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Higiene Ocupacional Ii 175 188

O documento discute a avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio, incluindo limites de tolerância e mecanismos de controle. Ele explica os parâmetros usados para avaliar a exposição ao calor, como o Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG), e discute a Norma de Higiene Ocupacional 06, que estabelece critérios e procedimentos para avaliar a exposição ao calor.

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O documento discute a avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio, incluindo limites de tolerância e mecanismos de controle. Ele explica os parâmetros usados para avaliar a exposição ao calor, como o Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG), e discute a Norma de Higiene Ocupacional 06, que estabelece critérios e procedimentos para avaliar a exposição ao calor.

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Aula 7 –

Avaliação da exposição ocupacional


ao calor e ao frio

Objetivos

Aprender sobre os limites de tolerância na exposição ao calor e ao


frio, bem como mecanismos de controle.

7.1 Calor
Neste tópico, você vai estudar os parâmetros usados na avaliação do calor
com o intuito de verificar sob os pontos de vista prevencionista e da legislação
brasileira a exposição a este agente físico que pode gerar ao longo do tempo
de trabalho uma sobrecarga térmica, assim como, o estudo de conforto
térmico em ambiente de trabalho.

Na visão prevencionista, você como técnico em segurança do trabalho deve


estudar a Norma de Higiene Ocupacional 06 (NHO 06) e estudos atualizados
da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists). Já
pela legislação, a avaliação deve ser concentrada na caracterização de insa-
lubridade térmica, não podendo serem ultrapassados os limites de tolerância
estabelecidos no Anexo 3 da Norma Regulamentadora nº 15 – Atividades e
Operações Insalubres.

O grau considerado de insalubridade ao trabalhador exposto ao calor é médio


e adicional de 20 % (NR 15, 1978a).

7.2 Norma de Higiene Ocupacional 06 (NHO 06)


Esta é uma norma de referência técnica oficial e visa estabelecer critérios
e procedimentos para a avaliação de exposição ocupacional ao calor, que
possa acarretar sobrecarga térmica ao trabalhador e que represente, como Para saber mais sobre as normas
consequência, uma probabilidade em potencial de gerar danos a saúde do de higiene ocupacional, acesse:
http://www.fundacentro.gov.br/
trabalhador. Todas as Normas de Higiene Ocupacional são elaboradas pela
FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina http://portal.mte.gov.br/
legislacao/
do Trabalho) instituição de pesquisa vinculada ao Ministério do Trabalho e
Emprego.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 175 e-Tec Brasil


É importante que fique bem claro para você que esta se aplica a avaliação
de exposição ocupacional e não estando associada a estudos de conforto
térmico. Esta pode ser usada para avaliar a ocupação em ambientes internos
e externos, com ou sem carga de energia solar.

7.2.1 Definições básicas


Neste capítulo você tem a disposição as definições de termos que são usados
em procedimentos de avaliação do calor, coletados e adaptados da NHO 06
(2001).

Ciclo de exposição – estes são definidos como o conjunto de situações


ao qual o trabalhador é submetido, conjugado as atividades físicas por ele
desenvolvidas, em sequência definida, e que se repete de forma contínua no
decorrer da jornada de trabalho.

Situação térmica – esta se refere a cada parte do ciclo de exposição onde as


condições do ambiente que interferem na carga térmica a qual o trabalhador
está exposto podem ser consideradas estáveis.

Para você entender melhor estas definições, considere o seguinte exemplo:

Uma empresa apresenta uma sala reservada para um equipamento do tipo


caldeira para a produção de vapor. Este funciona à base da queima de lenha.
A situação térmica representa a condição térmica baseada em medidas estabi-
lizadas de temperatura onde o trabalhador se encontra exposto, concomitante
com a sua atividade. Então, temos neste exemplo, em ST 1 uma situação
térmica onde o trabalhador executa a tarefa de carregamento de lenha em
um carrinho e o leva para a fornalha da caldeira em ST 2. Preenchida, espera
a queima em um escritório aclimatado em ST 3, com repetição do ciclo. Cada
uma delas tem uma condição térmica específica pelas suas temperaturas medi-
das e o tipo de atividade. A união destas situações será o ciclo de exposição.
No Quadro 7.1 e na Figura 7.1 você encontra a visualização deste exemplo.

