UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
LICENCIATURA EM GEOLOGIA
Elton Ernesto
Félix Paulino
Fátima Pena
Machaude Bacar
Samuel sande
Romão Carlitos
Elaboração de uma proposta de património geomorfológico de Sofala
Beira
2022
Elton Ernesto
Félix Paulino
Fátima Pena
Machaude Bacar
Samuel sande
Romão Carlitos
Licenciatura em Geologia
Elaboração de uma proposta de património geomorfológico de Sofala
Trabalho de pesquisa a ser entregue no
Departamento de Ciências da Terra e
Ambiente, na Cadeira de P.G.G para
fins de Avaliação. Curso: Geologia, 4ᵒ
Nível.
Docente:
PhD. Ubaldo Gemusse
Universidade Licungo
Extensão Beira
2022
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................ 4
1.1. Objectivos ......................................................................................................................... 5
1.1.1. Objectivo Geral ............................................................................................................ 5
1.1.2. Objectivos Específicos ................................................................................................. 5
1.2. Metodologias .................................................................................................................5
Capitulo2. Introdução ao património geomorfológico .................................................................. 6
2. Contextualização do termo Património Geomorfológico .................................................6
2.1. Geodiversidade, geoconservação, paisagem e, Geoturismo ..................................... 8
Capitulo3. Património Geológico de Sofala .................................................................................. 9
3. Localização de Sofala ...........................................................................................................9
3.1. Geologia regional ....................................................................................................... 10
3.2. Potencialidades do património geomorfológico de Sofala ......................................11
4. Caracterização dos Geossítios com potencialidades de serem considerados como
geoturisticos na da região de Sofala ......................................................................................... 11
4.1. A Serra da Gorongosa ............................................................................................... 11
4.1.1. Localização geográfica ...................................................................................... 11
4.1.2. Área de Conservação ......................................................................................... 12
4,1.3. Zona Tampão da serra ................................................................................................14
4.1.3. Áreas de prospecção mineira ............................................................................ 14
4.1.4. Paisagens da serra ..............................................................................................15
4.1.5. Importância da serra de Gorongosa ................................................................ 16
4.2. Cavernas do planalto de Cheringoma ......................................................................17
4.2.1. Localização geográfica ...................................................................................... 17
4.2.2. Geologia local ..................................................................................................... 17
4.3. Grutas de Khodwze ................................................................................................... 18
4.3.1. Importância das Grutas de khodzwe ............................................................... 20
Capitulo5. Proposta de Geoconservação ..................................................................................... 21
5. Necessidade de protecção .................................................................................................. 22
5.1. Divulgação .................................................................................................................. 22
5.2. Monitoramento ...........................................................................................................22
6. Conclusão ............................................................................................................................23
7. Bibliografia ......................................................................................................................... 24
1. Introdução
O valor dos locais de interesse geomorfológico é pouco conhecido pelo público e por
investigadores de outros domínios científicos. Nesse sentido, torna-se necessário
fomentar o seu conhecimento. É necessário também criar novos métodos para avaliar o
seu valor científico, cultural, estético e socio-económico, assim como surge a
implementação de protecção legal de alguns desses locais.
Nessa perspectiva o presente trabalho tem visa abordar a cerca da potenciais áreas a
serem, consideradas como do Património Geomorfologico na região de Sofala. O tema
do património geomorfológico tem merecido especial atenção nos últimos anos pela
comunidade científica internacional. No sentido de valorizar e proteger geoformas, têm
surgido vários estudos e iniciativas, inclusivamente grupos de trabalho internacionais.
Almaçudi descreve as terras de Sofala e da importância da mineração e comércio entre o
Império dos Mwenemutapas e os árabes e indianos que ali se haviam estabelecido.
Nessa época, Sofala abrangia toda a costa centro e norte do atual Moçambique.
1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Elaborar uma proposta de património geomorfológico de Sofala.
