100% acharam este documento útil (1 voto)
2K visualizações203 páginas

Proibido para Mim

Maya trancou a faculdade de economia sem contar para seu irmão Nick, pois não gostava do curso mas tinha medo de decepcioná-lo. Quando Nick descobre, fica furioso mas escuta as explicações de Maya. Ela fez o curso apenas para agradá-lo, mas se sentia infeliz. Nick admite que foi egoísta em não perguntar o que ela realmente queria.

Enviado por

Raquel Trindade
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
100% acharam este documento útil (1 voto)
2K visualizações203 páginas

Proibido para Mim

Maya trancou a faculdade de economia sem contar para seu irmão Nick, pois não gostava do curso mas tinha medo de decepcioná-lo. Quando Nick descobre, fica furioso mas escuta as explicações de Maya. Ela fez o curso apenas para agradá-lo, mas se sentia infeliz. Nick admite que foi egoísta em não perguntar o que ela realmente queria.

Enviado por

Raquel Trindade
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 203

Cap 1

- Não seja tão irresponsável Maya. - Clary revira os olhos.

- Por que sou irresponsável? - Retruco.

- Por que quer largar a faculdade de repente?

- Só comecei a cursar economia por causa do meu irmão, mas não estou nem um pouco
animada.

- Então por quê começou? Deveria ter dito qual faculdade queria fazer, ao invés de começar
algo que não te agradava.

- Fiquei com medo de Nick se decepcionar comigo. - Assumo. - Então aceitei sem ao menos
dizer nada.

Minha vida se resume a fazer as vontades do meu irmão e não as minhas. Ele parecia tão feliz
enquanto falava com animação da faculdade que cursou, que não tive coragem de dizer a ele o
que eu realmente queria fazer.

Agora estou fazendo algo que não gosto, e que não me deixa nem um pouco feliz. Depois de
muito pensar decidi trancar a faculdade, mas agora só me falta a coragem de dizer a ele o que
eu fiz.

Sempre foi apenas nós dois, e desde sempre Nick cuidou de mim como se fosse meu pai, então
devo muito a meu irmão.

Passamos por momentos bons, mas também tivemos muitas dificuldades quando nossos pais
faleceram, mas meu irmão sempre se manteve ao meu lado, e por mais difícil que fosse nunca
me deixou faltar nada.

Nick abriu mão da sua juventude para poder cuidar da irmã mais nova, então eu sinto que
devo a ele mesmo sabendo que ele não fez mais do que sua obrigação.
- O que vai fazer? - Clary pergunta.

- Eu ainda não sei. - Assumo. - Parece que nada me chama atenção, então prefiro ficar quieta
por um tempo até decidir o que eu realmente quero fazer da minha vida.

Não quero começar outra faculdade para desistir logo em seguida, e é por não saber o que
quero no momento que prefiro ficar sossegada.

Nick vai me matar quando eu disser a ele, mas espero que ele me entenda de alguma forma.

- Não conte para a ele. - Peço para Clary.

- Eu não ousaria.

- Está com medo do que ele fará? - Pergunto.

- Você sabe que ele está colocando toda sua confiança em você, então eu não teria coragem
de dizer nada e ver a sua fúria em seguida.

- Só me faz eu me sentir ainda mais culpada falando desse jeito. - Suspiro alto.

- Você melhor do que ninguém sabe como ele se sente. - Clary fala.

Me levanto da cama e pego as mãos da minha amiga entre as minhas e pergunto:

- Vai ficar ao meu lado quando eu contar a ele?

- Esse assunto de família é entre vocês dois...

- Vocês vão se casar em breve, então tem todo o direito de se envolver nos assuntos da
família. - A corto.
- Vou tentar te ajudar, mas não posso prometer que vou conseguir fazê-lo não querer te
matar. - Clary sorri abertamente. - Você conhece a personalidade ruim do seu irmão, então é
melhor ir se preparando.

- Eu acho que estou mais ferrada do que nunca. - Desabo na cama. - É melhor eu morrer de
uma vez.

Pego o travesseiro e tapo meu rosto, mas Clary o toma da minha mão.

- Não seja exagerada.

- Não estou sendo. - Falo.

- Nick vai ficar bravo, mas acabará te entendendo. - Clary me dá um tapinha no braço.

- É o que espero, ou não terá sua madrinha no dia do seu casamento, e nem seu noivo porque
ele foi preso por me matar.

Conheci Clary quando encontrei seu cachorrinho perdido na rua há alguns anos atrás. Nos
tornamos amigas inseparáveis logo em seguida, e não demorou muito para meu irmão se
interessar por ela.

Nenhum dos dois tinham coragem de assumir um para o outro que se gostavam, então tive
que dar um empurrãozinho. O casamento dos dois está chegando, e já posso ver a animação e
nervosismo no rosto de ambos.

Eu não sei o que vou fazer quando se casarem, porque não quero atrapalhar os recém casados
morando com eles.

Minha família não é rica, então tudo o que temos é a casa onde moramos. Clary vai se mudar
assim que se casarem, e apesar de já ter dito que não se importa de dividir a casa comigo, acho
que será estranho conforme o tempo for passando.

Nick e Clary não terão a liberdade de um casal, porque poderei aparecer a qualquer momento.
Sempre fui eu a mulher a comandar a casa, mas essa tarefa será dela após o casamento, e eu
não quero que nossa amizade acabe ficando debilitada por pensarmos diferente.
Somos amigas sim, mas cada uma pensa de forma diferente, e age de forma diferente. Pode
até dar certo por algum tempo, mas em algum momento teremos conflitos, e isso poderá
deixar nossa amizade em jogo.

Não tenho um emprego e muito menos um lugar onde morar, mas terei que dar um jeito na
minha vida. Não sou mais uma criança para depender do meu irmão, então terei que começar
a caminhar com meus próprios pés de agora em diante.

Tenho certeza que Nick não vai permitir que eu more sozinha, mas dessa vez eu não deixarei
ele tomar as decisões. Vou fazer o que acho melhor para mim e para eles, e tudo o que posso
fazer é torcer para que ele me entenda.

Enquanto não se casam vou procurar por algum emprego, e então poderei começar a minha
vida sendo uma pessoa independente.

- Agora o que eu preciso é de um emprego. - Falo.

- Virou comediante? - Clary começa a rir. - Nunca trabalhou e de repente quer arrumar um
emprego?

- Você sabe que não trabalho porque Nick não permite, e não porque eu não quero.

- Eu estava bricando. - Ela para de rir.

Nick queria que eu usasse todo meu tempo estudando, então não quis que eu começasse a
trabalhar, mas agora que tranquei a faculdade posso tentar arrumar um emprego.

Eu sei que será difícil porque não tenho experiências em nada, e a maioria das empresas
gostam de contratar quem já é experiente no mercado de trabalho, mas não vou desistir
mesmo que seja difícil.

- Não tem nenhum amigo que precise de alguém para trabalhar? - Pergunto para Clary.
- Se tivesse me falado antes eu teria ajudado. - Ela fala. - Meu primo estava contratando uma
secretária, mas a vaga já foi preenchida.

- Que merda. - Praguejo.

- Se eu ver algum anúncio ou souber de alguma coisa te falo.

- Obrigada. - Agradeço.

- Precisa de ajuda com o currículo? - Clary pergunta.

- Se puder me ajudar eu quero. - Sorrio abertamente.

- Pegue seu computador.

- Sim senhora. - Me levanto rapidamente.

Corro até a poltrona e pego meu computador na minha mochila, em seguida volto para a cama
e me sento ao lado da Clary.

Olho para o lado quando à porta do quarto meu quarto é aberta e Nick o adentra furioso.

- Por que trancou a droga da faculdade Maya?! - Ele grita.

Cap 2

- Por que trancou a droga da faculdade Maya?! - Ele grita.

Levo a mão ao peito assustada com os gritos do meu irmão enquanto Clary faz o mesmo.

- Me responda Maya! - Ele grita novamente.


- Não sei se percebeu, mas ainda não estou surda. - Faço uma careta. - Mas depois dos seus
gritos é bem provável que Clary e eu fiquemos.

- Eu não estou brincando. - Ele aponta o dedo em minha direção.

- Quem está brincando aqui Nick? - Retruco.

Ela passa as mãos pelo rosto de uma forma exasperada enquanto suspira alto.

- Não fique bravo antes de escutar sua irmã Nick. - Clary pede.

- Como eu não poderia ficar bravo?! - Ele grita.

- Acho melhor abaixar a voz para falar comigo! - Dessa vez é Clary que grita. - Não sou Maya,
então é melhor pensar bem antes de gritar comigo.

- Me perdoe. - Ele pede, mas dessa vez com a voz baixa.

Minha vontade é de rir da sua cara de idiota, mas me controlo antes que eu fique ainda mais
encrencada.

- Nunca te tratei dessa forma, então espero que essa seja a primeira e última vez que levanta a
voz para falar comigo, caso contrário estará bem ferrado. - Clary aponta o dedo em sua
direção.

- Meu desculpe amor. - Nick se aproxima dela e a abraça. - Prometo que isso não vai se repetir.

- Mas não vai mesmo.

Enquanto os dois fazem as pazes, começo a caminhar em ponta de pé em direção à porta do


quarto, mas antes que eu tenha a chance de sair Nick pergunta:

- Onde pensa que vai May?


- Estou morrendo de sede. - Coloco a mão no pescoço. - Eu ia pegar um pouco de água para
beber.

- Está tentando enganar quem?

- Não estou...

- Venha aqui. - Ele me corta.

- E a minha água?

- Venha aqui Maya. - Ele pede novamente.

- Mas... eu...

- Quer que eu vá até aí e te arraste? - Nick pergunta.

- Chato. - Murmuro baixinho.

Caminho em sua direção lentamente, e quando estamos em uma distância segura eu paro.

- Por que trancou a faculdade Maya? - Nick se senta na beirada da minha cama.

- Não me interesso por economia.

- Como não? - Ele me olha incrédulo.

- Só aceitei porque você parecia feliz quando me sugeriu cursar o mesmo que você. - Assumo.

- Por que não me falou antes?


- Porque eu não queria que se decepcionasse comigo. - Suspiro alto.

- Deixa eu ver se entendi. - Nick coloca a mão no queixo. - Começou a fazer a faculdade contra
a própria vontade apenas porque pensou que eu me decepcinaria com você?

- Exatamente. - Confirmo com a cabeça.

Nick abaixa a cabeça por um tempo, em seguida a levanta novamente e pergunta:

- Acho que sou tão egoísta assim?

- Claro que não. - Reviro os olhos.

- Se me dicesse que queria cursar outra coisa eu respeitaria sua decisão Maya. Eu lhe sugeri
que cursasse o mesmo que eu e você pareceu animada, então acabei não lhe perguntando se
era realmente o que queria porque pensei que gostava de economia.

- Eu não queria que se decepcionasse  comigo, então aceitei tudo calada. Tentei gostar, mas
quanto mais tempo se passava, mais sufocante estava sendo. - Me sento ao seu lado.

Eu realmente tentei gostar do que estava cursando, mas eu não estava nem um pouco
animada ou feliz. No começo eu disse a mim mesma que seria legal, me acostumaria com o
tempo, mas isso não aconteceu.

Tudo ficou ainda pior quando um dos meus professores começou a me perseguir, e isso foi o
principal motivo de ter abandonado a faculdade.

Não contei para Clary porque sabia que ela não iria guardar esse segredo do meu irmão. Se ele
soubesse seria capaz de uma loucura, e é por esse motivo que não irei lhe contar nada.

Nick não tem um temperamento muito fácil de lidar, então já sei que seria bem provável que
iria tirar satisfação com o crápula do professor, e é por isso que tenho medo.
- Me desculpe por ser um péssimo irmão.

- Você nunca foi um péssimo irmão. - Pego sua mão entre as minhas.

- Eu deveria ter perguntado a você...

- Só por isso seria um péssimo irmão? - O corto. - Você já fez muito por mim Nick, até mesmo
abriu mão da sua vida para cuidar de mim, então em hipótese alguma diga uma bobeira dessa
novamente.

- Mesmo assim eu deveria lhe perguntar como se sente. - Ele sorri fraco. - Não está brava
comigo?

- Por que eu estaria? - Pergunto.

- Praticamente a obriguei fazer algo que não gosta.

- Não estou brava com você. - Sorrio abertamente. - Na verdade estou feliz.

- Feliz? - Ele me olha confuso.

- Tive a chance de conversar com você e agora sabe como eu me sinto, então estou feliz por
você ter me entendido.

Eu sabia que Nick iria ficar muito bravo, e quando eu o vi chegando furioso tive ainda mais
certeza que seria meu fim, mas ainda bem que ele foi compreensivo e entendeu meu lado.

Estava com medo de que ele me obrigasse a entrar na faculdade novamente, mas pelo jeito
isso não vai acontecer.

Eu sei que fui irresponsável, pois ele estava gastando seu salário pagando minha faculdade,
mas de alguma forma irei lhe compensar. Não sei quando mas irei.

- Resolver tudo com gritaria não é a melhor escolha. - Clary fala.


- Você tem razão meu amor. - Nick sorri. - Mas tem horas que May só escuta se tiver gritos.

- Que calúnia. - Semicerro os olhos.

- O que pretende fazer agora? - Nick muda de assunto.

- Não vou estudar por enquanto.

- O quê?! - Ele arregala os olhos.

- Enquanto eu não descobrir o que quero fazer da minha vida não irei começar a estudar. - Lhe
explico. - Não quero começar algo para desistir novamente, então vou esperar por um tempo.

- Se não vai estudar então pode arrumar um emprego.

- Eu já estava pensando nisso. - Falo.

Não quero ficar dependendo do meu irmão a vida toda, então terei que começar a ser
independente e aprender a me virar sozinha.

- Vou conversar com alguns amigos, e ver se algum lhe dá algum emprego. - Nick fala.

- Eu não quero. - Nego com a cabeça.

- Por que não quer May?

- Quero tentar arrumar um emprego sozinha. - Digo.

- Como não tem experiência em nada vai ser bem difícil Maya, então é melhor aceitar a
sugestão do seu irmão. - Clary diz.
Eu sei que não será nada fácil, mas eu queria conquistar algo sem a ajuda do meu irmão, mas
nesse momento não posso me dar ao luxo de rejeitar sua ajuda.

Se eu for tentar arrumar um emprego sozinha é bem provável que vá demorar um pouquinho,
e com a ajuda de Nick vou conseguir mais rápido, e quando mais depressa eu estiver
trabalhando melhor será para mim. Então vou abrir mão da minha vontade mais uma vez, e
vou aceitar sua ajuda.

- Talvez eu aceite ser ajudada mais uma vez. - Sorrio abertamente.

- Tem certeza que é isso que você quer Maya? - Nick pergunta. - Tem certeza que não quer
começar a estudar outra coisa, algo que goste?

- Eu quero um emprego. - Digo com convicção.

Eu sei que estou sendo irresponsável, mas ao mesmo tempo que não sei o que quero fazer,
tenho medo de que vá se repetir o que aconteceu com o professor.

Tenho em mente que isso pode acontecer também em um ambiente de trabalho ou em


qualquer outro lugar, mas eu realmente espero nunca mais passar por algo tão grotesco e
repugnante.

- Se é isso o que realmente deseja irei lhe ajudar. - Nick fala.

- Obrigada. - Agradeço.

- Só espero que não se arrependa. - Ele diz com um ar misterioso enquanto dá um tapinha na
minha perna.

Conheço meu irmão bem o suficiente para saber que ele está tramando algo, agora só me
resta esperar para saber o que se trata.

- Eu também. - Murmuro baixinho.

Cap 3
- May?

- Hum?

- Esqueceu que começa trabalhar hoje? - Nick pergunta.

- Droga.

Me levanto da cama rapidamente e começo arrumá-la em seguida, enquanto Nick abre as


cortinas da janela do meu quarto.

- Vá se arrumar logo para tomar café.

- Não tenho tempo para café. - Falo.

- Vai precisar de forças no seu emprego, então sugiro que tome um café reforçado antes de ir
trabalhar.

- Não vai me falar nada? - Pergunto. - Vai deixar eu começar a trabalhar sem ao menos saber o
que vou fazer?

- Eu já disse que será uma grande surpresa. - Nick sorri de canto.

Meu irmão conseguiu me arrumar um emprego, mas não quer me dizer com o que irei
trabalhar.

Estou insistindo desde ontem, mas ele não abre a boca para dizer nada, então acabei
desistindo.

Não sei o porque de tanto mistério, mas uma coisa tenho total certeza, ele deve estar
aprontando alguma coisa, caso contrário não estaria se mantendo em silêncio.
- Vá se arrumar logo May. - Ele aponta em direção ao banheiro. - Não vai querer chegar
atrasada no seu primeiro dia não é?

Não respondo nada e corro em direção ao banheiro para fazer minha higiene pessoal, e
enquanto isso tento adivinhar com o que irei trabalhar.

Entro no banheiro e fecho à porta, tiro meu pijama e o coloco sobre a tampa da privada. Levo
a mão a torneira do chuveiro e começo a tomar um rápido banho para não perder tempo.

- Meu irmão só pode ser louco. - Digo a mim mesma.

Como irei me preparar para ir ao meu primeiro dia de trabalho sem ao menos saber o que vou
fazer? Tenho impressão que Nick quer me castigar de alguma forma por não querer estudar no
momento, então com toda certeza meu emprego não será nada fácil.

- Já terminou Maya?! - Nick bate na porta.

- Sim! - Grito.

Pego uma toalha e me enxugo rapidamente, em seguida a envolvo em volta do meu corpo e
abro um pouco da porta.

- Vou me vestir, então pode sair do meu quarto. - Digo a Nick.

- Depois de se vestir venha até a cozinha para tomar seu café da manhã. - Ele fala enquanto
caminha em direção à porta do quarto.

Assim que vejo que meu irmão fechou à porta, saio do banheiro e caminho em direção ao meu
guarda roupa. Abro a primeira porta e pego o vestido que já havia escolhido, em seguida pego
um conjunto de lingerie.

Assim que me aproximo da cama coloco o vestido sobre ela, e logo após começo a me vestir.

Algum tempo depois paro em frente ao espelho e faço um rabo de cavalo nos meus cabelos, e
passo um batom nude, já que nunca fui de gostar de maquiagem muito pesada. Em seguida
pego minha bolsa e coloco a alça no meu ombro e começo a caminhar em direção à porta do
quarto.

Assim que entro na cozinha puxo uma cadeira e me sento de frente com Nick que me serve
uma xícara de café.

- Obrigada. - Agradeço quando ele me entrega a xícara.

- Temos apenas trinta minutos, então não demore muito. - Ele fala olhando para o relógio.

Estava tão nervosa com o meu primeiro dia de trabalho, que acabei me esquecendo de colocar
o relógio para despertar. Se não fosse por Nick provavelmente estaria dormindo até agora, e
então estaria bem ferrada.

Deixo o café de lado e sirvo um pouco de suco, e então começo comer rapidamente meu
sanduíche.

- Vai com calma Maya.

- Você mandou eu comer rápido. - Falo de boca cheia.

- Mas não tão rápido a ponto de se engasgar. - Ele revira os olhos.

- Está bem.

- Vou te esperar do lado de fora. - Nick fala.

- Ok. - Aceno com a cabeça.

Ele se levanta e começo a caminhar para fora da cozinha, estão termino de comer meu
sanduíche e de beber meu suco. Me levando e corro em direção ao meu quarto novamente
para escovar meus dentes enquanto Nick me espera do lado de fora de casa.

🌻
- Por que estamos aqui? - Pergunto confusa.

- Seu local de trabalho.

- Mas... eu...

Olho para Nick, em seguida olho para a casa de Jake e repito esse processo diversas vezes.

- Como assim meu local de trabalho? - Pergunto.

Nick não fala nada e sai do carro, da a volta e abre a minha porta.

- Saia ou chegará atrasada, e você sabe que Jake gosta de pontualidade.

Tiro o cinto de segurança, em seguida saio do carro ainda mais confusa do que antes.

Nick não responde minhas perguntas, então não sei o que está acontecendo. Por que eu iria
trabalhar na casa de Jake? O que teria aqui para eu fazer?

Nick começa a caminhar em direção à casa enquanto eu fico parada no mesmo lugar, então ele
se vira para mim e pergunta:

- Você não vem?

- Sim.

Começo a correr em sua direção, e quando me aproximo do meu irmão, pego em seu braço o
fazendo parar.

- Antes de entrarmos poderia me explicar o que está acontecendo?


- Não temos tempo para explicações. - Nick olha no relógio.

Ela pega minha mão e começa a caminhar em direção à casa, e assim que aproximamos da
porta ele aperta o botão da campainha.

Meu coração começa se acelerar quando enfim percebo que verei Jake, meu amor impossível.
Estou tão nervosa que sinto minhas mãos começarem ficar suadas, então esfrego as palmas
das mãos no vestido diversas vezes.

Assim que à porta é aberta uma onda de decepção toma conta de mim, pois não é Jake que
está em nossa frente.

- Bom dia Marta. - Nick a cumprimenta.

- Bom dia querido. - Ela sorri abertamente.

Marta olha para mim dos pés a cabeça, em seguida pergunta:

- É realmente você Maya?

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Ela me puxa para um abraço apertado que retribuo com o mesmo carinho.

- Faz tanto tempo que não te vejo.

- Como você está? - Pergunto.

- Estou velha. - Ela começa a rir. - Mas eu estou bem querida.

Marta fecha à porta assim que entramos na casa, e aponta em direção à sala de estar.
- Jake já saiu para o trabalho? - Nick pergunta.

- Sim. - Ela confirma com a cabeça. - Ele teve uma reunião de última hora, por isso pediu para
eu explicar para Maya sobre seu emprego.

Estava torcendo para que ele tivesse dormindo ou no banho, mas infelizmente não verei Jake
por enquanto.

Não o vejo já tem algum tempo, mas tenho certeza que ele deve estar ainda mais lindo do que
nunca.

- Tem certeza que aguenta o serviço Maya? - Marta me pergunta.

- Bem... na verdade ainda não sei o que farei. Meu irmão não quis me falar nada.

- Como não? - Ela olha para Nick.

- Eu te disse que era surpresa Marta, não se lembra? - Nick pergunta.

- É verdade. Minha mente está falhando ultimamente. - Ela sorri fraco.

- Poderiam me falar agora? - Pergunto curiosa.

Os dois se entreolham por um tempo, então Marta muda o foco para mim e fala:

- Já estou velha, então vou me aposentar.

- Você não está velha. - Falo.

- Eu estou querida. - Ela sorri.


Apesar de ser uma mulher bem madura, Marta não aparenta ter a idade que tem, mas está
começando a ficar visível sua canseira.

- Como Marta estava falando ela vai se aposentar, então você assumirá seu lugar como a
mulher da casa. - Nick fala.

- Mulher da casa? - O olho confusa.

- Qual o trabalho da Marta May? - Nick pergunta.

- Governanta. - Falo.

- Esse será seu emprego de agora em diante.

- Está me dizendo que serei a empregada doméstica do Jake? - Pergunto.

- Exatamente. - Nick confirma com a cabeça.

Quando ele disse que eu seria a mulher da casa me imaginei sendo a esposa do Jake, mas é
óbvio que não seria nada tão glamuroso.

- Você deveria estudar Maya. - Marta fala. - E não trabalhar como doméstica.

- Esse emprego é tão digno quanto qualquer outro. - Falo. - E eu sei que deveria estar
estudando, mas por enquanto eu não quero.

- Por que não quer? - Marta me pergunta.

- Bem... não me sinto preparada.

Ainda não me recuperei psicologicamente das perseguições do meu antigo professor, então
tenho medo de entrar em outra universidade por agora e acontecer o mesmo.
Óbvio que eu não imaginei que iria trabalhar como governanta do Jake, mas pelo menos eu sei
que ao seu lado estarei segura.

- Não está brava? - Nick pergunta.

- Por que eu estaria? - Retruco.

- Achei que iria fazer um escândalo quando descobrisse que iria ser uma empregada
doméstica.

- Eu pareço alguém fútil Nick? - Pergunto. - Nunca tive um emprego, mas se o primeiro que eu
consegui foi para ser uma governanta, farei o que estiver ao meu alcance para ser uma boa
funcionária.

- Eu queria te castigar por não querer estudar, mas pelo jeito meus planos não deram muito
certo. - Ele começa a rir.

- Eu sabia que você estava aprontando algo. - Aponto o dedo em sua direção.

Nick estava muito misterioso sobre meu emprego, e como eu não sou boba logo imaginei que
ele iria aprontar alguma coisa.

Eu sei que cuidar de uma casa tão grande não será nada fácil, mas estarei renovando minhas
energias sempre que me encontrar com Jake, então não poderia estar mais animada para
começar a trabalhar. 

- Quando eu começo? - Pergunto com um sorriso animador nos lábios.

Cap 4

- Deixa eu ver se ouvi bem. Você vai ser a governanta do Jake? - Clary pergunta.

- Exatamente. - Confirmo com a cabeça.


- Como Nick teve essa ideia?

- Ele achou que eu iria ficar brava, e então iria mudar de ideia quanto voltar a estudar, mas na
verdade eu amei saber que serei a empregada doméstica na casa do Jake.

- Você só pode ser louca. - Clary balança a cabeça em negação.

- Talvez Jake se apaixone por mim quando começar a me ver todos os dias. - Digo esperançosa.

- Se seu irmão souber disse você está morta.

- Se você não contar ele não vai saber. - Sorrio abertamente.

- Não sei como ele ainda não descobriu, pois você não sabe disfarçar quando está perto do
Jake.

- Meu irmão é meio burrinho, você já deveria ter percebido. - Digo.

Jake é o melhor amigo do meu irmão, e desde sempre sou apaixonada por ele. Nick nem
imagina sobre meus sentimentos por seu amigo, como Jake também não sabe.

Meu irmão ficaria uma fera se descobrisse, mas ainda bem que ele não percebeu até hoje, e
apenas acha que gosto muito de Jake como um irmão.

Infelizmente meu amor não é correspondido, pois Jake me enxerga apenas como a irmãzinha
mais nova do seu amigo.

Ele é carinho e atencioso comigo, mas sempre foi sem segundas intenções. Nossa diferença de
idade é gigantesca, e talvez seja por esse motivo que ele não me enxerga como uma mulher.

Eu não me importo se ele é muitos anos mais velho que eu, pois tenho em mente que quando
se ama alguém de verdade, idade, ou status sociais não interferem em nada.
Com toda certeza existem pessoas que pensam diferente de mim, mas eu tenho essa opinião e
não mudo.

Ainda sonho com o dia em que Jake vai retribuir meus sentimentos, mas eu tenho quase
certeza que estou apenas me iludindo.

- Se Nick soubesse o que fez. - Clary sorri com malícia.

- Ele achou que eu iria fazer um escândalo, mas acabou me fazendo um grande favor ao me
mandar para a casa do meu homem.

- Seu homem? - Clary começa rir alto.

- Ele ainda não sabe disso, mas talvez descubra algum dia que é meu homem.

- Espero que não vá se machucar por causa desse sentimento May. - Clary fica séria de
repente. - Jake não é o tipo de homem que se envolveria com uma garota bem mais nova que
ele, e muito menos a irmã do seu melhor amigo.

É difícil ouvir isso, mas infelizmente é a realidade que vivo faz tempo.

- Eu sei disso. - Suspiro alto.

- Saia com  alguém da sua idade, e supere esse amor não correspondido. - Clary aperta minha
mão de leve.

- Se fosse tão fácil assim, eu já teria feito isso. 

- Eu sei que não é fácil, mas vai ficar perdendo seu tempo amando quem não te ama por
quanto tempo? Vai acabar se magoando ainda mais quando Jake começar a namorar alguém,
porque isso vai acontecer em algum momento.

Se eu ao menos não fosse tão covarde e dissesse a ele como me sinto, talvez eu já teria
superado. Tenho medo da rejeição, e é por esse motivo que continuo em silêncio, mas se eu
lhe contasse e fosse rejeitada, com toda certeza iria superar mesmo a força.
Eu tenho em mente que não posso continuar vivendo dessa forma. Ou eu conto a Jake como
me sinto e luto por ele, ou faço de tudo para superar meus sentimentos com todas minhas
forças e então seguir em frente.

- Sua vida amorosa é tão complicada. - Clary nega com a cabeça.

- Você tem razão.

- Você ama Jake em segredo, mas se por um milagre ele retribuísse seus sentimentos, Nick
jamais iria permitir que ficassem juntos.

- Meu irmão deveria cuidar da vida dele. - Semicerro os olhos.

- Ele cuida da dele e da sua ao mesmo tempo.

- E logo vai cuidar da sua também. - Digo.

Se Jake fosse alguns anos mais novo, talvez ele não se importaria com meus sentimentos por
ele, mas como nossa diferença de idade é enorme, tenho certeza que ele não iria aceitar de
forma alguma.

Eu amo meu irmão e o respeito muito, mas se tratando dos meus sentimentos eu farei o que
eu quiser mesmo que isso o deixe contrariado.

Se por um milagre Jake se apaixone por mim algum dia, irei lutar por meu amor Nick gostando
ou não.

Fiz as suas vontades a maior parte da minha vida, e agora eu decidi viver para mim, e eu farei
isso mesmo que o deixe bravo.

- Já conversou com Nick sobre morar só? - Clary pergunta.

- Ainda não. - Nego com a cabeça.


- Não vai mudar de ideia quanto a isso? Eu não quero que vá embora apenas porque vou me
casar com seu irmão, é sua casa tanto quanto dele.

- Eu não quero ser um obstáculo na vida de vocês dois. - Falo.

- Como pode falar isso Maya? - Ela me olha incrédula. - Você nunca seria um obstáculo.

- Vocês precisam de privacidade, e comigo morando aqui não terão. - Digo.

- Ainda acho que está se precipitando.

- Talvez eu esteja. - Forço um sorriso. - Mas se algo der errado tenho vocês dois para me
ajudarem.

Agora que tenho um emprego, poderei alugar um pequeno apartamento. Eu sei que Nick não
vai concordar com minha mudança, mas eu já decidi fazer isso, e tudo o que ele pode fazer é
aceitar minha decisão.

- Pense bem antes de tomar qualquer decisão.

- Eu já pensei sobre isso, então vou começar a procurar por algum apartamento.

Olho para trás quando escuto um barulho, e dou de cara com meu irmão me encarando sério.

- Você vai o que Maya?

- Eu decidi que vou me mudar. - Falo.

- Você não vai. - Ele nega com a cabeça.

- Eu vou.
- Não vai, e esse assunto está acabado. - Nick aponta o dedo para mim.

- Você querendo ou não eu já tomei minha decisão, então é melhor aceitar de uma vez.

Nick coloca a pasta de documentos sobre o sofá, caminha para mais perto de mim e pergunta:

- Você nem ao menos sabe se virar sozinha e quer mudar?

- Eu não sei porque você não deixa eu ter liberdade para fazer nada Nick.

- O quê?!

- Não estou reclamando de tudo o que fez por mim, muito pelo contrário, sou imensamente
grata, mas eu preciso aprender a amadurecer sozinha, pois você não é eterno. - Digo. - Você
precisa deixar eu fazer minhas próprias escolhas mesmo elas não sendo boas, só assim irei me
tornar uma pessoa forte.

Nick é tão protetor que as vezes sufoca. Eu amo meu irmão e amo seu cuidado comigo, mas na
maioria das vezes ele exagera, só que eu nunca reclamei.

- Você pode se tornar uma mulher forte enquanto mora comigo...

- Eu vou embora, então não precisa perder seu tempo tentando me fazer mudar de ideia ou
me proibindo, pois dessa vez eu não vou escutá-lo. - O corto.

- Você vai fazer isso mesmo contra minha vontade? Sem a minha permissão? - Nick pergunta.

- Sim, eu farei isso.

Nick me dá as costas e começa a caminhar em direção ao meu quarto, então eu e Clary o


seguimos de longe.
Assim que Nick entra no meu quarto, ele pega minha mala e a abre, e a coloca sobre a cama.
Em seguida ele caminha até meu guarda roupa e pega algumas peças de roupa, se volta para a
cama novamente e as jogam na mala.

- O que você está fazendo Nick? - Clary pergunta.

Ele não responde sua pergunta e continua colocando minhas roupas na mala, e logo em
seguida caminha até o banheiro, e alguns segundos depois ele volta com meus produtos de
higiene pessoal nos braços, e também os jogam na mala.

