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INTERTEXTUALIDADE

Este documento apresenta uma análise da intertextualidade entre os poemas "A um poeta" de Antero de Quental e "Surge et ambula" de Rui de Noronha. O autor identifica diferentes tipos de intertextualidade entre os poemas, incluindo paráfrase, epígrafe e modelo poético. O objetivo é mostrar como Rui de Noronha adotou elementos formais e temáticos do poema de Antero de Quental em seu próprio trabalho.

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INTERTEXTUALIDADE

Este documento apresenta uma análise da intertextualidade entre os poemas "A um poeta" de Antero de Quental e "Surge et ambula" de Rui de Noronha. O autor identifica diferentes tipos de intertextualidade entre os poemas, incluindo paráfrase, epígrafe e modelo poético. O objetivo é mostrar como Rui de Noronha adotou elementos formais e temáticos do poema de Antero de Quental em seu próprio trabalho.

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UNIVERSIDADE ABERTA – ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa

ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE (TIPOS) E DOS SENTIDOS POLISSÉMICOS


LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE ET AMBULA”, ANTERO DE
QUENTAL E RUI DE NORONHA

Nasmudine Ernesto Nhabau. Código: 41221326

Inhambane/Agosto/2022
UNIVERSIDADE ABERTA - ISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa

ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE (TIPOS) E DOS SENTIDOS POLISSÉMICOS


LITERÁRIOS DOS TEXTOS “A UM POETA” E “SURGE ET AMBULA”, ANTERO DE
QUENTAL E RUI DE NORONHA

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Portugues da UnISCED.

Tutora: Wiliam Zona

Nasmudine Ernesto Nhabau. Código: 41221326

Inhambane/Agosto/2022

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

1.1. OBJECTIVOS ............................................................................................................. 4

1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................... 4

1.1.2. Objectivos Específicos ......................................................................................... 4

1.2. METODOLOGIA ....................................................................................................... 4

2. TEXTO, INTERTEXTO E INTERTEXTUALIDADE ..................................................... 5

3. TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE ............................................................................... 5

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 8

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................... 8

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1. INTRODUÇÃO

Em sonetos bem como em outros géneros textuais é bastante comum notar a escolha de
construções intertextuais, como uma estratégia de enriquecimento da escrita literária e como
um mecanismo de construção heterogénea do texto. Para uma melhor compreensão da
intertextualidade como fenómeno literário, nos é urgente relacioná-la a situações nas quais se
manifesta entre as diversas manifestações artísticas como: música, Pintura, Teatro, Cinema,
Literatura de entre outras. Feita tal abordagem, este conceito tenciona referir a
intertextualidade com delimitações à sua natureza e às maneiras através das quais se
manifesta no seio da actividade literária. A intertextualidade como pode se observar nos
textos ‘‘ A um poeta’’ e ‘‘Surge et ambula’’ de Antero de Quental e de Rui de Noronha
respectivamente, se dá, pois, tanto na produção assim como na recepção da grande rede
cultural de que todos participam proporcionando situações em que, filmes retomam filmes,
quadros que dialogam com outros, romances que se apropriam de formas musicais e tudo isso
são textos em diálogo com outros textos. Assim sendo, um texto é sempre oriundo de outros
textos orais ou escritos e é onde se nota a presença do intertexto.

No presente artigo abordar-se-á sobre a análise da intertextualidade (tipos) e dos sentidos


polissémicos literários dos textos “a um poeta” e “surge et ambula”, Antero de Quental e Rui
de Noronha visto que as suas manifestações artísticas se desencadeiam nas relações de
dialogismo de que os textos se valem.

1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Objectivo Geral
 Este artigo pretende verificar como se dá o processo de intertextualidade entre os
textos A um poeta e Surge et ambula.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Identificar o modelo de análise dessa intertextualidade e
 Fundamentar em torno das razões da ocorrência dessa intertextualidade

1.2. METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho de campo, recorreu-se a uma extensiva revisão literária,
tendo também se auxiliado em pesquisas virtuais pela qual produziu-se a presente síntese
como resultados desta combinação.

