IMSLP702139-PMLP1122371-Tutorial - Pos Doc - 2021 - 2
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CLARINETA CLÁSSICA
para o clarinetista moderno
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................ ii
O Tutorial...................................................................................................................................................... iii
A clarineta clássica ....................................................................................................................................... iv
Da necessidade de adaptação à clarineta clássica ........................................................................................ v
Adaptação à clarineta clássica por imagens memorizadas .......................................................................... vi
TUTORIAL .......................................................................................................................................................... 1
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
APRESENTAÇÃO
As duas partes deste material, a Apresentação e o Tutorial, resultaram do trabalho de pós-doutorado
realizado sob orientação da professora e doutora Mônica Isabel Lucas, no Programa de Pós-
Graduação em Música da ECA/USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
Os objetivos iniciais do pós-doutorado foram, apenas: a) conhecer a literatura da performance
historicamente informada referente à clarineta clássica, b) explorar mais profundamente parte do
repertório do século XVIII para o instrumento, c) qualificar minha performance neste instrumento e
d) elaborar um estudo sobre a interpretação de três sonatas do período para o instrumento, já que
sou professor de clarineta da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS/UFBA).
Contudo, durante o processo, compreendi mais profundamente a importância dos conhecimentos e
das habilidades interpretativas desta prática de performance musical para a formação profissional
do clarinetista moderno, ainda que ele não almeje ser um especialista na mesma. Além disso, dei
conta da escassez e a dificuldade de acesso a materiais didáticos relacionados ao assunto,
principalmente, no Brasil. Assim, conclui ser mais útil para a área da clarineta no país substituir o
último objetivo citado acima (estudo sobre interpretação de obras do período) pela elaboração de
um tutorial para a iniciação do clarinetista moderno à prática da clarineta clássica seguindo os
conceitos da performance musical historicamente informada. Tal material, inclusive, terá mais
aplicabilidade para minha atuação acadêmica (pesquisa, ensino e produção artística) do que o
estudo, anteriormente, planejado. Deste modo, a Apresentação faz uma breve reflexão sobre
questões do Tutorial e o Tutorial, em si, seleciona e organiza informações, trechos de métodos, peças
do repertório, referências bibliográficas e exercícios próprios, básicos, para a introdução à execução
musical historicamente informada.
Para a elaboração do Tutorial, foram realizadas leituras, reflexões e discussões sistemáticas para
definir, escolher, criar e ordenar seu conteúdo criteriosamente, pois a bibliografia atual é vasta e são
muitos os tratados, métodos e repertórios do período. Elas foram feitas a partir de meu processo
como clarinetista moderno aprendendo a clarineta clássica e em diálogos com a orientadora, doutora
especialista em performance historicamente informada no instrumento. Esta Apresentação, assim
como os textos do Tutorial, formam um registro parcial deste estudo e ponderações, sendo que
ambos fazem uso da literatura trabalhada e inclusa no fim do material. No caso do Tutorial, os
principais autores foram Frans Vester, Leonard Ratner, Eric Hoeprich, Sandra Rosemblum, Colin
Lawson e Luciano Pereira. Estão escritos a partir de meus conhecimentos, experiências pessoais e
compreensão do processo vivenciado. Neste sentido, trata-se de um relato autobiográfico.
Considerando os objetivos, tempo de duração e o escopo do pós-doutorado e do próprio Tutorial,
não houve a possibilidade de discutir a fundamentação do estudo em teorias e conceitos didáticos.
Tal procedimento requereria longas exposições teóricas, análises e discussões, “costuradas” a partir
do emprego de uma metodologia científica apropriada tanto para investigar meu processo de
aprendizagem da clarineta clássica como o de escrever o Tutorial. Quanto aos termos utilizados, eles
foram selecionados de diversos meios artísticos e educacionais que tenho participado, ao longo de
35 anos de atividades, e pelos quais tenho observado o conhecimento do instrumento ser
comunicado informalmente na área. Suas definições têm, certamente, equívocos e contradições
entre os colegas. Assim, o Tutorial é resultado de um processo de autoanálise e reflexão, dialogado
com a orientadora, referente à minha própria aprendizagem da clarineta clássica e sobre os métodos,
repertórios e literatura estudados. Meu propósito é empregá-lo em minha atividade docente e em
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
prática instrumental. Entretanto, apesar de confeccionado a partir de uma experiência pessoal e sem
uma pesquisa científica sistematizada, creio que, na carência de algo melhor, ele poderá ser utilizado
ou adaptado por outros profissionais.
Acrescento, ainda, que o conhecimento da execução musical historicamente informada,
fundamentada nos tratados do século XVIII, e a prática da clarineta clássica amplia não apenas os
recursos teóricos e práticos do clarinetista moderno para interpretar a música da segunda metade
do século XVIII, mas também para interpretar a música dos períodos históricos anteriores e
posteriores a este.
