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Processos Psicológicos Básicos

Este documento apresenta o plano de ensino para o curso de "Processos Psicológicos Básicos". O plano descreve a ementa, objetivos, metodologia, avaliação e programa do curso, que abordará tópicos como motivação, emoção, atenção, memória, aprendizagem, inteligência e pensamento. O curso utilizará métodos como aulas expositivas e ativas para discutir esses processos psicológicos fundamentais.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Processos Psicológicos Básicos

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Processos

Psicológicos
Básicos
Prof. Me. Marília da Mata Silva
Combinados

Tolerância: 10 minutos.
Entrou na 2ª aula: falta na 1ª
aula
Entrou no final da 2ª aula:
falta nas duas aulas
Atestados protocolados no
sistema.
Cálculo das médias.
Participação nas aulas
1 Apresentação Inicial

Roteiro da 2 Plano de Ensino


Aula
3 Introdução à Psicologia

4 A Psicologia Científica
Plano de
Ensino
Ementa

Estudo introdutório dos


processos básicos da Motivação e emoção.
Psicologia. Atenção e memória.
Evolução do psiquismo. Aprendizagem. Inteligência e
A psicologia como ciência. Pensamento e Linguagem.
Sensação e percepção.
Consciência.
Objetivo

Compreender processos psicológicos básicos do ser humano


segundo a ciência psicológica;
Fornecer informações sobre a evolução do psiquismo, de modo a
favorecer a compreensão da relação entre o cérebro, o
comportamento, cognição no desenvolvimento e comportamento
humano;
Compreender funções psíquicas básicas e sua relação e dinamismo;
Compreender os processos psicológicos básicos e a prática dos
mesmos na psicologia.
Justificativa

O estudo dos processos psicológicos básicos se faz necessário como


embasamento teórico inicial para a formação do futuro psicólogo,
introduzindo elementos básicos para a compreensão do psiquismo
humano, fornecendo fundamentação para disciplinas
que serão desenvolvidas ao longo da formação
dos profissionais da psicologia.
Metodologia

Aulas expositivas e dialogadas.


Utilização de metodologias ativas como mapa mental,
pesquisas ativas, formulação de questionários, entre outros.
Aprofundamento dos conteúdos e aproximação da
realidade de trabalho através de filmes e documentários.
Aulas vivenciais sobre as temáticas meditação e trabalho
com sonhos.
Habilidades e
Competências

Saber refletir sobre a subjetividade e o misticismo.


Identificar a construção da subjetividade para um indivíduo e para
uma sociedade.
Conhecer o conceito de percepção na prática da psicologia.
Analisar os conceitos consciente, pré-consciente e inconsciente.
Conhecer os estados alterados de consciência. Compreender a
fisiologia do sono, as funções dos sonhos, o conceito de motivação
Compreender o papel das emoções para a vida em sociedade.
Habilidades e
Competências

Conhecer os principais estudos sobre memória.


Compreender o conceito de inteligência para a Psicologia.
Reconhecer a integração entre os temas linguagem e pensamento
como complexos e fundamentais para a psicologia.
Compreender a relação entre interação social e construção da
linguagem. • Integração, interação e autoconhecimento
Compreender o desenvolvimento da ciência e suas influências na
construção da psicologia. Identificar as diferentes formas de saber
cientifico. • Compreender a relação entre pensamento e raciocínio.
Habilidades e
Competências

Diferenciar e correlacionar os múltiplos referenciais que buscam


apreender a amplitude do fenômeno psicológico e suas interfaces
com os fenômenos biológicos e socioculturais.
Compreender a ligação entre sensação e percepção, as distorções
da percepção.
Estudar a psicologia da Gestalt e seus princípios.
Se aprofundar nas estratégias de retenção de memória de longo-
prazo.
Habilidades e
Competências

Desenvolvimento da habilidade de relacionar fatos apresentados em


filmes, documentários e estudos de caso com as discussões teóricas
feitas em sala.
Compreender os efeitos de algumas drogas como estados alterados
de consciência.
Compreender a prática e benefícios da meditação, compreender a
meditação como um estado de alteração de consciência.
Compreender a hipnose como estado alterado de consciência e suas
utilizações.
Avaliação