Continuo observando-o em silêncio, porque já sei o que ele está fazendo, mas isso não deixa
de me magoar.

Nick fecha a mala e a coloca no chão, em seguida caminha até eu e a coloca ao meu lado.

- Se quer tanto ir embora pode ir. - Ele aponta em direção à porta.

- Está louco Nick? - Clary pergunta. - Como pode fazer isso com sua irmã?

- Tem certeza que vai ser assim Nick? - Pergunto para ele.

- Sim, eu tenho certeza. - Ele fala com convicção.

- Eu gostaria de ter o seu apoio quando eu tomar uma decisão. - Forço um sorriso. - Mas se eu
passar por essa porta Nick, tenha em mente que eu jamais voltarei atrás mesmo que eu tenha
que viver nas ruas.

Ele cruza os braços e não fala nada, então caminho até meu guarda roupa e pego uma bolsa, e
em seguida guardo meus documento. Caminho até o criado mudo e pego um envelope com
algum dinheiro que ele havia me dado e coloco na beirada da cama.

- Pegue seu dinheiro. - Falo.

- O que está fazando Maya? - Clary pergunta desesperada.


- Cuide bem do meu irmão. - Peço. - E se puder me fazer o favor de empacotar meus
pertences, eu volto para pegar depois que achar um lugar para morar.

A puxo para um abraço, e quando me distancio coloco a alça da bolsa no ombro, pego a minha
mala e começo a sair do quarto lentamente.

- Você está louco Nick?! - Clary grita com ele. - Como ela vai se virar sem dinheiro?

Nick não fala nada, então olho para trás uma última vez antes de fechar à porta do quarto, e o
quando vejo meu irmão irredutível minha vontade é de chorar.

Eu sabia que ele não iria permitir tão facilmente que eu me mudasse, mas nunca imaginei que
ele iria me expulsar de casa.

- May espere. - Clary pede.

- Sim?

- Você pode ficar na minha casa, é pequena mas podemos dar um jeito.

- Isso só vai fazer meu irmão ficar bravo com você, então não se preocupe comigo, eu darei um
jeito. - Forço um sorriso. - Não quero que brigem por minha causa.

- Mas...

- Eu vou me virar sozinha. - A corto.

- Eu sinto muito. - Seus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu também. - Falo.
É a primeira vez que tenho uma briga tão seria com meu irmão, mas já que ele me expulsou de
casa tudo o que posso fazer é tentar me virar sozinha.

Estou sentada na calçada em frente à casa de Jake há um longo tempo sem ter coragem de
apertar a campainha.

A chuva está tão gelada que parece que meus ossos estão se colegando a cada gota que cai no
meu corpo.

- Que frio.

Junto minhas pernas e coloco minha testa sobre meu joelho, em seguida abraço minhas
pernas com força na tentativa frustrada de aliviar o frio que estou sentindo.

Achei que minhas lágrimas já haviam acabado, mas me pego supresa quando começo chorar
novamente. Percebo que a água da chuva não está mais pingando em mim, então olho para
cima e no mesmo instante meu coração se acelera.

- Maya? O quê está fazendo aqui? - Jake pergunta.

Cap 5

- Maya? O quê está fazendo aqui? - Jake pergunta.

Me levanto rapidamente e me jogo em Jake, e o abraço fortemente enquanto choro.

Ele parece ficar surpreso por um tempo, mas logo em seguida também retribui o abraço, e é
nesse momento que me sinto segura e confortada, sem ele ao menos dizer nada.

A sensação de tê-lo junto de mim é tão incrível, e com toda certeza seria ainda mais perfeito se
Jake também me amasse.
- Vamos entrar. - Ele fala.

Jake se distancia de mim, pega minha mão e começa a me puxar em direção a casa. Assim que
nos aproximamos da porta ele a abre, e me empurra lentamente para adentrá-la, e em seguida
se volta para trás e pega minha mala.

Abraço meu próprio corpo pois estou congelando de frio, mas assim que Jake se aproxima da
casa novamente estendo minha mão para pegar a mala.

- Vá tomar um banho quente antes que acabe ficando doente. - Ele diz.

- Estou bem. - Minto.

- Não é o que seu corpo diz. - Ele aponta o dedo em minha direção.

Provavelmente está na cara que estou congelando, pois não consigo controlar os tremores no
meu corpo.

De repente Jake pigarreia alto e olha para o lado todo sem graça, e no mesmo instante me
pergunto o porque.

- Aconteceu algo? - Pergunto confusa.

- Bem... e que... - Ele balança a mão em minha direção.

Olho para meu corpo, e no mesmo instante percebo o motivo do seu nervosismo. Minha
camiseta branca está totalmente transparente e grudada em minha pele, o que exibe um
pouco demais do meu busto.

- Me desculpe. - Abraço meu próprio corpo. - Eu não havia percebido.

- Não se preocupe. - Jake fala sem olhar para mim.

- Então... - Pigarreio alto. - Vou tomar um banho.


- Você já é de casa, pode usar o quarto que sempre usa quando vem ficar aqui.

- Obrigada. - Agradeço.

Pego minha mala e começo a caminhar em direção as escadarias, mas me volto para trás e
falo:

- Depois eu limpo a sujeira que fiz.

- Não se preocupe com isso May. - Dessa vez ele olha para mim. - Marta deixou alguns
produtos de higiene pessoal porque sabia que você iria usar o banheiro quando viesse
trabalhar, então use-os.

- Obrigada Jake. - Agradeço novamente.

Jake acena com a cabeça e me oferece um fraco sorriso que retribuo, e em seguida começo a
subir as escadas com minha mala na mão.

Depois de alguns segundos paro em frente à porta do quarto, levo a mão a maçaneta e a abro.
Fecho-a assim que entro no quarto, deixo minha bolsa na cama e a mala ao lado, e vou direto
para o banheiro.

Entro debaixo do chuveiro e o ligo antes mesmo de tirar minhas roupas. A água quente que cai
sobre meu corpo começa aliviar aos poucos o frio que estava sentindo.

Me sento no chão do banheiro quando sinto minhas pernas bambas, e mais uma vez começo a
chorar como uma idiota.

Eu deveria estar brava com meu irmão por ter me expulsado de casa, mas tudo o que faço é
chorar como uma imbecil. Nick me magoou muito com sua atitude tão fria, ele nem ao menos
se importou com a minha opinião, e mais uma vez queria que eu fizesse somente a sua
vontade.
Queria ter seu apoio por eu enfim estar tentando fazer algo da minha vida sozinha, mas ele é
tão controlador que parece não querer que eu cresça sozinha.

Eu preciso aprender a me virar sozinha, pois tenho em mente que não terei meu irmão para
sempre. Quando ele não estiver ao meu lado no futuro o que eu irei fazer? Ele não deixa eu
dicidir nada sozinha. Não sei se é por medo e preocupação, ou porque quer controlar todos os
meus passos.

Apesar de ter me machucado com sua atitude, essa será uma ótima oportunidade de mostrar
a ele que posso me sair bem sozinha.

Agora mais do que nunca desejo ser alguém na vida, e então vou esfregar na cara dele que fiz
tudo sozinha. Eu sei que eu não deveria me apegar a isso, mas é tudo o que tenho no
momento.

Agora tudo o que posso fazer é me obrigar a me dar bem sozinha, porque mesmo que Nick
implore eu não voltarei para nossa casa.

No momento em que decidiu me expulsar de casa sem um pingo de compaixão, perdeu o


respeito que eu sempre tive por ele.

Passei toda minha vida fazendo as suas vontades, e quando decidi fazer algo sozinha ele me
tratou com crueldade, e isso não é algo fácil de esquecer.

Com toda certeza eu não o odeio pelo que fez comigo, mas estou magoada o suficiente para
não quer vê-lo por um longo tempo.

Eu não tinha dinheiro e muito menos para onde ir, e ele sabia disso, mas mesmo assim me
expulsou de casa. Nick sabia que eu iria ficar nas ruas, e mesmo assim não se importou comigo
ou com a minha segurança.

Eu poderia aceitar a ajuda da Clary, mas sua família é grande e sua casa pequena. Eles me
aceitariam de braços abertos, mas eu sei que iriam se colocar em dificuldades por minha
causa, então prefiro não aceitar sua ajuda.
Clary acabaria brigando com Nick, então eu também quis evitar mais esse problema. Não
quero ser a causa de brigas entre os dois, então o melhor que fiz foi não aceitar sua ajuda
mesmo que eu esteja precisando.

Se não fosse por Jake, com toda certeza teria que ficar nas ruas, e só Deus sabe o que teria
acontecido comigo.

Tenho certeza que Jake vai me acolher por hoje, mas tenho em mente que ele não vai querer
que eu fique na sua casa.

Marta passava a semana aqui enquanto trabalhava, e ia embora nos finais de semana, mas ela
já havia me dito que Jake não queria que eu ficasse em sua casa.

Eu teria que vir trabalhar de manhã, e ir embora depois que terminasse meus afazeres. Eu já
estava animada com a possibilidade de ficar sob o mesmo teto que Jake durante a semana,
mas infelizmente ele já deixou bem claro que não me quer por perto.

Talvez eu não tenha orgulho ao vir para sua casa, mas é o único lugar que poderia pedir ajuda.

- Se levante Maya. - Digo a mim mesma. - E pare de chorar sua idiota.

Me levanto com calma, em seguida começo a tirar minhas roupas. Fica um pouco dificultoso
por estar ensopada, mas depois de alguns segundos consigo me despedir completamente.

Depois de ter tomado um demorado banho, fecho a torneira do chuveiro. Olho em volta
procurando por uma toalha mas não encontro nenhuma.

- Merda. - Praguejo baixinho.

Caminho em direção à porta do banheiro, e abro lentamente e olho para dentro do quarto
vazio.

- Não tenho outra alternativa.


Abro à porta do banheiro e corro em direção a minha mala, mas para minha infelicidade Jake
entra no quarto no mesmo instante.

Cap 6

- Eu não vi nada. - Jake fala.

No instante em que me viu nua, Jake se virou de costas para mim tão rápido que quase caiu no
chão.

Meu coração está acelerado e todo meu corpo treme de nervosismo, mas me obrigo a pegar a
mala no chão.

A coloco sobre a cama, em seguida a abro e pego um conjunto de lingerie e um vestido.


Começo a me vestir rapidamente, mas acabo me atrapalhando toda por estar toda molhada, e
nervosa.

Coloco o vestido na frente do meu corpo quando Jake começa a caminhar de costas
lentamente em direção a cama.

- Eu esqueci de falar que não tinha toalha no banheiro. - Ele fala.

Quando sua perna se choca com a cama, Jake a coloca sobre ela, e em seguida começa a
caminhar em direção à porta do quarto, mas dessa vez é em passos largos.

Ele fecha à porta assim que sai do quarto, e no mesmo instante desabo no chão sobre minhas
pernas.

- Que merda Maya.

Foi muita idiotice minha não trancar à porta do quarto, mas nunca passou pela minha cabeça
que algo desse tipo iria acontecer comigo.
Me obrigo a me levantar, em seguida começo a vestir minhas roupas, mas dessa vez com mais
calma. Não me preocupo em ir trancar à porta, pois sei que Jake não irá voltar a abri-lá por
agora.

Hoje realmente não é meu dia de sorte. Meu irmão me expulsa de casa, e o homem que amo
mas que não retribui meus sentimentos acabou me vendo em um estado deplorável, digamos
assim.

Não estávamos longe o suficiente para Jake não ter visto nada. Fiquei tão em choque no
momento que acabei ficando sem reação alguma. Se Jake não tivesse se virado, eu
provavelmente continuaria o encarando paralisada.

Se eu ao menos tivesse um corpo esbelto como as mulheres que Jake já namorou, não teria
tanto motivo para estar envergonhada.

Sou magricela, e meus seios são grandes demais, deixando tudo desproporcional para o meu
tamanho e meu peso, o que acaba me deixando meio estranha. Os glúteos que eram para sair
em mim e Nick, foram parar tudo no traseiro do meu irmão, e isso me deixa muito irritada.

Sempre uso roupas largas, pois se usar algo justo, fico muito estranha. Me alimento como um
cavalo para ver se engordo pelo menos alguns míseros quilinhos, mas infelizmente tudo o que
como parece que desce para meus seios ao invés de todo o corpo.

Jake deve estar querendo arrancar os olhos depois do que viu. Eu mesma não acho nada em
mim atraente, então não espero que outras pessoas achem. Meus olhos são grandes demais, e
as sardas que tenho em meu rosto já me incomodou muito, mas conforme fui crescendo,
acabei me acostumando com elas.

- Estou ferrada. - Me sento na beirada da cama.

Se eu soubesse que algo assim iria acontecer, teria passado à noite na rua. Como vou olhar
para Jake? Estou morrendo de vergonha, agora imagina quando estiver em sua frente?

- Finja que nada aconteceu Maya. - Digo a mim mesma.

Me levanto da cama, e começo a caminhar em direção à porta do quarto. Levo a mão a


maçaneta diversas vezes, mas quando estou prestes a pegá-la para abrir à porta eu desisto.
- May?

Quando escuto Jake me chamando, corro em direção a cama e me finjo que estou mexendo
nas minhas roupas.

- Pode entrar! - Grito.

Meu coração está acelerado, e por mais que eu tente controlar minha respiração ofegante eu
não consigo.

À porta se abre lentamente, e alguns segundos depois Jake coloca apenas a cabeça para
dentro do quarto e fica me observando por um tempo.

Ele entra no quarto e fecha à porta, e em seguida caminha em minha direção. Cada passo que
ele dá para mais perto de mim, mas eu sinto que posso desmaiar a qualquer momento.

- Você está bem? - Jake pergunta.

- Eu? Estou oti... ótima. - Forço um sorriso.

- Está pálida.

- Estou? - Finjo surpresa.

- Tem certeza que está bem? - Jake me olha preocupado.

- Sim, eu tenho certeza.

Ele olha para o que estou segurando nas mãos, mas da um leve sorriso enquanto pigarreia algo
e olha para o lado.
Quando abaixo minha cabeça e vejo que estou com um conjunto velho de lingerie, que parece
ser mais de uma vozinha do que uma jovem, a enfio na mala no mesmo instante e a fecho.

Se instala um silêncio constrangedor, mas ao mesmo tempo sinto meu coração batendo tão
rápido, que me pergunto se Jake não está escutando.

- Sobre...

- Não precisa me explicar. - Ele me corta. - Acho que é normal garotas da sua idade usar
lageries mais confortáveis.

- Bem... sim, não... algumas sim, outras não.

Primeiro Jake vê um palito nú, se é que isso existe, e depois vê minha calcinha de vovó na mão.
Deve estar achando que sou uma adolescente sem graça, perto das lindas mulheres ele já saiu.

Eu sei que usar esse tipo de coisa não é nem um pouco sexy, mas não tenho para quem exibir,
então me visto como me sinto confortável.

- Se puder fingir que não viu nada eu agradeceria.

- Mas eu não vi nada. - Jake mente.

- Que ótimo então. - Forço um sorriso.

Tenho certeza que ele está mentindo, mas eu sei que ele não viu nada inesquecível, então vai
se esquecer logo.

Jake se senta na beirada da cama, bate com a palma da mão ao se lado e fala:

- Sente-se aqui Maya.

O obedeço mais que depressa e me sento ao seu lado, até mais próximo que o necessário.
- O que aconteceu? - Ele pergunta.

- Nick me expulsou de casa.

- O quê?! - Jake se levanta rapidamente. - Como assim te expulsou de casa?

- Depois que eu disse a ele que iria morar sozinha, ele foi até meu quarto, colocou alguns dos
meus pertences na minha mala, e me mandou ir embora.

Fico cabisbaixa quando sinto vontade de chorar de novo, então Jake se senta ao meu lado
novamente, leva a mão até meu queixo e levanta minha cabeça.

- Você disse que ia morar só? - Jake pergunta.

- Nick vai se casar em breve, e eu não queria atrapalhar os dois. - Explico. - Decidi arrumar um
emprego, e então iria alugar um pequeno apartamento para me mudar, mas Nick não aceitou
a minha decisão. Quando eu disse a ele que dessa vez iria fazer algo sozinha e que ele não iria
me fazer mudar de ideia ou me proibir, Nick me expulsou de casa como um cachorro.

- Você não está inventando isso não é Maya? - Jake pergunta.

Me levanto rapidamente e o encaro incrédula.

- Acha que sou infantil para inventar algo desse jeito Jake? Por quê eu faria isso?

- Eu não acho nada disso, só não consigo acreditar que Nick tenha sido capaz de fazer algo
desse tipo.

Jake pega minha mão e me puxa para sentar ao seu lado novamente.

- Eu nunca imaginei que ele faria isso com a irmã que tanto protege. Como Nick teve coragem
de fazer isso?
- Ele quer controlar minha vida, mas quando eu decidi fazer algo sozinha ele surtou.

- Não sei o motivo que levou ele fazer algo assim, mas seu irmão te ama e quer o melhor para
você.

- Estou começando a duvidar disso. - Falo.

- Você só está tendo dúvidas porque está brava, mas é óbvio que ele te ama.

O celular de Jake começa a tocar, então ele o pega no bolso da calça e atende a ligação:

- Oi Nick.

- Não diga que estou aqui. - Cochicho baixinho.

Ele olha para mim e fica em silêncio de repente. 

- Não, Maya não apareceu aqui em casa.

Os dois conversam por um tempo, e quando Jake finaliza a ligação ele pergunta:

- Por que não quer que seu irmão saiba que está na minha casa?

- Eu quero que ele sofra imaginando ou eu deva estar. - Dou de ombros.

- Desde quando se tornou uma pessoa rancorosa?

- Eu não sou, só estou magoada, então é aceitável que eu queira que Nick sofra por enquanto.

- Ele está preocupado. - Jake fala.


- Se não tivesse me expulsado de casa não teria motivo para estar preocupado. - Dou de
ombros novamente.

Se não fosse tão idiota e controlador, tudo isso teria sido evitado, e agora ele que aguente as
consequências dos seus atos impensados.

Cap 7

- Jake?

- Sim?

Ele se vira para mim, fecha o livro que estava lendo e me observa em silêncio.

- Tem alguns minutos para conversar comigo? - Pergunto.

- Claro.

Jake aponta para a poltrona de frente para ele, então me sento rapidamente.

- Eu sei que não quer que eu fique na sua casa enquanto trabalho durante a semana, mas
enquanto eu procuro por um apartamento eu poderia ficar aqui? - Pergunto.

- Você deveria voltar para sua casa May, seu irmão está preocupado.

- Pouco me importo se ele está preocupado ou não. - Retruco com irritação.

- Eu sei que está magoada...

- Sim, eu estou, e se quiser que eu fique brava com você também, sugiro que não fique
defendendo Nick. - O corto.
Meu irmão nem mesmo tem o direito de se preocupar comigo. Quando me expulsou de casa
não se importou com nada, e agora quer dar uma de irmão preocupado?

Se não fosse tão idiota tudo isso teria sido evitado, agora ele que aguente as consequências
dos seus atos impensados.

- Não quero que fique brava comigo, só estou dizendo o óbvio. - Jake fala.

- Eu não vou voltar para casa mesmo que Jake me implore, então nem perca seu tempo
tentando me fazer mudar de ideia, ou tentar me fazer sentir pena por ele estar tão
preocupado comigo, porque vai perder seu tempo.

- Não seja tão rancorosa May.

- Rancorosa? - Começo a rir. - Depois do que Nick fez quer que eu finja que ele só pensou no
melhor para mim? Naquele momento ele nem ao menos se importou com a minha segurança,
e agora tenta parecer o inocente nessa história por estar preocupado.

Eu ainda perguntei se era o que realmente Nick queria, na tentativa dele mudar de ideia se
pensasse um pouco mais, mas ele decidiu fazer a pior escolha que poderia.

- É óbvio que eu não estou defendendo o que Nick fez, mas eu sei que ele te ama e quer o
melhor para você.

- Imagina se não amasse. - Murmuro entredentes.

Se me amando me expulsou de casa sem dó nem piedade, e se me odiasse o que faria então?

- Você é tão teimosa quanto Nick. - Jake sorri de canto.

- Pelo jeito está tentando me fazer mudar de ideia para eu ir embora da sua casa. Agora eu
percebo que não sou bem vinda.

Me levanto rapidamente e começo a caminhar em direção as escadarias, mas de repente paro


quando Jake segura meu braço.
- O que está fazendo? - Ele pergunta.

- Vou pegar minhas coisas e vou embora.

- E para onde você vai Maya?

- Talvez eu tente seduzir algum velho rico para ele me sustentar de agora em diante.

Puxo meu braço me soltando do seu aperto, e em seguida começo a caminhar. Novamente sou
interrompida de continuar a andar quando Jake me segura.

- Você está louca?

- Por que eu estaria? - Retruco. - Não sou bem vinda em nenhum lugar, então terei que
aprender a me virar sozinha.

Com toda certeza eu não optaria seguir pelo caminho mais fácil, mas estou tão irritada, que
quando percebi já tinha falado demais.

- Tudo bem então, se é o que você quer vá em frente.

Jake solta meu braço, então começo a caminhar novamente sem olhar para trás. Eu sou louca
por ir embora a essa hora da noite, e nem ao menos tenho dinheiro ou algum lugar para ficar,
mas eu ainda tenho meu orgulho.

Se não sou bem vinda em sua casa, não vou me rebaixar ao ponto de ficar implorando. Eu sei
que não posso me dar ao luxo de ser tão orgulhosa nesse momento, mas se Jake não me quer
em sua casa, não tenho outra alternativa a não ser ir embora.

Não tenho ideia de para onde vou ou o que vou fazer, e saber disso me deixa aflita e com
medo.
Se eu ao menos não fosse não idiota poderia ter pego o dinheiro que entreguei ao Nick, mas
agora é tarde demais para arrependimentos.

- Estou muito ferrada. - Digo a mim mesma.

Entro no quarto e pego minha bolsa com meus documentos, mas deixo minha mala porque iria
me atrapalhar, e em seguida saio do quarto.

Assim que desço as escadarias caminho em direção à porta da casa e a abro assim que me
aproximo dela.

- Maya? - Jake chama por mim.

- O que foi?

- O que pensa que está fazendo? - Jake pergunta.

- Você é esperto, tenho certeza que já sabe.

Começo a fechar à porta, mas Jake a segura, em seguida a abre novamente, e me puxa para
dentro da casa com tanta força que acabo me chocando contra seu peitoral, em seguida ele
empurra à porta para se fechar.

Nesse momento toda minha irritação se acaba, e tudo o que sinto é satisfação por estar tão
pertinho dele.

- Você cheira tão bem. - Falo baixinho.

- Eu sei. - Jake sorri todo convencido.

Continuo o observando de pertinho enquanto Jake me segura contra si, e tenho que assumir
que minha vontade é de puxá-lo para ainda mais perto e beijá-lo.
Em um momento de loucura começo me aproximar de Jake, mas sou surpreendida quando ele
me empurra com força, e eu acabo batendo minhas costas com força na porta.

- Ai. - Faço uma careta de dor.

- Você está bem? - Ele pergunta preocupado.

- Acho que quebrou algum dos meus ossos frágeis.

- Me desculpe. - Jake pede sem graça.

Começo a caminhar toda estranha em direção ao sofá enquanto Jake me ajuda, e assim que
nos aproximamos dele me sento com cuidado.

- Por que me empurrou com tanta brutalidade? - Pergunto.

- Eu... Eu achei que iria me beijar. - Ele assume.

- Está louco? Eu ia tirar um cílios do seu rosto. - Minto na maior cara de pau.

Se Jake não me empurrasse com toda certeza eu teria o beijado, mas é óbvio que não vou
assumir porque seria vergonhoso demais.

- Me desculpe, eu que entendi errado. - Ele pede novamente.

- É a primeira vez que um homem foge de mim por achar que seria beijado. - Sorrio de canto.

- Por acaso beijou muitos homens Maya? - Ele pergunta mais irritado que o necessário.

- Por que se importa? - Retruco.

- Você não tem idade para fazer isso. - Ele aponta o dedo em minha direção.
- Pode ter certeza que eu tenho. - Pisco para ele.

Na verdade eu nunca beijei um homem, mas já surgiram alguns interessados em mim, mas eu
sempre fugi.

Agora o homem que desejo foge de mim por achar que sou uma criança, mas eu vou provar a
ele que não sou.

Sou completamente inexperiente, mas Jake não precisa saber disso, ou vai ter ainda mais
certeza que sou uma adolescente boba.

- Como tem coragem de ser tão descarada? - Jake pergunta.

- Por que sou descarada Jake?

- Você é muito nova...

- Eu não sou uma criança Jake. - O corto.

- É claro que é.

Tenho vontade de socar a cara dele por ser tão teimoso, mas o farei perceber que já sou uma
adulta faz tempo, só que ele ainda não percebeu.

Me aproximo de Jake lentamente, e quanto mais me chego para mais perto, mais ele se afasta.
Jake só para quando suas costas se chocam contra o sofá, então aproveito a oportunidade e
aproximo meu rosto do seu.

Percebo que sua respiração está ofegante, então sorrio de canto, em seguida lhe dou um beijo
no canto dos seus lábios, o que o surpreende.

- Eu não sou uma criança Jake. - Cochicho no seu ouvido.


- Você...

- Se for me empurrar faça isso com jeitinho. - Sorrio abertamente.

Jake fica me encarando com os olhos arregalados, mas não me empurra dessa vez, então me
distancio dele e me sento tranquilamente como se não tivesse acontecido nada.

Talvez Jake não seja tão frio quanto parece em relação a mim, caso contrário não teria ficado
tão nervoso com a minha aproximação repentina.

Cap 8

- Você pode ficar aqui em casa por enquanto. - Jake fala.

- Se não quer minha presença aqui não precisa...

- Pare de ser orgulhosa Maya. - Ele me corta.

- Talvez eu seja um pouco, mas eu...

- Você vai ficar aqui é fim de conversa. - Ele me corta.

- Tão mandão. - Reviro os olhos.

- Já era para ter percebido isso. - Ele sorri abertamente.

Pego a mão de Jake que fica surpreso e tenta puxá-la, mas a aperto não o liberando.

- Obrigada. - Agradeço.

- Não precisa.
- É claro que preciso. - Falo. - Mesmo que seja contra sua vontade, ainda assim está me
ajudando.

- Maya eu não estou te ajudando contra minha vontade. - Ele nega com a cabeça. - Eu só
queria te convencer a ir para sua casa não porque não quero te ajudar, mas porque quero que
faça as pazes com seu irmão.

Solto a mão de Jake e me distancio um pouco.

- Poderia me fazer um favor?

- Qual? - Ele pergunta.

- Não menciona meu irmão para mim.

- Você é igualzinho a ele. - Jake revira os olhos.

Estou magoada e com raiva, então ouvir falar sobre Nick nesse momento é a última coisa que
eu quero.

- Eu sei que está tentando ajudar, mas quanto mais toca nesse assunto mais eu fico irritada. -
Digo. - Quando eu sentir que devo perdoá-lo eu farei isso, então não vamos falar sobre ele
novamente.

- Tudo bem.

- Obrigada. - Agradeço.

Jake se levanta, então eu me levanto também.

- Está com fome? - Ele pergunta.

- Sim. - Passo a mão por minha barriga.


- Vou preparar algo para comermos.

- Quer que eu faça? - Pergunto.

- Hoje você ainda é minha convidada, então eu iria te alimentar. - Ele diz.

- Ótimo, não aguento mais comer minha própria comida. - Faço uma careta.

Jake começa a caminhar em direção a cozinha e eu o sigo de perto, e assim que entramos nela
puxo uma cadeira e me sento.

Desde que tive idade o suficiente para trabalhar comecei a tomar conta da casa e da
alimentação sozinha. Quando Nick chegava em casa depois do serviço sempre me ajudava com
alguma coisa, mas a maioria dos afazeres era minha responsabilidade.

Eu era a mulher da casa, mas após ele se casar essa tarefa será da Clary, e então eu ficarei em
segundo plano. Esse foi um dos motivos de eu querer morar só, porque estou acostumada a
fazer tudo sozinha, e ter que abrir mão disse não seria uma tarefa muito fácil.

- O que vai fazer? - Pergunto para Jake.

- Sanduíches.

- É sério? - Começo a rir. - Achei que iria cozinhar algo complexo, mas vai fazer sanduíches?

- Sou o mestre dos sanduíches. - Ele diz todo convencido.

- Terei que esperar para ver se está falando a verdade ou apenas está iludindo a si mesmo.

Jake continua fazendo seu incrível sanduíche, enquanto eu o observo em silêncio.


Se tem uma coisa que acho extremamente sexy é um homem cozinhando, e Jake não me
decepciona nem um pouco.

Com toda certeza estou boquiaberta e babando, mas nem me importo se serei pega em
flagrante ou não.

- Por que está me encarando desse jeito? - Ele pergunta. - Está me deixando nervoso.

- Você está tão sexy. - Assumo.

- Eu sei que sou um homem incrivelmente lindo e sexy. - Ele sorri todo convencido.

- Esqueceu que também é meio narcisista.

- Eu sei que sou lindo, mas estou longe de ser narcisista. - Ele se defende.

Jake volta sua atenção para os preparos do sanduíche novamente, enquanto eu me levanto e
caminho para mais perto dele.

- Ai. - Ele leva a o dedo ao lábio.

- Se cortou? - Pergunto preocupada.

- Você está tirando a minha atenção.

- Então a culpa é minha de você ser desastrado? - Sorrio abertamente.

Jake abre a torneira da pia, e coloca o dedo embaixo da água.

Assim que ele a fecha pego sua mão e olho seu dedo para ver se o corte foi muito profundo,
mas tudo o que tenho vontade de fazer é rir.
- Quer que eu faça um curativo? - Pergunto.

- Poderia fazer isso por mim? Está doendo muito.

- Quer ir ao hospital? - Seguro o riso.

- Eu deveria? - Ele retruca.

- Se quiser passar vergonha. - Começo a rir alto.

- Por que está rindo Maya? - Ele pergunta irritado.

- Homens são tão dramáticos quando estão doentes ou se machucam. - Balanço a cabeça em
negação.

Ele cruza os braços com irritação aparente, e fica me encarando de olhos semicerrados.

- Eu machuquei meu dedo enquanto preparo algo para você comer e é assim que me
agradece? Zombando de mim?

- Me desculpe. - Seguro o riso novamente. - Quer que eu dê um beijinho para melhorar mais
rápido?

- Você é má.

Pelo drama que Jake fez ao colocar a mão debaixo da torneira, achei que o corte havia sido
profundo e ele estava perdendo muito sangue, mas na verdade tem que olhar bem de
pertinho para ver de tão superficial que foi.

- Você parece um bebezão chorão. - Aponto o dedo para ele.

- Não acredito nisso. - Ele sorri incrédulo. - Me chamou de quê? Bebezão?


- Exatamente. - Confirmo com a cabeça.

Jake dá um passo em minha direção e eu retrocedo um, mas quando eu percebo que ele está
chegando para mais perto começo a correr em volta da mesa enquanto ele faz o mesmo.

- Pare de correr atrás de mim! - Grito.

- Vou te mostrar o bebezão! - Ele grita de volta.

- Espere! - Peço ofegante.

Eu paro de correr e Jake faz o mesmo, mas ficamos cada um de um lado da mesa.

- Acho que preciso fazer alguns exercidos físicos, estou muito sedentária. - Falo. - Deixe eu
desancar um pouco, depois você me monstra o bebezão.

- O quê?! - Jake grita.

- Você que disse...

- No que está pensando Maya? - Ele me corta. - Não acredito que achou que seria algo
indecente.

- Eu tenho uma mente pura. - Retruco. - Obvio que não pensei em nada indecente, mas depois
de mencionar isso talvez eu comece a achar...

- Que garota da mente suja. - Ele balança a cabeça em negação.

- A culpa é toda sua. - Cruzo os braços.

- Por que seria minha culpa? - Ele retruca.


Essa poderia ser uma boa oportunidade de dizer a ele sobre meus sentimentos, mas eu não
acho que Jake os aceitariam nesse momento, então pretendo conquistá-lo pouco a pouco, só
então direi que o amo.

Por enquanto estaremos vivendo sobre o mesmo teto, então irei usar essa oportunidade para
lhe mostrar que não sou uma criança. Pode demorar um pouco até meu plano começar a dar
certo, mas eu não vou desistir tão facilmente.