1.1.2. Objectivos Específicos
Abordar e dar a conhecer os locais propícios a serem considerados patrimónios
geomorfológicos da província de Sofala;
Estudar e analisar aspectos geológicos, morfológicos e Estruturais da Serra de
gorongosa e a volta das Grutas de Cheringoma.
1.2.Metodologias
Para a elaboração do presente trabalho, que esta concentrada na criação de uma proposta
de património geomorfológico de Sofala, recorreu-se ao método de consulta
bibliográfica, que consistiu na recolha de informações em manuais, artigos científicos
entre outros Meios que versam com o tema, e seguiu-se a selecção e organização do
presente trabalho, cuja expectativa é de cumprir os objectivos previamente estabelecidos.
Capitulo2. Introdução ao património geomorfológico
2. Contextualização do termo Património Geomorfológico
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia de
Ciências de Lisboa (2000), património pode ser o “conjunto de bens materiais e
imateriais transmitidos pelos antepassados e que constituem herança colectiva”. Têm
valor patrimonial os bens que devemos transmitir aos nossos descendentes no melhor
estado possível, aqueles que, pelas suas características particulares (culturais e/ou
naturais), necessitam de medidas especiais de protecção (Donadieu,1986,in Grandgirard,
1997a).
O património pode ser cultural ou natural. O termo património é utilizado na maior
parte das vezes como sinónimo de património cultural. Contudo, deve considerar-se o
património natural com igual importância.
O património natural é o património não construído. O ambiente natural constitui a base
de todas as formas de vida e do Homem em particular. Pela sua complexidade, dinâmica
e sensibilidade, o ambiente natural e a sua história representam um património para as
sociedades humanas (Martini, 1994; Grandgirard, 1997a). Este contém duas vertentes
fundamentais (figura 1): a componente biótica e a componente abiótica. O património
biótico é constituído pelos seres vivos que, pelas suas características únicas, de ameaça
de extinção ou de equilíbrio dos ecossistemas necessitam de uma valorização e
protecção no sentido de os preservar. Património abiótico é, como o nome indica, aquela
parte da natureza abiótica cujas características únicas e importância para a preservação
da biodiversidade se revelam fundamentais. Neste, inclui-se naturalmente o património
geológico.
O património geológico é constituído pelos locais e objectos geológicos que, pelo seu
conteúdo devem ser valorizados e preservados, constituindo documentos que
testemunham a história da Terra. O património geológico engloba vários tipos de
geótopos, de acordo com as áreas científicas da geologia. Este pode ser património
mineralógico, paleontológico, geomorfológico, etc. (figura 1). Uma jazida de fósseis
com valor estético, científico e didáctico pode ser considerada património; de igual
forma, determinados minerais são património pelo seu interesse científico e didáctico.
É neste contexto que se insere o património geomorfológico (figura 1), traduzido pelo
conjunto de locais de interesse geomorfológico. Nestes, as geoformas (e os processos
que as geraram) adquiriram valor científico, histórico/cultural, estético e/ou socio-
económico, derivado da percepção humana (Panizza & Piacente, 1993; Panizza, 2001;
Reynard, 2004).
Mais precisamente, têm uma importância particular na reconstrução e na explicação da
história da Terra, do seu clima e na vida que suporta. O valor de um destes locais pode
ser de quatro tipos (Panizza & Piacente, 1993): científico (por exemplo, uma moreia que
representa a extensão de um glaciar); histórico/cultural (uma montanha com uma forte
carga mística ou religiosa, ou geoformas que são suporte de actividades culturais ou
infraestruturas); estético (paisagens espectaculares em montanha, litoral ou deserto);
socio-económico (algumas dessas paisagens como destino turístico) (Reynard, 2004).
Figura 1. Enquadramento do património geomorfológico na temática do património.
2.1. Geodiversidade, geoconservação,
paisagem e, Geoturismo
Na temática do património geomorfológico é frequente a utilização dos termos
geodiversidade, geoconservação, paisagem e Geoturismo.
