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Demissão de Servidor por Faltas e Dependência Química

O documento resume um caso de apelação cível sobre a demissão de um servidor público estável devido a faltas frequentes ao trabalho. O servidor alegou dependência química como justificativa, mas abandonou o tratamento. A corte negou o recurso do servidor, confirmando que o absenteísmo autoriza a demissão mesmo para servidores estáveis, e a dependência química não justifica as faltas quando o tratamento é abandonado.

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O documento resume um caso de apelação cível sobre a demissão de um servidor público estável devido a faltas frequentes ao trabalho. O servidor alegou dependência química como justificativa, mas abandonou o tratamento. A corte negou o recurso do servidor, confirmando que o absenteísmo autoriza a demissão mesmo para servidores estáveis, e a dependência química não justifica as faltas quando o tratamento é abandonado.

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Apelao Cvel n. 2010.043278-9, de Jaragu do Sul Relator: Des.

Newton Trisotto

CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - DEMISSO DE SERVIDOR PBLICO ESTVEL - SUCESSIVAS FALTAS AO TRABALHO - DEPENDNCIA DE TXICOS - DEPENDNCIA QUMICA (ALCOOLISMO E TOXICOMANIA) - ABANDONO DO TRATAMENTO - DEMISSO - RECURSO DESPROVIDO O absentesmo recorrente autoriza a demisso de servidor pblico, ainda que estvel. A dependncia qumica de txicos no constitui causa justificadora das faltas nos casos em que o servidor abandona o centro de tratamento e no corresponde s aes do Poder Pblico visando a sua recuperao.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelao Cvel n. 2010.043278-9, da Comarca de Jaragu do Sul (Vara da Fazenda), em que apelante Jos Carlos Vasel e apelado o Municpio de Jaragu do Sul:

ACORDAM, em Primeira Cmara de Direito Pblico, por votao unnime, negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei.

RELATRIO Jos Carlos Vasel ajuizou "ao de anulao de ato jurdico com reintegrao ao cargo" contra o Municpio do Jaragu do Sul. Apresentadas a contestao (fls. 77/83) e a rplica (fls. 91/95), e inquiridas trs testemunhas (fls. 111/115), a Juza Eliana Alfredo Cardoso Luiz prolatou a sentena. Pelas razes a seguir reproduzidas, as quais revelam a natureza do litgio, julgou improcedente a pretenso formulada: "Trata-se de ao proposta por Jos Carlos Vasel contra o Municpio de Jaragu do Sul, na qual se discute a validade do processo administrativo que

culminou com a demisso do autor do cargo pblico de borracheiro, pretendendo o demandante a sua nulidade com a conseqente reintegrao no cargo e o pagamento das verbas salariais vencidas e vincendas, alegando que o ru no considerou sua condio de toxicmano. O Municpio de Jaragu do Sul, em contestao, alegou que o processo administrativo disciplinar observou todos os princpios constitucionais, em especial o contraditrio e a ampla defesa, chegando-se concluso de que houve faltas constantes do servidor ao trabalho e tambm descaso de sua parte. O processo administrativo em discusso foi instaurado pela Portaria n. 175, de 03/03/2004, conforme fls. 25 e 26, com a finalidade de 'apurar a responsabilidade funcional atribuda ao servidor Jos Carlos Vasel (...) por desdia no servio pblico, tendo em vista o registro de faltas injustificadas nas seguintes datas: 27 de janeiro de 2003; 29 de janeiro a 16 de fevereiro de 2003; 05 de maro de 2003; 08 a 11 de abril de 2003; 17 de abril de 2003; 30 de junho de 2003; 22 de outubro de 2003; 24 de outubro de 2003; 27 de outubro a 25 de novembro de 2003; 28 de novembro a 31 de dezembro de 2003; 1 de janeiro a 16 de janeiro de 2004; totalizando no ano de 2003: noventa e trs faltas e no ms de janeiro de 2004: dezesseis faltas'. Com efeito, fl. 37 v-se que o processo administrativo disciplinar foi sustado ainda em maro de 2004 em razo da internao do autor em clnica teraputica, retomando o trmite no final de maro de 2004 por conta do abandono ao tratamento. Depois de regular processamento por cerca de nove meses, com citao e defesa, segundo se extrai do relatrio de fls. 50 a 52, inquirio de testemunhas e coleta de documentos (fls. 39 a 49 e 59 a 65), o autor foi ento demitido por meio da Portaria n. 876, de 16/11/2004 (fl. 27), com fundamento no art. 85, I, III e X, e art. 86, XI, da Lei Complementar Municipal n. 003/93. A propsito, dispe a LC n. 003/93, que dispe sobre o regime jurdico dos servidores pblicos do Municpio de Jaragu do Sul, pertencentes administrao direta, s autarquias e s fundaes pblicas municipais:
'Art.85 So deveres do servidor: I exercer com zelo e dedicao as atri-buies do cargo; (...) III observar as normas legais e regulamentares; (...) X ser assduo e pontual ao servio; (...) 'Art.97 A pena de demisso ser aplicada nos seguintes casos: (...) IIinassiduidade habitual ou desdia no desempenho do cargo; (...) 'Art.101 Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao servio, sem causa justificada, por trinta dias, interpoladamente, durante o perodo de doze meses'.

