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UNIVERSIDADE MUSSA BIM BIQUE
Curso de Administração Pública
Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade
POLÍTICA NACIONAL E ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DE MOÇAMBIQUE
Licenciatura em Administração Pública
º Grupo,
Composto por:
Nampula
2019
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UNIVERSIDADE MUSSA BIM BIQUE
Curso de Administração Pública
Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade
POLÍTICA NACIONAL E ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DE MOÇAMBIQUE
Trabalho de carácter avaliativo a ser
entregue na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanidade, Curso de
Administração Pública, recomendado
pelo docente da cadeira de
Desenvolvimento Económico,
dr.:
Nampula
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2019
Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Objectivos do Trabalho.....................................................................................................3
Geral:.................................................................................................................................3
Específicos.........................................................................................................................3
Metodologia do Trabalho..................................................................................................3
1.Política Nacional de Moçambique..................................................................................4
1.1.Contexto Político.........................................................................................................4
1.2.A Política no Contexto Económico.............................................................................6
1.3.A Política nas Estratégias de Desenvolvimento..........................................................7
2.Estrutura da População em Moçambique.......................................................................8
Conclusão........................................................................................................................12
Bibliografia......................................................................................................................13
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Introdução
Neste trabalho pretende-se discutir sobre a política nacional e a estrutura da população
moçambicana, onde iremos fazer uma abordagem geral sobre esses aspectos.
Moçambique tem fronteiras com a Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul
e Suazilândia. A sua longa costa do Oceano Índico (com 2.500 quilómetros) está
voltada para Este, para Madagáscar. Cerca de 70% da sua população de 28 milhões
(2016) vive e trabalha em áreas rurais. Dispõe de amplas terras aráveis, água, energia,
assim como recursos minerais e gás natural recentemente descoberto offshore, três
portos marítimos profundos, e uma potencial grande reserva de mão-de-obra. Também
está estrategicamente localizado, pois quatro dos seis países com que faz fronteira não
têm acesso ao mar, dependendo portanto de Moçambique como uma rota para os
mercados globais.
Os fortes laços de Moçambique com o motor económico da região, a África do Sul,
sublinham a importância do seu desenvolvimento económico, político e social para a
estabilidade e crescimento da África Austral como um todo.
Objectivos do Trabalho
Geral:
Discutir sobre a política nacional e a estrutura da população.
Específicos
Descrever a política nacional de Moçambique;
Identificar a estrutura da população de Moçambique;
Destacar a ideias pessoais e o entendimento sobre as diferentes abordagens que
se fazem da política nacional e da estrutura da população.
Metodologia do Trabalho
Para a realização do presente trabalho foi necessário o uso do método bibliográfico que
consistiu na leitura de diversas obras que versam sobre o assunto em alusão.
Por outro lado, usou-se também reflexões pessoais sobre a questão da política de
Moçambique, bem como a estrutura da população.
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1.Política Nacional de Moçambique
1.1.Contexto Político
Moçambique é um país democrático baseado num sistema político multipartidário. A
Constituição da República consagra, entre outros, o princípio da liberdade de associação
e organização política dos cidadãos, o princípio da separação dos poderes legislativo,
executivo e judiciário, e a realização de eleições livres,
(http://www.portaldogoverno.gov.mz).
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo) continuam a ser as principais forças políticas do país, seguidas
pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Embora a Frelimo tenha
vencido as últimas eleições presidenciais em 2014 e mantenha uma maioria confortável
no parlamento, os dois principais partidos da oposição têm vindo a ganhar terreno. A
Renamo, um antigo grupo rebelde, manteve a sua milícia após o acordo de paz de 1992
e, ocasionalmente, ainda se registam conflitos armados esporádicos na região central do
país. Estão em curso conversações de paz e, como resultado, o Presidente anunciou
(Fevereiro de 2018) um acordo sob a forma de uma emenda constitucional submetida
para ratificação ao parlamento. Continuam também discussões com a finalidade de
integrar os combatentes da Renamo no exército,
(https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview).
