Introdução
A Lógica, segundo NÉRICI (1985), é uma ciência de origem antiga, uma criação do espírito grego, cujos
iniciadores são Parmênides, Zenão de Eléia e os sofistas. O verdadeiro criador da Lógica, porém, foi
Aristóteles, que lhe deu corpo, sistematização, baseando-a em princípios tais e tão sólidos, que até hoje
são tidos como válidos.
Portanto, a lógica formal surge com Aristóteles. Como indica o termo grego Órganon, nome dado ao
conjunto dos escritos lógicos de Aristóteles, a lógica é um instrumento do pensamento para pensarmos
corretamente. A Lógica não se refere a nenhum ser, a nenhuma coisa, ou a algum objeto em particular,
nem a nenhum conteúdo, mas à forma do pensamento.
Ainda segundo Aristóteles a Lógica é o que devemos estudar e aprender antes de iniciar uma
investigação filosófica ou científica, pois somente ela pode indicar qual o tipo de proposição, de
raciocínio, de demonstração, de prova, e de definição que uma determinada ciência deve usar.
Em Matemática estamos sempre tentando descobrir coisas novas e querendo saber se uma afirmação é
verdadeira ou falsa. Em muitos casos, a intuição nos mostra a verdade, mas em outros ela pode nos
pregar um peça. Nesses momentos, somos levados a buscar um recurso mais eficiente que nos permita
afirmar com certeza o que queremos.
Para formar uma frase coerente e com coesão, é necessário realizar pensamentos lógicos no
cérebro para ordenar as letras, sílabas, palavras, para que, a quem esteja sendo dirigida,
entenda perfeitamente. Por esse motivo, pode -se dizer que existe Lógica no dia a dia . Quando
falamos ou escrevemos, estamos usando -a. Portanto, muitos são os lugares que podemos
encontrar a empregabilidade da lógica por parte dos moradores de certos locias, durante as
conversas que tendem a provar a veracidade de um determinado facto, e é nesse sentido que o
presente projecto de pesquisa tem como tema:
Conceito de logíca
Segundo Aristóteles, a lógica estuda a razão como instrumento da ciência ou meio de
adquirir e possuir a verdade. E o ato próprio da razão é o ato de raciocinar (ou
argumentar). O raciocínio ou argumentação é um tipo de operação do pensamento que
consiste em encadear logicamente idéias para delas tirar uma conclusão.
Para MORTARI (2001) a lógica é a ciência que estuda métodos de inferência e princípios que tem por
objetivo determinar as condições em que certas coisas se seguem e outras não.
No ppnto de vista de COPI (1978) a lógica é o estudo dos métodos e princípios usados, para distinguir
correto do incorreto.
Neste sentido, é possível dizer que a lógica é o estudo do raciocínio, onde busca chegar a conhecimentos
verdadeiros através dos nossos pensamentos, justificando suas conclusões a partir dos argumentos que
surgirão das informações iniciais.
A lógica é composta de elementos chamados de proposição, argumento, operadores lógicos tabela
verdade, tautologia, contradição e contingência.
Segundo Alencar (2005) , "um argumento para ser válido deve ser da seguinte propriedade
característica: A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão e um argumento
não válido será chamado de sofisma".
De acordo com FILHO (2002) o argumento é definido como toda afirmação que uma sequencia de
proposições tem como consequência ou acarreta uma proposição final.
Ainda segundo este autor:
Tabela verdade é um dispositivo “na qual figuram todos os possíveis valores lógicos da proposição
composta correspondentes a todas as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições simples
componentes” (p.14).
No entender de Junior et al. (2011), "a tabela de verdade é definida como uma tabela que identifica
todas as situações possíveis e as respostas para cada situação das proposições compostas".
"Os operadores lógicos serão uma rede de relacionamento de duas ou mais condições para serem
usados em testes. Os operadores lógicos mais comuns serão: .e., .ou. e .não. sempre serão
representados entre pontos" (Maya, 2001).
