100% acharam este documento útil (2 votos)
789 visualizações69 páginas

Rejane Carrion, Newton C. A. Da Costa - Introdução À Lógica Elementar (Com o Símbolo de Hilbert)

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
100% acharam este documento útil (2 votos)
789 visualizações69 páginas

Rejane Carrion, Newton C. A. Da Costa - Introdução À Lógica Elementar (Com o Símbolo de Hilbert)

Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 69

introdução

à lógica
elementar
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL

Reitor
Francisco Luis dos Santos Femz

Vice-Reitor
Gerhard Jacob

Pró-Reitor de Extensã"o
Flávio Loureiro Ou ves

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação


Hélgio Casses Trinda de

Pró-Reitor de .\drninistraçã"o
Luiz Carlos Ribeiro Bortolini

Pró-Reitor de Planejamento
Roberto Alves Pinto

Pró-Reitor de Assistência
à Comunidade Universitária
João Carlos Gonzales

Pró-Reitor de Graduação
Walter Oito Cy b is

EDITORA DA UNIVERSIDADE

Diretor
Sergi u s Gonzaga

CONSELHO EDITORIAL
Celi Regina Jardim Pinto
Fernando Zawislak
Ivo Sefton Azevedo
Joaquim B. Fonseca
Luis Alberto De Boni
Luiz Duarte Vianna
Mário Costa Barberena
Sergi o Roberto Silva
Sergiu s Gonzaga, p residente
© de Rejane Carrion e Newton C.A. da Costa
1: edição: 1988

Direitos reservados desta edição:


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Capa: Carla Luzzatto


Administração: Maria Beatriz A.B. Galarraga
Editoração: Geraldo F. Huff
Composição e montagem: Centro de Lógica, Epistemologia
e História da Ciência da UNICAMP

Rejane Carrion
Professora no Departamento de Filosofia da UFRGS, desde 1967. Mes­
trado em Filosofia na Universidade de Paris/Sorbone, em 1970. Con­
cluindo o doutorado em Filosofia na USP.

Newton C.A. da Costa


Criador d a lógica paraconsciente. Ensinou e pronunciou conferências
em universidades da América, Europa e Australásia. Trabalhos publica­
dos em revistas internacionais de Lógica e Filosofia da Ciência. Profes­
sor de Lógica no Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da USP.

C3 l 8i Carrion, Rejane
Introdução à lógica elementar
{p r)
( c om o s ímb o lo de Hilbert)/ o
Rejane Carrion e Newton C.A. da Costa.
- Porto Alegre : Ed. da Universidade/
UFRGS, MEC/SESu/PROEOI. 1988
66p.

1. Lógica elementar. 1. Costa,


Newton C.A. da. II. Título.

CDU 161/162

Catalog;dção na fonte da B ib lio teca Central da UFRGS

ISBN 85-7025-168-8
SUMÁRIO

PREFACIO ................. . . . ............. . . . . . . . . .................................................... 05

INTRODUCÃO............. . .. . . . . . . . . ......................... . .. .............. .. .


.... . .. .. . .. . ... . . 07
1. As Não-Clássicas................. .................................
Lógicas 07
2. A pe ct s da Lógica Clássica....... .... ..................................
s o 15
3. A Lógi ca Elementar Clássica............................................ 19

CAPÍTULO 1 ··· A L i n guagem da Lógica Elementa r Clássica . . . .. . ... .. . . .... .


21
1. 1 . A Gramát ica de L............................................................ 21
1 .2. A Est ru t ura Dedut iva de L.............................................. 27

CAPÍTULO 2 A Se mân tica de L.. ... ...... . . . ........ ...... .. ... .. ..... ....... .. 52
. . . . . . . . .

2. 1 . A S emâ n t i c a da li>gica Ele m ent ar................................... 53


2.2. A Com p le t ud e da Lógica Ele mentar................................ 57
2.3. As Teor i a s Element ares.................................................... 63

LEITURAS COMPLEMENTARES......................................................... 65
PREFÁCIO

Es te livro contém a ma téria de wn curso de "Introdução à Lógica"


min istrado p elo Professor N. C A. da Cos ta , trz Un iversidade Federal do
Rio Grande do Sul. Das nota s de aula redigidas p ela Professora Rejan e
Carrion , e da exp eriência de sua utilização como ma terial p edagógico com
diversas turmas de graduação e de pós-graduação, resultou o p resen te tra­
balho. A Introdução foi p ublicada an terionnente p elo Professor da Costa,
sob forma de artigos , no Folhetim do jornal Folha de São Paulo.
Quando o eq ui líbrio que se p ro curou man ter entre as exigên cia s de
rigor forma l impostaspelo tema e o caráter coloquia l da exposição não p ode
s er a lcan çado, ao Prof. da Costa devem�e os momen tos em que preva lece­
ra m as p rimeiras, e à Profa. Rejane Carrion a s con cessões devidas ao se­
gun do.

Porto Alegre, ma rço de 1987.

OsAutores
INTRODUÇÃO

Nesta Introdução, tecemos algumas considerações de caráter ge­


ral sobre a situação atual da lógica.

1 As lógicas nfo-�icas

A lógica trata, entre outras coisas, das inferências válidas, ou seja, das
inferências cujas conclusões têm que ser verdadeiras, caso as premissas o
sejam.
Tanto as premissas como as conclusões de uma inferência devem estar
formuladas em urna linguagem mais ou menos bem estruturada, para que ela
seja objeto de análise lógica apropriada. Com o intuito de tornar rigorosas
suas investigações, os lógicos edificaram linguagens artificiais convenientes.
As inferências são "traduzidas" nessas linguagens, ainda que pelo menos em
principio, para se estabelecer se elas pertencem à categoria dos argumentos
válidos ou à dos argumentos inválidos.
Tais linguagens possuem pelo menos duas dimensões relevantes para
a lógica: a dimensão sintática e a dimensão semântica.
As linguagens em geral são compostas de símbolos e sinais que se
acham sujeitos a regras de combinação que independem do que esses símbo­
los e sinais signifiquem. Por exemplo, certas configurações simbólicas
incluem-se entre as fórmulas e outras entre os termos, e isto pode ser carac­
terizado de modo puramente combinatório e formal, sem se necessitar
recorrer aos significados dos símbolos, mas com base exclusivamente nas
configurações dos arranjos simbólicos. A dimensão combinatória de uma
linguagem, encarada como puro jogo formal, sem significado, denominamos
de dimensão sintática. E a estrutura sintática de uma linguagem determina
sua sintaxe lógica.
Porém, as linguagens não são feitas apenas para dar origem a puras
estruturas sintáticas. Seus símbolos e expressões têm em geral significado,
referindo-se a objetos extra-lingüísticos. Dai a dimensão sefuântica das lin­
guagens, que leva em consideração, além das estruturas sintáticas, os objetos
aos quais as configurações simbólicas se referem e os significados das mes­
mas.
Assim, pois, as linguagens se encontram submetidas não apenas a
regras sintáticas, mas também a regras semânticas. O enorme interesse
das dimensões sintática e semântica para a lógica foi posto em relevo espe­
cialmente por R. Clrnap e A. Tarski, por volta de 1930.
Mais ou menos até princípios deste século, havia urna única lógica
(pura, formal ou teórica). Mas no decurso dos últimos oitenta anos, foram

7
criadas outras lógicas, de modo que a lógica inicialmente considerada, cujas
origens remontam a Aristóteles, mas cujo sistematizador mais importante foi
G. Frege (nos três decênios derradeiros do século passado), precisou ser
chamada de clássica ou tmdicional. Pode-5e dizer que a lógica
clássica adquiriu sua forma quase definitiva na obra monumental de A. N .
Whitehead e Bertrand Russell, intitulada "Principia Mathematica", em três
volumes, publicados respectivamente em 19 1 0, 1 9 1 2 e 1 913.
Uma das maiores revoluções culturais de nossa época foi a edifi­
cação das lógicas não-dássicas, particularmente das lógicas não-clássicas
batizadas de rivais da clássica ou heterodoxas. Essa revolução é similar à
revolução provocada pela descoberta das geometrias não-euclidianas, no sé­
culo passado. Porém, até o momento, não se explorou a fundo, do ponto
de vista filosófico, o significado da eclosão das lógicas heterodoxas.
A lógica clássica consiste no que se costuma denominar cálculo de
predicados de primeira ordem, bem como de algumas de suas extensões,
como certos sistemas de teoria dos conjuntos e determinados cálculos de
predicados de ordem superior. Essencialmente, a lógica clássica versa, em
sua parte dita elementar, com base em certas posições sintáticas e semânticas
subjacentes, sobre os chamados conectivos lógicos (conjunção, disj un­
ção, negação, implicação, equivalência, ...), sobre os quantificadores
("todos'', "todo", "algum", "alguns'', "algumas", ... ) e sobre o predicado
de igualdade. Em sua porção não elementar, a lógica tradicional investiga
a noção de pertinência (na acepção em que, por exemplo, afirmamos a
sentença: "Bertrand Russell pertence ao conjunto dos filósofos") e outras
noções alternativas.
A lógica clássica, em seu estado atual, é tão poderosa, que encerra a
velha silogística aristotélica, convenientemente reformulada, como caso
deveras especial e quase sem importância. Por outro lado, toda a matemá­
tica tradicional, em certo sentido preciso, reduz-se à lógica clássica. (Todos
os conceitos matemáticos tradicionais são definíveis em termos da idéia
de conjunto e, portanto, definíveis a partir da lógica).
A lógica clássica caracteriza-se por determinados princípios básicos,
de nature1.a sintática e semântica. Quando semelhantes princípios são der­
rogados, nascem as lógicas não-clássicas.
As lógicas não clássicas classificam�e em duas categorias: as comple­
mentares da lógica clássica e as rivais da lógica clássica.
Há várias lógicas que podem ser entendidas como ampliando e com­
plementando o escopo da lógica clássica. Elas se individualizam por não
colocarem em xeque as leis centrais daquela, mas por alargarem o âmbito
de suas aplicações: tão somente modificam o aparato lingüístico sob o ponto
de vista sintático, adaptando a contraparte semântica de maneira absoluta-

8
mente não essencial, sem infringir os princípios nucleares clássicos.
Por exemplo, podemos acrescentar à lógica tradicional operadores
modais, isto é, operadores expressando os conceitos lógicos de necessidade,
de possibilidade, de impossibilidade e de contingência; obtém-se, assim, a
lógica modal usual, que, em sua forma hodierna, originou-se com C.I. Lewis,
em princípios deste século. Também nada impede que se adicione à lógica
clássica operadores deônticos. formalizando-se as idéias correspondentes
às palavras "proibido", "permitido", "indiferente" e "obrigatório", dando
nascimento à lógica deôntica, elaborada sobretudo por G.H. von Wright
(I 951). lntroduzindo-se operadores temporais, por exemplo símbolos re­
fletindo as flexões temporais dos verbos das linguagens naturais nas estru­
turas lógicas clássicas, constrói-se a lógica do tempo ou lógica cronológica,
cuÍtivada em nossos dias sobretudo por A.N. Prior, nos anos 60. Enfim,
poderiámos suplementar a lógica clássica de várias outras maneiras, advindo
numerosas lógicas não-clássicas, tais como a lógica epistêmica e a lógica
dos imperativos, todas elas complementando a lógica clássica.
Como não podia deixar de ser, a lógica do tempo evidenciou-se de
suma relevância para os fundamentos da fisica, descrevendo e analisando
as estruturas formais de vários tipos de fluxo temporal a priori admissíveis:
tempo discreto, tempo contínuo, tempo linearmente ordenado, tempo
circular, etc. A lingüística também encontra na lógica cronológica uma
ancila de inestimável valor. Porquanto, as linguagens naturais afiguram-se
inseparáveis das flexões temporais, que inexistem na lógica clássica.
Todas as lógicas complementares da clássica mais conhecidas são
deveras relevantes e motivaram questões variadas, especialmente proble­
mas filosóficos. Nelas, repetimos, a sintaxe da lógica tradicional é modi­
ficada, pois as linguagens basilares subjascentcs à lógica clássica são ex­
pandidas pela adjunção de novos símbolos; isto acarreta, evidentemente,
alguns retoques semânticos, dado que se torna preciso enquadrar a di­
mensão semântica às novas sintaxes. Embora as mudanças sejam, sob certos
aspectos, marginais, os problemas sernánticos e filosóficos decorrentes se
mostram profundos e têm incentivado pesquisas fecundas, envolvendo
temas como: a natureza do essencialismo, em lógica modal; a possibilidade
de uma lógica jurídica, em que os operadores deônticos reflitam traços
reais da atividade do jurisconsulto; as relações entre espaço e tempo nos
fundamentos da fisica, em particular em teorias físicas da espécie da teoria
geral da relatividade e da mecânica quântica.
Não obstante, as lógicas complementares da clássica não alteram as
leis nucleares da lógica clássica. Dito de outro modo, elas não questionam
a validez universal da lógica em apreço. Desenvolvem-se as lógicas comple­
mentares da clássica permanecendo fiéis ao espírito desta última.

9
A sit uação muda inteiramente de figura no tocante às lógicas não­
clássicas rivais da lógica tradicional. Elas foram pro postas, ou podem ser
t idas como tendo sido propostas, à guisa de rivais da clássica . São co nce­
bidas como novas lógicas destinadas a sub stit uir a lógica clássica em alguns
domínios do saber, ou em todos. A imprescindibilidade de tal sub stituição
adviria de deficiências e de limitações iner e nte s à lógica tradicional, defi­
ciências e limitações essas das mais variadas naturezas.
Existem d iversas lógicas ri vais da clássica, ou, como se habituou ta m­
bém chamar, lógicas heterodoxas. Vejamos alguns exemplos de lógicas
dessa espécie .
Dentre as leis que vigem na lógica clássica, há três célebres e que se
denominam : lei de identidade, lei da contradição (alguns preferem no­
meá-la de lei da não-contradição ) e lei do terceiro excluído . Essas leis
possuem muitas formulações, nem sempre equivalentes entre si . Para nossos
objet ivos, adotaremos as seguintes versões: a) lei da identidade: todo
objeto é idêntico a si mesmo; b) lei da cont radição : dentre duas proposi­
ções contrad itórias, isto é, uma das quais é a negação da outra , uma delas
é falsa; c) lei do terceiro excluído: de duas pro posi ções contraditória s,
uma delas d eve ser ver dad e ira.
Algumas das lógicas heterodoxas mais conhecidas e discutidas dis­
t in?,uem-se , precisamente , por derrogarem pelo menos uma das leis prece­
dentes (que, em formulações as mais variadas, eram designadas pela ex­
pressão "leis fundamentais do pensamento", talvez porque se acreditasse
que sem elas não poderia haver pensamento racional, pensamento logica­
mente concatenado). Todavia, as lógicas heterodoxas provaram que o
pensamento lógico-racional po de se exercitar mesmo sem obedecer a essas
leis fundamentais da razão, libertando essa faculdade do jugo duas vezes
milenar de semelhantes leis, que pareciam absolutamente impossíveis de
serem revogadas.
Há sistemas lógicos nos quais o principio da identidade não é válido
em geral, em parte porque se julga que a re lação de identidade carece de
signi ficação para certos tipos de objetos. Como esse princípio tamb ém se
denomina lei reflexiva da identidade, as lógicas em apreço podem ser bati­
zadas de lógicas não-reflexivas. Por exemplo, E. Schrõdinger insistiu em que
a noção de identidade não possui sentido pl eno para os elétrons e , em geral,
para as partículas elementares. Não se trata de não se poder saber quando
um elétron é idêntico ou diferente de outro: trata-se, isto sim , da circuns­
tância de que não parece ter senti d o exato afirma r se que um elétron é
-

idêntico a outro, ou que é distinto desse outro. Porém , o princípio de


ide nt i dade mostra-se válido, entre limites, para os objeto s macroscópicos.
l.Dgo, ele vige no mundo da fisica clássica, embora não reja o universo das