Entretanto, analisando profundamente as descrições acima vamos observar que estes
aspectos todos são uma mera utopia, pois na realidade o que está a acontecer não é
taxativamente isso. Ora vejamos, fala-se de um estado de direito, democrático, onde há
liberdade de associação e organização partidária dos cidadãos, liberdade de expressão, o
princípio da separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário, e a realização de
eleições livres. Mas o que vemos é que o recenseamento eleitoral não escapa a falta de
transparência que tem caracterizado os processos eleitorais moçambicanos. De acordo
com as críticas feitas, os problemas mais graves do processo eleitoral moçambicanos
situam-se na etapa inicial, ou seja, do recenseamento, e em particular na fase final, na
contagem e apuramento de resultados. Sendo assim, não podemos considerar estas
eleições, livres, justas e transparentes com estes acontecimentos, tal como a lei (9/2007,
de 25 de Fevereiro).
Por outro lado, fala-se de liberdade de expressão, também que não se faz sentir muito
menos quando se fala de política.
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Ora, em Moçambique o estado confunde-se com o partido, num real país democrático o
presidente dirige o destino do país e do povo em geral, sem sequer se importar se o
fulano é do partido x ou y. Como se podem acompanhar, os métodos desenvolvidos por
Karl Marx e Frederich Engels para caracterizar a conjuntura social, económica e
política, debruçando-se sobre classes sociais e a formação de Estados e a conjuntura
existente baseavam-se inteiramente em evidências históricas e pela observação de
diferentes fenómenos ligados à economia política.
No vasto conceito de política de MARX, o Estado aparece como sendo uma instituição
em que perpetua o poder de dominação do capital sobre o trabalho. De acordo com
CHAGAS (2012), Marx reduz tudo de essencial ao aparelho de Estado, considerando
este repressivo e relacionando-o ao poder da classe dominante sobre a classe dominada.
O Estado como mecanismo de manutenção das condições sociais de existência e da
reprodução desta realidade.
Estas abordagens reflectem alguns aspectos da realidade da economia moçambicana, em
que as relações dos grupos sociais e as alianças políticas do governo conduzem, de certa
forma, a política económica do país. As estratégias e opções políticas resultam na
reprodução e manutenção do poder das classes dominantes.
Em Moçambique, a perpetuação da divisão de classes e perpetuação do poder da classe
dominante ou possuidora sobre a classe não possuidora teve início no processo de
privatização nos anos 80. De acordo com CHIVANGUE & CORTEZ (2015) o
momento decisivo deu-se no 5º congresso onde se autorizou que os membros da
Frelimo, o partido no poder, participassem no sector privado e tivessem oportunidade de
enriquecer. De acordo com este estudo, as elites usaram o poder para beneficiar-se do
processo de privatizações, pois este não foi um processo transparente e foi dependente
das diferentes ligações políticas que podem ter distorcido preços e informações a favor
de interesses individuais ou colectivos.
O controlo estatal centralizado sobre o processo de privatização
garantiu a capacidade do partido no poder de desfrutar de uma
influência substancial sobre a maneira em que as empresas foram
vendidas e para quem. O governo usou a sua autoridade para favorecer
os interesses do partido e para dividir o controlo das empresas entre os
membros leais do partido. Outra legislação foi criada para reforçar a
presença do Estado e assegurar o favoritismo continuado aos membros
do partido, mesmo depois de já ter criado as instituições necessárias
para uma economia de mercado [...] o processo de liberalização
instável em que Moçambique foi submetido criou condições para a
corrupção, tornando este processo um elemento-chave na política
democrática do país e levando a uma erosão do Estado e da
legitimação de uma elite política (CHIVANGUE & CORTEZ, 2015,
p. 7).
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Actualmente, vive-se o reflexo de um contexto histórico de criação de elites políticas e
económicas que se consolidam e fortificam através de networks viradas ao sector
privado e em particular a investimentos em recursos naturais. CHIVANGUE &
CORTEZ (2015), demonstram a existência de uma elite moçambicana composta por
políticos empresários. Este estudo revela que um conjunto de políticos orientados para o
negócio, familiares dos mesmos e empresários encontram-se conectados numa rede de
poder político e económico, conduzida pela acumulação de recursos.