O Tutorial
Este Tutorial destina-se exclusivamente para o aprendiz ou profissional da clarineta moderna que
deseja iniciar-se na clarineta clássica, aprendendo a tocá-la segundo os conceitos da performance
historicamente informada. Para seu uso, apesar de se tratar de uma introdução prática ao tema,
indicamos ter um orientador especializado, ler a literatura indicada ao fim do material didático,
estudar gravações de músicos expertos no assunto e pesquisar tópicos em sites apropriados. Ele está
dividido em seis partes. Nas atividades da Parte I, o aprendiz conhecerá, primeiramente, as diferenças
organológicas e sonoras gerais entre a clarineta clássica e a moderna. Em seguida, ele exercitará sua
adaptação técnica e sensorial a estas diferenças. Por último, trabalhará a concepção sonora que
deseja ter no instrumento e o domínio técnico destas diferenças que incluem produção do som,
afinação e articulação. Didaticamente, a Parte I está dividida em quatro fases. A primeira é aquela de
descobrir o instrumento e explorá-lo de maneira geral, onde o instrumentista toca notas, escalas e
trechos de peças que bem desejar. Chamemos esta fase de exploratória e, para ela, o Tutorial não
traz nenhum exercício escrito. Cada um explora o instrumento como desejar. A segunda fase trata
do processo de conhecer e compreender detalhadamente como o instrumento é construído e se
comporta. Denominemos esta fase de investigativa e a ela está dedicada a primeira atividade escrita
do Tutorial, intitulada Série A, quando exercitada conforme o Modo de Prática 1, apresentado
juntamente com ela. A terceira fase pode ser chamada de construtiva, onde o instrumentista
construirá sua sonoridade no instrumento clássico, trabalhando-a por meio da expansão de sua
técnica de tocar o instrumento moderno. A técnica de se tocar a clarineta clássica não substituirá a
do instrumento moderno, mas sim a ampliará. Todas as atividades da Parte I são utilizadas para este
propósito, inclusive a Série A, quando praticada segundo o Modo de Prática 2.
Na Parte II, são utilizados dois duetos para se trabalhar afinação com intervalos harmônicos. Nas
Partes III e IV, são introduzidos danças e estilos composicionais diversos, respectivamente, para se
trabalhar suas diferenças de execução. Ouvir para aprender – buscar fontes e repertórios gravações
vídeos na internet O repertorio da clarineta clássica pertence a segunda metade do século XVIII,
boom da clarineta.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
A clarineta clássica
A família da clarineta clássica é ampla. Ela inclui clarinetas em diversas tonalidades (Dó, Si bemol e
Lá, principalmente), bassetthorn e a clarineta basset. A clarineta possui, costumeiramente, cinco
chaves. O Tutorial está elaborado exclusivamente para a clarineta, independentemente, de sua
tonalidade. Contudo, ele serve também de introdução ao estudo do bassetthorn e da clarineta
basset. Na figura abaixo
Figura 1: Clarineta clássica em Si bemol e Bassetthorn
Fonte: http://www.zingales.net/PhotoGallery.htm
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Fonte: http://www.stockbridgesinfonia.org/music2017/MozartClarinetConcerto/MozartClarinetConcerto.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
importante ter o máximo de contato com o instrumento clássico e sua área, principalmente,
frequentando performances ao vivo, ouvindo gravações, assistindo vídeos, conversando com
colegas, escutando a opinião de especialistas, experimentando diferentes palhetas, boquilhas e
instrumentos, e lendo a literatura tanto da época como a atual.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
como são (intactas), ampliadas e, em alguns casos, alteradas. Alteração, aqui, refere-se ao processo
que requer mudança parcial de uma dada memória-imagem consolidada, enquanto ampliação indica
sua expansão somente. Certas funções necessárias para se tocar a clarineta clássica não poderão ser
desempenhadas por memórias-imagens construídas na e para a clarineta moderna. Elas terão que
ser desempenhadas por memórias-imagens recém-criadas. Assim, o clarinetista precisará:
1. criar (novas) memórias-imagens;
2. ampliar algumas já consolidadas;
3. alterar outras, se necessário;
4. verificar a eficácia delas dentro da teia das inter-relações necessárias para tocar o repertório;
5. efetivar o funcionamento sistêmico destas inter-relações;
6. obter fluência no uso do novo conjunto, independente do outro já existente.
As imagens musculoesqueléticas novas, ampliadas e alteradas serão formadas nos processos de:
1. aprender cada novo dedilhado e as diversas combinações dele com os demais,
2. adaptar a embocadura à boquilha e palheta menores e de diferente dureza, e
3. ajustar a emissão do sopro a um instrumento com menor grau de resistência para produzir
suas notas, suas diversas nuances sonoras e o universo de possibilidades de conexões e
passagens entre elas.
