Maicon Mesquita Martins
Cálculo Diferencial e suas aplicações na Teoria
da Análise Marginal
Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil
Maio, 2021
Maicon Mesquita Martins
Cálculo Diferencial e suas aplicações na Teoria da Análise
Marginal
Trabalho de Conclusão de Curso, Matemá-
tica Aplicada Bacharelado, submetido por
Maicon Mesquita Martins junto ao Instituto
de Matemática, Estatística e Física da Uni-
versidade Federal do Rio Grande.
Universidade Federal do Rio Grande - FURG
Instituto de Matemática, Estatística e Física - IMEF
Curso de Matemática Aplicada Bacharelado
Orientador: Dr. Ricardo Leite dos Santos
Coorientador: Dra. Cinthya Maria Schneider Meneghetti
Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil
Maio, 2021
Universidade Federal do Rio Grande
Instituto de Matemática, Estatística e Física
Curso de Matemática Aplicada Bacharelado
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
Cálculo Diferencial e suas aplicações na Teoria da Análise Marginal
elaborado por
Maicon Mesquita Martins
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Bacharel em Matemática
COMISSÃO EXAMINADORA:
Ricardo Leite dos Santos, Dr.
(Presidente/Orientador)
Cinthya Maria Schneider Meneghetti, Dra.
(Coorientadora)
Grasiela Martini, Dra. (FURG)
Adilson Nunes, Dr. (FURG)
Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil
18 de maio de 2021.
Dedico este Trabalho à minha filha Maria Cecília.
Agradecimentos
Agradeço especialmente a Deus por ter saúde e pela oportunidade de poder estar estu-
dando em uma Universidade Federal.
A FURG, especialmente ao IMEF, pela oportunidade de cursar o curso Matemática Apli-
cada, e por me dar o suporte necessário para a minha formação.
Aos meus professores, por me proporcionar os conhecimentos necessários para a escrita
do meu trabalho.
Agradeço os professores da banca, Adilson e Grasiela pelos elogios e sugestões referentes
ao trabalho.
Um agradecimento especial aos meus orientadores Ricardo e Cinthya por toda ajuda,
paciência e ensinamentos. Pois, sem a dedicação deles, certamente não teria concluido
esta etapa da minha formação.
Aos meus colegas, por toda ajuda nos momentos em sala de aula.
E por último, agradeço aos meus familiares por todo o carinho e as palavras de incentivo,
que foram fundamentais para que eu não desistisse desta importante etapa da minha
formação.
Faça o teu melhor, na condição que você tem,
enquanto você não tem condições melhores,
para fazer melhor ainda!
(Mário Sérgio Cortella)
Resumo
O presente Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Matemática Aplicada, com
ênfase em Matemática Aplicada à Economia buscou, por meio de conceitos do Cálculo
Diferencial, estudar aplicações em Economia. Mais precisamente, apresentaremos a Teoria
da Análise Marginal que resolve a questão sobre o aumento de produção ou o preço de
um determinado produto em uma empresa. Também ajuda a decidir as melhores escolhas
para obter o maior lucro. Para auxiliar a visualização e aplicação dos conceitos estudados,
foram utilizados os softwares livres Python e GeoGebra.
Palavras-chaves: Cálculo Diferencial, Teoria da Análise Marginal, Python e GeoGebra.
Abstract
The present Course Conclusion Paper for the Applied Mathematics course, with an
emphasis on Mathematics Applied to Economics, sought, through the concepts of Dif-
ferential Calculus, to study applications in Economics. More precisely, we will present
the Theory of Marginal Analysis that solves the question about the increase in production
or the price of a certain product in a company. It also helps you decide the best choices to
get the biggest profit. To assist the visualization and application of the studied concepts,
the free software Python and GeoGebra were used.
Key-words: Differential Calculus, Theory of Marginal Analysis, Python and GeoGebra.
Sumário
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4 FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.1 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.1.1 Função do Primeiro Grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.1.2 Função do Segundo Grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.1.3 Função Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1.4 Função Polinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.1.5 Função Racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.2 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.3 Cálculo Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.3.1 Tangentes e Derivada no ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.3.2 A Derivada como função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3.3 Regras de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.3.1 Regra da derivada de uma função constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.3.2 Regra da potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.3.3 Regra da multiplicação da derivada por uma constante . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.3.4 Regra da derivada da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.4 Derivada Segunda e Derivada de Ordem Superior . . . . . . . . . . . 30
4.5 Derivada como Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.5.1 Taxa de Variação Instantânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.6 Aplicações das Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.6.1 Valores extremos das funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.6.2 Teorema do valor médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.6.3 Funções monotônicas e o teste da primeira derivada . . . . . . . . . . . . . 34
4.6.4 Concavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.7 Sobre os softwares GeoGebra e Python . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
SUMÁRIO 9
5 FUNDAMENTAÇÃO ECONÔMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.1 Conceituação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.1.1 Função Demanda e Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.2 Função Receita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3 Função Custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.4 Função Lucro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
10
Introdução
A atual situação econômica do Brasil tem causado grandes incertezas para as
empresas em geral, que não se sentem seguras ao investir em novas tecnologias, produtos
e serviços, recuando na hora de aplicar o seu capital. Sendo assim, o profissional de
matemática aplicada, com ênfase em economia, está assumindo um papel de destaque
no mercado de trabalho, uma vez que seus conhecimentos podem ajudar na tomada de
decisão, sobre possíveis investimentos em cenários macro e microeconômicos.
O objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é mostrar para os
leitores a importância de alguns conceitos do Cálculo Diferencial aplicados na Economia.
Serão abordados alguns tópicos do Cálculo Diferencial, por exemplo, limites e derivadas.
Pretende-se ilustrar conceitos da Teoria da Análise Marginal, como o custo, a receita e o
lucro utilizando os softwares livres Python e GeoGebra.
Ao fazer um levantamento sobre o uso dos softwares em relação as aplicações da
matemática na economia, encontra-se uma matéria no site da Universidade de São Paulo
(USP) que deixa evidente algumas possibilidades da contribuição da matemática nesta
área, conforme fica explícito no seguinte trecho:
As novas possibilidades fizeram crescer a demanda por novos modelos
matemáticos capazes de seguir a flexibilidade dos dados e gerar resul-
tados mais confiáveis. Luis Hernando Vanegas Penagos, doutor pelo
Instituto de Matemática e Estatística da USP, utilizou modelos já exis-
tentes para desenvolver um software de código livre que pode ser hoje
utilizado por diversos campos da ciência (JASMINE, 2019).
O autor Vilches (2018), aborda como o Cálculo Diferencial pode ser aplicado na
economia, possibilitando a uma determinada empresa fazer uma melhor análise entre seus
custos, buscando uma maior lucratividade. Segundo o autor:
Em Economia, as funções diferenciáveis são chamadas marginais. O con-
ceito de derivada na Economia é aplicado na chamada Análise Marginal.
A Análise Marginal, essencialmente, estuda o aporte de cada produto
e/ou serviço no lucro das empresas. Ela tenta dar respostas a perguntas
do tipo: é conveniente deixar de produzir um determinado produto já
existente? Que quantidade de um produto, uma empresa deve vender
para continuar produzindo? Quais são os efeitos nos lucros da empresa
quando ocorrem perturbações na demanda de um produto? É conveni-
ente terceirizar? (VILCHES, 2018, p. 291).
No decorrer desse trabalho serão discutidos os seguintes tópicos: objetivos da
pesquisa, revisão bibliográfica, metodologia, fundamentação matemática, fundamentação
econômica, resultados, considerações finais e referências.
Introdução 11
No Capítulo 2 de revisão bibliográfica, apresentaremos uma breve introdução dos
conceitos que serão abordados no trabalho, e uma pesquisa no site da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na busca por trabalhos acadêmicos
que contribuíssem de forma significativa para a elaboração desta pesquisa.
No Capítulo 3 metodologia, estão descritos os caminhos da pesquisa, mostrando
os conceitos que serão utilizados, além de um exemplo nos moldes que serão abordados
no trabalho.
Na fundamentação matemática, serão abordados conceitos e definições sobre as
Funções e o Cálculo Diferencial.
Na fundamentação econômica, serão apresentados alguns conceitos da área da
economia e será feita a articulação entre os conceitos matemáticos e econômicos.
Nos resultados, foram apresentados as articulações entre conceitos do Cálculo Di-
ferencial e da Economia.
Nas considerações finais, são desenvolvidas as contribuições da matemática na
economia para o desenvolvimento da saúde financeira das empresas.
12
1 Objetivos
Neste capítulo estão descritos o objetivo geral e os objetivos específicos desse tra-
balho.
1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é estudar aplicações do Cálculo Diferencial na
Economia.
1.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos do Trabalho de Conclusão do Curso são:
• Estudar os conceitos do Cálculo Diferencial;
• Abordar a teoria da análise marginal;
• Resolver problemas de matemática aplicados à economia utilizando conceitos do
Cálculo Diferencial;
• Utilizar os softwares Python e GeoGebra para auxiliar a visualização e aplicação
dos conceitos estudados;
• Mostrar a importância da Teoria de Análise Marginal na saúde financeira das em-
presas.
13
2 Revisão Bibliográfica
O Cálculo Diferencial é utilizado na resolução de diversos problemas que envolvem
taxas de variação, além de ser uma das principais ferramentas presente em áreas como
economia, engenharia, biologia, entre outras. Conforme Thomas, Weir e Hass (2012, p.
144):
Engenheiros usam os termos velocidade e aceleração para se referir às
derivadas das funções que descrevem o movimento. Os economistas
também possuem um vocabulário específico para taxas de variação e
derivadas. Eles as chamam de marginais.
Este Trabalho de Conclusão de Curso consiste em estudar os conceitos e defini-
ções do Cálculo Diferencial, destacando algumas de suas aplicações na Economia, mais
precisamente a Teoria da Análise Marginal, onde será estudada a receita marginal, que é
a derivada da função receita, o custo marginal, que significa a derivada da função custo e
o lucro marginal, sendo a derivada da função lucro. Como diferencial, serão utlizados os
softwares livres Python e GeoGebra, que irão auxiliar a visualização e aplicação dos con-
ceitos estudados. Os autores Pinho, Vasconcellos e Toneto JR (2017, p. 77) destacam que
a “Análise marginal: representou um instrumento, rapidamente difundido, para explicar
a alocação de determinados recursos escassos entre os usos correntes, com o objetivo de
se chegar a resultados ótimos.”
Buscando fazer uma pesquisa sobre a temática, foi feita uma busca no portal de
periódicos da Capes e em sites. Dentre diversos trabalhos destacam-se três envolvendo o
Cálculo Diferencial com aplicações na Economia.
O artigo científico de Abizai Campos Lima, intitulado “As derivadas e a sua aplica-
ção na Análise Marginal de Custos na Economia” (LIMA, 2016), tem por objetivo mostrar
aos leitores o importante papel do Cálculo Diferencial ao determinar o custo marginal den-
tro das empresas, sendo o custo de se produzir unidades a mais do que foi pretendido.
Sendo assim, o Cálculo Diferencial se referencia como uma ferramenta importante no
plano empresarial.