Neste sentido, em conformidade com o pensamento de MAX, se confundirmos o Estado
com partido, significa que todo o não aliado ao partido no poder, não terá acesso aos
bens e serviços públicos, sobretudo do Aparelho do Estado, algo que estaria a violar os
princípios políticos do país.
1.2.A Política no Contexto Económico
De acordo com o (PORTAL DE GOVERNO) Moçambique independente herdou uma
estrutura económica colonial caracterizada por uma assimetria entre o Norte e o Sul do
País e entre o campo e a cidade. O Sul mais desenvolvido que o Norte e a cidade mais
desenvolvida que o campo. A ausência duma integração económica e a opressão
extrema da mão-de-obra constituíam as características mais dominantes dessa
assimetria, (http://www.portaldogoverno.gov.mz).
Este cenário continua a se verificar, visto que até então Moçambique caracteriza-se por
um desenvolvimento acelerado na região sul em detrimento a região centro e norte.
Quase todas as indústrias e tudo de bom, mais oportunidades de emprego, mais
universidades, mais transporte, alta qualidade de vida, etc, tudo isso é possível obter
indo para o sul de Moçambique. Talvez, seja por esta razão que moçambique continua
menos desenvolvido, pela centralização de tudo apenas numa região.
Assim, Moçambique continua a sofrer os efeitos da crise da dívida oculta de 2016.O
crescimento real do produto interno bruto (PIB) desacelerou para 3,7% em 2017,
inferior aos 3,8% em 2016 e bem inferior à taxa de crescimento de 7% do PIB
alcançada em média entre 2011 e 2015. As pequenas e médias empresas tiverem um
recuo e a sua capacidade de gerar empregos foi ainda mais reduzida. Prevê-se que o
crescimento permaneça relativamente estável em torno de 3% a médio prazo,
(https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview).
Neste sentido, vamos ver que a inflação baixou para 7%, apoiada por uma moeda,
o metical, mais estável, e a queda dos preços dos bens alimentares. O crescimento da
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produção agrícola após o El Niño contribuiu para essa tendência, assim como a menor
inflação no preço dos bens alimentares, (opcit).
Contudo, os níveis de endividamento continuam elevados e a um nível insustentável. A
dívida externa desceu de 103,7% do PIB no final de 2016 para cerca de 85,2% no final
de 2017, principalmente devido à valorização do metical. Entretanto, os níveis da dívida
interna do governo central aumentaram devido às necessidades de financiamento do
orçamento. Moçambique continua a estar em incumprimento do seu Eurobond e nos
dois empréstimos anteriormente não revelados. O governo iniciou conversações com os
credores sobre uma possível reestruturação da dívida, mas esse processo levará
provavelmente algum tempo até dar frutos.
1.3.A Política nas Estratégias de Desenvolvimento
A estratégia de desenvolvimento formulada para inverter esta assimetria apostou numa
economia socialista centralmente planificada. No entanto, as conjunturas regional e
internacional desfavoráveis, as calamidades naturais e um conflito militar interno de 16
anos inviabilizaram a estratégia. O endividamento externo (cerca de 5,5 biliões em
1995) obrigou o País a uma mudança radical para uma estratégia de desenvolvimento do
mercado filiando-se nas Instituições de Bretton Woods e a consequente adoptação dum
Programa de Ajustamento Estrutural, a partir de 1987. Desde então, o País registava um
notável crescimento económico, até a eclosão são crise de 2016 perpetrada pelo
endividamento, (https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview).
Antes deste cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) crescia numa média acima de 7-8%
ao ano, chegando mesmo a atingir níveis de 2 dígitos. A inflação estava abaixo de 10%.
A tendência é mantê-la em um dígito. Em termos monetários, Moçambique possuía um
dos regimes cambiais mais liberalizados de África. Os parceiros comerciais externos
tinham motivos suficientes para inspirarem uma grande confiança pelo País face à
capacidade que as autoridades monetárias conseguia manter volumes adequados de
meios de pagamento sobre o exterior,
(https://www.worldbank.org/pt/country/mozambique/overview).