O processo de ampliação ou de alteração de uma memória-imagem pode seguir o mesmo de sua
construção, descrito acima. Talvez seja mais fácil acrescentar algo a uma imagem ou movimento
musculoesquelético cristalizado, por anos de trabalho, do que alterá-lo. Porém, isso é relativo, pois
são muitas as varáveis envolvidas e cada pessoa sente diferentemente. O que acreditamos, em
relação a estes dois processos, é que a presença da flexibilidade musculoesquelética da memória-
imagem-ação pode desempenhar um papel significativo. Em se tratando de embocadura, por
exemplo, quando disposta de alto grau de flexibilização musculoesquelética, ela pode mais
facilmente ser retrabalhada e ter suas funções expandidas.
Quanto a adaptação sensorial, talvez as memórias-imagens do som sejam as que requerem maior
atenção na aprendizagem da clarineta clássica por parte do clarinetista moderno. Trata-se das
imagens sonoras referentes à altura das notas, timbre, envelope dinâmico e discurso musical,
estabelecidas pela prática da performance historicamente informada e que, preeminentemente,
diferem da prática musical da clarineta moderna. A altura das notas, como mencionado, ocorre
dentro da afinação do Lá = 430 Hz. A clarineta clássica tem timbre próprio, distinto do instrumento
moderno. O envelope dinâmico compreende o conjunto das variáveis de cada nota conhecido como
ADSR: ataque, decay (decaimento), sustain (sustentação) e release (repouso). Como a gama de
intensidades da clarineta clássica é menor do que a da moderna, seus envelopes dinâmicos também
terão, naturalmente, amplitudes menores ao longo da performance de uma obra. Além disso, os
envelopes dinâmicos prescritos pelos tratados e métodos do século XVIII para a performance de
determinados desenhos composicionais são, geralmente, diferentes dos praticados pelos
executantes da clarineta moderna. O tratamento sonoro recomendado para os discursos musicais do
período segue as métricas de compasso, as indicações da partitura e outras informações históricas
de estilo, e ele também, raramente, coincide com a prática da clarineta moderna. Assim, estas
imagens sonoras de envelopes dinâmicos e de discursos musicais estão, diretamente, ligadas à
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
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TUTORIAL
Para Introdução à Clarineta
Clássica
Para o clarinetista moderno
JOEL BARBOSA
2020
QUADRO DE DEDILHADOS
Quadro retirado do Méthode de Clarinette de Xavier Le Fevre (Jean Xavier Lefévre) (1763-1829), publicado pelo Conservatoire de Musique em 1802.
Notas diatônicas:
TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Notas cromáticas:
Quadro retirado do Nouvelle Méthode de Clarinette do Frédéric Blasius. Ed. Porthaux, 1796.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
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Explicação do quadro de dedilhados:
Os números referem-se aos furos de cima para baixo da gravura da clarineta nos quadros:
1 – Furo do registro.
2 – Furo do polegar esquerdo.
3 – Furo da chave do Lá.
4 – Furo do dedo indicador esquerdo.
5 – Furo do dedo médio esquerdo.
6 – Furo do dedo anelar esquerdo.
7 – Furo do dedo indicador direito.
8 – Furo do dedo médio direito.
9 – Furo do dedo anelar direito.
10 – Furo do dedo mínimo direito.
11 – Furo da chave Sol#/Ré #.
12 – Furo da chave Fá#/Dó#.
13 – Furo da chave Mi/Si.
Dicas de dedilhados:
• Se precisar abaixar a afinação do Si bemol grave, pode se aproximar o médio da mão direita do furo.
• O Si natural grave é obtido fechando apenas metade do furo do indicador da mão direita, podendo
fechar a metade superior, da lateral direita ou da esquerda do furo.
• Além do dedilhado dado no quadro acima, o Lá bemol do segundo espaço do pentagrama pode ser
obtido também abrindo a chave de registro e fechando alguns dos furos superiores.
• A chave Fa#/Dó# pode ser acionada com o meio do dedo mínimo esquerdo, quando no movimento
deste dedo vindo da chave Mi/Si. Ela também pode ser acionada pelo polegar direito quando, por
exemplo, for necessário fazer um trinado entre o Si e o Dó sustenido do registro médio.
• O Mi bemol do registro médio também pode ser feito, em passagens de notas ligadas ou rápidas, com o
dedilhado do Mi natural e fechando o furo do Fá/Dó e a chave Mi/Si, normalmente, tendo que ajustar a
afinação.
TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
PARTE I
Conhecendo o instrumento, produzindo suas notas e articulação
A Parte I aborda os processos de conhecer e se adaptar à clarineta clássica. Ela apresenta quatro atividades
que trabalham sonoridade, articulação, intensidade, afinação, associadas às métricas dos compassos
quaternário e ternário. Antes de iniciar as atividades didáticas abaixo, recomendamos que o clarinetista
experimentar explorar o instrumento tocando notas, escalas, melodias e trechos de obras que conheça.
