O QUE SÃO AS VACINAS?
A vacinação é uma das formas mais eficazes de combate a doenças que podem ser
prevenidas, bem como no enfrentamento de epidemias. Para se ter uma ideia, a
Organização Mundial da Saúde estima que 2 a 3 milhões de mortes são evitadas todos os
anos por conta da vacinação. Apesar da atenção, nem sempre o conhecimento correto
chega às pessoas e essa falta de informação também deve ser tratada como uma questão
de saúde pública.
Para entender como a vacina age em nosso corpo, primeiro é preciso saber de que forma
nosso sistema imunológico trabalha. Quando um agente invasor entra em contato pela
primeira vez com o organismo, o sistema imunológico começa a produzir anticorpos para
combater especificamente aquela infecção. Esse processo, porém, pode levar até duas
semanas, e, nesse meio-tempo, podemos ficar doentes.
A vacina tem o papel de antecipar uma possível invasão, pois induz o sistema imunológico a
reconhecer o vírus ou bactéria apresentando-o ao organismo em uma forma mais branda,
que não faz mal à saúde. A vacina treina nosso corpo para que ele seja capaz de reconhecer
o patógeno no futuro e já saiba como criar anticorpos para combatê-lo, porém sem ficarmos
doentes.
Ao recebermos a dose da vacina o organismo aprende a reconhecer aquele vírus ou bactéria
através deste imunizante, de maneira que o organismo se prepare para combater a infecção
mesmo antes dele ser exposto ao microrganismo agressor.
Ou seja, se futuramente a pessoa for exposta ao microrganismo causador daquela doença
na qual a vacina protege, os anticorpos produzidos poderão combatê-lo rapidamente, antes
mesmo que se apresentem os sintomas, evitando, assim, que a doença se desenvolva.
Por exemplo: se o indivíduo for exposto à bactéria causadora da coqueluche, mas já tiver
recebido as devidas doses da vacina, o organismo dessa pessoa terá produzido os anticorpos
necessários para impedir que aconteça a doença.
Para manter essa conversa na atualidade, as vacinas podem ser explicadas como um
download de proteção: ao tomar determinada vacina, seu conteúdo passa a fazer parte dos
“arquivos” do seu sistema imunológico, que, a partir desse momento, estará pronto para
combater a doença caso haja infecção por seu vírus ou bactéria.
A aplicação de vacinas, em alguns casos, causa reações como febre, dor em torno do local
da aplicação e dores musculares.
MAS COMO FUNCIONAM OS ANTICORPOS?
Existem dois tipos de anticorpos: o anticorpo humoral e o anticorpo celular de memória. O
humoral é aquele produzido após tomarmos uma vacina ou quando um antígeno entra em
contato conosco. Após um tempo, esses anticorpos tendem a diminuir em nosso corpo, pois
não estão recebendo alertas sobre a doença que foram treinados para combater. Isso não
quer dizer que não estejamos imunizados - e é aí que a célula de memória entra em cena.
Nosso corpo tem a capacidade de lembrar de todos os patógenos com quem já entrou em
contato por causa da célula de memória. É por isso que, em muitos casos, ficamos
protegidos independentemente de quanto tempo faz que recebemos a vacina ou pegamos a
doença. Se houver a entrada do vírus ou da bactéria no corpo, a célula de memória será
ativada e acionará o sistema imunológico, que vai começar a produção de anticorpos.
Podemos pensar assim: os anticorpos são como soldados que combatem doenças
específicas. Só que para saber combater aquela doença, eles demoram um tempo para
aprender. Esse intervalo vai depender do tipo de patógeno e de cada organismo. Depois que
adquirem aquele conhecimento, os soldados estão prontos para nos proteger toda vez que
entrarmos em contato com o vírus ou bactéria em questão.
IMPORTÂNCIA DE MANTER A VACINAÇÃO EM DIA
Mais do que uma questão de saúde individual, as vacinas são medidas de saúde social, ou
seja, protegem toda a população, mesmo que alguns indivíduos não estejam imunizados.
Isso se dá pela característica de rede na transmissão das doenças: se cada indivíduo
infectado transmitir a doença para apenas mais uma pessoa, logo a população inteira
poderá estar doente. Já um indivíduo vacinado não desenvolve a doença caso entre em
contato com o vírus ou a bactéria, além de quebrar o ciclo do contágio.
DIFERENTES FORMAS DE PROTEGER
Como vimos antes, as vacinas podem ser entendidas como um download de proteção.
Como cada doença é única, esse “arquivo” também pode ter diferentes formas, observando
não apenas a eficácia contra essa doença, mas também a segurança de quem receberá a
vacina.
VACINA ATENUADA
Contém agentes infecciosos vivos, mas extremamente enfraquecidos. Sua inserção no corpo
aciona o sistema imunológico, que combate essa pequena infecção induzida e cria a
chamada memória imune, protegendo o indivíduo contra essa doença em caso de infecção
com carga viral ou bacteriana completa. Em pessoas com o sistema imunológico saudável,
reações adversas são extremamente raras e, quando ocorrem, são brandas e de curta
duração.
VACINA INATIVADA
Vacinas inativadas “enganam” o sistema imune com um agente infeccioso morto ou uma
partícula dele. O corpo, ao entender que aquilo representa um perigo real, inicia o combate
a esse invasor, resultando num processo semelhante ao das vacinas atenuadas.
VACINA POLISSACARÍDICA OU CONJUGADA
Vacinas polissacarídicas são versões das vacinas inativadas que contêm cápsulas purificadas
ou polissacarídeos dos agentes infecciosos. Um exemplo é a vacina pneumocócica
polissacarídica, que contém 23 variações do pneumococo.
VACINA DE RNA MENSAGEIRO
As vacinas de RNA mensageiro são um novo tipo de imunizante em estudo. Assim como as
vacinas comuns, o objetivo do RNA mensageiro é criar anticorpos contra um vírus que
ameaça a saúde humana. Esse novo imunizante ensina as células a sintetizarem uma
proteína que estimula a resposta imunológica do corpo.
QUAL O CAMINHO DAS VACINAS ATÉ A POPULAÇÃO?
Para que uma vacina seja aplicada em um paciente, seja ela produzida aqui ou fora, ela
passa por um longo processo que envolve compra, avaliação, liberação e distribuição pelo
país. No Brasil, o Ministério da Saúde é o órgão responsável pela compra e distribuição de
todas as unidades que serão utilizadas no sistema público de saúde.
As vacinas passam por uma avaliação feita pelo INCQS e, após liberação, são enviadas para
os Estados. Em casos de substâncias importadas, elas devem ser liberadas pela Anvisa após
passarem pela alfândega.
O governo envia então, mensalmente, as vacinas aos Estados, que são responsáveis por
distribuí-las aos municípios, de acordo com as necessidades locais. São 40 mil UBS em todo
o país que recebem os imunobiológicos.