O artigo científico de Jhonatha Vieira Santos, intitulado “Derivada: Uma Ferra-
menta importante nas resoluções de problemas em economia” (SANTOS, 2013), tem por
finalidade trazer para os seus leitores a aplicação do Cálculo Diferencial em problemas de
economia, mais precisamente na apresentação da função custo marginal, constatando o
importante papel da derivada na área econômica.
A monografia de Wesklemir Lacerda Pereira, intitulada “Aplicação do Cálculo Di-
ferencial, em especial as derivadas na economia e administração” (PEREIRA, 2012), tem
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 14
como principal objetivo estudar os conceitos e definições das derivadas e suas aplicações
na matemática financeira, visando levar aos economistas e administradores as ferramen-
tas do Cálculo que irão os auxiliar na resolução dos problemas financeiros da empresa,
chegando ao seu principal objetivo, o lucro.
Estas pesquisas aproximam-se da temática que será abordada neste trabalho, pois
apresentam as ferramentas do Cálculo Diferencial utilizadas na resolução dos problemas
em economia, com ênfase nos problemas de análise marginal.
15
3 Metodologia
Neste capítulo será apresentada a metodologia do trabalho. Inicialmente, serão
retomados os conceitos matemáticos necessários para a compreensão dos exemplos de
aplicação discutidos no trabalho. Em seguida, ocorrerá a apresentação da fundamentação
econômica que é essencial para o entendimento desses exemplos. Ao longo do traba-
lho também está inserida uma breve discussão sobre a escolha dos softwares Python e
GeoGebra utilizados para ilustrar os conceitos apresentados.
No decorrer da pesquisa serão apresentados os seguintes conceitos que serão uti-
lizados no trabalho: Funções; Limite de uma função; Cálculo Diferencial; Aplicações do
Cálculo Diferencial; Teoria da análise marginal (função custo, função receita e a função
lucro).
Segundo os autores, o custo marginal da produção é a taxa de variação do custo
total em relação ao nível de produção, isto é, a derivada da função custo 𝑐(𝑥) em relação
a quantidade a ser produzida 𝑥. A receita total ou rendimento da venda é o faturamento
obtido com a venda de um certo produto ou serviço.
Os economistas algumas vezes representam uma função de custo total com um
polinômio. Por exemplo, no caso de um polinômio cúbico
𝑐(𝑥) = 𝛼𝑥3 + 𝛽𝑥2 + 𝛾𝑥 + 𝛿,
com 𝛼, 𝛽, 𝛾, 𝛿 ∈ R, onde 𝛿 representa os custos fixos, como aluguel, aquecimento cen-
tral, capitalização de equipamentos e gestão de custos. Os outros termos representam
custos variáveis, como aqueles com matéria-prima, impostos e mão de obra. Os custos
fixos são independentes do número de unidades produzidas, enquanto os custos variáveis
dependem da quantidade produzida. Em geral, um polinômio é indicado para captar o
comportamento de custos em um intervalo de valores realistas.
Vejamos um exemplo retirado do livro: Cálculo, Volume 1 dos autores Thomas,
Weir e Hass (2012, p. 145). O exemplo auxilia a compreensão dos conceitos da área da
economia que são necessários para o desenvolvimento de sua resolução e interpretação dos
resultados obtidos.
Exemplo 1. Suponha que o custo seja
𝑐(𝑥) = 𝑥3 − 6𝑥2 + 15𝑥
dólares para produzir 𝑥 aquecedores quando são produzidas de 8 a 30 unidades e que
𝑟(𝑥) = 𝑥3 − 3𝑥2 + 12𝑥
Capítulo 3. Metodologia 16
represente a receita da venda de 𝑥 aquecedores. Sua loja produz 10 aquecedores por dia.
Qual será o custo adicional aproximado para produzir um aquecedor a mais por dia e qual
será o aumento estimado no rendimento da venda de 11 aquecedores por dia?
A partir de conceitos do cálculo diferencial é possível estimar o custo adicional. Ele
será de 195 dólares. A função rendimento marginal estima o aumento no rendimento como
resultado da venda de uma unidade adicional. Se você vende atualmente 10 aquecedores
por dia, pode esperar que seu rendimento aumente para em torno de 252 dólares, se a
venda aumentar para 11 aquecedores por dia. Para obter essa estimativa, novamente são
usados conceitos do cálculo diferencial.
O cálculo das derivadas efetuado no Exemplo 1 pode ser feito por meio do aplicativo
de linguagem de programação Python online (https://live.sympy.org/), conforme a Figura
1:
Figura 1 – Cálculo de derivadas
Fonte: Acervo pessoal
Com o passar dos anos, os softwares vem sendo cada vez mais utilizados pelos
estudantes e profissionais de diversas áreas, como matemática e economia, pois facilita na
resolução dos cálculos, apresentação dos gráficos, entre outras utilidades. Nesse sentido, o
softwares livres Python e GeoGebra contribuem na visualização e aplicação dos conceitos.
No próximo capítulo está a fundamentação matemática necessária para que seja
possível desenvolver com detalhes a resolução de situações problema como a que foi enun-
ciada no Exemplo 1.
17
4 Fundamentação Matemática
Neste capítulo serão abordados conceitos e definições sobre as funções, os limites e
o Cálculo Diferencial. Para fundamentar a discussão desta seção, trago como referência os
seguintes autores: Thomas, Weir e Hass (2012), Murolo e Bonetto (2011) e Leite (2015).
4.1 Funções
Por Thomas, Weir e Hass (2012), funções são ferramentas que descrevem o mundo
real em termos matemáticos. Uma função pode ser representada por uma equação, um
gráfico, uma tabela numérica ou uma descrição verbal.
Definição 1. Uma função 𝑓 de um conjunto 𝐷 para um conjunto 𝑌 é uma regra que
associa um único elemento 𝑓 (𝑥) ∈ 𝑌 a cada elemento 𝑥 ∈ 𝐷.
O conjunto 𝐷 é chamado de domínio da função 𝑓 e esse conjunto possui todos os
valores de entradas possíveis. Se 𝑥 varia ao longo do conjunto 𝐷, então chamamos de
imagem de uma função o conjunto de todos os valores de 𝑓 (𝑥). Para algumas funções,
a imagem pode não incluir todos os elementos do conjunto 𝑌 . Cabe ressaltar que, neste
trabalho, serão usadas em geral as funções polinomiais.
Definição 2. Seja 𝑓 uma função definida em um intervalo 𝐼 e 𝑥1 e 𝑥2 sejam dois pontos
em 𝐼.
1. Se 𝑓 (𝑥2 ) > 𝑓 (𝑥1 ) sempre que 𝑥1 < 𝑥2 , então diz-se que 𝑓 é crescente em 𝐼.
2. Se 𝑓 (𝑥2 ) < 𝑓 (𝑥1 ) sempre que 𝑥1 < 𝑥2 , então diz-se que 𝑓 é decrescente em 𝐼.
Da Definição 2, podemos concluir que, se o gráfico de uma função sobe ou aumenta
enquanto você segue da esquerda para a direita, dizemos que a função é crescente. Se
o gráfico desce ou diminui enquanto você segue da esquerda para a direita, a função é
decrescente no intervalo considerado.
De acordo com Murolo e Bonetto (2011), na análise de fenômenos econômicos,
muitas vezes usamos as funções matemáticas para descrevê-los e interpretá-los. Nesse
sentido, as funções matemáticas são usadas como ferramentas que auxiliam na resolução
de problemas ligados a administração de empresas.
Com o objetivo de exemplificar os diferentes tipos de funções, elas serão divididas
em seções específicas, para um melhor entendimento do leitor.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 18
4.1.1 Função do Primeiro Grau
A função polinomial do primeiro grau, também conhecida por função afim, tem
suas aplicações voltadas para diversas áreas de conhecimento, especialmente no estudo
dos conceitos de taxa de variação. A função afim é uma ferramenta muito utilizada por
economistas no estudo das funções receita, custo e lucro, e também pelos estatísticos no
estudo dos Métodos dos Mínimos Quadrados.
Definição 3. A função do primeiro grau, também chamada de função afim, é dada por
𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏
com 𝑎, 𝑏 ∈ R e 𝑎 ̸= 0. O domínio e a imagem dessa função é todo o conjunto dos números
reais.
O coeficiente angular 𝑎 é simplesmente a taxa de variação da variável dependente
𝑦, em relação à variável independente 𝑥, e pode ser calculado pela razão
variação em 𝑦 Δ𝑦
𝑎= = .
variação em 𝑥 Δ𝑥
Sabemos que 𝑎 é a taxa de variação da função, que representa a taxa de crescimento
ou decrescimento da função, já 𝑏, representa o coeficiente linear, o que graficamente nos
mostra o ponto (0, 𝑏) em que o gráfico da função intercepta o eixo 𝑦.
De fato, fazendo 𝑥 = 0 e substituindo na função do primeiro grau obtemos,
𝑦 = 𝑓 (0) = 𝑎.0 + 𝑏
isto implica que 𝑦 = 𝑏.
Como 𝑎 nos dá basicamente a inclinação da reta, estudamos de duas maneiras o
comportamento desta reta, sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 < 0.
Se 𝑎 > 0, temos uma taxa de variação positiva, logo a função é crescente, pois
quanto maior for o valor de 𝑎, maior será a inclinação desta reta.
Se 𝑎 < 0, temos uma taxa de variação negativa, logo a função é decrescente.
O gráfico da função do primeiro grau, no caso crescente e também decrescente,
pode ser visto na Figura 2.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 19
Figura 2 – Gráficos de funções do primeiro grau
Fonte: Elaborado pelo autor
4.1.2 Função do Segundo Grau
O estudo do gráfico de uma função do segundo grau é muito importante para
determinar o vértice de uma parábola, pois com ele conseguimos determinar os valores de
máximo, mínimo, intervalos de crescimento e decrescimento dessa função.
Definição 4. Uma função do segundo grau é dada por
𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐,
com 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ R e 𝑎 ̸= 0. O domínio e o contradomínio dessa função é o conjunto dos
números reais.
O gráfico da função do segundo grau é representado por uma parábola de conca-
vidade voltada para cima ou para baixo, isto depende do valor do coeficiente 𝑎.
Se 𝑎 > 0, então temos uma concavidade voltada para cima e se 𝑎 < 0, temos a
concavidade voltada para baixo, já o termo independente 𝑐, mostra o ponto (0, 𝑐) em que
a parábola corta o eixo 𝑦, pois fazendo 𝑥 = 0 e substuindo na função do segundo grau
obtemos,
𝑦 = 𝑓 (0) = 𝑎 · 02 + 𝑏 · 0 + 𝑐,
ou seja, 𝑦 = 𝑐.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 20
Para encontrar os pontos em que a parábola corta o eixo 𝑥 precisamos encontrar
as raízes da função do segundo grau, ou seja, resolver a equação 𝑦 = 0. Para isso, usamos
a conhecida fórmula para determinar as raízes de uma equação do segundo grau, também
chamada de fórmula de Bhaskara. Logo, se temos
𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐,
as raízes são dadas por: √
−𝑏 ± 𝑏2 − 4𝑎𝑐
𝑥= .
