0% acharam este documento útil (0 voto)
180 visualizações36 páginas

Os Sete Pecados Mortais

O documento discute os sete pecados mortais, começando pelo orgulho. O orgulho pode ser espiritual, intelectual, material ou social. O orgulho espiritual é especialmente condenado, pois leva o indivíduo a confiar mais em si mesmo do que em Deus. O orgulho intelectual também é criticado, já que pode encher o indivíduo de arrogância. Da mesma forma, o orgulho material pode levar a pessoa a se concentrar mais nas posses do que em Deus.

Enviado por

Uilson
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
180 visualizações36 páginas

Os Sete Pecados Mortais

O documento discute os sete pecados mortais, começando pelo orgulho. O orgulho pode ser espiritual, intelectual, material ou social. O orgulho espiritual é especialmente condenado, pois leva o indivíduo a confiar mais em si mesmo do que em Deus. O orgulho intelectual também é criticado, já que pode encher o indivíduo de arrogância. Da mesma forma, o orgulho material pode levar a pessoa a se concentrar mais nas posses do que em Deus.

Enviado por

Uilson
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 36

OS SETE PECADOS MORTAIS

Billy Graham
INTRODUÇÃO
Tendo o pastor pregado eloquentemente contra o pecado naquela
manhã, um dos membros da igreja lhe disse: “Não queremos que o
senhor fale assim abertamente contra o pecado, porque nossos filhos e
filhas, ouvindo o que o senhor diz, mais facilmente se farão pecadores.
Chame o pecado de engano ou defeito, se o quiser, mas não fale tão
rudemente do pecado”.
O pastor foi até a prateleira dos medicamentos e trouxe de lá um
frasco de estricnina cujo rótulo dizia - VENENO. E disse: “Veja bem o
que o senhor quer que eu faça, que eu tire este rótulo e coloque neste
frasco outro menos assustador tal como “Pastilhas de hortelã”. Vê o
senhor o perigo? Quanto menos assustador for o rótulo, mais perigoso o
veneno”.
No decorrer dos últimos anos temos rotulado de modo suave o
pecado. Nós o temos chamado de erro, ação negativa e falta inerente.
Mas já é chegado o tempo de pormos o rótulo VENENO no frasco que
contém veneno e de não nos atemorizarmos de falar claramente, como a
Bíblia fala, a respeito das trágicas consequências do pecado.
O papa Gregório, o Grande, no fim do sexto século, classificou os
pecados em sete pecados mortais. Disse, então, que qualquer pecado
que o homem cometa pode ser classificado por sete palavras. E nomeou
os sete pecados mortais: orgulho, ódio, inveja, impureza, gula, preguiça
e avareza.
Assim foi que foram eles chamados: os sete pecados mortais. Tais
pecados não são mencionados numa só passagem da Bíblia; são,
porém, condenados separadamente em muitas passagens bíblicas.
Tomás de Aquino e a maior parte dos grandes teólogos têm concordado
com o papa Gregório e, assim, esses sete pecados mortais constituem
parte notável da Teologia Moral.
Tais pecados têm sido igualmente assunto de poesias. O esquema
do “Purgatório” de Dante obedece à ordem dos sete pecados mortais.
São também discutidos plenamente no “Parson’s Tale” de Chaucer e no
“Doctor Faustus” de Marlowe. Até mesmo uma recente película italiana
recebeu o título de “Os Sete Pecados Mortais”.
.oOo.

O ORGULHO OU SOBERBA
O primeiro dos pecados é o orgulho. Naturalmente vem em
primeiro lugar porque, como lemos em Provérbios 16.18: “A soberba
precede... a queda”. Assim, o orgulho é essa condição mental e moral
precede que precede todos os pecados. Todo pecado é egoísmo, nesta ou
naquela forma, e o orgulho é essencialmente uma condição exaltável do
“ego”, o qual se delicia com o pensamento de ser superior a todos os
seus semelhantes.
As Escrituras dizem: “Abominação é para o Senhor todo o altivo de
coração;... não ficará impune” (Provérbios 16.5). E ainda no mesmo livro
de Provérbios lemos: “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de
espírito obterá honra” (20.23).
O orgulho que Deus abomina nãop é o respeito próprio ou o
legítimo sentimento de dignidade pessoal. É, sim, o amor próprio,
soberbo e indesejável, desproporcionado, além do valor real que o
indivíduo tem. É esse egoísmo repugnante que Deus e o homem
repelem.
É esse chocante conceito com que se pavoneia diante dos homens,
empertigando-se na presença do Todo-Poderoso. Deus o deia, pois isso
Lhe é abominação, o que significa que o faz sobressaltar-se. Deus disse
no Salmo 101.5: “Aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não o
sofrerei”. Deus não suporta, não admite a soberba. Ele a odeia!
O orgulho pode tomar várias formas, emanando, porém, todas elas
da soberba do coração humano. Alguns são altivos no olhar, no trajar;
outros, em sua vida social; outros se orgulham de sua raça e outros
ainda dos seus negócios.
Noutras palavras, o orgulho pode ser espiritual, intelectual,
material e social. O mais repugnante desses quatro é o espiritual. A
soberba do espírito foi o pecado que levou Lúcifer, o Diabo, à queda. É
por aí que começam quase todos os pecados.
Em Isaías 14.12-15 lemos: “Como caíste do céu, ó estrela da
manhã, filha da alva! Foste lançado por terra, tu que debilitavas as
nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas
de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei,
da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens, e
serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao
mais profundo do abismo”.
Aqui encontramos Lúcifer dizendo: “Eu farei” e isto cinco vezes.
“Estarei acima do Altíssimo”. Foi justamente a soberba do seu coração o
primeiro pecado cometido no Universo. Quando nós, como Lúcifer,
começamos a sentir que somos todo-suficientes e todo-poderosos já
estamos pisando terreno perigoso.
A soberba espiritual, pelo fato de levar alguém a confiar mais em
seus méritos e virtudes próprias do que na graça de Deus, está
destinado ao juízo de Deus.
O orgulho nos leva a desprezar os outros, e, aos olhos deles, nos
tornamos desprezíveis. Ele diz: “Graças Te dou, ó Deus, porque não sou
como os demais homens”. O soberbo é presunçoso, satisfeito consigo
mesmo cheio de vaidade. Deus abomina o orgulho espiritual pelo fato
de o orgulhoso pensar ser bom e justo a seus próprios olhos. É o caso
daquele que está vestido de trapos imundos!
O orgulho espiritual seria coisa bem cômica, senão fosse tão
trágica. Deus faz ecoar um solene aviso aos ouvintes dos descendentes
dos fariseus. Ele diz, por meio da carta de Tiago: “Deus resiste aos
soberbos, porém, dá graça aos humildes” (4.6).
Há alguns que encontram grandes dificuldades e contradições no
Evangelho. São pessoas cheias de si, orgulhosas e farisaicas. Outros há
que se gloriam em sua justiça própria e acham que são melhores que
seus semelhantes. E dizem: “Eu não faço isso, não faço aquilo”.
Guardam a letra da lei, mas lamentavelmente se esquecem do espírito
dela. São culpados da soberba espiritual.
Há ainda aqueles que pensam ser muito puros e que todos os
outros são imundos. Esquecem-se de que não existe uma igreja
completamente pura. Jesus disse que o trigo e o joio crescem juntos e
que nós não temos acuidade necessária para distinguir, até que chegue
o fim do tempo.
Não obstante, temos muitos fariseus que estão tentando separar o
joio do trigo e fazendo aquilo que Deus disse que nunca devia ser feito
até que Cristo venha de novo. A atitude deles é de arrogância, de
superioridade, de desprezo ou desdém. Gastam seu tempo a criticar e a
cavaquear sobre a vida alheia. De todas as soberbas, está é a pior.
Outra forma de orgulho é a soberba intelectual. A Bíblia diz
àqueles que sofrem desta espécie de ilusão espiritual: “A ciência incha,
mas o amor edifica. Se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe
como convém saber” (1 Coríntios 8.1-2). Esta qualidade de orgulho se
manifesta em arrogância diante daquele que tem poucas letras, do
iletrado e do oprimido. Esquece-se de que nossas capacidades mentais
são dadas por Deus e de que o conhecimento que hoje possuímos em
grande parte é resultado de esforços alheios. Haverá, então, razão para
a arrogância intelectual? O apóstolo Paulo diz na sua Carta aos
Romanos: “Não ambicioneis coisas altivas, mas acomodai-vos às
humildes” (12.16).
O filósofo Platão certa vez palestrava com uns amigos numa sala
em que havia um divã ricamente ornamentado. Um dos amigos entrou,
sujo como sempre, subiu sobre o divã e se pôs a pisoteá-lo, dizendo:
“Espezinho a soberba de Platão”. Este humildemente disse: “Mas com
grande orgulho, meu amigo”.
A soberba intelectual é muitas vezes a inimiga do Evangelho de
Cristo porque enche o indivíduo de confiança própria ao invés de enchê-
lo de confiança em Deus. Ele aborrece a soberba intelectual, pos diz em
Provérbios: “Tens visto a um homem que é sábio a seus próprios olhos?
Maior esperança há no tolo do que nele” (26.12).
Outra manifestação do orgulho é a soberba provocada pelos bens
materiais. As posses materiais, como tudo o mais, nos vêm de Deus. O
Senhor diz em Deuteronômio: “Antes te lembrarás do Senhor teu Deus,
que Ele é o que te dá força para adquirires poder” (8.18). E em 1
Crônicas, Davi diz: “E riquezas e glória vêm de diante de Ti, e Tu
dominas sobre tudo, e na Tua mão há força e poder; e na Tua mão está o
engrandecer e dar força a tudo” (29.12).
Na soberba trazia por bens materiais entroniza=-se o “ego” ao invés
de Deus. As coisas secundárias são exaltadas a um lugar de primeira
importância e a vida se desequilibra. Então o indivíduo começa a se
concentrar naquilo que tem, ao invés de se concentrar naquilo que é,
aos olhos de Deus, mais importante. A soberba material tende a levar o
homem para a cobiça.
Assim, a ganância pelo dinheiro tende a tornar-se em escravizante
hábito, mais forte ainda do que a sede. Lemos em Salmos: “Não comfieis
na opressão, nem vos desvaneçais na rapina; se as vossas riquezas
aumentam, não ponhais nelas o coração” (62.10). E a Bíblia continua
dizendo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço,
e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os
homens na ruína e na perdição” (1Timóteo 6.9).
Vêm de Deus todas as coisas materiais que possuímos, bem como
a habilidade de acumular riquezas. Até mesmo o tempo para gozarmos
dos bens materiais nos vem de Deus. Então, porque todo esse
injustificado orgulho humano por novas posses? Tiago nos diz em sua
Carta: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do
Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação”
(1.17).
Tudo quanto o amigo leitor possui, recebeu das mãos de Deus.
Deus lhe dá energia para trabalhar, mente para pensar e um grande
país, como o Brasil, que lhe oferece estupendas oportunidades e
liberdade. Tudo isso lhe vem de Deus.
Há, ainda, o orgulho social. Ele se manifesta nas classes, ou
grupos e na arrogância racial ou de casta. Um estadista conhecido no
mundo todo asseverou que o insignificante átomo nos reduziu a todos
a um único tamanho. Deus não faz distinção entre homem e homem,
como os homens costumam fazer entre si.
Hoje há pouca gente que geralmente crê numa raça superior. Esta
ideia de uma raça superior não é bíblica, nem escriturística e muito
menos cristã. Quando estive na Alemanha, ouvi falar muito em Hitler, o
qual aceitou a ideia de uma raça superior às demais. Pois essa ideia
dele pôs o mundo de pernas para o ar e devastou aquela grande nação.
Quantas pessoas se deixam levar por este orgulho social que é
visceralmente pecaminoso? É coisa assaz interessante notar-se nas
grandes solenidades públicas do país que os embaixadores e líderes das
nações pequenas se apresentam com resplendentes galões dourados em
vestes custosíssimas, ao passo que os representantes de grandes
nações se distinguem por suas roupagens modestas. Uma zebra é mais
vistosa do que um cavalo de trole, mas o humilde cavalo é mais
estimado por servir melhor ao homem.
Sim, a Bíblia nos ensina que a soberba é pecado. Qualquer espécie
de orgulho é pedra de tropeço para o reino de Deus. O maior pecado
que conservará homens e mulheres longe ou fora do reino de Deus é o
pecado do orgulho. Este é o pecado que Deus mais odeia.
Que é que você pode fazer com ele? Confesse o seu orgulho.
Humilhe-se aos olhos de Deus. Venha até a cruz de Jesus Cristo e
“tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus”
(Filipenses 2.5).
Ninguém pode andar com Deus e chegar até Ele, tendo orgulho no
seu coração. Nem será recebido por Ele, tendo tais sentimentos. O
amigo leitor só poderá chegar-se a Deus quando se revestir de
humildade, quando reconhecer e confessar o seu pecado e quando
receber a Jesus Cristo como o seu Salvador pessoal.

