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Francisco Fausto de Souza
História de Mossoró
Edição especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria
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SUMÁRIO
Prefácio à esta edição .......................................................... 04
A Ribeira de Mossoró no Século XVIII .............................. 06
Primitiva povoação de Santa Luzia de Mossoró,
vila e depois cidade do mesmo nome .................................. 13
Capela de Santa Luzia ......................................................... 52
Documentos das capelas de Santa Luzia
e de São Sebastião ............................................................... 61
Mossoró no Século XIX ...................................................... 97
Breve notícia sobre a vida do padre
Antonio Joaquim Rodrigues .............................................. 130
Apontamentos Históricos da Freguesia de Mossoró
fundada pelo Sargento-mór Antônio de Souza Machado .. 159
Apontamentos Históricos sobre o padre
Francisco Longino Guilherme de Melo (1802-1878) ....... 163
Família Guilherme de Melo............................................... 252
Família Alves de Oliveira.................................................. 294
Família Ausentes ............................................................... 295
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Família Freitas Costa ......................................................... 300
A guisa de História do município de Areia Branca ........... 304
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PREFÁCIO À ESTA EDIÇÃO
Quanto mais nos reportamos sobre assuntos de publicações
de títulos pela Fundação Vingt-un Rosado e Projeto Rota Batida,
da Petrobras, mais precisamos falar sobre o operário da cultura
Vingt-un Rosado, o incansável batalhador, para que as chama da
história de um povo não se apague com o tempo. As pegadas de
Vingt-un ficaram marcadas durante os 85 nos em que viveu entre
nós e jamais o tempo esmaecerá, pois a história da forma como ela
é, uma ciência humana, não deixará de sempre lembrar que a sua
formação será conservada. Passa a ser uma história viva de um
povo morto.
Esta edição que acaba de ser reeditada e lançada sobre a his-
tória de Mossoró do também historiador Francisco Fausto de Sou-
za, é sem dúvida uma forte razão de que a história deve ser perpe-
tuada pela confirmação dos fatos relacionados com o trajeto de
acontecimentos narrados desde os primitivos acontecimentos do
século XVIII, quando os gentios da Ribeira de Mossoró, se afasta-
ram para as terras do Maranhão e deram lugar a que os brancos
civilizados pudessem explorar a nova terra com a criação de gado
vacum e o pastoreio de criações diversas, construindo moradas de
taipa ao redor de uma fazenda de propriedade do Capitão-mór An-
tonio de Souza Machado.
Foi com esse conceito que o autor Francisco Fausto de Sou-
za, produziu o livro “História de Mossoró” que se tornou o docu-
mento peça vestibular de nossa história passando assim a condição
de livro sagrado e constitucional dos Mossoroenses. Edição esgo-
tada merece uma nova, assim como esta que o Projeto Rotada Bati-
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da III, da Petrobras, juntamente com a Fundação Vingt-un Rosado
e a Coleção Mossoroense, estão brindando os estudiosos da história
de Mossoró com a confirmação de que continuará viva na memória
do povo o trajeto histórico do séculos XVIII, da Ribeira de Mosso-
ró,construída pelo primitivos membros das famílias “Gamboa”,
“Guilherme” e “Ausentes”, construtores de uma população criadora
de gado vacum e o pastoreio de várias espécies de animais criados
à margem do Rio Mossoró e Upanema.
Bom, a história de Mossoró nos emociona falar. Rever os
seus fatos mexe com a lembrança de Francisco Fausto de Souza,
Câmara Cascudo, Vingt-un Rosado e com a Petrobras como incen-
tivadora da cultura em todos os recantos do país, aqui através do
Projeto Rota Batida III, parceria com a Fundação Vingt-un Rosado
para não deixar desaparecer do alcance dos leitores documentos
escritos sobre a história de um povo constituído em população pela
construção de uma Capela erigida em homenagem a Santa Luzia.
Ao Rota Batida, da Petrobras e a Fundação Vingt-un Rosdo o
agradecimento dos mossoroenses por mais uma edição do livro
“História de Mossoró”, Bíblia Sagrada dos ribeirinhos dos rios
Mossoró e Upanema.
Mossoró, 18 de março de 2010.
Wilson Bezerra de Moura
Professor-emérito da UERN e
Sócio-fundador da Fundação Vingt-un Rosado
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A RIBEIRA DE MOSSORÓ NO SÉCULO XVIII
Ao começo do século 18, a ribeira de Mossoró, totalmente
pacificada e livre do gentio bravo, o qual segundo a opinião de
alguns escritores se retiraram para as matas do Maranhão, co-
meçou a ser ocupada pelos brancos civilizados que nela inicia-
ram a indústria pastoril de toda espécie de gado vacum, cavalar,
suíno, ovelhum, cabrum, etc. Segundo a tradição, sabemos que
do meado desse século para cá existiram muitas fazendas de
gado às margens dos rios Mossoró e Upanema, entre outras as
das “Barrocas”, à margem esquerda do rio Mossoró, pertencente
a Domingos Francisco, Sargento-mór, morador nas Russas, a
qual chegava a mais de mil bezerros; a do Carmo, pertencente a
Nossa Senhora do Carmo de Pernambuco, às margens do “Upa-
nema”, a fazenda “Pintos” à margem direita do Mossoró, per-
tencente a Fuão Pinto, da Paraíba do Norte, a de “Santa Luzia” e
“Barra de Mossoró” pertencente ao Sargento Antonio de Souza
Machado; as da “Ilha de Dentro” e “Góis”, pertencentes aos
primitivos Camboas; a da “Ilha de Fora” do Tenente Coronel
João Joaquim Guilherme de Melo; a do “Camurupim”, da famí-
lia “Guilherme”; a do sítio “Ausentes”, “Picada” e “Serrote”,
aos primeiros membros dessa família e a de “São Sebastião” ao
português Sebastião Machado de Aguiar; a do “Taboleiro Gran-
de”, ao Tenente Coronel Joaquim José do Rego Barros. Afirma
ainda a tradição que existiram outros fazendeiros, como bem um
no “Ricão” e depois “Rincão”, como é hoje conhecido.
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SEU POVOAMENTO
Até o meado desse século a população da ribeira de Mos-
soró fora muito limitada, constante apenas de criadores, vaquei-
ros, procuradores das respectivas fazendas, que segundo a tradi-
ção os seus proprietários eram todos moradores fora, como bem
fossem em Pernambuco, Paraíba, São Bernardo das Russas, Na-
tal, podendo conjeturarmos que talvez houvesse naquele tempo,
ali, uma pessoa para cada cem cabeças de gado. Segundo pre-
sumimos em vista de alguns dados que temos, fora depois de
1750 que se situaram na Ribeira de Mossoró os primitivos
membros da família “Gamboa”, “Guilherme” e “Ausentes”. Es-
tas três famílias tradicionalmente foram e continuam a ser con-
sideradas como as primeiras que habitaram Mossoró. Delas, a
mais numerosa fora a “Camboa”, que primitivamente habitando
no lugar denominado “Ilha de Dentro” logo depois estendeu-se a
habitar em toda a Ribeira até o “Olho d’água” do Apodi, onde
consta haver grande número dos seus descendentes em linhagem
seguida, bem como nos Estados do Ceará e Maranhão. A família
“Guilherme” primitivamente morou no lugar denominado “Ca-
murupim” e a família “Ausentes” no lugar deste nome, não sa-
bendo nós se foi esse lugar que dera o nome a essa família ou
esta àquele lugar. Com certeza, fora depois, de 1750, que muda-
ra-se de São Bernardo das Russas, com sua família para a Barra
de Mossoró (Grossos), o Sargento-mór Antonio de Souza Ma-
chado, proprietário da fazenda “Santa Luzia” da mesma ribeira. Esse
simpático e honrado português invernava todos os anos naquela fa-
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zenda e no fim rebanhava os gados da mesma para fazer carneação
um pouco abaixo de Grossos na “Ilha das Oficinas”, onde ainda hoje
existem vestígios disso. A fazenda “Santa Luzia” situada muito perto
da margem esquerda do rio Mossoró, e ao mesmo tempo da mata,
tendo entre este e o rio uma lagoa, bem como água potável, era o
ponto onde os adventícios escolhiam para residirem. Correm os
tempos e assim foi que em 1772 o Sargento-mór Antonio de Souza
Machado, abastado e trabalhador incansável, interessando-se pelo
povoamento desta ribeira resolvera, às suas expensas, construir uma
capela em sua fazenda “Santa Luzia”, levando avante o seu projeto
conforme veremos.
Do mesmo livro onde copiamos os documentos acima, co-
piamos também o seguinte despacho: “Como o seca me impessa
de pessoalmente visitar a Capella da Senhora Santa Luzia con-
cedo ao Reverendo Parocho a visitá-la do que fará termo, e se
faltar algum ornamento necessário para o sacrifício da missa o
mandará fazer com o bem houve dos bens que acresceram ao
inventário feito as folhas 148 – Apodi aos 7 de Março de 1787”.
Sinal 20 réis – Sello 1520 réis – Registro 320 réis – Despesa
3000 réis – Registro. Sampaio – Vizitador. Do mencionado livro
consta muitos termos de visitas dos vizitadores – que por ali
andaram na penúltima ou última década do século XVIII, po-
rém, sendo a letra quase inteligível podemos apenas copiar o que
segue: “Termo de visita da Capela Santa Luzia de Mossoró. Aos
dez dias do mês de maio de 1792 o muito Reverendíssimo se-
nhor Dionísio de Souza Bandeira, visitou pessoalmente a Capela
de Santa Luzia sita no lugar de Moçoró desta freguezia, das vár-
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zeas do Apodi e achou decentemente ornada para se celebrar o
santo sacrifício, da missa e mais ofícios divinos e ordenou ao
administrador da capela mandar fazer um púlpito, para a dita,
ficando a arcada, da parte de fora e desmanchar o nincho que se
acha na parede defronte do mesmo, e assim mais formar a cape-
la de madeira para mais decentemente se poder celebrar o santo
sacrifício da missa; e também cobrir as sepulturas da capela que
mandei fazer este termo em que assignei. Eu, o Padre Francisco
Correia de Queiroga, o escrevi – Dionizio de Souza Bandeira”.
Edificada de fato a Capela de Santa Luzia de Mossoró no
ano de 1772 pelo Sargento-mór Antonio de Souza Machado, o
patrimônio feito pelo sogro do mesmo, Domingos Fernandes, foi
o seguinte: Uma légua de terra em quatro do “Canto do Junco”,
conforme escritura que existe no arquivo da Igreja de Mossoró.
Consta também que fora doado a mesma Santa uma porção de
gado, existindo uma não pequena fazenda do mesmo logar Santa
Luzia, da qual fora vaqueiro o português José Barbosa Braga,
que segundo parece fora também do Sargento-mór Antonio de
Souza Machado. Vive ainda alguém que no começo do século
19º em sua primeira e segunda década alcançara os curraes e
casa do português Barbosa, a qual era no mesmo lugar onde
atualmente se acha edificada a casa de Manoel João de Medei-
ros, a rua do Gurgel, segundo consta do livro de tombamento da
primitiva Capela de Santa Luzia, o Sargento-mór Antonio de
Souza Machado foram procurador, administrador e tesoureiro da
mesma até a data do seu falecimento o qual tivera lugar no ano
de 1797.
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Falecido o Sargento-mór, conforme já dissemos, em 1797,
sua religiosa família continua a imitá-lo, assim é que ainda do
mesmo livro consta o seguinte registro de termo de declaração:
“Termo de declaração que faz D. Rosa Fernandes e todos os
seus herdeiros legítimos e naturaes de um pedaço de terra anexa
à Capela de Santa Luzia, da Ribeira de Mossoró: Aos 13 dias do
mez de julho de 1801, nesta povoação de Santa Luzia, da Ribei-
ra de Mossoró, e na presença do Reverendo Cura, o Sr. Manuel
Correia Calheiros, declarou a viúva D. Rosa Fernandes e junta-
mente todos os seus herdeiros legítimos e naturais, que de sua
livre vontade, davam um pedaço de terra das que possuíam no
mesmo lugar do da Capela de Santa Luzia, a saber, da parte do
nascente do córrego chamado da Calheira e do poente até arre-
dar as terras do defunto José da Costa Oliveira Barca que usava
do nome de Manoel Ferreira, para que do seu rendimento supra
seis mil reis do patrimônio a que são eles ditos doadores obriga-
dos para que se obriguem a fazerem esta doação em todo tempo
e para certeza, pediu a dita doadora, e doadores ao ajudante José
Caetano da Costa e ao Reverendo Cura este termo fizesse e assi-
nasse em que todos se assignavam, e o Reverendo Cura pela
doadora Dona Rosa Fernandes. Eu, José Caetano da Costa o
escrevi. Pela doadora Dona Rosa Fernandes o Cura Manoel Cor-
reia Calheiro Pessoa – Feliz Antonio de Souza”.
Esta terra na década de 1850, mais ou menos, foi vendida
em hasta pública, pelo Vigário Antonio Joaquim Rodrigues e
fora dela arrematante alguns membros das famílias Camboa e
Guilherme e a légua de terra do “Canto do Junco”, se acha até a
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presente data, abandonada, presumindo nós achar-se a mesma
apossada por outros.
Nota: A légua do “Canto do Junco” foi vendida a Pedro Men-
donça, e José Soares da Costa, pelo Padre Pedro Paulino por
1:000$.
Noventa anos depois de construída a Capela, pelo Sargen-
to-mór Antonio de Souza Machado, isto é, em 1862, foi ela de-
molida e sob os seus alicerces com o aproveitamento de algumas
paredes, fora edificada a atual Igreja Matriz, sendo que esta ain-
da foi aumentada e muito melhorada nos anos de 1878, 1879 e
1880 e seguinte, de sorte que hoje é um templo decente faltando
fazer somente uma de suas torres.
Em 1866 Jerônimo de Souza Rocha e sua mulher Dona
Quitéria de Góis Nogueira doaram a Santa Luzia, por uma escri-
tura pública, 43 braças de terra dentro do perímetro da vila no
lugar onde se acha edificada a Igreja Matriz, cuja terra haviam
comprado, em hasta publica, a mesma Santa, reservando eles
doadores dessas 43 braças, dois terrenos, o quanto fosse sufici-
ente para edificação de duas casas de morada, sendo uma para o
seu filho Francisco de Assis Nogueira e outra para o seu neto
Tristão Celebrino de Souza. E é esta a terra que hoje tem Santa
Luzia dentro da circunscrição urbana, quando podia ter todo o
terreno que atualmente compreende o perímetro da cidade, pois
o pedaço de terra doado a mesma Santa em 1801 por dona Rosa
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Fernandes a seus herdeiros, presumimos que ia além do Córrego
do Barbosa.
CASA DE ORAÇÃO
Afirma a tradição que em 1772 quando fora fundada a po-
voação, edificada a Capela de Santa Luzia, hoje Igreja Matriz, já
havia sido edificada uma casa de oração, de pedra e cal no lugar
hoje conhecido de “Igreja Velha”, o qual fica entre os lugares
Paredões e Barrocas, arrebaldes desta cidade.
Esta casa de oração de pedra e cal, fora, entretanto coberta
de palha de carnaúba, devido ao que desmoronou-se, sendo de-
pois reconstruída, afirmando-nos a tradição que nela, sepulta-
ram-se muitas pessoas o que garantimos ser verdade em vista
dos vestígios que ainda ali hoje existem.
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PRIMITIVA POVOAÇÃO DE SANTA LUZIA DE
MOSSORÓ, VILA E DEPOIS CIDADE DO
MESMO NOME
Fundada a povoação de Santa Luzia em 1772, conforme já
vimos, em 1774 casara Sargento-mór Souza Machado sua filha
primogênita Dona Antonia de Souza Machado com o Tenente
Coronel Francisco Ferreira Souto, de nacionalidade portuguesa,
conforme se evidencia no seguinte assento cópia de um livro da
Igreja de Apodi: “Assento de casamento: Aos 31 do mês de ju-
lho de 1774, pelas 10 horas do dia, no sítio de Grossos na Barra
de Mossoró, Termo desta Freguesia de Nossa Senhora da Con-
ceição e de São João Batista das várzeas do Apodi dando-se os
nubentos freguezes, e corridos os banhos na forma do sagrado
Concílio Tridentino, justificando o nubente ter vindo menor da
freguesia de São Salvador, Arcebispado de Braga, seu natural, e
solteiro da freguesia de São Francisco Pedro Gonçalves do Reci-
fe, onde morou, e nubente ter vindo menor da freguesia das Rus-
sas, seu natural, e dado fiança aos banhos de sobredita freguesi-
a...........que me constou de mandado de casamento do Reveren-
do Vigário da Vara, que em meu poder fica; em minha presença
e das testemunhas abaixo assinadas, o Sargento-mór Domingos
Francisco, solteiro e Alferes Francisco Pereira, casado, morado-
res ambos na freguesia de Russas, pessoas de mim reconhecidas,
se casaram solenemente por palavras. Os presentes: Tenente
Coronel Francisco Ferreira Souto, natural da freguesia de São
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Salvador, Arcebispado de Braga, e morador nesta das Várzeas
do Apodi, filho legítimo de Felipe Gonçalves de Paschôa Gon-
çalves, naturais da sobredita freguesia de São Salvador, com
Antonia de Sousa, natural da freguesia de Russas, morador nesta
das Várzeas do Apodi, filha legítima do Sargento-mór Antonio
de Souza Machado natural de Braga, e de Rosa Fernandes natu-
ral da freguesia de Russas, e logo lhe deram as bênçãos confor-
me o rito da Igreja, e para clareza e tudo, eu e Pedro João de
Paiva, Cura nesta freguesia, fiz este termo e assignei com teste-
munhas. – João de Paiva, Cura das Várzeas do Apodi – Domin-
gos Francisco – Francisco Pereira”.
O Tenente Coronel Francisco Ferreira Souto fora por seu
sogro instalado, nesse mesmo ano, em Santa Luzia, onde segun-
do consta, sempre residiu e foi proprietário da Fazenda da “Pi-
cada” deste município, hoje pertencente aos herdeiros de Mano-
el Januário Lopes de Oliveira, que foi considerado e atacado
pelos seus contemporâneos, sendo ele uma figura saliente na
povoação, onde falecera e sepultara-se dentro da respectiva
“Capela” em cuja sepultura fora colocada uma taboa com a ins-
crição das datas de seu nascimento e morte, a qual taboa perma-
neceu ali até o ano de 1860, mais ou menos.
EDIFICAÇÃO
A data de 1772 até 1842 quando foi a Ribeira Mossoró e-
levada a Freguesia, a Povoação de Santa Luzia pouco aumentara
consistindo ele até então de um pequeno quadro em frente a res-
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pectiva “Capela” cujas casas eram quase todas de taipa, cobertas
de telhas e também algumas cobertas de palhas de carnaúbas ao
redor da mesma povoação, sendo seus primeiros edificadores o
Sargento-mór Antonio de Souza Machado, alguns membros das
famílias “Cambôa” e “Guilherme” e “Ausente”, Domingos da
Costa de Oliveira e Manoel Rodrigues Pereira conhecido por
Manoel Rodrigues Fatoque.
Na década de 1842 a 1852 (quando foi a povoação elevada
a vila e município) a edificação aumentou e melhorou um pou-
co; construíram casas por esse tempo os negociantes Joaquim
Nogueira da Costa, José Baltazar Augerio de Sabóia, Clementi-
no de Gois Nogueira, Irineu Soter-Caio Wanderley. No período
de 1852 a 1870 (quando foi elevada a cidade) a edificação au-
mentou mais do que antes, assim como também muito melhorou
a construção; fizeram boas casas os negociantes Joaquim Nogueira
da Costa, Antonio Filgueira Secundos, Luiz Manoel Filgueira, A-
lexandre de Souza Nogueira, Davino Alves de Oliveira, Virgínio
Fidelis Ramos, José Alexandre Freire de Carvalho, João Ulrich
Graf e outros muitos. A data desse último ano até o vigente, Mos-
soró tem aumentado consideravelmente, não só pelo número de
casas construídas, como também pela arte e gosto que se observa
nelas, podendo afirmar-se que depois da capital, é a primeira cida-
de do Estado em embelezamento e construção.
Conta ela hoje muitos sobrados e casas térreas, cuja cons-
trução custou vinte e mais contos, e já é alguma coisa para um
lugar onde a mão-de-obra e o material é muito barato.
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Nota: Hoje a cidade, em comércio, população e construção au-
mentaram três ou quatro vezes mais. Os prédios nestas notas
considerados como os primeiros, deixaram de ser, diante de bo-
nitos palacetes que nesses últimos 20 anos em Mossoró tem se
edificado de custo de 80 e mais contos.
Os seus principais edifícios são: a Igreja Matriz, o palacete
da Intendência Municipal com espaçosos salões para audiências,
sessões de júri e eleição, contendo aos rés do chão a cadeia pú-
blica bem gradeada e segura, com excelente muralha em toda a
roda; a casa da Maçonaria de gosto moderno, com gradeamento
e arborização; a casa da escola pública onde atualmente funcio-
na o “Colégio Sete de Setembro”; a casa de mercado que hoje é
um prédio municipal; a casa há pouco edificada e ainda não
concluída, destinada para funcionar o Colégio Diocesano, toda
murada tendo dentro dela uma capelinha destinada para se cele-
brar missa. Tem em Mossoró as seguintes ruas, praças, traves-
sas: “Rua de Graf” – “30 de Setembro” – “Rua 10 de junho” –
“Rua de Gurgel” – “Rua dos Libertos” – “Rua da Ipoeira” –
“Rua do Campo Santo” – “Rua das Flores” – “Rua Dr. Filguei-
ra” – “Rua Dr. Almino” – “Rua dos Oliveiras” – “Rua do Rosá-
rio” – “Rua da Soledade” – “Praça da Liberdade” – “Praça do
Mercado” – “Praça 6 de Janeiro” – “Travessa do Alexandre” –
“Travessa da Maçonaria” – “Travessa do Vigário Rodrigues” –
“Travessa do Irineu” – “Travessa do Zeferino” e outras que ain-
da não têm denominação. O perímetro da cidade, é da “Baixa
do Caetaninho” ao “Córrego do Barbosa”. Bairros próximos a
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cidades: “Canto” – “Paredões” – “Igreja Velha” – “Barrocas” e
“Macacos”.
Nota: Hoje com o aumento considerável da cidade de Mossoró,
tem muitas outras ruas novas com denominações diversas, tendo
algumas constantes das notas acima escritas em 1904, perdido
seus primitivos nomes 13-4-922.
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CEMITÉRIO DE MOSSORÓ
Em 1863 pregando na então vila de Mossoró, o missioná-
rio Capuxinho Frei Agostinho marcara o mesmo, um terreno,
onde atualmente se acham edificadas casas do cidadão Delmiro
Rocha, à Rua do Campo Santo, para nele ser edificado um cemi-
tério, chegando-se para isso alguns materiais.
Reconhecendo mais tarde, porém, o vigário Rodrigues, que
esse terreno não era apropriado para o fim destinado, com auxí-
lio do povo construíra o mesmo vigário em 1869 um cemitério
de madeira, mais acima daquele lugar em terreno elevado, plano
e muito enxuto.
Em 1877 pregando aqui Capuxinho Frei Fidelis, por inicia-
tiva deste e com o auxílio do vigário da Freguesia e do povo, foi
transformando o cemitério de madeira, em um de tijolo, muito
bem construído, bem como foi também por essa ocasião cons-
truída dentro do mesmo cemitério uma capelinha, própria para
se celebrar o sacrifício da missa. Na seca de 1877 a 1879, tor-
nando-se o cemitério pequeno para nele serem sepultados todos
os cadáveres (tal era o número), resolvera a Comissão de Socor-
ros mandar abrir grandes valas por detrás do mesmo e nelas dia-
riamente eram lançadas centenas de cadáveres, devido ao que
mandou a mesma Comissão, aumentar o cemitério dois tantos
mais do que era, presumindo que seja hoje o maior do Estado.
Acha-se bem conservado, contendo dentro dele muitos túmulos,
alguns dos quais primam pela arte e custo.
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Afirma a tradição que antes de 1772, habitantes da Ribeira
de Mossoró, quando faleciam, eram sepultados na Igreja da Ma-
ta Fresca; depois na Capela de Santa Luzia e na Casa de Oração
do Bairro da Igreja Velha; depois na Igreja Matriz e de 1869
para cá no cemitério público desta cidade.
Para a construção do cemitério em 1873, dirigiu o padre
Antonio Joaquim a Câmara Municipal a seguinte petição:
“Ilmos. Srs. Presidente e mais Vereadores da Câmara Mu-
nicipal desta cidade de Mossoró – O Padre Antonio Joaquim
Rodrigues, Parocho colado desta Freguesia de Mossoró, dese-
jando aproveitar os serviços do Ilmo. e Revmo. Sr. Frei Fidelis,
Missionário Apostólico Capuxinho, relevantes como costumam
ser, para edificar um cemitério de pedra e cal, obra de que tanto
se recente esta Freguesia, para servir de jazigo aos restos mor-
tais das pessoas católicas, e de qualquer crenças religiosa, me-
diante o concurso de seus parochianos, que estão dispostos a
prestar seus serviços para a mencionada obra, com o intento de
ser propriedade de Irmandade de Nossa Senhora Padroeira, a
Senhora Santa Luzia, enquanto não houver uma outra Irmandade
especial do Santo a quem for dedicado o mesmo Cemitério, a
quem afinal virá a pertencer o cemitério, vem portanto pedir a
VV. Ssa. se dignem conceder licença, para que no sentido indi-
cado se possa levar a efeito dita obra: pelo que pede a V. SS.
Ilmos. Srs. Vereadores da Câmara Municipal de Mossoró se
sirvam a conceder a licença pedida. E. R. Mce. Cidades de Mos-
soró, 17 de agosto de 1872 – Antonio Joaquim Rodrigues, Paro-
cho Colado de Mossoró”.
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Estava selada com uma estampilha – Despacho – Esta
Câmara não podendo dispor de recursos para fazer a obra do
cemitério e conhecedora da necessidade desta obra, nesta cida-
de, concede a licença pedida, pela maneira requerida, visto que é
obra particular. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Mosso-
ró, em Sessão Extraordinária de 18 de agosto de 1873 – Miguel
Arcanjo Guilherme de Melo: Presidente – Silvério Ceriaco de
Souza – José Alves de Oliveira – Francisco da Rocha Freire –
Francisco Antonio de Carvalho.
Por escritura passada no livro de notas do Tabelião João
Alves Bezerra, em 23 de agosto de 1873, o Tenente Coronel
Miguel Arcanjo Guilherme de Melo, fez doação, na terça de
seus bens, da terra que lhe pertencesse e que por ventura se a-
chasse encravada dentro do respectivo cemitério, isto enquanto
ela pertencesse a Padroeira ou a outra qualquer Irmandade reli-
giosa, no caso, porém, de que o dito cemitério passasse à admi-
nistração da Câmara desta cidade ou de outra qualquer corpora-
ção, ficaria desde esta data desfeita a doação e restituído o terre-
no doado com todas as suas cláusulas aos herdeiros do doador,
independente de escritura de revogação.
Fica o cemitério público de Mossoró do lado do oeste na dis-
tância pouco mais ou menos de um quilômetro da Igreja Matriz.
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COMÉRCIO DE MOSSORÓ
Primitivamente seu comércio fora nenhum. Depois, no primei-
ro quartel de século 19o apareceram na povoação pequenos estabele-
cimentos, cujos gêneros eram comprados no Aracati.
Segundo afirma a tradição, foram por esses tempos, co-
merciantes na povoação o curandeiro Domingos da Costa de
Oliveira, Manoel Rodrigues Pereira, Francisco Gomes dos San-
tos Guará, José Baltazar Augerio de Sabóia. Diz ainda a tradição
que alguns habitantes do lugar, por esses tempos iam a Pernam-
buco por terra e dali traziam algumas cargas de fazendas que por
ocasião de partirem para aquela praça despediam-se da família e
dos amigos até o dia do juízo, tão arriscada consideravam a tra-
vessia. Entre outros que empreenderam essas viagens citamos os
nomes dos criadores Antonio Gomes da Mota e de Manoel Ro-
drigues Pereira.
Em 1845 estabeleceram-se em Mossoró Joaquim Nogueira
da Costa, com uma padaria (a primeira que teve Mossoró), vin-
do do Aracati de onde era natural, o qual veio ser depois um dos
mais fortes negociantes e maior proprietário do lugar.
No período de 1845 e 1856, além de Nogueira foram ne-
gociantes em Mossoró José Pereira da Costa, Clementino de
Góis Nogueira, Geraldo Joaquim Guilherme de Melo, Manoel
do Nascimento do Vale, João Evangelista Nogueira, Irineu So-
ter-Caio Wanderley, João Martins da Silveira, João Antonio
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Jararaca e outros, cujas mercadorias eram compradas no Aracati
e outras, como gêneros alimentícios, em Natal ou Cunhau.
Na década de 1857 a 1867, apareceram na então vila novos
comerciantes como bem fossem Antonio Filgueira Secundes,
Luiz Manoel Filgueira, Raimundo de Souza Machado, João An-
tonio Gomes dos Santos (negociantes de drogas), e outros que
seria enfadonho mencionar.
Nesse período alguns comerciantes de Mossoró como No-
gueira, Clementino, Filgueira, Luiz Manoel não abandonando de
todo a praça do Aracati, começaram a comprar também na praça
de Pernambuco indo tomar o vapor em Macau.
Em 1868 foi fundada ou estabelecida em Mossoró, uma
importante casa comercial de João Ulrich Graf, de nacionalidade
suíça, a qual era conhecida pelo nome de “Casa Graf”.
Data desse ano a vida comercial de Mossoró, que passou a ser
um verdadeiro empório, até o presente, tanto, porém, nesse intervalo
suas crises como a de 1877 a 1879 e outras causadas pela seca.
No período da seca muitas casas comerciais em Mossoró fize-
ram ponto, porém outras, negociaram com o governo na venda de
gêneros alimentícios ganharam em pouco tempo muito dinheiro, tal
era os preços elevados pelos que vendiam esses gêneros.
No período de 1878 a 1887, foi muito útil ao comércio de
Mossoró o negociante comprador de gêneros do país, com espe-
cialidade peles de cobra e carneiro, Conrado Mayer, antigo em-
pregado da casa Graf, também de nacionalidade suíça, o qual
ganhando em pouco tempo uma fortuna, nesse gênero de nego-
cio talvez superior a 400 contos, quebra em 1887.
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O comércio de Mossoró, pois, não obstante as repetidas secas,
a datar de 1868 para cá continua sempre animado, podendo dizer-se
que esta cidade comercialmente falando é a primeira do Estado.
Existem anualmente nesta cidade casas capitalistas de
grandes movimentos comerciais, as quais importam e exportam
para as principais praças da república e do estrangeiro, entre elas
citamos as dos Srs. M. F. do Monte & Cia., e Tertuliano Fernan-
des & Cia., as quais também fabricam e exportam sal para fora
do estado em grande quantidade. Sendo Mossoró o porto mais
próximo do centro dos Estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e
deste do Rio Grande do Norte, é por isso um dos pontos mais
comerciais do Estado.
A exportação é por cabotagem e consiste em grande quan-
tidade de algodão, couros salgados, courinhos em cabelo, penas
de ema, borracha, cêra de carnaúba e sal.
A importação consiste em estivas, molhados, ferragens,
vidros, louças, fazendas e outros objetos de fábricas estrangei-
ras, bem como café, açúcar, tabaco, milho, feijão, farinha e ou-
tros muitos artigos do país. Os gêneros são importados também
por cabotagem quase exclusivamente das praças de Pernambu-
co, Rio de Janeiro, Natal, Ceará e da Europa, para onde são da
mesma forma exportados nos vapores das Companhias Pernam-
bucanas e outras, assim como em iates, barcaças e navios, quer
para o País, quer para o estrangeiro em trânsito pelo Rio, Per-
nambuco e Natal.
A grande exportação de sal que faz das imensas salinas do
município para o interior dos 4 estados limítrofes tem lugar em
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costas de animais, que percorrem distâncias de 50, 80 e mais
léguas até os últimos sertões, e a que se faz para o Norte e Sul
da República, é feita em grandes navios de vela e a vapor.
MESA DE RENDAS PROVÍNCIAS DE MOSSORÓ
Por ato da Assembléia Provincial de 5 de novembro de 1856,
foi criada uma Mesa de Rendas na então vila de Mossoró, a qual
começou a funcionar no ano seguinte na mesma vila e depois cidade
até o ano de 1878, quando passou a funcionar no porto de Areia
Branca a pedido do então Administrador Felipe de Albuquerque
Bezerra Cavalcanti. A contar de sua instalação até o presente tem
tido essa Repartição os seguintes administradores:
Florêncio de Medeiros Cortez
Manoel Justiniano Guilherme de Melo
Joaquim Gonçalves Chaves Filho
João Antonio Gomes dos Santos
Rafael Archanjo da Fonseca
Felipe de Albuquerque Bezerra Cavalcanti
João Crisustino Bezerra Cavalcanti
Targino Nogueira de Lucena
Francisco Gurgel de Oliveira
Targino Nogueira de Lucena
Alexandre Saturnino dos Reis
Francisco Pinheiro de Almeida Castro
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Bento Praxedes Benevides Pimenta
Manoel Onofre Pinheiro
Godofredo Xavier da Silva Brito
João Felismino de Melo
Targino Nogueira de Lucena
Teófilo C. Moreira Brandão
Teodosio Ribeiro de Paiva
Cícero F. de Souza
José Teixeira de Carvalho
Hermes Mendes – Interino.
CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE MOSSORO
A ribeira de Mossoró, primeiro pertencera a Freguesia da
Vila do Regente (Portalegre) isto até 1766, e a datar deste ano
até 1842 fez parte da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição
e de São João Batista das Várzeas do Apodi.
Pela resolução nº 87, de 27 de outubro de 1842, foi des-
membrada a ribeira de Mossoró da Freguesia do Apodi, consti-
tuindo ela uma nova Freguesia e elevada a categoria de Matriz, a
filial Capela de Santa Luzia. O artigo 3º da citada resolução dá a
Freguesia de Mossoró os limites seguintes; “Os seus limites
principiam da praia de Tibau, no lugar onde confina esta Provín-
cia com a do Ceará, e daí pelo cimo da Serra do Mossoró até o
sitio” “Pau do Tapuia” inclusive, deste compreendendo o sítio
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dos Aguilhados no Rio Mossoró até a fazenda Chafariz da Fre-
guesia do Campo Grande do Rio Upanema, e daí pelo rio abaixo
por uma outra parte até a sua embocadura no mar.
Em 1844 foi nomeado seu primeiro Vigário Colado o
Revmo. Padre Antonio Joaquim Rodrigues, o qual exercera esse
magistério em Mossoró até o ano de 1894, quando faleceu.
A Freguesia de Mossoró conserva os primitivos limites de sua
criação; pertencente a Diocese da Paraíba e consta de uma só Paro-
chia, a de Santa Luzia de Mossoró, ereta como já disse em 1772.
Foram coadjutores do vigário Rodrigues os padres Antonio
Freire de Carvalho e João Urbano de Oliveira, sendo que este o
substituiu como vigário de Mossoró a datar de 1894 a 1903,
quando pedira demissão. Antes da ribeira ser criada Freguesia
curavam-na os padres do Apodi, afirmando-nos a tradição que
nos fins do século 18º moravam na Fazenda do Carmo 3 frades
Capuchinhos do Convento do Carmo de Pernambuco, os quais
diziam missa na Capela de Santa Luzia e naquela fazenda.
A contar de 1827 a 1844, foi capelão em Santa Luzia o
Padre Francisco Longino Guilherme de Melo. De 1841 a 1844
também esteve em Mossoró o padre Antonio Lopes da Silveira,
natural da Paraíba do Norte.
Depois da criação da Freguesia pregaram em Mossoró, os
seguintes padres Capuchinhos: Frei João em 1846, Frei Serafim
em 1859, Frei Agostinho em 1863, Frei Fidélis em 1873 e Frei
Venâncio em 1885.
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CRIAÇÃO DO MUNICIPIO
Pela Lei Provincial nº 246, de 15 de março de 1852, fora o
território da ribeira de Mossoró desmembrado do município do
Assu, a quem sempre pertencera, formando um novo município
e elevada a respectiva povoação à categoria de vila de Mossoró.
Neste mesmo ano foi eleita a sua primeira Câmara, juramentan-
do-se perante a Câmara do Assú o Reverendo Padre Antonio
Freire de Carvalho, presidente eleito, o qual no dia 24 de janeiro
de 1853, na vila de Mossoró, tomou juramento aos demais vere-
adores, declarando em seguida instalada a nova Câmara que
ficou assim composta: Padre Antonio Freire de Carvalho –
Presidente; Tenente Coronel Miguel Archanjo Guilherme de
Melo – Vereador; Capitão Francisco de Medeiros Costa –
Vereador; Capitão João Batista de Sousa – Vereador; Francisco
Besoldo das Virgens – Vereador; Sebastião de Freitas Costa –
Vereador.
Proclamada a República, foi por Decreto do Governador
do Estado, sob nº 9, de 18 de janeiro de 1890, dissolvida a Câ-
mara Municipal e nomeado um Conselho de Intendência, com-
posta de cinco membros, o qual funcionou até 12 de outubro de
1892, quando fora empossado a Intendência Municipal, compos-
ta de sete membros eleitos a 11 de setembro do dito ano.
A receita do município de Mossoró para o ano de 1904, é
orçada na quantia de réis 23:450$000, e a despesa em reis
23:428$500.
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CRIAÇÃO DA COMARCA
Mossoró foi primeiro um distrito de paz do Termo da Vila
da Princesa, da Província e Comarca do Rio Grande do Norte;
depois distrito de paz do Termo do Apodi, da Comarca do Assú,
isto até o ano de 1852 (quando presumimos que fora criado
Termo Judiciário – veja-se a lei).
Por lei nº 499, de 23 de maio de 1861, foi criada a Comar-
ca de Mossoró, tendo por limites os mesmo de sua freguesia; e
por lei nº 620, de 9 de novembro de 1870, fora a vila de Mosso-
ró elevada à categoria da cidade.
A datar de sua criação até o presente, tem tido a Comarca
os seguintes Juizes de Direito e Juizes Municipais:
Juízes de Direito:
1º – Dr. João Querino Rodrigues da Silva
2º – Dr. José Pereira da Silva Moraes
3º – Dr. José Antonio Rodrigues
4º – Dr. Vicente Cândido Ferreira Tourinho
5º – Dr. José Jorge de Carvalhal
6º – Dr. Alcebides Dracon de Albuquerque Lima
7º – Dr. Joaquim Manoel Vieira de Melo
8º – Dr. Joaquim Felício Pinto de Almeida Castro
9º – Dr. Joaquim Manoel Vieira de Melo
10º – Dr. João Dionísio Filgueira
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Nota: Depois de João Dionísio, Dr. Hemetério Fernandes Rapo-
so de Melo, Dr. Felipe Nery de Brito Guerra, Dr. Silvino Bezer-
ra Neto e Dr. Antonio de Oliveira.
Juízes Municipais:
1º – Dr. Antonio Fernandes Trigo de Loureiro
2º – Dr. Alcebides Dracon de Albuquerque Lima
3º – Dr. João Tomaz Arnaud
4º – Dr. Manoel Hemetério Raposo de Melo
5º – Dr. Paulo Leitão Loureiro de Albuquerque
6º – Dr. Miguel Carlos da Costa Rocha, sendo este o últi-
mo juiz municipal que teve Mossoró.
INSTRUÇÃO PRIMÁRIA
Nos primeiros tempos consistiu a instrução primária na povoa-
ção, de duas escolas públicas diurnas, sendo uma para cada sexo,
criadas por leis provinciais, de 15 de outubro de 1827, de 18 de ja-
neiro de 1831 e de 11 de agosto de 1854. Depois fora criada mais
uma escola noturna para o sexo masculino, pelo governo da Provín-
cia, existindo atualmente somente duas diurnas, sendo uma para
cada sexo, pagas pelos cofres do estado.
ESCOLAS MUNICIPAIS
Depois da proclamação da República a Intendência criou
escolas mistas do ensino primário nos povoados de Santo Anto-
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nio, São Sebastião, Santana, Macambira, mantendo atualmente a
mesma Intendência somente as seguintes: Duas na cidade, sendo
uma para cada sexo; 4 mistas, sendo uma no Porto de Santo An-
tonio, uma no Alto da Conceição, uma em São Sebastião e uma
outra no Rincão.
ESCOLAS PARTICULARES
Existem diversas, com algum aproveitamento.
INTRUÇÃO SECUNDÁRIA
Existira outrora nesta cidade uma cadeira de Latim criada
e mantida pelo Governo da Província. Teve ele vida efêmera e
pouco ou nada aproveitou a mocidade mossoroense tão órfã de
instrução até bem poucos anos.
COLÉGIO SETE DE SETEMBRO
No dia 7 de setembro de 1900, instalou-se nesta cidade es-
te estabelecimento de instrução secundária, de grande utilidade
para a mocidade desta cidade e de outras vilas e cidades do inte-
rior, a qual muito tem aproveitado. É seu diretor o Coronel An-
tonio Gomes de Arruda Barreto, antigo advogado e natural da
povoação da Paraíba do Norte.
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COLÉGIO DIOCESANO
É seu diretor o distinto Cônego Estevão José Dantas. A
mocidade que nele se educa muito tem aproveitado, notando-se
no referido colégio muita ordem e respeito, pelo que ali não so-
mente se instrui como recebe a criança uma educação esmerada,
a qual é indispensável ao homem.
SOCIEDADE MAÇÔNICA “24 DE JUNHO”
Fundada em 24 de junho de 1873
Tem funcionado regularmente e presentemente conta um
crescido número de sócios. Tem uma biblioteca, somente fran-
queada para seus associados. Já manteve, por algum tempo, es-
colas de instrução primárias e secundárias, dentro de seus salões,
as quais deixaram de funcionar em 1885, devido à pregação de
um frade Capuchinho, contra a mesma sociedade, por ser maçô-
nica, prevenindo a população ignorante com terrores e anátema,
contra a ordem, dispersou e afugentou as crianças, achando-se
por esse motivo extintas aquelas escolas.
SOCIEDADE LITERÁRIA
Instituto Literário “2 de julho”, fundado em 2 de julho de
1899. Mantém uma boa Biblioteca; Sociedade “Filhos da Fé”,
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fundada em 15 de novembro de 1900; Sociedade “União Operá-
ria”, fundada em 23 de setembro de 1900; Grêmio Literário
“Augusto Severo”, fundado em 21 de junho de 1903.
TEATRO
Em 1873, fora criado uma Sociedade Dramática, composta
de amadores intitulada “Recreio Dramático” sob a iniciativa e
direção do português Manoel Gomes de Oliveira e Silva, a qual
dera alguns espetáculos. Depois em 1880, mais ou menos, rea-
pareceu o “Club Dramático” ainda sob a direção daquele mesmo
cidadão, o qual funcionou regularmente muito tempo.
Em 13 de agosto de 1891, fora fundado o “Club Dramático
Familiar” o qual tem funcionado regularmente, até o presente; é o
seu corpo cênico composto de sócios amadores desse mesmo Club.
Manda a justiça que se diga que fora um de seus iniciadores e
por muito tempo o seu sustentáculo, o farmacêutico Jerônimo Rosado.
JORNAIS
“O Mossoroense”
Começou a ser publicado nesta cidade no dia 17 de outu-
bro de 1872. Era semanário, político, comercial, noticioso e ati-
jesuítico, pois assim declarava ele no seu frontispício. Fora seu
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proprietário e redator responsável o capitão Jeremias da Rocha
Nogueira, advogado talentoso, natural e residente nesta mesma
cidade, tendo aquele como companheiros de redação os Srs. José
Damião de Souza Melo e Ricardo Vieira do Couto.
Terminou esse periódico a sua publicação nos fins do ano
de 1875.
“O Eco”
Periódico humorístico e ilustrado. Propriedade de João da
Escóssia Nogueira. Foi publicado o seu primeiro número em 24
de outubro de 1901.
“O Mossoroense”
Periódico humorístico e ilustrado. Redatores – Advogado
Antonio Gomes e Alfredo Melo. Este último já se retirou da
redação deste jornal. Publicam-se as quinzenas, regularmente. É
seu gerente João da Escóssia e também redator xilógrafo.
“A Idéia”
Órgão do “Instituto 2 de Julho”. Começou a sua publica-
ção a 18 de julho de 1902, sendo seus redatores: R. Rubira, Soa-
res Junior e Alves Tavares. Deixando de sair alguns meses, ul-
timamente apareceu sob a redação de J. Martins de Vasconcelos,
Teixeira de Holanda e Souza Campos.
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Antes de ser publicada “A Idéia”, fora publicada pelos só-
cios do Instituto uma revista manuscrito intitulada “O Século
19º”. Publica-se periodicamente.
“O Comércio de Mossoró”
Órgão do Comércio das Indústrias e da Lavoura. Começou
a ser publicado em 17 de janeiro de 1904. Gerente: Teófilo dos
Anjos, redator o inteligente capitão Bento Praxedes. É bem redi-
gido e muito noticioso. Publica-se semanalmente.
“O Mensageiro”
Órgão da “Mocidade Católica”. Começou a ser publicado
em 21 de janeiro de 1904. Redatores, diversos. Sai em dias inde-
terminados.
AGRICULTURA
Nos anos invernosos consiste a deste município, (desde os
primeiros tempos) na cultura de mandioca, algodão, milho, fei-
jão, batatas, alhos, cebolas. Cultivavam-se também, algumas
espécies de frutas como seja, pinha, romã, banana, em pequenas
quantidades, melão, melancia, além de diversos legumes.
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CRIAÇÕES
A grande criação consiste em gado vacum, cavalar, muar,
lanígero, cabrum, suíno, havendo diversas fazendas que se ocu-
pam desta indústria. A pequena criação limita-se a aves domés-
ticas. Essas criações são muito dizimadas nos anos secos como
sucede atualmente.
ANIMAIS SILVESTRES
Veados, caitetús, queixadas, tatus, preás, mocós, onças,
maracajás e gatos do mato. Quanto a aves encontram-se nas ma-
tas jacús, juritis, nambús. Nos campos há emas, seriemas, aves
de arribação (avoetes), e asa branca, papagaios e grande quanti-
dade de periquitos e maracanãs que prejudicam as lavouras.
Entre as diversas aves contam-se os canários, as graúnas,
os corrupiões, os pintassilgos, os galos de campina. Há diferen-
tes abelhas que fornecem excelente mel, sendo as principais a
jandaíra, a amarela e o inxui que se encontram nas matas; algu-
mas colméias porém, que cultivam no barro e que se apresentam
na flora dos mangues do rio, produzem um mel tão fino e sabo-
roso, que os apreciadores tem chamado de néctar delicioso.
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INDÚSTRIA FABRIL
Esta indústria consiste tão somente na fábrica de farinha de
mandioca em obras de olaria como sejam louças de barro, telhas
e tijolos de alvenaria. Há também, alguns estabelecimentos de
descaroçar algodão com máquinas a vapor.
MADEIRAS
Entre as diversas e variadas espécies de madeiras e de
marcenaria, contam-se como principais as seguintes: carnaúba,
pau branco, angico, aroeira, pau darco, umburana, cedro, caraíba
e cumaru.
MINERAIS
Além da pedra de construção e calcário que abunda neste
município, há na povoação de São Sebastião, uma pedra especial
de cor branca-azulada, não muito dura, da qual se tem obtido
facilmente por meio de serra, excelente e bonito tijolo de ladri-
lhos. Não muito distante desta pedreira, há igualmente uma mina
de excelente gesso, pouca explorada, com a qual se tem feito
obras de estuque em diversos templos do Estado.
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SERRAS
As serras que formam a parte montanhosa do município e
lhe servem de limites, são a do Carmo a leste, de pequena eleva-
ção e que vai sair no Atlântico, na Ponta do Mel, e a de Mosso-
ró, do lado do oeste que estendendo-se do município do Apodi
em direção de sul a norte vai também sair no Atlântico no lugar
denominado Morro de Tibau, que divide este Estado com o do
Ceará. Ambas estas serras são muito abundantes de mel e de
caças, sendo que os seus terrenos são excelentes para o plantio
dos cereais na estação invernosa.
ASPECTO GERAL
Do lado do norte e sul do município de Mossoró é geral-
mente plano, assim como de leste a oeste, notando-se somente
pequenas elevações montanhosas nos limites de ambos estes
lados que são cobertos de bosques e matas.
Compõe-se em todas as direções de extensos campos de
lavoura e para a criação; cobertos de carnaúbas nas duas mar-
gens do rio Mossoró, que banha a cidade deste nome e que se
estendem quase até o litoral.
Segundo o último recenseamento feito pelo governo da
República, a população do município, somente na cidade conta-
va 9.874 almas, presumindo nós que atualmente este número se
eleve, não obstante a imigração que tem havido para o Norte. É
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o município geralmente salubre manifestando-se um ou outro
ano, alguns casos raros de febre amarela. Nos anos de 1856 e
1862, aparecera a cólera-morbus no litoral e na parte sul dos
limites do município, causando algum prejuízo a população, não
reaparecendo mais até hoje.
A cidade de Mossoró está situada à margem esquerda do rio
deste nome, em campo completamente plano e varzeado. As suas
ruas são geralmente largas, espaçosas e alinhadas, contendo algu-
mas praças ou quadros regulares, com princípio de arborização.
Sendo ela como é, mercantil e talvez pela sua topografia a
primeira praça do estado, tem diversos e variados estabeleci-
mentos comerciais; duas farmácias bem montadas, recebendo do
interior de quatro estados limítrofes, variados produtos que ex-
porta para diversas praças da República e para o estrangeiro por
baldeação, cisto como não o pode fazer diretamente por não ter
Mesa de Rendas habilitada ou alfândega.
Tem ela os seguintes próprios municipais: Cada da Inten-
dência, Cadeia, Casa do Colégio Sete de Setembro, Casa do
mercado e o Cemitério.
Dista esta cidade da capital do Estado cerca de 70 léguas
para sudoeste.
As distancias das vilas e cidades dos municípios confinan-
tes são as seguintes:
A cidade do Aracati (Ceará) no interior, 28 léguas ao nor-
te; a vila da União (Ceará) no interior, 12 léguas no noroeste; a
cidade do Apodi no interior, 14 léguas ao oeste; a vila de Caraú-
bas 14 léguas ao sudoeste; a vila do Triunfo, 18 léguas ao sul; a
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cidade do Assú, 18 léguas ao sudoeste; a vila de Areia Branca na
costa, 7 léguas a leste.
Existem estradas para todos esses pontos do litoral e do interi-
or, abertas desde de remotas eras pelos primeiros habitadores, serta-
nejos ou comercialmente que freqüentavam suas salinas; pelos go-
vernos da povoação e do município e pela Diretoria do Telégrafo
Terrestre, cuja linha corta de sul a norte o município, tendo uma
estação nesta cidade que dá mensalmente bons saldos a União.
FORO DA CIDADE
Um Juiz de Direito, um Promotor, três Juizes Distritais,
nomeados trienalmente pelo Governo do Estado, dois Oficiais
de Justiça e um Tabelião do Público Judicial e Notas o qual reú-
ne todos os ofícios.
POLÍCIA
Conta o município uma delegacia e duas subdelegacias que
são a desta cidade e a do distrito de São Sebastião e 26 quartei-
rões que são na cidade 3, Macacos, Saco, Passagem da Oiticica,
Camurupim, Macambira, Chafariz, Santana, Carmo, Canto, Bar-
rocas, Santo Antonio, Ilha de Dentro, Porto, Umari, Vertentes,
Riacho do Nogueira, Serra de Mossoró, Baixa, Riacho Grande,
Serrote, Quixaba e Aguilhadas.
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GOVERNO DO MUNICÍPIO
É composto de sete intendentes, inclusive o presidente e-
leito de três em três anos, e atualmente tem os seguintes empre-
gados: um secretário, um arquivista, um fiscal, dois guardas
fiscais, um advogado, um porteiro, quatro professores primários,
três professoras primárias, um zelador do Mercado Público, um
zelador do cemitério, um zelador do matadouro, um zelador da
iluminação pública, um procurador e um ajudante do mesmo.
Nota: Hoje é outra a organização dos empregados municipais.
POVOAÇÕES DO MUNICÍPIO
Povoação do Porto da Ilha: fica à margem esquerda do
município de Mossoró, na Ilha de Dentro e dista da cidade uma
légua. Em 1865 fora ali edificada a primeira casa desta povoa-
ção por João Francisco das Chagas Costa, já tendo nesse mesmo
lugar dois armazéns, edificados pelos comerciantes Joaquim
Nogueira da Costa e Clementino de Góis Nogueira, próprios
para o alojamento das mercadorias importadas ou exportadas
por via marítima.
Atualmente tem essa povoação cerca de 40 a 50 casas, in-
clusive os armazéns para depósitos de gêneros dos comerciantes
de Mossoró importados ou exportados por via fluvial.
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Há entre o Porto da Ilha e a cidade e vice-versa, um grande
movimento diário de carros puxados a bois conduzindo merca-
dorias; assim como entre esta povoação e a vila de Areia Branca
e vice-versa, também grande movimento de lancha e pequenas
barcaças ocupadas com o transporte das mesmas mercadorias.
Em 1898 fora edificada nesta povoação uma capela, po-
rém, no inverno de 1899, desabou o teto da mesma, existindo
hoje tão somente as paredes. Conta a povoação pequenos estabe-
lecimentos que chamamos bodegas.
Está ela situada em terreno varzeado e plano, porém, sujei-
to a inundações. Tem uma escola primária mantida pelo governo
do município; um inspetor de quarteirões e um sub-capataz.
POVOADO DE SANTO ANTONIO
Acha-se situado à margem esquerda de Mossoró, paralelo
a povoação do Porto da Ilha próximo a caatinga. Antigamente
chamou-se esse lugar Ilha de Fora e fora uma fazenda de criar
do Tenente Coronel João Joaquim Guilherme de Melo. Está
situado em terreno plano, elevado e arenoso e fica na estrada
terrestre de Areia Branca para Mossoró. Tem diversas casas e
alguns pequenos estabelecimentos. O governo do município
mantém aí uma escola primária.
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POVOADOS DOS MACACOS
É um bairro da cidade, dividido apenas por um córrego
denominado do Barbosa. Está arruado e fora nele edificado uma
capela por invocação de Nossa Senhora da Conceição, devido ao
que hoje muitas pessoas desprezando o seu primitivo nome,
chamam-no “Alto da Conceição”. Tem uma escola primária
mantida pelo governo do município.
Ignoramos a data da ereção da respectiva capela, que teve
lugar há poucos anos.
POVOADO DE SÃO SEBASTIÃO
Tem uma capela muito decente, construída antes da cons-
trução da Capela de Santa Luzia, existindo em frente a mesma
um cruzeiro de pedra que prima pela arte. Consta que existe ali o
livro de tombamento dessa capela, e em vista dele, se poderá
saber quando fora a mesma ereta.
São Sebastião chamara-se primitivamente Passagem do
Pedro; fora seu fundador o português Sebastião Machado de
Aguiar, casado que fora com Catarina Gomes de Amorim, que
ali residira e fora proprietário de uma fazenda de gado e de ter-
ras; edificara a capela dando-lhe por orago o santo do seu nome.
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PATRIMÔNIO
Do livro de notas do Tabelião Mota de Mossoró, consta,
isto é, do Livro de Registro de Terras do Tabelião Mota de Mos-
soró, consta que Catarina Gomes de Amorim, viúva de Sebasti-
ão Machado de Aguiar, para aumento do patrimônio da Capela
do Glorioso Mártir São Sebastião, doara uma sorte de terras na
povoação do mesmo nome do lado do nascente com uma légua
de fundo, compreendendo pelo lado do norte a contar de cima da
lagoa João Marques e do sul até o córrego das Lages, pouco
acima da povoação, onde se acha ereta a capela do mesmo san-
to; doação esta feita no ano de 1819 por uma escritura passada
no livro de notas do Tabelião Público Manoel de Melo Monte-
negro Pessoa do Assú.
CEMITÉRIO
Tem um muito bem construído e conservado, edificado em
lugar plano e elevado, na seca de 1877 a 1879.
A povoação não obstante ser muito antiga, tem poucas ca-
sas e conta pequenos estabelecimentos. Acha-se situada 7 léguas
ao sul da cidade, à margem direita do rio Mossoró em terreno
plano e elevado.
Seus arrabaldes são muitos povoados, cujos habitantes criam e
plantam com especialidade cebola, alho, batata-doce e diversas qua-
lidades de frutas, nas areias do rio, em grande quantidade.
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Tem uma subdelegacia e a Intendência de Mossoró mantém
nela uma escola de instrução primaria mista.
No Império fora São Sebastião Distrito de Paz. Na República a
Intendência criara ali uma Secção Eleitoral, conservando-a até há
poucos anos, quando fora extinta por espírito de politicagem.
RIO MOSSORÓ (Antigo Apodi)
Segundo a história pátria, Alonso de Hojeda acompanhado
de Américo Vespúcio e de João de La Cosa chegou a uma das
bocas do Rio Apodi no dia 24 de junho de 1499, em virtude do
que tomou o território o nome de São João Batista do Apodi.
O Rio Mossoró nasce nas fraldas da Serra de Luiz Gomes,
atravessa os municípios de Pau dos Ferros, Portalegre, Martins,
Apodi, Mossoró e Areia Branca e deságua no oceano Atlântico,
entre a vila deste nome e a povoação da Barra de Mossoró, ten-
do por tributários diversos rios e riachos.
É só navegável em todo tempo desde a barra até a povoa-
ção Porto da Ilha, lugar de embarque da cidade a Barra e do Por-
to até a cidade por pequenos barcos em tempo de inverno. Da
cidade para o interior é geralmente seco em tempo de verão,
ficando alguns poços no município que servem de refrigério aos
gados de criação e aos plantadores de vazantes, que neles pes-
cam, plantando e colhendo em suas proximidades grande quan-
tidade de alhos, cebolas, batata-doce.
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Nota: Presentemente tem o rio Mossoró no município deste no-
me, muitas barragens de pedra e cimento, feitas pela União.
Este rio, desde de sua foz até onde reflui a maré, é abun-
dantíssimo de diversas qualidades de peixe sobressaindo entre
outros a tainha, a curimã, a curimaí, o bagre, o camorim, o mero
e outros mariscos e moluscos.
Na parte da sede do município para o interior, onde ficam
diversos poços d’água doce durante as secas pesca-se a traíra, a
piaba, o cará, a piranha, a curimatã, o piau e outros.
A navegação do rio Mossoró, data do povoamento de sua
ribeira. Antes é provável que tenha nela entrado alguns barcos
em observações não só da barra e seu leito, como das imensas
salinas às margens do mesmo, conforme a opinião de alguns
escritores.