Prova teórica 1: valor 8,0 pontos


Trabalho Bimestre: valor 1,0
Integrada 1: valor 1,0 ponto

Prova teórica 2: valor 8,0 pontos


Trabalho bimestre: valor 1,0 ponto
Integrada 2: valor 1,0 ponto
Programa

Apresentação inicial da Psicologia enquanto ciência


Distinção de Psicologia e Misticismo
Apresentação dos diversos tipos de saberes
Compreensão do desenvolvimento da ciência
Memória e seus diversos tipos
Adoecimentos da memória, Formas de melhorar a retenção de memória
Pensamento
Raciocínio
Sensação
Percepção
Programa

Inteligência emocional, Emoções


Linguagem
Consciência e suas alterações
Sono, Sonhos
Drogas
Hipnose
Meditação
Inteligência
Motivação
Sexualidade
Bibliografia Básica

BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz


Antônio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia geral - 35. ed. / 2014
Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
LURIA, Alexander Romanovich. Curso de psicologia geral -
2. ed. / 1991 Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
LORENA, Ângela Bernardo de (Org). Psicologia geral e social
[recurso eletrônico] / 2014 São Paulo: Pearson, 2014.
Processos Psicológicos Básicos

Aula 01:
Introdução
à Psicologia
Prof. Me. Marília da Mata Silva
Ciência que trata dos estados e
processos mentais, do
comportamento do ser humano
e de suas interações com um
ambiente físico e social.
— Conceito
O psicólogo estuda, pesquisa e
avalia o desenvolvimento
emocional e os processos
mentais e sociais de indivíduos,
grupos e instituições.
— Atuação

Áreas de
Atuação
dentro da Psicologia Clínica Psicologia Psicologia Social
Psicologia Organizacional
A área que atende
àqueles indivíduos
Atuando em A Psicologia que mais se
clínica com Organizacional encontram em
avaliação atua no auxílio situação de
psicológica, psicológico aos vulnerabilidade,
psicoterapia, colaboradores de como idosos,
uma empresa e pessoas de baixa
psicoterapia em
aos próprios renda, gestantes,
grupo.
gestores. mulheres, crianças
e usuários de
drogas.

Áreas de
Atuação
dentro da
Psicologia Psicologia Psicologia Jurídica
Psicologia
Ambiental Hospitalar e Saúde
Mental O profissional é
encarregado de
A psicologia
prestar auxílio
ambiental é o Atendimentos em
técnico aos oficiais
estudo do UBS, hospitais
(equipe e de Justiça, como
comportamento
famílias), e policiais, juízes e
humano em sua
hospital advogados. Isso é
interrelação com
psiquiátrico, feito por meio da
o meio
CAPS. emissão de laudos
ambiente
e depoimentos.

Áreas de
Atuação
dentro da
Psicologia Psicologia Escolar Psicologia Pesquisa em
do Trânsito Psicologia

Auxilia na Além de testar


elaboração do Atuando com
os potenciais
plano pedagógico
motoristas, pesquisa
do colégio e na
avaliando-os científica na
construção do
antes de liberá- área da
processo
los para a
educacional de psicologia.
condução de
todo o corpo
veículos na rua,
discente.
Áreas de Atuação
dentro da Psicologia

Psicologia do Esporte

As áreas de atuação da Psicologia do Esporte são: no esporte de


alto rendimento, nas práticas de tempo livre, nos projetos sociais,
na iniciação esportiva e na reabilitação.
História da
Psicologia
A Psicologia é plural e multifacetada, abrangendo diferentes
áreas e linhas teóricas.

Podemos citar como áreas de atuação: psicologia escolar,


jurídica, do esporte, hospitalar, clínica, organizacional, etc.

Entre as abordagens: comportamental, cognitiva, gestalt,


psicanálise, analítica, sistêmica.
Para compreender como a psicologia se organizou desta
forma é preciso explorar suas origens e seu desenvolvimento.

O estudo da história da psicologia permite a integração de


suas diferentes áreas e abordagens.
Perspectivas da história científica

O Zeitgeist, ou, o espírito do tempo, não nega a importância e


contribuição de grandes homens, mas lembra que é preciso
analisar as ideias dentro de um contexto.
Forças contextuais na psicologia

Um exemplo de como o Zeitgeist, influenciou na formação da psicologia


está nas oportunidades econômicas.

Cenário econômico favorável dos EUA no início do século XX levou ao


surgimento de oportunidades para psicólogos aplicarem seus
conhecimentos.
Outro exemplo:

A guerra acelerou o desenvolvimento da psicologia aplicada, dos


testes psicológicos.

