Malthusiana fornece a base para a for-
de cada espécie no sue nicho ecológico significa que ela mulação de teorias preditivas e testes que se seguem.
é apta para excluir competitivamente outras espécies si- Modelagens simples de populações usualmente come-
çam com quatro variáveis incluído nascimento, morte,
milarmente adaptada que tem uma escala geográfica de
imigração e emigração. Modelos matemáticos são usa-
sobreposição. Isso é chamado de principio de exclusão
dos para calcular a mudança demográfica na população
competitiva Importante do conceito do nicho é o habitat.
usando modelos nulos. Um modelo nulo é usado como
O habitat é o ambiente sobre a qual uma espécies sabe-
uma hipótese nula para os testes estatísticos. A hipóte-
mos que ocorre e o tipo de comunidade que é formada se nula parte da pressuposto que processos aleatórios
como resultado. Por exemplo, habitat pode se referia a criam os padrões observados. Alternativamente o pa-
um ambiente aquático ou terrestre que pode ser catego- drão observado difere significantemente do modelo
rizado como ecossistemas de montanha ou Alpes. aleatório e exige mais explicação. Modelos podem ser
Biodiversidade de um recife de corais. Corais adap- matematicamente complexos quando “...varias hipóteses
tam e modificam seu ambiente pela formação de esque- competitivas são simultaneamente confrontadas com
leto de carbonato de cálcio que fornecem condições de os dados.” Um exemplo de um modelo introdutório de
crescimento para futuras gerações e formam habitat para população descreve uma população fechada, como em
muitas outras espécies. uma ilha, onde a imigração e emigração não ocorre. Nes-
Organismos são sujeitos a pressões ambientais, mas tes modelos de ilha as taxas per capita de variação são
eles também podem modificar seus habitats. O feedback descritos como
positivo entre organismos e seu ambiente pode modifi-
car as condições em uma escala local ou global (Ver Hi- ,
pótese Gaia) e muitas vezes até mesmo após a morte do
organismo, como por exemplo deposição de esqueletos onde N é o número total de indivíduos na popula-
de sílica ou calcário por organismos marinhos. Este pro- ção, B é o número de nascimentos, D é o número de
cesso de engenharia de ecossistemas também pode ser mortos, b e d são as taxas per capita de nascimento e
chamado de construção de nicho. Engenheiro de ecos- morte respectivamente, e r é a taxa per capita de mudan-
sistemas são definidos como:”...organismos que direta- ça populacional. Esta formula pode ser lida como a taxa
mente ou indiretamente modulam a disponibilidade de de mudança na população (dN/dT) é igual aos nascimen-
recursos para outras espécies, causando mudanças nos tos menos as mortes (B - D).
estados físicos nos matérias bióticos ou abióticos. Assim Usando estas técnicas de modelagem, os modelo de
eles modificam, mantem e criam habitats. crescimento populacional de Malthus`s foi mais tarde
O conceito de engenharia ecológica foi estimulado transformado em um modelo conhecido como a equa-
ção logística
por uma nova apreciação do grau de influencia que os
organismos tem no ecossistemas e no processo evoluti-
,
vo. O conceito de construção de nicho destaca um prévio
subvalorizado mecanismo de feedback na seleção natu-
onde N é o número de indivíduos medidos como
ral transmitindo forças no nicho abiótico. Um exemplo densidade de biomassa, a é a taxa per capita máxima
de seleção natural através de engenharia de ecossiste- de mudança, e K é a capacidade de suporte da popula-
mas ocorre em nichos de insetos sociais, incluindo for- ção. A formula pode ser lida assim, a taxa de mudança
migas, abelhas, vespas e cupins. Lá é uma emergência de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
170
Uma lista de termos que define vários tipos de agrupamentos naturaus de indivíduos que são usados no estudo das
populações.
Termos Definições
Populações de Todos os indivíduos de uma espécie.
espécies
Metapopulação Um conjunto de populações desjuntas, entre as quais ocorre migração.
População Um grupo de coespecíficos indivíduos que são demograficamente, geneticamente, ou espacial-
mente separadas de outros grupos de indivíduos.
Agregação Um agrupamento espacial de grupos de indivíduos.
Deme Um grupo de indivíduos que são mais geneticamente similares do que outros indivíduos, usual-
mente com algum grau de isolamento espacial também.
População Um grupo de indivíduos dentro de uma pequena área delimitada, menos que a distribuição geo-
local gráfica da espécie, muitas vezes dentro de uma população. A população local pode ser uma po-
pulação desjunta.
Subpopulação Um subconjunto de indivíduos de uma população arbitrariamente delimitado espacialmente.
Ecologia de Metapopulações
O conceito de metapopulação foi introduzido em 1969 :”como uma população de populações qual vai se extin-
guindo e recolonizadas localmente.” Ecologia de metapopulações é uma abordagem estatística que é frequentemente
usada na biologia da conservação. A pesquisa com metapopulações simplifica a paisagem em manchas com diferen-
tes níveis de qualidade. Como o modelo de seleçãor/K, o modelo de metapopulações pode ser usado para explicar a
evolução da historia de vida, como a estabilidade ecológica da metamorfose dos ambifios, que deslocam nos estágios
de vida de manchas aquáticas para manchas terrestres. Na terminologia de metapopulação existem emigrantes (indiví-
duos que deixam um fragmento), imigrantes (indivíduos que se movem nos fragmentos) e os sítio (site) são classifica-
dos ou como fontes ou sumidouros. Um sítio (site) é um termo genérico que se refere a lugares onde as amostras das
populações, tais como lagoas ou definidas áreas de amostragem em uma floresta.
Sítios fontes são locais produtivos que geram uma oferta sazonal de organismos jovens que migram para outros
fragmentos. Sítios sumidouros são locais improdutivos que só recebem os migrantes e estes vão se extinguir a menos
que resgatados por um sítios fonte adjacentes ou as condições ambientais tornam-se mais favoráveis. Modelos de
metapopulação examinar a dinâmica dos fragmentos ao longo do tempo para responder perguntas sobre ecologia
espacial e demográfica. A ecologia de metapopulações é um processo dinâmico de extinção e colonização. Pequenos
fragmentos de menor qualidade são mantidos ou resgatados por um fluxo sazonal de novos imigrantes. Uma estrutura
de metapopulação dinâmica evolui de ano para ano, onde alguns fragmentos são sumidouros em anos secos e se tor-
nam fontes de quando as condições são mais favoráveis. Ecologistas utilizam uma mistura de modelos de computador
e estudos de campo para explicar a estrutura das metapopulações.
Ecologia de comunidades
Ecologia de comunidade examina como as interações entre espécies e seu ambiente que afeta a abundância, distri-
buição e diversidade de espécies dentro das comunidades.
Ecologia de comunidades é uma subdisciplina da ecologia que estuda a distribuição, abundância, demografia e
interações entre populações coexistentes. Um exemplo do um estudo na ecologia de comunidades medida da produ-
ção primaria em uma área alagada em relação as taxas de decomposição em consumo. Isto requer o entendimento da
conexão da comunidade entre plantas (produtores primários) e os decompositores (fungos e bactérias). ou a analise da
dinâmica predador presa afetando a biomassa de anfíbios. Teias alimentares e níveis tróficos são duis modelos concei-
tuais bastante utilizados para explicar a ligações entre espécies.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Teias alimentares
Teias alimentares são um tipo de mapa conceitual que ilustra os caminhos ecológicos reais, usualmente começando
com a energia solar sendo usado pelas plantas durante a fotossíntese. As plantas crescem acumulando carboidratos
que são consumidos pelos herbívoros. Existem diferentes dimensões ecológicas que podem ser mapeados para criar
teias alimentares mais complicadas, incluindo: composição de espécies (Tipo de espécies), riqueza de espécies (numero
de espécies), biomassa (o peso seco de plantas e animais), produtividade (taxa de conversão de energia e nutrientes
em crescimento) e estabilidade (teias alimentares ao longo do tempo). Um diagrama ilustrando a composição da teia
alimentar mostra como uma mudança em uma única espécies pode diretamente ou indiretamente influenciar muitas
outras espécies.
171
Estudos de microcosmos são usados para simplificar as pesquisas com teias alimentares em unidades semi isola-
das como pequenas molas, logs decadentes, e experimentos de laboratório usando organismos que se reproduzem
rapidamente, como as Daphnia alimentando-se de algas em ambientes controlados. Princípios adquiridos em teias
alimentares de modelos experimentais de microcosmos são usados para extrapolar pequenas conceitos dinâmicos em
grandes sistemas.
Existem diferentes formas de cálculo de comprimento cadeia alimentar, dependendo do que os parâmetros da di-
nâmica da cadeia alimentar estão sendo considerados: conectância, energia ou interação. Em um simples exemplo de
predador presa, um cervo é um passo removido em come plantas (comprimento de cadeia = 1) e um lobo que come
o cervo é dois passos removido (comprimento de cadeia = 2). A quantidade relativa ou a força de influência que estes
parâmetros são as questões acessadas da cadeia alimentar sobre:
Dinâmica trófica
Links na teia alimentar primeiramente conectam relações alimentares entre espécies. Biodiversidade dentro do
ecossistema pode se organizar em dimensões verticais e horizontais. A dimensão vertical representa as relações ali-
mentares da base da cadeia alimentar até os predadores de topo. A dimensão horizontal representa a abundancia
relativa ou biomassa de casa nível Quando a abundancia relativa ou biomassa de cada grupo alimentar é empilhada em
seus respectivos grupos tróficos eles naturalmente formam uma espécie de ‘piramide de números’. Grupos funcionais
são amplamente categorizados como autotróficos (ou produtores primários), heterotróficos (ou consumidores), e de-
tritívoros (ou decompositores). Heterótrofos podem ser subdivididos em diferentes grupos funcionais, incluindo: con-
sumidores primários (herbívoros), consumidores secundários (predadores que consomem exclusivamente herbívoros)
e consumidores terciários (predadores que consistem tanto herbívoros quanto outros predadores). Onívoros não se
encaixam perfeitamente nessas categorias funcionais porque consomem tanto tecidos vegetais e tecidos animais. Tem
sido sugerido, entretanto, que os onívoros têm uma maior influência funcional como predadores, porque em relação
aos herbívoros são relativamente ineficientes na pastagem.
Ecólogos coletam dados em níveis tróficos e teias alimentares para modelar estatisticamente e calcular parâmetros
matemáticos, tais como aqueles usados em outros tipos de análise de rede, para estudar os padrões emergentes e pro-
priedades compartilhadas entre os ecossistemas. O arranjo piramidal emergente de níveis tróficos com quantidades de
transferência de energia diminuindo à medida que as espécies se tornam mais distantes da fonte de produção é um dos
vários padrões que repetem entre os ecossistemas. O tamanho de cada nível trófico na pirâmide geralmente representa
a biomassa, que pode ser medida como o peso seco dos organismos. Autótrofos podem ter a maior proporção mundial
de biomassa, mas eles são rivalizados de perto ou mesmo superados pelos microrganismos.
A decomposição da matéria orgânica morta, como folhas caindo no chão da floresta, se transforma em solo que
a alimenta a produção de plantas. A soma total dos ecossistemas do planeta terra é chamado de pedosfera, onde é
encontrada uma proporção muito grande da biodiversidade. Invertebrados que se alimentam e rasgam folhas maiores,
por exemplo, criar pequenos pedaços que alimentam organismos menores na cadeia de alimentação. Coletivamente,
estes são os detritívoros que regulam a formação do solo. As raízes das árvores, fungos, bactérias, minhocas, formigas,
besouros, centopeias, mamíferos, aves, répteis e anfíbios todo o contribuem para criar a cadeia trófica da vida nos
ecossistemas do solo. Como organismos se alimentam e deslocam fisicamente materiais para solos, este processo
ecológico importante é chamado bioturbação. Biomassa de microrganismos do solo são influenciadas por feedback
(retroalimentação) na dinâmica trófica da superfície solar exposta. Estudos paleecológicos de solos colocam a origem
da bioturbação a um tempo antes do período Cambriano. Outros eventos, como a evolução das árvores e anfíbios no
período devoniano teve um papel significativo no desenvolvimento dos solos e trofismo ecológico.