Quadro 7.1: Dados do exemplo


Situação térmica Atividade tbs (°C) tg (°C)
ST 1 Carregamento de lenha 28 32
Ciclo de
ST 2 Carregamento da fornalha 33 40
exposição
ST 3 Espera efetuar a queima no escritório 23 25
A jornada se repete, quando é necessário reposição de lenha na fornalha.
Fonte: Autores

e-Tec Brasil 176 Higiene Ocupacional II


Figura 7.1: Esquematização do ciclo de exposição
Fonte: CTISM

Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG) – é definido como


um índice de sobrecarga térmica obtido por uma equação matemática, onde
se estabelece uma relação entre as temperaturas de bulbo úmido “natural”
(tbn), temperatura de bulbo seco (tbs) e a temperatura de globo (tg) e sua
dependência com a existência de carga solar. Suas expressões são:

Onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural


tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco

Lembre-se
As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à
altura da região do corpo mais atingida.

Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo Médio (IBUTG) – média


ponderada no tempo dos diversos valores de IBUTG, obtidas em um intervalo
de tempo de 60 minutos. Este cálculo é fornecido pela Equação 7.3.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 177 e-Tec Brasil


Onde: IBUTG = índice de bulbo úmido e termômetro de globo médio
ponderado no tempo em °C
IBUTGi = índice de bulbo úmido e termômetro de globo da situação
térmica “i”
ti = corresponde ao tempo total da situação térmica “i”, que transcorreu
dentro dos 60 minutos das condições mais desfavoráveis

Na avaliação do calor, conforme você acabou de ver nas expressões, a ponde-


ração da média é feita com base num tempo de 60 min. Isto é, por mais que
o trabalhador execute suas atividades em uma jornada de 8 horas somente
60 minutos desta jornada que são usados no cálculo da exposição. Para a
análise, se verifica todas as condições de sobrecarga térmica e se seleciona as
mais desfavoráveis, sendo analisado para escolha o par “situação térmica” e
“atividade física”, a primeira considerando parâmetros (temperaturas) ambien-
tais e a segunda a taxa metabólica gasta no trabalho.

Ponto de medição – ponto físico escolhido para o posicionamento do dispo-


sitivo de medição onde serão obtidas as leituras representativas da situação
térmica objeto de avaliação.

Neste, estamos nos referindo a fixação do equipamento para o monitoramento


do IBUTG para a respectiva situação térmica. Coloca-se o equipamento em
um tripé como mostra a Figura 7.2 e se posiciona no local onde seria a região
mais atingida no trabalhador.

e-Tec Brasil 178 Higiene Ocupacional II


Figura 7.2: Monitor de estresse térmico (IBUTG)
Fonte: CTISM

Grupo homogêneo de exposição – corresponde a um grupo de trabalhadores


que experimentam uma exposição semelhante, tanto do ponto de vista das
condições ambientais como das atividades físicas desenvolvidas, de modo
que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de parte do grupo
seja representativo da exposição de todos os trabalhadores que compõe o
mesmo grupo.

Taxa metabólica média – média ponderada no tempo das taxas metabólicas,


obtidas em um intervalo de tempo de 60 minutos corridos.

Onde: M = taxa metabólica média ponderada no tempo, em kcal/h


Mi = taxa metabólica da atividade “i”, em kcal/h

Para a classificação das atividades e posterior coleta de dados referentes a


taxas metabólicas a NHO 06 fornece um quadro para diversas atividades,
mostrado no Quadro 7.2, as que não se encontram nesta parcela trata-se
de atividade que podem ser realizadas de pé e em movimento. Esta norma

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 179 e-Tec Brasil


prevencionista, fornece a você outras taxas metabólicas para atividades típicas
que se encontram no Anexo “A” da mesma. Nela, você tem as taxas para
pessoas transportando carga, assentamento de tijolo, alto-forno, moldagem
mecanizada, etc. além de outras tabelas que estão disponíveis para você estudar.

