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EEGEA

O documento apresenta um livro sobre a estabilidade global de edifícios altos escrito por três autores. O livro contém 7 capítulos que discutem conceitos, ações que atuam em estruturas, verificação da estabilidade global, coeficientes de majoração de esforços e análise não-linear de estruturas. O livro visa fornecer material didático sobre o assunto para alunos de engenharia civil.

Enviado por

Sandro Gomes
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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O documento apresenta um livro sobre a estabilidade global de edifícios altos escrito por três autores. O livro contém 7 capítulos que discutem conceitos, ações que atuam em estruturas, verificação da estabilidade global, coeficientes de majoração de esforços e análise não-linear de estruturas. O livro visa fornecer material didático sobre o assunto para alunos de engenharia civil.

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José Marcílio Filgueiras Cruz

Enildo Tales Ferreira


Carlos Antônio Taurino de Lucena

ESTRUTURAS
A ESTABILIDADE
GLOBAL
DOS
EDIFíCIOS
ALTOS
Autores
José Marcílio Filgueiras Cruz
Enildo Tales Ferreira
Carlos Antônio Taurino de Lucena

Foto-capa: José Marcílio Filgueiras Cruz

Projeto Gráfico e Diagramação


EstampaPB - [email protected]

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do Centro


de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba - UFPB

C957e Cruz, José Marcílio Filgueiras

Estruturas: a estabilidde global dos edifícios altos./ José Marcílio


Filgueiras Cruz; Enildo Tales Ferreira; Carlos Antônio Taurino de Lucena.
João Pessoa:  Leia Livros, 2019. Livro digital.

261 p. il.:
ISBN: 978-65-80702-08-4

1. Edificios altos 2. Engenharia Civil 3.Estuturas das edifícações 4.


Edificações verticais e horizontais I. Título.

CDU: 666.98

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

É proibida a reprodução total ou parcial,


de qualquer forma ou por qualquer meio.
A violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998)
é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal.
3

José Marcílio Filgueiras Cruz


Enildo Tales Ferreira
Carlos Antônio Taurino de Lucena

ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE
GLOBAL DOS EDIFíCIOS ALTOS

João Pessoa
2019
A maior herança que um pai deixa
aos filhos é o seu exemplo de
amor, de trabalho e de honradez.
O maior legado de um cidadão
às gerações futuras é sua luta
em prol do desenvolvimento e da
divulgação da ciência.
Porém, o que de grandioso o
ser humano pode deixar para a
humanidade é o seu projeto de paz.

Do autor
José Marcílio Filgueiras Cruz
DEDICATÓRIA

Carinhosamente dedicamos este


singelo trabalho aos netos do
autor José Marcílio Filgueiras
Cruz: Samuel Cruz de Paula
Marques; Gustavo Dias Cruz e
a princesinha Maria Flor Cruz
Bichara.
HOMENAGEM ESPECIAL

À minha mãe, Maria do Céu Cruz


(A dona Céu)

Se um dia, à Maria mãe de Jesus, mãe das mães e de todos nós, fosse
pedido que ensinasse às mulheres da Terra como ser mãe, certamente Ela
assim diria:
Um exemplo de Mãe

Quem mãe quiser ser, sendo de verdade esse querer,


Pois isso ser é coisa seria, é dom divino...
Deixe o lazer que mostro como fazer,
Pois para mãe ser, não pode ser só ouvindo.

Ser mãe é ser mãe e não somente dar à luz.


É trocar o dia pela noite e viver com alegria;
É saber rir mesmo quando carrega a cruz;
É desempenhar com amor as árduas tarefas do dia, todo dia.

Ser mãe é ser mãe e não somente dar à luz.


É saber acompanhar o filho mesmo estando ausente.
Iluminar seus caminhos, como se fosse, do farol, a luz;
Protegendo-o divinamente no futuro como no presente.

Quem mãe quiser ser, sendo de verdade esse querer,


Sigam o bom exemplo que vou lhes mostrar
E saibam exatamente como proceder.
Pois, de mãe, não se pode apenas falar!

Eu, que sou a Maria que está no Céu,


Procurando na terra, um raro caso, pude encontrar.
Seu nome poderia ser Maria da Terra, dona Céu;
Que mesmo assim, não poderia me enganar.

João Pessoa, 23 de julho de 2002


Do autor José Marcílio Filgueiras Cruz
AGRADECIMENTOS

Aos queridos Francisco Filgueiras Cruz e Maria do Céu Cruz, incansáveis


na missão de serem pais, amigos e orientadores; suas vidas e seus feitos são
como a luz indicando o caminho a todos quantos desejem bem proceder e não
queiram, descansadamente, por essa vida, passar em brancas nuvens;
À minha esposa, Maria de Fátima Cavalcanti Cruz e aos meus filhos: Bartyra
e Rafael, Lucas e Manuela (Manu) e Natalia Ludmila e Ivan, e aos filhos dos
meus filhos: Samuel, Gustavo e Maria Flor, pela compreensão, inspiração e
apoio, durante todo o tempo destinado à realização deste singelo trabalho;
Aos profs. Drs. Lauro Modesto dos Santos e Péricles Brasiliense Fusco
da Escola Politécnica da USP, que com paciência e competência sempre
souberam cumprir com o seu papel de mestre;
Ao prof. Antônio Wanderley Moreira, do Centro de Tecnologia da UFPB,
que desempenhou papel importante na minha formação profissional, modelo
de integridade e dedicação;
Ao prof. Dr. Normando Perazzo Barbosa, do Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental do Centro de Tecnologia da UFPB, pela leitura crítica do
texto e pelas sugestões apresentadas;
Aos meus ex-alunos, o Eng. Civil André Ricardo Pinheiro e a Arquiteta
e Urbanista Bartyra Cavalcanti Cruz, pelas palavras de incentivo e pela
preparação dos desenhos;
Ao ex-aluno Engenheiro Rodolfo Cavalcanti Carneiro, mestre em
engenharia de estruturas pela UNB e Analista da Boeing Aerospace Comercial
Aircraft, pela leitura crítica e, principalmente, pela amizade incondicional;
E, finalmente e sempre, aos meus alunos de ontem, de hoje e de amanhã,
pela oportunidade que me dão de, ao ensiná-los, aprender.
Muito Obrigado!

Do autor José Marcílio Filgueiras Cruz


APRESENTAÇÃO

A disciplina Análise Estrutural II que há alguns anos substituiu a disciplina


Estabilidade das Construções II do curso de engenharia civil do Centro de
Tecnologia da UFPB, tem seu programa dividido em quatro unidades. Na
primeira delas é abordado o tema da Análise Matricial das Estruturas pelo
Método dos Deslocamentos, na segunda unidade, o Efeito do Vento nas
Estruturas; na terceira, a Estabilidade Global das Estruturas e na ultima, a
Análise Não-linear de Estruturas Reticuladas através do método conhecido
por P-Delta.
Tendo verificado, semestralmente, durante mais de trinta anos em que
sou o professor responsável por esta disciplina, as dificuldades enfrentadas
pelos alunos quando da obtenção de material didático sobre o assunto - uma
vez que, em geral, até pouco tempo, ele só fazia parte dos programas das
disciplinas dos cursos de pós-graduação - tomei a decisão de oferecer uma
contribuição no sentido de facilitar a vida desses futuros engenheiros.
A materialização dessa contribuição se constitui neste despretensioso
trabalho que ora coloco à disposição de quantos dele necessitem.
Na verdade se trata de um singelo, mui singelo livro, cujas características
principais são: a tentativa de abordagem de temas importantes e complexos
a partir de uma concepção simples apropriada à sua utilização nos cursos
de graduação e, o fato de que o seu surgimento tenha se dado naturalmente
pela transformação das palavras ditas nas aulas em palavras escritas nas suas
páginas.
Os 7 capítulos que o compõem são assim constituídos: no 1º, faz-
se uma introdução ao assunto, com ênfase na importância de se conhecer
o funcionamento global das estruturas a partir do funcionamento das suas
partes, para possibilitar, em particular, aos futuros engenheiros e aos recém-
formados, condições de melhor proceder ao lançamento, à análise e ao
dimensionamento das estruturas das edificações usuais. O capítulo 2 reúne
alguns conceitos indispensáveis ao entendimento do estudo da estabilidade
global das estruturas, tais como: elementos de contraventamento e
elementos contraventados; estruturas deslocáveis e estruturas indeslocáveis;
deslocamentos convergentes e não-convergentes, etc.
No terceiro capítulo são discutidas as ações verticais e horizontais que
atuam nos elementos do sistema estrutural de contraventamento. As ações
que surgem como efeito do vento que atuam nas edificações e as decorrentes
da inclinação inicial (ou desaprumo) da edificação, representam dois dos três
casos de carregamentos estudados.
A verificação da estabilidade global de uma edificação feita através da
utilização do parâmetro de instabilidade global é o tema do capítulo 4. O
seguinte é totalmente destinado ao estudo do coeficiente de majoração dos
esforços globais finais, . A determinação do carregamento devido à ação do
vento nos edifícios de projeção horizontal retangular através da aplicação da
NBR 6123/88 é estudada no 6ª capítulo.
No último, são feitos comentários sobre a obrigatoriedade da análise
estrutural com a consideração da não-linearidade física (NLF) e geométrica
(NLG) assim como sobre a utilização de critérios e processos mais rigorosos
para a análise não-linear (ANL). Neste capítulo 7 são apresentadas, ainda, as
etapas do processo para análise de estruturas submetidas à não-linearidade
física e geométrica (NLFG).
Considerou-se relevante, sempre que oportuno, citar as recomendações
relativas ao tema estudado que constam dos textos das NBR 6118 e dos
projetos dessas normas. Bem como da versão de 2014 dessa mesma norma,
conhecida como NBR 6118(ABNT, 2014).
Os autores esperam agradecidos por críticas e sugestões que possam
contribuir para a melhoria deste trabalho.

João Pessoa, 2019.

Do autor José Marcílio Filgueiras Cruz


PREFÁCIO

Senti-me honrado e lisonjeado ao receber o convite do emérito professor


Marcílio Cruz - meu mestre, amigo e tio – para fazer a apresentação desta
magnífica obra com co-autoria dos professores Enildo Tales Ferreira e Carlos
Antonio Taurino de Lucena que, com certeza, preencherá uma lacuna no
campo do cálculo das estruturas.
Acompanho, de perto, na qualidade ex-aluno, a incansável dedicação dos
ilustres autores ao meio acadêmico e sei o quanto têm buscado melhorar a
qualidade do curso de engenharia civil na UFPB, mesmo diante das inúmeras
dificuldades enfrentadas por conta da triste realidade do ensino público no
Brasil.
Detentores de conhecimentos amplos em todos os ramos da engenharia
civil, principalmente na área de cálculo de estruturas, expõem através deste
livro conceitos importantes e de grande valia aos estudantes de graduação do
curso de engenharia civil, bem como aos de pós-graduação e aos profissionais
de cálculo estrutural.
Trata-se, de certo modo, de aplicações do assunto estudado no livro –
Introdução à Análise Matricial (Método dos Deslocamentos).
Seguindo a norma brasileira NBR-6118 (ABNT, 2014), considera-se
um livro atual, rico em conteúdo e conceitos matemáticos da engenharia
estrutural, que aborda de maneira clara e objetiva o problema da estabilidade
global das estruturas.
Através de bibliografias e posicionamento de autores respeitados no ramo
da engenharia estrutural, esclarece assuntos geralmente obscuros até mesmo
nas normas vigentes e torna esta obra ainda mais rica e completa.
11

Escrito de maneira simples e didática, com exemplos e exercícios


de aplicação prática, este manual de auxílio ao calculista estrutural expõe
um roteiro a ser seguido nas principais etapas do dimensionamento dos
componentes estruturais de uma edificação, facilitando a compreensão de um
assunto considerado de grande complexidade não só por aqueles que ingressam
no ramo da engenharia de estruturas, mas, até mesmo, por profissionais mais
experientes.
A mim compete agradecer aos autores deste livro - que há de marcar
época no tratamento de tema tão relevante - pela oportunidade de escrever
para ele esta página.
Seal Beach - Califórnia – USA, 2019.
Rodolfo Cavalcanti Carneiro
Engº civil pela UFPB, MSc. em Engenharia Estrutural pela UNB e Analista da
Boeing Aerospace Comercial Aircraft
SUMÁRIO

Capítulo 1 | Introdução................................................................................................22
Capítulo 2 | O Contraventamento Estrutural......................................................26
2.1. INTRODUÇÃO.....................................................................................27
2.2.AESTRUTURADAEDIFICAÇÃO........................................................27
2.2.1. O Lançamento da Estrutura............................................................28
2.2.2. O Pré-dimensionamento da Estrutura............................................29
2.2.2-1 O pré-dimensionamento dos pilares................................29
2.2.2-2 O pré-dimensionamento das vigas..................................36
2.2.2-3 O pré-dimensionamento das lajes...................................38
2.3. A ESTRUTURA DE CONTRAVENTAMENTO...................................40
2.3.1. Os Elementos do Sistema de Contraventamento...........................44
2.3.1-1 A influencia do λlim= 25 no pré-dimensionamento dos
elementos do SEC..........................................................47
2.3.2. A Quantidade de Elementos do SEC.............................................50
2.3.3. O Posicionamento dos Elementos do SEC...................................50
2.3.4. As Ações e o Dimensionamento do SEC......................................51
2.4. A ESTRUTURA DE CONTRAVENTADA.............................................54
2.5. CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES.........................................56
2.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................56

Capítulo 3 | Ações atuantes nos elementos do Sistema Estrutural


de Contraventamento.............................................................................58

3.1. AS AÇÕES VERTICAIS........................................................................59


3.1.2. Ações Verticais para Análise de 2ª Ordem......................................61
3.2. AS AÇÕES HORIZONTAIS..................................................................64
3.2.1. Ações Oriundas do efeito do vento................................................65
3.2.1-1 Cálculo da rigidez direta de pórtico plano.....................68
3.2.1-2 O efeito do vento nos elementos do sistema estrutural de
contraventamento............................................................73
3.2.2. Ações Oriundas do Desaprumo da Estrutura..................................75
3.3. CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES........................................83
3.3.1 Elementos Verticais com Seção Transversal Escalonada.................83
3.3.2. Pilares que Recebem Cargas Excêntricas........................................87
3.4. EXERCÍCIOS PROPOSTOS.................................................................88

Capítulo 4 | O parâmetro de instabilidade global “α ”..........................................90


4.1. INTRODUÇÃO......................................................................................91
4.1.1. Considerações Gerais....................................................................93
4.1.2. Aspectos Históricos......................................................................94
4.1.3. Condições de Utilização e Limites.............................................110
4.2. ESTIMATIVA DO PESO DA EDIFICAÇÃO......................................119
4.2.1. O Processo do “p Médio”............................................................121
4.3. O MOMENTO DE INÉRCIA DO SEC - ISEC......................................122
4.3.1. Cálculo do Momento de Inércia de um Pórtico...........................123
4.3.2 Cálculo do Momento de Inércia do SEC......................................127
4.4. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO............................................................128
4.4.1 Cálculo da Inércia Equivalente do Pórtico....................................129
4.4.2 Cálculo do Parâmetro de Instabilidade Global α ..........................130
4.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS..............................................................132

Capítulo 5 | O coeficiente γ de majoração dos efeitos globais finais.............133


z


5.1. INTRODUÇÃO....................................................................................134
5.2. A DEFINIÇÃO E O CÁLCULO DO γz ...............................................134
5.3. OS LIMITES DO COEFICIENTE γz ...................................................140
5.3.1 O Coeficiente γz e a Possibilidade da Análise Linear...................140
5.3.2 O Valor Limite do γz e o Cálculo Simplificado que Considera os
Efeitos de 2ª Ordem....................................................................141
5.3.3 O Valor Máximo Absoluto do γz ...................................................141
5.4. OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE o γz .......................................142
5.5. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO...........................................................144
5.5.1 Primeira Solução.........................................................................146
5.5.2 Segunda Solução.........................................................................153
5.5.3 Os Resultados..............................................................................156
5.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS................................................................157

Capítulo 6 | Efeito do vento nos edifícios...............................................................159


6.1. MARCHA DE CÁLCULO...................................................................160
6.2. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO............................................................172
6.2.1 O Vento V0 ...................................................................................172
6.2.2 Os Fatores S1; S2 e S3 ....................................................................173
6.2.3 O Vento Vk e o Coeficiente de Obstrução......................................176
6.2.4 O Coeficiente de Arrasto...............................................................176
6.2.5 A Força do Vento...........................................................................177
6.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS................................................................180

Capítulo 7 | A análise não-linear.............................................................................184


7.1. O PARÂMETRO α E AANÁLISE NÃO-LINEAR................................187
7.2. O COEFICIENTE γz E AANÁLISE NÃO-LINEAR..............................193
7.3. A ANÁLISE DE 2ª Ordem E O Processo P – Δ .................................193
7.3.1. O Processo P – Δ ......................................................................194
7.3.2. Exemplo de Aplicação do Processo P – Δ ................................200
7.4. CASOS DE CONTRAVENTAMENTO...............................................212
7.4.1. A Análise dos Pórticos do SEC da Direção Y..............................212
7.4.1-1 PORTT. 001....................................................................212
7.4.1-2 PORTT. 002....................................................................213
7.4.1-3 PORTT. 003....................................................................214
7.4.2. Análise dos Casos de Contraventamento......................................215
7.4.2-1 Análise do SEC do 1ª caso..............................................215
7.4.2-2 Análise do SEC do 2ª caso..............................................218
7.4.2-3 Análise do SEC do 3ª caso..............................................221
7.4.2-4 Análise do SEC do 4ª caso..............................................225

referências...................................................................................................................232
anexos.....................................................................................................................................237
Anexo A5, do capitulo 5..............................................................................238
Anexo A6, do capitulo 6..............................................................................239
Anexo A7, do capitulo 7..............................................................................250
siglas
CB5.1 Combinação de carregamentos 1 do capítulo 5
CC Centro de cargas
CC1 Caso de carregamento 1
CC1* Caso de carregamento 1 do Sistema Estrutoral de Contraventamento
CC1** Caso de carregamento 1 do Sistema Estrutoral Contraventado
CC3* Caso de carregamento 3 do Sistema Estrutoral de Contraventamento
CC3** Caso de carregamento 1 do Sistema Estrutoral Contraventado
CEB Código Europeu do Concreto
CM Centro de Massa
CT Centro de Torsão
ELU Estado Limite Último
SEC Sistema Estrutural de Contraventamento
SECX Sistema Estrutural de Contraventamento da direção X
SECY Sistema Estrutural de Contraventamento da direção Y
SC Sistema Estrutural Contraventado, sobre carga
SCX Sistema Estrutural Contraventado
SCY Sistema Estrutural Contraventado
PORTL Pórtico Longitudinal
PORTT Pórtico Transversal
SLR Sistema Local de Referência
SGR Sistema Global de Referência
STi Sessão Transversal i
IL Interpolação Linear
LISTA DE FIGURAS
Fig. 2.1 Forma da estrutura do pavimento-tipo....................................... 30
Fig. 2.2 Fachada lateral........................................................................... 30
Fig. 2.3 Área de influência de cargas para os pilares.............................. 31
Fig. 2.4 Pavimentos e nível onde ocorre redução da seção transversal
dos pilares.................................................................................. 34
Fig. 2.5 Estrutura em construção: Pórtico espacial................................. 42
Fig. 2.6 SEC na direção X....................................................................... 43
Fig. 2.7 SEC na direção Y....................................................................... 43
Fig. 2.8 Lançamento alternativo do vigamento do edifício exemplo –
SECX .......................................................................................... 44
Fig. 2.9 Lançamento alternativo do vigamento do Edifício exemplo –
SECY .......................................................................................... 44
Fig. 2.10 Pilar de contraventamento nas duas direções............................. 45
Fig. 2.11 Pilar contraventado em Y e de contraventamento em X............ 46
Fig. 2.12 Pilar do exercício de aplicação................................................... 48
Fig. 2.13 Sistema estrutural de contraventamento na direção Y............... 51
Fig. 2.14 Origem do CC1** (extraída do CEB (1978))............................ 53
Fig. 2.15 Pilar contraventado nas duas direções....................................... 54
Fig. 3.1 Pórtico plano com seu carregamento vertical - natural: CC1* =
Fvgk + Fvgk .................................................................................... 60
Fig. 3.2 Cálculo do CC1**...................................................................... 62
Fig. 3.3 O edifício e as direções do vento............................................... 66
Fig. 3.4 Distribuição resultante da ação do vento Vx .............................. 66
Fig. 3.5 D1 e D2 , Deslocamentos horizontais.......................................... 68
Fig. 3.6 Esquema para o calculo da rigidez direta................................... 69
Fig. 3.7 Flexão no pilar........................................................................... 70
Fig. 3.8 Esforço concentrado e flexão no pórtico.................................... 72
Fig. 3.9 Esforço distribuído e flexão no pórtico...................................... 72
Fig. 3.10 Desaprumo da edificação........................................................... 76
Fig. 3.11 (a) Edificação em desaprumo com o CC1 (b) Carregamento
horizontal equivalente................................................................ 77
Fig. 3.12 (a) Edifício em desaprumo e ações verticais nas lajes (b)
Edifício a prumo, cargas devidas ao desaprumo (c) Detalhes da
geometria.................................................................................... 79
Fig. 3.13 Desaprumo da estrutura (Extraída da NBR 6118:2014)............ 80
Fig. 3.14 Redução na seção transversal do pilar....................................... 84
Fig. 3.15 Defasagem do eixo da barra superior ao nó 7, em relação ao eixo
da inferior.................................................................................. 85
Fig. 3.16 Pórtico com pilar de seção escalonada....................................... 86
Fig. 3.17 Detalhes da seção transversal do pilar da esquerda e da
direita do pórtico (Fig. 3.17)...................................................... 87
Fig. 3.18 Pilares que recebem cargas excêntricas das vigas..................... 87
Fig. 4.1 Pilar engastado-livre.................................................................. 95
Fig. 4.2 Pilar de material elástico linear, bifurcação do equilíbrio.......... 96
Fig. 4.3 Pilar com carregamento vertical distribuído.............................. 98
Fig. 4.4 Analogia do SEC de um edifício alto com um pilar.................. 99
Fig. 4.5 Pilar na configuração deslocada............................................... 102
Fig. 4.6 Valores do fcm e do Ecm em função do fck (Adaptada do EC-2)... 108
Fig. 4.7 A composição dos Sistemas de Contraventamento
(Adaptada de Rivelli (2002))................................................... 112
Fig. 4.8 Pilar de inércia equivalente a do pórtico. Utilização de carga
concentrada.............................................................................. 123
Fig. 4.9 Momento de inércia equivalente ao do pórtico. Carga
uniformemente distribuída....................................................... 125
Fig. 4.10 Sistema associado de pórticos e paredes estruturais................ 126
Fig. 4.11 Pórtico trenzinho...................................................................... 127
Fig. 4.12 O pórtico, sua geometria e seu carregamento......................... 128
Fig. 5.1 Deformadas do pilar e momentos de 1 e 2 ordens e total........ 135
Fig. 5.2 O momento Mtotal = M1 + ΔM1 ................................................. 136
Fig. 5.3 Esquema para o cálculo do M1,totd ,d e do ΔMtot ,d .................... 139
Fig. 5.4 O pórtico, suas barras, seus níveis de vigamento
e algumas indicações da sua geometria................................... 145
Fig. 5.5 O pórtico com os carregamentos.............................................. 146
Fig. 5.6 Os esforços nas extremidades de barra de pórtico plano no slr.....157
Fig. 6.1 Isopletas de velocidade do vento Vo........................................ 161
Fig. 6.2 Ábaco para o cálculo do Ca Vento com baixa turbulência...... 167
Fig. 6.3 Edifício e direções do vento..................................................... 168
Fig. 6.4 Faixas consideradas no calculo da força do vento................... 169
Fig. 6.5 Distribuição da força do vento na fachada By xH.................... 171
Fig. 6.6 forças concentradas devido ao vento incidente na fachada maior,
B x H, atuando nos níveis de vigamento ou nós do pórtico........172
Fig. 6.7 Dimensões do edifício.............................................................. 173
Fig. 6.8 (“a” e “b”) Fachadas da edificação do Ex.6.1.......................... 181
Fig. 6.9 Projeção horizontal do pavimento tipo.................................... 182
Fig. 6.10 Fachada principal com cotas.................................................... 183
Fig. 7.1 Sistema estrutural da edificação............................................... 191
Fig. 7.2 Pórticos.................................................................................... 192
Fig. 7.3 Deslocamentos nodais em uma prumada do pórtico submetido
à combinação de carregamentos CB(I0).................................. 195
Fig. 7.4 Os níveis das lajes, dos vigamentos e dos nós de uma prumada
do pórtico................................................................................ 195
Fig. 7.5 Em cada nível o momento produzido pelas forças verticais
é igual ao das forças horizontais.............................................. 197
Fig. 7.6 Binário das forças horizontais.................................................. 198
Fig. 7.7 Os binários e as resultantes nodais........................................... 198
Fig. 7.8 O pórtico para a aplicação do P – Δ ....................................... 201
Fig. 7.9 O pórtico com os carregamentos: a) natural e b) do vento..... 202
Fig. 7.10 Os esforços nas extremidades de uma barra de pórtico plano, no slr........211
Fig. 7.11 Pórtico trenzinho assimétrico composto pelos Pórticos:
PORTT. 001, PORTT. 002 e PORTT. 003............................... 230
Fig. 7.12 Pórtico trenzinho simétrico composto pelos pórticos: PORTT.
001, PORTT. 002, PORTT. 003, PORTT. 004, PORTT.
005, PORTT. 006..................................................................... 231
tabelas
Tab. 2.1 Pré-dimensionamento dos pilares.............................................. 34
Tab. 2.2 Valores do coeficiente adicional γn ............................................ 35
Tab. 4.1 Valores do Eci , Ecs , Ecm e do αi em função do fck
concreto, considerando αE = 1,0............................................... 109
Tab. 4.2 Valores limites de α para (n ≥ 4 ) ........................................... 115
Tab. 5.1 Calculo do Mb,CC3.................................................................. 147
Tab. 5.2 Calculo do Mb,CC2.................................................................. 148
Tab. 5.3 Cálculo do ΔMtot,d..................................................................... 151
Tab. 5.4 Cálculo do ΔMtot,d....................................................................... 154
Tab. 6.1 Fator topográfico S1.................................................................. 162
Tab. 6.2 Fator S2 .................................................................................... 165
Tab. 6.3 Valores mínimos do fator S3 .................................................... 166
Tab. 6.4 Parâmetros meteorológicos...................................................... 170
Tab. 6.5 Fator S2 da Tab. 6.2.................................................................. 174
Tab. 6.6 Fator S2 .................................................................................... 175
Tab. 6.7 O vento Vk e o coeficiente de obstrução................................. 177
Tab. 6.8 Força do vento parcialmente distribuída.................................. 178
Tab. 6.9 Força nodal devido ao vento.................................................... 179
Tab. 7.1 Forças horizontais, ΔFhi(0) = CCI1, para a iteração 1................. 203
Tab. 7.2 Carregamento horizontal da CB(I1)......................................... 204
Tab. 7.3 Forças horizontais, ΔFhi(1) = CCI2, para a iteração 2................ 204
Tab. 7.4 Carregamento horizontal da CB(I2)......................................... 205
Tab. 7.5 Forças horizontais, ΔFhi(2) = CCI3, para a iteração 3................ 205
Tab. 7.6 Carregamento horizontal da CB(I3)......................................... 206
Tab. 7.7 Forças horizontais, ΔFhi(3) = CCI4, para a iteração 4................ 206
Tab. 7.8 Carregamento horizontal da CB(I4)......................................... 207
Tab. 7.9 Forças horizontais, ΔFhi(4) = CCI5, para a iteração 5................ 207
Tab. 7.10 Carregamento horizontal da CB(I5)......................................... 208
Tab. 7.11 Forças horizontais, ΔFhi(5) = CCI6, para a iteração 6................. 208
(5) ( 4)
Tab. 7.12 Diferença entre: ai(5) − ai( 4 ) e ∆Fhdi − ∆Fdhi .......................... 209
Tab. 7.13 Erro (%) - Reações dos apoios................................................. 211
Tab. 7.14 Erro (%) - Esforços de extremidades....................................... 211

quadro
Quadro 5.1 Valores do Coeficiente γz .................................................... 154
22 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Capítulo 1
Introdução
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 23

Hoje em dia, com o inigualável avanço da informática, a


utilização de computadores e de “grandes” programas para
análise e dimensionamento de estruturas tem se tornado cada vez
mais fácil mesmo para os pequenos escritórios de cálculo
estrutural e para os calculistas recém-formados.
O uso desses programas permite ao engenheiro projetar
estruturas mais eficientes e, por isso mesmo, mais econômicas,
pois possibilitam que sejam testadas, num curtíssimo espaço de
tempo, várias soluções estruturais para uma mesma edificação.
A obtenção de uma estrutura com grau de eficiência cada vez
maior é possível porque essa estrutura é, em geral, considerada
como um pórtico espacial, cuja rigidez é aumentada devido à
participação da escada; das lajes de piso e de coberta além das
paredes do reservatório elevado.
Como se esse fato não bastasse, por si só, para garantir
maior economia nas estruturas dimensionadas, a utilização,
nesses programas, do Método dos Elementos Finitos aliado à
Análise Matricial de Estruturas permite a consideração de
critérios que resultam numa melhor aproximação dos valores
calculados. Seja das solicitações internas presentes no pórtico
espacial; como nas vigas - que podem contar com a participação
das faixas da laje a elas adjacentes, no combate à compressão
oriunda da flexão desses elementos; etc.
Todavia, é indispensável ao engenheiro calculista uma
profunda compreensão da maneira como os elementos
estruturais trabalham, quando a estrutura global da edificação
entra em serviço. Pois é esse conhecimento que permite ao
engenheiro melhores lançamentos de estruturas e adotar
soluções específicas nas situações em que tal procedimento se
justifique.
Desse modo, é inegável que a concepção da estrutura de uma
edificação baseada em elementos reticulados planos,
24 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

principalmente pórticos planos e pilares de grande inércia, se


revista de significativa importância na formação do engenheiro
estrutural. Posto que é esta mesma concepção que possibilitará a
discussão de novos conceitos e novos procedimentos que
ajudarão ao futuro engenheiro, na sua prática profissional, a
interpretar melhor o funcionamento de uma estrutura global a
partir da maior compreensão do funcionamento das suas partes.
Novos conceitos e novos procedimentos são cada vez mais
indispensáveis ao engenheiro calculista, diante dos desafios
sempre crescentes, impostos pela necessidade de se projetar
edifícios mais altos, com materiais cada vez mais resistentes,
fazendo com que as estruturas alcancem maiores alturas
enquanto seus elementos exibem seções transversais cada vez
mais reduzidas. Tal combinação conduz a projetos de estruturas
mais e mais esbeltas, conferindo, assim acentuada relevância ao
estudo e compreensão dos problemas de instabilidade, tanto
locais e localizadas como globais.
As discussões que serão levadas a efeito neste livro dizem
respeito, de maneira especial, às estruturas de edifícios que
embora não apresentem comportamento linear, podem, mediante
certas condições, ser analisadas através de teorias lineares, em
que são considerados apenas os efeitos de 1ª ordem.
Assim, a abordagem relativa ao estudo da estabilidade global
dos edifícios, que aqui se dá – através de estruturas planas, tem
sua conceituação e seu equacionamento matemático recheados
de simplificações. Essas simplificações, que não são aquelas
embutidas nas hipóteses básicas que levam aos processos ditos
exatos, mas que são recomendadas pelo Código Europeu do
Concreto CEB, pelo Eurocódigo, por inúmeros estudiosos do
assunto e que foram incorporadas às recomendações do texto da
NBR 6118:2003. Recomendações estas que embora com alguns
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 25

ajustes permanecem na NBR 6118:2014, e já fazem parte da


rotina de trabalho dos engenheiros calculistas em todo o pais.
Essas são algumas das considerações que ressaltam a
importância do estudo dos processos simplificados existentes no
âmbito da Engenharia Estrutural, seja na graduação como até
mesmo em cursos de pós-graduação, opinião reforçada, por
exemplo, pelo professor Dr. Augusto Carlos Vasconcelos e
corroborada pelo professor Dr. Flávio Mendes Neto da Divisão
de Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica do ITA.
Pois, de fato, simplificar não complica, simplifica. Ou como
explicou certa vez o professor Vasconcelos: “Simplificar não
complica: ajuda.” (VASCONCELOS, 1985).
26 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Capítulo 2
O Contraventamento
Estrutural
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 27

2.1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a definição das estruturas das edificações,


cujas análises serão feitas com base em elementos estruturais
planos, a divisão dos seus elementos em dois grupos, sistemas
ou subsistemas estruturais: o grupo de contraventamento e o
grupo contraventado, constitui boa técnica a ser adotada para a
concepção do partido estrutural.
Neste capítulo, são apresentados alguns critérios que
possibilitam o lançamento da estrutura de uma edificação e o
seu pré-dimensionamento, objetivando resultados rápidos,
porém razoáveis; a concepção do partido estrutural de um
edifício bem como alguns cuidados a serem observados quando
da divisão em elementos estruturais de contraventamento e
elementos estruturais contraventados.

2.2. A ESTRUTRA DA EDIFICAÇÃO

A maioria dos projetos de arquitetura dos edifícios usuais


chega às mãos do calculista (o engenheiro projetista de
estruturas) com a previsão dos locais por onde os elementos
estruturais – verticais e horizontais – deverão passar, assim
como das suas dimensões. Tal fato vem se tornando cada vez
mais comum, demonstrando que arquitetos e engenheiros estão
trabalhando em equipe desde os instantes iniciais do projeto
arquitetônico da edificação, até a conclusão da sua execução.
O que não poderia deixar de ser, uma vez que os arquitetos são
os responsáveis pelo sonho enquanto os engenheiros,
principalmente os calculistas, pela materialização desse sonho.
28 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

2.2.1 O Lançamento da Estrutura

Em todo caso, o engenheiro de estruturas deve ter em mente


que no lançamento dos pilares, sempre que possível, devem ser
observados vãos em torno de 6 (seis) a 7 (sete) metros e que
esses pilares sejam dispostos de tal modo que concluído o
lançamento das vigas em cada pavimento, estas estabeleçam
condições para a formação de um maior número possível de
estruturas aporticadas, segundo as duas direções principais da
seção transversal desses mesmos pilares.
Tendo em vista o estudo da estabilidade global dos edifícios
usuais, as vigas podem ser divididas em 3 (três) grandes
grupos: as vigas baldrames; as principais e as vigas
secundárias. As vigas baldrames são bem definidas pela sua
função e posição específicas, pois são elas as responsáveis pelo
contraventamento dos pilares (na base), dos blocos de
coroamento de estacas, etc; as principais são aquelas que
concorrem para a formação dos pórticos integrantes do sistema
estrutural de contraventamento - SEC, e as vigas das fachadas;
as demais (as vigas de importância localizada) serão
consideradas pertencentes ao terceiro grupo.
Existem, ainda, outros grupos nos quais tais elementos são
classificados como: vigas normais, vigas invertidas, vigas
chatas, vigas-parede, vigas-balcão, etc. Por não serem
relevantes para o estudo que aqui se pretende fazer, estas
classificações não serão discutidas.
Em decorrência das recomendações já apresentadas, as lajes
contarão com bordas da ordem de 6 a 7 metros de
comprimento, podendo ser projetadas como lajes cogumelo,
lajes lisas, lajes nervuradas ou, ainda, como lajes maciças.
Qualquer que seja a solução adotada é permitido ao calculista
considerar alvenarias apoiadas diretamente sobre elas.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 29

As lajes pré-moldadas que utilizam nervuras e lajotas


devem ser evitadas, principalmente nos edifícios altos, devido
à baixa rigidez por elas apresentada quando funcionando como
chapas na distribuição das ações horizontais devidas,
principalmente, ao efeito do vento e ao desaprumo da
edificação.
As Figs. 2.1 e 2.2 mostram, respectivamente, a planta de
forma da estrutura do pavimento-tipo e um corte vertical do
edifício que embora não seja um edifício alto servirá de base
nas discussões relativas aos conceitos a serem apresentados.