Autotróficos ou Produtores Normalmente plantas ou cianobactérias que são capazes de realizar fotossíntese,
mas pode ser outros organismos como bactérias que vivem perto dos chaminés
oceânicos que são capaz de realizar Quimiossíntese.
Heterotróficos ou Consumi- Animais, os quais pode ser consumidos primários (Herbívoros), ou consumidores se-
dores cundários e terciários (Carnívoros e Onívoros).
Detritivos ou Decompositores Bactérias, fungos e insetos que degradam matéria orgânica de todos tipo e restau-
ram os nutrientes do ambiente. Os produtores consumirão os nutrientes, completan-
do o ciclo biogeoquímico.
172
Grupos tróficos funcionais separam hierarquicamente mas os processos de vida interagem com os diferentes
em uma piramide trófica porque requerem adaptações níveis e organizam em conjuntos mais complexos. Bio-
especializadas para realizar fotossíntese ou predação, mas, por exemplo, são uma grande unidade de organi-
mas raramente são eles tem uma combinação de ambas zação que categorizam regiões de ecossistemas da Terra,
habilidades funcionais. Isso explica por que adaptações de acordo com a fisionomia e composição da vegeta-
funcionais em trofismo organizam diferentes espécies ção. Diferentes pesquisas tem aplicados diferentes mé-
emergente em um grupo funcional. Níveis tróficos são todos para definir limites continentais de domínios de
parte de um holístico ou complexo sistema visto no ecos- biomas, por diferentes tipos de função da comunidade
sistema. Cada nível trófico contém espécies indepen- de vegetação, que são limitada na distribuição do clima,
dentes que se agrupam, porque compartilham funções precipitação e outras variáveis ambientais. Exemplos de
ecológicas comuns. Agrupamento de espécies funcio- nomes de biomas incluem: florestas tropicais, florestas
nalmente similar em um sistema trófico dá uma imagem temperadas decíduas, taiga, tundra, desertos quentes e
macroscópica do amplo design funcional. desertos polares. Outras pesquisas tem recentemente
Links em uma teia alimentar ilustram diretas relações iniciado a categorizar outros tipos de biomas, como mi-
tróficas entre espécies, mas podem também efeitos in- crobioma humano e oceânico. Para os microrganismos
diretos que podem alterar a abundancia, distribuição ou o corpo humano é o habitat e uma paisagem. O micro-
biomassa do nível trófico. Por exemplo, predadores co- bioma tem sido descoberto através de avanços na gené-
mendo herbívoros indiretamente influenciam a controle tica molecular, revelando uma desconhecida riqueza de
e regulação da produção primaria nas plantas. Embora micro-organismos no planeta. O micro bioma oceânico
predadores não comem plantas diretamente, eles re- desempenha um significante papel na ecologia biogeo-
gulam a população de herbívoros que diretamente são química dos oceanos.
ligados diretamente as plantas. A rede de relações de A maior escala de organização ecológica é a biosfera.
efeitos diretos e indiretos é clamada de cascata trófica. A biosfera é a soma total dos ecossistemas do planeta.
Cascata trófica são separadas em cascatas a nível de es- Relações ecológicas regulam o fluxo de energia, nutrien-
pécie, onde apenas um subconjunto da dinâmica da teia tes e clima, todos subindo até a escala planetária. Por
alimentar é impactado por uma mudança no numero da
exemplo, a historia dinâmica da composição de CO2 e
população, e cascadas ao nível de comunidade, onde
O2 na atmosfera foi em grande parte por fluxos de ga-
uma mudança no numero da população pode ter um
ses biogênicos provenientes da respiração e fotossínte-
efeito dramático na teia alimentar inteira, como a distri-
se, com níveis flutuando no tempo em relação a ecolo-
buição de biomassa de plantas.
gia e evolução dos animais e plantas. Quando partes de
subcomponentes são organizadas em um todo, muitas
Espécies Chaves
vezes propriedades emergentes descrevem a natureza
Uma espécie chave é uma espécie que ocupa um pa- do sistema. Teorias ecológicas tem sido usadas para ex-
pel particularmente forte ou central em uma teia alimen- plicar os fenômenos emergentes de auto regulação na
tar. Uma espécie chave ocupa um papel desproporcional escala planetária. Isso é conhecido como Hipótese Gaia.
em manter processos ecológicos. A perda de uma es- The Gaia hypothesis is an example of holism applied in
pécie chave resulta na extinção de outras espécies e um ecological theory. A ecologia do planeta age como uma
efeito cascata alterando o dinâmica trófica e conexões única unidade regulatória e holística chamada de hipóte-
na teia alimentar. Espécies chaves, como os engenhei- se Gaia. A hipótese Gaia afirma que existe um feedback
ros de ecossistemas, tem um papel estruturador, apesar emergente gerado pelo metabolismo dos organismos
de ter níveis relativamente baixos de representação da vivos que mantem a temperatura da Terra e condições
biomassa na pirâmide trófica. Lontras do mar (Enhydra da atmosfera dentro de uma estreita escala de tolerância
lutris) são um exemplo clássico de espécies chave porque auto regulável.
limitam o densidade de ouriços que se alimentam de al-
gas. Se as lontras são removidas do sistema, os ouriços Ecologia e Evolução
pastam até que as algas marinha desaparecer e isso tem
um efeito dramático na estrutura da comunidade. A caça Ecologia e evolução são consideradas disciplinas ir-
de lontras do mar, por exemplo, é considerado em ter mãs, sendo ramos da ciência da vida.
indiretamente levado a extinção do dugongo-de-steller Seleção Natural, Historia de vida, desenvolvimen-
(Hydrodamalis gigas). Enquanto o conceito de espécies tos, adaptação, populações, e herança estão presentes
chaves tem sido muito usado como uma ferramenta de em teorias evolutivas e ecológicas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
conservação biológica, ele foi criticado por estar mal Morfologia, comportamento e/ou traços genéticos,
definido. Diferentes ecossistemas expressam diferentes por exemplo, podem ser mapeados em árvores evoluti-
complexidades e por isso é claro como aplicável que o vas para estudar a desenvolvimento histórico da espécie
modelo de espécies chave pode ser aplicado. e também organizar a informação em relação a adapta-
ções ecológicas. Em outras palavras, adaptação é expli-
Bioma e Biosfera cada em relação a origem histórica de traços e condições
ecológicas e que esta sujeita a forças da seleção natu-
Unidades ecológicas de organização são definidas ral. Nesse quadro, ferramentas analíticas de ecólogos e
através de referencia de algumas magnitudes de espaço evolucionistas se sobrepõem para organizar, classificar e
e tempo no planeta. Comunidades de organismos, por investigar a vida através de princípios sistemáticos co-
exemplo, são muitas vezes arbitrariamente definidas, muns, como filogenéticos ou taxonômicos de Lineu As
173
duas disciplinas frequentemente aparecem juntas como
no titulo do jornal Trends in Ecology and Evolution. Não
há uma fronteira nítida que separa a ecologia da evo-
lução e que diferem suas áreas de aplicação. Ambas as
disciplinas descobrem e explicam emergentes e únicos
processos que operam em diferentes escalas espaciais
e temporais da organização. Embora a fronteira entre a
ecologia e evolução nem sempre é clara, é óbvio que os
ecólogos estudam os fatores abióticos e bióticos que in-
fluenciam o processo evolutivo.
Os Ciclos Biogeoquímicos
174
Tensão Superficial
Densidade
O calor específico ou capacidade térmica da água é a O ciclo do oxigênio se encontra intimamente ligado
quantidade de calor que é preciso para elevar em 1°C a com o ciclo do carbono, uma vez que o fluxo de ambos
temperatura de 1g de uma substância. está associado aos mesmos fenômenos: fotossíntese e
A água tem um elevado calor específico, o que signifi- respiração. Os processos de fotossíntese liberam oxigê-
ca dizer, que ele consegue aumentar ou diminuir bastan- nio para a atmosfera, enquanto os processos de respi-
te sua temperatura sem mudar de estado físico, mas por ração e combustão o consomem. Parte do O2 da estra-
outro lado isso demora mais a acontecer, se comparado tosfera é transformado pela ação de raios ultravioletas
com outras substâncias. em ozônio (O3). Este forma uma camada que funciona
como um filtro, evitando a penetração de 80% dos raios
Calor Latente
ultravioletas. A liberação constante de clorofluorcarbo-
nos (CFC) leva a destruição da camada de ozônio.
Representa a quantidade de calor necessária para que
a substância mude de estado físico. O calor latente de
vaporização e de fusão da água são muito elevados de
modo que evita que ela congele ou evapore muito rapi-
damente.
< https://www.todamateria.com.br/propriedades-do-
-ar/>
< https://www.todamateria.com.br/propriedades-da-
-agua/>
Ciclo da Água
175
Em certos aspectos, o ciclo do fósforo é mais simples
do que os ciclos do carbono e do nitrogênio, pois não
existem muitos compostos gasosos de fósforo e, portan-
to, não há passagem pela atmosfera. Outra razão para a
simplicidade do ciclo do fósforo é a existência de apenas
um composto de fósforo realmente importante para os
seres vivos: o íon fosfato.
As plantas obtêm fósforo do ambiente absorvendo os
fosfatos dissolvidos na água e no solo. Os animais obtêm
fosfatos na água e no alimento.
176
Efeito estufa As condições seriam hostis à vida, a qual de tão frá-
gil que é, bastaria uma pequena diferença nas condições
O Efeito Estufa é a forma que a Terra tem para man- iniciais da sua formação, para que nós não pudéssemos
ter sua temperatura constante. A atmosfera é altamente estar aqui discutindo-a.
transparente à luz solar, porém cerca de 35% da radiação O Efeito Estufa consiste, basicamente, na ação do dió-
que recebemos vai ser refletida de novo para o espa- xido de carbono e outros gases sobre os raios infraver-
melhos refletidos pela superfície da terra, reenviando-os
ço, ficando os outros 65% retidos na Terra. Isto deve-se
para ela, mantendo assim uma temperatura estável no
principalmente ao efeito sobre os raios infravermelhos planeta. Ao irradiarem a Terra, parte dos raios lumino-
de gases como o Dióxido de Carbono, Metano, Óxidos sos oriundos do Sol são absorvidos e transformados em
de Azoto e Ozônio presentes na atmosfera (totalizando calor, outros são refletidos para o espaço, mas só parte
menos de 1% desta), que vão reter esta radiação na Terra, destes chega a deixar a Terra, em consequência da ação
permitindo-nos assistir ao efeito calorífico dos mesmos. refletora que os chamados “Gases de Efeito Estufa” (dió-
xido de carbono, metano, clorofluorcarbonetos- CFCs- e
Nos últimos anos, a concentração de dióxido de car- óxidos de azoto) têm sobre tal radiação reenviando-a
bono na atmosfera tem aumentado cerca de 0,4% anual- para a superfície terrestre na forma de raios infraverme-
mente; este aumento se deve à utilização de petróleo, lhos.
gás e carvão e à destruição das florestas tropicais. A con- Desde a época pré-histórica que o dióxido de car-
centração de outros gases que contribuem para o Efeito bono tem tido um papel determinante na regulação da
de Estufa, tais como o metano e os clorofluorcarbonetos temperatura global do planeta. Com o aumento da uti-
lização de combustíveis fósseis (Carvão, Petróleo e Gás
também aumentaram rapidamente. O efeito conjunto de
Natural) a concentração de dióxido de carbono na at-
tais substâncias pode vir a causar um aumento da tem- mosfera duplicou nos últimos cem anos. Neste ritmo e
peratura global (Aquecimento Global) estimado entre 2 com o abatimento massivo de florestas que se tem prati-
e 6 ºC nos próximos 100 anos. Um aquecimento desta cado (é nas plantas que o dióxido de carbono, através da
ordem de grandeza não só irá alterar os climas em nível fotossíntese, forma oxigênio e carbono, que é utilizado
mundial como também irá aumentar o nível médio das pela própria planta) o dióxido de carbono começará a
águas do mar em, pelo menos, 30 cm, o que poderá in- proliferar levando, muito certamente, a um aumento da
terferir na vida de milhões de pessoas habitando as áreas temperatura global, o que, mesmo tratando-se de pou-
costeiras mais baixas. Se a terra não fosse coberta por cos graus, levaria ao degelo das calotes polares e a gran-
des alterações a nível topográfico e ecológico do planeta.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
177
O enxofre é essencial para a vida, faz parte da moléculas de proteína, vitais para o nosso corpo. Cerca de 140g de
enxofre estão presentes no ser humano. A natureza recicla enxofre sempre que um animal ou planta morre. Quando
apodrecem, as substâncias chamadas de “sulfatos”, combinados com a água são absorvidos pelas raízes das plantas.