Na última década do século 18º, o Sargento-mór Antonio
de Souza Machado tinha uma flotilha de canoas, conforme ve-
mos na obra do Sr. Matheus Brandão, sendo bem provável que
outros tivessem também canoas e sumacas não só para a pesca
como para outros misteres.
Segundo a tradição, desde o primeiro quartel do século
19º, que começaram a entrar no rio Mossoró pequenos barcos e
lanchas, as quais subindo rio acima iam até a Ilha de Dentro em
casa do Alferes Alexandre de Souza Rocha, a qual ficava pró-
xima ao rio e acima do Poço dos Meros (hoje Porta da Ilha) e aí
vendiam as mercadorias que conduziam esses mercadores ambu-
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lantes; devido ao que era esse porto conhecido pelos marítimos de
então, pelo nome de Porto do Alferes Alexandre.
Depois de 1860 para cá, as marés não chegando até ali, edifi-
caram armazéns na margem esquerda do rio Mossoró, junto ao
Poço dos Meros, os comerciantes Joaquim Nogueira e Clementino
de Góis, lugar onde hoje se acha situada a povoação do Porto da
Ilha, e onde ainda continuam a chegar as marés. Entre aquele ano e
o de 1865 fora edificado o armazém da Jurema pelo Governo da
Província e em 1867 foi pelo mesmo governo mudado esse arma-
zém para o Porto de Areia Branca, conforme se verifica da fala
com que o Dr. Gustavo Adolfo de Sá, abriu a Assembléia Provin-
cial em 1868.
O primeiro vapor que entrou no rio Mossoró fora o da Com-
panhia Pernambucana em 1869, o qual subira rio acima até a Ron-
cadeira, encontrando fundura suficiente para navegar e só voltara
daí por desânimo do comandante e ignorância do prático sobre a
profundidade do rio. Hoje, vapores do caldo dos da Companhia
Pernambucana, como o Japurá e outros têm ido a Jurema tomar sal.
Convém mencionar que na seca de 1877 a 1879, a custa dos
socorros do governo, fora aberto o “rio novo”, perto do Porto e o
Furadinho perto de lugar Remanso, encurtando o rio com essas
aberturas, muita diferença para menos, perto de 3 léguas. Fora ad-
ministrador de ambos esses serviços o cidadão Faustino Filgueira
de Melo, já falecido. Existem entre os portos da ilha e o de Areia
Branca grande movimento de lanchas e barcaças ocupados em
transporte de mercadorias de um para o outro porto com a saída de
sal aos vapores que fundeiam fora da barra; assim como de botes e
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canoas com o transporte de passageiros de ambos esses lugares e
de canoas conduzindo água e mantimento para as salinas de ambas
as margens. Depois da Estrada de Ferro, o comércio de lanchas,
barcaças, conduzindo mercadorias para o Porto da Ilha e vice-
versa, é pouco. Subindo do Porto da Ilha, descendo o rio, tem este
os seguintes nomes dados pelos marítimos: Porto da Ilha, Rio No-
vo, Alagamar, Poço do Umary, Poço de José Duarte, Poço Redon-
do, Poço do Brasil, Jurema Seca, Volta da Cruz, Mangue Alto,
Camboinhas, Agulhão, Volta do Sol, Volta da Jurema, Volta do
Tijolo, Armazém Velho, Volta de José Holanda, Jurema, Pontal,
Pela Pau, Portinhos de Cima, Portinhos de Baixo, Camboinha do
Boi, Rancho de Amélia, Roncadeira, Cunhan, Volta da Jangada,
Volta do Espadarte, Feijão com Coco, Rancho da Telha, Furadi-
nho, Furado Velho, Remanso, Remadinho, Boca do Rio do Carmo,
Caenga, Rancho do Marciano, Ostra e Cambos da Serra Vermelha.
Onde limita o município de Mossoró com o de Areia Branca, no-
mes dos lugares da ribeira de Mossoró, à margem direita do rio do
mesmo nome, a começar das Aguilhadas, onde divide este com o
município do Apodi: Aguilhadas, Bonito, Gangorrinha, Povoação
de São Sebastião, Cigana, Santana, Aroeira, Umary, Picada de
Francisco José, Camorim, Pitombeira, Canudos, Pescocinho, Ca-
murupim, Passagem de Pedra, Oiticica, Ingá, Bom Jesus, Canto
Grande, Canto do Castro, Calcote, Fazenda do Pinto, Boca da Pi-
cada, do Carmo, Alto de Mossoró, Canto da Forquilha, Canto da
Cazinha, Rio Morto, Canto do Gado Brabo, Barreiras Altas, Rin-
cão, Camboa, Passagem das Pedras, Estreito, Umary, Canto da
Maria Negra, Jurema Seca e Pontal.
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Lagoas – A começar do mesmo ponto: Lagoa da Gangorri-
nha, Lagoa da Cigana, Lagoa de João Marques, Lagoa da Canela
de Ferro, Lagoa de Santana da Aroeira, Lagoa das Pedras, Lagoa
de Carnaubal, Lagoa de Saco, Lagoa de João Lopes, Lagoa de Ma-
ria Gorda, Lagoa do Bargado, Lagoa do Umarizeiro, Lagoa Rasa,
Lagoa do Canto do Jacinto, Lagoa de Canudos, Lagoa do Camuru-
pim, Lagoa do Canto Grande, Lagoa de João Francisco, Lagoa de
Pinto, Lagoa da Pelonha, Lagoa da Peloinha, Lagoa de José Batis-
ta, Lagoa das Pedras, Lagoa da Pitombeira, Lagoa da Sororoca,
Lagoa do Gonçalo, Lagoa do Crispim, Lagoa do Estreito, Lagoa do
Padre, Lagoa Córrego do Umary. Pela margem esquerda do Mos-
soró, temos os seguintes lugares assim denominados, a começar de
onde divide este município com o de Apodi: Poço Feio, Barra,
Quixaba, São Bento, Saboeiro, Saquinho, Ipueira, Serrote, Passa-
gem do Rio, Ausentes, Macambira, Picada, Várzea da Pasta, Es-
treito, Saco, Macacos (hoje, Alto da Conceição), Santa Luzia (ci-
dade de Mossoró), Canto, Paredões, Igreja Velha, Barrocas, Boca
do Riacho do Canto do Junco, Cajazeiras, Pau D’Arco, Santo An-
tonio (antiga Ilha de Fora), Ilha de Dentro, Povoação do Porto da
Ilha, Ilha de Baixo, Camboa dos Cavalos, Camboa do Jerônimo,
Carnaúba Seca, Ilha do Carcará, Ema, Carnaubal Verde, Taboleiro
Alto, Isidoro, Jurema, Góis, Ilha do Vieira, Pau Infincado, Córrego
da Emburana, Riacho de Pedra, Baixa Grande, Bela Mata. Temos,
ainda, os seguintes lugares: Pau do Tapuia, Retirinho, Bomsucesso,
Vertentes, Serena, Malhada dos Angicos, Riacho do Nogueira,
Panela do Amaro, Cupim, Riacho Grande, Riachinho, Barrinha,
Volta Mufina, Lagoa do Genipapo, Serra do Mossoró, Rancho da
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Casca, Olho D’Àgua do Carrinho, Olho d’água da Escada, Olho
d’água do Virginio, Lagedo, Baixa, Jucuri, Lagoinha, Ortigão, A-
lagoas, Lagoas, Lagoa do Cantinho, Lagoa dos Buracos, Lagoa das
2 Bocas, Lagoas dos Piaus, Lagoa da Martinha, Lagoa da Água
Fria, Lagoa da Boca do Mocó, Lagoa do Pinheiro, São Bento, La-
goa do Tapuia, Lagoa do Serrote, Lagoa do Genú, Lagoa de João
Martins, Lagoa da Macambira, Lagoa da Pasta, Lagoa do Estreito,
Lagoa dos Macados, Lagoa de Pai José, Lagoa da Bolachinha, La-
goa Comprida, Lagoa de Canudos, Lagoa das Moitas, Lagoa do
Gado, Lagoa do Mulungú, Lagoa do Porto, Lagoa da Mariana,
Lagoa de Leandro, Lagoa dos Picos, Lagoa do Taboleiro Alto,
Lagoa do Canto do Domingo, Lagoa de Isidoro, Lagoa da Jurema,
Lagoa de Maria Rodrigues, Lagoa de Manuel Pereira, Lagoa da
Ambição, Lagoa da Amorosa, Lagoa da Piranha, Lagoa de João
Lourenço, Lagoa de Manoel Jerônimo.
Riachos – Riacho do Tapuia, Riacho do Inferno, Riacho
do Bomsucesso, Riacho do Nogueira, Riacho Grande, Riachi-
nho, Riacho do Canto do Junco, Riacho da Pedra.
Córregos – Córrego da Barra, Córrego das Cunhans, Cór-
rego dos Mocós, Córrego do Barbosa, Córrego do Cajueiro,
Córrego de Santo Antonio, Córrego do Poço Fundo, Córrego da
Canué, Córrego da Carnaúba Seca.
Rio do Carmo – (Upanema) – Este rio é um dos tributá-
rios do Mossoró; é mais raso e estreito, sendo mais propriamente
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um sulco torrencial, que só contém água na estação do inverno,
que sendo ele abundante e no verão fica em determinados luga-
res de alguns poços que outrora eram abundantíssimos de peixes
com especialidade o curimatã e o piau, muito saboroso. Atraves-
sa ele o município de Mossoró, de S a N o seu leito chega até o
lugar denominado Ponta D’água e dai por diante as suas águas
na estação do inverno correm por um grande espraiado que
chamam Alagamar do Amaro, até perto do Rio Mossoró, onde
toma a fazer leito para nele desaguar. A sua ribeira é muito es-
treita, coberta de carnaubal e de muitas árvores frondosas como
sejam: Juazeiro, Marizeira, Oiticica, Mufumbo, e tem os seguin-
tes lugares assim denominados, a começar do Chafariz, onde se
divide o município de Mossoró com o de Campo Grande até sua
embocadura no Rio Mossoró: Chafariz, Varzinha, Canto da Fari-
nha, Estreito do Jacú, São Joaquim, Barbosa, Barbosinha, Santana,
Poço do Cachorro, Angicos, Taboleiro Grande, Oiticiquinha, Bar-
rinha, Melancias, Pedras Brabas, Fazenda do Carmo, Canto da
Jurema, Favela, Jerinhém, Sítio do Meio, Poço do Xique-Xique,
Poço dos Bois, Poço das Carnaúbas, Poço das Pedras, Poço da
Quixaba, Poço da Oiticica, Pescaria, Poço do Bacamarte, Passagem
do Mufumbo, Ponta D’água, Alagamar do Amaro, Rodeador, Alto
da Pedra, Passagem do Mulungú, Frei Antonio, Tocalha da Ema,
Amaro Velho, Ilha do Amaro, Canto das Paridas, Canto da Cidade,
Canto da Serra Vermelha e Camboinha, onde torna o Rio do Car-
mo a fazer leito para desaguar no Mossoró.
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Salinas – Francisco Tertuliano de Albuquerque e Raimun-
do Nonato Fernandes possuem na margem direita do Mossoró,
uma área de terrenos de Marinha, a começar da Camboa da Ser-
ra Vermelha às Camboinhas, contendo 12.793 metros, em cujo
termo se acham encravados as salinas denominadas Serra Ver-
melha, Rio do Carmo, Ramadinha, Volta da Jangada, Pontal e
Camboinhas, pelos mesmos construídas e fabricadas. Alexandre
de Sousa Nogueira possui à margem esquerda do Mossoró, uma
área de terrenos da Marinha contendo 5.200 metros na qual se
acha encravada a salina denominada “Roncadeira”.
Miguel Faustino do Monte possui uma área de terrenos de
Marinha contendo 8.600 metros na qual se acha encravada a
salina denominada “Jurema”.
Antonio Soares do Couto possui na mesma margem es-
querda uma área de terreno de Marinha contendo 3.120 metros,
na qual se acha encravada a salina denominada Mangue Alto,
tudo no município de Mossoró.
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CAPELA DE SANTA LUZIA
NOS VELHOS JORNAIS MOSSOROENSES
Subsídio Para História de Mossoró
Capela de Santa Luzia
Francisco Fausto
(Rep. d“O Nordeste” de 30 de abril de 1929)
No fim do século XVII, no governo de Bernardo Vieira de
Melo, foram pacificados os sertões da Capitania do Rio Grande
do Norte, das tribos indígenas que neles habitavam, dando-se o
povoamento definitivo das ribeiras do Apodi, Mossoró e Upanema,
foram feitas muitas concessões de terras e situadas fazendas de
gado nessas mesmas ribeiras. Aumentando a população e desen-
volvendo a indústria na 2ª metade do século XVIII, na ribeira do
Apodi foram criadas as seguintes freguesias: Em 1756, a Nossa
Senhora da Conceição, de Pau dos Ferros; em 1761, a de S. João
Batista, de Portalegre; em 1766, a de Nossa Senhora da Conceição
e de S. João Batista das Várzeas do Apodi.
Na ribeira de Mossoró em 1739, já era conhecido pelo
nome de Santa Luzia o sítio aonde se acha edificado a cidade de
Mossoró, provando-se isto por uma carta de data e Sesmaria
concedida ao Capitão João do Vale Bezerra, de umas terras em
um córrego grande que deságua no rio Mossoró chamado Saco
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Grande (hoje Açude do Saco) junto de Santa Luzia, em 25 de
abril daquele ano.
Em 1754, José de Oliveira Leite e João Marques Moreira,
moradores na ribeira de Mossoró, requereram e lhes foram con-
cedido, uma sesmaria de terra na ribeira do mesmo nome no
Riacho do Canto do Junco, dizendo o primeiro dos requerentes
José de Oliveira Leite, que já era proprietário do sítio “Santa
Luzia” aonde tinha currais de gado situado.
Esse mesmo José de Oliveira Leite, em 1755, foi nomeado
Sargendores. Conforme se verifica da informação do escrivão da
Fazenda, Sebastião Cardoso Batalha, exarada nessa carta de
sesmaria, antes as terras do sítio “Santa Luzia” haviam sido con-
cedidas ao Capitão Teodorico da Rocha, pai de Antonio Vaz
Gondim e de Damião da Rocha, sesmeiros de outra data de terra,
no Rio Mossoró, da parte do Norte do referido sítio. Vê-se, pois,
que as terras do sítio Santa Luzia foram concedidas, primeiro ao
Cap. Teodorico da Rocha, antes de 1739, as quais em 1754 já
pertenciam a José de Oliveira Leite, Sargento-mór da Ribeira.
Dezesseis anos depois, 1770, era proprietário do sítio San-
ta Luzia o português Sargento-mór Antonio de Souza Machado,
também proprietário e residente no Sitio “Grosso”, hoje povoa-
ção do mesmo nome. Tendo o referido Sargento-mór fazendas
de gado em ambos esses sítios e xarqueadas de carne na ilha das
oficinas, cujo lugar atualmente chama-se Porto Franco, aonde é
a Estação da Estrada de Ferro de Mossoró.
Nesse mesmo ano de 1770 o Sargento-mór Antonio de
Souza Machado e sua mulher D. Rosa Fernandes fizeram patri-
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mônio para erigirem uma capela em sua fazenda “Santa Luzia”
com a invocação do mesmo nome, na ribeira de Mossoró, Fre-
guesia de Nossa Senhora da Conceição e de São João Batista das
Várzeas do Apodi, consistindo esse patrimônio de uma légua de
terra em quadro no sítio “Canto do Junco” da mesma ribeira,
doada por Domingos Fernandes e sua mulher Jerônima da Silva,
sogros do referido Sargento-mór.
Em 5 de agosto de 1772 por Provisão assinada pelo reve-
rendo Padre Inácio de Araújo Gondim, Vigário Colado da Fregue-
sia de Santo Amaro de Jaboatão, de Pernambuco, então visitador
dos sertões do Norte, foi concedida licença ao mesmo Sargento-
mór Antonio de Sousa Machado e sua mulher, por assim haverem
requerido, para erigirem uma capela tendo como invocação Santa
Luzia, na ribeira de Mossoró da mencionada freguesia, autorizando
o referido visitador, na aludida Provisão, ao Cura João de Paiva
para benzer a primeira pedra que devia ser aperfeiçoada por oficial
de pedreiro com as cruzes necessárias e a lançasse no lugar compe-
tente, segundo as disposições do ritual romano e que depois de
ereta a dita capela se procedesse à benção dela.
Em igual data foi expedida Provisão, pelo mesmo visitador
ao edificador da capela Sargento-mór Antonio de Souza Macha-
do para servir de administrador, tesoureiro e procurador da Ca-
pela de Santa Luzia e dos bens patrimoniais dela, em falta de
pessoas eclesiástica no lugar. Essa capela foi construída, de pe-
dra e cal, no mesmo ano de 1772, e no mesmo lugar aonde se
acha hoje edificada a matriz de Mossoró pelo referido Sargento-
mór que com ela despendeu a quantia de 590$770rs.
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A capela de Santa Luzia, foi visitada: Em 1775, pelo visi-
tador Alexandre Bernardino dos Reis, representado pelo padre
João de Paiva, Cura das Várzeas do Apodi e secretariado pelo
Pe. Tomaz de Lima Freire; em 1779, pelo visitador Joaquim
Monteiro da Rocha representado pelo Cura João de Paiva e se-
cretariado pelo Pe. Bartolomeu Monteiro; em 1787, pelo visita-
dor Manoel Vieira de Lemos Sampaio, representado pelo Cura
Manoel Correia Calheiro Pessoa e secretariado pelo Pe. Manoel
Pereira Terra; em 1792, pelo visitador Dionísio de Sousa Ban-
deira, pessoalmente, e secretariado pelo Pe. Francisco Correia de
Queiroga; em 1795, pessoalmente, pelo visitador Frei José Ma-
ria de Jesus, secretariado pelo Pe. José da Cunha Pinheiro; em
1801, pelo visitador João Feijó de Brito Tavares representado
pelo Pe. Francisco Correia de Menezes e secretariado pelo Pe.
João Francisco Fernandes; em 1806, pessoalmente, pelo visita-
dor Antonio José Álvares de Carvalho, secretariado pelo Pe.
Manoel Gonçalves da Fonte; e em 1816 pelo visitador Cônego
Manoel da Costa Palmeira, representado pelo coadjutor Francis-
co da Costa Seixas.
A última tomada de contas pelos visitadores dos Procura-
dores da Capela de Santa Luzia, foi em 19 de novembro de
1806, conforme consta do livro ao qual nós temos referido. Des-
se ano em diante essas contas foram tomadas pelos Doutores,
Desembargadores, Ouvidores gerais, Corregedores e Procurado-
res da Comarca da Paraíba, depois da do Rio Grande do Norte e
em seguida pelos Juízes de Direito das Comarcas de Assu, Mai-
oridade e de Mossoró.
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Antes e depois de ereta a Capela de Santa Luzia curaram a
Ribeira de Mossoró que fazia parte da Freguesia do Apodi, os Pa-
dres desta mesma Freguesia, João de Paiva, Manoel Correia Ca-
lheiro Pessoa, Antonio Manoel de Souza, Joaquim José de Santana,
Pró-Pároco e Faustino Gomes de Oliveira, isto até o ano de 1842
quando foi criada a Freguesia de Santa Luzia de Mossoró.
No mesmo período oficiaram na Capela de Santa Luzia e
em toda ribeira de Mossoró, de licença dos Curas do Apodi, os
Padres: Frei Antonio da Conceição, Carmelita da Reforma, que
residiu muitos anos na fazenda “Carmo” e dela foi admor., o
qual falecendo ali em idade avançada, foi sepultado dentro da
Capela de Santa Luzia; José dos Santos da Costa, Frei José dos
Santos Elias, José de Jesus Barreto, Francisco Serafim de Assis,
Francisco Gil Fagundes, Francisco da Costa Seixas, Frei Fran-
cisco de Santa Tereza, (irmão do Português Antonio Soares do
Couto, que em Mossoró residiu e casou-se deixando grande pro-
le), José Ferreira da Mota, coadjutor, Felix Antonio de Gusmão
e Melo, João Crisóstomo de Oliveira, Frei José Felix dos Santos
e outros.
Também exerceram funções sacerdotais em Santa Luzia,
os Padres Francisco Longino Guilherme de Melo e José Antonio
Lopes da Silveira, este a contar de 1841 a 1844, e aquele de
1827 a 1844, bem como o padre Leonardo de Freitas Costa, na-
tural de São Sebastião da mesma ribeira.
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Capela de Santa Luzia
(Rep. d“O Nordeste” de 15 de maio de 1929)
O patrimônio da Capela de Santa Luzia, em 1842 quando
foi elevada a categoria de Matriz, era o seguinte: uma légua de
terra em quadro no sítio “Canto do Junco”, doada por Domingos
Fernandes e sua mulher; um pedaço de terra no sítio “Santa Lu-
zia”, a começar do Córrego da Calheira (que hoje chamam Rua
dos Cavalcanti) até Macacos, arrendando as terras do defunto
José da Costa de Oliveira Barca, doada em 1801 por D. Rosa
Fernandes, viúva do Sargento-mór Souza Machado; uma porção
de terra no lugar Macacos, deixadas em testamento à mesma
santa, por Manoel da Costa de Oliveira Barca, vulgo Manoel
Ferreira, falecido no Recife; uma sorte de terras no Riacho
Grande do Juazeiro que deu a pagamento à santa, Francisco da
Costa Correia; uma casa na povoação, junto da capela doada por
Manoel Ferreira, a qual em 1820, segundo uma declaração do
Procurador João Joaquim de Melo servia de moradia do capelão.
Também tinha a santa, gados situados em Santa Luzia e na barra
de Mossoró, etc.
Até então existia em Santa Luzia uma única irmandade re-
ligiosa – a de Nossa Senhora do Rosário, dos homens pretos,
criada em 1786 segundo se depreende do termo de contas toma-
das a mesma irmandade em 1792 pelo visitador Dionísio de
Souza Bandeira em 10 de maio daquele ano.
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Foi tesoureiro, administrador e procurador da Capela de
Santa Luzia e dos bens patrimoniais dela, a datar de 1772 a 1797
o seu fundador Sargento-mór Antonio de Souza Machado.
Tendo este falecido nesse último ano, sua viúva Dona Ro-
sa Fernandes, em 1801 enviou pelo Padre Francisco Correia de
Menezes o livro primitivo da capela, ao visitador João Feijó de
Brito Tavares, que se achava no Apodi para o fim de serem to-
madas às contas do falecido administrador, cujo termo lavrado
naquela vila, em 30 de janeiro daquele ano, mostrava um alcan-
ce do dito administrador para com a capela, de 24$400 réis, or-
denado o visitador, por essa ocasião, que essa importância não
fosse cobrada da viúva de Souza Machado, pelo fato de haver a
mesma capela ficando devendo maior quantia ao mesmo, conforme
constava do termo da visita passada; que antes era digno de louvor
e grande zelo, fervor e devoção com que ele e sua mulher se em-
pregaram no asseio e ornato da aludida capela. Do termo de toma-
das de contas do dia 19 de maio de 1795, a capela ficou devendo ao
administrador Souza Machado a quantia de 41$290 réis, no entre-
tanto, o ouvidor Maciel da Costa em 1808 ordenou ao administra-
dor da capela João Joaquim de Melo, que cobrasse dos herdeiros de
Souza Machado o alcance dos 24$400 réis.
Depois, foram sucessivamente administradores da capela -
de 1801 a 1807 o comandante Felix Antonio de Souza Machado;
de 1808 a 1825, o Tenente-coronel João Joaquim de Melo; de
1826 a 1830, Domingos da Costa de Oliveira; de 1831 a 1841, o
capitão Simão Guilherme de Melo; de 1842 a 1857, o alferes
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Alexandre de Souza Rocha, conforme se verifica das contas lan-
çadas no primeiro livro da capela.
A capela de Santa Luzia depois de 57 anos de construída,
passou por reparos nos anos de 1829 e 1830 na administração de
Domingos da Costa de Oliveira. É curioso citar que nessa época,
em Mossoró, um operário dava um dia de serviço por 100 rs, um
milheiro de telha custava 6.400 rs; uma vaca 12.000 rs; um al-
queire de cal 320 rs e nessa proporção tudo mais.
Consta dos assentos feitos no livro ao qual nos termos re-
feridos, que no dia 25 de dezembro de 1830, depois de concluí-
dos os reparos da capela, foi de novo colocada na mesma, com
festas, a imagem da Senhora Santa Luzia.
Depreende-se dos assentos do primitivo livro da capela,
que foram interinamente procuradores desta por faculdade dos
procuradores efetivos, o Tenente-coronel Regente Francisco
Ferreira Souto, Zacarias de Oliveira Castro e Padre Francisco
Longino Guilherme de Melo. Verifica-se isso pelo seguinte: a fl.
51 do livro primitivo da capela, na tomada de contas pelo visita-
dor Sampaio ao procurador da capela, Souza Machado, do ano
de 1787, na parte da receita está escrito o seguinte lançamento: –
“Pelo que recebi do casal do defunto Tenente-coronel Francisco
Ferreira Souto, como Tesoureiro que era por faculdade minha
86.575 rs”.
Do mesmo livro consta o seguinte lançamento – “O di-
nheiro deixado pelo Sr. José Barbosa Braga para a santa, acha-se
lançado em receita do ano de 1840, corrente por ser o dia 25 de
janeiro do dito ano quando meu pai me entregou por ordem do
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Sr. Juiz de Direito interino para que fosse empregando em garro-
tes em benefícios da santa”.
Era ret.supra – Zacarias de Oliveira Castro – Este era filho
do procurador tesoureiro da capela, Domingos da Costa de Oli-
veira e o dinheiro deixado por José Barbosa Braga, foi o seguin-
te – Dezesseis meias dobras em ouro, no valor nominal de
192.000 rs e cinco patacões brasileiros no valor de 8.000 rs.
Ainda do mesmo livro, consta um lançamento feito no ano de
1842, pelo procurador da capela, Alferes Alexandre de Souza
Rocha, das pessoas que se achavam em débito para com a mes-
ma capela – que, “o Revd. Francisco Longino, por alcance no
tempo de sua administração, por dinheiro que havia recebido
pertencente à santa em 1839, devia 23.740 rs”.
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DOCUMENTOS DAS CAPELAS
DE SANTA LUZIA E DE SÃO SEBASTIÃO
ANO DE 1772
De um livro existente na igreja de Mossoró, aberto, nume-
rado e rubricado encerrado na vila do Aracati, em 4 de agosto de
1772, pelo então visitador dos sertões do Norte, Padre Inácio de
Araújo Gondim, Vigário Collado da Freguesia de Santo Amaro
do Jaboatão de Pernambuco, copiamos os documentos abaixo:
“(Anno de 1772)
Diz o Sargento-mór Antonio de Souza Machado e sua mu-
lher D. Rosa Fernandes que eles tem feito patrimônio para o fim
de erigir uma capela com a invocação de Santa Luzia da ribeira
do Mossoró freguesia de Nossa Senhora da Conceição e de S.
João Batista das várzeas do Apodi; é para todo o sempre cons-
tar que o fez o referido patrimônio – P. a V. Rma. Sr. Visitador
Geral seja servido mandar que o Rvmo. ordenado o Secretário
da visita ao pé desta lhe passe por certidão o teor da sentença
do dito patrimônio. E. R. Mor, Vila do Aracati de Agosto de
1772 – I. A. Gondim: José de Souza Cunha Frei Reverendo Se-
cretário da Visita dos Sertões do Norte, certifico que revendo os
autos de aforamento, digo, do patrimônio da Capela de Santa
Luzia da ribeira de Mossoró freguesia de Nossa Senhora da
Conceição e de São João Batista das várzeas do Apodi, achei a
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sentença do teor e forma seguinte: julgo o patrimônio compre-
endido na propriedade das terras que consta da escritura junto
por suficiente, livre, desembaraçado para ser feito dele a Cape-
la de Santa Luzia da ribeira de Mossoró paróquia das várzeas
do Apodi – Reentenpondo minha autoridade política, Judi Ciett
para maior validade e paguem as custas sua: Vila do Aracati de
Agosto 2 de 1772 = Ignácio de Araújo Gondin Visitador = E
não continha mais que tudo bem e fielmente o trasladei. Vila do
Aracati do Agosto 5 de 1772 = Padre José de Sousa da Cunha.
(fls. 2 do livro aludido). (ano de 1772).”
Provisão pela qual foi ereta a capela de Santa Luzia da
ribeira de Mossoró e que foi mandado pelo muito Revdo. visita-
dor Alexandre Bernardino dos Reis se lançasse neste livro, con-
forme original e se foi lançado verbum adverbum.
– Nós Dignidades, Cônegos e Cabido da Igreja Catedral
de Salvador de Olinda deste Bispado de Pernambuco, fazemos
saber que por sua petição nos enviou a dizer o Sargento-mór
Antonio de Souza Machado e sua mulher moradores na Fregue-
sia de Nossa Senhora da Conceição das Várzeas do Apodi, que
ele queria erigir uma Capela por invocação de Santa Luzia,
ribeira de Mossoró das Várzeas do Apodi para em lugar decen-
te, para que havia constituído suficiente patrimônio, pedindo-
nos por fim de sua súplica lhe concedesse licença para se erigir
à dita capela, e benzer a primeira pedra e sentar em o lugar
estimado. E atendendo nós a sua justa súplica visto ser obra tão
pia do serviço de Deus e bem das almas, e por nós acharmos
legitimamente empedidos para fazermos pessoalmente esta ben-
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ção, que só a nós pertence de direito, cometemos nossas ordens
ao Revdo. Cura João de Paiva da dita freguesia para que possa
benzer a primeira pedra, sendo aperfeiçoada por oficial do pe-
dreiro com as cruzes necessárias e lance-se no lugar que lhe
compete, segundo as disposições do Ritual Romano, depois de
ereta se proceda a benção dela.
Dado nesta vila do Aracati aos cinco (5) dias do mês de
agosto de mil setecentos e setenta e dois sob o sinal do Remo.
Senhor Visitador Inácio de Araújo Gondim Vigário Collado da
Igreja Matriz de Santo Amaro de Jaboatão e Visitador Geral
dos Sertões do Norte pelo muito Ilmo. o Rmo. Senhor Cônego
Cabido e d.Eu o padre José de Sousa da Cunha Secretário do
Visitador o escrevi – Ignácio de Araújo Gondim – Signal vinte
réis – Sello seis mil trezentos e vinte réis – Registro trezentos e
vinte réis = Câmara mil réis. (ano de 1772).
Previsão do Administrador, Tesoureiro e Procurador des-
ta Igreja e bens patrimoniais dela.
Nós dignidades, Cônegos e Cabido da Igreja Catedral do
Salvador de Olinda deste Bispado de Pernambuco. d. Aos que
esta nossa Provisão virem saúde e paz para sempre com Jesus
Cristo, Nosso Senhor, que de todos é verdadeiro remédio e sal-
vação. Fazemos saber que atendendo nós o quanto é convenien-
te para o bom governo do culto divino e serem as igrejas bem
servidas e sem por em arrecadação os rendimentos patrimoniais
e os mais pertencentes a fábricas e manutenção das mesmas
igrejas, que haja em cada uma delas tesoureiro e procurador
suficiente que sirvam e ajudem a seus reverendos párocos assim
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no bem geral, administração, guarda e arrecadação dos referi-
dos bens, como mais espiritual ministrando-lhe o necessário,
quando administrarem os sacramentos portanto havemos por
bem de conceder licença ao Capitão Pedro Ferreira, digo, ao
Sargento-mór Antonio de Souza Machado para que na confor-
midade dita possa servir de tesoureiro da igreja na gloriosa
Matriz Santa Luzia, na ribeira de Mossoró, freguesia de Nossa
Senhora da Conceição e do Sr. João Batista das Várzeas do
Apodi e de procurador e administrador dos bens patrimoniais e
fábrica da mesma igreja visto a falta de pessoa eclesiástica que
no dito lugar possa servir de executar comodamente o dito ofí-
cio e confiamos do dito Sargento-mór Antonio de Souza Macha-
do se haja bem e fielmente na dita procuração e administração
como convém ao serviço de Deus da mesma igreja e paróquia
da qual esta é filial e da sua receita e despesa dos referidos e-
molumentos dará contas aos nossos Reverendos Visitadores e
todas as vezes que por nós lhe for pedida na forma das nossas
constituições e provimentos na visita da dita igreja em que ser-
virá por esta nossa provisão enquanto lhe não for mandado o
contrário. Dada nesta Vila do Aracati, em visita de cinco (5) de
agosto de mil setecentos e setenta e dois anos. Sob o sinal do
nosso reverendíssimo senhor visitador dos sertões do Norte.
Vigário da Freguesia de S. Amaro Jaboatão – Inácio da Araújo
Gondim. Eu padre José de Souza da Cunha, secretário da visita
fiz escrever e subscrevi. Ignácio de Araújo Gondim. I. A. Gon-
dim. Provisão do tesoureiro da igreja da Gloriosa Mártir de S.
Luzia da Ribeira de Mossoró – Procurador e Administrador dos
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bens patrimoniais da fábrica da mesma igreja com filial, anexa
desta matriz nas Várzeas do Apodi a favor do Sargento-mór
Antonio de Souza Machado – Signal – vinte réis – sello 1.620
réis – registro 320 réis – despensa 3.000 réis – Registro no pri-
meiro do registro a folha uma.
Esta provisão foi copiada da fs 5 c verso de um livro exis-
tente na igreja de Mossoró, aberto numerado e encerrado, no ano
de 1772 pelo Pe. Inácio de Araújo Gondim.
ANO DE 1775
Termo de visita da Capela da Senhora Santa Luzia, ereta
no lugar de Mossoró desta Freguesia das Várzeas do Apodi.
Aos vinte e um de julho de mil setecentos e setenta e cinco
por mandado do Muito Reverendo Senhor Visitador Alexandre
Bernardino dos Reis, visitei a sobre dita Capela e a achei com o
asseio devido, e revendo o altar e mais ornamentos os achei
com a decência devida para aí no exercício de celebrar-se o
Santo Sacrifício da Missa. É o que posso informar e para cons-
tar fiz este termo. Eu o Pe. João de Paiva, Cura desta Freguesia
das Várzeas do Apodi e escrevi. João de Paiva – Cura das vár-
zeas do Apodi. (Fs 5 e 6 do livro dito).
Vista a informação supra houve o Revmo senhor visitador
da dita capela por visitá-la e se determina se lance as fls três
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deste livro a licença pela qual foi ereta a sobredita capela, e
outrossim, que as fls cento e quarenta e oito se lance por inven-
tário todas as alfaias e ornamentos pertencentes a mesma igre-
ja: de que mandou fazer este termo para constar. Eu o Pe. Tho-
maz de Lima Freire secretário da visita o escrevi – Alexandre
Bernardino dos Reis – Visitador – (fls 5 e 6).
As fls 148, do livro aludido se encontra o seguinte lançamento:
Aqui se tem de lançar os ornamentos e as alfaias perten-
centes à capela de Santa Luzia da ribeira de Mossoró.
Uma imagem da milagrosa Senhora Santa Luzia;
Um crucifixo para o altar;
Um permanente xamalete branco; uma alva de pano de linho;
Dois corporais e um sanguinho; uma toalha;
Uma cálice de prata;
Um missal novo com mola;
Uma imagem do Senhor;
Uma imagem de São Gonçalo;
Uma toalha para o altar;
Uma pedra d’ara.
Monteiro – Visitador.
Visita à capela, no ano de 1779 – a fl 148 e verso segue-se. In-
ventário dos bens que tem na igreja de S. Santa Luzia de Mossoró.
Uma igreja feita de pedra e cal;
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Uma imagem no altar-mór de Santa Luzia;
Uma do Senhor Crucificado;
Uma imagem de Nossa Senhora do Rosário em seu altar;
Uma pedra d’ara;
Uma frontal do chamaleto do altar-mór;
Duas toalhas do dito altar, de bertanha;
Um ornamento do xamaleto, com alva, um m. cordão;
Um frontal do xamalete e toalha de bertanha no altar o Rosário;
Um cálice de prata, dois copos e dois saguinhos;
Um par de galhetas de estanho e um vaso de comunhão;
Três vaqueras de ferro. É o que consta achar na capela
Manoel Correia Calheiros Pessoa. Cura.
Tem mais um baú dos ornamentos;
Uma imagem de S. L. para o altar-mór que a outra está no
altar da mesma Senhora;
Um ornamento velho e seu necessário;
Um caixão grande com dois metros;
Ramalhetes prateados;
Castiçais prateados.
ANO DE 1801 Fs. 5 v a 6.
Por ordem do Revdo. Visitador tomei conta dos bens per-
tencentes a esta Capela da Senhora Santa Luzia que são: um
pedaço de terra que deu a viúva D. Rosa Fernandes, e terras a-
nexas e junto a igreja; doze vacas com seis crias do ano de 1800,
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e neste ano de 1801 houveram mais sete crias que tudo fica en-
tregue ao administrador para que dos machos dispor para o que
precisar a igreja e a dar conta na visita futura, tanto do que a-
crescer, como do que despender, não dispondo de fêmeas, só
sim dos machos; e advertir de que a terra dão do ditos doadores
para do seu rendimentos pagarem a renda do patrimônio a que
estar obrigada com o valor porque for avaliada, e havendo falta
será obrigados a suprir a falta do que pertencer a paga do patri-
mônio que deve ser certa. E para clareza de tudo fiz este termo
aos 13 de julho de 1801 e me assinei. O Cura Manoel Correia
Calheiros Pessoa.
ANO DE 1779
Termo de Visita da Capela da Senhora Santa Luzia ereta
no lugar do Mossoró, desta freguesia das Várzeas do Apodi.
Aos vinte dias do mês de julho de mil setecentos e setenta
e nove anos, estando em visita nesta freguesia de Nossa Senhora
da Conceição e São João Batista das Várzeas do Apodi o muito
Reverendo Doutor Visitador Sr. Joaquim Monteiro da Rocha:
mandou visitar a sobredita capela pelo Reverendo Cura João de
Paiva o que assim executou, e apresentou o inventário dos seus
paramentos, por onde achou o dito senhor com suficiência para
se poder nela celebrar os ofícios divinos e assim a deu por visi-
tada do que mandou fazer os termos em que se assinou. Eu Pe.
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Bartolomeu Monteiro, Secretário da Visita o escrevi – Joaquim
Monteiro da Rocha – Visitador. (fl.6).
ANO DE 1795
Aos dezenove dias do mês de maio de mil setecentos e no-
venta e cinco, em casa de residência do muito Reverendo Senhor
Visitador nesta povoação de Mossoró, Freguesia do Apodi to-
mou o dito senhor do administrador da Capela de Santa Luzia,
filial desta matriz, contas e achou ser a receita cento e trinta e
nove mil quatrocentos e quinze, e a despesa cento e vinte e sete
mil setecentos e setenta e cinco, ficando em seu poder onze mil seis-
centos e quarenta e cinco excesso da receita a despesa, cuja quantia
abatida da de quatrocentos e trinta mil novecentos e trinta em que a
capela se achava adiantada pelo termo folhas fica presentemente o
dito alcance reduzido a quatrocentos e dezenove mil duzentos e no-
venta porção de que o dito administrador o Sargento-mór Antonio de
Souza Machado se poderá embolsar do rendimento do patrimônio e
mais fábricas pertencentes à mesma capela; e porque é constante o
zelo do mesmo administrador espera-se que não obstante o alcance
referido não deixará de promover o bem da mesma capela no que lhe
for mais necessário; e sendo independente a despesa do quizamento
para se celebrar o santo sacrifício da missa, o mesmo administrador
oferece o rendimento das suas duas propriedades, casas fronteiras à
capela exceto a tacaniça do qual rendimento se tirará a porção para o
referido e o seu acréscimo para o complemento do patrimônio, fi-
cando aliás em seu vigor as terras em que ele se estabelece e para
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constar de tudo e de que assim foi acordado o dito administrador se
assinou com o muito reverendo Senhor Visitador com o Pe. José da
Cunha Pinheiro, Secretário da Visita a escrevi. Frei José Maria de
Jesus (sinal) Antonio de Souza Machado.
7 de março de 1787
(fls. 7 do livro dito)
Como a seca me impeça de vir pessoalmente visitar a Ca-
pela da Senhora Santa Luzia, concedo ao Reverendo Pároco a
visitá-la de que fará termo e se faltar algum ornamento necessá-
rio para o sacrifício da missa o mandará fazer, como também no
inventário dos bens que acrescentem ao inventário feito a fls.
148. Apodi aos sete de março de 1787. Sampaio (sinal) Visita-
dor. (vide termo de visita do dia 6 de maior de 1787).
19 de maio de 1795 (Fls. 7).
Aos dezenove dias do mês de maio de mil setecentos e no-
venta e cinco anos, nesta povoação de Mossoró, freguesia do
Apodi, em casas de residência do muito Reverendo Senhor Visi-
tador, digo, visitou pessoalmente o muito Reverendo Senhor
Visitador a Capela de Santa Luzia e achou decentemente prepa-
rada para se celebrar o santo sacrifício da missa e roga o mesmo
Senhor ao administrador continue no fervor e zelo que tem mos-
trado para a sua conservação e asseio; do que fiz este termo, em
que se assinou com o Padre José da Costa Pinheiro, Secretário
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da Visita o escrevi. Frei José Maria de Jesus (sinal) Visitador.
1787. As fls. 51v. do livro respectivo consta proveniência da
receita de Rs 325$015 assim discriminado:
Pelo que recebi do casal de defunto Tenente Até 81 86$575
Coronel Francisco Ferreira Souto como te-
soureiro que era por faculdade minha
Recebido de João da Mota 42$000
Esmolas 4$000
132$575
Continua a renda do que tenho recebido:
Esmolas o seguinte Elas são de 81 para 82 Nada
80 para 81
82 para 83 18$320
83 para 84
84 para 85 10$440
85 recebido 12$400/48$160
180$735
Oito anos vencidos do patrimônio em cinco de 48$000
agosto de 1786 – a seis mil réis por ano, somam
Adiciono a esta a receita constante da mesma 99$280
folha 51 já descrita em outra parte destas notas
Soma a receita 328$015
Sampaio (sinal) Visitador.
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Cinco anos vencidos do patrimônio em 5 de agos-
to do presente ano a seis mil réis por ano, soma 30$000
Bandeira (sinal) Visitador.
RECEITA
De cinco anos vencidos do patrimônio da capela a
seis mil reis cada ano soma 30$000
Frijo (sinal) Visitador
(FLS. 52)
Recebi do Pe. José de Jesus, de meia fábrica desta 4$000
Capela da presente difunda (sic)
Dinheiro que recebi de um cordão de ouro que 8$000
deram de esmolas
Recebi da meia fábrica de um anjo $400
Uma vaca da Santa que vendi 6$000
Dois garrotes que vendi 6$000
Recebi 5$100
26$700
Martins
Fls. 52 do livro citado.
Recebimento de patrimônio e esmolas seguintes:
Dinheiro que recebi de José Barbosa da renda da resi- 5$100
dência da casa por se achar na terra da Santa dos quais
satisfaz ao administrador
De 5$100 e fica em meu poder $900
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Dinheiro que recebi do rendeiro Sebastião 1$000
Recebi de Luiz Carlos da Sa. de meia fábrica e o mais 2$000
Recebi do Pe José de Jesus de meia fábrica do Pedro $400
Recebi de José Barbosa que deixou o reverendo Cura 1$000
Transporte
10$400
Recebi da renda da terra ................................................. $500
Recebi da renda da terra ................................................. $640
Recebi de Fernando Freire de resto................................ $800
Recebi mais do dito...................................................... 5$520
Recebi mais .................................................................. 3$000
Recebi mais do Revdo. Pe Capelão de meia fábrica...... $200
Soma........................................................................... 21$060
Recebi........................................................................... 5$000
Recebi da renda da terra ................................................. $500
Recebi da renda da terra ................................................. $500
Recebi do Jerônimo........................................................ $200
Vendi um boiote........................................................... 5$500
Dois ditos mais............................................................. 5$000
Um dito mais ................................................................ 5$000
De renda da terra .......................................................... 1$000
Mais da dita .................................................................. 1$000
Soma........................................................................... 44$760
A. Carvalho. (sinal)
Nota – As fls 19 do livro citado encontramos o seguinte lança-
mento – “Dinheiro que devia o Revdo. Fco. Longino ficou para
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Simão Balbino dar em gados – 73$160 – Santa Luzia 10 de ju-
nho de 1844 – Pela nota acima vê-se que nesta data Longino já
havia retirado-se de Mossoró, pelo menos se presume. F. Fausto.
1820
Cópias de alguns documentos tirados de livros existentes
no arquivo da Igreja de Mossoró.
Auto de Contas que tomou o Dr. Ouvidor Geral e Provedor
da Comarca Mariano José de Brito Lima ao administrador da
Capela de Santa Luzia da ribeira de Mossoró João Joaquim de
Melo, do estado dos bens de raiz do patrimônio da dita capela.
Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e vinte, aos vinte e um de julho do dito ano nesta Vila
da Princesa onde se achava em Correição o Doutor Ouvidor
Geral e Provedor da Comarca Mariano José de Brito Lima. Sen-
do em casas de sua aposentadoria onde eu escrivão vim aí pre-
sente o administrador da dita capela João Joaquim de Melo, pelo
dito ministro foi dito que ia tomar contas ao dito administrador
do estados dos bens de raiz e dos títulos na forma do Provimento
da Correição de treze de fevereiro de mil oitocentos e dezesseis
e mandou fazer este auto em que assina com o Admor. Francis-
co dos Reis Nunes Capelo escrevi. – Lima – João Joaquim de
Melo – “Bens da Raiz”. – “Declarou que Manoel Ferreira, mo-
rador em Pernambuco, onde faleceu deixou em seu testamento,
uma porção de terras para o patrimônio desta capela”. – “Decla-
rou mais que Antonio de Souza Machado que foi o fundador
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desta capela deu em você para patrimônio desta capela, uma
porção de terras com a distinção de ser de córrego a córrego, e
só como esta doação em você, de termo conservado a mesma
capela no domínio e posse mansa e pacífica dela, haveria há
dezesseis anos pouco mais ou menos, sem contradição de pessoa
alguma, nem mesmo dos herdeiros do dito doador que volunta-
riamente se desapossaram, dela, transferindo também por esse
seu fato voluntário o direito e domínio que nelas tinham para
patrimônio da mesma capela”. – “Declarou que uma e outra data
de doação mística de uma da outra fora um quarto de légua pou-
co mais ou menos, partindo por um lado com o Córrego do For-
no de Cal pertencente a Domingos da Costa e do outro lado com
Violante Maria, tudo tem uma légua do sertão pouco mais ou
menos”. – “Declarou, que o dito Manoel Ferreira, além de terra
que deixou em seu testamento, também deixou uma morada de
casas de taipa, a qual está no patrimônio desta capela e serve
presentemente para moradia do capitão dela, de que não paga
renda, cujas casa estão situadas em terras alheiras porém, não
pagam foro algum e pegada a dita capela sem morador mesmo
na circunvizinhança”. – “Declarou que dita capela, além do altar
do orago, tem mais dois altares laterais – um da Senhora do Ro-
sário do lado do evangelho e outro da Senhora das Dores do
lado da Epístola”. – “Declarou mais que tem outro altar ereto em
dita capela, não tendo patrimônio algum de bens de raízes e
quando os houver ditos, protesta lançá-los neste livro como ane-
xos a dita capela com a declaração do modo como foram adqui-
ridos, tendo somente o altar da Senhora do Rosário o gado que
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já fica declarado no livro correspondente a este, que ambos for-
mam o total da discrição do patrimônio desta capela. E por esta
forma houve o dito Ministro as declarações por feitas pelo Ad-
mor.; dizer que nada mais tinha que declarar e assinou com o
Administrador. Eu Francisco dos Reis Nunes Campelo, escrivão
da Correição que interinamente sirvo na provedoria o escrevi –
Lima – João Joaquim de Mello” – “Ministro – das Custas –
600rs – Etec – 1200 rs – Idem – 1080 réis – total – 1880 réis –
Campelo, escrivão – Aut. 80rs. Das custas – 960 réis – Etec –
600rs – R – 390rs – C.080rs – total – 2110 réis – Lima”.
No mesmo livro de onde copiamos o documento acima o
retro declarado, consta os seguintes assentos: - “Santa Luzia de
Mossoró, o livro de dezembro de 1826” – “Relação dos bens
pertencentes à Capela de Santa Luzia que existem atualmente –
a saber: – uma sorte de terras anexas a esta povoação – Uma
morada de casa de taipa cita na mesma povoação, em terras do
atual administrador: Domingos da Costa de Oliveira: Adminis-
trador da Capela.
Tem mais a Capela de Santa Luzia uma sorte de terras no
riacho grande do Joazeiro, que deu a pagamento Francisco da
Costa Correia, por uma vaca que ficou devendo a Santa, sua mãe
Violante, e por um boi que ficou devendo seu mano Luiz Pereira
da Costa, este e aquela já falecidos cuja lembrança faço para
constar. Santa Luzia de Mossoró 17 de janeiro de 1829” – Do-
mingos da Costa de Oliveira – Administrador.
Em seguida aos assentos ditos, que para aqui os copiamos,
existe no mesmo livro o despacho seguinte – “Visto em Correi-
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ção – Neste livro de folhas duas em diante se acham declarações
feitas por um homem que foi administrador dos bens da capela,
hoje Matriz da Invocação de Santa Luzia, de terras, bem como a
que deixara Manoel Ferreira que falecera em Pernambuco, sem
seu testamento para patrimônio da edificação da dita capela. Da
mesma sorte a que Antonio de Souza Machado, que fora o fun-
dador da mesma capela, deixara para o mesmo fim com desig-
nação de certos limites, como de córrego a córrego, e mais abai-
xo declara que uma e outra das duas partes de terras acima reu-
nidas poderia montar a um quarto de légua com as seguintes
confrontações – partindo por um lado do forno de cal pertencen-
te a Domingos da Costa e do outro com Violante Maria, tendo
tudo uma légua do sertão. Mas todas estas declarações em vigor
de direito não constituem título, que dê força para firmar domí-
nio e posse em si, a quem a propriedade se atribui. É preciso
pois procurar e fazer-se por na posse da aquisição desse títulos
ou documentos que possam livrar de contestações e dúvidas de
presente e para o futuro, por a Irmandade ao abrigo de todos
esses inconvenientes. Em conseqüência deverá o administrador
indagar onde se acha o testamento, a cuja verba se refere a de-
claração de doações e requerer por certidão para se fazer regis-
trar em livros da mesma confraria que poderá ser neste mesmo,
prestando-se esta serventia com o título de tombamento, pois
que ele não esteja o mais bem confeccionado como deverá ser
para um fim tão importante que requer um monumento respeito
ao depósito que garanta maior perpetuidade qualidades que este
livro não oferece, mas para evitarem despesas. Da mesma sorte,
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as mesmas diligências se fará a respeito de todo e qualquer do-
cumento de declaração de doações de terras que se acharem em
iguais circunstâncias, sem as devidas legalidades. Outrossim,
deve fazer examinar os livros antigos, em que por ventura hajam
doações assim feitas, e destacadas em diferentes lugares para só
transcrever em um só, aqui, afim de evitar enganos e faltas de
conhecimentos dos bens de raízes que a irmandade possui. Fi-
nalmente dentro deste livro, veio solto um papel de doação de
terras para o patrimônio da antiga capela da padroeira, que da
mesma sorte se deve registrar para que senão perca, devendo o
admor., apresentá-lo para isso ao Escrivão da Correição, do qual
lhe pagará o seu competente trabalho. Recomendo a maior soli-
citude na boa administração, arrecadação, conservação e rendi-
mento que possam haver dos bens, que constituem o patrimônio
da confraria da padroeira. Mossoró, 11 de outubro de 1862 –
João Quereiro Rodrigues da Silva.
Em 1840 já era falecido José Barbosa Braga, um português
que residia em Mossoró (Santa Luzia) da segunda metade do
século 18 para a primeira metade do século 19, o qual fora cria-
dor, comerciante, proprietário.
Em um livro de receita e despesa da então Capela de Santa
Luzia de Mossoró, consta que José Barbosa Braga fez dádiva
para a Capela de Santa Luzia de dezesseis meias dobras em ouro
no valor nominal de cento e noventa mil réis (190$000) e cinco
patacões brasileiros no valor de oito mil réis (8$000).
78
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Do mesmo livro de receita e despesa da Igreja de Mossoró,
consta o seguinte assento – “O dinheiro deixado pelo Sr. José
Barbosa Braga para a santa, acha-se lançado em receita do ano
de 1840, corrente, por ser o dia 25 de janeiro do dito ano quando
meu pai me entregou por ordem do Sr. Juiz do Direito Interino
para que fosse empregado em garrotes em benefício da santa.
Era ut. supra – Zacharias de Oliveira Castro”.
No primeiro livro das atas da Mesa da Irmandade de Santa
Luzia de Mossoró, existente na respectiva igreja, do ano de
1855, consta a ata data reunião e instituição da mesma irmanda-
de, a qual é a seguinte: - “Ata da primeira reunião e instituição
da Irmandade da Senhora Santa Luzia, Orago desta Freguezia da
Villa de Mossoró, como abaixo se declara:”
“Aos dois dias do mês de fevereiro do ano de mil oitocen-
tos e cincoenta e cinto, no corpo da Igreja Matriz desta Fregue-
zia de Mossoró, pelas nove horas e meia da manhã do sobredito
dia, antes da Missa Conventual, se achava reunido grande con-
curso de povo, conforme o convite feito pelo Reverendo Vigário
da Freguezia Antonio Joaquim Rodrigues a estação de várias
Missas Conventuais, afim de organizar-se um compromisso,
digo, uma Irmandade da Senhora Santa Luzia, Orago desta
Freguezia de Mossoró, e achando o mesmo Vigário boa vontade
em seus Freguezes para o fim convocado, mandou colocar no
Corpo da Igreja Matriz, mesa e assentos, e tomou assento com
grande parte de seus Freguezes, e em seguida se procedeu no
alistamento em caderno, o qual deve ser transferido para um
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livro, logo que o haja, e foram escritas ou alistadas no caderno
mais de duzentos nomes de indivíduos de um e outro sexo; con-
cluído o qual alistamento tratou-se do encarregado de organi-
zar os artigos de compromisso, e foram todos concordes que,
querendo o respectivo Vigário encarregar-se desse trabalho,
ficariam satisfeitos pelo que foi o trabalho aceito. De tudo para
constar, se lavrou esta ata, na qual assina o respectivo Vigário
com os membros alistados que o quiserem. Antonio Joaquim
Rodriguez – Parocho Collado de Mossoró – Alexandre de Souza
Rocha – João Baptista de Souza – A rogo de José Joaquim Be-
zerra – O vigário Antonio Joaquim Rodriguez – Florêncio de
Medeiros Cortez – A rogo de Miguel Correia Calheiros – O
Vigário Antonio Jm. Rodriguez – Miguel Archanjo Guilherme
de Mello – Simão Balbino Guilherme de Mello – João Fernan-
des de Oliveira – Antonio Affonso da Silva – Thomé Leite de
Oliveira Mello – Manoel Duarte Ferreira – Antonio Chaves de
Oliveira – João Antonio da Motta – Raymundo de Souza Ma-
chado – Silvério Cyriaco de Souza – João Alves Bezerra – Ma-
noel Soares do Couto – João Lopes de Oliveira Mello – Reinal-
do Francisco dos Santos Costa – João Francisco dos Santos
Costa – Alexandre Leite de Oliveira – Luiz Calheiro Theophilo
– Antonio Leocadio de Souza.”
Em 1858 fez-se os alicerces da Igreja Matriz de Mossoró;
consta isto da ata da Mesa da Irmandade de Santa Luzia, do dia
24 de março do mesmo ano.
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Consta da ata da reunião da mesma Irmandade de Santa
Luzia do dia 11 de abril de 1858, que a Mesa da dita Irmandade
deliberou e ordenou ao seu Procurador Thomé Leite de Oliveira,
a vender as terras do patrimônio da Padroeira Santa Luzia, as
quais começavam no forno de cal ate o lugar denominado Ma-
cacos, a fim de ser o seu produto empregado na obra da Igreja
Matriz, que se achava paralisada ou em atraso, por falta de di-
nheiro nos cofres da mesma Irmandade.
Da ata da reunião da mesma Irmandade de Santa Luzia, do
dia 8 de setembro de 1858, consta que pela mesa dessa confrari-
a, foi resolvido e autorizado ao Procurador da dita Irmandade
Thomé Leite de Oliveira, a venda a casa do mercado, então exis-
tente e pertencente a Padroeira Santa Luzia; cuja casa era de
taipa, sustentada com forquilhas e em estado de ruínas, afim de
ser o seu produto aplicado no serviço da Igreja Matriz.
Pela tradição sabe-se que essa casa do mercado foi cons-
truída pelo Padre José Antonio Lopes da Silveira, que em Mos-
soró, foi capelão de 1841 a 1844.
Consta na ata da reunião da Mesa da Irmandade de Santa
Luzia, do dia 2 de fevereiro de 1859, que se achava em poder do
tesoureiro da mesma irmandade, a importância de um conto qui-
nhentos e oitenta e sete mil duzentos e quatro réis (1:587$204),
em cuja importância se achava incluído o produto das arremata-
ções das terras e da casa de feira, pertencentes a Santa Luzia,
que haviam sido vendidos.
Consta na ata de reunião da mesma Irmandade do dia 8 de
dezembro de 1860, que a Mesa da mesma, resolveu que não se
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festejasse a Padroeira enquanto não fosse terminado o serviço da
Igreja Matriz, que continuava em obra. Idêntica resolução consta
de ata da reunião da mesma Irmandade de Santa Luzia, do dia
21 de dezembro de 1861, pelo motivo da Igreja se achar em obra
e sem coberta.
Idêntica resolução ainda se encontra em um livro de atas
da mesma irmandade do ano de 1865, em cuja ata se declara que
deixava de ser festejada a padroeira devido ao estado da igreja
que ainda se achava em obra, e que os dinheiros fossem aplica-
dos no serviço da mesma.
Finalmente os trabalhos da matriz terminaram, em 1866
para 1867, mais ou menos.