Nesse passo, como foram constatadas 109 faltas sem que o servidor apresentasse justificativa no perodo de 27/01/2003 a 16/01/2004, ou seja, em menos de doze meses, a pena de demisso aplicada foi absolutamente

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proporcional infrao funcional cometida. Discordando da pena aplicada e no apontando vcios de ordem formal no procedimento administrativo disciplinar, claro est que o autor pretende discutir a justia da deciso tomada pelo administrador e a interpretao dada por ele s provas que foram produzidas no mbito do processo disciplinar, sem mcula formal alguma. [...] que a Constituio Federal de 1988 prev princpios bsicos, ine-rentes ao administrador pblico, que devem ser respeitados quando da realizao de qualquer ato administrativo. O princpio da legalidade, previsto no art. 37, caput, da CF, prev que o administrador pblico est sujeito s leis e s exigncias do bem comum, sob pena de praticar ato invlido. No caso dos autos, se tivesse o prefeito agido de forma ilegal, o ato praticado seria considerado nulo e, por conseqncia, o processo tambm o seria, porm, no houve qualquer ato praticado em desconformidade com a legislao vigente. J o princpio da moralidade administrativa, de acordo com Celso Antnio Bandeira de Mello, in, Curso de Direito Administrativo, 21 edio, ano de 2006, editora Malheiros, fl. 115, 'a Administrao e seus agentes tm de atuar na conformidade de princpios ticos. Viol-los implicar violao ao prprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidao (...).'. Ou seja, se os atos praticados pela autoridade administrativa atentassem contra o disposto nos princpios basilares da administrao pblica, tambm seria o processo administrativo declarado nulo, uma vez que no respeitou s fontes do direito administrativo, o que no ocorreu no caso em tela. O princpio da impessoalidade se consubstancia na idia de que a Administrao deve dar tratamento s pessoas de maneira igualitria, seja em benefcio, seja em detrimento, tendo em vista que o administrador pblico deve buscar sempre o bem comum, o melhor resultado para a sociedade. O processo administrativo em discusso demonstra claramente esse princpio, sendo que todas as pessoas envolvidas no processo foram tratadas de forma igual, inclusive o autor, naquela oportunidade, acusado, at porque nem mesmo o autor alegou a diferena no tratamento. J o princpio da proporcionalidade ou razoabilidade, de acordo com Hely Lopes Meirelles na obra j citada, 'pode ser chamado de princpio da proibio do excesso, que, em ltima anlise, objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restries desnecessrias ou abusivas por parte da Administrao Pblica, com leso aos direitos

