DOI: 10.5433/2236-6407.
2021v12n2p129
TESTE DE BENDER – SISTEMA DE
PONTUAÇÃO GRADUAL:
SCOPING REVIEW
Fernanda Otoni Recebido em: 26/03/2020
Universidade São Francisco, Campinas – SP 1ª revisão em: 28/06/2021
Adriana Satico Ferraz Aceito em: 08/08/2021
Universidade São Francisco, Campinas – SP
Fabian J. M. Rueda
Universidade São Francisco, Campinas – SP
RESUMO
O teste de Bender avalia a maturidade perceptomotora de crianças a partir da cópia
de desenhos. Atualmente no Brasil, o único sistema favorável para correção deste
teste é o Sistema de Pontuação Gradual/B-SPG, que considera os erros a partir das
distorções da forma. Devido à sua contribuição para a compreensão das
dificuldades nas habilidades perceptomotoras apresentadas pela criança e para a
elaboração/acompanhamento de intervenções, a presente revisão (scoping review)
apresenta um panorama acerca do B-SPG (2005-2020). Foram objeto de análise
quantitativa e qualitativa 35 artigos empíricos recuperados do Portal de Periódicos
CAPES, Redalyc e Google Scholar. Os resultados indicaram que o B-SPG possui um
acúmulo satisfatório de propriedades psicométricas; a sua aplicação em contexto
de pesquisa amplia as noções sobre o funcionamento da maturidade
perceptomora de crianças brasileiras e que este sistema de correção do Bender
também corrobora a prática de psicólogas atuantes nos campos da Psicologia e da
Educação.
Palavras-chave: maturidade perceptomotora; avaliação psicoeducacional infantil;
prática clínica; desenvolvimento cognitivo; intervenção.
ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM PSICOLOGIA 129
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B-SPG: SCOPING REVIEW
Otoni, Ferraz, & Rueda
BENDER TEST – GRADUAL SCORING
SYSTEM: SCOPING REVIEW
ABSTRACT
Bender test assesses the perceptomotor maturity of children from drawing
reproduction. Currently, in Brazil, the only favorable system for correcting this test
is the Gradual Scoring System/B-SPG, which considers errors distortions in drawing
reproduction. Due to contribution to the comprehension of the difficulties in the
perceptomotor skills presented by the child and the elaboration/follow-up of
interventions, this scoping review gives an overview of the B-SPG (2005-2020). It
was the object of quantitative and qualitative analysis 35 articles empirical
recovered from the CAPES Journal Portal, Redalyc, and Google Scholar. The results
indicated that B-SPG has a satisfactory accumulation of psychometric properties;
Its application in a research context expands the notions of the functioning of
Brazilian children's perceptive maturity and that B-SPG Bender correction system
also corroborates the practice of psychologists working in the field of Psychology
and Education.
Keywords: perceptomotor maturity; child psychoeducational assessment; clinical
practice; cognitive development; intervention.
TEST DE BENDER – SISTEMA DE
PUNTUACIÓN GRADUAL: SCOPING REVIEW
RESUMEN
La prueba de Bender evalúa la madurez perceptomotora de niños a través de las
copias de dibujos. Actualmente en Brasil, el único sistema disponible para la
corrección es el Sistema de Puntuación Gradual/B-SPG, que considera los errores
de distorsiones del dibujo. Debido su contribución para la comprensión de las
dificultades en la madurez perceptomotora presentada por niños y para la
elaboración/acompañamiento de intervenciones, esta revisión (scoping review)
presenta un panorama cerca del B-SPG (2005-2020). El analice cuantitativa y
cualitativa fue con 35 artículos empíricos recuperados en el Portal de Periódicos
CAPES, Redalyc y Google Scholar. Los resultados indicaran que el B-SPG tiene un
acumulo satisfactorio de propiedades psicométricas; su aplicación en contexto de
pesquisa amplia las nociones sobre el funcionamiento de la madurez
perceptomotora de niños brasileños y que este sistema de corrección también
corrobora la práctica de psicólogos actuantes en el campo de la Psicología y de la
Educación.
Palabras clave: madurez perceptomotora; evaluación psicoeducativa infantil;
práctica clínica; desarrollo cognitivo; intervención.
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B-SPG: SCOPING REVIEW
Otoni, Ferraz, & Rueda
INTRODUÇÃO
O teste Gestáltico Visomotor de Bender, ou teste de Bender como é comumente
conhecido, é utilizado para avaliar a maturidade perceptomotora de crianças no
âmbito da Psicologia Clínica e da Psicologia Escolar e Educacional (Bender, 1955;
Lima, Cunha & Suehiro, 2019; Keppeke & Schoen, 2018; Santos, Anache & Santana,
2015; Suehiro & Cardim, 2016). A maturidade perceptomotora abarca as
habilidades da criança de perceber e integrar os estímulos externos para expressá-
los em uma ação motora. Ao partir desta definição, o teste de Bender avalia a
maturidade perceptomotora por meio da reprodução manual de figuras
gestálticas. O modo como a criança executa as tarefas do teste de Bender permite
compreender como ela se orienta dentro de um determinado quadro de referência
e o seu modo de lidar com as relações espaciais (Bender, 1955; Koppitz, 1989; Sisto,
Noronha & Santos, 2006).
A pioneira em utilizar figuras gestálticas para analisar a percepção visual e a
coordenação motora foi a neuropsiquiatra pediátrica estadunidense Lauretta
Bender em 1955. O propósito da autora consistia em analisar apenas o refinamento
dos desenhos, a fim de compreender se os erros cometidos na sua reprodução
seriam provenientes de distúrbios cerebrais ou da imaturidade para reproduzir
corretamente aquilo que foi percebido (Bender, 1955; Sisto et al., 2006).