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DOCUMENTOS DA CAPELLA DE SÃO SEBASTIAO
A fs. 2 de um livro, aberto, numerado e rubricado, primei-
ro pelo Visitador Dionísio de Souza Bandeira, em maio de 1792,
e segundo, pelo visitador Frei José Maria de Jesus em 1o de
maio de 1795, livro este pertencente a Capela de São Sebastião
de Mossoró, copiamos os seguintes documentos, abaixo decla-
rados:
Ano de 1795
Aos dezoito dias de mês de maio de mil setecentos e no-
venta e cinco anos, nesta Freguesia das Várzeas do Apodi em
casa de residência do muito Reverendo Sr. Visitador apareceu
Sebastião Machado para dar contas do vencimento e despesa da
Capela de São Sebastião da qual é instituidor por quem foi pre-
sente ao dito Senhor avultada despesa de cinco mil e tantos cru-
zados que ele Sebastião Machado tem gasto dos seus próprios
cabedais, na ereção da capela, patrimônio e alfaias, de que está
decentemente ornada, estando atualmente despendendo com
bastante desembolso seu para perfeição da obra, houve por bem
mandar passar-lhe Provisão de Administrador com a concessão
das graças que ele dito Sebastião Machado que implicava i-
gualmente e despensa de ônus de dar contas do rendimento, que
pertence a mesma capela, a exceção das esmolas, que houve de
receber de alguns fiéis para ela aplicadas, as quais esmolas lan-
çará neste livro de fs. sessenta para diante, lançado também toda
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a despesa, que com a sua própria esmola tem feito na mesma
capela, patrimônio e mais pertences com que for para diante
acrescentando, e estes assentos serão lançados desde de folhas
três até folhas sessenta inclusive. E determina mais que de fo-
lhas cem até cento e cinqüenta se lançará os assentos dos batiza-
dos, e daí para o fim os mortos que se enterrarem na dita capela.
E porque o zelo de seu instituidor continua em benefício da
mesma capela, será ele obrigado, como lhe agrada, a satisfazer
as despesas dos direitos equisamente necessário para os divinos
ofícios, para o que poderá receber as meias fábricas do costume,
sem que seja dar, digo, obrigado a dar disso contas. E para cons-
tar mandou o dito Senhor fazer este termo em que se assinou. Eu
o Pe. José da Costa Pinheiro Secretário da Visita o escrevi – Frei
José Maria de Jesus – Visitador.
1795 ano
Nós Deão Dignidades, Cônegos, Cabido da Santa Igreja
Catedral de Olinda, Sede Episcopal da Santa Sé. Por nos constar
o grande zelo, liberdade e devoção que tem dado haver o Capi-
tão Sebastião Machado na ereção da Capela de São Sebastião,
sita na ribeira do Mossoró, por ele fundada com seu próprio ca-
bedal e assistida de suficiente patrimônio, e todos os paramentos
e alfaias necessários para o culto divino e funções eclesiásticas,
o que muito louvamos, lhe permitimos a graças de se poder se-
pultar na capela-mór da dita igreja, do arco para cima, assim ele
como sua mulher e seus filhos, seus herdeiros até o quarto grau,
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no Cruzeiro, e seus escravos no Corpo da Capela, de cuja graça
o julgamos dignos pelo muito que tem despendido, está despen-
dendo com a referida capela, da qual o constituímos Adminis-
trador enquanto vivo for, para que continue com o mesmo zelo
na administração dela, e aumento de seus bens e patrimônio, e o
isentamos de dar contas da dita capela daqui em diante, só sim
que dará das oblatas e esmolas feitas a mesma capela como tam-
bém de pagar a meia fábrica por si, por sua família e herdeiros,
pertencentes como é de costume às capelas em razão de ser da-
quele fundador e bem feitor. Dado na Freguesia das Várzeas do
Apodi, sob o selo de Chancelaria e sinal do nosso Reverendo
Visitador aos 18 de maio de 1795. Eu o Pe. José da Costa Pi-
nheiro, Secretário da Visita, o escrevi – Sinal 20rs; Selo 820rs;
Registro 320rs – Desta 3.000rs.
A fs. 3 do livro acima vê-se o seguinte assento – Para os
assentos de tudo que o Instituidor desta capela tem gasto, e for
despendendo da sua própria esmola com a ereção, patrimônio.
Por dinheiro que gastei na visita da capela como consta do
termo retro de contas do patrimônio e mais gastos da capela –
5.280; Gasto que tenho feito com a capela da minha algibeira e
do patrimônio do ano de 1796 the 1.800 – Com as cortinas do
nicho do altar – 4.500 – Ao pedreiro de caiar e rebocar, fora o
sustento – 33.000; Ao carapina pelo púlpito, confessionário,
caixão e cadeiras e portas, fora o sustento, e cobertura da sacris-
tia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41.500
Por dois milheiros de pregos, e cera para capela. . . . . . . 20.000
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Por uma fechadura e seis dobradiças para a porta da capela. . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.640
Dinheiro que gastei para enteirar o preço do sino. . . . . . . . 3.500
Por dinheiro que gastei com marceneiro que fez o altar-mór –
cento e cinqüenta mil réis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100$500.
Soma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210$920.
Nota nossa – O dinheiro gasto com o marceneiro que fez o altar-
mór, está escrito por extenso – cento e cinqüenta mil réis – em
algarismo somente – 100$500 rs, pelo que parece que houve
engano.
Fs. 3 verso = ano 1801
Termo de visita da capela de São Sebastião, filial da Ma-
triz das Várzeas do Apodi.
Aos trinta dias do mês de fevereiro de mil e oitocentos de
um ano, estando o muito Reverendo Senhor Visitador João Feijó
de Brito Tavares em atual visitação nesta Matriz de Nossa Se-
nhora da Conceição e de São João Baptista das Várzeas do Apo-
di na pessoa do Padre Francisco Correia de Menezes visitou a
Capela de São Sebastião e por informação do mesmo padre a-
chou esta dita capela dignamente ornada, e decente para a cele-
bração do Santo Sacrifício da Missa e mais ofícios divinos, e
como por informação do mesmo padre lhe consta que o cálice da
dita capela tem o pé de chumbo, e o corpo de prata, o que é con-
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tra o determinado pelas rubricas, foi servido ordenar que o ad-
ministrador no espaço de um ano que lhe concede mande fazer
um cálice com patena e colher tudo de prata, sobre dourado o
cálice, e patena, e quando não possa ser o toco sobre dourado o
menos seja o copo do dito cálice por dentro, e os lados do dito
cálice na largura de um dedo, e da mesma sorte a patena, isto se
entende pela parte exterior, espera do grande zelo e liberalidade
com que até agora o administrador se tem portado na edificação
e asseio da mesma capela se aplique tão bem no asseio do cálice
como ordena tão necessário para o santo sacrifício, para de que
não fazendo no tempo determinado ficará suspensa a dita capela;
e desta sorte a houve por visitada e permite se continue no exer-
cício do santo sacrifício, e mais ofícios divinos, e do que para
constar fiz este termo no qual se assina o muito Reverendo Se-
nhor Visitador, eu o Pe. José Francisco Fernandes Secretário da
Visita o escrevi, João Feijó de Brito Tavares Visitador.
Auto de conta que toma o Dr. Desembargador João Seve-
riano Maciel da Costa Ouvidor Geral Carregador e Procurador
de Capelas, ao administrador da Capela de São Sebastião de
Mossoró o Capitão Sebastião Machado de Aguiar, desde dos
anos de 1800 até o de 1805.
Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e cinco anos, aos vinte e um dia do mês de outubro
do dito ano nesta Vila da Princesa da Comarca da Paraíba do
Norte em casa de aposentadoria do Doutor Desembargador João
Severiano Maciel da Costa Ouvidor Geral, carregador e Procu-
rador de Capelas desta Comarca e eu Escrivão do seu cargo ao
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diante declarado vim para efeito de se tomarem contas ao admi-
nistrador da Capela e seus patrimônios de São Sebastião da Ri-
beira de Mossoró o Capitão Sebastião Machado de Aguiar dos
anos de mil oitocentos até o de mil oitocentos e cinco de que
para constar mandou o dito Ministro fazer este auto em que as-
sina. Eu José Henriques de Almeida Escrivão da Capela o escre-
vi – Maciel – Receita dos anos de 1800 até 1805 – achou o dito
Ministro haver recebido dito administrador os anos de mil oito-
centos até o de mil oitocentos e cinco como conta de sua receita
lançada neste livro – a fs. setenta e uma, em cinco adições a
quantia de sessenta e seis mil setecentos réis – Despesa dos ditos
anos – Achou o dito Ministro haver despendido dito administra-
dor por conta de sua receita como consta de sua despesa lançada
neste livro a folha três em oito adições a quantia de duzentos e
dez mil novecentos e vinte réis – Recenseamento – Achou o dito
Ministro que recediada a receita da quantia de sessenta e seis mil
e seiscentos e vinte réis com a despesa da quantia de duzentos e
dez mil novecentos e vinte réis, ficou alcançada a Capela na
quantia de cento e quarenta e quatro mil trezentos e vinte réis
com que somando sai – Alcance da Capela 144$320 – Encerra-
mento – E nesta forma houve o dito Ministro das contas por
tomadas e aprovadas e por condenado o rendimento da Capela a
pagar o seu alcance e mandou o dito Ministro que eu Escrivão
registrasse a provisão régia e igualmente passasse provisão dito
administrador. Proveio mais que só neste livro se lançasse a re-
ceita e despesa.
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Registro da Provisão de Administrador da Capela de São
Sebastião passada do Capitão Sebastião Machado Aguiar.
Doutor João Severiano Maciel da Costa Profeço na Ordem
de Cristo do Desembargo de Sua Alteza Real seu Desembarga-
dor na Relação da Bahia Ouvidor Geral Carregador e Provedor
de Capela e Resíduos em toda a Comarca da Paraíba do Norte
pelo dito Senhor que Deus o guarde d.
Faço saber que por haver e concorrerem os requisitos ne-
cessários na pessoa do Capitão Machado de Aguiar o nomeio
administrador da Capela de São Sebastião desta ribeira de Mos-
soró para o que mandei passar a presente Provisão em virtude
dela poder administrar os bens do patrimônio da dita capela com
todo zelo e cuidado, sendo obrigado a dar contas dos seus ren-
dimentos que houver e despesa que fizer neste juízo quando lhe
forem pedidas em virtude da provisão régia datada de treze de
fevereiro de mil oitocentos e um para o que o fiz por empossado
na dita Administração. Dada e passado nesta Vila da Princesa
sobre o sinal e selo deste meu juízo ou vala sem ele ex-causa aos
vinte e um de outubro de mil oitocentos e cinco. Eu José Henri-
que de Almeida Escrivão do Resíduo o subscrevi – João Severi-
ano Maciel da Costa – Assinatura e selo – seiscentos e sessenta
réis – Registro mil duzentos réis – oitenta réis – Soma – mil no-
vecentos e quarenta réis – Maciel – e não se continha mais na
dita Provisão que eu subscrito escrivão abaixo assinado aqui fiz
copiar da própria a qual me reporta, fiz escrevi subscrevi e assi-
nei nesta Vila da Princesa aos vinte e um de outubro de mil oito-
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centos e cinco anos fiz escrever subscrevi e assinei. Em fé da
verdade o Escrivão de Capelas – José Henrique de Almeida.
As fls. 9 – ano de 1806
Auto de contas que toma o Dr. Dezor. João Severiano Ma-
ciel da Costa, Ouvidor Geral Carregador Procurador de Capelas
ao Administrador da Capela de São Sebastião sita na Ribeira de
Mossoró, o Capitão Sebastião Machado de Aguiar que por ser já
falecido se tomam as suas contas do ano de 1806.
Ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e seis anos aos quinze dias do mês de novembro do
dito ano nesta Serra do Martins termo da Vila de Portalegre, da
Comarca da Paraíba do Norte em casa da aposentadoria do dou-
tor Desembargador João Severiano Maciel da Costa, Ouvidor
Geral, Carregador e Procurador de Capelas onde eu escrivão de
seu cargo do diante declarado vim para efeito de se tomarem
contas da Receita e Despesa ao Admor. da Capela de São Sebas-
tião do Mossoró, quando vivo e hoje falecido, os anos que serviu
de mil oitocentos e seis de que para constar mandou o Ministro
fazer este auto em que assina. Eu José Mateus do Rego Faria,
escrivão de Capelas o escrevi – Maciel – Receita do ano de
1806. Achou o dito Ministro haver recebido dito Administrador
no ano supra como consta de sua receita lançada neste livro a
folhas vinte e verso folhas setenta e um verso em dez adições a
quantia de vinte seis mil e quatrocentos réis – Receita 26.400 –
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Despesa do dito ano – Achou o dito Ministro haver despendido
o dito administrador no ano supra por conta sua receita como
consta de sua despesa lançada neste livro a folhas setenta e uma
em três adições a quantia de quarenta e quatro mil seiscentos e
oitenta réis – Despesa 44$680 – Achou o dito Ministro haver
despendido dito administrador com o alcance retro como se vê a
folhas quatro verso a quantia de cento e quarenta e quatro mil
trezentos e vinte reis – Achou o dito Ministro somarem as duas
parcelas supra em despesa a quantia de cento e oitenta e nove
mil reis – 189$000 – Recenseamento – Achou o dito Ministro
que recenciada a Receita da quantia de vinte e seis mil e quatro-
centos reis com a despesa da quantia de cento e oitenta e nove
mil reis ficar lacançada a Capela na quantia de cento e sessenta e
dois mil e seiscentos reis – Alcance da Capela – 162$600 – En-
cerramento – E nesta forma ouve o dito Ministro as contas por
tomadas e aprovadas e por condenada a dita Capela na referida
quantia de seu alcance supra para com o falecido administrador
do que para constar mandou o dito Ministro fazer este encerra-
mento em que se assina. Eu Jose Mateus do Rego Faria escrivão
de Capelas o escrevi – João Severiano Maciel da Costa.
Contas a que se refere o Termo de tomadas de contas de 20
de outubro de 1805.
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Declaração – fls. 70 do livro
Recebi de esmola do Capitão José de Freitas um cavalo
que o conservo para trabalhar o gado do dito Santo. Declaro que
do dito novilhas de gado que tenho recebido de esmola para o
Santo, estas tem produzido pelo muito zelo em que as tenho
administrado estão até este presente ano de mil oitocentos e cin-
co, de quarenta cabeças da qual tenho vendido seis bois ao Re-
verendo Manoel Correia Calheiros, que juntamente com que da
ma. fazenda lhe vendi ainda os desse a preço de nove mil reis, e
outro que este presente ano vendi por preço de dez mil reis a
André José Fernandes ate a sua vinda de Pernambuco.
Pelo que dizem os vaqueiros haverá este presente ano vinte
tantos bezerros do gado da administração da Capela, dos quais
ainda não se pagou nem o dizimo nem tão bem fizeram sortes os
mesmos vaqueiros.
P. que deve o Capm. José de Freitas de meia fábrica pelo en-
terramento de sua escrava párvula Maria, sepultada nesta Ca-
pela de grandes para baixo pg. 200
Segue 200
Transporte 200
P. que deve Martinho Soares pela meia fábrica do enterramen-
to de seu filho Manoel párvulo sepultado das grandes para
baixo nesta Capela 200
P. que deve João de Freitas de meia cova de sua filha Maria
párvula sepultada das grandes para fora 200
P. valor de sete bois como consta da declaração retra
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64$000
P. recebi de esmola declarada retro 2$000
Soma 66$600
Fls. 71 e verso do livro
P. uma alva e duas toalhas que mandei buscar por o dinheiro
de dois bois que vendi este presente ano de mil oitocentos e
seis ao preço de oito mil reis 16$000
P. a obra do calix que pela última visita ficou a Igreja obrigada
a mandar por pé de prata e sobre dourar como consta do termo
de visita por produto de dois bois a preço de nove mil reis
18$000
P. que gastei com as contas do ano passado como consta da
conta retro 10$680
P. que deve Antonio Francisco de Amorim pelo enterramento
de dois escravos párvulos de meias fabrica de três filhos tam-
bém párvulos 1$000
P. que deve Antonio José das Virgens de méis fabrica pelo
enterramento de dois escravos parvulos $400
P. que deve Manoel Rodrigues dos Santos de meia fabrica
pelo enterramento de seu filho $400
P. que deve Luis Gonçalves, de meia fabrica pelo enterramen-
to de seu filho parvulo $200
P. que deve Gonçalo de Morais de meia fabrica pelo enterra-
mento de seu filho parvulo $200
P. que deve Alexandre da Rosa Carneiro de meia fabrica pelo
enterramento de sue filho parvulo $200
93
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Nota: em novembro de 1806, já era falecido o Capitão Se-
bastião Machado de Aguiar, proprietário que foi de uma grande
fazenda de gado no lugar Passagem de Pedras da Ribeira de
Mossoró, o qual instituindo uma Capela com a invocação de seu
nome, isto é, de São Sebastião, passou dito logo a chamar-se
São Sebastião.
As fls. Do livro encontra este assento.
Recebi do rendimento do patrimônio deste ano 1793 6$000
Recebi este ano de 1794 6$000
Recebi da Casa de Quitéria Maria 2$000
Recebi da casa de João de 2$000
Recebi da casa do defunto Benedito Felix 2$000
Recebi do rendimento do patrimônio deste ano de 1806 6$000
Com as seis adições em debito fls. 11 v e fls 12 a quantia
de 2$400
26$400
Fls. 14 do livro dito
Registro de papel de doação abaixo declarado:
Digo eu abaixo assinada Catarina de Amorim de Oliveira
como meieira nos bens do defunto Sebastião Machado de Agui-
ar que na consideração de ter o referido falecido meu marido
incorrido em alguma falta de zelo nos bens patrimoniais da Ca-
pela de São Sebastião, esta na Ribeira de Mossoró, de que era
administrador perdo – a todo alcance de cento e oitenta e nove
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mil reis, que a dita Capela ficou condenada nas contas do ano
de mil e oitocentos e seis em que tinha assinado o ilustríssimo
Senhor Carregador e como de fato perdoa e peço as justiças de
Sua Alteza Real assim o conheção por isso digo na considera-
ção de alguma falta de zelo em que meu falecido marido por
causa de seus anos podia incorrer havendo de se descontar de-
zoito mil reis que o dito mandou para o concerto de Calix da
mesma Capela que levou descaminho o dinheiro. Hoje trinta de
julho de mil oitocentos e oito. Catarina de Amorim de Oliveira.
Como testemunha – Gonçalo de Freitas Costa – se não se conti-
nha mais em dito papel de duação que eu escrivão abaixo assi-
nado fiz escrever fielmente do próprio a que me raposo e vai na
verdade sem coisa que duvida faça. Nesta Serra do Martins aos
vinte e quatro de agosto de mil e oitocentos e oito anos fiz es-
crever e quatro de agosto de mil e oitocentos anos fiz escrever e
subscrever o assino. Em fé de verdade o Escrivão de Capela –
José Henriques de Almeida.
As fl. 14 do livro lê-se esta declaração.
O Escrivão registro neste livro o papel de doação da viúva
do instituidor, em que para salvar alguma falta de zelo do fale-
cido seu marido na administração do patrimônio da Capela,
perdoa o alcance em que esta ficou nos anos de mil oitocentos e
seis, o entregará ao administrador o Original para ser guarda-
do no arquivo – Maciel.
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Em substituição ao Capitão Sebastião Machado de Aguiar,
falecido em 1806, foi nomeado nesse mesmo ano administrador da
Capela de São Sebastião, Gonçalo de Freitas da Costa, fazendeiro e
proprietário no sitio “Pau do Tapuia” do mesmo distrito, conforme
consta do auto de tomada de contas ao mesmo administrador. To-
madas pelo Dr. João Severiano Maciel da Costa, ouvidor geral
carregador e provedor de Capelas e Resíduos em toda Comarca da
Paraíba, lançada a fs. 12 e seguintes do livro. Gonçalo de Freitas
Costa foi pois administrador da Capela de São Sebastião de 1806
até o ano de 1845, prestando regularmente suas contas aos juizes e
provedores de Capelas e Resíduos, durante esse longo período de
39 anos. Para substitui-lo na administração da Capela aludida, foi
nomeado Ricardo Francisco de Mormandia Imberiba, que a contar
dessa data exerceu esse cargo até o ano de 1852. Em 1853, já não
era mais administrador da Capela de São Sebastião, Imberiba, e
sim o Pe. Antonio Joaquim Rodrigues, conforme se vê dos assen-
tos no livro dito. Foi Procurador e Administrador da Capela de São
Sebastião o Padre Rodrigues de 1853 até 16 de novembro de 1855.
Nesta data assumiu esse cargo o Pe. João Urbano de Oliveira exer-
cendo-o até o ano de 1862. De 1863 até o ano de 1866, foi Pro-
curador da Capela de São Sebastião, Gil Braz de Freitas Costa.
“F. Fausto”.
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MOSSORÓ NO SÉCULO XIX
AFIRMA a tradição que a Ribeira de Mossoró no começo
do seu povoamento, foi refúgio de muitos criminosos vindos de
diversas partes, com especialidade das margens do Jaguaribe,
que pertencendo à Capitania do Ceará, refugiavam-se nesta ri-
beira pertencente à Capitania do Rio Grande, para se livrar da
ação da Justiça.
Sobre esse assunto, o Capitão-mór do Ceará João Batista di-
rigiu a José César de Menezes uma reclamação feita a propósito da
prisão do desertor José de Sousa Carvalho, no qual assim se ex-
pressava: “para real benefício do Real Serviço e quietação desta
Capitania, digne-se V. Excia, passar ordem para o Rio Grande,
vizinho que limita com esta, que todos aqueles facínoras que desta
se refugiarem em aquela, como presentemente está acontecendo,
porque os tenho perseguido, não achem lá coito e agasalho, visto
serem estas colônias de um mesmo soberano, porque há pouco,
tendo-se feito um cruel e aleivoso assassínio no Mossoró, última
extrema desta Capitania com a do Rio Grande e mandando eu fazer
diligência, os ditos matadores se refugiaram naquela Capitania
aonde se contam por seguros, insultando e ameaçando de lá os
Comandantes de cá e a quem eu tenho ordenado os prendessem”.
(História citada do Dr. Mateus Brandão).
Pela tradição sabemos da história de alguns criminosos que
se refugiavam nesta ribeira aonde não tinha autoridade que os
prendessem. Um deles, de nome José da Costa de Oliveira Barca
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usava em Mossoró do nome de Manuel Ferreira e aqui vivera até
a data de seu falecimento, chegando a ser proprietário, conforme
se evidencia de uma escritura passada em 1801 por Dona Rosa
Fernandes e seus herdeiros, cujo documento assim se expressava
para dar limites às terras doadas pelos mesmos a Santa Luzia:
“...da parte do nascente até o Córrego da Calheira e do poente
até arredar as terras do defunto José da Costa de Oliveira Bar-
ca que usava do nome de Manuel Ferreira”. Deste ou de José
da Costa de Oliveira Barca que era uma só individualidade, nas-
ceram dois filhos, os quais se chamaram Domingos da Costa
Oliveira e João Ferreira da Costa, conhecido por João Ferreira
Butrago, natural de Mossoró, este ilegítimo. Eram irmãos con-
sangüíneos, porém de gênios diametralmente opostos. Domin-
gos da Costa foi um médico sem que nunca estudasse; comerci-
ante proprietário e Juiz de Paz. Homem da ordem, ótimo pai de
família, tornando-se um homem útil e importante para a época.
João Ferreira da Costa ou mesmo José Ferreira Butrago, ao
contrário, foi um turbulento, revolucionário e assassino. De cla-
vinote em punho, juntamente com seus filhos e parentes de sua
mulher, por mais das vezes ensangüentava o pequeno quadro
que constituía outrora a povoação de Santa Luzia de Mossoró.
No ultimo quartel do Século XVIII para começo do Século
XIX foi nomeado Capitão Comandante da Ribeira de Mossoró,
o criador da mesma Ribeira José de Góis Nogueira, mas esta
autoridade, sem nenhuma garantia, nada podia fazer contra os
criminosos que de clavinote em punho faziam impor silêncio e
terror a todos.
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Segundo reza a tradição, em 1824 achando-se reunidos na
povoação o capitão João Batista de Souza, seu irmão Antonio de
Souza Nogueira, major Francisco Gomes dos Santos Guará e o
capitão Inácio Fernandes Casado, percorreram o pequeno qua-
dro da povoação dando vivas à República, pelo que foram pre-
sos e remetidos para o Assú, de aí para a capital da Província,
onde foram postos em liberdade.
No dia 2 de fevereiro de 1827 a população do povoado de
Santa Luzia e sua ribeira assistiram a uma grande festa; ouvira
ela a primeira missa cantada pelo novo sacerdote Francisco
Longino Guilherme de Melo, filho de um rico fazendeiro da
ribeira, o Capitão Simão Balbino Guilherme de Melo, o qual
havia chegado de Olinda, onde se ordenara. Seus parentes e fi-
nalmente todos os habitantes da ribeira viam no novo sacerdote
uma nova era de luz e prosperidade para Mossoró. “Engano
d’alma ledo e cego que a fortuna não deixar durar muito”...
Padre Longino bem cedo demonstrou por atos bem pro-
nunciados que não havia nascido para o altar, mas para o campo
de batalha; que não havia nascido para vestir uma batina e sim
uma farda de militar; que não viera ao mundo para abrir um
missal, mas para empunhar uma espada; que não sabia perdoar e
sim tomar vinditas ou usar de represálias. Era, portanto, uma
vocação contrariada, talvez, pelos desejos de seus progenitores.
Homem de gênio, filho de rico fazendeiro, Longino não nascera
para ser ministro de uma religião e sim para general de um exer-
cito que somente sabe exterminar.
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Seus atos praticados dentro da povoação demonstraram
claramente que nenhuma crença tinha ele a religião de que se
dizia ministro. Alguns seus feitos citados aqui unicamente por
amor a verdade, retratam seu gênio turbulento: A 17 de janeiro
de 1833 o fazendeiro Jerônimo de Souza Rocha casava sua filha
Joaquina Carlota de Souza Com Manuel Machado Meneses Gló-
ria, sendo celebrante do ato em casa daquele fazendeiro, na Ilha
de Dentro, o Padre Francisco Longino. Depois da cerimônia
segui-se um jantar regado por excelente e excessivo vinho, nele
tomando parte o Padre e muitos convidados. Após o jantar pas-
saram todos a palestrar na maior harmonia. Sucede, porém, que,
tendo Pedro Alves Ferreira dado algumas moedas de prata e
ouro para João Ferreira Butrago guardar, Longino pede as mes-
mas a Pedro para ver. Como Pedro Alves e João Ferreira se re-
cusam mostrar, origina-se uma discussão entre o Padre e Pedro
Alves, intervindo em favor desde Antonio Basílio de Sousa, que
saca de uma faca para o Padre. Outras intervenções surgidas são
no sentido de tomar a faca de Basílio. Tudo parecia serenado. O
Padre Longino, no entanto, furioso que ainda estava, vai à sala e
volta de faca em punho que havia guardado dentro de umas bo-
tinas e na ira sanguinária, no pátio de casa, investe contra seu
antagonista, dando-lhe seis facadas.
Deste crime foi procedido o competente inquérito, sendo o
Padre Longino processado e afiançado.
A luta armada do Padre com os seus inimigos e mesmo
contra Antonio de Souza que escapando dos ferimentos recebi-
dos naquela festa, por vezes sucessiva saía de sua residência na
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Redonda ou na Barra, com o intuito de emboscar o Padre, não
encerrara.
Longino intrigara-se com João Ferreira Butrago, homem
de má índole e assassino. Este, reunido aos seus filhos João Fer-
reira da Costa Junior, conhecido por João Ferreira Moço, Acur-
cio Ferreira, Maximiano e parentes, formaram um grupo. O Pa-
dre Longino, por sua vez mandou vir capangas do sertão, os
quais, reunidos a alguns de seus parentes fizera também um ou-
tro grupo armado, pronto para usar de represálias contra os seus
inimigos. A luta foi duradoura e sangrenta. Por muitas vezes o
pequeno quadro que constituía a povoação de Santa Luzia serviu
de palco para nele serem representadas verdadeiras cenas de
selvageria pelos grupos Butragos e Longinos, ambos sedentos de
sangue, sequiosos de vingança. Diz a tradição que dentre os
muitos encontros armados, entre os dois grupos, salientaram-se
dois que são considerados como os mais sangrentos, nos quais o
grupo do Padre tomara a defensiva, repelindo os Butragos com
perdas de algumas vidas. Os Butragos, sendo moradores da po-
voação, logo no começo da luta mudaram-se para os subúrbios e
todas as vezes que atacavam o grupo do Padre, dentro da povoa-
ção, se retiravam para as praias de Barra ou Redonda, onde mo-
rava Antonio Basílio que também tomava parte nos ataques.
Conta-se que em um desses tiroteios, um dos Butragos, o João
Ferreira Moço, atirando em um dos capangas de Longino, viu
seu projétil alcançar um moço do sertão estranho a luta, mas que
se achava hospedado em casa do Padre. Esse moço escapara dos
ferimentos e retirando-se depois para seu sertão, dali mando
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diversos capangas para casa do Padre Longino a fim de ajudar o
sacerdote no extermínio dos Ferreiras Butragos. Sabedores dessa
oferta, preparavam os Butragos uma nova ofensiva e vieram à
povoação desaloja-los. Entrincheiram-se em uma casa da rua
Domingos da Costa, de onde fizeram fogo para a casa do Padre
Longino que, por sua vez respondeu ao inimigo com coragem e
altivez. Neste combate, um dos mais afamados capangas de
Longino, de nome Miguel dos Anjos Bahia, por alcunha – Tem-
pestade Ventania, avançando muito perto da casa onde se acham
os Butragos, foi atingido pelas balas destes, com um certeiro tiro
que lhe arrancou parte do crânio, morrendo Miguel dos Anjos,
poucas horas depois, arrancando com suas próprias mãos, os
miolos da cabeça, sacudindo os fora. Outras pessoas saíram feri-
das nesse grande tiroteio.
Um dos Butragos – Antonio Ferreira da Costa, conside-
rando por todos como um homem ordeiro, não quis tomar parte
na luta com seu pai e irmão, pelo que se retirou de Mossoró e foi
residir no Apodi, onde vivia pacificamente. Um capanga de no-
me Serpentão, foi mandado matar Antonio Ferreira, no Apodi.
Cometido o crime, o facínora foi mandado pelo mandante para a
casa do Padre, em Santa Luzia. Este fato exasperou os Butragos
que sabendo da presença de Serpentão na casa do Padre Longi-
no, a quem também atribuíram fosse o mandante do assassinato
de um de seus membros, resolveram matar não somente a Ser-
pentão como o Padre. E na noite de 14 de julho de 1841, a po-
voação de Santa Luzia volta a assistir novas e sanguinolentas
cenas, de que resultaram duas mortes inocentes, a de Felipe de
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Mendonça Vasconcelos e de Ezequiel da Costa que nenhuma
parte haviam tomado na luta. Os dois grupos trocaram balas toda
noite de 14 até a manhã de 15 dentro da povoação, onde somen-
te se ouvia o estampido dos bacamarte que infelizmente impera-
va naqueles tempos de selvageria.
Um novo inquérito foi instaurado na povoação de Santa
Luzia, onde duas famílias rivais se digladiavam sem a menor
noção, de civilização e humanidade em que era um de sues pro-
tagonistas um padre, filho da então nascente localidade.
Foi este o ultimo tiroteio de balas trocadas dentro da povo-
ação entre os grupos Longino e Butrago. Estes continuaram, no
entanto a emboscar o Padre para matar sem que jamais o conse-
guissem, devido às precauções que o reverendo tomava, pois
sendo valente e destemido, seus inimigos temiam atacá-lo a des-
coberto.
A atitude guerreira do Padre Francisco Longino trouxe ra-
zões profundas ao povo. Desviando-se dos preconceitos da igre-
ja, o Padre Longino não teve jamais a assistência da população
aos atos religiosos quando celebrados por este.
Por um desses acasos, no ano de 1841, indo em uma bar-
caça para o Norte o Padre José Antonio Lopes da Silveira, entra
na barra de Mossoró quase naufragado, e subindo o rio até a Ilha
de Dentro da casa do Alferes Alexandre de Souza vem a povoa-
ção de Santa Luzia celebrar missa onde encontrara o povo des-
gostoso com o Padre Longino e, a instância dos habitantes re-
solvera Padre Silveira ficar aqui por algum tempo, no desempe-
nho de seu ministério.
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O povo fez preces para ele que, em pouco tempo se tornou
seu ídolo. Padre Longino, porém, vendo a popularidade que ia
tendo o Padre Silveira, enciumara-se com isto a ponto de se in-
trigar com o seu colega. Apareceram escritos em prosa e verso
em casa do Padre Silveira atacando a este, e foram os mesmos
atribuídos ao Padre Longino e a um artista morador na povoação
de nome João Lopes Bastos, cujos escritos eram assinados com
o pseudônimo de Poeta Improvisado.
Em 1842 foi criadas a freguesia de Santa Luzia e as pesso-
as mais potentados do lugar, sem discrepância, instaram com o
Padre Silveira para que regasse a Freguesia, que se achava em
concurso; este, porém, recusara-se dizendo querer regressar à
Paraíba de onde provinha.
Em 1844 foi nomeado vigário colado desta Freguesia o
Padre Antonio Joaquim Rodrigues que vindo tomar conta da dita
freguesia, nesse mesmo ano, encontra o povo com um princípio
de rebeldia. Fato é que no ensejo da leitura da pastoral, foi ten-
tado rasgá-la, cujo intento não conseguiram por interferência dos
Padres Silveira e Florêncio Gomes de Oliveira. O Padre Antonio
Joaquim Rodrigues retirou-se para o Apodi de onde regressou
mais tarde, encontrando então o povo satisfeito, ao contrário
dantes.
Em janeiro de 1845, o Padre Francisco Longino retira-se
de Mossoró, juntamente com seus irmãos Lourenço e Manuel
Soriano, com os quais indo morar por algum tempo pelo interior
da província do Ceará, internou-se mais tarde pelas províncias
do Piauí e Maranhão.
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Com relação a esses tristes acontecimentos entre o Padre
Francisco Longino e os Ferreira, “O MOSSOROENSE” em seu
numero 61 de 7 de março de 1874, assim se expressou: Há na
vida dos povos época de tristeza e dor, em que os acontecimen-
tos operados na ordem física ou moral gravam-se na memória de
todos e atravessando as eras conservam-se como vivos exemplos
por onde se devem medir e julgar os fatos recentes. Tais foram
para Mossoró os anos de 1843 a 1844 que como prelúdio de
uma seca assoladora que se estendeu aos dois anos seguintes,
extinguiu a criação e a lavoura e reduziu á extrema miséria todas
as classes de que se compunha essa pequena sociedade.
Era então Mossoró uma pequena aldeia e sua população
pouco numerosa.
Desconhecidos os seus elementos de prosperidade, desa-
proveitados os seus recursos naturais, marcava esta localidade
um ponto negro na carta da Província e era respeitado como um
covil de férias sedentas de sangue.
Foi nesses tempos calamitosos em que duas famílias na
disputa do mando e da prepotência local travaram uma luta san-
grenta e horrorosa.
Não se conhecia então lei, nem direitos; não se obedecia se
não a força bruta daqueles que mais podiam. Não havia segurança.
O bacamarte e o punhal do sicário eram os árbitros supre-
mos da vida e da honra dos cidadãos. Jorrava nas ruas públicas,
como em uma batalha campal, o sangue humano.
Aí estão ainda hoje os sinais indeléveis e visíveis traços
desse tempo de horror e anarquia para atestar esta triste verdade.
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O açoite fatal da miséria, porém; o cansaço extremo da lu-
ta enfraqueceu os contendores e, dispersos uns, exilados outros,
arrefeceram e serenaram os ânimos até que cessando a fratricida
carnificina, restabeleceu-se a paz e a tranqüilidade de todos.
Foi a bonança que sobreveio á tempestade. Ao estado de-
sastroso de anarquia e desordem sucedeu a ordem e a segurança
pública, garantida pelo domínio da lei e do direito.
No ano de 1845 foi o município vítima de uma seca assola-
dora que muito danificou a criação, havendo grandes prejuízos.
Ao lado dessa calamidade pública uma grande desumani-
dade se praticara no ano; pessoas destacadas do lugar reduziram
pessoas livres à escravidão, vendendo-as para o sul do Império.
Esse comércio constituiu a nodoa mais torpe nesta terra, para
vergonha dos que a praticaram.
Em 1852, tendo sido criado o município, procedeu-se em
Mossoró a 1ª eleição para vereadores e Juizes de Paz. Os parti-
dos se extremaram muito. Do lado conservador, o Padre Antonio
Joaquim Rodrigues, capitão João Batista de Souza, Florêncio de
Medeiros Cortes, Tenente Coronel Miguel Arcanjo Guilherme
de Melo e outros. Do lado liberal, o Capitão Manuel de Souza
Nogueira, major Francisco Gomes dos Santos Guará, Alferes
Alexandre de Souza Rocha, Caio Vanderlei e João dos Reis Gui-
lherme de Melo e outros.
Os conservadores procediam à eleição na Igreja; os libe-
rais, porém, reuniram-se em uma casa da rua Domingos da Cos-
ta e tramaram contra a eleição daqueles, resolvendo mandar os
irmãos José e David do Rosário tomar o livro das atas. Os mes-
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mos assim fizeram, sendo, porém referido livro retomado mais
tarde pelos conservadores.
Os liberais despeitados com o malogro da tentativa fizeram
disparar suas armas para o lado da Igreja, não havendo vítimas.
Houve duplicata nessa eleição, sendo, no entanto, aprovada a
eleição feita pelos conservadores. O Presidente da Província
multara os Juizes da Paz liberais que eram os srs. Manuel de
Souza Nogueira e Irineu Soter Caio Vanderlei.
De 1852 em diante os partidos se definiram, fazendo, no
entanto, uma política calma, sem ódios, sem atritos, até o ano de
1870. Em 1872, a 7 de setembro, procedeu-se a eleição de vere-
adores e Juizes da Paz. A esse tempo já se encontravam os parti-
dos absolutamente extremados, o conservador apoiando o go-
verno e o liberal em oposição. O partido Conservador era chefi-
ado ainda pelo Padre Antonio Joaquim Rodrigues, sendo o dos
Liberais pelo major Francisco Gomes Galvão Guará, José Da-
mião de Souza Melo e outros. A maioria dos votantes do muni-
cípio, dizia-se conservadora, devido talvez á popularidade do
Padre Rodrigues.
Os conservadores, de posse da mesa, procederam a eleição
na Igreja, que era guardada por duas trincheiras e grande número
de pessoas armadas de cacetes e outras armas e afim de impedir
a entrada dos liberais na Igreja. Os liberais se limitaram a per-
correr as ruas da cidade, acompanhadas de uma banda de músi-
ca, erguendo vivas ao seu partido.
Dessa forma triunfou a chapa conservadora, deixando, po-
rém, essas eleições muito ódio entre os partidos, com especiali-
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dade do lado liberal que a 17 de outubro de 1872 fez aparecer
um jornal intitulado MOSSOROENSE, sob a direção de Jeremi-
as da Rocha Nogueira.
Em 8 de janeiro de 1873, Jeremias da Rocha Nogueira, Se-
cretário da Câmara Municipal, dirige à mesma a seguinte petição,
pela qual pede sua demissão: “Olmos. Srs. Presidente e demais
membros da nova Câmara Municipal – Jeremias da Rocha Noguei-
ra, Secretario da Câmara Municipal desta cidade, vem pedir a Vsa
a exoneração desse cargo. As razões que servem de fundamento ao
suplicante para excursar-se de um cargo que com dedicação tem
servido durante o longo período de onze anos, resume-se no triste
aviltamento e degradação a que o capricho político e atual sistema
de governo tem reduzido uma corporação, a mais antiga e talvez a
mais respeitável de quantas existem entre os povos cultos, o muni-
cípio cuja expressão máxima prende a todo cidadão pelos laços da
mais estreita afeição, porque a sua forma moral reside no coração
de seus habitantes; o município que, simbolizando a família é, co-
mo já disse alguém, a base do edifício social, não pode ser repre-
sentado, se não pelos escolhidos do povo, pelos eleitos da genuína
vontade popular, pois só assim poderá chegar ao auge de seu es-
plendor, atingindo aos sublimes fins de sua organização. Mas,
quando o turbilhão desenvolto das paixões partidárias, baixando
das altas regiões do poder, vem desmentir a legitimidade do sufrá-
gio, e, por escárnio à soberania popular, colocar a frente do muni-
cípio os filhos da fraude e da violência, a Câmara Municipal não é
senão o sofisma criminoso dos direitos do povo, e o desgraçado
simulacro da desordem e anarquia que não tem razão de ser nem
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independência nem pode ter liberdade. Em tais condições, o supli-
cante, em cujo peito sente pulsar com vigor um coração livre, não
pode, nem deve e não quer servir como empregado de uma corpo-
ração filha genuína da pérfida emboscada e assalto às umas, e cuja
existência é um verdadeiro insulto às gloriosas tradições da liber-
dade e dignidade municipais. Requer, portanto a Vs.Ss. se digne
exonerar ao suplicante do dito cargo, do qual, desde já se considera
demitido. E. R. Mercê, Jeremias da Rocha Nogueira.
Em 29 de junho de 1872, quatro soldados de linha que se
achava de passagem para a capital, vindos do interior, no subúrbio
Paredão, foram à casa do velho artista ferreiro Luiz Francisco Pa-
redão e sem motivos, deceparam um dos braços desse infeliz ho-
mem, assim como cutilaram a um filho do mesmo, cortando-lhe
uma das orelhas. Esse fato causou geral indignação popular.
Nesse mesmo ano de 1872 volta a Mossoró, depois de uma
ausência de vinte e sete anos, o Padre Francisco Longino Guilher-
me de Melo, velho e doente, que teve uma recepção espantosa.
Mais de duzentos cavalheiros acompanharam o Padre Longino
desde a barra de Mossoró até entrar na cidade, onde uma grande
massa popular o esperava, desejosa de ver e conhecer o Padre.
O Padre Francisco Longino que daqui se retira em 1845,
depois de estar por algum tempo no interior da Província do
Ceará, internara-se no Piauí, onde fora vigário de várias fregue-
sias, indo algumas vezes à cidade de São Luiz do Maranhão,
onde se entendia com o bispo da Diocese. As viagens do Padre
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Longino eram feitas em pequenas embarcações, nas quais levava
dois ou mais meses, do ponto em que se achava à capital mara-
nhense. Em um desses lugares, no centro do Piauí, onde esteve,
o Padre Longino dedicou-se à catequese dos índios, tendo con-
seguido batizar toda uma tribo, educando-a no trabalho, devido
ao que fez um sítio importante de fruteiras.
Convém mencionar aqui uma do Padre Longino contada
pelo mesmo, ao tempo de seu regresso: Viajava ele no centro da
Província do Piauí com alguns arrieiros que se atrasavam um
pouco na viagem, enquanto o Padre, adiantando-se, chegava em
uma fazenda onde não encontrara o respectivo dono e sim um
negro que nenhum caso ligara ao Padre, ao contrário, pilherian-
do-o. Dizia o negro: seria muito bom que tivesse quem lhe tiras-
se a sela do cavalo, que lhe desse uma rede para deitar, uma ga-
linha gorda para comer e muitas outras coisas. O Padre, muito
de propósito, passeava e dava as costas ao negro afim do mesmo
ver a coroa e se retratar. Fora pior, pois o negro vendo que ele
era um Padre redobrou as pilherias. Ao chegarem, no entanto, os
arrieiros do Padre, este mandou que os mesmos agarrassem o
negro, que depois de amarrado sofreu uma tremenda surra de
peia. Enquanto os arrieiros surravam o negro, dizia Longino
para o negro, em represália: “Se houvesse quem lhe acudisse era
muito bom, mas como não tem, apanhe para não ser atrevido”.
Não satisfeito com isso, ainda o Padre Longino procurou
comprar o negro, não conseguindo, porém.
Padre Longino ao voltar a Mossoró nesse ano de 1872 ain-
da encontrou alguns de seus inimigos vivos, entre os quais João
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Ferreira Butrago, que já contava mais de 90 anos. Este em conversa
com o Padre Antonio Joaquim teria dito que não procuraria ofender
o Padre Longino, porém, se tivesse oportunidade de o encontrar,
levando uma arma de fogo, daria um tiro no mesmo.
Nessa última fase de sua vida esteve o Padre Longino al-
gum tempo em Mossoró, depois na rua da Palha, onde serviu
como capelão e mais tarde em Areia Branca onde adoecendo
retirou-se para Mossoró em 1877, aqui falecendo neste mesmo
ano já em idade muito avançada. Foi sepultado na capela do
cemitério público.
Na noite de 8 de março de 1873 foi a cidade alarmada en-
tre um fato provocado por soldados de linha que embriagados,
percorreram-na, atirando a esmo, dando pancadas e punhaladas
em pessoas que se encontravam, indistintamente. Um crescido
número de pessoas revoltadas, resolveu oferecer resistência aos
amotinados em numero de 30 praças, que se viram obrigados a
fugir nessa mesma noite para a capital do Estado. O “MOSSO-
ROENSE” em sua edição do dia imediato, 9 de março, assim se
expressa: “Última Hora” – Horror. Novos crimes e atentados de
vândalos da polícia, ontem às 8 horas da noite – Insultos, espan-
camentos e punhaladas em diferentes cidadãos – Sangue. Gran-
de clamor geral, agitação das massas, levantamento pronunciado
contra os bandidos. Gritos de salve-se quem puder. Alarido e
vozes de haja pau. Movimento popular furioso. Beleguins en-
quadrados. Cacote em quantidade, soldados estendidos no chão,
atitude bélica no quartel. Ronda urbana de cidadãos armados
policiando a polícia, cidade em alarme!
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Este mesmo órgão, em sua edição de 15 de março, ocupa-
se detalhadamente dos acontecimentos da noite de 8 do mesmo
mês através de um artigo de fôlego, de autoria do seu diretor, o
jornalista Jeremias da Rocha Nogueira.
No dia 7 de fevereiro de 1874, Porfírio Augerio da Silveira
em uma das ruas da cidade, em pleno dia, assassina a punhalada
o negociante desta cidade, Silvino Aureliano de Figueiredo, ho-
mem pacífico e de bons costumes. Este fato fora ocasionado por
uma luta entre Porfírio e Getúlio Alves de Paiva, sobrinho do
assassinado, em socorro de quem viera Silvino que, ao se apro-
ximar de Porfírio lhe desfecha um tiro de garrucha, retribuindo-
lhe este com uma certeira punhalada, da qual sucumbiu pouca
hora depois. O criminoso fora absolvido pelo júri em maio de
1874, três meses depois.
Data de 5 de Abril de 1874 o desabamento de forte tempo-
ral sobre a cidade, acompanhada de trovoada com estampidos
medonhos; caindo curiscos em diferentes direções. Houve so-
mente estragos materiais.
Em maio do mesmo ano é preso em Mossoró um sentenci-
ado de justiça evadido de Fernando de Noronha.
Em outubro de 1874 entra em Mossoró o Dr. Almino Ál-
vares Afonso juntamente com seus irmãos, os advogados Mi-
nervino Álvares Afonso e Diocleciano Ribeiro de Menezes, to-
dos armados, aos quais ainda acompanhavam um grupo de ho-
mens bem armados e municiados, vindo do centro da Paraíba, a
fim de livrarem de Jesuíno Brilhante, que os quis matar. Deocle-
ciano chegou gravemente ferido em conseqüência de um balaço
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recebido em um pé. Daqui seguiu para Fortaleza, juntamente
com Almino Álvares Afonso, ficando, no entanto seu irmão Mi-
nervino nesta cidade.
No dia 10 de novembro de 1874, no lugar denominado O-
lho D’água do Carrinho, na serra Mossoró ateou-se fogo tão
violento na residência de Virgínio Fidelis Ramos, ali morador,
reduzindo-se a cinza, em poucas horas. Tudo quanto possuía
esse agricultor ficou totalmente destruído, tendo sua família es-
capado com as próprias vestes do momento. Neste incêndio fo-
ram devoradas mais de 2.000 arrobas de algodão em caroço, 100
alqueiros de farinha, 2 máquinas e uma bolandeira, toda habita-
ção e mais pertences, sendo que os prejuízos foram avaliados em
mais de 3 contos de reis. Virgínio era um agricultor laborioso,
sendo seu nome ligado a história de Mossoró por acidentes geo-
gráficos ainda existentes como Olho D’água do Virgínio ou
mesmo o Riacho do Virgínio.
No dia 1º de janeiro de 1875 o Capitão Rafael Arcanjo da
Fonseca, administrador da Mesa de Rendas Províncias e deputa-
do à Assembléia da Província, acompanhado de um grupo por
ele capitaneado, composto de José Tertuliano de Souza, guarda
da mesma repartição, Quintiniano Fraga e um filho de nome
João, João Martins da Silveira e dois ou três filhos, um famulo
do Dr. Euclides Deocleciano de nome Manuel, Manuel Galvão,
todos em numero de 10 ou 11 pessoas, armados de cacetes, pu-
nhais e pistolas, dirigiram-se a casa onde moravam José Damião
de Souza Melo e Frederico Antonio de Carvalho, onde tinham
este seu estabelecimento comercial e o último o escritório da
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Agência Consular Portuguesa e aí, furiosos, penetraram no inte-
rior da mesma casa, indo até a cozinha, onde não encontraram
suas vítimas que surpreendidas pelo acontecimento inesperado,
sem tempo para ganharem uma posição convenientemente de-
fensiva, subiram ao andar da casa, por cima do referido estabe-
lecimento, onde permaneceram e aguardaram a subida dos a-
gressores. Estes não podendo levar a efeito o assassinato de José
Damião e de seu sócio, atiraram-se sobre as vidraças do estabe-
lecimento e do escritório da Agência Consular, quebrando-as
todas e dando profundos golpes na própria madeira do balcão.
Esse grave acontecimento causou sensação em toda a cidade e
na Província, dando lugar á vinda até Mossoró do então Chefe
de Polícia que sobre o fato presidiu a um rigoroso inquérito que
nenhum efeito produziu.
José Damião de Souza Melo, um dos redatores do “O
MOSSOROENSE” fazia graves acusações ao Deputado Rafael
Arcanjo da Fonseca que com isso quis se desafrontar.
O redator chefe do MOSSOROENSE, advogado Jeremias
da Rocha Nogueira, em um longo manifesto datado de 6 de ja-
neiro do mesmo ano conta detalhadamente todas as ocorrências
que se deram e energicamente analisa um a um os indivíduos
que tomaram parte no grupo atacante, vergastando com um sen-
sacionalismo dos mais tremendos os principais autores da pre-
meditada chacina. O manifesto é vastíssimo valendo, porem
ressaltar alguns dos seus tópicos, assim concebidos:
“Quem diria que o dr. Avelino Ildefonso de Oliveira Aze-
vedo, promotor público da comarca fosse o depositário das cha-
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ves da casa da repartição que lhe entregou o afamado chefe do
bando de criminosos, seu íntimo amigo, na ocasião em que saiu
armado com todos os capangas para efetuar o plano da tenebrosa
conspiração! Quem podia ver Quintiniano Fraga e João Martins
da Silveira adargados de ferros até os dentes, que não pudesse
compreender o fim malévolo que guardavam na mente? Quinti-
ano, o criminoso audaz que esfaqueou Jose da Paulina em pleno
dia no meio desta cidade, que espancou do mesmo modo a sua
própria sogra, de cujos crimes ainda não se livrou, desordeiro
reconhecido, faquista por hábito, de reprovados costumes e pés-
sima conduta e João Martins da Silveira, esta coisa sem nome,
sem dignidade e sem brio, autor do atentado quase idêntico per-
petrado contra Madeiros e Valério, desta cidade têm expressa
lembrança desde que dela se evadiu, estando preso por desor-
dens, não podia inspirar nas condições em que se achavam, se-
não o receio da desordem e do crime. Pois bem, foram estes e
outros sicários, cujos nomes é repugnante pronunciar, os com-
panheiros imortais do capitão Rafael no dia dessa orgia vandáli-
ca e devastadora e na noite dessa festa de canibais.
Ainda sobre esse acontecimento o Cônsul Português de
Pernambuco pediu informação ao Governo da Província.
No dia 12 de janeiro de 1875 dois assassinos do alto ser-
tão, disfarçados, dentro do estabelecimento comercial do cida-
dão Aristóteles Alcebíades Vanderlei, desfecharam no mesmo
um tiro de garrucha a queima roupa, cujos projeteis lhe atingi-
ram o braço esquerdo e o peito. A vítima escapou.
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Ainda em 1875, na noite de 19 de fevereiro no lugar de-
nominado Alto da Carauba, deste termo, desabaram em conse-
qüência de muita chuva as paredes da casa de um pobre homem
de nome Germano Estevam, matando uma filha de 16 anos e
uma criança que ficaram abaixo dos escombros, tendo sua mu-
lher escapada milagrosamente.
Houve nesse ano um rigoroso inverno, sendo que as inunda-
ções do rio Mossoró foram extraordinárias, devido ao que a lavoura
às suas margens foi toda perdida. O inverno foi uma calamidade
em vez de bonança. O governo da Província mandou distribuir
viveres aos habitantes, por uma comissão composta do vigário An-
tonio Joaquim e outros e a importância de oitocentos mil réis.
Em setembro de 1875 um grupo de senhoras das mais dis-
tintas e respeitáveis famílias da cidade e do município, tendo a
frente Ana Rodrigues Braga, também conhecida por Ana Floria-
no, por ser esposa de Floriano da Rocha Nogueira (pai de Jere-
mias da Rocha Nogueira), dirigiu-se a casa do escrivão de Juiz
de Paz e exigindo deste, tomou os papéis e livros concernentes
ao sorteio para o exército e armada, rasgando-os. Em seguida,
foi o mesmo grupo a redação do MOSSOROENSE, exigindo do
respectivo diretor os papéis que ali, constituindo listas de sortei-
o, estavam para ser publicados, sendo igualmente rasgados. Es-
sas senhoras foram acompanhadas em todo esse trajeto por
grande massa popular. E ficou nisso.
O ano de 1876 correu sem que aparecesse uma ocorrência
digna de menção. O inverno desse ano foi um pouco fraco, pro-
nunciando uma seca, conforme se dera em 1877. Em junho deste
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ano já se achavam em Mossoró alguns milhares de retirantes,
famintos e andrajosos que, muito embora haverem recebido so-
corros alimentícios do Governo Imperial, tudo roubaram em sua
passagem e permanecia na localidade não ficando uma criação
se quer que não tivesse sito subtraído pelos famintos.
O número de retirantes se avolumou em poucos dias. Estes
tinham por único ideal tudo fazer, contando que matassem a
fome que os devorava. Lançaram mão de tudo, inclusive a pros-
tituição. Milhares de donzelas foram desvirginadas aqui por in-
divíduos sem escrúpulos, sem humanidade, que se aproveitando
da miséria dessas infelizes criaturas, facilmente as seduziam a
troca de uma migalha qualquer.
O índice de mortandade chegou ao auge. Diariamente,
grandes números de infelizes retirantes amanheciam mortos pe-
las ruas e calçadas da cidade e nas latadas ao redor da mesma e
que serviam de habitação a essa infeliz gente. A seca de 77 a 79
foi a mais horrorosa de que há história em todo o século passa-
do. O relatório do Dr. Saturnino Mesquita de Loireiro Marães
diz claramente o que ela foi em Mossoró.
No dia 27 de janeiro de 1879 na povoação de Areia Bran-
ca, deste município, verificou-se verdadeiro hecatombe entre a
força pública comandada pelo Alferes e Delegado Manuel Ro-
drigues Pessoa e o Alferes Francisco Moreira de Carvalho que
ali se apresentara à frente de um grande grupo de retirantes. O
fato se deu assim: Havendo divergência entre membros da co-
missão de socorros públicos de Mossoró e daquela povoação
contra o referido Alferes Moreira de Carvalho, referente a dis-
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tribuição de gêneros aos indigentes e temendo aqueles a Morei-
ra, dada a popularidade que o mesmo possuía junto aos retiran-
tes, resolveram os membros da Comissão mandar prender o
mesmo Alferes. Nesse propósito, partiu de Mossoró, na manhã
do mesmo dia, o Alferes Manuel Rodrigues à frente de trinta
praças, para a povoação de Areia Branca, aonde chegou por vol-
ta do meio dia. Sabedor Moreira do intuito do comandante da
força pública e estando ali o farmacêutico Herculano Montene-
gro, um dos encarregados da distribuição dos gêneros, resolvera
Moreira ir a presença do mesmo, acompanhado de grande núme-
ro de retirantes a fim de interceder em favor dos famintos. Nessa
sua trajetória encontra-se com a força publica que vinha ao seu
encontro e de cujo comandante, o Alferes Pessoa, recebeu Mo-
reira ordem de fazer alto. A essa intimação respondeu Moreira
que o seu intuito era apresentar os que o acompanhavam ao far-
macêutico Montenegro, resultando daí troca de palavras entre os
comandantes dos dois grupos que já encontravam mais próxi-
mos. O Alferes Pessoa deu voz de prisão a Moreira que não o-
bedeceu, originado-se tiros seguidos por uma descarga da força
publica. O povo investiu contra a força, tomando-lhe as armas.
A soldadesca fez uma fuga precipitada, ficando, porém muitos
estendidos no chão, mortos ou feridos. O mesmo aconteceu da
parte popular, onde também muitos morreram nessa hecatombe
o Alferes Manuel Rodrigues Pessoa, praças Francisco de Paula
Silva, José Antonio da Silva e José Antonio Correia, saindo fe-
ridos mais Francisco Felix da Silva, Francisco Eugenio, José
Joaquim do Nascimento, Francisco Dantas, Francisco Henrique
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de Agomar, Manuel de Souza Alves e os guardas nacionais Ri-
cardo Pereira de Lima, Manuel Francisco de Queiroz, José e
Joaquim Gomes da Silva. Do lado do povo capitaneado por Mo-
reira morreram diversos e outros feridos ficaram constatados.
No dia imediato entram em Mossoró os cadáveres do Alfe-
res e soldados, bem assim os feridos, causando esse fato uma
geral sensação não somente na cidade como em toda a Provín-
cia. Nesse mesmo dia, retiram-se de Mossoró para o Ceará, re-
ceosos de qualquer ataque por parte dos retirantes, o Presidente
da comissão de Socorros, capitão João Avelino Pereira de Vas-
concelos e o médico Dr. Henrique Leopoldo Soares da Câmara,
indo também para Natal o farmacêutico Herculano Montenegro
e Ricardo Pereira de Santana.
Chegando a notícia desse hecatombe a capital da Provín-
cia, o vice-Presidente em exercício Matias Antonio da Fonseca
Morato fez seguir para aquela povoação o Dr. Joaquim Tavares
da Costa, Chefe da Polícia provincial, acompanhado de 100 pra-
ças, tendo pedido auxilio aos Presidentes das Províncias do Cea-
rá e de Pernambuco, de onde vieram para Areia Branca fortes
contingentes do Exército. Ao chegar o Chefe de Polícia ao po-
voado de Areia Branca, Moreira se entrega sem opor resistência.
