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Sociologia para Estudantes de Enfermagem

1. The document discusses the emergence of sociology as a field of study, focusing on key thinkers like Comte, Durkheim, Marx and Weber. 2. It also examines sociological theories and their importance in understanding modern society, as well as concepts like socialization, culture and cultural diversity. 3. The roles of institutions like family, school and religion in socialization are explored.

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Sociologia para Estudantes de Enfermagem

1. The document discusses the emergence of sociology as a field of study, focusing on key thinkers like Comte, Durkheim, Marx and Weber. 2. It also examines sociological theories and their importance in understanding modern society, as well as concepts like socialization, culture and cultural diversity. 3. The roles of institutions like family, school and religion in socialization are explored.

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO

EVANGÉLICO DO LUBANGO
ISPEL
LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

MATERIAL DE APOIO REFERENTE A CADEIRA


DE SOCIOLOGIA GERAL

Iº Ano / Período Matinal

Curo de Enfermagem

Elaborado Por: Pedro Tati

Lubango, 2022
Aos Estudantes do Curso:

Agir no sentido mais geral do termo significa tomar iniciativa,


iniciar, imprimir movimento a alguma coisa.

Por constituírem um initium, por serem recém-chegados e


iniciadores, em virtude do fato de terem nascido, os homens
tomam iniciativa, são impelidos a agir.

O fato de que o homem é capaz de agir significa que se pode


esperar dele o inesperado, que ele é capaz de realizar o
infinitamente improvável. E isto, por sua vez, só é possível porque
cada homem é singular, de sorte que, a cada nascimento, vem ao
mundo algo singularmente novo.

Desse alguém que é singular pode-se dizer, com certeza, que


antes dele não havia ninguém. Se a ação, como início,
corresponde ao fato do nascimento, se é a efetivação da condição
humana da natalidade, o discurso corresponde ao fato da
distinção e é a efetivação da condição humana da pluralidade, isto
é, do viver como ser distinto e singular entre iguais.

