U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010
MATERIAL DIDÁTICO
TÓPICOS ESPECIAIS EM SCI
Impressão
e
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SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 03
UNIDADE 2 – A INSPEÇÃO PREDIAL .................................................................... 05
2.1 Etapas para realização de uma inspeção predial ................................................ 08
2.2 Documentos a serem analisados na Inspeção Predial ........................................ 11
UNIDADE 3 – O SEGURO-INCÊNDIO ..................................................................... 15
3.1 Do nascimento ao seguro saúde – breve história ............................................... 15
3.2 Surgimento do seguro no Brasil .......................................................................... 16
3.3 O seguro-incêndio e o Instituto de Resseguros do Brasil .................................... 17
3.4 A matriz de sinistralidade .................................................................................... 23
UNIDADE 4 – PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE ...... 28
UNIDADE 5 – INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS-GARAGEM .......................................... 35
UNIDADE 6 – A PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS E ARQUIVOS
HISTÓRICOS ............................................................................................................ 41
UNIDADE 7 – A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DE INCÊNDIOS ............................ 47
7.1 Ações do investigador segundo Braga e Landim ................................................ 48
7.2 Métodos de investigação ..................................................................................... 49
7.3 Compreensão da dinâmica do incêndio .............................................................. 54
7.4 Informações para o laudo pericial ....................................................................... 60
7.5 A importância da coleta de dados de incêndios pelos bombeiros ....................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Não nos cansamos de frisar em todos os módulos que muito além de
atender a legislação vigente, elaborar projetos na construção civil fazendo valer a
segurança contra incêndios e pânico é essencial para preservar vidas e patrimônio.
Pois bem, existem alguns conteúdos ou matérias que costumamos reunir e
considerar como “tópicos especiais”. A explicação mais simples é que são assuntos
que tangenciam os conteúdos nucleares, mas, claro, não são menos importantes.
Eles ficariam, vendo por certo ângulo, deslocados ao longo dos módulos que
costumam seguir uma lógica, uma evolução nos conteúdos estudados.
Feitas estas justificativas, veremos os seguintes tópicos especiais:
Iniciaremos nossos estudos pela Inspeção predial nos termos da Cartilha
elaborada pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São
Paulo (IBAPE/SP, 2013), a qual nos chama atenção para a prevenção, uma cultura
que nós brasileiros não estamos acostumados: os custos preventivos são muito
menores do que os corretivos, essa é a verdade!
O seguro-incêndio, enquanto ramo do seguro, tem por objetivo atenuar o
prejuízo decorrente de um sinistro, coberto em uma apólice de seguros, que um
edifício ou instalação venha a sofrer e o Engenheiro Especialista precisa conhecer
detalhes desse seguro para, dentre outros motivos, elaborar projetos com
consciência e saber defendê-lo perante seus clientes.
A segurança contra incêndios em instituições de saúde, principalmente nos
hospitais, é uma questão que merece uma atenção especial por, pelo menos, duas
razões. A primeira é que muitos pacientes não poderão abandonar a edificação sem
auxílio de outras pessoas e, mesmo assim, esta saída pode ser difícil e demorada. A
segunda é que muitas das pessoas hospitalizadas se encontram em estado de
saúde debilitado e, portanto, estão mais vulneráveis aos efeitos dos incêndios, em
especial aos seus gases tóxicos (GILL; ONO, 2006).
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Incêndios em edifícios-garagem também merecem destaque, visto ser este
um ambiente onde encontraremos uma combinação de fatores que podem
potencializar um incêndio.
Em todo e qualquer tipo de sinistralidade, busca-se diminuir os erros de
projetos que se multiplicam ao não se observar os requisitos mínimos de segurança
contra incêndio.
Evidentemente que no caso de incêndios, busca-se primeiramente preservar
vidas humanas, mas não podemos nos furtar e entender que existem documentos,
objetos, sítios históricos que estão em jogo e as edificações que venham a manter
sua guarda precisam ser preservadas.
Segundo Araújo (2004), quando da ocorrência de um incêndio, bens são
danificados ou mesmo destruídos e, ainda que contando com informações sobre o
que foi perdido, a reconstrução de alguma obra pode até mesmo se tornar possível
do ponto de vista material, mas o valor de sua autenticidade já não existirá mais.
Nesse contexto, Antunes (2011) justifica em sua dissertação de mestrado, a
importância e a responsabilidade social da preservação de documentos
denominados permanentes, custodiados a arquivos públicos, particularmente sobre
a questão da segurança contra o risco de incêndio e suas consequências.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.
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UNIDADE 2 – A INSPEÇÃO PREDIAL
Neves e Branco (2009) justificam que os acidentes prediais decorrentes de
falhas na construção ou na manutenção predial vêm causando mortes e prejuízos
injustificáveis. Desabamentos, incêndios, quedas de marquises e fachadas,
vazamentos, infiltrações e tantas outras mazelas provenientes dos descuidos com a
edificação, podem ser evitados com medidas preventivas simples, de longo prazo,
através de um planejamento que se inicia com a Inspeção Predial para a posterior
implantação do plano de manutenção, que garante a boa performance do prédio, a
segurança e o conforto dos seus usuários, daí, a Inspeção Predial deve ser
entendida como uma vistoria para avaliar os estados de conformidade de uma
edificação, mediante aspectos de desempenho, vida útil, segurança, estado de
conservação, manutenção, desempenho, exposição ambiental, utilização, operação,
observando sempre às expectativas dos usuários.
Nos países de primeiro mundo, manter o patrimônio imobiliário em boas
condições de uso é uma questão cultural e rotineira, sendo que a contratação dos
serviços de Inspeção Predial para elaboração de um plano para manutenção é
realizada naturalmente, demonstrando a consolidação desta atividade nestes
países.
Nos EUA e no Canadá, a Inspeção Predial é considerada como pré-requisito
em qualquer transação imobiliária, sendo obrigatória a juntada do laudo de inspeção
para a assinatura dos contratos. Nos prédios públicos desses países, pode-se
verificar o Certificado de Inspeção Predial nos quadros de avisos, e nos imóveis
residenciais disponíveis para venda e locação, este certificado é geralmente fixado
atrás da porta, permitindo em ambos os casos ao usuário ou ao futuro morador,
avaliar as condições físicas e o estado de conservação destas edificações.
No Brasil, as transações imobiliárias são completamente diferentes, pois,
grande parte das negociações é concretizada levando em consideração as
informações fornecidas pelo atual proprietário do imóvel ou pelo intermediador da
venda, ignorando as informações técnicas que deveriam ter sido anteriormente
levantadas por um profissional especializado. Com o laudo de inspeção predial em
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mãos, o comprador e/ou usuário estaria munido de informações técnicas
fundamentadas, capazes de orientá-lo na negociação do valor ou até mesmo
direcioná-lo em sua decisão de compra (NEVES; BRANCO, 2009).
Além de orientar as transações imobiliárias, o laudo de inspeção predial
funciona como uma importante ferramenta no auxílio para identificação de anomalias
e falhas, que podem comprometer o funcionamento do edifício ou até mesmo
colocar em risco a integridade física dos seus usuários.
Na realização da inspeção predial, as anomalias ou falhas constatadas
serão devidamente analisadas e classificadas de acordo com o grau de risco
apresentado, fornecendo ao condomínio um direcionamento de todos os serviços a
serem realizados e a ordem cronológica com que estes serviços deverão ser
executados, possibilitando um planejamento de todos os gastos e a racionalização
dos serviços.
Encontramos no IBAPE-nacional e IBAPE-SP, conceitos, recomendações e
as normas necessárias, como veremos adiante.
De acordo com a Norma do IBAPE/SP (2013), Inspeção Predial é a “análise
isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da
edificação”. Definições semelhantes e complementares estão dispostas, também,
nas normas:
ABNT NBR 5674: Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema
de gestão da manutenção:
Avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizada
para orientar as atividades de manutenção.
ABNT NBR 15575-1: Edifícios habitacionais – Desempenho, a saber:
Verificação, através de metodologia técnica, das condições de uso e de
manutenção preventiva e corretiva da edificação.
GOMIDE (2009) definiu a Inspeção Predial como sendo uma vistoria técnica
da edificação para a apuração de suas condições técnicas e para determinação das
medidas preventivas e corretivas necessárias para a boa conservação e
manutenção do prédio.
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No entanto, este conceito tem evoluído rapidamente e hoje tal definição
destaca o aspecto da avaliação técnica, da funcionalidade e da manutenção da
edificação, buscando a Qualidade Predial Total, levando em consideração o uso e a
as condições de conformidade proposta por JURAN (1990 apud NEVES; BRANCO,
2009).
Dessa forma, o conceito de Inspeção Predial mais abrangente e em conexão
ao objetivo de qualidade predial total foi definido como sendo a avaliação das
condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação visando orientar a
manutenção e obter a Qualidade Predial Total (GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES
NETO, 2006).
Na prática, inspeção predial é uma avaliação sistêmica com o objetivo de
identificar o estado geral da edificação e de seus sistemas construtivos, observados
aspectos de desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de
conservação, manutenção, utilização e operação, consideradas as expectativas dos
usuários. É análise da manutenção definida como
conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a
capacidade funcional da edificação e de seus sistemas constituintes, a fim
de atender às necessidades e segurança dos seus usurários (ABNT NBR
15575-1).
Para tanto, o trabalho de inspeção predial considera a edificação como o
corpo humano e, assim como em um check-up médico, avalia cada parte ou
elemento construtivo. Assim como ocorre para a Medicina, deve ser realizada por
profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto), especialista e capacitado para a
função.
Frise-se: Inspeção Predial não é a Manutenção da Edificação. É uma das
ferramentas que auxilia na elaboração ou revisão do plano de manutenção e na
gestão predial.
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Relembramos que as edificações devem ser projetadas, construídas e
mantidas para:
atender às necessidades de dificultar o princípio do incêndio;
atender às necessidades de dificultar a propagação do incêndio;
dispor de equipamentos de extinção, sinalização e iluminação de emergência;
facilitar a fuga em situações de incêndio;
minimizar risco de colapsos estruturais em situações de incêndio
(desempenho estrutural);
controlar os riscos na propagação de incêndio e preservar a estabilidade
estrutural da edificação;
sistemas de cobertura com resistência ao fogo;
entrepisos com adequada resistência ao fogo para controle de propagação de
fumaça e incêndio, colaborando com a estabilidade estrutural total e/ou
parcial;
dificultar inflamação generalizada e limitar a fumaça, dentre outros.
A Inspeção Predial nos componentes de prevenção e combate a incêndio
possibilita o correto monitoramento e controle sobre a manutenção e gestão do
sistema ao proprietário. Conforme critério e método para sua realização, previsto na
Norma de Inspeção Predial do Ibape/SP, identifica eventuais falhas, suas
criticidades e o que deve ser ajustado ou reparado, antes da operação do sistema, o
que evita acidentes.
2.1 Etapas para realização de uma inspeção predial
1ª etapa: levantamento de dados e documentos da edificação:
administrativos, técnicos, de manutenção e operação (plano, relatórios, históricos,
entre outros).
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2ª etapa: entrevista com gestor ou síndico para averiguação de informações
sobre o uso da edificação, histórico de reformas e manutenção, dentre outras
intervenções ocorridas.
3ª etapa: realização de vistorias na edificação, realizadas com equipe
multidisciplinar ou não, dependendo do tipo de prédio e da complexidade dos
sistemas construtivos existentes. O número de profissionais envolvidos na inspeção
predial e a complexidade da edificação definem o nível de inspeção a ser realizado.
Este pode ser classificado em:
Nível 1: para edificações mais simples, normalmente sem necessidade de
equipe multidisciplinar. Por exemplo: casas, galpões, edifícios até três pavimentos,
lojas, entre outros.
Nível 2: para edifícios multifamiliares, edifícios comerciais sem sistemas
construtivos mais complexos, como climatização, automação, entre outros.
Normalmente envolve equipe multidisciplinar com engenheiros civis ou arquitetos,
mais engenheiros eletricistas.
Nível 3: para edificações complexas, onde há sistema de manutenção
implantado conforme a ABNT NBR 5674. Sempre realizada por equipe
multidisciplinar, envolvendo engenheiro civil ou arquiteto, engenheiro eletricista e
engenheiro mecânico.
4ª etapa: classificação das deficiências constatadas nas vistorias, por
sistema construtivo, conforme a sua origem. Essas podem ser classificadas em:
- anomalias construtivas ou endógenas (quando relacionadas aos problemas
da construção ou projeto do prédio);
- anomalias funcionais (quando relacionadas à perda de funcionalidade por
final de vida útil – envelhecimento natural);
- falhas de uso e manutenção (quando relacionadas à perda precoce de
desempenho por deficiências no uso e nas atividades de manutenção periódicas).
Todas as deficiências são cadastradas por fotografias que devem constar no Laudo
de Inspeção Predial.
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5ª etapa: classificações dos problemas (anomalias e falhas), de acordo com
grau de risco. Essa classificação consiste na análise do grau de risco, considerados
os fatores de conservação, rotinas de manutenção previstas, agentes de
deterioração precoce, depreciação, riscos à saúde, segurança, funcionalidade e
comprometimento de vida útil. Os graus de risco são definidos como:
crítico – risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e
do meio ambiente; perda excessiva de desempenho e funcionalidade
causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo de
manutenção e recuperação; comprometimento sensível de vida útil;
regular – risco de provocar a perda parcial de desempenho e funcionalidade
da edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, e deterioração
precoce;
mínimo – risco de causar pequenos prejuízos à estética ou atividade
programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de
ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum
comprometimento do valor imobiliário.
