Aula 00
Direito Processual Penal Militar p/ DPU (Defensor Público da União)
Professor: Paulo Guimarães
DIREITO PENAL MILITAR PARA DPU (DEFENSOR PÚBLICO)
Teoria e exercícios comentados
Aula 00 – Prof. Paulo Guimarães
AULA 00
APRESENTAÇÃO. CRONOGRAMA. APLICAÇÃO
DA LEI PENAL MILITAR.
Sumário
Sumário ................................................................................................. 1
1 - Apresentação ..................................................................................... 2
2 - Cronograma ......................................................................................... 3
3 - Introdução: disposições constitucionais ............................................... 4
4 - Aplicação da Lei Penal Militar ............................................................. 6
5 - Questões ......................................................................................... 18
5.1 - Questões sem Comentários .......................................................... 18
5.2 – Gabarito.................................................................................... 20
5.3 - Questões Comentadas ................................................................. 21
6 – Resumo da Aula ................................................................................... 26
7 - Considerações Finais ............................................................................. 27
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Teoria e exercícios comentados
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AULA 00 - APRESENTAÇÃO. CRONOGRAMA.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR.
1 - Apresentação
Olá, amigo concurseiro! O edital para o concurso da Defensoria Pública da União
ainda não foi publicado, mas se você está aqui é porque deseja preparar-se de
forma consistente e firme.
Meu nome é Paulo Guimarães, e estarei junto com você na sua jornada rumo à
aprovação. Vamos estudar em detalhes o conteúdo de Direito Penal Militar,
teremos questões comentadas e trataremos desses temas de forma exaustiva.
Ainda não temos confirmação acerca de qual será a banca examinadora do nosso
concurso, e por essa razão vamos trabalhar com questões de várias bancas
diferentes, para que você possa preparar-se de forma ampla e completa, e
certamente não aparecerão surpresas na hora da prova.
Antes de colocarmos a “mão na massa”, permitam-me uma pequena
apresentação. Nasci em Recife e sou graduado em Direito pela Universidade
Federal de Pernambuco. Minha vida de concurseiro começou ainda antes da vida
acadêmica, quando concorri e fui aprovado para uma vaga no Colégio Militar do
Recife, aos 10 anos de idade.
Em 2003, aos 17 anos, fui aprovado no concurso do Banco do Brasil, e cruzei os
dedos para não ser convocado antes de fazer aniversário. Tomei posse em 2004
e trabalhei como escriturário, caixa executivo e assistente em diversas áreas do
BB, incluindo atendimento a governo e comércio exterior. Fui também aprovado
no concurso da Caixa Econômica Federal em 2004, mas não cheguei a tomar
posse.
Mais tarde, deixei o Banco do Brasil para tomar posse no cargo de técnico do
Banco Central, e lá trabalhei no Departamento de Liquidações Extrajudiciais e na
Secretaria da Diretoria e do Conselho Monetário Nacional.
Em 2012, tive o privilégio de ser apro vado no concurso para o cargo de Auditor
Federal de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União, em 2° lugar na
área de Prevenção da Corrupção e Ouvidoria. Atualmente, desempenho minhas
funções na Ouvidoria-Geral da União, que é um dos órgãos componentes da CGU.
Sua opção por preparar-se com o Estratégia é, sem dúvida, a melhor escolha em
termos de qualidade do material apresentado e de comprometimento dos
professores.
Seu único verdadeiro inimigo na preparação para o concurso será a banca
organizadora, e juntos vamos vencê-la!
Garanto que todos os meus esforços serão concentrados na tarefa de obter a SUA
aprovação. Esse comprometimento, tanto da minha parte quanto da sua,
resultará, sem dúvida, numa preparação consistente, que vai permitir que você
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esteja pronto no dia da prova, e tenha motivos para comemorar quando o
resultado for publicado.
Muitas vezes, tomar posse em cargos como esses parece um sonho distante,
mas, acredite em mim, se você se esforçar ao máximo, será apenas uma questão
de tempo. E digo mais, quando você for aprovado, ficará surpreso em como foi
mais rápido do que você!
2 - Cronograma
Nosso cronograma nos permitirá cobrir todo o conteúdo de Direito Penal Militar,
enfatizando sempre os aspectos mais importantes e pontuando as possibilidades
de cobrança por parte da banca.
Aula 00 Aplicação da Lei Penal Militar.
Aula 01
Crime. Imputabilidade Penal. Concurso de agentes.
25/9/2016
Aula 02 Penas. Aplicação da pena. Suspensão condicional da pena.
Livramento condicional. Penas acessórias. Efeitos da condenação.
26/9/2016 Medidas de segurança. Ação penal. Extinção da punibilidade.
Aula 03
Crimes militares em tempo de paz – Parte 1.
28/9/2016
Aula 04
Crimes militares em tempo de paz – Parte 2.
30/9/2016
Encerrada a apresentação, vamos à matéria. Lembro a você que essa aula
demonstrativa serve para mostrar como o curso funcionará, mas isso não quer
dizer que a matéria explorada nas páginas a seguir não seja importante ou não
faça parte do programa.
Analise o material com carinho, faça seus esquemas de memorização e prepare-
se para a revisão final. Se você seguir esta fórmula, o curso será o suficiente para
que você atinja um excelente resultado. Espero que você e goste e opte por se
preparar conosco.
Agora vamos o que interessa. Mãos à obra!
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3 - Introdução: disposições constitucionais
Antes de começarmos a explanação teórica, quero fixar um parâmetro
metodológico. Este curso não é de Direito Penal, e, portanto, eu não explicarei
os dispositivos, institutos, e nem a jurisprudência comum ao Direito Penal e ao
Direito Penal Militar.