- Não é nada. - Dou de ombros. - Termine os sanduíches logo, estou com fome.

Jake se aproxima de mim, segura meu braço e fala:

- Começou a falar agora termina.

- Não quero. - Lhe mostro a língua.

- Maya...

- Se continuar tão pertinho assim de mim posso fazer algo que vá lhe surpreender Jake. - O
corto.

- O que vai fazer Maya? - Ele pergunta com sarcasmo.

Me aproximo ainda mais dele, passo meu dedo polegar por seus lábios enquanto sorrio de
canto e pergunto:

- Está mesmo disposto a saber?

- O que está acontecendo com você? - Ele pergunta. - Está me assustando.

Ele se distância de olhos arregalados, como se eu fosse atacá-lo a qualquer momento. Está
certo que minha vontade é de fazer isso mesmo, mas me controlo porque sou uma dama
inocente e pura.
- Eu cresci Jake, só você ainda não percebeu isso. - Sorrio com malícia. 

Cap 9

- Talvez você esteja certo quando afirmou ser mestre dos sanduíches. - Digo lambendo os
dedos.

- Eu disse, mas não acreditou em mim. - Jake dá de ombros.

- É que você foi tão humilde, que com toda certeza seria óbvio que eu iria desconfiar. - Encosto
na cadeira relaxadamente.

Jake olha para o relógio sobre seu pulso e se levanta em seguida.

- Já está tarde, vamos dormir.

- Vamos.

Também me levanto e volto a cadeira para o lugar, e então saímos da cozinha lado a lado.

Assim que subimos as escadarias, Jake para em frente à porta do seu quarto, e para provocá-lo
fico atrás dele.

- O que está fazendo Maya? - Ele pergunta se virando para mim.

- Você me chamou para dormir. - Me finjo de desentendida.

- Sim, mas cada um em seu quarto Maya. - Ele revira os olhos.

- Você não deixou isso claro, então acabei pensando demais. - Sorrio abertamente. - Sou meio
lerda.
- Boa noite Maya.

Jake abre à porta do seu quarto, mas antes que ele o adentre pergunto:

- Não vai me dar nem um beijinho de boa noite?

- Pare de me provocar Maya.

- Eu não estou. - Finjo inocência.

Me aproximo dele, e faço um biquinho só para ver sua reação, mas tudo o que recebo é um
peteleco na testa, e então ele fecha à porta.

- Você é um garoto perverso! - Grito.

Entro no meu quarto rindo da minha própria idiotice. Eu percebi que Jake não parece
totalmente imune a mim, e isso só faz eu me sentir ainda mais confiante para conquistá-lo.

Coloco meu pijama e logo em seguida caminho em direção ao banheiro para escovar meus
dentes, e é quando percebo que começou a chover novamente.

Assim que volto para o quarto caminho até a janela para fechar as cortinas, mas de repente
sou surpreendida com um clarão, o que faz todo meu corpo gelar no mesmo instante.

Corro em direção a cama, e logo em seguida entro debaixo do cobertor e tapo meus ouvidos
enquanto fecho os olhos.

A cada trovão que escuto me sinto ainda mais nervosa, e sinto que a qualquer momento posso
acabar desmaiando.

Tiro o cobertor do rosto e olho em volta, e então percebo que esqueci de fechar as cortinas
quando corri em direção a cama.
Outro trovão estrondoso seguido de um relâmpago clareia todo o quarto, e ao mesmo tempo
tenho a sensação de que tremeu a casa.

Empurro o cobertor com os pés, me levanto da cama o mais depressa possível e corro em
direção à porta do quarto.

Assim que saio do meu quarto, abro à porta do quarto do Jake e o adentro. Por sorte ele não a
trancou, caso contrário teria me encontrado morta de manhã.

Fico o observando por um tempo, enquanto crio coragem para chamá-lo, mas assim que
escuto outro trovão pulo em sua cama sem pensar duas vezes.

- Maya? - Ele pergunta confuso. - O que está fazendo aqui?

- Estou com medo. - Assumo com a voz trêmula.

Jake se senta na cama, e me observa meio desconfiado.

- Qual é o joguinho dessa vez? - Ele pergunta com sarcasmo.

Pego sua mão e coloco sobre meu peito para ele sentir meu coração acelerado, e assim talvez
ele acredite em mim.

Ele tenta soltar sua mão, mas eu a seguro com firmeza como se fosse meu porto seguro nesse
momento.

De repente outro trovão me dá a sensação de que a casa treme, então me jogo em Jake e
escondo meu rosto em seu peito enquanto sinto que vou desfalecer.

- Você não está brincando. - Ele parece afirmar a si mesmo.

Não falo nada e continuo o abraçando como se minha vida dependesse disso, enquanto Jake
bate a mão de leve nas minhas costas.
- Está tudo bem Maya, não precisa ter medo. - Ele diz de uma forma reconfortante.

Jake continua me consolando, enquanto eu sinto que aos poucos vou me acalmando.

- Abra os olhos. - Ele pede.

- Não quero. - Nego com a cabeça.

- Olhe para mim. - Ele passa o dedo polegar por minha bochecha.

Depois de alguns segundos de uma guerra interior, começo a abrir os olhos lentamente e a
primeira coisa que vejo é Jake sorrindo para mim.

- Está se sentindo melhor? - Ele pergunta.

- Tal... talvez um pouco. - Assumo.

Fecho meus olhos novamente quando outro clarão invade o quarto, e quando Jake faz menção
de se levantar me agarro nele.

- Vou fechar as cortinas. - Ele diz. - Eu já volto.

Quando Jake se levanta e começa a caminhar em direção a janela, sinto um repentino vazio,
mas depois de alguns segundos Jake se deita na cama novamente, então me aproximo dele
novamente e o abraço.

Dessa vez eu não estou tentando tirar proveito ou fazer joguinhos. Eu realmente tenho pavor
de dias chuvosos, mas ainda bem que Jake está me confortando.

- Por que tem tanto medo de tempestades Maya? - Ele pergunta.

- Eu amava esse clima quando era criança, mas depois da morte dos meus pais em um dia
chuvoso, eu comecei a ter pavor.
- É sempre assim? Todos os dias fica nesse estado de choque?

- Infelizmente sim. - Suspiro alto. - Eu sempre me tranco no meu quarto como se isso fosse
aliviar meu desespero, mas nunca adiantou de nada.

- Nick sabe disso? - Jake pergunta.

- Não.

Eu realmente queria superar meus medos sozinha, mas parece que a cada dia chuvoso fica
ainda pior a sensação de desespero que sinto.

- Sempre estive enfrentando meu medo sozinha, e pensei que conseguiria superar com o
tempo, mas eu acho que não está dando muito certo. - Assumo.

Odeio me sentir tão fraca e inútil ao ponto de ter medo de relâmpagos e trovões, mas
infelizmente não escolhemos os problemas que vamos enfrentar em nossas vidas, e muito
menos as consequências.

- Deveria consultar um especialista. - Jake fala. - Se tiver um bom tratamento, com toda
certeza poderá superar seus medos.

- Talvez sim, talvez não.

Ainda está vívido em minha mente à noite em que meus pais morreram. Nick e eu estávamos
em casa, e eles estavam voltando do trabalho.

De repente recebemos uma ligação e pela feição do meu irmão percebi que algo grave havia
acontecido. Mesmo sabendo da morte dos nossos pais naquele momento, Nick sorriu para
mim e me pediu para ficar em casa, mas eu comecei a chorar e pedi para ele me levar junto.

Nick não quis me levar, e pediu para que eu o obedecesse naquele momento, mas quando ele
saiu de casa eu o segui.
Quando meu irmão percebeu minha presença ele gritou comigo e me mandou voltar para
casa, e se eu imaginasse o que veria a seguir teria escutado seu pedido e teria voltado para
casa no mesmo instante.

Uma criança presenciar pessoas mortas é algo difícil de esquecer, e quando essa pessoas são
seus pais, se torna impossível de apagar da mente.

- Por que está chorando Maya? - Jake pergunta preocupado.

- Só me lembrei do passado. - Enxugo minhas lágrimas.

Jake me abraça e beija minha testa tentando me consolar, e eu me aproximo ainda mais dele
na tentativa frustrada de esquecer as dores da minha alma.

- Obrigada Jake. - Agradeço.

- Está me agradecendo pelo quê?

- Por estar me confortando.

- Não precisa me agradecer por isso. - Ele beija minha testa novamente.

A chuva cai forte lá fora, mas por alguma razão não sinto tanto medo nesse momento. Talvez
seja porque eu esteja nos braços do homem que eu amo. O homem que faz meu coração se
acelerar tão rápido no peito, mas que também me faz eu sentir confortada, tranquila e segura.

Cap 10

Olho para o lado quando acordo sentindo um repentino vazio, então percebo que Jake não
está na cama.

Olho para o relógio sobre o criado mudo e percebo que já está tarde, então eu me levanto
rapidamente e arrumo a cama em seguida.
Chego para mais perto do banheiro para ver se Jake está tomando banho, mas parece tudo
silencioso.

Caminho em direção à porta do quarto e a abro, em seguida entro no meu quarto e vou direto
para o banheiro para fazer minha higiene pessoal, e então começar a cuidar dos afazeres da
casa.

Hoje enfim começo trabalhar, e apesar de saber que o trabalho vai ser difícil, pois a casa do
Jake é grande, eu estou animada.

É óbvio que não é pelo serviço, e sim porque o verei todos os dias enquanto eu trabalho em
sua casa.

Depois de fazer minha higiene pessoal visto uma camiseta larga e um shortinho jeans, em
seguida arrumo meu cabelo em um coque no topo da cabeça, e então saio do quarto pronta
para começar a trabalhar.

Quando entro na sala percebo que a pasta de documentos que Jake usa está sobre o sofá,
então chamo por ele:

- Jake?

- Estou na cozinha! - Ele grita.

Caminho em direção a cozinha o mais depressa possível, e o encontro tomando café.

- Por que não me acordou? - Pergunto. - Eu deveria ter preparado seu café da manhã.

- Depois de ontem merecia um bom descanso, mas não vá se acostumando. - Ele sorri.

Puxo uma cadeira e me sento de frente para ele, então Jake me serve uma xícara de café e me
entrega em seguida.

- Dormiu bem? - Ele pergunta. - Está se sentindo melhor?


- Sim, tudo graças a você.

Se Jake não tivesse me consolando na noite passada, provavelmente eu não teria conseguido
dormir nem um pouco.

Jake parece cansado, o que indica que ele não deve ter dormido por minha causa, e isso me faz
eu me sentir culpada.

- Me desculpe por incomodá-lo. - Peço.  - Da próxima vez que estiver chovendo, vou tentar
enfrentar meus medos sozinha, como sempre fiz.

- Não seja boba Maya. - Ele revira os olhos.

- Está cansado por minha causa. - Suspiro alto.

- Eu realmente quase não dormi à noite, mas isso não tem nada a ver com você.

- Não precisa...

- Estou falando sério, então sempre que estiver com medo, pode se apoiar em mim, afinal
somos amigos.

Seria tudo perfeito se Jake não usasse a palavra "amigo", e na verdade me amasse, mas eu sei
que tenho que ter paciência se quero que meus planos deem certo.

Não posso fazer nada precipitado, só porque quero que ele me ame também, caso contrário
posso acabar o assustando, e então tudo estará perdido.

- No que está pensando? - Jake pergunta.

- Em nada. - Minto.
Ele me olha desconfiado por algum tempo, e quando parece prestes a dizer algo ele apenas
bebe um pouco do seu café.

- Vou trabalhar agora, então por favor não quebre ou coloque fogo na minha casa.

- Que falta de confiança é essa Jake? Fui a responsável por minha casa diversos anos, então eu
sei exatamente o que vou fazer, não se preocupe.

- Eu sei disso mas...

- Nada de mas. - O corto.

- Espero não me arrepender disso futuramente.

- Está me deixando com vontade de quebrar alguma coisa só para provocá-lo. - Cruzo os
braços.

- Nem pense nisso. - Ele aponta o dedo em minha direção.

Sorrio de canto e não falo nada, então Jake se levanta e coloca a cadeira no lugar.

- Vai vir almoçar em casa? - Pergunto.

- Não. - Ele nega com a cabeça. - Eu almoço na empresa.

- Entendi. - Digo apenas.

- Só precisa se preocupar com o jantar e os afazeres de casa.

- Ok. - Balanço a cabeça em confirmação.


Também me levanto e sigo Jake de perto quando ele começa a caminhar para fora da cozinha,
e assim que chega até a sala ele pega sua pasta sobre o sofá.

- Faça uma boa viagem até o trabalho querido. - O provoco.

Jake me ignora e caminha em direção à porta da casa, e quando ele está prestes a abri-la eu
entro na frente.

- O que está fazendo Maya? - Ele pergunta.

- Cadê meu beijo de despedida querido?

- Saia da frente Maya, ou chegarei atrasado.

- Você é o chefe. - Sorrio abertamente.

Jake passa a mão pelos cabelos demonstrando nervosismo, então me aproximo dele e bato
meu dedo na minha bochecha.

- Eu não vou beijá-la. - Ele fala.

- Então não vai trabalhar hoje. - Seguro seu braço.

- Você...

Ele se cala e então sou surpreendida quando ele segura meu queixo com a mão, vira meu rosto
para o lado e então me beija.

- Quando chegar em casa vou te dar um pirulito por ter sido um bom garoto. - Sorrio
abertamente.

- Está agindo como se fosse minha esposa. - Ele diz enquanto abre à porta.
- Talvez eu seja algum dia. - Lhe mando beijo.

Jake não fala nada, e então fecha à porta da casa, enquanto eu exibo um sorriso de orelha a
orelha.

Fecho os olhos e passo a mão por minha bochecha, na tentativa de sentir novamente a
sensação de quando ele me beijou.

- Você ainda vai ser meu Jake, pode apostar nisso.

- Estou exausta. - Me jogo no sofá.

Passei praticamente o dia inteiro cuidado do serviço de casa, mas agora que já terminei me
sinto satisfeita comigo mesmo.

Ainda tenho que preparar o jantar para Jake, mas ainda falta algumas horas até ele sair do
trabalho, então terei algum tempinho para descançar.

Me assusto quando a campainha da casa toca, então me levanto rapidamente e corro em


direção à porta.

Assim que a abro dou de cara com Clary, o que me deixa extremamente surpresa.

- Entre. - Falo.

Fecho à porta assim que Clary entra na casa, e então ela pergunta:

- Como você está?

- Estou bem. - Digo.


Nos sentamos lado a lado no sofá, e ela começa a me encarar com preocupação.

- Como sabia onde eu estava? - Pergunto.

- Jake contou para Nick.

- Aquele língua solta. - Murmuro.

Eu sabia que ele iria contar em algum momento, mas tive esperanças que Jake mantivesse
segredo por um tempo.

- Você esqueceu seu celular, então eu vim lhe trazer.

- Eu nem me lembrava que tinha um celular. - Sorrio abertamente.

Clary abre sua bolsa, em seguida pega meu celular e o carregador e me entrega.

- Não vai voltar para casa Maya? - Ela pergunta. - Seu irmão está sofrendo.

- Ele merece sofrer. - Retruco.

- Eu concordo com você, mas é difícil vê-lo tão triste. - Clary abaixa a cabeça.

- Nick tem você, então vai se recuperar logo.

- Não acho que isso seja capaz. - Ela nega com a cabeça.

Ficamos em silêncio por um tempo, então Clary pega minha mão e segura com firmeza.

- Não vai mesmo voltar para casa? Pretendi ficar morando com Jake?
- Não, eu não vou voltar para casa. - Digo. - E só vou morar com Jake até eu encontrar um
apartamento.

- Aquela casa é tão vazia sem você. - Ela diz triste.

- Vocês serão uma família em breve Clary, e eu não quero e não vou atrapalhar isso.

- Você não...

- No começo ficaria tudo bem. - A corto. - Mas depois de um tempo nossas ideias diferentes
iriam acabar interferindo na nossa relação. Quando eu decidi que iria me mudar, eu pensei
que dessa forma estaria protegendo nossa amizade, e ainda penso dessa forma.

Clary sorri fraco, e então ela escosta a cabeça no sofá e fala:

- Talvez esteja certa.

- Eu estou. - Digo. - Quero que sejam felizes e que aproveitem o casamento de vocês sem ter
que se preocupar com sua cunhada que estaria no quarto ao lado. Precisam ter privacidade, e
comigo morando com os dois não teriam.

- Mesmo que estaja disposta a não voltar para casa, deveria fazer as pazes com seu irmão.

- Nick foi o culpado, então enquanto ele não assumir seu erro eu não pretendo vê-lo. - Digo.

- Você é tão cabeça dura quanto ele.

Nick tem que aprender que eu preciso aprender a viver a minha vida por mim mesma, e não
passar cada segundo dependendo dele. Quando ele perceber que errou, e parar de controlar
minha vida, eu o perdoei no mesmo instante.

Eu gostaria que ele me entendesse e me apoiasse, mas enquanto ele se manter tão mandão e
controlador, Nick estará fora da minha vida mesmo que eu o ame demais e sinta sua falta.
Cap 11

- Como foi no trabalho? - Pergunto para Jake.

- Cansativo. - Ele se joga no sofá.

- Vá tomar um banho, o jantar está pronto.

- Acho que vou dormir. - Jake fala.

- Pode se levantar. - Pego uma almofada e jogo nele. - Precisa se alimentar.

- Está bem está bem. - Ele revira os olhos.

Jake se levanta contra sua vontade, em seguida pega sua pasta e começa a caminhar em
direção as escadarias.

Volto para a cozinha, e assim que entro no recinto começo arrumar a mesa.

Depois que Clary foi embora, comecei a fazer o jantar. Quase não havia ingredientes em sua
dispensa, então fiz apenas uma costela de porco, arroz e salada.

Não sei se será Jake quem fará as compras, ou se serei eu, então terei que perguntar isso a ele.

Estou cansada e faminta, e com toda certeza amanhã estarei com dor em todo meu corpo.

Minha casa é pequena, então não era tão cansativo cuidar dela sozinha, mas a casa do Jake é
gigante, então terei que me virar para dar conta de tudo.

🌻
- O que está olhando? - Pergunto para Jake.

- Se não quebrou nada. - Ele me responde.

- É sério isso? Vai olhar cada cantinho da sua...

- Tenho que cuidar do que é meu. - Ele me corta.

Depois de algum tempo Jake apareceu na cozinha olhando em volta como se procurasse por
algo, mas na verdade está vendo se não tem nada de errado com sua preciosa casa.

- Nem ao menos me perguntou se estou bem. - Murmuro baixinho.

- O que você disse? - Jake pergunta.

- Não foi nada.

Puxo uma cadeira e me sento enquanto ele continua procurando por algo errado, mas para
sua tristeza ele não vai encontrar nada.

- Se preocupa mais com a casa do que comigo. - Continuo murmurando. - Um belo idiota.

- Eu escutei isso. - Jake fala.

- Que pena, da próxima vez falarei mais baixo.

Ele puxa uma cadeira e se senta de frente para mim, cruza os braços e fica me encarando.

- Por que está tão irritada? - Jake pergunta.

- Eu não estou. - Retruco.


Eu sei que ele não tem nenhuma obrigação comigo, mas custava alguma coisa perguntar como
foi meu dia? Ou se estou muito cansada? Se eu desejo alguma coisa?

Durante a semana sou sua empregada, mas também sou sua amiga, então seria bom
demonstrar um pouco de afeto.

Nem ao menos se importou comigo, mas olhou toda a casa para ver se eu tinha quebrado algo.

- Em vez de ficar emburrada, deveria me dizer o por...

- Eu já disse que estou bem. - O corto.

- Tudo bem então. - Ela dá de ombros.

Jake começa a servir a comida no seu prato, enquanto lambe os lábios, e eu fico observando
cada detalhe seu.

- Vai comer ou ficar me encarando? - Ele pergunta.

- Quem disse que estou te encarando?

- Está me olhando como se eu fosse...

- Um completo bobão? - Termino sua frase.

Jake coloca o prato sobre a mesa, e me encara com irritação aparente.

- Vai comer ou vai ficar me encarando? - Sorrio de canto.

- Ainda me pergunto o porque te contratei para ser minha governanta, e deixei você ficar na
minha casa. - Ele semicerra os olhos. - Criança petulante.
- Se não tem a resposta então me demita e me expulse da sua casa. - Falo. - Se meu irmão fez
isso comigo, não me surpreenderia que você fizesse o mesmo, já que não somos uma família.

- Maya...

- Se for para ficar jogando na minha cara que está me ajudando, eu realmente acho melhor
que me mande embora. - O corto. - Pode não servir para nada, mas ainda tenho meu orgulho.

Eu sei que estou abusando da sua boa vontade ao ficar na sua casa e depender da sua ajuda,
mas é desagradável ser tratada como um peso, apesar de saber que sou um.

- Me desculpe, eu não deveria ter dito aquilo. - Jake abaixa a cabeça.

- Sou apenas sua empregada, então começarei agir como tal.

Empurro a cadeira e me levanto, em seguida começo a caminhar para fora da cozinha, mas
paro quando Jake pergunta:

- Onde pensa que vai Maya?

- Vou esperar o senhor jantar, então estarei aguardando na sala. - Lhe respondo. - Uma mera
empregada como eu não deveria dividir a mesa com o patrão.

- Maya!

Jake chama por mim, mas não lhe dou ouvidos e continuo a andar. Tenho que assumir que
minha vontade era que Jake viesse atrás de mim, mas infelizmente isso não acontece.

Me sento no sofá assim que entro na sala, e de vez em quando olho para o lado na esperança
de ele aparecer de repente.

Talvez Jake tenha ficado aliviado com a distância que coloquei entre nós dois. Talvez ele ache
que dessa forma será melhor para ambos, já que para ele estávamos bem próximos um do
outro.
Eu sou apenas sua empregada, mas eu desejei que ele viesse atrás de mim, mas é óbvio que
isso não aconteceu para minha infelicidade.

Depois de perder as contas de quantas vezes olhei para o lado, enfim Jake sai da cozinha, mas
fica parado e não caminha em minha direção.

- O jantar estava ótimo. - Ele fala.

- Eu recebo para fazer o melhor para o senhor. - Retruco.

- Bem... é... Boa noite então.

- Boa noite senhor. - Aceno com a cabeça.

Jake me encara por alguns segundos, mas logo em seguida começa a caminhar em direção as
escadarias em silêncio.

- Idiota. - Murmuro baixinho.

Me levanto rapidamente e caminho em direção a cozinha, e assim que entro no recinto


começo a guardar o jantar em algumas vasilhas, e em seguida valo a louça suja.

Estava com tanta fome, mas de repente senti um nó na garganta, e agora tudo o que desejo é
deitar em minha cama e dormir.

Depois de lavar a louça, vou direto para meu quarto, mas antes que eu possa abrir à porta Jake
pergunta:

- Você jantou?

- Não senhor.
- Deveria comer alguma coisa, precisa estar forte para cuidar da casa. - Jake diz.

- Não se preocupe. - Falo. - Mesmo que eu esteja doente, prometo que cuidarei da sua casa
senhor.

- Eu...

Abro à porta do quarto e o adentro, e logo em seguida fecho à porta antes de Jake dizer mais
alguma merda.

Caminho em direção a cama em passos largos e assim que me aproximo me jogo nela.

Apesar de estar decidida a conquistá-lo, começo a perguntar a mim mesmo se vale a pena
tanto esforço.

Jake se importa bem mais com sua casa do que comigo, então talvez seja melhor desistir de
tudo e ir embora.

Eu sei que por enquanto não posso me dar ao luxo de largar esse emprego porque preciso do
salário, mas assim que eu conseguir dinheiro o suficiente irei procurar um apartamento, então
irei procurar por outro serviço onde meu trabalho e eu sejamos valorizados.

Me levanto da cama quando me lembro que não conversei com Jake sobre as compras para
abastecer sua dispensa.

- Que merda. - Praguejo.

Abro à porta do quarto assim que me aproximo dela, em seguida dou alguns passos até o
quarto de Jake e bato em sua porta.

- Oi? - Ele diz abrindo-a depois de alguns segundos.

- Eu esqueci de avisar que sua dispensa está vazia.


- Final de semana vamos juntos ao mercado fazer as compras. - Ele diz. - Quero que veja qual
as marca dos alimentos que eu gosto, então iremos juntos ok?

- Sim senhor. - Balanço a cabeça em confirmação.

Teremos que comer ovos durante a semana, porque é a única coisa que tem com fartura em
sua geladeira.

- Tenha uma boa noite de sono senhor, com licença.

Me viro de costas para Jake, e mais uma vez tenho esperança que ele vá me impedir de
continuar a caminhar, mas logo em seguida escuto o barulho da porta do seu quarto se
fechando.

Cap 12

Jake

- Bom dia Maya.

- Bom dia senhor. - Ela responde sem me olhar.

- Como passou à noite?

- Dormindo e o senhor? - Ela retruca.

- Bem eu também passei dormindo.

- Não sabe o quanto fico feliz. - Ela diz com sarcasmo. - Vai melhorar muito meu dia, o senhor
não faz ideia.
Puxo uma cadeira e me sento, em seguida me sirvo um pouco de suco e dou um gole, e
continuo ignorando o sarcasmos de Maya.

- O que irá servir no jantar de hoje? - Pergunto.

- Ovos mexidos.

- Está tentando me castigar Maya? - Pergunto.

Ela se vira para mim, a parece tão pacífica que chega me dar medo.

- Não faço ideia do que o senhor está falando.

- Só como ovos a uma semana, não aguento mais. - Digo.

- O senhor deve ter se esquecido, mas eu disse que precisava fazer compras. Sua dispensa
estava praticamente vazia, mas o senhor disse que faríamos compras somente no final de
semana não se lembra? - Ela pergunta. - Sua geladeira estava bem abastecida com ovos, e é
por isso que só estou cozinhando isso, porque é a única coisa que tem.

- Entendi. - Digo apenas.

Maya se vira de costas para mim novamente, e então fala:

- Tantas pessoas passando fome, e você ainda reclama. Agradeça que tenha ovos, porque
muitas pessoas nem isso tem.

- Nem vou falar nada, porque não adianta discutir com você nesse momento. - Retruco.

Maya joga isso na minha cara como se eu não soubesse. Com toda certeza não estou
reclamando de barriga cheia, é que realmente não aguento mais comer ovos.
Ela cozinha ovos no café da manhã e no jantar, e isso já está se repetindo há dias. Ela continua
me ignorando dia após dia, e quando fala alguma coisa e com submissão exagerada, como se
eu fosse seu dono e não seu patrão.

Reconheço que a culpa pela sua mudança é toda minha, mas eu não aguento mais ver Maya
como um robô obediente. Quero de volta a garota sorridente e brincalhona, que me tira a
paciência e o sossego por razões que prefiro enterrar bem fundo em minha alma.

Sinto falta da sua risada, seu jeito descontraído e alegre, e até mesmo das suas provocações.
Se Maya soubesse o que faz comido, iria evitar fazer certos tipos de brincadeira.

Ela é uma garota inocente, que não vê malícia em nada, e é por esse motivo que achei melhor
colocar uma distância segura entre nós dois, mas tenho que assumir que não estou
aguentando mais sua frieza.

Maya tem idade para ser praticamente minha filha, mas isso não me impede de sentir atração
pela garotinha que vi crescer, e que ajudei Nick a cuidar.

Eu disse a mim mesmo que iria acabar com esse sentimento estranho que cresce cada vez mais
no meu peito, e isso até era fácil quando não a via com muita frequência. Agora que estamos
morando debaixo do mesmo teto, tenho medo de que eu não consiga me controlar, e então
acabarei fazendo algo irreversível, e que terá consequências drásticas.

Maya precisa de um homem da sua idade, que goste das mesmas coisas que ela, e que faça o
que os jovens fazem hoje em dia. Mas por quê sinto um aperto no peito só de imaginar ela
com outro homem?

Eu aceitei que ela trabalhasse na minha casa porque Nick me pediu ajuda, para que a irmã
pensasse direito sobre o que quer da vida, mas seus planos não saíram como previsto, e agora
Maya está fazendo um trabalho impecável.

Eu relutei no início por causa da atração que sinto por ela, mas Nick insistiu tanto que acabei
cedendo. Tenho em mente que não cedi por ele ser meu amigo, e sim porque eu queria vê-la
com mais frequência, mas agora eu percebo que não foi uma boa ideia.

Se tivesse seguido meus instintos e negado ajudar Nick, eu não estaria em uma enrascada
como estou agora. Eu quero continuar mantendo distância, mas ao mesmo tempo quero a
antiga Maya de volta.
Continuo relutante, porque sei que quanto mais perto Maya estiver de mim, mas complicado
será, e esse é o principal motivo de eu ainda não ter feito as pazes com ela.

Maya é uma garota imatura e inocente que jamais viveu um amor. Tenho medo de que em
algum momento ela começa a confundir seus sentimentos a acabe pensando que está
apaixonada por mim, mas na verdade seria apenas agradecimento por eu estar lhe ajudando.

Quanto mais distante eu ficar, melhor será para nós dois, mas eu não sei por quanto tempo
conseguirei me manter longe, e isso me assusta.

Se Nick soubesse como me sinto relacionado a sua irmã, ele me mataria sem dó nem piedade.
Eu não o culparia por isso porque faria o mesmo se tivesse uma irmã, que se envolvesse com
um homem muito mais velho que ela.

Tenho 37 anos e Maya tem apenas 20, e mesmo que estejamos em um século de modernidade
relacionado ao amor, eu sei que sou muito velho para ela.

Maya nem ao menos começou a viver, então se envolver com um homem 17 anos mais velho
que ela está fora de cogitação.

Ela está se redescobrindo, e tornando uma pessoa independente, e amadurecendo sozinha,


então não precisa do irmão, e muito menos de mim para atrapalhar sua vida.

Quero que ela tenha uma vida perfeita e feliz ao lado de um bom homem, que no caso não
será eu.

Irei observá-la de longe, enquanto observo e torço por sua felicidade, mesmo que isso custe a
minha.

Maya não precisa saber como me sinto, não quero que ela tenha medo ou me trate de forma
diferente porque gosto dela, então irei levar esse segredo para o túmulo.

Em alguns momentos eu acho que fico pensando nela como mulher, apenas porque Maya
seria um desafio impossível de conquistar, mas quando ela sorri para mim com tanta
sinceridade, eu percebo que realmente fui nocauteado por seu jeito meigo e carinhoso.
Fico tentando arrumar alguma desculpa por estar interessado em uma garota bem mais jovem
que eu, mas eu sei que estou apenas enganando a mim mesmo.

Eu me conheço bem o suficiente para saber quando gosto de alguém e quando não gosto. Não
sou o tipo de homem que teria interesse em uma mulher apenas porque eu a veria como um
desafio. Não sou nenhum santo, mas também não sou um safado que vê uma mulher como
objeto e nada mais.

Não sou um príncipe montado em um cavalo branco e muito menos perfeito, mas eu sei do
meu caráter como homem, e usar uma mulher sempre esteve fora dos meus objetivos de vida.

Abro os olhos lentamente quando sinto a brisa do vento soprar dentro do meu quarto, e
então percebo que está chovendo.

Me levanto rapidamente e caminho em direção as janelas, e as fecho em seguida.

Começo a caminhar em direção a cama novamente quando um relâmpago clareia o quarto, e


no mesmo instante me lembro da Maya.

Corro em direção à porta do quarto e a abro, dou alguns passos e começo a bater na porta da
Maya.

- May! - A chamo.

Fico receoso em abrir à porta e ser expulso por ela, mas ao mesmo tempo tenho medo de que
ela esteja sofrendo sozinha.

Abro à porta lentamente e olho em volta. As luzes estão apagadas, mas da para ver que ela
está encolhida debaixo do cobertor quando relâmpagos clareiam o quarto.

- Maya. - A chamo novamente.


Me aproximo ainda mais, em seguida me sento na beirada da cama e começo a puxar o
cobertor lentamente, e o que vejo corta meu coração.

Maya está toda encolhida enquanto treme de medo, mas quando ela percebe minha presença,
Maya se levanta e se joga em mim como se eu fosse sua salvação.

- Está tudo bem. - Passo a mão por suas costas.

Percebo que ela vai se acalmando aos poucos, pois seu corpo já não treme com tanta
frequência.