Ao longo dos anos, os resultados obtidos com as pesquisas que utilizaram o teste
de Bender demonstram a existência de relações entre a maturidade
perceptomotora com diversas habilidades cognitivas como, por exemplo, a
linguagem, os conceitos espaciais e temporais, a capacidade de organização, o
planejamento, a atenção, a memória e a coordenação motora (Bender, 1955;
Koppitz, 1989; Sisto et al., 2006). Os estudos que avaliaram crianças em idade
escolar por meio do teste de Bender têm demonstrado que a maturidade
perceptomotora, quando bem desenvolvida, associa-se positivamente com
medidas que avaliam a inteligência, funções executivas e memória (Carreras, Uriel
& Liporace, 2013; Otoni & Rueda, 2020); e com as habilidades ligadas ao
rendimento escolar, como é o caso da escrita, da compreensão de leitura (Otoni &
Rueda, 2019a; Soto & Cruz, 2018) e da matemática (Betancur, Miranda, Valdivia &
Santisteban, 2017). Ademais, parece existir uma associação positiva entre as
dificuldades na maturidade perceptomotora e de aprendizagem. Isto porque a
capacidade de reproduzir manualmente estímulos visuais está presente na
aquisição de novos conhecimentos e por ser uma habilidade primitiva que,
portanto, segue um caráter desenvolvimental cognitivo, sugerindo que conforme
a criança se desenvolve, melhor é a capacidade de percepção visual e integração
dos estímulos (Soto, 2014; Soto, Allen & Decker, 2016; Soto, Cruz & Medina, 2016).
Inicialmente, o teste de Bender detinha apenas um enfoque clínico e qualitativo,
visto que Bender (1955) não havia apresentado um método sistemático de
correção e avaliação das figuras. Este fato gerou diversas críticas ao teste, dentre
elas a falta de normatização para nortear a interpretação dos resultados, o que
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Otoni, Ferraz, & Rueda
poderia prejudicar a credibilidade da avaliação feita com o instrumento (Bandeira
& Hutz, 1994; Pinelli Junior & Pasquali, 1992; Sisto et al., 2006). Mediante essas
críticas, diversos pesquisadores elaboraram diferentes métodos de correção e
interpretação para as figuras do teste de Bender aplicados em crianças (foco
principal do presente estudo), descritos a seguir em ordem cronológica.
O sistema de correção de Clawson (1959), utilizou o teste de Bender como método
projetivo, o que permitida a análise de possíveis dificuldades emocionais da
criança. Por sua vez, Santucci e Galifret-Granjon (1968) elaboraram um sistema de
correção para o teste de Bender com o objetivo de diferenciar o nível de
desenvolvimento de crianças de seis a 14 anos. A partir deste sistema, era possível
identificar, além das falhas na organização perceptual e motora, outros aspectos
como as dificuldades de aprendizagem e as oligofrenias (ex. problemas de
interação com o mundo exterior) (Santucci & Galifret-Granjon, 1968).
Posteriormente, Santucci e Pêcheux (1981), criaram um sistema de correção para
discriminar as crianças que possuíam dificuldades de aprendizagem das crianças
com deficiência mental e, também, para detectar possíveis discordâncias entre o
nível mental e o nível de organização espacial. Mais adiante, o sistema de
pontuação proposto por Koppitz (1989) apresentava uma normatização de
correção, considerando além da maturidade perceptomotora, o caráter evolutivo
do teste, bem como a investigação de aspectos ligados ao desempenho escolar,
de cunho emocional e diagnósticos de lesão cerebral. Mais à frente, Brannigan e
Brunner (2002) elaboraram o Teste Gestáltico de Bender Modificado (TGBM),
centralizado na análise da representação global de cada desenho, com pontuação
variando de zero a cinco pontos, sendo sensível para captar as diferenças na
configuração gestáltica dos traçados. Já em 2006, foi proposto o teste Gestáltico
Visomotor de Bender - Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG) por Sisto et al.
(2006). Essa foi a primeira iniciativa de compor um sistema de correção para o teste
de Bender voltado para a realidade brasileira e configura-se o foco principal do
presente estudo de revisão.
O B-SPG foi pensado a partir de inúmeras críticas de pesquisadores brasileiros e
estrangeiros direcionadas ao método de pontuação de Koppitz. A exemplo disto,
se destaca a falta de evidências de validade deste sistema de pontuação para a
predição do rendimento escolar, suas limitações para a elaboração de diagnósticos
neuropsicológicos, a identificação de divergências entre a captação da faixa etária
de cada criança, diferenças entre os sexos e a inapropriação para administração em
crianças de 10 anos, o que se configura em ausência de evidência de validade de
critério concorrente (La Puente & Maciel Junior, 1984; Pinelli & Pasquali, 1992;
Ungaretti & Bonamigo, 1985). No Brasil, além de encontrarem fragilidades em
relação aos critérios de correção propostos pela autora (Sisto, Noronha & Santos,
2004), o sistema de Koppitz não apresentou evidências de validade preditiva para
as dificuldades de aprendizagem (Bartholomeu, Rueda & Sisto, 2005) e de critério
concorrente na diferenciação do desempenho em razão da idade (Sisto, Santos &
Noronha, 2004).
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Apoiados nas considerações supracitadas e nos pressupostos de Bender (1955),
Sisto et al. (2006) criaram um sistema de pontuação direcionado para crianças. Este
sistema apresentava novas normas para a aplicação individual e coletiva do teste
de Bender, e manteve o caráter evolutivo da maturidade perceptomotora. O B-SPG
compreende a maturidade perceptomotora por meio de padrões de diferentes
graus de complexidade e princípios de organização. Neste sistema de pontuação,
o teste de Bender se constitui de nove figuras. A pontuação é gradual, variando de
zero a três pontos – pontuação máxima de 21 pontos. O B-SPG considera somente
os erros de distorção da forma, assim, quanto maior a pontuação, menor é a
precisão na reprodução dos aspectos estruturais da figura (Sisto et al., 2006).
A proposta de normatização do B-SPG foi feita por Sisto et al. (2006), a partir de
uma amostra de 1052 crianças matriculadas entre a pré-escola e a 4ª série (atual
1º e 5º ano) do Ensino Fundamental I que responderam o teste de Bender em
aplicações coletivas. Com base no modelo Rasch, as autoras do estudo
identificaram até três níveis de distorção em cada uma das figuras do teste e uma
sequência hierárquica do nível de dificuldade de reprodução, a saber, alto nível de
dificuldade, Figuras 2, 4 e 3; nível médio, Figuras 1, 6, 7a e 7b; e baixo nível de
dificuldade, Figuras A, 5 e 8. Atualmente, o B-SPG é o único sistema de correção e
interpretação para o teste de Bender com parecer favorável pelo Sistema de
Avaliação de Testes Psicológicos (Conselho Federal de Psicologia, 2001, 2003) no
Brasil para fins diagnósticos.
