PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
TÉCNICA HOSPITALAR
MEDICINA VETERINÁRIA
Karin Elisa Treichel
Caila Adrieli Daneluz
Bruna Vitória Wilmes
Kauana Bonatto
Bruna Almeida Santos
Pedro Henrique Kenautt
Luíza Candido Martins
FLUIDOTERAPIA
TOLEDO
2022
INTRODUÇÃO
Quando nosso animalzinho realiza alguma atividade física, seja correr no
parque, brincar com outros animais, vemos que em algum momento ele fica ofegante,
com sede, isso seria o começo de uma desidratação, mas existe vários graus de
desidratação, e motivos para que isso se desenvolva, como por exemplo uma doença, e
são nesses casos em que entra a fluidoterapia.
Fluidoterapia é utilizada quando o animal está com alguma doença que causou a
desidratação, sendo possível administrar pelas vias corretas líquido e nutriente
necessários de acordo com causa primária. Veremos de forma simples e clara como
identificar o motivo da desidratação do animal.
É importante conhecer a técnica de fluidoterapia porque grande parte do corpo
dos animais é composta de água, quando ocorre uma redução, apresentam sinais de
desidratação, o que pode levar a outros problemas mais graves se não for revertido.
Vamos apresentar o que é, como ela é aplicada e de que forma precisa ser
administrada, tratando de sua importância. Tendo evolução nas medicações durante as
décadas, sendo mais efetivos, e com técnicas melhoradas.
A FLUIDOTERAPIA
Consiste em um procedimento em que é feita a administração de fluídos pela via
oral, subcutânea ou intravenosa. Tem-se etapas de reanimação, reidratação e
manutenção do animal. O procedimento é muito utilizado para a solução de
desidratação dos pets, principalmente em situações de doenças graves.
Em situações de desidratação extrema, a decisão precisa ser rápida. Porém em
hipótese alguma o tutor deve tentar resolver por conta própria. O procedimento de
fluidoterapia deve ser administrado por um médico veterinário, que seja um profissional
apto para avaliar e indicar a melhor forma do tratamento.
Antes de utilizar essa técnica precisa ser investigada uma causa primária,
averiguar os sintomas e assim é possível escolher a via a qual será administrada.
Quando o animal começa a apresentar sintomas de desidratação e sinais clínicos
como vômito, diarréia, glicosúria, anorexia e doença renal, precisa-se ser encaminhado
à um profissional médico veterinário, realizando os exames de acordo com os sinais
clínicos, dessa forma o animal pode ser tratado tanto com os antibióticos corretos e com
a técnica de fluidoterapia. Precisa ser constatado em qual via será administrada.
APLICAÇÃO
- Cálculo: Primeiramente devemos calcular a quantidade de fluido que será
necessária por dia, esse cálculo de reidratação é realizado de acordo com a porcentagem
de desidratação e o peso corporal do animal:
Volume de reidratação (litros/dia) = % de desidratação x peso corporal (Kg)
Para o cálculo da manutenção consideram-se as perdas perceptíveis e
imperceptíveis. Cerca de dois terços da necessidade de manutenção correspondem às
perdas perceptíveis, e um terço corresponde às perdas imperceptíveis. Geralmente se é
utilizada uma estimativa de 40 a 60 ml/kg/dia para cães e 70 ml/kg/dia para gatos no
cálculo das necessidades de manutenção de fluido, mas claro isso pode variar
dependendo de cada paciente e situação. Pode-se usar também uma estimativa de
acordo com as perdas, onde a necessidade de manutenção de perdas perceptíveis
corresponde de 27 a 40 ml/kg/dia, e das perdas imperceptíveis corresponde de 13 a 20
ml/kg/dia.
- Controle: Para que se tenha um maior controle da quantidade de fluido, é
usado um equipamento chamado bomba de infusão que é um dispositivo que entrega os
fluidos (como medicamentos ou nutrientes), no corpo de um paciente controlando a
velocidade e quantidade de fluido que são determinadas pelo médico veterinário. São
utilizadas em ambientes clínicos, cirúrgicos, internamentos, ou até mesmo para
tratamentos em casa de pacientes com alguma necessidade especial de fluidoterapia ou
medicação.