- Está se sentindo melhor? - Pergunto.

Ela não responde nada, então a abraço com ainda mais força enquanto ela faz o mesmo, como
se estivesse evitando que eu fosse embora.

- Não vou a lugar nenhum. - Digo baixinho.

Me sinto mal por não poder fazer nada para ajudar a mulher que eu amo, mas enquanto eu
puder consolá-la, e ajudar com seus medos mesmo que seja um pouquinho, eu farei isso.

Posso me manter distante como homem, mas isso não quer dizer que eu também deva fazer
isso como amigo. Eu tenho em mente que é apenas uma desculpa para me aproximar dela,
mas enquanto Maya me quiser por perto, e vê em mim uma saída para seu medo mais
profundo, continuarei ao seu lado, e apenas isso será o suficiente para mim.

Cap 13

Abro os olhos lentamente, e quando olho para baixo tem um braço em volta do meu corpo.

Me viro para trás calmamente, e vejo Jack dormindo tranquilamente enquanto continua me
abraçando.
Pego seu braço e tento tirar de cima de mim, mas Jack me aperta ainda mais não me
liberando.

- Não vá. - Ele pede baixinho.

Não sei se ele realmente está dormindo, ou se está fingindo, então decido não me levantar.

Fico o observando de perto enquanto Jake continua dormindo tranquilamente, e tenho que
assumir que há muito tempo eu sonhava com o dia que eu acordaria ao seu lado.

Infelizmente Jake está aqui não Porque me ama, mas porque sente pena de mim.

Quando começou a chover na noite passada, eu pensei em ir atrás dele, mas logo me lembrei
que havia colocado uma distância entre nós dois, então eu decidi enfrentar meu medo como
sempre, sozinha.

Fiquei aliviada quando Jake apareceu de repente e me ajudou, mas ao mesmo tempo eu me
senti estranhamente triste, porque eu sei que ele continuou ao meu lado como um amigo e
não um homem.

Ele ficou ao meu lado mesmo depois que parou de chover, e eu fiquei animada por alguns
momentos, mas não durou muito minha animação.

- Por que tem que ser tão idiota Jake? - Pergunto baixinho.

Passo a mão por seu rosto lentamente para que ele não acorde, e em um momento de loucura
lhe dou um rápido beijo nos lábios.

Meu coração se acelera quando ele começa a se mexer, e quando acho que ele vai acordar,
Jake se aproxima ainda mais de mim e me abraça enquanto coloca a cabeça nos meus seios.

Passo a mão por seus cabelos bagunçados, enquanto sinto que meu coração vai se acalmando
aos poucos depois do susto que levei.
Ele parece tão a vontade enquanto dorme em cima de mim, que nem parece o homem que me
ignorou durante a semana.

O tratei com frieza, porque esperava que em algum momento ele fosse mudar de ideia, mas
dia após dia ele continuou fugindo de mim.

Eu não faço ideia do que se passa na mente do Jake, mas eu gostaria de desvendar um pouco
desse mistério. Será que ele tem medo de se aproximar de mim? Ou tem medo que eu me
apegue demais a ele? Jake tem medo de se apaixonar por mim? Ou que eu me apaixone por
ele?

Pensei durante toda a semana, e não achei outra alternativa para seu repentino
distanciamento. Se esse realmente for o motivo, Jake está perdendo seu tempo, porque eu o
amo já faz muitos anos.

Ao mesmo tempo que quero contar a ele como me sinto, tenho medo de dizer algo porque eu
tenho total certeza que serei rejeitada, então continuo mantendo meus sentimentos por ele
em segredo.

Se não sou corajosa o suficiente para me declarar, eu deveria pelo menos superar esse
sentimento que não é retribuído, mas por mais que eu tente isso não consigo.

Eu preciso superá-lo ou lutar por seu amor, e por mais que eu já tinha traçado um plano para
conquistá-lo, eu já não tenho certeza se é a melhor escolha.

- O que eu faço com você? - Suspiro alto.

Sempre tive em mente que não vale a pena lutar por alguém que não te valoriza, mas como
Jake não sabe dos meus sentimentos, acabei dizendo a mim mesma que eu poderia mudar isso
com o tempo.

Ele é tão cabeça dura, acha que sou uma criança, e por mais que eu diga que cresci, Jake
continua me vendo como a irmãzinha do seu amigo.

Se eu decidir continuar lutando por ele, terei que ser mais ousada e madura, então Jake não
me verá como a garotinha fofa que ele pensa que sou.
- Hum. - Jake resmunga.

Ele parece estar acordando, então fecho os olhos e tento acalmar minha respiração para que
ele não perceba que estou acordada.

Jake se afasta de mim, enquanto abro um pouco dos olhos para observá-lo.

- Pode parar de fingir que está dormindo Maya. - Ele fala rindo.

Não digo nada, e continuo de olhos fechados, enquanto ele se mexe ao meu lado.

Me assusto quando Jake começa a fazer cócegas em mim, então começo a rir como uma
cabrita.

- Pare! - Peço.

Ele para de me fazer cócegas, e novamente de deita ao meu lado.

- Bom dia.

- Bom dia. - Digo ofegante.

- Faz tempo que está acordada? - Jake pergunta.

- Um pouco. - Assumo.

- Por que não me acordou?

- Você deve estar cansado por ter ficado ao meu lado, então não quis incomodá-lo.
Jake olha para mim com um sorriso largo nos lábios, o que faz meu coração se acelerar
rapidamente no peito.

- Por que está rindo? - Pergunto.

- Ainda não colocou a palavra "Senhor" em cada frase que fala.

- Me desculpe senhor, eu me esqueci por um momento. - Falo. - prometo que isso não vai se
repetir.

Jake coloca ambas as mãos atrás da cabeça, e fica olhando para o teto do quarto.

- Eu sei que fui um idiota durante essa sema...

- Sim, você foi. - O corto.

- Me perdoe. - Jake pede. - Eu não quero que fique brava comigo, como não quero que me
trate como seu dono.

- Eu...

- Não aguento mais esse clima estranho que está entre nós dois. - Ele me corta. - Podemos
voltar ao que era antes?

Por que Jake está mudando de ideia logo agora? Eu tinha certeza que ele iria aproveitar a
oportunidade e ficar longe de mim, mas por qual motivo ele mudou seus pensamentos tão de
repente?

Tenho que assumir que estou tanto curiosa como aliviada. Apesar de estar o tratando com
frieza, e ele ficar distante de mim, eu estava me sentindo desconfortável, então fico aliviada
que Jake tenha mudado de ideia, e queira se aproximar de mim novamente.

- Eu também não gosto nem um pouco de como estamos. - Assumo.


- Podemos voltar ao que éramos antes? - Jake pergunta novamente.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Ótimo.

Jake se senta na cama, em seguida se levanta e fala:

- Se arrume, vamos fazer compras.

- Ok. - Digo apenas.

Me levanto enquanto ele caminha para fora do meu quarto, e então começo a arrumar a cama
em seguida.

Graças a Deus vamos fazer compras, porque eu também não aguento mais comer ovos no café
da manhã, no almoço e no jantar. Só imaginar comendo um pedaço de carne minha boca já
começa a salivar.

Enquanto Jake continua comprando produtos para abastecer sua dispensa e sua geladeira, fico
o seguindo de perto com uma agenda na mão para anotar que tipo de alimento que ele gosta,
e a marca.

De agora em diante eu serei a responsável pelas compras, então tenho que prestar bastante
atenção, já que seus gostos são bem diferentes dos meus em relação a comida.

O que tiver eu como tranquilamente, mas Jake é todo enjoado, e não é qualquer coisa que o
agrada.

- Agora pode pegar o que quiser Maya. - Jake fala.


- É melhor não falar isso, pode se arrepender. - Sorrio abertamente.

- É só por hoje, não vá se acostumando.

- Chato. - Murmuro baixinho.

Empurro o carinho para a seção de chocolates e outras bobeiras comestíveis que amo, e já que
Jake permitiu eu pegar o que quero, irei aproveitar essa oportunidade única.

- Eu me esqueci de algo. - Ele fala. - Eu já volto.

- Ok. - Digo apenas.

Pego minha bolsa e a abro, em seguida guardo a agenda e a caneta e a fecho em seguida.

Olho para o lado e vejo que um senhor derrubou alguns produtos da prateleira, então me
aproximo dele e pergunto:

- Precisa de ajuda?

Quando ele se vira para mim, sinto todo meu corpo se estremecer de medo, e então dou um
passo para trás.

- Maya? É você mesmo meu bem?

Cap 14

- Maya?

- Vo... você deve ter... ter me enganado com outra pessoa. - Gaguejo.
- Como eu poderia esquecer você querida?

Jacob sorri de uma forma repugnante enquanto me olha de cima em baixo. Ele se aproxima de
mim lentamente, enquanto continuo congelada no mesmo lugar.

Minha vontade é de gritar e sair correndo, mas eu não consigo me mover ou abrir minha boca.

- Você está ainda mais linda do que antes. - Ele pega uma mecha do meu cabelo e cheira.

- Eu... eu...

- Não precisa dizer nada meu bem. - Jacob aperta minha bochecha. - Você não sabe o quanto
eu senti sua falta.

- Maya? - Olho para o lado quando Jake chama por mim.

Felizmente consigo me mover, e então me escondo atrás dele enquanto Jake parece confuso.

- Vamos embora. - Peço baixinho.

- Você está bem? - Jake pergunta. - Está pálida.

- Só... só vamos embora.

- Quem é o seu amigo querida? - Jacob se aproxima de nós.

Pego a mão de Jake como se de alguma forma ele fosse aliviar um pouco do meu medo,
enquanto ignoro Jacob.

Jake está de olhos arregalados, e tenta soltar minha mão, mas eu seguro com ainda mais
firmeza e não o libero.
- Eu sou o Jake, muito prazer.

- O prazer é meu Jake, eu sou Jacob. - Ele estende a mão em cumprimento.

Quando Jake está prestes a pegar sua mão, eu o puxo para trás, para que ele não possa nem
ao menos tocar em um homem tão repugnante.

- O que está fazendo Maya? - Jake pergunta sem graça.

- Vamos embora. - Peço novamente.

- Desculpe a minha amiga, acho que ela não está passando bem. - Jake fala.

- Está tudo bem. - Jacob sorri como se fosse um bom homem.

- De onde se conhecem? - Jake pergunta para ele. 

- Fui o professor da Maya por um tempo.

- Ela era uma boa aluna? - Jake olha para mim sorrindo.

- A melhor. - Jacob aproveita que Jake não está olhando para ele, e me encara por alguns
segundos com desejo.

Solto a mão do Jake, e dou um passo para trás e peço mais uma vez:

- Vamos embora Jake.

- Por que quer ir embora May? - Ele retruca. - Quero conhecer um pouco mais o seu professor.

- Você é burro?! - Grito. - Se estou te chamando para ir embora, é porque não quero que
converse com esse verme!
Todos os olhares das pessoas se voltam para mim, da mesma forma Jake me encara de olhos
arregalados sem entender o porque do meu surto repentino.

- Por que está agindo dessa forma? - Ele pergunta baixinho. - Você não é assim.

- Quer conversar com esse estrume humano fiquei a vontade, eu vou embora.

Deixo Jake boquiaberto com minha atitude nada agradável e vou embora, pouco me
importando com o que estão pensando de mim.

Só eu sei o quanto eu sofri e tive medo por causa das perseguições do meu professor, então
tudo o que quero nesse momento é colocar a maior distância possível entre nós dois.

Eu realmente sou uma pessoa sem sorte alguma, caso contrário não teria a infelicidade de me
encontrar com Jacob novamente, quando tudo o que mais desejei e desejo é que ele fique o
mais longe possível de mim.

- Maya!

Jake grita por mim, mas eu continuo andando o mais depressa possível. Paro quando ele me
alcança e segura meu braço, então eu me solto com brusquidão.

- Pode terminar de fazer as compras, eu vou embora. - Começo a caminhar novamente. - E


nem pense em me seguir.

Jake me chama novamente por diversas vezes, mas eu o ignoro e aproveito que um táxi parou
no estacionamento do mercado, e entro nele rapidamente.

Ainda bem que Jake já pagou o meu salário da semana que trabalhei, caso contrário eu teria
que ir embora andando, já que não teria dinheiro para pagar a corrida do taxista.

- Idiota. - Murmuro entredentes.


- Disse alguma coisa senhorita? - O taxista pergunta.

- Desculpe, eu estava falando comigo mesmo. - Forço um sorriso.

Jake é burro? Como ele não percebeu meu nervosismo? Se eu pedi várias vezes para ir
embora, era porque alguma coisa estava me incomodando, mas o idiota não percebeu nada.

- Chegamos senhorita. - O homem fala assim que para o carro.

- Obrigada. - Agradeço.

Assim que pago a corrida saio do carro e começo a caminhar em direção à porta da casa.

Abro minha bolsa e pego a chave, e aproveito para guardar a carteira que está em minha mão.

Abro à porta e adentro o recinto, e a fecho logo em seguida. Corro em direção as escadarias, e
assim que entro no meu quarto jogo minha bolsa sobre a cama, e começo a caminhar em
direção ao banheiro em passos largos.

Abro à porta, e a fecho assim que entro no banheiro, em seguida tiro minhas roupas
rapidamente e entro embaixo do chuveiro e abro a torneira.

Me sinto suja por ter sido tocada por Jacob, então esfrego minha bochecha com força, até ao
ponto de sentir ardência.

Quando eu decidi largar a faculdade, pensei que jamais o veria na minha frente novamente,
mas infelizmente eu estava errada.

Para minha infelicidade eu tive o desprazer de me encontrar com Jacob novamente, e o que
me deixa mais irritada é que Jake não percebeu meu nervosismo.
Eu sei que ele não é advinho, mas todos os sinais estavam bem explícito em meu rosto que
algo não estava bem, mas ele continuou não percebendo como eu me sentia naquele
momento.

Ao mesmo tempo que eu queria fugir, eu queria gritar para todo mundo ouvir o quão
desprezível Jacob é, mas eu não sou tão corajosa o suficiente.

- Não ouse chorar Maya, ouviu bem?

Me abaixo e coloco a cabeça nos joelhos, como se isso fosse aliviar de alguma forma minha
vontade de chorar.

- Você é uma garota forte, não deixe se abalar por isso. - Digo a mim mesmo.

Eu sei que preciso ser forte, mas por quê é tão difícil? Por quê minha vida tinha que ser tão
complicada?

- Merda. - Praguejo.

Acabo não conseguindo segurar as lágrimas, e então começo a chorar enquanto a água quente
cai sobre mim.

Eu digo a mim mesma que sou forte, mas na verdade estou apenas me iludindo, porque eu sei
que eu não sou tão forte quanto penso ser.

Não faço ideia de quanto tempo fiquei agachada no banheiro enquanto chorava, mas só me
levantei porque minhas pernas começaram a doer, e os dedos dos meus pés e das minhas
mãos estão engrujidos.

Fecho a torneira, pego uma toalha e começo a me enchugar em seguida. Quando olho para
meu reflexo no espelho me assusto, pois meus olhos estão extremamente vermelhos e
inchados.
Não queria ter chorado, mas essa é a forma que acho mais fácil para eu conseguir aliviar um
pouco o aperto do peito.

Me viro para à porta, levo a mão a maçaneta e a abro. Assim que entro no quarto me assusto
com Jake sentado de braços cruzados na minha cama.

Quando me vê só de toalha ele fica me encarando por um tempo, mas logo em seguida ele se
vira de costas para mim, e então pergunto:

- Por que está se virando Jake? Não é nada que já não tenha visto antes.

Cap 15

- Por que está se virando Jake? Não é nada que já não tenha visto antes.

- Vá se trocar Maya.

- Não quero. - Cruzo os braços.

Jake se levanta, caminha em minha direção, mas fica olhando para todos os lados, menos para
mim.

- Poderia ser uma boa garota? Vá se trocar por favor.

- Talvez eu tenha me cansado de ser uma boa garota.

- Por que tem que ser tão teimosa? - Jake pergunta irritado.

Ele enfim olha para mim, mas a irritação dá lugar a preocupação.

- Você chorou? - Ele pergunta.


- Não. - Minto. - Caiu shampoo nos meus olhos.

- Você é uma péssima mentirosa.

- Eu sei. - Forço um sorriso.

Sou surpreendida quando Jake passa a mão por meu rosto, em seguida por meus olhos
inchados, e então pede com a voz baixa:

- Poderia fazer o favor de colocar uma roupa?

- Está nervoso Jake? - Pergunto com malícia.

- Talvez eu esteja, então...

- Uau. - Sorrio abertamente. - Não acredito que assumiu isso.

Ele olha para o lado e pigarreia, então caminho em direção ao meu guarda roupa e peço:

- Se vire de costas.

Jake se vira enquanto eu pego um conjunto de lingerie e me visto rapidamente.

- Segure minha toalha fazendo um favor. -  A jogo em sua direção mesmo ele estando de
costas para mim.

Automaticamente ele se vira em minha direção e pega a toalha, mas rapidamente se vira para
o outro lado novamente.

- Se eu não te conhece bem, acharia que era um adolescente nervoso por ver uma mulher de
langerie.
- Cale a boca e apenas se vista. - Ele retruca.

- Sim senhor. - O provoco.

Abro à porta do guarda roupa e pego uma short jeans e uma camiseta, e logo em seguida me
visto.

- Pode se virar. - Falo.

- Tem certeza? - Jake pergunta.

- Em algum momento terá que fazer isso, então você decide. - Dou de ombros.

Jake começa a se virar para mim lentamente, e quando vê que estou completamente vestida,
vejo alívio exibido em seu rosto.

Caminho até ele e pego a toalha das suas mãos, em seguida começo a caminhar em direção ao
banheiro.

- Não tem um shorts menor não Maya? - Ele pergunta com sarcasmo.

- Na verdade eu tenho. - Falo enquanto coloco a toalha no banheiro. - Quer que eu o vista?

- Nem pense nisso.

Jake está sentado em minha cama, então caminho em sua direção, e me sento em seu colo e
envolvo meus braços em volta do seu pescoço, o que o deixa extremamente surpreso.

- O que está fazendo? - Ele pergunta enquanto tenta me empurrar.

- Estou tentando adivinhar o que se passa em sua mente.


- Se quiser fazer isso faça, mas não precisa se aproximar tanto. - Ele fala.

- Está nervoso Jake? - Pergunto com um sorriso largo nos lábios. - Está começando a perceber
que não sou uma criança?

- Poderia parar com esse joguinho? - Ele pede. - Sempre verei você como uma criança, então
não perca seu tempo tentando me fazer mudar de ideia.

Me aproximo do seu pescoço e lhe dou um rápido beijo, e no mesmo instante percebo que ele
se estremece.

- Acho que está mentindo. - Cochicho no seu ouvido. - Como também acho que você não me
vê mais como uma criança.

Jake se levanta rapidamente e me coloca no chão, em seguida caminha para longe de mim e
fala:

- Acho que estou enganado quando penso em você como uma garota inocente.

- Eu sou inocente. - Me sento na cama. - Mas talvez a minha mente não seja tanto.

- Estou começando a ficar com medo de você.

- Não fique querido. - Sorrio de canto. - Eu não mordo.

- Você...

- Mas se você pedir com carinho talvez eu abra uma excessão. - O corto.

- Agora não é o melhor momento para brincadeira Maya. - Jake fala com seriedade. -
Precisamos conversar sobre o que aconteceu no mercado.
Me levanto, caminho para o lado da cama e puxo o cobertor, em seguida me deito e me cubro.

- Eu vou dormir agora. - Digo.

- Maya...

- Estou com muito sono. - Forço um bocejo.

Escuto Jake caminhando, e logo em seguida ele puxa o cobertor.

- Não pense que vai fugir de mim.

- Por que eu faria isso? - Pergunto com malícia. - Quer se deitar ao meu lado querido? Eu
deixo.

- Maya, pare com isso. - Jake diz sério.

Pego o colarinho da sua camisa e o puxo, e então ele se desequilibra e cai na cama bem ao
meu lado.

- Parar com o quê? - O provoco.

- Eu sei o que está tentando fazer, e já digo que está perdendo seu tempo.

- O que estou tentando fazer?

- Está tentando me tirar a concentração, para poder se livrar da nossa conversa. - Jake me
responde.

- Está errado.

- Por que estou errado? - Jake pergunta.


- Eu não estou tentando fazer isso. - Nego com a cabeça.

Passo a mão por seu rosto, em seguida  por seus lábios, então Jake pergunta com a voz baixa:

- Então está tentando fazer o quê?

Coloco minha mão em sua nuca, aproximo seu rosto do meu lentamente, e então o beijo.

- Era isso o que eu estava tentando fazer.

Jake se levanta rapidamente, leva a mão aos lábios enquanto me encara com os olhos
arregalados.

- Por que fez isso Maya? - Ele pergunta incrédulo.

- Porque eu quis. - Sorrio abertamente.

- Você está brincando com foto Maya. - Ele aponta o dedo em minha direção.

- Eu adoraria me queimar. - Pisco para ele.

- Você... você...

- Por que tanto drama Jake? Foi só um roçar de lábios, então nem conta como um beijo
decente. - Digo. - Quer um beijo decente?

Me levanto da cama e começo a caminhar em direção ao Jake, mas ele começa a dar uns
passos para trás enquanto me olha nervoso.

- O que pensa que está fazendo Maya? - Ele pergunta.


- Você não respondeu minha pergunta. - Falo enquanto me aproximo ainda mais dele. - Quer
um beijo decente Jake?

Quando estou a centímetros dele, Jake corre para longe de mim, então eu corro em sua
direção, e ficamos parecendo duas crianças brincando.

- Pare de correr atrás de mim Maya! - Ele grita.

Assim que consigo me aproximar de Jake, pulo sobre ele, mas Jake acaba se desequilibando e
então caímos. Por sorte estávamos perto da cama, caso contrário teríamos se arrebentado no
chão.

- Você vai acabar me deixando louco. - Jake fala com a voz ofegante.

- Talvez essa seja a minha intenção. - Sorrio de canto.

Jake olha para mim de uma forma estranha, que me deixa confusa, mas ao mesmo tempo faz
meu corpo se arrepiar.

- Você quer me beijar Maya? - Ele pergunta olhando para meus lábios.

- Você quer me beijar Jake? - Retruco.

- Talvez queira.

- E o que te impede de me beijar? - Pergunto.

- O fato de estar escondendo algo de mim. - Jake diz.

- E o que isso tem a ver com me beijar?

- Se não confia em mim, então...


Empurro Jake para o lado e me sento na cama. Passo a mão por meu rosto com nervosismo e
falo:

- Eu confio em você, mas não quero te envolver em mais um problema.

- Por...

- Você me deu um emprego, e me abrigou em sua casa. - O corto. - Eu já sou um grande


problema que está tendo que lidar, então não precisa saber do que se passou em minha vida
no passado.

- Eu quero saber Maya. - Jake se senta ao meu lado.

- Por que quer saber? - Pergunto. - Não faria diferença alguma, como nada iria se resolver se
eu te contasse ou não.

Jake é tão cabeça dura como meu irmão. Tenho certeza que ele iria investigar a vida do Jacob
para poder lhe dar uma lição, e com toda certeza não quero que ninguém se envolva em
problemas por minha causa.

- Deve ter sido algo difícil, caso contrário não estaria mantendo isso em segredo. - Jake fala. -
Mas eu quero que confie em mim ao ponto de não me esconder nada.

- Eu...

- Me conte Maya. - Jake pede. - Desabafar pode aliviar esse fardo que carrega na alma.

- Me prometa que não fará nada? E jamais conte isso para meu irmão.

- Eu não posso prometer isso. - Jake balança a cabeça em negação. - Mas eu prometo que
guardarei seu segredo.

Fico esfregando uma mão na outra com nervosismo, então Jake coloca sua mão sobre as
minhas me transmitindo conforto e confiança.
- Como Jacob disse anteriormente ele foi um dos meus professores na Universidade. - Falo. - E
ele foi o principal motivo de eu ter desistido de estudar.

- O que ele fez? - Jake pergunta.

Mordo o lábio inferior com tanta força, ao ponto de sentir gosto de sangue na minha boca.

- Ele me sugeriu algo indecente, e você já pode imaginar o que seria. - Assumo enfim.

Cap 16

- Ele me sugeriu algo indecente, e você já pode imaginar o que seria. - Assumo enfim.

Jake se levanta, e começa a caminhar de um lado para o outro com irritação aparente.

- Deixa eu ver se entendi. - Ele para e olha para mim. - Ele tentou dormir com você?

- Sim. - Balanço a cabeça em confirmação.

- E você não aceitou. - Ele afirma.

- Eu estudava como uma louca, e minhas notas eram sempre baixas com ele, então um dia ele
disse que melhoraria minhas notas se eu fizesse algo para agradá-lo. Óbvio que não aceitei,
mas ficou cada vez mais difícil fugir de suas investidas. Jacob disse que eu precisava ter umas
aulas em particular com ele, para ver se melhorava meu desempenho, mas tudo que ele fazia
era me apalpar. Comecei a desconfiar e pedi a prova de um dos colegas mais inteligente, e
comparei as nossas respostas, e vi que tinha acertado como o outro aluno, mas ele havia
marcado na minha prova que eu havia errado.

- Desgraçado. - Jake murmura entre dentes.

- A última vez que eu o vi Jacob tentou me beijar a força, então lhe dei um chute no meio das
pernas e fugi. Depois disso desisti da faculdade sem pensar duas vezes.
Está certo que eu não gostava nem um pouco de cursar economia, mas fazia isso porque era o
desejo do meu irmão. Depois dos assédio do Jacob, tive ainda mais vontade de largar tudo e
foi isso que eu fiz.

- Não contou isso para ninguém? - Jake pergunta.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Nem mesmo para a Clary?

- Eu sabia que ela iria contar para meu irmão, por isso não lhe disse nada.

- Por que manteve isso em segredo Maya? - Jake pergunta irritado.

- Poucas pessoas iriam acreditar em mim, já que ele é visto como um exemplo e pai de família.

Tenho pena da esposa e dos filhos de Jacob, mas infelizmente eles não têm uma pessoa boa e
decente ao lado, essa é a verdade.

Mesmo eu sendo inocente, acabaria como a culpada no final das contas, então acabei
desistindo de tudo para não ter que vê-lo novamente, mas para minha infelicidade não tive
tanta sorte.

Mesmo eu não sendo a culpada, sei que existem pessoas que iriam colocar a culpa em mim. O
ser humano é tão podre, que acaba colocando a culpa na vítima, por pensar que se ela tivesse
com uma roupa mais decente ou não fosse tão sensual ou provocativa iria evitar assédio.

As pessoas que pensam dessa forma só podem ter merda na cabeça, e com toda certeza
deveria ser tratados, porque não é possível pensar em algo tão repugnante e doentio como se
tivessem razão.

Eu sei bem como as pessoas podem ser cruéis quando querem, por isso eu preferi ficar quieta.
Tenho certeza que não fui a única a passar por isso, mas eu também tenho certeza que
nenhuma delas falam nada por terem o mesmo medo que eu.
Provavelmente depois de contar o que Jacob fazia, poderia dar coragem para outras meninas
também falarem sobre isso, mas eu não quis me arriscar e simplesmente fugi.

Jacob é uma pessoa horrível, e por mais que ele esteja impune dos seus crimes nesse
momento, tenho certeza que não será assim para sempre. Em algum momento da sua vida
podre ele vai acabar pagando por suas maldades e seus pecados, então tudo o que me resta é
esperar pacientemente por esse dia.

- Isso é muito sério Maya, deveria ter o denunciado para a polícia.

- Eu não tinha nenhuma prova, então seria perda de tempo. - Digo.

- Então deveria pelo menos ter contado para seu irmão. - Jake se senta ao meu lado.

- Eu sei, mas também sei que ele iria fazer um escândalo. - Suspiro alto. - Então prefiro não
contar nada para ele.

Conheço Nick bem o suficiente para saber que ele iria até a faculdade tirar satisfação com
Jacob, e como ele não pensa muito antes de agir, poderia acabar fazendo alguma bobeira e
acabaria se prejudicando por minha causa.

- Eu não imaginava que havia acontecido isso. - Jake abaixa a cabeça. - Eu deveria ter
percebido sua reação no momento, mas acabei não percebendo nada.

- Não tem que se sentir culpado por minha causa. - Falo. - São meus proble...

- É óbvio que me sinto culpado. - Ele me corta.

- Por que Jake? - Pergunto. - Isso não tem nada a ver com você.

- Eu sei que não tem, mas se eu soubesse o que ele fez com você, teria lhe dado uma boa lição.

- E então iria se prejudicar por minha causa.


- Não interessa as consequências depois, e sim fazê-lo pagar por ter feito você sofrer. - Jake
fala.

- Agradeço por estar preocupado comigo, mas isso está no passado e eu quero deixar lá. -
Forço um sorriso.

Não quero trazer lembranças dolorosas a tona quando enfim eu comecei a me sentir mais
segura, e ter superado uma fase ruim. Só eu sei o quanto foi difícil passar por tudo sozinha,
mas eu também estou superando sozinha, e é por esse motivo que não quero envolver
ninguém nos meus problemas.

- Eu sei no que está pensando. - Aponto o dedo em sua direção.

- Você não sabe. - Jake nega com a cabeça.

- Está pensando em como vai fazê-lo pagar por seus crimes. - Digo.

- Você é esperta.

- Se fizer algo idiota eu vou ficar muito brava com você Jake, então esqueça que eu te contei
isso.

Por isso que eu sempre mantive isso em segredo, porque sabia que ele ou meu irmão fariam
algo estúpido e impensável, e por esse motivo acabariam em uma enrascada, e a culpa seria
minha.

- Nunca conte isso ao meu irmão. - Peço.

- Se Nick descobrir não será através de mim, então não se preocupe.

- Obrigada. - Agradeço.
- Eu sei que não quer contar para ele porque tem medo de sua reação, mas isso não é algo
para manter em segredo Maya. - Jake fala. - Eu também sei que está brigada com seu irmão,
mas deveria ser sincera com ele a respeito disso. Se por acaso algum dia ele descobrir isso por
outra pessoa, Nick ficará muito magoado por não ter confiado nele ao ponto de contar algo
tão sério, e então não terá a chance de fazer nada para impedir o que ele poderá fazer.

Nick foi um idiota ao me expulsar de casa, e esse é o motivo de eu começar a ter dúvidas se ele
se importa tanto assim comigo.

No momento em que me mandou embora, Nick sabia que eu não tinha dinheiro ou uma casa
para ficar. Ele sabia dos riscos que eu iria correr nas ruas, mas mesmo assim só pensou nele
naquele momento.

- Antes eu não contei nada para ele por medo do que Nick iria fazer, mas agora eu não tenho
mais tanta certeza de qual seria sua reação.

- Ele ficaria muito bravo, pode ter certeza disso. - Jake fala.

- Tenho certeza que ele sabia que eu poderia ter sido assaltada, morta ou até coisa pior nas
ruas, e mesmo assim não pensou duas vezes em me expulsar de casa. - Digo. - Por quê acha
que ele iria se importar se eu fui assediada na faculdade?

- Você tem razão em estar brava, mas nunca duvide do amor do seu irmão por você.

- Nesse momento eu não sei mais no que acreditar. - Abaixo a cabeça.

Jake se aproxima de mim e me puxa para um abraço, então me aconchego em seu peito
enquanto ele me aperta levemente.

- Eu estarei aqui para o que precisar. - Ele diz baixinho.

- Até quando Jake? - Pergunto. - Até quando vai ter tanta paciência comigo? Provavelmente
depois de um tempo fará o mesmo que Nick.

Se meu próprio irmão me mandou embora de casa, imagina jake que é apenas meu amigo, e
que não tem nenhuma responsabilidade comigo.
Ele pode me aturar por um tempo, mas quando se cansar de mim fará o mesmo que meu
irmão.

- Não seja boba Maya. - Ele beija o topo da minha cabeça. - Eu sei que sou um idiota, mas
também sei que eu não seria capaz de abandoná-la, eu prometo isso.

Eu gostaria de acreditar em suas palavras, mas eu sei que Jake não irá cumprir sua promessa se
descobrir que eu o amo.

Cap 17

- Teremos convidados hoje para o almoço. - Jake fala.

- Sério? Quem são?

- Um amigo, você ainda não o conhece.