Depois das formalidades do inquérito segue o mesmo preso para
a capital bem assim outros implicados nos sucessos do dia 27.
Em 4 de novembro desse mesmo ano (1879), Francisco
Moreira de Carvalho é submetido a julgamento em Mossoró,
onde é absolvido.
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Ainda em 1879, recebeu a visita do Presidente da Provín-
cia, Dr. Rodrigo Lobato Marcondes Machado, tendo aqui man-
dado fazer um recenseamento da população flagelada que era
ainda avultada. Esse Presidente, nessa ocasião, mandou fazer
nesta cidade um ato arbitrário: Existia em Mossoró uma família
de retirantes composta de mãe e filhas moças que muito gostavam
de cantar. Eram até mesmo conhecidas como as “Cantadeiras”, na
expressão popular. Essa família havia conseguido passagem para o
sul do Império. Sucedeu, porém que a mesma devia o aluguel do
prédio onde morava e o proprietário havia requerido do juiz o
competente embargo da bagagem das Cantadeiras, que, concedido,
foram os objetos depositados em cartório. O Presidente Lobato,
num desrespeito à lei, mandou o Delegado de Polícia acompanha-
do de numerosa força tomar a bagagem que estava depositada
mandando-a para o porto de embarque onde já estavam as Canta-
deiras. A lei não prevaleceu e ficou nisso.
Procedeu-se em Mossoró no ano de 1880 a eleição para
vereadores e Juizes de Paz. Estava no poder o Partido Liberal,
razão pela qual o Conservador se absteve das urnas. Aquele, no
entanto, se achava dividido em dois grupos Moreiristas e Ama-
ristas. Era o 1º chefiado pelo Cel. Alexandre de Souza Nogueira
e o 2º pelo Dr. Euclides Deocleciano de Albuquerque. A eleição
teve começo na igreja; no 3º dia, porém, o Dr. Euclides, muito
de propósito, deixa em casa o livro para sua casa, no que não se
conformaram os liberais Moreiristas que tomando o livro do
mesmo chefe, seu opositor, fizeram aparecer revolveres e pu-
nhais, cujas armas foram apontadas para o Dr. Euclides tenta
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levar o tal livro para sua casa, no que se conformaram os liberais
Moreiristas que tomando o livro do mesmo chefe, seu opositor,
fizeram aparecer revolveres e punhais, cujas armas foram apon-
tadas para o Dr. Euclides e seus amigos que fugiram precipita-
damente da igreja por uma de suas portas laterais. No dia se-
guinte os Moreiristas continuaram a eleição na Igreja, enquanto
os Amaristas faziam outra em uma casa particular, com a maio-
ria dos mesários e escrita no verdadeiro livro de atas, pois o to-
mado pelo Moreiristas era falso. Resultado dessa eleição em
duplicata: levado em recurso para a Relação do Distrito foi a-
provado a feita pelos liberais Amaristas. Venceu assim o Dr.
Euclides Deocleciano.
Em 1881 teve lugar em Mossoró a primeira eleição direta
procedida em virtude da lei de 9 de janeiro desse mesmo ano.
Não obstante se achar no ostracismo o Partido Conservador,
dividido em dois grupos em Mossoró como em toda Província,
este foi às urnas, chefiados pelo Cel. Francisco Gurgel de Oli-
veira (Joãomanuelista) e Padre Antonio Joaquim Rodrigues
(Tarquinista). Os liberais continuavam separados em dois gru-
pos, o Moreirista e o Amarista. O Grupo do Cel. Gurgel era su-
perior aos três reunidos devido o que o candidato mais votado
em 1º e 2º escrutínios foi o Padre João Manuel. No último escru-
tínio os liberais Moreiristas se reuniram aos conservadores Jo-
ãomanuelistas. Desde o 1º escrutínio os conservadores Tarqui-
nistas se haviam reunidos aos liberais Amaristas.
Nesse mesmo ano verificou-se em Mossoró a eleição para
vereadores e Juizes de Paz tendo triunfado os conservadores
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chefiados pelo Cel. Gurgel que se achavam reunidos com os
liberais Amaristas. Esta eleição correu regularmente, tendo sido
em tudo observado a lei eleitoral vigente então.
Em 1882 o comerciante cearense Joaquim Bezerra da Cos-
ta Mendes começou em Mossoró a propagar a idéia da liberta-
ção dos escravos. Bezerra fazia essa propaganda com muito ar-
dor e entusiasmo, a ponto de descurar de seus negócios comerci-
ais pelo que faliu pouco tempo depois. Vários escravos chega-
ram a ser libertados nesse mesmo ano. Tendo a idéia amadureci-
da um pouco no animo dos habitantes, no dia 6 de janeiro de
1883 foi criada em Mossoró uma sociedade Libertadora Mosso-
roense, sendo Bezerra eleito seu 1º Presidente. Em pouco tempo
conseguiu a Libertadora redimir muitos escravizados, de manei-
ra que a 10 de junho do mesmo ano, proclamara ela a libertação
da metade dos cativos da localidade e a 30 de setembro de 1883,
a libertação total do município.
Esse brilhante resultado foi conseguido sem oposição al-
guma, pois, para maior glória do povo mossoroense, todos fo-
ram abolicionistas na cidade, libertando seus escravos, sem ne-
nhum favor ou auxilio do governo.
Nesse mesmo ano de 1883 apareceu em Mossoró, pela
primeira vez, um Ministro evangelista de nacionalidade ameri-
cana, Dr. De Lacy Wandlaw que aqui celebrara dois casamen-
tos, o do Conrado Mayer com D. Maria Gomes da Silva e o de
Ricardo Vieira do Couto com D. Maria Tereza Davina de Jesus.
Esse ministro demorando-se alguns dias em Mossoró fizera di-
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versas conferências, assistidas por um sempre crescente número
de ouvintes, alguns dos quais aceitaram a religião evangélica.
Dissolvida a Câmara dos Deputados em 1884, procedeu-se
em Mossoró a eleição para um Deputado Geral, obtendo grande
maioria no município o candidato conservador, Padre João Ma-
nuel, não obstante se achar esse seu partido no ostracismo.
Em 1885 o partido Conservador foi elevado ao poder ten-
do o Padre João Manuel de Carvalho obtido votação quase unâ-
nime. Nessa eleição, um grupo de liberais apresentou protesto,
dizendo que a mesa havia roubado os votos dados ao candidato
opositor, Dr. José Moreira Brandão Castelo branco.
No ano de 1885 viera para Mossoró e aqui se instalara com
um culto evangélico, o evangelista João Mendes Pereira Guerra,
natural de Pernambuco. Em algum tempo, Pereira Guerra reuni-
ra certo número de ouvintes, os quais professaram essa religião.
Muitos fanáticos e alguns desocupados, sem crença alguma, a
horas mortas da noite, apredejaram as casas de residência dos e-
vangelistas de uma maneira selvagem e desumana. Os telhados das
casas onde habitavam os evangelistas eram quebrados todas as
noites, sem a menor noção de civilização, trazendo suas famílias
em sobressaltos constantes. Essa anarquia durou meses.
Em começo de 1886 retira-se o evangelista Pereira Guerra
para o Ceará vindo em sua substituição assumir a Congregação
o Ministro Dr. De Lacy Wandlaw que aqui foi recebido debaixo
de uma enorme chuva de pedras por parte dos fanáticos.
Homem de fina educação e de uma calma extraordinária, o
Dr. Wandlaw nunca se alterava. Sofria tudo com paciência, tra-
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zendo sempre o riso nos lábios. Todas as noites porém, pregava
o Evangelho muito embora debaixo de pedradas. Diante de se-
melhante brutalidade que nenhum apoio poderia ter dos homens
de bem e de bom senso, formou-se na cidade dois grupos: um a
favor do Ministro e o outro contra, dos apedrejadores.
Uma noite, estando o Ministro pregando, muitos dos ou-
vintes se preparavam para repelir qualquer insulto. Veio sobre o
telhado da casa uma verdadeira chuva de pedras. Um dos ouvin-
tes, Durval Fiúza, saca de um revolver e após ele, alguns outros
e fazem disparos sobre os apedrejadores que logo correram e
jamais voltaram a apedrejar ninguém. Terminou assim a selvaja-
ria. A Congregação Evangélica prosseguiu sem jamais ser inqui-
etada por ninguém.
Em 1887 voltara a se extremar a política de Mossoró devido
à escolha de um local para a construção do chamado Peso Público.
O mesmo deu lugar a uma questão possessória entre o Cel. Miguel
Faustino do Monte, sócio da firma Souza Nogueira & Cia e o Cel.
Francisco Gurgel de Oliveira, 3º vice-Presidente da Província, ad-
Conservador. Interveio nela a política partidária local e depois de
ministrador da Mesa de Rendas Provinciais e Chefe do Partido uma
luta fora, os contendores chegaram a um acordo, terminando assim
a conhecida questão do Peso Público de Mossoró.
A 31 de agosto de 1889 foi procedida em Mossoró a elei-
ção para um Deputado Geral. O Partido Liberal dividido em dois
grupos o Amarista e Castrista pleiteou essa eleição palmo a
palmo. Venceu o Dr. Miguel Castro. Foram fatos importantes da
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eleição, a tomada de uma carta de um portador do Dr. Amaro
Bezerra, seu opositor, e o roubo de uma mala do correio.
Em 1883 foi fundada em Mossoró uma sociedade secreta,
denominada – Congregação Livre Popular. A mesma teve mui-
tos adeptos em começo, logo desaparecendo. Era a sociedade
conhecida como a CARBONARIA; outros, porém chamavam-
na Panela de Ferro. Foi seu fundador o português Antonio Fer-
nandes Júnior.
Proclamada a República em novembro de 1889, foram dis-
solvidos os partidos Conservador e Liberal do município, ade-
rindo todos a República. Na cidade, no entanto, logo se dividi-
ram em grupos distintos, chefiados pelo Dr. Francisco Pinheiro
de Almeida Castro apoiando o governo do Estado e o outro pelo
Cel. Francisco Gurgel de Oliveira, em oposição. O Cel. Gurgel,
a 2 de fevereiro de 1890 organiza em Mossoró um clube políti-
co, de âmbito municipal e prestigiado pelo grosso do antigo par-
tido conservador e por muitos antigos liberais que aderiram à
sua chefia política em 1891 a primeira eleição da Republica,
obtendo uma maioria de 5 votos.
Em 1892 o partido Republicado chefiado pelo Cel Gurgel,
se aproxima do Governo do Estado em virtude de um acordo
feito entre o Dr. Miguel Castro e outros políticos do estado, ten-
do o Cel. Gurgel sido eleito 2º vice-Governador do estado pelo
respectivo Congresso Constituinte e Legislativo do Estado os
seguintes cidaconterraneo em oposição.
Deposto o Governador Miguel Castro, o Cel Gurgel e seu
partido passaram a apoiar a Junta Governativa do Estado, sendo
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eleito Deputado Federal no ano seguinte e reeleito para o mesmo
cargo em 1897. Em 1898 o Cel. Gurgel passou a integrar a opo-
sição ao Governo do Estado.
Os partidos políticos de Mossoró em diferentes épocas e-
legeram seus representantes a Antiga Assembléia Provincial e
depois ao Congresso Constituinte e legislativo do Estado os se-
guintes cidadãos: Padre Antonio Rodrigues de Carvalho (várias
vezes), Alexandre de Souza nogueira, Francisco Pinheiro de
Almeida Castro, João Dionísio Filgueira, Aderaldo Zosimo de
Sousa, Francisco Fausto de Souza, Asterio de Souza Pinto, An-
tonio Soares Junior, Francisco Vicente da Cunha Mota, Rafael
Fernandes Gurjão e vários outros.
A CASACA DO BARBOSA
O senado da Câmara da Vila de Princesa, em data de 2 de
Março de 1799 nomeou José Barbosa Braga para arrecadador de
impostos das rezes abatidas na Ribeira de Mossoró. Era um im-
posto chamado subsidio literário, cobrado 400 reis por boi e 320
reis cada vaca.
José Barbosa Braga, português de origem, foi morador em
Santa Luzia, na metade do século 18 para o princípio do século
19. Foi criador, proprietário, agricultor e negociante. No local
em que está situada a rua Cel. Gurgel, tinha Barbosa Braga sua
casa de residência, seus negócios e os “currais” onde recolhia
seus gados. Não se casou – faleceu velho, celibatário. Dotou um
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filho que se chamou mais tarde João José Barbosa. Este seu fi-
lho casou-se e constituiu família e em linhagem descendente
surgiram todos os Barbosas aqui ramificados.
De viagens costumeiras ao Aracati, onde faziam suas
compras, José Barbosa Braga mandou fazer uma casaca para seu
uso. Chegando, porém a Santa Luzia, resolveu tê-la para alugar
a quem dela tivesse precisão.
Em vista de não ter alfaiate no lugarejo, o português en-
controu uma boa freguesia para o negocio e quando se entonava
na casaca para melhor aparecer nas festas sociais, pagaria um
cruzado ao Barbosa, pelo aluguel da casaca por uma festa.
A história desta casaca tornou-se uma tradição, chegando a
ser criada uma mística em torno da mesma. Já os velhos do sé-
culo passado, sempre que se referiam a qualquer velharia da
localidade tinham por hábito dizer: “Isto foi no tempo da casaca
do Barbosa”.
Barbosa Braga foi administrador do gado de Santa Luzia,
por deliberação do seu procurador, o Sargento-mór Souza Ma-
chado. Chegou a amealhar apreciável fortuna de ouro e prata
que doou em parte à padroeira Santa Luzia. Seu nome está liga-
do a um pequeno córrego que existe na Cidade, um pouco acima
do local onde morou, e quando ainda hoje é conhecido pelo no-
me Córrego do Barbosa.
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DOIS DOCUMENTOS CURIOSOS
Ofício do Cap. Mor Antonio Ferreira Cavalcanti, do Apo-
di, ao Governador da Capitania do Rio Grande do Norte.
Cópia – “Ilmo. Sr. Governador. Chegando ontem dezoito
do corrente do meu quartel desta Povoação das Várzeas do A-
podi, ponto central determinado por V. Sa, onde costumo fre-
qüentar os meus passeios – ex que nesta ocasião sou avisado
pelo ofício incluso do Comandante de Mossoró e no receio que
os inimigos saltem nas praias deste Termo e pratiquem o mesmo
que nas praias d’aquele continente acabam de fazer: ordenei ao
Comandante do mesmo lugar o novo estabelecimento das vigias
que mandei suspender por ordem de Vsa. e para poder continu-
ar neste exercício e fazer novo esforço se for preciso dou esta
parte a Vs que mandará o que for servido. Deus guarde a Vs
por muitos anos.
Povoação das Várzeas do Apodi, 18 de junho de 1808.
De Vs Soldado muito leal e obediente.
Antonio Ferreira Cavalcanti.”
Ofício dirigido pelo Capm. Comandante da ribeira de
Mossoró, ao Cap. Mor do Apodi, Antonio Ferreira Cavalcanti.
Cópia – “Ilmo. Sr. Cap. Mor Antonio Ferreira Cavalcanti”.
Pelo ofício de 12 do corrente que me dirigiu o Comandan-
te das praias do retiro, Manoel Joaquim Ferreira Braga, tendo
por ordem dos Ilmos. Senhores do Governo daquela Capitania
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do Ceará Grande, faça vigiar os seus respectivos lugares para
reparar os insultos semelhantes o quanto fizeram próximo nas
praias denominadas slupe além do Ceará, deu lugar a nação
francesa em terra, gente saquearam os habitantes daquele lugar
ficando prisioneiros 11 dos tais, e os demais seguiram sua rota
e por tanto lhe determinaram o próprio ofício cientificando a
mim. Eu logo hoje 17 do próprio, providenciei as próprias vigi-
as destas praias, e parte a V. S. para fazer e determinar o que
for servido. Quartel de Santa Luzia de Mossoró, 17 de julho de
1808. De Vs. certo venerador e Cro.
a) “José de Góis Nogueira”.
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BREVE NOTÍCIA SOBRE A VIDA DO PADRE
ANTONIO JOAQUIM RODRIGUES
Padre Antonio Joaquim Rodrigues
PRIMEIRO E UNICO VIGÁRIO COLADO DA FREGUESIA
DE MOSSORÓ
Nasceu Padre Antonio Joaquim Rodrigues na vila do Ara-
cati em 5 de Novembro de 1820, e não em Abril, como estava na
primeira edição deste livrinho. A mãe do padre Rodrigues – em
virtude de não ter sido encontrado o assentamento de seu batis-
mo – dizia ter ele nascido a 5 de Novembro d’aquele ano, visto
como trouxera o nome de Zacarias assinado nos calendários e
lunários perpétuos como se verá. Foram seus pais o português
Antonio Joaquim Rodrigues, negociante morador naquela então
vila, hoje cidade e Dona Vicência Ferreira da Mota, natural do
Apodi, filha legítima de Antonio da Mota Ferreira e de sua mu-
lher Josepha Ferreira da Mota.
Em 1824, por via da guerra republicana de Tristão Gon-
çalves de Alencar Araripe, que conflagrou todo o solo cearense,
como é sabido, mudou-se o dito português, do Aracati para a
então povoação do Apodi, onde botou o menino na escola de
primeiras letras do mesmo particular Francisco Saturnino dos
Reis (filho natural do Frade leigo Irmão Reis) que foi mestre do
Padre Longino e pai de Antonio Saturnino Reis, escrivão do Juiz
de Paz do Distrito de São Sebatião de Mossoró. Depois em
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1836, acabando de aprender a ler com o primeiro professor pu-
blico nomeado para a então vila do Apodi. Ignácio Francisco
Dantas, foi para a povoação do Martins estudar latim e mais
preparatórios com o professor público, português Francisco E-
miliano Pereira, sendo seus contemporâneos os estudantes e
depois Padres Antonio Dias da Cunha, Mathias Fernandes de
Queiroz, Cosmo Leite da Silva, Joaquim Manoel de Oliveira
Costa, Candido Leite da Silva, Joaquim Manoel de Oliveira
Costa, Candido Pereira de Oliveira, Estolano Xavier Bezerra,
Joaquim da Cunha Cavalcanti, Dr. Manoel Antonio de Oliveira,
Major Galdino, Sinezio Benevides Montezuma, Tenente Coro-
nel Bemvenuto Praxedes de Oliveira, Lucio Manoel Fernandes,
Silvério Ferreira marques e outros.
Achando-se pronto de seus estudos em 1840, seguiu Anto-
nio Joaquim Rodrigues para o Seminário de Olinda, onde se
ordenou Presbítero em 1843.
Em 1842, em virtude da Lei Provincial Nº 87 de 27 de ou-
tubro, a capela de Santa Luzia de Mossoró, filial da do Apodi,
foi declarada Freguesia independente; e posta em concurso, o
Padre Antonio Joaquim, que ainda era diácono, submetendo-se a
dito concurso, foi aprovado e promovido Pároco colado da nova
Freguesia da qual só tomou posse em 1844, assistida pelos seus
irmãos de hábito os padres Francisco Longino Guilherme de
Melo, Leonardo de Freitas Costa, José Antonio Lopes da Silvei-
ra e Florêncio Gomes de Oliveira.
Afirma a tradição que, por ocasião da posse do Vigário
Rodrigues, o povo do lugar tentou opor-se a mesma, tornando-se
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tumultuoso esse ato, pois no recinto da Igreja erguiam-se vozes
dizendo que não aceitavam o novo vigário, que queriam a conti-
nuação do seu vigário velho, o Padre José Antonio Lopes da
Silveira, há quatro anos seu Capelão, muito estimado. Suceden-
do que alguns dos mais imprudentes investiram para rasgar a
Carta pastoral que então se lia, conseguiu acalmar os exaltados o
Padre Florêncio Gomes de Oliveira, mostrando com a sua pala-
vra fácil e convincente o erro em que laboravam. Empossado,
pois, o Padre Antonio Joaquim, em sua Freguesia, todos os seus
paroquianos tornaram-se depois seus amigos, até mesmo aqueles
que se haviam oposto a sua posse.
A povoação de Santa Luzia consistia em um pequeno quadro
de casas de construção péssima e sem arquitetura, a maior parte
casas de taipa, em frente da pequena Capela, um pouco deteriorada,
com o teto quase todo abaixo e a qual havia sido construída em
1772 pelo Sargento-mór Antonio de Souza Machado.
A nova Freguesia era pobre; o comercio quase nulo; os pou-
cos negociantes que haviam traziam do Aracati as mercadorias em
costas de animais; agricultura pouca, consistindo a sua maior ri-
queza na industria pastoril, cujo principais fazendeiros eram os
membros das famílias denominadas – “Cambôa”, “Guilherme” e
“Ausentes” – as mais numerosas do lugar segundo a tradição.
Essa pequena povoação por muitos anos havia sido teatro
de uma luta de sangue, sendo um dos protagonistas o Padre
Francisco Longino Guilherme de Melo, natural de Mossoró, o
qual servia de Capelão em Santa Luzia a contar de 1827 a 1841
mais ou menos.
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Foi por essa triste tradição que encontrou em Mossoró o
Pe. Antonio Joaquim.
Em 1844 existia em Mossoró um só partido político denomi-
nado “Sulista”, depois Liberal, influenciado e apoiado por políticos
do Assú, devido residirem aqui pessoas d’alo, as quais submetiam-
se aos próceres daquela localidade. Todos os membros da família
chamada Camboa eram liberais. Eram eles pacatos criadores, resi-
dentes nos arredores da Povoação; homens de pouco cultivo inte-
lectual, porém bem intencionados, moralizados e honestos.
Um grupo de liberais, porém, em sua maioria composto de
pessoas de outros lugares, residentes dentro da povoação, toma-
va a parte ativa dos negócios da localidade, degenerando-se esse
mesmo grupo na prática de tropelias e crimes.
Dentre as vítimas, citamos as seguintes: Izabel e suas qua-
tro filhas Cândida, Josepha, Maria e Faustina, livres de nasci-
mento, que foram por esse grupo escravizadas em 1845 e reme-
tidas para Natal, a fim de serem vendidas, o que não se realizou
por haver o fato chegado ao conhecimento das autoridades supe-
riores da província, que as restituíram à liberdade, punindo os
criminosos. Pedro Rosa foi vendido em Natal, como cativo, por
Antonio Francisco Fraga, morador em Mossoró, a um negocian-
te português de nome Manoel Cardoso, do poder do qual foi
resgatado.
Para isto muito se interessou o Pe. Antonio Joaquim, envi-
ando, documento, para Natal, Francisco da Rosa do Monte, tio
de Pedro – o suposto cativo – com quem voltou. Pedro era vivo
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até o ano de 1913 e morava no sitio “Pão d’Arco”, do município
de Mossoró.
Vicente Macacheira, cercado por um grupo de homens, no
lugar denominado “Calcôte” subúrbio da povoação, a qual era
capitaneada por uma autoridade policial, foi crivado de balas, e
o cadáver amarrado pelas mãos e pelos pés, foi conduzido para a
Povoação, enfiando em um pão, e assim entrou na Matriz. Nesta
ocasião estava celebrando missa o vigário Antonio Joaquim,
que, tomando conhecimento do fato, ficou por demais indigna-
do. Para que citar outros fatos que então se deram que entriste-
cem e envergonham ao homem civilizado?
Foi nestas condições que veio encontrar a Freguesia esco-
lhida o Padre Antonio Joaquim que, diante do que presenciava,
tivera muitas vezes palpite de abandoná-la. Resolvendo, porém,
o contrário, tomou a firme resolução de intervir nos negócios
políticos da localidade, como o louvável intuito de por um para-
deiro aos desmandos e crimes, que dia a dia presenciava.
Elevado ao poder, em 1848, o Partido Conservador do Im-
pério, com a ascensão do Gabinete de 29 de setembro, presidido
pelo eminente estadista Visconde de Macahé, o Padre Antonio
Joaquim, já relacionado na localidade, contando com afeições e
amigos, tratou de fundar em Mossoró esse mesmo partido que
até então não existia, manifestando esse seu plano ao Capitão
João Batista de Souza, de quem era muito amigo, convidando-o
para ajudá-lo a levar avante esse seu plano.
O Capm. Batista, liberal como os demais membros de sua
família, tendo, porém, em vista os desmandos que então se da-
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vam na localidade, os quais reprovava, não hesitou um só mo-
mento em acender ao convite do Padre Rodrigues.
Criado, pois, o Partido Conservador em Mossoró, no ano
de 1848, pelo Padre Antonio Joaquim Rodrigues, Cap. João Ba-
tista de Souza e outros proprietários e fazendeiros do Município,
esse partido em poucos anos cresceu, tornando-se maioria na
localidade. Os liberais, porém, continuaram de posse dos cargos
de Juizes de Paz (os únicos que então existiam na Povoação) no
quatriênio de 1849 a 1852, que foram ocupados pelos seguintes
cidadãos: 1, Cap. Manoel de Souza Nogueira; 2, Irineu Soter
Caio Wanderley; 3, Antonio Leocadio de Souza; 4, Manoel Ro-
drigues Pereira. O terceiro desses cidadãos foi depois conserva-
dor. Até esse último ano os eleitores de Mossoró votavam, ora
no Apodi, ora no Assú.
Em 1852, pela lei Provincial nº 246 de 15 de março, foi a
povoação de Santa Luzia elevada à categoria de Vila e Criado
município, para cujo ato muito influiu o Padre Rodrigues, que já
era conhecido na Província, como político de prestigio na loca-
lidade de sua residência.
Em virtude, pois, da criação do município de Mossoró,
procedeu-se pela primeira vez, nesse ano (1852) na vila do
mesmo nome, no corpo da Igreja Matriz, a eleição para Verea-
dores e Juízes de Paz, que tinham de servir no quatriênio de
1853 a 1856.
O Partido Conservador, chefiado pelo Padre Rodrigues,
dispondo de grande maioria no município, preparou-se para dis-
putá-la. Devia ser ela presidida pelos Juizes de Paz da Paróquia;
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porém sendo todos eles liberais, planejaram barulhar a eleição,
uma vez que se achavam em minoria e não contavam com o
apoio do Presidente da Província, que era conservador.
No dia da eleição não compareceram na igreja, lugar desti-
nado para ter lugar a mesma, os ditos Juízes de Paz; mas reuni-
ram-se juntamente com os seus correligionários em uma casa
próxima à igreja e trataram de fazer uma duplicata. O Padre Ro-
drigues, porém, e todos os seus correligionários reunidos na I-
greja procederam à eleição, presidida pelo 2º Juiz da Paz da Pa-
róquia do Apodi, Alferes Antonio José das Virgens, como mais
vizinho, o qual chamado com antecedência, compareceu no dia e
hora marcados, no Corpo da igreja Matriz, e tomando assento no
topo da mesa, abriu a caderneta, organizou mesa e procedeu a
eleição com as devidas formalidades.
Os liberais por essa ocasião, mandaram o individuo de
nome José do Rosário a onde se achavam os conservadores vo-
tando, a fim de tomar o livro das atas da eleição, o que conse-
guiu; porém, ao sair com ele na porta principal da matriz, foi o
mesmo livro retomado, sucedendo que os liberais da casa onde
se achavam reunidos, dispararam tiros para a Matriz, não atin-
gindo os projeteis pessoa alguma.
Com relação a este fato, o ilustre cronista Manoel Antonio
de Oliveira Coriolano, do Apodi, me escreveu o seguinte:
– Seja-me lícito relembrar ao amigo um episódio significa-
tivo, e digno de ser registrado em sua memória, pois dele sei
porque fui contemporâneo no tempo que ele se deu, e li no jor-
nal “O Nortista”, que se publicava nessa época, o qual é o se-
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guinte – “O Vigário Antonio Joaquim Rodrigues, dotado de um
gênio benfazejo, e bastantemente atilado em todos os seus deve-
res, foi um grande político, e à força de sua boa índole botou
grande parte de seus fregueses, que se haviam transviado da
senda do justo e do honesto, no regime da legalidade, fazendo-
os absterem-se dos torpes costumes de outrora. Sendo chefe
ostensivo, em sua localidade, do partido nortista, depois Conser-
vador, até então decaído, quando subiu ao poder aquele partido
pelo Gabinete de 29 de setembro de 1848, presidido pelo emi-
nente estadista Visconde de Macahé, tendo de se fazer a eleição
em todo Império para os eleitores servirem na nova Legislatura,
ele não tinha em Mossoró a mesa e nem os livros para dito fim;
vendo-se nesta grande dificuldade e autorizado pelas novas ins-
truções que regiam a espécie, com a precisa antecedência, requi-
sitou o 2º Juiz de Paz da Paróquia do Apodi, o Alferes Antonio
José das Virgens, com mais vizinho, na forma da lei, o qual
compareceu no dia e hora marcados, no corpo da Igreja Matriz e
tomou assento no topo da mesa abriu a caderneta, organizou
mesa e procedeu a eleição com as devidas formalidades” – “O
1º; (2º) Juiz de paz da Paróquia de Mossoró, Irineu Soter Caio
Wanderley, chefe do partido Sulista – depois Liberal – e inimigo
acérrimo do Vigário Antonio Joaquim, achando-se naquele dia
fazendo uma eleição em sua casa, em frente á Matriz, para ela
fez fogo de fuzilaria com seus capangas, o que foi respondido
pelo povo do Vigário, com tiros de pólvora seca, para o ar; de-
pois desse curto incidente, inofensivo, que felizmente a ninguém
perigou, o dito Irineo reuniu a sua gente e com ela invadiu a
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Matriz, na intenção de arrebatar os livros, a uma e todos os pa-
peis tendentes à dita eleição. Depois disto, o Vigário e a Mesa
deram ordens para que fosse posta guarda dobrada nas portas da
Matriz, para impedir-lhes a saída. Essa gente, antes de ser cerca-
da por essa forma, arrancou em borbotão de dentro para fora,
rompeu a guarda, evacuando a Matriz; e o Vigário com a precisa
calma fez a eleição que foi aprovada pelo poder competente,
como única e legal, sendo desprezada a do Irineo, que foi consi-
derada duplicata”.
– Relativamente o que acima fica dito pelo inteligente e
consciencioso cronista do Apodi, o ilustre Cel. Coriolano, pedi-
mos vênia para retificar o seguinte: – Que a eleição, na qual se
dera o incidente ora narrado, teve lugar em 1852, sendo a mes-
ma para Vereadores da Câmara e Juizes de Paz de Mossoró, e
não para eleitores.
Podemos ainda acrescentar que o Presidente da Província
aprovando a eleição presidida pelo Alferes Antonio José das
Virgens, 2º Juiz de Paz do Apodi, desprezou a duplicata feita
pelos liberais, multando o primeiro e segundo Juizes de Paz de
Mossoró, Capitão Manoel de Souza Nogueira e o Irineo Soter-
Caio Wanderley, em duzentos mil réis cada um. Do primeiro
livro de atas da Câmara Municipal de Mossoró consta que do
Assu veio um advogado, a chamado da mesma Câmara, fazer a
cobrança dessas multas, as quais foram pagas pelos multados,
sendo que o primeiro deles pagou em patacões.
Em virtude de haver sido aprovado a eleição feita pelos
conservadores chefiados pelo Padre Rodrigues, e depois de ter
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prestado juramente perante a Câmara Municipal do Assu, do
cargo de Presidente eleito da primeira Câmara do novo Municí-
pio de Mossoró, o Padre Antonio Freire de Carvalho tomou ju-
ramente aos demais Vereadores no dia 24 de janeiro de 1853, na
Vila do mesmo nome e instalou a Câmara Municipal de Mosso-
ró, que ficou assim composta: Padre Antonio Freire de Carva-
lho, Presidente; Capitão João Batista de Souza, Vice Presidente;
Tenente Cel. Miguel Arcanjo Guilherme de Melo, Vereador;
Capitão Florêncio de Medeiros Cortes, Vereador; Capitão Vi-
cente Gomes da Silveira, Vereador, Capitão Francisco Bertoldo
das Virgens, Vereador; Capitão Sebastião de Freitas Costa, Ve-
reador – todos conservadores, assim como os Juizes de paz elei-
tos para o quatriênio de 1853 a 1856.
Em 1853, pois, o predomínio dos liberais, especialmente
do grupo que cometia tropelias e crimes, empalideceu suceden-
do que, dessa data em diante, alguns que haviam pertencido ao
dito grupo ocuparam cargos políticos no Município, faltando-
lhes, porém, liberdade para renovarem seus atos anteriores.
O Padre Antonio Joaquim foi um político de prestigio, não
só no Município como em todo Rio Grande do Norte. Por mui-
tos anos ocupou o cargo de Deputado à Assembléia Legislativa
da Província, presidindo essa corporação por algumas vezes, da
qual, bem como dos diversos presidentes que administraram a
Província por esse tempo, foi sempre muito considerado.
O Padre Antonio Joaquim foi eleito e tomou parte nos tra-
balhos da Assembléia Provincial, nos biênios: de 1854 –1855;
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de 1856 – 1857; de 1858 – 1859; de 1866 – 1867; de 1868 –
1869; de 1870 – 1871 e de 1872 – 1873.
Trabalhou e esforçou-se para a Povoação de Santa Luzia
de Mossoró ser elevada à categoria de Vila, Termo e Município
em 1852; à Comarca em 1861; à cidade em 1870; à Comarca de
2ª estância, em 1872. Influenciou na Assembléia Provincial,
conseguindo os seguintes atos, para Mossoró: – criação de ca-
deias de instrução primária, diurna, para ambos os sexos, e tam-
bém de uma noturna; criação de uma Mesa de Rendas Provín-
cias, em 1856, fazendo nomear primeiro administrador da mes-
ma, seu correligionário e amigo Capitão Florêncio de Medeiros
Cortes; criação de uma verba para edificação de um armazém,
na “Jurema” (Lei Provincial 484 de 26 de Abril de 1860) o qual
sendo construído em 1867, foi demolido em 1870 e edificado no
lugar “Areias Brancas”; criação de uma verba para subvencionar
a Companhia Pernambucana, afim desta fazer entrar os seus
vapores no Porto de Mossoró, (Areia Branca); criação da Lei
que isentou a casa J. U. Graff & C. do pagamento de impostos
Provinciais, durante três anos, conseguindo do então Presidente
da Província, Dr. Jerônimo Cabral Raposo da Câmara, o estabe-
lecimento daquela importante firma, em Mossoró e não na Ma-
caíba, como eram os desejos do mesmo Presidente e do chefe da
mesma firma, que ali já havia alugado local para o dito fim; cri-
ação do Distrito de Paz de Areia Branca (1872), já tendo antes
restabelecido o antigo Distrito da Paz de S. Sebastião e criação
de uma cadeira de instrução primaria para o sexo masculino no
mesmo lugar Areia Branca, no ano de 1873. Finalmente todos os
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atos políticos ou administrativos que se fizeram para Mossoró
no período de 1850 à 1879, foram da iniciativa ou com aprova-
ção do Padre Antonio Joaquim.
O vigário Antonio Joaquim, com o empenho que tomou
para J. U. Graff & C. estabelecer-se aqui o que conseguiu, tinha
por fim ver o desenvolvimento comercial de sua Freguesia, pois
bem via que aquela casa, que era um colosso, tanto como expor-
tadora de gêneros do País, como importadora de fazendas es-
trangeiras, abriria as portas do comercio de Mossoró, o que se
realizou, para o bem de todas as classes.
A convite do Padre, Mossoró foi honrado com a visita de
diversos Presidente da Província, os quais foram hospedes do
mesmo Padre, e foram eles os seguintes: - Dr. José Bento da
Cunha Figueiredo Junior, Dr. Pedro Leão Beloso, Dr. Pedro de
Barros Mendonça, Dr. Delfino Augusto Cavalcante de Albu-
querque e Dr. Olintio José Meira.
No inverno de 1875, devido a grande enchente do rio A-
podi, foram destruídas todas as plantações das margens do
mesmo rio, no município de Mossoró, ficando pobres lavradores
em extrema necessidade. O Padre Antonio Joaquim, correndo
em auxilio deles, conseguiu do Presidente da Província a quantia
de 800$000 que pelos mesmos foi distribuída.
O “Jornal do Povo” de Fortaleza, orgam de propaganda da
sociedade de sorteios “Caixa do Povo” daquela capital, na sua edi-
ção de 27 de Fevereiro de 1928, em um artigo sobre o progresso de
Mossoró, teve entre outros assuntos e tratando da personalidade do
Padre Antonio Joaquim Rodrigues, palavras como estas:
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“É forçoso abrir nestas linhas um parêntese para relem-
brarmos, como cearenses, o realce inconfundível que teve a va-
liosa cooperação do Padre Antonio Joaquim Rodrigues no des-
cortino progressista da cidade de que nos ocupamos, desde a
iniciação do seu paroquiado, em 1844. Foi ele o anjo tutelar en-
viado pela Providencia aos mossoroenses, ele quem desbravou
os caminhos a novos horizontes, implantando a fé entre as ove-
lhas do seu rebanho, ao mesmo tempo em que não se descurou,
um instante se quer, de conduzir a surtos de efetividade profí-
cua, aos grandes tentames, o comercio ainda embrionário de
Mossoró”.
Quando esse nobre varão chegou a então povoação de
Mossoró, a situação local era das mais asfixiantes. Os capelães,
seus antecessores, não tinham podido implantar, com firmeza, a
moral e a paz precisa, propagando a boa seara.
Predominava então a política de “clan”. Dominava um só
partido, à guisa de liberal, sob a influencia de políticos de Assu,
manejado por um bloco limitado, quase exclusivo de pessoas de
outras localidades.
E porque, a esse tempo, havia o habito nefando de se ven-
der gente livre como escravo, o Padre Antonio Joaquim, que
presenciou esse estado de coisas, fez-se político conservador, e
tomando as rédeas do poder local, mudou inteiramente a situa-
ção. Despido de ambição, sem prepotências absurdas, por tempo
a esse tráfico triste e deu foros de civilização à sua freguesia.
Não há negar, pois, que a campanha libertadora de 83 la-
vou Mossoró da nodoa da antanho.
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Ainda conseguiu o vigário Antonio Joaquim, por sua in-
fluencia, que se generalizou pela província, a ida para Mossoró
do capitalista suíço João Ulrich Graff, chefe da firma J. U. Graff
& Cia, com casas em outros lugares. Data daí, do estabelecimen-
to dessa poderosa firma importadora e exportadora, a grande
comercial de Mossoró, que dantes fazia suas provisões de Ara-
cati. O “Jornal do Povo” disse a verdade.
De 1872 a 1876 existiu em Mossoró um jornal denomina-
do – “O Mossoroense”, orgam do Partido Liberal do Município,
o qual fez ao Padre Antonio Joaquim e ao Partido Conservador,
chefiado pelo mesmo, tenaz oposição. Saia esse jornal aos do-
mingos, e desde o 1º até o último nº que publicou, fez sempre
acusações ao dito Padre e aos seus correligionários. O Padre, de
posse de todas as oposições oficiais, ocupadas no Município
pelos seus amigos, que constituíam a maioria, nunca deu uma só
resposta a essas acusações; não usou nem consentiu que seus
correligionários usassem de represálias contra os redatores do
mesmo jornal.
Todos os anos o padre Antonio Joaquim ia a Natal tomar
parte dos trabalhos da Assembléia Legislativa da Província, co-
mo membro que foi dessa corporação muitos anos, e, no seu
regresso a Mossoró, os seus correligionários, todas as classes em
fim, faziam-lhe estrondosas recepções, acompanhadas de festas,
etc. Homem popular e humanitário, despido de orgulho, vivendo
longos anos, quase toda a sua vida, como Vigário da Freguesia e
ao mesmo tempo como chefe político de Mossoró, o Padre An-
tonio Joaquim adquiriu grandes afeições e amizades indestrutí-
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veis. Poucas eram as pessoas que, na Freguesia, dele não fosse
amigo, compadre ou afilhado.
Herdando de seus pais, que foram abastados e tudo mais
quanto ganhou como Pároco da Freguesia, dispendeu, não só
com a sua subsistência, como também em favor de seus paro-
quianos, pois, na ausência de facultativo na localidade, constitu-
iu-se médico, receitando e dando remédios grátis a quantos o
procuravam, revelando assim os seus sentimentos humanitários.
Nas comissões de socorros públicos que houveram em
Mossoró, nas secas de 1877 a 1879, o Padre Antonio Joaquim,
fazendo a princípio parte delas por nomeação do governo, viu-se
pouco tempo depois obrigado a exonerar-se dessa missão por
não querer pactuar com os desmandos que então se deram.
Apoiou, embora já velho, o movimento abolicionista que
se levantou em Mossoró, em 1883, aplaudindo a libertação total
dos escravos do Município e tomando parte ativa nas festas que
então se fizeram.
Esse sentimento pela causa da liberdade dos cativos, o Pa-
dre Antonio Joaquim já havia antes manifestado, auxiliando um
seu amigo a arrancar do cativeiro uma mulher de nome Cordula,
com seus 12 filhos, do senhorio do Comandante José Vicente
Ferreira de Freitas, de Areias. Também em Mossoró auxiliou o
artista Quintiliano Fraga, a pugnar pela liberdade da escrava
Luiza e suas filhas, arrancando-as do cativeiro, muitos anos an-
tes de aparecer o movimento abolicionista do Município, assim
como ajudou a restituir a Liberdade a Pedro Rosa, como se disse
dito em outra parte destes apontamentos.
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Caindo em 1878 o Partido Conservador do Império, o Padre
Antonio Joaquim, sentindo-se velho e doente, fez do paupito uma
fala aos seus paroquianos, declarando abandonar a política, e indi-
cou aos seus correligionários o nome do honrado e distinto comer-
ciante de Mossoró, Cel. Francisco Gurgel de Oliveira, seu correli-
gionário e amigo, para o substituir na chefia daquele partido, cuja
indicação foi aceita por todos os adeptos desse mesmo partido.
A política sendo, porém, um vício quase incorrigível, su-
cedeu que em 1881, o Padre Antonio Joaquim voltou de novo a
liça, para apoiar a eleição, para o lugar de um Deputado Geral,
do Dr. Tarquinino Bráulio de Souza Amarantho, que, no segun-
do distrito da Província, se apresentou em oposição ao seu corre-
ligionário Padre João Manoel de Carvalho, cuja indicação era
apoiada em Mossoró pela maioria do Partido Conservador, che-
fiado pelo Coronel Gurgel. Deu-se assim uma cisão no seio des-
se mesmo partido a qual durou pouco tempo, de maneira que em
1884 as facções Gurgelista e Vigarista unidas, sufragaram o
nome do Padre João Manoel, na eleição que nesse ano se fez,
para um Deputado pelo 2º distrito da Província.
O Padre Antonio Joaquim, ao tomar conta de sua freguesia
em 1844, encontrou a Capela de Santa Luzia, então elevada a
Categoria de Matriz, já um pouco deteriorada.
Verifica-se pelo livro de tombo da igreja aludida, que esta,
durante o período de 72 anos, a contar de 1772, data de sua
construção, a 1844, data da posse do vigário Rodrigues, sofreu
alguns reparos até mesmo em seu teto, somente na administração
de Domingos da Costa Oliveira, nos anos de 1829 e 1830.
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Em 1844, o Patrimônio da Capela consistia: – Em uma légua
de terra em quadro, no sitio denominado – “Canto do Junco” –
doada em 1770 por Domingos Fernandes e sua mulher Jeronima da
Silva; um pedaço de terra no sitio – “Santa Luzia”, – a começar do
“Córrego da Calheira” (hoje Rua dos Cavalcante) até arrendar as
terras do defunto José da Costa de Oliveira Barca, que em Mossoró
usou do nome de Manoel Ferreira, doadas a mesma santa por D.
Rosa Fernandes, viúva do Sargento-mór Antonio de Souza Macha-
do; uma porção de terras no lugar “Macacos” deixada em testa-
mento a mesma Santa por José da Costa de Oliveira Barca, vulgo
Manoel Ferreira, falecido em Pernambuco; uma sorte de terras no
“Riacho Grande do Juazeiro”, que deu a pagamento a Santa Luzia
– Francisco da Costa Correia.
Era este o patrimônio de Santa Luzia, em 1844 e também
algum gado vacum, e uma casa de feira, construída pelo Padre
Silveira, Capelão que havia sido nessa povoação.
Essas terras, porém, pouco ou nenhum rendimento davam
a Padroeira. As do “Canto Junco” e as do “Riacho Grande do
Juazeiro” ainda hoje continuam desaproveitados e as 2 partes
anexas à Povoação, ambas contendo um quarto de légua, pouco
rendimento davam, pois em 1844, segundo encontramos no livro
de tomada de contas e de lançamento de receita e despesa da
Capela, o Padre Francisco Longino, nesse ano pagou a padroeira
a importância de Rs. 20$000 correspondente ao arrendamento de
dez anos proveniente de uma vazante, que ocupava uma área,
acima do Córrego do Barbosa, em terras de Santa Luzia. Por
deficiência de meios, pois somente, 14 anos depois de sua posse
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de Vigário da Freguesia, pode o Padre Antonio Joaquim demolir
a primitiva Capela de Santa Luzia, edificando no mesmo lugar a
Igreja Matriz, conforme veremos adiante.
Até 1854 só existia em Mossoró uma irmandade religiosa
– a de Nossa Senhora do Rosário – dos homens pretos, criada
segundo presumimos em 1786. Em 1855, porém, o Padre Anto-
nio Joaquim criou a irmandade da Senhora Santa Luzia, Padro-
eira da Freguesia, conforme se vê do documento que se segue,
copia de um livro da igreja de Mossoró: -“Ata da primeira reu-
nião e instituição da irmandade da Senhora Santa Luzia, Orago
desta Freguesia da Vila de Mossoró, como a baixo se declara: -
Aos dois dias do mês de Fevereiro do ano de mil oitocentos e
cinqüenta e cinco, no corpo da Igreja Matriz desta Freguesia de
Mossoró, pelas nove horas e meia da manhã do sobredito dia,
antes da missa Conventual, se achava reunido grande concurso
de povo, conforme o convite feito pelo Reverendo Vigário da
Freguesia Antonio Joaquim Rodrigues á estação de varias mis-
sas conventuais afim de organizar-se uma irmandade da Senhora
Santa Luzia, Orago desta Freguesia de Mossoró, e achando o
mesmo vigário boa vontade em seus fregueses para o fim con-
vocado, mandou colocar no corpo da Igreja Matriz, mesa e as-
sentos e tomou assento com grande parte de seus fregueses, e
em seguida se procedeu ao alisamento em caderno, o qual deve
ser transferido para um livro, logo que haja e foram escritos ou
alistados no caderno mais de duzentos nomes de indivíduos de
um e outro sexo; concluindo o alistamento tratou-se do encargo
de organizar os artigos de compromisso, e foram todos concor-
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des que, querendo o respectivo Vigário encarregar-se desse tra-
balho, ficarão satisfeitos pelos que foi o trabalho aceito. De tudo
para constar se lavrou esta ata, na qual assina o respectivo Vigá-
rio com os membros alistados que o quiserem – Antonio Joa-
quim Rodrigues – Pároco Colado de Mossoró, Alexandre de
Souza Rocha, João Batista de Souza. A rogo de José Joaquim
Bezerra – o Vigário Antonio Joaquim Rodrigues, Miguel Arcanjo
Guilherme de Melo, Simão Balbino Guilherme de Melo, João Fer-
nandes de Oliveira, Antonio Afonso da Silva, Thomé Leite de Oli-
veira Melo, Manoel Duarte Ferreira, Antonio Chaves de Oliveira,
João Antonio da Mota, Raimundo de Souza Machado, Silvério
Ciriaco de Souza, João Alves Bezerra, Manoel Soares do Couto,
João Lopes de Oliveira Melo, Reinaldo Francisco dos Santos Cos-
ta, João Francisco dos Santos Costa, Alexandre Leite de Oliveira,
Luiz Calheiro Teófilo, Antonio Leocadio de Souza”.
Em 1858, o Padre Antonio Joaquim, de acordo com a mesa
da irmandade de Santa Luzia, demoliu a primitiva Capela de
Santa Luzia, e fez os alicerces da igreja Matriz de Mossoró, no
mesmo lugar do da referida Capela, aproveitando o alicerce des-
ta e algumas paredes, as quais eram de pedra e cal.
A reconstrução da Matriz foi muito morosa, devido a falta
de meios pecuniários com que lutou o Padre Antonio Joaquim,
que levou 10 anos – de 1858 a 1868 – para fazer o corpo da I-
greja um pouco maior do que a primitiva, os corredores e a co-
berta, conservando-se a mesma em preto, extremamente, e sem
as torres ainda por muitos anos.
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Para colocar a obra da Matriz no ponto acima dito, o Padre
Antonio Joaquim empregou tudo ao seu alcance, vendendo de
acordo com a mesa da irmandade de Santa Luzia, as terras do
Patrimônio da Padroeira, as quais começavam do forno de cal
que ficava um poço acima da barragem que chama – da cidade –
por traz do atual escritório de M. F. do Monte & C; até o lugar
denominado Macacos, assim como uma casa de feita então exis-
tente e pertencente á mesma Padroeira, que produziram a impor-
tância de Rs.1.587$210, que foi despendida no serviço da Ma-
triz, além de muitos outros donativos e produtos de vendas de
gado, etc; que ali foram gastos.
Para edificar-se um Templo, nessa época, só mesmo muita
força de vontade, como demonstrou tê-la o Padre Antonio Joaquim
com seus auxiliares na reedificação da Igreja Matriz, que ainda
sobre a direção do mesmo Padre, e pela verba socorros públicos,
foi aumentada nos anos de 1878 e 1879, fazendo-se, nessa época,
uma das torres (não toda); e em 1880 o altar mor, com donativos
particulares que conseguiu o referido Padre Rodrigues.
Entendemos deixar aqui consignado o seguinte fato: - Ál-
varo Marreiro, conhecido em Mossoró, onde era residente, por
Cocão, faleceu no ano de 1867, sem confissão, que recusou-se
fazer, para não perdoar uma pessoa que se dizia sua inimiga ir-
reconciliável, devido o que, o Padre Antonio Joaquim não con-
sentiu que o seu cadáver fosse sepultado dentro da igreja, onde
eram sepultados quantos ali faleciam. Diante disso, foi o cadáver
de Álvaro sepultado por detrás da mesma igreja, onde era o chão
coberto de matos.
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Com o aumento, porém, da dita Igreja, no ano de 1878, su-
cedeu ficar a sepultura de Álvaro Marreiro debaixo do altar mor
da mesma igreja.
Bem diz o adágio – Não há coisa tão certa como um dia
após o outro.
O Padre Antonio Joaquim conseguiu virem a Mossoró di-
versos Missionários Capuchinhos. Em 1846 pregou ali Frei Jo-
ão; em 1859, Frei Serafim; em 1863, Frei Agostinho; em 1873,
Frei Fidelix e em 1885 Frei Venâncio. Esta nota refere-se so-
mente ao seu tempo. Depois raros missionários ali estiveram
espaçadamente.
Em 1873, nas missões de Frei Fidelis, foi edificado um
cemitério no mesmo lugar do atual, onde já existia um de madei-
ra, feito em 1869, e construída a Capelinha do mesmo cemitério
dedicada a São Sebastião.
Nesse ano, o Tenente Coronel Miguel Arcanjo Guilherme
de Melo, a pedido do Padre Antonio Joaquim, por uma escritura
lavrada nas notas do Tabelião Bezerra, de Mossoró, doou a S.
Sebastião do o terreno ocupado pelo referido cemitério. Antes
disso, em 1866, Jerônimo de Souza Rocha e sua mulher D. Qui-
téria de Góes Nogueira, haviam doado á Santa Luzia 43 braças
de terra dentro do perímetro da Vila, compreendendo o lugar
onde se acha edificada a Igreja Matriz, reservando os doadores
dessas 43 braças de terras, 2 terrenos para duas moradas de ca-
sas, sendo uma para seu filho Francisco de Assis Nogueira e
outra para o seu neto Tristão Celebrino de Souza.
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Quer na construção do cemitério em 1873, que no aumento
deste, pela verba – Socorros Públicos – em 1877 e 1879, muito
trabalhou e esforçou-se o Padre Antonio Joaquim Rodrigues.
O Vigário Antonio Joaquim Rodrigues desobrigava, casa-
va e batizava até o Morro do Tibau, limites deste Estado com o
Estado do Ceará, e, por conseguinte, desta com a Freguesia do
Aracati.
O oficio abaixo copiado, dirigido pelo Padre Antonio Joa-
quim ao novo pároco da nova Freguesia de Areias, em 1875,
sobre os limites das duas Freguesias, prova a atitude então as-
sumida pelo Padre Rodrigues sobre a defesa do território de sua
Freguesia e de seus fregueses que nele contavam um defensor de
seus direitos:
“Ilmo E Revmo. Sr – Na posse do oficio de V. Revma. de
data de 22 deste mês, comunicando-me que se acha na regência
da nova Freguesia das Areias, do Bispado do Ceará, desmem-
brada da do Aracati, que limita com esta de Mossoró no lugar –
Pau inficado – ponto que divide esta província com a do Ceará;
comunica-me igualmente V. Revma, como pároco dessa Fregue-
sia e por V. Revma; inaugurada em 17 deste mesmo mês dita
ocorrência e cientifica-me que, como quase sempre entre as fre-
guesias limítrofes se dão conflitos de Jurisdição, concede-me a
necessária Jurisdição sobre seus paroquianos, mesmo nas causas
matrimoniais, uma vez que se mostrem habilitados segundo os
cânones e mais disposições desse Bispado; e que igual conces-
são espera de mim. Inteirado venho responder”.
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Agradeço a V. Revma a comunicação de sua posse, que se
digna prodigalizar a mim, e não menos agradeço a V. Revma, a
autorização, que me concede relativamente a sues paroquianos.
Desejo viver harmonizado com todos, mas, permita-me V.
Revma, que lhe declare, não preciso que me conceda àquela de
que por direito gozo. Há trinta e um anos sou Pároco desta fre-
guesia e seus limites foram sempre respeitados pelos Párocos da
Freguesia do Aracati, da qual foi a de que V. Revma, há digno
Pároco, desmembrada, reconhecendo o morro do Tibau como
divisão, que juntamente há legítima e natural, por ser o remate
da serra de Mossoró – Apodi, cuja sumidade, em toda sua exten-
são, serve, como sempre serviu, foi e é respeitada como divisão,
assim das freguesias do Mossoró e Apodi como das províncias –
Ceará e Rio Grande do Norte – divisão, sim repito, entre as fre-
guesias de Mossoró e Apodi, nesta província e a do Aracati, na
do Ceará. Vê, pois V. Revma, que, nestas condições, eu não
posso reconhecer, no território aludido, isto é, do Pau Inficado
ao morro do Tibau, outra jurisdição paroquial, a não ser a mi-
nha, se bem que pouco digna, mas legitima, tanto mais por ser
esta freguesia desmembrada, há 33 anos, da do Apodi, que é
freguesia, há mais de cem anos, cujos párocos, desobrigarão até
o Tibau. É verdade que no civil, há bastante anos, as autoridades
do Aracati, por fas e por nefas, tem feito vigorar, mais ou me-
nos, seu poder no território dito, o que teve princípio desde que
Feliz Antonio, potentado, morador na Barra de Mossoró, se ri-
xou com o antigo comandante desta cidade, então simples povo-
ação, dirigiu-se para o Aracati e ali conseguiu virem oficiais de
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justiça, e no lugar Góis desta freguesia inficarão um pau, como
divisão das Províncias, o qual foi derrubado por oficiais deste
território, mas refincado pelo mesmo Felis Antonio, que, em
virtude desta dita divisão, foi nomeado comandante da Barra de
Mossoró. Esta é a decantada divisão das províncias, Ceará e Rio
Grande do Norte; no eclesiástico, porém contendas e conflitos
nunca se deram entre os antigos e modernos párocos do Aracati,
Apodi e Mossoró. Julgando suficiente o expendido, venho de-
clarar a V. Revma que se a questão que se pretende suscitar,
fosse somente nossa, e sua solução dependesse de nossa vonta-
de, por certo chegaríamos a um pleno acordo; mas deve saber V.
Revma, que não é assim, e que pelo contrário, dita solução deve
ser fundamentada em direito, e quando mesmo atualmente outro
não me assistisse, a posse não interrompida de mais de trinta
anos, que conto no exercício de pároco nesta freguesia, e a posse
também não interrompida dos párocos das freguesias de que esta
é filha e neta, por mais de um século, como sou informado por
pessoas dignas de fé, e, portanto até onde pode chegar meu co-
nhecimento, e, sobretudo a duvida entre limites das duas fregue-
sias, digo das duas províncias, que justamente são os mesmos
limites de nossas freguesias, considero prova robusta para fazer
calar no animo recto de V. Revma sua presença, até que o poder
geral, como competente, profira sua decisão final, entretanto o
dever sagrado e leis de nosso país me impõem a defesa do terri-
tório, que foi traçado para nele ter exercício, como seu pároco,
já não posso, a meu arbítrio, ceder nem a mais diminuta parte,
pela regra de que ninguém pode dar o que não tem. Nós párocos,
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como bem sabe V. Revm; somos apenas zeladores destes territó-
rios, já não podemos e nem devemos esbulharmos do território,
que é nosso por largo tempo no gozo da inteira paz. Estas consi-
derações me fazem crer que V. Revma em consciência perdoe
minha fraqueza, não pode administrar sacramento algum do Ti-
bau para cá sem minha licença, que a V. Revma a darei com
prazer. No desempenho de meus deveres paróquias tenho res-
pondido como me cumpre; desculpe-me V. Revma se por ventu-
ra encontrar alguma palavra que o ofenda, pois não é esta minha
intenção. Peço a V. Revma finalmente que tenha bondade de
fazer chegar minha resposta do alto e ilustrado conhecimento do
Exmo e Revmo. Sr. Dr. Luiz, muito Digno Bispo dessa Diocese,
para que conheça o que há relativamente aos limites das duas
Províncias e Freguesias. Deus Guarde a V. Revma felizmente.
Cidade de Mossoró 29 de Outubro de 1875. Ilmo e Revmo. Sr.
Florêncio d’Almeida Pinto, Digno Pároco da Freguesia das A-
reias, Antonio Joaquim Rodrigues, pároco colado do Mossoró.
Surgindo em todo país a questão religiosa entre a Igreja e a
Maçonaria, rebelaram-se diversos Bispos contra as leis do Impé-
rio, devido ao que foram alguns deles presos pelo Governo Im-
perial. Por esse tempo foi criado em Mossoró, em 1873, uma
Sociedade Maçônica denominada “24 de Junho” a qual foi insta-
lada no sobrado, onde, remodelado, funciona atualmente o escri-
tório comercial dos Srs. M. F do Monte & C. Ora, a Maçonaria
então como ainda hoje, é considerada pelos católicos como ini-
miga da igreja, pelo que provocou a criação da loja Maçônica
“24 de Junho” uma forte repulsa por parte de católicos e do Pá-
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roco que manifestou-se inimigo dessa instituição desde a insta-
lação da Loja, até deixar de curar a Freguesia, pois era fiel cum-
pridor das ordens de seu Prelado Diocesano.