Contudo, com a eclosão da crise Moçambique precisa de um restabelecimento da
estabilidade macroeconómica e o restabelecimento da confiança através de uma melhor
governança económica e mais transparência, incluindo o tratamento transparente da
investigação sobre dívidas ocultas. Além disso, são necessárias reformas estruturais para
apoiar o sector privado que enfrenta actualmente dificuldades.
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Outro grande desafio para a economia é a sua diversificação em relação ao actual foco
em projectos de capital intensivo e agricultura de subsistência de baixa produtividade,
para uma economia mais diversificada e competitiva, fortalecendo ao mesmo tempo os
principais impulsionadores da inclusão, como a melhoria da qualidade da educação e da
prestação de serviços de saúde, o que poderá, por sua vez, melhorar os indicadores
sociais.
2.Estrutura da População em Moçambique
Embora a informação sobre medidas ou programas com potencial para influenciar a
dinâmica populacional em Moçambique antes da independência em 1975 seja escassas,
sabe-se que durante o tempo colonial as questões relacionadas com a população
centravam-se, sobretudo, na qualidade da mão-de-obra. As questões relacionadas com a
natalidade estavam adjacentes à política de saúde, que estava virada essencialmente para
o 14 propósito de assegurar a (re)produtividade da mão-de-obra e redução dos elevados
níveis de esterilidade. Assim, uma elevada taxa de crescimento natural e consequente
estrutura jovem da população eram implicitamente aceites como uma consequência
desejada de uma política de população (UNITED NATIONS, 1981).
Assim, quando Moçambique obteve a sua independência, em 1975, o discurso que
valorizava o crescimento da população que tinha prevalecido até ao século XIX, tinha
sido substituído por outro que considerava que o controlo do crescimento da população
era vantajoso. Após a independência, Moçambique adoptou o regime socialista de
planificação centralizada. Nestes regimes os Estados são os principais organizadores da
produção de bens e serviços e têm mais poder de interferência directa nas questões
demográficas e mesmo reprodutivas (GREENHALGH, 2003:201).
A grande parte das políticas sociais em Moçambique tiveram como foco as áreas de
educação e saúde. Entretanto, se por um lado, nenhuma intenção consciente de
influenciar o crescimento populacional foi implementada, excepto algumas políticas e
programas sobre saúde materno-infantil, condições de casamento e estatuto da mulher
(ARNALDO et al., 2011), por outro lado, a redistribuição espacial da população foi
considerada uma prioridade para permitir maior cobertura dos serviços sociais. As
estratégias para promover o povoamento concentrado eram consideradas essenciais para
facilitar a provisão de serviços básicos como educação e saúde, apesar dos efeitos
negativos 15 da migração involuntária (ARAÚJO, 1988). Todavia a necessidade de
controlar o crescimento populacional somente viria a ganhar relevância nos anos de
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1990 mediante a pressão da comunidade política internacional, tal como na generalidade
dos países africanos.
Em 1978 tinha sido oficialmente adoptado o programa de planeamento familiar, mas só
se tornou num programa nacional em 1980, quando os serviços de planeamento familiar
começaram a ser disponibilizados gratuitamente através do sistema nacional de saúde
(ARNALDO, 2007:45). O programa estava (e ainda está) integrado dentro do programa
de saúde materno-infantil e o seu objectivo principal era de reduzir as elevadas taxas de
mortalidade materno-infantil, através da promoção do espaçamento dos nascimentos até
pelo menos dois anos (UNITED NATIONS, 1981). Porém, em 1980, também teve lugar
o primeiro censo de Moçambique como um país independente. Tal como em outros
países africanos, em Moçambique o papel da comunidade política internacional na
difusão ou na imposição de normas internacionais sobre o comportamento reprodutivo
foi crucial.
A relação entre População e desenvolvimento é enfatizada inúmeras vezes na PP de
Moçambique. Pode ler-se, por exemplo, na PP que “o Governo Moçambicano considera
necessário formular e implementar uma política nacional de população, como parte
integrante da estratégia nacional de desenvolvimento autossustentado do país”.
(CONSELHO DE MINISTROS, 1999:2).