- Qual o nome dele? - Pergunto curiosa.

- Je... Jeff.

- É seu amigo e nem ao menos sabe seu nome? - O encaro confusa.

- Estou bem esquecido ultimamente. - Ele força um sorriso.

Jake está tramando alguma coisa, mas eu não sei o que é. Está na cara que está mentindo, mas
não adiantará de nada eu perguntar, ele não vai me falar nada.

Terei que esperar até nossos convidados chegarem, para enfim conhecê-los e talvez eu
descubra o porque Jake está tão estranho.
- Vai ter que me dar um aumento.

- Por quê? - Jake pergunta.

- Hoje é meu dia de folga e estarei trabalhando para alimentar seus amigos.

- Tudo bem então. - Jake dá de ombros. - Eu lhe darei um aumento.

- Eu estou brincando Jake. - Reviro os olhos. - Não precisa me dar nada.

Jake está fazendo muito por mim, então tudo o que posso fazer é compensá-lo de alguma
forma por sua ajuda.

Estou vivendo praticamente as suas custas, e mesmo assim Jake não desconta do meu salário
os meus gastos.

- Na verdade você merece um aumento por estar cuidando bem da minha casa.

- Agora confia em mim? - Começo rir. - Não vai continuar olhando tudo para ver se não quebrei
nada?

- Você provou que é uma boa dona de casa, por isso estou confiando em você.

- Eu já recebi alguns elogios ao longo da minha vida, mas que eu sou uma boa dona de casa é a
primeira vez. - Sorrio de canto.

- Se não fosse tão nova eu pensaria em me casar com...

Jake se cala quando percebe que acabou falando demais.

- Quando se ama alguém verdadeiramente, idade não importa Jake.


- Para mim importa.

- Continue com esse pensamento arcaico, e poderá acabar perdendo o que está bem ao seu
lado. - Lhe dou um tapinha no ombro.

Deixo Jake na sala, e começo a caminhar em direção à cozinha em passos largos.

Me assusto quando ele segura meu braço, e então me vira para ficarmos de frente um para o
outro.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro. - Balanço a cabeça em confirmação.

- Você... por acaso tem algum sentimento por mim Maya?

- Por que está me perguntando isso?

Jake solta meu braço, dá um passo para trás e suspira alto.

- Porque se tiver sentimentos por mim é melhor me esquecer. - Ele fala.

- Talvez seja fácil para você, mas infelizmente...

- Eu não quero saber. - Ele me corta. - Esqueça que eu perguntei isso.

- Não se preocupe Jake, eu não tenho nenhum sentimento por você. - Minto.

Vejo uma mistura de alívio e decepção em seu rosto, então se eu não estiver me enganando
Jake não está totalmente feliz com o que acabou de ouvir.
Posso estar errada, mas eu acho que Jake deve gostar de mim pelo menos um pouquinho, ou
não teria ficado tão decepcionado com a minha mentira.

- Vou fazer o almoço agora, mas depois que seus convidados forem embora quero lhe contar
algo.

- O quê é? - Ele pergunta. - Me diga agora.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Maya...

- Não seja teimoso. - O corto. - Eu não vou falar nada agora mesmo que peça, então não perca
seu tempo tentando me fazer mudar de ideia.

Posso até estar sendo precipitada, mas já estou cansada de esconder de Jake que eu o amo.
Tenho certeza que serei rejeitada, mas eu terei feito a minha parte ao me declarar.

Jake já deixou bem claro muitas vezes que não tem intenção de se envolver com uma mulher
bem mais nova que ele, mas eu realmente espero que ele repense isso e decida me dar uma
chance.

Eu estaria mentindo se dissesse que estou preparada para ser rejeitada, eu sei que as
probabilidades ao meu favor são quase nulas, então eu estou preparada para o pior.

Eu deveria ter feito isso há alguns anos, mas minha falta de coragem nunca me permitiu lhe
contar sobre meus sentimentos por ele.

Com a rejeição eu provavelmente terei mais um motivo para esquecê-lo. Talvez tudo o que eu
precisava era de um "não" dito em claro e bom som esse tempo todo para poder seguir em
frente.

Jake já deixou claro diversas vezes que não quer se envolver com uma mulher mais nova, mas
ele não sabe que eu o amo, e é por esse motivo que ainda me iludo achando que o fato de
amá-lo fará alguma diferença.
Em minha mente eu penso que quando ele souber que eu o amo, talvez ele repense suas
escolhas de vida e então aceite meus sentimentos, mas eu sei que é apenas uma forma de
continuar me iludindo.

- Maya me fale por favor. - Jake aparece na cozinha de repente.

- Quer me matar de susto? - Levo a mão ao peito.

- Não. - Ele balança a cabeça em negação. - Mas eu quero que...

- Deixa de ser curioso Jake. - Reviro os olhos.

- Você sabe que eu sou, e mesmo assim não fala nada. - Ele bufa frustrado.

- Vá para seu escritório e não me atrapalhe por favor.

Me viro em direção a geladeira, enquanto sorrio internamente por estar fazendo ele morrer de
curiosidades. Sei que minha felicidade não vai durar por muito tempo, e é por isso que irei
aproveitar enquanto posso.

- Acho que peguei tudo. - Murmuro baixinho.

Fecho a geladeira com o ombro, e quando me viro dou de cara com Jake extremamente perto
de mim, então acabo deixando os ingredientes que estão na minha mão e nos meus braços
caírem no chão com o susto que levo.

- É sério isso? - Me irrito. - Vai ficar de cima até eu te contar?

- Sim. - Ele sorri de canto.

- Não me faça expulsá-lo daqui Jake. - Digo com os olhos semicerrados.


- E como pretende fazer isso? - Ele pergunta com um sorriso zombeteiro nos lábios.

Dou alguns passos até a pia, e pago uma faca e aponto em sua direção.

- Vai me deixar cozinhar em paz? Ou terei que cortar alguma parte do seu corpo?

Jake coloca as mãos em suas partes íntimas quando olho para baixo, e no mesmo instante ele
sai correndo da cozinha sem olhar para trás.

- Idiota. - Sorrio baixinho.

Coloco a faca na pia novamente, e então começo a pegar os alimentos que caíram no chão um
a um.

- Deveria ter me ajudado a juntar tudo, já que a culpa foi sua por eu ter derrubado! - Grito.

Jake nem ao menos da sinal de vida, e então suspiro aliviada por poder cozinhar sem ele estar
me seguindo de tão perto.

Eu amo quando estamos juntos, mas nesse momento ele iria me atrapalhar, e por esse motivo
foi bom ele ter fugido.

Alguém bate na porta do meu quarto, então eu grito:

- Entre!

- Já está pronta? - Jake pergunta ao abrir à porta.

- Quase.
- Quer ajuda com alguma coisa? - Ele pergunta.

- Pode fechar o zíper do meu vestido?

- O quê?! - Ele arregala os olhos.

- Estou tentando fazer isso há um tempo mas não estou conseguindo.

Jake não sai do lugar e continua me olhando assustado. Caminho em sua direção e quando me
aproximo me viro de costas para ele.

Jake não se mexe por algum tempo, então me viro para ele e pergunto:

- Não vai fechar?

- Ah sim.

Ele fecha o zíper do meu vestido rapidamente, e sai praticamente correndo em direção à porta
do quarto.

- Nossos convidados já chegaram, não demore muito. - Dito isso ele fecha à porta.

Arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo, e então caminho em direção à porta e a abro
assim que me aproximo.

- O quê está fazendo aqui? - Pergunto para Jake ao vê-lo parado ao lado da porta do meu
quarto.

- Decidi esperar por você.

Ele me estende o braço que eu aceito mais que depressa, e começamos a caminhar em direção
as escadarias em passos largos.
- Você está linda. - Ele cochicha.

- Obrigada. - Agradeço. - Você também está muito bonito.

- Eu sei. - Ele sorri todo convencido.

Jake estando bem arrumado ou não continua lindo, mas o mesmo não acontece comigo.

- Está preparada? - Jake pergunta.

- Preparada para o quê?

Ele aponta em direção ao sofá da sala assim que terminamos de descer as escadarias, e no
mesmo instante meus olhos se arregalam ao ponto de saltar do meu rosto pálido.

Cap 18

- O que meu irmão está fazendo aqui? - Pergunto baixinho para Jake.

- Eu chamei ele e a Clary para nos visitarem. - Jake me responde também baixinho.

Clary e Nick ficam nos observando em silêncio, e por mais que eu esteja louca para dar um
abraço no meu irmão eu me controlo.

- Acho melhor eu ir para meu quarto.

Me viro para trás e começo a caminhar em direção as escadarias, mas sou impedida de
continuar quando Jake segura meu braço.

- Pare com isso Maya. - Jake pede.


- Eu não...

- Eu sei que ainda está magoada com seu irmão, mas em algum momento terá que encará-lo,
então faça isso de uma vez. - Ele me corta.

Olho para Jake por alguns segundos, e tenho que assumir que nesse momento tenho vontade
de matá-lo por ter chamado meu irmão até sua casa, mas também fico feliz por ele querer que
eu resolva meus problemas com Nick.

A casa é sua e ele convida quem quer, mas eu acho que ele deveria ter me avisado com
antecedência para eu ter me preparado psicologicamente para esse encontro.

- Na verdade não fui eu que chamei Nick para vir até aqui. - Ele se explica.

- Como assim? - Pergunto confusa.

- Ele queria fazer as pazes com você, então pediu minha ajuda.

Olho em direção a Nick que ainda continua me observando de longe, e então decido escutar o
que ele tem a dizer.

- Vamos acabar com isso de uma vez. - Suspiro alto.

Começo a caminhar em direção à sala, enquanto Jake me segue de perto. Assim que me
aproximo de Clary e Nick eles se levantam, e então dou um abraço apertado em minha amiga.

- Como você está? - Clary me pergunta.

- Estou ótima e você?

- Sinto sua falta. - Ela assume com um sorriso triste.

- Eu também sinto a sua. - Lhe puxo para um abraço novamente.


Clary e eu estávamos muito próximas ultimamente, mas depois que comecei a morar com Jake
nos vimos apenas uma vez.

Sinto falta das nossas conversas e brincadeiras, e até mesmo sinto falta das suas broncas e
puxões de orelha.

- Oi Maya.

Nick se aproxima de mim assim que me afasto da Clary, e então me dá um abraço desajeitado.

Ele se afasta depois de alguns segundos, e então se senta novamente com Clary ao seu lado.

- Você não parece nada bem Nick. - Falo.

- Eu não estou. - Ele assume.

Nick está mais magro e com sua feição abatida, e parece que não dorme bem há dias.

- Você está bem não está? - Ele pergunta para mim. - Jake está cuidando bem de você?

- Estou muito bem. - Digo. - E sim, Jake está cuidando bem de mim.

- Fico aliviado. - Nick olha para Jake e parece agradecê-lo com o olhar.

Se instala um silêncio constrangedor entre nós, enquanto ficamos olhando um para o outro
sem dizer nada.

- Bem... - Jake se levanta rapidamente. - Me ajude a por a mesa Clary?

- Claro. - Ela também se levanta.


- Eu faço isso. - Digo.

- Hoje é seu dia de folga. - Jake sorri de canto. - Deixe comigo e com a Clary.

Lhe dou um olhar mortal, mas que é ignorado por Jake que começa a caminhar em direção à
cozinha com Clary em seu encalço.

Depois de eu ter que cozinhar e lavar um monte de louça, o cínico tem a cara de pau de dizer
que hoje é meu dia de folga.

Eu sei qual foi a intenção de Jake ao pedir a ajuda da Clary para por a mesa. Ele quis me deixar
sozinha com meu irmão, mas eu não sei se estou preparada para o encarar sozinha.

- Posso me sentar ao seu lado? - Nick pergunta.

- Claro. - Digo apenas.

Nick se levanta e da alguns passos até o sofá onde estou, e logo em seguida se senta ao meu
lado.

Me assusto quando ele pega minha mão, mas eu deixo que Nick a segure contra seu peito.

- Eu sei que não tenho o direito de pedir perdão depois do que eu fiz, mas eu vou lhe pedir
mesmo assim. Me perdoe por ter sido um péssimo irmão esse tempo todo, me perdoe por
não...

- Você não foi um péssimo irmão Nick. - O corto.

- Eu fui sim. - Ele abaixa a cabeça. - Eu passei a maior parte da minha vida com medo de te
perder como nosso pais, que acabei te prendendo demais.

- Você fez muito por mim ao longo da minha vida, mas agora eu preciso caminhar com meus
próprios pés. - Falo. - Eu preciso amadurecer sozinha.
Nick errou feio comigo, mas eu reconheço todos os sacrifícios que ele fez por mim no passado.
Seu cuidado acabou se tornando algo que me sufocava, e que não deixava eu viver a minha
própria vida.

Quando enfim ele viu que eu queria seguir meu caminho e fazer algo sem sua ajuda, Nick me
expulsou de casa.

- Nunca passou pela minha mente que você tinha medo de me perder, mas isso não lhe dava o
direito de tentar me controlar o tempo todo. - Digo. - Sempre serei grata por tudo o que fez
por mim, e com toda certeza quero retribuir de alguma forma algum dia, mas você precisa
deixar eu me tornar uma mulher adulta Nick, e sem a sua ajuda.

- Quis te proteger do mundo, mas acabei fazendo tudo errado. - Ele diz. - Te conheço melhor
do que ninguém...

- Na verdade você conhece o que eu deixei você ver. - O corto. - Você não sabe pelo que eu já
passei.

- Do que está falando Maya? - Ele me olha preocupado.

- Você não sabe que tenho medo de dias chuvosos...

- Você amava isso. - Ele me corta.

- Eu amava, antes dos nossos pais morrerem. - Assumo.

- Por que nunca me disse nada? - Ele pergunta.

- Todos esses anos eu tentei te contar diversas vezes, mas eu nunca consegui falar como eu me
desespero quando começa uma tempestade. Você já teve que lidar com uma irmã mais nova
ainda adolescente, eu não queria aumentar seu fardo ainda mais.

Conheço muito bem meu irmão para saber que ele iria tentar me curar a todo custo, mas
nunca tivemos uma condição financeira muito boa. Eu sabia que Nick acabaria desistindo da
sua faculdade por minha causa, então eu me calei.
- Me perdoe. - Ele me abraça. - Me perdoe por tudo Maya.

- A culpa nunca foi sua.

- Se eu ao menos soubesse poderia ter te ajudado de alguma forma. - Ele fala.

- Eu sei, e é por isso que nunca lhe contei. - Assumo. - Eu sabia que iria tirar de você para dar
para mim, e eu não queria que fizesse mais um sacrifício por minha causa.

- Eu fiz muitos sacrifícios, mas todos eles valeram a pena. - Nick sorri abertamente. - No final
das contas está se tornando uma mulher forte e sem a minha ajuda.

Por mais que você queira proteger alguém do mundo nunca será possível, por isso a melhor
opção é  preparar essa pessoa para ele.

Ao londo da minha vida irei cair e me levantar, irei chorar mas também irei sorrir. Em alguns
momentos estarei disposta a abraçar e confortar alguém, mas em outros momentos irei
querer ser abraçada e confortada.

Um dia eu ensino, no outro eu aprendo e assim continuamos a viver dia após dia. Eu quero
estar preparada para os momentos bons, mas também quero estar preparada para os dias
ruins mesmo que seja algo difícil de aceitar e encarar.

Meu irmão não é eterno como qualquer outra pessoa neste vasto mundo, e é por isso que eu
preciso e quero ser independente mesmo que a vida não me ofereça apenas momentos
agradáveis.

- Você quer voltar para casa? - Nick pergunta.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Tem certeza?
- Tenho sim. - Digo com convicção.

- Por mais que seja difícil vou aceitar as escolhas que fará na sua vida de agora em diante. -
Nick pega minha mão e segura com firmeza. - Mas você sabe que nossa casa sempre estará de
portas abertas.

- Eu sei e agradeço. - Sorrio largo. - E obrigada por me entender. Por entender minhas
escolhas.

- Fui um completo idiota, mas eu aprendi minha lição. Se precisar de algo é só me falar.

- Obrigada. - Agradeço.

Nick beija a minha testa, em seguida me puxa para um abraço e fala.

- Obrigado por me perdoar.

Eu estava magoada com meu irmão, mas na verdade eu nunca o odiei completamente. Nick
errou muito, mas ele é a única família que me resta, então não quero perder mais tempo
sendo uma pessoa rancorosa, sendo que eu posso aproveitar bons momentos ao seu lado.

Cap 18

- Agora que seu irmão e a Clary já foram embora, me diga sobre o que queria conversar
comigo. - Jake pede.

- Estou com sono. - Bocejo alto. - Meu chefe fez eu trabalhar no meu dia de folga, agora eu
quero dormir e não conversar.

- Se quiser lhe dou a semana inteira de folga, então comece a falar Maya. - Ele revira os olhos.

- Não quero. - Lhe mostro a língua.


Subo as escadarias correndo, e assim que me aproximo do meu quarto tento fechar à porta,
mas Jake não deixa.

- Não seja tão teimoso Jake.

- Você sabe como sou curioso. - Ele retruca. - Já estava pretes a mandar Nick embora só para
saber o que você queria tanto me falar,e agora que ele foi embora você quer dormir?

- E será exatamente isso que farei.

Começo a caminhar em direção a cama e me jogo nela, em seguida pego um dos travesseiros e
o abraço.

Jake se senta na beirada da cama e fica me cutucando para chamar minha atenção, mas eu o
ignoro e continuo de olhos fechados.

- Maya? - Ele chama por mim.

Abro um pouco dos olhos quando sinto uma movimentação perto de mim, e então vejo Jake se
deitando ao meu lado.

- Maya? - Ele aperta minha bochecha.

Jake abre meus olhos com os dedos, em seguida puxa as minhas bochechas. Ele não me deixa
em paz, e isso está começando a me deixar irritada.

Eu sei que a culpa é minha por deixá-lo curioso, mas custa alguma coisa esperar um pouco?

- Eu vou arrancar seus dedos se você não parar. - O ameaço.

- E como pretende fazer isso? - Jake sorri zombeteiro.

Quando eu percebo que ele está distraído, pego seu dedo e o mordo com força.
- Pare Maya! - Ele grita. - Está louca?

- Eu pedi para parar.

- Está doendo. - Ele faz uma careta.

- Eu mordi foi para doer mesmo. - Retruco.

Jake passa a mão pelo dedo avermelhado, e tenho que assumir que minha vontade é de rir da
sua carinha de cachorro sem dono.

- Vai me deixar dormir em paz agora? - Pergunto.

- Não. - Ele me mostra a mão. - Ainda tenho nove dedos se quiser morder.

- É sério isso?

- Sim. - Ele balança a cabeça em confirmação.

- Você não vai me dar sossego até eu te contar não é? - Pergunto.

- Não.

Me sento na cama, e Jake faz o mesmo logo em seguida. Fico o encarando por um tempo,
enquanto crio coragem para me declarar.

A cada segundo que passa sinto meu coração batendo ainda mais rápido, mas eu já decidi falar
para Jake que eu o amo, e mesmo que eu esteja extremamente nervosa e com medo não vou
fugir dessa vez.

- Fale de uma vez Maya, está me deixando nervoso.


- Eu te amo. - Assumo enfim.

Jake me encara de olhos arregalos, mas em seguida coloca a mão na barriga e começa a
gargalhar.

- Você está brincando não está? - Ele pergunta ainda rindo. - Decidiu virar comediante agora?

- Eu pareço estar brincando Jake? - Pergunto com seriedade.

Ele para de rir, e então, espanto se estampa em seu rosto.

- Você está falando sério? - Ele pergunta incrédulo.

- Sim, eu estou falando sério.

- Mas... mas... Como isso aconteceu?

- Eu também não faço ideia, só sei que te amo. - Dou de ombros.

Jake se levanta da cama e começa a andar de um lado para o outro enquanto passa as mãos
pelo rosto com nervosismo.

- Você está confundindo tudo. - Ele fala. - Tenho certeza disso.

- Não estou confundindo nada Jake.

- É claro que está. - Ele se vira para mim. - Só porque eu te ajudei quando precisou, acabou
achando que...

- Eu te amo faz anos Jake. - O corto. - Então não adianta pensar que eu estou confundindo
amor com gratidão.
Posso não ser uma pessoa tão madura quanto ele, mas eu me conheço bem o suficiente para
saber sobre meus sentimentos, e eu tenho plena certeza que eu o amo.

- Isso não está certo. - Ele balança a cabeça em negação.

- Por que não? Porque você é alguns anos mais velho que eu?

- Sim, e porque você é a irmã do meu melhor amigo. - Ele diz.

- Eu já te falei que idade não é algo relevante quando se ama alguém. Só você é idiota demais
para não perceber isso.

Jake se senta na beirada da cama, me olha nos olhos e fala:

- Você merece alguém melhor que eu.

- Isso quem decide sou eu Jake. - Retruco.

- Eu...

- Posso te fazer uma pergunta? - O corto.

- Claro. - Ele balança a cabeça em confirmação.

- Você não sente nada por mim?

Jake engole em seco, abaixa a cabeça e quando enfim olha para mim novamente fala:

- Eu gosto muito de você, mas não te enxergo como uma mulher. Eu não vou mudar minha
forma de pensar nem agora e nem daqui alguns anos.
- Uma pena, porque eu queria uma chance de te provar que eu realmente te amo.

Posso estar me fazendo de forte em sua frente porque não tenho outra alternativa, mas sinto
meu coração doer tanto nesse momento.

Eu já imaginava que seria rejeitada, e também sabia que iria doer a rejeição, mas não imaginei
que seria tanto.

Eu havia feito uma promessa a mim mesma, que iria conquistar Jake com o tempo, mas eu vou
ter que quebrar minha promessa.

Estou cansada de sempre estar correndo atrás como uma idiota, acho que já passou da hora
de eu me valorizar.

Sei que não será tão fácil esquecê-lo, mas eu espero que conforme o tempo for passando, esse
sentimento se acabe.

- Espero que não fique um clima estranho entre nós dois. - Falo.

- Não ficará.

- Quando eu decidi me declarar eu sabia que iria ser rejeitada, mas eu ainda tinha um pouco
de esperanças. - Forço um sorriso. - Agora eu me sinto aliviada por ter te dito, e posso enfim
seguir em frente.

- Seguir em frente? - Jake me olha confuso.

- Não pensou que eu iria ficar sofrendo por você não é? - Pergunto com desdém forçado. - Me
rejeitou, e isso só me deu mais coragem e vontade de te esquecer.

Óbvio que estou sofrendo e vou sofrer por algum tempo, mas Jake não precisa saber disso. Irei
sofrer em silêncio, e quando enfim parar de amá-lo também será em silêncio.

- Vo... você fez a escolha certa.


- Eu sei. - Sorrio largo. - Agora se não se importa, eu quero dormir um pouco.

Jake resmunga alguma coisa que não consigo entender, e então se levanta da cama.

- Pode dormir o quanto quiser e não se preocupe com o jantar, eu o farei. - Ele diz. - Já
aproveitei demais de você no seu dia de folga.

- Ok. - Digo apenas.

Me deito na cama novamente, pego o travesseiro e o abraço enquanto Jake fica me encarando
por um tempo.

- Não vai sair? - Pergunto.

- Ham? Claro.

Jake se vira e começa a caminhar, e assim que sai do quarto ele fecha à porta.

Lágrimas turvam minha visão, mas eu me nego a derramar uma sequer. Essa não será a
primeira e nem a última decepção que terei na minha vida, então eu tenho que aprender a ser
forte mesmo que doa.

Jake escolheu me rejeitar, e eu escolhi desistir dele de agora em diante. Talvez eu outro
momento eu iria tentar convencê-lo a me dar uma chance, mas eu realmente me cansei de
tudo.

Quero focar em mim mesma de agora em diante, quero descobrir o que quero fazer com a
minha vida bagunçada. Ainda sou nova, então irei tentar ser alguém na vida e construir algo
decente antes de ter um relacionamento.

- Você é forte Maya, tenha fé que vai conseguir. - Digo a mim mesma.
A partir de agora tenho como objetivo esquecer Jake, e começar a estudar novamente mesmo
que eu ainda esteja um pouco receosa. Só tenho que descobrir o que me deixa animada e feliz,
e então irei me esforçar ao máximo para mostrar para Nick que eu consigo me virar sozinha.

Tenho em mente que com a independência também vem vários problemas, mas qual vida é
perfeita? Em algum momento quero olhar para trás e ter certeza que fiz a coisa certa, e espero
jamais me arrepender das escolhas que fiz.

Cap 20

Jake

- Por que ainda está no trabalho? - Nick pergunta.

- Tenho muita coisa para fazer. - Minto.

- Desde que minha irmã está morando com você, sempre ia embora mais cedo. - Nick me olha
desconfiado.

- Eu tinha que ter certeza que Maya não iria quebrar minha casa.

- Então quer dizer que agora confia nela? - Ele pergunta.

- Maya provou ser boa no que faz, por isso não preciso me preocupar mais.

Na verdade ainda não voltei para casa  porque sou um covarde. Tenho medo de acabar não
conseguindo ficar longe da Maya a acabar cedendo as minhas vontades.

Quando ela disse que me amava eu realmente achei que Maya estava fazendo alguma
brincadeira, mas quando eu percebi que ela estava falando sério eu fiquei em choque.
Uma parte de mim ficou feliz por saber que meus sentimentos por ela são recíprocos, mas a
outra parte ficou triste porque não poderemos ficar juntos.

Eu queria lhe dizer o quanto eu também a amo, mas tudo o que eu fiz foi mentir enquanto
escondia meus verdadeiros sentimentos.

No começo eu achei que Maya só estava confundindo amor com gratidão por eu estar lhe
ajudando, mas eu percebi em seu olhar o que ela sentia.

Foi a primeira vez que ela me mostrou que me amava com o olhar, mas logo após eu rejeitá-la,
tudo ficou nublado.

Eu não lhe dei nenhuma esperança, e deixei bem claro que não a amo, mas mesmo assim eu
queria que ela continuasse insistindo em mim.

Eu sei que não mereço desejar isso, mas quando ela deixou bem claro que iria me superar foi
como se Maya tivesse pisoteado em meu coração.

Não posso reclamar, e muito menos ficar magoado porque ela decidiu seguir em frente, mas
eu tenho que assumir que desejei que ela não desistisse tão fácilmente.

Maya é um amor impossível para mim, então tudo o que posso fazer é manter meus
sentimentos por ela em segredo.

Tenho certeza que Nick não nos aceitaria, e esse é o principal motivo de eu permanecer longe.

Não quero brigar com meu melhor amigo, como também não quero ser a causa de discussões
entre Maya e Nick, então é melhor tentar superá-la de agora em diante, da mesma forma que
ela está disposta a me superar.

- No que está pensando? - Nick pergunta. - Está tão quieto.

- Em nada. - Minto.

- Aconteceu alguma coisa entre você e a Maya?


- Claro que não. - Nego com a cabeça. - O que poderia ter acontecido?

- Eu não sei, me diga você.

- Não aconteceu nada, não precisa se preocupar. - Reviro os olhos.

- Maya está sobre a sua responsabilidade agora...

- Eu já disse que não aconteceu nada Nick. - O corto.

Ele me olha com desconfiança, em seguida se levanta e se aproxima de mim e aperta meu
ombro de leve.

- Se você está dizendo eu vou acreditar em você, mas se lembre de uma coisa... - Ele se cala
por alguns segundos. - Eu sou um idiota e já fiz minha irmã sofrer muito, não seja como eu.

- Nunca tive intenção alguma de fazer a Maya sofrer.

- Ótimo, porque se ela se magoar por sua causa, eu arranco os teus lindos olhos meu amigo. -
Nick dá um sorriso zombeteiro, mas sombrio ao mesmo tempo.

Se ele soubesse que sua irmã provavelmente está sofrendo agora por minha causa, com toda
certeza eu estaria muito ferrado.

- Não precisa me ameaçar, porque eu conheço muito bem meu lugar. - Falo.

- Muito sábio da sua parte. - Ele dá um tapinha no meu ombro. - Agora eu vou embora para
cuidar da minha noiva, e você vai para casa cuidar da minha irmãzinha.

- Ainda tenho muita coisa para fazer. - Digo.

- Você é o chefe, tenho certeza que pode deixar para amanhã. - Nick retruca.
Se eu não for embora agora Nick vai ficar me importunando, então é melhor ir para casa do
que ficar olhando para sua cara feia.

Já está tarde, provavelmente Maya já deve estar dormindo, então é bem improvável que eu vá
vê-la.

Eu fui a pessoa que perguntei se não iria ficar um clima estranho entre nós dois, mas também
estou sendo a pessoa que está agindo estranho depois de tudo.

Abro à porta de casa lentamente e olho em volta, e vejo que quase todas as luzes estão
apagadas.

Como eu imaginei Maya deve já estar dormindo, então eu relaxo um pouco enquanto coloco
minha maleta no sofá.

Não acendo as luzes e vou direto para a cozinha pois estou morrendo de fome, mas quando a
adentro não vejo nenhuma panela no fogão.

Quando olho em volta vejo uma caixa de Pizza sobre a mesa, então a abro e vejo que Maya
comeu mais da metade de Pizza gigante.

- Como um ser humano tão pequeno e frágil consegue comer tanto? - Pergunto a mim mesmo.

Me viro em direção a geladeira e a abro, em seguida pego uma latinha de refrigerante.

Assim que me aproximo da mesa puxo uma cadeira e me sento, e quando puxo a pizza para
mais perto de mim vejo que tem um pápel grudado do lado da caixa.

"Você não atendeu as minhas ligações, então achei que iria jantar fora por isso não fiz o jantar.
Se por acaso está apenas me ignorando como um idiota, e deixou para chegar em casa depois
que eu fosse dormir, esquente o restante da pizza e faça bom proveito."
Maya é uma garota esperta, é óbvio que ela iria perceber que estou a ignorando.

Depois que ela começou a morar comigo, sempre cheguei em casa mais cedo porque gosto da
sua companhia, mas como ela se declarou para mim ontem, hoje eu deixei para vir embora
bem mais tarde do que o normal.

Eu sei que estou sendo um idiota por agir assim, mas eu realmente não sei se posso confiar em
mim nesse momento.

Não posso voltar atrás nas escolhas que eu fiz, mas com Maya tão perto fica difícil de aguentar.

- Jake? - Olho para o lado quando Maya chama por mim.

- Oi Maya.

- Chegou agora? - Ela pergunta.

- Sim. - Lhe respondo.

Maya ajeita o cabelo bagunçado, em seguida puxa uma cadeira e se senta de frente para mim.

- Estava dormindo? - Pergunto.

- Sim. - Ela confirma com a cabeça.

- Eu que te acordei?

- Não ouvi você chegar, acordei porque estou com fome. - Ela fala.

Maya pega o meu refrigerante, e um pedaço da pizza e começa a comer.

- Depois de comer praticante uma pizza inteira ainda está com fome? - Pergunto incrédulo.
- Eu comi, mas já faz tempo. - Ela dá de ombros. - Normalmente acordo à noite para comer,
você que nunca percebeu.

Pego um pedaço da pizza antes que a Maya coma todos e me deixe com fome, em seguida me
levanto e pego outro refrigerante e me sento novamente.

Continuamos a comer em silêncio, e depois de algum tempo Maya se levanta, joga a lata vazia
de refrigerante no lixo e fala:

- Boa noite.

- Boa noite? Já vai dormir?

- Sim. - Ela balança a cabeça em confirmação.

- Não vai me perguntar nada?

- O que eu deveria perguntar? - Ela retruca. - Como foi seu dia?

- Esquece. - Suspiro alto.

- Ok. - Ela diz apenas.

Maya se despede de mim novamente e sai da cozinha sem ao menos olhar para trás.

Ela não está me tratando com diferença, mas vejo um pouco de frieza em suas atitudes. Não
tenho o direito de reclamar de nada, mas por algum motivo eu sinto que de alguma forma isso
vai afetar nossa amizade com o tempo. Apesar de querer me manter longe como homem, não
quero que nossa amizade acabe mesmo que eu seja um idiota.

Uma sensação de perca começa a me sufocar, e no mesmo instante me pergunto se eu


realmente fiz a escolha mais sensata. Eu realmente deveria me manter longe? Eu deveria fugir
ao invés de me arriscar?
Cap 21

Um mês depois

- Como está se sentindo? - Clary pergunta. - Gostando da sua liberdade?

