M I C H A E L A R R U DA
D ESB LOQUE IE
O PO D E R D A
SUA
MENTE
PROGRAME O SEU SUBCONSCIENTE PARA
SE LIBERTAR DAS DORES E INSEGURANÇAS
E TRANSFORME A SUA VIDA
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CARO LEITOR,
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Diretora
Rosely Boschini
Gerente Editorial
Carolina Rocha
Assistente Editorial
Juliana Cury Rodrigues
Controle de Produção
Fábio Esteves
Preparação
Renata del Nero
Projeto Gráfico, Diagramação
e Ilustrações do Miolo
Marcela Badolatto
Revisão Copyright © 2018 by Michael Arruda
Leonardo do Carmo Todos os direitos desta edição são reser-
vados à Editora Gente.
Capa e Ilustração Rua Wisard, 305 — sala 53
Marcela Badolatto São Paulo, SP — CEP 05434-080
Telefone: (11) 3670-2500
Impressão Site: www.editoragente.com.br
Gráfica Rettec E-mail:
[email protected] DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Arruda, Michael
Desbloqueie o poder da sua mente : programe o seu subconsciente
para se libertar das dores e inseguranças e transforme a sua vida / Michael
Arruda. - 1ª ed.- São Paulo : Editora Gente, 2018.
192 p.
Bibliografia
ISBN 978-85-452-0253-0
1. Hipnose 2. Controle da mente I. Título
18-0592 CDD 615.8512
Índice para catálogo sistemático:
1. Hipnose
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dedicatória
Dedico este livro a todas as pessoas
que querem ser mais felizes na vida.
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agradecimentos
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A
credito que cada pessoa que passa na nossa vida deixa uma
marca. E assim foi comigo. Sou grato a muitas pessoas que pas-
saram na minha vida e deixaram sua marca, um aprendizado
que me ajuda a ser quem sou hoje.
Alguns continuam amigos próximos, outros mudam de caminho e
ficam mais distantes. Alguns ficam por mais tempo, ajudando-me em
conquistas maiores, outros, às vezes, apenas por um dia. O que importa
é que cada um teve seu papel, e por isso quero deixar minha gratidão.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais, que infeliz-
mente não estão mais aqui para poderem ler essas palavras. Estou aqui
graças a eles, são a origem dos meus valores e da minha inspiração.
Aos meus queridos irmãos, Edmar, Brenda e Bryan, que sempre me
apoiaram de todas as formas e acreditaram em mim.
À minha amada esposa e sócia, Rafaela, que sempre esteve ao meu
lado, me puxando para cima quando eu mais precisei. Sem ela, eu cer-
tamente estaria muito longe de ser a melhor pessoa que posso ser.
A meu sócio, Pedro, e a todos os meus funcionários e parceiros de
negócios, que são minha base para fazer os projetos acontecerem. Sem
eles, não sei quando este livro aconteceria.
Ao Jerry, meu primeiro e eterno mentor de hipnoterapia, que, além
de todos os seus ensinamentos, me motivou falando que eu iria mais
longe do que eu imaginava. Ao Hansruedi, que confiou em mim e me
deu a oportunidade de iniciar esse movimento no Brasil.
Aos primeiros três instrutores da OMNI Brasil, Carlos, Fernando e
Rafael, que foram escolhidos para fazer parte dessa jornada.
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A todos nossos hipnoterapeutas, que uma vez foram alunos, e que
me motivam a compartilhar todo esse conhecimento.
Dentre eles, quero fazer um agradecimento especial àqueles que
acreditaram, me ajudaram e continuam ajudando na propagação dessa
mensagem. Heróis que não usam capas: Bruno Prado, Caio Irie, Carolina
Salgado, Clebson Ribeiro, Edson Brandão, Eloisa Vasconcellos, Erika
Yumi, Eustáquio Cadeira, Felipe Feliciano, Felipe Pereira, Gabriel de
Oliveira, Geraldo Foscaches, Hélio Machado, Ik Joo, Karina Peraçoli,
Katherine Meireles, Leandro Flores, Letícia Christianini, Lucy Mari
Tabuti, Márcio Ogata, Raqueline Moreira, Samuel Kiss e Tárcio Brito.
Sou grato também a Pedro Olivel por ter acreditado em mim e in-
centivado minha mente no início das minhas empreitadas. A Fagner
Borges e Conrado Adolpho, parceiros que se tornaram amigos e mento-
res de como propagar minha mensagem.
A toda equipe da Editora Gente, em especial a Rosely Boschini, que
foi a primeira a se envolver e acreditar no potencial da mensagem desse
livro, e também a Carol, Dany, Arthur e Ricardo, que foram aqueles com
quem tive a oportunidade de ter mais contato e perceber o carinho e
dedicação que tiveram para me ajudar a divulgar minhas palavras.
Infelizmente, é impossível listar aqui o nome de todas as pessoas
que já contribuíram de alguma forma comigo. Sou grato a cada uma
delas, pelo apoio ou aprendizado que deixou em minha vida. E, se você
for uma delas, você sabe como me ajudou, por isso, minha gratidão.
Por fim, e tão importante quanto todos, agradeço a você, leitor, pela
confiança em escolher este livro. Que ele possa ser o início de uma vida
muito melhor.
A todos vocês, minha eterna gratidão.
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Sumário
Prefácio 10
Introdução: Deixe sua mente livre 14
Capítulo 1: Estamos vivendo como prisioneiros 20
Capítulo 2: Livre-se das prisões mentais 28
Capítulo 3: O caminho para o verdadeiro poder 36
Capítulo 4: O que somos? 48
Capítulo 5: Quem pensa que está no controle 64
Capítulo 6: Quem realmente controla sua vida 76
Capítulo 7: Funcionamento da mente — A vida no
piloto automático 88
Capítulo 8: Hipnoterapia — Seja o condutor de sua vida 106
Capítulo 9: A porta da mudança 118
Capítulo 10: Descobrindo a semente de seu problema 134
Capítulo 11: Arrancando as raízes negativas 150
Capítulo 12: A felicidade já está disponível — Basta acessá-la 166
Só temos o agora 177
Anexo: O que é possível tratar com a hipnoterapia? 182
Referências bibliográficas 186
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prefácio
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PREFÁCIO 13
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Introdução:
Deixe sua mente livre
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E
la era uma mulher obesa que não conseguia emagrecer de ma-
neira alguma. Sempre atribuía essa dificuldade a um suposto
metabolismo lento. Isso, claro, sem falar na falta de tempo para
praticar exercícios e cuidar da alimentação.
A real razão do problema, no entanto, era bem outra. Quando crian-
ça, sempre que a mãe estava ausente, pois ia à faculdade, ela ouvia do
pai que precisava comer muito “para a mamãe ficar feliz”, se não comes-
se, a mamãe ficaria triste.
Na adolescência, no meio de uma dieta para tentar eliminar dois qui-
los, a mãe sofreu um acidente. Foi quando começou um novo processo de
engorda. A mente subconsciente entendeu que esta era a melhor forma
de evitar qualquer tristeza materna. E, assim, ela não parou de comer com-
pulsivamente; não importasse quais métodos tentasse, não conseguia mudar
seu comportamento e, consequentemente, não avançava em suas metas.
Ela estava sendo dominada pela compulsão criada pela própria mente.
Tudo mudou quando ela compreendeu todos esses processos men-
tais, esses gatilhos que a aprisionavam em um padrão nocivo à saúde,
por meio de uma terapia com hipnose.
E se a hipnose de alguma forma o assusta, saiba que não há nada
a temer. Muito pelo contrário. Este é o caminho para entendermos a
mente. E para quem decide acessar a parte mais profunda de si mesmo,
do próprio cérebro, a tal mente subconsciente, tem como recompensa
o controle de sua vida, a solução de muitos problemas, até mesmo de
questões graves como depressão, síndrome do pânico, fobias e compul-
sões. Um caminho feito a partir da hipnoterapia.
15
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Trata-se de um processo poderoso no sentido de reprogramar a
mente. Mas, por favor, esqueça aqueles estereótipos do cinema e da
TV, com a hipnose feita num palco, com o objetivo de impressionar.
A hipnose aqui tratada é uma técnica aplicada por profissionais es-
pecializados, que se prepararam para tanto, aptos a ajudar pessoas de
forma precisa e segura.
No mundo competitivo, corrido e estressante no qual vivemos, fal-
ta tempo para olhar para si mesmo, para cuidar das próprias questões.
É aí que entram na vida de muitas pessoas problemas pessoais, profis-
sionais ou até de saúde. Sem espaço na agenda para cuidarmos de nós
mesmos, ou buscar longas terapias que duram anos, muitos recorrem
a paliativos como os remédios, tipo de saída que não passa pela so-
lução completa do problema, apenas cria uma válvula de escape que
mascara o verdadeiro problema.
Nesse cenário, conhecer o potencial de sua mente e desbloqueá-lo
é uma solução rápida e ao mesmo tempo de alcance profundo, abrindo
espaço para que seja apresentada a chave para mudar aquilo que o in-
comoda. Livre, a mente é capaz de esclarecer tudo o que aflige quem
precisa de ajuda. E o profissional capacitado a guiá-lo nesse processo é
o hipnoterapeuta. A transformação é alcançada na maioria das vezes em
uma a três sessões de trabalho. Sim, você não leu errado!
Não há mágica alguma e vou lhe provar isso: já reparou que várias
de suas atitudes são muito similares ao modo como seu pai e sua mãe
agem? Ou que repetidamente você age e pensa do mesmo jeito, ainda
que em situações diferentes? Um exemplo: somos considerados otimis-
tas ou pessimistas, e isso não varia de situação para situação, é um pa-
drão de nosso comportamento.
Isso tudo faz parte de uma programação existente dentro de nós,
que foi sendo criada desde que nascemos. Não importa o que saibamos
— ou pensemos saber. É essa informação internalizada que guia toda a
nossa vida. A moça que comia para agradar a mãe nunca se havia dado
conta da origem de sua compulsão, jamais poderia imaginar quão forte
tinha sido aquela colocação, da qual ela nem se lembrava mais, do pai
na infância. Porém, acessando de modo profundo a própria mente, foi
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possível buscar a raiz do problema e alterar aquela programação nociva,
transformando seus hábitos alimentares e, consequentemente, sua vida.
Exemplos não faltam. Outra pessoa que encontrou dentro de si as
respostas foi um jovem que era tímido a ponto de não conseguir falar
com estranhos. Fosse qual fosse o ambiente, ele travava, se fechava,
evitava contato. Orientado durante o processo de descoberta mental,
ele se fixou numa cena familiar na qual um tio o constrangeu enquanto
ele conversava com uma prima, criança como ele à época. Esse parente
começou a dizer que o garoto casaria com sua companheira de brinca-
deiras, espécie de piada que ganhou coro com outros familiares. Foi o
suficiente para que ele se fechasse para as conversas vida afora. Hoje,
depois do trabalho que fez, não tem mais problemas em se comunicar.
Outro caso marcante que eu já pude acompanhar em meu trabalho
na área foi o de uma jovem com tendências suicidas que não conseguia
se livrar da vontade de acabar consigo mesma. Depois de recorrer à psi-
cologia e à psiquiatria, ela procurou a hipnose como um último recurso.
Em sua primeira e única sessão, descobriu que havia sido abusada se-
xualmente aos seis anos. Tal dor era tão forte a ponto de se transformar
no desejo de tirar a própria vida. Era um trauma não trabalhado e que
só teve alívio quando ela se permitiu ouvir sua mente subconsciente e
desbloquear o que fosse preciso.
É por essas e outras que é importante questionarmos se a maioria
dos problemas não está em nossa mente. Quando descobrimos isso,
ganhamos o potencial de transformar qualquer aspecto em nossa vida.
Só resta saber como, e este é o objetivo deste livro.
A hipnoterapia é o caminho que nos ensina a entender como podemos
assumir o controle de nossa mente e, por consequência, guiar nosso cami-
nho para as conquistas que há tanto tempo desejamos. Ela pode ser enca-
rada como uma forma rápida e eficaz de resolver questões recorrentes.
Algo que vem para ressignificar conflitos, apontar caminhos, libertar.
Um trabalho que mostra de onde vêm os problemas. Ninguém tem cul-
pa de ser preguiçoso ou de não conseguir emagrecer, há sempre alguma
questão mais profunda envolvida. Há uma marca no subconsciente,
um registro que define esse comportamento, na maioria das vezes por
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acreditar que esta é a resposta para defendê-lo de algum risco.
É o que acontece com aquelas mulheres que dizem ter “dedo podre”
para homem, sempre com a famosa queixa: “Não consigo encontrar um
parceiro que preste!”. Mas será que elas são tão desafortunadas a ponto
de, entre milhares de solteiros, não achar um que se salve? Ou será que lá
nas suas memórias mais distantes está gravado aquele dia, quando ela só
tinha 3 anos, e sua mãe se queixava com a irmã dizendo: “Homem é tudo
igual, é melhor ficar sozinha!”. Dessa forma, essas mulheres estão sim-
plesmente sendo levadas por aquela parte da mente que não controlam.
Aquelas pessoas que se sabotam no emprego, fazendo algo para pre-
judicar a si mesmas diante da possibilidade de conseguir uma promo-
ção, muito provavelmente estão seguindo a mesma linha. Devem ter
ouvido dos pais que dinheiro é sujo ou que o trabalho é uma fonte de
sofrimento, um sacrifício. Por isso não se permitem chegar lá.
Não há como fugir: tudo parte de uma programação mental que
você não controla — ainda. E a hipnoterapia age diretamente para reto-
marmos a direção desse centro que dita nossas atitudes perante a vida,
pois entra de fato na mente subconsciente, cuja missão é nos proteger,
fazer valer a programação que temos tão bem guardada.
Todos nós temos uma história, somos feitos de memórias ocultas que
guiam nossas vidas mesmo que a gente não se dê conta disso. Fomos
programados para sermos o que somos, e isso inclui características po-
sitivas e negativas. O que você gostaria de mudar em sua vida? Hábito,
crença, saúde ou mesmo sua conta bancária? Seja como for, não duvide:
essa viagem rumo ao subconsciente certamente vai lhe ajudar.
Lembre-se: você controla apenas 5% de sua mente. Não pense que
o controle de sua vida é muito diferente disso. O que eu ofereço nas
próximas páginas é a conquista do poder sobre a sua mente.
Mas para que esta jornada traga a transformação almejada, você pre-
cisa tomar uma decisão. A de começar e ir até o fim. Durante nossa
viagem eu irei quebrar paradigmas, propor reflexões e ensiná-lo a como
ter o controle da própria vida. Depois disso, não há volta, você não terá
mais desculpas para continuar do jeito que está.
Se é isso o que você realmente quer, então comece assumindo o
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compromisso de persistir até o fim. Afinal, quantas vezes você já co-
meçou algo e não terminou, deixando sua mente controlá-lo mais uma
vez? Você está assumindo o compromisso consigo mesmo, e eu confio
em você. E isso lhe trará uma grande recompensa!
DEIXE SUA MENTE LIVRE 19
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CAPÍTULO 1
Estamos vivendo como
prisioneiros
20 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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E
sta afirmação pode parecer dura num primeiro momento, mas
você entenderá o que quero dizer. Quantas vezes você não sentiu
como se o controle de sua vida não estivesse em suas mãos? Você
tenta fazer tudo o que pode, mas parece que as forças acabam antes
de chegar lá. Ou pior, você até consegue fazer tudo, com a melhor das
intenções, mas o resultado não sai como esperava.
Então você fica insatisfeito. Não consegue viver o relacionamento
que sempre sonhou. Não ganha quanto gostaria. Não se sente bem con-
sigo mesmo. E ainda, muitas vezes, surgem fatores para limitá-lo ainda
mais, como insegurança, ansiedade, estresse, medo e até depressão.
Tudo isso o deixa desanimado, sem vontade de acordar e sair para
mais um dia de trabalho, mais um desafio, sem gana de lutar e buscar
aquilo que o realizaria de verdade.
Na maior parte do tempo, estamos insatisfeitos com a situação no
trabalho, em relacionamentos, na saúde, na vida como um todo. Então,
começamos a nos comparar a outras pessoas, e muitas vezes a grama do
vizinho parece estar mais verde. Até que surgem pensamentos de revolta
questionando quando isso terá um fim.
Geralmente, quando mais novos, tínhamos muitas metas, desejos e
ambições, mas, com o passar do tempo, parece que fomos encontrando
grades que nos limitam de ser quem queremos ou mesmo viver felizes
como desejamos.
Mas se sabemos que essas grades não existem aí fora, ninguém nos
proíbe de buscarmos o que quisermos, onde elas estão? Dentro de nós
mesmos, em nossa mente. Ela nos vigia e diz o que é permitido ou não.
ESTAMOS VIVENDO COMO PRISIONEIROS 21
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O que sentimos ou deixamos de sentir. O que vivemos ou deixamos de
viver. Nossa mente se torna a voz de nossa angústia.
É AQUI QUE ANSIAMOS POR SOLUÇÕES MÁGICAS
Ninguém gosta de sofrer, e queremos fazer com que o sofrimento vá
embora o mais rápido possível. Mas se não sabemos como mudar a nós
mesmos, como parar de sofrer? É quando buscamos desesperadamente
soluções mágicas fora de nós, e na maioria das vezes colocamos o pro-
blema em algo que simplesmente tentamos tirar de nossa vida.
Se estamos insatisfeitos com o namoro, reclamamos do parceiro até
chegar ao ponto de querermos trocá-lo. Se há problemas com os filhos,
já que não podemos trocá-los, queremos forçá-los a ser do jeito que de-
cidimos. A solução é sempre mudar a pessoa ou substituí-la.
E no âmbito profissional não é diferente. Na verdade, parece
que o problema é até maior. Uma pesquisa da International Stress
Management do Brasil (Isma-BR) realizada com pessoas entre 25 e
60 anos apontou que 76% dos entrevistados se sentem infelizes com
a vida profissional.1
O problema é o chefe que não o valoriza? A pressão que colocam em
você? As regras muito rígidas? Aquele colega de trabalho que não gosta
de você? O salário que podia ser maior?
E aí surgem os pensamentos procurando razões e justificativas.
A vida seria muito melhor se meu chefe saísse, se mudassem as regras
da empresa e, principalmente, se meu salário valesse a pena. Sempre
pensamos que mudando algo externo a vida fluiria melhor.
Mas já que não é possível mudar tudo isso, esses elementos con-
tinuam nos pressionando por todos os lados, até que realmente per-
demos o controle de nossas próprias emoções e, por consequência,
nossa saúde.
1. PIOVAN, Ricardo. Brasil: 76% das pessoas estão infelizes no trabalho. Disponível
em: <www.minhagestao.com/artigos/brasil-76-das-pessoas-estao-infelizes-no-
trabalho/>. Acesso em: abr. 2018.
22 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Ainda segundo a Isma-BR, a chamada síndrome de burnout, anti-
gamente chamada de “estafa” — ou nível de estresse devastador, que
quem o sente se vê sem saída, a ponto de explodir — atinge 30% dos tra-
balhadores brasileiros. Vale lembrar que essa síndrome provoca exaus-
tão física e mental, trazendo consigo sérios problemas de convivência e
relacionamento no trabalho e em casa.
Se o plano profissional não vai bem, dificilmente a vida pessoal es-
tará adequada.
Então passamos a sentir o problema em nós mesmos, através de
sintomas como ansiedade, medo e até depressão. O triste é que esses
males estão se tornando cada vez mais “populares”.
MALES DO SÉCULO
O índice de pessoas com depressão aumentou 18,4% entre 2005 e
2015, atingindo 322 milhões de homens e mulheres em todo o mun-
do. No Brasil, a estimativa é de que 11,5 milhões de habitantes sofra
com a doença. Nosso país, aliás, é aquele com a maior incidência de
depressão na América Latina, e o segundo considerando as Américas,
perdendo apenas para os Estados Unidos. Os dados são da Organização
Mundial da Saúde.2
No que se refere à ansiedade, o Brasil é recordista mundial. Uma
multidão de 18,6 milhões de pessoas sofre desse mal.
Infelizmente, o fim dessa linha de dores emocionais é o suicídio, com
mais de 800 mil mortes por ano no mundo, segundo dados da OMS, de
2014, e a segunda maior causa da morte entre jovens de 15 a 29 anos. O
Brasil registra uma média de trinta suicídios por dia.3
2. ONUBR — Nações Unidas no Brasil. OMS registra aumento de casos de
depressão em todo o mundo; no Brasil são 11,5 milhões de pessoas. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/oms-registra-aumento-de-casos-de-depressao-em-todo-
-o-mundo-no-brasil-sao-115-milhoes-de-pessoas/>. Acesso em: abr. 2018.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/
images/pdf/2017/setembro/21/Coletiva-suicidio-21-09.pdf>. Acesso em: abr. 2018.
ESTAMOS VIVENDO COMO PRISIONEIROS 23
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E já que acreditamos que tudo isso veio de fora, de novo buscamos
soluções externas, dessa vez em forma de comprimidos. É como se
fosse possível empurrar os dilemas para debaixo do tapete e se escon-
der atrás de remédios que só tratam os sintomas, não as causas reais
das dores emocionais. E para piorar, infelizmente vivemos em meio a
uma indústria que, cada vez mais, quer que nos mantenhamos anes-
tesiados — ou aprisionados — em relação a nossos problemas. E isso
se prova com números.
PÍLULAS DA ILUSÃO
Por exemplo, o analgésico mais popular que conhecemos é um dos me-
dicamentos mais vendidos do Brasil. Para se ter uma ideia do consumo,
basta dizer que entre 2013 e 2016 o produto saiu da nona para a quinta
posição na lista dos dez mais comercializados, de acordo com a consul-
toria IQVIA, líder mundial em informações a respeito de produtos e ser-
viços de saúde. Isso principalmente porque o analgésico tem princípios
ativos que agem rapidamente, além de ter todo um projeto de marketing
e vendas muito bem organizado nas farmácias, nos principais meios de
comunicação e nas redes sociais. Os números falam por si: a página do
remédio no Facebook tinha 1,4 milhão de seguidores em fevereiro de
2018. É certamente mais do que conseguiram obter muitos artistas e
figuras públicas.4
A questão é que, quando não usado de forma direcionada, o
medicamento pode acabar mascarando os reais problemas de quem
o consome.
Outro exemplo dessa tendência de ter nos remédios uma muleta
diz respeito ao uso do clonazepam. Princípio ativo usado no medica-
mento indicado para o controle de fobia social, distúrbio de pânico
e ansiedade de modo geral. Sobre esse medicamento em particular,
4. Estadão. Dorflex: o analgésico mais pop do Brasil. Disponível em: <http://
infograficos.estadao.com.br/focas/tanto-remedio-para-que/corpo-1.php>. Acesso
em: abr. 2018.
24 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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nosso país se destaca. Os brasileiros são os maiores consumidores
mundiais desse fármaco, que depois de ingerido permanece dezoito
horas agindo no corpo.5
É preciso lembrar que o risco de dependência é alto, o que ocorre
muitas vezes em dois ou três meses de medicação. Por isso deveria ha-
ver muito mais cautela em relação ao uso. Há até mesmo registros de
casos de internação por abstinência. Geralmente não é possível parar
de fazer uso de uma hora para outra, sem que seja feito antes um corte
lento e programado.
Até o jornalista Pedro Bial, veja só, mesmo com toda sua experiên-
cia de trabalho, admitiu, em entrevista para a revista Playboy, ter usado
esse medicamento algumas vezes para conseguir entrar no ar em seus
tempos à frente do Big Brother Brasil.6 Era uma forma de domar a ansie-
dade antes de encarar a apresentação do programa, o reality show mais
popular da Rede Globo.
Em momentos de pressão, tão comuns nos dias de hoje, nosso cérebro
precisa trabalhar de forma mais acelerada, o que mexe conosco a ponto de
provocar ansiedade. O remédio entra, nesse contexto, como uma ferramen-
ta que ajuda a dar equilíbrio. Contudo, isso ocorre em um nível superficial.
Porém, se os vilões da indústria de medicamentos no Brasil fossem
unicamente esses dois fármacos, seria algo simples de ser resolvido.
O problema vai muito além.
Entre 2013 e 2017, foi registrado um aumento de 42% nas vendas de
remédios no Brasil. Não à toa, o mercado farmacêutico faturou 49 bilhões
de reais no país em 2016, ainda conforme levantamento da IQVIA.
E isso não é tudo: de acordo com um estudo do Ministério da Saúde
feito entre 2013 e 2014 com 41 mil entrevistados em todas as regiões,
metade das pessoas ouvidas ingeriu no mínimo um remédio nas duas
5. Superinteressante. Nação Rivotril. Disponível em: <https://super.abril.com.br/
saude/nacao-rivotril/>. Acesso em: abr. 2018.
6. ONUBR — Nações Unidas no Brasil. OMS registra aumento de casos de
depressão em todo o mundo; no Brasil são 11,5 milhões de pessoas. Disponível
em: <https://nacoesunidas.org/oms-registra-aumento-de-casos-de-depressao-em
-todo-o-mundo-no-brasil-sao-115-milhoes-de-pessoas/>. Acesso em: abr. 2018.
ESTAMOS VIVENDO COMO PRISIONEIROS 25
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semanas anteriores à pesquisa,7 o que reflete o fato de se ter uma pe-
quena farmácia em casa e fazer da automedicação um hábito cotidia-
no. E quem não tem algum parente ou amigo louco por remédios? Eu
conheço um senhor, de 94 anos, que sai frustrado do consultório se o
médico não entrega uma receita com uma lista de medicamentos. Para
ele, esses são os “médicos fracos”, que não resolvem nada.
Trata-se de um bom retrato do problema no Brasil. E olhe que eu nem
citei aqui o famoso “doutor Google”, o maior aliado de quem pratica a au-
tomedicação e se apavora por conta própria em casa antes de procurar
um profissional para entender o que de fato está acontecendo em caso de
doenças.
Tudo isso ocorre porque nos fazem acreditar, desde a infância, que a
solução para nossos problemas está fora de nós. Estudar mais, terminar
aquele curso, conseguir aquele emprego, casar, sempre falta “só mais
um item” externo para nos sentirmos bem.
Assim, parece normal achar que a solução está na prateleira da far-
mácia, e não em nosso interior. Isso limita o conhecimento sobre como
dominar a mente e desbloquear o poder interior.
PARECE UM BECO SEM SAÍDA
Cada pessoa é um mundo e, em tempos de tanta pressão, não faltam moti-
vos para se sentir em colapso. Sabemos do mal que sofremos, o desafio que
nos pressiona, mas só se falam das soluções pregadas pelas indústrias, como
já mencionei. De novo nos sentimos sem ter para onde ir, presos ao destino.
Mas existe uma saída, e ela está em encontrarmos a raiz do que
nos provoca determinado sentimento, ou seja, buscar a solução dentro
de nós mesmos. Descobrir nossa mente e achar a causa desses proble-
mas que podem estar ligados a marcas que talvez nem sequer temos
consciência que carregamos.
7. MAGALHÃES, Alline; WERNECK, Carolina. Nas farmácias, venda de re-
médio subiu 42% em cinco anos. Disponível em: <https://www.interfarma.org.br/
noticias/1152>. Acesso em: abr. 2018..
26 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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O VÍCIO DE JOÃO
Fumante desde os 17 anos, João tem hoje 39. O volume de ci-
garros fumados todos os dias aumenta de acordo com o momen-
to. Em tempos de muito estresse no trabalho — ele é jornalista,
portanto dá para imaginar a pressão e a correria —, ele consome
mais, podendo chegar a três maços por dia, o que significa ses-
senta unidades. Seu médico, um pneumologista que ele frequenta
há dez anos, avisou que era muito. Seus pulmões já começam a
pedir clemência, estão comprometidos.
Diante desse panorama, João se culpa muito. Ele não se sente
um bom exemplo para os filhos, dois meninos, um com 4 e outro
com 7 anos. Sabe que incomoda a mulher com o cheiro de cigarro
que nele está sempre impregnado, todos detestam quando ele
fuma no carro, enquanto dirige. Sabe que está prejudicando a
própria saúde, mas, mesmo assim, parar é muito difícil. Embora
tenha muita vontade, afinal ele sabe quantos riscos está enfren-
tando por se manter no vício, nada é suficiente.
Por que João está nessa situação? Você acha que ele é fra-
co? Quantas vezes você já não esteve na mesma situação que
ele? Quantas vezes já soube que precisava mudar, mas, por algum
motivo, simplesmente não conseguia ou nem chegava a tentar?
Talvez seu desafio não seja o cigarro, mas o desânimo, o nervosismo,
o descontrole alimentar, a depressão, ou até a dificuldade financeira. O
que o faz infeliz? Qual é seu desafio?
De agora em diante, como eu não sei exatamente o que você quer
mudar em sua vida, usarei as palavras “desafio” e “infelicidade” muitas
vezes para representar aquilo que está lhe fazendo mal e você quer
mudar. E, se você está disposto a vencer isso, está na hora de desblo-
quear, de uma vez por todas, o potencial de sua mente e transformar
sua vida. Foi o que aconteceu com João. E no próximo capítulo vamos
entender o que o impedia de vencer seu desafio.
ESTAMOS VIVENDO COMO PRISIONEIROS 27
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CAPÍTULO 2
Livre-se das prisões
mentais
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N
ossa mente cria estratégias para nos proteger. E por desco-
nhecermos os mecanismos que a fazem agir de determinadas
maneiras, acabamos por não encontrar a chave capaz de nos
tirar das prisões mentais.
Para prosseguirmos nossa jornada, quero compartilhar com você
um conto popular que traduz o conflito que vivemos constantemente
em nossa mente:
Certa vez, um discípulo disse a seu mestre:
“Tenho passado grande parte do dia vendo coisas que não devia ver, desejando
coisas que não devia desejar, fazendo planos que não devia fazer.”
O mestre convidou o discípulo para um passeio. No caminho, apontou para uma
planta e perguntou se o discípulo sabia o que era. O discípulo respondeu:
“Beladona. É uma planta que pode matar quem comer suas folhas.”
“Mas não pode matar quem apenas a contempla. Da mesma maneira, os desejos
negativos não podem causar nenhum mal se você não se deixar seduzir por eles.”
Diariamente, todos nós passamos por diversos desafios. O que para
uns poderia ser uma experiência de alívio, para outros é um grande so-
frimento. E o pior: enquanto algumas pessoas conseguem lidar com
muita tranquilidade com situações de conflito, outras entram em ciclos
de negatividade muito difíceis de serem interrompidos. Por que isso
acontece? Por que os pensamentos negativos e desmotivadores vivem
atordoando algumas pessoas, enquanto outras parecem que foram aben-
çoadas com a simplicidade da alegria?
29
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Por que parece que, não importa o que façamos, não conseguimos
melhorar nosso relacionamento, controlar nossa ansiedade ou apenas
fazer o que acreditamos ser o melhor?
Muitas vezes sentimos que não temos o controle sobre nossa própria
vida, e o que quero lhe explicar é que, geralmente, não temos mesmo.
Nós fomos programados para sermos o que somos. Para conseguir o
que conseguimos em nossas vidas, e também para sofrer o que estamos
sofrendo. Provavelmente esta seja a razão que impede João de se livrar do
vício.
Mas tenha calma! Não quero desanimá-lo e falar que você precisa
se contentar com a situação na qual se encontra. Pelo contrário, você
entender que é um prisioneiro da própria mente é o primeiro passo para
descobrir como sair dessas grades.
Eu disse que você está preso, mas antes de explorarmos o que é essa
prisão, precisamos saber quem é “você”.
De acordo com os maiores especialistas do mundo em cérebro e
cognição, quem você pensa que é na verdade representa apenas 5%
de quem realmente é. Sim, você que lê, pensa e questiona é apenas
5% de sua identidade, pois os outros 95% estão fora de seu acesso
consciente.8
Talvez você esteja duvidando da informação anterior, mas posso lhe
dar uma pequena amostra do que estou falando: enquanto você lia estas
linhas, não estava percebendo o que estava sentindo, a posição de seu
pé, a textura da superfície de onde estava sentado, o ritmo de sua respi-
ração ou mesmo os barulhos a sua volta.
Por outro lado, quando você lia o parágrafo acima, passou a perceber
tudo isso. Ou seja, ficou consciente desses fatores que mencionei, mas
que seu corpo e seus ouvidos já estavam captando independentemente
de você estar consciente ou não deles.