Esta advertência serve principalmente para quando começarmos a analisar os
dispositivos do Código Penal Militar, pois algumas vezes esse diploma legal
apenas repete os dispositivos do Código Penal.
Não faria sentido eu parar para explicar detalhes sobre o princípio da legalidade,
retroatividade da lei penal mais benigna, teoria do crime, etc, pois você já está
estudando tudo isso em Direito Penal. Por isso, vou manter o foco no que o Direito
Penal Militar traz de diferente, ok?
Garanto que a maioria de nós passou cinco anos na faculdade e ouviu muito
pouco, ou nada, a respeito da Justiça Militar. Provavelmente em alguma aula
perdida de Direito Constitucional o professor fez referência à existência de um
ramo “estranho” do Poder Judiciário, em que todas as decisões são tomadas por
órgãos colegiados, e onde há juízes que são militares de carreira.
Por essas razões, muita gente se confunde quando precisa saber um pouco mais
a respeito do Direito Militar. No nosso curso vamos desmistificar o trabalho desse
ramo do Poder Judiciário, na medida em que estudarmos o Direito Penal Militar,
com ênfase no Código Penal Militar e suas disposições.
A previsão da existência da Justiça Militar está no art. 124 da Constituição
Federal.
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da
Justiça Militar.
Vemos de cara que a competência da Justiça Militar é bastante restrita:
processar e julgar os crimes militares. Esses crimes são tipificados no Código
Penal Militar.
Perceba que a Constituição não conferiu à Justiça Militar competência para julgar
apenas réus militares. É possível, nos crimes militares impróprios, que o civil
seja levado a julgamento perante a Justiça Militar.
A Justiça Militar da União é competente para julgar militares
e, excepcionalmente, civis, quando cometerem crimes
militares, previstos em lei específica.
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A norma que trata da organização da Justiça Militar da União é a Lei n°
8.457/1992. A lei não está prevista no programa da sua prova, mas, se você não
tiver nenhuma familiaridade com a Justiça Militar, talvez seja uma boa ideia dar
uma olhada, ok?
Quando tratamos dos militares abrangidos pela lei, é importante compreender
também o conteúdo do art. 42 da Constituição Federal.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares ,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
18, de 1998)
Os membros das PMs e dos CBMs são considerados militares dos estados, do
Distrito Federal e dos Territórios. Antes da Emenda Constitucional n° 18/1998,
os juristas costumavam dizer que os membros das PMs e dos CBMs não eram
propriamente militares, uma vez que estas corporações eram consideradas
apenas forças auxiliares.
Na Justiça Militar Estadual há a Auditoria Militar, que representa o primeiro grau
de jurisdição, e o segundo grau normalmente é exercido no âmbito do Tribunal
de Justiça.
É possível, entretanto, que os estados criem Tribunais de Justiça Militares
quando o efetivo for maior do que vinte mil homens. Hoje só há TJM em São
Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Nos demais estados, o Tribunal de
Justiça atua como órgão de segundo grau da Justiça Militar Estadual.
É importante também que você saiba que o órgão superior no julgamento de
recursos advindos da Justiça Militar Estadual é o Superior Tribunal de Justiça,
e não o Superior Tribunal Militar.
Por último, é importante que você saiba que, diferentemente da Justiça Militar da
União, a Justiça Militar Estadual não processa e nem julga civis, mas
apenas os militares estaduais.
Há ainda outros detalhes interessantes sobre a Justiça Militar Estadual, mas eles
não estão previstos no programa do seu concurso, e por isso não vou entrar nas
minúcias. De toda forma, recomendo a leitura do art. 125 da Constituição.
Os policiais militares e bombeiros militares dos Estados,
Distrito Federal e Territórios são considerados militares pela
Constituição.
O papel de órgão superior no processo militar estadual é exercido pelo STJ, e
não pelo STM.
A Justiça Militar estadual nunca julga civis.
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O art. 142 da Constituição trata dos aspectos gerais das forças armadas.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia
e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes,
da lei e da ordem.
Os principais pilares da organização das forças armadas são aplicáveis ao Direito
Penal Militar na qualidade de princípios: a hierarquia e a disciplina. Por favor
não esqueça desses dois princípios. Eles são muito importantes!
A existência das forças armadas como instituições permanentes, com
organização própria, baseada na hierarquia e na disciplina princípios, justifica a
manutenção de uma Justiça Militar especializada.
4 - Aplicação da Lei Penal Militar
A Doutrina divide os crimes militares em duas categorias: os crimes
propriamente militares e os crimes impropriamente militares. Os crimes
impropriamente militares obedecem uma lógica um pouco diferente, que veremos
logo adiante.
A legislação falha ao não tratar dessas duas categorias de crimes, apesar de a
própria Constituição mencionar os crimes propriamente militares, usando
inclusive esta nomenclatura.
De acordo com a doutrina clássica, os crimes propriamente militares são
aqueles que somente podem ser praticados por militares, enquanto os
impropriamente militares podem ser praticados também por civis.
Há ainda muita discussão a respeito do crime de insubmissão, que é cometido
por aquele que se ausenta no momento de sua incorporação às forças armadas.
Boa parte da Doutrina entende que es te é um crime propriamente militar, pois é
totalmente relacionado à vida militar. Por outro lado, ele só pode ser praticado
por civil, pois diz trata justamente do momento anterior à incorporação.
Por essa razão, há outra doutrina, capitaneada por Jorge Alberto Romeiro, que
defende como crime propriamente militar aquele em que a ação penal somente
pode ser proposta contra militar. O insubmisso apenas responderá a ação penal
depois que se apresentar ou for capturado, e for incorporado às forças armadas.