Quadro 7.2: Taxa metabólica por tipo de atividade (parte do Quadro 01 da NHO 06)
Taxa metabólica Taxa metabólica
Atividade
(kcal/h)* (W/m2)**
Sentado (continuação do Quadro 6.2)
Trabalho pesado de mão e braços (exemplo: bater pregos e limar). 210 136
Trabalho moderado de braços e pernas (exemplo: dirigir ônibus ou
215 139
caminhar em trânsito urbano).
Em pé
Em repouso 115 74
Trabalho leve em máquina ou bancada principalmente braços 150 97
Trabalho leve em máquina ou bancada com alguma movimentação 175 113
Trabalho moderado de braços e troncos (exemplo: limar, passar a ferro,
225 146
bater pregos)
Trabalho pesado de braços e troncos (exemplo: corte manual com
365 236
serrote ou serra)
*Taxa metabólica definida por um homem-padrão (possui área superficial de pele de 1,8 m2).
**Relação matemática de conversão para um homem-padrão na qual 1 kcal/h é igual a 0,859107 × 1,8 W/m2.
Fonte: Adaptação de NHO 06, 2002

Limite de exposição (limite de tolerância) – valor máximo de IBUTG, relacio-


nado a taxa metabólica média que representa as condições sob as quais se
acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente,
durante toda a sua vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos a saúde.

Quando analisamos a sobrecarga térmica, os limites de tolerância são em


valores máximos de IBUTG aceitáveis. Após a estimativa do metabolismo,
verifica-se no Quadro 7.3 a sua posição e o IBUTG aceitável para este. Se
o IBUTG for maior, o trabalhador está exposto a uma condição de trabalho
insalubre e, portanto, poderá adquirir algum problema de saúde relativo a
exposição ao calor.

Quadro 7.4: Limite de exposição ocupacional ao calor (parte do Quadro 2


da NHO 06)
M (kcal/h) IBUTG MAX (IBUTGMÁXIMO ADMISSÍVEL) (°C)
125 32,0
128 31,9
132 31,8
136 31,7
139 31,6
Fonte: Adaptado da NHO 06, 2002

e-Tec Brasil 180 Higiene Ocupacional II


7.3 Anexo 3 da Norma Regulamentadora nº 15
A Norma Regulamentadora nº 15, que trata da Atividade e Operações Insa-
lubres, em seu Anexo 3, apresenta os limites de tolerância para exposição ao
calor. Com esta, você vai realizar o estudo para fins de insalubridade térmica
(stress térmico) sob a visão da legislação.

Na avaliação, você pode fazer o uso de instrumentos eletrônicos com o uso de


sensores para as medidas de temperatura que influenciam na determinação
do IBUTG, por mais que se tenha em seu item 2 a seguinte transcrição:

“2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro
de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio
comum.” (NR 15, 1978).

Esta possibilidade está regulamentada pela FUNDACENTRO, que menciona


com a seguinte transcrição parcial da seção 5.2.2, que trata do conjunto não
convencional para a determinação do IBUTG, da NHO 06:

É permitido o uso de equipamento eletrônico para a determinação da


IBUTG, ou outros dispositivos para a medição da temperatura de glo-
bo, bulbo úmido natural e de bulbo seco, desde que, para quaisquer
condições de trabalho avaliadas, apresentam resultados equivalentes
aos que seriam obtidos com a utilização do conjunto convencional.
(NHO 06, 2002).

