Biologia - Teórico - VOLUME3
Biologia - Teórico - VOLUME3
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.
Herlan Fellini
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© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
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Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor-geral
Herlan Fellini
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Pedro Tadeu Vader Batista
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
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Imagens
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o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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SUMÁRIO
BIOLOGIA
ECOLOGIA
Aulas 17 e 18: Biomas 6
Aulas 19 e 20: Biomas aquáticos 25
Aulas 21 e 22: Ciclos biogeoquímicos 31
Aulas 23 e 24: Problemas ambientais 39
Aulas 25 e 26: Tipos de reprodução e ciclos de vida 61
ZOOLOGIA
Aulas 17 e 18: Moluscos 74
Aulas 19 e 20: Anelídeos 84
Aulas 21 e 22: Artrópodes e equinodermos 91
Aulas 23 e 24: Cordados I 104
Aulas 25 e 26: Cordados II 112
CITOLOGIA
Aulas 17 e 18: Meiose e variabilidade genética 130
Aulas 19 e 20: Gametogênese 139
Aulas 21 e 22: Histologia I 148
Aulas 23 e 24: Histologia II 163
Aulas 25 e 26: Respiração celular e fermentação 171
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Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
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ECOLOGIA:
Incidência do tema nas principais provas
Exige a interpretação de imagens, mapas Costuma trazer questões em que seja necessá- Costuma integrar conceitos de ecologia, como
e gráficos. Interações ecológicas e teias rio relacionar conceitos de ecologia com relações ecológicas e problemas ambientais, entre
alimentares são conceitos recorrentes dentro problemas ambientais atuais. si e com diferentes áreas da Biologia.
de ecologia.
Prova com poucas questões de ecologia, Questões que misturam diferentes áreas Problemas ambientais, relações ecológicas e Teias alimentares, relações ecológicas e pro-
sendo interação entre os seres vivos (teias da Biologia, com assuntos como sucessão conceitos básicos de ecologia (população, co- blemas ambientais são os principais assuntos.
alimentares e relações ecológicas) o tema ecológica, problemas ambientais e relações munidade, ecossistema) são muito presentes.
mais recorrente. ecológicas.
UFMG
Questões interdisciplinares que cobram Questões bastante específicas relacionadas Enfoque em conceitos básicos de ecologia,
conteúdos altamente específicos – costumam a teias alimentares e interações e pirâmides como dinâmica populacional, relações ecológi-
aparecer conceitos gerais de ecologia, assim ecológicas. cas e teias alimentares.
como pirâmides e relações ecológicas.
Prova com ênfase em problemas ambientais e Com perfil similar à Fuvest e questões bem Prova com foco em citologia e genética,
relações ecológicas. específicas, os temas mais frequentes são portanto, as poucas questões sobre ecologia
problemas ambientais e relações ecológicas. são concentradas em relações ecológicas e
problemas ambientais.
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AULAS BIOMAS
17 E 18
COMPETÊNCIA: 8 HABILIDADES: 28 e 30
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mas e habitats, mas, mesmo ocorrendo nessa variedade de ção dos polos? A Terra tem um formato elipsoidal com um
condições, essas espécies não ocorrem em ambientes aquá- achatamento nos polos. A atmosfera é contínua à superfí-
ticos, representados por 3/4 do planeta cobertos por água. cie terrestre, e a radiação solar atinge a superfície terrestre
atravessando a atmosfera, sempre fazendo um ângulo per-
Todos os táxons evoluíram e estão em constante evolução,
sempre afetados por eventos geológicos únicos, como os pendicular ao eixo longitudinal da Terra.
que ocorreram no passado, os que ocorrem atualmente e O ângulo de posição da Terra em relação ao Sol e o mo-
os que estão por ocorrer. Essa evolução determina a limi- vimento de translação da Terra são outros fatores a serem
tação a uma área de distribuição do táxon. Contudo, os considerados. A Terra está posicionada, ou seja, inclinada,
táxons são extremamente afetados pelas condições variá- formando um ângulo de 23,5° com o eixo perpendicular à
veis do ambiente físico. Por exemplo: táxons de ambientes sua órbita, e, devido ao seu movimento de translação, isso
terrestres, cujo padrão de distribuição é determinado pelo determina onde haverá maior ou menos calor em relação
clima e pelos diferentes tipos de solo; e os de ambiente à linha do equador. Esse aquecimento diferencial da su-
aquático, grandemente limitados pelas variações de tem- perfície da Terra, em diferentes ângulos, explica por que a
peratura, salinidade, luz e pressão atmosférica. temperatura média nos trópicos é maior do que nos polos
Nos diversos pontos terrestres, os biomas são influenciados e por que, usualmente, é mais quente ao meio-dia do que
diretamente pelo clima (condições de temperatura, umida- ao amanhecer ou ao entardecer.
de, etc.). O calor determinado pelas radiações solares é o
fator principal que caracteriza os diversos tipos de clima
terrestre. A análise dos aspectos que favoreceram a origem
da vida revela que a energia solar foi o fator desencadea-
dor das reações ocorridas. Com efeito, a energia solar man-
tém a vida na Terra, uma vez que, capturada pelas plantas
verdes, é convertida em outros tipos de energia, que são
utilizadas para o crescimento, manutenção e reprodução
de todos os seres vivos. O calor é transferido de um corpo
com maior temperatura para aquele com temperatura me-
nor através dos seguintes princípios:
condução − transferência direta de molécula a molé- Como a inclinação do eixo polar é fixa, durante o movi-
cula, sendo mais rápida na matéria sólida; mento de translação, a energia solar atinge mais ora um
hemisfério, ora outro, resultando nos ciclos de estações
convecção − movimento circular com o deslocamen-
climáticas. Quando a radiação incide perpendicular à linha
to das massas quentes (líquidas ou gasosas), menos
densas, para cima, gerando um local ocupado em baixo do equador, ou seja, 0°, e forma um ângulo de 90° com a
por massas frias, mais densas; refração, tem-se o equinócio (20 ou 21 de março e 22 ou
23 de setembro − início da primavera e do outono). Quan-
radiação − a passagem de ondas através do espaço do a incidência ocorre nas linhas dos Trópicos de Câncer ou
ou matéria. Capricórnio, tem-se, respectivamente, o solstício Norte e
O Sol emite calor por meio de radiações que chegam à Terra. Sul (21 ou 22 de junho e 21 ou 22 de dezembro − início
Ao encontrar matéria, como água ou solo, essas radiações do verão ou do inverno).
são absorvidas e a matéria é aquecida. Esse aquecimento, Devido ao movimento de translação e ao eixo de rotação da
por sua vez, não é uniforme, sendo diferenciado de acordo Terra, a luz solar incide na faixa do dia mais ao sul no hemis-
com a estrutura da matéria. Existem rochas, solos e plantas fério Norte e ao norte no hemisfério Sul. Por isso, pode-se
que absorvem maior quantidade de calor. A água também dizer que uma árvore localizada ao sul da linha do Equador
absorve radiação, mas o aquecimento não fica confinado
receberá mais luz na sua face norte do que na sua face sul. O
apenas à camada superficial, como ocorre nos sólidos.
oposto ocorre no hemisfério Norte.
Parte desse calor é absorvida pelo ar, principalmente onde
As diferentes durações de dias e noites também caracteri-
o ar é mais mais denso e particularmente se ele contém
zam as estações climáticas. Apenas no equador existe um
partículas suspensas de água ou poeira (nuvens). Embora o
fotoperíodo de 12 horas nas 24 horas do dia. Nos equi-
ar seja aquecido pela radiação solar, o maior aquecimento
nócios do outono e da primavera, os raios de sol atingem
ocorre na superfície da Terra.
perpendicularmente o equador, as latitudes equatoriais são
Entretanto, por que quanto maiores as latitudes, menor é o aquecidas mais intensamente, e, em cada lugar da Terra, a
calor? Ou seja, por que as temperaturas diminuem na dire- duração do dia é a mesma.
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No solstício de verão (22 de dezembro), a maior quantida- que foi aquecido e se elevou fica mais frio adiabaticamente,
de de radiação solar atinge diretamente o Trópico de Capri- sendo puxado de volta à superfície, a cerca de 30° latitude
córnio (23,5° de latitude Sul), e o hemisfério Sul é aquecido Norte e Sul. Essa circulação vertical da atmosfera resulta de
mais intensamente com dias mais longos e maiores foto- três áreas na superfície terrestre, com o ar ascendendo no
períodos, enquanto no hemisfério Norte será inverno. Por equador a cerca de 60° de latitude Norte e Sul e descendo
outro lado, quando o Sol está perpendicular ao Trópico de a 30° nos polos. Essas massas de circulação de ar produ-
Câncer (23,5° de latitude Norte), é verão (22 de junho − zem ventos de superfície que sopram para o equador entre
solstício Norte), enquanto o hemisfério Sul está no inverno, 30° e 0° e para os polos entre 30° e 60°.
com temperaturas mais baixas e noites mais longas.
A sazonalidade do clima aumenta com o aumento de la-
titude. Nos círculos árticos e antárticos (66,5° de latitude),
existe um dia em cada ano com contínua luz solar (o Sol
nunca se põe) durante o verão e um dia de contínua escu-
ridão (inverno), marcados pelos respectivos solstícios.
Equinócio − ponto da órbita da Terra em que se re-
gistra uma igual duração do dia e da noite (hemisfério
Sul = 20 ou 21 de março, equinócio do outono, e 22
ou 23 de setembro, equinócio da primavera).
Solstício − época em que o Sol passa pela sua maior
inclinação boreal ou austral (hemisfério Sul = 21 ou 22 de Entretanto, essas células de ventos, influenciadas pelo
junho na maior inclinação boreal, e nos dias 21 ou 22 de aquecimento solar, deslocam-se no sentido da direita, em
dezembro na maior inclinação austral). razão da rotação da Terra. Entenda melhor o processo:
Esse processo mostra as variações de temperatura sazonais e a) o sentido de rotação é de oeste para leste, sentido
latitudinais, mas deixa de explicar por que o ar fica mais frio anti-horário; assim, as massas de ar e água circu-
quando em grandes altitudes. O monte Kilimanjaro, na Áfri- lam para a direita na superfície da Terra;
ca tropical, por exemplo, tem seu pico eternamente coberto b) ao descer nas latitudes 30°, o ar sopra em direção
com neve e gelo. Por que os picos das montanhas são mais ao equador (alísios), sentido horário no hemisfério
frios do que as regiões mais baixas? Eles não estão mais Norte e anti-horário no hemisfério Sul, provocan-
próximos do Sol? do precipitações nas zonas tropicais e equatoriais;
A resposta está nas propriedades termais do ar. A densida- c) na latitude 30°, a descida de ar frio, proveniente
de e a pressão do ar diminuem com o aumento da altitude. das latitudes 0° e 60°, retira a umidade levando
Quando o ar na superfície do nível do mar é forçado para pela superfície para 0º e 60º os ventos alísios e oes-
as altas elevações, ocorre uma expansão em resposta à te, respectivamente;
menor pressão atmosférica. Nessa expansão, o ar se torna
d) nas latitudes 20°, devido à descida de ar frio, re-
mais frio (esse processo é denominado esfriamento adia-
tirando a umidade, ocorre a aridez nas regiões aí
bático). A média de esfriamento do ar seco é de cerca de
localizadas (deserto do Atacama, deserto da Pata-
10 °C para cada mil metros de elevação, e, na presença de
gônia, deserto de Sonora, deserto de Kalaari, deser-
vapor-d’água, a média de esfriamento é de 6 ºC.
to do Saara, deserto do Oriente Médio, deserto do
Esse aquecimento diferencial da superfície da Terra causa Centro-Oeste da Austrália);
também os ventos que contêm calor e umidade e determi-
e) a movimentação de água (oceano) comporta-se da
na as áreas de precipitações. Como foi visto anteriormente,
mesma maneira, provocando a chegada de águas
o maior aquecimento ocorre no equador, especialmente no
quentes na costa leste dos continentes e águas
equinócio, quando o Sol está perpendicular à superfície. O
frias na costa oeste.
ar tropical é aquecido e se expande, torna-se mais leve do
que o ar dos arredores e se eleva. Essa elevação produz Os ventos também influenciam as grandes correntes
uma área de menor pressão atmosférica sobre o equador. marinhas, no sentido anti-horário no hemisfério Sul e no
O ar mais denso ao sul e ao norte do equador flui para essa sentido horário no hemisfério Norte. Nos litorais oeste dos
região de baixa pressão, resultando em ventos soprando continentes (leste dos oceanos), ocorre uma ressurgência
para a região do equador. Enquanto isso, o ar equatorial de grande escala.
8
2.1.1. Ressurgência novo solo é formado a partir de rochas nuas é longo e
complicado. Envolve a quebra do material inicial, a co-
O processo pelo qual a água fria de profundidade sobe à lonização por plantas simples e formas microbiais e uma
superfície, trazendo nutrientes e muitos organismos, como o gradual construção e mistura de materiais inorgânicos
fitoplâncton, é denominado ressurgência. Esse fenômeno com a matéria orgânica em decomposição.
ocorre quando a água quente superficial é arrastada pelo
Um exemplo clássico: em 1883, uma pequena ilha tropical, a
vento.
ilha de Cracatoa, na Indonésia, sofreu uma tremenda erupção
O transporte vertical é provocado: vulcânica que matou toda a biota insular, deixando apenas ro-
a) pelo impacto de massas de água de densidades chas e cinzas. Organismos rapidamente recolonizaram a ilha a
diferentes; partir de grandes ilhas próximas (Java e Sumatra), e, em 1934,
apenas 50 anos depois da erupção, 35 cm de solo tinham sido
b) por regiões onde uma corrente oceânica submarina formados com uma exuberante vegetação de floresta tropical
encontra um obstáculo (talude continental ou ele- úmida com cerca de 300 espécies de plantas.
vação submarina) que a força a subir;
c) como função entre a direção do vento e a orografia 2.1.2.1. Tipos de solo
do fundo.
O conhecimento dos solos vem se desenvolvendo bastan-
As regiões de ressurgência são férteis, pois as águas de te, mas, devido à complexidade da distribuição e classifica-
profundidades contêm diversos nutrientes, e as populações ção dos solos, é ainda controverso. Sabe-se que os quatro
de plânctons, néctons e bentos são sempre numerosas. maiores processos, ou regimes pedogênicos, produziram
Ao longo da existência da Terra, o padrão global de cli- quatro tipos primários: são aqueles de áreas florestadas
ma sofreu poucas mudanças; assim, é possível determi- frias (solos podzólicos), floresta tropical úmida (solos
nar a extinção de biomas devido à tectônica de placas. A lateríticos), região com arbustos e vegetação herbácea
importância do paleoclima é determinar locais apropria- (calcários) e a região polar (gleização). É importante ob-
dos para populações de grupos ancestrais. A atual dis- servar que a correlação entre os tipos de solo e o padrão
tribuição de escorpiões ocorre nas regiões subtropicais e global de clima determina os biomas terrestres.
tropicais. Como consequência, pode-se determinar que
a origem desse grupo também foi em áreas que ocupa-
vam as latitudes de 30° a 0°. 3. BIOCICLO TERRESTRE
O tipo de solo é outro aspecto que deve ser considerado
para a compreensão da distribuição dos organismos. O tipo
OU EPINOCICLO
de solo determina, juntamente com o clima, o tipo de vege-
tação predominante e, em consequência, os tipos de ani-
mais que utilizavam determinadas áreas.
2.1.2. Solos
Quase todos os ambientes terrestres podem conter vida,
exceto as regiões polares e os picos permanentemente ge-
lados das montanhas mais altas. Áreas rochosas ou outros
substratos estéreis, criados pela ação vulcânica ou outros
eventos geológicos, são gradualmente transformados em
regiões que suportam comunidades ecológicas vivas pelo
CONSIDERANDO-SE A ENERGIA RADIANTE E A UMIDADE, PODE-SE DIVIDIR A BIOSFERA
processo de sucessão primária. Esse processo envolve a EM DIVERSOS BIOMAS TERRESTRES, CUJAS LOCALIZAÇÕES PODEM SER IDENTIFICADAS.
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pelo movimento do ar. A água mais aquecida evapora mais
facilmente do que a água fria. Assim, quando o ar passa
sobre águas oceânicas aquecidas, absorve muito vapor.
Quando o ar esfria ao passar para uma área mais fria, o
vapor se condensa, precipitando-se sob a forma de chuva,
ou se solidifica, caindo sob a forma de neve. Um exemplo
disso são as penetrações da massa equatorial continental
do verão pelo sul do Brasil, provocando fortes chuvas. Nas
regiões de baixa pressão, como ocorre no equador, chove
mais do que nas regiões de alta pressão (polos).
BIODIVERSIDADE NO BIOMA TUNDRA
BRIÓFITAS LIQUENS
10
Esse estrato médio é quente, mais escuro e mais úmido,
4.3. Floresta caducifólia ou apresentando pequena vegetação. O estrato médio se ca-
floresta decídua temperada racteriza pela presença de cipós e epífitas. A diversificação
Esse tipo de mata predomina no hemisfério Norte, no leste de espécies vegetais e animais é muito grande.
dos Estados Unidos, no oeste da Europa, no leste da Ásia,
Os biomas, assim como os climas correspondentes, não po-
na Coreia, no Japão e em partes da China. A quantidade
dem ser delimitados com exatidão porque as variações
de energia radiante é maior, e a pluviosidade atinge de 750
são graduais. Dessa forma, da tundra para a taiga, por
a 1.000 mm, distribuída durante todo o ano. As estações
exemplo, há uma vegetação arbustiva. Na passagem do
do ano são nítidas. Nesse bioma, a maioria dos arbustos e
árvores perde as suas folhas no outono, e os animais mi- campo para o deserto ou das savanas para a floresta tam-
gram, hibernam ou apresentam adaptações especiais para bém aparece sempre uma vegetação de transição.
suportar o frio intenso. As plantas são representadas por A floresta tropical, também denominada pluvial, ca-
árvores dicotiledôneas, como nogueiras, carvalhos e faias. racteriza-se pela grande biodiversidade vegetal e animal.
Os animais são representados por esquilos, veados, muitos Além da vegetação arbórea, há muitos cipós e trepadeiras
insetos, aves insetívoras, ursos, lobos, etc. (lianas), além de diversas epífitas. Na floresta temperada,
os representantes das epífitas são os musgos e liquens,
mas, nos trópicos, os representantes são samambaias,
orquídeas, bromélias. etc. É importante lembrar que epí-
fita é a planta que vive apoiada no tronco e galhos das
árvores, onde são beneficiadas com maior luminosidade.
Observe a seguir um galho coberto por epífitas:
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senta variações sazonais com altas e baixas temperaturas,
com duas estações definidas, uma chuvosa e outra seca.
A composição florística das savanas tropicais varia muito en-
tre as regiões de ocorrência. A vegetação lenhosa é composta
por espécies e gêneros característicos nos diferentes conti-
nentes. Não obstante, o componente herbáceo de todas as
savanas tropicais tem o predomínio de apenas duas famílias,
sendo, portanto, menos biodiverso. Os continentes america-
no, africano, asiático e a Oceania, especialmente a Austrália,
abrigam savanas tropicais em uma área com cerca de 23 mi-
lhões de km2. Na África, as savanas ocupam extensas regiões
em um cinturão quase contínuo, composto por um mosaico SAVANA TROPICAL AFRICANA
savânico, onde varia o predomínio de gramíneas, arbustos e
árvores devido a diferenças climáticas e edáficas. Podem ser
identificados campos abertos xerofíticos (vegetação de regi-
ões áridas) e uma savana florestada, denominada localmente
miombo. As savanas asiáticas, em que predominam campos
abertos, ricos em vegetação herbácea, recebem a denomina-
ção de patanas. Entretanto, savanas verdadeiras são raras
na Ásia, sendo, em sua maioria, de origem antrópica.
As savanas também podem ser encontradas nas ilhas da
Oceania, além da Austrália, onde estão sob influência de
temperaturas menores e maior quantidade de chuvas. Todas
elas, porém, permanecem sob influência de um gradiente de
precipitação. As savanas neotropicais, além de serem obser- FAUNA DA SAVANA AFRICANA.
vadas na América Central e em Cuba, estendem-se também
em duas grandes áreas na América do Sul. Ao sul do equador 4.6. Campos
são encontrados, além do cerrado, no Brasil, os llanos de
Os campos são biomas que se caracterizam por apresentar
mochos, na Bolívia, aos pés da cordilheira dos Andes, ocu-
um único estrato de vegetação. Apesar de possuírem gran-
pando uma extensa área periodicamente inundada, caracte-
de variação de espécies, verifica-se um pequeno número
rizada por uma vegetação que varia de campos graminosos
de indivíduos de cada espécie. A localização dos campos
a florestas perenifólias. Em regiões tropicais e subtropicais, as
é muito variada: centro-oeste dos Estados Unidos, centro-
savanas são próprias de climas que apresentam precipitações
-leste da Eurásia, parte da América do Sul (Brasil e Argenti-
pluviométricas regulares entre 750 e 1.500 mm. No Brasil,
na) e Austrália. Durante o dia, a temperatura é alta; à noite,
quando a precipitação se torna irregular e inferior a esse li-
porém, é baixa. Há muita luz e vento e pouca umidade.
mite, a formação vegetal que passa a ocorrer é a caatinga,
Predominam as gramíneas. Os animais, dependendo da re-
também denominada savana-estépica, vegetação exclusiva
gião, podem ser: antílopes-americanos e bisões, roedores,
do semiárido brasileiro. Entretanto, a caatinga não é con-
muitos insetos, gaviões, corujas, etc.
siderada uma formação vegetacional savânica.
4.7. Desertos
Os desertos apresentam localização muito variada e se
caracterizam por uma vegetação muito esparsa. O solo é
extremamente seco, podendo ser arenoso ou pedregoso.
SAVANA NEOTROPICAL − CERRADO Possuem clima árido, com pluviosidade baixa e irregular,
12
permanecendo abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia,
a temperatura é alta, mas, à noite, ocorre perda rápida de
calor, que se irradia para a atmosfera, e a temperatura se
torna excessivamente baixa. As plantas que se adaptam
ao deserto geralmente apresentam um ciclo de vida curto.
Durante o período favorável (chuvoso), observa-se uma
vegetação sazonal, que cresce, floresce, frutifica, dispersa
sementes e morre. As plantas perenes (com ciclo de vida
longo), como os cactos, são denominadas xerófitas, isto
é, possuem um conjunto de adaptações para sobreviver
nessas condições adversas de solo e clima. Essas plantas
apresentam sistemas radiculares superficiais que cobrem multimídia: vídeo
grandes áreas. Essas raízes estão adaptadas para absorver FONTE: YOUTUBE
as águas das chuvas passageiras. O armazenamento de Biomas Brasileiros
água é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas
são transformadas em espinhos (economia de água), e o
caule passa a realizar fotossíntese.
5. OS BIOMAS BRASILEIROS
Os biomas são conjuntos de ecossistemas que interagem
formando uma unidade paisagística coerente. Cada bio-
ma terrestre se caracteriza pelo tipo vegetal ou estrato
dominante: árvores (arbóreo), ervas (herbáceo), arbustos
(arbustivo), formações mistas, etc. Com efeito, o bioma é
um grupamento de fisionomia homogênea e independente
da composição florística. Trata-se de uma área geográfica
grande e sua existência é controlada pelo macroclima.
VEGETAÇÃO ESPARSA NO BIOMA DESERTO
13
VIVENCIANDO
A vegetação apresenta uma grande biodiversidade no planeta. Devido a um gradiente térmico latitudinal produzido
pela incidência de irradiação solar, formaram-se três grandes áreas: os polos, as áreas temperadas e a área equatorial.
Em cada grande área, são encontrados diversos biomas, que se caracterizam por uma fauna e uma flora específicas.
Por meio da caracterização e compreensão da estrutura e do funcionamento dos biomas, pode-se elucidar a distri-
buição geográfica dos seres vivos na Terra.
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te uma (mogno) ou poucas espécies são cortadas. O seu os ipês, a braúna, o pau-brasil, etc. Na diversidade da Mata
plantio tem sido extremamente difícil devido à suscetibili- Atlântica, são encontradas matas de altitude, como as da
dade a pestes naturais. Infelizmente, na última reunião da serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde
Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Es- a neblina é constante. Paralelamente à riqueza vegetal, a
pécies Ameaçadas), realizada em junho de 1997, o mog- fauna é exuberante. A maior parte das espécies de animais
no não foi incluído no Apêndice II. A Cites regulamenta brasileiros ameaçados de extinção é originária da Mata
o comércio de espécies com valor comercial sob risco de Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada,
extinção. O Apêndice II estabelece que o comércio inter- o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista,
nacional dessas espécies só pode ser realizado com a per- também vivem na área gambás, tamanduás, preguiças,
missão de exportação dada por uma autoridade científica antas, veados, cotias, quatis, etc. Para risco de todas essas
local − atestando a sustentabilidade da exploração − e espécuies, a Mata Atlântica continua sendo devastada.
também por uma autoridade administrativa.
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ameaça inúmeras espécies, algumas quase extintas, como O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem
o mico-leão-dourado, a onça-pintada e a jaguatirica. altos níveis de ferro e alumínio. Contudo, o cerrado tem
a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores
Imagens de satélite foram cruzadas com os limites muni-
bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins,
cipais, rede hidrográfica e mapa das unidades de conser-
São Francisco e Prata), o que favorece a manutenção
vação. O detalhamento revelou que a floresta mais pró-
de uma biodiversidade surpreendente.
xima da extinção é a umbrófila mista, enquanto a mais
protegida em parques e estações é a umbrófila densa, a Estima-se que a flora da região possua dez mil espécies de
floresta das encostas litorâneas. Foram classificados ain- plantas diferentes (muitas delas usadas na produção de
da os desmates na mata estacional semidecidual, esta- cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e
cional decidual e umbrófila aberta. A regeneração só foi alimentício). Isso sem contar as 400 espécies de aves, 67 gê-
computada em estágio avançado, isto é, mata secundária neros de mamíferos e 30 tipos de morcegos catalogados na
com árvores adultas e dossel fechado. área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área
do Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de
5.3. Cerrado borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.
Os viajantes que, há décadas, desbravaram o interior Depois da Mata Atlântica, o cerrado é o ecossistema brasilei-
do Brasil atravessaram extensas áreas cobertas por ro que mais alterações sofreu com a ocupação humana. Um
um tapete de gramíneas com arbustos e pequenas dos impactos ambientais mais graves na região foi causado
árvores retorcidas. A primeira impressão era de uma pelos garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio
vegetação seca, marcada por queimadas. De perto, e provocaram o assoreamento (acúmulo de detritos e ou-
porém, o cerrado apresentava toda a sua beleza de tros materiais nos leitos de rios e lagoas) dos cursos de água.
flores exóticas e plantas medicinais desconhecidas da A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão
medicina tradicional, como arnica, catuaba, jurube- intensa que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossi-
ba, sucupira e angico. Somava-se a isso uma grande bilitar a própria extração do ouro rio abaixo.
variedade de animais. O equilíbrio desse sistema, cuja Nos últimos anos, porém, é a expansão da agricultura
biodiversidade pode ser comparada à amazônica, é de e da pecuária que vem representando o maior fator de
fundamental importância para a estabilidade dos de- risco para o cerrado. A partir de 1950, tratores começaram
mais ecossistemas brasileiros. a ocupar sem restrições os habitats dos animais. O uso de
técnicas de aproveitamento intensivo dos solos tem pro-
vocado, desde então, o esgotamento de seus recursos. A
utilização indiscriminada de agrotóxicos e fertilizantes
tem contaminado também os solos e as águas. A expansão
agropecuária foi o fator fundamental para a ocupação do
cerrado em larga escala.
Em relação à conservação e proteção, a fauna da região
também recebe pouca atenção. O resultado é que o cerra-
do está acabando: metade da sua área já foi desmatada,
e, se esse ritmo continuar, o desmatamento vai chegar a
70%. Essa situação está causando a fragmentação de áre-
as e comprometendo seriamente os processos mantenedo-
res da biodiversidade do cerrado.
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Outro problema é a contaminação das águas por agrotóxi-
cos. Depois de aplicado nas lavouras, o agrotóxico escorre das
folhas para o solo, levado pela irrigação, e daí para as represas,
matando os peixes. Nos últimos 15 anos, 40 mil km2 de caa-
tinga se transformaram em deserto devido à interferência do
homem sobre o meio ambiente da região. As siderúrgicas e
olarias também são responsáveis por esse processo devido
ao corte da vegetação nativa para produção de lenha e
carvão vegetal.
O sertão nordestino é uma das regiões semiáridas mais
povoadas do mundo. A diferença entre a caatinga e áreas
com as mesmas características em outros países é que as
populações se concentram onde existe água, promovendo
um controle rigoroso da natalidade. No Brasil, entretanto,
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA CAATINGA
o homem está presente em toda parte, tentando garantir a
sua sobrevivência na luta contra o clima.
Os cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem nos 800
mil km2 de caatinga nem sempre podem contar com as A caatinga é coberta por solos relativamente férteis. Embo-
chuvas de verão. Quando não chove, os habitantes do ser- ra não tenha potencial madeireiro, exceto pela extração se-
tão sofrem muito. Precisam caminhar quilômetros em bus- cular de lenha, a região é rica em recursos genéticos, dada
ca da água dos açudes. A irregularidade climática é um dos a sua alta biodiversidade.
fatores que mais interfere na vida do sertanejo.
Por outro lado, o aspecto peculiar desse tipo de vegetação
Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não con- contrasta com o diversificado colorido das flores emergen-
segue armazenar a água que cai, e a temperatura elevada tes no período das chuvas. O índice pluviométrico desse
(médias entre 25 ºC e 29 ºC) provoca intensa evaporação. bioma varia entre 300 e 800 milímetros anualmente. Na
Por isso, somente em algumas áreas próximas às serras, caatinga, encontram-se três estratos: os arbóreos
onde a abundância de chuvas é maior, a agricultura se tor- (8 a 12 metros), os arbustivos (2 a 5 metros) e os her-
na possível. báceos (abaixo de 2 metros). Contraditoriamente, a flora
presente nos sertões, que é constituída por espécies com
Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, semideser-
longa história de adaptação ao calor e ao ambiente extre-
tos nublados, mas sem chuva. O vento seco e quente não
mamente seco, não é capaz de se reestruturar naturalmen-
refresca, incomoda. A vegetação xeromorfa adaptada
te. Na caatinga, quando máquinas são usadas para alterar
ao clima apresenta muito escleromorfismo, que a protege.
o solo, a degradação é irreversível.
As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas
No meio de tanta aridez, a caatinga surpreende com suas
plantas armazenam água, como os cactos, outras se carac-
“ilhas de umidade” e solos férteis. São os chamados
terizam por terem raízes praticamente na superfície do solo
brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e
para absorver rapidamente o máximo da chuva. Algumas das
geológicas dos sertões. Nessas ilhas, existe a possibilidade
espécies mais comuns da região são a amburana, aroeira,
de produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares
umbu, baraúna, maniçoba, macambra, mandacaru e juazeiro.
aos trópicos do mundo.
A ação humana tornou ainda mais difícil a vida no ser-
Por meio de caminhos diversos, os rios regionais saem das
tão. Fazendas de criação de gado começaram a ocu-
bordas das chapadas, percorrem extensas depressões en-
par o cenário na época do Brasil colônia. Os primeiros a
tre os planaltos quentes e secos e acabam chegando no
chegar pouco entendiam da fragilidade da caatinga, cuja
mar ou engrossando as águas do São Francisco e do Par-
aparência árida denuncia uma falsa solidez. Para combater
naíba (rios que cruzam a caatinga). Das cabeceiras até as
a seca foram construídos açudes para abastecer de água
proximidades do mar, os rios com nascente na região per-
os homens, seus animais e suas lavouras. Desde o Império,
manecem secos por cinco a sete meses no ano. Apenas o
quando essas obras tiveram início, o governo prossegue
canal principal do São Francisco mantém seu fluxo através
com o trabalho. Os grandes açudes atraíram fazendas de
dos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáti-
criação de gado. Em regiões como o vale do São Francisco,
cas e hídricas.
a irrigação foi incentivada sem o uso de técnica apropria-
da, e o resultado tem sido desastroso. A salinização do Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito
solo é, hoje, uma realidade. rapidamente. As árvores se cobrem de folhas e o solo fica
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forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Na mesmo ocorre paralelamente com os afluentes do Para-
caatinga, vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. Ou- guai, que atravessam o território brasileiro, cortando uma
tros animais da região são o sapo-cururu, a asa-branca, a extensão de 700 km.
cutia, o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba e
As águas vão se espalhando e cobrindo continuamente
o sagui-do-nordeste.
vastas extensões em busca de uma saída natural, que só é
encontrada centenas de quilômetros adiante, no encontro
5.5. Pantanal do rio com o oceano Atlântico, fora do território brasileiro.
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais As cheias chegam a cobrir até dois terços da área panta-
do Brasil. Maior área úmida continental do planeta, com neira. A partir de maio, inicia-se a “vazante”, e as águas
140 mil km2 em território brasileiro, destaca-se pela ri- começam a baixar lentamente. Quando o terreno volta a
queza da fauna, em que dividem espaço 650 espécies secar, sobre a superfície permanece uma fina camada de
de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis. lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vege-
No Pantanal, são comuns as chuvas fortes. Os terrenos, tais, sementes e húmus), propiciando grande fertilidade ao
quase sempre planos, são alagados periodicamente solo. A natureza faz repetir anualmente o espetáculo das
por inúmeros córregos e vazantes entremeados de lagoas cheias, proporcionando ao Pantanal a renovação da fauna
e leques aluviais, isto é, muita água. e flora local.
Esse enorme volume de água, que praticamente cobre a
região pantaneira, cria um verdadeiro mar de água doce,
em que milhares de peixes proliferam. Peixes pequenos
servem de alimento a espécies maiores ou a aves e ani-
mais, promovendo uma intrincada teia alimentar.
Quando o período da vazante começa, uma grande
quantidade de peixes fica retida em lagoas ou baías, não
conseguindo retornar aos rios. Durante meses, aves e
animais carnívoros, como jacarés, ariranhas e onças, têm
um farto banquete à sua disposição. As águas continu-
am baixando mais e mais, e, nas lagoas, então bem ra-
sas, peixes como o dourado, o pacú e a traíra podem ser
apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e
pequenas são vistas planando sobre as águas, formando
em espetáculo de grande beleza.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO PANTANAL O Pantanal tem passado por transformações lentas mas
Na época das cheias, esses “corpos” se comunicam e significativas nas últimas décadas. O avanço das popu-
se mesclam com as águas do rio Paraguai, renovando e lações e o crescimento das cidades são uma ameaça
fertilizando a região. Entretanto, assim como nos demais constante. A ocupação desordenada das regiões mais altas,
ecossistemas brasileiros, em que a ocupação predatória onde nasce a maioria dos rios, é o risco mais grave. A agricul-
vem provocando destruição, a interferência no Pantanal tura indiscriminada está provocando a erosão do solo, além
também é sentida. Embora boa parte da região continue de contaminá-lo com o uso excessivo de agrotóxicos.
inexplorada, muitas ameaças surgem em decorrência do O resultado da destruição do solo é o assoreamento
interesse econômico que existe sobre a área. A situação dos rios, fenômeno que tem mudado a vida no Panta-
começou a se agravar nos últimos 20 anos, sobretudo nal. Regiões que antes ficavam alagadas nas cheias e
pela introdução de pastagens artificiais, exploração das completamente secas quando as chuvas paravam agora
áreas de mata e turismo predatório. ficam permanentemente sob as águas. Também impac-
Basicamente, o equilíbrio desse ecossistema depende do taram o Pantanal nos últimos anos o garimpo, a cons-
fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, trução de hidrelétricas, o turismo desorganizado
está diretamente ligado à pluviosidade regional. As chuvas e a caça, empreendida principalmente por ex-peões
ocorrem com maior frequência nas cabeceiras dos rios, que que, sem trabalho, passaram a integrar verdadeiras qua-
deságuam na planície. Com o início do trimestre chuvoso drilhas de caçadores de couro.
nas regiões altas (a partir de novembro), sobe o nível de Foi a partir de 1989 que o risco de um desequilíbrio total
água do rio Paraguai, provocando, assim, as enchentes. O do ecossistema pantaneiro ficou mais próximo de se tornar
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uma triste realidade. A razão dessa ameaça é o megapro- Essas condições climáticas acabam favorecendo o cresci-
jeto de construção de uma hidrovia de mais de 3.400 km mento de árvores. Muito diferentes, por sua vez, são os
nos rios Paraguai (o principal curso de água do Pantanal) e campos que dominam as áreas do Norte do país.
Paraná, ligando Cáceres, no Mato Grosso, à Nova Palmira,
no Uruguai. 5.6.1. Diferenças entre Sul e Norte
Com a construção de diques e trabalhos de dragagem, a Do Rio Grande do Sul até parte dos estados de Mato
ideia é alterar o percurso do rio Paraguai, facilitando o mo- Grosso do Sul e São Paulo se estende o domínio das
vimento de grandes barcos e, consequentemente, o esco- florestas e dos campos meridionais. O clima é ameno
amento da produção de soja brasileira até o país vizinho. e o solo naturalmente fértil. A junção desses dois fato-
O problema é que isso afetará também todo o escoamento res favoreceu a colonização acelerada no último século,
de águas da bacia. O resultado desse projeto pode ser a principalmente por imigrantes europeus e japoneses,
que alcançaram altos índices de produtividade na região.
destruição do refúgio onde vivem hoje milhares de espé-
cies de animais e plantas. Os campos do Sul ocorrem no chamado pampa, uma
região plana de vegetação aberta e de pequeno por-
5.6. Campos te, que se estende do Rio Grande do Sul para além
das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Esse tipo
Além de florestas tropicais, do Pantanal, do cerrado e da caa-
de vegetação ocorre em área contínua no Sul e tam-
tinga, os campos também fazem parte da paisagem brasilei- bém como manchas dispersas encravadas na floresta
ra. Esse tipo de vegetação é encontrado em dois lugares dis- Atlântica do Rio Grande do Norte até o Pará. São áre-
tintos: os campos de terra firme (savanas de gramíneas as planas, revestidas de gramíneas e outras plantas
baixas) são característicos do norte da Amazônia, Roraima, encontradas de forma escassa, como tufos de capim
Pará e ilhas do Bananal e de Marajó, enquanto os campos que atingem até 1 metro de altura.
limpos (estepes úmidas) são típicos da região Sul.
No litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem é mar-
cada pelos banhados, ou seja, ecossistemas ala-
gados com densa vegetação de juncos, gravatás e
aguapés que criam um habitat ideal para uma grande
variedade de animais, como garças, marrecos, veados,
onças-pintadas, lontras e capivaras. O banhado do
Taim é o mais importante devido à riqueza do solo.
Tentativas desastradas de drená-Io para uso agrícola
foram definitivamente abandonadas a partir de 1979,
quando a área se transformou em estação ecológica.
Não obstante, a ação de caçadores e o bombeamento
das águas pelos fazendeiros das redondezes continu-
am a ameaçar o local. Enquanto sobra água no Sul, os
campos do Norte do Brasil se caracterizam por áreas
secas e de florestas dominadas pelas palmeiras.
Essas florestas se situam entre a Amazônia e a caatinga
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO BIOMA CAMPOS
e se formam a partir do desmatamento da vegetação
De modo geral, o campo limpo é destituído de árvores, nativa. Livre da competição de outras plantas, as palmei-
bastante uniforme e com arbustos espalhados e disper- ras de babaçu e carnaúba, o buriti e a oiticica se desen-
sos. Já nos campos de terra firme, as árvores, baixas e volvem rapidamente, algumas chegando a atingir até
espalhadas, integram-se totalmente à paisagem. 15 metros de altura. Existem também áreas de campos
Em ambos os casos, o solo é revestido de gramíneas, “naturais”, com vegetação de porte mais raquítico, que
subarbustos e ervas. Entre o Rio Grande do Sul e Santa ocorrem como manchas no norte da floresta Amazônica.
Catarina, os campos formados por gramíneas e legumi- Devido à riqueza do solo, as áreas cultivadas do
nosas nativas se estendem como um tapete verde por Sul se expandiram rapidamente sem um sistema
mais de 200.000 km2, tornando-se mais densos e ricos adequado de preparo, resultando em erosão e ou-
nas encostas. Nessa região, com muita mata entremeada, tros problemas que se agravam progressivamente.
as chuvas se distribuem regularmente pelo ano todo, e Os campos são amplamente utilizados para a pro-
as baixas temperaturas reduzem os níveis de evaporação. dução de arroz, milho, trigo e soja, às vezes em
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associação com a criação de gado. Contudo, a de-
satenção com o solo leva à desertificação, regis-
5.7. Zona costeira
trada em diferentes áreas do Rio Grande do Sul. O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica
de 8 mil km de extensão, uma das maiores do mundo.
Para expandir a área plantada, colonos alemães e ita-
lianos iniciaram, na primeira metade do século XX, a Ao longo dessa faixa litorânea, é possível identificar
exploração indiscriminada de madeira. Árvores gigan- uma grande diversidade de paisagens, como dunas,
tescas e centenárias foram derrubadas e queimadas ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, bre-
para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e, principal- jos e falésias. Mesmo os ecossistemas que se repetem
mente, videira. A mata das araucárias de porte alto e ao longo do litoral, como praias, restingas, lagunas e
copa em forma de prato se estendia do sul de Minas manguezais, apresentam diferentes espécies de ani-
Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando mais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às diferen-
cerca de 100 mil km2 de matas de pinhais. Na sua ças climáticas e geológicas.
sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro,
a canela, entre outras. Atualmente, mais da metade
desse bioma foi destruída, assim como diversas es-
pécies de roedores que se alimentavam de pinhão,
aves e insetos. O que resta está confinado a áreas
de conservação do estado. Por mais de 100 anos, a
mata dos pinhais alimentou a indústria madeireira do
Sul. O pinho, madeira bastante popular na região, foi
bastante utilizado na construção de casas e móveis.
A criação de gado e ovelhas também faz parte da
cultura local. Entretanto, repetindo o mesmo erro dos
agricultores, o pastoreio está provocando a degradação do
solo. Na época de estiagem, quando as pastagens secam,
o mesmo número de animais continua a disputar áreas
menores. Com o pasto quase desnudo, cresce a pressão
sobre o solo que se abre em veios. Quando as chuvas reco-
meçam, as águas correm por essas depressões, dando iní-
cio ao processo de erosão. O fogo utilizado para eliminar LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ZONA COSTEIRA
restos de pastagem secas torna o solo ainda mais frágil.
Para compreender como os biomas se estabeleceram no planeta Terra, é fundamental compreender conceitos quími-
cos e físicos que interferem nesse processo. Os fatores abióticos químicos (pH, salinidade, nutrientes, etc.) e físicos
(luminosidade, temperatura, umidade, etc.) determinam o tipo de vegetação e de outros seres vivos que vão habitar
uma determinada região. Por exemplo, devido à alta incidência solar na região equatorial, há a possibilidade de uma
maior taxa de fotossíntese pelos produtores e, consequentemente, de uma alta produtividade primária, a qual suste-
nta uma ampla biodiversidade. Além da elevada taxa de luminosidade, essa região apresenta também altos índices
de pluviosidade e temperatura. Todos esses fatores químicos e físicos produzem a variedade de fauna e da flora
encontradas no equador. Assim, percebe-se a importância de interação entre a área das exatas (Química e Física) e
a área biológica.
