O QUE
ESTUDAREMOS?
A Europa e os Estados Unidos
entre 1918 e 1939
A economia europeia
pós-guerra
Ascensão do fascismo
Ascensão do nazismo alemão
O governo autoritário
de Salazar em Portugal
O franquismo e a Guerra Civil
Espanhola (1936-1939)
AN OCI PRESENTATION 2020
O fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) provocou impactos
profundos na política e na economia mundial. Os países europeus
envolvidos na guerra sofreram com a destruição material, incluindo
indústrias e portos, e com as perdas humanas. Os problemas sociais
tornaram-se insustentáveis; as elevadas taxas de desemprego, o
aumento do custo de vida e a ausência de políticas de assistência aos
soldados feridos em guerra geravam um clima de descrença política. O
sucesso da Revolução Russa, em 1917, serviu como influência para os
movimentos de caráter socialista que despontaram após a Primeira
Guerra. Os governos nazifascistas surgiram nesse contexto, como uma
alternativa ao avanço do comunismo. No plano econômico, o cenário
O PERÍODO
pós-guerra foi marcado pela ascensão dos Estados Unidos ao posto de
maior potência mundial. O rápido crescimento da economia estadu-
ENTREGUERRAS nidense não durou muito tempo. O desequilíbrio entre a produção e o
consumo, somado a uma onda de especulação financeira, resultou na
eclosão de uma crise de proporções mundiais. O período entreguerras
ADOLF HITLER
foi, portanto, um período de profundas transformações políticas,
econômicas e sociais.
A EUROPA E OS ESTADOS
UNIDOS ENTRE
1918 E 1939
''STALINISMO"
Stalinismo é um conceito abstrato para determinar quem segue
Stálin e suas propostas ou o período queele predisidu o CCCP
entretanto enquanto conceito histórico político não existe uma
teoria stalinista pelo contrário Stálin usava como parametro para
sua política o conceito de marxismo-leinismo.
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
Depois da morte de Vladimir Lênin, em 1924, a liderança do Partido
Comunista foi disputada entre Leon Trótski (1879-1940) e Josef Stalin
(1878-1953). A escolha não se resumia ao governante; na prática, o que
estava sendo decidido eram os rumos da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS). Enquanto Trótski defendia difundir o
movimento revolucionário por outros países, Stalin era favorável ao
fortalecimento da URSS antes de adotar uma política expansionista.
Stalin venceu a disputa interna do partido e, em 1927, assumiu o poder,
dando início a uma das experiências ditatoriais mais marcantes do
século XX. Ele permaneceu no poder até sua morte, em 1953.
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
Depois de assumir, Stalin iniciou uma onda de repressão e perseguição
aos opositores políticos, incluindo os bolcheviques simpáticos a Trótski.
A violência contra os opositores agravou-se em 1934, quando
começaram os expurgos, ou seja, a condenação de prisioneiros políticos
à morte ou aos campos de concentração de trabalho forçado,
denominados gulag, onde eram explorados até a morte. A medida serviu
como instrumento de controle social, pois a população, aterrorizada,
passou a silenciar-se diante dos abusos cometidos pelo governo.
Estima-se que mais de 20 milhões de pessoas foram vítimas dos
expurgos durante o período stalinista. Nos gulags, as condições de vida
eram péssimas e o trabalho, exaustivo, resultando na morte de uma
parte significativa dos condenados.
O VERDADEIRO
TERROR DE STÁLIN
V Í KTOR ZEMSKOV
O fim da guerra-fria tornou possível o
primeiro estudo documentalmente
baseado das repressões do regime
soviético entre 1921 e 1953.O
historiador Víktor Zemskov no Instituto
de História da Academia de Ciências
russa. Em 1989, cumprindo uma diretiva
do Bureau Político de Mikhail
Gorbatchov, a Academia de Ciências
encarregou Zemskov de esclarecer o
grande enredo das dimensões reais da
repressão stalinista.