O procedimento técnico de avaliação, como critérios para amostragem, esco-


lha das situações térmicas desfavoráveis, condições para o uso e utilização
de instrumentos deve ser obedecido o que está estabelecido para NHO 06,
independente se o estudo tem finalidade para prevenção ou caracterização
de insalubridade (legislação). Já para este último, obrigatoriamente, você deve
adotar os limites de tolerância do Anexo 3, da NR 15, tendo a informação no
início da estimativas do metabolismo e do IBUTG, se o trabalhador tem períodos
de descanso no próprio local de trabalho ou não, como estão explicados nos
casos 01 e 02 apresentados a seguir.

As expressões matemáticas usadas para calcular o IBUTG, tanto para ambientes


com ou sem carga solar, são exatamente as mesmas da NHO 06. Já apresentadas
para você nas Equações 7.1 e 7.2.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 181 e-Tec Brasil


Caso 01
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho inter-
mitente com períodos de descanso no próprio local de trabalho. Estes limites
estão apresentados no Quadro 7.4 deste material.

Uma aplicação desta situação ocorre quando, por exemplo, um trabalhador


carrega uma fornalha com lenha e ao fechar o compartimento da mesma
espera a queima ser feita no local, observando indicadores de temperatura
interna do equipamento e controlando pressão.

Esta espera é considerada período de descanso, mas também como exercício


do trabalho, inclusive para fins legais.

Para este caso podemos realizar o seguinte procedimento:

Tenha as informações coletadas dos instrumentos de medição e classificação


do tipo de atividade, que pode ser obtida pela consulta ao Quadro 7.6.

Calcula-se o IBUTG utilizando-se a Equação 7.1.

Em seguida, como função do IBUTG obtido, o regime de trabalho intermitente


será definido pelo Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15 (Quadro 7.4). Caso o
regime de trabalho seja superior ao estabelecido no Quadro 7.4 a exposição
será considerada insalubre.

Para você entender melhor, vamos fazer um exercício:

Um trabalhador ao produzir travessas de vidro fica exposto constantemente


(trabalho contínuo) a seguinte situação: tbn = 22ºC e tg = 43ºC. Esse tra-
balhador executa atividades moderadas de limpeza da matriz. A exposição
é insalubre? Em caso afirmativo, qual a jornada que deve ser recomendada
pelo técnico em segurança do trabalho?

Solução
Pelos dados fornecidos percebe-se que a atividade é executada em um ambiente
interno (sem carga solar). Então será usada a Equação 7.1:

e-Tec Brasil 182 Higiene Ocupacional II


Como a atividade é considerada na questão como moderada e o serviço
é feito de maneira contínua, o limite de tolerância aceito é de no máximo
até 26,7°C de IBUTG. Extraído da coluna “Moderada” e da linha “Trabalho
contínuo” do Quadro 1 da NR 15, mostrado neste material no Quadro 7.4.

O valor do IBUTG calculado está maior do que o limite de tolerância (28,3°C


> 26,7°C). Portanto, este trabalho é considerado insalubre.

A resposta foi afirmativa. Agora, para sabermos o tempo de trabalho mais


adequado, basta conferir no Quadro 7.4 em qual jornada o valor de 28,3°C
se enquadra para as faixas de IBUTG fornecidas para a atividade moderada.
Como este valor está entre 28,1 e 29,4, o regime de trabalho necessário para
não acarretar em insalubridade é de 30 minutos de trabalho e 30 minutos
de descanso.

Quadro 7.4: Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15


Regime de trabalho intermitente com descanso Tipo de atividade
no próprio local de trabalho (por hora) Leve Moderada Pesada
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
adequadas de controle
Fonte: Brasil, 1978

Caso 02
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermi-
tente com períodos de descanso em outro local (local de descanso).

Uma aplicação desta situação ocorre quando, por exemplo, um trabalhador


carrega uma fornalha com lenha e ao fechar o compartimento da mesma
espera em um outro ambiente (um escritório, gabinete ou uma mesa que
não esteja muito próxima da fornalha).