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fundamentais'. No houve excessos no processo administrativo, muito embora o autor argumente o contrrio, at porque a Lei Complementar n. 003/93 prev a possibilidade de demisso do servidor que no mais atender aos requisitos necessrios para a permanncia em cargo pblico, previstos no art. 85 da referida lei, conforme o art. 97 da mesma lei. Em suma, pela fundamentao lanada e havendo adequao legal, no se verificou na penalidade escolhida e aplicada pelo administrador ferimento ao princpio da proporcionalidade. Quanto ao princpio da publicidade, tambm no houve infrao, sendo que o processo administrativo disciplinar no tramitou em segredo de justia e a divulgao dos atos praticados se deu normalmente. No tocante ao princpio da eficincia, h que se registrar que todo ato administrativo deve ser realizado com presteza, perfeio e rendimento, no se atendo o ato a to-somente aplicao da lei ao caso concreto, o que tambm no foi violado no processo administrativo em discusso. Por conseguinte est o princpio da motivao, o qual implica administrao a fundamentao para cada ato realizado, apontando os fundamentos de fato e de direito, assim, ao analisarmos o julgamento acostado s fls. 50 a 58, observa-se que se deu de acordo com o referido princpio, sendo que h indicao de lei, doutrina e jurisprudncia, alm das provas realizadas na fase de instruo. No que toca s partes em um processo administrativo, como j dito, foi assegurado o princpio da ampla defesa e do contraditrio. No mais, se o autor estava enfermo, seja por conta da alegada dependncia qumica ou por outra molstia, caberia a ele requerer licena para tratamento de sade, consoante permissivo do art. 155 da LC n. 03/93, submetendo-se percia mdica que fizesse tal constatao, a fim de que a ausncia ao servio no fosse tida como falta injustificada, nos termos do art. 77, VII, da mesma legislao municipal, e no simplesmente faltar ao servio pblico sem qualquer justificativa por 109 dias em menos de doze meses. Por fim, tem-se que os atestados de comparecimento a atendimento ambulatorial trazidos pelo autor s fls. 29 a 34, no coincidem com nenhum dos dias tidos como ausncias injustificadas no processo administrativo disciplinar, como tambm as tentativas de tratamento por internao ocorreram depois das faltas apuradas, sendo que a aferio da responsabilidade pelo insucesso nos tratamentos no tem relevncia para o deslinde do feito, registrando-se, porm, que os fatos sugerem a resistncia do autor ao tratamento que o municpio lhe estava ofertado. Concluindo, observa-se que o processo administrativo disciplinar do autor foi corretamente conduzido pela comisso processante e pelo Prefeito de Jaragu do Sul, estando em conformidade com a lei, respeitando os

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princpios da administrao pblica pertinentes ao caso, motivo pelo qual, o pedido inicial de ser indeferido" (fls. 123/128). Inconformado, o vencido interps tempestiva apelao, na qual inscreveu: "3. Contudo, o Apelante discorda da interpretao conferida pelo juzo monocrtico, sustentando que, ainda que sob o aspecto formal o processo administrativo tenha obedecido os aspectos atinentes legalidade do ato, incontroversa nos autos a circunstncia de ser o Apelante vtima da dependncia qumica de drogas e que tal situao era de pleno conhecimento da chefia imediata do servidor bem como daqueles responsveis pelo 'Programa para Tratamento de Dependentes Qumicos'. Tanto isso verdade que o Apelante, em duas oportunidades, foi encaminhado pelo prprio Municpio para tratamento em clnica especializada. 4. Assim, a conduta faltosa do Apelante foi associada ao seu estado patolgico que o impedia de agir lucidamente e no poder ser tidas como injustificadas, levando-se em conta ainda que o Apelante jamais expressou o nimo de abandonar o servio pblico o que seria condio essencial para consubstanciar o decreto de demisso. 5. Ciente da situao de dependncia em que se encontrava o servidor, cumpria ao Apelado mant-lo afastado em auxlio-doena e no demiti-lo. Ao aplicar a pena mxima o Apelado agiu de forma irregular e ilegal em dissonncia que o conceito de responsabilidade social que sempre se espera de um ente pblico, devendo ser anulado o ato demissionrio com a consequente condenao do Municpio no pagamento dos vencimentos e vantagens referentes ao tempo em que permaneceu afastado. 6. Dessa forma, o mero sancionamento da conduta faltosa revela-se precipitado pois a Administrao deveria ter licenciado o Apelante de forma compulsria para tratamento de sade, pois, no restam dvidas de que a dependncia de drogas uma patologia que, infelizmente, cada vez mais comum no seio da sociedade moderna. 7. Por outro lado, impende destacar que o caso do Apelante foi a primeira experincia da Administrao Municipal no encaminhamento de um servidor dentro do 'Programa para Tratamento de Dependentes Qumicos' que comeou a ser implementado no mbito pelo Municpio em junho de 2003, conforme consta nos depoimentos prestados pelas servidoras Sonia de Ftima Dall'Agnol (fl. 42) e Lucimar Z. de Freitas (fl. 44) perante a Comisso de Processo Administrativo. 8. Ocorre que tanto na escolha da clnica como no encaminhamento do paciente houve negligncia do Municpio que foram desastrosas para o sucesso do tratamento do Apelante. Note, insigne Relator, que a servidora

