UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
CARLA ANDREZA CORRÊA REUTER
SÍNTESE DO ARTIGO “GÊNERO, SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO: DAS
AFINIDADES POLÍTICAS ÀS TENSÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS” DE
GUACIRA LOPES LOURO (2007)
Atividade apresentada à disciplina
Diversidade Cultural e Ensino de Ciências
e Matemática, ministrada pelo Prof. Dr.
José Sávio Bicho de Oliveira e pela Profa.
Dra. Ana Clédina Rodrigues Gomes,
como parte das exigências para obtenção
de nota.
Marabá - PA
2021
A autora Guacira Lopes Louro, em seu texto “Gênero, sexualidade e
educação: das afirmações às tensões teórico-metodológicas”, ao introduzir o
diálogo, cita a estudiosa espanhola Maite Larrauri: “Estar atenta ao intolerável”,
afirmação sobre a qual Louro (2007) reflete que se trata de critério importante para
que alguém possa reconhecer o que é válido estar em primeiro plano em sua vida,
suas reflexões e ações. Assim, a autora justifica suas escolhas acadêmicas e
atenção depreendida acerca dos debates sobre gênero e sexualidade.
Para prosseguir esta discussão, Louro (2007) explica ainda, novamente em
acordo com Maite, que o que é “intolerável” para ela pode, em dadas circunstâncias,
ser tido como “tolerável” ou “normal” por algumas e até mesmo por muitas pessoas.
Adentrando nas discussões mais diretamente explicitadas no texto, a autora afirma:
Desprezar alguém por ser gay ou por ser lésbica é, para mim, intolerável.
No entanto, na nossa sociedade, essa parece ser uma atitude comum,
corriqueira, talvez mesmo “compreensível”. Conviver com um sistema de
leis, de normas e de preceitos jurídicos, religiosos, morais ou educacionais
que discriminam sujeitos porque suas práticas amorosas e sexuais não são
heterossexuais é, para mim, intolerável. Mas esse quadro parece
representar, em linhas mais ou menos gerais, a sociedade brasileira.
(LOURO, 2007, p. 203)
Deste modo, a autora ressalta questões que, ao longo do texto, serão
colocadas como primeiro plano, tal como os processos sociais que permeiam as
diferentes expressões de gênero e sexualidade. Sobre esta última, cabe destacar
que tensões geradas em torno dela se articulam não apenas a problemas de atitude,
de modo particular, mas articulam-se com problemas ou questões sociais e culturais,
de modo geral.
A forma como os estudiosos e estudiosas da área de gênero e sexualidade
lidam com estas questões não apresenta unanimidade e, apesar de algumas
convergências, há ainda uma pluralidade de concepções em relação a vários
aspectos. Ao longo do texto, por exemplo, a autora discute algumas concepções do
que seria gênero e sexualidade, alinhando-se com suas aproximações teóricas de
caráter pós-estruturalista, mas também ressalta que não há consenso acerca destes
termos.
Sobre o conceito de “gênero”, a autora situa historicamente que Donna
Haraway foi solicitada, em 1983, para que redigisse a entrada deste termo em um
dicionário marxista. Louro (2007, p. 206) destaca algumas importantes percepções
de Haraway, como a de que todos os significados de gênero moderno partem da
afirmação de Simone de Beauvoir de que “não se nasce mulher”.
Deste modo, Haraway chegou à compreensão de que “gênero é um conceito
desenvolvido para contestar a naturalização da diferença sexual em múltiplos
terrenos de luta” (Haraway, 1995, p. 221 citada por LOURO, 2007, p. 206). Tal
concepção enfatiza algo comum a diversas vertentes teórica: a noção de
construção, isto é, a ideia de que gênero é algo construído em relação com aspectos
sociais, históricos e culturais, existindo para além de uma concepção meramente
biológica. Acerca das vertentes que defendem o exposto anteriormente, entendemos
que são construcionistas.
Em relação às diversas concepções que podem ser assumidas acerca da
sexualidade, a autora destaca que a ancoragem na biologia e o determinismo
biológico são intensificados por diversas vertentes. Porém, o construcionismo social
contrapõe-se a esta ideia. Sobre a sexualidade, a autora destaca que, apesar da
diversidade de concepções que são defendidas em torno deste termo, parece
comum à maioria dos que estudam a área que a sexualidade vai além dos corpos,
implicando “fantasias, valores, linguagens, rituais, comportamentos, representações
mobilizados ou postos em ação para expressar desejos e prazeres” (LOURO, 2007,
p. 210).
Assim, a autora situa gênero e sexualidade em âmbito da cultura e da história
e, posteriormente, defende a compreensão de ambos implicados com o poder.
Sobre este último, em alinhamento com suas aproximações teóricas, a autora
explica que entende poder não de forma binária, como uma relação entre dominante
e dominado, mas compreende que o poder se exercita por meio de muitos pontos e
em várias direções.
Portanto, ao longo do texto, os debates em torno de gênero e sexualidade são
levantados aproximando-se, em muitos momentos, do pós-estruturalismo. Apesar
desta aproximação, a autora ressalta a existência de diversas variações de
concepções que pode haver entre as pessoas que se debruçam sobre os estudos de
gênero, sexualidade e educação. Tais variações, entretanto, não diminuem a
legitimidade do conhecimento científico produzido acerca desta temática.
À luz do exposto no parágrafo anterior, a autora não apresenta, ao longo do
texto, soluções prontas acerca de metodologias, estratégias ou procedimentos de
investigação para estudos de gênero e sexualidade. Na verdade, o texto suscita
diversas discussões que ainda podem ser aprofundadas, sem a existência de
respostas acabadas.
REFERÊNCIA
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: das afirmações
políticas às tensões teórico-metodológicas. Educação em Revista, Belo Horizonte, n.
46, p.201-218, dez. 2017.