Essa parte sua que tem a capacidade de direcionar sua vontade e
atenção, ler, refletir, questionar, analisar e entender o mundo é o que
chamamos de “mente consciente”.
8. BBC. How Big Is the Unconscious Mind? Disponível em: <www.bbc.co.uk/
programmes/p00pyhx2>. Acesso em: 15 abr. 2018.
30 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Enquanto você está pensando em uma única coisa, há milhares de
processos e interações acontecendo com seu corpo e entre você e o
ambiente. Seu coração está batendo sem que você tenha decidido isso.
Cada centímetro de sua pele está recebendo informações do ambiente,
como a textura e a pressão do que ela está tocando, a temperatura do
local onde você está agora, se há ou não outras pessoas ao redor.
Mesmo sem reparar em seus pés há momentos atrás, se um inseto
o tocasse, você imediatamente o afastaria com a mão, talvez sem pensar
nessa ação, como se fosse algo “automático”. Suas funções biológicas,
tudo o que organismo faz de forma automática, dizemos que é contro-
lado pela “mente inconsciente”, alocada em um sítio mais primitivo do
cérebro, chamado “cérebro reptiliano”.
E mesmo que sua atenção esteja apenas nestas linhas, sua mente
está juntando sílabas, palavras, lembrando os significados e conectando
tudo para que a frase tenha um sentido, tudo em frações de segundo.
Um processo bem complexo, que hoje é feito automaticamente por sua
mente sem que você precise pensar. Mas você se lembra de como era di-
fícil quando estava aprendendo a ler e precisava pensar em cada sílaba?
Essas capacidades mentais automáticas, como os hábitos, assim como
sua parte emocional, estão sob o controle de sua “mente subconsciente”.
É IMPOSSÍVEL VENCER UMA GUERRA SEM UM EXÉRCITO
O problema surge quando você, ou melhor, sua parte consciente tem
um desejo, mas seu subconsciente — que é muito mais poderoso —
não precisa disso, ou pior, quer o oposto.
Muitas vezes, quando queremos mudar algo em nossa vida, senti-
mos que estamos travando uma verdadeira guerra interna, e geralmente
a perdemos. Isso acontece porque não sabemos como usar o exército
que temos dentro de nós.
Imagine que nosso exército é formado por cem soldados. Quando
estamos realmente empenhados em realizar algo (consciente), é como
se mandássemos nossos cinco melhores soldados para uma guerra.
LIVRE-SE DAS PRISÕES MENTAIS 31
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Porém, se o restante do exército, os outros 95 soldados (subcons-
ciente), não se compadecer e lutar com convicção para o sucesso de
nossa missão e, ao contrário, resolver ficar descansando no quartel, a
derrota será certa.
Se pensarmos no João do capítulo anterior, a guerra dele é contra o
vício do cigarro. Conscientemente ele sabe que precisa parar de fumar,
quer cuidar da saúde, ver os filhos se formarem na faculdade. Mais im-
portante ainda, ele quer brincar no chão com os netos um dia, um sonho
que ele cultiva desde sempre.
Seguindo a analogia, João sempre manda seus cinco soldados es-
petaculares para a guerra, mas eles vão sozinhos e perdem. E a cada
nova vez que forem convocados, estarão mais desanimados e terão uma
derrota mais rápida.
Por isso parece que cada vez que João tenta parar de fumar é mais
difícil, e ele volta ao cigarro mais rápido.
Agora você deve estar se perguntando: E o que faz o subconscien-
te não querer a mudança, não desejar enfrentar a batalha e lutar pela
vitória?
O subconsciente foi programado para isso. E se ele é 95% de quem
você é, podemos dizer que você é o seu subconsciente. Se você é gordo,
magro, ansioso, depressivo, se tem bons relacionamentos ou não, se tem
sucesso profissional ou não, fumante ou não… tudo, de algum modo,
foi programado no seu subconsciente.
Mas como são feitas essas programações? É muito simples de en-
tender: tudo o que você já viveu, de alguma forma, ficou registrado lá.
E com cada uma dessas experiências seu subconsciente aprendeu uma
lição. E a grande função dele é seguir à risca todas as lições aprendidas.
ONDE ESTÁ A RAIZ DE NOSSO DESCONTROLE?
O subconsciente guarda memórias que explicam muito sobre as pessoas
que nos tornamos. O problema é que essas memórias estão tão bem
guardadas que muitas vezes nem sabemos que elas existem.
32 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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O vício de João, por exemplo, tem uma história da qual ele nem sequer
se lembrava: quando criança, era apaixonado por motos. Exatamente como
tantas crianças são, nada de outro mundo. Aos 6 anos, ele ganhou um ir-
mão, Pedro, e de uma hora para outra perdeu a atenção exclusiva de seus
pais e familiares mais próximos, como avós, tios e primos. A chegada de um
irmão é um choque para muitas crianças, uma situação de crise realmente
comum nas famílias. Até aí, mais uma vez, não era nada de outro mundo.
Até que nós chegamos ao ponto, ao gatilho do vício. Um dia, ele viu
seu pai em cima de uma moto acendendo um cigarro. Para ele, aquela
era uma pose de herói. Repare que a cena unia um ídolo da vida de João,
seu pai, e seu objeto maior de admiração na infância, a moto. Naquela
hora, naquele momento de sensibilidade por conta da chegada do ir-
mão, ele quis ser como o pai.
Anos depois, na adolescência, ele não teve dúvidas em aceitar um
cigarro que um primo mais velho, que ele também admirava muito, ofe-
receu. Foi o suficiente para ele se sentir poderoso.
Aos poucos, começou a fumar com mais frequência para acompa-
nhar o primo, até chegar ao ponto de ser considerado fumante. A lição
que estava registrada no subconsciente era que fumar era o que os he-
róis — como seu pai — faziam.
Assim, vida afora, sempre que ele se sentia desafiado por alguma
situação, por menor que fosse, como era o caso do estresse no trabalho,
sua mente entendia que, para passar por aquilo mais facilmente, era
preciso fumar. E vinha aquela vontade incontrolável.
Então, João não parava de fumar, não por não ser forte o bastante,
mas porque sua mente não deixava. Sem que ele pudesse compreender,
sua mente lhe dizia que, se ele parasse de fumar, deixaria de ser um herói.
TRIUNFO SOBRE O MEDO
Nossa mente subconsciente é poderosa e só quer nos proteger. Porém, ela
é inocente e muitas vezes nos protege de maneiras que preferiríamos
que não o fizesse.
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Ela pode nos gerar sentimentos de afeição, carinho e apego, fazendo
com que nos empenhemos ao máximo por nossos filhos e cônjuge, para
nos proteger da solidão. Ela também pode criar sentimentos de nervo-
sismo e medo quando estamos diante de uma oportunidade, para nos
proteger de uma possível vergonha se falharmos.
E sobre este último exemplo posso falar com propriedade, pois já foi
uma das estratégias que minha mente usava para me “proteger” — ou
deveria dizer “sabotar”?
Esta é nossa prisão mental: o subconsciente, com aprendizado dis-
torcido, muitas vezes ao acreditar que está nos ajudando, frustra os pro-
jetos, sonhos e planos que poderiam nos trazer mais felicidade. Como
resolver esse embate? Aprendendo a acessá-lo e, a partir disso, mudar
as programações.
Como fazer isso? É justamente o que vou ensiná-lo.
TESTE DO GÊNIO MÁGICO
Tire alguns minutos para pensar em todas áreas de sua vida: autoes-
tima, família, carreira, saúde, finanças e espiritualidade.
Se você pudesse dar para cada uma dessas áreas uma nota de 0 a 10,
sendo 0 = muito ruim e 10 = em perfeito estado, como elas seriam?
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
AUTOESTIMA FAMÍLIA CARREIRA SAÚDE FINANÇAS ESPIRITUAL
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Agora imagine se aparecesse um gênio mágico neste momento e fa-
lasse: “Escolha uma área, e eu a transformarei em uma bênção”. Qual
você escolheria?
Pense na área de sua vida que está mais prejudicada, e qual o prin-
cipal fator que tem desbalanceado essa área? Essa resposta é sua infe-
licidade, o desafio que precisa superar. Pode ser:
• Insatisfeito consigo mesmo por estar muito acima do peso?
• Infeliz pelos problemas familiares constantes?
• Desmotivado por não crescer no trabalho ou não fazer o que
gosta?
• Sufocado por conta das dívidas?
• Desesperado por não conseguir se livrar dessa depressão?
O gênio mágico é sua mente. E você será responsável por ativá-la
para realizar as mudanças que deseja. Portanto, ao longo desta leitura,
lembre-se de sua infelicidade ou desafio. Você receberá as ferramentas
para operar a mágica em si mesmo.
LIVRE-SE DAS PRISÕES MENTAIS 35
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CAPÍTULO 3
O caminho para o
verdadeiro poder
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T
udo começou quando ele tinha 8 anos, ao ter de cuidar do pai
com câncer, em estado terminal, sentindo muita dor, sempre
deitado na cama. Um dia, um menino chamado David viu che-
gar em casa um hipnotista amigo de seu velho. Nunca se esqueceu da
cena daquele homem entrando no quarto. E, principalmente, guardou
na memória a expressão leve e feliz de seu pai doente quando o hipnotis-
ta os deixou. Seu pai tinha até um sorriso no rosto, mas o que realmente
emocionou David foi ver seu pai tentando brincar com ele, sem uma
expressão de sofrimento, algo que há muito não acontecia. Foi aquele
homem que sabia hipnotizar o responsável por aquilo.
Dali em diante, a vida nunca mais seria a mesma. Naquele momen-
to ele decidiu que queria trazer alívio para a vida das pessoas, da mesma
forma que aquele senhor havia feito com seu pai.
Depois de perder o patriarca da família, David passou a acompanhar o
conhecido nos shows de hipnose. Estava encantado com o novo mundo do
qual começava a fazer parte. Aos 12 anos, já fazia ele mesmo alguns shows.
Não à toa, ficou conhecido como o hipnotista mais jovem do mundo.
O passo seguinte foi fazer parte de uma caravana de artistas, uma es-
pécie de trupe circense, chamada Vaudeville. De cidade em cidade, eles se
apresentavam uma semana em cada lugar. Como o tempo era curto, eles
não tinham outra opção a não ser fazer muito sucesso. Não havia tempo
para atrair o público com muitas apresentações. Por isso, os integrantes que
não recebessem muitos aplausos eram convidados a sair do grupo.
Não foi o caso de David, que, além dos números de hipnose, to-
cava saxofone e fazia um show de comédia com um macaco. Naquela
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época, o talento para hipnotizar não passava de um hobby, apesar da
paixão que ele sentia pela prática.
E o sucesso nos palcos cresceu tanto que ele até criou um nome
mais comercial, mudando de David Kopelman para Dave Elman. E as-
sim foi na adolescência inteira. Até que, aos 27 anos, teve a oportuni-
dade de trabalhar numa rádio, e fez carreira como radialista. Depois de
alguns anos, chegou ao auge tendo um programa próprio na emissora
que o contratara. A atração, transmitida ao vivo e com uma plateia no
estúdio, era sobre hobbies estranhos, com convidados apresentando
suas atividades.
Um belo dia, eis que surge no roteiro um homem com o passatempo
de hipnotizar. Interagindo com a plateia, ele não conseguia ter sucesso.
Nada funcionava. Com medo de perder a audiência, o apresentador
Elman saiu de sua cadeira e pediu para ajudá-lo. Aí sim o número deu
certo. Foi um estouro na audiência.
Uma curiosidade: foi somente depois do episódio que a mulher de
Elman ficou sabendo do dom especial do marido. No carro, voltando
para casa, ela não deixou barato e quis saber desde quando ele tinha
aquele talento e por que ela nunca soube daquilo.
Foi quando ele voltou a fazer shows. E, veja você, muitos médicos
pediram para ele ensinar a técnica que dominava, queriam entender
como ele conseguia ser tão rápido e eficiente. Ficou popular e famoso a
ponto de ter turmas todos os dias, de segunda-feira a sábado, para ensi-
nar apenas médicos como induzir as pessoas em hipnose.
Antes de 1970, ele sozinho já tinha ensinado mais de 10 mil médi-
cos e profissionais da área de saúde a utilizar os métodos de hipnose,
que ainda hoje são tão desconhecidos e geram tantos mitos. Esse jovem,
chamado Elman, foi o ponto inicial para que milhões de vidas pudessem
ser transformadas com a hipnose após seu tempo.
Mas, por volta dessa época, surgiu outra pessoa na história. Um
pequeno garoto chamado Jerry. Ainda criança, mas já apaixonado por
hipnose, morava perto de seu ídolo. E batia na porta do hipnotista pe-
dindo que ele o ensinasse o que sabia. Elman respondia que só treinava
médicos, lembrando que ele era apenas um garoto.
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Mas quem disse que o menino desistia? Continuava tocando a cam-
painha e ouvindo “não”. A situação chegou ao ponto de Elman parar
de atender a porta. Porém, nem assim o pequeno parou. E começou a
fazer suas abordagens em dias alternados, para que os donos da casa não
conseguissem despistá-lo. Não admitia ser ignorado e seguia em frente
com seu objetivo.
Por fim, conseguiu o que queria. Numa dessas conversas, Elman
decidiu entregar um gravador antigo para Jerry, perguntando se ele sabia
o que era aquilo. Ele não sabia, claro, mas mentiu afirmando que co-
nhecia o objeto. E o mestre pediu que ele gravasse suas aulas.
O menino não demorou a aprender como usar aquele aparelho. E
ficou ainda mais encantado com o passar do tempo. Começou a aplicar
tudo o que aprendia, e enquanto crescia foi envolvendo-se mais e mais
com o tema. Até que, décadas depois, após muitas pessoas verem seus
resultados e perguntarem o segredo, decidiu fundar uma escola de hip-
noterapia, chamada OMNI Hypnosis Training Center.
Isso aconteceu em 1979, e Jerry foi o responsável por propagar e
evoluir os métodos da hipnoterapia clássica. Um processo que qualquer
pessoa pode aprender a fazer se for ensinada corretamente, e que tem
um poder imensurável.
E hoje sigo o mesmo passo deles. Carrego isso com muita responsa-
bilidade, pois tive a oportunidade de aprender os métodos pessoalmente
com o filho de Elman e também com o próprio Jerry. Tenho a honra de
ser a única pessoa no Brasil que pôde conviver com ambos.
Tenho como missão propagar essa ferramenta que impacta tantas
vidas, mas ainda cheia de mitos e preconceitos. E meu objetivo neste
livro é mostrar como desbloquear todo potencial de sua mente, para então
transformar sua vida.
O NATAL INFELIZ
Todo ano era a mesma coisa: dezembro chegava e o humor
dela já começava a mudar. Marília tinha 50 anos quando decidiu
se perguntar por que sempre ficava tão triste com a proximidade
das festas natalinas. Não havia um motivo concreto. Ela não se
O CAMINHO PARA O VERDADEIRO PODER 39
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lembrava de nenhuma razão óbvia que a levasse a ficar mal da-
quele jeito. Nem o apoio do marido e das três filhas a confortava
nessa situação.
Foi quando decidiu recorrer à uma sessão de hipnoterapia.
Marília descobriu que sua tristeza estava ligada à lembrança
de ver, quando pequena, aos quatro anos, sua mãe e duas tias
chorando em plena noite de Natal, em razão do falecimento de
outra tia em decorrência de uma leucemia. Dali por diante, o
Natal seria sempre sentido como um dia amargo, de muita infe-
licidade e melancolia.
No plano consciente, ela nunca seria capaz de se lembrar
daquilo. E por meio da hipnoterapia foi possível que Marília al-
cançasse seu subconsciente e essa lembrança para falar com
sua criança interior. Ela não precisava reviver aquela dor em to-
dos os Natais.
O final dessa história envolveu a compra, pela primeira vez,
de alguns adereços natalinos para a casa, agora um lar feliz como
nunca no primeiro dezembro depois da hipnoterapia.
COMO NASCEU A HIPNOSE
A hipnose é algo novo para você? Pois saiba que, muito além de Elman
e Jerry, estamos falando aqui de um dos ofícios mais antigos do mundo,
algo que sempre nos acompanhou. Duvida? Então observe o infográfico
a seguir com um breve panorama da trajetória que nos levou ao conhe-
cimento que temos hoje sobre essa poderosa ferramenta.
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NA ANTIGUIDADE
No Egito Antigo, a hipnose era usada nos chamados
“templos do sono”. A crença era a de que muitas en-
fermidades poderiam ser tratadas depois de os en-
fermos entrarem e ficarem dias imersos em “sonos
profundos”. Também na Grécia os enfermos podiam
recorrer a esses templos. Dormiam e despertavam
curados. Ao menos era nisso que acreditavam.
FRANZ ANTON MESMER (1734-1815)
Mesmer usava o conceito de magnetismo para
curar seus pacientes. Para ele, toda doença era
resultado de um desequilíbrio entre o magne-
tismo humano e o universal. Utilizava ímãs nos
tratamentos que realizava, até o momento em
que percebeu que só era preciso usar as próprias
mãos para atingir seus objetivos. Queria restabe-
lecer a energia magnética das pessoas. Depois,
Benjamin Franklin, observando seus processos,
concluiu que a melhora dos pacientes se dava
unicamente pela crença e pela imaginação deles
mesmos (hipnose).
BARON D’HENIN DE CUVILLERS
(1755-1841)
Foi o primeiro a utilizar o termo “hipnose” em seus
trabalhos. Nome derivado de “Hipnos”, deus do
sono pela mitologia grega.
O CAMINHO PARA O VERDADEIRO PODER 41
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JAMES BRAID (1795-1860)
Braid foi um dos cientistas pioneiros por levar a prá-
tica para a comunidade científica e o responsável
pela popularização do termo “hipnose”. Descobriu
que poderia levar os pacientes a um estado aparen-
temente igual ao produzido por Mesmer, fazendo
uso de métodos mais científicos. Mais tarde per-
cebeu que esse estado não tem relação com sono,
e tentou mudar o nome, mas o termo já havia sido
disseminado e era usado correntemente.
JAMES ESDAILE (1808-1859)
Realizou mais de trezentas cirurgias, em
um presídio em Calcutá, na Índia, ape-
nas colocando os pacientes em “sono pro-
fundo”, sem anestesia. Até amputações
eram realizadas.
AUGUSTE LIÉBEAULT
(1823-1904)
Fundou a Escola de Nancy, que pesqui-
sava a hipnose e seus fenômenos. Um
dos alunos foi Sigmund Freud.
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HIPPOLYTE BERNHEIM
(1840-1919)
Neurologista que começou a explorar em
suas obras como a hipnose poderia colabo-
rar em casos de doenças físicas.
SIGMUND FREUD (1859-1939)
Fundador da psicanálise, foi provavelmente o
nome que mais ajudou a popularizar a hipnose
dentro da psicologia. Como não conseguia hip-
notizar todos pacientes, decidiu abandoná-la.9
DAVE ELMAN (1900-1967)
O primeiro a criar um método rá-
pido e duplicável de induzir a hip-
nose em qualquer pessoa, assim
como utilizá-la como terapia.
9. FREUD, Sigmund. Cinco Lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros
Trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1910.
O CAMINHO PARA O VERDADEIRO PODER 43
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MILTON ERICKSON (1901-1980)
Psiquiatra responsável pela propagação da
hipnose como ferramenta terapêutica.
GERALD KEIN (JERRY) (1939-2017)
Fundador da OMNI Hypnosis Training
Center, organizou, evoluiu e propagou os
métodos de Dave Elman.
HANSRUEDI WIPF (1965)
Sucessor de Gerald Kein e CEO da
OMNI Hypnosis Training Center
Internacional. Wipf foi responsável por
estruturar os métodos terapêuticos da
OMNI e obter a primeira certificação
ISO 9001 do mundo em um proces-
so de hipnose. Também é responsável
pela expansão global da OMNI.
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A VIDA QUE PERDEU O SENTIDO
Carla tem 27 anos e é funcionária pública. Convivia havia cin-
co anos com a depressão, vivia à base de remédios fortes. Nesse
período, pensara em se matar muitas vezes, mas não teve cora-
gem, principalmente por conta da família. Não queria que a mãe
sofresse com uma atitude drástica dessas.
Não tinha vontade de sair da cama de manhã, achava que
sua vida não fazia mais sentido. É como se tudo tivesse perdido
a cor, o tempo se arrastava, faltava disposição até para as ativi-
dades mais simples do cotidiano, como escovar os dentes, tomar
banho, concluir um relatório no trabalho, ir ao restaurante na hora
do almoço para comer.
Tudo o que ela queria é que o tempo passasse rápido, a se-
mana terminasse e ela tivesse dois dias quieta em casa, reclusa
em seu mundo, sem obrigação de sair do quarto.
Não sabia mais o que era felicidade. Sempre que alguém
perguntava como ela estava, apenas respondia com um sorriso
forçado: “Está tudo bem”. Não queria nem pensar em ouvir os
julgamentos, palpites e conselhos dos outros. Nem mesmo se es-
ses outros fossem pessoas queridas. Era mais fácil esconder os
sentimentos.
Além de tudo, ela se sentia culpada. Tinha culpa por trazer
no peito tanta tristeza, por não ter esperança. Ela já havia tenta-
do diversas terapias, fazia tratamento com psiquiatra e tomava
doses altíssimas de medicamento. Até que veio a hipnoterapia.
Era a última cartada antes de decidir se entregar de uma vez à
melancolia.
Foi quando ela viu a seguinte cena, guardada em seu sub-
consciente: um dia, quando ela ainda era um bebê, seus pais bri-
garam por conta de uma série de problemas financeiros.
No calor do momento, o pai de Carla acusou sua mãe de
não ter se cuidado a fim de evitar a gravidez que a trouxe ao
O CAMINHO PARA O VERDADEIRO PODER 45
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mundo, que aquela criança não era para ter vindo naquele mo-
mento. E mais: que ela deveria ter abortado quando soube que
estava grávida.
Depois, durante o processo, ela se viu aos 20 anos, sendo
extremamente ciumenta e muito dependente do ponto de vista
emocional de seu namorado. A relação teve fim quando o rapaz
perguntou a ela, com raiva, por que ela não o deixava ser feliz,
referindo-se ao fato de que ela sempre pedia que ele parasse de
jogar videogame, hobby que adorava, para ficar mais tempo ao
lado dela.
Era o subconsciente de Carla fazendo a interpretação de que
ela não tinha valor e sua vida não fazia sentido, afinal, seus pais
não a queriam, sua chegada havia sido fonte de conflitos e não
de felicidade.
Essa programação mental ficou clara para ela ao relembrar
as palavras do antigo namorado. Ela precisava ficar longe das
pessoas para não atrapalhar a felicidade delas. Era exatamente
o que ela estava fazendo ao se recolher em seu mundo, entregue
à depressão.
Bem, depois de tanta dor e sofrimento, podemos dizer que
essa história teve, enfim, um final feliz.
Depois da hipnoterapia, Carla se sentiu revigorada como
nunca. Passou a ser uma pessoa leve, livre. Sabia a causa da
tristeza de antes, havia entendido a situação e perdoado seus
pais. Ela sabia que eles a amavam verdadeiramente, a discus-
são havia sido apenas fruto de muita preocupação com emo-
ções à flor da pele. Eles eram felizes por a terem como filha, ela
não tinha dúvidas disso.
Pela primeira vez nos últimos cinco anos ela podia dizer que
estava bem.
Aos poucos, seu psiquiatra começou a reduzir os medicamen-
tos até que ela pudesse parar de vez.
46 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Se você parar para pensar um pouco, certamente vai lembrar
que conhece alguém assim, que sofre de depressão. É incrível per-
ceber que as origens desse sentimento podem ser as mais varia-
das. Estão ligadas à história de cada um de nós, escondidas você
sabe onde.
Até aqui você conseguiu ter um bom panorama sobre a origem da
hipnoterapia, técnica real, conhecida e praticada há centenas de anos.
A partir do próximo capítulo vamos começar a compreender como os
princípios e práticas dessa ferramenta podem colaborar para a evolução
de sua jornada. Prepare-se e esteja aberto. Ao controlar sua mente, você
será capaz de transformar sua vida. Tal como aconteceu comigo, meus
alunos e tantos clientes que são os protagonistas das histórias10 que con-
tei até agora e de tantas outras que você descobrirá ao longo da leitura.
Para entender como a hipnose e a hipnoterapia podem ajudar você
a crescer, antes é preciso saber o que temos dentro de nossa cabeça,
como funciona nossa mente. Você já parou para pensar nisso? Sabe do
que nós estamos falando?
Vamos em frente.
10. Todos os casos contados neste livro são histórias reais. Alguns nomes e detalhes
característicos podem ter sido alterados para preservar a privacidade das pessoas.
O CAMINHO PARA O VERDADEIRO PODER 47
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CAPÍTULO 4
O que somos?
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Certa vez, um monge e seu discípulo caminhavam à beira de um rio quando perceberam
um pequeno lagarto afogando-se em meio às águas.
Em uma ação rápida, o monge jogou sua mochila no chão e pulou no rio para salvar o
lagarto, que era um pouco maior que sua mão. Assim que conseguiu agarrá-lo e o estava
tirando da água, o monge foi surpreendido com uma mordida em seu dedo. Por causa da
dor, acabou largando o bichinho, que caiu na água de novo.
Poucos segundos depois, após se recuperar do impacto causado pela dor, o monge mais
uma vez agarrou o lagarto para tirá-lo das águas. E de novo, levou outra mordida, agora
em seu pulso. Mais uma vez, por conta do susto, ele soltou o lagarto no rio novamente.
Em seguida, ele avistou alguns galhos flutuando por perto, agarrou-os e com eles conse-
guiu resgatar o lagarto. Agora sim, teve sucesso em tirá-lo da água e finalmente salvá-lo.
Depois de toda a cena, seu discípulo lhe perguntou, intrigado:
“Mestre, na primeira vez que você tentou salvar o bicho, ele o atacou. Mordeu a mão que
o salvava. É um selvagem, ingrato! Mesmo assim, você insistiu e ele o atacou novamente!
Ele não merecia sua compaixão! Eu o deixaria morrer afogado.”
Após escutar seu discípulo pacientemente, ainda sentindo a dor das mordidas, o mestre
sabiamente respondeu:
“Caro aprendiz, minha tarefa é ajudar. Ele agiu conforme sua natureza e eu, conforme
a minha.”
O
que somos? Como chegamos aqui? Estas parecem perguntas
filosóficas, mas talvez nos ajudem a entender por que tem algo
errado conosco. Ou será que tudo aquilo que vemos como uma
falha seja apenas uma ilusão? Uma projeção distorcida sobre o que pen-
samos sobre nós mesmos e o que de fato somos?
49
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Já reparou que independentemente dos problemas que estamos
vivendo, da nossa felicidade — ou infelicidade — atual, embora não
saibamos o melhor meio de “salvar” nossa vida, já estamos resolvendo
questões infinitamente mais complexas?
Eu explico. Você se lembra das aulas de biologia na escola? Eu nun-
ca fui bom em biologia, mas, pelo que sei, passamos cinco anos ou mais
estudando os processos de nosso corpo: desenvolvimento do sistema
esquelético, muscular, funcionamento das células, funções de cada ór-
gão e como eles trabalham, sistema linfático e imunológico, hormônios,
o sangue que distribui nutrientes e oxigênio para tudo isso e por aí vai.
Muito complexo para mim.
E mesmo depois de anos estudando, aprendendo de forma superfi-
cial e isolada cada um desses pontos, nós leigos ainda não entendemos
nada (a menos que você seja um médico ou biólogo, e olhe lá).
Mas já parou para refletir que toda essa complexidade acontece em
nosso corpo 24 horas por dia, sete dias por semana, de forma harmonio-
sa e tranquila? Não importa se acordamos de mau humor ou se ficamos
revoltados com a vida, nossa máquina não para nunca! Mas por que ela
funciona tão bem?
Graças à capacidade de aprendizado dos seres, o que proporciona a evo-
lução das espécies. Na verdade, somos a máquina de sobrevivência mais
desenvolvida do mundo. E aqui peço licença para seguir com base na teo-
ria de Darwin, que acreditava na evolução biológica por meio da seleção
natural, ou melhor, na capacidade de os organismos se adaptarem. São
muitos anos de evolução até chegarmos aqui. Quer ter uma ideia?
Vamos fazer uma viagem com a máquina do tempo mais rápida do
universo. Ela consegue percorrer toda a vida na Terra, desde sua origem
até o surgimento do homem inteligente (pesquisadores estimam que nos-
sa espécie, Homo sapiens sapiens, surgiu entre 40 e 90 mil anos atrás11),
em apenas um ano.
Se a máquina partir no primeiro minuto do dia 1 de janeiro, em que
dia você acha que surgimos no planeta? Vamos ver…
11. HARARI, Yuval Noah. Uma breve história da humanidade - Sapiens. Porto
Alegre: L&PM Editores, 2015.
50 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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1 o DE JANEIRO
Início da vida (3.600 milhões de anos atrás)
2 DE MARÇO
Organismos unicelulares surgem
(3.000 milhões de anos atrás)
O QUE SOMOS? 51
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2 DE JUNHO
Primeiras criaturas multicelulares
(2.100 milhões de anos atrás)
7 DE NOVEMBRO
Primeira vida complexa aparece nos
oceanos (540 milhões de anos atrás)
52 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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16 DE NOVEMBRO
Primeiras criaturas em terra seca
(450 milhões de anos atrás)
7 DE DEZEMBRO
Início da era dos dinossauros
(240 milhões de anos atrás)
O QUE SOMOS? 53
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25 DE DEZEMBRO
Extinção dos dinossauros
(60 milhões de anos atrás)
31 DE DEZEMBRO, ÀS 9h24
a primeira criatura parecida com um
macaco aparece (6 milhões de anos
atrás)
54 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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31 DE DEZEMBRO, ÀS 22h23
Surge o homem primitivo
(250 mil anos atrás)
22
31 DE DEZEMBRO, ÀS 22h52
Nossa espécie pensante
(50 mil anos atrás)
O QUE SOMOS? 55
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Incrível, não é mesmo?
Nós somos feitos a partir de diversos organismos e processos que já
acontecem e se desenvolvem há muito tempo. E tudo isso sem precisar-
mos nos preocupar ou quebrar a cabeça para achar a melhor maneira de
fazer tudo estar em atividade. A natureza funciona por si só.
Gosto de mencionar esse exemplo em treinamentos, pois é uma for-
ma de entender como chegamos até aqui e como funcionamos. Para
nós, a natureza é perfeita. Quem complica as coisas são os seres hu-
manos, a partir de programações mentais nem sempre voltadas para a
saúde, a felicidade ou o sucesso.
Segundo Stephen Hawking:
Bilhões de anos atrás, uma molécula com uma capacidade notá-
vel começou a fazer cópias de si mesma, a partir das matérias-pri-
mas do planeta. A reação em cadeia havia começado e a evolução
assumiu. Somos máquinas biológicas complexas, capazes não
apenas de se replicar e pensar sobre a reação em cadeia de vida,
mas também de descobrir como chegamos até aqui.12
MENTE INCONSCIENTE
Todo esse aprendizado de bilhões de anos está situado na mente incons-
ciente. É a parte que controla nossas funções primordiais e mais básicas
da natureza, como sobrevivência e reprodução; é a única parte de nossa
mente que já vem “programada de fábrica”.
Podemos dividir nosso cerébro em três partes:
12. Ciência de tudo com Stephen Hawking. NatGeo, 2016.
56 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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NEOCÓRTEX
CÉREBRO
LÍMBICO
CÉREBRO
REPTILIANO
A mente inconsciente está relacionada com o cérebro reptiliano,
a primeira estrutura cerebral da evolução, que surgiu nos répteis
— daí o nome. E por ser a mais primitiva, também é a que tem
prioridade sobre todas as outras. Quando nos sentimos em perigo,
imediatamente nosso corpo se prepara para lutar ou fugir, o que im-
porta é a sobrevivência. Imagine que, ao abrir a porta de casa, você
desse de cara com um tigre feroz. Como acha que se sentiria? Seu
instinto iria nas alturas, liberando adrenalina, acionando a reação de
fugir imediatamente, é claro.
Em nossa mente inconsciente estão as programações para controlar
cada uma das funções corporais automáticas, os batimentos cardíacos,
a respiração, o sistema imunológico, a digestão, a pressão arterial, a pro-
dução de hormônios e assim por diante.