Os animais o obtêm comendo vegetais ou comendo outros animais.
Quando o ciclo é alterado, animais e plantas sofrem, isso vem acontecendo através da constante queima de carvão,
petróleo e gás. Esses combustíveis são chamados de “fósseis”, pois se formaram há milhões de anos, a partir da morte
de imensas florestas tropicais ou da morte de microscópicas criaturas denominadas “plânctons”.
Chuva Ácida
Ao queimar combustíveis fósseis para acionar as usinas, fábricas e veículos, é lançado enxofre no ar. Esse enxofre
sobe para a atmosfera na forma de gás chamado “dióxido de enxofre”, um grande poluente do ar. Quando o dióxido de
enxofre se junta à umidade da atmosfera, forma o ácido sulfúrico, um dos principais componentes das chuvas ácidas.
O dióxido de enxofre é produzido também nos pântanos e vulcões, mas em quantidades que o meio ambiente
consegue assimilar. Atualmente existem enormes quantidades de fontes poluidoras, tornando as chuvas mais carrega-
das de ácido, dificultando ao meio ambiente anular seus efeitos. A chuva causa danos às folhas de espécies vegetais
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
comprometendo a produção agrícola. Torna-se mais grave próxima às grandes concentrações industriais, atinge as
florestas, os peixes e corrói edificações de pedra e concreto, inclusive metais expostos ao tempo que enferrujam mais
rápido, como as pontes e edificações de aço.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia30.php
O SOLO
O solo corresponde a camada superficial da crosta terrestre, sendo muito importante para o desenvolvimento da
vida na terra, visto que dele retiramos os alimentos necessários para nossa sobrevivência.
Note que utilizamos o solo não somente para a produção da alimentação, mas também como matéria prima para
diversas construções.
178
Além disso, o solo possui importantes funções, desde As queimadas, o desmatamento, o desenvolvimento
o armazenamento e escoamento e infiltração da água na de pastos (para animais) ou plantações e a contaminação
superfície, sendo um componente fundamental para o dos recursos hídricos (água) geram diversos problemas
desenvolvimento de diversos ecossistemas. ambientais, como a erosão, que afeta diretamente o solo,
Por esse motivo, o manejo adequado e a preservação desequilibrando os ecossistemas.
do solo tornam-se tarefas essenciais, já que é um recurso Algumas medidas importantes devem ser tomadas,
natural não renovável, ou seja, é limitado, e a exploração por exemplo:
desenfreada pode acarretar muitos problemas futuros. - diminuição de queimadas e do uso de agrotóxicos
A Lei Federal 7867 de 13 de novembro de 1989, im- na agricultura;
plementou no Brasil o “Dia Nacional da Conservação - reflorestamento de determinadas zonas;
Solo” que é comemorado todo dia 15 de abril. - não jogar lixo e produtos químicos (geralmente cau-
A data alerta para a importância desse recurso tão im- sado pelas indústrias) em locais inapropriados;
portante para o desenvolvimento da vida na Terra, assim - fazer a separação dos resíduos segundo a coleta se-
como a água, o ar, a fauna e a flora. letiva.
agricultura biológica tem sido uma boa alternativa. produzem grandes flores (comparadas com o tamanho
Os alimentos orgânicos são produzidos pela ausência das plantas), são fecundadas e frutificam, dispersando
de produtos químicos (agrotóxicos, inseticidas, adubos rapidamente as suas sementes.
químicos). O sistema de agricultura mais utilizado afeta No verão a Tundra fica mais cheia de animais: aves
não somente o solo, empobrecendo-o, mas também po- marinhas, roedores, lobos, raposas, doninhas, renas, cari-
dem gerar diversas doenças nos seres humanos. bus, além de enxames de moscas e mosquitos.
179
Partindo-se da Tundra, à medida que se desloca para Floresta Tropical ou Floresta Pluvial ou Floresta
o sul a estação favorável orna-se mais longa e o clima Latifoliada
mais ameno. Em consequência disso a vegetação é mais
rica, surgindo a Taiga. A floresta tropical situa-se na região intertropical. A
maior área é a Amazônia, a segunda nas Índias Orientais
e a menor na Bacia do Congo (África).
O suprimento de energia é abundante e as chuvas
são regulares e abundantes, podendo ultrapassar 3.000
mm anuais. A principal característica da floresta tropical
é a sua estratificação. A parte superior é formada por ár-
vores que atingem 40 m de altura, formando um dossel
espesso de ramos e folhas. No topo a temperatura é alta
e seca.
As plantas são representadas por árvores ditotiledô- Durante o dia a temperatura é alta, porém a noite a
neas como nogueiras, carvalhos, faias. Os animais são temperatura é muito baixa. Muita luz e vento, pouca umi-
representados por esquilos, veados, muitos insetos, aves dade. Predominam as gramíneas. Os animais, dependen-
insetívoras, ursos, lobos etc. do da região, podem ser: antílopes americanos e bisões,
roedores, muitos insetos, gaviões, corujas etc.
180
Deserto
Os desertos apresentam localização muito variada e se caracterizam por apresentar vegetação muito esparsa.
O solo é muito árido e a pluviosidade baixa e irregular, abaixo de 250 mm de água anuais. Durante o dia a tem-
peratura é alta, mas à noite ocorre perda rápida de calor, que se irradia para a atmosfera e a temperatura torna-se
excessivamente baixa. As plantas que se adaptam ao deserto geralmente apresentam um ciclo de vida curto. Durante o
período favorável (chuvoso) germinam as sementes, crescem, florescem, frutificam, dispersam as sementes e morrem.
As plantas perenes como os cactos apresentam sistemas radiculares superficiais que cobrem grandes áreas. Estas
raízes estão adaptadas para absorver as águas das chuvas passageiras.
O armazenamento de água é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas são transformadas em espinhos e o
caule passa a realizar fotossíntese.
Os consumidores são predominantemente roedores, obtendo água do próprio alimento que ingerem ou do orva-
lho. No hemisfério norte é muito comum encontrar-se, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemente, como se
tivessem sido plantados em espaços regulares. Este fato explica-se como um caso de amensalismo, isto é, os vegetais
produzem substâncias que eliminam outros indivíduos que crescem ao seu redor.
Savanas
Savana é nome dado a um tipo de cobertura vegetal constituída, em geral, por gramíneas e árvores esparsas. A
topografia geralmente é plana com clima tropical, apresentando duas estações bem definidas, sendo uma chuvosa e
uma seca. As Savanas ocorrem, principalmente, na zona intertropical do planeta, por esse motivo recebe uma enorme
quantidade de luz solar.
A espécie de savana mais conhecida é a africana, no entanto, há outras: savanas tropicais (africana), savanas subtro-
picais, savanas temperadas, savanas mediterrâneas, savanas pantanosas e savanas montanhosas.
As savanas do tipo tropical e subtropical são encontras em todos os continentes, apresentando duas estações bem
definidas (uma quente e outra chuvosa). Os solos dessas áreas são relativamente férteis, neles se fixam gramíneas,
geralmente desprovidas de árvores. A África possui savanas com esses aspectos, com destaque para as do Serengueti.
Savanas temperadas são identificadas em médias latitudes e em todos os continentes, são influenciadas pelo clima
temperado, cujo verão é relativamente úmido e o inverno seco. A vegetação é constituída por gramíneas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Savanas mediterrâneas são vegetações que ocorrem em regiões de clima mediterrâneo. Nessas áreas o solo é po-
bre, germinando sobre a superfície arbustos e árvores de pequeno porte, essa composição corre sério risco de extin-
guir diante da constante intervenção humana, principalmente pela extração de lenha, criação de animais, agricultura,
urbanização etc.
Savanas pantanosas são composições vegetativas que ocorrem tanto em regiões de clima tropical como subtropical
dos cinco continentes. Esse tipo de savana sofre inundações periódicas.
Savanas montanhosas é um tipo de vegetação que ocorre fundamentalmente em zonas alpinas e subalpinas em
distintos lugares do globo, em razão do isolamento geográfico, abriga espécies endêmicas.
181
Os Biomas Brasileiros
Em outras palavras, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação tem
bastante similaridade e continuidade, com um clima mais ou menos uniforme, tendo uma história comum em sua for-
mação. Por isso tudo sua diversidade biológica também é muito parecida.
O Brasil possui enorme extensão territorial e apresenta climas e solos muito variados. Em função dessas caracterís-
ticas, há uma evidente diversidade de biomas, definidos sobretudo pelo tipo de cobertura vegetal.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Caatinga
Há aproximadamente 260 milhões de anos, toda região onde hoje está o semiárido foi fundo de mar, mas o bioma
caatinga é muito recente. Há apenas dez mil anos atrás era uma imensa floresta tropical, como a Amazônia. Para conhe-
cer bem esse bioma do semiárido brasileiro, basta fazer uma visita ao Sítio Arqueológico da Serra da Capivara, no sul
do Piauí. Ali estão os painéis rupestres, com desenhos de preguiças enormes, aves gigantescas, tigres-dente-de-sabre,
cavalos selvagens e tantos outros. No Museu do Homem Americano estão muitos de seus fósseis. Com o fim da era
glacial, há dez mil anos atrás, também acabou a floresta tropical. Ficou o que é hoje a nossa Caatinga.
182
A Amazônia ocupa 4.196.943 km², cerca de 49,29% do
território brasileiro. Ocupa a totalidade de cinco unida-
des da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rorai-
ma), grande parte de Rondônia (98,8%), mais da metade
de Mato Grosso (54%), além de parte de Maranhão (34%)
e Tocantins (9%). A área desmatada da Amazônia já atin-
A Caatinga ocupa oficialmente 844.453 Km² do ter- ge 16,3% de sua totalidade.
ritório brasileiro. Hoje fala-se em mais de um milhão Hoje cerca de 17 milhões de brasileiros vivem no bio-
de Km² . Estende-se pela totalidade do estado do Cea- ma Amazônia, sendo que cerca de 70% no meio urbano.
rá (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba
(92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Mata Atlântica
Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) Já foi a grande floresta costeira brasileira. Ia do Rio
e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Em alguns luga-
Gerais (2%) e do Maranhão (1%). res adentrava o continente, como no Paraná, onde ocu-
A Caatinga é muito rica em biodiversidade, tanto ve- pava 98% do território Paranaense.
getal quanto animal, sobretudo de insetos. É por isso que Era também o mais rico bioma brasileiro em biodi-
o sul do Piauí, por exemplo, é muito favorável à criação versidade. Ainda é em termos de Km². Hoje é o mais de-
de abelhas. vastado de nossos biomas. Restam aproximadamente 7%
Nos períodos sem chuva, cerca de 8 meses por ano, de sua cobertura vegetal. São manchas isoladas, muitas
ela “adormece” e suas folhas caem. Depois, com a pri- vezes sem comunicação entre si. Há quem fale em ape-
meira chuva, ela como que ressuscita. É a essa lógica que nas 5%.
seus habitantes têm que se adaptar. Portanto, aqueles
que ainda acham essa região inviável, ou a têm como um
deserto, demonstram um profundo desconhecimento da
realidade brasileira.