6ª etapa: elaboração de lista de prioridades técnicas, conforme a
classificação do grau de risco de cada problema constatado. Essa lista é ordenada
do mais crítico ao menos crítico.
7ª Etapa: elaboração de recomendações ou orientações técnicas para a
solução dos problemas constatados. Essas orientações podem estar relacionadas à
adequação do plano de manutenção ou a reparos e reformas para solução de
anomalias.
8ª Etapa: avaliação da qualidade de manutenção. Essa pode ser classificada
em: atende, não atente ou atende parcialmente. Resumidamente, para essa
classificação, consideram-se as falhas constatadas na edificação, as rotinas e
execução das atividades de manutenção e as taxas de sucesso, dentre outros
aspectos.
9ª Etapa: avaliação do uso da edificação. Pode ser classificado em regular
ou irregular. Observam-se as condições originais da edificação e seus sistemas
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construtivos, além de limites de utilização e suas formas. A Inspeção Predial
possibilita atendimento à vida útil do sistema e de seu desempenho. Se realizada de
forma planejada e com periodicidades preestabelecidas, assegura a confiabilidade e
disponibilidade à instalação no seu funcionamento e operação, evitando surpresas,
imprevistos e situação de pânico (IBAPE/SP, 2013).
2.2 Documentos a serem analisados na Inspeção Predial
O IBAPE-nacional (2012) recomenda analisar, quando disponíveis e
existentes, os seguintes documentos administrativos, técnicos, manutenção e
operação da edificação.
Também ressalta que a lista apresentada deve ser adequada pelo inspetor
predial, conforme o tipo e a complexidade da edificação e suas instalações e
sistemas construtivos a serem inspecionados.
a) Documentos administrativos:
Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio;
Regimento Interno do Condomínio;
Alvará de Construção;
Auto de Conclusão;
IPTU;
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);
Alvará do Corpo de Bombeiros;
Ata de instalação do condomínio;
Alvará de funcionamento;
Certificado de Manutenção do Sistema de Segurança;
Certificado de treinamento de brigada de incêndio;
Licença de funcionamento da prefeitura;
Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual;
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Cadastro no sistema de limpeza urbana;
Comprovante da destinação de resíduos sólidos, entre outros;
Relatório de danos ambientais, quando pertinente;
Licença da vigilância sanitária, quando pertinente;
Contas de consumo de energia elétrica, água e gás;
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional;
Alvará de funcionamento;
Certificado de Acessibilidade.
b) Documentos técnicos:
Memorial descritivo dos sistemas construtivos;
Projeto executivo;
Projeto de estruturas;
Projeto de Instalações Prediais:
Instalações hidráulicas;
Instalações de gás;
Instalações elétricas;
Instalações de cabeamento e telefonia;
Instalações do Sistema de Proteção Contra Descargas;
Instalações de climatização;
Combate a incêndio;
Projeto de Impermeabilização;
Projeto de Revestimentos em geral, incluída fachadas;
Projeto de paisagismo.
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c) Documentos de manutenção e operação:
Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do Proprietário e do
Síndico);
Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC);
Selos dos Extintores;
Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA);
Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA;
Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios;
Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos
reservatórios e da rede;
Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras;
Laudos de Inspeção Predial anteriores;
Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores;
Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral;
Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas
específicos, tais como: ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV,
equipamentos eletromecânicos e demais componentes.
Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar
condicionado central;
Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás;
Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas,
entre outros;
Cadastro de equipamentos e máquinas (IBAPE-nacional, 2012).
Relembramos aqui as anomalias e falhas que constituem não conformidades
que impactam na perda precoce de desempenho real ou futuro dos elementos e
sistemas construtivos, e redução de sua vida útil projetada. Podem comprometer,
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portanto: segurança; funcionalidade; operacionalidade; saúde de usuários; conforto
térmico, acústico e lumínico; acessibilidade, durabilidade, vida útil, dentre outros
parâmetros de desempenho definidos na ABNT NBR 15575.
As não conformidades podem estar relacionadas a desvios técnicos e de
qualidade da construção e/ou manutenção da edificação. Podem, ainda, não atender
aos parâmetros de conformidade previstos para os sistemas construtivos e
equipamentos instalados, tais como: dados e recomendações dos fabricantes,
manuais técnicos em geral, projetos e memoriais descritivos, normas, entre outros.
Vejamos no quadro abaixo a classificação para anomalias e falhas
Classificação das:
Originária da própria edificação (projeto, materiais e
Endógena
execução).
Originária de fatores externos a edificação, provocados
Exógena
por terceiros.
Anomalias
Originária de fenômenos da natureza.
Natural
Originária da degradação de sistemas construtivos pelo
Funcional
envelhecimento natural e, consequente, término da vida
útil.
Decorrentes de falhas de procedimentos e especificações
De
inadequados do plano de manutenção, sem aderência a
Planejamento questões técnicas, de uso, de operação, de exposição
ambiental e, principalmente, de confiabilidade e disponibilidade
das instalações, consoante a estratégia de Manutenção. Além
dos aspectos de concepção do plano, há falhas relacionadas às
periodicidades de execução.
Falhas Associada à manutenção proveniente de falhas causadas pela
De execução
execução inadequada de procedimentos e atividades do plano
de manutenção, incluindo o uso inadequado dos materiais.
Relativas aos procedimentos inadequados de registros,
Operacionais
controles, rondas e demais atividades pertinentes.
Decorrentes da falta de controle de qualidade dos serviços de
Gerenciais
manutenção, bem como da falta de acompanhamento de custos
da mesma.
Fonte: IBAPE-nacional (2012).
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UNIDADE 3 – O SEGURO-INCÊNDIO
3.1 Do nascimento ao seguro saúde – breve história
Para tratarmos do seguro-incêndio no Brasil, faremos alguns recortes no
tempo e no espaço, não alongando na história, apesar de lembrar-lhes que cerca de
2.500 anos antes da Era Cristã, os cameleiros da Babilônia, preocupados com as
constantes perdas nas caravanas, instituíram, mediante um acordo, uma forma
mutualista de amparar um companheiro prejudicado: se um deles perdesse um
animal durante uma das caravanas, fosse por morte ou desaparecimento, receberia
outro, pago por todos os demais cameleiros. Mais tarde, procedimento similar veio a
ser adotado posteriormente pelos navegadores fenícios e hebreus.
No século XII DC, surgiu uma modalidade de seguro chamada de Contrato
de Dinheiro a Risco Marítimo, por meio da qual a pessoa denominada financiador
emprestava ao navegador o dinheiro correspondente ao valor da embarcação. Se a
embarcação se perdesse, o navegador não devolvia o dinheiro emprestado, mas se
a embarcação chegasse intacta ao seu destino, o dinheiro emprestado era devolvido
ao financiador, acrescido de juros.
Esses procedimentos foram passando por um processo de aprimoramento
até que, em 1347, surgiu em Gênova – Itália, o primeiro contrato de seguro marítimo,
com a emissão da respectiva apólice de seguro.
Somente em 1591, na cidade de Hamburgo, surgiu uma grande empresa de
seguros denominada “Contrato de Fogo” formada pelos proprietários de cem
fábricas de cerveja. Mais tarde, em 1676, a essa empresa se fundiram outras
quarenta e seis menores do mesmo gênero, formando-se uma só que se denominou
“Caixa de Incêndio da Cidade de Hamburgo”, que foi considerada a primeira
empresa de seguros da Europa.
Seguiu-se a fundação de empresas de seguros na Inglaterra, na França e
nos EUA, e desencadeou-se um vertiginoso desenvolvimento do seguro nessa
época, especialmente depois de 1835, ano do grande incêndio de Nova York,
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quando surgiu o costume de se exigir o seguro dos bens do devedor para efeito de
crédito bancário.
O seguro social foi o último a surgir e o seu berço foi a Alemanha na qual,
em 1883, foi promulgada a primeira lei de seguro obrigatório e de caráter social do
mundo. Daí, até hoje, o seguro experimentou uma grande evolução, chegando aos
nossos dias como a maneira mais justa e prática para compensar as consequências
desagradáveis resultantes de imprevistos (CRUZ; SOARES, 2008).
3.2 Surgimento do seguro no Brasil
No Brasil, o seguro também se desenvolveu a partir das grandes
navegações, tendo como marco a abertura dos portos brasileiros às nações amigas,
por D. João VI.
O seguro iniciou-se efetivamente no Brasil, em 1808, na Bahia, com a
criação da primeira empresa de seguros denominada Companhia de Seguros Boa
Fé, que operava apenas com o seguro marítimo.
O Código Comercial Brasileiro regulamentou as operações de seguros de
transportes marítimos no Brasil e com o surgimento de novas seguradoras, outros
ramos de seguro começaram a aparecer, como o de incêndio, o de vida e o de
mortalidade de escravos.
A partir de 1860, houve um crescimento das atividades de seguro, com o
ingresso das seguradoras estrangeiras no País.
Pode-se dizer que a Era Moderna do seguro se iniciou com o Código Civil
Brasileiro em 1916, e consolidou-se com o Decreto-lei nº 73, em 1966.
O advento do seguro social no Brasil foi marcado com a promulgação da Lei
nº 3.724, de 1919, relativa a acidentes no trabalho, mas com a abrangência de
benefícios como hoje temos e com a participação de empregados e empregadores,
iniciou-se com a chamada “Lei Eloi Chaves”, Lei nº 4.682, de 1923, que criou a
“Caixa de Aposentadoria e Pensões” para os trabalhadores das estradas de ferro
(CRUZ; SOARES, 2008).
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3.3 O seguro-incêndio e o Instituto de Resseguros do Brasil
O seguro de incêndio no Brasil, de uma forma organizada, teve sua origem
no final do século XIX. As seguradoras que atuavam no país naquela época (em
especial, as de origem inglesa) trouxeram para o Brasil conceitos que já eram
adotados na Europa e contribuíram decisivamente para o desenvolvimento desse
seguro em nosso país.
As seguradoras obtinham sua licença de operação por meio de decretos
imperiais. Muitas dessas seguradoras mantinham em seus escritórios um quadro
reproduzindo o decreto assinado por Dom Pedro II, autorizando a operação da
seguradora em nosso país. Algumas dessas seguradoras operam em nosso
mercado até hoje (CRUZ; SOARES, 2008).
As tarifas originais eram cópias adaptadas daquelas vigentes na Inglaterra e
suas taxas eram fixadas em frações ordinárias, ou seja, um seguro de uma
residência tinha sua taxa fixada em 1/8% (ou 0,125%). Já algumas atividades
industriais tinham suas taxas afixadas em 3/8% (ou 0,375%) e assim por diante.
Aliás, até meados do século XX, um dos requisitos fundamentais para a contratação
de funcionários por uma seguradora era o profundo conhecimento de frações. Se o
candidato não fosse bom no assunto, ele não seria admitido.
Esse conceito só foi abandonado quando da introdução da Tarifa de Seguro
Incêndio do Brasil.
Entre as seguradoras nacionais que surgiram com o tempo, talvez a mais
antiga seja a Argus Fluminense, que teve sua origem na cidade de Campos, no
Estado do Rio de Janeiro. Essa companhia sobreviveu até recentemente, quando foi
adquirida por outro grupo financeiro dando origem à operação brasileira da Chubb,
conceituada seguradora do mercado norte-americano (CRUZ; SOARES, 2008).
Foi durante o século passado que o seguro-incêndio se desenvolveu. Surgiu
a figura do cosseguro, ou seja, um procedimento pelo qual se permitia dividir o valor
segurado, e o correspondente prêmio de seguro, entre uma seguradora líder (que
emitia a apólice pelo valor total) e outras seguradoras participantes.
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Com isso, evitava-se que, no caso de uma grande perda, a seguradora líder
tivesse dificuldades para pagar a indenização, que, entretanto, só era efetuada após
a coleta da parcela do seguro assumida por cada companhia participante.
As tarifas eram diferenciadas em cada Estado do Brasil. A tarifa de seguro-
incêndio do Estado de São Paulo, por exemplo, já apresentava conceitos modernos
para seleção de riscos, sendo que suas taxas eram especificadas em frações
ordinárias, variando de acordo com a periculosidade de cada atividade industrial e
comercial. De um modo geral, as taxas variavam de 1/8% até 3%, mas existiam
fatores que as modificavam, conforme aplicação de cláusulas limitativas para certas
atividades, tais como:
Cláusula 1 ou 1-A
Eram aplicáveis praticamente a todas as atividades e limitava a quantidade
de inflamáveis que poderia existir em um risco comercial ou industrial. Tal cuidado
tinha sua razão de ser, pois, durante a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945), a
guarda de estoque de gasolina em garagens ou em estabelecimentos foi uma
prática generalizada em todo o Brasil.
Cláusula 2
Permitia o uso e armazenamento de maior quantidade de inflamáveis, porém
com um sensível acréscimo nas taxas.
Existiam ainda outras condições especiais, ou seja, a concessão do
desconto de 10% para os riscos localizados em prédios de construção superior (as
construções com paredes de alvenaria e cobertas com laje de concreto).
No oposto, existiam adicionais para os prédios de construção mista (aqueles
que tivessem até 25% de sua construção em madeira) ou inferior (aqueles que
fossem construídos em material combustível e que assim tinham suas taxas
agravadas em 100%).
Já os prédios comuns, designados como construção sólida, não sofriam
aplicação de qualquer adicional em suas taxas, a menos que providos de mais de
três pavimentos, quando sofriam um adicional de altura estipulado em 10%.
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Cruz e Soares (2008) contam ainda que as atividades industriais no Brasil
eram bastante limitadas, com preponderância para as atividades de transformação
(beneficiamento de café, algodão, arroz, entre outros), ou ainda produção de artigos
de metal ou madeira.