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Sonia de Ftima Koshinski Dall'agnol declarou em seu depoimento de fls. 111/112 que na poca dos fatos atuava no Programa de Tratamento da Dependncia Qumica mantido pelo Municpio e que em 2004 conseguiram a internao do demandante em um instituio em Balnerio Cambori, porm no tiveram o cuidado de realizar uma visita prvia quela entidade para conhecer as instalaes e os procedimentos adotados pela clnica como os pacientes l internados. A testemunha alegou que o Apelante foi o nico servidor encaminhado entidade de Balnerio Cambori e que na poca o programa estava iniciando e ainda no havia dados sobre servidores recuperados. 9. O desapontamento com o ambiente encontrado na clnica em Balnerio Cambori resultou em descrdito do Apelante em relao ao Programa municipal de tratamento de dependentes qumicos. A decepo nessa primeira experincia certamente foi a causa principal do malogro da segunda internao e o abandono do tratamento. 10. A equivocada seleo das clnicas por parte do Municpio no resultou apenas no abandono do tratamento pelo Requerente, mas teve um efeito mais profundo e devastador na tentativa de superao da sua dependncia, comprometendo a prpria confiana e expectativa na eficcia de todo o Programa de Recuperao conduzido pelo Municpio" (fls. 134/137). O recurso foi respondido (fls. 142/148). Para o Procurador de Justia Francisco Jos Fabiano, inexiste na causa interesse a justificar interveno do Ministrio Pblico (fls. 153/155). VOTO 01. O formalismo processual tem se constitudo em srio entrave celeridade da prestao jurisdicional. Sucedem-se as instncias recursais e, no raro, os fundamentos da primeira deciso so repetidos, com outras palavras, nos acrdos. Visando contribuir para a superao dos obstculos efetividade do processo, os tribunais tm decidido que: a) 'no nula a deciso sucintamente fundamentada, desde que contenha o essencial' (REsp n. 7.870, min. Slvio de Figueiredo Teixeira). A conciso necessria ante o expressivo movimento forense e o justo anseio da sociedade por uma clere prestao jurisdicional' (AC n. 2001.004845-0, Des. Newton Trisotto); b) a fundamentao aliunde ou per relationem satisfaz a exigncia do inciso II do art. 458 do Cdigo de Processo Civil e do inciso IX do art. 93 da Constituio da Repblica; 'no vulnera os princpios constitucionais do contraditrio e da ampla defesa o acrdo que, parcialmente, adota como razes de decidir parecer de membro do Ministrio Pblico que atua na instncia de origem' (RE n. 235.800, Min. Ilmar Galvo; AgRgAI n. 140.524, Min. Seplveda Pertence; HC n. 18.305, Min. Edson Vidigal; RHC n. 12.330, Min. Jos Arnaldo da Fonseca; RHC n.

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12.333, Min. Gilson Dipp; RHC n. 9.854, Min. Jorge Scartezzini). Com essa perspectiva, extraordinria inovao no ordenamento jurdico processual adveio com a Lei n. 9.099, de 1995, que dispe sobre os Juizados Especiais Cveis e Criminais. Prescreve que, 'se a sentena for confirmada pelos prprios fundamentos, a smula do julgamento servir de acrdo' (art. 82, 5). Lamentavelmente, a regra no foi estendida a todos os recursos originrios de processos de pouca expresso econmica ou complexidade jurdica. Aos fundamentos da sentena, reproduzidos no relatrio, os quais adoto evitando assim tautologia, nada seria necessrio acrescentar. Permito-me, no entanto, destacar e aditar: a) na apelao, o autor no suscita questes relacionadas com a higidez do processo administrativo; sustenta que "tanto na escolha da clnica como no encaminhamento do paciente houve negligncia do Municpio que foram desastrosas para o sucesso do tratamento"; b) h precedente da Cmara reintegrando servidor no cargo, pois a "ocorrncia de tais faltas no se deu porque o recorrido foi desidioso no cumprimento de suas funes, mas, sim, porque sofria, poca dos fatos, da Sndrome de Dependncia ao lcool (Alcoolismo)" (AC n. 2007.004565-8, Des. Vanderlei Romer). Porm, como destacado na sentena, no caso tem-se que "o processo administrativo disciplinar foi sustado ainda em maro de 2004 em razo da internao do autor em clnica teraputica, retomando o trmite no final de maro de 2004 por conta do abandono ao tratamento" (fl. 125). Concordo com a eminente Magistrada: "se o autor estava enfermo, seja por conta da alegada dependncia qumica ou por outra molstia, caberia a ele requerer licena para tratamento de sade, consoante permissivo do art. 155 da LC n. 03/93, submetendo-se percia mdica que fizesse tal constatao, a fim de que a ausncia ao servio no fosse tida como falta injustificada, nos termos do art. 77, VII, da mesma legislao municipal, e no simplesmente faltar ao servio pblico sem qualquer justificativa por 109 dias em menos de doze meses" (fl. 123); c) por oportuno, transcrevo o relatrio emitido pela "Diviso de Sade Ocupacional" do Municpio de Jaragu do Sul: "Em 26 de janeiro de 2004 o funcionrio Jos Carlos Vasel comunicou seu desejo de ser internado em uma clnica especializada para tratamento de dependncia qumica. Diz-se incapaz de deixar a dependncia sozinho, alegando que no tem condies fsicas e emocionais para manter-se longe das drogas. Em funo do relatado, em fevereiro foi mantido contato com o Sr. Cludio do ISSEM para que o Instituto pudesse assumir a responsabilidade financeira do tratamento do servidor uma vez que no h convnio com comunidades teraputicas. Aps a aceitao da proposta pelo ISSEM, em 1 de maro deste ano, o