2𝑎
Na fórmula de Bhaskara, temos o discriminante Δ = 𝑏2 − 4𝑎𝑐, ao calcularmos o
valor dele conseguimos determinar o número de raízes ou pontos em que a parábola corta
o eixo 𝑥, assim temos três possibilidades, quando Δ > 0, Δ < 0 e Δ = 0.
Se Δ > 0, temos duas raízes reais distintas, ou seja, temos dois pontos em que a
parábola corta o eixo 𝑥.
√ √
−𝑏 + 𝑏2 − 4𝑎𝑐 −𝑏 − 𝑏2 − 4𝑎𝑐
𝑥1 = , 𝑥2 = .
2𝑎 2𝑎
Se Δ = 0, temos duas raízes reais iguais,
𝑏
𝑥=− .
2𝑎
Se Δ < 0, não existem raízes reais, ou seja, a parábola não corta o eixo 𝑥.
Para calcular o vértice da parábola utilizamos a seguinte expressão:
(︃ )︃
𝑏 Δ
𝑉 = (𝑥𝑣 , 𝑦𝑣 ) = − , − .
2𝑎 4𝑎
Observe que o vértice é o ponto de maior (ou menor) altura da parábola. Com
Δ
isso, podemos concluir que se 𝑎 > 0, então a imagem da parábola é [− 4𝑎 , +∞) e se 𝑎 < 0,
Δ
então a imagem é (−∞, − 4𝑎 ].
Na Figura 3 é possível visualizar geometricamente cada uma das três possibilidades
para Δ, quando 𝑎 > 0.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 21
Figura 3 – Gráficos de funções do segundo grau (𝑎 > 0).
Fonte: Elaborado pelo autor
4.1.3 Função Potência
Conforme Murolo e Bonetto (2011), uma das aplicações das funções potências é
a análise de situações em que se vinculam quantidades produzidas de insumos utilizadas
no processo de produção.
Definição 5. Uma função potência é dada por
𝑓 (𝑥) = 𝑘 · 𝑥𝑛
com 𝑘, 𝑛 constantes e 𝑘 ̸= 0.
Neste momento vamos estudar o comportamento da função potência de duas ma-
neiras, as com expoente inteiro, positivo e par (𝑛 = 2𝑡, 𝑡 ∈ N) e as com expoente inteiro,
positivo e ímpar (𝑛 = 2𝑡 − 1, 𝑡 ∈ N).
Observe que, as potências ímpares, quando 𝑘 > 0, são funções crescentes para
todos os valores do domínio e seus gráficos são simétricos em relação à origem. Notamos
ainda que, para 𝑥 < 0, os gráficos tem concavidade voltada para baixo para 𝑦 = 𝑥2𝑡−1 .
Já, quando 𝑥 > 0, a concavidade é voltada para cima.
Já as potências pares, quando 𝑘 > 0, são funções crescentes para 𝑥 > 0, funções
decrescentes para 𝑥 < 0, seus gráficos tem o formato de ∪ e são simétricos em relação ao
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 22
eixo 𝑦. Nesse caso, notamos que a concavidade do gráfico é voltada para cima em todo
𝑥 ∈ R.
Existem mais exemplos de funções potências que neste momento não serão abor-
1
dadas no trabalho. As funções potências fracionárias e positivas (𝑦 = 10𝑥 2 ), e potências
inteiras negativas (𝑦 = 25𝑥−1 ), por exemplo, não serão abordadas no trabalho.
4.1.4 Função Polinomial
A função polinomial é basicamente o que vimos até o momento nas funções de
primeiro e segundo grau e também na função potência, o que muda agora é em relação
ao grau da função, pois diferente das demais, a função polinomial é de grau 𝑛 (𝑛 ∈ N).
Para Murolo e Bonetto (2011), a função polinomial é muito utilizada em problemas
que envolvem o estudo da produção em relação a utilização de insumos. Situações como
o estudo da receita, custo e lucro, agora com o estudo da função polinomial poderão ser
estudadas de maneira mais ampla, pois serão utilizadas funções de grau superior a 2.
Definição 6. Uma função polinomial de grau 𝑛 é dada por
𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑛 𝑥𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥𝑛−1 + · · · + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 ,
em que 𝑛 é um número natural e 𝑎𝑛 ̸= 0.
O domínio e o contradomínio de uma função polinomial de grau 𝑛 é o conjunto
dos números reais.
Alguns exemplos são:
𝑦 = 𝑥4 − 6𝑥3 + 2𝑥2 + 12𝑥 + 1 (grau 4)
𝑦 = 2𝑥3 − 𝑥2 + 𝑥 − 12 (grau 3)
𝑦 = −𝑥2 + 𝑥 − 12 (grau 2)
𝑦 = 𝑥 − 12 (grau 1)
Na Figura 4 encontra-se um exemplo de gráfico de função polinomial de grau 4.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 23
Figura 4 – Gráfico de 𝑦 = 𝑥4 − 6𝑥3 + 2𝑥2 + 12𝑥 + 1
Fonte: Elaborado pelo autor
4.1.5 Função Racional
A função racional é determinada através da divisão de duas funções polinomiais,
esta função também aparece muito em modelos nas áreas administrativas e econômicas.
Definição 7. Uma função racional é um quociente ou razão 𝑓 (𝑥) = 𝑝(𝑥)
𝑞(𝑥)
, onde 𝑝 e 𝑞 são
polinômios. O domínio de uma função racional é o conjunto de todos os números reais 𝑥
para os quais 𝑞(𝑥) ̸= 0.
Um exemplo de função racional é:
𝑥2 − 4
𝑓 (𝑥) = .
𝑥−2
Qualquer função construída a partir de polinômios por meio de operações algébricas (adi-
ção, subtração, multiplicação, divisão ou extração de raízes) é enquadrada na classe das
funções algébricas.
4.2 Limites
Nesta seção serão ilustrados o conceito Limite, algumas definições e exemplos que
serão necessários para um melhor entendimento do Cálculo Diferencial que será abordado
na próxima seção deste trabalho.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 24
Para Thomas, Weir e Hass (2012), o conceito de um limite é fundamental para
determinar a velocidade de um objeto em movimento e a tangente de uma curva. Os
limites surgem quando encontramos a taxa de variação instantânea de uma função ou a
tangente de uma curva.
Nos limites procuramos estudar o comportamento da função próximo a um deter-
minado ponto, em alguns casos ao avaliar uma função no determinado ponto podemos
chegar em uma indeterminação, uma divisão por zero.
Segue um exemplo de como avaliamos o comportamento de uma função próximo
a um ponto, só que não podemos avaliar diretamente a função nesse ponto.
𝑥2 − 4
𝑓 (𝑥) = .
𝑥−2
Definimos 𝑓 para qualquer número real 𝑥, exceto 𝑥 = 2, pois para qualquer 𝑥 ̸=
2 podemos simplificar a função fatorando o numerador e posteriormente cancelando os
fatores comuns:
(𝑥 − 2)(𝑥 + 2)
𝑓 (𝑥) = = 𝑥 + 2,
(𝑥 − 2)
para 𝑥 ̸= 2.
O gráfico da função 𝑓 é a reta 𝑦 = 𝑥 + 2, com exceção do ponto (2, 4), pois 𝑓 (2)
não está definida. No entanto, note que podemos deixar o valor de 𝑓 (𝑥) tão próximo
quanto quisermos de 4 ao escolher 𝑥 próximo o suficiente de 2, como podemos observar
na Figura 5. Por isso, dizemos que o limite da função 𝑓 , quando 𝑥 tende a 2, é 4.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 25
𝑥2 −4
Figura 5 – Gráfico de 𝑓 (𝑥) = 𝑥−2
.
Fonte: Elaborado pelo autor
Informalmente, Thomas, Weir e Hass (2012, p. 62) definem o limite de uma função
da seguinte forma:
Suponha que 𝑓 seja definida em um intervalo aberto em torno de 𝑥0 ,
exceto, possivelmente, no próprio 𝑥0 . Se 𝑓 está arbitrariamente próxima
a 𝐿 (tão próxima de 𝐿 quanto queiramos) para todo 𝑥 próximo o sufici-
ente de 𝑥0 , dizemos que 𝑓 se aproxima do limite 𝐿 quando 𝑥 se aproxima
de 𝑥0 , e escrevemos
lim 𝑓 (𝑥) = 𝐿
𝑥→𝑥0
que lemos como “o limite de 𝑓 (𝑥) quando 𝑥 tende a 𝑥0 é 𝐿”.
Exemplo 2. (a) Se 𝑓 é a função constante, ou seja, 𝑓 (𝑥) = 𝑐, para todo número 𝑥 real,
então 𝑥→𝑥 lim 𝑐 = 𝑐, qualquer que seja o número real 𝑥0 ;
lim 𝑓 (𝑥) = 𝑥→𝑥
0 0
(b) Se 𝑓 é a função identidade, ou seja, 𝑓 (𝑥) = 𝑥, para todo número 𝑥 real, então
lim 𝑓 (𝑥) = lim 𝑥 = 𝑥0 , qualquer que seja o número real 𝑥0 .
𝑥→𝑥0 𝑥→𝑥0
Para calcular limites de funções que são combinações aritméticas de funções que
possuem limites conhecidos, podemos utilizar diversas regras simples, as quais vamos
enunciar abaixo. A demonstração de algumas dessas regras pode ser vista na Seção 2.3
de Thomas, Weir e Hass (2012).
Sejam 𝑓, 𝑔 funções reais e 𝐿, 𝑀, 𝑐 e 𝑘 números reais tais que:
lim 𝑓 (𝑥) = 𝐿 e lim 𝑔(𝑥) = 𝑀.
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 26
Então,
lim(𝑓 (𝑥) ± 𝑔(𝑥)) = 𝐿 ± 𝑀 ;
1. Regra da Adição/Subtração: 𝑥→𝑐
lim(𝑘 · 𝑓 (𝑥)) = 𝑘 · 𝐿;
2. Regra da multiplicação por uma constante: 𝑥→𝑐
lim(𝑓 (𝑥) · 𝑔(𝑥)) = 𝐿 · 𝑀 ;
3. Regra do Produto: 𝑥→𝑐
4. Regra do Quociente: lim 𝑓𝑔(𝑥)
(𝑥)
= 𝐿
𝑀
, 𝑀 ̸= 0;
𝑥→𝑐
5. Regra da Potenciação: lim[𝑓 (𝑥)]𝑛 = 𝐿𝑛 , 𝑛 é um inteiro positivo;
𝑥→𝑐
√︁ √
6. Regra da Raiz: lim 𝑛 𝑓 (𝑥) = 𝑛 𝐿, 𝑛 é um inteiro positivo.
𝑥→𝑐
(Se 𝑛 for um número par, suporemos que 𝐿 > 0.)
Utilizando os resultados do Exemplo 2 e as regras supracitadas, podemos calcular
os seguintes limites.
