Omolokô
Maio 13, 2014 por Fernando D'Osogiyan
Para homenagear o dia 13 de maio, data oficial da libertação dos Negros no Brasil, um post
sobre o Candomblé Omolokô que hoje em dia interage com outras religiões sem a essência
de seus ancestrais, mas que ainda resiste em algumas regiões.
O termo Omolokô, vem da junção das palavras “omo e loko ” filhos Lokô”. Lokô, que era
governado pelo rei Farma, no sertão de Serra Leoa. Ele teria sido o rei mais poderoso entre
todos os Manes. Sua cidade chamava-se Lokoja e se localizava à margem do Rio Mitombo,
afluente do rio Benue, que por sua vez, é afluente do grande rio Níger.
Lokoja ficava próxima do reino Yorubá. O povo Loko também era conhecido pelos nomes de
Lagos, Lândogo e Sosso. O nome Loko foi primeiramente registrado em 1606. Também há
registro desse povo com o nome de Loguro. Os Lokos viveram até 1917 a oriente dos Temnis
de Scarcies. De acordo com pesquisas realizadas, a tribo Loko estava divida em outras
menores ao longo dos rios Mitombo, Bênue e Níger e no litoral de Serra Leoa. Em 1664, o
filho do rei Farma foi batizado com o nome de D. Felipe. Evidentemente torna-se claro que o
principio da sincretização afro-católica já acontecia na África antes da vinda dos africanos
ao Brasil. Acredita-se que a tribo Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane e que
alguns de seus integrantes vieram escravizados para o Brasil e formaram o Omolokô.
Os povos Mane tinham por costume usar flechas envenenadas e arcos curtos, espadas curtas
e largas, azagaias, dardos e facas que traziam amarrados embaixo do braço. Para combater
o veneno de suas flechas, em caso de acidente, usavam uma bolsinha com um antídoto.
Avisavam os seus inimigos o dia em que iriam atacá-los através de palhas – tantas palhas,
tantos dias para o ataque. Traziam no braço e nas pernas manilhos de ouro e prata. Também
eram ligados aos brancos que invadiram a África Negra. Adoravam assentamentos de deuses
e ídolos de madeira, os quais representavam homem e animais.
Quando não venciam as guerras, açoitavam os ídolos. Se as batalhas eram vencidas,
ofereciam aos deuses comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de cabondos e tinham
como marca a ausência de dois dentes da frente.
*Os escravos de Lokô eram também chamados de Locosís chegaram ao Rio de Janeiro, era
costume realizarem seus cultos e oferendas debaixo de uma enorme árvore de boa sombra e
davam frutos meio arredondados e vermelhos, porém, não eram comestíveis, oriunda de sua
cidade natal. Sofreram influência de diversas vertentes religiosas vindas da África,
predominantemente o culto aos Orixás, Inkísses e Voduns, tornou peculiar a sua forma de culto,
mantendo a cosmologia de cada origem, acrescida de rituais religiosos heterogêneos. A deformação das
tradições trazidas pelos Negros, originou uma ceita ou religião camuflada por várias vertentes religiosas,
estando os Nagôs e os Congo-Angola, como raízes principais, fora isso, as influências de ameríndios, da
difusão de espíritos de entidades familiares/eguns, da igreja católica com o nascimento do sincretismo e
uma nova linguagem de terreiro com clara influência de termos da língua Bantu que se integrou
definitivamente a língua portuguesa, uma associação religiosa. Vários Tátas/Babás renomearam a
palavra Omolokô, destituindo-a de seu verdadeiro significado, criando assim ceitas particulares,
uma miscelânea sem fim, que ainda podemos observar até hoje em algumas casas de Umbanda, Ketu e
Angola.
O vocábulo deriva de uma composição baseada em duas outras, oriundas da língua
Yorubá com três versões distintas, segundo sua interpretação.
No primeiro ramo de análise, que é a versão de Léa Maria Fonseca da Costa,1 mãe-de-santo
de Omolokô significa:
Omo: filho e Loko, que aludiria à árvore Iroko e resultaria em Filhos da Gameleira Branca.
De acordo com a versão de Tancredo da Silva Pinto,2 Tatá Ti Inkice, pai de santo de Angola,
no livro Culto Omolokô – Os Filhos de Terreiro, de Ornato José da Silva:
Omo: filho e Oko: fazenda ou zona rural, na qual esse culto, por conta da repressão policial
então existente, seria realizado desde a remota época da escravidão.
Por fim, pode-se ainda relacionar o significado da palavra Omolokô também ao Orixá Okô, da
agricultura, que era cultuado nas noites de lua nova pelas agricultoras de inhame.
Ainda hoje existem as denominações de terreiro e roça para os locais em que os cultos afro-
brasileiros são realizados. Nesse culto os Orixás possuem nomes yorubá (nagô) e seus
assentamentos são similares aos do Candomblé.
Há práticas rituais e de culto aos orixás, Caboclos, Pretos, velhos cultivados também
na Umbanda.
O Omolokô é apontado por estudiosos e praticantes como um dos principais influenciadores
da formação da Umbanda africanizada ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do
próprio Candomblé. Teria surgido, segundo Tancredo da Silva Pinto entre o povo africano
Lunda-Quiôco.
Possui ritualística própria e seu representante mais expressivo é o Tatá Tancredo da Silva
Pinto, já falecido, estafeta dos correios, morador do Morro de São Carlos, que foi um grande
estudioso, colunista e escritor. Porém, há relatos da existência de uma escrava, Maria Batayo
é a filha de escravos, Léa Maria Fonseca da Costa, que preservaram o Omolokô dissociado
da Umbanda conforme é abordado na obra de Ornato José da Silva.
A diáspora dos Orixás cultuados no Omolokô é a mesma utilizada pelo Candomblé e sua
organização dogmática o faz diferir também por isso da Umbanda que os cultua em número
menor e de forma majoritariamente sincrética.
O Omolokô instaurou-se no Rio de Janeiro, segundo estudiosos, no século XIX, a partir do
conhecimento trazido por negros vindos da África e seus descendentes. A herança do período
colonial que sofreu influência de diversas vertentes religiosas da África, predominantemente
o culto aos Orixás e aos inkices, tornou peculiar a sua forma de culto, mantendo a
cosmologia de cada origem, acrescida de rituais religiosos contemporâneos.
No Rio de Janeiro, a partir da miscigenação e influência do Espiritismo francês, instaurou-se
um novo movimento denominado Omolokô, disseminado prioritariamente por Tancredo da
Silva Pinto. Mantém-se como um exemplo deste seguimento a casa-de-santo Okobalaye,
fundada na cidade de São Gonçalo, e o Centro Espírita São Benedito, sediado à rua Vereador
Maurício de Souza, 97, Engenhoca, Niterói, RJ, chefiada por Pai Matuazambi, de origem
nagô.
Referências/Fontes
. Léa Maria Fonseca da Costa
. Tancredo da Silva Pinto
. Alberto da Costa (1994); O Brasil, a África e o Atlântico no século XIX;
. SILVA, Ornato José da. Culto Omolokô, os filhos de terreiro. Rio de Janeiro: Ed.
Rabaço.
Ikipédia
Luan de N’Zanbi
*Fernando DÒsògìyán