Na época, uma das empresas de maior destaque no Brasil eram as
Indústrias Matarazzo, que produziam quase tudo que se possa imaginar, desde
óleos vegetais, tecidos e produtos de limpeza, até cimento, cigarros e produtos
alimentícios. Aliás, a Matarazzo (como era conhecida por todos) era tão grande, que
possuía uma pequena refinaria de petróleo para produção dos combustíveis
utilizados pelos veículos da empresa.
Mas talvez a maior preocupação dos seguradores da época fosse com os
riscos de algodão, na época uma das duas principais riquezas do Estado e que era
regida por uma tarifa especial, a famosa NTA (Normas Tarifárias de Algodão). Essa
tarifa era bastante seletiva e para determinação de taxas, aplicavam-se conceitos de
proteção e segurança, tais como:
variação de taxas para as usinas situadas a menos de 30 metros de linhas
férreas a vapor;
rigoroso critério de separação de riscos (paredes corta-fogo);
critérios definidos para peso e tamanho dos fardos de algodão;
diferenciação entre tulhas abertas ou fechadas;
existência de meios de proteção contra incêndio, por extintores, hidrantes e
até mesmo por tambores, contendo água e baldes. Por curiosidade, os
extintores geralmente utilizados e requeridos pelas normas eram de tipos que
não mais existem (soda ácido e tetra cloreto de carbono). Até os anos 40,
extintores de gás carbônico eram uma raridade;
aplicação de adicionais para os locais de depósito que contassem com
valores acima de um limite suportável.
Essa tarifa teve validade até meados de 1960 e ainda hoje é considerada um
exemplo de como o seguro de incêndio influenciou a construção e a operação de
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usinas de algodão, melhorando suas condições de risco, não apenas no Estado de
São Paulo, mas em todo o país (CRUZ; SOARES, 2008).
Quanto ao Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), foi criado em 1954,
durante o governo de Getúlio Vargas e representou uma grande melhoria para o
mercado nacional, pois por meio de conceitos técnicos, o IRB determinava o valor
máximo que uma seguradora poderia reter na cobertura de incêndio, absorvendo a
diferença entre esse valor e o total do valor em risco (valor segurável).
A criação do IRB evitou a remessa de coberturas para o mercado inglês (e,
consequentemente, de prêmios de seguro), permitindo que fossem mantidos no
Brasil os excedentes que normalmente não poderiam ser cobertos pelas
seguradoras.
O IRB criou o Manual de Resseguro Incêndio, considerado um marco na
classificação de riscos, que continha rubricas específicas para todos os tipos de
atividades existentes no país. O manual indicava fatores de agravamento de acordo
com a ocupação do risco que variavam da classe 1 (moradias, escritórios) até a
classe 13 (riscos envolvendo explosivos). De um modo geral, a maioria das
atividades industriais encaixava-se nas classes de ocupação 3, 4 ou 5.
O fator básico para determinar o limite de resseguro era o LOC – letras
iniciais de Localização, Ocupação e Construção – empregado, até hoje, pelo
mercado para avaliar riscos seguráveis.
Para compor o LOC, consideram-se os seguintes elementos:
localização – de 1 a 4, de acordo com a qualidade e quantidade de meios
públicos de proteção existentes em cada área ou localidade;
ocupação – graduação pontual, que indica o grau de risco da atividade
exercida pelo segurado;
construção – de 1 a 4, dependendo do tipo de construção do local segurado,
ou seja, construção superior, sólida, mista ou inferior.
A combinação desses três fatores, em conjunto com as condições de
isolamento da área, determinava o quanto uma seguradora poderia reter para
cobertura de incêndio.
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No caso de riscos de grandes proporções, o IRB fornecia uma tabela de
classificação, que era rigorosamente seguida pelas seguradoras, já que o resseguro,
no passado, era feito para cada risco isolado (ou seja, com base no valor de
cobertura de cada edifício isolado dentro de um mesmo complexo industrial).
Com a criação do IRB, o mercado segurador brasileiro obteve sua
maioridade. Os limites de retenção das seguradoras eram determinados de acordo
com suas reservas, evitando assim a falência de companhias de seguro no caso de
ocorrência de grandes sinistros. Também foi criada uma disciplina para os critérios
de avaliação e seleção de riscos.
O IRB foi também um importante centro para criação de talentos e seus
funcionários apresentavam notável conhecimento de riscos e seguros (CRUZ;
SOARES, 2008).
Fazendo novo recorte no tempo, em 2007, foi sancionada a Lei
Complementar nº 126, que dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua
intermediação, as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e
as operações em moeda estrangeira do setor securitário; altera o Decreto-Lei nº 73,
de 21 de novembro de 1966, e a Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990; e dá outras
providências. (OBS.: O decreto nº 6499/2008, dispõe sobre o limite máximo de
cessão e retrocessão a resseguradoras eventuais de que trata o § 1º do art. 8º da
Lei Complementar n. 126).
Resumidamente, as regras aplicáveis são as seguintes:
os resseguradores locais estarão sujeitos à fiscalização e supervisão dos
Órgãos Reguladores de Seguros, consideradas as peculiaridades técnicas,
contratuais, operacionais e de risco da atividade de cada uma dessas
empresas;
o ressegurador admitido ou eventual deverá atender aos seguintes requisitos
mínimos para estar apto a realizar suas atividades no Brasil:
- estar constituído, segundo as leis de seu país de origem, para subscrever
resseguros locais e internacionais nos ramos em que pretenda operar no Brasil e
que tenha dado início a tais operações no país de origem, há mais de 5 (cinco) anos.
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- dispor de capacidade econômica e financeira não inferior à mínima
estabelecida pelo órgão regulador de seguros brasileiro.
- ser portador de avaliação de solvência elaborada por agência
classificadora reconhecida pelo órgão fiscalizador de seguros brasileiro, com
classificação igual ou superior ao mínimo estabelecido pelo órgão regulador de
seguros brasileiro.
Cuoghi (2006), em sua dissertação de Mestrado “Aspectos de análise de
risco das estruturas de concreto em situação de incêndio”, explica que o seguro foi
criado com o objetivo de servir como uma ferramenta que progressivamente se
aperfeiçoa para restabelecer o equilíbrio perturbado pelo sinistro, atendendo total ou
parcialmente a estas necessidades de reparo ou recomposição de danos que
possam gerar algum prejuízo nas mais diversas atividades envolvendo o homem e a
sociedade como um todo.
Ele destaca que o seguro incêndio visa primordialmente a segurança
patrimonial e não a segurança à vida, na medida em que o objeto do contrato do
seguro incêndio é o patrimônio do segurado. Cabe ressaltar, entretanto, que o
aumento do nível de proteção provocado pelo seguro incêndio indiretamente
provoca um incremento de segurança à vida. A legislação de segurança contra
incêndio possui como objetivo principal a segurança a vida dentro do edifício. Esta
diferença de foco entre o seguro e a legislação pode criar, em alguns casos,
divergências no tratamento da questão risco de incêndio em edifícios.
Por definição, o seguro incêndio é o ramo do seguro que tem por objetivo
atenuar o prejuízo, decorrente de um sinistro incêndio coberto em uma apólice de
seguros, que um edifício ou instalação venha a sofrer. Por exemplo, pode-se citar
uma indústria que deseja realizar o seguro contra incêndio de suas instalações. É
necessário, preliminarmente, que exista um padrão mínimo de segurança contra
incêndio e um plano de mitigação de riscos de incêndio para que esta empresa “se
torne um risco aceitável” pelas Companhias Seguradoras.
Explicando-se de uma outra forma, as Seguradoras exigem das empresas e
das pessoas que compram seguro um padrão mínimo de segurança, sem o qual
estas pessoas e empresas não conseguem comprar seguro. Nesta medida, '“risco
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aceitável” é, por exemplo, um determinado edifício que cumpre regras mínimas de
segurança contra incêndio, exigidas pelas seguradoras. As regras exigidas pelas
seguradoras podem ser, em alguns aspectos (principalmente com relação à
segurança patrimonial), mais severos que a legislação contra incêndio. Desta forma,
o seguro incêndio apresenta duas dimensões importantes:
a) Contribui para a segurança contra incêndio na medida em que suas
normas exigem a existência de sistemas de proteção contra incêndio e as
seguradoras realizam inspeção nos edifícios anualmente, gerando relatórios que
apontam deficiências na prevenção de incêndios dentro destes edifícios.
b) Contribui para o meio social na medida em que dá suporte à continuidade
da atividade da empresa e, por consequência, ajuda a manter os empregos
oferecidos pela mesma (CUOGHI, 2006).
3.4 Matriz de Sinistralidade
A Matriz de Sinistralidade é uma importante ferramenta para enquadramento
de riscos/bens segurados dentro de uma Seguradora. A partir da análise da Matriz
de Sinistralidade, a Seguradora irá se posicionar sobre a realização ou não de
determinado seguro, ou até mesmo sobre a aplicação de algum desconto sobre o
prêmio de seguro incêndio.
Desta forma, a Matriz de Sinistralidade relaciona a frequência de ocorrência
de alguns eventos (por exemplo: incêndio) com a severidade dos mesmos.
Severidade, neste caso, refere-se aos prejuízos decorrentes do evento em questão,
no exemplo dado: incêndio (CUOGHI, 2006).
O autor acima, que é especialista em seguros, trabalhou em sua
dissertação, a análise da Matriz de Sinistralidade somente para riscos de incêndio
em um edifício, porém, ela pode ser estendida para qualquer tipo de construção ou
instalação e também para qualquer tipo de evento, por exemplo, inundação,
ciclones, terremotos, entre outros.
Os edifícios podem ser classificados em quadrantes A, B, C e D da Matriz de
Sinistralidade, de acordo com a ilustração abaixo. O quadrante A representa o
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conjunto de edifícios com menor frequência de ocorrência de sinistros de incêndio,
porém, com maior severidade e, consequentemente, maiores danos resultantes do
incêndio. Neste caso, as empresas estão propensas a realizar o seguro quando,
através de uma avaliação de riscos, as mesmas detectam a possibilidade de que um
evento de incêndio seja severo e traga, portanto, grande prejuízo material. Para um
edifício que sirva de depósito de material combustível, porém com a presença de
bons sistemas de proteção contra incêndio, o mesmo se enquadra no quadrante “A”,
porque, se existir o incêndio, a possibilidade de que ele seja severo e traga grande
prejuízo material é bastante grande.
Matriz de sinistralidade
Por sua vez, as Seguradoras aceitam riscos que possuam a característica
do quadrante A porque a frequência de ocorrência de sinistros de incêndio para este
grupo é baixa, ou seja, a Seguradora realizará, em princípio, poucas indenizações.
Portanto, esta baixa frequência permite um equilíbrio financeiro das Seguradoras, ou
seja, do montante total de prêmio que elas arrecadam, em linhas gerais, somente
uma parte será destinada ao pagamento de sinistros.
Quando um determinado edifício é classificado no quadrante B, significa que
a severidade dos incêndios ocorridos é grande e a frequência em que eles ocorrem
também é grande. Pode-se citar, como exemplo, de um edifício que se enquadre
nesta situação, um depósito de artigos de papel, que possui, portanto, grande carga
de incêndio e não possui sistemas de proteção contra incêndio (extintores, hidrantes
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ou sprinklers). Além disso, não existe compartimentação no edifício, o que facilita a
propagação do fogo e as instalações elétricas estão em estado precário de
manutenção. Neste caso específico, qualquer fonte de ignição pode gerar um
incêndio de grandes proporções. Provavelmente, os responsáveis pelo depósito
desejem realizar seguro contra incêndio do mesmo porque a severidade de um
evento desta natureza seria muito grande, porém, dificilmente existirá uma
Seguradora que aceite realizar o seguro de incêndio deste depósito devido a grande
probabilidade ou grande potencial para início de um incêndio de grandes
proporções.
No quadrante C estão classificados aqueles edifícios que possuem baixa
probabilidade de ocorrência de incêndios severos e, também, baixa frequência de
sinistros ou baixo potencial para início e propagação de um incêndio. Estão
classificados neste quadrante, aqueles edifícios com bom projeto de segurança
contra incêndio: proteção passiva das estruturas, concepção arquitetônica adequada
(compartimentação dos ambientes, utilização de paredes e portas corta-fogo, entre
outros) e sistemas de proteção contra incêndio (extintores, hidrantes, sprinklers,
alarmes de incêndio, entre outros) em bom estado de conservação.
Nestes edifícios, o risco ou a probabilidade de início de um incêndio é baixo,
e se ele ocorrer também é baixa a probabilidade que ele se propague por todo ou
uma parte considerável do edifício. Portanto, neste caso, a frequência e a
severidade são baixas. Para estes edifícios, os gerenciadores de risco não estão
propensos a realizar seguro contra incêndio, ou requerem algum desconto sobre o
prêmio de seguro, uma vez que a possibilidade de sinistros é remota. Por sua vez,
as Seguradoras estão propensas a oferecer seguro contra incêndio para estes
edifícios, e, geralmente, oferecem um desconto sobre o prêmio de seguro, uma vez
que a possibilidade de que elas absorvam um prejuízo decorrente de um sinistro de
incêndio também é remota.
O último quadrante (D) apresenta uma situação em que a frequência se
eleva, porém a severidade permanece baixa. Neste caso, o risco de início de
incêndio, dentro da edificação, é relativamente alto, sendo as suas consequências,
em princípio, não tão danosas. Portanto, dentro deste cenário, os gerenciadores de
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risco estão propensos a realizar o seguro devido à frequência de ocorrências de
sinistros. A Seguradora, por sua vez, aceita realizar o seguro, porém estabelece uma
franquia mínima, ou seja, uma participação do segurado na absorção dos prejuízos
em cada sinistro ocorrido. Desta forma, na situação do quadrante D, a Seguradora,
ao estabelecer uma franquia mínima para diminuir o pagamento de pequenas
indenizações, torna menos interessante para os gerenciadores de risco a compra de
um seguro contra incêndio (CUOGHI, 2006).