2.2.2 O Pré-dimensionamento da Estrutura

Existem vários critérios para se avaliar as dimensões da


seção transversal de cada um dos elementos de uma estrutura.
Alguns desses critérios são puramente empíricos (práticos),
outros têm uma fundamentação teórica. Adiante são
apresentados alguns desses critérios, sendo que nos exercícios
de aplicação será dada maior ênfase àqueles que a esses.
Certamente, a aplicação de tais critérios concorrerá para uma
grande economia de tempo do calculista, oferecendo como
resultado da sua utilização pré-dimensionamentos bastante
razoáveis.

2.2.2-1 O Pré-dimensionamento dos Pilares

O pré-dimensionamento da seção transversal dos pilares da


estrutura pode ser feito a partir do critério da área de influência
de cargas (Fusco, 1981 e França, 1985).
Esse procedimento considera uma estimativa do esforço
normal de compressão inicial do pilar, em valor característico,
representado por Pik , a partir da utilização de um valor,
30 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

também, estimado para a tensão de compressão em serviço do


concreto,  c . Esta tensão é obtida a partir da tensão de
compressão do concreto aos 28 dias, f ck .

Fig.2.1 – Forma da estrutura do pavimento-tipo

C o b erta
5 ª L aje

3 ° P av . T ip o
4 ª L aje

H 2 ° P av . T ip o
3 ª L aje

1 ° P av . T ip o
2 ª L aje

P av . T erreo
Y
1 ª L aje
B y = 7 ,0 m

Fig. 2.2 – Fachada lateral

Na Fig. 2.2, é possível contar quantos são os pavimentos


existentes na edificação em evidência, enquanto na Fig. 2.3,
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 31

vê-se a planta de forma dos pilares do pavimento-tipo desse


edifício com a indicação das áreas de influência de cargas para
cada um deles. Essas informações permitirão ao calculista
fazer uma avaliação do Pik de cada pilar através da Eq. (2.1).

Pik  Ainf p m  n      (2.1)

onde: n é igual ao número de lajes de piso da edificação


(pavimentos), pm representa o valor da carga média por
unidade de área da edificação;  é um coeficiente que leva em
conta a diferença entre a carga vertical de um pavimento tipo e
da coberta, sendo: 0 ,80    0 ,95 e  é um coeficiente que
leva em conta a diferença entre a carga vertical de um
pavimento tipo e de uma garagem, sendo: 1,10    1, 20 . A inf
representa a área de influência de carga do pilar.
O valor da carga média por unidade de área para edificações
usuais deve ser adotado dentro do intervalo
11 kN / m  p m  15 kN / m . Explicação mais detalhada e uso
2 2

mais abrangente da Eq. (2.1) serão apresentados no capítulo 3,


subitem 3.1.

Fig. 2.3 - Área de influência de cargas para os pilares


32 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Estimado o esforço normal em cada pilar e com o valor da


tensão de serviço no concreto oriunda da Eq. (2.2),

1 1
f ck   c  f ck (2.2)
3 2

obtém-se a primeira estimativa para a área da seção transversal


do pilar, conforme a Eq. (2.3 – “a”) ou (2.3 – “b”).

Pik
A pilar  (2.3 – “a”)
c

Com f ck expresso em MPa, que corresponde a 0,1kN/cm2 e


desejando-se obter a área da seção transversal do pilar em
centímetros quadrados, pode-se usar a expressão:

10 Pik
A pilar  (2.3 – “b”)
c

com: Pik em kN e  c em MPa.


Para um pilar de seção transversal constante a estimativa
obtida através da Eqs. (2.3 – “a” e “b”) para a área da seção
transversal na base será válida para todas as seções, da
fundação ao topo desse elemento. Entretanto, se o calculista
deseja adotar pilares cujas seções transversais são reduzidas ao
longo da altura, então, a carga estimada para esses pilares, em
cada seção onde ocorrerá a redução da área, será calculada
através da Eq. (2.4), em que nr indica a laje (ou nível de
vigamento) onde ocorrerá a redução da seção e Piknr representa
a estimativa de carga do pilar para o nível nr desejado.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 33

Piknr  Ainf p m  n  nr      (2.4)

Na Fig.2.4 – “a” está explicitado o valor de n indicando a


quantidade de lajes de piso da edificação (os pavimentos),
assim como o valor do nr, informando que a redução da seção
transversal do pilar formado pelas barras verticais (6), (7), (8),
(9) e (10) se dará a partir do 2º pavimento, ou seja, do nó 5. A
redução esta mostrada na Fig.2.4 - “b”.
Na Tab.2.1, são apresentados os resultados da primeira
estimativa das dimensões da seção transversal de cada um dos
pilares do edifício exemplo, cujo pavimento tipo está
representado na Fig.2.1. A estimativa dessas áreas foi obtida
com a utilização das Eqs. (2.1), (2.2) e (2.3), com n  4 ,
  0 ,9 ,   0 ,  c  10 MPa , p m  12 kN / m 2 e f ck  30 MPa .
Admitida a simetria da estrutura, tanto na direção X como
na Y da projeção horizontal da edificação, conforme Fig. 2.1,
consideram-se, apenas, os pilares cujas áreas de influência são
diferentes.
Por comodidade, nesta aplicação, desprezaram-se, na
estimativa do esforço normal Pik dos pilares, as parcelas
devidas ao reservatório elevado e à casa de máquinas. Além
disso, a menor dimensão dos pilares, nesse caso, a dimensão
b x , foi pré- definida com valor igual a 20 cm.
Na prática, adotar a menor dimensão da seção transversal
dos pilares de uma edificação, sempre que possível, com
mesmo valor é procedimento corriqueiro que tem a preferência
da maioria dos calculistas.
A dimensão da seção transversal dos pilares, que aqui é
estimada, é representada por b y . De modo geral convencionou-
se chamar a maior dimensão da seção transversal dos pilares de
h, a altura da seção, enquanto a outra, de b, a base da seção.
34 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

(a) (b)
Fig. 2.4 - Pavimentos e nível onde ocorre redução da
seção transversal dos pilares

Tab.2.1 – Pré-dimensionamento dos pilares

Pilares 2
A inf ( m ) Pik (kN ) A pilar ( cm )
2 2
b x x .b y ( cm )

1 10,50 617,40 617,40 20x30


2 21,00 1.234,80 1.234,80 20x60
3 15,75 926,10 926,10 20x50
7 4,50 264,60 264,60 20x20

Os pilares P7 e P8 tiveram a dimensão b y (a dimensão da


seção transversal do pilar que é paralela ao eixo Y, Fig. 2.1)
aumentada para 20 cm respeitando o limite de área mínima da
seção transversal, igual à 360cm2, bem como para fugir da
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 35

obrigatoriedade de usar o coeficiente de ponderação  n além do


 f na análise dos pilares cuja seção transversal tenha lado
menor que 19 cm.
Na NBR 6118:2014, subitem 13.2.2, que aborda o tema
relacionado com os pilares e os pilares-parede, fica
estabelecido que a seção transversal dos pilares e pilares-
parede maciços não deve apresentar dimensão menor que 19
cm, e área menor que 360cm2.
E que somente em casos especiais, permite-se a utilização
de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem
as ações a serem consideradas no dimensionamento por um
coeficiente de ponderação das ações adicional chamado  n , que
varia com o valor de b em cm (a menor dimensão da seção
transversal) conforme a Tab. 2.2 (que na norma citada é a Tab.
13.1).

Tab.2.2 – Valores do coeficiente adicional  n


b  19 18 17 16 15 14
n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

Desse modo,  n é um coeficiente de ajuste de f que


considera o aumento da probabilidade de ocorrência de desvios
relativos significativos na construção, devendo (nos casos
acima mencionados) majorar os esforços solicitantes finais de
cálculo nos pilares quando do seu dimensionamento.
Ainda nessa referência, subitem 14.4.2.4, lê-se o seguinte:

Elementos de superfície plana ou casca


cilíndrica, usualmente dispostos na vertical
e submetidos preponderantemente à
compressão. Podem ser compostos por
36 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

uma ou mais superfícies associadas. Para


que se tenha um pilar-parede, em alguma
dessas superfícies, a menor dimensão deve
ser menor que 1/5 da maior, ambas
consideradas na seção transversal do
elemento estrutural.

2.2.2-2 O pré-dimensionamento das vigas

As vigas baldrames das quais a barra (1) da Fig. 2.4 –“a”, é


um bom exemplo, podem ser pré-dimensionadas adotando-se
para base um valor entre 20 e 30 cm; as principais deverão ter
suas bases com valores estimados entre 20 e 25 cm e as
secundárias, em torno de 20 cm.
Na prática, a altura de todo o vigamento da edificação deverá
ter um único valor. Tal procedimento, embora, concorra para um
acréscimo no consumo de concreto, sempre promove economia
de mão-de-obra de carpintaria, evita a verificação mais detalhada
quanto à cota do fundo das vigas de menor altura e permite
considerável diminuição do peso de armadura utilizada,
principalmente, nas vigas secundárias, posto que várias dessas
vigas são detalhadas com armadura mínima.
Em último caso deve-se procurar fazer com que, pelo menos,
as vigas principais guardem a característica da altura comum,
que em geral, nos edifícios usuais, varia de 50 a 60 cm. As vigas
baldrames podem ter altura estimada entre 50 e 70 cm e as
secundárias, entre 40 e 50 cm.
Veiga (1995) lembra que o pré-dimensionamento das vigas
de concreto armado pode ser feito através do seguinte critério:

l
h  , para vigas isostáticas;
10
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 37

lm
h  , para vigas contínuas;
12

lb
h  , para balanços;
5

Sendo, na ordem: l , l m e l b , o vão, o vão médio e o balanço


A base (largura) da viga, sempre que possível, deve ser
definida em função da espessura da alvenaria em que está
inserida. Entretanto, diante da possibilidade de ocorrência da
flambagem lateral, torna-se necessário um cuidado especial
com a relação entre a base e altura da sua seção transversal. A
possibilidade de ocorrência dessa instabilidade local é agravada
nas vigas de seção retangular que não estão protegidas pela
presença de lajes que nelas se apoiam ou de outras vigas que
possam contribuir para a redução do seu comprimento lateral
livre. Em situações como essas se recomenda que elas tenham
largura b, definida de modo que a relação entre a base e a altura
da seção, indicada na Eq. (2.5 – “a”), seja respeitada.

b  0 , 40 h (2.5 – “a”)

Nos demais casos, nos quais as vigas estão protegidas


lateralmente, a largura b da viga, pode ser estimada de modo a
respeitar o limite abaixo sugerido.

b  0 , 30 h (2.5 – “b”)

Por outro lado, no subitem 13.2.2 da NBR 6118:2014, lê-se:

A seção transversal das vigas não deve


apresentar largura menor que 12 cm e das
38 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

vigas-parede, menor que 15 cm. Estes


limites podem ser reduzidos, respeitando-
se um mínimo absoluto de 10 cm em casos
excepcionais, sendo obrigatoriamente
respeitadas as seguintes condições:
a) alojamento das armaduras, e suas
interferências com as armaduras de outros
elementos estruturais, respeitando os
espaçamentos e coberturas estabelecidas
nesta Norma;
b) lançamento e vibração do concreto de
acordo com NBR 14931.

Lê-se, ainda, no subitem 14.4.2.2, da referencia citada:

Elementos de superfície plana, sujeitos


principalmente a ações contidas em seu
plano. As chapas de concreto em que o vão
for menor que três vezes a maior dimensão
da seção transversal são usualmente
denominadas vigas-parede.

2.2.2-3 O pré-dimensionamento das lajes

Em geral, especifica-se como altura da avaliação inicial das


lajes de piso maciças sem balanço, com lados medindo em
torno de 6 m, valores entre 10 e 12 cm. Para esses elementos é
possível, também, o seguinte critério para a pré-definição da
sua espessura: d  ( 2 ,5  0 ,1n ) l * , sendo: d  h  c min a altura
útil da laje, em cm; n igual ao número de lados engastados e
l x  l *  0 , 7 l y , l x  l y os lados da laje, l * em m.
Na NBR 6118:2014, subitem 13.2.4.1 e 13.2.4.2, lê-se,
respectivamente, o seguinte:
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 39

Nas lajes maciças devem ser


respeitados os seguintes limites mínimos
para a espessura:
a) 7 cm para cobertura não em balanço;
b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm para lajes em balanço;
d) 10 cm para lajes que suportem veículos
de peso total menor ou igual a 30 kN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos
de peso total maior que 30 kN;
f) 15 cm para lajes com protensão
apoiadas em vigas, com o mínimo de 42
para lajes de piso biapoiadas e 50 para
lajes de piso contínuas;
g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para
lajes-cogumelo, fora do capitel.
No dimensionamento das lajes em
balanço, os esforços solicitantes de cálculo
a serem considerados devem ser
multiplicados por um coeficiente adicional
γn, de acordo com o indicado na Tab. 13.2.

E, sobre as lajes nervuradas, lê-se:

A espessura da mesa, quando não


existirem tubulações horizontais
embutidas, deve ser maior ou igual a 1/15
da distância entre as faces das nervuras
( l 0 ) e não menor que 4 cm.
O valor mínimo absoluto da espessura
da mesa deve ser 5 cm, quando existirem
tubulações embutidas de diâmetro menor
ou igual a 10 mm. Para tubulações com
diâmetro Φ maior que 10 mm, a mesa deve
ter a espessura mínima de 4 cm +  , ou 4
40 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

cm + 2  no caso de haver cruzamento


destas tubulações.
A espessura das nervuras não pode ser
inferior a 5 cm.
Nervuras com espessura menor que 8
cm não podem conter armadura de
compressão.
Para o projeto das lajes nervuradas,
devem ser obedecidas as seguintes
condições: a) para lajes com espaçamento
entre eixos de nervuras menor ou igual a
65 cm, pode ser dispensada a verificação
da flexão da mesa, e para a verificação do
cisalhamento da região das nervuras,
permite-se a consideração dos critérios de
laje; b) para lajes com espaçamento entre
eixos de nervuras entre 65 e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa, e
as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permite-se essa
verificação como lajes se o espaçamento
entre eixos de nervuras for até 90 cm e a
largura média for maior que 12 cm;
c) para lajes nervuradas com
espaçamento entre eixos de nervuras maior
que 110 cm, a mesa deve ser projetada
como laje maciça, apoiada na grelha de
vigas, respeitando-se os seus limites
mínimos de espessura.

2.3. A ESTRUTURA DE CONTRAVENTAMENTO

A estrutura de uma edificação deve contar com elementos


que sejam responsáveis pela estabilidade global, resistindo às
ações horizontais que nela atuam. Esses elementos estruturais
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 41

que devem garantir uma quase indeslocabilidade horizontal, ou


seja: deslocabilidade muito pequena, desprezível, da edificação
e conseqüentemente de toda a sua estrutura, são os elementos
do sistema estrutural de contraventamento, SEC. (FUSCO
1981). Tais elementos estruturais devem ser rígidos o
suficiente para possibilitar que os elementos do sistema
estrutural contraventado, SC, sejam considerados
indeslocáveis. Assim, estes elementos poderão ser
dimensionados como elementos isolados, sob a condição de
garantir somente a estabilidade local e localizada, estando
submetidos, apenas à consideração dos esforços locais e
localizados.
De acordo com o Código Europeu do Concreto, CEB
(1978), boletim no 124/125, para que o sistema estrutural de
contraventamento possa garantir a quase indeslocabilidade de
toda a estrutura (do sistema contraventado e a sua própria) é
indispensável (porém, não suficiente) que o índice de esbeltez
de cada um dos seus componentes satisfaça à condição
indicada na Eq.(2.6). Sendo, por essa razão, chamado de SEC
rígido.

  25 (2.6)

O limite  max  25 estabelecido na Eq.(2.6) para o índice de


esbeltez dos elementos rígidos do SEC, muito dificilmente é
atendido nas estruturas de contraventamento dos edifícios
usuais, principalmente pelos pilares. Pois a sua observância
induz ao dimensionamento de estruturas antieconômicas
conforme discussão apresentada no subitem 2.3.1.1 adiante.
Desse modo, no estudo aqui desenvolvido a limitação
quanto ao índice de esbeltez dos elementos do SEC não será
levada em questão o que possibilita o lançamento de estruturas
42 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

mais esbeltas, em geral mais econômicas, sendo


implicitamente recomendado pela NBR 6118:2014.
Cabe, portanto, ao Sistema Estrutural de Contraventamento,
SEC, garantir a estabilidade de toda edificação e da estrutura
dessa edificação. Portanto, este sistema estrutural deve ter
rigidez suficiente para que ela, a estrutura, possa ser
considerada de nós fixos (quando seus deslocamentos
horizontais são pequenos e, por isso mesmo, desprezados) ou,
caso contrario, seja considerada de nós deslocáveis, quando
seus deslocamentos horizontais necessitam ser considerados e
sua analise feita considerando-a na configuração deformada.
Assim, têm-se as estruturas de nós quase indeslocáveis,
ditas de nós fixos e as, de nós deslocáveis.
No caso da utilização de estruturas de contraventamento
planas devem ser estabelecidos dois sistemas de
contraventamento que atuarão em planos ortogonais.
Cabendo ao engenheiro calculista definir o sistema
estrutural de contraventamento que atuará paralelamente ao
plano definido pelos eixos Z e X (o SECX) e o que atuará no
plano YZ (o SECY), conforme mostrado nas Figs. 2.5, 2.6 e 2.7.

Fig.2.5 – Estrutura em construção: Pórtico espacial


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 43

Assim, esses sistemas atuarão respectivamente,


paralelamente ao plano definido pelo eixo Z, onde é medida a
altura do edifício e pelo eixo que indica a direção longitudinal
X ou transversal Y da projeção horizontal mencionada.

Fig. 2.6 – SEC na direção X

Fig. 2.7 – SEC na direção Y

Outra possibilidade estrutural para o edifício da Fig.2.1, está


nas Figs. 2.8 e 2.9, onde estão indicados SECX e o SECY.
Os pilares que participam da estrutura de contraventamento
podem atuar ou como elementos do SEC - isto é, eles não são
44 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

pernas de pórticos - ou, como componentes dos elementos do


SEC – quando integram pórticos componentes do SEC.

Fig. 2.8 – Lançamento alternativo do vigamento do


Edifício exemplo – SECX

Fig. 2.9 – Lançamento alternativo do vigamento do


Edifício exemplo – SECY

2.3.1 Os Elementos do Sistema de Contraventamento

Na primeira situação – quando os pilares atuam como


elementos do SEC - são possíveis dois casos para análise e
dimensionamento, a saber:
1º caso, dos pilares que são, ao mesmo tempo, elementos de
contraventamento do SECX e do SECY, como mostrado na
Fig.2.10. Nela vê-se que nos planos do contraventamento, os
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 45

planos ZX e YZ, o pilar deve ser considerado engastado na


Z no topo. Exemplo: P7 e P10, das Figs. 2.8 e 2.9.
base e livre
Z P8 e P9, Figs. 2.6 e 2.7 são exemplos do 1º caso.
Os pilares
Z

Z Z
Z Z

Z Z

h = H
h h h = H
h = H h = H
h h
h h

X X X
Y X X Y Y X
X

Fig. 2.10 – Pilar de contraventamento nas duas direções

2º caso, dos pilares que participam, apenas, de um dos


sistemas de contraventamento. Vide Fig.2.11.
Essa figura mostra que no plano do contraventamento, o
plano ZX, o pilar deve ser considerado engastado na base e
livre no topo, enquanto no outro, o plano YZ, em que ele é
contraventado, este elemento do SECX é considerado para
efeito de analise e dimensionamento como um conjunto de
lances, cada um deles de altura igual à distância h entre dois
níveis de vigamentos consecutivos.
Na segunda situação – quando os pilares fazem parte de
pórticos que compõem o SEC, também, são possíveis dois
casos para análise e dimensionamento, a saber:
46 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

1º caso, dos pilares que participam de um pórtico


longitudinal (no plano ZX) e de um pórtico transversal (no
plano YZ), ambos elementos de contraventamento. Os pilares
P1 e P9, Figs. 2.6 e 2.7 exemplificam os do 1º caso.
Assim, no seu dimensionamento, as informações obtidas da
análise dos pórticos PORTL.001 e PORTT.001, PORTL.002 e
PORTT.001 serão, na ordem, obrigatoriamente consideradas.
Z

Z Z Z

h = H
h h h = H

X Y X X

(a) (b)
Fig. 2.11–Pilar contraventado em Y e de contraventamento em X

2º caso, dos pilares que participam de um pórtico de


contraventamento e de um contraventado.
São exemplos de pilares do 2º caso o pilar P3, Figs. 2.6 e
2.7. Portanto, no seu dimensionamento deverão ser utilizadas
as informações obtidas da análise dos pórticos: PORTL.001, de
contraventamento em X e, PORTT.005, contraventado pelo
SECY.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 47

2.3.1-1.A influencia do  lim  25 no pré-dimensionamento


dos elementos do SEC

Seja um pilar, elemento rígido do SEC da direção Y da


projeção horizontal de um edifício de 9 pavimentos, Fig. 2.12 –
“a” e “b”. Admitindo-se que sua seção transversal retangular
esteja posicionada de modo a conferir-lhe a maior eficiência
possível, definem-se b e h dessa seção transversal.
Considerando que o pé-direito, dos pavimentos do edifício
em questão é igual a 2,90 m e que a espessura da laje é 10 cm,
a altura H do pilar é dada por:

H  ( 2 ,90  0 ,10 ) x 9  1,30  H  28 ,30 m

No calculo acima, considerou-se a altura da base da


fundação até o eixo da viga baldrame igual à 1,30 m.
De acordo com o explicado no subitem 2.3.1 e ilustrado na
Fig.2.11 – “b”, o comprimento de flambagem do pilar em torno
do seu eixo x centroidal é igual a duas vezes sua altura H, cujo
calculo vê-se a seguir:

l fl , x  2 x 28 , 30 m  5 . 660 cm

O índice de esbeltez  x é obtido através de:

l fl , x
x 
ix

(2.7) Sendo, i x  Ix
A
, com: I x  bh
3
/ 12 e A  bh , tem-
se:
48 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

3 , 46 x 2 H .
x 
b

Fig. 2.12 – Pilar do exercício de aplicação

Como, de acordo com a Eq. (2,6), o valor do  max dos


elementos rígidos de contraventamento deve ser no máximo
igual a 25, tem-se:

3 . 46 x 5660
25 
h

Donde se conclui que:

h  785 cm
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 49

Nesse caso, a menor dimensão, b , da seção transversal não


afeta o cálculo do  x , podendo, seu valor ser definido em
função do esforço normal Pik que atua no pilar e do fck do
concreto a ser utilizado.
Assim, considerando uma área de influência de cargas igual
24 m2 e admitindo-se pm=11 kN/m2, obtém-se uma estimativa
para o esforço normal de serviço do pilar através da Eq. (2.1).

Pik  Ainf p m  n     

Sendo: n  9, e
  0 ,8   0 ,0 , obtém-se,
Pik  24 x11 x ( 9  0 ,8 )  2 . 587 , 20 kN .

Especificado para o f ck o valor de 30 MPa , tem-se, através


da Eq. (2.2):

30
c   10 , 00 MPa .
3

Da Eq. (2.3 – “b”), tem-se: A pilar  10 Pik /  c . logo:

A pilar  bh  2 . 587 , 20 cm
2
.

E, por ser h  785 cm , obtém-se: b  3 , 29 cm .


Em atenção ao que estabelece a NBR 6118:2014, no seu
subitem 13.2.3; adota-se, b  20 cm .
Assim, esse pilar que poderia ser pré-dimensionado (e,
possivelmente dimensionado) com seção transversal de área
aproximadamente igual a 2.600 cm2, por exemplo, com
50 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

dimensões b e h, respectivamente, iguais a 20 cm e 130 cm,


terá sua seção transversal estimada, com área cerca de 6 vezes
maior, ou seja, 20 cm x 785 cm.

2.3.2. A Quantidade de Elementos do SEC

Se, por um lado, quanto maior o número de elementos


(pórticos, paredes estruturais, etc.) componentes do SEC o
projeto tende a ser mais econômico, por outro lado as
dificuldades que o calculista enfrentará até a sua conclusão
serão maiores.
Assim, se não devemos adotar SEC com muitos elementos,
também, devemos evitá-los com um único elemento.

2.3.3. O Posicionamento dos Elementos do SEC

A posição e a rigidez de cada um dos elementos do SEC


têm grande influencia na maneira como o edifício se deslocará
horizontalmente.
Assim, o sistema estrutural de contraventamento
apresentado na Fig. 2.7 é melhor distribuído que o mostrado na
Fig. 2.13. É que no esquema mostrado nesta opção, Fig. 2.13, a
estrutura será submetida a solicitações de torção, fato que
provocará um acréscimo no seu custo final bem como uma
dificuldade adicional para o seu dimensionamento.
Tal solicitação é, em geral, desprezível no outro esquema,
Fig. 2.7, principalmente quando se referindo aos edifícios de
pouca altura relativa, de acordo com definição apresentada no
final do subitem 3.2.1, no capítulo 3.
Em casos como estes acima referidos, quando a estrutura da
edificação na direção em evidencia é simétrica em relação ao
eixo que contem o centro geométrico, CG, da projeção
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 51

horizontal da edificação, como na Fig. 2.7, o engenheiro de


estruturas perceberá, à primeira vista, que o SEC indicado na
Fig. 2.7, por ter seus elementos simetricamente posicionados
em relação ao eixo de simetria é melhor que o da Fig. 2.13.

Fig. 2.13 – Sistema estrutural de contraventamento


na direção Y

Pois o que de fato importa para que a torção seja desprezível


é que o centro de massa de rigidez a flexão, CM, dos elementos
do sistema estrutural de contraventamento se situe o mais
próximo possível do eixo de simetria referido. A torção
mencionada provocará a ocorrência de deslocamentos
horizontais diferentes, numa mesma direção em pontos de
mesmo nível da edificação.

2.3.4. As Ações e o Dimensionamento do SEC

Os elementos do sistema estrutural de contraventamento


devem ser analisados, no plano em que atuam, como se fossem
estruturas em balanço (com a consideração dos efeitos de 2ª
ordem, quando necessário), e isso significa que a altura desses
52 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

elementos é, muitas vezes, a própria altura da edificação,


fazendo com que sejam em geral esbeltos. Vide Fig. 2.11.
As ações que atuam nesses elementos estruturais (pórticos
planos, paredes estruturais, etc.), cuja determinação é estudada
no capítulo 3, podem ser representadas, nos casos dos edifícios
usuais, em geral, em três casos de carregamento - ou três CC: o
primeiro, o CC1, das ações verticais permanentes e variáveis
( F vg e F vq ); o segundo, o CC2, das forças horizontais
decorrentes da ação do vento incidente na edificação
( F q ( vento ) , F h , vento ou Fvento ) e; o último, o CC3, que aparece
em decorrência da consideração de uma inclinação inicial ou
desaprumo para cada elemento vertical (pórtico ou pilar
parede) da edificação, F hg ( inc ) e F hq ( inc ) ou, de maneira geral,
F h , inc .
O CC1 e o CC3 podem ser entendidos, cada um deles, a
partir de duas parcelas: CC1* e CC1** e, CC3* e CC3**,
respectivamente. As parcelas indicadas com * atuam
diretamente nos elementos do sistema estrutural de
contraventamento e as com ** são oriundas do sistema
estrutural contraventado. Essas parcelas serão estudadas
também nos subitens 3.1.1.2 e 3.1.1.3 do capítulo 3. Assim, o
carregamento vertical, CC1, a ser considerado para um
elemento de contraventamento é composto por duas parcelas: a
primeira delas é aquela que naturalmente é atribuída ao
elemento de contraventamento (seu carregamento natural, o
CC1*); a outra parcela é proveniente das cargas verticais
naturalmente atribuídas aos elementos do sistema
contraventado que estiverem na área de influência ou de
responsabilidade do referido elemento de contraventamento,
que é o CC1**. Este carregamento por ser o próprio
carregamento vertical que naturalmente incide nestes
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 53

elementos contraventados, pode ser chamado de CC1* dos


elementos contraventados.
O carregamento horizontal, CC2, decorrente da ação do
vento atuante na edificação, assim como o decorrente da
inclinação inicial do edifício, o CC3, se distribuem entre os
elementos do SEC proporcionalmente à sua rigidez. Nos
subitens 3.1.1.2 e 3.1.1.3 do capítulo 3 encontram-se estudo
mais detalhado sobre o tema.
P1 P2
P1 P2 P1 P2
a a FH FH

F H = P 2. a
H H

(a) (b) (c)

Fig.2.14 – Origem do CC1**


(extraída do CEB (1978)

Sendo imposta aos elementos de contraventamento pelos


elementos contraventados, quando dos deslocamentos da
edificação, essa parcela, o CC1**, solicitará o sistema de
contraventamento a partir da posição deformada definida pelos
deslocamentos determinados na análise de 1ª ordem. Fig.2.14 –
“a”, “b” e “c”. Para a consideração do efeito da parcela do
carregamento vertical dos elementos do SEC oriunda dos
elementos contraventados, o CC1**, é calculado um
carregamento horizontal equivalente atuando nos nós de uma
prumada do pórtico de contraventamento (nos pilares do SEC o
carregamento é aplicado nos níveis de vigamento
54 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

correspondentes aos nós de uma prumada do pórtico), como


mostra a Fig. 2.14 - “a” e “b”.

2.4. AS ESTRUTURAS CONTRAVENTADAS

Todos os elementos da estrutura de uma edificação que não


participam do sistema estrutural de contraventamento, SEC,
pertencem ao sistema estrutural contraventado, SC. Os
elementos desse sistema contraventado podem ser
considerados como integrantes de estruturas de nós
indeslocáveis, desde que o sistema de contraventamento possa
lhes assegurar essa condição.
Z Z

h h

X Y

Fig. 2.15 – Pilar contraventado nas duas direções


principais da sua seção transversal

Por esse motivo tais elementos são considerados como


elementos isolados podendo ser dimensionados em cada plano
de contraventamento, a partir do esquema indicado na Fig.2.15
levando em conta, apenas, a consideração dos efeitos locais e
localizados de 2ª ordem. Os efeitos locais de 2ª ordem podem,
sob certas circunstâncias, ser desprezados. Sendo permitido
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 55

ao calculista proceder à análise de elementos isolados


considerando, somente, os efeitos localizados. A esse respeito
ver o subitem 15.8.2 da NBR 6118:2014.
No subitem 15.4.4 da norma mencionada, são considerados
como elementos isolados, para estudo dos efeitos locais e
localizados de 2ª ordem e, para dimensionamento os elementos
estruturais nas seguintes situações:

a) os elementos estruturais isostáticos;


b) os elementos contraventados;
c) os elementos das estruturas de
contraventamento de nós fixos;
d) os elementos das subestruturas de
contraventamento de nós móveis, desde
que, aos esforços nas extremidades,
obtidos em uma análise de 1ª ordem, sejam
acrescentados os determinados por análise
global de 2ª ordem.

Assim, os pilares P7 e P8 mostrados nas Figs. 2.6 e 2.7 e


Fig. 2.15 podem ser analisados e dimensionados, lance por
lance, com comprimento livre segundo as direções principais
da sua seção transversal, definido no item 15.6 da NBR
6118:2014 e indicado a seguir, onde: l 0 é a distância entre as
faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais,
que vinculam o pilar; h é a altura da seção transversal, medida
no plano da estrutura em estudo; e l é a distância entre os eixos
dos elementos estruturais aos quais o pilar esta vinculado.

l 0  h
le  
l
56 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O carregamento que, em geral, deve ser adotado para esses


pilares é composto por uma carga concentrada vertical e pelos
momentos M X e M Y decorrentes, na maioria das vezes, da
aplicação dos momentos mínimos recomendados por norma.

2.5. CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

Ao ser estabelecido o partido estrutural de uma edificação,


tendo em vista a análise do sistema estrutural de
contraventamento a partir de pórticos planos, pilares-parede,
etc., são adotadas significativas simplificações, não só quanto à
hipótese admitida para a distribuição das cargas horizontais
entre os elementos do SEC, como também na consideração da
estabilidade global da estrutura.
Pois elementos estruturais, tais como as escadas e as lajes,
desprezados quando da definição dos sistemas estruturais de
contraventamento, aqui estudados, sem dúvida alguma,
conferem grande rigidez à estrutura, caracterizando-se como
importantes núcleos de rigidez da estrutura a que pertencem.

2.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Ex. 2.1 - Considerando o edifício esquematizado nas Figs.


2.1 e 2.2, avaliar o somatório das cargas verticais de cada um
dos pilares, somando o peso da alvenaria, do revestimento, da
sobrecarga e do volume de concreto de toda a estrutura.
Adotar o peso específico do concreto armado igual a
25 kN / m ; a altura h de piso a piso dos pavimentos igual 3,0m;
3

para alvenaria de ½ vez acabada com 15 cm de espessura


existente sobre todas as vigas e para a sobrecarga 2 , 0 kN / m 2 .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 57

Baseado na observação das estruturas de edifícios residenciais


ou de escritórios em construção, adotar as dimensões das
seções dos pilares e das vigas e da espessura das lajes.

Ex. 2.2 – Proceder ao pré-dimensionamento das vigas e dos


pilares do edifício já mencionado e comparar os resultados
com as sugestões dadas (pré-dimensionamento prático) nos
subitens 2.2.2-1 e 2.2.2-2.

Ex. 2.3 – Com o esforço de compressão em cada um dos


pilares obtém-se o peso do edifício (Ex.2.1). Sua geometria
(projeto arquitetônico) possibilita o calculo da área de piso e da
coberta. Assim, pede-se calcular o valor do p m desta
edificação.

Ex. 2.4 – Definir, para o edifício citado no exercício


anterior, um sistema de contraventamento na direção X e, outro
na direção Y da sua projeção horizontal.
58 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Capítulo 3
Ações atuantes
nos elementos
do sistema de
contraventamento
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 59

O carregamento dos elementos do sistema estrutural de


contraventamento dos edifícios usuais é composto, em geral,
por ações verticais de gravidade e por ações horizontais de pelo
menos duas naturezas distintas.
As ações verticais são provenientes do peso próprio da
edificação, considerada a sobrecarga adotada; das duas ações
horizontais referidas, uma é decorrente do efeito do vento e a
outra, proveniente da consideração da inclinação inicial ou
desaprumo da estrutura.
Podem, ainda, para efeito da análise ser consideradas como
ações nas estruturas, quando necessário, a influência da
variação de temperatura, dos deslocamentos dos apoios, etc.

3.1. AS AÇÕES VERTICAIS

As ações verticais que atuam nos elementos do SEC desses


edifícios usuais são divididas em dois grupos, a saber: o CC1*
e o CC1**.
É importante observar que a NBR 6118:2014 não leva em
conta a limitação do índice de esbeltez dos elementos do
sistema estrutural de contraventamento como observado pelo
CEB (1978). De acordo com aquela norma brasileira o que
importa e identificar se a estrutura é de nós fixos ou de nós
deslocáveis, com   200 , pois este é o limite máximo por
ela recomendado.
Para as estruturas de nós fixos a análise pode ser realizada
através da formulação de 1ª ordem; naquelas de nós
deslocáveis devem, ser adotados procedimentos que levem em
conta os chamados efeitos de 2ª ordem.
60 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Assim, as ações verticais permanentes, F vgk , e variáveis,


F vgk , a serem consideradas na análise de 1ª ordem da estrutura
de uma edificação, são oriundas do peso próprio da estrutura,
do revestimento escolhido, da alvenaria executada, e da
sobrecarga adotada.
No caso de um elemento estrutural, um pórtico, por
exemplo, o conjunto dessas ações é chamado de carregamento
natural ou de gravidade e representado por CC1*, mostrado na
Fig. 3.1.