Junior et al. (2011) entende que "os operadores lógicos verificam os valores das proposições, indicando
duas possíveis situações: verdadeiro ou falso"
Para MORTARI (2001) a contingência é definida quando uma linha da tabela verdade possuir aomenos
uma proposição V e F.
Princípios Básicos da Lógica Formal
Ao começar o estudo da Lógica primeiramente devemos diferenciar a forma do conteúdo de uma
sentença. O conteúdo de um enunciado diz respeito ao sentido de uma argumentação, enquanto a
forma é tudo que permanece inalterado quando muda-se o componente da proposição. A Lógica não
está interessada no estudo do conteúdo de uma frase, mas sim em sua forma. Neste capítulo, nos
debruçaremos no estudo de alguns conceitos básicos da Lógica, como proposições e argumentos.
Proposição
Segundo FILHO (2002) chama-se proposição “todo o conjunto de palavras ou símbolos que exprimem
um pensamento de sentido completo” (p.11).
Para FEITOSA E PAULOVICH (2005), "é uma sentença declarativa, onde deve-se atribuir um valor de
verdade, sendo falso ou verdadeiro".
As proposições possuem dois princípios: principio da não contradição (uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo) e o principio do terceiro excluído (toda a proposição ou é
verdadeira (V) ou é falsa (F)).
Para Casal (2018):
Proposição é uma sentença que pode ser classificada somente como verdadeira ou falsa, não podendo
ter uma terceira via ou ser as duas ao mesmo tempo. Logo, enunciados como “Como foi o seu dia? ” ou
“Deus te acompanhe!”, que não podem ser classificados como verdadeiro ou falso, não são proposições.
Enquanto enunciados como “Brasília é a capital do Brasil” é uma proposição, pois podemos atribuir valor
de verdadeiro ou falso a esse enunciado. Com isso, nem todo enunciado é uma proposição e mais ainda,
só serão proposições enunciados declarativos.
“Verdade e falsidade são conhecidos como valores de verdade de enunciados; cada enunciado tem um e
somente um desses valores de verdade” (SALMON, 2002, p. 20).
Exemplos de proposição:
Manga é uma fruta.
Coração é um órgão.
Sustenta que
Ainda assim, podemos encontrar problemas ao classificar algumas proposições. Em proposições como
“A maioria das pessoas são felizes”, não podemos facilmente classificá-la como verdadeira ou falsa.
De acordo com Machado e Cunha (2005), "“Aristóteles evitou essas imprecisões da linguagem ordinária
considerando, apenas, em seus argumentos, proposições que não pudessem dar margem a dúvidas
quanto ao seu entendimento" (p.33-34).
Esses tipos de proposições das quais podemos aferir classificação são chamadas de proposições
categóricas. Elas são escritas com o uso de quantificadores de dois tipos: universal ou existencial.
Afirmação universal: “Todo a é b”
Exemplo: Todo Gato é mamífero
Afirmação particular: “Alguns a são b”
Exemplo: Alguns triângulos são isósceles.
Negação universal: “Nenhum a é b”
Exemplo: Nenhum número par maior que 2 é primo.
Negação particular: “Alguns a não são b”
Exemplo: Alguns artistas não são famosos
A figura a seguir ilustra os quatro tipos de proposições citadas.
Operações lógicas
Negação (¬)
A negação de uma proposição p, é uma proposição representada por “não p”, cujo valor lógico seja
contrário a ela mesma (KELLER; BASTOS, 2000).
Utiliza-se (¬) ou (~) como representação simbólica da negação.
¬ p (negação de p)
Afirmação: Brasília é a capital do Uruguai.
Negação: Brasília não é a capital do Uruguai.
Afirmação: 5 não é um número ímpar.
Negação: 5 é um número ímpar.
Tabela de verdade
Nas tabelas-verdade empregam-se a letra V para denotar o valor lógico verdadeiro e a letra F para
denotar o valor lógico falso de uma proposição.
"A ideia básica subjacente na construção de tabelas de verdade é que existem certas maneiras de
realizar enunciados compostos a partir de resultados simples, de modo que o enunciado composto é
completamente determinado pelos valores de verdade das parte componentes” (SALMON, 2002, p.20).