1 - Série A
Conhecendo e desenvolvendo a sonoridade do instrumento
Série A - Parte A:
Série A - Parte B:
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Objetivos
Geral
Conhecer as notas da clarineta clássica e trabalhar sua produção por graus conjuntos.
Específicos
1. Conhecer a organologia da clarineta clássica;
2. Iniciar o processo de adaptação técnica do clarinetista moderno às características organológicas da
clarineta clássica;
3. Familiarizar-se a tocar com a afinação da clarineta clássica (430 Hz), assim como acostumar a passar
da afinação da clarineta moderna (440 – 442 Hz.) para a da clássica, e vice-versa;
4. Aprender os dedilhados das notas;
5. Identificar e compreender as características e peculiaridades acústicas dos dedilhados, incluindo:
a. seus diferentes graus de resistência (respostas) para se atacar e manter as notas,
b. suas particularidades de afinações,
c. suas peculiaridades de timbres e
d. seus comportamentos sonoros dentro da gama de intensidade;
6. Experimentar diferentes dedilhados para verificar como soam, especificamente, no instrumento
usado pelo aprendiz;
7. Dominar a emissão e sustentação das notas nos diferentes graus de intensidade,
8. Conhecer a sonoridade das notas dos diferentes registros.
Como praticar
Recomendamos praticar a Série A de dois modos. O Modo de Prática 1 é semelhante ao procedimento que o
clarinetista faz para experimentar boquilhas e instrumentos desconhecidos ou novos. Ele é utilizado com o
intuito de conhecer e compreender o instrumento. Já o Modo de Prática 2 é para desenvolver ou aprimorar
habilidades técnicas no instrumento. Acreditamos que, aplicado à Série A, ele poderá ser útil para o clarinetista
trabalhar sua técnica de tocar clarineta clássica.
No Modo de Prática 1, o aprendiz toca a Série A com os procedimentos técnicos semelhantes ao que utiliza
para tocar o instrumento moderno e analisa o resultado sonoro obtido. Da seguinte maneira:
1. Escolhe uma palheta e, para cada nota da Série que toca;
2. Examina os procedimentos de embocadura, língua, garganta e de emissão de sopro que está
utilizando;
3. Analisa o resultado alcançado pelo cruzamento dos dados referentes às características da palheta
empregada, à técnica usada e à sonoridade obtida (ataque, afinação, dinâmica e timbre);
4. Registra a análise realizada, mentalmente ou por escrito; e
5. Compara as análises realizadas.
No Modo de Prática 2, o aprendiz toca a Série A com o objetivo de encontrar os tipos de palhetas e os
procedimentos técnicos apropriados para obter a sonoridade que ele deseja. Assim, ele:
1. Escolhe uma palheta;
2. Mentaliza (ou idealiza) a sonoridade que quer para a nota a ser tocada na sequência da Série A;
3. Enquanto a toca, examina os procedimentos de embocadura, língua, garganta e de emissão de sopro
que está utilizando;
4. Observa o resultado sonoro (ataque, afinação, dinâmica e timbre) que está produzindo;
5. Se não estiver satisfeito, experimenta alterar as varáveis de produção do som (materiais e de técnica)
a fim de buscar obter a sonoridade desejada;
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
6. Analisa o resultado alcançado pelo cruzamento dos dados referentes às características da palheta
empregada, aos procedimentos técnicos usados e às sonoridades obtidas;
7. Registra a análise realizada, mentalmente ou por escrito; e
8. Compara as análises realizadas.
Seguem algumas dicas de como praticar a Série A, abaixo. Elas não estão em ordem de prática ou de
importância.
1. Toque a Série I com as intensidades p, mf e f, sempre fazendo decrescendo em cada nota;
2. Note a resistência que cada nota tem para ser produzida nas diferentes intensidades. Para isso,
pratique emiti-las com e sem ataque de língua, apenas com o sopro, nas diferentes intensidades;
3. Experimente tocá-las também com diferentes palhetas, em termos de raspagens e durezas (mole,
média e dura);
4. Repare a diferença de timbre da nota Si bemol grave em relação às demais e como ela se comporta
nas diferentes dinâmicas;
5. Observe como a sonoridade deste Si bemol tende a ser mais semelhante as demais notas do grave
nas dinâmicas mais suaves;
6. Experimente afinar esta nota:
a. Aproximando o dedo médio da mão direita do furo aberto,
b. Abrindo e/ou relaxando a embocadura e a garganta,
c. Fechando o furo do dedo mínimo da mão direita,
7. Perceba também como seu timbre e dinâmica se comportam abrindo ou fechando mais a garganta,
a língua e/ou a boca, e/ou relaxando ou tensionado mais os lábios inferiores.
8. Caso tenha problema de afinação com o Fá do primeiro espaço, experimente fechar o furo do dedo
anular da mão esquerda e/ou use diferentes combinações de dedos fechando os furos da mão
direita.