Não é possível através de nossa vontade, da hipnoterapia ou de
qualquer outra intervenção não invasiva agirmos diretamente nas
funções da mente inconsciente. Nosso sistema de sobrevivência está
sempre ligado para a segurança.
Porém, felizmente, há formas indiretas de influenciarmos positiva-
mente essa parte de nossa mente, para o caso de necessitarmos de uma
recuperação acelerada ou mesmo quando ela está respondendo de for-
ma irregular, como veremos a seguir.
O QUE SOMOS? 57
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A HIPNOTERAPIA PODE SALVAR UMA VIDA?
Gerald Kein, quando presenciou uma das aulas de médicos que Dave
Elman ministrava, teve a oportunidade de registrar em áudio Elman
contando como um de seus alunos chegou até ele um dia, empolgado,
dizendo que acreditava ter salvado uma vida com a hipnose. Todos os
médicos da sala começaram a rir.
Elman diz em seguida: “É a primeira vez que ouço alguém fazer
uma afirmação como essa. Sou muito sério em relação à hipnose,
não permitiria a mim nem a ninguém exagerar sobre o assunto, não
admito isso”.
Mas o médico insistiu para contar a história. Foi o caso de um de
seus pacientes.
Um paciente cardíaco de 76 anos precisava fazer uma cirurgia na
próstata, porém, a anestesia seria um processo arriscado. Então, o mé-
dico foi fazer uma visita ao paciente na noite anterior ao procedimento
para saber como ele estava e prepará-lo para a cirurgia e sua recuperação.
Contudo, enquanto o médico o motivava, dizendo que ficaria
tudo bem, o paciente falou: “Sabe, doutor, já tenho 76 anos, já vivi
por muito tempo. Sou um paciente cardíaco. Bem, amanhã eu vou
morrer na mesa de cirurgia”.
De imediato, o médico com muita energia replicou algo como: “Você
pode até ter cirurgia marcada, mas não tem um cirurgião para executá-
-la. Estou cancelando agora sua cirurgia. Nunca operei ninguém que
tivesse vontade de morrer na mesa. Nunca tive um paciente que morreu
durante minha cirurgia e você não será o primeiro. Mas já que desmar-
camos a cirurgia, vou lhe mostrar o que perdeu”.
Então, o médico, através da hipnose, criou uma anestesia geral
em todo o corpo do paciente. Depois lhe pediu que abrisse os olhos e
testasse, beliscando a si mesmo, para realmente ver como não sentia
dor alguma e que estava tudo bem.
Nesse momento, o paciente, já com semblante muito aliviado e
feliz, falou que estava pronto para a cirurgia do dia seguinte, e que
tinha certeza de que ficaria muito bem.
58 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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E assim aconteceu. O médico relata que, após a cirurgia, o pacien-
te teve uma melhora extraordinária, e por isso acredita que salvou a
vida dele por ter tirado de sua mente a expectativa de que morreria na
mesa de operação.
Na turma de Elman, alguns não concordaram que isso tenha
feito diferença, e outros concordaram que isso realmente salvou a
vida do homem. Porém, o que era consenso, já em 1960, entre os
médicos que estudavam a hipnoterapia com Elman, é que o estado
emocional e a vontade de morrer influenciavam na recuperação dos
pacientes.
E a cada dia que passa, a ciência entende um pouco mais sobre
como funciona a relação entre mente e corpo. Por exemplo, segundo
uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria do King’s College de Londres,
pessoas estressadas podem demorar até 40% a mais de tempo para ci-
catrizar um ferimento.13 Isso estaria relacionado ao desequilíbrio que
o estresse provoca no organismo.
E quem nunca ouviu falar de casos de recuperação ou mesmo
curas aparentemente milagrosas, após o paciente mudar a atitude
mental? Com uma rápida busca na internet, é possível encontrar
diversos casos no mínimo intrigantes.
Doutor Carlos Ribeiro, médico neurocirurgião e instrutor de
Hipnoterapia na OMNI Brasil, costuma dizer que somente 3% de
seus pacientes necessitam de alguma intervenção cirúrgica para
melhorar. Os outros 97% estão sofrendo por conta de algum mal
funcionamento do organismo que não é natural, portanto há al-
gum elemento ocasionando isso. E se não é físico, então está na
mente.
Depois de vinte anos de estudos da medicina tradicional e do fun-
cionamento do cérebro, foi após conhecer a hipnoterapia que o doutor
disse ter conseguido entender melhor a conexão entre a mente incons-
ciente e o restante das influências.
13. GOUINA, Jean-Philippe; KIECOLT-GLASERA, Janice K. The Impact of
Psychological Stress on Wound Healing: Methods and Mechanisms. Disponível
em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3052954>. Acesso em: abr. 2018.
O QUE SOMOS? 59
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Você já entendeu que nossa mente e nosso corpo têm todas as pro-
gramações necessárias — provenientes de milhares de anos de evolu-
ção — para sobreviver e se reproduzir. E essas informações incluem a
de como se autocurar. E como citamos anteriormente, fatores externos
como o estresse podem impedir o funcionamento total do processo
natural de regeneração.
Em minha experiência, essa lógica se encaixa em muitas doenças.
Por que alguém que nasceu saudável desenvolve uma doença crônica
ou autoimune? Nesse contexto, não faz sentido que nossos anticorpos
destruam nossas células. Há alguma interferência que impede o fun-
cionamento desse sistema, que não deixa o corpo se regenerar.
O PROBLEMA É DOS GENES
O culpado da vez, quando o assunto é doenças desse tipo, é o DNA.
Porém não acredito que o DNA represente o ultimato do destino. E a
ciência cada vez mais segue para esse lado, mostrando que o ambiente
pode influenciar traços genéticos e doenças.
Um estudo de 2015, publicado na Nature Genetics,14 analisou pra-
ticamente todas as pesquisas realizadas com gêmeos nas últimas seis
décadas e descobriu que 51% da variação média dos traços humanos
e doenças se dão por fatores ambientais, e apenas 49% se devem à
genética.
O fator ambiental, por outro lado, afeta diretamente as emoções e
o bem-estar. Por isso, a hipnoterapia, que atua diretamente no âmago
emocional, tem um potencial incrível para ajudar qualquer pessoa em
qualquer situação.
Não só acredito nisso, como é o que vejo no dia a dia. Se quiser ficar
mais impressionado, leia o caso a seguir.
14. The University of Queensland. Nature v nurture: research shows it’s both.
Disponível em: <www.uq.edu.au/news/article/2015/05/nature-v-nurture-research
-shows-its-both>. Acesso em: abr. 2018.
60 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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ADEUS, DIABETES
Tudo começou aos 7 anos. Samuel e seus três irmãos esta-
vam em casa. Os pais haviam saído. Todos brincavam de fazer
testes de ciências com produtos de higiene no banheiro. Até
que Samuel desistiu e saiu do cômodo, com medo de ser pu-
nido quando o pai voltasse. Foi quando os irmãos lhe fizeram
um pedido: que ficasse vigilante na escada, para avisá-los se
os pais voltassem. Ao se aproximar do posto, ele dá de cara
com o pai. Na hora, se sente congelar, e depois vê os irmãos
apanhando. Toma para si a responsabilidade e se sente culpa-
do, pensando que aquelas crianças foram agredidas por uma
falha sua.
Na próxima cena, Samuel tem 10 anos, e vê uma movimen-
tação estranha na despensa: seu pai descobriu que alguém ha-
via comido um chocolate que estava guardado. Sem saber quem
havia sido o guloso, mas disposto a punir os três filhos, o homem
reuniu vinte barras do doce e obrigou que as crianças comessem
tudo de uma vez. Foi um desespero, com todos muito enjoados
depois da punição.
Aos 12 anos, nosso protagonista já tinha adquirido bastante
peso e se viu na praia, sendo chamado de gordinho pelos ami-
gos. Ficou com muita raiva, sentindo-se excluído.
Agora Samuel tem 20 anos. E está num almoço de domingo
em família quando o pai o repreende: “Você come demais! É um
guloso! Vai ficar gordo e doente!”.
Arrasado com a bronca, ele sente muita raiva.
A gota d’água veio anos depois: com o irmão muito doente,
mas sem diagnóstico, toda a família fugiu na hora em que ele
realmente saberia do que se tratava. Apenas Samuel esteve ao
lado, segurando a mão do enfermo. Era diabetes.
O resultado é que ele também teve diabetes depois. E só se
libertou da doença e de seus traumas de infância quando, por
sugestão de um amigo, decidiu dar uma chance à hipnoterapia.
O QUE SOMOS? 61
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Para se ter uma ideia, em suas medições, seu nível de glicose
ficava sempre acima de 150 mg/dL, chegando a 300 mg/dL al-
gumas vezes.
Foi em sua sessão, aliás, que as cenas mencionadas lhe foram
apresentadas por sua mente subconsciente, a partir das coorde-
nadas dadas pelo hipnoterapeuta, e que ele teve a chance de dar
um novo significado a tantas situações de medo e dor. Um proces-
so bem-sucedido graças à disposição de seguir a vida com mais
leveza, ao coração aberto para extravasar o que estava guar-
dado primeiro, e depois perdoar o pai pela agressividade e pela
rigidez com que educou os herdeiros.
Quer saber o final desta história? Depois de dar um tempo
para seu corpo, Samuel fez exames para checar as taxas de gli-
cose e viu que estava com 97 mg/dL, índice considerado normal,
e assim continuou.
Além de saudável, Samuel agora é um homem livre. Sem açú-
car nem culpa em excesso no sangue. Sem entraves que o impe-
çam de ser feliz.
Situações assim acontecem sempre? É claro que não. Nada é 100%,
pois cada ser humano é único. Podemos comprovar que foi a hipnote-
rapia? Não ainda. Mas a OMNI, em conjunto com a Universidade de
Zurique e o Instituto de Tecnologia Suíço, está realizando diversas pes-
quisas científicas para mostrar que o potencial da forma que fazemos
hipnoterapia vai muito além de controlar dores de pacientes — este é o
tema da maior parte das pesquisas acadêmicas atualmente.
Então, alguns poderiam dizer que é coincidência? Talvez. Mas apos-
tar numa coincidência que não tem contraindicação e pode transformar
uma vida parece ser uma boa jogada, não?
Porém, acho sensato termos a mente aberta. Imagine só, há uma fes-
ta rolando desde o dia 1o de janeiro de determinado ano, e nós chegamos
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nas últimas horas do dia 31 de dezembro do mesmo ano, e queremos
acreditar que sabemos tudo o que é ou não é possível nessa festa.
É exatamente assim que muitas vezes lidamos com nosso organismo.
Por que alguém que nasceu 100% saudável em determinado momento
da vida adquiriu diabetes — ou qualquer outro mal? O que causou isso?
Como diz o doutor Carlos, a medicina ainda não se preocupa com as
causas. Por isso, acreditamos que a hipnoterapia pode revolucionar a
área da saúde.
E tenho certeza, caro leitor, que, se você continuar comigo nesta jorna-
da dos mistérios da mente, as coincidências diminuirão e começarão a se
transformar em esperança.
Então, agora que você já entendeu que a mente inconsciente só não
funciona perfeitamente se algo a estiver impedindo, vamos ver o que a
impede de trabalhar.
O QUE SOMOS? 63
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CAPÍTULO 5
Quem pensa que está
no controle
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Q
uero lhe apresentar um personagem originário do folclore da
Turquia, o mulá, que em árabe significa “mestre”, Nasrudin, po-
pularmente conhecido por milhares de histórias que combinam
humor e sabedoria. Leia o conto a seguir atentamente para falarmos
sobre o controle que pensamos ter:
Em uma manhã, o mulá Nasrudin, caminhando para sua casa, se pergunta em
determinado ponto do trajeto:
“Por que não tomar um atalho através daquela formosa floresta que beira esta
estrada tão poeirenta?”
Seguindo pela trilha no meio da mata, exclamou:
“Mais um dia se passou, um entre os outros dias, um dia de atividades produtivas
e realizadas! Agora é só chegar em casa e descansar.”
Um pouco mais adiante, em um trecho de mata fechada, o chão de repente sumiu
debaixo de seus pés. Quando se deu conta, viu que estava no fundo de um fosso.
Observou a situação e percebeu que não havia como sair dali sem ajuda. Mas
quem passaria por ali e quando?
Entretanto, refletindo melhor, ele disse:
“Ainda bem que tomei esse atalho. Se isso aconteceu no meio de tamanha beleza,
imagine que catástrofe poderia ter me acontecido se eu tivesse seguido por aquela
estrada esburacada, perigosa e trafegada por cavalos e carroças?”
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ATIVIDADES DA MENTE CONSCIENTE
A mente consciente é a que você está usando agora, no exato momento
em que lê este livro. É onde passamos a maior parte das horas quan-
do estamos acordados. Ela é extremamente lógica, analítica e racional.
É responsável por suas funções cognitivas, relacionadas com uma parte
do seu cérebro chamado neocórtex.
Uma das funções mais curiosas dessa parte da mente é nos fazer
acreditar que estamos sempre certos, como aconteceu com Nasrudin
na história.
Mas antes de explicar o que aconteceu com Nasrudin, vamos nos
aprofundar nas funções da mente consciente.
Memória funcional
Também chamada de memória a curto prazo, é responsável por armaze-
nar tudo o que é preciso para nos ajudar ao longo do dia. Um exemplo
para ficar mais fácil de entender: na memória a curto prazo a gente ar-
quiva desde o que uma pessoa acabou de nos dizer até o caminho para
chegar ao trabalho ou o número do telefone de casa.
Ela é chamada de funcional porque precisamos dela para processar
e entender as informações, além de executar tarefas no dia a dia.
Leia a frase a seguir:
… ela é inocente…
O que você entendeu disso? Provavelmente nada.Quem é inocente?
Inocente sobre o que? No mínimo, ficou confuso, não é verdade?
É claro, essa frase, colocada de maneira aleatória e fora de contexto,
não nos diz nada. Isso aconteceria em todos os momentos de sua vida se
você não tivesse a memória funcional para lembrar as frases anteriores
do que está lendo. Agora, leia o parágrafo seguinte:
66 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Nossa mente subconsciente é poderosa e só quer nos proteger. Porém ela
é inocente e muitas vezes nos protege de maneiras que preferiríamos que
não o fizesse.
Agora ficou claro o sentido da frase? Eu a escrevi no capítulo 2. Há
tempo demais para que sua memória funcional pudesse guardá-la.
Você só entende o que está lendo — ou o que alguém está falando
— porque sua mente está com as ideias “frescas” do que você leu ou
ouviu há alguns segundos atrás, e buscando o sentido de como a infor-
mação atual se encaixa nelas.
Mas como ela busca o sentido?
A mente consciente analisa tudo o tempo todo,
mesmo que você não perceba
Esta é mais uma função da mente consciente, que podemos chamar de
“parte analítica”. Essa parte é seu próprio pensamento. Estamos a todo mo-
mento utilizando a parte analítica, seja com um pensamento consciente —
refletindo sobre um problema, por exemplo —, seja com um pensamento
automático — buscando se o que lê faz sentido ou não, por exemplo.
Essa parte está sempre comparando possibilidades e fazendo esco-
lhas. A maioria dessas escolhas são automáticas, e você nem se dá conta
que as fez.
Por exemplo, você escolheu, segundos atrás, ler a próxima linha, que
é esta. Você não precisou parar e pensar: “Acabei este parágrafo. Leio
o próximo ou não?”. Isso é feito de modo automático por essa função
analítica da mente consciente.
Por outro lado, você sempre pode parar, analisar e pensar antes de
agir: “O que farei daqui a pouco?”. Ou talvez: “Para qual amigo vou con-
tar como a mente é interessante?”.
Mas, como falei no título deste capítulo, a mente consciente só “pensa”
que controla. Por acaso você conhece alguém que já decidiu fazer uma dieta
e que jurou de pé junto que só pararia quando alcançasse o corpo ideal, mas
que em menos de uma semana desistiu de seguir com seu grande plano?
QUEM PENSA QUE ESTÁ NO CONTROLE 67
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Quando eu explicar a próxima função da mente consciente, você vai
entender por que essa pessoa desanimou tão rápido.
Força de vontade
A mente consciente tem um mecanismo para deixar você motivado e em-
polgado quando quer realizar algum feito. É a famosa força de vontade.
E ela é muito útil em diversas situações, como virar a noite traba-
lhando naquele projeto que você precisa entregar amanhã, ou ficar até
o final de uma apresentação que você considera enfadonha, mas cujo
conteúdo é importante.
Porém, o que pouca gente sabe é que a força de vontade é limitada.
Ela é como uma pilha que se recarrega sozinha, mas de forma lenta.
Você pode usá-la, mas quando terminar sua energia, é preciso esperar
as baterias se recarregarem.
Exatamente como acontece quando fazemos regime: a força de von-
tade é total nos primeiros dias, mas vai chegar a hora em que o desejo
de colocar um chocolate na boca falará mais alto.
Para deixar bem clara essa ideia da limitação da força de vonta-
de, vou resumir um experimento feito 1998, pelos os psicólogos Roy
Baumeister e Dianne Tice, ambos pesquisadores na Case Western
Reserve University.15
15. Baumeister, RF; Bratslavsky, E; Muraven, M; Tice, DM (1998) Ego depletion:
Is the active self a limited resource? Journal of Personality and Social Psychology,
74 5: 1252-1265.
68 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Foram colocadas duas bandejas diante de 67 estudantes em jejum,
divididos em dois grupos, no mesmo espaço. Uma bandeja com biscoitos
de chocolate que tinham acabado de sair do forno, e outra com rabanetes.
Para um grupo foi dada a instrução de que só poderia comer os bis-
coitos; para o outro, os rabanetes. A fim de aumentar a tentação, os pes-
quisadores deixaram os alunos sozinhos com os biscoitos e os rabanetes,
e os observaram através de uma janela oculta. Os que tinham permissão
para comer os rabanetes claramente lutaram contra a tentação de pegar
os biscoitos de chocolate.
Em seguida, os estudantes foram encaminhados para outra sala, que,
na verdade, guardava a parte mais importante da experiência: agora, os gru-
pos deveriam montar um quebra-cabeça. Eles achavam que era um teste
de inteligência, mas o que eles não sabiam é que o jogo não tinha solução.
O objetivo era testar por quanto tempo eles tentariam resolver o
brinquedo antes de desistir.
Resultado: a turma dos comedores de chocolate ficou, em média,
dezenove minutos tentando montar o jogo, enquanto aqueles que come-
ram os rabanetes desistiram em apenas oito minutos de tarefa.
Ou seja, a força de vontade do primeiro time estava lá em cima e
persistiu mais que o dobro do tempo observado no outro grupo, que
precisou usar a força de vontade para controlar a tentação diante dos
biscoitos e comer os rabanetes.
É assim que essa parte da mente funciona. Cada vez que você resis-
te a uma vontade, você está “gastando” sua vontade, e aquela determina-
ção de realizar algo vai embora junto. Até que chega o momento em que
você simplesmente parece parar de se importar com aquilo e começa a
deixar para lá.
Não por acaso, as dietas mais eficientes são aquelas que restringem
menos os alimentos, que nos permitem comer de tudo um pouco. Em
outras palavras, que não colocam à prova nossa força de vontade e nos
deixam comer o tão desejado chocolate aqui e ali.
Aliás, você gosta de chocolate? Por que você gosta ou não gosta?
Independentemente da resposta para a segunda pergunta, eu não
acredito em você. Vou explicar por quê.
QUEM PENSA QUE ESTÁ NO CONTROLE 69
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Razões equivocadas
Função racional, esta é a próxima parte que vamos explorar. Sempre que
você dá uma razão, um motivo ou uma justificativa, você está usando a
função racional da mente consciente.
A grande questão é que, na maioria das vezes, essa razão não condiz
com a verdade. O motivo real está bem oculto em nossas programações
do subconsciente, e a mente consciente busca alguma informação que
ela já ouviu e faça sentido, e a usa de justificativa.
Por exemplo, pense em alguém conhecido que você ache que tem
uma aparência atraente. Por que você acha essa pessoa bonita? Quais
justificativas sua mente está dando?
Você poderia dizer que são os olhos, o cabelo, o sorriso ou até a forma
do rosto. Isso é algo que qualquer pessoa falaria, e faz muito sentido, por
isso são as razões que sua mente escolhe.
Porém, segundo uma pesquisa publicada no Personality and Social
Psychology Bulletin,16 temos uma tendência de gostar mais de pessoas que
são parecidas conosco. O motivo é que achamos que os indivíduos que têm
a aparência mais próxima com a nossa também podem ter outras caracterís-
ticas em comum, segundo Chris Fraley, psicólogo e coautor do estudo.
E esse padrão pode se repetir em qualquer situação. Por exemplo, al-
guém que diz que não consegue subir na carreira porque o chefe não dá
oportunidade. Seria isso ou o subconsciente dele não quer crescer talvez
pelo medo da responsabilidade?
Ou aquela mulher de baixa autoestima que diz não conseguir se cui-
dar melhor, porque o trabalho toma todo seu tempo. Seria isso ou o sub-
consciente dela tem medo de chamar a atenção porque não se valoriza?
Como você observou na história no início do capítulo, Nasrudin ti-
nha certeza que o caminho tradicional era inadequado, e mesmo que
os fatos mostrassem seu erro, a parte racional encontrou uma justifica-
va para ainda assim parecer que ele tomou a melhor decisão, por mais
absurda que soe para quem vê de fora.
16. FRALEY, Chris; MARKS, Michael J. Westermarck, Freud, and the Incest
Taboo: Does Familial Resemblance Activate Sexual Attraction? Disponível em:
<http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0146167210377180>. Acesso em:
abr. 2018.
70 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Veja só como podemos ser enganados pela nossa mente consciente:
RENATA NÃO QUERIA IR À PRAIA
Magra e jovem, aos 32 anos, a arquiteta Renata não con-
seguia ir à praia. Um desperdício, até porque ela morava numa
cidade banhada por um lindo litoral e via nesse tipo de lazer uma
possível fonte de alegria e descanso. Afinal, era assim que tan-
tas pessoas conseguiam relaxar e se esquecer dos problemas
da vida. Ela queria isso também. Em tese, que fique bem claro.
Porque a possibilidade de vestir um biquíni e se expor ao sol ou a
um banho de mar a assustava. Mesmo que estivesse rodeada de
amigos ou familiares. Ela simplesmente não se sentia confortável,
mesmo querendo gostar desse tipo de lazer.
Outra situação difícil era falar em público. Sem dúvida uma
trava e tanto para alguém que trabalha com projetos, que pre-
cisa ter contato diário com outras pessoas. Ela tinha pavor só de
pensar na hipótese de ter de falar para um grupo de pessoas,
mesmo sabendo que fazer palestras e compartilhar com o público
tudo o que aprendeu na profissão seria um excelente recurso para
crescer na área. Era mesmo uma pena, outro desperdício, só que
dessa vez de talento e conhecimento. Mas não tinha condições de
mudar de atitude.
Observando de maneira superficial esse relato, você poderia
pensar — e era o que a mente racional de Renata lhe dizia — que
tudo isso não passava de excesso de timidez, uma bobagem.
É fácil julgar sob a ótica das aparências, olhando apenas
para o plano da mente consciente. Olhar para dentro de nós
mesmos requer disposição e coragem. É no subconsciente que
os mistérios são revelados. Foi isso o que Renata fez. Ela resol-
veu passar pelo processo da hipnoterapia e, quando acessou o
subconsciente, se viu ainda na barriga da mãe, ouvindo o pai
dizer que aquele bebê era “um menino” e que ia “jogar futebol”
quando crescesse.
QUEM PENSA QUE ESTÁ NO CONTROLE 71
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Angustiada por ser menina e assim contrariar o desejo do pai,
ela desenvolveu medo de aparecer, de se expor e revelar ser uma
mulher. Uma aflição que transferiu para as situações de praia e as
apresentações em público, fontes de tanto sofrimento desde que
ela se entendeu por gente.
A mente consciente sempre escolhe o caminho mais fácil.
Renata poderia passar a vida inteira privando-se de oportunida-
des, tendo o verdadeiro motivo para tal mascarado sob a ideia
de timidez, vergonha, falta de habilidade. Porém, felizmente, ela
encontrou a solução de seu problema descobrindo a raiz de sua
infelicidade.
Fator crítico
Outra peça que mora na mente consciente é o fator crítico. Do que
se trata? De uma espécie de funcionário infiltrado em nome da men-
te subconsciente. Esse funcionário seria como um porteiro que filtra
todas as mensagens que chegam. Ele as recebe e analisa para saber se
estão de acordo com todas as programações do subconsciente ou não.
Se estiverem de acordo, ele deixa passar, reforçando o que já estava
no subconsciente. Se não estiverem de acordo, ele rejeita.
Vamos a um exemplo: imagine uma mulher que tem programado em
seu subconsciente que ela não tem valor. E, depois de perder o empre-
go, começa a ficar muito deprimida e sente que nunca vai conseguir um
trabalho decente. Então, seu melhor amigo fala: “Você é especial! Você
precisa se levantar e ir à luta! Você pode tudo!”.
Depois de ouvir isso, seu fator crítico irá analisar e observar que essa
informação é contrária ao que está no subconsciente. Então, ele rejeita-
ria a sugestão. Porém, é uma sugestão boa para ela, ela quer isso. Desse
modo, a sugestão ficaria na força de vontade, que é limitada, de forma
que são grandes as chances de essa mulher voltar a ficar desanimada.
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POIS É, NÃO SOMOS SERES TÃO RACIONAIS QUANTO
GOSTARÍAMOS
Normalmente, as pessoas sentem orgulho de dizer quão racionais e ana-
líticas são para tomar decisões, fazer escolhas etc. Mas, como já vimos,
a verdade é que praticamente tudo o que fazemos está ligado ao sub-
consciente. É por isso que caímos tantas vezes nas mesmas armadilhas.
Uma situação muito comum é quando analisamos relacionamentos,
quantas e quantas vezes caímos nos mesmos erros? Por mais que cons-
cientemente você tome certas decisões, quando percebe, se vê preso às
mesmas situações. É o que acontecia com Adriana.
O DESAFIO DE ENCONTRAR UM GRANDE AMOR
Adriana tem 29 anos e já foi ao casamento de muitas amigas.
A cada cerimônia, ela sente o coração se apertar um pouco mais.
Mesmo sabendo que a felicidade não está necessariamente na
troca de alianças e que é possível ser feliz sozinha, ela quer dividir
a vida com alguém. Sonha com isso.
O fato é que Adriana não consegue encontrar um homem
“que preste”. Sempre que começa a se envolver, descobre que o
parceiro não está tão interessado assim ou, pior ainda, que tem
outra. Está cansada de ser traída, aliás. Por isso, não se acha
atraente nem sedutora o suficiente para conseguir estabelecer
um relacionamento sério. Morre de medo de ficar sozinha.
Um dia, decidiu recorrer à hipnoterapia para tratar dessas
questões. Por que não? Outros métodos de terapia não haviam
funcionado no passado, ela queria tentar.
Durante o processo, se viu ainda com 4 anos, diante de uma
cena de briga entre os pais, com a mãe chamando o marido
de “imprestável”. O casal se separou, e Adriana seguiu morando
com a mãe.
QUEM PENSA QUE ESTÁ NO CONTROLE 73
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Mais adiante, ao começar um novo relacionamento, a mãe
foi traída, e Adriana se lembrou perfeitamente de vê-la no colo
de uma irmã chorando e afirmando que — adivinhem — “homem
nenhum presta”, concluindo ser melhor viver sozinha.
Aquela revelação caiu como um raio. Com o apoio da hipno-
terapia, ela aprendeu a separar aquela dor, que não era sua, da
própria história.
Antes de saber por que agia dessa forma, afastando rela-
cionamentos duradouros com homens que realmente quisessem
compromisso com ela, Adriana agia de modo a cumprir sua anti-
ga programação mental. Se um homem com potencial para na-
morado sério se aproximava, a mente subconsciente dela dava
um jeito de fazer com que ela acumulasse trabalho, por exemplo,
só para não ter tempo de ver o pretendente. E assim a vida seguia
seu curso.
Depois da hipnoterapia, ela entendeu que seu caminho pode-
ria ser completamente diferente e que os homens não são todos
imprestáveis e indignos de confiança. Era só deixar a porta aberta
para o amor entrar, querer um homem bom para que o universo
enfim conspirasse a seu favor. Passado algum tempo, conheceu
Matheus, um advogado pouco mais velho do que ela e que traba-
lha perto de seu consultório — ela é dentista. Foi num restaurante
nas redondezas, na hora do almoço. Ele era amigo de alguns
conhecidos dela. Não demoraram a aparecer as afinidades.
Para resumir, estão juntos há dez meses. E já fazem planos
para o futuro, que deve começar com a compra de um aparta-
mento, seguida por uma cerimônia de casamento apenas para os
familiares e amigos mais chegados. Adriana finalmente perdeu o
medo de ser feliz.
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AGORA É SUA VEZ!
O primeiro passo para tomar o controle da própria mente é se conscien-
tizar de como ela pode estar enganando você. Então, é seu momento de
pensar. Quando foi a última vez que decidiu fazer algo, mas não fez? Ou
que começou algo e não terminou? E quais motivos — desculpas —sua
mente lhe deu?
Já se pegou pensando que algo é muito difícil? Ou que você sempre
vai ser assim? Por quê?
Analise bem as justificativas que sua mente traz e saiba que são
apenas invenções dela. Não se importe tanto com seus pensamentos
de desânimo ou de conformismo, eles não são quem você realmente é!
A propósito, já ficou claro que você não é seus pensamentos. Mas já se
perguntou quem você é realmente?
QUEM PENSA QUE ESTÁ NO CONTROLE 75
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CAPÍTULO 6
Quem realmente
controla sua vida
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M
uitas vezes, carregamos fardos que dificultam nosso caminho
por razões que, se bem analisarmos, não fazem sentido.
Certa vez, Nasrudin, em sua peregrinação, encontrou um largo rio que o impedia
de continuar o caminho. Devido à agitação das águas, seria muito perigoso atra-
vessá-lo nadando.
Então, ele juntou tudo o que podia e passou um dia e uma noite construindo uma
bela e segura canoa. Na manhã seguinte, a colocou na água e pôde chegar ao
outro lado da margem sem maiores dificuldades.
Assim que ele estava em terra firme, amarrou a canoa em suas costas e com muito
esforço e sofrimento continuou seu caminho, em direção à floresta, praticamente
se arrastando para suportar todo aquele peso.
Num momento, um passante o avistou e, curioso, perguntou:
“Senhor, por que está carregando essa canoa em meio a uma floresta?”
Nasrudin respondeu de prontidão:
“Não posso deixá-la para trás. Ela me ajudou a atravessar o rio. Espero que tam-
bém me ajude a atravessar a floresta.”
Você já reparou que, muitas vezes, temos atitudes que não fazem
sentido? Ou que sentimos emoções que sabemos que não deveriam es-
tar em nós? Já percebeu como é difícil criar um novo hábito e acabar
com uma mania péssima? Ou que agimos de forma exatamente oposta
àquela que gostaríamos? Pois saiba que o nome do responsável por tudo
isso é “subconsciente”, e ele está relacionado ao cérebro límbico.
77
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Estamos falando de uma parte da mente que simplesmente re-
gistra tudo à sua maneira. Todas as experiências e sensações, desde
quando nascemos ou até mesmo antes, durante a gestação na barriga
da nossa mãe.
É o subconsciente que decide como devemos crescer, sentir e agir.
É nele que estão guardadas nossas crenças e emoções, elementos que
definem a maneira de ver o mundo. Você pode até não se lembrar de al-
guns fatos ou situações, mas saiba: seu subconsciente se lembra de tudo.
E tem o poder de minar mesmo seus mais humildes projetos ou fazer você
ser muito maior do que alguma vez sonhou.
Mas não pense que ele seja instável ou malvado. Pelo contrário, ele só
quer seu bem. O subconsciente é inteligente, espontâneo e juvenil. Mas
nem sempre lógico. Ou, explicando melhor, ele tem sua própria lógica.
Assim, seja bem-vindo à casa do ego real. É para lá que vamos quan-
do experimentamos a hipnose. Somente assim conseguimos encarar
verdadeiramente as questões que nos afligem, a programação mental
que pode estar atrapalhando nossos planos.