O fanatismo do povo ignorante chegou ao cumulo, acredi-
tando que dentro do prédio onde funcionava a Loja Maçônica,
existia um bode preto que só saia à noite, pelo que um habitante
do lugar, marchante de gado que morava perto do edifício da
Loja, teve a pachorra de passar a noite inteira rondando-o, de
clavinote em punho, esperando que o imaginário bode saísse
para matá-lo.
Os Bispos de diversas Dioceses do Brasil dirigiram aos Pa-
róquias cartas pastorais proibindo-lhes, entre outras coisas, casa-
rem maçons e consentir que fossem padrinhos de crianças; o que
foi sempre observado pelo Vigário Antonio Joaquim.
Pondo em execução essas ordens do Bispo de sua Diocese,
o Padre Antonio Joaquim provocou os ânimos dos maçons da
“24 de Junho”, que em Mossoró abriram luta atacando-o pela
imprensa representada pelo “O Mossoroense” daquela época, já
em artigos, já em discursos publicados.
Devido a essa proibição em 1882, o maçom José Paulino
Campos de Oliveira, por ocasião de achar se o Padre Antonio
Joaquim celebrando a missa conventual, declarou em voz alta e
inteligível perante todos que se achavam presentes, que recebia
em casamento por sua legitima mulher D. Philomena Nepomu-
cena, fazendo esta também igual declaração que recebia aquele
por seu legitimo marido. Consultado o Bispo da Diocese sobre o
assunto, este os considerou legitimamente casados.
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Também nesse mesmo ano casou-se em Mossoró, acatoli-
camente, segundo as leis do Império, o maçom Frederico Anto-
nio de Carvalho com D. Maria Leopoldina de Carvalho.
Continuando a recusa-se o Padre Antonio Joaquim a casar
com os maçons em Mossoró, sem que primeiro estes se confes-
sassem, abjurando suas crenças, condições estas a que não podi-
am e nem deviam se submeter os Pedreiros livres, em 1883 ca-
saram se perante o Ministério da Religião Evangélica Dr. De
Lacy Waedlaw – os maçons Conrado Mayer com D. Maria Go-
mes da Silva e Ricardo Vieira do Couto com D. Thereza Davina
de Jesus.
O Padre Antonio Joaquim foi um inimigo irreconciliável
de Maçonaria, falando sempre do púlpito contra ela.
Em 1884, andando Padre Antonio Joaquim em desobriga
pelos sítios e fazendas de suas freguesia, já de volta para a cida-
de, adiantou-se um pouco de seu sacristão Antonio Chaves e
sendo quase noite, erra o caminho e entra em uma vereda no
lugar “Passagem da Oiticica” margem direita do rio Mossoró e
penetrando na mata que medeia entre os rios Mossoró e Upane-
ma, perdeu-se, passando uma noite e o dia seguinte até a tarde
quando foi encontrado, já em estado de grande abatimento, com
suas vestes rasgadas e ferido pelos espinhos.
O povo quer da cidade, quer dos subúrbios, onde chegara a
triste noticia, lançou-se na mata a procura do velho Cura, que
havendo abandonado o cavalo em que montava e perdido suas
vestes, foi encontrado todo cravado de espinhos, em estado de
grande prostração pela fome e pela sede que sofrerá.
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Nesse mesmo dia entrou na cidade o Padre Antonio Joa-
quim acompanhado por grande número de pessoas que, no geral
contentamento pelo seu aparecimento ainda com vida, demons-
travam mais uma vez a afeição sincera em que era tido o padre.
O vigário Antonio Joaquim, já devido à sua avançada ida-
de, devido a uma cegueira que lhe sobreveio e, por último, uma
paralisia, nos últimos anos de sua existência, não podendo mais
curar sua freguesia, foram funções exercidas pelo seu coadjutor
Padre João Urbano de Oliveira, que desde 1855, ocupava esse
cargo, com interrupção apenas de 4 anos em que foi coadjutor
da Companhia de Aprendizes de Marinheiros de Natal.
Tendo sido o Padre Antonio Joaquim, Vigário de Mossoró
durante 51 anos, em todo esse longo percurso provou, pelos seus
atos, ser uma probidade inatacável e muito desinteressado, pelo
que nos últimos anos de sua existência viveu de uma pequena
côngrua a que tinha direito e a expensas de parentes e amigos
que o não deixaram passar privações, falecendo o velho e esti-
mado cura pobremente, no dia 9 de setembro de 1894, sendo sua
morte geralmente sentida.
O seu enterro foi um dos mais concorridos que já houve
em Mossoró, sendo o seu cadáver, a pedido dele, sepultado den-
tro da Igreja Matriz da Cidade, logo ao entrar à porta principal
do Templo.
São estes os ligeiros traços da vida do Padre Antonio Joa-
quim Rodrigues, honrado e distinto sacerdote que, como Vigário
da Freguesia e chefe político de real prestígio, viveu por meio
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século de 1844 a 1894 em Mossoró, onde aqueles que o conhe-
ceram e com ele privaram, reverenciam ainda hoje a sua memó-
ria, que será imorredoura.
Estas notas, sem visos ou pretensões de obra de fôlego, fo-
ram traçadas com o único fim de auxiliar aos que, de futuro,
queiram escrever a história de Mossoró e de seu querido pároco.
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APONTAMENTO HISTÓRICO DA FREGUESIA
DE MOSSORÓ FUNDADA PELO SARGENTO-MÓR
ANTONIO DE SOUZA MACHADO
Natural do Arcebispado de Braga, do Reino de Portugal,
foram seus pais: João Vieira de Souza Menezes e Da. Violante
Maria Machado, naturais daquele Arcebispado. Ainda moço,
veio para o Brasil, fixando residência na Ribeira do Jaguaribe,
da Capitania do Ceará.
Na Freguesia de Russas, casou-se com Da. Rosa Fernan-
des, natural dessa Freguesia, filha legítima do português Do-
mingos Fernandes, natural de Braga e de Da. Jeronima da Silva,
natural do Rio Grande do Norte, Residindo Antonio de Souza
Machado, no Vale de Mata Fresca, foi nomeado Sargento-mór,
Comandante dessas paragens pelo Governo da Capitania do Ce-
ará Grande.
Homem operoso e muito empreendedor estendeu-se pela
Ribeira do Apodi, da Capitania do Rio Grande do Norte e situou
fazendas de gado em “Grosso”, “Santa Luzia”, “Panela do Ama-
ro”, etc. Em 1760 fixou residência em Grossos, edificando uma
casa de taipa coberta de telha, vindo esta da Bahia.
Segundo a tradição, invernava o Sargento-mór em “Santa
Luzia”, de cuja fazenda rebanhava os gados para Grossos, a fim
de fazer charqueada na Ilha das Oficinas, e exportar para as Ca-
pitanias de Pernambuco e Bahia.
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Abastado, chegado à religião, no ano de 1772 requereu li-
cença ao Visitador dos Sertões do Norte, Padre Inácio de Araújo
Gondim, para edificar uma Capela em sua Fazenda “Santa Luzi-
a” dedicada a Santa desse nome.
Feito o Patrimônio de uma légua de terra em quadro, no
Sítio “Canto do Junco”, por Domingos Fernandes e sua mulher
Da. Jeronyma da Silva, sogros do Sargento-mór Souza Machado, e
concedida à licença requerida, edificou este a dita Capela em sua
referida Fazenda Santa Luzia, nesse mesmo ano de 1772. Com a
edificação dessa Capela, a Fazenda de criar o Sargento-mór Souza
Machado trasformou-se depois, em um arraial, pois não só este,
como outros habitantes da Ribeira de Mossoró, bem como os ad-
ventícios que para ali afluíam, edificaram casas, umas cobertas de
telha, outras de palha de carnaúba. Em princípio do Século XIX,
Millet de Saint Adolphe que andou por essas paragens, no seu Di-
cionário Geographico do Brasil, publicado em 1845, classifica San-
ta Luzia de povoação e Ayres do Casal, na sua Cronografia Brasíli-
ca publicada em 1817, classifica-se de Arraial.
Foi o Sargento-mór Souza Machado, por muitos anos, até
a data de seu falecimento, procurador e fabriqueiro da capela por
ele edificado, prestando suas contas aos padres do Apodi.
Isto se prova com o primitivo Livro de Tombo existente na
Igreja de Mossoró. Juntamente com os seus filhos Domingos
Fernandes de Souza e Felix Antonio de Souza, requereu e obte-
ve o Sargento-mór Antonio de Souza Machado, no ano de 1788,
do Governo da Capitania do Rio Grande do Norte, uma sesmaria
de terras no Riacho do Juazeiro (hoje Riacho Grande), pegando
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dos cabeços da Serra de Mossoró até encontrar com terras de seu
sítio Santa Luzia, contendo a mesma sesmaria três léguas, etc.
Diante dos documentos publicados na questão de limites,
quer pelo lado do Ceará, que pelo lado do Rio Grande do Norte,
prova-se que o velho Sargento-mór em tempo algum disputou a
margem esquerda do Apodi para a Capitania do Ceará. Sendo
ele o morador (em Grossos) em 1772 e requerendo licença para
edificar a Capela em Santa Luzia, diz residir na Freguesia de
N.S. da Conceição e de S. João batista, das várzeas do Apodi.
Foi o Sargento-mór Antonio de Souza Machado, na mar-
gem esquerda do Apodi, grande proprietário de terras, de escra-
vos, de gados, etc., e para a época, um homem importante.
Pelos documentos encontrados nos arquivos públicos e
tradição correta, foi ainda ele não só o edificador da Capela pri-
mitiva de S. Luzia, como também o fundador da Povoação do
mesmo nome, hoje a importante Cidade de Mossoró. Faleceu em
idade avançada, em Sítio Grossos, no ano de 1797, ignorando
nós, onde fora sepultado o seu cadáver, se na Capela de Mata
Fresca, ou na S. Luzia, por ele edificado.
Em 1801, a viúva do Sargento-mór Antonio de Souza Ma-
chado, Da. Rosa Fernandes doou à S. Luzia um pedaço de terra
dentro do perímetro da Povoação, tendo por limites os seguintes
pontos: ao Nascente o Córrego da Calheira e ao poente as terras
do defunto José da Costa de Oliveira Barca, que em Mossoró
usava o nome de Manoel Ferreira. Assim declara a escritura de
doação registrada no citado Livro da Igreja de Mossoró.
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De seu consórcio teve o Sargento-mór Souza Machado os
seguintes filhos: Domingos Fernandes de Souza, Comandante Fe-
lix Antonio de Souza Machado, Luiz Fernandes de Souza, Manoel
de Souza Machado, José de Souza Machado, Da. Antonia de Souza
Machado, casada que foi com o Tenente Coronel Francisco Ferrei-
ra Souto, Da. Maria de Souza da Conceição, casada com o Sargen-
to-mór Manoel José Rodrigues Braga, e Da. Violante de Souza
Machado casada com Alexandre da Costa Pereira.
NOTA
O Córrego da Calheira nunca teve o nome de Baixa do Ca-
etaninho, como foi publicado em o “Comercio de Mossoró” a
que nos referimos. Ele passava no lugar onde hoje fica a rua que
chamam dos Cavalcante, desembocado alguns metros acima da
barragem da cidade, e já extinto em virtude das modificações do
burgo. O outro limite do lado de cima ou a poente, é o lugar
antigamente chamado Umariseiros dos Macacos, hoje Alto da
Conceição.
Essa referida terra foi vendida depois, passando a particulares.
A “Baixa do Caetaninho” fica abaixo, ao lado leste da Cadeia
Pública, quase no subúrbio, e conhecida por todos ainda hoje.
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APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE O PADRE
FRANCISCO LONGINO GUILHERME DE MELO
1802-1878
Natural de Mossoró foram seus pais o Capitão Simão Gui-
lherme de Melo e dona Inácia Maria da Paixão, moradores que
foram na sua Fazenda do “Camurupim”, da amiga Freguesia do
Apodi, atual da de Mossoró. Nasceu aos 15 de março de 1802 e
foi batizado aos 4 de abril do mesmo ano, na então Capela de
Santa Luzia, hoje matriz de Mossoró, pelo Revmo. José de Jesus
Barreto, de licença do respectivo Cura o Padre Manuel Correia
Calheiro Pessoa, sendo seus padrinhos Francisco Lourenço da
Costa, solteiro e dona Geralda Joaquina, mulher do seu tio pa-
terno Manuel Guilherme de Melo. Seus pais o mandaram ensi-
nar primeiras letras por um Frade leigo – hábito dos Santos Lu-
gares e seu esmoler para recepção dos Cristãos Cativos em ter-
ras de Mouros o qual naquele tempo ensinava particularmente
diversos lugares desta antiga Ribeira e Freguesia do Apodi se
conserva a tradição, tal era a falta de pessoas aptas para o ensino
primário por estas paragens.
No ano de 1819 chegou ordenado na então Povoação do
Apodi o Padre José Ferreira da Mota, que foi logo nomeado
Coadjutor da Freguesia e abriram um Colégio de latim no qual
foi estudar o moço Francisco Longino Guilherme de Melo, que
teve como contemporâneos os estudantes Cristovam de Holanda
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Cavalcanti, Felipe José Pessoa, João Batista de Almeida, João
Crisostomo de Oliveira Pinto Brasil e Silvério Bezerra de Mene-
zes, que se ordenavam, e outros muitos que não quiseram seguir
a carreira sacerdotal.
Em 1820, o Coadjutor Mota andando na desobriga da Fre-
guesia, veio ter à Capela de Santa Luzia de Mossoró, e tendo
devido faculdade concedida pelo Ordinário procedeu a uma so-
lene justificação eclesiástica, depois de bem provado, abriu o
respectivo assento do batisamento do estudante Francisco Lon-
gino Guilherme de Melo, que não havia até então nos livros do
arquivo da Matriz do Apodi, sede da Freguesia, para em tempo
lhe servir de documento primordial ao moribus na sua ordenação
o qual é do teor seguinte: “FRANCISCO, filho legitimo de Si-
mão Guilherme de Melo e de Inácia Maria da Paixão, nasceu
aos quinze de março de mil oitocentos e dois, foi batizado na
Capela de Santa Luzia pelo Revmo. Padre José de Jesus Barreto,
de licença do Revedo. Vigário Manuel Correia Calheiro Pessoa,
aos quatro de abril do dito ano, com os santos óleos, foram pa-
drinhos: Francisco Lourenço da Costa, solteiro, e Geralda Joa-
quina, mulher de Manuel Guilherme de Melo, do que para cons-
tar fiz este assento em que assinei – José Ferreira da Mota – Co-
adjutor do Apodi”. (Apontamentos feitos de acordo com as no-
tas do Ilustre Senhor Coriolano, do Apodi).
Estudando alguns de seus preparatórios no Colégio do Pa-
dre José da Mota, no Apodi, Francisco Longino foi mandado por
seus pais para a cidade de Olinda em cujo Seminário concluiu
seus estudos, ordenou-se, recebendo ordens sacras no mês de
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novembro de 1826. Voltando para Mossoró, terra de seu nasci-
mento e da residência de seus pais, nos disse um velho do lugar
Zacarias Leite de Oliveira, homem este dotado de uma memória
feliz que “seus pais lhe diziam que ele Leite tinha sido batizado
no dia 2 de fevereiro de 1827, dia este e ano em que havia can-
tado sua primeira missa em Mossoró, na Capela de Santa Luzia,
o Padre Francisco Longino Guilherme de Melo”. – O Ilustre
Senhor Manuel Antonio de Oliveira Coriolano, um velho advo-
gado do Apodi, grande investigador das coisas do passado e
amante da história, nos disse, em umas notas históricas que o
primeiro batizamento feito pelo Padre Longino, foi na Matriz do
Apodi, sede da freguesia de sua naturalidade, no inocente José,
filho legitimo de João Pereira da Silva e Antonia Maria da Con-
ceição aos 6 de janeiro de 1827, sendo padrinhos Miguel José do
Rosário, solteiro e Francisca Maria das Cadeias, casada; que o
primeiro casamento que celebrou foi na fazenda do Camorupim,
o de João Manuel da Costa, filho legítimo de Carlos de Freitas
Costa e Anna Rita de Melo, com Luzia Ciriaca de Melo, filha
legitima do Capitão Simão Guilherme de Melo e Inácia Maria
da paixão, no dia 8 do mesmo mês e ano, sendo testemunhas
Alexandre José da Rocha e Carlos de Freitas, casado; e a 1ª en-
comendação foi no cadáver do párvolo Justino, exposto em casa
de Manuel Antonio da Costa, que foi sepultado na Matriz do
Apodi aos 10 do referido mês de janeiro do dito ano de 1827.
Padre Longino foi Capelão da então Filial Capela de Santa
Luzia, de 1827 a 1840 mais ou menos. Tendo sido suspenso de
ordem em 1833, em 1839 foi ab-rogada e essa suspensão; conti-
165
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nuando, porém, ele a residir em Santa Luzia até 1844, ano este
em que chegou na mesma povoação o Padre Antonio Rodrigues,
nomeado vigário Colado de Mossoró, cuja Freguesia havia sido
criada pro Lei Provincial nº 87, de 27 de outubro de 1842.
Padre Longino nesse período de 17 anos depois de ordena-
do que residiu em Mossoró e exerceu funções sacerdotais, sendo
por temperamento dotado de um gênio Violento, belicoso e vin-
gativo praticou dentro da então povoação de Santa Luzia atos
incompatíveis com o seu estado sacerdotal, criando inimigos
irreconciliáveis, entrando em lutas armadas com estes, notada-
mente com os Ferreiras Butragos das quais resultaram mortes e
ferimentos.
Segundo presumimos, Padre Longino, de 1839 em diante
(depois de ab-rogada a sua suspensão) não fora mais Capelão
em Santa Luzia e não obstante ter continuado a residir nessa
Povoação até o ano de 1844, conforme já dissemos.
Assim pensamos não só por ter ele nesse período de 1839
a 1844 sustentado uma luta armada contra os seus inimigos – os
Ferreira Butragos – como também pelo fato de ter sido capelão
em Santa Luzia de 1841 a 1844 o Padre José Antonio Lopes da
Silveira, natural da Paraíba do Norte, o qual em Mossoró foi
muito estimado do povo chegando a idolatria deste pelo Padre
Silveira, a ponto de tentar opôr-se à posse do padre Antonio
Joaquim Rodrigues, no referido ano de 1844. Padre Longino
intrigou-se com o Padre Silveira; este escreveu em versos toda a
vida e feitos praticados por aquele em Mossoró, cuja poesia inti-
tulava-a “Poeta Improvisado”, a qual constava segundo a tradi-
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ção, de quatrocentos e tantos versos. Estes se perderam com o
decorrer dos anos; porém, um velho do lugar, Joaquim Batista
de Sousa, recitou e nós copiamos cento e tantos desses versos,
os quais mencionamos em outra parte destes apontamentos.
Padre Francisco Longino desviou-se não só como ministro
da religião católica, na qual nasceu, criou-se e ordenou-se, como
também da regra e norma de proceder de seus pais e de toda sua
grande parentela, a qual sempre deu provas de uma índole boa e
pacifica, tornando-se o Padre Longino dentre todos eles uma
exceção. Foi ele o primeiro filho de Mossoró que se ordenara e
portanto, teria sido muito útil à sua terra e aos seus patrícios, se
tivesse distribuído a estes, não só os princípios da sua religião
do Calvário, como também os da instrução quer primaria, quer
secundaria, tão necessária nessa época de obscurantismo em
uma pobre e nascente localidade que há uns cinqüenta anos não
passava de uma fazenda de criar. Não pondo, porém em prática,
Padre Longino, esses salutares princípios, entrou alguns anos
depois de sua ordenação em lutas armadas e sangrentas na terra
de seus ascendentes, trocando o livro pelo punhal; o missal pelo
clavinote, envergonhando com esse procedimento seus honrados
pais, seus parentes, todos seus patrícios, enfim.
A família Guilherme de Mossoró, conhecida como ordeira,
composta geralmente de homens pacíficos, tolerantes de índole
boa, entre os quais citamos os nomes dos pacíficos cidadãos
Capitão Simão Guilherme de Melo, Manuel Guilherme de Melo,
Tenente Coronel João Joaquim Guilherme de Melo, José Maria
Guilherme de Melo, Capitão Simão Balbino Guilherme de Me-
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lo, Tenente Coronel Manuel Soriano Guilherme de Melo, Te-
nente Coronel Miguel Arcanjo Guilherme de Melo, Capitão Jo-
ão dos Reis Guilherme de Melo, Manuel Januário Guilherme de
Melo, Geraldo Joaquim Guilherme de Melo e tantos outros des-
cendentes dessa numerosa família que sempre primou pela man-
sidão e bondade de coração e de respeito, custa a crer que sur-
gisse um de seus membros ordenado, revestido de hábitos sacer-
dotais, de gênio e procedimento inteiramente contrários ao de
toda ela, cujos fatos pelo mesmo praticados viessem um dia en-
tristecer a história, enfim. Foram fatos extraordinários os prati-
cados pelo Padre Francisco Longino em Mossoró e só deles nos
ocupamos por nos ter dado ao trabalho de escrevermos estes
apontamentos com minuciosidade e escrúpulo, os quais um dia
poderão servir como subsidio para a história de Mossoró. Antes
de ordenar-se Longino já revelava o que havia de ser no futuro,
pois assim se expressou Padre Silveira em sua poesia “Poeta
Improvisado”.
Ainda sendo bem moço
Estando duma faca armado
Quis feris seu próprio pai
O Poeta Improvisado.
A tradição afirma haver padre Longino deflorado uma sua
sobrinha e Padre Silveira confirma isto nos seguintes versos:
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Em casa de João Gualberto
Que deste bruto é cunhado
Deflorou sua sobrinha
O Poeta Improvisado
Estando nesta ação torpe
Quando mui bem descansado
Gualberto fechou com a filha
O Poeta Improvisado
Leva a chave entrega ao sogro
Venha lhe diz apressado
Nunca o velho pensou ver
O Poeta Improvisado
Mete a chave abriu a porta
Do quarto que está fechado
Dentro conhece e divisa
O Poeta Improvisado
Minha neta exclama o velho
Tua sobrinha malvado
Castigarei como devo
O Poeta Improvisado
Lança mão de um bacamarte
Quase que o tem desfechado
Gualberto grita não mate
O Poeta Improvisado
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Não me peça meu compadre
Quero que fique ensinado
Esse bruto incestuoso
O Poeta Improvisado
Torna atrás diz Gualberto
Eu vou morrer encerrado
Onde não ouça falar
No Poeta Improvisado
A tradição afirma que Padre Longino seduziu moças no
confessionário e Padre Silveira sobre isto assim se expressou em
seus versos:
A uma menina donzela
No confessionário sentado
Solicitou e seduziu-a
O Poeta Improvisado
Lá mesmo em Manuel Gonçalves
Por um bando bem armado
Mandou roubá-la do pai
O Poeta Improvisado
Maria das Dores se chama
A moça que tenho apontado
Seu pai se mudou fugindo
Do Poeta Improvisado
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Custódio Ramos Junqueira
O pai acima falado
Não se vingou por ser Pobre
Do Poeta Improvisado
Por empenho e amizade
Depois de um lustre passado
Deixou ir a pobre moça
O Poeta Improvisado
Padre Longino tinha concubinas em sua própria casa. Se-
gundo a tradição um dia estando ele deitado na rede, em sua
casa, descansando e ao mesmo tempo chupando cana, sacudiu o
bagaço desta por brincadeira em uma sua concubina de nome
Francisca, casada com um de seus guarda-costas. Aborrecendo a
adultera de graça fez um gesto com os quartos do Padre Longino
em atitude desrespeitosa. Este com a faca com que descascava
as canas partiu a ela e deu-lhe uma facada em uma das nádegas.
Sobre este fato assim se expressa Padre Silveira, em seus versos:
Outro dia de Paixão
Pois dele não estou lembrado
Deu na Chica uma facada
O Poeta Improvisado
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Esteve a couraça a morte
Disse o como não zangado
Que eram graças pesadas
Do Poeta Improvisado
É casada essa cabrona
Com Henrique, este armado
Que serve de guarda-Costas
Do Poeta Improvisado
O Ilustre Senhor Coriolano, em suas notas históricas já ci-
tadas, escreveu o que se segue: Afirmam muitas pessoas daquela
época dentre as quais o hoje finado Tenente Targino Freire da
Silveira Nobre e o nonagenário Raimundo Gomes de Oliveira
que ainda vive, irmão do finado Padre Florêncio Gomes de Oli-
veira, testemunhas oculares e pessoas fidedignas que presencia-
ram em um domingo, dentro da Capela de Santa Luzia de Mos-
soró, estando esta repleta de fieis, na Sacristia da mesma, na
ocasião em que o dito Padre Longino estava se revestindo para
celebrar a missa conventual, travou uma picante altercação com
seu irmão e atual sacristão Manuel Soriano Guilherme de Melo,
o que foi repelido por seu irmão com a devida energia que lhe
era própria e ele ardendo em ira declarou alto e bom som que ia
celebrar aquela missa para o diabo ouvi-la... Dito isto todo o
povo que ali se achava evacuou a Igreja, fugindo horrorizado,
ficando somente ele e o sacristão. Este Manuel Soriano, tempo
depois, mudou-se para o Estado do Maranhão (Província) onde
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adquiriu fortuna, fez figura saliente e morreu sendo Coronel
Comandante Superior da Comarca de Caxias. Este fato é con-
firmado pelo Padre Silveira com os seguintes versos:
“No primeiro de janeiro,
Um dia tão festejado,
Disse missa para o diabo
O Poeta Improvisado
O povo que isto viu,
Desamparou espantado,
A Igreja deixando só,
O Poeta Improvisado”
Padre Longino, seus atos como Capelão de Santa Luzia
descreve-os nos versos que seguem, o mesmo Padre Silveira:
Tendo a mãe de João Bezerra
A vida atual deixado
Quando lhe passa na porta
O Poeta Improvisado
Venha encomendar minha mãe
Diz João Bezerra Lagrimado
Prontamente se prestou
O Poeta Improvisado
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Oito mil reis vou cobrar
Diz o bruto aladroado
Tanto pede a João Bezerra
O Poeta Improvisado
Dar-lhe-ei, Bezerra diz;
Seja o corpo encomendado
Rosnou, rosnou, remoeu
O Poeta Improvisado
Sem ritual, sem estola,
Que nada havia levado
Assim mesmo encomendou
O Poeta Improvisado
Não só oito como dez
Desta vez trouxe embolsado
Em uma cédula que pediu
O Poeta Improvisado
Vindo o corpo pra capela
Ser nesse dia enterrado
Pediu mais uns vinte e cinco
O Poeta Improvisado
Tinha a irmão de Quitéria
A morte as portas chegado
Foi falar Francisco Gomes
O Poeta Improvisado
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Venha lhe diz o Gomes
Venha acudir apressado
A moça está quase morta
Meu Poeta Improvisado
Simão dá quatro mil reis
Continuo esta deitado
Respondeu, assim não foi
O Poeta Improvisado
Estando Nogueira um dia
Na Igreja para ser casado
Pelo ato pediu um boi
O Poeta Improvisado
Pegaram logo em ajuste
Para não ficar barulhada
O ato sempre ajustou
O Poeta Improvisado
Um dos padrinhos que vinha
De bolso mais recheado
Deu só quatro patacões
Ao Poeta Improvisado
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Foi em nome de Josefa
Um dia o bruto chamado
Prostou-se como parante
O Poeta Improvisado
Estava a velha mui doente
Para morrer de puxado
Quer se confessa, mas não
Ao Poeta Improvisado
Volta o tigre para casa
Sendo da velha enjeitado
Maquina ogo vingança
O Poeta Improvisado
No ventre da velha seja
O açúcar refinado
Que logo lhe mandou dar
O Poeta Improvisado
Padre Longino, suas improbidades perversas, seu físico, hábi-
tos e costumes descritos pelo Padre Silveira, nos versos abaixo:
Em Mossoró foi nascido
Em Mossoró foi criado
Em Mossoró furta e mata
O Poeta Improvisado
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Morreu que Deus tenha em gloria
Seu tio João Joaquim chamado
Doze vacas lepidou-lhe
O Poeta Improvisado
A Mossoró José Rebouças
De seu patrão foi mandado
Ai o mandou espancar
O Poeta Improvisado
As pancadas foram dadas
Para o moço ser roubado
Mas ficou logrado o demo
O Poeta Improvisado
Antonio José de Holanda
Um dia colerizado
Quis se vingar ofendendo
O Poeta Improvisado
Por cento e tantos mil réis
Que lhe havia roubado
O tigre de Mossoró
O Poeta Improvisado
Não o fez porque pediu
Padre Miguel seu cunhado
Ladroeiro é pão nosso
Do Poeta Improvisado
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Onde está o patrimônio
Desse endemoninhado
Canta muda e diz tudo
O Poeta Improvisado
Uma pobre que de fome
Quase que tem acabado
Os dias e pede esmola
Ao Poeta Improvisado
Na Baixa-Verde foi feito
O patrimônio indicado
Nunca foi nem há de ser
Do Poeta Improvisado
Sabe-se que esse terreno
Ao Coronel Joaquim foi furtado
Mas gosou-o pouco tempo
O Poeta Improvisado
Um prédio na povoação
Por seu pai foi logo dado
Mas vendeu-o ao Sabóia
O Poeta Improvisado
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A furtar esse maldito
Já tive tão avesado
Que a nação furtou a sisa
O Poeta Improvisado
Trezentos mil réis foi a venda
Por cento e tantos passaram
O papel assim furtou
O Poeta Improvisado
Se vai comprar umas frutas
A quem tem pouco cuidado
Duas ou três traz de mais
O Poeta Improvisado
Se compra não quer pagar
Se cobram fica agastado
Se teima muito esbraveja
O Poeta Improvisado
Digam mesmo os seus parentes
O qual não foi atacado
Na honra, fazenda e fama
Do Poeta Improvisado
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Como é bruto como a besta
Dois ovos e um bocado
Engole um peixe e pequeno
O Poeta Improvisado
Espere lhe diz o bruto
Com semblante refalsado
Vai dentro e traz palmatória
O Poeta Improvisado
vvvvPegue lá pela paixão
De cristo crucificado
Oito bolos deu na pobre
O Poeta Improvisado
Outro dia da paixão
Feriu ficando sangrado
Um bode, publicamente
O Poeta Improvisado
Corre o bode pela rua
Deixa o chão ensangüentado
Gostava muito aplaudia
O Poeta Improvisado
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Depois que o bode morreu
Veio a mesa bem assado
Cozinhado comeu dele
O Poeta Improvisado
Tudo fez para mostrar
Que o povo andava abusado
Guardando a paixão de Cristo
O Poeta Improvisado
Vamos ver a bela vida
Que escolheu esse malvado
Muitas partes tem de bruto
O Poeta Improvisado
No olhar parece porco
No encarar assemelhado
Da onça, tigre ou pintada
O Poeta Improvisado
No som da fala é caboclo
No português amesclado
De Holanda e brasileiro
O Poeta Improvisado
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Deitado come o alarve
Com roncaria e zoada
Faz rosnadeiras de cães
O Poeta Improvisado
A barriga é uma gana
Ele é todo asselvajado
É mais lascivo que bode
O Poeta Improvisado
Como o tigre arrogante fala
Com couraça malcriado
Ao Silva faz perguntas
O Poeta Improvisado
De dia, em porta, em porta
Aqui, acolá sentado
Falando da vida alheia
O Poeta Improvisado
Anda de camisa e ceroula
Antimão rouco embrulhado
Carrega face de ponta
O Poeta Improvisado
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Os pés nunca viram meias
Chapéu de palha encaixado
Na cabeça de marmelo
O Poeta Improvisado
De manhã vai a vazante
De um bacamarte armado
Que leva mais das vezes
O Poeta Improvisado
Um novo camelião
Que vive de dia encerrado
Nunca vê pôr-se o sol
O Poeta Improvisado
Só tem amizade firme
A homem que é malvado
Assassinos traz consigo
O Poeta Improvisado
Ainda não houve quem o visse
Em uma cadeira sentado
Com o breviário na mão
O Poeta Improvisado
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Morrem virgens os tais livros
Porque não sabem o rifado
Como ele se há de haver
O Poeta Improvisado
Se mando lhe persignar
Obedecendo o mandato
Princípio do nariz
O Poeta Improvisado
Poeta quis ser pensando
Que era pirão escaldado
Comido com ambas as mãos
O Poeta Improvisado
Cartas, sonetos e versos
Pasquins se tem espalhado
Tudo faz contra o Silveira
O Poeta Improvisado
Mas o Silveira tem
O nome polarizado
Sem temer as ameaças
Do Poeta Improvisado
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O Silveira com a pena
Escrevendo sossegado
Derruba e prosta por terra
O Poeta Improvisado
A Justiça do Assú
O povo já está cansado
De sofrer as malvadezas
Do Poeta Improvisado
Um livro de meia resma
Com bom tino escritirado
É pouco para as malvadezas
Do Poeta Improvisado
Padre Francisco Longino
E Guilherme assim chamado
E mais Melo assim se assim
O Poeta Improvisado
Oh! Meu Deus dos altos céus
Meu bom Jesus emanado
Converte-o, levai-o para vós
O Poeta Improvisado
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Se lá nós não o quizerdes
Este indigno desgraçado
Mandai para a casa de Judas
O Poeta Improvisado
Não fica aqui a série de crimes praticados pelo Padre Fran-
cisco Longino, e mais teríamos de registrar se tivéssemos con-
seguido copiar todos os versos do Padre Silveira, por este feitos
sobre a vida daquele, cujos versos sendo quatrocentos e tantos,
conforme já dissemos, apenas podemos conseguir copiar cento e
poucos. Vamos agora tratar do período mais agudo das lutas do
Padre Francisco Longino em Mossoró, lutas armadas com seus
inimigos e nas quais se deram ferimentos e mortes. Surgiu o ano de
1833. Padre Francisco Longino, Capelão de Santa Luzia de Mosso-
ró, é convidado pelo fazendeiro Jerônimo de Souza Rocha, então
morador do sítio “Ilha de Dentro”, que dista uma légua ao norte da
mesma povoação, hoje cidade de Mossoró, para ir fazer o casamen-
to de sua filha dona Joaquina Carlota de Sousa, com Manuel Ma-
chado de Menezes Gloria, o qual tivera lugar no dia 17 de janeiro
do dito ano do mesmo sítio “Ilha de Dentro”, em casa do dito Jerô-
nimo de Sousa, onde compareceu o mesmo Padre Longino, que fez
o casamento aludido. Depois deste ato houve um jantar no mesmo
dia em casa de Jerônimo de Sousa, no qual entre outros convidados
tomou parte o referido Padre Longino. Findo o qual, Padre Longi-
no travou, por motivos fúteis, uma forte altercação com Pedro Al-
ves Ferreira, na qual interveio Antonio Basílio de Sousa em favor
deste, puxando uma faca contra aquele, cuja faca fora tomada de
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Basílio, pelos circunstantes. Padre Longino indignado com este
procedimento de Basílio vai a um dos quartos, onde havia guarda-
do dentro de suas botinas a sua faca e armado desta investe contra
o mesmo Basílio que se achava bravateando no terreiro da casa,
fazendo nestes seis ferimentos, os quais dois foram considerados
como arranhões e quatro como ferimentos leves. Consta isto de um
inquérito policial existente no Cartório de Mossoró, feito pelo en-
tão Juiz de paz da Povoação Domingos da Costa de Oliveira.
Padre Silveira sobre o fato acima narrado assim se exprime
em seus versos:
Antonio Basílio de Sousa
Sendo por dois agarrado
Seis facadas lhe cravou
O Poeta Improvisado
Valha-me a mãe de Deus
Diz o pobre assassinado
Nem esta te há de valer
Diz o Poeta Improvisado
Antonio Basílio, sendo conduzido em uma rede para a Po-
voação de Santa Luzia, no mesmo dia em que recebera as faca-
das, foi tratado pelo inteligente curandeiro Domingos da Costa
de Oliveira, conseguindo escapar; e Padre Longino, processado
e pronunciado pela Justiça do Assú, ali comparecendo, conse-
guiu prestar fianças, retirando-se para Santa Luzia, de onde, on-
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ze anos depois, saiu sem ter voltado ao Assú para responder júri
deste crime. Muitos anos depois, andando em correição no car-
tório de Mossoró, lançou nesse processo de Padre Longino, um
despacho considerando o mesmo prescrito, Padre Longino ainda
por causa desse mesmo crime cometido na pessoa de Antonio
Basílio, em 1833, foi suspenso de ordens cuja suspensão só foi
ab-rogada em 1839 pelo Bispo D. João da Purificação Marques
Perdigão, por ocasião deste andar correndo o seu Bispado, indo
ter com ele no Apodi o Padre Longino por quem muito se inte-
ressou o Padre Faustino Gomes de Oliveira, então Vigário de
Apodi. O processo aludido existe no Cartório de Mossoró. Padre
Silveira, sobre a ida de Padre Longino ao Apodi por ocasi-
ão da passagem do Bispo, assim se expressou:
Andando o Bispo D.João
Correndo o seu Bispado
No Apodi o foi ver
O Poeta Improvisado
Veio contando por fúria
Que o Bispo o tinha abençoado
Da cabeça até os pés
O Poeta Improvisado
Antonio Basílio, morando nas praias da “Redonda”, dali
saía pela mata e ia emboscar Padre Longino em Santa Luzia
para assasiná-lo; nunca, porém conseguiu seu intento devido as
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precauções tomadas pelo mesmo Padre, que sendo valente e
destemido, Basílio temia atacá-lo à descoberta. Este Basílio era
natural do Assú e genro do Comandante Felix Antonio de Sousa
Machado, da Barra de Mossoró. Era acabralhado, tocador de
viola, insolente, cachaceiro e perverso. Foi talvez devido às em-
boscadas de Basílio que Padre Longino havendo sido eleito Ve-
reador da Câmara Municipal de Apodi, nesse mesmo ano de
1833, pediu excusa desse cargo, alegando entre outros motivos o
de quererem assassiná-lo. Sobre este pedido de excusa do cargo
de Vereador de Apodi pelo Padre Longino, o ilustre senhor Co-
riolano, assim se expressa em suas notas históricas já citadas: -
“Sendo Padre Longino capelão da filial Capela de Santa Luzia
de Mossoró, ai segundo o seu gênio, ardente, iracundo e belico-
so, envolveu-se em uma intriga medonha, a ponto de no ano de
1833, quando a Povoação de Apodi foi elevada a categoria de
Vila e Município, tendo por limites os de sua Freguesia em ses-
são ordinária do extinto Conselho Presidencial de 11 de abril,
ele foi eleito Vereador para servir na nova Câmara Municipal e
tomando posse no dia nove de outubro seguinte, em ato solene,
na sessão ordinária do dia 10 do dito mês, requereu a Câmara
pedindo escusa do lugar de vereador, alegando que por morar
distante treze léguas, ter rio de bastantes passagens dificultosas,
sendo necessário para passagem e andar em risco de vida pro
quererem assassiná-lo o que para defender-se lhe era preciso
conduzir gente armada, o que lhe é impróprio pelo seu estado
sacerdotal e mesmo de Vereador, que deve observar a lei, não
transgredi-la; e de mais ser o único sacerdote que há no lugar de
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sua morada e subúrbios, que ali administra o Posto Espiritual
aos fieis ai habitantes. O que foi por unânime votação resolvido
ser isento do lugar de Vereador”.
“A ata desta sessão onde o reverendo requerente mostrou
que era perseguido por seus inimigos, foi lavrado pelo respecti-
vo secretário o Capitão Leandro Francisco Cavalcante de Albu-
querque e assinada de rubrica pelo Major João Nogueira da Sil-
veira, como Presidente da Câmara e pelos Vereadores o Tenente
Coronel Antonio de Oliveira, o Capitão João Freire da Silveira,
o Capitão Lourenço Alves de Oliveira, o Capitão Joaquim da
Cunha Cavalcante e o Tenente Manuel José de Oliveira Ferros,
faltando o dito requerente Padre Francisco Longino Guilherme
de Melo, que deu parte de doente”.
Depois do fato dado na “Ilha de Dentro”, Padre Longino
intriga-se com João Ferreira da Costa, vulgo Butrago, de quem
havia sido amigo.
João Ferreira era natural de Mossoró, filho legítimo de um
português que na segunda metade do século dezoito residiu em
Santa Luzia, o qual se chamava José da Costa de Oliveira Barca;
porém em Mossoró usou do nome de Manuel Ferreira. Tivera
esse filho em uma mulher de nome Máxima Maria da Concei-
ção, natural da ribeira do Jaguaribe, então moradora na Fazenda
da “Picada”, da ribeira do Apodi. João Ferreira atingindo a mai-
oridade revelou-se turbulento e sanguinário. Segundo a tradição
um dos seus primeiros crimes foi o seguinte: nessa época existia
em Mossoró um português de nome Cipriano Varela que se ca-
sou com uma moça filha do lugar de nome Quitéria Rita, da qual
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tivera dois filhos – Florêncio Varela e Manuel Varela. João Fer-
reira namora-se de Quitéria Rita e para chegar a seus fins assas-
sina Cipriano Varela, marido daquela, casando-se depois com a
mesma. Este crime envolto no mistério ficou impune! Uma cruz,
porém, que ainda hoje existe no lugar “Saco” do município de
Mossoró, o atesta, com a confirmação da tradição que nos
transmitiram os nossos maiores. José Ferreira e Quitéria Rita
tiveram cinco filhos os quais se chamaram Antonio Ferreira
Moço, Acurcio Ferreira da Costa, vulgo Cursino, Lourenço Fer-
reira da Costa e Maximiano Ferreira da Costa. Quitéria Rita,
assim como havia sido infiel para seu primeiro marido, tinha de
ser também para o segundo, afirmando a tradição que teve ela
mais dois filhos, além dos já mencionados, os quais se chama-
ram João José Barbosa e Germano, vulgo Carnaubal, sendo o
primeiro filho pelo lado paterno do português José Barbosa Bra-
ga, e o segundo de Felipe de Mendonça Vasconcelos, ambos
moradores em Santa Luzia. Os nove filhos de Quitéria Rita nas-
ceram em Mossoró, ali se criaram atingindo todos a maioridade
com os mesmos instintos e costumes de seu pai e padrasto, o
qual viviam. Um deles, Maximiano Ferreira da Costa namora-se
de Ana, filha de Maria do Monte, mulher de cor. João Ferreira e
Quitéria Rita eram brancos e, por conseguinte seus filhos tam-
bém e segundo a tradição rapazes bonitos. Os pais e irmãos de
maximiano se opõem tenazmente que este se case com a filha de
Maria do Monte. Padre Longino, Capelão em Santa Luzia, por-
que quisesse proteger a filha de Maria do Monte. Padre Longi-
no, Capelão em Santa Luzia, porque quisesse proteger a filha de
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Maria do Monte e porque já fosse inimigo de João Ferreira, ou
finalmente levado por outro qualquer motivo, ilude Maximiano
e ocultamente casa este com Ana, filha daquela. João Ferreira,
mulher e filhos indignados com este casamento clandestino re-
voltam-se contra Padre Longino. Os insultos e ameaças de parte
a parte não se fizeram esperar. Padre Longino há tempo vivendo
guardada por gente armada afim de não ser vítima de seus ini-
migos e conhecendo do gênio de João Ferreira e de todos os
seus previne-se com o seu grupo para repelir qualquer ataque
dos mesmos. Os Ferreira Butragos que gozavam foros de valen-
tões e eram turbulentos e de maus instintos aguardavam uma
oportunidade para desafrontarem-se de Padre Longino, tomando
contra este uma vindita. Um deles, João Ferreira da Costa Juni-
or, vulgo João Ferreira Moço, em pleno dia, dentro da povoação,
atira em um capanga do Padre Longino; errando porém o alvo o
projétil atingiu a um moço do sertão estranho a intrigas, o qual
se achava hospedado em casa do mesmo. Padre Longino. O fe-
rido escapou e indignado com isso, retirando-se para o lugar de
sua residência, dali enviou capangas afamados para o referido
Padre Longino, vindo entre os mesmo um de nome Miguel dos
Anjos Bahia, vulgo “Tempestade Ventania”. Os Ferreira Butra-
gos com a chegada desses capangas em Santa Luzia, preparam-
se para desalojar os mesmos da casa de Pe. Longino, planejando
um ataque, á casa deste, o qual se realizou a 19 de março de
1839. Nesse dia João Ferreira Butrago, capitaneando o seu gru-
po, toma por trincheira uma das casas da rua então denominada
“Domingos da Costa”, e rompe vivo fogo de tiros de clavinote
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para casa de Padre Longino, a qual ficava em outra ruazinha do
pequeno quadro em frente à Capela, o qual consistia nessa época
a Povoação de Santa Luzia.
O grupo do Padre repelindo o ataque também atira contra a
casa onde se achavam entrincheirados aqueles, trocando esses
dois grupos inimigos balas por muitas horas, resultando desse
tiroteio a morte de Miguel dos Anjos, vulgo Bahia, Tempestade
Ventania – capanga afamado do grupo de Pe. Longino, o qual
Bahia, segundo a tradição, avançando até muito perto da casa
onde se achavam entrincheirados os Ferreira Butragos, foi al-
cançado pelas balas deste, as quais vararam-lhe a cabeça, mor-
rendo o mesmo Bahia, instantaneamente. Essa intriga de Padre
Longino com os Ferreira Butrago, foi duradoura e sangrenta,
continuando por muito tempo de parte a parte, dentro da Povoa-
ção de Santa Luzia, as hostilidades desses dois grupos. Antonio
Ferreira da Costa, que, segundo a tradição era ordeiro, não que-
rendo continuar na luta ao lado de seu pai e irmãos, retirou-se de
Santa Luzia e foi residir na Vila de Apodi, onde algum tempo
depois de sua estadia ali, foi barbaramente assassinado por um
capanga de nome João Evangelista, vulgo Serpentão. Com rela-
ção a este assassinato, assim se expressa o Ilustre Sr. Coriolano
do Apodi, em sua já citadas notas históricas: - “Por suas desor-
dens (referindo-se ao Pe. Longino), praticadas na ribeira de
Mossoró, na vida e honra dos povos, deu lugar ao levantarem-se
grupos de gente armadas pro e contra. Destes, um chefiado por
João Ferreira da Costa, vulgo Butrago, composto de seus filhos
Manoel Varela da Costa, Lourenço Ferreira da Costa, João José
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Ferreira da Costa, Antonio Ferreira da Costa (e de todos os ou-
tros) e outros adeptos.
Este, destacando-se do grupo paterno foi ter a então vila do
Apodi, aonde foi barbaramente assassinado na noite de 25 de
janeiro de 1941 com tiro de bacamarte com duas balas que lhe
trespassaram o peito, e oito horríveis facadas de penetrante es-
pada, à margem da Alagoa que banha aquela Vila, hoje cidade, e
que tudo foi praticado por um tal João Evangelista, vulgo Ser-
pentão, natural do Ceará e ora ai residente, a mandado de Dona
Francisca Gomes de Oliveira, casada com o Capitão Francisco
Gomes de Oliveira, casada com o Capitão Francisco Candido
das Chagas Sousa, mulher varonil e atleta, a pedido do Padre
Francisco Longino Guilherme de Melo, o que foi e ainda hoje é
voz pública no lugar do delito, por ter sido manifesto como se
evidência das penas do respectivo processo criminal instaurado
a respeito pela Justiça do Apodi. O Pe. Silveira, com relação a
esse assassinato, assim se expressa em seus versos:
Antonio Ferreira Costa
Léguas quatorze apartado,
Lá mesmo o mandou matar,
O Poeta Improvisado
Foi assassino feroz
O Serpentão desalmado
Como esta temos muitas
Do Poeta Improvisado
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A notícia desse assassinato chegou em Santa Luzia ao co-
nhecimento de João Ferreira Butrago e de seus filhos que, furio-
sos juraram vingança à morte de Antonio Ferreira, a qual foi
logo pelo mesmo atribuída a Padre Longino, como mandante. Já
decorrido seis meses desse assassinato, durante os quais, os Fer-
reira constantemente emboscavam o Padre para o assassinar,
assim como ao cabra Serpentão, que veio reunir-se em Santa
Luzia ao grupo do mesmo Padre Longino, o que nunca poderam
conseguir, devido as precauções tomadas pelo referido Padre
que vivia cercado de capangas, combinaram aqueles fazer um
ataque à casa do Padre para o fim de levarem a efeito os assassi-
natos projetados.
Na noite de 14 de julho de 1841, João Ferreira Butrago,
capitaneando o seu grupo em número de 14 homens bem arma-
dos, conduzindo machados, aproveitando a escuridão da noite,
veio colocar-se em frente à Capela de Santa Luzia. Descrevemos
o local. Em frente à capela formara um quadro de pequenas ruas,
de casas baixas, sem arquitetura. A mata ficava pelos fundos da
capela e pelos lados do sul e norte da mesma. Na rua vis-à-vis a
Capela era a casa do Pe. Longino. Os Ferreira Butragos, guarda-
dos pela escuridão da noite, todos deitados no patamar da Cape-
la, combinavam o ataque a casa daquele. Quando se achavam
nessa posição, na mesma rua do Padre Longino, abriu-se uma
porta e o vulto de um homem sai da casa. Era o velho sacristão
da Capela Felipe de Mendonça Vasconcelos que, segundo a tra-
dição, tinha por devoção ir ali toda noite fazer oração. Partiu do
grupo um tiro, a bala foi certeira, Felipe de Mendonça sentindo-
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se ferido e morando só, procura socorro. A porta abre-se, Felipe
entra, e, na sala da mesma casa cai, esvaindo-se em sangue. Ho-
ras depois, era cadáver. Foi a primeira vítima da noite de 14 de
julho. Em seguida a esse tiro, os Ferreira Butragos, avançando a
uma certa distância da casa de Padre Longino dão contra a
mesma formidável descarga com os seus bacamartes. Pe. Longi-
no, e seu séqüito, que já se achavam avisados desde do 1º tiro
que havia morto Felipe de Mendonça, de dentro de casa também
atiram para fora contra o grupo daqueles, travando-se um medo-
nho tiroteio de balas.
Os Ferreira Butragos dividem-se em dois grupos e sitiam a
casa de Padre Longino, pela frente e por traz. O grupo da frente
pode aproximar-se da casa vizinha da do Padre Longino, na qual
se achava um pobre velho doente, em uso de remédios e aparen-
tado do mesmo Padre, de nome Ezequiel da Costa e com os ma-
chados que conduziam, botaram as portas abaixo, entraram e
assassinaram o infeliz Ezequiel, com tiros e punhaladas. Padre
Longino, porém, de dentro de sua casa, com o seu grupo, fazia
cerrado fogo contra os inimigos de maneira que este nunca pode-
ram aproximar-se da casa do mesmo Pe.como era intuito, daqueles,
para derrubar as suas portas. O grupo dos Butragos que atirava pelo
lado do muro da casa, o qual era capitaneado por Acácio Ferreira
(um dos mais perversos do bando), tentou escalar o mesmo, porém,
não pode conseguir isto devido à forte resistência que por esse
mesmo lado encontrou dos de dentro da casa, resultando dessa
tentativa, morrer do lado dos Butragos, um caboclo conhecido pelo
nome de Guerreiro, e ser ferido Acácio Ferreira, escapando este
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milagrosamente, pois o projétil passando resvalando o alto da ca-
beça arrancou-lhe o couro da mesma. O caboclo assassinado, se-
gundo a tradição, foi as mesmas horas conduzido pelo grupo dos
Butragos e sepultado em lugar ignorado. Esse tiroteio de balas ter-
minou pela manhã do dia 15 de julho de 1841, sem que os Ferreiras
Butragos pudessem conseguir os assassinatos do Padre Longino e
do celebre Serpentão, os quais saíram da luta incólumes. O ilustre
Sr. Coriolano em suas notas citadas, com relação a este tiroteio de
balas entre esses dois grupos de inimigos assim se manifesta: -
“Por diversas vezes ele (Pe.Longino) com o seu grupo travou balas
com o grupo dos Ferreira Butragos, dentro da Povoação de Mosso-
ró, tanto assim que em 1886, achando-me na cidade de Mossoró,
tratando de negócios do fórum por sede da Comarca de que o Apo-
di era Termo anexo, o meu finado amigo e colega, o inteligente
advogado Jeremias da Rocha Nogueira, então morador na casa que
fora do dito Pe mostrou-me as portas da frente todas crivadas de
balas de bacamartes dos Ferreiras Butragos, cujos orifícios estavam
tapados de tipos de madeira, eu e ele dando-nos ao trabalho de con-
tarmos, achamos 63 orifícios tapados, atestando aquelas cenas de
canibalismo próprias dos tempos idos, onde não tinha garantia de
ordem, por seu luxo de mau gosto só imperar o bacamarte e o pu-
nhal homicida do forte contra o fraco.
Com relação a esse tiroteio de balas entre os grupos inimi-
gos um habitante da Povoação Floriano da Rocha Nogueira,
escreveu os versos que se seguem em forma de A.B.C:
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Agora pego na pena,
Com dor no meu coração,
Contar o fogo que houve
Dentro da Povoação.
Bombas de fogo saíram
Pela rua em demasia
Todo povo gritava
Valha-me Santa Luzia.
Quatorze homens em frente
Unidos e bem armados
Com treze armas de fogo
João Bangu com dois machados.
Dizendo eu sou valente
E tenho muito valor
Correu logo no princípio
Até o chapéu deixou.
Falava o Padre de dentro
Aqui estão os fariseus
Botem a porta no chão
Quem vier dentro morreu.
Gemiam dois inocentes
De dores atribulados
De verem seus corpos feridos,
De balas traspassado.
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Maus homens, mas sem idéias
Metidos a valentões
Querem matar na boca
Aos cabras Serpentões.
José Vicente falava
Como quem tinha paixão
Aqui está Antonio Basílio
Morreste cabra ladrão
Eu pensando está dormindo
Quando via confusão
Só via dizer de fora
Botem a porta no chão.
Miguel Nogueira dizia
Isto são os meus pecados
Não, Costa, estão perdidos
Fica sem os dois machados.
Não façam pouco do Padre
Que é do partido do Sul
Senão tiveram cautela
Não há de ficar nenhum.
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O Padre por mais valor
E por uma opinião
Deu de comer nove meses
Ao cabra Serpentão.
Porém foi porque topou
Com aqueles patetões
Senão havia de morrer
Mais ou seus Serpentões
Queria dar elogio
Aos Butragos graças a Deus
Nunca fizeram ação
Que se diga benza-te Deus
Razão os Butragos tem
E devem ter muita paixão
De quererem matar ao cabra
Que matou o seu irmão
Lamentando suas penas
Logo o Padre o jurou
Acabo de poucos dias
Caro à vida lhe custou
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Senhor Eufrásio Alves
É pimpão quer ser de bem
Como dizem que foi falso
Está jurado também
Todos querem ter razão
Eu não sei qual deles é
Quem tem razão é o Padre
Porque tem feito o que quer
Vinte letras do ABC
Vinte e uma vou falar
Eu não os Nogueiras
Que vieram cá buscar
Chorando de arrependido
Antonio Bezerra chorando
Andava de porta em porta
Testemunha procurando
Zoou esta intriga
Penso que já se acabou
Tanto que pelejaram
Até que o Padre só destinou
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Til não é letra
É uma comparação
Quem tiver raiva de mim
Chorando peço perdão.
A então Povoação de Santa Luzia de Mossoró, sujeita à
justiça da Vila da Princesa (Assú), era simplesmente um distrito
de Paz, nessa época, cujo Juiz era o Alferes Alexandre de Sousa
Rocha, proprietário e fazendeiro no lugar “Ilha de Dentro”, o
qual não obstante, não contar com garantias acercando-se de
algumas pessoas armadas, no dia seguinte a esses acontecimen-
tos, entrou na Povoação e abriu inquérito sobre os fatos ocorri-
dos na véspera. Deste inquérito ficou provado que foram ou ha-
viam sido os Ferreiras Butragos em número de 14 atacantes, os
quais foram pronunciados pelo referido Juiz. Esses autos devem
pairar no Cartório de Mossoró, pois, tivemos de lê-los, uma vez,
ali. Dias depois desses acontecimentos, um grupo do Padre Lon-
gino, capitaneado por um irmão deste de nome Lourenço Justi-
niano no subúrbio da Povoação, no local onde hoje se acha edi-
ficada a “Rua Coronel Gurgel”, no mesmo lugar da casa que foi
de Manuel João de Medeiros, assassinou a José Vicente da Sil-
va, um dos que havia tomado parte no ataque contra o Padre, ao
lado dos Butragos na noite de 14 de julho. Sobre este assassinato
Padre Silveira, assim se expressou:
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José Vicente da Silva,
Mulher e filhos, coitado,
Mandou matá-lo de público
O Poeta Improvisado.
Lourenço Justiniano
Irmão do bruto esfaimado
Também nesta morte é cúmplice
O Poeta Improvisado.
Não conta no cartório inquérito ou processo algum instau-
rado contra os autores, mandantes e mandatários do bárbaro
assassinato do infeliz José Vicente da Silva, o qual segundo se
presume, ficou impune. Segundo a tradição ao ser depositado na
Capela o cadáver do infeliz José Vicente da Silva, Padre Longi-
no ali comparecendo e examinando os ferimentos produzidos
pelas balas, os quais haviam causado a morte do desgraçado,
exclama: “foi aí mesmo que onde se deu ordem que se atiras-
se!!!”. Afirma ainda a tradição que Longino ao pronunciar estas
palavras, dera com o pé no cadáver de José Vicente! Afirma
também a tradição que quem primeiro atirou neste infeliz foi
José Felipe Nery da Silva, primo de Longino.
Os dois grupos inimigos, continuando suas investidas de
um contra outro dentro da, uma noite deixa o grupo de Padre
Longino em Santa Luzia, o celebre Serpentão, que, seguindo em
direção a Serra de Mossoró em busca da Ribeira do Jaguaribe,
procura assim fugir dos seus inimigos os Ferreiras Butragos, que
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tudo envidavam para assassiná-lo. Esta fuga chegou logo ao
conhecimento daqueles, os quais, agrupados e capitaneados por
Eufrásio Alves (este irmão de Quitéria Rita), seguiram a pista do
facínora. Os Ferreiras Butragos chegaram a Serra de Mossoró,
encontraram o cavalo no qual cavalgava Serpentão, não alcan-
çando, porém, este, que, pressentindo o bando de inimigos, a-
bandonara aquele e internando-se pela mata a pé e seguem em
direção a Ribeira do Jaguaribe.