Cerca de 28 milhões de brasileiros habitam esse bio-
ma, sendo que aproximadamente 38% vivem no meio
rural. Essa população tem um dos piores IDHs de todo
o planeta.
Amazônia
“Pulmão do Mundo”, “Planeta Água”, “Inferno Verde”,
são alguns dos chavões mundialmente conhecidos a res-
peito da Amazônia. Está sempre em evidência em qual-
quer ponto da aldeia globalizada.
Interessa a todos. Uma das últimas regiões do planeta
que ainda seduzem pela exuberância de uma natureza A Mata Atlântica é o exemplo mais contundente do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
primitiva, hoje absolutamente ameaçada por sua devas- modelo desenvolvimento predatório desse país. Foi ao
tação. longo dele que se saqueou o pau Brasil e depois se insta-
A Amazônia guarda a maior diversidade biológica do laram os canaviais, tantas outras monoculturas, além do
planeta – região mega-diversa - e escoa 20% de toda complexo industrial. Quem vive onde já foi esse bioma
água doce da face da Terra. Seu início se deu há 12 mi- muitas vezes nem conhece seus vestígios, tamanha sua
lhões de anos atrás, quando os Andes se elevaram e fe- devastação.
charam a saída das águas para o Pacífico. Formou-se um O Bioma Mata Atlântica ocupa 1.110.182 km², ou seja,
fantástico Pantanal, quase um mar de água doce, coberto 13,04% do território nacional. Cobre inteiramente três
só por águas. Depois, com tantos sedimentos, a crosta estados - Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina -
terrestre tornou emergir e, aos poucos, formou-se o que e 98% do Paraná, além de porções de outras 11 unidades
é hoje a Amazônia. da federação.
183
Aproximadamente 70% da população brasileira vi- Pantanal
vem na área desse bioma, perto de 120 milhões de pes- O Pantanal sugere animais, rios, peixes, matas e qual-
soas. Por mais precarizado que esteja, é desse bioma que quer coisa ainda parecida com o Paraíso. É um bioma
essa população depende para beber água e ter um clima geologicamente novo. O leito do rio Paraguai ainda está
ainda ameno. em formação. “O Pantanal é a maior planície inundável
do mundo e apresenta uma das maiores concentrações
Cerrado de vida silvestre da Terra. Situado no coração da Amé-
O Cerrado é o mais antigo bioma brasileiro. Fala-se rica do Sul, o Pantanal se estende pelo Brasil, Bolívia e
que sua idade é de aproximadamente 65 milhões de Paraguai com uma área total de 210,000 km2. Aproxima-
anos. É tão velho que 70% de sua biomassa está dentro damente 70% de sua extensão encontra-se em território
da terra. Por isso, se diz que é uma “floresta de cabeça brasileiro, nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do
prá baixo”. Por isso, para alguns especialistas, o Cerrado Sul”. (www.conservation.org.br/onde/pantanal/)
não permite qualquer revitalização. Uma vez devastado,
devastado para sempre. Por isso, se diz que é uma “flo-
resta de cabeça prá baixo”. Por isso, para alguns especia-
listas, o Cerrado não permite qualquer revitalização.
Francisco tem 80% de suas águas com origem no Cerra- O Pampa gaúcho é bastante diferente dos demais
do. Hoje se fala que é necessário uma moratória para se biomas brasileiros. Dominado por gramíneas, com pou-
preservar o que resta do Cerrado. cas árvores, sempre foi considerado mais apropriado
O Bioma Cerrado ocupa 2.036.448 Km², ou seja, para a criação do gado. Entretanto, em 2004 foi reconhe-
23,92% do território brasileiro. Ocupa a totalidade do cido pelo Ministério do Meio Ambiente como um bio-
Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás ma. Na verdade, sua biodiversidade havia sido ignorada
(97%), Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%), Mi- por quase trezentos anos. Foi a porta de entrada para o
nas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além de porções de gado através da região sul. A outra foi pelo vale do São
outros seis estados. Francisco, através dos currais de gado.
Sua população em 1991 era estimada em 12,1 milhão
de habitantes.
184
poluição atmosférica, desmatamento, captura de espé-
cies para comércio, efeito estufa, exploração demográfi-
ca, entre outros processos relacionados com o consumo
de recursos e produção de resíduos.
REFERÊNCIAS
http://www.fragmaq.com.br/blog/causas-desequili-
brio-ecologico/
O único estado brasileiro com esse bioma é o Rio
https://biomania.com.br/artigo/os-seres-vivos-e-o-
Grande do Sul. Ocupa 63% do território do Rio Grande.
-meio-ambiente
Ele também se estende pelo Uruguai e Argentina.
https://www.todamateria.com.br/a-importancia-do-
Agora o Pampa sofre uma ameaça muito mais grave: -solo/
a introdução do monocultivo e Pinus e Eucaliptos. Mais
uma vez portanto, se propõe um tipo de desenvolvimen-
to econômico inadequado às características de um bio-
ma. SERES VIVOS: CARACTERIZAÇÃO GERAL E
CLASSIFICAÇÃO. RELAÇÕES ENTRE OS SERES
Fonte: VIVOS E OS AMBIENTES.
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecolo-
gia/ecologia15.php
Classificação dos Seres Vivos
Desequilíbrio ecológico e suas causas
Há, na natureza, um equilíbrio entre os seres vivos e A classificação biológica ou taxonomia é um sistema
ambiente em que vivem — é o chamado ecossistema, que organiza os seres vivos em categorias, agrupando-os
com sua troca harmoniosa entre organismos e o meio. de acordo com suas características comuns, bem como
Quando um elemento (animal ou vegetal) de determina- por suas relações de parentesco evolutivo. É usada a no-
do ecossistema é adicionado, subtraído ou reduzido em menclatura científica que facilita a identificação dos or-
quantidade, ocorre o desequilíbrio ecológico que, por ganismos em qualquer parte do mundo.
sua vez, pode gerar uma reação em cadeia que repercute Através desse sistema, os biólogos buscam conhecer
diretamente no funcionamento do ecossistema. a biodiversidade, descrevendo e nomeando as diferen-
Dependendo do ecossistema atingido pelo desequilí- tes espécies e organizando-as de acordo com os critérios
brio ecológico, as consequências podem ser intensas — que definem.
demandando vários anos para sua recuperação — e até
catastróficas, especialmente no caso de desequilíbrios As Categorias Taxonômicas
súbitos, como desastres naturais (terremotos, tsunamis, No sistema de classificação biológica são usadas as
categorias para agrupar os organismos segundo as suas
furacões, erupções vulcânicas).
semelhanças. A categoria básica é a espécie, que se de-
fine como os seres semelhantes que são capazes de se
reproduzir naturalmente e gerar descendentes férteis.
Animais da mesma espécie são reunidos em outra ca-
tegoria, o gênero. Todos que pertencem ao mesmo gê-
nero são agrupados em famílias, que são agrupadas em
ordens, que por sua vez se reúnem em classes, reunidas
em filos e por fim temos os reinos. Os Reinos são por-
tanto a última categoria na hierarquia e se subdividem
até chegar à espécie, categoria mais básica. Então, temos:
Reino; Filo; Classe; Ordem; Família; Gênero; Espécie
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
185
Assim, por exemplo, o nome científico do cão é Ca- organismos para classificá-los. Os cladogramas são se-
nis familiaris. O nome Canis também pode ser usado melhantes às árvores filogentéticas, que apresentam as
sozinho, indicando somente o gênero, sendo portanto relações de parentesco. Grupos de espécies que descen-
comum aos animais que tenham relação de parentesco, dem de ancestral comum único são chamadas monofilé-
nesse caso podendo ser o cão ou o lobo (Canis lupus) ou ticas e grupos que possuem diferentes ancestrais na sua
outro do gênero. origem são polifiléticos.
186
- A reprodução é sexuada, ou seja, envolve a união Mamíferos
de gametas. Mas alguns invertebrados fazem de Os mamíferos apresentam pelos, são homeotérmicos
modo assexuada. e possuem respiração pulmonar. Uma das principais ca-
- Não possuem celulose e clorofila (aclorofilados), racterísticas do grupo é o fato das fêmeas alimentarem
uma característica que os diferencia dos vegetais; os filhotes através das glândulas mamárias.
- Possuem tecidos e órgãos, com exceções dos filos São exemplos de animais mamíferos os seres huma-
mais simples como os Poríferos; nos, gatos, cachorros e morcegos.
- Presença da blástula: esfera de células, oca, com lí-
quido no interior. É a segunda fase de segmenta- Animais Invertebrados
ção das células no desenvolvimento embrionário Os animais invertebrados são representados por inú-
depois da formação do zigoto (mórula-blástula- meros filos com características bem diferentes, mas to-
-gástrula-nêurula). dos são pluricelulares e não possuem parede celular.
- Presença de Celoma, uma cavidade embrionária Existem oito filos de animais invertebrados, são eles:
presente em todos os vertebrados, sendo que os poríferos, cnidários, platelmintos, nematelmintos, molus-
platelmintos são pseudocelomados e os poríferos cos, anelídeos, equinodermos e artrópodes.
não possuem;
Poríferos
- A maioria dos animais têm simetria bilateral: duas
Os poríferos são animais primitivos de água doce ou
metades do corpo simétricas. Também pode acon-
salgada. Eles são organismos que não possuem órgãos,
tecer a simetria radial (vários planos longitudinais
nem capacidade de locomoção e a reprodução pode ser
a partir do centro do corpo, exemplo: equinoder- sexuada ou assexuada. Exemplos: esponjas.
mos) ou ainda ausência de simetria (esponjas).
Cnidários
Filos do Reino Animal Os cnidários vivem em água doce ou salgada e alguns
O reino animal é dividido em diversos filos. Os prin- deles possuem capacidade de locomoção enquanto ou-
cipais são: poríferos, cnidários, platelmintos, nematódeos tros são sésseis.
ou nematelmintos, anelídeos, equinodermos, moluscos, Uma característica que os torna peculiares é a pre-
artrópodes e cordados. sença de um tipo celular específico, os cnidócitos. Alguns
exemplos de cnidários são águas-vivas, os corais, as anê-
Animais Vertebrados monas-do-mar, as hidras e as caravelas.
Os animais vertebrados são pertencentes ao Filo dos
Cordados (Chordata). A principal característica do grupo Platelmintos
é a presença da medula espinhal e coluna vertebral. Os platelmintos possuem corpo achatado e podem
Os animais cordados são divididos em 5 classes: pei- ser de vida livre ou parasitas. São exemplos, as tênias,
xes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. solitárias, esquistossomos e planárias.
Peixes Nematelmintos
Os peixes são animais com o corpo coberto por es- Os nematódeos ou nematelmintos possuem o corpo
camas e respiração branquial (retiram oxigênio da água). cilíndrico e podem ser de vida livre ou parasitas de hu-
Não controlam a temperatura do corpo (pecilotérmicos). manos e plantas. São exemplos as lombrigas, oxíuros e
São exemplos de peixes: o dourado, a arraia e o tubarão. outros vermes.
Anfíbios Anelídeos
Os anfíbios são animais que dependem da água na Os anelídeos possuem o corpo segmentado, com-
posto por anéis. Eles vivem em habitats úmidos na terra
fase larval (respiração branquial) e passam por uma me-
e nas águas doces ou salgadas. São exemplos: minhocas,
tamorfose corporal na vida adulta e adquirem a respira-
poliquetas e sanguessugas.
ção pulmonar, é o caso dos sapos, rãs, pererecas e sala-
mandras. Eles são ainda animais pecilotérmicos.