Nesses termos, esta teoria resolveria o problema da insubmissão, pois o
criminoso só passa à condição de réu se for incorporado. Não se preocupe com
esse crime especificamente, pois veremos os detalhes na aula que tratar dos
crimes em espécie.
Há também a doutrina topográfica, muito utilizada por aqueles que não têm
muita familiaridade com o Direito Penal Militar. De acordo com essa doutrina, são
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crimes propriamente militares aqueles tipificados apenas no Código Penal Militar,
sem correspondente na lei penal comum. Dessa forma, os crimes propriamente
militares seriam a deserção, o abandono de posto, a insubmissão, etc.
Por último, há a doutrina tricotômica, que está muito na moda hoje. Estes
teóricos dizem que existem os crimes propriamente militares (praticados apenas
por militares), os tipicamente militares (previstos apenas no Código Penal Militar)
e os impropriamente militares (previstos tanto no Código Penal Militar quanto no
Código Penal).
Acredito que a teoria mais interessante seja a doutrina clássica de Jorge Alberto
Romeiro, pois ela conceitua os crimes própria e impropriamente militares de
forma simples, e resolve o problema da insubmissão.
Veremos agora os dispositivos do Código Penal Militar.
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Apesar de a redação do dispositivo ser idêntica à do art. 1º do Código Penal, é
necessário entender que no Direito Penal Militar não há pena nem medida de
segurança sem prévia cominação legal.
Estas medidas de segurança são diferentes daquelas previstas no Código Penal
comum. Elas são penas acessórias, geralmente restritivas de direitos, e não
estão relacionadas com aquelas aplicáveis apenas aos inimputáveis, tratadas pelo
Direito Penal.
Não cabe a nós aqui discutir detalhes acerca do princípio da legalidade. Lembre-
se: vamos focar apenas nas particularidades do Direito Penal Militar.
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença,
prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
A maior parte da Doutrina acredita que este artigo é inconstitucional, pois
prevê a aplicação das medidas de segurança vigentes à época da sentença.
Na realidade, há uma situação em que este texto não será inconstitucional:
imagine, por exemplo, que um sujeito praticou um crime para o qual era prevista
determinada medida de segurança. Ao longo do processo, porém, essa medida
de segurança foi abrandada, por alteração legal. Neste caso, será aplicada a
medida de segurança vigente ao tempo da sentença, não é verdade?
Cuidado com as questões que cobram o texto da lei, pois este artigo nunca foi
declarado inconstitucional. Se a assertiva trouxer o texto legal, portanto, você
deve marcar como CORRETO.
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Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
§1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
§2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
Este artigo trata da retroatividade da lei penal mais benigna, assunto que
você já deve ter visto com detalhes na matéria de Direito Penal.
Quero chamar sua atenção apenas para o conteúdo do §2°. Por muito tempo
houve discussão no Direito Penal sobre a possibilidade de o juiz fazer um cotejo
interpretativo entre a lei antiga e a nova, conjugando os fatores mais benéficos
para o réu.
O STF já se pronunciou pela ilicitude deste procedimento, e hoje o entendimento
jurisprudencial é pacífico. Perceba, porém, que o CPM já há muito trazia este
dispositivo específico determinando que as duas leis deveriam ser consideradas
separadamente.
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
Aqui estão as mesmas regras do Código Penal a respeito da lei excepcional ou
temporária. O mesmo assunto também é tratado pela Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao Código Civil).
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o do resultado.
Aqui está a explicitação da teoria da atividade, a mesma adotada pelo Código
Penal. Atenção à exceção! No caso do crime continuado ou permanente, aplica-
se a lei penal mais grave, caso sua vigência seja anterior à cessação da
continuidade ou permanência, nos termos da Súmula nº 711 do STF.
Para a Doutrina majoritária, os crimes de deserção e insubmissão são
considerados crimes permanentes. Sei que você ainda não conhece essas
condutas, mas já vou trazendo os exemplos para você ir fixando na memória,
ok?
Se lei mais grave passar a vigorar antes de o desertor ou insubmisso ser
capturado, a nova norma passa a ser perfeitamente aplicável. O benefício do art.
129 do CPM também segue a mesma regra, sendo aplicável somente se o
desertor ou insubmisso for capturado antes de completar 21 anos de idade.
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Para que você entenda bem, o art. 129 do CPM concede o benefício da redução
pela metade da prescrição quando o criminoso for menor de 21 ou maior de 70
anos. Se o sujeito desertar aos 19 anos, por exemplo, e só for capturado aos 22,
a redução do tempo de prescrição não se aplica, ainda de acordo com a Súmula
nº 711 do STF.
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade
criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato
considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.
Perceba que o CPM também adota a teoria da ubiquidade (teoria da
atividade + teoria do resultado), tal como o CP. Na última parte do
dispositivo, porém, o CPM traz orientação diversa, pois determina que aos crimes
omissivos deve ser aplicada a teoria da atividade. Atenção aqui!
LUGAR DO CRIME
- Para os crimes comissivos, o CPM adota a teoria da
ubiquidade;
- Para os crimes omissivos aplica-se a teoria da atividade ,
devendo o lugar do crime ser considerado aquele em que deveria ser realizada a
ação omitida.
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou
fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado
pela justiça estrangeira.
Aqui podemos dizer que se aplica a territorialidade temperada, pois a lei penal
militar é aplicada aos crimes cometidos no Brasil, sem prejuízo das regras
estabelecidas em convenções e tratados internacionais.
O CPM, diferentemente do CP, aplica a extraterritorialidade incondicionada ,
como podemos deduzir da expressão “ainda que, neste caso, o agente esteja
sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira ”.
§1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional
as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que
de propriedade privada.