Hannah Arendt

In A condição humana
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

1.1. Introdução ao surgimento da Sociologia

1.2. As teorias sociológicas na compreensão do presente

1.3. O Processo de Socialização e as Instituições Sociais

1.3.1. A Instituição Familiar

1.3.2. A Instituição Escolar

1.3.3. A Instituição Religiosa

1.4. Cultura e Diversidade Cultural

1.4.1. Cultura: criação ou apropriação?

1.4.2. Etnocentrismo e Relativismo cultural

CAPÍTULO II – SOCIOLOGIA, SAÚDE E ENFERMAGEM

2.1. Compreendendo a saúde dentro do contexto Sociológico

2.2. Surgimento da Medicina Social

2.3. O Nascimento do Hospital

2.4. Compreendendo o Conceito de Saúde nas Ciências Sociais

2.4.1. Saúde como ausência de doença

2.4.2. Saúde e Bem-Estar

2.4.3. Saúde como Direito: o conceito ampliado de saúde

CAPÍTULO III- SOCIOLOGIA DA SAÚDE

3.1. Fundamentos da Sociologia da Saúde

3.2. Conceito de Sociologia da saúde

3.3. O enfoque ecossistêmico da saúde

3.4. Os determinantes sociais da saúde Doença

3.4.1. A construção social da doença

3.5. Modelos explicativos do processo saúde-doença

3.6. A teoria da medicalização e Farmacologização

3.7. O sistema de saúde Angolano

3.8. Perfil sanitário e Perfil Epidemiológico do País (Angola)

3.9. Problemas Actuais e os principais desafios do Sistema Nacional de Saúde


CAPÍTULO I – SURGIMENTO DA
SOCIOLOGIA
1.1. Introdução ao surgimento da Sociologia
A Sociologia não é redentora ou solucionadora dos males sociais, ou dos problemas
intelectuais das pessoas. Ela surge como uma ciência que vai fornecer novas visões sobre
a sociedade. Sua contribuição está no facto de nos dar referenciais para refletirmos
sobre as sociedades.
Com isto, notamos claramente que através dos tempos, o homem pensou sobre si
mesmo e sobre o universo. Apesar da ciência sociológica ser considerada nova, a
verdade é que ela se consolidou por volta do século XIX, a angústia de se entender as
sociedades, por sua vez, não é tão nova assim. Se olharmos para a Grécia Antiga,
veremos que lá já havia o desejo de se entender a sociedade.
No século V a. C, havia uma corrente filosófica, chamada sofista, que começava a dar
mais atenção para os problemas sociais e políticos da época. Porém, não foram os
gregos os criadores da Sociologia. Mas foram os gregos que iniciaram o pensamento
crítico filosófico. Eles criaram a Filosofia (que significa amor ao conhecimento) e que,
por sua vez, foi um impulso para o surgimento daquilo que chamamos, hoje, de
ciência, a qual se consolidaria a partir dos séculos XVI e XVII, sendo uma forma de
interpretação dos acontecimentos da sociedade mais distanciada das explicações
míticas.
Filósofos gregos como Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C), foram os que
deram os primeiros passos dos trabalhos mais reflexivos sobre a sociedade. Platão
foi defensor de uma concepção idealista e acreditava que o aspecto material do mundo
seria um tipo de fruto imperfeito das ideias universais, as quais existem por si mesmas.
Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, nasce para
estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado Política,
percebe-se o seu interesse em entender a sociedade.
Contudo, foi apenas no século XVIII que uma confluência de eventos como o Iluminismo,
a Revolução francesa de 1789 e a Revolução Industrial, na Europa levou à emergência
da sociologia.
O movimento intelectual denominado de Iluminismo, deu aos indivíduos a capacidade
de pensarem por conta própria e, por esta via, refletirem sobre os reais problemas que
que se tornavam evidentes nas sociedades daquele tempo. Com efeito, a Revolução
Francesa, de 1789 acelerou o pensamento sistemático sobre o mundo social, mudando
a estrutura sócio-política das Sociedades com a implementação dos princípios de
igualdade, liberdade e fraternidade. Já a Revolução Industrial, trouxe à vista as
concepções do Capitalismo e consequentemente a criação das classes sociais, o que deu
origem a constantes desigualdades sociais. Esta revolução, alterou a estrutura sócio-
económica das sociedades, obrigando a um conjunto de pensadores a refletirem sobre
o destino das sociedades. Por meio, foi por meio destes eventos que a sociologia como
uma disciplina autoconsciente foi planejada.

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Assim, numa definição mais sintética, A Sociologia vai ser a ciência que visa estudar a
vida social, as relações sociais, e todas as formas de organização social que são possíveis
através da interacção social.
1.2. As teorias sociológicas na compreensão do presente
Para a consolidação da Sociologia como ciência, foi necessário a intervenção de
inúmeros trabalhos de quatro grandes pensadores, também considerados os clássicos
da Sociologia: Auguste Comte, Émille Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
A começar por Auguste Comte (1798-1857), é fundamental ressaltarmos que foi este
quem criou o termo “sociologia”, primeiramente tendo o chamado de física social, a
partir da organização do curso de Filosofia Positiva em 1839.
O que desejava Comte ao criar a Sociologia, era fazer uma síntese da produção científica,
ou seja, verificar aquilo que havia sido acumulado em termos de conhecimento bem
como os métodos das ciências já existentes, como os da matemática, da física e da
biologia. Ele queria saber se os métodos utilizados nessas ciências, os quais já haviam
alcançado um “status” de positivo, poderiam ser utilizados para estudar as sociedades.
Criador da corrente positivista (científico), que acreditava na superioridade da ciência e
no seu poder de explicação dos fenômenos, A. Comte defendia que a ciência deveria ser
utilizada para organizar a ordem social. Portanto, a Sociologia se colocaria, na visão
deste autor, como uma ciência para solucionar a crise das sociedades daquela época.
Continuando o trabalho iniciado por Comte, o de fazer da Sociologia uma ciência, numa
visão positiva, surge nessa história o sociólogo francês Émille Durkheim (1858-1917),
com o objectivo dar à Sociologia uma reputação científica.
É a partir desse pensador que a Sociologia ganha um formato mais “técnico”, sabendo
o que e como ela iria buscar na sociedade. Foi assim que, com métodos próprios, a
Sociologia deixou de ser apenas uma ideia e ganhou “status” de ciência.
É importante sublinharmos que, Durkheim presenciou algumas das mais importantes
criações da sociedade moderna, como a invenção da eletricidade, do cinema, dos carros
de passeio, entre outros. No seu tempo, havia um certo otimismo causado por essas
invenções, mas Durkheim também percebia entraves nessa sociedade moderna: eram
os problemas de ordem social, como o desemprego, o suicídio, o divórcio, etc.
E uma das primeiras coisas que ele fez foi propor regras de observação e de
procedimentos de investigação que fizessem com que a Sociologia fosse capaz de
estudar os acontecimentos sociais de maneira semelhante ao que faz a Biologia quando
olha para uma célula, por exemplo.
Assim, para Durkheim, a Sociologia deveria interessar-se pelo estudo dos factos sociais,
sendo este o objecto de estudo da Sociologia.
Com efeito, manipular os acontecimentos sociais, ou repeti-los, é muito difícil. Por
exemplo, como poderíamos reproduzir uma festa ou um movimento de greve “em
laboratório” e sempre de igual modo?.