Ao focalizar a utilização do B-SPG por profissionais da Psicologia, sobretudo na
clínica e nas escolas, é de extrema importância que este sistema de correção
detenha propriedades psicométricas adequadas e compatíveis com as
especificidades do público-alvo avaliado e ao contexto que será aplicado. Nesse
sentido, aponta-se para as estimativas de fidedignidade, com a finalidade de
garantir a acurácia deste sistema, e a apresentação de evidências de validade,
imprescindíveis para a sustentação das interpretações dos resultados obtidos com
o teste de Bender (Americam Educational Research Association [AERA], American
Psychological Association [APA] & National Conuncilon Measurement in Education
[NCME], 2014). Mediante esses pré-requisitos, a presente revisão teve por objetivo
verificar a qualidade psicométrica do teste de Bender por meio da produção
científica com o B-SPG, com ênfase para as estimativas de fidedignidade e as
evidências de validade apresentadas. O presente estudo de revisão parte da
concepção de que os instrumentos destinados à avaliação de construtos
psicológicos são importantes ferramentas para informar o nível de desempenho
do sujeito avaliado (nesse caso crianças em idade escolar) e na elaboração, revisão
e acompanhamento de intervenções com o intuito de estimular/desenvolver a
maturidade perceptomotora. Destarte, focalizar o sistema de correção e pontuação
de um instrumento amplamente utilizado, como é o caso do teste de Bender,
contribui tanto para a ampliação e atualização do conhecimento científico a
respeito do que tem sido produzido, como para divulgar os potenciais benefícios
da sua aplicação, uma vez que o psicólogo terá acesso aos contextos e casos em
que o B-SPG tem sido mais relevante.
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B-SPG: SCOPING REVIEW
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MÉTODO
O presente estudo de revisão enquadra-se na modalidade do scoping review. Este
tipo de revisão pressupõe a apresentação de um panorama geral sobre a produção
científica acerca de um determinado assunto. O scoping review pode ser replicado,
por apresentar, por exemplo, aspectos metodológicos relativos à divulgação da
estratégia de busca utilizada, os critérios de elegibilidade, a seleção e os
procedimentos de coleta das informações dos estudos recuperados (Grant &
Booth, 2009).
ESTRATÉGIAS DE BUSCA
As buscas dos estudos foram realizadas no Portal de Periódicos CAPES, na Red de
Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc) e no
Google Scholar. Como o objetivo da presente revisão era abarcar apenas as
pesquisas com o B-SPG, primeiramente realizou-se uma consulta prévia de estudos
sobre o uso do teste de Bender e, por conseguinte, delimitou-se para a execução
das buscas o período de janeiro de 2005 (ano anterior de publicação do manual
do B-SPG) a maio de 2021. As palavras-chave utilizadas na recuperação dos
estudos foram “teste de Bender” AND “Bender – Sistema de Pontuação Gradual”
OR “B-SPG” e suas respectivas versões para o inglês e o espanhol.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DOS ESTUDOS
Os critérios de inclusão dos estudos recuperados pressupunham a correção e
pontuação do teste de Bender por meio do B-SPG; a avaliação da maturidade
perceptomotora centralizada nos aspectos cognitivos; pesquisas empíricas e
revisadas por pares. Em vias de atender esses critérios de elegibilidade, foram
excluídas as pesquisas que aplicaram somente outro sistema de
correção/pontuação para o teste de Bender; estudos com o propósito de avaliar
aspectos socioemocionais a partir da avaliação da maturidade perceptomotora;
artigos teóricos e de revisão; trabalhos de monografia; dissertação de mestrado e
tese de doutorado.
SELEÇÃO E PROCESSO DE COLETA DE DADOS
Após a recuperação dos artigos, foram lidos os seus respectivos títulos e resumos.
A partir desta leitura prévia foram excluídos os artigos que não atendiam os
critérios de elegibilidade. Os artigos que permaneceram foram lidos na íntegra
para verificar se faziam parte do escopo. Posteriormente, foram extraídas as
informações dos artigos que se enquadraram no escopo da revisão, com base nos
seguintes descritores: autoria, ano, características da amostra - quantidade, sexo,
idade, país de origem, escolaridade, tipo de escola (pública ou privada), os objetivo
de cada estudo, as propriedades psicométricas investigadas com o B-SPG, demais
instrumentos relacionados ao teste de Bender-SPG, os avanços científicos sobre a
maturidade perceptomotora obtidos com esses estudos, questões a serem
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investigadas em futuros estudos com o B-SPG e, por fim, a contribuição deste
instrumento/sistema de correção para a prática do profissional da Psicologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio das buscas foram recuperados 794 estudos. Dentre eles, 759 estudos
foram removidos por serem duplicados e/ou por estarem fora do escopo da
presente revisão. Ao final, permaneceram 35 artigos (Figura 1), que foram avaliados
por meio de análises de frequência e qualitativa.
Figura 1. Fluxograma dos artigos encontrados nos bancos de dados.
Para atender os objetivos propostos, primeiramente, os estudos recuperados pela
estratégia de busca foram organizados em uma tabela considerando as
características da amostra (Tabela 1). Em seguida, elaborou-se três tópicos
temáticos para discutir as propriedades psicométricas dos estudos realizados com
o B-SPG; os avanços científicos e futuras pesquisas; e o uso do instrumento na
prática profissional da Psicologia.
Os resultados indicaram que as publicações com o B-SPG datam o período de 2005
a 2020, sendo os anos de 2008 (n = 5; 15%) e 2016 (n = 4; 13%) com maior
predominância de artigos. Apenas o ano de 2009 não apresentou estudos com o
sistema de correção do teste de Bender. O tamanho amostral variou de 20 a 1.148
ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM PSICOLOGIA 135
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B-SPG: SCOPING REVIEW
Otoni, Ferraz, & Rueda
participantes, com idades entre seis a 30 anos de idade, e escolaridade entre o
primeiro ao nono ano, de escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental.
Observou-se que em grande parte das pesquisas, as crianças apresentavam
desenvolvimento típico, no entanto, alguns estudos relataram usar parte da
amostra com crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem (ex.
dislexia), diagnóstico de Síndrome de Down, transtorno do desenvolvimento
intelectual e não abrigadas. Além disso, foram realizadas pesquisas com crianças
peruanas e de oito estados brasileiros, que contemplam as regiões do Sudeste,
Nordeste, Centro-Oeste e Sul. Os resultados que descrevem as características dos
estudos e das amostras avaliadas podem ser visualizados na Tabela 1.
