Colégio de Nossa Senhora da Bonança
Ano letivo de 2021 / 2022
12.º ano – teste 1
Nome: ________________________________________________________________nº____Turma_____
Classificação: ________________Professor____________ Encarregado de
Educação_________________
GRUPO I
Texto A
Ave-Marias
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade1, há tal melancolia, 1. Exp
Que as sombras, o bulício2, o Tejo, a maresia licit
Despertam um desejo absurdo de sofrer. e a
5 O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-nos, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba3
Toldam-se d’uma cor monótona e londrina.
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
10 Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
15 Como morcegos, ao cair das badaladas, Vocabulário:
1- Caráter sombrio; 2-
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Agitação; 3 - Conjunto de
pessoas pertencentes às
Voltam os calafates4, aos magotes, classes sociais mais
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; desfavorecidas; 4 – operários
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
20 Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro, a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Cesário Verde, Cânticos do Realismo, O livro de Cesário Verde, (coord. Carlos Reis,
introdução e nota biobibliográfica de Helena Carvalhão Buescu), Lisboa, INCM, 2015.
importância do recurso às sensações na caracterização da cidade.
2. Justifique o estado de espírito do sujeito poético, relacionando-o com o conteúdo da terceira estrofe.
3. Justifique a alusão ao épico português na última estrofe.
Texto B
Ah, quanta vez, na hora suave
Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!
Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio1?
Porque vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minha alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.
Fernando Pessoa, Novas Poesias Inéditas, 6.ª ed., Lisboa, Editorial Nova
Ática, 2006.
Glossário
1. amavio - Feitiço; encanto; sedução.
Responde às seguintes questões.
1. Explica a razão da tristeza do sujeito poético expressa nos versos da primeira estrofe “Vejo passar um
voo de ave/ E me entristeço!“ à luz do que o mesmo revela ao longo do poema.
2. Esclarece o desejo expresso pelo sujeito poético na última estrofe, estabelecendo ligação com o desejo
também revelado no poema “A Ceifeira”.
3. Completa os espaços em branco com a hipóteses elencadas na tabela abaixo
Nas primeiras três estrofes, o sujeito poético recorre a _____(a) _______, uma vez que procura respostas
para o facto do voo do pássaro trazer associado a si a ideia de _____(b)______ que o sujeito poético não
encontra na sua vida, pois, ao contrário do pássaro que voa instintivamente, ele é______(c)_________.
a) b) c)
Adjetivação expressiva Tristeza Feliz
Paradoxo Liberdade Inconsciente
Interrogações retóricas Horror Consciente
GRUPO II
Lê com atenção o texto que se segue.
1. De acordo com o conteúdo do primeiro parágrafo, a valorização dos resultados
(A) compromete o ritmo natural do ser humano.
(B) decorre, de forma indireta, da arte da lentidão.
(C) aligeira a pressão exercida sobre o ser humano.
(D) resulta da inevitável lentidão dos processos.
2. O cronista recorre à citação de Milan Kundera para
(A) ilustrar a tese com um caso concreto.
(B) apresentar um novo ponto de vista.
(C) introduzir um contra-argumento.
(D) reforçar o ponto de vista defendido.
3. No terceiro parágrafo, o autor enfatiza
(A) o empenho humano na concretização das tarefas que executa.
(B) a superficialidade das vivências humanas na atualidade.
(C) a diversidade de projetos que cada um leva a cabo.
(D) o domínio incontestável do homem sobre o tempo.
4. Com base na leitura do texto, é possível afirmar que a lentidão
(A) combate a mecanização da vida humana.
(B) torna mais difícil a consciência de si mesmo.
(C) propicia uma sensação de omnipotência.
(D) valoriza tudo o que é funcional e utilitário.
5. As orações introduzidas por «que» nas linhas 5 e 7 são
(A) subordinada substantiva completiva e subordinada adjetiva relativa explicativa respetivamente.
(B) subordinada adjetiva relativa, no primeiro caso, e subordinada substantiva completiva, no segundo
caso.
(C) subordinada substantiva completiva e subordinada adjetiva relativa restritiva respetivamente.
(D) subordinadas substantivas completivas, em ambos os casos.
6. A palavra «que» (linha 16) introduz a função sintática de:
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) modificador apositivo do nome.
(D) modificador restritivo do nome.
7. Indica o referente do pronome pessoal sublinhado na seguinte expressão “sobrepor-se a tudo (ll. 7-8).
8. Indica a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal presente na expressão «impede-nos
de viver» (linha 23).
9. Classifica a oração iniciada por “mesmo se” (ll.31 e 32)
10. Classifica a oração iniciada por «que» (linha 34).
Grupo III
A sociedade atual está a menosprezar a arte e a cultura ou a apresentar alternativas para a sua
manifestação mais democrática.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
defende um ponto de vista pessoal sobre a temática apresentada.
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um
deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
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