O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO EM CARL G.
JUNG COMO UM
CAMINHO PARA TRANSFORMAÇÃO PSICOLÓGICA DO HOMEM-MASSA
DE JOSÉ ORTEGA Y GASSET
Christian Engelmann
CONTEXTUALIZAÇÃO
O termo massa é mais um daqueles termos que pegamos emprestados de
situações ou coisas do cotidiano e empregamos em contextos sociais, políticos,
filosóficos e psicológicos, para mais claramente expressarmos o que queremos dizer.
Originalmente o termo é utilizado para descrever
1. Quantidade de matéria sólida ou pastosa de maior ou menor coesão,
geralmente de forma indefinida. 2. Quantidade considerável de um
fluido. 3. Conjunto de elementos, geralmente de mesma natureza,
formando um aglomerado. [...] 9. fig. Coisa, objeto que perdeu sua
forma. (HOUAISS e VILLAR, 2009, p. 1253-1254).
Entretanto, hoje em dia, facilmente se compreende a utilização do termo em
contextos variados, como quando se fala sobre, por exemplo, uma “sociedade de
massa”, “comunicação em massa”, “produção em massa”, “comportamento de massa”,
“consumo de massa” e etc.
Entretanto, a utilização do termo para a elaboração de conceitos específicos das
disciplinas de sociologia, política, comunicação, filosofia, psicologia e outras, tem sua
gênese manifestada a partir da Revolução Francesa, que foi a epítome da ascendência
das pessoas sem título de nobreza, os chamados burgueses, sobre os nobres, e portanto
o início da chamada democracia liberal — que é, fundamentalmente, a elevação da
massa, ou da maioria, ao poder (MOTA e ACSELRAD, 2011) —, e da Revolução
Industrial, caracterizada pela urbanização, estabelecimento de um grande volume de
pessoas nestes mesmos centros urbanos, o grande volume de bens que passaram a ser
produzidos em escala e a maior geração de capital, que passou a ser, paulatinamente,
melhor distribuído ao povo, ao invés de se concentrar prioritariamente na nobreza.
Carl Jung, também ciente destes movimentos, afirma o ineditismo desta nova
estruturação da civilização em grandes centros urbanos, e confirma que
graças à industrialização, grandes parcelas da população foram
desenraizadas e agrupadas em grandes centros. Esta nova forma de
existência [...] produziu um indivíduo que era instável, inseguro e
sugestionável. (JUNG, 1978, p. 222, §453)
Uma das utilizações do termo massa de forma inédita foi a de José Ortega y
Gasset — um dos protagonistas a que nos propomos investigar neste artigo —, com a
criação do conceito de homem-massa. Ortega y Gasset concebe o fenômeno de massa a
partir de uma perspectiva psicológica, integral de cada indivíduo, e não sociológica ou
quantitativa, não relacionando a massificação a um grupo social específico, mas a um
estado psicológico possível a cada pessoa individualmente.
A descrição deste fenômeno possível aos seres humanos feita por Ortega y
Gasset serve então de inspiração para diversas teorias de controle social, que passam a
enxergar os caminhos de manipulação do ser-humano à partir de sua vulnerabilidade
enquanto homem-massa, principalmente utilizada e explorada nas disciplinas de
comunicação, publicidade e propaganda — em que o filosofo espanhol é, ainda hoje,
parte da bibliografia obrigatória para a formação de profissionais destas áreas —, que se
reinventaram no século XX, devido a criação de meios de comunicação [de massa],
como rádio, televisores, redes de telefonia e internet.
Os meios de comunicação de massa foram instrumentos fundamentais para os
grandes movimentos totalitaristas do século passado, utilizados intencionalmente para
manipulação e convencimento de seus respectivos povos por líderes autoritários e
ditadores. Não se pode estudar a história do Partido Nazista (Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores Alemães), do Partido Comunista da União Soviética ou do Partido
Comunista Chinês liderado por Mao Tse Tung, por exemplo, sem se deparar com o
gigantesco aparato propagandístico que possuíam para disseminar seus ideais e esconder
seus crimes — como por exemplo os maiores massacres e genocídios da história da
humanidade — do seu povo (TORRES, 2021); à partir de robustas estratégias de
propaganda, que levavam em conta o homem-massa orteguiano, conseguiram manter
sob seu poder e influência, legiões de pessoas e vastos exércitos que, voluntariamente,
mantinham funcionando a engrenagem de seus movimentos abomináveis. Muitas destas
pessoas, após encerradas as tragédias de que fizeram parte, relatam que não se
consideravam culpadas por nenhuma das atrocidades que fizeram parte — fenômeno
observado largamente no Julgamento de Eichmann e nos Julgamentos de Nuremberg
—, justificando suas ações como apenas cumprimento de ordens pelo bem maior do
grupo (nação, exército, setor do governo etc.) que faziam parte.