Tabela 1.
Características descritivas da amostra e dos estudos.
Autoria/Ano Ano N amostral Sexo Idade
134 meninas
Suehiro e Santos 2005 287 7 e 10
153 meninos
Noronha e 18 meninas
2006 85 6 e 10
Mattos 67 meninos
114 meninas
Suehiro e Santos 2006 237 8e9
123meninos
Noronha, Santos 527 meninas
2007 1052 6 e 10
e Sisto 525 meninos
4 meninas
Santos e Jorge 2007 20 disléxicos 9 e 16
16 meninos
Suehiro, Rueda e 128 - 64 60 meninas
2007 7 e 10
Silva abrigadas 68 meninos
Bartholomeu e 122 meninas
2008 244 7 e 10
Sisto 122 meninos
Pacanaro, Santos 51 - Síndrome 26 meninas
2008 6 e 24
e Suehiro de Down 25 meninos
Rueda, Suehiro e 38 meninas
2008 80 6 e 11
Silva 42 meninos
Sisto,
Bartholomeu, 117 meninas
2008 239 7 e 10
Rueda, Santos e 122 meninos
Noronha
Vendemiatto, 22 meninas
2008 41 13 e 17
Santos e Suehiro 19 meninos
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Otoni, Ferraz, & Rueda
Lima, Cunha, 80 meninas
2010 148 7 e 13
Santos e Mognon 68 meninos
143 meninas
Pinto e Noronha 2010 298 6 e 10
155 meninos
Sisto, Santos e 539 meninas
2010 1052 6 e 10
Noronha 513 meninos
19 meninas
Soto 2011 32 5e6
12 meninos
Bartholomeu, 57 meninas
Cecato, Montiel, 2012 112 7e9
55 meninos
Machado e Sisto
Carvalho, 144 meninas
Noronha, Pinto e 2012 297 7 e 10
153 meninos
Luca
Rueda, Santos, 311 meninas
Noronha e 2012 1134 8 e 10
823 meninos
Segovia
397 157mulheres
Noronha, Santos
2013 deficientes 6 e 24
e Rueda 240 homens
intelectuais
Noronha, Rueda 255 meninas
2013 511 6 e 10
e Santos 256 meninos
193 meninas
Pinto e Noronha 2013 361 6 e 10
168 meninos
Santos, Noronha, 105 meninas
2014 231 6 e 10
Rueda e Segovia 126 meninos
Noronha, Rueda 563 meninas
2015 1148 6 e 10
e Santos 585 meninos
Suehiro, Santos e 93 meninas
2015 199 7 e 10
Rueda 106 meninos
Batista e 48 meninas
2016 98 9 e 10
Gonçalves 50 meninos
50 meninas
Oliveira et al. 2016 83 7 e 10
33 meninos
Rueda, Sousa, 405 meninas
Santos e 2016 787 6 e 10
382 meninos
Noronha
Suehiro e Cardim 2016 388 202 meninas 7 e 10
ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM PSICOLOGIA 137
Londrina, v. 12, n. 2, p. 129-150, ago. 2021
B-SPG: SCOPING REVIEW
Otoni, Ferraz, & Rueda
186 meninos
196 meninas
Sousa e Rueda 2017 320 6 e 10
124 meninos
Silva, Oliveira e 9 meninas
2017 24 7e9
Ciasca 15 meninos
meninas
Valderas et al. 2017 108 6 e 11
meninos
209 meninas
Rueda e Jesuíno 2018 401 7 e 30
192 meninos
179 meninas
Otoni e Rueda 2019a 333 6 e 10
154 meninos
365 meninas
Otoni e Rueda 2019b 693 6 e 10
328 meninos
365 meninas
Otoni e Rueda 2020 693 6 e 10
328 meninos
ESTUDOS PSICOMÉTRICOS REALIZADOS COM O B-SPG
Parte dos estudos que buscaram por evidências de validade com base na estrutura
interna compararam o método de correção do B-SPG com o Sistema de Koppitz
(Noronha & Mattos, 2006), o Sistema de Classificação Global (Soto, 2011) e com o
Método Qualitativo de Bender (Valderas et al., 2017). Com o objetivo de verificar
se os escores obtidos a partir do B-SPG poderiam apresentar diferenças na
interpretação dos resultados, a depender do método de correção utilizado,
Noronha e Mattos (2006) realizaram a análise de correlação r de Pearson e
encontraram resultados significativos, cujos índices variaram de r = 0,69 a r = 0,78
e a magnitude foi de moderada a forte. Tendo em vista que todos os sistemas de
correção mantêm o caráter evolutivo da maturidade perceptomotora, estes
estudos ainda consideraram as idades dos participantes, além das correlações se
manterem significativas, apresentaram magnitude moderada (r = 0,50 a r = 0,61).
Rueda et al. (2008) buscaram por evidências de validade com base na estrutura
interna por meio da concordância entre avaliadores, no qual as correlações
estatisticamente significativas apresentaram uma magnitude forte (r = 0,70 a r =
0,92), tanto no teste como no re-teste. Os autores sugerem que os critérios de
correção para cada uma das figuras do teste de Bender no sistema de pontuação
gradual é claro e preciso, contribuindo para que a subjetividade do avaliador não
interfira no escore da criança no teste.
Ainda com base na estrutura interna, o B-SPG conta com estudos que utilizaram
análises estatísticas mais robustas como a de Funcionamento Diferencial de Item
(DIF) e a Análise Fatorial Exploratória (AFE). Com o propósito de verificar a
ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM PSICOLOGIA 138
Londrina, v. 12, n. 2, p. 129-150, ago. 2021
B-SPG: SCOPING REVIEW
Otoni, Ferraz, & Rueda
possibilidade de obter uma versão de rastreio da maturidade perceptomotora com
um menor número de figuras, Rueda et al. (2016) realizaram uma AFE. O resultado
indicou que as figuras 3, 4 e 7, são capazes de explicar aproximadamente 80% da
maturidade perceptomora. Além disso, os autores selecionaram figuras que
seguem os diferentes princípios da Gestalt, a saber, a proximidade, o fechamento
e a integração, o que possibilita verificar os diferentes erros de distorção cometidos
pelas crianças.