Imagino que você esteja curioso para entender como funciona a
programação mental. Ela está conectada a uma série de fatores que
vão desde como nosso cérebro registra certas emoções até a conexão
com suas funções mais básicas de autoproteção. Vou explicar esse tó-
pico a seguir.
SÃO TANTAS EMOÇÕES
Quem nunca falou algo em um momento emotivo e se arrependeu logo
depois? Ou já se magoou com alguém e depois ouviu: “Desculpa, eu
estava nervoso…”. Você desculpou essa pessoa? Se não, talvez deveria,
pois quando as emoções chegam, é difícil de controlar.
Emoção é trabalho do subconsciente. Quando recebemos um es-
tímulo que ativa nossas emoções, a mente consciente se fecha e sai
de cena. Então, nesse momento, não temos mais a parte analítica para
escolher a melhor resposta ou maneira de falar.
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Mas as emoções não são as vilãs, elas são fundamentais para qual-
quer animal, principalmente para aqueles que vivem em sociedade,
como nós, seres humanos.
Elas nos ajudam a expressar o que sentimos, a construir laços, a de-
fender quem amamos, a vencer obstáculos e até a evitar os perigos. Por
exemplo, se você perder uma oportunidade por não estar capacitado,
isso pode causar uma raiva momentânea que vai motivá-lo a se superar
e conquistar o que quer.
Esse é o Medo, ele manda bem no quesito segurança.17
Aposto que você também já ouviu: “Seja racional, não se deixe le-
var pelas emoções”. Porém, são as emoções que ajudam nossa mente
analítica e racional a tomar decisões. Afinal, só sabemos que uma
decisão é ruim ou boa porque comparamos as suas consequências
com uma experiência passada na qual sentimos uma emoção positiva
ou negativa.
Sem emoções, nossa vida seria um desastre. António Damásio, um
dos maiores neurocientistas do mundo, tenta explicar isso em seu livro
O erro de Descartes. (Companhia das Letras, 2012).
Em sua obra, Damásio explora, dentre outras, a história de Phineas
Gage, uma pessoa normal que, após sofrer um acidente, fica incapaci-
tado de sentir as emoções. Em resumo, ele se tornou uma pessoa arro-
gante e impaciente, e morreu sozinho, sem dinheiro e amigos. Nossas
emoções são responsáveis por nos ajudar a navegar socialmente, e tal-
vez seja por isso que tanto ouvimos falar sobre inteligência emocional
na atualidade.
Mas, como disse anteriormente, para uma emoção aflorar ela depende
de um estímulo, uma experiência. E a emoção que surgirá quando isso
acontecer depende do que está arquivado em seu subconsciente, como
veremos a seguir.
17. DivertidaMente. Disney Pixar, 2015.
QUEM REALMENTE CONTROLA SUA VIDA 79
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MEMÓRIA A LONGO PRAZO
A próxima característica do subconsciente que vou explicar é a capa-
cidade de registrar tudo, a todo momento, independente do que seja.
Suas experiências, ou seja, tudo o que você vê, ouve e sente vai sendo
armazenado no que chamamos de memória a longo prazo.
Porém, não somos um computador que armazena os dados como
foram colocados lá; somos seres humanos. Cada experiência que
passamos carrega alguma emoção por trás e isso automaticamente
gera uma interpretação do fato; o que fica registrado é a forma como
foi entendido.
Por exemplo, uma criança que acabou de se assustar com um inseto
pede colo para sua mãe, contudo naquele momento a mãe estava la-
vando a louça e fala em tom normal: “Agora não”. Por conta da emoção
do momento, o que talvez fique registrado na mente dessa criança é:
“Minha mãe estava brava e me rejeitou”. E, se ela pensar, realmente
poderia ver em suas lembranças a imagem da mãe com raiva, talvez até
falando algo que nunca aconteceu.
A memória a longo prazo guarda apenas o que considera importante
de cada momento. E o que ela considera importante é aquilo que se
repete ou que está recheado com emoções.
Essa criança, por exemplo, provavelmente não se lembraria se sua
mãe estava lavando um prato ou um copo naquele momento. Talvez,
nem esteja registrado que sua mãe estava lavando a louça, pois aquilo
a mente não consideraria importante carregar ao longo da vida.
E é um ciclo, cada novo registro vai influenciando o que é im-
portante ser arquivado ou não. Imagine essa mesma criança, agora
adolescente, indo contar para sua namorada uma piada nova, que
gostou muito. E a namorada fala: “Agora não. Estou terminando uma
tarefa, amor”.
Por mais educada que a moça possa ter sido, a mente subconsciente
do garoto poderia ter acessado aquela memória da infância e adicionado
essa memória na mesma caixinha. Pois, para o subconsciente dele, re-
jeição é algo importante de se lembrar.
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Cheiro de pão quente
É isso que desperta as emoções, nos faz lembrar do que ficou para trás,
nos arrebata e emociona. Parece muito real passar pela porta de uma
padaria, sentir o cheiro de pão quentinho e lembrar dos cafés da manhã
caprichados na casa da avó, ouvir uma canção romântica e se recordar
dos bailes da adolescência e assim por diante.
Tudo isso fala diretamente ao subconsciente. É como se fosse pos-
sível viver outra vez determinada experiência. Esta é a memória a longo
prazo de que estamos falando.
HÁBITOS
No subconsciente também moram nossos hábitos.
Nosso cérebro é uma máquina que está sempre fazendo o possí-
vel para economizarmos energia. E uma de suas táticas é criar hábitos.
Imagina como seria se todas as vezes que fôssemos ao banheiro escovar
os dentes, tivéssemos que pensar: tenho que abrir a pasta de dente assim,
pegar a escova assim, colocar um pouco de pasta assim, abrir a torneira…
Seria bem trabalhoso, não é verdade? Então, nossa mente entende
que precisamos de tudo o que fazemos repetitivamente por algum tempo
e grava o padrão.
Aprender a dirigir é muito chato para a maioria das pessoas, mas
uma vez assimilados os comandos e referências, tudo flui. A gente faz
sem se dar conta. A mesma experiência se tem na hora de amarrar o ca-
darço: só é preciso iniciar, e a ação posterior é praticamente automática.
Mas pare um pouco e tente se lembrar da cena de uma criança
aprendendo a fazer essa amarração. No início, não é simples assim.
A gente faz sem drama porque o subconsciente adquire a prática e faci-
lita a execução para nós.
Costumamos dizer que existem três tipos de hábitos: os bons, os
maus e aqueles simplesmente úteis — que são maioria. Um estudo
de 2006 da Universidade Duke estima que mais de 40% das ações
QUEM REALMENTE CONTROLA SUA VIDA 81
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que executamos diariamente são resultados de hábitos, e não de deci-
sões conscientes.18 Ao acordar de manhã, por exemplo, ninguém perde
tempo pensando em qual perna apoiará primeiro no chão. A gente se
levanta e pronto.
Nesse cenário, o desafio é criar bons hábitos e eliminar os maus.
Saiba que isso é perfeitamente possível, e voltaremos a esse tema mais à
frente. Mais uma vez citando Jerry, tenhamos em conta que “todo hábito
que você pode criar você também pode eliminar”.
AUTOPROTEÇÃO
Vamos destacar agora aquela que provavelmente seja a parte mais im-
portante da mente subconsciente, a autoproteção. Trata-se de um me-
canismo que existe para nos defender de situações negativas, sejam
reais, sejam imaginárias.
As pessoas que sofrem com fobias sociais, por exemplo, são nor-
malmente alvo de repreensões. Ouvem o tempo todo que precisam se
acalmar. É preciso ter em conta, no entanto, que o subconsciente delas
provoca esse impulso, de sair correndo, porque entende que elas estão
de frente para algo realmente prejudicial. Não sabemos o que foi regis-
trado na memória a longo prazo delas, mas para elas o perigo é real.
Nesse caso, para não correr riscos desnecessários, as sinapses — lo-
cais de contato entre neurônios onde ocorre a transmissão de impulsos
nervosos de uma célula para outra — disparam rapidamente no cérebro
e provocam uma reação exagerada. Para interromper essas conexões no-
vamente é necessário um grande esforço. Um empenho que deve ser
muito maior do que o gatilho que o disparou.
O que alarma é o número de pessoas que sofrem desse mal. Se con-
siderarmos apenas as chamadas fobias sociais, de acordo com estudo
da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, em
18. NEAL, David T.; WOOD, Wendy; QUINN, Jeffrey M. Habits — A repe-
at performance. Disponível em: <http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1111
/j.1467-8721.2006.00435.x> Acesso em: abr. 2018.
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média 10% da população do planeta sofrem com algum problema do
tipo. Nesses casos, falar em público e encontrar estranhos são os temo-
res mais frequentes.19
Porém, há maneiras ainda mais diferentes que o subconsciente usa
para nos proteger. Por exemplo, imagine uma menina que, aos 5 anos,
foi abusada pelo primo.
Depois, aos seus 15 anos, essa mesma menina presenciou uma cena
de seus pais brigando. Seu pai, exaltado, deu um tapa na mãe. Foi a
única vez que isso aconteceu, mas a cena ficou registrada na mente
daquela jovem. Mais tarde, com 19 anos e completamente apaixonada
pelo namorado, ela pegou-o no flagra com outra garota.
Nesse caso, veja o que ficou registrado em seus arquivos de memó-
rias subconscientes:
▷▷ Um homem de confiança da minha família me fez mal.
▷▷ Meu pai fez mal à minha mãe.
▷▷ O garoto que eu amava me fez mal.
A função da autoproteção conectou tudo e concluiu: homens são
perigosos quando estão atraídos por uma mulher.
E o que a mente subconsciente poderia fazer para protegê-la? Como essa
conclusão não faz sentido nenhum para o consciente, a mente subconsciente
precisaria dar um jeito de proteger a garota sem depender do consciente.
Com isso, transformou o corpo da jovem, tirando dela os atributos que lhe
faziam se sentir atraente. Veio então o descontrole alimentar, o aumento de
peso, problemas de saúde, a vontade de se isolar. Uma solução muito efetiva
para fazê-la se afastar dos relacionamentos. Triste, mas efetiva.
A autoproteção é como o pensamento de Nasrudin, que queria car-
regar a canoa para sempre, já que, um dia, no passado, ela teve sua
utilidade. Ele não queria correr o risco de precisar dela de novo e se ver
sem aquela importante ferramenta, que construiu com tanto esforço. O
19. Folha de S. Paulo. Fobia social afeta 10% da população mundial. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u1242.shtml>. Acesso em:
abr. 2018.
QUEM REALMENTE CONTROLA SUA VIDA 83
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mesmo aconteceu na mente da jovem. Se ela não fosse atraente no pas-
sado, não teria sofrido por causa dos homens, então, o melhor é se es-
conder física e emocionalmente. Assim pensa a nossa mente protetora.
E este não é um exemplo forçado ou incomum. Infelizmente, o pa-
drão de fatos em mulheres obesas é muito mais comum do que se ima-
gina. Nós, hipnoterapeutas, vemos isso com muita frequência. A boa
notícia é que isso pode ser resolvido de forma relativamente fácil com o
processo que aplicamos.
É ASSIM QUE A GENTE FUNCIONA
Isso também não quer dizer que a função de autoproteção sempre nos
traz uma consequência negativa; pelo contrário, na maior parte das ve-
zes ela simplesmente nos faz ser como somos.
Um amigo passou dificuldades financeiras ainda criança, após seu
pai ficar doente e não conseguir trabalhar por alguns meses. O resul-
tado? Hoje ele é extremamente controlado financeiramente, e, mesmo
tendo um trabalho comum, acumulou uma poupança que o permitiria
ficar um ano sem trabalhar, mantendo o mesmo estilo de vida.
Muitas vezes pensamos agir segundo determinada lógica quando, na
verdade, as razões que nos motivam são outras.
Sabe aquele convite de um amigo para arriscarem montar um negó-
cio juntos? Você pode até pensar que aceitou pela vontade de enfrentar
um novo desafio profissional. Mas, no fundo, pode ser uma necessidade
sua de ser reconhecido por ter sofrido bullying na escola.
Aquele advogado de quem você gostou de cara pode não ser neces-
sariamente o homem mais gentil do mundo, mas você sentiu muita con-
fiança nele porque seu sorriso lembra o de seu pai, esta sim uma figura
especial que lhe traz segurança.
É apenas nossa mente nos guiando pelos caminhos que ela acredita
serem os melhores. É assim que a gente funciona.
Mudar essas programações geraria um enorme trabalho. E você lem-
bra que a mente quer fazer de tudo para economizar energia? Por isso é
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tão difícil mudar utilizando apenas nossa vontade; seria como utilizar os
cinco soldados para lutar contra os 95.
PARA NÃO SOBRECARREGAR O SISTEMA
O subconsciente, com todas suas funções, existe para nos ajudar a viver
e a evoluir de forma segura, de acordo com o que ele aprendeu. Ele
processa o bombardeio de informações que recebemos todos os dias.
Sem ele, o sistema poderia entrar em pane. Nossa mente consciente
não daria conta sozinha.
Nosso cérebro recebe cerca de 11 milhões de bits de informação
por segundo, mas o consciente só consegue processar de dezesseis a
cinquenta bits.20
Há a percepção sensorial, a memória, as decisões a serem tomadas,
os atos cotidianos, as ameaças do dia a dia, uma longa lista de atividades
nessa linha. Quem comanda a operação e nos permite realizar tudo isso
é a mente subconsciente.
Esse trabalho árduo acontece fora de sua consciência. Esta já recebe os
dados prontos e as informações processadas. É a mente subconsciente que
trabalha pesado enquanto você nem se dá conta do que está acontecendo.
Um mecanismo muito elaborado, você não acha?
Jung, uma das referências da psicologia, traduziu bem esse en-
tendimento ao afirmar que “os aspectos subliminares de tudo o que
acontece conosco podem parecer pouco importantes na vida cotidia-
na”, mas, ao mesmo tempo, “são as raízes quase invisíveis de nossos
pensamentos conscientes”.21
Ou, para ser mais poético, “o coração tem razões que a própria ra-
zão desconhece”, do matemático, físico e filósofo Blaise Pascal.22 Sem
20. ZIMMERMANN, Manfred. “The Nervous System in the Context of
Information Theory”. In: SCHMIDT, Robert F.; THEWS, Gerhrad. Human
Psychology. Berlin-Heidelberg-New York: Springer-Verlag, 1983. pp. 166-73.
21. JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
22. PASCAL, Blaise. Pensées, fragments et lettres de Blaise Pascal. França: Hachette
Livre BNF, 2012.
QUEM REALMENTE CONTROLA SUA VIDA 85
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dúvida uma forma bonita de descrever o papel da mente subconsciente:
somos muito mais do que razão.
Agora, para você entender como a mente pode — de forma sutil
— impedi-lo de realizar seus sonhos, deixe-me lhe contar a história do
Rafael, hoje um grande amigo.
O ALUNO QUE VIROU PROFESSOR
Rafael Kraisch tem 34 anos. É casado e pai de três filhos.
Apaixonado por hipnose, ele se dedicava à atividade apenas
nas horas vagas, afinal, tinha o tempo limitado em razão de seu
trabalho como funcionário público da Prefeitura de Joinville, em
Santa Catarina, onde mora com a família.
Sentia-se estagnado e insatisfeito. Considerava o trabalho en-
tediante, sempre a mesma rotina, não se sentia contribuindo com a
sociedade, mas pensava que era preciso aceitar a realidade e pon-
to-final. Ele pensava: “Nem todos dão sorte na vida, não é verdade?”.
Para ele, parecia impossível viver de hipnoterapia, que era o
que ele realmente queria fazer. Tanto que não tinha coragem de
divulgar suas atividades na área, não se sentia confortável e não
investia no consultório que mantinha para fazer alguns poucos
atendimentos.
O ponto de virada foi em um evento que eu estava realizando
para ensinar hipnoterapia. Em dado momento, Rafael se candi-
datou a passar por um processo de hipnoterapia comigo.
Durante a sessão, identificamos que ele tinha fortes sentimen-
tos de incapacidade e fomos buscar a origem disso. Ainda bebê,
na maternidade, ele acordou numa noite e se viu sozinho no ber-
çário. Ficou assustado e quis sair dali, então começou a chorar.
Não apareceu ninguém imediatamente e ele se sentiu incapaz,
sua mente gravou que ele estava à mercê da vida, que não havia
conseguido agir, pedir ajuda.
Agora tudo fazia sentido. Ainda bebê, seu subconsciente
aprendeu que ele era incapaz. Afinal, para que se esforçar se
não se pode mudar nada?
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Quer saber o final dessa história? Após resolver esse entendi-
mento equivocado de que era incapaz, Rafael naturalmente mu-
dou por completo sua atitude diante da vida e passou a assumir
100% da responsabilidade sobre seus resultados.
Tanto que, poucos meses depois, deixou seu cargo público
para viver daquilo que gosta: hipnoterapia. Não demorou a se
tornar um dos hipnoterapeutas mais renomados do Brasil, com a
agenda de atendimentos lotada.
Ele teve tanto sucesso que passou a ajudar colegas hipnote-
rapeutas que estavam com dificuldade. Assim, eu também apro-
veitei a oportunidade e o convidei para se especializar mais ainda
e fazer parte do meu time. Hoje, ele é instrutor da OMNI Brasil e
treina centenas de novos hipnoterapeutas para transformar a vida
de ainda mais pessoas.
E você? Qual parte de sua vida o incomoda? Qual canoa está carre-
gando? Já identificou algum padrão do subconsciente? Do que ele pode
estar tentando protegê-lo?
Vamos nos aprofundar ainda mais nesta viagem à mente!
QUEM REALMENTE CONTROLA SUA VIDA 87
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CAPÍTULO 7
Funcionamento da
mente — A vida no
piloto automático
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Um dia, um homem deprimido, inspirado pelos contos de fada, parou em frente
ao espelho e falou:
“Espelho, espelho meu, existe alguém no mundo mais triste do que eu?”
Para sua surpresa, o espelho respondeu:
“Sim!”
O homem, intrigado, não sabia o que fazer. Um espelho falante que daria a respos-
ta para uma pergunta retórica? Então, o que restou foi perguntar quem poderia
estar pior do que ele.
E o espelho respondeu:
“Eu! Eu sou mais triste do que você! Porque sou obrigado a ver todos os dias uma
pessoa com um potencial infinito, uma capacidade ilimitada, que não se permite
viver ou explorar tudo isso, porque colocou na cabeça que é triste. Quantas pes-
soas exatamente neste momento estão numa situação pior do que você? Quantas
pessoas exatamente neste momento estão em seu último dia de vida e tudo o que
desejariam era mais alguns dias para tentar mudar um pouquinho a própria his-
tória? Você tem tudo o que é necessário para ser feliz e sabe o que é! Olhe mais de
perto, talvez perceberá.”
O homem não podia discutir com algo que não existe, algo que provavelmente
foi uma criação da mente dele, não fazia sentido. Então a ficha caiu: se ele criou
aquele espelho falante, também criou sua tristeza. Tudo era só um reflexo do que
ele estava olhando. Bastava olhar para outro lugar.
A
gora que você já tem uma noção geral de como cada parte de
nossa mente trabalha, vamos entender de que forma a mente,
como um todo, funciona no dia a dia, muitas vezes sem que a
gente se dê conta.
89
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CONSCIENTE E SUBCONSCIENTE INTERAGINDO NA PRÁTICA
Programação
1
Influência externa
2
SUBCONSCIENTE
CONSCIENTE
10
11
12
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17
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1. Você foi criado para sempre ser uma pessoa aceita; tiraria boas notas e,
com isso, faria progresso, ganharia bem, atingiria uma boa posição na so-
ciedade e seria feliz.
2. Externo: a sociedade o influencia a ser bem-sucedido, mostrando que su-
cesso é igual a felicidade, e que o grupo de pessoas bem-sucedidas é o
ideal, que todos deveriam pertencer a ele.
3. Subconsciente: a memória a longo prazo confirma que você precisa ser
aceito e ter uma boa posição.
4. Subconsciente: a autoproteção percebe que você não está como deveria e
ativa suas emoções para você se sentir mal.
5. Consciente: a parte racional tenta explicar por que você está mal. E as
únicas referências que ela tem são a programação “atingir uma boa posição
na sociedade” e a situação atual, “o sucesso mostrado na sociedade é maior
que o meu”. Portanto, tira a conclusão: estou mal porque não tenho o su-
cesso que a sociedade diz que eu deveria ter.
6. Consciente: a parte analítica quer saber o que fazer para ter sucesso, e
as respostas disponíveis são sempre referentes a ganhar mais dinheiro e,
assim, ser mais feliz. Portanto, começa a buscar as melhores formas de
conquistá-lo na memória.
7. Consciente: a memória a curto prazo está inundada de informações de
casos que leu ou ouviu sobre alguém que abriu um negócio e ganhou um
bom dinheiro.
8. Consciente: a parte analítica chega à conclusão de que a melhor forma de
ganhar mais é abrindo um negócio.
9. Consciente: a força de vontade é ativada para focar e fazer o que for neces-
sário para o novo negócio dar certo.
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10. Subconsciente: a possibilidade de o negócio dar certo fica iminente, en-
tão o subconsciente capta todas as possíveis mudanças na vida que isso
proporcionaria e checa na memória a longo prazo se tudo está congruente.
11. Subconsciente: a memória a longo prazo tem informações muito fortes e
negativas em relação ao dinheiro: “Pessoas ricas são desonestas e esnobes”, e
também tem informações de que a honestidade é nosso maior bem.
12. Subconsciente: a autoproteção é ativada de novo para não deixar que isso
aconteça e ativa a emoção.
13. Subconsciente: cria emoções de desânimo para o que estava fazendo e, ao
mesmo tempo, emoção de empolgação para oportunidades erradas — para
não deixar acontecer o plano de ser bem-sucedido.
14. Consciente: a força de vontade acaba e a mente analítica deixa se levar
pelas oportunidades erradas produzidas pelo subconsciente.
15. Subconsciente: você deixa de fazer o necessário para desviar o foco, e isso
reforça o hábito de perder o foco.
16. Consciente: o negócio dá errado e a mente racional justifica: “O problema
é a crise”.
17. Consciente e subconsciente: comprovam mais uma vez que você não chegou
ao patamar que deveria estar, e que talvez seja assim que deva ser para sempre.
Esta é uma forma didática de ilustrar como nossa mente controla
nossa vida. Obviamente, não é possível abrir o cérebro — muito menos
a mente — e achar caixinhas com informações explicando a função de
cada uma. Mas mostra como se encaixa, na prática e no modelo que
estamos usando, para explicar a mente, como ocorre a troca de informa-
ções dentro de nós.
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Este é o caminho do fracasso que acontece com todos nós. E en-
tenda “fracasso” aqui como qualquer impedimento a seu desafio atual,
aquilo que está bloqueando parte de sua felicidade. No exemplo an-
terior, o fracasso foi representado pela “falta de sucesso”, mas você
pode substituí-lo por depressão, insônia, vício, obesidade, problema
de relacionamento, doenças emocionais ou qualquer outra questão. O
caminho é similar: há uma programação em você que o impede de ser
ou estar do jeito que acredita ser o ideal. E todo esse ciclo se repete na
mente em questão de segundos.
Como está começando a entender, você não é tão consciente como
imaginava. Nossa mente consciente recebe todas as informações pron-
tas, já processadas pelo subconsciente. Podemos dizer que temos cons-
ciência daquilo que o subconsciente quer que tenhamos, e isso já foi
inclusive demonstrado pela ciência.
A AÇÃO JÁ COMEÇA ANTES MESMO DE PENSARMOS SOBRE ELA
Referência nos estudos na área, o psicólogo Benjamin Libet fez uma
experiência23 hoje tida como um marco. Ele conseguiu provar que
uma região do cérebro envolvida em processar uma atividade motora
tinha atividade elétrica uma fração de segundo antes de os participantes
da pesquisa tomarem uma decisão. Uma decisão simples, como a de
apertar um botão. Ou seja, alguma coisa aconteceu antes de o conscien-
te ordenar “aperte o botão”.
Libet não estava sozinho. Outro estudo publicado no periódico cientí-
fico PLOS ONE, em 2011,24 teve resultados que foram ainda mais longe.
Dessa vez, o pesquisador Stefan Bode e sua equipe fizeram exames de
23. LIBET, B.; GLEASON, CA.; WRIGHT, EW.; PEARL, DK. Time of cons-
cious intention to act in relation to onset of cerebral activity (readiness-potential).
The unconscious initiation of a freely voluntary act. Disponível em: <https://www.
ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6640273>. Acesso em: abr. 2018.
24. BODE, Stefan et al. Tracking the Unconscious Generation of Free Decisions
Using UItra-High Field fMRI. Disponível em: <http://journals.plos.org/plosone/
article?id=10.1371/journal.pone.0021612>. Acesso em: abr.2018.
FUNCIONAMENTO DA MENTE — A VIDA NO PILOTO AUTOMÁTICO 93
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ressonância magnética em doze voluntários com idade entre 22 e 29 anos.
A tarefa pedida era a mesma: apertar um botão, o que poderia ser feito
com a mão direita ou a esquerda. No fim, os estudiosos conseguiram sa-
ber qual seria a decisão tomada pelos participantes sete segundos antes
de eles se darem conta do que estavam fazendo.
Nesse tempo, os tais sete segundos de intervalo, foi identificada a ati-
vidade elétrica no córtex do polo frontal. Na sequência, a atividade elétrica
foi direcionada para o córtex parietal, uma região de integração sensorial.
Ou seja, definitivamente não estamos no controle. Aquilo que você
pensava fazer de forma consciente, que até tinha diversas justificavas
para explicar por que fazia, pode ter sido decido pela sua mente sub-
consciente até sete segundos antes de você pensar.
E outros cientistas apoiam essas ideias:25 o pesquisador Patrick
Haggard, do Instituto de Neurociência Cognitiva e do Departamento de
Psicologia da Universidade College London, afirma que primeiro acon-
tece uma atividade elétrica no cérebro e só depois surge o sentimento
de querer algo. Através de experimentos, foi possível estimular certas
regiões do cérebro de modo que, como consequência, o participante
tivesse a vontade de movimentar a mão.
Já o psicólogo Jonathan Haidt, pesquisador da Universidade da
Virgínia, nos Estados Unidos, argumenta em seu livro26 que grande par-
te dos julgamentos morais também acontece de maneira automática,
sob a influência dos sentimentos ligados a certo e errado. Isso sem qual-
quer racionalização.
O que todos esses estudos querem nos dizer é que estamos sempre
seguindo uma programação já instalada dentro da nossa mente. Estamos
reagindo de acordo com o que a realidade nos apresenta.
O interessante é observar que tudo isso acontece em dois pontos
apenas: o que foi programado na mente (ponto 1) e a experiência atual
que você vive e ativa essa programação (ponto 2).
25. KHALIGHINEJAD, N.; HAGGARD, P. Modulating human sense of agency with
non-invasive brain stimulation. Disponível em: <http://discovery.ucl.ac.uk/1491720/>.
Acesso em: abril 2018.
26. HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind. Nova York: Vintage Books, 2013.
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Você não pode mudar a sociedade, as pessoas e os acontecimentos
externos. Porém, pode influenciar sua mente. E você está a cada página
entendendo melhor como ela funciona, para então modificá-la.
Entretanto, para agir sobre ela, você precisa entender as regras que
ela utiliza. Jerry, após décadas de estudo e trabalho no assunto, criou
um conjunto de conceitos que nos ajuda a entender como a mente nos
afeta na prática.
AS SETE REGRAS DA MENTE
1. Todo pensamento ou ideia causa uma reação física
Como você está percebendo, corpo e mente estão sempre conectados.
No momento que você inicia um pensamento, alguma emoção pode ser
ativada e seu organismo imediatamente começa se preparar para lidar
com aquilo.
Essa regra explica por que ficamos arrepiados ao assistir a um filme
de terror. O medo ou o susto experimentado com determinada cena faz
a pele reagir. Isso para citar apenas um exemplo, uma vez que esse me-
canismo se aplica a diferentes situações. Basta trocar a cena da trama
assustadora pelo relato emocionado do nascimento do filho de um amigo.
Você pode se arrepiar do mesmo jeito ao saber como foi bonito o parto.
Isso acontece porque a mente subconsciente não sabe a diferença
do real para o imaginário. Quer experimentar?
Imagine-se passando aquele momento íntimo com seu amor, onde
nada mais importa, apenas vocês dois. Pense no que diriam um para o
outro, no perfume, no calor do momento, no que estavam sentindo…
imagine por mais alguns segundos…
Aposto que seu coração já começou a bater mais forte! Você tem al-
guma dúvida de que mantendo esses pensamentos teria reações físicas
ainda mais fortes?
Lição : Esteja atento às reações do corpo. Quais pensamentos po-
dem causá-las?
FUNCIONAMENTO DA MENTE — A VIDA NO PILOTO AUTOMÁTICO 95
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2. O que é esperado tende a ser realizado
Você já ouviu falar do chamado “efeito placebo”? Ocorre quando, em tes-
tes ou experimentos científicos, os médicos passam uma pílula de farinha,
por exemplo, sem nenhuma propriedade, para pacientes que acreditam
estar tomando medicamento real, a fim de testar como eles respondem.
Na maioria dos casos, essas pessoas apresentam recuperação e às vezes
chegam até a elogiar os medicamentos. A mente projetou que aquele pro-
duto traria melhora, e assim foi feito. Este é o efeito placebo.
Trata-se de um experimento que ilustra muito bem a segunda regra
da mente. A saúde física depende da expectativa mental. Basta conver-
sar com um médico conhecido e perguntar a ele algumas histórias nessa
linha. Ele certamente vai dizer que o tratamento é mais difícil quanto
mais pessimista for o paciente. Um paciente que espera piorar, muito
provavelmente vai ficar cada vez pior com o passar do tempo.
Em relação à saúde, essa ideia já é muito aceita entre os médicos.
O que ainda é um tanto polêmico para incrédulos é expandir essa regra
para outras áreas da vida, como profissional ou pessoal. Se você imagi-
nar um objetivo que quer alcançar, acreditar que vai conseguir, prova-
velmente o alcançará.
Você já ouviu falar da lei da atração ou do best-seller O Segredo, de
Rhonda Byrne? É exatamente essa lei que eles propagam. A autora do
livro tenta explicar isso através da física quântica da seguinte forma:
Em termos simples: toda energia vibra numa frequência; por ser energia, você tam-
bém vibra numa frequência, e o que determina sua frequência de vibração a qualquer
momento dado é o que você pensa e sente. Todas as coisas que você deseja são forma-
das de energia, e elas também estão vibrando. […] Ao se concentrar no que deseja,
você muda a vibração dos átomos daquela coisa, fazendo-a vibrar para você. A razão
de você ser a mais poderosa torre de transmissão do Universo é ter recebido o poder de
concentrar sua energia por meio de seus pensamentos e alterar as vibrações daquilo
em que se concentra, o que então atrai o que deseja magneticamente para você.27
27. BYRNE, Rhonda. O Segredo. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
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É importante salientar que isso é uma interpretação da autora. Os físicos
teóricos não aprovam essa teoria, e ainda não há estudos científicos que
comprovem isso.
Confesso que já acreditei e pratiquei fielmente essa ideia, e ainda
pratico essa segunda regra. Porém, hoje eu a explico de uma forma que,
para mim, é mais lógica e prática: da mesma forma que suas programa-
ções podem mudar você e seus planos para pior, também podem mudar
para melhor. Se você começa a colocar em sua mente aonde quer chegar,
seu subconsciente começa a prestar atenção e buscar formas de chegar lá.
Bem, funcionou para mim e, se você ler histórias de pessoas de sucesso
em qualquer área, verá que também funcionou para elas.
Lição : Acredite que você pode realizar o que quiser.
3. A imaginação é mais poderosa do que o conhecimento quando
lidamos com a própria mente
A razão é facilmente anulada pela imaginação. Há uma forma muito
simples de você sentir na pele como essa regra funciona. Quer tentar?
Imagine seu parceiro traindo você com outra pessoa. Imagine alguns
detalhes, talvez os dois combinando o próximo encontro escondido para
que você não descubra.
Chega, melhor pararmos por aqui. Mesmo que você não esteja
atualmente em um relacionamento, ou mesmo que você tenha certeza
de onde seu parceiro está, o desconforto começa a surgir no corpo.