Alencar Filho (2002) considera que outra maneira de efetuar a negação consiste em antepor a
proposição dada expressões como “não é verdade que”, “é falso que”.
Assim, com base no exemplo anterior, dada a proposição p “Carlos é mecânico”, ¬ p pode ser escrita
como “Não é verdade que Carlos é mecânico” ou “É falso que Carlos é mecânico”.
Entretanto, “[...] a negação de “Todos os homens são elegantes” é “Nem todos os homens são
elegantes” e a de “Nenhum homem é elegante” é “Algum homem é elegante” (ALENCAR FILHO, 2002,
p.18).
Conjunção (^)
Segundo Casal (2018):
Proposições lógicas podem ser encontradas em toda a teoria matemática. proposições simples podem
ser combinadas para formar proposições compostas, cujos valores lógicos também podem ser
determinados. Uma forma de obter proposições compostas é com o uso dos conectivos (p.30).
Este autor ainda afirma que, "chamamos de conjunção a junção de duas proposições simples pelo
conectivo “e” (p.31).
Para que uma conjunção seja verdadeira é necessário que as duas proposições simples sejam
verdadeiras. Utiliza-se “^” como representação simbólica da conjunção.
Tabela de verdade
Alguns exemplos dados por Machado e Cunha (2005) são: “João é pernambucano e 2+2=5”, “Platão era
grego e Pilatos era romano” (p.54).
Salmon (2002) alerta ainda para o aspecto temporal que não está sendo considerado quando usamos o
conectivo “e” que, nas conversas comuns, tem um significado diferente quando usamos a simbologia
matemática.
Neste caso, proposição “Joana ficou grávida e casou” dada pelo autor, teria uma significação
radicalmente diferente da do enunciado “Joana casou e ficou grávida”. Isso decorre por conta do fato de
que a palavra “e” tem, por vezes, a força de “e então”.
Sem formular quaisquer preceitos temporais, que ambos os enunciados componentes, “Joana ficou
grávida” e “Joana casou” são verdadeiros [...] então, de acordo com a definição da tabela de verdade, a
conjunção desses dois enunciados é verdadeira, não importa a ordem em que se combinam. Assim, há
uma séria discrepância entre a palavra “e” tal como é comumente usada na maioria das vezes e o
conectivo. (SALMON, 2002, p.21).
Mas também, segundo:
A conjunção aparece muitas vezes na linguagem corrente por meio da utilização da palavra “e”, embora
por vezes ela esteja disfarçada sob outras formas. Frases do tipo “3 é um divisor comum de 9 e 12” ou
“A comida é boa, enquanto que o serviço é pobre” também envolvem a ideia de conjunção (p.31).
Salmon (2002) lembra que “[...] outras palavras como “embora”, “todavia” e “contudo” servem
frequentemente, tal como “mas”, para enunciar uma conjunção e acentuar o contraste entre os
conjuntos” (p.21).
Disjunção (v)
Segubdo Casal (2018), "chamamos de disjunção a ligação entre duas proposições simples por meio do
conectivo ou. Para que uma disjunção seja verdadeira é necessário que uma das proposições simples
seja verdadeira. Utiliza-se “v” como representação simbólica da disjunção" (p.32).
pvq
Exemplo:
Maria é atriz ou cantora.
Neste caso, a proposição será verdadeira se Maria for somente atriz, somente cantora ou ambos.
Tabela de verdade
Salmon (2002) chama atenção para o fato de que a palavra “ou” tem dois significados distintos:
Numa acepção (conhecida como o sentido exclusivo) significa “um ou outro mas não ambos”. Esse é o
significado que tem num cardápio a frase “sopa ou salada”, usada para informar o que é oferecido como
entrada. A outra acepção (conhecida como o sentido inclusivo) é frequentemente traduzida pela
expressão “e/ou”, que aparece amiúde em documentos como apólices de seguro e testamentos (p.21).
