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2 - A Importancia Do Estágio em Gestão Educacional

Este documento discute a importância do estágio supervisionado em gestão escolar na formação de pedagogos. Durante o estágio, as estagiárias observaram desafios para a implementação plena da gestão democrática em uma escola pública, como centralização e autoritarismo no sistema de ensino. Elas também notaram limitada participação da comunidade escolar no processo decisório. O estágio ofereceu uma visão ampla da dinâmica e gestão escolar, contribuindo para a formação política e crítica dos futuros pedagogos.

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Este documento discute a importância do estágio supervisionado em gestão escolar na formação de pedagogos. Durante o estágio, as estagiárias observaram desafios para a implementação plena da gestão democrática em uma escola pública, como centralização e autoritarismo no sistema de ensino. Elas também notaram limitada participação da comunidade escolar no processo decisório. O estágio ofereceu uma visão ampla da dinâmica e gestão escolar, contribuindo para a formação política e crítica dos futuros pedagogos.

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A Importância do Estágio Supervisionado em Gestão

Escolar na formação do Pedagogo

Fernanda Aparecida Oliveira Silva[*]

Ana Carolina Paulina de Assis Gomes**

Maria Abadia de Oliveira ***

Vilma Aparecida de Souza****

Resumo
Esse trabalho apresenta reflexões sobre a prática educativa vivenciada durante
as atividades do Estágio Supervisionado no âmbito escolar, no eixo da gestão
educacional, no curso de Pedagogia. Em relação aos procedimentos
metodológicos, utilizaram-se a observação e a entrevista semiestruturada. As
experiências vivenciadas permitiram vislumbrar os limites para a implementação
plena da gestão democrática na escola pública, mesmo diante do autoritarismo
e centralização encontrados no sistema de ensino.
Palavras-Chaves: Estágio. Gestão Escolar. Formação. Pedagogia.

Abstract
This work presents reflections on the educational practice experienced during the
activities of the Supervised Internship in the school context, in the educational
management axis, in the Pedagogy course. Regarding methodological
procedures, observation and semi-structured interviews were used. The lived
experiences allowed to glimpse the limits for the full implementation of the
democratic management in the public school, even before the authoritarianism
and centralization found in the education system.
Keywords: Internship. School management. Formation. Pedagogy.

Introdução
Esse trabalho tem como objetivo apresentar reflexões sobre a prática
educativa vivenciada durante as atividades do Estágio Supervisionado em Gestão
Escolar, discutindo suas contribuições na formação do pedagogo. As atividades
foram realizadas por um grupo de licenciandas, em uma escola pública, no
âmbito da disciplina Estágio Supervisionado em Gestão Escolar, do curso de
Pedagogia da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade
Federal de Uberlândia (FACIP/UFU).
O Estágio Supervisionado contou com 70 horas de observação, em que
houve a pesquisa documental e a entrevista semiestruturada realizada com a
diretora e uma supervisora pedagógica, para melhor compreender a realidade de
uma escola pública da rede estadual, localizada em um bairro periférico do
município de Ituiutaba, Minas Gerais.
Importância do Estágio Supervisionado em Gestão Escolar na formação
do Pedagogo
Os cursos precisam se comprometer com uma formação sólida que
proporcione a pesquisa, a investigação e um olhar crítico sobre a realidade
educacional. Com isso, as práticas de Estágio Supervisionado passam a ser
voltadas à formação docente e, além das dimensões técnicas, do saber fazer e
do como fazer, envolvem as dimensões políticas. Nessa perspectiva, o estágio
pode ser mais que um mero contato com a realidade escolar, posto que, além de
proporcionar a relação teórico-prática, se constitui em um artefato de extrema
importância para a formação política dos professores. Em linhas gerais, formação
política é:
Uma formação que seja sustentada por fundamentos teórico-
práticos, como: engajamento político no sentido de
participação de projetos de interesses comuns, temáticas que
garantem uma formação baseada na liberdade de agir e
pensar, fundada no constante debate e na preparação para a
ação. (BORSSOI, 2012, p. 18).