Equinodermos
Os equinodermos são animais marinhos com presen-
Répteis ça de exoesqueleto calcário e sistema hidrovascular. O
Os répteis são animais que possuem respiração pul-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
187
Artrópodes Além disso, na reprodução sexuada, os novos animais
Os artrópodes compreendem um filo muito diversifi- podem se desenvolver e nascer a partir de ovos (animais
cado. Eles são caracterizados pelo corpo segmentado e ovíparos), ou dentro do corpo de um dos pais, geralmen-
presença de exoesqueleto de quitina. te da fêmea (animais vivíparos).
Os principais artrópodes são: Depois de nascidos, se os filhotes são bem pareci-
dos com os adultos de sua espécie, só que de tamanho
- Insetos: borboletas, abelhas, baratas, moscas; pequeno, dizemos que eles têm desenvolvimento direto.
- Aracnídeos: aranhas, ácaros, escorpiões, carrapato;
- Miriápodes: centopeia, lacraias, gongolos; Falamos que uma espécie animal tem desenvolvimen-
- Crustáceos: lagostas, caranguejos, siris, camarões. to indireto quando os filhotes não se parecem nem um
pouco com os adultos de sua espécie, e passam por mu-
Reprodução danças corporais grandes até se tornarem adultos. Esse
Os animais, assim como todos os seres vivos, são ca- é o caso de alguns anfíbios, e também das borboletas e
pazes de se reproduzir. Isso significa que eles podem dar mariposas que, de lagartas, passam por algumas etapas
origem a novos indivíduos de sua espécie, permitindo até se tornarem animais com asas.
que elas continuem a existir.
Curiosidade:
A reprodução dos animais pode ser: A partir do que foi explicado, podemos concluir que a
reprodução dos seres humanos é sexuada, com fecunda-
ASSEXUADA ção interna, os filhos se desenvolvem e nascem de dentro
do corpo da mãe (viviparidade), e o desenvolvimento é
Na reprodução assexuada, uma célula (ou mais) se direto.
desprende do corpo do animal e se desenvolve, forman-
do um novo ser vivo. Reino vegetal
A reprodução sexuada pode acontecer entre indiví- No que diz respeito à sua estrutura, basicamente as
duos de sexos diferentes, ou seja: machos e fêmeas, que plantas são formadas pela raiz (fixação e alimentação),
é o caso da maioria dos animais que conhecemos. Ela caule (sustentação e transporte de nutrientes), folhas
também pode ocorrer entre indivíduos que possuem os (fotossíntese), flores (reprodução) e frutos (proteção das
dois sexos, chamados hermafroditos. A minhoca é um sementes).
exemplo de animal hermafrodito.
Classificação do Reino Vegetal
A fecundação, ou seja, o encontro entre os gametas, O Reino Vegetal é composto de plantas vasculares
pode ocorrer no ambiente (fecundação externa), ou a (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas) que pos-
partir do contato corporal entre os dois indivíduos, geral- suem vasos condutores de seiva, e plantas avasculares
mente dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). (briófitas), destituídas desses vasos.
188
Briófitas Plantas Carnívoras
As briófitas são plantas de pequeno porte que não As plantas carnívoras ou insetívoras são um caso
recebem luz direta do sol, uma vez que habitam locais curioso do Reino Vegetal, pois apresentam uma caracte-
úmidos, por exemplo, os musgos. rística peculiar que atraiu a atenção de muitos cientistas.
A reprodução desse grupo ocorre através do pro- Elas também realizam a fotossíntese, contudo, por
cesso de metagênese, ou seja, possui uma fase sexuada, habitarem solos pobres em nutrientes, buscam comple-
produtora de gametas, e outra assexuada, produtora de mentação nutricional por meio da digestão de alguns
esporos. pequenos animais. Para isso, costumam capturar peque-
Ademais, não possuem vasos condutores de seiva, o nos insetos ou, em alguns casos mais raros, sapos, ratos,
que as torna distintas dos outros grupos vegetais. Sen- pequenos mamíferos e pássaros.
do assim, o transporte de nutrientes ocorre mediante um
processo vagaroso de difusão das células.
Plantas Parasitas
Pteridófitas São conhecidas como plantas parasitas de outros ve-
As pteridófitas apresentam mais variedade que as getais porque necessitam da seiva deles para sua nutri-
briófitas. Elas são plantas que, em sua maioria, são ter- ção. Elas buscam em outros organismos fotossintetizan-
restres e habitam locais com grande umidade. Alguns tes a energia necessária para sobreviverem, uma vez que
exemplos desse grupo: samambaias, avencas e xaxins. não produzem o suficiente.
Apresentam vasos condutores de seiva, raiz, caule e Há aproximadamente 300 espécies com essas carac-
folhas e, da mesma maneira que as briófitas, a reprodu- terísticas, algumas delas são: erva de passarinho, planta
ção desses vegetais ocorre mediante uma fase sexuada e fantasma, visco, cipó dourado, dentre outras.
outra assexuada.
Quando o caule das pteridófitas é subterrâneo, de- REFERÊNCIAS
nomina-se de rizoma. Já as epífitas são plantas que se https://www.todamateria.com.br/classificacao-dos-
apoiam em outras plantas, todavia, sem causar-lhes da- -seres-vivos/
nos, como as samambaias e os chifres-de-veado. https://www.todamateria.com.br/reino-animal/
https://escolakids.uol.com.br/ciencias/reproducao-
Gimnospermas -dos-animais.htm
O grupo das gimnospermas é composto por uma https://www.todamateria.com.br/reino-vegetal/
grande variedade de árvores e arbustos de diversos por-
tes.
São plantas vasculares (presença de vasos conduto-
res de seiva), que possuem raiz, caule, folha e sementes. ECOSSISTEMAS
Alguns exemplos de gimnospermas: sequoias, pinheiros,
araucárias, dentre outras.
A reprodução das Gimnospermas é sexuada. A fecun-
dação ocorre nos órgãos femininos pelo pólen, que é Ecossistema é o conjunto dos organismos vivos e
produzido pelos órgãos masculinos e transportado com seus ambientes físicos e químicos.
o auxílio da natureza através de vento, chuva, insetos e
pássaros. O termo ecossistema é originado a união das palavras
O que as difere do grupo das Angiospermas são “oikos” e “sistema”, ou seja, tem como significado, siste-
principalmente suas sementes, visto que apresentam as ma da casa. Ele representa o conjunto de comunidades
chamadas sementes nuas, ou seja, não envolvidas pelo que habitam e interagem em um determinado espaço.
ovário.
Os componentes dos ecossistemas são:
Angiospermas Fatores bióticos: Todos os organismos vivos. Produto-
As angiospermas são plantas vasculares, ou seja, pos- res primários, consumidores, decompositores e parasitas.
suem vasos condutores. Elas habitam diferentes ambien- Fatores abióticos: Ambiente físico e químico que for-
tes e representam um grupo muito variado, composto de
nece condições de vida. Nutrientes, água, chuva, umida-
vegetais de pequeno e grande porte. As angiospermas
de, solo, sol, ar, gases, temperatura,etc.
caracterizam o maior grupo do reino vegetal, com apro-
ximadamente 200 mil espécies. O ecossistema é a unidade básica de estudo da Eco-
logia.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
189
Ao conjunto de ecossistemas terrestres damos o Canais de Havers- são uma série de tubos em torno
nome de bioma. Os biomas são ecossistemas com vege- de estreitos canais formados por lamelas concêntricas de
tação característica e um tipo de clima predominante, o fibras colágenas. Esta região é denominada osso com-
que lhes confere um caráter geral e único. pato ou diáfise. Vasos sanguíneos e células nervosas em
Exemplos de Ecossistemas todo o osso comunicam-se por osteócitos (que emitem
Os ecossistemas apresentam diferentes escalas. Não expansões citoplasmáticas que põem em contato um os-
existe tamanho para se definir um ecossistema. teócito com o outro) em lacunas (espaços dentro da ma-
triz óssea densa que contêm células ósseas). Este arranjo
O maior ecossistema que existe é a biosfera. Ela reú- original é propício ao depósito de sal mineral, o que dá
ne todos os ecossistemas existentes. Refere-se à camada resistência ao tecido ósseo. Deve-se ainda ressaltar que
da Terra habitada pelos seres vivos e onde os mesmos esses canais percorrem o osso no sentido longitudinal le-
interagem. vando dentro de sua luz, vasos sanguíneos e nervos que
são responsáveis pela nutrição do tecido ósseo. Ele faz
Os ecossistemas também podem ser mais simples. que os vasos sanguínios passem pelo tecido ósseo.
Por exemplo, uma poça de água é um ecossistema, pois Canais de Volkmann são canais microscópicos encon-
nela existem diversos microrganismos vivos que intera- trados no osso compato, são perpendiculares aos Canais
gem entre si e com fatores do ambiente. de Havers, e são um dos componentes do sistema de
Haversian. Os canais de Volkmann também podem trans-
As florestas tropicais representam os ecossistemas portar pequenas artérias em todo o osso. Os canais de
mais complexos, dada a grande biodiversidade e inúme- Volkmann não apresentam lamelas concêntricas.
ras relações ecológicas entre os seres vivos e os fatores O interior da matriz óssea existe espaços chamados
abióticos. lacunas que contêm células ósseas chamadas osteócitos.
Cada osteófito possui prolongamentos chamados cana-
Referência: lículos, que se estendem a partir das lacunas e se unem
< https://www.todamateria.com.br/ecossistema/> aos canalículos das lacunas vizinhas, formando assim,
uma rede de canalículos e lacunas em toda a massa de
tecido mineralizado.
Prezado candidato, nos tópicos anteriores você en-
contrará mais a respeito de Ecossistemas. Não deixe de
Conceito de Cartilagem: É uma forma elástica de te-
conferir.
cido conectivo semirígido - forma partes do esqueleto
nas quais ocorre movimento. A cartilagem não possui
suprimento sanguíneo próprio; consequentemente, suas
SER HUMANO E SAÚDE: NOÇÕES células obtêm oxigênio e nutrientes por difusão de longo
ELEMENTARES DE ANATOMIA E alcance.
FISIOLOGIA HUMANA E PRINCÍPIOS
BÁSICOS DE SAÚDE. Funções do Sistema Esquelético:
- Sustentação do organismo (apoio para o corpo)
- Proteção de estruturas vitais (coração, pulmões, cé-
Sistema Esquelético rebro)
- Base mecânica para o movimento
O sistema esquelético é composto de ossos e car- - Armazenamento de sais (cálcio, por exemplo)
tilagens. - Hematopoiética (suprimento contínuo de células
sanguíneas novas).
Conceito de Ossos: Ossos são órgãos esbranquiça-
dos, muito duros, que unindo-se aos outros, por inter- Número de Ossos do Corpo Humano:
médio das junturas ou articulações constituem o esque- É clássico admitir o número de 206 ossos.
leto. É uma forma especializada de tecido conjuntivo cuja
a principal característica é a mineralização (cálcio) de sua
matriz óssea (fibras colágenas e proteoglicanas).
O osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico. Uma
forma sólida de tecido conjuntivo, altamente especiali-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
190
Cabeça = 22
Crânio = 08 Membro Superior = 32
Face = 14 Cintura Escapular = 2
Braço = 1
Pescoço = 8 Antebraço = 2
Mão = 27
Tórax = 37
24 costelas Membro Inferior = 31
12 vértebras Cintura Pélvica = 1
1 esterno Coxa = 1
Joelho = 1
Abdômen = 7 Perna = 2
5 vértebras lom- Pé = 26
bares
1 sacro Ossículos do Ouvido Médio = 3
1 cóccix
Divisão do Esqueleto:
Esqueleto Axial - Composta pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco.
Esqueleto Apendicular - Composta pelos membros superiores e inferiores.
A união do esqueleto axial com o apendicular se faz por meio das cinturas escapular e pélvica.