2°Guerra Mundial fez com que pesquisadores fugissem da Europa


para os EUA e influenciou trabalhos de autores como Freud.
A evolução da psicologia moderna

A Psicologia é uma das disciplinas acadêmicas mais antigas e,


ao mesmo tempo, uma das mais modernas.

O que explica esse paradoxo?


As pesquisas sobre a natureza humana remontam ao século V
a.C (aproximadamente 2.500 anos atrás).

Platão, Aristóteles e filósofos se debruçavam sobre questões de


interesse da psicologia, tais como: pensamento, memória,
percepção, comportamento, aprendizagem.
Porém, a psicologia moderna como campo formal de estudo
só surgiu há cerca de 200 anos.

História da psicologia moderna

De acordo com Schultz (2006) o ponto de partida mais adequado


para o estudo da história da psicologia é o século XIX.

E qual foi o contexto deste século que proporcionou o surgimento


da psicologia?
Processos Psicológicos Básicos

Aula 02:
Psicologia
como ciência
Prof. Me. Marília da Mata Silva
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de
sistematizar uma Psicologia. O próprio termo psicologia vem do
grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão.

Etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”.

A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser


hu­mano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e
ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Com Sócrates (469-399 a.C.)
a Psicologia na Antiguidade
ganha consistência.

Sua principal preocupação era


com o limite que separa o
homem dos animais.

Característica humana =
razão.
Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates.
Definiu um “lugar” para a razão no nosso corpo: a
cabeça (lugar onde se encontra a alma do
homem).

Medula seria, portanto, o elemento de ligação da


alma com o corpo.

Platão concebia a alma separada do corpo.

Quando alguém morria, a matéria (o corpo)


desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar
outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, postulou que
alma e corpo não podem ser dissociados.

A psyché seria o princípio ativo da vida.

Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua


psyché ou alma. Os vegetais, os animais e o homem teriam
alma.

Chegou a estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as


sensações.
2.300 anos antes do advento da Psicologia
científica, os gregos já haviam formulado duas
“teorias”:

A platônica, que pos­tulava a imortalidade da alma e


a concebia separada do corpo, e a aristotélica, que
afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de
pertencimento ao corpo.
René Descartes (1596-1659), um dos filósofos que
mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a
separação entre mente (alma, espírito) e corpo,
afirmando que o homem possui uma substância
material e uma substância pensante, e que o corpo,
desprovido do espírito, é apenas uma máquina.

Esse dualismo mente-corpo torna possível o estudo do


corpo humano morto, o que era impensável nos
séculos anteriores (o corpo considerado sagrado pela
Igreja, por ser a sede da alma), e dessa forma
possibilita o avanço da Anatomia e da Fisiologia, que
iria contribuir em muito para o progresso da própria
Psicologia.
O capitalismo pôs o mundo em movimento, com a neces­sidade de abastecer
mercados e produzir cada vez mais: buscou novas matérias-primas na
natureza;

Criou necessidades; contra­tou o trabalho de muitos que, por sua vez, tornavam-
se consumi­dores das mercadorias produzidas; questionou as hierarquias para
derrubar a nobreza e o clero de seus lugares há tantos séculos estabilizados.

O homem, por sua vez, deixou de ser o centro do universo (antropocentrismo),


passando a ser concebido como um ser livre, capaz de construir seu futuro.

O servo, liberto de seu vínculo com a terra, pôde escolher seu trabalho e seu
lugar social. Com isso, o capitalismo tornou todos os homens consumidores, em
potencial, das mercadorias produzidas.
Estavam dadas as condições materiais para o desenvolvi­mento da
ciência moderna. As idéias dominantes fermentaram essa construção:
o conhecimento como fruto da razão; a possibi­lidade de desvendar a
Natureza e suas leis pela observação rigo­rosa e objetiva.

A busca de um método rigoroso, que possibili­tasse a observação para


a descoberta dessas leis, apontava a ne­cessidade de os homens
construírem novas formas de produzir conhecimento — que não era
mais estabelecido pelos dogmas religiosos e/ou pela autoridade
eclesial.

“Sentiu-se” necessidade da ciência.