.oOo.

O ÓDIO OU IRA
Dos pecados humanos, a ira é um dos mais destruidores. É pecado
que qualquer um é capaz de cometer. A criança mais inerme tem
explosões de gênio e perde, com isso, o jantar. O menino tem acessos de
cólera e arranha, assim, o decoro da família. A esposa perde a cabeça,
“sobe a serra” e passa o tempo todo com dor de cabeça. O marido se
impaciente, ralha e perde deste modo o apetite. Todos os membros da
família estão sujeitos a esta praga. E ninguém por natureza está imune
a esta enfermidade da natureza humana.
A ira gera o remorso no coração, a discórdia no lar, as amarguras
na comunidade e a confusão no país. Muitos lares são de contínuo
destruídos pelos redemoinhos e tornados da escaldante ira doméstica.
Relações e negócios não poucas vezes são sacudidos pelas explosões de
gênio violentas, quando a razão dá asas à venenosa ira. Quantas
amizades se acabam, vitimadas pelo punhal da indignação, que é afiado
na pedra da ira!
A ira é sempre denunciada pela igreja e condenada pelas
Escrituras Sagradas. Ela assassina, assalta a ataca, espalhando
prejuízos físicos e mentais ao seu redor. Ela recua como qualquer
poderoso fuzil, todas as vezes em que atira, machucando tanto o
ofendido como o ofensor.
Deus abomina a ira justamente por haver ela causado tanta
infelicidade e confusão neste mundo. Nos Salmos lemos: “Deixa a ira e
abandona o furor; não te indignes para fazer o mal” (37.8). Jesus a
condenou fro0ntalmente em termos mui claros e a colocou no mesmo
plano do hediondo pecado do assassínio. Eis o que Ele disse: “Eu,
porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão será
réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu do fogo do
inferno” (Mateus 5.22).
O sábio rei Salomão disse em Provérbios: “Melhor é o longânimo do
que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma
cidade” (16.32). E a Bíblia diz na Carta de Tiago: “Sabei isto, meus
amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e
tardio para se irar” (1.19).
A ira é pecado odioso porque revela a natureza animal do homem.
Muita gente é agradável, louvável e atraente até o momento em que fica
possuída pela indignação, e então se transforma em criatura repulsiva,
irracional, parecendo mais besta ferra do que pessoa civilizada.
Os médicos afirmam que quando se estimula demasiado qualquer
emoção humana, quantidades excessivas de adrenalina são supridas
pela natureza para reabastecer o escoamento ou desperdício emocional
de nosso sistema. A pessoa de gênio violento usa este suprimento de
energia para alimentar a chama de sua paixão, ao invés de pôr fora esse
fogo.
A ira não só revela a natureza animal do homem como também
prejudica o testemunho cristão. O apóstolo Pedro, irado contra os
soldados romanos, puxou da espada e decepou a orelha do servo do
sumo sacerdote. Jesus, todavia, repreendeu Pedro por seu espírito irado
e disse: “Todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”
(Mateus 26.52). Muitos testemunhos cristãos têm sido arruinados pela
ira carnal.
Certa cristã professa queria ansiosamente que o marido se
convertesse a Cristo. Um dia o seu pastor conversou com o marido dela
a respeito do seu estado espiritual e o marido lhe respondeu, dizendo:
“Eu não sou contra a religião, mas, se o cristianismo fizer de mim uma
pessoa tão irada como a minha esposa, não quero ter para mim tal
religião”.
Então o pastor tornou a conversar com aquela esposa crente e lhe
mostrou precisamente o que o marido dela lhe havia dito. Ela não havia
notado ainda quando se descontrolava nos seus acessos de ira e se
mostrou arrependida. Juntos, pastor e ovelha, se ajoelharam para orar
e ela derramou o seu coração diante do trono de Deus.
Poucos dias depois disso, o marido dela voltava de uma pescaria e,
ao passar pela sala de visitas com suas varas ao ombro, sem querer
derrubou ao chão um lampião muito caro, o qual se espatifou. Ali ficou
ele, a tapar os ouvidos, à espera de uma verdadeira explosão de ira da
esposa, justamente aborrecida com aquilo. Mas... nada disso aconteceu!
Levantando os olhos do chão, o marido ouviu a esposa dizer com um
sorriso nos lábios: “Oh, querido, não se preocupe com isso! Coisas
assim acontecem nos melhores lares do mundo”.
E o marido, boquiaberto, perguntou: “Quer dizer que você não se
zangará por isso, como fazia sempre?”
E a mulher: “Não, querido. Não falemos mais nisso, pois é coisa
passada. Entristeço-me de me ter portado antes com tanta impaciência,
mas Deus me está ajudando a controlar o meu gênio”.
Poucos domingos depois disso, o marido daquela crente professa se
filiou à igreja dela. O testemunho dela se fortaleceu dia a dia, pois que a
sua ira era agora controlada pelo Espírito de Deus.
A ira leva a gente a perder a alegria de viver. No livro de Gênesis,
Deus disse a Caim, cuja alegria fora espantada pela ira: “Por que te
iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (4.6). O que há de mau em
se perder as estribeiras é que, com isso, se perdem geralmente outras
coisas. Quando a ira ferve, as boas expressões desaparecem e também a
nossa reputação. E se vão também os amigos, as oportunidades e - o
que é ainda pior - decai o nosso testemunho.
A ira é parente próxima do assassínio, do homicídio. Caim estava
bastante irado antes de matar Abel. A ira levanta a pistola assassina,
fornece o veneno mortífero e afia a adaga do homicida. Devasta, mutila
e destrói. Ateia mo fogo da paixão, abana a chama da inveja e deixa a
alma inteiramente estéril e deserta.
Naturalmente, estamos falando aqui da ira irracional e
injustificável, desta ira que escraviza a consciência, dá coices no
inocente e introduz a malícia e a discórdia no lar, na sociedade. Deus
detesta esta espécie de ira.
Muitos de nós somos culpados desse pecado, que é uma praga.
Muito embora nos desculpemos, dizendo que esta ira descontrolada
provém de nossa disposição natural, sentimos que no íntimo de nossa
consciência estamos errados, redondamente errados. Há sempre a
convicção de estarmos entristecendo o Espírito de Deus, todas as vezes
em que nos deixamos dominar pelo mau gênio.
Como agir em face desse pecado de nossa disposição? Tem a fé
cristã uma resposta para isso? Se não houvesse um meio de se vencer a
ira, um modo de controlá-la, Deus nunca teria dito no Salmo: “Deixa a
ira e abandona o furor” (37.8). Sim, Deus nunca exige do homem uma
coisa que ele não possa conseguir. Há vitória em Cristo, vitória sobre a
ira pecaminosa. O próprio Plutarco disse: “Aprendi que a ira não é um
mal incurável, caso alguém queira se livrar dela”.
O primeiro passo para alcançar vitória sobre a ira injustificada,
está em querer se descartar dela. A vontade surge à tona e diz: “Vou
fazer algo no sentido de dominar o meu mau gênio”. Isso significa que
você vai parar de se justificar, vai parar de dizer: “Toda a minha família
é deste temperamento; herdei de minha mãe o temperamento que eu
tenho”. que vai parar de dizer: “Todo o mundo, de vez em quando,
explode em ira. Que mal há nisso?”
Você precisa reconhecer que a ira é coisa feia e pecado venenoso
tanto aos olhos de Deus como a seus próprios olhos.
Em segundo lugar, precisamos confessar a Deus o pecado da ira e
pedir dEle o perdão pelas nossas explosões de raiva e de mau gênio. Se
a ira é pecado e, se o irar-se contra o seu irmão, sem causa, clama pelo
juízo de Deus, devemos fugir da ira, desprezá-la e vencê-la com a ajuda
dos recursos divinos.
Na Primeira Carta do apóstolo João lemos: “Se confessarmos os
nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça” (1.9).
Todos sabem que a ira escaldante e violenta é injustiça e que nada
tem ela de cristã. Deus, cheio de amor e misericórdia, prometeu nos
perdoar o pecado da ira e nos purificar dele. Isto não quer dizer que a
gente se torne sem espinha, como criaturas molengas sem brio ou
ardor, mas significa que o nosso temperamento, outrora raivoso, agora
se torna fonte de bênção.
A língua, outrora usada para dizer coisas profanas, agora se torna
instrumento de louvor. As mãos que feriram agora só sabem curar. Os
pés que outrora palmilhavam as estradas da violência agora trilham os
caminhos do amor e do serviço cristão. Os bravios cavalos da paixão
foram domados pelo Espírito, e se fizeram nossos servos, ao invés de
senhores. É isso justamente o que Jesus queria significar quando disse:
“Bem-aventurados os mansos”.
Lembremo-nos do apóstolo Pedro de antes da ressurreição e de
antes da descida do Espírito Santo. Ele passara para o campo do
inimigo, ao negar o seu Mestre e Senhor, e se encolerizara contra os
soldados que vieram prender Jesus. Seu espírito raivoso testemunhava
mui pobremente ser ele discípulo do humilde Galileu. Mas, depois de o
Espírito Santo dominar o coração dele no dia de Pentecostes, ele
começou a dominar o seu gênio.
Nunca mais ele usou sua língua para negar o Mestre. Nunca mais
seus pés o levaram para o campo inimigo. É verdade que o
temperamento dele não morreu, foi apenas desviado para finalidades
construtivas. Foi direcionado pelo Espírito de Deus. A conversão a
Cristo não o fizera mais fraco; pelo contrário, fizera-o mais forte. O
pecado da ira fora dominado.
Você, leitor amigo, pode tornar-se uma pessoa mansa. A palavra
“mansa” significa que você está dominado pelo Espírito de Deus. Assim
como se doma e se utiliza a enorme força de um animal selvagem,
assim o Espírito de Deus pode domar a sua língua, as paixões de sua
alma, uma vez que você entregue sem reservas o seu coração e a sua
vida a Jesus Cristo.
Todavia, a Bíblia nos diz que há uma indignação justa, legítima e
justificada. De fato, se não nos enchermos em certas ocasiões de uma
indignação justificável, estaremos pecando. Há, portanto, um certo tipo
de ira que é justificável e mesmo recomendável à vista de Deus.
Eis o tipo de ira que nos é permissível: devemos nos irar contra o
pecado, a corrupção e a imoralidade que campeiam ao nosso redor. É
preciso que nos indignemos contra a literatura pornográfica oferecida
em nossas bancas. Urge que nos indignemos contra a deslavada
corrupção das elites e da pobreza que, de quando em quando, surge aos
nossos olhos. Precisamos nos encher da justa ira contra a imoralidade
de muitas cidades nossas e contra os desalmados que passeiam por
nossas ruas. Precisamos combater estes males a tempo e fora de tempo.
Há, ainda, e convém que lembremos, a ira de Deus. Na Carta do
apóstolo Paulo aos Romanos, lemos: “Pois do céu é revelada a ira de
Deus contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade
em injustiça” (1.18). E também lemos na Carta aos Colossenses: “Pelas
quais coisas vem a ira de Deus” (3.6).
Deus é santo e justo e Seus olhos são assaz puros para suportar o
mal. Quando Ele tem o pecado diante de Si, Sua santidade se manifesta
em ira e cólera contra ele.
Os homens e mulheres que ainda não se achegaram à cruz de
Cristo, que ainda não reconheceram o seu pecado e não receberam
ainda a Cristo como o seu Salvador, estão vivendo sob a ira de Deus.
Virá o dia do julgamento, quando a santa ira e cólera de Deus se
manifestarão contra o pecador que rejeitou o Seu Filho Jesus como
Salvador.
Se você ainda não recebeu a Cristo, no dia do juízo, quando você
comparecer diante dEle, receberá as palavras: “Apartai-vos de Mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”
(Mateus 25.41).
.oOo.