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funcionrio foi internado no CREDQ Centro de Reabilitao Especializado em Dependncia Qumica vindo a desistir do tratamento, abandonando a Clnica no dia 21 de maro. No dia 23 do mesmo ms, o funcionrio compareceu a Diviso de Sade Ocupacional solicitando internao em outra clnica, alegando ser submetido a trabalhos forados e privaes alimentares. A Comunidade em questo foi evasiva em suas explicaes no aceitando inclusive devolver parte do pagamento efetivado pelo ISSEM nem dos materiais de limpeza que faziam parte do enxoval, em funo disto, resolvemos dar-lhe uma nova chance internando-o em outra clnica. Um dia aps, em 24 de maro, Jos Carlos foi novamente internado, desta vez na Comunidade Teraputica Essncia de Vida, sendo renegociado com o ISSEM a nova internao. Apenas 05 dias aps, em 29 de maro, o servidor em questo desiste do tratamento e a da Comunidade onde estava. Chegando em Jaragu do Sul comunica-se via telefone com sua chefia a Sra Denise Wurmli, que entrou imediatamente em contato com o setor de Sade Ocupacional para comunicar o fato. Roseli da Comunidade Teraputica telefonou comunicando o aban-dono do tratamento por parte de Jos Carlos e diz que o mesmo alegou que precisava de sua presena em Jaragu do Sul. J para a equipe da Sade Ocupacional, quando indagado, Jos Carlos alega que passou por situaes difceis e traumatizantes na outra clnica e que o Coordenador da nova clnica j o desanimou na primeira entrevista ao dizer que 90% das pessoas que fazem tratamento voltam a fazer uso de substncias psicoativas. Mostramos-lhe que no pode fazer deste fato uma 'muleta' para desistir do tratamento mas sim de um incentivo para continuar lutando e mostrar que mais forte e pode vencer esta luta contra as drogas. Alega tambm que as pessoas com as quais convivia na clnica so drogados e l esto por medidas judiciais. Pergunto se por isso estas pessoas no so dignas de estar em sua presena e ele responde que no, no so dignas de conviver no mesmo espao que ele pois s pensam em se drogar e no trabalham. Ele j est em outro estgio, j passou por tudo isto e no pode se misturar com este tipo de gente. No nos parece que o funcionrio esteja disposto a mudar sua vida ou conduta. O que se percebe que o mesmo procura arrumar motivos e desculpas para seus atos ao invs de assumir suas atitudes e um tratamento eficaz. Por isso, foi confeccionado Termos de Responsabilidade para que o mesmo tomasse conhecimento e assinasse" (fls. 39/40). 02. vista do exposto, nego provimento ao recurso.

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DECISO Nos termos do voto do relator, negaram provimento ao recurso. O julgamento, realizado no dia 3 de maio de 2011, foi presidido pelo Excelentssimo Senhor Desembargador Srgio Roberto Baasch Luz, com voto, e dele participou o Excelentssimo Senhor Desembargador Paulo Henrique Moritz Martins da Silva. Florianpolis, 30 de maio de 2011

Newton Trisotto RELATOR

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