A análise de DIF, por sua vez, foi utilizada para verificar se alguma figura do B-SPG
poderia favorecer o desempenho de meninas ou meninos (Sisto et al., 2010); ou de
crianças brasileiras e peruanas (Santos et al., 2014); ou ainda, de pessoas com o
desenvolvimento típico daquelas com diagnóstico diferencial (Rueda & Jesuíno,
2018). Os resultados indicaram que a Figura 5 e a Figura 6 favorecem o
desempenho em razão do sexo, sendo a primeira mais difícil para os meninos e a
segunda mais fácil para as meninas. Já a Figura 1 e a Figura 4 apresentam
diferenças quando considerada a nacionalidade das crianças, sendo esta última
mais fácil para as crianças peruanas acertarem enquanto as crianças brasileiras têm
maior facilidade na reprodução da Figura 1. Sisto et al. (2010) e Santos et al. (2014)
consideraram que as figuras se sobrepõem em níveis de dificuldade, não sendo
necessária a elaboração de tabelas normativas separadas. Rueda e Jesuíno (2018)
verificaram que crianças sem comprometimento intelectual têm maior facilidade
na reprodução da Figura 6, enquanto o outro grupo é mais favorecido pela Figura
1 e a Figura 2. Esses resultados sugerem que crianças com desenvolvimento atípico
frequentam escolas que atendem demandas específicas, ligadas às necessidades
especiais, e por isso, podem ser mais estimuladas em relação a percepção visual e
a coordenação motora. Todavia, esses achados alertam sobre o cuidado para a
produção de estudos que investiguem além do DIF em diferentes grupos, quais
são as possíveis intervenções que podem ser feitas para favorecer as atividades
que envolvem a maturidade perceptomotora.
Por reconhecer que o teste de Bender pressupõe o caráter desenvolvimental da
maturidade perceptomotora, diversos estudos tiveram o intuito de verificar se o B-
SPG é um sistema de correção capaz de diferenciar o desempenho das crianças em
função do avanço da idade e da escolaridade (Noronha et al., 2007; Pinto &
Noronha, 2010, 2013; Suehiro & Cardim, 2016; Suehiro & Santos, 2006). Por meio
de análises de variância (Anova) observou-se que havia diferenças estatisticamente
significativas (p < 0,005) entre e dentre os grupos, nas provas post hoc de Tukey,
além de indicar quais os grupos que se diferenciaram, demonstrando que
conforme o avanço da idade e dos anos escolares, menores são os erros de
distorção de forma cometidos pelas crianças na reprodução das figuras do Bender.
Pondera-se que os estudos que foram feitos com adolescentes e jovens adultos
não apresentaram resultados tão favoráveis que diferenciassem as idades e a
escolaridade dos participantes (Lima et al., 2010; Pacanaro et al., 2008; Vendemiatto
et al., 2008). Os estudos que buscaram verificar possíveis diferenças na maturidade
perceptomotora em razão do tipo de escola, particular ou pública, não
encontraram resultados estatisticamente significativos.
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Otoni, Ferraz, & Rueda
Em relação às diferenças de média de desempenho em razão do sexo, foram
realizadas investigações apenas utilizando a análise do teste t de Student, no qual
não foi possível chegar a uma conclusão se um determinado grupo de crianças
tende a se sair melhor do que o outro (Batista & Gonçalves, 2016; Pinto & Noronha,
2010; Suehiro & Cardin, 2016). A partir das mesmas análises, Rueda et al. (2012)
utilizaram a amostra normativa do manual do B-SPG com crianças peruanas e não
encontraram diferenças de médias estatisticamente significativa entre os grupos.
Em outro estudo semelhante com crianças mineiras e paraibanas, Noronha et al.
(2015) também não encontraram estas diferenças entre os grupos. Noronha et al.
(2013), por sua vez, aplicaram a análise de variância (Anova) e não encontraram
diferenças estatisticamente significativas entre crianças do estado de Minas Gerais,
da Paraíba, do Piauí e de São Paulo. Estes resultados sugerem que o contexto
regional/cultural tende a não interferir em relação à maturidade perceptomotora
infantil, no entanto, aponta-se para a necessidade de desenvolver novos estudos
com outros estados que ainda não foram contemplados.
Evidências de validade na relação com critério também foram feitas com crianças
que apresentavam dificuldades de aprendizagem (Suehiro & Santos, 2005), queixas
de rendimento escolar (Silva et al., 2017) e baixo desempenho cognitivo
(Bartholomeu et al., 2012). De modo geral, evidenciou-se que esses grupos
apresentaram uma tendência em terem maiores distorções da reprodução das
figuras do teste. Além disso, Santos e Jorge (2007) observaram que o B-SPG é um
instrumento capaz de diferenciar o desempenho em crianças disléxicas. Pacanaro
et al. (2008), por sua vez, verificaram que pessoas com Síndrome de Down tendem
a apresentar um déficit na maturidade perceptomotora. Outro estudo realizado
por Suehiro et al. (2017) foi verificar se mudanças ambientais poderiam influenciar
no desempenho de crianças abrigada e não abrigadas. Embora crianças que
moravam junto com os pais tenham apresentado menores erros de distorção na
reprodução das figuras do B-SPG, os resultados não apontaram para diferenças
estatisticamente significativas.
Ao considerar que a maturidade perceptomotora abarca habilidades cognitivas
subjacentes à inteligência, o B-SPG foi correlacionado com os testes Desenho da
Figura Humana-Escala Sisto (Bartholomeu & Sisto, 2008), as Matrizes Progressivas
Coloridas de Raven (Noronha et al., 2013; Sisto et al., 2008) e o Teste de Silver
(Batista & Gonçalves, 2016). A correlação (r de Pearson) entre esses instrumentos
foi estatisticamente significativa, negativa e de magnitude moderada, cujos
coeficientes variaram de r = -0,49 a r = -0,60, indicando que quanto menores são
os erros de distorção no B-SPG maiores são as chances de as crianças pontuarem
mais alto em testes de inteligência não verbal. Em outro estudo similar,
Vendemiatto et al. (2008) correlacionaram o B-SPG com o teste de inteligência não
verbal (R1-Forma B) e não encontraram resultados estatisticamente significativos,
entretanto, a amostra utilizada por esses autores foi de 13 a 17 anos. O fato de o
B-SPG ser um sistema criado para o público de seis a 10 anos de idade pode ter
contribuído para este resultado, sugerindo que o teste não é suficientemente
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Otoni, Ferraz, & Rueda
preciso para avaliar a maturidade perceptomotora de sujeitos que extrapolam essa
faixa etária.