Fig. 3.1 – Pórtico plano com seu carregamento


vertical - natural: CC 1*  F vgk  F vqk
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 61

3.1.1. Ações Verticais Para Análise de 2ª Ordem

Quando se faz necessária a análise de 2 a ordem dos


elementos do SEC, então o carregamento vertical que atuará
nesse elemento será composto por duas parcelas: a primeira
delas é exatamente igual ao carregamento referido no subitem
anterior, o CC1* e a segunda é proveniente das cargas verticais
que atuam nos elementos do sistema estrutural contraventado
que estão sob a responsabilidade desse elemento de
contraventamento, este carregamento será referido como
CC1**.
Calculada a fração do  Fvk (peso total da edificação,
incluída a sobrecarga) que será destinada a cada um dos
elementos do sistema de contraventamento (chamada de carga
vertical total desse elemento estrutural e representada por
CC1), torna-se possível calcular a parcela de carga vertical,
CC1**, que será chamada de carregamento “não natural” desse
elemento do SEC. Sua consideração é obrigatória nos
estruturas de contraventamento de nós deslocáveis. Sendo:

CC1 = CC1* + CC1** (3.1)

Essa nova parcela de carga, CC1**, atuará nos elementos do


sistema estrutural de contraventamento a partir do instante em
que a estrutura deixar sua configuração inicial indeformada,
situação na qual é indispensável a análise não-linear.
A consideração do CC1**, mostrada na Fig.3.2, influenciará
os deslocamentos e as deformações dos elementos estruturais
de contraventamento, bem como na intensidade dos esforços
internos que solicitarão suas barras. Todavia, a resultante das
reações de apoio verticais não deverá ser diferente daquela
obtida na análise de 1ª ordem. Isso significa, em ultima
62 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

instância, que a ação desse carregamento deverá ocorrer


através de um carregamento horizontal equivalente.

Fig.3.2 – Cálculo do CC1**

Nos desenhos da Fig. 3.2, o pilar indicado com traço de


maior espessura representa o sistema estrutural de
contraventamento - SEC e, o outro, o SC - sistema estrutural
contraventado. Na Fig. 3.2 – “a”, o SEC esta carregado com o
CC1* (o seu carregamento natural) e o SC com o carregamento
que constituirá o carregamento CC1**, do sistema estrutural de
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 63

contraventamento. Sob a ótica do sistema contraventado o seu


carregamento vertical é também chamado de carregamento
natural.
Cada carregamento está representado pelo somatório das
forças verticais que atuam em cada pavimento ou nível de
vigamento da estrutura, por exemplo: ( FV 3 ) *SEC , indica a
resultante de cargas do CC1* que atua no pavimento (ou nível
de vigamento) três. Na Fig. 3.2 – “b” o carregamento natural
do SC atua nos deslocamentos de 1ª ordem ocorridos na
estrutura, provocando o CC1** no SEC.
A ação do carregamento do SC no SEC, com a estrutura
deformada e deslocada, esta indicada na Fig. 3.2 – “c”. Na Fig.
3.2 – “d” vê-se o CC1* do SC.
A influencia do CC1** no CC1 do SEC se verifica na forma
de um carregamento nodal horizontal obtido através da
expressão também explicitada na figura.
Assim, nos sistemas estruturais de contraventamento nos
quais todos os elementos verticais da estrutura participam a
soma do carregamento natural desses elementos é igual ao CC1
do sistema, sendo, neste caso, o CC1** é nulo.
É grande a vantagem que decorre da constatação de que o
CC1** é nulo, pois sua consideração nos elementos do SEC é
em geral um pouco complicada.
A consideração do efeito da 2ª parcela do carregamento
vertical é levada a cabo substituindo-a por um conjunto de
forças nodais horizontais capazes de provocar nos apoios da
estrutura os momentos que estas forças verticais, do CC1**,
atuando nos deslocamentos horizontais, do elemento do SEC
provocariam.
Este procedimento torna possível a inclusão do CC1** sem
alterar a resultante de cargas verticais que atuam no SEC,
64 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

mantendo, assim, inalterado o somatório das reações verticais


nos seus apoios. Para mais detalhes vide o subitem 3.2.2.

3.2. AS AÇÕES HORIZONTAIS

As ações horizontais que, em geral, atuam nos elementos do


sistema estrutural de contraventamento dos edifícios usuais
aqui consideradas são decorrentes da ação do vento, o CC2, e
da inclinação inicial (ou desaprumo) adotada para estes
elementos, o CC3.
É interessante notar que desde a versão que circulou no ano
de 2002 com o titulo de projeto de revisão da NBR 6118, até a
versão atualizada em 2007 e referida como NBR 6118:2007,
preconizou-se que o desaprumo não deve ser superposto ao
carregamento de vento; entre os dois, vento e desaprumo,
poderia ser considerado apenas aquele mais desfavorável.
Sendo o CC2 e o CC3 de natureza diversa entre si, sempre
se pretendeu que eles fossem levados em conta
concomitantemente nas combinações de carregamento
utilizadas nas verificações quanto aos estados limites
pertinentes.
Todavia diante da recomendação acima citada procurou-se
entender que o carregamento horizontal oriundo do desaprumo
faz as vezes de um carregamento horizontal mínimo a ser
adotado para a estrutura de contraventamento, o que justificaria
a utilização apenas de um ou do outro dos dois casos de
carregamento, o CC2 e o CC3.
Porém, com a atualização da NBR 6118:2007, que gerou a
NBR 6118:2014 o subitem 11.3.3.4.1, passou a ter a seguinte
redação:
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 65

A consideração das ações de vento e


desaprumo deve ser realizada de acordo
com as seguintes possibilidades:
a) Quando 30 % da ação do vento for
maior que a ação do desaprumo,
considera-se somente a ação do vento.
b) Quando a ação do vento for inferior a
30% da ação do desaprumo, considera-se
somente o desaprumo respeitando a
consideração de  1 min , conforme definido
acima.
c) Nos demais casos, combina-se a ação
do vento e desaprumo, sem necessidade da
consideração do θ1mín. Nessa
combinação, admite-se considerar ambas
as ações atuando na mesma direção e
sentido como equivalentes a uma ação do
vento, portanto como carga variável,
artificialmente amplificada para cobrir a
superposição.

3.2.1. Ações Oriundas do Efeito do Vento

Calculada a ação do vento nas duas direções principais da


projeção horizontal da edificação (Fig. 3.3), obtém-se, com
base na NBR-6123:1980, uma carga uniformemente distribuída
em faixas horizontais (Fig.3.4), referidas como f vento
*
,k .

Considerada a fachada da edificação de área B y xH , obtém-


se, a distribuição linear de cargas na direção X, f vento , k , x  N / m  ,
pela multiplicação de *
f vento ,k , x
xB y . Tal distribuição aqui
chamada de distribuição resultante da força devido ao efeito do
vento na edificação ou simplesmente, distribuição resultante da
66 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

força do vento, carregamento que deverá ser resistido pelos


elementos do SEC.

(a) edifício (b) projeção horizontal

Fig. 3.3 – O edifício e as direções do vento

Fig. 3.4 – Distribuição Resultante da Ação do Vento V x

O efeito do vento na fachada de área B y  H é decorrente do


vento que incide na direção X e será chamado de vento V x , e a
carga distribuída em linha, oriunda da sua ação será a
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 67

distribuição resultante da força do vento V x . Como mostrado


na Fig.3.4. Do mesmo modo, quando considerado o efeito do
vento na fachada de área B x  H o vento atuante será o V y .
Calculada a ação devido ao vento nas fachadas da
edificação, a tarefa seguinte é dividi-la entre os elementos do
SEC. A parcela da distribuição resultante da força do vento que
atuará em cada um dos elementos do SEC será diretamente
proporcional à rigidez direta a flexão desse elemento.
Os procedimentos para a determinação da rigidez direta a
flexão, chamada doravante simplesmente de rigidez direta, de
um pórtico plano ou pilar com seção transversal variável são
mostrados nos dois subitens seguintes.
A adoção do critério da proporcionalidade, acima referido,
tem por objetivo fazer com que, considerados dois pontos
quaisquer numa mesma cota do edifício, seus deslocamentos
horizontais numa mesma direção sejam iguais entre si.
Pretendendo-se, assim, evitar a ocorrência de solicitações de
torção na edificação, solicitações estas caracterizadas
graficamente pela ocorrência de deslocamentos horizontais
diferentes, numa mesma direção, em pontos de mesma cota.
Em todo caso, é possível considerar desprezível a torção nos
edifícios altos nos quais os elementos do SEC estejam
adequadamente distribuídos se, pelo menos, os deslocamentos
horizontais de mesma direção de pontos do topo forem iguais e
limitados a valores pequenos. Como ilustrado na Fig. 3.5.
A imposição de deslocamentos iguais e pequenos,
mencionada deve ocorrer nas duas direções ortogonais da
projeção horizontal da edificação, nas quais são estabelecidos
os SECs.
A susceptibilidade que os edifícios apresentam, e suas
estruturas também, à ação de forças horizontais, das quais o
efeito do vento assume significativa importância, pode ser
68 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

avaliada, grosso modo, através da altura relativa dessas


edificações chamadas de esbeltez geométrica. Esta esbeltez,
 geo , cujo valor é obtido através da relação H / B , cociente
entre a altura da edificação e a dimensão da sua projeção
horizontal na qual se avalia a esbeltez geométrica. H / B y para
a verificação da  geo , x ou H / B x para a verificação da  geo , y .

Fig. 3.5 – D1 e D2, Deslocamentos horizontais

Assim, tem-se os edifícios: baixos, H  4 B y ; normais, com


4By  H  7By e altos com H  7 B y .

3.2.1-1 Cálculo da rigidez direta de pórtico plano

No método dos deslocamentos, a relação entre esforço e


deslocamento é mostrada na Eq. (3.2). A esse respeito
recomenda-se, por exemplo, a leitura de Cruz (2000):
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 69

Pi  K ij D j (3.2)

Onde: i indica a direção do esforço P e, j, a do deslocamento


D, do nó ao qual a carga está aplicada. K ij é o coeficiente de
rigidez que associa Pi à D j . As direções indicadas por i e por j
são paralelas às definidas pelos eixos X e Y, do sistema global
de referência adotado. Como mostrado na Fig.3.6.
É importante observar que no estudo das estruturas
reticuladas planas através da análise matricial, o plano OXY,
coincide com o plano da estrutura. Daí, surgir uma aparente
incompatibilidade de notação referente ao sistema de referencia
da edificação observado nas Figs. 2.1 e. 3.3, no qual o plano
OXY é horizontal, enquanto o do pórtico, na Fig.3.6, é vertical.

Fig. 3.6 – Esquema para o calculo da rigidez direta

A rigidez direta a flexão de um pórtico ou pilar com seção


transversal variável é definida como o esforço P necessário e
suficiente para, aplicado em um nó da estrutura, nele
promover, na sua direção e sentido, um deslocamento D
unitário (Fig.3.6).
70 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Na análise de um pilar a sua rigidez direta a flexão pode ser


estudada em dois planos verticais ortogonais, planos definidos
pele eixo Z, da altura, e um dos eixos principais da sua seção
transversal, que são, em geral, paralelos aos eixos X e Y, da
projeção horizontal da edificação, como mostrado na Fig. 3.7.
Nos pórticos planos a rigidez direta a flexão é determinada
apenas no seu próprio plano (isto é: a rotação da seção
transversal dos pilares ocorre em torno de eixos
perpendiculares ao plano definido pelo pórtico).

a) flexão na direção X b) flexão na direção Y

Fig. 3.7 – Flexão no pilar

Se o pórtico fizer parte do SECy então, a rigidez será


calculada no plano YZ, isto é: em relação ao eixo X, pois a
rotação das seções se dará em torno desse eixo. Caso contrário,
se o elemento de contraventamento pertencer ao SECx a rigidez
será calculada no plano ZX, e a rotação das seções ocorrerão
em torno do eixo Y.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 71

Portanto, quando na Eq. (3.2) i for igual a j e o


deslocamento for unitário, a rigidez direta da estrutura na
direção, ou coordenada i, será numericamente igual a Pi .
Portanto: Pi  K ii .
Nas estruturas planas verticais, se a coordenada considerada
indicar a direção, na qual se mede a dimensão BX da sua
projeção horizontal, então a rigidez direta calculada é a de
flexão em X, isto é: em torno do eixo y; se a coordenada
indicar a outra direção da mesma projeção, então a rigidez
direta será de flexão na direção Y.
A rigidez direta a flexão de um pórtico plano é determinada
calculando-se, no nó mais alto, o deslocamento D i da
coordenada i, horizontal, provocado pela ação de uma carga
unitária de mesma direção e sentido, aplicada nesse mesmo nó.
Então, calcula-se a rigidez direta da estrutura na coordenada i,
fazendo j = i na Eq. (3.2) em seguida dividindo-se toda
igualdade por D i , donde:

1
K ii  D i (3.3)

No caso do pórtico mostrado na Fig.3.8, sendo a força


Pi  1 e o deslocamento D i  a cc , onde a cc representa o
deslocamento horizontal no topo do pórtico provocado pela
força concentrada Pi  1 , a rigidez K ii chamada K f é:

1
K ii  K f
 a cc (3.4)

A rigidez direta de um pórtico também pode ser calculada


aplicando-se uma carga uniformemente distribuída, como
mostrado na Fig. 3.9.
72 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fig. 3.8 – Esforço Concentrado e flexão no pórtico

Fig.3.9 – Esforço distribuído e flexão no pórtico


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 73

Neste caso, sendo D i  a cd , onde a cd representa o


deslocamento horizontal no topo da estrutura decorrente da
aplicação da força distribuída, tem-se:

1
K f
 a cd (3.5)

3.2.1-2 A carga devido ao vento nos elementos do sistema


estrutural de contraventamento

Agora, conhecida a rigidez a flexão dos pórticos (dos


elementos entreliçados e dos pilares de seção transversal
variável) é possível distribuir adequadamente o carregamento
devido ao vento entre os elementos do SEC.
Se o SEC de uma edificação, numa dada direção (como
definido no item 2.3) é composto, por exemplo, por 3 (três)
pórticos planos e, se a rigidez direta à flexão de cada um
desses pórticos, calculada segundo a Eq.(3.2), Eq.(3.4) ou
Eq.(3.5), é, respectivamente, igual a K f PORTT .001 , K f PORTT .002 e
K f PORTT . 003 , então a rigidez equivalente desse SEC, K f SEC
,
pode ser obtida como a soma dessas rigidezas:
K f SEC
 K f PORTT . 001
 K f PORT . 002
 K f PORT . 003 , ou:

K f SEC
 K f PORTICO ." i "
(3.7)
i 1

onde: n é igual ao número de elementos (pórticos e/ou pilares)


do sistema em evidência.
Calculada a rigidez K f SEC , torna-se possível determinar o
percentual  0
0 que a rigidez direta de cada um desses
74 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

elementos i representa em relação à rigidez direta do SEC,


através da Eq. (3.8).

100 K f PÓRTICO ." i "


 0
0  (3.8)
K f SEC

O percentual acima calculado possibilita uma partilha


proporcional das ações horizontais que atuam na edificação
através dos elementos do SEC adequado. Essa divisão,
conforme explicado no subitem 3.2.1, deve ser feita de modo
que quanto maior for a rigidez K f i do elemento i do SEC,
maior deve ser a parcela da ação considerada a ele destinada.
Da Eq. (3.2) é possível escrever, para cada um dos
elementos em estudo, que:

PPORTT
D PORTT ." i "
 ." i "
(3.9)
K f PORTT ." i "

Sendo, por definição, os deslocamentos horizontais


verificados no topo da edificação muito pequenos, a diferença
por ventura verificada entre deslocamentos de dois pontos na
mesma direção escolhidos, em quaisquer dos níveis de
vigamento ou de pavimento da estrutura serão
obrigatoriamente muito pequenos, tornando desprezível o
efeito da torção, então:

PPORTT PPORTT PPORTT


D PORTT ." i "
 . 001
 . 002
 . 003
(3.10)
K f PORTT . 001
K f PORTT . 002
K f PORTT . 003
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 75

demonstrando que a relação entre o carregamento horizontal de


cada um dos elementos do SEC e a sua rigidez (na direção e
sentido da carga e do deslocamento considerado) deve ser
constante. Assim, carregando cada um dos elementos acima
referidos com a parcela do carregamento horizontal
diretamente proporcional à sua rigidez direta, percentual dado
na Eq. (3.8), fica assegurada a condição equacionada na Eq.
(3.10).
Desse modo, a parcela do carregamento horizontal em
análise a ser destinada ao elemento i é dada por:

K f PORTT ." i "


fh PORTT ." i "
 f hSEC . (3.11)
K f SEC

Na Eq. (3.11), f h , SEC e f h PORTT ." i "


quantificam, na ordem, o
carregamento horizontal considerado que atua em toda a
edificação e a parcela desse carregamento que será destinada
ao elemento i do SEC.
Portanto, a distribuição resultante da força devido ao vento
que incide sobre uma fachada da edificação (como a
representada na Fig. 3.4), deverá ser dividida entre os
elementos do SEC adequadamente escolhido, conforme Eq.
(3.11). Cabendo a cada um desses elementos o percentual da
carga, igual ao percentual indicado na Eq. (3.8), que a sua
rigidez direta representa em relação à rigidez direta do sistema
de contraventamento.

3.2.2. Ações Oriundas do Desaprumo da Estrutura

O CEB (1978) e Fusco (1981), entre outros, recomendam


que, à semelhança do momento mínimo adotado quando do
76 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

dimensionamento dos pilares, seja considerada uma inclinação


inicial (ou desaprumo) nos edifícios. De acordo com a NBR
6118:2014 é obrigatório que tanto a estrutura de
contraventamento quanto a contraventada sejam afetadas por
esse desaprumo.
Nas estruturas de nós deslocáveis a inclinação acima
mencionada tem seus limites definidos no Brasil, de acordo
com Fusco (1981), na Eq. (3.12) para estruturas de um só
pavimento e para as construções com mais de um pavimento,
carregadas principalmente no topo e, na Eq.(3.13) para as
demais estruturas. Entretanto estes limites foram redefinidos na
atual NBR 6118 e o ângulo  renomeado passou a ser
chamado de  a .

Fig. 3.10 – Desaprumo da edificação

1
tg   (3.12)
150
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 77

1
tg   (3.13)
300

Sendo  o ângulo de inclinação, como mostrado na Eq.(3.11).


Na prática, o efeito dessa inclinação imposta à edificação, e
indicada na Fig. 3.11, é substituído por um conjunto de forças
horizontais atuando nos níveis das lajes (ou de vigamentos) da
edificação, como mostrado na Fig. 3.12.
Observa-se a partir da Fig. 3.12 – “a” e “b” que o momento
em um nó no nível i-1, decorrente da ação da resultante das
forças verticais da edificação no nível i,  F v i , é igual ao
produto dessas forças pela diferença entre os deslocamentos
horizontais,  a i  a i  a i 1 , desses dois níveis considerados.

Fig. 3.11 – (a) Edificação em desaprumo com o CC1


(b) Carregamento horizontal equivalente
78 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

M i 1
  Fv i
a i  a i 1  (3.14)

Por outro lado, é possível obter o mesmo momento Mi-1


como resultado da multiplicação de uma força horizontal, Fhi,
atuando no nível i da estrutura, pela diferença das cotas desse
nível e do imediatamente inferior, i-1, ou seja,
h i  Z i  Z i 1   Z i , como explicitado na Eq. (3.15) e
indicado na Fig. 3.13.

M i 1  F hi h i  F hi  Z i (3.15)

E, por serem de mesma intensidade e mesmo sinal os dois


momentos, obtém-se, igualando a Eq. (3.14) à Eq. (3.15), a
força horizontal que, aplicada a um nó do nível i, provocará,
entre os níveis considerados, a inclinação horizontal imposta à
estrutura:

 F vi  a i
F hi  (3.16)
Z i

Onde: h i  Z i  Z i 1   Z i é à distância do piso da laje i-1 ao


piso da laje, e  a i  Z i   a i h i  tg  .
Portanto, para a determinação do carregamento horizontal
nodal, no SEC, devido à inclinação inicial da edificação,
considera-se  F v i igual à resultante das cargas verticais que
atuam na edificação, no nível correspondente ao da laje i,
obtendo-se uma carga horizontal integrante do aqui
classificado como CC3. Tal carga é representada por F hi , e
obtida conforme a Eq. (3.17) onde i varia de 1 à n, sendo n o
número de lajes (ou de níveis de vigamento) da edificação.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 79

F hi  F vi
tg   F vi
tg  a
(3.17)

As ações horizontais acima referidas e representadas em


cada nível i da edificação por F hi (mostradas na Fig.3.13)
devem ser divididas entre os elementos do SEC, da mesma
maneira como as forças devido ao vento. Isto é diretamente
proporcional a rigidez à flexão de cada elemento.

Fig. 3.12 - (a) Edifício em desaprumo e ações verticais nas lajes


(b) Edifício a prumo, cargas devidas ao desaprumo
(c) Detalhes da geometria
80 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O ângulo de inclinação antes definido para toda a edificação


(vide Fig.3.11) passou a ser obtido para cada elemento vertical
(pórticos e pilares) como função da altura H da estrutura na
expressão para o calculo do angulo  1 e como função do
numero de pilares em cada um dos elementos mencionados, na
expressão que define o ângulo de desaprumo  a . A
representação esquemática dessa inclinação está nas Figs.3.13,
e 3.14.
Desse modo foi introduzida uma importante diferença entre
o significado de inclinação inicial da edificação e o significado
do desaprumo dos elementos dos verticais da estrutura.

Fig. 3.13 – Desaprumo da estrutura


(Extraída da NBR 6118:2014)

Tal diferença é bem perceptível quando do calculo dos


valores do  a para pórticos com número de prumadas
diferentes, o que resulta em ângulos de desaprumo diferentes;
enquanto com a definição dada pelo CEB (1978) esses ângulos
seriam iguais entre si.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 81

A NBR 6118:2014 confirma o calculo dos ângulos  1 e  a


como bem testemunham as Eqs. 3.18 e 3.19.

1
1  (3.18)
100 H

1
1
n  n 1
 a  1 1 (3.19)
2 2n

n é o numero de prumadas ou de pilares do pórtico, h a altura


H do elemento (em geral igual à do edifício) e  1 é limitado
como indicado abaixo:

1
 1, min  , para estruturas reticuladas e imperfeições locais;
300

1
 1, max 
200

Para edifícios com predominância de lajes lisas ou


cogumelo, considerar  a =  1 . Para pilares isolados em
balanço, deve-se adotar  1 = 1/200.
Na verdade a expressão que multiplica o  1 no calculo do
 a funciona como um fator de redução do ângulo do
desaprumo a ser considerado, tendo em vista a maior rigidez
que naturalmente tem os pórticos com maior números de
pernas (ou prumadas).
De acordo com a recomendação constante do subitem
11.3.3.4.1, do texto da NBR em evidencia, para a consideração
82 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

do desaprumo inicialmente calcula-se o ângulo  a e o


carregamento vertical necessário à obtenção do carregamento
horizontal equivalente.
O carregamento vertical, acima mencionado, é composto
pelo carregamento natural do elemento em questão, acrescido
do carregamento vertical dos elementos do SC que estiverem
sob a sua responsabilidade.
O calculo da parcela do carregamento natural dos elementos
do SC a ser destinada a um elemento do SEC pode ser
efetuado, também, através da proporcionalidade da rigidez a
flexão direta desses elementos.
No subitem 11.3.3.4.1 da NBR 6118:2003, lê-se a seguinte
recomendação:
O desaprumo não deve, necessariamente,
ser superposto ao carregamento de vento.
Entre os dois, vento e desaprumo, deve ser
considerado apenas o mais desfavorável,
que pode ser definido através do que
provoca o maior momento total na base de
construção.

No entanto França (1985), por exemplo, considera as ações


horizontais equivalentes ao desaprumo mínimo da edificação
concomitantemente à ação do vento.
Todavia é importante observar que na versão atualizada (de
2014) da NBR 6118, lê-se:

A consideração das ações de vento e


desaprumo deve ser realizada de acordo
com as seguintes possibilidades:
a) Quando 30 % da ação do vento for
maior que a ação do desaprumo,
considera-se somente a ação do vento.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 83

b) Quando a ação do vento for inferior a


30 % da ação do desaprumo, considera-se
somente o desaprumo respeitando a
consideração de θ1mín, conforme definido
acima.
c) Nos demais casos, combina-se a ação
do vento e desaprumo, sem necessidade da
consideração do θ1mín. Nessa
combinação, admite-se considerar ambas
as ações atuando na mesma direção e
sentido como equivalentes a uma ação do
vento, portanto como carga variável,
artificialmente amplifi- cada para cobrir a
superposição.
A comparação pode ser feita com os
momentos totais na base da construção e
em cada direção e sentido da aplicação da
ação do vento, com desaprumo calculado
com  a , sem a consideração do  1 mín.

3.3 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

Duas situações interessantes podem ser observadas no


estudo dos elementos estruturais verticais.
A primeira, esta relacionada com a questão da diminuição
da seção transversal dos pilares; e, a outra, diz respeito ao
ponto de aplicação da carga vertical concentrada, a eles (aos
pilares), transmitida por vigas.
O fato é que diante de qualquer uma dessas situações,
surgem momentos devido à excentricidade do ponto de
aplicação das forças envolvidas com o eixo longitudinal do
elemento vertical.
84 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

3.3.1. Elementos Verticais Com Seção Transversal


Variável

O carregamento vertical, para análise de 1ª ordem, calculado


para os pórticos cujos pilares sofrem redução nas suas seções
transversais deve incluir os momentos nos nós, onde as
reduções da seção transversal desses elementos verticais
ocorrem.
Pois, devido à redução da seção transversal em um
determinado nó de um elemento comprimido surge uma
defasagem entre os eixos longitudinais das barras de seções
diferentes, aparecendo conseqüentemente um momento.
De modo que, sendo reduzida a seção transversal num
determinado nó de um pilar, elemento de um pórtico, a
distância entre o eixo longitudinal da parte inferior ao nó (mais
larga) e o eixo longitudinal da parte superior ao nó (menos
larga), Fig.3.15, provocará uma excentricidade da carga
vertical que desce pela parte menos larga do pilar em relação
ao eixo longitudinal da parte mais larga desse elemento.

(a) elevação (b) projeção horizontal

Fig. 3.14 – Redução na seção transversal do pilar


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 85

Para que os momentos acima mencionados sejam


considerados no carregamento vertical do pórtico, ainda que de
modo aproximado, um procedimento consiste em resolver a
estrutura, numa análise de 1ª ordem, como se as reduções não
existissem, para depois, com os valores dos esforços de
compressão nas extremidades das barras verticais, serem
calculados cada um dos momentos que passarão a figurar como
cargas. Como esclarecem as Figs. 3.16, 3.17, e 3.18.
A diferença entre os carregamentos mostrados na Fig. 3.17 –
“a” e “b” é a carga momento no nó 7 da Fig. 3.17 – “b”.

Fig. 3.15- Defasagem do eixo da barra superior ao nó 7,


em relação ao eixo da inferior

Esse momento é decorrente da excentricidade provocada


pela defasagem, representada na Fig. 3.16, entre os eixos
longitudinais dos elementos verticais 9 e 10, respectivamente,
inferior e superior ao referido nó.
Na Fig. 3.17, a redução da seção transversal da barra (16)
não gerou momento a ser considerado no nó 8 do pórtico plano
ali representado, pois a defasagem entre os eixos longitudinais
86 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

das barras (15) e (16) é medida na direção perpendicular ao


plano da estrutura. O momento acima referido deverá ser
considerado na análise do pórtico plano que contendo o pilar
em evidencia seja perpendicular ao representado na Fig. 3.17 –
“a”.

(a) (b)
Fig. 3.16 - Pórtico com pilar de seção escalonada

O esquema indicado na Fig. 3.17 é uma das representações


gráficas utilizadas no projeto estrutural para indicar quais as
arestas do pilar devem permanecer no mesmo prumo e quais as
que serão deslocadas. Assim, a seção do pilar mostrada na Fig.
3.17 – “a” pode ter seus lados maiores reduzidos (vide Fig.
3.16); na Fig. 3.17 - “b” são os lados menores.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 87

É importante observar que a não observância deste detalhe


pode acarretar problemas estruturais e/ou arquitetônicos, tais
como: a viga que deveria ser apoiada por um pilar pode passar
a ser apoiada por uma viga que lhe é perpendicular e que esta
saindo ou chegando ao pilar; No caso de escalonamento de
pilares da fachada pode concorrer para que a fachada não esteja
em um único plano vertical.

(a) (b)
Fig. 3.17 – Detalhes da seção transversal do pilar da
esquerda e da direita do pórtico (Fig. 3.16)

3.3.2 Pilares que Recebem Cargas Excêntricas

É comum nos projetos estruturais dos edifícios usuais as


vigas chegarem aos seus apoios (pilares) de modo que as
forças ali exercidas por esses elementos horizontais tenham
linha de ação deslocada do eixo longitudinal dos elementos
verticais. Como ilustrado na Fig.3.18 – “a” e “b”.
A excentricidade daí decorrente provoca o aparecimento de
momentos que passam a solicitar o pilar, em cada nó em que se
verifique o encontro dos dois tipos de elementos estruturais.
Como esquematizado na Fig.3.18 – “c”.
88 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

(a) elevação (b) projeção horizontal (c) momento

Fig.3.18 – Pilares que recebem cargas excêntricas das vigas

É importante observar que: enquanto a força vertical, F v ,


transmitida ao pilar pela viga, ao ser transportada para o eixo
do pilar gera flexão. Já qualquer força horizontal que a viga
venha a transmitir para o pilar provocara neste um efeito de
torção.

3.4. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Ex.3.1 – Considerando a estrutura do edifício mostrada,


esquematicamente, nas Fig. 2.1 e 2.2, calcular o carregamento
“natural” de cada um dos elementos do SEC (direção X e Y),
definidos nos capítulos anteriores;

Ex.3.2 – Calcular a parcela da carga do vento que caberá a


cada um dos elementos do SEC da direção X, considerado no
exercício anterior. Adotar para carga do vento no SEC o valor
0,55 kN/m2, aqui, por comodidade, considerada uniformemente
distribuída.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 89

Ex. 3.3 – Calcular a carga horizontal decorrente da


inclinação inicial do edifício na direção X e dividi-la entre os
elementos do SEC da mesma direção;

Ex. 3.4 – Trabalhando com um dos pórticos do SECx, citado


nos exercícios anteriores, reduzir a secção transversal dos seus
elementos verticais (nas duas prumadas) a partir do segundo
nível de vigamento e identificar a defasagem entre os eixos
desses elementos verticais com seção transversal diferentes em
cada prumada. Calcular a carga momento em cada nó onde
ocorreu a redução da seção transversal.

Ex. 3.4 – Quantificar a fração do carregamento vertical do


SC que atuará em cada pórtico do SEC.
90 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Capítulo 4
O parâmetro de
instabilidade
global “α” de uma
edificação
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 91

4.1. INTRODUÇÃO

Como consequência do avanço inimaginável da ciência e do


desenvolvimento inigualável da tecnologia, observados nos
últimos anos, a engenharia atendendo aos apelos das
necessidades do homem moderno tem patrocinado construções
cada vez mais ousadas que desafiavam a todo instante o
conhecimento dos engenheiros estruturais.
Novos e mais resistentes materiais surgem a cada instante
ao tempo em que novos métodos construtivos e de cálculo são
postos em pratica na luta permanente para suprir de moradias,
locais de trabalho e de lazer, as pessoas e as famílias que
habitam principalmente na zona urbana.
Uma das soluções para o sempre crescente problema é a
construção de edifícios, a verticalização das cidades. No inicio
mesmo os aranhas-ceu não eram tão altos como os de hoje nem
exibiam pilares e vigas com seções transversais tão esbeltas
quanto às observadas nos edifícios altos e muito altos da
atualidade.
Desse modo o engenheiro de estruturas ou calculista tem se
deparado com estruturas cada vez mais esbeltas e por isto
mesmo com menores rigidezes a flexão segundo planos
verticais. Como decorrência dessas características estruturais
da atualidade possíveis problemas provenientes da
instabilidade dessas edificações vêm preocupando os
estudiosos sobre o assunto que tem se debruçado sobre a
questão e de cujos estudos os resultados e conclusões são
traduzidos em normas e procedimentos a serem seguidos
objetivando um projeto seguro.
92 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Os conceitos e recomendações referentes ao problema da


Estabilidade Global constantes da NBR 6118 é um exemplo do
esforço no sentido de dotar os engenheiros projetistas de
estruturas de meios para melhor avaliar as condições de
indeslocabilidade das estruturas sempre com vistas à obtenção
de projetos cada vez mais eficientes.
Ao engenheiro de estruturas dos dias de hoje cabe, nas
palavras da Mônica Bueno em BUENO (2009):

Considerar a deslocabilidade de uma


estrutura e o equilíbrio na forma deslocada
é indispensável para avaliar a estabilidade
global, um tipo de análise que deve ser
feita em estruturas onde os deslocamentos
laterais são expressivos e imprimem
esforços adicionais consideráveis pelo
carregamento vertical atuando na
configuração deformada, os chamados
Efeitos de Segunda Ordem. Atualmente
duas grandes ferramentas auxiliam o
projetista neste caso: os parâmetros de
instabilidade e os programas
computacionais para análise estrutural.

De acordo com a NBR 6118 não só o Parâmetro de


instabilidade  como o Coeficiente  z podem ser utilizados
para a verificação da possibilidade de dispensa da consideração
dos esforços globais de segunda ordem sem necessidade de
cálculo rigoroso.
Praticamente todos os grandes programas de cálculo
estrutural incorporam os parâmetros de instabilidade
recomendados pela NBR 6118:2014 e em detrimento da
inestimável ajuda por eles prestada aos engenheiros devido a
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 93

grande confiabilidade é indispensável conhecer as formulações


e simplificações neles adotadas para que o raciocínio seguido
pelo profissional seja o mesmo que o computador irá processar,
levando assim ao resultado esperado, Bueno (2009).

4.1.1 Considerações Gerais

A análise da estabilidade global de estruturas visa classifica-


las quanto à sua deslocabilidade lateral, pois é em função dos
deslocamentos horizontais que o carregamento vertical gera os
efeitos de segunda ordem.
Quando os deslocamentos laterais de uma estrutura
submetida a carregamentos vertical e horizontal geram
consideráveis efeitos de segunda ordem, esta estrutura é
classificada como deslocável ou de nós móveis; caso contrário,
a estrutura é dita indeslocável horizontalmente ou de nós fixos.
O que ficou implicitamente estabelecido no CEB (1978) foi
claramente reconhecido no CEB (1980). Assim, de acordo com
este CEB quando os efeitos de segunda ordem forem iguais ou
inferiores a 10% dos de primeira estes efeitos podem ser
desconsiderados, pois o erro assim cometido é menor do que os
cometidos na consideração de outras cargas.
Na pratica o engenheiro de estruturas (o calculista) procura
evitar a obrigatoriedade da quantificação dos efeitos de
segunda ordem por ser tarefa que requer mais tempo de
trabalho devido a sua grande complexidade. Razões pelas quais
inúmeros engenheiros de estruturas e pesquisadores sobre o
assunto em todo mundo tem desprendido esforços no sentido
de encontrar uma maneira que permita avaliar a importância
dos efeitos de segunda ordem a partir dos efeitos de primeira
ordem considerando as características físicas e geométricas da
estrutura.
94 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tal procedimento deve ser seguro e simples o bastante


para que a verificação seja possível nos primeiros instantes da
preparação do projeto estrutural.
Desse modo, ao verificar a importância dos efeitos de
segunda ordem em determinada estrutura o calculista possa
reforçar a estrutura de contraventamento ou adotar novo
partido estrutural de modo que ao final apenas a análise linear
necessite ser executada, pois os efeitos de segunda avaliados
terão sido desprezíveis.