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2. TEXTO, INTERTEXTO E INTERTEXTUALIDADE

Em primeiro lugar, temos que ter em conta que texto é entendido como toda a unidade de
produção de linguagem situada, acabada e auto-suficiente do ponto de vista de acção ou da
comunicação: (BAKHTIN, 1992).

Por outro lado, o intertexto só funciona quando o leitor é capaz de perceber a referência do
autor a outros textos. Este recurso assume papéis distintos conforme o contexto no qual é
inserido. Tal como postulado por BENTES (2005) intertextualidade é a interpretação
semiótica de um texto com outros, isto é, a intertextualidade é uma espécie de conversa entre
textos. Diante deste quadro, constata-se que hoje já existe um entendimento de que todos os
textos apresentam algum tipo de intertextualidade, “pois nenhum texto se acha isolado e
solitário” (MARCUSCHI, 2008, p. 129).

3. TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE

De acordo coma natureza do intertexto, a intertextualidade pode ser: exoliterária (quando o


intertexto é constituído por textos não verbais ou não literários) ou endoliterária que é o caso
em análise (quando o intertexto é constituído por textos literários) FERREIRA (1977).

Ainda, podemos encontrar intertextualidade explícita – quando a fonte do intertexto é citada e


intertextualidade implícita – neste tipo, ao contrário, a fonte do intertexto não é mencionada
explicitamente.

Santʼanna (2003) aponta três modelos de interpretação deste fenómeno dos quais só o
segundo nos interessa por ser o que mais se ajusta a nossa análise. Esse modelo apresenta três
componentes: a paráfrase (desvio mínimo), estilização (desvio tolerável) e paródia (desvio
total). Se olharmos para os textos de que dispomos, veremos que entre ambos há uma relação
parafrástica centrada no desvio mínimo, pois o autor do texto novo prima pela manutenção do
idêntico.

Com base nessa inevitável presença do outro no que dizemos e escrevemos, essa
comunicação entre os textos em análise, Koch postulou alguns tipos de intertextualidade
evidentes em ambos textos, tais como:

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Epígrafe: Quando um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título é retomado,
guardando com ele alguma relação mais ou menos oculta.

Ex: O poema da autoria de Rui de Noronha é o resgate do título “ Surge et ambula” do poema
do poeta português Antero de Quental

Paráfrase: Constitui-se na recriação textual, tendo como suporte um texto-fonte. Ao


parafrasearmos um texto, estamos atribuindo-lhe um novo “rosto” discursivo, embora
mantendo a mesma ideia veiculada no texto original.

Ex: Tu, que dormes, espírito sereno, Posto à sombra dos cedros seculares, Como um levita à
sombra dos altares, Longe da luta e do fragor terreno… - Antero de Quental

- Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério. Dormes! e o mundo rola, o mundo vai
seguindo… O progresso caminha ao alto de um hemisfério, E tu dormes no outro sono o
sono do teu infindo… - Rui de Noronha.

4. ANÁLISE DOS TEXTOS

O que se pode aproveitar dos dois textos é basicamente uma simbiótica pelo que Antero de
Quental e toda a geração de 70, em Portugal, persistiram na estética do considerado terceiro
romantismo cuja essência girava em torno do apelo social que mais tarde abriu o caminho
para o culto do sentimento de inquietação intelectual enquanto por outro lado, Rui de
Noronha assume, na Literatura Moçambicana, o papel de precursor, ou seja, o poeta da
transição entre as fases iniciais da literatura em que grande parte das poesias produzidas eram
feitas sem vinculação ao universo cultural moçambicano (MENDONÇA, 1988).