A INVEJA OU O CIÚME
A INVEJA e o ciúme podem arruinar reputações,. Dividir igrejas e
provocar homicídios. A inveja pode abalar o nosso círculo de amizades,
arruinar nossos negócios e ananicar nossas almas. A procrastinação
pode ser o ladrão do tempo, mas a inveja é a matadora das almas. Pelo
livro de Jó, vemos que a inveja pode matar você, prezado leitor, e a
moderna psiquiatria o confirma: “Porque a ira destrói o louco e o zelo
mata o tolo” (5.2).
Há uma história grega que nos fala de um homem que matou pela
inveja. Seus compatrícios haviam erigido uma estátua a um deles por
ser campeão dos jogos públicos. Tal homem, porém, que era rival do
atleta campeão, mostrava-se tão invejoso que resolveu destruir a
estátua. Noite após noite, aproveitando-se da escuridão, ia com uma
talhadeira cortando a base da estátua para derribá-la. Por fim,
conseguiu seu intento, pois a estátua veio ao chão. Mas caiu sobre ele!
Assim, tal homem morreu vitimado por suas próprias mãos pela inveja.
A Bíblia, cujos conselhos são mais sábios que os dos melhores
psiquiatras, nos admoesta a nunca invejarmos os ricos. No Salmo lemos
isto: “Não temais quando alguém se enriquece, quando a glória de sua
casa se engrandece” (49.16).
O invejar aqueles que são mais prósperos do que nós não nos traz
nenhum centavo a mais, e leva a alma à bancarrota. O invejoso de
algum modo sente que a fortuna dos outros é infelicidade sua, que o
sucesso de outrem é sua derrota e que a bênção dos outros lhe é
maldição. E a ironia de tudo isto está em que, construindo o invejoso
esse pensamento errado, a sua queda se torna inevitável. Nunca vi
homem algum que tirasse proveito de invejar os outros, porém tenho
visto inúmeros estragados por ela.
Você pode ter uma personalidade bem desenvolvida e, ao mesmo
tempo, abrigar a inveja no seu coração. Em Provérbios lemos: “O
coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos
ossos” (14.30). A inveja não é arma defensiva; é instrumento ofensivo,
usado na tocaia espiritual. Fere pelo prazer de ferir e mata pelo prazer
de matar.
Perguntou o salgueiro ao espinheiro: “Por que você inveja tanto as
roupagens daqueles que passam perto de você? De que lhe servem tais
roupagens?”. E o espinheiro respondeu: “Não me servem para nada.
Não tenho o menor desejo de usá-las. Apenas gosto de rasgá-las”.
Todas as pessoas invejosas são como o espinheiro: acham prazer
em destruir o dos outros, não ganhando nada com isso.
A inveja é, dos pecados da carne, um dos mais odiosos e
repelentes. É um dos mais impertinentes. É sempre acremente
condenado pelos sábios de qualquer geração e muito mais por Deus.
O rei Salomão dizia: “Cruel é o furor e impetuosa a ira, mas quem
parará diante da inveja?” (Provérbios 27.4). Na Carta do apóstolo Paulo
aos Gálatas, inspirado pelo Espírito Santo, ele aconselha: “Não nos
tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos
uns aos outros” (5.26). E o apóstolo Tiago disse: “Porque onde há ciúme e
sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má” (Tiago 3.16).
Francisco Bacon disse: “Aquele que busca cumprir seus deveres
não acha tempo para a inveja. Esta é uma paixão de vagabundos e vive
a passear nas ruas e não gosta de ficar em casa”. Horácio disse: “O
invejoso emagrece com a prosperidade dos outros”. Samuel Johnson
disse da inveja: “A inveja é a única paixão que nunca pode estar quieta
por falta de incitamento!”. Petrônio disse que: “O abutre devora nossas
entranhas - fígado, coração e nervos - não é o pássaro de que falam os
poetas, e sim as doenças da alma: a inveja e a luxúria”.
Conforme diz a Bíblia, a inveja é inerente à nossa natureza. Na
Carta do apóstolo Tiago, lemos: “Ou cuidais vós que em vão a Escritura
diz: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (4.5). Caim teve inveja de
Abel porque Deus se agradou de Abel e de sua oferta e, por isso, o
matou. A inveja não precisa de justificativa para atacar e matar. As
mais das vezes não há razão real para sua existência. A inveja nasce do
coração humano não regenerado, tão naturalmente como as sementes
formam um jardim florido.
Os irmãos de José tinham inveja dele e o venderam para que fosse
viver como escravo no Egito. Pagaram essa má ação, sofrendo depois
terrível fome que assolou todo o país deles, e, no final, viram-se
forçados a reconhecer a superioridade de José. A inveja deles
empobreceu suas vidas e o mal que desejaram a José nunca apareceu.
A inveja é como esta arma chamada bumerangue: fere mais ao que
ataca do que ao atacado.
Hamã, tendo inveja do sábio Mardoqueu, teceu intrigas políticas
para se livrar dele. Estava tão certo de que ia aniquilar o objeto de sua
inveja que, em ânsia extrema, construiu a forca em que dependuraria a
Mardoqueu. Mas, a trágica história terminou assim: “Enforcaram, pois,
a Hamã na forca que ele havia preparado para Mardoqueu” (Ester 7.10).
Quantos de vós tendes sido enforcados na forca que preparastes
para outra pessoa? Muitos homens têm morrido na forca da inveja que
prepararam para outros. Olhe você ao seu redor! Na sociedade de que
você faz parte terá certamente visto pessoas que guardam
ressentimentos para com os outros, que procedem cinicamente para
com Deus e a religião, ou são más para com o vizinho. Desafio o leitor
amigo a que mostre um invejoso que seja feliz. No instante em que se
põem a preparar a forca da inveja, estão já espiritualmente mortos.
Por que a inveja é pecado tão grande? Será por capricho que Deus
a condena tão positivamente? Será que Deus a proíbe arbitrariamente
para nos tornar miseráveis? É certo que não. Deus se interessa
muitíssimo por que nós nos desenvolvamos completa e totalmente.
Na Terceira Carta do apóstolo João, lemos: “Amado, desejo que te
vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai à
tua alma” (v.2).
A inveja foi um dos pecados de Lúcifer, antes de se transformar em
Satã. Ele teve ciúmes da posição ocupada por Deus e resolveu destroná-
lO para se colocar no lugar de Deus. Por isso Deus odeia a inveja e o
ciúme. Um dos pecados que levaram Cristo à cruz foi a inveja. O
evangelista Marcos diz: “Ele sabia que por inveja os principais
sacerdotes O haviam entregado” (15.10).
Os fariseus e saduceus tinham inveja de Jesus porque Ele era bem
recebido pelo povo. Detestavam o fato de grandes multidões se reunirem
para ouvir as palavras de Jesus e o fato de terem feito de Jesus uma
espécie de herói nacional. A inveja crepitava no coração deles como fogo
devorador. E se mancomunavam para ver como poderiam matar a
Jesus. Os fariseus não se davam muito bem com os saduceus e deles
discordavam profundamente em certos assuntos.
Todavia, sendo maior a inveja deles contra Jesus, juntaram seus
recursos e forças para fazer Jesus deixar de falar às multidões.
Esqueceram as diferenças que os separavam, porque tinham seus
corações descontrolados pela inveja. A inveja se apresenta de muitas
formas e modalidades; não obstante, é detestada por Deus que abomina
a todos quantos se deixam dominar por ela.
Também se condena a inveja porque ela destrói nossa saúde
espiritual. A inveja é sintoma devastador daquilo que chamamos
“pecado original”, pecado de todas as criaturas humanas. Não pense o
amigo leitor que é só você quem sofre disso. Todos sofrem deste mal,
uns mais e outros menos. O próprio apóstolo Paulo, que tão fortemente
aconselhava os cristãos a fugir da inveja, sofrera desse mal. Padeceu
muito de inveja espiritual.
Tinha ciúmes a nova seita chamada cristã e a inveja o enchia de
ira e furor contra “os do Caminho”. Assim, ia Saulo de Tarso para cá e
para lá, perseguindo e destruindo os cristãos. Mas no rosto de um
cristão chamado Estêvão, cujo apedrejamento presidira, Saulo viu uma
Luz que jamais percebera na vida e essa mesma Luz ele a encontrou na
estrada de Damasco. Daí a inveja de Saulo de Tarso cedeu o lugar a um
fervente amor e a uma incontrolável alegria. O Saulo amargo, cínico e
invejoso encontrou como Paulo um novo interesse na vida, ao deixar a
inveja e ao começar a servir o Salvador Jesus.
Quando se descobrem germes da tuberculose minando o
organismo humano, faz-se tudo e não se poupa tempo, esforço e nem
dinheiro para dominar e vencer essa terrível enfermidade.
Não obstante muita gente se aflige da venenosa e imortal inveja e
nada faz para se livrar dela! Aos olhos de Deus é a inveja coisa feia,
mortal e imoral. É um dos sete pecados mortais mencionados pelo
apóstolo Paulo na sua Carta aos Gálatas e corre parelhas com o
adultério, o homicídio, a fornicação e a bebedeira.
Prevalece mais do que outros males, muito embora o púlpito a
miúdo nos alerte contra o seu poder destruidor. Embora não seja a
inveja proibida pela lei, esse vício quer se infiltrou na vida moderna é
abertamente condenado por Deus. Na Carta de Tiago, lemos: “Não vos
queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o
Juiz está à porta” (5.9).
Proíbe-se também a inveja pelo fato de ela nos roubar a alegria, a
felicidade e o contentamento. Impossível é conhecer a serenidade e o
contentamento, tendo-se no coração a inveja. Tenho conhecido
inúmeras vidas cheias de amargura, insensibilidade, frustração,
confusão e mesmo até de incômodos físicos que são resultados diretos
da inveja.
A inveja priva o invejoso de afetividade no seu trabalho e pode
certamente destruir o serviço que se queira prestar a Deus. Ocasiona
todos os tipos de males físicos, resultantes da tensão nervosa que
provoca.
A inveja isola você da comunhão com Deus. Não há a possibilidade
de você ser recebido na comunhão de Deus, se você abrigar em seu
coração a inveja. Se você não é cristão e nunca entregou seu coração e
vida a Cristo, a inveja será um dos sintomas do pecado original que nos
separa de Deus. Antes de receber uma nova natureza e a vitória sobre a
inveja, você precisa é se arrepender e receber a Cristo como seu
Salvador pessoal. Se você é cristão e abriga em seu íntimo a inveja, isto
significa que você está desligado da comunhão com Cristo e não
conhece ainda o encanto e o segredo de uma vida vitoriosa. Visto que
Deus aborrece e odeia a inveja, não pode Ele abençoar você enquanto
você se mostrar invejoso.
Shakespeare chorou bem perto dessa verdade quando disse: “Não,
o machado do algoz não tem a metade da agudeza que tem a tua
contundente inveja”.
A inveja é para a alma o que a erosão é para a terra, pois vai
carcomendo a pessoa que a abriga em seu coração e faz dela uma ilha
condenável de egoísmo. Na química do espírito, nenhum pecado é tão
devastador, nenhum pecado pode mais rapidamente pôr termo à doce
amizade que deve existir entre o homem e Deus.
A inveja o isola também de seus amigos. O invejoso está destinado
a viver só. E, ao fim, ele se torna um pária espiritual, isolando-se dos
amigos e da comunhão com Deus.
Os que são culpados deste pecado caminham para o julgamento. A
Bíblia diz a você e a mim que um dia compareceremos perante o
tribunal de Deus e daremos contas de todo os nossos pecados, secretos,
de inveja e ciúme que hajamos abrigado em nosso coração.
Muitos estão hoje perguntando ansiosamente: “Como me posso
livrar desse pecado devastador que tanto me perturba a alma, a saúde
e a felicidade?”
Primeiro: Reconheça que você tem este pecado. Os médicos dizem
que o caso bem diagnosticado é já meia cura. Deixe de acusar os outros
por seus fracassos. Faça o inventário de sua alma e aja de maneira
positiva, no sentido de vencer os seus pecados habituais. Admitir uma
falta em nada a diminui, pelo contrario, faz com que você se torne maior
ao olhos dos seus semelhantes.
Segundo: Confesse a Deus o seu pecado e abandone tal pecado.
Na Primeira Carta do apóstolo João, lemos: “Se confessarmos... Ele nos
perdoará” (1.9). E apóstolo Tiago, em sua Carta, diz: “Confessai,
portanto, os vossos pecados... para serdes curados” (5.16). Inúmeras
pessoas entram pela estrada da cura e recuperação espiritual,
confessando abertamente seus pecados a Deus. Confesse os seus
pecados, abandone-os, arrependa-se deles.
Terceiro: Abra os seus olhos para ver a regeneradora graça de
Cristo. A inveja não pode ser vencida e esmagada somente pelas forças
humanas. O apóstolo Paulo aprendera o segredo, quando disse aos
Filipenses na Carta que lhes escreveu: “Posso todas as coisas nAquele
que me fortalece” (4.13). À medida que a natureza cristã se desenvolver
em sua vida, leitor amigo, você notará que são mais facilmente vencidas
as velhas e más tendências e a inveja e o ciúme.
Você, então, perceberá melhor o profundo significado destas
palavras: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas
paixões e concupiscências” (Gálatas 5.24) e que “O fruto do Espírito é:
gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade...” (Gálatas 5.22).
Quarto: Peça ao Espírito Santo que desça ao seu coração para lhe
conceder vitória. É muito possível o que diz o versículo: “Assim também
considerai-vos como mortos ao pecado, mas vivos para Deus, em Cristo
Jesus” (Romanos 6.11). “O fruto do Espírito é: amor...” (Gálatas 5.22) e
onde o amor habita em todos com toda a Sua plenitude nunca há lugar
para a inveja e o ciúme.
Você obterá vitória completa, gloriosa e incomparável, entregando-
se, sem reservas, a Cristo, o Mestre e Senhor.