Filosofia adapta-se aos novos tempos, com o surgimento do Positivismo
de Augusto Comte, que postulava a necessidade de maior rigor científico
na construção dos conhecimentos nas ciências humanas.

Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessá­rio


compreender os mecanismos e o funcionamento da máqui­na de pensar
do homem — seu cérebro. Assim, a Psicologia co­meça a trilhar os
caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia.

Psicofísica: Estudavam, por exem­plo, a fisiologia do olho e a percepção


das cores. As cores eram es­tudadas como fenômeno da Física, e a
percepção, como fenômeno da Psicologia.
Os filósofos do século XIX

Os filósofos deste século abriram caminho para o estudo experimental da mente


Os fisiologistas do século XIX

Já os fisiologistas faziam avanços na compreensão dos mecanismos físicos


que estavam por trás do funcionamento mental
A Fisiologia tornou-se uma
disciplina voltada para
experimentos durante a década
de 1830 sob a influência do
fisiologista alemão Johannes
Muller (1801-1858)
Neste contexto surgiram as
primeiras tentativas de
mapeamento das funções
cerebrais.

Buscava-se determinar as
partes do cérebro responsáveis
pelo controle de diferentes
funções cognitivas.
Na segunda metade do século XIX
surgiram 2 abordagens experimentais
para a pesquisa do cérebro:

1) O método clínico de Paul Broca


(1824-1880): exame pós-morte das
estruturas do cérebro para detectar
áreas lesionadas responsáveis pelo
comportamento do indivíduo em vida.
2) A técnica dos estímulos elétricos

Técnica de exploração do córtex cerebral


que consiste na aplicação de pequenos
choques elétricos para observação das
respostas motoras.
A Cranioscopia ou Frenologia de Gall
afirmava que o formato do crânio de
uma pessoa revelava suas
características intelectuais e
emocionais.
Tendencia de comportamento mais
inteligente em cérebros maiores.

Cesare Lombroso (1835-1909) foi


psiquiatra e criminologista italiano.

Associou características craniofaciais a


tipos de criminosos.

Para Cesare Lombroso, era possível


determinar se alguém era criminoso
analisando suas características
corporais. Suas teorias se mantiveram
vigentes por algum tempo, mas depois
foram radicalmente reavaliadas.
Desenvolveu a teoria de que o criminoso é vítima principalmente de
influências atávicas, isso é, uma regressão hereditária a estágios mais
primitivos da evolução, justificando sua tese com base nos estudos
científicos de Charles Darwin.

Uma de suas conclusões é possibilitar a equivalência do criminoso a um


doente que não pode responder por seus atos por lhe faltarem forças
para lutar contra os ímpetos naturais estas associações foram
consideradas altamente inconsistentes ou completamente inexistentes, e
as teorias baseadas na causa ambiental da criminalidade se tornaram
dominantes.

Durante o século XIX inúmeras


pesquisas sobre a estrutura do sistema
nervoso foram realizadas:

Natureza elétrica dos impulsos


nervosos
Neurônios
Sinapses
Sistema nervoso como conjunto de
átomos e partículas de matéria
combinadas
O espírito do mecanicismo presente na filosofia também era
predominante na fisiologia.

Relação entre fisiologia e física.

Os primórdios da Psicologia experimental se deu na Alemanha.


POR QUE A ALEMANHA?

Ciência em desenvolvimento na Europa (Inglaterra, França,


Alemanha).
Ceticismo de ingleses e franceses com relação à aplicação da
ciência à mente.
Incentivo à pesquisa científica na Alemanha.
Fisiologia mais avançada
O temperamento alemão propício ao trabalho preciso de
classificação e descrição.
Quantidade de universidades.
Laboratórios com equipamentos e tecnologia de ponta.
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha do final do sé­culo 19.

Wundt, Weber e Fechner trabalharam juntos na Universi­dade de


Leipzig.

Muitos estudiosos des­sa nova ciência, como o inglês Edward B.


Titchner e o americano William James seguiram para Alemanha em
busca de novos conhecimentos.
Hermann von Helmholtz (1821-1894)

Um dos pioneiros na experimentação e


medição de um processo psicofisiológico

Medição da velocidade do impulso neural

Crença da época: impulso é instantâneo e


rápido demais para ser medido
Gustav T. Fechner (1801-1887)

Estudo cientifico entre processos mentais e


fisicos Para Fechner seria possível
encontrar a ligação entre mente e corpo na
relação entre sensação mental e estímulo
material.