Assim, segundo MACHADO e CUNHA (2005), "o “ou” na linguagem natural, pode traduzir tanto a ideia
de possibilidades mutuamente exclusivas como a de que pelo menos uma das hipóteses ocorre".
Estes autores ainda estabelece que "na Lógica formal, no entanto, o conectivo ou é sempre usado com o
sentido não-exclusivo” (p.55).
Condicional (⇒)
Segundo Casal (2018):
Chamamos de condicional uma proposição da forma “ se p, então q”. Essa proposição é constituída de
outras duas proposições simples concatenadas por uma relação, na linguagem corrente, de “causa” e
“efeito”. Utiliza-se “⇒” como representação simbólica da condicional (p.33).
Exemplo:
Se amanhã não chover, então irei ao cinema.
Tabela de verdade
Igualmente para esse tipo de estrutura, Salmon (2002) faz algumas ressalvas.
No entender deste autor relativamente ao tipo de construção, estabelece que:
difere acentuadamente da frase “se... então...” tal como é usada na maioria dos enunciados
condicionais do discurso comum. Ao definir esse conectivo vemo-nos comprometidos a tratar como
verdadeiro qualquer condicional que tenha um antecedente verdadeiro – por exemplo, “Se Marte é um
planeta, então os diamantes são compostos de carbono”. Tal enunciado não seria normalmente visto
como um condicional razoável, porquanto parece não haver conexão nenhuma entre a verdade do
antecedente e a verdade do consequente (p.21).
Alencar Filho (2002) alerta também que uma condicional “p ⇒ q” não afirma que o consequente se
deduz ou é consequência do antecedente p, como no exemplo, “ 7 é um número ímpar ⇒ Brasília é uma
cidade.
O que a condicional afirma, segundo o autor é “unicamente uma relação entre os valores lógicos do
antecedente e do consequente de acordo com a tabela-verdade" (p.23)
Bicondicional ou equivalência ()
Segundo Casal (2018):
Chamamos de bicondicional ou equivalência proposições da forma “se p, e somente se q”. Uma
proposição bicondicional é verdadeira quando ambas as proposições simples forem verdadeiras ou
quando ambas as proposições simples forem falsas, caso contrário a bicondicional será falsa. Isso
acontece pois há uma implicação de p em q e também uma implicação de q em p, em que ambas devem
ser verdade.
“É como se uma delas acarretasse a outra e vice-versa, ou seja, intuitivamente como se cada uma
pudesseser considerada, simultaneamente, causa e efeito. Do ponto de vista da Lógica Formal, elas
afirmam a mesma coisa” (MACHADO & CUNHA, 2005, p.57).
Exemplo:
8 é menor que 10 se e somente se 10 é menor que 8.
Tabela de verdade
Contradições e Tautologias
Segundo MORTARI (2001), "contradição é quando as fórmulas resultam em valor de verdade falso".
Chama-se contradição toda a proposição composta cujo valor lógico é sempre F (falsidade) quaisquer
que sejam os valore lógicos das proposições simples que a compõe (ALENCAR FILHO, 2002).
A frase atribuída a Sócrates “Só sei que nada sei” é um exemplo de contradição.
Casal (2018) afirma que "no ponto de vista da Lógica clássica, contradições não são válidas, pois, uma
proposição só pode ser verdadeira ou falsa, não podendo ser ambas. Um dos problemas gerados pela
contradição é a formação de paradoxos" (p.35).
De modo geral, “qualquer tipo de sentença composta equivalente a uma afirmação do tipo A e não-A é
contraditória, ou traz uma contradição” (MACHADO & CUNHA, 2005, p.58).
Em uma aula, instado por um aluno a dar um exemplo de tal fato, o filósofo e matemático Bertrand
Russell solicitou dele uma contradição, tendo recebido a seguinte proposição: “2=1 e 2≠1”. A partir dela,
prometeu: “Vou provar-lhe que sou o Papa!” E construiu o seguinte argumento: “Eu e o Papa somos
diferentes; eu e o Papa somos 2; Logo, eu e o Papa somos 1”. (MACHADO & CUNHA, 2005, p.59).