Enfim, a questão do seguro incêndio é uma via de mão dupla, onde
segurado e segurador caminham sob uma “corda bamba” e muitas são as
ponderações para que seja incluído no “negócio”. Para aqueles que pretendem
enveredar por esse caminho, sugere-se a leitura da dissertação de Cuoghi que tem
muito a contribuir.
Matéria de interesse
A título de enriquecimento e para desmistificar a ideia de que estruturas em
aço encarecem o seguro incêndio de um edifício, o Centro Brasileiro da Construção
em Aço (CBCA) ouviu o engenheiro e especialista em seguros Ricardo Cuoghi,
membro da Comissão de Riscos de Engenharia da Federação Nacional de Seguros
Gerais (FenSeg).
De acordo com ele, estruturas em aço não encarecem o valor do prêmio do
seguro incêndio da edificação. Os parâmetros de seguro que se referem à estrutura
de um edifício estão relacionados ao caráter combustível ou incombustível dessa
estrutura. Aço e concreto são materiais incombustíveis, portanto são estruturas
normalmente aceitas pelas seguradoras.
Conforme Cuogi, muitas seguradoras internacionais atuam no Brasil com
critérios de aceitação de risco muito similares dentro e fora do país. Ele atribui a
falsa informação de que o aço encarece o seguro ao fato de estruturas compostas
por esse material serem mais utilizadas no setor industrial, onde abrigam atividades
que apresentam maior risco de incêndio.
O cálculo do valor do seguro incêndio não depende de um aspecto do
edifício isoladamente. Conforme a Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil (TSIB), três
parâmetros são essenciais no cálculo do prêmio: localização, ocupação e
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construção. Representados pela sigla LOC, esses três fatores compõem a base para
o cálculo desse valor.
No que se refere à localização, é considerado para fins de cálculo de seguro
de incêndio, por exemplo, a presença de um Corpo de Bombeiros próximo ao
edifício. As cidades são classificadas de acordo com sua localização numa tabela
que vai de risco 1 (cidades melhor atendidas por Corpo de Bombeiros) a risco 4
(regiões isoladas).
O fator ocupação consiste na destinação de um edifício, ou seja, o tipo de
atividade desenvolvida em seu interior. Isso significa que edifícios que abrigam
atividades que envolvam materiais ou equipamentos inflamáveis, por exemplo,
podem ter o valor de seu seguro incêndio agravado. A carga do incêndio está ligada
diretamente à ocupação do edifício.
O parâmetro construção considera a composição da estrutura do edifício.
Isto é, se o material é combustível ou incombustível. Considerados como materiais
não combustíveis, aço e concreto se enquadram no mesmo patamar de risco, não
havendo distinção de valor do seguro em decorrência do uso de um ou de outro.
As seguradoras não analisam somente a estrutura isoladamente, mas sim
um conjunto de fatores que aumentam ou diminuem a probabilidade e extensão de
um incêndio, o que se reflete na aceitação ou não de um determinado edifício, bem
como no custo do seguro incêndio, conclui Ricardo Cuoghi (CBCA, 2014).
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UNIDADE 4 – PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS EM
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
Na literatura pesquisada por Venezia (2011), até o século XIX, não foram
encontrados relatos de projetos hospitalares que pensassem especificamente as
questões de segurança contra incêndio no desenvolvimento do projeto arquitetônico.
O incêndio era um evento trágico, que poderia ocorrer em diversos locais,
tais como hospitais, escolas, igrejas. Não havia uma política organizada de
prevenção; apenas eram consideradas medidas para extinguir o fogo o mais rápido
possível.
A preocupação com a segurança contra incêndio, enquanto medida de
prevenção e parâmetro normativo para projetar edificações com um nível mínimo de
segurança, é uma questão recente, que se iniciou há aproximadamente um século
(VENEZIA, 2011).
Um exemplo dessa preocupação é a fundação da NFPA - National Fire
Protection Association. A NFPA surgiu nos EUA, em 1895, e se tornou, no decorrer
do século passado, uma associação de âmbito internacional, que visa a proteção da
vida, elaborando e defendendo códigos e normas, promovendo pesquisas, formação
e educação na área.
A NFPA, atualmente, possui mais de 75 mil membros em 100 nações, e 300
códigos e normas, estabelecendo critérios para projetos, construção, serviços e
instalação de segurança contra incêndio.
Os códigos mais utilizados são: NFPA 1: Fire Prevention Code, NFPA 54:
National Fuel Gas Code, NFPA 70: National Electric Code e o NPFA 101: Life Safety
Code.
Venezia (2011) enfatiza que o interessante no NFPA 101: Life Safety Code
(NFPA, 2009), é que esse código contempla um capítulo de exigências de
segurança contra incêndio específico para edificações hospitalares novas e
existentes, exigências essas a serem seguidas na elaboração de projetos
hospitalares.
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Para se ter ideia das dimensões das perdas que podem ocorrer em um
incêndio hospitalar, basta lembrar alguns exemplos. No século XX, há registro de
três grandes incêndios em hospitais dos Estados Unidos. Um incêndio ocorreu em
Cleveland Clinic (Ohio), em 1929, causando 125 mortes. Outro ocorreu no St.
Anthony Hospital (Illinois), em 1949, matando 74 pessoas. Um outro incêndio
aconteceu no Mercy Hospital (lowa), em 1950, registrando 41 mortes.
Devem ser somados ainda, às perdas humanas, os prejuízos financeiros
diretos causados pela destruição do edifício ou parte dele e os prejuízos financeiros
indiretos causados pela paralisação das atividades no edifício.
No caso de hospitais, destaca-se, ainda, a existência de setores de onde as
pessoas internadas não podem ser facilmente deslocadas, havendo, portanto, a
necessidade de um maior nível de proteção contra incêndio. Há pacientes no
hospital que não apresentam autonomia suficiente para abandonar o edifício sem
assistência.
Um incêndio de grandes proporções dentro de um hospital pode vir a ser
catastrófico, pois, além das pessoas com dificuldade de locomoção, há aquelas que
não podem ser retiradas do edifício em função do seu estado crítico de saúde
(VENEZIA, 2011).
Há, ainda, a questão da grande quantidade de material combustível contida
em um hospital. Deve-se, também, pensar nos riscos gerados pelas instalações
elétricas para os equipamentos médicos, nos gases medicinais como o oxigênio e
óxido nitroso, nas atividades desenvolvidas em locais como lavanderias e cozinhas.
Além disso, as áreas de instalações de apoio, como as caldeiras, os geradores, as
estações elétricas, entre outras, que também são encontradas nesse tipo de
edificação, e possuem alto risco de incêndio.
Portanto, em função da grandeza que o edifício hospitalar tomou no século
XX, a segurança contra incêndio passou a ter uma grande importância, ao se
considerar a necessidade de proteger e salvar os ocupantes, os equipamentos e o
espaço em si.
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Uma das formas para que a segurança contra incêndio se desenvolva com o
nível adequado consiste em ter-se projetistas com um bom conhecimento acerca do
assunto, tendo o suporte de legislações confiáveis e atualizadas.
Venezia e Ono (2013) ponderam que na maioria dos casos, no que se refere
a projetos hospitalares, a segurança contra incêndio é tratada pelos projetistas como
uma obrigação legal ou cartorial a ser cumprida, sem que haja o questionamento do
nível de segurança mais apropriado para a edificação em questão, baseando-se
apenas nos parâmetros que a legislação impõe.
Qualquer edifício hospitalar a ser edificado, por exemplo, no município de
São Paulo, no que se refere à segurança contra incêndio, deve atender ao Código
de Obras e Edificações do Município de São Paulo – COE (SÃO PAULO, 1992) –, o
Decreto Estadual 56.819/2011 (SÃO PAULO, 2011) do Corpo de Bombeiros do
Estado de São Paulo (que substitui o Decreto Estadual 46.076/2001), e a RDC N°50
– Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (2002) (VENEZIA; ONO, 2013).
Não é apenas o edifício hospitalar que se modificou no decorrer da história,
mas também os projetistas envolvidos no processo, pois eles passaram a ter de
dominar os mais diversos assuntos, dentre eles a segurança contra incêndio, para
que a edificação pudesse atender o nível de complexidade dos dias atuais.
A complexidade funcional dos edifícios hospitalares atuais tem-se refletido
diretamente na arquitetura do edifício, sobretudo através do significativo aumento da
área construída. “No início do século XX, os hospitais gerais britânicos tinham um
pouco mais de 20 m2 por leito, dobrando para 40 m2 por leito entre as duas Grandes
Guerras, e atingindo 70 m2 por leito na década de 1970 [...]” (MIGUELIN apud
SOUZA, 2008, p. 68).
Esse acréscimo de área construída na edificação hospitalar tem um forte
impacto na segurança contra incêndio, pois possibilita a maior chance de ocorrência
de um princípio de incêndio com potencial para se transformar em um incêndio de
grandes proporções.
Com base na literatura pesquisada, as questões elencadas no quadro a
seguir, mostram o aumento da complexidade nos edifícios hospitalares, que acaba
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por influenciar diretamente na segurança contra incêndio, em função do aumento de
riscos que tal complexidade abrange (VENEZIA, 2011).
Complexidade dos edifícios hospitalares sob o aspecto da segurança contra
incêndio
Fator de complexidade Interface com a segurança contra incêndio
Diversidade de pacientes com Diferentes tipos de paciente podem apresentar velocidades
diferentes graus de mobilidade, distintas de locomoção, sendo que alguns podem necessitar
enfermidades e restrições de assistência para deixar o edifício.
visuais, auditivas, entre outros.
Para alguns pacientes internados, não existe a possibilidade
de evacuação segura para o exterior em tempo hábil.
Portanto, deve-se ter áreas de refúgio e compartimentações
adequadas ao risco de incêndio envolvido.
Diversidade de público: Parte considerável do público pode não estar familiarizada
funcionários e visitantes. Em com o edifício. Deve haver controle de população para que
alguns casos, horários fixos não exceda a capacidade dos meios de saída.
para visitação dos pacientes.
Diversidade de fluxos, muitas Estabelecimento do fluxo de materiais combustíveis e do fluxo
vezes conflitantes (pacientes, de pessoas dentro do edifício, utilizando as
lixo, roupa, medicamentos, compartimentações adequadas nos ambientes, para que um
coletas, exames, documentos, incêndio não tome grandes proporções.
mantimentos, produtos de
higiene e limpeza, entre outros).
Diversidade de ocupações e Setorização adequada das ocupações dentro do edifício
funções: médica, cirúrgica, de proporciona que cada zona seja tratada de acordo com o risco
hotelaria, de escritório, de de incêndio esperado.
farmácia, de lavanderia, de
laboratório, de restaurante, de
auditório, entre outras.
Recursos financeiros limitados Falta de recursos pode gerar situações desfavoráveis à
e altos custos. segurança contra incêndio.
Funcionamento contínuo: 24 Funcionamento contínuo do edifício exige manutenção
horas por dia. preventiva e corretiva dos equipamentos de segurança e
presença de brigada de incêndio treinada o tempo todo.
Edificações de grande porte, Períodos de reformas e atualizações tornam o edifício
muitas vezes antigas, especialmente vulnerável em relação ao risco de incêndio.
necessitando de atualizações Garantir duas vias muito bem estabelecidas: a de saída de
constantes e manutenção. pessoas e a de entrada dos bombeiros para que não haja
Localização dos hospitais na conflito de fluxos em situação de incêndio.
malha urbana (normalmente os Implantação do edifício pode não favorecer a aproximação das
hospitais estão edificados na viaturas de bombeiros para intervenção externa.
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malha urbana, com típicos
problemas urbanos: poluição
(sonora, ar, entre outros), falta
de espaço para expansão física
e de infraestrutura).
Materiais de acabamento lisos e Especificação adequada de materiais de acabamento levando-
laváveis possibilitando conforto se em consideração suas características de reação ao fogo
acústico. (nível de combustibilidade, facilidade de ignição e de
propagação de chamas, entre outras).
Possibilidade de visualização Considerar a compartimentação segura dos ambientes em
do paciente, porém mantendo função do risco esperado de incêndio.
sua privacidade.
Criação de ambientes seguros Especificação adequada de materiais de acabamento.
e assépticos, porém mantendo
uma atmosfera familiar,
aconchegante e agradável.
Fonte: Venezia (2011, p. 59-60).
Por essas razões, podemos fazer as seguintes inferências:
o processo de planejamento e projeto de hospitais caracteriza-se por um
trabalho onde critérios tangíveis e objetivos – especificidades das atividades
de assistência, assepsia, controle de infecção, prevenção contra incêndio,
investimento disponível e outros – opõem-se a fatores mais subjetivos –
espaços acolhedores, confortáveis e atrativos, escolha de materiais,
qualidade de acabamentos e outros;
o desafio do arquiteto é ser capaz de manipular esses elementos, muitas
vezes conflitantes, de modo a formar um todo harmonioso e coerente. A
solução está em abordar o problema de planejamento e de projeto através de
uma estratégia com foco bem definido, de forma a clarear o caminho na
busca por um produto que respeite a escala humana, dentro de um ambiente
altamente tecnológico (FOQUE; LAMMINEUR, 1995 apud MENDES, 2007
p.73).
Portanto, deve-se entender que a segurança contra incêndio, juntamente
com outros fatores de igual importância, deve ser pensada e inserida no decorrer do
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desenvolvimento do projeto hospitalar, e deve ser mantida e atualizada no decorrer
da vida útil do edifício (VENEZIA, 2011).