(a) lim 𝑥3 − 2𝑥2 + 6 = lim 𝑥3 − lim 2𝑥2 + lim 6 (regra da adição/subtração)
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐 𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
3 2
= (lim 𝑥) − 2(lim 𝑥) + lim 6 (produto e mult. por constante)
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
= 𝑐3 − 2𝑐2 + 6 (Exemplo 2)
𝑥4 + 2𝑥3 − 3𝑥 lim 𝑥4 + 2𝑥3 − 3𝑥
𝑥→𝑐
(b) lim = (regra do quociente)
𝑥→𝑐 𝑥2 + 1 lim 𝑥2 + 1
𝑥→𝑐
lim 𝑥4 + lim 2𝑥3 − lim 3𝑥
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
= 2
(regra da adição/subtração)
lim 𝑥 + lim 1
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
(lim 𝑥)4 + 2(lim 𝑥)3 − 3 lim 𝑥
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
= 2
(produto e mult. por constante)
(lim 𝑥) + lim 1
𝑥→𝑐 𝑥→𝑐
4 3
𝑐 + 2𝑐 − 3𝑐
= (Exemplo 2)
𝑐2 + 1
Um outro conceito importante e que será necessário para o entendimento de alguns
resultados que serão enunciados a frente, é o de continuidade de uma função. Segundo
Thomas, “Intuitivamente, qualquer função 𝑦 = 𝑓 (𝑥) cujo gráfico possa ser esboçado sobre
seu domínio em um movimento contínuo, sem levantar o lápis, é um exemplo de função
contínua.” (THOMAS; WEIR; HASS, 2012, p. 87).
De forma sucinta, uma função 𝑦 = 𝑓 (𝑥) é contínua em um ponto 𝑥 = 𝑐 de seu
domínio se satisfaz a seguinte condição:
lim 𝑓 (𝑥) = 𝑓 (𝑐).
𝑥→𝑐
Note que devem ocorrer dois fatos: existir o lim 𝑓 (𝑥) e o valor desse limite for 𝑓 (𝑐).
𝑥→𝑐
Dizemos que uma função é contínua em um intervalo, se for contínua em todos os pontos
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 27
desse intervalo. A definição precisa de continuidade pode ser vista em Thomas, Weir e
Hass (2012).
2
Exemplo 3. A função racional 𝑦 = 𝑥 𝑥−3
−𝑥−6
é contínua em todos os pontos do seu domínio,
ou seja, em R − {3}. Vale observar que alguns autores, como Leithold (1994), consideram
a função como descontínua em 𝑥 = 3.
Observe ainda que, as funções polinomiais 𝑦 = 𝑎𝑛 𝑥𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥𝑛−1 + · · · + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 ,
que são os objetos de estudo deste trabalho, são contínuas em todo o seu domínio, pois
claramente satisfazem as duas condições listadas acima.
4.3 Cálculo Diferencial
Nesta seção, vamos abordar mais conceitos do Cálculo Diferencial que serão im-
portantes para o desenvolvimento deste trabalho.
De acordo com Thomas, Weir e Hass (2012), a derivada é uma das ideias fun-
damentais em cálculo e é utilizada para resolver uma ampla gama de problemas que
envolvem tangentes e taxas de variação.
4.3.1 Tangentes e Derivada no ponto
Nesta seção, vamos definir a derivada de uma função em um ponto, mas primeiro
precisamos definir o coeficiente angular e a tangente em uma curva em um ponto. Mais
adiante vamos estudar a interpretação da derivada como taxa instantânea de variação de
uma função.
Para determinar uma tangente em uma curva arbitrária 𝑦 = 𝑓 (𝑥) em um ponto
𝑃 (𝑥0 , 𝑓 (𝑥0 )), precisamos calcular o coeficiente angular da reta secante que passa por este
ponto 𝑃 e por um ponto próximo 𝑄(𝑥0 + ℎ, 𝑓 (𝑥0 + ℎ)) com ℎ diferente de zero. Em
seguida, verificamos a existência do limite (coeficiente angular) quando ℎ tende a zero.
Caso exista, o chamamos de coeficiente angular da curva em 𝑃 e definimos a tangente em
𝑃 como a reta que passa por 𝑃 e que tem esse coeficiente angular.
Definição 8. O coeficiente angular da curva 𝑦 = 𝑓 (𝑥) no ponto 𝑃 (𝑥0 , 𝑓 (𝑥0 )) é o número
𝑓 (𝑥0 + ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
𝑚 = lim ,
ℎ→0 ℎ
desde que o limite exista. A reta tangente à curva em 𝑃 é a que passa por 𝑃 com esse
coeficiente angular.
Agora através da seguinte expressão podemos definir taxa de variação como a
derivada em um ponto:
𝑓 (𝑥0 + ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
, com ℎ ̸= 0,
ℎ
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 28
expressão essa chamada de quociente da diferença de 𝑓 em 𝑥0 com incremento ℎ.
Definição 9. A derivada de uma função 𝑓 em um ponto 𝑥0 , denotada por 𝑓 ′ (𝑥0 ), é
𝑓 (𝑥0 + ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
𝑓 ′ (𝑥0 ) = lim ,
ℎ→0 ℎ
desde que o limite exista.
Assim, vimos que ao analisar a derivada da função linear 𝑓 (𝑥) = 𝑚𝑥 + 𝑏 em
qualquer ponto 𝑥0 , será simplesmente o coeficiente angular da reta, de modo que 𝑓 ′ (𝑥0 ) =
𝑚, sendo esse um caso particular da Definição 8.
4.3.2 A Derivada como função
Na seção anterior definimos a derivada no ponto, agora vamos a analisar a derivada
como uma função deduzida de 𝑓 , considerando o limite em cada ponto 𝑥 no domínio de
𝑓.
Definição 10. A derivada de uma função 𝑓 (𝑥) em relação a variável 𝑥 é a função 𝑓 ′ ,
cujo valor em 𝑥 é
𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥)
𝑓 ′ (𝑥) = lim
ℎ→0 ℎ
desde que o limite exista.
De acordo com Thomas, Weir e Hass (2012), usamos a notação 𝑓 (𝑥) na definição
para enfatizar a variável independente 𝑥 em relação a qual a função derivada 𝑓 ′ (𝑥) que
está sendo definida. O domínio de 𝑓 ′ é o conjunto de todos os pontos do domínio de 𝑓
para qual o limite existe, o que significa que o domínio pode ser o mesmo ou menor que
o domínio de 𝑓 . Se 𝑓 ′ existe em um determinado 𝑥 dizemos que 𝑓 é derivável em 𝑥. Se
𝑓 ′ existe em cada ponto do domínio de 𝑓 , chamamos 𝑓 derivável.
Uma notação muito utilizada no processo de derivação (calcular derivada) da fun-
ção 𝑦 = 𝑓 (𝑥) é a seguinte:
𝑑
𝑓 (𝑥).
𝑑𝑥
Existem mais algumas notações utilizadas para a derivada da função 𝑦 = 𝑓 (𝑥), em
que a variável independente é 𝑥 e a variável dependente é 𝑦, são elas
𝑑𝑦 𝑑
𝑓 ′ (𝑥) = 𝑦 ′ = = 𝑓 (𝑥) = 𝐷(𝑓 )(𝑥) = 𝐷𝑥 𝑓 (𝑥).
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Agora na próxima seção onde vamos estudar as regras de derivação, veremos alguns
exemplos de como derivar uma função.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 29
4.3.3 Regras de derivação
Nesta seção vamos definir cada regra de derivação e mostrar com exemplos a
melhor maneira de encontrar a derivada de uma função 𝑦 = 𝑓 (𝑥). Sabemos que existem
diversos métodos de derivação, mas vamos citar apenas aqueles que serão utilizadas neste
trabalho. Sendo estes, a regra da derivada de uma função constante, a regra da potência,
a regra da multiplicação da derivada por uma constante e a regra da derivada da soma.
4.3.3.1 Regra da derivada de uma função constante
A derivada da função constante é a função nula.
Se 𝑓 tem o valor constante 𝑓 (𝑥) = 𝑐, então
𝑑𝑓 (𝑥) 𝑑
= (𝑐) = 0
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplo 4. Se 𝑓 (𝑥) = 10, então
𝑑𝑓 (𝑥) 𝑑
= (10) = 0.
𝑑𝑥 𝑑𝑥
4.3.3.2 Regra da potência
Se 𝑛 for qualquer número real, então:
𝑑 𝑛
𝑥 = 𝑛𝑥𝑛−1 .
𝑑𝑥
para todo 𝑥 em que as potências 𝑥𝑛 e 𝑥𝑛−1 forem definidas.
Exemplo 5. Se 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 , então
𝑑 2
𝑥 = 2𝑥2−1 = 2𝑥.
𝑑𝑥
4.3.3.3 Regra da multiplicação da derivada por uma constante
Se 𝑢 for uma função derivável de 𝑥, e 𝑐 for uma constante, então:
𝑑 𝑑𝑢
(𝑐𝑢) = 𝑐 .
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Em particular, se 𝑛 for qualquer número real, então:
𝑑
(𝑐𝑥𝑛 ) = 𝑐𝑛𝑥𝑛−1 .
𝑑𝑥
Exemplo 6. Se 𝑓 (𝑥) = 5𝑥3 , então
𝑑
(5𝑥3 ) = 5.3𝑥3−1 = 15𝑥2 .
𝑑𝑥
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 30
4.3.3.4 Regra da derivada da soma
A derivada da soma de duas funções deriváveis é a soma de suas derivadas. Lem-
brando que a derivada do negativo de uma função derivável é o negativo da derivada da
função.
Definição 11. Se 𝑢 e 𝑣 são funções deriváveis de 𝑥, então a soma de 𝑢 + 𝑣 é derivável
em qualquer ponto em que 𝑢 e 𝑣 sejam deriváveis. Em tais pontos,
𝑑 𝑑𝑢 𝑑𝑣
(𝑢 + 𝑣) = + .
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplo 7. Seja 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 + 2𝑥. Temos 𝑢 = 𝑥2 e 𝑣 = 2𝑥, logo
𝑑 𝑑 2 𝑑
(𝑢 + 𝑣) = (𝑥 ) + (2𝑥) = 2𝑥2−1 + 2𝑥1−1 = 2𝑥 + 2𝑥0 = 2𝑥 + 2.
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Exemplo 8. Seja 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 − 2𝑥. Temos 𝑢 = 𝑥2 e 𝑣 = −2𝑥, logo
𝑑 𝑑 2 𝑑
(𝑢 + 𝑣) = (𝑥 ) + (−2𝑥) = 2𝑥2−1 − 2𝑥1−1 = 2𝑥 − 2𝑥0 = 2𝑥 − 2.
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
4.4 Derivada Segunda e Derivada de Ordem Superior
De acordo com Thomas, Weir e Hass (2012), e pela Definição 10, se 𝑦 = 𝑓 (𝑥) é
uma função derivável, então a sua derivada 𝑓 ′ (𝑥) também é uma função. Se 𝑓 ′ (𝑥) também
for derivável, pode-se derivar 𝑓 ′ para obter uma nova função de 𝑥 denotada por 𝑓 ′′ . Logo,
𝑓 ′′ = (𝑓 ′ )′ . A função 𝑓 ′′ é chamada de segunda derivada de 𝑓 .