§2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou
navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente
contra as instituições militares.
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§3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob
comando militar.
Os parágrafos do art. 7º simplesmente não têm razão de existir. Digo isso porque
o caput do mesmo dispositivo determina que a lei penal militar brasileira é
aplicável tanto dentro quanto fora do país. Por essa razão, não faz sentido que o
CPM defina o que é o território nacional, pois essa definição é irrelevante na
prática.
Acredito que se a banca organizadora cobrar o conhecimento desses parágrafos,
fará transcrevendo a lei e nada além disso.
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
O nome deste instituto é detração penal, e determina que a pena cumprida no
exterior seja levada em consideração quando o agente for condenado no Brasil
pelo mesmo crime. O intuito dessa determinação é evitar o bis in idem.
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
De acordo com a doutrina topográfica, estes são os crimes propriamente
militares: crimes que existem apenas no CPM e aqueles que são previstos de
forma diferente da lei penal comum.
Estes crimes são militares independentemente do agente, já que, na Justiça
Militar da União, civis também podem ser levados a julgamento.
Muitos doutrinadores criticam este dispositivo por causa dos crimes que são
tipificados na lei penal militar de forma apenas um pouco diferente da lei penal
comum. Nem sempre esses crimes serão considerados militares.
Um exemplo interessante é o estupro, cuja tipificação sofreu alteração
recentemente no Código Penal. A alteração não foi feita no CPM, mas nem por
isso o estupro, praticado por qualquer pessoa, em qualquer lugar, será
considerado crime militar apenas porque está previsto na lei penal militar.
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação
ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
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c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar,
ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da
reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
De acordo com a doutrina topográfica, vamos agora tratar dos crimes
impropriamente militares. Eles são previstos tanto no CP quanto no CPM, mas
em certos casos são considerados crimes militares, dependendo das pessoas
envolvidas.
Primeiramente, um comentário acerca da figura do assemelhado. Este era o
termo utilizado para tratar do servidor civil que trabalhava para as forças
armadas. Hoje esses servidores são estatutários, regidos pela Lei nº 8.112/1990,
e não estão submetidos aos princípios da hierarquia e da disciplina militares.
Aqui estão dispostos os crimes cometidos por militares em situação de atividade.
O art. 22 do CPM traz uma conceituação de militar, que na realidade já está
ultrapassada: “qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja
incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou
sujeição à disciplina militar”.
A primeira desatualização desta definição está no tratamento que a Constituição
Federal dispensa aos policiais militares e bombeiros militares. Segundo a
Constituição, eles também são militares, mas não estão contemplados no
conceito do art. 22, pois não servem nas forças armadas.
De outro ponto de vista, o militar em atividade pode ser incorporado ou apenas
matriculado, como é o caso dos alunos das academias militares. Estes
matriculados também são considerados militares.
O conceito de militar em atividade do Estatuto dos Militares (Lei nº 6.880/1980)
é mais preciso, mas ainda assim não menciona os militares estaduais.
A alínea a trata do crime cometido por militar em atividade contra outro
militar em atividade. Este é o critério ratione personae, mas ele já foi
relativizado pela jurisprudência. O princípio é o de que o crime precisa “abalar”
as instituições militares, e não apenas ser cometido por um militar contra outro.
O STF (informativo 626) já decidiu que quando os militares desconhecem a
situação de militar do outro, não há crime militar. É importante que você saiba
que a jurisprudência do STM é no sentido inverso, ampliando a competência da
Justiça Militar.
A alínea b cuida do crime cometido por militar em atividade, em local
sujeito à administração militar, contra qualquer pessoa (militar da reserva,
reformado, ou civil).
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Em certas situações, estes locais sujeitos à administração militar podem ser bens
móveis, a exemplo de automóveis, tanques de guerra, etc.
O Próprio Nacional Residencial (PNR) é a residência de propriedade da União,
que é cedida temporariamente ao militar. O PNR não é considerado lugar sob
administração militar, bem como estabelecimentos comerciais dentro das
organizações militares, a exemplo de postos bancários, lanchonetes, etc.
Sérgio Lobão entende que a alínea c e a alínea d se confundem. Na alínea c
estamos diante do militar atuando em comissão militar ou em formatura, agindo
basicamente contra qualquer pessoa, mesmo em local fora da jurisdição militar.
Na alínea d fala-se do militar em período de manobras ou exercício.
O STM já entendeu que militares cometeram crime comum, quando fugiram do
serviço e foram para um bar, onde praticaram furto contra um civil. Em outro
caso, os militares abandonaram o posto e foram a uma festa na localidade e lá
praticaram a conduta prevista no art. 150 (organização de grupo para a prática
de violência). Neste caso, porém, houve crime militar, pois a conduta não é
tipificada no Direito Penal comum.
A alínea e menciona crimes previstos em títulos específicos do CPM: crimes
contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa
militar. Veremos detalhes sobre esses crimes mais adiante no nosso curso.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados
no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de
dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432,
de 2011)
O texto do parágrafo único do art. 9° é uma exceção ao que determina a alínea
b. Muita atenção nisso, ok? Este dispositivo surgiu com o intuito de tirar da Justiça
Militar a competência para julgar os crimes de homicídio cometidos por milícias
e grupos de extermínio.
O STM já decidiu incidentalmente que este dispositivo é inconstitucional, pois
viola a competência constitucional da Justiça Militar. Quanto à Justiça Militar
Estadual, existe previsão semelhante na própria Constituição, no art. 125 §4°.
Para complicar um pouco mais a situação, há a exceção da exceção, mencionada
no próprio parágrafo único. A possibilidade prevista na Lei n° 7.565/1986 é o
chamado “tiro de destruição”, que pode ocorrer quando o piloto de uma
aeronave se nega a pousar no local determinado pela autoridade aeronáutica.