9. Também a afinação das notas que seguem este Fá (Sol, Lá e Si bemol) pode ser melhorada
experimentando fechar diferentes combinações de furos das duas mãos.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
2 - Série B
Trabalhando a métrica de compasso e articulação (ataques de notas)
Série B:
A Série B é uma preparação para compreender e aprender a ler, interpretar e executar a escrita da música da
segunda metade do Século XVIII, conforme os conceitos dos tratados da época. Trata-se de executar desenhos
rítmicos e melódicos de uma maneira diferente daquela que o clarinetista moderno está acostumado a fazer.
Ao ler uma partitura, sua mente forma as imagens sonoras que considera correspondentes aos desenhos
grafados e as realiza sonoramente no instrumento. O problema é que muitas das imagens sonoras que ela
possui para a escrita da música deste período não correspondem à maneira que os tratados informam que ela
deveria ser executada. Assim, há a necessidade de: 1) assimilar os conceitos de execução que os tratados
definem para a escrita musical do período, 2) construir, a partir destes conceitos, novas imagens sonoras para
os desenhos desta escrita e 3) executá-las com coerência e fluência. Para os clarinetistas que trabalharão com
as execuções moderna e histórica, não se trata de substituir as imagens de uma pela outra, mas sim de ampliar
o vocabulário de imagens e desenvolver a expressão musical fluente nas duas.
Assim, a Série B, se comparada à escrita de uma língua, implica em treinar a mente a ler de uma maneira
diferenciada os mesmos símbolos que está acostumada a ler de outra (como se lesse, talvez, com um sotaque
diferente do seu). A mente poderá ficar treinada a ler a mesma escrita, pelo menos, de duas maneiras distintas,
moderna e setecentista. É um treinamento que lida com a mudança de uma prática solidificada da mente, mas
que é simples. Contudo, apesar de simples, pode ser essencial, pois a execução musical informada nos tratados
requer mudanças na forma de executar até mesmo figuras básicas da escrita musical, quando comparada à
moderna. A prática da Série B trará base para o clarinetista reconstruir as imagens sonoras de desenhos
musicais mais complexos do período.
Por que praticar a Série B?
Os tratados do Século XVIII informam que para se tocar o repertório do período Clássico a hierarquia dos
tempos fortes e fracos do compasso deve ser respeitada, quando não indicado o deslocamento deles pelo
tratamento composicional. O compasso determina o nível de acentuação (ênfase) métrica de seus tempos,
mas este nem sempre é seguido pelo tratamento composicional, assim o intérprete deve identificar quando
tais procedimentos composicionais ocorrem e refleti-los em sua interpretação. Quando o tratamento
composicional segue a métrica do compasso, o intérprete pode reproduzi-la pela duração, intensidade e/ou
ataque das notas. Assim, a diferenciação entre as notas do compasso pode ser feita tocando a nota do tempo
forte, ou as suas principais, um pouco mais longa do que as outras, um pouco mais forte que as demais e/ou
com ataque mais enfático. A escolha do(s) meio(s) para refletir a acentuação do compasso dependerá do
sentido musical do trecho em questão, assim como do estilo ou do caráter da peça. Como dizem os tratados,
isso deve ser feito com bom gosto e conhecimento. Assim, é importante é a duração e a intensidade das
semínimas em cada tempo do compasso.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Como praticar
• Pratique, primeiramente, devagar, semínima = 60, e depois acelere aos poucos;
• A fim de reproduzir a métrica do compasso, além da dinâmica proposta, utilize também o recurso da
duração das notas, de maneira que a sequência da mais longa a mais curta seja a primeira, a terceira,
a segunda e, por fim, a quarta nota do compasso.
• Cada semínima deve ser tocada com decrescendo, em formato do toque de um sino ou imitando o
ataque do fortepiano;
• Pratique com “Tu”, com um ataque pontiagudo ou penetrante;
• Pratique com “Du”, com um ataque suave ou brando;
• Após tocar a Série B em compasso 8 por 4, toque-a em compasso 4 por 4 eliminando as pausas,
como segue no exemplo abaixo:
• Pratique a Série B também em compasso ternário simples, conforme os dois modelos abaixo (Modos
“A” e “B”). No Modo “A”, a hierarquia dos tempos do compasso segue forte, meio forte e fraco. Já
no Modo “B”, o terceiro tempo do compasso é tocado com mais ênfase que o segundo, como
anacruse do compasso seguinte.
