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Filme Billy Elliot

Billy Elliot conta a história de um menino de 11 anos no norte da Inglaterra durante uma greve de mineiros contra Margaret Thatcher. Ele sonha em ser bailarino, apesar da oposição de seu pai mineiro. Sua professora o apoia e o ajuda a audicionar para uma academia de balé em Londres. O filme mostra a luta de classes na Inglaterra thatcherista e como os sonhos de uma criança podem superar barreiras.

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Filme Billy Elliot

Billy Elliot conta a história de um menino de 11 anos no norte da Inglaterra durante uma greve de mineiros contra Margaret Thatcher. Ele sonha em ser bailarino, apesar da oposição de seu pai mineiro. Sua professora o apoia e o ajuda a audicionar para uma academia de balé em Londres. O filme mostra a luta de classes na Inglaterra thatcherista e como os sonhos de uma criança podem superar barreiras.

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HISTÓRIA & ARTE

DANÇA DOS PODERES

A história emocionante de um menino que deseja ser bailarino levou para as telas o
drama da classe operária inglesa no período thatcherista

Rafael Augustus Sêga

O filme Billy Elliot, do diretor Stephen Daldry (2000), representou um momento


muito feliz do cinema. Película a mesmo tempo vigorosa e sutil, ela traz a história do
menino de 11 anos que lhe dá nome, interpretado brilhantemente pelo ator Jamie Bell.
O personagem é filho de um mineiro do norte da Inglaterra, na época da greve que
afrontou a então primeira-ministra Margareth Thatcher, chamada de Dama de Ferro
por motivos justos. O ano era 1984, e o movimento foi reprimido com extrema dureza.
A premiê chegou a classificar os grevistas mineiros de inimigos internos.

Sobre isso, recorremos ao analista português Jorge Almeida Fernandes:


“Raros políticos deram o nome a uma era. Margaret Hilda Roberts Thatcher é um
deles”. O thatcherismo designa duas realidades que se confundem: a revolução
conservadora e um estilo de liderança agressivo. A revolução conservadora, ou
“neoliberal”, está associada a Thatcher, que chegou ao poder em 1979, e a Ronald
Reagan, que tornou posse em janeiro de 1981. Durante uma década, estreitamente
aliados no neoliberalismo econômico e no combate ao comunismo, os dois líderes
fizeram ressurgir o capitalismo como ideologia universal.

Caça ao sindicalismo

Thatcher voltou a vencer as legislativas de 1983. Não apenas por


conseqüência da Guerra das Malvinas (da qual o Reino Unido saiu vitorioso no ano
anterior), mas também por causa de urna nova geografia econômica. O norte
industrial, bastião do trabalhismo, sofreu o descalabro do fim da fase conhecida como
segunda industrialização, enquanto o sul — terra dos serviços, das finanças e das
novas indústrias — prosperou e criou urna sólida base eleitoral com os conservadores.
Daquela vez, não era urna vitória do partido, mas pessoal, de Thatcher, o que lhe
permitiu radicalizar a política, submeter o gabinete e concentrar todo o poder.

Assim, a Dama de Ferro lançou-se em outro desafio: abater o sindicalismo, um


dos mais fortes da Europa. Em 1984, aproveitou a oportunidade da greve geral dos
mineiros para provar sua força: aguentou durante um ano e triunfou sem concessões.
De 600 mil, os mineiros passaram a 200 mil. Não mostrou compaixão pelos
desempregados, mas garantiu os subsídios de desemprego. Além disso, retirou dos
sindicatos o que restava do closed shop (controle do emprego pela sindicalização).
Alargou as privatizações, atacando as áreas da educação e saúde, enfatizando a
concorrência e a ideologia da livre-empresa.

Debussy com Sex Pistols

Voltando ao filme, o pai viúvo de Billy (o ator Gary Lewis) é um homem durão,
que quer ver o filho praticando boxe. Mas o rapaz acaba se encantando pelo balé e,
em pouco tempo, passa a se dedicar inteiramente à dança. Seu talento nato chama a
atenção da professora, Ms.Wilkinson (Julie Walters), que perde um pouco de seu
ceticismo e amargor diante do potencial de Billy.
Em pouco tempo, Billy assume ares de seu pupilo, sigilosamente. Nesse ponto,
o filme mostra que mesmo em países desenvolvidos o balé é estigmatizado pelo
sistema machista. Para piorar, tanto pai de Billy como o seu irmão (Jamie Draven) são
ativistas sindicais nas minas de carvão e lutam pela vitória da greve. A partir daí, o
filme consegue mesclar, magistralmente, Karl Marx com Oscar Wilde, luta de classes
com Lago dos Cisnes, cacetetes com spaccatto, Debussy com Sex Pistols, Edward
Thompson com Vaslav Nijinsky, realidade e sonho.

Diante de um quadro tão conturbado, Ms. Wilkinson passa a fazer o possível


para que Billy consiga uma audição na Academia Real de Balé, em Londres. O filme
tem sua reviravolta quando o segredo vem à tona e as esperanças de Billy são
barradas pelo preconceito do pai. O jovem ator Jamie Bell encarna Billy de forma um
pouco autobiográfica, pois ele enfrentou dificuldades similares para tornar-se bailarino
mirim na vida real.

Billy Elliot é uma lição para jovens e adultos, para pais e filhos. Mostra que as
preocupações dos mais velhos são legítimas desde que respeitem os anseios de seus
filhos. Como diria Khalil Gibran, “os pais são o arco onde seus filhos, como flechas
vivas, são impulsionados para adiante; deixem que a mão do Arqueiro (Deus) tra-
balhe, porque assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que
permanece estável”.

Nos espectadores mais sensíveis, as lágrimas certamente vertem, pois todos


nós, um dia, atravessamos percalços na vida, como Billy, tentando lutar por ideais e
vencer intolerâncias. A produção concorreu a três Oscar: melhor roteiro original,
melhor atriz coadjuvante e melhor direção. Billy Elliot é um desses filmes que a gente
nunca mais esquece, pois indica que os sonhos são necessários para enfrentar a
realidade. Lembra que a vida é dura, mas deve ter um toque de arte, sempre.

Rafael Augustus Sêga é doutor em História e professor da Universidade Tecnológica


Federal do Paraná.

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