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Nesta linha de pensamento, Durkheim acreditava que os acontecimentos sociais – como
os crimes, os suicídios, a família, a escola, as leis – poderiam ser observados como coisas
(objetos), pois assim, seria mais fácil de estudá-los.
Então propôs algumas das regras que identificam que tipo de fenômeno poderia ser
estudado pela Sociologia. A esses fenômenos que poderiam ser estudados por uma
ciência da sociedade ele denominou de factos sociais.
Assim sendo, identificou três características dos factos sociais que são:
Generalização: significa que o fenômeno é comum a todos os membros de um grupo;
Exterioridade: quando acontece independente da vontade individual;
Coercitivo: quando os indivíduos são “obrigados” a seguir o comportamento
estabelecido pelo grupo.
Para Durkheim, todo facto que reúna essas três características (generalização,
exterioridade e coerção) é denominado de social e pode ser estudado pela Sociologia.
Nesta perspectiva, a sociedade só pode ser entendida pela própria sociedade porque as
ações das pessoas não acontecem por acaso, a sociedade as influencia.
E para explicar a sua teoria, Durkheim utilizou o exemplo do suicídio. O que
aparentemente seria um ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria
na sociedade. Assim, Durkheim verificou que existem três categorias de suicídios:
Suicídio Altruísta: ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele
mesmo, ou seja, os laços que o unem à sociedade são muito fortes.
A título de exemplo, é o ocorrido em 11 de Setembro de 2001. Homens, em actos
aparentemente “loucos”, pilotavam aviões que se chocaram contra as torres gémeas
em Nova York. Para Durkheim, os agentes dessa aparente “loucura” poderiam ser
classificados como suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma como o
grupo Al Qaeda, ao qual pertenciam, que se dispuseram a morrer pelo seu grupo. Da
mesma maneira aconteceu com os kamikases japoneses durante a 2º Guerra Mundial
(1939-1945) e que, de certa forma, continua acontecendo com os “homens-bomba” de
hoje.
Suicídio Egoísta: ocorre quando o indivíduo se desvincula das instituições sociais
(família, igreja, escola, partido político, etc.) por conta própria, para viver de maneira
livre, sem regras. Segundo Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a sua
ação poderia levar a pessoa a desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga
realizar os seus desejos, a frustração poderia levá-la a um suicídio.
Suicídio Anómico: este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social deixam de
funcionar e as normas ou laços que poderiam “abraçar” (solidarizar) os indivíduos
perdem sua eficácia, deixando-os a viver de forma desregrada ou em crise.
Um outro pensador que, muito contribuiu para a consolidação da Sociologia como
ciência foi Max Weber (1864-1920), que ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou

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na possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos factos sociais já
consolidados e suas características externas como as leis, instituições, normas, regras,
etc, mas partindo da compreensão e interpretação da acção social.
Assim, para este autor, o objecto de estudo da Sociologia deveria ser a acção social. E
para melhor compreendermos a sociedade, propôs começarmos pelo indivíduo que nela
vive, ou melhor, pela verificação das “intenções”, “motivações”, “valores” e
“expectativas” que orientam as acções do indivíduo na sociedade.
Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver, relacionar-se e até mesmo
constituir juntos algumas instituições (como a família, a igreja, a justiça), exatamente
porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida
de valores, motivações e expectativas quanto aos objectivos e resultados de suas
acções.
Assim, Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja, uma teoria que
vai entender a sociedade a partir da compreensão dos ‘motivos’ visados subjetivamente
pelas acções dos indivíduos.
Segundo Weber, as pessoas podem atuar, em geral, mesclando quatro tipos básicos de
acção social. São eles:
A acção racional com relação a fins: age para obter um fim objectivo previamente
definido. E para tanto, selecciona e faz uso dos meios necessários e mais adequados
do ponto de vista da avaliação. O que se destaca, aqui, é o esforço em adequar,
racionalmente, os fins e os meios de atingir o objetivo.
A acção racional com relação a valores: ocorreria porque, muitas vezes, os fins últimos
de acção respondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra, justiça,
honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos
valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente
proposto. Por esse tipo de acção podemos pensar as religiões. Ninguém vai a uma igreja
ou pertence a determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá
são pregados.
Acção afetiva: a pessoa age pelo afecto que possui por alguém ou algo. Exemplo disto
é uma serenata que pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama.
A acção social tradicional: é um tipo de acção que nos leva a pensar na existência de um
costume. O acto de realizar o Efiko, por exemplo, ou pedir a benção dos pais na hora de
dormir são acções que podem ser pensadas dentro acção tradicional.
Entretanto, a ideia de Weber para se entender a sociedade é a seguinte: se quisermos
compreender a instituição sociais como a igreja, por exemplo, temos que olhar os
indivíduos que a compõem e suas acções. Provavelmente haverá um grupo significativo
de pessoas que agem do mesmo modo, quer dizer, partilhando valores, desejos e
expectativas quanto à religião, o que resultaria no que Weber chama de relação social.

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Por fim, temos por descrever o filósofo e economista Karl Marx (1818–1883). Marx foi
um dos responsáveis, se não o maior deles, em promover uma discussão crítica da
sociedade capitalista que se consolidava, bem como da origem dos problemas sociais
que este tipo de organização social originou. Para ele “a história de todas as sociedades
tem sido a história da luta de classes”.
Mas o que são lutas de classes?
Nas sociedades de tipo capitalista a forma principal de conflito ocorre entre suas duas
classes sociais fundamentais: a burguesia e o proletariado.
Em primeiro lugar, uma classe social, é um grupo que ocupa um lugar determinado no
processo de produção. Em segundo lugar, uma classe social é um conjunto de indivíduos
determinados pelo seu poder de compra. ”.
Marx acreditava que o lucro é um mecanismo inevitável quando esta intricadamente
ligado ao regime capitalista, pois neste mecanismo o operário era explorado (trabalhava
uma parte do seu tempo para si e outa para o seu capitalista) e alienado. Isto nos leva a
crer que a relação económica entre os capitalistas e os proletários é baseada numa
relação social de força entre duas categorias sociais.
Marx descreve o capitalismo como sendo um regime económico que busca o lucro. O
mesmo assenta tanta na propriedade privada dos instrumentos de produção, quanto na
busca de lucro pelos empréstimos ou produtores.
O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a ampliação e
a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de produção. Mas de
onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador.
O facto é que sociologia de Marx é uma sociologia da luta de classes. Assim, para Marx,
a sociedade actual é uma sociedade antagónica e as classes são os actores principais do
drama histórico, em particular do capitalismo, e da história em geral. Como se não
bastasse, Marx sublinha ainda que, a luta de classes, é o motor da história e conduz a
uma revolução que assinalara o fim da pré-história e o advento de uma sociedade não
antagónica.
Portanto, vale salientar que independentemente de todos os objectos de estudo dado
à Sociologia pelos seus clássicos, hoje é frequente descrever o objecto de estudo da
Sociologia como sendo a realidade social, pois é da realidade social onde descente todos
os factos sociais, por sinal, resultantes da acção social dos indivíduos e que, por sua vez,
produzem as classes sociais.
1.3. O Processo de Socialização e as Instituições Sociais
O que você acha de obedecer regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já foram
pre-estabelecidos para você?
Vivemos numa sociedade totalmente institucionalizada, ou seja, vivemos “imersos” em
instituições sociais, portanto, somos continuamente levados a realizar coisas que não