10
partículas elementares. Existem sistemas lógicos não-reflexivos extremamen­
te fortes e que englobam a lógica tradicional a titulo de caso especial. �
obvio que os sistemas não-reflexivos divergem basicamente da lógica tradi­
cional, possuindo sintaxe e semânticas incomparáveis com as da lógica
padrão.
Uma das dificuldades ligadas à semântica dos sistemas não-reflexivos
refere-se aos recursos para se edificar uma semântica dessa natureza. Com
efeito, na construção da� semânticas mais comuns, lança-se mão da teoria
clássica dos conjuntos, mas, no caso das lógicas não-reflexivas, isto não
funciona. Porquanto, na teoria em apreço permanece verdadeira a lei da
identidade.
As lógicas não-reflexivas não provam que Schroedinger tenha razão em
suas concepções sobre as interconexões entre identidade e partículas elemen­
tares, embora tornem claro que sua posição não pode ser excluída apenas
por motivos de i'ndole lógica.
Há outras lógicas ºnão-reflexivas que provieram de discussões e de
problemas completamente diversos. Assim, determinados sistemas lógicos
formalizam o operador de descrição (introduzido como símbolo primitivo),
ou seja, o artigo definido , tal qual ele ocorre nas frases: "O atual rei do Bra­
sil" e "O dobro de quatro é oito". Quando o artigo origina uma descrição
semelhante a "O atual rei do Brasil", que realmente não descreve coisa
alguma, é conveniente, por diversos motivos, inclusive razões de ordem
técnica, que para essas descrições não se aplique a lei de identidade.
Derroga-se o princípio da contradição na maioria das lógicas cha­
madas de paraconsistentes. Para definirmos os sistemas paraconsistentes
necessitamos de alguns esclarecimentos preliminares.
Uma teoria dedutiva T diz-se inconsistente se entre os seus teoremas
há pelo menos dois, um dos quais é a negação do outro; em caso contrário,
T denomina-se consistente . A teoria T chama-se trivial (ou supercompleta)
se todas as proposições formuláveis em sua linguagem forem teoremas de
T; na hipótese contrária, T diz-se não trivial. Patentemente, as teorias
triviais não apresentam interesse direto do prisma lógico: nelas não podemos
separar as proposições que são teoremas das que não são.
Um dos traços marcantes da lógica tradicional é o de que qualquer
teoria dedutiva nela baseada, que for inconsistente, será também trivial. Essa
lógica não permite que se separem os conceitos de trivialidade e de incon­
sistência. Para permitir essa separação, foram criadas as lógicas paraconsis­
tentes, que são lógicas capazes de servir de fundamento para teorias incon­
sistentes e não triviais. Em tais teorias, podem ser teoremas uma proposição
e, ao mesmo tempo, sua negação, sem que a teoria deixe de ser importante
do ponto de vista lógico. Ou seja, a teoria não colapsa na trivialidade, muito
embora contenha inconsistências.
11
Mas se numa teoria fundada sobre uma lógica paraconsistente podem
existir contradições, isto é, segundo vimos, teoremas cujas negações são
também teoremas, isto não implica que todas as proposições infrinjam
a lei da contradição, sendo todas elas e suas negações, verdadeiras. As teorias
inconsistentes de relevância são aquelas que contêm não apenas proposições
"mal comportadas", tais que elas e suas negações incluem-se entre os teore­
mas, mas encerram, além delas, proposições "bem comportadas", que são
verdadeiras, embora suas negações não o sejam.
A lógica paraconsistente evidencia que as teorias inconsistentes
não devem ser descartadas unicamente por se evidenciarem inconsistentes,
por infringirem o princípio de contradição. Este fato possui as mais variadas
conseqüências filosóficas, destruindo um paradigma que vem governando
a ra7.ão humana há dois milénios.
A lógica paraconsistente encontra aplicações em tentativas feitas
com o intuito de se formalizar parcialmente a dialética. Outras aplicações
surgiram na matemática e na filosofia da ciência: 1. Lakatos chamou a aten­
ção dos filósofos da ciência para a existência de teorias físicas que foram
aceitas, mesmo se manifestando inconsistentes; exemplo de teoria desse
tipo é a teoria do átomo de Bohr. Outra possível aplicação da lógica para­
consistente vincula-se com a dualidade onda-corpúsculo e o princípio da
complementaridade de Bohr.
Os sistemas lógicos paraconsistentes mais fortes englobam a lógica
tradicional como caso especial, regendo as proposições bem comportadas,
e constituem o fundamento de teorias de conjuntos e de matemáticas
paraconsistentes tão inclusivas quanto as teorias de conjuntos clássicas e
a matemática comum.
Surpreendentemente, as lógicas paraconsistentes. pelo menos as
mais destacadas, possuem semânticas razoáveis, que estendem as concepções
semânticas padrão.
A lógica paraconsistente teve dois precursores dignos de menção: o
lógico polonês J. Lukasiewicz e o filósofo russo N. A. Vasilev, os quais,
simultânea mas independentemente, em 1 9 1 0 , procuraram estabelecê-la.
Porém, devido a variadas circunstâncias, ela só se constituiu a partir dos
trabalhos do lógico polonês S. Jaskowski e dos de N.C. A. da Costa, que,
a partir de 1 948 e de 1 95 3 , começaram a investigar sistematicamente os
sistemas paraconsistentes mediante os instrumentos e técnicas da lógica
contemporânea. As perquirições de Jaskowski e as de da Costa se iniciaram
de maneira independente, embora houvesse convergência posterior. Hoje,
a lógica paraconsistente inclui-se entre os temas de estudo mais ou menos
correntes no domínio da lógica, algo indiscutivelmente inconcebível há
25 anos.

12
Denomina-se paracompleta uma lógica que derrogue a lei do terceiro
excluído. Em tais lógicas, ou melhor, em teorias nelas fundamentadas,
pode haver proposições tais que nem elas nem suas negaçÕes sej am verda­
deiras.
Exempl o de lógica paracompleta é a lógica intuicionista de L. E. J.
Brouwer e A. Heyting, formalizada na década de 30 . A semântica de tal
lógica diverg e completamente da semântica clássica, o que tem como coro­
lário a invalidade da lei do terceiro excluído. Não podemos entrar cm de­
talhes sobre essa lógica aqui, a qual surgiu de uma concepção filosófica
da matemática bem afastada da postura tradicional. Limitar-nos-emos,
a pena s a sublinhar que a lógica intuicionista é susceptível de ser encarada
como a lógica do raciocínio matemático construtivo, em que a existência
de um número, por exemplo, só é demonstrável mediante a construção
desse número, de sua exibição.
Para Brouw er , Heyting e seus seguidores, a matemática é uma ati­
vidade construtiva de nosso pensamento e a l ógi ca tem por finalidade
catalogar as regularidades dessa atividade construtiva. A lógica apropriada
para a matemática construtiva deve ser a lógica intuicionista e não a clás­
sica. esse nci almente irreconciliável com os raciocínios construtivos do
matemático. A lógica intuicionista, pois, foi proposta como rival da clás­
sica, com o objetivo de substituí-la no campo do pensamento matemático
construtivo. Aliás, diga-se de passagem, para os intuicionistas ortodoxos
somente existe a matemática construtiva; a matemática tradicional, intrin­
s eca ment e não-construtiva, deveria ser abandonada como pseudo-ciência.
Sem procurarmos discutir com mais profundidade o intuicionismo
e sua lógica, lembraremos, tão somente, que esta última tem sido utili7.ada
em vários domínios do saber, como, recentemente, na teoria da decisão.
Outro tipo de lógica paracompleta digno de referência é a lógica
polivalente, criada de modo independente, porém simultâneo, por Luka­
siewicz e E. L. Post por volta de 1 920. Nesta categoria de lógica as propo­
sições podem assumir valores de verdade entre o verdadeiro e o falso.
Lukasiewicz chegou à formulação da l ógi ca polivalente motivado por
um problema filosófico, o problema dos futuros contingentes de Aristóteles.
Em síntese a questão é a seguinte: certas proposições contingentes, refe­
rentes ao futuro, como "Em dez anos haverá uma guerra mundial", não
parecem poder ser, hoje, verdadeiras ou falsas, sem que isto acarrete uma
forma de determinismo estrito. Se todas as proposiçÕes relativas a contin­
gências futuras forem, agora, verdadeiras ou falsas, o futuro pareceria estar
determinado pelo estado presente do mundo. e. por conseguinte. o futuro
seria determinado pelo passado, não hav endo livre-arbítrio, etc . Logo,
uma espécie de lógica compatível com alguma categoria sensata de inde-

13
terminismo tem que conferir, em qualquer momento, às proposições con­
cernentes a acontecimentos futuros, de caráter contingente, um terceiro
valor lógico, diverso da verdade e da falsidade: elas seriam indeterminadas.
Assim, o grande lógico polonês foi conduzido a elaborar uma lógica triva­
lente (com três valores de verdade) e, após, as lógicas polivalentes em geral,
algumas com infinitos valores de verdade.
As lógicas polivalentes têm sido empregadas nos mais variados con­
textos; por exemplo, na programação de computadores, na teoria dos
circuitos elétricos (particularmente por G. Moisil), na lingüística e na teoria
da probabilidade. H. Reichenbach tentou utilizá-la na fundamentação da
mecânica quântica.
Acabamos de debater apenas algumas das lógicas ditas rivais da clás­
sica. Existem numerosas outras, tais como a lógica modular (originada
pela mecânica quântica e estudada especialmente por J. Kotas), a lógica
livre, a lógica relevante e a lógica intuicionista sem negação de Griss.
A conceituação de lógica clássica, por nós apresentada, não se mos­
tra precisa. Com efeito, a lógica hodierna evoluiu tanto e está sendo palco
de avanços tão revolucionários que se torna impossível caracterizá-la de
maneira precisa. Em decorrência, os conceitos de lógica complementar da
clássica e de lógica heterodoxa também se evidenciam algo vagos. Assim,
exemplificando, afigura-se difícil enquadrar certos sistemas lógicos na
classificação delineada, como acontece com os sistemas lógicos de S. Les­
niewski e com a lógica combinatória (M. Schõnfinkel, H.B. Curry ...).
Todavia, isto não tem importância; não se pode, efetivamente, definir de
maneira exata e precisa qualquer ciência viva e progressista. E tal fenômeno
se passa com a lógica em nossos dias, em cujos domihios se processa atual­
mente uma transformação fecunda, análoga à que ocorre nas ciências
aparentemente mais progressistas, como a física e a genética.
O estudo da lógica em nossa época nos induz a formular indagações
profundas, envolvendo perguntas filosóficas de extraordinária significação.
como as seguintes: Racionalidade e logicidade de algum modo coincidem?
Se há várias lógicas, existem, em decorrência, vários tipos de razão? As
lógicas heterodoxas são. de fato. rivais da clássica? No fundo não seriam,
talvez, apenas sistemas complementares do clássico? Quais as relações exis­
tentes entre a lógica, a linguagem e as ciências empíricas? A lógica, em seu
estado de desenvolvimento atual compromete-nos com posições filosóficas,
em particular, com estruturas ontológicas definidas?
Essas e outras questões preocupam presentemente lógicos e filósofos.
Elas se converteram em problemas agudos depois da descoberta e da proli­
feração das lógicas não-clássicas, aparecidas há tão pouco tempo e prenun­
ciando uma revolução na história da cultura, como jamais houve antes.

14
2. Aspectos da Lógica Clássica

Como já dissemos, a lógica é usualmente conceituada como a ciência


das inferências válidas. Tais inferências são raciocinios cujas premissas
não podem ser verdadeiras sem que a conclusão também o seja, e deno­
minam-se inferências dedutivas ou, simplesmente, deduções.
Há outra lógica, batizada de indutiva, que estuda as inferências cuja
verdade das premissas não garante, com certeza, a verdade da conclusão.
Estas inferências chamam-se inferências indutivas ou induções.
Neste trabalho não abordaremos esse segundo tipo de lógica, mas
tão-somente o primeiro. Ou seja, falaremos apenas da lógica dedutiva.
A lógica dedutiva, ou lógica "tout court". pode ser dividida em
duas categorias: a clássica e as não-clássicàs, como vimos. Agora, tecere­
mos alguns comentários sobre a primeira.
Historicamente, a lógica clássica originou-se, ao que tudo indica,
na obra de Aristóteles (384 -322 a.C.). Durante 2.000 anos ela permaneceu

quase como o estagirita a deixou. Kant chegou mesmo a sustentar que,


desde Aristóteles, a lógica não havia dado nenhum passo para a frente e
nenhum para trás, e que, por conseguinte, se constituía numa ciência aca­
bada.
A história da lógica encontra-se cheia de "ilogicidades", como, por
exemplo, as seguintes: a) não obstante a extraordinária contribuição feita
para a lógica pelos megáricos e pelos estóicos, as concepções destes pratica­
mente não tiveram influência no desenvolvimento posterior da lógica.
Embora os megáricos e estóicos tivessem ido, sob certos aspectos, muito
além de Aristóteles e seus discipulos, somente em nosso século foi que os
historiadores da lógica compreenderam o espirito das inquirições lógicas
da escola megárico-estóica, sobretudo sua criação do cálculo proposicional;
b) durante dois milênios a lógica se resumiu, praticamente, à transmissão
da obra de Aristóteles, com modificações superficiais, que a tornavam
mais confusa e repleta de incongruências, sem que se desse conta dessas
incoerências; c) a lógica aristotélica, cuja essência era a teoria do silogismo
(determinada forma de inferência dedutiva), embora fosse encarada como
a teoria de todos os tipos de raciocinios válidos, não conseguia englobar,
de modo natural, diversas classes de deduções, tais como a maioria das
encontradas na matemática.
Para o lógico de nossos dias, torna-se difícil entender como as tri­
vialidades da lógica aristotélica, embora relevantes como inicio das inves­
tigações lógicas, pudessem permanecer tanto tempo estagnadas; mais do que
isso, parece incrivel que ela fosse tida e havida como enquadrando todas
as inferências dedutivas.

15
A situação somente começou a mudar com G. Boole (1815-1864),
A. De Morgan (180 6-1871) e, sobretudo, com G. Frege (1848-1925). Houve
precursores dessa mudança, como G. Leibniz (1646-1716) e J.H. Lambert
(1728-1777). Porém, em certa acepção, somente depois de Bertrand Russell
(1872-1970), no alvorecer deste século, é que se inaugurou efetivamente
o progresso revolucionário que transfigurou a lógica em nossa época. Não
exageraríamos se asseverássemos, como A.N. Whitehead, que a lógica atual
está para a lógica aristotélica como a matemática moderna está para a arit­
mética das tribos primitivas.
E o grande paradoxo é que, muito embora a nova lógica seja de enor­
me valor para a filosofia, alguns tratadistas dessa disciplina e seus seguidores
ainda hoje teimam em expor a lógica aristotélica como se constituindo
em toda a lógica. Seria razoável que semelhantes tratadistas também apre­
sentassem a física de Aristóteles como sendo a derradeira palavra em fisica,
pois, assim, suas posições no campo da lógica e no domi'nio da fiSica se
equivaleriam ...
Nesta secção não tencionamos fazer história da lógica, nem polemizar
com pessoas que mantêm idéias fossilizadas. Desejamos, unicamente, dis­
correr sobre alguns dos tópicos dos quais se ocupam os lógicos no momento.
B oportuno insistir em duas coisas: a) a lógica deixou de ser apenas a
ciência das inferências válidas, passando a englobar outros assuntos.· Na
realidade, ela se converteu em uma disciplina matemática; b) a lógica (clássi­
ca) atualmente pode ser tida como o estudo do cálculo de predicados
clássico de primeira ordem e de suas principais extensões, como já se afir­
mou na seção precedente. Por outro lado, existem ramos da lógica clássica
que se acham apenas remotamente ligados a essa ciência assim definida.
Aliás, o mesmo ocorreria com qualquer outra conceituação, pois a lógica é
uma doutrina viva e progressista, resistindo, portanto, a qualquer tentativa
de condensá-la numa receita simples.
Em nossa opinião, inspirada nas idéias do lógico norte-americano
L. Henkin, as principais áreas de pesquisa, no estado presente de evolução
da lógica (clássica), são as seguintes: a) sintaxe lógica; b) teoria dos modelos;
c) teoria da recursão; d) lógica algébrica; e) aplicações da lógica à matemáti­
ca, especialmente à álgebra; f) fundamentos da matemática.
Para o leitor inteirar-se, mesmo de maneira um tanto vaga, do que se
faz hoje nos domínios da lógica, discorreremos sobre esses seis tópicos. Não
se torna preciso sublinhar que a exposição não será nem rigorosa nem com­
pleta.

16
Sintaxe Lógica

Nesta área da lógica estudam-se l inguagens artificiais, formalizadas,


nas quais são traduzidos os pro ble mas ló gicos referentes às li nguage ns
naturais e às ling ua gens da matemática e das ciências empíricas. Por meio
desse artificio, obtêm-se resultados sumamente importantes. Por exemplo,
K. Gódel (1931) mostrou que, sob condições simples e aceitas como natu­
rais, a maioria das teorias matemáticas não podem ser axiomatizadas de mo­
do completo (isto é, fo rma li zadas). Noutras pal avras, uma teoria matemática
como a aritmética elementar, caso seja consist ente, isto é, não encerre
contradições, não pode ser derivada de um conjunto explicitamente dado
de axiomas, por meios das regras lógicas de inferência. E isto vale, por mais
que se reforcem os axiomas iniciais. Logo, as verdades informais de uma
teoria matemática não são suscepti'veis de serem, todas. demonstradas.
De seu resultado, Godel deduziu outro: a maior parte das teorias matemáti­
cas não podem ser p rova da s consistentes, a não ser por meio de teorias
mais fortes e, oortanto, mais inseguras do que a inicial. Em certo sentido
preciso, não se pode legitimar a matemática de modo absolutamente seg uro .
Como o matemático frances A. Weil disse: "Deus existe porque a matemá­
tica é consistente, mas o Diabo também, porque não podemos demonstrar
esse fato".
Por seu significado intrinseco e pelas suas conseqüências filosóficas,
as indagações de Gódel se constituem em uma das mais notáveis real i za ções
da ló gica e da matemática em todos os tempos.