Os Butragos depois de muito caçarem pela mata o Serpen-
tão e desenganados de o encontrar, furiosos pelo malogro da
tentativa, descarregaram seus clavinotes contra o cavalo do fací-
nora, transpassam de balas e voltam para Santa Luzia, onde con-
tinuaram ainda por muito tempo na tentativa de assassinato con-
tra o Padre Longino.
Padre Longino receosos de ser apurado a responsabilidade
sua e de seus cúmplices no assassinato de José Vicente, resolve
com os seus companheiros e cúmplices mandar assassinar o Juiz
de Paz da Paróquia Alferes Alexandre de Sousa Rocha, expe-
dindo para esse fim certa noite, um grupo de capangas do qual
fazia parte o seu escravo de nome Tomaz, para o lugar “Ilha de
Dentro”, que dista uma légua ao Norte da Povoação, hoje cidade
de Mossoró. O negro Tomaz estimando o Alferes Alexandre e
todos os seus irmãos, seguiu no grupo pesaroso pelo que ia a-
contecer ao mesmo Alferes Alexandre, pessoa esta a quem ele
consagrava respeito e amizade, começou logo a cogitar um meio
de iludir os companheiros para ir avisá-lo do que contra ele se pro-
jetava. Ao chegar o grupo no lugar Cambôa, margem direita do Rio
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Mossoró, o qual fica em paralelo a Ilha de Dentro, na margem es-
querda, onde ficava a casa do Alferes Alexandre, ocultou-se. Disse
então o negro Tomaz aos seus companheiros que eles ficassem ali
que ele ia tomar fé para ver se o homem estava em casa, no que
acederam. Tomaz atravessa o rio e ao chegar em casa do Alferes
Alexandre pela porta de trás e depara com o referido Alferes na
sala ceando, disse ele, um pouco de coalhada. Aí, o negro muito
respeitosamente, conta-lhe o que contra ele se projetava. O Alferes
ciente de tudo agradece ao negro o aviso e pede-lhe para dizer aos
seus companheiros que não o havia encontrado, saindo a essa
mesma hora de casa, ocultando-se, uma vez que não podia de mo-
mento reunir gente para defender-se do ataque que se projetava. O
negro volta ao grupo e garantiu aos seus companheiros que o ho-
mem não estava em casa, pelo que resolveram voltar para Santa
Luzia, não realizando o tenebroso plano do assassinato do Juiz de
Paz Alferes Alexandre.
Essa façanha de Padre Longino dera-se em 1841, logo de-
pois do assassinato de José Vicente e foi contado ao Coronel
Alexandre de Sousa Nogueira, pelo negro Tomaz, escravo do
referido Padre, na cidade do Recife, já em idade muito avançada
(nonagenário) por ocasião dele Nogueira, na qualidade de per-
guntar-lhe de onde ele, socorrido, era filho, ao que respondeu ser
filho de um lugar muito longe do Assú, mas que havia morado
em Santa Luzia do Mossoró e de ter sido escravo de um Padre,
contando em seguida a história acima narrada. Tudo isso contou
o nonagenário Tomaz ao Coronel Sousa Nogueira que o preto
Tomaz morreu alguns anos depois na cidade do Recife em idade
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muito avançada e que lhe contou essa história. Com certeza foi
devido a essas ameaças que o Alferes Alexandre Rocha, Juiz de
Paz de Mossoró, deixou de instaurar processo contra o mandante
e mandatários do bárbaro assassinato do infeliz José Vicente em
1841, conforme havia feito contra os Butragos nesse mesmo ano
pelo ataque que fizeram á casa do Padre Longino na noite de 14
de julho. Deram-se outros trocadilhos de balas entre os dois gru-
pos em um dos quais os Butragos entrincheiram-se em casa de
Antônio Francisco Fraga, vulgo Fraquinha, a qual ficava perto
da margem do rio pelo lado direito do Córrego da Calheira ou
por outro nome – Córrego do forno de Cal de Domingos da Cos-
ta, daí atiravam para os fundos da casa de Longino, hoje casa de
morada de Manuel Maria. Disse-nos o velho Quintiliano Fran-
cisco Fraga, filho de Fraquinha, homem maior de 95 anos, mas
no goso de suas faculdades, que Padre Longino dias depois da-
queles trocadilhos de balas, mandou tocar fogo na casa de seu
pai Antônio Francisco Fraga, queimando-se todos seus trastes da
casa da casa na ocasião em que Fraga e a sua família se achavam
ausentes. Os Butragos todas as vezes que davam fogo dentro da
povoação contra o Padre Longino ausentavam-se refugiando-se
na Barra Upaneminha, entrada ou Redonda, onde morava Antô-
nio Basílio que também era inimigo do Padre e tomava parte na
luta daqueles. Disse-nos mais o velho Quintiliano Fraga que seu
pai Antônio Francisco Fraga vendeu um pedaço de terra no lu-
gar denominado Paisagem de Pedras, ao Padre Longino por um
conto de réis, a prazo, sucedendo este dar somente por conta
dessa compra um garrote e dez mil réis em moeda de xenxem!
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Que os capangas do Padre Longino vieram quase todos de Ma-
lhada Vermelha que fica entre Assú e São Miguel do Jucurutú,
entre os quais o de nome Miguel dos Anjos Baía. Que os Bruta-
gos, depois de 1841 mudaram-se receosos do para a caatinga do
Góis (União), voltando os mesmos para Mossoró somente de-
pois de 1844, ano este em que se retirou da povoação desse no-
me para o interior do Piauí o Padre Longino. Que Padre Longino
quando se retirou de Mossoró em 1844, levou consigo a Xica,
sua antiga concubina, mulher de Henrique, seu guarda-costas e
uma moça filha de José Felipe Neri, que foi por ele deflorado.
Com relação ao padre Longino encontramos no livro primitivo
da Capela de Mossoró, considerando livro de Tombo, os seguin-
tes assentos: A fls. 135 do livro de aludido encontra-se o seguin-
te escrito pelo ex-Administrador da Capela Domingos da costa
em 20 de outubro de 1833. Dei ao Capitão Simões Rs. 66$840 e
ao Padre Longino 27$200 como consta de seus recibos e resta
quarenta mil trezentos e vinte e cinco réis – Oliveira. Declaração
que faz Alexandre se Sousa Rocha, administrador da Capela de
Santa Luzia de Mossoró, neste presente ano de 1842, tendeste as
pessoas que estão em débito com a mesma capela, as quais são
as seguintes: o Revmo. Francisco Longino, por alcance no tem-
po de sua administração, por dinheiro que recebeu do óleo per-
tencente a Santa em 1839 – 23$740 (Pagou). Pelo que recebeu
do Sr. Domingos da Costa de Oliveira por saldo de sua adminis-
tração, 27$200 (Pagou). Em fevereiro e Junho de 1844 o mesmo
administrador fez o seguinte assento: Pelo que deve o Revmo.
Francisco Longino, como rendendo de vazante pertencente à
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Santa Luzia, pelo tempo de dez anos, a quantia de vinte mil réis
(20$000)(Pagou). Dinheiro que devia o Padre Francisco Longi-
no, ficou para Simão Balbino dar em gados 73$160 (Pagou) a
Santa Luzia em 10 Junho de 1844. A vazante da qual foi rendei-
ro Padre Longino, sita em terras pertencentes à Santa Luzia fi-
cava um pouco acima do Poço de Pedra, onde tem vazante An-
tonio Miranda atualmente, e foi ai que Acurcio Ferreira tentou
por três vezes disparar a clavinote contra o Padre Longino que
se achava na ocasião se banhado mentindo fogo a arma, pelo
que o povo supersticioso acreditava que Longino tinha breviário
no pescoço com fortes orações. Em 1844 chegou em Mossoró o
Padre Antônio Joaquim Rodrigues, nomeado Vigário Colado da
nova Frequezia de Santa Luzia de Mossoró, o qual tomou posse
neste mesmo ano assistindo a ela o Padre Longino, que logo
depois desse ato, já tendo dispensando parte de seus capangas
desde a retirada dos Ferreiras Butragos para a “Caatinga do
Góis”, acompanhado de seus colegas de hábito, Padre Leonardo
de Freitas Costa e Raimundo Somes de Oliveira, irmã do Padre
Florêncio Gomes de Oliveira, de João Braz Freire de Oliveira e
de Joaquim Soares, conhecido por Melado, sua família de mu-
lher e filhos e outras pessoas arreieiros do comboio, guarda-
costas, etc. mudou-se Padre Longino para o estado do maranhão
onde tornou para si a mulher do Melado, metendo-se com ele
em público concubinato. Chegando no Piauí Padre Longino adi-
antou-se da sua comitiva para torna rancho, foi ter a fábrica um
criôlo rico e mandão da terra, onde chegou todo molhado de
chuva torrencial apanhada em caminho em ocasião em que esta-
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va jantando em companhia de amigos e para debique perguntou-
lhe:Senhor Padre se V. Revma. Achasse que lhe desse roupa
enchuta para mudar essa molhada que tem no corpo achava abo
e o Padre disse que sim e ele com desde respondeu: mas não
tem, o mesmo fez com a comida e o bom vinho de que já se ser-
viam na mesa e o Padre Dizia que sim e tinha dele a resposta –
mas não tem. Chegaram todos os comboios e o Padre mandou
que seus sequazes agarrassem esse criôlo ousado atou-o a um
esteio da casa e pediu uma formidável peça de nó bem grossa e
mandou-a com toda a sua força no dorso do dito criôlo, quando
descansou perguntou-lhe:
“– negro se por acaso chegasse aqui uma pessoa caridosa
que te acudisse e me pedisse para te soltar tu achavas bom?
E o criôlo disse que sim e o padre respondeu-lhe: “– mas
não tem.” E dando-lhe mais tunda acompanhada daquelas per-
guntas e respostas quando saciou sua vontade, seguiram viajem
deixando o criôlo bastante surrado e atado no dito esteio, não
sabendo se escapou ou morreu da surra. Os companheiros do
Padre Longino – Padre Leonardo de Freitas Costa apartando-se
dele e subindo as águas do soberbo Parnaíba, foi ter ao grande
arraial do Burití a margem do rio preto no Estado de Minas Ge-
rais onde fixou residência e faleceu em idade avançada. Padre
Leonardo era natural de Mossoró (São Sebastião) e filho legíti-
mo de Sebastião de Freitas Costa que foi também morador no
lugar “Pau Tapuio”. João Braz depois de fazer uma morte Eva-
diu-se pelo mundo e Joaquim Soares (Melado) voltou para São
Sebastião de Mossoró seu berço natal onde acabou os seus a-
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margurados dias carpindo infinitas tristezas pela grande traição
que sofreu.
Raimundo Gomes esteve residindo no Potí (Piauí) em
Companhia do Coronel Diogo Lopes da Rocha Medrado e de-
pois voltou para Apodi em procura de Vigário seu irmão Padre
Florêncio Gomes de Oliveira e ai chegou em 1852, aonde casou-
se e fixou residência. O Padre Longino não se dando bem no
Maranhão, porque indo ter-se como o respectivo Bispo Diocesa-
no e Pedindo-lhe uma colocação no Bispado, teve em resposta
que fosse pregar e catequizar os índios bravios e eles não acei-
tando essa graça de S. Excia, Revma, mudou-se para a cidade de
Teresina no Estado do Piauí do mesmo Bispado a viver somente
das ordens, aonde sendo atacado de uma cegueira total, achan-
do-se lutando com velhice, achaques e pobreza, resolveu voltar a
sua terra, fazendo-se de viajem, pelo interior dos Estados do
Piauí e Ceará. Em 1872 andando em cobrança de dividas comer-
ciais pelo interior deste último Estado Laurentino Martins da
Silveira em uma das cidades do Crato ou Icó, encontrou-se com
o Padre Longino que vinha regressando para Mossoró em estado
de pobreza tal que vinha a custa da subscrição promovidas nas
localidades por onde passava, por almas caridosas, em seu favor.
Chegando Laurentino em Mossoró de notícias do Padre Longino
aos parentes deste, os quais ignoravam o paradeiro do mesmo,
se era vivo ou morto. Logo depois o Padre Antônio Joaquim
recebeu uma carta de Longino anunciando sua volta a Mossoró
confirmando-se a notícia dada por Laurentino Martins de havê-
lo visto, notícia esta que muitos em Mossoró duvidaram, pois
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julgavam-no morto. A chegada do Padre Longino em Mossoró
realizou-se em abril de mesmo ano de 1872 tendo tido por parte
de seus parentes e patrícios uma grande recepção, pois moços e
velhos do lugar desejosos de verem o Longino ausente há 28
anos dos pátrios lares, cavalgando em seus cavalos foram ao seu
encontro nas proximidades de Serra Mossoró entrando ele os
muros da cidade, dessa cidade que quando povoação, serviu de
teatro de suas inúmeras façanhas, acompanhado por resido nú-
mero de cavalheiros e de populares a pé.
Para a casa de Vigário Antônio Joaquim onde se achava hos-
pedado Padre Longino houve uma verdadeira romaria de seus pa-
rentes e patrícios, homens, mulheres e crianças, todos foram ali
conhecer o autor de tantas proezas das quais ouviam falar.
Longino trouxe uma filha em sua companhia e completa-
mente cega dizia de cor de missa da Conceição. Depois de está
em Mossoró alguns meses, foi exercer o emprego de Capelão da
rua “Rua da Palha” no Upanema, onde esteve ate o ano de 1877,
quando regressou para Mossoró devido a terrível seca desse ano,
vindo ele logo para Areia Branca onde esteve pouco tempo e-
xercendo função sacerdotais por consentimento do Vigário da
Freguesia Padre Antonio Joaquim.
Aqui adoecendo, voltou para Mossoró onde faleceu no ano
de 1878, sendo seu cadáver sepultado dentro da Capela do Ce-
mitério Publico dessa cidade, indo ele assim pagar o tributo da
natureza, aonde outrora praticou com grandes crueldades tantas
cenas de horror.
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Ao regressar em Mossoró em 1872 ainda encontrou vivos e
ali residindo alguns dos Ferreiras, como fosse João Ferreira Butra-
go, o velho, e Acurcio Ferreira porém, já velhos, doentes e pobres
como ele o Padre pelo que não puderam brigar como dantes.
Depois da retirada do Padre Longino de Mossoró em 1844,
os Ferreira Butrago voltaram para essa vila, ficando algum deles –
Manuel Varela, Florêncio Varela e Lourenço Ferreira – residindo
no interior do Ceará. Regressando pois para Mossoró o velho João
Ferreira Butrago e seus filhos João, Maximiano e Acurcio, que na
referida Caatinga do Góis praticou um homicídio.
Em Mossoró João Ferreira o moço já em estado de viúvo,
foi preso pelos seus inimigos, autoridades parentes do Padre
Longino e sendo remetido por essas autoridades para o Rio
Grande do Norte ali não chegou o preso havendo presunção dele
de sido assassinado pela escolta em caminho. Maximiniano Fer-
reira morreu de um raio em Mossoró; Acurcio Ferreira morreu
também em Mossoró, já velho e paralítico em estado de misera-
bilidade assim como João Ferreira da Costa, o velho Butrago,
em idade muito avançada com quase cem anos, em completo
estado de miséria, morreu no ano de 1877, se que o mesmo per-
doado o Padre Longino, a raiva que tinha dele. Os poucos des-
cendentes dos Butragos que ainda existem em Mossoró são to-
dos pessoas miseráveis e de baixa esfera social. Diz o adágio:
nunca se fez rua de valentões.
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O NOME É LONGINO E NÃO LONGUINHO
O ilustre senhor Coriolano, esta digno e respeitável amigo
que tanto tem nos auxiliado nos ministrados preciosas informa-
ções sobre o nome do Padre Longino, assim nos diz “Com todo
respeito peço licença ao meu ilustre amigo para lhe dizer que
labora em um engano involuntário quanto o nome do seu Bio-
grafado porque ele chamava-se Francisco Longino Guilherme de
Melo, o que provou com a firma do seu próprio punho em um
auto autêntico, qual a sessão ordinária da sua posse de Vereador
da antiga extinta Câmara Municipal desta cidade em 7 de outu-
bro de 1833; e todo os batizados, casamentos, e encomendações
de cadáveres que fez em Mossoró durante a sua resistência ali,
na qualidade de Capelão e que todos este serviços estão regis-
trado aqui no livro de arquivo da matriz desta cidade(do Apodi),
está lançado a palavra Longino e não Longuinho como o vulgo o
chama. Portanto a certeza do nome é Francisco Longino Gui-
lherme de Melo, como ele assentava e não Francisco Longuinho
Guilherme de Melo, como ele assentava e não Francisco Lon-
guinho Guilherme de Melo, como o vulgo diz”.
“Creio está justificado do que afirmo porque tenho por minha
norma de conduta dizer a coisa como a coisa é”.
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POETA IMPROVISADO
Desperta oh musa minha
Que te convido infurnado
Um bicho com forma humana
O Poeta Improvisado
Um bicho medonho e feio
Um Longino desgraçado
Que se fez poeta a força
O Poeta Improvisado
Veja o mundo o quanto fez
Quanto fez esse malvado
Conheçam as autoridades
O Poeta Improvisado
Embora nos causem horror
Contar firme o seu estado
Quem foi, que é e quem será
O Poeta Improvisado
Escreva-se seu nascimento
Que não foi bem fadado
Depois a vida horrorosa
Do Poeta Improvisado
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Nove meses e mais três
Tendo a lama contemplado
Quando quis então nascer
O Poeta Improvisado
Acudiu uma parteira
Da velha mão a chamada
Apalpo e disse: é gente
O Poeta Improvisado
Medonho esteve este dia
Tendo o sol eclipsado
Quando em Mossoró nasceu
O Poeta Improvisado
Em volta em sebaria
No chão jazia espichado
Deu um coice em sua mãe
O Poeta Improvisado
Uma fada gadelhuda
Que estava ali ao lado
Para ler abonaxide
Do Poeta Improvisado
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Depois da coisa nascida
Que o bicho foi lavado
Chegou-se a fada mais perto
Do Poeta Improvisado
Inacinha, diz a fada
Atende e tende cuidado
No que vou prognosticar
Do Poeta Improvisado
Trazia o vente da mãe
Dia e noite escoucido
Qual o burro havia ser
O Poeta Improvisado
Será burro diz a velha
Que trago aqui encerrado?
Pois gente não me parece
O poeta Improvisado
Sem vergonha comelão
Judas e malcreado
Assassino e incestuoso
O Poeta Improvisado
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Sem palavra ou vergonha
Quadrupede e arrenegado
Com sumo de sabichão
O Poeta Improvisado
Foi para o estudo esse tourinho
Por seu pai Simão mandado
Só aprendeu a ter fúria
O Poeta Improvisado
Se foi touro burro veio
Cruel, feroz e malvado
Entre cristão e basfemias
O Poeta Improvisado
Estudou línguas latinas
Em vinte e seis foi mandado
Para Olinda se ordenar
O Poeta Improvisado
Se foi tolo e burro veio
Como um burro esbravejado
Voltou mesmo em vinte e seis
O Poeta Improvisado
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Será este o vosso filho
Um em te bem desgraçado
Sendo eu fada bem horroriso
Do Poeta Improvisado
Solicitante será
Depois que for ordenado
Adultério escandaloso
O Poeta Improvisado
Como se atreve a pegar
No cordeiro imaculado
São perdão de sete mortes
O Poeta Improvisado
Felipe de Mendonça
Também foi assassinado
Todos dizem foi mandado
Do Poeta Improvisado
Ezequiel da Costa
Em sua casa hospedado
Assassinou-o agente
Do Poeta Improvisado
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Manuel Rodrigues Pereira
Juiz de Paz desarmado
Atacou-o em sessão
O Poeta Improvisado
Há no mundo um Padre
Que nunca foi sentenciado
E mais ladrão que rato
O Poeta Improvisado
Sabendo o Coronel do furto
Foi logo reivindicado
O Sítio ficando sem ele
O Poeta Improvisado
Um dia da paixão de Cristo
Vendo-lhe a seus pés prostado
Um lastimoso objetivo
O Poeta Improvisado
1833
Processo crime que mandou proceder o Juiz de Paz desta
Capela de Santa Luzia de Mossoró, Domingo da Costa de Oli-
veira pelos ferimentos na pessoa de Antonio Basílio de Sousa,
pelo Revmo. Francisco Longino Guilherme de Melo. – 1833 –
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Processo crime que mandou proceder o Juiz de Paz desta Capela
de Santa Luzia de Mossoró, Domingos da Costa de Oliveira,
pelos referimento feitos na pessoa de Antonio Basílio de Sousa,
contando do auto de vistoria como adiante se declara. Escrivão
Pinto. Ano de nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e trinta e três, aos vinte e quatro dias do mês de janei-
ro do dito ano, nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, Ca-
pela filial da matriz do Apodi, termo de vila de Princesa e Co-
marca do Rio Grande do Norte, pelo Juiz de Paz desta dita Po-
voação, Domingos da Costa de Oliveira, que foi entregue esta
auto vistoria que se procedeu pelos referimentos feitos nas pes-
soas de Antonio Basílio de Sousa, para o fim do Proceder-se a
inquirição de testemunhas na conformidade da lei, cujos autos
sendo por mim aceito o autuei o preparei e é o que adianta se
que do que para consta fiz este autuamento. Pedro José Pinto,
Escrivão do Juiz de Paz o escrevi. Auto de corpo de delito que
mandou proceder o Juiz de Paz Domingos da Costa de Oliveira
pelo caso de ferimento na pessoa de Antonio Basílio de Sousa,
morador na “Redonda”, como abaixo se declara. Ano de Nasci-
mento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e
três, aos dezoitos dias do mês de janeiro do dito ano, nesta po-
voação Domingos da Costa de Oliveira, onde se achava o ferido
Antonio Basílio de Sousa, morados na “Redonda”, onde se diz
fora assassinado; onde eu Escrivão vim com ele, isto é. Com o
dito Juiz de Paz, desta supra dita povoação de Santa Luzia de
Mossoró filial a matriz do Apodi, do termo da vila nova da prin-
cesa, da Comarca do Rio Grande do Norte, para proceder a um
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exame de corpo de delito sendo presente as testemunhas em
falta de cirurgião, Manuel Felix Calado, morador do rio Velho;
João Ferreira da Costa, morador nos subúrbios; Antonio Noguei-
ra de Lucena, morador na fazenda do Pinto, mandando chamar
pelo dito Juiz para este exame, o qual Juiz deferido-lhes o jura-
mentos dos Santos evangelhos lhe encarregou que debaixo deste
bem e na verdade, sem dolo ou malícia entrassem naquele exa-
me e declarasse quantas feridas tinhas o ferido que presente es-
tava, suas profundidades e qualidade de instrumentos que jul-
gam ter sido feitas e se delas produzira a morte; e sendo por ele
aceito o juramento prometera cumprir entrado na exame em pre-
sença do Juiz e da minha, depois das feitas as asadas experiên-
cias observações e tentativas declaram ter achado no corpo do
ferido Antonio Basílio de Sousa, quatro facadas feita com faca
de ponta, a saber: uma próxima ao peito direito com mais de
uma polegada de largura e duas profundidade para a parte de
cima do lombo; outra sobre a extremidade inferior do ombro
direito com a dita largura e duas polegadas e meia profundidade
buscando para cima; outra a meio da costela do lado direito com
mais de duas polegadas de largura e três de profundidade bus-
cando para cima, outra debaixo do braço, próxima ao sovaco,
com uma polegada de largura e pouco mais profunda e acharam
haver mais corpo do ferido um arranhão do lado esquerdo ao
correr do braço com uma chave de comprido e também acharam
uma pequenina ferida ao pé da espinhela, afirmando as ditas
testemunhas debaixo do referido juramento que nada mais tinha
a ver e sim declaravam que as três primeiras feridas com quanto
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sejam em partes perigosa lhes não parecem mortais; porém que
poderiam resultar a morte se não fosse bem curadas, sendo tudo
quanto podem declarar pelo que houve o Juiz este exame por
terminando mandando lavra o presente auto do que dou a minha
fé, passando o conteúdo todo a verdade bem como de ver as
feridas no corpo dos feridos e com as testemunhas. Eu, Pedro
José Pinto escrivão deste Juízo escrevi e assino. Domingos da
Costa de Oliveira – Pedro José Pinto – Manuel Felix Calado –
João Ferreira da Costa – Antonio Nogueira de Lucena.
ASSENTADA
Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro do ano do Nas-
cimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e oitocentos e trin-
ta e três, em casa de morada do Juiz de Paz desta Povoação de
Santa Luzia de Mossoró, Domingos da Costa de Oliveira, foi
por ele inquirido e perguntado as testemunhas subseqüentes das
quais seus nomes, idades, estados, moradias e costumes, são as
que adiante se sequem do que para constar faço este termo. Eu,
Pedro Pinto, Escrivão do Juiz de Paz, escrevi.
TESTEMUNHA 1ª
Manuel Rodrigues Pereira, branco, casado, de idade de
quarenta e um anos, morador neste povoado de Santa Luzia de
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Mossoró, que vive do seu negócio e quem o Juiz de Paz desta
dita povoação, Domingos da Costa de Oliveira, deferiu o jura-
mento dos santos evangelhos em um livro deles em que tocou
sua mão direita na forma do estilo e sendo, por ele aceito o ju-
ramento, prometeu dizer a verdade e costume nada disse. E sen-
do perguntado pelo dito Juiz Pelo conteúdo no auto de vistoria,
que tudo lhe foi lido e declarado. “Disse que indo à “Ilha de
Dentro”, à casa de Jerônimo de Sousa assistir ao casamento de
uma filha do dito Jerônimo que aconteceu ali pelas duas horas
da tarde, pouco mais ou menos darem uma facadas na pessoa de
Antonio Basílio de Sousa, que ele, testemunha, viu o ferido mais
não viu quem dera por se achar no momento em casa de Ale-
xandre de Sousa Rocha; porém que a maior parte dos assistentes
lhe disseram que as facadas tinham sido dadas pelo Reverendo
Padre Francisco Longino Guilherme de Melo. Perguntou o dito
Juiz à dita testemunha se sabia porque o dito Reverendo tinha
feito aquilo, respondeu que foi porque Antonio Basílio de Sousa
saiu em defesa de Pedro Alves Ferreira com quem o Dio Reve-
rendo tivera umas razões e perguntados mais o dito Juiz se o
dito Reverendo estava espiritualizado do vinho. Respondeu que
sim em conseqüência do jantar que houve em casa do dito Jerô-
nimo de Sousa, onde alguns dos assistentes tinham bebido bas-
tante e mais não disse, e assinou seu juramento depois de lido
com o dito Juiz. Eu. Escrivão. Pedro José Pinto, Escrivão do
Juiz de Paz, escrevi. Domingos da Costa de Oliveira Manuel
Rodrigues Pereira.
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TESTEMUNHA 2ª
O Capitão José de Gois Nogueira, branco, casado, de ida-
de de oitenta e três anos, morador na Pitombeira, que vive de
criar e plantar, a quem o Juiz de Paz desta Povoação Domingos
de Oliveira, deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em um
livro deles em que, pôs a sua mão direita na forma do estilo, e,
sendo por ele aceito o juramento, prometeu dizer a verdade e de
custumes disse nada. E sendo perguntado pelo dito Juiz do con-
teúdo no auto de Vistoria que lhe foi lido e declarado: disse que
estando em casa de seu genro Alexandre de Sousa Rocha, mora-
dor da Ilha de Dentro ouvira dizer: lá mataram Antonio Basílio
de Sousa e correndo para a casa de Jerônimo de Sousa Rocha,
onde fora a serviço, viu caído no chão ao dito Antonio Basílio
de Sousa Rocha, como várias facadas que as não contou e per-
guntando a testemunhas quem tinha feito aquilo, no dito ferido
disseram-lhe varias pessoas que estava presente que fora o Re-
verendo Francisco Longino Guilherme de Melo; e perguntando
o dito juiz a dita testemunha qual o motivo porque o dito Reve-
rendo fizeram aquilo com Antonio Basílio, respondeu que por o
dito Basílio ter puchado por uma faca de ponta para o dito Re-
verendo, em defesa de Pedro Alves Ferreira, que este tinha dado
a João Ferreira da Costa e que o Reverendo pedira e este lhe não
quis dar e perguntando o mesmo Juiz se o Reverendo Juiz Lon-
gino estaria espiritualizado de bebidas respondeu que ele tinha
bebido vinho no jantar em casa do dito Jerônimo, onde se acha-
va o dito Reverendo e outros muitos circunstancias e mais não
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disse e assinou seu juramento depois de lido com o dito Juiz de
Paz. Eu, Pedro José Pinto, escrivão do Juiz de Paz, Domingos da
Costa Oliveira. José de Gois Nogueira.
TESTEMUNHA 3ª
Antonio Soares do Couto, branco, casado, de idade cin-
qüenta e quatro anos, morador nas Barrocas, que vive de criar e
plantar a quem o Juiz de Paz desta povoação Domingos da Costa
de Oliveira deferiu o juramente dos Santos Evangelhos, em um
livro deles, em que pôs a sua mão direita na forma do estilo,
sendo por ele aceito o juramento prometeu dizer a verdade e do
custume disse nada. E sendo perguntado pelo dito Juiz pelo con-
teúdo no Auto de vistoria que tudo foi lido e declarado respondeu
que sabe por ver o Reverendo Francisco Longino Guilherme de
Melo dar na pessoa de Antonio Basílio de Sousa várias facadas no
lugar ilha de dentro no terreno de Jerônimo de Sousa Rocha onde
se achava ele testemunhas e outros muito circunstantes em virtude
do casamento de uma filha do dito Jerônimo, perguntando-lhe mais
o Juiz a dita testemunha qual era a causa porque o Reverendo Lon-
gino tinha feito aquilo no dito Basílio, respondeu porque o dito
Reverendo em defesa de Pedro Alves Ferreira, com quem o dito
Reverendo estava arrazoando de palavras; depois do que foi o dito
Reverendo buscar a faca de ponta que tinha guardado dentro de
umas botinas penduradas em um torno, na sala da casa do mesmo
Jerônimo, e sendo perguntado mais pelo dito Juiz porque motivo
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arrasou-o Reverendo Longino com o Padre Alves Ferreira, respon-
deu que por um pouco de dinheiro de ouro e prata que o dito Alves
deu para pagar a João Ferreira da Costa, a quem o Reverendo Lon-
gino pedira para ver e o dito Ferreira lhe não quis mostrar, resul-
tando disso as razões já mencionadas; e perguntando mais o mes-
mo Juiz à dita testemunha se o Reverendo Longino estava espiritu-
alizado não faria o que fez; e mais não disse assinou seu juramento
depois de lido com o dito Juiz. Eu, Pedro José Pinto, Escrivão do
Juiz de Paz o escrevi. Domingos da Costa de Oliveira. Antonio
Soares de Couto.
TESTEMUNHA 4ª
Antonio de Sousa Nogueira, branco, casado, de idade de
trinta e dois anos, morador na ilha de Dentro que vive de Criar e
plantar a quem o Juiz de Paz desta povoação de Santa Luzia de
Mossoró, Domingos de Costa de Oliveira deferiu o juramento
dos Santos Evangelhos em um livro deles em que tocou sua mão
direita e sendo por ele aceito o juramento prometeu dizer a ver-
dade e do costume nada disse. E sendo perguntado pelo dito Juiz
pelo conteúdo do Auto de Vistoria que lhe foi lido e declarado,
respondeu: que sabe por ouvir dizer a varias pessoas e ao mesmo
Reverendo Longino Guilherme de Melo, que lhe digo ele dera
varias facadas na pessoa de Antonio Basílio de Sousa a quem a
dita testemunha viu caído por terra no terreno de seu irmão Je-
rônimo de Sousa, morador na ilha de Dentro, onde houve suces-
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so no dia dezessete do correte pelas duas horas da tarde, pouco
mais ou menos; e, sendo perguntado pelo mesmo Juiz qual o
motivo porque o dito Reverendo fizera aquilo respondeu: que
ouvira dizer que o dito Basílio para que lhe entregasse a sua
faca, ele prontamente a entregou ao dito Jerônimo indo nesta
ocasião o mesmo Reverendo buscar a faca que tinha guardado
dentro de umas botinas que estavam penduradas na sala do
mesmo Jerônimo e querendo várias pessoas oporem-se a que ele
Reverendo ofendesse alguém, jamais conseguiram; e perguntado
o dito Juiz a ele testemunha, qual o motivo das razões entre o
Reverendo e Pedro Alves, respondeu que ouvira dize por várias
circunstantes que precisaram tudo, que fora por um pouco de
dinheiro de ouro prata que o dito Alves dera para pagar a João
Ferreira da Costa a quem o dito Reverendo pedira para ver e ele
não lhe quis mostrar, sendo isto a causa das ditas razões e do
mais que fica referido; e perguntando mais o dito Juiz a dita
testemunha, se o dito Reverendo Longino e os mais circunstan-
tes tinham bebido algum vinho no jantar da casa do dito Jerôni-
mo de Sousa, em conseqüência do casamento de uma filha do
dito Jerônimo; e mais não disse e assinou seu juramento depois
de lido com o dito Juiz. Eu, Pedro José Pinto, Escrivão do Juiz
de Paz o escrevi. Domingos da Costa de Oliveira. Antonio Soa-
res de Couto.
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TESTEMUNHA 5ª
Antonio Nogueira de Lucena, branco, casado, de idade de
setenta anos, morador na Fazenda do Pinto ou “Lagoa das Pe-
dras” que vive de agricultura, a quem o Juiz de Paz desta povoa-
ção de Santa Luzia de Mossoró, Domingos da Costa de Oliveira
deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles
em tocou sua mão direita, na forma e estilo, e, sendo por ele
aceito o juramento, prometeu dizer a verdade de custume disse
nada. E sendo perguntado pelo dito Juiz pelo conteúdo no Auto
de Vistoria, que tudo lhe foi lido e declarado disse que estando
no lugar Ilha de Dentro em casa de Jerônimo de Sousa Rocha,
no dia dezessete do corrente mês de janeiro onde ele testemunha
foi por motivo do casamento de uma filha do dito Jerônimo,
sabe por ver quem o Reverendo Francisco Longino Guilherme
de Melo, foi quem deu com uma faca de ponta as facadas na
pessoa de Antonio Basílio de Sousa; Perguntou o dito Juiz qual
o motivo porque o dito Reverendo fez aquilo, respondeu ele
testemunha que foi porque o dito Basílio puchara uma faca de
ponta para o dito Reverendo, cuja a faca sendo-lhe pedida pelo
dito Jerônimo, saiu com a faca e fez o que fica referido e per-
guntando mais o dito Juiz a ele testemunha porque o dito Basílio
puchou a faca para o dito Reverendo, respondeu que em Defesa
de Pedro Alves Ferreira com quem o Reverendo estava arrazo-
ando de palavras; e perguntando mais o dito Juiz qual o motivo
das ditas razões, respondeu ele testemunha que fora por um pou-
co de dinheiro de ouro e prata que o dito Pedro Alves dera a
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José Ferreira da Costa para pagar ou guardar e querendo o dito
Reverendo mostrasse isto é que o dito João Ferreira lhe mos-
trasse o dinheiro e este não quis fazer, dando causa as razões já
ditas; e perguntando mais o dito Juiz a ele testemunhas se o Re-
verendo estaria em estado de embriaguez respondeu que ele Re-
verendo tinha bebido bastante vinho no jantar da casa do dito
Jerônimo; e mais não disse e assinou seu juramento depois de
lido com o dito Juiz. Eu, Pedro José Pinto, Escrivão do Juiz de
Paz o escrevi. Domingos da Costa de Oliveira. Antonio Soares
de Couto.
CONCLUSÃO
Aos vinte e cinco dias do mês de janeiro do ano de nasci-
mento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e
três, em casa do Juiz da Paz desta Povoação de Santa Luzia de
Mossoró, Domingos da Costa de Oliveira, faço estes conclusos
ao dito Juiz para os sentenciar como for de direito, por me dizer
serem bastante as testemunhas já inquiridas de que para constar
faço este termo. Eu, Pedro José Pinto, Escrivão do Juiz de Paz o
escrevi.
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CONCLUSÕES
Vistos os autos, obrigada ao Reverendo Francisco Longino
Guilherme de Melo a prisão e livramento ordinário. Também
obriga a Antonio Basílio de Sousa, morador na redonda, a um
mês de prisão, por se achar compreendido em crime de Polícia
por carregar arma defesa. E peguem ambos os réus as custas
pró-ratas. O escrivão do meu cargo passo mandando de prisão e
faça remessa destes Autos ao Escrivão do crime respectivo. Po-
voação de Santa Luzia de Mossoró, 28 de janeiro de 1833. Do-
mingos da Costa de Oliveira.
DATA
Aos vinte e oito dias do mês de janeiro do ano que Nosso
Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e três, pelo Juiz da
Paz desta povoação de Santa Luzia de Mossoró, Domingo de
Costa de Oliveira, me foi entregue este processo com sua sen-
tença retra do que para contar faço este Termo. Eu, Pedro José
Pinto, Escrivão do Juiz de Paz, o escrevi.
REMESSA
Aos vinte dias do mês de janeiro do ano que Nosso Senhor
Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e três, em meu cartório,
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nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, Termo da Vila da
Princesa faço remessa destes Autos fiel entrega ao Escrivão Vi-
talício Manuel de Melo Montenegro Pessoa, digo, ao escrivão
Vitalício daquele Juízo Manuel de Melo Montenegro Pessoa, ou
quem suas fazer ou em ofício servir para continuação dos mais
termos de que, para constar fiz este Termo. Eu, Pedro José Pin-
to, Escrivão do Juiz de Paz, o escrevi.
CUSTAS
Para o Juiz:
Vistoria ........................................................................... 2:000
Inq...................................................................................... 500
Sent. ................................................................................... 400
Conta............................................................................... 2:980
Escrivão:
Aut. ...................................................................................... 40
Vist..................................................................................... 300
Assent. ................................................................................. 75
Not. 5 test........................................................................ 2:000
Cam.................................................................................... 400
Dat. ..................................................................................... 45
Raza ................................................................................ 3:090
Trasl. ............................................................................... 2:940
........................................................................................ 9:010
Papel .................................................................................. 120
...................................................................................... 11.990
Oliveira.
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DATA
Aos cinco de fevereiro de mil oitocentos e tinta e três ne-
tas Vila da Princesa da Província e Comarca do Rio Grande do
Norte, em meu escritório, me foram entregues estes autos de
Sumario por parte do escrivão do Juiz de Paz de Gurumé, digo,
de Santa Luzia de Mossoró, pelo qual me foi remetido do que
para constar fiz este Termo. Eu, Manuel de Melo Montenegro
Pessoa, Escrivão Vitalício, o escrevi.
CONCLUSÃO
Aos cinco de fevereiro de mil oitocentos e tinta e três netas
Vila da Princesa, em meu escritório, faço estes Autos de Sumário
conclusos ao Juiz Ordinário Antonio Cabral de Macêdo, para a
sustentação d Pronuncia de que para contar fiz este termo. Eu, Ma-
nuel de Melo Montenegro Pessoa, Escrivão Vitalício, o escrevi.
CONCLUSÕES
Visto estes autos do Sumário de Crime que confirmo a
pronuncia a f. 7 dada pelo Juiz de Paz do Curato de Santa Luzia
de Mossoró, por está conforme o direito. Vila da Princesa 5 de
fevereiro de 1833. Antonio Cabral de Macedo.
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DATA
Aos cinco de fevereiro de mil oitocentos e tinta e três nesta
Vila da Princesa e comarca do Rio Grande do Norte, em meu
escritório me foram entregues estes autos Sumário com a sen-
tença de sustentação retra, dada pelo Juiz Ordinário Antonio
Cabral de Macêdo, do que para constar fiz este Termo. Eu, Ma-
nuel de Melo Montenegro Pessoa, Escrivão Vitalício, o escrevi.
Diz o Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo,
Réu prezo, pelo crime que lhe resultou no Sumário a que proce-
deu o Juiz de Paz da Povoação de Mossoró, pelos referimentos
feitos na pessoa de Antonio Basílio de Sousa em que Suplicante
saiu obrigada a prisão e livramento por pronuncia sustentada por
este Juízo, mas que o suplicante teve que mostrar sua ignorância
e defesa e para solto o poder fazer sem ser oprimido da prisão
em que está, requer a V. As. Seja servido mandar passar Alvará
de fiança na forma de lei de 22 de setembro de 1828, artigo 2,
parágrafo Segundo e pede ao IImo. Sr. Juiz Ordinário defira na
forma requerida E. R. M. Passe Alvará para o requerido. Vila, 5
de fevereiro de 1833. Cabral.
Alvará de fiança que assina Manuel Jerônimo Lemos de me-
lo, pelo Réu preso o Padre Francisco Longino Guilherme de Melo.
Aos seis de fevereiro de mil oitocentos e trinta e três, nesta
Vila de Princesa, em casa de residência do Juiz Ordinário Anto-
nio Cabral de Macedo, onde eu Escrivão de seu cargo, ao adian-
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te nomeado estava em estado presente o afirmado Manuel Jerô-
nimo Lemos de Melo, por este foi dito a ele Juiz que ficava toda
emenda e satisfação e custas pelo Réu preso o Reverendo Fran-
cisco Longino Guilherme de Melo, para que solto corresse seu
livramento requerendo a ele Juiz, aceitasse a fiança oferecida
passado-se depois contra-mandando a alvará de soltura pelo
crime que o resultou do Sumário o que procedeu Juiz de Paz da
Povoação de Mossoró, pelos referimentos feitos em Antonio
Basílio, cuja a pronuncia se achava sustentada por este Juízo, o
que sendo visto ouvido por ele Juiz, Disse que aceitava a fiança
na forma mencionada e que se passe se contra mandado e alvará
de soltura na requerida do que para constar fiz este Termo. Eu,
Manuel de Melo Montenegro Pessoa, escrivão, o escrevi. Ca-
bral. Manuel Jerônimo Lemos Melo.
JUNTADA
Aos seis dias do mês de fevereiro de mil oitocentos e trinta
e três, nesta Vila de Princesa, em meu escritório junto a estes
autos de Sumário Crime, o Termo de Fiança prestada pelo Réu,
o Padre Francisco Longino Guilherme de Melo e para contar fiz
este termo. Eu, Manuel de Melo Montenegro Pessoa, escrivão, o
escrevi.
Procuração bastante que fora de notas faz o Réu afiançado
Padre Francisco Longino Guilherme de Melo deste Termo para
o que abaixo se declara.
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Saibam quantos estes público instrumento de procuração
bastante virem que sendo no Ano de Nascimento do Nosso se-
nhor Jesus Cristo de mil oitocentos e trinta e três, aos seis de
fevereiro do dito ano, nesta Vila Princesa, da província e Co-
marca do Rio Grande do Norte, em meu escritório apareceu pre-
sente o Réu afiançado o Padre Francisco Longino Guilherme de
Melo, pessoa de mim conhecida pelo próprio que dou fé. E por
ele foi dito em minha presença e das testemunhas abaixo nome-
adas e assinadas que por bem deste instrumento fazia, ordenava
e constituía seu bastante procurado nesta Vila e onde com esta
se apresentar, aos Senhores Manuel Jerônimo Lemos de Melo,
Francisco Xavier da Cunha, mostradores que serão do presente
instrumento, aos quais disse dava cidia e traspassava todos os
seus livres poderes, mandando especial e geral, quão bastante se
requer para que os ditos seus procuradores façam juntos e cada
um de per si solidum possam procurar e requerer, alegar e de-
fender todo o seu direito e justiça em querer alegar e defender
todo o seu direito e justiça em todas as suas demandas, crimes e
cíveis, movidas e por mover, darem e demandarem a quem de
direito for. Especialmente poderão os ditos seus procuradores
todos juntos e cada um de per si pedirem vista neste juízo de um
Sumário Crime procedido contra a suplicante no Juízo de Paz de
Mossoró por uns ferimentos feitos em Antonio Basílio, no qual
saiu pronunciado a prisão e livramento e a ele se oporem para
mostrarem e provarem seu defesa poderão fazer e assinar todos
os papéis necessários para o seu livramento do dito Sumário e
assistirem as audiências como se ele presente estivesse e tudo o
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mais poderão fazer a seu beneficio. Substabelecerão estes nos
procuradores que quiserem e estes em outros. Em fé de verdade
assim o disse e outorgou e pediu que fosse feito este instrumento
fora de notas, que o fiz por ser me distribuída depois do que
sendo-lhe lida a aceitou e assinou com as testemunhas: José Jo-
aquim de Soares e Manuel Januário Bezerra, e eu Manuel de
Melo Montenegro Pessoa, Escrivão e Tabelião Público, o escre-
vi. Padre Francisco Longino Guilherme de Melo.
JUNTADA
Aos seis de fevereiro de mil oitocentos e trinta e
três, nesta Vila de Princesa, da Província e Comarca do Rio
Grande do Norte, em meu escritório junto a estes autos de sumá-
rio a procuração bastante retra que fez neste Juízo o Réu afian-
çado o Padre Francisco Longino Guilherme de Melo e para con-
tar fiz este termo. Eu, Manuel de Melo Montenegro Pessoa, es-
crivão, o escrevi.
Diz o Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo, Réu
afiançado que para mostrar sua ignorância defesa no Sumário a
que se procedeu pelos ferimentos feitos em Antonio Basílio re-
quer a V. Sa. Seja servido mandar que lhe dê vista do mesmo
Sumário com o prazo da lei para formar sua contestação. Pede
ao IImo. Sr. Juiz Ordinário seja servido deferir na forma reque-
rida. E. R. M.
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Concedo na forma requerida. Vila da Princesa, 6 de fevereiro
de 1833. Cabral.
TERMO DE VISTA
Aos sete de fevereiro de mil oitocentos e trinta e três, nesta
Vila de Princesa, da província e Comarca do Rio Grande do
Norte, em meu escritório faço estes autos com vista ao Alferes
Manuel Jerônimo Lemos de Melo, como procurador bastante do
Padre Francisco Longino Guilherme de Melo, afiançado, digo,
Réu afiançado, e para constar fiz este termo. Eu, Manuel de Me-
lo Montenegro Pessoa, escrivão vitalício o escrevi. – Vista de
Manuel Jerônimo.
EM CONCLUSÃO
No estado em que está este processo em que sob a conclu-
são com se vê, não consta que fosse terminado, antes se mostra
estas ainda pendente de decisão e julgamento definitivo de Júri,
em presença do antigo Juízo de paz, que se acha sustentado pelo
Juízo Ordinário a fls. 9, mas não pelo Júri de Acusação, segundo
a legislação do Cod. Do Proc. Art. 239 e 242, e seguindo o ante-
rior a que rege nesta matéria digo, da promulgação da lei de 3 de
dezembro de 1841 e nos respectivos regulamentos. Ora, compe-
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tindo e sendo o meu dever dar andamento aos processos, crimes
pendentes, em que tem lugar o procedimento oficial da justiça,
caso em que este está resultando-me este dever em conclusão do
disposto no Regulamento das mesmas conclusões, art. 31; sendo
que este processo existindo em andamento ao tempo em que
começou a execução do Cod. Do Processo como se vê das res-
pectivas datas devia dar-se a seu respeito o destino e andamento,
que resulta dos artigos 36, 37 e 38 das instruções de 13 de de-
zembro de 1832, pela execução do mesmo Cod. e estado no es-
tado em que se achava no tempo de execução da li de 3 de de-
zembro de 1841, devia ter o andamento – que determina os arti-
gos 21, 30 e 32, combinadamente do Regulamento número 122,
de 2 de fevereiro de 1841, é conseqüência de tudo isto, que não
se tendo assim procedido cumpre-me em conclusão fazer proce-
der e fazer que tenha ele o competente andamento. Mas mesmo
nos crimes do procedimento oficial da Justiça, ainda que não
seja alegada pela parte deve prevalecer à precisão, quando não
pode ela depende de prova por ser intuitiva com resultado do
citado regulamento das correções, art. 31, parágrafo 4º. e Código
do processo art. 149 e 329, por isso que não quis o legislador
que a justiça pudesse proceder na investigação do fato quando
evidentemente o réu o tem amparado; ora, sendo o crime que fez
objeto deste processo afiançável assim é porque a conclusão que
em emana da leitura das peças do processo como porque tal foi
regulado pelos Juízes da formação efetivamente lhe concederam
a fiança, então requerida com ele consta; prescreve ele em todo
caso com o período de vinte anos seja qual for a ausência e in-
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certeza do lugar do réu Lei de 3 de dezembro de 1841, art. 32; e
porque do último ato que deste processo consta fazer mais vinte
e seis anos até o presente; é evidente que se acha este processo e
o crime de que ele trata inteira e “ipse-jus” prescrito; assim pois
julgando-o mando que fique este processo em guarda no Cartó-
rio a que pertence ficando igualmente isento de subir as futuras
correções, visto nada nele ter a providenciar nem a prosseguir.
Vila de Mossoró, 25 d novembro de 1859. Luiz Gonzaga de
Brito Guerra.
Ano de 1841 – Juízo de Paz da Povoação de Santa Luzia
de Mossoró, Sumário Crime que mandou proceder o Juiz de Paz
deste Distrito da Santa Luzia de Mossoró, o Alferes Alexandre
de Sousa Rocha, contra João Ferreira da Costa, Maximiniano
Ferreira da Costa, Lourenço Ferreira da Costa, Acurcio Ferreira
da Costa, José Vicente da Silva, José Antonio de Araujo, Eufra-
zio Alves de Oliveira, Florêncio Alves de Oliveira e Francisco
da Penha Batinga, pelas mortes por eles feitas nas pessoas de
Felipe Mendonça Vasconcelos e Ezequiel da Costa. O Escrevi.
Neri – Autuação. Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus
Cristo de mil oitocentos e quarenta e um aos vinte e três dias do
mês de julho do dito ano, em casa de aposentadoria do Juiz de
Paz, o Alferes Alexandre de Sousa Rocha, desta povoação de
Santa Luzia de Mossoró, do termo da Vila do Apodí da Comar-
ca do Assú, da província do Rio Grande do Norte, para onde eu
Escrivão do seu cargo adiante nomeado e abaixo assinado, fui
vindo para o efeito de se proceder o sumário Crime contra João
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ferreira da Costa Junior, Maximiano Ferreira da Costa, Louren-
ço Ferreira da Costa, Acurcio ferreira da Costa, José Vicente da
Silva, José Antonio de Araujo, Eufrasio Alves de Oliveira, Flo-
rêncio Alves de Oliveira e Francisco da Penha Batinga, pelas
mortes, por eles feitas nas pessoas de Felipe de Mendonça Vas-
concelos e Ezequiel da Costa e logo pelo dito Juiz me foi entre-
gue o corpo de delito mandando que eu Escrivão, tudo tomasse
autuasse e preparasse para efeito de se proceder o processo e
confirmado o corpo de delito e tomei, autuei e preparei tudo e o
que adiante se segue, do que para constar fiz este autuamento.
Eu, José Felipe Nerí da Costa Escrivão do Juiz de Paz, o escrevi.
AUTO DO CORPO DE DELITO, que mandou proceder
o Juiz de Paz deste Distrito, o Alferes Alexandre de Sousa ro-
cha. Aos quinze dias do mês de Julho do ano de mil oitocentos e
quarenta e um, nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, do
Termo de Vila do Apodi, da Comarca do Assú, da Província do
Rio Grande do Norte, em casa de aposentadoria do Juiz de Paz,
o Alferes Alexandre de Sousa Rocha, onde eu escrivão de seu
cargo fui vindo ao diante nomeado e abaixo assinado, para efeito
de se proceder o exame de corpo de delito sobre o crime come-
tido pelos réus João Ferreira da Costa Junior, Maxiniano Ferrei-
ra da Costa, Lourenço Ferreira da Costa, Acurcio Ferreira da
Costa, José Vicente da Silva, José Antonio de Araujo, Eufranzio
Alves de Oliveira, Florêncio Alves e Francisco da Penha Batin-
ga, pelas mortes por ele feitos nas pessoas de Felipe de Men-
donça Vasconcelos e Ezequiel da Costa, logo mandou ele Juiz si
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dois peritos Francisco Antonio de Maçaranduba, morador nesta
povoação de Santa Luzia de Mossoró e Antonio Leocádia de
Sousa, morador do pé da mesma povoação, pessoas expedientes
e de bem a quem ele Juiz lhes deferiu o juramento dos Santos
Evangelhos na forma do estilo e lhes encarregou que bem e fi-
elmente sem dolo, Malícia e nem feição,entrassem no referido
exame de Corpo de delito e declarassem todo o que viram e
soubessem das mortes feitas nas pessoas de Felipe Mendonça de
Vasconcelos e Ezequiel da Costa. Debaixo de seu Juramento
prestado disseram que no dia 14 (quatorze) para amanhecer o
dia 15 de julho deste ano, vieram nesta povoação João Ferreira
da Costa, Maximiniano ferreira da costa, Lourenço Ferreira da
Costa, Acurcio Ferreira da Costa, José Vicente da Silva, José
Antonio de Araujo, Eufrazio Alves de Oliveira, Florêncio Alves
de Oliveira e Francisco da Penha Batinga, foram a casa onde
estava tomando uns remédios o finado Ezequiel da Costa e bota-
ram a porta abaixo, onde ouviram uma porção de tiros e daí vira-
ram-se para a porta do reverendo Francisco Longino Guilherme
de Melo, botaram as portas abaixo, ouviram mais outro tiro que
em Felipe Mendonça de Vasconcelos deram; um tiro empregou
a bala na lado direito passou para o lado esquerdo e em Ezequiel
da Costa, empregaram bala no vão do pescoço no lado direito e
saiu abaixo do braço esquerdo e mais muitos buracos do chum-
bo e bala no rosto direito e que todo o acontecimento foi público
e notório, ele testemunha disseram e declararam que mais nada
tinha a dizer senão o que tinha visto tinha e houve o dito Juiz o
presente auto do corpo de delito por findo, do que mandou la-
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vrar o presente auto com as testemunhas presente e abaixo assi-
nada e o Oficial de Justiça João Antonio Dantas Brasil com ele
Juiz aqui assinaram. Eu, José Felipe Nerí da Costa, Escrivão do
Juiz de Paz o escrevi. Alexandre de Sousa Rocha, Antonio Leo-
cádia de Sousa, por Francisco Antonio Maçaranduba, Manuel
Rodrigues Pessoa Junior, João Antonio Dantas Brasil.
ASSENTADA
Aos vinte e três dias do mês de julho de mil oitocentos e
quarenta e um, nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, do
Termo da Vila do Apodi da Comarca do Assú da Província do
Rio Grande do Norte, em casa de aposentadoria do Juiz da Paz,
deste Distrito, o Alferes Alexandre de Sousa Rocha, onde eu
escrivão de seu cargo ao diante nomeado e abaixo assinado fui
vindo e aí por ele Juiz foram inquiridas as testemunhas do que
para constar fiz este termo. Eu, José Felipe Nerí da Costa, Escri-
vão do Juiz o escrevi.
1ª TESTEMUNHA
Francisco Gomes dos Santos Guará, testemunha jurada aos
Santos Evangelhos, homem branco, casado, morador nesta Po-
voação, de idade que disse ser de trinta e quatro anos, que vive
do seu negócio de fazendas e molhados, testemunhas jurada aos
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Santos Evangelhos, em um livro deles, em que pôs sua mão di-
reita, na forma do estilo e do custume e disse nada sendo per-
guntado por ele Juiz a ele testemunha no auto deste Processo se
sabia que havia morto Felipe Mendonça Vasconcelos e Ezequiel
da Costa, na noite do dia quatorze do corrente para amanhecer o
dia 115 do mesmo, disse que vieram a esta povoação João Fer-
reira da Costa Junior, Maximiano Ferreira da Costa, Lourenço
Ferreira da costa, Acurcio Ferreira da Costa, José Vicente da
Silva, José Antonio de Araújo, Eufrazio Alves de Oliveira, Flo-
rêncio Alves de Oliveira e Francisco da Penha Batinga e mais
um caboclo que não sabia o nome na noite do dia quatorze do
corrente para amanhecer no dia 15, que disse percebeu bem a
fala da José Vicente da Silva, João ferreira da Costa Junior, José
Antonio de Araújo, e que este disseram, deram um tiro em Feli-
pe de Mendonça Vasconcelos e daí botaram a porta abaixo, onde
estava tomando uns remédios Ezequiel da Costa e deram uns
tiros e o mataram e ouvindo eles gritarem morresse cabra João
Ferreira da Costa Junior dizer dei-me uma faca se querem que
eu vá dentro e daí viraram-se para a porta do Reverendo Fran-
cisco Longino Guilherme de Melo, botaram-lhe a porta abaixo e
deram uma porção de tiros e sendo perguntado por ele Juiz a ele
testemunha se era parente ou se tinha amizade com os réus e
sabia a causa porque cometeram este atentado, respondeu que
não era parente dos réus e nem com eles tinha intriga alguma, a
causa porque cometeram o atentado não sabia, perguntando mais
se os tiros que ouviu foram da parte dos réus, disse que depois
deles réus terem arrombado as portas gritando que iam dentro da
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casa de Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo, apa-
reça seu Padre Longino Guilherme de Melo e botaram a porta
abaixo e deram uns tiros e perguntado por ele Juiz a ele Teste-
munha se ouviu alguns tiros só serem dos réus disse que dentro
da casa de Reverendo Francisco Longino Guilherme de Melo
ouviram uns tiros por ouvir dizer e porque eles réus botaram as
portas abaixo gritando que iam dentro de casa e o dito Reveren-
do mandou dar estes tiros em sua defesa e que estes tiros não
ofenderam a ninguém, sim saiu Acurcio Ferreira da Costa ferido
com um tiro na cabeça e perguntando mais ele Juiz a ele teste-
munha se é parente e se tinha alguma intriga disse que não era
parente e nem tinha intriga alguma com os réus e perguntando
mais se ele sabia de algumas pessoas que tivessem dado auxilio
afim de cometerem o atentado praticado disse que não sabia e
mais nada disse e assinou seu juramento depois de lido lhe ser
com ele Juiz e por lhe parecer certo e eu José Felipe Nerí da
Costa, escrivão do Juiz de Paz, o escrevi. Rocha. Francisco Go-
mes dos Santos Guará.