Apenas a título de curiosidade, o tiro de destruição só pode ser dado quando
autorizado pelo Presidente da República.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos:
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a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa
militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício
de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim,
ou em obediência a determinação legal superior.
Esta é chamada de competência excepcional da Justiça Militar. Estaremos
diante de crimes praticados por militar da reserva, reformado ou civil, e o STF
entende também que a Justiça Militar somente terá competência quando
estivermos diante de crimes dolosos.
Na alínea a temos o caso, por exemplo, do civil que não comunica o óbito de seu
familiar militar da reserva, para continuar recebendo a pensão.
Na alínea b a conduta precisa ser praticada em lugar sujeito à administração
militar. A Auditoria Militar é órgão pertencente ao Poder Judiciário, e por isso
não é considerado lugar sujeito à administração militar. O mesmo se aplica às
dependências do Ministério Público Militar.
Além disso, existe também competência determinada em razão da vítima
do crime (ratione personae), que precisa ser militar em atividade, funcionário
de Ministério militar (Ministério da Defesa) ou da Justiça Militar, no exercício da
função.
Quanto à alínea c e a alínea d, não deve surgir na sua prova nada muito
diferente do texto legal.
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O critério legal (ratione legis) está explicitado no inciso I. Os demais critérios são
utilizados nos incisos II e III.
O art. 10 trata dos crimes militares em tempo de guerra. Na realidade, quase
todos os doutrinadores dizem que se o Brasil entrar em guerra, deve haver
votação emergencial de uma lei específica tratando do assunto, pois este
dispositivo não serviria numa situação prática.
Por enquanto, para fins de concurso público, o que temos sobre o assunto é
apenas o art. 10.
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente:
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência
ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa
do País ou podem expô-la a perigo;
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código,
quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro,
militarmente ocupado.
Os crimes militares em tempo de guerra estão previstos a partir do art. 355
do CPM. Não se preocupe muito com eles, pois não estão no programa do seu
concurso.
Quanto ao inciso I, em geral os crimes militares em tempo de guerra são
condutas já tipificadas em tempo de paz, mas no tempo de guerra as penas
tornam-se mais severas, podendo inclusive chegar à pena de morte.
Quero chamar sua atenção também para o inciso IV, que prevê como crimes
militares aqueles tipificados apenas na lei penal comum, quando praticados em
zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro militarmente
ocupado.
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas,
ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções
internacionais.
O intercâmbio entre organizações militares de países aliados é muito comum.
Quando os militares estrangeiros estiverem fazendo esses cursos no Brasil,
aplicar-se-á a eles a lei penal militar brasileira.
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Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar,
equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal
militar.
Normalmente o militar da reserva ou reformado é equiparado ao civil. Isso ficou
evidente quando estudamos o art. 9° e vimos a competência da Justiça Militar
em razão da pessoa.
Os militares da reserva ou reformados somente se equiparam aos militares da
ativa quando continuam trabalhando para a administração militar, nos termos do
art. 3°, §1°, a, III do Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880/1980).
Lei n° 6.880/1980, §1°, a, III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando
convocados, reincluídos, designados ou mobilizados.
É importante saber também o art. 12 não se aplica aos militares da reserva e
reformados que estejam executando tarefa certa por tempo certo, conforme
previsto no art. 3°, §1°, b, III do Estatuto dos Militares. Estes, portanto, não são
equiparados a militares.
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e
prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar,
quando pratica ou contra ele é praticado crime militar.
Lembre-se de que o militar da reserva ou reformado só pratica crime militar nas
hipóteses do art. 9°, III, e não nas situações previstas no inciso II.
As prerrogativas que são mantidas por força do art. 13 na maior parte das vezes
estão relacionadas ao foro de julgamento e a outros aspectos processuais.
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar,
salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.
O arrimo de família, por exemplo, não pode ser incorporado em razão de serviço
militar obrigatório. Se isso não for alegado no ato de incorporação, esta será
realizada normalmente. Não é possível, portanto, que esse militar pratique crime
e alegue defeito do ato de incorporação para excluir a conduta.
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com
a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização
se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a
cessação das hostilidades.
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O art. 15 hoje deve ser complementado pelo art. 84 da Constituição Federal, que
trata dos detalhes acerca da autorização legislativa para a declaração de guerra.
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os meses
e os anos pelo calendário comum.
Atenção! Não confunda a contagem do prazo penal com a técnica aplicada aos
prazos processuais. Nestes exclui-se o dia do início, mas no prazo penal o dia
do início está incluído. Quando ao cômputo dos meses e anos, deve-se utilizar o
calendário comum.
Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei penal
militar especial, se esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais, salário mínimo
é o maior mensal vigente no país, ao tempo da sentença.
A parte final do dispositivo é completamente inaplicável, uma vez que não existe
mais pena de multa no Direito Penal Militar.
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em prejuízo de
país em guerra contra país inimigo do Brasil:
I - se o crime é praticado por brasileiro;
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro, militarmente
ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente.
Este artigo também é inaplicável, uma vez que o CPM adota a territorialidade
temperada e a extraterritorialidade incondicionada.
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
Infração disciplinar não é conduta penal, mas sim ilícito administrativo. É
interessante também que você saiba que no Direito Penal Militar também não há
contravenções penais.
No Direito Penal Militar não há mais pena de multa, e também
não há contravenções penais.
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-
se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um t erço.
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Aqui cabe uma ressalva. Já vimos no art. 10 que um crime pode não ser previsto
como praticado em tempo de guerra, mas ainda assim ser aplicada a legislação
relativa a esse período especial. É nestes casos que se aplica o aumento de pena
previsto no art. 20.