O edifício hospitalar também deve ser construído tendo como norteador um
plano diretor com metas de crescimento e expansibilidade, no qual deve estar
prevista a adequação da segurança do edifício em função das modificações
previstas nesse plano.
Segundo Karman (1997), “o plano diretor funciona como um fio condutor, um
instrumento ordenador que garante a integridade do conjunto, no passado, no
presente e no futuro”.
Sugere-se também, o uso do Método de Avaliação de Risco Incêndio
Hospitalar (MARIH), que pode ser visto como uma ferramenta no projeto, elevando o
nível de segurança contra incêndio nas edificações hospitalares e demonstrando aos
projetistas e aos empreendedores a importância da segurança contra incêndio
dentro desse processo.
O Método de Avaliação de Risco Incêndio Hospitalar (MARIH) utiliza dez
critérios para classificar o risco:
1) Critério função (Fn) – projeta as consequências de um incêndio que
interferem na atividade principal da organização, ou seja, na normalidade das
rotinas desenvolvidas no local.
2) Critério substituição (Sb) – avalia qual o impacto do incêndio sobre os bens
materiais, ou seja, com que nível de dificuldade o conteúdo atingido pode ser
substituído.
3) Critério profundidade (Pf) – avalia a perturbação sensitiva dos ocupantes,
uma vez materializado o risco, no local do risco e o impacto que o incêndio
pode causar à imagem da organização.
4) Critério extensão (Ex) – avalia o alcance e a extensão que o dano pode vir a
causar ao local analisado e suas áreas interdependentes, em razão do tempo
de paralisação da atividade principal da área analisada.
5) Critério carga incêndio (Ci) – avalia a quantidade de material combustível
encontrada na área analisada.
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6) Critério vulnerabilidade (Vu) – avalia as perdas causadas pela consolidação
do incêndio no âmbito financeiro, considerando perdas de equipamentos,
insumos e o custo da paralisação das atividades desenvolvidas na área
analisada.
7) Critério sobrevivência local (Sv) – avalia a possibilidade dos ocupantes da
área analisada abandonarem o local sem grandes prejuízos à sua integridade
física.
8) Critério sobrevivência externa (Sx) – avalia a facilidade dos ocupantes das
demais áreas da edificação hospitalar, que não a área propriamente
analisada, abandonar a edificação sem grandes prejuízos à sua integridade
física.
9) Critério probabilidade intrínseca (Pi) – avalia a possibilidade do incêndio vir a
acontecer, tendo em vista as características físicas e conjunturais da área
analisada da edificação hospitalar.
10) Critério probabilidade externa (Px) – avalia o risco de incêndio de origem
externa, tendo em vista as características físicas e conjunturais do entorno do
hospital.
Para cada área hospitalar são atribuídos em cada um desses critérios
valores que variam dentro da pontuação de 1 a 5. É importante esclarecer que o
método aqui proposto é um método qualitativo, que depende do conhecimento e
experiência do avaliador. Em virtude disso, o Método de Avaliação de Risco Incêndio
Hospitalar (MARIH) é melhor aplicado quando os profissionais envolvidos no projeto
detêm um bom conhecimento acerca das questões de segurança contra incêndio
(VENEZIA; ONO, 2013).
De certa forma, o MARIH – independentemente de sua aplicação – pode
ajudar na conscientização dos projetistas quanto à problemática da segurança
contra incêndio nas edificações de grande porte e complexidade.
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UNIDADE 5 – INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS-GARAGEM
Um dos principais problemas dos grandes centros urbanos é a falta de
vagas para estacionamento de veículos nas ruas, devido ao exponencial aumento
do número de veículos e à falta de uma estrutura viária que permita ao usuário
utilizar o transporte público.
Uma alternativa para a ampliação das áreas de estacionamento nas regiões
de alto fluxo de veículos é a utilização de edifícios-garagem, que garantem um
número muito maior de vagas, além de aumentar significativamente a lucratividade
para o investidor. A flexibilidade da estrutura metálica oferece a possibilidade de
múltiplas montagens e desmontagens, possibilitando a utilização de edifícios-
garagem mesmo em terreno alugados, já que podem ser desmobilizados sem
acarretar perda de material.
Em 1925, surge o primeiro edifício-garagem, na cidade de Berlim, Alemanha,
onde os veículos eram transportados para os pisos superiores por meio de
elevadores. Entretanto, somente após a segunda guerra mundial, nos anos 50,
iniciou-se a construção sistemática de edifícios-garagem na Europa. No Brasil, o
primeiro edifício-garagem foi construído em 1954, na cidade de São Paulo.
O número de veículos tem crescido rapidamente nas ultimas décadas,
passando de pouco mais de 425 mil, em 1950, para 3,1 milhões na década de 70 e
chegando a mais de 54 milhões de automóveis em 2010, segundo dados do
DENATRAN. Este crescimento está associado ao desenvolvimento do país que,
principalmente a partir de 1995, passou a experimentar uma estabilização
econômica e consequente diminuição da inflação. A cidade de São Paulo possui a
maior concentração de veículos, com 6,6 milhões de veículos para uma população
de 10,4 milhões de habitantes; uma média de 1,5 habitantes por veículo
(BEVILAQUA, 2010).
Atualmente, as empresas de estacionamento exploram os últimos espaços
nas áreas centrais das cidades. Estas áreas são, em sua maioria, subaproveitadas
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com estacionamentos térreos. A utilização de edifícios-garagem permite um
aumento do número de vagas e faturamento, que pode chegar a 3 vezes ou mais.
Em se tratando da utilização de edifícios-garagem em aço, são várias as
vantagens, além de sabermos que os custos com incêndios em aço são baixos:
edifícios-garagem com vigas e pilares em aço podem ser montados,
desmontados e remontados com agilidade e sem perda de material. Os
terrenos frequentemente são locados, não justificando altos investimentos
imobilizados;
a utilização de edifícios-garagem permite maior aproveitamento das áreas
dos terrenos, já que a cada pavimento adicional pode-se dobrar o número de
veículos estacionados. Isto implica em maior rendimento para o
empreendedor;
estacionamentos cobertos oferecem maior segurança aos veículos, evitando
acidentes e perdas financeiras por intempéries e assaltos;
a estrutura metálica é uma opção com baixo custo de manutenção, além da
flexibilidade para ampliações;
um edifício-garagem em aço possui prazo de obra muito curto, já que a
fabricação das peças ocorre fora do canteiro de obras, ao mesmo tempo em
que a fundação é executada. A montagem é rápida e não há necessidade de
espaço de armazenamento das peças.
Os edifícios-garagem podem ser divididos em 3 grandes grupos: os edifícios
com rampas de acesso aos veículos, edifícios com elevadores que movimentam os
veículos entre os pavimentos e edifícios-garagem automatizados, onde não há a
necessidade de corredores de acesso e a movimentação dos veículos é feita por
dispositivos hidráulicos.
Segundo Bevilaqua (2010), a escolha do tipo de rampa depende das
características do terreno e disponibilidade de espaço para as manobras. Para
garantir uma operação mais segura no acesso dos veículos, as rampas de subida e
descida dos veículos devem ser separadas. A declividade máxima é de 20%.
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Quanto à proteção ao fogo, a estrutura em aço necessita ser devidamente
tratada para que não ocorram problemas durante a vida útil do empreendimento. Na
maior parte dos edifícios-garagem de pequeno e médio porte, a proteção contra
corrosão corretamente especificada será suficiente para garantir um bom
desempenho durante a vida útil do projeto.
A NBR 14432:2001 “Exigências de resistência ao fogo de elementos
construtivos de edificações - Procedimento”, em seu Anexo A, prescreve a isenção
de resistência ao fogo para edificações pertencentes às divisões G-1 (garagem
automáticas) e G-2 (garagem coletivas sem automação, em geral, sem
abastecimento) pertencentes às classes P1 a P3 (com altura < 23 m) desde que
sejam atendidos os seguintes critérios:
a edificação deve ser considerada aberta lateralmente: deve haver ventilação
permanente em duas ou mais fachadas externas, provida por aberturas que
possam ser consideradas uniformemente distribuídas e que tenham
comprimentos em planta que somados atinjam pelo menos 40% do perímetro
e áreas que somadas correspondam a pelo menos 20% da superfície total
das fachadas externas; ou ventilação permanente em duas ou mais fachadas
externas, provida por aberturas cujas áreas somadas correspondam a pelo
menos 1/3 da superfície total das fachadas externas e pelo menos 50%
destas áreas abertas situadas em duas fachadas opostas.
Estacionamentos estruturados em aço, isentos de proteção contra fogo, não
necessitam de proteção especial além daquela necessária às estruturas expostas
em ambientes considerados como sendo de média agressividade.
No Estado de Goiás, o Código de Segurança contra incêndio e pânico
dispõe no Capítulo VI, o seguinte para prevenção em edifícios-garagem.
Seção I - Das definições
Art. 41 - Edifício-garagem é aquele que, dotado de rampas ou elevadores, se
destina, exclusivamente, a estacionamento de veículos.
Art. 42 - Pavimento ou parada é a totalidade de área em um mesmo nível,
situada no subsolo, solo ou elevada.
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Seção II - Da construção
Art. 43 - Todo edifício-garagem, com qualquer número de pavimentos, será
construído com material incombustível, inclusive revestimento, esquadrias, portas e
janelas.
Art. 44 - Cada pavimento deve dispor de sistemas de ventilação permanente
(natural ou mecânica) e ter declive nos pisos de, no mínimo, 0,5 % (meio por cento),
a partir do poço dos elevadores ou rampa.
Art. 45 - O edifício-garagem deve ser usado somente para o fim específico a
que se destina, de abrigo para veículos.
Art. 46 - Na área destinada ao estacionamento de veículos, bem como nas
rampas de acesso, quando houver iluminação, esta far-se-á utilizando equipamentos
elétricos blindados. E admitida a iluminação comum na fachada e no poço da
escada.
Art. 47 - Admite-se a construção de edifício-garagem contíguo a outros,
destinados a fins diferentes quando, entre ambos, houver perfeito isolamento,
inclusive “hall” e acessos complementares independentes.
Art. 48 - As plataformas ou alas de cada pavimento deverão ser interligadas
por uma passarela, com largura mínima de 0,70m (setenta centímetros), de material
incombustível, com corrimão de grade, onde não houver continuidade de piso.
Art. 49 - Em todos os pavimentos, por toda a extensão das fachadas, exceto
nas colunas, deverá haver uma abertura livre de, no mínimo, 0,70m (setenta
centímetros) de largura.
Seção III - Das escadas
Art. 50 - Todo edifício-garagem deverá possuir, no mínimo 2 (duas) escadas,
do primeiro pavimento à cobertura, situadas em áreas opostas, podendo uma delas
ser do tipo “marinheiro”, com largura mínima de 0,70m (setenta centímetros), em
prumadas diferentes, de um pavimento para outro, evitando-se um vão contínuo de
alto a baixo. A outra (escada) será de alvenaria, obedecendo o que determina o
capítulo XVII.
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Art. 51 - O escoamento e a drenagem de líquidos nos pisos dos pavimentos
devem ser assegurados através de tubulações ou calha, de diâmetro mínimo de
0,10m (dez centímetros), de modo que os líquidos esgotados nos pavimentos
superiores não venham liberar vapores inflamáveis nos inferiores.
Parágrafo único – A instalação do sistema de drenagem respeitará as
normas em uso, vedada a drenagem de líquidos inflamáveis para a instalação de
esgoto.
Seção IV - Das áreas de estacionamento
Art. 52 - Em cada pavimento ou plataforma haverá paredes corta-fogo,
limitando a capacidade das áreas de estacionamento para o máximo de 20 (vinte)
vagas em cada área.
§ 1º - As paredes corta-fogo serão construídas separadamente nas áreas de
estacionamento e na mesma plataforma, de modo que os riscos fiquem restritos aos
limites máximos estabelecidos neste artigo.
§ 2º - Entre as áreas de estacionamento de que trata este artigo deverá
haver vão de comunicação dotado de porta corta-fogo com 0,70m (setenta
centímetros) de largura, no mínimo.
Seção V - Dos sistemas fixos contra incêndio
Art. 53 - Todo edifício-garagem, qualquer que seja o número de pavimentos,
será provido de uma canalização preventiva de combate a incêndio.
Art. 54 - Todo edifício-garagem será dotado de instalações de sistema de
alarme automático de incêndio, com detectores em todos os pavimentos e painel de
controle e alarme na portaria.
Parágrafo único - Esse sistema poderá ser substituído pela instalação do
Chuveiro automático do tipo “Sprinkler”, quando o Corpo de Bombeiros julgar
necessário, face aos riscos apresentados.
Art. 55 - Todo edifício-garagem com mais de 10 (dez) pavimentos, ou altura
superior a 25m (vinte e cinco metros), a contar de sua base, será obrigatoriamente
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dotado de instalação de chuveiro automático do tipo “Sprinkler”, em todos os
pavimentos, com painel de controle e alarme na portaria.
Art. 56 - Todo edifício-garagem será equipado com extintores portáteis em
número variável, segundo o risco a proteger.
Art. 57 - Cada elevador para carro será equipado com 01 (um) extintor de
dióxido de carbono de 6 Kg (seis quilos).
Art. 58 - Em todos os acessos e nas áreas de estacionamento serão
colocados avisos com dizeres “é proibido fumar”.