20
Grande parte da zona costeira, entretanto, está ameaçada Os manguezais são ecossistemas estuarinos que se desen-
pela superpopulação e por atividades agrícolas e industriais. volvem em terras planas, baixas e de substrato lodoso, lo-
Mais da metade da população brasileira vive seguindo essa calizadas nas costas litorâneas das regiões tropicais, junto
imensa faixa litorânea. Há muito ainda para se conhecer so- aos desaguadouros dos rios, no fundo de baías e nas ense-
bre a dinâmica ecológica do litoral brasileiro. Complexos sis- adas. Quando os manguezais estão em terrenos de baixo
temas costeiros se distribuem ao longo do litoral, fornecendo ou médio teor de salinidade, os bosques de mangues, fixa-
áreas para a criação, crescimento e reprodução de inúmeras dos sobre terreno lodoso, apresentam características fisio-
espécies de flora e fauna. Somente na costa do Rio Grande nômicas e funcionais muito particulares. São típicas deles
do Sul − conhecida como um centro de aves migratórias − os seguintes fatores: temperaturas tropicais; áreas constan-
foram registradas cerca de 570 espécies. temente sobo controle e o fluxo das marés; depósitos
volumosos de silte, areia fina, argila e grande quantidade
Muitos desses pássaros utilizam a costa brasileira para ali-
de matéria orgânica.
mentação, abrigo ou como rota migratória entre a América
do Norte e as partes mais ao sul do continente americano. Em geral, os manguezais se localizam fora dos litorais de
A faixa litorânea brasileira também tem sido considerada mar aberto. Eles estão sempre associados às áreas de for-
essencial para a conservação de espécies ameaçadas em tes marés; no entanto, abrigados dos fortes ventos e das
escala global, como as tartarugas-marinhas, as baleias e o ressacas, caracterizam-se também por uma vegetação
peixe-boi-marinho. É importante ressaltar que a destruição halófita (plantas terrestres adaptadas a viver no mar ou
dos ecossistemas litorâneos é uma ameaça para o próprio perto dele) tropical de mata, com poucas espécies que
homem, uma vez que põe em risco a produção pesqueira crescem na vasa marítima da costa ou estuária dos rios.
− uma rica fonte de alimento. Os manguezais de todo o mundo ocupam uma área de
O crescimento dos grandes centros urbanos, a especulação cerca de 20 milhões de hectares, distribuídos principal-
imobiliária sem planejamento, a poluição e o enorme flu- mente nas latitudes intertropicais: calcula-se que 75%
xo de turistas ameaçam a integridade ecológica da costa das linhas de costas tropicais do mundo são dominadas
brasileira. A ocupação predatória vem ocasionando a de- por esse tipo de vegetação. No Brasil, os manguezais se
vastação das vegetações nativas, o que leva, entre outras espalham por toda a faixa litorânea, desde o Amapá até
coisas, à movimentação de dunas e até ao desabamento Santa Catarina.
de morros. O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca Os manguezais são ecossistemas importantes para as po-
em perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um pulações que habitam o litoral dos trópicos. A diversida-
importante “filtro” das impurezas lançadas na água. de e a quantidade de crustáceos, moluscos e peixes que
As raízes parcialmente submersas das árvores do mangue vivem nos mangues não garantem a alimentação dessas
se espalham sob a água para reter sedimentos e evitar que populações apenas. É comum a prática de uma indústria
eles escoem para o mar. Alguns mangues estão estrate- de pescado ao longo dessas formações naturais. Nove em
gicamente situados entre a terra e o mar, formando um cada dez peixes pescados no mundo inteiro provêm de
estuário para a reprodução de peixes. áreas costeiras e baías que, juntas, não somam 10% da
superfície marinha. A responsabilidade pela concentração
Além disso, a expulsão das populações caiçaras (pescado- de cardumes nesses espaços reduzidos de mar cabe aos
res ou caipiras do litoral) está acabando com uma das cul- recém-valorizados manguezais. Ao ser atacada por fungos
turas mais tradicionais e ricas do Brasil. Outra ação danosa e protozoários, a vegetação dos manguezais perde folhas,
é o lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamen- frutos e flores, que começam a se degradar. No solo lodoso,
to. Operações de terminais marítimos têm provocado o eles se combinam com uma série de proteínas e minerais
derramamento de petróleo, entre outros problemas graves. transportados pela água doce dos rios, chuvas e lençóis
freáticos. O calor do Sol, por sua vez, ajuda milhões de mi-
5.8. Manguezais cróbios, presentes tanto no solo como na água salgada dos
mares, a terminarem a receita de um caldo nutritivo que
Os fatores que comprometem o equilíbrio dos manguezais
alimenta, por exemplo, os filhotes de camarões.
são diversos. Por causa de sua localização de fácil acesso,
do desconhecimento, da pouca veiculação de sua impor- As moléculas de nutrientes enchem a barriga de larvas e
tância e, principalmente, do descaso, alguns manguezais peixes pequenos que, por sua vez, alimentam espécies ma-
se tornaram alvo de depredações que incluem aterramento rinhas maiores. A fartura de comida típica dos manguezais
para ocupação, desmatamento para uso da vegetação e torna possível sua superpopulação. Convivem neles até 10
poluição das águas por derramamento de petróleo ou por mil indivíduos por metro quadrado, entre peixes, moluscos
depósito de lixo. e crustáceos.
21
No Brasil, predominam três espécies de árvores: o man- 5.8.1. Papel ecológico dos manguezais
gue-vermelho (Rhizophora mangle), o mangue-siriuba ou
mangue-preto (Avicennia schaueriana) e o mangue-branco Retêm a invasão dos mares nos rios e impedem que o
(Laguncularia racemosa). Além dessas, encontra-se o flori- mar, quando em ressaca, invada o litoral.
do algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucensis), embora Servem de abrigo para vários animais, entre os quais estão
não seja uma árvore exclusiva dos manguezais. Comoda-
moluscos, crustáceos, peixes, aves e mamíferos; além disso,
mente, sobre as árvores, crescem bromélias, samambaias
podem abrigar cerca de dois milhões de microrganismos.
e orquídeas.
Servem de maternidade e rica fonte de alimentos para
Diversos peixes e invertebrados marinhos desovam nos man-
milhares de animais.
gues. Uma das razões dessa escolha é a temperatura quente,
ideal para o desenvolvimento dos embriões. O solo, escuro Permitem que inúmeras populações ribeirinhas se
por causa da grande quantidade de material orgânico em sustentem da pesca artesanal e mantenham sua cul-
sua composição, absorve praticamente toda a luz solar, libe- tura e tradições.
rando essa energia na forma de calor. Além disso, os man- Garantem os grandes estoques reguladores de pescados
guezais podem oferecer mais segurança à prole.
para a indústria pesqueira, uma vez que as espécies co-
As florestas de mangues não servem de maternidade apenas mercializadas iniciam suas vidas nos estuários, alimen-
para espécies marinhas: fêmeas de aves, como o pelicano e tando-se e se protegendo nos manguezais, ou dependem
o guará, passam a viver nos manguezais durante a época de de espécies que o fazem.
reprodução. Outros animais fixam sua residência nesses bos-
Apresentam grande capacidade autodepuradora,
ques litorâneos para o resto de sua vida. É o caso do aratu,
que permite a intensa decomposição de todo material
uma espécie de caranguejo que raramente desce das árvores,
orgânico que chega pelos rios.
alimentando-se das algas agarradas nos troncos. As ostras
também formam imensas populações sobre as raízes aéreas, Fixam todos os materiais vindos do continente, sejam produ-
na companhia de siris, camarões e uma série de moluscos, tos de erosão, resíduos e esgotos de cidades que são trazi-
como o sururu, que carrega uma concha violácea. dos pelos rios, evitando, muitas vezes, a poluição dos mares.
SITUAÇÃO ATUAL DOS PRINCIPAIS IMPACTOS SOBRE OS BIOMAS BRASILEIROS
Bioma Área Impactos
Garimpo de ouro, mineração industrial e indústria de alumínio; projetos agro-
5 milhões km2 pecuários e de colonização; usinas hidrelétricas; indústria de ferro gusa (ener-
Amazônia legal
(60% do território brasileiro) gia barata e de alto custo ambiental); destruição da cultura indígena; caça e
pesca predatória; turismo ecológico predatório.
Sede de várias regiões metropolitanas; polos industriais; atividade portuária;
1,3 milhão km 2 agroindústria de açúcar, álcool, papel e celulose; transporte de combustíveis
Mata Atlântica em oleodutos e gasodutos; expansão urbana desordenada na faixa litorânea;
(área atual: 52 mil km2) mineração de granito, calcário e areia; extração mineral – petróleo, gás, salge-
ma e carvão; falta de fiscalização em uc; sobrepesca; destruição de habitats.
Grandes projetos agropecuários (monocultura extensiva, uso de grandes
quantidades de agrotóxicos, uso de mecanização intensiva e queimadas); ex-
2 milhões km2 pansão urbana desordenada com elevadas taxas de migração (degradação
Cerrado
(antrópica: 700 mil km2) de recursos hídricos da bacia do Pantanal); invasão de reservas indígenas;
garimpo de ouro e pedras preciosas; indústria de transformação (produção de
cimento e calcário agrícola); destruição de habitats.
Grandes latifúndios (desmatamentos, controle de recursos hídricos, êxodo ru-
ral e intensa desertificação); prospecção e exploração de combustíveis fósseis
1 100 mil km2 – petróleo e gás natural; siderúrgicas, olarias e outras indústrias com grande
Caatinga
(antrópica: 800 mil km2) desmatamento para produção de lenha e carvão vegetal; pastagens gerando
perda de matéria orgânica do solo e erosão; irrigação e drenagem (salinização
do solo, contaminação com agrotóxicos e assoreamento de açudes).
Pecuária extensiva; pesca predatória e caça ao jacaré; garimpo de ouro e pe-
150 mil km2 dras nos rios Paraguai e São Lourenço; turismo e migração desordenados e
Pantanal
(área inundável: 100 mil km2) predatórios; manejo inadequado dos cerrados (assoreamentos, erosão e con-
taminação dos rios com biocidas e fertilizantes).
Criação de gado sob pastoreio; queimadas; plantio de soja e trigo; desertifi-
Campos/Matas 210 mil km2 cação; introdução de espécies arbóreas exóticas (frutíferas de clima tempera-
de Araucária (área de araucária = 300 mil ha) do); perda de habitats naturais e extinção de espécies; aprofundamento dos
lençóis freáticos.
22
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em
28 diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.
É de grande interesse do Enem que os alunos conheçam os biomas existentes, principalmente os brasileiros, e
saibam identificá-los de acordo com a região e o clima correspondentes. Além disso, é preciso saber o que pode
acontecer com esses biomas e com as mudanças climáticas que vêm sendo observadas nos últimos anos.
Modelo
(Enem) No mapa estão representados os biomas brasileiros que, em função de suas características físicas e do modo
de ocupação do território, apresentam problemas ambientais distintos.
Análise expositiva - Habilidades 28: A área correspondente ao problema ambiental indicada no mapa é o bioma
A brasileiro caatinga. Esse bioma já é naturalmente vulnerável a alterações ambientais, como o aumento da tempe-
ratura global. Ainda existe a remoção da sua vegetação para a produção de carvão mineral, o que agrava ainda
mais a sua degradação. A principal consequência desse conjunto de fatores é a desertificação.
Alternativa A
23
DIAGRAMA DE IDEIAS
BIOMAS
FLORESTA FLORESTA
SAVANAS TAIGA
TROPICAL CADUCIFÓLIA
BIOMAS
BRASILEIROS
FLORESTA MATA
PANTANAL MANGUE
AMAZÔNICA ATLÂNTICA
24
AULAS BIOMAS AQUÁTICOS
19 E 20
10, 12, 18, 27, 28, 29
COMPETÊNCIAS: 3, 5, 7 e 8 HABILIDADES:
e 30
25
Nécton – comunidade formada pelos animais livre-
-natantes, representados por peixes, polvos, mamíferos
marinhos, tartarugas, etc.
26
De acordo com a temperatura, podem ser clas-
sificados em: epilímnio (águas superficiais, mais
quentes e circulantes, alto teor de oxigênio); termo-
clino (águas intermediárias, ocorre variação na taxa
de oxigênio e temperatura com a profundidade); e
hipolímnio (águas inferiores, águas não circulantes,
pobres em oxigênio).
multimídia: sites
www.infoescola.com/biologia/ecoss-
istemas-aquaticos/
VIVENCIANDO
O controle da pesca é fundamental para o equilíbrio dos ciclos de vida de certos peixes. O estudo de biomas aquá-
ticos possibilita a compreensão do nicho ecológico desses animais, o que contribui para minimizar interferências e
impactos sobre os ciclos ecológicos do ecossistema.
Processos físico-químicos, como a ação da água, transformam rochas em grãos. Esse constante trabalho sobre o
litoral transforma os relevos em planícies. Processos termodinâmicos, como o calor e o frio, são responsáveis pelo
surgimento de ondas, correntes e marés, o que pode aumentar o processo de erosão. Essa alteração no relevo pode
causar mudanças na fauna e flora local e modificar o ecossistema aquático.
27
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidades
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e/ou destino dos poluentes ou prevendo efeitos
10 em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Os impactos ambientais causados pela humanidade são constantemente abordados no Enem, uma vez que podem
ter consequências tanto para a vida selvagem como para o homem e suas atividades, trazendo prejuízos econômicos
e sociais. Cabe ao aluno analisar o contexto apresentado para compreender as causas, como também poder apre-
sentar medidas paliativas ou corretivas para a situação.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em
28 diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.
O modo de vida dos organismos abrange diferentes características que determinam o nicho ecológico de cada es-
pécie. Reconhecer os fatores bióticos e abióticos que influenciam a sobrevivência das espécies, assim como analisar
adequadamente gráficos e tabelas fornecidos na prova, é importante para avaliar os impactos que poderão ocorrer
devido às atividades humanas, como também possibilitar a remediação dos mesmos.
Modelo 1
(Enem) Usada para dar estabilidade aos navios, a água de lastro acarreta grave problema ambiental: ela introduz in-
devidamente, no país, espécies indesejáveis do ponto de vista ecológico e sanitário, a exemplo do mexilhão-dourado,
molusco originário da China. Trazido para o Brasil pelos navios mercantes, o mexilhão-dourado foi encontrado na ba-
cia Paraná-Paraguai, em 1991. A disseminação desse molusco e a ausência de predadores para conter o crescimento
da população de moluscos causaram vários problemas, como o que ocorreu na hidrelétrica de Itaipu, onde o mexilhão
alterou a rotina de manutenção das turbinas, acarretando prejuízo de US$ 1 milhão por dia, devido à paralisação do
sistema. Uma das estratégias utilizadas para diminuir o problema é acrescentar gás cloro à água, o que reduz em
cerca de 50% a taxa de reprodução da espécie.
ADAPTADO DE: GTÁGUAS, MPF, 4.ª CCR, ANO 1, N.º 2, MAIO/2007.
28
Análise expositiva -Habilidade 10: A questão aborda a introdução de espécie exótica a partir da água de lastro
E dos navios, que é recolhida no local de origem, sendo armazenada em tanques no interior do navio e despejada
no local de destino, transportando, assim, espécies de um local para outro. Uma vez que pode não encontrar
predadores naturais no novo local, a espécie exótica aumentará rapidamente o tamanho de sua população, tor-
nando-se invasora e causando desequilíbrio ecológico ao competir fortemente com as espécies nativas, podendo
até causar a extinção dessas. Ainda como apresentado no texto, a bioinvasão pode causar danos às atividades
humanas, sendo necessários maiores investimentos para adotar medidas para seu controle.
Alternativa E
Modelo 2
(Enem) Um estudo caracterizou cinco ambientes aquáticos, nomeados de A a E, em uma região, medindo parâmetros
físico-químicos de cada um deles, incluindo o pH nos ambientes. O gráfico I representa os valores de pH dos cinco
ambientes. Utilizando o gráfico II, que representa a distribuição estatística de espécies em diferentes faixas de pH,
pode-se esperar um maior número de espécies no ambiente:
a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.
Análise expositiva -Habilidade 28: A poluição ambiental pode alterar o pH do meio, tornando-o mais ácido ou
D mais básico, e influenciar diretamente na sobrevivência de espécies nativas. Assim, a análise desse fator abiótico
é de grande importância para a conservação da biodiversidade. Essa questão, no entanto, exige do aluno a
leitura correta e a associação dos dados apresentados em cada um dos gráficos. No gráfico II, observa-se que a
sobrevida das espécies aquáticas é maior entre pH 7 e 8, ou seja, próximo do neutro. No gráfico I, observa-se que
o ambiente aquático D é o único que atende a essa condição, sendo, portanto, o ambiente onde haverá maior
número de espécies; os demais, por sua vez, são mais ácidos (B, C e E) ou mais alcalino (A).
Alternativa D
29
DIAGRAMA DE IDEIAS
BIOCICLOS
AQUÁTICOS
MARINHO DULCÍCOLA
(TALASSOCICLO) (LIMNOCICLO)
30
AULAS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 3, 5, 7 e 8 HABILIDADES: 9, 12, 19, 27 e 30
31
desse total se encontram nos oceanos. Dos 2,8% restantes, criando prejuízos e exigindo medidas construtivas, como ca-
três quartos estão na forma de gelo. nalizações e piscinões. A construção de reservatórios ou re-
presas aumenta em demasia a umidade relativa local e, por
Mais conhecido como ciclo hidrológico, ele representa o
consequência, os índices pluviométricos regionais.
percurso da água desde a atmosfera, passando por várias
fases, até retornar de novo à atmosfera. Essas fases en- A falta de coleta e tratamento de esgotos associada à he-
globam, basicamente, a precipitação, escoamento superfi- rança de jogar lixo em córregos e rios traz mais um proble-
cial, infiltração, escoamento subterrâneo e a evaporação. A ma sério, que é a poluição hídrica, que acaba “engolindo”
precipitação se origina da água evaporada dos mares, la- receitas públicas enormes em projetos de saneamento e
gos, pântanos, rios, vegetais e animais, e forma as nuvens. limpeza, a fim de tornar novamente a água potável. As ci-
Essas, ao alcançarem regiões mais frias, se condensam e dades apresentam solo construído e bastante impermeabi-
caem na forma de chuva. lizado; em virtude disso, as águas pluviais infiltram pouco e
escorrem muito rapidamente para níveis mais baixos, que
A parcela de água precipitada sobre a superfície sólida acabam por sofrer enchentes. A enchente cria problemas
pode ter três vias distintas: a infiltração, a evapotrans- de saúde pública, pois permitem contato com resíduos sóli-
piração e o escoramento superficial. É através da infil- dos (lixo), vetores (ratos) e substâncias perigosas (efluentes
tração que se realiza o recarregamento das reservas fre- domésticos e industriais) e contaminadas por bactérias e
áticas e a reidratação dos solos, ou seja, dos depósitos outros patógenos. Algumas das soluções para esse pro-
de água disponível para a vegetação terrestre e para as blema: aumentar áreas verdes, construir piscinões (que
atividades biológicas que se desenvolvem nas camadas retardam o escoamento aos rios), evitar retificação dos rios
superficiais dos continentes. Essa água, acumulada por (diminuindo suas vazões), evitar lixo nas vias públicas, não
efeito de infiltração, é restituída à atmosfera por meio construir e nem ocupar as áreas de várzeas dos rios.
da evapotranspiração.
O escoamento superficial é responsável (ao lado da ressur-
gência de águas infiltradas) pela formação de córregos, rios
e lagos. A maior ou menor proporção do escoamento su-
perficial em relação à infiltração é influenciada fortemente
pela presença ou ausência da cobertura vegetal. Na figura
a seguir, os processos do ciclo hidrológico:
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
O ciclo das águas ou ciclo hidrológico
32
VIVENCIANDO
A compreensão dos ciclos biológicos, a exemplo o ciclo do carbono, o qual envolve processos como a respiração
celular a fotossíntese, pode contribuir para elucidar mecanismos que podem diminuir as consequências do efeito
estufa e maneiras para controlá-lo.
33
plantas, ainda que as outras formas de nitrogênio possam
ser usadas por diferentes organismos, completando o ciclo. O
ar está constantemente recebendo nitrogênio devido à ação
de bactérias desnitrificantes, sendo daí continuamente
retirado pelas ações das bactérias fixadoras de nitrogênio,
além de cianobactérias e reações provocadas pelas des-
cargas elétricas atmosféricas. No ar, devido à atividade in-
dustrial e às descargas de veículos automotores, produzindo
óxidos de nitrogênio – nitritos e nitratos –, o ciclo tem sido
alterado. Esses gases, na realidade, constituem fases tran-
sitórias do ciclo e, em geral, são encontrados em pequena
concentração no ambiente. Em termos de energia necessária
ao funcionamento do ciclo, pode-se dizer que dois processos
são fundamentais. No primeiro, partindo-se das proteínas, há 1.1.4. O ciclo do fósforo e os
formação de nitratos, aqui a energia é fornecida aos organis- seus desdobramentos
mos pela próprio processo de decomposição. No outro, acon-
O fósforo é liberado pela decomposição de compostos or-
tece ao contrário, a energia provém da luz solar ou de outras
gânicos até a forma de fosfatos, passível de ser aprovei-
fontes. O principal depósito de nitrogênio é a atmosfera, de
tado pelos vegetais. Ao contrário do nitrogênio, o grande
onde é fixado biologicamente principalmente pela ação de
reservatório de fósforo não é o ar, mas sim as rochas, for-
cianobactérias e bactérias fixadoras em associação
madas em remotas eras geológicas.
com raízes de leguminosas, fisicamente por intermédio
de descargas elétricas naturais potentes, como raios e relâm- A decomposição por fenômenos de erosão gradativa-
pagos. Em terra, a partir da fixação, tem início o metabolismo mente libera os fosfatos, que entram nos ecossistemas
vegetal de proteínas e compostos nitrogenados. onde são reciclados. Porém, grande parte desse fósforo
vai chegar aos mares e oceanos, onde se perde nos se-
dimentos mais profundos. Acredita-se que essa parcela
sedimentada nos mares volte ao ciclo muito lentamente,
não acompanhando a velocidade das perdas de fósforo,
que são muito mais intensas.
Tanto os movimentos de acomodação da crosta e as ele-
vações dos sedimentos, como também a atividade animal,
principalmente de aves e peixes, parecem não serem sufi-
cientes para compensar as perdas. A atividade humana tem
contribuído para acelerar as perdas de fósforo, tornando a
multimídia: vídeo reciclagem ‘acíclica’. Calcula-se que apenas 60 mil toneladas
de fósforo elementar são anualmente restituídas ao mar, em-
FONTE: YOUTUBE bora a retirada desse elemento, através da pesca de peixes
O ciclo do nitrogênio - Trabalho marinhos, seja proporcionalmente muito maior.
Paralelamente, grande parte do fósforo retirado dos milhões
Uma vez que a planta morra, esses compostos seriam de- de toneladas de rochas fosfatadas que são processadas é per-
compostos por bactérias e fungos, produzindo amô- dido ou arrastado pela água para os sedimentos profundos.
nia, que é substrato para a oxidação de duas populações Atualmente, o homem se preocupa mais com o fosfato
de bactérias, chamadas genericamente de nitrificantes, dissolvido nas águas interiores, em função de sua impor-
que inicialmente a transformaria em nitrito (bactérias ni- tância em termos de qualidade. Nesse aspecto, o fósforo
trosantes) para, a partir deste, ser transformado em nitra- tem papel relevante na eutrofização, podendo, como
to por outra população de bactérias (bactérias nitratan- consequência, causar prejuízo à água para fins de abaste-
tes). As bactérias nitrificantes, de modo geral, atuam cimento público. Como principais fontes de fósforo podem
sobre a amônia de qualquer origem: animal ou vegetal. ser mencionadas: as rochas sedimentares, os fertilizantes,
Finalmente, as bactérias desnitrificantes devolvem o os despejos líquidos domésticos, os detergentes, as águas
nitrogênio à atmosfera a partir de nitrato, principalmente. da chuva, os aditivos anticorrosivos e os aditivos usados no
Observe o ciclo: controle de incrustações.
34
Além dos ciclos biológicos, o oxigênio também participa
do processo de combustão, liberando luz e calor. Esse
gás também compõe a camada de ozônio, que influen-
cia a radiação dos raios ultravioletas (UV) na biosfera.
Lembrando que essa camada é alterada pela presença
de substâncias como o clorofluorcarbono, decorrentes
da industrialização.
2. POLUIÇÃO
1.1.5. O ciclo do enxofre os É a presença ou introdução, no meio ambiente, de matéria
seus desdobramentos ou energia que altere as suas características físicas, químicas
e biológicas. Pode ser entendida também como a presença
A principal fonte de enxofre para os seres vivos é constitu- de substâncias nocivas à saúde humana, a outros animais e
ída pelos sulfatos; absorvidos pelas plantas, são incorpo-
às plantas, ou que prejudicam o equilíbrio ecológico.
rados nas proteínas, portanto, na própria estrutura da ma-
téria viva. Em geral, a água potável não deve ultrapassar
um teor de 250 ppm em SO2-4. Teores superiores poderiam 2.1. A atividade humana e
causar diarreia nas crianças. Os resíduos orgânicos são de- a poluição ambiental
compostos por bactérias heterotróficas, que libertam H2S
Estima-se que os países industrializados (cuja população é
utilizando os sulfatos como fonte de energia. Inversamen-
te, outras bactérias reoxidam o H2S em SO2-4 , tornando o minoria no Planeta) são responsáveis por 80% a 90% da
enxofre disponível para outros seres vivos. poluição mundial. O processo de industrialização levou ao
aumento de “doenças industriais” nos locais de trabalho e
fez proliferarem gases como CO2 − dióxido de carbono e
1.1.6. O ciclo do oxigênio e os SO2 − dióxido de enxofre, que formam verdadeiras capas
seus desdobramentos ou cortinas de fumaça sobre as cidades industriais. Apesar
Este ciclo envolve a quantidade de oxigênio produzido da legislação sobre o controle de emissão, a poluição do ar
anualmente pela fotossíntese e o consumo no proces- continua sendo um problema, particularmente devido ao
so de oxidação da glicose (respiração), através das aumento dos gases emitidos por veículos. A chuva ácida,
plantas e dos animais. A oxidação provoca a formação de o efeito estufa e a diminuição da camada de ozônio são
gás carbônico, o qual é utilizado no processo de fotos- algumas consequências da poluição atmosférica.
síntese. A fotossíntese consiste na utilização da luz pelos
A introdução de produtos químicos artificiais no mercado,
organismos dotados de clorofila, como fonte de energia,
como fertilizantes, remédios e aditivos para manufatura e
para sintetizar compostos orgânicos, produzindo oxigênio
alimentos, ampliou enormemente o número de poluentes,
como subproduto.
que já chega atualmente a várias centenas. Entre os mais
Fotossíntese perigosos e disseminados (alguns ainda em uso, principal-
mente em países em desenvolvimento) estão: lixo indus-
luz trial lançado em cursos de água; DDT (pesticida); asbesto
6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
clorofila (amianto), utilizado em construções à prova de fogo; radia-
ção nuclear liberada pela operação normal de usinas atô-
Respiração celular micas, na manufatura de armas e em acidentes nucleares.
Outras formas de poluição são: esgotos sem tratamento e
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + ENERGIA lixo tóxico lançados no mar; radiação eletromagnética de
equipamentos eletrônicos e cabos de tensão, em escritó-
rios e no lar; poluição sonora e luminosa.
Estima-se que 98% do oxigênio presente na atmosfera As empresas industriais procuram apresentar dados científi-
seja proveniente do fitoplâncton, conjunto de seres fo- cos que comprovam que a poluição vem caindo a níveis acei-
tossintetizantes que vivem na coluna-d’água. Seres que táveis, mas não há consenso sobre o limite entre o aceitável
realizam respiração aeróbica utilizam o oxigênio na res- e o nocivo (além disso, à medida que novas pesquisas são
piração celular. Um dos produtos desse processo é o gás realizadas, descobre-se que níveis anteriormente tidos como
carbônico, usado na fotossíntese. aceitáveis podem na realidade representar riscos).
35
Para os governos, o controle da poluição envolve a neces- por legislação, ocasionando, assim, interferência prejudi-
sidade de escolher entre prioridades divergentes, como a cial aos usos preponderantes das águas, ar e solo.
saúde, a indústria e o comércio. Em que o desenvolvimento
Em função do tipo de poluentes, podem ser distinguidas
industrial é objeto de incentivo especial, como nos países
diversas formas de poluição: poluição física, química, físi-
em desenvolvimento ou nos antigos países socialistas eu-
co-química, bioquímica, biológica e radiativa. As diversas
ropeus, níveis de poluição demasiadamente elevados, prin-
formas de poluição se interligam de modo que o controle
cipalmente em áreas urbanas, são mais tolerados.
da poluição deverá ser feito em conjunto; em outras pa-
A poluição ambiental pode ser considerada como a degra- lavras, o controle da poluição do solo, por exemplo, pode
dação do ambiente, resultante de atividades que direta ou criar problemas para a qualidade das águas superficiais ou
indiretamente: subterrâneas, caso certas medidas não sejam tomadas.
prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar das po- Apesar de sua atual posição de dominância na Terra, o ser
pulações; humano depende de outros organismos vivos para sua so-
brevivência. Ao se segregar nas grandes cidades, o homem
criem condições adversas às atividades sociais e eco-
civilizado pode pensar que se tornou independente da natu-
nômicas;
reza, mas, se atentar para seu alimento, para o ar que respira
afetem desfavoravelmente a biota; e para a água que usa, irá verificar que, como todos os outros
afetem as condições sanitárias do meio ambiente; e animais, ele é fundamentalmente dependente das relações
existentes entre os sistemas vivos e seu ambiente físico.
lancem matéria ou energia em desacordo com os pa-
No sentido lato, o ambiente do homem é a biosfera (parte
drões de qualidade ambiental estabelecidos pelos ór-
da esfera terrestre onde se desenvolve a vida), a qual apre-
gãos de controle ambiental.
senta, basicamente, três características principais: recebe
A poluição ambiental é devido à presença, lançamen- amplo suprimento de energia; dispõe de água líquida em
to ou liberação nas águas, no ar ou no solo de toda e quantidade substancial e, finalmente, apresenta interfaces
qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, entre os estados sólido, líquido e gasoso da matéria, sendo
quantidade, concentração ou características em desacor- que os elementos químicos essenciais tendem a circular do
do com os padrões de qualidade ambiental estabelecidos ambiente para os organismos e vice-versa.
O aquecimento global contribui para a acidez dos oceanos, o que pode levar à morte de corais, já que o gás car-
bônico, principal gás do efeito estufa, reage com o esqueleto calcário desses cnidários. Lembrando que esse gás
faz parte do ciclo do carbono. Para compreender essas reações, são necessários conceitos de química. A queima de
combustível fóssil libera CO2 para atmosfera, que pode entrar em contato com a água e formar o ácido carbônico.
Esse ácido carbônico pode se ionizar na água liberando íons H+ e bicarbonato. A saturação desses íons pode resultar
em problemas para a flora e a fauna marinha.
36
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementa-
30 ção da saúde individual, coletiva ou do ambiente.
Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos desenvolvidos em sala às situações-problemas visando à mel-
horia da qualidade de vida, seja em situações relacionadas à saúde humana ou à qualidade ambiental, possibil-
itando também o desenvolvimento sustentável das atividades antrópicas.
Modelo
(Enem) A modernização da agricultura, também conhecida como Revolução Verde, ficou marcada pela expansão da
agricultura nacional. No entanto, trouxe consequências como o empobrecimento do solo, o aumento da erosão e dos
custos de produção, entre outras. Atualmente, a preocupação com a agricultura sustentável tem suscitado práticas
como a adubação verde, que consiste na incorporação ao solo de fitomassa de espécies vegetais distintas, sendo as
mais difundidas as leguminosas.
ADAPTADO DE: ANUNCIAÇÃO, G.C.F. DISPONÍVEL EM: WWW.MUZ.IFSULDEMINAS.EDU.BR. ACESSO EM: 20 DEZ. 2012.
A utilização de leguminosas nessa prática de cultivo visa reduzir a:
a) utilização de agrotóxicos.
b) atividade biológica do solo.
c) necessidade do uso de fertilizantes.
d) decomposição da matéria orgânica.
e) capacidade de armazenamento de água no solo.
Análise expositiva - Habilidades 30: As espécies vegetais necessitam não somente de sol e água para rea-
C lização da fotossíntese, como também absorvem do solo nutrientes importantes para seu desenvolvimento.
Em um ambiente natural, os ciclos biogeoquímicos se mantêm em equilíbrio; no entanto, as áreas cultivadas
tendem a interferir na microbiota do solo, como também retiram a cobertura vegetal (serapilheira) que alimen-
tam os ciclos dos nutrientes. Desse modo, para aumentar a produtividade das plantações, deve-se recobrir o
solo a fim de protegê-lo da erosão, além de aumentar a decomposição e, assim, disponibilizar naturalmente
mais nutrientes, reduzindo a necessidade de fertilizantes. A utilização de espécies da família das leguminosas
(feijão, lentilha, ervilha, soja etc.) garantem ainda aumento da fixação de nitrogênio, uma vez que, nas raízes
dessas espécies vegetais, se encontram bactérias (Rhizobium) que convertem o nitrogênio gasoso em molécu-
las nitrogenadas inorgânicas, que serão aproveitadas pelas plantas.
Alternativa C
37
DIAGRAMA DE IDEIAS
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
CARBONO OXIGÊNIO
CO2 O2
VEGETAIS ANIMAIS FOTOSSÍNTESE COMBUSTÃO
DECOMPOSITORES RESPIRAÇÃO
AERÓBI"
NO2- NO3-
SOLO /
MAR PO43- ; SO43- (aq.) DECOMPOSITORES
VEGETAÇÃO
SUBSOLO
38
AULAS PROBLEMAS AMBIENTAIS
23 E 24
COMPETÊNCIA: 3 HABILIDADES: 8e9
39
As interferências humanas desordenadas sobre o ambiente da lavoura. Permitindo assim, que a terra fosse lavrada e
podem originar impactos de diversas naturezas. Observe, nas gradeada em épocas do ano em que o solo encontra-se
figuras a seguir, exemplos de impactos socioambientais. muito úmido e pesado para trabalhar, o que acarreta na
deterioração da estrutura do solo, que muda e impede, ao
mesmo tempo a drenagem, o desenvolvimento de raízes e,
portanto, a produtividade.
A remoção da cobertura vegetal original acelera
o processo erosivo, alterando os processos geomorfo-
lógicos. A remoção da cobertura vegetal, independente da
ocupação posterior, promove a perda de até 50% de solo
por erosão. Com a intensificação destes processos, pode-
mos falar em desertificação.
É possível alterar a composição química do solo, conhecen-
ECOLOGIA DA PAISAGEM − DEGRADAÇÃO AMBIENTAL do-se sua composição e corrigindo-a para melhor atender
às necessidades da cultura vegetal de interesse.
Trata-se do processo denominado fertilização ou adubação
do solo. A aplicação continuada e intensiva de fertilizantes
altera a química do solo, concentrando vastos estoques de
NPK, o que vai alterar significativamente o ciclo do nitro-
gênio e as taxas de decomposição no solo. Tudo isso exige
grandes implementos e mecanização especializada para
tornar o solo produtivo novamente, o que nem sempre é
viável, financeiramente, para pequenos e médios agricul-
tores. Lembre-se que os solos tropicais não são, via de
MISÉRIA E POBREZA − DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E EXCLUSÃO regra, férteis e que a biodiversidade que eles sustentam
está associada a altas e rápidas taxas de decomposição
40
domínio original dos cerrados, apresenta esse problema. ocorre, ao longo do tempo, a infiltração dos líquidos
As grandes monoculturas de cana-de-açúcar e soja só são gerados na decomposição dos resíduos − chorume –,
possíveis graças à correção do solo. aos quais se soma a fração das águas pluviais que se
A excessiva irrigação, por outro lado, pode provocar a sa- infiltram no solo e que nessa passagem lixiviam esses
linização de certos tipos de solos, como os do semiárido, resíduos, carreando substâncias para as camadas mais
tornando-os impróprios para cultivos de interesse econô- profundas e para os aquíferos subterrâneos, causando
mico, assim como para o desenvolvimento de uma vege- contaminação desses importantes mananciais de águas.
tação natural. Nesses solos, a drenagem é muito rápida e Os efeitos desses sistemas de disposição de resíduos no
praticamente nenhuma água é totalmente desprovida de solo tendem a ser de natureza localizada. Ocorre, nos
sais, levando a uma concentração salina comprometedora locais de disposição de resíduos orgânicos, a aeração
à agricultura tradicional. Isso impõe desafios criativos de de gás, constituído, basicamente, de metano e gás car-
natureza tecnológica para a região. bônico, o qual limita o suprimento de oxigênio para as
camadas superficiais do aterro, causando a morte da
Ainda em relação ao tipo de ocupação humana, temos
vegetação. Destacam-se entre as fontes de poluição do
como consequência da atividade agrícola a aplicação de
solo derivadas da atividade humana:
nutrientes e defensivos agrícolas no solo e a remoção sa-
zonal da cobertura vegetal. resíduos sólidos domésticos, hospitalares e industriais;
Do ponto de vista do solo, o principal dano decorrente da resíduos líquidos sanitários e industriais;
sua utilização é a suscetibilidade à erosão, causada pela urbanização e ocupação do solo;
ação das águas e do vento e consequente remoção das
partículas do solo. Esta remoção além de causar alterações agropecuária extensiva e a acidentes no transporte de cargas.
de relevo, riscos às obras civis, remoção da camada superfi- Os resíduos gerados pela atividade humana são dispostos
cial e fértil do solo, provoca o assoreamento dos rios. Como diretamente sobre o solo, seja na forma de aterros, seja por
consequência indireta, ocorrem as inundações e alterações infiltração, ou pelo simples acúmulo sobre o solo.
dos cursos d’água. A erosão do solo está principalmente
associada a fatores como clima, tipos de solo e declividade
do terreno.
As práticas recomendas para se evitar a erosão estão ligadas
à manutenção da cobertura vegetal, utilização de árvores
como quebra-ventos, cobertura do solo com serragem e téc-
nicas de caráter mecânico, como aração, plantio e constru-
ção em curvas de nível - execução de canaletas para desvio
das águas pluviais e execução de muros de arrimo.
A disposição indiscriminada de resíduos sólidos − lixo
– e efluentes líquidos − esgoto – no solo é outro uso
do solo que tem se mostrado inadequado, uma vez que POLUIÇÃO DO SOLO − DESERTIFICAÇÃO
VIVENCIANDO
Os problemas ambientais acompanham nosso cotidiano. Poluição do ar, degradação do solo, desmatamento e su-
perpopulação representam enormes ameaças que devem ser sanadas para que o Planeta continue sendo um ambi-
ente para todas as espécies. Compreendendo os conceitos que permeiam os problemas ambientais, podemos criar
soluções possíveis para essas situações.
41
3. IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA SOBRE A COMUNIDADE BIOLÓGICA
A grande mudança na relação entre o homem e os demais seres vivos ocorreu com a transição da sociedade mesolítica,
na qual o homem era essencialmente caçador e coletor, caracteristicamente nômade, para a economia neolítica, na qual o
homem passou a ser agricultor e domesticador-criador de diversas espécies animais, fixando-se a um determinado lugar.
O homem se tornou uma “espécie natural” extremamente urbanização, industrialização, projetos de assentamento (co-
importante no processo evolutivo dos seres vivos no Plane- lonização), projetos de desenvolvimento (estradas, hidroelé-
ta, substituindo a seleção natural pela humana, destacando- tricas, usinas nucleares e mineração), extrativismo vegetal,
-se como força natural controladora de outros organismos. exportação de madeira, produção de carvão, entre outros,
que destroem ou simplificam intensamente os habitats,
As alterações nos padrões da vegetação e dos animais obe-
comprometendo diretamente a sustentabilidade da fauna.
deceram a uma série de razões, sempre levando em conta os
interesses humanos de eliminação de doenças e manuten- Mais do que com a vegetação, a interferência humana
ção de animais e vegetais de seu consumo, através da eli- nas populações animais redundou em efeitos mais abran-
minação de seus predadores e parasitas. Porém, a influência gentes e imprevisíveis, alterando sua densidade e levando
do homem sobre a biosfera não foi uniforme. várias espécies à extinção, assim como ameaçando tantas
outras, atualmente.
A modificação dos padrões da vegetação para fins agríco-
las ou florestais, com a consequente mudança no micro- A erradicação de certas espécies e a introdução de ou-
clima, levou, inevitavelmente, à modificação das proprie- tras fizeram aumentar a quantidade de animais herbí-
dades do solo, em face da estreita relação causal dos três voros, à custa dos carnívoros caçados, em virtude de,
aspectos: clima, solo e vegetação. potencialmente, representarem prejuízos à atividade
As relações idealizadas entre solos, vegetação e clima, ex- econômica desenvolvida.
pressas como tipos clímax de vegetação, na verdade revelam As reduções e eliminações verificadas por destruição do
a distribuição das grandes formas vegetacionais que domina- habitat, frequentemente uma consequência indesejada
vam o Planeta, anteriormente à grande devastação humana: da falta de planejamento e do mau uso da terra, são, atual-
florestas equatoriais (floresta Amazônica), tropicais (Mata mente, as de maior impacto sobre a fauna e as mais difíceis
Atlântica), temperadas (taiga), formações campestres aber- de conter, devido à expansão urbano-industrial. A fau-
tas (pampas, campos rupestres, caatingas, cerrados, savanas, na com pequena população natural e habitat muito restrito
pradarias e estepes), desertos (Kalahari, Saara e Atacama) e é particularmente propensa à extinção, como resultado
outras formações (Pantanal, alagados e manguezais). da atividade humana. Isso pode acelerar um processo na-
A tendência geral tem sido no sentido de degradar o esta- tural ou reverter uma tendência natural − colonização.
do da vegetação, reduzindo a diversidade das espécies e a Por exemplo, a extinção acidental de um inseto não é nada
biomassa. O objetivo é destinar essas áreas à agricultura, em comparação com as explosões populacionais provocadas
42
pelo homem ao retirar algum freio à expansão dentro do
Mudanças
ecossistema, pelo menos do ponto de vista da saúde pública. Expansão de
área agrícola
Madeireiras climáticas globais
4. IMPACTO DA ATIVIDADE
HUMANA SOBRE A ATMOSFERA
O homem alterou pela primeira vez a ação local da atmos-
PERDA DE BIODIVERSIDADE − TRÁFICO fera e, portanto, o clima, há 7 ou 9 mil anos, ao mudar a
face da Terra com a derrubada de florestas, a semeadura e
a irrigação. Desde então, o controle das forças atmosféri-
cas é quase inteiramente defensivo, procurando-se evitar
as piores consequências do intemperismo climático.
O controle positivo do clima é extremamente limitado em
área e intensidade; no entanto, é provável que no decurso
deste século o homem tenha começado inadvertidamente
a acelerar o ritmo de mudança do clima do globo.
Supõe-se que a tendência natural para o resfriamento no
clima mundial desde a década de 1950 já foi detida, espe-
PERDA DE BIODIVERSIDADE − DESMATAMENTO rando-se um aquecimento perceptível lá pelos anos 2000;
43
por volta de 2050, talvez tenhamos o clima mais quente é fundamental. O que pode ser polêmico está associado ao
dos últimos mil anos. seu aumento e às possíveis consequências.