Segue algumas notações,
𝑑𝑦 ′
(︃ )︃
′′ 𝑑2 𝑦 𝑑 𝑑𝑦
𝑓 (𝑥) = 2 = = = 𝑦 ′′ = 𝐷2 (𝑓 )(𝑥) = 𝐷𝑥2 𝑓 (𝑥).
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
O mesmo acontece ao calcular as próximas derivadas, a Terceira Derivada 𝑦 ′′′ , a
Quarta Derivada 𝑦 (4) e assim sucessivamente, até chegarmos a 𝑛-ésima derivada.
Exemplo 9. Se 𝑦 = 𝑓 (𝑥) = 𝑥4 + 2𝑥3 + 𝑥2 + 3𝑥 + 2, então temos:
• Primeira Derivada: 𝑦 ′ = 4𝑥3 + 6𝑥2 + 2𝑥 + 3
• Segunda Derivada: 𝑦 ′′ = 12𝑥2 + 12𝑥 + 2
• Terceira Derivada: 𝑦 ′′′ = 24𝑥 + 12
• Quarta Derivada: 𝑦 (4) = 24
• Quinta Derivada: 𝑦 (5) = 0.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 31
Note que a partir da quinta derivada no Exemplo 9 os resultados serão sempre
zero. Podemos observar que, se 𝑦 = 𝑓 (𝑥) é uma função polinomial de grau 𝑛, então as
derivadas de ordem maior que 𝑛 são nulas.
4.5 Derivada como Taxa de Variação
Podemos interpretar a derivada como taxa de variação de uma função 𝑦 = 𝑓 (𝑥)
em cada ponto.
4.5.1 Taxa de Variação Instantânea
Para Thomas, Weir e Hass (2012), se interpretarmos a razão incremental
𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥)
ℎ
como a taxa de variação média em 𝑓 durante o intervalo de 𝑥 a 𝑥+ℎ, podemos interpretar
seu limite quando ℎ tende a zero como a taxa de variação de 𝑓 no ponto 𝑥.
Definição 12. A taxa de variação instantânea de 𝑓 em relação a 𝑥, em 𝑥 = 𝑥0 , é a
derivada
𝑓 (𝑥0 + ℎ) − 𝑓 (𝑥0 )
𝑓 ′ (𝑥0 ) = lim ,
ℎ→0 ℎ
desde que o limite exista.
Sendo assim, as taxas intantâneas são limites das taxas médias. Usa-se o adje-
tivo instantâneo mesmo quando 𝑥 não apresenta tempo. Logo, quando dizemos taxa de
variação, consequentemente diremos taxa de variação instantânea.
4.6 Aplicações das Derivadas
Nesta seção, vamos mostrar algumas aplicações do Cálculo Diferencial, lembrando
que algumas demonstrações dos teoremas que serão abordados nesta seção podemos en-
contrar no livro do Thomas, Weir e Hass (2012).
4.6.1 Valores extremos das funções
Nesta seção vamos estudar os valores extremos de uma função (máximos e míni-
mos), a partir de sua derivada. Esta aplicação é muito importante para as derivadas, pois
ajuda a resolver diversos problemas de otimização.
Definição 13. Seja 𝑓 uma função de domínio 𝐷. Então, 𝑓 tem um valor máximo absoluto
em 𝐷 no ponto 𝑐 se
𝑓 (𝑥) ≤ 𝑓 (𝑐), para qualquer 𝑥 ∈ 𝐷,
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 32
e um valor mínimo absoluto em 𝐷 no ponto 𝑐 se
𝑓 (𝑥) ≥ 𝑓 (𝑐), para qualquer 𝑥 ∈ 𝐷.
Os valores máximos e mínimos de uma função são chamados de extremos da função
𝑓 . Funções definidas pela mesma regra ou fórmula podem ter extremos diferentes, isto
depende do domínio. Vejamos um exemplo, considere
𝑓 (𝑥) = 𝑥2 .
No intervalo fechado [0, 3], esta função possui valor mínimo absoluto 0 para 𝑥 = 0
e valor máximo absoluto 9 para 𝑥 = 3. Já no intervalo aberto (0, 3) não possui extremos
absolutos.
O teorema do valor extremo afirma que uma função que seja contínua em todo
ponto de um intervalo fechado [𝑎, 𝑏] tem um valor máximo absoluto e um mínimo absoluto
no intervalo. Mais precisamente,
Teorema 1 (Teorema do valor extremo). Se 𝑓 é contínua em um intervalo fechado [𝑎, 𝑏],
então 𝑓 atinge tanto um valor máximo 𝑀 como um valor mínimo 𝑚 em [𝑎, 𝑏]. Isto é, há
números 𝑥1 e 𝑥2 em [𝑎, 𝑏] tais que 𝑓 (𝑥1 ) = 𝑚, 𝑓 (𝑥2 ) = 𝑀 e 𝑚 ≤ 𝑓 (𝑥) ≤ 𝑀 para qualquer
valor de 𝑥 em [𝑎, 𝑏].
Agora vamos trazer as definições de mínimo local e máximo local.
Definição 14. Uma função 𝑓 tem um valor máximo local em um ponto 𝑐 em seu domínio
𝐷 se 𝑓 (𝑥) ≤ 𝑓 (𝑐) para qualquer 𝑥 que pertence a 𝐷 em um intervalo aberto que contenha 𝑐;
Uma função 𝑓 tem um valor mínimo local em um ponto 𝑐 em seu domínio 𝐷 se 𝑓 (𝑥) ≥ 𝑓 (𝑐)
para qualquer 𝑥 que pertence a 𝐷 em um intervalo aberto que contenha 𝑐.
A Figura 6 ilustra a Definição 14 para uma função 𝑓 com 𝐷 = [𝑎, 𝑏].
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 33
Figura 6 – Exemplos de valores extremos de uma função 𝑓 no intervalo [𝑎, 𝑏].
Fonte: Elaborado pelo autor
Em certos momentos precisamos investigar apenas alguns valores para determinar
o extremo de uma função, para isso vamos definir o teorema da derivada primeira.
Teorema 2 (Teorema da derivada primeira para valores extremos locais). Se 𝑓 possui um
valor máximo ou mínimo local em um ponto 𝑐 interior de seu domínio e se 𝑓 ′ é definida
em 𝑐, então
𝑓 ′ (𝑐) = 0.
O teorema da derivada primeira para valores extremos locais diz que, a primeira
derivada de uma função é sempre zero, em um ponto interior do seu domínio em que a
função tenha um valor extremo local e a derivada seja definida. A seguir, vamos definir
ponto crítico, isto nos ajudará a entender melhor estas informações.
Definição 15. Um ponto interior do domínio de uma função 𝑓 em que 𝑓 ′ é zero ou não
existe é um ponto crítico de 𝑓 .
Assim, os únicos pontos do domínio em que uma função pode assumir valores
extremos são os pontos críticos e as extremidades. Agora vamos para um exemplo.
Exemplo 10. Determine os valores de máximo e mínimo absolutos de 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 no
intervalo [−1, 2].
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 34
A função é derivável em seu domínio, então para encontrarmos o ponto crítico
basta apenas calcular 𝑓 ′ (𝑥) = 0 e depois verificar os valores da função nesses pontos e nos
extremos do intervalo [−1, 2]. Temos que 𝑓 ′ (𝑥) = 2𝑥 e 𝑓 ′ (𝑥) = 2𝑥 = 0 implica que 𝑥 = 0.
Logo, o único ponto crítico é 𝑥 = 0, em que 𝑓 (0) = 0. Agora vamos verificar os valores
nas extrermidades 𝑥 = −1 e 𝑥 = 2.
𝑓 (−1) = (−1)2 = 1 e 𝑓 (2) = (2)2 = 4
Logo, a função apresenta um valor de mínimo absoluto 0 em 𝑥 = 0 e um valor de máximo
absoluto 4 em 𝑥 = 2.
4.6.2 Teorema do valor médio
De acordo com Thomas, Weir e Hass (2012), o Teorema do Valor Médio, estabele-
cido por Joseph-Louis Lagrange, é uma versão inclinada do Teorema de Rolle. O Teorema
do Valor Médio, cujo enunciado está a seguir, garante a existência de um ponto onde a
reta tangente é paralela a reta que passa pelos pontos (𝑎, 𝑓 (𝑎)) e (𝑏, 𝑓 (𝑏)).
Teorema 3 (Teorema do valor médio). Suponha que 𝑦 = 𝑓 (𝑥) seja contínua em um
intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e derivável no intervalo (𝑎, 𝑏). Então, há pelo menos um ponto 𝑐
em (𝑎, 𝑏) em que
𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎)
= 𝑓 ′ (𝑐).
𝑏−𝑎
Agora vamos para um exemplo, temos 𝑓 (𝑥) = 𝑥2 que é contínua no intervalo
fechado [0,3] e derivável no intervalo aberto (0,3).
De fato, temos 𝑓 (0) = 0 e 𝑓 (3) = 9. Pelo Teorema do Valor Médio temos,
𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) 9−0
𝑓 ′ (𝑐) = = =3
𝑏−𝑎 3−0
logo 𝑓 ′ (𝑐) = 3.
O Teorema do Valor Médio nos diz que, em um ponto 𝑐 no intervalo, a derivada
′
𝑓 (𝑥) = 2𝑥 deverá ter como valor 3. Nesse caso, podemos encontrar o valor de 𝑐 resolvendo
a seguinte equação:
3
2𝑐 = 3, o que implica em 𝑐 = .
2
4.6.3 Funções monotônicas e o teste da primeira derivada
Nesta seção vamos analisar os intervalos de crescimento e decrescimento de uma
função derivável, além disso, vamos testar os pontos críticos de uma função e encontrar
os valores de seus extremos locais.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 35
Uma função monotônica no intervalo é aquela que cresce ou decresce em um in-
tervalo.
Definição 16. Suponha que 𝑓 seja contínua em [𝑎, 𝑏] e derivável em (𝑎, 𝑏). Então,
• Se 𝑓 ′ (𝑥) > 0 em cada ponto 𝑥 ∈ (𝑎, 𝑏), então 𝑓 é crescente em [𝑎, 𝑏];
• Se 𝑓 ′ (𝑥) < 0 em cada ponto 𝑥 ∈ (𝑎, 𝑏), então 𝑓 é decrescente em [𝑎, 𝑏].
Vamos analisar o teste da primeira derivada para os extremos locais de uma função,
faremos três análises diferentes para encontrar estes extremos.
De acordo com Thomas, Weir e Hass (2012):
Suponha que 𝑐 seja um ponto crítico de uma função contínua 𝑓 , e que 𝑓 seja derivável em
qualquer ponto de um intervalo que contenha 𝑐, exceto, possivelmente, no próprio ponto
𝑐. Deslocando-se ao longo desse intervalo da esquerda para a direita,
• se 𝑓 ′ passa de negativa a positiva em 𝑐, então 𝑓 possui um mínimo local em 𝑐;
• se 𝑓 ′ passa de positiva a negativa em 𝑐, então 𝑓 possui um máximo local em 𝑐;
• se 𝑓 ′ não muda de sinal em 𝑐, isto é, 𝑓 ′ é positiva ou negativa em ambos os lados
de 𝑐, então 𝑓 não tem extremo local em 𝑐.