Jung também via com preocupação a ascensão destes Estados tirânicos, e
desenvolveu sua psicologia levando em conta o que observara na mesma Europa do
século XX em que viveu José Ortega y Gasset, e afirmou que sua preocupação residia
no fato de que
em vez do indivíduo concreto, você tem os nomes das organizações e,
no ponto mais alto, a ideia abstrata do Estado como princípio da
realidade política. A responsabilidade moral do indivíduo é então
inevitavelmente substituída pela política do Estado (raison d'etat). Em
vez de diferenciação moral e mental do indivíduo, você tem o bem-
estar público e a elevação do padrão de vida. O objetivo e o sentido da
vida individual (que é a única vida real) não residem mais no
desenvolvimento individual, mas na política do Estado, que é imposta
ao indivíduo de fora e consiste na execução de uma ideia abstrata que,
em última análise, tende a atrair toda a vida para si. O indivíduo é
cada vez mais privado da decisão moral de como deve viver sua
própria vida e, em vez disso, é governado, alimentado, vestido e
educado como uma unidade social, acomodado na unidade
habitacional apropriada e divertido de acordo com os padrões que dão
prazer e satisfação às massas.” (JUNG, 1978, p. 252, §499)
Esta preocupação de Jung coaduna perfeitamente com o conceito de homem-
massa, estes sujeitos distantes de suas individualidades e profundamente amalgamados
entre si, tão bem delineados por Ortega y Gasset.
O HOMEM-MASSA ORTEGUIANO
O homem-massa é uma das peças centrais da filosofia de Ortega, o qual concebe
o fenômeno de massa a partir de uma perspectiva psicológica. Até a proposição de
Ortega, as grandes teorias sociais, políticas e econômicas, pensavam a civilização
moderna em termos de uma dialética hegeliana do senhor e do escravo, mas Ortega y
Gasset vai dizer que é possível ir além desta classificação e pensar as classes sociais não
apenas como resultado de uma divisão econômica, mas pensar também a partir de “um
modo de ser” que se encontra em todas as classes. Ortega y Gasset identifica que a
divisão fundamental em nossa sociedade se dá a partir de um corte transversal na
hierarquia social, e que na verdade a divisão não é necessariamente de classe, mas é de
um modo de ser da pessoa humana, integral de cada indivíduo, e não sociológica ou
quantitativa, não relacionando a massificação a um grupo social específico, mas que “a
rigor, a massa pode definir-se, como fato psicológico, sem necessidade de esperar que
apareçam os indivíduos em aglomeração” (ORTEGA Y GASSET, 2005, p. 63)
Ortega y Gasset elabora seu conceito de homem-massa na obra A Rebelião das
Massas, publicada originalmente em 1929, em plena ditadura espanhola (a chamada
Ditadura de Primo de Rivera), praticamente uma década depois do fim da Primeira
Guerra Mundial e a uma década da Segunda Guerra Mundial começar, ano em que
também estava em plena ascensão o Fascismo na Itália, o Nazismo na Alemanha e o
Comunismo na União Soviética. Além de filosofo, era também jornalista e ativista
político, portanto profundamente envolvido e atento aos movimentos em toda a Europa.
Na obra A Rebelião das Massas, Ortega y Gasset expõe seus conceitos de
maneira não linear, pois foi escrita originalmente em artigos de jornal, em que ele
conciliava a exposição dos seus conceitos com o cenário europeu que via ao seu redor.
Agrupados posteriormente para organização da obra completa que temos acesso hoje
em dia, estes artigos são ensaios que simultaneamente abarcam a exposição filosófica, a
crítica social e a arte poética, tão profundamente dominada por Ortega. O conceito de
homem-massa se distribui, portanto, ao longo de toda obra, à medida que ele vai
expondo suas elocubrações, analisando suas circunstâncias e investigando a história
humana.
Apesar de bastante eloquente em seus trabalhos, Ortega y Gasset em nenhum
momento sintetiza em poucas palavras seus conceitos, e dedica-se ao longo das diversas
páginas discorrendo a respeito das características e circunstâncias do homem-massa.