Teoria dos Modelos

A teoria dos modelos também se chama semântica (lógica). Nela se


investigam as relações existentes entre as l inguagens (formaliza das) da lógica
e da mat emáti ca e as estruturas às quais essas l inguage ns se referem. A teoria
dos modelos, em sua fase atual, foi ed ificada na década de 50, por A.
Tarski e A. Robinson. Um dos pr odutos mais significativos da semânti ca,
foi a matemati zaçã o feita por Traski, do conceito de verdade (efetuada por
,

volta de 1935, mas somente utilizada de modo sistemático na teoria dos mo­
delos, vinte anos após). Antes de Traski, só se podia falar de verdade de mo­
do informal e não matemático. Agora, há uma formulação matemática
do conceito em apreço, que permite que se derivem teoremas como o
seguinte, devido a Traski: nas teorias matemáticas (usua is) fortes e consisten­
tes, os conceitos de proposição verdadeira e de proposição demonstrável
(ou teorema) jamais coin c i dem, o primeiro sendo mais abrangentes do que o
segundo.

17
/\. teoria cios modelos possui as mais variadas aplicações, como , por
exemplo, na metodologia da ciência , na teoria do conhecimento e nas ciên­
cias empíricas.

Teoria da Recursão

Podemos nos acercar da teoria da recursão de vários pontos de vista .


Sem nos preocuparmos com o rigor , podemos afirmar que ela versa sobre
o que é exeqüível mecanicament e , computaciona lmente, sem recurso à
inteligência . Trata da teoria geral das máquinas, que atuam de maneira
mecânica , sempre dependendo das ordens que recebem . Na teoria em tela ,
definem-se certas máquinas ideais, introduzidas por A. M. Turing , e elas
são estudadas. Questão tipica da teoria dessas máquinas é a seguinte: quais as
relações numéricas (funções) entre os números naturais, que elas podem
"calcular"? Todos os grandes computadores da atualidade são realizações
físicas das máquinas de Turing. Quando esses computadores começaram a
ser projetados e construídos, ao redor de 19 50, por J. von Neumann e seu
grupo, a teoria geral dessas máquinas já existia, pois Turing criou a teoria
de suas máquinas em 1936.
Um dos resultados nucleares da teoria da recursão é o teorema de
Church-Turing, segundo o qual, para a aritmética usual, suposta consis­
tente, não existe nenhuma classe de máquina de Turing capaz de provar to­
dos os seus teoremas e somente eles. Conclui-se, daí, que o matemát ico é
i mprescindível para a evolução da matemática .. A matemática tem neces­
.

sidade de cérebros e não apenas dP máquinas, mesmo de máquinas extre­


mamente poderosas e ideais, como as de Turing. Outro corolário da teoria
da recursão é o de que a lógica aristotélica , particularmente a teoria do
silogismo, afigura-se estritamente mais fraca do que a nova lógica.

Lógica Algébrica

Nesta parte da lógica lança-se mfo de métodos matemáticos, especial­


mente algébricos, para se examinar os sistemas lógicos. A título de exempli­
ficação, mencionaremos que um sistema lógico muito conhecido, o cálculo
proposicional clássico , do prisma algébrico não passa de uma álgebra de
Boole; quem está trabalhando com tal cálculo está fazendo , sem saber,
álgebra .
Os sistemas lógicos mais importantes, sob o ângulo algébrico, consti­
tuem, em determinado sentido, reticulados, isto é, uma estrutura algébrica
bem conhecida. Deste modo, os métodos da t eo r ia dos reticulados são
utilizados para fecundar a lógica.

18
Aplicações da Lógica à Matemátim

Na lógica algéb rica emprega m-se métodos matemáticos para lidar


com a lógica. Nas aplicações da lógica à matemática (q ue poderíamos deno­
minar de "matemática lógica" ou de "álgebra lógica", caso essas expressões
não fossem tão impróprias) recorre-se a teoremas e métodos da lógica
para se manipular questões matemáticas. Por meio d esse expediente, foram
resolvidos problemas abertos em álgebra, de grande relevância. Como o
tema é dem as" iada mente técnico, dele não convém falar com mais detalhes.

Fundamentos da Matemática

Neste domínio , procura-se estruturar sistemas lógicos potentes , nos


quais seja possível fundamentar a matemática clássica. Três classes desses
sistemas são as teorias usuais de conjuntos, as teorias dos t ipos e as diversas
formas de teorias das categorias . Os sistemas de fundamentação da mat emá­
t ica são comparados entre si, analisados em suas idéias básicas e transfor­
mados pela ad ição ou pela supressão de axiomas. Interessa ao lógico que se
ocupa da fundamentação da m atemática , entre o utras coisas , a investi­
gação de novas matemáticas, oriundas de variantes dos sistemas de funda­
mentação mais comuns, embora se mantenham válidos os princípios cen­
trais da lógica clássica.
Aqui parece haver uma dificuldade: se a lógica é uma disciplina ma­
temática e se , por outro lado , serve para fundamentar esta ciência , não nos
encontramos, então , enredados em um círculo vicioso'? Na realidade não
existe nenhum círculo vicioso, mas a única forma de se comprovar tal fato
é pelo cult ivo sistemático da lógica . . .
Após ter lido a exposição acima, o leitor sem dúvida se recordará
do espírito da célebre frase de Hamlet , quando disse a seu amigo Horácio:
"entre o céu e a terra existem muito mais coisas do que sonha sua filoso­
fia". Na lógica contemporânea se está efet uando uma das máximas revo­
luções intelectuais de todos os tempos, sendo lastimável que tão poucas
pessoas, tão bem informadas sobre outros campos do sab er, conheçam
esse fato.

3. A Lógica Elementar Clássica

Este livro constitui uma introd ução à lógica elementar clássica , ou


cálculo de predicados de primeira ordem com igualdade, à qual ad icio­
namos o símbolo de Hilbert .
A lógica elementar, como já asseveramos, trata dos conectivos (im­
plica, e, ou, não , ...) e dos quantificadores (todo e algum), qua ndo estes
19
últimos se referem apenas aos objetos do domfuio ao qual a lógica se aplica
(e não a propriedades e relações que vigem entre esses objetos). Ela é de
importância fundamental para a lógica e a matemática tradicionais, pois
é o ponto de partida para a codificação rigorosa das mesmas. Mas também
é relevante para as lógicas não-clássicas, dado que estas sempre se originam
a partir de modificações de seus principios. Além disso. ela é importante
por si própria, como teoria matemático-formal extremamente fecunda,
e encontrou aplicações variadas na filosofia, nas ciências empiricas e na
tecnologia. Por exemplo, ela se evidenciou imprescindível para a compu­
tação.
Ultimamente, a teoria dos operadores que formam tennos ligando
variáveis de fórmulas, dentre os quais o símbolo de Hilbert se destaca, tem
sido muito desenvolvida e encontrado aplicações diversas. Por outro lado, o
caráter não trivial das técnicas necessárias para se estudar o símbolo cm
questão torna patente o significado profundo das noções da lógica hodierna.
Por tudo isto, achamos que uma introdução à lógica fundada no símbolo
de Hilbert associado à lógica elementar afigura-se conveniente.

20
CAPITULO 1
A LINGUAGEM DA LÕGICA ELEMENTAR CLÁSSICA
Vamos construir a linguagem L da lógica elementar clássica, acres­
cida do chamado o perador de Hilbert. Isso será feito com auxílio de outra
linguagem , a metalinguagem de L, que consiste essencialmente do portu­
guês usual, enriquecido com os nomes dos súnbolos de L e de certos termos
matemáticos. L possui duas partes:
a) A gramática, que nos for nece os si mbolos primitivos (alfab eto ) e
nos ensina a construir expressões bem formadas (termos e fórmulas) de L;
b ) A estrutura dedutiva, ou "lógica" de L, que nos fornece as regras
de inferência, que nos permit irão passar de umas fórmulas a outras, isto é ,
raciocinar, fazer d eduções.

1.1. Gramática d� L
Os símbolos básicos (primitivos) de L, ou seja , seu alfabeto, divi­
dem-se nas seguintes categorias sintáticas:
1) Conectivos (ou o peradores proposicio nais):
1.1) -+ simbolo de implicação (lê-se implica)
1.2) A símbolo de co njunção (lê-se e)
1.3) V simbolo de d isjunção (lê-se ou)
1.4) 1 simbolo de negação (lê-se niiJ)

Mais tarde será introduzido o simbolo de equivalência +> (lê-se equi­


vale). Nã9 é um súnbolo primitivo , mas é definido, co mo abreviação de uma
combinação de simbolos primitivos).
A esta altura cab em algumas observações informais sobre a correspon­
dência intuit iva que percebemos entre a linguagem artificial L, que está
sendo construida , e a linguagem natural (o português) que estamos empre­
gando para falar dela. Não devemos imagina r que esta correspondência
seja exata, e que possamos traduzir , completa mente , sempre , e em todos
os casos, a linguagem natural na linguagem L. Como exemplo de situação
em que isto não é possivel , temos a dos chamados condicionais contrafá­
ticos (de grande importância em setores das ciências humanas, como a
história), que não são adequadamente refletidos pela implicação -+ de L.
Como veremos mais adiant e , quando tivermos dado as regras que regem
esta implicação (chamada d _ e implicação material), uma fórmula do tipo
A -+ B será verdadeira em qualquer interpretação desde que A (chamado

21
antecedente) seja falso, não importando se B (o conseqüente) é verdadeiro
ou não. Assim, as sentenças contrafáticas
i) Se Napoleão tivesse vencido em Waterloo, o mundo seria diferente.
ii) Se Napoleão tivesse vencido em Waterloo, o mundo não seria
d ifer ente .
seriam ambas verdadeiras (pois o antecedente é falso) do ponto de vista
da implicação de L, o que se mostra incongruente do prisma da linguagem
ordinária e também da história.
Não suponhamos, contudo, que tal inadequação de tradução da.lin­
guagem ordinária para L só afete as ciências humanas. Problemas análogos
surgem nas ciências naturais. Por exemplo, o principio da inércia, da física
tradicional: "Se nenhuma força atua sobre um corpo, este permanece em
estado de repouso ou movimento retilinio uniforme" - dá origem a situação
parecida à dos enunciados contrafáticos, pois seu antecedente é sempre
falso (sabemos que no universo não há nenhum corpo sobre o qual não atue
nenhuma força). Assim. a aplicação da lógica elementar clássica à fisica
deve ser precedida de cuidadosa análise dos contextos e leis físicas.
f importante destacar, porém, que a implicação material, -+ de ,

L expressa adequadamente todas as implicações da linguagem matemática


tradicional.
Voltando aos símbolos primitivos de L, passemos às demais categorias
(sintáticas) dos mesmos.

2) Quantificadores
li quantificador universal ( l ê-se para todo)
3 quantificador existencial (lê-se existe pelo menos um ou existe
um)

3) Srmbolos auxiliares
(,) parênteses. Servem para indicar como se agrupam os símbolos
nas ex pressõ es de L (portanto, como os sinais de pontua ção da linguagem
comum, auxiliam a leitura, mas não se lêem). Podemos empregar também
chaves e colchetes { } e [ ], mas isto por abuso de linguagem, já que estes
sinais não são símbolos primitivos de L e po dem ser dispensados em favor
de parênteses.

4) Variáveis individuais
São as seguintes Zo, z1 , z2 , z3 , . • •

As variáveis constituem símbolos que servem para nos referirmos


a indivíduos: indicam um indivzauo ou objeto qualquer do domlnio dos
objetos sobre o qual a li nguagem estiver falando.

22
O fato de que as variáveis de L sejam simbolos formados pela mesma
letra z do alfabeto latino, tendo como subindices os números naturais,
garante que haja, para cada número natural, uma e só uma variável, e que o
número de variáveis seja infinito. Isto é fundamental para o poder expressivo
da lógica elementar, como foi evidenciado, entre outros, por L. Henkin.

5) Constantes (individuais)
Assumimos que L contém um conjunto qualquer de constantes,
em particular vazio (não existem constantes).
Em nossa construção de L estamos, na realidade, caracterizando
não uma linguagem perfeitamente determinada, mas uma fam11ia de lingua­
gens. Convém-nos, de fato, deixar propositadamente indeterminada a cate­
goria das constantes. (A mesma coisa irá ocorrer com a próxima categoria
sintática, a dos simbolos de predicado). Conforme a teoria que pretendemos
expressar cm L, escolhemos o nosso conjunto de constantes.

Exe.mplos:
1) Em certas formulações da aritmética. O. 1, 2, .. . serão as constan­
tes individuais;
2) Na teoria dos grupos pode-se utilizar somente uma constante,
que denota o elemento neutro da operação de grupo;
3) Na teoria das relações de ordem com maior elemento, recorre-se,
em geral, a uma constante que denota esse elemento.

6) Símbolos de predicado
Qualquer conjunto de simbolos de predicado que inclua o simbolo
de igualdade ( ). Predicados, intuitivamente, expressam as propriedades
=

dos, ou as relações entre objetos do domihio ao qual a linguagem se refere.


Uma propriedade de um objeto é um predicado de grau um; uma relação
entre dois objetos é um predicado de grau dois; uma relação entre 3 (4.
5, . .. ) objetos é um predicado de grau 3 ( 4, 5 .... ).
Exemplos:
Predicado de grau l ou monádico: ser radoruil; aplicado a um objeto
a origina a proposição a é racional�
·

Predicado de grau 2 ou didático: menor do que; aplicado nos números


40 e 61, origina a proposiçãa 40 é menor do que 61;
Predicado de grau 3 ou triádico: estar entre; aplicando-0 aos pontos
li, l em, obtém-se a proposição k está entre I em.
A igualdade é um predicado de ordem 2, que sempre estará incluido
entre os predicados binários de L.
Poderiamas, também, incluir entre os predicados os predicados de
grau O; eles expressariam proposições. sendo verdadeiros ou falsos. No en-

23
tanto , tais pred icados proposicio na is não serão incluídos cm no ssa linguage m
(o leitor fa cilmente poderá , co mo exercício , alterar nossa exposição pa ra
inclui'- los em L).
Informalmente , todo símbolo de predicado de grau n deno ta um pre­
d icado do mesmo gra u , que pode co nectar objetos do domi'nio ao qual se
refere l (n > 1 ) .

7) Sini>olo de Hilbert
O si'mbolo de Hilbert é E , ou seja , a letra grega minúscula é psilo n .
I nformalmente o significado d e E pode ser esclarecido po r meio d e
u m exemplo . Se Q fo r u m símbolo d e predicado .de grau 1 e x uma variável,
então f: XQx d enota um objeto x tal que x possui a pro priedade Q, ou u m
obj eto fi xo qualq uer, s e não houver nenhum obj eto q u e tenha a propriedade
Q. O símbolo de Hilbert ta mbém se denomina descritor bulefinido , pois
per mite que nos refiramos a um objeto do domihio de ind ivíd uo s que têm
uma pro priedade . mesmo que não saibamos precisament e qual é esse objeto .
De um modo geral , E aplica-se a fórmulas para formar ter mos (d efin iremos
logo a seguir formula e termo). e os termos se referem a objeto s. d enota n ­
do-os .

Tendo concluído a aprese ntação dos símbolos primitivos de L, intro­


duziremos, a seguir , as definições de expressões, tennos e fómutlas de L.
As defin ições serão dadas na metalinguagem : não usaremos os símbolos de
L, mas falaremos sobre e les utilizando os seus nomes na meta linguage m .
Nesta , x , y ,. . serão nomes el e variáveis; P, Q, . . . nomes de símbolos d e
.

pred icados ; os co nect ivos, os quantificadores e os parênteses serão os se us


pró prios no mes na metalinguage m . Tennos e fórm1.1las serão definidos simul­
taneament e , por indução dupla , através de uma �ér ie de clá usulas que os
caracterizam .