4.6.4 Concavidade
Nesta seção vamos ilustrar o conceito de concavidade, que procura estudar o com-
portamento de inclinação e mudança de direção de uma curva.
Definição 17. O gráfico de uma função derivável 𝑦 = 𝑓 (𝑥) é
• côncavo para cima em um intervalo aberto 𝐼, se 𝑓 ′ é crescente em 𝐼;
• côncavo para baixo em um intervalo aberto 𝐼, se 𝑓 ′ é decrescente em 𝐼.
Se 𝑦 = 𝑓 (𝑥) possui uma segunda derivada, aplicando o Teorema do Valor Médio
para a função da primeira derivada, podemos concluir que 𝑓 ′ é crescente se 𝑓 ′′ > 0 em 𝐼
e decrescente se 𝑓 ′′ < 0 em 𝐼.
Agora vamos enunciar o teste da segunda derivada para determinar a concavidade
do gráfico de uma função 𝑦 = 𝑓 (𝑥).
• Se 𝑓 ′′ > 0 em 𝐼, o gráfico de 𝑓 ao longo de 𝐼 é côncavo para cima;
• Se 𝑓 ′′ < 0 em 𝐼, o gráfico de 𝑓 ao longo de 𝐼 é côncavo para baixo.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 36
Como exemplo, vamos determinar a concavidade de uma função do segundo grau:
𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐.
Temos que 𝑓 ′ (𝑥) = 2𝑎𝑥 + 𝑏 e 𝑓 ′′ (𝑥) = 2𝑎. Portanto,
• se 𝑎 > 0, então 𝑓 ′′ > 0 e o gráfico de 𝑓 é côncavo para cima;
• se 𝑎 < 0, então 𝑓 ′′ < 0 e o gráfico de 𝑓 é côncavo para baixo.
Observe que esse resultado está de acordo com os obtidos na Seção 4.1.2.
Definição 18. Um ponto em que o gráfico de uma função possui uma reta tangente e
onde há mudança de concavidade é chamado de ponto de inflexão.
Observe que, se a segunda derivada existe em um ponto de inflexão (𝑥, 𝑓 (𝑥)), então
𝑓 ′′ (𝑥) = 0.
Agora vamos estudar o teste da segunda derivada para extremos locais, ele é muito
importante para determinar a presença e a natureza destes extremos. Vejamos no Teorema
à seguir.
Teorema 4. Suponha que 𝑓 ′′ seja contínua em um intervalo aberto que contenha 𝑥 = 𝑐.
• Se 𝑓 ′ (𝑐) = 0 e 𝑓 ′′ (𝑐) < 0, então 𝑓 tem um máximo local em 𝑥 = 𝑐;
• Se 𝑓 ′ (𝑐) = 0 e 𝑓 ′′ (𝑐) > 0, então 𝑓 tem um mínimo local em 𝑥 = 𝑐;
• Se 𝑓 ′ (𝑐) = 0 e 𝑓 ′′ (𝑐) = 0, então o teste falha. A função 𝑓 pode ter um máximo local,
um mínimo local ou nenhum dos dois.
Exemplo 11. Determinar os valores extremos, monotocidade e concavidade da seguinte
função:
𝑓 (𝑥) = 𝑥4 − 8𝑥3 + 5.
Temos que 𝑓 é uma função polinomial, então seu domínio é R e é derivável com
𝑓 (𝑥) = 4𝑥3 − 24𝑥2 . Como o domínio de 𝑓 ′ também é R, temos que os pontos críticos de
′
𝑓 ocorrem apenas nas raízes de 𝑓 ′ . Logo, resolvendo a equação 𝑓 ′ (𝑥) = 0, obtemos que as
raízes de 𝑓 ′ são 𝑥 = 0 e 𝑥 = 6. Agora, analisando o sinal de 𝑓 ′ temos que 𝑓 é decrescente
em (−∞, 0] e [0, 6], e crescente em [6, +∞).
Usando o teste da primeira derivada para extremos locais, vimos que não há ex-
tremo quando 𝑥 = 0 e que há um mínimo local quando 𝑥 = 6.
Temos 𝑓 ′′ (𝑥) = 12𝑥2 −48𝑥. Logo, a segunda derivada é zero quando 𝑥 = 0 e 𝑥 = 4,
assim temos que 𝑓 é côncava para cima nos intervalos (−∞, 0) e (4, +∞) e côncava para
baixo de (0, 4).
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 37
4.7 Sobre os softwares GeoGebra e Python
O uso de tecnologias para o auxílio do entendimento dos conceitos matemáticos
está sendo cada vez mais comum nas instituições de ensino devido a sua importância.
Outro ponto interessante é que cada vez mais, esses recursos estão sendo disponibilizados
de forma on-line, o que facilita o seu acesso, pois não se tem a necessidade de instalar um
programa ou aplicativo para serem utilizados. Neste trabalho foram utilizados dois desses
recursos, softwares livres on-line, um para o cálculo de derivadas e outro para o esboço
do gráfico de funções.
Um deles foi o GeoGebra (<https://www.geogebra.org/classic>) que já é bas-
tante conhecido, de fácil manipulação e a sua utilização não necessita de cadastro ou
login. O GeoGebra é um software de matemática que abrange todos os níveis de ensino
e praticamente todas as áreas da matemática. Neste trabalho o uso foi para esboçar
os gráficos de algumas funções. Com isso foi possível elucidar conceitos e aplicações do
cálculo diferencial.
Outro recurso utilizado foi o software de programação Python. O Python é uma
linguagem de programação acessível e muito popular, tanto nas academias quanto na
industria da tecnologia. Neste trabalho o Python foi utilizado através interface online
SymPy, diretamente no site (<https://live.sympy.org/>), sem a necessidade da realização
de cadastro ou login. O principal recurso utilizado foi o cálculo de derivadas que é feito a
partir da sintaxe diff(funcao, variavel) e a declaração de variáveis que é feita a partir
da sintaxe x, y = symbols(′ x y′ ). Para o leitor interessado, em SYMPY (2021) encontra-
se um tutorial on-line detalhado e com muitos exemplos para quem não é familiarizado
com a linguagem de programação.
Exemplo 12 (Exemplo 9). Calcular a derivada de 𝑦 = 𝑥4 + 2𝑥3 + 𝑥2 + 3𝑥 + 2 utilizando
o SymPy.
Começamos declarando a váriavel 𝑥:
x = symbols(′ x′ ).
Agora basta aplicar a função derivação na expressão com a escrita em linguagem de
programação Python para obter a primeira derivada:
diff(x * *4 + 2 * x * *3 + x * *2 + 3 * x + 2, x)
A Figura 7 mostra o resultado.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 38
Figura 7 – Exemplo de cálculo da primeira derivada
Fonte: Elaborado pelo autor
No Exemplo 9 calculou-se derivadas de ordens maiores, o que podemos fazer aqui
simplesmente adicionando mais uma vez a variável a qual se refere a derivada, que nesse
caso é o 𝑥. Por exemplo, para calcular a derivada de ordem 3, o comando será:
diff(x * *4 + 2 * x * *3 + x * *2 + 3 * x + 2, x, x, x),
como podemos ver na Figura 8.
Figura 8 – Exemplo de cálculo de uma derivada de terceira ordem
Fonte: Elaborado pelo autor
Este software oferce muitas funções matemáticas relacionadas ao cálculo, como
por exemplo, uma função para o cálculo de limites. Para calcular o limite:
lim 𝑓 (𝑥)
𝑥→𝑎
a sintaxe é:
limit(f(x), x, a).
−4 2
A Figura 9 mostra como realizar o cálculo do limite lim 𝑥𝑥−2 , exemplo abordado na
𝑥→2
introdução da Seção 4.2.
Capítulo 4. Fundamentação Matemática 39
Figura 9 – Exemplo de cálculo de um limite
Fonte: Elaborado pelo autor
40
5 Fundamentação Econômica
Neste capítulo serão apresentados alguns conceitos da área da economia, conforme
Murolo e Bonetto (2011), Vilches (2018) e Leite (2015). Além disso, será feita a articulação
entre conceitos matemáticos e econômicos, buscando mostrar a importância da Teoria de
Análise Marginal na saúde financeira das empresas.
5.1 Conceituação
A análise marginal é um estudo custo-benefício de uma atividade empresarial, este
estudo procura levar em consideração as variáveis custo e produção, como unidades pro-
duzidas. Se há mudança nessas variáveis, certamente haverá mudança na rentabilidade,
sendo assim, a análise marginal é uma ferramenta muito utilizada na maximização dos
lucros, pois sua mudança marginal na produção poderá afetar o lucro da empresa.
A quantidade demandada de um certo produto depende de uma série de fatores,
tais como: o preço, a quantidade ofertada, a renda do consumidor, a qualidade do mesmo,
etc. Se por ventura o preço unitário aumentar, certamente haverá uma queda na demanda
deste produto, também podemos dizer que se o preço unitário cair certamente haverá um
aumento na quantidade demandada deste produto.
O modelo mais simples para caracterizar a função demanda, será a função do
primeiro grau polinomial.
5.1.1 Função Demanda e Oferta
Vejamos à seguir a definição das funções Demanda e Oferta de acorco com Vilches
(2018).
Definição 19. Se denotamos por 𝑝 o preço unitário de um produto e por 𝑥 a quantidade
demandada deste produto oferecido no mercado por uma empresa, então a função 𝑥 = 𝑓 (𝑝)
que os relaciona é chamada função de damanda.
𝑥 = 𝑓 (𝑝) = 𝑎𝑝 + 𝑏, 𝑎 < 0.
Assim, temos o coeficiente angular negativo, pois quanto maior o preço do produto,
menor a quantidade demandada.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 41
O gráfico da função demanda é conhecido por curva de demanda, curva essa que
está na forma descendente, devido as diversas alterações que a função demanda sofre,
ocasionadas pelos preços de bens, gostos dos consumidores, etc.
A quantidade ofertada de um certo produto depende basicamente de uma série de
fatores, tais como: preço unitário, tecnologias, custos, quantidade demandada, etc.
Exemplo 13. Uma companhia ferroviária verificou que quando cobra 6 reais pela passa-
gem, a média de passagens vendidas é de 720 e quando o preço é de 11 reais, a média de
passagens vendidas é de 320. Determine a função de demanda.
Supondo que a função demanda é da forma 𝑓 (𝑝) = 𝑎𝑝 + 𝑏, temos as seguintes
informações 𝑓 (6) = 720 e 𝑓 (11) = 320. Logo, temos as seguintes equações:
⎧
⎨720
⎪
= 6𝑎 + 𝑏
,
⎩320
⎪
= 11𝑎 + 𝑏
das quais obtemos que 𝑎 = −80 e 𝑏 = 1200. Logo, 𝑥 = 𝑓 (𝑝) = −80𝑝 + 1200 é a função
demanda. Um esboço do gráfico dessa função é mostrado na Figura 10.
Figura 10 – Gráfico da função demanda
Fonte: Elaborado pelo autor
Definição 20. Se denotamos por 𝑝 o preço unitário de um produto e por 𝑥 a quantidade
do produto oferecido no mercado, então a função 𝑝 = 𝑓 (𝑥) que os relaciona é chamada
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 42
função de oferta.