O VERDADEIRO
TERROR DE STÁLIN
V Í KTOR ZEMSKOV
Zemskov, um homem humilde e
discreto, teve pela primeira vez acesso
a um dos sectores mais secretos dos
arquivos do Ministério do Interior (MDV-
MGB) e da polícia de Estado (OGPU-
NKVD) de Stáline. Ali deparou-se com
uma documentação pormenorizada e
exaustiva da máquina repressora de
Stáline; o GULAG, as prisões, a
estatística de fuzilados, deportados,
etc. Verificou-se que o Estado e os seus
magarefes tratavam as contas dos seus
crimes e malfeitorias com o rigor de
esmerados escriturários.
O VERDADEIRO
TERROR DE STÁLIN
Zemskov documentou que entre 1921 e 1953 foram «reprimidas» quatro milhões de
pessoas. De entre elas, o regime soviético fuzilou por motivos políticos cerca de 800
mil pessoas, em concreto 799 455. Também se pôde estabelecer que no momento
culminante da repressão stalinista, o «grande terror» dos anos 1937-1938, na URSS
foram efectuadas 2,5 milhões de detenções. Os seus números são tão
impressionantes que, a seu lado, pouco importa que até agora se tenha falado de
quase vinte milhões de detenções (a historiadora russa Olga Chatunóvskaia) ou de
sete milhões de fuzilados, o número que apresenta Robert Conquest, o historiador
ocidental mais conhecido na matéria. De acordo com o relatório intitulado
«Prisioneiros em 2005», havia 2 193 789 pessoas presas nos Estados Unidos em
Dezembro de 2005. Mais 4,1 milhões estavam presos temporariamente e cerca de
800.000 em liberdade condicional. Estes números totalizam mais de 7 milhões de
pessoas — o que representa 1 em cada 32 norte-americanos adultos — que estariam
sob algum tipo de supervisão do sistema prisional dos EUA.
O VERDADEIRO
TERROR DE STÁLIN
A realidade é que a população do país continuou a aumentar mais de um por cento, superando o crescimento demográfico de Inglaterra
ou França. Em 1926 a URSS tinha 147 milhões de habitantes, em 1937, 162 milhões e em 1939, 170,5 milhões. Os censos são fiáveis, e os
seus números são incompatíveis com matanças de dezenas de milhões», diz o historiador.A estadística do GULAG era exacta, explica
Zemskov. «Um só caso de um preso desaparecido durante um naufrágio ou afogado (as fugas dos campos eram muito frequentes; quase
400 mil presos fugiram entre 1934 e 1953, dos quais 38 por cento não puderam ser recapturados) dava origem a todo um dossier de
documentos e correspondência. De tudo isto se informava regularmente a Stáline.» Por isso há que supor que os responsáveis políticos
conheciam perfeitamente as dimensões da sua repressão e dos seus fuzilamentos. que condenavam à fome e à miséria a maioria
esmagadora dos camponeses da União Soviética. (NT) Zemskov reconhece que o conceito de «reprimido político», esse colectivo de
quatro milhões de pessoas entre 1921 e 1953 que inclui os 800 mil fuzilados, pode ser discutido. O historiador aplica o conceito aos
incriminados pelo artigo 58 do Código Penal («actividade contra revolucionária e outros crimes graves contra o Estado»), e a pergunta é
se essa metodologia não deixa de fora enormes colectivos que foram injustamente perseguidos. O problema é que é muito difícil
encontrar gente que não tenha sofrido e padecido no período de 1921-1953 da história da URSS, e do que se trata, explica, é de
«distinguir os reprimidos políticos do sofrimento geral». O critério foi contabilizar unicamente os detidos e julgados como delinquentes
políticos (o mencionado artigo 58.º). Isso marca uma fronteira objectiva entre aqueles que sofreram em geral, por exemplo os
latifundiários, kulaques, o clero, os capitalistas, todos eles expropriados, e todos aqueles membros, em concreto, destes grupos da
população que foram condenados, encarcerados ou fuzilados. «Desta forma, se isolam os “reprimidos políticos” daqueles que
simplesmente foram vítimas das transformações socioeconómicas, cruéis e igualitaristas, circunstância que pode aplicar-se à maioria da
população da URSS, pois, de uma ou outra forma, todo o mundo sofreu; passava-se fome, vivia-se mal»
O que são as Gulags?