Aos crimes previstos a partir do art. 355 do CPM, não se aplica o aumento de
pena do art. 20, ok?
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha,
do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei
ou regulamento.
Hoje não existe mais a figura do assemelhado. Na realidade, não existem nem
mais os ministérios de cada uma das forças armadas, sendo todos os comandos
vinculados ao Ministério da Defesa.
Os servidores que trabalham no Ministério da Defesa são estatutários, regidos
pela Lei n° 8.112/1990, e não se submetem aos princípios de hierarquia e
disciplina militares. Por essa razão, o art. 21 também é inaplicável.
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que,
em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em
posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.
Para definir quem são os militares, deve ser observado o art. 3° do Estatuto dos
Militares, uma vez que o art. 22, como já vimos anteriormente, é muito restritivo
em sua definição e, por esta razão, não pode ser aplicado sozinho.
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda
autoridade com função de direção.
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto
ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
A definição de comandante e de superior é importante para a capitulação de
certos crimes que nós veremos no fim do curso.
Perceba que o art. 24 determina que aquele militar que ocupa o mesmo posto
ou graduação de outros, mas exerce autoridade sobre eles por alguma outra
razão, é considerado superior.
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em zona
de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.
Não lembro de outras questões sobre o tema, mas o Cespe já utilizou este
dispositivo para formular questão acerca do crime cometido por qualquer pessoa
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(impropriamente militar), “contra militar em função de natureza militar, ou no
desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária” (art. 9°, III, d).
A questão dizia que o crime praticado na presença do inimigo era considerado
crime militar com base no art. 9°, III, d.
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as
pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os
apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.
Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da sua
aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários e auxiliares da
Justiça Militar.
Não vamos estudar o tema nacionalidade, pois você já deve conhece-lo muito
bem, porque estudou profundamente Direito Constitucional, não é mesmo?
Apenas saiba que aquelas disposições da Constituição que você já memorizou
também são aplicáveis quando tratarmos do Direito Penal Militar.
Apenas alguns comentários a respeito dos funcionários da Justiça Militar .
Primeiramente, o termo abrange não só os servidores, mas também os juízes.
Em segundo lugar, os servidores da Justiça Militar e do Ministério Público Militar
são civis que prestaram concurso público para exercer essas funções.
Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país ou contra as instituições militares,
definidos neste Código, excluem os da mesma natureza definidos em outras leis.
Os crimes contra a segurança externa do país hoje são de competência da Justiça
Federal, e não da Justiça Militar da União, por força do que determina a Lei n°
7.710/1983, em que pese haver doutrinadores que insistem em dizer que estes
crimes ainda devem ser considerados como militares.
5 - Questões
5.1 - Questões sem Comentários
QUESTÃO 01 - STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
Em relação ao tempo do crime, o Código Penal Militar adotou a teoria da
atividade.
QUESTÃO 02. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
A lei penal militar excepcional ou temporária possui disciplinamento diverso
do contido no Código Penal (CP) comum, uma vez que preconiza, de forma
expressa, a ultratividade da norma e impõe a incidência da retroatividade da
lei penal mais benigna.
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QUESTÃO 03. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
No Código Penal Militar, para efeitos de incidência da norma penal castrense,
consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os
navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade
competente, ainda que de propriedade privada. É também aplicável a lei
penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime
atente contra as instituições militares.
QUESTÃO 04. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
Considere que um militar em atividade se ausente de sua unidade por
período superior a quinze dias, sem a devida autorização, sendo que, no
decorrer de sua ausência, lei nova, mais severa e redefinindo o crime de
deserção, entre em vigor. Nessa situação, será aplicada a lei referente ao
momento da conduta de se ausentar sem autorização, porquanto o CPM
determina o tempo do crime de acordo com a teoria da atividade.
QUESTÃO 05. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
O civil que pratica o crime de furto de quantia em dinheiro pertencente a
instituição militar comete, de acordo com a legislação penal militar, crime
militar.
QUESTÃO 06. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
De acordo com a legislação penal militar, em tempo de paz, são considerados
crimes comuns e são julgados pelo tribunal do júri os crimes dolosos contra
a vida cometidos por militar contra civil.
QUESTÃO 07. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
De acordo com a legislação penal militar, os crimes culposos contra a vida,
em tempo de paz, praticados por militarem serviço são considerados crimes
militares.
QUESTÃO 08. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Considere que, em conluio, um servidor público civil lotado nas forças
armadas e um militar em serviço tenham-se recusado a obedecer a ordem
do superior sobre assunto ou matéria de serviço. Nessa situação, somente o
militar é sujeito ativo do delito de insubordinação, que é considerado crime
propriamente militar, o que exclui o civil, mesmo na qualidade de coautor.
QUESTÃO 09. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Diversamente do direito penal comum, o direito penal militar consagrou a
teoria da ubiquidade, ao considerar como tempo do crime tanto o momento
da ação ou omissão do agente quanto o momento em que se produziu o
resultado.
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QUESTÃO 10. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Considere que um militar, no exercício da função e dentro de unidade militar,
tenha praticado crime de abuso de autoridade, em detrimento de um civil.
Nessa situação, classifica-se a sua conduta como crime propriamente militar,
porquanto constitui violação de dever funcional havida em recinto sob
administração militar.
QUESTÃO 11. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
Os crimes contra a administração militar são crimes militares próprios, ou
seja, não são perpetrados por civis.
QUESTÃO 12. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
No tocante ao lugar do crime, o CPM aplica a teoria da ubiquidade para os crimes
comissivos e omissivos, do mesmo modo que o CP.