- É um pouco silencioso, mas estou gostando da minha nova vida. - Assumo.

Com a ajuda da Clary consegui encontrar um apartamento para alugar não muito longe da casa
do Jake.

Já estou morando sozinha há duas demanas, e tenho que assumir que estou amando.

Ainda é tudo recente, provavelmente me sentirei solitária muito em breve, mas quando eu
decidi viver só eu sabia que seria assim.

Morando tanto com meu irmão ou com Jake eu passava o dia sozinha, mas tinha companhia
durante à noite, mas de agora em diante serei apenas eu no meu pequeno apartamento.

Uma colega da Clary se casou recentemente, então colocou o apartamento todo mobiliado
para alugar.

Ela vai cobrar um pouco menos do valor original do aluguel porque irei ficar responsável pelos
seus pertences.

Havia achado outro apartamento no mesmo valor, e bem mais perto da casa do Jake, mas eu
teria que comprar alguns móveis pois não tenho nenhum, por isso achei melhor aceitar o que a
Clary me indicou.
Por enquanto ainda não tenho condições de comprar muita coisa, mas eu vou conquistando
algumas coisas aos poucos. Tive a sorte grande de achar um apartamento mobiliado, então
posso economizar um pouco mais do que previsto.

- Sente falta do seu amado? - Clary pergunta de repente.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Você é uma péssima mentirosa.

- Eu sei. - Sorrio fraco.

Jake ficou pálido quando eu disse que iria me mudar, e tentou me convencer a ficar em sua
casa por mais um tempo.

Quando me mudei para sua casa eu sabia que era só por um tempo, mas já estava me
acostumando a viver as suas custas, e se fosse para sair da casa do meu irmão e ir para a casa
de um amigo e continuar sendo dependente, era melhor ter ficado com Nick mesmo.

Jake tem a sua vida e eu tenho a minha, então lembrei a mim mesma dos meus planos iniciais
e os coloquei em prática.

Se eu fosse ficar com ele por mais algum tempo, isso só iria afetar a minha decisão de esquecê-
lo. Vendo-o todos os dias seria ainda mais difícil, por isso coloquei uma distância segura entre
nós dois.

Desde que me mudei não vi Jake nenhuma vez. Quando eu chego para atrapalhar ele já saiu de
casa, e quando meu horário de trabalho termina ele ainda está na empresa.

Eu sinto a sua falta, não sou hipócrita em negar isso, e em alguns momentos sinto vontade de
esperar ele chegar do serviço só para vê-lo um pouquinho.

Mas no momento em que me lembro que Jake deixou bem claro que não me ama e nunca vai
me amar, eu me lembro da escolha que fiz sobre esquecê-lo.
Tenho em mente que não posso fugir para sempre, em algum momento irei encontrá-lo e eu
sei que mesmo contra minha vontade meu coração vai bater mais rápido, mas eu tenho que
ficar lembrando a mim mesmo que sou uma mulher forte e que cumpre as promessas que faz.

- Você fez a escolha certa minha amiga. - Clary dá um tapinha na minha coxa. - Já tinha
passado da hora de viver sua vida.

- Eu sei, mas por quê é tão difícil? - Pergunto.

- Quase nada que valha a pena na vida é fácil May.

- Minha sorte é que eu tenho você. - Sorrio largo.

- Eu digo o mesmo. - Clary me empurra com o ombro.

Pego sua mão e olho para seu anel de noivado pela milésima vez e pergunto:

- Animada com o casamento?

- Sim, mas estou nervosa também. - Ela assume.

- Imagino. - Digo apenas.

- Meu casamento é em uma semana, e eu ainda não emagreci o que preciso para ficar bem no
meu vestido. - Ela fala. - Na verdade eu acho que engordei, porque acabo comendo tudo que
está na minha frente quando estou nervosa.

- Ainda bem que não preciso me preocupar com isso. - Sorrio abertamente. - Não engordo
mesmo se eu quisesse.

- Você é tão sem graça. - Ela finge chorar.


Enfim está chegando o tão aguardado casamento do meu irmão com a Clary, e tenho que
assumir que estou nervosa mesmo sendo apenas a madrinha da noiva, então posso imaginar
como a Clary se sente.

Talvez eu esteja tão nervosa porque eu sei que Jake é o padrinho do meu irmão, e eu sei que
meus dias fugindo dele estão se acabando em breve.

- Eu queria dar um presente decente para vocês, mas eu não tenho condições no momento. -
Falo.

- O quê?! Eu quero um presente super caro, então compre parcelado em cem vezes se
necessário.

- Você é uma péssima amiga, e uma péssima cunhada. - Reviro os olhos.

- Quanta calúnia. - Clary finge espanto.

Se outras pessoas ouvisse Clary falar dessa forma, acharia que ela é uma pessoa interesseira e
mesquinha, mas eu conheço minha amiga bem o suficiente para saber que o que ela falou é
tudo da boca para fora.

- Eu tenho tudo o que preciso. - Clary fala. - Que é você e o Nick.

- Que gracinha. - A puxo para um abraço.

- Não se preocupe com presente ok? Você estar ao meu lado em um dia tão importante para
mim é tudo o que eu quero.

- Eu não perderia por nada. - A abraço com força.

- É óbvio que não, porque eu te mataria se não fosse ao meu casamento.

- Ainda sou muita nova para morrer. - Falo. - Ainda quero conhecer meus doze sobrinhos.
- Doze? Está louca Maya?

- Talvez seja um pouco demais. - Gargalho alto.

Não vejo a hora de ser tia, mas pelo que Nick e Clary falam não querem filhos por um tempo,
então terei que esperar a boa vontade dos dois.

Está certo que serão recém casados, e que provavelmente vão querer aproveitar um tempo
sozinhos. Só espero que não demorem muito, ou terei que ficar lembrando aos dois que quero
ser tia.

- Já decidiu quando vai começar a estudar? - Clary pergunta.

- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Fiz a minha matrícula ontem.

- Sério? - Ela me olha com animação.

- Começo estudar mês que vem.

- Que bom. - Clary bate palmas animada. - Estou feliz por você.

- Obrigada. - Agradeço.

- Agora tem certeza que é isso que você quer? - Clary pergunta.

- Sim. - Falo. - É o que eu quero.

Há alguns dias passei praticamente à noite toda pensando na minha vida profissional. Eu
estava tentando achar alguma coisa que eu gosto de fazer, e depois de um tempo eu cheguei a
conclusão que eu amo culinária.

Aprendi a cozinhar muito cedo, e é algo que eu jamais enjoei mesmo depois de anos e anos
cozinhando.
Se eu fizer algo que realmente gosto não será tão difícil ou cansativo, por isso eu decidi
estudar gastronomia. Vou colocar o que sei e amo fazer em prática, e espero que eu me saia
bem na decisão que tomei.

- Daqui alguns anos estarei no seu restaurante três estrelas Michelin. - Clary sorri de canto.

- Espero que esteja certa quanto a isso.

- Eu estou. - Ela dá um tapinha no meu ombro.

Eu não sou uma pessoa tão gananciosa, e com toda certeza me contentaria com apenas um
pequeno restaurante, mas se eu chegar tão longe também não acharia ruim.

- Se estiver disposta a lutar, e se sacrificar algumas vezes, pode ter certeza que seus sonhos se
realizarão em algum momento da sua vida. - Clary diz. - Você se saindo bem ou não estarei ao
seu lado, mas eu realmente espero ver seu sucesso algum dia. Você merece minha amiga.

- Obrigada. - Agradeço. - Sem o seu apoio e o do meu irmão provavelmente minha vida seria
mais complicada.

- Eu...

Meu celular começa a tocar quando Clary começa a falar, mas no mesmo instante ela se cala.

- Quem está te ligando a essa hora? - Clary pergunta.

Pego o celular sobre a mesinha de centro, e quando olho para a tela vejo que a ligação é do
Jake.

- Pela sua cara eu já até sei quem é. - Clary fala.

Fico olhando para a tela do celular por um tempo, enquanto crio coragem para atender a
ligação. 
- Alô? - Atendo a ligação enfim.

- Maya?

- Sim. - Respondo.

- Seu namorado desmaiou depois de beber umas taças de vinho, e está chamando por seu
nome há algum tempo.

- Meu... meu namorado o quê?! - Arregalo os olhos.

- Ele disse que só vai embora se você for vir buscar ele. Estamos fechando o restaurante, então
seria bom se viesse buscá-lo logo, ou ele ficará na rua.

- Ok. - Digo apenas.

- Vou mandar o endereço por mensagem.

Dito isso o homem finaliza a ligação, e após alguns segundos recebo a mensagem com o
endereço do restaurante.

- O quê aconteceu? - Clary pergunta. - Desde quando tem um namorado?

Me levanto furiosa e começo a caminhar em direção ao quarto para pegar minha bolsa e então
grito:

- Eu vou matar o Jake!


Cap 22

- Levante-se Jake. - Peço pela milésima vez.

- Estou tão... tão... tão cansado. - Ele fala com a voz arrastada.

- Poderia me ajudar? - Pergunto para o garçom.

- Claro. - Ele acena com a cabeça.

Ele se aproxima da mesa, pega o braço do Jake é o envolve em seu pescoço, e ajuda-o a se
levantar.

Assim que Jake consegue se manter de pé me aproximo dele e ajudo o rapaz carregá-lo até o
lado de fora do restaurante.

Pedi para o taxista que eu vim esperar por nós, porque eu não tenho habilitação, e nem faço
ideia de como dirigir, por isso irei deixar o carro do Jake no estacionamento do restaurante.

Assim que nos aproximamos do táxi abro à porta rapidamente, e com muito cuidado o rapaz
coloca Jake no banco do passageiro.

- Me desculpe pelo inconveniente. - Peço.

- Não precisa se preocupar, já estou acostumado com isso. - Ele sorri abertamente.

- Mesmo assim, muito obrigada. - Agradeço.

Ele acena com a cabeça, em seguida volta para o restaurante enquanto eu entro no táxi.
Passo o endereço da casa do Jake para o motorista, enquanto torço para que ele não vomite
no carro, ou terei que pagar a mais que a corrida.

- Idiota. - Murmuro.

Eu poderia estar bem tranquila descansando em casa, mas tenho que ajudar Jake porque ele
está bêbado.

A minha sorte que amanhã eu não trabalho, mas pelo jeito terei que cuidar do bebezão por
enquanto.

Clary queria vir comigo até o restaurante, mas eu a mandei para casa. Agora eu vejo que talvez
não tenha sido uma boa ideia, porque assim que chegarmos em casa não terei a ajuda de
ninguém.

- Mudei de ideia moço, me leve para o mesmo endereço que me pegou anteriormente. - Falo.

- Ok senhorita.

Lidar com Jake em um apartamento pequeno e sem escadarias será bem mais fácil.

- Muito obrigada pela ajuda. - Agradeço.

- Não precisa agradecer. - O homem diz.

Acho que o taxista viu que eu não aguentaria trazer Jake para o apartamento sozinha, e então
me ajudou.

Assim que ele vai embora eu abro à porta, e após adentrá-lo com Jake ao meu lado a fecho
novamente.
- Eu acho que vou... - Ele se cala e coloca a mão na boca.

- Se me fizer limpar seu vômito eu te mato Jake.

Ele faz ânsia novamente, e quando estou prestes a sair de perto dele sou surpreendida com
um banho de vomito.

O solto rapidamente e tapo meu nariz quando sinto um cheiro horrível, antes que eu também
comece a vomitar em tudo.

- Me desculpe. - Ele passa a mão pelo canto da boca.

- É melhor você não falar comigo!

Enquanto seguro a respiração desabotou minha blusa, e a jogo no chão sobre o vômito do
Jake.

Ele começa a cambalear, mas antes que ele caia eu o seguro, e então começo a caminhar em
direção ao banheiro.

Assim que entramos no banheiro, começo a tirar as roupas do Jake, mas ela segura minha mão
e pergunta:

- O que está fazendo?

- Vou te dar um banho.

- Mas...

- Você está todo sujo, é óbvio que não irei colocar você nessa situação em minha cama. - O
corto.

- Eu faço isso sozinho. - Ele diz.


- Tudo bem então.

Jake nem ao menos consegue desabotoar a camisa, então eu faço isso por ele. Nesse
momento estou com tanta raiva, que nem mesmo seu corpo torneando me faz vacilar um
pouco.

- Feche os olhos. - Ele pede baixinho.

- Não seja idiota Jake, não estou interessada em nada, a não ser te limpar.

Assim que ele está totalmente despido abro o chuveiro e o coloco em baixo, mas quando a
água gelada cai sobre seu corpo Jake tenta fugir.

- Está gelada. - Ele reclama.

- Eu sei.

Ele ainda tenta fugir mas eu o seguro até ele se acalmar, e então lhe dou um rápido banho
somente para tirar o vômito do seu corpo, e aproveito para me limpar um pouco também.

Assim que termino de banhá-lo, pego uma toalha limpa e começo a enchugá-lo, e assim que
termino envolvo a toalha em sua cintura, e o levo para o quarto.

Com cuidado o ajudo a se deitar, e o cubro em seguida. Pego meu secador sobre o criado
mudo e começo enxugar seus cabelos, ou então Jake poderá pegar um resfriado por dormir
com os cabelos molhados.

Parece que ele dormiu no mesmo instante que o coloquei na cama, pois ele nem se move com
o barulho do secador.

Jake não toma bebida alcoólica, mas deve ter acontecido alguma coisa para fazer ele ter
bebido ao ponto de ficar bêbado.
- Acho que já está bom. - Converso comigo mesma.

Desligo o secador e o coloco sobre o criado mudo novamente, e então volto para o banheiro,
pego as roupas do Jake e começo a caminhar em direção ao lavanderia.

Coloco suas roupas na máquina, em seguida tiro as minhas e também faço o mesmo.

Quando me lembro da blusa que joguei sobre seu vômito a busco, e após tirar um pouco da
sujeira também a coloco na máquina.

Por sorte eu não tenho o estômago tão fraco, ou teria que limpar o vômito do Jake e o meu,
mas eu consigo me controlar um pouco.

- Espero que isso seja a primeira e última vez que acontece.

Depois de limpar toda sujeira que Jake fez, tomei um banho demorado, para aliviar meus
ombros tensos, e logo em seguida coloquei nossas roupas para secar.

Meus braços estão começando a ficar doloridos pelos esforços, mas eu sei que quando eu
acordar amanhã será ainda pior.

Após entrar no quarto fecho à porta lentamente, e então caminho em direção a cama.

Puxo o cobertor e me deito ao lado do Jake, e me cubro rapidamente. Eu estava pensando em


dormir na sala ou colocar alguns cobertores no chão, mas depois de pensar por um tempo,
decidi que é burrice minha eu não aproveitar o conforto da minha cama.

Me viro para ficar de frente para ele, e então o observo dormir tranquilamente. Se alguém
visse ele tão calmo agora, nem imaginaria o trabalho que me deu.

- Eu podia te socar, provavelmente não vai se lembrar mesmo. - Sorrio abertamente.


Passo a mão por sua barba por fazer, mas acabo levando um susto enorme quando Jake abre
os olhos de repente.

Tiro minha mão do seu rosto rapidamente, mas sou surpreendida quando ele a segura e a
coloca novamente no mesmo lugar.

- Acho que estou sonhando. - Ele sorri tristemente.

- E se não estiver? - Pergunto.

- Eu tenho certeza que estou.

Ele leva a mão ao meu rosto, e aperta minha bochecha, provavelmente para ter certeza que
não é um sonho.

- Eu senti sua falta. - Ele fala baixinho.

- Eu também senti a sua. - Assumo.

Jake aproxima seu rosto do meu lentamente, e apesar de querer fugir eu não me novo um
centímetro sequer.

- Eu te amo Maya.

Jake beija a ponta do meu nariz, e do nada volta a dormir novamente como se não tivesse feito
nada.

- Acorde Jake. - Lhe dou uns tapinha no rosto. - Como tem coragem de desmaiar após dizer
que me ama? Está louco?

Meu coração está acelerado, mas eu não me iludo porque eu sei que ele disse isso porque
sente a falta da sua amiga, e não porque me ama como mulher.

- Eu te amo Maya. - Ele repete baixinho.


Cap 23

Abro os olhos lentamente quando sinto algo envolvendo minha cintura. Olho para baixo e vejo
um braço, então dou um grito estrangulado e me levanto rapidamente.

- O que está acontecendo?

Olho para o lado e vejo Jake sentado na cama olhando em volta assustado, e no mesmo
instante começo a rir.

- Do que está rindo? - Ele pergunta.

- Acabei me esquecendo de você.

Achei que alguém tivesse invadido o apartamento, e só quando vi Jake percebi que havia me
esquecido dele.

- O que estou fazando aqui? - Jake me olha confuso. - E por quê estou sem minhas roupas?

Ele puxa o cobertor e o envolve sobre seu corpo, enquanto me encara assustado.

- Como pode esquecer da noite incrível que tivemos? - Finjo chorar.

- Se acalme Maya. - Ele pede.

- Você só me usou!

Tapo meu rosto com as mãos, e alguns segundos depois sinto sua mão em minhas costas.

- Me desculpe por não lembrar. - Jake pede. - Eu realmente sinto muito.


- Estou brincando com você seu bobo. - Começo a rir.

- Por que fez isso Maya? - Ele pergunta bravo. - Quase me matou de susto.

- Precisava ver sua cara de espanto. - Aponto em sua direção enquanto gargalho alto.

Jake cruza os braços todo irritado, e eu tento me controlar antes que ele fique ainda mais
bravo comigo.

- Agora falando sério... - Ele se cala por alguns segundos. - Por que estou aqui?

- Não se lembra de nada? - Pergunto.

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- Ontem o garçom do restaurante que você foi me ligou para te buscar,  porque iriam fechar o
estabelecimento e você estava bêbado.

- Me lembro de ter tomado duas taças de vinho e então... não me lembro de mais nada. - Ele
passa as mãos pelo rosto.

- Ficou bêbado com duas taças de vinho? - O encaro incrédula.

- Você sabe que eu não bebo, por isso sou intolerante a álcool.

- Por que bebeu então? - Pergunto.

Jake abre a boca diversas vezes mas não fala nada, enquanto me encara sem graça.

- Por que estou sem as minhas roupas? - Ele muda de assunto.


- Porque vomitou em você mesmo, e em mim. - Reviro os olhos.

- Eu fiz o quê?!

- Tive que te dar um banho porque estava todo sujo.

Jake se levanta da cama tão rápido, que acaba não percebendo que a toalha que estava presa
na sua cintura se soltou.

- Você fez o quê?! Me deu um banho?!

- Olhe para baixo Jake. - Faço sinal com a mão.

- Tape os olhos! - Ele grita.

Jake mais do que depressa pega o cobertor e envolve seu corpo quando vê que está nu.

- Para quê? Já vi tudo o que tinha para ver enquanto te banhava.

- Você...

- Até parece que eu iria colocar você todo sujo de vômito na minha cama limpinha e cheirosa. -
O corto. - E não se preocupe, nada do que eu vi me interessa mais.

Me levanto da cama e começo a caminhar em direção ao banheiro. Faço minha higiene


pessoal, e volto para o quarto novamente.

Jake continua de pé no mesmo lugar, então me aproximo dele e falo:

- Pode ir tomar um banho se quiser, irei pegar suas roupas.


Ele apenas acena com a cabeça enquanto eu saio do quarto e caminho em direção a
lavanderia.

Pego suas roupas e novamente começo a caminhar em direção ao quarto, e assim que o
adentro não encontro Jake.

Coloco suas roupas sobre uma poltrona, e logo em seguida começo arrumar a cama.

Como previsto todo meu corpo dói, e nesse momento eu percebo o quanto estou sedentária.
Preciso começar a praticar algum exercício físico, mas eu tenho muita preguiça para isso.

Lidar com a casa do Jake e o apartamento consomem todas as minhas energias, e por esse
motivo contínuo adiando meu plano de entrar em uma acadêmica.

Após arrumar a cama, pego suas roupas na poltrona e as coloco na cama, e mais uma vez saio
do quarto.

Passei a maior parte da noite em claro, e quando enfim consegui dormir já era mais de cinco
horas da manhã.

- Estou tão cansada.

Puxo uma cadeira e me sento, e descanso minha cabeça sobre a mesa enquanto bocejo alto.

Eu deveria estar preparando o café da manhã, mas eu sinto meu corpo tão pesado que não
movo um dedo sequer.

- Maya?

- Hum. - Resmungo.

- Vá deitar na cama, vai ficar toda dolorida. - Jake fala.


- Eu já estou. - Digo baixinho.

- Você dormiu enquanto eu banhava?

- Acho que cochilei um pouquinho. - Assumo.

Meu braço está dormente por ter ficado em uma mesma posição algum tempo, então me dou
uns tapinhas para melhorar.

Empurro a cadeira para trás e me levanto tão rápido que tudo escurece e eu fico tonta, mas
sou surpreendida quando Jake me segura com firmeza.

- Você está bem? - Ele pergunta preocupado.

- Levantei rápido demais. - O tranquilizo.

- Tem certeza? Você está tão pálida.

- Estou bem. - Sorrio fraco. - Só um pouco cansada.

Me afasto do Jake é caminho em direção a geladeira, e assim que a abro pego uma garrafinha
de água e bebo.

- Vou fazer nosso café da manhã. - Falo.

- Não precisa se preocupar comigo, já estou indo embora.

- Tem certeza? - Pergunto.

- Sim. - Ele balança a cabeça em confirmação.


- Tudo bem então. - Forço um sorriso.

- Me desculpe por incomodá-la, e obrigado pela ajuda. - Ele agradece. - Irei te recompensar
por isso.

- Eu não preciso de recompensa Jake.

O que eu preciso ele não pode me dar, e apesar de já ter desistido do Jake, sinto meu coração
doer só por saber que ele vai embora, e eu ficarei sozinha novamente.

- Bem... Acho que agora eu vou embora.

- Te levo até à porta. - Falo.

Passo por ele com um aperto no peito, mas eu tento disfarçar a repentina tristeza que se
apodera de mim.

- Obrigado por tudo. - Ele agradece novamente. - Se precisar de alguma coisa me avise.

- Tudo...

Antes que eu termine de dizer algo levo a mão a boca enquanto espirro diversas vezes.

- Você tem certeza que está bem? - Ele pergunta novamente.

- Deve ser apenas um resfriado.

Jake se aproxima de mim e coloca a mão na minha testa, e quando se afasta sua feição parece
indicar que estou prestes a morrer.

- Você está ardendo em febre Maya. - Ele fala preocupado.


- Estou? - Coloco a mão na testa.

- Vamos ao hospital.

- Não vou ao hospital por causa de um resfriado Jake.

- Você tem algum remédio? - Ele pergunta.

- Não. - Nego com a cabeça.

Jake pega minha mão e começa a caminhar, mas eu me libero do seu toque e continuo no
mesmo lugar.

- O que está fazendo? - Pergunto.

- Vou te levar até seu quarto, depois vou comprar algum remédio para você.

- Não precisa Jake, eu me viro sozinha.

- Pare de ser teimosa. - Ele revira os olhos.

Jake se aproxima de mim, e mais uma vez pega a minha mão, mas eu me libero novamente.

- Você não precisa ir para a empresa? - Pergunto. - Não precisa...

- Você é bem mais importante que a empresa. - Ele me corta.

Mesmo eu não querendo me deixar ser abalada por isso, sinto meu coração palpitando, mas
não demora muito para Jake acabar com a minha pequena e repentina felicidade.

- Está doente e a culpa é minha, então nada mais justo que eu te ajudar agora.
Óbvio que ele está tentando me compensar por tê-lo ajudado ontem, e eu acabei me iludindo
mais uma vez como uma idiota.

Me sinto cada vez mais estúpida por ainda me sentir abalada por ele. Eu decidi seguir em
frente, decidi esquecê-lo, e mesmo assim sinto meu coração bater mais rápido todas as vezes
que ele me olha.

Eu sabia que esquecê-lo não seria uma tarefa muito fácil, mas parece que quanto mais tempo
se passa, e quanto menos eu o vejo se torna ainda mais difícil. Não deveria ser ao contrário?
Então por quê me sinto ainda mais triste do que antes?

Caminho em direção à porta do apartamento e a abro, e quando me viro para o Jake ele
parece supreso com a minha atitude.

- Você é um homem muito ocupado, não seria bom para você perder seu tempo com sua
empregada. - Falo. - E quanto a minha ajuda ontem, não precisa me compensar, porque eu
não quero nada de graça de ninguém.

- May...

- Tenha um bom dia Jake. - O corto.

Ele caminha em minha direção em passos largos, e assim que se aproxima de mim fala:

- Tire a semana de folga.

- Eu não preciso de folga. - Retruco.

- Não veja isso como abuso de poder por eu ser seu chefe, mas considere isso como uma
ordem Maya. - Ele fala com seriedade.

- Eu não...

- Se cuide. - Ele me corta.


Jake me olha por alguns segundos, e então sai do apartamento me deixando apenas com as
minhas tristezas.

Eu sei que se eu me permitir receber a sua ajuda, poderei começar a confundir as coisas, por
isso eu acho que o melhor a se fazer é colocar uma distância ainda maior entre nós dois.

Cap 24

- Me desculpe pelo atraso. - Peço para Clary.

- Por que demorou tanto? Achei que não viria mais.

- Aconteceu um acidente, então acabei presa em um engarrafamento. - Explico.

- Jake também está atrasado. - Clary fala.

- Deve ter saído tarde da empresa.

Coloco minha bolsa sobre o sofá, e logo em seguida caminho em direção a cozinha com Clary
ao meu lado.

- Olha quem decidiu aparecer. - Nick fala ao me ver.

- Estou ótima e você? - Reviro os olhos.

Nick se levanta, me puxa para um abraço e quando se distância me olha preocupado.

- Está se sentindo melhor?


- Sim. - Balanço a cabeça em confirmação.

- Deveria ter me dito que estava doente.

- Era apenas um resfriado Nick. - Falo. - E já estou ótima, não se preocupe.

Puxo uma cadeira e me sento, mas olho para o lado quando escuto uma movimentação.

Um homem desconhecido surge do nada na cozinha, e eu olho para Clary e Nick sem entender
nada.

- Esse é meu primo. - Clary aponta para ele.

- Me chamo Mike, muito prazer. - Ele me estende a mão.

- O prazer é meu Mike. - Retribuo o cumprimento. - Me chamo Maya, mas pode me chamar de
May.

- Mike morava em uma cidadezinha do interior, mas se mudou para Nova York para trabalhar.
- Clary fala. - Ele vai ficar aqui enquanto eu e Nick estivermos viajando na nossa lua de mel.

- Que ótima notícia. - Sorrio abertamente.

- Faça compainha ao meu primo para ele não se sentir só. - Clary também sorri.

Apenas aceno com a cabeça, porque eu sei o que ela está tentando fazer. Eu não sou o tipo de
pessoa que tenta esquecer alguém usando outra pessoa, e por isso espero que Clary não tente
fazer nada estúpido.

- Pelo menos não estarei sozinho. - Mike suspira alto. - Vai ser difícil me acostumar a tanta
agitação.

- Se tiver amigos conseguirá se acostumar com mais facilidade. - Nick fala. - E tenho certeza
que minha irmã está disposta a ser sua amiga.
- Claro. - Digo. - É sempre bom fazermos nossas amizades.

Apesar de saber as intenções da minha amiga e que ela não tenha me falado nada, eu tenho
certeza que Mike e eu poderemos ser bons amigos.

Ele parece ser muito educado, mas ao mesmo tempo tem uma inocência e timidez que nunca
vi em um homem. Talvez seja porque ele morava no interior, ou talvez eu esteja vendo coisa
onde não tem.

Mike é um homem muito atraente. Ele tem a pele bronzeada, cabelos castanhos claros e lisos,
e os olhos da mesma cor. Seu jeito tímido o deixa ainda mais foto e bonito, mas por algum
motivo parece faltar algo.

Talvez em outro momento eu iria deixar Clary jogar seu primo para cima de mim, mas eu sei
que seria perda de tempo me envolver com alguém nesse momento.

Nem sei o porque estou pensando nisso, porque mesmo que Clary tenha algum plano em
mente, não quer dizer que sou atraente aos olhos do Mike.

- Clary me disse que vai estudar gastronomia. - Mike diz.

- Sim. - Sorrio largo. - Depois de muito pensar sobre o que eu gosto, eu cheguei a conclusão
que minha paixão é a culinária.

- Como nunca pensou nisso antes? - Nick pergunta. - Você sempre gostou de cozinhar.

- Me faço essa mesma pergunta.

Talvez eu não tenha percebido antes porque eu queria fazer algo que agradasse meu irmão, e
deixava os meus sonhos e planos de lado.

Agora eu tenho certeza absoluta do que quero fazer, como também tenho o total apoio do
Nick.
- Jake deve ter chegado. - Clary diz ao ouvir a campainha tocar.

- Deixe que eu vou.

Nick coloca a mão sobre sua mão quando Clary faz menção de levantar, e em seguida ele se
levanta e caminha para fora da cozinha.

- Me ajude a por a mesa então. - Clary pede.

- Claro. - Me levanto.

- Precisa de ajuda? - Mike pergunta.

- Não precisa. - Clary fala.

Depois de colocar os pratos e talheres na mesa, Clary serve o suco nos copos e eu pego a
lasanha no forno.

- Ai. - Faço uma careta ao queimar meu dedo.

Coloco a lasanha sobre a mesa rapidamente, e em seguida coloco meu dedo na boca.

- Você está bem? - Mike pergunta preocupado.

- Só me queimei um pouco.

Ele pega a minha mão e observa de perto, mas de repente ele é puxado para trás e Jake fica
entre nós.

- O que aconteceu? - Jake pergunta.

- Não foi nada, só me queimei um pouco.


Dessa vez é Jake quem pega a minha mão e olha meu dedo com preocupação, mas eu me
libero do seu toque rapidamente.

- Tem pomada para queimadura? - Jake pergunta para Nick.

- Sim. - Meu irmão lhe responde. - Está no banheiro.

- Não preciso de...

Antes que eu termine de dizer algo Jake pega a minha mão novamente, e começa a caminhar
para fora da cozinha.

- Me solte Jake. - Peço baixinho.

- Cale a boca.

Ele aperta minha mão ainda mais, mas não ao ponto de doer. Assim que entramos no banheiro
ele fecha à porta, e começa a procurar pela pomada de queimadura.

- Sente-se. - Ele aponta para a privada.

- Estou bem aqui. - Me mexo desconfortável.

- Sente-se Maya. - Ele pede novamente.

- Eu já disse que estou bem aqui.

Jake me olha com irritação, mas não pede que eu me sente novamente. Ele pega minha mão e
começa a passar a pomada no meu dedo, mas mais uma vez eu fujo do seu toque.

- Eu posso fazer isso sozinha.


- Por que está fugindo de mim Maya? - Ele pergunta. - Por quê permitiu que um desconhecido
te tocasse mas eu não posso?

- Exatamente porque ele é um desconhecido. - Retruco. - Eu amo você e não ele, estou
tentando te esquecer e não ele, então pare de agir como se importasse comigo, porque isso só
dificulta ainda mais a minha vida.

- Maya...

- Se ao menos soubesse como eu me sinto não faria isso comigo. - O corto. - Não seja legal
comigo, e não me trate como se eu realmente fosse importante para você, porque isso só
serve para me confundir.

Eu sei que Jake só está se preocupando com a sua amiga, mas isso não ajuda em nada. Quanto
mais ele demonstra preocupação comigo, mais eu me sinto idiota porque eu sei que uma parte
de mim deseja que ele esteja cuidando de mim, porque também me ama.

- Me desculpe, eu não sabia que se sentia dessa forma. - Jake abaixa a cabeça.

- Agora sabe, então por favor me ignore até eu não te amar mais.

Me viro em direção à porta do banheiro, levo a mão a maçaneta, mas antes que eu a abra
Jake me vira para si.

- E se eu não quiser te ignorar? - Ele pergunta.

- Vai mesmo fazer isso comigo? Está tentando ser um idiota para que eu te odeie?

- Eu não quero que me odeie, eu quero que me ame ainda mais. - Jake passa a mão por minha
bochecha.

- Por que está fazendo isso comigo? - Meus olhos se enchem de lágrimas.
Jake se aproxima de mim, beija minha testa demoradamente, e quando se afasta me olha nos
olhos e fala:

- Eu te amo Maya.