Campos de concentração ou cadeias?
O historiador e filósofo italiano Domenico Losurdo
reflete sobre o assunto das Gulags soviéticas
AS GULAGS
DOMENICO LOSURDO
REINO UNIDO E
SUAS COLÔNIAS
DOMENICO LOSURDO
AS GULAGS
DOMENICO LOSURDO
A Rotina dos Gulags
Campos de concentração ou cadeias?
Trechos retirado de obras da historiadora americana
Anne Applebaum e o historiador Russo Oleg V. Khlevniuk
A Rotina dos Gulags
Campos de concentração ou cadeias?
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
No plano econômico, Stalin manteve a Nova Política Econômica (NEP),
adotada por Lênin em 1921, até 1928, quando considerou os objetivos
alcançados. Em seguida, a economia foi fechada e passou a ser
totalmente controlada pelo governo. Stalin acreditava que a URSS seria
alvo de ataques do mundo capitalista. Para garantir o isolamento
econômico, o líder do Partido Comunista investiu na indústria de base,
em obras de infraestrutura, na produção de alimentos e no setor militar.
A economia soviética foi planejada a partir dos Planos Quinquenais, com
duração de cinco anos, que eram metas adotadas para resolver os
principais entraves para o seu crescimento, direcionando os
investimentos do governo.
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
Com base nisso, ocorreu a estatização da economia e o governo passou
a ter controle total da produção, da circulação de produtos e do
consumo. A estatização contribuiu para que a URSS evitasse os fortes
abalos sofridos pela economia capitalista com a crise econômica
iniciada em 1929. O custo social para que as metas fossem alcançadas
foi alto, incluindo a exploração da força de trabalho por meio da
imposição de longas jornadas e pela cobrança por resultados. Qualquer
manifestação dos trabalhadores ou baixa na produtividade era
considerada motivo para perseguição pelo governo. A coletivização das
terras foi estabelecida no campo, ou seja, todas as propriedades rurais
deveriam ser eliminadas para dar lugar a fazendas coletivas. A produção
e a distribuição de alimentos deveriam ser feitas pelo governo. Essa
política começou a ser colocada em prática em 1929 e contou com a
resistência dos camponeses, resultando no uso da violência e de
condenações.
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
A imagem de Stalin foi moldada para que ele fosse reconhecido como
“pai” da URSS e, portanto, cultuado pela população. A crença na
bondade do líder foi um elemento fundamental para o controle social.
Para tanto, o Partido Comunista investiu na propaganda governamental
e na construção de ritos e cerimônias. Todas as esferas da vida social
eram contro- ladas pelo governo, que se fazia presente em todos os
lugares, exercendo controle da cultura, dos esportes, da educação e da
vida privada. As cartilhas escolares exaltavam a Revolução Russa de
1917 e os feitos de Stalin, desconsiderando o passado russo e a história
de outros lugares do mundo. Com o passar do tempo, a interferência na
educação teve como resultado a formação de jovens obedientes e
defensores do projeto stalinista.
GOVERNO DE STÁLIN
"STALINISMO"
Muitos historiadores consideram o stalinismo uma forma de governo
totalitário, uma vez que os interesses do Estado estavam acima dos
individuais. O controle da sociedade era total e ocupava todas as
dimensões da vida do povo soviético.
As propostas econômicas levaram a URSS à condição de potência
industrial. Durante a egunda Guerra Mundial (1939-1945), a URSS
ocupou papel de destaque no combate às tropas nazistas, expandindo
seu poder no Leste Europeu. Depois do conflito, os investimentos em
uma corrida armamentista aumentaram, posicionando a URSS como
uma superpotência mundial.