Esse tipo de argumento exposto por Bertrand Russel é um exemplo de problemas que são gerados por
proposições contraditória.
Casal (2018) afirma que "diferentemente da contradição, a tautologia é um enunciado que afirma algo
sempre verdadeiro" (p.35).
A tautologia é “toda a proposição composta cuja última coluna da sua tabela-verdade encerra somente
a letra V (verdade)” (Filho, 2002, p.44).
Também é possível dizer que toda proposição composta P (p, q,r, ...), onde valor lógico é sempre V
(verdade), independente de qualquer valor lógico das proposições simples componentes p, q, r etc.
Para Machado e Cunha (2005), do ponto de vista da lógica formal:
Uma proposição tautológica nada nos informa de novo, em nada contribui para a construção da
argumentação. Frases como “João vai ao baile ou João não vai ao baile” é um exemplo de Tautologia,
pois caso primeira proposição seja falsa a segunda, sua negação, será verdadeira e vice-versa. Como
tratamos de uma disjunção, então a veracidade de uma das proposições simples é suficiente para que a
disjunção seja verdadeira.
A Lógica no cotidiano e na Matemática
Segundo Martins (2012), "no nosso dia a dia, estamos diante de situações nas quais o raciocínio lógico é
mobilizado. São encontrados alguns exemplos (p.39).
Como podemos observar nos exemplos:
1) Senhor Arnaldo, quem faz hora extra recebe uma gratificação e eu tenho trabalhado duas horas a
mais do que foi acordado entre mim e a sua empresa. Logo, eu estou merecendo uma gratificação.
2) Quero um carro confortável e dos carros que vi fiquei em dúvida entre o Sandero e o Palio, mas o
Palio é desconfortável. Logo, vou comprar o Sandero.
3) Mãe, as ruas ficam ermas, e consequentemente perigosas de madrugada e a festa terminará lá pelas
2 horas da manhã, logo é preferível que eu durma na casa de Adelaide para não correr riscos (p.40).
Segundo Casal (2018):
Quando tomamos decisões, defendemos opiniões, contamos uma piada e até mesmo quando lemos um
livro, estamos diante de situações em que chegamos a algumas conclusões a partir de certas premissas.
Mesmo inconscientemente, formamos conclusões de acordo com premissas que já foram pré-
estabelecidas pelo nosso subconsciente (p.40).
Nem sempre, tem-se a consciência de se estar elaborando em si mesmo, um silogismo completo. Às
vezes, o que aflora no plano da consciência é apenas a conclusão, traduzida em expressão verbal, em
ações ou em comandos. Mas, antes dela, ou melhor, por baixo dela, subjaz como nos icebergs, uma
elaborada série de processos mentais, que fornece os elementos ou dados para a generalização
presente no silogismo (RODRIGUES; DIAS & ROAZZI; 2002, p.118).
De acordo com Casal (2018):
As piadas também trabalham com uma linha de pensamento argumentativo na forma de premissas e
conclusão. Ela se torna engraçada quando a sua conclusão é inesperada, uma vez que uma
interpretação dúbia de uma palavra ou frase ou por omissão de alguma premissa, pode encaminhar o
ouvinte a uma conclusão diferente da piada (p.40).
Por exemplo:
A mãe pergunta ao Joãozinho: “Joãozinho, porque você e seu amigo Marcos não passam mais tempo
juntos? ”
Joãozinho: “Mãe, você gosta de passar tempo com alguém que fume e beba? ”
Mãe: “Claro que não, Joãozinho! ”
Joãozinho: “Então! O Marcos também não gosta.”
Podemos observar que nessa piada, o ouvinte é levado a pensar que o que fez Joãozinho não passar
mais tempo com Marcos é o fato de Marcos fumar e beber. Porém, no final, o ouvinte é surpreendido
pois, quem fuma e bebe é o Joãozinho.
Na análise ou criação de argumentos, utilizamos essencialmente duas condições: A verdade das
premissas e a validade do argumento.