4.1.2 Aspectos Históricos

De acordo com Vasconcelos (1991), os estudos objetivando


definir um parâmetro para a avaliação da consideração ou não
dos efeitos de segunda ordem através da rigidez horizontal de
uma estrutura, tiveram inicio há bastante tempo.
Porem somente em 1967 é que Hurbert Beck e Gert König
conseguiram equacionar o problema. Eles se basearam na
teoria de Euler e apresentaram um modelo que considera um
pilar engastado na base e livre no topo, com cargas vertical e
horizontal, distribuídas ao longo de toda a sua altura, supondo-
se para esta estrutura comportamento elástico-linear, como
mostrado na Fig.4.1.
A expressão proposta por Beck e König, Eq. (4.1), para a
quantificação do parâmetro que já foi chamado de Teste de
Robustez Mínima (TRM), reúne a influencia da altura, H; das
cargas verticais uniformemente distribuídas ao longo da altura
H do pilar com valor característico,  F vk , bem como a
rigidez a flexão EI .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 95

TRM  H tot
F vk
(4.1)
EI

Fig. 4.1-Pilar engastado-livre

Ao final, os dois autores concluem que para valores


superiores a 0,60 torna-se necessária a consideração dos efeitos
de segunda ordem, devidos ao comportamento com não-
linearidade geométrica (NLG), do pilar.
Tendo em vista que este parâmetro deve permitir ao
engenheiro calculista identificar se a estrutura do edifício pode
ser classificada como de nós fixos ou de nós deslocáveis.
O grande feito de Beck e König foi estender para a estrutura
de um edifício a aplicação do conceito de carga de flambagem
de uma barra. Uma vez que a obtenção da Eq. 4.1 que permite
o cálculo do parâmetro α decorre do estudo do fenômeno da
flambagem de uma barra prismática com modulo de
deformação longitudinal constante em regime elástico.
96 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

É sabido que uma barra sobe a ação de carga axial de


compressão, como indicado na Fig.4.2, atingirá o ponto de
bifurcação do equilíbrio quando essa carga alcançar o valor
crítico. A obtenção da carga critica é possível a partir da
equação da linha elástica da barra. No seu equacionamento
dois caminhos podem ser seguidos: o da teoria exata e o da
teoria simplificada. Com a utilização da teoria simplificada,
devido à linearização das equações de equilíbrio o tratamento
matemático fica bastante facilitado, porém o calculo dos
deslocamentos laterais da barra ficam impossibilitados.
Neste caso (teoria simplificada) a equação da linha elástica
da barra e dado por:

2
d y Fv
2
- y=0 (4.2)
dx EI

Fig.4.2 Pilar de material elástico linear, bifurcação do equilíbrio


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 97

Fv
fazendo k 2 = , tem-se:
EI

2
d y
2
-k y = 0
2
(4.3)
dx

cuja solução geral é: y = C 1 senkx  C 2 cos kx , em que as


constantes de integração C 1 e C 2 são calculadas a partir das
condições de contorno, levando ao seguinte resultado:
kH = n  2 . Para a primeira configuração deformada faz-se
Fv
n = 1 , obtendo-se, após substituir k por e 2H = H fl :
EI

2
 EI
Fv, cr = 2
(4.4)
H fl

No caso de uma barra engastada-livre com carregamento


vertical uniformemente distribuído, como mostrado na Fig.4.3,
na qual Fv  x  = f v x , a equação da linha elástica é semelhante
à Eq.4.3 que agora é tratada a partir de uma mudança de
variável.
Portanto, fazendo x = H  , na Eq. (4.3) e substituindo a Eq.
(4.5- “b”) na Eq. (4.3), obtém-se a Eq.(4.6).

dy dy dx dy
= = H
d dx d  dx

2 2
d y d y 1
2
= 2 2
(4.5-“a” e “b”)
d dx H
98 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fig.4.3 Pilar com carregamento vertical distribuído

2 2
d y Fv H
2
 y =0 (4.6)
d EI

2
Fv H
fazendo  2 = , tem-se:
EI

2
d y
2
2
 y = 0 (4.7)
d

Sendo imediata a conclusão sobre a interdependência entre


as constantes  da Eq. (4.7) e k da Eq.(4.3) sendo, também,
imediata a conclusão de que ao atingir o valor critico a carga
vertical, F v ,cr , estas constantes também atingirão seus valores
criticas, respectivamente,  cr e k cr .

2
Fv, cr H
Desse modo, tem-se:  2
cr
= , donde:
EI
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 99

F v, cr
 cr = H (4.8)
EI

De acordo com LANGENDOCk, o valor da carga de


flambagem do pilar mostrado na Fig.4.3, pilar engastado-livre
com carga vertical uniformemente distribuída, é igual a:

7 ,84 EI
Fv, cr = 2
(4.9)
H fl

então, considerando este valor na Eq. 4.8, obtém-se:

 cr = 2,8 (4.10)

Fig.4.4 Analogia do SEC de um edifício alto com um pilar

Tendo em vista a ampliação conceitual da Eq. (4.8) para o


estudo da estabilidade dos edifícios faz-se a representação da
100 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

estrutura responsável pelo contraventamento de toda a


estrutura da edificação, aqui representada por um pórtico
plano, por um pilar que lhe é equivalente. Como na Fig.4.4.
n

Trata-se de um pórtico regular cuja altura é H = h i


onde
i =1

n é a quantidade de pavimentos ou níveis de vigamento do


edifício, h i = h i 1 = h ; O carregamento vertical
uniformemente distribuído é representado por f v = Fv /h , onde
Fvi = Fvi 1 = Fv é a soma de todas as cargas verticais de um
pavimento da edificação. Considera-se também um
carregamento horizontal f h = Fh /h , Fhi = Fhi 1 = Fh e o
carregamento horizontal atuante nos níveis de pavimento ou de
vigamento da estrutura da edificação.
Importa observar que o procedimento adotado para a
representação da estrutura do edifício por um pilar equivalente,
a rigor nada mais é que a transformação de um sistema discreto
em um sistema continuo. Portanto, quanto mais alto for o
edifício (e sua estrutura) maior será o grau de aproximação
entre o sistema real e o idealizado.
Sendo, a equação da linha elástica do pilar mostrado na Fig.
4.4, dado por:

f h H  x 
2 2
d y
2
=  f v H  x  y ( x ) (4.11)
dx 2

na qual se procede uma mudança de variável, fazendo x = H  ,


resultando:

2
d y fh H
2
H  H 
2

2
=  fvH
2
H  H   y ( ) (4.12)
d 2
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 101

que após alguns algebrismos, tem-se:

3 dy  dy 
4
fvH    4
d y d  d  f H
4
 = h (4.13)
d EI EI

3
fhH
Fazendo  2 = na Eq. (4.13), escreve-se a seguir a Eq.
EI
(4.14):

4 4
d y dy  dy  f h H
4

2
   = (4.14)
d d  d  EI

Sendo o coeficiente relacionado com a perda de estabilidade


global do edifício  apresentado por Beck & König (1967)
conforme Bueno (2009), na seguinte forma:

Fv, k
 = H (4.15)
EI

Fv, k é o peso total do edifício incluídas as sobrecargas; EI é a


rigidez a flexão de todos os pilares e H a altura da edifício.
A Eq. (4.10) informa que em função da carga critica ou de
flambagem o parâmetro  assume seu valor critico
 cr = 2 ,80 . Porem para limitar os deslocamentos da estrutura
este valor foi reduzido para 0,60.
O valor limite 0,60 do TRM, para a qual os efeitos de
segunda ordem podem ser desprezados e a estrutura
classificada como de nós indeslocáveis, obtém-se, segundo o
102 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

CEB (1990), a partir da seguinte condição de


indeslocabilidade:

 M 1 d  0 ,10 M 1 d (4.16)

A Eq. (4.16) apresenta um importante critério de


indeslocabilidade da estrutura, em que M 1 d representa o
momento de primeira ordem no valor de projeto e  M 1 d é a
parcela de segunda ordem também em valor de projeto.
A Eq. (4.16) pode ser reescrita como indicado na Eq. (4.17).

1
M 1d  1,10 M 1 d (4.17)
 M 1d
1
M 1d

dá espaçodonde:
 M 1 d = 0,09091 M 1 d (4.18)

Os momentos da Eq. (4.18) são obtidos do pilar da Fig.4.5,

Fig. 4.5 Pilar na configuração deslocada


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 103

2
 f f h ,k H
M 1d = (4.19)
2

4
 f f h , k H  h / 2  f f vk H
 M 1d = (4.20)
8 EI

substituindo as Eqs.4.19 e 4.20 na Eq. 4.17 nas quais faz-se


 f = 1,75 ,  H/2 = 0,5 e E = 0,70E cm (valores utilizados pelo
CEB na solução da Eq.(4.17)), tem-se:

F v, k 0,09091x8x 0,7x1,0
 cr = H = = 0,54  060 (4.21)
E cm I 1, 75

onde:  f é o coeficiente de ponderação das ações, E é o


modulo de deformação longitudinal do material de calculo,
E cm é o valor do modulo de deformação longitudinal médio
recomendado para análise no ELU e  H/2 o valor da distancia
do ponto de aplicação da resultante do carregamento vertical
uniformemente distribuído.
O  H/2 será estudado mais adiante, neste capitulo.
Pode-se, à primeira vista, questionar a aproximação
utilizada pelo CEB com um aumento de mais de 11% sobre o
valor originalmente calculado, o que se configura como um
procedimento contra a segurança. O fato é que no calculo da
parcela  M 1 d  A  f f v , k , a área delimitada pela linha elástica
do pilar e o eixo dos X foi obtida como A = aH 2 sendo o
deslocamento no topo do pilar dado por a =  f f h , k H 4
8 EI ,
quando a área real ( A R ) na Fig. (4.5) é: A R = aH 2,5 .
104 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tendo sido adotado uma área 25% maior que a área exata
ou real,  M 1 d também sofreu a mesmo acréscimo enquanto o
valor do  cr foi reduzido em 1, 25  1,11 .
Recalculando, pois, o valor do  M 1 d , tem-se:

4 1
1, 75 f h , k H 1, 75 f vk H
2 ,5
 M 1d = (4.22)
8 EI

2
1,75f H
que dividido por M 1 d = h ,k
resulta:
2

Fv, k 0,1x8x0,7
 cr = H = = 0 , 63  0 , 6 . (4.23)
E cm I 1, 75 x 0 ,8

Posteriormente este parâmetro foi estudado por Mário


Franco que o chamou de parâmetro de instabilidade global α.
No trabalho intitulado “O parâmetro de instabilidade em
edifícios altos” o autor explica que para um edifício possa ser
associado a uma coluna engastada na base e livre no topo,
deve-se, estender à estrutura desse edifício os conceitos de
produto de rigidez equivalente,  EI eq , e de parâmetro de forma
da linha elástica,  .
Pois enquanto o produto de rigidez equivalente permitirá a
representação da estrutura por um pilar engastado-livre, o
parâmetro de forma da linha elástica possibilitará uma
comparação entre o comportamento da estrutura e o do pilar
dito equivalente.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 105

O produto de rigidez  EI  eq é aquele obtido para a uma barra


prismática engastada-livre, de módulo de rigidez E constante
ao longo de sua altura H, que sob a ação de uma força
horizontal no topo ai apresenta o mesmo deslocamento a, que o
da estrutura. Nestas condições diz-se que a barra é equivalente
à estrutura e que a rigidez a flexão da estrutura é igual a do
pilar que lhe é equivalente.
Na estimativa do  EI  eq devem ser computados todos os
elementos que contribuem para a estabilidade da estrutura.
Portanto, além da consideração dos núcleos e pilares-parede,
deve-se também considerar os pórticos planos constituintes da
estrutura, pois estes contribuem para um contraventamento
eficiente.
Esta associação entre pórticos, pilares-parede e núcleos é
possível, pois as lajes consideradas como diafragmas rígidos
(de rigidez “infinita” no plano horizontal) permitem que todos
esses elementos trabalhem conjuntamente para resistirem às
ações horizontais.
Desse modo as conclusões obtidas por Beck e König foram
incorporadas pelo CEB (1978) com algumas considerações
adicionais e passaram a ser bastante utilizadas no mundo todo
até que o CEB (1990) as excluiu, permanecendo, entretanto,
recomendadas no Eurocodigo 2, aqui representado por EC-2.
Assim, no boletim nº 124/125 do CEB (1978) lê-se:

“Pórticos podem ser considerados


como de nós rígidos quando:

Fv
n  3 e h tot  0,2  0, n
E cm J
106 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fv
n  4 e h tot  0 ,6
E cm J

onde: htot é a altura total da estrutura


(medida a partir do topo da fundação ou de
um nível pouco deformável do subsolo);
EcmJ é a soma da rigidez dos elementos
verticais de contraventamento não
fissurados obtido para a direção
considerada; F v é o somatório de todas as
cargas verticais de serviço ”.

As inequações acima explicitadas e identificadas por Eqs.


(4.24 -“a” e “b”) apresentam as condições para a consideração
de indeslocabilidade dos nós de uma estrutura reticulada
simétrica em função da grandeza E cm . Esta grandeza é definida
pelos códigos europeus (EC-2, CEB e etc.) como o modulo de
deformação secante do concreto obtido pela inclinação da linha
secante do diagrama  = E  relacionada aos pontos de
 = 0 e  = 0 , 4 f cm . O seu cálculo deve ser feito através da
Eqs. (4.25 - “a” e “b”), a seguir:

E cm = 22000  f cm  / 10 0 , 3

E ci
E cm  (4.25 - “a” e “b”)
1.05

f cm é o valor da resistência media do concreto aos 28 dias e


E cm é o modulo de deformação longitudinal médio do material.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 107

No CEB (1990) o E ci (modulo de deformação tangente do


concreto) é relacionado com o f cm e com o E c (o modulo de
deformação secante do concreto, referido na NBR 6118:2014
como E cs ), através das Eqs. (4.26 - “a” e “b”).

1/3
 f 
E ci   E 21500  cm 
 10 

E c = 0 ,85 E ci (4.26 -“a” e “b”)

com:  E = 1,2 para basalto e diabásio,  E = 1,0 para granito e


gnaisse,  E = 0,9 para calcário e  E = 0,7 para arenito.  E é o
parâmetro em função da natureza do agregado que influência o
módulo de elasticidade. O f cm pode ser obtido pela expressão
f cm  f ck  8 ou a partir do gráfico mostrado na Fig. 4.6.
É importante observa-se que pela substituição da Eq. (4.26 -
“b”) na Eq. (4.25 - “b”) obtém-se E cm  1,1E c e, sendo E c ,
por definição, igual à E cs , tem-se a seguinte relação:

E cm  1,1E cs
(4.27)

A relação entre E cm e E ci mostrada na Eq. (4.25 -“b”) pode


ser verificada na Tab.4.1, adiante apresentada.
Segundo a NBR 6118:2014 os valores do E ci e do E cs
podem ser calculados através das Eqs. (4.28-“a”, “b” e “c”),
em que  i = 0 ,8  0 , 2  f ck 80   1 e  E com a definição já
apresentada.
108 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

1/ 2
E ci   E 5600 f ck , para 20  f ck  50

1/3
 f  12 ,5 
E ci   E 21500  ck  , para 55  f ck  90
 10 

E cs =  i E ci (4.28- “a”, “b” e “c”)

Da Eq. (4.25) ate Eq. (4.28), as grandezas f ck , f cm , E cm , E c


e E ci envolvidas são dadas em MPa .

Fig.4.6 – Valores do f cm e do E cm em função do f ck


(Adaptada do EC-2)

Substituindo a Eq.(4.25) nas Eqs. (4.24) com


J = I c (momento de inércia dos elementos verticais do SEC,
não fissurados), tem-se:
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 109

Fv
n  3 e htot  0 , 2  0 ,1n
1 . 1 E cs I c

Fv
n  4 e h tot  0 ,6 (4.29- “a” e “b”)
1 . 1 E cs I c

Tab. 4.1 – Valores do E ci , E cs , E cm e do  i em função do f ck


do concreto, considerando  E = 1,0

f ck 30 40 50 60 70 80

E ci 31 35 40 42 43 45
NBR
6118/14 E cs 27 32 37 40 42 45
i 0,88 0,90 0,93 0,95 0,98 1,00

E ci 31 35 40 43 47 50
NBR
6118/04 E cs 26 30 34 37 40 42
E ci 34 36 38 41 43 44
Ec 29 31 33 35 36 38
CEB-90
E cm 33 35 37 39 41 42
1, 05 E cm 34 37 39 41 43 44
EC-2 E cm 34 36 39 41 43 44
Fig.4.2 E cm 33 36 38 40 41 42
CEB-95 E cm 33 35 37 39 41 42
f ck em MPa , os módulos de deformação do concreto em
GPa
110 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Ressalta-se que os valores do E ci e do E cs adotados pela


NBR 6118:2014 muito se aproximam dos valores
recomendadas pelo CEB (1990) no seu subitem 3.1.4 e obtidos
através das Eqs. (4.26). Sendo, igualmente, próximos os
valores do E c e do E cm recomendados pelos códigos europeus
citados, ver Tab.4.1.

4.1.3 Condições de Utilização e Limites

Este parâmetro, muitas vezes chamado simplesmente de


parâmetro  , passa a ser utilizado e difundido por engenheiros
projetistas de estruturas e professores em todo o Brasil, mesmo
antes da recomendação do seu uso pela NBR 6118, o que se
deu apenas com a entrada em vigor da NBR 6118:2004. Tem-
se como exemplo o livro “Estruturas de Concreto –
Solicitações Normais”, no qual, Fusco (1981) apresenta um
estudo detalhado sobre a verificação da estabilidade global de
edifícios através do parâmetro de instabilidade global 
definido através da Eq.(4.30).

Rv
  L (4.30)
EcIv

onde: L é a altura do pilar equivalente a subestrutura de


contraventamento; Rv, a resultante das forças verticais em
valor característico (forças permanentes e variáveis) da
edificação; Ec, o módulo de deformação longitudinal tangente e
Iv, o momento de inércia de todos os elementos verticais que
participam do SEC.
A Eq. (4.30) e as utilizadas por outros pesquisadores
brasileiros embora em alguns casos tenham as grandezas
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 111

envolvidas representadas diferentemente umas das outras são


análogas a h tot Fv E cm J do CEB (1978).
Os valores limites até então definidos para o parâmetro 
levavam em conta apenas o numero de pavimentos e foram
assim apresentados:  lim  0 , 2  0 ,1n para n  3 e  lim  6
para n  4 , onde n é o número de pavimentos do edifício,
conforme explicitado nas Eqs. (4.24 -“a” e “b”). Estas
definições de  lim pressupunham que o contraventamento
fosse constituído exclusivamente por pilares-parede.
Porem, além do valor máximo do parâmetro α inicialmente
recomendado por Beck e König e dos valores recomendados
pelo CEB (1978) outros limites foram apresentados, agora,
baseados na forma da linha elástica do edifício. Pois, uma vez
que a linha elástica varia em função do tipo de estrutura de
contraventamento adotado então os limites do parâmetro
também deverão mudar de acordo com a formação do SEC.
Sendo, portanto, bastante oportuna a observação feita em Lima,
(2001): “ ...  as diferentes deformadas realmente sugerem
diferentes respostas aos efeitos de segunda ordem e,
consequentemente diferentes valores de  lim ”.
De acordo com Franco (1985), no caso de edifícios com
mais de três pavimentos, o valor de  lim  0 , 6 pode mudar em
função do tipo dos elementos verticais predominantes na
composição do SEC. Como mostrado na Fig.4.7.
Para quantificar a influencia das deformadas de tipos
diferentes de SEC (formados por pilares; por pórticos, por
piares e pórticos, etc.), necessita-se um parâmetro que leve em
conta a forma da linha elástica destes sistemas.
O parâmetro de forma da linha elástica é definido como
   H / 2 a em que  H / 2 é a distancia na horizontal do ponto
112 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

de aplicação, isto é em H / 2 , da resultante das forças verticais


e a é o deslocamento horizontal no topo.

Fig.4.7 – A composição dos Sistemas de Contraventamento


Adaptada de Rivelli ( 2002)

Escrevendo a equação da linha elástica do pilar mostrado na


Fig.4.6, que é obtida na análise linear ou de primeira ordem a
partir da segunda derivada do momento fletor calculado para
uma seção à distancia x da base, tem-se:

f h H  x 
2

EIy
,,
x   (4.31)
2

donde:

4
 fhH  6x2 4x3 x
4

y x  
f

 H2  H3  H4

 (4.32)
24 EI  
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 113

A área definida pela curva da deformada do pilar e o eixo


dos x, referida como área real ou exata é obtida pela integração
da função y  x  , de zero a H.
Assim:

4 4
 f wH 6  f wH
Área exata  x H  x 0,4 H (4.33)
24 EI 5 8 EI

4 4
 fhH  f fhH
logo:  H / 2 
f
x 0,4 e sendo a  , tem-se:
8 EI 8 EI

H /2
   0 , 40 . (4.34)
a

Ao contrario do que sugere as Eqs. (4.24-“a” e “b”) embora


os elementos do SEC sejam considerados não fissurados, os
efeitos da não-linearidade física, NLF, do material são
considerados no calculo do parâmetro  , conforme ficou vê-se
nas Eqs. (4.21) e (4.23). Como a NBR 6118 não define E cm e
recomenda a aplicação do  f = 1,4 nas análises relativas aos
ELU, os valores limites do parâmetro  foram recalculados.
Assim, calculando mais uma vez os momentos M 1 d e
 M 1 d com o coeficiente de ponderação  f = 1, 4 ; a rigidez
reduzida igual a 0 , 7 E cs I c e o fator de forma  associado ao
tipo dos elementos que compõem o SEC, tem-se para um pilar
 ( pilar ) = 0 , 40 , conforme Eq. (4.34) tem-se:

2
1, 4 f h , k H
M 1d = (4.35)
2
114 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

4
1, 4 f h , k H 0 , 40 F vk 1, 4
 M 1d = (4.36)
0 , 7 E cs I 8

1
M 1d  1,10 M 1 d (4.37)
 M 1d
1
M 1d

Fv 0,09091x8x 0,7
 = H = = 0,67  0 , 7 (4.38)
E CS I 1, 4 x 0 ,8

Este procedimento explica a utilização dos esforços


verticais em valor característico e a rigidez a flexão integral da
seção no calculo do parâmetro de instabilidade global.
Desse modo, quando a predominância dos elementos
componentes do SEC for de: a) pilares-parede ou pilares (cuja
linha elástica é definida por uma parábola do 4o grau) deverá
ser adotado  lim  0 , 7 ; b) pórticos (cuja linha elástica é
definida por uma parábola do 2o grau),  lim  0 ,5 e, c)
combinação de pórticos e pilares-parede, os chamados sistemas
estruturais de contraventamento mistos (cuja linha elástica é
definida por uma parábola do 3o grau) o valor a ser adotado é
 lim  0 , 6 .
É importante notar que na NBR 6118:2014, subitem 15.5.2,
lê-se, praticamente, a mesma classificação das estruturas de
contraventamento em relação ao valor máximo do parâmetro
 , apresentada em Franco (1985), com a substituição apenas
da expressão predominantemente por exclusivamente. De
acordo com as conclusões de Stamato (1972), a expressão
predominantemente parece mais apropriada que a expressão
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 115

exclusivamente, pois nos painéis formados por pórticos e


pilares quando a rigidez dos pórticos era bem maior que a dos
pilares, a deformada desses painéis se assemelhava à de um
pórtico, na outra possibilidade a configuração da deformada se
aproximava mais à de um pilar.
Os novos valores limites para o parâmetro de instabilidade
global na verdade foram calculados através da Eq.(4.39) obtida
por Franco (1985), referencia também já citada.

2
 lim  (4.39)
11

A dedução desta expressão que leva em conta a limitação


dos deslocamentos para que a estrutura possa ser considerada
de nós indeslocáveis pode ser encontrada nas referências
apropriadas.
Os valores limites do parâmetro  , para a dispensa da
consideração dos efeitos de 2a ordem na análise das estruturas
com numero de pavimentos maior ou igual a 4 recomendados
pela NBR 6118:2014, estão resumidos na tabela 4.2.

Tab. 4.2- Valores limites de  para  n  4 


Componentes do SEC   lim
Pilar-parede 0,40 0,7
Misto (pórticos +pilares-parede) 0,50 0,6
Pórtico 0,67 0,5

No subitem 15.5.1 da NBR 6118:2014 recomendam-se: “Na


análise de estabilidade global que trata a estrutura como um
todo, o valor representativo do módulo de deformação secante,
conforme 8.2.8 pode ser majorado em 10%.”.
116 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Esta possibilidade de aumento no valor E cs sugere uma


compensação à retirada do fator 1,1 das Eqs. (4.29 - “a” e “b”)
ao serem reescritas como a Eq. (4.40) adiante apresentada.
No subitem 15.5.2 da mesma NBR 6118 lê-se ainda, que a
avaliação da indeslocabilidade da estrutura através do
parâmetro  só deve ser feita para estruturas reticuladas
simétricas, sendo que a expressão para sua avaliação é a
Eq.(4.40).

Nk
  H tot (4.40)
E cs I c

onde: N k é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na


estrutura (a partir do nível considerado para o calculo do H tot ),
com seu valor característico; H tot é a altura total da estrutura,
medida a partir do topo da fundação ou de um nível pouco
deslocável do subsolo e E cs I c representa o somatório dos
valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada. A
estrutura avaliada será considerada de nós fixos, se:

 1  0 , 2  0 ,1n

 2  0 ,6 (4.41 – “a” e “b”)

n é o número de andares acima da fundação ou de um nível


pouco deslocável do subsolo.
Para os pilares de seção transversal variável ao longo da
altura, para os pórticos, para as treliças e para os sistemas de
contraventamento mistos poderá ser calculado o E cs I c de um
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 117

pilar equivalente de seção constante, como mostrado mais


adiante no texto.
Desejando-se trabalhar com estruturas consideradas de nós
fixos (condição recomendada), o que se deve fazer, quando:
   lim - limites dados nas Eqs. (4.41) em função do valor de
n, levados em conta os valores da Tab. 4.2 -, é procurar
enquadrar o valor do parâmetro de instabilidade nos limites
definidos, aumentando o valor da rigidez E cs I c do sistema
estrutural de contraventamento.
O aumento da rigidez a flexão do SEC, E cs I c , pode ocorrer
pelo aumento do valor do f ck do concreto a ser utilizado na
estrutura (solução com pouca eficiência); pelo aumentando da
quantidade de elementos do sistema estrutural de
contraventamento (quando possível); pelo aumento da inércia
dos elementos do referido sistema, ou ainda considerando
todas essas possibilidades juntas.
Quanto à condição de simetria da estrutura para a
aplicabilidade do  recomendada pela NBR 6118, Oliveira e
Silvana (2002), subitem 3.4.1, sugerem a sua aplicação mesmo
em estruturas assimétricas, considerando-se o carregamento
horizontal para a determinação do I SEC (momento de inércia
equivalente ao do sistema de contraventamento), nos dois
sentidos, sendo assim, calculados dois valores para I SEC ,
devendo ser adotado aquele que conduza ao maior valor do  .
Nos casos em que a estrutura for considerada de nós
deslocáveis situação em que a análise não-linear, ANL, se faz
obrigatória, o efeito da não-linearidade física, NLF, no
comportamento estrutural pode ser levado em consideração de
maneira simplificada pela redução da rigidez EI das barras da
estrutura em estudo. Essa redução pode ser obtida, em ultima
análise, mantendo-se constante o módulo de deformação
118 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

longitudinal do concreto e diminuindo-se o momento de


inércia da seção transversal de cada uma das barras
componentes do SEC.
Assim, considera-se, nas análises com NLF, de acordo com
Veiga (1995) e Franco (1999), por ex., para o momento de
inércia dos elementos verticais (pilares), 80% do valor obtido
considerando sua seção bruta, não fissurada; e, para as barras
horizontais ou inclinadas (vigas), 50% do valor do momento de
inércia da seção bruta. Podendo, ainda, de modo mais
simplificado, ser adotado, um único percentual igual a 70%,
nas estruturas cujo coeficiente  z não ultrapasse a 1,30, a cujo
valor corresponde o valor 0 . 98 do parâmetro  . Vide
coeficiente  z no capítulo 5.
Na NBR 6118:2014, subitem 15.7.2, recomendam-se os
seguintes percentuais para o cálculo da rigidez reduzida a ser
utilizada na consideração simplificada da NLF: para vigas com
armadura tracionada diferente da comprimida; o percentual de
40%, quando as armaduras forem iguais, 50%; para os pilares,
80% todos os percentuais sobre E ci I c . Nesta norma em
evidencia à utilização de um único percentual igual a 70%,
para redução do E ci I c é desaconselha.
Por não ser aconselhável a utilização de estruturas muito
deslocáveis, recomenda-se que o valor desse parâmetro  não
exceda a 1, 05 . Adotando-se, assim, esse, como limite ultimo.

 4  1, 05 (4.42)

A adoção do coeficiente    2  0 , 6 equivale a considerar


todos os componentes do sistema estrutural de
contraventamento como um pilar (engastado-livre) submetido a
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 119

uma carga vertical uniformemente distribuída igual à 5% do


valor da carga crítica ou de Euler, F vkE , FUSCO (1981).
Para    4  1, 05 o peso total da edificação calculado a
partir da Eq.(4.10) é dado por:

2
1, 05 E cs I sec
F vk

H
2
(4.43)

sendo a carga crítica de um pilar engastado-livre sob a ação de


carregamento vertical uniformemente distribuído ao longo da
sua altura dada na Eq. (4.9), FvkE  7 ,83 EI H 2 , obtém-se as
Eqs. (4.44-“a” e “b”):

2
1, 05
F vk

7 ,83
F vkE

F vk
 0 ,1408 F vkE . (4.44-“a” e “b”)

Sendo, portanto, o peso total do edifício (  F vk ) igual a


14% da carga crítica (ou de flambagem) do pilar equivalente ao
SEC.

4.2. ESTIMATIVA DO PESO DA EDIFICAÇÃO

Concluído o lançamento da estrutura da edificação, efetuado


o pré-dimensionamento dos seus elementos bem como definida
a composição do SEC, é recomendável fazer em seguida uma
avaliação do parâmetro  . Para tanto, procede-se a uma
estimativa das forças verticais que atuam nessa edificação.
120 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

É evidente que no decorrer do projeto estrutural, com a


conclusão do levantamento das cargas nas fundações, cálculo
considerado exato (o N k da Eq.(4.40)) realizado através da
Eq.(4.45), o resultado obtido seja comparado com a avaliação
obtida, como indicado na Eq.(4.46).
n

Nk  N ik
(4.45)
i 1

N ik
representa o somatório da carga vertical de cada um dos
i 1

n pilares da edificação no nível considerado para a


determinação do valor do Htot.
~
F vk
 Nk (4.46)

Caso o valor estimado tenha sido sensivelmente menor, o


parâmetro de instabilidade global deve ser recalculado com a
utilização do valor exato dessas forças verticais.
Sendo necessário, deve-se reforçar o SEC adotado,
conforme anteriormente discutido objetivando trabalhar com
SEC indeslocável.
Por outro lado, parece óbvio que, se o valor exato das ações
verticais atuantes na edificação (o N k ), calculado como
indicado na Eq. (4.45) for sensivelmente menor que a
estimativa adotada para a avaliação do  e, o novo valor deste
parâmetro for muito menor que o do  1 ou  2 (de acordo com
o caso), então, o SEC poderá ter sua rigidez E cs I c reduzida.
As considerações acima ressaltam a importância da
estimativa a ser adotada para o somatório das ações verticais
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 121

que atuam na edificação. Quanto maior a aproximação dessa


estimativa menor será o trabalho com a reavaliação do  .

4.2.1. O Processo do “P médio”

Este processo para estimativa da resultante das forças


verticais que atuam numa edificação consiste em:
a) Adotar um valor para o p m (em kN/m2) dentro do
intervalo (11+0,5sc; 13+0,5sc), onde sc é numericamente igual
ao valor da sobrecarga adotada;
b) Calcular toda área de piso da edificação, acrescendo-a de
80% a 95% da área da coberta – utiliza-se, para esse fim, uma
constante representada por  , cujo valor varia de 0,80 a 0,95;
c) Calcular toda área de piso da edificação, acrescendo-a de
120% a 130% da área de garagem – utiliza-se, para esse fim,
uma constante chamada  , cujo valor varia de 1,20 a 1,30;
d) Calcular o produto da área total acima obtida pelo valor
do p m adotado, somando ao resultado, o equivalente ao peso
do volume de água correspondente à capacidade instalada do
reservatório elevado, multiplicado por  , cujo valor deverá ser
escolhido entre 2,0 e 3,0. Com a utilização da constante  ,
faz-se uma estimativa do peso próprio do reservatório elevado
e das forças verticais oriundas da casa de máquinas;
~
e) Obter a estimativa para  Fvk , através da Eq. (4.49).

n
~
 F vk   A pav .i p m   A cob p m   A gar p m   V reserv . elv
 água
i 1

(4.49)
122 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

No caso dos chamados edifícios de geometria regular nos quais


os pavimentos da edificação e sua coberta têm a mesma área,
então a Eq. (4.47) pode ser reescrita como:

~
F vk
 ( n     ) A pav p m   V reserv . elev
 água (4.50)

Nessas expressões: n indica o número de pavimentos da


edificação, ou lajes de piso; A, as áreas (em m2) especificadas
no subscrito – ou seja, área do pavimento i, área da coberta ou
área de garagem; V, o volume do reservatório elevado, em m3;
3
 água , o peso da água por metro cúbico, em kN/m ; pm é o valor
~
da carga média adotada para a edificação, em kN/m2 e F vk
,
em kN, é a estimativa do somatório das forças verticais, com
valor característico, incluídas também, as cargas do
reservatório elevado e da casa de máquinas.
É importante salientar que conceitualmente considera-se nas
Eqs. (4.49) e (4.50) um percentual entre 80% e 95% do valor
adotado para o p m e não da área da coberta. Embora, as
expressões acima citadas, implicitamente sugerirem uma
redução dessa área. Tal comentário se aplica também ao
relativo à área de garagem.

4.3. O MOMENTO DE INÉRCIA DO SEC - ISEC

O momento de inércia do sistema estrutural de


contraventamento, também representado na NBR 6118 por Ic,
poderá ser obtido somando o momento de inércia de cada um
dos elementos estruturais (pórticos, treliças, pilares, etc.) que
compõem o referido sistema.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 123

No caso dos pórticos e pilares com seção transversal


variável, o que se faz é considerar um pilar de inércia
equivalente e dele calcular o momento de inércia. Obtendo-se,
dessa forma o momento de um pilar equivalente ao da estrutura
estudada.

4.3.1. Cálculo do Momento de Inércia de um Pórtico

O cálculo do momento de inércia de um pórtico pode ser


feito comparando-o a um pilar de mesma altura, tendo uma
extremidade engastada e a outra livre. Vide Figs. 4.8 e 4.9.

Fig.4.8 – Pilar de inércia equivalente a do pórtico


Utilização de carga concentrada

Pois, quando, nessas condições, pórtico e pilar, submetidos


à ação de um mesmo carregamento horizontal no topo,
sofrerem, ambos, os mesmos deslocamentos na direção e
124 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

sentido do carregamento aplicado, o momento de inércia desse


pilar é equivalente ao do pórtico.
O deslocamento horizontal no topo do pilar, acc, devido a
uma força horizontal concentrada de valor unitário, aplicada
conforme indicado na Fig. 4.8 é obtido através da Eq. (4.51).

3
PH
a cc  (4.51)
3 EI

onde: P é a força horizontal, concentrada e de valor unitário; I,


H e E são, respectivamente, o momento de inércia do pilar; a
altura e o módulo de deformação longitudinal do material dos
elementos estruturais. Sendo iguais os deslocamentos
horizontais provocados, no topo do pilar e do pórtico,
a cc  D cc , provocado pelo mesmo carregamento, diz-se que
esse pilar tem inércia equivalente à do pórtico. Logo:

I  I pórtico (4.52)

Substituindo-se a Eq.(4.52) na (4.51), e considerando o


valor unitário de P, tem-se:

3
H
I pórtico  (4.53)
3 Ea cc

Como, em geral, o carregamento horizontal atuante numa


edificação é distribuído suas fachadas, portanto, ao longo da
altura dos elementos do SEC; e considerando que a deformada
de um elemento estrutural é diferente para carregamentos
diferentes, então, a inércia equivalente pode ser calculada com
maior aproximação, utilizando-se um carregamento distribuído
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 125

unitário. Como ilustrado na Fig. 4.9. O deslocamento


horizontal no topo do pilar é calculado através da Eq. (4.54), e
a inércia equivalente da Eq. (4.55).

4
pH
a cd  (4.54)
8 EI

4
H
I pórtico  (4.55)
8 Ea cd

sendo: p a carga unitária uniformemente distribuída ao longo


da altura H e acd o deslocamento horizontal no topo do pilar
provocado pela carga p.