QUESTÃO 13. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
O CPM admite retroatividade de lei mais benigna e dispõe que a norma penal
posteriorque favorecer, de qualquer outro modo, o agente deve ser aplicada
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória
irrecorrível. O referido código determina também que, para se reconhecer
qual norma é mais benigna, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato.
5.2 – Gabarito
GABARITO
C 8. C
1.
E 9. E
2.
C 10. E
3.
E 11. E
4.
C 12. E
5.
C 13. C
6.
C
7.
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5.3 - Questões Comentadas
QUESTÃO 01 - STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
Em relação ao tempo do crime, o Código Penal Militar adotou a teoria da
atividade.
COMENTÁRIOS:
Vimos que o art. 5° traz disposição idêntica ao que determina o Código Penal
quanto ao tempo do crime. O CPM adota a teoria da atividade, assim como o CP.
É importante que você lembre, porém, que quanto ao lugar do crime, o CPM
adota disposições diferentes do CP.
GABARITO: C
QUESTÃO 02. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
A lei penal militar excepcional ou temporária possui disciplinamento diverso
do contido no Código Penal (CP) comum, uma vez que preconiza, de forma
expressa, a ultratividade da norma e impõe a incidência da retroatividade da
lei penal mais benigna.
COMENTÁRIOS:
O regramento quanto à lei excepcional ou temporária em ambos os códigos é o
mesmo. O art. 3° do CP é reproduzido integralmente no art. 4° do CPM.
GABARITO: E
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QUESTÃO 03. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
No Código Penal Militar, para efeitos de incidência da norma penal castrense,
consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os
navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade
competente, ainda que de propriedade privada. É também aplicável a lei
penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime
atente contra as instituições militares.
COMENTÁRIOS:
Primeiramente, a expressão “castrense” se aplica a qualquer coisa relacionada à
vida militar. É um adjetivo muito utilizado por causa da paranoia jurídica de se
evitar a repetição do mesmo termo...
Agora vamos ao que importa: a regra trazida pela assertiva é a mesma dos
parágrafos do art. 7°, quase que ipsis litteris. Por mais que eu tenha deixado
claro que, do ponto de vista prático, esses dispositivos não fazem muito sentido,
uma assertiva que traga o texto da lei deve ser sempre marcada como correta,
ok? É a tal questão “blindada”.
GABARITO: C
QUESTÃO 04. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe.
Considere que um militar em atividade se ausente de sua unidade por
período superior a quinze dias, sem a devida autorização, sendo que, no
decorrer de sua ausência, lei nova, mais severa e redefinindo o crime de
deserção, entre em vigor. Nessa situação, será aplicada a lei referente ao
momento da conduta de se ausentar sem autorização, porquanto o CPM
determina o tempo do crime de acordo com a teoria da atividade.
COMENTÁRIOS:
Quando estivermos diante de crime permanente ou crime continuado, a
retroatividade da lei penal mais benigna é mitigada, nos termos da Súmula n°
711 do STF. Nestes casos, aplica-se a lei em vigor na cessação da permanência
ou da continuidade, ainda que seja mais severa. Existe alguma controvérsia na
jurisprudência sobre o fato de o crime de deserção ser permanente, mas estes
detalhes nós veremos mais adiante no nosso curso.
GABARITO: E
QUESTÃO 05. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
O civil que pratica o crime de furto de quantia em dinheiro pertencente a
instituição militar comete, de acordo com a legislação penal militar, crime
militar.
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COMENTÁRIOS:
É uma das hipóteses de definição de competência, prevista no art. 9°, III do CPM.
A alínea a define como crime militar aquele praticado contra o patrimônio sob a
administração militar, ou contra a ordem administrativa militar, ainda que o
agente seja militar da reserva, reformado, ou mesmo civil. Chamo sua atenção
para o art. 9°, talvez ele seja o dispositivo mais importante de toda a aula de
hoje.
GABARITO: C
QUESTÃO 06. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
De acordo com a legislação penal militar, em tempo de paz, são considerados
crimes comuns e são julgados pelo tribunal do júri os crimes dolosos contra
a vida cometidos por militar contra civil.
COMENTÁRIOS:
Esta é a exceção prevista no parágrafo único do art. 9°. A regra geral, porém, é
de que o crime praticado por militar de ativa contra militar da reserva, reformado,
ou contra civil, seja considerado crime militar, de acordo com a alínea b do inciso
II do art. 9°. Lembre-se de que a intenção do legislador com esta exceção foi
retirar da competência da Justiça Militar os homicídios praticados por milícias e
grupos de extermínio. Existe ainda a exceção da exceção: o “tiro de destruição”,
que pode ser praticado pela Aeronáutica.
GABARITO: C
QUESTÃO 07. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe.
De acordo com a legislação penal militar, os crimes culposos contra a vida,
em tempo de paz, praticados por militarem serviço são considerados crimes
militares.
COMENTÁRIOS:
Os crimes culposos contra a vida não são contemplados para exceção trazida pelo
parágrafo único do art. 9° do CPM. Falei também que os crimes praticados por
civil com culpa também não são considerados crimes militares. Como você pode
ver, a assertiva menciona crime culposo contra a vida, cometido por militar em
serviço. Neste caso, estaremos diante de um crime tipicamente militar.
GABARITO: C
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QUESTÃO 08. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Considere que, em conluio, um servidor público civil lotado nas forças
armadas e um militar em serviço tenham-se recusado a obedecer a ordem
do superior sobre assunto ou matéria de serviço. Nessa situação, somente o
militar é sujeito ativo do delito de insubordinação, que é considerado crime
propriamente militar, o que exclui o civil, mesmo na qualidade de coautor.