Defmição l J J (Expresslb)
Qualquer seqüê nc ia finita d e símbolos de L chama-se uma expressão
de l.
Assim , são expressões de L as seguintes seq uências:
-+ -+ -+ 1 'f/x Px,
onde x e P d enot a m , respectivamente , uma variáve l e u m símbolo de pred i­
cado monádico de L
No entan to as seqüências
,

-+ t , 'f/ X
*
X e X <= -+ X,

não são ex pressões de L , mesmo se


supondo ' !ue x seja uma variável d e L,
porque contêm símbolo s que não são símbolos p ri mi i vo s de L t
24
Definição 1 .1 .2 ( Termos e fórmulas)
1) As variáveis e as constantes ind ividuais são termos;
2) Se A e B forem fórmulas, então {A -+ B), {A A B), (A v B) e 1 A
são também fórmulas ;
3) Se x for uma variável individual e A uma fórmula , então E XA é
um termo ;
4) Se x for uma variável individual e A uma fórmula, então 3 xA e
'fJ x A são fórmulas ;
5) Se Q for um símbolo de predicado de ordem n e t 1 , t2 , • t0
. •

forem n term o s , então Qt 1 t 2


• • t 2 é uma fórmula atômica .

6) Os únicos termos e as únicas fórmulas são os dados por 1 a S


anteriores.
Termos e fórmulas constituem expressões de L.
Havíamos comparado , informalmente , os símbolos de L a um "al­
fabeto ". Analogamente, termos e fórmulas se comparam respectivamente
a nomes e proposições que podemos escrever com este alfabeto . Os termos
designarão objetos e as fórmulas expressarão proposições. Ao final deste
capít ulo , alguns exemplos e exercícios procurarão tornar essas correspon­
dências mais claras.

Definição 1 . 1 . 3 (Súnbolo de equivalência ( +>))


Sejam A e B fórmulas. Então ,
(A +> B) = o c r ( A -+ B) A ( B -+ A)
O símbolo definido o não pertence à linguagem L, mas à sua meta­
linguagem. Sua introdução destina-se a simplificar a escritura das fórmu­
las de L .
As fórmulas e os termos chamam-se expressões bem formadas ( ebfs)
de L . Ao escrevermos as fórmulas suprimiremos, quando existirem , os parên­
teses externos. Outras simplificações análogas, relativas às expressões bem
formadas, embora impli'c itas, ficarão claras pelo co ntexto .
Vamos agora provar, -por meio da lógica in formal da metalinguagem ,
alguns resultados sobre termos e fórmulas .

Teore rm 1. 1 . 1 Se P for um simbolo de predicado de ordem 2 , Q um


simbolo de predicado de ordem 1, X uma variável e a uma co nstant e , então
Pa E x Ox é uma fórmula .

Demonstração : Consistirá em se mostrar , recorrendo às cláusulas


apropriadas da definição 1 . 1 .2, que
1) a é um termo (I )

25
2) E x O x é um termo, (3 ) já que :
a ) x é um termo ( l )
b) Q x é uma fórmula (5 )
3 ) e q ue, portanto, Pa E x O x é uma fórmula, pois P é um predicado
de ordem 2 seguido de 2 termos (5 )

Teore im 1 . 1 .2 1 x B . onde x é uma variável e B uma fórmula, não é


nem termo nem fórmula .

De monstração : Deve-se mostrar, exanúnando a definição cláusula


por cláusula, que
a) um termo nunca começará por uma negação ;
b ) uma fórmula nunca começará por uma negação seguida de uma
variável.
a e b s e rão com provados pelo exame das cláusulas l a S ; a cláusula
6 é im portante neste tipo de demonstração por garantir que não há outros
casos além dos examinados.

Exercícios : d e m o ns t r a r q ue :
1 ) 1 Bx, onde x é uma variável e B uma fórmula, não é nem termo
nem fórmula.
2 ) Nenhum termo é fórmula, e reciprocamente .
3 ) Existem expressões que não são bem formadas.
4 ) Se t 1 e t2 forem termos, então t 1= t2 não é fórmula.
= t 1 t 2 é fórm ula ? (Embora a notação canôn ica seja a última, por
co n ve n ção pode mos adotar a primeira . co mo é h a b i t u a l) .

Semintica in fo r ma l de L :
Alguns exemplos tornarão mais ou menos transparente a semântica
informal de L. Pa ra fixar idéias, admitiremos que estamos falando dos pon­
tos de uma linha reta da geometria euclidiana. P simbolizará a relação
precede ou coincide , e Q a relação está entre . Port an to , P é um símb o­
lo de predicado de grau 2 e Q um símbolo de predicado de grau 3 . Se c, f e g
forem constantes, em nosso exemplo denotam pontos fixos.
Pcj' significa c precede ou é igual a f e Qcfg significa c está entre
f e g.
Vejamos o que exprimem certas fórmulas:
l ) 't/x 3y Pxy : todo ponto x é tal que existe um ponto y tal que x
precede ou é igual a y .
2) "lx "l y "l z (Qxyz -+ (Pxy A Pyz) ) : três pontos x, y e z quaisquer
são tais que, se x está entre y e z, então x precede ou é igual a y e y precede
ou é i g ua l a z .
26
3) 'f/x 'f/y ( (Pxy J\ Py x ) -+ x = y ): os pontos x e y quaisquer são
tais que se x precede ou é igual a y e y precede ou é igu a l a x , então x é
igual a y .
4) 'f/x 'f/y 'f/z ( Qxyz -+ ( 3 t Qtxy J\3u Quyz)) : quaisquer que sejam
os pontos x, y e z, se x está entre y e z, então existe um ponto que está
entre x e y e existe um ponto que está entre y e z.
5 ) 'f/x 'f/y (x * y -+ PE tQtxy y ) : quaisquer pontos x e y são tais
que se x for diferente (x t= y abrevia 1 x = y) de y , enta-o um ponto que
est eja entre x e y, precede ou é igual a y.
6) 3 x (x = E xPxy J\ Pxy) : existe um ponto x que é ig ual a u m
ponto que precede y e o ponto x precede y .

Exercício : Qu e significam , informalmente, as fórmulas abaixo?


Nos quatro exemplos abaixo , L refere-se aos pontos da reta eucli-
·

deana , com a interpretação anterior:


l ) 3 x 'f/y (Pxy J\ I Pyx)
2) P E xPxyz
3 ) E xPxy E yPxy -+ X Y
= =

4) 'f/X 3y (Pxy J\ X * y )
A seguir , a s fórmulas se re fe r e m a números nat urais, e < simbo li7.a o
predicado b i nário é maior que :
5) 'f/x(x < x -+ x = x)
6) 'f/X 3y (X = y J\ y y)
=

7) 3 x 'f/y (x t= y -+ x < y)
8) 3 x (A(x) J\ 'f;/y (A(y) -+ x = y)), onde A(x) é u ma fórmula da
aritmét ica.

1 .2 . A Estrutura Dedutiva de L

Após termos construído a gramá tica de L, passamos agora a elaborar


sua estrut ura dedutiva . Ela consiste das regras de inferência , que nos dirão
como passar de certas fórmulas (as premissas) a uma outra fórmula (a con­
clusão ), isto é, como fazer deduções. Há diversas maneiras equivalentes
de se sistemat izar a estrutura dedutiva da lógica elementar clássica (com o
símbolo de Hilbe r t ) . A que vai ser apresentada aqui deve-se , essencialment e ,
a S. Jaskowski e a G . Gentzen ,, q u e a formularam d e modo simult âneo ,
emb o ra independente , em 1 934 (é o denominado método de ded ução
na t ura l ) .
As regras são da s egui n t e fo rm a :

27
Isto nos assegura que das fórmulas F 1 , F2 , , F0 (as premissas),
. •
:
podemos tirar a fórmula F (conclusão).
Para aplicar as regras, Qbtendo-se cadeias de raciocínios que consti­
tuem as deduções ou demonstrações em L, sempre teremos que partir de
fórmulas iniciais, que são as suposições ou hipóteses de partida . Por meio
delas, pelas regras, chegamos a outras fórmulas, que também podem fun­
cionar como prenússas de regras convenientes, até que , finalmente , termi­
namos com a conclusão da dedução ou demonstração . No decurso de uma
dedução , várias das hipóteses iniciais podem ser riscadas ou cortadas, quan­
do isto for permit ido explicitamente pelas regras de inferência . Daqui
para frente , reservaremos a palavra demonst ração para designar uma dedu­
ção cujas suposições foram todas riscadas.
Adotaremos a convenção de designar fórmulas pelas letras latinas
maiúsculas e os conj untos de fórmulas pelas letras gregas maiúsculas.
Seja r um conj unto de fórmulas e F uma fórmula . Se existir uma de­
dução de F a partir de suposições contidas em r escreveremo s : r 1- F,
,

que se lê, F é uma con seqüência s intática de r . Quando r for vazio , isto é,
há uma demonstração de F , escreveremos, simplesmente t- F, e diremos
que F é um teo rema lógico.
O processo que nos leva das suposições, cortadas ou não , à co nclusão ,
procei.so em que cada passo só pode ser dado qua ndo se está autorizado
por uma das regras, é susceptivel de ser representado por uma árvore, ou
seja , um esquema do tipo. seguinte :

Admitimos a árvore degenerada que se reduz a uma única fórmula :

F .

Se F pertence ao conjunto r , então as definições acima e essa árvore


mostram que r 1- F.

Exerclâo : Prove que :


1 ) Se fi e ó. forem conjuntos de fórmulas, então se r 1- F resulta
que r U llt- F (f U ó. a uniã'o de r e ll , é o conjunto que contém todas
,

as fórmulas de r e ll e somente essa s).

28
2) t F } r F, onde { F } é o conjunto cujo único elemento é a fór­
mula F.
3) Se f r F e t:. U { F } l- G, então f U l::. 1- G .

Regras de L
De toda regra, diz-se que ela introduz ou elimina um símbolo , em sen­
tido que ficará claro pela inspeção das regras. Por outro lado , pode-se consi­
derar que as regras correspondentes a um conetivo definem o peracional­
mente esse conetivo .

e [A)
B -+ int supondo A, chegamo s a B através
Se ,
A -+ B de uma árvore, podemos escrever
A ..... B, e eliminar ou cortar algumas
ou todas as ocorrências da suposição
A
A A -+ B -+ elim Também chamada "modus ponens"
B ou regra de separação .

@ _A __ B_ A int
A A B
A A B A A B A elim
A B

A _B_
A V B AVB
( A) ( B]
AVB e e V elim Se de A tiramos C, e de B tiramos C,
e então de A " V B podemos tirar C , eli­
minando as suposições A e B

<S) A -+ B A -+ 1B 1 int Também chamada regra de "redução


1A ao absurdo".

A IA Regra N ou regra da l elim fraca .


B
A -+ B I A -+ B Regra do "terceiro excluído "
B ou da 1 elim forte .
29
As regras acima não incluem o s quantificadores nem o símbolo de
Hilbert . Esta parte da lógica , que se ocupa apenas dos conetivos, chama-se
cálculo proposicional (clá�sico ).

Vejamos alguns exemplos de deduções :

1) 1- A -+ ( B -+ (A A B))

"' �
\ I A int
/\ A B
1 -+ int (riscamos B)
B -+ (A A B)
1 -+ int (riscamos A )
A -+ (B -+ (A A B))

A e B estão riscadas porque são suposições que foram eliminadas


pela aplicação da regra -+ int (também chamada teorema da dedução).

2 ) 1 - A -+ (B -+ A)

"' J,i
\/ A int
AAB
1 A elim
A
1 -+ int (riscamos B)
B -+ A
1 -+ int (riscamos A)
A -+ (B -+ A)

30
3) 1- (A -+ B) -+ {{A -+ (B -+ C)) -+ (A -+ C))

e
1 -+ int (riscamos todas as ocorrên­
A -+ C cias de A das quais C depende).

-+ int (riscamos A -+ (B -+ C ))

(A (B C )) -+ ( A C)

1
-+ -+ -+

-+ int (riscamos A -+ B)

(A -+ B) -+ ((A -+ (B -+ C)) -+ (A -+ C ))

4) 1- (A A B) -+ A 4 ') 1- (A A B ) -+ B

A ifi. B A � B

1
A
A elim

B
1 A elim

(A A B)
1 -+
-+ int

A
1 -+ int

(A A B ) -+ B

31
5) r A 4 (A V B) 5 ') r B 4 (A V B)

1
"
V int

A V B
1 V int

A V B

1 4 int

B
'
4
4

(A V B)
int

A 4 (A V B)

6) r (A 4 C) 4 ((B 4 C) 4 ((A V B) 4 C))

� A �C J' B �C

\! olbn \/ 4 elim

AfB e e

""' /e
V elim (riscamos A e B, e
acrescentamos A V B
às suposições )

(A V B)
1 4 int (riscamos A V B)

4 C

\ 4 int (riscamos B 4 C)

(A V B 4 C)

1
(B 4 C) 4

4 int (riscamos A 4 C)

(A 4 C) 4 (( B 4 C) 4 (A V B 4 C ))

32
7) t- (A -+ B) -+ ((B -+ C) -+ (A -+ C))

B f> C

-+ elirn

B e
-+ int ( corta -se A)

A -+ C

-+ int (corta -se B -+ C )

(B -+ C) -+ (A -+ C)

-+ in t (corta -se A -+ B)

(A -+ B) -+ ( ( B -+ C) -+ (A -+ C ) )

É na t ura l que estes exemplos que ilustram o mecanismo das ded uções ,
pareçam , à vista , algo arbitrário s e art ificiais. Por ém , devemos nos
primeira
co nvencer de q ue , a o contrário , os mesmo s são nat urais e reflet e m bem as
pro priedad e s i n formais dos co net ivos. Por exemplo , as regras re ferentes a
A mostram como este co net ivo pod e ser intro d u zido e co mo pod e ser eli­
minado em um co ntexto ; cm o utras palavras, co mo já obs erv amo s elas ,

co nferem um significado operacional a A E o mesmo o co r re com o s o u ­


.

t r o s co n et ivo s . O s exem plos não const it uem mais que aplicaçõ es das pro­
priedades o peracionais de tais operad o re s : decorrem d e seus sentidos, fixa­
dos pela s regras.
A única maneira de se d o m ina r a t écnicada d ed u ção lógica é por
meio do exercício inten so . Não há normas para se const r uir ded uçõe s .
Aq ui s e trata d e d esenvo lver uma habilidade semelhant e , para exempli­
ficar, à d e se dirigir a utomóvel : co nd ição imprescind ível para se co n seg u ir
bom rendimento ad q uire-se na prática , por tentat ivas e erro s .

33
Veja mo s mais e xe m plos de d e d u ções :

8 ) 1- A -+ A
" "
\1 A int

AAA

A elim

A
-+ int (cortam-se as d uas ocorrê n c ia s de
A nas s uposi ções)
A -+ A

9) 1- ( A -+ B) -+ (( A -+ 1 B) -+ 1 A)

IA

-+ int {risca-se A -+ 1 8)

(A -+ 1 B) -+ l ..X

-+ int (risca-se A -+ B)

(A -+ B) -+ ((A -+ 1 B) -+ 1 A)

Observe-se que (A -+ 3) -+ ((A -+ 1 B) -+ 1 A) é uma lei lógica,


um t eo r e ma ló gico ou um principio lógico ; mas a regra d e 1 int não é lei
ló gi ca e sim uma regra logicamente vá lid a . Deve-se ter sempre em mente a
d ifer e n ça entre leis (teoremas) lógicos e regras lógicas.

34
1 0) t- (A /\. 1 A) -+ B
A /\. J A A /\. J A

1 /\. clim /\. elim

A IA

�/ B
regra N

1 -+ int (riscamos todas as ocorrências de


{A /\. 1 A) -+ B A /\. 1 A dos quais B depende)

11) t- IA -+ {A -+ B ) 1 1 ')I- A -+ ( 1 A -+ B )

'" " '" "


\/ rogra N \/ rcgu N

B B
1 -+ int -+ int

A -+ B I A -+ B
-+ int 1 -+ int

1A -+.( A -+ B) A -+ ( 1 A -+ B)

35
1 2) 1- A V ·1 A (lei do t erceiro excluido)

" 1 '1

AV IA
1 V int

A VIA
1 V int

1
-+ int

A -+ ( A V I A)
-+ int

I A -+ (A V I A)

""' / A VIA
1 elim forte

1 3) t- l l A -+ A

Nesta demonstração vamos introduzir a abreviação seguinte, que


será utilizada nas futuras d ed uções : sempre que se t i ve r demo nstrado uma

.
lei lógica , ela pode ser empr ega d a na s ded uções como suposição que se con­
sidera riscada O leitor pode verificar , como exercicio , que isto é ar t i ficio
legitimo.