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UNIDADE 6 – A PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS E
ARQUIVOS HISTÓRICOS
Em vários trabalhos pertinentes à Ciência da Informação, encontramos
tópicos relacionados à segurança contra incêndio e pânico e estudos diversos
acerca da importância de se preservar as edificações que se prestam como
“guardadores” de documentos históricos, afinal de contas, não basta apenas
preservar o patrimônio enquanto edifício físico, é preciso conservar também os
documentos que nos contam a história, seja ela de um país, uma comunidade,
acontecimentos pessoais ou a vida de uma empresa.
Como diz Bellotto (2004), a função primordial dos arquivos permanentes ou
históricos é a de recolher e tratar os documentos públicos, sendo então
responsáveis pela passagem desses documentos da condição de “arsenal da
administração” para a de “celeiro da história”, conhecida como teoria das três idades.
Segundo Pereira (2012), dispor de um plano de segurança, de mecanismos
para combater situações indesejáveis e possuir conhecimentos para se poder agir
em conformidade poderá significar, em caso de acidente, não perder o patrimônio, a
informação e a memória do que nos identifica como povo ou em situações mais
drásticas permitir-nos-á minimizar as perdas.
É notória a preocupação de organismos internacionais como a UNESCO, em
preservar o patrimônio histórico e cultural dos povos, esteja ele em arquivos,
museus, bibliotecas. Tanto que existem algumas convenções, tais como a
Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural e Natural Mundial (1972) e a
Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003). Outras
iniciativas da UNESCO e de outras organizações internacionais, tais como
Declarações ou Recomendações têm igualmente revelado preocupação em
preservar o patrimônio, conforme relata o trecho abaixo:
“[…] o patrimônio, em todas as suas formas, deve ser preservado, valorizado
e transmitido às gerações como testemunho […]” (art. 7º da Declaração Universal
sobre a Diversidade Cultural, UNESCO) Disponível em
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Em se tratando do Brasil, Ono (2004 apud ANTUNES, 2011) cita o caso do
incêndio ocorrido em 1978, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que
destruiu 90% de sua coleção, que incluía aproximadamente 1000 obras de arte.
Além de pinturas emprestadas para uma exibição especial. Em pouco tempo, 30
minutos, o incêndio causou prejuízos da ordem de 50 milhões de dólares, em
valores da época. A edificação, de arquitetura moderna, que não contava com um
sistema de detecção de calor e fumaça, aviso sonoro (alarme), chuveiros
automáticos, foi integralmente recuperada, porém o seu acervo nunca voltará a ser o
mesmo. A lembrança dessa tragédia permanece na memória da cidade do Rio de
Janeiro.
Segundo Araújo (2004), quando da ocorrência de um incêndio, bens são
danificados ou mesmo destruídos e, ainda que contando com informações sobre o
que foi perdido, a reconstrução de alguma obra pode até mesmo se tornar possível
do ponto de vista material, mas o valor de sua autenticidade já não existirá mais,
portanto, nada melhor do que prevenir!
Existem vários métodos de avaliação de risco de incêndio e suas
consequências, dentre eles o Método Gretener que é base da proposta para a
normalização brasileira no que se refere ao cálculo do índice de segurança contra
incêndio em edificações (ANTUNES, 2011).
Também é verdade que existe um contraponto em relação à unicidade e
aleatoriedade dos incêndios quando se trata da severidade destes e a intensidade
de seus efeitos sobre usuários, edificações e meio ambientes. Se por um lado o
início de um incêndio é um evento aleatório (fora de controle para o homem), a
severidade de suas consequências não o é, pois os projetos de engenharia de
incêndio bem concebidos e implementados confinarão o sinistro – caso da
compartimentação – medida de proteção passiva de grande eficiência.
Enfim, existem variáveis controláveis e outras incontroláveis, mas sejamos
mais práticos. Vamos elencar ações que precisam ser colocadas em práticas de
imediato:
diminuir a carga de incêndio na edificação;
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treinar os usuários permanentes e vigilantes em prevenção e combate a
incêndio e primeiros socorros;
promover a manutenção periódica das várias instalações prediais.
Para elaboração de projetos de segurança contra incêndio, é preciso
verificar a carga de incêndio, as medidas de proteção passivas e ativas e no tocante
a edificações para sede de arquivos, o Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)
faz as seguintes recomendações:
a proteção adequada contra o fogo começa pelo projeto arquitetônico. Os
projetos complementares (elétricos, ar condicionado, entre outros) deverão
ser desenvolvidos visando evitar o risco de propagação do fogo para outros
ambientes;
todos os materiais empregados na construção da edificação têm de ser
preferencialmente incombustíveis (o controle da carga de incêndio começa na
fase do projeto arquitetônico). Os materiais combustíveis, caso da madeira,
deverão receber proteção especial retardadora de calor e de chamas;
toda a edificação deverá contar com um sistema de detecção automática,
ligado ao quadro de alarme, de acordo com os padrões normativos vigentes.
Os detectores mais adequados são os de fumaça, dos tipos ionização e
fotoelétrico. A função principal dos sistemas de alarme é localizar o sinistro e
alertar as pessoas para saírem do prédio. A brigada de incêndio atuará
chamando o Corpo de Bombeiros, procederá ao combate do fogo em seu
início, acompanhará o processo de evacuação do público a uma área
considerada segura e também, colaborará no salvamento do acervo;
quando da integração de prédios novos a antigos, poder-se-á instalar as
áreas de trabalho no prédio antigo; e, na construção nova, as áreas
destinadas à guarda documental. A questão estética, contudo, deverá ser
bem avaliada, de forma a harmonizar a coexistência do conjunto formado;
Os depósitos precisam ficar isolados do restante das atividades do edifício.
No caso de edifícios com ocupação no sentido vertical, os depósitos deverão
ficar localizados nos andares mais baixos enquanto as salas de trabalho e
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consulta, nos andares mais elevados. Em casos de emergência com fogo ou
água, a retirada dos documentos em andares inferiores seria mais facilitada.
O pavimento térreo é o mais adequado à recepção de documentos, com
áreas especiais para a triagem, a higienização e a desinfecção dos
documentos;
acesso independente para o público, impedindo sua circulação pelas áreas de
depósito e de trabalho;
as instalações elétricas (todas) deverão estar de acordo com as normas
técnicas em vigor. A chave geral de energia deverá ser localizada de forma a
permitir sua fácil visualização. Os interruptores de luz elétrica deverão estar
localizados nas principais passagens. As tomadas de energia elétrica deverão
estar instaladas a cada quatro ou seis metros, para permitir o uso de
aspiradores de pó e outros equipamentos. A instalação deverá ser feita a um
metro do chão. Os cabos elétricos da fiação deverão ser instalados em dutos
preferencialmente aparentes. O número de tomadas deverá ser suficiente
para cada cômodo (evitando-se a costumeira sobrecarga em determinados
pontos);
cada instituição de guarda de arquivos permanentes deverá implantar um
plano de emergência com vistas ao salvamento e ao resgate das coleções do
acervo.
De acordo com a norma NFPA 232AM (1991 apud ANTUNES, 2011), em
manual especialmente elaborado para proteção contra incêndio em arquivos e
centros de documentação, os códigos e normas de segurança contra incêndio são
voltados à proteção das pessoas nas edificações e não para a própria construção ou
seu conteúdo. Os projetos destinados às instalações de arquivos ou centros de
documentação deverão ser assistidos por engenheiros especializados em proteção
contra incêndio. Nos casos de arquivo instalado em prédio com vários pavimentos
ou no subsolo de edificações, a presença desse profissional é fundamental.
Lembramos que na conservação de obras de acervos bibliográficos e
documentais, há que se ter prioridade para instalação de equipamentos modernos
de detecção de fumaça e controle de incêndio em edificações que abrigam acervos
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documentais, manutenção corriqueira dessas instalações, monitoramento pleno do
prédio com auxílio de brigadas de incêndio constituídas por funcionários treinados
pelo Corpo de Bombeiros.
Enfim, edificações que abrigam instituições arquivísticas, como é o caso dos
arquivos públicos, necessitam de projeto de segurança contra incêndio e pânico que
monitore diuturnamente as áreas de interesse, com rápida detecção de um foco de
fogo (com disparo de alarme) por um sistema de detecção de fumaça por
amostragem de ar. Na impossibilidade de alguma instituição, a curto prazo, não
puder implantar um sistema desse tipo, adotar-se-á o sistema de detecção de
fumaça usual, associado a alarme sonoro. Em qualquer dos casos, a participação da
brigada de incêndio torna-se indispensável e o pronto combate deve ser feito com
uso de um agente extintor “limpo”, no caso de incêndio em documentos (o gás
dióxido de carbono é o mais conhecido e o menos oneroso). A vantagem do
emprego de um agente extintor por gases inertes (“agente limpo”) é não danificar,
durante a ação do combate, os objetos presentes no cenário de incêndio, o que
certamente ocorreria com uso da água em arquivos de papel, mesmo com emprego
do sistema de sprinkler (ANTUNES, 2011).
Podemos também afirmar que a segurança das edificações contra o risco de
incêndio e suas consequências está essencialmente associada à boa gestão de
prevenção de riscos de seus usuários e responsáveis. O controle da carga de
incêndio, a revisão periódica da parte elétrica, os equipamentos de proteção ativa
aptos ao pronto emprego e ambientes (compartimentos internos e externos das
edificações) amimados e limpos são, por excelência, essenciais.
Em casos de novas edificações para arquivo público ou particular, os
arquitetos contratados para a fase de projeto deverão estar atentos para a efetiva
compartimentação dos cômodos, sobretudo aqueles destinados aos depósitos de
documentos, oficinas e almoxarifados, os quais deverão ficar necessariamente
isolados dos cômodos destinados ao funcionamento interno e social do arquivo. A
prescrição de materiais não combustíveis ou resistentes ao fogo em pisos, paredes e
tetos, assim como a do mobiliário funcional, é providência básica e fundamental para
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evitar um eventual foco de fogo ou então impedir a propagação do incêndio dele
decorrente.
No caso específico do Estado de Minas Gerais, o advento da Lei nº
19420/2011, que dispõe sobre a Política Estadual de Arquivos, as instituições
arquivísticas do Estado de Minas Gerais certamente fruirão dos benefícios, reflexos
e desdobramentos desse valioso instrumento institucional – específico – em prol da
preservação dos documentos de valor permanente, os quais são inalienáveis e de
guarda imprescritível (ANTUNES, 2011).
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UNIDADE 7 – A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DE
INCÊNDIOS
De imediato, devemos justificar que dentre os vários motivos para que se
investigue um incêndio, o principal deles é justamente descobrir a razão de sua
causa e, então, promover ações, informações, recomendações e até mesmo
mudanças na legislação de proteção contra incêndio e pânico, para evitar que outras
situações similares aconteçam.
Braga e Landim (2008) explicam que devido ao incêndio ser um problema de
grande magnitude em todo mundo, com perdas diretas avaliadas em 0,1% do
Produto Interno Bruto (PIB) para países como Japão, Espanha e Polônia, até quase
0,3% do PIB para países como Áustria e Noruega, e mortes de até quatro mil e
trezentas pessoas, em 2003, nos Estados Unidos é que a investigação desse tipo de
ocorrência mostra toda a sua importância.
Os mesmos autores ressaltam que a investigação não é tarefa fácil, ao
contrário, existe conhecimento aprofundado a começar pelo comportamento do fogo.
É preciso astúcia, persistência e outras habilidades, conhecimentos variados e,
claro, atitudes.
Dentre os objetivos de se investigar um incêndio podemos citar:
determinar se foi criminoso ou não;
saber se um determinado produto tem defeito de fabricação capaz de originar
um incêndio ou que uma determinada prática também concorra para esse tipo
de ocorrência.
Muitas vezes, é com base nesses objetivos que se busca melhorar um
produto, um processo e até mesmo atualizar as normas de proteção contra incêndio,
buscando sempre ao final, aumento da segurança das pessoas e, por conseguinte,
defender a propriedade e o meio ambiente.
Quanto mais cedo iniciar a investigação, tanto melhor e mais informações
sobre o seu desenvolvimento e comportamento serão obtidas. De acordo com o
Kirk’s Fire Investigation, a atuação do investigador inicia antes mesmo da extinção
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do incêndio, uma vez que ele pode obter informações mais precisas sobre o sinistro
quando ainda está sendo combatido.
7.1 Ações do investigador segundo Braga e Landim
a) Durante o incêndio:
A presença do investigador na cena do incêndio durante o combate sempre
permitirá a obtenção de valiosas informações sobre o seu desenvolvimento, bem
como sobre se o ambiente foi alterado devido à ação dos bombeiros. Ele poderá
aproveitar também começar a relacionar as testemunhas e os bombeiros a serem
entrevistados e os eventos que estão se sucedendo durante o desenvolvimento e a
extinção do incêndio.
b) Imediatamente após a extinção do incêndio:
Assim que o acesso ao local do incêndio estiver seguro, embora o ambiente
ainda esteja com altas temperaturas, o investigador poderá colher as primeiras
impressões de dentro do local sinistrado. Nesse momento ainda não se iniciou a
operação de rescaldo, que é o resfriamento de pontos quentes do ambiente, a fim de
evitar a reignição do incêndio. Por isso mesmo, em decorrência da preservação da
cena, poderá revelar importantes informações a respeito do sinistro.
c) Durante o rescaldo:
É importante que o trabalho de rescaldo seja o mais criterioso possível,
diminuindo ao máximo a quantidade de material removido e até mesmo catalogando
o exato local onde ele se encontrava antes de ser retirado.