PARADA
OBRIGAT Ó RIA
A ECONOMIA EUROPEIA
PÓS-GUERRA
Veterano da 1º Guerra Pedindo
Esmolas
O desgaste econômico provocado pela guerra afetou a produção e a circulação
de produtos no continente europeu, com destaque para a difícil situação
enfrentada pela Alemanha, pela Rússia e pela Sérvia. Países vencedores como a
França e a Inglaterra também saíram do conflito com suas economias abaladas,
enfrentando o endividamento externo e a inflação. Além da destruição de
indústrias, portos e estradas, devemos atentar para as perdas humanas. Estima-
se que a guerra tenha levado à morte de 18 milhões de pessoas, incluindo
militares e civis. A Sérvia, por exemplo, foi um dos países com o maior número de
vítimas, ultrapassando 1,4 milhão de pessoas. A guerra afetou a vida e selou o
destino de milhões de pessoas por todo o mundo, deixando um rastro de
destruição humana. A capacidade produtiva das nações europeias ficou
prejudicada. No caso francês, os dados apontam que a guerra provocou a perda
O PERÍODO
de mais de 10% da força de trabalho masculina. Os problemas econômicos e
sociais levaram à desconfiança em relação ao sistema político e ao liberalismo.
ENTREGUERRAS
O país europeu mais afetado pela guerra foi a Alemanha. Além da destruição
material e humana provocada pela guerra, as punições determinadas pelo
Tratado de Versalhes (1919), como o pagamento de pesadas indenizações e a
desmilitarização, provocaram uma grave crise econômica e a insatisfação
ADOLF HITLER
generalizada da população.
ZOOM
No início do século XX, o liberalismo clássico passou a ser questionado pelas doutrinas socialistas e comunistas, opositores dessa linha
de pensamento econômico. No período entreguerras, especial- mente após a crise de 1929 nos Estados Unidos, ganharam força as ideias
e as medidas que previam a intervenção do Estado na economia, como a política de promoção do bem-estar social defendida pelo
economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), que acreditava que o Estado devia de alguma forma ajudar na regulação do
mercado, contrapondo-se ao liberalismo clássico. Somente após a Segunda Guerra Mundial, houve uma espécie de renascimento do
liberalismo, que ficou conhecido como neoliberalismo, uma tentativa de revisar a tradição do antigo modelo econômico, ao voltar a
defender a mínima intervenção do Estado na economia.
A ESCALADA ECONÔMICA DOS
ESTADOS UNIDOS
CONSOLIDADA COMO A NOVA POT Ê NCIA
A situação econômica dos Estados Unidos era bem diferente do
cenário europeu. A postura neutra durante os primeiros anos de
conflito favoreceu a expansão da produção industrial e, mesmo
após a entrada na guerra, o país ficou em uma posição favorável,
pois não ocorreram batalhas em seu território. Além de ser o
principal exportador de produtos para a Europa, os Estados Unidos
destacaram-se na concessão de empréstimos. Se antes da guerra a
dívida estadunidense com países europeus superava US$ 3,7
bilhões, no final a situação se inverteu e os europeus deviam mais
de US$ 3 bilhões aos Estados Unidos.
ESTADOS UNIDOS
CRESCIMENTO ECONOMICO
Além do significativo crescimento industrial, destaca-se também a
expansão da produção agrícola, impulsionada pelo processo de
mecanização e pela expansão da rede elétrica para as áreas rurais. A
produção de grãos cresceu e era exportada para a Europa durante a
guerra. O bom desempenho da economia e o entusiasmo com o
aumento da renda média dos estadunidenses, que chegou a crescer 25%
ao longo da década de 1920, fizeram com que o período ficasse
conhecido como “os loucos anos 20”. Os bancos facilitaram o crédito da
população, estimulando o consumo. O liberalismo estadunidense era
visto como um modelo de sucesso, definido pelo slogan “mais economia
no Estado e menos Estado na economia”.