Se o gelo derreter em proporções consideráveis, isso pro- A influência humana sobre o clima é muito difícil de ava-
vocaria outras grandes e talvez irreversíveis distorções na liar. Pode-se supor e evidenciar as alterações provocadas
circulação atmosférica, e nos padrões do equilíbrio térmi- em escala microclimática, por exemplo, à construção de
co. Tais alterações são consideradas como sendo prováveis um reservatório de água, e mesoclimática, por exemplo, a
consequências diretas da modificação da composição at- presença de uma grande cidade e a constatação de que ela
mosférica especialmente do teor de poeira e gás carbônico é uma ilha de calor. No entanto, alterações macroclimá-
− decorrentes das altas taxas de urbanização e poluição. ticas podem estar associadas a processos planetários glo-
bais. Não vamos esquecer que o Planeta tem cerca de 4,5
Uma vez que a atmosfera é um sistema contínuo e único, bilhões de anos e já esfriou e esquentou várias vezes, mes-
pode-se concluir que as mudanças são transmissíveis em mo antes de o homem – Homo sapiens, andar por aqui.
toda sua extensão; assim, uma alteração em pequena es-
cala pode ter consequências globais. A mudança do clima provocará mudanças em cascata
nos processos geomorfológicos do solo e da vegetação, o
O determinante fundamental do clima é a entrada de ra- que, por sua vez, trará novas alterações climáticas.
diação solar que impulsiona os mecanismos da atmosfera;
assim, os elementos do clima, temperatura, pressão, vento
e precipitação, podem ser considerados efeitos secundários 4.1. Poluição atmosférica
da diferença de aquecimento da atmosfera e da superfície A atmosfera recebe, anualmente, milhões de toneladas
da Terra. de gases tóxicos, como monóxido de carbono, dióxido de
Mudanças na refletividade da superfície da Terra − albedo, enxofre, óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos, além de
alteram o aquecimento da atmosfera inferior, e elas estão partículas que ficam em suspensão. As principais fontes
relacionadas a uma alteração no uso da terra. O aumento geradoras de poluição atmosférica são os motores dos au-
da concentração de gás carbônico, devido à queima de com- tomóveis, as indústrias (siderúrgicas, fábricas de cimento e
bustíveis fósseis e desmatamento, é considerado o responsá- papel, refinarias etc.), a incineração de lixo doméstico e as
vel pela tendência mundial do aquecimento climático. queimadas de florestas para expansão da lavoura.
Por conseguinte, o gás carbônico está associado ao au- O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, inodoro,
mento do efeito estufa, e não a sua origem, pois efeito um pouco mais leve do que o ar e muito venenoso. Ele é pro-
estufa é uma propriedade que certos corpos têm de ser em duzido durante a queima incompleta de moléculas orgânicas,
permeáveis à luminosidade e impermeáveis ao infraverme- e sua maior fonte emissora são os motores a combustão dos
lho (ondas de calor), como o plástico, o vidro e a atmosfera. automóveis. O monóxido de carbono tem a propriedade de se
combinar irreversivelmente com a hemoglobina do sangue,
Essa propriedade atmosférica é fundamental para que o inutilizando-a para o transporte de oxigênio. O indivíduo afe-
Planeta não resfrie muito durante a noite e aqueça demais tado por esse gás tem sintomas de asfixia, com aumento dos
durante o dia, o que comprometeria a vida, pois faria com ritmos respiratório e cardíaco. A exposição prolongada ao mo-
que a água congelasse ou vaporizasse, impedindo o seu nóxido de carbono pode levar à perda de consciência e à morte.
papel biológico, junto aos seres vivos. Logo, o efeito estufa
Para entender melhor como acontece o efeito estufa, é preciso, antes, compreender o que são radiações eletromag-
néticas. Essas ondas têm alguns parâmetros que as definem, como a distância entre duas ondas e o comprimento
de onda. Assim, conceitos de Física facilitam a compreensão de como as ondas são refletidas e absorvidas pela
atmosfera terrestre, levando ao efeito estufa e ao aquecimento global.
44
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA (VEÍCULOS/INDÚSTRIAS) Grandes responsáveis pela produção de matéria particula-
da no ar são as siderúrgicas e as fábricas de cimento, estas
Concentração Sintomas em
últimas responsáveis pela liberação de partículas de sílica.
de CO (ppm) seres humanos
A sílica, como o amianto, quando particulada no ar, é a
10 Nenhum
causa comprovada de diversas doenças pulmonares, tais
Diminuição da ca- como fibroses e enfisemas.
15
pacidade visual
60 Dores de cabeça 4.1.1. Inversão térmica
100 Tonturas, fraqueza muscular Em condições normais, a temperatura da atmosfera diminui
270 Inconsciência gradativamente com a altitude, o que facilita a dispersão
800 Morte dos poluentes para as camadas mais altas da atmosfera.
Concentração de CO (ppm) Em certas épocas do ano, principalmente no inverno,
Qualidade do ar
(média de 8 h) pode ocorrer o fenômeno atmosférico denominado in-
Inadequada 15 a 30 versão térmica, causado pela interposição de uma
Péssima 30 a 40 camada de ar quente entre camadas de ar frio em certa
Crítica Acima de 40 altitude. A camada quente impede a dispersão de po-
luentes, que ficam aprisionados junto à superfície. Nessas
O dióxido de enxofre (SO2) é um gás venenoso, pro- ocasiões, ocorre grande aumento de casos de irritação
veniente da queima industrial de combustíveis como o das mucosas e problemas respiratórios. As inversões tér-
carvão mineral e o óleo diesel, que tem enxofre como micas, importantes em termos de poluição do ar, são as
impureza. O dióxido de enxofre, juntamente com o óxido de radiação e as de subsidiência. A por radiação acontece
de nitrogênio, também liberado pela atividade industrial, frequentemente quando o solo se esfria por radiação du-
provoca bronquite, asma e enfisema pulmonar. Além rante a noite. A presença dessas inversões noturnas por
disso, reagindo com vapor d’água na atmosfera, esses radiação impede a dispersão das emissões de poluentes
óxidos podem formar ácidos sulfúrico e nítrico, que se na cidade à noite. A de subsidiência é aquela que ocorre
precipitam com a umidade e formam as chuvas ácidas. quando há um processo de afundamento e compressão
Em certos países europeus, onde a produção de energia da massa de ar. Quanto maior for a convergência de mas-
é baseada na queima de carvão e óleo diesel, as chu- sa em altitude, maior o movimento descendente (afun-
vas ácidas têm sido responsáveis por grandes danos à damento), havendo, consequentemente, maior grau de
vegetação, além de corroerem construções e monumen-
compressão da atmosfera ocasionando, maior aumento
tos. Na Alemanha e na Holanda , por exemplo, estima-se
de temperatura. Os movimentos físicos a que a atmosfera
que 50% das florestas naturais já foram destruídas pelas
está submetida não são uniformes. Algumas vezes, uma
chuvas ácidas. Observe, na figura a seguir, detalhes da
camada da atmosfera fica mais comprimida entre as ou-
formação da chuva ácida a partir de lançamento de NO2
tras. Essa compressão diferenciada aumenta a tempera-
e SO2 de origem antrópica na atmosfera.
tura em uma determinada camada em relação às outras.
Isto se chama inversão de subsidiência.
Dessa forma, quando a temperatura começa a aumentar,
ao invés de diminuir com a altitude, ocorre a chamada in-
versão térmica. Geralmente, a camada de inversão detém
a subida natural dos poluentes, que quase sempre saem
das fontes com uma temperatura maior que a ambiente,
subindo por diferença de densidade, até haver uma igual-
dade de temperatura.
Existindo a camada de inversão à baixa altitude, a con-
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA − CHUVA ÁCIDA centração de poluentes junto ao solo aumenta muito, já
Nas cidades modernas, há grande quantidade de partí- que nesse período de inversão não há ventos e geralmen-
culas em suspensão no ar, produzidas principalmente te, há baixa velocidade ou calmaria total. Na cidade de
pelo desgaste de pneus e freios de automóveis. Pastilhas São Paulo, as inversões formam-se, na maioria das vezes
de freio, por exemplo, liberam partículas de amianto, que de madrugada, ocorrendo a sua destruição nas primeiras
podem causar doenças pulmonares. horas de insolação. Veja o esquema a seguir:
45
EFEITO ESTUFA
Gases Contribuição (%)
dióxido de carbono 61
metano 15
óxido de nitrogênio 4
clorofluorcarboneto 11
outros, inclusive
9
vapor-d’água
46
combustíveis (carvão e petróleo) em larga escala, a fim Logo, podemos dizer que o ozônio funciona como um “fil-
de produzir energia. Com isso, a concentração de gás tro” dessas radiações, um fator de extrema importância,
carbônico no ar se elevou nesses últimos 100 anos, de visto que são radiações mutagênicas e, portanto, cance-
0,029% para quase 0,04% da composição atmosférica, rígenas, sobretudo para a pele humana.
o que corresponde a um aumento da ordem de 38%.
Nos últimos 10 anos, os cientistas notaram o apareci-
Embora sem estimativas precisas, sabe-se que a quan-
mento de dois grandes “buracos”, isto é, regiões sem
tidade de metano presente na atmosfera também vem
ozônio, na atmosfera. O buraco maior se localiza sobre
crescendo. Esse gás resulta da decomposição da maté-
o Polo Sul, e chega a atingir uma área de 21 milhões
ria orgânica, e sua concentração na atmosfera aumenta
de km2, mais do que o dobro da área do Brasil. O outro
proporcionalmente ao crescimento da população. Isso se
buraco, menor, localiza-se sobre o Polo Norte. A destrui-
deve à maior produção de lixo e esgotos e ao aumento
das áreas de terrenos alagados, onde se cultiva arroz e há ção da camada de ozônio é consequência da liberação de
grande decomposição de matéria orgânica. gases denominados clorofluorcarbonos (CFC) para a
atmosfera. O CFC é inerte, bastante estável, usado para
Possíveis consequências do efeito estufa refrigeração em geladeiras e bebedouros e como prope-
lente, na indústria de isopores, espumas e plásticos. Por
O efeito estufa vem despertando polêmicas na Europa,
ser muito barato, vem sendo utilizado desde 1930. Por
nos Estados Unidos e no Japão. As pessoas demonstram
ser extremamente leve, após um vazamento ou quando
preocupação quanto ao inverno, que já não parece ser tão
lançado na atmosfera, ascende devagar, mas vai para as
frio como antigamente. As imagens de impacto mostram
altas camadas da atmosfera, onde permanece cerca de
desertos se expandindo, cidades costeiras inundadas e
50 anos. Ao chegar na ozonosfera, cataliza a degradação
grandes alterações climáticas.
do ozônio. O CFC libera átomos de cloro na presença de
Alguns cientistas acreditam que, se os gases que provocam UV. O uso do CFC já é proibido nos países do Hemisfério
o efeito estufa continuarem a se acumular na atmosfera, Norte e vem sendo substituído por água e pelo HFC (Hi-
devemos esperar uma elevação de até 4 °C na temperatu- drogênio Flúor Carbono); o mesmo vem acontecendo nos
ra média mundial, nos próximos 50 anos. países do Hemisfério Sul.
Um aumento dessa ordem provocaria grandes mudanças
no clima da Terra. Nas regiões tropicais ocorreriam tem-
pestades torrenciais. Nas regiões temperadas, o clima
poderia se tornar mais quente e seco. As regiões polares
poderiam ter grande parte do gelo derretida, com eleva-
ção do nível dos mares e inundação de cidades litorâneas
e planícies. Uma inundação da Amazônia, com submersão
da floresta, levaria à formação de uma imensa bacia de
decomposição, o que produziria mais metano, acentuan-
Medições recentes, feitas na Antártica, indicam um gran-
do ainda mais o efeito estufa.
de aumento da mortalidade das algas marinhas do plânc-
A camada de ozônio, também chamada de ozonosfe- ton, principalmente entre os meses de setembro e de-
ra, trata-se de uma das camadas de nossa atmosfera, que zembro, quando o buraco de ozônio atinge sua extensão
está localizada a cerca de 50 km da superfície do Plane- máxima. Além do prejuízo para as cadeias alimentares
ta. É constituída, basicamente, de ozônio (O3), formado marinhas, a morte das algas planctônicas também pode
na seguinte reação: O2 + 1/2O2 + ultravioleta o O3; afetar o clima, uma vez que elas liberam dimetil-sulfeto,
isto quer dizer que na formação do ozônio, as radiações que auxiliam a formação de nuvens, pois servem como
ultravioleta A e B ( UVA / UVB ) são consumidas, não núcleos de condensação.
atingindo a superfície terrestre, portanto.
47
No entanto, o homem prefere intervir no sistema hidroló- Já, quanto à indústria pesqueira, atividade econômica bas-
gico nos pontos em que a relação custo/benefício seja a tante importante para muitas culturas e países, observamos
melhor, empregando a tecnologia disponível. que normalmente não se respeitam diversos pontos das
Os principais pontos de interferência humana no ciclo legislações nacional e internacional: espécies permitidas,
hidrológico se dão quanto à modificação dos índices de períodos de reprodução, quantidades máximas permitidas,
precipitação e até mesmo por captação das águas pluviais. sobrepesca e atuação em águas costeiras.
A umidade do solo é alterada em função de sua ocupação Atividade não evidente no Brasil, apesar da imensa costa − cer-
e uso, indisponibilizando-a para a vegetação, por exemplo, ca de 8.500 km − observa-se pouca produtividade em tonela-
e fazendo o solo mais suscetível à ação erosiva. O escoa- gens para os principais grupos de peixes no mercado e muitas
mento superficial é modificado pela alteração dos sistemas perdas; enfim, a pesca é tradicionalmente artesanal e ligada às
de drenagem promovidos pela ocupação. culturas caiçaras − em extinção. Outros pontos importantes são
o baixo nível tecnológico dos equipamentos e barcos. Nossas
A água na atmosfera pode ser liberada em maior quan- águas quentes são reduto de alta biodiversidade, mas baixa
tidade devido aos desmatamentos, levando a uma alte- densidade populacional, ou seja, cardumes reduzidos.
ração da evapotranspiração. A alteração do fluxo fluvial
altera profundamente a distribuição dos recursos hídricos
para a fauna e flora, assim como para o homem.
5.1. Poluição das águas
É a contaminação dos recursos hídricos. O crescimento
A extensão e a intensidade das alterações demonstram a rela-
tiva facilidade com que o homem pode manipular a água doce populacional e os padrões de vida mais elevados exigem
e a necessidade de assim proceder para sua sobrevivência. Os maior demanda de recursos hídricos, exigência que não
fatores econômicos e sociais constituem as limitações mais pode ser atendida pelo ciclo natural hidrológico.
frequentes da alteração da água. Consequentemente, a qualidade da água superficial e subter-
A indústria extrativista exerce efeitos sobre a qualidade da rânea, tanto dos mares quanto de rios e lagoas, é progressiva-
água, se estiver localizada perto da corrente. A mineração a céu mente prejudicada. Uma certa quantidade de poluentes pode
aberto poderá provocar contaminação sedimentológica e quí- ser assimilada por diluição ou pela atuação de organismos na
mica. A extração subterrânea de carvão muitas vezes faz com cadeia alimentar que se ajustam às mudanças na qualidade da
que a drenagem ácida das minas chegue aos rios. Os oceanos água. Além desses limites, porém, a poluição representa uma
são fundamentais no processo de controle dos fluxos globais ameaça real à qualidade da água, à saúde e ao meio ambiente.
de energia e, consequentemente, no ambiente geral do Plane-
A poluição térmica produzida pela água utilizada no sistema
ta, principalmente devido ao “alto calor específico” da água
de refrigeração das usinas de energia também reduz a solubili-
que retém calor, representando, assim, papel fundamental, nos
dade do oxigênio em rios e lagos, e a diversidade das espécies
processo climáticos globais, como pode ser exemplificado pe-
é ainda mais ameaçada quando as correntes são obstruídas
los fenômenos El niño e La niña, que resultam provavelmente
por sólidos inertes que resultam, por exemplo, de drenagem,
do aquecimento diferenciado de massa de águas oceânicas.
escavação ou detritos urbanos.
Por outro lado, o papel do fitoplâncton oceânico é fundamental
no controle atmosférico do carbono fixando-o a partir da atmos- Produtos químicos tóxicos, tais como os metais pesados cádmio
fera e produzindo 75% do oxigênio atmosférico, além de poder e mercúrio, produzidos em algumas operações industriais e de
estar diretamente ligado à formação de nuvens pela liberação de mineração, e despejados nos rios, lagos ou águas costeiras, po-
gases que funcionariam como núcleos higroscópicos ou de con- dem matar os organismos vivos e se acumular nos tecidos dos
densação, representando, portanto, importante componente na peixes e crustáceos, que fazem parte da cadeia alimentar huma-
determinação do clima global, quanto aos níveis de precipitação. na, podendo provocar graves danos à saúde. Observe, a seguir,
um esquema simplificado de uso de água para resfriar o reator
Os oceanos são cada vez mais impactados devido a sua
de uma usina nuclear.
utilização como via de transporte ou fonte de matérias-
-primas, além de ser considerado um excelente de-
pósito de efluentes e resíduos sólidos devido a
sua grande capacidade de autodepuração, mas
que é limitada como em qualquer ambiente.
Como impacto direto da extratividade realizada pelas indús-
trias geradoras de matérias-primas, podemos citar: perfura-
ções petrolíferas; extração de enxofre, de areia, de pedre-
gulho, de magnetita, de diamantes, de ouro, de cromita, de
fosfato, de tungstênio e de nódulos de manganês.
48
Outros poluentes metálicos possivelmente nocivos são o combinada da sedimentação (precipitação por gravidade
alumínio, utilizado no tratamento de águas, que já foi rela- de substâncias em suspensão) e da luz ultravioleta e visível
cionado ao mal de Alzheimer, e o chumbo, utilizado nos en- elimina substancialmente as bactérias. Entretanto, em áreas
canamentos de algumas casas antigas e identificado como de temperatura alta, podem surgir algas em águas ricas em
causa de danos cerebrais em algumas crianças. nutrientes. Para combater isto, a filtragem lenta com areia
Os poluentes orgânicos da água doce e salgada, tais como tem sido usada desde o início do século XIX; isto depende de
resíduos animais, podem ameaçar a sobrevivência de pei- uma combinação de filtragem direta e da ação bacteriana
xes pela redução da quantidade de oxigênio dissolvido dis- no interior das camadas superiores do leito de areia. Filtros
ponível, enquanto o uso excessivo de fertilizantes agrícolas modernos mais rápidos empregam tratamentos químicos,
e a liberação de nitrogênio podem provocar a dissemina- particularmente com sulfato de alumínio, para coagular só-
ção de algas venenosas. lidos em suspensão antes que estes sejam removidos par
um clorificador. A água é comumente desinfetada com cloro,
Os nitratos e pesticidas utilizados na agricultura foram as-
embora isto possa provocar um gosto desagradável quando
sociados ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer
certas substâncias orgânicas estão presentes.
nos seres humanos.
Depois do tratamento, a água é armazenada em um re-
Em países nos quais não há tratamento adequado de água
servatório de serviço, que pode ser uma cisterna fechada
e esgoto, a poluição da água utilizada pela população pode
subterrânea, nas regiões elevadas, ou, em regiões planas,
contribuir para a disseminação do cólera, do tifo e da ma-
uma caixa-d’água. Isto garante alguns dias de suprimento
lária, assim como ser responsável por doenças parasíticas
e, devido a sua altura, exerce a pressão necessária para a
aquáticas como a esquistossomose, que afeta aproximada-
distribuição local.
mente 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
Os reservatórios localizados em terras altas distantes das ci-
5.2. Captação e abastecimento de água dades exigem aquedutos de grandes comprimentos; entradas
para a água dos rios e lagos usualmente têm um reservatório
A água é armazenada e aerada antes de entrar neste sis-
local para fornecer o suprimento adequado quando os níveis
tema. A aeração reduz o cheiro e o gosto. A coagulação e
a sedimentação reduzem as bactérias da água. A filtragem de água são baixos e permitem o seu fechamento para im-
remove fisicamente as partículas residuais e alguns mate- pedir poluição temporária. As aquíferas (rochas que contêm
riais orgânicos dissolvidos por ação biológica. A desinfec- água) profundas são aproveitadas por meio de poços e, mui-
ção pela cloração elimina todos os elementos patogênicos, tas vezes, fornecem água de melhor qualidade.
antes que a água entre no sistema de abastecimento.
5.2.1. Tratamento e rede de esgoto
A água é fornecida por uma rede de tubulações, cuja ca-
pacidade deve estar à altura das necessidades domésticas, Uma rede de esgoto é um sistema de tubulações (esgotos)
industriais e agrícolas, e ao mesmo tempo levar em conta através do qual as águas servidas são levadas para uma es-
perdas devido aos vazamentos. O consumo médio de água tação de tratamento. Os esgotos são planejados para que
pode variar de cerca de 740 litros diários per capita, em sejam auto limpantes e façam com que as águas servidas
cidades dos EUA, até 1 litro diário per capita em partes da fluam por gravidade, embora o bombeamento, algumas
Etiópia ou da Somália. O pico de consumo pode alcançar vezes, seja necessária.
até 350% da média anual. A água é fornecida por fontes O acesso à rede é dado por postigos de inspeção e ma-
superficiais e subterrâneas.
nutenção. Em um sistema que combina o escoamento de
águas servidas com o seu tratamento, ambas as águas, ser-
vidas e pluviais, são escoadas para a estação de tratamen-
to; em sistemas separados, águas pluviais não tratadas são
escoadas diretamente para a curso de água mais próximo.
49
Os sistemas de tratamento de águas residuárias, engloban- centrífugas, filtros-prensa, filtros a vácuo, digestão ae-
do um ou mais processos descritos, são classificados em róbia ou anaeróbia, incineração, disposição no solo.
função do tipo de material a ser removido e da eficiência
Tratamento físico-químico − basicamente utilizado
de sua remoção em:
para as águas residuárias de natureza inorgânica, visa
Tratamento preliminar − tem a finalidade de re- à remoção de sólidos em todas as formas e à alteração
mover sólidos grosseiros e é aplicado normalmente a das características físico-químicas das águas residuá-
qualquer tipo de água residuária. Consiste de grade, rias. Também utilizado para a remoção de sólidos em
peneiras, caixas de areia, caixas de retenção de óleos suspensão de efluentes de natureza orgânica. Consiste
e graxas. em coagulação/floculação, precipitação química, oxida-
Tratamento primário − recebe essa denominação ção, neutralização.
nos sistemas de tratamento de águas residuárias de
natureza orgânica, muito embora seja utilizado para 5.2.2. Saneamento básico
qualquer tipo de despejo. Tem a finalidade de remo- O saneamento básico é um dos objetivos da área da saú-
ver resíduos finos dos efluentes. Consiste de tanques de pública que lida com o controle ambiental, com a
de flotação, decantadores, fossas sépticas, floculação/ prevenção e o combate a doenças infecto contagiosas. As
decantação.
atividades sanitárias incluem o processamento e a distri-
Tratamento secundário − é utilizado para a depura- buição de alimentos, no intuito de prevenir a contaminação
ção de águas residuárias através de processo biológico dos produtos alimentícios durante os diversos estágios de
e tem a finalidade de reduzir o teor de matéria orgânica manipulação. O sanitarismo supervisiona igualmente o tra-
solúvel nos despejos. Consiste de lodos ativados e suas tamento de água potável e de esgotos, visando ao comba-
variações, filtros biológicos, lagoas aeradas, lagoas de te a bactérias, vírus etc., e procurando reduzir os despejos
estabilização, digestor anaeróbico e fluxo ascendente e de dejetos sólidos e produtos químicos nos rios, lagos e
sistemas de disposição no solo. outros recursos hídricos (de que se serve a população).
Tratamento terciário − é um estágio avançado de As autoridades sanitárias são responsáveis ainda pelo con-
tratamento de águas residuárias e visa à remoção de trole ou erradicação de agentes transmissores de doenças,
substâncias não eliminadas a níveis desejados nos como insetos e roedores, bem como o esclarecimento da
tratamentos anteriores, como nutrientes, micro-orga- população sobre a adoção de medidas sanitárias básicas.
nismos patogênicos, substâncias que causam cor nas
águas etc. Consiste em lagoas e maturação, cloração, Eutrofização
ozonização, filtros de carvão ativo, precipitação química
Quando um corpo de água recebe uma grande quantida-
em alguns casos.
de de efluentes com matéria orgânica, dizemos que ele foi
Tratamento de lodos − utilizado para todos os ti- eutrofizado − alimentado. Efluentes são resíduos líquidos
pos de lodos, visa à sua desidratação ou adequação de atividades de origem humana, sobretudo domésticos e
para disposição final. Consiste de leitos de secagem, industriais.
50
Podem, muitas vezes, causar danos sérios ao meio ambien- Concentração de inseticidas nas cadeias
te, em virtude de serem lançados em grandes quantidade alimentares – efeito cumulativo
em corpos de água – rios, além do que, por vezes, são tó-
xicos ou se tornam tóxicos após algum tempo em solução. Desde a década de 1940, alguns inseticidas do grupo dos or-
ganoclorados, principalmente os usados extensivamente nas
A partir do lançamento de efluentes orgânicos, basicamen-
lavouras devido à sua alta eficiência contra diversos insetos. Ab-
te ocorrerá decomposição aeróbica (presença de O2),
sorvido pela pele ou nos alimentos, o acúmulo de DDT no orga-
que diminuirá a concentração de O2 e aumentará a quan-
nismo humano está relacionado com doenças do fígado, como
tidade de nutrientes (nitratos e fosfatos), que permitiria o
a cirrose e o câncer. O uso indiscriminado e descontrolado do
crescimento acelerado de algas e plantas aquáticas – flo-
DDT fez com que o leite humano, em algumas regiões dos EUA,
ração das águas.
chegasse a apresentar mais inseticida do que o permitido por
Esse crescimento de algas consome mais O2 da água, ma- lei no leite de vaca. O DDT, além de outros inseticidas e poluen-
tando grande parte dos peixes. Essa mortandade de peixes tes, possui a capacidade de se concentrar em organismos.
aumenta ainda mais a matéria orgânica. Portanto, segue-
-se a decomposição, porém anaeróbica desta vez, que Ostras, por exemplo, que obtêm alimento por filtração
libera novamente nutrientes, acelerando o crescimento de da água, podem acumular quantidades enormes de in-
algas, dando cor, sabor e odor desagradáveis à água, tor- seticida em seus corpos, concentrando-o até cerca de 70
nando difícil o tratamento para a potabilização. mil vezes. Se forem consumidas por animais ou pelo ho-
mem, podem causar intoxicação e morte. Em determina-
O aumento de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) é dos ecossistemas, o DDT é absorvido pelos produtores e
sempre seguido de eutrofização, porém o processo pode não consumidores primários, passando para os consumidores
ir até o final, dependendo da quantidade de matéria orgâni- secundários, e assim por diante. Como cada organismo
ca despejada. A DBO é um indicador de qualidade de águas
de um nível trófico superior geralmente come diversos
e está associado à quantidade de matéria orgânica presente.
organismos do nível inferior, o DDT tende a se concentrar
O valor de 5 mg/ø significa que para degradar totalmente nos níveis superiores.
a matéria orgânica presente em 1 litro dessa água são
necessárias 5 miligramas de oxigênio, ou seja, a água é Reaproveitamento dos esgotos
boa. Quanto mais alto o valor da DBO, maior é a quan- A melhor solução para o problema dos esgotos é seu re-
tidade de matéria orgânica presente e, portanto, mais aproveitamento. Eles devem ser tratados de modo que os
poluída está a água. Aumentam a DBO de um corpo de micro-organismos sejam mortos e as impurezas elimina-
água: sangue, cadáveres, esgoto doméstico, detergentes, das. A água proveniente de esgotos, uma vez removidas
fertilizantes, esgotos industriais orgânicos etc. Os coli- as impurezas, pode ser reaproveitada. Os resíduos semis-
formes fecais são semelhantes em forma com a bacté- sólidos, resultantes do tratamento dos esgotos, podem
ria Eschirichia coli, que vive nos intestinos humanos, com- ser utilizados como fertilizantes, enquanto o gás metano,
pondo sua flora, e podem estar presentes em efluentes produzido pela putrefação da matéria orgânica, pode ser
indicando que foram contaminados por fezes humanas.
utilizado como combustível.
Ecologicamente, são importantes por representarem in-
dicadores ambientais de qualidade, uma vez que
se forem encontradas na água de abastecimento, mos-
tra-nos que houve contaminação dessa água por esgotos
“in natura”. De modo geral, altos índices de DBO indicam
também grandes quantidades de coliformes fecais, carac-
terizando a água como imprópria para o consumo.
Maré vermelha
Fenômeno semelhante à eutrofização. Suas consequências
podem ser bastante parecidas, porém as causas são dife-
rentes. Ocorre alteração da cor da água (tons de vermelho)
em virtude de presença de toxinas liberadas no grande multimídia: vídeo
crescimento populacional de algas pirrofíceas, em condi- FONTE: YOUTUBE
ções específicas. Causa uma grande mortandade de peixes A degradação da camada de
e crustáceos por envenenamento. Lembre-se de que pirro- ozônio e seus riscos...
fíceas não são algas vermelhas.
51
Os resíduos industriais e agrícolas gia e o clima. A intensidade da mudança está ligada à den-
sidade da área edificada e à extensão da industrialização,
O lançamento de resíduos industriais nas águas e nos principalmente da indústria extrativista ou pesada, e não se
solos constitui um sério problema ecológico. Substâncias restringe à área urbana, atingindo periferias e zonas rurais.
poluentes, como detergentes, ácido sulfúrico e amônia en-
venenam os rios onde são lançados, causando a morte de No ambiente urbano, as mudanças climáticas são mensu-
muitas espécies da comunidade aquática. ráveis e nítidas. Sobre as cidades paira uma “abóbada ou
domo climático” típico, dentro da qual as propriedades de
Poluição por mercúrio conteúdo, temperatura, umidade e vento atmosféricos dis-
tinguem-se claramente do clima regional dominante, carac-
Um problema que vem atingindo proporções preocupantes terizando-as como ilhas de calor.
em certas regiões brasileiras, particularmente na Amazô-
nia, é o da poluição dos rios pelo mercúrio. Esse metal é Em grandes cidades, com um milhão de habitantes ou mais,
utilizado pelos garimpeiros para a separação de ouro do o clima alterado paira de 50 a 300 metros acima do solo e se
minério bruto. Grandes quantidades de mercúrio, lançadas estende dezenas de quilômetros a barlavento − direção que
nas águas dos rios que servem para a lavagem do minério, o vento segue depois que passa pela cidade. Acredita-se que
envenenam e matam diversas formas de vida. Peixes enve- as alterações atmosféricas são responsáveis por mudanças
nenados pelo metal, se consumidos pelo homem, podem na forma da radiação solar que alcança o solo e talvez pelo
causar sérios danos ao sistema nervoso humano. aumento dos índices pluviométricos das regiões urbanas. A
enorme frota de veículos produz a poluição fotoquímica,
Poluição por fertilizantes e agrotóxicos derivada da emissão de óxidos de nitrogênio. As inversões
térmicas e baixas velocidades de vento contribuem para o
O desenvolvimento da agricultura também tem contribuído aumento deste tipo de poluição, concentrando-a. A chuva
para a poluição do solo e das águas. Fertilizantes sintéticos ácida, de origem antrópica, é um dos resultados secundá-
e agrotóxicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas), usados rios da poluição fotoquímica; assim, além dos óxidos de ni-
em quantidades abusivas nas lavouras, poluem o solo e trogênio, o anidrido sulfuroso e o gás carbônico acidificam as
as águas dos rios, onde intoxicam e matam diversos seres chuvas, e como resultado, o impacto da chuva ácida acelera
vivos dos ecossistemas. o intemperismo químico (decomposição), principalmente de
edifícios, além de agravos à saúde.
6. IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA Tanto a urbanização como a indústria extrativista acarre-
tam alteração do relevo, mas a indústria, em particular, é
SOBRE AS CIDADES responsável pela criação da terra largada ao “deus dará”,
A população da Terra vem apresentando um crescimen- como resultado da exploração de pedreiras, da mineração
to intenso e, desde a Revolução Industrial na Inglaterra, a céu aberto, dos movimentos de terra, do abandono de
França e Alemanha, nos séculos XVIII e XIX, passou a se edifícios ou, indiretamente, por subsidência da terra.
concentrar em cidades ou ambientes urbano-industriais. Os Nas zonas de concentração da indústria pesada, o im-
processos de urbano-industrialização são hoje universais pacto ecológico costuma se estender até muito longe da
e geram preocupações em todos os setores da sociedade fonte, como a chuva ácida, mais ainda se considerarmos
moderna, sobretudo ambientais. O processo de urbano- que as grandes rodovias constituem extensões lineares do
-industrialização consome grandes quantidades de áreas, complexo urbano-industrial. As emissões dos escapamen-
tamponando-as, o que gera intensiva simplificação dos tos e os despejos nas beiradas acumulam materiais tóxi-
ambientes naturais com perda de biodiversidade, de solos cos no solo, em níveis que vão de 5 a 50 vezes o normal,
férteis e permeáveis e alterações microclimáticas. principalmente cádmio, zinco e níquel.
As áreas urbano-industriais representam a mais profunda A primeira característica das áreas urbanas − alta inten-
modificação humana da superfície da Terra, da atmosfera sidade de mudança − também é evidente a respeito dos
e do ecossistema terrestre. Os efeitos são altamente inten- ecossistemas. A cidade constitui um complexo ecossiste-
sivos e localizados, os fluxos de energia e de matéria estão ma humano, mas, longe de ser um deserto para outras
concentrados, sendo a maior parte da energia e matéria formas de vida, ela cria, deliberadamente ou não, uma
importada: a cidade é um ecossistema heterótrofo. variedade de ambientes que são colonizados por cria-
Com o emprego da energia e matéria, há uma produção turas vivas. Alguns deles são variantes de condições na-
intensa de calor e resíduos. Todos os aspectos do ambiente turais (parques e jardins), outros não. As populações de
são alterados pela urbanização e a industrialização, inclusi- espécies que possuem as adaptações necessárias prolife-
ve o relevo, o uso da terra, a vegetação, a fauna, a hidrolo- ram em detrimento daquelas que não as possuem.
52
Outra distorção dos ecossistemas naturais é a vantagem A variedade de substâncias que podem estar presentes na
conferida aos seres vivos que logram sobreviver sob um atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de
esforço ambiental bem severo, ou seja, aqueles que apre- estabelecer uma classificação. Entretanto, podemos iniciar
sentam nicho ecológico bastante amplo. Por exemplo, este processo dividindo os poluentes em duas categorias:
os rios, nas áreas urbano-industriais, geralmente possuem 1. Poluentes primários (aqueles emitidos diretamente pelas
baixo teor de oxigênio em solução, estando fortemente fontes de emissão).
poluídos com sedimentos e materiais em suspensão. Mui-
tas vezes, são eutróficos, somente um reduzido espectro 2. Poluentes secundários (aqueles formados na atmosfe-
de vida consegue tolerar esse ambiente: várias popula- ra através da reação química entre poluentes primários e
ções de bactérias anaeróbias. A seleção natural pode ser constituintes naturais da atmosfera).
acelerada no ambiente urbano-industrial em relação à Material particulado: entre 10 (inalável) e 100 mi-
alteração ambiental produzida pelo homem. cra (inspiração/irritação).
A dispersão na atmosfera de um poluente depende, em Fumaça: teor de fuligem da atmosfera.
primeiro lugar, das condições meteorológicas e, depois, Dióxido de enxofre: é altamente solúvel nas passagens
dos parâmetros e condições em que se produz essa emis- úmidas do aparelho respiratório superior, conduzindo a um
são na fonte (chaminé ou escape de veículos), ou seja, aumento da resistência à passagem do ar e ao aumento da
velocidade e temperatura dos gases, vazão etc. O vento produção de muco. Exposições prolongadas a baixas con-
é o primeiro mecanismo atmosférico de transporte. Os centrações de dióxido de enxofre têm sido associadas ao
ventos na Terra são resultados das diferenças de pressão, aumento de morbidade cardiovascular em pessoas idosas.
devido ao aquecimento ou resfriamento da atmosfera Monóxido de carbono: associado à capacidade de
através do Sol. transporte de oxigênio na combinação com a hemoglobi-
na do sangue, uma vez que a afinidade da hemoglobina
MODIFICAÇÃO DO CLIMA REGIONAL DE pelo monóxido de carbono é cerca de 210 vezes maior
UMA ÁREA URBANA INDUSTRIALIZADA que pelo oxigênio.
Composição núcleos de condensação aumenta em 1 000%
atmosférica
Quando uma molécula de hemoglobina recebe uma mo-
emissão de gases aumenta em 1 500%
lécula de monóxido de carbono, forma-se a carboxi-hemo-
radiação solar diminui em 10%
globina, que diminui a capacidade do sangue em transpor-
temperatura média anual aumenta em 1 oC tar oxigênio. Os níveis de monóxido de carbono em locais
Temperatura
temperatura com altos índices de acidentes de tráfego têm sido aponta-
aumenta em 1,5 oC
mínima invernal
dos como possível causa adicional dos acidentes.
anual aumenta em 5%
Precipitação
dias de chuva mínima aumenta em 10% Oxidantes fotoquímicos: é a denominação que se
dá à mistura de poluentes secundários formados pela
velocidade média diminui em 20%
Vento reação dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio
dias calmos aumenta em 10%
na presença de luz solar. O principal ingrediente des-
radiação ultravio-
diminui em 30% ta mistura é o gás ozônio e, por isso mesmo, ele tem
Outros leta (inverno)
sido utilizado como parâmetro indicador da presença
parâmetros umidade relativa (verão) diminui em 10%
dos oxidantes fotoquímicos − PAN, o formaldeido e a
neblina (inverno) aumenta em 100%
acroleina, que tem em sua composição também quan-
tidades pequenas de compostos oxigenados derivados
6.1. Indicadores de qualidade dos hidrocarbonetos (metano, vapor de combustíveis
etc.). Os efeitos mais relatados: a irritação dos olhos,
INFLUÊNCIAS DE ÁREAS URBANA E RURAL NO CLIMA a redução da capacidade pulmonar, o agravamento de
CLIMA CIDADE CAMPO MOTIVO doenças respiratórias − como asma, envelhecimento
Perda mais lenta de precoce, provoca danos na estrutura pulmonar e dimi-
Temperatura maior menor
energia para a atmosfera nui a capacidade de resistir às infecções respiratórias.
Umidade menor maior Temperatura−vegetação Óxidos de nitrogênio: somente o nitrito é motivo de
Chuva mais menos Mais núcleos preocupação, pois devido à sua baixa solubilidade, é
mais mais capaz de penetrar profundamente no sistema respirató-
Vento Mais obstáculos
fraco forte rio, podendo dar origem às nitrosaminas, algumas das
Nebulosidade maior menor Mais núcleos quais podem ser carcinogênicas. O dióxido de nitrogê-
nio é também um poderoso irritante, podendo conduzir
Radiação menor maior Mais nuvens na cidade
a sintomas que lembram aqueles do enfisema.
53
Quando o lixo não é coletado, tratado e disposto de forma
6.2. Poluição sonora adequada, pode causar a contaminação do solo e da água,
O som é parte tão comum da vida diária que, raramente, gerar odores, ou ainda atrair e propiciar a proliferação de
apreciamos todos os seus usos. Como exemplo, nos permi- patógenos e vetores. Dessa forma, a questão do lixo envol-
te a comunicação através da fala, nos alerta ou previne em ve aspectos sanitários, ambientais e de Saúde Pública. Essa
muitas circunstâncias e até nos possibilita fazer avaliações situação tem sido agravada com a presença constante de
de qualidade e diagnósticos. Contudo, com muita frequ- catadores em lixões, e que com muita frequência tem sido
ência na sociedade moderna, o som nos incomoda. Dessa desconsiderados ou relegados a um segundo plano pelos
forma, o som desagradável ou indesejável é chamado de administradores públicos e privados.
ruído. O homem moderno vem sendo submetido, cada vez
mais, à condições sonoras agressivas no ambiente em que Com relação ao aspecto ambiental, a destinação inade-
vive, sendo prejudicado até mesmo nas chamadas horas de quada de resíduos em lixões traz como consequência a
lazer. O som, vencendo qualquer tentativa de privacidade, degradação do meio ambiente, com a contaminação de
transformou-se num invasor comunitário em todas as ca- recursos naturais, como o ar, o solo e as águas superficiais
madas sociais. Os sons que afetam a audição também têm e subterrâneas. O tratamento e a destinação final dos re-
outros efeitos no corpo dos indivíduos; com relação à saú- síduos ainda se resumem na adoção de soluções imedia-
de e bem-estar do homem, podem ser considerados como: tistas, quase sempre fundamentadas no simples descarte,
predominando os depósitos a céu aberto que contribuem
redutor da capacidade auditiva;
para a deterioração ambiental. No Estado de São Paulo,
resposta vegetativa, quer seja ela involuntária ou incons- a grande quantidade de resíduos gerados reclamam por
ciente (palpitação cardíaca, vasoconstrição periférica etc.); soluções técnicas e institucionais adequadas, calcadas nas
cardiovascular (hipertensão arterial); realidades regionais e cuja implementação não pode mais
ser protelada.
incômodo no ambiente comunitário; no sono (altera-
ções fisiológicas, alterações vegetativas, mudança na A RESPONSABILIDADE DE CADA UM
disposição, mudança na performance, aumento no ris- PARA CADA TIPO DE LIXO
co de acidentes etc.). Tipo Responsável Destinação usual
7. A GESTÃO DE RESÍDUOS
reciclagem / com-
público prefeitura
postagem / aterros
54
Aterro sanitário − essa é uma obra de engenharia de refrigerantes e cervejas. Já a reciclagem refere-se ao
que tem como objetivo acomodar, no solo, resíduos, no aproveitamento dos resíduos para, após uma série de
menor espaço possível, sem causar danos ao meio am- processamentos, retornar ao processo produtivo, como
biente ou à saúde pública. Essa técnica consiste basi- matéria-prima, daí gerando produtos novos. São exem-
camente na compactação dos resíduos no solo, na for- plos as garrafas não retornáveis de cervejas e outras
ma de camadas que são periodicamente cobertas com bebidas, que podem ser separadas do lixo e encami-
terra ou outro material inerte. Apesar de ser o método nhadas à indústria de fabricação de vidro, onde são
sanitário mais simples de destinação final de resíduos utilizadas como matéria-prima no processo, gerando
sólidos, o aterro sanitário exige cuidados especiais e novos produtos de vidro.
técnicas específicas a serem seguidas, desde a seleção
e preparo da área até sua operação e monitoramento. A triagem é, no entanto, apenas uma das etapas do pro-
Incineração − é o processo de combustão controla- cesso de reciclagem, sendo que o resíduo triado deve ainda
da que pode ser resumidamente descrito como a quei- passar pelas etapas de beneficiamento (seleção, lavagem,
ma de materiais em alta temperatura (acima de 900 classificação, moagem etc.) e reúso, a fim de completar o
ºC), com uma mistura balanceada de componentes e ciclo de aproveitamento.
quantidades apropriadas de ar por um tempo prede- As vantagens da reciclagem são:
terminado. É a forma mais segura, do ponto de vista
1. diminuição do volume de lixo a ser disposto no ambiente,
sanitário, para se eliminar resíduos sólidos de serviços requerendo para isso áreas menores de disposição;
de saúde, de portos, aeroportos e terminais rodoviá-
rios e ferroviários, aeronaves e navios internacionais, 2. redução do consumo de energia, economizando recur-
de alimentos deteriorados e de outros restos nocivos; sos naturais, quase sempre não renováveis;
destrói mercadorias apreendidas por irregularidade 3. redução dos custos de matérias-primas industriais;
fiscal ou por não atender às especificações técnicas,
4. incentivo às atividades envolvidas com a reciclagem, in-
produtos tóxicos ou impróprios ao consumo; dispensa
cluindo a implantação de microempresas recicladoras, com
a utilização de grandes áreas, necessárias à implan-
consequente aumento do nível da mão de obra economi-
tação dos outros processos; reduz o resíduo sólido a,
camente ativa;
aproximadamente, 20% em peso e a 5% em volume,
do original; torna biologicamente inofensivo o resulta- 5. economia de certas matérias-primas provenientes de re-
do sólido do processo, escória e cinza, o qual poderá cursos naturais não renováveis;
ser aproveitado como material inerte para cobertura 6. promoção do desenvolvimento de uma consciência am-
em aterros sanitários. biental nas populações.