- Pare de brincar comigo. - Peço. - É muita covardia...

- Eu não estou brincando com você, estou falando muito sério. - Ele me corta.

- Por que não me disse antes então? Por quê me fez sofrer esse tempo todo?

- Porque eu sou um covarde. - Ele sorri fraco. - Fiquei com medo da opinião alheia, fiquei com
medo de que a minha amizade com seu irmão fosse abalada, e enquanto eu tentava fugir dos
meus próprios sentimentos acabei ferindo os seus.

Jake está se declarando para mim ou estou sonhando? Por mais que ele esteja em minha
frente nesse momento eu ainda não consigo acreditar no que estou ouvindo.

- Me perdoe por ter sido um idiota. - Ele me puxa para um abraço.

- Você está falando sério? - Pergunto ainda sem acreditar. - Tem certeza disso?

- Eu tenho certeza. - Ele diz se distanciando.

Sinto meu coração bater ainda mais forte quando Jake começa a se aproximar de mim
lentamente, e quando estamos prestes a nós beijar alguém bate na porta do banheiro.

Cap 25

- Maya, o que está acontecendo aí?! - Nick pergunta.


- Já estamos saindo! - Grito.

Me viro em direção à porta do banheiro, mas Jake me vira em sua direção mais uma vez e fala:

- Ainda não.

- Mas...

- Faz tempo que eu quero fazer isso, mas não tinha coragem. - Ele me corta.

- Fazer o quê? - Pergunto confusa.

- Isso.

Ele se aproxima de mim rapidamente, e toma meus lábios em um beijo lento. Meu irmão
continua gritando do lado de fora do banheiro, mas Jake e eu o ignoramos enquanto nos
beijamos.

Como Jake, fazia tempo que eu desejava o mesmo, então mesmo que meu irmão arrombe à
porta não irei lhe dar ouvidos nesse momento.

Jake finalmente disse que me ama, e está provando isso enquanto me beija, por isso irei
aproveitar cada segundo como se fosse o último.

- Acha que serei morto assim que sairmos do banheiro? - Jake pergunta quando nos
ditanciamos um do outro.

- Meu irmão não ousaria matar o homem que eu amo. - Sorrio abertamente.

- Se eu for assassinado daqui a pouco, eu deveria aproveitar mais um pouco.


Jake me puxa para perto de si novamente, e eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço,
enquanto nos beijamos com paixão.

Eu deveria me beliscar para ter certeza que não estou sonhando, porque ainda não acredito
que estou nos braços do homem que amo, e sendo beijada por ele.

Desejei por tanto tempo que esse dia acontecesse, e agora que aconteceu eu não consigo
acreditar. Parece que estou em um sonho bom, e a qualquer momento irei despertar para a
realidade.

- Eu te amo. - Jake diz baixinho.

- Eu também te amo.

Jake beija todo meu rosto, enquanto eu sorrio feliz, mas eu sei que provavelmente minha
felicidade acabará assim que sairmos do banheiro.

Eu não sei qual será a reação do meu irmão, só espero que ele não faça um escândalo enorme,
ou acabaremos brigando novamente.

- Acho que devemos sair agora. - Jake fala.

- Preparado? - Pergunto.

- Na verdade não, mas por você irei enfretar a fera do lado de fora. - Ele sorri de canto.

Jake pega a minha mão, e em seguida abre à porta. Assim que saímos do banheiro damos de
cara com Nick, Clary e Mike.

- Vocês ouviram tudo não foi? - Pergunto.

- Tenho certeza que até nossos vizinhos ouviram. - Clary sorri de canto.

Nick se aproxima de nós, e então agarra o colarinho da camisa do Jake e grita:


- Você estava beijando a minha irmãzinha no meu banheiro?!

- Eu a amo, e mesmo que deseja me matar nesse momento eu não vou me distanciar da Maya.
- Jake diz com seriedade.

- Solte ele Nick. - Peço.

- Você fique quieta. - Ele me olha de soslaio.

Nick não o libera, então me aproximo dele e mordo seu braço com força, e então ele se
distância do Jake rapidamente.

- Está louca Maya? - Nick pergunta enquanto faz uma careta de dor.

- Se tivesse me obedecido não teria necessidade alguma te morder.

- Está do lado dele? - Nick aponta para o Jake.

- É óbvio que estou do lado dele.

- Vai contrariar seu irmão? Mesmo que eu não aceite a relação de vocês, ainda assim vai ficar
com ele?

- Pode ter certeza que o que eu mais desejo é seu apoio, mas você querendo ou não eu ficarei
com o Jake.

Nick se aproxima de nós novamente, e quando estou me preparando para agredi-lo se


necessário, sou surpreendida quando ele abraça Jake e eu.

- Até que enfim assumiram seus sentimentos um pelo outro. Achei que isso nunca iria
acontecer.
- Você não está bravo? - Jake pergunta confuso.

- Por que eu estaria? - Nick retruca.

- Bem...

- Eu não poderia confiar a minha irmã a um homem melhor. - Ele corta Jake. - Você ser mais
velho que a Maya não interfere em nada. Eu conheço o seu caráter, como sei que posso
confiar em você, então tudo o que eu desejo aos dois é felicidade.

Agora eu tenho ainda mais certeza que estou em um sonho. Como meu irmão não fez um
escândalo?

- Você sabia o tempo todo? - Pergunto curiosa.

- Tanto você como Jake não sabem disfarçar seus sentimentos quando estão juntos. - Nick
sorri.

- Por que nunca disse nada? - Jake pergunta para ele.

- Não era da minha conta. - Ele dá de ombro. - Precisava ser resolvido entre vocês dois.

Se eu soubesse que meu irmão não iria ficar bravo, teria me declarado para Jake bem antes.
Perdemos tanto tempo, mas o que importa agora é que estaremos juntos.

- Estou dando o meu apoio porque sei que vai cuidar muito bem da May. - Nick fala. - Espero
não me decepcionar por estar confiando em você Jake.

- Você não vai. - Jake sorri de canto. - Não tenho intenção alguma de fazer Maya sofrer.

- Parabéns ao novo casal. - Clary bate palmas.

- Ainda não somos um casal. - Retruco.


- Não somos? - Jake me encara confuso.

- Você não me pediu em namoro.

Jake se aproxima de mim com um sorriso largo nos lábios, envolve a minha cintura com as
mãos e me puxa para mais perto de si.

- Você aceita namorar comigo Maya? - Ele pergunta.

- Acho que preciso pensar um pouco.

- Você tem cinco segundos para se decidir. - Jake fala.

- Só isso? - Reviro os olhos.

- Cinco... quatro... três... dois...

- Eu aceito. - Sorrio largo.

Jake beija meu rosto, em seguida me levanta no ar e começa a girar.

- Pare Jake. - Peço enquanto gargalho alto.

Ele para de girar, aproxima seu rosto do meu e me beija rapidamente.

- Eu dei o meu apoio sim, mas isso não quer dizer que eu quero ver vocês dois se agarrando. -
Nick faz uma careta. - Ainda tenho que me acostumar com o fato de que minha irmã é uma
mulher adulta, então nada de melação na minha frente.

- Pare de bobeira Nick. - Clary dá um tapinha em seu braço. - Deixe eles aproveitarem o tempo
perdido.
Jake não se afasta de mim nem um segundo sequer. Talvez ele também não esteja acreditando
no que está acontecendo, e acha que pode acordar a qualquer momento.

Eu deveria ter feito ele sofrer um pouco por ter sido tão idiota mesmo me amando, mas já
perdemos muito tempo, por isso eu aceitei seu pedido de namoro sem ao menos pensar
muito.

Se eu ao menos soubesse que ele me amava, não teria desistido tão facilmente, mas agora o
importante é que enfim estamos juntos, e eu pretendo aproveitar cada segundo ao seu lado.

- Depois de tantas surpresas me deu fome. - Nick passa a mão pela barriga.

- Eu também estou faminto. - Mike faz o mesmo.

- A lasanha deve estar fria. - Clary fala.

Ela começa a caminhar em direção a cozinha com Nick e Mike em seu encalço, e quando eu
começo a caminhar também Jake me segura.

- Como está se sentindo? - Ele pergunta. - Melhorou do resfriado?

- Estou bem não se preocupe. - O tranquilizo.

- Pegou os remédios que deixei na sua porta?

- Sim. - Balanço a cabeça em confirmação. - E obrigada por cuidar de mim mesmo de longe.

Depois de praticamente expulsar Jake de casa, algum tempo depois alguém tocou a campainha
do apartamento, e quando abri à porta havia uma sacola com remédios espindurado na
maçaneta.

Não havia ninguém no corredor do prédio, mas alguns segundos depois recebi sua mensagem
dizendo para eu me cuidar e tomar os remédios.
Me senti culpada por tê-lo tratado tão friamente quando ele tentou me ajudar, mas já era
tarde demais para arrependimentos, Jake já havia ido embora.

- Eu já disse que senti sua falta? - Jake pergunta.

- Já. - Sorrio abertamente.

- Eu já disse que te amo?

- Também, mas pode continuar dizendo. - Beijo seu rosto.

Jake me abraça e beija o topo da minha cabeça, e alguns segundos depois ele se distância de
mim e pergunta:

- Poderia me beliscar?

- Por quê? - O encaro confusa.

- Para eu ter certeza que não estou sonhando.

- Poderiam parar de melação? - Nick surge do nada e pergunta. - E venham comer.

- Chato. - Resmungo baixinho.

Jake pega minha mão, e então começamos a caminhar lado a lado em direção a cozinha.

- Eu te amo. - Jake diz baixinho.

Um sorriso bobo se instala em meu rosto, ao mesmo tempo que sinto uma sensação incrível
de realização.
Apesar de saber que não preciso de um homem para ser feliz, eu sei que a minha felicidade
está ao lado do Jake, por isso não me arrependo de lhe dar uma chance.

- Eu também te amo. - Pisco para ele.

Cap 26

- Vai se atrasar? - Pergunto para Jake.

- Já estou saindo da empresa, eu não demoro.

- O jantar está quase pronto.

- Vai acabar me engordando. - Jake começa a rir.

- Te amarei do mesmo jeito. - Também sorrio.

- Espero que esteja falando sério.

- Eu estou. - Falo.

Conversamos mais um pouco, então Jake finaliza a ligação quando começa a dirigir.

Clary e meu irmão se casaram ontem, e foram passar a lua de mel no Havaí. Meu irmão nunca
teria condições de bancar tal luxo, mas teve sorte pois ganhou as passagem e o hotel pago de
presente do Jake.

Nick não quis aceitar de início, mas acabou concordando porque era o sonho da Clary
conhecer o Havaí.

Na verdade acho que é o sonho de muitas pessoas. Eu também quero ter a oportunidade de
viajar algum dia, só não sei se irei conseguir realizar meu sonho.
Tenho certeza Jake me levaria para qualquer lugar que eu desejo conhecer, mas nunca estive
interessada em seu dinheiro, por isso não quero abusar da sua boa vontade apenas porque ele
é meu namorado.

Não sou o tipo de mulher que se casaria com ele visando o que irei ganhar apenas porque ele é
rico.

Eu quero conquistar a minha independência financeira, e quero ganhar o meu próprio dinheiro
com trabalho e esforço.

Tenho em mente que estou ganhando seu dinheiro, mas porque estou trabalhando para ele, e
não porque sou uma pessoa interesseira.

Também tenho em mente que se nosso relacionamento progredir, futuramente irei ter
regalias que nunca tive, mas eu não tenho intenção alguma de aproveitar da bondade de Jake.

Algumas pessoas pode até achar idiotice da minha parte, mas eu sei que tudo o que ele
construiu foi com esforço e dedicação. Jake precisa de uma mulher que o ajude a crescer ainda
mais, e não uma mulher para gastar seu dinheiro sem pensar no futuro.

Hoje ele está por cima, mas não podemos saber do amanhã, por isso é sempre bom ter em
mente que dinheiro não é tudo nessa vida.

Eu valorizo muito mais seus pequenos gestos, valorizo o amor que ele tem por mim, então se
em algum momento da sua vida Jake perder tudo o que tem, estarei ao seu lado te amando e
te apoiando da mesma forma que agora.

- Está atrasado. - Olho para o relógio.

Caminho em direção ao fogão e desligo os botões que estão ligados pois a comida já está
pronta, então coloco as panelas sobre a mesa, enquanto espero por Jake.

Estamos namorando a menos de uma semana e Jake queria que eu me mudasse para sua casa,
e parasse de ser sua empregada, mas eu disse não para as duas coisas.
Por enquanto quero continuar trabalhando em sua casa porque meu tempo de serviço será
menor de que se eu entrar em uma empresa. Posso usar meu tempo vago para estudar, e se
eu arrumar outro emprego será mais difícil.

Além de tudo tenho a oportunidade de cozinhar para ele, pois de alguma forma isso me ajuda
nos meus conhecimentos.

Não vejo a hora de começar a estudar, mas também sei que a minha animação provavelmente
vai se acabar quando eu ver como será complicado trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

Mesmo que seja difícil eu não tenho intenção alguma de desistir. Me esforçarei ao máximo
para ser alguém na vida, e então poder ficar lado a lado com Jake.

Eu sei que se eu trabalhar a vida toda nunca terei a metade dos bens que ele possuí, mas pelo
menos terei uma profissão, terei o emprego dos meus sonhos e não irei me tornar uma esposa
sangue suga.

- Chegou. - Sorrio largo.

Corro em direção à porta quando a campainha toca, e assim que me aproximo dela a abro.

- Por que demo...

Me calo quando percebo que quem está em minha frente não é Jake e sim Jacob.

Tento fechar à porta mas ele a empurra e invade meu apartamento.

- O que pensa que está fazendo? - Pergunto tentando esconder o medo.

- Não sentiu minha falta querida? - Ele me olha do pé a cabeça.

- Como sabe onde eu moro?


- Meu filho mora nesse prédio. Imagina a surpresa que eu tive quando te vi aqui? Talvez seja o
destino nos encontramos.

- Sai da minha casa. - Aponto em direção à porta.

Jacob cruza os braços e continua parado no mesmo lugar, então coloco minha mão nas costas
e escondo meu celular.

- Se não sair daqui ou eu vou gritar. - Ameaço.

Jacob começa a gargalha algo, e eu aproveito sua distração e corro em direção ao banheiro.

- Vai mesmo fazer isso?! - Jacob grita.

Mesmo com as mãos trêmulas tranco à porta rapidamente assim que o adentro. Eu não teria
chance alguma se tentasse correr em direção à porta do apartamento, por isso acho que a
melhor opção é me esconder no banheiro até Jake chegar.

Pego meu celular no bolso da calça, e ligo para a polícia, em seguida ligo para Jake.

Para meu desespero ele não atende a ligação, e Jacob começa a bater na porta com força.

- Abra à porta querida! - Ele grita.

Ligo para Jake novamente, e depois de algumas chamadas ele atende a ligação.

- Estou chegando. - Jake fala.

- Socorro. - Peço baixinho. - Me ajude Jake.

- O que está acontecendo?


- Jacob invadiu meu apartamento. - Lhe respondo.

Lágrimas de desespero correm pelo meu rosto, enquanto começo a pensar no pior.

- Onde você está? - Jake pergunta.

- Estou trancada no banheiro.

- Já estou chegando. - Ele fala. - Nada vai acontecer.

- Jake! Jake!

Olho para o celular quando a ligação fica muda, e vejo que acabou a bateria.

- Merda. - Praguejo.

- Abra à porta Maya! - Jacob grita novamente. - Vai se esconder até quando?!

- Vai embora!

Tapo meus ouvidos com as mãos quando ele começa a bater na porta, enquanto tento pensar
em outra coisa que não seja o meu fim.

Tive a má sorte de me encontrar com Jacob no mercado, mas nunca imaginei que seu filho
mora no mesmo prédio que eu, e que ele estaria me observando a espreita.

- Você sabe que quanto mais você foge mais eu gosto?!

Me levanto do chão quando escuto barulhos do lado de fora, mas não ouso abrir à porta por
medo.

O barulho fica cada vez mais alto, e depois de algum tempo tudo fica silencioso.
- May você está bem?

Abro à porta rapidamente quando reconheço a voz do Jake, e assim que o vejo me assusto.

- Está machucado? - Pergunto preocupada.

- O sangue não é meu. - Ele me tranquiliza.

Jake me abraça com força, e eu desabo em lágrimas enquanto sou consolada por ele.

- Está tudo bem meu amor. - Ele passa a mão por minhas costas.

- Fiquei com tanto medo. - Digo entre meio o choro.

- Eu sei, mas agora está segura.

Jake se distancia, limpa meu rosto, e quando olho em volta vejo o apartamento todo
bagunçado, e Jacob caído inconsciente no chão.

Seu rosto está todo ensanguentado, mas eu não sinto um pingo sequer de pena. Jacob teve o
que mereceu, e agora eu espero que ele pague por seus crimes.

- Tem certeza que você está bem? - Olho para Jake.

- Eu tenho. - Ele sorri fraco.

- Obrigada por ter me salvado. - Agradeço. - Não sei o que...

- Não pense em coisas ruins agora. - Ele me corta. - O importante é que está segura, e se
depender de mim continuará assim.
Jake me abraça novamente, mas se distância quando a polícia entra no apartamento.

- Ele está vivo? - O policial pergunta para Jake.

- Infelizmente sim. - Jake lhe responde.

Ele caminha até o corpo inerte de Jacob e olha a sua pulsação, mas não parece preocupado em
chamar uma ambulância ou levá-lo para um hospital.

- Você lhe deu uma bela surra. - Ele sorri de canto.

- Merecia ainda mais por invadir o apartamento da minha mulher. - Jake diz com irritação.

- Precisamos que venham até a delegacia. - O outro policial fala.

- Ok. - Digo apenas.

Esse homem só pode ser doente, caso contrário jamais faria esse tipo de coisa. Agora eu
espero que ela seja condenado, e que eu tenha paz finalmente.

Não tenho ideia do que acontecerá agora, mas eu não vou continuar calada. Jacob precisa
pagar por toda maldade que já fez, só espero que a justiça seja feita.

Cap 27

Um mês depois

Abro os olhos assustada, ligo o abajur rapidamente e olho em volta para ter certeza que foi
apenas mais um pesadelo ruim.

O quarto está vazio e silencioso, e quando olho para o lado Jake não está deitado ao meu lado.
Limpo o suor que escorre por meu pescoço, chuto o cobertor e me levanto da cama em
seguida.

Caminho em direção à porta do quarto para procurar por Jake, mas assim que entro no
corredor tudo está escuro.

Meu coração continua acelerado pelo pesadelo, e apesar de sentir meu corpo trêmulo
continuo procurando por Jake.

Sinto minha garganta seca, então decido ir até a cozinha para beber um pouco de água, e
assim que me aproximo dela vejo que as luzes estão acesas.

Parece que Jake está ao telefone com alguém, e pelo seu tom de voz ele está muito irritado.

- Eu já disse que não vou terminar com ela, então é melhor não tocar nesse assunto
novamente. - Jake fala.

Me aproximo lentamente da cozinha para que Jake não note a minha presença, para poder
ouvir melhor a sua conversa.

- Irei demitir todos se tocarem nesse assunto novamente, então passe o meu recado para
todos eles.

Jake finaliza a ligação e praticamente joga o celular sobre a mesa com irritação, puxa uma
cadeira e se senta.

Dou um passo para trás para poder fugir antes que ele me veja, mas acabo batendo em
alguma coisa que cai no chão e faz um barulho enorme.

- Maya? - Ele chama por mim.

Saio das sombras e caminho em direção ao Jake porque não adianta nada tentar fugir agora.
- Por que não está dormindo? - Jake questiona. - Teve outro pesadelo?

- Sim. - Assumo.

Puxo uma cadeira e me sento ao seu lado, mas na verdade nesse momento eu queria fugir e
chorar sozinha até não houver mais nenhuma gota de lágrima.

- Você ouviu minha conversa? - Jake pergunta.

- Desculpe. - Peço.

- Não precisa se desculpar.

Jake pega minha mão e entrelaça com a sua e coloca sobre sua coxa.

- Está tendo problemas por minha causa não é? - Pergunto.

- Eu vou resolver tudo, então não se preocupe com nada.

- Talvez... talvez seja melhor terminarmos Jake.

- Do que está falando? - Ele me olha incrédulo.

- Não quero que se prejudique por minha causa. - Explico.

- Não diga bobeiras Maya.

- Eu passaria toda minha vida me culpando por ter feito você ter problemas em sua empresa. -
Tento segurar as lágrimas. - Você sabe como eu te amo e como quero passar o resto da minha
vida ao seu lado, mas se isso for lhe trazer algum tipo de problema é melhor terminar comigo.
Depois que denunciei Jacob por assédio, não demorou muitas horas apareceu minhas
informações pessoais e algumas fotos espalhadas pela internet.

Quando decidi denunciá-lo eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma, já que Jacob é
um professor renomado no país.

Como eu imaginei que seria surgiu vários comentários negativos sobre mim, mas eu decidi
ignorar todos porque eu sei do meu caráter e sei que Jacob é o culpado.

Eu não tinha provas do que aconteceu no passado, e assim que Jacob acordou disse que
entrou no meu apartamento por enganado, e acabou sendo espancado por Jake sendo
inocente.

Era apenas a minha palavra contra a dele, mas quem acha que estava sendo a culpada nessa
história toda? Eu mesma!

Acabei me tornando a aluna que tentou aumentar as notas tentando seduzir seu pobre
professor. Enquanto eu estava sendo transformada na vilã, Jacob está se tornando o mocinho.

Quando comecei a pensar que tudo estaria perdido para mim e que Jacob sairia impune,
começou a aparecer outras garotas o denunciando.

Não tinha nenhuma prova do que eu estava falando, mas a maioria delas tinham, então a
máscara de homem de família de Jacob caiu rapidamente.

Enfim ele está pagando pelos crimes que cometeu, mas depois desse problema surgiu outro.

Jake está tentando esconder de mim, mas eu sei que os acionistas da sua empresa não quer a
sua imagem vinculada a de uma garota que acabou de sair de um escândalo.

Minha inocência foi provada, mas para eles de alguma forma a minha imagem está manchada,
e isso não seria bom para a imagem da empresa.

Já causei muitos problemas para o Jake, e com toda certeza não quero ser a culpada por mais
alguns.
Meu coração dói só de imaginar ficando longe do homem que amo, mas se meu sacrifício valer
a pena no final das contas talvez seja mais fácil de aceitar que não estamos destinados a ficar
juntos.

Jake pode até ser o dono da sua empresa, mas ele não manda em tudo sozinho, ele também
precisa seguir algumas regras.

- Eu vou voltar para meu apartamento. - Digo.

- Você não vai a lugar algum.

- Eu...

- Nem pense que pode me abandonar Maya. - Ele me corta. - Então pode parar de pensar em
bobeira, porque não vou permitir que você saia do meu lado.

- Não vê que estou fazendo isso por você? - Começo a chorar.

- Eu não pedi para fazer nada por mim. - Jake fala com irritação. - Os problemas na empresa
são meus, e não tem nada a ver com você.

- É lógico que tem Jake. - Abaixo a cabeça.

Eu não seria capaz de olhar em seu rosto se acontecer alguma coisa por minha causa, então a
melhor coisa a se fazer é acabar com tudo definitivamente.

- Como nosso relacionamento daria certo se no primeiro problema que enfrentamos você quer
fugir Maya? - Jake pergunta. - Acha mesmo que eu me importo mais com a empresa do que
com você? Eu largaria tudo sem pensar duas vezes para ficar ao seu lado, mas pelo jeito você
não confia na minha capacidade de resolver os problemas, e já quer fugir como uma covarde.

Jake se levanta tão rápido que a cadeira cai para trás, e então ele começa a caminhar em
direção a saída da cozinha.
- Lembre-se que eu nunca pedi para se sacrificar por mim. - Ele para e fala de longe. - Mas se
não confia em mim e acha que a melhor alternativa é fugir ao invés de lutar ao meu lado,
talvez seja melhor colocar um ponto final nesse relacionamento. Eu te amo, mas não quero
uma mulher que fuja sempre que surgir obstáculos, e sim uma que estará junto de mim haja o
que houver.

- Jake...

Ele não espara eu dizer nada e começa a caminhar novamente, mas eu não o impesso e
continuo no mesmo lugar.

- Merda. - Praguejo.

Jake tem toda razão em estar chateado comigo. Ele tem razão em dizer que sou uma covarde
por querer fugir no primeiro problema que apareceu, mas estou com tanto medo que acabei
não pensando direito e acabei falando demais.

Eu deveria ter confiado nele, mas tudo o que eu fiz foi desistir, e agora eu não sei se ele vai me
perdoar por ter sido uma idiota.

Me levanto rapidamente e corro em direção as escadarias, mas paro quando ouço o barulho
de um carro sendo ligado, então eu corro em direção à porta da casa e a abro, mas para meu
desespero é tarde demais.

Cap 28

Abro a cortina e olho para fora da casa pela milésima vez para ver se Jake aparece, mas não
tem nenhum sinal dele.

Caminho em direção a cama e me sento, pego o celular e ligo para ele mais uma vez, mas Jake
continua não atendendo.

Por bobeira e falta de confiança posso ter acabado de perder o homem que amo. A culpa é
toda minha por ter sido tão idiota, por isso não posso achar ruim que ele esteja bravo comigo.
Acabei deixando meus problemas afetar nossa relação, e agora eu percebo que acabei sendo
precipitada ao pedir para terminarmos.

Nosso relacionamento nunca dará certo se eu continuar sendo tão idiota e cabeça dura. Se eu
quero que tudo dê certo entre nós dois tenho que aprender a confiar em Jake e em mim
mesma, caso contrário estaremos fadados ao fracasso.

Me levanto novamente e caminho em direção a janela, e assim que olho para fora vejo Jake
estacionando seu carro.

Apesar de estar nervosa esperando ele, corro em direção à porta do quarto e fico parada ao
lado dela.

Depois de algum tempo esperando por Jake percebo que ele não vai aparecer, então abro à
porta e dou alguns passos em direção ao seu quarto.

- Jake? - Chamo por ele.

Abro à porta do seu quarto e assim que o adentro o vejo parado com os braços para trás em
frente a janela.

Caminho até Jake lentamente, e assim que me aproximo dele o abraço por trás.

- Me perdoe. - Peço.

Jake pega a minha mão e tira da sua cintura, se vira em minha direção e me abraça.

- Eu fui uma idiota me desculpe.

- Me perdoe por ter ficado bravo também. - Jake beija o topo da minha cabeça.

- Você tinha razão. - Assumo.

- Não quer terminar mais? - Jake pergunta.


- Não. - Nego com a cabeça.

- Ótimo. - Jake sorri largo.

- Prometo que de agora em diante irei confiar em você. Mesmo que tenhamos que enfrentar o
mundo, faremos isso juntos.

Jake coloca uma mexa do meu cabelo atrás da orelha, em seguida me beija rapidamente.

- Essa é a May que eu amo. A mulher forte e decidida que não abaixa a cabeça para problemas.

- Provavelmente ainda farei muitas burradas, mas eu peço que tenha paciência comigo. -
Suspiro alto.

- Digo o mesmo para você. - Jake sorri de canto.

Ele pega minha mão e começa a caminhar em direção a cama, e assim que nos aproximamos
dela nos sentamos.

- Nick volta para casa amanhã, então temos que nós preparar para lhe contar o que aconteceu.
- Jake diz.

- Eu sei. - Abaixo a cabeça. - Já estou com dor de cabeça só de imaginar os sermões.

- Deveríamos ter contado tudo para ele.

- Isso é algo que deve ser resolvido entre Nick e eu, você não tem culpa de nada. - Falo.

- Mas eu sabia o que aconteceu e escondi dele, então tenho minha parcela de culpa.

- Escondeu porque eu pedi para você manter segredo. - Pego sua mão e aperto de leve.
Nick e Clary decidiram manter distância de celulares enquanto estivessem de lua de mel para
poder aproveitar cada segundo.

Agradeço por terem tomado essa decisão, caso contrário já teriam votado para casa se caso
vissem as manchetes nos jornais.

Tenho que me preparar psicologicamente para poder me encontrar com os dois, porque eu sei
que dessa vez não estarei livre da sua fúria.

O que aconteceu não era algo para manter em segredo, mas eu escolhi isso por vergonha e
porque eu sabia que iria ser a culpada na história porque não tinha nenhuma prova contra
Jacob.

E aconteceu tudo o que eu imaginei que aconteceria, só que eu não fui a única a ser assediada,
então Jacob acabou cavando sua própria cova.

Eu deveria ter contado tudo para Nick, mas eu sabia que ele iria fazer alguma loucura, e esse
foi mais um dos motivos para eu me calar.

Nunca me perdoaria se ele acabasse se prejudicando por minha causa, por isso eu achei que a
melhor alternativa era manter minha boca fechada.

Se Jacob não tivesse invadido meu apartamento, provavelmente Nick nunca iria saber do que
aconteceu. Agora eu não posso esconder dele uma das piores fases da minha vida.

Só espero que ele me entenda e que me perdoe por não ter dito nada.

- Já está tarde, vamos dormir. - Jake fala.

Me levanto da sua cama, e começo a caminhar em direção à porta do quarto, mas paro
quando Jake pergunta:

- Onde pensa que está indo?

- Para meu quarto. - Respondo.


- Durma aqui comigo. - Ele pede.

Jake puxa o cobertor e se deita, e bate a mão na cama enquanto me encara.

Me deito ao seu lado, então Jake joga o cobertor sobre nós, apaga a luz do abajur e me abraça
em seguida.

- Tente dormir um pouco. - Ele fala baixinho. - Quando acordar estarei aqui.

Apenas balanço a cabeça e então o abraço com mais força, como se eu estivesse protegida em
seus braços.

Ainda tenho alguns pesadelos com Jacob de vez em quando, mas nada comparado há alguns
dias atrás.

Eu estava evitando dormir o máximo que eu conseguia para não acordar desesperada por
causa dos pesadelos.

Jake sempre esteve ao meu lado quando eu abria meus olhos e começa a olhar em volta com
medo, e me consolava até eu me acalmar.

- Boa noite meu amor. - Jake beija minha testa.

- Boa noite. - Me aconchego ainda mais em seu corpo.

Em um momento de bobeira acabei falando loucuras, mas a minha sorte é que Jake é um
homem compreensivo.

Não me vejo longe do homem que eu amo, e não sei porque fui idiota ao ponto de sugerir que
terminássemos.

De agora em diante começarei a pensar mais antes de abrir minha boca grande, porque se eu
acabar falando idiotices novamente, talvez Jake não seja tão compreensivo.
Ele é um homem maduro, precisa de uma mulher a sua altura para ficar ao seu lado, então
preciso amadurecer e aprender a confiar se quiser que nosso relacionamento progrida
futuramente.

- Jake? - O chamo.

- Sim? - Ele responde.

- Eu te amo.

Jake beija o topo da minha cabeça, me abraça com força e então fala:

- Eu também te amo Maya.

Em seus braços me sinto segura e amada, e é o único lugar que quero estar o resto da minha
vida.

- Bom dia. - Jake deseja.

- Bom dia. - Sorrio abertamente.

Jake coloca o cotovelo na cama, e a cabeça na mão e fica me encarando.

- O que foi? - Questiono curiosa.

- Estou admirando a minha mulher. - Ele responde sorrindo.

- O que tem para se admirar aqui? Estou uma bagunça completa.


- Para mim continua linda. - Ele aperta minha bochecha.

- Acho que precisa de um exame de vista. Tem certeza que está enxergando bem? - Sorrio de
canto.

- Só para você saber, a minha visão é ótima.

Jake só pode estar tentando fazer alguma pegadinha comigo, ou ele é realmente louco por me
achar bonita quando acordo.

- Para mim você é sempre linda.

- Por isso que dizem que o amor é cego. - Gargalho alto.

Jake poderia ter a mulher que quisesse ao seu lado, mas por quê ele me escolheu? Sou tão
sem graça perto das mulheres exuberantes que o cerca. 

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro. - Ele balança a cabeça em concordância.

- Por que entre tantas mulheres escolheu eu?