.oOo.

A IMPUREZA OU LUXÚRIA
O pecado da impureza a princípio não parece tão hediondo e
venenoso. Aparece ele disfarçado em beleza, simetria e desejabilidade.
Não há nada repulsivo a seu respeito. Satã enroupa a sua deusa da
luxúria como se fosse um anjo de amor e a sua aparência tem iludido
os homens mais fortes do mundo.
O racionalista diz: “Afinal, não passa de um instinto muito natural,
pois foi Deus quem no-lo deu”. Mas, ouçamos um pouco do que a Bíblia
diz no livro de Provérbios: “O que adultera com uma mulher é falto de
entendimento; destrói a sua alma o que tal faz. Achará castigo e
vilipêndio e o seu opróbrio nunca se apagará” (6.322-33). Deus abomina
o pecado da impureza. Ela tem levado à ruína impérios e raças. Ontem
e hoje vem ela destruindo a santidade do lar. Ela trabalha contra a
saúde e o desenvolvimento da personalidade, e tem levado milhares à
impotência espiritual. Leva milhares ao tribunal do divórcio; milhões de
inocentes crianças ela deixa sem lar e leva ao naufrágio a esperança, de
uma manha ridente, de muitos jovens.
A impureza é um dos pecados mais revoltante porque enleia, torce
conspurca um dos mais preciosos dons que Deus concedeu ao homem:
o amor, rebaixando-se ao nível bestial. Não obstante a sua hediondez
é,das artimanhas de Satã, a mais comum, a mais disseminada. Os seus
sons estridentes e roufenhos chegam a nossos ouvidos quase que o dia
todo, na forma de histórias picantes e pornográficas,de comentários
sujos e de deslavada vulgaridade. Ele chama nossa atenção através das
páginas de nossos jornais e revistas, da televisão e das peças teatrais
nem sempre limpas e decentes.
A impureza tem, é certo, um melhor corretor de propaganda do que
a pureza. Em geral o povo considera a pureza como coisa deslambida,
tendo-se a impureza na conta de requinte e elegância. Essa é a maior
“lista de mercadorias” que o diabo já apresentou à raça humana.
Vendendo-se sexo por atacado, explora-se a excitação momentânea,
mas as consequências do vicioso pecado são funestas.
Satã nunca fala no remorso, na futilidade, na desolação e nem na
ruína espiritual que andam de mãos dadas com a imoralidade. Nem
tampouco fala ele nos lares desfeitos, nas vidas amarguradas e
perdidas, nos cérebros que enfraquecem e nos corpos que enfermam
por causa do comportamento impuro e descontrolado.
Pergunte-ser às “shadows girls” de Londres, às “B girls” de Nova
Orleans ou às prostitutas comuns de Tóquio se vale a pena viver na
impureza. Pergunte-se à mulher tantas vezes divorciada, cujo nome
aparece diariamente em nossos jornais, se as trocas de companheiro lhe
trouxeram qualquer mudança de coração ou paz íntima.
Anotava-se que o brilho radiante de outrora desaparecera do rosto
dela, e parecia enfastiada e descontente com a vida. Todo o
artificialismo de suas faces e aparência exterior era como um símbolo
da sua decepção e vacuidade interior. Pergunte-se aos incuráveis de
nossos hospitais e sanatórios, os quais estão pagando caro no corpo o
pecado da quebra do sétimo mandamento (“Não adulterarás”), se o
pecado traz felicidade. À medida que veem passar as horas e à medida
que a loucura de sua mocidade se avantaja, suas vozes dizem
eloquentemente que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23).
O pecado da imoralidade é uma das mais afiadas armas do inferno
para a destruição das almas e Satã a tem usado eficientemente desde a
aurora da Criação até ao dia de hoje. Esse pecado parece que nunca
perde o caráter sutil do seu ataque inicial e nem o caráter destruidor de
seu resultado final. Sua beleza perde unicamente para a sua natureza
mortífera.
Notável escritora norte-americana escreveu um artigo sob este
título: “Estou enjoada de sexo” e, com isto, queria significar que se
sentia mal ao ver isto por toda parte. E diz então: “Corro os olhos por
uma banca de jornais e revistas, ou fixo-os numa televisão e ali está o
assunto do sexo”. Ao que parece, milhões de norte-americanos
discordam desta escritora. Certo editor de revistas me disse que para
vender bem tais publicações tinha que colocar na capa da frente algo
referente ao sexo.
Em minha opinião este é provavelmente o maior pecado de nossos
dias. Ele tem prejudicado e envenenado tanto a sua juventude ao ponto
de uma recente estatística confirmar que, em cada dez moças, seis têm
tido relações sexuais ao atingirem na vida de vinte e um anos.
Nos últimos anos se tem dito que a moral é relativa e não absoluta.
O humanismo e o behaviorismo riem dos Dez Mandamentos e da ideia
de Deus. Ensina-se por aí que o homem é mero animal, e que os jovens
devem das asas a seus sentimentos e paixões. Aos nossos ginasianos e
acadêmicos se ensina que aquilo que a geração puritana de ontem já
condenava não se deve levar a sério nos dias atuais.
O pecado escarlate agora toma cor rósea e se caçoa do moço e da
moça que buscam uma vida pura e limpa. Deles se riem até algumas
das nossas autoridade educacionais. Não admira, pois, que nossas
pátrias (os Estados Unidos da América do Norte e as nações latino-
americanas) se vejam hoje engolfadas nessa imoral patuscada que está
a ameaçar a estrutura da nossa sociedade!
Há três fatos relacionados com a impureza que desejo notar aqui.
Primeiro: O pecado da impureza marca o indivíduo. Nos tristes dias
da escravidão, identificava-se o escravo pelas marcas de seu senhor.
Quando os homens se deixam dominar pelo pecado, as marcas dele se
apresentam nítidas nos escravos do pecado. Assim, olhos vermelhos e
bochechas inchadas marcam os alcoólatras; os tiques nervosos marcam
as vítimas de entorpecentes; o olhar lascivo denota o impuro de coração
e pensamentos; o olhar sobranceiro indica o orgulhoso. São marcas
indeléveis de suas perversões íntimas.
A imoralidade, que é o pecado de perversão e imoderação, tem uma
maneira especial de revelar aqueles que o abrigam em seu íntimo. O
olhar astuto e matreiro e ligeiro, o corar do embaraçamento e a olhadela
furtiva: eis as marcas da pessoa imoral. São os sinais externos da
impureza que lavra no íntimo do indivíduo.
As marcas exteriores, porém, são bem mais leves, comparadas com
as manchas que a impureza ocasiona à personalidade e à alma
humanas. Complexo de culpa e consciências amortecidas e más
moldam no fogo da licenciosidade. Da prática desordenada da impureza
nascem e crescem fobias que chegam a alarmar até mesmo os nossos
mais abalizados psiquiatras.
Mas, pior que tudo: a impureza macula nossa almas. A Bíblia diz
na Carta aos Gálatas: “Ora, as obras da carne são manifestas, as quais
são: a prostituição, a impureza, a lascívia” (5.19). E diz ainda a Bíblia
que o pecado da impureza é resultado da falácia do pecado. Ela nos diz
que “não há quem faça o bem, não há sequer um” (Salmo 14.3), diz
ainda que toda a raça humana padece da doença chamada pecado. Diz,
ainda, que os culpados do pecado da impureza não podem herdar o
reino de Deus. Jesus interpretou o Sétimo Mandamento, que diz: “Não
adulterarás”, quando disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que
olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração adulterou com
ela” (Mateus 5.28).
Jesus asseverou que a pessoa pode tornar-se culpada deste pecado
tanto por palavra quanto por pensamento ou por ação. Milhões há hoje
inteiramente culpados e com as almas amarguradas e estragadas pelo
pecado da impureza, estando separados de Deus por causa deste
pecado que os domina e escraviza.
Vemos ainda que a impureza zomba do indivíduo e o engana
deslavadamente. O apóstolo Paulo, escrevendo a Tito, revela que ele
mesmo conhecera a falácia da impureza, antes de se entregar a Jesus
Cristo. Na sua Carta a Tito, ele diz: “Porque nós também éramos outrora
insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões” (3.3).
A impureza tem enganado reis, profetas, sábios e santos. Nunca
pense, prezado leitor, nem sequer por um momento, que você está
imunizado contra a praga da impureza! Até o grande sábio Salomão, de
experiência própria, disse: “Os loucos zombam do pecado” (Provérbios
14.9).
Muita gente subestima o poder da impureza. Sansão brincou com
a impureza, fez dela uma espécie de esporte, pensando que podia
controlá-la, mas acabou sendo dominado por ela, pois a impureza lhe
arruinou completamente a vida.
Davi, eleito de Deus, também se deixou levar pelo engano da
impureza e, num momento de fraqueza, foi subjugado pelos ruinosos
poderes dela e teve anos tristes e dolorosos em sua vida quando se
voltou para Deus, na subida da ladeira do arrependimento.
Muitos lares têm sido dissolvidos num momento de fraqueza,
reinos se têm perdido por causa de um prazer transitório e a herança
eterna muitos a têm perdido por uma hora de divertimento infernal.
A impureza zomba daquelas pessoas que a abrigam em seu íntimo.
Ela zomba quando chega o momento da colheita. Na Carta aos Gálatas,
Paulo diz: “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer, pois tudo o
que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na
carne, da carne ceifará a corrupção” (6.7-8).
A impureza, uma vez atendida e praticada, traz o remorso.
Algumas das pessoas mais miseráveis que conheço são essas que vivem
com uma consciência e remorder, à lembrança de anos e anos de
vacuidade e esbanjamento, gastos na prática da impureza. Deus está
pronto a perdoá-las; no entanto, elas não desejam nem querem
perdoar-se a si mesmas. A magnitude de seus pecados cresce de ano
para ano, e lhe traz a colheita de tristezas, desilusões e remorso.
Semearam na carne, e dela obtiveram a corrupção. A impureza agora
zomba delas, obseca-as e as ridiculariza.
Como qualquer outra artimanha ou ardil de Satã, esvaziou-as de
tudo quanto é bom e as deixou entregues ao nada a que se reduziram.
O Diabo sempre ganha muito e muito na barganha!
A impureza também escraviza. A Bíblia diz na Carta aos Romanos:
“Não sabeis que daquele a quem vos apresentardes como servos para lhe
obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis?” (6.16). Muita
gente é hoje dominada pela impureza pelo fato de se ter entregue a ela.
Certo médico de Londres aceitou a Cristo por ocasião da nossa
primeira Grande Cruzada de Londres. Antes de sua conversão,
entregara-se a paixões animalescas e tivera vida inteiramente dedicada
à impureza. Seu gabinete de leitura fervilhava de literatura e fotos
imorais e francamente lascivas. Convertendo-se, e tendo o pensamento
agora purificado pela presença de Cristo em sua vida, já não mais
suportava aquela literatura e fotos. Que fez, então? Um belo dia reuniu
tudo aquilo e foi até uma ponte e atirou tudo ao rio Tâmisa. Tendo
passado pelo novo nascimento, entregou-se inteiramente ao novo
Senhor: Jesus Cristo. Tornou-se um dos leigos mais ativos da cidade de
Londres e agora todo o mundo o respeita.
Milhões de indivíduos estão presos às gargalheiras da impureza e
da imoralidade. Pelo fato de terem obedecido e cedido ao pecado, ele é
agora o senhor das suas vidas. “Todo aquele que comete peado é escravo
do pecado”, diz Jesus no Evangelho segundo João (8.34). Sabem que
aquilo que estão fazendo é mau, mas se sentem incapazes de romper
com a impureza. O pecado deles não lhes agrada tanto, mas estão
escravizados a ele. É o senhor, o patrão deles! Antes gostavam do
pecado; agora, o detestam, mas estão escravizados por ele!
Haverá esperança para quem está agrilhoado ao pecado? Sim, é
certo que há. Maria Madalena, a mulher do poço de Jacó, bem como a
mulher apanhada em adultério, podem cantar em coro:

“Há uma fonte, cheia, sim, do sangue


Vertido pelo nosso Emanuel;
E nela os pecadores podem, todos,
Banhar-se e ver-se livres dos pecados”.

Há, sim, um sangue que cura o pecado escarlate. Quando os


fariseus trouxeram à presença de Jesus a mulher adúltera, exigiam que
se lhe tirasse a vida por apedrejamento. Jesus, inclinando-se, começou
a escrever na terra com o dedo. O que Jesus escreveu (podia bem ter
sido os Dez Mandamentos) fez com que os acusadores fossem saindo
um a um. E Jesus ficou só com a mulher e então lhe perguntou:
“Ninguém te condenou?”. E ela disse: “Ninguém, Senhor”. Jesus então
lhe disse: “Nem Eu te condeno. Vai-te e não peques mais” (João 8.3-11).
Essa mulher impura é o símbolo de todos quantos se deixam
prender pelos grilhões da impureza. Pecara, é verdade; mas “todos
pecaram, e foram destituídos da glória de Deus” (Romanos 3.23).
Para com o pecado Cristo tem só uma atitude. Ele não o suporta e
nem o condena: perdoa-o. Em João 3.17 lemos que Deus enviou Seu
Filho ao mundo não para julgá-lo ou condená-lo e sim “para salvá-lo”.
Quando Cristo morreu na cruz, morreu tanto pelo pecado da impureza
como por quaisquer outros pecados. É certo que a impureza é apenas
um sintoma do pecado original, do pecado em que Davi ter nascido e ter
sido formado. Toda pessoa que nasce de mulher, nasce pecadora. Só há
um lugar onde podemos alcançar perdão: ao pé da cruz de Cristo,
quando para lá nos dirigimos tangidos pelo arrependimento e pela fé,
para receber a Cristo como o nosso Salvador pessoal. É somente
baseado na morte de Seu Filho que Deus pode perdoar o pecado.
Se você, amigo leitor, entregar sua vida a Jesus, Deus perdoará
todos os pecados que você tenha cometido. Ele até se esquecerá de que
você pecou. Você será justificado diante dEle e purificado de toda
impureza. E não só isso, Ele também lhe concederá vitória sobre o
pecado. Jesus disse à mulher adúltera: “Vai-te e não peques mais”.
Milhares costumam dizer: “Já tentei milhares de vezes, mas nada tenho
conseguido”. Sim, mas Jesus deu esperança àquela mulher, de que ela
alcançaria vitória sobre o pecado.
Jesus nunca aconselhou a alguém que fizesse uma coisa para a
qual Ele não lhe desse o necessário poder.
Você também, prezado leitor, pode resolver e determinar nunca
mais cometer esse pecado. Você não tem forças próprias para isso, mas
Cristo pode entrar em seu coração e lhe conceder este poder
sobrenatural para resistir às violentas tentações da paixão carnal.
Pelo pecado da impureza, a sua consciência o aguilhoa, a sua
memória e a sociedade o condena, mas Jesus Cristo o salva. Ele pode
ser seu. Confesse a Ele seus pecados, receba-O e deixe que Ele lhe
purifique a alma, fazendo de você uma nova criatura.

.oOo.