Compostagem − é um processo biológico de de-
composição da matéria orgânica presente em restos 8. PRINCIPAIS QUESTÕES
AMBIENTAIS DA TERRA
de origem animal ou vegetal. Deste processo, ori-
gina-se um produto − o composto − que pode ser
aplicado ao solo para melhorar suas características,
sem causar riscos ao meio ambiente. Para a aplica- 8.1. Pobreza e desigualdade
ção da compostagem é necessária a instalação de
A população mundial, em 1950, era de 2,5 bilhões de habi-
uma usina de triagem e compostagem. A instalação
tantes. Hoje, é de 6 bilhões, e chegará a 8 bilhões em 2025.
deste tipo de usina acarreta numa redução de 70%,
Cerca de 2,8 bilhões de pessoas vivem com menos de US$
em média, da tonelagem de lixo destinada ao aterro, 2 por dia. 2,4 bilhões não vivem em condições sanitárias
com a consequente redução dos custos de aterra- decentes e adequadas, incluindo acesso ao saneamento
mento por quantidade coletada e aumento da vida básico, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS).
útil da área destinada à sua disposição. 800 milhões, entre eles, 150 milhões de crianças, são des-
Reutilização e reciclagem − o objetivo básico é nutridos. 80% da riqueza mundial está nas mãos de 15%
evitar a passagem descontrolada de materiais e obje- dos habitantes dos países mais ricos.
tos usados – os resíduos – para o meio ambiente. A De acordo com o relatório anual sobre a fome no Planeta,
reutilização difere da reciclagem como conceito, pois divulgado pela Organização para Agricultura e Alimenta-
trata do aproveitamento do resíduo gerado sem que o ção (FAO), entidade ligada à Organização das Nações Uni-
mesmo sofra qualquer tipo de alteração ou processo, das (ONU), cerca de 826 milhões de pessoas são vítimas
excetuando-se a limpeza, como garrafas retornáveis
55
da fome em seu estágio mais avançado (a fome crônica), O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, calculado
representando quase 1/6 da população mundial. O ob- pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
jetivo era de reduzir o número de vítimas da fome pela (PNUD), verifica o nível de desenvolvimento ou de subde-
metade até 2015. No entanto, segundo últimos estudos e senvolvimento de um país com base na consideração de três
levantamentos realizados pela FAO, esta meta é inatingível. níveis sociais básicos:
Conforme a FAO, a fome no mundo diminuiu 14% nos úl- nível de instrução da população (levando em con-
timos anos, mas a produção de alimentos aumentou 32%. ta, por exemplo, a taxa de analfabetismo e os anos de
O problema maior está na má distribuição desses alimen- escolaridade);
tos, ou seja, enquanto nos países subdesenvolvidos ocorre
nível de saúde (abrangendo, por exemplo, a expecta-
a carência de alimentos para a população, nos países ricos
tiva de vida e a taxa de mortalidade infantil); e
as pessoas consomem mais calorias diárias do que necessi-
tam. Foi provado cientificamente que a fome crônica reduz nível de renda (considerando a capacidade de com-
a capacidade de aprendizado das crianças, diminuindo o pra em cada país).
rendimento na escola. No adulto gera mal-estar, e sua ca- Com relação à escala usada na construção do índice, obser-
pacidade física fica muito reduzida, além disso, as mulheres va-se que ele varia de 0 a 1, situando-se mais próximo de
acabam gerando filhos prematuros. 1 os países de melhor nível social e de 0, os países de pior
A solução para este problema estaria na implantação nível social. Os três países que apresentaram melhor IDH
nos últimos índices foram Canadá (0,932), Suíça (0,931) e
de um sistema mais justo, e os governos deveriam dar
Japão (0,929). O Brasil foi 79º em 1999, 74º em 2000
ênfase aos projetos sociais, para a geração do bem co-
e 73º lugar em 2001. O Brasil, com esse resultado, ficou
mum. Deveriam ser investidos recursos na agricultura
fora dos 10 primeiros colocados na América latina, o que
familiar; desapropriação de terras improdutivas, onde os
evidencia profundas desigualdades.
assentados passariam a produzir seus próprios alimentos
e fornecê-los à cidade; investimentos em programas de
combate à fome e à miséria, bem como abastecimento de
8.2. Mudanças climáticas
água potável e saneamento básico para toda população. Epidemias de doenças tropicais, mares engolindo cidades
A educação e a saúde também deveriam ser prioridades litorâneas, furacões e enchentes levando tudo pela frente,
dos órgãos competentes. escassez de água potável e espécies em extinção: tudo isto
parece enredo de filme-catástrofe, mas não é. São as possí-
Segundo a FAO, os países com maior número de famélicos
veis consequências do aquecimento global, que infelizmen-
no mundo são os que apresentam as maiores dívidas ex-
te já vem acontecendo. A mudança climática do Planeta é
ternas. Por isso, a FAO defende o perdão da dívida desses
resultado do aumento da concentração de gases de efeito
países mais pobres. estufa na atmosfera, causado por atividades humanas. Para
No Brasil, a fome e a miséria se localizam principalmente evitar que o Planeta fique cada vez mais quente, durante
nas regiões Nordeste e Sudeste, no entanto, no Norte, Sul a Rio-92, um grupo de países assinou a “Convenção Qua-
e Centro-Oeste existam casos apavorantes de miséria. Dos dro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima” (UN-
aproximadamente 170 milhões de brasileiros, 57 milhões FCCC) e, em 1997, no Japão, foi adotado o Protocolo de
de pessoas passam fome, vivendo com menos da metade Kyoto, um tratado com compromissos mais rígidos para
de um salário mínimo. Dados da ONU revelam que 55 mi- a redução da emissão dos gases que provocam o efeito
lhões de brasileiros são pobres (35% da população) e 21 estufa. Apesar dos compromissos assumidos na Rio-92,
milhões vivem abaixo da linha da pobreza. O deficit diário as convenções de Biodiversidade e de Mudança Climática
dos famélicos é de 250 calorias. ainda não viraram realidade.
Os países que mais sofrem com a fome são: 1º Somália, 2º Os Estados Unidos são um dos principais obstáculos para o
Afeganistão e 3º Haiti. Para se ter uma ideia da gravidade fechamento dos acordos internacionais. Dez anos depois, as
nesses países, a ausência de mais de 100 calorias di- duas convenções – de Biodiversidade e de Mudança Climática
árias por pessoa é considerada fome crônica. Nes- – e o pacto – a Agenda 21 – ainda não estão implementados.
ses países, o deficit é de mais de 400 calorias diárias pelas Dos três documentos, o que está mais longe de ser
pessoas atingidas pela fome. Para chegar a esses dados, a posto em prática é o relativo ao clima. A Organi-
entidade comparou o consumo de calorias mínimas, esta- zação das Nações Unidas (ONU) já promoveu sete
belecido com o consumo de alimentos em cada nação. O encontros mundiais, depois da Rio-92, para tentar
continente mais atingido por essa praga continua sendo a implementar as ações de controle do efeito estufa,
África, seguido pela Ásia e América. que provoca o aquecimento da Terra.
56
O Protocolo de Kyoto, elaborado no Japão durante a terceira avançado no seu compromisso de transformar pelo menos
reunião internacional para discutir a convenção, em 1997, es- 10% do território amazônico em unidades de conservação.
tabelece que, até o período de 2008 a 2012, a redução deve
No Brasil, a área oficialmente protegida mais do que do-
ser de 5% em relação a 1990. No lugar de diminuir, os níveis
brou na última década. No Planeta, o crescimento teve
de emissão dos gases causadores do fenômeno, chamados
ritmo semelhante. Segundo a Comissão Mundial de Áreas
de gases estufa, estão aumentando.
Protegidas, elas passaram de 7,35 milhões de quilômetros
O Protocolo de Kyoto consiste num engenhoso esquema quadrados, em 1990, para 13,2 milhões, distribuídos en-
destinado a reduzir, em escala global, a emissão de gases, tre 30 mil parques e reservas. Entretanto, as queimadas na
o principal dos quais é o dióxido de carbono (CO2). Consis- Amazônia atingem o equivalente a um Estado de Sergipe
te em permitir a negociabilidade das reduções de emissão todo ano.
de CO2 entre companhias de diferentes países, mas isso é
só na teoria, pois na prática o mercado de CO2, inevitavel-
mente, surge com transações e muito dinheiro em jogo. O 8.4. Acesso à água
Protocolo, assinado no Japão em 1997, já foi ratifi-
Mesmo sabendo que 2/3 da água potável do planeta Ter-
cado por 71 países, inclusive pela União Europeia.
ra estão concentradas no continente Antártico, 1 em cada
As adesões, entretanto, somam apenas 35,8% das
5 habitantes no mundo não possui acesso à água potá-
emissões mundiais de gás carbônico – abaixo do
vel. Um estudo mostra que 75% da população de alguns
limite mínimo de 55%, para que o tratado tenha
países da África não possui acesso à água potável. Na
efeito. Os Estados Unidos, maiores poluidores do mun-
África, dos 53 países do continente, 13 já sofrem com a
do, são contra o acordo e, o Canadá, outra grande nação
escassez de água. A metade dos rios do mundo está num
industrial, dificilmente vai aderir. A Austrália disse não re-
nível muito baixo do normal ou poluído. Na China, o lixo
centemente ao Protocolo de Kyoto. A posição da Austrália,
maior exportador mundial de carvão, assim como a posição e o esgoto produzidos são simplesmente abandonados a
do EUA e do Canadá, compromete seriamente a aplicação céu aberto ou despejados em cursos d’água, deste modo,
do protocolo, pois isso significaria redução do consumo de 80% dos rios do país estão de tal forma poluídos que os
combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. peixes desapareceram.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um dos A queda do nível dos lençóis freáticos se tornou um sério
principais instrumentos do Protocolo de Kyoto, permite que problema em algumas regiões.
empresas e países industrializados que não conseguirem O Brasil é campeão em águas superficiais, com 12%
reduzir suas emissões aos limites exigidos patrocinem pro- das reservas do globo, e o terceiro maior país do mundo
jetos de plantio de árvores ou adoção de energias não po- em reservas aquíferas, e o primeiro em águas corren-
luentes em países em desenvolvimento. Em troca, o patro- tes com 8% das reservas de água do mundo, boa parte
cinador recebe créditos que podem ser comercializados em delas presente no subsolo; no entanto, o país trata mal
bolsas de valores. O MDL é um instrumento muito criativo
suas reservas aquíferas e mananciais, e somente cerca
de transferência de recursos do Norte para o Sul, capaz de
de 20% a 25% da população no Brasil possui acesso à
beneficiar a todos. Um instrumento que, segundo os mais
água potável. Esse imenso patrimônio nacional enfrenta
otimistas, poderia inundar o Terceiro Mundo com US$ 30
problemas de contaminação e exploração desordenada.
bilhões nos próximos anos. A combustão do petróleo, gás
Não há regulamentação para a exploração das águas
e carvão provoca emissão de dióxido de carbono (CO2) e
outros gases de efeito estufa que contribuem para o aque- subterrâneas, vítimas de todo o tipo de poluição e des-
cimento do Planeta. Os Estados Unidos são responsáveis caso. Outra forma de poluição é a contaminação dos
por 25% das emissões de poluentes lançados. É o maior lixões, aterros sanitários e resíduos de matéria orgânica
emissor das descargas de gases do Planeta (o Brasil apre- (no Brasil, 90% dos resíduos são destinados a aterros e
senta níveis de emissão de 4% do total dos EUA). lixões a céu aberto, e apenas 20% recebem algum tipo
de tratamento), que penetram no solo e contaminam os
8.3. O desaparecimento das florestas lençóis freáticos. O mau uso dos aquíferos subterrâne-
os diminui a recarga de base dos rios, ou seja, se eles
As florestas cobrem 30% das terras emersas. 81% das flo- diminuírem de tamanho, rios que ficam perenes mesmo
restas virgens ou preservadas do planeta Terra se concen- na estiagem podem secar definitivamente, como exem-
tram em apenas 15 países. Sua superfície total vem dimi- plo, o rio São Francisco, que está com vazão inferior a
nuindo sob a pressão da indústria madeireira, da atividade mil metros cúbicos, quando nos últimos anos chegava a
extrativista e do aumento da área urbana. O Brasil tem 2.200 metros cúbicos.
57
na forma de treinamento, royalties e transferência
8.5. Espécies ameaçadas de tecnologia, além da participação nos lucros da
Cerca de 11 mil espécies animais estão ameaçadas de ex- comercialização dos produtos. Segundo a Conserva-
tinção nas próximas décadas, principalmente pela destrui- tion International, o País reúne pelo menos 70% das es-
ção do seu habitat, o que representa 24% das espécies de pécies vegetais e animais do Planeta. São mais de 56 mil
mamíferos, 12% dos pássaros, 25% dos répteis, 20% dos espécies de plantas superiores conhecidas, 3 mil de peixes
anfíbios e 30% dos peixes. O processo atual de extinção em de água doce, 517 de anfíbios, 1.677 de aves, 518 de ma-
massa de espécies é comparável apenas com o que ocorreu míferos e até 10 milhões de insetos.
há 65 milhões de anos, quando de 70% a 85% de todos os
seres vivos existentes na época desapareceram do Planeta.
9. PRINCIPAIS PROBLEMAS
A diferença é que, na transição do período Cretáceo para
o Terciário, a extinção foi causada por processos naturais e AMBIENTAIS BRASILEIROS
aconteceu durante milhões de anos. Enquanto no passado No Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Meio Am-
foram variações climáticas resultantes do choque de um biente, realizado na cidade de Belo Horizonte, em 20 de
meteorito contra a Terra que dizimaram as espécies, agora a outubro de 1999, a Abema – Associação Brasileira de En-
principal causa é a expansão descontrolada das atividades tidades de Meio Ambiente, definiu os principais problemas
humanas. A extinção é um processo natural e sempre ocor- ambientais brasileiros, que fazem parte de suas prioridades
reu na natureza, mas em taxas anuais proporcionalmente de ação. São eles:
muito baixas. Atualmente, a estimativa é a de que de 17.500
a 27.000 espécies desapareçam do Planeta anualmente. 1. escassez de água pelo mau uso, pela contaminação e
Cientificamente, uma espécie é considerada extinta quando por mau gerenciamento das bacias hidrográficas;
não é vista na natureza por mais de 50 anos. No Brasil, são 2. contaminação de corpos hídricos por esgotos sanitários
1.599 as espécies de plantas ameaçadas de extinção. A lista e por outros resíduos;
oficial das plantas ameaçadas no Brasil, editada em 1992
3. degradação dos solos pelo mau uso;
pelo Ibama, relaciona 107 espécies. Esse número, no entan-
to, é pelo menos 15 vezes maior. Para chegar às 1.599 espé- 4. perda de biodiversidade devido ao desmatamento e
cies ameaçadas de extinção, foi feita uma revisão das listas às queimadas;
já publicadas. O levantamento inclui todos os ecossistemas 5. degradação da faixa litorânea por ocupação desordenada;
brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado,
Pantanal e Pampas. Mas é na Mata Atlântica onde está a 6. poluição do ar nos grandes centros urbanos.
maior quantidade de plantas ameaçadas de extinção: 43%.
A diversidade vegetal desse ecossistema é a que corre mais
perigo porque a colonização do Brasil começou pela região
litorânea. As indústrias, fazendas e cidades, no entanto, con-
tinuam avançando, lembra o artigo, e atualmente 60% da
Caatinga e 80% do Cerrado estão impactados.
Os EUA não assinaram a Convenção sobre Diver-
sidade Biológica (CDB), nem sequer o Protocolo de
Cartágena. A CDB, lançada na Rio-92, regulamenta o
uso da biodiversidade e biossegurança de organismos
geneticamente modificados entre os países. A coleta de
assinaturas e ratificações começou em janeiro de 2000
e, até hoje, 15 países ratificaram e 94 assinaram. Para
entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado por pelo
menos 50 países. Em junho de 2002, em Haia, na Ho-
landa, houve um acordo mundial para impedir a posse
de conhecimentos sobre plantas medicinais de países em
desenvolvimento e posterior patenteamento de produtos
fabricados com esses conhecimentos.
Para o Brasil, um dos chamados países megadiver-
sos, o acordo deverá proporcionar compensação
58
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Compreender o significado e a importância da água e de seu ciclo para a manutenção da vida, em sua relação com
9 condições socioambientais, sabendo quantificar variações de temperatura e mudanças de fase em processos naturais e
de intervenção humana.
A água é de suma importância para vida, servindo como meio para realização das reações metabólicas de todos os
organismos, como também atua como habitat de diferentes espécies, seja quando está em estado líquido ou sólido.
Sendo assim, a cobrança desse assunto nas provas do Enem pode apresentar diferentes abordagens, exigindo que o
aluno saiba fazer uma análise crítica do ciclo hidrológico e os impactos causados devido a sua alteração.
Modelo
(Enem) Nos últimos 50 anos, as temperaturas de inverno na península Antártica subiram quase 6 °C. Ao contrário
do esperado, o aquecimento tem aumentado a precipitação de neve. Isso ocorre porque o gelo marinho, que for-
ma um manto impermeável sobre o oceano, está derretendo devido à elevação de temperatura, o que permite
que mais umidade escape para a atmosfera. Essa umidade cai na forma de neve.
Logo depois de chegar a essa região, certa espécie de pinguins precisa de solos nus para construir seus ninhos
de pedregulhos. Se a neve não derrete a tempo, eles põem seus ovos sobre ela. Quando a neve finalmente der-
rete, os ovos se encharcam de água e goram.
ADAPTADO DE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, ANO 2, N. 21, 2004, P. 80.
A partir do texto, analise as seguintes afirmativas:
I. O aumento da temperatura global interfere no ciclo da água na península Antártica.
II. O aquecimento global pode interferir no ciclo de vida de espécies típicas de região de clima polar.
III. A existência de água em estado sólido constitui fator crucial para a manutenção da vida em alguns biomas.
É correto o que se afirma:
a) apenas em I.
b) apenas em II.
c) apenas em I e II.
d) apenas em II e III.
e) em I, II e III.
Análise expositiva - Habilidades 9: O aquecimento global é um dos problemas ambientais mais em pauta atu-
E almente, devido a sua amplitude geográfica e diversidade de impactos em ambientes naturais ou diretamente
nas atividades humanas. O aumento da temperatura no planeta impacta diretamente o ciclo da água, que, em
ambientes polares, causará a redução de habitats com o derretimento das calotas e outras consequências indiretas
que afetarão o ciclo de vida dos animais nesses ambientes, dificultando a alimentação e reprodução, como no caso
descrito no texto de apoio.
Alternativa E
59
DIAGRAMA DE IDEIAS
PROBLEMAS AMBIENTAIS
POLUIÇÃO DA ATMOSFERA
DESMATAMENTO
• PERDA DA BIODIVERSIDADE
• ASSOREAMENTO DE RIOS
• DESERTIFICAÇÃO
60
AULAS TIPOS DE REPRODUÇÃO E CICLOS DE VIDA
25 E 26
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 14 e 28
A reprodução é uma característica fundamental dos seres a mitose, as duas células separam-se, sendo que o pro-
vivos. Permitindo a formação de novos indivíduos, assegura cesso equivale à reprodução do organismo como um todo.
a perpetuação das espécies e, consequentemente, a con- Em outros casos, as células-filhas permanecem unidas, for-
tinuidade da vida no nosso planeta. É através da repro- mando, assim, colônias ou organismos multicelulares. Nos
dução que o material genético é transmitido de geração organismos pluricelulares, a mitose adiciona células que
em geração, por vezes mantendo as características, outras levam ao crescimento dos tecidos. Nos organismos unice-
produzindo algumas alterações. lulares, a mitose é classificada de acordo com os tipos de
células que origina:
A reprodução pode ser definida como uma extensão da
matéria viva no tempo e no espaço, assim sua importân- 1. Divisão binária
cia fundamental e a autoperpetuação. A formação de no-
a) Simples: Divisão de uma célula em duas células filhas
vas unidades vivas permite a substituição ou adição em
com tamanho aproximadamente semelhante. Ocorre na
qualquer nível de organização. Temos, assim, a reprodu-
maioria dos casos.
ção a nível molecular, celular e do organismo. Associado
ao último, está o sexo e o histórico de vida. b) Brotamento: Divisão de uma célula, resultando em
duas células de tamanho muito distinto. Ocorre principal-
1. REPRODUÇÃO MOLECULAR mente nas leveduras (fermentos).
Divisão múltipla: Divisão de uma célula, simultanea-
A reprodução molecular pode ocorrer através da síntese mente, em varias células-filhas. Geralmente, essas células
e acúmulo ou duplicação de substâncias (água, enzimas, separam-se, porém, quando isso não ocorre, há a formação
DNA, RNA etc.). Implica no aumento do tamanho da célula de colônia. Ocorre em alguns Protoctistas.
e pode ser seguida pela reprodução (divisão) celular que,
A meiose é responsável pela redução do número de cro-
nos eucariotos, consiste de duas etapas consecutivas, a di-
mossomos. Nesse caso, uma célula-mãe diploide sofre
visão do núcleo (cariocinese) e do citoplasma (citocinese).
duas divisões sucessivas, originando quatro células filhas
haploides. A formação de gametas, em última análise, é
2. REPRODUÇÃO CELULAR dependente desse processo.
61
muitas outras maneiras, de acordo com sua morfologia,
número de núcleos, de flagelos etc. Em alguns casos po-
dem, inclusive, ser pluricelulares.
62
a) Anisogamia – quando um dos gametas é maior que o linos e femininos implica em mecanismos mais complexos,
outro, não diferindo na forma e presença de flagelos. envolvendo o transporte de pelo menos um dos gametas.
A reprodução gamética sempre requer um meio aquático,
b) Oogamia – quando os gametas diferem na forma,
pois os gametas não possuem resistência ao dessecamento.
sendo um muito pequeno (flagelado ou não) em relação
As desvantagens desse tipo de reprodução, entretanto, são
ao outro, que é sempre imóvel. O gameta feminino, maior
pequenas se comparadas a uma vantagem vital oferecida
e imóvel, é denominado oosfera, enquanto o masculino,
pelos gametas: o sexo.
menor, é denominado anterozoide, se flagelado, ou es-
permácio, se não apresenta flagelo.
5.1. Sexo
A isogamia, anisogamia e oogamia são, muitas vezes,
interpretadas como uma série evolutiva. Note que a oo- Durante o histórico de vida de um organismo, o processo
gamia é um caso extremo de anisogamia. É possível en- de sexo envolve, necessariamente, três etapas: PLASMO-
contrar os três tipos de reprodução em um mesmo gênero GAMIAo CARIOGAMIA oMEIOSE.
(ex. Chlamydomonas). Os gametas se originam a partir de Plasmogamia é a fusão dos citoplasmas, enquanto que a
estruturas denominadas gametângios, sendo os mais es- cariogamia, a fusão dos núcleos. Durante a meiose podem
pecializados os oogônios (originam oosferas) e anterídios
ocorrer recombinações gênicas. Assim, a função primordial
(originam anterozoide ou permácios). Nas briófitas (ex.
da sexualidade é introduzir mudanças genéticas nos orga-
musgos e hepáticas) e pteridófitas (= criptogamas vascula-
res) a oosfera é protegida por células estéreis, e este con- nismos resultantes.
junto recebe o nome e arquegônio. Também nestes grupos, É importante notar que o processo sexual nem sempre está
células estéreis envolvem os anterozoides. associado ao aumento do número de indivíduos. É distinto
da reprodução (multiplicação), mas muitas vezes os dois
5. COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS TIPOS processos ocorrem simultaneamente. Multiplicação é um
processo conservativo, enquanto o sexo introduz mudan-
DE REPRODUÇÃO DO ORGANISMO ças genéticas. Sexo é um processo de adaptação e não de
Cada um dos três tipos de reprodução vistos anteriormente reprodução (= aumento do número de indivíduos).A per-
apresenta vantagens adaptativas próprias. A vantagem da petuação das espécies depende da sua adaptação ao meio
reprodução vegetativa está ligada a sua grande velocidade ambiente. Quando essa adaptação é adequada, a reprodu-
de propagação. Nos organismos unicelulares ocorre simples- ção deverá manter e perpetuar essas características. Porém,
mente pela divisão celular, que pode ocorrer em pequenos
se, por alteração do meio, as condições deixarem de ser
intervalos (horas). Nos multicelulares a reprodução vegetati-
favoráveis, a sobrevivência da espécie estará dependente
va é mais lenta, mas requer relativamente pouca especializa-
ção de tecidos ou células. Assim, a reprodução vegetativa é da sua capacidade de adaptação ao novo ambiente.
muito eficiente, persistindo como um método de propagação Para ultrapassar as incertezas do meio e assegurar a pro-
praticamente universal entre as algas, outras plantas e fun- dução de novas gerações, a Natureza adotou numerosas
gos. A reprodução por esporos representa um mecanismo estratégias de reprodução, que globalmente podem-se
eficiente de dispersão à longa distância. As plantas são ca- agrupar em dois processos básicos: reprodução assexu-
racteristicamente sésseis, portanto, sua dispersão é depen- ada e reprodução sexuada.
dente de unidades reprodutivas. Os esporos são produzidos
6. REPRODUÇÃO ASSEXUADA
em grande número, sendo unidades independentes, isto é,
germinam diretamente, sem necessidade de fertilização. Na
água podem ter mobilidade através de flagelos e no ar po- A reprodução assexuada permite a formação de novos
dem apresentar paredes celulares com envoltórios que pro- indivíduos a partir de um só progenitor, sem que haja a
tegem contra o dessecamento. Podem ser leves e resisten-
intervenção de células sexuais — os gametas. Des-
tes, sendo dispersos pelo vento, pela água de chuva ou por
te modo, não há fecundação e, consequentemente, não
animais. Muitas briófitas, pteridófitas e fungos apresentam
ocorre formação do zigoto. Neste tipo de reprodução,
adaptações morfofisiológicas responsáveis por mecanismos
os descendentes desenvolvem-se a partir de uma célula ou
hidroscópicos dependentes da umidade relativa do ar que
de um conjunto de células do progenitor. Logo, todos os
auxiliam na disseminação dos esporos. Assim, a reprodução
indivíduos são geneticamente iguais.
por esporos também é amplamente distribuída nas algas,
outras plantas e fungos. A reprodução gamética também Assim, a partir de um só indivíduo podem formar-se nume-
pode representar um mecanismo de dispersão, mas menos rosos indivíduos geneticamente idênticos, designando-se
eficiente que os anteriores. O encontro dos gametas mascu- este conjunto por clones.
63
A produção destes indivíduos designa-se por clonagem.
Todos os membros de um clone são geneticamente
6.1. Vantagens da reprodução assexuada
iguais e provêm de um só progenitor. Só excepcio- Possibilita que organismos isolados originem descen-
nalmente podem surgir diferenças, quando por acaso ocor- dência, sem necessidade de parceiro;
re uma alteração genética (mutação). Origina uma descendência numerosa, num curto
A monotonia que se verifica na descendência é consequ- espaço de tempo, o que permite a colonização rápi-
ência do processo de divisão celular que está na base da da de um habitat;
reprodução assexuada — a mitose. Este processo celular Perpetua, de forma precisa, organismos bem adapta-
permite a formação de duas células-filhas, com uma carga dos a ambientes favoráveis e estáveis;
hereditária exatamente igual à da célula-mãe. Nos seres
Vantagens econômicas, do ponto de vista da pro-
unicelulares, a mitose corresponde à própria reprodução:
dução vegetal, permitindo selecionar variedades de
quando a célula se divide em duas, cada célula-filha será
plantas e reproduzi-las em grande número, de modo
um novo indivíduo.
rápido e conservando as características selecionadas.
Muitos dos organismos que se reproduzem assexuada-
mente também o podem fazer sexuadamente, sempre
que as condições do meio forem desfavoráveis. Esta ca-
6.2. Desvantagens da
pacidade permite-lhes ultrapassar o risco de extinção, reprodução assexuada
uma vez que a reprodução sexuada conduz à variabilida-
de genética e, consequentemente, a uma maior capacida- A reprodução assexuada não assegura a variabilidade
de para ultrapassar a adversidade do meio ambiente. Os genética, o que pode ser perigosa para a sobrevivência
seres vivos em que os dois tipos de reprodução alternam da espécie.
periodicamente possuem alternância de gerações no
Reprodução assexuada
seu ciclo de vida. É ainda de referir que a mitose desem-
Processos mais comuns
penha um papel de grande importância biológica no cres-
Reprodução assexuada
cimento e desenvolvimento de seres pluricelulares, bem Processos
6.3. Bipartição
Este tipo de reprodução ocorre em seres vivos unicelulares,
como os protozoários, e também em muitos invertebrados,
como as anêmonas. A bipartição, também denominada
cissiparidade, divisão simples ou divisão binária,
consiste na separação de um organismo em dois indiví-
duos de tamanho semelhante, que crescem e atingem as
dimensões do progenitor. As figuras 1 e 2 mostram como
este processo ocorre numa bactéria e em um paramécio,
respectivamente.
multimídia: sites
www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/
reproducao2.php Figura 1
www.sobiologia.com.br/conteudos/embrio-
logia/reproducao.php
Figura 2
64
6.4. Divisão múltipla
Este tipo de reprodução assexuada também se denomina
de pluripartição ou esquizogonia. Na divisão múltipla,
o núcleo da célula-mãe divide-se em vários núcleos. De-
pois, cada núcleo rodeia-se de uma porção de citoplasma
e de uma membrana, dando origem às células-filhas, que
são libertadas quando a membrana da célula-mãe se rom-
pe, como mostram as figuras a seguir. GEMULAÇÃO OU BROTAMENTO EM FUNGOS E CELENTERADOS
6.7. Partenogênese
Neste tipo de reprodução assexuada dá-se o desenvolvi-
mento de um indivíduo a partir de um óvulo não fecunda-
ESQUIZOGONIA EM HEMÁCIAS PARASITADAS PELO do. Este tipo de reprodução assexuada ocorre nas abelhas,
PLASMODIUM E EM UMA AMOEBA SP pulgões, em alguns peixes, anfíbios, répteis e na dáfnia
(pulga d’água).
6.5. Fragmentação
A fragmentação é um tipo de reprodução assexuada em
que se obtêm vários indivíduos a partir da regeneração de
fragmentos de um indivíduo progenitor. No fundo, consis-
te na divisão do corpo do organismo progenitor em várias
partes e cada uma dessas partes é capaz de regenerar as
partes em falta. Este tipo de reprodução ocorre em animais
como esponjas, estrelas-do-mar, anêmonas, minhocas e
planárias.
A - Estrela-do-mar
6.8. Multiplicação vegetativa
Este tipo de reprodução assexuada é exclusivo das plan-
tas. Existem vários processos de multiplicação vegetativa,
podendo este agrupar-se em dois grandes grupos.
1. Multiplicação vegetativa natural - A planta-mãe
B - Planária pode originar novas plantas a partir das várias parte que
a constituem como as folhas, os caules aéreos (estolhos),
ou os caules subterrâneos (rizomas, tubérculos e bolbos).
FRAGMENTAÇÃO EM ESTRELAS-DO-MAR E PLANÁRIAS Folhas: certas plantas desenvolvem pequenas plân-
tulas nas margens das folhas. Estas, ao cair no solo,
6.6. Gemulação desenvolvem-se e dão origem a uma planta adulta.
Neste tipo de reprodução assexuada, há a formação de
expansões, chamadas gomos ou gemas, na superfície da
célula ou do indivíduo que, ao separarem-se, dão origem
aos novos indivíduos, geralmente de menor tamanho que
o progenitor. Também se pode chamar este tipo de repro-
dução assexuada de gemiparidade. Ocorre em seres uni-
celulares, como as leveduras (tipo de fungo), e em seres
pluricelulares, como a esponja e a hidra.
65
VIVENCIANDO
As bactérias podem se reproduzir tanto sexuada (conjugação, transdução, transformação) quanto assexuadamente
(bipartição), e, assim, passar os genes de resistência para próximas gerações. Com a compreensão da reprodução
bacteriana foi possível entender melhor a resistência bacteriana, bem como os possíveis mecanismos para o controle
desse parasita.
Estolhos: certas plantas, como o morangueiro, produ- Bulbos: são caules subterrâneos arredondados, com
zem plantas novas a partir de caules prostrados cha- um gomo terminal rodeado por camadas de folhas
mados estolhos. Cada estolho parte do caule principal carnudas, ricas em substâncias de reserva. Quando as
e origina várias plantas novas, o caule principal morre condições do meio são favoráveis, formam-se gomos
assim que as novas plântulas desenvolvem as suas pró- laterais, que se rodeiam de novas folhas carnudas e ori-
prias raízes e folhas. ginam novas plantas. Alguns dos bulbos mais conheci-
dos são a cebola e a tulipa.
Rizomas: os lírios, o bambu e os fetos possuem caules
subterrâneos alongados e com substâncias de reserva,
denominados rizomas. Estes, além de permitirem à
planta sobreviver em condições desfavoráveis, podem
alongar-se, originando gemas que se vão diferenciar
em novas plantas.
66
Mergulhia: este tipo de multiplicação vegetativa con- Na enxertia por borbulha, efetua-se um corte em forma de
siste em dobrar um ramo da planta-mãe até o enterrar T na casca do caule da planta receptora do enxerto. De-
no solo. A parte enterrada irá ganhar raízes e, enraiza- pois, levanta-se a casca e introduz-se no local da fenda o
da, pode separar-se da planta-mãe, obtendo-se, assim, enxerto, constituído por um pedaço de casca contendo um
uma planta independente. gomo da planta doadora. Seguidamente, a zona de união
é atada, para facilitar a cicatrização.
Esporângio
Porta-enxerto
Hifas
67
uma divisão reducional do número de cromossomos à em cada um dos gametas. A reprodução sexuada implica
metade, desenvolvimento de células sexuais (gametas) ou a alternância regular de dois eventos críticos: meiose e fe-
pelo menos gaméticos e, geralmente, uma fusão dos núcle- cundação. Os tipos de ciclos de vida sexuados podem ser
os gaméticos (Hickman et al., 2004). organizados da seguinte forma:
DIPLOBIONTE
.Uma das mais fascinantes questões da Biologia Fecundação Zigoto
evolutiva envolve as razões da manutenção da re-
+
produção sexuada entre os seres vivos. Esse processo 2n
está associado a um elevado dispêndio energético
(disputas territoriais e acasalamentos) e expõe os in-
divíduos a uma série de riscos, como predação, parasi- 2n
68
2. Na meiose zigótica, o zigoto divide-se por meiose ime- Par de cromossomas
diata depois do acasalamento para formar quatro células homólogos (2n)
8. MEIOSE E FECUNDAÇÃO
A meiose é um tipo de divisão celular que reduz para me- DIVISÃO II
Para calcular o número de indivíduos de populações, que têm uma taxa de reprodução alta, podem-se utilizar fórmu-
las matemáticas para prever o tamanho dessa população ao longo do tempo. Acompanhar o crescimento de uma
população é importante para monitorar espécies que estão em processos de extinção.
69
9. REPRODUÇÃO SEXUADA se I, os cromossomas homólogos trocam segmentos. Os
dois cromatídeos de um mesmo cromossoma deixam de
E VARIABILIDADE ser idênticos e vão ser, posteriormente, separados de forma
aleatória na Anáfase II.
A principal vantagem da reprodução sexuada em relação
3. Fecundação – a junção aleatória de um gameta femi-
à assexuada, é o aumento da variabilidade genética da
nino e de um gameta masculino aumenta a variabilidade
descendência. Os mecanismos que contribuem para essa
genética.
variabilidade são:
4. Mutações – criam novos genes (mutação gênica) ou
1. Segregação independente dos cromossomas
novos cromossomas (mutação cromossômica). Estas
homólogos – na meiose I, a migração dos cromossomos
últimas podem ser numéricas ou estruturais.
homólogos para os polos da célula é aleatória. O número
de combinações possíveis é de 2n. Assim, nas células for- A variabilidade genética dos indivíduos de uma popu-
madas, os cromossomas estão combinados aleatoriamen- lação contribui para o seu sucesso evolutivo, uma vez que,
te e há uma enorme variedade de combinações possíveis. num ambiente em mudança, pelo menos alguns dos mem-
bros da população estarão aptos a sobreviver.
2. Crossing-over – durante o Crossing-over, na Prófa-
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa,
14 relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
A reprodução é um processo essencial para a manutenção das espécies e, portanto, é importante que o aluno co-
nheça os modos distintos de proliferação das populações dos diferentes organismos e as vantagens e desvantagens
que cada um desses processos podem apresentar. A partir disso, é possível, por exemplo, compreender o desenvol-
vimento de diferentes doenças e propor medidas preventivas e corretivas para as mesmas.
Modelo
(Enem) O uso prolongado de lentes de contato, sobretudo durante a noite, aliado a condições precárias de higiene
representam fatores de risco para o aparecimento de uma infecção denominada ceratite microbiana, que causa ulcer-
ação inflamatória da córnea. Para interromper o processo da doença, é necessário tratamento antibiótico.
De modo geral, os fatores de risco provocam a diminuição da oxigenação corneana e determinam mudanças no seu
metabolismo, de um estado aeróbico para anaeróbico.
Como decorrência, observa-se a diminuição no número e na velocidade de mitoses do epitélio, o que predispõe ao
aparecimento de defeitos epiteliais e à invasão bacteriana.
ADAPTADO DE: CRESTA. F. LENTE DE CONTATO E INFECÇÃO OCULAR. REVISTA SINOPSE DE OFTALMOLOGIA. SÃO PAULO: MOREIRA JR., N. 04. 2002.
A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso na córnea estão relacionados a algumas características
gerais desses microrganismos, tais como:
a) a grande capacidade de adaptação, considerando as constantes mudanças no ambiente em que se reproduzem, e o
processo aeróbico como a melhor opção desses microrganismos para a obtenção de energia.
70
b) a grande capacidade de sofrer mutações, aumentando a probabilidade do aparecimento de formas resistentes, e o
processo anaeróbico da fermentação como a principal via de obtenção de energia.
c) a diversidade morfológica entre as bactérias, aumentando a variedade de tipos de agente infeccioso, e a nutrição het-
erotrófica como forma de esses microrganismos obterem matéria-prima e energia.
d) o alto poder de reprodução, aumentando a variabilidade genética dos milhares de indivíduos, e a nutrição heterotrófica
como única forma de obtenção de matéria-prima e energia desses microrganismos.
e) o alto poder de reprodução, originando milhares de descendentes geneticamente idênticos entre si, e a diversidade
metabólica, considerando processos aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia.
Análise expositiva - Habilidades 14: A utilização inadequada de lentes de contato reduz as trocas gasosas
E no local, danificando as funções normais do epitélio ocular, já que suas células necessitam de um ambiente
aeróbico para se manterem íntegras. Desse modo, se favorece também o desenvolvimento bacteriano no
local. As bactérias são microrganismos unicelulares, cujo metabolismo pode ser aeróbico ou anaeróbico, e
realizam reprodução assexuada por bipartição. Este processo tem como vantagem permitir a rápida prolife-
ração da população, ainda que como consequência os descendentes sejam geneticamente idênticos entre
si, podendo ser uma característica desvantajosa em caso de alteração ambiental.
Alternativa E
71
DIAGRAMA DE IDEIAS
TIPOS DE REPRODUÇÃO
E CICLOS DE VIDA
TIPOS
• NÃO DEPENDE
DE PARCEIRO NÃO GERA VARIABILIDADE
• RÁPIDO CRESCIMENTO • BIPARTIÇÃO GENÉTICA
POPULACIONAL • DIVISÃO MÚLTIPLA
• GEMULAÇÃO
• ESPORULAÇÃO
• FRAGMENTAÇÃO
• PARTENOGÊNESE
• MULTIPLICAÇÃO VEGETATIVA
CICLOS
VARIABILIDADE REPRODUTIVOS
ELEVADO CUSTO
GENÉTICA
ENERGÉTICO
(MEIOSE)
72
ZOOLOGIA:
Incidência do tema nas principais provas
É generalista com relação às características As questões dissertativas cobram mais espe- É importante conhecer bem as principais caracte-
dos seres vivos, não aborda grupos específicos, cificamente as doenças causadas por vermes, rísticas animais para reconhecer com facilidade as
opta por comparar um vasto número de bem como anatomia de invertebrados vetores semelhanças e diferenças entre os filos.
grupos. Além de seu caráter interdisciplinar, é e agentes etiológicos.
evidente a presença de questões que dialo-
gam com situações cotidianas.
É direcionada às teorias evolutivas, embriolo- Possui caráter essencialmente comparativo Com poucas questões de Biologia, cobra A Santa Casa cobra conhecimentos relacio-
gia e taxonomia dos seres vivos. e questões que misturam diferentes áreas conhecimento acerca da anatomia comparada nados a verminoses comuns no Brasil, além
da Biologia. Há presença de assuntos como dos filos animais e da classificação dos seres de embriologia e anatomia comparada dos
diversidade de seres vivos e comparação entre vivos. animais.
os reinos e entre os filos animais.
UFMG
É uma prova com questões interdisciplinares Possui questões com alto nível de especifi- Apresenta questões com enfoque em anato-
e conteúdo específico, sendo importante cidade, que abordam doenças causadas por mia comparada.
reconhecer características dos animais e saber vermes e anatomia comparada dos diferentes
comparar os diferentes filos. filos animais.
A prova tende a cobrar questões quanto às Os temas de maior recorrência dentro da Zoo- É essencial saber interpretar cladogramas,
relações evolutivas, taxonomia e verminoses. logia são características exclusivas e diferenças além de saber classificar e diferenciar os
entre os filos animais. seres vivos.
73
AULAS MOLUSCOS
17 E 18
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 15, 16 e 28
2. CARACTERIZAÇÃO
E CLASSIFICAÇÃO
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Moluscos - O que são? Quem são?
LESMA MARINHA
Os moluscos (do latim molluscus = mole) são animais pos-
suidores de um corpo mole, viscoso, não segmentado e sem
3. GASTRÓPODES -
patas. Apresentando simetria bilateral, o corpo é dividido em CARACÓIS E CARAMUJOS
três partes: cabeça, pé e massa visceral. A cabeça é bem níti- Os gastrópodes apresentam corpo nitidamente dividido
da nos caramujos e polvos, mas não é diferenciada nas os- em cabeça, pé e massa visceral. A cabeça apresenta a boca
74
e dois pares de tentáculos retráteis, dos quais os posterio-
res, mais longos do que os anteriores, apresentam na ex-
tremidade os pequenos olhos. Observe a seguir a anatomia
interna de um gastrópode típico:
4. PELECÍPODES - OS BIVALVES
As ostras e os mexilhões (bivalves) apresentam cabeça di- Partícula
Camadas nacaradas
ferenciada ou ausente, com um pé e massa visceral protegidas estranha
envolvem a
Manto
partícula estranha
por uma concha formada por duas valvas que se unem dorsal-
mente, através de um ligamento elástico, à charneira. As valvas
se mantêm fechadas por fortes músculos. O pé é um órgão
musculoso, retrátil, em forma de quilha ou machado, servindo
para ancorar o animal na areia. A maioria deixa de se locomover
Pérola
depois da fixação em algum substrato. Esses animais filtram o
ESQUEMA DE FORMAÇÃO DE PÉROLAS
alimento puxando água com um sifão inalante e eliminam os FONTE: HTTP://SLIDEPLAYER.COM.BR/SLIDE/1837373/
detritos por um sifão exalante. As partículas são capturadas e o
oxigênio é trocado. Observe a seguir os aspectos morfológicos
de um bivalve inteiro e de sua anatomia interna:
5. CEFALÓPODES
Sifão exalante Representados por polvos, lulas e nautilus, os cefalópodes
Chameira
constituem um grupo especializado e muito mais comple-
xo do que os demais moluscos. Eles são exclusivamente
marinhos e possuem cabeça diferenciada, massa visceral
Sifão inalante
alongada e pé transformado em tentáculos habilidosos e
Pé braços que envolvem a cabeça. A concha é reduzida e in-
VISTA LATERAL VISTA POSTERIOR terna nas lulas, ausente nos polvos e externa nos nautilus.