Desta forma faremos uma investigação em que será destrinchado o homem-massa e
apresentado de forma mais objetiva neste trabalho. Começaremos das exposições mais
gerais de Ortega, até as mais específicas e circunstanciais.
São visíveis diversas influências na criação deste conceito, ainda que em si
mesmo ele seja original, e podemos dar os contornos gerais do homem-massa afirmando
que
a massa de Gasset é mais ampla do que os amotinados de Burke e
Taine, mas é igualmente subversiva, agressiva, violenta, antiliberal.
Assim como para Le Bon e Freud, a massa de Gasset é estética, é
afetiva, é, sobretudo, vulgar. É uma categoria cultural, diretamente
associada à barbárie de Guizot. Dominada por uma cultura imagética,
descolada da prática reflexiva, essa massa é a-histórica, isto é, rompe
com a transcendência e com a razão, como faz o sujeito nietzscheano,
mas também com o passado, a memória, a tradição e a erudição. A
massa, portanto, não respeita hierarquias. Não respeita as instituições,
porque não conhece a técnica e não entende o próprio aparato estatal.
(AXT, 2020)
Ortega y Gasset esclarece ainda que
mais do que um homem, é apenas uma carcaça de homem constituído
por meros idola fori; carece de um "dentro", de uma intimidade sua,
inexorável e inalienável, de um eu que não se possa revogar. Daí estar
sempre em disponibilidade para fingir ser qualquer coisa. Tem só
apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obrigações.
(ORTEGA Y GASSET, 2005, p. 22)
Como se pode ver, Ortega é bastante duro com os sujeitos identificados como
homem-massa, e isso nos leva a apontar, no diagrama psicológico destes homens-massa,
alguns traços fundamentais que o delineiam, apresentados de forma esparsa ao longo de
toda obra “A Rebelião das Massas”, quais sejam: 1) Ingratidão e indiferença; 2) Quer
progresso, mas ignora o que leva ao progresso; 3) Expansão de seus desejos vitais; 4)
Violento e rebelde; 5) Culto à técnica e especialidade; 6) Vulgar; 7) Não exige nada de
si, mas exigem tudo dos outros e do estado; 8) Sem senso de direção.
O homem-massa pode ser encontrado em qualquer ambiente, atuando em
qualquer função, passível de assumir em sua biografia uma postura de traidor da sua
condição metafísica, “no sentido em que se trata de um homem que se abstém de fazer a
si mesmo, com autonomia, de viver a dramaticidade de sua vida, de esforçar-se por dar
sentido a si próprio e que, em sua dimensão social faz do mundo sua imagem e
semelhança” (ASSUMÇÃO, 2012, p. 158).
Deste modo, já que o aspecto intrinsecamente humano está no indivíduo, a
massificação, enquanto fenômeno humano, deve ocorrer justamente na intimidade do
indivíduo. O que surge posteriormente como fenômeno social, ou coletivo, é um
desenrolar dos fenômenos que aconteceram primeiramente no nível individual, e se
mostra cada vez mais robusto na medida em que cada vez mais indivíduos, um a um,
são dragados pela massificação ou optam (“optam” pois veremos mais adiante como a
todo ser-humano é dada a oportunidade de individuar-se; como naturalmente se
manifesta na consciência, do inconsciente, o “chamado para aventura”) pela
comodidade de não se individuarem, até que se tornem muitos, uma massa amorfa e
violenta, uma massa que “atropela tudo que é diferente, egrégio, individual, qualificado
e seleto. Quem não seja como todo o mundo, quem não pense como todo o mundo,
corre o risco de ser eliminado” (ORTEGA Y GASSET, 2005, p. 68). Ou, num cenário
potencialmente mais catastrófico, que sejam guiados (ou manipulados) por poucos, para
o mal de forma mais ampla, tendo em vista que, como bem nos alertou Jung, há
constantemente o perigo das psicoses latentes em indivíduos na sociedade que “apesar
de constituírem um número pequeno em relação ao conjunto da população, representam
um grande perigo” (JUNG, 2013b, p. 14, §490). Jung continua sua argumentação,
declarando que estes indivíduos são perigosos justamente em “razão do conhecimento
muito limitado que as [outras] pessoas, ditas normais, possuem de si mesmas” (ibid.),
então propõe, como caminho de conquista de si-mesmos, de integração entre a
consciência e a inconsciência (totalidade), o que ele chamou de um Processo de
Individuação.