- Vias de acesso: A administração desses fluidos pode ser subcutânea quando o
animal não estiver em choque, absorver os fluidos e aceitar administrações repetidas por
esta via. Em casos de animais severamente desidratados podem não absorver fluidos via
subcutânea tão rapidamente como desejado, então passa a ser usada a via intravenosa
por ser mais eficaz. A administração intramedular pode ser usada se a administração
intravenosa for desejada, mas não puder ser fixado um cateter. Para isso, uma agulha
hipodérmica de orifício largo ou uma agulha para aspiração de medula pode ser inserida
através do fêmur (fossa trocantérica), tíbia, asa do íleo, ou úmero. A administração
intraperitoneal é aceitável, mas preenche o compartimento intravascular mais
lentamente do que as vias intravenosa ou intramedular.
TIPOS DE FLUIDOS
Ringer com lactado de sódio: usado para reidratação, reestabelecimento do
equilíbrio hidroeletrolítico e em casos de acidose metabólica, composto de Íons de
cloro, sódio, potássio, cálcio, além de lactado
Ringer simples: tem características semelhantes ao ringue com lactato, porém
não contém lactato, também é utilizado para reposição. Contém mais cloreto e mais
cálcio que outras soluções, tornando se levemente acidificastes.
Solução Na CL a 0,9% (soro): solução salina usada em casos de desidratação
para repor a volemia, contém apenas sódio, cloro e água.
Soro glicosado: (solução de glicose a 5% em Na CL a 0,9%) usado em casos de
desidratação hipoglicemia, pois é uma fonte de água, calorias e diurese osmótica,
composto de glicose e água para injeção.
Os líquidos da fluidoterapia são divididos conforme o tamanho molecular,
permeabilidade capilar e função pretendida. De acordo com o tamanho molecular e a
permeabilidade são classificados em coroides ou cristaloides. Os cristaloides são os
mais utilizados, tem uma solução a base de água com moléculas pequenas capazes de
entrar em todos os compartimentos corpóreos. Já as soluções coloides têm alto peso das
moléculas e sua permeabilidade restrita ao plasma, atuando principalmente no meio
intravascular
DISTRIBUIÇÃO DO LÍQUIDO CORPORAL
A água corporal se distribui em dois compartimentos principais: o líquido
extracelular (LEC) e o líquido intracelular (LIC). O LEC que compõem 20% do peso
corporal e é dividido no espaço plasmático que constitui 4% do peso corporal e no
espaço intersticial com 16% do peso corporal. O líquido intersticial está localizado entre
as células e o aumento de volume dele é caracterizado como edema. O LIC compõe os
outros 40% do peso corporal e pode ser considerado como espaço único, embora seja
formado por diversos tecidos distintos envolvidos por membranas celulares, e o material
líquido e composição química das células com diferentes funções variam
consideravelmente de acordo com a função de cada tecido. Dos solutos nos líquidos
corporais, o sódio é mais abundante no LEC, e o principal determinante da sua
osmolaridade, enquanto no LIC é o potássio.
DESIDRATAÇÃO
A desidratação é perda de água do organismo causada por uma doença, sudorese
ou ingestão inadequada, sendo então a deficiência de água no corpo; a desidratação
depende de ocorrências e é dividido em 3 tipos:
● Isotônica: É o tipo mais comum da desidratação por vômito e diarreia, é
caracteriza-se por uma perda proporcional de água e sódio.
● Hipertônica: Segundo tipo mais recorrente. Acontece quando a proporção de
água perdida é maior que a de sódio.
● Hipotônica: Neste caso, ocorre perda maior de sódio do que de água. As
alterações gastrointestinais ou renais, má nutrição.
Os sinais clínicos de uma desidratação geralmente mais fácil de observar em pequenos
animais são:
● Olhos fundos
● Ofegar excessivo
● Tontura ou desorientação
● Nariz seco
● Gengiva seca
● Perda de elasticidade da pele
● Olhos, nariz e gengivas secos
● Perda de apetite, energia e elasticidade da pele
● Saliva espessa
● Vômito
Existem testes clínicos que são realizados em consultas de rotina que podem ser
avaliados pelos tutores em suas residências, são práticos e é importante para que esteja
ciente sobre a saúde animal.