75
Esses animais respiram por brânquias localizadas dentro extremidades. A massa visceral é alongada e cônica, apresen-
da cavidade do manto, puxando água através de um sifão. tando na parte posterior duas nadadeiras triangulares. Entre
Na boca, existe a rádula, uma estrutura composta por 7 a cabeça e o tronco, aparece o sifão exalante, através do qual
dentes e um bico quitinoso. é expelido um jato de água que impele o animal para o lado
oposto; o sifão pode curvar-se para trás, mudando a direção
Anatomia interna de um cefalópode do deslocamento do animal. As lulas apresentam a glândula
da tinta: quando são atacadas, eliminam o conteúdo preto
dessa glândula envolvendo o inimigo em uma nuvem escura
e possibilitando a fuga.
SÉPIA POLVO
VIVENCIANDO
A classe dos cefalópodes, na qual estão incluídos polvos e lulas, é muito utilizada na culinária. Em termos de sabor, a
lula e o polvo são bem similares. O polvo possui uma carne macia que, geralmente, é servida com grelhados. A lula,
por sua vez, tem mais elasticidade e pode ser usada em saladas e ensopados.
Muito popular no Japão, o polvo ainda é pouco comum na culinária do Brasil. No entanto, por apresentar uma carne
macia, de textura elástica e bastante saborosa, tem crescido sua procura. Normalmente ele compõe pratos da culinária
japonesa – presente em sushis, sashimis e temakis – e chinesa, além de outras refeições. Ele oferece benefícios à saúde,
em especial no combate ao colesterol alto e a doenças cardíacas, por conter ômega-3. Pesquisadores da Universidade Es-
tadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) constataram que o polvo é um alimento de alto valor nutritivo e biológico por ser de
fácil digestão, rico em vitaminas A e B, tendo baixo índice de gordura e colesterol, quando comparado a outros mariscos.
FONTE: <WWW.FOODSERVICENEWS.COM.BR/FORCA-DO-POLVO-NO-MERCADO>
76
captácula gânglio pelicárdio Gônada Estômago Concha uterina (Glandios)
Cavidade do manto
Saco de tinta
Ânus Radula
Sifão
manto
pé
gânglio pedioso e
junto o estatocisto manto cavidade paleal
ânus
concha
cavidade paleal
7. POLIPLACÓFOROS
Os quítons apresentam diversos escudos calcários no dor-
so e são muito adaptados a sobreviverem em regiões que multimídia: vídeo
recebem impacto de ondas, pois são achatados e aderem FONTE: YOUTUBE
fortemente às rochas. Eles representam a linhagem de mo-
Bivalve: Mexilhões, Ostras, Amêijoas...
luscos mais próxima dos seus ancestrais.
9. DIGESTÃO
O sistema digestório é completo e compreende boca, farin-
ge, esôfago, estômago, intestino e ânus. A faringe ou cavi-
dade bucal apresenta, inferiormente, a rádula, uma placa
recoberta por dentículos quitinosos utilizada para raspar o
alimento. Ostras e mexilhões são filtradores, retendo nas
brânquias algas microscópicas, protozoários e bactérias
QUÍTON usados como alimento. Os não filtradores, como caracóis,
FONTE: HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/POLYPLACOPHORA
polvos e lulas, são herbívoros ou carnívoros.
8. FISIOLOGIA: TEGUMENTO
A rádula, estrutura raspadora ausente nos filtradores, é
projetada para frente e retraída para trás graças a múscu-
los protatores e retratores, respectivamente. Observe a
E ESQUELETO seguir a anatomia do sistema digestivo:
O tegumento é formado por um epitélio simples, às vezes Saco radular Odontóforo
Esôfago Glândula salivar
ciliado e contendo grande número de células mucosas. A Cavidade bucal
77
10. RESPIRAÇÃO circulatório é fechado. Observe a seguir a ilustração de um
sistema aberto:
A respiração pode ser cutânea (fig. A), branquial (fig. B) ou
pulmonar (fig. C). As brânquias estão alojadas na cavidade
palial, espaço situado entre o manto e o corpo. A respira-
ção pulmonar ocorre nos gastrópodes terrestres (caracóis),
em que o pulmão é constituído pela cavidade palial com
parede intensamente vascularizada e comunicada com o
exterior através de um orifício (pneumóstoma).
FIG. A – RESPIRAÇÃO CUTÂNEA (EPIDERME)
nefróstomo
Gânglios
cerebrais
11. CIRCULAÇÃO
Gânglios
Possuem sistema circulatório lacunar ou aberto, com o Gânglios viscerais
coração situado dorsalmente no interior de uma cavidade bucais
Gânglios pedais
pericárdica. O sangue sai do coração e passa pelas arté-
rias, que terminam em hemóceles, das quais é coletado por ANATOMIA INTERNA DO SISTEMA NERVOSO
veias e volta ao coração. Apenas nos cefalópodes o sistema FONTE: HTTPS://PT.SLIDESHARE.NET/GASPARNETO1/MOLLUSCAS
78
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
A aplicação de conceitos físicos é fundamental na compreensão do movimento do polvo por meio da propulsão
a jato. “A propulsão é o movimento criado a partir de uma força que dá impulso. A propulsão pode ser criada em
qualquer ato de impelir para frente ou dar impulso. No corpo humano, os ossos e músculos devem estar em harmo-
nia, para conseguir criar propulsão para andar, correr e se movimentar.” Essa definição mostra claramente o conceito
da terceira lei de Newton, ou princípio de ação e reação, que diz que “toda força é resultado da interação física de
dois corpos distintos, ou mesmo partes distintas de um mesmo corpo. Ou seja, quando um corpo A aplica uma força
sobre um corpo B, recebe deste uma força de mesma intensidade e mesma direção, porém, de sentido contrário”. O
jato de água expelido pelo polvo exerce uma força sobre a água e, em consequência, tem uma reação que leva ao
movimento do animal.
15. IMPORTÂNCIA DOS MOLUSCOS umedecidos e, pela manhã, fazer o recolhimento dos gas-
trópodes ali abrigados, que podem ser eliminados com água
quente, salmoura forte (cinco ou mais colheres de sopa de
15.1. Gastrópodes como sal diluídas em 1 litro de água) ou esmagamento. Em áreas
pragas agrícolas maiores, como sementeiras comerciais de hortaliças ou es-
sências florestais, uma opção de controle é a utilização de
Os caracóis e as lesmas podem se alimentar de folhas tenras iscas à base de aldeído, que devem ser distribuídas à noite
de plantas. Eles geralmente possuem hábitos noturnos, embo- nos lugares de maior ocorrência dos caracóis.
ra possam ser encontrados atacando as plantas nos dias chu-
vosos. Os tegumentos são moles, cobertos por uma substância
viscosa. Durante o frio, ou nas estações secas, escondem-se
15.2. Moluscos como fonte
nas cavidades das árvores, fendas ou muros, sob as pedras, de alimento e causadores de
etc., onde ficam em estado de dormência e sem se alimentar. desequilíbrio ambiental
As lesmas terrestres, consideradas pragas agrícolas, são da Mariscos, ostras, lulas e polvos servem de alimento para o
família Veronicellidae. São encontradas em lugares úmidos, homem, sendo os dois primeiros criados extensivamente: a
79
criação de mariscos e ostras é intensa no litoral brasileiro. a oclusão ou redução da velocidade do fluxo em canos e
Caracóis, como o escargot, também são criados no Brasil, tubos de irrigação, devido à perda por fricção.
embora o consumo em restaurantes sofisticados no país
seja pequeno. Contudo, há um aumento das exportações
para outros países. A França, por exemplo, consome em
torno de 40.000 toneladas por ano desse molusco, quanti-
dade muito além da capacidade doméstica de produção do
país. A espécie criada em maior quantidade no país, Helix
aspersa, foi introduzida no Brasil há mais de 100 anos. Em-
bora exótica, não tem se observado a invasão em áreas na-
turais. O motivo disso pode ser a dificuldade de adaptação
às temperaturas elevadas, o que difere do clima europeu. O CARACOL AFRICANO, ACHATINA FULICA
Há cerca de 15 anos, produtores brasileiros de escargots
importaram Achatina fulica, um caracol africano. Trouxe-
ram a espécie para criação sem nenhuma preocupação
com os possíveis danos que a liberação desse caramujo
em campo pudesse causar à agricultura, às florestas e à
saúde pública e sem considerar o passado desastroso de
tentativas semelhantes em outros locais do mundo.
Essa espécie é herbívora e generalista voraz, competindo
com espécies nativas por comida e espaço, principalmente
MEXILHÃO-DOURADO, LIMNOPERNA FORTUNEI
em ambientes pobres em cálcio e alimento. Esses caramu-
FONTE: HTTP://ZOOLOGIA-II-UFES-TURMA-I.WEBNODE.COM/PRODUCTS/MOLLUSCA2/
jos apresentam a concha cônica marrom ou mosqueada
de tons mais claros. Atingem até 20 cm de comprimento e
chegam em média a 200 g de peso total. 15.3. Caramujos hospedeiros de
Talvez por ser proveniente de clima tropical, A. fulica adap- doenças do homem e animais
tou-se rapidamente ao Brasil, invadindo áreas naturais e
Algumas espécies de caramujos são importantes à
competindo com os moluscos nativos. Atualmente, está
saúde pública. Dois gêneros de grande importância são
presente em 21 estados brasileiros. Além de ser uma praga
Biomphalaria e Lymnaea. Os Biomphalaria são hospedeiros
agrícola, A. fulica também pode portar agentes etiológicos
intermediários do Schistosoma mansoni, causador da es-
de doenças humanas e veterinárias, como a angiostron-
quistossomose, uma doença parasitária endêmica em 74
gilíase abdominal (ocorre no RS, SC, PR, SP e DF), causada
países do mundo, causada por um trematódeo do gênero
pelo nematoide Angiostrongylus costaricensis, e a Angios-
Schistosoma. Cerca de 200 milhões de indivíduos estão in-
trongilíase meningoencefálica (não ocorre no país). O go-
fectados no mundo todo, e o número de mortes por ano
verno implantou uma campanha nacional de combate ao
gira em torno de 20.000. No Brasil, estima-se que 12 mil-
caramujo africano, coordenada pelo Ibama, para evitar que
hões de indivíduos estejam infectados com S. mansoni.
o caramujo se espalhe e chegue às áreas rurais.
Os hospedeiros intermediários de S. mansoni no Brasil são
Outro exemplo de impactos negativos causados pela intro-
as espécies B. glabrata (mais importante), B. straminea
dução de organismos exóticos foi a introdução do molusco
e B. tenagophila. Os moluscos do gênero Biomphalaria
Limnoperna fortunei (mexilhão-dourado [Bivalvia: Mityli-
possuem concha espiralada com a presença de dois “um-
dae]) no Brasil. Originário dos rios asiáticos, foi detecta-
bigos” (ver foto abaixo) que, nos adultos da primeira espé-
do pela primeira vez na América do Sul em 1991, no rio
cie, medem de 15 a 26 mm de diâmetro, em B. glabrata,
da Prata, na Argentina. Por meio da navegação, o mexi-
de 20 a 30 mm, e em B. straminea, de 10 a 15 mm. São
lhão-dourado dispersou-se pelo rio Paraguai, invadindo o
hermafroditas simultâneos, podendo se reproduzir por fe-
Pantanal (Bolívia e Brasil), atingindo também o rio Uruguai
cundação cruzada ou por autofecundação. Na natureza,
e chegando até a central hidrelétrica (Argentina-Uruguai)
os ovos são depositados nas hastes e folhas das plantas
de Salto Grande. L. fortunei é um bivalve pequeno, de cer-
ca de 3 cm, que se fixa na refrigeração dos motores das aquáticas e ainda nas conchas de outros caramujos.
embarcações impedindo que a água circule, causando su- A planta aguapé tem grande importância na disseminação
peraquecimento do motor, que pode fundir. Pode ocorrer de caramujos e seus ovos quando são levadas pelas cor-
80
rentes de água. Em represas, o aguapé favorece a dispersão Lymnaea spp. são hospedeiros da Fasciola hepatica,
do molusco para toda a área. Sem o aguapé, não é possível trematódeo parasita comum de carneiros e outros rumi-
a presença do caramujo no centro de rios e represas devido nantes, que também podem infectar o homem, suínos,
à necessidade de o caramujo subir à superfície para obter equinos, roedores e outros mamíferos. No Brasil, existem
oxigênio. O molusco sobe até a superfície para obter oxigê- três espécies de Lymnaea: L. columella, L. viatrix e L. cuben-
nio e desce para o fundo ou prende-se nas raízes das plan- sis, sendo que L. columella foi detectada na maioria dos
tas aquáticas, como, no caso, o aguapé. Por ocasião das focos de fasciolose observados até o momento. Entre as
estações secas, os riachos e açudes podem secar, matando perdas econômicas associadas à fasciolose na pecuária
muitos caramujos. Outros, entretanto, aprofundam-se na estão a mortalidade de animais, a redução na produção
lama (até 30 cm) e permanecem até a volta das águas. de leite e de carne, a condenação de fígados e elevação
do custo terapêutico no tratamento de infecções bacteri-
anas secundárias. Esses problemas têm sido encontrados
predominantemente no estado do Rio Grande do Sul. Para
L. viatrix, o início da postura ocorre em média aos 27,4
dias de idade, e a longevidade média desses moluscos é
de 181,9 dias.
multimídia: sites
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/
Reinos2/moluscos.php
LYMNAEA SP.
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organi-
15 zação dos sistemas biológicos.
Moluscos são animais heterótrofos. Entretanto, o exercício apresenta um fenômeno diferente do padrão, que é um
molusco que incorpora um gene de outra espécie (algas) e, com isso, adquire capacidade de fazer fotossíntese. Essa
questão exige a interpretação correta desse modelo, além de um conhecimento de componentes vegetais.
81
Modelo
(Enem) Um molusco, que vive no litoral oeste dos EUA, pode redefinir tudo o que se sabe sobre a divisão entre ani-
mais e vegetais. Isso porque o molusco (Elysia chlorotica) é um híbrido de bicho com planta. Cientistas americanos
descobriram que o molusco conseguiu incorporar um gene das algas e, por isso, desenvolveu a capacidade de fazer
fotossíntese. É o primeiro animal a se “alimentar” apenas de luz e CO2, como as plantas.
GARATONI, B. SUPERINTERESSANTE. EDIÇÃO 276, MAR. 2010 (ADAPTADO).
A capacidade de o molusco fazer fotossíntese deve estar associada ao fato de o gene incorporado permitir que ele
passe a sintetizar:
a) clorofila, que utiliza a energia do carbono para produzir glicose;
b) citocromo, que utiliza a energia da água para formar oxigênio;
c) clorofila, que doa elétrons para converter gás carbônico em oxigênio;
d) citocromo, que doa elétrons da energia luminosa para produzir glicose;
e) clorofila, que transfere a energia da luz para compostos orgânicos.
Análise expositiva - Habilidades 15: Para conseguir realizar o processo de fotossíntese, o gene que o mo-
E lusco incorporou da alga deve ser aquele responsável pela produção de clorofila, que é um pigmento
responsável pela absorção de luz utilizada em uma das etapas do processo de fotossíntese, que culmina na
produção de compostos orgânicos (glicose) e oxigênio.
Alternativa E
82
DIAGRAMA DE IDEIAS
MOLUSCOS CLASSES
CARACTERÍSTICAS
PELECÍPODES
CELOMADOS
GASTRÓPODES
CABEÇA, PÉ E
CEFALÓPODES
MASSA VISCERAL
• CONCHA INTERNA
CONCHA EXOESQUELETO CALCÁRIO • MARINHOS
METANEFRÍDEOS
DIOICOS
83
AULAS ANELÍDEOS
19 E 20
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 14, 16 e 28
1. INTRODUÇÃO
Os anelídeos, do latim annulatus (anel) e do grego eidos
(forma), são animais vermiformes, de simetria bilateral,
caracterizados pela segmentação ou metamerização
(metameria). O corpo é segmentado, isto é, formado por
uma sucessão de anéis, denominados segmentos ou metâ- OLIGOQUETOS
meros. São organismos que vivem em ambiente terrestre,
marinho e dulcícola. Possuem o corpo alongado, cilíndrico
e metamerizado, cuja divisão ocorre tanto externa como
internamente. Cada anel abriga diversos órgãos individu-
alizados, como nervos, estruturas musculares e excretoras.
São classificados em três classes: oligoquetos (minho-
cas), poliquetos (vermes marinhos) e hirudíneos (san-
guessugas). A presença e a quantidade de cerdas ao longo POLIQUETOS
do corpo são utilizadas como critério de classificação:
Oligoquetos (poucas cerdas) – minhocas como a minho-
ca-da-Terra (Lumbricus terrestris), minhoca-louca (Pheren-
tima hawayana) e minhocoçu (Glossoscolex giganteus).
Poliquetos (várias cerdas) – Eunice viridis e Nereis sp.
Aquetos (sem cerdas) ou hirudíneos – Sanguessugas
(ex.: Hirudo medicinalis). AQUETOS
O exemplar mais citado é a minhoca. Esses animais vivem
sobre o solo úmido, perfurando-o. Alimentam-se de detri-
tos orgânicos e eliminam partículas menores, facilitando a
2. POLIQUETOS
ação de bactérias e fungos na decomposição. Outra carac- Os poliquetos são vermes marinhos de corpo nitidamente
terística é o fato de serem hermafroditas (monoicas), mas segmentado, no qual se destaca uma cabeça com olhos,
a fecundação é cruzada. Os casulos com os ovos originam palpos e tentáculos. Em cada segmento, possuem um par
minhocas de forma direta, isto é, sem fase larval, caracterís- de parapódios, expansões laterais não articuladas. Como
tica do desenvolvimento dos poliquetos, por exemplo. primitivas estruturas de locomoção, aparecem numerosas
cerdas, eixos quitinosos implantados nos parapódios.
Os poliquetos possuem hábitos diversos. Há espécies que
vivem errantes, em busca de alimento, outras formam O nereis, um predador de hábito noturno, atinge 45 cm de
tubos e praticamente não saem mais, capturando par- comprimento. É possível observá-lo na ilustração a seguir.
tículas. Os poliquetos apresentam expansões do corpo, O Eunice gigantea chega a ter 3 metros de comprimento.
conhecidas como parapódios, de onde partem inúmeras Os chamados tubícolas vivem no interior de tubos que eles
cerdas que auxiliam na tração do animal, permitindo que constroem, aglutinando grãos de areia em torno do corpo.
ele caminhe em um substrato. As sanguessugas vivem em Outros vivem em buracos que cavam na areia das praias ou
água doce e, com suas ventosas, fixam-se em um hospe- em zonas profundas dos ambientes marinhos. Os tubícolas
deiro, dele retirando sangue. São ectoparasitas (parasitas são animais filtradores, ou seja, fazem a água passar por
externos) de vertebrados. eles e retêm as partículas alimentares.
84
As minhocas são muito utilizadas comercialmente como
Tentáculos peristomiais
“arados naturais” devido a seu hábito de construir galerias
Olhos
Tentáculos prostomiais subterrâneas revolvendo o solo e aumentando a aeração e
Parapódio a drenagem da água. Elas colaboram também com a adu-
Palpos
Boca bação orgânica produzindo húmus, além de serem incluí-
Cabeça em vista lateral das em rações animais como fonte de proteínas.
Tentáculos Parapódio
prostomiais
Olhos
4. HIRUDÍNEOS: AS
Tentáculos Cabeça em SANGUESSUGAS
peristomiais vista dorsal
Os hirudíneos, vulgarmente chamados de sanguessugas,
Cirros não possuem cerdas ou as apresentam em pequenas
quantidades. Não possuem tentáculos nem parapódios. O
corpo é dorsoventralmente achatado com duas ventosas,
uma em cada extremidade. A ventosa anterior envolve a
85
destacando papo e moela: As brânquias, por sua vez, são típicas de representantes
Quarenta aquáticos, como os poliquetos. As brânquias retiram o O2
Moela metâmeros omitidos
Faringe dissolvido na água por difusão. Em algumas espécies, elas
podem estar presentes nos parapódios, expansões laterali-
zadas do corpo relacionadas com locomoção, que podem
ser intensamente vascularizadas. Brânquias ramificadas e
Boca Ânus arborescentes são comuns em anelídeos marinhos que vi-
Papo Intestino Ceco
intestinal
vem em tubos (tubícolas). Observe a figura a seguir:
capilar sanguíneo músculos longitudinais
músculos circulares
5.3. A circulação epiderme
Na sua organização mais típica, o sistema circulatório
apresenta dois vasos longitudinais: um dorsal, no qual o
sangue circula em sentido posteroanterior, e outro ven-
tral, no qual o sangue flui em sentido inverso. Em cada
segmento, os vasos dorsais são interligados por outros
transversais que rodeiam o tubo digestivo e formam CO2 O2
redes capilares. O sangue é impulsionado por contra- cutícula brânquias
ções do vaso dorsal, ou por vasos laterais e anteriores
de maior calibre, também chamados de “corações”.
Apresentam uma estrutura mais complexa, com um siste-
ma de vasos por onde percorre o sangue com hemoglobina
dissolvida no plasma. O sangue passa a ser um importante
transportador de gases e de nutrientes para as células, seja 5.5. A excreção
pela epiderme, no caso das minhocas, ou por brânquias, no
caso de poliquetos. O sangue é bombeado por 5 pares de O sistema excretor é formado por unidades excretoras de-
vasos pulsáteis, ou corações laterais, na região anterior, e a nominadas metanefrídeos. A cada metâmero correspon-
difusão dos nutrientes e gases ocorre no nível dos capila- de um par de metanefrídeos. Os nefrídeos são estruturas
res. O fato de o sangue permanecer confinado ao interior tubulares e enoveladas que estabelecem contato com
dos vasos indica um sistema circulatório. os vasos sanguíneos, em que as secreções são retiradas.
Essa estrutura possui duas extremidades: nefróstoma,
Corações
Esôfago Vaso dorsal que se abre no líquido do celoma, e nefridioporo ou poro
excretor, que se abre na superfície corporal.
Funil ciliado Parede Septo entre
Intestino (nefróstoma) do corpo metâmeros
5.4. A respiração
Cavidade Nefrídio Poros excretores
Os anelídeos possuem o corpo revestido por um tecido celômica (nefridióporos)
epitelial simples, que secreta uma cutícula delicada, cuja
função é proteger o organismo contra a desidratação. A REPETIÇÃO DE ESTRUTURAS EXCRETORAS NOS METÂMEROS
maioria dos anelídeos tem respiração cutânea, ou seja,
as trocas gasosas são efetuadas através da pele. A respi- 5.6. O sistema nervoso
ração cutânea é encontrada principalmente em anelídeos Os anelídeos apresentam um sistema nervoso do tipo gan-
terrestres e que vivem em locais úmidos. Ocorre por meio glionar ventral. Existem dois gânglios cerebroides ou supra-
da intensa vascularização que existe abaixo da epiderme. faríngeos ligados, por meio de anéis perifaríngeos, a dois
86
gânglios infrafaríngeos dos quais parte a cadeia ganglionar
ventral, com um par de gânglios em cada segmento. Como
elementos sensoriais, aparecem papilas e tentáculos com
funções táteis e gustativas, além de olhos para percepção
luminosa. Observe a figura a seguir:
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Gânglios intrafaringeos Gânglios Anelídeo: minhocas, sanguessugas, poli-
segmentar quetas...
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO.
Receptáculos seminais
7. FORMAÇÃO DA METAMERIA
Clitelo
87
A metameria tem uma forma com cavidade preenchida por que os músculos são contraídos ou relaxados, a força
um líquido que auxilia a locomoção peristáltica, pois ela im- aplicada ao fluido celomático facilita uma variedade
pede que a pressão exercida pelos músculos seja dissipada de tipos de movimentos corporais, funcionando, as-
pelo corpo todo. Os efeitos locais da musculatura em formas sim, como esqueleto hidrostático.
metamerizadas são mais vigorosos e, assim, mais eficientes,
pois cada metâmero torna-se uma unidade de função espe-
cializada, notadamente para cavar, como os anelídeos.
Importância do celoma – O celoma fornece uma
área para a ampliação da superfície dos órgãos inter-
nos. Sendo um espaço cheio de líquido, entre a pare-
de do corpo e os órgãos internos, pode servir a várias
funções: esqueleto hidrostático, meio circulatório, lo-
cal temporário para maturação dos óvulos e esperma-
tozoides, acúmulo de excesso de líquido e produtos
de excreção. Em celomados típicos, o celoma abre-se
para fora por meio de metanefrídio (órgão que tem multimídia: sites
forma de funil aberto e ciliado) e gonoduto, vias de
eliminação de excretas e gametas. A parede do corpo www.sobiologia.com.br/conteudos/Re-
possui feixes de músculos longitudinais e circulares inos2/anelideos.php
que podem funcionar antagonicamente; à medida
VIVENCIANDO
Algumas espécies parasitas de anelídeos produzem uma substância denominada hirudina, que é anestésica e anti-
coagulante. Ela é secretada juntamente à saliva na região de fixação no hospedeiro. Essa substância é usada pela
indústria farmacêutica para produção de medicamentos anticoagulantes. Além disso, desde a antiguidade, as san-
guessugas são usadas na medicina. Anos atrás, era comum o uso desses animais para realizar sangrias; atualmente,
as sanguesugas ainda são utilizadas para sugar o sangue coagulado de ferimentos.
A substância hirudina é considerada um anticoagulante e é liberada por indivíduos da classe hirudínea, que são
ectoparasitas. Para compreender a ação dessa substância no organismo, são necessários conceitos de fisiologia do
tecido sanguíneo. Conceitos químicos também podem ser aplicados aqui, podendo indicar a estrutura da molécula
de hirudina e seus grupos químicos presentes.
88
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defe-
14 sa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
O conhecimento da biodiversidade é fundamental para sua preservação, como também permite ao homem de-
senvolver suas atividades econômicas utilizando técnicas que usufruam de características naturais dos diferentes
organismos, agredindo menos o ambiente e se desenvolvendo de forma sustentável. Assim, as questões do Enem
tendem a fazer uma abordagem mais ecológica sobre as espécies, geralmente sem cobrar de forma seca e direta as
características que definem cada grupo.
Modelo
(Enem)
Na charge, a arrogância do gato com relação ao comportamento alimentar da minhoca, do ponto de vista biológico:
a) não se justifica, porque ambos, como consumidores, devem “cavar” diariamente o seu próprio alimento;
b) é justificável, visto que o felino possui função superior à da minhoca numa teia alimentar;
c) não se justifica, porque ambos são consumidores primários em uma teia alimentar;
d) é justificável, porque as minhocas, por se alimentarem de detritos, não participam das cadeias alimentares;
e) é justificável, porque os vertebrados ocupam o topo das teias alimentares.
Análise expositiva -Habilidade 14: As minhocas pertencem ao grupo dos anelídeos e são animais detritívoros
A que se alimentam de restos de matéria orgânica no solo, auxiliando na reciclagem dos nutrientes. Elas são,
portanto, classificadas como consumidores na cadeia trófica (heterotróficos), assim como todos os organismos
dentro do Reino Animal, no qual também se encontram os gatos, que, apesar de não serem detritívoros, também
devem explorar os recursos alimentares do ambiente. A arrogância apresentada na charge ocorre devido ao per-
sonagem Garfield ser um gato doméstico, o qual é alimentado pelo seu dono e apresenta hábitos preguiçosos,
ao contrário do que se espera de um felino selvagem; entretanto, encontra-se no nível trófico dos consumidores.
Alternativa A
89
DIAGRAMA DE IDEIAS
ANELÍDEOS
CLASSES
90
AULAS ARTRÓPODES E EQUINODERMOS
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 14, 16 e 28
91
1.4. Exoesqueleto 1.6. A digestão
O corpo dos artrópodes é revestido por um exoesqueleto, O sistema digestivo é completo e compreende: boca, farin-
constituído por uma cutícula quitinosa, secretada pela epi- ge e esôfago, dos quais são diferenciações o papo e a mo-
derme. O esqueleto quitinoso não se apresenta uniforme- ela ou estômago mastigador. Segue-se o estômago glan-
mente espessado e endurecido; nos limites entre os vários dular, o intestino e o ânus. A digestão é extracelular, sendo
segmentos e entre os diversos artículos dos apêndices, ele comum a ocorrência de um aparelho bucal adaptado para
se mostra delgado, formando as articulações. A cutícula ad- mastigação, sucção etc. Existem espécies herbívoras, carní-
quire grande resistência, especialmente nos crustáceos, nos voras e parasitas.
quais ela é impregnada por carbonato de cálcio. A couraça
quitinosa protege o animal, mas impede o crescimento. Daí 1.7. A respiração
a ocorrência da muda ou ecdise, fenômeno que consiste
Na maioria dos artrópodes a respiração é branquial e tra-
na renovação do exoesqueleto. O antigo esqueleto sepa-
queal. As brânquias aparecem nos crustáceos; traqueias
ra-se da epiderme e é eliminado, constituindo uma exúvia.
ocorrem em insetos, diplópodes e quilópodes. Nos aracní-
O corpo do animal aparece agora com um esqueleto bem
deos as traqueias situam-se no interior de dilatações sacu-
mais delgado e flexível, podendo então crescer e posterior-
liformes denominadas pulmões foliáceos.
mente reforçar a cutícula. Além de proteger e sustentar o
corpo, o exoesqueleto serve como base para a inserção da
musculatura e impede a desidratação nas formas terrestres. 1.8. A circulação
O sistema circulatório é do tipo aberto ou lacunarr, constituído
por coração, artérias e hemóceles. O coração, arredondado ou
tubuloso, situa-se dorsalmente em relação ao tubo digestivo.
Cutícula Músculo Dele saem artérias que conduzem sangue para diferentes ór-
rígida
gãos. Numerosas cavidades, denominadas hemoceles, substi-
tuem capilares e veias, transportando o sangue para o coração.
Cutícula flexível
Em crustáceos e aracnídeos, o sangue apresenta corpúsculos
Apêndice articulado
ameboides e, dissolvida no plasma, a hemocianina, um pig-
mento que transporta o oxigênio para as células. Nos insetos,
A principal consequência do exoesqueleto nos Artrópodes quilópodes e diplópodes o sangue não apresenta hemociani-
é o crescimento descontínuo, que pode ser observado e na, servindo apenas para o transporte de nutrientes, já que as
entendido no gráfico a seguir. traqueias conduzem diretamente o oxigênio para os tecidos.
Crescimento descontínuo em artrópodos
1.9. A excreção
Em crustáceos e aracnídeos encontramos como órgãos ex-
cretores especializados: as glândulas verdes (crustáceos) e
coxais (aracnídeos). Insetos, diplópodes e quilópodes ex-
cretam através dos tubos de Malpighi.
1.10. Os sistemas
nervoso e sensorial
1.5. O tegumento e a musculatura Os artrópodes apresentam um sistema nervoso ganglionar
O tegumento é constituído por uma epiderme, formada e ventral, semelhante ao dos anelídeos. Assim, encontramos
por epitélio simples e prismático. Entre as células epi- dois complexos ganglionares, um cerebroide ou supraesofá-
dérmicas, aparecem células sensoriais que atravessam a gico e outro infraesofágico, ligados por conectivos perieso-
cutícula e entram em contato com cerdas e células sen- fágicos; completando aparece a cadeia ganglionar ventral,
soriais. A musculatura dos artrópodes não forma o tubo com um par de gânglios para cada segmento. No tegumen-
musculodérmico dos vermes. É constituída por feixes de to, como já vimos, aparecem células sensoriais ligadas a
fibras estriadas inseridas sobre diversos elementos esque- terminações nervosas. Órgãos tácteis, olfatórios e térmicos
léticos e, por meio da contração, funciona como alavanca. distribuem-se em várias partes do corpo, especialmente nas
Fibras musculares lisas encarregam-se da motilidade das antenas e nos palpos. Como elementos visuais aparecem
paredes intestinais e outras vísceras. olhos simples e compostos.
92
Há sobre o corpo, além do exoesqueleto quitinoso, uma
camada de carbonato de cálcio. A maioria é marinha, mas
há representantes de água doce e terrestres.
São animais tipicamente aquáticos e predominantemente ma-
rinhos. São raras as formas adaptadas à vida terrestre, como é
o caso do “tatuzinho-de-jardim”, que, quando molestado, se
enrola, formando uma pequena bola. Nas espécies maiores,
o esqueleto forma uma casca ou crosta muito resistente, que
aparece na lagosta, no camarão, no siri e no caranguejo.
Como exemplo típico, estudaremos o camarão, que aparece
multimídia: vídeo em grande quantidade no litoral brasileiro, alcançando até
15 centímetros de comprimento, tendo o corpo revestido
FONTE: YOUTUBE
por uma couraça quitinosa espessa e resistente, exceto nas
Melhor documentário sobre
articulações, onde se apresenta delgada e flexível. O corpo é
insetos, invertebrados...
dividido em cefalotórax e abdômen. O cefalotórax é recober-
to por carapaça quitinosa rígida e apresenta: quatro antenas,
1.11. A reprodução dois olhos pedunculados, apêndices bucais, usados na apre-
ensão e ingestão, além de cinco pares de patas (decápodes)
A reprodução dos artrópodes é sexuada. Geralmente, os locomotoras, chamadas de pereiópodes.
artrópodes são unissexuados; as cracas são crustáceos
Cefalotórax
hermafroditas. É comum o dimorfismo sexual, sendo as Olho
Antena
fêmeas maiores do que os machos. Na maioria, a fecun- Abdômen
93
Anatomia interna de um crustáceo Cefalotórax Olhos
Patas Pedipalpo
Quelíceras
XIV
XV XVI
XVII
VISTA DORSAL Quelíceras
glândula verde XVIII
XIII
esôfago boca IX
X XI
cordão nervoso ventral ânus Lâmina Pedipalpo
XII
XIX mastigadora
oviduto Patas
Pedipalpo
telso
Lábio
Quelíceras Bulbo
Abertura
ARACNÍDEOS – apresentam corpo dividido em cefa- genital Cefalotórax
genital
Pós-abdômen
Telson
Pré-abdômen
Cefalotórax
Olhos
Patas Pedipalpos
94
espécies como Dermatophagoides farinae, que se nu- o corpo dos insetos, constituindo o centro da nutrição e da
trem de detritos orgânicos encontrados no ambiente, reprodução. Os últimos segmentos abdominais formam a
causam alérgia; armadura genital ou genitália, que nas fêmeas apresenta
o ovipositor. Com o maior número de espécies do que
carrapato (Amblyomma cafennense), hematófagos que
qualquer outro grupo, os insetos ocorrem nos mais varia-
sugam o sangue de animais selvagens e do homem
dos ambientes; somente os oceanos são quase completa-
podendo causar prejuízos em criações de boi, cavalos,
mente desprovidos de insetos.
porcos cachorros etc.
Só para exemplificar, citaremos algumas ordens: ortópte-
Anatomia interna de um aracnídeo.
Cefalotórax Abdômen
ros (grilos e gafanhotos), isópteros (cupins), anopluros
Coração
(piolhos), hemípteros (percevejos), lepidópteros (bor-
Tubo digestivo
Intestino
Ovário
boletas), dípteros (moscas e mosquitos), coleópteros
Cérebro Tubo digestivo Aorta
Olhos
Túbulo de Malpighi (besouros) e himenópteros (abelhas, vespas e formigas).
Ampola retal
Glândula de veneno
Canal de veneno
Esôfago Ânus
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Ciclo do carbono
Sistema Digestivo – completo com glândulas ane-
xas (salivares e cecos gástricos).
A cabeça é constituída pela fusão de seis segmentos e
apresenta: um par de olhos compostos, vários ocelos, um Sistema Circulatório – aberto ou lacunar, dorsal, au-
par de antenas e um aparelho bucal. Existem quatro tipos sência de pigmentos respiratórios.
básicos de aparelho bucal: mastigador (gafanhoto), lam- Sistema Respiratório – tipo traqueal , tubos que
bedor (abelhas), sugador (borboletas) e picador-sugador comunicam um orifício externo chamado espiráculo
(mosquitos). O tórax é o centro locomotor dos insetos, diretamente com os tecidos.
composto por três segmentos: anterior, médio e posterior.
Sistema Excretor – túbulos de Malpighi, que remo-
Cada anel ou segmento torácico apresenta um par de pa-
vem excretas do sangue e lançam no tubo digestivo.
tas em todos os insetos e um par de asas no segmento
mediano e outro no posterior, na maioria das espécies. O Sistema Reprodutor – dioicos, fecundação interna,
abdômen é a mais volumosa das partes em que se divide desenvolvimento direto ou indireto.
95
Anatomia interna de um inseto
VIVENCIANDO
Insetos são constantemente usados para controle biológicos de pragas em lavouras. O controle biológico consiste na
utilização de conhecimentos sobre as cadeias e teias ecológicas, e, assim, identifica-se o predador de uma determina-
da praga e passa-se a usá-lo para controlar sua população. Veja um exemplo desse controle na reportagem a baixo:
96
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
O voo dos insetos tem uma grande estabilidade, dinâmica e agilidade. A biofísica pode explicar essas características.
Através do uso de conceitos, como fisiologia do tecido muscular, aerodinâmica desses animais e mecânica das forças,
os cientistas biomecânicos conseguiram desvendar como é possível certos insetos voarem com alta eficiência.
Patas
Mandíbula (2 pares)
Eclosão do LARVA
Antena Poro genital
sofre
OVO (curta)
ECDISES
QUILÓPODES – como as lacraias ou centopeias, tam-
bém apresentam corpo dividido em cabeça e tronco, mas
há apenas um par de patas por segmento. O tronco é
mais achatado dorso-ventralmente e as patas partem,
Mudanças praticamente, da lateral do corpo. São animais que cami-
Imago na nham rápido, são predadores que possuem um par de
(forma adulta)
Imago
apêndices, as forcípulas, que injetam veneno. Veja, a se-
PUPA
guir, a ilustração e a anatomia interna de um quilópode.
97
2. EQUINODERMOS - O SISTEMA Holoturoidea – Pepino-do-mar
AMBULACRAL E A DEUTEROSTOMIA
Os equinodermos correspondem a um grupo de animais
que só habitam os mares. Apresentam como características
básicas um corpo revestido por espinhos, com um esquele-
to interno (endoesqueleto) calcário. Apresentam uma sime-
tria radial quando adultos, mas as larvas têm simetria bila-
teral. São animais triblásticos, celomados e deuterostômios. Ofiuroidea - Serpente-do-mar ou Ofiúro
Vista das faces ORAL e ABORAL dos Equinoidea 2.2. Sistema ambulacrário
Boca Orifício genital
Ânus As estrelas, os ouriços e as holotúrias locomovem-se atra-
Petaloides
(áreas por onde vés de pequenos pés tubulosos, conhecidos como pés
saem pés
ambulacrários ambulacrais. A particularidade desse sistema é o fato de
modificados, que a musculatura se move em função da água, pois os
lamelares, com
função respiratória.) pés tubulosos estão ligados a um sistema de canais cheios
Vista oral Vista aboral
de água. A água penetra pelo madreporito, distribuindo-se
Ouriço do mar pelos canais radiais.
Gonóporo
Ânus
Espinho móvel PES ambulacrais
1 Canal madrepórico Pés ambulacrários 5 ampola
(pétreo)
pé ambulacrário
Intestinos Ampolas 4
madreporito ventosa
canal pétreo
2 Canal circular
Gônada (sexos
separados,
fec. externa,
desenv. indireto)
Anel nervoso Boca Canal radial 3
Pedicelária
Pápula Dente
Brânquia (Lanterna de Aristóteles) canal circular
1 + 2 + 3 + 4 + 5 = Sistema ambulacrário canal lateral
vesícula canal radial
de poli
Crinoidea - Lírio-do-mar
2.3. Regeneração
As estrelas apresentam grande capacidade de regeneração,
e por muito tempo, causaram prejuízos à comercialização
de pérolas, pois, sendo predadoras de ostras perolíferas,
os pescadores, ao encontrarem esses animais na criação
desses bivalves, quebravam a estrela em algumas partes
e as jogavam de volta ao mar agravando o problema, pois
surgiam mais e mais estrelas.
98
2.4. Aspectos embriológicos Classificaçãoç dos equinodermos
q
Píndulas
Equinodermos
Pterobrânquios primitivos
Braço
Cálice
99
distinguem-se o ânus e a placa madrepórica. Em vista ven- 2.5.4. Classe Echinoidea
tral, os braços apresentam os sulcos ambulacrários com
duas a quatro fileiras de pés ambulacrários, usados na lo- Os equinoides são os ouriços-do-mar, que apresentam um
comoção. As estrelas-do-mar notabilizam-se pela elevada corpo hemisférico, rígido, desprovido de braços e recoberto
capacidade de regeneração, podendo um fragmento de por espinhos. A face superior é abaulada, enquanto a ventral
braço produzir um indivíduo completo. é achatada, apresentando na parte central uma área mem-
branosa contendo a boca, fechada por cinco dentes.
Placa Sulco
madropórica ambulacrário
Pés
Ambulacrários
Ânus Boca
Vista dorsal Vista ventral
Estômago
Pilórico Canal Radial
Estômago
Cardíaco Ampolas
intestino ânus
placa gônada
pé ambulacrário
calcária
gônada
estômago
Ânus (glândula reprodutora)
canal lateral
Canal
Circular glândula pés boca
digestiva ampola esôfago cordão
nervoso radial carapaça
canal radial
Espinha
2.5.5. Os holoturoides
Os holoturoides, vulgarmente conhecidos por pepinos-
2.5.3. Classe Ophiuroidea -do-mar, são animais de simetria bilateral, corpo cilíndrico
Os ofiuroides são vulgarmente conhecidos por serpen- e achatado. A boca, situada na extremidade anterior, é cir-
tes-do-mar; apresentam o corpo formado por um disco cundada por tentáculos, simples ou ramificados.
central bem diferenciado dos braços. Os braços, em nú-
mero de 5, são cilíndricos, delgados, simples ou ramifica-
dos, com movimentos serpenteantes, vindo daí o nome
da classe.
100
longos e móveis, acionados por músculos. Sobre o corpo
dos asteroides e equinoides aparecem as pedicelárias,
2.8. A digestão
formações terminadas por duas ou três mandíbulas, mo- O sistema digestivo é completo e dividido em boca, esô-
vimentadas por musculatura; servem para limpeza da fago, estômago, intestino e ânus. Nos crinoides, o tubo
superfície corpórea e apreensão de pequenos animais. digestivo curva-se em U, de maneira que boca e ânus se
encontram, lado a lado, no polo superior. Nos ofiuroides e
em alguns equinoides falta o ânus. Nos equinoides a boca
2.7. Sistema ambulacrário é provida de um complicado aparelho mastigador, a cha-
ou hidrovascular mada lanterna de aristóteles. Geralmente, os equinoder-
Trata-se de uma exclusividade dos equinodermas. Começa mas são predadores carnívoros.
pela placa madrepórica, uma placa excêntrica, dorsal e po-
rosa. Dela parte o canal pétreo, que atinge o canal circular,
situado em torno do esôfago.