A descrição analítica de Ortega não é positiva, e não é preciso muito esforço
para reconhecer a veracidade dos elementos constitutivos do homem-massa e mais, a
identificação de pessoas com estes traços aos montes em nossa sociedade atualmente.
Ortega faz uma análise profunda, reconhecida mundialmente pela precisão de seus
apontamentos, com descrição e detalhamento a respeito deste perfil psicológico possível
a qualquer um que viva na sociedade moderna, e ainda nos alerta dos perigos intrínsecos
à esta condição. Permanece, porém, uma questão em aberto: como deixar de ser
homem-massa? Ortega não responde a esta questão, mas Carl Gustav Jung parece ter
desvelado uma possibilidade.
O CONCEITO DE INDIVIDUAÇÃO PARA CARL G. JUNG
A obra de Jung não utiliza os métodos da filosofia, em que são apresentados os
conceitos sistematicamente, erguendo-se premissas básicas e certificando-se de que as
partes se ajustam e se combinam mutuamente sem contradição (STEIN, 2000, p. 19),
desta forma os conceitos de sua psicologia vão sendo apresentados continuamente ao
longo da publicação dos volumes de suas Obras Completas, em virtude mesmo de ele ir
aperfeiçoando sua psicologia de maneira empírica através de sua própria vida. Por um
lado, esta estrutura é bastante benéfica, pois aprofunda cada vez mais seus conceitos na
medida em que estes se correlacionam com os demais e são confrontados com a
realidade; por outro lado um pouco ruim, pois Jung foi um prolífico escritor, e há
que se conhecer toda a sua obra para se obter um quadro correto. Se
ele for lido de um modo mais ou menos aleatório por algum tempo, o
leitor começará a desconfiar de que as peças se ajustam, de uma forma
ou de outra, na própria mente de Jung, mas só depois de lida a sua
obra e refletindo sobre ela por muito tempo, é que o leitor poderá ver
como realmente isso ocorre. (STEIN, 2000, p. 19)
Em resumo: a psicologia pensada por Jung é bastante complexa. Desta feita,
portanto, iremos neste artigo fazer um esforço para apresentar de maneira concisa os
conceitos que se enlaçam para erigir o que Jung chamou de “Processo de Individuação”,
certos de que não esgotaremos o tema. Isso significa que, para o leitor que queira se
aprofundar no magnífico legado deixado por Jung, é necessário seguir o conselho de
Murray Stein: ler a sua obra completa e refletir sobre ela por muito tempo.
Há uma distinção importante de ser feita inicialmente, que é a diferenciação
entre individuação e individualismo. Jung distingue claramente os dois conceitos, pois
ambos, apesar de parecerem semelhantes, se distinguem diametralmente. Para Jung, que
foi direto ao ponto,
individualismo significa acentuar e dar ênfase deliberada a supostas
peculiaridades, em oposição a considerações e obrigações coletivas. A
individuação, no entanto, significa precisamente a realização melhor e
mais completa das qualidades coletivas do ser humano; é a
consideração adequada e não o esquecimento das peculiaridades
individuais, o fator determinante de um melhor rendimento social.
(JUNG, 2014a, p. 66, §267 )
Feita esta distinção inicial, vamos adiante tratando do Processo de Individuação,
que é o coração da psicologia analítica. A individuação é definida como um processo
gradual e constante de integração dos aspectos conscientes e inconscientes, bem como
das demandas subjetivas e objetivas, rumo à complexidade crescente da personalidade e
ao encontro cada vez mais profundo com o Self (PENNA, 2013).
Jung nos explica, na primeira vez (cronologicamente) que trata deste assunto em
uma obra formal, traduzida no Brasil como O eu e o inconsciente, que
individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por
‘individualidade’ entendermos nossa singularidade mais íntima,
última e incomparável, significando também que nos tornamos o
nosso próprio si-mesmo. Podemos, pois, traduzir “individuação” como
“tornar-se si-mesmo” (Verselbstung) ou “o realizar-se do si-mesmo”
(Selbstverwirklichung). (JUNG, 2014a, p. 66, §266)
É por meio desse desenvolvimento que o sujeito pode experimentar sua essência
em unidade, integrando os opostos a fim de tornar-se inteiro e aproximar-se mais de
quem já se é em potencial. Dessa forma, a individuação corresponde ao surgimento do
Self na consciência, através de sua manifestação nos numerosos estágios de
desenvolvimento em que se transita ao longo da vida, uma vez que “durante o
desenvolvimento, o si-mesmo [Self] colide com a psique e gera mudanças no indivíduo
em todos os níveis: físico, psicológico e espiritual” (STEIN, 2000, p. 173).