A sensação (qualidade mental) depende da


quantidade de estímulo (qualidade física).
No início do século XIX Kant (1724-1804) e Comte (1798-
1857) diziam que a psicologia não seria uma ciência pois,
era impossível medir os processos psicológicos.
Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei
no campo da Psicofísica. É a Lei de Fechner-Weber, que
estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a
sua mensuração.

Essa lei teve muita importância na história da Psicologia por-­


que instaurou a possibilidade de medida do fenômeno
psicológico, o que até então era considerado impossível.

Dessa forma, os fenô­menos psicológicos vão adquirindo


status de científicos, porque, para a concepção de ciência da
época, o que não era mensurável não era passível de estudo
científico.
Com o trabalho de Fechner
a medição dos fenômenos
mentais tornou-se possível
e serviu de base para a
psicologia experimental de
Wundt.
Wundt cria na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro labora­tório
para realizar experimentos na área de Psicofisiologia.

Por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, ele é conside­rado
o pai da Psicologia moderna ou científica.

Wundt desenvolve a concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual


aos fenômenos mentais correspondem fenômenos orgânicos.

Para explorar a mente ou consciência do indivíduo, Wundt cria um método


que denomina introspeccionismo. Nesse método, o experimentador pergunta
ao sujeito, espe­cialmente treinado para a auto-observação, os caminhos
percorri­dos no seu interior por uma estimulação sensorial (a picada da
agulha, por exemplo).
Os novos padrões de produção de conhecimento, passam a:

Definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a


consciência);

Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas


de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia;

Formular métodos de estudo desse objeto;

Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimen-­


tos na área.
Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia
científica, isto é,:

Busca pela neutralidade do conhecimento científico.


Os dados devem ser passíveis de comprovação, e o conhecimento deve
ser cumulativo e servir de ponto de partida para outros experimentos e
pesquisas na área.
Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alema­nha, é nos
Estados Unidos que ela encontra campo para um rá­pido crescimento,
resultado do grande avanço econômico que colocou os Estados Unidos
na vanguarda do sistema capitalista.
É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psico­logia, as
quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA

A união dessas duas disciplinas tão distintas produziu o campo de


estudo da psicologia

Questões da Filosofia + Experimentos da Fisiologia = campo da


Psicologia
AS ESCOLAS DE PENSAMENTO DA PSICOLOGIA

A expressão “escola de pensamento” refere-se a um grupo de


psicólogos que se associam ideologicamente com o líder de um
movimento.

Geralmente, os membros de uma escola compartilham da mesma


orientação teórica e investigam problemas semelhantes.
O surgimento de “escolas de pensamentos” que posteriormente declinam
e são substituídas por outras é uma característica marcante da história da
psicologia.

ESTRUTURALISMO
FUNCIONALISMO
BEHAVIORISMO
PSICOLOGIA DA GESTALT
PSICANÁLISE
PSICOLOGIA HUMANISTA
PSICOLOGIA COGNITIVA
Cada “escola de pensamento” foi um movimento de protesto e
revolta contra a posição sistemática dominante.

Alertando para os pontos falhos do sistema anterior e oferecendo


novas definições, conceitos e estratégias para corrigir as falhas
apontadas.
Thomas Kuhn (1922-1996), um
importante filósofo da ciência considera
que quando uma ciência se encontra
dividida em “escolas de pensamento” é
porque está em uma etapa
pré-paradigmática
AS ESCOLAS DE PENSAMENTO DA PSICOLOGIA

PARADIGMA: seria um modelo e um padrão de pensamento aceitos


dentro da disciplina científica.

Uma ciência seria mais avançada e madura a medida em que não


apresentasse escolas de pensamento concorrentes, ou seja, quando a
maioria dos cientistas concordassem com uma teoria e método.
O paradigma pode ser observado na história da física, no qual o conceito
de mecanismo de Galileu e Newton foi aceito por 300 anos e serviu nesse
período de parâmetro para todas as pesquisas.
Com o passar do tempo a maioria dos físicos passou a aceitar o modelo de
Einstein e a abordagem de Galileu e Newton perdeu lugar. Essa mudança
de paradigma é chamada de revolução científica segundo Kuhn.
Portanto, os temas da psicologia estavam dispersos entre:

Especulações filosóficas
Ciências físicas e biológicas
Ciências sociais

O que restaria para uma psicologia como ciência independente?