Modo “A”:
Modo “B”:
3 – Série C
Trabalhando ligaduras
De maneira geral, em um grupo de notas ligadas sem indicação de sinais de dinâmica, como exemplificado no
Exemplo 1, a primeira nota deve ser mais longa e mais forte que as demais. As demais notas devem ser tocadas
em diminuendo e a última curta, respeitando a hierarquia dos tempos do compasso, como exposto no
Exemplo 2.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Esta regra se aplica, principalmente, para pares de notas ligadas. Desta maneira, a passagem da esquerda deve
ser executada como indicado à direita:
Série C:
PARTE II
Trabalhando intervalos
Os dois duetos que seguem abaixo são para trabalhar intervalos harmônicos e foram retirados do Nouvelle
Méthode de Clarinette do Frédéric Blasius. Ed. Porthaux, 1796.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Dueto 1
Dueto 2
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
PARTE III
Ornamentação
A ornamentação na música da segunda metade do século XVIII é um assunto complexo e longo que não cabe
nos propósitos deste Tutorial. Contudo, trazemos uma breve introdução ao trinado, apojatura e grupeto que
será útil na execução de seu repertório uso.
Trinados
De maneira geral, os trinados começam com a nota auxiliar superior, mas podem começar com a auxiliar
inferior. Eles devem iniciar com a nota principal (escrita), quando ela for precedida pela superior, por pausa
ou for o início de uma frase. O trinado do exemplo dos compassos 191-193 começa com a nota superior (Mi),
assim como os trinados do exemplo dos compassos 181-184. Já o trinado do exemplo dos compassos 123-124
pode começar com a própria nota principal (Fá). Além da nota auxiliar superior preceder a principal, ela está
escrita em tamanho normal (não em tamanho de notas ornamentais) e há uma ligadura conectando as duas.
Os exemplos são do primeiro movimento do Quinteto em Lá maior para clarineta, dois violinos, viola e
violoncelo, KV. 581, de W. A. Mozart.
C. 191-193
C. 181-184
C. 123-124
De maneira geral, o trinado de cadência deve começar lento, apoiando a primeira nota, e, em seguida,
acelerar e fazer um crescendo, como Lefévre exemplifica em seu Méthode de Clarinette (1763-1829),
publicado pelo Conservatoire de Musique em 1802:
Apojaturas
As apojaturas são notas que ornamentam a melodia. Elas podem ser longas ou curtas. A longa “rouba” metade
do valor da nota principal ou um terço dela, quando se trata de nota pontuada. A curta pode ser executada de
duas maneiras a depender do trecho musical. Uma se toca rapidamente antes do tempo da nota principal e
não é acentuada. A outra se executada na cabeça do tempo e é acentuada, tendo a função de suspenção.
Identificar quando uma apojatura deve ser tocada longa ou curta é uma tarefa que requer estudo e bom gosto.
Quando a apojatura está cortada indica que ela é curta, considerando partituras do período, principalmente.
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Porém nem sempre a ausência do corte indica que ela é curta. De maneira geral, a curta é realizada quando:
a) a nota principal é de duração curta em um movimento rápido, b) a nota principal é seguida por notas de
mesmo valor, c) a nota principal é destacada, d) a apojatura ocorre após uma pausa, e) há uma sequência de
notas iguais com apojaturas, f) a apojatura precede uma síncope. São muitas as regras que orientam a
execução musical deste período. Abaixo trazemos apenas dois exemplos de apojaturas longas e um de
apojatura curta.
O exemplo abaixo vem dos dois primeiros compassos da Sarabande da Ouverture para 3 Chalumeaux em Dó
maior, GWV 401, do compositor Christoph Graupner. Esta sarabanda aparece na íntegra na Parte IV – Danças
do Tutorial – Sarabanda, do Tutorial. O exemplo da esquerda está como o compositor escreveu e no da direita
como se executa.
O exemplo seguinte é do compasso 19 do segundo movimento do Quinteto em Lá maior para clarineta, K 581,
de W. A. Mozart. A apojatura (Lá) poderá ter o valor de uma semicolcheia (um terço do valor da pontuada).
O exemplo de apojatura curta é da apojatura que ocorre antes do tempo e sem acentuação. Ele vem
do compasso 17-19 do Rondeaux Pastorella do Duo Concertante I para duas clarinetas de Michel Yost
(1754-1786).
Grupetos
Os exemplos de escrita e realização de grupetos foram tirados do método do Lefévre.
Grupetos antes da nota:
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
Executa-se assim:
Wolfgang A. Mozart. (1756-1791). Larghetto do Quinteto para clarineta, dois violinos, viola e violoncelo em
Lá maior, K. 581, (1789). Leipzig: Breitkopf und Härtel (ca. 1883).
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
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TUTORIAL PARA INTRODUÇÃO À CLARINETA CLÁSSICA
PARTE IV
Danças
As danças estavam muito presentes na vida do século XVIII e serviram como modelos para composições. Foram
amplamente usadas pelos compositores do período Clássico em ópera, música de câmara, concerto, sonata,
suíte, sinfonia, serenata, ária e mesmo na música sacra. Elas fizeram parte do ensino da composição e do
aprendizado de instrumentos musicais. O minueto, a sarabande e a gavota eram danças elegantes e cortês. A
giga e a bourrée possuíam caráter agradável e animado. As contradanças e o Ländler eram mais dinâmicos e
rústicos. O repertório para a clarineta cresce muito no último quarto do século XVIII e muitas destas danças
integram suas obras solistas. Além disso, sua presença em orquestras e conjuntos camerísticos requeria do
clarinetista o conhecimento de como tocá-las.