Placa madrepórica
Canal
pétreo Ampola
2.9. A respiração
Canal circular Pés Nos equinodermas as trocas respiratórias são realizadas
Canal radial ambulacrários pelo sistema ambulacrário. Brânquias pequenas e dérmicas
ocorrem nos asteroides e equinoides.
Ânus
Placa madrepórica
Estômago 2.10. A circulação
Não existe sistema circulatório. Um reduzido conjunto de
Canal
canais pseudo-hemais é preenchido por um líquido con-
circular
Canal
Glândulas tendo amebócitos.
difestivas
radial
Ampola
Pé
Boca
2.11. A excreção
ambulacral
Não existem órgãos excretores. Os catabólitos são absorvidos
por amebócitos e eliminados em diversas regiões do corpo.
Canal Ampola
Músculo
radial
Superfície
do corpo 2.12. Os sistemas
Pé
ambulacral
nervoso e sensorial
Válvula
Válvula Substrato
Ventosa Músculo cerrada Não existem gânglios. Na região oral aparece um anel
longitudinal
nervoso, do qual partem nervos radiais. Células sensoriais
O canal circular envia para o interior de cada braço um canal aparecem dispersas na epiderme.
radial, provido de numerosos canalículos transversais que
sustentam, de ambos os lados, os pés ambulacrários, tubos 2.13. A reprodução
que apresentam no lado superior uma dilatação, a ampola.
Pela contração da ampola, a água nela contida é enviada ao Os equinodermas são animais unissexuados sem dimorfis-
pezinho oco, que então se distende, alargando a extremida- mo sexual. A fecundação é externa e o desenvolvimento in-
de em forma de ventosa, com a qual ele se fixa no substrato. direto. As larvas apresentam simetria bilateral, existindo um
Dilatando-se a ampola a água volta, os pezinhos murcham tipo de larva para cada classe. Asteroides e holoturoides
e soltam-se do substrato. O animal se locomove fixando e são dotados de uma elevada capacidade de regeneração.
desprendendo, alternadamente, os pés ambulacrários.
101
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa,
14 relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
Para que possamos preservar a biodiversidade no planeta, é necessário que haja estudos para conhecermos suas
características não só anatômicas, como também ecológicas. Isso permite também que o homem desenvolva suas ati-
vidades econômicas utilizando técnicas que usufruam e respeitem as características naturais dos diferentes organismos,
agredindo menos o ambiente e se desenvolvendo de forma sustentável. Desse modo, as questões do Enem tendem a
fazer uma abordagem mais ecológica sobre as espécies, fornecendo alguns dados e esperando que o aluno consiga
relacionar os conteúdos, levantando hipóteses coerentes e chegando a conclusões adequadas sobre o assunto.
Modelo
(Enem) A atividade pesqueira é, antes de tudo, extrativista, o que causa impactos ambientais. Muitas espécies já
apresentam sério comprometimento em seus estoques e, para diminuir esse impacto, várias espécies vêm sendo
cultivadas. No Brasil, o cultivo de algas, mexilhões, ostras, peixes e camarões vem sendo realizado há alguns
anos, com grande sucesso, graças ao estudo minucioso da biologia dessas espécies.
Os crustáceos decápodes, por exemplo, apresentam durante seu desenvolvimento larvário, várias etapas com mu-
dança radical de sua forma. Não só a sua forma muda, mas também a sua alimentação e habitat. Isso faz com que os
criadores estejam atentos a essas mudanças, porque a alimentação ministrada tem de mudar a cada fase.
Se para o criador, essas mudanças são um problema para a espécie em questão, essa metamorfose apresenta uma
vantagem importante para sua sobrevivência, pois:
a) aumenta a predação entre os indivíduos.
b) aumenta o ritmo de crescimento.
c) diminui a competição entre os indivíduos da mesma espécie.
d) diminui a quantidade de nichos ecológicos ocupados pela espécie.
e) mantém a uniformidade da espécie.
Análise expositiva - Habilidades 14: Os crustáceos compõem uma classe do filo dos Artrópodes e, como es-
C ses, além de realizar mudas do exoesqueleto (ecdises) para que ocorra crescimento corporal, o ciclo de vida
também pode apresentar metamorfose até chegar à fase adulta. Portanto, para a criação de crustáceos, é
importante conhecer essas diferentes formas de desenvolvimento, que pode ser direto (sem metamorfose)
ou indireto com diferentes formas larvárias que ocuparão diferentes nichos ecológicos. Esse processo reduz
o ritmo de crescimento; no entanto, irá também reduzir a competição entre indivíduos da mesma espécie
pelos recursos ambientais onde vivem.
Alternativa C
102
DIAGRAMA DE IDEIAS
ARTRÓPODES CLASSES
ARACNÍDEOS
EXS.: ARANHA, ESCORPIÃO,
CARACTERÍSTICAS
ÁCARO CARRAPATO
GERAIS
• QUELÍCERAS
• CORPO SEGMENTADO • 4 PARES DE PATAS
• PARES DE APÉNDICES ARTICULADOS
• EXOESQUELETO DE QUITINA INSETOS
• ECDISE (MUDAS)
• CIRCULAÇÃO ABERTA EXS.: FORMIGA, BARATA, ABELHA,
• RESPIRAÇÃO PULMÃO FOLIÁCEO, CUPIM, BORBOLETA TRAÇA, PULGA
TRAQUEAL OU BRANQUEAL • 1 PAR DE ANTENAS
• DESENVOLVIMENTO DIRETO OU INDIRETO • 2 PARES DE ASAS (MAIORIA)
• 3 PARES DE PATAS
CRUSTÁCEOS
EXS.: CARANGUEJO, CA-
MARÃO, SIRI, LAGOSTA
• 2 PARES DE ANTENAS
EQUINODERMOS • 5 OU MAIS PARES DE PATAS
DIPLÓDES
EXS.: PIOLHO-DE-COBRA
CARACTERÍSTICAS • 2 PARES DE PATAS POR SEGMENTO
GERAIS
QUILÓPODES
• SIMETRIA RADIAL SECUNDÁRIA
• CORPO COM ESPINHOS E EN- EXS.: LACRAIA
DOESQUELETO CALCÁRIO
• 1 PAR DE PATAS POR SEGMENTO
• AMBIENTE MARINHO
• SISTEMA AMBULACRÁRIO LOCOMOÇÃO,
CIRCULAÇÃO, RESPIRAÇÃO E EXCREÇÃO CRINOIDES LÍRIO-DO-MAR (FIXOS)
• FECUNDAÇÃO EXTERNA E DESENVOLVIMENTO
INDIRETO (LARVA COM SIMETRIA BILATERAL) ASTEROIDES ESTRELA-DO-MAR
• CAPACIDADE DE REGENERAÇÃO
OFIURÓIDES SERPENTE-DO-MAR
EQUINOIDES OURIÇO-DO-MAR
HOLOTUROIDES PEPINO-DO-MAR
103
AULAS CORDADOS I
23 E 24
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 14, 16 e 28
Átrio Ânus
Boca
Faringe com
Atrióporo
Cauda
Fendas Branquiais CORTE TRANSVERSAL
fendas
branquiais
Tentáculos
Somito
(músculo)
Epiderme
Cauda
Ânus
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
2. OS VERTEBRADOS
Evolução dos cordados Os animais considerados vertebrados são aqueles que apre-
sentam um esqueleto interno formando uma coluna verte-
104
bral. Ao longo da coluna, parte do esqueleto é formado pelas formam ovos, que eclodem já em fase adulta, ou seja, não
vértebras. Na região da cabeça dos animais destaca-se a passam por qualquer estágio larval (desenvolvimento direto)
caixa craniana ligada, também, à coluna vertebral. Essa cai- e chegam a atingir 1 m de comprimento.
xa craniana protege o encéfalo e apresenta, na maioria dos
A seguir, da esquerda para a direita, um peixe parasitado
casos, mandíbulas com dentes. A coluna vertebral protege a
por ciclóstomos, um ciclóstomo esquematizado e a boca
medula espinhal, ligada ao encéfalo. Muitas partes desse es-
queleto, seja ósseo ou cartilaginoso, são articuladas, permitin- em detalhe.
do grande mobilidade. Há grupos de vertebrados com mem-
bros que favorecem o deslocamento em ambientes terrestres,
possibilitam voo ou são transformados em nadadeiras.
nadadeira
Crânio Cintura
escapular Coluna vertebral
Cintura
pélvica
Mandíbula Cauda
(maxilar inferior) Sustentação
da laringe Costelas
(esqueleto visceral) (caixa torácica)
Membros
Membros posteriores
anteriores
boca
fendas
Fazem parte desse grupo, animais denominados de ciclós-
branquiais
tomos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
105
4. ASPECTOS EVOLUTIVOS DOS desenvolvimento de embriões de forma comparada tam-
bém mostra grande similaridade até certo estágio. Observe
VERTEBRADOS COM MANDÍBULA o esquema a seguir.
(GNATOSTOMADOS)
A descoberta e estudo dos fósseis, somados aos conheci-
mentos sobre as camadas do solo e atmosfera terrestre,
evidenciaram que muitos animais foram extintos ao longo
dos milhões de anos, dentro dos aproximados 5 bilhões de
anos da existência da Terra. Muitos desses fósseis mostram
uma semelhança com os animais existentes hoje, o que
sugere um grau de parentesco entre todos os vertebrados.
Outros estudos reforçam essas ideias, pois mostram que os
sistemas internos dos vertebrados são muito parecidos; o
106
VIVENCIANDO
Certas substâncias isoladas de anfíbios podem ser úteis dentro da Medicina experimental e clínica, como é o caso do
peptídeo bombesina. Esse peptídeo foi isolado da pele de um sapo nativo da Europa, Bombina bombina. Através de
estudos com antissoro contra bombesina, descobriu-se seu análogo em mamíferos. Vários trabalhos com experimen-
tação animal utilizam a bombesina para manipular a formação da memória emocional, mostrando que esse peptídeo
pode ser um alvo terapêutico para possíveis desordens do sistema nervoso central, como a Doença de Alzheimer,
estresse pós-traumático e outros.
6. OS PEIXES CARTILAGINOSOS
(CHONDRICHTHYES)
Esses peixes, também conhecidos como elasmobrân-
quios ou condricties, apresentam um esqueleto inter-
no formado de cartilagem, mais leve que esqueleto ósseo.
Como exemplos típicos temos os tubarões, as raias e as
quimeras. Esses animais são os atuais representantes mais EXEMPLO DE RAIA
próximos dos primeiros vertebrados, com mandíbula. Es-
ses peixes respiram por brânquias, que retiram o oxigênio
da água. A boca localiza-se na região ventral e apresenta
inúmeros dentes. Em cada lado do corpo observam-se fen-
das branquiais (5 ou mais). A pele é revestida por escamas
microscópicas, obtendo um aspecto áspero. Alguns desses
peixes cartilaginosos nascem a partir de ovos depositados
pelas fêmeas, enquanto que em outras espécies, os ovos
eclodem dentro da mãe e terminam o seu desenvolvimen- EXEMPLO DE TUBARÃO
to ainda dentro dela.
Os tubarões, apesar da fama de violência e crueldade, são
carnívoros fundamentais para o equilíbrio de populações 7. OS PEIXES ÓSSEOS
de outros peixes, nos mares.
As quimeras não são comuns no litoral brasileiro, mas
(OSTEICHTHYES)
surgem em abundância em outros mares do hemisfério Esses peixes, também chamados de teleósteos, apresentam um
norte, principalmente. esqueleto interno ósseo, com algumas cartilagens e o corpo
pode ser revestido por escamas ou por couro. Entre esses ani-
mais encontramos uma enorme variedade, como: sardinha, sal-
mão, dourado, tilápia, carpa, traíra, pintado, linguado, baicau,
pirarucu, jáu, bagre, pacu, namorado, piranha, acará-bandeira,
paulistinha, neón, anchova, atum, lambari, cavalo-marinho etc.
São peixes que colonizaram ambientes marinhos e de água
doce, entretanto, alguns são capazes de migrar do mar aos rios
para se reproduzirem, os filhotes fazem o caminho inverso.
Os peixes ósseos respiram também por brânquias, mas
EXEMPLO DE QUIMERA apresentam uma membrana óssea (opérculo) que as pro-
107
tege. A boca está posicionada na região anterior e há uma Muitos desses peixes vivem em cardumes e conseguem se
variedade de adaptações, seja para raspar, morder, capturar manter equilibrados pela presença de uma linha lateral, de
alimento no fundo ou na superfície. Na reprodução, geram cada lado, que permite captar as vibrações na água.
inúmeros ovos e o ciclo de vida é rápido. Apesar de muitos A linha lateral (estrutura sensorial) vista em corte
Poro
Epiderme
Escama
Canal longitudinal
Cromatóforo
Neuromasto
Derme
Nervo longitudinal
Bexiga
8. O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DOS
Opérculo
Tubo digestivo
Ânus
AMBIENTES TERRESTRES
PELOS VERTEBRADOS
A bexiga natatória (osteictios) com pneumoduto
8.1. Os anfíbios
Os estudos indicam que os primeiros vertebrados a ocupa-
rem o ambiente terrestre foram os anfíbios, na verdade os
ancestrais dos atuais, os primeiros tetrápodes. Parte desse
sucesso deve-se ao esqueleto com duas cinturas de ossos
(escapular e pélvica) de onde se ligam membros (patas).
Esqueleto salamandra
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Aventura visual documentários -
Os peixes , características... Esses animais só são encontrados em ambientes de água
doce ou terrestre úmido. Os anfíbios como os sapos, as
108
pererecas, as salamandras, entre outros, quando jovens, vi-
vem na água e podem, quando adultos, ocupar o ambiente
terrestre, embora muito úmido. Os sapos e pererecas são
chamados de anuros (sem cauda); as salamandras, urode-
los (com cauda) e as cobra-cegas, ápodes (sem patas).
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Documentário: anfíbios
“O coaxo dos anfíbios anuros, em termos científicos, é chamado de vocalização. Na grande maioria das vezes, é o
macho quem vocaliza e esta é uma forma de defender territórios e atrair fêmeas e, principalmente, quanto à primeira,
é também uma forma de economizar energia.”
HTTP://MUNDOEDUCACAO.BOL.UOL.COM.BR/BIOLOGIA/COMUNICACAO-ANFIBIOS-ANUROS-SAPOS-RAS-PERERECAS.HTM
Pesquisadores que estudam esse tipo de comunicação entre os anfíbios precisam entender conceitos físicos das
características do som, como altura, intensidade, duração, frequência, tamanho da onda, amplitude da onda e timbre.
109
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa,
14 relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
O conhecimento da biodiversidade é de suma importância para sua preservação, como também permite ao homem
desenvolver suas atividades econômicas utilizando técnicas que usufruam de características naturais dos diferentes
organismos, agredindo menos o ambiente e se desenvolvendo de forma sustentável. Desse modo, as questões do
Enem tendem a fazer uma abordagem mais ecológica sobre as espécies, desejando que o aluno consiga relacionar
os impactos das atividades antrópicas no modo de vida dos animais e as consequências que isso irá acarretar.
Modelo
(Enem 2017) O fenômeno da piracema (subida do rio) é um importante mecanismo que influencia a reprodução de
algumas espécies de peixes, pois induz o processo que estimula a queima de gordura e ativa mecanismos hormonais
complexos, preparando-os para a reprodução. Intervenções antrópicas nos ambientes aquáticos, como a construção
de barragens, interferem na reprodução desses animais.
ADAPTADO DE: MALTA, P. IMPACTO AMBIENTAL DAS BARRAGENS HIDRELÉTRICAS. DISPONÍVEL EM: HTTP://FUTURAMBIENTAL.COM. ACESSO EM: 10 MAIO 2013.
Análise expositiva - Habilidades 14: A piracema é o nome dado para a migração rio acima realizada por certos
A peixes e é essencial para seu ciclo de vida, uma vez que durante o trajeto ocorre a queima de gordura nesses
animais que induz a liberação de hormônios que influenciam na sua reprodução. Desse modo, é possível
concluir que a construção de barragens irá afetar o percurso de migração e, consequentemente, interrompe o
complexo mecanismo necessário ao processo reprodutivo desses peixes.
Alternativa A
110
DIAGRAMA DE IDEIAS
CARACTERÍSTICAS
CORDADOS GERAIS
• NOTOCORDA
• TUBO NERVOSO DORSAL
VERTEBRADOS • FENDAS BRANQUIAIS
FARÍNGEAS
• CAUDA PÓS-ANAL
GNATOSTOMADOS AGNATOS
PEIXES
CARTILAGINOSOS: CONDRICLES
• ESQUELETO CARTILAGINOSO
• BOCA VENTRAL
• FLUTUAÇÃO: GRANDE FÍGADO COM ÓLEOS MENOS DENSOS QUE A ÁGUA
• EXCREÇÃO: UREIA
EX.: TUBARÃO, RAIA E QUIMERA
ÓSSEOS: OSTEÍCTES
• ESQUELETO ÓSSEO
• BOCA ANTERIOR; OPÉRCULO; BEXIGA NATATÓRIA; LINHA LATERAL EVIDENTE
• EXCREÇÃO: AMÔNIA
EX.: SALMÃO, TILÁPIA E LAMBARI
• FLUTUAÇÃO: BEXIGA NATATÓRIA
ANFÍBIOS
PRIMEIROS TETRÁPODES
• AMBIENTE TERRESTRE ÚMIDO E ÁGUA DOCE
• RESPIRAÇÃO CUTÂNEA E PULMONAR (ADULTOS)
• FECUNDAÇÃO EXTERNA E OVOS SEM CASCA
• DESENVOLVIMENTO INDIRETO: LARVA AQUÁTICA
EX.: SAPO, PERERECA, SALAMANDRA E COBRA-CEGA
RÉPTEIS
AVES
MAMÍFEROS
111
AULAS CORDADOS II
25 E 26
COMPETÊNCIAS: 4e8 HABILIDADES: 13, 14, 16 e 28
112
2. PRINCIPAIS ADAPTAÇÕES Além das modificações no epitélio, os répteis possuem al-
gumas adaptações extras:
DOS RÉPTEIS Escamados (Squamata), ou seja, cobras e lagartos pos-
suem escamas;
2.1. Ovo com adaptações Crodilianos possuem placas córneas;
Ovos com casca calcária são vantajosos para animais terres- Testudines possuem o casco formado por placas ósseas.
tres, já que esse material é capaz de proteger os embriões
contra a desidratação, pois são impermeáveis, além da maior
proteção contra choques mecânicos. Na formação do em-
brião, surgem anexos embrionários que permitem o desen-
volvimento do animal com menor perturbação no ambiente.
Veja o esquema com os anexos embrionários e as respecti-
vas funções em um ovo amniótico:
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Cordados - Somos Todos Família
2.3. Ectotermia
Embora os répteis sejam ectotérmicos – dependem da
temperatura ambiental para manter a corpórea –, pe-
quenos répteis mantêm uma temperatura constante alta
Cório
Bolsa amniótica
113
2.4. Reprodução 2.6. Sistema excretor
Enquanto peixes e anfíbios apresentam rins mesonefros
Os répteis reproduzem-se por reprodução sexuada,
(torácicos), de répteis em diante os rins serão metanefros
como em outros cordados. As fêmeas defendem seus ovos
(abdominais), melhorando muito a capacidade filtradora
com violência até os filhotes nascerem. A maioria dos rép-
do sangue.
teis é ovípara, isto significa que colocam ovos.
3.1. Tartarugas
CÁGADO
114
Apesar da aparência desajeitada, as tartarugas são um
grupo ancestral muito bem-sucedido, cuja ancestralidade
pode ser traçada do período Triássico. Elas passaram por
uma extensa diversidade adaptativa e são representadas
por cerca de 323 espécies.
3.2. Crocodilianos
JABUTI
JACARÉ
TARTARUGA
GAVIAIS
115
Apenas um grupo de arcossauros sobreviveu a este gran- cionado ao tato e ao odor). A alimentação é muito diver-
de período de extinção – os crocodilos e jacarés (ordem sificada, existem espécies carnívora, herbívoras, insetívoras
Crocodilia, do latim crocodilus, crocodilo). Os crocodilos e onívoras. Os escamados estão presentes em todas as re-
readquiriram uma postura quadrúpede (embora suas pa- giões do planeta, com exceção à Antártica, o que explica a
tas posteriores sejam muito mais longas que as anteriores) grande diversidade de espécies – cerca de 8.170.
e um modo de vida semelhante ao dos anfíbios. A cauda Cobras: o aparelho mandibular dos Squamatas é
desses animais é achatada lateralmente, sendo, por isso, mais flexível, especialmente nas cobras, por isso, a
um órgão natatório muito eficiente. Os olhos, ouvidos e boca pode abrir-se muito, possibilitando a captura
aberturas nasais situam-se em elevações no topo da cabe- e deglutição de presas grandes. As cobras têm cin-
ça, de forma a manter-se acima da água quando o animal co articulações mandibulares: (1) a normal entre
está submerso. a mandíbula quadrada e a inferior, (2) uma entre o
Vinte e três espécies são conhecidas, mas apenas seis ocor- quadrado e o escamoso, (3) uma entre o escamoso e
rem no Brasil. a caixa craniana, (4) uma mais ou menos na metade
do comprimento da mandíbula inferior e (5) uma no
queixo, pois as duas mandíbulas inferiores não são
3.3. Squamata unidas neste ponto. Cada lado da mandíbula inferior
pode ser movido independentemente quando a pre-
sa entra na boca. A ausência da cintura peitoral está
necessariamente relacionada à deglutição de animais
maiores do que o diâmetro do corpo. A língua bifur-
cada é extremamente importante, pois as partículas
aderem a ela, a língua retrai-se para dentro da boca
e a extremidade é projetada para uma parte especia-
lizada da cavidade nasal (órgão de Jacobson), onde o
odor da partícula pode ser detectado. As cobras são
carnívoras; aquelas cujas presas são animais muito
ativos, tais como aves e mamíferos capazes de fe-
rir seriamente as cobras com seus bicos ou dentes,
desenvolveram métodos de imobilização das presas
(estrangulamento e/ou veneno).
Lagartos: são os membros mais antigos e primiti-
vos da ordem, os primeiros fósseis são do Cretáceo. A
maioria é quadrúpede e variam de tamanho desde al-
guns centímetros a metros, como o dragão de Komodo
Anfisbênias: o nome deste grupo (do grego amphi,
ambos + baino, ir) refere-se à sua capacidade de mo-
ver-se facilmente tanto para a frente quanto para trás,
dentro dos seus buracos. Seus olhos rudimentares são
escondidos abaixo da pele, mas o rastro das presas é
seguido principalmente pela audição.
3.4. Rincocéfalos
Os répteis conhecidos como tuataras pertencem ao gênero
Sphenodon, endêmicos da Nova Zelândia. A tuatara é o
membro mais primitivo do grupo dos Squamatas e a única
espécie sobrevivente da ordem Rhynchocephalia. Rinco-
Os conhecidos lagartos, as cobras e as anfisbenas ou co- cefalianos são semelhantes aos camaleões na aparência
bras-cegas, embora superficialmente diferentes, têm uma geral, mas têm um nariz semelhante a um bico e um crâ-
estrutura básica semelhante o suficiente para serem colo- nio diapsídeo com duas aberturas temporais. Durante uma
cados na mesma ordem Squamata, como a presença de época, o grupo expandiu-se, mas atualmente está limitado
hemipênis e a bifurcação na ponta da língua (órgão rela- a poucas ilhas das costas da Nova Zelândia.
116
Diz-se que as tuataras são sobreviventes “fósseis”, pois não Há inúmeras diferenças, mas destacamos algumas que
sofreram muitas modificações desde a espécie que viveu, são suficientes para caracterizar bem tais animais em
150 milhões de anos atrás. grupos distintos.
O gráfico a seguir mostra a variação da temperatura cor-
pórea do gato (mamífero) e da cobra (réptil) em função da
temperatura ambiental. Note que a temperatura do mamí-
fero se mantém constante e independente da temperatura
ambiental, ou seja, um caso de endotermia. Já a do réptil
varia em função da temperatura do ambiente, um exemplo
TUATARA de ectotermia.
4. A EXTENSÃO DOS
DOMÍNIOS TERRESTRES PELAS
AVES E MAMÍFEROS
Observando a distribuição de aves e mamíferos, perce-
be-se que eles ocupam regiões em que os répteis não
aparecem. As aves e os mamíferos apresentam pelo me-
nos duas características em comum, que permitem es-
ses animais a sobreviverem em regiões mais frias: uma
5. AS AVES
camada adiposa (de gordura), sob a pele e o controle
interno da temperatura do corpo (homeotermia). As
aves e os mamíferos são considerados animais de “san-
gue quente” ou, mais apropriadamente, endotermos
ou homeotermos. Essa característica deve-se ao fato de
que esses animais conseguem acelerar o metabolismo do
corpo (reações químicas nas células), gerando mais calor,
principalmente, em temperaturas mais baixas.O calor é
gerado nas células, que se difunde para o sangue, sendo
distribuído ao longo de todo o corpo. A camada de tecido
adiposo (reserva de gordura) retém mais o calor, pois fun-
ciona como um isolante térmico.
VIVENCIANDO
O veneno das serpentes também tem grande importância na indústria farmacêutica, possuindo elevado valor comer-
cial. Certas substâncias chegam a custar US$ 3 mil o grama, no mercado farmacêutico internacional.
Composto por misturas biológicas complexas de toxinas, enzimas e outras substâncias ativas, o veneno tem compo-
nentes com funções essenciais na coagulação sanguínea, pressão arterial, agregação plaquetária, transmissão do
impulso nervoso, funções analgésicas e anticancerígenas, dentre outras, ainda em estudo ou por serem descobertas.
O veneno de cascavel, por exemplo, é utilizado em uma eficaz cola cirúrgica.”
HTTP://WWW.CPT.COM.BR/CURSOS-ANIMAIS-SILVESTRES/ARTIGOS/VENENO-OBTIDO-CRIACAO-COBRAS-ARMA-INDUSTRIA-FARMACEUTICA
117
A classe aves é o maior grupo de vertebrados terrestres, Para a ave voar, a força de elevação tem de ser igual à força
compreendendo cerca de 8.700 espécies. Elas adapta- de gravidade na ave e a força propulsora deve superar a for-
ram-se ao voo logo no início de sua evolução e, em sua ça de atrito. A forma da asa permite um voo plano no ar e
maioria, são excelentes voadoras. Até mesmo as poucas minimiza a turbulência. Algumas correntes de ar, entretanto,
espécies que retornaram completamente à vida terrestre fazem voltas, redemoinhos, que se espalham pelo ápice e
mostram características anatômicas e fisiológicas que indi- margem posterior das asas, como um par de redemoinhos
cam sua evolução a partir de ancestrais voadores. alinhados. Isto pode ser visto frequentemente num avião de
voo alto, como dois rastos de vapor, devido à rápida rotação
A adaptação ao voo impôs uma certa uniformidade na do ar e, consequentemente, baixa de pressão no núcleo do
estrutura básica e na fisiologia de todas as aves. Além alinhamento de redemoinho, causando condensação.
das penas e asas, ou vestígios de asas em certas espécies
terrestres, o voo requer um alto dispêndio de energia. To-
das as aves são endotérimicas, tendo desenvolvido meios 5.2. Regulação térmica
para conseguirem isto num corpo de pouco peso. Quando As aves permaneceram com as escamas córneas dos rép-
não estão no ar, as aves vivem sobre o solo ou na água, teis em algumas áreas de suas pernas, nos seus pés e, de
ou em ambos, estando bem adaptadas a estes habitats. maneira modificada, como uma cobertura de seus bicos.
A endotermia e o poder de voo das aves possibilita-lhes No entanto, as escamas que cobrem o resto do corpo do
penetrar e adaptar-se a uma variedade maior de locais do réptil transformaram-se em penas no grupo das aves. As
que qualquer grupo de vertebrados. Elas são encontra- penas são um componente importante do sistema termor-
das desde as regiões polares até o equador, e vivem nas regulador, que mantêm o equilíbrio entre a produção de
montanhas, desertos, florestas e matas. Algumas passam a calor, por processos metabólicos, e a sua perda.
maior parte de sua vida nos oceanos e só retomam à terra As penas envolvem e retém ar entre elas, o que reduz a
para reproduzir-se e construir seus ninhos. perda de calor corpóreo, porque impede a passagem das
correntes de convecção de ar através da superfície corpo-
5.1. Princípios do voo ral, que poderiam retirar o calor. O ar retido é um mau con-
É importante compreender os mecanismos e princípios do dutor de calor. A água, um excelente condutor de calor, não
voo, visto ser o principal aspecto da evolução das aves. consegue penetrar por entre as penas devido à existência
de uma secreção oleosa produzida pela glândula uropí-
As asas são apêndices peitorais modificados e as superfí- gea localizada perto da base da cauda. As aves não têm
cies de voo são compostas por penas.
glândulas sudoríparas.
Pulmão e sacos aéreos
Anatomia das asas As aves possuem um pulmão rígido, associado a
A anatomia das asas permite o voo uma série de sacos aéreos que se estendem para o
porque consegue reduzir a resistência tórax. Esta estrutura permite que esse órgão seja
do ar. Na parte de baixo, o ar passa mais continuamente ventilado por ar fresco, tanto na
rapidamente e provoca uma força para inspiração quanto na expiração.
cima que mantêm a ava suspensa.
Traqueia
Sacos aéreos
118
dentes nas aves. Após a trituração, o alimento dirige-se para
o intestino delgado, onde ocorre a absorção dos produtos
5.5. Sistema circulatório
úteis, sendo o restante eliminado através da cloaca. A cloaca A circulação é fechada, dupla e completa; o sangue
é uma bolsa onde são lançadas as fezes, a urina e os game- venoso não se mistura com o sangue arterial. As hemá-
tas, portanto constitui o final de vários aparelhos e sistemas. cias são nucleadas e ovais. O coração tem quatro cavi-
Como glândulas anexas ao sistema digestivo, existe o fígado dades, que são conhecidos como os dois átrios ou aurí-
e o pâncreas. culas e os dois ventrículos. O arco aórtico, em contraste
com o dos mamíferos, é o voltado para o lado direito.
Esófago
Proventrículo Capílares
pulmonares
Fígado
Intestino Papo
Delgado Aurícula
Aurícula
Ventrículo Ventrículo
Sistema
circulatório
FECHADO
Moela
Circulação
Oríficio Pancrêas COMPLETA
Cloacal Circulação
DUPLA Capílares
sistérmicos
Tráquea
MORCEGO
Sacos aéreos
Tráquea
Pulmão
Sacos aéreos
GOLFINHO
119
Embora os mamíferos não sejam uma classe grande – exis- tura ambiental sem qualquer consumo adicional de oxi-
tem apenas cerca de 4.100 espécies –, constituem um grupo gênio. Isto é conhecido como zona térmica neutra
muito diversificado. Esta classe inclui o ornitorrinco, animal - é a faixa de temperaturas ambientais dentro da qual
que coloca ovos e tem o bico semelhante ao do pato, o gam- a taxa metabólica de um animal endotérmico situa-se
bá, o canguru e outros marsupiais providos de bolsa abdo- em seu nível basal e a termorregulação é conseguida
minal, além da grande variedade de mamíferos placentários pela mudança na taxa de perda de calor. Passando des-
verdadeiros, que variam de tamanho, desde o pequeno mu- sa temperatura crítica, a temperatura corporal pode, no
saranho, que pesa poucos gramas, até as baleias gigantes, entanto, ser mantida apenas através de um gasto meta-
cujo peso ultrapassa 100 toneladas. Os mamíferos são ver- bólico significativamente maior. O aumento do consumo
tebrados muito ativos e ágeis, com alto nível metabólico. Eles de oxigênio abaixo da temperatura crítica inferior refle-
têm poucos filhos, mas investem tempo e energia considerá- te-se numa produção de calor além da necessária para
veis na proteção dos mesmos. Um aumento de atividade e a manutenção da temperatura corporal. O calafrio, uma
um maior cuidado com os jovens representam aspectos fun- atividade involuntária dos músculos superficiais, é um
damentais na evolução dos mamíferos, aspectos aos quais a mecanismo de aumento de produção de calor, mas tam-
maior parte das outras características está relacionada. bém ocorre um aumento geral na atividade metabólica
em muitas partes do corpo. O aumento do consumo de
6.1. Principais adaptações dos mamíferos oxigênio acima da temperatura crítica superior reflete-
A característica que dá nome a esse grupo é a presença de -se num trabalho metabólico adicional, necessário para
glândulas mamárias, produtoras de leite para a prole. O fato de, dissipar o calor. Nessa situação as frequências cardíaca
em sua maioria, possuírem placenta, que permite uma grande e circulatória através da pele são aumentadas.
interação entre mãe e filho até o fim da gestação, é continuado O principal centro de controle no hipotálamo responde a
pela presença das mamas (glândulas mamárias concentradas pequenas mudanças na temperatura do sangue e inicia
em uma região), característica que aproxima ainda mais as as trocas necessárias ao ajuste da perda de calor e à pro-
mães de suas crias para alimentá-las até que possam procurar dução para o contexto ambiental.
seu próprio alimento. Mais características embriológicas serão
vistas na próxima aula, assim como sistemas, como o digestivo
e o circulatório, que serão voltados aos mamíferos. 6.2.2. Adaptações para resistência ao frio
Mamíferos que vivem em áreas onde as condições
6.2.Regulação da temperatura ambientais são rigorosas desenvolveram adaptações
Os mamíferos, assim como as aves, podem produzir calor que complementam a regulação térmica. No início do
internamente, mantendo uma temperatura corporal relati- outono, ocorrem muitas mudas. Eles perdem os pelos
vamente alta e constante, tanto durante o dia quanto du- gradualmente, uma vez que um revestimento muito
rante a noite. Eles são endotérmicos. Muitas espécies de mais denso desenvolve-se para o inverno. Uma segunda
mamíferos são noturnas; muitas vivem em regiões frias do muda ocorre na primavera. Além deste revestimento, a
mundo, onde nenhum réptil conseguiria sobreviver. pelagem de muitos mamíferos inclui pelos de proteção
mais longos e grossos.
6.2.1. Mecanismos de regulação Nervos e outros órgãos presentes na parte distal dos mem-
Os mecanismos de regulação de temperatura nos mamíferos bros são adaptados para funcionar em temperaturas mais
contemporâneos são bem conhecidos. O calor é produzido baixas. Alguns mamíferos de regiões árticas e temperadas,
internamente, através do alto nível metabólico. A sua perda é notavelmente muitos insetívoros, morcegos e roedores,
reduzida, devido a uma camada subcutânea de gordura adaptam-se ao inverno, entrando num período de letar-
e a pelos que fornecem uma camada de isolamento de ar gia conhecido como hibernação. Durante este período,
próximo à pele; estas são outras duas características marcan- eles perdem o controle considerável sobre os mecanismos
tes dos mamíferos. O calor pode ser perdido por um aumen- termorreguladores corporais (o termostato no hipotálamo
to na quantidade de sangue, que flui através da pele, e por reduz sua atividade para conservar energia) e a temperatu-
um resfriamento, devido à evaporação do suor produzido ra do corpo aproxima-se da ambiental. Durante a hiberna-
pelas glândulas sudoríparas ou pela respiração ofegante, ção, o metabolismo é muito baixo, apenas o suficiente para
que é a evaporação da água através das vias respiratórias. manter a vida e evitar que o corpo se congele.
Por meio destes mecanismos, os mamíferos podem man- Alguns outros mamíferos evitam o problema das baixas
ter a temperatura corporal mais alta do que a tempera- temperaturas procurando climas mais quentes.
120
6.2.3. Adaptações para resistir ao calor 6.3. Locomoção e coordenação
Os animais tiveram que encontrar caminhos para abaixar a As mudanças em todos os sistemas de órgãos estão inti-
temperatura corpórea evitando a perda de água. Veremos mamente relacionadas ao aumento de atividade, que se
alguns casos a seguir. torna possível com a endotermia. Os ossos dos mamíferos
sofreram profundas modificações. A inclinação posterior
Pequenos ratos do deserto são noturnos e cavam to- das apófises das vértebras torácicas e a inclinação anterior
cas, vivendo, assim, num micro-habitat fresco e úmido das apófises das vértebras lombares são típicas dos ma-
e alimentam-se de nutrientes ricos em gordura cuja míferos quadrúpedes e estão relacionadas ao abandono
oxidação produz uma quantidade considerável de das ondulações laterais do tronco durante a locomoção. O
água metabólica. cotovelo e o joelho moveram-se para mais perto do tronco,
Os elefantes têm uma grande superfície corporal que de forma que as patas estenderam-se para baixo, para uma
fornece alguma estabilidade térmica e têm poucos região mais ou menos inferior do corpo. Esta disposição
pelos e orelhas grandes, que atuam como eficientes fornece melhor sustentação mecânica, um potencial maior
radiadores, ajudando a dissipar calor. para um balanço mais longo dos apêndices, um aumento
no tamanho do passo e maior velocidade. Primitivamente,
Os camelos desenvolveram diversas maneiras de con- os mamíferos andavam sobre as plantas dos pés, numa
servar água. Sob condições muito secas, um muco postura denominada plantígrada.
seco e detritos celulares nas vias nasais exerce um
A maioria dos mamíferos tem três vértebras sacrais, forta-
efeito higroscópico e absorve umidade do ar, que é
lecendo a articulação entre a cintura pélvica e a coluna ver-
evaporada. Como consequência, a perda de água tebral. As espécies arborícolas utilizam a cauda para balan-
respiratória é menor do que em outros animais. Os çar-se e, nos mamíferos aquáticos, como a baleia, ela tem
camelos também conseguem tolerar uma tempe- importante papel na propulsão do corpo, mas na maioria
ratura corporal de 41 ºC durante o dia, razão pela dos mamíferos ela perdeu a sua função locomotora primi-
qual não precisam perder muita água na tentativa de tiva e costuma ser de tamanho reduzido, ou está ausente.
manterem a temperatura corporal mais baixa. O cor- Muitos padrões especializados de locomoção se desenvol-
po resfria-se durante a noite, quando a temperatura veram durante a radiação e adaptação dos mamíferos, de
ambiental cai. acordo com os diferentes modos de vida.
Muitos mamíferos de grande porte, que vivem em Padrões mais complexos de locomoção e, provavelmente,
habitats quentes e abertos, conseguem aumentar a o comportamento mais explorador e ágil requerem uma
temperatura corporal, pois são capazes de manter a musculatura mais complexa e sistemas sensitivo e nervoso.
temperatura cerebral crítica mais baixa, através de um Acredita-se que o olfato e a audição eram muito aguçados
mecanismo de contracorrente. nos mamíferos primitivos.
Para compreender esse tipo de movimento, conceitos físicos, como mecânica, são utilizados.
121
O cérebro é extraordinariamente bem desenvolvido. Ele é muito grande e o córtex cinza contém centros associados ao re-
ceptor sensorial dos órgãos dos sentidos e a importantes centros motores. O cerebelo também é mais desenvolvido, pois a
coordenação motora é mais complexa.
Molares
Incisivos Molares Entre os incisivos e os
molares existe um espaço
chamado barra ou diastema.
Pelve renal
6.5. A liberação de excretas Medula Glomérulo
Túbulo contorcido
Cápsula proximal
Excretas são produtos residuais derivados do metabolismo de
Córtex
celular, o que é diferente de secreção. A secreção é uma Bowman
Artéria
substância eliminada pela célula, que pode ter um fim es- renal
pecífico no organismo.
Alça de
Henle
Há várias estratégias para eliminação das excretas.
Veia
renal
Pelos pulmões, eliminamos o gás carbônico advindo do Túbulo
contorcido
metabolismo celular, especialmente da degradação aeró- distal
Ureter
bica da glicose (respiração aeróbica). O gás carbônico em Rim Néfron
determinadas concentrações pode alterar o grau de acidez
da célula, afetando várias reações químicas. Resumindo, a NNos vertebrados, os rins são os órgãos responsáveis por
troca gasosa é uma maneira eficaz de obtermos o oxigênio filtrar as excretas nitrogenadas do sangue.Nos mamíferos as
e eliminarmos esse resíduo. No entanto, atualmente não unidades de filtração são túbulos conhecidos como néfrons.
mais se afirma que o gás carbônico seja uma excreta, por-
tanto trataremos especialmente dos excretas nitrogenados 6.6. Diversidade dos mamíferos
(amônia, ureia e ácido úrico) e dos sistemas ditos excreto-
res ou urinários. 6.6.1. Os prototérios (ou monotremados)
A amônia é um produto da metabolização dos aminoácidos Os animais deste grupo são os mamíferos que põem ovos
que os mamíferos ingerem; posteriormente, ela passa por ou monotremados, que não possuem lábios nem dentes.
reações no fígado e é convertida a ureia. Os filhotes alimentam-se da secreção de um tipo de leite
122
que a mãe produz na sua superfície ventral. Na fase adul-
ta consomem invertebrados de água doce, portanto são
6.10. Artiodáctilos
aquáticos. A fêmea constrói seus ninhos numa espécie de Javali, porco, veado, camelo, dromedário, girafa, bovíde-
galeria e na primavera põe de três a quatro ovos. Os repre- os. Esse grupo se caracteriza pelo número par de dedos e
sentantes mais conhecidos pertencem a fauna australiana. também são considerados ungulados e aptos a corridas. A
redução dos dedos chega até o ponto de apresentarem um
“casco fendido”. De forma contrária aos perissodáctilos,
aumentaram sua população e distribuição no mundo. Os
suínos apresentam hábito onívoro, mas o hipopótamo é
herbívoro. Os mais bem-sucedidos artiodáctilos foram os
ORNITORRINCO herbívoros, com molares com cúspides características em
meia lua e aperfeiçoaram o estômago com várias câmaras,
associado à ruminação.
6.11. Ruminantes
Este grupo se caracteriza pela dieta composta de vegetais,
sendo, portanto, herbívoros, um exemplo típico é o boi. A
homogeneidade maior quanto a dentição é uma identida-
ÉQUIDNA de importante.
6.9. Perissodáctilos
Anta, cavalo, zebra, rinoceronte. Esse grupo se caracteriza
pela redução do número de dedos de cinco para três, e o Ele tem o hábito de invadir cupinzeiros, com as garras. Os
cavalo para apenas um. Muitos são excelentes corredores, pangolins, na América do Sul, alimentam-se de formigas,
pois apresentam pernas longas, com uma articulação ex- perderam seus dentes, enquanto que os oricteropos con-
servam alguns molares
tra, com alongamento dos ossos da palma e da sola. São
incluídos nos grupos de ungulados, isto é, as garras deram
lugar aos cascos. Quanto a alimentação são herbívoros. Fo- 6.13. Lagomorfos
ram bem-sucedidos no princípio da idade dos mamíferos, Coelho, lebre. Os exemplos mais característicos deste
porém, hoje são reduzidos. grupo são os coelhos e a lebre. Estão sempre roendo ou
123
mastigando, e seus incisivos compensam esse desgaste Apresentam uma heterodontia - ligada diretamente ao
constante, crescendo continuamente. Donos de uma ra- hábito carnívoro e generalista, e estrutura óssea típicas.
pidez reprodutora impressionante, calcula-se que uma Os dentes estão preparados para triturar, perfurar e ma-
coelha pode ter até 50 filhotes num só ano. Se todos es- cerar. São representantes o cachorro, o gato, a raposa, o
tes descendentes conseguirem sobreviver e, por sua vez, lobo-guará, o quati, a jaguatirica, a onça-pintada, o lince,
tivessem filhotes, a família inteira somaria um milhão de o leopardo africano, o leão, o tigre e a pantera asiáticos.
indivíduos, num período de apenas quatro anos. Também pertencem a este grupo: o arminho, a ariranha,
a irara e a hiena.