ESTADOS UNIDOS
CRESCIMENTO ECONOMICO
Dois setores merecem destaque por terem se tornado símbolos do
crescimento econômico: construção civil e indústria automobilística.
Durante a década de 1920, grandes edifícios foram construídos nas
maiores cidades do país, alterando a paisagem e indicando o período de
prosperidade. A produção de automóveis cresceu e a indústria Ford
tornou-se uma referência para todo o mundo. A padronização da linha
de montagem provocou a redução do custo de produção, reduzindo o
preço final dos carros e, dessa forma, atendendo a um público cada vez
maior.
O AMERICAN WAY OF LIFE E A CULTURA
ESTADUNIDENSE
NA DÉCADA DE 1920
OS LOUCOS ANOS 20
O aumento da renda média da população estadunidense e a euforia
com o crescimento econômico consolidaram um estilo de vida que
ficou conhecido como American Way of Life (estilo de vida
americano), baseado na noção de que o consumo era uma fonte de
felicidade e de reconhecimento do sucesso pessoal, portanto, uma
finalidade de vida. O modelo influenciou a percepção de outros
países sobre o consumo e é possível sentir seus reflexos até hoje. O
consumo era estimulado por meio de propagandas que anunciavam
as novidades do mercado. Eletrodomésticos e automóveis tornaram-
se os principais objetos de desejo de consumo da família
estadunidense, que passou a acreditar que tê-los era sinônimo de
prosperidade e realização pessoal.
ZOOM
A Lei Seca aprovada na década de 1920 foi uma medida conservadora que proibiu o consumo, o transporte e a comercialização de
bebidas alcoólicas nos Estados Unidos com o objetivo de reduzir a violência e aumentar a produtividade dos trabalhadores. Entretanto, as
finalidades não foram alcançadas e o crescimento do consumo de forma ilegal incentivou a formação de organizações criminosas e
provocou o aumento da violência urbana. A lei foi revogada em 1933.
O AMERICAN WAY OF LIFE E
A CULTURA ESTADUNIDENSE
NA DÉCADA DE 1920
Além do estilo de vida, ocorreram outras mudanças na sociedade.
Pode-se destacar a conquista do direito de voto pelas mulheres na
década de 1920, acompanhada de discussões sobre os padrões da
época, como algumas mudanças de comportamento das mulheres,
que apesar de limitadas, ajudaram a alterar alguns padrões sociais
vigentes na época. A produção cultural também passou por
transformações durante esse período. O jazz surgiu nos Estados
Unidos no início do século XX, com base em elementos da religião e
da cultura afrodescendente. Na década de 1920, tornou-se um
símbolo da cultura estadunidense e foi disseminado para outros
lugares do mundo. O jazz influenciou o surgimento de outros
estilos musicais nas décadas seguintes, como o rock and roll nos
AN OCI PRESENTATION 2020
Estados Unidos e a bossa nova no Brasil.
O AMERICAN WAY OF LIFE E A CULTURA ESTADUNIDENSE
NA D É CADA DE 1920
As produções cinematográficas de Hollywood impulsionaram a popularização do cinema. As
salas de cinema multiplicaram-se em todo o território; para se ter ideia de seu alcance, em
1927, eram vendidos em média 60 milhões de bilhetes por semana. Os filmes representavam
e impulsionavam o American Way of Life. O estadunidense Walt Disney (1901-1966) foi um
dos responsáveis pela popularização do cinema, ao produzir personagens que ainda hoje
são referências culturais. O personagem Mickey Mouse, criado em 1928, é um exemplo
desse sucesso. O inventor do personagem contribuiu para a expansão da cultura dos
Estados Unidos na década de 1930 ao viajar pela América Latina, inclusive para o Brasil,
procurando estreitar relações culturais por meio da criação de personagens inspirados na
cultura de países latino-americanos.