Na verdade, qualquer ideia acompanhada por uma forte emoção,
como raiva e ódio, acaba se sobrepondo à razão. E geralmente essas
ideias não podem ser alteradas apenas com o uso da razão. É por isso
que tanta gente briga por causa de política, religião, futebol, entre ou-
tros temas, que normalmente classificamos como polêmicos quando,
na verdade, deveriam apenas expressar diferentes maneiras de pensar.
Como exemplo podemos citar os seguidores de Hitler, ou mesmo
pessoas que foram enganadas por grandes fraudadores. Eles provavel-
mente não eram ingênuos ou menos inteligentes do que nós, apenas
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estavam sendo controlados pela emoção. E se estivéssemos no lugar
deles, também seríamos enganados.
Lição : Não julgue, menospreze ou discuta com pessoas com cren-
ças ou opiniões particulares diferentes das suas. A razão dificilmente
pode contra a emoção.
4. Uma vez que um conceito foi aceito pela mente subconsciente, ele
permanecerá lá até ser substituído por outro
Todo mundo tem pontos de vista que não são corretos. Mas como é
difícil se livrar deles! E mal acabamos de falar deles na regra anterior.
Sabemos qual é o melhor partido político, qual é o melhor time, a me-
lhor religião, a melhor crença… não é verdade?
Então, a partir do momento que você aceita algo como verdade, isso
vai se manter até que surja outra ideia mais forte. E podemos acrescen-
tar: quanto mais tempo uma ideia permanece, maior é a dificuldade para
trocá-la por uma nova.
Mas não vou me fixar nesses exemplos dados. Estes são assuntos
inofensivos na maioria das vezes. Quero é alertá-lo sobre as verdades
que você nem chega a pensar que podem ser falsas, como:
▷▷ Qualquer pessoa na minha situação também se sentiria deprimida.
▷▷ É difícil sair de uma depressão.
▷▷ Vou levar anos para mudar minha saúde.
▷▷ Não dá para sair de um vício de uma hora para outra.
▷▷ Preciso sofrer muito para ser alguém na vida.
▷▷ Não sou atraente para outras pessoas.
▷▷ É difícil ser bem-sucedido.
Estas são verdades que você nem pensa em questionar, pois já fazem
parte das programações subconscientes. E adivinhe: se você não as ques-
tiona e não tenta substituí-las por outras verdades, elas continuarão lá.
E é assim que os hábitos são formados. Os bons e os maus surgem
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assim, do mesmo jeito. Primeiro a gente pensa, depois age. Pode até
parecer óbvio, mas não é: para mudar atitudes e comportamentos, é
necessário mexer primeiro em nossos pensamentos.
Meu objetivo aqui é abalar suas verdades antigas e sugerir novas.
Aquelas que o farão vencer seu desafio e transformarão sua vida. E eu sei o
tamanho do potencial disso, pois foi o que fiz para chegar aonde estou hoje.
Lição : Questione as verdades que não são úteis. Mantenha só
aquelas que o ajudam a ser quem você quer ser.
5. Cada sugestão aceita cria menos oposição às próximas sugestões
Uma vez vi um vídeo norte-americano de um experimento social em que
se filmava a reação de diversas pessoas ao receberem o elogio: “Você é
bonito(a)”. Foi curioso observar a diferença das reações.
As pessoas que eram consideradas atraentes segundo os estereóti-
pos impostos especialmente pela mídia, ao receber o elogio, davam um
sorriso e agradeciam sem muito alarde.
Já os voluntários que seriam considerados neutros no quesito bele-
za — a maioria —, ao ouvirem o elogio, reagiam com uma mistura de
alegria e surpresa bem impressionante, até engraçada às vezes. É como
se pensassem: “Nossa, me acham bonito(a)! Ganhei o dia!”.
Porém, me lembro de duas pessoas que, diante dos estereótipos que
temos, seriam consideradas “diferentes” — não pelos traços físicos, mas
principalmente pela forma exótica de se vestirem e usarem acessórios,
como tatuagens no pescoço e diversos piercings no rosto. Ao recebe-
rem o elogio, a primeira reação foi de confusão, e elas pediam para o
interlocutor repetir o que foi falado. Em seguida, começavam a ficar in-
comodadas, achando que o responsável pelo experimento estava sendo
irônico ou fazendo uma brincadeira de mau gosto.
O propósito do experimento não era mostrar isso que eu observei,
mas apenas sinalizar como podemos alegrar o dia de uma pessoa com
gestos simples, como um elogio. Porém para mim foi muito interessan-
te observar as pessoas que provavelmente recebiam elogio com mais
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frequência aceitarem mais um sem muito alarde. Enquanto as outras,
que não estavam acostumadas, tiveram uma reação de maior proporção.
E, por último, aquelas que provavelmente não recebiam elogio há muito
tempo praticamente nem aceitarem essas palavras.
Imagine que você vai para o trabalho e, logo no início do dia, al-
guém lhe pergunta: “Dormiu bem? Parece cansado”. Se for apenas uma
pessoa, você talvez nem se importe muito. Porém se mais três pessoas
diferentes ao longo do dia fizerem o mesmo comentário, você provavel-
mente iria ao banheiro, já pensando estar com uma aparência péssima, e
lavaria o rosto para dar uma animada. Provavelmente você entraria num
fluxo e passaria a se sentir cansado mesmo, confirmando aquilo que as
outras pessoas disseram. É assim que a regra 5 funciona.
Contudo, ela também funciona para as considerações positivas, e aí po-
demos nos beneficiar dela. Em vez de querer se convencer do dia para noite
que você é a pessoa mais feliz do mundo, comece observando os detalhes que
lhe fazem bem, por exemplo, não precisar se preocupar se terá o que almoçar
no dia seguinte, ter alguém em que você confia para dizer como se sente ou
mesmo ter este livro à sua disposição para mostrar que você pode mudar sua
situação.
Depois, você poderá acelerar muito esse processo, acessando direta-
mente as programações em seu subconsciente. Mas sempre tenha essa
regra em mente.
Lição : Comece construindo o que quer em sua mente de pouco
em pouco.
6. Um sintoma físico emocionalmente induzido tende a causar uma
mudança orgânica se persistir por tempo suficiente
Como você viu na regra 1, o pensamento gera uma emoção, e esta pro-
duz uma reação física. Todavia, se essa reação física não for saudável, ao
longo do tempo vai prejudicar o organismo. São as chamadas doenças
psicossomáticas, que podem também apresentar sintomas físicos, sem
ter uma origem orgânica.
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Por exemplo, você alguma vez já sentiu tanta raiva que teve até dor
no estômago, perdeu o apetite, talvez sentiu até queimação?
Quando você sente raiva, o cérebro produz cortisol, hormônio liberado
em situações de estresse. E o estresse, além de bloquear a liberação de
substâncias químicas para uma digestão saudável, pode aumentar a secre-
ção de ácidos no estômago e provocar os sintomas clássicos da gastrite.
Suzanne O’Sullivan, neurologista que escreveu o livro It’s All in Your
Head (Está tudo na sua cabeça, em tradução livre) relata em sua obra
que de todos seus pacientes que sofriam de epilepsia, 70% não tinham
nenhuma causa orgânica ou lesão que explicasse, ou seja, estava tudo
na mente dos pacientes.
Como a autora relata, os pacientes têm dificuldade em aceitar um
diagnóstico “vazio”, que mostra que não há nada de errado organicamente
que possa ser consertado com remédio ou “na faca”. Então, ficam obce-
cados em encontrar o que há de errado com eles, mas sempre buscando
fora. Essa obsessão de que tem algo errado acaba agravando a situação, e
o corpo começa a realmente produzir o que eles querem encontrar.
Muitos médicos que começam a estudar a mente e a hipnose, desde
a época de Elman até hoje, acreditam que a maior parte das doenças são
causadas na mente, por conta de emoções negativas presas no subcons-
ciente por muito tempo.
Não estou afirmando que todo mundo que adoece é emocionalmen-
te nervoso. Os germes, parasitas e vírus, entre outros agentes causado-
res de doenças, estão aí, claro, e podem nos afetar a qualquer momento.
Mas, por outro lado, também não podemos separar corpo e men-
te. Muitos problemas podem ser evitados se a gente mudar o jeito de pen-
sar. Quem morre de medo de ficar doente e diz o tempo todo que tem o
estômago nervoso ou dores de cabeça frequentes dificilmente vai romper
esse ciclo de incômodos permanentes. Pelo contrário, essas pessoas vão
sempre buscar esse padrão. Com o tempo, mudanças orgânicas virão: o
estômago vai ficar ruim mesmo e a cabeça vai doer cada vez mais.
Lição : Preste atenção nas emoções que você tem cultivado e bus-
que formas de evitá-las. Foque-se cada vez mais em experiências positi-
vas para incentivar emoções positivas.
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7. Ao lidar com o subconsciente e suas funções, quanto maior esforço
consciente, menor a resposta subconsciente
Alguma vez você já precisou acordar bem cedo e descansado no dia
seguinte para um compromisso importante, e, quando olhou o relógio,
contou quantas horas de sono teria? Então, pensou que precisava dor-
mir logo e, quanto mais queria dormir, parecia que menos sono tinha?
Porém, naqueles dias quando vai se deitar sem se preocupar se precisa
dormir logo, parece que o sono vem antes que perceba?
Ou já aconteceu de esquecer o nome de algo que precisava saber
naquele momento, e fez de tudo para lembrar? Pensou, colocou a mão
sobre a cabeça, franziu a testa, mas nada de a palavra vir à mente. Até
que finalmente você desiste e vai se preocupar com outra coisa. E, nes-
se momento, como num passe de mágica, a lembrança vem à mente?
É assim que funciona: quanto mais você ativa a parte consciente da
mente, menos o subconsciente trabalha. Não é possível controlarmos
diretamente o subconsciente, então não adianta forçar. Nos próximos
capítulo vamos aprender a como utilizar o consciente para induzir o
subconsciente a responder: aí a mágica acontece.
Lição: Entenda o que precisa mudar, mas não se torne neurótico ou
se esforce demais, não é assim que o subconsciente responde.
OS MAIS INTELIGENTES
Como vimos, nossa mente nos guia de formas muitas vezes impro-
váveis. O que está no subconsciente direciona nossas expectativas e
nos faz interpretar, agir e até influenciar as coisas. Robert Rosenthal
e Kermit Fode realizaram um estudo muito interessante demonstran-
do isso.
Eles reuniram um grupo de estudantes de psicologia, que receberam
cinco ratos e um labirinto em forma de “T” para realizar uma experiên-
cia. Esse “T” tinha um lado branco e outro cinza. A missão de cada ra-
tinho era aprender a se deslocar até o lado cinza, sendo recompensado
com comida caso atingisse o objetivo.
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Assim, os alunos deveriam dar a cada animal dez chances por dia de
aprender quão vantajoso seria ir pelo lado cinza. O progresso de cada
bichinho deveria ser registrado.
O que ninguém sabia previamente é que as criaturas avaliadas no
teste eram, na verdade, os alunos envolvidos no projeto.
Antes de tudo começar, eles receberam a informação de que de-
terminados ratinhos eram mais inteligentes do que outros. Essas ha-
bilidades teriam sido criadas e controladas em laboratório. Tudo bem
explicado cientificamente, para que ninguém duvidasse da informação.
Essa era a versão oficial, mas na realidade os animais eram idênticos.
Não haviam passado por nenhum processo de aprimoramento genético.
A intenção dos criadores do teste era avaliar os resultados obtidos se-
gundo as expectativas dos envolvidos.
E assim foi feito. Metade dos participantes ficou com os ratinhos ge-
niais e a outra metade com aqueles, digamos assim, menos favorecidos
do ponto de vista intelectual.
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Ao final, os ratinhos previamente chamados de inteligentes se saí-
ram melhor rumo ao lado cinza do “T” do que aqueles rotulados de pou-
co capazes — e você se lembra de que eles eram iguais?
Mais interessante ainda foi a descoberta de que o empenho dos alu-
nos mudou conforme o time de ratos a eles confiado. Esforçaram-se mais
para ensinar aqueles que comandaram os animais oficialmente mais es-
pertos. Estes foram mais pacientes e delicados do que os integrantes do
outro grupo, com os ratinhos supostamente menos inteligentes.
Nesse experimento ficam bem claras algumas das regras da mente
mencionadas nas páginas anteriores. Os estudantes aceitaram a ideia de
que um grupo de ratos era intelectualmente superior, assim eles passa-
ram a esperar que esse grupo realmente se saísse melhor. Dessa forma,
a mente deles os influenciou fisicamente, ou seja, agiram de modo dife-
rente com relação àquele grupo de animais, e então criaram o resultado.
Se a mente é capaz até de alterar o resultado de outro animal, imagi-
na o que ela não seria capaz de alterar em nós mesmos? Talvez criar ou
eliminar aquele medo? Isso fica claro na história do William, que tinha
medo de falar em público, um dos medos mais comuns do planeta.
O PAVOR DE SE APRESENTAR
William tem 22 anos e é secretário financeiro. Levava um
problema consigo havia anos: simplesmente não conseguia se
apresentar em qualquer lugar em que mais de cinco pessoas esti-
vessem olhando para ele.
Até os joelhos tremiam, ele travava, não conseguia. Se pre-
cisasse participar de alguma reunião na empresa em que traba-
lha, uma situação muito comum, ficava ansioso e temendo que
alguém o dirigisse a palavra, fizesse alguma pergunta.
Era um nervosismo evidente, impossível de disfarçar. Em sua
equipe, principalmente entre os superiores, ficava a impressão de
que ele, apesar de todo o esforço, não tinha condições de ser
promovido. Não daria conta do recado de conduzir um time de
subordinados e organizar muitas e muitas reuniões.
104 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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A hipnoterapia foi o recurso escolhido por ele para tentar mu-
dar de vida.
Em seu processo, William descobriu que, aos 4 anos, depois
de escorregar e cair na área de brinquedos de um parque, viu
duas crianças rindo dele, o que o fez sentir-se mal.
Depois, aos 11 anos, durante a apresentação de um trabalho
na escola, ficou nervoso e falou uma palavra errada. A risada de
um colega de sala o abalou também. Após esse episódio, ele só
não conseguiu fugir da defesa de seu trabalho de conclusão de
curso da faculdade. De todos os outros, deu um jeito de escapar.
O subconsciente do secretário aprendeu que ele passaria ver-
gonha diante de qualquer erro, afinal, ririam dele. Por isso o pavor
de falar em público.
Depois da sessão de hipnoterapia, ele chegou a pensar que o
trabalho realizado não havia tido efeito. Na reunião da empresa
logo após a hipnose, ele ainda se sentia nervoso.
Até que pediram para ele comentar uma informação diante
de um grupo de quinze pessoas. E a apresentação fluiu, ele con-
seguiu falar sem problema algum. Foi quando percebeu que só
estava com medo de ter medo.
Algum nervosismo ainda sente, mas é aquele frio na barriga
que todo mundo tem diante de algum desafio, nada que o para-
lise como antes.
Não faz muito tempo, foi promovido na empresa.
Que escolhas você tem feito na vida? Percebe agora que elas, na
verdade, não foram feitas de forma tão consciente como você pensava?
O grande problema é que você escolheu o que estava programado para
escolher.
E se pudesse se programar para escolher realmente o que gostaria de
viver, não seria ótimo? Essa programação é perfeitamente possível. Agora
você já sabe onde mexer, só falta saber como.
Você está preparado para começar a transformar sua vida?
FUNCIONAMENTO DA MENTE — A VIDA NO PILOTO AUTOMÁTICO 105
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CAPÍTULO 8
Hipnoterapia — Seja o
condutor de sua vida
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HARMONIA DOS MARES
E
ste é o nome do maior navio de cruzeiro do mundo no momento
em que escrevo este livro, uma embarcação colossal de 362 me-
tros, pesando 227 mil toneladas, quase quatro vezes mais pesado
que o Titanic e com capacidade de passageiros três vezes maior.
Quando essa máquina leva os 6 mil passageiros de um mar a outro,
quem realmente está transportando toda essa gente? O navio ou o capi-
tão? Quem suporta todas as tempestades e correntes marítimas e chega
ao destino desejado? O navio ou o capitão? E quem pode se chocar
contra um iceberg e afundar? O navio ou o capitão?
Certamente são as toneladas de maquinários engenhosamente cons-
truídos que atravessam os mares, então, poderíamos dizer que os passa-
geiros estão sob o controle do navio. Porém, dentro de uma minúscula
cabine — que também faz parte do navio —, existe um capitão, e sem
essa pessoa o cruzeiro simplesmente flutuaria na direção que os mares
o levassem.
É exatamente assim que funcionamos. Sua mente é todo o navio.
A parte consciente é a cabine de controle do navio. Os mares são a pró-
pria vida. E você, como consciência, está perdido por lá, sem saber que
poderia ser o capitão e navegar para onde quiser. Não há ninguém con-
trolando toda essa máquina.
Talvez você já tenha até ouvido isso, em alguma mensagem motiva-
cional: “Vá lá e controle seu navio, você pode ser o capitão!”. E talvez
você tenha até se empolgado e falado para si mesmo: “Agora meu navio
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vai para onde eu quiser! Porque eu sou o dono desse navio! Ele precisa
seguir meu rumo!”.
E o que acontece? Obviamente nada. Não é assim que se contro-
la um navio. O grande problema é que você não aprendeu que pos-
suía um navio incrível a seu dispor, capaz de levá-lo onde quisesse,
e muito menos como operá-lo. O manual de operação desse navio se
chama hipnoterapia.
DEFINIÇÃO DE “HIPNOSE”
A definição de “hipnose” que considero a mais clara e útil para o enten-
dimento é originada do próprio Dave Elman, e também é a mais acei-
ta atualmente pelas associações norte-americanas: “Hipnose é quando
uma sugestão dribla o fator crítico da mente consciente e é aceita pela
mente subconsciente”.28
Sugestões
CONSCIENTE
Fator crítico
da mente
consciente SUBCONSCIENTE
INCONSCIENTE
28. Definição adaptada de: ELMAN, Dave. Hypnotherapy. Westwood Publishing
Company, 1970.
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Ou seja, hipnose é algo comum e frequente. Quer ver?
Eu explico. A experiência da hipnose é formada de duas partes: a
primeira delas é a sugestão driblar o fator crítico.
O fator crítico é um filtro protetor para sua mente consciente. Mas
não pense nele como uma peça à parte; ele é, na verdade, uma função
da mente consciente. Então, no momento em que você recebe uma
sugestão, toda sua mente consciente, em uma fração de segundo, veri-
fica se aquilo está de acordo com a programação do subconsciente. Se
tiver, deixa entrar, e reforça sua programação. Caso contrário, não deixa
a mensagem passar.
Por exemplo, se eu lhe falar agora: “O céu está cor-de-rosa”.
Automática e instantaneamente seu consciente já verificou todas as
suas memórias e sabe que não é normal o céu ficar cor-de-rosa, e a parte
racional já concluiu: “O Michael falou isso para dar um exemplo de algo,
ou ele está muito louco, porque eu sei que o céu não é cor-de-rosa”.
Podemos dizer que, nesse caso, a sugestão foi barrada pelo fator
crítico, então, estamos longe da hipnose. Agora, você já assistiu ao filme
À procura da felicidade? Há uma cena muito tocante, com a qual eu
sempre me emociono.
Chris, o personagem principal, interpretado pelo Will Smith, está
em uma quadra esportiva enquanto vê seu filho brincando com uma
bola de basquete, bem animado, como qualquer criança. Até o mo-
mento em que seu filho fala, empolgado, com a própria imaginação:
“Eu sou profissional!”. Nesse momento, Chris fala para o filho que
sempre foi um péssimo jogador de basquete, e, então, provavelmente
ele também nunca será um bom jogador, pois é assim que as coisas
são; por isso, não queria que ele gastasse todo o seu tempo brincado
com isso. A criança concorda, para o jogo e, com um semblante triste,
desiste de brincar e começa a guardar a bola. Até que Chris percebe
a gravidade do que fez e fala em tom sério para o filho: “Nunca deixe
ninguém te dizer que não pode fazer alguma coisa, nem mesmo eu! Se
você tem um sonho, tem que correr atrás dele. As pessoas não conse-
guem vencer e dizem que você também não vai vencer. Se você quer
alguma coisa, corra atrás. Ponto”.
HIPNOTERAPIA — SEJA O CONDUTOR DE SUA VIDA 109
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Quando você assiste a essa cena, é provável que se emocione, e quan-
do a emoção é ativada, o consciente sai de cena, lembra? Então, a mensa-
gem que o personagem de Will fala para o filho já driblou seu fator crítico,
pois você está envolvido emocionalmente com a cena. Tivemos sucesso
na primeira parte da hipnose, e agora vamos para a segunda parte, que
pode haver dois desenlaces.
Se você não gosta dessa mensagem, ou por algum motivo sente que
ela pode prejudicá-lo de qualquer forma, seu subconsciente não a aceita
e nada acontece. Logo, a hipnose não acontece.
Por outro lado, o que é o mais provável nesse caso, se você gosta da
mensagem e acredita que ela será boa para você, seu subconsciente a
aceita, e ela passa a fazer parte de um pedacinho de sua programação.
Então, nesse caso, podemos dizer que você foi hipnotizado.
E hipnose é só isso. Quando você permite que uma sugestão realmente
entre em seu subconsciente; para isso acontecer, ela precisa driblar o
fator crítico e ser algo que você queira aceitar. E a hipnoterapia é quan-
do utilizamos a hipnose para fazer mudanças positivas e úteis na nossa
mente e na nossa vida.
Provavelmente agora você esteja se lembrando de muitas coisas que
já viu ou ouviu falar sobre hipnose e esteja se perguntando onde isso se
encaixa. Realmente, há muitos mitos em volta desse tema, vou esclarecer
os principais.
A pessoa hipnotizada perde a consciência?
Lembre-se da definição: hipnose é quando uma sugestão dribla o fator
crítico da mente consciente e é aceita pela mente subconsciente.
Na definição não falamos nada sobre dormir ou perder a consciên-
cia. Quando você assiste a um filme e se emociona, você está sem cons-
ciência? É claro que não.
A única diferença em uma sessão formal de hipnoterapia é que a pes-
soa está com os olhos fechados, apenas para se concentrar melhor e evitar
distrações, mas é igualmente possível fazer o processo de olhos abertos.
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Durante a hipnose você continua consciente, pode se mexer, pensar
e falar. Inclusive, na forma que fazemos terapia, é fundamental que a
pessoa fale muitas vezes para relatar as experiências.
A pessoa hipnotizada pode contar segredos?
Lembra da definição?
Não falamos nada sobre contar segredo na definição. Se você está
consciente, você escolhe como agir e o que falar. E se tiver algo que não
queira falar para seu hipnoterapeuta, há uma forma muito simples de
resolver. Basta dizer as seguintes palavras: “Eu não quero contar isso”.
A única observação nesse ponto é: se você não confia no profis-
sional que está ali para transformar sua vida, talvez precise trocar de
profissional.
É possível não voltar da hipnose?
Preciso lembrá-lo da definição novamente?
Estou sendo repetitivo porque vivemos anos e anos ouvindo as mes-
mas mentiras em relação à hipnose. Então, guarde isso: hipnose é quan-
do uma sugestão dribla o fator crítico da mente consciente e é aceita
pela mente subconsciente.
Ou seja, não estamos indo para lugar algum. Não há um mundo
chamado “hipnose”. É um processo natural, que todos nós passamos
diariamente, percebendo ou não.
Só quem tem mente fraca é hipnotizável?
Isso também não faz sentido quando pensamos na definição de hipnose.
Porém, se fosse tentar relacionar a mente da pessoa com a capacidade
de entrar em hipnose, seria o oposto.
HIPNOTERAPIA — SEJA O CONDUTOR DE SUA VIDA 111
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Quanto mais você tem consciência do que quer, do que lhe faz bem
ou mal, mais fácil é para seu subconsciente aceitar aquilo que faz sen-
tido para você.
É preciso acreditar para funcionar?
Como você já está percebendo, todo mundo passa por isso todos os dias,
e muita gente nem sabia que hipnose era real.
Hipnose é um processo natural da mente humana. Você não pre-
cisa acreditar nas funções de seu corpo ou sua mente para que elas
sejam reais.
Não é raro haver pessoas que procuram um hipnoterapeuta ainda
sem acreditar totalmente que hipnose seja real e que funcione, e fun-
ciona da mesma forma.
A pessoa hipnotizada perde seu controle?
Você poderia dizer que entendeu todas as explicações anteriores, mas já
viu um vídeo de uma pessoa hipnotizada que não sabia o próprio nome!
Ou seja, ela perdeu o controle da mente dela, correto?
Errado. Ninguém perde o controle na hipnose. Vamos testar algo novo?
Quero que você tente durante dez segundos esquecer seu nome.
Realmente faça isso. E depois de dez segundos, pergunte a si mesmo
qual o seu nome, e veja se funcionou?
Faça isso e depois continue a leitura.
E aí? Qual é seu nome? Aposto que você se lembra, não é verdade?
Mas o que aconteceu? Eu pedi para você esquecê-lo, você quis es-
quecer, mas não esqueceu. Por quê?
A resposta é porque neste momento em que você está agora, sem
estar experienciando a hipnose, você não tem o poder de esquecer o
que você quer esquecer. Você não tem o controle sobre sua própria
memória. Com a hipnose você teria.
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Ou seja, como já falamos anteriormente, a pessoa hipnotizada tem
mais controle sobre si própria do que uma pessoa não hipnotizada.
Seus sentidos ficam mais aguçados, suas emoções ficam mais claras e
o pensamento fica mais organizado.
E aquela pessoa que em um show de hipnose sobe no palco e
dança na frente de centenas de pessoas? Ela está no controle?
Com certeza. Em um show de hipnose, primeiro os profissionais
ao palco escolhem as pessoas que realmente estão dispostas a parti-
cipar. E uma ótima comprovação disso é uma pessoa subir ao palco e
se expor na frente de um público.
E cada uma dessas pessoas no palco passa pelo mesmo processo
da definição que mencionei anteriormente. Através de técnicas, os
profissionais podem driblar o fator crítico das pessoas que quiserem,
e a sugestão que eles dão depois disso funcionará para aquelas que a
aceitarem. E que tipo de pessoa a aceitaria?
Imagine uma pessoa tímida que sempre quis ser mais descontraí-
da, que talvez inveje os amigos que simplesmente dançam numa fes-
ta como se não houvesse amanhã, e percebe como eles se divertem
sendo assim. Naquele momento da hipnose no palco, o que ela mais
desejaria é se sentir assim. Por isso ela permite que aquela sugestão
entre em seu subconsciente.
E, mesmo assim, quem já foi a um show de hipnose sabe que mui-
tas vezes acontece de uma pessoa do palco não aceitar determinada
sugestão. E o profissional do show, naturalmente, agradece e pede que
ela volte para seu lugar.
Se você nunca presenciou um show de hipnose, recomendo o
Magicamente, o maior do Brasil, que ocorre na capital e em algumas
cidades do estado de São Paulo. É apresentado por três hipnotera-
peutas formados pela OMNI Brasil, que são os maiores apresenta-
dores de show de hipnose em território nacional Eles conseguem
mostrar o potencial de nossa mente de forma muito profissional,
ética e divertida.
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HIPNOSE NO DIA A DIA
Como mencionei, a hipnose é um processo pelo qual você passa dia-
riamente. Muitas vezes, mensagens passam direto pelo fator crítico e
são aceitas pelo subconsciente, mas vale a pena analisar mais de perto
algumas dessas situações.
Médicos
Os médicos são naturalmente uma autoridade para a maioria das pes-
soas. Então, temos a tendência de aceitar tudo o que eles falam sem
analisar. Afinal, estudaram tanto tempo, devem saber do que estão
falando, não é verdade?
O grande problema é quando aceitamos sugestões que não serão
positivas para nós. Por exemplo, quando dizem: “O seu caso é grave!
Provavelmente, não vai se recuperar tão rápido”.
O fator crítico é ignorado automaticamente, por ele ser uma au-
toridade. E a sugestão é aceita pelo subconsciente, porque em suas
programações é adequado ouvir o médico, para seu bem, então o sub-
consciente prefere aceitar o que ele fala. E o que acontece? As pala-
vras de seu médico se tornam a realidade para você.
Uma dica nesses casos é lembrar que não é raro os médicos er-
rarem no tempo de recuperação do paciente, ou até mesmo darem
um diagnóstico errado. Além disso, cada organismo funciona de um
jeito. Faça exatamente tudo o que o médico recomendar, mas, caso
ele tenha alguma opinião pessimista sobre seu caso, busque uma se-
gunda opinião, procure outros especialistas e pesquise por histórias
de pessoas com o mesmo diagnóstico que tiveram uma recuperação
excelente.
E, se você for médico, saiba que já é um hipnoterapeuta natural.
Tudo o que você fala vai influenciar o paciente.
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Pais
As crianças ainda estão com a mente e o fator crítico em desenvolvi-
mento. Os pais são autoridade máxima para os filhos. Então, saiba que
tudo o que você fala e demonstra para seu filho está sendo armazenado
no subconsciente dele. E como você tem visto nas histórias que contei
ao longo do livro, isso pode ter consequências lá na frente.
Voltando ao exemplo da cena do filme À procura da felicidade, Chris po-
deria, naquele instante, com uma frase, acabar com grandes conquistas de
seu próprio filho. Não é apenas sobre o menino jogar basquete. O subcons-
ciente faz conexões, então ele poderia ter gravado naquele momento que
não era capaz de ser um jogador, que talvez fosse um sonho do garoto. Mas
em outra situação, ele escuta, por exemplo, seu professor falando que ele
faz tudo errado. E, mais para a frente em sua vida, comete algum erro mais
grave. Assim, o subconsciente poderia ter entendido que ele não é capaz de
ser feliz, pois o pai dele já tinha exemplificado que não poderia realizar seu
sonho, depois o professor havia falado que ele fazia tudo errado, e isso se
comprovou com um erro. Pronto. Programação catastrófica criada.
Se você for um pai ou uma mãe, nesse momento deve estar come-
çando a ficar preocupado em como tem criado seu filho. Eu não tenho
filhos ainda, mas este é o feedback que recebo de pais e mães nos trei-
namentos de hipnoterapia. Todavia, não se preocupe tanto. Pequenos
traumas fazem parte da vida e do aprendizado de qualquer pessoa, é
impossível evitarmos.
A única dica que dou — com a qual nossos instrutores que são pais
concordam — é para observar quais mensagens você tem repetido para
seus filhos, seja através das falas, das broncas ou dos exemplos. São
positivas ou negativas?
Repetição
Um último item a atentar é que nossa mente tem a tendência de achar
que é normal tudo o que ouvimos, vemos ou passamos repetidamente.
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Logo, o fator crítico para de analisar e começa a permitir que isso entre
direto no subconsciente. E, se estamos convivendo com isso, já que
parece normal, o subconsciente aceita.
Com isso, fica a pergunta: de que você tem alimentado sua mente?
Por exemplo, se você está constantemente lendo e vendo notícias
sobre pessoas que passam o mesmo problema que você, sua mente vai
passar a achar normal a situação em que você está. Lembra a regra da
mente número 5? Cada sugestão aceita cria menos oposição às próximas
sugestões? Assim, vai sendo cada vez mais difícil sair desse buraco.
Talvez não seja a hora de começar a falar sobre outros assuntos, ler
outras notícias ou até mesmo desligar um pouco a TV?
AUTOSSUGESTÃO
Isso é sobre o que você fala para si mesmo. Já se pegou pensando “não
consigo”, “não posso”, “é difícil”, “não vai dar”…?
Em geral, os pensamentos que temos sobre nós mesmos são auto-
máticos e congruentes com nossas programações internas. Ainda assim,
cada pensamento reforça o que está escrito lá no subconsciente. É um
círculo vicioso perpétuo.
Quando se unem a autossugestão e a repetição, isso se torna literal-
mente uma auto-hipnose. Com a repetição, você está forçando o fator
crítico a sair do caminho, e já que a sugestão faz parte de sua própria
programação, ela é bem-vinda ao subconsciente.
Porém, apesar de esses pensamentos serem automáticos, eles não
são invisíveis. Então, passe a prestar atenção na hora que surgir um
pensamento assim e, imediatamente, se questione: E se eu conseguir?
Por que eu não poderia? Posso estar achando difícil por que não aprendi
ainda? Posso achar um jeito?