1 '"

\/
"

A ffit

l I A /\ A N

1 /\ clim

A A

1 -+ int -+ int

li A�A

V e l i m (corta m-se Ae 1 A; l- A V 1 A
con sid era -se cortada por ser teorema )

36
14) t- A -+ l l A

1 11 +- A

\/ \/
"- 11A "-

regra N A int

A A llA

-+ int (corta-se A ) l A cllim

llA

-+ int
(corta-se A )

V elim (cortam-se 1 A e
l l A ; t- I A V l l A
considera-se cortada
por ser teorema)

15) t- A +> 1 1 A (lei d a d upla negação )

f- A -+ l l A f- l l A -+ A

�/ ;nt

(A -+ l l A ) A ( l l A -+ A)

1 Dcfm;çao d< �

A tt l l A
( t- A -+ 1 1 A e t- 1 1 A 4 A consideram -se cortadas por serem t eoremas)

16) f- l (A A I A) (lei da contradição )

t- (A A 1 A) -+ A t- (A A 1 A) -+ 1 A

�� ;nt

1 (A A 1 A)
37
Exercício : Demonstrar que se tem :

1) 1- 1 (A A B) -+ ("l A V 1 B)
2) 1- ( 1 A V 1 B) -+ 1 (A A B)
3) 1- l (A V B) -+ ( I A A I B)
4) 1- ( 1 A A 1 B) -+ l (A V B)
5) 1- l (A A B) +> ( I A V I B)
6) 1- l (A V B) +> ( I A J\ I B)
7) 1- ((A V B) A 1 A) -+ B
8) 1- (A -+ B) -+ ( 1 B -+ 1 A)
9) 1- ( 1 B -+ 1 A) -+ (A -+ B)
10) 1- (A -+ B) +> ( 1 B -+ 1 A)
11) 1- (A +> B) .... ( 1 A +> 1 B)
1 2) 1- l (A -+ B) .... (A A I B)
1 3) 1- (A -+ B) +> l (A A I B)
14) 1- (A -+ B) ++ ( I A V B)
1 5) 1- A V (A - B)
1 6) t- ((A -+ B) -+ A) - A
17) 1- (A ++ B) -+ ((A A C) +> (B A C ))
18) 1- (A +> B ) -+ ((A V C) +> (B V C))
19) 1- (A ++ B ) -+ ((A -+ C) . +> (B -+ C))
20) 1- ( A +> B ) -+ (( C -+ A) ++ (C -+ B))
21 ) 1- ((A A B) A C ) ++ (A A (B A C))
22) 1- ((A V B) V C) +> (A V (B V C))
23 ) t- (A A (B V C)) ++ ((A A B) V (A A C ))
24 ) 1- (A V (B A C )) +> ((A V B) A (A V C ))
25 ) 1- (A -+ 1 A) -+ 1 A
26) 1- ( 1 A -+ A) -+ A
27) 1- (A -+ B) -+ ((( A -+ B) � A) -+ A)

Indicamos como se fazem as demonstrações de três das leis acima.!


O leitor deve completar as demais.

1 5 ) l- A V (A -+ B)

" 1 .#. 1 .#. -+ (.#.-+ B)


1 ' -----
A V (A -+ B) A -+ B

1- A_Y IA J 1
A V (A -+ B)

A V (A -+ B)

38
2 7) 1-- (A -+ B) -+ ((( A -+ B) -+ A) -+ A))

A f+ B (A t B) t A
'-..... ----
A
1
((A -+ B) -+ A ) -+ A
1
(A -+ B) -+ (((A -+ B) -+ A) -+ A)

1 6) j- ((A -+ B ) -+ A) -+ A ( lei de Peirce )

( A -+ B) t A AtB J1,. j- A -+ A
-......_ A / '- /
A
�A � 1- A V (A -+ B)

1
((A -+ B) -+ A) -+ A

As regras que foram form uladas a nt erio rme nte são a s regras primitivas.
A part ir delas, po de mos provar q ue outras regras podem ser u t iliza d as , pois
suas a plicações podem ser sub st it u íd as po r utilizações con ve ni e ntes das
regras pri mit iva s . As novas regras . assim obtidas, chamam-se regras deri­
vadas.
Assim, a regra

A -+ D B -+ C ( silogismo hipotético )
A -+ C

é uma regra derivada, porquanto qualquer a p licação desta regra pode ser
s ubsti t u ída por

B -+ C A -+ B ( A -+ B) -+ ((B f+ C ) -+ (A -+ C))

'\ / (B -+ C) ( A -+ C)
4 0 li�

/
-+

4 o l im

A -+ C
39
Exerádo :Mostrar que as regras abaixo são regras derivadas:

1) _L
A

2) AVB 1A ( silogismo d isjuntivo )


B

3) A -+ B 1B (mod us tollens)
IA

4) A +> B A
B

5) A <-> B B
A

6) l IA
A

7) 8
l IA

Apresentaremos, a seguir, algumas definições e certas notaçôes q ue


se fazem necessárias para que seja possível enunciarmos as demais regras
que com pletam a est rut ura dedutiva de L. Estas regras que faltam referem­
se ao s quantificadores e ao símbolo E , e ao acr esce n tá - las passaremos do
cálculo pro posicional ao cálculo de predicados de primeira ordem co m
igual Jade e o símb o lo E ( o u lógica elementar com o símbolo em apreço):
Ao escrevermos expressôes bem formadas, sempre ficará pressuposto
que os símbolos metalingüísticos usados possuem as categorias sintáticas
definidas pelo contexto.

Definição 1 .2. 1 . ( Oco"ência ligada de uma variável)


lima ocorrência de uma variável numa ex pressão bem formada diz-se
ligada se estiver afetada por um q uantificador ou por E .
Em \tx(Pxy V 1 Qx) as três ocorrências de x estão ligadas, pois se
encontra m afetadas pelo quantificador.
Em 3 xPxy V 1 Qx as d uas primeiras ocorrências da variável x estão
ligadas, mas a última não está .

40
'
No te rmo E xPxy, as d uas ocorrências de x estão ligadas, mas a de y
não está .

Definição 1 .2.2 (Ocorrência livre de uma variável)


Uma ocorrê ncia d e variável que não for ligada , d iz-se livre .
A variável x está livre n a fórmula Px V 1 P x . A variáve l y t e m ocor­
rência livre no termo t:: xPxy.

Definição 1 .2. 3. ( F(x , y , z , . . . ))


F( x, y , z, . . . ) designará uma expressão bem formada na qual a s va-
riáveis x . y, z, . . . podem: o correr livre s ( i�to é, podem ter o co rrcncias li-
vres).
P sendo um símbolo de pred icados d e grau 2 e x uma va riável , então
Px x é uma fó rmula que se pode represe ntar por F(x). Também Pxy e Pyz
podem ser representados por F(x). O caso cm que F(x) re presenta Pyz
chama a ate nção para o fato de que F(x) é uma ex pre ssão na qual x pode
ocorrer l ivre , o q ue não significa que deve o co rrer livre sempre.

De finição 1 .2.4. (F(t))


Seja F(x ) uma e xpressão bem formada e t um termo . Então , F(t)
re presenta a ex pressão q ue se obtém de F(x), substituindo-se as ocorrê ncias
livres de x por t. Análoga defin ição vale para o caso de ex pressões do tipo
F( x , y , z , .) e termos t 1 , t 2 , t 3
. . Exem plo :
. • .

F( x): 'f/ y ( Pxy /\. Qx)


t: z

F(t): 'f/y ( Pzy A Qz)

Outro exem plo :

F(x ): E U Pux
t: y
F( y): E UPuy

Definição 1 .2.S. (Confusão de variáveis)


Seja F(x) uma expressão b em formada e t um termo . Na substituição
de x por t cm F(x) diz-se que não há confusão de variáveis se em F(t)
nenhuma variável livre em t torna-se ligada . Caso contrário , diz-se que há
co nfu são de variáveis. Exemplos:

41
F(x): 't/y ( Pxy V I Q xy)
t: y
f(t): 'tl y (Pyy V I Qyy)

Há aq u i co nfusão de variáve is: po is a varüível y , ao ser colocada no


lugar de x , nas d uas ocorrências, ficou ligada .

F( x): 't/y (Pyx V 1 Qxy)


t: E UQyu
F( t) : 't/y ( Py E uQyu V I Q E uQyuy)

Neste exe m plo também há confusão d e va riáveis.

F(x) : 't/y(Pyx V 1 Qxy)


t: z
F(t ) : 'fly ( Pyz V Qzy)

Aqu i não há confusão de variáve is.

Definição 1 .2.6 (Expressão fechada)


Uma ex pressão que não ·co ntenha variáve is co m ocorrê ncias livres
cha ma-se fechada . Um termo fechado denomina-se termo constante e uma
fórm ula fechad a , sentença. Toda constante ind ivid ual é um termo fechado
ou termo con stante. Facilmente se vê que se t for um termo fechado e
F( x) uma expre ssão bem formada, cm F( t) não há nunca confusão de
variáveis.

Definição 1 .2.7 (Subfórmulas e subtermos)


As fórm ulas e termos são co nstru ídos passo a passo pelas cláusu las
da Definição 1 .2 . As fórm ulas e os termos que são necessá rio s con struir
para se obter uma fó rmula F chamam-se, respectivamente, subfórmulas
e subtc rmos de F. Por exte nsão , F é tamb é m sub fórmula de F.

Definição 1 .2.8 (Fórmulas congru.entes)


Sejam F e G duas fórmulas satisfazendo as seguintes cond ições:
1) E las têm o mesmo número k de oco rrê ncia de símbolos; 2) Se o sím­
bolo de ord em i de F não é uma variáve l , então o símbolo d e ordem i de F
e de G são os mesmos; 3) Se o símbolo de ordem i de F é uma variável
, livre , então o símbolo de ordem i de G é a mesma variável livre ; 4) Se o
símbolo · de ordem i de F é uma variável ligada pelo j -ésimo quant ificador

42
( símbolo E ) de F , então o i-ésimo símbolo de G ta mbém é u ma vari:íve l .
a mesma ou n ã o da ocorréncia co rre s pon d e nte de F, l igada pelo j-ésimo
quant ificador (símbolo E ) de G . Natura lmente. O < i .:;;; k e O < j .:;;; k.
Nestas condiçõ e s, seguindo S.C. K le e n e . d i re mo s q ue F e e; são fó r m u las
congruentes.
Em l i nguagem informa l . d uas fó r m ulas são w ngrne ntes q u a n d o po­
dem d iferir apenas pela s sua s v a r i á v e i s l i ga d a s , e o co r rê n ci a s corre s p o n d e n­
tes de variáveis l i g ad as são l igadas por q ua n t ificadores, o u pe lo sí m b o lo
�: , correspo ndentes.
Fó rm ulas co ngruentes possuem o m es m o se nt id o . co mo s e co n s t a t a
i n fo r m a l m en te . Assim ,

Vx ( Px V 1 Px).

q ue é u nw formulação quant ificacio na l do t e rce iro e x c l u íd o , se escrita

\ty (Py V 1 J>y)

q uer d izer ex a t a m en t e a mesma c o i sa .


J\na loga m e nt e ,

Vx 3 y Pxy e 'fi z 3x Pzx

s i gn i fi ca m o mesmo ( se Pa b ex pressa a pro posição 'a é menor u o q u e b ' .


a e b s e n do n ú meros nat u rais. e n t ão as u uas fórmulas a c i m a d ize m o mesmo :
"Para todo n ú merc nat ura l , ex iste o ut r o q ue é maior do q ue o pr i me i ro ") .

F inal mente . pode mos form ular as regras que co m pleta m a est ru t u ra
ded u t iva de L. q ue são as se g u i nt es:

Parti cu la ri zação \#xJ\ ( x) elim Onde J\( x ) é uma fór m u la t a l


un ive rsal A(t) q ue o t e r m o t po d e ser sub s­
t i t u ído no lugar de x , sem co n­
fusão de variáveis.

Genera l ização J\( t) 3elim Mesma re st r i ção q u e a da re­


ex istencial 3 x A( x ) gra a n t e r io r .

Part ic u l a riza ção 3 x J\(x ) 3e l i m O n d e n ã o h á co nfu são d e va­


e x i ste nc i al J\( r:: x A( x )) r i üve i s.

43
Generalização A(E X 1 A(x)) \tint Onde não há confusão de va·
universa l \t x A( x) riáveis

Co ngruência -11_ Con Onde A* é qualque� fórmula


A* congruente com A. E a regra
da co ngruência .

Variação A( x ) Var Desde q ue x não figure liv.rc


A(t) em nenhuma suposição não
riscada da dedução em que
.for aplicada e t não cause co n­
fusão de variáveis. É a regra
da variação .

Lei da Ident idade A =1 Lei da ident idade ou da refle­


\t x(x = x) x ividade da igualdade.

Lei de Lei b n iz x = :t A�x} -2 x e y são variáveis e supõem­


AU) se que não há co nfusão de
variáveis. É a lei de Leib niz
ou da subst itut ividade da igual­
dade .

\tx ( Ax) � B(x))


1: xA(x) = E: XB(x)

Vamos tecer alguns comentários sobre as o ito regras formuladas.

\felim: Ela nos d iz que se uma fórmula é sat isfe ita por todos os obje­
tos do domínio de q ue fala a linguagem, então a fórmula é sat isfeita, cm es­
pecial pelo objeto denotado por t. Se t co ntiver variáveis livres, nã o deve
haver confusão , pois, em caso co ntrário , a just i ficação intuit iv::. da regra
perde seu significado . Com efeito, seja a fórmula \tx 3yPxy, onde Pxy se
refere a números nat u rais e significa 'x é menor do que y'. Então, \tx 3 yPxy
afirma: "Para todo número existe outro que é maior do que ele", sendo
verdadeira. Mas no caso de t ser y, \tx 3yPxy dá orige m , por \telim, à fór­
mula 3 yPyy , que é falsa segundo a interpretação em tela , pois esta última
sentença d iz que "Existe um número que é menor do que ele mesmo".

3int : E st a regra afirma q ue se A(t) é verd adeira , então também o é


3 xA(x) ; se t satisfaz A(x), então existe um objeto que a satifaz. A razão
da restrição é a mesma da regra anterior.
44
3 e li m : Já vimos q ue . o s ign i fi ca d o i n t u i t ivo do termo ( xA(x) é o
seguinte: e x A(x) d e nota um objeto q u a lq ue r , e mbora fixado , que sat is­
faça A(x), se e x i st i r pe lo menos u m objeto que sat isfaz /\( x ) , e u m o bj e t o
fixo arbitrário caso não haja o bj e to algum que sa t i s fa ç a A( x ) . A razão da
r e st rição é clara.

\fint : e x 1 A( x) re pre senta um o bj e to q ue sa t isfaz 1 A( x) , caso


haja um, e um objeto a rbitrário qu a l q uer caso não e x i sta o bj e to q ue sat is­
faça I A( x ) . E nt ã o , se E X 1 A( x) sa t i s fi zer /\( x), isto é se A( E X I A( x )),
c x 1 A( x) nã o pod e satisfazer 1 A( x), c , por co n segu i n t e , nenhum obj e t o
sat isfaz 1 A( x ) : logo , q u a l q u e r o bj et o tem que sat isfazer A(x). I sto j u s t i fi ca
a regra. O mot ivo da re str i ção é a ná log o aos das regras precedentes.

Con : Fórm u l a s co ngruentes têm o mesmo sent ido . co mo já d i sc u ­


t i mos. Logo , se A fo r verdade ira , t a mbé m o se rá q u a lq uer fórmula que lhe
sej a co ngruct: t e . Fórm u las congruentes são equ iva l e nt es . Esta re gra é impor­
tan t e , pois prat icamente e l i m im: as rest rições das regras a nteriores. co lo­
ca 11do-sc 110 l uga r d e uma fórmula uma o u t ra co nve n iente que lhe seja co n­
gruente.

Var : As va riáve is l ivres das fór m u l a s q ue fig u ra m co mo suposiçõe s cm


uma ded ução devem fu ncionar co mo pa rã n:ctros, is to é , co mo co n st a nt e s
indetcrm ina d:is, cuj:is denotações, embora fix as, não foram c x p l i c it a d:is .
Logo , se A( x) ocorrer como s u posição cm u ma dedução, não se pode sub s­
t it u ir essa v a ri :ívc l por um te r m o t q u a l q u e r . Vejamos um exem plo . Seja
a d e d u ç ão :

/.( x)

1 Var

A( E X I A(x))

1 \t i n i

\fxA( x )

-+ int

A(x) -+ \fx A(x)

45
/\ rest rtçao fo i desrespe itada no pri meiro passo , obtendo-se a fór­
m u la /\( x ) -+ '1 x /\( x), q ue ser ia , então , u ma le i lógica . M as ela no s a firma
q ue se u m objeto q ualquer sat isfü.er /\( x), então todo objeto sat isfaz A( x),
o q ue é evide ntemen t e falso.
Poré m , se x não ocorre r l ivre cm nen huma su posição da ded ução ,
/\( x) é sat i sfe ita por um objeto totalmente arb i t rá rio e , co nseq üentemente,
por t ( caso não haja co n fusão de variáveis).