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escolhemos, e na maioria das vezes as realizamos “naturalmente”, sem questionar de
onde e de quem partiu aquela idéia ou aquela ordem.
Todo o nosso pensamento e nossa ação foram aprendidos e continuam constantemente
sendo construídos no decorrer das nossas vidas. Entretanto, a este processo de
construção de conhecimentos e pensamentos, se dá o nome de Socialização.
Assim sendo, Socialização: é um processo de aprendizagem dos modos de vida da
sociedade em que estamos inseridos. Ela começa desde o nosso nascimento e vai até a
nossa morte.
Portanto, para que este processo ocorra de forma saudável, faz-se necessário que
existam algumas instituições sociais ou alguns agentes de socialização que tornem este
processo viável, sólido e significativo.
Instituições Sociais: são organizações ou instrumentos de normatização e
regulamentação dos comportamentos sociais, cujo principal objectivo é promover a
integração Social por meio de normas, regras e princípios estabelecidos socialmente.
Dentre estes agentes ou instituições sociais somos a mencionar os agentes de
socialização primária como a família e a escola, os agentes de socialização secundária
como a igreja ou religião e o Estado e os agentes de socialização terciária como o
trabalho profissional. A seguir, descreveremos simplesmente alguns aspectos de três
instituições: família, escola e religião.
1.3.1. A Instituição Familiar
A família é o primeiro agente de socialização pois é na família onde aprendemos a ser e
a nos comportar de acordo as regras estabelecidas socialmente.
Com efeito, nascemos todos em algum lugar da sociedade: num bairro de periferia, num
edifício no centro da cidade, num condomínio fechado, e pertencemos quase sempre a
algum tipo de família.
A família é o primeiro agente de Socialização porque é dentro da família que
aprendemos os primeiros valores do grupo e da sociedade a que pertencemos. Os pais
(ou aqueles que cumprem este papel), criam e provêm os filhos de condições para a
subsistência e esperam desses respeito e obediência.
A sociedade espera que os pais trabalhem e tenham uma vida honesta, às mães cabe o
amor incondicional, capaz de fazê-las abrir mão da própria vida para ver a felicidade de
seus filhos. Isso pode parecer um pouco exagerado, mas, às vezes, a caricatura de uma
situação nos permite enxergá-la melhor.
Portanto, crescemos ouvindo que a família é um lugar “sagrado”, que devemos respeitar
nossos pais, que tanto sacrifícios fizeram por nós. Crescemos igualmente ouvindo que é
o bem mais importante de um homem, e quando finalmente crescemos, “desejamos”
formar outra família, porque é isto que esperam de nós.

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Mas se não agirmos dessa forma esperada, se não nos transformarmos no pai
trabalhador, na “mãe santa”, no filho respeitoso? Se escolhermos outro caminho e
outros valores? Aí sofreremos o que a Sociologia chama de coerção social, que significa
o acto de sermos coagidos e pressionados pelo grupo familiar e pelas pessoas próximas
desse, a retomarmos aos valores preestabelecidos socialmente.
1.3.2. A Instituição Escolar
Essa instituição ensina-nos novos padrões de comportamento, ou reforça aqueles que
já trazemos de nossa classe social e tenta nos fazer acreditar que somos todos iguais.
Mas tão logo os alunos percebem que para haver igualdade é necessário mais do que
um lugar na escola, começam as reações contrárias à ordem. São as chamadas questões
disciplinares.
A escola valoriza a ordem, a disciplina, o bom rendimento. Os adolescentes vêem neste
momento de suas vidas a oportunidade de rebelar-se contra os padrões de
comportamento estabelecidos, de agredir tudo que representa autoridade, de
desprezar o que não atende a seus interesses imediatos.
Lembre-se, no entanto, que a inexistência de escolas não significa a inexistência de
educação. Esta última existe em todas as sociedades humanas e são muitos os meios
disponíveis para o seu acesso.
1.3.3. A Instituição Religiosa
A Igreja, normalmente caracterizada como sendo a Religião, é uma outra instituição
social com a qual todos nós convivemos. Caso o indivíduo tenha sido baptizado ou
iniciado em alguma religião em sua infância, e tenha crescido seguindo os ensinamentos
de sua igreja, você desenvolveu o que se chama de pensamento sagrado.
Ao desenvolvermos este tipo de pensamento, tendemos com frequência, explicar os
fenômenos da vida e da morte de acordo com os preceitos de nossa fé. Isto significa que
de alguma forma os nossos comportamentos sociais são moldados de acordo com as
normas da religião em que fazemos parte. Nesta perspectiva, nós passamos a nos
comportar de acordo com o que a nossa igreja nos pede e não de acordo com o que
determinados grupos sociais desejam.
Se, em algum momento das nossas vidas, resolvermos se desligar da nossa religião,
estejamos certos de que sofreremos fortes pressões sociais por parte do nosso grupo
religioso, o qual muito se indignará a respeito da nossa decisão, e mais do que isso, fará
tudo para voltarmos a ser indivíduos conformistas.
1.4. Cultura e Diversidade Cultural
A vida do homem em sociedade é tão complexa que, durante a história, muitos se
dedicaram a entender, explicar e a dar soluções a muitas questões da sociedade,
incluindo as questões culturais.
Costumamos dizer e ouvir que somos o povo angolano! Que vivemos no país da
Kissangwa, do petróleo, acácias e tantos outros termos. Contudo, quando somos