AS
CONTRADIÇÕES
DO AMERICAN
WAY OF LIFE
Kux Kux Klan
AS CONTRADIÇÕES DO
AMERICAN WAY OF LIFE
Apesar das mudanças socioculturais ocorridas durante a década de 1920,
muitos grupos sociais ficaram à margem do American Way of Life. No caso das
mulheres, apesar da conquista do direito ao voto, as mudanças
comportamentais foram limitadas e as dificuldades enfrentadas no mercado de
trabalho permaneceram significativas.
A população afrodescendente, por sua vez, não teve suporte depois da abolição
da escravidão (1863) e, desde então, a discriminação racial provocou a
segregação entre brancos e negros. Eles não tinham direito ao voto e viviam em
espaços separados daqueles onde viviam os brancos; moravam em bairros
isolados e não ocupavam os mesmos assentos no transporte público nem
utilizavam os mesmos bebedouros. Nos estados do sul a situação era ainda
mais grave por causa da crença de que os homens brancos eram superiores.
Essa justificativa era utilizada para perseguir afrodescendentes. Em 1910, o Ku
Klux Klan, grupo que surgiu em 1866 com o objetivo de defender a supremacia
branca, voltou a utilizar a violência contra os afrodescendentes. O governo, que
já havia determinado sua extinção em 1871, não conseguiu impedir a sua
reorganização.
AS LEIS DE
SEGREGAÇÃO
As leis de Jim Crow (em inglês, Jim Crow laws) foram leis estaduais e locais que impunham a
segregação racial no sul dos Estados Unidos. Todas essas leis foram promulgadas no final do século
XIX e início do século XX pelas legislaturas estaduais dominadas pelos Democratas após o período da
Reconstrução. As leis foram aplicadas entre 1877 e 1964. Na prática, as leis de Jim Crow exigiam
instalações separadas para brancos e negros em todos os locais públicos nos estados que faziam
parte dos antigos Estados Confederados da América e em outros estados, a partir das décadas de
1870 e 1880. As leis de Jim Crow foram mantidas em 1896 no caso Plessy vs. Ferguson, no qual a
Suprema Corte dos Estados Unidos estabeleceu sua doutrina legal de "separados, mas iguais" para
instalações para afro-americanos. Além disso, a educação pública havia sido essencialmente
segregada desde a sua criação na maior parte do sul após a Guerra de Secessão (1861-1865).
AS CONTRADI ÇÕ ES DO AMERICAN WAY OF LIFE
O retorno de grupos supremacistas provocou, durante a década de 1920, enforcamentos e
espancamentos de afrodescendentes. Na maior parte das vezes as autoridades sabiam da
atuação desses grupos, mas não tomavam atitudes para impedi-los, colaborando para a
violência contra os afrodescendentes. A década de 1920 também foi marcada pela
desigualdade social. A concentração de renda foi uma característica do período. Apenas 1%
da população chegou a concentrar 25% da riqueza produzida no país. O crescimento
econômico não foi acompanhado por uma distribuição equilibrada da riqueza, o que
comprometeu o crescimento do mercado consumidor.
PARADA
OBRIGAT Ó RIA
DA EUFORIA À
CRISE: OS
FATORES QUE
CONTRIBUÍRAM
PARA O COLAPSO
ECONÔMICO
Quinta feira Negra
OS FATORES QUE CONTRIBUÍRAM
PARA O COLAPSO ECONÔMICO
A concentração de renda foi um sinal ignorado de que o crescimento da
economia estadunidense poderia encarar obstáculos no caminho. A produção
crescia aceleradamente e o mercado financeiro mostrava euforia. Entretanto, as
medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos no período pós-guerra
para estimular a indústria nacional desagradaram os países europeus, que
reduziram o consumo de produtos estadunidenses adotando medidas
protecionistas, como a elevação dos impostos. Com o passar do tempo a queda
nas exportações mostrou-se um problema, pois o mercado interno não se
expandiu na mesma velocidade e a produção passou a ser maior do que o
consumo. A agricultura foi o setor mais atingido pela redução das exportações,
uma vez que a ampliação da produção, durante a década de 1920, foi viabilizada
por empréstimos para a compra de máquinas agrícolas. Para arcar com as
dívidas, os agricultores dependiam do lucro gerado pelas exportações. Além
disso, a superprodução levou a uma queda no preço dos produtos e,
consecutivamente, à falência e ao endividamento de muitos fazendeiros. Muitos
camponeses afetados pelo processo de mecanização agrícola deslocaram-se
para as cidades em busca de trabalho, gerando um excedente de trabalhadores
disponíveis no mercado.