Segundo definição proposta pela Royal Society for Nature onservation do Reino Unido,
A geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e
processos activos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fosséis, solos e outros
depósitos superficiais que são suporte para a vida na terra” (Brilha, 2005, p. 17), que no
entanto vem sendo gradativamente perdida, devido à super utilização e a falta de
conservação de tais recursos.
Geodiversidade é assim a diversidade dos elementos geológicos (rochas, minerais,
fósseis), geomorfológicos (geoformas, processos) e pedológicos, incluindo as suas inter-
relações, propriedades, interpretações e sistemas (Gray, 2004). A geodiversidade é um
recurso natural não renovável, (Cumbe, 2007).
O termo Geoconservação designa as iniciativas de conservação da geodiversidade
(Brilha, 2002; Gray, 2004).
O termo paisagem está também intimamente ligado à questão da geoconservação. Este
termo é utilizado normalmente para designar a componente geomorfológica do
património geológico, isto porque, na perpectiva da geoconservação, o seu valor
paisagístico (cénico, estético) advém fundamentalmente das geoformas, sobretudo de
grande escala.
O Geoturismo adquire grande destaque dentro das actividades ligadas a geodiversidade
e a geoconservação, sendo assim cabe levantar questões sobre essa nova vertente do
turismo. (Bento e Rodrigues, 2009). O geoturismo insere-se nessa nova fase do turismo
já que têm em sua essência as premissas da conservação ambiental e cultural do meio.
Segundo Thomas Hose (1995), geoturismo é provisão de facilidades interpretativas e
serviços para promover o valor e os benefícios sociais de lugares e materiais geológicos
e geomorfológicos e assegurar sua conservação, para o uso de estudantes, turistas e
outras pessoas com interesse recreativo ou de lazer.
Capitulo3. Património Geológico de Sofala
Antes de abordar sobre as potencialidades do património geomorfológico cabe uma
breve caracterização da região Sofala.
3. Localização de Sofala
A província de Sofala localiza-se na região centro de Moçambique, a Norte fazendo
fronteiras com as Províncias de Tete e da Zambézia; a leste, a Província está limitada
pelo Oceano Índico; A sul é separada pelo rio Save da Província de Inhambane
enquanto a oeste está ligada à Província de Manica.
Figura1. Localização da província de Sofala
3.1.Geologia regional
De um modo geral, geologicamente a província de Sofala é constituída por rochas do
fanerezoico, subdivididas em 5 eras do período Quarternário e Terciário, pertencentes
ao complexo de Barué e ao super grupo de Karoo, como mostra a figura2.
Ainda no sentido geológico, as rochas sedimentares encontradas na região de Sofala
pertencem a formação de Chiringoma, Mazamba, Inhaminga , Sena e Cadzi. As
vulcânicas a formação do Monte Linhanga, Rio Nhavedezi.
Figura2. Geologia Regional de Sofala
No que diz respeito ao clima, a região de Sofala, é compreendida por apresentar clima
predominantemente tropical húmido, com uma temperatura média anual que varia entre
24º e 25ºC e é caracterizado por duas épocas, uma chuvosa e quente com temperatura
média de 30ºC (novembro a abril) e outra fresca e seca, com a temperatura média entre
24 e 26ºC (maio a outubro).
A província de Sofala apresenta relevo caracterizado por planícies e planaltos, com uma
altitude que varia de 0 a 2483m.
3.2. Potencialidades do património geomorfológico de Sofala
Segundo Paulo Pereira (2006, p. 33) na actualidade existem duas perspectivas principais
sobre o conceito de local de interesse geomorfológico. Uma definição restrita diz-nos
que são geoformas com alto valor científico para o conhecimento da Terra, da Vida e do
clima. E Uma definição mais abrangente considera-o como geoformas a que foi
atribuído valor científico, ecológico, cultural, estético e/ou económico.