Por outro lado, diante do quadro apresentado pelos dois textos em análise, fica claro que
existe uma relação intertextual entre ambos, relação essa voltada para a paráfrase ou
intertextualidade por semelhança como refere Santʼanna (2003). No poema sugerido, Rui de
Noronha copia o modelo típico de Antero de Quental como se pode ver no texto A um poeta,
ambos adoptam o género soneto (duas quadras e dois tercetos), tal prática revela o carácter
heterogéneo do texto de Rui de Noronha. Sob olhar rimático, ambos os textos apresentam
concordância no final dos versos, como ilustram os esquemas das duas primeiras estrofes de
cada texto: abab, abab e abba, abba.

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 Títulos

O texto surge et ambula serve se do subtítulo do texto A um poeta. Por outras palavras, houve
citação do intertexto surge et ambula. Esta retomada do subtítulo reforça a legitimidade
daquele poeta emergente, pois a imitação de um clássico da literatura portuguesa revelaria
prestígio na sua época.

 Modelo

Adopta-se o segundo que concebe a paráfrase como desvio mínimo, afinal o parafraseador
faz uma imitação dos aspectos formais do texto. Sobre a imitação.

 Quanto aos aspectos de conteúdo

Rui de Noronha vai buscar em Antero de Quental uma espécie de conflito interior do eu,
gerado, no contexto europeu, pelo fato de os jovens não querem se envolver na guerra
colonial que se intensificava nas colónias, como se pode ler nos seguintes versos:

Tu que dormes, espírito sereno,/ Ergue-te pois, soldado do Futuro,/ Sonhador, faze a espada
de combate!.

Em Rui de Noronha esses versos ocorrem sob a forma de um intertexto mais acessível a
variante linguística moçambicana e ajustados àquele universo sociocultural, nos seguintes
termos: Dormes! e o mundo marcha, ó pátria do mistério / Desperta. O teu dormir já foi mais
do que terreno / Ouve a voz do Progresso, este outro Nazareno.

 Estilo e léxico

O texto Surge et ambula resgata elementos do texto A um poeta e ambos os textos retomam
intertextualmente os verbos no subjuntivo e imperativo: Dormes, Lança-te, Desperta, Ouve e
dormes, Acorda, Escuta, Ergue-te.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ficou evidente, os elementos aqui abordados são esclarecedores quanto a


intertextualidade entre estes dois textos. Olhando para os modelos sugeridos por Santʼanna
(2003), pode-se concluir que estamos diante do segundo modelo que sugere uma paráfrase
enquanto desvio mínimo pois, o texto se conforma com o seu intertexto. Todavia, no texto
Surge et ambula há uma continuidade da ideologia dominante, fundando-se a manutenção do
idêntico e repetindo as informações como se de espelho se tratasse, como se pode ilustrar na
relação entre o título um texto e o subtítulo de outro. Assim sendo, com as abordagens feitas
no decurso do presente artigo, pode-se concluir facilmente que o intertexto só funciona
quando o leitor é capaz de perceber a referência do autor a outros textos e que a
intertextualidade é uma espécie de conversa entre textos sem isolar o facto de que hoje já
existe um entendimento de que todos os textos apresentam algum tipo de intertextualidade,
pois nenhum texto se acha isolado e solitário.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, 1992.

BENTES, A. C. Lingüística Textual. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.).Introdução


à Lingüística: domínios e fronteiras. 5ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2005.

FERREIRA, Manuel (1977) – Literaturas africanas de expressão portuguesa – II, Lisboa,


Instituto de Cultura Portuguesa

FIORIN, J. Dialogismo, polifonia, intertextualidade: em torno de Bakhtin. São Paulo: Edusp,


2011. p. 1-9.

MARCUSCHI, L. Produção textual, análise de géneros e compreensão. São Paulo: Parábola,


2008.

MENDONÇA, Fátima (1985) – «Para uma periodização da literatura moçambicana», in


Literatura moçambicana – a historia e as escritas, Maputo, Universidade Eduardo
Mondlane.

SANT’ANNA, A. R. de. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Ática, 2003.

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