Ainda sobre as evidências de validade baseadas nas variáveis externas, foram
analisadas as correlações entre o desempenho do B-SPG com as Figuras
Complexas de Rey (Oliveira et al., 2017) e a Bateria Psicológica para Avaliação da
Atenção – BPA (Sousa & Rueda, 2017). Os autores verificaram que quanto melhor
é a reprodução das figuras do Bender, maior é a tendência de pontuar mais alto
em tarefas que avaliam o planejamento, a memória de trabalho e a atenção.
Carvalho et al. (2012) e Suehiro et al. (2015) tiveram o objetivo de verificar o
desempenho no B-SPG com instrumentos que avaliam a compreensão de leitura e
escrita (Teste de Reconhecimento de Palavras), e somente a escrita (Escala de
Avaliação da Escrita [EAVE]). Os resultados apontaram para correlações
estatisticamente significativas, negativas e de magnitude moderada, indicando que
o desempenho em um instrumento interfere no desempenho do outro.
Finalmente, Lima et al. (2010) verificaram que existe uma correlação
estatisticamente significativa e de magnitude fraca entre a maturidade
perceptomotora e o uso de jogos eletrônicos.
De modo geral, os estudos realizados com o B-SPG apresentaram um número
considerável de evidências de validade, principalmente no que se refere à evidência
de validade baseada em medidas que avaliam construtos relacionados. Conjectura-
se que esses estudos contribuem para as inferências que são feitas a partir dos
escores das crianças no teste de Bender. Reconhece-se, também, que existem
outros tipos de evidências de validade e estimativas de fidedignidade a serem
investigados, que não foram contemplados nas pesquisas recuperadas e que
poderiam favorecer a cobertura e a acurácia do B-SPG nos diversos contextos de
avaliação psicológica. Dentre essas propriedades psicométricas, destaca-se a
continuidade de estudos voltados à análise da consistência interna do B-SPG, o
que permitiria verificar o quanto as figuras do teste de Bender estão livres de erros
a depender da amostra avaliada; pesquisas que verifiquem as evidências de
validade preditiva a fim de garantir que o B-SPG possa ser utilizado para predizer
possíveis dificuldades de aprendizagem em longo prazo; e o uso de amostras
clínicas, com crianças que apresentam diversos transtornos do desenvolvimento
global.
Ao discorrer sobre a continuidade dos estudos psicométricos com o B-SPG, é
preciso atentar-se para as estimativas de precisão ligadas as possíveis diferenças
entre os avaliadores. Como é pressuposto para qualquer instrumento, é
imprescindível que a psicóloga possua conhecimento sobre o teste de Bender
antes de utilizá-lo. Segundo Rueda et al. (2012), diferenças nos resultados com este
teste podem estar associadas ao nível de compreensão e da experiência da
profissional da Psicologia sobre o B-SPG. Todavia, Sousa e Rueda (2017)
reconhecem que existem disparidades, ainda que em grau reduzido, entre os
resultados obtidos com o teste de Bender, e que estas diferenças podem estar
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Otoni, Ferraz, & Rueda
associadas à subjetividade dos avaliadores, mesmo quando estes detêm prática
com o método de correção e interpretação com o B-SPG.
Sobre a versão de rastreio do Bender, Rueda et al. (2016) reconhecem a
necessidade de aplicar o seu conjunto de figuras isoladamente das demais figuras
que compõem a versão do teste na íntegra. A ideia também é buscar pelas
correlações existentes entre a versão de rastreio e outras variáveis e construtos
subjacentes ao desempenho escolar. Muito disso já foi feito nas pesquisas de Otoni
e Rueda (2020, 2019b) que verificaram que o desempenho na versão de rastreio
do B-SPG tende a influenciar em tarefas que dependem da inteligência, do
planejamento e da memória, além de ser capaz de diferenciar o desempenho das
crianças em razão da idade, mantendo o caráter maturacional da versão original
do B-SPG. Ademais, os autores correlacionaram o instrumento com as notas
escolares de crianças matriculadas no Ensino Fundamental I, observando que
quanto maior a maturidade perceptomotora melhor é o desempenho nas
disciplinas de português e matemática (Rueda & Otoni, 2019a).
AVANÇOS CIENTÍFICOS E TÓPICOS PARA A AGENDA DE
FUTURAS PESQUISAS COM O B-SPG
No tocante aos avanços na compreensão do funcionamento da maturidade
perceptomotora em amostras brasileiras, destaca-se que níveis elevados desta
habilidade estão associados às funções executivas, nomeadamente a percepção
visual, a organização visual-espacial e a memória de trabalho (Oliveira et al., 2016).
Outra característica da maturidade perceptomotora observada por Sousa e Rueda
(2017) é a constante alteração do foco de atenção da criança entre a imagem
observada e a cópia do desenho, fazendo com que as tarefas do teste de Bender
estejam mais associadas à atenção alternada do que com a atenção concentrada.
As limitações identificadas na presente revisão também trazem diversas questões
a serem melhor investigadas em futuras pesquisas com o B-SPG. Nesta perspectiva,
conjectura-se a análise de uma provável interferência das habilidades artísticas da
criança no nível do seu desempenho em maturidade perceptomotora. Isso porque
esta característica pode impactar no bom desempenho da criança no teste, por
minimizar as distorções na cópia dos desenhos independente do grau de
maturidade perceptomotora (Bartholomeu et al., 2012; Bartholomeu & Sisto, 2008).