4.1 – Gavota
A gavota é uma dança alegre e elegante em andamento moderato e tempo binário, geralmente em alla breve.
Ela costuma começar com anacruses de duas semínimas e manter esta figura rítmica ao longo da peça. Na
performance, é importante não acelerar e deixar claro as frases pelo uso de articulação e duração das notas.
Seguem duas gavotas de Graupner escritas para três chalumeaux e adaptadas para três clarinetas.
Gavota 1
Christoph Graupner. (1683 - 1760). Gavotte da Ouverture a 3 Chalumeaux em Fá maior. GWV 443 do Mus.
Hs. 183 (1737-46), disponível na Badische Landesbibliothek, Karlsruhe.
Autógrafo:
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Gavota 2
Christoph Graupner. (1683-1760). Gavotte da Ouverture a 3 Chalumeaux, em Dó maior, GWV 401 do Mus.
Ms.464-73. Autógrafo de 1738c.
Autógrafo:
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Joseph Haydn. (1732-1809). IV Divertimento em Dó para duas clarinetas e duas trompas. Hob II:14. Ar. De H.
C. Robbins Landon. Ed. Verlag Doblinger, Viena, 1959.
Como a peça é escrita para clarinetas e trompas em Dó e, além disso, a extensão das partes das trompas fica
factível na clarineta, é possível tocá-la com um quarteto de clarinetas em Si bemol, por exemplo.
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Os dois trios do Menuetto do Quinteto para clarineta de Mozart, KV 581, trazem características de ländler.
Wolfgang A. Mozart. (1756-1791). Minueto do Quinteto para clarineta, dois violinos, viola e violoncelo em
Lá maior, K. 581, (1789). Leipzig: Breitkopf und Härtel (ca. 1883).
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Segunda Clarineta
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Polonaise:
O trio de bassethornes abaixo é possível ser tocado com clarinetas em Si bemol usando dois procedimentos
simples, contudo soará em Mi bemol e não em Si bemol como, originalmente, soa com os bassethornes que
são em Fá. O primeiro procedimento é ler a terceira voz na clave que está escrita, clave de Fá, uma prática
comum ao bassethorne. O segundo é tocar as duas únicas notas que ficam fora da extensão da clarineta (o Ré
e o Dó da terceira voz dos compassos 17 e 18, respectivamente) uma oitava acima.
Wolfgang Amadeus Mozart. (1756-1791). Polonaise do Divertimento No 5 para Três Bassethornes. 1783-8.
KV. 439b. Ar. Alberto Gomez Gomez. Disponível para uso livre em:
http://ks.imslp.info/files/imglnks/usimg/d/d5/IMSLP228735-WIMA.7ef0-Mozart3Horns.pdf
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4.4 – Rondó
A palavra rondó quer dizer circular. A música é rápida e alterna sua seção principal com seções contrastantes,
como na forma A-B-A-C-A, por exemplo. O rondó está presente em sinfonias, concertos para instrumentos e
nas mais diversas formações de música de câmara. No exemplo abaixo para ser praticado, o Rondó é a terceira
parte do dueto e é bem reduzido. O dueto foi colocado na íntegra e, assim, podemos verificar que ele é curto
para se harmonizar com os tamanhos dos dois movimentos que o precedem.
Rondo do Dueto VI dos Seis Pequenos Duos extraídos de composições de Ignaz Pleyel, editado por N.
Simrock.
Primeira clarineta:
Segunda Clarineta:
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Anton Eberl. (1765-1807). Grande Sonate para cravo ou fortepiano com acompanhamento de clarineta
obrigatória e baixo ad libitum, Op. 10, Ed. Gerstenberg: Parte da clarineta do Rondo, terceiro movimento.
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4.5 – Sarabanda
A sarabanda é uma dança ternária de andamento mediano. Seu caráter é descrito como majestoso,
melancólico, lânguido e terno, mas com ternura delicada e séria. Prolongar um pouco mais além da duração
normal as notas pontuadas e encurtar as notas curtas que as seguem ajuda a imprimir seu caráter sério. O
mesmo se consegue também apoiando as harmonias dissonantes. Ela é uma dança que tem relações com o
minueto, porém mais lenta. No final do século XVIII, a sarabanda foi desaparecendo, mas seu caráter estilístico
continuou, como por exemplo, a ênfase no segundo tempo de seu compasso ternário. (Ratner, p. 11, 1980))
Christoph Graupner. (1683-1760). Gavotte da Ouverture a 3 Chalumeaux, em Dó maior, GWV 401 do Mus.