5
A GULA OU GLUTONARIA
Conheço um homem que pesa aproximadamente 135 quilos. Come
como ninguém. Certa vez almocei com ele e o vi comer uma torta de
frango inteirinha. Quando lhe disse que seria bom que perdesse peso,
deu uma estrondosa gargalhada e a seguir pôs uma rodela de manteiga
sobre a sua fatia de pão torrado. Ele assim está cavando sua sepultura
com a faca e o garfo. Esse homem está cometendo o pecado que se
chama GULA.
Nos últimos dias está se elevando o padrão de vida. A maioria das
pessoas está vivendo cada vez com mais folga e mais alimentos para
comer do que outros povos do mundo.
Disso tem resultado um materialismo horripilante e o culto do
conforto vai tomando conta da nação, passo a passo. O comunismo, há
poucos era considerado como o nosso maior inimigo, mas fica aquém
dessa “filosofia de prosperidade e abundância”, a qual muito bem pode
ser tida como o inimigo público número um.
Tal filosofia advoga comodidade e luxúria, e prega que o homem
pode viver só de pão. O altar é o balcão da mercearia ou das feiras
livres. O credo deles é a abundância, e o conforto é o céu para eles. Em
em épocas de prosperidade econômica, há um grande perigo a rondar o
povo: é o pecado de gratificarmos demasiado os nossos apetites carnais,
caindo em desordenados comes e bebes e orgias.
A gula é um dos sete pecados mortais e no país da igreja cristã é
colocada lado a lado com o orgulho, a inveja e a impureza. É o pecado
cometido por muitos de nós, mas mencionado por poucos. Entre os
cristãos é um dos mais comuns. Muito embora nossas constituições e
códigos penais não a condenem, a Bíblia a condena abertamente.
Muita gente positivamente gulosa mui de pronto condena os outros
por seus pecados. Pode descobrir prontamente um argueiro de
impureza em outras pessoas, mas se mostra cega à trave que traz em
seus olhos. A uma pessoa que empanturra o seu corpo com
desnecessárias iguarias é muito fácil olhar para um homem que bebe
demais e dizer, como disse o fariseu de antanho: “Ó, Deus, graças Te
dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos,
adúlteros, nem ainda como este publicano” (Lucas 8.11).
Ao homem que é escravo do seu estômago é fácil condenar o
escravo das bebidas. Mas, aos olhos de Deus, pecado é sempre pecado.
A gula, o emparturramento e a indulgência própria são condenados
com a mesma energia com que Deus detesta outros pecados mortais
que infelicitam o homem. Na Carta do apóstolo Palo aos Filipenses,
lemos: “Cujo fim é a perdição; cujo deus e o ventre; e cuja glória se
assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas”
(3.19). Aqui se identifica a gula como materialismo, pois que “só cuidam
das coisas terrenas”.
A gula é pecado, primeiro por ser a expressão física da filosofia
materialista. Ela se ri da justa restrição, caçoa da temperança e da
decência. Ela diz: “Comamos, bebamos e regalemo-nos, porque amanhã
morreremos”. Ela não dá lugar a Deus e desconsidera a Eternidade.
Vive para a hora que passa e sua filosofia é esta: “Vivemos só uma vez,
portanto, vivamos regaladamente”.
Jesus nos deixou um exemplo clássico do homem que vive só para
esta vida. Nos dias de sua prosperidade, tal homem dizia: “Derribarei os
meus celeiros e os meus bens e edificarei outros maiores, e ali recolherei
todos os meus cereais e os meus bens. E direi à minha alma: Alma, tens
em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe,
regala-te” (Lucas 12.18-19).
A filosofia deste homem diferia muito pouco da filosofia
materialista do homens de nossos dias: Aumentar... Descansar... Beber
mais... Comer mais... Gozar mais esta vida.
Ouvimos a pregação desta filosofia através de nossos rádios e
televisores e isso quase ininterruptamente dia e noite. Frisa-se muito o
conforto, a comodidade e a satisfação de nossos apetites. Vemos isto em
nossas revistas. Por todos os lados somos aconselhados a uma vida
mais folgada, mais cômoda, com melhores comes e bebes, salientando-
se as coisas materiais deste mundo.
Esquece-se facilmente a temperança, a restrição e a disciplina
própria, nessa louca corrida em pós da abundância e da comodidade. A
nossa presente geração, inclinada para a filosofia materialista, em vão
está tentando abrir caminho para a felicidade, em vão quer gozar da paz
e em vão corre atrás de buscar abrir caminho para o céu.
E, como é fácil encher nestes dias com entulhos e porcarias e
assim prejudicar nossas amas! No livro de Deuteronômio, Deus diz: “O
homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor
viverá o homem” (8.3).
A gula é perversão ou desvirtuamento do apetite, que é o dom
natural que provém de Deus. Devemos ter em mente que o pecado nem
sempre é transgressão aberta e flagrante. Não raro, ele é uma perversão
ou distorção de apetites e desejos naturais e normais. O amor não
poucas vezes degenera em concupiscência. O respeito próprio muitas
vezes se perverte e acaba em ambição pagã e ímpia. Quando a fome
normal, que é dada por Deus, toca as raias da anormalidade, a ponto de
prejudicar o corpo, embrutecer a mente e enloucar a alma, torna-se isto
em grave pecado. Em Provérbios lemos isto: “Porque o beberrão e o
comilão cairão em pobreza; e a sonolência faz trazer os vestidos rotos”
(23.21).
A gratificação de nossos apetites carnais não deve ocupar o
primeiro lugar em nossa vida. Jesus recomendou: “Portanto, não vos
inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? Ou: Que havemos de beber?
Ou: Com que nos havemos de vestir?... Mas buscai primeiro o Seu reino e
a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus
6.31, 33).
Muitos têm esquecido o conselho de Jesus e têm posto em primeiro
lugar seus apetites carnais. Gastam seus dias e sua vida correndo atrás
de coisas materiais e deixando Cristo de lado. Depois, nos últimos dias,
apressados e intimidados, clamam: “Ó Deus, sê propício a mim”. Agora,
pergunto: É proceder inteligente e limpo aguardar o último instante
para resolver o problema mais urgente desta vida, que é o de pôr em
ordem as nossas contas com Deus?!
É claro que isso é grave e perigoso erro, e duvido muito da
genuinidade desses arrependimentos de última hora em face da morte.
Deus pode dar ao homem o dom do arrependimento, mesmo quando ele
se acha no leito de morte, caso ele nunca tenha tido essa oportunidade,
ou nunca tenha ouvido falar do Seu plano de salvação.
Mas quando se trata de uma pessoa que deliberadamente há
rejeitado a Cristo e permanecido em seus pecados, há poucas
esperanças de poder ela encontrar paz com Deus nas últimas horas. A
Bíblia nos avisa que há um dia em que você procurará a Deus, mas não
O encontrará, em que você clamará a Ele, mas Ele não mais ouvirá.
Muita gente não considera a gula como um pecado vicioso, mas
sabemos que do início ao fim a Bíblia o detesta e condena. Quando nos
pomos à mesa e agimos desbragadamente, sem nos conter, estamos
abrindo caminho não só para o túmulo, mas também para o inferno e
destruição.
Por certo, a gula não consiste apenas em se comer demasiado.
Pode ser o pecado de beber, de dissipar, de ficar até de madrugada em
prazeres e diversões, perdendo-se tempo sem necessidade para
satisfazer ambições, cobiças e concupiscências. A gula pode também ser
praticada e cultuada por casais que não se moderam, nem são
temperantes em suas relações sexuais. Quando abusam, o resultado é
certo: sofrem seus corpos, mentes e almas.
A Bíblia nos recomenda que em tudo sejamos temperantes e que
nunca abusemos de nenhum privilégio ou dom, ou poder, que Deus nos
tenha concedido.
A gula é a síntese ou substrato do egoísmo humano. Ela deve ser
julgada como os mais pecados mortais. Em Amós, Deus diz: “Ai de vós...
que dormis em camas de marfim, e vos estendeis sobre os vossos leitos, e
comeis os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada... que
bebeis vinho em taças, e vos ungis com o mais excelente óleo” (6.4).
Três quintos da humanidade vivem sordidez, miséria e fome. Por
muitos e muitos anos, um número pequeno de privilegiados há
ignorado e explorado milhões de semelhantes seus, que vivem
subnutridos e subdesenvolvidos. E o nosso egoísmo nos escraviza, por
fim, a também a nós. Se não agirmos de pronto, se não repartirmos com
os necessitados e não fizermos alguma coisa para socorrer este grande
exército de semelhantes nossos que geme na miséria e privação. Deus
nos julgará!
O comunismo, com seus crescentes milhões de adeptos, promete
ajudar os necessitados deste mundo. Se os cristãos não renunciarem a
seus bens e não correrem a ajudar os pobres que, aos milhões, estão
perecendo nas garras da fome, tais povos se voltarão para quem mais
lhes promete, isto é, o comunismo.
Muito embora a nossa era seja de prosperidade, vemos por aí
inúmeras e chocantes provas de egoísmo e cobiça desordenada. É certo
que Deus nos permitiu toda essa prosperidade para que pudéssemos
socorrer a tempo os necessitados e sofredores e para que, por esse
meio, com nosso amor e compaixão por eles, também pudéssemos
afastá-los do perigo comunista.
Na sua Primeira Carta, que fala de si, o apóstolo João nos
pergunta: “Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão
necessitado, lhe fechar o coração, como permanece nele o amor de
Deus?” (3.17).
Somos chamados a dar testemunho de Cristo não só com nossos
lábios, mas também com nossas mãos, com mãos que alimentam o
faminto, que vestem o nu e matam a sede ao sedento. Na Primeira Carta
do apóstolo João, lemos isto: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem
de língua, mas por obra e de verdade” (3.18).
Que vergonha, sim, que vergonha, quando, nesta hora em que
milhões pendem entre o amor a Cristo e as garras do materialismo, nós,
cristãos, estejamos entregues à gula, ao empanturramento e à
bebedeira! Que Deus nos desperte desse pecaminoso estupor antes que
seja muito tarde!
A gula é pecaminosa porque conspurca o corpo que é o templo do
Espírito Santo. Deus nos deu um corpo não para ser objeto de abuso e
dissipação, para por ele O glorificarmos, tornando-se ele a habitação do
Seu Espírito.
Na Primeira Carta aos Coríntios, diz a Bíblia: “Ou não sabeis que o
vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual
possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (6.19-
20). Qualquer pecado é pecado contra Deus, porque Ele nos criou e
somos obra de Suas mãos.
Os romanos, antes da queda de Roma, entregavam-se aos três
maiores pecados: à gula, à bebedeira e à imoralidade. Cavaram suas
sepulturas com seus próprios dentes, mataram-se com sua ilícita
indulgência e se embalsamaram com suas libações alcoólicas. Diz-se
que em seus suntuoso banquetes era comum verem-se comensais
correr até às janelas para vomitar e regressarem à mesa para encher de
novo o estômago!
Nenhum indivíduo, ou nação, ou raça que se entregue à
glutonaria, à embriaguez e à dissipação pode contar com o agrado e
bênção de Deus. O Império Romano desmoronou pelo fato de abarrotar
e empanizar seu corpo e matar à fome a sua alma.
Milhões de indivíduos de apetites descomedidos e de almas
glutonas, como animais estúpidos em louca abundância, deixam de
lado a razão e o comedimento e passam a comer até morrer. Na
Primeira Carta do apóstolo Paulo a Timóteo, vemos que “a que vive em
prazeres, embora viva, está morta” (5.8). Uma vida descontrolada, uma
vez que deixa a Deus fora de cena, inevitavelmente leva ao suicídio
espiritual.
O fato de numa época grandemente próspera os ossos psiquiatras,
conselheiros e pastores se atarefarem de dia e de noite para aliviar os
padecentes de distúrbios mentais e espirituais prova à saciedade que
atingimos apreciável prosperidade econômica, mas que estamos
definhando espiritualmente. Indubitavelmente, temos prosperado muito
mais nas coisas materiais do que nas espirituais.
Dois aspectos de nossa natureza chamam energicamente a nossa
atenção. O corpo exige alimento, água e ar e não é pecado satisfazer a
tais exigências. É pecado correr atrás dos apetites carnais, excluindo ou
negligenciando as necessidade espirituais e assim nos tornamos
culpados do pecado de glutonaria.
O filho pródigo é exemplo clássico desse erro humano, assaz
comum. Ele foi presa fácil do materialismo. O resultado final daquele
materialismo pagão encontramos nestas palavras: “E, havendo ele
dissipado tudo, houve naquela terra grande fome e começou a padecer
necessidade” (Lucas 15.14). O materialismo suga-se a si mesmo e assim
também acontece com a gula, o orgulho e a impureza. Nunca se dão por
satisfeitos, porque se inclinam unicamente para um setor da na nossa
natureza. A alma humana só em Deus acha sustento e descanso.
Os ladrões crucificados com Cristo no Calvário representavam tudo
quanto há de pecaminoso e condenável na humanidade. Tinham vivido
egoisticamente, de maneira reprovável e condenável. Um daqueles dois,
porém, se arrependeu e confessou ao Senhor Jesus os seus erros e
pecados e, cheio de fé, voltou-se para Jesus dizendo: “Jesus, lembra-Te
de mim”. Cristo, sempre pronto a salvar, mesmo em meio de Suas
lancinantes dores, deu-lhe a certeza da salvação, respondendo ao
ladrão contrito: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23.42-43).
Milhares e milhões de pessoas hão vivido egoisticamente, sem
Deus e sem fé, e estão fazendo ingentes esforços para apagar o passado
e modificar o curso futuro de suas vidas. Porém, pelo arrependimento
de seus pecados e pela fé, chegam à cruz de Cristo e recebem-nO como
seu Senhor e Salvador. Jesus lhes perdoará o negro passado e lhes dará
poder de auto-disciplina, temperança e comedimento para o futuro.
Certa mulher que me telefonou durante uma de nossas Cruzadas,
disse: “Tenho um pecado que me aguilhoa dia e noite. Não posso obter
vitória, conquanto haja tentado milhares de vezes. O meu pecado é a
gula”. Era a primeira vez que alguém, me confessava o pecado da gula.
Muitas e muitas pessoas, rindo-se, me haviam contado que estavam
“superalimentadas” ou estufadas de tanto comer e beber, mas poucos
indivíduos consideram isso um pecado. Não obstante, a Bíblia é
perfeitamente clara, positiva e específica, ao asseverar que a gula é um
dos piores pecados e a Igreja Cristã diz que ela é um dos sete pecados
mortais.
Pois aquela mulher se chegou à cruz de Cristo e achou perdão para
os seus pecados do passado, e, com a graça de Deus, venceu a
glutonaria. Você também, prezado leitor, pode receber a Cristo em sua
vida, e Ele O transformará e lhe dará aquele poder que você não tem e o
ajudará a vencer os pecados da intemperança, da gula e do
descomedido. Jesus lhe pode conceder vitória completa e permanente!

.oOo.