Fig. 4.9 - Momento de inércia equivalente ao do pórtico


Carga uniformemente distribuída
126 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

É fato que na maioria dos trabalhos e estudos relativos ao


parâmetro a o carregamento horizontal unitário
uniformemente distribuído é o preferido quando do calculo da
inércia equivalente de um pórtico ou pilar de seção transversal
variável, etc. Esta preferencia é justificada por serem
distribuídas ao longo da altura as ações do vento e da
inclinação inicial da edificação. Porém, Fusco (1981) considera
possível a aplicação das Eqs. (4.54) e (4.55), enquanto França
(1985) utiliza as duas maneiras – carga concentrada e carga
uniformemente distribuída, obtendo praticamente os mesmos
resultados finais. Tal constatação é comprovada mais uma vez
nos resultados do exercício de aplicação, precisamente na
comparação dos valores apresentados nas Eqs. 4.59 e 4.61.
Embora a deformada de um pórtico seja diferente da
deformada de um pilar quando submetidos a um mesmo
carregamento horizontal, como esclarece Stamato (1972), a
equivalência que aqui é estabelecida tem validade devido às
limitações dos deslocamentos horizontais considerados. Como
bem mostram as Figs. 4.7 e 4.10.

(a) pórtico (b) pilar parede e (c) sistema associado

Fig. 410 – Sistema associado de pórticos e paredes estruturais


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 127

4.3.2 Cálculo do Momento de Inércia do SEC

Com o momento de inércia de cada um dos elementos do


SEC, somando estes valores, obtém-se o momento de inércia
equivalente ao do referido sistema, ISEC.

I SEC  I PORTT . OO 1
 I PORTT . 002
 I POTT . 003
... (4.56)

Ou, no caso geral


n

I SEC  I ELEMENTO ,i
i (4.57)
i 1

onde: n é igual ao número de elementos do SEC.

Outra maneira de se obter o momento de inércia do SEC é


através da utilização do chamado pórtico trenzinho, referido
como PORTT.TRE, quando transversal e PORTL.TRE,
quando longitudinal.

Fig. 4.11 – Pórtico trenzinho


128 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Esse pórtico, Fig.4.11, resulta da ligação em série de todos


os elementos do SEC de uma determinada direção através de
barras biarticuladas de elevada inércia axial e pequeno
comprimento. Em seguida carrega-se o pórtico com a
distribuição unitária de força horizontal (ou com carga
concentrada unitária) calculando-se a rigidez direta a flexão e o
momento de inercia desejados.

4.4. EXERCICIO DE APLICAÇÃO

Calcular o parâmetro  do pórtico da Fig.4.8–“a”. As


seções dos pilares têm 0,10 m ; a inércia 0,0021 m4. As seções
2

das vigas têm 0,06 m2; a inércia 0,0008 m4.


C oberta p
P P
F5
13,5 m
11 5ª L aje 12
3º Pav. Tipo P p P h

F4
10,5 m
9 4ª L aje 10
2º Pav. Tipo P p P h
F3
7,5 m
7 3ª L aje 8
1º Pav. Tipo p h
P P
F2
4,5 m
5 2ª L aje 6
Pav. T erreo p
P P h
F1
1,5 m
3 1ª L aje 4

0m
1 2

(a) (b)
7,0m
Fig.4.12 – O pórtico, sua geometria e seu carregamento
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 129

As cargas (Fig.4.12 – “b”) referidas com letras maiúsculas


são concentradas, e as com letras minúsculas são distribuídas,
o índice k indica valor característico. Elas representam o CC1
do pórtico.
O carregamento CC1 é igual ao CC 1 * que é composto
pelas ações G k , Q k , g k e q k (sobre os casos de
carregamentos, ler subitem 2.3.4, do capítulo 2 e, 3.11, do
capítulo 3). f ck  30 MPa , q k  7 , 0 kN / m , g k  19 , 0 kN / m ,
G k  90 , 0 kN , Q k  36 , 0 kN , e

Solução:

Na solução considerou-se a inercia equivalente do pórtico


obtida a partir de uma carga concentrada unitária e também a
partir de uma carga uniformemente distribuída de valor
unitário.
No calculo do deslocamento horizontal no topo do pórtico
(nó mais alto da prumada à esquerda) foi utilizado o valor do
módulo de deformação E ci  30 . 672 MPa , calculado através da
expressão: E cs   i x 5600  E f ck , em Mpa, com E 1,
 i  0 ,88 e f ck  30 MPa .

4.4.1 Cálculo da Inercia Equivalente do Pórtico

 Com a carga horizontal concentrada de valor unitário

O deslocamento horizontal do nó mais alto da prumada à


esquerda do pórtico - a cc :

a cc  0 , 000839 m (4.58)
130 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Substituindo o valor do a cc na Eq. (4.53), abaixo reescrita,


obtém-se o valor da inércia equivalente I pórtico .

3
H
I pórtico 
3 E cs a cc

3
13 ,5
I pórtico   0 , 0362 kN / m
4
(4.59)
3 x 26 . 991 . 000 x 0 , 000839

 Com a carga horizontal distribuída, de valor unitário.

O deslocamento horizontal do nó mais alto da prumada à


esquerda do pórtico - a cd :

a cd  0 , 00493 m (4.60)

Substituindo o valor do a cd na Eq. (4.54), abaixo reescrita,


obtém-se o valor da inércia equivalente I pórtico .

4
H
I pórtico 
8 E cs a cd

4
13 ,5
I pórtico   0 , 0312 kN / m
4
(4.61)
8 x 26 . 991 . 000 x 0 , 00493

4.4.2 Cálculo do parâmetro de instabilidade global 

O somatório das cargas verticais  F que na NBR


vk

6118:2014 é representado por N k , necessário ao calculo do 


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 131

é obtido somando-se todas as cargas do carregamento CC1 que


atuam no pórtico conforme Fig.4.12–“a”. Portanto:

F vk
 2 x 5 x ( 90  36 )  5 x 7 x (19  7 )  2 . 170 kN (4.62)

O valor do parâmetro de instabilidade é calculado através da


Eq. (4.40), reescrita abaixo.

Nk
  H tot
E cs I c

 Calculo do  com o valor do I pórtico  0 , 0362 kN / m 4 ,

O calculo do  cc (os índices indicam que o Ipórtico foi


calculado com aplicação de carga concentrada) é feito
substituindo na expressão do  , respectivamente, os valores
do  F vk  N k  2 . 170 kN e do I c  I pórtico  0 , 0362 kN / m 4 .
Portanto:

2170
 cc  13 ,5  0 , 636 (4.63)
26 . 991 . 000 . x 0 , 0362

 Calculo do  com o valor do I pórtico  0 , 0312 kN / m 4

O calculo do  cd (os índices indicam que o Ipórtico foi


calculado com aplicação de carga distribuída) é feito
substituindo na Eq. (4.40), respectivamente, os valores do
 F vk  N k  2 . 170 kN e do I c  I pórtico  0 , 0312 kN / m .
4
132 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Portanto:

2170
 cd  13 ,5  0 , 685 (4.64)
26 . 991 . 000 x 0 , 0312

4.5. EXERCICIOS PROPOSTOS

Ex. 4.1 - Considerando o edifício esquematizado nas Figs.


2.1 e 2.2, avaliar as cargas verticais em cada um dos pilares
através da utilização do conceito do “p médio”;

Ex. 4.2 - Adotar um valor para o f ck do concreto a ser


considerado no pré-dimensionamento dos pilares do edifício
esquematizado nas Figs. 2.1 e 2.2 e pré-dimensionar estes
4
pilares, com  c  f ck e p m  12 kN / m ;
2

Ex. 4.3 - Calcular o momento de inércia dos dois sistemas


estruturais de contraventamento definidos nos exercícios do
capítulo anterior;

Ex. 4.4 – Calcular o valor do parâmetro  segundo as


direções X e Y da projeção horizontal do edifício do Ex.4.1;

Ex. 4.5 – Comentar os valores obtidos no exercício anterior


comparando-os com os limites recomendados;

Ex. 4.6 – Caso o valor do  X , calculado no Ex. 4.4, tenha


sido maior que  2  0 , 6 , alterar o SEC adotado de modo que
recalculado o valor de  X , este seja menor ou igual ao  2 .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 133

Capítulo 5
O coeficiente γ z
de majoração
dos esforços
globais finais
134 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

5.1. INTRODUÇÃO

O parâmetro  z , assim como o parâmetro de instabilidade


global  , possibilita ao calculista avaliar a necessidade de se
considerar os efeitos de 2ª ordem na análise global das
estruturas. Além disso, quando necessário, ele quantifica a
correção a ser feita, em cada um dos esforços calculados na
análise de 1ª ordem, de modo que a NLF e NLG no
comportamento estrutural e os efeitos delas decorrentes sejam
razoavelmente computados.
Este parâmetro de instabilidade foi introduzido em 1991 por
Franco e Vasconcelos (1991) e por ser também um coeficiente
é, normalmente, referido de maneira simplificada como
coeficiente Gama Z.

5.2. A DEFINIÇÃO E O CÁLCULO DO  z

Uma das hipóteses consideradas na sua formulação é que as


sucessivas configurações da linha elástica, provocadas pela
ação de carregamento vertical na estrutura com os nós
deslocados, se sucedem como numa progressão geométrica
(PG).
Esta progressão será decrescente no caso das estruturas ditas
convergentes, as que convergem para uma configuração
deformada de equilíbrio estável e crescente, para as
divergentes.
A partir de uma análise linear, o momento de primeira
ordem, M 1 ordem , também representado por M 1 , é calculado em
a

relação à base da edificação, assim como os deslocamentos


horizontais dos nós da estrutura, estabelecendo-se desse modo
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 135

primeira configuração de linha elástica. Nesta primeira posição


deformada, as cargas verticais passam a gerar os momentos de
segunda ordem,  M 1,1 , e novos deslocamentos dos nós. Este
processo se repete provocando acréscimos de momentos que
vão diminuindo com as iterações, até se tornarem
insignificantes ou nulos, como mostrado na Fig. 5.1.  M 1 é a
variação do momento de primeira ordem devido a parcela de
segunda ordem; o segundo índice de  M 1,1 indica que esta
variação resulta da primeira deformada da estrutura.
A primeira configuração deformada é obtida com a
implementação da iteração 1.

Fig.5.1 – Deformadas do pilar e momentos de 1 e 2 ordens e total

O momento final, onde j representa o número total de


iterações consideradas ate que a configuração deformada de
j

equilíbrio seja alcançada, M total  M 1    M 1,i é o resultado


i 1

do somatório do momento de primeira ordem com todas as


136 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

parcelas do momento de segunda ordem que atuam na


estrutura, como mostrado na Eqs. (5.1-“a” e “b”).

M total  M 1   M 1,1   M 1, 2    M 1, j

M total  M 1   M 1 (5.1-“a” e “b”)

De acordo com Vasconcelos (1991) a PG decrescente


constituída pelas parcelas do M total (também representado por
M 2 ), tem razão q  1 , pois  M 1 , j  1   M 1 , j , logo:

 M 1 ,1  M 1, 2  M 1, j
q     (5.2)
M1  M 1 ,1  M 1 , j 1

Fig.5.2 - O momento M total  M 1   M 1

Na Fig.5.2 vê-se a representação gráfica da evolução das


parcelas de segunda ordem nas iterações sucessivas com a
condição geral definida na Eq. 5.2.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 137

Substituindo adequadamente a Eq.(5.2) na Eq. (5.1-“a”),


obtém-se: M total  q 0  q 1  q 2  q 3    q j M 1 . Tendendo j
para infinito tem-se: M total  1 / 1  q M 1 , donde:

1
M totsl , d
 M 1, d (5.3)
 M 1 ,1 , d
1
M 1, d
n

 M 1 , d ,1  F v , d ,i
ai é o acréscimo de momento proveniente da
1

primeira iteração ou seja o momento obtido na primeira


analise de 2a ordem (momento obtido com a estrutura na sua
n

primeira posição deformada); F v , d ,i


,a i é o somatório dos
1

produtos das cargas verticais de calculo pelos deslocamentos


horizontais em cada um dos pavimentos da edificação e,
n

M 1, d  F h , d ,i
Hi , onde M 1 , d representa o momento da análise
1
n

de 1a ordem e F h , d ,i
H i é o somatório do produto da força
1

horizontal de calculo pela altura do seu ponto de aplicação.


Sendo, por definição, M total , d   z M 1, d , então da Eq. (5.3),
tem-se:

1
z  (5.4)
 M 1, d
1
M 1, d
Na qual o acréscimo de segunda ordem obtido na
primeira iteração,  M 1,1, d , foi referida como  M 1 , d .
138 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O Coeficiente  z foi recomendado pelo CEB (1990), com a


definição dada pela Eq. (5.4), e pela NBR 6118 a partir do ano
de 2004, ainda sendo recomendado pela NBR 6118:2014, com
a notação dada pela Eq. (5.5) onde passou a ser referido como
Coeficiente de majoração dos esforços globais de 1ª ordem
devidos aos carregamentos horizontais para obtenção dos
esforços finais de 2ª ordem ou simplesmente Coeficiente de
majoração dos esforços.

1
z  (5.5)
 M tot , d
1
M 1 ,tot , d

M tot , d é a soma dos produtos de todas as forças verticais


atuantes na estrutura, na combinação considerada, com seus
valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus
respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1ª
ordem. Esses deslocamentos são produzidos pelas cargas
horizontais. E M 1 , tot , d é a soma dos momentos de todas as
forças horizontais da combinação considerada, com seus
valores de cálculo em relação à base da estrutura. A Fig.5.3
mostra o esquema descrito.
No subitem 15.5.3 da NBR 6118:2014 lê-se:

...  é
válido para estruturas reticuladas de
no mínimo quatro andares. Ele pode ser
determinado a partir dos resultados de uma
análise linear de primeira ordem, para cada
caso de carregamento, adotando-se os
valores de rigidez dados em 15.7.3 ...  .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 139

Os valores de rigidez acima mencionados foram discutidos


no subitem 4.1.2, do capítulo 4, deste livro.
Como seu próprio nome indica o coeficiente de majoração
dos esforços globais finais  z , representa, em ultima análise, a
relação indicada na Eq. (5.6) entre duas solicitações de cálculo
de mesmo nome na base da estrutura, sendo uma, M tot , d ,
determinada com a consideração da não-linearidade física e
geométrica e a outra, M 1 , d , considerada apenas a linearidade
no comportamento da estrutura.

(a) (b) (c)


n
n
m

M 1, tot , d   F h , d ,i H i F vd , i   F vd , i , j  M tot , d  F v , d ,i
ai
i 1 j 1 i 1

Fig. 5.3 – Esquema para o cálculo do M 1 ,totd ,d e do  M tot , d

M tot , d
 z
 (5.6)
M 1, d
140 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Sendo o momento total, M tot , d  M 1, d   M 1, d , igual à soma


do momento de 1ª ordem com a parcela devida à 2ª ordem,
então a Eq. (5.6) pode ser reescrita como indicado na Eq. (5.7).

M 1, d   M 1, d
z  (5.7)
M 1, d

5.3. OS LIMITES DO COEFICIENTE  z

São três os limites considerados para o coeficiente  z ; o


primeiro estabelece se os efeitos globais de 2ª ordem devem ou
não ser considerados; o segundo além de indicar o maior valor
com o qual se pode utilizar o procedimento simplificado (que
simula os efeitos do comportamento não-linear nos resultados
obtidos a partir de análises lineares), funciona como um alerta
para avaliação da necessidade de submeter a estrutura à análise
dinâmica e, o terceiro define o seu valor máximo absoluto.

5.3.1 O Coeficiente  z e a Possibilidade da Análise


Linear

Admite-se, em conformidade com NBR 6118:2014, que não


haverá necessidade da consideração dos efeitos globais de 2ª
ordem sempre que a condição indicada na Eq.(5.8) for
atendida,

 z   z 1  1,10 (5.8)

Esse limite,  z 1  1,10 , é justificado, também, pelo consenso


entre os engenheiros projetistas em considerar desprezíveis
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 141

erros não maiores que 10% no cálculo dos esforços e outras


grandezas envolvidas no projeto de estruturas usuais sendo
também confirmado pelos códigos europeus, CEB e EC, e por
norma brasileira.
Com base no exposto é possível escrever a partir da Eqs.
(5.7) e (5.8), que:

M 1, d   M 1, d
z    z 1  1,10
M 1, d

 M 1 d  0 ,10 M 1 d (5.9-“a” e “b”)

5.3.2 O Valor Limite do  z e o Cálculo Simplificado


que Considera os Efeitos de 2ª Ordem

Os efeitos de 2ª ordem podem, em princípio, ser


incorporados aos valores obtidos na análise de 1ª ordem
através da majoração das cargas horizontais, multiplicando-as
pelo valor do coeficiente em estudo nas combinações de
carregamento adotadas (VEIGA, 1995). Oliveira e Silvana
(2002) também defendem a aplicação do valor total desse
coeficiente.
De acordo com a NBR 6118:2014 essa simplificação só
deve ser aplicada nos casos em que  z  1,30 ao qual se impõe
uma redução de 5% do seu valor, utilizando, portanto, o valor
0,95  z . Assim, adota-se como 2º limite do coeficiente  z , o
valor 1,30, definindo-se, assim,  z 2  1,30 .
142 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

5.3.3 O Valor Máximo Absoluto do  z

Como esse coeficiente é inversamente proporcional à


rigidez da estrutura, seu valor não deve ser muito alto.
McGregor (1984) alerta que devido às simplificações
adotadas para a sua determinação, o  z não deve ser superior a
1,55; Ricardo Veiga (1995) refere-se ao valor 1,20 como
máximo admissível, enquanto no texto da NBR 6118:2014 está
citado o valor 1,30 como o máximo valor deste coeficiente
para o qual certas simplificações podem ser adotadas. Nessa
última referência, parece haver uma sugestão implícita de que
estruturas com  z maior que  z 2  1,30 podem ser projetadas
descartando automaticamente o limite sugerido por Ricardo
Veiga.
Por entender que o valor  z  1,55 conduz a estruturas com
muita susceptibilidade às ações horizontais e aos possíveis
efeitos dinâmicos delas decorrentes, adota-se como valor limite
absoluto desse coeficiente o valor 1,36, que é compatível com
valor  4  1, 05 . Assim, tem-se:

 z   z 3  1,36 (5.10)

Desse modo, considera-se como não recomendável o


sistema estrutural de contraventamento dos edifícios usuais
onde  z   z 3 , bem como a utilização de elementos estruturais
componentes do sistema estrutural de contraventamento -
pilares-parede, pórticos, etc. - nos quais a parcela dos esforços
internos solicitantes de cálculo, de 2ª ordem, seja superior a
36% dos valores dessas mesmas solicitações calculadas na 1ª
ordem.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 143

5.4 OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O  z

A existência de uma correlação entre os parâmetros de


instabilidade  e  z é sugerida por vários estudiosos do
assunto. Esta correlação é fundamentada no fato de que ambos
os parâmetros serem formulados a partir da consideração do
equilíbrio na configuração deformada da estrutura.
Carmo (1995) citado por Bueno (2009) correlacionou os
parâmetros de instabilidade a partir de uma curva do 3o grau
representada pela equação:

 z  0 ,90  0 ,50   0 , 62   0 . 46 
2 3
(5.11)

Enquanto Melo Moreira e López-Yánez (2000)


apresentaram no relatório de estagio supervisionado do curso
de engenharia civil do Centro de Tecnologia, C.T., da UFPB,
uma expressão, a Eq. (5.12), através da qual coeficiente de
majoração dos esforços globais de 1ª ordem,  z , pode ser
correlacionado, de modo aproximado, ao parâmetro de
instabilidade global  , através de uma curva do 2o grau.

 Z  1,10  0 ,33   0 ,50 


2
(5.12)

Considerando   0 , 6 na Eq. (5.12), obtém-se para  z o


valor 1,082 quando, por definição, esse valor deveria ser 1,10.
Para corrigir essa pequena distorção, resolveu-se reescrever a
Eq. (5.12), como abaixo indicado, e limitar sua aplicação a
valores não inferiores à   0 ,3 .

 z  1,10  0 ,33   0 ,55 


2
(5.13)
144 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

É bem verdade que a redução da rigidez a flexão para o


calculo do coeficiente  z utilizada por estes autores quando do
estabelecimento das relações entre os dois parâmetros aqui
mencionados, foi feita com o fator de redução igual a 0,7,
recomendado pela NBR 6118:2003 e 2007 e desaconselhado
com a entrada em vigor da NBR 6118:2014. É importante
lembrar que mesmo assim estas relações ainda nos fornecem
resultados aceitáveis. Em razão disso o valor máximo absoluto
a estimado substituindo-se na Eq. (5.13) o valor máximo do
 z 3 , dado na Eq. (5.10), obtendo-se:

 4  1, 05 (5.14)

Observa-se na Eq. (5.14) que o valor indicado representa


uma boa estimativa para o valor de  4  1, 05 definido na Eq.
(4.12) do capitulo 4.

5.5. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Seja como exercício de aplicação o cálculo do coeficiente


 z para o pórtico utilizado no exercício de aplicação do
capítulo 4, e reapresentado na Fig.5.4.
O carregamento está aplicado conforme indicado na Fig.5.5.
As cargas G k , Q k , g k e q k são verticais e compõem o CC1,
F h , vento , k , i e F h , inc , k , i são ações horizontais que compõem o CC2.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 145

 F h ,vento ,k , 5
 8 , 43 kN
G k  90 , 0 kN 
 F h ,vento  16 , 22 kN
 ,k , 4
Q k  36 , 0 kN 
CC 1 CC 2  F h ,vento ,k , 3
 14 ,94 kN
gk  19 , 0 kN m  F h , vento ,k , 2
 5 ,19 kN
q  7 , 00 kN m 
 k  F h , vento  0 , 65 kN
, k ,1

(a) (b)

Fig.5.4 – O pórtico, suas barras, seus níveis de vigamento


e algumas indicações da sua geometria
146 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

(a) o CC1* (b) o CC2 (c) o CC3*


Fig. 5.5 – O Pórtico com os carregamentos

Os valores dos esforços nodais que representam o


carregamento CC3 serão obtidos ao longo da análise da
estrutura. o i varia de 1 à n, indicando os níveis de vigamento
do pórtico onde atuam as cargas horizontais.

Solução:

O problema será resolvido duas vezes. Na primeira solução


a rigidez EI dos elementos do pórtico será igual a f R E ci I em
que f R  0 , 70 é o fator de redução único apresentado por
Mario Franco e recomendado nas versões anteriores da NBR
6118 de 2003 e 2007. Na outra solução será adotada a redução
para 40% da rigidez a flexão das vigas e para 80% do E ci I dos
pilares como recomendado pela atual NBR 6118, a NBR
6118:2014.

5.5.1 Primeira Solução

Cálculo dos momentos para a utilização da Eq. (5.5)


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 147

 O momento provocado na fundação pelo CC1*

O calculo do momento provocado na base do pórtico pelo


carregamento CC1 atuando na estrutura em desaprumo esta
apresentado, em todas as etapas, na Tab. 5.1. Essa tabela é
composta por cinco colunas e oito linhas.
A indicação dos níveis de vigamento e dos nós da prumada
mais a esquerda do pórtico estão na primeira e segunda
colunas. Na terceira e quinta, encontram-se, na ordem, as
forças verticais que atuam em cada nível de vigamento, no
valor característico, e o produto dessas forças pelos seus
deslocamentos horizontais.
Os deslocamentos horizontais citados estão na coluna
quatro.
Para a determinação dos deslocamentos horizontais dos nós
do pórtico, devido ao seu desaprumo, utilizou-se a expressão
a inc , i   a H i . Sendo  a  0 , 002356 º , calculado através da Eq.
(3.19) e H i a cota do nível de vigamento i do pórtico, como
mostrado na Fig. 3.13.
O valor do momento de tombamento na base da estrutura
devido a essas forças é chamado de M b ,CC 3 .

Tab. 5.1. Calculo do M b ,CC 3


Nív Nó F v , k , i (kN) a inc , i (m) F v , k , i a inc , i (kNm)
5 11 434,00 0,0318 13,8012
4 9 434,00 0,0247 10,7198
3 7 434,00 0,0177 7,6720
2 5 434,00 0,0106 4,6032
1 3 434,00 0,0035 1,5344
 2170,0 0,0000 38,3306
148 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Sendo: M b ,CC 3  F v , k ,i
a inc , i , então: M b ,CC 3  38 ,33 kNm
n 1

 O momento provocado na fundação pela ação do


vento atuando nos nós da prumada a esquerda
do pórtico

Na Tab. 5.2 então indicadas as cargas devido ao vento,


aplicadas nos nós do pórtico (ou níveis de vigamento), a cota
de cada um dos níveis acima citados e o momento provocado
na base da estrutura devido à ação das forças nodais
horizontais aplicadas.
O valor do momento de tombamento na base da estrutura
devido a essas forças é chamado de M b ,CC 2 .

Tab. 5.2. Calculo do M b ,CC 2

Nív Nó F h , vento , k ,i
(kN) H i (m) F h , vento , k ,i
H i (kNm)
5 11 8,43 13,5 113,80
4 9 16,22 10,5 170,31
3 7 14,94 7,5 112,05
2 5 5,19 4,5 23,35
1 3 0,65 1,5 0,97
 45,43 420,48

Como M b ,CC 2  F h , vento , k , i


H i então, M b , CC 2
 420 , 48 kNm .
1

Comparando a intensidade dos momentos devido ao efeito


do vento, cujo valor está na ultima linha da 5ª da Tab. 5.2, com
o devido às forças verticais atuando na estrutura inclinada, cujo
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 149

valor encontra-se na ultima linha da 5ª coluna da Tab. 5.1,


conclui-se que o efeito da inclinação inicial ou desaprumo da
estrutura é menor que 30% do efeito do vento nela incidente.

0 ,30 M b ,CC 2  126 ,14 kNm  M b ,inc  38 ,33 kNm (5.15)

Na versão da NBR 6118:2003 em vigor ate a sua revisão


que gerou a 2007, não havia obrigatoriedade na consideração,
concomitantemente, da ação do vento e do efeito do desaprumo
da estrutura, devendo ser considerado o efeito que provocasse
maior momento de tombamento na base da estrutura e
desprezando-se o outro efeito, como o responsável pelas ações
horizontais para análise da estrutura e, consequentemente, para
determinação do seu coeficiente  z .
Subentende-se com a interpretação do subitem 11.3.3.4.1 da
NBR 6118 de 2003 e de 2007 que a aplicação do desaprumo
no projeto seria uma maneira de garantir um momento mínimo
ao elemento ou ao sistema estrutural de contraventamento.
Desse modo a aplicação simultânea do desaprumo e do
vento só seria apropriada no caso da verificação de estabilidade
da estrutura em desaprumo. Entretanto, alguns projetistas
(inclusive o autor) entendendo ser relevante, nas análises
globais, a aplicação da inclinação inicial da edificação no
projeto estrutural através de um carregamento horizontal
equivalente e, consciente de se tratar de eventos
estatisticamente independentes (vento e desaprumo)
consideraram, ainda à época em que a NBR 6118:1980
vigorava, seus efeitos ao mesmo tempo (alguns ainda
continuaram defendendo essa prática até a entrada em vigor da
NBR 6118:2014). Aliás, no projeto da NBR 6118:2003 (que
ficou conhecida como NBR 6118:2003) essa ideia era aceita
150 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

implicitamente, pois no subitem 11.3.3.4.a, facultava-se ao


projetista optar pela aplicação, daquele efeito (vento ou
desaprumo) que resultasse num maior momento na base da
estrutura, ou dos dois efeitos acima mencionados.
A antiga norma a NB-1/78, no seu subitem 4.1.1.3,
recomendava a utilização de uma excentricidade acidental para
levar em conta além da incerteza quanto à localização da força
normal, o possível desvio do eixo da peça (pilar) durante a
construção, em relação à prevista no projeto. Essa
excentricidade e a , igual h/30 e não menor que 2 cm (h é a
dimensão da seção do pilar na direção em que se adota a
excentricidade), era incorporada à excentricidade total a ser
adotada no cálculo dos esforços solicitantes do elemento
estrutural em análise. Talvez, de acordo com o aspecto
conceitual da definição e aplicação dessa excentricidade
acidental é que se encontre justificativa para que os efeitos do
desaprumo e do vento fossem levados em conta
simultaneamente na análise das estruturas.
Na verdade, a não superposição do efeito do desaprumo
com o do vento (considerando-se quase sempre, o efeito do
vento), com a ideia de se definir com o efeito do desaprumo
um momento mínimo a ser submetido às estruturas na análise
global, demonstra, na NBR 6118 de 2003 e de 2014, uma
concordância conceitual com a definição do momento mínimo
na análise local dos elementos estruturais comprimidos.
A diferença conceitual entre o momento mínimo (da NBR
6118:2003) e o momento gerado pela excentricidade acidental
(da NBR 6118:1980) evidenciada nos parágrafos acima pode
concorrer para uma redução na armadura dos pilares posto que:
a) na análise local a excentricidade mínima (que de certa forma
poderia substituir a excentricidade acidental local) às vezes não
necessita ser aplicada nos casos em que antes haveria uma
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 151

excentricidade pelo menos igual a 2 cm; e, b) na análise global


o desaprumo (como se fosse uma excentricidade acidental
global) não deve ser considerado simultaneamente ao vento.
É possível que, principalmente, devido à obrigatoriedade da
consideração do efeito do vento nas estruturas estabelecida na
NBR 6118 desde 2003, bem como a ênfase dada à utilização de
modelos de pórticos principalmente espaciais, a diminuição da
armadura dos pilares seja aceitável.
De qualquer modo continua-se com o cálculo do  z .
Como na verificação da segurança em relação ao estado
limite último será utilizado o coeficiente de ponderação
 f  1, 4 recomendado para ações permanentes desfavoráveis e
variáveis gerais, nas combinações normais, como indicado na
Tab.11.1da NBR 6118, e o coeficiente de combinação das
ações  0  0 , 6 para a ação do vento como variável secundária,
Tab.11.2 da mesma NBR, considera-se mais uma vez estes
coeficientes nas combinações no cálculo do  z .
No cálculo do coeficiente  z , utilizou-se a combinação
CB5.1; se numa verificação de estabilidade, o desaprumo fosse
também considerado, utilizar-se-ia a combinação CB5.2.

Tab. 5.3. Cálculo do  M tot , d

Nív
Nó F vk , i a CB 5 . 1 , i F vd , i a CB 5 .1 , i
(kN) (cm) (kNm)
5 11 434,0 2,552 15,506
4 9 434,0 2,158 13,112
3 7 434,0 1,359 8,257
2 5 434,0 0,761 4,624
1 3 434,0 0,111 0,674
 __ 2170,0 ____ 42,173
152 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

CB . 5 . 1  1, 4 x 0 , 6 xCC 2 (5.16)

CB . 5 . 2  1, 4 x 0 , 6 xCC 2  1, 4 CC 3 (5.17)

Os deslocamentos nodais obtidos da análise de 1ª ordem do


pórtico, com a combinação de cargas definida na Eq. (5.16)
estão indicados na 4ª coluna da Tab. 5.3.

Cálculo de M 1 , tot , d

M 1 , tot , d é igual  f  0 M b , CC 2 , M b ,CC 2 é obtido na última


linha da quinta coluna da Tab. 5.2. Logo:

M 1, tot , d  1, 4 x 0 , 6 x 420 , 48  353 , 20 kNm (5.18)

Cálculo de  M tot , d =  F vd , i a CB 5 .1, i

Obtém-se o valor do  M tot , d na última linha da quinta


coluna da Tab. 5.3, onde se lê:

 M tot , d  42 ,17 kNm (5.19)

Cálculo do coeficiente  z

Adiante, será calculado o valor do coeficiente  z ,


através da Eq. (5.5). A seguir, apresentam-se duas estimativas
para o  z , obtidas através da Eq. (5.13) como função
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 153

parabólica do parâmetro α, a primeira utilizando valor  cc e, a


outra, o  cd , com as definições dadas no capítulo 4.

CB 5 . 3  1, 4 CC 1  0 ,84 CC 2 (5.20)

 z através de (5.5)

1 1
z    1,13 (5.22)
 M tot , d 42 ,17
1 1
M 1, tot , d 353 , 20

 z através de (5.13)

 cc  0 , 64 e  cd  0 , 68 foram obtidos no capítulo 4.

2
 z  1,10  0 ,33   0 ,55  (5.13)

 cc  0 , 64   Z  1,11 (5.23)

 cd  0 , 68   Z  1,13 (5.24)

5.5.2 Segunda Solução

Nesta solução será considerada a redução para 40% da


rigidez a flexão das vigas e para 80% do E ci I dos pilares como
recomendado pela NBR 6118:2014 para a consideração da
não-linearidade física do material.
154 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Os deslocamentos nodais obtidos da análise de 1ª ordem do


pórtico, com a combinação de cargas definida na Eq. (5.16)
estão indicados na 4ª coluna da Tab. 5.4.

Tab. 5.4. Cálculo do  M tot , d

Nív
Nó F vk , i a CB 5 . 1 , i F vd , i a CB 5 .1 , i
(kN) (cm) (kNm)
5 11 434,0 3,634 22,080
4 9 434,0 2,935 17,833
3 7 434,0 2,000 12,152
2 5 434,0 0,950 5,772
1 3 434,0 0,134 0,814
 __ 2170,0 ____ 58,651

Cálculo de M 1 , tot , d

O valor deste momento encontra-se na Eq. (5.18),


M 1,tot , d  353 , 20 kNm

Cálculo de  M tot , d =  F vd , i a CB 5 .1, i

Obtém-se o valor do  M tot , d na última linha da quinta


coluna da Tab. 5.4, onde se lê:

 M tot , d  58 , 65 kNm (5.25)

Cálculo do coeficiente  z
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 155

 z através de (5.5)

1 1
z    1, 20 (5.26)
M tot , d
58 , 65
1 1
M 1, tot , d 353 , 20

No quadro 5.1 estão apresentados todos os resultados


obtidos para o coeficiente  z .

Quadro 5.1 – Valores do Coeficiente  z

 z
Valor
Origem Fundamentação
Eq. (5.5) NBR 6118:2007 1,13
NBR 6118:2014 1,20
Função de  cc 1,11
Eq.(5.13) –Função
d de  1,13
cd

A análise de 2ª ordem com a utilização do  Z

A análise do pórtico da Fig. 5.4 considerando os efeitos de


2ª ordem é necessária posto que o  z  1,10 , podendo ser feita
de modo simplificado, pois  z  1,30 . O procedimento a seguir
será: multiplicar a parcela do carregamento horizontal da
combinação em estudo por 95% do valor do coeficiente  z
calculado. Submeter a estrutura ao carregamento obtido a partir
da CB5.3 indicada na Eq. 5.20, multiplicando as ações
horizontais por 95% do valor do coeficiente  z , esta nova
combinação será chamada de CB5.4 .
156 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

CB . 5 . 4  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 x 0 ,95 x1, 20 CC 2  1, 4 CC 1  0 ,96 CC 2


(5.28)
Apresentada com notação utilizada neste trabalho, notação
que proporciona grande simplificação na apresentação dos
conceitos a serem discutidos, a CB .5 .4 pode ser reescrita com
a notação utilizada na Tab. 11.3 da NBR 6118, a partir da
combinação última classificada como normal, indicada na
Eq.(5.29), na qual F gk representa as ações verticais
permanentes, F q 1 k a vertical variável principal e F q 2 k a
secundária.

F d   g F gk   q ( F q 1 k  0 ,95  z 02 F q 2 k ) (5.29)

Sendo, nessa combinação,  g   q  1, 4 ,  z  1, 20 ,


 02  0 , 6 , e F q 1 k  F qk então a Eq. (5.29) pode ser escrita na
forma:

F d  1, 4 ( F gk  F q 1 k )  0 , 6 x1, 4 x 0 ,95 x1, 20 . F q 2 k (5.30)

5.5.3 Os Resultados

Os esforços nas extremidades das barras e as reações dos


apoios obtidos, para a estrutura em estudo, através da análise
linear com a aplicação da combinação de carregamentos
CB . 5 . 4 , Eq. (5.28), que simula o comportamento não-linear,
estão nas Tab. A.5.1 e Tab. A.5.2, do Anexo A.5.
Na Tab. A.5.1, as reações de apoio foram indicadas por: H,
V e M que significam, respectivamente, reação horizontal,
vertical e momento de engastamento. E na Tab. A.5.2, os
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 157

esforços nas extremidades das barras: N 1  p 1 , Q 1  p 2 ,


M 1  p 3 , Q 2  p 5 M 2  p 6 são, o esforço axial, o cortante e
o momento na extremidade 1 e o esforço cortante e o momento
na extremidade 2. Vide Fig.5.6.
O esforço axial na extremidade 2 foi omitido por ter em
módulo o mesmo valor que o da extremidade 1.
As extremidades das barras do pórtico estão indicadas na
Fig.5.4 – “b”, através da numeração que indica o inicio e o fim
dessas barras, definindo desse modo a incidência de cada uma
delas na estrutura. Maiores detalhes em Cruz (2000).

y
P2 P5
P1 1 2 P4
o (1) x
P3 P6

Fig.5.6 – Os esforços nas extremidades de


barra de pórtico plano no slr

5.6. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Ex. 5.1 – Citar algumas das simplificações adotadas na


determinação do valor do coeficiente  Z através da expressão:

1
z 
M tot , d
1
M 1, tot , d
158 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Ex. 5.2 - Qual o significado prático do coeficiente  z ?