:oc l : �: a lei <la id e11t idad c . '1x( x x ) pude ser ded u zida de qualquer
=

fór m ula /\ , po is '1x(x = x ) é u n iversalmente ve rdadeira (vale para todos


o s objeto s) .

= 2 : E sta regra e x pressa a le i de Le ib n iz se o objeto x for igual a y ,

ist o é , s e x e y de notarem o mesmo objeto , então t udo q u e for verdadeiro


de x , se r:í ta mbém verdade iro de y . O mot ivo da re strição é óbvio .

t: = : Serve pa ra faze r q ue a fórmu las equivalentes /\( x ) e B(x) corres-


1x1 nda o mesmo objeto , denotado por E X A( x ) ou i::. x B( x).

Faça mos algumas ded uções lança n do mão de todas as regra s até agora
form u lada s . e q ue caracteriza m a lógica elementar co m o símbolo E .

1 ) f- '1x/\(x) -+ /\(t), onde t é livre para x e m A(x), isto é , não há


co nfusão de variáveis:

'1x,?. (x)
1 '1elim
A( t)
f -+ int
'1xA( x) -+ A( t )

2 ) 1-- - /\ ( t ) -+ 3 x A(x), c o m as restrições da d emo nstração preceden­


te (daq u i para a fre nte não tornaremos ex plícitas as restrições nas dedu­
çües) .

A(j. )
1 3 int
3 xA( x)
1 -+ int
A( t) -+ 3 xA(x)

46
3) t- 3 x A(x) _,. A( E: xA(x))

3 xA(x)
1 3eli m
A( E:xA(x))
1 -)o int
3 xA(x) _,. A( E: x A(x))

4) t- 3 x A( x) .... A( E: X A( x))

Consequência de 2, 3 e da definição de <->

S) t- \fx A(x) _,. A( E X I A( x))

\#xA(x)
1 \#elim
A( E: X I A(x))
1 -+ int

\fxA(x) -+ A( E: x 1 Atx))

6) 1- A( E X 1 A(x)) -+ \fxA(x)

A( E: X I A(x))
1 \fint
\fxA(x)
1 -+ int

A( E: x I A(x)) -+ \# xA(x)

7) t- \fx A(x) <-> A( E: X 1 A(x))

Consequência de 5 , 6 e da definição de ...,

8) t- 3 xA(x) <-> A( x) se x não ocorre livre em A(x).

47
8. 1 ) l- 3 x A(x) -+ A(x )

3 x A(x)
1 3elim Desde que x não figura li­
A(x) vre cm A( x), A( E x A(x))
1 -+ int é A( x )) .
3 x A(x) -+ A(x)

8.2) l- A(x) -+ 3 xA(x)

A( x)

1 Var ( A re strição é sa t isfeita ,


pois x não é livre cm
A( r. xA(x)) A( x). A l ém d isso ,

1
A( E x A(x)) é A( x)).
3 in t
3 xA(x)
1 -+ int
A(x) -+ 3 xA(x)

8 decorre de 8. 1 e 8 . 2 .

Exercícios : Provar que

1) 1 - 3 x 3yA(x, y) +• 3 y 3xA(x , y)
2) 1 - 'f/x 'f/yA(x, y) +> 'f/y 'flx A( x, y)
3) 1- 3 x 'f/yA( x, y) --+ 'f/y 3 xA( � . y)
4) 1- 'f/x(A -> B) -+ ( 'f/ xA -+ 'f/ xB ) (Não é preciso explicitar, sempre,
que x, ou outra va riável qualq uer, pode figurar livre cm uma fórmula . )
S) 1- 'f/x A .... 1 3 x 1 A
6) 1- 3 x A .... l 'f/x I A
7) 1- 'f/x 1 A .... l 3 x A
8) 1- 3 x I A <-+ l 'f/ x A
9 ) 1- 'f/ x(A /\ B) .... ('f/xA /\ 'fl xB)
10) l- 3 x(A V B) +> 3 xA V 3 xB)

48
Facilmente se co mprova que as seguintes regras são regras derivadas:

A(x) -+ B Onde x não figura livre cm nenhuma


3 xA(x) -+ B suposição e B não co ntém x livre .

A -+ B( x) Restrição aná loga à anterior.


A -+Vx B( x )

A(x) A variável x não oco rre livre cm


VxA( x) nen h uma hipótese .

Ext"rãdos : Demonst ra r q u e as fórmulas dos t ipos seguintes são leis


lógicas:

l) t1 = 1 2 -+ (A( t i ) -+ A(t2 ) )
2) t , = t 2 -> t2 = t 1
3) ! 1 = t1
4) (t , = 12 /\ t2 = 1 3 ) ...... t , = t 3

O seguinte resultado, que bat izaremos de "Teorema estrutural ':


é de sua importâ ncia :

Teore ma 1 .2 . 1 (Teo rem a e stm tural) - Quaisquer que sejam as fór­


mulas A, B, C e F(x), o termo t e o conjunto de fórmulas r , tem-se , com
restrições patentes:

Se rU {A } 1- B , e n t ão r 1- A -+ B ...... int

{ A , A -+ B } 1- B -+ elim

{A , B } 1 - A /\ B /\ int

{A /\ B } !--- A /\ elim
{A /\ B } 1- B

{A } 1- A V B V int
{B } 1- A V B

Se r U {A } 1- C e r U {B } 1- C,
então r U {A V B } 1- - C V elim

49
Se r U {A } 1- B e f' U {/\ } 1- · 1 B ,
então I ' 1-- 1 A

{A , 1 A } 1 - B l c lim fraca

Se l ' U {A } 1-- ll c l ' U { I A } 1- B ,


e ntão I ' 1-- 13 l elim forte

(A( t ) } 1- 3 x A( x ) 3 int

( A( t: x 1 A(x) ) } 1- \l'x A( x) \I' int

{3 xA(x) } 1- A( E xA( x) ) 3 elim

[ llx A(x) } 1- A(t) \l'elim

{A } 1- A * Con

S e r 1- A(x), e ntão r 1- A( t) Var

1- \l' x( ll = x)

{x = y , A(x ) } 1- A(y)

{ \l'x ( F (x ) +> G(x) ) } 1- E XF( x) = E XG (x)

A prova deste te o rema é imediata , pois ele apenas enuncia as regras


de outra mane ira . No entanto , a a plica çã o das regras na forma desse teorema
facilita a manipulação das mesmas.
Para facilitar, não escrevemos mais os colchetes que indicam conj unto
à e squerda do símbolo 1- de dedução .

Exemplos :

1 ) r ( A -+ B ) -+ ( ( A V C ) -+ (D V C) )
1 ) A -+ B , A 1- B ..... elim
2) B 1- B V C V int
3) A -+ B , A 1- B V C De 1 e 2
4) A ... B , e 1- B V e V int
5) A ..... B , A V e 1- B V e V elim, d ados 3 e 4
6) A -+ B 1- ( A V C -+ B V C) V int
7) 1- ( A ..... B) -+ ( (A V C ) -+ ( B V C) ) -+ int
50
2) 1- 3 x A( x) -+ I Vx 1 A( x)
Denotemos, para ab reviar , E X A( x) por t .
l ) A(t), Vx I A(x) 1- I A(t) Velim
2) A(t), Vx 1 A( x) 1- A( t) Pro priedade de 1--
3) A(t) 1- IVx I A(x) 1 int , dados 1 e 2
4) 3 xA( x) 1- A(t) 3elim
5) 3 xA( x) 1 - IVx 1 A(x) De 3 e 4
6) l-3 xA( x) -+ 1 V x 1 A(x) -+ int

Exerãcio: Mostrar q ue a seguinte regra pode ser empregada como


regra derivada :
Se r , A(x) 1- e e X não figura livre cm e, então r, 3 x A(x) 1- e .
(Esta regra é conhecida <..'Omo regra da co nstante auxiliar ( N . Bourbaki) ou
regra derivada de 3 eliminação .)

Observemos que as regras Var e = 1 não são estrita mente necessárias,


já q ue podem ser derivadas das o utras. Assim, = 1 pode ser derivada como
se segue :

Tem-se em L: 1- Vx(A <-> A) e , em especial, 1-Vx(I x = x <-> 1 x x),


=

como facilmente se constata. Logo , por E = , advém que 1- ( E x l x = x) =

= ( E X 1 x = x), e , po r V int , que 1-Vx(x x), ou seja , = 1 •


=

A prova de que Var co nstitui regra derivada é mais complex a . Também


é complicado demonstrar que as regras restantes são toda s i mprescind íveis:
nenhuma pode ser derivada das d emais.

Exerãcio : Mostrar que:


1 ) Se A(x) e A(y) forem duas fórm ulas tais que a primeira d ifere da
segunda un icamente por ter x livre o nde a segunda tem y e reci proca ment e ,
então: 1 - E XA(x) E YA(y)
=

2) 3 xA(x) -+ Vx(x = E XA( x ) -+ A(x) )

Sl
CAPITULO 2

A SEMÂNTICA DE L

Até agora falamos de verdade de uma sentença e de denotação de


um termo. sem no� preocuparmo s em definir essas palavras de modo rigo­
roso . Eq u ivale ntemente , tratamos da sintaxe de L de modo rigoroso , dei­
xa ndo de lado sua co ntra parte se mântica.
Na sintaxe de uma linguagem nós a estudamos co mo puro jogo grá fi­
co : os objetos ou estados de coisas aos quais a linguage m se refere não são
tomados em conta na sintaxe. Mas a semâ ntica de uma linguage m , por se u
turno , t rata precisamente das interconexões entre a mesma e aquilo a que
ela se refere .
A semântica, como a e ntendemos aqui. foi criação de A . Tarski;
enq uanto que a sintaxe se originou das indagações de O . Hi lbert e sua
escola , tendo sido sistemat izada por R. Carna p.
A linguagem L foi elaborada para se falar de indivíduos e estados
de coisa (fatos) . Logo , só se pode re ferir à verdade (ou falsidade) de uma
sentença de L ou de um termo fechado dessa linguagem, se a tivermos
interpretado.
I nterpretar uma linguagem é, em última aná l ise, relacioná-la com certo
tipo de est rut ura . Assim, se desejamos interpretar L, necessitamos de u m
domínio d o co nhecimento b, , explicita ndo o objeto de b. que cada co nsta nte
de L denot a , o predicado a que cada símbolo de predicado de L se refere ,
etc. Como a f i nalidade desta obra é a lógica elementa r, não vamos interpre­
tar L em nenhum domín io de conhecime nto , cient ífico ou não , real , dado.
Ao co ntrário , daremos uma definição abst rata e gera l das estrut uras nas
quais inte rpretaremos L, dese nvo lve ndo um estudo lógico-matemático .
Poré m , é preciso q ue fique claro q ue nossa s definições co nstituem u m
equaciona mento abst ra to e formal das sit uações co ncretas e m que uma
l inguage m se refere a sit uações reais.
Para interpretarmos L, partimos de um co njunto D, não vazio, q ue
contém os objetos ( indivíd uos) nos quais estamos interessados. Estes objetos
possue m pro priedades ( relações monád icas) e mantém relações entre si.
Ademais, em D há determinados objetos d istinguidos, q ue co nvém denotar
pelas constantes de L. A li nguagem L está interpretada numa e st rut ura desse
tipo , quando a cada um de seus símbolos de predicado de grau n associamos
.uma relação de mesmo grau entre os objetos de D e fazemos corresponder
a cada constante de L u m objeto d istinguido de D. Finalme nte , para se inter­
pretar o símbolo E , é preciso que se dê, também , uma função de escolha ,
que associa a cada subconjunto K de D um elemento de D que pertence

S2
a K , se este for não-vazio , e um objeto fixo qualquer de D , se K for vazio .
Somente por meio d e uma função de escolha é que se po de definir a denota·
ção de um termo de L que contenha o sfmbolo E .
Geralmente os elementos d istinguidos de D são designados assim:
a0 , a 1 , • , ªn , q uando há apenas um conjunto finito deles, ou assim
. •

a0 , a 1 , a2 , qua ndo existem tantos elementos quanto forem os números


• . • ,

na turais. Se representarmos o co njunto dos índ ices d e a0 , a 1 , . . . , ª n por


N 11 e o co nj unto dos nú meros naturais por N , é mais conveniente escrever­
mos a seq üência a0 , a 1 , , ªn na fo rma (aj )j fc. N 11 e a seq üência infinita
• • •

a0 , a 1 , a2 , . . . na forma ( aj )j E N . De modo gera l , se t ivermos uma coleção


de objetos indexados pelo co njunto J , is t o é, J é o co njunto de seus índ ices,
convém re p rese n ta r sua coleção sob a forma de famflia , deste moc10 :
(aj )j E J.

2 . 1 A Se mân ti ca da Lógi ca Elementar

Nesta secção t rataremos da semânt ica de L de modo rigoroso , preci·


sando as idéias intu itivas e informais precedentes.
O co nce i to de estrutura semânticq ou simplesmente, estrutura é bási­
,

co . Uma estrutura é u m sistema


A < D, ( � }i E 1 , (�� E 1 , e > , ond e D é um co njunto não vazio ,
=

o domínio ou universo d e A , ( � )i e, 1 uma fa m ília d e pred icados ou relações


d istinguidos de D e e u ma função de escol ha pa ra D (e as so cia a cada sub ­

co nj unto não va z io de D um elemento que pertence a este sub co njunto,


e ao conjunto vazio , que é tamb é m subco nju nto de D , um elemento fixo ,
qua lquer, de D).
Qualq uer dom ínio do conheci mento , em p íri co ou não , pode ser
conceb ido como uma estrutura. Po r exemplo , a aritmética elementa r cons­
titui estrutura desse tipo: D é o conjunto dos números naturais, tü , 1 , 2, . . l .

as relações � , i E 1 , para 1 conve n iente, e nglobam relações tais como "me­


nor do que" , "é d ivi so r de ", etc., bem como o pe rações entre números,
q ue se redu za m 1:1 relações; há elementos distinguidos, como , por exem plo ,

o zero (O) , e não há dificuldade de se introduzir uma fun çã o de escolha, de­


finida para os sub conjuntos do conjunto dos naturais.
Admit iremos daqui para a frente, implicitamente , que toda estrut ura
venti l ada é compati'vel com L, isto é , q ue a familia de símbolos de predica·
dos de L tem o mesmo conj unto de índices da estrut ura ; um símbolo de
pred icado Pi de L e a re l a ção � da estrutura , que se correspondem, possuem
o mesmo grau , e que a famtlia de constantes de L e a dos elementos distin­

guidos da estrutura têm o mesmo conjunto de índices.

53
Definição 2.1 . 1 (Interpretação) - Seja J1 uma e st ru t ura co m pa t íve l
co m L. Uma i n t erpreta ç ã o é uma fu n çã o i , q ue a sso cia a cada s í m b o o <l e l
p r ed i c a do d e L uma r e la çã o d e mesmo grau e m A ( sa lvo a v iso ex presso
em co n t rá r i o . ad m it i remos q ue se c o rrespondem por i s í m b o lo s <lc p r e d i ca ­
dos e relaçôcs <lc mesmo índice) e a cada const a n t e um o bje t o d ist i nguido
de A (con ve n çã o a ná loga ao caso d e correspo nd ê n cia e n t re sím b o lo s de
pred i cados e relações).

Definição 2 . 1 .2 (Função auxiliar) - Uma fu n ç;,i o a u x i l ia r d e L c m A


é u m a fu n ç ã o q ue a sso cia a cada va r i á ve l de L um ele m e n t o de A (do d o m í­
nio de A ). (Necessita mos d e ssas fu n çô cs , po i s vamos d efi nir verdade , denota­
ção , e t c . d e cx pressôes bem formadas q ua isq uer de L , q ue co n t é m var i<ívcis
l ivres.)