Fazendo isso você está de certa forma questionando se a sugestão é
realmente aceitável para a mente.
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TODA HIPNOSE É UMA AUTO-HIPNOSE
Agora que você entendeu o que é hipnose, quero que isso fique bem
claro para você. No fim das contas, o processo da hipnose faz uma su-
gestão entrar em seu subconsciente, porém, o início do processo depen-
de sempre de você.
É você que precisa prestar atenção no filme para se emocionar. É
você que precisa acreditar e se preocupar com a opinião do médico.
É você que precisa repetir as coisas ou os ambientes. É você que precisa
pensar. Tudo parte de você.
É impossível alguém forçá-lo a mudar. Até mesmo se você for a um
hipnoterapeuta, é você que precisará pensar e executar as orientações
que ele vai dar. Nosso papel é apenas guiá-lo para o caminho. A respon-
sabilidade é sua. O que é excelente, pois você não depende de ninguém
para ser quem você quer ser.
Eu só posso lhe mostrar a porta. Você tem que atravessá-la.29
Agora você sabe o que é hipnoterapia. Você já está com o manual do
navio em suas mãos. O que resta é começar a ver nesse manual como
guiamos nossa incrível máquina pela vida. Está pronto, capitão?
29. Frase de Morpheus, personagem do filme Matrix. Silver Pictures, 1999.
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CAPÍTULO 9
A porta da mudança
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Certo dia, um homem muito sortudo caminhava pela praia, até que encontrou
um lindo navio de cruzeiro atracado na areia, aparentemente abandonado.
Curioso com a situação, ele embarcou nesse navio e reparou que nunca tinha
sido usado. Na verdade, havia até um espaço reservado para pintar o nome do
proprietário nele.
O homem ficou intrigado, mas aceitou o presente que o destino tinha colo-
cado em suas mãos. Após agradecer aos céus, sua primeira atitude foi escre-
ver o seu nome, assim, ninguém teria dúvidas de que ele era o dono daquela
maravilha.
Então, ele passou os próximos dias passeando por cada canto de sua embar-
cação, verificando como cada detalhe era minuciosamente pensado e, a cada
olhada, o homem se sentia a pessoa mais sortuda do mundo. De fato, era.
Porém, após poucos dias se passarem e ele já ter conhecido cada parte do
navio, começou a ficar entediado. Já conhecia todo o navio, já tinha mexido
em cada detalhe, apertado todos os botões. Mas do que adianta ser dono de
um monumento incrível que não muda em nada sua vida? Um bem de um
valor tão alto que nem se juntasse todas as pessoas que ele conhecia conse-
guiriam pagar, mesmo com cinquenta anos de salário. Se ao menos ele sou-
besse como fazer aquele negócio velejar, poderia conhecer o mundo!
Era isso! Nesse momento ele pensou que o que precisava era saber como dar a
partida e colocar o navio na direção dos destinos que sempre sonhou conhecer!
Assim, o homem buscou alguém que fosse especialista em navios para ensiná-
-lo a utilizar aquela belezinha. E encontrou um senhor, já com suas barbas
brancas, aparentemente muito sábio, que lhe falou:
“Seu navio é mesmo espetacular, na verdade, é o modelo mais avançado de
119
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todo o mundo! Ele tem um sistema tão inteligente que navega até mesmo por
comandos de pensamento.”
“É isso que eu preciso, me diga como fazê-lo alcançar pelos destinos dos meus
sonhos”, replicou o proprietário com empolgação.
“É muito simples. Para este navio, basta você imaginar aonde quer chegar
e apertar um botão secreto, que fica escondido por questões de segurança.
Entretanto, eu cobrarei 1 milhão de reais pela aula.”
Então, o homem respondeu irado:
“Como pode? O senhor quer me cobrar 1 milhão de reais para me mostrar um
botão? Isso não faz sentido! Me explique por que cobra tão caro!”
E o sábio respondeu calmamente:
“Você tem toda razão, o preço para eu lhe mostrar o botão é dez reais. Saber
onde está o botão certo para apertar é 999.990 reais.”
A
daptei esta história de uma piada que achei muito sábia. Como
você já sabe, você tem uma máquina fenomenal de potencial ili-
mitado a sua disposição. A questão é: Como essa máquina tem
navegado? Para criar felicidade, bons relacionamentos, saúde e sucesso?
Ou para criar hábitos negativos, tristeza, depressão, vício, fracassos?
Quanto valeria saber como alterar o rumo desse navio para alcan-
çar seus sonhos? A saúde e os resultados que você busca na vida? É
exatamente isso que vou começar a ensiná-lo neste capítulo. E o pre-
ço que você terá pagado será apenas o valor deste livro e seu tempo.
Mas, por favor, não subestime esse conhecimento, pois vale mui-
to mais do que isso. Estou mostrando a porta para sua nova vida,
agora cabe a você atravessá-la. Vale a virada da sua história. Muitas
pessoas já tiveram a vida transformada por conta disso. Eu mesmo já
faturei muito mais do que 1 milhão de reais, aplicando o que estou
ensinando aqui, começando do zero. Apenas faça, e veja os resulta-
dos por si mesmo.
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O CONSCIENTE DÁ A PARTIDA, E O SUBCONSCIENTE
É O CONDUTOR
Você já entendeu que muitos pensamentos surgem por conta das pro-
gramações de seu subconsciente, porém, você é livre para pensar quan-
do quiser, até mesmo neste momento. Isso quer dizer que você pode
controlar seu consciente.
E uma vez que seu subconsciente está conectado com seu conscien-
te, é possível guiá-lo e colocá-lo para trabalhar a seu favor. Afinal, este é
seu papel como capitão do navio: colocar a embarcação na direção que
você deseja e apenas permitir que ela continue no melhor caminho.
Quero lhe dar um exemplo prático e que pode ser feito em qualquer
lugar. Na verdade, uma ação muito simples, que reforça o que estou
dizendo.
Fique em pé, com ambos os braços relaxados. Agora, erga o braço es-
querdo até a altura do ombro e comece a fazer um movimento devagar e
constante até levar o braço para a frente do corpo. É para ser bem lento
mesmo. Você deve demorar uns vinte segundos para concluir o proces-
so. Veja as figuras a seguir, para entender melhor o que é para ser feito.
Figura 1. Posição inicial — braço esquerdo erguido na altura do ombro, ao lado do corpo.
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Figura 2. Direção do movimento — braço se movimentando devagar
até a frente do corpo.
Figura 3. Posição final — braço na frente do corpo, depois de
vinte segundos de movimento.
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Este ainda não é o exercício final. A primeira vez é só para você
“pegar” a velocidade em que vai mover o braço, mas não precisa ser
tão preciso também.
Pronto?
Em seguida, vamos para o experimento de verdade. Dessa vez, você
fará o mesmo exercício, porém de olhos fechados.
E quando começar a mover o braço, depois de uns dois segundos,
enquanto o braço se move, comece a prestar atenção nas sensações de
seu pé. Em seguida, atente-se um pouco à velocidade de sua respiração.
Depois, repare em qualquer barulho ou ruído ao redor. Então, volte a
ficar atento ao braço, que vai continuar movendo-se; por fim, abra os
olhos e veja o quanto ele se moveu.
Veja só: você iniciou esse movimento de forma consciente, esticou o
braço e começou a movê-lo. Depois, mesmo que você parasse de pres-
tar atenção no braço e direcionasse a atenção a outras coisas, o braço
continuou movimentando-se. E se você não movia o braço de forma
consciente, então ele era movido pelo seu subconsciente, pois foi esta a
última instrução que ficou com ele.
Porém, você estava no controle, se você quisesse parar o braço e ter-
minar o exercício, a qualquer momento você poderia fazê-lo. E é assim
que funciona. O consciente começa uma ação e o subconsciente a leva
adiante até que o consciente decida romper com o trabalho.
Outro exemplo é quando você vai amarrar o cadarço. Você pri-
meiro decide que quer amarrar, então se abaixa e segura o cadarço
de maneira consciente. Após isso, suas mãos simplesmente fazem o
movimento que termina com o cadarço amarrado. Provavelmente você
conseguiria fazer isso de olhos fechados. De novo, você decidiu come-
çar e o subconsciente terminou.
Estes são obviamente exemplos pequenos e pontuais. Pense neles
como uma viagem bem curta, onde o ponto de partida é o cadarço
desamarrado e o ponto de destino é o cadarço amarrado. Seu cons-
ciente já sabe que o subconsciente consegue desempenhar a tarefa,
sabe conduzi-lo pelo trajeto, então você a inicia e permite que o sub-
consciente a termine.
A PORTA DA MUDANÇA 123
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No entanto, nosso objetivo aqui é fazer viagens mais longas, direcionar
o subconsciente para a solução de seu desafio. O caminho é um pouco mais
complexo, mas o princípio é o mesmo. Primeiro depende de você começar.
Você precisa dar a direção e confiar que sua mente poderosa fará o restante.
E quais são os ingredientes necessários para começar a controlar
esse cruzeiro?
O COMBUSTÍVEL PARA DAR PARTIDA NO NAVIO
Acredito que precisamos apenas de duas coisas para estarmos prontos
para começar qualquer jornada. Esses dois ingredientes nos preparam
para ação e nos impedem de desistir. São eles: crença e motivação.
Crença
Veja, tudo o que você faz de forma intencional é porque acredita que no final
vai acontecer o que espera. Basta se lembrar de algumas situações que viveu.
Por que alguém passa noites se esforçando para aquela prova, senão porque
acredita que vai valer a pena conseguir o diploma? Ou por que alguém acorda
cinco horas da manhã para pegar um ônibus lotado para fazer um trabalho
que não gosta, senão por que acredita que isso vai dar um futuro melhor ao fi-
lho? Se não acreditarmos que vai valer a pena, nem tentamos, não é verdade?
A maioria das crenças faz parte do subconsciente. São como verda-
des inquestionáveis, como já explicamos. Porém, há crenças que come-
çam a se desenvolver no consciente. Já ouviu a máxima “Contra fatos
não há argumentos”? É exatamente isso; é difícil para o subconsciente
negar um fato inquestionável para o consciente.
Talvez suas programações subconscientes digam que é impossível
superar uma depressão em menos de seis meses. Porém, quando você
começa a pesquisar e achar histórias de pessoas que conseguiram su-
perar esse mal, após uma sessão de terapia, ou depois de começar a
praticar um exercício, suas verdades começam a ser questionadas.
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E se você continua buscando, e talvez conhece pessoalmente al-
guém que passou pelo mesmo problema que você, e essa pessoa lhe fala
que resolvê-lo foi mais simples do que parece. E depois outra pessoa
fala o mesmo. E em seguida você encontra mais uma evidência. Vai
chegar um momento em que você estará convencido de que é possível
e não vai se contentar com nada menos do que isso.
Um exemplo notável disso está no atletismo. Em 1954 era consi-
derado fisicamente impossível um ser humano correr 1.500 metros em
menos de quatro minutos. O mais próximo disso era o recorde de 4 mi-
nutos e 1 segundo, há 9 anos intacto. Até que o atleta Roger Bannister
não aceitou que era impossível, ele sabia que só era preciso acreditar
nele mesmo. Assim, conseguiu quebrar o marco, com o tempo de 3 mi-
nutos e 59,4 segundos. O interessante é que poucos anos depois vários
corredores já conseguiam esse tempo, e hoje até corredores amadores
conseguem correr 1.500 metros em menos de 4 minutos.
Portanto, busque evidências de que é possível conquistar o que você
quer fazer ou se tornar. Converse com pessoas que conseguiram da ma-
neira que você gostaria, leia livros de histórias que comprovem que é
possível. Afinal, se alguém em condições iguais ou piores que você con-
seguiu, por que você não conseguiria?
Eu comecei a me interessar pelo tema deste livro aos 13 anos, mas
na época não havia nenhum conteúdo em português na internet. Só por
volta dos 16 anos, por uma curiosidade, eu busquei na internet “hypno-
sis” (“hipnose”, em inglês) e me deparei com dezenas de artigos e fóruns
dos quais participavam aprendizes que hoje são grandes nomes da área
em todo o mundo. Porém, havia um grande problema: meu inglês era
praticamente zero.
Como eu queria aprender inglês, a primeira coisa que fiz foi pes-
quisar o tempo mais rápido que era possível para aprender a nova lín-
gua, pelo menos para ler textos naquele idioma. E conheci pessoas que
conseguiam compreender bem um texto em inglês com seis meses de
estudo, sem cursos tradicionais. Exigia muita dedicação ao estudo, mas
acreditei que era possível. Isso que importava. Contudo, faltava mais
um ingrediente…
A PORTA DA MUDANÇA 125
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Motivação
Depois que você acredita que é possível, basta se colocar em ação. Mas
será que vai valer a pena tanto esforço? Isso só você pode responder.
Motivação: motivo para ação
Para uma transformação acontecer, é preciso que a motivação para mudar
seja pelo menos mais forte do que as programações atuais do subconsciente.
Ou seja, a vontade de mudar precisa ser mais forte do que o que mantém você
como está. Do contrário, é provável que você desista no meio do caminho.
Quais são seus motivos para agir? Basicamente, é a motivação que
vai carregar a pilha da força de vontade e manter você fazendo o
que precisa ser feito. É por isso que muitas pessoas conseguem coisas
incomuns quando estão muito motivadas.
Por exemplo, uma mulher que fuma muito, desde a adolescência,
não aguenta mais ouvir o marido, os familiares e os amigos dizendo que
ela não deve continuar com o vício. Ela sabe que cigarro faz mal, todo
mundo sabe, mas, no fundo, está mais incomodada com essa pressão
externa do que realmente motivada a mudar.
Assim, ela tenta parar uma, duas, três vezes. E nunca consegue. Até
o dia em que engravida. Ser mãe sempre foi um sonho para essa mulher,
que não quer colocar em risco a saúde do filho. Então, como num passe
de mágica, ela deixa o cigarro de lado sem nenhum tipo de dificuldade
ou abstinência. Era a motivação real de que ela precisava. Mas, depois
que o filho nasce, volta a fumar.
Eu conheço pelo menos três mulheres que se encaixam perfeita-
mente nessa história. A motivação de ter um filho era muito maior do
que a motivação do subconsciente para mantê-la como fumante.
Voltando à minha história, a hipnose e o desenvolvimento da mente
eram minha paixão, eu poderia ler sobre o assunto por dez horas se-
guidas. Eu imaginava como seria quando eu tivesse consumido todos
aqueles textos e dicas de nível internacional — na época, ainda não
era comum vídeos na internet. Isso me fez buscar on-line várias dicas
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e métodos para aprender inglês sozinho. Resultado? Em um ano eu já
estava lendo livros em inglês sobre o tema.
Então, busque a real motivação para você sair dessa infelicidade.
Busque realmente por isso, porque poderá encontrar mais um detalhe
que abafa sua determinação.
Ganho secundário
O que você ganha se mantendo na situação em que está? Já ouviu dizer que
tudo tem um lado bom? Isso é o que chamamos de “ganho secundário”.
Mas o problema é se o lado bom atrapalha aquilo que você realmente quer.
Isso é mais fácil de entender com exemplos.
Imagine um funcionário público, que não aguenta mais sua função,
muito menos o chefe, e desenvolve uma depressão. Por conta da doen-
ça, precisa ser afastado do trabalho, até que se recupere.
Enquanto está doente, ele fica em casa, recebendo o mesmo salário,
próximo dos filhos e da esposa. Só é preciso visitar seu médico duas vezes
por semana, até que receba alta. Será que esse sujeito está realmente
motivado para sair da doença e voltar a enfrentar aqueles dias sofridos?
Não me entenda mal, não estou dizendo que esse sujeito seja de-
sonesto ou sem-vergonha. Porém em algum nível da mente dele pode
haver dúvidas de quanto vale a pena voltar para a situação anterior.
Também é comum se repetirem ganhos secundários muito claros
em mulheres que sofrem de fibromialgia, uma síndrome que provo-
ca dores por todo o corpo — sim, é possível utilizar a hipnoterapia
no tratamento da fibromialgia. Esta é uma doença mais comum em
mulheres,30 e não é raro observarmos nelas ganhos secundários rela-
cionados à carência de atenção do marido ou da família. Enquanto a
dor existe, recebe uma atenção especial do marido, por exemplo, que
diminui as horas de trabalho para ficar com ela. Então, mesmo que o
30. AMARAL E CASTRO, A. et al. Fibromialgia no homem e na mulher:
estudo sobre semelhanças e diferenças de gênero. Disponível em: <www.acm.org.
br/revista/pdf/artigos/865.pdf>. Acesso em: abr. 2018.
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processo de hipnoterapia possa aliviar completamente as dores, elas
acabam por retornar.
A solução? Usar a mente consciente e buscar o máximo de motivos
que comprovem que sair daquela situação vai ser muito melhor. Talvez a
possibilidade de mudar de emprego, começar uma nova atividade física
com toda a família ou simplesmente analisar todos os ganhos secundá-
rios e se convencer de que não vale mais a pena viver na condição atual.
***
A crença e a motivação andam juntas. Você pode acreditar que mui-
tas coisas são possíveis, mas talvez elas não façam seus olhos brilharem
nem um pouco, então, não terá gana de perseguir essas possibilidades.
E, por outro lado, é impossível que você fique motivado com algo que
não acredita ser possível. Não importa se você vai buscar acreditar ou se
empolgar primeiro, quando você tiver esses dois ingredientes em con-
junto, estará no caminho da transformação.
COMO MUDAR PADRÕES COMPORTAMENTAIS
EM QUATRO PASSOS
Vamos colocar em prática? Quero compartilhar uma estratégia que uso quan-
do quero adotar novos comportamentos. Depois que eu percebo ou decido
que preciso mudar algo em mim, sempre sigo esse plano de ação e percebo
como funciona muito bem para aprimorar algum ponto no meu modo de agir.
É o plano dos sete dias para mudar um comportamento em quatro passos.
1 o passo — Encontre sua real motivação
Para começar, pare e pense: Qual é o novo comportamento que você
quer adotar? Parar de se desanimar com a vida, de comer algo específi-
co que lhe faz mal, de agir sem pensar? Ou talvez começar a ler mais,
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praticar uma atividade física, acordar mais cedo?
Antes de se decidir completamente, reflita: Isso realmente é possí-
vel? Já pesquisou casos de pessoas que conseguiram ter a mudança que
você deseja? Se alguém conseguiu, então você também pode conseguir!
Agora é hora de entender por que isso é importante para você. Por
que você deseja incluir esse novo comportamento em sua rotina? O que
ele pode trazer de melhoria para sua vida? Como isso mudaria você e as
pessoas ao seu redor daqui a um ano? E daqui a três anos?
Anote todos os motivos que teria para passar a ter esse novo compor-
tamento. Analise todas as possibilidades, anote o que achar relevante.
Além de você, que outras pessoas se orgulhariam de sua decisão de
mudar? Pense e anote tudo de bom que aconteceria agora e depois só
por você ter mudado isso.
Guarde esse papel. Além de ele ser seu compromisso consigo mes-
mo, também carrega os porquês de sua decisão pela mudança.
2 o passo — Planeje a mudança
Decisão tomada, crenças alinhadas e motivação a mil. Agora pare para
pensar outra vez: Você está preparado para realizar isso todos os dias,
mesmo que seja difícil trocar essa programação mental?
É importante considerar alguns pontos: comece anotando os nomes
das pessoas que podem atrapalhá-lo nessa missão. Como evitar que elas
o prejudiquem? Ou que o deixem desmotivado?
Terminada essa parte, vamos pensar em pontos como quanto é pos-
sível se dedicar a esse comportamento. Um conselho: comece devagar,
seja realista, estabeleça metas possíveis de serem executadas. Um exem-
plo simples: se o comportamento desejado é parar de ingerir açúcar,
então comece eliminando aqueles doces da sobremesa que você nunca
deixa passar, para o impacto não ser tão grande nessa etapa inicial.
Próximo ponto: anote as situações que podem lhe atrapalhar no cum-
primento do plano. E pense como você vai manter seu comportamento
mesmo nessas situações.
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No caso do açúcar, por exemplo, imagine a seguinte situação: na
semana do início da execução do plano haverá o casamento de uma
amiga, com um incrível buffet de doces. Já que esperou até aqui, talvez
não valha a pena esperar mais uma semana para começar?
Pense bem a respeito. Seu mundo não vai cair se você decidir adiar
o início do plano de mudança por um tempo. O mais importante é fazer
bem-feito, começar e não mais parar.
E o último ponto do planejamento: Como você manterá o compro-
misso com essa decisão mesmo naqueles dias desafiadores?
Voltando ao exemplo, quando for convidado para festas novamente,
como você agirá? Avisará seus amigos sobre sua dieta? Comerá bem em
casa, para perder o apetite pelos doces?
Depois de tudo planejado, visualize a seguinte cena: você tendo cum-
prido seu plano, com todas as metas alcançadas. Realmente imagine o
resultado, tudo aquilo que pensou no passo anterior. Você se olhando no
espelho e se sentindo muito especial. Agora, imagine você anunciando
a novidade para as pessoas mais próximas. Veja na sua mente como elas
estão orgulhosas de você, felizes com sua mudança. Visualize-se come-
morando, afinal, você conseguiu, parabéns! Sinta-se bem por isso!
Como você já sabe, a imaginação acessa o subconsciente. Essa vi-
sualização vai ativar mais sua motivação e sua força de vontade, e você
pode repeti-la sempre que desejar.
3 o passo — Comece
Chegou a hora de começar. Faça um esforço, não perca o foco. Fique
de olho em sua programação mental, pense nos muitos ganhos que você
terá. O primeiro objetivo é se manter sete dias no controle.
Registre o processo, anote a conquista de cada dia. Pensando em lhe
ajudar, ofereço o acesso ao aplicativo PlenaMente gratuito, desenvolvi-
do exclusivamente para apoiar a execução de seu plano de mudança.
Tenha orgulho de cada conquista. Sinta-se feliz a cada dia que mar-
car que seguiu com seu compromisso.
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4 o passo — Hora de celebrar
Quando atingir a marca dos sete dias em construção de seu hábito, come-
more o feito. Por mais simples que seja a comemoração, não deixe passar
em branco. Reserve parte do seu dia para fazer algo que você adora, mas
não faz há muito tempo, como ver um filme legal, se dar um presente, sair
com um amigo que você não encontra há meses. Pode ser até tirar uma hora
do dia para ficar sozinho, relaxar, agradecer a Deus pela conquista. É você
quem sabe qual é a melhor forma de festejar o resultado alcançado.
Mas atenção: esse momento não pode significar um boicote à sua
mudança de rotina. Não dá para comemorar a ingestão de menos açúcar
no dia a dia comprando uma barra de chocolate de sua marca predileta.
Fuja dessas ciladas.
Para continuar o plano de ação, repita todas as semanas a visualiza-
ção da conquista e do reconhecimento das pessoas queridas, e as etapas
que viu aqui. Este vai ser um combustível para você seguir em frente,
sem desistir do grande plano.
Pense no desafio dos sete dias como uma ferramenta para lhe dar
capacidade de transformar a própria vida. Este é o primeiro passo.
Seguindo bem os passos estabelecidos, qualquer meta pode se en-
caixar perfeitamente em sua vida. Apenas decida o que vai ser e procure
as motivações reais para a mudança.
PARA DAR UM GÁS NA MOTIVAÇÃO
Em nosso aplicativo PlenaMente, outra sugestão disponível para você
fechar com chave de ouro a primeira grande vitória é utilizar a hashtag
#7diasnocontrole. Veja lá como é legal essa possibilidade!
Você quer, você pode. Não se esqueça: sua vontade parte da mente
consciente e o subconsciente continua a conduzi-la, assim, a reprograma-
ção acontece e se torna cada vez mais natural. Mais uma vez, é algo sim-
ples de se fazer; talvez não seja fácil, mas simples é! Você consegue.
Mas, para ajudar ainda mais e deixar tudo um pouco mais fácil,
A PORTA DA MUDANÇA 131
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que tal utilizarmos a hipnose para mudar a programação aí, direto no
subconsciente?
Achei que você gostaria disso, por isso, nesse aplicativo você vai en-
contrar também áudios de auto-hipnoterapia, com os quais eu o ajudo a
reprogramar direto na fonte da sua mente.
FINALMENTE, EM PAZ COM A BALANÇA
Passar a comer menos e perder aqueles quilinhos a mais
sem dúvida, um desafio e tanto. Nesse ponto, temos lá no fun-
do, no nosso inconsciente, um pouco da programação aprendida
nos tempos das cavernas, nas quais era preciso comer enquanto
havia alimento. Depois o corpo fazia de tudo para estocar esse
alimento em forma de gordura. Afinal, não se sabia quando ha-
veria comida novamente.
Acontece que, em alguns casos, além dessa memória ances-
tral em prol da comilança, há outros fatores em jogo. Questões
realmente difíceis de serem resolvidas.
É exatamente essa a história da Cláudia. Aos 21 anos, ela era
solteira e estava vinte quilos acima do peso ideal.
Já havia procurado emagrecer por cinco vezes, seguindo
métodos diferentes em cada uma dessas tentativas. Não deu
certo e a frustração só aumentava. Ela se sentia fraca, ansiosa,
impotente diante da situação.
Para Cláudia, era como se cada pessoa que cruzasse seu
caminho a estivesse julgando o tempo todo. Ela não se sentia
atraente, muito longe disso. Achava que homem nenhum se in-
teressaria por ela. Não gostava de se olhar no espelho. Comprar
roupas, então, nem pensar! Só entrava em alguma loja quando
as calças e blusas — sempre folgadas — que ela usava para tra-
balhar pareciam velhas demais. Não havia prazer algum nisso,
pelo contrário.
Depois de dois anos fazendo terapia com uma psicólo-
ga, decidiu, com o apoio dessa profissional, conversar com um
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hipnoterapeuta. Estava claro que a obesidade de Cláudia só po-
dia ter origem em questões mais profundas, guardadas em sua
mente subconsciente. E lá foi ela, com disposição para entender
o que de fato estava acontecendo.
Na hipnoterapia, ela descobriu que havia sido vítima de abu-
so cometido por um tio quando tinha apenas 6 anos, num dia
em que seus pais não estavam em casa. Na ocasião, o abusador
disse para ela que “papai e mamãe iam ficar muito tristes” se
soubessem que Cláudia “quis brincar” daquela maneira. Por isso,
ela nunca deveria falar sobre o assunto com ninguém.
Diante disso, a mente subconsciente daquela moça enten-
deu que ela não poderia mais ser chamada de “lindinha” pelos
pais e familiares, afinal, alguma coisa havia mudado. Existia um
segredo, acompanhado de uma dose enorme de culpa, mesmo
sendo ela a vítima.
Dali em diante, ela não queria que nenhum outro homem a
fizesse sentir como aquele tio a fez sentir. O subconsciente, en-
tão, ocupou-se de tentar tirar de Cláudia aquilo que a fazia se
sentir desejável. Era, como já sabemos, uma forma de proteção.
O resultado é que hoje, felizmente, Cláudia não tem mais
ansiedade e compulsão por comida. Ela agora come menos,
sente-se saciada mais rapidamente. Eliminou quinze quilos em
seis meses, sem grandes esforços, sem perceber.
Outra mudança significativa foi começar a fazer atividade fí-
sica, mais especificamente natação, por se sentir “muito parada”.
Hoje se considera uma mulher bonita e atraente. E livre da-
quilo que a atormentava.
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CAPÍTULO 10
Descobrindo a
semente de seu
problema
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Não adianta querer colher, se não estiver disposto a semear — Citação atribuída
a Paulo Samuel.
V
ocê já entendeu que vivemos à mercê da programação subcons-
ciente. Agora vamos entender de fato como essa programação
acontece e o que podemos fazer para mudar parte dela.
Nosso subconsciente é como um jardim aberto com espaço para
diversas árvores. Tudo se inicia com um solo fértil, porém vazio. Ao lon-
go do tempo, a vida vai plantando sementes de diversas qualidades e
espécies. As pessoas que passam vão regando e cuidando da terra como
querem. Passado mais um tempo, já com os brotos crescendo, os pas-
santes ainda podem podar os galhos e retirar as pragas. E, depois de
alguns anos, os frutos começam a surgir.
Porém, a copa da árvore, onde estão os frutos, já é alta o bastante a
ponto de o consciente poder enxergá-los. O problema é que ele conse-
gue enxergar apenas os frutos, e não as raízes. É preciso entender que
tudo se baseia em uma sequência de causa e efeito.
135
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NOSSA MENTE, ASSIM COMO UMA ÁRVORE, É
FORMADA POR ESTÁGIOS, COM RAMIFICAÇÕES
CRESCENDO POR VÁRIAS DIREÇÕES.
A MANEIRA COMO É CULTIVADA, DEFINE
COMO SERÁ SEU CRESCIMENTO.
136 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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A criança nasce com a terra limpa. Uma experiência, um trauma,
ou mesmo uma bronca de seu responsável pode ser uma sementinha
plantada no solo fértil do subconsciente. Em sequência os irmãos, os
colegas da escola ou os professores são pessoas que vão regando aquela
sementinha e jogando adubo. Depois, os colegas de trabalho, o chefe
ou o companheiro são aqueles que podem liberar o espaço para a árvore
crescer. Assim, quando menos se espera, nasce a fruta.
Agora, multiplique isso por milhões de sementes, algumas iguais e
outras diferentes, jogadas em diversas partes do jardim. E cada pessoa
que visita esse jardim mexe em vários brotos e partes de terras, sem
saber o que está fazendo. Este é seu subconsciente se desenvolvendo.
E, para deixar a situação ainda mais interessante, quando as frutas
começam a nascer, todo mundo aparece para julgar e dizer o que você
deve fazer com elas. E se você não compartilhar da mesma opinião, ain-
da jogam sementes de erva daninha em seu terreno.
EVENTOS CAUSADORES
Agora, vamos falar um pouco mais sobre isso.
O primeiro conceito que vamos apresentar sobre esse ponto é o
evento causador inicial (ECI). É ele quem cria as primeiras impres-
sões no cérebro sobre determinado fato. Depois vem o evento causador
subsequente (ECS), que reforça o ECI, o impacto causado por ele. Em
terceiro lugar vem o evento causador final (ECF), que traz o problema
para a consciência.
Numa analogia simples de entender, o ECI seria o momento em
que o ralo de uma pia fica obstruído. O ECS é cada pingo que vai fa-
zendo essa pia encher até a borda, e o ECF é a gota d’água que faz a pia
transbordar.
É quando um parente nos diz que entrou em depressão quando
perdeu o emprego. A demissão dessa pessoa foi apenas a última gota.
O problema provavelmente começou há muito tempo, na infância, quan-
do perdeu um parente querido, por exemplo, um evento traumático. E,
DESCOBRINDO A SEMENTE DE SEU PROBLEMA 137
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ao longo da vida, cada situação de falha pode ter sido um ECS, como
uma nota muito baixa em uma prova, uma situação de bullying na es-
cola, a traição de uma namorada e por aí vai. As experiências negativas
foram empilhando-se, até que, por fim, ele perde o emprego e o sub-
consciente diz: “Chega! Não aguento mais!”.
O ECF é, muitas vezes, fácil de identificar. Quase todo mundo que
tem medo de falar em público se lembra do dia em que a voz sumiu na
hora de apresentar um trabalho importante, por exemplo.
É realmente a gota que pinga e faz a pia transbordar, não a causa.
É o sintoma do qual tomamos conhecimento em determinada época da
vida. Quando nos conscientizamos, pela primeira vez, que algo em nós
não vai bem.
O que nós não conseguimos é imaginar que a causa real do que
nos incomoda está lá trás. Que houve um evento causador inicial
que foi potencializado por uma série de eventos subsequentes e, de
repente, acontece algo que nos machuca de novo e nos damos conta
do problema.
Como já foi dito, tudo é uma questão de causa e efeito.
Tudo pode deixar marcas. E dos modos mais inesperados. Nas ses-
sões de hipnoterapia, não é comum que exista uma conexão direta entre
os problemas relatados pelas pessoas e sua origem. A mente subcons-
ciente tem lá suas artimanhas, sabemos, faz as conexões mais inusitadas
a fim de nos proteger.
Dave Elman já dizia há décadas que a verdade por trás de cada sin-
toma pode ser encontrada na mente subconsciente. Para ela, não faz
diferença o que acreditamos ser a causa do problema. Só ela tem conhe-
cimento a respeito disso.