De acordo com Jolande Jacobi (1983, p. 12) permaneceu incansável o esforço
científico e psicoterapêutico de Jung para elaborar um procedimento metodológico para
trazer esses componentes à consciência e associá-los ao ego, a fim de realizar a
“personalidade maior” que está potencialmente presente em cada indivíduo.
Baseando-se no modelo de três estágios apresentado por Jung como forma de
“descrição ou definição resumida” (JUNG, 2013a, p. 31, §63) de fatos observáveis que
dedicou a analisar, Stein (2000) afirma que o processo de individuação é composto
pelas seguintes etapas: 1) estruturação da persona e do ego; 2) conscientização e
integração da sombra e da anima/animus; e por fim, 3) o encontro com o Self. Assim se
dá, pois, a individuação é como uma jornada, que parte da estruturação do ego e da
persona, para não nos deixarmos conduzir pelas demandas, muitas vezes cruéis, das
circunstâncias que estamos inseridos, e melhor desvelarmos os conteúdos do nosso
inconsciente pessoal; em seguida a tarefa é a conscientização e integração da sombra,
pois somente com a sombra bem integrada se acessa com clareza a sizígia
anima/animus, e assim “a anima vai pouco a pouco deixando de ser uma personalidade
autônoma. Desse momento em diante, ela se torna a função de relação entre o
consciente e o inconsciente [tanto pessoal, quanto coletivo]” (JUNG, 2011, p. 182, §04);
abrindo, por fim, as “portas” para o caminho espiralado que leva ao Self, o grande
tesouro da psique humana.
Este modelo em três estágios para o desenrolar da individuação na vida humana,
lida com cinco Arquétipos fundamentais da personalidade, que são: persona, ego,
sombra, a sizígia anima/animus e o Self. Estas estruturas interagem entre si em três
reinos distintos, o consciente, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.
Para que se entenda melhor o processo de individuação, passemos a uma
explicação breve sobre estas estruturas. Jung concebia a psique, ou a personalidade total
de uma pessoa, como composta de um reino consciente e inconsciente. O reino
inconsciente ele dividiu em inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. O inconsciente
pessoal é composto em grande parte por elementos reprimidos da história pessoal,
enquanto o inconsciente coletivo é composto por instintos e arquétipos comuns a todos
os seres humanos.
O termo persona é derivado da palavra latina equivalente a máscara, e “é
realmente uma expressão muito apropriada, porquanto designava originalmente a
máscara usada pelo ator significando o papel que ia desempenhar” (JUNG, 2014a, p.
§245). Jung ainda nos dá mais detalhes a respeito da persona, explicando questões que
nos são muito caras para correlacionarmos mais adiante o processo de individuação com
o homem-massa orteguiano, ao dizer que
ao analisarmos a persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que,
aparentando ser individual, ela é no fundo coletiva; em outras
palavras, a persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No
fundo, nada tem de real; ela representa um compromisso entre o
indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que “alguém parece ser: nome,
título, ocupação, isto ou aquilo”. De certo modo, tais dados são reais;
mas, em relação à individualidade essencial da pessoa, representam
algo de secundário, uma vez que resultam de um compromisso no qual
outros podem ter uma quota maior do que a do indivíduo em questão.
A persona é uma aparência, uma realidade bidimensional [plana, por
isso superficial], como se poderia designá-la ironicamente. (ibid.,
§246)
A persona é, claramente, o arquétipo que rege o homem-massa descrito por José
Ortega y Gasset; a dissolução da máscara é seu desafio primordial e essencial, o
primeiro e mais importante passo que precisa ser dado.