Na província de Sofala o património geomorfológico ainda não adquiriu valor científico,
no entanto, é possível através de sua análise obter conhecimento sobre factores que
interferiram e acções que ainda interferem na formação do relevo local. Sendo assim, as
presenças dessas geoformas possibilitam a realização de actividades ligadas ao
geoturismo e seus preceitos geoconservacionistas.
4. Caracterização dos Geossítios com potencialidades de serem considerados
como geoturisticos na da região de Sofala
4.1. A Serra da Gorongosa
A Serra da Gorongosa é uma Área de Conservação Total, criada pelo Governo de
Moçambique, através do Decreto Ministerial 78/2010 de 31 de Dezembro, com o
propósito de ampliar os limites do Parque Nacional da Gorongosa e assegurar a
geoconservação.
4.1.1. Localização geográfica
A Serra da Gorongosa, situada a cerca de 50 km a Noroeste do PNG e a
aproximadamente 160 km da costa moçambicana, localiza-se no distrito da Gorongosa,
província de Sofala em Moçambique e na parte meridional da África, conforme a figura
abaixo.
Figura 3. Enquadramento geográfico da Serra da Gorongosa
À semelhança do que acontece em várias regiões rurais de Moçambique, na Serra da
Gorongosa existem dois modelos de organização social, sendo um estatal,
protagonizado pelas estruturas governamentais e outro tradicional, de reprodução social
dos magorongoze (dominado por senas), o qual identitário da maioria dos seus
habitantes.
4.1.2. Área de Conservação
Na Área de Conservação da biodiversidade, com 367 km2 de superfície, temos o
predomínio de montanhas cobertas por florestas de montanha e de biombo, que
constituem o habitat extremamente importante para a diversidade de ordem animal.
Nela identificamos os afloramentos de maciços rochosos intrusivos formados por
granitos e garbo, que emergem da plataforma planáltica (a partir da cota média de 400m)
ao complexo granito-gnáissico-magmático com afloramentos de rochas extrusivas
representadas por fonólitos e traquitos, tendo o seu ponto mais alto, o pico Gogogo com
1863 metros.
O barlavento da Serra da Gorongosa, que coincide com a sua parte oriental, é
influenciado pela direção do vento - predominantemente do quadrante leste - o qual
arrasta consigo as massas de ar húmidas ao encontro do maciço montanhoso,
configurando-se em chuvas orográficas. Neste, encontram-se rios com maior
desenvolvimento da rede hidrográfica, entre eles o Nhandare que escoam as águas dos
cursos naturais que se situam na parte setentrional e oriental da Serra em direcção ao
sopé, na sua parte meridional, deixando suas águas se misturarem com as dos rios
Vunduzi, Mudjicapinda e Nhandungue, sendo que este último corre na extensa região
planáltica.
No sotavento, parte ocidental da Serra, assistimos a antítese, isto é, rios pouco
desenvolvidos representados pelo rio Chitunga que, após receberem a contribuição de
maior parte dos riachos ao ocidente da Serra e também as águas do rio Nhandare,
despejam-nas no rio Vunduzi. Destacamos ainda, os rios Mucurumadzi, Mepuaze e
Sungue14 que correm em direcção ao sopé sulcando os declives, deixando-se cobrir
pela floresta de galeria e formando quedas de água nas vertentes, quando o desnível de
terreno é acentuado, entre as curvas de nível de 800 e 1000 metros, como são os casos
de cascatas de Morombodzi e de Nhamu, com mais de 100 metros de altura. Os rios
Vunduzi, Nhandungue, Mucodza, Mepuaze, e Zaracambe15 nascem na Serra da
Gorongosa e despejam suas águas no Lago Urema, no interior do PNG, conforme
mostra a figura abaixo.
O Lago Urema é o ponto de convergência das águas da rede de drenagem que intercepta
o vale, incluindo o próprio rio Urema que o alimenta, em ano de cheias excepcionais,
sendo o excesso drenado para o rio Púnguè (Mafalacusser e Marques, 2000).