A PREGUIÇA OU OCIOSIDADE
Alguns mestres da Bíblia acham que o pecado da preguiça não é
tão comum nos dias presentes como o foi no mundo antigo. Todavia à
medida que estudava a Bíblia para apresentar esta mensagem, me
convenci de que tal pecado é um dos disseminados pelo mundo.
O Dicionário de Webster define a preguiça como “aversão à ação e
ao trabalho; indolência, vadiagem, ociosidade e negligência”.
Na linguagem teológica, ela traz consigo não só a ideia de
vagarosidade ou desinclinação para as coisas espirituais, mas também
de apatia e inatividade na prática do cristianismo.
A Bíblia tem muito a dizer a respeito do maléfico, destruidor e
mortal pecado de preguiça. Em Provérbios, ela nos diz que “a preguiça
faz cair em profundo sono e a alma enganadora padecerá de fome”
(19.15). Ainda no mesmo livro, diz que “o desejo do preguiçoso o mata,
porque as suas mãos recusam a trabalhar” (21.25).
A Bíblia afirma que o pecado da preguiça engendra uma qualidade
negativa de vida que se revela pela estagnação e ineficiência e impede a
pessoa de ser uma seguidora de Jesus Cristo. A ociosidade espiritual
não é pecado somente contra Deus; é também contra você mesmo. Ela
mede a distância entre aquilo que você deve ser e aquilo que você
realmente é. Ela mostra a diferença que há entre a pessoa que você é e
a pessoa que você podia ser.
A preguiça é a destruidora da oportunidade e a assassina das
almas. Ela mata furtiva e silenciosamente, mas mata de fato.
O homem ocioso é como madeira ou cortiça a flutuar sobre as
águas de uma corrente, sem fazer força alguma e inteiramente
despreocupado. O caminho da indolência é a estrada popular, a estrada
larga, o caminho pelo qual transita a multidão. Para se andar nesta
estrada não se faz necessário esforço, nem energia, nem disposição.
O bote sem motor sempre corre água abaixo, nunca para cima.
Assim, a alma sem energia e preguiçosa inevitavelmente se encaminha
pata a perdição eterna.
Inúmeras pessoas têm perdido a saúde e a vida por não terem
abusado de seu corpo pelo pecado, mas pelo fato de não terem dado ao
corpo os devidos cuidados e atenções. Inúmeras pessoas têm perdido a
vida em acidentes automobilísticos não por serem más motoristas, mas
por serem boas condutoras... a dormir na direção. Muitas pessoas estão
perdendo batalhas espirituais, dormentes e indolentes. Na Carta do
apóstolo Paulo aos Efésios, lemos isto: “Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (5.14). Muitas e muitas
pessoas têm perdido a saúde a vida, não por terem abusado do seu
corpo pelo pecado, mas pelo fato de não terem dado ao corpo os devidos
cuidados e atenções. Eram tão indolentes que não trataram de seus
corpos como deviam.
A preguiça faz sua colheita anual de milhares de mortes nos
caminhos deste mundo, de milhares de colapsos físicos e de uma
surpreendente qualidade de sofrimentos e misérias.
O pecado de nada fazer é chamado nas Escrituras o pecado de
omissão e é ele tão perigoso e destruidor quanto o pecado de comissão.
Você não precisa fazer nada para se perder; basta negligenciar quanto à
alma e não cuidar de suas necessidades espirituais. Jesus afirmou que
é muito fácil a gente se perder. Ele sentenciou: “Larga é a porta e
espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram
por ela” (Mateus 7.13).
Na parábola dos talentos, proferida por Jesus, vemos a
recompensa dos servos fiéis e também o julgamento do servo indolente.
Pelo fato de não haver feito nada, foi duramente julgado e castigado e
posto na mesma plana dos adúlteros e homicidas. No Evangelho
segundo Mateus vemos a sentença dada: “Servo mau e preguiçoso...
tirai-lhe, pois, o talento... e lançai o servo inútil nas trevas exteriores. Ali
haverá choro e ranger de dentes” (25.26-30).
O servo inútil nada fizera abertamente ou errado ou nocivo,
simplesmente deixara de cumprir seu dever, a tarefa que lhe fora
confiada. O pecado dele foi o da preguiça, o pecado de não fazer nada.
O pecado das dez virgens não foi a imoralidade, nem a mentira,
nem a trapaça, e sim a indolência. Apenas deixaram de tomar a
quantidade necessária de óleo para as suas lâmpadas. E foram
julgadas, não por um pecado flagrante, mas por sua indolência e
infidelidade. Quando chegou o noivo, se fechou a porta da oportunidade
e a voz do Senhor ecoou, em juízo: “Não vos conheço” (Mateus 25.12).
Em todos os setores da vida, o preguiçoso é quem sai perdendo. O
estudante preguiçoso e ocioso, que passa o tempo vadiando e batendo o
papo nos bares e nas esquinas, nunca pode esperar ver um dia o seu
nome no quadro de honra. Os diplomas em geral são conferidos a
pessoas que estudam e trabalham com afinco e não aos inteligentes
ociosos.
Em geral a pessoa que se esforça é quem recebe o aplauso e louvor
de seus professores. No trabalho rural, no comércio, na escola, na
fábrica, no balcão e em qualquer setor das atividades humanas a
preguiça é sempre castigada e a fidelidade é recompensada.
A preguiça destrói a vida de cada dia. Por causa dela se perderam
vidas e cidades se incendiaram e lares se dissolveram. Do homem
respeitável fez um vagabundo; da mulher pura e honesta fez uma
prostituta e do moço bem educado fez um ladrão ou beberrão.
Alguém disse, com muita razão que “não é aquilo que fazemos e
sim o que deixamos de fazer o que nos dá dor de cabeça ao pôr do sol”.
A palavra de ânimo que deveríamos levar a um amigo
desencorajado, a ação ajudadora que tornaria mais leve e mais
suportável o fardo de alguém, um pouco de dinheiro colocado
amorosamente na mão do necessitado; eis aí ações negligenciadas que
nos trazem remorso e privam os outros da ajuda tão necessitada.
Quando, por causa da preguiça, deixamos de realizar um ato de
generosidade e amor cristão, as palavras de Jesus, a nos condenar
ecoam aos nossos ouvidos: “Sempre que o deixastes de fazer a um
destes mais pequeninos, deixastes de fazer também a Mim” (Mateus
25.45).
Inúmeras são as pessoas que têm preguiça de ir à casa de Deus.
Gostam de dormir até tarde no domingo de manhã ou então de jogar
umas partidas de golfe. Outros gostam de ficar em casa para ler os
jornais, ouvir um sermão pelo rádio, ou um programa religioso no
televisor. Assim que, fazendo isso, já cumpriram seu dever religioso.
Outros descuidam e negligenciam a oração, a intercessão. O
apóstolo Paulo disse que “se deve orar sem cessar” (1 Tessalonicenses
5.17).Ele queria dizer com isso que devemos a todo tempo nos
conservar na atitude de oração. Pelo fato de sermos preguiçosos e
indolentes, negligenciamos a oração e, assim, se secam os nossos
mananciais espirituais.
Descobri há muito que, se saiu de casa de manhã sem haver gasto,
um bom período em oração, o dia não vai nada bem e se amontoam os
problemas e dificuldades.
Muitos de nós preferimos ter uma soneca extra a separar quinze
minutos para estarmos em oração e sós com Deus, de manhã.
Em geral consentimos em que qualquer coisa interfira com o nosso
encontro com Deus. Se você tiver uma hora marcada para audiência
com o Presidente da República, é mais que certo que chagará antes da
hora, e nunca depois. Você gastará bom tempo vestindo-se e pensando
no que vai dizer a uma pessoa tão distinta. No entanto, você
continuamente deixa para depois da hora de estar a sós com Deus em
oração.
Quase nunca preparamos nossa mente para o período de oração.
Costumamos dar para Deus os momentos de lazer ou os últimos
instantes antes de irmos ao leito. Daí, estamos tão cansados e com
tanto sono que¸ às vezes, nem podemos firmar nossa mente naquilo que
estamos fazendo. Somos culpados do pecado de preguiça.
Milhares de cristãos pecam por preguiça de ler a Bíblia. Na
Primeira Carta do apóstolo Pedro, se nos ensina que “desejai como
meninos recém nascidos o puro leite espiritual, não falsificado, a fim de
por ele crescerdes para a salvação” (2.2). O motivo porque muitos
cristãos não crescem espiritualmente está no fato de não lerem a Bíblia.
E por que não estão lendo a Bíblia? Porque são negligentes e
preguiçosos. O salmista dizia que meditava nas leis de Deus de dia e de
noite, e o resultado foi este: as palavras de Deus lhe eram como mel ao
coração e à alma. Muitos cristãos se admiram e estranham o fato de
não sentirem em sua vida aquela alegria e o entusiasmo que veem em
outros discípulos de Cristo. Isso se explica porque não estão lendo a
Bíblia. Talvez, você, leitor amigo, seja culpado deste terrível pecado de
negligência. Você está deixando de fazer aquilo que devia fazer.
Outros muitos são negligentes no testemunho de Cristo. Quanto
tempo faz que você não fala a alguém sobre Cristo? Quanto tempo faz
que você trouxe aquela alma ao conhecimento redentor de Jesus Cristo?
E trouxe depois mais algumas? Há inúmeras pessoas ao seu redor, com
quem você está em contacto diariamente, que estão precisando de
Jesus em suas vidas e, no entanto, não saiu ainda de seus lábios uma
palavra que tentasse ganhá-las para Jesus? Você é culpado do pecado
da preguiça e outros se perderão por causa de sua negligência!
O pecado da preguiça se estende a muitas esferas, tais como:
negligência ou descuido nos seus hábitos que podem fazer perigar a
vida de outros; negligência no asseio ou limpeza pessoal, prova de que
não se tem Deus na sua vida; negligência em conservar sempre o
sorriso que deve aparecer no rosto do cristão, sejam quais forem as
circunstâncias; negligência ou preguiça de auxiliar os vizinhos em
necessidade; negligência na caridade e amor cristãos, deixando de se
esforçar para que os infelizes, pobres e subnutridos tenham com o que
enfrentar as necessidades da vida.
Há muitos outros que são negligentes no pagar seus dízimos e dar
suas ofertas para a promoção do reino de Deus. Se a escrituração
comum das casas comerciais fosse tão descuidada e negligenciada como
o é a que relaciona nossos débitos para com Deus, em poucos dias o
comércio de mossas cidades abriria falência.
Há milhões de cristãos hoje que vivem descuidadamente e
entorpecidos, de boca fechada, ao passo que o mundo, em desesperada
necessidade, anela pelo Evangelho de Jesus Cristo. Pela boca do
profeta, a Bíblia nos alerta dizendo que “todos os seus atalaias são
cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; andam
adormecidos, estão deitados e amam o tosquenejar” (Isaías 56.10). E o
apóstolo Paulo, na sua Carta aos Romanos, nos admoesta: “Não sejais
vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”
(12.11). Há muitas maneiras de você servir a Cristo, sejam quais forem
as circunstâncias.
O Novo Testamento de contínuo nos põe de sobreaviso para que
não nos deixemos levar pelo pecado da preguiça: “Para que não vos
torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência,
herdam as promessas” (Hebreus 6.12).
Martinho Lutero, num dos seus sermões, disse que “o Diabo
convocou um dia seus emissários para que apresentassem os
resultados das tarefas a eles confiadas. Um deles foi dizendo que atiçara
animais ferozes contra uma caravana de cristãos em pleno deserto, e
que os ossos deles estavam agora alvejando sobre as areias do deserto.
“E o Diabo replicou: Ora, que vantagem! As almas deles foram
salvas!
“Um outro de suas asseclas disse: Desencadeei o tempestuoso
vento oriental contra um navio cheio de cristãos e todos morreram
afogados!
“E o Diabo de novo disse: ‘Grande vantagem! As almas deles se
salvaram!’ E um terceiro súdito de Satã relatou: ‘Dez anos levei,
tentando fazer com que certa pessoa descuidasse de sua alma, e por fim
consegui isso; e ela agora é nossa’
“Então o Diabo exultou e deu um grande grito, e as vedetas
noturnas do inferno entoaram um salmo de alegria”.
O pecado da preguiça e da criminosa negligência espiritual têm
contribuído imenso para aumentar a população do inferno, tanto
quanto o têm feito os outros pecados mortais. Ele parece tão inocente,
tão frágil, mas o seu veneno é mais mortífero ao espírito humano do que
outros dos mais odiosos. O maior mal que a preguiça ocasiona é o de
roubar ou tirar do homem a finalidade espiritual: o poder de se decidir
por Cristo. Essa embriaguez espiritual, levando o homem à indolência e
à estupidez, tira dele a capacidade de se decidir por Cristo.
A negligência pode levar a criatura humana a se convencer da
verdade, pode mesmo levá-la ao conhecimento das doutrinas redentoras
do Evangelho de Cristo, mas pode torná-la incapaz de se decidir
positivamente a favor de Cristo. A estrada lhe é clara diante de seus
olhos. O homem percebe qual o caminho em que deve andar, mas a
preguiça amoleceu sua vontade e o tornou irresponsável, ou irresoluto.
O pecado da preguiça deve ser confessado, do mesmo modo como
os outros. O apóstolo Tiago em sua Carta, diz que “aquele, pois, que
sabe fazer o bem, e não o faz, comete pecado” (4.17).
Na muiltidão dos que se reuniram ao redor da cruxz de |Cristo
havia muitos que estavam cometendo o pecado da preguiça. Quando
Cristio morria pela humkanidade, diz-nos Mateus 27.36: “E, sentados
ali, O guardavam”. Quants indiferença! Que triste e hoirrenda
negligência! Pouco antes de entregar Sua alma ao Pai, Jesus olhjou
para os pecadores ao pé de Sua cruz: ladrões, assassinos, jogadores,
hipócritas,profenoas, imorais, orgulhosos, invejosos, cobiçosos, glutões
e preguiçosos, e disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”
(Lucas 23.34).
Naquele momento, o Cordeiro deDeus (para todos aqueles que
assim o creem) tirou os apecados do mundo. Por meio desseato
redentor, cabal e perfeito, Jesus Cristo abriu o caminho para o céu.
A vida eterna está ao alcance de cada uym e de todos. O Salvador
está tão perto quanto a sua vontade que a Ele deve ser entregue. O seu
espírito obstinado, negligente e preguiçoso éo únicogrande elementoque
pode impedir que Jesus entre e,m seu coração e o salve por toda
aEterniade.
.oOo.