6.14. Probóscideos
6.17. Quirópteros
Elefante. Recebem esse nome devido a tromba característi-
ca, atualmente representados pelos elefantes. Anteriormente, Morcego. São os únicos mamíferos voadores e, caracte-
risticamente, alimentam-se de insetos, frutos e sementes.
existiram os mastodontes, que apresentavam incisivos em bi-
Associado às extremidades de seus esqueletos e à cauda,
sel e molares apropriados para a trituração. Posteriormente,
visualiza-se uma grande membrana chamada patágio, que
os mastodontes aumentam o seu tamanho e desenvolvem
lhes confere uma “asa”. Possuem a visão atrofiada, um
maxilares longos com presas curtas em cima e embaixo. Nos
olfato desenvolvido e uma audição que é capaz de captar
elefantes houve uma redução dos maxilares e aumento das
os próprios ultrassons produzidos, como se fosse um radar,
presas. Os mastodontes na Idade do Gelo se distribuíam por
para se orientar espacialmente durante seus voos notur-
todos os continentes, exceto América do Sul e Austrália.
nos. No inverno vive em estado de letargia, pendurado per-
manentemente de cabeça para baixo, nas cavernas e vãos
6.15. Primatas escuros. Há morcegos hematófagos, que se alimentam de
Chimpanzé, homem, orangotango, sagui, gorila, gibão etc. sangue, mas a grande maioria é extremamente importan-
Os primatas mais conhecidos, além dos humanos, são os te na conservação das matas tropicais por dispersarem as
chimpanzés ou macaco antropomorfo, ou seja, que tem sementes de inúmeras espécies de árvores, ao se alimenta-
forma semelhante a do ser humano. Seu habitat é a flo- rem de seus frutos.
resta equatorial da África: Guiné, Congo. Tem a cabeça
pequena e achatada; apesar de ser facilmente domesticá- 6.18. Sirênios
vel, tem aspecto feroz, por causa dos seus grandes olhos. Peixe-boi, manati. Animais ‘pastadores’ de águas rasas
Cada uma das quatro extremidades que possui tem cinco do Atlântico tropical e do Oceano Índico. Apresentam os
dedos e o posicionamento do polegar oponível permite membros anteriores transformados em remos, os posterio-
que use a mão como se fosse uma pinça, para pegar ob- res reduzidos a vestígios e a cauda formando uma nada-
jetos e comida com agilidade. A alimentação é variada: deira horizontal. Após grande proliferação no Período Ter-
frutos, sementes, pássaros etc. É bem adaptado à vida ciário, reduziram drasticamente e hoje são raros. A origem
arborícola e raramente caminha a pé. O orangotango de desses animais parece estar associada a algum ungulado.
Sumatra e Bornéu, que chega a medir até 135 cm de altura;
o gibão da Índia, de 90 cm de altura, que pula de uma
árvore para outra com facilidade e rapidez, mas é um pouco
6.19. Roedores
lento quando está no chão, e quando está de pé os braços Capivara, rato, esquilo, paca, preá, ouriço-cacheiro. Os ratos
continuam tocando o chão; o gorila, vive nas florestas da e ratazanas também são roedores. Têm hábitos subterrâne-
África Ocidental e Centro-Oriental. Os machos medem até os e são importantes para a Saúde Pública, por poderem
1,70 m de altura e pesam 200 kg. Vivem em família e no transmitir ao homem patógenos como pulga, bactérias e
chão. A pele e o pelo são pretos e não costumam atacar fungos, além de poderem contaminar depósitos de alimen-
o ser humano, apesar de possuírem uma força imensa. tos e causar prejuízos financeiros.
No Brasil, o número de espécies de macacos pequenos e
médios é grande e entre eles temos o macaco-prego, os 6.20. Cetáceos
micos-leões, o macaco-aranha, o bugio e os saguis.
Todos eles estão em perigo de extinção pela destruição ma- Baleia, golfinho, boto e orca. São mamíferos adaptados à vida
ciça de seus habitats florestais. aquática. Possuem respiração pulmonar como todos os ma-
míferos e precisam subir a superfície de vez em quando para
respirar. O maior de todos é a baleia, que tem forma hidrodinâ-
6.16. Carnívoros mica, como a dos peixes, mas peso e tamanho bem diferentes.
Canídeos (lobo, cão, raposa), felídeos (gato, leopardo, Costumam medir até uns 30 metros de comprimento e pesar
leão, onça, lince), lontra, urso, quati, foca e leão-marinho. mais de 150 toneladas. Na parte superior da cabeça estão
124
as fossas nasais, que é por onde ela expele aquele esguicho mente na época colonial. Também pertencem a este grupo
de água. Não têm dentes, e sim, uma série de lâminas que os golfinhos e cachalotes. A foca e o lobo-marinho formam
funcionam como um filtro na hora de capturar seu alimento: um grupo à parte: os pinípedes, que se caracterizam por te-
peixes e crustáceos. Vive na zonas árticas (polos) e possui uma rem barbatanas no lugar das extremidades.
camada de gordura grossa - hipoderme, que protege o cor-
po do frio exterior. Atualmente, a baleia está em perigo de 6.21. Insetívoros
extinção devido à intensa caça predatória pelo homem; a Toupeira, mussaranho, ouriço. Esse grupo de pequenos
indústria pesqueira japonesa é a principal responsável pela mamíferos representa aqueles que mais se aproximam dos
diminuição das populações de baleias, na busca de maté- ancestrais remotos dos mamíferos. Os mussaranhos-arbo-
rias-primas como o óleo, âmbar gris, carne e ossos. Por isso rícolas-do-oriente são os que menos sofreram alterações
existem sociedades ecológicas que tentam proteger essa es- em relação aos seus ancestrais. A toupeira é conhecida pe-
pécie e evitar que continuem com a exploração, de finalidade las fortes patas usadas para cavar e perseguem larvas de
comercial e industrial. Ao longo do litoral brasileiro, existem insetos e minhocas no subsolo. As evidências mostram que
alguns pontos que beneficiavam o óleo de baleia, principal- os morcegos derivaram desse grupo.
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa,
14 relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
O conhecimento da biodiversidade é de suma importância para sua preservação; para tanto, deve-se realizar estudos
das suas características ecológicas e distribuição biogeográfica. Desse modo, as questões do Enem tendem a fazer
uma abordagem mais ecológica sobre as espécies, desejando que o aluno correlacione informações apresentadas
em gráficos e tabelas com seus conhecimentos sobre os diferentes grupos.
Modelo
(Enem) O Puma concolor (suçuarana, puma, leão da montanha) é o maior felino das Américas, com uma distribuição
biogeográfica que se estende da Patagônia ao Canadá.
125
O padrão de distribuição mostrado na figura está associado a possíveis características desse felino.
I. É muito resistente a doenças.
II. É facilmente domesticável e criado em cativeiro.
III. É tolerante a condições climáticas diversas.
IV. Ocupa diversos tipos de formações vegetais.
Características desse felino compatíveis com sua distribuição biogeográfica estão evidenciadas apenas em:
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
Análise expositiva - Habilidades 14: A questão exige do aluno não apenas conhecimentos da espécie indi-
C cada, como também conhecimento sobre biomas, possibilitando inferir sobre a localização das diferentes
formações vegetais e climas encontrados nas Américas. Pela análise do mapa, é possível observar que há uma
ampla distribuição geográfica do Puma concolor, ocupando, assim, diferentes formações vegetais e condições
climáticas diversas. Essa distribuição se refere ao animal em seu ambiente natural, não em cativeiro, como
também é sabido que esse felino não é facilmente domesticável. Por fim, como qualquer espécie, eles são
sensíveis a doenças às quais ainda não desenvolveu resistência.
Alternativa C
126
DIAGRAMA DE IDEIAS
CORDADOS
AVES
ADAPTAÇÃO AO VOO
CARACTERÍSTICAS
• ASAS E PENAS
• OSSOS PNEUMÁTICOS; PULMÕES; E SACOS AÉREOS
GLÂNDULA UROPIAGIANA
ENDOTÉRMICOS
MAMÍFEROS
MAMAS, PELOS E PLACENTA
CARACTERÍSTICAS
DENTES ESPECIALIZADOS (HETERODONTES)
ENDOTÉRMICOS
PROTOTÉRIOS: MONOTREMATA
• BOTAM OVOS E NÃO POSSUEM DENTES
EX.: ORNITORRINCO
METATÉRIOS: MONOTREMATA
• DESENVOLVIMENTO NO ÚTERO E. POSTERIORMENTE, NO SARSÚPIO; PLACENTA RUDIMENTAR
EX.: GAMBÁ E CANGURU
EUTÉRIOS: PLACENTÁRIOS
• PLACENTA DESENVOLVIDA
EX.: RATO, BALEIA, MORCEGO, PEIXE-BOI, SER HUMANO
127
CITOLOGIA:
Incidência do tema nas principais provas
Processos relacionados à síntese proteica A citologia ocorre em boa parte das questões,
(transcrição e tradução), metabolismo sendo necessário relacionar e identificar
energético (respiração celular e fotossíntese) o funcionamento de organelas e analisar
e biotecnologia são assuntos com presença divisões celulares.
garantida.
Prova com caráter muito interdisciplinar e Função e reconhecimento de organelas são Prova que frequentemente apresenta questões re-
foco principal em processos bioquímicos e nas recorrentes nessa prova. lacionadas à metabolismo energético (respiração
funções das organelas. celular e fotossíntese) e bioquímica básica.
Divisões celulares, funções e identificação É importante saber relacionar o funcionamen- Vestibular que envolve, em todos os anos, É uma das temáticas mais presentes neste
de organelas e metabolismo energético to e diferenciação das células com o tecido assuntos como divisões celulares, metabolismo vestibular, com questões sobre funções das
(respiração celular e fotossíntese) são bastante que elas compõem, ou o meio em que vivem. energético (respiração celular e fotossíntese) e organelas, transporte através de membrana,
presentes. funções das organelas. divisões celulares e metabolismo energético.
UFMG
Prova com alto grau de especificidade, en- Questões com alto nível de especificidade, Citologia é o principal tema cobrado em
volvendo principalmente síntese proteica e o relacionadas a funções de organelas, divisões Biologia, abordando divisões celulares e
dogma central da Biologia, além de transporte celulares e transporte através da membrana. síntese proteica (transcrição e tradução),
através de membrana e divisões celulares. além de propriedades e transporte através da
membrana.
Citologia é um dos temas mais recorren- Prova com alto grau de especificidade. Quanto A citologia é uma das áreas mais recorrentes
tes, sendo que os assuntos principais são à citologia, os assuntos mais cobrados são nesta prova, voltada, principalmente, às divi-
bioquímica, síntese proteica, divisões celulares metabolismo energético (respiração celular e sões celulares (propriedades e comparações) e
e identificação e função das organelas. fotossíntese) e análise das organelas (funções ao metabolismo energético (respiração celular
e identificação). e fotossíntese).
129
AULAS MEIOSE E VARIABILIDADE GENÉTICA
17 E 18
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 13 e 14
Meiose
Zigoto 2n
Óvulo n
Espermatozoide n
CONSTÂNCIA CROMOSSÔMICA
130
1.1. Fases do processo meiótico
Em vertebrados, a meiose ocorre apenas em células diploides
Interfase das linhagens germinativas localizadas nas gônadas (testículos
e ovários) e é constituída por duas divisões celulares: meiose I
e meiose II. Antes do início da meiose I, as células passam por
um processo semelhante ao que ocorre durante a interfase das
células somáticas. Elas passam pela interfase G1, que se carac-
teriza principalmente pelo processo de síntese proteica; em se-
Crossing-over guida, ocorre a fase S, ou seja, a duplicação do material genéti-
co; por fim, ocorre a fase G2, em que também ocorre síntese de
Meiose proteína, porém em menor escala. A primeira divisão meiótica
(meiose I) é denominada reducional, pois reduz o número de
cromossomos de uma célula diploide (2n) e forma duas células
haploide (n) (separação dos cromossomos homólogos). A se-
gunda divisão (meiose II) é denominada equacional, pois forma
mais duas células-filhas com o mesmo número haploide de cro-
mossomos (separação das cromátides-irmãs).
Espermatozoides
Meiose: visão geral
131
O fuso entra na região do núcleo e tem início o alinhamen-
Crossing-over
to dos cromossomos para o plano equatorial. Para facilitar
o estudo, a prófase é dividida em cinco estágios: leptóteno, A B
zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese.
A b
Leptóteno − os cromossomos aparecem pouco con-
densados e se distribuem ao acaso no núcleo. Ao lon- a B
go dos cromossomos estão os cromômeros, grânulos
de heterocromatina muito condensados que, quando a b
corados, apresentam-se como pontos bem marcados.
Cada cromossomo já está dividido em duas cromátides, A B
mas geralmente isso não é visível.
Zigóteno − os cromossomos homólogos começam a se A b
eventos de recombinação
combinar estreitamente ao longo de toda a sua extensão. a B
O processo de pareamento dos cromossomos homólogos,
também denominado sinapse, é muito preciso. Cada par a b
de homólogos é denominado bivalente; se contarmos suas MEIOSE E CROSSING-OVER. TROCA DE SEGMENTOS ENTRE CROMÁTIDES HOMÓLOGAS
quatro cromátides, pode-se chamar também te tétrade. − NUNCA IRMÃS. PERMITE RECOMBINAÇÃO GÊNICA. OCORRE QUANDO OS
CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS ESTÃO PAREADOS (SINAPSE) NA PRÓFASE I DA MEIOSE.
OS CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS QUE ESTÃO PAREANDO, AO SE ESPIRALIZAREM,
SOFREM QUEBRAS EM LOCAIS CORRESPONDENTES. MUITAS VEZES, ESSAS QUEBRAS
SÃO REPARADAS ERRADAMENTE, OU SEJA, OS SEGMENTOS SÃO TROCADOS.
Centrômero
Homólogos
Pares
de Homólogos Cromátides
irmãs
rer a troca de pedaços entre cromátides não irmãs de MEIOSE E CROSSING-OVER. AS TÉTRADES OU BIVALENTES CORRESPONDEM
um par de cromossomos homólogos. Esse fenômeno A UM PAR DE CROMOSSOMOS HOMÓLOGOS PAREADOS E APRESENTAM,
Meiose
sem crossing
entre os
genes
Meiose
com crossing Recombinante
entre
genes Recombinante
LEPTÓTENO PAQUÍTENO
MEIOSE E CROSSING-OVER. GAMETAS RECOMBINANTES POSSUEM CROMOSSOMOS
cromátide 1
RECOMBINANTES, OU SEJA, QUE SÃO PRODUTO DA OCORRÊNCIA DE CROSSING-OVER.
cromátides- 1
irmãs
132
Leptóteno Zigóteno Paquíteno Diplóteno Diacinese
ESTÁGIOS DA PRÓFASE I
1.1.1.2. Metáfase I
Os cromossomos se localizam na zona equatorial da célula.
Ocorre o desaparecimento da membrana nuclear. Forma-se
um fuso, e os cromossomos pareados se alinham no plano
equatorial da célula. Os centrômeros se ligam às fibras do
fuso, estando os homólogos unidos às fibras de polos opostos.
1.1.1.3. Anáfase I
Anáfase é a fase em que há migração dos cromossomos
duplicados para os polos. Em contraste com a anáfase da
mitose, os centrômeros não se dividem nesse momento.
Os dois membros de cada bivalente se separam e seus
respectivos centrômeros, com as cromátides-irmãs unidas,
são puxados para polos opostos da célula. Os bivalentes se
distribuem independentemente uns dos outros, e, em con-
sequência, os conjuntos paterno e materno originais são
separados em combinações aleatórias.
VIVENCIANDO
A meiose pode auxiliar na formação natural (partenocarpia) ou artifical de frutos sem sementes. Uma planta com
40 cromossomos produz um gameta com 20 cromossomos, e uma planta com 42 cromossomos produz um gameta
com 21 cromossomos. Unindo os gametas de ambas as plantas, será gerado um indivíduo de 41 cromossomos. Esse
indivíduo produzido terá grandes dificuldades no processo de meiose devido ao número ímpar de cromossomos, pois
poderá produzir gametas com 20 ou 21 cromossomos. Assim, a fertilidade desse indivíduo em gerar gametas ficará
prejudicada e, consequentemente, pode-se gerar um fruto sem sementes.
133
1.1.1.5. Intercinese 1.1.2.4. Telófase II
A intercinese é um pequeno intervalo entre as duas divi- A telófase tem início quando os cromosomos-filhos al-
sões. A meiose II tem início nas células resultantes da te- cançam os polos, onde começam a descondensação. Em
lófase I, sem que ocorra a interfase. A meiose II também é seguida, os cromossomos se agrupam em massas de cro-
matina que são circundadas por cisternas de RE, que se
constituída por quatro fases.
fundem para formar um novo envoltório nuclear. O nucléo-
1.1.2. Fases da meiose II lo reaparece, os microtúbulos cinetocóricos desaparecem e
os microtúbulos polares se alongam.
1.1.2.1. Prófase II
A prófase II é muito rápida e corresponde ao período de
desintegração das cariotecas e formação de novo fuso,
geralmente perpendicular ao primeiro. Os cromossomos PRÓFASE II METÁFASE II ANÁFASE II TELÓFASE II
não perdem a sua condensação durante a telófase FOTOS COM OS ASPECTOS GERAIS DA MEIOSE II
I. Assim, depois da formação do fuso e do desaparecimen- FONTE: HTTP://APRENDENDOGENETICA.BLOGSPOT.
COM.BR/2012_09_01_ARCHIVE.HTML
to da membrana nuclear, as células resultantes entram na
metáfase II.
1.1.2.2. Metáfase II
Na metáfase II, os cromossomos, ainda constituídos cada
um por duas cromátides, alinham-se no centro do fuso. A
cada cinetócoro de cada centrômero se ligam duas fibras
do fuso, uma de cada polo.
1.1.2.3. Anáfase II
É na anáfase II que os centrômeros se dividem e as fibras multimídia: vídeo
do fuso se encurtam, permitindo a separação das cromá-
FONTE: YOUTUBE
tides ou cromossomos-filhos dos polos opostos, que assu-
Meiose e a continuação da vida
mem um formato característico em V ou L, dependendo
do tipo de cromossomo. Tem início a citocinese, que é um
processo de clivagem e separação do citoplasma. Em célu-
las animais, ocorre por constricção na zona equatorial da
2. A MEIOSE E A
célula-mãe, que progride e estrangula o citoplasma. Essa DIVERSIDADE GENÉTICA
constricção se deve à interação molecular de actina, miosi- Na meiose, as células produzidas na divisão I são genetica-
na e microtúbulos. Dois movimentos podem ser distingui- mente diferentes por duas razões. A primeira é a ocorrên-
dos: os microtúbulos cinetocóricos encurtam enquanto os cia de crossing-over, que produz cromossomos com novas
cromossomos se aproximam dos polos. Como resultado, combinações gênicas. A segunda é a disjunção, totalmente
formam-se quatro células-filhas haploides. ao acaso, dos homólogos para as células-filhas. Exemplifi-
cando: no núcleo diploide, existem dois pares de cromosso-
mo designados por 1 e 2. Para a célula-filha, existem várias
possibilidades. Assim, ela pode receber o cromossomo 1
materno e o 2 paterno, ou o 1 paterno e o 2 materno, ou,
então, ambos maternos ou ambos paternos.
Meiose: divisão reducional (R!)
ETAPAS DA MEIOSE: ANÁFASE II. NA SEGUNDA DIVISÃO MEIÓTICA, OCORRE A
SEPARAÇÃO DAS CROMÁTIDES, QUE SÃO DISTRIBUÍDAS PELAS CÉLULAS-FILHAS.
OBSERVE QUE CADA CÉLULA TEM DOIS CROMOSSOMOS, DA MESMA FORMA QUE NO
ESTÁGIO ANTERIOR. NO QUE SE REFERE AO NÚMERO DE CROMOSSOMOS,
A SEGUNDA DIVISÃO MEIÓTICA É MUITO SEMELHANTE A UMA MITOSE.
134
Etapas da meiose 2.1. Importância biológica
MEIOSE 1 2N = 4
A meiose permite que o número de cromossomos pa-
drão de cada espécie permaneça o mesmo, isto é, cons-
tante ao longo das gerações.
A meiose garante, por meio da disjunção (separação)
INTERFASE
Interfase PRÓFASE I I
Prófase METÁFASE I I
Metáfase ANÁFASE I
Anáfase ao acaso dos cromossomos homólogos e do crossin-
MEIOSE 2 2N = 4
g-over, a formação de 4 células-filhas haploides total-
mente diferentes entre si.
As espécies que sofrem meiose em seu ciclo de vida
apresentarão grande variabilidade genética em suas
TELÓFASE II
Telófase METÁFASE IIII
Metáfase ANÁFASE II II
Anáfase TELÓFASE II II
Telófase populações, sejam animais que formam gametas ou
vegetais que formam esporos.
multimídia: sites
www.infoescola.com/citologia/meiose/
135
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Antes da meiose, ocorre a duplicação do DNA, que envolve processos como desnaturação e renaturação, os quais
envolvem conceitos químicos, como ligações químicas e compartilhamento de elétrons.
Desnaturação e renaturação são fenômenos físicos fundamentais para os processos de replicação, transcrição e
recombinação da molécula de DNA. A desnaturação ocorre quando as pontes de hidrogênio entre as cadeias com-
plementares se rompem e as fitas se separam. O inverso é chamado de renaturação, e permite que todas as proprie-
dades originais da molécula sejam restabelecidas.
FONTE: <WWW.PORTALEDUCACAO.COM.BR/BIOLOGIA/ARTIGOS/23317/DESNATURACAO-E RENATURACAO>
A ligação de ponte de hidrogênio, também denominada ligação três centros dois elétrons (3c-2e), é uma ligação
química em que apenas dois elétrons são compartilhados por três átomos, tratando-se, portanto, de uma ligação
deficiente de elétrons.
FONTE: <WWW.INFOESCOLA.COM/QUIMICA/PONTES-DE-HIDROGENIO>
Habilidade
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa,
14 relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.
A diversidade de seres vivos pode ser interpretada do ponto de vista genético. Saber como processos que ocorrem
no material genético dos seres vivos proporcionam biodiversidade é fundamental na resolução dessa questão.
Modelo
(Enem) O Brasil possui um grande número de espécies distintas entre animais, vegetais e microrganismos envoltos em
uma imensa complexidade e distribuídas em uma grande variedade de ecossistemas.
SANDES, A.R.R.; BLASI, G. BIODIVERSIDADE E DIVERSIDADE QUÍMICA E GENÉTICA. DISPONÍVEL EM: <HTTP://
NOVASTECNOLOGIAS.COM.BR>. ACESSO EM: 22 SET. 2015 (ADAPTADO).
O incremento da variabilidade ocorre em razão da permuta genética, a qual propicia a troca de segmentos entre
cromátides não irmãs na meiose. Essa troca de segmentos é determinante na:
a) produção de indivíduos mais férteis;
b) transmissão de novas características adquiridas;
c) recombinação genética na formação dos gametas;
d) ocorrência de mutações somáticas nos descendentes;
e) variação do número de cromossomos característico da espécie.
136
Análise expositiva - Habilidades 14: Uma das maneiras de se promover variabilidade genética e consequen-
C temente o aumento da biodiversidade é a ocorrência de crossing-over ou permutação na meiose, processo
de divisão celular que, em animais, forma os gametas. Nesse processo, ocorre troca de “pedaços” entre
cromossomos homólogos promovendo uma recombinação genética.
Alternativa C
137
DIAGRAMA DE IDEIAS
MEIOSE
MEIOSE I MEIOSE II
(REDUCIONAL) (EQUACIONAL)
PRÓFASE I PRÓFASE II
2n=4 • LEPTOTENO n=2
• ZIGOTENO
• PAQUITENO
• DIPLOTENO
• DIACINESE
METÁFASE I METÁFASE II
ANÁFASE I ANÁFASE II
TELÓFASE I TELÓFASE II
N=2 N=2
138
AULAS GAMETOGÊNESE
19 E 20
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 13 e 14
O pênis e o saco escrotal se localizam na região genital. A variação do tamanho do pênis não tem relação com
fertilidade ou com potência sexual. Durante o estímu-
Pênis – O pênis é um órgão de formato cilíndrico
lo em uma relação sexual, o homem lança o esperma
constituído principalmente por tecido erétil (com capa-
para fora do corpo sob a forma de jatos, o que se deno-
cidade de se erguer). Durante a excitação sexual, esse
mina ejaculação (normalmente em uma ejaculação são
tecido recebe uma maior quantidade de sangue, que
expelidos de 2 a 5 mililitros de esperma contendo cerca
o torna ereto e rígido. O pênis é formado pela glande
de 350 milhões de espermatozoides). A eliminação da
(“cabeça do pênis”), que pode se apresentar coberta
urina e a ejaculação ocorrem pela uretra.
pelo prepúcio – um pedaço de pele que cobre essa
área. A uretra, canal que possui ligação com os siste- Saco escrotal – Os gametas masculinos, os esperma-
mas urinário e reprodutor, tem seu orifício na glande. tozoides, são produzidos nos testículos. Os testículos
139
estão localizados no saco escrotal, que possui uma ejaculatório lança os espermatozoides dentro do canal
aparência enrugada e flácida. Os espermatozoides da uretra, que passa pelo interior do pênis e se abre
são produzidos em uma temperatura menor do que o para o meio externo.
restante do corpo. Em função disso, é de fundamental Glândulas seminais e próstata – Essas estruturas
importância que o saco escrotal esteja localizado fora produzem uma secreção viscosa que nutre os game-
do abdome. O uso de cueca muito apertada pode le- tas masculinos e aumenta sua mobilidade. A glândula
var ao aquecimento excessivo nos testículos, causando prostática produz um líquido leitoso que tem a função
infertilidade temporária. de neutralizar a acidez de resíduos de urina e a aci-
Testículos – São glândulas sexuais masculinas forma- dez vaginal na relação sexual. Durante o percurso até
das por tubos enovelados e finos denominados túbulos a uretra, os espermatozoides se juntam aos líquidos
seminíferos. É durante a puberdade, sob a influência sintetizados pelas glândulas seminais e pela próstata.
dos hormônios sexuais, que a produção de gametas se Quando passam pela uretra, eles se juntam ao líquido
inicia no corpo do homem. A produção de espermato- lubrificante sintetizado pelas glândulas bulbouretrais,
zoides começa por volta dos 12 ou 13 anos de idade e que colabora para limpeza da uretra. Os espermatozoi-
se prolonga até o fim da vida. Nos testículos também des e os líquidos produzidos pelas glândulas bulboure-
trais, glândulas seminais e próstata são denominados
ocorre a produção de testosterona, o hormônio sexual
sêmen ou esperma.
masculino. A testosterona estimula o aparecimento das
características sexuais secundárias masculinas.
Epidídimos – Os espermatozoides, depois de forma- 2. SISTEMA GENITAL FEMININO
dos, são armazenados no epidídimo, que é constituído O aparecimento de pelos pubianos e axilares e o aumen-
por tubos enovelados, situado junto ao testículo. Os to dos seios, que são algumas das características sexuais
espermatozoides ficam armazenados nessa estrutura secundárias femininas, ocorrem na passagem da adoles-
até o final da maturação, o que aumenta sua mobi- cência para a idade adulta.
lidade. Ao sair do epidídimo, os espermatozoides vão
para o ducto deferente, um tubo com parede muscular
que é parte de cada epidídimo. Cada ducto deferente
2.1. Anatomia
se conecta a um canal da glândula seminal, compondo Em primeiro lugar, é preciso elucidar a parte externa da
um tubo único, denominado duto ejaculatório. O duto anatomia do sistema reprodutor feminino:
Monte de vênus ou púbis – Trata-se da região lábios, que são dobras de pele sensível. Entre os peque-
triangular, logo acima da vulva, em que surgem pelos nos lábios está localizado o clitóris, estrutura pequena
na puberdade. que, ao ser estimulada, causa sensações de prazer.
Pudendo feminino – Antes denominado vulva, é Abertura da vagina – A abertura da vagina leva
nessa área que se localizam os pequenos e grandes aos órgãos sexuais internos. Na maioria das mulheres
140
virgens, essa abertura está parcialmente bloqueada pelo encontram imaturos nos ovários, necessitando da ação
hímen, uma fina membrana, que pode ser rompida na dos hormônios sexuais para maturação e liberação na
primeira relação sexual se houver penetração do pênis. tuba uterina, fenômeno denominado ovulação e que
precede a menstruação.
Uretra – O orifício da uretra é o canal por onde sai
a urina. Ele não leva a qualquer órgão sexual interno. Tubas uterinas – Os ovários são ligados ao útero por
dois tubos delgados, as tubas uterinas (antigamente
Ânus – O ânus é a saída do tubo digestório, por onde são
chamadas de trompas de falópios). Esses tubos são re-
ejetadas as fezes. Não possui ligação com órgãos sexuais
vestidos internamente por células ciliadas que facilitam
internos.
o deslocamento do óvulo até a cavidade uterina.
Períneo – Localiza-se entre o ânus e a vulva. No ho-
3. GAMETOGÊNESE
mem, por sua vez, o períneo está localizado entre o
saco escrotal e o ânus.
Alila Medical Media
}
BlueRingMedia
Mitose
Período
Espermatogônias 2n 2n
Ovário Ovário
Cérvix Mitose
2n 2n 2n 2n
Espermatogônias
Vagina Crescimento
}
crescimento
Período de
sem divisão
celular
Espermatócito I 2n
Ovários – Os ovários são as glândulas sexuais fe-
Meiose I
}
mininas. Durante o desenvolvimento embrionário da
mulher, os ovários possuem armazenados cerca de
Período de
Espermatócito II
maturação
n n
500 mil gametas femininos. Contudo, mais da meta-
de degenera antes da puberdade. As células sexuais Meiose II
}
Período de
141
Ovogênese A produção dos espermatozoides se divide em quatro eta-
pas: período germinativo, período de crescimento, período
}
Célula germinativa 2n de maturação e período de espermiogênese.
Mitose Período germinativo – As células germinativas mas-
culinas diploides, as espermatogônias, dividem-se ativa-
geminativo
Ovogônias 2n 2n mente por mitose, originando outras espermatogônias
Período
Mitose também diploides. Nos machos de mamíferos, esse pe-
ríodo pode acontecer durante toda a vida do indivíduo.
Ovogônias 2n 2n 2n 2n
Período de crescimento – Nesse período cessam as
Crescimento divisões celulares e não ocorre mitose. Ocorre o cresci-
Ovócito I
Meiose I
sem divisão
celular
2n } crescimento
Período de
mento em volume da espermatogônia (2n), que passa
a ser chamada de espermatócito I (2n) ou espermatóci-
to primário ou de primeira ordem.
Período de maturação – Cada espermatócito I (2n)
}
Glóbulo polar sofre divisão meiótica. Depois da meiose I, as duas cé-
n lulas resultantes dessa divisão celular são denomina-
Ovócito II n
Período de
maturação
ESQUEMA DO TESTÍCULO
142
Período de maturação – Cada ovócito I (2n) agora a quatro espermatozoides, enquanto cada ovócito I produz
sofre divisão meiótica. A meiose I resulta em duas cé- apenas um óvulo.
lulas de tamanhos diferentes, uma maior denominada
4. Na ovogênese, não existe o período de espermiogênese.
ovócito II (n) ou ovócito secundário ou de segunda or-
dem, que contém praticamente todo o citoplasma do
ovócito I, e outra muito pequena chamada de primeiro 7. CONSIDERAÇÕES SOBRE A
corpúsculo polar ou globular polar (n). Na meiose II, o
ovócito II dá origem a uma célula maior, o óvulo (n), e GAMETOGÊNESE HUMANA
a outra célula menor, o segundo glóbulo ou corpúsculo A produção dos espermatozoides tem início na puberdade,
polar (n). O primeiro glóbulo polar pode-se dividir, re- mais ou menos aos 12 anos, e continua durante toda a
sultando em dois corpúsculos polares. vida do homem, diminuindo com a idade.
Na mulher, o período de multiplicação começa na fase fetal
e termina na 15.ª semana da vida intrauterina. O perío-
do de formação dos ovócitos I, conhecido como período
de crescimento, dura até o sétimo mês da embriogênese.
Depois desse período, os ovócitos I começam a divisão I
da meiose, produzindo os ovócitos II. A segunda divisão
da meiose só ocorre quando o ovócito II é fecundado pelo
espermatozoide.
ESQUEMA DO OVÁRIO
FECUNDAÇÃO
143
meio externo (fecundação externa) ou no interior do corpo
da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos
artrópodes, os répteis, as aves e os mamíferos, a fecunda-
ção de todos os outros animais é externa e só acontece em
meio aquático.
Fertilização
Implantação
Óvulo
o
o
Reação
Acrossômica
Membrana
de fecundação
“Corona
Radiata”
Zona
pelúcida
Grânulos
corticais
144
VIVENCIANDO
A gametogênese é uma área da biologia que estuda a formação dos gametas. A compreensão desse tema é funda-
mental para clínicas de reprodução humana, que aplicam esses conceitos para auxiliar na descoberta de problemas
na fertilidade de homens e mulheres, auxiliando casais que querem ter filhos por meio de inseminação artificial.
O processo de formação dos gametas é a meiose, um tipo de divisão celular que, a partir de uma célula diploide, for-
ma quatro células haploides. Assim, fórmulas matemáticas podem ser utilizadas para medir a produção de gametas
de um indivíduo. Além de prever quantos gametas serão formados a partir de células progenitoras nas gônadas, é
possível verificar problemas de fertilidade, como o número menor de espermatozoides nos homens.
Habilidade
Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos
13 seres vivos.
Os conhecimentos acerca da transmissão das informações genéticas possibilitaram grande avanço na área médica,
pois permitiu a identificação de doenças genéticas e também influenciou em questões relativas à medicina reprodu-
tiva e forense, uma vez que a análise do DNA permite realizar a identificação de paternidade, de vítimas de desastres
e de suspeitos de um crime. Desse modo, conhecer as diferenças que ocorrem entre a gametogênese feminina e a
masculina se torna essencial na resolução de questões referentes ao assunto.
145
Modelo
(Enem) Para a identificação de um rapaz vítima de acidente, fragmentos de tecidos foram retirados e submetidos à
extração de DNA nuclear, para comparação com o DNA disponível dos possíveis familiares (pai, avô materno, avó
materna, filho e filha). Como o teste com o DNA nuclear não foi conclusivo, os peritos optaram por usar também DNA
mitocondrial, para dirimir dúvidas.
Para identificar o corpo, os peritos devem verificar se há homologia entre o DNA mitocondrial do rapaz e o DNA
mitocondrial do(a):
a) pai;
b) filho;
c) filha;
d) avó materna
e) avô materno.
Análise expositiva -Habilidade 13: As gametogêneses masculina e feminina ocorrem com algumas diferenças
D que resultarão em gametas com características bem distintas. Nos machos, há alta produção de pequenos game-
tas móveis (espermatozoides), que precisam de muitas mitocôndrias para movimentação do flagelo; entretanto,
essas organelas não penetrarão no gameta feminino (óvulo). Esse, por sua vez, é uma célula que preserva seu ci-
toplasma e as demais organelas, fornecendo-as para o zigoto que será formado com a fecundação. Desse modo,
é possível concluir que o DNA mitocondrial é sempre de linhagem materna e, portanto, na situação apresentada
deverá ser analisada a molécula referente a sua avó materna.
Alternativa D
146
DIAGRAMA DE IDEIAS
GAMETOGÊNESE
LINHAGEM GERMINATIVA
2n
GERMINATIVO
PERÍODO
ESPERMATOGÊNESE 2n OVOGÊNESE
(TESTÍCULOS) (OVÁRIO)
MITOSES
ESPERMATOGÔNIAS OVOGÔNIAS
2n 2n
CRESCIMENTO
PERÍODO DE
MEIOSE
ESPERMATÓCITO I 2n
ESPERMATÓCITO II n n OVÓCITO I 2n
DIFERENCIAÇÃO
PERÍODO DE
ESPERMÁTIDES n n n n n
(ESPERMIOGÊNESE)
OVÓCITO II n
DIFERENCIAÇÃO
PERÍODO DE
ÓVULO n
GLÓBULOS
POLARES
147
AULAS HISTOLOGIA I
21 E 22
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
1.1. Tecido
O corpo de um organismo multicelular é composto por
tecido
distintos tipos de células, especializadas em funções di- germinativo tecido
ferentes. Células especializadas podem se organizam em (testículo) sanguíneo
FONTE: HTTP://WWW.M3C.UFSCAR.BR/PT-BR/DIFUSAO/MATRIZ-EXTRACELULAR MATRIZ EXTRACELULAR CONFERINDO SUPORTE ÀS CÉLULAS FORMADORAS DAS FIBRAS
148
1.2. Tipos de tecido dos capilares sanguíneos presentes no tecido conjuntivo
frouxo, que se encontra logo abaixo da epiderme. Devido a
Os animais vertebrados possuem 4 tipos básicos de teci-
esse fato, geralmente os epitélios estão apoiados sobre te-
dos: muscular, nervoso, conjuntivo (ósseo, cartilaginoso e
cido conjuntivo. A área da célula voltada para o tecido con-
sanguíneo) e o epitelial. Esses tecidos se organizam em
conjunto para formar os órgãos e os sistemas. Nos ani- juntivo é nomeada polo basal ou porção basal; enquanto a
mais invertebrados, esses tipos de tecido são basicamente área celular oposta, geralmente voltada para uma cavida-
os mesmos, mas as organizações são menos complexas. de, é nomeada polo apical ou porção apical. Entre o tecido
Tecido epitelial Tecido muscular Tecido nervoso consiste
conjuntivo e as células epiteliais há a lâmina basal, uma
que recobre a é feito de fibras de células com projeção que
superfície do corpo que contraem transmitem sinais elétricos fina lâmina de moléculas que também está presente em
outros tecidos, quando existe contato com o tecido conjun-
tivo. Essas moléculas desempenham várias funções, como:
filtrar moléculas, gerar a conexão entre células epiteliais
e o tecido conjuntivo, organizar proteínas de membranas
Fibras
protéicas
celulares de células próximas e auxiliar no suporte para
Matriz
Extracelular movimentação de células e outras.
Células
Tecido conjuntivo
frouxo serve como
assoalho para o epitelio
e outros tecidos
Tecido Ósseo Tecido
Carilaginoso
Tecido
saguíneo
2.1. Especialização das células epiteliais
TIPOS DE TECIDO QUE COMPÕEM O CORPO O que mantém a união das células dos tecidos epiteliais
são junções celulares, que são especializações de membra-
1.3. Função dos tecidos básicos na. Existem muitos tipos de junções, que realizam diversas
funções como adesão celular, isolantes e canais de comu-
Epitélio – é o revestimento superficial externo do cor- nicação entre outras funções.
po (faz parte da pele), dos órgãos e das cavidades cor-
porais internas. Também possui o papel secretor.
Conjuntivo –composto por vários tipos células e por
farta matriz extracelular, secretada pelas próprias célu-
las desse tecido. A função do tecido é sustentar, preen-
cher e transportar as substâncias.
Muscular –as células desse tecido são multinuclea-
das, alongadas e com características contráteis.
Nervoso –as células desse tecido exibem longos pro-
longamentos citoplasmáticos e realizam a função de
receber, gerar, codificar e transmitir impulsos nervosos. JUNÇÕES CELULARES TÍPICAS DO TECIDO EPITELIAL
Reveste a superfície externa e as cavidades internas corpo- junções impermeáveis – zonas de oclusão;
rais dos animais. Realiza distintas funções no organismo: li- junções de adesão – zonas de adesão, como desmos-
bera substâncias úteis (glândulas), absorve íons e moléculas somos e hemidesmossomos;
(epitélio intestinal), proteção e percepção de estímulos (pele). junções de comunicação – junções comunicantes ou
As células dos tecidos epiteliais ou epitélios são impecavel- junções gap.
mente justapostas e conectadas por pequena quantidade Zona de oclusão
de substância extracelular. As células possuem uma grande
aderência entre si, devido às junções intracelulares. Encontrada na lateral da célula, tem função de adesão
celular, assim as células vizinhas mantêm-se intimamente
Os epitélios não vascularizados, portanto, não sangram se unidas, o que impedem a passagem de moléculas naque-
feridos. A nutrição das células ocorre por difusão a partir la área. Dessa forma, substâncias e moléculas que estão
149
presentes em uma cavidade revestida por tecido epitelial Os epitélios podem ser classificados em relação ao número
não conseguem penetrar no corpo, a não ser que passem de camadas celulares e formato das células.
diretamente pelas células.
2.2.1. Classificação dos epitélios quanto
Zonas de adesão ao número de camadas celulares
Situada próxima à zona de oclusão, onde as células adja- Epitélios simples ou uniestratificados (do latim
centes estão separadas por um espaço pequeno, colabo- uni, um; e stratum, camada) – formado por uma única
rando para a aderência entre essas células. camada de células.
Desmossomos Epitélios estratificados – formados por duas ou
mais camadas de células.
Semelhante a um botão adesivo, uma metade está ligada
à membrana de uma célula e a outra metade está ligada Epitélios pseudoestratificados – formando por
à célula vizinha. uma única camada de células, no entanto, têm células
com forma irregular e os núcleos se localizam em dife-
Hemidesmossomos
rentes alturas, passando a impressão de ser um epitélio
Com função de aderência, liga as células epiteliais à mem- estratificado.
brana basal. A diferença com relação aos desmossomos é
que em vez de conectarem as membranas de células vizi- 2.2.2. Classificação dos epitélios quanto à forma
nhas, conectam as células à membrana basal.
Junções gap ou comunicantes Pavimentoso – Células achatadas como ladrilhos;
São canais cilíndricos de origem proteica que permitem o Cúbico – Células com forma de cubo;
contato entre células, podendo haver troca de substâncias Prismático – células alongadas com forma de coluna.
e moléculas entre elas
É fundamental frisar que a classificação com relação à
forma dos epitélios se refere apenas às células mais su-
Canal de junção Conexão
comunicantes perficiais. Quando o epitélio abordado tem várias camadas
celulares, geralmente estão presentes células com distintos
formatos, sendo assim, para classificá-lo, analisa-se apenas
NH3+ as células da superfície.
Encontrado na membra-
Simples pavimentoso Simples cúbico Prismático estratificado
Simples colunar
na conjuntiva do olho
Estratificado
Epitélio de
transição Prismático pseu- Encontrado revestindo a
Estratificado Pseudoestratificado
pavimentoso
cúbico
colunar doestratificado traqueia e os brônquios
DIFERENTES MORFOLOGIAS DAS CÉLULAS EPITELIAIS
150
Observação: O epitélio que reveste a bexiga é constituído 2.3.2. Histologia da pele
de células com superfície convexa. Se forem submetidas
ao estiramento ocasionado pela dilatação do órgão, elas A pele é um órgão composto de epiderme e derme nos
se tornam achatadas. Assim, esse epitélio pode ser deno- mamíferos. A epiderme é um tecido epitelial pluriestratifi-
minado epitélio estratificado de transição, pois as células cado. Como a superfície desse tecido está sujeita à desgas-
mudam de formato dependendo do estado do órgão (di- te diário, ocorre reposição constante de células perdidas.
latada ou não). À medida que novas células são formadas, elas são enca-
minhadas em direção a superfície para formar as demais
camadas.