Aprendi uma fórmula muito simples com o Hansruedi, CEO da OMNI
Internacional, sobre como explicar o aprendizado do subconsciente:
Evento + Emoções = Programação
O cérebro está sempre aprendendo e tentando entender o que aconte-
ce conosco. Por isso, armazena tudo e tira suas conclusões. Esse modelo
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funciona bem na maior parte do tempo, mas algumas exceções podem
nos trazer problemas pela vida toda. E todos os casos dessas pessoas que
você leu até agora são exemplos disso.
Cientistas da epigenética já começam a comprovar como os eventos
que acontecem na infância têm uma influência enorme em toda a vida.
A epigenética explica como nossas predisposições genéticas podem ser
ativadas ou desativadas, de acordo com os fatores ambientais e emocio-
nais que vivemos.
Em pesquisas de Moshe Szyf, geneticista pioneiro nesse campo, e
seus colaboradores, foi mostrado que é possível ocorrer alterações no
DNA por fatores como a qualidade do cuidado materno nos primeiros
anos de vida ou a exposição a maus-tratos na infância.31
Em uma palestra do TEDx, Szyf diz: “O DNA não é apenas uma
sequência de letras; não é apenas um roteiro. O DNA é um filme dinâ-
mico no qual nossas experiências estão sendo gravadas”.32
Se a interpretação traumática que damos aos fatos consegue nos in-
fluenciar negativamente nesse nível, logo a reinterpretação desses mes-
mos fatos pode fazê-lo não ser mais traumáticos. Este é o poder que a
hipnoterapia tem.
Os hipnoterapeutas não fazem diagnósticos, mas ajudam as pessoas
a descobrirem os eventos ou emoções que estão causando a programa-
ção indevida. Por isso, eu particularmente acredito que essa área tem
muito a crescer, tanto em número de pessoas que terão interesse em se
beneficiar da hipnoterapia como de profissionais na área e de pesquisas
científicas.
Voltando à fórmula da programação subconsciente, os even-
tos podem acontecer de dois jeitos apenas: sozinho ou com pessoas
envolvidas.
31. GOUIN, J. P. et al. Associations among oxytocin receptor gene (OXTR) DNA
methylation in adulthood, exposure to early life adversity, and childhood trajecto-
ries of anxiousness. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28785027>.
Acesso em: abr. 2018.
32. SZYF, Moshe. How early life experience is written into DNA. Disponível em:
<www.ted.com/talks/moshe_szyf_how_early_life_experience_is_written_into_
dna>. Acesso em: abr. 2018.
DESCOBRINDO A SEMENTE DE SEU PROBLEMA 139
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O primeiro é uma situação isolada que lhe causou um impacto emo-
cional; por exemplo, você ficou preso no elevador quando criança e isso
causou claustrofobia — desconforto em lugares fechados.
O segundo é uma situação envolvendo uma pessoa que lhe causou
esse impacto — mais comum —, por exemplo, o caso da Cláudia, no
final do capítulo 9.
Agora, talvez você esteja se perguntando: Mas, afinal, como fazer o
subconsciente entender que essa programação não está fazendo bem e
mudá-la?
A resposta é: dando a oportunidade de o subconsciente observá-la
novamente, esclarecê-la melhor, para então jogar fora as emoções que
não fazem mais sentido.
O desafio é fazer isso sozinho, ainda mais sem conhecer técnicas de au-
to-hipnose. Por isso criei o aplicativo PlenaMente para lhe ajudar. Você não
está sozinho, eu poderei guiá-lo em alguns processos quando você quiser.
O VALOR DO PERDÃO
Como já sabemos, a maior parte dos problemas que nos afligem se ori-
gina de uma situação envolvendo outra pessoa. E nesse momento nós
sentimos raiva, medo, ódio, mágoa ou qualquer outra emoção negativa.
O problema surge quando essa emoção fica contida e o subconsciente
começa a agir com base nela.
A solução, então, é liberar essa emoção presa, que nos causa tanto
mal. Porém, liberar de forma verdadeira, tirar essa emoção do subcons-
ciente. A isso damos o nome de “perdão”.
Perdoar é muito mais do que desculpar. Perdoar é entender que
aquela pessoa também é resultado das próprias programações subcons-
cientes. Ela não tinha consciência do que isso tudo lhe causaria, a vida
dela a fez assim. Perdoar é “apenas” isso, e para isso você não precisa
passar a concordar com o que ela fez, e muito menos voltar a ter contato
com essa pessoa por exemplo. É apenas deixar esse sentimento negativo
ir embora.
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Este é o valor do perdão. Li certa vez que perdoar não é libertar quem
lhe fez mal, mas libertar-se do mal que lhe fizeram. Achei perfeito e tem
tudo a ver com o que nós estamos tratando aqui.
Não é possível fechar uma ferida, mudar uma programação mental,
sem a disposição de deixar para trás o que nos machucou. Não perdoar é
seguir amarrado ao passado. Os bons hipnoterapeutas deixam isso mui-
to claro para quem os procura.
Neste momento, ainda não espero que você entenda o que é perdoar.
O que você leu aqui é um entendimento consciente. Porém, o perdão é
o um processo subconsciente, só é possível se houver emoção. Apenas
quem já perdoou realmente sabe o que é isso. Quando acontece, você
pode sentir sinais em seu corpo, é como uma sensação de alívio. É co-
mum falarem que parece que foi tirado um grande peso das costas.
Você gostaria de sentir isso? Quer impactar seu subconsciente desse
jeito? Em algumas páginas, você terá essa oportunidade. Mas, antes,
quero contar uma história bem emocionante, para você ver como o per-
dão pode impactar uma vida. Lembrando que todas as histórias conta-
das aqui são reais. São casos de clientes meus e alguns de meus alunos.
Então, vamos ver a história do Fábio.
O ÚLTIMO “EU TE AMO” ANTES DA MORTE
Aos 33 anos, ele se sentia muito ansioso antes de qualquer
compromisso ou tarefa importante. Ficava nervoso.
Se havia alguma viagem marcada, mesmo que a lazer, com
a esposa, ele já ficava mexido dias antes, inquieto, desconfortável.
Chegou ao ponto de desistir de sair de sua cidade algumas ve-
zes, veja você.
Em seu processo de hipnoterapia, ele se viu diante de uma mis-
tura de sentimentos. Aos 3 anos, estava no velório do pai, minutos
antes de o caixão ser fechado. Fábio não queria deixá-lo ir embora,
mas, ao mesmo tempo, sentia raiva dele.
Seu pai tinha morrido num acidente de carro, por negligência.
Na família, ele era conhecido por ser imprudente ao volante e correr
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muito. Sua mulher não se cansava de pedir que ele fosse mais cau-
teloso. O motivo de tanta ansiedade do Fábio estava ligado ao fato
de ele ter perdido alguém amado, de forma repentina, sem poder
fazer nada para impedir. Sendo assim, o subconsciente provavel-
mente entendeu que era melhor evitar do que correr riscos.
Para resolver a questão, o subconsciente do Fábio, durante a
sessão, permitiu a criação de uma realidade imaginária: a cena
do Fábio atual diante do leito de morte do pai, em seus últimos
minutos de vida, tendo a chance de dizer a ele algumas palavras.
“Pai, mas por quê? Por que você fez isso? De novo, pai, de
novo! Você vai morrer e está me deixando sozinho. A mim e à
mamãe. Pai, nós ficamos desamparados agora. Eu odeio você!
Por que fez isso comigo? Você tinha prometido que sempre ficaria
comigo! Por quê, pai? Por quê? Você não podia! Não é justo! Você
não podia!”
Em seguida, seu pai pegou sua mão e respondeu em prantos:
“Meu filho! Você sempre foi tudo para mim! Eu queria ser um
exemplo para você, mas não consegui! Eu sempre fui muito inse-
guro. Eu corria porque achava que assim estava me afirmando
como homem. Fui um idiota, filho. Não sabia a gravidade daquilo
que estava fazendo, não pensei que pudesse acabar assim e
deixar você e sua mãe. Saiba que, em meu coração, nunca quis
magoar vocês, as pessoas que eu mais amo e sempre vou amar.
Eu fui um fraco, eu sei! Você não merece isso! Por favor, meu filho,
me perdoe! A única coisa que me resta agora é o seu amor e o
de sua mãe. Me perdoe! Me perdoe!”
Percebendo a dor do arrependimento de seu pai, e já o ven-
do suspirar em seus últimos minutos de vida, Fábio o abraçou
enquanto falava em prantos:
“Pai! Eu te amo tanto, pai! Eu entendo você. Está tudo bem.
Eu e mamãe vamos ficar bem. Eu te perdoo! Eu te perdoo! Eu te
perdoo! Eu te amo mais que tudo, papai! Eu te perdoo!”
Nesse momento o pai de Fábio deu um sorriso de amor e de
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alívio e falou: “Eu te amo para sempre e sempre estarei em seu
coração”. Estas foram suas últimas palavras para seu filho.
Isso tudo foi real? Para Fábio foi. Lembra que a mente não
consegue distinguir o real do imaginário? E isso se torna muito
mais intenso quando se está em contato direto com o subcons-
ciente por conta da hipnoterapia.
Depois de abrir os olhos, no fim da sessão, Fábio se sen-
tiu nadando num oceano de lágrimas. Elas pareciam pular dos
olhos, ele nunca tinha se sentido assim, tão emocionado. Até o
seu corpo parecia mais leve, os ombros relaxados, uma emoção
muito boa, única. Era a sensação da leveza, do perdão, de ter
liberado uma raiva que ele nem sabia que sentia pelo pai.
Agora a vida podia seguir em paz. Ele relata atualmente que
80% daquela ansiedade de antes não existe mais. Os 20% que
ficaram acredita que é o normal que todos sentimos. O melhor é
que nenhuma viagem nunca mais foi cancelada.
Isso que aconteceu com o Fábio é muito mais comum do que
se pensa. Muitas vezes temos sementes de mágoas plantadas em
nosso jardim, de que ainda não nos demos conta. Principalmente
quando perdemos alguém de forma repentina, sem termos tempo
de nos despedir e mostrar nossos sentimentos.
ACESSE HOJE O PODER DO PERDÃO
Agora é a hora de você refletir e ter a oportunidade de se beneficiar do
poder do perdão. Lembre-se de que perdão é esclarecer aquela mágoa
e deixá-la para trás, de forma verdadeira. Após ler a história do Fábio,
provavelmente você soube quem você quer ou precisa perdoar.
Se ainda não sabe, não tem problema, eu o ajudo a descobrir.
O primeiro passo é não se preocupar em como seu desafio ou infelicidade
atual se relaciona com a necessidade de perdoar alguém. O subconsciente
não é linear, ele tem sua própria forma de conectar os pontos. Sem minha
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ajuda, Fábio nunca saberia que seu problema de ansiedade estava ligado ao
acidente de seu pai, e muito menos que sentia raiva do pai por isso.
Apenas pense em alguma situação que talvez tenha ficado mal resol-
vida com alguém e você se sentiu injustiçado, magoado ou talvez com
raiva. Por exemplo, com um amigo, um parente, um funcionário ou até
mesmo um sócio.
Ou talvez você não precise encontrar agora um sentimento “pesado”.
Você pode querer perdoar simplesmente por não ter compreendido alguém
em algum momento que foi preciso. Isso acontece, por exemplo, se você já
teve que deixar ou foi deixado por alguém que amava, como em um relacio-
namento amoroso, ou mesmo alguém que morreu e deixa saudades.
Também posso dizer que quase sempre — para não dizer sempre —
nosso subconsciente guarda algum mal-entendido relacionado a nossos
pais. São as pessoas que mais amamos na infância e de quem mais espe-
ramos receber amor. Então, muitas vezes uma bronca na hora errada, por
mais que depois entendamos de forma consciente, deixa uma cicatriz.
Posso contar um exemplo meu. Antes de me casar, minha noiva morava
em Juiz de Fora, MG. Certo dia, eu estava ministrando um treinamento em
São Paulo e, assim que acabei a aula, como de costume, voltei rapidamente
para o hotel. Minha intenção era ligar para minha noiva o quanto antes e pas-
sar o resto da noite conversando com ela. Como ela estava já alguns dias longe
de mim, e com muitas saudades, ela falou em certo tom de brincadeira que eu
precisava me preocupar mais com ela, que não estava dando muita atenção.
Nesse momento, fiquei muito nervoso. Surgiu uma raiva inexplicável
dentro de mim. Obviamente, por eu conhecer como a mente funciona, fui
atrás da explicação. Quando eu era criança, não gostava muito de ajudar
com as tarefas domésticas, nem mesmo com a bagunça que eu mesmo fa-
zia. Porém, algumas vezes a consciência batia e eu pegava para fazer algo, de
boa vontade. E, em algumas dessas, quando minha mãe estava nervosa, ela
falava que eu devia me preocupar mais com minhas coisas. E no momento,
eu sentia que meu esforço não estava sendo reconhecido, e uma pequena
emoção ia se acumulando. E a gota d’água para essa emoção transbordar de
meu subconsciente foi em um momento comum, quando minha noiva não
tinha reparado meu esforço para ficar com ela.
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Quando eu descobri isso, minha mãe já era falecida havia alguns
anos. Porém, o alívio e a emoção de falar mentalmente a ela que eu a
perdoava foi tão real como se ela estivesse comigo no momento.
O que quero dizer é que se você ainda não encontrou alguém que
precise perdoar, apenas imagine seu pai ou sua mãe, e deixe vir algum
momento em que eles o deixaram emocionado negativamente.
A CARTA
Com a pessoa e o fato em mente, agora, gostaria que você pudesse se co-
nectar a essa dor que pode ser curada por meio de uma experiência que,
apesar de simples, carrega um grande poder de transformação: uma carta!
Quero propor que você tenha uma experiência real de perdão usan-
do estas páginas como o suporte para descarregar aquilo que tanto pesa
em seu coração. Essa experiência se divide em duas etapas:
1 a etapa — Conecte-se com sua história
Para prepará-lo para este momento, disponibilizei um áudio que o vai conduzir
para um momento de profunda conexão consigo mesmo e com a situação que
você passou com essa pessoa. Basta acessar o aplicativo PlenaMente e ouvir
o áudio “A carta”. Antes de começar, tenha uma caneta ou um lápis — sem
borracha — na mão, e leia todo o exercício até o final. Faça isso num momen-
to em que esteja relaxado, a sós e em que não terá interrupção. É importante!
2 a etapa — A carta
Este é o momento de deixar essa dor ir embora. Nesta carta, você irá
expressar tudo o que sentiu e perdoar a pessoa que se fez presente nesse
momento de sofrimento. Eu sei, pode ser difícil, mas está na hora de dei-
xar esse peso ir embora.
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Assim que terminar de ouvir o áudio, pegue a caneta e comece a
escrever tudo o que essa pessoa o fez sentir. Não é sobre o outro, não é
sobre julgar ninguém, é apenas sobre ser sincero consigo mesmo, escre-
vendo o que você sentiu naqueles momentos.
Assim que começar a escrever, deixe a mão fluir. Não precisa ficar pen-
sando sobre a melhor forma de dizer. Escreva sem apagar ou rabiscar nada.
Não se preocupe, você não terá que mostrar isso para ninguém. Este é seu
momento de colocar no papel tudo o que sentiu. Depois de algumas linhas,
estará pronto para deixar isso para trás e escrever que perdoa.
Nas próximas páginas, há algumas linhas para você escrever esta
carta, mas, se preferir, pode usar uma folha à parte. Só é fundamental
que seja escrita à mão, e não digitada.
Para ajudá-lo, leia as palavras a seguir:
Querido(a),
Saiba que o tempo passou, a vida mudou e eu decidi pensar melhor nos meus sen-
timentos. Você me fez sofrer, me decepcionou. Encheu minha vida de dor e mágoa,
nada foi fácil. Eu confiava em você, jamais poderia esperar tanta desilusão. Eu senti
raiva de você! Eu senti nojo! Mas tudo passa neste mundo. E estou cansado de carregar
mágoas dentro do peito. Esse pesar acaba com o ânimo de qualquer um, faz o estômago
embrulhar, eu não aguento mais.
Porém, hoje entendo que somos vítimas de nossa programação. Provavelmente você,
agindo assim, tenha sido mais infeliz do que eu fui. Só você sabe os motivos que o leva-
ram a agir do modo que agiu. Errar, erramos todos. E nem sei se você considera o que fez
comigo um erro. Não importa. Paciência, cada um sabe o fardo que carrega. Você me
fez sofrer, mas eu o perdoo. É isso que quero dizer: Eu o perdoo e o liberto. Não quero
carregar mais esse rancor dentro de mim. Você está perdoado. Seja feliz. Eu o perdoo.
Siga em paz seu caminho. A trajetória de cada um é feita de altos e baixos. Passou.
Vamos em frente.
Um abraço!
Agora é sua vez.
Caneta na mão? Escute o áudio e, em seguida, comece a escrever
tudo o que sentiu e, quando estiver pronto, perdoe.
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Parabéns!
Tudo o que você escreveu tem um valor inestimável. É você em
contato com seu interior, com o subconsciente. Você liberou algo que de
alguma forma o machucava. É natural que comece a perceber melhoras
e mudanças positivas em você a partir de agora. Você merece o melhor!
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CAPÍTULO 11
Arrancando as
raízes negativas
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Certo dia, o mestre recebeu a visita de um homem, uma pessoa deprimida. Tão
logo chegou, foi convidado pelo sábio para sentar e tomar um chá.
“Mestre, ando revoltado. Lembro-me o tempo todo do mal que já me fizeram e isso
acaba comigo. Sinto-me triste e furioso…”
Sem piscar, o mestre respondeu:
“Perdoe e esqueça.”
O homem não acreditou no que ouviu.
“Senhor, eu não sou feito de pedra. Como pode dar um conselho assim para al-
guém como eu, que já sofreu tanto? Estou muito magoado e ferido para simples-
mente perdoar e esquecer.”
Foi quando o mestre concluiu:
“Então eu vou te dar outra opção: não perdoe e não esqueça. Tenha sempre na
memória cada detalhe do que te fez sofrer no passado. Sonhe com isso até não
conseguir mais dormir, até ter que tomar remédios. Chore e tenha muita pena
de si mesmo. Perca peso e fique com uma aparência pálida e abatida, faça com
que todos os seus amigos se preocupem com você. Pare de falar sobre momentos
felizes e interrompa as pessoas para reforçar o quanto você é triste e injustiçado.
Aproveite e deixe que isso se agrave para uma ansiedade, gastrite ou enxaqueca,
assim você sempre se lembrará do mal que lhe fizeram. Se você acha que este é o
melhor caminho a seguir, vá em frente. Boa sorte.”
P
arabéns mais uma vez. Por você ter feito o exercício do capítulo
anterior, já neutralizou algum evento causador que influenciava
sua vida negativamente. Você arrancou alguma raiz indesejada do
151
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seu jardim, ou, no mínimo, cortou os galhos dessa árvore que produzia
frutos indigestos.
A percepção de como isso vai impactar sua vida é responsabilidade
de seu consciente. Algumas pessoas vão percebendo ao longo do tempo
como as coisas estão mudando, enquanto outras conseguem até prever
o que mudará antes mesmo de acontecer.
Neste ponto, você já percebeu como o subconsciente funciona, já
viu a lógica dos ECI, ECS e ECF. E entendeu, além de sentir na pele,
que perdoar as pessoas ligadas a esses eventos pode impactar em diver-
sos níveis de sua vida.
Com base nessa história relatada na página anterior, agora vamos dar
um passo adiante e conversar um pouco sobre ressignificar o restante
das nossas programações negativas. Sobre arrancar as raízes das nossas
dores e criar um jardim mais saudável e feliz.
Este é o objetivo da hipnoterapia, ir direto ao ponto, à base dos dile-
mas, e nos oferecer um novo modo de sentir e agir.
Numa sessão com um hipnoterapeuta, cada emoção ou memória
apresentada pela mente subconsciente será analisada para ganhar novos
significados. A pessoa tem, então, a chance de voltar a fita, ver-se diante
da situação que a fez mal e trabalhar aqueles sentimentos à luz das refe-
rências que tem hoje, do que sente no momento e do que quer para sua
vida futura. É um trabalho muito bonito e intenso. Quem passa por isso
não consegue se esquecer do que sentiu.
Dessa forma, o evento causador inicial, o nosso já conhecido ECI, é
neutralizado. Essa neutralização não significa que você não se lembrará
mais do que aconteceu no passado. É como se você se lembrasse de um
filme triste que assistiu há muito tempo. Você pode até contar a história
do filme, mas provavelmente não se emociona mais como no momento
em que o assistiu. Ele simplesmente se torna neutro.
A energia negativa associada ao ECI é eliminada de modo a não
incomodar mais. Assim, o subconsciente não precisa continuar o prote-
gendo daquele evento e daquela emoção. Então, se torna possível — e
simples — para a mente aprender ou ser programada a lidar com aquilo
de forma positiva.
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A PESSOA MAIS IMPORTANTE
No capítulo 10 você aprendeu que o perdão neutraliza na mente o mal
que alguém lhe causou. Mas agora você deve estar percebendo que, in-
dependentemente da causa ou do tamanho do problema, seu subcons-
ciente também é o responsável por isso, não é verdade?
Em outras palavras, você causou todos seus problemas e sua
infelicidade.
Ainda mais importante do que perdoar aquele que o magoou é
perdoar a pessoa mais importante do mundo: você mesmo. Quando
fazemos isso, neutralizamos diversos eventos negativos que estão nos
influenciando.
Quantos vezes já erramos, nos arrependemos ou nos frustramos por
conta de nossas próprias ações?
Por mais que você seja um daqueles otimistas, assim como eu, que
acredita que todos os passos e erros do passado nos levaram ao que somos
hoje, isso é a mente consciente, a razão ligando os pontos para sermos fe-
lizes. Isso é ótimo. Porém, no momento em que erramos e nos culpamos,
essa emoção fica guardada na mente interna.
Em nível subconsciente, devemos ter milhares de pequenas frus-
trações, culpas e arrependimentos. E está tudo bem. Na verdade, em
geral isso é bom. É assim que nossa mente se baliza para continuar nos
impulsionando em direção à felicidade e nos afastando da tristeza.
O problema é quando há uma dessas emoções em intensidade maior,
ou que não foi bem resolvida quando surgiu. Então, aquilo passa apenas
de forma consciente, porém o subconsciente a fica remoendo e vivendo de
acordo com aquela dor.
Foi assim no caso do Flávio, de 25 anos. Veja o que aconteceu com ele.
ELE SÓ QUERIA SER ACEITO
Homossexual, ele não se sentia aceito. Carregava toda a cul-
pa do mundo no peito por conta de sua orientação sexual, por isso
permanecia “no armário”. Pior ainda: não se sentia merecedor
ARRANCANDO AS RAÍZES NEGATIVAS 153
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da felicidade e de suas conquistas profissionais. Muito menos de
um relacionamento amoroso sincero e equilibrado.
Quando a família o perguntava quando ele arrumaria uma
namorada, a tortura era ainda maior. Mesmo se algum amigo
ou parente simplesmente o elogiasse, ele não ficava bem. E só
tinha um pensamento: “Essa pessoa não sabe o que fala, se me
conhecesse de verdade não me elogiaria”.
Não por acaso, tinha dificuldade de fazer amigos. Achava
que qualquer um, a seu lado, estaria “perdendo tempo”. Por isso,
sentia-se solitário, mas pensava que precisava se conformar com
isso, afinal, considerava-se apenas um perdedor.
Até que teve a oportunidade de passar por uma sessão de
hipnoterapia para descobrir o porquê de tanta desvalorização.
Foi quando ele se viu criança, aos 5 anos. Num momento
que começou a chorar por conta de uma dor de cabeça forte.
O pai, preocupado, pegou o carro para levá-lo ao hospital e saiu
disparado. No caminho, talvez pela pressa e pelo desespero do
pai, o carro entrou debaixo de um caminhão. O pai morreu na
hora por conta do acidente.
Na mente inocente de uma criança, o sentimento que surgiu
no momento foi culpa: se não fosse por aquela dor de cabeça,
talvez pelo choro, seu herói ainda estaria vivo.
Aos 12 anos foi quando ele começou a sentir atração por
meninos, e sempre se colocando na obrigação de agradar e
fazer as vontades dos coleguinhas na escola, deixando sua
própria opinião de lado. Durante a sessão, ele mesmo enten-
deu que isso o fazia se sentir aliviado. Era uma forma de aba-
far o peso na consciência que sentia pela perda do homem
que lhe deu a vida.
Durante o processo, Flávio pôde estar — dentro da mente
dele — nos últimos momentos de vida de seu pai. E, aqui, a cena
foi o oposto do caso já demonstrado.
154 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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“Pai! Me desculpa! Eu não queria que fosse assim! Eu não
devia ter chorado por causa de uma dor. Eu causei toda essa
tragédia! Eu não sabia o que estava fazendo. Me perdoe.” Ele
soluçava enquanto dizia isso de olhos fechados, imerso em sua
imaginação durante a hipnoterapia.
“Meu filho, nada foi culpa sua. O caminhão entrou na minha
frente e aconteceu. Você é uma pessoa especial, tenho muito or-
gulho de você. Siga sua vida, que eu estarei, lá de cima, sempre
com você. Não precisa pedir perdão. Mas se isso faz com que se
sinta melhor, eu o perdoo, meu filho. Está tudo bem.” Essas foram
as palavras de seu pai, de acordo com o que a mente subcons-
ciente de Flávio criou.
Assim, Flávio sentiu o alívio do perdão de seu pai e finalmente
conseguiu parar de se punir com esse pensamento que, de forma
consciente, ele nem percebia que guardava. Entendeu subcons-
cientemente que não tinha culpa e pôde perdoar a si mesmo.
Graças a isso, passou a se sentir leve, como nunca havia se
sentido. Passou a ver a vida com outros olhos, a se valorizar,
ser feliz por quem ele era. Até mesmo conseguiu tornar pública
sua orientação sexual. E a família o aceitou normalmente, sem
nenhum preconceito.
VOCÊ MERECE SUAS CONQUISTAS?
Como aconteceu com Flávio, uma das principais consequências da cul-
pa é o sentimento de não sermos merecedores do que alcançamos. E se
não acreditamos que merecemos, como você já sabe, nossa mente fará
de tudo para não conquistarmos.
Porém, não somos formados de uma única crença. Se em sua mente
se sobressaírem as programações de que você fará o que for preciso para
agarrar o que quiser, você conseguirá. Entretanto, o sentimento de que
você não merecia aquilo pode ficar incomodando.
ARRANCANDO AS RAÍZES NEGATIVAS 155
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Um exemplo disso são aquelas pessoas que estão sempre se com-
parando a outras, frequentemente falando sobre suas dificuldades, que
sentem medo de que as pessoas percebam que elas não são capacitadas
e atribuem qualquer sucesso à sorte ou a outro fator externo. O pior é
quando recebem um elogio pelo trabalho, e acham que não é merecido,
ou que os demais estão apenas sendo gentis.
Essa situação é conhecida como a “síndrome do impostor”.
Geralmente, é causada por uma culpa subconsciente que gerou um
sentimento de desvalorização; é muito mais comum do que se imagina
e não tem relação com o tamanho de seu resultado exterior, a questão é
sempre interna.
Parece que quanto melhor eu me saio, maior é meu sentimento de inadequação,
porque penso que, em algum momento, alguém vai descobrir que sou uma fraude
e que não mereço nada do que conquistei.
Pasme! Mas quem disse isso foi uma renomada atriz internacional,
a Emma Watson, também conhecida como Hermione na saga Harry
Potter, em uma entrevista que ela deu em 2013 ao blog Rookie.33
Segundo um estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da
Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados Unidos, esse tipo
de pensamento atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais
bem-sucedidos.34
Portanto, independentemente da situação ou do sofrimento que
você esteja passando no momento, seja emocional, física ou profissio-
nal, são os sentimentos guardados aí dentro do subconsciente que o
fazem se sentir assim.
33. Rookie. I Want It to Be Worth It: An Interview With Emma Watson. Disponível
em: <www.rookiemag.com/2013/05/emma-watson-interview/2/>. Acesso em: abr.
2018.
34. ERIC. You’re Not Fooling Anyone. Disponível em: <https://eric.ed.gov/?
id=EJ782339>. Acesso em: abr. 2018.
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HORA DE VIRAR O JOGO
Conforme você já percebeu, assim como a Emma Watson ou o Flávio,
do caso anterior, muita gente se sente mal, provavelmente carregando
culpas tão profundas e bem guardadas que boicota a própria felicidade.
Não vale a pena seguir a vida desse jeito.
Agora, chegou a hora de você aceitar quem você é, do jeito que é.
Você sabe, não tem problema errarmos, o importante é assumir que
erramos e continuar o jogo da vida. Só assim é possível ser feliz.
Mas, antes de partir para o perdão a si mesmo, quer fazer um
aquecimento? Quem foi a pessoa que você perdoou no exercício do
capítulo passado?
Já parou para pensar que talvez você tenha magoado essa pessoa,
até mesmo sem saber? Nós dois sabemos que você não agiu por mal.
A questão é que, talvez, algo que para você seja insignificante, tenha
causado uma grande dor nessa pessoa também.
Ou, talvez, você sinta que é muito mais necessário pedir o perdão a
outra pessoa, em vez de à mesma pessoa do exercício anterior. Se for o
caso, tudo bem. O importante é aproveitar o exercício.
Reflita por alguns minutos sobre como você pode ter errado com
essa pessoa. Em seguida, demonstre para o consciente que você está
aberto a aceitar seus erros. Como fazer isso? Da mesma forma que fez
no capítulo anterior.
Imagine que você escreverá uma carta para essa pessoa pedindo per-
dão por seus atos, e, talvez, até pelos atos que nem sabe que cometeu,
mas que possam tê-la magoado.
Não sei se você observou, mas é possível recortar a carta do exer-
cício anterior, assim como a da próxima página. Mas isso são suas
emoções, seus pensamentos e suas palavras. Se você achar que deve
entregar a carta para a pessoa, o faça. Talvez surjam resultados incrí-
veis desse gesto. E se a pessoa para quem está escrevendo já se foi,
rasque a carta em pedacinhos e jogue fora, imaginando estar se livran-
do das emoções negativas.
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Porém, se preferir manter isso apenas para você, está ótimo tam-
bém. Isso não mudará em nada a eficácia do exercício. O importante é
você escrever. Este é um passo que poderá causar um grande impacto
em seu subconsciente.
Então, pegue uma caneta e vamos lá.
Escreva uma carta assumindo seus erros e pedindo perdão para alguém.
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Parabéns! Mais um passo concluído. Como se sente?
Agora, você fez seu consciente aceitar que está tudo bem em
já ter cometido erros, então, está mais fácil de seu subconsciente
também aceitar e se perdoar da culpa. Com isso, você estará neutra-
lizando muitos fatores que estão causando sua infelicidade sem que
você perceba.
Eu explico como fazer. Vamos lá!
Nas páginas a seguir você fará um processo de conexão com sua
infelicidade. Lembre-se de alguma situação que o fez sentir-se mal
consigo mesmo, frustrado, arrependido ou culpado, não importa o
contexto. Talvez você ainda sinta essa culpa hoje; se for o caso, melhor
ainda.
Quando estiver pronto, em um lugar tranquilo, em que não have-
rá interrupção, coloque aquela música que toque sua emoção. Talvez,
por exemplo, uma música que escutou num momento de superação, ou
mesmo a trilha sonora daquele filme que o marcou. Isso é algo particular.
Imagine a cena da situação e como você estava se sentindo na hora.
Você não sabia como aquilo poderia tomar essa proporção, seja em você
mesmo ou externamente. Talvez simplesmente não soubesse o que de-
veria ser feito.
Agora, comece apenas a escrever como se sentiu culpado ou arre-
pendido. Sem pensar, sem se preocupar com a caligrafia, sem nada a
mais na cabeça além da vontade de colocar para fora essas emoções.
Deixe a sua mão escrever “sozinha”, sem parar. A emoção está na mente
subconsciente e vai aflorar quando você começar a escrever.
E depois de escrever algumas linhas, comece a se aceitar, escreven-
do algo como: “Eu não sabia o que estava fazendo. Eu me perdoo e me
aceito!”. Deixe bem claro em seu texto que você se perdoa. Escreva e
repita quantas vezes quiser. Faça do verbo “perdoar” seu melhor amigo
nesse momento.