4,1.3. Zona Tampão da serra
A Zona Tampão ou de amortecimento tem o predomínio de planaltos e de superfície
aplainada interrompida por inselbergs de dimensões e alturas variáveis de rochas
esfoliadas, deixando-se cercear por peneplanície de aluviões e por “Graben” de Urema,
limitando o planalto da Gorongosa a ocidente e o de Cheringoma a oriente, com uma
extensão de cerca de 200 km de comprimento e 40 km de largura, de acordo com
Mafalacusser e Marques (2000).
A peneplanície de aluviões ou de acumulação estende-se até o limite Norte da Área de
Conservação do PNG, descansando na Zona Tampão que é a comum para ambas áreas
de conservação descontínuas. Esta caracteriza-se pela “grande uniformidade do seu
relevo, com declives suaves e cumes aplanados cujas cotas variam entre os 300 e os
600m, embora aquelas, a oeste da Serra sejam superiores às da região Este, resultando
num talude de inclinação no sentido W-E ou NW-E” (MAFALACUSSER e
MARQUES, 2000, p. 8).
O vale, de acordo com Ferro e Bouman (1987), poderá ser produto de falhas geológicas
que terão ocorrido no decurso do Cretácico e seguidamente no Mioceno, limitando o
grande vale do Urema, onde depósitos de Cretácico marinho e do Terciário poderão
estar soterrados por aluviões.
4.1.3. Áreas de prospecção mineira
A Área de Conservação Total da Serra da Gorongosa é, na sua totalidade, coberta por 9
licenças de prospecção mineira de ouro. Segundo DONDEYNE, et. al. (2007), entre os
anos 2003 e 2006 a empresa Finlandesa “GTK consortium” procedeu ao levantamento
dos recursos minerais na zona centro e em 2005 a “J.F. Mining” manifestou interesse
para investir no jazigo de ouro em Tsiquiri. A figura abaixo apresenta a sobreposição da
Área de Conservação Total com áreas de prospecção mineira
Figura5. Áreas com atribuição de licenças mineiras
A exploração artesanal de ouro, sem atribuição de licença, tem constituído uma
actividade de destaque na Área de Conservação Total.
4.1.4. Paisagens da serra
As Cascatas do Murombodzi, na Serra da Gorongosa
Figura. Ponto mais alto da Serra
4.1.5. Importância da serra de Gorongosa
Importância sociocultural
A serra de gorongosa exerce um papel muito importante na preservação da paisagem
espiritual e cultural, uma vez que na Serra as árvores, os animais, os homens detêm
“poderes” distintos que influenciam seus membros, uma vez que estão
permanentemente expostos a estes, “determinando” o sucesso ou insucesso das vidas
dos membros das comunidades. Para estas comunidades tem “poder” quem detêm
“forças mágicas” ou sobrenaturais. É comum ouvir-se que certo leão ou leopardo
encarna determinados líderes que em vida tinham poder sobrenatural. A estes animais
não se deve, de forma alguma, matá-los sob o risco de “trazer azar para a família ou
comunidade” [EMC3]. Trata-se, no entanto, de animais raros na região, o que poderá
ser um mecanismo para a sua preservação.
As comunidades acreditam que os antepassados representam os seus “deuses” e estes
revelam-se aos seus parentes sob forma de serpentes e outros animais como Panthera
leo (leão), Panthera pardus (leopardo) e Crocuta (hiena), nas imediações dos lugares
sagrados da serra.
Importância da rede Hidrográfica da serra
A rede hidrográfica da Serra para além de assegurar a manutenção da diversidade
biológica cumpre também a função de proporcionar uma expressiva quantidade e
qualidade da água para o abastecimento directo às comunidades locais.
As elevadas precipitações decorrentes das chuvas orográficas favorecem o
desenvolvimento de florestas tropicais com diversidade de espécies de árvores. A sua
distribuição espacial reflecte o padrão da unidade fisiografia.