Quebra da Bolsa de Nova York
(1929)
QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK (1929)
O descompasso entre a produção e o consumo gerou um excedente de produção. Para evitar a perda de produtos, muitos
empresários optaram pelas promoções e pela redução de custos de produção. As demissões em massa acentuaram-se no
início de 1929, comprometendo o mercado consumidor interno ao mesmo tempo que acontecia o recuo do consumo
europeu. O mercado financeiro também foi afetado. A valorização das empresas estadunidenses atraiu investidores de todo
o mundo, que compraram ações com o objetivo de receber parcelas do lucro das empresas, para vendê-las posteriormente
por um preço maior. A prática é conhecida como especulação financeira. Contudo, à medida que as empresas reduziam os
lucros, o mercado financeiro sofria o impacto com a desvalorização das ações. Muitos investidores, percebendo os
primeiros sintomas da crise, venderam suas ações. O auge da desvalorização ocorreu no dia 24 de outubro de 1929, quando
a Bolsa de Valores de Nova York quebrou, dando início a uma crise econômica de alcance mundial. Rapidamente bilhões de
dólares foram perdidos e milhares de bancos faliram. Incapazes de pagar os empréstimos de seus imóveis, muitas famílias
entregaram suas casas para os bancos, causando uma crise imobiliária.
VOCÊ SABIA?
A crise iniciada em 1929 não foi a pioneira na história do capitalismo; o ineditismo foi seu alcance mundial e o tempo de duração. Por
exemplo, o Pânico de 1873, que afetou os Estados Unidos até 1877, foi uma crise motivada pela superprodução, em razão do aumento da
produção provocado pela melhoria das máquinas e a maior organização do trabalho. Apesar de países europeus também terem
enfrentado uma crise no mesmo período, seu alcance foi limitado.
GRANDE
DEPRESSÃO
(1929-1930)
Mãe coloca seus filhos a venda
Crianças na fila da Sopa
GRANDE DEPRESSÃO (1929-1930)
A redução do crédito, as falências de bancos e empresas e o aumento acelerado do número de desempregados – que alcançou 10% da
população estadunidense nos primeiros anos provocaram uma recessão econômica que arrastou outros países. Em países exportadores
de produtos agrícolas, como o Brasil, a redução das exportações de café acentuou os problemas de superprodução e levou a uma forte
crise econômica. O governo brasileiro, buscando controlar o efeitos da crise, destruiu o excedente de produção para segurar o preço do
café. União Soviética, porém, foi um dos poucos países que não foram duramente afetados pelos efeitos da crise. O fim da NEP, em
1928, representou o fechamento da economia soviética. Estado assumiu o controle da economia, reduzindo os impactos da crise. O
liberalismo econômico passou a ser questionado, abrindo espaço para a expansão de movimentos inspirados no socialismo. Milhões de
desempregados espalhados pelo mundo e um rastro de pobreza e miséria abalaram a crença das pessoas na política e no sistema
econômico. Além disso, a Grande Depressão contribuiu para a consolidação do fascismo e do nazismo na Europa, uma alternativa ao
capitalismo liberal pautada no discurso anticomunista e à política antiliberal.
VOCÊ SABIA?