Segundo Machado e Cunha (2005):
O julgamento a respeito da veracidade do conteúdo das premissas é garantido por vários fatores, entre
eles estão: o conhecimento plenamente justificado no terreno científico; a autoridade de especialistas
no tema; ser uma questão de princípios, ou um dogma indiscutível; o conhecimento a nível de senso
comum; confiança na palavra de quem as enuncia.
Mas também, freqüentemente usamos expressões “é lógico que sim”, ou “é lógico que vai chover”,
etc.Mas será que é realmente lógico? Em que nos baseamos para fazer tais afirmações?
E relativamente a esse posicionamento Machado (2000) afirma que "quando usamos essas expressões
quase sempre estamos nos referindo a algo que nos parece evidente ou quando temos uma opinião
muito fácil de justificar".
Neste caso, analisando os factos podemos aferir que fazemos afirmações e suposições de vários tipos e
tiramos conclusões sobre os acontecimentos do dia a dia o tempo todo. A grande maioria delas é
baseada em nossa intuição, em nossa experiência ou através de comparações.
Neste caso, Soares defende que:
Nem sempre isso é suficiente. Para provar alguma coisa, sustentar uma opinião ou defender um ponto
de vista sobre algum assunto, é preciso argumentar. Ou seja, é preciso apresentar justificativas
convincentes e corretas que sejam suficientes para estabelecer, sem deixar nenhuma dúvida, se uma
afirmação é falsa ou verdadeira.
Segundo Aristóteles, a lógica estuda a razão como instrumento da ciência ou meio de adquirir e possuir
a verdade. E o ato próprio da razão é o ato de raciocinar (ou argumentar). O raciocínio ou argumentação
é um tipo de operação do pensamento que consiste em encadear logicamente idéias para delas tirar
uma conclusão.
Essa operação vai de uma idéia a outra passando por um ou vários intermediários e exige o uso de
palavras. Portanto é uma dita uma inferência mediata, isto é, procede por mediação, por meio de
alguma coisa (Chauí, 1994).
Na perspectiva de Soares: a Matemática necessita da lógica para suas definições, postulados, além de
ser fundamental para julgar se um teorema é verdadeiro ou falso, e a partir disso tirar outras
conclusões, propor outras conjecturas, provar outros teoremas...
Neste caso, Druk (1998) afirm que "quando a autora afirma que o estudo da lógica no Ensino
Fundamental e Médio não deve ser um ponto localizado em algum momento específico do currículo
escolar, mas antes, uma preocupação metodológica presente sempre que algum ponto do programa
permitir".
Ainda segundo Druk (1998) a Lógica é um tema com conotações interdisciplinares e que se torna mais
rico quando se percebe que ela está presente nas conversas informais, na leitura de jornais e revistas e
em nas diversas disciplinas do currículo, não sendo portanto um objeto exclusivo da Matemática.
Portanto, no sistema escolar e na vida em sociedade, um certo domínio da lógica é necessário ao
desenvolvimento da capacidade de distinguir entre um discurso correto e um incorreto, na identificação
de falácias, no desenvolvimento da capacidade de argumentação, compreensão e crítica de
argumentações e textos.
Portanto, segundo MARTINS (2012):
O lógico, se ocupa da coerência do discurso sem levar em conta o tema sobre o qual esse versa. O ponto
central desta questão está na distinção entre verdade lógica e verdade factual. Uma verdade lógica é
sustentada em virtude da sua forma, mas não em decorrência do conteúdo por ela expresso. Por
exemplo, a afirmação ‘ João está vivo ou João não está vivo’ é tida como verdade lógica. Ela será sempre
verdadeira, independente de quem seja João ou do que seja estar vivo.
Bibliografia
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ensino. Niterói: Universidade Federal Flaminense.
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Brasiliense.
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DRUK, I. de F. (1998). A linguagem Lógica. Revista do Professor de Matemática.
FEITOSA, H. de A. & PAULOVICH, L. (2005). Um prelúdio à lógica. São Paulo, Brasil: Editora UNESP.
Filho, E. de A. (2003). Iniciação à Lógica Matemática. São Paulo, Brasil: Editora Novel.
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