Definição 2.1 .3 ( Valoração e denotação) - Sej a m i e f re spect iva men­


t e u m a i n te r pre t a ção e uma fu nção a u x i l ia r de L c m A , e F e t respect iva­
mente u ma fórm ula e u m termo d e L. I sto posto, desig n a remos fXJJ' u m a J;
fun ção das fó r m ulas em {O, 1 } e por df
o u t ra fu n çã o do co nj u nção dos ter­
mos e m D, d e n o m i n a d a s d e valora ção , seg undo i e f , e denotaçã o , se g u ndo
i e f, definidas pe las seguintes c l á u s u la s :
f
1) S e t for co n sta n t e d e L , e n t ã o d ( t ) i(t), s e t for u ma v a r i :íve l
= ,
f
d (t) = f(t ) .
2) Seja . F da fo rma Pt 1 , t 2 , . . . l n . �·( F) ==1 se os obj e t o s d ( t i ),f
f �
d ( t 2 ), . . . , d ( t n ) est iverem e n t re si na re l a çã o i( P) (evid e n t e m e n t e supomos
que P é u m símbolo de pred icad os e t 1 , t 2 , . . . . t n são n termos) ; c m caso
co n tr á r i o ,
�(F) = O Se F for t 1
. 1 2 , en tão
= �-( F) = f = f
1 se d ( t , ) d ( t 2 ). e
�(F) ,-,- O se isto n ão a co n t ecer .
�(F ) = �(A) = �( B)
_

3) F é da forma A --. B : 1 se O ou 1 . c m ca so
=

co n t rá r io /( F) = o ·
.
F é da fo·m�a A A B: � )
-( F = 1 se �(A) = �( 13) = 1 , e Ji ( F) = O c m ca so
contrário
F é A v B : v ( F ) 1 se e só se v ( A ) = 1 o u �·( B ) = J ;
� = f
F é 1 A : �(F) = 1 se v (A) = O e �( F) = O se �( A) 1 .
� =

4) Seja t o t e r �10 E x A ( x ) . D e si g ne m o s po r K o co nj u nto de t ouos


os objetos t a i s que � (A(x) ) = 1, segl! ndo i e f, onde f é u ma fun ção
f
a!-Jxiliar q ue pod e diferir de f apenas na variável x . Então . d ( t ) é o e l e m e n t o
que a fun ção e sc o l h a e a sso c i a a K .
S) Seja F a fórmula YxA( x ) �(F) 1 se , para t oda fu n ç ã o a u x i l iar,
=

nas co n di çõ es da cláusula precedente , t ivermos: � ( A( x ) ) = 1 ; de o u t ro


m o do . �(F) O. Seja agora F a fó r m u la 3 x A( x ) ;
= �(!).
1 ca so ex ist a
=

l!ma função aux iliar. nas c on d iç ô c s precedent es, t a l q ue vi ( A( x ) ) = 1 ; c m


caso c o nt ra no , vif( e
. • ·
r) O = .

54
6) As funçôes v� e d� são dadas apenas pelas cláusulas precedentes.
A definição acima, como o leitor pode concluir após alguma reflexão,
caracteriza, de modo formal e rigoroso, os conceitos de verdade de uma fór­
mula e de denotação de um termo segundo uma interpretação e uma função
auxiliar. No caso de fórm ulas e termos fechados, a verdade e a denotação
não dependem da função auxiliar. mas só da interpretação.
Definição 2. 1 .4 (Conseqüência semântica) Seja r um conjunto de
-

fórmulas e F uma fórmula. Se para qual quer estrutura A , q ualquer inter­


pretação i e qualquer função auxiliar f, vj(F) 1 , sempre que �(G) 1
= =

parn todo G cm r, diz-se que F é conseqüência semântica de r. escreve-se


e

I ' I= F . No caso cm que r for vazio, escreve-se 1= F , e F se denomina


logicamente válida ou, simplesmente, válida .

Facilmente se provam as seguintes proposiçôcs:


Teore ma 2.1 . J Se definirmos tautologia como é usual, por meio
de quadros de valores, tem-se: se F for uma tautologia (cm certas subíórmu­
las que a compõem , então 1= F .
Teore ma 2. 1 .2 - Todas as regras sint:íticas do Teorema Estrutural
do Capítulo anterior permanecem verdadeiras se substituirmos o sinal
1-, de conseqüência sintática, pelo sinal 1= de conseq üência semântica.
llá, pois, um paralelismo entre a sintaxe de L e sua semânt ica, que
conecta 1- e_ 1= De fato, a sintaxe e a semântica de L se relacionam inti­
.

mamente, como evidencia o seguinte teorema da co"eção:


Teorema 2.1 .3 (da Co"eção ) - Se f' 1- F, então r 1= F.

Demonstração (esboço) -- Se r 1- F e a dedução não contiver nenhu­


ma aplicação de regra, então F pertence a l ' , evidentemente se tem I' 1= F .
e

Admitamos, então , que a dedução encerre somente uma aplicação de


regra. A regra em apreço não pode ser nem -+ int nem V elim, que pressu­
põem que já se haja feito aplicações de regras antes. Analisando-se, então,
cada uma das regras possíveis, contata-se que o teorema continua válido.
Com efeito , seja F a fórmula A A B , obtida de A e B por A int. Logo, A e B
estão em f e F é A /\. B, donde se conclui facilmente que f 1= F . Analoga­
mente se procede com relação às outras regras.
Aceitemos, pois, que o teorema vale para deduções em que há um nÍl­
mero k de aplicações de regras, onde k < n, e provemos o teorema para

ss
o caso cm que há n a plicac,.-õ es. Precisamos levar em co nta todas as regras.
Trataremos, a penas, da regra -+ int.
Se F é /\ -+ B e foi obt ida por -+ int . então tem-se : r 1- B e r é igual
a 6 u { A } . Assim, de r 1= B, que vale , por h ipótese . devemos provar que
!:::, 1 = A -+ B , se riscarmos A, ou 6 U { A } 1= A -+ B. em hipótese co ntrária .
Todavia, pela definição d e verdade, facilmente se com prova isso .
Por co nseguinte , o teorema fica provado.

Exerãcio 1 Demonstrar:
l ) O teorema 2 . 1 . l
2) O teorema 2. 1. 2
3) R e fa zer a demonstração do Teo rema da Correção co m todos os
detal h es .
4) 1= A -+ ( B -+ A)
5) I= ( A -+ B) -+ ( (A -+ (B -+ C) ) -+ lA -+ C) )
6) I= A V (A -+ B)
7 ) I= ( ( A -+ B) -+ A) -+ A
8) I= (A A B) -+ A
9) I= A -+ ( B -+ (A A B) )
1 0) 1= A -+ (A V B)
1 1 ) 1= (A -+ C) -+ ( ( B -+ C) -+ ( ( A V B ) -+ C) )
1 2) i = ( A -+ B) -+ ( ( A -+ 1 B) -+ 1 A )
13) I= A -+ (1 A -+ B)
1 4) I= A V I A
1 5) 1= A +> 1 1 A
16) I= l (A /\. I A)

Se o leitor resolveu os exercícios de 4 a 16 por qualquer método que


não seja o uso d ireto da definição de verdade , deve fazé-lo por este último
processo .

Exerâáo 2: Prova r, pela d efinição de verdade , que:


1) 1= \txA(x) -+ A(t )
2) 1 = A( t ) -+ 3 xA(x)
3) 1= \tx A( x) +> A( E x I A(x) )
4) I= 3x A(x) <-+ A( E xA(x) )
5) I= E x A(x) E yA(y)
=

6) 1= \tx(A(x) <-+ B( x) ) -+ E X A( x) = E X B(x)


7) 1= 3 x A( x) ++ \tx(x = E xA(x) -+ A( x) )
8) 1= 3 x /\( x) .... 3 x(x = E XA( x ) A A( x) )
9) 1= \txA(x) +> 3 x(x E x 1 A(x) /\. A( x) )
=

S6
1 0) 1= X = X
l l ) l= "x (x = x)
1 2) 1= 3 x( x = x)
1 3) F X = y -+ y = X
1 4) I= ( x = y A y = z) -+ x = z
1 5) {A , A -+ B } I= B
1 6) Se r 1= A(x) -+ B, então r I= 3 xA(x) -+ B
17) Se r 1= A -+ B(x) , então r I= A -+ " xA(x)
18) {A V B , 1 A } I= B

No exercício a nterior não to rna mos ex plícitas a s restrições. (Existem


restrições? )
Neste ponto parece nat ural que se indague se a recíproca do Teorema
da Correção, que se denomina Teorema da Completude , também va le.
A resposta é afirmativa , e sua demo nst ração deve-se essencialmente a K.
Godel. A próx ima secção deste ca pít ulo é ded icada à demonstração dessa
pro posição.

2.2 _ A Completude da Lógica Elementar

Para começa r, apresentaremos algumas defin ições.

Definição 2.2.l (Conjunto Inconsistente)


Cm conjunto de fórmulas r diz-se inconsistente se ex iste uma fór­
mula A tal que r r A e r r 1 A. Se r não for i ncon sistente , ele se chama
consistente .

Definição 2 .2 . 2 (Conjunto Tri via l)


-

d iz-se trivia l se r r A para qualquer fórmula A . Se r não for


f
trivial, r chama-se não-trivia l.

Teore ma 2 . 2 . l - r é inconsistente se , e so mente se , for trivial.

De monstração Se r for trivia l , ele é obviamente inconsistente.


-

Se r for inconsistente, então I' r A e r f- 1 A para alguma fórmula A.


Mas, por outro lado, como I ' r A -+ ( 1 A -+ B), para q ualq uer fórmula
B, segue-se que r é trivial .

Definição 2.2 . 3 (Conjunto Consistente Maximal)


-

r denomina-se consistente maximal se r for co nsistente e não esti­


ver contido pro pria mente em nenhum outro conjunto co nsistente (e m

57
out ras palavras, r é consistente e não está contido em nenhum o u t ro con­
junto consist ente maior do que e le).

Defin ição 2.2.4 (Modelo )


-

Sejam A uma estrut ura, i uma i n ter pretação de L em A , e f u ma fu n­


ção auxiliar de L em A . Denotaremos po r r um co nj unto qualquer de fór­
mulas. Dizemos q ue A é um mode lo de r , seg undo i e f ou que i e f cons­
,

t ituem um modelo de r se �(A)


, =1 para toda fórmula A cm r (Muitas
.

ve zes, por abuso de linguagem, afirmamos q ue A é modelo de r , sem es­


pecificarmos i e f.)

Teorema 2 . 2.2 -r 1= f se , e so mente se , todo modelo de r for


modelo também de { F } (algumas ve zes, para simpl ificar, d iremos modelo
de F e não modelo de {.F } ).

De monstração - Conseq üência imediata das defin ições dadas.

Definição 2 .2.S (Satisfação )


-

A estrut ura A satisfaz o conj unto r de fórmulas se for modelo do


mesmo . Em particular. A satisfaz F se for modelo de F .

Teore ma 2 . 2 . 3 (da Compacidade) Um conj unto r de fórmulas


- -

é con sistente se , e somente se , todos os seus subconj untos finitos forem


consistentes.

De monstração -Se r for consistente , é claro que qualquer de suas


partes finitas deve ser consistent e .
Por outro lado , admitamos que todo subconj unto fi n ito de r
é consistente. Se isto acontecer, r não pode ser inconsistente. Com efeito ,
se d e r for possível deduzir uma fórmula A e também sua negação 1 A ,
dele se ded uz a fórm ula A A 1 A , e isto em pregando-se u m conjunto
fin ito de fórm ulas de r (qualquer ded ução só utiliza um conjunto fin ito
de hipóteses e m sua á rvore) ; logo , este conjunto seria inconsiste nte , o que
é absurdo .
Definição 2.2.6 (Conjunto de Henkin).
-

r é um co nju nto de Henkin se fore m satisfe itas as d uas seguintes


condições:

I ) Para toda fórmula A(x) t a l que r t- 3 xA(x),


r t-3x(x e: xA(x) A A(x )) ;
=

58
I I) Para toda fórm ula B( x) ta l que r t- '1x B(x) ,
r t- 3 x(x = E" I A( x) A A( x)) .

Teore ma 2.2.4 ·· Todo conj u nto de fórmulas é de Henkin .

L>e monstração Fac i l mente se prova q ue


t- 3 x A( x) ··• 3 x( x E X A (x) A A( x)) c r '1x B( x ) +> 3 x(x = E Xb(x) A B(x)).
=

Logo, se I ' 1-- 3 xi\( x) , advém q ue r /- 3 x(x = E xA(x) A A( x)) ;


e se I ' t- '1 x l3( x), decorre q ue r t- 3 x(x E X 1 B( x) A B( x)) .
=

Teore ma 2 .2.5 - Todo co nju nto consistente de fórmulas está co ntido


cm um conj u n t o max imal consistente.

De monstração - Assum iremos q ue L t e m u m conj u n t o e n u merável


de símbolos pri mit ivos, ou seja , que exist e m tantos símbolos primit ivos
quantos h;í nú meros nat u ra i s. Nesta h i pótese , a s fórmulas d e L pode m
ser enu meradas assi m :
A0 , A 1 , A2 , . . .
Designemos por r um conjunto consistente q ualquer e formemos
a seq üê n cia d e conj u n tos de fórmulas r1 . r2 , . . da seguinte ma neira:
l 'o é r ..
T' 1 é 1' 0 U { A0 } , se este co nj u nto for co nsistente e é 1'0 em caso
co ntrá rio ;
r2 é r 1 u { A 1 } se este conjunto for consist ente e é r 1 em caso co n-
t rá r io :
Etc . , et c .
Fica defi n id a , assim , a seq üência de conj untos r 0 , r 1 , r 2 , . . . , onde
r0 = r. ca � a um deles está cont ido nos seguintes e todos são co nsistentes.
Seja I' = UI'n , isto é , a u nião d e todos os co nj u ntos r0 , r 1 , r 2 , . . . ,
o conj u n to que contém todas a s fórmu � s d e ro ' r 1 ' r 2 ' . . . ' e só elas.
[vide nte mente ' r está contido em r .
Além d isso . r é con sist e n t e , pois se isto não se d er, é pos�ível derivar
uma fórm ula d o t i po F A 1 F de u m subco njunto K finito d e r ; K sendo
fi n it o , estará cont ido em algum rn , para n suficienteme n t e grand e ; ora .
neste caso , l'n n :i o seria co nsi st e n t e , o que é absurd o .
Final mente prova re mos q u e r é max imal. C o m efeito , admitamos
que exista uma fórmula G que não pertença a I', mas que 1� U t G } seja
consist e n t e . G , en tão , é uma das fórmulas da seq üê ncia Ao , A 1 , A 2 , . . . ;
seja e.; a fór m ula Ak . Assim, como Ak não está cm N, isto si�1_1 ifica que Ak
j u ntad o a rk gera u m conj unto inconsistente , e, ipso fato , r seria inco n­
sist e n t e . co n t r a ria m e n t e ao que já se demonst ro u .

59
Portanto , fi ca provado o teorema . (O teorema va l e . t a m b é m . no caso
de L n ão ser e n umeráve l ; todavia , a d e mo nst ra ção é mais co m plicad a . re­
q u e rendo o ut ro método d e prova) .

Definição 2.2.7 (f-satisfação ) - Diz-se que o te rmo t r-sa t isfaz a


fó rm ula A( x ) se , e só se , r 1- 3 x(x t A A( x ) ) . Se t não ca u sa r co n fusão
=

de variáveis q uando sub st it uir x c m A( x ) , e st a cond i ção equ ivale a r 1- A( t ) .


Escreveremos A E r para e x primir o fa t o de que A perte nce a r e
A tf- r para e x p ressar que A n ão pertence a r . No t eo rema abaix o , o símbo lo
meta l i ngüíst ico � é e m pregado para abreviar se e somente se.

Teorema 2.2.6 - Seja r um co nj u nto max imal de fórm u las. Tem-se :


1 ) r 1- A � A E r;
2) Para toda fó rmula A, A E r ou 1 A E f ;
3 ) A � B E r � A .,_ r o u B E r ;
4) A A B E r � A E r e B E r;
5) A V B E r � A E B o u B E r ;
6) '1 x A( x ) E r � Todo termo t r-sa t isfaz A( x) ;
7) 3 x A( x) E r � Algum termo t f-sat isfa z A( x) ;
8) Se A E r e A � B E r, então B E f ;
9) '1 x ( A(x) <--> B(x) ) E r implica q u e E:X A ( x ) = E x B(x) E r .

De monstração - Provaremos q ua t ro das afirmações do teore m a . As


o u t ras fi cam co mo exercício para o leitor.
1 ) Se r 1- A e A fF. r , en tão r e sta r ia contido pro pria mente no co n­
j u n to co n sisten t e r u {A } . Se A E r , obvia mente r t- A.
2) S u po nhamos que A '/= r . Logo r U { A } é i n co n sistent e e, por
isso , r t- 1 A; d a i, 1 A E r. An alogamente se pro va que se 1 A fF.f, A E r.
3) A � B E r e A E r acarreta que B E r .
A � B E r e B <f: r i m p l ica q ue A fF. r .
Logo . se A � B E r . A <f: r ou B E r .
Se A fF. r . então 1 A E r , e co mo t- 1 A � ( A � B ) , advém q ue
A � B E r . Se B E r , como t- B � ( A � B), te m-se q u e A � B E r .
4) Se r t- '1 x A( x), pe lo Teore ma 2 . 2 .4 co n c l u i -se q ue ex iste u m
t e r m o E X I A(x) q ue r-satisfaz A( x) , e re ci proca mente .

Teorema 2 .2.7 - Todo co nj u n t o co n sistente de fórm u las possu i mo-

de l o .