Para saber se o seu cachorro está desidratado, puxe, sem pressionar muito, a pele
do animal atrás do pescoço. Em seguida, estique e deixe-a soltar. Em um cão hidratado,
a pele deve voltar rapidamente ao lugar. Se você soltar a pele e ela voltar lentamente,
seu cão provavelmente está desidratado.
O tempo de preenchimento capilar também é uma forma de avaliação do estado
de desidratação do animal definido como o tempo necessário para que um capilar
recupere sua cor após uma pressão ter sido aplicada para causar seu branqueamento. Um
animal hidratado é quando a coloração volta em até 2 segundos, caso esse
preenchimento demore mais que isso pode se entender como um quadro de
desidratação. É recomendado ainda que isso seja observado em condição normal para
que exista uma comparação.
Pode ser necessário realizar alguns exames simples laboratorial de sangue, fezes e
urina para identificar a causa e o grau de gravidade da enfermidade. Partindo para um
diagnóstico de desidratação por razões específicas ou alterações no estado de saúde do
animal e que implique na busca por tratamento.
PONTOS IMPORTANTES
Cristaloides: Animais gravemente doentes correm o risco de perder grandes
quantidades de sangue devido a traumas ou queimaduras, ou problemas de infecções
graves e necessitar urgentemente de líquidos adicionais para prevenir a desidratação ou
falência renal. Os cristalóides são líquidos usados para repor o volume de líquidos que
essas pessoas perderam, geralmente administrados por via intravenosa, são soluções
salinas de baixo custo como o soro fisiológico. Eles possuem água e pequenas
moléculas que se desloca facilmente pelo corpo.
É indicado na reposição de água e eletrólitos, para tratar desidratação, pequena
perda de sangue e correção de hiponatremia, por outro lado, a administração excessiva
pode causar pôr exemplo edema periférico (inchaço nas pernas e braços) e edema
pulmonar (acúmulo de líquido nos pulmões, dificultando a respiração).
Pressão osmótica: A pressão osmótica é a pressão colocada sobre a solução
concentrada para que não haja a osmose. A osmose é a passagem de solvente de
ambiente menos concentrado para o mais concentrado, pela membrana semipermeável.
Servindo assim como um processo que equilibra a concentração de solução.
O fluido é o que realiza esse processo de eliminação de sais minerais da água, na
qual é utilizada a pressão osmótica forçando o processo contrário, fazendo que o
solvente vá para a solução menos concentrada, regulando uma desidratação.
Rins: Os rins são órgãos muito importantes para a infiltração para a retirada de
impurezas do organismo, que pela artéria renal ele segue seu curso para sair na urina.
Eles também produzem enzima, a renina que serve para produzir um hormônio que
serve para o aumento da pressão arterial caso ela caia.
Renina: A renina faz parte de um sistema, o sistema renina-angiotensina-
aldosterona, que tem a função de manter a pressão arterial estável, fazendo que
mantenha um equilíbrio do sódio e da água que o organismo precisa manter ou eliminar.
ADH: é um hormônio antidiurético, produzido pelo hipotálamo e expelido pelo
neuro-hipófise. A função do ADH é a reabsorção de água nos rins, ele é importante por
vetar que tenha perda exagerada da água e garante a osmolaridade normal do sangue.
CONCLUSÃO
A fluidoterapia é um importante tratamento de suporte que pode salvar a vida
dos animais em muitos casos. No entanto, é indicada avaliação prévia antes de ser
realizada para determinar a causa primária da doença. E também escolher o tipo de
líquido que será utilizado e a forma como será administrado.
Na maioria dos casos, a fluidoterapia é exigida em caráter de urgência, e necessitam de
uma rápida intervenção, além da correta aplicação, pois qualquer erro pode causar
problemas ainda mais graves ao paciente.
Por mais que pareça um tratamento simples, podemos observar a importância e a
complexidade deste tratamento, exigindo profissionais capacitados e preparados para
realizar esse tipo de intervenção, que é completamente imprescindível no dia a dia dos
atendimentos veterinários.
REFERENCIAS
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