Portanto, mais do que um instrumento orientador sobre as prioridades do país no que
concerne as questões demográficas, a Política Populacional ou da população pretende
ser um instrumento de promoção de desenvolvimento. Este discurso enquadra-se
perfeitamente no discurso internacional sobre a relação entre população e
desenvolvimento que dominou a segunda metade do século XX.
Estas políticas pouco se fazem sentir, pois parece que apenas algumas pessoas das zonas
urbanas é que aderem ao planeamento familiar, enquanto a maior parte, tanto das zonas
urbanas, como das zonas rurais continuam a nascer de forma descontrolada.
Assim, de acordo com o INE, Moçambique apresenta a seguinte estrutura da população:
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Fonte: www.ine.gov.mz
Entretanto, dá para ver que em Moçambique, como em muitos países africanos, as PPs
não têm sido incorporadas na estratégia Nacional de desenvolvimento. Por exemplo na
nova Estratégia Nacional de desenvolvimento de Moçambique (2015-2035), no que diz
respeito ao perfil demográfico do país se reconhece que a estrutura demográfica jovem
coloca desafios a economia nacional em termos de acesso a educação, saúde,
abastecimento de água, transporte, emprego, protecção social (REPÚBLICA DE
MOÇAMBIQUE, 2014:7), conforme podemos ver a estrutura acima apresentada na
tabela. Contudo ao longo do documento não há nenhuma indicação se há pretensão em
alterar a estrutura demográfica a retirar dela os ganhos económicos possíveis e tão
pouco nos resultados esperados se faz indicação sobre que indicadores medirão a
mudança da estrutura demográfica. E sobre planeamento apenas o territorial, o familiar
é completamente ignorado.
Neste sentido, podemos verificar que a política nacional de população de Moçambique
está centrada a volta da questão população e desenvolvimento. O facto da estratégia
nacional de desenvolvimento fazer referências muito superficiais as questões
demográficas e não fazer referências a política de população coloca questões sobre a
necessidade duma PP em Moçambique. Entretanto, há desafios que estão identificados
quer na PP quer na estratégia nacional de desenvolvimento, nomeadamente a estrutura
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da população muito jovem e as suas consequências económicas negativas. Por um lado,
o modelo do sudeste asiático sugere claramente que programas firmes de planeamento
familiar podem ter resultados desejados. Alternativamente, o planeamento familiar pode
ser incluído na estratégia nacional de desenvolvimento. Portanto formular uma PP não é
a única forma e tão pouco a mais eficaz forma de lidar com os problemas demográficos.
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Conclusão
A dinâmica demográfica é um dos factores chave do desenvolvimento socioeconómico
de um país. As políticas para a sua integração na planificação estratégica geral de
desenvolvimento são fundamentais.
No entanto, em Moçambique o desafio demográfico pertinente está relacionado com a
estrutura demográfica muito jovem que leva a uma taxa de dependência elevada. Esta
estrutura resulta de uma taxa de fecundidade elevada, em torno de seis filhos por
mulher, e para além de uma capacidade produtiva limitada o seu impacto é notável em
termos de demanda de serviços sociais como educação e saúde, portanto do lado da
despesa pública comprometendo a capacidade de poupança e investimento em outros
sectores. Embora o potencial deste tipo de estrutura seja enorme como já o demonstram
os países asiáticos ao beneficiarem do dividendo demográfico, qualquer política
demográfica que vise alterar a estrutura demográfica jovem deve incidir claramente na
necessidade de reduzir a fecundidade com metas claras e intervenções firmes ao mais
alto nível político.
Contudo, uma opção importante para este efeito é a revisão da actual política de
população para torna-la simples e como estratégia para a redução da fecundidade.
Também deverá ser definido o seu posicionamento na estrutura dos instrumentos de
planificação estratégica do governo e os mecanismos de articulação entre os diferentes
sectores relevantes de modo a facilitar a sua implementação.
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Bibliografia
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GREENHALGH, S. “Planned births, unplanned persons:“ Population” in the making of
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CONSELHO DE MINISTROS. 1999. “Política de População.” Resolução Nº 5/99 de
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Lei (9/2007, de 25 de Fevereiro)
14
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(http://www.portaldogoverno.gov.mz)
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