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indagados e questionados sobre nossa identidade nacional, ou seja, que povo realmente
somos e, qual o sentido da nossa formação enquanto nação, ficamos na maior “crise de
identidade”.
Ora, existem tantas culturas dentro do nosso país que por vezes nem sabemos por onde
começar quando somos pedidos a definir quem realmente somos em meio à nossa
diversidade cultural?
Nesta perspectiva, a questão que não se quer calar é: como viemos, enquanto povo e
nação ao longo da história, construindo nossa identidade nacional? Mas, será que
temos mesmo uma única e autêntica identidade nacional?
A cultura faz parte da totalidade de uma determinada sociedade, nação ou povo. Essa
totalidade é tudo o que configura o viver coletivo. São os costumes, os hábitos, a
maneira de pensar, agir e sentir, as tradições, as técnicas utilizadas que levam ao
desenvolvimento e a interação do homem com a natureza. Ou seja, é tudo que diz
respeito a uma sociedade.
Assim sendo ao falarmos de cultura, há que distinguirmos os conceitos de etnia raça e
cultura.
Etnia é um conceito associado a uma referência e/ou origem comum de um povo. Ou
seja, são grupos que compartilham os mesmos laços linguísticos, intelectuais, morais e
culturais. Embora possuam uma mesma situação de dependência de instituições e
organização social, econômica e política, não constitui ainda em uma nação, mas apenas
um agrupamento étnico.
Etnia é, portanto, um conceito diferente de raça e cultura. São exemplos de grupos
étnicos, entre outros, os Kwanhamas, Bakongos, etc.
O termo raça significa dizer que há grupos de pessoas que possuem características
fisiológicas e biológicas comuns. No entanto, o uso do termo raça acaba classificando
um grupo étnico ou sociedade, levando também à hierarquização.
Já a cultura é tudo que as diferentes raças e as diferentes etnias possuem em matéria
de vida social, é um conjunto de leis que regem o país, a moral, a educação-
aprendizagem, as crenças, as expressões artísticas e literárias, costumes e hábitos, ou
seja, é a totalidade que abrange o comportamento individual e coletivo de cada grupo,
sociedade, nação ou povo.
Nesta linha de pensamento, o antropólogo Levi-Strauss defende que a nossa vida social
é “moldada” pelas estruturas sociais. As nossas relações sociais são “determinadas” por
modelos (que são um conjunto de ideias pré-elaboradas, chamadas por este autor de
“estruturas”).
O que seriam então Estruturas Sociais?
Estruturas sociais: Tem uma relação direta com a infraestrutura, que é a base material
e econômica da sociedade e da superestrutura, que são o conjunto de ideias, valores,
leis, religião que ideologicamente organizam a vida social.

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As estruturas sociais são como modelos sociais! Agimos na sociedade, na nossa vida
cotidiana, obedecendo de forma “inconsciente” a esses modelos. E assim, ocorre o que
disse Durkheim, somos “condicionados” na nossa maneira de vestir, pensar, agir...
Mas, afinal, a cultura é uma criação ou uma apropriação?

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