Quer um pouco mais de inspiração antes de começar?
Quero compartilhar algo pessoal com você. Especificamente com
você, pois muitos não chegarão até esta página. Você assumiu o compro-
misso e o está cumprindo.
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Aliás, você já compartilhou pensamentos e reflexões muito pessoais
comigo aqui, durante a leitura deste livro. Sei que não foi fácil, me sinto
honrado por sua confiança. Agora também me sinto confortável em lhe
contar algo muito pessoal.
Uma vez, quando eu estava ouvindo a música “November Rain”, do
Guns N’ Roses, minha mente me mostrou o quanto eu tinha de coisas
para serem liberadas. Até que um dia decidi fazer um exercício de vi-
sualização, como este que estou propondo aqui. E a emoção veio à tona.
Houve uma época em minha vida que enfrentei emoções bem im-
pactantes, que vieram de forma inesperada. Quando eu tinha 13 anos,
minha mãe foi acometida por um câncer de mama. É algo que nunca
acreditamos que veremos de perto, na própria família.
Porém, meu pai foi determinante para manter nossa estrutura, mais
forte do que nunca, ao mesmo tempo, que dava segurança aos filhos, ele
deu todas as forças que ela precisava para se libertar daquela doença.
E ela conseguiu.
Com esse sucesso, passei a acreditar que nada mais poderia abalar
nossa família. Com a ajuda de meu pai, nosso herói, tínhamos enfrenta-
do um câncer com sucesso, e qualquer problema que viesse dali para a
frente seria pequeno. Eu estava enganado.
Uns quatro anos depois disso tudo, em uma manhã, enquanto toca-
va “November Rain” no piano, minha mãe entrou em casa bem abalada,
com a ajuda de uma vizinha, e me deu a notícia. Meu pai tinha sofrido
um infarto e falecido. Naquele momento, senti o arrependimento de
não ter tido mais momentos com ele, demonstrado mais meu amor de
filho e a gratidão que eu sentia por tudo o que ele me fez.
Não me entenda errado. Eu sempre fui muito ligado a ele. Eu era
daqueles adolescentes que abraçava o pai quando ele chegava do tra-
balho. Porém, nossa mente emocional nunca está pronta para deixar
alguém que amamos, e quando não temos mais a oportunidade, sempre
achamos que poderíamos ter feito mais, não é verdade?
Meu pai era o porto seguro financeiro da família e, quando ele
se foi, minha mãe passou a ficar muito preocupada em como iria ad-
ministrar as finanças. Nesse momento que eu decidi me inundar de
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crenças das pessoas de sucesso financeiro, que não precisavam se
preocupar com dinheiro.
Então, comecei a ler muitos livros sobre o assunto, biografias de pes-
soas de sucesso, empreendedorismo, administração financeira, riqueza.
Eu queria melhorar nossa situação. Porém, como eu ainda não estava
fazendo faculdade e nem trabalhando, a principal preocupação da mi-
nha mãe era comigo. Ela vivia me falando para eu fazer algo, pois tinha
muito receio de que eu passasse por dificuldades. Entretanto, eu sabia
que eu estava fazendo uma programação mental muito importante. Foi
nessa época que eu fiz a promessa mais importante da minha vida: pro-
meti a ela que não precisava se preocupar comigo, que tinha certeza que
daria um jeito, teria muito sucesso e ela se orgulharia muito de mim.
E, como era de se esperar, por conta da morte do meu pai, minha
mãe ficou muito abalada emocionalmente. E, provavelmente por conta
disso, o câncer retornou e se espalhou por seu corpo. Um ano depois do
falecimento do meu pai, ela também se foi.
Tanto ele quanto minha mãe faziam de tudo por mim e meus ir-
mãos. E o maior desejo de ambos — como de quaisquer pais — era ver
os filhos bem e felizes. E aí que surgiu a culpa que eu jamais poderia
imaginar de forma consciente.
No momento que eu fazia o exercício, comecei a chorar como criança.
Eu me sentia culpado por eles nunca terem tido a chance de me ver
fazendo o que amo. Eu me sentia culpado por não ter chegado aonde
cheguei antes de eles deixarem este mundo. Existia até a culpa de eu
não ter me aprofundado mais nesse conhecimento antes, e talvez não
ter permitido que a morte de meu pai abalasse minha mãe a ponto de o
câncer retornar.
No meu caso, enquanto as lágrimas rolavam no rosto, tudo o que
vinha à minha mente e saía da minha boca eram as palavras: “Mãe, me
perdoe! Pai, me perdoe! Me perdoe! Eu deveria ter chegado aqui antes!
Me perdoe!”.
Até que a emoção foi aos poucos diminuindo, e veio a imagem men-
tal de ambos me abraçando e falando que estava tudo bem. Que eu não
tinha feito nada de errado; pelo contrário, eles falavam que estavam
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orgulhosos de mim. E diziam que eu me cobrava demais, que eu tam-
bém deveria me orgulhar.
Só então comecei a sentir o alívio e falar: “Eu me perdoo e me li-
berto dessa culpa. Não foi minha culpa! Eu me perdoo e me liberto”.
A sensação depois disso é indescritível, só quem já liberou alguma emo-
ção assim para saber do que eu estou falando.
E sendo bem sincero, enquanto escrevo isso, sinto uma emoção
boa, de como se estivesse limpando mais uma vez aquela culpa passada.
Obrigado por me permitir isso, se não houvesse você para ler, não have-
ria por que eu escrever isso.
Enfim, esta foi a minha experiência, com uma emoção particular.
Você terá a sua. Não quer dizer que você necessariamente precise cho-
rar, ou sentir o que eu senti. Talvez nem sinta nada no momento, e passe
a sentir depois, por exemplo. Cada pessoa reage de um jeito.
Agora é a sua vez.
Está em um lugar tranquilo? Caneta na mão? Dê play na sua música
e comece a refletir sobre seu momento. Lembre-se, você não teve culpa.
Escreva o que sente ou sentia, e afirme que se perdoa e se liberta
desta culpa.
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CAPÍTULO 12
A felicidade já
está disponível —
Basta acessá-la
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H
á quanto tempo você estava insatisfeito?
Sim, perguntei no passado porque agora isso não precisa
mais fazer parte de você. Passamos a vida toda aprendendo
a nos proteger e, muitas vezes, não percebemos que estamos nos
protegendo até mesmo de viver experiências e construir uma vida
extraordinária.
Depois desta leitura, você já sabe o que estava por trás de compor-
tamentos e fatos que pareciam tão determinantes, que o poder para a
transformação está em você mesmo. E se chegou até aqui, tem toda
a condição para fazer diferente.
Você não precisa mais sofrer, chega. Mudando o que está guardado aí
dentro, terá a transformação que procura. Eu sei, sair da zona de conforto
dá medo. A mente quer evitar que a gente dê o próximo passo. O que
fazer? Reprogramá-la. Driblar o fator crítico e deixar que a felicidade,
os sonhos, os projetos, as novas ideias finquem raízes fortes e saudáveis
em seu subconsciente.
A vida é muito curta para ser vivida em vão, sem brilho nos olhos,
sem felicidade. E sua realização não pode depender de fatores externos:
dentro de você estão todos os recursos necessários.
MAS O QUE FAZER AGORA?
Bem, você percebeu que seu subconsciente está aprendendo o tempo
todo e age de acordo com o que absorveu. Não é verdade?
167
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Dessa maneira, é preciso permitir que ele aprenda aquilo que você
sabe que é bom para você, que vai trazer o que precisa para ser mais
feliz. E, então, começar a agir rumo ao que você quer.
Como já falamos no capítulo 9, é tudo questão de crença e motiva-
ção. Nunca ouvi falar de ninguém que superou algum desafio na vida
sem acreditar que tinha potência e sem estar motivado para vencê-lo.
Então, instale as crenças corretas aí dentro e se motive.
Quer mais ideias práticas de como fazer isso? Vamos lá!
ADEUS, SEMENTES NEGATIVAS
Em um treinamento com Eduardo Shinyashiki, ele disse: “Nossa mente
só enxerga aquilo que lhe ensinamos a enxergar”. Sua afirmação não
poderia estar mais correta. É preciso reeducar nossa maneira de ler e
enxergar o mundo à nossa volta, pois isso fará toda a diferença em nossa
maneira de captar e se dispor a viver as oportunidades que já estão dis-
poníveis, esperando nossa atitude de acessá-las.
Para isso, comece por tirar de sua vida tudo aquilo que você sabe
que não acrescenta nada de bom. Notícias que só mostram crimes e
desgraças, crise econômica, doenças novas. Essas informações instalam
em nós crenças de que é normal viver na infelicidade, quando sabemos
que não é.
Evite pessoas que estão sempre reclamando. Se não puder ficar lon-
ge, pelo menos pare de dar corda para as reclamações. O excesso de
reclamações traz crenças de que somos vítimas da vida. Ninguém chega
a lugar algum apenas se lamentando. E o mesmo vale para você: pare de
se lastimar, colocando-se como alguém que apenas reage ao ambiente.
Isso também vale para críticas vazias. É hora de mudar a chave e usar
sua energia criadora para ser o agente da mudança. E lembre-se: se você
não pode mudar o externo, mude a maneira como se relaciona com ele.
Pare de afundar sua mente no sofrimento, de ficar o tempo todo
justificando suas ações. O passado não determina o futuro, mas sim o
modo como você age hoje. E hoje você tem a possibilidade de rever suas
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ações e estabelecer metas, objetivos e posturas que trarão um futuro de
muito mais prosperidade, alegria e realização.
Afaste-se completamente das pessoas que não acreditam em seu po-
tencial. Você não merece ouvir que não é capaz. Porque você é! E pode
conquistar tudo o que quiser. Nunca, nunca mesmo acredite nos rótulos
negativos que tentam colocar em você.
O mundo lá fora tenta nos colocar em caixinhas, mas elas são pe-
quenas demais para tudo o que podemos construir. Então, não tenha
medo de expor e assumir um espaço que é seu por direito.
Você não é triste, depressivo, ansioso, preguiçoso, acomodado, gor-
do, pobre ou seja lá o que dizem. Estes são apenas rótulos criados para
tentar simplificar o que somos. No entanto, não somos um produto, cada
ser humano é único.
Talvez você não esteja feliz neste exato momento, mas isso não quer
dizer que você seja uma pessoa triste. Talvez você ainda não tenha al-
cançado o que quer, mas isso não quer dizer que seja uma pessoa fracas-
sada. A vida é movimento. E se não estamos no lugar de nossos sonhos,
basta ligar o motor e se conduzir para o próximo destino.
Então, pare de prestar atenção na sua dor atual e foque em arrancar
a raiz de seus problemas para que a árvore da realização e da força in-
terior possa crescer livremente. Ou seja, deixe sua mente livre para ser
programada com novas crenças positivas.
SÓ O QUE LHE FAZ BEM
Agora que já sabe como blindar a mente, hora de cultivar as sementes
que o levarão até a felicidade e o sucesso.
Jogue-se nos conteúdos que estão alinhados com o que você
quer. Pesquise assuntos positivos sobre seus objetivos, conheça pes-
soas que já os atingiram e veja que é possível. Leia livros que você
gosta, que o fazem se sentir bem. Livros, além de relaxarem, também
nos ensinam de forma consciente e subconsciente. Aproveite isso e
ensine o que está aprendendo para as pessoas próximas. Assim, você
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também as ajudará e se sentirá ainda mais especial e preparado para
ir atrás de seus sonhos.
Esteja rodeado de gente que possui crenças positivas. Rodeie-
se de pessoas que já superaram o dilema que você quer superar.
Principalmente, esteja junto daquelas que o apoiam e acreditam em seu
potencial. Passe a conversar sobre os planos que você quer alcançar em
vez de falar sobre suas dificuldades ou sobre a vida dos outros.
O medíocre fala de pessoas.
O comum fala de fatos.
O sábio fala de ideias.35
A influência das pessoas tem um potencial maior do que você imagi-
na. Na verdade, há um estudo feito por dois cientistas norte-americanos
que demonstra isso.36 Os pesquisadores pediram que jovens de 18 sa-
las diferentes respondessem a um teste de QI. Somente os professores
saberiam do resultado através dos pesquisadores, os alunos não teriam
acesso a nenhuma informação.
Os pesquisadores disseram aos docentes que o tal teste apontaria aque-
les com os melhores resultados do ponto de vista intelectual. Selecionaram
alguns alunos que tiveram resultados apenas medianos nos testes, porém
falaram aos professores que esses eram os mais brilhantes da turma.
Acontece que, após receberem os resultados, os professores come-
çaram a considerá-los realmente melhores do que os outros, e de fato os
alunos tiveram notas mais altas depois, nas provas regulares da escola.
Já aqueles que os professores receberam a informação de que eram con-
siderados normais, claro, não mudaram o desempenho.
Por que houve essa diferença na performance escolar quando, cla-
ramente, todo o grupo de alunos tinha capacidade similar? O que fazia
com que alguns alunos se destacassem mais do que outros?
35. Provérbio chinês.
36. ROSENTHAL, R.; JACOBSON, L. Teachers’expectancies: determinants
of pupils’IQ gains. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/5942071>.
Acesso em: abr. 2018.
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A conclusão foi a de que a crença dos professores, de alguma forma,
influencia de modo significativo o desempenho dos estudantes.
Ou seja, só porque os professores acreditavam que certos alunos
eram mais inteligentes, eles realmente passaram a ter melhores resul-
tados. Já aqueles que os professores pensavam que estavam na média
tiveram resultados normais.
OITO MESES DEPOIS
O mais impressionante ainda é o que aconteceu depois. Para fechar
seu estudo, os pesquisadores voltaram a aplicar o teste de QI nesses alunos
depois de oito meses.
Quando aplicaram a avaliação novamente, os estudiosos constataram
que os garotos anteriormente tidos como “normais” pelos professores man-
tiveram os resultados medianos no teste. Porém, os que foram classificados
como “os melhores” pelos mestres na primeira vez tiveram uma alta muito
maior de pontos no segundo resultado obtido.
A crença positiva dos professores em relação a esses alunos não só o
fizeram tirar melhores notas nas provas, como também os deixou mais inte-
ligentes de fato, como comprovado no teste de QI.
Moral da história: esteja próximo das pessoas que já acreditam que você
é aquilo que quer ser. Isso o puxará para cima e transformará sua mente. Ou
como já diz a famosa frase do Jim Rohn, escritor e palestrante norte-ameri-
cano: “Você é a média das cinco pessoas com quem mais convive”.
NÃO PARE
Ter atitudes e comportamentos positivos como um hábito fará com que a
transformação em sua vida aconteça de maneira natural.
Você já aprendeu: é você quem controla onde colocar sua atenção.
E quando estabelece o foco, o subconsciente segue. É assim que você
mudará suas programações, o que acha que não está bom em você.
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Não estou dizendo que será fácil. Sua mente sempre tentará puxá-lo
para a zona de conforto, ainda que ela não seja o caminho para que as
mudanças necessárias aconteçam. Então, você vai precisar usar a força
de vontade e aplicá-la para o que realmente importa. Nos momentos
em que sentir que ela está acabando, escute um áudio motivacional no
aplicativo PlenaMente, releia alguma parte do livro, ligue para aquela
pessoa que acredita em você. Eu sei que você achará uma solução para
se manter motivado.
Você dá conta do recado. O importante é não parar! Permaneça fir-
me, aguente hoje, amanhã e até completar o sétimo dia — lembra?
Depois faça de novo. Até se acostumar com a nova realidade. Se pensar
em desistir, lembre-se de que você é maior do que o desânimo!
Eu acredito em você! Acredito que conseguirá, porque você tomou
a decisão de conseguir. Como diria um de meus mentores, Conrado
Adolpho, “sucesso é uma decisão”. Ele me deu uma pulseira com esse
lema e carrego essa frase no pulso para me lembrar de que conquistar o
que eu quero só depende de mim.
Agora que sabe como sua mente trabalha, só depende de você deci-
dir vencer seu desafio. Mas não é uma decisão de uma única vez. Você
já sabe, a todo momento estamos escolhendo e decidindo. O sucesso
é uma decisão de cada momento. A cada instante, em cada situação,
você precisa seguir o que aprendeu e manter o foco.
BATATA E TOMATE
Para explicar melhor o que quero dizer aqui, compartilho uma história
pessoal. Tinha por volta de 20 anos naquela época e morava em São
Paulo, longe de meus irmãos que vivem em Vitória, no Espírito Santo.
As coisas não estavam dando certo para mim naquele período, inves-
ti num empreendimento e nada saiu conforme o esperado. Eu já tinha
perdido meus pais, não tinha dinheiro, nem um emprego formal, nem
um tipo de curso técnico ou profissionalizante, e nem mesmo tinha
iniciado uma faculdade.
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Como você acha que eu me sentia? Quais deveriam ser as verdades
que eu carregava? O Michael do passado poderia acreditar que estava
enfrentando o maior de seus fracassos. Que este era um beco sem saída,
que estava na hora de desistir de tentar vencer uma batalha sozinho e
simplesmente recuar.
Chegou o dia 24 de dezembro, noite de comemorar o Natal. Sem
dinheiro para comprar algo especial para comer, me virei com os únicos
alimentos que tinha em casa: batata e tomate. Porém, eu já estudava
sobre esses assuntos naquela época, e isso fez toda a diferença.
Eu não me sentia pobre e muito menos triste. Eu me sentia feliz por
saber que tinha comida saudável e por saber que meus irmãos estavam
bem. Não passei fome, então não havia motivo para me desesperar.
Isso não quer dizer que eu não estava satisfeito, de forma algu-
ma. Mas, na minha mente, tinha certeza que aquela realidade não
representava quem eu era, portanto não seria meu destino. Eu só
precisava continuar com o foco correto e ir em frente, o sucesso era
questão de tempo. Nunca duvidei disso. Eu tinha o que considero
mais importante para qualquer pessoa: vontade de vencer e conheci-
mento sobre a mente.
Após alguns anos de luta, um dia comecei a compartilhar um pouco
desse conhecimento e ver como as pessoas achavam isso algo incrível.
Foi então que decidi viver daquilo que mais gosto, que é mudar a mente
das pessoas e transformar vidas; meu coração e minha mente estavam
alinhados. O resultado não poderia ser outro que não a prosperidade.
Construí uma das maiores empresas de treinamento em hipnotera-
pia do Brasil, gerando impacto direto em muitas vidas. Aos 30 anos, eu
estava livre financeiramente, casado com o amor da minha vida e com
uma saúde incrível. Tudo aconteceu quando eu me conectei com meu
propósito, desbloqueei minha mente e decidi avançar sem medo de ser
feliz. Assim, foi possível adquirir conquistas com as quais eu nem seria
capaz de sonhar lá atrás.
Entretanto, sendo sincero, o que mais me deixa feliz nisso tudo não
é o resultado externo, ou o sucesso material. Isso tudo é incrível, claro.
Mas o que mais me orgulha e me motiva é saber que, onde quer que
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minha mãe esteja hoje, ela está orgulhosa de mim. Eu cumpri aquela
promessa que fiz a ela um dia.
Agora, eu lhe pergunto: Qual é a promessa que você tem feito?
As promessas para a pessoa mais importante de sua vida: você mesmo.
O que tem prometido a si mesmo? Sejam quais forem suas motivações,
nunca se esqueça: se mudar sua mente, você pode realizar todos seus
objetivos. Pode transformar sua vida.
E o melhor disso tudo é que quando transformamos nossa vida, aca-
bamos por impactar positivamente outras pessoas. Muitas vezes, pessoas
que nem mesmo conhecemos. Para mostrar isso, quero compartilhar a
história de como um aluno meu impactou toda uma família. Hoje, além
de ele ser um grande amigo, também é um grande hipnoterapeuta. Com
esse conhecimento, ele ajudou o próprio tio a se livrar de um vício extre-
mo em alcoolismo. Além de impactar toda sua família, seu trabalho me
impressionou muito, me emocionou e motivou a compartilhar cada vez
mais esse conhecimento que transforma tantas vidas.
A seguir reproduzo a sua história, como me contou.
Tenho um tio que, em minhas lembranças, sempre foi alcoó-
latra. Sua média de consumo de bebida era de nove copos ame-
ricanos de pinga por dia, de domingo a domingo. Ao longo do
tempo, tentou parar três vezes, chegou a ser internado por conta
disso. Teve alucinações e suou frio no hospital pela abstinência.
Esse homem é pai de três crianças: um menino de nove anos
e gêmeos de seis.
Um dia, chegou a cair da escada, bêbado, e machucou a ca-
beça. Foi quando meu pai pediu para eu ajudá-lo com o meu tra-
balho, a hipnoterapia. Minha tia chorava, não aguentava mais
aquela situação.
Decidi agir e fui até a casa desse tio. Ao chegar, eu o encon-
trei deitado na cama, cheirando à cachaça. Ele não conseguia
nem levantar de tão embriagado. Foi quando falei, com firmeza:
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“Tio, isso tem que acabar. Você não pode mais viver assim.”
“Eu quero, eu preciso, mas não consigo. Eu tremo se não
bebo, meu filho.”
“Você vai a meu consultório, eu vou te ajudar. Mas você tem
que querer ser ajudado.”
No outro dia, lá estava ele. Expliquei que existia uma emoção
atrelada ao vício dele e que essa emoção seria expressada na
terapia, e que talvez ele até descobrisse a origem.
Então, no meio do processo ele abriu os olhos. Expliquei que
ele podia fechar se quisesse, e ele respondeu que, mesmo de
olhos abertos, estava se vendo aos 14 anos, no torno mecânico,
num curso. Foi quando o professor veio em sua direção com uma
notícia muito ruim: seu pai havia falecido.
Depois, outro momento ficou muito claro em sua men-
te. Ele tinha 4 anos quando presenciou uma briga dos pais.
Então, viu o pai indo para a padaria sem o chamar, o que o
deixou muito chateado. Logo depois, o pai estava de volta, na
sala, bebendo pinga.
Nesse momento, um insight se clareou como a luz do dia, e
ele falou:
“Eu estava bebendo, indo para a padaria comprar cachaça
exatamente como o meu pai fazia. No fundo, queria me aproxi-
mar do homem que me deu a vida, gostava muito dele, o admi-
rava como não admirava mais ninguém.”
Depois, pediu para “conversar” com a mãe, que também já ha-
via morrido. Nessa hora, disse ver os pais juntos, de mãos dadas:
“Pai, mãe, eu amo vocês. E prometo: nunca mais vou beber.”
A cena foi muito forte, emocionante. Nunca vou esquecer a
voz dele fazendo essa promessa.
Como ele está agora? Muito bem. Há um ano sem colocar uma
gota de álcool na boca. Até consegue buscar os filhos na escola, o
que antes era impossível, pois não tinha condições de dirigir.
A FELICIDADE JÁ ESTÁ DISPONÍVEL — BASTA ACESSÁ-LA 175
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Agora tem um carro que pode conduzir sem medo. Muito
além disso, ele tem um futuro para construir. Rodeado pelo amor
da família e com liberdade e confiança para viver sem medo de
ser feliz.
Este é o poder de nossa mente. Quando desbloqueada, ela pode até
nos livrar dos vícios. E tudo isso foi possível porque um dia essa pessoa
teve a curiosidade de se aprofundar mais nos mistérios da mente, tor-
nando-se um hipnoterapeuta. Tenho a honra de falar que foi um aluno
meu, que hoje se tornou um amigo.
176 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Só temos
o agora
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Todo guerreiro já ficou com medo de entrar em combate.
Todo guerreiro já perdeu a fé no futuro.
Todo guerreiro já trilhou um caminho que não era dele.
Todo guerreiro já sofreu por bobagens.
Todo guerreiro já achou que não era guerreiro.
Todo guerreiro já falhou em suas obrigações.
Todo guerreiro já disse “sim” quando queria dizer “não”.
Todo guerreiro já feriu alguém que amava.
Por isso é um guerreiro; porque passou por esses desafios e não perdeu a
esperança de ser melhor do que era.37
V
ocê chegou até aqui. Já parou para pensar que isso também foi
influência de sua programação subconsciente? Você poderia
simplesmente ter parado na metade, mas quis ser melhor. Isso
é programação de alguém que está destinado a uma vida extraordinária,
por superar as barreiras da própria mente.
Desbloquear o poder de sua mente é entender como ela o guiou para
onde está hoje, é entender que agora podemos determinar as pessoas
que seremos. E o agora é a única constância.
Agora: Qual o compromisso que você assume com sua própria história?
Agora: Como você vai reagir diante de sua situação atual?
37. Adaptação de trecho de: COELHO, P. Manual do Guerreiro de Luz. Rio de
Janeiro: Sextante, 2013.
178 DESBLOQUEIE O PODER DA SUA MENTE
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Agora: o que você vai dizer a si mesmo sobre o desafio que tem pela
frente?
Agora é o momento único em que você pode fazer toda a diferença
em sua vida e na daqueles que ama.
E agora você tem o conhecimento do que é necessário para isso.
E talvez isso fosse tudo o que faltava para começar a transformação.
Já percebeu?
Você aprendeu aqui neste livro o que é o ECF, a gota d’água que faz
a pia transbordar, lembra? Mas isso não acontece apenas para causar
traumas ou doenças; o ECF também pode ser positivo.
Por exemplo, aposto que você já ouviu um pai falando que sua vida
se transformou de forma positiva após o nascimento do filho. O mo-
mento em que ele viu e pegou seu bebê pela primeira vez pode ter sido
aquilo que faltava para o subconsciente dele entender como ele é uma
pessoa muito especial, afinal, foi capaz de criar uma vida.
Esse pai certamente já teve que lutar e vencer muitos desafios em
sua caminhada, e tudo isso resultou em bons momentos. Porém, nunca
tinha se dado conta de como ele era uma pessoa incrível, capaz de tudo
isso. Nesse caso, o nascimento do bebê era o que faltava para fechar o
ciclo desse aprendizado e mudar sua vida.
E com você não é diferente. Tenho certeza de que você já passou
por muitas situações nessa vida, suportou mais do que acreditava ser
possível. Porém, apesar de tudo, você está aqui. Então, cada uma dessas
situações que você passou e superou foi uma conquista, uma vitória.
É por isso que você é um guerreiro. Um guerreiro não é alguém que
tem poderes extraordinários, e sim alguém que suporta essa vida mesmo
sem ter poderes, e isso o faz extraordinário. Só você conhece sua histó-
ria, só você sabe tudo o que precisou passar para chegar até aqui. Mas o
que importa é que você chegou.
Lembra que você tomou uma decisão no início deste livro? Você se
comprometeu com a decisão de continuar até o final, e você a cumpriu.
Você provou — mais uma vez — para sua mente que você pode sim
alcançar aquilo que quer.
Eu acredito que este livro pode se tornar seu ECF positivo. Isso quer
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dizer que a partir de agora você tem consciência de como é extraordi-
nário. Agora você conhece o tamanho do potencial de sua mente e sabe
como controlá-la. Por isso, pode vencer qualquer desafio, não importa
se é sobre mudar sua situação pessoal, de saúde ou financeira. Você
pode vencer, afinal, é um guerreiro.
E não é vergonha ter sofrido, ter errado, ou mesmo ter pensado em de-
sistir de tudo. Muito menos, não é vergonha pedir ajuda. Talvez você sinta
que precisa de um hipnoterapeuta para guiá-lo de forma mais assertiva, em
um problema específico. Isso pode ajudá-lo incrivelmente; a maioria das
questões tem resultados de melhoras incríveis já em uma ou duas sessões.
Todos os hipnoterapeutas formados na OMNI Brasil estudam pro-
fundamente os conceitos deste livro, e os aplicam tanto para resolver
problemas deles mesmos como para ajudar outras pessoas. Desse modo,
recomendo buscar um hipnoterapeuta OMNI que seja especializado
em seu tipo de problema. Se quiser a indicação de algum, fique à vonta-
de para me mandar um e-mail:
[email protected].
Enfim, o que quero dizer com tudo isso é: seja feliz agora, pois você
sabe que é só questão de tempo para alcançar aquilo que quer. A felicidade
não é algo externo, e sim um estado de espírito. Você tem tudo o que pre-
cisa para ser feliz agora!
Lembre-se: se ficar pensando que para ser feliz você precisaria mu-
dar isso ou aquilo, é apenas a sua mente, suas programações, tentando
controlá-lo mais uma vez. É ela tentando dizer que você não é suficien-
te, quando sabemos que isso não é verdade.
Certa vez, assisti a um vídeo muito interessante que deixou isso bem
claro. Foram reunidas quarenta pessoas, entre adultos e crianças, e foi
feita uma pergunta individualmente: “Se você pudesse mudar uma coisa
em seu corpo, o que seria?”.
Os adultos falavam de partes do corpo que consideravam imperfei-
tas, como testa, orelha, pele, cabelo… Já as crianças, primeiro demons-
travam estar muito confusas com a pergunta, pois provavelmente nunca
tinham pensado nisso. Mas, depois de pensarem um pouco, respondiam
coisas como ter asas, cauda de sereia, bocas de tubarão… até concluí-
rem que gostavam de ser como são.
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Então, não se deixe enganar por sua mente, suas emoções, ou mes-
mo seus pensamentos. Você é muito mais do que isso! Você é um guer-
reiro! Por isso, viva como um, acreditando em você!
Obrigado por ter se comprometido até o fim com sua leitura e ter se
colocado com disposição e entrega para viver esta experiência. Espero
um dia encontrá-lo e poder ouvir como você transformou sua vida de-
pois de ter lido estas páginas. É isso que me motiva, transformar vidas
através da hipnoterapia. E hipnoterapia é isso, descobrir o potencial de
sua mente e colocá-lo a seu favor.
Desejo a você toda a felicidade, saúde e sucesso do mundo!
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Anexo
O que é possível
tratar com a
hipnoterapia?
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Q
uer saber se a hipnoterapia pode lhe ajudar?
Como você leu, sua mente influencia tudo o que você é e o
que faz. Então, de algum modo e em algum nível, a hipnotera-
pia pode, sim, ajudá-lo. Nem mesmo que seja só para aceitar melhor e
ser mais feliz com sua situação atual.
A seguir, deixo uma lista de áreas em que a hipnoterapia já é utiliza-
da de algum modo.
Mesmo que seu problema não esteja na lista, indico procurar um
hipnoterapeuta formado pela OMNI e conversar sobre como a hipno-
terapia poderia auxiliar no seu caso. Na dúvida, procure uma segunda
opinião.
Atenção: nenhum profissional pode prometer resultados e, como
você já leu, o resultado depende de você. Todos os casos relatados nesse
livro são reais e foram usados para mostrar o potencial da hipnoterapia;
O resultado com você pode ser maior ou menor.
• Alergias • Bruxismo
• Ansiedade • Burnout
• Asma • Câncer
• Autoconfiança • Cicatrização de feridas
• Autolesão (corte) • Crenças limitantes
• Bloqueios (mental, emocional) • Comportamento agressivo
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• Compulsões (TOC) • Frigidez
• Controle da dor • Gagueira (problemas da fala)
• Controle de peso • Hábitos
• Controle do estresse • Impotência
• Criatividade • Incontinência urinária
• Cuidados terminais • Instabilidade emocional
• Depressão • Lúpus
• Diabetes • Luto
• Dificuldades de aprendizagem • Medos/fobias
• Disfunção sexual • Melhoria de desempenho
• Distúrbios do sono (esporte/escola/trabalho
• Distúrbios imunológicos • Memória
• Doenças da pele • Motivação
• Eczema • Mudanças de humor
• Emergências médicas • Neurodermatite
• Enxaqueca • Obesidade
• Epilepsia • Parar de fumar
• Esclerose lateral • Parto (sem dor ou recuper-
amiotrófica (ELA) ação)
• Esclerose múltipla (EM) • Pensamentos negativos
• Exaustão • Pré-operatório/pós-operatório
• Fertilidade • Pressão alta
• Fibromialgia • Queimaduras
• Fobias • Recuperação pós-ataque
• Foco/concentração cardíaco
• Forense (interrogatório • Relaxamento
de testemunha) • Rinite alérgica
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• Roer as unhas • TDA/TDAH
• Saúde preventiva • Tiques nervosos
• Sensibilidade do corpo • Transpiração
• Síndrome de Tourette • Transtorno de estresse
• Síndrome do intestino pós-traumático (TEPT)
irritável (SII)
O QUE É POSSÍVEL TRATAR COM A HIPNOTERAPIA? 185
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