Nesse sentido, as práticas de estágio devem conceber momentos de


construção e reflexão, assim sendo “o estágio deve contemplar a formação do
professor capaz de atender às demandas de uma realidade que se faz nova e
diferente a cada dia.” (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 91).
Nesse sentido, o Estágio em Gestão Escolar possibilita o contato com um
setor que, por vezes, se encontra mais fechado ou de difícil acesso por ser um
trabalho burocrático e bastante específico. Ele ainda proporciona às estagiárias
uma visão mais ampla da dinâmica escolar, de seus aspectos legais, da rotina
burocrática, da tomada de decisões, de uma aproximação com as orientações
advindas dos seguimentos superiores aos quais as escolas estão submetidas.
Nessa perspectiva, a experiência do Estágio em Gestão Escolar contribui
para que as estagiárias vejam a escola em sua dinâmica macro, fazendo com que
elas tenham um olhar de pesquisadoras para, então, refletirem sobre o que está
sendo vivenciado. Tendo como meta assegurar aos estagiários experiências na
educação básica acerca da organização e gestão de sistema de ensino, a partir
do enfoque da gestão democrática.
A gestão democrática da educação é hoje, um valor já consagrado no
Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado na
prática social global e na prática educacional brasileira e mundial. É indubitável
sua importância como um recurso de participação humana e de formação para a
cidadania. É indubitável sua necessidade para a construção de uma sociedade
mais justa, humana e igualitária. É indubitável sua importância como fonte de
humanização (FERREIRA, 2000, p. 167).
Além disso, ressalta-se a relevância da gestão democrática para a
construção de uma sociedade mais justa, o que traz elementos importantíssimos
a serem observados e analisados pelos estagiários no eixo da gestão educacional.

A Experiência de Estágio Supervisionado em Gestão Escolar


Durante a realização desse estágio foi possível acompanhar as atribuições
da equipe gestora. Percebeu-se que a implementação da gestão democrática não
está garantida somente com a elaboração de documentos e projetos, tendo em
vista o jogo de forças envolvidas e a suplantação dos entraves cristalizados no
cotidiano escolar, como: a cultura autoritária sedimentada ao longo da história
educacional; o espaço reduzido de participação da comunidade escolar nos
processos decisórios; e a quase total alienação dos professores em relação a
aspectos da gestão da escola. Diante disso, pode-se inferir que a gestão
democrática não pode ser reduzida a eventos isolados, como eleição de diretor
ou reuniões esporádicas dos membros do conselho escolar.
No entanto, ao ser questionada sobre o modelo de gestão escolar, a
diretora afirmou que: “[…] a gente procura ser a democrática, procura fazer uma
gestão democrática dentro do que é recomendado pela legislação.”
(ENTREVISTA DIRETORA, 2015, destaques nossos).
O depoimento da diretora, remete a discussão acerca das lacunas e
omissões da legislação sobre os princípios da gestão democrática, uma vez que
tanto a Constituição Federal, como a LDB 9394/96 delegam aos sistemas de
ensino as normas da gestão democrática: “Art.14. […] os sistemas de ensino
definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica”
(BRASIL, 1996, s.p.). Ou seja, ao delegar aos sistemas de ensino as normas,
revela-se uma brecha legal para muitos sistemas não se comprometerem com a
gestão democrática das escolas públicas, omitindo-se em relação aos
mecanismos e processos necessários para a democratização da gestão.
Além disso, falar de gestão democrática implica em “uma cadeia ampla de
processos, procedimentos, instrumentos e mecanismos de ação” (MENDONÇA,
2000, p. 95). Dentre eles, a participação da comunidade na tomada de decisões
merece ser destacada, visto que falar de gestão democrática implica em
assegurar condições para a atuação desse ator social no estabelecimento escolar
não somente para a execução de tarefas e na participação em reuniões
esporádicas de entrega de notas, mas prioritariamente como parte envolvida no
referido processo. Em relação a questão da participação da comunidade, a
diretora menciona que:
Em relação ao Conselho, eu tento de todas as formas e quase
não consigo pais [para participar]. Fiz várias reuniões e os
pais não tiveram interesse. Sempre que tem evento a gente
convida a comunidade, incentiva a participar, mas tem o
desinteresse dos pais. Tem várias desculpas… Por falta de
tempo… Eu acho que eles têm receio de serem chamados
toda hora na escola, não é possível estar sempre presente.
Eu acredito que os próprios pais não têm o interesse de
participar da vida ativa da escola. (DIRETORA, 2015).

Avaliar a questão da participação da comunidade na gestão da escola


emerge como uma tarefa necessária, considerando a forma como acontece a
gestão dessa participação, como pode ser evidenciado no depoimento da
diretora:
A gente faz a reunião pedagógica todo bimestre e
assembleias, quando manda a Secretaria de Educação […]
quando tem eleição do colegiado, mudança na direção da
escola, etc. Geralmente a reunião é a cada dois meses, para
entrega de resultados, falar da vida escolar do filho. […] O
desafio de trazer os pais para a escola essa é a maior
dificuldade. (DIRETORA, 2015).