Para este caso, você deve considerar como local de descanso, aquele ambiente
termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo
uma atividade leve. Para fins legais, este tempo de descanso é considerado
exercício do trabalho.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 183 e-Tec Brasil


A diferença para este estudo com relação ao anterior, está no fato de con-
siderar o descanso como uma situação térmica na qual devem ser aferidas
as temperaturas no ambiente e classificar o metabolismo identificando suas
taxas. Depois, calcular uma média ponderada para o IBUTG e o metabolismo.

Em função do metabolismo médio obtido, compara-se o médio calculado


com o IBUTG máximo estabelecido no Quadro 7.5. Caso o médio calculado
supere o valor do IBUTG máximo estabelecido no Quadro 7.5 a exposição
será considerada insalubre.

Onde: MT = taxa de metabolismo no local de trabalho (Quadro 7.6)


tT =- soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local
de trabalho
MD = taxa de metabolismo no local de descanso (Quadro 7.6)
tD = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local
de descanso

Onde: IBUTGT = valor do IBUTG no local de trabalho


IBUTGD = valor do IBUTG no local de descanso

Os tempos E devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de


trabalho, sendo TT + TD igual a 60 minutos.

Para entender melhor vamos fazer um exercício:

Um trabalhador fica exposto junto a uma caldeira. Feita a avaliação no local


de trabalho obteve-se os seguintes dados:

• 10 minutos carregando a lenha (atividade pesada).


• 05 minutos remexendo a lenha (atividade pesada).
• 15 minutos descansando em uma mesa observando (atividade leve).

e-Tec Brasil 184 Higiene Ocupacional II


Sabendo que esse ciclo se repete até o fim da jornada de trabalho, verifique
se há insalubridade. Na avaliação da exposição, tivemos a informação de que
as temperaturas são:

• No local de trabalho: tbn = 32°C e tg = 47°C


• No local de descanso: tbn = 27°C e tg = 28°C

Solução
Note que para este exercício o somatório dos tempos das atividades é de 30
minutos. Como na avaliação do calor o estudo deve ser feito com base em
60 minutos e ainda, temos a informação de que o ciclo se repete, devemos
considerar dois ciclos para resultar em 60 minutos de jornada. Ou seja, teremos
para a avaliação os tempos:

• 20 minutos carregando a lenha (atividade pesada).


• 10 minutos remexendo a lenha (atividade pesada).
• 30 minutos descansando em uma mesa observando (atividade leve).

Para resolver este exemplo, vamos considerar que as atividades pesadas se


classificam no Quadro 7.6 como “Trabalho intermitente de levantar, empurrar
ou arrastar pesos (exemplo: remoção com pá)”, com taxa metabólica de 440
kcal/h e na atividade leve, como “sentado, em repouso”. Com isso, podemos
calcular a taxa metabólica média ponderada para 60 minutos.

Organizando os dados, tem-se:

Com a taxa calculada, ao verificarmos no Quadro 7.5, vemos que esta está
na faixa entre 250-300 kcal/h. Então, adota-se o valor de 300 kcal/h por ser
o valor maior para a obtenção do máximo IBUTG admissível. Neste caso, é o
valor de 27,5°C.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 185 e-Tec Brasil


Agora, parte-se para os cálculos do IBUTG (do local de descanso e do trabalho)
e depois, para a estimativa da média ponderada para 60 minutos.

O valor calculado é maior do que o máximo permitido pela NR 15 (32,0°C >


27,5°C), portanto, a atividade é insalubre.

Quadro 7.5: Máximos IBUTG para regime de trabalho intermitente para


períodos de descanso em outro local (Quadro 2 do Anexo 3 da NR 15)
M (kcal/h) Máximo IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
Fonte: Brasil, 1978

Para melhorar seus conhecimentos informamos você que a ACGIH prevê a


utilização de fatores de correção para diversos tipos de vestimentas (índice
Clo), do inglês Clothing, isto é, os valores de IBUTG serão reduzidos na medida
em que as roupas utilizadas ofereçam menor proteção, não permitindo a
evaporação do suor e sem fornecer isolamento térmico.