É nessa fase quando boa parte das evidências é destruída, podendo
dificultar, ou até mesmo tornar impossível, a investigação do incêndio. Apesar de
muitos bombeiros terem noção da importância da preservação do local, a presença
do investigador nesse momento reforçará o procedimento, podendo até mesmo
orientar a ação realizada pelos bombeiros.
d) Após o rescaldo:
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É a partir desse momento que o investigador tem condições de trabalhar de
uma forma mais abrangente e completa. Nessa fase, é possível verificar os padrões
de queima, bem como a situação do local após o incêndio, procurando evidências
que o ajudarão, em conjunto com as entrevistas com testemunhas e bombeiros, a
reconstruir a cena e buscar o local de origem do fogo, sua causa e como o fogo se
propagou.
Uma das informações primordiais que o investigador deve buscar é o que
iniciou o incêndio, tentando compreender e correlacionar os fatos que ocorreram
antes e como o incêndio se propagou. Essas informações serão de importância
ímpar para a proteção contra incêndio, pois uma investigação bem-feita pode fazer
com que normas e procedimentos sejam revistos e atualizados.
7.2 Métodos de investigação
Todo investigador de incêndio precisa desenvolver suas atividades em
conformidade com uma metodologia que lhe permita apontar, de forma criteriosa, a
causa do incêndio. Isso exige organização, conhecimento e dedicação, definindo
suas ações antes mesmo de iniciá-las. Laudos periciais são, não raras vezes,
subsídios de decisões judiciais (BRAGA; LANDIM, 2008).
A metodologia utilizada no laudo permitirá ao magistrado, bem como a todo
cidadão a quem possa interessar, a compreensão dos fatos que culminaram com o
sinistro. Por isso mesmo, não basta ao perito somente conhecer bem o assunto. É
igualmente necessário que saiba se expressar de forma clara e concisa a respeito
da investigação.
A seguir, serão abordadas as principais ações a serem desenvolvidas na
investigação de incêndios.
a) Preservar a cena:
Nenhum local de incêndio pode ser devidamente periciado se o cenário
original não for mantido para os investigadores. A perícia de incêndio apresenta uma
grande desvantagem na preservação dos vestígios em relação a outros tipos de
perícia. Enquanto que, em exames de balística, as provas geralmente se mantêm
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após o evento, os vestígios decorrentes do incêndio já foram duramente testados
pela ação direta das chamas e do calor e o que resta é, não raras vezes, insuficiente
para a determinação da causa. Não obstante, a ação dos bombeiros durante o
combate também deteriora a preservação total das provas, seja pela ação da água
durante a extinção, seja pela movimentação dos escombros para resfriamento dos
pontos de calor, durante o rescaldo.
Os investigadores de incêndio precisam ser pessoas com atenção apurada,
com conhecimento técnico aprofundado sobre como se processa o incêndio, com
suas características e comportamento-padrão, além de saber analisar corretamente
os vestígios coletados na cena do incêndio.
A cena precisa ser preservada até uma investigação completa do sinistro, o
que pode levar dias, senão meses.
Princípios da preservação de incêndios
Fonte: Pedersen (2005 apud BRAGA e LANDIM, 2008, p. 335).
Segundo Pedersen, a investigação de incêndio segue uma cadeia
cronológica de eventos, estabelecido pelas testemunhas, pelo cenário do incêndio e
por testes laboratoriais, conforme a ilustração acima.
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b) Definir a metodologia da investigação:
Ao chegar ao local do incêndio, o investigador deve, primeiramente, delimitar
o cenário a ser analisado, ou seja, o objeto da investigação, bem como relacionar, o
mais detalhadamente possível, os óbitos ou as lesões em vítimas (se houver). A
avaliação permitirá formular um plano estratégico de trabalho, pelo qual os dados
coletados devem possibilitar ao investigador o preparo de um relatório.
Constituem ações metodológicas de uma investigação:
coleta de informações;
coleta de amostras para análise;
escavação dos escombros;
inspeção das instalações elétricas (disjuntores, fusíveis, condutores e
terminais);
registro fotográfico;
inspeção visual das áreas atingida e adjacentes;
reconstituição da cena (com os escombros e com os materiais não
queimados);
verificação da existência de múltiplos focos.
Em todas as ações acima citadas, deve-se primeiramente delimitar quem
participará da atividade (testemunhas e bombeiros a serem entrevistados, por
exemplo), quando e como será realizada a ação.
É importante lembrar que incêndios com vítimas devem ser periciados em
conjunto com a perícia criminalística, a fim de que os trabalhos em campo não
prejudiquem uma ou outra perícia. Isso exige esforços em conjunto de mais de uma
instituição e, provavelmente, demandará mais tempo de trabalho dos investigadores
envolvidos.
c) Coletar o maior número de dados possível:
O investigador deve buscar coletar o maior número possível de dados sobre
o evento, por meio de observação direta, medições, fotografias, testes laboratoriais,
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estudos de caso e entrevistas às testemunhas. Elas deverão ser qualificadas no
relatório, com o maior número de dados a respeito, inclusive endereço e telefone de
contato e sua condição de testemunha do incêndio (se proprietário, observador,
vizinho, bombeiro, entre outros).
As informações obtidas das testemunhas devem ser coletadas
primeiramente de forma livre, deixando que o indivíduo fale tudo o que se lembra
sobre o evento para, somente depois, serem feitas as perguntas julgadas
importantes. Dessa forma, é possível analisar possíveis contradições nos
depoimentos e a confrontação com os vestígios ou até mesmo sanar possíveis
dúvidas dos investigadores.
O relato dos bombeiros envolvidos no combate também é muito importante
para o laudo, uma vez que eles são testemunhas oculares do comportamento do
incêndio. Por serem os primeiros agentes públicos a chegar ao local e ainda por
poderem alterar a cena original por necessidade do combate ao incêndio, os
bombeiros podem informar aos investigadores dados importantes como: quebra de
janelas, abertura de portas ou feitas nos tetos e paredes, técnicas e procedimentos
de combate adotados, inclusive de ventilação (uma vez que afeta sobremaneira o
comportamento do calor e das chamas); consequentemente, a integração entre os
investigadores de incêndio e os combatentes que atuaram no incêndio deve ser a
maior possível.
É importante que, nos casos de coleta de depoimentos de vítimas
hospitalizadas ou em condição de trauma psicológico decorrente do incêndio, os
investigadores se assegurem, pela medida do bom senso, que elas estejam em
condições de falar a respeito. Medicações fortes podem alterar o quadro mental da
vítima e dificultar ou confundir lembranças a respeito do sinistro.
A análise de toda a edificação, inclusive das áreas não atingidas, deve ser
considerada pelos investigadores.
Isso porque, em alguns casos, a fonte de calor que originou o incêndio não
se encontra no ambiente sinistrado, podendo ter sido trazida por meio de fossos de
ventilação, sistema de ar condicionado, dutos técnicos, escadas ou janelas.
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d) Analisar os dados:
Todo levantamento de dados sobre o incêndio visa assegurar, de forma
objetiva, se os vestígios, inclusive o depoimento das testemunhas, são verídicos e
harmônicos entre si.
O investigador precisa utilizar sua experiência e conhecimentos a fim de
concatenar os vestígios coletados e definir o comportamento do incêndio. É
importantíssimo que conheça, bem como se comporta o incêndio nos diversos tipos
de edificação, a fim de melhor compreender os vestígios encontrados na cena do
incêndio. Por isso mesmo, em vários países, investigadores de incêndios são
bombeiros com grande experiência de combate.
e) Levantar todas as hipóteses possíveis relacionadas à origem do fogo
e ao seu desenvolvimento:
Depois da análise dos dados obtidos, os investigadores devem relacionar,
uma a uma, todas as hipóteses possíveis quanto à causa que estejam em
conformidade com os vestígios e com o relato das testemunhas. Em princípio, na
investigação em que não foi possível estabelecer qual foi o comportamento do fogo,
nenhuma hipótese pode ser descartada. Todas as possibilidades devem ser
consideradas, a fim de que não restem dúvidas, ao final dos trabalhos, de como se
originou o sinistro.
É importante lembrar que um mesmo comportamento desenvolvido pelo
calor e pelas chamas pode admitir mais de uma possibilidade de causa.
f) Testar as hipóteses levantadas:
Por método dedutivo e levando-se em consideração experiências anteriores,
as hipóteses devem ser testadas uma a uma, em comparação com o
comportamento do incêndio e com os vestígios existentes. Essa fase visa excluir
todas as outras possibilidades de causa que não possuem sustentação nos
vestígios.
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É uma fase que demanda tempo e esforço por partes dos investigadores e
pode exigir uma coleta de dados adicional, novas informações das testemunhas e o
desenvolvimento ou a alteração das hipóteses. Consequentemente, os passos c, d e
e se repetem até não haver discrepância entre as hipóteses e for possível apontar a
causa.
Tudo o que não puder ser comprovadamente eliminado deve continuar
sendo considerado como possível e os investigadores necessitam admitir também
esta condição.
g) Selecionar a hipótese provável:
Também conhecida como a fase da conclusão ou opinião dos
investigadores, esse passo visa levantar a hipótese provável, baseada em uma
confrontação harmônica entre os vestígios coletados e as informações das
testemunhas. Quando uma hipótese consistente é confrontada harmonicamente com
as evidências e, consequentemente, pode se tornar a hipótese final, o laudo pode
apontar a causa do incêndio. Se isso não for possível, a causa deve ser considerada
indeterminada ou, como adotada oficialmente por algumas instituições, causa não-
apurada.
7.3 Compreensão da dinâmica do incêndio
A compreensão da dinâmica do incêndio permite aos investigadores analisar
corretamente seus vestígios.
Apesar de cada incêndio possuir particularidades, há um padrão de
comportamento entre os incêndios ocorridos em ambientes com características
construtivas e cargas de incêndio semelhantes.
De acordo com Lilley (1997 apud BRAGA; LANDIM, 2008), uma boa
compreensão das fases de um incêndio pode ajudar ao investigado a entender o
que aconteceu em um incêndio.
i) Fase inicial: é a fase incipiente do incêndio, com temperatura no teto de
aproximadamente 40°C. Após as chamas aparecerem o incêndio cresce
rapidamente.
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O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nessa fase:
é fácil verificar o padrão de queima em “V” no foco inicial;
é fácil encontrar o foco inicial e, consequentemente, a causa;
a maioria dos vestígios ainda está intacta.
ii) Fases crescente e totalmente desenvolvida: nessas fases, o incêndio
torna-se mais intenso à medida que mais materiais participam da queima. Essas são
as fases de maior produção de chamas, onde a temperatura no teto está acima de
700ºC.
O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nessas fases:
marcas de fuligem por chama nas paredes;
padrão de queima em “V” mais evidente em materiais combustíveis, como
paredes de madeira;
a carbonização é maior na zona de origem se comparada com outros
ambientes adjacentes;
o exame dos objetos no ambiente sinistrado ajuda a identificar mais
facilmente a zona de origem do fogo;
derretimento de metais leves, como alumínio.
iii) Fase final: nesta fase o combustível torna-se mais escasso, a queima
em chamas é menor e a presença de incandescência é maior.
O que o investigador pode verificar em um incêndio que foi combatido ainda
nessa fase:
marcas de fuligem nas paredes que podem estar tão baixas quanto 30 cm;
o padrão em “V” e os padrões de queima podem estar ocultos em decorrência
da carbonização;
quanto mais longa for a queima, menos evidências estarão disponíveis.
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a) Edificações de alvenaria:
Edificações em concreto ou tijolo apresentam-se, geralmente,
compartimentadas por paredes do mesmo material, como o caso de residências,
apartamentos e escritórios. Sua carga de incêndio, normalmente, consiste em
mobiliário de madeira e estofados, além de equipamentos eletroeletrônicos.
A queima apresenta-se rápida, porém restrita ao foco inicial ou a um
compartimento, haja vista a delimitação do calor e das chamas pelo teto
(comumente em laje de concreto) e pelas paredes.
Os pontos atingidos somente pela fumaça apresentarão bastante fuligem,
geralmente nas paredes adjacentes ao foco do incêndio, na parte superior e no teto.
A fuligem é trazida pela fumaça e suas marcas são de manchas uniformes escuras.
Ponto em que houve chamas apresentam marcas claras, em maior
profundidade. Não é raro o descolamento do material de revestimento da parede
pela ação do calor.
Edificações compartimentadas por gesso acartonado (dry wall) ou divisórias
de madeira costumam apresentar combustão mais rápida, causada pela
deteriorização do material com o calor.
b) Edificações de madeira:
Edificações de madeira típicas de favelas são constituídas, normalmente, de
telhado de fibrocimento e paredes de madeirite, que é de fácil combustão. É comum
o abastecimento irregular de energia elétrica (gatos) ou uso cotidiano de velas, o
que aumenta o risco de um sinistro.
Apesar de a carga de incêndio aproximar-se bastante da carga de incêndio
das edificações em alvenaria de concreto ou tijolo, a queima aqui se apresenta
extremamente agressiva, atingindo altas temperaturas em um espaço de tempo
reduzido; consequentemente, os vestígios para a perícia também são drasticamente
reduzidos ou comprometidos face o alto grau de destruição da edificação.
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A fumaça e os gases quentes produzidos pela combustão sobem, atingem o
teto e espalham-se para os lados. Ao se deparar com as paredes, a fumaça desce
em movimento circular, aquecendo os materiais presentes no ambiente por
convecção e radiação térmica, enquanto as chamas do foco inicial continuam
propagando o incêndio radialmente por condução. Se o processo não for
interrompido, em alguns minutos, o ambiente estará envolvido em chamas pela
generalização do incêndio, também conhecido como flashover.
Testes laboratoriais japoneses mostraram que, para a propagação das
chamas em um compartimento, o material de acabamento da edificação influenciará
significativamente no teto e pouco nas paredes.