Sobre a ampliação das amostras de estudo, sugere-se a comparação de alunos de
escolas públicas e particulares a fim de conhecer o funcionamento da maturidade
perceptomotora a partir de diferentes realidades/práticas pedagógicas e
socioeconômicas, bem como a incidência de defasagem escolar (Suehiro & Cardim,
2016). É indicada a continuidade de estudos que explorem a presença de diferenças
no B-SPG quanto ao sexo, já que as pesquisas que abordaram esta variável têm
identificado resultados heterogêneos (Pinto & Noronha, 2010; Suehiro & Cardim,
2016). Outro aspecto refere-se à verificação de possíveis diferenças socioculturais
de crianças no teste de Bender ao considerar amostras de crianças abrigadas e
não-abrigadas de uma mesma localidade, assim como de crianças e adolescentes
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Otoni, Ferraz, & Rueda
em situação de risco (Suehiro et al., 2007; Vendemiatto et al., 2008). Uma vez que
o B-SPG é capaz de diferenciar a maturidade perceptomotora em razão da idade,
é proposta a investigação do nível de dificuldade das figuras do teste de Bender
em razão desta variável, assim como a análise do limiar e das especificidades de
cada grupo formado pelas faixas etárias e suas respectivas etapas
desenvolvimentais (Noronha et al., 2007; Pinto & Noronha, 2010, 2013).
Ainda é pouco explorado no Brasil estudos que abordam o desenvolvimento
cognitivo de amostras atípicas a partir da maturidade perceptomotora (ex. sujeitos
com deficiências físicas e intelectuais). É essencial em pesquisas dessa natureza, o
cuidado com os aspectos metodológicos e éticos na sua condução para que não
sejam cometidas injustiças com os sujeitos avaliados. Esses procedimentos
englobam desde a seleção dos participantes, o tratamento dos dados, até a
divulgação dos resultados. É primordial obter informações diagnósticas prévias
que sejam fidedignas para a composição de amostras atípicas. Esses dados servem
tanto para nortear os critérios de inclusão e exclusão como para verificar a
prevalência de diferenças intergrupos (Rueda & Jesuíno, 2018; Sousa & Rueda,
2017). Essas precauções se somam à recomendação de Santos e Jorge (2007) sobre
o tipo de aplicação do teste de Bender - individual ou coletiva. Estas autoras
alertam para a possibilidade de existência de diferentes níveis de
comprometimento no desenvolvimento nos grupos amostrais, o que podem
interferir na graduação do sistema de correção e interpretação do B-SPG,
tornando-o mais sensível às diferenças individuais.
No caso de sujeitos com deficiência intelectual, são necessários mais estudos para
verificar se a maturidade perceptomotora destas pessoas se assemelha, de fato,
com a de crianças de seis anos ou menos, em vias de adequar a normatização do
B-SPG. Essa medida traria como benefício a utilização dos resultados do teste de
Bender para a aplicação de intervenções em habilidade perceptomora com este
público (Noronha et al., 2013). Neste mesmo seguimento, sabe-se que a
maturidade perceptomotora de sujeitos com síndrome de Down tende a se
desenvolver de forma mais lenta, além disso, parece haver diferenças nesta
habilidade entre os sexos. À vista disto, recomenda-se a execução de estudos sobre
o funcionamento diferencial das figuras do teste de Bender para esta população
(Pacanaro et al., 2008). Outro modo de aperfeiçoar a medida para amostras de
sujeitos com deficiência intelectual é o uso de curvas de informação dos itens do
teste de Bender, com o propósito de melhorar as suas estimativas de precisão
(Rueda & Jesuíno, 2018).
Alguns estudos recuperados na presente revisão consideram pertinente explorar
as possíveis particularidades do desempenho no teste de Bender em face das
regiões brasileiras, pois os seus resultados ainda não convergem em um consenso
sobre a existência de diferenças na maturidade perceptomotora quando se
considera os aspectos regionais e culturais de cada localidade. A proposta de novas
pesquisas se sustenta na necessidade de elaboração de tabelas normativas
diferentes caso essas diferenças sejam identificadas (Noronha et al., 2013, 2015;
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Otoni, Ferraz, & Rueda
Sousa & Rueda, 2017). Este argumento também se aplica para outros países, como
é o caso do Peru, caso venham a utilizar o B-SPG em contexto que não seja o de
pesquisa (ex. para a formulação de diagnóstico clínico), o que implica na
necessidade de desenvolver estudos psicométricos que abarquem a realidade
contextual e do público-alvo o qual se destina (Rueda et al., 2012; Santos et al.,
2014; Soto, 2011).
Ao conjecturar sobre as relações existentes entre a maturidade perceptomotora e
a inteligência, Sisto et al. (2008) ponderam que a sua associação parece oscilar de
fortemente correlacionada à independência do desenvolvimento de ambos os
construtos, ainda que haja uma correlação entre eles. Desse modo, se faz
pertinente a continuação de estudos com o objetivo de aprofundar nas suas
relações, utilizando-se das várias perspectivas teóricas de inteligência e de
diferentes tipos de medidas para avaliá-la (Sisto et al., 2008; Sisto et al., 2018).
Outros aspectos a serem associados com a maturidade perceptomotora dizem
respeito à leitura, escrita, aos problemas neuropsicológicos, as situações adversas
de desenvolvimento infantil (Suehiro & Cardim, 2016) e o uso de jogos eletrônicos
(Lima et al., 2010). A este último também pode ser acrescida a utilização de
smartphones, dado que estes aparelhos estão presentes no cotidiano de grande
parte da população o qual se destina o teste de Bender.
O USO DO B-SPG NA PRÁTICA PROFISSIONAL EM
PSICOLOGIA
O teste de Bender, sobretudo no sistema de pontuação gradual, corrobora a
atuação da psicóloga na elaboração de diagnósticos clínicos e escolares por avaliar
uma importante habilidade do desenvolvimento cognitivo infantil, bem como por
ser um instrumento adequado à realidade das crianças e das escolas brasileiras
(Noronha et al., 2013; Suehiro & Santos, 2005). Conforme relatado ao longo da
presente revisão, este sistema de correção apresenta inúmeros estudos de suas
propriedades psicométricas (Valderas et al., 2017; Oliveira et al., 2016; Suehiro &
Cardim, 2016); possui baixos custos; pode ser aplicado coletivamente, por meio de
projeções das figuras, o que reduz o tempo de avaliação (Rueda & Jesuíno, 2018;
Suehiro & Santos, 2005); e dispõe de uma versão reduzida (de rastreio) que já
apresenta estudos que reportam os indícios de sua potencial contribuição para a
avaliação da maturidade perceptomotora (Rueda et al., 2016). Adicionalmente,
conforme já apontavam Suehiro e Santos (2006), responder o teste de Bender
também pode ser um atrativo para as crianças devido o seu caráter lúdico inerente
à tarefa de copiar desenhos.