2ª TESTEMUNHA
Manuel da Costa Barbalho, semi-branco, casado, assisten-
te nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, de idade que dis-
se ser de vinte e dois anos, que vive de seu ofício de ferreiro,
testemunha jurada aos Santos Evangelhos, em um livro dele, em
pôs sua mão direita, na forma do estilo e do costume, e disse
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nada e sendo perguntado por esse Juiz a ele testemunha no auto
deste processo se sabe quem havia morto a Felipe de Mendonça
Vasconcelos, e Ezequiel da costa, disse que na noite do dia 14
do corrente, para amanhecer o dia 15, vieram a esta povoação
João Ferreira da Costa Junior, José Vicente da Silva, Acurcio
Ferreira da Costa e esse conheceu pela fala e acostada a eles,
vieram, por ouvir dizer Maximiano Ferreira da Costa, Lourenço
Ferreira da Costa, Eufrázio Alves de Oliveira, José Antonio de
Araujo, Francisco da Penha Batinga e Florêncio Alves de Oli-
veira, e que sendo Felipe de Mendonça Vasconcelos Sacristão
da Igreja de Santa Luzia, costumava fazer orações de madrugada
quando saindo fora a ver que horas eram lhe disparam dos réus
uma arma de fogo e o passou com uma bala, dizendo mesmo
Felipe de Mendonça Vasconcelos, que o primeiro tiro foi o que
empregou em si e depois disso foram a porta onde mataram o
dito Ezequiel da Costa e daí gritando – morresse cabra – foram a
porta do Reverendo Francisco Longino de Melo, arrombaram a
porta deram uns tiros gritando iam dentro de casa do Reverendo
Francisco Longino de Melo e perguntando por ele Juiz a ele
testemunha se era parente daqueles réus ou se tinha deles algu-
ma queixa inimizade e a causa porque cometeram aquele atenta-
do, respondeu que não era parente e nem tinha queixa nem ini-
mizade com algum deles réus e a causa porque cometeram aten-
tado não sabia, perguntando mais o dito Juiz a ele testemunha se
sabia se alguma pessoa fora dos réus cúmplice auxiliou ou deu
alguma ajuda afim de que praticassem e fizessem essas mortes
disse-lhes que não lhe constava, perguntando mais o dito Juiz se
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houve mais algum tiros sem serem os dos réus, disse que quando
eles réus estavam gritando depois de terem botado a porta a bai-
xo dizendo que iam dentro da casa do Reverendo Francisco
Longino Guilherme de Melo, deram uns tiros de dentro da casa
em defesa mais que esse tiros não ofendem a ninguém, sim que
ouviu dizer que saiu Acurcio Ferreira da Costa ferido na cabeça,
o mais não disse e assinou o seu juramento depois de lido lhe ser
com ele o Juiz e por lhe parecer certo. Eu, José Felipe Nerí da
Costa, Escrivão do Juiz de Paz, o escrevi. Rocha. Manuel da
Costa Barbalho.
3ª TESTEMUNHA
Antonio José dos Santos Leal, branco, casado, morador
nesta povoação de Santa Luzia de Mossoró, de idade que disse
ser de quarenta e cinco anos, que vive de seu oficio de ourives,
testemunha jurada aos Santos Evangelhos em um livro deles que
tocou sua mãe direita na forma do estilo e aos custumes disse
nada e sendo perguntado por ele Juiz a ele testemunha que havia
morto a Felipe de Mendonça Vasconcelos e Ezequiel da Costa,
disse que na noite do dia quatorze do corrente para amanhecer o
dia quinze estado ele testemunha em sua casa fechado, quando
ouviu um tiro que esse tiro foi o que matou a Felipe de Mendon-
ça Vasconcelos e daí deram muitos tiros e que um havia morto a
Felipe de Mendonça Vasconcelos e Ezequiel da Costa tinha sido
João Ferreira da Costa Junior, Maximiano Ferreira da Costa,
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Lourenço Ferreira da Costa, Acurcio Ferreira da Costa, José
Vicente da Silva, José Antonio de Araujo, Eufrazio Alves de
Oliveira, Florêncio Alves de Oliveira , Francisco de Penha Ba-
tinga e mais um caboclo que não sei o nome, estes deram um
tiro em Felipe de Mendonça Vasconcelos e por ouvir dizer que
foi para roubarem e daí foram a porta onde estava Ezequiel da
Costa tomando uns remédios e botaram a porta abaixo com um
machado e mataram Ezequiel da Costa com três ou mais tiros
gritando – morresse cabra atire no cabra, outros gritavam, atire
na cabeça do cabra e daí ouviu dizer eles réus, vamos a casa do
Padre, como de fato foram e botaram a porta abaixo com um
machado e deram uns tiros e passaram a porta com balas, per-
guntando ele Juiz a ele testemunha se era parente deles réus ou
se tinha intrigas com eles e que a causa porque cometeram o
atentado não sabia, perguntando mais pelo Juiz a ele testemunha
se sabia se houve pessoas que dessem auxilio para tal atentado
disse que não mais disse por ouvir dizer, que quando os réus
estavam gritando que entravam na casa do Reverendo Francisco
Longino Guilherme de Melo, ouviram uns tiros de dentro da
casa em defesa do mesmo Reverendo e que estes tiros não ofen-
deram ninguém que causasse morte, sim saira Acurcio Ferreira
da Costa ferido com um tiro na cabeça e mais disse ele testemu-
nha que os réus vieram a casa do reverendo Francisco Longino
de lido lhe ser Guilherme de Melo, matar um cabra e mais disse
e assinou o seu juramento depois com ele Juiz por lhe parecer
certo. Eu, José Felipe Nerí da Costa, escrivão do Juiz de Paz, o
escrevi. Rocha. Antonio José dos Santos Leal.
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4ª TESTEMUNHA
Alexandre Ferreira Barbosa, Branco, casado, morador no
pé desta Povoação de Santa Luzia de Mossoró, idade de cin-
qüenta anos que disse ter, que vive de suas agencias. Testemu-
nha jurada nos Santos Evangelhos em um Livro deles em que
pôs sua mão direita na forma do estilo e do custume, disse nada
e sendo perguntado por ele Juiz a ele testemunha na auto deste
processo pelas mortes feitas nas pessoas de Felipe de Mendonça
Vasconcelos e Ezequiel da Costa, na noite do dia quatorze do
corrente para amanhecer o dia quinze, vieram nesta povoação
João Ferreira da Costa Júnior, Maximiano Ferreira da Costa,
Lourenço Ferreira da Costa, Acurcio Ferreira da Costa, José
Vicente da Silva, José Antonio de Araújo, Eufrázio Alves de
Oliveira, Florêncio Alves de Oliveira, Francisco da Penha Ba-
tinga e sendo Felipe de Mendonça Sacristão de Igreja de Santa
Luzia, costumava de madrugada fazer oração na dita Igreja,
quando saindo fora a ver horas eram, deram o primeiro tiro que
a bala o passou para a outra banda e daí foram a casa onde esta-
va tomando uns remédios Ezequiel da Costa e botaram a porta
abaixo com um machado e deram-lhe uns três tiros e o mataram
gritando morresse cabra e viraram-se para a porta do Reverendo
Francisco Longino Guilherme de Melo, deram uns tiros na porta
que arrombam, e sendo perguntado se sabia que entre os réus e
os mortos havia alguma intriga, disse que não sabia, perguntado
mais o dito Juiz a ele testemunha, se dentro da casa do Reveren-
do Francisco Longino Guilherme de Melo houveram alguns
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tiros e a causa por que vieram eles réus a esta povoação, respon-
deu, que dentro digo, de dentro da casa do Reverendo Francisco
Longino Guilherme de Melo houveram uns tiros mas que estes
tiros não ofendem ninguém que causasse morte; só, sim, que
saiu Acurcio Ferreira da Costa ferido com um tiro na cabeça e a
causa por que vieram eles réus a esta Povoação, por ouvir dizer,
que vieram matar um cabra, sendo perguntado se sabia se houve
pessoas de fora que dessem auxílio para os ditos réus fazerem
esta mortes, disse
que não sabia e mais não disse e assinou seu juramento depois
de lido lhe ser com ele Juiz e por lhe parecer certo. Eu, José Fe-
lipe Nerí da Costa, escrivão do Juiz de Paz, o escrevi. Rocha.
Alexandre Ferreira Barbosa.
TERMO DE INFORMAÇÃO
Aos vinte e três dias do mês de julho de mil oitocentos e qua-
renta e um, nesta Povoação de Santa Luzia de Mossoró, do Termo
da Vila do Apodi, da Câmara do Assú, da Província do Rio Grande
do Norte, em aposentadoria do Juiz de Paz, o Alferes Alexandre de
Sousa Rocha, aí mandou ele Juiz vir perante saí duas pessoas da
vizinhança e do conhecimento dos réus no lugar do delito feito os
quais são – Manuel Antonio da Costa e Geraldo Francisco Fraga,
de que o dito Juiz colegindo afim conhecer do delito lhe informan-
do-se destas por parentesco declaram que era verdade que foi pú-
blico e notório de mandou ele Juiz, depois de informado lavrar o
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presente termo perante as testemunhas João Francisco da Silva e
Raimundo de Sousa Machado, de que o dito Juiz como informante
aqui assinam. Eu, José Felipe Nerí da Costa, escrivão do Juiz de
Paz, o escrevi. Rocha. Manuel Antonio da Costa. Geraldo Francis-
co Fraga Augerio.
CONCLUSÃO
Aos vinte e três dias no mês de julho do ano de mil oito-
centos e quarenta e um, nesta povoação de Santa Luzia de Mos-
soró do Termo da Vila do Apodi, Comarca do Assú, província
do Rio Grande do Norte, em meu cartório, faço estes autos con-
clusos ao Juiz do Distrito da Povoação, Alferes Alexandre de
Sousa Rocha, para os julgar por sentença, como achar de direito
e justiça, do que para constar fiz este termo. Eu, José Felipe de
Mendonça Vasconcelos, digo, José Felipe Nerí da Costa, escri-
vão do Juiz de Paz, o escrevi. Conclusos.
SENTENÇA
Obrigo aos depoimentos, digo, os ditos das testemunhas
inquiridas por mim neste processo a prisão e livramento a João
Ferreira Costa Junior, branco, casado, Acurcio Ferreira Costa,
branco, casado, Maximiano Ferreira da Costa, branco, casado,
moradores que foram nesta povoação Florêncio Alves de Olivei-
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ra, branco, casado, morador no “Bom Jesus”, José Vicente da
Silva, pardo, casado, morador nos “Macacos”, Eufrásio Alves de
Oliveira, branco, casado, morador no “Estreito do Jacú”, na ri-
beira do Upamena, Francisco Penha Batinga, índio, casado, mo-
rador na praia e José Antonio de Araújo, pardo, solteiro, mora-
dor nos “Macacos”, e por se acharem incursos nas penas do Art.
192 (cento e noventa e dois) do Código Criminal, o escrivão
lança seus nomes no rol dos culpados e faça remessa destes au-
tos para o Juiz sentencioso e passe as demais ordens necessárias
para a prisão dos réus. Povoação de Santa Luzia de Mossoró, 2
de agosto de 1841. Alexandre de Sousa Rocha.
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FAMÍLIA GUILHERME DE MELO
Aos trabalhos de Francisco Fausto de Souza, o professor
Lauro da Escóssia, quando o reproduziu pelo “O Mossoroense”,
começou a dar feição, que aqui se tentou desenvolver, mais em
harmonia com os modernos moldes genealógicos.
Também certo ramos da família Guilherme de Melo foram
continuados pelo professor Lauro da Escóssia e novos dados
agora são acrescentados, baseados em João Jacinto da Costa
(“Minhas Memórias de Santa Luzia do Mossoró”, Col. Mosso-
roense, nº 3), Romeu Leite Rebouças “Sobre a Dependência do
Cel. Miguel Arcanjo Guilherme de Melo” (Boletim Bibliográfi-
co nº 12) e Mozart Soriano Aderaldo “Minha Árvore Genealógi-
ca”, (Separata da Revista do Instituto do Ceará, tomo LXIV).
Da autoria de Francisco Fausto de Souza, já termos divul-
gado os seguintes trabalhos de natureza genealógica.
Família Cambôa – Volume primeiro da Coleção Mossoro-
ense, (Serie A) e Boletim Bibliográfico, números 4 a 7.
Família Alves de Oliveira – Boletim bibliográfico, nº 7.
Famílias Ausentes – Boletim Bibliográfico nº 13.
Família Freitas Costa – nº 14 do Boletim Bibliográfico.
A todos esses como aos presentes, a “Origem das Famílias
Mossoroenses”, que aqui se publica, serve de introdução.
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ORIGEM DAS FAMILIAS MOSSOROENSES
As Ribeiras de Mossoró e de Upanema, formadas por territó-
rios que mais tarde vieram constituir a freqüência e depois o
Município de Mossoró, tiveram seus primeiros povoadores civi-
lizados no princípio do século 18.
Foram moradores em Santa Luzia, na primeira metade desse sé-
culo, além de outros, Teodorico da Rocha e seus filhos Damião da
Rocha e Antonio Vaz Gondim, que foram proprietários de uma
sesmaria de 5 léguas de terra ao norte de Santa Luzia, começando
das testadas do mesmo sitio a terminar na lagoa do Gois.
Na segunda metade do século 18, moraram nesta Ribeira,
Baltazar da Rocha, Sargento-Mor José de Oliveira Leite, João
Marques Moreira, José Barbosa Braga, José da Costa Barca
(português), Porciano de Oliveira, casado que era com Isabel
Alves, ambos naturais do Rio Grande do Norte.
Na Fazenda Carmo, Frei Antonio da Conceição, Carmelita da
reforma, vindo do Convento do Carmo de Pernambuco, que aqui
batizava e casava de licença dos párocos do Apodi e o sargento-
Mor Antonio Afonso da Silva, Natural do Recife, que aqui cons-
tituindo família teve como descendentes João Gualberto Mariz,
Domingos Fernandes da Silva e outros.
Na fazenda da Picada, o Tenente Coronel Regente Francisco
Ferreira Souto.
No Pau do tapuio, o português Sebastião Machado de Aguiar,
Gonçalo Soares da Silva, natural do rio São Francisco e Sebasti-
ão de Freitas Costa.
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No Serrote, José de Freitas Costa, natural do Rio Grande do
Norte.
No Upanema, Eufrásio Aves de Oliveira natural de Goiana,
casado com Quitéria de Oliveira.
Em Grossos, o Capitão José Alves de Oliveira, Caetano Pe-
reira Martins e Dias Baraco.
Na segunda metade do século 18, fixaram residência na Ri-
beira do Mossoró, os primeiros membros das famílias Cambos,
Guilherme, Ausentes, Freitas Costa e Souza Machado.
Foram troncos da família Camboa, por um lado o Alferes
Manuel Nogueira de Lucena, natural de Muribeca, da capitania
de Pernambuco, casado que foi com Femiana Rosa dos Prazeres,
natural de Russas, da Capitania do Ceara e por outro lado Ale-
xandre de Souza Rocha, casado com Leocadio Barbosa de Vas-
concelos, ambos naturais de Goiana, que fixaram residência no
sitio Ilha de dentro, margem esquerda do Rio Mossoró, a uma
légua abaixo do Povoado de Santa Luzia, tendo antes este último
casal residindo por algum tempo no Seridó e aquele outro no
Aracati, na Ribeira do Jaguaribe.
Da família Guilherme foi troco Guilherme de Melo, natural do
Agreste do Rio Grande do Norte, casado com Ana Maria, que nesta
Ribeira residiu no sítio Taboleiro Grande, à margem do Rio Upa-
nema, onde começou como procurador de uma fazenda de gado.
Antonio Nunes de Mendonça, casado com Tereza Maria de
Jesus, ambos naturais do Seridó, formaram a ascendência da
Família ausente e vieram se fixar no lugar deste nome, Duas
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léguas acima de Santa Luzia, passado para essa família o nome
do lugar em que o primeiro residiram.
Foi troco da família Freitas Costa, Alexandre Neto de Freitas
Costa, natural de Guimarães, Reino de Portugal, casado com
Ana da Rocha, natural desta província e que se fixou no lugar
denominado Saboeiro, da Ribeira de Mossoró.
Foi ascendente da Família Souza Machado o Sargento-mór
Antonio de Souza Machado, natural de Braga, do Reino de Por-
tugal, casado com Rosa Fernandes, natural da Freguesia de Rus-
sas da Capitania do Ceará, que nesta ribeira fixou residência, no
sítio Grosso, margem esquerda do Rio Mossoró, no correr do
ano de 1760.
Estas famílias se tronaram numerosas na ribeira, achando-se
hoje muitos dos seus descendentes em linguagem, disseminados
por diversos Estados da República
SOBRE A DESCENDÊNCIA
DE MANUEL GUILHERME DE MELO
Guilherme de Melo, natural do agreste do Rio Grande do
Norte, no meado do século 18, aproximadamente, fixou residên-
cia no Taboleiro Grande, à margem do Rio Upanema, onde foi
criador e procurador de uma fazenda de gado do Coronel Joa-
quim José do Rego Barros, de Natal de quem era aparentado.
Casou-se Guilherme de Melo com Ana Maria, de cujo con-
sórcio teve um filho único: MANUEL GUILHERME DE MELO.
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Manuel Guilherme de Melo cc Ana Rita e são os pais de:
F1 – Simão Guilherme de Melo. Viveu da segunda metade
do Século18 para a primeira do século 19 CC. Inacia Maria da
Paixão, sepultada a 17-4-1846, tendo nascido em 1781. Foi pro-
prietário de terras de escravos, e criador na ribeira do Upanema
e na de Mossoró, tendo sido considerado rico para a época em
que viveu. Morou no lugar Camurupim, onde teve uma grande
fazenda de gado. Ocupou os cargos de arrecadador do Imposto
de Sal, de ferro de gado e foi procurador da Capela de Santa
Luzia, Simão Guilherme de Melo e Inacia Maria da Paixão são
os pais de:
N1 – PE. FRANCISCO Longino Guilherme de Melo, cuja
vida já foi estudada por Francisco Fausto de Souza (Publicação
do museu e da Biblioteca de Mossoró, em edição de 40 exem-
plares, 1949) nascido a 15 de Março de 1802 no Cumurupim.
Ordenou-se no Seminário de Olinda, no ano de 1826, sendo que
a 2 de fevereiro de 1827 cantou sua primeira missa na Capela de
Santa Luzia, de Mossoró, filial da Igreja Matriz de N. Senhora
da Conceição e de S. João Batista das Várzeas do Apodi. Foi
capelão em Santa Luzia até 1841, tendo, porém sido suspenso
das ordens e somente em 1849 sendo a mesma ab-rogada pelo
Bispo D. João da Purificação Marques Perdigão, por ocasião de
sua visita à Paróquia Apodi.
Seu nome se acha ligado a fatos extraordinários por ele
praticados dentro de povoação de Santa Luzia, devido a uma
luta armada que sustentou contra seus figadais inimigos, o Fer-
reira Butragos. Em 1845, retirando-se o Padre Longino de Mos-
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soró, indo percorrer as Províncias do Ceará, Piauí e Maranhão,
por onde andou durante 27 anos, após o que voltou de Mossoró
no ano e 1872, já velho, cego e doente. Aqui esteve por algum
tempo, indo depois servir como capelão da Rua da Palha (Upa-
nema) e mais tarde em Areia Branca, onde se agravado sua do-
ença, veio para Mossoró, tendo falecido no ano de 1879. Seu
cadáver foi sepultado dentro da capela do cemitério da Cidade.
N2 – LOURENÇO Justiniano Guilherme de Melo. Foi
proprietário e criador em Mossoró, onde residiu até o ano de
1845, quando se retirou da povoação devido aos acontecimentos
em que esteve envolvido seu irmão, Pe. Longino. Não tomou
parte nas lutas ao lado deste, indo se fixar na Província do Cea-
rá, onde se casou e deixou vários descendentes.
N3 – MANOEL Soriano Guilherme de Melo. Criador e
proprietário na terra do seu nascimento de onde também se reti-
rou pelos mesmos motivos da luta de seu irmão. Limitou seus
estudos às primeiras letras; revelava, no entanto, uma inteligên-
cia lúcida, sendo bom versejador. Retirou-se de Mossoró em
1845, indo residir no Maranhão, onde se cansou e fez figura
saliente, tendo sido nomeado Coronel Comandante da Guarda
Nacional da Comarca Caxias.
Até aqui Francisco Fausto de Souza. Utilizamos agora ou-
tro dados de Mozart Soriano Aderaldo, que complementarão as
informações sobre Manoel Soriano Guilherme de Melo.
Nasceu em Mossoró, a 15 de Setembro de 1820. Mudou-
se para o brejo, Maranhão, em 1845. Mozart não descobriu o
motivo da mudança de Manoel Soriano para o Maranhão. Per-
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tence ele a uma família importante, com muita projeção, políti-
ca, social, econômica. Algum motivo íntimo, sentimental? O
historiador Francisco Fausto responde satisfatoriamente ao es-
critor cearense.
É interessante a observação da Mozart: “Era costume da é-
poca, seguindo por meu bisavô, Simão Guilherme de Melo, dar
dois nomes próprios aos filhos, o segundo geralmente escolhido em
homenagem ao santo do dia do nascimento. Esses segundos nomes
foram formando novas famílias: os Sorianos, os Reis, etc.”
Pouco tempo depois de chegado ao Brejo, Manoel Soriano
foi nomeado professor, exercendo o magistério até 26 de Agosto
de 1886, data do seu falecimento. Foi sepultado na capela de
São João, por ele construída.
“Foram seus alunos guardados dele carinhosa gratidão, o
Marechal Pires Ferreira e o Dr. Aurélio de Lavor, aquele Sena-
dor da República e este político de evidencia no Ceará.
Meu avô era filiado ao Partido Liberal no tempo da Mo-
narquia, cujas idéias jamais abandonou. Era Tenente-Coronel
Ajudante da guarda Nacional do Distrito de Brejo, casou-se co-
mo minha avó, Roberta Francisca Coelho Soriano, aos 19 de
Dezembro de 1862, de cujo consocio teve nove filhos, minha
mãe inclusive.”
Roberta Francisca Coelho Soriano era filha de Roberto
Francisco Coelho (oficial do Exercito imperial, sob o comando
de Caxias, que combatia a Balaiada) e Maria de Caldas Ferreira
Coelho. CC Manoel Soriano Guilherme de Melo a 19 de De-
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zembro de 1862, tendo falecido a 11 de Setembro de 1920. São
os pais de:
BN1 – ELISA Soriano Aderaldo (Zazinha) Nasceu no
Brejo a 13 de janeiro de 1886 e faleceu em Fortaleza a 13 de
Novembro de 1950.
A 23 de Setembro de 1910 cc Francisco Antonio Aderal-
do, (Seu Chico), nascido em Maria Pereira, atualmente Momba-
ça, Ceará, a 4 de Setembro de 1884, filho de Ernesto Honório
Aderaldo de Aquino e de Francisco Gonçalves Torres. Comerci-
ante e funcionário público, depois mudou-se em 1921 para For-
taleza, onde faleceu a 19 de Novembro de 1944.
São os pais de:
TN1-DrR. MOZART Soriano Aderaldo. Nasceu a 22 de
Abril de 1917, no Brejo. Curso primário no Colégio Cearense,
secundário no colégio Estadual de Fortaleza. Curso Jurídico na
Faculdade de Direito do Estado do Rio, concluído na Faculdade
de Direito de Fortaleza, em 1940. Pertenceu ao diretório Aca-
dêmico da Faculdade de Direito do Rio, Presidente da Liga dos
Estados, repórter d´O País”, do Rio, Prefeito Municipal de Se-
nador Pompeu, Presidente do Diretório Acadêmico da Fac. de
Fortaleza. Jornalista, tem colaborador em: “O Nordeste”, “O
Estado”, “Correio do Ceará”, de Fortaleza Suplente do Presiden-
te da Junta de Conciliação e Julgamento (Justiça do Trabalho),
Estatístico auxiliar do Departamento Estadual de Estatística,
Técnico de Administração do Departamento do Serviço Público,
Diretor da Imprensa Oficial, Consultor Jurídico da Secretária d
Agricultura e Obras Públicas, Professor de Estrutura das Orga-
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nizações Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas de
fortaleza, Diretor do Departamento de atividades Culturais da
Associação Cearense do Imprensa, Professor do Curso mantido
pelo Fundo Sindical, de Fortaleza.
Pertence ao Instituto do Ceará, do qual ocupa a cadeira 25.
Trabalhos publicados: “A confusão ortográfica em face da lei”, em
“Palestras Acadêmicas”, 1937, com prefácio de Clovis Bevilaqua,
“Esboço de história da Literatura Brasileira”, Clã, Fortaleza, 1948;
“A posição do escritor na reconstrução do mundo”, tese ao 1º.
Congresso Cearense de Escritores; “Colonização das terras devolu-
tas”, publicado na Revista do instituto, 1949; “Apoemas”, com
Stenio Lopes, 1949; “Minha árvore Ginecológica”.
A 28 de Abril de 1949, cc Ana Sales Cartaxo, filha do
farmacêutico Cristiano Cartaxo Rolim, de cajazeiras e de Isabel
Sales de Brito, Cearense de Várzea Alegre. São os Pais de:
QN1 – MELANIA nascida em Fortaleza a 1 de Março de
1950.
TN–2 DR. TARCISO Soriano Aderaldo. Nasceu no Brejo
a 4 de Setembro de 1912. Curso primário no Colégio Cearense e
Secundário no Liceu do Ceará. Médico pela Faculdade Nacional
de Medicina, 1935. CC Maristela Costa, filha de Inácio Costa e
Ester Costa, a 23 de Setembro de 1940. Pais dos seguintes fi-
lhos, todos fortalezenses.
QN2 – MANOEL Soriano Neto, nascido a 30 de Junho de
1941.
QN3 – LINO Costa Aderaldo, nascido a 6 de Agosto de
1942.
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QN4 – FRANCISCO de Assis Costa Aderaldo, nascido a
2 de Junho de 1945.
QN5 – INES Costa Aderaldo nascida a 25 de Março de
1948.
QN6 – HELENA Costa Aderaldo nascida a 10 de Novem-
bro de 1950.
Tn3 – DR. ALUIZIO Soriano Aderaldo nasceu no Brejo, a
11 de Dezembro de 1914. Curso primário no Colégio Cearense,
secundário no Liceu do Ceará, curso médico na faculdade Na-
cional de Medicina, 1936.
A 1 de Outubro de 1938, cc a professora Francisca Noeme
Costa, filha de Manuel Vieira da Costa, e Noeme Ferreira da
Costa. Pais de:
QN7 – LIGIA Maria Soriano Aderaldo, nascida a 6 de ju-
lho de 1939.
QN8 – NOEME Elisa Soriano Aderaldo, n. a 7 de Maio de
1940.
QN9 – ALUISIO Soriano Aderaldo Junior, n. a 20 de ou-
tubro de 1941.
QN10 – CLAUDIA Maria Soriano Aderaldo n. a 29 de
Dezembro de 1942.
QN 11 – ROBERTO Guindo Soriano Aderaldo n. a 15 de
Agosto de 1944.
QN12 – JOSÉ Martins Soriano Aderaldo n. a 26 de Junho
de 1947.
QN13 – LUCIA Maria Soriano Aderaldo n. a 23 de Maio
de 1950.
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Bn2 – ARTHUR Soriano n. a 29 de Agosto e falecido a 28
de Setembro de 1864.
Bn3 – MARIA Aberlada Soriano Caldas, (tia Bilá), n. a 16
de Setembro de 1865. Falecendo a 30 de Março de 1946.
A 2 de Dezembro de 1882 cc Josino Elisio de Amorim
Caldas (tio Juca) Pais de:
TN4 – JENER Soriano Caldas (Senhorzinho) n. a 27 de
Agosto de 1883. Funcionário da Alfândega em Santos, onde
faleceu.
TN5 – LEONIDAS Soriano Caldas (Nini) N. a 14 de ju-
nho de 1885. F. 1948. CC Delith da Silveira (21 de Setembro de
1911). Pais de:
QN14/QN16 – TACITO da Silveira Caldas, desembarga-
dor em São Luiz, casado; Lister Segundo da Silveira Caldas,
deputado estadual no Maranhão, casado; Leonidas Soriano Cal-
das Filho, aluno da escola preparatória de cadetes em Fortaleza,
solteiro.
Não esta completa a relação.
TN6 – MANOEL Soriano Caldas (Manduca) N.a 14 de
Maio de 1887. CC Inocência Guedes C. S.
TN7 – FORTUNATA Caldas Martins (Natu) n. a 2 de Ju-
lho de 1890.
A 31 de Dezembro de 1910. cc Raimundo Martins (Dico)
f. a 2 de Fevereiro de 1930. São seus filhos, entre outros:
QN17/QN20: Hebe, Ivone, Dalva, Vanda.
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TN8 – AMELIA Caldas Ibiapina (Liquinha) n. 1 de Janei-
ro de 1893. CC Antonio Ibiapina, (Filho Único). São seus filhos
entre outros:
QN21/QN22 – JOSÉ e Suzete.
TN9 – INÁCIO Soriano Caldas n. a 8 de Maio de 1895.
Funcionário do Banco do Brasil e do Banco da Borracha, do
último os quais era presidente em Belém do Pará, quando fale-
ceu, quando faleceu em uma explosão de uma lancha, juntamen-
te com sua esposa em 1945. CC Aura, a 11 de Setembro de
1920. Pais de:
QN23/QN26 – JOSÉ Maria, Maria José, Maria de Jesus e
Caldinhas (apelido).
TN10 – BENEDITO (Bidó) Soriano Caldas n. a 24 de Ju-
lho de 1897. F. no Brejo a 10 se Setembro de 1923.
TN11 – LUIZ Soriano Caldas (Luizinho) n. a 20 de Junho de
1901. CC Dalila. Funcionário do Banco da Borracha, em Belém.
TN12 – Soriano Caldas n. a 14 de Janeiros de 1903 e f. no
Brejo a 19 de Julho de 1904.
TN13 – Roberta Caldas Pires (Yayásinha) n. a 3 de Outu-
bro de 1905. CC Silvio Pires. Pais de:
QN27/29 – Maria José, (Zezé) Maria do Socorro e Alfre-
do, (Alfredinho) funcionário do Banco do Brasil em Natal .
BN4 – Inácia Soriano, (Suçu) – n. a 18 de Janeiro de 1867.
BN5 – Maria Palmira Soriano de Melo, (Nenen) – n. a 12
de Novembro de 1868. A 27 de Novembro de 1886 cc Anísio
Ferreira de Melo. Embarcou com seu marido e filhos para Ama-
zonas em 1899. Pais de:
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TN14 – CRISTOVÃO Soriano de Melo (Tovico) n. em
1888. CC Jurite Muller. Pais entre outros de:
QN30/QN31 – MARIA das Graças (Gracinha) e Soriano
Muller Soriano de Melo.
TN 15 OTAVIANO (Otinho) Soriano de Melo n. a 24 de
Dezembro da 1889. Juiz de Direito no Amazonas tupinologo. F.
a 1 de Julho de 1947. CC Ester Taumaturgo. Pais entre outro de:
QN32 – ORANGE.
TN16 – ARISTOBULO (Tuli) Soriano de Melo n. a 4 de
Fevereiro de 1891 Comandante do “Siqueira Campos” e do
“Campos Sales”, navios do Lloyd Brasileiro. Chefe da Província
do Mar, da Ação Integralista Brasileira. CC Celeste.
TN17 – ANISIO Soriano de Melo (Anizinho) n. a 29 de
Setembro de 1892 e faleceu 6 meses depois.
TN18 – ALETA (Letinha) Soriano de Melo. n. 4 de Outu-
bro de 1893. Casou-se no Amazonas C. S.
TN19 – PEDRO Soriano de Melo (Pedrinho) n. a 26 de
Setembro de 1895. Casado C. S.
TN20 – ROBERTA Soriano de Melo - n. 24 de Novembro
de 1897. Falecida.
TN21 – ELIDE Soriano de Melo (Lizinha) n. a 11 de Maio
de 1901. CC. Desembargador Carvalhinho, no Amazonas. C. S.
TN22 – ELBA Soriano de Melo n. a 11 de Maio de 1907
BN6 – ARTHUR Soriano (Senhor) n. no Brejo a 28 de
Dezembro de 1870 Embarcou para Teresina a 13 de Julho de
1884, para cursar o Colégio N. Senhora das Dores. Foi para São
Luiz em 1895 de onde se mudou para o Amazonas em 1897, La
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cc Julia Alves de Oliveira. F. a 1 de Novembro de 1908, e sua
esposa f. a 20 de Agosto de 1909. Pais de:
TN23 – FRANCISCO de Oliveira Soriano (Oliveira) n. a
21 de Novembro de 1900 Reside no Rio, onde cc Guilhermina
Vieira.
TN24 – NELSON Soriano n. a 1 de fevereiro de 1903. In-
gressou no seminário de São Luiz, não concluindo o curso. A-
companhou seus pais para o Ceará, em cujo Liceu fez os prepa-
ratórios. Funcionário no Banco do Brasil, servindo na Agencia
de Salvador. Em Teofilo Otoni cc Elzira C. S.
TN25 – HERCILIO Soriano n. a 31 de Julho de 1905 e f.
em Manaus a 26 de Janeiro de 1912.
TN26 – MANOEL Soriano n. a 14 de Outubro de 1907 e
f. a 31 do mesmo mês.
BN7 – ERNESTINA Soriano Caldas (Sinhá) n. a 27 de
fevereiro de 1874. F. a 25 de Junho de 1949. A 21 de novembro
de 1906 cc Abelardo de Amorim Caldas. SS.
BN8 – JENER Soriano N. a 16 de Novembro de 1880. F. a
6 de Julho de 1881.
BN9 – JULIA Soriano Sombra n. a 17 de Setembro de
1882 e F. a 8 de Novembro de 1900. CC Cunegundes Guilherme
de Sombra, de Parnaíba.
N4 – SIMÃO Balbino Guilherme de Melo n. a 31 de Mar-
ço de 1816 e f. a 15 de Julho de 1893. Em Mossoró foi proprie-
tário, agricultor e criador. Ocupou os cargos de Delegado de
Polícia, Juiz Municipal suplente. Dotado de um coração bondo-
so e se um espírito refletindo, foi geralmente benquisto. Como
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político, militou nas fileiras do partido Conservador, sendo
grande amigo do Padre Joaquim Rodrigues. Absteve-se de tomar
partes nas lutas do seu irmão Padre Longino. CC sua sobrinha
Cosma Damiana da Paixão n. em 7 de Setembro de 1816 e
f.9/3/1892 filha de Maria da Paixão e Alexandre José (Francisco
Fausto). Segundo João Jacinto, pais de:
BN10 – MIGUEL de Medeiros Guilherme de Melo cc Jo-
sefa Bezerra de Medeiros. Pais de:
TN27 – Luiza Maria Bezerra de Medeiros
TN28 – COSMA Maria de Medeiros.
BN11 – FlORENCIO Guilherme de Medeiros cc Josefa
Nunes de Medeiros. Pais de:
TN29 – LUZIA Josefa de Medeiros.
TN30 – MARIA Josefa de Medeiros.
TN31 – MANUEL Florencio de Medeiros.
TN32 – SIMÃO Balbino de Medeiros.
TN33 – COSMA Josefa de Medeiros.
TN34 – INACIA Josefa de Medeiros.
TN35 – LOURENÇO Guilherme de Medeiros.
TN36 – ANTONIO Florencio de Medeiros.
TN37 – FRANCISCA Maria de Medeiros.
TN38 – JOSEFA S. de Medeiros.
TN39 – IDALINA Maria de Medeiros
TN40 – JERONIMO de Medeiros
BN12 – SIMÃO Balbino de Melo cc Luzia da Conceição. ss.
BN13 – ANTONIA Bezerra de Medeiros cc José Cecilio
de Freitas, Pais de:
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TN41 – FLORENCIO Cecilio de Medeiros.
TN42 – FRANCISCO Cecilio de Medeiros.
TN43 – SIMÃO Balbino Neto.
TN44 – Cosma Maria Neta.
TN45 – ANTONIA Bezerra de Melo
TN46 – LOURENÇO Cecilio de Medeiros
BN14 – FRANCISCA Maria da Conceição cc Domiciano
Liberato de Oliveira. Pais de:
TN47 – MARTINHO Lopes de Medeiros.
TN48 – SIMÃO Lopes de Medeiros.
TN49 – LUIZ Liberato Lopes.
TN50 – JOÃO Liberato Lopes
TN51 – FRANCISCO Lopes de Medeiros.
TN52 – LUIZA Lopes de Medeiros
TN53 – Maria Francisca de Medeiros
TN54 – MARIA da Paixão Medeiros.
TN55 – DOMICIANO Liberato Filho.
TN56 – MANUEL Raimundo Lopes.
TN57 – JOSÉ Liberato Medeiros.
BN15 – LOURANÇO Guilherme de Melo. F. Solteiro.
BN16 – INACIA Maria da Paixão cc João Nepomuceno
da Costa. Pais de:
TN58 – MARIA Inacia da Paixão cc Sebastião Bezerra de
Morrais c. s.
TN59 – SEBASTIANA Maria da Costa. f. solteira.
TN60 – COSMA Maria da Costa cc Martinho Liberato de
Medeiros. Faleceram no Pará.
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TN61 – TERESA Maria de Medeiros cc Lourenço Cecilio
de Medeiros c. s.
TN62 – LUZIA Maria de Araújo cc Joaquim Bezerra de
Araújo.
TN63 – JOÃO Jacinto da Costa cc Leonilia Izabel da Cos-
ta. Pais de:
QN33 – LUZIA, f. criança
QN34 – MARIA Leonila cc João Onofre Cardoso c. s.
QN35 – ISMENIA cc Lourenço Menandro da Cruz c. s.
QN36 – JOÃO Jacinto Junior cc Lidia Leite c. s.
QN37 – RAIMUNDO Costa c Zilda Cleonice do Vale c. s.
QN38 – JOSÉ da Costa cc Alzira Alvina da Costa c. s.
BN17 – MANOEL Carlos Guilherme de Melo cc Cosma
Balbina da Paixão.
BN18 – JOSEFA Guilherme de Melo cc Pedro Antonio da
Costa.
BN19 – Maria f. a 5-5-1850, com 9 meses.
N5 – LEANDRA Guilherme de Melo cc João Guilherme
de Silveira.
N6 – MARIA da Paixão Guilherme de Melo cc Alexandre
José. Pais de Cosma Damiana da Paixão, casada com seu tio
Simão Balbino Guilherme de melo(N4).
N7 – ANA Guilherme de Melo cc Carlos de Freitas Filho.
N8 – LUZIA Guilherme de Melo cc João Marçal de Freitas.
N9 – COSMA Guilherme de melo cc Domingos Fernandes.
N10 – Conceição Guilherme de Melo.
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N11 – INÁCIA Madalena Guilherme de Melo cc Manoel
Januário Guilherme de Melo (N. 15). C. S.
N12 – MARIA Guilherme de Melo cc João dos Reis Gui-
lherme de Melo(N. 16). c. s.
N13 – JOSEFA Guilherme de Melo cc Florêncio de Me-
deiros Cortes. Filhos de Antonio Nunes de Medeiros, fundador
das famílias ausentes e Teresa Maria de Jesus. Segundo Francis-
co Fausto são os pais de:
BN20 – FLORENCIO de Medeiros Cortes Junior.
BN21 – ANTONIO Nunes de Medeiros.
BN22 – MANOEL Nunes de Medeiros.
BN23 – MANOEL José de Medeiros.
BN24 – JOÃO Florêncio de Medeiros.
BN25 – INÁCIA Maria de Medeiros.
BN26 – COSMA Damiana de Medeiros.
BN27 – JOSEFA Maria Bezerra.
BN28 – MARIA Bezerra de Medeiros.
BN29 – TEREZA Maria de Medeiros.
Ainda segundo Francisco Fausto de Souza, Florêncio de
Medeiro Cortes ter-se-ia casado a primeira vez com Josefa Ma-
ria Bezerra. Trabalho de complicação como é o presente, não
escapará das controvérsias, quando temos de recorrer a mais de
um autor, simultaneamente.
F2 – MANOEL Guilherme de Melo. Foi rico fazendeiro
nas Ribeiras de Ipanema e Mossoró. Morou também no Camu-
rupim e ali foi proprietário de terras e de escravos, tendo tam-
bém se dedicando à agricultura. Nesse sítio edificou uma casa de
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pedra e cal, mandando colocar dentro das respectivas paredes
fortes esteios de aroeira lavrada e quatro faces, talvez para maior
segurança. Essa casa, edificada em terreno baixo, tem sido ala-
gada nas grandes enchentes do Rio Mossoró, sem nenhum peri-
go de desmoronamento e ainda hoje existe naquele sítio.
Diz a traição de Manoel Guilherme possuía muito dinheiro de
prata e ouro e que em 1819, na época do inverno, estendeu couros de
bois e sobre os mesmos derramou malas de moedas para aquecê-las
ao sol. Há uma versão de que esse dinheiro se acha enterrado na casa
por ele edificada na fazenda do Camurupim.
CC Geralda Joaquim Fraga. Pais de:
N14 – MIGUEL Arcanjo Guilherme de Melo Ten. Cel. da
Guarda Nacional. Foi proprietário, agricultor e criador nas Ri-
beiras do Upanema e Mossoró, onde teve fazendas de gado.
Nasceu em Mossoró no ano de 1805. Ocupou cargos de eleição
e de nomeação do Governo da Província, dentre os quais os Pre-
sidente da Câmara Municipal nos quatriênios 1861-1864, 1865-
1868, 1873 – 1876 e de Juiz de Paz de 1853 a 1866 e 1857 a
1860. Foi político militante do partido Conservador ao lado do
Vigário Antonio Joaquim. Parte do Terreno ocupado pelo cemi-
tério público da Cidade foi doado por ele à Irmandade do mes-
mo cemitério. Casou-se ainda moço com sua parenta Joana Lo-
pes de Jesus. O Coronel Miguelinho, apelido de família, residiu
por muitos anos em sua azeda do Chafariz, passando-se depois
para o Camurupim, onde já velho separou de sua mulher, vindo
residir dentro da então vila de Mossoró, onde permaneceu até
sua morte. Falecendo sua mulher no ano de 1886, casou-se o
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Coronel Miguelinho com Leandra Maria, com quem já convivia,
mas de cujo consocio não teve descendência. Era o Cel. Migue-
linho muito abastado, sendo mesmo considerado rico para época
em que viveu. Devido, porém às vicissitudes do tempo e à sepa-
ração de sua família veio a falecer pobre no ano de 1889, com a
idade de 84 anos. Sua residência na Cidade chegou aos nossos
dias. Era formado por uma casinha modesta no local em que
hoje está edificado o chalet da família Delfino Freire, à praça
Vigário Antonio Joaquim. Faleceu a 7 de março de 1888. Se-
gundo Francisco Fausto, ainda Miguel Arcanjo Guilherme de
Melo e Joana Lopes de Jesus são os Pais de:
BN30 – JOÃO Timoteo de Oliveira Melo cc Geralda Ma-
ria da Conceição.
BN31 – SILVINO Guilherme de Melo cc Ricardinha Lo-
pes da Conceição.
BN32 – JOÃO da Mata Guilherme de Melo cc Francisca
Chagas da Conceição
BN33 – MIGUEL Tertuliano Guilherme de Melo cc Isabel
Maria de Conceição.
BN34 – FRANCISCA Lopes de Melo cc Manoel Nunes
de Medeiros.
BN35 – GERALDA Fraga de Melo cc Antonio de Medeiros.
BN36 – JOANA de Melo cc José Januario de Oliveira.
BN37 – MARIA de Melo cc Miguel Soares de Couto.
BN38 – SANTINA de Melo cc José Agostino Lima.
BN39 – SENHORINHA Lopes de Melo cc Manuel Soria-
no de Melo.
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BN40 – IZABEL de Melo cc Manuel Januario Lopes Oli-
veira.
BN41 – MARIA Lopes de Melo cc Antonio Bezerra de
Medeiros.
BN42 – IDALINA Lopes de Melo segundo Romeu Re-
bouças (Bol. Bib. N. 12) nascida na Fazenda Cumurupim e ali
faleceu a 17 de Outubro de 1938. CC Manoel Amâncio Rebou-
ças, filho legítimo de João Florêncio Rebouças e de Antonio
Leite da Conceição, da Família Oliveira Leite. Pais do (segundo
Romeu Rebouças):
TN64 – MARIA Arcelina Rebouças n. a 7 de Julho de
1866 cc seu tio Luiz Firmino Rebouças Pais de:
QN39 – HORTENCIO Amâncio Rebouças n. na fazenda
da Macambira cc Francisca das Chagas Rebouças. Residem em
Bebedouro, São Paulo. c. s.
QN40 – AMELIA Rebouças n. na fazenda Macambira,
onde foi professora particular cc José do patrocínio Barra, já
falecido, nasciddo no Apodi s.s.
QN41 – ALTINA Benvinda Rebouças n. na fazenda Mar-
cambira. Em primeiras núpcias cc com seu primo João Amâncio
Rebouças e em segunda núpcias cc Antonio Lopes de Oliveira s. s.
QN42 – MANUEL Firmino Rebouças, agricultor e criador
em Macambira, onde nasceu. CC Maria Lopes Rebouças c.s.
TN65 – MANOEL Amâncio Rebouças n. a 10 de Janeiro
de 1868 e f. a 19 de março de 1939. cc sua prima Maria Leite
Rebouças.
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QN43 – Luz Amâncio Rebouças já f. cc sua prima Maria
Leite Rebouças
QN44 – JOÃO Amâncio Rebouças já f. cc Suama Altina
Benvida Rebouças.
QN45 – MARIETA Rebouças, n. a 30 de Novembro de
1904 solteira.
QN46 – AMANCIO Rebouças de Medeiros n. a 20 de
Agosto de 1907. cc Nicacia de Sousa Medeiros s. s.
QN47 – FRANCISCO Rebouças (Chiquinho) n. a 26 de
Agosto 1909. Cc Maria Nazaré de Melo Rebouças c. s.
QN48 – RAIMUNDO Rebouças Sobrinho (Mansidão) n. a
26 de janeiro de 1913 cc Raimundo Parreira Rebouças c. s.
QN49 – MANOEL Amâncio Filho (Mousinho) n. a 30 de
Agosto de 1915. Cc Plácida da Silva Amancio c. s.
TN66 – JOANA Leite Rebouças (Joaninha) n. no Camu-
rupim a 14 de fevereiro de 1870 cc Delfino Leite de Oliveira, já
f. Pais de:
QN50 – MANOEL Amâncio Leite n. em Mossoró a 17 de
Maio de 1895. Comerciante e advogado provisionado cc. Ceza-
rina Ferrario Leite c. s.
QN51 – EUCLIDES Leite Rebouças (Quidoca) n. em
Mossoró a 14 de Outubro de 1905 e a 5 de Dezembro de 1928,
em Areia Branca cc Maria Lourdes Martins Leite c. s.
QN52 – DELFINA Leite Costa n. em Mossoró a 4 de Ju-
nho de 1904 cc José Paulino Costa. Reside em João Pessoa c. s.
QN53 – ANDRONICO Leite Rebouças (Andró) n. a 10 de
Abril de 1908 solteiro.
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QN54 – JOÃO Rebouças Leite n. a 16 de Maio de 1912 cc
Maria José Marques Leite c. s.
TN67 – ANTONIA Leite Rebouças (Totonha) n. a 4 de
Setembro de 1871 e f. solteira a 3 de Março de 1948.
TN68 – ARISTIDES Aureliano Rebouças n. na fazenda da
Cumurupim a 9 de Novembro de 1872. Comerciante em Mosso-
ró, a partir de 1904. A 26 de Outubro de 1906 cc Nome de Me-
deiros Rebouças (Nousinha). Pais de:
QN55 – MARIA Alice Freire n. em Mossoró a 13 de Setem-
bro de 1907 cc Leonidas Freire de Andrade c. s. Residem no Rio.
QN56 – DR. JOSÉ de Medeiros Rebouças (Dedeca) n. em
Mossoró a 19 de Janeiro de 1909, na capital paulista onde reside cs.
QN57 – MARIA Edite Rebouças de Monte n. em Mossoró
a 27 de Abril de 1910 cc Moacir Monte a 4 e setembro de 1926.
Residem no Rio. c.s.
QN58 – MARIA Dolores Rebouças Soares n. em Mossoró
a 15 de Setembro de 1911 cc Joaquim Duarte Soares cs. Resi-
dem em Mossoró.
TN69 – JOÃO Olinto Rebouças n. em Mossoró a 13 de
Abril de 1874. Faleceu na Capital paulista. Oficial da Força Pú-
blica de S. Paulo (v. dados biográficos em “Mossoró”, de Vingt-
un Rosado cc Lísia Rebouças s.s.)
TN70 – LUIZA Elvira de Medeiros (Luca) n. no Camuru-
pim a 12 de Outubro de 1875. Reside em Caicó. C.C. João San-
tiago de Medeiros, f. a 15 de Novembro de 1946. Pais de:
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QN59 – MANOEL Domingos de Medeiros (Nezinho) n. a
4 de Agosto de 1899 e f. a 26 de Novembro de 1941. C.C. Maria
Osmilda Pires c.s.
QN60 – JOÃO Medeiros Filho (Medeirinho)n. a 26 de Ja-
neiro de 1903. Comerciante, residente em Caicó. Solteiro
QN61 – FRANCISCA, f. com 11 anos de idade.
QN62 QN63 – ANTONIA e Antonio, gêmeos, n. a 10 de
Março de 1920 f. crianças.
TN71 – MIGUEL Amâncio Rebouças n. a 7 de Setembro
de 1877, f. em Dezembro do mesmo ano.
TN72 – FRANCISCA Idalina Rebouças primeira deste
nome n. a 18 de Setembro de 1878. Faleceu criança.
TN73 – RAIMUNDO Rebouças (Raimundo Raulino Re-
bouças) n. no Camurupim a 31 de Agosto de 1882. Em primei-
ras núpcias cc Irinea Leite Rebouças (da Família Oliveira Leite)
f. a 22 de Janeiro de 1940. Em segundas núpcias cc sua cunhada
Josefa Xavier Rebouças (Zefinha). Do Segundo matrimonio, s.s
do primeiro:
QN64 – RAIMUNDO Rebouças Filho (Raimundinho) n.
em Augusto severo a 28 de Março de 1908. Comerciante e resi-
de em Mossoró. C.C.Rita Freire Rebouças. C.S.
QN65 – ALICE Rebouças do Couto n. em Augusto Severo
a 22 de Maio de 1910. Professor pela Escola Normal de Mosso-
ró, em 1927 e no Magistério Público a partir de 1928. C.C. Lau-
reano da Silva Couto (Lalá) a 30 d junho de 1931 C.S.
QN66 – MARIA Estelita Rebouças f. criança.
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QN67 – ROMEU Raulino Rebouças n. a 12 de Julho de
1912, f. no mesmo ano.
QN68 – IRACEMA Rebouças de Queiroz n. a 10 de De-
zembro de 1913. C.C. Georgino Queiroz. Residem em Areia
Branca. C.S.
QN69 – RIVADAVIA Leite Rebouças n. a 23 de Novem-
bro de 1914 e f. a 23 de Janeiro de 1936 na capital paulista. Ser-
via na Força Pública de S. Paulo
QN70 – RENATO Rebouças n. a 13 de Janeiro de 1913.
Funcionário do Banco do Brasil. C.C. Maria Natalia de Andrade
Rebouças. C.S.
QN71 – ROMEU Leite Rebouças n. em Mossoró a 9 de
Julho de 1917. Funcionário da Fazenda Estadual. C.C. Alice de
Araújo Rebouças, da Paraíba, a 21 de março de 1940 C.S.
QN72 – MARIA Madalena Rebouças Rodrigues n. a 27 de
Dezembro de 1918. C.C. o dr. Francisco Rodrigos Alves C.S.
QN73 – ARACI Rebouças do Nascimento n. a 28 de A-
gosto de 1920. Cc Geraldo Warton do Nascimento C.S.
QN74 – RUBENS Rebouças Leite – n. a 28 de janeiro de
1922. Reside no Rio. Solteiro.
TN74 – FRANCISCA Idalina de Oliveira (Sinhá), n. na
Fazenda Camurupim. C.C. Pedro Leite de Oliveira. Pais de:
QN75 – LAURO Leite de Oliveira n. em Mossoró a 2 de
Novembro de 1898. cc Elita de Oliveira, residente no Assú, C.S.
QN76 – MIDIA Chagas Leite Pinto cc Sebastião Ferreira
Pinto c.s.
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QN77 – MARIA Leite Rebouças (Mariinha) cc, Luiz A-
mâncio Rebouças já f. c.s.
QN78 – FRANCISCA Leite Rebouças (Francisquinha) cc
Manuel Duarte Ferreira. Residente em Mossoró c.s.
QN79 – PEDRO Leite de Oliveira Filho (Pedrinho). N. em
Mossoró. Comerciante em Areia Branca. C.C. Hilda Brasil Lei-
te. C.S.
QN80 – MANOEL Rebouças Leite n. em Mossoró e resi-
de em Areia Branca C.C. Francisca Chagas Brasil C.S.
QN81 – LIDIA Rebouças Leite. Professora Pública em
Areia Branca. C.C. João Jacinto Junior C.S.
QN82 – LUZIA Leite (Luizinha)
QN83 – Tereza Leite (Terezinha)
QN84 – Alice Leite
QN85 – JULIA Leite (Julinha)
QN86 – ELIANA Leite
QN87 – IRINEU Rebouças Leite, solteiro, residente em
Mossoró.
QN88 – JOSÉ Leite n. em Mossoró comerciante em Areia
Branca.
QN89 – IDALINA f. criança.
QN90 – RAIMUNDA f. criança.
QN91 – JULIA f. criança.
TN75 – JULIA Idalina Rebouças n. na Fazenda Camuru-
pim. É a atual proprietária da CASA VELHA DA FAZENDA,
onde reside solteira.
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TN76 – ELVIRO Amâncio Rebouças n. na Fazenda Ca-
murupim f. no Ano de 1921. CC Josefa Xavier Rebouças, depois
do seu falecimento cc Raimundo Rebouças. Pais de:
QN92 – GENESIO Xavier Rebouças n. a 26 de Agosto de
1919. CC Dolores do Carmo, residente em Mossoró. c.s.
QN93 – ELVIRA Xavier Rebouças n. na fazenda Camu-
rupim. Reside em Mossoró.
QN94 – ELVIDIO Xavier Rebouças (Bibi) n. fazenda
Camupirim. C.C. Alice Albuquerque de Freitas c.s.
BN43 – JOAQUIM foi devorado por uma onça no lugar
Chafariz, quando tinha cerca de 15 anos de idade. Ali nascera
em 1849.
N15 – MANEL Januario Guilherme de Melo, n. em Mos-
soró, onde se matrimoniou e foi proprietário e criador. Mudou-
se ainda moço para a Serra de Baturité, onde residiu por muito
anos, vindo ali a falecer. (Francisco Fausto). Agora Mozart So-
riano Aderaldo: Manuel Januario Guilherme de Melo cc Inácia
Madalena Guilherme de Melo (N11).
Pais de:
BN44 – MANOEL Salviano Guilherme de Melo.
BN45 – LUIZ Guilherme de Melo.
BN46 – LOURENÇO Guilherme de Melo.
BN47 – JOÃO Evangelista Guilherme de Melo.
BN48 – SIMÃO Guilherme de Melo.
BN49 – FREDERICO Guilherme de Melo.
BN50 – FRANCISCO Ovidio de Melo.
BN51 – ANTONIO Fraga Guilherme de Melo.
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BN52 – BELISA Guilherme de Melo.
BN53 – SOFIA Guilherme de Melo.
BN54 – ANTONIA Antusa Guilherme de Melo.
BN55 – ANTONIO Januario Guilherme de Melo.
BN56 – LAUREANO Guilherme de Melo, que deixou os
seguintes filhos:
TN77 – JEREMIAS Guilherme de Melo, n. a 3 de Abril
de 1862, em Redenção, Ceará.
TN78 – FRANCISCO Guilherme de Melo, n. a 25 de A-
gosto de 1865 em Quixeramobim.
TN79 – LOURENÇO Guilherme de Melo, n. em 1867, em
Quixaramobim.
TN80 – ANTONIO Guilherme de Melo, em Quixeramo-
bim. Mudou-se para o Brejo, onde constituiu família e foi chefe
político.
TN81 – JOSÉ Mentor Guilherme de Melo n. a 18 de Se-
tembro de 1880. Ali cc uma moça da família Couto. “Tipo em-
preendedor, foi quem primeiro explorou o babaçu”. Pais de Di-
versos filhos, dentre os quais:
QN95-96 – ALDI Mentor Couto Melo, advogado, José
Maranhão Couto Melo, “com extraordinária propensão para
mecânica, tendo construído um avião com motor de automóvel,
e Seth Couto Melo, médico de Exercito.”
TN82 – ASSIS Mentor Guilherme de Melo.
N16 – JOÃO dos Reis Guilherme de Melo n. em Mossoró
em 1811. CC Sua prima Maria de Melo, filha de Simão Gui-
lherme de Melo. Em primeiras núpcias Pais de:
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BN57 – SIMÃO dos Reis Guilherme de Melo cc Ana Soa-
res do Couto. Pais de:
TN83 – FRANCISCA Soares cc seu primo Francisco dos
Reis Guilherme de Melo. Pais de:
QN98 – MARIA f. solteira.
QN99 – MARIA Reis do Couto cc José Januario do Couto
(Velhinho).
QN100 – LUZIA Reis cc Raimundo Duarte.
QN101 – BELIZA Reis cc Tertuliano José de Oliveira
(Terto Diabo).
QN102-104 – JOSÉ Francisco e João Falecido no Norte.
QN105 – ANA Reis (Dondon).
TN84 – ANTONIO de Matos Reis cc Josefa Gamelo de
Oliveira.
TN85-86 – RAIMUNDO e João Reis, que faleceram sol-
teiros no Alto da Amazonas.
TN87 – JOANA Reis falecida solteira.
TN88 – MARIA dos Reis cc Leôncio José de Santa e em
segundas núpcias com José Januario do Couto, viúvo.
BN58 – MARIA dos Reis Melo cc João de Medeiros Cor-
tez. Enviuvado, João dos Reis Guilherme de Melo em segundas
núpcias cc Luzia Fernandes de Melo. Pais de:
BN59 – JOÃO dos Reis Guilherme de Melo Filho n. em
Mossoró a 25 de Julho de 1842. Como alto comerciante fundou
a firma Viúva Reis & Cia. Que teve notável atuação nesta praça.
C.C. Tereza de Freitas. Pais de:
TN89 – CONEGO Miguel dos Reis Melo.
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TN90 – FRANCISCO Reis.
TN91 – JOÃO dos Reis Melo.
TN92 – OLIMPIO dos Reis Melo.
TN93 – JULIA dos Reis Melo cc Manoel Cerqueira Belo.