Ex. 5.3 – Como se determina o valor do M 1 , tot , d ?

Ex. 5.4 – Como se determina o valor do  M tot , d ?

Ex. 5.5 – Qual o significado prático do valor 1,10 do


coeficiente  z ?

Ex. 5.6 - Qual o significado prático do valor 1,30 do


coeficiente  z ?

Ex. 5.7 – cite uma correlação existente entre o parâmetro 


e o coeficiente  z ?

Ex. 5.8 – Calcular o coeficiente  z do pórtico referido no


exercício de aplicação deste capítulo para a combinação:

F d  1, 4 F gk  1, 4 ( F h , vento , k  0 ,5 F qk )

Na qual o carregamento devido ao vento é a variável principal


enquanto a F qk  F q 2 k é a variável secundaria.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 159

Capítulo 6
Efeito do vento
nos edifícios
160 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Na análise e dimensionamento das estruturas devem ser


considerados os esforços oriundos da ação do vento que sobre
elas incide. É o que prescreve o subitem 11.4.1.2 da NBR
6118:2014, devendo esses esforços serem determinados de
acordo com as recomendações da NBR 6123:1988.

6.1. MARCHA DE CÁLCULO

A marcha de cálculo para a determinação da carga do vento


nos edifícios de projeção horizontal retangular, usuais, pode ser
assim resumida:

a) Identificar na Fig.6.1 (Fig.1 da NBR 6123:1988) o local


onde se situa o edifício. Na figura vê-se o mapa do Brasil e
sobre ele as isopletas da velocidade básica do vento. Nesta
etapa obtém-se o valor da velocidade V0 (m/s);

b) Devem ser identificados os valores dos coeficientes: S1,


S2 e S3. Esses coeficientes são necessários para a determinação
da velocidade característica Vk (m/s), sendo assim definidos: S1
é o fator topográfico que leva em consideração as variações do
relevo do terreno, seus valores estão na Tab. 6.1 (Tabela 1da
NBR 6123:1988); S2 é o fator que considera o efeito
combinado da rugosidade do terreno, da variação da velocidade
do vento com a altura acima do terreno, e das dimensões da
edificação ou parte componente em consideração, seus valores
podem ser vistos na Tab. 6.2 (Tabela 2 da NBR 6123:1988) e,
o S3 que é o fator estatístico, considera o grau de segurança
requerido e a vida útil da edificação, seus valores estão
definidos na Tab. 6.3 (Tabela 3da NBR 6123:1988).
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 161

Fig.6.1 Isopletas de velocidade do vento Vo


(Adaptada da NBR 6123: 1988)
162 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab. 6.1 - Fator topográfico S1


SITUAÇÃO Fator S1
Terreno plano ou fracamente acidentado 1,0
Taludes e morros Ver Norma
Vales profundos, protegidos de ventos de
qualquer direção. 0,9

É importante notar que os fatores S1 e S3, uma vez definidos,


se mantêm constantes em todo o processo de cálculo, já o S2
assume vários valores, um para cada faixa de altura da
edificação, sendo função de uma categoria e classe nas quais se
enquadre a estrutura. Elementos para a definição do S2
extraídos do subitem 5.3 da NBR 6123:1988 são a seguir
apresentados:

Rugosidade do terreno

Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com


mais de 5km de extensão, medida na direção e sentido do vento
incidente. Exemplos:
- mar calmo;
- lagos e rios;
- pântanos sem vegetação.

Categoria II: Terrenos abertos em nível, ou aproximadamente


em nível, com poucos obstáculos isolados, tais como
árvores e edificações baixas. Exemplos:
- zonas costeiras planas;
- pântanos com vegetação rala;
- campos de aviação;
- pradarias e charnecas;
- fazendas sem sebes ou muros.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 163

A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior


ou igual a 1,0m.

Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com


obstáculos, tais como sebes e muros, poucos quebra-ventos de
árvores, edificações baixas e esparsas. Exemplos:
- granjas e casas de campo, com exceção das partes
com matos;
-fazendas com sebes e/ou muros;
-subúrbios a considerável distância do centro, com
casas baixas e esparsas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a


3,0m.

Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos


e pouco espaçados, em zonas florestais, industriais ou
urbanizados. Exemplos:
-zonas de parques e bosques com muitas árvores;
- cidades pequenas e seus arredores;
-subúrbios densamente construídos de grandes cidades;
-áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a


10m.
Esta categoria também inclui zonas com obstáculos
maiores que ainda não possam ser considerados na Categoria
V.
Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos,
grandes, altos e pouco espaçados. Exemplos:
- florestas com árvores altas e copas isoladas;
- centro de grandes cidades;
-complexos industriais bem desenvolvidos.
164 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou


superior a 25m.

Dimensões da edificação

Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de


fixação e peças individuais de estruturas sem vedação. Toda
edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical
não exceda a 20m.

Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a


qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície
frontal esteja entre 20m e 50m.

Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a


qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície
frontal exceda a 50m.

c) Determinados os valores dos fatores S1, S2 e S3,


encontra-se a velocidade característica do vento, para cada
faixa de altura da edificação, através da Eq. (6.1):

V K  S 1 .S 2 .S 3 .V 0 (6.1)

d) Conhecidos os valores de VK em m/s para cada faixa de


altura da edificação, serão então calculados os valores da
pressão dinâmica nessas faixas.

2
2 VK
q ( kg / m ) 
16

2 2
q ( N / m )  0 , 613 .V K (6.2 – “a” “b”)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 165
166 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab.6.3 – Valores mínimos do fator S3


Grupo Descrição S3
Edificação cuja ruína total ou parcial pode afetar
a segurança ou possibilidade de socorro a
1 pessoas após uma tempestade destrutiva 1,10
(hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de
segurança, centrais de comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências.
2 Edificações para comércio e indústria com alto 1,00
fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo
3 fator de ocupação (depósitos, silos, construções 0,95
rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, 0,88
etc.)
Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1
5 a 3 durante a construção. 0,83
e) Determina-se o coeficiente de arrasto, Ca, para o
edifício, utilizando-se o ábaco mostrado na Fig. 6.2, (para
vento de baixa turbulência), depois do parênteses...), também
extraída da NBR 6123: 1988.
Para a determinação da carga do vento na fachada de maior,
área, de dimensões B X e H, Fig. 6.3, considera-se l1 igual a
B X e l 2 igual a B Y ; sendo, desse modo, l 1 / l 2 igual B X / BY .
Em seguida, calcula-se h/ l1 igual a H/ B X . Entrando com esses
valores no ábaco, Fig. 6.3, determina-se o valor do Ca y .
No cálculo da força do vento que incide na fachada de
menor área, de dimensões B Y e H, o l1 é igual ao B Y e o l 2 ,
ao B X , sendo, agora l1 / l 2 igual B Y / B X e h/ l1 igual à H/ B Y .
Então, através do ábaco, Fig.6.2 determina-se o valor do Ca x .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 167

Fig. 6.2 – Ábaco para o cálculo do Ca


Vento com baixa turbulência
(Adaptada da NBR 6123: 1988)
168 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Y
H

Vx
By

X
Bx Vy

Fig. 6.3 – Edifício e direções do vento

f) Calcula-se o efeito do vento em cada faixa de altura da


edificação – Fig. 6.4. Em cada uma delas a força (em N/m 2) em
estudo pode ser considerada uniformemente distribuída e seu
valor será obtido pela expressão:

fvy  Ca y q (6.3)

para o vento na direção Y , paralela à dimensão B Y e

fvx  Ca x q , (6.4)
para o vento na direção X , paralela a dimensão B X . Como
mostrado na Fig.6.4.
A definição das faixas horizontais acima referidas pode
ocorrer pelo menos de três maneiras diferentes. A primeira, de
acordo com a indicação de altura da Tab. 6.2, através da qual
são obtidas faixas com 5 m, 10 m e etc., de altura, como
mostrado na Fig. A.6.1 (do Anexo A.6); outra maneira é fazer
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 169

coincidir a largura de cada faixa com a altura dos pavimentos


da edificação, como na Fig.6.4 e a terceira opção é fazer com
que a largura de cada faixa horizontal se estenda da cota média
de um pavimento até a cota média do pavimento que esta
imediatamente acima, de acordo com a Fig.A.6.4 (também do
Anexo A.6).

Fig. 6.4 – Faixas consideradas no calculo da força do vento

Na prática a ultima opção parece ser a melhor das três


indicadas, os resultados, dela decorrente, são obtidos mais
facilmente e apresentam ótima aproximação. O segundo
caminho é utilizado com frequência no calculo automático.
Enquanto a consideração da primeira maneira conduz a
resultados com menor precisão e maior quantidade de
operações aritméticas.
No exercício de aplicação, item 6.2, as faixas horizontais
serão definidas de acordo com a terceira opção. Porém
170 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

resultados com a aplicação das outras duas serão apresentados


no Anexo A.6.
Para a obtenção do valor do fator S2 em cada cota desejada
utiliza-se a Eq. (6.5) com os parâmetros b, p e Fr – apresentados
na Tab. 6.4 - extraídos do subitem 5.3.3 da NBR 6123:1988.

S 2  bF r ( Z / 10 )
p
(6.5)

Tab. 6.4 – Parâmetros meteorológicos


Classes
Categoria Zg (m) Param. A B C
b 1,10 1,11 1,12
I 250 p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II 300 Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III 350 p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420 p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V 500 p 0,15 0,16 0,175

Onde Z é a cota para a qual se calcula o fator S2 e Zg a altura


que define o contorno superior da camada atmosférica.
g) Agora são calculados os carregamentos, uniformemente
distribuídos por faixa: um na direção X e a outro na direção Y,
direções da projeção horizontal da edificação. Mostrado para a
força na direção X, na Fig. 6.5 e calculada através da Eq. (6.6):

fvx *  Ca x qB y (6.6)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 171

Fig. 6.5 – Distribuição da força do vento na fachada By xH

enquanto a, da direção Y, é dada por:

fvy *  Ca y qB x (6.7)

f) Obtêm-se as forças concentradas que atuam nos níveis i


de vigamento da edificação, mostradas na Fig. 6.6, através da
Eq. (6.8) para as forças da direção X e da Eq.(6.9) para as da
direção Y, considerada a terceira definição das faixas
horizontais.

F h , vento , x , i  Ca x ( q i B y , i h i  q i 1 B y , i 1 h i 1 ) 0 ,5 (6.8)

F h , vento , y , i  Ca y ( q i B x , i h i  q i 1 B x , i 1 h i 1 ) 0 ,5 (6.9)
172 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fig. 6.6 – forças concentradas devido ao vento incidente na


fachada maior, B x H, atuando nos níveis de
vigamento ou nós do pórtico

6.2. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Calcular a força do vento X e Y no edifício mostrado na


Fig. 6.7, de dezessete lajes, com 3,00 m entre pisos e 1,60 m da
base da sapata para o piso da primeira laje. Tratar-se de um
edifício residencial a ser construído no centro da cidade de
João Pessoa, capital da Paraíba.

Solução:

6.2.1 O vento V0

De acordo com a Fig.6.1, o valor do vento V0 na região de


João Pessoa é igual a 30 m/s;
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 173

Fig. 6.7 – Dimensões do edifício

6.2.2 Os fatores S1; S2 e S3

S 1  1 (Terreno plano ou fracamente acidentado - Tab.


6.1.).
S 2 (Categoria IV – centro de cidade média com obstáculos
numerosos e pouco espaçados com altura não superior a 10 m;
Classe B – A maior dimensão da superfície frontal está entre
20 e 50 m. - Tab. 6.2).
174 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab. 6.5 – Fator S 2 da Tab. 6.2


Z(m) S2
0 Z 5 0,76
5  Z  10 0,83
10  Z  15 0,88
15  Z  20 0,91
20  Z  30 0,96
30  Z  40 0,99
40  Z  50 1,02

S 3  1 (Edificação de uso residencial - Tab. 6.3)

Como nesse exercício serão consideradas faixas horizontais


cuja largura vai da cota média de um pavimento até a cota
média do pavimento imediatamente superior (pavimento
consecutivo), o valor do fator S 2 para cada uma dessas cotas
média será calculado a partir da Eq. (6.5), como exemplificado
abaixo, com os parâmetros b  0 ,85 , p  0 ,125 e F r  0 ,98
cujos valores foram obtidos na Tab. 6.4.

p 0 ,125
z  1,5 m  S 2  bF r ( z / 10 )  0 ,85 x 0 ,98 x (1,5 / 10 )  0 , 657

A obtenção do fator S 2 a partir de interpolação linear com


os valores da Tab. 6.5 deve ser evitada, pois os valores obtidos
no caso das cotas menores que 5m apresentam fraca
aproximação aos valores considerados exatos, vide Tab. 6.6.
Os valores calculados para as cotas médias dos pavimentos
do edifício, através da Eq. (6.4) - terceira coluna intitulada S 2
(e da interpolação linear) quarta coluna, intitulada S 2 IL, estão
apresentados na Tab.6.6. As cotas de piso, Z, e as cotas médias,
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 175

Z*, de cada pavimento estão indicadas, respectivamente, na


primeira e segunda colunas da tabela citada.

Tab. 6.6 – Fator S2


Z(m) Z* (m) S2 S 2 IL Nível
0,0 1,50 0,657 0,228 Nível natural do terreno
3,0 4,50 0,754 0,684 Piso do 1º pav. superior
6,0 7,50 0,804 0,795 Piso do 2º pav. superior
9,0 10,50 0,838 0,885 Piso do 3º pav. superior
12,0 13,50 0,865 0,865 Piso do 4º pav. superior
15,0 16,50 0,887 0,889 Piso do 5º pav. superior
18,0 19,50 0,906 0,907 Piso do 6º pav. superior
21,0 22,50 0,922 0,922 Piso do 7º pav. superior
24,0 25,50 0,936 0,938 Piso do 8º pav. superior
27,0 28,50 0,950 0,953 Piso do 9º pav. superior
30,0 31,50 0,961 0,964 Piso do 10º pav. superior
33,0 34,50 0,973 0,973 Piso do 11º pav. superior
36,0 37,50 0,983 0,983 Piso do 12º pav. superior
39,0 40,50 0,992 0,992 Piso do 13º pav. superior
42,0 43,50 1,001 1,001 Piso do 14º pav. superior
45,0 46,50 1,009 1,010 Piso do 15º pav. superior
48,0 - - - Laje da coberta

Os valores do S 2 oriundos da interpolação linear dos valores


constantes da Tab. 6.5 são calculados como indicado abaixo.

0 ,88  0 ,83
Z  10 ,50 m  S 2  x (10 ,50  10 , 00 )  0 ,88  0 ,885
5

É importante observar que a cota zero aqui considerada não


coincide com a base da sapara, e sim com o nível do terreno
176 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

que em geral coincide com o primeiro nível de vigamento da


estrutura, o nível das vigas baldrames.

6.2.3 O Vento Vk e o Coeficiente de Obstrução

De acordo com a Eq. (6.1), V K  S 1 .S 2 .S 3 .V 0 , onde S 1  1 ,


S 3  1 e V0=30 m/s. Calculado o valor do Vk, obtém-se com a
2 2
Eq. (6.2 – “b”), o valor q  0 , 613 .V K  0 , 613 ( S 2 .V 0 ) .
Na Tab. 6.7 estão os valores da velocidade do vento
característico e do coeficiente de obstrução para cada valor de
Ss nas cotas consideradas (isto é: na metade da altura de cada
lance dos pilares representadas por Z(m)*) .

6.2.4 O Coeficiente de Arrasto

Com os valores de Bx, By e H mostrados na Fig. 6.6, tem-se:

 l1 By 12
    0 ,5
l2 Bx 24

Ca x
  ábaco da Fig. 6.2, Ca x  1, 03
h H 48
    4 , 00
 l1 By 12

 l1 Bx 24
l    2 ,0
By 12
 2

Ca y
  ábaco da Fig. 6.2, Ca y
 1,38 .
h H 48
    2 ,0
 l1 Bx 24
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 177

Tab. 6.7 – O vento Vk e o coeficiente de obstrução


Z(m) Z(m)* S 2 (6.4) Vk (m / s ) 2
q(N / m )
0,0 1,50 0,657 19,71 238,14
3,0 4,50 0,754 22,62 313,65
6,0 7,50 0,804 24,12 356,63
9,0 10,50 0,838 25,14 387,43
12,0 13,50 0,865 25,95 412,79
15,0 16,50 0,887 26,61 434,06
18,0 19,50 0,906 27,18 452,85
21,0 22,50 0,922 27,66 468,99
24,0 25,50 0,936 28,08 483,34
27,0 28,50 0,950 28,50 497,91
30,0 31,50 0,961 28,83 509,51
33,0 34,50 0,973 29,19 522,31
36,0 37,50 0,983 29,49 533,10
39,0 40,50 0,992 29,76 542,91
42,0 43,50 1,001 30,03 552,80
45,0 46,50 1,009 30,27 561,67
48,0 49,50 0,000 00,00 000,00

6.2.5 A Força do Vento

A intensidade da força do vento em N/m2, segundo as


direções X e Y pode ser calculada para cada faixa horizontal
considerada através das expressões fvx  Ca x q e fvy  Ca y q
que repetem as Eqs. (6.3) e (6.4). Enquanto que o calculo da
força em kN/m nas mesmas direções acima referidas são
obtidas, na ordem, através das expressões fvx *  Ca x qB y e
fvy *  Ca y qB x , que repetem as Eqs. (6.6) e (6.7).
178 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab. 6.8 – Força do vento parcialmente distribuída

Z(m)*
2
Z(m) q(N / m ) fvx * ( kN / m ) fvy * ( kN / m )

0,0 1,50 238,14 2,94 7,89


3,0 4,50 313,65 3,88 10,39
6,0 7,50 356,63 4,41 11,81
9,0 10,50 387,43 4,79 12,83
12,0 13,50 412,79 5,10 13,67
15,0 16,50 434,06 5,36 14,39
18,0 19,50 452,85 5,60 15,00
21,0 22,50 468,99 5,80 15,53
24,0 25,50 483,34 5,97 16,01
27,0 28,50 497,91 6,15 16,49
30,0 31,50 509,51 6,30 16,87
33,0 34,50 522,31 6,46 17,30
36,0 37,50 533,10 6,59 17,66
39,0 40,50 542,91 6,71 17,98
42,0 43,50 552,80 6,83 18,31
45,0 46,50 561,67 6,94 18,60
48,0 49,50 000,00 0,00 00,00

Sendo: B Y  12 m , B x  24 m , Ca x  1, 03 e Ca y  1,38 ,
obtém-se: fvx *  12 ,36 .q e fvy *  33 ,12 .q cujos valores estão
na quarta e quinta colunas da Tab. 6.8.
As forças concentradas, em kN, a serem aplicadas nos níveis
de vigamento na direção X como na Y estão na Tab. 6.9. Elas
foram calculadas, respectivamente, através das Eqs. (6.8) e
(6.9), abaixo, reescritas para o caso do Bx, By e h constantes.
Observa-se que nessas circunstancias não são necessários o
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 179

calculo de fvx * e fvy * para a obtenção do carregamento nodal


do vento.

Tab. 6.9 – Força nodal devido ao vento


Z Z* q By Bx Fvento, x Fvento, y
Nív (m) (m) (N/m2) (m) (m) (kN) (kN)
1 0,0 1,50 238,14 12,00 24,00 4,41 11,83
2 3,0 4,50 313,65 12,00 24,00 10,23 27,42
3 6,0 7,50 356,63 12,00 24,00 12,43 33,30
4 9,0 10,50 387,43 12,00 24,00 13,80 36,96
5 12,0 13,50 412,79 12,00 24,00 14,84 39,75
6 15,0 16,00 434,06 12,00 24,00 15,69 42,09
7 18,0 19,50 452,85 12,00 24,00 16,44 44,08
8 21,0 22,50 468,99 12,00 24,00 17,10 45,80
9 24,0 25,50 483,34 12,00 24,00 17,66 47,31
10 27,0 28,50 497,91 12,00 24,00 18,18 48,75
11 30,0 31,50 509,51 12,00 24,00 18,68 50,04
12 33,0 34,50 522,31 12,00 24,00 19,14 51,25
13 36,0 37,50 533,10 12,00 24,00 19,58 52,44
14 39,0 40,50 542,91 12,00 24,00 19,95 53,46
15 42,0 43,50 552,80 12,00 24,00 20,31 54,43
16 45,0 46,50 561,67 12,00 24,00 20,65 55,36
17 48,0 47,50 000,00 0,00 00,00 10,41 27,90

F vento , x , i  Ca x B y h ( q i  q i 1 ) / 2

F vento , y , i  Ca y B x h ( q i  q i 1 ) / 2

onde: i varia de 1 à n, sendo n o nível de vigamento mais alto,


o topo da edificação.
180 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Na força a ser aplicada no nível 0 a parcela q i 1 hi 1  0 pois


q 1  0 , sendo, F vento , 0  Caq 0 Bh 0 / 2 . Na força no nível 16 a
parcela q 16 h16  0 sendo, F vento ,16  Caq 15 Bh 15 / 2 . Os valores de
h 1 q 1 e h16 q 16
seriam calculados, respectivamente, para o
pavimento abaixo do nível do terreno, onde não há incidência
do vento e, para o pavimento acima do edifício, que não existe.

6.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Ex.6.1 - Calcular o carregamento nodal a ser considerado na


direção X e, na Y, da projeção horizontal do edifício mostrado
nas Figs. 6.8 - (“a” e “b”), 6.9 e 6.10.
Obs.:

a) As cotas que se fizerem necessárias para a realização do


exercício devem ser adotadas;

b) A localização e ocupação da edificação devem ser


adotadas;

c) Considerar o projeto arquitetônico do edifício indicando


projeção regular e que a sua projeção horizontal da pode
ser assemelhada a de um retângulo;
d) Considerar que todas as lajes (subsolo, térreo, mezanino e
tipo) tem o mesmo vigamento. Inclusive a laje de coberta.

e) Notar que o nível natural do terreno é o mesmo que o do


pavimento térreo
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 181

Figs. 6.8 - (“a” e “b”) Fachadas da edificação do Ex.6.1


182 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fig.6.9 - Projeção horizontal do pavimento tipo


ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 183

Fig.6.10 Fachada principal com cotas


184 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Capítulo 7
A análise não-linear
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 185

O parâmetro  assim como o coeficiente  z permite ao


projetista avaliar a susceptibilidade da estrutura aos efeitos de 2ª
ordem, como também a necessidade da consideração desses efeitos
na análise de estabilidade global.
A avaliação através do parâmetro  leva em conta limites
inicialmente recomendados pelo CEB (1978), divulgados por
Fusco (1981) e França (1985) dentre outros e posteriormente
detalhados por Vasconcelos (1992) e Franco (1999), sendo
recentemente incorporados ao texto da NBR 6118:2014.
Enquanto Fusco realça a importância da esbeltez dos
elementos do SEC, bem como dos limites e das condições
estabelecidas no CEB (1978), França chama a atenção para a
necessidade de estudos mais detalhados tendo em vista a
redefinição do limite do parâmetro em evidencia e Franco
sugere limites diferentes em função da composição do SEC.
A partir da NBR 6118:2003 as normas brasileiras
pertinentes recomendam a utilização do parâmetro  na
verificação da indeslocabilidade ou deslocabilidade dos nós
das estruturas reticuladas simétricas, incorporando os valores
limites sugeridas por Franco e ignorando as considerações
relativas ao índice de esbeltez dos elementos de
contraventamento e a classificação desses elementos em
rígidos e flexíveis.
Observa-se que a NBR 6118 induz a utilização de modelos
de pórtico preferencialmente espacial nos quais não se
necessita explicitar os elementos do sistema estrutural de
contraventamento.
Como decorrência da utilização de toda a estrutura da
edificação no SEC observa-se que a análise em separado dos
elementos estruturais verticais planos (pórticos e pilares) se
torna por ser mais trabalhosa devido à inexistência de
elementos contraventados nos quais não atuam ações oriundas
186 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

da análise global. Desse modo a utilização, em cada uma das


direções ortogonais da projeção horizontal da edificação, do
pórtico chamado trenzinho formado por todos os elementos
planos verticais da estrutura da direção considerada (Fig.3.10)
se constitui num esquema de grande eficiência não só no
calculo do parâmetro de instabilidade global, como também no
calculo do coeficiente  z .
Quando se utiliza o coeficiente  z , além da avaliação
quanto à importância dos efeitos de 2ª ordem e a necessidade
da sua consideração, o calculista tem a possibilidade de corrigir
os resultados obtidos da análise de 1ª ordem, de modo que a
eles sejam agregados os efeitos decorrentes da não-linearidade
no comportamento da estrutura em análise.
Nos casos em que toda estrutura da edificação faz parte do
SEC o  z pode ser calculado através da utilização do pórtico
trenzinho. Todavia esse pórtico que representa
esquematicamente a estrutura da edificação segundo uma das
direções da projeção horizontal, a rigor, não se presta para a
determinação do carregamento equivalente ao desaprumo dos
elementos que o compõem (pórticos e pilares), pois de acordo
com a NBR 6118:2014, em principio, para cada um desses
elementos (pórticos e pilares) deverá ser adotado um ângulo
 a de desaprumo diferente. Se, de acordo com o CEB (1978),
o ângulo de inclinação fosse único então essa restrição
desapareceria.
Todavia, as soluções possíveis com a utilização dessas
grandezas,  e  z , sejam em estruturas planas, sejam em
estruturas espaciais, resultam, sempre, em procedimentos
simplificados, cujas aproximações foram objeto de
comentários ou, pelo menos, de citação nos capítulos
anteriores.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 187

Resultados praticamente exatos são possíveis quando se


considera a estrutura da edificação na sua forma espacial com a
participação de todos os elementos componentes, submetendo-
a a análise não-linear – ANL - (física e geométrica). Entretanto,
mesmo trabalhando com estruturas (ou subestruturas) planas, é
possível a obtenção de resultados cuja aproximação aos
resultados considerados exatos seja plenamente satisfatória
para a análise e dimensionamento das estruturas de edifícios
usuais.

7.1. O PARÂMETRO  E A ANL

No projeto estrutural de um edifício no qual o parâmetro de


instabilidade global do sistema estrutural de contraventamento
tem valor maior que os definidos pela NBR 6118:2014
(    1 ou    2 apresentado no Capítulo 5 desse trabalho),
toda a estrutura deverá ser considerada como de nós
deslocáveis, devendo sua análise ser realizada sob a condição
do comportamento não-linear físico e geométrico. Pois, nessa
condição (    1 ou    2 ), o sistema estrutural de
contraventamento adotado não pode garantir a
indeslocabilidade, se quer dos elementos a serem
contraventados.
Por outro lado, se o valor deste parâmetro calculado para o
sistema estrutural de contraventamento for menor ou igual aos
limites acima mencionados, fica garantida a indeslocabilidade
inclusive aos elementos do sistema estrutural contraventado.
Sendo, nesta situação, tais elementos tratados como elementos
isolados (nos quais não incide nem a ação do vento nem a do
desaprumo entre outras, isto é; não são afetados por efeitos
globais) submetidos, que são apenas, a análise de estabilidade
local e localizada.
188 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

É importante notar que na NBR 6118:2014 não se vê


considerações especificas sobre o valor limite do índice de
esbeltez dos elementos do SEC, definindo, apenas, o valor
máximo desse índice a ser observado em todos e quaisquer
elementos comprimidos excetuando-se os postes com força
normal menor que 0,10fcdAc, o valor 200.
Estruturas mais econômicas são projetadas quando,
seguindo as recomendações da NBR 6118:2014, todos os
elementos estruturais verticais da edificação participam do
sistema estrutural de contraventamento (As cargas horizontais
serão distribuídas entre todos os elementos verticais).
De acordo com a norma citada tudo se passa como se todo
elemento de contraventamento fosse admitido como rígido
quando o valor do parâmetro  desse elemento de
contraventamento for menor ou igual aos valores limites
especificados para cada caso em que possam ser considerados
indeslocáveis.
De qualquer modo, verificando-se a necessidade de
submeter as estruturas à análise não-linear, devem ser
consideradas, obrigatoriamente, a não-linearidade física e a
não-linearidade geométrica.
A análise não-linear (ANL) de uma estrutura pode ser
realizada através de processos exatos ou de processos
aproximados. Optando-se por uma solução aproximada, é
possível a utilização do processo P   , descrito no item 7.3.
Na aplicação deste processo a não-linearidade geométrica é
automaticamente considerada enquanto a outra, a física, pode
ser levada em conta de maneira simplificada através da redução
da rigidez EI das vigas e dos pilares, conforme estudado no
Capítulo 4.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 189

Casos de contraventamento estrutural sob a ótica do


parâmetro 

Admitido que a estrutura de um edifício seja composta,


segundo a direção Y, por seis pórticos iguais dois a dois,
simetricamente posicionados em relação ao eixo de simetria Y´,
como mostrado na Fig. 7.1, estando esses pórticos
representados, na Fig.7.2- “a”, “b” e “c”; então, definindo-se
para a estrutura, o sistema de contraventamento dessa direção
Y, o SECy, de quatro maneiras diferentes, discutem-se as
situações estruturais previstas no início deste item 7.1.
No primeiro caso, admite-se que o SECY é composto apenas
pelos pórticos PORTT. 001 e PORTT. 006, que são iguais
entre si, sendo iguais, também, os seus carregamentos (vertical
e horizontal).
Com as informações obtidas da análise linear de um desses
pórticos submetido a uma carga concentrada horizontal de
valor unitário aplicada no topo (Tab. A.7.1 do Anexo A.7) e,
sendo conhecidas as características físicas e geométricas desse
elemento estrutural, bem como o somatório das forças verticais
da edificação, obtêm-se o valor do parâmetro  para o SECY
(neste caso  SEC y ,1 ) através das Eq. (4.20).

 SEC  0 ,93
y ,1
(7.1)
(7.19)

Constatado que o valor de  SECy ,1 é maior que o valor limite


 2  0 ,50 (SEC composto exclusivamente por pórticos), então,
em se mantendo este SEC, configura-se uma situação na qual
toda a estrutura da edificação deverá ser analisada sob a
consideração da não-linearidade no seu comportamento. Posto
que o sistema estrutural definido não pode garantir a
190 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

indeslocabilidade nem dos elementos contraventados nem a


sua própria.
Com o SEC composto pelos PORTT. 003 e PORTT. 004
tem-se o 2º caso, para o qual o valor do  SEC y , 2  0 , 60 . A
situação é a mesma da observada para o SEC anterior, pois o
valor do  SEC y , 2 é maior que o valor limite  2 .
Portanto, de acordo com a NBR 6118:2014 sendo
 SEC y ,2
 0 , 50 e o SEC composto exclusivamente por
pórticos, toda estrutura da edificação deverá ser submetida à
análise não linear, isto é não linearidade física e geométrica.
No terceiro caso, com o SEC composto pelos pórticos
PORTT.001, PORTT.003, PORTT.004 e PORTT.006, obtém-
se para  SEC y , 3 um valor que pode ser considerado igual 0,5.
De acordo com a NBR 6118:2014, este sistema de
contraventamento garante a indeslocabilidade de toda a
edificação que, nesta condição, poderá ser analisada apenas sob
a consideração do comportamento linear.
No último caso, incluídos os seis pórticos no sistema de
contraventamento, o valor do parâmetro de instabilidade global
é menor que o seu valor limite. Pois devido à inclusão dos
pórticos PORTT. 002 e PORTT. 005 no SEC, a sua inércia
aumentou e, conseqüentemente, o valor de  SECy , 4 diminui, em
relação ao do  SEC y ,3 , resultando, portanto, menor do que
aquele calculado no caso anterior, sendo igual a 0,43.
Como decorrência da não existência de elementos
contraventados (no estudo do quarto caso) na direção Y, acima
referida, tem-se: CC 1  CC 1 * e CC 3  CC 3 * . Ou seja: a ação
oriunda das cargas verticais dos elementos contraventados
sobre os elementos de contraventamento na estrutura
deslocada, o CC1**; é nula; assim como será nulo o CC 3 * * .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 191

Fig.7.1 – Sistema estrutural da edificação


192 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

(a) PORTT. 001 (b) PORTT. 002 (c) PORTT. 003


Fig.7.2 – Pórticos
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 193

7.2. O COEFICIENTE  z E A ANL

No que diz respeito ao coeficiente  z , a análise não-linear é


obrigatória para as estruturas reticuladas com mais de 3
pavimentos ou níveis de vigamento, nas quais o seu valor
ultrapasse a 1,10, isto é:  z   Z 1  1,10 .
Calculado o valor desse coeficiente e verificada a
obrigatoriedade da consideração da análise não-linear do
sistema estrutural de contraventamento adotado, o engenheiro
calculista pode utilizar um dos caminhos indicados no subitem
7.1, por exemplo: estudar a estrutura através de método geral
ou aproximado, submetendo-a a análise não-linear, ou resolver
o problema numa única etapa de análise linear, aplicando, em
cada combinação de carregamento com valor de calculo a ser
utilizada, o coeficiente adicional de majoração das cargas
horizontais, cujo valor recomendado pela NBR 6118:2014 é
igual à 0 ,95  z . Veiga (1995) recomenda a utilização do
próprio valor do coeficiente  z . A norma citada recomenda,
ainda, a aplicabilidade desse coeficiente somente nos casos em
que 1,10   z  1 . 30 .

7.3. A ANÁLISE DE 2ª ORDEM E O P

O P   é um processo suficientemente rigoroso (Fusco,


1981; França, 1885) que pode ser usado para análise estrutural
com não-linearidade geométrica e física, nos casos de pórticos
múltiplos com elementos perpendiculares entre si.
A consideração da não-linearidade geométrica já está
embutida na própria formulação deste processo, enquanto a
consideração da não-linearidade física é incorporada à análise
194 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

através da redução da rigidez à flexão EI da estrutura, como


estudado no início do Capítulo 4.

7.3.1 O Processo P  

Este processo consiste de várias etapas, que podem ser


assim apresentadas:

1ª etapa:

É feita uma análise de 1ª ordem da estrutura (a iteração 0)


submetendo-a a uma combinação de carregamento com valor
de calculo, por exemplo, a combinação da iteração 0 - CB(I0),
mostrada nas Eqs. (7.2 – “a” e “b”), da quais participam o seu
carregamento vertical natural composto por cargas
permanentes e variáveis (o carregamento CC1*) e o
carregamento devido ao vento, o CC2, vide Fig. 7.3.

CB ( I 0 )  F d   g F gk   q F q 1 k   02
 q F q 2 k ( vento )

CB ( I 0 )   f CC 1 *  0  f CC 2 (7.2 – “a” e “b”)

Na Eq. (7.2–“a”), F gk e F q 1 k representam as ações verticais


permanentes e variáveis, essas consideradas como variáveis
principais, F qk ( vento ) representa o efeito do vento.  g ,  q e  02 ,
o coeficiente de majoração das ações permanentes e variáveis e
o coeficiente de combinação da ação variável considerada
secundaria que aparecem na Eq. (7.2 – “b”) como  f e  0 .
Das grandezas calculadas nesta etapa, são importantes os
deslocamentos horizontais a i( 0 ) (o índice sobrescrito que varia de
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 195

j= 0,1,2,..., indica a iteração na qual a grandeza foi calculada, o


subscrito indica o nível da laje ou do vigamento
correspondente ao do nó no qual o deslocamento é calculado e
varia com i=1,2,...; detalhes nas Figs. 7.4 e 7.5.