Considera-se vantajoso, por exemplo, utilizar o B-SPG na composição da avaliação
cognitiva de sujeitos com alguma deficiência intelectual (ex. síndrome de Down),
devido a simplicidade, tanto das orientações durante a sua aplicação como daquilo
que é exigido em suas tarefas (Pacanaro et al., 2008). No contexto escolar, o teste
de Bender pode ser utilizado em caráter preventivo, para identificar possíveis
problemas de aprendizagem. No contexto clínico, conjectura-se que o uso da sua
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versão de rastreio pode otimizar o tempo das avaliações neuropsicológicas em
casos que, logo no início, se observa a ausência de comprometimentos graves
(Otoni & Rueda, 2019a; Rueda et al., 2016).
Os resultados obtidos com o B-SPG trazem informações importantes para a
psicóloga, uma vez que não considera apenas a presença ou ausência de erros nas
tarefas, mas, também, a graduação dos erros de distorção da forma, fornecendo
um panorama sobre o nível de comprometimento da maturidade perceptomotora
da criança (Pinto & Noronha, 2013; Santos & Jorge, 2005). Assim, o sistema de
pontuação gradual permite uma melhor interpretação acerca das dificuldades
apresentadas. Essa característica do B-SPG é de grande importância quando se
pensa na elaboração e no acompanhamento de intervenções feitas na clínica e/ou
na escola (Santos & Jorge, 2005; Suehiro & Santos, 2005).
Ao adentrar nas práticas interventivas, é recomendado o uso do teste de Bender
com sujeitos que possuem déficit intelectual e em casos que se identificam perdas
nas habilidades perceptomotoras e na atenção (Noronha et al., 2013; Sousa &
Rueda, 2017). Ademais, devido a maturidade perceptomotora apresentar grande
potencial para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, incentiva-se a
disponibilização de atividades na escola com a finalidade de desenvolvê-las
continuamente, acrescidas de outras habilidades, como as psicomotoras e
intelectuais (Oliveira et al., 2016; Otoni & Rueda, 2019b; Silva et al., 2017).
Indo mais além, é possível pensar na contribuição das pesquisas com o B-SPG para
a formulação de políticas públicas nas áreas da Saúde e da Educação, as quais
devem ser fundamentadas, dentre vários aspectos, em princípios científicos. A
partir disso, as ações promovidas por essas políticas públicas apresentam maiores
chances de permitirem à população as quais se destinam, meios de acesso a
diagnósticos adequados e confiáveis, assim como encaminhamentos condizentes
com a demanda apresentada. Esses cuidados pressupõem que a criança consiga
superar suas dificuldades mediante a oferta de oportunidades de se desenvolver
integralmente, considerando aqui os seus potenciais cognitivos (Vendemiatto et
al., 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos recuperados na presente revisão trazem importantes considerações
que ampliam o conhecimento acerca do funcionamento da maturidade
perceptomotora em amostras nacionais e estrangeiras de crianças em idade
escolar e sujeitos com funcionamento atípico e com dificuldades de aprendizagem.
Os bons índices psicométricos permitem inferir que o B-SPG é um instrumento
fidedigno e válido, sendo indicado para a prática da psicóloga nos âmbitos da
clínica e da escola. Todavia, aponta-se para a escassez de estudos de intervenção
com o B-SPG. Ao considerar que a maturidade perceptomotora é uma habilidade
inerente ao desenvolvimento humano, pesquisas com esse objetivo,
principalmente com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem
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Otoni, Ferraz, & Rueda
podem ampliar as possibilidades de uso do B-SPG com a finalidade de, por
exemplo, contribuir para minimizar e, até mesmo, impedir comprometimentos
intelectuais mais graves.
Nesse seguimento, sugere-se que em futuros estudos de revisão, sejam abordados
outros instrumentos que apresentam como proposta a avaliação de habilidades
cognitivas de crianças ainda no início da escolarização. Como exemplo pode-se
mencionar o Desenho da Figura Humana – Escala Sisto, as Matrizes Progressivas
Coloridas de Raven, a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC-IV e o
teste das Figuras Complexas de Rey. No que diz respeito ao presente estudo,
identifica-se a necessidade de incluir em estudos de revisão a parcela emocional
subjacente ao teste de Bender. Acredita-se que a maneira como a criança reproduz
as figuras do teste pode dar indícios de aspectos emocionais das crianças. A partir
de estudos que indiquem essa hipótese pode-se utilizar esses desenhos também
para fazer uma análise qualitativa desses aspectos.
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CONFLITOS DE INTERESSES
Declaramos que não há conflito de interesse de ordem pessoal, comercial, acadêmico, político e
financeiro entre as partes.
SOBRE OS AUTORES
Fernanda Otoni é Mestre e doutoranda em Psicologia, com área de concentração em Avaliação
Psicológica pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade São Francisco. Membro
do GT de Pesquisa em Avaliação Psicológica da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação
em Psicologia (ANPEPP). Atua, principalmente, em pesquisas psicométricas com construtos que
envolvem o desenvolvimento infantil e habilidades cognitivas.
E-mail:
[email protected] https://orcid.org/0000-0002-9347-7144
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Otoni, Ferraz, & Rueda
Adriana Satico Ferraz é Psicóloga e Mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco.
Atualmente é aluna de Doutorado em Psicologia pela mesma instituição. Membro do GT de Pesquisa
em Avaliação Psicológica da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
(ANPEPP). Atua em pesquisas na linha da Avaliação Psicológica e Educacional, sob os temas da
motivação e autorregulação para aprendizagem, habilidades linguísticas e metalinguísticas,
adaptação ao ensino superior e motivos para a evasão acadêmica.
E-mail: [email protected]
http://orcid.org/0000-0002-9856-0094
Fabián J. M. Rueda é Psicólogo e Doutor em Psicologia pela Universidade São Francisco (USF).
Atualmente, é professor na Universidade São Francisco (USF) e no Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Bolsista produtividade 1C
do CNPq.
E-mail: [email protected]
http://orcid.org/0000-0001-5173-0802
ESTUDOS INTERDISCIPLINARES EM PSICOLOGIA 150
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