No caso da edificação em madeirite, esse processo inicia também a
destruição do telhado (que, apesar de não propagar chamas, é pouco resistente ao
calor e trinca, caindo no ambiente) e a combustão das paredes, levando a uma
carbonização do material atingido e a destruição total do ambiente.
c) Tipos de causa de incêndio:
As causas possíveis de incêndios são mais comumente tipificadas em:
fenômeno termoelétrico, fenômeno natural, fenômeno químico, origem acidental e
ação pessoal. A ação pessoal pode ser ainda subdividida em acidental, intencional
ou indeterminada. Algumas instituições adotam a indicação de causa decorrente de
ação de criança.
Existe ainda a situação em que a causa não pode ser apontada.
c.1) Fenômeno termoelétrico:
Compreende todo incêndio causado por mau funcionamento da corrente
elétrica: centelhamento, desconexão parcial, sobrecarga, contato imperfeito,
grafitização, curto-circuito e sobretensão.
c.2) Fenômeno natural:
Representa todo incêndio cuja causa está relacionada com comportamentos
da natureza ou anomalias da edificação: queda de raio, vendaval, deslizamento,
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desmoronamento, terremoto. Esse tipo de causa também comporta a combustão
natural, como o exemplo do fósforo branco.
c.3) Fenômeno químico:
Toda causa de incêndio relacionado a uma reação química, espontânea ou
induzida é tipificada nessa causa. Geralmente, envolve uma reação exotérmica, ou
seja, com liberação de calor, causado pela combinação de substâncias químicas.
c.4) Origem acidental:
Compreende toda causa relacionada a defeitos de funcionamento, fagulha
ou acidente. Isso compreende possíveis deficiências de maquinários e
equipamentos, o que permite, por meio do levantamento de dados desta origem,
solicitar, junto aos fabricantes, a correção de mau funcionamento de
eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
c.5) Ação pessoal intencional:
Também conhecido como incêndio criminoso, esse tipo de evento envolve
dolo, ou seja, intenção de causar o incêndio.
Geralmente, é caracterizado pela presença de múltiplos focos iniciais,
comportamentos de queima anômalos ou presença de agentes aceleradores, mais
comumente, hidrocarbonetos (gasolina, álcool, querosene). Pontos com agentes
aceleradores apresentam, na maior parte das vezes, marcas de queima em maior
profundidade e seus vestígios podem ser analisados por meio de testes
laboratoriais. Para isso, é necessário que o perito saiba coletar e acondicionar
corretamente a amostra, sob pena de perder os traços deixados pelo agente
acelerador.
Investigação de incêndio que envolva ressarcimento de prejuízo por meio de
seguro deve considerar essa possibilidade até que possa ser descartada pelos
vestígios. Incêndios criminosos com intenção de receber o valor assegurado não são
tão raros quanto deveriam.
c.6 Ação pessoal acidental:
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É toda origem de incêndio decorrente de ação humana sem dolo, ou seja,
sem intenção de causar dano.
Geralmente, é consequência de negligência, imprudência ou imperícia, por
exemplo, velas esquecidas acesas, cigarros mal apagados.
c.7 Ação pessoal indeterminada:
É toda origem, comprovadamente, relacionada à ação humana, porém sem
elementos que possam comprovar se a intenção foi dolosa ou acidental.
Em todo tipo de ação pessoal, os investigadores devem apresentar qual o
agente causador do incêndio: se chama aberta (chama de vela, de fósforo, de
chama de fogão, entre outras), material incandescente (cigarro, faísca, entre outros)
ou superfície aquecida. Exemplo de superfície aquecida: vazamento de gás
liquefeito de petróleo (GLP) em contato com o forno do fogão aquecido.
c.8) Causa decorrente de ação de criança:
O fogo costuma atrair a atenção de crianças e, por consequência, incêndios
envolvendo ação de crianças também são comuns. Esse tipo de classificação, à
parte das outras ações pessoais, visa a um levantamento de dados que permita
desenvolver campanhas educativas junto à sociedade para prevenção de incêndios
que envolvam crianças. Incêndios desse tipo costumam causar queimaduras,
quando não levam a óbito, uma vez que o mais comum é que brinquem próximas a
sofás ou camas, que queimam fácil e rapidamente devido à sua carga de incêndio.
O mais comum é o uso de fósforo, mas isqueiros também são utilizados.
Geralmente, a classificação de ação de criança em um laudo pericial é abaixo de
oito anos de idade.
Nesses casos, é comum encontrar: palitos de fósforo na zona de origem do
incêndio ou espalhados pelo local; ausência da caixa de fósforos ou do isqueiro da
residência no local de costume; dificuldade de obter informações mais precisas
sobre o incêndio, principalmente da mãe da criança envolvida, por proteção.
c.9) Causa não apurada:
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Todas as vezes em que os vestígios existentes não puderem sustentar a
causa apontada, depois de seguida a metodologia, o laudo deve apresentar causa
não apurada, ainda que os investigadores saibam o que causou o sinistro (BRAGA;
LANDIM, 2008).
7.4 Informações para o laudo pericial
Existem dados considerados essenciais em um relatório, seja ele pericial ou
técnico. Eles devem ser capazes de informar as principais características do local
sinistrado, do incêndio e das vítimas, se houver. Quanto mais informações existirem
no laudo, mais ele tende a ser eficiente pelo detalhamento do ocorrido.
a) Dados da edificação
Constituem dados essenciais do local: endereço completo; tipo de edificação
(se residencial, comercial, mista, industrial, escolar, de concentração de público,
entre outros); área total da edificação em metros quadrados; área atingida pelo
incêndio em metros quadrados (todos os compartimentos atingidos, inclusive por
fuligem); área atingida somente pelas chamas; número de pavimentos da edificação
e qual(is) deste(s) foram atingido(s) pelo incêndio; tipo de material construtivo
predominante (concreto, tijolo, madeira, madeirite, vidro, entre outros); se era
abastecida por energia elétrica ou não; tipo de cobertura (laje, telhado, entre outros);
tipo de piso.
Nas investigações de incêndios florestais, a área queimada é mensurada em
hectares.
b) Dados do incêndio
Constituem dados essenciais do incêndio: data e hora do evento; data e
hora da realização da perícia; descrição da zona de origem do incêndio; descrição
do foco do incêndio; descrição de como o incêndio se propagou e de como foi a
atuação dos bombeiros (viaturas empregadas, quantidade de agente extintor
utilizado, tempo de combate e dificuldades encontradas); relação das vítimas
(quantidade, idade, condição, motivo da lesão ou óbito e se eram bombeiros em
serviço); relato das testemunhas (quem são, o que viram, o que presenciaram, entre
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outros); considerações finais (principais observações em relação às possíveis
causas levantadas e a correlação dos elementos obtidos, de forma que seja possível
compreender o que ocorreu e porque não seria outra causa senão a apontada);
determinação da causa do sinistro.
7.5 A importância da coleta de dados de incêndios pelos bombeiros
Duarte e Ribeiro (2008) contam que a ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), fórum nacional de normalização, instalou, em 1992, uma
Comissão de Estudo sobre Estatística de Incêndio junto ao CB-24 – Comitê
Brasileiro de Segurança contra Incêndio. Essa comissão de estudo foi formada com
o objetivo de discutir e propor normas brasileiras na área de coleta, processamento e
análise de dados de incêndio, que acabou evoluindo para a discussão dessa
sistemática não só para a coleta de dados de incêndio, mas de todas as atividades
desenvolvidas por órgãos que realizam e registram as atividades desempenhadas
por bombeiros.
Em dezembro de 1997 foi aprovada a Norma Brasileira – NBR 14023 –
Registro de atividades de bombeiros – resultado dessa necessidade de
padronização dos dados a serem coletados pelas organizações que se propunham a
registrar tais dados de uma forma sistemática, a fim de se obter informações com
base comum.
Ressalte-se que a norma é abrangente, ou seja, não se limita à consolidação
dos dados de incêndio, mas também às outras ações realizadas pelos bombeiros no
seu atendimento às ocorrências, que se enquadram em quatro grandes grupos:
combate a incêndio; salvamento; prevenção e auxílio e atendimento pré-hospitalar.
A norma pretendeu incluir o que se considerou o mínimo indispensável para
a obtenção de parâmetros de comparação em nível nacional e internacional,
permitindo liberdade às diferentes organizações para incluírem outros dados para
uma melhor análise e diagnóstico de suas situações particulares, de acordo com
seus julgamentos.
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A norma se aplica a todos os órgãos que realizam e registram as atividades
desempenhadas por bombeiros, ainda que privados.
A coleta uniforme de dados permite, assim, o desenvolvimento de um banco
de dados padronizado, formando o “Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados
de Bombeiros”, de tal modo abrangente, que seria capaz de fornecer, dentre outras,
as seguintes informações para:
a) Revelar a extensão dos prejuízos causados por incêndio e outros sinistros
atendidos e os principais problemas encontrados.
b) Identificar os problemas que requer ações mais efetivas e
desenvolvimento de pesquisas.
c) Orientar ações de prevenção e proteção da vida humana, do patrimônio e
do meio ambiente.
d) Orientar o desenvolvimento efetivo de códigos, regulamentações e
normas de segurança em edificações, meios de transporte, atividades profissionais e
de proteção ambiental.
Por meio de um Sistema Nacional de Coleta e Análise de Dados de
Bombeiros, as entidades relatoras podem obter maior suporte de seu órgão
administrativo, tendo disponível dados confiáveis para o embasamento de suas
solicitações e para os seus planejamentos. Os aspectos operacionais que podem ser
diretamente beneficiados por estas informações incluem:
a) A alocação apropriada de recursos humanos e materiais.
b) A avaliação de seu desempenho.
c) Critérios para localização e eventual criação de novos postos de
bombeiros.
d) A racionalização de saídas e chamadas.
e) O desenvolvimento de programas de treinamento.
f) A revisão de fatores de segurança no trabalho de bombeiros.
g) O desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão.
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A norma fornece um formulário-padrão para coleta de dados, elaborado
como sugestão para adoção por órgãos que realizam e registram as atividades
desempenhadas por bombeiros, que se divide nos seguintes blocos de dados:
a) Sobre a entidade relatora (nome da corporação e endereço).
b) Sobre o registro da ocorrência (número que a individualize e indicação se
houve ou não intervenção, já que existem casos em que o bombeiro se desloca para
uma emergência e nem sempre tem de atuar, seja por um engano daquele que
acionou o bombeiro, seja por trote ou mesmo nas ocasiões em que a situação já foi
resolvida antes mesmo da chegada dos recursos acionados – corpo de bombeiros).
c) Sobre o local da ocorrência (dados que individualizem o local onde houve
o incidente, não só o endereço, mas também outros dados sobre as características
do local – residencial, comercial, industrial, de ensino, de saúde, via pública, rodovia,
de prestação de serviço, entre outras).
d) Sobre as atividades desenvolvidas na ocorrência (combate a incêndio
e/ou outras atividades, a exemplo do socorro a vítimas).
e) Sobre as vítimas (dados que individualizem as vítimas pela sua
identificação, características pessoais e lesões ou problemas encontrados).
f) Sobre os recursos empregados (veículos e efetivo).
g) Histórico/resumo da ocorrência (com dados ainda não lançados e que
sejam importantes para a caracterização da ocorrência).
h) Complementações (com outros dados importantes para a compreensão
do atendimento realizado).
i) Sobre o responsável pelo preenchimento (nome, identificação,
cargo/função, data do preenchimento e assinatura).
Os dados solicitados na norma, referentes ao combate a incêndios, são os
seguintes:
a) Tipo do incêndio (em relação ao local): em edificações; em meio de
transporte; em vegetação ou outro tipo de incêndio não classificado nas situações
anteriores.
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b) A quantificação dos sistemas de proteção contra incêndio existentes no
local da ocorrência.
c) A área atingida e sua proporção em relação à área total do local da
ocorrência.
d) A possível causa do incêndio.
e) A previsão de realização de perícia de incêndio, já que a perícia não é
feita em todos os casos de incêndio, e qual o órgão responsável pela perícia, já que
nem todo corpo de bombeiros realizam a perícia de incêndio, cuja atribuição legal,
normalmente, cabe à polícia técnico-científica.
Além da elaboração do formulário-padrão para registro dos dados, a norma
também prevê um plano tabular básico, visando à análise dos dados coletados, que
se constitui de vinte e duas tabelas com cruzamentos das informações mínimas
obtidas por meio do registro da atividade de bombeiros (entre elas o combate a
incêndios) (DUARTE; RIBEIRO, 2008).
Constatou-se, na ocasião de elaboração dessa norma, além da estipulação
do formulário-padrão e do plano tabular básico, a necessidade de se ter um sistema
informatizado acessível às entidades relatoras, que poderia se constituir num
complemento dessa norma, ainda não elaborado, haja vista as particularidades de
cada corporação de bombeiros, que apresentam diferentes níveis de detalhamento
nos seus registros de ocorrências.
Enfim, uma boa análise de dados só será possível, propiciando o
desenvolvimento de uma boa estatística, se a coleta dos dados for feita com a
qualidade necessária. Isso é fundamental para o planejamento estratégico das
corporações e para a boa gestão do conhecimento em termos de tecnologia de
bombeiro.
Por fim, concluímos que a gestão do conhecimento é um aspecto de grande
importância nas organizações, já que o conhecimento gerado pelas pessoas que as
integram tem um valor que ultrapassa seu próprio valor patrimonial e nas
corporações de bombeiros isso não é diferente, pois muito do conhecimento
existente hoje em termos de combate a incêndio e mesmo nas outras atividades
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desenvolvidas, grandes ensinamentos foram passados de geração em geração,
perpetuando-se ao longo do tempo.
Há que se enaltecer essas profissões que protegem e salvam vidas e
preservar todo o conhecimento adquirido ao longo dos séculos.
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