𝑝 = 𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏, 𝑎 ≥ 0.
Logo, o coeficiente angular é não-negativo, pois quanto maior a quantidade do
produto oferecido, maior é o seu preço.
O gráfico da função de oferta é conhecida por curva de oferta, é uma curva de forma
ascendente porque o aumento do preço unitário faz com que os empresários tenham um
maior interesse na fabricação de novos produtos.
Exemplo 14. Quando o preço de mercado de certo produto atinge R$ 300,00 por unidade,
a fábrica não produz este produto; quando o preço do produto aumenta R$ 20,00 a fábrica
disponibiliza 600 unidades do produto no mercado. Determine a função de oferta.
Denotando por 𝑓 (𝑥) = 𝑎𝑥+𝑏 a função oferta, temos que 𝑓 (0) = 300 e 𝑓 (600) = 320.
Isto nos fornece as seguintes equações:
⎧
⎨𝑏
⎪
= 300
,
⎩600𝑎 + 𝑏
⎪
= 320
1
das quais obtemos que 𝑎 = 30 e 𝑏 = 300. Logo, a função oferta é dada por 𝑝 = 𝑓 (𝑥) =
𝑥
30
+ 300. Um esboço do gráfico dessa função é mostrado na Figura 11.
Figura 11 – Gráfico da função oferta
Fonte: Elaborado pelo autor
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 43
5.2 Função Receita
A Função Receita (𝑅) é basicamente o faturamento obtido por um certo produto
ou serviço, ela possui apenas duas variáveis, a variável independente 𝑥 que representa a
quantidade produzida e a variável dependente 𝑦 que representa o preço unitário de venda
de um produto. Com isso, chegamos na seguinte expressão:
𝑅(𝑥, 𝑦) = 𝑦𝑥.
Como a Função Receita depende de duas variáveis, se por acaso a quantidade ven-
dida alterar e o preço unitário de um certo produto variar, certamente haverá modificações
no faturamento da empresa.
Definição 21. A Receita é uma curva, e reflete o fato de que a empresa só consegue
vender um nível maior de um produto reduzindo o preço. A inclinação dessa curva é
a Receita Marginal (𝑅𝑀 𝑔 (𝑥)) que mostra em quanto varia a receita quando o nível de
produção aumenta em uma unidade, supondo que o preço unitário permanece constante.
Em economia, a variação de uma quantidade em relação a outra pode ser descrita
pelo conceito marginal, por exemplo, a Função Custo Marginal que corresponde a taxa de
variação do Custo para a produção de 𝑥 unidades de um certo produto. Logo, a Função
Marginal é a derivada da função correspondente, função esta que pode ser a Função Custo,
a Função Receita e a Função Lucro.
A Receita Marginal é a derivada da Função Receita em relação a 𝑥, e nos permite
encontrar o valor obtido com a venda de uma próxima peça. Assim temos,
𝑅𝑥 (𝑥, 𝑦) ≈ 𝑅(𝑥 + 1, 𝑦) − 𝑅(𝑥, 𝑦)
𝑅𝑀 𝑔 (𝑥) = 𝑅′ (𝑥) ≈ 𝑅(𝑥 + 1) − 𝑅(𝑥)
É usual omitir a variável 𝑦, pois o valor unitário do produto costuma não mudar.
Agora vamos ilustrar com um exemplo para melhor entendermos a aplicação do
cálculo das derivadas na Função Receita.
Exemplo 15. Considerando o preço como 𝑓 (𝑥) = −4𝑥 + 100, é possível determinar a
Receita, Receita Marginal e qual será o faturamento obtido com a venda de mais uma
peça quando 𝑥 = 10. Vale relembrar que a Receita de um produto é dada por 𝑅(𝑥) = 𝑦𝑥,
na qual 𝑦 é o preço em função da quantidade demandada 𝑥. Como o valor da Receita é
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 44
𝑅(𝑥) = 𝑦𝑥, temos:
𝑅(𝑥) = (−4𝑥 + 100)𝑥
= −4𝑥2 + 100𝑥
Agora podemos encontrar o valor da Receita Marginal, para isso precisamos calcu-
lar a derivada da Função Receita.
𝑅𝑀 𝑔 (𝑥) = 𝑅′ (𝑥) = −8𝑥 + 100.
Figura 12 – Derivada da função receita no SymPy
Fonte: Elaborado pelo autor
Agora que já calculamos a Receita Marginal vamos aplicar os valores de 𝑥 = 10
no resultado encontrado. Como 𝑅′ (10) = −8(10) + 100 = 20, estima-se que a 11a peça
irá gerar para a empresa um faturamento de aproximadamente R$ 20,00 a mais.
Para determinarmos o valor exato do faturamento obtido com a venda da 11a peça
precisamos calcular os valores da Receita de 𝑥 = 10 e 𝑥 = 11. Para isso só precisamos
substituir os valores de 𝑥 na Função Receita depois faremos a diferença entre os resultados.
Temos que:
𝑅(10) = −4(10)2 + 100(10) = 600,
𝑅(11) = −4(11)2 + 100(11) = 616.
Agora vamos determinar o valor do faturamento exato com o valor de venda da
11a peça:
𝑅(11) − 𝑅(10) = 616 − 600 = 16.
Desse modo, como a derivada é positiva em 𝑥 = 10, conclui-se que ainda valerá a
pena reduzir o preço para vender mais uma unidade, pois o faturamento da empresa está
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 45
crescendo. Com a venda de todas as 11 unidades, a empresa terá o faturamento estimado
de: 𝑅(10) + 𝑅′ (10) = 600 + 20 = 620 e um faturamento real de: 𝑅(11) = 616. Temos
que, 𝑅′ (10) é aproximadamente 𝑅(11) − 𝑅(10) = 16. Na Figura 13, temos o gráfico da
Função Receita e da Reta tangente.
Figura 13 – Gráfico da função receita e reta tangente no ponto (10, 600)
Fonte: Elaborado pelo autor
Considerando a Função Receita do exemplo anterior, é possível fazer uma previsão
de quanto será o faturamento obtido com a venda de mais uma peça quando 𝑥 = 20, depois
determinar o faturamento exato que irá obter na venda da 21a peça e, por fim, comparar
os resultados obtidos.
Vamos encontrar o valor da Receita Marginal, para isso precisamos calcular a
derivada da Função Receita.
𝑅𝑀 𝑔 (𝑥) = 𝑅′ (𝑥) = −8𝑥 + 100.
Agora que já calculamos a Receita Marginal vamos aplicar os valores de 𝑥 = 20
no resultado encontrado. Como 𝑅′ (20) = −8(20) + 100 = −60, estima-se que 21a peça
irá gerar para a empresa uma redução no faturamento de aproximadamente R$ 60,00.
Para determinarmos o valor exato do faturamento obtido com a venda da 21a
peça precisamos calcular os valores da Receita de 𝑥 = 20 e 𝑥 = 21, para isso só precisa-
mos substituir os valores de 𝑥 na Função Receita e depois faremos a diferença entre os
resultados.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 46
𝑅(20) = −4(20)2 + 100(20) = 400
𝑅(21) = −4(21)2 + 100(21) = 336
Agora vamos determinar o valor do faturamento exato com o valor de venda da
a
21 peça:
𝑅(21) − 𝑅(20) = 336 − 400 = −64
Desse modo, como a derivada é negativa 𝑅′ (20) = −60, vimos que ainda não valerá
a pena reduzir o preço para vender mais uma unidade, pois o faturamento da empresa
está decrescendo.
Com a venda de todas as 21 unidades, a empresa terá o faturamento estimado de:
𝑅(20) + 𝑅′ (20) = 400 + (−60) = 340 e um faturamento real de: 𝑅(21) = 336. Temos que,
𝑅′ (20) = −60 é aproximadamente 𝑅(21) − 𝑅(20) = −64.
5.3 Função Custo
A Função Custo (𝐶) representa o custo para produção de um certo produto ou
serviço, e é composta de duas parcelas, os custos fixos e os custos variáveis. Os custos fixos
são aqueles custos que independem do número de unidades produzidas, por exemplo, o
aluguel, material de limpeza, etc. Já os custos variáveis são aqueles custos que dependem
da quantidade produzida, estes custos sofrem alterações em curto prazo, por exemplo,
custos com mão de obra, comissão de vendas para o funcionário, matéria-prima, insúmos
produtivos, etc. De modo geral, podemos dizer que a Função Custo é obtida pela soma
de uma parte variável, o Custo Variável (𝐶𝑣 ), com uma parte fixa, o Custo Fixo (𝐶𝑓 ),
como podemos ver no seguinte exmplo:
Exemplo 16. A Tabela 1 traz o custo para a produção de calçados.
Quantidade (𝑥) 0 5 10 20
Custo (𝐶) 100 110 120 140
Tabela 1 – Custo para a produção de calçados
Notamos que há uma variação na variável independente 𝑥 gerando uma variação
proporcional na variável dependente 𝐶, o que caracteriza uma função do primeiro grau.
Logo, podemos calcular a taxa de variação na variável dependente 𝐶, em relação a variável
independente 𝑥, pela razão
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 47
variação em C 10 10 20
𝑚= = = = =2
variação em x 5 5 10
Assim temos 𝑚 = 2 que nos dá um acréscimo no custo que corresponde ao acrés-
cimo em uma unidade na quantidade produzida, ou seja, o custo variável será 𝐶𝑣 (𝑥) = 2𝑥,
onde 𝑥 é o número de unidades produzidas. Também podemos ressaltar que se por acaso
não occorra a produção de ao menos um calçado, mesmo assim haverá um custo fixo de
R$ 100,00 (𝐶𝑓 = 100), que corresponde a despesas com salário de funcionários, limpeza,
aluguel, etc. Assim obtemos a seguinte relação para a Função Custo:
𝐶(𝑥) = 𝐶𝑣 (𝑥) + 𝐶𝑓 = 2𝑥 + 100.
O gráfico, esboçado na Figura 14, representa uma função do primeiro grau com o coefici-
ente angular 𝑚 = 2.
Figura 14 – Gráfico da função custo
Fonte: Elaborado pelo autor
Definição 22. A Função Custo representa o custo final para produzir 𝑥 unidades de um
certo produto. A inclinação da curva do Custo, que mede o custo adicional da produção
de uma unidade a mais de um produto, representa o Custo Marginal (𝐶𝑀 𝑔 ) da empresa.
O seguinte exemplo é inspirado no apresentado no livro: Cálculo, Volume 1 dos
autores Thomas, Weir e Hass (2012, p. 145).
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 48
Segundo esses autores, os economistas muitas vezes representam uma função de
custo total com um polinômio cúbico:
𝐶(𝑥) = 𝛼𝑥3 + 𝛽𝑥2 + 𝛾𝑥 + 𝛿,
com 𝛼, 𝛽, 𝛾, 𝛿 ∈ R, onde 𝛿 representa os custos fixos, como aluguel, aquecimento central,
capitalização de equipamentos e gestão de custos. Os outros termos representam custos
variáveis, como aqueles com matéria-prima, impostos e mão de obra. Os custos fixos são
independentes do número de unidades produzidas, enquanto os custos variáveis dependem
da quantidade produzida. Em geral, um polinômio cúbico é indicado para captar o
comportamento de custos em um intervalo de valores realistas.