A AVAREZA OU GANÂNCIA
A avareza, parente próxima da cobiça, é provavelmente uma das
piores parentes dela. De fato, o apóstolo Paulo, na sua Primeira Carta a
Timóteo, afirma: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”
(6.10).
Os homens tangidos pela avareza, roubam, assaltam, defraudam,
caluniam e matam. A avareza foi um dos primeiros pecados a levantar
sua venenosa cabeça no Jardim do Éden. No livro de Gênesis, vemos
que: “vendo aquela mulher que a árvore era boa para se comer, e
agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do
seu fruto e comeu” (3.6).
O pecado da avareza como que faz parte do homem natural, assim
como a respiração. Do berço ao túmulo, ele motiva nossas ações e
amolda os nossos padrões de conduta.
Tal pecado há forçado também o nosso caminho, penetrando em
nossa ideologia ética. Assim, as afirmativas de que “a preservação da
própria existência é o instinto dominante do homem”, de que “a
proteção própria é a primeira lei da vida” e de que “devemos sempre
buscar ser o primeiro”, não passam de adágios de avareza.
O Jardim do Éden era um lugar de beleza indescritível, mas o
pecado da avareza destruiu tudo aquilo. Depois do pecado, tornou-se
um lugar soturno e nebuloso, com a flamejante espada do juízo a
percorrer todo o seu domínio. A vida só poderá ser santificada com a
bem-aventurança do Éden, e o homem só gozará da comunhão com
Deus quando obtiver vitória sobre o horrível pecado da cobiça e avareza.
Nenhum pecado nos rouba tanto a beleza e o recato da vida como o da
avareza ou ganância.
Percorra as páginas da Bíblia e você verá, prezado leitor, o rastro
da abjeta miséria que este peado mortal deixou na história da
humanidade. Foi a ganância ímpia e desnaturada em pós de um ganho
visceralmente egoísta que arrastou o rei Acabe a cobiçar a vinha de
Nabote e a matá-lo para criminosamente conseguir seu negro e
ganancioso desiderato. Mas a voz de Deus veio a Acabe, dizendo-lhe:
“No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães
lamberão o teu sangue, o teu mesmo” (1 Reis 21.10).
Os irmãos de José semearam a insignificante semente da ganância
e cobiça quando venderam seu inocente irmão José para ser escravo no
Egito. Nem sequer podiam imaginar a colheita de fome e miséria que
obteriam quando a ganância frutificasse.
O homem rico, de quem Jesus nos falou, semeou grãos de egoísmo
e ganância, e Jesus disse que ele colheria aquilo mesmo em grande
abundância. Ele, mui logo veio a perceber a futilidade com que suas
tulhas e celeiros lhe presentearam e, vendo que estavam abarrotados e
que tinha os bolsos cheios, mas o seu coração estava vazio, caiu morto,
ouvindo a voz divina que lhe dizia: “Insensato, esta noite te pedirão a tua
alma” (Lucas 12.20).
Judas, tangido pela ganância, vendeu seu Senhor por trinta
moedas de prata e, por fim, percebeu, com amargura e remorso, que de
nada lhe valia a vida sem Cristo. Atirando as moedas aos pés dos
gananciosos homens com quem tramara a triste barganha, saiu da
presença deles e foi enforcar-se. A verdade nua e crua é esta: muito
antes de Judas tirar sua própria vida, a alma dele já estava morta, fora
enforcada e morta pela avareza ou ganância.
A todos os Acabes e Judas e loucos deste mundo, que vivem
egoisticamente e gananciosamente, Jesus diz em Lucas 1.21: “Assim é
aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus”.
A ganância busca na vida mais do que aquilo que lhe pertence. Ela
engana, rouba, mente, mata para alcançar seus objetivos. A Bíblia nos
ensina que nascemos já com o pecado da ganância em nosso coração.
Em Jeremias 6.13, lemos: “Porque desde o menor deles até o maior,
cada um se dá à avareza”. As crianças nascem já naturalmente
inclinadas ao egoísmo, à avidez, à avareza. Conquanto não possam
fazer conhecidos por palavras os seus desejos, têm um modo de fazer
isto.
Vivi algum tempo num lar em que a mãe e a avó, a doméstica e o
pai corriam em todas as direções, num doentio esforço para gratificar e
satisfazer os desejos do único filho. As crianças, mesmo crescidas, são
egoístas por natureza “Pai, que é que o senhor trouxe para mim?” é
linguagem familiar e comum em meu lar como certamente o é no do
leitor amigo.
Jeremias disse que “desde o menor deles até o maior, cada um se
dá à avareza”. Enquanto o filho pródigo cantou a melodia do “Dá-me”,
seu quinhão foi miséria, necessidade, solidão e fome; mas, quando a
trocou pelo cântico do “Perdoa-me”, ele se viu então num estado de
comunhão, conforto e abundância.
Carlos Kingsley disse: “Se você quiser viver miseravelmente, pense
somente em si; pense no que precisa, no que gosta e no respeito e
atenções que você quer que os outros lhe deem e então para você nada
lhe será puro. Você estragará tudo quanto suas mãos tocarem. Você
extrairá apenas miséria e desencanto de tudo quanto há de bom. Você
será tão infeliz quanto e como quiser”.
Na Carta aos Romanos, a ganância é posta no mesmo no mesmo
plano dos pecados viciosos e condenáveis, quando se diz: “Estando
cheios de toda a injustiça, malícia, avareza, maldade” (1.29). Na mesma
Carta, a avareza, ou ganância, é mencionada (13.9), ao lado do
homicídio, do adultério, do roubo e da mentira.
Este pecado que tem emperrado o desenvolvimento espiritual de
tantos cristãos e que, no entanto, parece tão inofensivo, é catalogado na
Palavra de Deus como um dos mais hediondos e mais destruidores
instrumentos de Satã. De fato, a Bíblia vai mais longe ainda, e nos
alerta, dizendo categoricamente que o cobiçoso e o culpado de avareza
não herdarão o Reino de Deus (1 Coríntios 6.10).
A Bíblia nos ensina que a ganância é idolatria. Uma moeda de
prata pode estar tão perto de seus olhos que lhe impeça ver o sol. E o
amor do dinheiro pode encher seu coração de tal maneira que exclua
inteiramente Deus em sua vida. Nesse século de crasso materialismo, a
consumidora paixão das coisas e lucros materiais tem levado inúmeras
pessoas a se esquecerem das judiciosas palavras de Jesus, contidas em
Marcos 8.36: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua vida?” Quando forem consultados os registros de nossa
vida, será que eles só apresentarão lucros em reais? De que adiantará
isso?
O amor do dinheiro corrói o coração do homem, rouba-lhe a
felicidade e o põe em guerra contra os outros. A ganância de um país,
por anexar a si o solo de outro, muitas e muitas vezes tem
desencadeado pilhagens e guerras, vitimando populações inocentes e
desarmadas. Os poderosos, em várias ocasiões, levados por motivos
ocultos e inconfessáveis, hão espoliado e oprimido os fracos. Patrões
desalmados e gananciosos, através dos séculos, vêm explorando o
sangue de seus empregados, mesmo quando suas consciências lhes
dizem que não estão pagando salários correspondentes ao serviço feito
pelos empregados.
Foi o pecado da ganância que criou a escravatura e o seu doloroso
séquito de sofrimentos, que engendrou as misérias e mortes que
acompanharam essa praga da raça humana. O amor do dinheiro é que
produz os roubos que os nossos jornais registram diariamente, e que
muitas vezes desembocam em homicídios.
É a ganância que induz o vendedor de leite a adicionar-lhe água
para render mais e que ensina o lavrador a colocar as boas maçãs por
cima das meio apodrecidas. É a ganância que faz o advogado mentir, e
que leva o mercador a escamotear seus fregueses. Os pais romanos de
séculos antigos costumavam dizer a seus filhos: “Ganhe dinheiro
honestamente, se puder; mas, em qualquer caso, ganhe dinheiro”.
O grande pecado deste mundo é a ganância, a avareza. Inclinamo-
nos tanto a ganhar dinheiro que não sobra tempo para Deus e para os
deveres religiosos. Muitas casas e lojas comerciais permanecem
desnecessariamente abertas aos domingos e profana-se assim o dia do
Senhor para ganhar uns cruzeiros a mais.
Quantas e quantas vezes tenho convidado pessoas para irem à
igreja e me respondem que precisam trabalhar! Estão de tal forma
preocupadas com ganhar dinheiro que não têm tempo para Deus. Os
norte-americanos e outros povos da terra não veem que, nesta ânsia de
facilidades, conforto, luxo e de ganhar dinheiro, podem perder tudo
num abrir e fechar de olhos na mais terrível e horripilante destruição
que o mundo jamais experimentou. Eu, em nome de Deus, digo a esses
povos: “Despertai, despertai, antes que seja tarde!”
É o pecado da ganância que faz ferver o sangue dos jogadores, dos
apostadores, endurecendo aos poucos os seus corações de tal forma que
chegam a perder aos poucos seus corações de tal forma que perdem
não só o dinheiro e a saúde, mas também suas almas.
Há algum tempo, um grupo de turistas que passava pelo Vale da
Morte (Death Valley), na Califórnia, topou com um esqueleto humano
nas dunas daquele deserto. Por entre os ossos das mãos do esqueleto
estavam presas placas de mica, cujas piritas, semelhantes ao ouro,
certamente haviam iludido o pobre homem. Tomara ele por ouro os
veios amarelos da mica. Num pedaço de papel, que foi achado por baixo
daquele esqueleto, ainda se podiam ler estas palavras: “Died rich”, isto
é, “morri rico”. Pensava ele que estava rico, mas a morte o apanhara, e
lá morrera sozinho.
Assim é que as riquezas enganam os homens. Se não temos outra
coisa senão dinheiro, somos desgraçadamente os mais pobres deste
mundo.
Há muita gente que pensa que é rica por causa de sua segurança
ou boas condições econômicas. Mas, para com Deus, são mais do que
pobres. Um dos quadros mais tristes apresentados pelo Novo
Testamento é o daquele moço rico que saiu entristecido da presença de
Jesus, tendo seus bolsos cheios de dinheiro, mas o coração vazio.
Estava interessado na vida eterna, mas não queria pagar o preço dela. É
justamente o que acontece com muita gente hoje em dia. Inúmeros,
como o jovem rico, conhecem o caminho, mas não querem pagar o
preço.
Não é pecado ser rico. Se você tem ganho o seu dinheiro
honestamente, Deus o tem na conta de um mordomo Seu, das coisas
que Ele lhe tem dado. Agora, se o dinheiro ou a riqueza vem
prejudicando a sua vida espiritual, daí ela é pecado, e você está vivendo
como pobre aos olhos de Deus. Lemos na Bíblia que um bom número de
pessoas ricas foram retas e piedosas, e dedicaram suas riquezas ao
serviço de Deus.
Fazendo uma comparação com os mais povos do mundo, podemos
dizer que quase todos os norte-americanos são ricos. Se você tem
sapatos, roupa e comida, conforme os padrões deste mundo, você é rico.
O pecado da ganância é hoje um dos maiores, talvez seja a maior pedra
de tropeço para o Reino de Deus no mundo todo.
Há pessoas que acham que é incurável o pecado da ganância e que
o homem, uma vez dominado e controlado por ela, não mais encontra a
salvação. Reconheço e concordo com o que Jesus disse, pois Ele sabe o
que diz. E Ele asseverou que “é mais fácil um camelo passar pelo fundo
de uma agulha, do que entrar um rico no Reino de Deus” (Mateus 19.24).
Mas a pessoa culpada do pecado da avareza pode salvar-se. Você,
amigo leitor, pode ser pobre, mas também a ganância e avareza podem
ter endurecido o seu coração, tornando-o amargo e invejoso. Mas você
pode alcançar a salvação.
Arrependido dos seus pecados e com fé no Senhor Jesus é certo
que o sangue dEle o purificará de todos os seus pecados. Ao pé da cruz
de Jesus Cristo, você recebe o Seu maravilhoso e glorioso perdão, seja
qual tenha sido o seu pecado.

.oOo.

Você também pode gostar