Já o Ego é uma palavra latina cuja tradução literal é eu. O ego pode ser
entendido como um óbvio ponto de partida para se ingressar no vasto reino da psique
humana. Indo direto ao ponto, podemos afirmar que
entendemos por "eu" aquele fator complexo com o qual todos os
conteúdos conscientes se relacionam. É este fator que constitui como
que o centro do campo da consciência, e dado que este campo inclui
também a personalidade empírica, o eu é o sujeito de todos os atos
conscientes da pessoa (JUNG, 2013a, p. 14, §1)
A sombra é, de certa forma, o arquétipo contrário a persona, uma vez que a
persona contém os elementos que mostramos publicamente, e a sombra é aquilo que
contém os elementos esquecidos da pessoa, o seu mundo interno, desconhecido e
reprimido. A sombra encontra-se no centro do inconsciente pessoal, e todo ego,
inevitavelmente, tem uma sombra. Isso acontece porque
quaisquer partes da personalidade que normalmente pertenceriam ao
ego se estivessem integradas, mas foram suprimidas por causa de
dissonância cognitiva ou emocional, caem na sombra. O conteúdo
específico da sombra pode mudar, dependendo das atitudes e do grau
de defensividade do ego. De um modo geral, a sombra possui uma
qualidade imoral ou, pelo menos, pouco recomendável, contendo
características da natureza de uma pessoa que são contrárias aos
costumes e convenções morais da sociedade. (STEIN, 2000, p. 98)
Stein ainda argumenta, muito poeticamente, que “a sombra é o lado inconsciente
das operações intencionais, voluntárias e defensivas do ego” (ibid.). A integração da
sombra exige muita honestidade, coragem e uma boa dose de desapego das opiniões
alheias; podemos pressupor aqui que os traços violentos e vulgares do homem-massa
apresentados anteriormente residem justamente na não integração desta sombra, que,
justamente por não estar integrada à consciência, assume as rédeas do ego num processo
neurótico ou até psicótico. Jung nos confirma esta posição, quando expõe que
muitas vezes é trágico ver como uma pessoa estraga de modo evidente
a própria vida e a dos outros, e como é incapaz de perceber até que
ponto essa tragédia parte dela e é alimentada progressivamente por ela
mesma. Não é a sua consciência que o faz. (JUNG, 2013a, p. §18)
A integração da sombra é fundamental para todos que queiram progredir para
um grau mais excelente de vida, mas é preciso lembrar que
a aceitação da sombra como parte da nossa personalidade requer que
redefinamos quem somos e em que acreditamos. Temos de reconhecer
que, de fato, temos necessidades e desejos que antes considerávamos
sem valor ou imorais (ROBERTSON, 1999, p. 132).
A sizígia anima/animus é estrutura inconsciente que representa a parte do gênero
oposto de cada indivíduo, sendo a anima o aspecto feminino e o animus o aspecto
masculino. Estas são estruturas fundamentalmente arquetípicas e ancestrais, e
cada homem sempre carregou dentro de si a imagem da mulher; não a
imagem desta ou daquela mulher em particular, mas uma imagem
feminina definida. Essa imagem, examinada a fundo, é uma massa
hereditária inconsciente, gravada no sistema vital e proveniente de
eras remotíssimas; é um “tipo” (“arquétipo”) de todas as experiências
que a série dos antepassados teve com o ser feminino, é um
precipitado que se formou de todas as impressões causadas pela
mulher, é um sistema de adaptação transmitido por hereditariedade.
[...] O mesmo vale também para a mulher, pois também ela carrega
igualmente dentro de si uma imagem inata do homem (JUNG, 2014b,
p. §338)
Uma vez a sombra bem integrada, temos acesso mais claramente à sizígia
anima/animus, que por sua vez podem ser ilustrados simbolicamente pelo deus grego
mitológico Hermes, o deus mensageiro e dos caminhos, que tem livre passagem pelos
diferentes mundos da mitologia, ilustrando a responsabilidade de conduzir o ego no
vasto inconsciente que está se desvelando e que abriga o maior dos tesouros da psique
humana.