Quadro 7.6: Taxas de metabolismo por tipo de atividade (Quadro 3 do Anexo


3 da NR 15)
Tipo de atividade kcal/h
Sentado em repouso 100
Trabalho leve
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (exemplo:datilografia) 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (exemplo: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços 150

e-Tec Brasil 186 Higiene Ocupacional II


Tipo de atividade kcal/h
Trabalho moderado
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300
Trabalho pesado
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (exemplo: remoção com pá). 440
Trabalho fatigante 550
Fonte: BRASIL, 1978

7.4 Parâmetros de conforto térmico


Nesta seção, vamos estudar o que a literatura apresenta para ajudar a higiene
ocupacional a melhorar as condições de conforto térmico nos ambientes de
trabalho, assim como, as normas da legislação que devem ser seguidas para Para saber mais sobre
garantir o conforto. confoto térmico, acesse:
http://www.engineeringtoolbox.
com/predicted-mean-vote-
Você pode entender o conforto térmico por diversas maneiras, entretanto, este index-PMV-d_1631.html

estará relacionado a uma condição de bem-estar, na qual temos a influência de www.ufrgs.br/labcon/


aulas_2009-1/Aula5_PMV_
diversos fatores, entre eles, a umidade relativa do ar, a temperatura ambiente, PPD.pdf
a velocidade do ar, a vestimenta que está sendo usada, o calor radiante, etc.
http://www.producao.ufrgs.
que fizeram cientistas e pesquisadores a elaborarem estudos como modelos e br/arquivos/disciplinas/385_
metodologias que os combinassem em parâmetros para análise de conforto. Temperatura_ergo.pdf

Por ser uma sensação pessoal, este pode ser uma tarefa muito difícil porque http://www.fundacentro.gov.br/
dominios/CTN/indexPublicacao.
sempre haverá pessoas que estão satisfeitas e insatisfeitas. asp?Pagina=Publicacoes

Entre os diversos parâmetros existentes na literatura, o que vamos estudar são:


o índice de temperatura efetiva, o índice de temperatura efetiva corrigida, a
temperatura radiante média e o índice de calor (heat index).

7.4.1 Índice de temperatura efetiva


Este é considerado um parâmetro para análise de conforto térmico que combina
em um único valor a influência dos fatores climáticos, tais como: velocidade
do ar, temperatura de bulbo seco e umidade relativa do ar na sensação
térmica humana.

O índice de temperatura efetiva será a temperatura que irá produzir uma


sensação semelhante a uma temperatura medida a uma umidade relativa do
ar de 100 % (ar saturado) e parado (IIDA, 2005). Com base nesta definição,
podemos entender que um índice de temperatura efetiva de 20°C, é aquela
temperatura que vai medir 20°C a uma umidade relativa de 100 % com o
ar parado.

Aula 7 - Avaliação da exposição ocupacional ao calor e ao frio 187 e-Tec Brasil


Este índice é exigido pela Norma Regulamentadora n° 17 – Ergonomia, esta-
belecendo que nos locais de trabalho onde são executadas atividades que
exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,
laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,
dentre outros, são recomendadas as condições de conforto:

• Índice de temperatura efetiva entre 20°C (vinte) e 23°C (vinte e três graus
Celsius) e
• Velocidade do ar não superior a 0,75 m/s e
• Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.

Para estimar o índice de temperatura efetiva é necessário medir a temperatura


do ar ambiente (bulbo seco), medir a temperatura de bulbo úmido (ou, ter
somente a informação da umidade relativa do ar) e a velocidade do ar (vento),
inserindo-os no ábaco do índice de temperatura efetiva mostrada na Figura
7.3. Em seguida, se desenha uma reta entre os valores de temperatura (seco
e úmido) e na intersecção da reta com a curva da velocidade do ar cria-se um
ponto para verificação do índice de temperatura efetiva.

Figura 7.3: Ábaco do índice de temperatura efetiva para 1 (Clo)


Fonte: CTISM, adaptado de AUCILIEMS e SZOCOLAY, 2007

e-Tec Brasil 188 Higiene Ocupacional II

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