O trecho da entrevista revela a concepção de participação da diretora, que


se limita a uma participação passiva, de presença em reuniões bimestrais com a
finalidade maior de discutir a questão do rendimento escolar dos alunos.
As observações realizadas evidenciaram a necessidade de ações efetivas e
recorrentes para que se criem condições para a participação da comunidade, ou
seja, ações que “abram as portas” da escola para a comunidade e para os
próprios membros da instituição escolar opinar sobre a tomada de decisões,
considerando que “a participação é o principal meio de se assegurar a gestão
democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários
no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar”
(LIBÂNEO, 2004, p. 102).
A observação realizada e os dados obtidos, permitiram evidenciar que a
gestão escolar está distante da perspectiva democrática, considerando a cultura
e as práticas cristalizadas que revelam a permanência de uma gestão escolar
centralizadora, na qual a diretora decide o que deve ser feito. Percebe-se a
predominância de elementos como a falta de tradição democrática, a formação
acadêmica deficiente, os comportamentos acomodados e desinteressados e a
falta de consciência sobre a importância dos processos democráticos
(MENDONÇA, 2000, p. 429).
Nessa perspectiva, a Gestão Escolar pode ser classificada conforme a
concepção técnico-científica, na qual:
Prevalece uma visão burocrática e tecnicista de escola. A
direção é centralizada em uma pessoa, as decisões vêm de
cima para baixo e basta cumprir um plano previamente
elaborado, sem a participação de professores, especialistas,
alunos e funcionários… As escolas que operam com esse
modelo dão muito peso à estrutura organizacional:
organograma de cargos e funções, hierarquia de funções,
normas e regulamentos, centralização das decisões, baixo
grau de participação das pessoas, planos de ação feitos de
cima para baixo (LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSCHI, 2012, p. 323-
324).

O diretor escolar aparece como um dos focos de resistência ao processo


de gestão democrática. Segundo Mendonça (2000, p. 428), o “[…]
comportamento dos diretores é decorrente de sua compreensão equivocada
sobre o processo eleitoral”. De fato, diversos diretores têm práticas autoritárias
e antidemocráticas, centralizando informações e decisões, num processo de
anulação da participação dos demais segmentos da comunidade escolar.

Considerações Finais
A experiência vivenciada ao longo do estágio em gestão permitiu
compreender a necessidade de rever e resgatar os mecanismos e ações
importantes para o aperfeiçoamento do processo democrático. Percebemos que,
apesar do discurso em defesa da gestão democrática, a cultura autoritária que
sustenta o processo de tomada de decisão contribui e reforça o comportamento
apático e acomodado dos sujeitos. Acrescenta-se ainda que, a ausência de uma
tradição democrática, associada à presença de um autoritarismo cristalizado,
dificulta a implantação de mecanismos participativos de gestão.
Enfim, por meio das experiências vivenciadas sobre a prática de Estágio
Supervisionado em Gestão Escolar, evidencia-se que o Estágio em Gestão é
imprescindível para a formação do pedagogo. Ele possibilita ter uma visão ampla
da estrutura administrativa e pedagógica da escola e do sistema educacional.
Referências Bibliográficas
ARROYO, Miguel Gonzalez. Gestão Democrática: recuperar sua radicalidade
política? In: CORREA, Bianca Cristina; GARCIA, Teise Oliveira (orgs.). Políticas
Educacionais e organização do Trabalho na escola. São Paulo: Xamã, 2008.
p. 39-56.
BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas.; GEBRAN, Raimunda Abou. Estágio
Curricular na Formação de Professores: propostas e possibilidades no espaço
escolar. In:_. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado na formação de
professores. São Paulo: Avercamp, 2006. p. 87-115.
BORSSOI, Berenice Lurdes. O Estágio Curricular Supervisionado como
potencializador da formação do sujeito político. IX Anped Sul: Seminário de
pesquisa em Educação da região Sul. 2012. Disponível
em:<http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper
/viewFile/2247/593.>. Acesso em 08 nov. 2015.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 20 dez. 1996. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2016.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.) Gestão democrática da educação:
atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez. 2000.
HORA, Dinair. Gestão democrática na escola: artes e ofícios da participação
coletiva. 9 ed. Campinas, SP:Papirus, 2002.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5 ed.
Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
_____; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar:
políticas, estrutura e organização. Ed Cortez. 2012.
MENDONÇA, Erasto Fortes. A regra e o jogo: democracia e patrimonialismo na
educação brasileira. Campinas, SP: FE/ UNICAMP, 2000.
[*] Aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal,
da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]
** Aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal,
da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]
*** Aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal,
da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]
**** Professora do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Integradas do
Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia. E-
mail:[email protected]

Disponível em: https://www.partes.com.br/2018/06/04/a-importancia-do-estagio-


supervisionado-em-gestao-escolar-na-formacao-do-pedagogo/ Acesso em 10 fev./2019.

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