O Self, também frequentemente citado em português como si-mesmo, é o
arquétipo dos arquétipos; Jung o descreveu como sendo o arquétipo central, o arquétipo
da ordem e da totalidade da psique, de onde emana o que potencialmente podemos ser
em nosso grau mais elevado. Deve-se saber e entender que o consciente e o inconsciente
não estão necessariamente em oposição, mas que se complementam formando assim,
uma totalidade. Essa totalidade é o Self, “o ‘deus interior’, a maior aproximação
psicológica possível do que seja a divindade” (ROBERTSON, 1999, p. 164), entendido
como unificação e reconciliação de polaridades, o equilíbrio que “constela a totalidade e
a ordem no cerne da psique” (ibid.). Jung diz que a integração da anima/animus nos
leva em seu percurso a
“algo” [que] é-nos estranho e, no entanto, próximo; sendo plenamente
o que somos, é incognoscível, um centro virtual de misteriosa
constituição e que poderá exigir tudo: parentesco com animais e
deuses, com cristais e estrelas, sem que isso nos surpreenda ou
provoque nossa desaprovação. Tudo isto é exigido e nada temos nas
mãos para opor razoavelmente a tal exigência. E é saudável prestar
ouvidos a essa voz. Dei a este ponto central o nome de si-mesmo
(Selbst [Self]). Intelectualmente, ele não passa de um conceito
psicológico, de uma construção que serve para exprimir o
incognoscível que, obviamente, ultrapassa os limites da nossa
capacidade de compreender. O si-mesmo também pode ser chamado
“o Deus em nós”. Os primórdios de toda nossa vida psíquica parecem
surgir inextricavelmente deste ponto e as metas mais altas e
derradeiras parecem dirigir-se para ele. (JUNG, 2014a, p. §398-399)
O Self é, portanto, justamente o que o processo de individuação visa alcançar,
ainda que seja fundamentalmente inalcançável, por representar a perfeição possível a
cada indivíduo singularmente. É a expressão antecipada em nossa psique da melhor
versão de nós mesmos, e que luta ativamente para se manifestar.
Individuar, portanto, é autorrealizar-se com o objetivo de se mover em direção à
totalidade psicológica. A totalidade é um estado ideal em que todos os nossos potenciais
latentes são atualizados e todos os elementos do nosso inconsciente são trazidos à luz da
consciência e integrados harmoniosamente em nossa estrutura de caráter. Na brevidade
de uma vida humana, podemos apenas nos aproximar, mas nunca alcançar plenamente a
condição de integridade psicológica. Mas caminhar nessa direção gera realização e da o
sentido mais pleno possível à vida humana, além de nos levar ao cultivo de um caráter
que está enraizado em nossa individualidade e que transcende meros papéis sociais e as
expectativas dos nossos pares e da sociedade em geral.
A TRANSFORMAÇÃO PSICOLÓGICA DO HOMEM-MASSA
O processo de individuação, portanto, não só pode, como é o melhor caminho
para transformar psicologicamente o homem-massa orteguiano. Mesmo sem Jung e
Ortega y Gasset terem se conhecido, é surpreendente como suas concepções dialogam
reciprocamente. A opinião de Jung sobre a mentalidade massificada converge tão bem
com a descrição de Ortega, que é como se o processo de individuação tivesse sido
pensado levando o homem-massa em conta, ainda mais quando expõe que
“o único remédio eficaz para a mentalidade de massa, para o efeito
despersonalizador das instituições sociais coletivas modernas, e para a
ameaça do niilismo, acreditava Jung, residia no aumento da
consciência do si-mesmo e no amadurecimento da psique individual”
(CLARKE, 1993, p. 201)
Entretanto, precisamos lembrar que
é possível fracassar na tarefa de individuação. Uma pessoa pode
permanecer dividida, não-integrada, internamente múltipla, até chegar
a uma idade avançada, e ainda assim ser tida na conta de alguém que
viveu uma vida social e coletivamente bem-sucedida, embora
superficial. (STEIN, 2000, p. 157)
Individuação é compensação, em que o inconsciente atua para compensar
desequilíbrios do ego consciente super apegado à persona. e sua relação com suas
circunstâncias. Tendo isso em mente, podemos pressupor que dificilmente o homem-
massa não sofrerá espontaneamente com os mecanismos de compensação de seu
inconsciente, tendo em vista que a sua manifestação em vida é pura influência exterior,
se distanciando em demasia de suas singularidades pessoais contidas no Self,
impossíveis de serem emuladas pela massa, fazendo com que, como exposto
anteriormente, o Self colida com a sua consciência para que seja buscado.
O Self atua fazendo o “chamado para a aventura”, cabe ao homem-massa,
portanto, optar por dar ouvidos a este chamado do Self, ou fazer ouvidos moucos,
recusar o chamado para aventura, com seus desafios e desconfortos, e permanecer
massificado, homogêneo ao meio. Saber do seu do seu estado de massificação — e
todos os possíveis efeitos negativos atrelados a este estado —, e da possibilidade de
uma individuação — e de todo o benefício de empreender esta jornada em busca de si-
mesmo —, é, portanto, a chave para o homem-massa transformar-se psicologicamente.