Importância científico
Do ponto de vista de ciências geográficas, a criação da Área de Conservação Total na
Serra da Gorongosa, claramente bem delimitada para a proteção da diversidade
biológica, corresponde ao estabelecimento do território, pois a introdução dos limites
afeta o comportamento dos membros das comunidades locais no acesso à área de
conservação e aos recursos naturais, dado os imperativos legais.
4.2.Cavernas do planalto de Cheringoma
4.2.1. Localização geográfica
O distrito de Cheringoma está situado a Nordeste da Província de Sofala, sendo limitado
a Norte pelos Distritos de Marromeu e Caia, a Sul pelo Distrito de Muanza, a Oeste
pelos Distritos de Gorongosa e Maringué e a Este pelo Oceano Índico. A superfície do
distrito1 é de 6.954 km2.
4.2.2. Geologia local
O distrito de Cheringoma é caracterizado pela ocorrência de duas principais estruturas
Geológicas que se desenvolvem na região, às quais aparecem associadas as seguintes
unidades paisagísticas:
O “Graben” do Urema – vale do “Rift”, com uma ligeira inclinação no sentido
NESW a Oeste do Planalto de Cheringoma/Inhaminga;
Os depósitos sedimentares do Cretácico marinho e continental das Formações de
Mazamba, Cheringoma, Grudja e Sena;
Os aluviões arenosos e argilo-arenosos a Este do planalto; a vasta planície
Deltáica do Quaternário; e
Os antigos cordões litorais e de dunas, mais ou menos consolidadas que se
orientam em geral, paralelos à costa.
Em geral, os solos são agrupados em cinco unidades principais nomeadamente:
associação de solos quartzíticos; associação de solos arenosos; associação de solos
calcários; associação de solos coluvionares; associação de solos arenosos e argilo-
arenosos; associação de solos aluvionares; e associação de solos aluvionares da
planície deltáica.
Na parte central do distrito predominam rochas sedimentares com ocorrência de
minerais tais como: grés calcário, areias vermelhas, e outros minerais. Na região do
Vale do Rift predominam formações do terciário caracterizado pela presença de
sedimentos fluvioaluvionares, lacustres, sedimentos coluviais. Ocorrem minerais
tais como: grés vermelho, grés de Inhaminga, grés argiloso, conglomerados,
gnaisses, quartzitos e basaltos. O distrito apresenta as maiores grutas naturais de
Sofala (Khodwze).
4.3.Grutas de Khodwze
A aldeia de khodze ou chimbarata, fica situada a cerca de 35km da vila sede de
inhaminga, distrito de Chiringoma, Sofala. Com uma comunidade maioritariamente
composta por camponeses.
Destacam-se na aldeia de Khodwze grutas com o mesmo nome, com cerca de 7km de
extensão e uma de profundidade de quase 100, a sua volta encontram-se árvores
seculares e pedra. E as mesmas guardam mitos e contos com mais de 100 anos.
4.3.1. Importância das Grutas de khodzwe
Importância sociocultural
As Grutas de Khodwze exercem um papel muito importante na preservação da
paisagem espiritual e cultural da comunidade local, uma vez a mesma acredita que os
antepassados representam os seus “deuses”.
E para a visita das mesmas, os visitantes têm de realizar a cerimónia para pedir
proteção ao Chimbatata, o primeiro homem que descobriu as águas cristalinas destas
grutas. Só desta forma poderão evitar riscos como quedas ou encontros indesejados com
os animais bravos. E geralmente, guia é o líder tradicional, que pertence à quarta
geração da família que descobriu o local. Conta-nos que só para percorrer a gruta com o
nome da aldeia são precisos quatro a cinco dias. Para ver todas as três grutas,seriam
precisos vinte.
Para ir às grutas buscar água sem sobressaltos não se pode descurar a cerimónia
tradicional. Neste ritual são também apontados os motivos e os prazos da frequência da
população no local. Findo o prazo, ninguém tem permissão para ir às grutas de
Khodwze.