Ms.464-73. Autógrafo de 1738c.
Autógrafo:
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4.6 – Siciliana
A siciliana é em compasso binário composto (6 por 8) como a giga, contudo é mais lenta. Suas melodias
possuem caráter melancólico, pastoral e gentil. Ela possui uma figura rítmica padrão que é constituída por
colcheia pontuada-semicolcheia–colcheia ( ) que deve ser tocada como escrita, sem prolongar a nota
pontuada além de sua duração.
Anton Eberl. (1765-1807). Grande Sonate para cravo ou fortepiano com acompanhamento de clarineta
obrigatória e baixo ad libitum, Op. 10, Ed. Gerstenberg: Parte da clarineta do Romance, segundo movimento.
• Ignaz Pleyel. (1757-1831). Siciliano, primeiro andamento do Dueto VI dos Seis Pequenos Duos
extraídos de composições de editado por N. Simrock. (Partitura disponível acima no item Rondó do
Tutorial).
• Jean-Jacques Rousseau. (1712-1778). Siciliana Largo. (1770) do Clarinet Duets: from the Earliest Time
of the Instrument. Editado por Heinz Becker. Florida: The Well-Tempered Press.
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PARTE V
Estilos Composicionais
Foram muitos os estilos composicionais utilizados na música de concerto da segunda metade do século XVIII.
Como a clarineta se tornou um importante instrumento deste período, integrando os mais variados conjuntos
musicais, em seu repertório solista, de música de câmara e orquestral se encontram quase todos eles. O
Tutorial traz alguns destes principais estilos em obras compostas para clarineta clássica e em outras da
primeira metade deste século, escritas para chalumeaux e clarinetas barrocas.
Christoph Graupner. (1683-1760). Adagio da Ouverture a 3 Chalumeaux, em Dó maior, GWV 401 do Mus.
Ms.464-73. Autógrafo de 1738c. Adaptação para clarinetas de Joel Barbosa.
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Primeira voz:
Segunda voz:
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Philipp Meissner. (1748-1816). Chasse dos Quatro Duos para duas clarinetas. Ed. Plattner.
Primeira clarineta:
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Segunda clarineta:
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5.5 – Empfindsamkeit
Empfindsamkeit pode ser traduzido como sensibilidade. Este é um estilo composicional que tem caráter
pessoal, íntimo e sentimental. Apresenta mudanças repentinas de humor e interrupções da continuidade
melódica.
Franz Danzi. (1763-1826 ). Larghetto do Potpourri No 2 para clarineta e orquestra. Ed. Simrock. (CA. 1819).
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François Devienne. (1759-1803). Três Sonatas para Clarineta com acompanhamento de Baixo. Ed. Sieber.
Segundo movimento da Primeira Sonata, Adagio.
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5.6 – Pastoral
O estilo pastoral também é conhecido como musette. Neste sentido, vê-se sua relação direta com a
música rústica tocada na gaita de fole ou na musette e que costuma ter uma nota contínua de baixo.
Esta uma característica marcante deste estilo que pode ser observada na Pastourelle do G. P.
Telemann, abaixo. Suas melodias costumam ter caráter ingênuo e pastoral. A Pastourelle faz parte
de uma coletânea de peças (Der getreue Music-Master) do Telemann e é para diversos instrumentos.
A peça seguinte, Rondeaux Pastorella, é de um duo do Michel Yost (1754-1786). Ele foi um
importante clarinetista francês, cofundador da escola de clarineta deste país. Estudou com Joseph
Beer, um dos mais renomados clarinetistas da época, e foi professor do Jean Xavier Lefévre, autor de
um método até hoje em uso em vários países. Ele escreveu um método para clarineta e compôs um
grande número de obras para o instrumento, concertos, duos, trios quartetos etc.
Georg Phillip Telemann. 1681-1767). Der getreue Music-Master. Patourelle pour divers instrumens.
Twv 41:D5.
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Michel Yost. (1754-1786). Rondeaux Pastorella do Duo Concertante I para duas clarinetas.
Primeira Clarineta
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Segunda clarineta
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PARTE VI
Estudos e Caprichos
Esta parte é dedicada aos estudos e caprichos compostos para a clarineta clássica. Dentre eles, citamos os 12
Grands Solos ou Edudes para clarineta solo de Célébre Michel (*?-1788), e os Trois Caprices por la Clarinette
Seule de Anton Stadler (1853-1812), publicado por volta de 1810. Para praticar, incluímos o Capricho 3 do
clarinetista A. Stadler que trabalhou com Mozart e com o luthier Theodor Lotz. Pamela Weston menciona que
ele usou uma clarineta de seis chaves e que a sexta chave foi concebida por J. X. Lefévre.
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PARTE VI
Referências e Indicações Bibliográfica
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