Fig.7.3 Deslocamentos nodais em uma prumada do pórtico


submetido à combinação de carregamentos CB(I0)
C oberta (5)
11 12
5 ª L aje 5 ª L aje
(10) (15)

3 ° P av . T ipo (4)
4 ª L aje 9 10
4 ª L aje
(9) (14)

2 ° P av . T ipo (3)
7 8
3 ª L aje 3 ª L aje
(8) (13)

1 ° P av . T ipo (2)
6
2 ª L aje 5 2 ª L aje
(7) (12)

P av . T erreo (1)
3 4
1 ª L aje (6) 1 ª L aje (11)
1 2

Fig.7.4 Os níveis das lajes, dos vigamentos e


dos nós de uma prumada do pórtico
196 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

2ª etapa:

Nesta etapa serão considerados os momentos que aparecem


nos nós da estrutura, M i(01) , Eq.(7.3). Cada um deles atua no
nível da laje i  1 , em decorrência da interação do
carregamento vertical acumulado, do topo da estrutura ate o
n

nível i, F vi  F vk
, com o deslocamento horizontal  a i( 0 ) .
k i

(0)
M i 1  F vi  a i
(0)
(7.3)

O deslocamento  a i( 0 )  a i( 0 )  a i(01) , em cada nível i


representa o deslocamento horizontal de um pavimento - nível
i, em relação ao pavimento que lhe é inferior - nível i-1,
calculados na iteração 0; F vi é o somatório das cargas verticais
que atuam do nível i até o topo (quando i será igual á n ) do
pórtico e, M i(01) é o momento provocado pelas forças F vi , em
todas as expressões i varia de 1 à n, sendo n o nível
correspondente ao topo do pórtico.
Partindo desses momentos (efeitos de 2ª ordem), calculam-
se as forças nodais horizontais F hi( 0 ) que, atuando aos pares,
como binários, aplicadas nos nós da prumada mais à esquerda
do elemento estrutural, correspondentes ao nível da laje i e da
laje inferior provocarão momentos equivalentes aos gerados
pela Eq. (7.3) e ilustrado na Fig. 7.6.
Pois, sendo: M i(01)  Fvi  a i( 0 )  F hi( 0 )  z i , então:

(0)
F vi  a i
F
(0)
hi
 (7.4)
zi
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 197

(a) (b)

Fig. 7.5 Em cada nível o momento produzido pelas forças


Verticais é igual ao das forças horizontais

Onde:  z i  Z i  Z i 1 representa a distância entre a laje (ou


vigamento ou nó da estrutura) do nível i  1 e i, ou seja, o
desnível entre pavimentos consecutivos, também representados
por hi .
Como as forças horizontais, F hi( j ) , calculadas em cada
iteração, atuarão como binários, sua resultante será nula, vide
Fig. 7.7. Em geral, as forças horizontais nodais calculadas para
cada dois níveis de pavimento ou de vigamento consecutivos
são diferentes, resultando em cada nó da prumada escolhida do
pórtico, em cada iteração após a iteração 0, além do
carregamento inicial, uma força horizontal cujo valor será
igual à diferença indicada na Eq. (7.5) e mostrada na Fig. 7.8.

( j)
F hi
( j) ( j)
 F hi 1   F hi (7.5)
198 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Fig.7.6 – Binário das forças horizontais

Fig.7.7 – Os binários e as resultantes nodais

3ª etapa:

Calculadas as forças  F hi( 0 ) , procede-se a uma nova análise


da estrutura. Agora (iteração 1) a estrutura estará submetida à
combinação CB(I0), da iteração 0 acrescido do carregamento
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 199

horizontal composto pelas forças  F hi( 0 ) , representado por


CCI 1 . Da análise realizada com a estrutura na posição
indeformada submetida às solicitações definidas pela
combinação CB ( I 1 ) , mostrada com notação simplificada, na
Eq. (7.6), serão considerados os novos deslocamentos
horizontais agora chamados de a i(1 ) e, a partir deles, serão
calculados os novos deslocamentos relativos entre pavimentos
consecutivos, os  a i(1 )  a i(1 )  a i(11) .

CB ( I 1 )  CB ( I 0 )  CCI 1
  f CC 1   0  f CC 2  CCI 1
(7.6)

Por fim, serão calculadas as forças F hi(1 ) e as  F hi(1 ) (que


constituirão o CCI 2 a ser utilizada na CB(I2) da iteração 2,
conforme Eq. (7.7), no início de nova análise. A cada análise a
que a estrutura é submetida, corresponde uma iteração. Assim,
em cada iteração, serão calculados os deslocamentos a ( i ) e
com eles, os  a ( i ) , com os quais calculam-se as forças  F hi
que serão utilizadas na iteração seguinte.

CB ( I 2 )  CB ( I 1 )  CCI 2
  f CC 1   0  f CC 2  CCI 2
(7.7)

Se os a i( j ) calculados em cada iteração tenderem para


valores finitos (isto é, se eles convergirem), então as forças
F hi também tenderão e a estrutura será estável (existirá uma
( j)

configuração deformada na qual haverá equilíbrio estável).


Nessas condições, procede-se à análise da estrutura tantas
vezes quantas sejam necessárias - m vezes - para que se
obtenham, em duas análises (iterações) consecutivas,
200 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

deslocamentos horizontais iguais para nós (ou pavimentos de


mesmo número), ou que a diferença entre eles seja menor que
um determinado valor, chamado de erro tolerado e, aqui,
representado por  .
Observa-se que no caso de um pórtico isolado ou de um
elemento do SEC onde todos os elementos estruturais da
edificação participam, as forças acumuladas, em cada nível i,
F vi (utilizada para o calculo das forças F hi e das  F hi , nas
( j) ( j)

iterações j= 0,1,2,3...m), serão do CC 1 * , pois não havendo


elementos estruturais contraventados a parcela CC1**, do
carregamento vertical - CC1 - da estrutura, é nula; sendo, desse
modo, o CC1 igual ao CC1*. Pois o CC1 é definido como o
carregamento vertical do pórtico, ou elemento de
contraventamento – sendo igual à soma do CC1* com o
carregamento natural dos elementos do sistema contraventado
que estão sob a sua responsabilidade, o CC1**.

7.3.2. Exemplo de Aplicação do Processo P  

Seja como exercício de aplicação o calculo dos


deslocamentos nodais, das reações dos apoios e dos esforços
das extremidades da barras do pórtico de concreto armado
esquematizado na Fig. 7.9, cujos pilares têm seção com 0,10
m2 e inércia de 0,0021 m4 e as vigas têm seção com 0,06 m2 e
inércia de 0,0008 m4, f ck  30 MPa .
O carregamento está aplicado conforme indicado na Fig.
7.10. Sendo assim constituído: G k , Q k , g k e q k são verticais e
compõem o CC1* (que neste caso é igual ao CC1), F h , vento , k , i é
horizontal, onde i varia de 1 à 5, indicando cada um dos níveis
de vigamento do pórtico onde atuam as forças componentes do
CC2 .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 201

Considerar os efeitos de 2ª ordem devidos à não-linearidade


geométrica através do processo P   e, os da não-linearidade
física, através da redução da inércia dos elementos da estrutura.
São dados:

f ck  30 MPa

E c  30 . 672 MPa E cs  26 . 991 MPa

 F h , vento ,k ,5
 8 , 43 kN
G k  90 , 0 kN 
 F h , vemto  16 , 22 kN
 ,k ,4
Q k  36 , 0 kN 
CC 1 k  CC 2 k  F h , vento ,k ,3
 14 , 94 kN
gk  19 , 0 kN m  F h , vento ,k , 2
 5 ,19 , kN
q  7 , 00 kN m 
 k F h , vento  0 , 65 kN
 , k ,1

Fig. 7.8 – O pórtico para a aplicação do P  


202 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

(a) o CC1* (b) o CC2

Fig. 7.9 – O Pórtico com os carregamentos:


a) natural e b) do vento

Solução:

Observa-se que o fator f R para redução da rigidez será


utilizado com EciIc como sugerido por Veiga(1995) e
recomendado pela atual NBR 6118-2014, no subitem 15.7.3 e
não com EcsIc
Para os pilares f R  0 ,80 E ci I c e para as vigas (que aqui são
consideradas com armadura de compressão diferente da de
tração) f R  0 , 40 E ci I c . E ci representa o modulo de
deformação inicial ou tangente do concreto e I c , o momento
de inercia obtido com a seção bruta (não fissurada).
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 203

O processo P  

Iteração zero

Análise de 1ª ordem para determinação das forças


horizontais  F h( 0i ) , a serem aplicadas nos nós de uma prumada
do pórtico, na iteração 1. A combinação de cargas adotada é:

CB ( I 0 )  F d   g F gk   q F q 1 k   02  q F q 2 k

CB ( I 0 )  1, 4 CC 1  0 . 6 x1 . 4 CC 2 (7.13-“a” e “b”)

Tab. 7.1 Forças horizontais,  F hi( 0 ) = CCI1, para a iteração 1

Nível Pav nó ai
(0) (0)
ai F vdi
(0)
F hi
(0)
 F hi
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,03644 0,00720 607,6 1,4582 1,46
4 4º 9 0,02924 0,00922 1215,2 3,7347 2,28
3 3º 7 0,02002 0,01055 1822.8 6,4102 2,68
2 2º 5 0,00947 0,00808 2430,4 6,5451 0,14
1 1º 3 0,00139 0,00139 3038,0 2,8152 -3,73
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,0000 -2,81

Iteração 1

Análise de 2ª ordem para determinação das forças


horizontais a serem aplicadas nos nós de uma prumada do
pórtico, na iteração 2. A combinação de cargas adotada é:

CB ( I 1 )  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 CC 2  CCI 1
(7.14)
204 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O carregamento horizontal para esta iteração será:

Tab. 7.2 Carregamento horizontal da CB ( I 1 )


Nivel 5 4 3 2 1 0
0 , 6 x1, 4 CC 2 7,056 13,618 12,516 4,369 0,504 0,000

CCI 1 1,458 2,276 2,675 0,135 -3,725 -2,810


Total 8,5 15,9 15,2 4,5 -3,2 -2,8

Tab. 7.3 Forças horizontais,  F hi


(1 )
= CCI2, para a iteração 2

Niv. Pav nó (1 )
ai ai
(1 )
F vdi F hdi
(1 ) (1 )
 F hid
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,04295 0,00849 607,6 1,7195 1,72
4 4º 9 0,03446 0,01092 1215,2 4,4233 2,70
3 3º 7 0,02354 0,01246 1822.8 7,5707 3,15
2 2º 5 0,01108 0,00949 2430,4 7,6882 0,12
1 1º 3 0,00159 0,00159 3038,0 3,2203 -4,47
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,0000 -3,22

Iteração 2

Análise de 2ª ordem para determinação das forças


horizontais a serem aplicadas nos nós de uma prumada do
pórtico, na iteração 3, o CCI3. A combinação de cargas é:

CB ( I 2 )  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 CC 2  CCI 2
(7.15)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 205

O carregamento horizontal para esta iteração será:

Tab. 7.4 Carregamento horizontal da CB ( I 2 )


Nivel 5 4 3 2 1 0
0 , 6 x1, 4 CC 2 7,056 13,618 12,516 4,369 0,504 0,000

CCI 2 1,719 2,704 3,147 0,117 -4,468 -3,30


Total 8,8 16,3 15,7 4,5 -4,0 -3,2

Tab. 7.5 Forças horizontais,  F hi


(2)
= CCI3, para a iteração 3

Niv. Pav nó (1 )
ai ai
(1 )
F vdi F hdi
(1 ) (1 )
 F hid
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,04418 0,00874 607,6 1,7701 1,77
4 4º 9 0,03544 0,01124 1215,2 4,5529 2,78
3 3º 7 0,02420 0,01282 1822.8 7,7894 3,24
2 2º 5 0,01138 0,00975 2430,4 7,8988 0,11
1 1º 3 0,00163 0,00163 3038,0 3,3013 -4,60
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,0000 -3,30

Iteração 3

Análise de 2ª ordem para determinação das forças


horizontais a serem aplicadas nos nós de uma prumada do
pórtico, na iteração 4, o CCI4. A combinação adotada é:

CB ( I 3 )  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 CC 2  CCI 3
(7.16)
206 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O carregamento horizontal para esta iteração será:

Tab. 7.6 Carregamento horizontal da CB ( I 3 )


Nivel 5 4 3 2 1 0
0 , 6 x1, 4 CC 2 7,056 13,618 12,516 4,369 0,504 0,000

CCI 3 1,770 2,273 3,236 0,11 -4,597 -3,30


Total 8,8 16,4 15,7 4,5 -4,1 -3,3

Tab.7.7 Forças horizontais,  F hi( 3 ) = CCI4, para a iteração 4

Niv. Pav nó (1 )
ai ai
(1 )
F vdi F hdi
(1 ) (1 )
 F hid
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,04428 0,00875 607,6 1,7722 1,77
4 4º 9 0,03553 0,01128 1215,2 4,5691 2,80
3 3º 7 0,02425 0,01285 1822.8 7,8077 3,24
2 2º 5 0,01140 0,00977 2430,4 7,9150 0,11
1 1º 3 0,00163 0,00163 3038,0 3,3013 -4,61
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,0000 -3,30

Iteração 4

Análise de 2ª ordem para determinação das forças


horizontais a serem aplicadas nos nós de uma prumada do
pórtico, na iteração 5. A combinação de cargas adotada é:

CB ( I 4 )  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 CC 2  CCI 4
(7.17)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 207

O carregamento horizontal para esta iteração será:

Tab. 7.8 Carregamento horizontal da CB ( I 4 )


Nivel 5 4 3 2 1 0
0 , 6 x1, 4 CC 2 7,056 13,618 12,516 4,369 0,504 0,000

CCI 4 1,772 2,797 3,239 0,107 -4,614 -3,30


Total 8,8 16,4 15,8 4,5 -4,1 -3,3

Tab. 7.9 Forças horizontais,  F hi


(4)
= CCI5, para a iteração 5

Niv. Pav nó (1 )
ai ai
(1 )
F vdi F hdi
(1 ) (1 )
 F hid
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,04505 0,00886 607,6 1,7944 1,79
4 4º 9 0,03619 0,01143 1215,2 4,6299 2,83
3 3º 7 0,02476 0,01310 1822.8 7,9596 3,33
2 2º 5 0,01166 0,00999 2430,4 8,0932 0,13
1 1º 3 0,00167 0,00167 3038,0 3,3823 -4,71
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,0000 -3,38

Iteração 5

Análise de 2ª ordem para determinação das forças


horizontais a serem aplicadas nos nós de uma prumada do
pórtico, na iteração 6. A combinação de cargas adotada é:

CB ( I 5 )  1, 4 CC 1  0 , 6 x1, 4 CC 2  CCI 5
(7.18)
208 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

O carregamento horizontal para esta iteração será:

Tab. 7.10 Carregamento horizontal da CB ( I 5 )


Nivel 5 4 3 2 1 0
0 , 6 x1, 4 CC 2 7,056 13,618 12,516 4,369 0,504 0,000

CCI 5 1,794 2,835 3,330 0,134 -4,711 -3,30


Total 8,8 16,4 15,8 4,5 -4,2 -3,3

Tab.7.11 Forças horizontais,  F hi


(5)
= CCI6, para a iteração 6

Niv. Pav nó (5)


ai
(5)
ai F vdi
(5)
F hdi
(5)
 F hdi
(m) (m) (kN) (kN) (kN)
5 11 0,04435 0,00877 607,6 1,7762 1,78
4 4º 9 0,03558 0,01128 1215,2 4,5691 2,79
3 3º 7 0,02430 0,01288 1822.8 7,8259 3,26
2 2º 5 0,01142 0,00978 2430,4 7.9231 0,10
1 1º 3 0,00163 0,00163 3038,0 3,3013 -4,60
0 1 0,00000 0,00000 3038,0 0,00 -3,32

Sendo iguais os esforços  F hdi e/ou os  a i , calculadas nas


4ª e 5ª (ultima e penúltima) iterações, chega-se ao final da
análise, pois a estrutura atingiu uma configuração deformada
de equilíbrio estável.
É importante notar que sendo o processo interrompido na
iteração 5, erros serão introduzidos Pois neste caso os esforços
 F hdi , calculadas nas 4ª e 5ª (ultima e penúltima) iterações,
teriam valores diferentes conforme mostrados nas Tab. 7.12.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 209

Consideradas desprezíveis os erros entre os deslocamentos


horizontais nodais e entre os esforços  F hi , calculadas nas 4ª e
5ª iterações, o processo é interrompido.
Para o cálculo do erro cometido devido à interrupção do
processo serão utilizadas as expressões abaixo, análogas à Eq.
(5.31). A primeira quantifica o erro cometido ao serem
considerados iguais os deslocamentos a i( 5 ) e a i( 4 ) , e a outra, as
forças  F hdi( 5 ) e  F hdi( 4 ) , mostrados, respectivamente, na quarta e
sexta colunas da tabela abaixo.

(5) (4)
ai  ai
 (%)  (5)
x100 (7.19)
(7.19)
ai

(5) (4)
 F hi   F hi
 (%)  (5)
x100 (7.20)
(7.20)
 F hi

Tab. 7.12 Diferença entre: a i( 5 )  a i( 4 ) e  F hdi( 5 )   F dhi( 4 )

Niv. Nó ai
(5)
 ai
(4)
 (%) (5) (4)
 F hdi   F dhi  (%)
(7.19) (7.20)
5º 11 -0,0007 -1,58 - 0,01 - 0,56
4º 9 -0,0006 -1,71 0,04 1,43
3º 7 -0,0005 -1,89 -0,07 - 2,15
2º 5 -0,0002 -2,10 -0,02 -30,00
1º 3 -0,0000 -2,45 -0,03 - 1,95
1 0,000 0,00 0,00 1,82

Nota-se que devido à interrupção do processo o maior erro


cometido relativamente aos deslocamentos foi de 2 , 45 % e
210 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

relativamente às forças horizontais, de 2 ,15 % . O sinal


negativo indica que a grandeza obtida na ultima iteração
considerada foi menor que a obtida na iteração anterior.
O valor do erro cometido no calculo das forcas no nível 2
deve ser desconsiderado dado a insignificância dos seus
valores comparados com o grau de aproximação utilizado no
FTOOL. Talvez, por esta razão, o erro deva ser observado
apenas relativamente aos deslocamentos.

Os resultados

As reações dos apoios e os esforços nas extremidades das


barras obtidos através da aplicação do P   , estão
respectivamente nas Tab. A.7.1 e Tab. A.7.2 do anexo A.7.
Nas Tab. 7.13 e Tab. 7.14 estão os erros verificados no
cálculo das grandezas acima referidas com o processo P   ,
comparados aos valores obtidos através da aplicação do  z .
H, V e M são, na ordem, as reações de apoio horizontas,
verticais e momentos com sinal positivo se estiverem de
acordo com o sentido crescente dos eixos do sistema global de
referência (SGR) a que estão referidos. N 1 , V1 , M 1 , N 2 , V 2 e
M 2 são correspondentes aos esforços p 1 , p 2 , p 3 , p 4 , p 5 e
p 6 , das extremidades de barra de pórtico plano, no sistema
local de referência (SLR), cujos sentidos positivos estão
indicados na Fig.7.11, para maiores detalhes sobre o assunto
ver, por exemplo, Cruz (2000).
Quando, nas Tab.7.13 e Tab.7.14, os valores têm sinais
positivos significa que os esforços obtidos com o P   são
maiores em intensidade que os obtidos via  z . Caso contrário,
serão maiores os resultados obtidos através do  z .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 211

y
P2 P5
P1 1 2 P4
o (1) x
P3 P6

Fig.7.10 – Os esforços nas extremidades de


uma barra de pórtico plano, no slr

Tab. 7.13– Erro (%) - Reações dos apoios


Nó (apoio) H V M
1 2,72 -0,15 3,43
2 -0,83 0,14 2,04

Tab.7.14 – Erro (%) - Esforços de extremidades


Barra N1 Q1 M1 Q2 M2
1 -7,11 0,24 -0,54 0,15 0,43
2 36,36 -0,42 -1,67 0,36 1,11
3 5,13 0,50 6,43 0,02 0,06
4 -1,50 -0,42 -1,41 0,37 0,98
5 0,37 0,49 -1,06 0,30 0,80
6 -0,15 2,72 3,43 2,72 3,02
7 -0,17 -5,78 -383,33 -5,78 8,52
8 -0,17 -5,03 -6,17 -5,03 -1,69
9 -0,15 -2,67 -1,95 -2,67 -8,13
10 -0,13 -0,55 0,31 -0,55 -1,06
11 0,14 -0,83 2,04 -0,83 13,01
12 0,16 1,58 2,93 1,58 -1,10
13 0,16 2,12 2,43 2,12 1,80
14 0,14 -0,54 0,40 -0,54 219
15 0,13 0,37 -0,36 0,37 0,80
212 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

7.4. CASOS DE CONTRAVENTAMENTO

Algumas das grandezas relativas aos pórticos são utilizadas


na análise de cada um dos quatro casos de contraventamento
apresentados no subitem 7.1.1, sendo por essa razão, todas
calculadas no próximo subitem, o 7.4.1.

7.4.1 A análise dos pórticos do SEC da direção Y

Os deslocamentos nodais obtidos da análise linear (1ª


ordem), assim como o momento de inércia e a rigidez direta a
flexão estão calculados, para os pórticos diferentes que
participam dos sistemas de contraventamento dos casos
estudados, nesta ordem: PORTT. 001, PORTT.002 e
PORTT.003. Sabe-se que esses pórticos são iguais dois a dois,
inclusive o carregamento, respectivamente aos PORTT.006,
PORTT.005 e PORTT.004.
O carregamento devido à ação do vento na edificação (Tab.
A.7.3) e os deslocamentos necessários ao calculo do I , do
K f , e do  z estão apresentados no anexo A.7. O carregamento
CC7.1 adotado para o cálculo da inércia equivalente consiste
de uma carga unitária horizontal, aplicada no nó mais alto da
prumada mais à esquerda do pórtico.

7.4.1-1 PORTT. 001

Na Tab. A.7.4, na qual se obtêm, os dados utilizados nos


cálculos que se seguem, estão os valores dos deslocamentos
horizontais do PORTT.001, submetido à ação do carregamento
CC7.1, bem como o CC1*.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 213

 Deslocamento

Deslocamento no topo: a  0 , 000838 m (7.21)

 Momento de Inércia

3
Fh H 42 ,90
3

Ix    1, 0468 m
4
(7.22)
3 E cs a 3 x 30000000 x 0 , 000838

 Rigidez direta a flexão

K PORTT . 001
 a
1
 1193 ,3 kN m (7.23)

 Parâmetro de instabilidade

  H
F vk
 42 ,9
2943 , 40
 0 , 42 (7.24)
y
E cs I 30000000 x1, 0468

7.4.1-2 PORTT. 002

Na Tab. A.7.5, na qual se obtêm, os dados utilizados nos


cálculos que se seguem, estão os valores dos deslocamentos
horizontais do PORTT.002, submetido à ação do carregamento
CC7.1, além do CC1*.

 Deslocamento

Deslocamento no topo: a  0 , 000676 m (7.25)


214 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 Momento de Inércia

3
Fh H 42 ,9
3

Ix    1, 2977 m
4
(7.26)
3 E cs a 3 x 30000000 x 0 , 000676

 Rigidez direta à flexão

K PORTT . 002
 a
1
 1479 , 3 kN m (7.27)

 Parâmetro de instabilidade

y  H
F vk
 42 , 9
5140 , 00
 0 , 49 (7.28)
E cs I SEC 30000000 x1, 2977

7.4.1-3 PORTT. 003

Na Tab. A.7.6, na qual se obtêm, os dados utilizados nos


cálculos que se seguem, estão os valores dos deslocamentos
horizontais do PORTT.003, submetido ao carregamento CC7.1
assim como o CC1*.

 Deslocamento

Deslocamento no topo a  0 , 000354 m (7.29)

 Momento de Inércia

3 3
F hk H 42 ,90
Ix    2 , 4781 m
4
(7.30)
3 E cs a 3 x 30000000 x 0 , 000354
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 215

 Rigidez direta à flexão

K PORTT . 003
 a
1
 2824 ,8 kN m (7.31)

 Parâmetro de instabilidade

y  H
F vk
 42 , 9
6554 , 0
 0 , 40 (7.32)
E sc I SEC 30000000 x 2 , 4781

7.4.2 Análise dos Casos de Contraventamento

A seguir são analisados os casos de contraventamento


apresentados do subitem 7.1.1.

7.4.2-1 – Análise do SEC do 1ª caso

O SEC do 1º caso é formado pelos pórticos PORTT. 001 e


PORTT. 006 que são iguais entre si, inclusive o carregamento.

 O momento de inércia equivalente do SEC

I SECy .1
 2 I x ( PORTT . 001 )
 2 x1, 0468  2 , 0936 m
4
(7.33)

 O parâmetro de instabilidade global

29274 ,80
 SECy .1
 42 , 90  0 , 93 (7.34)
30000000 x 2 , 0936
216 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 Rigidez direta à flexão

K PORTT . 001
 1193 ,3 kN m  50 %

K SEC y .1
 2 x1193 ,3  2386 , 6 kN m  100 (7.35)

 O coeficiente de majoração dos esforços globais finais

Valor estimado através  z  1,10  0 ,33   0 ,55  2 a partir


do  SECy ,1 :

 z ( SEC y ,1 )
 1, 27 (7.36)

Valor calculado com a Eq. (5.1), utilizando dados da


Tab.A.7.7.

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x1 . 447 , 26  2 . 026 ,16 kNm
i 1

02 
M 1, tot , d    F h , vento , k , i xZ i 
i 1

 0 , 6 x1, 4 x12121 ,56  10182 ,11 kNm

1 1
 z ( SEC y1)
   1, 248  1, 25 (7.37)
M tot , d
2 . 026 ,16
1 1
M 1, tot , d 10182 ,11
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 217

Como  SEC y ,1
 0 ,5 , (limite para SEC exclusivamente de
pórticos) definido na NBR 6118:2014), então o sistema
estrutural de contraventamento não pode garantir a
indeslocabilidade da edificação, neste caso a estrutura da
edificação é considerada de nós deslocáveis. Decorrendo deste
fato a necessidade de submetê-la a análise não linear (física e
geométrica).
Sendo o coeficiente  z , do SEC em estudo,  z ( SEC y ,1 )  1, 25
maior que o valor  z 1 , se confirma a necessidade da análise
não linear. Por outro lado sendo  z ( SEC y ,1 ) menor que
o  z 3  1,30 então é permitido o calculo simplificado (análise
linear) no qual é utilizado 0 ,95  z ( SEC y ,1 ) para majorar as cargas
horizontais nas combinações adotadas.

 O carregamento devido ao vento

Por serem iguais os pórticos do SEC, a cada um deles será


destinado 50% do carregamento gerado pelo vento Vy
incidente na fachada maior da edificação.

 Carregamento vertical proveniente dos elementos do


sistema estrutural contraventado

Devido à simetria da estrutura e do carregamento é evidente


que cada um dos elementos do SEC será responsável, também,
pelo equilíbrio da metade dos elementos contraventados;
sendo, por isso, submetido á ação do carregamento vertical (o
carregamento natural) dos elementos do SC.
A ação do carregamento natural dos elementos
contraventados atuando nos deslocamentos horizontais de 1ª
218 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

ordem, produzidos na estrutura de contraventamento por cada


combinação de carregamento adotada, será considerada através
de um conjunto de forças horizontais nodais aplicadas ao SEC.
No caso geral, quando os elementos do SEC não são iguais,
o conjunto de forças horizontais, acima referido, é distribuído
entre os elementos do sistema de contraventamento
proporcionalmente a sua rigidez direta à flexão, compondo o
carregamento chamado CC1**. Segundo se deduz da NBR-
6118:2014, no calculo do coeficiente  z .

7.4.2-2 – Análise do SEC do 2ª caso

No 2º caso o SEC é composto pelos pórticos PORTT. 003 e


PORTT. 004 que são iguais entre si, sendo também iguais seus
carregamentos.

 O momento de inércia equivalente do SEC

I SEC y .2
 2 I x ( PORTT . 003 )
 2 x 2 , 4781  4 ,9563 m
4
(7.38)

 O parâmetro de instabilidade global

29274 ,80
 SEC y .2
 42 ,90  0 , 60 (7.39)
30000000 x 4 ,9563

 Rigidez direta à flexão

K PORTT . 003
2824 ,8 kN m  50 %

K SEC y .2
 2 x 2824 ,8  5649 , 6 kN m  100 % (7.40)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 219

 O coeficiente de majoração dos esforços globais finais

Valor estimado através  z  1,10  0 ,33   0 ,55  2 a partir


do  SEC y , 2  0 , 60 :

 z ( SEC y 2)
 1,10 (7.41)

Valor calculado com a Eq. (5.1), com dados da Tab.A.7.10.

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x 515 ,53  721 , 75 kNm
i 1

02 
M 1, tot , d    F h , vento , k , i xZ i 
i 1

 0 , 6 x1, 4 x12121 ,56  10182 ,11 kNm

1 1
 z ( SEC y 2 )
   1, 076  1, 08 (7.42)
M tot , d
721 , 75
1 1
M 1, tot , d 10182 ,11

 Carregamento devido ao vento

Por serem iguais os pórticos do SEC, a cada um deles será


destinado 50% do carregamento gerado pelo vento Vy
incidente na fachada maior da edificação.

 Carregamento vertical proveniente dos elementos do


sistema estrutural contraventado
220 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Devido à simetria da estrutura e do carregamento é evidente


que cada um dos elementos do SEC será responsável, também,
pelo equilíbrio da metade dos elementos contraventados;
sendo, por isso, submetido á ação do carregamento vertical (o
carregamento natural) dos elementos do SC.
A ação do carregamento natural dos elementos
contraventados atuando nos deslocamentos horizontais de 1ª
ordem, produzidos na estrutura de contraventamento por cada
combinação de carregamento adotada, será considerada através
de um conjunto de forças horizontais nodais aplicadas ao SEC.
No caso geral, quando os elementos do SEC não são iguais,
o conjunto de forças horizontais acima referido é distribuído
entre os elementos do sistema de contraventamento
proporcionalmente a sua rigidez direta à flexão, compondo o
carregamento chamado CC1**. Segundo se deduz da NBR
6118:2014 no calculo do coeficiente  z .

 Análise

De acordo com a NBR 6118:2014, o SEC pode garantir a


indeslocabilidade da estrutura da edificação, sendo, por isso
mesmo, suficiente a análise linear desse sistema estrutural.
O fato do  z ( SEC y 2 )  1, 08  1,10 confirma a suficiência da
análise linear da estrutura da edificação. É importante observar
que no subitem 15.5.2 da NBR 6118:2014 está mencionado
que o valor do   0 , 6 , em geral, aplicável às estruturas
reticuladas, pode ser substituído quando o SEC for composto
exclusivamente por pórticos pelo valor   0 ,5 . Se esse limite
for aqui considerado, o SECy2 seria considerado insuficiente
para garantir a indeslocabilidade da edificação, porém com o
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 221

 z ( SEC y 2)
 1,10 estaria demonstrada a suficiência desse sistema
de contraventamento.

7.4.2.3 – Análise do SEC do 3ª caso

Nesse caso o SEC é composto pelos pórticos PORTT. 001


PORTT. 003, PORTT. 004 e PORTT.006, o PORTT.001 é
igual ao PORTT.006 e o PORTT.003, ao PORTT.004. Os
pórticos iguais dois a dois têm seus carregamentos também
iguais entre si.

 Momento de inércia equivalente SEC

I SEC y ,3
 2 ( I x ( PORTT . 001 )
 I x ( PORTT . OO 3 )
)

(7.43)
4
I SEC y ,3
 2 (1, 0468  2 , 4781 )  7 , 0499 m

 Parâmetro de instabilidade global

29274 ,80
 SEC y ,3
 42 ,90  0 ,50 (7.44)
30000000 x 7 , 0499

 Rigidez direta à flexão

K PORTT . 001
 1193 ,3 kN m  14 ,85 %

K PORTT . 003
 2824 ,8 kN m  35 ,15 %

K SECy 3  2 (1193 ,3  2824 ,8 )  8036 , 20 kN m  100 % (7.45)


222 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 O coeficiente de majoração dos esforços globais finais

Valor estimado através  z  1,10  0 ,33   0 ,55  2 a partir


do  SEC y , 3  0 ,50 :

 z ( SEC y ,3)
 1, 08 (7.46)

 Valor calculado através da Eq. (5.1), usando valores das


Tab.A.7.9 e Tab.A.7.10.

O valor do  z ( SEC y 3)
será obtido através da média ponderada
dos valores do  z ( PORTT . 001 )
e do  z ( PORTT . 003 )
(esses valores
foram calculados através da Eq. (5.1), considerado para cada
um dos pórticos citados, respectivamente, 14 ,85 0 0 e 35 ,15 0 0
do carregamento total devido ao vento e também do
carregamento natural do sistema contraventado, que constitui a
parcela CC 1 * * ) e das rigidezes: K PORTT .001 e K PORTT .003

1
 z ( PORTT . 001 )
  1, 065
183 , 74
1
3024 , 09

1
 z ( PORTT . 003 )
  1, 052
352 , 59
1
7158 , 02
1, 065 x 0 ,1485  1, 052 x 0 ,3515
 z ( SEC y ,3)
  1, 056  1, 06 (7.47)
0 ,5
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 223

 Estudo do SECy3 a partir do pórtico trenzinho


composto pelos pórticos PORTT.001, e PORTT.003.
Todas as grandezas de interesse para a análise da
estabilidade global da edificação podem ser obtidas, também, a
partir do estudo do SEC representado pelo pórtico trenzinho
composto por todos os elementos do referido sistema
estrutural. Nos casos em que os elementos do SEC são
distribuídos simetricamente em relação ao plano vertical de
simetria da edificação, é possível a análise do SEC
considerando apenas os elementos de contraventamento que se
encontram de um dos lados desse plano de simetria. Ou seja: o
SEC pode ser estudado a partir de um pórtico trenzinho
formado apenas pela metade dos elementos estruturais que o
constituem.
Todavia, para tornar menos repetitiva a discussão, a
utilização do pórtico trenzinho e as considerações decorrentes
da sua utilização farão parte exclusivamente da análise do
SECy4.

 O carregamento devido ao vento

Devido à simetria da estrutura e do carregamento, é evidente


que o PORTT. 001 receberá a mesma carga do vento que o
PORTT. 006 e o PORTT. 003 a mesma do PORTT. 004.
Então, utilizando-se o pórtico trenzinho dele poderá participar
apenas o PORTT. 001 e o PORTT. 003, sendo destinada a este
pórtico trenzinho a metade do carregamento vertical da
edificação assim como a metade do decorrente da ação do
vento na fachada de dimensões B X  38 , 00 m e H  42 ,90 m
do edifício.
224 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Desejando-se calcular a parcela da carga do vento que


atuará em cada pórtico do SEC, procede-se como estudado no
subitem 3.2.1.2 do Capítulo 3, e indicado a seguir:

K PORTT . OO 1
 0 ,1485 K SECy 3

K PORTT . 003
 0 ,3515 K SECy 3 (7.48 – “a” e “b”)

 Para o PORTT. 001 e o PORTT. 006

Para cada um desses pórticos será destinado 14,85% do


carregamento decorrente da ação do vento na fachada de
dimensões B X  38 , 00 m e H  42 ,90 m do edifício.

 Para o PORTT. 003 e o PORTT. 004

Para cada um desses pórticos será destinado 35,15% do


carregamento decorrente da ação acima referido.

O carregamento vertical proveniente dos elementos do sistema


estrutural contraventado

Nesse caso, o PORTT.001 é responsável por 14 ,85 % do


carregamento vertical que atua nos elementos do sistema
contraventado, o mesmo acontecendo com o PORTT.006. Ao
PORTT.003 e ao PORTT.004, serão destinados, para cada,
35 ,15 % do carregamento vertical citado. Esse carregamento é
o carregamento CC 1 * * .
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 225

 A análise

De acordo com a NBR 6118:2014), o SEC por ser simétrico


com   0 ,5 garante a indeslocabilidade da estrutura. Observa-
se, ainda que  z ( SEC y , 3 )  1, 06 . Sendo, desse modo, suficiente a
análise linear da estrutura da edificação.

7.4.2-4 – Análise do SEC do 4ª caso

Neste 4º caso o SEC é composto pelos pórticos PORTT.


001, PORTT. 002, PORTT. 003, PORTT. 004, PORTT. 005 e
PORTT. 006. Devido à simetria da estrutura e do
carregamento, os pórticos PORTT. 001 e PORTT. 006,
PORTT. 002 e PORTT. 005, PORTT. 003 e PORTT. 004 são
iguais entre si, tendo, também, iguais os seus carregamentos.