2.2.3. Classificação dos epitélios quanto à função
No envelhecimento, as células epidérmicas tornam-se
Os epitélios podem ser classificados em epitélios de reves-
achatadas e começam a produzir e a armazenar dentro de
timento e epitélios glandulares.
si uma proteína resistente: a queratina. Como consequên-
cia desse evento, o epitélio da pele passa a ser denomina-
2.3. Epitélios de revestimento do estratificado pavimentoso queratinizado.
Formam um tipo de membrana que isola o indivíduo ou O excesso de queratina mata as células superficiais, os
parte dele do meio externo. As funções desse epitélio en- quais formam um revestimento resistente ao atrito e im-
globam proteger e revestir as superfícies externas e inter- permeável à perda de água, que chamamos de estrato
nas, secretar diversos produtos, absorver substâncias, re- córneo. Esse estrato é a camada mais externa da epiderme,
mover impurezas e pode apresentar receptores sensoriais. que descama com o passar do tempo.
HIPODERME
151
Sensor Sensor de frio Terminal livre
de toque Detecta baixas Detecta dor
Detecta
toque leve
temperaturas Unhas
Sensor de Estruturas achatadas, constituídas por queratina al-
calor Sensor de
Detecta altas pressão tamente compactada, localizam-se nas pontas dos
temperaturas Detecta pressão
intensa
dedos dos mamíferos. Auxiliam a apreensão e a ma-
Nervo de raiz nipulação de objetos entre outras funções. As unhas
Fibras
de pelo nervosas crescem, porque se dividem intensamente, graças a
Detecta Levam impulsos
movimentos nervosos ao uma dobra epidérmica próxima à ponta dos dedos. Ao
do pelo cérebro
se compactarem, as células queratinizadas morrem
formando a unha.
152
glândulas mistas – possuem regiões endócrinas
e exócrinas. Ex.: pâncreas (a porção exócrina secreta
enzimas digestivas no intestino e a porção endócrina
secreta os hormônios insulina e glucagon no sangue).
As glândulas também podem ser classificadas com relação
à forma na que eliminam suas secreções:
Holócrinas: liberam o produto de secreção e todo ci-
toplasma celular durante o processo, portanto a célula
morre. Ex.: glândulas sebáceas.
GLÂNDULAS CALICIFORMES DO INTESTINO (AMARELO) Merócrinas: eliminam apenas a substância de secreção
durante o processo. Ex.: glândulas salivares e sudorípa-
ras.
Apócrinas: perdem parte do citoplasma no momento
da secreção. Ex.: glândula mamária.
Proliferação das células
Epitélio e sua penetração no tecido
conjuntivo subjacente
Lâmina basal
Tecido conjuntivo
VIVENCIANDO
Dentro da medicina existe uma área especializada no órgão pele, a qual é composta pelo tecido conjuntivo e tecido
epitelial. Essa área é a dermatologia.
“Dermatologia é uma especialização médica, cuja área de conhecimento se concentra no diagnóstico, prevenção e
tratamento de doenças e afecções relacionadas à pele, pelos, mucosas, cabelo e unhas.”
HTTP://WWW.SBD.ORG.BR/DERMATOLOGIA/SOBRE-A-DERMATOLOGIA/O-QUE-E-DERMATOLOGIA/
153
3.1. Principais células conjuntivas
Célula Função
Fibroblasto
Macrófago
154
As fibras elásticas são constituídas bém age, de certo modo, como barreira contra a entrada de
de longos fios de uma proteína elementos estranhos nos tecidos. É constituído por vários
tipos celulares, uma matriz extracelular e três tipos de fi-
chamada elastina. Conferem elas-
bras. O tecido conjuntivo frouxo possui maior quantidade
ticidade ao tecido, completando a de células quando comparado às fibras.
resistência das fibras colágenas.
Ao puxar e soltar a pele de cima
da mão, graças às fibras elásticas
Microscopia eletrônica
essa mesma pele rapidamente
volta à sua forma original. Com Microscopia
óptica
e a substância amorfa.
Os macrófagos são células ameboides e grandes. Têm função modelado
plasmócito
macrófago
fibra reticula dos em direções diferentes, o que o confere resistência
à tração em várias direções, além também de grande
elasticidade. Ele constitui as cápsulas envoltórias dos
rins e do fígado, compondo, também, a derme, tecido
As células mesenquimatosas e os plasmócitos são células conjuntivo da pele;
também presentes nesse tecido. As células mesenquima-
tosas são indiferenciadas, ou seja, não possuem função
específica, podendo se transformar em tipos celulares di-
ferentes, sendo assim, possuem capacidade de regenerar
o tecido conjuntivo. Os plasmácitos são células de defesa
do sistema imune adquirido, assim, como o próprio sistema Modelado – as fibras estão em feixes posicionados
imunológico, detalharemos mais nos próximos capítulos. na mesma direção; aqui o movimento de rotação é li-
mitado, porém existe uma grande resistência à tensão
4. TECIDO CONJUNTIVO FROUXO em uma certa direção. Ele forma os ligamentos, que
conectam os ossos entre si, e os tendões, que conectam
O tecido com maior extensão de distribuição no corpo hu- os músculos aos ossos.
mano é o tecido conjuntivo frouxo. Ele preenche es-
paços vazios (ou seja, não ocupados por outros tecidos),
envolve nervos, músculos, vasos sanguíneos e linfáticos,
além de servir de suporte e nutrição para as células epi-
teliais. É um componente da estrutura de vários órgãos e
desempenha um papel fundamental na cicatrização. Tam-
155
6. TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO discos cartilaginosos entre as vértebras, que abrandam o
choque dos movimentos sobre a coluna vertebral.
No tecido adiposo a substância intracelular está em menor O feto é rico em tecido cartilaginoso, pois a gênese do es-
quantidade, e as células estão cheias de lipídios, as quais queleto começa com esse tecido e, à medida que vai cres-
são chamadas de adipócitos. É um tecido subcutâneo, ou cendo e se desenvolvendo, se modifica em tecido ósseo.
seja, abaixo da pele com função de envolver os rins e o
coração, reserva de energia, isolamento térmico e proteção Nos peixes cartilaginosos (cações, tubarões e raias), o es-
contra choques mecânicos. queleto é formado por tecido cartilaginoso.
Mitocôndria
Reservatório de gordura Nas cartilagens existem dois tipos celulares: os condro-
blastos, que secretam as fibras colágenas e a matriz, e os
Membrana plasmática condrócitos, que estão alojados em lacunas da cartilagem e
possuem uma atividade baixa (são condroblastos “velhos”).
As fibras colágenas e reticulares compõem esse tecido.
Núcleo
Citoplasma
Complexo de Golgi
CARTILAGINOSO (CARTILAGEM)
regiões do sistema respiratório (traqueia, brônquios) e em
áreas dos ossos longos.
Tecido cartilaginoso não tem consistência rígida como o
tecido ósseo, mas é um tecido firme. Algumas de suas 7.1.2. Cartilagem fibrosa
funções são revestir superfícies articulares para facilitar Formada grande quantidade de fibras colágenas, situada
movimentos, sustentação e é imprescindível para o cres- em algumas articulações e em discos intervertebrais.
cimento dos ossos longos. As cartilagens são avasculares
e não possuem nervos. Assim, a nutrição desse tecido é 7.1.3. Cartilagem elástica
feita pelos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo próxi-
mo. As cartilagens estão localizadas em grande parte no Formada pouca quantidade de fibras de colágeno e grande
sistema respiratório (nariz, traqueia, brônquios, epiglote quantidade de fibras elásticas, estão presentes nas abas do
etc.), algumas partes da laringe, na orelha externa e nos nariz e no pavilhão auditivo.
156
8. TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO 8.1. Plaquetas
As plaquetas ou trombócitos são produzidas por frag-
Tecido altamente especializado, originado pelo tecido he-
mentação dos megacariócitos, células grandes da medula
matopoiético. É formado por células (parte figurada), imer-
óssea. Possuem substâncias ativas do processo de coagu-
sas num meio líquido, o plasma (parte amorfa). Os membros
lação do sangue, que inibe a ocorrência de hemorragias.
celulares são glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos)
e glóbulos brancos (leucócitos). Também são constituintes
do sangue as plaquetas (fragmentos celulares). Faz parte 8.2. Glóbulos vermelhos
do plasma, água e várias substâncias dissolvidas, que se-
rão transportadas pelo sangue. As células sanguíneas têm Chamados de hemácias ou eritrócitos. Células sem nú-
origem nas células indiferenciadas pluripotentes (células- cleo, que parecem um disco bicôncavo. Possuem uma
-tronco), instaladas na medula óssea vermelha. grande quantidade de hemoglobina (proteína transpor-
tadora de oxigênio).
“Sua porcentagem de gordura corporal é a quantidade dela no seu corpo comparada com todo o resto (realmente,
todo o resto – músculos, ossos, órgãos, tendões, água... tudo). É algo complicado de calcular...”
HTTP://PT.WIKIHOW.COM/CALCULAR-COM-PRECIS%C3%A3O-A-PORCENTAGEM-DE-GORDURA-CORPORAL
Gordura corpórea seria nosso tecido adiposo, que é uma especialização do tecido conjuntivo. A porcentagem desse
tecido no nosso organismo pode ser calculada por fórmulas matemáticas através de variáveis.
157
Glóbulos brancos Características Função
BruceBlaus
Atuam na fagocitose de
Célula cujo núcleo é pouco
Neutrófilo microrganismos invasores graças
volumoso, de 2 a 5 lóbulos,
à emissão de pseudópodes.
e corresponde a maioria
Constituem a primeira linha
dos glóbulos brancos.
G de defesa do sangue.
R
A BruceBlaus
N
U
Abundantes na defesa
L Eosinófilo Célula cujo núcleo contra diversos parasitas.
Ó contém 2 lóbulos. Atuam particularmente
em doenças alérgicas.
C
I
T
Basófilo
O
BruceBlaus
S
Célula cujo núcleo
Participam de reação inflamatória.
volumoso tem forma de S.
Linfócito
BruceBlaus
A
Dois tipos básicos, São responsáveis pela defesa
G
B e T, têm nú imunitária do organismo.
R Os linfócitos B diferenciam-
cleo esférico e representam
A grande parte do total se em plasmócitos, células
de leucócitos. produtoras de anticorpos.
N
U
L Monócito
BruceBlaus
Ó
C Atravessam as paredes dos
I capilares sanguíneos. Nos tecidos
Célula cujo núcleo tem
diferenciam-se em macrófagos
T forma de ferradura.
ou osteoclastos, que são células
O especializadas em fagocitose.
S
158
9. TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO 9.1. Tipos de células do osso
Função de sustentação e compõe os ossos do esqueleto As células ósseas encontram-se em pequenas cavidades
dos vertebrados. É um tecido rígido devido à matriz rica em nas camadas concêntricas de matriz mineralizada.
sais de cálcio, fósforo, magnésio, além de fibras de coláge- Osteoblastos são células jovens, que possuem longas
no, que aferem certa flexibilidade ao osso. Possuem vasos projeções citoplasmáticas que atingem os osteoblastos
sanguíneos e são formados por tecidos adiposo, nervoso vizinhos. Quando secretam a matriz intercelular ao seu
e cartilaginoso. Detém alto metabolismo, sensibilidade e redor, os osteoblastos permanecem retidos dentro de pe-
capacidade de regeneração. O osso é formado por duas quenas lacunas das quais saem canais com as projeções
regiões com relação à visão macroscópica: osso compacto citoplasmáticas. Quando o osteoblasto torna-se maduro,
(sem cavidade) e osso esponjoso (muitas cavidades comu- transforma-se em osteócito, perdendo os prolongamen-
nicantes). Do ponto de vista da visão microscópica dos os- tos citoplasmáticos, e passa a ocupar o centro da lacuna.
sos, é formado por inúmeras unidades chamadas sistemas Formam-se canalículos onde estavam os prolongamentos
de Havers. Cada um deles possui uma matriz mineralizada citoplasmáticos, e estes permitem a comunicação entre as
depositada em camadas concêntricas ao redor de um canal lacunas, possibilitando a chegada às células ósseas do gás
central, no qual há nervos e vasos sanguíneos. Através de oxigênio e de substâncias nutritivas provenientes do san-
canais transversais, os canais de Havers comunicam-se com gue. Há ainda outro tipo celular nesse tecido o osteoclasto,
a cavidade medular e com a superfície externa do osso, de- que são células principalmente ativas na destruição das
nominados canais perfurantes (canais de Volkmann). áreas envelhecidas e das áreas lesadas do osso (permitem
Cartilagem articular
a regeneração do tecido pelos osteoblastos). Os ossos es-
OpenStax College
Epífise proximal
tão sempre em constante remodelação devido à atividade
Metáfise Tecido ósseo esponjoso de destruição e de reconstrução exercidas, respectivamen-
Disco epifisários
Medula vermelha
te, pelos osteoclastos e osteoblastos.
Canal de Lamelas Osteócitos
Mavers
Arteria nutricia
Metáfise
Epífise distal
Cartilagem articular
Osteócito
Canal de Volkmann
osso esponjoso
Formação do tecido ósseo (ou ossificação)
Existem 2 tipos de ossificação: intramenbranosa e endocon-
osteócitos canal de Havers
dral. Na ossificação intramembranosa, o tecido ósseo desen-
perióstio
osso compacto volve-se a partir de uma membrana de natureza conjuntiva,
159
não cartilaginosa. Na endocondral, um pedaço de cartilagem, Quantidades adequadas de cálcio e fósforo na dieta
com forma de osso, é usado como molde para a formação de alimentar.
tecido ósseo. Assim, a cartilagem é gradualmente removida
Quantidade adequada de vitaminas, como vitamina D,
e substituída por tecido ósseo.
que auxilia na deposição de cálcio e fósforo na matriz
Molde Cartilaginoso do osso
óssea.
A B
Cartilagem hialina
não calcificada
Célula
mesenquimatosa
Pericôndrio
Centro de
ossificação
Cartilagem hialina
calcificada
Condrocito
9.2. Remodelação óssea
Cendroblasto
Área
ampliada
Periósteo
Capilar do
Matriz da
periósteo Procurador do Osteoblasto
cartilagem Osteoclasto Novo osso
Osso subperiósteo
osteoblasto maduro
Ossificação endocondral
Artéria
epifisária
C D E
Centro de ossificação
da epífase Disco cartilagionoso
epifisário
Artéria Artéria
epifisária nutridora
Epífase
REMODELAÇÃO NORMAL DO OSSO
Cavidade medular
do osso longo
Centro de ossificação
da epífase
Fragmentos
ósseos
A remodelação é o processo pelo qual o tecido ósseo an- Calo
externo
3. ossificação
tigo dá lugar ao tecido novo, e acontece em diferentes Hematoma
da fratura
do tecido regenerado
160
Com o envelhecimento, o sistema esquelético sofre perda O uso de aparelhos ortodônticos remodelam os ossos, resul-
de cálcio, fenômeno conhecido como osteoporose. A redu- tando na remodelação da arcada dentária. Esses aparelhos
ção da síntese de proteínas também ocorre com o envelhe- exercem forças diferentes das que os dentes estão natural-
cimento; quando a produção da parte orgânica da matriz mente submetidos. Nos pontos em que há pressão ocorre
óssea diminui. Consequência: acúmulo de parte inorgânica reabsorção óssea, ao passo que na posição oposta há de-
da matriz com a fragilização dos ossos, que se tornam mais posição de matriz. Os dentes movimentam-se pelos ossos
suscetíveis à fraturas. da arcada dentária e passam a ocupar a posição desejada.
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organi-
15 zação dos sistemas biológicos.
Associar o conteúdo sobre os componentes do corpo humano (células, tecidos, metabolismo e sua regulação) com
os distúrbios decorrentes do seu mal funcionamento é essencial para que possamos desenvolver soluções para seu
tratamento, promovendo melhor qualidade de vida para os portadores de doenças. É nesse contexto que o Enem
costuma abordar os conteúdos de histologia humana.
Modelo
(Enem 2017) Pesquisadores criaram um tipo de plaqueta artificial, feita com um polímero gelatinoso coberto de
anticorpos, que promete agilizar o processo de coagulação quando injetada no corpo. Se houver sangramento, esses
anticorpos fazem com que a plaqueta mude sua forma e se transforme em uma espécie de rede que gruda nas lesões
dos vasos sanguíneos e da pele.
ADAPTADO DE: MOUTINHO, S. COAGULAÇÃO ACELERADA. DISPONÍVEL EM: HTTP://CIENCIAHOJE.UOL.COM.BR. ACESSO EM: 19 FEV. 2013.
Qual é a doença cujos pacientes teriam melhora de seu estado de saúde com o uso desse material?
a) Filariose
b) Hemofilia
c) Aterosclerose
d) Doença de Chagas
e) Síndrome da imunodeficiência adquirida
Análise expositiva - Habilidades 15: A cascata de coagulação é um processo imprescindível para estancar san-
B gramentos e evitar hemorragias. Devido à importância desse processo, que também não pode ocorrer de forma
exagerada, além das plaquetas há também diversas moléculas e fatores de coagulações envolvidos na formação
do coágulo, que é desencadeada quando ocorre lesão do epitélio vascular. A hemofilia é uma doença relacionada
à ausência de um desses fatores de coagulação, que impede que ocorra coagulação adequada quando há um
sangramento. Desse modo, o desenvolvimento de uma alternativa artificial para coagulação do sangue traria
melhoria na qualidade de vida dos hemofílicos.
Alternativa B
161
DIAGRAMA DE IDEIAS
HISTOLOGIA
ÓSSEO SUSTENTAÇÃO:
MATRIZ INORGÂNICA (CÁLCIO, FÓSFORO)
MUSCULAR
NERVOSO
162
AULAS HISTOLOGIA II
23 E 24
COMPETÊNCIA: 4 HABILIDADES: 15 e 16
1. TECIDO MUSCULAR longas fibras; cada fibra é uma célula com vários núcleos
periféricos, que pode medir centímetros de comprimento.
Fundamental na locomoção, na contração do coração e No citoplasma encontram-se as fibras contráteis dispostas
das artérias (vasos sanguíneos), dos órgãos do tubo diges- longitudinalmente, as miofibrilas, constituídas de 2 tipo de
tório e outros. Fibras musculares são as células dos tecidos fibras proteicas, miosina (grosso) e actina (fina). Essas pro-
musculares, que são alongadas e têm o nome de mióci- teínas são organizadas de modo que originam as bandas
tos. Citoplasma rico em filamento proteico de actina de transversais (claras e escuras), particularidades das células
miosina, que são responsáveis pela contração e distensão musculares estriadas esqueléticas e cardíacas.
dessas células. Para um músculo ser estimulado a ser con- Tecido muscular estriado
traído, é necessário que os filamentos de actina deslizem
entre os filamentos de miosina, o que leva à diminuição de
tamanho da célula, caracterizando a contração.
involuntária
Sarcômero
Linha Z Linha Z
Retículo
Fibra Túbulos T Sarcoplasmático
Núcleo
Filamento grosso
Filamento delgado
Troponina
163
Músculo
Sarcômero estirado Tecido muscular estriado cardíaco
estirado
164
Tecido muscular liso ou não estriado
As células musculares lisas não possuem estriação trans-
2. TECIDO NERVOSO
versal, atributo das células musculares cardíacas e esquelé- Os seres vivos interagem com o meio e reagem aos estímu-
ticas. Ao longo do comprimento da célula, os filamentos de los ambientais. Assim, mudanças ambientais, como calor e
actina e de miosina não se alinham. frio, sons, choques, são percebidas pelo indivíduo. O tecido
nervoso é o responsável pela recepção do estímulo e pela
Tecido muscular liso
escolha da resposta adequada muscular. No tecido nervo-
so praticamente não existe substância intercelular. Seus
fundamentais constituintes celulares são os neurônios e as
células da glia.
Neurônios
São células nervosas que recebem, codificam e transmitem
estímulos nervosos, permitindo ao indivíduo responder. Às
mudanças do meio. São longas, podendo atingir até cerca
de um metro de comprimento. São células compostas por
um corpo celular, de onde saem dois tipos de prolonga-
mento: axônio e dendritos.
Dendritos são especializados na recepção de estímulos, e
TECIDO MUSCULAR LISO
possuem ramificações citoplasmáticas. O impulso nervoso
Os miócitos são fusiformes, uninucleados, alongados e com é sempre transmitido no mesmo sentido: dendrito, depois
as extremidades afiladas, de contração lenta e involuntária. corpo celular e axônio.
Esse tipo de tecido é encontrado em grande parte do sis-
tema digestório (esôfago, estômago e intestinos), que é
responsável pelo peristaltismo nesse sistema.
CÉLULA
CélulaRELAXADA
relaxada do
DO músculo
MÚSCULOliso
LISO
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
CÉLULA
Célula contraídaDOdoMÚSCULO
CONTRAÍDA músculoLISO
liso Mecanismo de contração muscular
VIVENCIANDO
Uma das grandes lacunas da ciência se dá com relação ao funcionamento do nosso cérebro. O tecido nervoso, em
muitos aspectos, ainda é algo nebuloso para os pesquisadores, porém alguns fatos já são conhecidos sobre esse
tecido, e esse conhecimento auxilia médicos e pesquisadores a descobrirem causas e possíveis tratamentos para
distúrbios neurológicos, aumentando a qualidade de vida dos pacientes.
165
pouso. Se um estímulo chegar até o neurônio, pode acon-
Neurotransmissor
Vesículas sinápticas
Sinapse
(axoaxônica)
tecer mudança na permeabilidade da membrana, o que
RER
Fenda sináptica
Terminal axônico
vai levar a entrada de sódio na célula e pequena saída de
(corpo de Nissl)
Baínha de mielina
(Célula de Schwann)
A despolarização se propaga pelo neurônio, o que seria
Núcleo
Nucléolo
Axônio
Núcleo
o impulso nervoso. Logo após a passagem do impulso, a
membrana repolariza-se, e readquire seu estado de repou-
Membrana (Célula de Schwann)
Microtúbulo
Mitocôndria
REL
so, o que leva à interrupção da transmissão do impulso.
Microfilamento
Microtúbulo
Sinapse Axônio
(axodendrítica)
Células da glia
Neuroglia ou glia são muitos tipos celulares relacionados à
função de nutrição e sustentação dos neurônios, e também
à produção de mielina e à fagocitose.
Os tipos de glia diferem na forma e função, assim cada tipo
tem um papel diferente no organismo.
O estímulo causador do impulso nervoso necessita ser su-
Os astrócitos alimentam a rede de circuitos nervosos e ficientemente forte, acima de um certo valor, que discrepa
fornecem suporte mecânico. entre os tipos de neurônios, para levar à despolarização
Os oligodendrócitos fazem função semelhante às cé- que modifica o potencial de repouso em potencial de ação.
lulas de Schwann: sintetizam bainhas protetoras sobre Esse estímulo chamamos de estímulo limiar. Inferiormente
os neurônios. a esse valor, o estímulo não desencadeia o impulso nervo-
A micróglia é um tipo especializado de macrófago, fa- so. Um estímulo superior ao limiar gera o mesmo potencial
gocita detritos e restos celulares do sistema nervoso. de ação, conduzido ao longo do neurônio. Dessa maneira,
não há variação de intensidade de um impulso nervoso
Células de Schwann
devido ao aumento do estímulo; esse processo obedece
São células especiais que envolvem certos tipos de neurô- à regra do “tudo ou nada”. Assim, número de neurônios
nios. Enrolam-se dezenas de vezes em torno do axônio e for- despolarizados e a frequência de impulsos reflete na inten-
mam uma capa membranosa chamada bainha de mielina. sidade das sensações depende.
A bainha de mielina age como isolante elétrico, o que causa
aumento na velocidade de propagação do impulso nervoso.
166
Neurotransmissor
Receptor
Mitocôndria
Regeneração das células nervosas
Há alguns anos, não se acreditava na formação de no-
vos neurônios. Porém, hoje, o processo de neorogênese,
Vesícula
produção de novos neurônios, é amplamente aceito
pela comunidade cientifica. A produção de novas célu-
Fenda sináptica
Axônio las nervosas não ocorre através do processo de mitose,
mas sim através de células indiferenciadas, presentes
Dentritos
no cérebro, que passam a ser células com função es-
pecífica, os neurônios. Esse processo ocorre em áreas,
A transmissão do impulso nervoso propaga-se através de como a região hipocampal, local relacionado com a
uma região denominada sinapse. A Sinapse é o sítio de formação de novas memórias.
comunicação entre neurônios ou entre o neurônio e a célu-
la efetora. Pode ser química ou elétrica.é a mais comum, na
qual não há contato entre as membranas das duas células,
que ficam distantes devido a um espaço chamado fenda si-
náptica. Os mediadores químicos, chamados neurotransmis-
sores, são liberados na porção terminal do axônio, através de
vesículas secretoras. Ao cair na fenda sináptica, esses neu-
rotransmissores geram os impulsos nervosos na célula subse-
quente. Depois, os neurotransmissores, já na fenda sináptica,
são destruídos por enzimas específicas, inibindo seus efeitos.
Células de
Schwann
Nódulos de
Ranvier
multimídia: sites
www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/
A epitelio3.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/
Potencial de ação
Organizacao3.php
No sistema nervoso, existem neurônios dispostos de for- www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/
mas distintas, o que resulta em regiões com coloração epitelio27.php
própria que podem ser observadas macroscopicamente:
na substância cinzenta (corpos celulares) e na substância
branca (os axônios).
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Impulso nervoso
167
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
A neurotransmissão envolve o que chamamos de potenciação de ação. Esse processo consiste em impulsos elétricos
através das células nervosas, os neurônios, que passam a informação para a próxima célula nervosa, fazendo a co-
municação entre todo o organismo e promovendo a interação do indivíduo com o meio. Conceitos de física elétrica
auxiliam essa área da Biologia, dando embasamento para muitas teorias e processos.
Habilidade
Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organi-
15 zação dos sistemas biológicos.
Compreender a composição e metabolismo dos componentes do corpo humano (células e tecidos) e os distúrbios
decorrentes do seu mal funcionamento é essencial para que possamos desenvolver soluções para seu tratamento,
promovendo melhor qualidade de vida para os portadores dessas doenças. É nesse contexto que o Enem costuma
abordar os conteúdos de histologia humana.
Modelo
(Enem) A água é um dos componentes mais importantes das células. A tabela a seguir mostra como a quantidade de
água varia em seres humanos, dependendo do tipo de célula. Em média, a água corresponde a 70% da composição
química de um indivíduo normal.
168
Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido para análise em um laboratório. Enquanto intacta, essa
amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa, quando se retirou toda a água do tecido, a amostra passou a pesar
80 mg. Baseado na tabela, pode-se afirmar que essa é uma amostra de:
a) tecido nervoso – substância cinzenta.
b) tecido nervoso – substância branca.
c) hemácias.
d) tecido conjuntivo.
e) tecido adiposo.
Análise expositiva - Habilidades 15: Os diferentes tecidos apresentam um teor de água ligado as suas carac-
D terísticas morfológicas e à intensidade de seu metabolismo. Para desenvolver a questão, é necessário utilizar os
dados fornecidos para identificar a porcentagem de água no tecido amostrado e, em seguida, utilizar os valores
de referência apresentados na tabela. Desse modo, após a secagem, verifica-se que a amostra de tecido passou
de 200 mg para 80 mg, revelando que o teor hídrico do tecido analisado era de 120 mg, correspondentes a 60%
de água. Logo, a amostra é de tecido conjuntivo.
Alternativa D
169
DIAGRAMA DE IDEIAS
HISTOLOGIA EPITELIAL
CONJUNTIVO
FIBRAS CONTRÁTEIS
MUSCULAR (ACTINA E MIOSINA)
• VOLUNTÁRIO
ESQUELÉTICO • FIBRAS VERMELHAS: LENTAS
ESTRIADO • FIBRAS BRANCAS: RÁPIDAS
CARDÍACO • INVONLUTÁRIO
• RITMADO
RECEBE E TRANSMITE
NERVOSO ESTÍMULOS NERVOSOS
• NEURÔNIOS
CÉLULAS • DE SHWANN (BAINHA DE MIELINA)
• DA GLIA
• UNIDIRECIONAL:
TRANSMISSÃO DO
DENTRITO CORPO CELULAR AXÕNIO
IMPULSO NERVOSO
• SINAPSE QUÍMICA:
NEUROTRANSMISSORES
170
AULAS PRODUÇÃO DE ENERGIA EM HETERÓTROFOS:
25 E 26 RESPIRAÇÃO E FERMENTAÇÃO
COMPETÊNCIA: 5 HABILIDADE: 18
Primeiramente, é preciso esclarecer que, de modo geral, as Adenosina trifosfato (ATP) Ribose
las “intermediárias” são geradas com a energia obtida Difosfato de adenosina (ADP) Ribose
Adenosina monofosfato
(AMP)
Transportadores de elétrons
NAD+, NADP e FAD são moléculas complexas que cap-
Adenosina difosfato
turam elétrons e átomos de hidrogênio desprendidos de
(ADP) reações químicas no interior das células, onde acontecem a
produção e a degradação de substâncias orgânicas. Assim
Adenosina trifosfato
são nomeadas transportadoras de hidrogênios e acepto-
(ADP) ras de elétrons. Suas formas oxidadas estão representadas
pelo NAD+, NADP+ e FAD. O NAD+ e o FAD são nucleo-
tídeos unificados, respectivamente, às vitaminas nicotin-
Adenosina monofosfato cíclico
(cAMP)
amida e riboflavina. Por isso, NAD+ é a sigla de Nicotinami-
da-Adenina-Dinucleotídeos, e FAD, a sigla das moléculas
Flavina-Adenina-Dinucleotídeo. O NADP compreende um
O ATP armazena energia em duas de suas ligações-fosfato, grupo fosfato (P).
que se desprende assim que uma delas se rompe. Geral-
mente, só ocorre a quebra de uma ligação fosfato se resul- Ao receberem elétrons e hidrogênios, NAD+, NADP+ e FAD
tar desta equação: ficam reduzidos.
171
m – modificação da glicose – são utilizadas duas moléculas
NAD+ (forma oxidada) m NADH (forma reduzida)
de ATP – uma vez que as enzimas necessitam de energia
para realizar sua função – e ao todo são produzidas quatro
NADP+(forma oxidada) m NADPH (forma reduzida)
m moléculas de ATP, conforme detalhado na imagem, o saldo
da glicólise é 2 ATP a cada molécula de glicose.
FAD (forma oxidada) m FADH2 (forma reduzida)
m
1. RESPIRAÇÃO CELULAR
A respiração celular é basicamente um processo de ex-
tração de energia química armazenada em moléculas de
substâncias orgânicas. A intensidade da respiração tem
relação com a necessidade metabólica de cada célula e
pode ser medida pelo gás carbônico liberado e oxigênio Como na primeira etapa do processo – modificação da
absorvido. Para retirar efetivamente dos nutrientes a ener- glicose –, são utilizadas duas moléculas de ATP – uma
gia imprescindível à atividade celular, são necessários três vez que as enzimas necessitam de energia para realizar
mecanismos: a glicólise (ocorre no citosol, não precisa de sua função –, e ao todo são produzidas quatro molécu-
oxigênio - processo anaeróbio), o ciclo de Krebs e a fosfo- las de ATP, o saldo da glicólise é 2 ATP a cada molécula
rilação oxidativa (ocorrem nas mitocôndrias e no caso da de glicose.
última usa oxigênio).
ATP sintase
172
progressiva degradação de glicose. Os hidrogênios foram
aceptados por substâncias especiais, o NAD+ e o FAD, e re-
duzidas a NADH, e a FADH2. NADH e FADH2 devem ligar-se
ao oxigênio para que, com a transferência dos hidrogênios,
forme-se água. A ligação dos aceptores com oxigênio não
é direta, os hidrogênios em vez de serem entregues dire-
tamente ao oxigênio são transferidos de uma substância
para outra, para compor uma cadeia que possibilita a liber-
ação gradativa de energia, usada para a produção de ATP,
a partir de ADP e fosfato. Depois que a energia foi utilizada
para produção de ATP, decorrente de sucessivas oxidações,
diz-se que ocorreu fosforilação oxidativa.
aceptores de hidrogênio o NAD+ e FAD
transportadores de elétrons o citocromos
Durante esse ciclo, são produzidas três moléculas de
NADH, uma de FADH2, duas moléculas de CO2 e uma de
GTP (guanosina trifosfato), responsáveis por armazenar
parte da energia que logo será transferida para a molécu-
la de ATP.
Apesar de o ciclo de Krebs ser exemplificado a partir de
um produto originado do processamento (glicólise) de
um carboidrato, também podem participar desse ciclo
lipídios e proteínas, bem como, para sua síntese, podem
utilizar-se de produtos originados no ciclo de Krebs.
multimídia: vídeo
1.3. Cadeia respiratória FONTE: YOUTUBE
Acontece nas cristas mitocondriais. Na glicólise e no cic- Biologia - Respiração celular
lo de Krebs são liberados hidrogênios como resultado da
VIVENCIANDO
173
A cadeia pode ser iniciada pelo NADH2 ou FADH2. Quando Etapas da ATP ATP Saldo
começa pelo NADH2, ele transfere dois prótons de hidrogê- NADH FADH2
respiração gasto produzido de ATP
nio para o FAD, que se reduz a FADH2. Se iniciada pelo
Glicólise 2 — 2 4 2
FADH2, ao oxidar-se a FAD, ele libera dois prótons hidrogê-
nios H+. Em consequência passa a dispor de dois elétrons Formação de
2 — — — —
acetil-coa
dos hidrogênios, que são transferidos para os citocromos.
Os citocromos possuem ferro. Se receberem elétrons, o Fe3+ Ciclo de Krebs 6 2 — 2 2
reduz-se a Fe2+. Se perderem elétrons, o Fe2+ oxida-se para Fosforilação 2 a 2,5 1 a 1,5
— 22 a 28 22 a 28
Fe3+. Desse modo, os elétrons são passados de um citocro- oxidativa ATP ATP
e-
NAD
-
e interior
citocromo citocromo
ADP + Pi ATP c a ATP sintase
e-
ADP + Pi ATP
citocromo
a3 O2
H+ e-
H2O
ATP SINTASE
Destaca-se que:
o ADP sai do citosol e entra na mitocôndria, onde é Durante a entrada de prótons com auxílio da ATP sintase,
utilizado para síntese de ATP, que, por sua vez, vai para usa-se a energia para produzir ATP. Essa teoria que tende
o citosol, onde age como “combustível’ para alimentar explicar a produção de ATP a partir de energia do gradiente
as reações químicas; de prótons é conhecida como hipótese quimiosmótica.
na fosforilação oxidativa são produzidos cerca de 32 mol de
ATP, o que constitui a etapa de maior rendimento energéti-
co da respiração aeróbia; no entanto, como a mitocôndria
precisa utilizar energia, o saldo de ATP é cerca de 30;
por isso a respiração aeróbia é definida como a oxi-
dação total da glicose em presença de oxigênio;
parte da energia liberada dos nutrientes é dissipada em
forma de calor, utilizado para aquecer o corpo.
O balanço energético da respiração aeróbia pode ser assim
representado:
174
2. FERMENTAÇÃO Portanto, para produzir a mesma quantidade de ATP, é ne-
cessário consumir cerca de 18 vezes mais glicose do que
É oxidação incompleta da glicose sem necessidade de em condições aeróbicas. Sob o ponto de vista energético,
oxigênio feita por alguns seres vivos. Nesse processo de- a glicólise libera apenas uma pequena fração de energia
nominado de fermentação, a quebra da glicose (glicólise) total disponível na molécula da glicose.
termina com a fabricação de apenas dois ATPs. A fermen-
tação é um processo efetivado por micro-organismos: Aplicações da fermentação lática
fungos, bactérias, as vezes pelo nosso próprio corpo. Prati- Alguns alimentos podem ser estragados pelo crescimento
camente, todos os ser vivos podem usar a glicose para e atuação de bactérias ácido-láticas. Mas a importância
sintetizar a energia necessária aos seus processos me- desses microrganismos consiste no seu significativo em-
tabólicos. A glicose e outros açúcares são transformados prego na indústria alimentar. Queijos maturados, conser-
em outras substâncias que liberam energia. Dependendo vas, chucrute e linguiças fermentadas são alimentos que
do tipo de microrganismos e do meio em que vivem, de- podem ser conservados durante tempo admiravelmente
termina-se o tipo substâncias que será produzida. Existem maior que a matéria-prima da qual eles foram feitos. Além
vários tipos de fermentação, como: lática, alcoólica, acética de mais estáveis, os alimentos fermentados contêm aroma
e butírica. e sabor característicos que procede direta ou indiretamente
dos organismos fermentadores. Há casos em que o conte-
2.1. Fermentação lática údo de vitaminas dos alimentos cresce juntamente com o
acréscimo da digestibilidade da sua matéria-prima.
É a oxidação anaeróbica parcial de hidratos de carbono
que leva a produção final de ácido lático e de outras sub- Fermentação lática no músculo
stâncias orgânicas. É um processo microbiano muito impor- Durante o esforço muscular intenso, a quantidade de
tante usado na fabricação de laticínios, picles e chucrute e oxigênio que chega nos músculos não é suficiente para
na conservação de forragens. É também responsável pela abastecer toda a energia imprescindível para a atividade
deterioração de diversos produtos agrícolas. desenvolvida. Células musculares passam então a realizar
fermentação lática, cujo ácido lático acumula-se no interior
2.1.1. Etapas da fermentação lática das fibras produzindo dores, cansaço e cãibras. Em segui-
da, uma parte desse ácido é conduzida pela corrente san-
Glicólise guínea para o fígado, onde é convertido em ácido pirúvico.
Processo parecido ao sucedido na respiração aeróbia. A Em repouso, a célula muscular produz um excesso de ATP,
equação global final para a glicólise é: que transmite sua energia para outro composto, a creatina
fosfato. Ela é mais estável e permanece por mais tempo ar-
Glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi o 2 Piruvato + mazenada na célula. Em caso de contração muscular, esse
2NADH + 2H+ + 2ATP + 2H2O composto cede energia para produção de ATP.
Fermentação lática
Sucedida a glicólise, a redução do piruvato é catalisada pela
enzima lactato-desidrogenase. O equilíbrio global dessa re-
ação favorece significativamente a formação de lactato. Mi-
cro-organismos fermentadores regeneram continuamente o
NAD+ ao transferirem os elétrons do NADH que formam um
produto final reduzido, como no caso o lactato.
multimídia: sites
www.sobiologia.com.br/conteudos/bioqui-
mica/bioquimica3.php
O rendimento em ATP da glicólise sob condições anaeróbicas
– 2 ATP por molécula de glicose – é muito menor que o obti- www.infoescola.com/citologia/respiracao-celular/
do na oxidação completa da glicose sob condições aeróbicas.
175
2.2. Fermentação alcoólica 2.3. Outros tipos de fermentação
As leveduras usadas em cervejarias, em padarias,
pela realização de fermentação alcoólica, fermentam 2.3.1. Fermentação cítrica
a glicose em etanol e CO2. Regularmente, os fungos Largamente utilizado nas indústrias de alimento, refrige-
(leveduras) empregados na produção de vinho e pães rantes, medicamentos, tintas e outras, o ácido cítrico era
são anaeróbicos facultativos, isto é, se, em ambiente anteriormente extraído de frutos cítricos. Hoje é obtido por
oxigenado, realizam respiração aeróbica, em ambiente oxidação parcial anaeróbica de hidratos de carbono – sa-
sem oxigênio, realizam fermentação. carose, notadamente – por ação de certos fungos, dentre
eles Aspergillus níger, A. wentii e Mucor spp.
2.2.1. Etapas da fermentação alcoólica
2.3.2. Fermentação butírica
O processo de glicólise comum às fermentações produz
ácido pirúvico, que se encontra no meio celular ioniza- Trata-se de uma reação química realizada por bactérias
do na forma de piruvato; e reduzido, o NADH. Consid- anaeróbias, mediante a qual se forma o ácido butírico,
processo descoberto por Louis Pasteur, em 1861. É produ-
erando que a quantidade de NADH é limitada e que ele
zido a partir da lactose ou do ácido lático, formando áci-
é necessário na sua forma oxidada (NAD+) na glicólise,
do butírico e gás. É característica das bactérias do gênero
consequentemente, na continuação do processo de pro-
Clostridium, que exalam odores pútridos e desagradáveis.
dução de energia, o NADH tem de ser oxidado. A forma
A fermentação butírica ocorre por ação de bactérias da
como ele será oxidado caracteriza o tipo de fermentação;
espécie Clostridium butyrium em ambiente sem oxigênio.
regularmente se utiliza outro subproduto da glicólise: o
piruvato ou seus derivados. Na fermentação alcoólica, o
piruvato sofre descarboxilação graças à ação da enzima 2.3.3. Fermentação acética
piruvato descarboxilase, que dá origem ao aldeído acéti- Consiste na oxidação parcial, anaeróbica, do álcool etílico, que
co. Esse aldeído sofre redução, oxida o NADH para NAD+ produz ácido acético. É um processo utilizado na produção de
e forma o etanol, processos intermediados pela enzima vinagre comum e do ácido acético industrial. Desenvolve-se
álcool desidrogenase. também na deterioração de certos alimentos e de bebidas de
baixo teor alcoólico. É realizada por bactérias denominadas ace-
tobactérias. Conferindo o gosto característico de vinagre e CO2,
as bactérias acéticas constituem um dos grupos de microrga-
nismos de maior interesse econômico. De um lado, pela função
que exercem na produção do vinagre; de outro, pelas alterações
que provocam nos alimentos e bebidas. Essas bactérias acéticas
necessitam do oxigênio do ar para realizarem a acetificação. Em
razão disso multiplicam-se mais na parte superior do vinho que
está sendo transformado em vinagre, formando um véu conhe-
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA cido como “mãe do vinagre”, véu esse que pode ser mais ou
menos espesso de acordo com o tipo de bactéria.
A fermentação e a respiração são processos bioquímicos que necessitam do embasamento de conceitos químicos,
como reagentes e produtos, e das enzimas envolvidas nessas reações químicas. A estrutura das moléculas que parti-
cipam desses processos também auxilia na compreensão desse metabolismo energético.
176
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidade
Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às
18 finalidades a que se destinam.
O conhecimento dos processos metabólicos na produção de energia é importante tanto para o estudo relacionado a
nossa saúde e bem-estar como também são muito explorados na indústria alimentícia, devido aos diferentes meta-
bolismos energéticos encontrados em microrganismos. Desse modo, apesar da complexidade das reações químicas
relacionadas a esse assunto, as questões do Enem geralmente cobram que o aluno consiga compreender a visão
geral desses processos e suas consequências, principalmente quando aplicados à indústria alimentícia.
Modelo
(Enem) Há milhares de anos, o homem faz uso da biotecnologia para a produção de alimentos como pães, cervejas e
vinhos. Na fabricação de pães, por exemplo, são usados fungos unicelulares, chamados de leveduras, que são comer-
cializados como fermento biológico. Eles são usados para promover o crescimento da massa, deixando-a leve e macia.
Análise expositiva - Habilidades 18: Na fabricação de pães se utiliza leveduras para promover o crescimento da
A massa. Esses organismos realizam fermentação alcoólica (tipo de metabolismo anaeróbico pelo qual os fungos
produzem energia através do consumo de açúcares provenientes da massa e como produto se obtém álcool, que,
neste caso, irá evaporar no forno) e liberam gás carbônico (responsável pelo crescimento da massa, já que criam
bolhas que ficam retidas, deixando o pão aerado no seu interior).
Alternativa A
177
DIAGRAMA DE IDEIAS
ETAPAS
2ATP + PRODUTO
FERMENTAÇÃO GLICOSE
PIRUVATO FINAL
2NADH 2NAD+
ETAPAS
178