Classificação dos Ossos:
Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em:
Ossos Longos: Tem o comprimento maior que a largura e são constituídos por um corpo e duas extremidades. Eles
são um pouco encurvados, o que lhes garante maior resistência. O osso um pouco encurvado absorve o estresse me-
cânico do peso do corpo em vários pontos, de tal forma que há melhor distribuição do mesmo. Os ossos longos têm
suas diáfises formadas por tecido ósseo compato e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso em suas
epífises. Exemplo: Fêmur.
Ossos Curtos: São parecidos com um cubo, tendo seus comprimentos praticamente iguais às suas larguras. Eles são
compostos por osso esponjoso, exceto na superfície, onde há fina camada de tecido ósseo compato. Exemplo: Ossos do.
Ossos Laminares (Planos): São ossos finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido ósseo compato, com
camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos planos garantem considerável proteção e geram grandes áreas para
inserção de músculos. Exemplos: Frontal e Parietal.
Além desses três grupos básicos bem definidos, há outros intermediários, que podem ser distribuído em 5 grupos:
Ossos Alongados: São ossos longos, porém achatados e não apresentam canal central. Exemplo: Costelas.
Ossos Pneumáticos: São osso ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por mucosa (seios), apresentando pe-
queno peso em relação ao seu volume. Exemplo: Esfenóide.
Ossos Irregulares: Apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em nenhuma das categorias prévias.
Eles têm quantidades variáveis de osso esponjoso e de osso compato. Exemplo: Vértebras.
Ossos Sesamóides: Estão presentes no interior de alguns tendões em que há considerável fricção, tensão e estresse
físico, como as palmas e plantas. Eles podem variar de tamanho e número, de pessoa para pessoa, não são sempre
completamente ossificados, normalmente, medem apenas alguns milímetros de diâmetro. Exceções notáveis são as
duas patelas, que são grandes ossos sesamóides, presentes em quase todos os seres humanos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ossos Suturais: São pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de suturas, entre alguns ossos do
crânio. Seu número varia muito de pessoa para pessoa.
Estrutura dos Ossos Longos:
A disposição dos tecidos ósseos compatos e esponjoso em um osso longo é responsável por sua resistência. Os
ossos longos contém locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às articulações. As partes de um
osso longo são as seguintes:
Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituída principalmente de tecido ósseo compato, proporcionando, con-
siderável resistência ao osso longo.
191
Epífise: as extremidades alargadas de um osso longo. A epífise de um osso o articula, ou une, a um segundo osso,
em uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina camada de osso compato que reveste o osso esponjoso e reco-
bertos por cartilagem.
Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.
Cabeça do Fêmur Processos Transverso e Espinhoso (Vértebras)
DEPRESSÕES ÓSSEAS
Articulares Não Articulares
- Fossas
- Sulcos
- Cavidades - Forames
- Acetábulo - Meatos
- Fóvea - Seios
- Fissuras
- Canais
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
192
Cavidade Glenóide (Escápula) Processos Transverso e Espinhoso (Vértebras)
Ossos da Cabeça
O crânio é o esqueleto da cabeça; vários ossos formam suas duas partes: o Neurocrânio e o Esqueleto da Face. O
neurocrânio fornece o invólucro para o cérebro e as meninges encefálicas, partes proximais dos nervos cranianos e
vasos sanguíneos. O crânio possui um teto semelhante a uma abóbada – a calvária – e um assoalho ou base do crânio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que é composta do etmóide e partes do occipital e do temporal. O esqueleto da face consiste em ossos que circundam
a boca e o nariz e contribuem para as órbitas.
Tórax
É uma caixa osteocartilagínea que contém os principais órgãos da respiração e circulação e cobre parte dos órgãos
abdominais.
A face dorsal é formado pelas doze vértebras torácicas, e a parte dorsal das doze costelas. A face ventral é constituí-
da pelo esterno e cartilagens costais. As faces laterais são compostas pelas costelas e separadas umas das outras pelos
onze espaços intercostais, ocupados pelos músculos e membranas intercostais.
193
Coluna Vertebral
A coluna vertebral, também chamada de espinha dorsal, estende-se do crânio até a pelve. Ela é responsável por dois
quintos do peso corporal total e é composta por tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras, as
quais estão sobrepostas em forma de uma coluna, daí o termo coluna vertebral. A coluna vertebral é constituída por 24
vértebras + sacro + cóccix e constitui, junto com a cabeça, esterno e costelas, o esqueleto axial.
Membro Superior
Os ossos dos membros superiores podem ser divididos em quatro segmentos:
Cintura Escapular - Clavícula e Escápula
Braço - Úmero
Antebraço - Rádio e Ulna
Mão - Ossos da Mão
Membro Inferior
O membro inferior tem função de sustentação do peso corporal, locomoção, tem a capacidade de mover-se de
um lugar para outro e manter o equilíbrio. Os membros inferiores são conectados ao tronco pelo cíngulo do membro
inferior (ossos do quadril e sacro).
A base do esqueleto do membro inferior é formado pelos dois ossos do quadril, que são unidos pela sínfise púbica
e pelo sacro. O cíngulo do membro inferior e o sacro juntos formam a PELVE ÓSSEA.
Os ossos dos membros inferiores podem ser divididos em quatro segmentos:
Cintura Pélvica - Ilíaco (Osso do Quadril)
Coxa - Fêmur e Patela
Perna - Tíbia e Fíbula
Pé - Ossos do Pé
Sistema Muscular
Conceito de Músculos:
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de trans-
mitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente
é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia
mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande quantidade de
sangue nas fibras musculares.
Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
Funções dos Músculos:
a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
b) Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e parti-
cipam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.
c) Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres)
pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos
regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema repro-
dutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.
e) Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor liberado pelo
músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Grupos Musculares:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
194
Classificação dos Músculos:
Quanto a Situação:
Quanto à Forma:
a) Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os
mais longos, podendo passar duas ou mais articulações. Exemplo: Bíceps braquial.
b) Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o
que não exclui força nem especialização. Exemplo: Músculos da mão.
c) Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quanto à Disposição da Fibra:
a) Reto: Paralelo à linha média. Ex: Reto abdominal.
b) Transverso: Perpendicular à linha média. Ex: Transverso abdominal.
c) Oblíquo: Diagonal à linha média. Ex: Oblíquo externo.
195
Quanto à Origem e Inserção:
a) Origem: Quando se originam de mais de um tendão. Ex. Bíceps, Quadríceps.
b) Inserção: Quando se inserem em mais de um tendão. Ex: Flexor Longo dos Dedos.
Quanto à Função:
a) Agonistas: São os músculos principais que ativam um movimento específico do corpo, eles se contraem ativa-
mente para produzir um movimento desejado. Ex: Pegar uma chave sobre a mesa, agonistas são os flexores dos dedos.
b) Antagonistas: Músculos que se opõem à ação dos agonistas, quando o agonista se contrai, o antagonista relaxa
progressivamente, produzindo um movimento suave. Ex: idem anterior, porém os antagonistas são os extensores dos
dedos.
c) Sinergistas: São aqueles que participam estabilizando as articulações para que não ocorram movimentos indese-
jáveis durante a ação principal. Ex: idem anterior, os sinergistas são estabilizadores do punho, cotovelo e ombro.
d) Fixadores: Estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente. Estabilizam a parte
proximal do membro quando move-se a parte distal.
Quanto à Nomenclatura:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Ação: Extensor dos dedos.
b) Ação Associada à Forma: Pronador redondo e pronador quadrado.
c) Ação Associada à Localização: Flexor superficial dos dedos.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra grega delta).
e) Localização: Tibial anterior.
f) Número de Origem: Bíceps femoral e tríceps braquial.
Tipos de Músculos:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido
muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser
vistas no microscópio óptico.
196
b) Músculos Lisos: Localizado nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdômino-
-pélvica. Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.
c) Músculo Estriado Cardíaco: Representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário – AUTO
RITMICIDADE.
a) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem. Constitui o
corpo do músculo (porção carnosa).
b) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do ventre, em
ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas ou de cilindros.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos musculares. Geral-
mente apresenta-se em forma de lâminas ou em leques.
197
d) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as quais desli-
zam os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
e) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas bolsas forra-
das por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
Tipos de Contrações:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o ângulo de
uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.
b) Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex: idem anterior,
porém quando recolocamos o livro sobre mesa.
c) Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera tensão muscular
sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em posição fixa. Ex: idem anterior,
porém quando o livro é sustentado em abdução de 90°.
O tecido muscular consiste de células contráteis especializadas, ou fibras musculares, que são agrupadas e dispostas
de forma altamente organizada. Cada fibra de músculo esquelético apresenta dois tipos de estruturas filiformes muito
delgadas, chamadas miofilamentos grossos (miosina) e finos (actina).
198
Sistema Circulatório vasos sanguíneos. As artérias e arteríolas carregam
O sistema circulatório é formado por dois sistemas de o sangue oxigenado do coração para as células do
transporte principais: o sistema cardiovascular, que com- corpo. A troca de líquido, oxigênio e gás carbônico
preende o coração, vasos sanguíneos e sangue, com o entre o sangue e as células dos tecidos ocorre atra-
objetivo de carregar oxigênio e nutrientes para as células vés dos capilares. As vênulas e veias carregam o
do corpo e transportar os resíduos das células corporais sangue pobre em oxigênio de volta para o coração,
para os rins. O sistema linfático fornece drenagem para o onde o ciclo recomeça.
líquido dos tecidos, denominado linfa. - Cada vez que o coração contrai, a corrente sanguí-
nea pode ser sentida, na forma de pulsação, em
Funções do sistema cardiovascular qualquer lugar onde uma artéria passa próxima a
superfície da pele. As principais localizações onde
- Transporte de gases: os pulmões, responsáveis pela podem ser sentidas o pulso são: no punho, na viri-
obtenção de oxigênio e pela eliminação de dióxido
lha e no pescoço.
de carbono, comunicam-se com os demais tecidos
- As emergências envolvendo o sistema circulatório
do corpo por meio do sangue.
ocorrem quando há sangramento descontrolado,
- Transporte de nutrientes: no tubo digestório, os nu-
comprometimento da circulação ou quando o co-
trientes resultantes da digestão passam através de
um fino epitélio e alcançam o sangue. Por essa ver- ração perde sua capacidade de bombear.
dadeira “auto-estrada”, os nutrientes são levados - O coração humano, como o dos demais mamífe-
aos tecidos do corpo, nos quais se difundem para ros, apresenta quatro cavidades: duas superiores,
o líquido intersticial que banha as células. denominadas átrios e duas inferiores, denomina-
- Transporte de resíduos metabólicos: a atividade me- das ventrículos. O átrio direito comunica-se com
tabólica das células do corpo origina resíduos, mas o ventrículo direito através da válvula tricúspide.
apenas alguns órgãos podem eliminá-los para o O átrio esquerdo, por sua vez, comunica-se com
meio externo. O transporte dessas substâncias, de o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide
onde são formadas até os órgãos de excreção é ou mitral. A função das válvulas cardíacas é garan-
feito pelo sangue tir que o sangue siga uma única direção, sempre
- Transporte de hormônios: hormônios são substân- dos átrios para os ventrículos.
cias secretadas por certos órgãos, distribuídas pelo - As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se al-
sangue e capazes de modificar o funcionamento ternadamente 70 vezes por minuto, em média. O
de outros órgãos do corpo. A colecistocinina, por processo de contração de cada câmara do mio-
exemplo, é produzida pelo duodeno, durante a cárdio (músculo cardíaco) denomina-se sístole. O
passagem do alimento, e lançada no sangue. Um relaxamento, que acontece entre uma sístole e a
de seus efeitos é estimular a contração da vesícula seguinte, é a diástole.
biliar e a liberação da bile no duodeno.