 Momento de inércia equivalente SEC


4
I ( SEC y ,4)
 2 ( I x ( PORTT . 001 )
 I x ( PORTT . 002 )
 I x ( PORTT . 003 )
)  9 , 6453 m
(7.49)
 Parâmetro de instabilidade global

29274 ,80
 SEC y ,4
 42 ,90  0 , 43 (7.50)
3000000 x 9 , 6453

Através da media ponderada dos valores do parâmetro  de


cada um dos pórticos componentes do SEC em estudo, tem-se:

0 , 42 x10 ,85  0 , 49 x13 , 46  0 , 40 x 25 , 69


 SEC y ,4
  0 , 43
50
226 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 Rigidez direta a flexão

K PORTT . 001
 1193 ,3 kN m  10 ,85 %

K PORTT . 002
 1479 ,3 kN m  13 , 46 %

K PORTT . 003
 2824 ,8 kN m  25 , 69 %

K SECy 4  2 x (1193 ,3  1479 ,3  2824 ,8 )  10994 ,8 kN m (7.51)

 O coeficiente de majoração dos esforços globais finais

Valor estimado através  z  1,10  0 ,33   0 ,55  2 a partir


do  SEC y , 4  0 , 43 :

 z ( SEC y , 4 )
 1, 06 (7.52)

Valor calculado de com a Eq. (5.1)

O valor do  z ( SECy ,4) será obtido através da média ponderada


dos valores do  z ( PORTT . 001 )
, do  z ( PORTT .. 002 ) e do  z ( PORTT . 003 )

(valores calculados através da Eq. (5.1)) e das rigidezes:

K PORTT . 001
, K PORTT . 002
e K PORTT . 003

1
 z ( PORTT . 001 )
  1, 042
88 , 32
1
2209 , 52
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 227

1
 z ( PORTT . 002 )
  1, 056
146 , 05
1
2741 , 02
1
 z ( PORTT . 003 )
  1, 033
166 ,11
1
5231 , 57
1, 042 x10 ,85  1, 056 x13 , 46  1, 033 x 25 , 69
 z ( SECy 4)
  1, 04
50
(7.53)

 Estudo do SECy4 a partir do pórtico trenzinho


composto pelos pórticos PORTT.001, PPRTT.002 e
PORTT.003.

É importante notar que as grandezas referentes ao SECy4,


calculadas a partir da análise dos pórticos PORTT.001,
PORTT.002 e PORTT.003 em geral guardam boa aproximação
daquelas obtidas com a utilização do PORTT.TRE.
Todavia, devido ao fato do pórtico trenzinho utilizado
para a análise do SECy4 não apresentar simetria vertical,
Fig.7.12, (embora cada um dos pórticos componentes seja
simétricos) os deslocamentos horizontais verificados nos nós
desse pórtico trenzinho assimétrico, quando submetido a um
carregamento horizontal, terão valores diferentes quando esse
mesmo carregamento for aplicado na prumada mais a esquerda
e depois na prumada mais a direita. Quando os dois conjuntos
de deslocamentos horizontais observados apresentarem
pequenas diferençam a análise global pode ser feita a partir do
que indique deslocamentos maiores; devendo, caso contrário,
quando as diferenças entre os deslocamentos forem
consideráveis, pode ser utilizado um terceiro conjunto de
228 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

deslocamentos. Esse novo conjunto de deslocamentos deve


representar, em cada nó, a média dos deslocamentos dos dois
conjuntos citados. Solução com melhor aproximação pode ser
obtida a partir de um pórtico trenzinho simétrico, Fig.7.13,
neste exemplo, composto por todos os elementos do SEC em
estudo.
Os deslocamentos verificados no pórtico trenzinho
assimétrico utilizado na análise do SECy4 por carregamentos
aplicados na prumada mais à esquerda foram praticamente
iguais aos provocados por esses mesmos carregamentos
aplicados na prumada mais á direita, poderia ter sido utilizado
apenas o conjunto de deslocamentos provocados por
carregamentos na prumada á esquerda. Porem, optou-se por
calcular as grandezas necessárias ao estudo da estabilidade
global com o conjunto obtido pela media dos deslocamentos,
em cada nó, dos conjuntos de deslocamentos provocados por
carregamentos na prumada mais à esquerda e na prumada mais
à direita. Os carregamentos aplicados foram CC 7 . 1 e
 02  f CC 2 , os dois conjuntos de deslocamentos estão
indicados na Tab.A.7.14.
Esses deslocamentos foram utilizados para calcular o
terceiro conjunto de deslocamentos e os valores das grandezas
de interesse que são apresentados nas Tabs.A.7.15 e.A.7.16. A
Tab.A.7.17 contém resultados obtidos a partir da utilização do
conjunto de deslocamentos maiores e do conjunto da média
dos deslocamentos.

 Deslocamento no topo (pórtico trenzinho assimétrico)

a  0 , 00018285 m (7.54)
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 229

 Momento de Inércia (pórtico trenzinho assimétrico)

3
42 ,90
I x ( PORTT .TRE )
  4 , 7977 m
4
(7.55)
3 x 30000000 x 0 , 00018285

 Rigidez direta a flexão (pórtico trenzinho assimétrico)

1
K PORTT .TRE
 a  5477 , 05 kN m

 Parâmetro de instabilidade (do SECy4)

29274 ,80
 SECy 4
 42 ,9  0 , 4326 (7.56)
30000000 x 9 ,5954

 Coeficiente de majoração

1
 z ( SECy 4 )
  1, 0399 (7.57)
390 , 67
1
10182 ,11

 Carregamento devido ao vento

Da carga total devido ao vento, 50% será aplicada no


pórtico trenzinho assimétrico do SECy4.

 A análise

De acordo com a NBR 6118:2014 esse sistema de


contraventamento deverá ser submetido, apenas, à análise
linear. É que  SEC y .4  0 , 43  0 ,5 , pois se trata de um sistema
230 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

estrutural de contraventamento simétrico composto de pórticos,


cujo  2 lim .  0 ,5 . Se o SEC não fosse simétrico então, ainda de
acordo com a NBR 6118:2014 o parâmetro de instabilidade
global  não seria o instrumento adequado para avaliar a
indeslocabilidade da estrutura, devendo, nessa situação, ser
utilizado o coeficiente  z .
Calculado o valor do referido coeficiente, para o SEC em
evidência, obteve-se:  z ( SECy 4 )  1, 04  1,10 , indicando ser
suficiente submeter a estrutura de contraventamento à análise
linear (ou de 1ª ordem).
Como o SEC desse caso é formado por todos os elementos
verticais (pórticos) da estrutura então, não haverá sistema
contraventado a ser estudado, sendo toda estrutura do edifício,
nessa direção, submetida à análise linear. Por fim, observa-se
que essa solução, a utilização de todos os elementos da
estrutura na composição do SEC, é induzida pela NBR
6118:2014.

 Observações finais

O coeficiente  z relativo ao SEC deve ser calculado para


cada uma das combinações de carregamento que se fizer
necessária à análise e dimensionamento da estrutura em estudo.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 231

Fig.7.11. Pórtico trenzinho assimétrico composto pelos


Pórticos: PORTT. 001, PORTT. 002 e PORTT. 003

Fig.7.12 - Pórtico trenzinho simétrico composto pelos


Pórticos: PORTT. 001, PORTT. 002, PORTT. 003,
PORTT. 004, PORTT. 005, PORTT. 006
232 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

REFERÊNCIAS
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 233

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.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 237

ANEXOS
238 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

ANEXO A.5 – do capítulo 5

 As reações nos apoios

Tab. A.5.1 – As reações nos apoios - CB .5 .4


Nó (apoio) H V M
1 53,6 1484,2 45,0
2 -97,2 1553,8 115,4

 Os esforços nas extremidades das barras

Tab.A.5.2 - Os esforços nas extremidades das barras - CB .5 .4


Barra N1 Q1 M1 Q2 M2
1 28,6 122,4 131,1 131,9 -162,6
2 -0,7 118,5 115,6 136,3 -177,6
3 14,8 118,4 114,9 136,4 -178,0
4 -27,1 120,3 122,6 134,5 -172,3
5 81,6 122,1 124,4 132,7 -161,7
6 1484,2 -53,6 45,0 53,6 -125,3
7 1184,9 -25,6 -5,8 25,6 -70,9
8 890,0 -31,3 -44,7 31,3 -48,1
9 595,2 -30,8 -66,8 30,8 -26,6
10 298,5 -73,5 -96,0 73,5 124,4
11 1553,8 97,2 115,4 -97,2 30,4
12 1245,5 68,6 132,2 -68,6 73,5
13 932,8 69,3 104,2 -69,3 103,7
14 620,0 55,5 74,3 -54,5 89,2
15 309,1 81,6 83,1 -81,6 161,7
Obs.: Nas tabelas acima as forças estão em kN e os momentos
em kNm.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 239

ANEXO A.6 – do capítulo 6

Calculo do carregamento nodal devido à ação do vento

A definição das faixas horizontais para o calculo da força do


vento nas estruturas pode se dá pelo menos de três maneiras
diferentes. A primeira, de acordo com a indicação de altura da
Tab. 6.2, através da qual são obtidas faixas com 5 m e 10 m de
altura, como mostrado na Fig. A.6.1; outra maneira é fazendo
coincidir a largura de cada faixa com a altura dos pavimentos
da edificação, como na Fig. A.6.2 e a terceira opção é aquela
que foi mostrada na Fig. 6.4, letra f do item 6.1 do capítulo 6.

 Primeiro caso

Definem-se as faixas horizontais para o calculo da força do


vento no edifício (do exercício de aplicação do item 6.2), a
partir das indicações da Tab. 6.2 (oriunda da NBR 6126:1988),
cujos valores de interesse estão indicados abaixo numa
reapresentação da Tab. 6.5.

Tab. 6.5 – Fator S 2


Z(m) S2
0 Z 5 0,76
5  Z  10 0,83
10  Z  15 0,88
15  Z  20 0,91
20  Z  30 0,96
30  Z  40 0,99
40  Z  48 1,02
240 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Lê-se, na primeira coluna na ultima linha da Tab. 6.5,


40  Z  48 e não 40  Z  50 . Pois, embora, a sétima faixa
da Tab. 6.2 termine em 50 m, a altura do edifício acima do
nível do terreno é igual a 48 m, como mostrado na Fig. A.6.1.
Vê-se, na figura citada, além da indicação das faixas indicadas
na Tab. 6.5, a representação da distribuição resultante do
carregamento devido ao vento incidente nas fachadas da
edificação. Os valores das cargas estão mostrados na Tab.
A.6.1, tendo sido usadas no calculo as seguintes informações e
expressões: S 1  1 , S 3  1 e V 0  30 m / s , Ca y  1,37 e
2
 1, 03 , e V k [ m / s ]  S 2V 0 e q [ N / m ]  0 , 613 V k .
2
Ca x

Fig. A.6.1 – A altura do edifício e as faixas horizontais


nas quais a pressão dinâmica é considerada
constante de acordo com a NBR 6223/88
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 241

Tab. A.6.1- O efeito do vento de acordo com a Tab. 6.5


Z Vk q fvx fvy
2
(m ) (m / s) (N / m ) ( kN / m ) ( kN / m )
0 Z 5 22,80 318,66 3,94 10,48
5  Z  10 24,90 380,07 4,70 12,50
10  Z  15 26,40 427,24 5,28 14,05
15  Z  20 27,30 456,86 5,65 15,02
20  Z  30 28,80 508,45 6,28 16,72
30  Z  40 29,70 540,72 6,68 17,78
40  Z  48 30,60 573,99 7,09 18,87

O calculo do carregamento nodal devido ao vento pode ser


feito simplesmente considerando a força uniformemente
distribuída dada por fv ( N / m )  CaqB (Tab. A.6.1) em cada
faixa, ao longo da altura do edifício, e resolver como se fosse
uma viga submetida à esse carregamento com todas as barras
articuladas entre si e apoiadas nos níveis de vigamento
considerados ou através da área de influência de cargas.
Como exemplo da primeira opção, calcula-se o
carregamento nodal devido ao vento V x incidente na fachada
menor, de área igual a B y xH , considerando a viga acima
definida submetida ao carregamento parcialmente distribuído
calculado em cada faixa (Fig. A.6.1) através da
expressão fvx ( N / m )  Ca x qB y .
O carregamento procurado nessa direção, X, é, em módulo,
igual ao conjunto das reações de apoio da viga isostática da
Fig. A.6.2 - “a” carregada com fvx ( N / m ) e indicado na Fig.
A.6.2 – “b”.
Para o calculo do carregamento nodal (Fvento, i) devido ao
vento incidente na fachada maior, vento V y , procede-se de
242 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

modo análogo, utilizando a expressão fvy ( N / m )  Ca y qB x no


calculo do carregamento parcialmente distribuído em cada
faixa de altura a ser considerada.

Fig. A.6.2 – As forças do vento atuando nos níveis de


vigamento ou de pavimento da edificação
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 243

No caso da área de influência, inicialmente são definidas


duas faixas horizontais, cada uma delas de largura igual á
metade da altura do pavimento ao qual ela esta relacionada,
como indicado, por exemplo, para o calculo da Fvento,10, na
Fig.A.6.3. A seguir calcula-se a resultante das forças que atuam
em cada uma duas faixas, a soma dessas parcelas é igual à
força procurada.

Fig. A.6.3 – Área de influência para o calculo das forças Fvento, i

Se a força procurada é a Fvento,10 então a resultante das forças


devido ao vento que atuam na faixa inferior e superior da área
244 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

de influência será calculada de acordo com a expressão a


seguir: F vento ,10  Ca x ( q 5 ª faixa  q 6 ª faixa ) B y ,10 h10 .
Para o calculo da Fvento,i utiliza-se a expressão geral:

F vento ,i
 Ca x ( q j faixa
 q j  1 faixa ) B y , i h i . (A.6.1)

Tab. A. 6.2 – O carregamento nodal devido ao vento (1ª e 2ª


opções)
Z Nível 1 ª opção
F vento
2 ª opção
F vento
1 ª opção
F vento
2 ª opção
F vento
,x ,x ,y ,y

(m ) ( kN ) ( kN ) ( kN ) ( kN )
0,0 1 5,91 5,91 15,72 15,72
3,0 2 11,95 11,86 31,78 31,44
6,0 3 13,59 13,72 36,15 36,49
9,0 4 14,49 14,39 38,53 38,29
12,0 5 15,74 15,84 41,90 42,15
15,0 6 16,40 16,40 43,60 43,60
18,0 7 17,05 16,95 45,34 45,06
21,0 8 18,42 18,52 49,03 49,31
24,0 9 18,84 18,84 50,16 50,16
27,0 10 18,84 18,84 50,16 50,16
30,0 11 19,44 19,44 51,75 51,75
33,0 12 20,04 20,04 53,34 53,34
36,0 13 20,04 20,04 53,34 53,34
39,0 14 20,31 20,25 54,07 53,89
42,0 15 21,21 21,27 56,43 56,61
45,0 16 21,27 21,27 56,61 56,61
48,0 17 10,63 10,63 28,30 28,30

A seguir são mostrados os pontos de aplicação e os valores


das forças concentradas que compõem o carregamento devido
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 245

ao vento na fachada maior, ação do vento Vy, e na fachada


menor, ação do vento Vx, do edifício em análise.
Apenas os resultados obtidos de acordo com a 1ª opção do
1º caso de calculo serão mostrados na Fig. A.6.3.

Fvento, y Fvento, x

28,30kN 10,63kN
56,61kN 21,27kN
56,43kN 21,21kN
54,07kN 20,31kN
53,34kN 20,04kN
53,34kN 20,04kN
51,75kN 19,44kN
50,16kN 18,84kN
50,16kN 18,84kN
49,03kN 18,42kN
45,34kN 17,05kN
43,60kN 16,40kN
41,90kN 15,74kN
38,53kN 14,49kN
36,15kN 13,59kN
31,78kN 11,95kN
15,72kN 5,91kN

(a) Fachada maior (b) Fachada menor


Fig. A.6.3 – O carregamento nodal devido o vento
nas fachadas da edificação (1ª opção
do 1ª Caso)
246 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 Segundo caso

Definem-se as faixas horizontais para o calculo da força do


vento no edifício (por exemplo, o do exercício de aplicação do
item 6.2), de modo que cada uma delas tenha a mesma altura,
h, do pavimento correspondente. Como mostrado na Fig. A.6.4
– “a” e “b”.

(a) (b) (c) (d)


Fig. A. 6.4 – Faixas com pressão dinâmica constante
definidas com largura igual a altura do
pavimento correspondente. O valor da
pressão é calculado para a cota do piso
do pavimento.

Em seguida calculam-se os valores do fator S2,


considerando as cotas correspondentes às lajes de piso e/ou de
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 247

coberta dos pavimentos para finalmente serem obtidos os


valores das forças nodais procuradas, através da Eq. (A.6.2):

F vento , i  Ca 0 ,5 ( q i h i B i  q i 1 h i 1 B i 1 ) (A.6.2)

cujas grandezas q i e q i 1 estão na Tab.A.6.3, h i , h i 1 , B i e B i 1


estão indicadas na Fig. A.6.4 – “b”, “c” e “d” bem como
F vento , i , tanto da direção X como da direção Y que também
estão mostradas na Tab.A.6.4.

Tab. A. 6.3 – S2, Vk e q

Z(m) S2 Vk (m / s ) q(N / m )
2

0,75 0,603 18,09 200,60


3,00 0,717 21,51 283,62
6,00 0,782 23,46 337,38
9,00 0,822 24,66 372,77
12,00 0,852 25,56 400,48
15,00 0,876 26,28 423,36
18,00 0,896 26,88 442,91
21,00 0,914 27,42 460,89
24,00 0,929 27,87 476,14
27,00 0,943 28,29 490,59
30,00 0,956 28,68 504,22
33,00 0,967 29,01 515,89
36,00 0,978 27,34 527,69
39,00 0,988 29,64 538,54
42,00 0,997 29,91 548,39
45,00 1,005 30,15 557,23
48,00 1,013 30,39 566,14
248 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Para a obtenção do valor do fator S2 em cada cota z desejada


utiliza-se a Eq. (A.6.3) com b, p e Fr – apresentados na Tab. 6.4
- extraídos do subitem 5.3.3da NBR 6123.
p 0 ,125
S 2  bF r ( z / 10 )  0 ,85 x 0 ,98 x ( z / 10 )
(A.6.3)

É importante observar que o fator S2 para o nível de cota


zero deve ser calculado para uma cota igual a h1 / 4 , pois para
z  0 , S 2  bF r ( z / 10 )  0.
p 0 ,125
 0 ,85 x 0 ,98 x ( 0 / 10 )

Tab. A.6.4 – Força nodal devido ao vento


Nível Z By Bx q(N / m )
2
F vento ,x
F vento ,y

0 0,75 12,00 24,00 121,06 3,72 12,26


1 3,00 12,00 24,00 283,62 5,27 28,41
2 6,00 12,00 24,00 337,38 17,74 34,51
3 9,00 12,00 24,00 372,77 19,69 38,30
4 12,00 12,00 24,00 400,48 21,17 41,19
5 15,00 12,00 24,00 423,36 22,40 43,59
6 18,00 12,00 24,00 442,91 23,47 45,65
7 21,00 12,00 24,00 460,89 24,39 47,45
8 24,00 12,00 24,00 476,14 25,20 49,02
9 27,00 12,00 24,00 490,59 25,97 50,51
10 30,00 12,00 24,00 504,22 26,66 51,86
11 33,00 12,00 24,00 515,89 27,30 53,12
12 36,00 12,00 24,00 527,69 27,92 54,33
13 39,00 12,00 24,00 538,54 28,47 55,39
14 42,00 12,00 24,00 548,39 28,99 56,41
15 45,00 12,00 24,00 557,23 29,48 57,37
16 48,00 12,00 24,00 566,14 14,86 28,91
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 249

No exemplo em questão, sendo z  0 , 75 m , obtém-se:


S 2  0 , 603 , como se vê na Tab. A.6.3. (o nível do terreno que
em geral coincide com o primeiro nível de vigamento da
estrutura – o nível das vigas baldrames)

(a) Fachada maior (b) Fachada menor

Fig. 6.8 – Força do vento nas fachadas da


edificação – 2º caso
250 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

ANEXO A.7.1 – do capítulo 7

 As reações nos apoios

Tab. A.7.1 – As reações nos apoios – P  


Nó (apoio) H V M
1 55,0 1482,0 46,7
2 -96,4 1556,0 117,8

 Os esforços nas extremidades das barras

Tab.A.7.2 - Os esforços nas extremidades das barras – P  


Barra N1 Q1 M1 Q2 M2
1 26,7 122,7 130,4 132,1 -163,3
2 -1,1 118,0 113,7 136,8 -179,6
3 15,6 117,8 122,8 137,0 -178,1
4 -26,7 119,8 120,9 135,0 -174,0
5 81,9 122,7 123,1 133,1 -163,0
6 1482,0 -55,1 46,6 55,1 -129,2
7 1182,9 -24,2 -1,2 24,2 -77,5
8 888,5 -29,8 -42,1 29,8 -47,3
9 594,3 -30,0 -65,5 30,0 -24,6
10 298,1 -73,1 -96,3 73,1 123,1
11 1556,0 96,4 117,8 -96,4 26,9
12 1247,5 69,7 136,5 -69,7 72,7
13 934,3 70,8 106,8 -70,8 105,6
14 620,9 55,2 74,6 -55,2 91,2
15 309,5 81,9 82,8 -81,9 163,0
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 251

As três tabelas a seguir tem cotas em m, deslocamentos em cm


e forças em kN.

Tab.A.7.4 – Elementos do portt. 001


Nó Nív Cota a i (CC 7 . 1) CC 1 *
1 0 0,00 0,0000 0,00000
3 1 0,90 0,0002 198,878
5 2 3,90 0,0027 198,878
7 3 6,90 0,0070 198,878
9 4 9,90 0,0120 198,878
11 5 12,90 0,0176 198,878
13 6 15,90 0,0236 198,878
15 7 18,90 0,0298 198,878
17 8 21,90 0,0363 198,878
19 9 24,90 0,0429 198,878
21 10 27,90 0,0497 198,878
23 11 30,90 0,0566 198,878
25 12 33,90 0,0636 198,878
27 13 36,90 0,0706 198,878
29 14 39,90 0,0774 198,878
31 15 42,90 0,0838 159,103
252 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab.A.7.5 – Elementos do portt. 002


Nó Nív Cota a i (CC 7 . 1) CC 1 *
1 0 0,00 0,0000 0,00000
3 1 0,90 0,0001 347,297
5 2 3,90 0,0016 347,297
7 3 6,90 0,0045 347,297
9 4 9,90 0,0083 347,297
11 5 12,90 0,0127 347,297
13 6 15,90 0,0175 347,297
15 7 18,90 0,0226 347,297
17 8 21,90 0,0280 347,297
19 9 24,90 0,0335 347,297
21 10 27,90 0,0392 347,297
23 11 30,90 0,0449 347,297
25 12 33,90 0,0507 347,297
27 13 36,90 0,0565 347,297
29 14 39,90 0,0621 347,297
31 15 42,90 0,0676 277,838
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 253

 Elementos para o cálculo do  z (sec y ,1 )

(PORTT.001 e PORTT.006)

CB 7 . 2   02
 f CC 2

CB 7 . 2  0 , 6 x1, 4 xF h , vento

Tab.A.7.7 – Pórtico portt.001, elementos para o  z (sec y ,1 )

Nó a i (cm ) CC . 1   CC 1 F h , vento Zi F h , vento Z i FVi a i

1 0,00 000,00 000,00 0,00 0,00


3 0,07 790,14 989,01 12,44 0,90 11,20 0,69
5 1,04 790,14 989,01 23,65 3,90 92,23 10,29
7 2,56 790,14 989,01 28,61 6,90 197,41 25,32
9 4,27 790,14 989,01 30,50 9,90 301,95 42,23
11 6,01 790,14 989,01 33,15 12,90 427,63 59,44
13 7,72 790,14 989,01 34,51 15,90 548,71 76,35
15 9,35 790,14 989,01 35,90 18,90 678,51 92,47
17 10,87 790,14 989,01 38,80 21,90 849,72 107,51
19 12,29 790,14 989,01 39,71 24,90 988,78 121,55
21 13,57 790,14 989,01 39,71 27,90 1107,91 134,21
23 14,72 790,14 989,01 40,96 30,90 1265,66 145,58
25 15,72 790,14 989,01 42,22 33,90 1431,26 155,47
27 16,59 790,14 989,01 42,22 36,90 1557,92 164,08
29 17,21 790,14 989,01 42,80 39,90 1707,72 170,21
31 17,93 632,11 791,21 22,26 42,90 954,95 141,86
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm.

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d


254 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x1 . 447 , 26  2 . 026 ,16 kNm
i 1

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x12121 ,56  10182 ,11 kNm


i 1

 Elementos para o cálculo do  z (sec y ,2)

(PORTT.003 e PORTT.004)

Tab.A.7.8 – Pórtico portt.003, elementos para o  z (sec y ,2)

Nó a i (cm ) CC . 1   CC . 1 F h , vento Zi F h , vento Z i FVi a i

1 0,00 000,00 000,00 0,00 0,00 00,00 0,00


4 0,02 546,17 989,01 12,44 0,90 11,20 0,20
7 0,33 546,17 989,01 23,65 3,90 92,23 3,26
10 0,80 546,17 989,01 28,61 6,90 197,41 7,91
13 1,33 546,17 989,01 30,50 9,90 301,95 13,15
16 1,89 546,17 989,01 33,15 12,90 427,63 18,69
19 2,46 546,17 989,01 34,51 15,90 548,71 24,33
22 3,05 546,17 989,01 35,90 18,90 678,51 30,16
25 3,63 546,17 989,01 38,80 21,90 849,72 35,90
28 4,19 546,17 989,01 39,71 24,90 988,78 41,44
31 4,76 546,17 989,01 39,71 27,90 1107,91 47,08
34 5,27 546,17 989,01 40,96 30,90 1265,66 52,13
37 5,78 546,17 989,01 42,22 33,90 1431,26 57,16
40 6,23 546,17 989,01 42,22 36,90 1557,92 61,61
43 6,70 546,17 989,01 42,80 39,90 1707,72 66,26
46 7,11 436,94 791,21 22,26 42,90 954,95 56,25
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm.
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 255

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x 515 ,53  721 , 75 kNm
i 1

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x12121 ,56  10182 ,11 kNm


i 1
n

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x12121 ,56  10182 ,11 kNm


i 1

 Elementos para o cálculo do  z (sec y , 3 )

PORTT.001, 003, 004 e PORTT.006

Sendo a rigidez do Portt.001 diferente da rigidez do


Portt.003 então a parcela CC1** do CC1 (CC1 = CC1* +
CC1**) desses pórticos do SEC serão diferentes. O CC1* dos
pórticos citados estão indicados, respectivamente, na ultima
coluna da TAB.A.7.6 e TAB. A.7.8. O CC1** na 2ª coluna da
Tab.A.7.11 e Tab.A.7.12, esta parcela foi calculada através da
K elemento i **
 CC 1  CC 1
**
expressão: elemento i
 , na qual a
K SEC SEC

K elemento i ** ** *
parcela  CC 1 SEC pode ser obtida
 CCcomo: F   CC 1
**
CC 1elemento i
 1  vk
K SEC SEC SEC .

 CC 1
**
Logo: PORTT . OO 1
 0 ,1485 x 2 x 5140  1526 ,58 kN e o
 CC 1
**
PORTT . 003
 0 ,3515 x 2 X 5140  3613 , 42 kN .
Assim, o carregamento devido ao vento nesses pórticos
será: CC 2 portt .001  0 ,1485 Fvento e CC 2 portt .003  0 ,3515 Fvento .
256 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

Tab.A.7.9 – Pórtico Portt. 001, do  z (sec y , 3 )

Nó a i (cm ) CC . 1   CC 1 F h , vento Zi F h , vento Z i FVi a i

1 0,00 0,0000 0,0000 0,00 0,00 0,00 0,00


3 0,02 103,15 302,02 3,69 0,90 3,32 0,06
5 0,31 103,15 302,02 7,02 3,90 27,38 0,94
7 0,76 103,15 302,02 8,50 6,90 58,65 2,29
9 1,27 103,15 302,02 9,06 9,90 89,69 3,84
11 1,78 103,15 302,02 9,85 12,90 127,06 5,38
13 2,29 103,15 302,02 10,25 15,90 162,97 6,92
15 2,77 103,15 302,02 10,66 18,90 201,47 8,37
17 3,23 103,15 302,02 11,52 21,90 252,29 9,75
19 3,65 103,15 302,02 11,79 24,90 293,57 11,02
21 4,03 103,15 302,02 11,79 27,90 328,94 12,17
23 4,37 103,15 302,02 12,17 30,90 376,05 13,14
25 4,67 103,15 302,02 12,54 33,90 425,11 14,10
27 4,92 103,15 302,02 12,54 36,90 462,73 14,86
29 5,14 103,15 302,02 12,71 39,90 507,13 15,53
31 5,32 82,52 241,62 6,61 42,90 283,57 12,85
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d do PORTT.001 do SECy3

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x131 , 22  183 , 71 kNm
i 1

M 1, tot , d   02   F h , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x 3000 ,10  3024 , 09 kNm


i 1
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 257

Tab.A.7.10 – Pórtico portt. 003, do  z (sec y , 3 )

Nó a i (cm ) CC . 1   CC 1 F h , vento Zi F h , vento Z i FVi a i


1 0,00 000,00 000,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 0,02 244,15 686,99 8,74 0,90 7,87 0,14
7 0,23 244,15 686,99 16,63 3,90 64,86 1,58
10 0,56 244,15 686,99 20,12 6,90 138,83 3,85
13 0,93 244,15 686,99 21,44 9,90 212,26 6,39
16 1,33 244,15 686,99 23,31 12,90 300,70 9,14
19 1,73 244,15 686,99 24,26 15,90 385,73 11,88
22 2,14 244,15 686,99 25,23 18,90 476,85 14,70
25 2,55 244,15 686,99 27,28 21,90 597,43 17,52
28 2,95 244,15 686,99 27,92 24,90 695,21 20,27
31 3,34 244,15 686,99 27,92 27,90 778,97 22,94
34 3,71 244,15 686,99 28,80 30,90 889,92 25,49
37 4,06 244,15 686,99 29,68 33,90 1006,15 27,89
40 4,40 244,15 686,99 29,68 36,90 1095,19 30,23
43 4,71 244,15 686,99 30,09 39,90 1200,59 32,36
46 5,00 195,32 549,59 15,65 42,90 671,38 27,48
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d do PORTT.003 do SECy3

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x 251 ,85  352 ,59 kNm
i 1

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x 8521 ,94  7178 , 43 kNm


i 1
258 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

 Elementos para o cálculo do  z (sec y ,4)

(PORTT. 001, 002, 003, 004, 005 e 006)

Tab.A.7.11. – Pórtico portt. 001, elementos para o  z (sec y ,4)

Nó a i (cm ) CC . 1

CC 1 Zi F h , vento F h , vento Z i FVi a i
1 0,00 0,00 0,000 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,01 0,00 198,88 0,90 2,69 2,43 0,02
5 0,22 0,00 198,88 3,90 5,11 20,00 0,44
7 0,55 0,00 198,88 6,90 6,20 42,85 1,09
9 0,92 0,00 198,88 9,90 6,62 65,54 1,83
11 1,30 0,00 198,88 12,90 7,19 92,75 2,58
13 1,67 0,00 198,88 15,90 7,48 119,01 3,32
15 2,03 0,00 198,88 18,90 7,79 147,23 4,04
17 2,36 0,00 198,88 21,90 8,42 184,40 4,69
19 2,66 0,00 198,88 24,90 8,62 214,64 5,29
21 2,94 0,00 198,88 27,90 8,62 240,50 5,85
23 3,19 0,00 198,88 30,90 8,89 274,70 6,34
25 3,41 0,00 198,88 33,90 10,05 310,52 6,78
27 3,60 0,00 198,88 36,90 9,16 338,00 7,16
29 3,75 0,00 198,88 39,90 9,29 370,67 7,46
31 3,89 0,00 159,10 42,90 4,83 207,21 6,19
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d do PORTT.001 do SECy4

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x 63 , 08  88 ,32 kNm
i 1
ESTRUTURAS: A ESTABILIDADE GLOBAL DOS EDÍFICIOS ALTOS 259

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x 2630 , 28  2209 ,52 kNm


i 1

Tab.A.7.12. – Pórtico portt.002, elementos para o  z (sec y ,4)

Nó a i (cm ) CC . 1

CC 1 Zi F h , vento F h , vento Z i FVi a i
1 0,00 00,00 000,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,01 00,00 347,30 0,90 3,35 3,01 0,03
5 0,17 00,00 347,30 3,90 6,37 24,84 0,59
7 0,44 00,00 347,30 6,90 7,70 53,13 1,53
9 0,78 00,00 347,30 9,90 8,21 81,28 2,71
11 1,14 00,00 347,30 12,90 8,92 115,07 3,96
13 1,50 00,00 347,30 15,90 9,29 147,71 5,21
15 1,86 00,00 347,30 18,90 9,66 182,57 6,46
17 2,20 00,00 347,30 21,90 10,45 228,85 7,64
19 2,52 00,00 347,30 24,90 10,69 266,18 8,75
21 2,81 00,00 347,30 27,90 10,69 298,25 9,76
23 3,07 00,00 347,30 30,90 11,03 340,83 10,66
25 3,30 00,00 347,30 33,90 11,37 385,44 11,46
27 3,50 00,00 347,30 36,90 11,37 419,55 12,16
29 3,67 00,00 347,30 39,90 11,52 459,65 12,75
31 3,83 00,00 277,84 42,90 5,99 257,13 10,65
As forças estão em kN, as cotas em m e os momentos em kNm

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d do PORTT.002 do SECy4

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x104 ,32  146 , 05 kNm
i 1
260 JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ, ENILDO TALES FERREIRA E CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA

M 1, tot , d   02
 f F h , vento , k , i
Z i  0 , 6 . 1, 4 . 3263 ,12  2741 , 02 kNm
1

Tab.A.7.13. – Pórtico portt. 003, elementos para o  z (sec y ,4)

Nó a i (cm ) CC . 1   CC 1 Zi F h , vento F h , vento Z i FVi a i


1 0,00 0,00 000,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 0,01 0,00 442,84 0,90 6,39 5,75 0,04
7 0,17 0,00 442,84 3,90 12,15 47,38 0,75
10 0,41 0,00 442,84 6,90 14,70 101,43 1,82
13 0,68 0,00 442,84 9,90 15,67 155,13 3,01
16 0,97 0,00 442,84 12,90 17,03 219,69 4,30
19 1,27 0,00 442,84 15,90 17,73 281,91 5,62
22 1,57 0,00 442,84 18,90 18,45 348,71 6,95
25 1,86 0,00 442,84 21,90 19,94 436,69 8,24
28 2,16 0,00 442,84 24,90 20,40 507,96 9,56
31 2,44 0,00 442,84 27,90 20,40 569,16 10,80
34 2,71 0,00 442,84 30,90 21,04 650,14 12,00
37 2,97 0,00 442,84 33,90 21,69 735,29 13,15
40 3,21 0,00 442,84 36,90 21,69 800,36 14,21
43 3,44 0,00 442,84 39,90 21,99 877,40 15,23
46 3,66 0,00 354,27 42,90 11,45 491,20 12,97

Calculo do  M tot , d e do M 1 , tot , d do PORTT. 003 do SECy4

 M tot , d   f F v , k ,i
a i  1, 4 x118 , 65  166 ,11 kNm
i 1

M 1, tot , d   02   Fh , vento , k , i xZ i  0 , 6 x1, 4 x 6228 , 06  5231 ,57 kNm


i 1
AUTORES

JOSÉ MARCÍLIO FILGUEIRAS CRUZ


Professor Doutor do Departamento de Engenharia Civil
e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal da Paraíba

ENILDO TALES FERREIRA


Professor Doutor do Departamento de Engenharia Civil
e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal da Paraíba

CARLOS ANTÔNIO TAURINO DE LUCENA


Professor Doutor do Departamento de Engenharia Civil
e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal da Paraíba

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