- Porque você é a única que faz meu coração acelerar, é a única que eu desejo amor. Quando
você sorri eu me sinto alegre, quando você chora eu me sinto triste, e apesar das nossas
diferenças agora eu sei que fiz a escolha certa ao manter você ao meu lado. Eu quero ser o
motivo do seu sorriso, e quero estar ao seu lado para enchugar as suas lágrimas quando
chorar. Não me vejo fazendo isso com outra mulher que não seja você Maya, porque você é a
única mulher que tem meu coração por completo.

- Acho que vou chorar.

- Contanto que seja de alegria. - Jake sorri lindamente.


- Eu te amo. - Falo.

- Eu também te amo.

Abraço Jake com força, enquanto seguro as lágrimas de emoção. Posso não ser uma mulher
perfeita, mas sou a mulher que ele escolheu para estar ao seu lado, por isso farei tudo que
tiver ao meu alcance para lhe mostrar que fez a escolha certa ao me escolher para ser a dona
do seu coração.

Cap 29 – Penúltimo Capítulo

- Estamos atrasados. - Jake reclama.

- Eu sei.

Pego minha bolsa rapidamente e coloco a alça no ombro, e corro em direção ao Jake.

Começamos a caminhar em direção à porta da casa, e assim que ele a abre danos de cara com
Nick e Clary.

- Estávamos atrasados mas nem tanto. - Jake olha no relógio.

- Nosso vôo foi adiantado duas horas. - Clary explica.

- Por que não avisou? - Pergunto.

- Foi tudo tão corrido que acabamos esquecendo, mas obrigada por estarem indo nos buscar. -
Clary agradece.

Olho para Nick de soslaio, e vejo que ele parece estressado.


- Como foi a viagem? - Pergunto. - Se divertiram muito?

- Foi tudo perfeito. - Clary fala com animação.

- Fico feliz. - Sorrio abertamente.

Após Jake fechar à porta caminhamos em direção a sala. Nick e Clary se sentam em um sofá,
enquanto Jake e eu sentamos em outro.

- Por que está tão quieto Nick? - Questiono. - Não gostou da viajem?

- Você tem alguma coisa para me contar Maya? - Ele retruca.

Olho para ele sem entender nada, então Nick pega seu celular e praticamente joga sobre mim.

Assim que o pego e olho para a tela vejo que está aberto em um site a reportagem sobre o que
aconteceu com Jacob.

- Bem... Eu...

- O que é isso Maya? - Nick me corta. - Que merda é essa? Isso tudo é verdade?

- Sim. - Assumo.

- E por quê eu fiquei sabendo disso só agora?! Por que eu tive que saber por outras pessoas e
não por você?!

- Me desculpe. - Peço.

- Desculpas? - Ele me encara irritado.

- Eu não deveria ter escondido isso de você, então me perdoe.


Nick passa a mão pelo rosto com nervosismo, e parece estar pronto a explodir.

- Por que nunca me contou nada sobre isso Maya? - Clary pergunta.

- Eu sabia que não seria capaz de esconder isso do Nick. - Lhe respondo.

- Por que deveria esconder isso de mim droga?! - Ele questiona.

- Eu sabia que se te dissesse alguma coisa você iria acabar fazendo uma loucura.

- É óbvio que eu iria fazer uma loucura. Aquele desgraçado ousou...

- Quando está com raiva não pensa muito antes de agir, por isso eu não disse nada Nick. - O
corto. - Se você acabasse fazendo uma burrada e se prejudicasse, acha que eu iria me sentir
como?

Conheço meu irmão bem o suficiente para saber que ele não iria ficar quieto mesmo que
acabasse se dando mal, e eu não quis ser a pessoa que o levou a fazer uma loucura.

- Eu sou o seu irmão, deveria te proteger e cuidar de você.

- E você faz isso. - Falo. - Não quero que se sinta responsável por algo desagradável que me
aconteceu no passado.

- Como se isso fosse possível.

- Não seja idiota, você não tem culpa nenhuma. - O repreendo. - Mesmo que esteja ao meu
lado e cuidando de mim nunca será capaz de me proteger completamente Nick.

- Eu sei disso, mas...


- Reconheço que não deveria ter escondido algo tão sério de você, mas agora tudo está bem. -
O corto. - Minha vida está tomando um rumo que eu me agradado, e eu tenho todos vocês ao
meu lado. Não tenho motivos para ficar lembrando de coisas desagradáveis que me aconteceu
no passado, estou focada em ser feliz agora, enquanto deixo para trás todo medo e
arrependimentos, e eu desejo que faça o mesmo.

Passei por um momento ruim? Com toda certeza passei, mas eu não vou deixar isso afetar a
minha vida. Por mais que seja sujo e obscuro, o passado fica no passo, e tudo o que me
interessa é a minha felicidade, e as minhas novas conquistas de vida.

- Você é incrível, eu sabia que não iria se deixar abater por nada. - Clary sorri para mim. -
Tenho muito orgulho de você.

- Não vou tocar nesse assunto novamente, mas isso não quer dizer que eu não esteja bravo
com você. - Nick aponta o dedo para mim.

Me levanto e dou alguns passos em sua direção, me sento ao seu lado e pego sua mão.

- Não vai perdoar sua irmãzinha querida? - Faço carinha de cachorro sem dono.

- Nem perca seu tempo tentando, não vai me convencer tão facilmente. - Nick vira o rosto para
o outro lado.

- Me perdoe maninho. - Encosto a cabeça no seu ombro. - Por favorzinho, me perdoe.

- Não.

Ele não olha para mim, então começo a fazer cócegas em sua barriga.

- Para Maya! - Ele gargalha algo.

Paro de fazer cócegas e me aproximo dele novamente e pergunto:

- Agora você me perdoa?


- Não. - Ele nega com a cabeça.

- Então terei que fazer cócegas novamente.

- Pare. - Nick segura minha mão.

Ele se vira para mim, aperta minha mão levemente e fala:

- Eu fiquei desapontado por ter escondido algo tão sério de mim, mas eu também entendo o
porque se calou.

- Então você me perdoa? - Pergunto.

- É claro que eu te perdoou, mas por favor, nunca mais esconda nada de mim ok?

- Eu prometo. - Sorrio abertamente.

- Boa garota. - Nick bagunça meus cabelos.

Achei que Nick não iria me perdoar por algum tempo, mas para a minha felicidade eu estava
errada.

Apesar de ter dito que ficou desapontado, Nick sabe que eu estava certa ao pensar que ele
faria algo idiota, por isso acho que ele me perdoou com tanta facilidade.

- Obrigado por ter salvo nossa garota Jake. - Nick agradece. - E por socar a cara daquele
desgraçado.

- Não precisa agradecer. - Jake sorri largo. - Apenas fiz a minha obrigação.

Acho melhor meu irmão não saber que Jake já sabia sobre Jacob, ou acabará se irritando
novamente.
Meu irmão é muito possessivo comigo, e se ela imaginar que outro homem sabia sobre meus
problemas passados e ele não, Nick vai falar no meu ouvido até não aguentar mais.

- Mudando de assunto... - Olho para Clary com um sorriso malicioso nos lábios. - Praticaram
bastante? Meu sobrinho já está em seu ventre?

- Isso é coisa que se fala Maya? - Clary fica vermelha de vergonha.

- Praticar bastante nós praticamos, mas não te daremos um sobrinho por enquanto. - Nick diz.

- Por que não? - Pergunto.

- Quando se casar saberá a resposta. - Nick me responde.

Me levanto e me sento ao lado do Jake, olho para meu irmão com um sorriso malicioso nos
lábios e falo:

- Já que não querem me dar um sobrinho, talvez eu deva começar a praticar para lhe dar um.

- Do... do que está falando Maya?! - Nick se exauta.

- O que você acha Jake? - Ignoro meu irmão.

- Não ouse tocar na minha irmãzinha. - Nick aponta o dedo para Jake.

- Eu não fiz nada, sou inocente. - Jake levanta as mãos em sinal de rendição.

- Acho melhor vocês terminarem. - Nick diz. - Não estou preparado para isso... Oh merda,
agora estou imaginando coisas.

- Não seja idiota Nick. - Gargalho alto.


Jake não tentou ultrapassar a barreira que coloquei entre nós dois nenhuma vez sequer. Ele
sabe do meu desejo de me casar virgem, e apesar de saber que deve ser difícil para ele
esperar, fico feliz que ele esteja fazendo isso por mim, respeitando a minha decisão.

- Arrume suas coisas, vamos embora. - Nick se levanta.

- Sente-se Nick. - Clary faz ele se sentar novamente. - Não seja idiota.

- No momento em que me deu a sua bênção para namorar a sua irmã, a perdeu para mim
Nick. - Jake me abraça. - Agora ela é minha, e futuramente vai continuar sendo.

- Bobão. - Mostro língua para meu irmão. - Escutou o que o Jake falou? Você me perdeu.

- Tem certeza que é isso que você quer Jake? - Nick pergunta. - Minha irmã sabe ser louca as
vezes, estou com medo por você.

- Ei! - Jogo uma almofada em meu irmão.

- Está vendo? Ela é surtada. - Nick segura o riso.

Jake beija o topo da minha cabeça enquanto me abraça, e eu aproveito para ser mimada por
ele.

- Enquanto ela não surtar comigo está ótimo. - Jake diz.

- Toma bobão. - Mostro língua para Nick novamente.

- Bobona. - Ele faz o mesmo.

- Parecem duas crianças. - Clary começa a rir.


Eu acho que sou a pessoa mais sortuda desse mundo por ter uma família incrível. Na verdade
eu não acho, eu tenho certeza absoluta.

Apesar de não ter meus pais mais ao meu lado, tenho o suficiente para ser feliz e amada, e
tudo o que posso fazer é agradecer por ser tão abençoada.

Cap 30 – Último capítulo

- Tem certeza que vai voltar para o apartamento? - Jake pergunta.

- Sim. - Balanço a cabeça em confirmação.

- Por que não continua morando comigo?

- Não quero ser incômoda. - Lhe respondo.

- Não seja boba Maya, é óbvio que não seria incômodo algum. - Jake revira os olhos.

Agora que Jacob está preso não tenho motivos para continuar morando com Jake. Sou sua
namorada mas isso não quer dizer que tenho que abusar da sua boa vontade por muito
tempo.

Jake não quer que eu volte a morar sozinha, mas meus planos anteriores ainda estão de pé.
Continuarei sendo independe, enquanto eu trabalho e estudo, e se for para morarmos juntos
estaria deixando de lado as escolhas que fiz.

Não tenho nada contra quem mora com o namorado sem estarem casados, mas eu não quero
isso. Eu tenho meu modo de pensar, tenho as minhas crenças e escolhas, por isso quando
enfim for para morarmos juntos será após o casamento.

- Essa casa fica tão vazia sem você.

- Se quer tanto ficar ao meu lado todos os dias vamos nos casar então. - Brinco.
Jake começa a tossir freneticamente, enquanto me encara de olhos arregalados.

- Não acha que ainda é muito cedo para casamento? - Ele questiona assustado.

- Eu estava bricando com você Jake. - Reviro os olhos.

- Ótimo, porque não pretendo me casar por um longo tempo. - Jake resmunga baixinho.

- Ótimo? Está tão aliviado assim por eu estar brincando? Não pretende se casar por um longo
tempo?

- Não foi isso que eu quis dizer. - Ele balança as mãos.

- Pois parece que é exatamente o que quis dizer. - Digo séria. - Ficou todo assustado quando eu
falei sobre casamento, e quando eu disse que estava brincando ficou aliviado. Está namorando
comigo como um passa tempo?

- É claro que não Maya, você que está imaginando coisas.

- Não estou imaginando coisas, apenas percebi que sou a única que deseja casamento nessa
relação.

Termino de fechar minha mala e a coloco no chão, em seguida coloco a alça da bolsa no ombro
e começo a caminhar em direção à porta do quarto.

- Onde vai você? - Jake pergunta.

- Embora não está vendo? - Retruco com irritação.

Paro quando Jake segura minha meu braço, e fica de frente para mim.

- Se quer tanto se casar então faremos isso.


- E você consegue piorar ainda mais a sua situação. - Suspiro alto.

- Mas eu vou fazer o que você quer.

- Eu pareço alguém que quer obrigar alguém a se casar comigo Jake? Quero que isso aconteça
porque nós dois desejamos, me ouviu bem?

- Mas...

- Eu nunca me casaria com você nessa situação. - O corto. - Posso ser imatura em muitos
sentidos, mas tenho amor próprio o suficiente para não aceitar micharia de ninguém. Não vou
me casar apenas para satisfazer meus desejos e meus sonhos, enquanto a outra pessoa não
deseja e nem planeja o mesmo comigo.

Apesar de estar decepcionada eu não tenho o direito de julgar suas decisões. Eu quero me
casar, mas pelo jeito Jake não quer, e isso nos coloca em um impasse que eu não achei que
teríamos.

Nosso relacionamento está recente, e nesse momento nem eu quero me casar, mas algum dia
eu vou querer. Pode ser orgulho da minha parte, mas eu não vou abrir mão do meu sonho,
como também não quero forçar ninguém a se casar comigo.

Poderíamos até nos casar, mas eu tenho certeza que nessas circunstâncias nenhum de nós
dois seríamos felizes.

- Nunca havíamos conversado sobre isso, mas agora eu percebo que deveríamos ter feito isso
antes de começarmos a namorar. - Falo. - Assumo que estou um pouco decepcionada, mas foi
bom que tocou no assunto antes que fosse tarde demais.

- Do que está falando Maya?

- Acho melhor darmos um tempo para pensarmos melhor nos nossos objetivos de vida.

- De novo com esse assunto? - Jake pergunta com irritação.


- Eu sei exatamente o que eu quero, mas pelo jeito você não. - Digo. - Eu te amo e com toda
certeza quero passar o resto da minha vida ao seu lado, mas eu não estou disposta a te aceitar
pela metade Jake.

- Eu disse que me caso com você.

- É exatamente por isso que estou brava droga! - Me exato. - Acha mesmo que eu iria querer
me casar com você nessa situação?! Eu quero que deseje o mesmo que eu Jake, e não que se
sacrifique por mim! Acha que seriamos felizes?! Toda vez eu que eu te olhasse me lembraria
que se casou comigo apenas para realizar o meus desejos e meus sonhos, e toda vez que me
olhar lembrará a mesma coisa! Posso até ser uma covarde, mas não estou disposta a me
arriscar futuramente, porque eu sei que sofrerei bem mais que agora.

Eu o amo, e só de me imaginar longe do Jake meu coração dói, mas se for preciso manter
distância para que ele descubra o que realmente deseja eu farei isso.

Lhe darei espaço, e se depois de algum tempo ele decidir que me ama o suficiente para se
casar comigo porque quer, estarei o esperando, mas se Jake não me quiser mais, irei respeitar
a sua decisão mesmo que doa.

Não estou fugindo como uma covarde, como também não estava desistindo do nosso
relacionamento quando eu pedi um tempo, só acho que Jake precisa descobrir o que
realmente deseja, porque eu já tenho certeza absoluta do que quero.

Eu sei que ele me ama ao ponto de se sacrificar por mim, mas eu não quero isso porque sei
que nunca seríamos capazes de ser felizes com essas escolhas erradas.

Assumo que fiquei um pouco decepcionada por ele não querer se casar comigo, mas eu fiquei
ainda mais magoada por saber que ele seria capaz de fazer algo tão idiota ao ponto de se casar
comigo apenas para não me perder.

Isso seria injusto tanto com ele como comigo, por isso acho que a melhor alternativa nesse
momento é cada um ficar no seu canto, enquanto pensamos se as escolhas que fizemos até
aqui foram as certas.

- Acho... acho que é melhor eu ir agora. - Falo.


- Tem certeza que é isso que você quer? - Jake pergunta.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Vai continua trabalhando aqui?

- Mike me indicou no seu novo emprego, então se eu passar na entrevista provavelmente não.
- Respondo.

Ficamos em silêncio por um tempo apenas nos encarando, então dou um passo em direção ao
Jake e lhe dou um demorado beijo na bochecha.

- Bem... Então é isso. - Digo me distanciando. - Até mais Jake.

Ele apenas acena com a cabeça, e eu abro à porta do quarto com o coração doendo. Eu sabia
que seria dolorosa a hora da partida, mas eu não achei que seria tanto.

- Maya? - Jake me chama.

- Sim? - Me viro para ele.

- Se cuide.

- Você também. - Sorrio fraco.

Fecho à porta lentamente enquanto o observo com os olhos marejados de lágrimas, e nesse
momento tenho ainda mais certeza do quanto eu o amo, e o quanto será doloroso manter
distância.

Eu não sei se escolhi a melhor opção quando decidi dar um tempo na nossa relação, mas eu
quero pensar que sim.
Se fosse olhar para a minha vontade nesse momento, eu iria invadir o quarto e nunca mais sair
do seu lado, mas amar às vezes também requer alguns sacrifícios, e eu realmente espero que o
meu não seja em vão.

Epílogo

🌻Dois anos depois🌻

- Prontos para a foto? - Will pergunta.

- Sim. - Digo com animação.

- Sorriam. - Ele pede.

Nick e Clary fazem o que meu amigo pede, então ele tira uma foto nossa rapidamente.

- Podem relaxar agora. - Ele sorri abertamente.

- Como ficou? - Pergunto curiosa.

- Ficou boa. - Ele responde.

Will me entrega o celular, e eu olho para a tela para ter certeza que ele não fez nenhuma
gracinha.

- Deixe eu tirar uma de vocês também. - Lauren toma o celular da minha mão.
Will fica ao meu lado, envolve minha cintura com uma mão, e com a outra faz sinal de V com
os dedos.

Depois de dois anos de muita luta, enfim estamos nos formando hoje. Para celebrar um dia tão
especial para mim é óbvio que meu irmão e Clary não poderiam faltar.

Passei por muito apuro nesse meio tempo tentando conciliar estudo e trabalho, mas graças a
Deus eu consegui me formar.

Assumo que teve momentos que eu quis desistir, mas eu disse a mim mesma que não faria
isso, porque eu sabia que nos final das contas valeria a pena todo meu esforço.

Olhando para trás e agradeço a mim mesma por ter sido forte e continuado lutando por meus
sonhos dia após dia.

- Prontos? - Clary pergunta.

- Sim. - Respondemos em uníssono.

Alguns segundos depois ela caminha até nós e nos mostra a foto, e me entrega o celular.

- Não formamos um lindo casal? - Will questiona.

- Não seja idiota. - Lhe dou um tapa no braço.

- Doeu. - Ele faz uma careta.

- Tão dramático.

Will foi uma surpresa boa que aconteceu em minha vida nesse meio tempo. Nos conhecemos
quando comecei a estudar, mas fomos nos tornar amigos somente seis meses após o curso ter
começado.
Will é um palhaço que gosta de me importunar, mas um pouco da minha força de vontade veio
dele.

Nos momentos em que eu queria desistir, Will estava ao meu lado me apoiando e me dando
forças. Se hoje eu estou me formando, um pouco disso eu devo a ele por ter me ajudado a não
desistir.

- Estou tão feliz por você. - Clary me puxa para um abraço.

- Obrigada.

Quando nos ditanciamos meu irmão também me puxa para um abraço, beija o topo da minha
cabeça e pergunta:

- Está feliz?

- Com toda certeza sim. - Sorrio abertamente.

- Então isso é o que importa para mim. - Ele também sorri.

Me distancio do meu irmão e olho em volta na esperança de que possa ver Jake em algum
lugar, mas pelo jeito ele não vai aparecer em um dia tão importante para mim.

- Vamos para casa? - Clary pergunta.

- Vamos. - Digo.

Nick pega a mão da Clary e começam a caminhar, e do nada Will faz o mesmo comigo me
fazendo levar um susto.

- Está louco Will? - Pergunto rindo.

- Você é tão sem graça. - Ele revira os olhos.


- Só estou evitando ser massacrada por uma namorada ciumenta. - O empurro com o ombro.

- Se me aceitar eu termino com a Lana no mesmo instante. - Ele bate palmas com animação.

- Você faz o quê Will? - Alguém pergunta atrás de nós.

Nos viramos e damos de cara com Lana de braços cruzados, nos encarando séria.

- Você ouviu amorzinho? - Will se aproxima dela.

- É óbvio que ouvi. - Ela lhe dá um tapa no braço.

- Ela é louca Maya, me salve. - Will pede baixinho.

- Você quer morrer não quer? - Lana semicerra os olhos.

- É por isso que eu quero largar dessa mulher. - Will se esconde atrás de mim. - Ou ela acabará
me mantando.

- Não me envolva nos problemas de vocês dois. - Levanto as mãos em sinal de rendição.

- Tudo isso é culpa sua. - Lana aponta o dedo para mim.

Ela caminha em minha direção rapidamente, e quando está a centímetros de mim Lana me
puxa para um abraço.

- Vou te punir com um monte de beijinhos. - Ela fala.

- Eu não mereço isso. - Tapo meu rosto com as mãos. - Sou inocente.

- Meu namorado prefere a minha amiga, então é óbvio que é culpada.


- Eu sei que sou irresistível, mas se quer punir alguém faça isso com Will. - Me escondo atrás
dele.

- Faça isso amor. - Will fala.

Olho para Lana enquanto escondo atrás de Will, e vejo que ela se aproxima dele e cochicha:

- Está de castigo.

- Por quê? - Will questiona.

- Porque você merece. - Ela dá de ombros.

- Vocês não vem? - Clary pergunta para nós.

- Sim. - Dizemos em uníssono.

Will pega a mão da Lana, e então começamos a caminhar em direção a meu irmão e Clary.

- Achei que não iria vir. - Falo com Lana.

- Consegui sair alguns minutos mais cedo do serviço, mas não foi o suficiente para conseguir
chegar a tempo da formatura.

- O importante é que você veio. - Will beija seu rosto.

Antes de ser amiga do Will eu fui amiga da Lana primeiramente. Nos conhecemos na faculdade
em um dia de festa.

Acidentalmente ela derramou seu suco em mim, e desse dia em diante nos tornamos amigas.
Lana já namorava com Will nessa época, mas só descubri que estávamos na mesma classe
quando ela nos apresentou.

Nos tornarmos inseparáveis desde então, e a cada dia que passa nossa amizade se fortalece
cada vez mais.

- Vim somente para ver meu namorado idiota querendo me abandonar.

- Você sabe que eu nunca te largaria né meu amor? - Will beija seu rosto. - Eu te amo demais
para viver sem você.

- Eu sei. - Ela sorri de canto.

- Quanta melação. - Faço uma careta.

- Precisa arrumar um namorado também. - Lana fala. - Para poder ficar com mela...

- O que eu preciso é ficar rica e não de um namorado. - A corto.

Lana e Will começam a rir alto pois sabem que estou mentindo. Não arrumo um namorado
porque ainda amo Jake, e espero por ele todos os dias.

Meu irmão e Clary ficaram surpresos quando eu disse que havia terminado com Jake, e o
motivo.

Os dois apoiaram a minha decisão, mas antes me perguntaram se era o que eu desejava e eu
disse que sim.

Algum tempo depois meu irmão me chamou para conversar, e me contou o motivo de Jake ter
medo de casamento.

Após a morte do seu pai sua mãe se casou diversas vezes, então Jake teve a infelicidade de
presenciar cenas desagradáveis, como a decadência da própria mãe.
Meu irmão era o único que sabia sobre esse passado dolorido, e após ele me contar eu pude
entender seus motivos.

Apesar de querer ir atrás dele todos os dias, continuei longe esperando ansiosamente pelo dia
que Jake viria até mim.

Talvez eu tenha feito uma escolha errada, mas eu não acho isso. Nesses dois anos que se
passaram eu me tornei uma pessoa mais madura, pude entender melhor como é a vida de um
adulto responsável e independe. Se tivéssemos continuado com nosso namoro no passado,
provavelmente eu teria feito muitas burradas por não entender melhor sobre a vida e como
ela pode ser difícil, mas agora eu sei dar valor as pequenas coisas.

Meus pensamentos sobre casamento não mudou, mas agora eu sei que não é tão fácil quanto
parece. Dividir a vida com uma pessoa completamente diferente de você é algo louco, mas ao
mesmo tempo gratificante.

Amar uma pessoa ao ponto de abrir mão das suas vontades para ver a outra pessoa feliz é algo
lindo, e saber dar valor as pequenas coisas e momentos mais simples é ainda mais incrível.

Apesar de ter passado poucos anos eu sei que mudei em muitos aspectos, e talvez eu tenha
precisado desse tempo sozinha para me redescobrir.

Se Jake me quiser de volta estou disposta a aceitá-lo, mas se nesse meio tempo ele descobriu
que não me ama, mesmo que seja difícil estou pronta para aceitar sua decisão.

- Parabéns pela nova conquista Maya. - Mike me abraça.

- Obrigada. - Agradeço.

- Não se esqueçam de nós quando forem famosos.

- Eu já me esqueci. - Will finje desinteresse. - Quem é Mike?


Nesses dois anos que se passaram, Will, Lana e eu economizamos ao máximo para poder abrir
um negócio juntos após o término do nosso curso.

Temos em mente que não será fácil, mas não chegamos tão longe para desistir agora. Será
difícil? Com toda certeza, mas estamos dispostos a lutar com bravura pelos nossos sonhos.

- A pizza chegou. - Clary diz quando a campainha da casa toca.

- Deixe que eu atendo. - Mike se levanta.

Ele começa a caminhar em direção à porta, enquanto continuamos conversando animados.

Alguns segundos depois Mike volta, e coloca sobre a mesinha de centro as caixas de pizza.

- Tome. - Ele me entrega uma delas. - Essa é especialmente para você.

- Obrigada. - Agradecendo já lambendo os lábios.

Quando abro a caixa de Pizza tenho um mini infarto, e no mesmo instante tenho certeza que
foi engano.

- Essa caixa não deveria ser da Lana? - Pergunto. - Acho que acabei de estragar a sua surpresa
Will.

Todos olham para o que está escrito na caixa, e para o anel de casamento, mas não parecem
supresos.

- Esse pedido de casamento não é meu. - Will nega com a cabeça.

- O entregador deve ter deixado na casa errada. - Olho para a caixa.

Olho para o lado quando vejo que à porta está se abrindo, e então Jake adentra o ambiente
com um buquê gigante de flores nas mãos.
- Acho que o entregador entrou na casa certa. - Lana cochicha.

Olho para a caixa novamente, e então olho para Jake, e repito o processo várias vezes.

- Acho que eu devo um pedido de desculpas pela demora. - Jake me entrega o buquê.

- Mas... eu... o quê... - Não consigo formar uma frase sequer.

- Demorei algum tempo criando coragem para aparecer em sua frente novamente. - Ele fala. -
Muita coisa mudou ao longo desses dois anos, mas o meu amor por você não. Agora eu sei que
estou pronto para me casar com você, só espero que eu não esteja muito atrasado.

- Por que me propôs casamento usando uma caixa de Pizza? - Pergunto segurando o riso.

- Não gostou? Você ama comer. - Jake sorri de canto.

- Eu amei. - Assumo.

Ele pega o anel que está grudado na caixa, em seguida se ajoelha e pega minha mão.

- Fui um idiota por permanecer tanto tempo longe de você, mas eu tenho certeza que nesse
meio tempo amadurecemos. - Jake diz. - Há algum tempo que eu já havia percebido que a
minha felicidade está ao seu lado, mas eu esperei até você se formar para não lhe atrapalhar,
mas agora estou disposto a te fazer uma pergunta, e espero que sua resposta seja sim. Aceita
se casar comigo Maya? - Jake sorri lindamente. - Aceita esse homem cheio de defeitos, mas
que te ama intensamente?

- Você tem certeza que é isso que deseja Jake? - Pergunto. - Não está fazendo isso por...

- Sugeri algo idiota no passado, me perdoe. - Ele me corta. - Mas eu tenho certeza absoluta
que quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Quero lhe provar que estou falando a
verdade, então me dê mais um chance por favor.
Jake parece está sendo sincero, então continuo o encarando em silêncio por um tempo para
ver se seu olhar vacila um pouco.

- Me dê sua reposta logo, meu joelho está doendo. - Ele faz um careta.

- Diga logo Maya, se esqueceu que Jake já é um homem velho? - Nick gargalha alto.

- Aceita. - Clary faz sinal de positivo com o dedo polegar.

Entrego o buquê de flores para Lana, em seguida me viro para Jake novamente e o ajudo a se
levantar.

- E então... Qual é a sua resposta? - Ele pergunta ansioso.

- Minha resposta é... - Coloco a mão no queixo. - Sim, minha resposta é um sim.

Jake me puxa para um abraço apertado, e quando se distância beija todo meu rosto diversas
vezes.

- Prometo que te farei a mulher mais feliz desse mundo. - Ele diz ao se distanciar.

- Pode ter certeza que vai, ou cabeças vão rolar. - Nick faz um cara de psicopata.

- Não estrague o momento Nick. - O repreendo.

Jake ignora meu irmão, coloca o anel em meu dedo e beija a minha mão em seguida.

- Acho que agora podemos comer não é verdade? - Will olha para as caixas de pizzas.

- Tão indiscreto. - Lana revira os olhos. - Ignore Jake.


Eles se cumprimentam, e logo em seguida atacam as pizzas sem dó nem piedade, e eu
aproveito o momento de distração deles, pego a mão de Jake e puxo em direção ao meu
antigo quarto.

Abro à porta e adentro o ambiente, e assim que Jake faz o mesmo a fecho.

- Tem certeza que quer deixá-los sozinhos? Provavelmente vão te deixar sem pizza. - Jake fala.

- Isso é mais importante.

- O que é mais importante? - Jake questiona.

Me aproximo dele lentamente, envolvo meus braços em volta do seu pescoço e o puxo para
mais perto de mim.

- Isso é mais importante. - Cochicho.

Junto nossos lábios em um beijo lento e cheio de saudades, mas repleto de promessas e amor.

- Eu senti tanto a sua falta. - Falo ao nos ditanciarmos.

- Eu também senti a sua. - Jake beija minha testa.

- Esperei por você todos os dias. - Confesso.

- Me perdoe por fazê-la sofrer. Me perdoe por ter sido tão idiota.

- O passado não importa mais. - Sorrio abertamente.

Jake pega minha mão e me puxa em direção a cama, então nós sentamos lado a lado.

- Nick me disse que lhe contou sobre a minha família.


- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Depois que eu descobri eu te entendi, mas me mantive longe
para que pudesse pensar, e superar seus medos.

- Acabei deixando os problemas da minha família interferir em minha felicidade, mas graças a
você eu percebi que estava errado a tempo. - Jake aperta minha mão levemente. - Mesmo de
longe você me deu forças para deixar o passado no passado. Obrigado por ter tido tanta
paciência comigo Maya.

- Tenho certeza que o que aconteceu serviu para nos deixar ainda mais unidos. - Coloco minha
cabeça em seu ombro. - Agora eu sei que lhe darei muito mais valor, como sei que fará o
mesmo por mim.

- Eu te amo tanto. - Jake fala.

Olho para ele com um sorriso largo nós lábios e digo:

- Eu também te amo.

Jake beija meus lábios rapidamente, em seguida enfia a mão no bolso da calça e tira o que
parece ser um colar.

- Esse é meu presente pela sua formatura. - Ele me entrega o objeto.

- Obrigada. - Agradeço.

Abro o estojo de veludo, e vejo um colar de ouro, com um pingente de um casal e duas
crianças.

- Eu amei. - Digo emocionada.

- Esse é o nosso futuro em formato de pingente. - Jake diz colocando o colar em meu pescoço.
- Obrigada pelo presente. - Agradeço. - E obrigada por me amar e por querer ter uma família
ao meu lado.

- Eu que deveria agradecer amor. - Jake beija minha bochecha.

Coloco minha cabeça em seu peito enquanto Jake me abraça com força, e nesse momento
tenho ainda mais certeza do quanto o amo, e o quanto me sinto protegida em seus braços.

Eu não sei o que o futuro nos reserva, mas se for depender de mim quero passar o resto da
minha vida ao seu lado, sendo feliz e o fazendo feliz.

- Nunca se esqueça que eu te amo Maya. - Jake diz baixinho.

Pego seu rosto entre as mãos, lhe dou um rápido beijo nos lábios e falo em seguida:

- Eu também te amo Jake.

Nossa história juntos recomeça agora. Hoje deixamos nossos medos e receios de lado, porque
sabemos que só assim seremos capazes de construir um futuro juntos, onde o respeito,
companheirismo e o amor estarão sempre presentes.

🌻Fim.🌻

Você também pode gostar