COMENTÁRIOS:
Primeiramente, quero deixar bem claro para você que não existe mais a figura
do assemelhado, que era o servidor civil que se subordinava aos princípios da
hierarquia e da disciplina, típicos das forças armadas. Hoje os servidores civis
lotados em órgãos das forças armadas são perfeitamente iguais a quaisquer
outros servidores estatutários, e não considerados militares de forma alguma. A
Doutrina e a Jurisprudência mais recentes entendem que o civil não pode cometer
crime propriamente militar, ainda que em conluio com o militar. Cuidado com
isso, pois no passado já houve julgados tanto do STM quanto do STF em sentido
diverso. De toda forma, esta questão é bem recente, e serve para que você veja
o posicionamento adotado pelo Cespe quanto ao assunto.
GABARITO: C
QUESTÃO 09. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Diversamente do direito penal comum, o direito penal militar consagrou a
teoria da ubiquidade, ao considerar como tempo do crime tanto o momento
da ação ou omissão do agente quanto o momento em que se produziu o
resultado.
COMENTÁRIOS:
Em relação ao tempo do crime, tanto o Código Penal quanto o Código Penal Militar
adotam a teoria da atividade. A teoria da ubiquidade é adotada parcialmente
quando tratamos do lugar do crime, como vimos na aula de hoje.
GABARITO: E
QUESTÃO 10. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Considere que um militar, no exercício da função e dentro de unidade militar,
tenha praticado crime de abuso de autoridade, em detrimento de um civil.
Nessa situação, classifica-se a sua conduta como crime propriamente militar,
porquanto constitui violação de dever funcional havida em recinto sob
administração militar.
COMENTÁRIOS:
Primeiramente, o crime de abuso de autoridade é tipificado numa lei específica,
e não está previsto no CPM. Já houve muita discussão a respeito da competência
para julgar este tipo de crime, quando praticado por militar. Hoje o STJ já
pacificou a discussão por meio da Súmula n° 172: “Compete à Justiça Comum
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processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado
em serviço”.
GABARITO: E
QUESTÃO 11. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
Os crimes contra a administração militar são crimes militares próprios, ou
seja, não são perpetrados por civis.
COMENTÁRIOS:
Os crimes contra a administração militar são crimes militares impróprios, ou seja,
podem ser também praticados por civis, nas circunstâncias previstas no art. 9°,
III.
GABARITO: E
QUESTÃO 12. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
No tocante ao lugar do crime, o CPM aplica a teoria da ubiquidade para os
crimes comissivos e omissivos, do mesmo modo que o CP.
COMENTÁRIOS:
Vamos relembrar o que aprendemos sobre o lugar do crime de acordo com o
CPM. De acordo com o art. 6°, deve-se aplicar a teoria da ubiquidade, por meio
da qual se reconhece como lugar do crime tanto aquele onde a conduta foi
praticada quanto o local onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. A
teoria da ubiquidade também é adotada pelo Código Penal. Todavia, o CPM traz
uma ressalva, quando diz que nos crimes omissivos deve-se considerar como
lugar do crime aquele onde deveria realizar-se a ação omitida. Esta exceção
trazida pelo CPM aplica também a teoria da atividade ao Direito Penal Militar.
Podemos dizer, portanto, que o CPM adota um sistema misto: teoria da
ubiquidade para os crimes comissivos, e teoria da atividade para os crimes
omissivos.
GABARITO: E
QUESTÃO 13. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe
(adaptada).
O CPM admite retroatividade de lei mais benigna e dispõe que a norma penal
posteriorque favorecer, de qualquer outro modo, o agente deve ser aplicada
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória
irrecorrível. O referido código determina também que, para se reconhecer
qual norma é mais benigna, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato.
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COMENTÁRIOS:
Vimos que, assim como o Código Penal, o CPM adota o princípio da retroatividade
da lei penal mais benigna. Sabemos também pelos nossos estudos de Direito
Penal que a coisa julgada neste ramo jurídico é mitigada, devendo a lei mais
branda ser aplicada inclusive aos réus cuja condenação já transitou em julgado.
Por muito tempo houve discussão sobre a possibilidade de o juiz fazer um cotejo
entre a lei mais antiga e a mais nova, conjugando os fatores mais benéficos para
o réu nas duas leis. O STF já se pronunciou pela ilicitude deste procedimento, e
hoje o entendimento jurisprudencial é pacífico neste sentido. Perceba, porém,
que o CPM já há muito trazia este dispositivo específico determinando que as
duas leis deveriam ser consideradas separadamente.
GABARITO: C
6 – Resumo da Aula
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de
estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental
retomar esses resumos.
A Justiça Militar da União é competente para julgar militares e,
excepcionalmente, civis, quando cometerem crimes militares, previstos em lei
específica.
Os policiais militares e bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e
Territórios são considerados militares pela Constituição.
LUGAR DO
CRIME
- Para os crimes comissivos, o CPM adota a teoria da ubiquidade;
- Para os crimes omissivos aplica-se a teoria da atividade, devendo o lugar
do crime ser considerado aquele em que deveria ser realizada a ação omitida.
No Direito Penal Militar não há mais pena de multa, e também não há
contravenções penais.
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Aula 00 – Prof. Paulo Guimarães
7 - Considerações Finais
Caro amigo, encerro aqui nossa exposição teórica nesta aula demonstrativa.
Espero que você tenha gostado e que opte por se preparar conosco. A seguir
estão questões a respeito dos assuntos que estudamos hoje. Ao final, incluí a
lista das questões sem os comentários e o gabarito. Se ficar alguma dúvida,
utilize o nosso fórum. Estou sempre disponível também no e-mail e nas redes
sociais!
Grande abraço!
Paulo Guimarães
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