Em 1929 surgiu a personagem do marinheiro Popeye. Inicialmente, seus superpoderes eram ativados quando ele esfregava suas mãos
em sua galinha mágica. Nos quadrinhos, a personagem sempre aparecia comendo carne. Entretanto, nos anos seguintes, a história
sofreu uma reviravolta, influenciada pelo aprofundamento da crise econômica e o aumento da miséria. O superpoder do marinheiro
passou a ser adquirido quando ele comia espinafre. A estratégia fazia parte do esforço do governo de popularizar o espinafre, uma fonte
de proteína alternativa à carne. A mudança foi um sucesso e o consumo do vegetal cresceu significativamente, impulsionado por
crianças que queriam imitar seu herói.
NEW DEAL E A
RECUPERAÇÃO
DA ECONOMIA
ESTADUNIDENSE
Mãe coloca seus filhos a venda
Franklin Roosevelt
NEW DEAL E A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA
ESTADUNIDENSE
NEW DEAL
As eleições de 1932 para a presidência dos Estados Unidos foram decisivas para os rumos da crise econômica. O presidente
republicano Herbert Hoover (1874-1964) candidatou-se à reeleição. Defensor do liberalismo, Hoover acreditava que o governo deveria
permanecer afastado das questões econômicas. Os democratas, por sua vez, lançaram Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) como
candidato, que venceu as eleições.Sua proposta de governo representou o rompimento com a tradição liberal. Roosevelt apresentou
um plano denominado New Deal, inspirado no economista John Maynard Keynes. O pensador defendia a interferência do Estado para
contornar as distorções do capitalismo. Na prática, o Estado deveria intervir nos momentos de crise, evitando a concentração de renda
e garantindo a manutenção do poder de compra do mercado consumidor e a retomada do setor produtivo. Esse modelo é conhecido
como Estado de bem-estar social (Walfare State).
NEW DEAL E A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA
ESTADUNIDENSE
NEW DEAL
O presidente Roosevelt reorganizou o sistema financeiro, estabelecendo limites para evitar especulação, e concedeu empréstimos para
salvar bancos da falência. As indústrias foram beneficiadas com programas de empréstimo para evitar a queda de preço dos produtos e as
demissões. O governo lançou um programa de obras de infraestrutura para construir aeroportos, hidrelétricas e estradas, que geraram
empregos e colaboraram para reaquecer o setor de construção civil. Para garantir o consumo da população e reduzir a miséria, foram
criados o seguro-desemprego e a pensão para idosos e inválidos. O presidente Roosevelt reorganizou o sistema financeiro, estabelecendo
limites para evitar especulação, e concedeu empréstimos para salvar bancos da falência. As indústrias foram beneficiadas com programas
de empréstimo para evitar a queda de preço dos produtos e as demissões. O governo lançou um programa de obras de infraestrutura para
construir aeroportos, hidrelétricas e estradas, que geraram empregos e colaboraram para reaquecer o setor de construção civil. Para garantir
o consumo da população e reduzir a miséria, foram criados o seguro-desemprego e a pensão para idosos e inválidos.
VOCÊ SABIA?
Os Estados Unidos tornaram-se mais uma vez o palco de uma crise de proporção mundial em 2008. As comparações com a crise iniciada
em 1929 são inevitáveis; entretanto, o contexto da economia mundial no início do século XXI tinha elementos específicos, apesar de a
especulação financeira ser um elemento comum nas duas depressões econômicas. A novidade é que a crise de 2008 começou no setor
imobiliário, que enfrentou uma onda de crescimento acelerado nos anos antecedentes. A principal razão era a facilidade de crédito, que
levou milhões de estadunidenses a contrair empréstimos para comprar imóveis. A inflação avançou e o governo tentou resolver o
problema aumentando a taxa de juros, o que resultou no aumento das parcelas dos financiamentos e na inadimplência. Bancos e
construtoras declararam falência e rapidamente a crise atingiu outros setores da economia e se alastrou por todo o mundo. Para tentar
contornar a situação, o governo estadunidense adotou medidas intervencionistas, salvando bancos e empresas da falência por meio de
empréstimos e incentivos fiscais
PARADA
OBRIGAT Ó RIA