- Intercâmbio de materiais: algumas substâncias são A atividade elétrica do coração
produzidas ou armazenadas em uma parte do cor-
po e utilizadas em outra parte. Células do fígado, - Nódulo sinoatrial (SA) ou marcapasso ou nó sino-
por exemplo, armazenam moléculas de glicogênio, -atrial: região especial do coração, que controla a
que, ao serem quebradas, liberam glicose, que o frequência cardíaca. Localiza-se perto da junção
sangue leva para outras células do corpo. entre o átrio direito e a veia cava superior e é cons-
- Transporte de calor: o sangue também é utilizado
tituído por um aglomerado de células musculares
na distribuição homogênea de calor pelas diversas
especializadas. A frequência rítmica dessas fibras
partes do organismo, colaborando na manutenção
musculares é de aproximadamente 72 contrações
de uma temperatura adequada em todas as regi-
por minuto, enquanto o músculo atrial se contrai
ões; permite ainda levar calor até a superfície cor-
poral, onde pode ser dissipado. cerca de 60 vezes por minuto e o músculo ven-
- Distribuição de mecanismos de defesa: pelo sangue tricular, cerca de 20 vezes por minuto. Devido ao
circulam anticorpos e células fagocitárias, compo- fato do nódulo sinoatrial possuir uma frequência
nentes da defesa contra agentes infecciosos. rítmica mais rápida em relação às outras partes do
- Coagulação sanguínea: pelo sangue circulam as coração, os impulsos originados dele espalham-
-se para os átrios e ventrículos, estimulando essas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
199
Hiss ou miócitos átrio-ventriculares), que transmi- estimulação parassimpática do cérebro promove
tem os impulsos com uma velocidade aproxima- bradicardia (redução dos batimentos cardíacos),
damente 6 vezes maior do que o músculo cardíaco diminuição da pressão arterial e da frequência res-
normal, cerca de 2 m por segundo, em contraste piratória, relaxamento muscular e outros efeitos
com 0,3 m por segundo no músculo cardíaco. antagônicos aos da adrenalina.
Em geral, a estimulação do hipotálamo posterior au-
Controle Nervoso do Coração menta a pressão arterial e a frequência cardíaca, en-
quanto que a estimulação da área pré-óptica, na porção
O sistema nervoso é conectado com o coração atra- anterior do hipotálamo, acarreta efeitos opostos, deter-
vés de dois grupos diferentes de nervos do sistema ner- minando notável diminuição da frequência cardíaca e da
voso autônomo: parassimpáticos e simpáticos. A esti- pressão arterial. Esses efeitos são transmitidos através
mulação dos nervos parassimpáticos causa os seguintes dos centros de controle cardiovascular da porção inferior
efeitos sobre o coração: (1) diminuição da frequência dos do tronco cerebral, e daí passam a ser transmitidos atra-
batimentos cardíacos; (2) diminuição da força de con-
vés do sistema nervoso autônomo.
tração do músculo atrial; (3) diminuição na velocidade
de condução dos impulsos através do nódulo AV (átrio-
-ventricular), aumentando o período de retardo entre a
contração atrial e a ventricular; e (4) diminuição do fluxo
sanguíneo através dos vasos coronários que mantêm a
nutrição do próprio músculo cardíaco.
200
6. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia
HORA DE PRATICAR! extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo
1.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniversário, número de dias necessários para compensar as horas de
cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml de refri- um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente
gerante. Suponha que em uma determinada festa, havia que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir
20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2 litros o seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário
organizador da festa deveria comprar para alimentar as
20 pessoas? a) 16
b) 15
a) 12 c) 18
d) 13
b) 13
e) 12
c) 15
d) 25
7.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão:
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é
2. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
CORRETA: a) 0
b) 11
I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6 c) 12
II) 3 + 4 𝑥 2 = 14 d) 29
III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3 e) 32
a) 600: 2 𝑥 40: 2 𝑥 8: 2
b) 6: 2 + 4: 2 + 8: 2
c) 600: 2 − 40: 2 − 8: 2
d) 600: 2 + 40: 2 + 8: 2 Com esse preparo, cada 5 mL da suspensão oral recons-
e) 6: 2𝑥4: 2𝑥8: 2 tituída terá 200 mg do princípio ativo desse antibiótico.
Se, entretanto, uma pessoa adicionar 85 mL de água ao
4. (Pref. de São José do Cerrito – SC) Qual o valor da pó (em vez de 65 mL), então, a quantidade de miligramas
expressão: 34 + 14.4⁄2 − 4 ? do princípio ativo contida em 5 mL dessa suspensão oral
passará a ser, aproximadamente, de
a) 58
b) -31 a) 124.
c) 92 b) 225.
d) -96 c) 180.
d) 156.
5. (IF-ES) Um caminhão tem uma capacidade máxima de e) 135.
700 kg de carga. Saulo precisa transportar 35 sacos de ci-
mento de 50 kg cada um. Utilizando-se desse caminhão, 9. (UFLA 2018) “Uma das etapas de tratamento de águas
o número mínimo de viagens que serão necessárias para de piscinas, de águas para o consumo, e outros usos, é a
realizar o transporte de toda a carga é de: adição de “cloro”, etapa denominada de cloração. Nesse
processo, nem sempre se adiciona o cloro Cl2 diretamen-
te na água, utiliza-se uma solução de hipoclorito de sódio,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) 4
b) 5 conhecida como “cloro líquido”. Dependendo do objetivo
c) 2 que se pretende, são utilizadas soluções com concentra-
d) 6 ções diferentes. Por exemplo, se for na água para beber, a
e) 3 solução de hipoclorito adicionada possui concentração de
0,4 mg/l; já em soluções para limpeza de vegetais, a con-
centração é de 4 mg/l; para limpeza de utensílios é de 8
mg/l e como produto para limpeza, conhecido como água
sanitária, a concentração fica entre 25 e 50 g/l.”
(http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/adicao-cloro-na-
-agua.htm)
201
Num laboratório, havia 10 litros de solução para cada 13. (VUNESP – Agente de Copa – 2013) Uma pessoa
tipo de uso (água para beber, para limpeza de vegetais, deve distribuir 2L de água em copos com capacidade
para limpeza de utensílios e produto líquido para limpe- para 250 mL. Para distribuir todo o líquido, enchendo
za). Esses 40 litros foram misturados. A concentração de completamente os copos, ela precisará de
hipoclorito de sódio da solução obtida pela mistura é:
a) 5 copos
a) Entre 9,35 g/l e 15,60 g/l b) 7 copos
b) Entre 6,2531 g/l e 12,5031 g/l c) 8 copos
c) Entre 9,2531 mg/l e 15,5031 mg/l d) 9 copos
d) Entre 9253,1 mg/l e 1560,0 mg/l
14. (VUNESP – GCM – 2012) Das 10 questões de mate-
10. (SABESP – Analista de Gestão – FCC/2018) O are mática de um concurso, um candidato demorou 8 minu-
é uma unidade de área que corresponde a 100 metros tos e 40 segundos para resolver quatro questões fáceis,
quadrados, ao passo que o hectare equivale a 100 ares. 9 minutos e 50 segundos para resolver três questões
O alqueire paulista, por sua vez, equivale a 2,42 hectares médias e 12 minutos e 30 segundos para resolver duas
e o alqueire baiano, a 4 alqueires paulistas. difíceis. Sabendo-se que ele demorou na prova de ma-
Correspondem a 1 alqueire baiano: temática 44 minutos e 30 segundos, o tempo gasto, em
minutos, na última questão que era a mais difícil, foi:
a) 104 metros quadrados.
b) 4 104 metros quadrados. a) 11,5
c) 2,42 105 metros quadrados. b) 12
d) 9,68 105 metros quadrados. c) 12,5
e) 9,68 104 metros quadrados. d) 13
e) 13,5
11. (SABESP– Controlador de Sistema de Saneamento
– FCC/2018) A vazão é uma grandeza metrológica uti- 15. (VUNESP – Agente de Copa – 2013) Três amigos fa-
lizada para enumerar a quantidade de fluido que passa rão uma viagem de ida e volta entre Cascavel, no Paraná,
em um sistema. A vazão volumétrica é definida como e Chapecó, em Santa Catarina. Irão no carro de um deles,
sendo a quantidade, em volume, que escoa por meio de que faz 10 quilômetros com um litro de álcool. A distân-
uma seção em um intervalo de tempo determinado. É cia entre essas cidades é de 290 quilômetros. O total de
representado pela letra Q, ou por Qv, e expressa pela se- litros gastos será de:
guinte equação:
a) 55
Qv = v/t b) 58
c) 62
Onde: d) 63
v = volume
t = tempo
16. (Pref. Taquarituba-SP – Agente comunitário de
As unidades de vazão volumétricas comumente mais uti- Saúde – Instituto Excelência/2016) Analise a figura
lizadas são: m3/s, m3/h, L/h e L/min. A Conversão de L/h abaixo, classifique o ângulo indicado e assinale a alter-
para m3/h das vazões 5 L/h e 30 L/h são, respectivamen- nativa CORRETA:
te, em m3/h,
a) 0,0005 e 0,3
b) 0,0005 e 0,003
c) 0,005 e 0,03
d) 0,05 e 0,3
e) 0,5 e 3,0
202
a) 108°
b) 132°
c) 124°
d) Nda
a) 90°
b) 85°
c) 80°
d) 75°
e) 60°
a) 5 m
b) 21 m
c) 30 m
d) 35 m
e) 56 m
a) 90°
b) 108°
c) 120°
d) 126°
e) 130°
a) 12°
b) 15°
c) 20°
d) 30°
e) 45°
203
a) 15°
b) 45°
c) 90°
d) 180°
a) 4
b) 4,5
c) 5
d) 5,5
e) 6
a) 2.
b) 8.
c) 16.
d) 32.
Considerando a pirâmide de base triangular cujos vérti- 27. (UFLA – Engenheiro Civil – UFLA/2016) Em uma uni-
ces são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é versidade, existem 1.000 torneiras. Em qualquer instante,
dado por: 5% delas, em média, estão abertas e cada torneira aberta
produz uma vazão de 2 litros por minuto. Essa universidade
a) a3/6 funciona durante 10 horas por dia. Para suprir a demanda de
b) a3/3 água, será construído um reservatório, tendo as faces frontal
c) a3/3√3 e anterior paralelas e na forma trapezional, como na figura:
d) a3/6√6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
204
A altura h, em metros, para que esse reservatório, quan-
do totalmente cheio, em caso de falta de água, seja capaz
de suprir a demanda de água, nas torneiras da universi-
dade, por 5 dias, é:
a) 1,5 metro
b) 2,7 metros
c) 3,0 metros
d) 5,0 metros
29. (AL-RO – Analista Legislativo – FGV/2018) Uma pi- 33.(SISPREM – Escriturário – 2015) Quantos m² de pa-
râmide quadrangular regular tem altura 30 e aresta da pel adesivo são necessários para revestir externamente
base também igual a 30. A distância do centro da base uma caixa em formato de paralelepípedo medindo 40 cm
dessa pirâmide a uma das suas faces laterais é de comprimento, 30 cm de largura e 20 cm de altura,
considerando que a tampa da caixa não seja revestida?
a) 10√2.
b) 8√2. a) 0,40
c) 10√3. b) 0,60
d) 4√5. c) 0,70
e) 6√5. d) 0,80
e) 1,20
30.(VUNESP – Assistente Administrativo – 2016) Uma
grande caixa-d’água em formato de paralelepípedo reto 34. (UNESP – Assistente Administrativo – VU-
retangular tem internamente uma aresta da base me- NESP/2017) Utilize os dados do gráfico a seguir, que
dindo 2 metros a mais que a outra, e altura medindo 3 mostra o número de rascunho vendas realizadas pelo
metros. Se nessa caixa cabem, ao todo, 105 mil litros de vendedor Carlos em seis dias de uma semana, para res-
água, então a medida da maior aresta da sua base exce- ponder à questão.
de a medida da sua altura em
a) 6 metros
b) 5 metros
c) 4 metros
d) 3 metros
e) 2 metros
a) 684
b) 660
c) 648 A média diária de vendas de Carlos, nessa semana, é,
d) 630 aproximadamente, igual a:
e) 620
a) 12
32. (VUNESP – Secretária – 2014) Os recipientes cilín- b) 15
dricos A e B são iguais e têm a mesma capacidade, mas c) 18
as suas graduações são diferentes, conforme mostrado d) 20
nas figuras. e) 21
205
35. (TJM-SP – Escrevente Técnico Judiciário – UNVUNESP/2017) Leia o enunciado a seguir para responder a ques-
tão.