A psicologia busca há mais de 100 anos um lugar à parte entre as
ciências

No entanto, não se desenvolveu sem estabelecer diálogo e relação com


as ciências biológicas e da sociedade.
A psicologia como uma ciência moderna não foi formada nos
corredores tranqüilos da academia, nem no empirismo dos
aventais brancos do laboratório e do experimento.

Na verdade, a psicologia começou a se formar em todos aqueles


locais práticos que tomaram forma durante o século XIX, no qual
problemas de conduta coletiva e individual humanas eram de
responsabilidade das autoridades que procuravam controlá-las –
nas fábricas, na prisão, no exército, na sala de aula, no tribunal...
Similarmente, os vetores do desenvolvimento da psicologia não foram do
normal para o anormal, mas fizeram o caminho inverso: um conhecimento
da normalidade, e das normas da normalidade, derivado de um interesse
na anormalidade.

Por exemplo, a ideia de inteligência, que seria um foco da psicologia


durante a primeira metade do século XX, surgiu de esforços para
identificar os indivíduos de reduzida capacidade mental e encaminhá-los
para instituições apropriadas, escolas ou colônias especiais.

O mesmo pode ser dito da personalidade e de quase todos os “conceitos-


chave” da disciplina.
Inicialmente, a psicologia se constituiu como uma tecnologia de
individualização, quer dizer, emergiu mais como uma “ciência positiva”
do que como uma subcategoria da filosofia quando mudou suas
responsabilidades da teoria geral da mente para um campo prático: a
criação de mentes calculáveis e de indivíduos administráveis.

Isso ocorreu em um espaço problemático específico, formado por


demandas crescentes de que os indivíduos deveriam ser
administrados, ou distribuídos em regimes particulares, tarefas ou
tratamentos, de acordo com suas habilidades – na escola, no trabalho,
no exército, no sistema de justiça.

A psicologia ganhou seu poder na indústria, na escola, no exército, na


prisão, precisamente pela necessidade desses órgãos de administrar
seres humanos à luz de um conhecimento de sua natureza, e, fazendo
isso, ajudou a dar uma nova legitimidade à autoridade: a autoridade
deixou de ser arbitrária.
- A Psicologia enquanto ciência e área do conhecimento é diversa

- Disciplina desenvolvida a partir da Filosofia, por isso não possui


paradigma único

> Paradigma: linha de pensamento preponderante; padrão; que


serve como modelo

- Múltiplas escolas (abordagens) e objetos de estudo


- O que a Psicologia estuda?

Subjetividade e existência
Comportamento
Relações humanas
Aspectos psíquicos da saúde e da doença
Emoções
Desenvolvimento humano e como uma pessoa se torna pessoa
Personalidade
Subjetividade como objeto da Psicologia:

- Subjetividade: síntese singular e individual que cada um constitui


durante o desenvolvimento, com sua história de vida e experiências
particulares em sociedade e cultura.

- Cada ser humano é único.

- Experimenta a objetividade social de maneira singular.


Subjetividade como objeto da Psicologia:

- Subjetividade: contribuição da Psicologia para a compreensão da totalidade


humana

- O ser humano em todas as suas expressões:


visíveis (comportamento)
invisíveis (sentimentos)
singulares (porque sou quem sou)
genéricas (porque somos todos assim)
Psicologia > ciência

Conhecimentos acerca de subjetividade humana de cunho místico ou


religioso > não é ciência
Psicologia e profissão

- Psicologia estuda e trabalha para promover o desenvolvimento humano


nos mais diversos contextos:

Clínica e saúde coletiva


Trabalho
Escolas
Práticas Jurídicas
Hospitais
Desastres e tragédias
Outros
Referências - Aula 01 e Aula 02

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São
Paulo: Saraiva, 2008

MELLER, Anne. Da teoria à prática profissional: uma introdução à Psicologia. In:


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA JURÍDICA (São Luis). Universidade
Ceuma. Cadernos de Psicologia Jurídica: psicologia na prática jurídica. São Luis:
Uniceuma, 2019. p. 5-24. Disponível em:
http://abpj.org.br/downloads/a849874a04611334895d8ca4e8dbdf16.pdf?
utm_source=website. Acesso em: 20 fev. 2022.

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