BN60 – MANOEL Benicio de Melo cc Maria Ericina de
Azevedo Cunha. Pais de:
TN94 – DESEMBARGADOR MANOEL Benicio de Me-
lo Filho (dados biográficos no “Mossoró”) cc Adélia Couto em
Primeiras núpcias e em segunda com Ana de Azevedo Cunha.
Do segundo consocio:
QN106-107 – FLORENTINO e Arnobio.
TN95 – MARIA Ericina (Sinhazinha) cc Raimundo Rubi-
ra da Luz Pais de:
QN108 – MANOEL Benicio Neto.
QN109 – RAIMUNDO Rubira da Luz Neto.
TN96 – DR. METON da Cunha Melo, residente no Rio.
TN97 – MARCILIA cc Manoel Lourenço de Lima. Pais de:
QN110-115 – EDUNDO, Ari, Dante, Nilton, Midia e An-
tonio.
TN98 – MIRABEAU de Cunha Melo funcionários dos
Correios e Telégrafos. Em primeiras núpcias cc Candida Fil-
gueira Mendes. Pais de:
QN116-118 – JOÃO Wilson, Manoel e Maria Lucia. Em
segunda núpcias cc Anita Varela. Pais de:
QN119-126 – Ione, Ernani, Ivan, Tobias, Mirabeau Junior,
Verônica, Maria Ericina e Maria Elisa.
TN99 – MIDIA cc Dr. Joaquim Inácio de Carvalho Filho.
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TN100 – MARCIA cc Orlando Rode Melo s.s.
TN101 – MOACIR da Cunha Melo cc Estefania Dias Pais de:
QN127-132 – Moacir, Gileno, Genival, Mauro Marta e
Marcelo.
TN102 – MIZA cc Antonio Filgueira Mendes. Pais de:
QN133 – MARIA Mídia.
TN103 – MAURINA cc Antonio dos Santos Pereira. Pais de:
QN134-135 HUGO e Eneide.
TN104 – MURILO cc Herminia de Freitas. Pais de:
QN136-142 – MURILO Melo Filho, Carlos Heril, Henio,
Luiz, Elma, Ana Emilia e Eduardo.
TN105 – MUCIO cc Raimundo Mesquita de Melo. Pais de:
QN143-145 – FRANCISCO de Assis, Ericina Maria e
Ana Lucia.
BN61 – ALEXANDRE Sartunino dos Reis. N. em Mossoró a
29 de Novembro de 1845. Foi administrador de Rendas províncias e
como político militou no Partido Conservador. F. a 22 de Agosto de
1896. CC Perciliana Emiliana de Souza. Pais de:
TN106 – JOSÉ dos Reis.
TN107 – ALEXANDRE dos Reis.
TN108 – MANOEL Reis.
TN109 – JOÃO Reis.
TN110 – ENEIAS Reis.
TN111 – DONANA dos Reis cc Manoel Tavares Cavalcanti.
TN112 – LUZIA Reis cc Vicente Alves Couto.
TN113 – JULIETA dos Reis cc Vicente Alves Couto (este
em 3as. núpcias).
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TN114 – IRINEIA Reis cc João Capistrano do Couto.
TN115 – MARIA dos Reis cc Vicente Alves Couto (este
m 2as. núpcias)
BN62 – PANTALEÃO dos Reis Melo.
BN63 – FRANCISCO Elviro dos Reis.
BN64 – URBANO dos Reis Melo.
BN65 – MARIA de Penha cc Jeremias Soares do Couto.
BN66 – BELIZA de Melo cc Bernardo Gamelo de Oliveira.
BN67 – LUZIA de Melo cc Elias Duarte Ferreira.
BN68 – TEREZA de Melo cc Manoel Teixeira de Horlan-
da (Bida).
BN69 – LUIZA de Melo cc João Severiano de Oliveira
(Joca Gamelo). Pais de:
TN116 – MARIA Adelaide Oliveira cc Horacio de Aze-
vedo Cunha. Pais de:
QN146 – JOÃO Severiano de Cunha, em Fortaleza cc An-
dre Ribeiro da Cunha f. s.s.
QN147 – MARIA de Azevedo Cunha (Maroquinha) cc
Raimundo Soares de Couto c.s.
QN148 – HORACIO da Azevedo Cunha cc Zilda de Oli-
veira Cunha c.s.
QN149 – ISAURA Cunha.
QN150 – MANOEL Cunha (Seu Né) cc Rita de Oliveira
Cunha. c.s.
QN151 – MANOEL Cunha (Manuelzinho Bida) cc Elpi-
didia Freitas. Ambos falecidos s.s.
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QN152 – FRANCSCO da Azevedo cunha cc Maria Daria
de Amorim Cunha c.s.
TN117 – FRANCISCA Prisca de Oliveira cc Rufinos Cal-
das, Pais de:.
QN153 – DR. RAUL de Oliveira Caldas c.s.
QN154 – SENHORINHA Caldas de Medeiros cc Alfredo
Medeiros. c.s.
QN155 – MARIA Prisca de Oliveira Caldas cc Firmo
Monte.
QN156 – DEBORA Caldas.
QN157 – LUCINHA Caldas cc Firmo Melo C.S.
TN118 – JOÃO Severiano Filho f. solteiro.
TN119 – ARGEMIRO Severiano f. solteiro.
N17 – GERALDO Joaquim Guilherme de Melo n. em
Mossoró no ano de 1815, e f. em 1889. Foi proprietário agricul-
tor e comerciante em Mossoró tendo ocupado diversos cargos
públicos, entre os quais o de Delegado de Polícia, Juiz Munici-
pal suplente, Juiz de Paz e guarda da Mesa de Rendas Províncias
com sé em Areia Branca. CC Francisca das Chagas Monteiro.
Pais de:
BN70 – MANOEL Justiniano Guilherme de Melo cc Ma-
ria Lopes.
BN71 – SERVULA Guilherme de Melo cc Luiz Gomes da
Mota.
BN72 – FRANCISCA das Chagas Melo cc João da Mata
Guilherme de Melo.
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BN73 – ANA de Melo cc Manoel Lopes Guilherme de
Melo. Falecendo sua esposa, Geraldo Joaquim Guilherme de
Melo cc Maria Paulina de Mota. Pais de:
BN74 – OVIDIO Guilherme de Melo.
BN75– FAUSTO Guilherme de Melo.
BN76 – ALFREDO Guilherme de Melo.
BN77 – MANOEL Paulino Guilherme de Melo.
BN78 – AMELIA Paulino de Melo.
BN79 – MARIA Paulina de Melo.
BN80 – LUZIA Paulina de Melo.
BN81 – MARIA Joaquim de Melo.
BN82 – FRANCISCO Paulino de Melo (Lôlô) Ainda em
3as. núpcias cc Rita de Melo.
BN83 – EUCLIDES Guilherme de Melo.
N18 – JOSEFA de Melo cc Manoel Gamelo de Oliveira
que foi em Mossoró proprietário de terras, Pais de:
BN84 – GERALDO Gamelo cc Delmira Soares do Couto.
BN85 – FRANCISCO Gamelo de Oliveira cc Maria Ga-
melo.
BN86 – FELISMINA Cândida de Oliveira cc João Fran-
cisco de Borja.
BN87 – MARIA Gamelo de Oliveira cc Manoel Soares do
Couto.
BN88 – JOSEFA Gamelo cc José Alves de Oliveira.
BN89 – FRANCISCA Gamelo cc José Alves de Oliveira.
Este em 2as. núpcias.
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BN90 – LUZIA Gamelo de Oliveira cc Alexandre Bezerra
(Xandú).
N19 – FRANCISCA Rosa Guilherme de Melo cc Antonio
Soares de Couto, natural do Reino de Portugal que para Mossoró
veio ainda moço e aqui fixou residência e foi proprietário, agri-
cultor e comerciante. Francisca Rosa, nascida em 1823 e Anto-
nio Soares do Couto são os pais de:
BN91 – ANTONIO Soares do Couto cc Maria de Gois
Nogueira. Pais de:
TN120 – HERCULANO Eloi Soares do Couto.
TN121 – ANTONIO Soares de Gois.
TN122 – FRANCISCO Julião do Couto.
TN123 – MIGUEL Hemeterio do Couto.
TN124 – DELMIRA Cândida do Couto cc Geraldo Game-
lo de Oliveira.
TN125 – MARCELINA Soares do Couto cc Antonio Sabino.
TN126 – MARIA soares cc Ernesto Emiliano de Souza.
falecendo Maria de Góis nogueira, soares do couto cc Josefa do
couto. Pais de:
QN158 – PEDRO Soares (Pedroca).
QN159 – Haidée
QN160 – MARIA Odília.
QN161 – JOSEFA.
QN162 – GUIOMAR.
TN128 – RITA Soares do Couto cc Pedro Sabino.
BN93 – JOSÉ Soares do Couto cc Maria Soares. Pais de:
TN129 – ANTONIO Sabino do Couto.
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TN130 – JOAQUIM Soares do Couto.
TN131 – JOSÉ Soares do Couto.
TN132 – FRANCISCA Soares do Couto.
TN133 – ANA Soares do Couto.
TN134 – LUIZA Soares do Couto.
TN135 – JOSEFA Soares do Couto. Enviuvando, José so-
ares do Couto cc Lodegaria soares. Pais de:
TN136 – SOFIA Soares do Couto.
BN94 – MANUEL Soares do Couto, foi artista e criador
em Mossoró. cc Maria Gamelo de Oliveira sua prima. Pais de:
TN137 – ANA Soares do Couto cc André Cursino de
Medeiros.
TN138–MARIA Soares do Couto cc Antonio Bento de
Souza. Enviuvando, Manuel soares do Couto cc sua prima Fran-
cisca do Couto s.s.
BN95–JOÃO Francisco de Borja nasceu. em Mossoró em
1831 negociante e proprietário em Mossoró e Areia branca.
Onde residiu por muitos anos e cultivou uma salina, a mais anti-
ga ali. Era político conservador, calmo e refletido. Também co-
nhecido por Jaca Soares, nome em homenagem a quem por ter
sido um dos seus primeiros habitantes conserva a Cidade de
Areia Branca uma de seu as principais ruas. F. em 1893. C.C.
sua prima Felismina Candida de Oliveira. Pais de:
TN139 – MIGUEL Soares de Couto.
TN140 – CORIOLANO Soares de Borja.
TN141 – MARIA Candida Soares cc Pedro Celestino e em
segundas núpcias com Francisco Fausto de Souza.
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TN142 – MARIA Praxedes Soares.
BN96 – JERENIAS Soares do Couto foi criador, proprie-
tário e negociante em Mossoró e depois em Areia Branca, onde
faleceu. C.C. Maria da Penha de Melo. Pais de:
TN143 – ANTONIO Soares do Couto.
TN144 – ENEAS Soares do Couto.
TN145 – LUIZ Soares do Couto.
TN146 – JOSEFA Soares cc Antonio Soares de Gois.
TN147 – FRANCISCA Romana Soares cc Antonio Soares
Nepomuceno.
TN148 – MARIA Soares. Enviuvada, Jeremias Soares do
Couto cc Maria Gamelo de Oliveira. Pais de:
TN149 – ALEXANDRE Soares do Couto Sobrinho.
TN150 – DELMIRA Soares do Couto. Ainda em Terceiras
núpcias, Jeremias Soares do Couto cc Belisaria Couto. Pais de:
TN151 – ENEAS Couto.
TN152 – JOÃO Capistrano do Couto.
TN153 – VIRGILIA.
TN154 – ELVIRA.
TN155 – ADELIA Couto cc o desembargador Manoel
Benicio Filho.
TN156 – GUIOMAR.
TN157 – ODILIA.
BN97 – MIGUEL Soares do Couto.
BN98 – ALEXANDRE Soares do Couto n. em Mossoró
onde foi comerciante e funcionário público. Era um político
filiado ao Partido Conservador, Calmo, pacífico e de bom cará-
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ter, intransigente, no entanto nas suas decisões. Teve papel pre-
ponderante no movimento abolicionista de 1883, tendo sido seu
escravo, depois liberto, o preto Rafael Mossoroense da Glória.
CC Maria Cândida Nogueira da Costa, (Bandinha) Pais de:
TN158 – RAIMUNDO Soares do Couto.
TN159 – FRANCISCA Soares cc Antero de Miranda. Pais
de:
QN163 – LUZINHA Miranda de Oliveira cc Raimundo
Jovino de Oliveira.
TN160 – VICENTE Alves do Couto.
TN161 – ANTONIO f. solteiro.
TN162 – LUZIA Soares do Couto cc Petronilo Galvão.
Enviuvado, Alexandre Soares do Couto cc Maria Amélia do
Couto do Couto (Sinhasinha) Filha do jornalista Ricardo Vieira
do Couto. Pais de:
TN163 – ALEZANDRE Soares do Couto Filho.
BN99 – GERALDA Capitulina Soares do Couto cc João
Antonio Nepomuceno.
BN100 – MARIA Idalina do Couto cc Joaquim Nogueira
da Costa, n. no Aracati em 1815 e f. em 1889. Para aqui veio
ainda moço e se tornou um dos maiores comerciantes da praça e
um dos maiores construtores da Cidade, edificado várias ruas. O
sobrado da Praça da Redenção foi por ele também construído.
Pais de:
TN164 – JOSEFA Nogueira do Couto cc Alexandre de
Souza Nogueira.
TN165 – MARIA Idalina cc Miguel Faustino do Monte.
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TN166 -167 – ANTONIA e Raimunda f. solteira.
TN168 – JUSTA Nogueira cc Antonio Soares do Couto
(Tôtô Reis).
TN169 – MARIA Nogueira do Couto cc Alfro Cavalcanti.
Pais de:
QN164 – CARMELITA Reis cc Eneas Reis.
TN170 – JOÃO Nogueira da Costa cc. Fausta Emília da
Costa: Pais de:
QN165 – MARIA De Lourdes do Monte.
QN166 – ODETE Mendes.
QN167 – JANSEN Nogueira.
TN171 – JOAQUIM Nogueira da Costa, casado no Acre.
TN172 – FRANCISCO Nogueira cc Francisco Soares.
TN173 – MANOEL Nogueira cc Evangelina Monteiro em
Pernambuco. Pais de:
QN168 – HILDA Nogueira do Monte cc Elvidio Bandeira
de Melo.
TN174 – ALEXANDRE Nogueira cc Julita Miranda.
TN175 – JOSÉ Nogueira da Costa cc Maria Wanderley.
BN101 – LUIZA Honorato do Couto cc Jerônimo Emilia-
no de Melo.
BN102 – ANA Soares do Couto cc Simão dos Reis Gui-
lherme de Melo.
N20 – MARIA Joaquina Guilherme de Melo cc Francisco
Gomes dos Santos Guará, natural do Riacho de Sangue, Provín-
cia do Ceará, onde nasceu em 1808 e para aqui veio moço. Foi
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comerciante e chefe político liberal em Mossoró, influenciado
pelos políticos do Assú. Pais de:
BN103 – JEREMIAS Gomes Galvão Guará cc Maria Be-
nedita dos Santos. Pais de:
TN176-183 – Adolfo, Augusto, Raimundo, Antonio Be-
nedito,Maria das Dores, Gotarda, Maria Nazaré e Maria Benedi-
ta, f. sem constitui família.
Enviuvado Jeremias Gomes Galvão Guará cc Maria da
Cunha Viana. Pais de:
TN184 – AUGUSTO Gomes Guará.
TN185 – JERENIAS Gomes Guará (Guarazinho) cc Alzi-
ra Gurgel.
TN186 – ARTHUR Guará.
TN187 – SOFIA Galvão Guará.
BN104 – MANOEL Gomes dos Santos.
BN105 – ANA Ermelinda dos Santos Guará cc Irineu So-
ter Caio Wanderley, filho de Gonçalo Lins Wanderley, do Assú.
Pais de:
TN188 – ANA Wanderley cc Manoel Cirilo dos Santos.
TN189 – IRINEA Wanderley.
TN190 – JOÃO Carlos Wanderley (Velhinho)
TN191 – ARISTOTELES.
TN192 – MARIA Wanderley (Marica) cc Zuca e em se-
gundas núpcias cc Antero Miranda.
TN193 – GONÇALOS f. solteiro.
TN194 – IRINEU f. solteiro.
TN195 – SINHÁ Wanderley Casada em São Paulo.
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TN196 – LUIZ Wanderley.
TN197 – UMBELINA f. solteira.
N21 – LUZIA de Melo cc Agostinho Lopes de Lima. Pais de:
BN106 – Manoel Lopes de Melo cc Ana Benvinda de Melo.
BN107 – JOÃO Lopes de Melo cc Santina Maria da Con-
ceição.
BN108 – ANTONIO Lopes de Oliveira cc Geralda Nunes
Pereira.
BN109 – FRANCISCO Lopes de Oliveira cc Teodora Ma-
ria da Conceição.
BN110 – VICENTE Lopes de Melo cc Maria Marta da
Silva.
BN111 – AGOSTINHO Lopes de Oliveira cc Dionisia
Lopes da Silva.
BN112 – FRANCISCA Lopes Guilherme de Melo cc Ma-
noel Januario Lopes de Oliveira.
BN113 – GERALDA Guilherme de Melo cc João Timoteo
de Oliveira Melo.
BN114 – LUZIA Lopes de Oliveira cc Manoel Nunes Pe-
reira.
BN115 – JOSEFA Lopes de Oliveira cc Francisco Gomes
da Mota.
BN116 – MARIA Lopes de Melo cc Manuel Justiniano
Guilherme de Melo.
F3 – JOÃO Joaquim Guilherme de Melo casou-se e sem-
pre residiu em Mossoró. Foi proprietário de terras e fazendeiro
nas Ribeiras do Upanema e de Mossoró, exercendo a indústria
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pastorial em não pequena escala. Fixou-se na Ilha de Fora (hoje
Santo Antonio) tendo ali edificado uma casa de sobrado. Por
nomeação da Vila de Princesa ocupou o cargo de arrecadador do
imposto do imposto do sal e foi procurador da Capela de Santa
Luzia. C.S.,ignorando-se porém a sua descendência.
F4 – JOSÉ Maria Guilherme de Melo cc Maria Francisca
de Melo. Foi proprietário de terras e criador na Ribeira de Mos-
soró. Pais de:
N22 – JOSÉ Maria de Melo.
N23 – DAMIÃO Guilherme de Melo.
N24 – JERONIMO Guilherme de Melo.
N25 – LUZIA de Melo.
N26 – JOSEFA de Melo.
N27 – MARIANA de Melo.
N28 – FRANCISCA de Melo.
F5 – ESTEVAM Guilherme de Melo cc Clara Leite de O-
liveira. Pais de:
N29 – TOMÉ Leite de Oliveira.
N30 – FRANCISCO Paula de Oliveira.
N31 – CARLOS Guilherme de Melo.
N32 – EUGENIA Leite.
N33 – MARIA Leite.
N34 – INOCENCIA Leite.
F6 – ANA Rita cc Carlos de Freitas tendo residindo em
Mossoró, onde morreu. Ignora-se sua descendência.
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FAMÍLIA ALVES DE OLIVEIRA
Alexandre de Souza Rocha e Leocadia Barbosa de Vas-
concelos, aos quais já nos referimos no FAMILIA CAMBOA,
tiveram alguns filhos, que vieram para Mossoró, onde se casa-
ram e constituíram família. Sabemos que os Alves de Souza os
Alves de Oliveira são seus descendentes. Alexandre de Souza
Rocha e Leocadia Barbosa de Vasconcelos são pais, de entre
outros filhos:
F1 – ALEXANDRE de Souza Rocha, nascido no Seridó,
casado com Josefa Maria Calada, depois Josefa Nogueira de
Lucena, que já estudamos na FAMILIA CAMBOA.
F2 – ENFRASIO Alves de Oliveira cc Quitéria. Pais de:
N1 – ANTONIO Alves de Oliveira.
N2 – ENFRASIO Alves de Oliveira cc Luzia de Lima.
Pais de:
BN1 – CAPITÃO Eufrásio de Oliveira, Mossoroense que
se mudou, para Macau, onde foi comerciante, proprietário, etc.
BN2 – DAVINO Alves de Oliveira.
BN3 – JOSÉ Alves de Oliveira.
BN4 – FRANCISCO Alves de Oliveira.
BN5 – IDALINO Alves de Oliveira.
BN6 – LUZIA Alves cc Quintiliano do Vale.
BN7 – MARIA Ubaldina cc Joaquim Gomes da Mota.
Todos esses filhos de Eufrásio Alves de Oliveira Nasceram em
Mossoró.
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N3 – JOÃO Alves de Souza.
N4 – MATIAS Alves de Oliveira.
N5 – QUITERIA Rita de Oliveira.
N6 – MARIA José de Oliveira.
N7 – FRANCISCA Alves de Oliveira.
N8 – TEREZA Alves de Oliveira cc Antonio Rodrigues da
Costa. Pais de:
BN8 – JOÃO Josino da Costa.
FAMILIA AUSENTES
ANTONIO NUNES DE MEDEIROS casado com Tereza
Maria de Jesus, naturais do Seridó, vieram residir neste municí-
pio no Sítio denominado “Ausentes”, margem esquerda do Rio
Mossoró, duas léguas mais ou menos acima de Santa Luzia, hoje
cidade de Mossoró, onde foram proprietários, criadores e consti-
tuíram numerosa família. Esse Sítio era assim chamado pelo
seguinte motivo: Fôra seu primeiro proprietário um estrangeiro
que, faleceu e não deixando descendentes, foram as terras ven-
didas em hasta pública com os bens de ausentes, vindo daí o
nome de AUSENTES para o sítio e depois a família que foi uma
das primeiras que habitaram a Ribeira de Mossoró e que, segun-
do presumimos, data isso de 1780 para cá, mais ou menos. O
casal referido teve os seguintes filhos:
F1 – José Ferreira de Macedo, casou-se com Francisca
Lopes Ferreira. Pais de:
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N1 – João Ferreira de Macedo.
N2 – Joaquim Ferreira de Macedo.
N3 – Gonçalo Ferreira de Macedo.
N4 – Nasario José de Macedo.
N5 – Francisco Xavier de Macedo.
N6 – José Ferreira de Macedo.
N7 – Manoel José de Macedo.
N8 – Antonio Nunes de Pereira.
N9 – Catarina Ferreira de Macedo.
N10 – Maria Ferreira de Macedo.
F2 – Florêncio de Medeiros Cortes, nasceu neste municí-
pio no ano de 1793; foi criador, agricultor e proprietário neste
mesmo município, onde foi, no seu tempo, um dos chefes con-
servadores, primeiro administrador da mesa de Rendas Provín-
cias, Vereador da Câmara Municipal, Juiz da Paz. Viveu com
alguma independência até a data do seu falecimento, que teve
lugar a 17 de Janeiro de 1879, deixando alguns bens de fortunas.
Casou-se com Josefa Maria Bezerra, de cujo consocio teve os
seguintes filhos:
N11 – Florêncio de Medeiros Corte Junior.
N12 – Antonio Nunes de Medeiros.
N13 – Manuel Nunes de Medeiros.
N14– Manuel José de Medeiros.
N15 – João Florêncio de Medeiros.
N16 – Inácia Maria de Medeiros.
N17 – Cosma Damiana de Medeiros.
N18 – Jozefa Maria Bezerra de Medeiros.
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N19 – Maria Bezerra de Medeiros.
N20 – Tereza Maria de Medeiros.
Enviuvado, Florêncio de Medeiros Cortes casara-se se-
gunda vez com Maria Inácia de Oliveira de cujo consórcio ainda
teve os seguintes filhos:
N21 – José Medeiros Cortes.
N22 – Francisco de Medeiros Cortes.
N23 – Antonio de Medeiros Cortes.
N24 – Manuel de Medeiros Cortes.
N25 – Francisco Sales de Medeiro.
N26 – Claudina de Medeiros.
N27 – Maria Inácia de Medeiros.
N28 -- Inácia Maria de Medeiros.
F3 – Zacarias Vidal de Medeiros, casou-se com Francisca
Lopes de Freitas. Pais de:
N29 – Silvério Lopes de Medeiros.
N30 – Zacarias Vidal de Medeiros Junior.
N31 – Maria de Medeiros.
N32 – Manuel Zacarias de Medeiros.
N33 – Francisco Lopes de Medeiros.
N34 – Antonio Lopes de Medeiros.
N35 – Tereza Lopes de Medeiros.
F4 – Jozefa Bezerra de Medeiros ou Josefa Nunes de Me-
deiros, casou-se com Manuel Bezerra de Jesus Barbosa. Pais de:
N36 – Antonio Bezerra de Jesus.
N37 – João Bezerra de Medeiros.
N38 – Manuel Bezerra de Medeiros.
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N39 – Alexandre Bezerra de Medeiro.
N40 – Antonio Bezerra de Medeiros.
N41 – Florêncio Bezerra de Medeiros.
N42 – Francisco Bezerra de Medeiros.
N43 – Maria Bezerra de Medeiros.
N44 – Gertrudes Bezerra de Medeiros.
N45 – Luiza Bezerra de Medeiros.
N46 – Josefa Bezerra de Medeiros.
N47 – Maria Madalena Bezerra.
F5 – Ana Nunes de Medeiros, casou-se com Manuel de
Freitas Costa. Pais de:
N48 – Manuel de Freitas Costa Filho.
N49 – Antonio de Freitas Costa.
N50 – Francisco de Freitas Costa.
N51 – Gonçalo de Freitas Costa.
N52 – Florêncio de Freitas Costa.
N53 – João de Freitas Costa.
N54 – Pedro de Freitas Costa.
N55 – Ana de Freitas Costa.
N56 – Maria de Freitas Costa.
N57 – Gertrudes de Freitas Costa.
N58 – Tereza de Freitas Costa, casou-se com João dos
Reis Guilherme de elo Filho.
F6 – Gertrudes Nunes de Medeiros, casou-se com João
Batista de Oliveira. Pais de:
N59 – João Batista de Oliveira.
N60 – Francisco Garcia de Oliveira
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N61 – Antonio Batista de Medeiros.
N62 – Manuel João de Medeiros.
N63 – Luis Batista de Medeiros.
F7 – Joana Nunes de Medeiros, casou-se com Antonio
Dantas de Oliveira, sem descendência.
F8 – Maria Tereza de Jesus, casou-se com Gonçalo Soares
de Freitas. Pais de:
N64 – Manuel Soares de Freitas.
N65 – Padre Pedro Soares de Freitas.
N66 – Gonçalo Soares de Freitas Junior.
N67 – Tereza Soares de Freitas.
N68 – Gertrudes Soares de Freitas.
N69 – Antonio Soares de Freitas.
N70 – Maria Soares de Freitas.
F9 – Francisca Nunes de Medeiros, casou-se com Miguel
Pedro de Jesus. Pais de:
N71 – Domingos Pedro de Jesus.
N72 – Geraldo Pedro de Jesus.
N73 – Miguel Pedro de Jesus.
N74 – João Pedro de Jesus.
N75 – Francisco Pedro de Jesus.
N76 – Manuel Pedro de Jesus.
N77 – Manuel Lucio de Jesus.
N78 – Tereza Bezerra de Medeiros.
N79 – Francisca Lopes de Medeiros.
N80 – Catarina de Jesus.
F10 – Antonio Leite de Medeiros, faleceu solteira.
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FAMÍLIA FREITAS COSTA
No meado do século 18, mais ou menos, Alexandre Neto
de Freitas Costa, natural de Guimarães, do Rei de Portugal, fi-
xou residência no lugar “Saboeiro”, da ribeira do Apodi, hoje
distrito de São Sebastião, município de Mossoró, Alexandre
Neto casou-se com Ana Rocha, natural do Rio Grande do Norte.
Segundo a tradição, teve esse casal filhos, sabendo-se somente o
nome de dois:
F1 – José de Freitas Costa, natural do Rio Grande do Nor-
te, foi fazendeiro e proprietário no lugar Serrote da mesma Ri-
beira de Mossoró e casou-se com Arcanjela Maria da Concei-
ção, natural do Assú, filha legítima de Manoel Carvalho e de sua
mulher Josefa da Costa, ambos naturais do Rio Grande do Nor-
te. Pais de:
N1 – João de Freitas Costa, natural de São Sebastião onde
foi proprietário e fazendeiro no lugar “Serrote”, casou-se com
Josefa Nunes Nogueira, são os pais de:
BN1 – Raimundo Nonato de Freitas.
BN2 – João de Freitas Costa.
BN3 – Capitão Sebastião de Freitas Costa.
BN4 – Inácio de Freitas Costa.
BN5 – Maria de Freitas Costa.
BN6 – Joaquina de Freitas Costa.
BN7 – Josefa de Freitas Costa.
São os BN62 A BN69 da “Família Camboa”
BN8 – Francisca de Feitas Costa.
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N2 – Gonçalo de Freitas Costa, casou-se com Ana Pereira
Gondim. Pais de:
BN9 – Simão de Freitas Costa.
BN10 – Francisco de Freitas Costa.
BN11 – José de Freitas Costa.
BN12 – Maria de Freitas Costa.
BN13 – Quitéria Maria da Conceição.
BN14 – Teodolina Maria da Conceição.
BN15 – Ana de Freitas Costa.
BN16 – Luzia de Freitas Costa.
BN17 – Delfina de Freitas Costa.
BN18 – Joana de Freitas Costa.
BN19 – Vicentina de Freitas Costa.
N3 – José de Freitas Costa Filho faleceu celibatário.
N4 – Francisco de Freitas Costa também faleceu celibatário.
N5 – Sebastião de Freitas Costa, casou-se com Antonia
Freire. Pais de:
BN20 – Padre Leonardo de Freitas Costa.
BN21 – Sebastião de Freitas Costa Filho.
BN22 – José Freire de Freitas Costa.
BN23 – Pedro de Freitas Costa.
BN24 – Gil Braz de Freitas Costa.
BN25 – Joana de Freitas Costa.
BN26 – Francisco Freitas Costa.
BN27 – Geralda de Freitas Costa.
BN28 – Umbelina de Freitas Costa.
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N6 – Bernarda de Freitas Costa, casou-se com Inácio Ca-
sado Fernandes Pimenta de cujo consocio não teve filhos.
N7 – Francisca de Freitas Costa, casou-se com Felix Nu-
nes Nogueira. Pais de:
BN29 – Francisco Nunes Nogueira.
BN30 – Pedro de Freitas Costa.
BN31 – Antonio de Freitas Costa.
BN32 – Francisca de Freitas Costa.
BN33 – Agostinha de Freitas Costa.
BN34 – Germana de Freitas Costa.
BN35 – Faustina de Freitas Costa.
N8 – Ana da Rocha Martins, casou-se com Bernardo José
da Silveira. Pais de:
BN36 – Pedro José da Silveira.
BN37 – Carlos Magno da Silveira.
BN38 – Sebastião José da Silveira.
BN39 – Faustino José da Silveira.
BN40 – João Bernardo da Silveira.
BN41 – Francisca da Silveira.
BN42 – Alexandrina da Silveira.
BN43 – Felicia da Silveira.
BN44 – Custodia da Silveira.
N9 – Uma filha cujo nome ignoro que foi casada com Ma-
nuel de Freitas e Silva. Pais de:
BN45 – João de Freitas e Silva.
BN46 – José de Freitas e Silva, casou-se com uma filha de
Ricardo de Freitas Costa e de sua mulher Felicia Fernandes Pi-
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menta neta materna de André Fernandes Pimenta e irmã de Ri-
carte Francisco da Normandia Imbiriba, João Ricarte de Freitas
Costa, Antonio de Freitas Costa.
F2 – Fabiana Barbosa casou-se com Gonçalo Soares da
Silva, natural do Rio S. Francisco, que ainda moço fixou resi-
dência no Sítio Pau do Tapuia, da ribeira do Mossoró, da então
Freguesia do Apodi, ali chegando ainda solteiro. Pais de:
N10 – Gonçalo Soares de Freitas Filho.
N11 – Manoel de Freitas e Silva.
N12 – Ana Soares de Freitas.
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À GUIZA DE HISTÓRIA
DO MUNICÍPIO DE AREIA BRANCA
Seus primeiros acontecimentos políticos.
Os Lopez do Paraguai
O Patriarca de Areia Branca
A hecatombe de 1879.
Afirma uma tradição do lugar, que, por ocasião da guerra
do Paraguai, sendo aberto recrutamento em todas as províncias
do Império, a ilha de Areia Branca que então era constituída de uma
mata e deserta serviu de refúgio para muitos moços moradores na
Barra do Mossoró, Paneminha e outros lugares aproximados, para se
livrarem dessa caçada humana. Francisco Gomes da Silva, conheci-
do pelo Velho Xico Gomes da Barra, Feliciano Gomes e outros seus
parentes, moradores na referida Barra, muitos se celebrisaram na
tomada de recrutas das mãos de autoridades legais. Logo desvenci-
lhados, eram enviados para a mata da ilha de Areia Branca, onde se
consideravam salvos do recrutamento.
Os Gomes da Silva, assim como os demais moradores da
Barra do Mossoró, eram descendentes do comandante Felix An-
tonio de Souza Machado, os quais por esses feitos, o vulgo cha-
mava-o de Lopes do Paraguai.
A Barra de Mossoró, que fica a margem esquerda do rio
deste nome, em paralelo à cidade de Areia Branca, foi um dos
primeiros lugares habitados na ribeira do Mossoró.
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Em 1867, quando o Governo da Província mudou o arma-
zém da Jurema para a então ilha de Areia Branca, esta era com-
posto de uma mata, com dois ou três ranchos de pescadores,
pertencentes a Francisco Gomes da Silva e alguns de seus filhos.
As primeiras casas que se edificaram na ilha, em 1868, o
armazém do governo, de que foi construtor Gorgonio Ferreira de
Carvalho, também o primeiro encarregado do armazem e duas
casas em 1869, sendo uma por João Menino e outro pelo cida-
dão João Francisco de Borja (Joca Soares), natural e morador
em Mossoró, que mais tarde se mudou para ilha de Areia Branca
onde fixou residência.
A ilha começou a povoar em 1870, quando João Francisco
de Borja estabeleceu uma casa de venda de gêneros alimentí-
cios, fazendas, etc, sendo também encarregado no recebimento
de mercadorias de importação e exportação do comércio de
Mossoró. Sua casa transformou-se em hospedaria de quantos
desembarcavam ou vinham embarcar no Porto.
Em 1872, quando foi criado o Distrito da Paz, Joca Soares
foi eleito seu 1º Juiz, tendo também ocupado outros lugares de
eleição populares e de nomeação do governo. Foi o construtor
da primeira salina do município de Areia Branca, à direita do rio
Mossoró no lugar da Serra Vermelha em 1878. Juntamente com
o seu cunhado Joaquim Nogueira da Costa, comerciante em
Mossoró. João Francisco de Borja foi proprietário, comerciante,
criador e industrial, não somente no município de Areia Branca,
como no Mossoró. Era dotado de um gênio bem e uma honesti-
dade a toda prova.
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Com espórtulas não mui pequenas, muito concorreu para a
construção da capela de Nossa Senhora da Conceição em Areia
Branca. Pelos seus dotes de progresso e honestidade Joça Soares
é, com muita Justiça o patriarca da Areia Branca.
Em 1873, pregado em Mossoró, Frei Fidelis, Missionário
capuchinho de nacionalidade Italiana, também fez missões em
Areia Branca, onde conseguiu com os habitantes do lugar a
construção de uma pequena capela de taipa coberta de telha,
dentro da qual se celebraram missas e outros atos religiosos.
Essa capela serviu mais tarde para um dos moradores do lugar, o
já então celebre Chiquinho Gomes da Barra, fazer estribaria de
cavalo. Considerada interditada pelos habitantes católicos do
lugar, dita capela foi demolida em 1877.
A seca de 1877 a 1879 levou à ilha um grande número de
retirantes que destruíram totalmente a mata existente na ilha,
constituindo palhoças. O Governo da Província mandou distri-
buir viveres aos mesmos, tendo construído hospitais e lasaretos
na Barra de Mossoró, afim de ali serem atendidos os mais ne-
cessitados.
Em 1879 deu-se na ilha uma grande hecatombe. Em 27 de
Janeiro desse ano um grande número de retirantes, capitaneados
pelo alferes Francisco Moreira de Carvalho, de S. Miguel, que
em Areia Branca se achava, travou luta com a força pública,
resultado morreram para desta, o Alferes de Polícia e Delegado
de Mossoró – Manoel Rodrigues Pessoa, as praças de polícia
Francisco de Paula Silva, José Antônio da Silva, guarda nacio-
nal, José Antônio Correia, saindo feridos cinco soldados da polí-
306
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cia e cinco guarda nacionais. Do lado de Monteiro Carvalho
houve também muitas mortes e feridos. O acontecimento causou
muita sensação na província e na vila. Moreira foi submetido a
Julgamento sendo absolvido pelo Júri. O inquérito a que se
submeteu, no entanto, foi um dos mais sensacionais. Presidindo
pelo chefe de Polícia da Província, Dr. Joaquim Tavares da Cos-
ta Miranda com a presença de tropas do exercito na vila, vindas
de Pernambuco, Natal e Fortaleza.
2) Um fato inédito da invasão holandesa a Rebelião tapuia
de 1644. Destruição do Forte de Paneminha e o trucidamento de
Gedeon Morris e de todos os seus companheiros.
Data de 1644 o arrasamento do forte holandês construído
na ribeira do Mossoró. Alguns Tapuios, nessa época, de volta de
Outeiro da Cruz, no Maranhão, onde tinha estado em combate,
empenharam-se em luta com os trabalhadores das salinas de
Mossoró, degolado indistintamente a quantos ali encontravam
(Ferreira Nobre. Breve notícia sobre a província do Rio Grande
do Norte).
Presumivelmente teria também se dado nessa época o ar-
rasamento do forte construído pelos holandeses e o trucidamento
do comandante Gedeon Morris nas proximidades da barra do
Rio Upanema, de que fala Barleus em sua obra, no seguinte tre-
cho. Depois disso passou apoderou-se do Siaras, agitado por
novas comoções e, onde as forças dos brasileiros chamados à
guerra, ocuparam e arrasaram o forte assentado pelos holande-
ses, trucidaram o comandante Gedeon Morris, toda a guarnição
307
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e até os trabalhadores que se estabelecido perto das salinas do
rio Upanema.
Segundo a tradição, até o fim do século XVIII para o
começo do XIX, na ilha do Paneminha, local denominado chi-
queiro das Cabras, perto do mar, eram vistos alicerces de pedra e
cal em forma de um quadro, os quais há muito anos foram soter-
rados. Moradores antigos do Paneminha afirmam a existência
dos alicerces do forte construído na antiguidade pelos holande-
ses na confrontação ao lugar de uma casa que ali construiu o
velho prático-mor da barra André Cursino de Medeiros.
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3) Primórdios da ribeira
A origem de Grossos – As primeiras Sesmarias
Grossos, a mais florescente vila do município, fica situa-
da à margem esquerda do rio Mossoró a O da sede do municí-
pio, de onde dista meia légua marítima.
Sua origem atribuem-se possa datar de 1697, época em
que pacificada a ribeira do Apodi, presumivelmente data à do
povoamento da ribeira, da qual faz parte Grossos.
As sesmarias de terras concedidas nesta parte da ribeira do
Apodi, a Gonçalo da costa faleiro, em 1708, e outros, porteriomente,
como Baltazar Gonçalves dos Reis, em 1763, cuja carta de data de-
clara haver esse sesmeiro há bastantes anos situado e povoado essas
terras que começado da Mata da Lagoa do Góis terminavam na pan-
cada do mar e portanto, compreendendo lugares como Grossos e
Barra do Mossoró fazem-nos crer na remota existência do núcleo de
Grossos, mesmo como campo de criação.
Quando Grossos não tinha sido habitado na 1ª metade do
século XVIII, não passando, naquela época, de um campo de
criar, o foi de 1750 para cá, provando-se isto com os assentos de
batizados lavrados pelos padres do Apodi, que curavam a ribeira
do Mossoró, indo além do Morro do Tibau. (Citação do livro
Questão de Limites, dês, Lira e lemos).
Afirma a tradição que o primeiro habitante de Grossos
foi o Sargento-mór Antonio de Souza Machado, que ali edificou
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uma casa, cujas telhas para sua cobertura, vinham da Bahia nos
navios que transportavam sal e carne de charque, ali preparada.
O Dr. Francisco Borges, em suas razões finais sobre a
questão litigiosa, afirma que o referido sargento Sousa machado
fixara residência em Grossos no ano de 1760 ali tendo chegado
procedente de russas e mata fresca onde também residiu. Tam-
bém por esse tempo, conforme afirma a tradição de provas com
os assentos de batizados publicados nos livros dos dês. Lira e
lemos, morou em Grossos o capitão José Alves de oliveira natu-
ral do Rio Grande.
Tanto este como aquele foram casados com filhas do
português Domingos Fernandes, morador em russas e depois em
mata fresca sendo ambos proprietários de terras e escravos. O
Sargento-mór Souza machado, não somente teve fazendas de
gado em Grossos, como no Góis, Santa Luzia (Mossoró), panela
do Amaro, lugares estes situados a margem esquerda ao rio
Mossoró.
Afirma a tradição que o sargento Souza machado teve
uma pendência litigiosa com o seu concunhado José Alves, ten-
do corrido a ação no foro da Paraíba.
Em 1774 casou-se em Grossos o tenente Cel. Francisco
Ferreira Souto natural de Portugal e morador na ribeira do Apo-
di, acima da então primitiva fazenda Santa Luzia. O enlace se
verificou na fazenda picada, onde era criador, sua senhora fora
D. Antonia de Souza, filha do Sargento-mór Souza machado.
O termo de casamento – aos 31 dias do mês de julho de
1774, pelas 10 horas do dia no sítio Grossos, na barra de Mosso-
310
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ró, termo da freguesia de nossa senhora da Conceição e são João
batista das várzeas do Apodi, donde são os nubentes freguesia, e
corridos os banhos na forma do sagrado concilio trindentino,
justificando o nubente ter vindo menor, freguesia de são salva-
dor, arcebispado de Braga seu natural, e solteiro da freguesia de
são frei Pedro Gonçalves no recife, onde morou, e a nubente ter
vindo menor da freguesia das russas, seu natural, e dado fiança
aos que banhos da sobre dita freguesia que morou o que me
constou do mandado do casamento do reverendo Vigário da
vara, que em meu poder fica, em minha presença e das testemu-
nhas abaixo assinados, o Sargento-mór domingos Francisco,
solteiro e o alferes Francisco pereira, casado, moradores ambos
na freguesia das russas, pessoas de mim reconhecidas: se casa-
ram solenemente por palavras, os presentes, tenente coronel
Francisco Ferreira Souto, natural da freguesia de são salvador,
arcebispo de Braga, e morador nesta, das várzeas do Apode,
filho legitimo de Felipe Gonçalves e de Paschoa Gonçalves,
naturais da sobredita freguesia de são salvador com Antonia de
Sousa natural da freguesia das russas, moradora nesta, das vár-
zeas do Apodi, filha legítima do Sargento-mór Antonio de Sousa
machado, natural de Braga, e de rosa Fernandes, natural da fre-
guesia das russas; e logo se lhe derão as bênçãos, conforme o
Rito da igreja; e para a clareza de tudo, eu, o padre João de Pai-
va, cura nesta freguesia, fiz este termo e assino com as testemu-
nhas João de Paiva, cura das várzeas do Apodi.
Domingos Francisco, Francisco Pereira”.
311
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Na segunda metade do século XVIII, existiu em Grossos
em uma pequena ilha próxima à margem esquerda do rio Mos-
soró, uma oficina de carne, afirmando tradição que foi esta esta-
belecida pelo Sargento-mór Antonio de Souza Machado, que ali
edificou um armazém para dito fim. Ainda hoje há vestígios
dessa oficina, como seja ossos, etc, e cuja ilha teve até certo
tempo o nome de “Ilha das Oficinas”.
Essa carne era conduzida pelos navios que ali aporta-
vam, para as capitanias de Pernambuco e Bahia.
Foi por esse tempo, o sargento Souza Machado a perso-
nagem mais saliente nesta parte da ribeira do Mossoró. Foi edi-
ficador da capela de Santa Luzia no mesmo local em que hoje se
ergue a catedral de Mossoró.
Os cinco filhos do sargento Souza Machado casaram-se
nesta ribeira tendo todos falecidos antes de finda a primeira me-
tade do século passado.
Até 1886 o lugar Grossos, não passou de um Sítio de cri-
ação e plantio onde se notavam alguns sítios de coqueiros e cer-
ca de umas 20 ou 30 casas cobertas de palhas de coqueiros, em-
palhadas em diferentes direções. Neste mesmo ano, domingos,
também conhecido por Manoel Grande edificou uma capela de
tijolo cru, caiada e coberta de telhas dando-lhe a invocação do
coração de Jesus. Em 1896. a 5 de janeiro foi assentada no Ar-
raial de Grossos a pedra fundamental para a construção de uma
nova capela que tem como padroeiro a mesma imagem do cora-
ção de Jesus.
312
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De 1890 para os nossos dias, na proporção que foram
sendo construídas suas salinas, o arraial de Grossos começou a
se povoar. A fabricação de sal, principalmente na salina “Maris-
co” traz para Grossos diversas famílias do seridó, todas parentes
do Cel. Francisco Sólon, gerente e interessado da referida salina.
A contar desta data, Grossos deve o seu incremento a es-
se operoso cidadão, que pouco tempo muitas casas sítios, abriu
cacimbas, construiu um açude e sitiou gado de raça.
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4) “Mais Forte Que Hespanhol, Alvo Como a Neve”
Breves Notas Sobre a História das Salinas do Iwipanin
Ferreira Nobre, em sua “Breve Notícia Sobre a Província
do Rio G. do Norte”, afirma que a primeira exploração das sali-
nas do rio Mossoró deu-se no ano de 1633.
Os Drs. Tavares de Lira e Vicente de Lemos porém, em
seu livro “Questão de Limites”, dizem que essas salinas foram
descobertas desde o começo do século XVII, pois acrescentam:
em 1630 Adriano Werdonche na memória de 20 de maio do
mesmo ano apresentada ao conselho político do Brasil, tratando
do Forte dos Reis Magos assegurava que quando ali havia falta
de sal o Capitão-mór do Rio Grande do Norte mandava uma ou
duas barcas de 45 a 50 toneladas, a um lugar distante 60 milhas
para o norte onde existiam grandes e extensas salinas que a natu-
reza criou por se e onde poderiam carregar mais de mil navios
com sal que ara mais forte que o espanhol e alvo como a neve.
O Dr. Mateus Brandão em sua memória justificativa sobre
a “Questão de Limites”, diz à pagina 81, o seguinte: “Gedeon
Morris de junge, comandante da guarnição holandesa do Ceará
por uma carta datada do rio Janduruassú a 11 de fevereiro de
1641, anunciava a existência das salinas do rio Upanema, dando
conta de sua viagem aquele rio que ele chama de Iwipanim. Em
seguida transcreve Mateus Bandão a carta acima referida, carta
esta que o Dr. Felisberto freire também publicou na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, em
1906, Volume IV. Número página 31, que é a que se segue: foi
314
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Gedeon Morris o descobridor das salinas de Mossoró, em 1641
encarregado pelo governo holandês em Pernambuco de substitu-
ir o Tenente Van Ham no comando da guarnição do Ceará, a sua
primeira excursão foi ao rio Upanema”.
Diz ele em uma carta ao Supremo Conselho de 14 de feve-
reiro de 1641 e escrita do rio Janduvassú. “Nela tratei do que se
passou de minha resolução de ir observar a situação das salinas
do rio Iwipanim e de outros lugares. Isto fiz com toda a diligên-
cia e Deus seja louvado por as ter achado tais que admira-me já
não se houvesse feito maior diligência, para examiná-las por-
quanto é de V. Excia e Vv. Ss. bem conhecida a importância de
navegação do sal, negócio este que suponho interesse a Pátria e
a Companhia sendo para desejar que os navios de Pernambuco
que devem seguir vazios para as Índias Ocidentais e para a
França, afim de receberem carregamento de sal vindo aqui o
pudesse tomar”. (Revista do Inst. Histórico e Geográfico do
Brasil, Volume 58 – Pág. 274).
Diz mais Gedeon: “o rio Iwipanim demora cerca de 50 lé-
guas a leste do ceará e cerca de 60 a oeste do Rio Grande. A
salina fica no braço ocidental do rio, cousa, de 3 léguas da mar-
gem, de sorte que os barcos e os botes que vierem tomar sal po-
derão aproximar-se até três quartos de légua da salina. Esta tem
de extensão a distância que eu pude percorrer em meia hora e de
largura um tiro de mosquete, apresentado-se o sal, tão branco
como a neve há alguns lugares com a espessura de 1,2 e 3 dedos,
que calculei que vinte navios não poderiam carregar todo sal aí
existente.
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Aquele belo espetáculo satisfez os meus fatigados senti-
dos, mas não, completamente, porque o sal, fica muito longe do
rio e é incomodo embarcá-lo. Pensei então se não aprovaria a
Deus que eu descobrisse nessa região uma salina melhor situada
do que aquela e caminhado assim cerca de uma hora para o oci-
dente, ao logo da margem da campina, vi tudo branco diante de
mim justamente como se tivesse nevado. Segui para aí e encon-
trei uma ótima salina com a extensão de quase uma légua, segu-
ramente a oitava parte de uma légua. Em alguns lugares o sal
tem a espessura de um, dois ou três dedos e no circuito de um
quarto de légua a grossura de uma mão, pelo que suponho que
50 navios não poderão carregar o sal que vi nessa salina; e o que
mais e, esse sal tão belo que excede o de S. Touvris.
Pelo portador desta envio a V. Excia. E a Vv. Ss. Uma
amostra do sal desta salina e também de uma outra pequena
(R.I.H – Vol. 58 Pág. 275).
O rio Iwipanim de tão suficiente citação de Gedeon Mo-
reis é o mesmo Apodi, ou Upanema era por assim dizer o mes-
mo Iwipanim crismado por Gedeon Morris em 1641. Duas bar-
ras formavam seu curso na desembocadura do mar, sendo que a
do Upanema o tinha no sítio da Entrada, no lugar chamado
Coqueirinho ou Barra do Morro Branco. A mesma desapareceu
no fim do século XVIII, obstruída pelas areias.
As salinas percorridas por Gedeon Morris, pela sua des-
crição teriam sido seguramente as que demoram à margem es-
querda do rio Apodi e que de há tempos são conhecidos pelos
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nomes de Grossos, Boi Morto, Baixa Grande, Ilha do Vieira,
Góis, Jurema e Ilha do Algodão.
5) Distrito de Paz em 1872, Vila em 1892 e cidade em 1927
Situação Administrativa e Política
A Ilha de Areia Branca, fazendo parte do município de
Mossoró, foi transformado em um Distrito de Paz, pela Lei Pro-
vincial nº 656 de 4 de dezembro de 1872. A lei nº 692 de 5 de
agosto de 1873 criou uma cadeira de instrução primária do sexo
masculino no lugar denominado Areia Branca, do município de
Mossoró.
O Decreto Imperial nº 5223 de 15 de fevereiro de 1873
cria uma Mesa de Rendas Gerais em Areia Branca, a qual foi
instalada em 1º de junho do mesmo ano, sendo seu primeiro
administrador Francisco Leitão de Almeida.
A repartição era de 2ª classe, sendo rebaixada posterior-
mente para a 3ª classe.
Em 1878 mudou sua sede para Areia Branca a Mesa de
Rendas Provinciais de Mossoró criada pela lei de 15 de novem-
bro de 1856.
Na última década foi criada em Areia Branca uma sub-
delegacia e a Câmara Municipal de Mossoró, nos últimos anos
desse regime, teve ali um Procurador e um Fiscal.
De acordo com a Lei Eleitoral da República, foi criada
pelo decreto nº 511 de 23 de junho de 1860, uma seção eleitoral
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onde pela primeira vez se fez uma eleição para o 1º Congresso
da República, a 15 de setembro de 1890.
Pelo decreto nº 10 de 16 de fevereiro de 1892, a Junta Go-
vernativa do Estado aclamada pelo povo, Exército e Armada,
eleva à categoria de Vila a então povoação de Areia Branca.
Em 31 de março de 1892 foi solenemente instalado o mu-
nicípio de Areia Branca e empossados os intendentes nomeados
pelo Governo do Estado.
De acordo com o Decreto do Governador ao Estado, de
número 13 e datado de 4 de agosto de 1892, procedeu-se no dia
11 de setembro do mesmo ano, em Areia Branca a eleição para
intendentes municipais e juízes distritais os quais foram empos-
sados nos seus cargos a 2 de outubro do mesmo ano.
Por ato do poder competente, de 17 de agosto de 1893, foi
criado foro civil em Areia Branca, e no dia 1º de janeiro de
1894, designado pelo Governador do Estado, teve lugar nesta
vila a instalação do mesmo, feito solenemente pelo juiz do Mos-
soró Dr. Joaquim Manuel Vieira de Melo.
Foi criado um tabelionato acumulando todos os feitos,
tendo sido nomeado serventuário o cidadão Frederico Antonio
de Carvalho.
Data de 1872 a criação da agência dos Correios em 28 de
setembro de 1895 foi inaugurado à estação telegráfica da vila,
com o ramal construído neste mesmo ano. Ligando-a a Mossoró,
pela margem direita do rio.
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A lei estadual nº 92 de dezembro de 1896 altera os limites
entre os municípios de Areia Branca e Mossoró que ficam assim
determinados:
Ao poente a partir do rio Mossoró, uma linha separando as
salinas de Souza Nogueira das de Miguel Faustino do Monte
siga em direção dos matos altos até o território do Ceará e ao
nascente, a partir do mesmo rio Camboa da Serra Vermelha,
outra linha que siga em direção a serra do Carmo até as frontei-
ras do município de Assú, ficando, assim, alterada a lei provin-
cial nº 656 de 5 de dezembro de 1872.
Teve o predicamento de cidade pela lei estadual nº 656 de
24 de outubro de 1927, assinado pelo Governador de então Dr.
José Augusto Bezerra de Medeiros.
Compõe-se o município de Areia Branca de três distritos:
o de Areia Branca, sede municipal e os de vilas de Grossos e
Tibau, com sedes nas localidades dos mesmos nomes e adminis-
tradas por sub-prefeitos. Apresenta o município como principais
núcleos de habitação, os povoados de Barra, Areias Alvas, Ala-
gamar, Upaneminha, Pernabuquinho, Mel, Cristovão, Redonda,
Córrego, Pedrinhas e Valença.
6) Situação Demográfica e Outros Dados Estatísticos
População – em setembro de 1940 a população do município era
de 13.028 pessoas das quais 6.015 com residências da sede do
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município. A densidade média do município era de 2.170 habi-
tantes por quilômetros quadrados e a da cidade 26,90.
Sua população atual é calculada, extra-oficialmente em
38.000 habitantes para todo o município.
Meios de transporte – O município é servido pelas vias marítima
e terrestre. O seu porto é freqüentado regularmente por navios
nacionais e estrangeiros, sendo não só escoadouro do sal de A-
reia Branca e Mossoró como aquele por onde se faz o comércio
da vasta e rica zona oeste do Estado. As comunicações terres-
tres, ora são feitas por intermédio de Porto Franco, ponto inicial
da estrada de ferro Mossoró, ou estradas carroçáveis entre os
municípios de Açu e Mossoró. Por via fluvial, ao transpor o rio
Mossoró em sua embocadura, o município de Areia Branca po-
de-se comunicar diretamente com o Ceará, por um de seus dis-
tritos, a vila de Tibau.
Correios e Telégrafos – O município é servido por uma única
agência postal telegráfica de 3ª classe. Seu serviço postal foi
instalado a 18 de junho de 1872 e o telegráfico a 28 de setembro
de 1885.
Comércio – É seu principal comércio o sal. Há, no entanto, vá-
rias casas de negócios, inclusive tecidos, fábricas de calçados,
escritórios de representações, fábricas de malas, etc.
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Riquezas naturais – É o reino mineral o mais abundantes do mu-
nicípio. Suas imensas salinas dão um produto magnífico e a re-
gião salífera do município é vastíssima. Nenhum outro municí-
pio do Estado, mesmo o de Macau, possui a característica de
Areia Branca – é cercado de sal por todos os lados.
As mais importantes salinas do município são: São Fran-
cisco, Nazaré e Serra vermelha, de Wilson Sons & Cia; Caenga,
de Miguel Faustino do Monte, Miramar, Marisco e João da Ro-
cha, da Companhia Comércio e Navegação; Santa Terezinha de
F. Solon Sobrinho, Pedrinhas, de Paulo Fernandes & Cia.; Cas-
queira e Morro Branco, de F. Souto; Augusto Severo de Jorge
Caminha Ferreira; União de Alfredo Fernandes & Cia.
Urbanismo – A cidade possui 36 logradouros dos quais 2 praças
ajardinadas, que são a da Conceição e a João Pessoa. As admi-
nistrações municipais passadas, principalmente as chefiadas pelo
Cel. Francisco Fausto de Sousa deram-lhe um novo aspecto be-
neficiando sua sede.
São próprios municipais o prédio em que funciona a Edili-
dade, o Grupo Escolar “Conselheiro Brito Guerra,” o mercado
da cidade, a sede do Tiro de Guerra 241; e os atuais construídos
na gestão do prefeito José Solon.
Monumentos históricos – Não há monumentos históricos na
cidade. Sobre um pedestal de granito, existe um busto do de-
sembargador Silvério Soares de Souza, inaugurado a 29 de ja-
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neiro de 1940, em homenagem ao pranteado extinto, que foi um
dos mais íntegros e ilustres filhos da terra.
Casa de diversões – Existe na cidade e Cine-Teatro “Cel. Faus-
to”, da empresa Jorge de Albuquerque Pinto, com capacidade
para 400 pessoas. Funciona regularmente em dias alternados na
semana e durante os domingos.
Turismo – Possui o município de Areia Branca várias praias por
onde se estendem durante os domingos os seus banhistas. A do
Tibau soberbamente conhecida pelas suas belezas naturais e
fertilidade de água doce, é bastante freqüentada pelos habitantes
da cidade de Mossoró. Existe ainda as praias do Upaneminha e
Pernambuquinho, bem assim a Barra, freqüentada mais assidu-
amente pelos habitantes de areia branca.
Justiça – É o município de Areia Branca sede de um Juizado de
Direito do Estado, sendo o seu titular o Dr. José Marcelino de
Oliveira.
Tiro de Guerra – Possui a cidade um Tiro de Guerra, de número
241, com um efetivo para o corrente ano de 51 atiradores. Esta
magnificamente instalado em um próprio municipal, em que
funcionou a antiga empresa de luz. É seu diretor, um 1º Tenente
do nosso Exército possuindo, ainda um sargento instrutor.
(Reproduzido d“O Mossoroense”, 26/7/1949).
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