Ainda, segundo eles, o custo marginal da produção é a taxa de variação do custo
em relação ao nível de produção, isto é, a derivada da Função Custo 𝐶 em relação a
quantidade a ser produzida 𝑥.
Exemplo 17. Suponha que o custo seja:
1
𝐶(𝑥) = 𝑥3 − 6𝑥2 + 15𝑥
2
reais para produzir 𝑥 aquecedores quando são produzidas algumas unidades de aquecedores.
Sua loja produz 20 aquecedores por dia. Qual será o custo adicional aproximado para
produzir um aquecedor a mais por dia?
Nesse caso, para determinar o custo quando são produzidos 20 aquecedores, basta
substituir o valor de 𝑥 por 20 na função custo:
1
𝐶(20) = (20)3 − 6(20)2 + 15(20) = 1900.
2
Então, para produzir 20 aquecedores o custo será de R$ 1.900,00.
Agora vamos calcular o custo para produzir 21 aquecedores, basta substituir o
valor de 𝑥 por 21:
1
𝐶(21) = (21)3 − 6(21)2 + 15(21) = 2.299, 50.
2
Então, para produzir 21 aquecedores o custo será de R$ 2.299,50.
Para encontrar o custo de fabricação de uma unidade a mais do aquecedor basta
calcularmos a diferença entre 𝐶(21) − 𝐶(20) = 399, 50.
Assim, podemos interpretar que no nível de produção de 20 aquecedores, o custo
adicional para a produção de mais uma unidade é de R$ 399,50.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 49
Outra maneira de verificarmos o custo para produzir um aquecedor a mais por dia
é efetuando o cálculo da derivada da função custo e depois substituir o valor de 𝑥 por 20.
A derivada é a taxa de variação do custo de produção, ou seja,
𝑑 1 3 3
(︂ )︂
′
𝐶 (𝑥) = 𝑥 − 6𝑥2 + 15𝑥 = 𝑥2 − 12𝑥 + 15.
𝑑𝑥 2 2
Figura 15 – Derivada da função custo no SymPy
Fonte: Elaborado pelo autor
O custo para produzir um aquecedor a mais por dia, quando são produzidos 20
nesse período, é obtido substituindo o valor de 𝑥 por 20 na derivada, assim temos que o
valor aproximado será de:
𝐶 ′ (20) = 1, 5(400) − 12(20) + 15 = 375.
O custo adicional será de aproximadamente R$ 375,00.
Nesse exemplo, mais uma vez, podemos observar como os valores encontrados nas
duas formas (R$ 399,50 e R$ 375,00) são bem próximos. A Figura 16 mostra o gráfico da
função custo e a reta tangente correspondente a produção de 20 unidades.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 50
Figura 16 – Gráfico da função custo e reta tangente no ponto (20, 1900).
Fonte: Elaborado pelo autor
5.4 Função Lucro
Agora vamos definir a função Lucro. Seguindo a nossa intuição, podemos definir
o lucro como sendo a diferença entre o custo de produção de um determinado produto
pela receita obtida após a sua venda. De fato, a definição é dada dessa forma. Dadas as
funções Custo (𝐶), Receita (𝑅) a função Lucro (𝐿) é definida por:
𝐿(𝑥) = 𝑅(𝑥) − 𝐶(𝑥).
Por exemplo, dadas a função receita 𝑅(𝑥) = 6𝑥, onde 𝑥 é o número de camisetas
vendidas. Suponhamos a função custo 𝐶(𝑥) = 2𝑥 + 80, onde 𝑥 é o número de camisetas
produzidas. Assim, conseguimos determinar a Função Lucro.
𝐿(𝑥) = 𝑅(𝑥) − 𝐶(𝑥)
= 6𝑥 − (2𝑥 + 80)
= 6𝑥 − 2𝑥 − 80
= 4𝑥 − 80
Nesse caso, notamos que função Lucro é uma função de 1° grau, cujo o gráfico é
uma reta de inclinação 𝑚 = 4 e que corta o eixo vertical em −80.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 51
Observe que o lucro será zero quando 𝐿(𝑥) = 0, ou seja,
𝐿(𝑥) = 0 ⇔ 𝑅(𝑥) = 𝐶(𝑥) ⇔ 6𝑥 = 2𝑥 + 80 ⇔ 4𝑥 − 80 = 0 ⇔ 𝑥 = 20.
Assim, se 𝑥 é menor do que 20, então o Lucro é negativo e, se 𝑥 é maior do que
20, então temos um Lucro positivo.
Graficamente, o ponto em que a Receita é igual ao Custo é dado pelo encontro das
curvas que representam a Receita e o Custo, como mostra a Figura 17 e significa o ponto
em que o Lucro é zero.
Figura 17 – Gráfico da função custo, função receita e ponto de interseção (lucro zero).
Fonte: Elaborado pelo autor
De forma análoga ao feito para as funções Receita e Custo, o Lucro Marginal é
obtido a partir da derivada (taxa de variação) da Função Lucro.
Agora vamos ilustrar isto através de um problema:
Uma empresa de produção de aquecedores tem uma receita 𝑅(𝑥) = −0, 2𝑥2 +200𝑥,
com 𝑥 correspondendo a venda por unidade de aquecedores. Suponhamos que o custo
desta produção de aquecedores seja 𝐶(𝑥) = 40𝑥+14000, com 𝑥 correspondendo a produção
por unidade de aquecedores.
Com estes dados conseguimos calcular a função Lucro e posteriormente chegar ao
Lucro máximo do problema.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 52
Vamos encontrar a função Lucro:
𝐿(𝑥) = 𝑅(𝑥) − 𝐶(𝑥)
= −0, 2𝑥2 + 200𝑥 − (40𝑥 + 14000)
= −0, 2𝑥2 + 200𝑥 − 40𝑥 − 14000
= −0, 2𝑥2 + 160𝑥 − 14000
Graficamente, como mostra a Figura 18, podemos observar que o ponto de lucro
máximo corresponde a 𝑥 = 400. A seguir, vamos comprovar esse resultado analiticamente.
Figura 18 – Gráfico da função lucro
Fonte: Elaborado pelo autor
Agora vamos calcular a função Lucro Marginal (𝐿𝑀 𝑔 ). Para isso, basta apenas
calcular a derivada da função Lucro.
𝐿𝑀 𝑔 (𝑥) = 𝐿′ (𝑥) = −0, 4𝑥 + 160
Para buscarmos o melhor caminho de se chegar no Lucro máximo, precisamos
selecionar dois valores de 𝑥, e fazer uma precisa análise dos resultados encontrados, só
assim vamos conseguir chegar no principal objetivo.
Então temos para 𝑥 os seguintes valores: 𝑥 = 250 e 𝑥 = 500.
Para 𝑥 = 250 temos:
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 53
𝐿′ (250) = −0, 4(250) + 160 = −100 + 160 = 60.
Assim, o valor de 𝐿′ (250) = 60 indica que R$ 60,00 é o valor aproximado do lucro
na venda do 251° aquecedor.
Para 𝑥 = 500 temos:
𝐿′ (500) = −0, 4(500) + 160 = −200 + 160 = −40.
Assim, o valor de 𝐿′ (500) = −40 indica que na venda do 501° aquecedor, haverá
um decréscimo de R$ 40,00 no lucro, pois o Lucro Marginal é negativo, ou seja, um lucro
decrescente.
Por fim vamos encontrar o Lucro máximo da empresa na produção de aquecedores,
para isso precisamos fazer 𝐿′ (𝑥) = 0 e verificar se o ponto 𝑥 encontrado é tal que 𝐿′′ (𝑥) é
menor que zero e, consequentemente, chegando no Lucro máximo. Temos que:
𝐿′ (𝑥) = 0 ⇔ −0, 4𝑥 + 160 = 0 ⇔ −0, 4𝑥 = −160 ⇔ 𝑥 = 400.
Agora vamos ao cáculo da derivada segunda de 𝐿. Na Figura 19 podemos ver o
cálculo das derivadas no SymPy.
𝐿′ (𝑥) = −0, 4𝑥 + 160 ⇒ 𝐿′′ (𝑥) = −0, 4.
Figura 19 – Primeira e segunda derivada da função lucro no SymPy
Fonte: Elaborado pelo autor
Com isso, vimos que 𝐿′′ (𝑥) é menor que zero para qualquer outro valor de 𝑥,
𝐿′′ (400) em particular, isto indica que 𝑥 = 400 é a quantidade de aquecedores que nos
dará o Lucro máximo.
Capítulo 5. Fundamentação Econômica 54
Desta forma, no decorrer deste capítulo foi possível perceber a importância das
contribuições da área da matemática para o desenvolvimento financeiro das empresas
através do uso do conceito de derivadas, visto que através deste conceito foi encontrado
o lucro ótimo.
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6 Resultados
O Cálculo Diferencial é um tema muito abordado nas ciências exatas, com isso
a revisão dos conceitos que envolvem este tema foi de fundamental importância para a
elaborção do TCC, pois deu suporte na elaboração de todas as etapas do trabalho.
De acordo com Costa (2018), a relação da matemática com a economia já é uma
situação que vem de várias décadas, ambas trabalham basicamente juntas, pois com a
aplicação de alguns conceitos matemáticos conseguimos analisar e resolver diversos pro-
blemas da área econômica.
Dentre eles, podemos destacar principalmente o Cálculo Diferencial, com o uso
das derivadas, muito importante para encontrar a maximização dos lucros e na análise
marginal, para auxiliar na tomada de decisões acerca da quantidade de produção ou na
quantidade ofertada para a venda de um determinado produto. A álgebra, que nos ajuda
na resolução de problemas de receita total e custo total. Na Estatística, por sua vez,
no estudo da econometria que faz com que os economistas possam fazer previsões para
determinar qual a melhor probabilidade de ocorrer um evento.
Além disso, buscou-se construir um discussão que torne a temática escolhida aces-
sível para outras áreas do meio acadêmico, contribuindo para que a relação entre mate-
mática e economia seja cada vez mais acessível.
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7 Considerações finais
O Trabalho de Conclusão de Curso proporcionou observar na prática as possibi-
lidades de articulação entre as áreas de matemática e economia. Através da articulação
destas áreas de conhecimento foi possível desenvolver uma pesquisa visando encontrar o
lucro ótimo, o que contribuirá de forma significatica para o desenvolvimento da saúde
financeira das empresas.
Este trabalho também oportunizou explorar possibilidades do uso das tecnologias
a partir dos softwares Python e GeoGebra tornando desta forma, as informações mais
acessíveis para as empresas, pois facilita na visualização dos cálculos e gráficos.
Dessa forma, ressalto que a pesquisa me oportunizou adquirir um maior conheci-
mento das aplicações dos conceitos matemáticos em geral. Além disso, a articulação com
a economia e a utilização dos softwares, que foram apresentados no decorrer deste traba-
lho, contribuíram para deixar cada vez mais presente a aplicação do Calculo Diferencial
na saúde financeira das empresas.
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Referências
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