De monstração ( e sboço) - Basta provar q ue s e u m conj u nto consis­


tente for m ax i ma l , e n t ão e le tem mode l o . Com e fe it o , se 6 fo r u m conj u nto

60
consistente, ele e stá co ntido em um co nju n to co nsistente maximal 6 pelo
Teorema 2.2.5 . Se K t iver modelo, 6 t a mb ém terá , co mo é patente.
Seja r um conjunto consistent e maximal , e vamos provar que r tem
modelo .
Se t 1 e t2 forem termos, d iremos que t 1 é f -equival ente a t 2 , e escre-
verem9s t 1 -r t2 ou, s im pl esme nte , t 1 - t2 , se r 1- t 1 t2 . =

E fá cil demonstrar que a relação - é reflexiva ( t 1 - t 1 ) , simétrica


(t 1 - t 2 im plica t 2 - t 1 ) e tr ansitiv a ( t 1 t 2 e t 2 - t 3 a car ret a t 1 - t 3 ) .
-

Então . - é o q u e s e d eno m ina uma relação d e equivalência, e o conj u nto


dos termos fi ca deco m po sto em classes disj u n ta s (duas a d uas se m ele­
mentos com un s) e tais que qualquer termo perte nce . a u m a de las, q u e se
chamam classes de equivalê n c ia . A classe à qual o termo t pe rtence será
denotado por t . Além d isso , pela lei de Leibniz da igu ald a d e , se t 1 - t2 ,
e n t ão r t- A(t i ) +> A( t 2 ), se m pre que não houver co n fusão de va riáveis.
O modelo que vamos construir tem como u n iverso o conj u n t o das
classes d e equiva lê n c ia pre ce den t e s . Dado u m símbolo de pred icado P d e
grau n, a ele co rrespo nd e rá a relação P e n t re classes d e equiva lência , defi­
nida assim

Pel as co nsid e raçõ e s acima , fica c laro que P e stá bem d e fi n id a . Além
do mais, por esse processo de d efi n ição , o símbolo d e igualdade co rrespond e
à relação de igualdade entre classes de equ iv alê n cia .
Para a estrut ura de no sso modelo ficar co m pleta , d evemos definir
a função de esco lha e. Seja, pois, K u m co nj u n t o de classes d e eq u iva l ê nci a .
Se K for tal que existe uma fórmula A( x), com uma única variável livre
x, e se tem q ue t E K se, e some 1}.!e se , r t- 3 x (x t /\. A(x)), t o m amo s
=

co m o v a l o r de e em K a c lasse E xA ( x ) ; se não e x ist i r uma fórmula nessas


co n diçõe s, tomamos como valor d e e em K um e l e m ento q u a lq uer de K .
Definimos uma in t e r p ret ação i (ver D e fin içã o 2 . 1 . 1 ) associando a
ca da símbolo de pred icado a re lação correspondente, já re fe ri d a , e a cada
constante c a classe e .
Finalmente, introduzimos uma função a uxi l ia r f ( ve r Definição
2 . 1 . 2) , qu e associa a cada variável x a classe x .
Fica construida, assim, a estrutura A que vamos demonstrar ser
modelo de r segundo i e f. (A , por assim d izer , foi construida com mate­
rial s i n t á tico , isto é, com os termos �e L). Para tanto , seguindo as cláusulas
da Definição 2. 1 . 3 , most ra re mos que F é verdadeira no modelo se , e só
se , f 1- F , o u , o que dá no m es m o , se , e só se , F E f .

61
Raciocinemos por indução matemática sobre o número de ocorrên­
cias de símbolos em F, sendo que qua lquer termo conta como a ocorrência
de um só símbolo.
Se F for da forma Pt t t , da cláusula 2 da Defini ção 2 . 1 . 3 ,
1 2 nr
1 se , e somente se, r t- F .
• · ·

então , pela própria construção de A , Vj (F) =

Trataremos, agora, a penas de mais d uas cláusulas d a De fi n ição 2. 1 . 3


(escreveremos r t-f G para expressar que G não é con se q üê nc ia sintática
de r ) ;
Clá usula 3 . p.:rt.:; 1 : Se F for da forma A _,. B , vf ( F) = 1 se , e somente
se, vf (A) = O ou vf ( B) = 1, o que equivale, por hipótese de ind u çã o a ,

r lf- A ou r t- B , o q ue , pelo Teorema 2.2. 5 , equiva le a r t- A _,. B . As


outras partes são tratadas de modo semelhante.
Clá usula 5 , parte 1 : F é Vx A(x). Assim, vf (F) = vf ( \fxA( x)) 1 =

equivale a vf' (A(x)) = 1 , nas condições da Definição 2 . 1 . 3 , o que equ ivale a


se afirmar que qualquer termo t é tal que vf (A'(t)) = 1 , para alguma fórmu­
la A'(x) congruente a A(x), ou seja, que r t- A'(t) ; mas isto q uer d izer, por
sua vez, que para qualquer termo t, r t- 3 x(x = t A A(x)) , o u seja , que
qualquer termo t r-satisfaz A( x). E isto equ ivale a r t- \fxA(x), pelo Teo­
re ma 2.2 . 5 . A segunda parte da cláusula é manipulada de mane ira similar .

Teore ma 2 .2 .8 (da Completude) - S e l ' I= F , então r t- F.

De monstração - Ad mitamos que r 1= F mas que r l+ F . Daí se con­


clui q ue r U { 1 F } é consistente , pois, cm caso contrário , como é fácil de
se ver , r acarretaria F, isto é, r t- F.
Mas se r U { 1 F } é con sistente, ele tem modelo, pelo teore ma pre ­
ced ente . Seja A um mode lo de r U { 1 F } . A é modelo de r , pois é mo­
delo de r U { 1 F } ; porém, co mo r I= F. A deve ser também modelo
de F. Isto é absurdo, po is A é modelo de 1 F por ser de r U { 1 F }
(A não pode ser modelo de F e d e 1 F ao mesmo tempo , pela Defin ição
2. 1 .3).
Logo , r t- F , como q ueríamos demonstrar.

Corolário 1 - r I= F se , e só se , r t- F.

De monstração -- Co nseqüência dos teoremas da Correção e da Com­


plet ude .

Corolário 2 - I= F se , e somente se , t- F .

Facilmente se demonstra o seguinte resultado :

62
Teore ma 2 .2 .9 - L m conj u nto r d e fórm ulas tem m o d elo se , e so­
mente se, for consistente .

2 . 3 As Teorias Ele mentares

Uma das p r in c i pa i s a p l i ca çõ e s da lógica e l e m e n t ar é na si s t e m a t iz açã o


de t eoria s.
Uma t eo r ia l ca r a c t er iza -se pelos se u s pr i n c ípi o s básicos. q ue se c ha­
ma m po s t u l a d o s o u a x iomas. Se sua l i n g u a g em é L, T c h a m a se t eoria ele·
-

mentar.
Os teoremas d e T são a s fór m u la s q ue pod e m se r d e d uzidas q u a n d o
se t o m a m seus axiomas rnmo s u posiçó e s . E m pa r t i c u la r , os axio mas de
T são t a m b é m t eoremas de T.
Tendo -se e m vista q ue T é ca ra c t e r i za da pelo conj u n t o 6 d e se us
axiomas, fa c i l m e n t e se est e n d e m a maio ria dos co n c e i t o s a nt er iores pa ra
teo r ia s . Deste mudo se · d e fi n e m as noções de teoria consist e nt e , de t eoria
i nco nsist ent e , d e mm.l eio d e u ma teoria , e t c .
T a m b é m m u it a s d a s inferências co m u n s pod e m se r t ratadas p o r m e i o
da lógica e l e m e n t a r o u , co mo s e co st uma afi r ma r , po d e m se r formalizadas
n e ssa lóg ica
A i n ferência

d esde que tenha sido for m a l i za d a e m L, é log ica m e n t e válida q uando


{ A 1 , A2 , •
. .
, An } r- B. Para q ue a inferê ncia seja logica me n t e válida ,
porta nto . é pr e c i so q u e das pre m issas s e possa d ed u z ir a c o n c l u são . To­
davia , a sseverar q ue { A 1 , A2 , • . • , i\n } t- B equivale a a firma r q ue
1 ( A 1 /\ A2 /\ . . A An ) -+ B. . Pode-se d izer , por conseguint e , que a in­
fe rê ncia é l ogi ca m e n t e válida desd e q ue a conj u n ção das
pre m i ssa s impli­
que logicamente a concl usão .
Em principio , todas as teorias da matemá t i ca t radicion�I são susce­
tíve is de ser formalizadas co m os re c u r so s da lógica eleme ntar; a na lo ga ­

mente , toda inferência ma t e m át ica trad icional pode ser cod ificada de
acordo co m a lóg i ca elementar. Estes fatos e vi d e n c iam a gr a n de relevância
dessa ló g ica . .

Na re al i d ade , estudamos a lógica elementar co m o o pe rad o r E , em b ora


esta lógica . elfl sent ido e str it o não e nvolva tal símbolo . A lóg i ca elementar
.

sem este o perad o r é também e xtrem a me nt e potente , e t udo o q ue afir ma­


mos nesta secção a e la se a plica . No entanto , a presença do s ím b o l o d e

63
c m L si m pl i fica i n ú meras q uestões, e nos fa m i l iariza com um o pera­
l l ilbcrt
e x e m p l o de categoria de o peradore s q ue formam termos
d o r i m po rt a n t e _
l igando variávc is de fórm ulas, cuj a t eoria , hoj e , é de e nor m e relevâ ncia.

64
LEITURAS COMPLEMENTARES

I ntroduções Elementares à Lógica:

COPl , l . M . Introcluction to Logic. Macmillan, 1 982.


QUINE, W.v.0 . Metlzods o[Logic. Holt , 1 950.

Boas Introduções à Lógica :

K LEENE, S.C. Introduction to Metamatllematics . van Nostrand , 1 952.


MENDELSO N , E. Introduction to Mathematical Logic . van Nostrand,
1979.
SCHOENFIELD. J .R. Mathematical Logic . Addiso n-Wesley, 1 967.

H istória da Lógica.

K N EA LE , M . e W. O Desenvolvimento da Lógica. Lisboa , Calouste Gul­


benkian. 1 980.
BOCHENSK I , l .M . Historia de la Logica Fonnal. Madrid, Gredos, 1 966.

Traba lhos em que o símbolo t: é tratado e, em geral, a teoria dos operado­


res que formam termos ligando variáveis de fórmulas:

D R UCK , 1 . F . e da COSTA. N .C .A. "S ur les 'vbtos' selon M. Hatcher".


C R. A cad. Sc. Paris , 28 1 , 1 97 5 , 74 1 -743 .
da COSTA , N .C .A. "A model-theoretical approach to variable binding
term operators". Mathematical Logic in Latin America . Ed . ARRU­
DA, A . I , CHUAQUI, R . e da COSTA , N .C . A . , North-Holland , 1 980,
1 33- 1 62 .
d a COSTA , N.C.A. e MORTENSEN, C . "Notes i n the theory o f variable
bihding term operators". History and Phüosoplzy of Logic 4, 1 983,
63-72 .
HATCHE R . W.S. 17ze Logical Foundations of Mathematics . Pergamon,
1 982 .
Lt: ISE RING , A.C. Mathematical Logic and Hilbert 's t:-Sym/Jol. MacDonald ,
1 969.

Algumas obras que versam sobre filosofia da lógica e lógicas não-clássicas:

da COSTA, N . C . A. Ensaio sobre os Fundamentos da Lógica. Hucitec,


1 979.

65
HAACK , S. Deviant Logic. C ambridge University Press. 1 977.
HAACK , S. Philosophy of Logics. Cambridge University Press, 1978.
RESCHER, N . Topics in Philosophical Logic , Dordrecht , 1 968.

Obras disponíveis em português, além das já citadas nos itens anteriores :

BARKER, S. Filosofia da Matemática. Rio , Zahar, 1 976.


BLAN C H É , R. A Axiomática. Lisboa , Presença, 1 978.
B LAN CH É , R . História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russell. Lisboa,
Edições 7 0, 1 98 5 .
d a COSTA , N . C. A . Introdução aos Fundamentos da Ma temática . São
Paulo , Hucitec, 1 977.
FREG E . G . Os Pensadores, vol. XXXVI. São Pa ulo , Abril , 1 974.
FREG E, G . Lógica e Filosofia da Linguagem . São Pau lo , C ultrix/EDUSP,
1 978.
HENKIN, L. "Verdade e Demo nstrab ilidade" e "Co m plet ude" , cm MOR-
GENl3 ESSE R, S. Filosofia da CTência . São Pa ulo , Cultrix , 1 967.
KLEENE. S. C . "C om putab ilidadc'', em MORGENB ESSER , S . . op. cit .
KÕ RNER , S . Filosofia da Matemática. Rio, Zahar, 1 985 .
RUSSELL, B . Os Pensadores. São Paulo, Abril , 1 97 8 .
RUSS ELL, B . lntrodução aº Filosofia Matemática Rio , Zahar, 1 98 1 .
.

SALMON, W . Lógica. Rio , Zahar, 1 969 .


SCHOLZ, H . A Axio mática dos Antigos". Cadernos de História e Filoso­
..

fia da Ciência 1 , 1 980.

66
Nova Série
Livro-Texto
1 ] ��������-

A Nova S ér i e Livro- T ext o, da Editora da Univers i dade,


t ra z d e volta a Idéia d e que os p rofessores
não disp õem, multas v e z es, d e obras condi z e ntes
c om suas n e c ess i dades es p e cíficas de sala d e a ula.
À a usência de bl bl lografla esp eciali zada, soma - s e a p equena
q ua nt i dad e d e t ex t os esp e cfflcos para uso p edagógi co.
O obj etivo desta séri e é p re e ncher um va z i o edltorlal,
enriquecend o o p ro c esso d e aprendi za g e m com l ivros
qua atendam as carências das múlt i p la s éreas de conhecim ento.

BAS I C p a r a j ovens: i n t rodução à i nformá t i ca


M agda B e rc h t e Newton B raga Rosa

E st e l i v ro es t á esc r i t o de f o rm a c o l oqu i a l , d i re t a e s i m p l es, v i s a n ­


d o f ac i l i t a r o a u t o - a p r e n d i z ado d a l i ng u agem B A S I C pe l os não- i ­
n i c i ados .
BA SIC para jovens (introdução à informática) f o i p r oj et ado pa r a
s e r us ado j u n t o c o m um m i c rocom p u t ado r .
C o n f o r m e a e x pe r i ên c i a d o s a u t o res, o est ud a n t e pode p rog r ed i r
n o seu p r óp r i o r i t mo, d i spensando a p r es e n ç a cons t a n t e do p ro f es ­
s o r ; e m 1 2 h o r as d e t r aba l h o, e m m éd i a, venc e r á todo o conteúdo,
s e s e nt i r á s e g u ro p a r a e l abo r a r peq uenos p rog ram as e mot i vRdo
para es t udos m a i s a v a n ç ados.

Dance a p rendendo, a p renda dançando


M o r gada Cunha
A dan ç a c r iat i va poss u i ca ract e r ís t i c as, v a l o res e f i na l i d ad es
em i n e n t e m e n t e edu c at i vas , po r i s s o e l a deve r i a i nt eg r a r c u r r íc u ­
l os esco l a res des d e a p r é - es c o l a a t é a u n i v e rs i d ade. Seus cont e ú ­
d os t ípi c os s ã o pe r f e i t am en t e adapt á ve i s a q u a l q u e r n íve l de e ns i ­
no, o que v i r i a a c om p l em e n t a r as at i v i dades g i nást i cas, l ú d i c as ,
espo r t i v as e rec reat i v as, q u e v i a d e reg ra i nt eg ram a d i s c i p l i n a
d e E d u c a ç ã o F ís i c a m i n i s t r ada em noss as es c o l as .

PRÓXIMO LANÇAMENTO:
Manua l LOGO
L uc i l a Maria Costa Santa r o sa (coord .), Maria E u n i c e Garr i d o Barbie r i ,
R o sãnge la K i si o l a r Machad o e R e na t o A l bano Pe te r sen Fi l h o

T r aba l h o des e n vo l v ido pe l a eq u i pe d e pes q u i s ado res, p ro f es s o r es


e m on i t ores do P roj e t o E D U C O M , da Facu l dade de E d u c ação da
U F R GS. T em como p r opós i t o s u p r i r a f a l t a de um m a n u a l que
f ac i l i t e a ap rend i z ag e m p e l a c r i an ç a da l i nguagem L OG O.
1
MEC
SESu
A publicaçl'o desta obra conta com o patroc lnio
PROEOI dll Secreta ria de Ensi no Superi or. através do Provama
de Est (mulo do Traba lho Intelectua l das I E S-Fedarais

E d i tora DUBUS L t da .
Rua Upama rot ! , 71
Fone : 4 9 . 8435
Po r t o A l eg re , R S - BRAS I L

Você também pode gostar