Importância científica
Acredita-se que as grutas de Khozwe são mais visitadas ou tem mais recebido visitantes
que tem interesse por investigar a origem e as espécies de animais que ali moram.
As mesmas têm recebido turistas que proporcionam o desenvolvimento sustentável
local.
Capitulo5. Proposta de Geoconservação
A valorização do património geomorfológico dos locais acima citados passa pela
implementação de iniciativas diversificadas e produtos de divulgação, uma vez que a
mesma exerce um papel super importante tanto na comunidade local assim como
científica.
A selecção destes dois locais foi com base em critérios de estética e espectacularidade
das geoformas, da sua raridade (no contexto regional) e dos seus valores científico e
didáctico. E são enfatizadas as geoformas maiores, com valor paisagístico.
5. Necessidade de protecção
Com esta proposta visa-se essencialmente o desenvolvimento de uma ferramenta para a
organização e protecção do património geomorfológico de Sofala. A nova política de
Conservação será o documento orientador para a nova lei moçambicana sobre o futuro
das áreas protegidas. Onde destaca-se a importância da gestão do ecossistema das áreas
acimas citadas, de modo que os recursos que encontram não sejam esgotados.
5.1.Divulgação
A implementação produtos tais como itinerários, conjuntamente com outra informação
geológica permitirá melhorar a percepção da paisagem pelo público em geral, assim
como fornecerá novas ferramentas de intervenção ao pessoal técnico da Serra.
O itinerário, poderá facilitar para a atracção e aumento de fluxo de turistas,
aproveitamento da promoção e venda dos produtos locais.
Por um lado, beneficia da protecção garantida pelas políticas especiais de conservação
da natureza habituais nestas áreas, oque permitira que estas áreas funcionam como uma
montra da natureza (biótica e abiótica), na medida em que atraem visitantes, aos quais
pode e deve ser fornecida informação sobre o património geomorfológico local.
5.2.Monitoramento
A área de conservação da serra de Gorongosa está a enfrentar diversos desafios, mas o
mais preocupante é a mineração artesanal descontrolada na região de Tsiquiri. O que
dita a necessidade urgente de criação de um programa de pesquisa e sistema de
monitoria ambiental da região com vista a minimizar os possíveis impactos negativos
futuros dessa actividade.
6. Conclusão
A Serra da Gorongosa possui condições peculiarmente favoráveis, enquanto área
detentora de uma biodiversidade e sociodiversidade notáveis, para se tornar em área de
geoconservação capaz de se constituir em um importante destino turístico e provocar o
fluxo de capital financeiro para a região centro de Moçambique, em particular.
A criação da área de conservação tem influência negativa na vida dos diferentes atores
sociais com interesses distintos, pois as novas formas de apropriação do território, das
quais destacamos a expropriação de terras para protecção da biodiversidade e para a
prática do turismo, em detrimento das práticas socioculturais e económicas de outros
atores, marcam uma nova realidade na Serra, onde as relações de poder, na nova
realidade, irão gerar uma multiplicidade de territórios com territorialidade, dimensão e
conteúdo específicos, a serem introduzidos pelo novo ordenamento territorial da Serra
da Gorongosa, no contexto da extensão do Plano de Maneio do PNG.
7. Bibliografia
CUMBE, Ângelo N. F. O Património Geológico de Moçambique: Proposta de
Metodologia de Inventariação, Caracterização e Avaliação; Universidade Do Minho
Escola De Ciências Departamento De Ciências Da Terra; Braga. 2007
UERJ, Rio de Janeiro, n. 37, e53915, 2020 | DOI: 10.12957/geouerj.2020.53915
33
Lei no 16/2014, de 20 de Junho. Aprova os Princípios e Normas Básicas sobre a
Protecção, Conservação, Restruturação e Utilização Sustentável da Diversidade
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POTECIALIDADES DO PATRIMÔIO GEOMORFOLÓGICO DA BACIA DO
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PATRIMÓNIO GEOMORFOLÓGICO: DA ACTUALIDADE
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