A tabela apresenta o número de acertos dos 600 candidatos que realizaram a prova da segunda fase de um concurso,
que continha 5 questões de múltipla escolha.
36. (IF-BA – Professor de Matemática – AOCP/2016) Sobre medidas de tendência central, considerando o conjunto
T das temperaturas, em grau Celsius, registradas nos dez primeiros dias do mês de junho em determinada região, res-
pectivamente: 11°C; 11°C; 6°C; 6°C; 3°C; 3°C; 0°C; 3°C; 5°C; 6°C, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta
a(s) correta(s).
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e III
e) Apenas II e III
(Adaptado de: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Fami-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
liares. 2008-2009)
A partir dos dados da tabela, é possível concluir que, nas áreas urbanas consideradas, a média da aquisição per capita
anual de arroz supera a da aquisição per capita de feijão em, aproximadamente,
a) 10 kg
b) 20 kg
c) 15 kg
d) 5 kg
e) 25 kg
206
38. (SEGEP-MA – Auditor Fiscal da Receita Estadual – FCC/2016) Os registros da temperatura máxima diária dos
primeiros 6 dias de uma semana foram: 25 °C; 26 °C, 28,5 °C; 26,8 °C; 25 °C; 25,6 °C. Incluindo também o registro da
temperatura máxima diária do 7º dia dessa semana, o conjunto dos sete dados numéricos será unimodal com moda
igual a 25 °C, e terá mediana igual a 26 °C. De acordo com os dados, é correto afirmar que, necessariamente, a tempe-
ratura máxima diária do 7º dia foi
a) Inferior a 25°C
b) Superior a 26,8°C
c) Igual a 26°C
d) Inferior a 25,6°C
e) Superior a 26°C
39. (SEGEP-MA – Auditor Fiscal da Receita Estadual – FCC/2016) Três funcionários do Serviço de Atendimento ao
Cliente de uma loja foram avaliados pelos clientes que atribuíram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento recebido.
A tabela mostra as notas recebidas por esses funcionários em um determinado dia.
Considerando a avaliação média individual de cada funcionário nesse dia, a diferença entre as médias mais próximas
é igual a:
a) 0,32
b) 0,21
c) 0,35
d) 0,18
e) 0,24
40. (Pref. de Carpina-PE – Assistente Adiministrativo – CONPASS/2016) Efetuou-se uma pesquisa com 30 pessoas,
escolhidas aleatoriamente, para saber o número de livros que liam por ano. Com base nas respostas obtidas, elaborou-
-se o seguinte gráfico:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pode-se afirmar que o número de pessoas que, num ano, não leem livro algum é:
a) 6
b) 2
c) 14
d) 20
e) 12
207
41. (Pref. Lauro Muller-SC – Auxiliar Administrativo Primeira República.
FAPESUL/2016) Assinale a assertiva que apresenta a
média aritmética simples, a moda e a mediana, respecti- a) Com a política dos governadores, o governo estadu-
vamente, da sequência (8,9,6,4,3,11,7,10,14,14). al passou a sustentar os grupos dominantes em cada
estado, em troca de apoio eleitoral para o Executivo
a) 8,6 – 8 – 14 federal.
b) 8,6 – 14 – 8 b) Com a aliança entre Minas Gerais e Rio de Janeiro,
c) 8,6 – 14 – 8,5 detentores das maiores bancadas no Congresso no
d) 8 – 14 – 9,1 período, as oligarquias do Centro-Sul garantiram o
e) 7,8 – 14 – 9 controle do Executivo e do Legislativo federais.
c) Com o coronelismo, controlou-se o eleitorado no
42. (Professor – Pref. Rio de Janeiro/2016) A tabela campo, incorporado ao processo político pelo fim
do critério censitário, e garantiu-se a hegemonia das
abaixo representa o consumo de carne mensal, em kg,
oligarquias rurais regionais, interferindo no processo
de uma determinada família durante um semestre.
eleitoral.
d) Com a criação de um novo ator político - os gover-
nadores, eleitos a partir das máquinas estaduais -, os
estados aprofundaram o federalismo e combateram o
coronelismo, visto como sobrevivência arcaica da or-
A mediana das seis quantidades de carne mostradas na dem imperial.
tabela é igual a: e) Com o pacto federativo, acirraram-se as hostilidades
existentes entre Executivo e Legislativo, criando a dis-
a) 9,0 puta entre São Paulo e Minas Gerais pela presidência
b) 9,2 da República.
c) 9,5 45 (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Em 1945 chega ao fim o
d) 9,7 Estado Novo implantado pelo presidente Getúlio Vargas.
Entre as causas tivemos a(s)
43. (UFMT/2015 - IF-MT) Durante o período imperial a) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoia-
brasileiro, o liberalismo foi uma das correntes políticas do pelo Partido Trabalhista Brasileiro daquela época.
influentes na composição do nascente Estado indepen-
b) Atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE,
dente, tendo, em diferentes momentos, pautado seus
rumos. Há que se observar, no entanto, que, diferente- que assumiu o poder apoiando o partido da União
mente do modelo europeu, o liberalismo encontrado no Democrática Nacional.
Brasil tinha suas idiossincrasias. A partir do exposto, mar- c) Pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas
que V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. a extinguir o Estado Novo e tornar o país uma demo-
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marca- cracia.
dos pela manutenção da escravidão e da estrutura arcai- d) Adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele
ca de produção. implante no Brasil um regime semelhante após 1945.
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes mé- e) Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado
dias urbanas, agentes públicos e manumitidos ou libertos. das democracias, criando uma situação interna con-
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante traditória, pois o país vivia, até aquele ano, uma dita-
a elaboração da Constituição de 1824. dura.
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no
Brasil ajudou a estruturar o pensamento liberal no pri- 46. (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Com relação à ditadura
meiro reinado. militar brasileira, que teve início em 1964, e a redemocra-
tização no Brasil pós - ditadura, identifique as afirmativas
Assinale a sequência correta. a seguir como verdadeiras(V) ou falsas (F):
( ) A publicação dos atos institucionais foi um forma de
a) F, V, F, V
legitimar rapidamente as medidas do governo. Entre os
b) V, V, F, F
c) V, F, V, F atos publicados no período, o AI-5 concedia ao presiden-
d) F, F, V, V te da República plenos poderes, como o direito de cassar
mandados.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
44. (FGV/2016 – SME/SP) “Comecemos pela expressão ( ) O período foi marcado por significativo desenvolvi-
‘República Oligárquica’. Oligarquia é uma palavra grega mento econômico, que ficou conhecido como “milagre
que significa governo de poucas pessoas, pertencentes brasileiro”.
a uma classe ou família. De fato, embora a aparência de ( ) Em meio a manifestações de artistas e estudantes con-
organização do país fosse liberal, na prática o poder foi trários ao regime, os operários conseguiram manter um
controlado por um reduzido grupo de políticos em cada diálogo contínuo com o governo, devido à importância
Estado.” dessa classe trabalhadora para a economia do país.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995, p. ( ) Uma das ações que marcou o processo de redemo-
61. cratização foi a campanha pelas eleições diretas para a
Assinale a opção que caracteriza corretamente um dos presidência da República, que ficou conhecida como “Di-
mecanismos próprios da ordem oligárquica brasileira na retas já”.
208
( ) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós- 49. (CESPE/2017 - Instituto Rio Branco) Durante o Pri-
-ditadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os meiro Reinado consolidou-se a independência nacional,
únicos partidos políticos autorizados a funcionar no pe- construiu-se o arcabouço institucional do Império do
ríodo Brasil e estabeleceram-se relações diplomáticas com di-
versos países. Acerca desse período da história do Brasil,
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, julgue (C ou E) o item subsequente.
de cima para baixo Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo
a) V - F - V - V - F das relações simétricas entre os Estados envolvidos, a
b) V - V - F - V - F Guerra da Cisplatina encerrou-se com a interferência de
uma potência externa ao conflito.
c) F - F - V - F - V
d) F - V - F - F - V ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) V - V - F - V - V
47. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de 50. (IF-PE - Técnico em Assuntos Educacionais - IF-
Betim/MG) Sobre a economia do Brasil colonial, assinale -PE/2014) Considerando as Diretrizes Curriculares Na-
a alternativa CORRETA. cionais Gerais para a Educação Básica, é CORRETO afir-
mar que
a) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de
a) o credenciamento para a oferta de cursos e progra-
obra escrava negra. mas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação
b) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável. Especial e de Educação Profissional e Tecnológica de
c) A colônia podia desenvolver-se livremente sem ne- nível médio, na modalidade a distância, compete aos
nhuma interferência da metrópole. sistemas estaduais e municipais de ensino, atendidas a
d) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas regulamentação federal e as normas complementares
práticas mercantilistas. desses sistemas.
48. (IFB/2017 – IFB) “A principal característica política b) o credenciamento para a oferta de cursos e progra-
da independência brasileira foi a negociação entre a elite mas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação
nacional, a coroa portuguesa e a Inglaterra, tendo como Especial e de Educação Profissional e Tecnológica de
figura mediadora o príncipe D. Pedro” nível médio, na modalidade a distância, compete ao
sistema federal de ensino, consideradas as especifici-
(CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo
dades regionais.
caminho. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. c) o credenciamento para a oferta de cursos e programas
p. 26). de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Espe-
Leia as afirmativas com relação ao processo de emanci- cial e de Educação Profissional e Tecnológica de nível
pação política do Brasil. médio, na modalidade a distância, compete aos siste-
I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o mas estaduais de ensino, atendidas a regulamentação
Brasil uniram os luso-americanos em torno da ideia de federal e as normas complementares desses sistemas.
perpetuar os laços políticos que uniam, entre si, os lados d) o credenciamento para a oferta de cursos e programas
europeu e americano do Império Português. de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Espe-
II) A escolha da monarquia em vez da república, como cial e de Educação Profissional e Tecnológica de nível
alternativa política para o Brasil independente, derivou médio, na modalidade a distância, compete ao siste-
ma federal de ensino, atendidas as disposições das Di-
da convicção da elite brasileira de que só um monarca
retrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
poderia manter a ordem social e a união territorial. Básica.
III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em e) o credenciamento para a oferta de cursos e progra-
1821, a elite brasileira percebeu a necessidade de uma mas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação
solução política que implicasse a separação entre Brasil Especial e de Educação Profissional e Tecnológica de
e Portugal. nível médio, na modalidade a distância, compete ao
IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para sistema federal de ensino, atendidas as suas normas e
a transição do Brasil de colônia para emancipado politi- regulamentações.
camente.
V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações 51. (Prefeitura de Goiânia – GO - PE II – Português -
dos direitos civis, uma vez que manteve a escravidão. CS-UFG/2016) As Diretrizes Curriculares Nacionais para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
209
43 C
GABARITO 44 C
45 E
1 B 46 B
2 C 47 D
3 D 48 C
4 A 49 CERTO
5 E 50 C
6 C 51 B
7 B
8 A
9 C
10 D
11 C
12 B
13 D
14 B
15 D
16 A
17 D
18 B
19 D
20 D
21 D
22 C
23 C
24 C
25 C
26 B
27 D
28 B
29 E
30 C
31 C
32 B
33 A
34 C
35 D
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
36 C
37 B
38 E
39 B
40 A
41 C
42 C
210