As seguintes palavras de Jung se fazem esclarecedoras quanto a importância da
consciência, mediante um necessário envolvimento do ego, no processo de
individuação:
Poder-se-ia dizer que todo mundo, com sua confusão e miséria, está
num processo de individuação. No entanto, as pessoas não o sabem,
esta é a única diferença. A individuação não é de modo algum uma
coisa rara ou um luxo de poucos, mas aqueles que sabem que passam
pelo processo são considerados afortunados. Desde que
suficientemente conscientes, eles tiram algum proveito de tal processo
(Jung, 1973, apud Fadiman & Frager, 1986, p. 58).
Ou seja, por mais que aconteça naturalmente, “em seu sentido estrito, o processo
de individuação só é real se o indivíduo estiver consciente dele e, consequentemente,
com ele mantendo viva ligação” (JUNG, 2016, p. 213)
Com isso em mente, não podemos negar a importância da prática em psicologia
analítica, a análise em si, uma vez que, segundo Jung, “é necessário um processo
consciente de diferenciação, ou individuação, para trazer a individualidade à
consciência, isto é, para tirá-la do seu estado de identidade com os objetos externos”
(JUNG, 2013c, p. §756). Existe, portanto, uma diferenciação importante a ser feita entre
o processo de individuação que ocorre naturalmente, e o que é guiado por um analista,
ainda que
a análise junguiana não produza o processo de individuação, com
frequência e capaz de ativá-lo, de torná-lo mais consciente e de
acelerar-lhe a velocidade de ocorrência. Há três importantes
diferenças entre a pessoa cuja individuação segue as vias naturais e
aquela cuja individuação ocorre através da experiencia analítica. A
pessoa cuja individuação é estimulada mediante a análise é 1) mais
capaz de perceber de forma consciente e descrever o processo de
individuação; 2) menos propensa a sofrer uma regressão para padrões
neuróticos de comportamento; e 3) mais capaz de ajudar outras
pessoas (na qualidade de "parteira") a passar pelo mesmo processo.
(HALL, 1995, p. 66)
Uma boa maneira de entender o processo natural de individuação, que
simplesmente acontece, e a forma mais consciente de individuação que a psicoterapia
junguiana promove, é considerar a analogia do corpo humano. Nossos corpos físicos
crescem e se desenvolvem por conta própria, sem exigir nossa percepção consciente.
Podemos, no entanto, assumir uma postura mais proativa e consciente em relação ao
nosso desenvolvimento físico, exercitando-nos e comendo adequadamente. Da mesma
forma, podemos ser mais proativos em termos de desenvolvimento de nossa psique,
tomando certas medidas que ajudam a acelerar o processo natural de individuação.
Outro ponto importante para ser esclarecido sobre a transformação psicológica
do homem-massa, é que o processo de individuação precisa ser um processo contínuo,
uma vez que “nenhum elemento age sobre outro sem que ele próprio seja modificado”
(HUMBERT, 1995). Ou seja, assim como o homem-massa que opta por se individuar
muda a massa, a massa lutará ferrenhamente para massificar novamente o homem
individuado.
O homem que deixou de ser homem-massa tem o dever moral de lutar por sua
individuação depois que ouviu o “chamado para a aventura” feito pelo Self, isso porque
passa a ser corresponsável em afetar positivamente suas circunstâncias, tendo em vista
que “o caminho da individuação não é o do individualismo em seu sentido limitado,
negativo, mas um caminho que intensifica, em vez de diminuir, a percepção social e a
responsabilidade” (CLARKE, 1993, p. 209).
A única maneira real de conquistar mudanças genuinamente positivas para a
sociedade de forma segura, tendo em vista que o homem-massa, não individuado, por
sua vulnerabilidade, pode ser iludido com discursos de bem coletivo e “terra
prometida”, quando na verdade está sendo conduzido, como muitas vezes já vimos
acontecer, a cometer atrocidades pensadas em virtude das “psicoses latentes em
indivíduos na sociedade” (JUNG, 2013b, p. 14, §490).
A pessoa individuada, portanto, além de salvar a si mesma da condição de
homem-massa — como vimos, peremptoriamente ameaçadora — é melhor para o
coletivo, ainda que pareça contraditório. Pois quanto mais integrados nos tornamos,
mais capazes somos de contribuir e mudar as nossas circunstâncias. A mudança
individual de cada pessoa é o único caminho para mudar o panorama geral da
sociedade. A psicologia que encaminha os indivíduos à totalidade de si-mesmos é a
psicologia que pode curar as nações.
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